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Revista

Uma usina hidrelĂŠtrica produz

6kg de CO , o gĂĄs do efeito estufa, 2

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Editora CĂ­rios

Gerar e transmitir a maior parte da energia que o paĂ­s precisa diariamente nĂŁo ĂŠ uma tarefa fĂĄcil, mas enche de orgulho a Eletrobras. Foi graças a esse desaf io e depois de muita pesquisa e estudos que fizemos uma opção estratĂŠgica pela energia hidrelĂŠtrica. AlĂŠm de ser uma fonte renovĂĄvel e estar entre as mais limpas que existem, a energia hidrelĂŠtrica ĂŠ adequada para produzir eletricidade em grandes escalas, de forma segura e conďŹ ĂĄvel, ideal para um paĂ­s como o nosso, que precisa de muita energia para crescer e se desenvolver e ĂŠ dono da maior reserva hĂ­drica do mundo. É por isso que o trabalho da Eletrobras tem uma importância do tamanho do Brasil.

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eletrobras.com

ISSN 1809-466X

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A Eletrobras investe em geração hidrelÊtrica porque Ê uma energia segura e conf iåvel. E, acredite, ela estå entre as fontes mais limpas e renovåveis que existem.

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HidrelÊtricas são investimentos de longo prazo, capazes de beneficiar vårias geraçþes. Energia limpa e renovåvel para hoje e amanhã.

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Estudos recentes demonstram que reservatĂłrios de hidrelĂŠtricas podem absorver gases de efeito estufa.

Ano 9 NÂş 42 Janeiro/Fevereiro 2014

por megawatt-hora, o melhor custo-benefĂ­cio do ponto de vista ambiental.

Ano 9 NĂşmero 42 2014 R$ 12,00 5,00

7ª FIAM 40 ANOS DA ELETRONORTE A IDADE DO COBRE DE CARAJà S FÓRUM MUNDIAL DE CIÊNCIA INOVAÇÕES DA ENGENHARIA PARA O FUTURO


14 REVISTA AMAZテ年IA

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REVISTA AMAZÔNIA 3

1/14/2014 11:25:56 AM


Revista

Editora CĂ­rios

Produzir eletricidade em larga escala na Amazônia. Este era o objetivo da Centrais ElÊtricas do Norte do Brasil (Eletronorte), criada em novembro de 1972 para ser a quarta subsidiåria regional da Eletrobrås. TambÊm seria a responsåvel pela construção da usina de Tucuruí, no rio Tocantins...

O geólogo com martelo adequado na mão e mochila nas costas, percorrendo caminhos e picadas, subindo morros e escarpas para recolher fragmentos de rochas não Ê apenas uma ficção cinematogråfica. Ele existe. E ela tambÊm. Mesmo na era da tecnologia, em que se presume que para o desvendamento da natureza dos solos e do subsolo bastam os satÊlites...

Barco Ilha Do MarajĂł, em BelĂŠm

A Caixa Econômica Federal inaugurou recentemente, na Estação das Docas, em BelÊm, a segunda agência-barco do banco. A Agência-Barco Ilha do Marajó vai fornecer atendimento bancårio às populaçþes ribeirinhas que vivem em 10 municípios da Ilha, e ampliar a oferta de produtos e serviços do banco, promovendo o desenvolvimento socioeconômico da região e a inclusão bancåria dos moradores...

26 VII FIAM – Feira

Internacional da AmazĂ´nia

A solenidade de abertura da sÊtima edição da Feira Internacional da Amazônia (VII FIAM), evento realizado pelo MinistÊrio do Desenvolvimento, Indústria e ComÊrcio Exterior (MDIC) por meio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), ocorreu no Pavilhão Amazônia do Studio 5 Centro de Convençþes...

38 O Sol como aliado

Caso jå estivessem em operação, os 13 projetos contemplados pela Chamada EstratÊgica Nº 13 da Agência Nacional de Energia ElÊtrica (Aneel), que objetiva fomentar a instalação de Usinas Solares Fotovoltaicas (USFs) no Brasil, teriam evitado a emissão de 6.285 toneladas de carbono equivalente (tCO2eq) em 2011 e de 11.229 (tCO2eq) no ano posterior, considerando a capacidade måxima de geração de energia elÊtrica das plantas...

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DIRETOR Rodrigo Barbosa HĂźhn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto HĂźhn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. HĂźhn

CIC

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ARTICULISTAS/COLABORADORES Camillo Martins Vianna, Carmo Gallo Netto, Dulcivânia Freitas, Eleonora Menicucci, Manuel Alves Filho, Neusa Maria Lobato Rodrigues, Vivian Ap. Blaso Souza Soares CĂŠsar FOTOGRAFIAS Antonio Scarpinetti, Antoninho Perri, Arthr’s Studio, Ascom ABS, Ascom MMA, Brad Vincelette, Cristina Lacerda, Divulgação, FAO, Hudson Fonseca, Instituto Aquagenesis, Instituto Raoni, Ivaneide Cardoso, James Dyson Award, JoĂŁo Luz, JoĂŁo Gomes, Joel Rosa, Layana Rios, Manuela Ferreira, Marcelo Martins, NASA/SDO/Goddard Space Flight Center, Olimpio Carneiro, Piotr Pasieczny, Ryan Brown/ONU, Roberto Francisco, Rodrigo HĂźhn, Rony Ramoa, Rudolph HĂźhn, Sarah Fretwell, Valter Campanato/Abr, Zeca Ribeiro e #CPBr7 EDITORAĂ‡ĂƒO ELETRĂ”NICA Editora CĂ­rios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA O Sol como aliado. Imagem NASA SDO Goddard Space Flight Center

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em concurso de invençþes

Mais conteĂşdo verde

[12] Inovar ou Perecer, um grande desafio para as empresas do setor elĂŠtrico [20] Petrobras destina mais de R$ 110 milhĂľes para preservação da biodiversidade na AmazĂ´nia [24] A Lei Maria da Penha vai navegar [25] Empreendedorismo na economia verde [42] 6Âş FĂłrum Mundial de CiĂŞncia (FMC 2013) [50] 19ÂŞ ConferĂŞncia das Partes da Convenção - Quadro da Organização das Naçþes Unidas sobre Mudança do Clima (COP-19) [57] IÂş FĂłrum Global Paisagens [58] FarĂłis de Esperança [60] 2014 Ano Internacional da Agricultura Familiar – IYFF [62] II Chamado da Floresta [64] III SeminĂĄrio do Projeto Florestam [67] Fundo AmazĂ´nia beneficia comunidades indĂ­genas do Mato Grosso e do ParĂĄ [68] A AmazĂ´nia em primeiro lugar

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Editora CĂ­rio

ISSN 1809-

Ano 9 NĂşmero 42 2014

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40 A IDADEANOS DA ELETR 7ª FIAM ON D FÓRUM O COBRE DE CA ORTE R INOVAÇMUNDIAL DE CIÊ AJà S ÕES DA E N NGENHA CIA RIA PARA O FUTURO REVISTA AMAZÔ

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70 Engenharia do futuro, O PrĂŞmio James Dyson ( JDA ) ĂŠ organizado pela Fundação James Dyson . É um prĂŞmio internacional de design que celebra , estimula e inspira a prĂłxima geração de engenheiros de projetos, como parte da missĂŁo de inspirar os jovens sobre engenharia de design...

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22 Caixa inaugura AgĂŞncia-

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de depĂłsitos de cobre em CarajĂĄs

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PUBLICAĂ‡ĂƒO PerĂ­odo (janeiro/fevereiro) Editora CĂ­rios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 BelĂŠm-ParĂĄ-Brasil

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14 Pesquisa determina idade

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quarenta anos bem vividos...

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05 Eletrobras Eletronorte:

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Eletrobras Eletronorte: quarenta anos bem vividos, prontos para o futuro Fotos: Rony Ramos, Valter Campanato/ABr e Zeca Ribeiro

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Em 2011, numa conquista inédita, a Eletrobras Eletronorte torna-se a primeira estatal do setor elétrico a receber o reconhecimento máximo no Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ, por meio da Superintendência de Geração Hidráulica. Um patrimônio público, com reconhecimento à excelência

roduzir eletricidade em larga escala na Amazônia. Este era o objetivo da Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte), criada em novembro de 1972 para ser a quarta subsidiária regional da Eletrobrás. Também seria a responsável pela construção da usina de Tucuruí, no rio Tocantins.

De lá pra cá muita coisa mudou. Inclusive o modelo do Setor Elétrico. Além dos seus empreendimentos, a Empresa incorpora hoje 18 Sociedades de Propósito Específico – SPEs, nas quais se alia à iniciativa privada para novos empreendimentos, como a Hidrelétrica Belo Monte, ou os parques eólicos no Rio Grande do Norte, além de linhas de transmissão em vários estados brasileiros. Quarenta anos se passaram e a Eletronorte construiu sua história como parte importante no desenvolvimento da Amazônia. As comemorações foram discretas, mas merecidas. Um livro contando a história da empresa será lançado em breve e outras publicações já estão sendo preparadas para marcar o ano comemorativo. “Estamos num caminho de desafios e temos muito trabalho pela frente”, avalia o presidente da Eletrobras Eletronorte, Josias Araújo. Em quarenta anos, a Eletronorte traz na bagagem o talento e o comprometimento de pessoas que deixam a sua marca na história do País em diversos empreendimentos. Hoje, a Eletrobras Eletronorte trabalha para que o cresrevistaamazonia.com.br

Durante a abertura do primeiro seminário Programa Eletrobras Eletronorte pela Superação da Pobreza

cimento da Empresa seja perene. Por meio da chamada Execução Premium, ações estratégicas e estruturais colocam a conquista da sustentabilidade como meta até 2020. Isso significa que, aos 47 anos, a Eletrobras Eletronorte terá totalmente equilibrados os pilares ambiental, social e econômico-financeiro. E estará pronta para comemorar os 50 anos com solidez e sustentabilidade.

A Eletronorte como ela é A Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. – Eletronor-

te, sociedade anônima de economia mista e subsidiária da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobras, é uma concessionária de serviço público de energia elétrica. Criada em 20 de junho de 1973, com sede no Distrito Federal, gera e fornece energia elétrica aos nove estados da Amazônia Legal – Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Por meio do Sistema Interligado Nacional – SIN, também fornece energia a compradores das demais regiões do País. Contando com um quadro próprio de quase 4 mil emREVISTA AMAZÔNIA 05


UHE Tucuruí, no Rio Tocantins, 350 km ao sul de BelémPará, maior usina localizada 100% em território brasileiro, começou a gerar energia em 1984

pregados, a Eletrobras Eletronorte recebe também a colaboração de prestadores de serviços e estagiários. A valorização de sua força de trabalho é contínua e se dá por meio do estímulo à criatividade, iniciativa, produtividade e alinhamento com os objetivos empresariais, a equidade e a segurança. A Empresa também está comprometida com as populações da área onde atua, fomentando e desenvolvendo ações que promovam a inserção social das comunidades amazônicas. Dos 25.478.352 milhões de habitantes que vivem na Região Amazônica, segundo Censo 2010 do IBGE, mais de 15 milhões se beneficiam da energia elétrica gerada pela Eletrobras Eletronorte em suas quatro hidrelétricas – Tucuruí (PA), a maior usina genuinamente brasileira e a quarta do mundo, Coaracy Nunes (AP), Samuel (RO) e Curuá-Una (PA) – e em parques termelétricos. A potência total instalada é de 9.294,33 megawatts e os sistemas de transmissão contam com mais de 9.888,02 quilômetros de linhas.

Premiação Nacional: Eletrobras Eletronorte se destacou como “Melhor Empresa para Trabalhar”

O esforço da Eletrobras Eletronorte tem sido a busca da sustentabilidade em harmonia com o fomento ao desenvolvimento do Brasil. Para isso, procura fazer a

verdadeira revolução de modernidade administrativa, perseguindo a excelência na prestação de seus serviços.

- O Comitê de Estudos Energéticos da Amazônia (Eneram), criado em 1968 para estudar o potencial hidrelétrico da Região Norte, é o marco inicial para integrar a região Amazônica ao sistema energético do País. - A Lei n.º 5.824/1973, promulgada pelo então presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, cria a Eletronorte. - Em 1974, a Eletronorte chega a Macapá com o objetivo de concluir as obras da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes, no Rio Araguari, a primeira usina na Amazônia, inaugurada em 1976. - Em 30 de julho de 1975, a Eletronorte recebeu autorização para funcionar como concessionária de energia elétrica, com a promulgação do Decreto n.º 72.548. Em maio do ano seguinte, seu capital social seria elevado de Cr$ 10 milhões (o equivalente a pouco menos de R$ 5 milhões, em valores atuais) para Cr$ 141 milhões (quase R$ 67 milhões, em cifras de hoje), integralmente subscritos pela Eletrobras. - Em 2013, o Prêmio Nacional da Qualidade – conquistado por meio da Unidade Tucuruí - foi conferido pela primeira vez a uma estatal do Setor Elétrico, e mostra que esse sempre foi um caminho de desafios. 06 REVISTA AMAZÔNIA

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Entrevista com Josias Matos de Araujo, diretor-presidente da Eletrobras Eletronorte A Eletronorte completa 40 anos, como o Sr. avalia a atuação da empresa na região norte, principalmente no Pará? A Eletrobras Eletronorte chega aos seus 40 anos num momento muito especial. Não só pelos desafios do Setor Elétrico, com a renovação das concessões, mas também pelo que sua história representa no desenvolvimento do País, particularmente na Amazônia. Não chegamos na região por acaso. Uma decisão estratégica para integrar e desenvolver a Amazônia nos deu a missão de contribuir para o fortalecimento dessa região e de sua gente. Como amazônida, tenho orgulho de lembrar dessa história com a certeza de que contribuímos para gerar desenvolvimento, preservar as fronteiras e garantir qualidade de vida para os moradores da Amazônia. Nesses 40 anos, o que mudou na geração de energia na nossa região? Hoje, a energia que geramos na Amazônia chega a todos os cantos do País por meio do Sistema Interligado Nacional. Deixamos para trás a escuridão a que Belém se submetia quase que rotineiramente e contribuímos para que a indústria se desenvolvesse fora do eixo Sul-Sudeste. Sou paraense e sei o que significou para o estado a presença da Eletronorte, seja com os parques térmicos ou com a construção de Tucuruí, a maior Hidrelétrica genuinamente nacional e a quarta maior do mundo. A parceria com universidades também contribui para o desenvolvimento da região? Além dos sistemas de transmissão, também estamos presentes no Pará com a Hidrelétrica Curuá-Una, em Santarém, onde celebramos um convênio com a Universidade Federal do Oeste do Pará – Ufopa visando a implantação de uma Base Científica e Tecnológica da Universidade na Usina. O acordo prevê a reforma e adequação de instalações físicas da Usina, que serão equipadas para a realização de pesquisas acadêmicas nas áreas de aquicultura, ciências florestais, fauna silvestre e geologia. Essa é mais uma demonstração dos esforços da Empresa em transformar as hidrelétricas da Amazônia em laboratórios vivos para o desenvolvimento regional e a formação de profissionais especializados. E não é só isso. Em Tucuruí, uma parceria com a Universidade Federal do Pará resultou na instalação de um campus da UFPA na cidade, onde realizamos a formatura da primeira turma de engenheiros. É também no Pará, em Belém, que temos o nosso Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte. Nosso histórico de parcerias resultou também em programas como o Navega Pará, aqui revistaamazonia.com.br

Josias Araújo

no estado, e que permitiu a chegada da banda larga por meio da nossa fibra ótica. Como é a relação entre a Eletronorte e os municípios das áreas afetadas pelos projetos? Nossa caminhada ao longo desses 40 anos foi de compromisso com a região. No meio ambiente, por exemplo, temos orgulho de mostrar a recuperação de 97% das áreas impactadas durante a construção de Tucuruí. E tudo isso com espécies nativas da região, com sementes produzidas no Banco de Germoplasma Florestal. No entorno do reservatório da Usina Hidrelétrica Tucuruí, no Pará, ações do Plano de Inserção Regional, o Pirtuc, resultaram na abertura de mais de sete mil vagas no ensino fundamental. São ações compensatórias e estruturantes em Breu Branco, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá e Tucuruí. As obras são definidas por um conselho gestor formado por 21 entidades da sociedade civil, representantes das sete prefeituras e órgãos da administração estadual e federal. Além do Pirtuc, temos o Plano Popular de Desenvolvimento Sustentável da Região a Jusante da Usina Hidrelétrica Tucuruí - PPDJUS. A Eletrobras Eletronorte foi a primeira empresa do Setor Elétrico a reconhecer impactos socioambientais a jusante de uma hidrelétrica. O PPDJUS beneficia os municípios de Cametá, Baião, Mocajuba, Limoeiro do Ajarú e Igarapé-Mirim. Juntos, esses programas preveem investimentos de R$ 360 milhões em projetos de saúde públi-

ca, educação, meio ambiente, desenvolvimento urbano e agricultura familiar ao longo de 20 anos. Além disso, os royalties pagos aos municípios como compensação pelo aproveitamento de seus recursos naturais representam uma parcela significativa do orçamento dos municípios. Em 2012, para uma geração de 41 milhões de kWh em suas quatro hidrelétricas – Tucuruí (PA), Coaracy Nunes (AP), Samuel (RO) e Curuá-Una (PA) -, a Eletrobras Eletronorte pagou R$ 199,8 milhões de royalties. Qual o tamanho da Eletronorte hoje? Hoje a Eletrobras Eletronorte gera mais de 9,7 mil megawatts e contribui com 10 mil quilômetros de linhas de transmissão e 55 subestações para levar a energia de nossos empreendimentos a todo o Brasil. Temos sede no Distrito Federal e unidades nos nove estados da Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. No cenário que veio com o novo modelo do Setor Elétrico, somos parceiros em 18 Sociedades de Propósito Específico, as chamadas SPE’s, por meio das quais estamos construindo empreendimentos como a Hidrelétrica Belo Monte e o tão esperado Linhão Tucuruí-Macapá-Manaus. Quais são os principais projetos da Eletronorte em andamento? A história mostra que os desafios nos fizeram sempre buscar a excelência. Em 2011 nos tornamos a primeira REVISTA AMAZÔNIA 07


Instalado em 1984, o Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte está localizando em Belém e é o único centro tecnológico da Região Norte acreditado pelo Inmetro na área de calibração de grandezas elétricas e mecânicas e o único, no Brasil, para calibração em vibração. São 30 anos de referência na prestação de serviços em pesquisas para todo o território nacional

estatal do Setor Elétrico a ser reconhecida com o Prêmio Nacional de Qualidade, por meio da Superintendência de Geração Hidráulica, em Tucuruí. O PNQ é um reconhecimento da Fundação Nacional da Qualidade à excelência da gestão das organizações. Sem dúvida, um marco no nosso caminho para a excelência e a sustentabilidade. Dessa forma a Eletrobras Eletronorte mostra ao Brasil que o caminho para a excelência pode, si, estar em uma empresa estatal, comprometida com o País e com sua gente. E essa busca não para. Com a mesma força que erguemos a maior hidrelétrica genuinamente brasileira e integramos o Brasil com as linhas Norte-Sul, Tramoeste e Brasil-Venezuela, seguimos agora com empreendimentos em parceria com a iniciativa privada. Já citei anteriormente o Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte e o Linhão Tucuruí-Macapá-Manaus.

É na Amazônia que a Empresa faz parcerias capazes de criar o Banco de Germoplasma Florestal, onde são produzidas sementes para reflorestamento com espécies nativas. São 90 espécies produzindo quase 2 milhões de sementes ao ano 08 REVISTA AMAZÔNIA

É preciso falar também do desafio de fazer parte do Sistema de Transmissão do Complexo Madeira, onde estamos inovando e contribuindo para que o Brasil torne-se referência também na transmissão em corrente contínua. São 2.375 quilômetros entre Porto Velho (RO) e Araraquara (SP). Hoje a Eletrobras Eletronorte chega a outros estados brasileiros, como São Paulo – com a Subestação Araraquara que integra o Complexo Madeira – e ao Rio Grande do Norte, onde estão sendo implantados parques eólicos. Também somos parceiros no empreendimento de interligação Manaus - Boa Vista e fazemos parte do Consórcio Energético Sinop, que conquistou o lote para a concessão da hidrelétrica Sinop, com 400 MW, situada no rio Teles Pires. O investimento previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel é de aproximadamente R$ 1,78 bilhão. Todos os dias nossas equipes trabalham para conquistar novos empreendimentos nos leilões, em estudos de viabilidade e para produzir novas tecnologias para inovar sempre na geração e transmissão de energia limpa e renovável.

Desde 2003, o Programa Luz para Todos já melhorou as condições de vida para 92,9% dos beneficiados. Coordenadora do Programa na Região Norte, a Eletrobras Eletronorte tem orgulho de fazer parte desse marco da universalização da energia no Brasil

Na área ambiental, como tem sido a atuação da Eletronorte? Já citei antes projetos como o Banco de Germoplasma de Tucuruí, onde temos a preservação e a produção de sementes para reflorestamento com espécies nativas. Aqui na Eletronorte aliamos nossos estudos ao chamado saber da floresta, aos centros de pesquisa da região e investimos no trabalho de pesquisadores que conhecem a Amazônia e sabem que é preciso entendê-la para preservá-la. No Pará temo um exemplo disso com o programa indígena Parakanã. Ao lado do programa Waimiri Atroari, no Amazonas, são reconhecidos internacionalmente pela valorização da cultura, respeito às tradições e autonomia das comunidades indígenas. Há 20 anos essas etnias rumavam para a extinção e, depois da implantação dos programas, recuperaram não só suas revistaamazonia.com.br


Com a missão de atuar nos mercados de energia de forma integrada, rentável e sustentável, a Eletrobras Eletronorte tem como visão ser, em 2020, o maior sistema empresarial global de energia limpa, com rentabilidade comparável às das melhores empresas do setor elétrico

terras e sua dignidade, como também sua autonomia. A Eletrobras Eletronorte é grande conhecedora da floresta amazônica. Em todos os seus projetos são realizados estudos ambientais em parceria com as mais capacitadas instituições técnicas e científicas, a fim de aliar desenvolvimento e conservação da natureza, com foco na qualidade de vida dos seres humanos. Um exemplo é o gerenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica Tucuruí, orientado por um Plano de Ações Ambientais. Trata-se de uma ferramenta de gestão uti-

lizada pela Eletrobras Eletronorte para ordenar as ações, demandas e compromissos da Empresa quanto às questões ambientais. Por meio de parcerias com as comunidade e com instituições científicas, preservamos milhões de quilômetros quadrados de floresta, como é o caso do Corredor Ecológico da Amazônia Central, caracterizado pela alta diversidade biológica e sociocultural. Além de programas como o de Limonologia e Qualidade da Água, nossas equipes desenvolvem ações permanen-

Todos os dias, as equipes da Eletrobras Eletonorte trabalham para manter uma geração instalada de 9,7 mil MW, operar cerca de dez mil quilômetros de linhas de transmissão e 55 subestações para levar energia elétrica a todo o Brasil por meio do Sistema Interligado Nacional

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tes de educação ambiental, promovendo a conscientização sobre a importância da preservação ambiental. A atuação responsável e comprometida das nossas equipes permitiu mostrar que é possível apostarmos no desenvolvimento sustentável. Um exemplo: ao contrário do que diziam, os peixes não foram embora. Pelo contrário, hoje mais de dez mil pescadores produzem seis mil toneladas de pescados por ano com apoio e orientação do Programa de Pesca e Ictiofauna. A atuação da Eletronorte em relação às questões sociais acontece de que maneira? Por meio do Procel, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, realizamos ações com o Procel Educação e o Procel Gestão Energética Municipal – GEM. Com esses programas estamos conseguindo economizar energia e promover a eficiência energética na administração pública e no cotidiano das pessoas. No caso do GEM, a Empresa disponibiliza para as prefeituras suporte como a capacitação dos membros da Unidade de Gestão Energética Municipal – UGEM e o apoio técnico a UGEM para cadastrar todas as Unidades Municipais de em software especifico. Já temos várias cidades com parceria conosco, fazendo a diferença nos seus orçamentos com a eficiência energética. Já o “Programa Educacional para Uso Racional de Energia nas escolas públicas de Tucuruí, no Pará” conquistou por duas vezes o prêmio de “Melhores Práticas da Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P” na categoria Uso Sustentável dos Recursos Naturais. Um exemplo desse projeto é o programa Educacional para Uso Racional REVISTA AMAZÔNIA 09


Funcionária da Eletronorte

de Energia nas Escolas Públicas de Tucuruí, onde professores, alunos e familiares estão economizando muita energia. Um exemplo: em Tucuruí, a Micareta da Energia, a Feijoada Energética e até torneios de pipa foram ações desenvolvidas durante o projeto. Durante esse período foram economizados 84.813 kWh, o que seria suficiente para atender 129 residências, com consumo de 110 kWh, por seis meses, considerando a realidade da região. Há muitas críticas e muita rejeição a projetos de novas hidrelétricas na região norte. Como o Sr. avalia isso? As hidrelétricas são a alternativa mais viável para gerar energia na Amazônia? Com 24 milhões de habitantes, a Amazônia mostra, a cada dia, que pode ser exemplo de desenvolvimento sustentável para o mundo. Cerca de 60% do potencial hidrelétrico do País está na região e precisamos saber usar essa capacidade. Por isso nossos estudos reúnem especialistas em engenharia, meio ambiente, antropologia, geólogos, pesquisadores, indigenistas e, mais do que isso, ouvimos as comunidades. Por tudo isso, estar na Amazônia é, sobretudo, uma grande responsabilidade. Nossa missão é atuar nos mercados de energia de forma integrada, rentável e sustentável. E o nosso compromisso com a Amazônia pauta os nossos trabalhos ao longo desses 40 anos. O potencial hidrelétrico da região e as particularidades da Amazônia levaram a novos estudos e tecnologias, como as usinas plataforma e fio d’água. Para cada caso é preciso levar em consideração uma realidade diferente. Seja com reservatório ou sem, as hidrelétricas da Eletronorte na Amazônia, por exemplo, são responsáveis por grande parte da preservação ambiental e mitigação de impactos. Todos os dias, equipes da Eletronorte, e das empresas Eletrobras de forma geral, pensam em alternativas para a geração e transmissão de energia que contribua para manter o grande diferencial do Brasil de manter uma matriz energética limpa e renovável. Na questão indígena, por exemplo, citei aqui exemplos que são referência no Brasil e no mundo, e que representam o nosso compromis10 REVISTA AMAZÔNIA

Considerados referência no Brasil e no mundo, os programas indígenas Parakanã e Waimiri Atroari envolvem ações de educação, saúde, apoio à produção e proteção ambiental. Ameaçados de extinção há cerca de 20 anos, esses povos são hoje um exemplo de sustentabilidade na prática

