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Ano 9 Nº 47 Novembro/Dezembro 2014
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ESPECIAL SUSTENTABILIDADE UHE TUCURUÍ - 30 ANOS CAPA 47.indd 1
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TM Rio 2016. Fale com os Correios: correios.com.br/falecomoscorreios CAC: 3003 0100 ou 0800 725 7282 (informações) e 0800 725 0100 (sugestões e reclamações) Ouvidoria: correios.com.br/ouvidoria – SIC: correios.com.br/acessoainformacao
Os Correios têm um compromisso com o maior serviço de entrega do mundo: a natureza. Atitudes sustentáveis como a Coleta Seletiva Solidária, o EcoPostal, os veículos elétricos, e muitas outras, são atitudes dos Correios para preservar a natureza e permitir que ela continue fazendo o seu trabalho. E, com o Sistema de Gestão Ambiental, o compromisso com o meio ambiente se tornou ainda maior e mais efetivo.
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Em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU devem ser substituídos. Uma equipe elaborou um projeto com 17 metas para serem aplicadas em nível mundial – o Zero Draft dos ODS...
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí é a maior usina hidroelétrica 100% Brasileira em potência instalada. Construída no Rio Tocantins, em Tucuruí, sudeste do Pará, tem sua capacidade geradora instalada de 8.370 MW...
A abertura da Exposição Internacional de Mineração da Amazônia e do 4º Congresso de Mineração da Amazônia, contou com a participação do embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Bon-woo Koo, do vice-governador do Pará, Helenilson Pontes, do presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Fernando Coura...
62 Brazil Windpower 2014 A 5ª edição do Brazil Windpower foi marcada por um acontecimento especial. A fonte eólica atingiu, no mês de agosto, a capacidade instalada de 5 GW, o suficiente para abastecer cerca de 4 milhões de lares brasileiros ou 12 milhões de pessoas, o que corresponde a uma cidade do tamanho de São Paulo...
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DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn
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FAVOR POR
PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn
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38 Exposibram Amazônia 2014
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Hidrelétrica de Tucuruí
XPEDIENTE
PUBLICAÇÃO Período (novembro/dezembro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil
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de desenvolvimento pós-2015
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08 Sustentabilidade na agenda
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ARTICULISTAS/COLABORADORES Alexandre Accioly, Ana Carla Kawazoe Sato RA, Carlos Dias, Cláudia Bancaleiro, Emily Anthes, Érica Neiva, Gonçalo Calado, Helle Jeppesen, Marta Lourenço, Roberto Araujo, Teresa Firmino FOTOGRAFIAS Adilson Borges, Anna Quast, AntonVorauer, Arquivo/ Agência Brasil, Arquivo APEC, Arquivo Fenágua, Arquivo IBGE, Arquivo IPCC, Brebdan Mackey, Divulgação, Eletronorte/ Rony Ramos, Fernanda Farias/INPA, Fernando Nobre e Sidney Oliveira/ Ag. Pará, Fernando Favoretto, Fernando Veludo, Greenpeace, João Luiz Ribeiro/Finep, José Paulo Lacerda, Led Produções, Ricky Arruda, Rudolph Hühn, RZ Comunicações Ltda, Karen Robinson EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro
72 ATTO, a torre de observação do clima na Amazônia
NOSSA CAPA Como estamos e para onde vamos? A humanidade tem avançado em qualidade de vida, em parte devido ao desenvolvimento de tecnologias, porém às custas do meio ambiente…(LIS)
A floresta tropical da Amazônia neste dezembro está ganhando a – Torre Atto – Amazon Tall Tower Observatory, uma torre de 325 metros de altura, para observação de mudanças climáticas na região. A Atto faz parte do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), implementado em 1998...
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Seguindo o exemplo de sucesso dos Jogos de 2012, Brasil pretende e vai aproveitar evento para incentivar alimentação saudável. Relatório mapeia cadeias de produção para incluir produtos orgânicos e regionais no cardápio. Pela primeira vez na história das Olimpíadas, em 2012...