Por meio dos programas de inserção regional da Usina Hidrelétrica Tucuruí - o Pirtuc e o PPDJUS, a Eletrobras Eletronorte já investiu mais de R$ 130 milhões nos programas de inserção regional voltados para os municípios no entorno da hidrelétrica Tucuruí, no Pará. Esses programas trazem diversos benefícios para a região, nas áreas de saúde, educação, saneamento básico, infraestrutura e desenvolvimento socioeconômico. A Eletrobras Eletronorte foi a primeira empresa do Setor Elétrico a reconhecer impactos socioambientais a jusante de uma hidrelétrica

so com a autonomia indígena, a preservação da cultura e o respeito às diferenças. Belo Monte, por exemplo, terá capacidade para atender a 18 milhões de residências, o que significa 60 milhões de pessoas. Os desafios são grandes, mas essa obra já significa mais desenvolvimento para a região. Em 2013, aproximadamente 20 mil trabalhadores se dedicaram às obras da hidrelétrica, sem descuidar do compromisso de que a maioria dessa mão de obra seja proveniente da região. O programa Capacitar para Crescer já formou O parque gerador da Eletrobras Eletronorte tem quatro hidrelétricas: Tucuruí (PA) - a maior usina genuinamente brasileira e a quarta do mundo - Coaracy Nunes (AP), Samuel (RO) e Curuá-Una (PA), além de parques termelétricos em Rondônia, Acre, Roraima e Amapá. Hoje a Empresa é parceira em novos empreendimentos, como a Hidrelétrica Belo Monte e parques eólicos no Rio Grande do Norte

milhares de pessoas da região de influência direta da Usina Hidrelétrica Belo Monte. São homens e mulheres de todas as idades que, a partir de agora, poderão trabalhar tanto nas obras de Belo Monte, como também em empresas que atuem no setor de construção civil. A preocupação com o meio ambiente também tem sido destaque durante as obras. O empenho para conservar as espécies típicas da Amazônia pode ser visto no trabalho de resgate e devolução de animais e plantas a áreas preservadas. A energia é um tema estratégico no mundo inteiro, tendo em vista um cenário de desenvolvimento sustentável e de uso mais eficiente dos recursos naturais. Não por acaso o Brasil tem uma matriz energética predominantemente renovável: a geração de origem hidráulica responde por mais de 80% da oferta. O fato de termos essa matriz limpa e renovável é de grande vantagem estratégica. E nós vamos continuar trabalhando com responsabilidade, inovação e compromisso para consolidar o Brasil como grande gerador de energia limpa e sustentável. Ser paraense ajuda a ter uma sensibilidade mais aguçada sobre o que a região necessita? Ser paraense e empregado do quadro da Eletronorte há mais de 30 anos, são motivo de muito orgulho na minha revistaamazonia.com.br


trajetória. Estamos falando de uma região onde cerca de 25 milhões de brasileiros se orgulham de serem guardiões da maior biodiversidade do planeta. E fazer parte da Amazônia nos deixa ainda mais compromissados com o seu desenvolvimento sustentável. Ao longo dos últimos 40 anos atuamos nas áreas de tecnologia, inovação, meio ambiente e responsabilidade social, com muitos projetos, dos quais alguns já citei anteriormente. Desde a construção de escolas até a coordenação do programa Luz para Todos, profissionais da Eletronorte dedicam o que há de melhor em si para promover a qualidade de vida e a cidadania na região. Apesar do modelo do Setor Elétrico permitir que atuemos em qualquer região do Brasil, nossa história e o conhecimento das nossas equipes – boa parte formada por amazônidas – nos permite dizer que não somos visita na Amazônia. Costumamos dizer que se trata de patrimônio mundial, mas antes de tudo, brasileiro. Por isso trabalhamos para manter a nossa floresta em pé, contribuindo para alternativas de trabalho e renda que mantenham as pessoas na região e possam ter com ela uma parceria permanente em prol do desenvolvimento sustentável da região e do País. Qual a sua meta pessoal à frente da Eletronorte? Chegar à Presidência da Empresa fazendo parte do seu quadro de empregados é um desafio pessoal que muito me honra. Junto a uma Diretoria comprometida com o crescimento sustentável da Empresa temos trabalhado para vencer grandes desafios e tornar a nossa Empresa ainda mais forte. O cenário da renovação das concessões do Setor Elétrico é desafiador e temos a certeza de que é também o momento de oportunidades. Estamos partici-

Josias Matos de Araújo, na Câmara dos Deputados, na homenagem aos 51 anos de criação das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) e aos 40 anos de criação das Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte)

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pando de leilões, de parcerias com a iniciativa em novos empreendimentos e trabalhado para que a geração e a transmissão de energia no Brasil tenham, na Eletronorte, um exemplo de excelência e sustentabilidade. Durante muitos anos, a Eletronorte foi considerada uma estatal deficitária. Isso mudou ou a empresa ainda enfrenta dificuldade? A Eletrobras Eletronorte surgiu com a função estratégica de investir na Amazônia quando poucos se arriscavam a fazê-lo. Uma decisão que, mais tarde, se tornaria referência na geração de energia de forma sustentável, com responsabilidade e de forma integrada. Durante décadas atendemos os chamados sistemas isolados, honrando o compromisso de levar energia a milhares de brasileiros de regiões ainda não atendidas pelo Sistema Interligado Nacional - SIN. Gerávamos energia cara nos parques térmicos e vendíamos com o preço muito baixo. Mas a responsabilidade de promover o desenvolvimento da região sempre foi o nosso maior compromisso. Ao mesmo tempo em que nos desafiávamos dia e noite para gerar energia, trabalhávamos para inovar na geração e transmissão de energia na Amazônia. Prova disso são os sistemas de transmissão como a Norte-Sul e o Tramo-Oeste, fundamentais na interligação do Brasil. O desenvolvimento das torres do tipo raquete também foram uma importante contribuição da Eletronorte para o Setor Elétrico brasileiro. Os desafios nunca foram pequenos, mas a nossa determinação sempre foi maior. É preciso destacar que a Eletrobras Eletronorte é a primeira empresa de geração e transmissão de energia elétrica, no Brasil e no mundo, a receber o Prêmio TPM (Total Productive Maintenance)

em todas as suas unidades. Também é a única empresa de energia do mundo a receber, por seu processo de geração hidráulica interligada, o prêmio máximo da metodologia TPM, o World Class Award. O Prêmio é concedido pelo Japan Institute of Plant Maintenance às empresas que se destacam na aplicação da metodologia, conseguindo cumprir os requisitos para cada nível de premiação e atingir excelentes resultados. Mas a nossa busca é pelo contínuo aprimoramento. E, por isso, esses reconhecimentos são estímulos para conquistarmos novos desafios. Já citei aqui o inédito reconhecimento com o Prêmio Nacional da Qualidade, do qual nos orgulhamos pela brilhante conquista e por mostrar que um patrimônio público pode, sim, ser reconhecido pela sua excelência. Em 2013 figuramos novamente, e esta é a quarta vez, na lista das 20 empresas mais inovadoras do País, segundo a revista Época Negócios, num levantamento feito em parceria com a consultoria A.T. Kearney, que promove o prêmio Best Innovator em 15 países europeus e nos Estados Unidos. E se os prêmios e reconhecimentos nos orgulham, também nos dão o desafio de melhorar mais a cada dia. E este é um momento de grandes oportunidades. A cada ano a Eletronorte tem dados passos significativos rumo à sustentabilidade empresarial e obtido resultados financeiros positivos. Estamos trabalhando para ser uma empresa pública com a eficiência de mercado, investindo em versatilidade, flexibilidade e rapidez, buscando metas e focando em resultados. Nossa capacidade de superação e determinação que construímos ao longo da nossa história são agora grandes diferenciais para os próximos 40 anos da Empresa.

Formado em engenharia elétrica pela Universidade Federal do Pará - UFPA, Josias é pós-graduado em ciências geofísicas e geológicas e mestre em sistema de potência pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá. Entre outros cargos, foi pesquisador do Núcleo de Ciências Geofísicas e Geológicas da UFPA; professor assistente do Departamento de Engenharia da Universidade, pesquisador do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia; diretor Financeiro do CigréBrasil e superintendente de Operação e Manutenção da Transmissão da Eletronorte. É membro do Conselho de Administração da Amazônia Eletronorte Transmissão e da Eletronuclear. Antes de assumir a presidência da Eletrobras Eletronorte, o engenheiro Josias ocupava o cargo de Secretário Nacional de Energia Elétrica, do Ministério de Minas e Energia. REVISTA AMAZÔNIA 11


Inovar ou Perecer, um grande desafio para as empresas do setor elétrico por Neusa Maria Lobato Rodrigues * Diretor-presidente da Eletrobras Eletronorte Josias Matos de Araujo faz assinatura simbólica do acordo entre as empresas

Fotos: Roberto Francisco, Rony Ramos

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Brasil, diante da globalização, enfrenta inúmeros desafios que estão relacionados diretamente à inovação. Com o vigoroso processo de transformação de base tecnológica em curso, promovido principalmente pela abertura de sua estrutura produtiva à competição internacional e a revisão do papel das empresas no mercado, torna-se imperioso analisar modelos e formas de gestão empregadas pelas empresas atuantes no Brasil e as formas de fomento à inovação. Investir em inovação e tecnologia, tem se tornado cada vez mais frequente devido a uma série de estímulos financeiros, incluindo incentivos fiscais, linhas de crédito específicas, recursos reembolsáveis e não reembolsáveis, redução de juros nos empréstimos e subvenção para a contratação de pesquisadores, leis que impõem a aplicação de recursos para a P&D+I, como a 9.991/2000, obrigando as empresas do setor elétrico a aplicarem no mínimo 1% da Receita Operacional Líquida- ROL, entre outros. O objetivo das ações integradas do governo federal e de órgãos governamentais nos Estados com agências de fomento e grupos financeiros é assegurar que

o conhecimento de ciência e tecnologia produzido no Brasil não fique restrito a centros de pesquisa e universidades e possa se transformar em riquezas para o País, sendo desenvolvido em empresas. O esforço tecnológico possui várias dimensões críticas e ao analisar a origem e a natureza das inovações muitos autores concluem que as inovações transformam não apenas a economia, mas afetam profundamente toda a sociedade. Elas modificam a realidade econômica e social, além de aumentarem a capacidade de acumulação de riqueza e geração de renda. È preciso que fique claro que pesquisa é um insumo A Eletrobras Eletronorte já investiu cerca de 100 milhões em P&D. As inovações evitam um custo de mais de 84 milhões

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para inovação, pois, se esta não chegar ao mercado não inovamos, ou seja, o processo não chegou ao resultado esperado. Sem dúvida pesquisa é um risco e não é possível assegurar que chegaremos ao proposto, entretanto, deverá ter um acompanhamento em todas as fases e, sendo necessário, interromper para que as perdas sejam minimizadas. Qualquer pesquisa sempre tem seu ganho independente do estágio que alcançou. A lei 9.991/2000 tem como principal objetivo a redução das perdas no setor elétrico tornando as empresas mais competitivas, onde todos ganham com esse processo, principalmente o consumidor com a modicidade tarifá-

A expectativa de faturamento com os produtos lançados é de R$ 10 milhões em 2015

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Representantes da Eletrobras Eletronorte Aneel Shempo e MTS participam do lançamento de 29 produtos de PD

ria. É preciso que cada uma das empresas tenha a consciência de que esse recurso é público e para tanto tem que atender aos objetivos básicos. Na cadeia de inovação, todos ganham: ganha a empresa por se tornar mais competitiva principalmente no modelo atual onde as entradas no mercado são para aquelas que apresentarem a menor tarifa; ganha as universidades e instituições de pesquisas por terem a oportunidade de pesquisar e se estruturar dentro do que se propõem que é a busca contínua pelo novo; ganha os alunos pela oportunidade de se aperfeiçoarem para os desafios de P&D; entretanto tem que ganhar o consumidor pelo recurso que está sendo disponibilizado. Na soma do todo, ganha o País. A Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE - Pintec a partir de 2009 enquadra as empresas de energia elétrica no setor de eletrônicos. Com certeza estes gastos cresceram a partir da Lei 9.991/2000, porém ainda está longe de chegar próximo ao que é praticado em países desenvolvidos. O que se busca é inovação e quando é observada uma tendência não apropriada para gerar inovação a pesquisa não chega ao final da cadeia. O simples fato da obrigatoriedade da Lei, para aplicação em P&D pelas empresas do setor elétrico, não quer dizer que a inovação crescerá no setor, porém não se pode abrir mão da finalidade de gerar inovação, o que implica no envolvimento de todos nesse foco, inclusive as Institutos e Centros de Pesquisas – ICTs . A Inovação na Eletrobras Eletronorte não acontece apenas com os recursos da Lei 9.991/2000, ela também está presente no dia a dia nas plantas da empresa por meios

Moisés Antonio Soares faz parte do grupo de colaboradores que tiveram seus produtos lançados

dos empregados que pesquisam na busca por uma solução para redução de uma perda ou melhoria em seus processos produtivos. A Eletrobras Eletronorte utiliza uma ferramenta denominada Manutenção Produtiva Total - TPM, que tem como premissa a perda zero em seus processos. É diante desse desafio que a inovação acontece. Para fazer a gestão da Inovação Tecnológica na Eletrobras Eletronorte, foi criada em 2003 uma superintendência para fazer a Gestão da Inovação Tecnológica e Eficiência Energética, que possui dentre seus objetivos criar a cultura da inovação dentro da empresa. Após 10 anos de criação a Eletronorte já possui 49 pedidos de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, sendo 11 de P&D oriundo da Lei 9.991/2000 e 38 das pesquisas realizadas diretamente pelos empregados nas plantas. Os talentos são estimulados por eventos como a Semana Eletronorte do Conhecimento e Inovação Tecnológica – Seci, dos quais se destaca o Prêmio Muiraquitã de Inovação A Eletrobras Eletronorte tem como uma das suas metas inovar para não perecer

Tecnológica que incentiva a cultura da inovação na Empresa, premiando as melhorias em seus processos produtivos. Dando continuidade ao estímulo às inovações e fomento à tecnologia no mercado de energia, a Eletrobras Eletronorte lançou, no último dia 29 de janeiro, 29 produtos resultantes de inovação por colaboradores nas plantas da Empresa e da aplicação do recurso P&D Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica. O evento aconteceu às 10h, no auditório da Sede, em Brasília, e contou com a participação do Ministério de Minas e Energia, Universidade Federal do Pará, Aneel, MTS, Shempo, Empresas Eletrobras, entre outros. Dos produtos lançados, 23 são pedidos de patentes que resultaram das inovações desenvolvidas pelos empregados, pois apresentaram melhorias nas plantas reduzindo perdas e/ou aumentando receitas. As equipes identificaram os problemas e desenvolveram soluções que foram implementadas no dia a dia, gerando uma maior confiabilidade do sistema. Os royalties resultantes da venda das inovações desenvolvidas pelos empregados para o mercado serão distribuídos pela Eletrobras Eletronorte e os autores, na proporção 80% e 20%, respectivamente. As licenças de uso, fabricação e comercialização serão feitas pela MTS empresa do grupo Vector Tecnologia que atua nas áreas de energia elétrica, petrolífera e de saneamento, e pela Shempo, fabricante de produtos elétricos e mecânicos. Foram licitados cinco lotes – sensoreamento remoto, monitoramento e recomposição, ferramentaria, teste de continuidade e modelos didáticos. A Eletrobras Eletronorte possui os protótipos confeccionados, entretanto, será necessário a fase de cabeça de série e lote pioneiro para que o mesmo chegue ao mercado. Foram lançados produtos de captação de energia eólica em torre metálica; modelos de práticas de ensino com o protótipo de uma casa solar e outra com eficiência de energia eólica; teste de continuidade de circuitos elétrico-eletrônicos em ambientes com ruído; tecnologia de sensoreamento remoto que permite avaliar à distancia os equipamentos das subestações, entre outros. A Eletrobras Eletronorte tem como uma das suas metas inovar para não perecer. As inovações produzidas pelos colaboradores vão sair do âmbito da Empresa e oferecer soluções também ao mercado. A expectativa com os produtos licenciados é atender empresas do setor elétrico, de petróleo, de saneamento básico e também o mercado externo. Após o desenvolvimento final dos produtos, há um mercado potencial de R$ 10 milhões por ano. Serão necessários investimentos de R$ 5 milhões na expansão do parque fabril existente, com uma expectativa para 2015 de cerca de 100 empregos diretos e 500 indiretos. Alunos do Pronatec também serão inseridos no mercado de trabalho dos projetos de produção, segundo explicou Alex Figueiredo diretor da MTS uma das empresas licenciadas. [*] Superintendente de Gestão da Inovação Tecnológica e Eficiência Energética – OIE, da Eletrobras Eletronorte

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Pesquisa determina idade de depósitos de cobre em Carajás Descobertas feitas por geóloga podem nortear a prospecção e a exploração mineral na região por Carmo Gallo Netto Fotos: Antoninho Perri/ Divulgação

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geólogo com martelo adequado na mão e mochila nas costas, percorrendo caminhos e picadas, subindo morros e escarpas para recolher fragmentos de rochas não é apenas uma ficção cinematográfica. Ele existe. E ela também. Mesmo na era da tecnologia, em que se presume que para o desvendamento da natureza dos solos e do subsolo bastam os satélites. A essa

imagem equivocada contrapõe-se a pesquisa realizada pela geóloga Carolina Penteado Natividade Moreto, que utilizou amostras de rocha identificadas e coletadas em trabalhos de campo para compreender sua formação e as suas idades. Não apenas isso. Uma longa história de muitos milhões de anos que culminou na rara formação de grandes depósitos de cobre foi revelada. O trabalho foi realizado na Província de Carajás, próximo da região da Floresta Nacional de Carajás, área de preservação ambiental, situada ao Sul do Pará, famosa nos anos de 1980 em decorrência da enorme afluência de garimpeiros que trabalhavam e viviam em condições

sub-humanas em busca de ouro em Serra Pelada. À época tornou-se conhecido o registro fotográfico que lhe fez Sebastião Salgado. O tema retorna em filme recém-lançado. Passada a corrida do ouro, a região de Carajás ainda se destaca por apresentar expressivas riquezas minerais. Província é a denominação genérica dada a regiões que concentram depósitos minerais. Em Carajás, conhecida internacionalmente devido ao potencial econômico de suas riquezas, existem as maiores jazidas de ferro do mundo além de abundância de cobre, níquel, manganês, ouro e platinóides. É a região mais importante do Brasil em recursos minerais e a que no mundo concentra

Trabalho de Campo na região Central da Província Carajás. Da direita para a esquerda: Profª. Lena Monteiro (orientadora), Carolina Moreto e Gustavo Melo (aluno de mestrado)

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Província de Carajás, Floresta Nacional de Carajás

Carolina Penteado Natividade Moreto, geóloga, ganhou o prêmio de melhor apresentação no 11th SGA Biennial Meeting, promovido pela Society for Geology Applied to Mineral Deposits, realizado em Antofagasta, no Chile

a maior diversidade desses depósitos, e por isso atrai empresas de mineração e pesquisadores nacionais e internacionais. Ao iniciar o estudo, Carolina tinha grandes desafios: compreender a evolução geológica de Carajás, ou seja, como se deu a origem e a transformação das rochas ao longo do tempo geológico, e a evolução metalogenética, que explica como se formaram os depósitos minerais, em especial os de cobre. “Depósitos minerais são sempre anomalias no nosso planeta. São raros justamente porque dependem também da rara coincidência de processos geológicos”, diz ela. Através de estudos geocronológicos, envolvendo datação das rochas, a pesquisadora conseguiu caracterizar as rochas mais antigas de Carajás, que beiram 3 bilhões de anos e estão entre as mais antigas do Brasil. As rochas datadas mais antigas da Terra têm cerca de 4 bilhões de anos, em um planeta formado há 4,5 bilhões de anos. É difícil encontrar rochas no intervalo de 3 a 4 bilhões de anos. Entretanto, para Carolina, o principal mérito do trabalho foi o de determinar idades precisas e compreender como se formaram os depósitos de cobre de Carajás. Outro achado da pesquisadora foi a constatação de que depósitos de cobre, embora muito próximos e com características semelhantes, formaram-se em épocas muirevistaamazonia.com.br

to distintas – 2,7 e 1,9 bilhões de anos –, mostrando uma rara recorrência de eventos geológicos ao longo do tempo. Com base nessas constatações, ela conseguiu in-

tegrar informações obtidas ao longo de mais de dez anos pelo Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Metalogênese do IG-Unicamp e propor um novo modelo evolutivo para os depósitos de cobre. O minério é basicamente uma rocha, porém suscetível de ser explorado economicamente. O interesse está em extrair dele um mineral ou elemento, separando-o do restante do material, a ganga, que não tem interesse econômico. A pesquisa concentrou-se na caracterização do Cinturão Sul do Cobre, na área dos depósitos de ferro-cobre-ouro. Centrou-se na determinação das idades de cristalização das rochas hospedeiras desses depósitos e no estabelecimento de modelos evolutivos para os depósitos a partir dos dados geocronológicos inéditos

Trabalho de Campo na região Central da Província Carajás. Da direita para a esquerda: Profª. Lena Monteiro (orientadora), Carolina Moreto e Marco Delinardo (aluno de mestrado)

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obtidos e dos disponíveis na literatura. Os modelos teóricos delineados podem ser estendidos para a compreensão dos mecanismos de formação de depósitos de cobre em outras regiões do Brasil e do mundo. Apenas com a reconstituição de processos geológicos que atuaram em um passado muito distante podem ser entendidas em quais partes do planeta depósitos minerais podem ser encontrados. Os conhecimentos científicos agregados ao trabalho relativos à determinação das idades das rochas e de como nelas se acumularam os bens minerais podem servir, portanto, de importantes guias para nortear a prospecção e a exploração mineral. Adicionalmente, embora os recursos minerais sejam utilizados no dia-a-dia por todas as pessoas – do papel ao smartphone – e sua demanda seja crescente em termos mundiais, entender que esses bens minerais não são renováveis, mas resultantes de uma extraordinária coincidência de processos geológicos pode auxiliar na proposição de políticas sustentáveis para o setor mineral. Exemplos desse significado são as apresentações que Carolina realizou, durante o estudo, em encontros nacionais e internacionais no Chile, Austrália e na Suécia,

e que a levaram inclusive, em 2011, a ganhar o prêmio de melhor apresentação no 11th SGA Biennial Meeting, promovido pela Society for Geology Applied to Mineral Deposits, realizado em Antofagasta, no Chile. Ela foi também selecionada, entre estudantes de todo o mundo, para participar de excursões de campo em depósitos minerais situados na Cordilheira dos Andes e no norte da Suécia. Essas participações lhe permitiram comparar Carajás com outras províncias minerais do mundo.

O trabalho O trabalho de campo envolveu a coleta de amostras de rocha a céu aberto, no entorno das minas de cobre, e também o recolhimento de amostras fornecidas pela Vale, principal mineradora na região, na prospecção em diferentes profundidades. Centenas de furos de sondagem são realizadas com o objetivo de determinar como o minério se distribui, suas reservas e seus teores. Trazidas para o laboratório, as rochas são então caracterizadas com o auxílio de microscópio petrográfico e de

microscópio eletrônico de varredura. Depois são trituradas e moídas até um pó muito fino a partir do qual são feitas as análises desejadas e que permitem determinar os elementos que a constituem. A determinação da idade de formação da rocha, o chamado estudo geocronológico, é feita a partir de cristais microscópicos de minerais coletados no pó da rocha, que possuem elementos radioativos e radiogênicos, os pares Urânio-Chumbo (U-Pb) e Rênio-Ósmio (Re-Os). Estes pares, que se prestam à datação, estão no interior de minerais, tais como zircão, monazita, titanita e molibdenita na forma de raros cristais que constituem as rochas estudadas e devem ser separados. Nesta fase, o trabalho assumiu características inacreditáveis, pois precisam ser separados cristais que medem aproximadamente 30 micrômetros, ou 0,003 milímetros. Na mão. A pesquisadora esclarece: “Para separá-los eu garimpei o minério em uma bateia. A diferença de densidade faz com que se concentrem no fundo zircão, monazita, titanita e outros componentes mais densos. Ao final restam na bateia 20% do material de partida. Uma vez seco, esse resíduo é levado a um separador

Vista da Mina Sossego (estudada no doutorado), Província Carajás, a partir do Mirante

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Trabalho de Campo na região Central da Província Carajás. Da direita para a esquerda: Carolina Moreto e Soraya Damasceno (aluna de mestrado)

magnético que retira os componentes radiativos. São separados então os cristais que interessam utilizando-se um fio de cabelo, que tem diâmetro próximo ao dos cristais”. Na sequência estes são colados em uma fita adesiva adequada, recobertos com resina e encaminhados para datação. Durante o doutorado, ela processou 65 amostras de rocha, em um trabalho de meses. A idade das rochas é determinada pela quantidade de decaimento radiativo, já que nos pares U-Pb e Re-Os o primeiro elemento é radiativo e o segundo ocupa o final da série de decomposição, sendo chamado de radiogênico. Utilizando o conceito de meia-vida e com base nas quantidades relativas dos elementos do par, é determinada com grande aproximação a época em que o depósito se formou. O melhor equipamento para essas determinações é o SHRIMP (Sensitive High-Resolution Ion Microprobe), do qual existem muito poucos no mundo. O único existente no Brasil é o do Instituto de Geociências da USP, adquirido há alguns anos, e onde ela mesma fez as medidas U-Pb. Para as determinações Re-Os ela foi para a Universidade de Alberta, no Canadá, onde existe um laboratório pioneiro nessa técnica e considerado o melhor do mundo. A pesquisa foi financiada pela Fapesp, CNPq e INCT-Geociam (MCT-CNPq-Fapespa).

Carolina Moreto e Profª. Lena Monteiro em simpósio no Chile em 2011

Explicações Com base nas informações sobre idades das rochas e de suas composições, a pesquisadora concluiu que os depósitos minerais mais antigos formaram-se em grandes revistaamazonia.com.br

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Minério de Cobre da Mina Sossego, Província Carajás. Calcopirita (sulfeto de cobre) em amarelo. Os demais minerais (magnetita em cinza e anfibólio em verde) são minerais de ganga (não tem valor econômico)

profundidades ao longo de grandes descontinuidades existentes na crosta terrestre. Fluidos quentes circulam na crosta, lixiviando metais das rochas, principalmente ferro, cobre e ouro, depositando-os depois nesses espaços. Por esta razão os depósitos de cobre formados há 2,7 bilhões de anos estão sempre muito próximos a essas grandes descontinuidades. Em Carajás, os depósitos ocorrem em áreas em que no passado remoto existiu um grande oceano, além de extensivo vulcanismo e formação de rochas magmáticas intrusivas, que também contribuíram para a formação dos depósitos. Bem depois, há 1,9 bilhões de anos, novo evento geológico determinou que os fluidos termais também circulassem pela região, aproveitando antigas estruturas, onde não existia mais oceano. Circulando pela crosta terrestre e por grandes descontinuidades, os fluidos conseguiram concentrar novamente grandes quantidades de vários metais. Em consequência, formaram-se lado a lado depósitos de minerais de origens completamente diferentes. Em síntese, diz Carolina: “Diferentes tipos de rochas hospedam diferentes depósitos, sempre próximos a grandes estruturas geológicas, em falhas, quebras, rupturas de rochas, formados em momentos distintos, embora muito parecidos. O conhecimento das características das rochas 18 REVISTA AMAZÔNIA

Fotografia de lâmina (vista ao microscópio) do minério de Cobre do Depósito Sossego, Província Carajás. Calcopirita (sulfeto de cobre) em amarelo

hospedeiras desses depósitos pode certamente guiar a prospecção utilizada pela indústria mineral”.

Publicação Tese: “Geocronologia U-Pb e Re-Os aplicada à evolução

metalogenética do Cinturão Sul do Cobre da Província Mineral de Carajás” Autora: Carolina Penteado Natividade Moreto Orientadora: Lena Virginia Soares Monteiro Coorientador: Roberto Perez Xavier Unidade: Instituto de Geociências (IG)/UNICAMP revistaamazonia.com.br


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O Projeto Aquavert, do Instituto Mamirauá, tem como objetivo a conservação e o monitoramento de espécies nativas ameaçadas de extinção

Petrobras destina mais de R$ 110 milhões para preservação da biodiversidade na Amazônia Nos últimos seis anos, os investimentos da Petrobras destinados a projetos sociais e ambientais no bioma amazônico atingiram R$ 110,8 milhões

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o período, foram beneficiadas mais de 110 mil pessoas envolvendo 124 projetos, que ganharam apoio para desenvolver atividades de educação ambiental e geração de renda. No total, a empresa investiu R$ 1,9 bilhão em projetos ambientais e sociais em todo o país. A estatal destaca, entre os projetos que vêm sendo implementados na região, o de Conservação de Vertebrados Aquáticos Amazônicos (Aquavert), o Pacto das Águas e o Encauchados Vegetais da Amazônia, que utiliza uma técnica tradicional para impermeabilizar fibras vegetais com uso do látex da árvore do caucho. O Projeto Aquavert, desenvolvido pelo Instituto Mamirauá, tem como objetivo a conservação e o monitoramento de espécies nativas ameaçadas de extinção, nas reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, na região do Médio Solimões, no Amazonas, abrangendo uma área de mais de 3 milhões de hecta-

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res. Cada hectare corresponde, aproximadamente, a um campo de futebol. A iniciativa, que vem sendo patrocinada pela Petrobras desde que foi iniciada, em 2010, garantiu, segundo informações da empresa, o nascimento de aproximadamente 42 mil filhotes de quelônios (animais como tartarugas, cágados e jabutis), além de possibilitar o monitoramento de mil tartarugas-da-amazônia - espécie mais ameaçada da região. Além disso, pesquisadores marcaram e monitoraram 40 fêmeas de jacaré-açu e reabilitaram dez filhotes de peixe-boi amazônico, sendo que três deles serão devolvidos à natureza no ano que vem. Ao todo, o projeto envolveu 6 mil pessoas em atividades de educação ambiental, pesquisa e tratamento de animais. Já os projetos Pacto das Águas e Encauchados Vegetais da Amazônia têm, desde a sua criação em 2007 e 2009, respectivamente, a floresta como foco de suas atividades, preservando, juntos, uma área de cerca de 2,3 milhões hectares.

Somente este ano, o Pacto das Águas conseguiu ampliar a área protegida de 800 mil hectares para 1,9 milhão de hectares, abrangendo a região amazônica localizada entre o noroeste de Mato Grosso e o sudeste de Rondônia e beneficiando uma população de 3 mil pessoas. O projeto conta com a participação de povos indígenas e seringueiros que, de 2007 a 2012, fizeram o plantio de

O Projeto Encauchados Vegetais da Amazônia já beneficiou mais de 1.500 pessoas, em 17 municípios do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia revistaamazonia.com.br


Os investimentos da Petrobras destinados a projetos sociais e ambientais no bioma amazônico viabilizaram extrativistas resgatarem qualidade de vida

1,2 milhão de mudas de espécies nativas, como o açaí, a pupunha, castanheira e cerejeira, e a produção de 90 toneladas de borracha e de cerca de 1,5 milhão de quilos de castanha do Brasil, “que gerou R$ 4,8 milhões para os povos da floresta”, segundo a companhia. As informações indicam ainda que, desde 2009, o Projeto Encauchados Vegetais da Amazônia já beneficiou mais de 1.500 pessoas em 17 municípios do Acre, Amazonas, Pará e de Rondônia. Povos indígenas, seringueiros, ribeirinhos, quilombolas e agricultores familiares que participam da iniciativa desenvolveram a tecnologia social em parceria com pesquisadores do Polo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais. Por meio de inciativas como a produção de látex extraído de seringueiras nativas misturado a fibras vegetais, tais como caroço e fibra do açaí, são feitos artesanatos, vendidos em feiras regionais e no exterior. A iniciativa aumentou em 60% a geração de renda dos produtores e protegeu uma área que hoje totaliza aproximadamente 370 mil hectares.

O bioma amazônico ganhou apoio para desenvolver atividades de educação ambiental e geração de renda revistaamazonia.com.br

Novos projetos A cada dois anos, a Petrobras realiza seleção pública de projetos, como forma de democratizar o acesso aos

Maria das Graças Silva Foster, presidente da Petrobras, no lançamento do novo Programa Petrobras Socioambiental

recursos e garantir a transparência do processo de patrocínio, o que incentiva o surgimento de novas iniciativas, como a da Associação Vida Verde da Amazônia, no município de Silves, a 200 quilômetros de Manaus. Selecionada pela companhia em 2012, ela capacita 133 mulheres de comunidades locais para a extração e produção sustentável de óleos vegetais e cosméticos naturais, com a meta de plantio de 3 mil mudas nativas para a reposição florestal na região. O novo Programa Petrobras Socioambiental, lançado fins de 2013, terá investimento de R$ 1,5 bilhão, entre 2014 e 2018, em projetos realizados pelas instituições privadas e do terceiro setor que promovem a responsabilidade social e ambiental na sociedade. De acordo com Maria das Graças Silva Foster, presidente da Petrobras, “os investimentos nessas áreas precisam ser permanentes, precisam de uma empresa que continue investindo. O novo programa foi elaborado com base nas diretrizes globais referenciadas pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e os Princípios da Norma Internacional ISO 26000.

O Projeto Aquavert, desenvolvido pelo Instituto Mamirauá, tem como objetivo a conservação e o monitoramento de espécies nativas ameaçadas de extinção, nas reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, na região do Médio Solimões, no Amazonas, abrangendo uma área de mais de 3 milhões de hectares. REVISTA AMAZÔNIA 21


A agência-barco da CAIXA tem como objetivo a inclusão bancária das comunidades atendidas, além de viabilizar o suporte a ações de promoção à saúde, educação e de proteção ambiental e de cidadania

Caixa inaugura Agência-Barco Ilha Do Marajó, em Belém Unidade amplia atendimento do banco às populações ribeirinhas Fotos: João Luz, João Gomes e Marcelo Martins

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Caixa Econômica Federal inaugurou recentemente, na Estação das Docas, em Belém, a segunda agência-barco do banco. A Agência-Barco Ilha do Marajó vai fornecer atendimento bancário às populações ribeirinhas que vivem em 10 municípios da Ilha, e ampliar a oferta de produtos e serviços do banco, promovendo o desenvolvimento socioeconômico da região e a inclusão bancária dos moradores. A inauguração contou com a presença do vice-presidente de Operações Corporativas da CAIXA, Paulo Roberto dos Santos, da ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, de Lena Peres, representante do Ministério da Saúde, do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, do Procurador Geral do Pará, Caio Trindade, que representou o governador em exercício, Helenilson Pontes, da presidenta do Tribunal de Justiça

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do Estado do Pará, desembargadora Luzia Nadja Guimarães, o bispo emérito de Belém, dom Vicente Zico, entre outras autoridades e lideranças comunitárias do Marajó. Segundo o vice-presidente Paulo Roberto, a ilha do Marajó não foi escolhida por acaso. “Nós conhecemos as dificuldades e necessidades daquelas comunidades. E nosso papel é contribuir com o desenvolvimento das pessoas, principalmente daquelas mais carentes. Nossos agentes bancários serão mais que agentes, serão multiplicadores de cidadania”, a Agência-Barco Ilha do Marajó contribuirá para a interiorização do atendimento e ampliação da presença da CAIXA na região Norte. “A agência-barco supre as carências de atendimento bancário impostas pelas dificuldades naturais da região e reduz os riscos e os custos envolvidos no deslocamento das populações até os centros urbanos”, comentou. A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, comentou a importância da parceria. “Com a agência-barco conseguimos transformar o rio em rua. É a primeira vez no Brasil que uma política integrada chega à população ribeirinha. A

inauguração é um momento muito importante para o governo federal, pois vai reforçar uma das máximas da gestão atual: o combate à violência contra a mulher”, ressaltou a ministra. Em seu pronunciamento, o prefeito Zenaldo comemorou o novo empreendimento e sua potencialidade em contribuir com a população marajoara. “Belém se sente honrrada em sediar este lançamento. Este barco significa um avanço muito grande para aquela região, que tem desafios do tamanho daquele arquipélago. Também vai muito além de uma agência bancária, que por si só já seria de imensa importância. Com ele a população que revistaamazonia.com.br


VP Paulo Roberto, saúda autoridades e presentes na solenidade de inauguração

Descerrando a placa da inauguração da AgênciaBarco Ilha do Marajó

mais precisa terá atenção em diferentes seguimentos, garantindo cidadania àquele povo”, disse. O superintendente regional da Caixa, Evandro Narciso de Lima, destacou a importância do momento vivido pela instituição, que completou 153 anos de instalação e prestação de serviços que visam desenvolver o país, mudando a realidade dos brasileiros. A Agência-Barco Ilha do Marajó atenderá a população de mais de 348 mil habitantes (IBGE -2012) dos municípios que compõem a Ilha: Soure, Salvaterra, Ponta de Pedras, Muaná, São Sebastião da Boa Vista, Curralinho, Bagre, Breves, Melgaço e Portel. A unidade disponibilizará todos os produtos disponíveis no portfólio CAIXA, com exceção daqueles que envolvem numerário. O barco fará uma viagem por mês, partindo sempre de Belém e permanecerá em média dois dias em cada localidade. A embarcação possui autossuficiência para navegar cerca de 30 dias seguidos. O horário de funcionamento da unidade é o mesmo de uma unidade convencional, em terra, cumprindo as regras estabelecidas pelo Banco Central.

Parcerias A agência-barco da CAIXA também viabiliza o suporte a ações de promoção à saúde, educação e de proteção ambiental e de cidadania. Na Agência-Barco Ilha do Marajó, a CAIXA firmou convênios com o Ministério da Saúde e com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), para a utilização da embarcação para o desenvolvimento de ações que visem a promoção da saúde e cidadania da população ribeirinha, além do combate à violência contra as mulheres, com o Tribunal de Justiça do Estado do Pará para o funcionamento de um Juizado Especial Itinerante Ribeirinho.

cioeconômica e ambiental. O DIST, prevê a celebração de parcerias com entidades para execução de projetos nas comunidades onde a agência-barco navegará. O objetivo é levar às regiões atendidas parceiros governamentais e não governamentais que possibilitem o acesso a políticas públicas e à cidadania, à educação e à cultura, além de alternativas de geração de trabalho e renda adequadas às vocações locais. Eleonora Menicucci, ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres,” Essa inauguração é um momento muito importante para o governo federal, pois vai reforçar uma das máximas da gestão atual: o combate à violência contra a mulher”

Lena Peres, representante do Ministério da Saúde e Paulo Roberto dos Santos, vice-presidente de Operações Corporativas da CAIXA, na assinatura do Convênio para desenvolvimento de ações que visem a promoção da saúde, através da Agência-Barco Ilha do Marajó

Agências-barco Além da Agência-Barco Ilha do Marajó, a CAIXA inaugurou em dezembro de 2010 a Agência-Barco Chico Mendes, que atende a população no Rio Solimões, no trecho Manaus-Coari, compreendendo os municípios de Iranduba, Manaquiri, Manacapuru, Anamã, Beruri, Anori e Codajás. Em três anos de funcionamento, a Agência Chico Mendes já realizou 36 viagens. Dentre as operações realizadas destacam-se a abertura de 4.906 contas, 399 concessões de Microcrédito, totalizando R$ 400 mil, emissão de 1.270 cartões de crédito, operações de Consignações e Crédito Pessoa Jurídica (Capital de Giro) no valor total de R$ 4.570.135,27, e 50.021 atendimentos de Cadastramento/Desbloqueio de senhas do cartão do cidadão e Bolsa Família, Cadastramento/Regularização do PIS, Inscrição/Regularização CPF, Liberação de FGTS e Prova de Vida (INSS). A CAIXA ainda vai inaugurar a Agência-Barco Rio São Francisco, que vai operar no Rio São Francisco no Lago de Sobradinho e atenderá à população de 157.225 habitantes dos municípios Casa Nova, Sobradinho, Sento Sé e Pilão Arcado.

A presidenta do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, desembargadora Luzia Nadja Guimarães, e Evandro Narciso, superintendente regional da Caixa, na assinatura do Convênio

Para Zenaldo, este barco significa um avanço muito grande para aquela região, que tem desafios do tamanho daquele arquipélago revistaamazonia.com.br

Além dessas parcerias, a CAIXA vai implementar nas comunidades uma nova estratégia para estimular o desenvolvimento e a sustentabilidade. Dentro da estratégia, denominada Desenvolvimento Integrado e Sustentável de Territórios (DIST), e apoiada pelo Fundo Socioambiental CAIXA, o banco vai promover o apoio institucional de ações que visam à transformação so-

O vice-presidente de Operações Corporativas da CAIXA, Paulo Roberto dos Santos, com um exemplar da revista Amazônia e nosso diretor Rodrigo Hüh REVISTA AMAZÔNIA 23


A Lei Maria da Penha está navegando

A Lei Maria da Penha vai navegar

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m 20 de janeiro de 2014, um barco da Caixa Econômica Federal que percorre áreas isoladas da Ilha de Marajó (PA), com serviços bancários para a população ribeirinha, agregou novo serviço: uma sala para atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica, sob a gestão da Secretaria de Políticas para as mulheres (SPM). A Lei Maria da Penha chegará a lugares de difícil acesso por via terrestre e fluvial. Nos últimos anos, avançamos muito em conquistas para as mulheres. Mas ainda há desafios a enfrentar, principalmente nas áreas rurais, das florestas e dos rios, em que a presença do Estado é menor e a oferta de serviços públicos mais difícil. E, embora desempenhem papel importante em suas comunidades, elas continuam na invisibilidade, tendo seu trabalho pouco reconhecido e valorizado. “O homem trabalha fora; quando chega em casa, tem tudo pronto, feito pela mulher. A mulher trabalha mais que o homem, porque trabalha na casa, para a família, no mangue… A mulher é feito cachimbo, nasce para levar fumo” (fala de pescadora nordestina). Pensando nisso, uma das primeiras ações de minha gestão foi criar uma assessoria especial para assuntos de mulheres do campo, da floresta e das águas. Foi o reconhecimento de que o olhar da SPM deve abraçar as mulheres da cidade e do campo. E que suas ações cheguem a todas. Especificamente sobre a violência, as mulheres são vítimas de uma cultura patriarcal arcaica. Quadro que propicia condições de reprodução do mando masculino e, consequentemente, altíssimos índices de violência e de impunidade dos agressores. As distâncias dificultam

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por Eleonora Menicucci*

O vice-presidente de Operações Corporativas da CAIXA, Paulo Roberto dos Santos e a ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, assinando o Convênio

o acesso à Justiça e o atendimento que a rede de enfrentamento à violência oferece às mulheres da cidade, como prevenção e assistência qualificada, além da responsabilização dos agressores. A SPM adota com prioridade estratégias para levar recursos semelhantes às mulheres do Brasil profundo. Elas incluem a ampliação do escopo da Central – ligue 180, a ativação do Fórum Nacional Permanente de Enfrentamento à Violência contra as mulheres do campo e da Floresta e dos fóruns estaduais, além da entrega aos estados de unidades móveis que levem os serviços até elas. Entregamos as primeiras unidades móveis – 54 ônibus (dois por estado e dois para o DF), que estão fazendo prevenção, assistência, apuração, investigação e enquadramentos legais no meio rural. Ainda assim, nem todas as localidades do país são acessíveis por terra. Sabemos

das dificuldades de mobilidade enfrentadas pelas populações que vivem às margens de grandes bacias hidrográficas brasileiras, notadamente na região amazônica. Por essa razão, a SPM inicia projetos que levarão os serviços da rede de enfrentamento à Violência Contra a Mulher por meio fluvial. O primeiro foi o acordo de cooperação com a Caixa Econômica Federal, assinado em 16 de janeiro, para possibilitar a presença da SPM na Agência Barco Ilha do Marajó. Ele reforçará a presença do Estado na região insular, levando, além do atendimento bancário, serviços relacionados com o enfrentamento à Violência Contra a Mulher. Atracará uma vez por mês em 10 localidades, nas quais vivem cerca 349 mil habitantes, dos quais 48,4% são mulheres. Compartilharemos com a Caixa mais duas embarcações. Os roteiros já estão definidos e um deles é o Chico Mendes, na Amazônia. O terceiro contemplará a Bacia do São Francisco, na Bahia. Planejamos aumentar a capacidade de atendimento com mais dois barcos, que serão entregues até o fim do ano. Esperamos, assim, assegurar maior facilidade de acesso aos serviços e à informação para as mulheres das águas, do campo e da floresta que sofrem violência agravada pela falta de atendimento. Dessa maneira, o governo da presidente Dilma Rousseff cumpre mais uma promessa de tolerância zero com a violência e com a impunidade dos agressores, fazendo chegar aos grotões do país as políticas de enfrentamento à violência de gênero. [*]Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas para as mulheres da Presidência da República revistaamazonia.com.br


Empreendedorismo na economia verde

Você já se imaginou trabalhando para um negócio que fará parte da próxima tendência econômica? Já pensou em um empreendimento que esteja dentro de um dos seis setores mais promissores, sendo que o seu mercado triplicará até 2020 atingindo 2,2 trilhões de dólares, de acordo com a ONU?

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ois bem, esta é a economia verde, uma iniciativa que foi lançada pelo PNUMA – Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente, em 2008, que visa mobilizar e reorientar a economia para investimentos em tecnologias verdes e infraestrutura natural. Este movimento possui apoio de economistas e tem as seguintes estratégias: valorizar e divulgar os serviços ambientalmente corretos para consumidores; gerar de empregos no marco dos empregos; definir políticas nesse sentido; desenvolver instrumentos e indicativos do mercado capazes de acelerar a transição para uma economia verde. Um dos setores que foi colocado na economia verde é a agricultura. Para este setor existe uma expectativa que o mercado mundial dos produtos alimentícios e de bebidas orgânicas duplique até 2015, chegando a 105 bilhões de dólares. Por exemplo, quando o famoso chá mate Leão, que agora é uma das marcas de bebidas não gaseificadas da Coca-Cola, resolve ter uma linha orgânica é que a tendência está se massificando. Outro setor é das energias renováveis com os biocombustíveis, energia eólica, solar fotovoltaica, entre outros. Esta área começa a aparecer também no nosso país, não só pelo biocombustível da nossa cana de açúcar, mas também as paisagens que já veem sendo modificadas pelos grandes cataventos no nordeste e em outras regiões do país. Além disso, feiras como a Enersolar +Brasil 2013, que aconteceu em julho p.p, em São Paulo, ganha maior visibilidade e, cada ano, mais expositores e visitantes. Em um outro setor desta economia está o turismo, principalmente o ecoturismo, que está crescendo muito no país, com agência especializadas e pacotes específicos para a grande massa. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, enquanto o turismo cresce 7,5% ao ano, o ecoturismo supera os 20%. A pesca certificada e a aquicultura também estão sob os revistaamazonia.com.br

por Marcus Nakagawa* A Economia Verde tem as seguintes estratégias: valorizar e divulgar os serviços ambientalmente corretos para consumidores; gerar de empregos, desenvolver instrumentos e indicativos de mercado

holofotes, com uma captura anual de 18 milhões de toneladas de peixes e frutos do mar, ou seja, cerca de 17% da pesca internacional. O setor florestal não poderia deixar de estar nesta economia, fundamentalmente quando falamos em florestas certificadas e com processos que estejam dentro dos parâmetros mundiais de manejo. E, por último, a indústria e suas práticas de sustentabilidade para garantir os negócios dentro das cadeias de fornecimento internacional. Neste sentido, pode-se observar o aumento de empresas certificadas com a ISO 14.001 referente ao respeito ao meio ambiente. Além do aumento de

consultores e o mercado em torno deste tema. Portanto, existe uma nova economia para aquele empreendedor que quer juntar algumas crenças e valores ambientais com o tipo de negócio que desenvolverá. E ele será o empreendedor da economia verde, que crescerá ainda mais e passará a fazer parte da vida das próximas gerações. [*] Sócio-diretor da iSetor, professor da ESPM, presidente do conselho deliberativo e idealizador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade e palestrante sobre estilo de vida sustentável, sustentabilidade e responsabilidade social REVISTA AMAZÔNIA 25


VII FIAM Feira Internacional da Amazônia

Na solenidade de abertura da VII FIAM

Fotos: Hudson Fonseca, Joel Rosa, Layana Rios, Olimpio Carneiro e Rodrigo Hühn

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solenidade de abertura da sétima edição da Feira Internacional da Amazônia (VII FIAM), evento realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) por meio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), ocorreu no Pavilhão Amazônia do Studio 5 Centro de Convenções. Contou com a presença do superintendente da SUFRAMA, Thomaz Nogueira, do secretário-executivo do MDIC, Ricardo Schaefer, do governador do Amazonas, Omar Aziz, do governador de Rondônia, Confúcio Moura, do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, e outras autoridades governamentais, representantes de classe e empresários. O futuro do modelo Zona Franca de Manaus norteou os discursos. O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, não pôde estar presente à abertura devido a compromissos de governo, mas enviou mensagem em vídeo, veiculada durante o evento, onde afirmou estar atento às necessidades da ZFM e reiterou o compromisso da presidenta Dilma Rousseff em prorrogar o modelo por mais 50 anos. “Além disso, gostaria de comunicar que já demos encaminhamento ao documento que da definição da identidade jurídica do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), que vai alavancar a pesquisa e o desenvolvimento de produtos a partir de matéria-prima regional, explorando as potencialidades locais”, destacou Pimentel. Em seu discurso, o superintendente Thomaz Nogueira destacou o esforço de todos da SUFRAMA para a realização do evento, mesmo diante de um quadro de pessoal reduzido. Além dos agradecimentos à equipe e às autoridades presentes, ele destacou a participação internacional na Feira, pregando uma aproximação comercial 26 REVISTA AMAZÔNIA

entre a ZFM e outros países, principalmente aqueles que integram o bloco econômico do Mercado Comum do Sul (Mercosul). “Neste momento nós temos aqui nesta Feira um pouco do que mostra onde já chegamos e onde podemos ir. Temos mais de 100 milhões de pessoas vivendo em nossa vizinhança e não podemos viver de costas um pro outro. Podemos estreitar as relações bilaterais e fortalecer a economia”, comentou Nogueira. O superintendente também aproveitou a oportunidade para anunciar que o Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe) será a empresa responsável pela realização do concurso da autarquia. Em seguida, Ricardo Schaefer iniciou seu discurso afirmando que a orientação recebida ao assumir o cargo de secretário-executivo do MDIC foi de “dar total atenção à SUFRAMA e aos anseios do modelo Zona Franca”. Schaefer citou a reestruturação do plano de cargos e salários dos servidores da SUFRAMA, para que o corpo técnico

da autarquia esteja cada vez mais preparado para os desafios de desenvolver ainda mais o Polo Industrial de Manaus (PIM) e atentou para os investimentos aprovados a cada reunião do Conselho de Administração da SUFRAMA (CAS) que possibilitam ao parque fabril local avançar em termos de produção, faturamento e geração de emprego e renda.

Benefícios para todo o País A discussão sobre a prorrogação da ZFM foi o foco dado pelo prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, durante seu pronunciamento. Virgílio ressaltou que a extensão dos benefícios fiscais tem plenas condições de ocorrer. “Acredito que a prorrogação é totalmente viável e, ao longo do tempo, vamos avaliando frequentemente os avanços obtidos, demonstrando a validade do modelo”, disse. O prefeito lembrou, também, que o modelo de derevistaamazonia.com.br


senvolvimento regional traz benefícios que são espraiados por todo o País, tendo em vista a grande quantidade de investidores de outras regiões que buscam na Zona Franca um local propício aos seus focos negociais, o que ressalta sua importância. O governador do Amazonas, Omar Aziz, concordou com Arthur Virgílio Neto e ressaltou a conversa que teve com a presidenta Dilma Rousseff, na qual ela disse ser totalmente favorável aos pleitos de prorrogação do modelo. Aziz disse que mais que questões políticas, são dados econômicos que ajudam a basear esta decisão, lembrando dos avanços tecnológicos obtidos pelo PIM, como a fabricação local de produtos de ponta. “A FIAM contribui neste sentido ao promover um intercâmbio comercial e intelectual entre empresários locais, nacionais e internacionais, o que possibilita avanços, dentre outros campos, na geração de postos de trabalho, fundamental para o Estado”, disse. Após a cerimônia de abertura, uma comitiva liderada pelo superintendente Thomaz Nogueira e pelo secretário-executivo Ricardo Schaefer se dirigiu ao Pavilhão Principal da Feira, onde passou por todos os estandes, destacando os produtos e serviços ofertados pelas empresas do Polo Industrial de Manaus.

Venezuela apresenta investimentos em comércio e turismo A Venezuela participou da VII FIAM, visando intensificar as relações bilaterais com o Brasil. O governo do país viabilizou a vinda de mais de 60 empresas venezuelanas do setor privado em seu estande. De acordo com o ministro venezuelano do Comércio, Alejandro Fleming, as empresas trouxeram para a FIAM uma gama de produtos exportáveis fabricados no país para apresentar aos empresários brasileiros. “São empresas com grande trajetória de produção de bens de consumo, não somente na Venezuela, mas para exportação, de diversos segmentos, como alimentício, automobilístico, bebidas alcoólicas, construção, indústrias básicas de alumínio e ferro, granito, plástico, entre outros”, afirmou. Fleming ressaltou que a participação na Feira é estra-

Thomaz Nogueira, superintendente da SUFRAMA

o diálogo com o governo brasileiro por meio da Venezolana de Turismo (Venetur), a operadora de produtos turísticos do governo venezuelano. Ricardo Schaefer , secretário-executivo do MDIC

tégica, uma vez que a Venezuela busca se consolidar enquanto país exportador. “Esta iniciativa surge da idéia de avançar na posição da Venezuela como uma potência exportadora, principalmente neste período que nosso país exerce temporariamente a presidência do Mercosul”, observou. O ministro do Turismo da Venezuela, Andrés Izarra, que também está na FIAM, anunciou que a intenção do setor é intensificar as rotas aéreas e terrestres para garantir o maior fluxo de turistas entre os países, principalmente em decorrência dos atrativos naturais que pode oferecer aos turistas brasileiros. Para isso, a intenção é intensificar Omar Aziz, governador do Amazonas

Diálogo Durante a abertura da FIAM, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ricardo Schaefer informou que se reuniu com os ministros da Venezuela e o diálogo entre os dois países tem avançado gradualmente. “Conversamos sobre as tratativas em prol da integração produtiva e complementaridade das nossas economias, estamos vencendo pouco a pouco as barreiras da integração física bem como ampliando sua integração produtiva e econômica”, apontou. Dentre os países que participam da VII FIAM, a Venezuela possui o maior estande. Além das empresas privadas, o governo do país trouxe uma série de ministérios e órgãos públicos para mostrar o potencial de negócios do mais novo membro do Mercosul.

CESPE será a realizadora do concurso da SUFRAMA Ainda durante, a abertura da Feira Internacional da Amazônia, o superintendente da SUFRAMA, Thomaz Nogueira, revelou que após análise de propostas de dez instituições, o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE) será a banca examinadora responsável pela organização do próximo concurso público da autarquia, que irá prover 243 postos de seu Plano Especial de Cargos, com as oportunidades distribuídas em cargos de nível superior - em áreas como Engenharia e Economia e cargos de nível intermediário. A previsão é de que até o fim do primeiro semestre de 2014 todos os aprovados já estejam empossados.