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nas Olimpíadas
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[14] O caminho para a dignidade até 2030 [16] Orange Fiber, vestir-se com pedaços de laranjas, é moda na Itália [20] Tucuruí, 30 anos [22] Tucuruí terá o primeiro parque hidrocinético do Brasil [24] Eletrobras Eletronorte realiza seminário sobre usinas hidrelétricas reversíveis no Brasil [26] O relatório GLAAS da ONU coordenado pela OMS [30] LIS – Lideranças Inovadoras para Sustentabilidade [32] 3 GF – Fórum Global de Desenvolvimento Sustentável 2014 [35] A sustentabilidade e Jorge Gerdau [42] 4º Índice Global de Economias Verdes – GGEI 2014 [44] Agricultura brasileira cresce com sustentabilidade [46] Relatório Síntese (SYR) [50] Primeiros dez meses de 2014 foram os mais quentes dos últimos 134 anos [53] EUA e China estabelecem acordo sem precedentes para a redução das emissões de CO2 [54] Vencedores do Prêmio Finep 2014 [56] 3º Fórum de Bioeconomia-Políticas Públicas e Ambiente para a Inovação e Negócios no Brasil [60] AII Prêmio Brasil-Alemanha de Inovação [66] Synergy 2014 [74] Área de florestas intactas diminuiu 8% em 13 anos, afirma estudo
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78 Comida sustentável
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PARA O BANCO DA AMAZÔNIA, DESENVOLVIMENTO SOCIAL E CULTURAL ANDAM DE MÃOS DADAS COM O ECONÔMICO. POR ISSO, APOIAR EVENTOS E PROJETOS SOCIAIS VOLTADOS PARA ESPORTES, MEIO AMBIENTE E CULTURA É SEMPRE NOSSA PRIORIDADE.
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Na baertura da XVII Conferência IberoAmericana de Cultura
XVII Conferência Iberoamericana de Cultura
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romover intercâmbio de profissionais no âmbito da cultura, aumentar a circulação de bens e serviços entre países iberoamericanos e chegar a dedicar 1% do orçamento nacional ao orçamento da cultura. Esses foram alguns dos temas acordados durante a XVII Conferência Ibero-Americana de Cultura, que ocorreu recentemente na Cidade do México, no México. O evento, organizado anualmente pela Organização dos Estados Iberamericanos (OEI) e pela Secretaria Geral Iberomaericana (Segib), reuniu chefes de estados e de governo para promover iniciativas, debates e cooperação de diferentes países na área. O secretário de políticas públicas culturais do Ministério da Cultura, Américo Córdula participou da conferência e sugeriu a criação de dois encontros: o dos povos originários na Iberoamérica e o da diáspora africana na Iberoamérica. O objetivo de ambos é refletir sobre a criação do Espaço Cultural Iberoamericano. Além disso, Córdula convidou o fórum para colaborar com a agenda Pós2015 da ONU e com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Lembrou ainda da articulação que o Brasil 06 REVISTA AMAZÔNIA
Rebeca Grynspan, nova Secretária-Geral Ibero-Americana, também participou da abertura
está realizando para participar da Expo Milão em 2015. Na inauguração da XVII Conferência Ibero-Americana da Cultura no México, Rebeca Grynspan, secretário-geral ibero-americano apela para eliminar os obstáculos à
circulação de bens culturais O sucesso dos programas de cooperação cultural ibero-americanos, como Ibermedia que ajudou a produzir mais de 230 filmes e documentários, serviu de base para revistaamazonia.com.br
Brasil e Argentina na XVII Conferência IberoAmericana de Cultura
construir uma agenda digital cultural latino-americana, disse Rafael Tovar y de Teresa, presidente do Conselho Nacional de cultura e Artes (Coanculta), abrindo a Conferência Ibero-Americana XVII para a Cultura, que reuniu representantes de 21 países. “O que foi considerado como um objetivo e um sonho, a criação de uma Ibero comum na cultura de hoje é praticamente possível, o desenvolvimento de novas ferramentas tecnológicas, uma nova concepção de comunicação e uma maneira diferente de interagir “, disse ele na abertura no Museu Nacional de Arte na Cidade do México. “Quinhentos anos depois das rotas marítimas comerciais e sugerindo a possibilidade de conhecer o mundo inteiro está estabelecida, agora estamos em uma segunda glo-
balização onde isso é possível e faz parte de nossas vidas diárias”, disse o presidente antes Conaculta faça uma lista de programas culturais latino-americanos que foram lançados nos últimos 17 anos. “A agenda foi muito extensa, mas os ministros estavam animados com as realizações e houve um recorde de participação, todos saíram com lição de casa para a Cúpula de Vera Cruz em dezembro no México, onde os presidentes das nações do bloco vão fechar acordos”, afirma o secretário. Apesar do pouco tempo, muitos temas foram debatidos
entre os participantes, com destaque para atuações do Brasil. O país fará, por exemplo, parte do grupo de trabalho para impulsionar uma agenda cultural digital. Além disso, será sede, em novembro, em Foz do Iguaçu, do Seminário sobre Diversidade Linguística na Iberoamérica, que contará com a presença de todos os blocos. A partir do próximo ano, o Brasil também deve divulgar as contas satélites da cultura em conjunto com o IBGE. O objetivo é incorporar aos sistemas de contabilidade as contas satélites da cultura e identificar a contribuição dessa área no Produto Interno Bruto (PIB). Estiveram na Conferência Ibero-Americana XVII da Cultura : Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
OEI A Organização dos Estados Iberoamericanos para a educação, ciência e cultura (OEI) foi criada em 1949, sob nome de Oficina de Educação Iberoamericana. A então agência de caráter internacional surgiu após o I congresso Iberoamericano de educação, realizado em Madrid. Ao longo dos anos, tornou-se um organismo internacional de caráter governamental para a cooperação dos países nos campos da educação, ciência, tecnologia e cultura, no âmbito do desenvolvimento integral e da integração regional.