Seminário de Inovação e Tecnologia no Desenvolvimento da Amazônia Brasileira

Ricardo Schaefer, secretário-executivo do MDIC, Athaydes Mariano Felix, presidente em exercício da FIEAM, e o superintendente da Suframa, Thomaz Nogueira

revistaamazonia.com.br

Foi um dos oito temas da Jornada de Seminários 2013. Coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com o objetivo de discutir estratégias e mecanismos para Inovação na Amazônia, além de apresentar produtos e serviços desenvolvidos pelas Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) e Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica nacionais e internacionais. “Estavam presentes no seminário representantes da linha de polos REVISTA AMAZÔNIA 27


tecnológicos, de inovação e de coordenação em rede. Como este é um mês de uma série de eventos em Inovação, agregamos ainda mais valor ao seminário trazendo o Fórum dos Gestores de Tecnologia e Inovação da região Norte (Fortec)”, afirmou a coordenadora de Extensão Tecnológica em Inovação do Inpa, Rosângela Bentes, que coordena o Seminário de Inovação. A abertura do seminário contou com uma palestra magna realizada pelo diretor geral do Polo Tecnológico de Navacchio (Itália), Alessandro Giari, que também é presidente da Associação Italiana de Parques de Ciência e Tecnologia e coordenador do Polo de Inovação em Tecnologia de Informação e Comunicação e Robótica da Toscana. Giari apontou o desafio do Polo Industrial de Manaus (PIM) de passar a desenvolver tecnologias e produtos nas fábricas instaladas na cidade, uma vez que atualmente o capital tecnológico é transferido das unidades-sede das fábricas e, em Manaus, é realizado somente o processo de produção. “Não é aqui que se decide a estratégia de manufatura, precisamos criar condições não somente mecânicas e eletrônicas, mas também de produzir e inovar o processo produtivo para que não haja risco desse modelo entrar em crise”, afirmou. O diretor do Polo Navacchio destacou ainda a importância de criar novos instrumentos e serviços para novos

Estande do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA

Estande do Ministério da Defesa e Sistema de Proteção da Amazônia Estande do INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Haroldo Eurico Amora dos Santos secretário de Planejamento e desenvolvimento de Roraima com Rodrigo Hühn

investimentos na Amazônia por meio de parcerias e transferências de tecnologias. “Penso que este seja um momento estratégico para a região amazônica, com a necessidade de encontrar novos caminhos e desenvolver modificações a despeito da situação atual”, afirmou. Desde 2009, o Polo Navacchio visita o PIM e já realizou parcerias com empresas, incubadoras e instituições como a Superintendência da Zona Franca de Manaus e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Programação O primeiro painel do evento tratou sobre estratégias para Inovação de acordo com a necessidade de mercado e as 28 REVISTA AMAZÔNIA

demandas futuras, que, de acordo com Rosângela Bentes, é uma necessidade de todas as instituições públicas e privadas da Amazônia. “Como a cultura Inovação é recente na região, com aproximadamente dez anos, ela ainda está se consolidando e mudando constantemente”, explicou. O painel seguinte abordou a relação entre governo, academia e empresa na articulação e atuação dos arranjos institucionais de Inovação. “A competitividade de empresas e outras organizações depende crescentemente da amplitude das redes em que participam e também da promoção do desenvolvimento econômico e social”, observou Rosângela.

Seminário de Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável A abertura do seminário foi feita pelo secretário de Estado de Planejamento do Amazonas, Airton Claudino, que defendeu a tese de que a Zona Franca de Manaus (ZFM) é um perfeito exemplo de desenvolvimento sustentável. “Ela (a ZFM) preenche os principais conceitos de sustentabilidade: é socialmente inclusiva, ambientalmente adequada e economicamente viável”, detalhou, ressaltando os resultados socioeconômicos e ambientais do Polo Industrial de Manaus (PIM). revistaamazonia.com.br


Água para a sustentabilidade do planeta Essa palestra foi ministrada pelo secretário de Mineração, Daniel Nava, que apresentou números para demonstrar a essencialidade do gerenciamento dos recursos hídricos, frisando a escassez e a indisponibilidade da água tratada e potável. “Apenas 0,3% da água disponível do mundo é doce. Cerca de 50 milhões de brasileiros, ou 25% da população, não têm acesso à água potável”, sublinhou. Nava explanou ainda dados sobre a relação do ciclo das águas com o Amazonas, Estado que detém ‘20% de toda água doce do Planeta’. “No Amazonas há dois governos. Leva-se, por exemplo, 35 dias de barco para transportar combustível de Manaus a Ipixuna. Mas, ainda que o Executivo queira, tudo depende do humor das águas”, disse, detalhando os efeitos das secas e enchentes históricas na região. Com respeito à disponibilidade da água, Nava avalia que há uma verdadeira “guerra mundial silenciosa”. Um contingente de 30 milhões de pessoas já morreu por falta de acesso à água limpa, mesmo número de mortos na Segunda Guerra Mundial.

Thomaz Nogueira, superintendente da SUFRAMA, com a Amazônia e o nosso diretor Rodrigo Hühn

Água potável: implantação de tecnologia pronta Rodney Herrington, fundador da Acqua Access, apresentou e detalhou o funcionamento de equipamentos baseadas em tecnologias como “nanofiltração”, osmose reversa e purificação eletrolítica – para tratamento de água. Alguns aparelhos são idealizados para estações de tratamento e processo industrial e com capacidade para tratar até 44 milhões de litros cúbicos, mas muitos deles também são portáteis, como o de geração de cloro, a partir de água, sal e um gerador eletrolítico.

José Nagib, superintendente adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Regional da SUFRAMA, e Rodrigo Hühn, com a Amazônia

Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus, Rodrigo Hühn e a Amazônia

Purificação de água produzida a partir de plataformas de petróleo e gás Ned Godshall, empresário, presidente da Altela, falou sobre o desenvolvimento de um sistema idealizado para limpar a água contaminada com óleo. Ele explicou que a energia usada para evaporar a água e separá-la das impurezas é aproveitada também na condensação. Com isto, o consumo de energia é bem menor do que em outros sistemas de despoluição. Fechando o ciclo de palestras do evento também participaram os professores da Universidade do Novo México Suleiman Kassicieh e Raul Gouvea, além de Ray Finley.

Nelson Rocha, superintendente do Sebrae/Am, com Rodrigo Hühn Estande do BNDES

Artesanato e alimentos foram destaque na Rodada de Negócios 67 micro e pequenas empresas da Amazônia brasileira, ofertaram seus produtos e serviços regionais,e se cadastraram na Rodada para reuniões com 28 empresas compradoras, nacionais e internacionais. revistaamazonia.com.br

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Estande do Banco da Amazônia

Estande do SEBRAE Estande da Kavasaki

demanda dos compradores pelo seu produto. ”Vendi as amostras que trouxe, cerca de 200 peças, e recebi encomenda de aproximadamente duas mil peças”, afirmou.

Seminário “Desafios para o Uso Sustentável da Biodiversidade na Pan Amazônia”

Estande da Sansung

O foco da Rodada de Negócios foi a venda de produtos e serviços produzidos com matéria-prima da região amazônica. De acordo com o gerente da Unidade de Acesso a Mercados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AM), Jenner Pinheiro, que coordena da Rodada, os principais produtos negociados pelas empresas compradoras, foram artesanato; fitoterápicos e fitocosméticos; e alimentos e bebidas, mas também houve procura por biojoias e bijuterias; móveis e madeira; e produtos orgânicos. As empresas compradoras de produtos e serviços eram de Alagoas, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, e também dos países Alemanha, Angola, Argentina, Equador, Espanha, Itália, Trinidad & Tobago e Uruguai. Vinte empresas são nacionais e oito internacionais. Das micro e pequenas empresas ofertantes, a maioria era dos Estados do Amazonas, Rondônia e Roraima, segundo informações do Sebrae/AM.. 30 REVISTA AMAZÔNIA

Interesse internacional Entre os empresários internacionais, estava o diretor da UPP Trading, Juan Pablo Peñaherrera, do Equador, que trabalha com importação e exportação e pesquisa de mercado para introduzir o produto brasileiro no mercado equatoriano, principalmente a linha de alimentos, indústria e construção. Durante a rodada, o foco do empresário foram os produtos alimentícios, em especial frutas processadas, como açaí, cupuaçu e guaraná, e o chocolate brasileiro recheado com frutas regionais. O ofertante de produtos regionais, Sílvio Romão, indígena da etnia tukano, localizada no alto Rio Negro de São Gabriel da Cachoeira, fundador da Arte Tucano, que representa a cooperativa do Alto Rio Negro Guapes, localizada na Colômbia, apresentou a cestaria que é confeccionada pelas comunidades da região e se surpreendeu com a

Contou com oito palestrantes, sendo cinco estrangeiros, que destacaram pesquisas sobre o açaí, o camu-camu, bem como a descoberta de uma nova espécie de perereca e o sexo do pirarucu. A palestra de abertura foi ministrada pelo embaixador do Suriname e secretário-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Robby Ramlakhan. O diplomata discorreu sobre o histórico e as atividades da OTCA, organismo intergovernamental formado por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. “A OTCA foi criada para ser um fórum permanente para promover ações de cooperação e integração regional que resultem na melhora da qualidade de vida dos habitantes da Amazônia”, resumiu o embaixador, salientando que a região panamazônica representa mais de 8,2 milhões de quilômetros quadrados e soma uma população de quase 400 milhões de pessoas. Em seguida, o coordenador de biodiversidade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Cláudio Ruy Vasconcelos da Fonseca, abordou a contribuição do instituto para a pesquisa científica na Amazônia. Em 40 anos de atividade, o Inpa já titulou 1876 pesquisadores, sendo 1489 mestres e 387 doutores. Outra contribuição destacada foi o fato de 378 novas espécies na Amazônia terem sido descobertas pelos cientistas do instituto em pesquisas realizadas de 1973 a 2013. Delas, 600 são insetos (tipos primários); 70 peixes; 11 mamíferos, e 57 são holótipos da botânica. “Uso sustentável da biodiversidade amazônica colombiana: Perspectivas” foi o tema da representante do Instituto Amazónico de Investigaciones Científicas (SINCHI), da Colômbia, Marcela Carrillo. A pesquisadora enfatizou os estudos desenvolvidos para agregar valor aos produtos oriundos do açaí e o camu-camu como solução de geração de renda para comunidades localizadas na floresta colombiana, “a segunda com maior biodiversidade no mundo, atrás apenas do Brasil”.

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negócio de empreendedorismo que irá gerar renda sem afetar o equilíbrio ambiental. O superintendente adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Regional da SUFRAMA, José Nagib, discorreu sobre os resultados socioambientais e econômicos da Zona Franca de Manaus (ZFM), diretamente responsável pela preservação de 98% da floresta no Amazonas. Nagib, que também atua como coordenador do projeto de implantação do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) também abordou os desafios e potencialidades do centro de pesquisa.

No estande das motos Harley Davidson

Outras palestras O presidente do Instituto de Investigaciones de la Amazonía Peruana (IIAP), Keneth Reátegui, ressaltou que em 30 anos de atividades o IIAP, cuja criação está no artigo 2 da constituição peruana, recebeu o acumulado de US$ 80 milhões em financiamento. “Devolvemos como retorno, US$ 150 milhões de lucros como resultado efetivo das pesquisas desenvolvidas. Isso é uma resposta para os que sempre questionam o investimento em ciência”, frisou. Outras palestras internacionais foram ministradas por Kenneth Goenopawiro, da Anton de Kom University of Suriname e Raquel Thomas, Diretora do Iwokrama International Centre for Rain Forest Conservation and Development, da Guiana. Goenopawiro falou sobre o projeto Guiana Shield e destacou os desafios da sustentabilidade no Suriname, país de 500 mil habitantes e com 20 idiomas oficiais. O cientista sublinhou que o país vive principalmente da exploração do ouro (inclusive com a presença de garimpeiros brasileiros) e que por causa do alto preço internacional do metal ainda não percebeu as vantagens econômicas de se investir em produtos da floresta. Raquel Thomas contou detalhes do funcionamento da floresta tropical internacional de Iwokrama, um projeto científico ambicioso em gerenciamento sustentável dos recursos de floresta tropical para o benefício de índios de etnias como o macuxi.

Estande da Sepror – Secretaria de Estado de Produção Rural

Bolsa floresta O superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável, Virgílio Viana, falou sobre os resultados de projetos como o bolsa-floresta, que remunera comunidades ribeirinhas para preservarem a mata nativa. “São R$ 1.453,00 por família/ano”. Viana ressaltou ainda a criação de um curso técnico em produção sustentável para estudantes que moram na região do Juruá. No lugar de monografia, os formandos deverão apresentar um plano de negócios para institutos de fomento da região, o que já poderá significar um financiamento certo para um

Fórum do Pacto pela Educação No primeiro Fórum do Pacto pela Educação para o Desenvolvimento da Liderança Sustentável na Amazônia, foram abordados temas como a educação profissional como fator de inclusão social e os desafios da conexão entre o Mercado e a Educação 3.0. “O desafio hoje é a busca de uma educação para superação da dicotomia entre o trabalho manual e o intelectual, no qual o modo de fazer se integre e articule com a educação”, disse a consultora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac/AM), Marcilene Carvalho,

Estande do CIDE

Eron Bezerra, secretário de Produção Rural, foi um dos palestrantes do V Encontro de Negócios da Aquicultura da Amazônia e do Simpósio Nacional de Aquicultura (ENAq) revistaamazonia.com.br

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Associação Brasileira de Recursos Humanos/ Seccional Amazonas (ABRH/AM). Ainda foram realizadas mais duas palestras sobre desafios e perspectivas do profissional do século XX, e educação e produção visíveis no Distrito Agropecuário da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). Também foram realizados oito painéis, com os temas: Interação entre Academia e Setor Produtivo; Universidade Corporativa e PBEC; Case Residência Agrária; Educação para o Mundo do Trabalho; Unidade de Conservação Sustentável; Case Primeiro Emprego; Educação à Distância e Educação Profissional; e Gestão da Inovação. Segundo Kátia, as discussões realizadas durante o Fórum deverão subsidiar os planos de trabalho dos quatro comitês setoriais do Pacto, que são: Indústria, Comércio e Serviço; Academia; e Produção Rural.

No estande de Rondônia No Salão de Vidros, o estande especial da Venezuela

durante a realização da palestra “Educação profissional e inclusão social”. A busca em sintonizar as necessidades de mercado com a educação também foi pauta da palestra “Educação e Mercado 3.0: desafios e tendências”. Durante a palestra, foram explicados os três períodos pelos quais Educação e Mercado passaram: o Mercado 1.0 se situa no período rural, que demandava uma educação linear, sem muitas necessidades, que foi atendido pela Educação 1.0. No final da segunda metade do século XIX, o período fabril traz o Mercado 2.0, que demanda uma educação mais específica, que ensine o modo de produção, o ‘saber-fazer’. Surge assim a Educação 2.0. “Atualmente, estamos no Mercado 3.0, onde a necessidade não é mais de mão de obra, e sim de cérebro, no entanto nossa educação ainda é a 2.0. O grande desafio é fazer a conexão do Mercado 3.0 com uma Educação 3.0”, afirmou a palestrante Aldenize Nascimento. “A Educação 3.0 é uma forma de pensar, que busca trazer o mundo exterior para dentro da sala de aula e não apenas a ferramenta tecnológica para o ambiente de ensino”, afirma Kátia Andrade, diretora de Gestão Estratégica da 32 REVISTA AMAZÔNIA

Design como ferramenta para incremento de negócios na Zona Franca de Manaus Esse debate entre palestrantes e participantes do seminário trouxe boas notícias para o segmento, em especial no Amazonas. Entre elas, a de que o Estado fará parte do programa Designexport, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), a partir do ano que vem, e que, em maio, deverá ser lançado um mapeamento do setor, para embasar uma política pública de design no Brasil. Ficou claro que há um sentimento comum de que o design é bom para as empresas, gera lucro e é o maior diferencial competitivo entre os produtos da atualidade, mas que, apesar de todas as características positivas, enfrenta forte resistência do empresariado na hora do investimento. O seminário iniciou com a palestra do especialista em branding, Guilherme Sebastiany, que mostrou como as marcas ajudam uma empresa a vender mais, ressaltando que as empresas podem ter os melhores atributos deserevistaamazonia.com.br


jados pelo consumidor, mas de nada adiantará se ela não parecer tê-los. “A marca é como um iceberg. A estratégia e a identidade formam a maior parte, que está submersa. O consumidor só vai ver a ponta, que é o nome, o logotipo, a embalagem, a publicidade, enfim, os pontos de contato. E essa ponta tem que representar da melhor forma possível o que está na base. Uma marca ruim pode botar tudo a perder”, disse Sebastiany.

Competitividade global Os professores da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi), Alexandre Oliveira e Iuçana Mouco, falaram sobre o design local e a competitividade global, com exemplos de empresas que investiram em design no Amazonas e tiveram excelente retorno. Marco Lobo, da ApexBrasil, na sua palestra, explicou como o órgão do governo federal adotou o design, a inovação e a sustentabilidade como principais ferramentas para fazer o produto brasileiro ganhar o mercado mundial e ressaltou a importância de fazer o empresário enxergar esse potencial. “O empresário não inova sozinho. É preciso um sistema que ajude a fomentar esse processo”, explicou. “Estamos trabalhando no mapeamento do design brasileiro e até maio do ano que vem deveremos ter um embasamento muito bom para uma política pública de design no Brasil”, anunciou, esclarecendo que a Apex possui mais de 70 empresas brasileiras cadastradas no programa Designexport. “O trabalho se dá por meio de consultorias e capacitação para as empresas, orientando-as na identificação de oportunidades de inovação e na escolha de escritórios de design mais adequados a cada perfil. Temos consultores que acompanham todas as etapas do desenvolvimento dos novos produtos e serviços, orientando e ensinando os empresários a gerirem este processo”, disse Marco Lobo.

Passe para o futuro Durante os debates, fomentados pelo mediador Alessandro Dias, do Instituto DiDesign, foi ressaltada a importância de mudar o status atual do País, onde o empresário não entende bem o que é o design e o designer não ajuda muito, tentando impor uma forma de pensar que foge do que o empresário está acostumado. “Mas quando o empresário enxergar que o concorrente está faturando bem mais porque investiu em design, que design gera lucro, é negócio, vamos romper essa barreira”, disse Guilherme Sebastiany. Sobre o fato de o Polo Industrial de Manaus possuir 600 empresas, mas praticamente não ter criação local, Sebastiany aconselhou a começar devagar. “Vamos encontrar pessoas dispostas em investir e transformá-las em multiplicadores. E, neste caso, acho que os micro empresários são o melhor caminho”, completou. “O que vi aqui é que já existe uma boa massa crítica. revistaamazonia.com.br

A 7ª FIAM, esteve sempre muito movimentada

Também não faltam empresas precisando de design. Acho que só falta mesmo é alguém para fazer a ligação entre os dois no Amazonas”, avaliou Ken Ono, do Centro Brasil Design (ONG com sede em Curitiba), que atuou como relator no seminário. Ao final dos debates, Marco Lobo avaliou o seminário de design na FIAM como “a pedra fundamental do design no Amazonas”, apostando que, se Manaus souber fazer a ligação citada por Ken Ono, poderá em 2019 até estar sediando a Bienal Brasileira de Design. “Acho que demos o passe para o futuro”, completou, lembrando o slogan da sétima FIAM.

Matchmaking promoveu encontros voltados à sustentabilidade Realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em conjunto com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), por meio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, o evento reuniu diversas instituições com atuação voltada ao desenvolvimento sustentável e à sociobiodiversidade. A programação fez parte das comemorações do ano da Alemanha no Brasil e da presença da GIZ há 50 anos no País (sendo 20 anos no Amazonas), contou com a realização de três painéis, que abordaram os temas “Empreendimentos, incubadoras de novos negócios e inovação tecnológica”, “Repartição dos benefícios do patrimônio genético e biotecnologia” e “Fontes de financiamento para o desenvolvimento da pesquisa e inovação tecnológica com foco em atividades econômicas sustentáveis”. Os painéis tiveram como proposta favorecer a interação entre os participantes, invertendo o modelo tradicional dos seminários para propiciar espaços de conversas entre potenciais parceiros. A dinâmica do Matchmaking permitiu que todos os inscritos, além de assistir aos painéis, pudessem agendar horários para encontros mais formais e diretos com aqueles cujos projetos tiveram maior afinidade, possibilitando o compartilhamento de idéias e propostas inovadoras que devem ser aprimoradas a cada reunião realizada. O Matchmaking 2013 contou também em sua organização com apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA).

Seminário de Micro e Nanotecnologia (Minapim 2013) O tema deste ano foi “Soluções de sistemas inteligentes para uma floresta sustentável”. Para o representante da União Europeia no Brasil, Augusto de Albuquerque, eventos como o Minapim permitem que sejam formadas parcerias para resoluções de problemas como as moléstias esquecidas. Albuquerque ressaltou como exemplo o projeto PodiREVISTA AMAZÔNIA 33


Trodi (Point-of-care Diagnostics for Tropical Diseases), para o qual se formou um consórcio multidisciplinar de pesquisa, composto por oito instituições de cinco países europeus e cinco brasileiros. “O PodiTrodi é um sistema microfluídico autônomo barato, em tamanho de bolso, com biossensores integrados altamente sensíveis e seletivos para detecção confiável da doença de Chagas. Testes mostram resultados muito bons em comparação com os protocolos de referência”, detalhou Albuquerque, que é também líder da Unidade de Sistemas Micro e Nano da União Europeia. A solução poderá vir a ser adaptada para fornecer detecção confiável e acessível da leishmaniose, dengue, malária ou HIV.

Estande da Honda O Espaço Amazônico de Inovação, também foi sucesso absoluto

Malária O uso de instrumentos tecnológicos capazes de reconhecer moléculas biológicas específicas, tais como os biossensores, podem ajudar no combate da malária, uma doença infecto-contagiosa grave causada por parasitas protozoários do gênero Plasmodium , transmitida pela picada do mosquito do gênero Anopheles. Segundo o doutor em microeletrônica, Jair Fernandes de Souza, está sendo desenvolvido um estudo para impedir a reprodução do Anopheles, próximo de locais habitados. A ideia é usar os biossensores para provocar reações eletroquímicas específicas e modificar tais parâmetros sem afetar a qualidade da água e, assim, evitar que o mosquito se reproduza. O Minapim, organizado pela SUFRAMA em parceria com o instituto alemão Fraunhofer, teve 17 palestras distribuídas em três dias de discussões. No encerramento, o representante do Instituto Fraunhoffer em Manaus, Hernan Valenzuela, agradeceu a todos os presentes e fez o convite para uma nova edição do evento em 2014.

Palestrante Aldenize Nascimento

Destinos da Amazônia na rodada de turismo Pela primeira vez, o evento contou com 80% de empresas de origem estrangeira interessadas em vender os destinos

Primeira Rodada de Negócios de Bares e Restaurantes

No Seminário Desafios para o Uso Sustentável da Biodiversidade na Pan Amazônia 34 REVISTA AMAZÔNIA

da Amazônia. Foi realizada em parceria com o Amazonas Convention & Visitors Bureau (ACVB), em sua quarta edição, com o objetivo de promover os nove Estados da Amazônia Legal (Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) como destinos turísticos para os mercados nacional e internacional. Eram um total de 27 buyers – operadoras de turismo interessadas nos destinos da Amazônia. Desse total, 22 de origem estrangeira, oriundas da Espanha, Portugal, Itália, China, França, Inglaterra, Dinamarca, Japão, Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Peru e Panamá.

Em uma parceria da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/AM) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AM), a Rodada contou com a participação de 26 fornecedores de produtos e serviços para o setor de alimentação fora do lar, entre os quais estão alimentos, bebidas, consultorias financeiras, projetos, limpeza, higienização e uniformes, sendo convidadas 60 empresas de alimentação associadas à Abrasel/AM, como restaurantes, bares e lanchonetes. Durante o evento, cada fornecedor ficou em uma mesa de reunião, com todo o seu material para exposição dos produtos e serviços aos associados. revistaamazonia.com.br


Em visita à Fabrica de Motos da Honda (a maior do mundo) Rodrigo , com Roberto Moreno e Mario Okubo, diretores da Honda, entrega uma Amazônia à Francisca Viana, relações institucionais

que, além de mostrar suas ações, também prestavam esclarecimentos sobre a interação entre a pesquisa e o mundo empresarial. No Salão de Vidros, que abrigava o estande especial da Venezuela, 62 empresas expunham seus produtos prontos para a exportação de segmentos, como bebidas, alimentos e estética. Também lá, havia espaço dedicado aos Estados do Amazonas, Roraima e Rondônia e outro com a exposição de países estrangeiros (Argentina, Colômbia, Peru e Suriname). Na área externa do Studio 5 Centro de Convenções – o Pavilhão Amazônia. Único espaço de comercialização

Palestrante Kátia Andrade

Clóvis Júnior, da Cigás, em apresentação no seminário “Reservas Minerais e de Óleo e Gás Natural na Amazônia Ocidental”

Encerramento

Matchmaking, realizado pelo MMA, em conjunto com a GIZ, por meio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, promoveu encontros voltados à sustentabilidade

Palestrantes do seminário “Design como ferramenta para incremento de negócios na Zona Franca de Manaus”

A7ª FIAM, com o tema “Passe para o Futuro”. considerada a maior feira multissetorial da região encerrou com um grande público, no Studio 5 Centro de Convenções, com uma variedade de atrações e visitas aos 300 expositores. No pavilhão central, o público teve a oportunidade de conhecer novidades em termos de tecnologia do Polo Industrial de Manaus (PIM), além de serviços de instituições de pesquisa e inovação e de órgãos governamentais. O Espaço Inovação, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), reuniu núcleos de inovação e empresas de base tecnológica

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Robby Ramlakhan, embaixador do Suriname e secretário-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), na palestra de abertura

da Feira, oferecia ao público amplo leque de produtos amazônicos, tais como peças artesanais, fitoterápicos, fitocosméticos e alimentos orgânicos. Outros atrativos eram a exposição de fotografias, apresentações musicais, além espaços especiais reservados à cultura, projetos e ações de cidadania e culinária regional. A Feira Internacional da Amazônia foi promovida pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) por meio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA).

Balanço A FIAM encerrou com resultados positivos, na avaliação da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). A Rodada de Negócios, organizada em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae-AM), foi concluída com mais de US$ 17 milhões (R$ 40,8 milhões) em negócios gerados, superando as expectativas dos organizadores. Aproximadamente 55 mil pessoas visitaram a Feira durante quatro dias, cerca de 1,2 mil pessoas participaram da VII Jornada de Seminários e mais de R$ 120 mil foram gerados em comercializações de produtos regionais e peças de artesanato no Pavilhão Amazônia, beneficiando mais de 100 artesãos e micro e pequenos empreendedores regionais. “Esses números são indicativos de como a FIAM conseguiu na edição de 2013 se expandir ainda mais, tanto em termos de resultados em negócios quanto na discussão de propostas envolvendo o modelo Zona Franca de Manaus e, de uma forma ampla, a Amazônia Brasileira, dando, efetivamente, o passe para o futuro” disse o superintendente da SUFRAMA, Thomaz Nogueira. A Rodada de Negócios de Turismo e o Salão de Negócios CRIATIVOS, outros dois eventos relevantes na programação da FIAM, também registraram avanços em suas propostas de fomentar, respectivamente, o turismo e o empreendedorismo na região. “A Rodada de Negócios de Turismo não possui números fechados, mas as perspectivas são excelentes, principalmente com relação aos operadores europeus, que ficaram entusiasmados com a possibilidade de incrementar o turismo na Amazônia a partir da concretização do vôo da TAP, que ligará Manaus a Lisboa, e da Copa do Mundo FIFA 2014”, disse Jorge Vasques, coordenador da VII FIAM. “Já o III Salão de Negócios Criativos propiciou reuniões interessantes entre empreendedores regionais e investidores, potencializando as oportunidades para que projetos inovadores nascidos na própria região sejam efetivados”, complementou. A VII FIAM também teve em sua programação eventos inéditos, como a Oficina de Negócios Brasil Trade, o MatchMaking 2013, a Rodada de Negócios de Bares e Restaurantes e o Fórum de Educação. A participação de sete países – Argentina, Venezuela, Chile, Peru, Colômbia, Suriname e Polônia – foi também um dos highlights da edição deste ano, com destaque para a Venezuela, que, 36 REVISTA AMAZÔNIA

A concretização do voo que ligará Manaus a Lisboa, capital de Portugal, com uma escala em Belém (PA) a partir de junho de 2014 pela portuguesa TAP Linhas Aéreas atraiu uma participação expressiva de operadoras do mercado europeu durante a IV

Rodada Abrasel Rodada de Negócios do Sebrae

por meio do seu Banco de Comércio Exterior (Venezuela Exporta), trouxe comitiva composta por 62 empresários com produtos exportáveis nos segmentos de bebida, alimentos, manufatura, cosméticos, construção e automotores, fechando mais de US$ 10 milhões em vendas em seu estande. A maior parte do público que esteve na VII FIAM visitou o Pavilhão Principal, onde mais de 300 expositores, com destaque para empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM), apresentaram os mais recentes produtos lançados no mercado, representando bem a força da indústria amazonense. “Agradecemos à sociedade, que compareceu em peso, bem como aos diversos parceiros da SUFRAMA e ao próprio governo Federal, que investiu e acreditou fortemente em mais uma edição da FIAM”, disse Thomaz Nogueira. “Estamos contentes com os resultados alcançados e começaremos desde já a trabalhar no planejamento da próxima edição da Feira, a fim de que o sucesso seja ampliado”, afirmou.

A Rodada contou com a participação de 26 fornecedores de produtos e serviços para o setor de alimentação fora do lar

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Pavilhão Amazônia Localizado em uma tenda com 1.600 metros quadrados na área externa do Studio 5 Centro de Convenções. Além do aspecto comercial, o pavilhão contou também com ampla programação cultural e social, envolvendo apresentações musicais, lançamentos de livros de autores amazônicos, divulgação de projetos de cidadania e áreas reservadas à culinária regional, entre outras ações. Para realização do Pavilhão Amazônia, a SUFRAMA contou com o apoio de diversos ministérios, secretarias de Estado, instituições de pesquisa, assistenciais e filantrópicas, tais como Ministério Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Secretaria de Estado do Trabalho (Setrab), Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), Secretaria Municipal de Turismo (ManausCult), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AM), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE-AM), Fazenda Esperança, Educandário Gustavo Capanema, Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC), Abrigo Moacyr Alves, Casa Mamãe Margarida e Lar das Marias.

Destaques do Pavilhão Amazônia Espaço do Artesanato: Peças artesanais de diversas localidades e estados da Amazônia, incluindo artesanato indígena; Espaço dos produtos orgânicos e naturais: Chocolate e derivados de cacau, sorvetes de polpa de frutas regionais, castanha, farinha de mandioca, castanha, mel nativos, óleos essenciais, flores tropicais, guaraná e outros produtos orgânicos; Espaço das Micro e Pequenas Empresas Regionais: Itens de perfumaria e cosméticos, acessórios, licores, bombons, entre outros; Exposição de Fotografias: Com foco na temática amazônica; Espaço da Cultura e da Gastronomia: Área reservada para venda de livros, publicações diversas, CDs, DVDs, apresentações artísticas e comidas típicas da região; Espaço da Cidadania: Destinado à apresentação de programas e ações sociais realizadas por órgãos governamentais e instituições filantrópicas. Programação Musical: Participação dos cantores Serginho Queiroz, Lucinha Cabral, Adriano Lima e Zezinho Correa, às 18 horas nos três dias de exposição.

Peças artesanais de diversas localidades e estados da Amazônia

Produzidos na Amazônia. Trabalho da Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (Oela) Produtos orgânicos

Espaço Artesanato

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Usina Solar de Tanquinho: nas laterais suporte fixo dos painéis fotovoltaicos e no centro suporte com seguidor solar.

O Sol como aliado Estudo aponta que usinas solares podem gerar empregos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa por Manuel Alves Filho* Fotos: Antonio Scarpinetti, Divulgação, Instituto Aquagenesis, NASA/SDO/ Goddard Space Flight Center

C

aso já estivessem em operação, os 13 projetos contemplados pela Chamada Estratégica Nº 13 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que objetiva fomentar a instalação de Usinas Solares Fotovoltaicas (USFs) no Brasil, teriam evitado a emissão de 6.285 toneladas de carbono equivalente (tCO2eq) em 2011 e de 11.229 38 REVISTA AMAZÔNIA

(tCO2eq) no ano posterior, considerando a capacidade máxima de geração de energia elétrica das plantas. Além disso, a iniciativa também teria gerado 454 empregos diretos com a instalação das USFs. As projeções fazem parte da tese de doutorado do engenheiro agrônomo Davi Gabriel Lopes, defendida recentemente na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, sob a orientação da professora Carla Kazue Nakao Cavaliero. De acordo com Lopes, os resultados obtidos pelo estudo, o primeiro realizado sobre a Chamada 13, indicam que a maior participação da geração fotovoltaica na matriz elétrica brasileira pode trazer importantes benefícios

socioambientais para o país. “Além de não emitir gases de efeito estufa [GEEs] depois de instalada, a usina solar pode colaborar para a criação de empregos e a geração de renda, fatores mais que desejáveis para um país em desenvolvimento como o Brasil”, destaca o pesquisador, que contou com bolsa de estudo concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). O autor da tese explica que antes do lançamento da Chamada 13, em 2011, o Brasil contava, praticamente, com painéis fotovoltaicos operando somente em sistemas isolados. Ou seja, os equipamentos, instalados em resirevistaamazonia.com.br


dências, por exemplo, não estavam interligados à rede de distribuição. A ação da Aneel pretendeu justamente estimular tanto as empresas públicas quanto privadas que atuam na geração, distribuição e transmissão de energia a investir na construção de USFs que pudessem ser conectadas à rede. Os recursos têm origem no montante que essas empresas são obrigadas a aplicar em programas de eficiência energética e em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Conforme Lopes, cerca de 100 projetos foram apresentados para participar da Chamada 13, mas somente 18 foram aprovados pela Aneel. Desses, entretanto, cinco desistiram de dar sequência às propostas. Dos 13 que sobraram, somente a CPFL Energia colocou a sua usina em operação. Inaugurada no final de dezembro de 2012, a unidade instalada na Subestação Tanquinho, em Campinas, exigiu investimentos da ordem de R$ 13 milhões, para produzir 1.090 MW. Participam do empreendimento, além da empresa proponente, pesquisadores da Unicamp – Lopes entre eles – e três empresas colaboradoras: Hytron, Eudora Solar e Instituto Aqua Genesis. Os demais projetos aprovados ainda estão em fase de planejamento ou os seus responsáveis estão providenciando licitações para a aquisição de equipamentos e contratação de serviços. Para desenvolver a pesquisa, o engenheiro agrônomo baseou-se nas normas estipuladas pela Aneel e também nas informações obtidas por meio de um questionário que ele enviou às responsáveis pelos 13 projetos contemplados. Nem todas, porém, enviaram respostas. “Apenas a CPFL (já em operação) e a CESP, que deu início ao processo de licitação para a instalação da sua planta, responderam ao questionário. Para suprir a falta de dados das outras usinas, eu recorri às informações disponibilizadas pela Aneel, que promove reuniões periódicas com as empresas para acompanhar a evolução dos projetos. Mesmo assim, ainda ficaram faltando alguns elementos importantes para fazer as projeções acerca da não emissão de gases de efeito estufa. Para contornar essa deficiência, usei os indicadores da

planta da CPFL, que serviu de referência para todo o trabalho”, esclarece Lopes. Assim, para estipular a quantidade de toneladas de carbono que teriam deixado de ser lançadas na atmosfera pela operação dos projetos participantes da Chamada 13, o pesquisador partiu inicialmente da capacidade de energia gerada pelas usinas, que é de 25.619 MWh/ano, suficientes para abastecer algo como 125 mil residências por 12 meses. Depois, ele se baseou na metodologia adotada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCC, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU). Os parâmetros obtidos serviram para alimentar o software PVsyst (versão 6.1.0) que simula a energia elétrica gerada de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede (SFCR).

Davi Lopes, autor da tese: Geração fotovoltaica pode trazer importantes benefícios socioambientais para o país

MDL As usinas fotovoltaicas, acrescenta Lopes, podem ser incluídas no conceito de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), instituído pelo Protocolo de Quioto para auxiliar as iniciativas voltadas à redução das emissões de gases de efeito estufa em países em desenvolvimento. Cada tonelada de CO2 equivalente deixada de ser emitida ou retirada da atmosfera se transforma em uma unidade de crédito de carbono, chamada Redução Certificada de Emissão (RCE), que tanto pode ser negociada no mercado mundial, como se fosse uma ação, como também diretamente vinculada a um país desenvolvido que investiu em projetos de MDL em países como o Brasil, China e Índia. Os principais compradores desses papéis são os países desenvolvidos, que desejam reduzir as emissões de GEEs de uma maneira mais barata que investir em projetos em seu próprio território. Entretanto, observa o pesquisador, a redução das emisDisposição dos painéis solares da Usina Solar Fotovoltaica de Tanquinho e ao fundo a subestação da CPFL

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sões constitui apenas um fator que a ONU exige para classificar um projeto como MDL. “Além disso, ele também precisa atender a outras exigências, como contribuir para o desenvolvimento sustentável, criação de emprego, geração de renda e transferência de tecnologia”, diz Lopes. Ao todo, segundo o autor da tese de doutorado, a Chamada 13 deverá envolver investimento da ordem de R$ 300 milhões. Ocorre, no entanto, que praticamen-

Segundo o livro “Um banho de Sol para o Brasil”, do Instituto Vitae Civilis, o nosso país é capaz de produzir 15 trilhões de megawatts (MW) de energia solar.

te dois terços desse valor serão destinados à compra de equipamentos importados. Ainda assim, cerca de R$ 90 milhões deverão ficar no país, referentes aos custos para instalação, operação e manutenção das usinas fotovoltaicas. “Isso evidencia que, ao serem multiplicadas, as plantas podem contribuir para incrementar diversos setores industriais que fazem parte da cadeia de geração de energia solar fotovoltaica. Nesse sentido, é recomendável que o Brasil adote políticas públicas consistentes que possam fomentar esse setor”, entende o autor da tese, que acrescenta: todos os equipamentos usados na geração fotovoltaica são passíveis de reciclagem. REVISTA AMAZÔNIA 39


Foto panorâmica da Usina Solar de Tanquinho – CPFL

Ótimas condições O Brasil é um país privilegiado em termos de insolação. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), que considera os dados do relatório “Um Banho de Sol para o Brasil”, elaborado pelo Instituto Vitae Civilis, o país recebe energia solar da ordem de 1.013 MW/h anuais, o que corresponde a cerca de 50 mil vezes o seu consumo anual de eletricidade. Os Estados brasileiros recebem, em média, entre 3 e 8 horas por dia de insolação. O Nordeste é a região de maior radiação solar, com média anual comparável às melhores regiões do mundo, como a cidade de Dongola, no deserto do Sudão (África), e a região de Dagget, no Deserto de Mojave, na Califórnia (EUA). Apesar de todo esse potencial, reconhece Lopes, o país tem um número praticamente inexpressivo de equipamentos que convertem energia solar em elétrica quando comparado ao que ocorre, por exemplo, em alguns países da Europa. Isso é decorrência, entre outros fatores, dos altos custos dos equipamentos. “Como a nossa A estação de energia solar Gemasolar, perto de Sevilha, Espanha, tem 2.650 painéis espalhados por 185 hectares de terra rural

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O Sol como aliado

matriz elétrica está fortemente baseada na hidroeletricidade, que é barata e renovável, o país nunca chegou a investir fortemente em outras fontes igualmente renováveis, como a fotovoltaica. Na Europa, essa lógica se inverte. Como a produção de eletricidade a partir das usinas térmica e nuclear é muito cara e acarreta sérios impactos ambientais, a alternativa da energia fotovoltaica torna-se economicamente viável”, esclarece o autor da tese.

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Com a crescente cobrança por parte da sociedade brasileira, que tem exigido cada vez mais a incorporação de fontes “limpas” na matriz energética nacional, essa tendência começa a mudar no país. “E é importante que mude mesmo. Nos períodos de estiagem, o Brasil tem usado cada vez mais as termelétricas para suprir o consumo da população. Isso tem feito com que as emissões de gases causadores de efeito estufa dobrem de um ano

para outro em relação ao MWh gerado, o que já nos obrigando a acionar um sinal de alerta”, analisa Lopes. [*] Tese de doutorado: “Análise de sistemas fotovoltaicos conectados à rede no âmbito do mecanismo de desenvolvimento limpo: estudo de caso dos projetos da Chamada Estratégica Nº13 da Aneel” Autor: Davi Lopes; Orientadora: Carla Kazue Nakao Cavaliero; Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM); Financiamento: Capes

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6º Fórum Mundial de Ciência (FMC 2013) Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global Fotos: Ascom ABS, Cristina Lacerda, Manuela Ferreira

C

om uma cerimônia no Teatro Municipal do Rio, na presença de autoridades brasileiras, estrangeiras e da Unesco, foi iniciada a sexta edição do Fórum Mundial da Ciência, dedicada ao desenvolvimento sustentável, um evento celebrado pela primeira vez fora de Budapeste. O Fórum, na abertura, teve a presença de Michel Temer, Vice- Presidente da República Federativa do Brasil, Irina Bokova , diretora-geral da UNESCO , Jacob Palis , presidente da Academia Brasileira de Ciências , József Pálinkás , presidente da Academia Húngara de Ciências , e Mr. Gordon McBean , presidente eleito do Conselho Interna-

cional para a Ciência ( ICSU) . János Áder , o presidente da Hungria, também entregou uma mensagem de vídeo aos participantes durante a abertura . O FSM é o único fórum de discussões regulares entre os cientistas, a sociedade e os decisores políticos sobre o papel da ciência, e as conseqüências éticas, ambientais, econômicos, sociais e culturais das descobertas científicas. Mais de 500 cientistas e tomadores de decisão do mundo da política, bem como representantes de instituições de ensino e pesquisa , organizações não-governamentais, organizações de juventude, da mídia e do setor privado , de mais de uma centena de países , participam deste fórum único para um debate muito necessário entre a comunidade científica ea sociedade. O Rio de Janeiro se torna, assim, a capital mundial da ciência como “parte da estratégia para distribuir os feitos

Na cerimônia de abertura no Teatro Municipal do Rio

científicos e torná-los em um esforço verdadeiramente global”, afirmou Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), instituição que assumiu a liderança na organização do evento e desempenhou um papel chave para trazê-lo para esta parte do mundo. A escolha do Brasil como sede deste evento, que pretende ser uma referência no desenvolvimento de políticas

O Teatro Municipal estava lotado 42 REVISTA AMAZÔNIA

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científicas para lidar com problemas globais, também supõe uma reafirmação das conquistas da ciência no País, declarou o ministro da Ciência e Tecnologia brasileiro, Marco Antonio Raupp, para quem a Ciência brasileira está “nos primeiros estágios da idade adulta, após ter superado a adolescência, mas ainda em fase de crescimento”. “A ciência brasileira está em pleno desenvolvimento e alcançou a primeira das fases de sua maturidade”, afirmou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, em seu pronunciamento na abertura do Fórum Mundial de Ciência (FMC). “Se fizermos uma comparação com um ser humano, vou dizer que estamos no primeiro estágio da fase adulta. Já passamos a adolescência, temos consciência de nossas limitações, mas ainda estamos crescendo, ganhando musculatura e experiência”, comparou. Na avaliação de Raupp, apesar de recente e de ter começado a sua organização na década de 50, a ciência do Brasil conquistou avanços significativos nos últimos anos, com uma pós-graduação norteada por um eficiente sistema de avaliação contínua, uma produção amparada por um sistema de financiamento sólido e crescente e uma infraestrutura laboratorial que se alastrou por universidades e institutos de pesquisa. Nos últimos dez anos, informou Raupp, o número de campi nas universidades federais cresceu 100%. O número de doutores formados dobrou e chega a 12 mil por ano. E, acrescentou ele, a expansão do sistema se deve, fundamentalmente, à manutenção dos investimentos do governo federal, já que os dispêndios públicos em atividades de pesquisa e desenvolvimento cresceram três vezes e meia de 2002 a 2011. Também participou do ato o vice-presidente brasileiro, Michel Temer, como representante da presidente Dilma Rousseff. No discurso de abertura, Irina Bokova, observou: “Este Fórum Ciência ocorre num momento em que os países estão acelerando em direção aos Objetivos de

Marco Antonio Raupp, ministro da Ciência e Tecnologia: A ciência brasileira está em pleno desenvolvimento e alcançou a primeira das fases de sua maturidade

Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e copresidente do Fórum Mundial de Ciência

Desenvolvimento do Milênio e Educação para Todos até 2015, quando a comunidade internacional estará moldando uma nova agenda de desenvolvimento sustentável para seguir. A nova agenda deve fazer o máximo de

multiplicadores de desenvolvimento, aceleradores transversais de sustentabilidade, e é aí que a ciência entra em cena, junto com a ciência da diplomacia “. “As mudanças climáticas , perda de biodiversidade ou a poluição da água não pode ser mantida fora das fronteiras nacionais”, continuou Bokova. “A humanidade compartilha um único destino – é preciso agir com determinação única para criar o futuro que queremos para todos” Irina Bokova, enfatizou a necessidade de um novo pensamento sobre a ciência, apelando para a colaboração e participação na criação e distribuição de conhecimento e inovação. “Nós precisamos de ciência mais integrada – trans -disciplinar, com base em toda a gama de conhecimentos científicos, tradicionais e indígenas , incluindo as ciências sociais e humanas ... Precisamos de ciência mais conectada – ciência que está ligada à elaboração de políticas , que responde à necessidades e aspirações das sociedades “ , destacou Bokova . Ela comentou que essas idéias nortearam a criação do Conselho Consultivo Científico, acaba de lançar um Conselho Consultivo Científico, que foi moldado e será organizada pela UNESCO. A diretora-geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), Irina Bokova, também entregou durante a cerimônia o prêmio Sultan Qabus para la preservação do Meio Ambiente às organizações National Forest Holding “State Forest”, da Polônia, e à Wild Life at Risk Protection Organisation da África do Sul, bem como o prêmio Kalinga de Divulgação Científica ao professor chinês Xiangyi Li. Na ocasião, também foi apresentada uma síntese dos resultados dos encontros preparatórios, bem como a Declaração da América Latina e do Caribe para o WSF 2013, que lança as bases de um plano estratégico regional para a resolução de problemas comuns para as próximas décadas.

Unesco reitera papel da ciência na sustentabilidade Para Lidia Brito, diretora de Política de Ciência e Tecnologia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Mesa oficial: Jószéf Palinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria e presidente do Fórum Mundial de Ciência; Luiz Fernando Pezão, vice-governador do estado do Rio de Janeiro; Irina Bokova, diretora-geral da Unesco; Michel Temer, vice-presidente do Brasil; Marco Antonio Raupp, ministro de CT&I do Brasil; Gordon McBean, presidente do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU)

Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, enfatizou a necessidade de um novo pensamento sobre a ciência, apelando para a colaboração e participação na criação e distribuição de conhecimento e inovação revistaamazonia.com.br

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Jószéf Palinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria e presidente do Fórum Mundial de Ciência

Unidos e o Canadá, e nações de continentes mais pobres, como a África. “Se olharmos o consumo de água por país no mundo, vamos ver exatamente que aqueles que têm mais luz à noite são os que consomem também mais água e mais alimentos, injetando mais poluição na nossa atmosfera, através do dióxido de carbono”, ressaltou. O que os especialistas buscam, segundo ele, é a construção de um novo modelo para reduzir as desigualdades. Davidovich cita como exemplo o movimento liderado pela comunidade científica mundial, por meio de academias nacionais, sociedades científicas e instituições internacionais, como Conselho Internacional para a Ciência (ICSU, na sigla em inglês), para acumular conhecimento relevante, que ajude a amenizar problemas sociais.

Política x Ciência Ciência e a Cultura (Unesco), o Fórum Mundial da Ciência 2013 permite olhar o papel da ciência para o desenvolvimento global. É possível conciliar desenvolvimento, preservação e ciência. “Há bons exemplos disso e é na ciência integrada para o desenvolvimento sustentável global que se vai encontrar essa resposta”, afirma Lidia, que é ex-ministra de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia de Moçambique. “Aí é a grande força da ciência. Fazer ciência, produzir conhecimento é isso. Saber que é preciso aliar, que não é possível fazer desenvolvimento sem manter o planeta saudável”. O fato de o FMC 2013 reunir representantes de todas as esferas e de diferentes setores permite olhar o papel da ciência para o desenvolvimento global em uma perspectiva diferente daquela que se tem como cientistas. “Que este fórum possa fortalecer essa comunicação, de que esse equilíbrio é possível e que o necessário é nossa comunidade manter o diálogo com os decisores políticos, as empresas e a sociedade, para que nesse triângulo [delimitado pelas três esferas] possa ser encontrado”. Ela lembrou que a Unesco mantém o programa O Homem e a Biosfera para cuidar desses sítios naturais de grande riqueza ecológica e de suas populações, promovendo a troca de experiências e a difusão de boas práticas.

Cientistas apontam caminhos para reduzir a desigualdade mundial A extrema desigualdade no planeta, especialmente entre países dos hemisférios Norte e Sul, pontuou discussões do FMC, em painel sobre política científica e governança em que cientistas brasileiros e estrangeiros buscaram imaginar um futuro mais justo para toda a humanidade. Membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o físico Luiz Davidovich ressaltou as disparidades existentes entre regiões mais desenvolvidas, como os Estados 44 REVISTA AMAZÔNIA

O painel também destacou a falta de conexão entre discussões científicas e ações governamentais. “Esse é um tema importante e difícil, porque frequentemente as questões levantadas pelos cientistas acabam não tendo repercussão em políticas públicas eficazes”, avaliou. Os participantes do painel também abordaram a desigualdade entre os países na área educacional. “A situação do ensino, especialmente do básico, mas também do superior, em países em desenvolvimento é muito mais precária do que em países desenvolvidos”, afirmou Davidovich. János Áder, presidente da Hungria, na mensagem de vídeo aos participantes durante a abertura

Irina Bokova, entregou o prêmio Kalinga de Divulgação Científica ao professor chinês Xiangyi Li

Para o cientista, uma política pública eficaz deve conceber o ensino básico e o atendimento pré-escolar para comunidades carentes como uma “grande prioridade nacional”, especialmente nos países em desenvolvimento. “É muito importante expor as crianças, já no ensino fundamental, à boa ciência, àquela aula que vem junto com o fascínio e a magia, e que faz com que a pessoa olhe para o mundo e fique perplexa diante das maravilhas do universo”, sugeriu. “Para isso também é preciso treinar professores, valorizar essa profissão nos países emergentes”. Na avaliação do pesquisador, debates como os realizados no FMC 2013 ajudam a definir as linhas mestras de ação no campo de ciência, tecnologia e política. “O que temos que fazer, saindo daqui, é levar essas ideias e continuar na luta em nossos países, para que essas coisas sejam feitas, mas por meio de uma aliança global, por meio dessas grandes instituições e estruturas que foram construídas nos últimos anos e congregam a comunidade científica de todo mundo”.

Qual a melhor estratégia para enfrentar a desigualdade social, uma das grandes barreiras para a sustentabilidade global?

Segundo ele, o que se discute no mundo é a reformulação da educação, em que as tecnologias da informação (TIs) e a internet, por exemplo, estejam disponíveis também para comunidades mais pobres. “Mesmo em países com certo sucesso em seu desenvolvimento, como o Brasil, essas tecnologias devem penetrar também nas regiões mais longínquas”. O membro da ABC espera que a educação básica e infantil tenha mais atenção em comunidades carentes. “O investimento começa na pré-escola, não apenas nos futuros cientistas, mas nos futuros cidadãos, conscientes e educados. São eles que podem construir uma democracia com pessoas que tenham condições de acompanhar as discussões científicas importantes para a sociedade”, afirmou.

“Precisamos compartilhar o conhecimento científico”, defendeu o geneticista inglês John Burn, professor de genética clínica na Newcastle University, no Reino Unido, e um dos colaboradores do consórcio do Projeto Varioma Humano, iniciativa global criada em 2006, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que visa à redução de doenças de origem genética por meio do compartilhamento de dados sobre alterações genômicas. “O sequenciamento do genoma humano nos permitiu dar respostas. Conhecemos inteiramente o DNA do homem, mas isso não é a solução. É preciso saber como interpretá-lo. Todos nós carregamos uma mutação genética, mas o importante é saber quantas variações podem levar a doenças. Se todos compartilharem essa informação, podemos reduzir em muito o risco de doenças”, afirmou o cientista, que em 2009 foi condecorado revistaamazonia.com.br


Reddy declarou que é inquestionável o lugar central da educação na agenda de desenvolvimento dos países. Para ele o ensino universitário deve promover o crescimento do conhecimento básico, mas questiona como a grade curricular deve ser estruturada. “É importante pensar num currículo multidisciplinar para a Engenharia com lugar para as disciplinas técnicas e metodológicas, mas estimulando o trabalho colaborativo, as ciências sociais e humanas”, sugeriu. Segundo Anne Glover, bióloga, primeira ocupante do cargo de conselheira científica chefe do presidente da Comissão Europeia: “Precisamos deixar as crianças sujarem as mãos com ciência”

Pesquisadores debatem ensino de Engenharia O Prêmio Internacional Sultão Qaboos para o Meio Ambiente, promovido pelo governo de Omã, foi entregue pela diretora da UNESCO Irina Bokova e pela ministra da Educação de Omã Madiha Al Shibany às organizações State Forests National Forest Holding, da Polônia, que cuida, preserva e gerencia as florestas públicas polonesas, e a Wildlife at Risk de proteção animal, da África do Sul

com o título de Sir pelos serviços prestados à Medicina. Burn salientou o quanto a ciência tem se tornado cada vez mais inclusiva, citando como exemplo o teste de sequenciamento genético. “Há dez anos, quem podia fazer o seu mapeamento genético? A tecnologia de um teste de DNA custava US$ 100 mil. Hoje custa cerca de US$ 5 mil”, observou. Burn lembrou o quanto o teste genético se tornou popular após ter permitido à atriz Angelina Jolie se livrar do risco de desenvolver um câncer de mama com uma mastectomia, depois da descoberta de uma mutação genética hereditária no gene BRCA1. Mulheres com mutação neste gene têm um risco de 55% a 85% de ter câncer de mama. Com a cirurgia, o risco de a atriz desenvolver a doença caiu para 5%.

Educação em Ciência e Engenharia Nesse debate, coordenado por Volker ter Meulen, vice presidente da Rede Global de Academias de Ciência (IAP, na sigla em inglês), os palestrantes foram Tariq Durrani, vice-presidente da Real Sociedade de Endimburgo,; o físico francês Pierre Léna, presidente da Fundação La Main à La Pâte; Eva-Maria Neher, gestora do XLAB - Laboratório Experimental para Jovens em Göttingen, na Alemanha; e Daya Reddy, presidente da Academia de Ciências da África do Sul. Meulen abriu a sessão chamando a atenção para o crescimento da população mundial e o importante papel da engenharia para encontrar soluções para gerar bem estar para as pessoas, provendo, por exemplo, energia para todos. “Além disso, a academia e os professores de ciência revistaamazonia.com.br

O papel da educação superior, em especial o da Engenharia, para alcançar as metas de sustentabilidade gloPavel Kabat, Ernesto Calvo, Chunli Bai, Marcia McNutt no púlpito e Luiz Mello, na Sessão “Ciência para os Recursos Naturais”

não estão sendo capazes de transmitir sua importância para a sociedade. Temos que engajar a sociedade nesse proc esso”, sugeriu. Para o vice-presidente Real Sociedade de Endimburgo, os desafios acadêmicos da engenharia incluem uma aproximação maior com as ciências sociais. Ele apresentou como exemplo a grade curricular do curso de MPhil (Mestre em Filosofia) em Engenharia Sustentável de Cambridge, composta por módulos internos e externos. “Economia, legislação, regulamentação, desenho sustentável e implementação são alguns módulos desse curso”, exemplificou. Entre os módulos eletivos, não obrigatórios estão temas como política, sociedade e natureza; meio ambiente e engenharia sustentável da água. Tariq Durrani abordou o conceito de engenharia sustentável que tem grandes desafios pela frente. Entre eles estão melhorar a energia solar, a segurança do ciberespaço e avançar no ensino personalizado. “Os desafios globais também são urgentes . É preciso buscar soluções para a urbanização, preservação da biodiversidade, as mudanças climáticas, a cura de doenças infecciosas e as necessidades de água e comida da população”, enumerou. O representante da África do Sul, o engenheiro Daya

bal foi uma das tônicas das discussões no 6º FMC. “O mundo está produzindo mais doutores do que nunca. Boa parte dos países, tanto os desenvolvidos como os em desenvolvimento, estimula os sistemas de pós-graduação porque enxerga a mão-de-obra mais qualificada como uma chave para o crescimento econômico”, afirmou o engenheiro sul-africano Daya Reddy, presidente da Academia de Ciências da África do Sul e professor da Universidade da Cidade do Cabo, que participou da sessão plenária sobre “Ciência e Educação em Engenharia”. A questão, segundo Reddy, é que em alguns países, incluindo Estados Unidos e Japão, os graduados enfrentam um setor industrial incapaz de absorvê-los. A oferta ultrapassa a demanda. O Brasil forma mais de 10 mil doutores por ano (equivalente a um crescimento anual de 11%). Desse número, 53% são doutores em ciências e engenharias e 47% em outras áreas, como humanas. O país, no entanto, tem ainda menos de dois doutores por mil habitantes. As mulheres brasileiras passaram a ser maioria entre os doutores titulados no país a partir de 2004, com 51% do total, porcentagem que vem se mantendo desde então. REVISTA AMAZÔNIA 45


“Para um país cuja pós-graduação tem apenas 50 anos, o número não deixa de ser um progresso, embora ainda careçamos de 20 mil engenheiros a cada ano”, destacou Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências. Se ter mais e mais doutores é visto pelos países como o segredo para impulsionar suas economias, para os pesquisadores reunidos no 6º FMC o desafio é alcançar o desenvolvimento de forma sustentável e inclusiva, em um mundo que apresenta problemas como superpopulação, pobreza, urbanização acelerada, mudanças climáticas, crescente demanda por energia, comida e água e vulnerabilidade da população a doenças infecciosas e a desastres naturais, conforme afirmou o engenheiro Tariq Durrani, vice-presidente da Royal Society de Edinburgh, também palestrante do Fórum Mundial da Ciência.

Sessão “Desigualdades como Barreiras para a Sustentabilidade Global” John Burn

Ricardo Paes de Barros

Cenário brasileiro

Pesquisadores estrangeiros propõem cooperação internacional em inovação para acabar com a pobreza Reiko Kuroda, pesquisadora do Departamento de Ciências da Vida na Universidade de Tóquio, considera fundamental o desenvolvimento de políticas públicas que promovam a inovação a partir da cooperação internacional para ajudar a resolver grandes problemas como pobreza, educação e migração. “Inovação é a chave para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, propôs. A pesquisadora lembra que, no Japão, a inovação tecnológica está ajudando a reduzir os riscos de desastres naturais, como terremotos e furacões. “Um exemplo desse trabalho é um sistema de alarme que mostra a magnitude e o epicentro do fenômeno”, disse. Ela alerta que é importante definir e diferenciar invenção de inovação. “ Inovar é fazer diferente e melhor, mas sem inventos não há inovação”, explicou. Também para Umar Buba Bindir, diretor geral do Serviço Nacional de Aquisição e Promoção de Tecnologia da Ni-

Ambos os pesquisadores participaram do debate “O papel fundamental da inovação científica”, coordenada por József Pálinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria, a mesa também teve a participação de Carlos Tadeu Fraga, gerente executivo da Petrobras e Álvaro Prata, secretário de Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação do MCTI, representando o ministro Marco Antonio Raupp. József Pálinkás introduziu o tema afirmando que a ciência e a inovação podem e devem caminhar juntas. “A relação ciência e inovação é complexa, mas fundamental. Inovar significa ter pessoas criativas e treinadas em pesquisa também”, observou.

Linxiu Zhang, palestrando; Gretchen Kalonji, John Burn e Ricardo Paes de BarrosGretchen Kalonji

géria, a inovação precisa estar conectada à sustentabilidade e ao bem estar das pessoas. “Em meu país mais de 50% da população é extremamente pobre. Para nós, a ciência, tecnologia e inovação podem ajudar a criar mais empregos”, disse.

Sessão “Integridade Científica”

Álvaro Prata, do MCTI, disse que a boa ciência é o pilar da inovação. “Como promover inovação e transformar tecnologia em educação e vice-versa? O Brasil está inovando?”, questionou. De acordo com ele, o cenário brasileiro é positivo com investimentos em educação e uma economia forte – a sétima do mundo, podendo chegar ao 5º lugar até o final da década. Prata declarou que o Brasil tem um bom sistema de universidades e registra mais de 14 mil doutores graduados por ano. Outros bons exemplos, segundo ele são a Plataforma Lattes que permite o acesso aos currículos de qualquer cientista brasileiro, a Biblioteca Virtual do MCTI com publicações científicas e o Programa de Iniciação Científica. “Mas nossa ciência precisa se converter mais em benefícios econômicos e sociais. A inovação ainda não chega às indústrias, por conta disso estamos importando cada vez mais produtos industrializados. Estamos promovendo vários esforços para mudar esse quadro”, afirmou. De acordo com Prata, para promover essas mudanças o governo federal determinou algumas metas: expandir e fortalecer a democracia, crescimento da economia, deIndira Nath, Paulo Beirão, Bengt Gustafsson e Nicholas Steneck no púlpito

Indira Nath, Nicholas Steneck, Bengt Gustafsson e Paulo Beirão no púlpito

Nicholas Steneck, Paulo Beirão, Bengt Gustafsson e Indira Nath no púlpito

Bengt Gustafsson no púlpito, Indira Nath e Nicholas Steneck

Wolfgang Junk, na Sessão “Amazônia, Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável” 46 REVISTA AMAZÔNIA

Recepção oferecida pela VALE no Espaço Franklin, no centro do Rio de Janeiro, com apresentação do grupo Capoeira Angola e do grupo Afrolata revistaamazonia.com.br


senvolvimento industrial, proteção ao meio ambiente e erradicação da pobreza. “Com esse plano pretendemos promover uma grande mudança nos próximos dez anos, tendo como prioridades a educação, a ciência, a inovação e o empreendedorismo”, planeja. Carlos Tadeu Fraga, da Petrobras, falou sobre a trajetória da empresa, que hoje é a maior da América Latina na área de petróleo e gás. “Desde o início, a Petrobras sempre teve o foco em pesquisa e desenvolvimento”, disse. Segundo ele, o centro de pesquisa da empresa, o CENPES (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello) conta com mais de cem laboratórios, 908 pesquisadores e 310 engenheiros. De acordo com Fraga, a estratégia da empresa está alinhada a um bom relacionamento com a academia. “Não só a Petrobras, mas acredito que todas as empresas instaladas no país deveriam investir nessa aproximação com as universidades brasileiras”, aconselhou. Para ele, inovação é um trabalho conjunto que deve criar oportunidades e benefícios para a população.

Sessão “Política Científica e Governança: Inventando o Futuro” Heneri Dzinotyweyi, Luiz Davidovich e Alan Leshner no púlpito

Heneri Dzinotyweyi, no púlpito Luiz Davidovich

Declaração final do 6º Fórum Mundial de Ciência O encontro teve a presença de mais de 700 pesquisadores e representantes de 120 países. De acordo com o documento divulgado, a realização do evento fora da Hungria foi parte de uma estratégia que permitisse que o fórum se beneficiasse da contribuição de potências científicas emergentes. Dentre as recomendações aprovadas pelos participantes, estão a cooperação científica internacional e ações nacionais coordenadas para o desenvolvimento sustentável global. “Num sistema global complexo, com interdependências ambientais , econômicas e sociais , o desenvolvimento sustentável só é possível quando os esforços globais e nacionais são coordenados”, diz o texto. Outra recomendação diz respeito à educação para a redução das desigualdades e promoção da ciência e inoPavel Kabat, Chunli Bai, Ernesto Calvo no púlpito, Luiz Mello e Marcia McNutt

Eva Maria-Neher, Daya Reddy, Volker Ter Meulen e Pierre Léna no púlpito, na Sessão “Educação Científica e em Engenharia”

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Takashi Onishi no púlpito, Heneri Dzinotyweyi, Luiz Davidovich, Alan Leshner, Anne Glover à direita

Sessão “Ciência para os Recursos Naturais” Pavel Kabat no púlpito, Ernesto Calvo e Chunli Bai

vação global e sustentável. “Proporcionar educação de qualidade em ciência, tecnologia e engenharia deve ser considerada uma prioridade”, diz o texto que classifica a educação básica , como elemento fundamental da cultura moderna e componente vital da capacidade de um país para competir na economia global. O entendimento é de que os governos precisam investir fortemenete em educação, e promover mudanças profundas na educação científica. Essas ações, segundo a declaração , devem estar intimamente relacionadas à inclusão social, à prosperidade, cidadania efetiva , e construção de um futuro sustentável para o planeta. “A sustentabilidade global requer o envolvimento de todos os membros da sociedade em particular , a inclusão de mais mulheres na ciência”, recomenda. No ensino superior, são encorajadas abordagens interdisciplinares e cooperativas a fim de atender às necessidades complexas das sociedades contemporâneas e das indústrias modernas. “Na era atual , a cooperação internacional é essencial para atender às necessidades de recursos humanos altamente qualificados”, argumenta o texto que salienta a necessidadede uma conduta responsável e ética da investigação e inovação. De acordo com as propostas, na era da ciência global, a comunidade científica deve fazer uma autorreflexão para avaliar adequadamente as suas responsabilidades, deveres e regras de conduta em pesquisa e inovação. “A comunidade científica internacional deve partilhar um código universal de conduta que aborde direitos, liberdades e responsabilidades dos pesquisadores científicos e regras universais da pesquisa científica”, propõe. A declaração reforça a ideia de que essas regras e políticas devem ser respeitadas por todos os países. “Para evitar possíveis danos causados pela ignorância ou má avaliação das consequências das novas descobertas e aplicações de conhecimento científico”, alerta. Os cientistas devem assegurar a primazia dos interesses morais e sociais sobre os interesses econômicos e políLuiz Mello

Chunli Bai

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Sessão “Os Papéis Fundamentais da Ciência na Inovação” Álvaro Prata (substituindo o ministro Raupp), Carlos Tadeu Fraga, Jószéf Palinkás, Umar Buba Bindir no púlpito, Reiko Kuroda

Carlos Tadeu Fraga, Jószéf Palinkás, Álvaro Prata no púlpito, Reiko Kuroda e Umar Buba Bindir

Samy Mancoto

ticos. “A inclusão social , como uma parte fundamental do desenvolvimento sustentável é um imperativo ético e estratégico da pesquisa científica , tecnologia e da inovação”, observa o texto que também recomenda o diálogo com entre governos , sociedade, indústria e mídia. A fim de cumprir as metas globais de sustentabilidade , foi considerada a extrema importância de se envolver a sociedade e capacitá-la a participar de discussões sobre questões ambientais , éticas e morais e sobre os níveis de consumo insustentáveis . Ao poder público é recomendada a responsabilidade de promover novos padrões e atitudes para o uso sustentável e responsável dos recursos da Terra. O envolvimento dos meios de comunicação foi considerado fundamental para a difusão do conhecimento científico e das decisões políticas na área. Nesse sentido, a integração das ciências naturais, engenharia e ciências sociais foi considerada essencial para a concepção de ações políticas eficazes que abordem questões globais de sustentabilidade. Também são recomendados mecanismos sustentáveis para o financiamento da ciência.

László Somlyódy, José Tundisi, Zelmira May e Lars Tranvik, na Sessão “Cooperação e Segurança em Água”

lembrando que as descobertas científicas são a base para a inovação e o desenvolvimento social e econômico. O documento considera que o investimento em ciência é uma oportunidade para enfrentar os desafios globais internacionalmente. A comunidade científica e as academias de ciências são conclamadas pela declaração a apoiar programas globais de sustentabilidade e a participar de discussões com os governos e a ONU (Organização das Nações Unidas). “Cientistas , políticos e sociedade precisam estar envolvidos neste processo , em nível nacional , regional e global, pois isso será fundamental para pavimentar o caminho para alcançar o desenvolvimento sustentável global. O Fórum Mundial da Ciência , realizada no Rio de Janeiro, portanto, compromete-se a promover o uso da ciência para o desenvolvimento sustentável”, conclui o texto. O fórum também abordou temas como a cooperação e a segurança para o fornecimento de água, a tecnologia para a redução dos riscos e danos derivados de catástrofes naturais, o papel dos oceanos ou como atrair mais jovens cientistas, entre outros. O FMC 2013, foi organizado pela ABC, em colaboração

Umar Buba Bindir, Álvaro Prata, Jószéf Palinkás, Reiko Kuroda e Carlos Tadeu Fraga

José Tundisi, Zelmira May, Lars Tranvik e László Somlyódy, na Sessão “Cooperação e Segurança em Água”

com a Academia Húngara de Ciências, a Unesco, o Conselho Internacional para a Ciência (ICSU), a Academia Europeia de Ciência (EASAC) e a Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS). A Jordânia será o segundo país não europeu a organizar o evento, em 2017, anunciou József Pálinkás, presidente da Academia Húngara de Ciências, após a edição de 2015, que voltará a Budapeste, onde foram celebrados os cinco eventos anteriores, iniciados em 2003. O 6 º FMC teve a participação de cientistas estrangeiros e brasileiros, jovens pesquisadores, empresários e autoridades do setor, com transmissão ao vivo pela Internet.

As cinco principais recomendações para a ação: 1. Harmonização de esforços globais e nacionais; 2. Educação para reduzir as desigualdades e promover a ciência e inovação global e sustentável; 3. Conduta responsável e ética da investigação e inovação; 4. Melhorar o diálogo com os governos, a sociedade, indústria e mídia sobre questões de sustentabilidade; 5. Mecanismos sustentáveis para o financiamento da ciência.

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entre Pedro Alvares Cabral e Pass. 3 de Outubro 48 REVISTA AMAZÔNIA

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19ª Conferência das Partes da Convenção

Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-19) Fotos: Arthr’s Studio, Brad Vincelette, NASA, Piotr Pasieczny, Rudolph Hühn, Sarah Fretwell

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a abertura da COP 19, a secretária-executiva para o clima da ONU, Christiana Figueres, disse que a reunião começava com “o peso sobre nossos ombros de muitas realidades que nos devem fazer refletir, como o impacto devastador do tufão Haiyan”, que deixou pelo menos 10 mil mortos nas Filipinas. “As próximas gerações travarão uma batalha imensa, e o que está em jogo aqui neste estádio não é um jogo”, afirmou Christiana, em referência ao local de Varsóvia onde acontecia a rodada de negociações. “Não há duas equipes, mas toda a humanidade. Não há vencedores ou perdedores. Ou todos ganhamos ou todos perdemos”, advertiu. Christiana Figueres convocou as delegações a “esclarecerem os elementos do novo acordo que modelará as agendas climáticas, econômicas e de desenvolvimento após 2020” e a avançarem no dossiê da ajuda financeira para que os países do Hemisfério Sul possam se adaptar às mudanças climáticas. Os países do Norte prometeram US$ 100 bilhões (R$ 231 bilhões) de ajuda até 2020, mas as nações do Sul ainda não viram nada e temem que isso se trate de promessas vazias.

Rajendra Kumar Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)

Durante a plenária de abertura, Hanna Gronkiewicz-Waltz, prefeito de Varsóvia; Christiana Figueres, secretária executivo da UNFCCC; Abdullah bin Hamad Al-Attiyah , presidente da COP 18/CMP 8, Junho Budhooram, secretário COP; Richard Kinley, secretário executivo Adjuntoda UNFCCC; Rajendra Kumar Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), e Marina Shvangiradze, relatora

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Abdullah bin Hamad Al-Attiyah, do Qatar, presidente da COP 18 CMP 8, passou o martelo cerimonial para as mãos de Marcin Korolec, Polônia, presidente da COP 19 CMP 9

A delegada das Filipinas, Alicia Ilaga, lembrou, por sua vez, que durante a conferência anterior da ONU sobre o clima, realizada no fim de 2012 em Doha, no Qatar, as Filipinas já haviam sido atingidas por outro tufão de categoria 5, o Bopha. “E agora estamos em Varsóvia. Está escuro, faz frio e há tristeza não apenas em Varsóvia, mas também em meu país (...) O que mais podemos pedir nesta conferência a não ser fazer as negociações avançarem e transformar as promessas em atos?”, questionou Alicia durante uma coletiva de imprensa. Os meteorologistas ainda precisam vincular formalmente o aquecimento global à ocorrência de tufões como o

Marcin Korolec, Polônia, presidente da COP 19 CMP 9, presidiu a sessão de abertura da CMP

que devastou as Filipinas, mas eles esperam uma incidência crescente de fenômenos climáticos extremos, devido ao aumento das temperaturas dos oceanos. “Existe uma tendência de aquecimento (dos oceanos) e o aumento na intensidade de furacões é parte do risco”, afirmou Herve Le Treut, professor universitário em Paris e climatologista. Em setembro, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), atendendo a uma

demanda das Nações Unidas para fazer avaliações científicas sobre os riscos das mudanças climáticas, concluiu em um relatório que é “virtualmente correto que a superfície do oceano esquentou entre 1971 e 2010”. Estima-se que as temperaturas tenham aumentado em cerca de 0,1 grau Celsius por década até 75 metros de profundidade e mais ainda a uma profundidade um pouco maior. Os meteorologistas acreditam que a superfície dos oceanos também tenha ficado mais quente na primeira metade do século XX, mas ainda se discute se o aumento das temperaturas dos oceanos é causada pelo homem ou por mudanças naturais no planeta. Para Fabrice Chauvin, cientista do Centro Nacional de Pesquisa Meteorológica francês, não existiam satélites para rastrear ciclones antes dos anos 1970, o que dificultava a realização de estudos detalhados sobre o fenômeno. No entanto, em 2007, o IPCC alertou ser “provável” que ciclones se tornassem mais intensos e provocassem mais chuvas do que antes. A relação entre ciclones e mudanças climáticas não é unanimidade entre os especialistas, mas eles não descartam que ocorram fenômenos cada vez mais extremos ligados ao aumento das temperaturas dos oceanos.

Mundo corre o risco de ficar 3,6ºC mais quente, adverte a AIE

os seus objetivos atuais alertou, a Agência Internacional de Energia (AIE), em Varsóvia, nas discussões sobre as alterações climáticas. No cenário estabelecido pela AIE para os países desenvolvidos, as emissões de gases que provocam o efeito estufa relacionados com a energia, que representam cerca de dois terços do total das emissões, sofrerão um aumento de 20% até 2035, mesmo com os esforços já anunciados pelos países comprometidos com as preocupações ambientais. Este cenário “ leva em conta o impacto das medidas anunciadas pelos governos para melhorar a eficiência energética, o apoio às energias renováveis, a redução dos subsídios aos combustíveis fósseis e, em alguns casos, a colocação de um preço nas emissões de gás carbônico”, disse a AIE no relatório anual de referência. No entanto, o aumento de 20% nas emissões de energia – principalmente as geradas pelo carvão e pelo petróleo e, em menor grau, do gás – dentro de 20 anos “deixa o mundo a caminho de temperaturas médias globais de 3,6°C, bem acima da meta de 2ºC definida internacionalmente”, informou a AIE. Observando o papel fundamental do componente energético no sucesso ou no fracasso da política climática internacional, o departamento de energia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apoiou as iniciativas recentes, entre as quais o plano de ação apresentado pelo presidente americano Barack Obama; o anúncio de Pequim relativo a uma limitação de carvão; e o debate europeu sobre metas climáticas para 2030, salientando que “todas têm o potencial de limitar o crescimento das emissões de gás carbônico”. O primeiro Fóssil do Dia – prêmio que as organizações não governamentais que acompanham as negociações entregam aos dinossauros que mais atravancam as negociações – foi para a Austrália, por sua recusa em contribuir financeiramente. Vamos torcer para que o

O mundo ficará, a longo prazo, 3,6 graus Celsius (ºC) mais quente se os governos simplesmente mantiverem revistaamazonia.com.br

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A China solicitou que a COP 19 observarse três minutos de silêncio para as vítimas do desastre nas Filipinas

Naderev Sano, Filipinas, fez uma declaração emocional no plenário da COP 19 destacando o recente desastre causados por tufão Haiyan

constrangimento causado pela premiação iniba outros negociadores a seguir o caminhos dos ‘aussies’.

16 bilhões de litros de petróleo ao dia A AIE também publicou suas previsões para o consumo mundial de petróleo até 2035, quando serão consumidos cerca de 101 milhões de barris por dia (mbd), um aumento de cerca de 14 mbd em um quarto de século. Isso significaria um consumo de 16,1 bilhões de litros de petróleo por dia. No que se refere ao carvão, o mais poluente, mas que continua a ser a principal fonte de energia dos dois países mais populosos (China e Índia), a AIE prevê um aumento no consumo de 17% até 2035 (dois terços desse aumento ocorreria antes de 2020). A razão é que o carvão continua a ser mais barato do que o gás em muitas regiões do mundo e, portanto, “as opções políticas na China” sobre esta questão serão fundamentais, ressalta a IEA. Participantes da pré COP 19

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Cabine de informações da COP19

Por sua vez, a produção de energia nuclear aumentará em dois terços, “impulsionada pela China, Coreia do Sul, Índia e Rússia”. Apesar deste panorama desolador, a agência prevê um desenvolvimento significativo das energias renováveis, especialmente a energia elétrica, e prevê que em 2035 este tipo de energia será responsável por 30% do total consumido. No relatório, a AIE cita quatro pistas para melhorar a “competitividade da energia”, mas sem afetar negativamente o crescimento econômico: melhorar a eficiência energética, limitar usinas a carvão ineficientes, minimizar as emissões de metano de petróleo e gás e reformar os sistemas de subsídios às energia fóssil, o que em alguns países deprimem artificialmente os preços.

2013 – um dos anos mais quentes da história Este ano, 2013, é um dos mais quentes da história, de acordo com um relatório da Organização Meteorológica

Aumento de 20% nas emissões de energia dentro de 20 anos “deixa o mundo a caminho de temperaturas médias globais de 3,6°C, bem acima da meta de 2ºC definida internacionalmente”, disse a AIE

Mundial (OMM) divulgado na COP19. No documento, revelado que a temperatura média mundial entre janeiro e setembro de 2013 foi aproximadamente meio ponto superior à registrada entre 1961 e 1990. O aumento do nível do mar fez com que as regiões litorâneas estejam mais vulneráveis as tempestades, como se pôde comprovar nas Filipinas, cuja região central ficou arrasada após o passagem do tufão Haiyan, que deixou pelo menos dez mil mortos. No entanto, a OMM reconhece que os desastres naturais estão vinculados a muitos fatores, não só a mudança climática. A OMM também chamou a atenção para as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono e outros gases revistaamazonia.com.br


do efeito estufa, que tiveram um novo recorde em 2012 e devem alcançar níveis sem precedentes em 2013. Ao mesmo tempo as secas, inundações e precipitações extremas confirmam que o ciclo de água também está sofrendo variações. Embora a relação entre a mudança climática e a frequência dos ciclones tropicais ainda esteja sendo investigada, é previsível que o aquecimento global faça com que o impacto destes fenômenos naturais seja mais intenso. A declaração provisória da OMM volta a confirmar que o nível do mar aumentou e neste ano também alcançou um novo recorde histórico. Desde 1993 o nível dos mares e oceanos aumenta em média 3,2 milímetros por ano. O nível do mar seguirá aumentando devido ao derretimento das calotas polares e as geleiras, dizem os especialistas, já que mais de 90% do excesso de calor gerado pelos gases do efeito estufa é absorvido pelos oceanos.

Comunidades indígenas enumeram prioridades para políticas ambientais Juan Carlos Jintach e Arlen Ribeira Calderon, integrantes da COICA, formada por organizações indígenas de países da América Latina, deram um importante panorama da questão indígena relacionada ao meio ambiente durantea a COP19: “É importante que vejamos a questão ambiental de forma abrangente, trabalhando pela continuidade das futuras gerações. As comunidades inter-

Prakash Mathema e o LDC

Felipe Fereira, Brasil

nacionais não reconhecem a voz indígena, mas estamos diretamente envolvidos, geograficamente e socialmente, com as regiões onde existem projetos pilotos crédito de carbono na Amazônia”, disse Juan Carlos Jintach. É preciso levar em consideração questões como o desmatamento, a mineração indiscriminada e a situação social das comunidades originárias dessas regiões. “Existem territórios titulados para os índios que podem contribuir para a regulagem da temperatura do planeta. Temos, na América Latina, milhões de ectares próprios para isso, mas as prioridades das comunidades – heranças culturais e genéticas, relação com o equilíbrio ambiental – precisam ser ouvidas. Estamos falando de muito mais do que apenas carbono.” Nesse sentido, os representantes de comunidades indígenas têm grandes expectativas em relação à COP20, que será realizada no próxim ano em Lima, no Peru. As ilhas Carteret, na Papua-Nova Guiné, estão ameaçadas de desaparecer embaixo d’água

Segundo o presidente do grupo dos Países Menos Desenvolvidos (LDC), não há definições sobre os passos rumo a um acordo climático global a ser definitivamente aprovado dentro de dois anos em Paris ou quanto ao apoio financeiro aos países em desenvolvimento, para que eles possam se adaptar às mudanças climáticas. Haiti é o único país do hemisfério ocidental a fazer parte do LDC. O grupo foi criado muito antes das negociações climáticas, no contexto das negociações comerciais globais. Foi só na sexta conferência do clima, em 2000, que os países decidiram se unir como LDC para estas rodadas”, diz Saleemul Huq. Natural de Bangladesh. “Cada país isoladamente tinha apenas dois delegados. Então, era muito difícil acompanhar negociações tão complicadas, com tantos complexos temáticos diferentes”, lembra. “Mas agora os 48 países do LDC somam quase 100 pessoas. Se eles formam uma equipe e distribuírem as tarefas, podem conseguir muita coisa”.

Christiana Figueres e a indústria do carvão A chefe do Secretariado das Nações Unidas para as mudanças climáticas, falando à margem da Cimeira do Clima da ONU, alertou a indústria global de carvão que Christiana Figueres, secretária executivo da UNFCCC

deve rápida e dramaticamente transformar-se , a fim de combater a mudança climática ou o risco de um rápido declínio . Disse que a indústria já não pode dar ao luxo de ignorar a ameaça que representa para ele por esforços para combater as alterações climáticas . “ Os bancos de desenvolvimento pararam de financiar carvão “, disse ela . “As instituições financeiras comerciais estão analisando as implicações de carbono para as suas revistaamazonia.com.br

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estratégias de investimento. Preços das emissões de GEE está em ascensão , evidenciada pelos mercados comerciais próximos em todo o mundo . “ Figueres alertou ao público de executivos da indústria de carvão que “como qualquer outra indústria , vocês tem uma responsabilidade fiduciária com a sua força de trabalho e seus acionistas “. Uma coalizão de ONGs fizeram em paralelo, um protesto em Varsóvia , acusando o governo polonês de hipocrisia por promover o carvão, enquanto hospedam as negociações sobre mudanças climáticas da ONU. Figueres disse que sua presença, não era “nem uma aprovação tácita do uso do carvão” , nem “uma chamada para o desaparecimento imediato da indústria do carvão”

Painel da sessão de peritos do IPCC com Renate Christ, Jean-Pascal van Ypersele, Thomas Stocker, Krishna Kumar Kanikicharla e Jonathan Gregory Reunião do diálogo de especialista em Agricultura (SED)

O Brasil no SBSTA Em reunião do SBSTA- Corpo Subsidiário de Assessoria Científica e Tecnológica, o Brasil propos para que o IPCC-Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas estude formalmente a responsabilidade histórica dos países quanto às emissões acumuladas de gases de efeito estufa (GEE), para analisar quanto é que cada nação do mundo emitiu em gases com efeito de estufa desde o início da Revolução Industrial. O assunto gerou polêmica, colocando países desenvolvidos e em desenvolvimento em campos opostos, já que o maior ônus de ação recairia sobre o mundo desenvolvido. A proposta tem apoio dos outros países do grupo BASIC - Índia, China e África do Sul e obteve o apoio de mais de uma centena de países menos desenvolvidos. “A discussão devia ser acerca de um leque muito mais amplo de indicadores, e não apenas emissões históricas”, afirmou o líder da delegação europeia, Juergen Lefevere. Além disso, a UE defende que realizar um tal estudo levaria demasiado tempo. “Arriscamo-nos a perdermo-nos em questões políticas e a perder a prazo limite de 2015” para encontrar um sucessor para o protocolo de Quioto, que limita as emissões dos gases com efeito de estufa. Polonia demitiu ministro do Ambiente durante a COP 19 ILUSTR: Marcin Korolec, presidiu a COP 19, até ao fim O ministro do Ambiente da Polonia, Marcin Korolec, foi demitido num momento em que presidia à conferência anual das Nações Unidas sobre alterações climáticas, na Exposição sobre Gás de xisto como um portador ponte de energia

Fossil do Dia, o T-Rex mascote da CAN, chamado Birdy

própria capital do país. A saída de Korolec foi anunciada pelo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, no âmbito de uma remodelação governamental. O primeiro-ministro justificou a remodelação com a necessidade de “energia renovada” para o desenvolvimento do país. Mas a demissão do ministro do Ambiente foi anunciada numa conjuntura singular, quando quase duas centenas de países estavam discutindo, na Polonia, os passos para se chegar a um novo acordo climático global em 2015. Normalmente, as conferências anuais da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas são presididas pelo ministro do Ambiente do país anfitrião. Korolec, continuou a liderar as negociações até seu término.

Participantes visitam a cabine da COP 20/ CMP10, Lima, Peru

em direção a um futuro sustentável, mas, na prática, não está resultando nada, disseram representantes das: Greenpeace, Oxfam, Confederação de Sindicatos, ActionAid, WWF, International Climate e Amigos da Terra, organizações que resolveram deixar a COP 19 um dia antes de seu encerramento. Uma das pedras no sapato foi a discussão sobre como os países ricos financiarão os mais pobres para lidarem com os efeitos das alterações climáticas. Também, o calendário do que deve acontecer entre agora e 2015, especialmente os compromissos que devem ser assumidos pelos diferentes países.

ONGs ambientalistas deixaram a COP 19 por falta de avanços A maioria das ONGs presentes na COP 19, decidiram abandonar a cúpula diante a falta de avanços, algo que nunca havia ocorrido em uma destas reuniões da ONU. A cúpula de Varsóvia deveria supor um passo decisivo 54 REVISTA AMAZÔNIA

Ambientalistas abandonam estádio onde estava sendo realizada a COP19 revistaamazonia.com.br


Khalid Abuleif, Arábia Saudita, consultoria com Túlio Andrade, Brasil

Marcin Korolec, presidente COP 9 19/CMP, com a colaboração da Ação Humanitária polonesa, iniciou uma coleção de caridade para as vítimas do tufão Haiyan nas Filipinas, com Beata Jaczewska, viceministro do Meio Ambiente, da Polônia; e Janina Ochojska, da Acção Humanitária polonesa

Presidente da CoP19 recebe camiseta de Cidadão do Carvão

COP 19: quase nada – um avanço, muitos retrocessos, e nova esperança para acordo climático em 2015 Na realidade, ninguém esperava grandes coisas da COP 19 para alicerçar a para a COP 20, em Lima e a COP 21, em Paris, para preparar o terreno para um acordo histórico a ser firmado no final de 2015, visando a evitar o caos climático. Com um dia de atraso e grandes divergências entre os países participantes, os negociadores da COP-19 chegaram a um acordo sobre as bases para um tratado para conter o aquecimento global. Ainda que modesto, o compromisso foi comemorado pelos participantes, após as negociações terem estado à beira do fracasso e terem avançado um dia além do previsto – por conta de divergências entre países ricos e países em desenvolvimento a respeito de suas respectivas responsabilidades quanto à redução de emissão de gases do efeito estufa. Mais de 190 países concordaram em elaborar “contribuições” (já que a palavra “compromissos” foi rejeitada) para o novo acordo, que só deve ser concluído em 2015 para vigorar em 2020. Após Índia e China terem argumentado que países em desenvolvimento não devem ter as mesmas obrigações que os desenvolvidos em conter emissões – o que levou ao principal impasse das negociações – chegou-se a um acordo de que todos devem agir para conter as emissões.

Críticas Nem os ambientalistas e os diplomatas mais entusiasmados esperavam grandes avanços das negociações da COP 19. Primeiro, choveram críticas ao país sede, que decidiu abrigar concomitantemente à COP uma convenção sobre carvão, um dos combustíveis mais poluentes do planeta. Em seguida, o governo demitiu o ministro de Meio Ambiente da Polônia, Marcin Korolec, que também era o presidente da cúpula, enfraquecendo seu poder de liderança. Outra cena que marcou a conferência ocorreu, quando revistaamazonia.com.br

Na plenária de abertura da CoP19, o negociador-chefe das Filipinas, Yeb Sano, iniciou uma greve de fome “até que um resultado significativo esteja à vista

Achim Steiner, diretor executivo do PNUMA, em conversa com o ministro Luiz Alberto Figueiredo Machado, das Relações Exteriores, Brasil

Participantes visitam a cabine da COP 20/ CMP10, Lima, Peru

Participante da sociedade civil atuando como árbitro dando cartão vermelho

Mecanismo de perdas e danos

todas as grandes ONGs ambientais e sociais abandonaram o evento por estarem frustradas com o andamento das negociões. Milhares de ambientalistas foram vistos devolvendo seus crachás e deixando o local da COP.

O ponto importante que avançou nas negociações do clima foi o disputado mecanismo de perdas e danos, com o estabelecimento de regras para o funcionamento do Redd + (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal). Na prática isso define regras internacionais, sob a Convenção do Clima da ONU, para que países ricos possam financiar ações em países em desenvolvimento sendo que o acordo incluiu um conjunto significativo de decisões sobre as formas de ajudar os países em desenvolvimento a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa

BASIC – Brasil, Índia, China e África do Sul em conferência: Raphael Azeredo, negociador do Brasil; Embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho, negociador-chefe do Brasil no encontro Brasil, Xie Zhenhua, Ministro, Vice-Presidente Nacional de Desenvolvimento e Reforma da Comissão, China; Jayanthi Natarajan, ministra do Ambiente e Florestas, Índia e Alf Wills, África do Sul REVISTA AMAZÔNIA 55


Participantes da COP19, passando pela exposição de fotos de Jan Walencik do “Arbores Vitae: The Last Primeval”

Participantes do Greenpeace formaram uma corrente humana em honra do Ártico

provenientes do desmatamento e da degradação das florestas , que representam cerca de um quinto de todas as emissões humanas gerado. O Redd+ estabelece o chamado “pagamento por resultados” – de quanto foi reduzido em comparação com uma base de referência estabelecida pelo país. Segundo o acordo de ontem, esses dados terão de ser reportados a cada dois anos e submetidos a uma verificação pela convenção. A partir desse reconhecimento, uma nação interessada faria o pagamento. O acordo em Varsóvia prevê também que a maior parte desse recurso poderá ser canalizada pelo Fundo Climático Verde (GCF, em inglês), criado em Cancún para administrar a ajuda financeira dos países ricos às nações em desenvolvimento para que estas consigam também reduzir suas emissões. O combinado é que ele terá de receber, a partir de 2020, US$ 100 bilhões por ano, a ser usado em ações contra

Izabella Teixeira, Ministra do Meio Ambiente do Brasil

as mudanças climáticas. Ainda não há, no entanto, um caminho estabelecido para se chegar a isso. O próprio GCF também ainda não saiu do papel e só deve começar a capitalizar dinheiro no ano que vem. Para o Brasil isso é importante porque tem relação direta com as florestas. O Redd cria regras internacionais para que as nações desenvolvidas financiem projetos em países em desenvolvimento (e que ainda tenham florestas),

Christiana Figueres, Secretário Executivo da UNFCCC; Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, Donald Tusk, primeiro-ministro da Polónia; Marcin Korolec, Presidente da COP19/CMP 9; Jakaya Kikwete, Presidente da República Unida da Tanzânia, John Ashe, presidente da Assembleia Geral da ONU, e Richard Kinley, UNFCCC Secretário Executivo Adjunto

para reduzir o desmatamento e, consequentemente, as emissões de gases que são liberados quando há perda de área verde. Isso é a base do Fundo Amazônia, criado pelo governo brasileiro a fim de que países desenvolvidos ajudassem financeiramente o Brasil na redução da perda da floresta. Até hoje, porém, o Brasil só conseguiu fazer um acordo nessa linha, com a Noruega, que se comprometeu a pagar US$ 1 bilhão para a proteção de florestas no País. A expectativa é de que, com essa arquitetura, mais nações cumprirem seus compromissos de financiar ações contra mudanças climáticas. A sociedade civil organizou uma marcha de protesto em Varsóvia para destacar a necessidade de salvar o nosso planeta da alteração do clima e degradação ambiental

Ativistas perguntam: WTF - onde está o financiamento?

Os vencedores, negociadores do REDD +

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Política de paisagens e de governança para a silvicultura, agricultura e outros usos da terra

I Fórum Global Paisagens

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primeiro Fórum Global Paisagens reuniu, na Universidade de Varsóvia, Polônia , paralelo à COP 19, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima ( UNFCCC). O Fórum reuniu duas conferências anteriores anuais, Dia da Floresta e Agricultura , paisagens e dia Modos de Vida , com o objetivo de criar uma plataforma global para informar e envolver os líderes mundiais , políticos , cientistas , doadores, imprensa , sociedade civil, setor privado, indígenas e grupos comunitários, e negociadores climáticos , sobre o papel que paisagens sustentáveis podem desempenhar no fornecimento de alimentação, moradia, renda e ecossistema de serviços e bens ambientais. Paisagens compreendem as características visíveis de uma área de terra e os elementos vivos da terra, incluindo pessoas. Diferentes partes da paisagem fornecer diferentes bens e serviços necessários para apoiar os meios Investir em paisagens sustentáveis das florestas e fazendas

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As sinergias entre adaptação e mitigação das mudanças climáticas na floresta e paisagens agrícolas

de subsistência e desenvolvimento econômico , eo que acontece em uma parte da paisagem tem um impacto sobre os outros. No entanto , nas atuais negociações da UNFCCC , agricultura, florestas e outros usos da terra são ainda abordados em vias paralelas e em diferentes níveis políticos. Pela primeira vez , o Fórum Global Paisagens fornece uma plataforma para trazer pesquisadores , negociadores, formuladores de políticas , profissionais do desenvolvimento , representantes do setor privado e mídia interessados em agricultura , silvicultura e suas ligações . As discussões no Fórum Global Paisagens foram organizado em torno de quatro grandes temas: *Investir em paisagens sustentáveis das florestas e fazendas

*Política de paisagens e de governança para a silvicultura, agricultura e outros usos da terra *As sinergias entre adaptação e mitigação das mudanças climáticas na floresta e paisagens agrícolas *Paisagens de segurança alimentar e nutricional Além de várias sessões plenárias e sessões técnicas e networking , um café de Gênero e do Fórum da Juventude reunidos durante os dois dias . O fórum é co-organizado pela Parceria Colaborativa das Florestas (CPF) , o Consórcio Agricultura e Desenvolvimento Rural, os Ministérios polonês do Meio Ambiente e da Agricultura e Desenvolvimento Rural, e da Universidade de Varsóvia. REVISTA AMAZÔNIA 57


Faróis de Esperança D

ezessete projetos que servem como exemplos brilhantes de combate a ação da mudança climática em andamento em todo o mundo foram homenageados

na COP19. Os projetos foram escolhidos como atividades exemplares tiveram lugar em vários países em todo o globo, abrangendo quatro continentes , e apresentaram soluções para pequenas e grandes iniciativas. Christiana Figueres, Secretária Executiva da UNFCCC falou durante o evento , afirmando que estes projetos são “ Faróis de Esperança “ e são não só para o combate às alterações climáticas, mas também a produção de saúde, benefícios sociais e financeiros nas áreas que eles estão ocorrendo. Os Faróis de Esperança 2.013 foram selecionados de um grupo de 252 candidatos por um painel consultivo internacional de Momentum, de iniciativas do secretariado para a Mudança, que é financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates e da Fundação Rockefeller , e opera em parceria com o World Economic Forum. Os 17 homenageados Faróis de Esperança foram: • 1 milhão de mulheres, Austrália: construir um movimento para conseguir um milhão de mulheres a tomar pequenos passos na sua vida quotidiana para cortar as emissões de gases de efeito estufa • Adaptação às Mudanças Climáticas e Redução do Risco

Ban Ki-Moon, e Christiana Figueres, experimentaram as bicicletas de bambu, do projeto de mulheres lideradas em Gana, com Evelyn Ohenewaa Gyasi

de Desastres, Bangladesh: iniciativa das mulheres centrado para enfrentar condições climáticas extremas em comunidades vulneráveis • O Fundo CDM China: apoiar o crescimento de resistência de baixo carbono através de taxas sobre os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

• Resíduos Recicle, Gana: capacitar jovens de rua para transformar lixo reciclável em uma oportunidade de negócio de baixo carbono • Bicicletas de bambu iniciativa, Gana: mulheres que conduzem a mudança climática através da construção de bicicletas de bambu de alta qualidade

Uma familia beneficiada com projeto no Kenia

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• Redavia , multi-regional: locação de parques solares acessíveis, sem investimento inicial de capital ou obrigações de longo prazo • Adaptação para o Programa de agricultura familiar, multi -regional: liderada pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) para canalizar financiamento climático para os pequenos agricultores para construir a sua resistência às mudanças climáticas • Alliancefor Internacional Reflorestamento, Guatemala: Mulheres Agricultoras, fazem plantio de árvores para sequestrar carbono e melhorar as técnicas agrícolas • Pollinate Energia, Índia: levar energia solar para favelas de Bangalore, para criação de empregos verdes • Comunidade Micro Resiliência Climática, Índia: construção de casas a preços acessíveis, contra inundações resilientes • Projeto BOMA, Quênia: permitir que as mulheres vulneráveis se adaptarem à mudança climática através da construção de pequenas empresas • Fomentar Saneamento inovador e higiene, Libéria : prestação de serviços de gestão de lamas fecais em áreas

pobres, capturando o biogás e reduzir as emissões de metano. • ECOCASA, México: destravar o financiamento para construção de habitação de baixo carbono e aumentar o número de hipotecas “verdes”. • Parcerias Público Privado Pessoas para o Desenvolvimento Compatível Climáticas, Moçambique: capacitar os pobres urbanos para projetar e implementar atividades para adaptação às alterações climáticas • Programa de Financiamento de Energia Sustentável, Filipinas: um esquema de financiamento inovador para desbloquear os recursos necessários para enfrentar a mudança climática • Alimentos e Árvores para a África, África do Sul: promoção da liderança das mulheres através de plantio de árvores e conscientização sobre a mudança climática • Fogões Projeto Low Smoke, Sudão: proporcionar oportunidades de mico -financiamento para substituir poluentes fogões com fogões com eficiência energética Ban Ki -moon, secretário- geral da ONU, concluiu que o impulso de iniciativas, para essas mudanças, destaca os

Levar energia solar para favelas de Bangalore, para criação de empregos verdes

Na África do Sul, promoção das mulheres através de plantio de árvores e conscientização sobre a mudança climática

Mulheres agricultoras da Guatemala, fazem plantio de árvores para sequestrar carbono e melhorar as técnicas agrícolas Mulheres participantes de projeto que as permitem criar pequenos negocios no Kenia, o Projeto BOMA

esforços locais inovadoras para enfrentar o impacto da mudança climática, com benefícios econômicos, sociais e ambientais substanciais e mostrando “o potencial para a mudança transformacional a longo prazo por mulheres e pobres urbanos”, acrescentando que “ esses exemplos merecem ser mais divulgados e reaplicados “ . Projeto no Sudão cambia cozinas contaminadas por outras mais sustentáveis

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Em Bangladesh, iniciativa das mulheres para enfrentar condições climáticas extremas em comunidades vulneráveis

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Em apenas dez anos, a renda do setor cresceu 52% a partir de políticas públicas que fortalecem a produção e o desenvolvimento

2014 Ano Internacional da Agricultura Familiar – IYFF Fotos: FAO, Ryan Brown/ONU

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anto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, a agricultura familiar – áreas rurais que dependem principalmente dos membros da família para a mão de obra e a gestão – continua sendo a forma dominante de agricultura. Especialistas estimam que haja mais de 500 milhões de áreas de agricultura familiar no mundo, incluindo agricultores de pequena e média escalas, camponeses, povos indígenas, pescadores e criadores de gado. A importância da agricultura familiar na mitigação da fome e da pobreza rural também é grande. Em sua 66ª Sessão – com forte apoio do Fórum Rural Mundial, das redes regionais de agricultores familiares na África, Ásia e América Latina e da 37ª Conferência da FAO, entre outros – a Assembleia Geral da ONU declarou 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar, em uma iniciativa destinada a reposicionar a agricultura familiar no centro da formulação de políticas nacionais agrícolas, ambientais e sociais O Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF) 2014 visa aumentar a visibilidade da agricultura familiar e 60 REVISTA AMAZÔNIA

dos pequenos agricultores, focalizando a atenção mundial em seu importante papel na erradicação da fome e pobreza, provisão de segurança alimentar e nutricional, melhora dos meios de subsistência, gestão dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável, particularmente nas áreas rurais.

O que é Agricultura Familiar? A agricultura familiar inclui todas as atividades agrícolas de base familiar e está ligada a diversas áreas do desen-

volvimento rural. A agricultura familiar consiste em um meio de organização das produções agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola que são gerenciadas e operadas por uma família e predominantemente dependente de mão-de-obra familiar, tanto de mulheres quanto de homens. Tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, a agricultura familiar é a forma predominante de agricultura no setor de produção de alimentos. Em nível nacional, existe uma série de fatores que são fundamentais para o bom desenvolvimento da agricultura familiar, tais como: condições agroecológicas e as características territoriais; ambiente político; acesso aos mercados; o acesso à terra e aos recursos naturais; acesso à tecnologia e serviços de extensão; o acesso ao financiamento; condições demográficas, econômicas e socioculturais; disponibilidade de educação especializada; entre outros. A agricultura familiar tem um importante papel socioeconômico, ambiental e cultural.

Por que a Agricultura Familiar é importante? A agricultura familiar e de pequena escala estão intimamente vinculados à segurança alimentar mundial. A agricultura familiar preserva os alimentos tradicionais, revistaamazonia.com.br


No lançamento do IYFF 2014, com a participação de funcionários da ONU, embaixadores, ministros do governo e líderes da sociedade civil que atuarão como embaixadores especiais

além de contribuir para uma alimentação balanceada, para a proteção da agrobiodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais. A agricultura familiar representa uma oportunidade para impulsionar as economias locais, especialmente quando combinada com políticas específicas destinadas a promover a proteção social e o bem-estar das comunidades.

O Brasil e a Agricultura Familiar Para Pepe Vargas, ministro do Desenvolvimento, o Brasil tem sido um bom exemplo a ser seguido por outras nações, mas ainda há muito a fazer. “Infelizmente são poucos os países do mundo que tenham políticas para a agricultura familiar, e nós temos essa política no Brasil e estamos dando contribuição no debate internacional sobre essas questões”, disse Pepe. As ações do governo federal para o desenvolvimento da agricultura familiar vão desde o crédito para financiamento a canais de comercialização dos produtos como os programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Alimentação Escolar (Pnae). O Plano Safra 2013-2014 para o setor soma o investimento de R$ 39 bilhões, sendo a maior parte, R$ 21 bilhões, para o crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que financia os projetos dos produtores rurais. O secretário da Agricultura Familiar (SAF/MDA), Valter Bianchini, salienta que a escolha da ONU sobre o tema da agricultura familiar destaca o papel do setor na segurança e soberania alimentar e produção de alimentos dos

José Graziano, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), com uma das embaixadoras especiais para o IYFF 2014 revistaamazonia.com.br

Pepe Vargas, ministro do Desenvolvimento e Antonio Patriota, representante do Brasil na ONU, no lançamento do IYFF 2014

A Agricultura Familiar continua sendo a forma dominante de agricultura

países, em que a temática fome é debatida. “Quando a gente fala em eliminar a fome, a gente fala em fortalecer a agricultura familiar para ampliar a segurança alimentar e a produção de alimentos. Então, essa priorização da ONU em destacar a agricultura familiar, é reconhecer esse modelo de agricultura como o que mais responde pela produção de alimentos e segurança alimentar nacional”, explica.

Brasil é exemplo para o mundo A agricultura familiar cria, inova, produz e também alimenta o País. Os mais de 4 milhões de estabelecimentos familiares distribuídos entre os 26 estados e o Distrito Federal alimentam a população nacional e movimentam a economia brasileira, sendo responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário e 74% da mão de obra empregada no campo. Em apenas dez anos, a renda do setor cresceu 52% a partir de políticas públicas que fortalecem a produção e o desenvolvimento.

Para acompanhar e planejar as atividades relacionadas ao Ano Internacional da Agricultura Familiar o Ministério do Desenvolvimento Agrário criou, no Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro, o Comitê Brasileiro para o Ano Internacional da Agricultura Familiar (Aiaf). O grupo será composto por 18 órgãos ou entidades públicas – entre eles, 12 ministérios – e representantes da sociedade civil.

O objetivo O Ano Internacional da Agricultura Familiar (Aiaf) tem o objetivo de destacar o papel da agricultura familiar na diminuição da fome e da pobreza, além de reposicionar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais nas agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades para promover uma mudança rumo a um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado. O Aiaf 2014 vai promover ampla discussão e cooperação no âmbito nacional, regional e global para aumentar a conscientização e entendimento dos desafios que esses agricultores enfrentam e ajudar a identificar maneiras eficientes de apoiar o setor. No lançamento, o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano, nomeará os embaixadores especiais para o Ano Internacional da Agricultura Familiar 2014, aos quais será confiada a missão de aumentar a visibilidade da agricultura familiar e de pequena escala, atraindo a atenção do mundo para o seu papel fundamental.

No lançamento do Ano Internacional da Agricultura Familiar de 2014 REVISTA AMAZÔNIA 61


II Chamado da Floresta

Maior espaço de discussão de políticas públicas para comunidades das florestas e mobilização social do movimento extrativista da Amazônia e do Brasil Fotos: Ascom MMA, Ivaneide Cardoso

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ais de mil extrativistas da região Amazônica estiveram reunidos na Reserva Extrativista Gurupá Melgaço, município de Melgaço, Arquipélago do Marajó (PA), na II edição do Chamado da Floresta. O evento, organizado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), teve como objetivo articular, debater e propor políticas públicas para o desenvolvimento sustentável das comunidades nas florestas. O Chamado da Floresta é o maior espaço de discussão política e mobilização social do movimento extrativista da Amazônia e do Brasil. Temas como direitos humanos, garantia dos territórios de uso coletivo e moradia digna, também são discutidos no Encontro. As ministras do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, anunciaram no Assentamento Extrativista Vila do Tonhão (PA), um pacote de medidas voltado aos povos e comunidades extrativistas da Região Amazônica. Na ocasião, também foi lançada a publicação Brasil Susten-

tável - Políticas Públicas para os Povos da Floresta. Mais de mil lideranças extrativistas amazônicas e de outras regiões do País participaram do anúncio, para um diálogo com o governo federal sobre a pauta extrativista, que inclui demandas sociais, produtivas e de cidadania. São iniciativas e políticas públicas que fomentam atividades extrativistas na região, como regularização fundiária, planos de manejo, Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), criação de novas Unidades de Conservação (UCs), além de infraestrutura, gestão e educação.

Guardiões da Floresta “Daqui para frente vamos agir de forma integrada, com a participação efetiva do Governo Federal na elaboração dessas políticas e ações aqui anunciadas, sempre buscando a melhoria de vida dessas comunidades extrativistas”, ressaltou Izabella Teixeira. Segundo ela, o

desenvolvimento das famílias que vivem do extrativismo na Amazônia gera benefícios sociais, econômicos e ambientais. “Vocês são os verdadeiros guardiões da floresta”, acrescentou. O anúncio aconteceu dentro da programação do 2º Chamado dos Povos das Florestas, encontro organizado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) entidade que representa, politicamente, o movimento social dos extrativistas do Brasil. O conselho foi criado em 1985, no I Encontro Nacional de Seringueiros, realizado em Brasília. A entidade é resultado da articulação política do líder seringueiro Chico Mende

Anúncios do Governo Federal Destinação de R$ 223,2 milhões para Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e R$ 11,7 milhões para formação de extrativistas – de 2014 a 2016, com ações que incluem: - Ampliação da ATER nos territórios beneficiados pelo Programa Bolsa Verde, com chamada pública no valor de R$ 48 milhões em 2014 (MMA, MDA, Incra); - Lançamento das chamadas de ATER para pescadores artesanais e de manejo da fauna em projetos de assentamentos, no total de R$ 18 milhões para pesca continental; R$ 17,2 milhões para pesca marinha; e R$ 8 milhões

Izabella aos extrativistas: “Vocês são os guardiões da floresta”

Mais de mil lideranças extrativistas amazônicas e de outras regiões do País estiveram na na Reserva Extrativista Gurupá Melgaço, município de Melgaço, Arquipélago do Marajó (PA) 62 REVISTA AMAZÔNIA

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Ministros reunidos em Melgaço, tentando solucionar problemas históricos enfrentados pelas populações tradicionais

destinados à fauna - 2014 a 2016 (MDA, Incra); - Anúncio do início da execução da ATER extrativista em 90 assentamentos diferenciados e em oito Unidades de Conservação, beneficiando 22 mil famílias extrativistas (investimento de R$ 132 milhões) - até 2015 (MDA, Incra); - Formação de 10 mil lideranças extrativistas nos territórios beneficiários pelo Programa Bolsa Verde (agroecologia e Gestão de Recursos Naturais) - R$ 5,2 milhões até 2014 (MMA); 150 agentes de ATER (manejo de recursos madeireiros e não-madeireiros), ação que inclui a assessoria a 16 empreendimentos extrativistas, beneficiando cerca de 3 mil famílias na região Norte - R$ 3,5 milhões até 2015 (Serviço Florestal Brasileiro - SFB); capacitação de 2.500 lideranças extrativistas e de agentes públicos locais para acesso ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Política de Garantia de Preço Mínimo dos Produtos da Sociobiodiversidade (PGPMBio) - R$ 3 milhões até 2014 (MMA, Conab); - Assinatura de Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para formulação, implantação, gestão e acompanhamento das atividades de assessoria técnica, social e ambiental às famílias residentes ou beneficiárias de Unidades de Conservação de uso sustentável federais (Incra e ICMBio); - Até 2016, o governo federal pretende destinar R$ 120 milhões para garantir preços mínimos aos produtos extrativistas com base na ampliação do Programa de Garantia de Preços Mínimos de produtos Extrativos (PGPMBio) para as famílias extrativistas (MMA, MDA, Conab). Investimentos no fortalecimento social e econômico de organizações extrativistas, em 2014 - totalizando R$ 123 milhões, por meio de: - Novos projetos, apoiados pelo Fundo Amazônia, acessado através de chamada pública, para desenvolvimento de cadeias produtivas extrativistas sustentáveis (MMA, BNDES) - R$ 95 milhões; - Lançamento do Edital para apoio de projetos de manejo florestal madeireiro e não madeireiro, aquicultura e acordos de pesca, sistemas agroflorestais, com recursos revistaamazonia.com.br

do Fundo Amazônia e contrapartida da Fundação Banco do Brasil (FBB), no valor de R$ 3 milhões (MMA, FBB, BNDES); - Lançamento da segunda chamada pública BNDES/ Conab de apoio a projetos que priorizem a produção orgânica, de base agroecológica, beneficiando mulheres, jovens, povos e comunidades tradicionais - R$ 15 milhões (Conab, BNDES); - Assinatura de dois projetos do primeiro edital BNDES/ Conab com organizações extrativistas do Amazonas e do Amapá (Conab), no valor de R$ 100 mil; um contrato do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), totalizando R$ 156 mil, com organização extrativista do Amapá (Conab); - Dentro do Programa Terra Forte, 15 projetos sobre Agroindústrias para Assentamentos e Reservas Extrativistas (Resex) foram pré-selecionados e deverão atender a 5.457 famílias nos estados de Amazonas, Pará e Acre (Incra, FBB, BNDES); - Obras e serviços de melhoria de infraestrutura em territórios da cidadania e rurais nos municípios da Região Norte com maior concentração do extrativismo (MDA) - R$ 10 milhões do Programa de Apoio a Projetos de Infraestrutura (Proinf). Erradicação da Pobreza e conservação do Meio Ambien-

Consuelo Castro, prefeita Consuelo Castro, de Ponta de Pedras, Ilha do Marajó

te, que destinará, em 2014, R$ 100 milhões ao Programa Bolsa Verde para o pagamento de benefícios a 73 mil famílias, além de formação, Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), e ampliação do acesso aos mercados institucionais: - Entrega simbólica do Bolsa Verde a representantes de famílias de extrativistas selecionadas (MMA); - Força Tarefa Interministerial terá a missão de regularizar 5,5 milhões de hectares em 13 Unidades de Conservação de Uso Sustentável federais, beneficiando mais 13 mil famílias, totalizando 52 mil famílias até 2014; - Entrega de três áreas da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), que serão objeto de Contratos de Concessão de Direito Real de Uso (CCDRU) com as respectivas associações, beneficiando um total de 5 mil famílias em 184 mil hectares na Floresta Nacional Macuã, no Acre; Reserva Extrativista Marinha Lagoa do Jequetiã, em Alagoas; e Reserva Extrativista Canavieiras, na Bahia (SPU, MMA, ICMBio); - Serão alocados R$ 5 milhões para apoiar a implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) em áreas coletivas de unidades territoriais beneficiárias do Bolsa Verde, por meio da capacitação de gestores e extrativistas também em 2014 (MMA). Serão criados 15 projetos de Assentamentos Agroextrativistas (PAE) no Pará, abrangendo 47 mil hectares no Arquipélago de Marajó e no Baixo Tocantins, beneficiando 1.211 famílias (Incra); - Entrega de 1.725 Termos de Autorização de Uso (TAUs) às famílias ribeirinhas do Arquipélago de Marajó, até final de 2013 - entrega simbólica da TAU para uma família extrativista (SPU).

Cidadania na Floresta - Foi determinado ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ministério das Cidades que adotem os procedimentos e instrumentos necessários para viabilizar o uso da madeira para a construção de moradias no Programa Minha Casa Minha Vida, bem como o acesso efetivo das populações extrativistas ao programa, garantindo o direito à moradia digna (Mocidades, MMA); - Para beneficiar e estimular a educação entre os povos da floresta e das águas serão destinados mais de R$14 milhões para aquisição de transporte escolar adequado (serão entregues 19 ônibus e 83 lanchas escolares) e ampliar o acesso das comunidades extrativistas a leitura (programa Arca das Letras) nos municípios da Região Norte com maior concentração do extrativismo (MEC, MDA); - Lançamento do Guia das Políticas do Ministério do Desenvolvimento Agrário para Povos e Comunidades Tradicionais (MDA). O evento foi organizado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas e também estavam presentes representantes da Secretaria Geral da Presidência da República, do Incra e do ICMBio, a Fundação Banco do Brasil foi parceira do evento. REVISTA AMAZÔNIA 63


III Seminário do Projeto Florestam

Embrapa Amapá apresentou resultados de pesquisas com florestas de várzea

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oram três anos de pesquisa, driblando os desafios de coletar material em áreas alagadas por igarapés e rios em busca do avanço do conhecimento em ecologia e manejo das florestas de várzea do estuário amazônico/município de Mazagão. De 2010 a 2013 uma equipe de cerca de 50 pessoas dedicou-se às atividades do Projeto Florestam, uma pesquisa liderada pela Embrapa Amapá, executada em parceria com várias instituições. Os resultados das pesquisas foram apresentados recentemente durante o III Seminário do Projeto Florestam, no auditório da Embrapa Amapá, em Macapá (AP). Muitos dos especialistas que somaram seus talentos e dedicação à equipe da Embrapa proferiram palestras neste evento. O pesquisador Marcelino Guedes, coordenador do Projeto e do Seminário, destaca que durante o período de três anos das pesquisas foi feito um grande esforço para conhecimento das características químicas e físicas dos solos e a dinâmica das marés, que nunca tinham sido estudados em profundidade nessa

por Dulcivânia Freitas* região. “A equipe conseguiu avançar também em estudos sobre o estoque disponível e técnicas de manejo florestal, principalmente de espécies de maior interesse econômico como o pau mulato, a pracuúba e a andiroba. Essas informações subsidiaram normas para o manejo da floresta de várzea, regulamentada recentemente por meio do Decreto Nº 3.325, de 2013, que traz a revisão de todas as normativas ligadas às atividades florestais no estado do Amapá”, acrescentou Guedes. O Projeto Florestam é uma pesquisa que tem como objetivo identificar a ecologia, formas de uso pelos ribeirinhos, estoques de madeira e produtos não-madeireiros encontrados no estuário amazônico. Os objetivos do seminário foram apresentar palestras de referência sobre temáticas importantes para o estuário amazônico, buscando integração com outros grupos de pesquisas que estudam ecossistemas de várzeas, discutir resultados e a continuidade do Projeto Florestam, e discutir sobre a cadeia, valor e demandas de fomento ao setor de maPesquisador Marcelino Carneiro Guedes

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deira de várzea. Participaram do evento, pesquisadores, estudantes, técnicos e gestores ligados à área florestal. A programação do III Seminário do Projeto Florestam incluiu palestras de especialistas da Universidade Federal do Amapá, da Universidade do Estado do Amapá, do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), do Instituto Estadual de Florestas (IEF), da Embrapa Amazônia Oriental (Pará) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). As atividades do Projeto Florestam são feitas em três regiões do estado do Amapá: foz do Mazagão Velho, foz do rio Maracá e foz do rio Ajuruxi, sempre na confluência com o canal norte do rio Amazonas. Atividades voltadas ao estudo da vegetação também são realizadas nas ilhas do estado do Pará, sempre com foco nas várzeas do estuário amazônico, que são submetidas a dois ciclos diários de cheia e vazante devido às marés oceânicas. O Projeto Florestam é desenvolvido por meio da pesquisação, buscando facilitar a construção conjunta do conhecimento e das condições necessárias para geração e assimilação das técnicas de manejo dos recursos florestais das várzeas do estuário amazônico. “O projeto conta com a participação de várias instituições e pessoas, formando uma grande equipe de trabalho. Teve a participação de mais de 10 instituições e mais de 50 pessoas, com participação intensa de estudantes de graduação e pós graduação”, destacou Marcelino Carneiro Guedes. No âmbito do Florestam, foram ou estão sendo desenvolvidos 15 Trabalhos de Conclusão de Cursos de Graduação (TCCs), 7 dissertações de mestrado e 2 teses de doutorado. Muitos desses estudantes que participaram pelo Projeto Florestam foram aprovados em concurso público do Estado ou foram contratados, atualmente desenvolvendo atividades na Universidades do Amapá (Perseu Aparício, Jadson Abreu e Wegliane Campelo) e em órgãos de pesquisa, extensão rural e gestão ambiental do Estado, como o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Dayse Suellen), Secretaria revistaamazonia.com.br


Equipe do Projeto Florestam

Estadual de meio Ambiente (Núbia Castilho e Juliana Eveline), Instituto Estadual de Desenvolvimento Rural (Henrique Gomes), Instituto Estadual de Florestas (Madson Sousa, Mariane Santos e Alinny Silva) e Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial (Gabrielly Guabiraba). O pesquisador Marcelino Guedes ressalta que desta forma “estamos colaborando com a formação do quadro técnico do Estado e de agentes multiplicadores dos conhecimentos e técnicas de manejo da floresta de várzea, ampliando cada vez mais a teia de competências necessárias para promover o desenvolvimento das diversas realidades geográficas do Amapá a partir da conservação e uso da biodiversidade amazônica”.

Pesquisa revela conhecimento etnobotânico de comunidades ribeirinhas do Amapá “Quem nunca viu o (rio) Amazonas Nunca irá entender a vida de um povo De alma e cor brasileiras Suas conquistas ribeiras Seu ritmo novo...” (Jeito Tucuju, de Joãzinho Gomes e Val Milhomen) O Estuário Amazônico, com sua rica biodiversidade, apresenta desafios à pesquisa agroflorestal. Este uni-

verso amplo, que divide os estados do Amapá e Pará, cheio de espécies vegetais típicas de áreas alagadas, rios e igarapés, é o foco geográfico de trabalho da equipe do Projeto Florestam, coordenado pela Embrapa Amapá. Um dos pontos de interesse é documentar o uso que os ribeirinhos fazem dos produtos florestais madeireiros e não madeireiros. “Estudamos a comunidade florestal como um todo e, em particular, espécies como andiroba, pau mulato, pracuúba, açaí e virola, que são de interesse econômico e social dos ribeirinhos”, explica o pesquisador Marcelino Carneiro Guedes, coordenador do Projeto Florestam. Esta atividade, prevista no Florestam, foi a inspiração para a monografia de conclusão da graduação da bolsista Eneida Silva do Nascimento, no curso Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Amapá. Na região de estudo predominam ambientes inundados pela dinâmica das marés que influenciam a diversidade da vegetação e os hábitos da população. “Isto faz com o que os ribeirinhos tornem-se especialistas no uso dos recursos naturais para fins de subsistência, culturais, religiosos e comerciais”, aponta Eneida Nascimento. Orientada pela pesquisadora Ana Euler, responsável pelo Plano de Ação correspondente ao levantamento etnobotânico, a então acadêmica fez um levantamento inédito sobre os conhecimentos etnobotânicos relacionados ao uso de vegetais típicos de várzea.Também foi possível identificar, pela primeira vez, se os ribeirinhos conhecem a legislação que lhes assegura proteção do conhecimento tradicional e do patrimônio genético sob sua guarda.

Barco da equipe em trabalho

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O açaizeiro aparece em primeiro lugar para alimentação e uso comercial Das 25 espécies citadas pelos ribeirinhos como fonte de alimentação, o açaizeiro aparece em primeiro lugar, assim como também foi lembrado por 100% dos ribeirinhos entrevistados quando trata-se de uso comercial. Isso demonstra a importância socioeconômica desta espécie para a região, sobretudo sob o embalo do aquecimento do mercado consumidor do “vinho da Amazônia”. Outras espécies com relevante potencial comercial na região são andiroba, pau mulato e pracuúba. No uso como combustível, o pau mulato e o pacapeuá apresentaram maior frequencia de uso e, segundo os ribeirinhos, também fornecem lenha de qualidade para os fogões de barro Para a construção civil, a pracuúba e a andiroba foram as mais utilizadas para edificação de casas e trapiches. As plantas para uso medicinal são de grande importância no modo de vida dos ribeirinhos. Foi a categoria de uso que mais contribuiu com número de espécies (43) e famílias botânicas (29) para este estudo do Florestam. As espécies mais lembradas foram a andiroba e o pracaxi. De ambas é extraído o óleo da semente, utilizado como antiinflamatório e cicatrizante. Em tecnologia artesanal, a maúba e a pracuúba foram as mais citadas para uso na construção e consertos de canoas a remo e embarcações de pequeno porte movido a motor. Este trabalho proporcionou às comunidades ribeirinhas o acesso a informações sobre a legislação de proteção ao conhecimento tradicional. Ana Euler ressalta que 100% dos 30 entrevistados desconheciam a Medida Provisória 2186 – 16/200 e a existência do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN). Atualmente a equipe se mobiliza para dar continuidade ao Projeto Florestam e avançar nas pesquisas em floresta de várzea do Amapá e Estuário Amazônico.

Nome do projeto é uma homenagem ao sociólogo Florestan Fernandes O nome Florestam, além de retratar o objeto e a região de trabalho de campo do projeto, também é uma alusão a um dos maiores sociólogos do Brasil, Florestan Fernandes. “Assim, o nome fantasia do projeto também representa sua identidade com o sócio-ambientalismo, a disposição para se trabalhar o manejo comunitário e familiar com os extrativistas ribeirinhos, entendendo que a melhor forma de conservar as florestas em pé é fomentar o seu uso racional”, acrescenta o pesquisador Marcelino Carneiro Guedes. Na prática, o projeto é desenvolvido por meio da pesquisação, buscando facilitar a construção conjunta com as comunidades, estudantes e com os agentes responsáveis pelo fomento e extensão do setor florestal, do conhecimento e das condições necessárias para geração e assimilação das técnicas de manejo dos recursos florestais das várzeas do estuário amazônico. Exposição de resultados do Projeto Florestam

Principais resultados do Projeto Florestam *Sistema de manejo da regeneração natural de pau-mulato. *Sistema de informação sobre o monitoramento da dinâmica das marés e desenvolvimento de modelo de inundação da floresta de várzea. *Processo de boas práticas para produção de óleo de andiroba. *Guia para identificação de propágulos e regenerantes da floresta de várzea. *Formação de agentes multiplicadores por meio da inserção de acadêmicos que participaram do projeto em instituições do Amapá. *DRT-PB 1.063/96. Embrapa Amapá 66 REVISTA AMAZÔNIA

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Fundo Amazônia beneficia comunidades indígenas do Mato Grosso e do Pará Mais de 1.200 indígenas vão ter melhoria da renda familiar por meio do trabalho de desidratação de frutas, produção de mel, extração de resinas do óleo de copaíba e a venda de peças de artesanato Fotos: Instituto Raoni

Ao todo, 1.215 indígenas vão ser beneficiados com o projeto

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a comunidade indígena Kayapó, localizada no norte do estado do Mato Grosso e no sul do estado do Pará, é possível encontrar uma família com cerca de 40 índios, entre eles tios, primos, irmãos, cunhados, avós e bisavós, dividindo a mesma oca. Com a casa cheia é preciso bastante trabalho para que haja alimento para todos. O território dessa comunidade está localizado no “Arco do Desmatamento”, dentro da fronteira sudeste amazônica, região caracterizada pelos mais elevados índices de desmatamento do país. Por isso, os antigos métodos de captação de recursos da natureza para o sustento dessas aldeias já não são suficientes. A solução foi buscar atividades alternativas de exploração da biodiversidade local. Com recursos do Fundo Amazônia, o projeto “Fortalecimento da Cadeia Produtiva da Copaíba, Apicultura, Pequi e Artesanato” vai qualificar e fortalecer o sistema produtivo da região para oferecer condições adequadas para beneficiar, extrair e elaborar produtos que possam

A ideia é permitir que os índios conquistem o alimento do dia-a-dia com dignidade e sustentabilidade e tenham, através do próprio trabalho, uma renda para suas famílias

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ser vendidos nas comunidades locais e propiciem segurança alimentar e melhores condições da produção de alimentos. A proposta é agregar valor aos produtos naturais como pequi, copaíba, mel e sementes (artesanato) coletadas pela comunidade Kayapó por meio do estímulo à adoção de boas práticas de manejo. O trabalho, que está sendo coordenado pelo Instituto Raoni, prevê a melhoria da qualidade das sementes, investimentos em infraestrutura e apoio para a comercialização, desde identificação de potenciais compradores até a negociação e articulação para garantir o melhor preço para os produtos e, consequentemente maior renda para as famílias Kayapó envolvidas nestas atividades. Na prática, os índios vão trabalhar com a desidratação de frutas, produção de mel, extração de resinas do óleo de copaíba e a venda de peças de artesanato. A Fundação Banco do Brasil, em parceria com o Fundo Amazônia, por meio do BNDES, vai fazer o investimento social de mais de um milhão de reais para que sejam adquiridos equipamentos, como desidratador de alimentos, kits de utensílios para extração da copaíba, ferramentas e matéria prima para utilização nos artesanatos, entre outros. Ao todo, 1.215 indígenas vão ser beneficiados com o projeto. “A condição do índio nesta região é muito ruim. Por isso,

esse projeto procura melhorar as condições de vida dessas famílias por meio de uma atividade, um trabalho. A ideia é permitir que os índios conquistem o alimento do dia-a-dia com dignidade e sustentabilidade e tenham, através do próprio trabalho, uma renda para suas famílias”, afirma Edson Araceli Santini, coordenador administrativo e financeiro do Instituto Raoni.

Fundo Amazônia O Fundo Amazônia é constituído de recursos de doações do governo da Noruega, Banco de Desenvolvimento da Alemanha KFW, Petrobras e empresas e é administrado pelo BNDES. Em cinco anos, a parceria prevê a aplicação de um total de R$ 100 milhões de investimentos sociais na região do Bioma Amazônia. Esses recursos serão destinados à promoção da conservação e do uso sustentável das florestas – que contempla todos os municípios do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, e parte dos municípios do Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.

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A Amazônia em primeiro lugar por Camillo Martins Vianna* Maior floresta do mundo Não há porque questionar O pessoal replanta logo Muito rápido sem parar

Aquífero Alter do Chão

Doze por cento de água doce Em todo mundo não há O aquífero Alter do Chão Abrange o Amazonas, o Pará e o Amapá Abastecendo toda gente Do planeta inteirinho E por dois milênios Não dá pra esgotar Maior bacia hidrográfica Só para navegar Também servindo de praia de desova Pra tartaruga, pitiú e tracajá Jabuti, muçuã e a perema Também pode se encontrar Pois existem em grande quantidade Basta saber procurar

Maior bacia hidrográfica

Joias naturais nem se fala De frutos e sementes Carapaças de quelônios E o mais que se possa usar

O pescado é abundante

Tartaruga, pitiú, tracajá, jabuti, muçuã e a perema

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A farinha de mandioca Começa a se valorizar Primeira na preferência É usada para se alimentar

As grandes trans do surto rodoviário Cresceram sem cessar Foi gente construindo estradas Em tudo que é lugar

A comedoria dos índios Pela primeira vez Agora invadindo o Brasil É fácil verificar

A árvore da seringueira Está voltando a ocupar O lugar que perdeu Isso eu posso até apostar

A presença da rica fauna Junto com o esplendor da flora Não há como comparar Com o existente em outro lugar

Ladainhas, missas e procissões Surgem sem parar Sob a proteção do Papa Francisco Que em 2016 virá ao Pará

Sempre lutando juntos Contra a desnacionalização do lugar A gringalhada precisa saber Que não podem nos ocupar A árvore da seringueira

Fauna e flora São de riqueza sem par Assim como o boi branco e preto Também é fácil de achar

O carimbó paraense Já está muito longe do Pará Alcançando todo o Brasil Só para variar

Alunos do curso superior Não param de se formar Faculdades e universidades Continuam a se alastrar

O turismo cresce sem cessar Gente de dentro e de fora Não só para conhecer Como para o dinheiro gastar Ladainhas, missas e procissões

O pescado é abundante Mas é preciso saber pescar Usando a criação em tanques A situação vai melhorar

Rapadura, licor e cachaça Também dá para saborear Pirulito e quebra-queixo Serve para apreciar O açaí das cabeceiras Agora tem muito destaque Na economia e na alimentação É uma das riquezas da região

O artesanato é primoroso Existindo de ponta a ponta Já mandando o que sobra Para também exportar

E agora uma musiquinha Somente para alegrar Siriá, meu bem, siriá Mamãe traíra, meu pai jacundá.

Hábitos, usos e costumes Da tradição popular Sobe que só rabo de foguete Sem nunca querer parar

[*] SOBRAMES / SOPREN

O carimbó paraense

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O açaí

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O VENCEDOR: Titan Arm, é um exoesqueleto que promete estimular a força do usuário

Engenharia do futuro, em concurso de invenções Prêmio James Dyson 2013 Fotos: James Dyson Award

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Prêmio James Dyson ( JDA ) é organizado pela Fundação James Dyson . É um prêmio internacional de design que celebra , estimula e inspira a próxima geração de engenheiros de projetos, como parte da missão de inspirar os jovens sobre engenharia de design. O prêmio exige que os alunos “projetem algo que resolva um problema” , cujo trabalho melhore e demonstre a capacidade de pensar de forma diferente e criar um produto tão necessário que funcione melhor, um projeto que : *demonstre um propósito significativo e prático , oferecendo benefícios reais para o usuário final * seja idealmente um protótipo funcional * projetado com a sustentabilidade em mente * comercialmente viável * que chame atenção de designers profissionais e engenheiros de todo o mundo. O vencedor do Prêmio James Dyson ( JDA ) internacional (individual ou equipe ) receberão 70 REVISTA AMAZÔNIA

* £ 30.000 para a equipe de aluno ou estudante ( de até quatro membros da equipe) * £ 10.000 ou a doação de uma peça de equipamento , até ao valor de £ 10.000 para o departamento de universidade onde os estudos vencedor ou previamente estudado. Em ambos os casos , os prêmios serão convertidos em moeda local do vencedor à taxa de câmbio atual , no momento de anunciar o vencedor. Receberá também um troféu da Fundação James Dyson . O vencedor nacional de cada país participante receberá: * £ 2.000 cada um para o aluno ou equipe de estudantes . Os prêmios serão também convertidos em moeda local do vencedor à taxa de câmbio atual , no momento de anunciar o vencedor.

Os Selecionados Vinte invenções foram pré-selecionadas para o prêmio James Dyson de engenharia deste ano. o desafio é que o projeto consiga resolver um problema. A partir desta orientação breve e muito aberta, os estudantes ou licenciados recentes nas áreas de design de produto, design industrial e engenharia de todo o mundo., colocam seus talentos para o teste. Cerca de 650 projetos foram submetidos ao concurso, a partir do qual foram revistaamazonia.com.br


escolhidos apenas 20 finalistas internacionais. Criado em 2007 para inspirar os jovens, o Prêmio James Dyson é um concurso de design /engenharia industrial e aberto a estudantes universitários e graduados em todo o mundo. Ao todo, foram projetos de 18 países.

O ‘Oltu’ promete oferecer mais espaço na geladeira, por armazenar frutas e vegetais. A invenção espanhola usa o excesso de calor produzido atrás da geladeira para gerar energia a quatro áreas diferentes que podem ser reguladas como fria ou quente, molhada ou seca

Biowool, um projeto britânico que pega restos de material da indústria da lã e transforma em material que pode ser usado como substituto para o plástico

‘Sono’, da Áustria, procura anular certos sons, impedindo-os de passar pela janela. Usuários podem selecionar que tons eliminar via wi-fi

O Xarius foi desenvolvido na Alemanha. O objeto usa o vento para gerar energia, podendo depois ser usado para recarregar outros dispositivos, como um celular por exemplo

O ‘Revolights’, é um produto americano que tem como objetivo proteger o ciclista. É composto por luzes de LED e colocado nas rodas da bicicleta revistaamazonia.com.br

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O Vencedor do Prêmio James Dyson Award 2013 Uma equipe da Universidade da Pensilvânia, dos EUA, ganhou o 2013 James Dyson Award , com o braço Titan, um exoesqueleto parte superior do corpo que aumenta a força humana . A equipe receberá a £ 30.000 (EUA $ 48.260 ) pelo primeiro prêmio , com um adicional de £ 10.000 ( EUA $ 16,100 ) indo para a Universidade do Departamento de Engenharia da Pensilvânia. Competindo contra 650 entradas internacionais , que foram reduzidos a 20 finalistas , o braço Titan compartilhou os holofotes com dois finalistas , com cada um levando para casa £ 10,000. O braço Titan é leve, com bateria exoesqueleto parte superior do corpo que aumenta a força do braço por 18 kg ( 40 lb) para ajudar a reduzir a fadiga. O dispositivo também tem chaves na parte de trás para incentivar postura adequada e registros feedback detalhado de desempenho para os usuários e médicos. O resultado de oito meses de desenvolvimento por uma equipe de estudantes de engenharia mecânica, é destinada a trabalhadores que fazem o trabalho pesado repetitivo, pacientes de fisioterapia, e os indivíduos que necessitam de apoio muscular e ajuda no controle

motor fino. Outro objetivo da equipe era trazer o custo de um sistema exoskeletal baixo da gama EUA $ 100.000 para menos de EUA $ 2.000. Como parte desse esforço, a equipe pretende fazer o Titan disponível como um projeto open

source para o desenvolvimento. Descrevendo o vencedor, James Dyson diz , “Titan Arm é, obviamente, um projeto genial , mas o uso da equipe de rápidos , modernos – e relativamente barato – técnicas de fabricação torna o projeto ainda mais atraente”.

Roam é um nebulizador criado especialmente para as crianças. A invenção australiana inclui uma máscara nasal e, de acordo com os criadores, é mais portátil do que as alternativas atuais para tratar um ataque de asma

Os componentes do Handie podem ser reproduzidos usando uma impressora 3D. Os inventores japoneses alegam que desta forma seria mais barato fazer a manutenção de uma mão protética

O gerador Renewable Wave Power já levou o prêmio na rodada britânica do concurso James Dyson. A ferramenta usa pistões interligados para colher energia das marés com o objetivo de resolver o problema que esse tipo de gerador tem de apenas funcionar quando a água viaja em uma direção 72 REVISTA AMAZÔNIA

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O Awaring foi projetado para ajudar pessoas com perda auditiva a acompanhar conversas. O dispositivo japonês usa luzes para indicar quem está falando e quão alto Lenify é uma maca que pode ser dividida em três partes. A equipe dos Estados Unidos por trás dessa invenção garante que seu projeto permite que os paramédicos deslizem as diferentes partes da maca embaixo do paciente, ao invés de ter que levantá-lo, o que, no caso de determinadas lesões, pode causar mais danos.

A ideia por trás desta ferramenta automatizada é deixar médicos livres para realizar outras tarefas. A equipe canadense responsável pelo projeto desenvolveu a ferramenta para fazer suturas durante cirurgias abdominais. A equipe acredita que a invenção poderia ajudar a reduzir o tempo de intervenção

Hydros oferece uma atualização para a maneira como são fabricados coletes salva-vidas. Segundo a equipe irlandesa responsável pela invenção, ele é mais confortável e oferece melhor proteção contra o frio do que os designs tradicionais.

O ‘TeamO’ foi desenvolvido para garantir que uma pessoa que é conduzida por um salva-vidas permaneça com o rosto para fora d’água. Os criadores britânicos também colocaram um suporte na base do pescoço, para protegê-la das ondas

Mamori é um protetor de boca equipado com sensores, projetado por uma equipe de engenheiros da Irlanda. Seu objetivo é acompanhar atletas e alertar médicos se detectar um alto risco de concussão Stack é uma impressora fina que se move sobre uma resma de papel, e dispensa a necessidade de introduzir papel como nos dispositivos convencionais. A equipe suíça por trás desta invenção afirma que seria ideal para pequenas casas revistaamazonia.com.br

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Gluco utiliza um smartphone ligado a um relógio para medir a quantidade de glicose no sangue. A equipe francesa por trás da invenção diz que se o nível se tornar muito alto ou baixo, a informação poderia ser transmitida para a pessoa que você escolher como contato

E-health usa computadores Raspberry Pi e Arduino para oferecer uma opção barata de medição de pressão, de níveis de oxigênio no sangue, e outros dados biométricos. Os inventores espanhóis acreditam que os proprietários poderiam utilizar as informações para um diagnóstico sem sair de casa

Comb é um projeto austríaco de caminhão basculante sem condutor. A proposta é usar a tecnologia de localização por GPS para direcionar o veículo

O Titan Arm, criado por uma equipe americana, é um exoesqueleto que promete estimular a força do usuário. Seus criadores sugerem também que ele pode ser usado para auxiliar na regeneração das fibras musculares danificadas.

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