Durante a Conferência IberoAmericana de Cultura
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SUSTENTABILIDADE NA AGENDA DE DESENVOLVIMENTO PÓS-2015 Em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU devem ser substituídos. Uma equipe elaborou um projeto com 17 metas para serem aplicadas em nível mundial por Helle Jeppesen
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planejamento estratégico da ONU entra na reta final. No fim de 2015, as Nações Unidas pretendem aprovar as metas que substituirão Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Um mundo onde todas as pessoas vivam bem e onde o meio ambiente possa se recuperar da destruição causada pela industrialização e superpopulação: 17 objetivos de desenvolvimento sustentável devem preparar o caminho para que isso se torne realidade. Em 2015 termina o prazo para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), e eles deverão ser substituídos pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Para os ODS, aprendemos com os ODMs. Estes incluem as metas não atingidas por aqueles”, assinala Paul Ladd, que lidera a equipe do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para a agenda de desenvolvimento pós-2015. “Os objetivos de desenvolvimento sustentável são, no entanto, mais amplos, para que façam frente aos novos desafios.”
Problemas globais, soluções globais Os 17 novos objetivos, que um grupo de trabalho da ONU vai apresentar em Nova York, devem comprometer os países industrializados a um compromisso com a sustentabilidade. Destruição ambiental, mudanças climáticas, crescente desigualdade social e escassez de recursos são problemas globais, que só podem ser resolvidos em nível mundial. “A percepção de que tudo é interdependente e de que, finalmente, as causas estruturais da pobreza devem ser abordadas ficou claro, acredito, para todos atualmente”, diz Tobias Hauschild, especialista em serviços sociais básicos e desenvolvimento no escritório da organização Oxfam na Alemanha. Ele saúda a inclusão dos países industrializados, mas
adverte contra um otimismo prematuro, já que as metas serão adotadas somente no próximo ano em sua versão final. “A questão é saber que obrigações para os Estados advêm da nova agenda, e até que ponto os países estarão dispostos a serem controlados pelas Nações Unidas”, avalia Hauschild.
Dogma do crescimento econômico Também Bernd Bornhorst, presidente da Venro, a união das ONGs voltadas para a política de desenvolvimento na Alemanha, afirma ver muitos pontos positivos – sobretudo a exigência central do combate à miséria e a institucionalização da proteção climática e ambiental. Ao mesmo tempo, ele também diz ver fraquezas básicas. Por um lado, porque muitos dos objetivos são formulados de forma vaga no esboço atual. Por outro, porque eles ainda se baseiam em conceitos antigos. “O que continuamos a criticar é, por exemplo, que toda a lógica está fortemente imbuída de uma grande ênfase no crescimento econômico, como se esse fosse, por assim dizer, a única condição para o desenvolvimento”, comenta Bornhorst. Uma razão para ceticismo, diz o ativista. “Temos vivenciado que crescimento por si só não é suficiente, podendo até mesmo elevar a injustiça”, afirma.
Desigualdade global No atual esboço, o décimo objetivo se dirige explicitamente contra a crescente desigualdade, não somente entre países ricos e pobres, mas também dentro dos países. “Politicamente, esse foi um tema muito controverso, porque a desigualdade, aparentemente, parece ser parte integrante de um sistema de economia de mercado”, destaca Ladd. Hauschild classifica o décimo objetivo como “muito progressista”, fazendo alusão às pesquisas da Oxfam
Paul Ladd, que lidera a equipe do PNUD
que comprovam a crescente desigualdade social. “Se as 85 pessoas mais ricas do planeta ganham tanto quanto 3,5 bilhões de pessoas, ou seja, a metade da população mundial, então é preciso abordar a questão da distribuição de riqueza.”
Participação da sociedade civil Outra novidade é que não somente os governos, mas também cidadãos e grupos de interesse no mundo todo puderam participar da elaboração dos objetivos. A participação da sociedade civil não termina, no entanto, na definição da agenda. Ele continua sendo necessária para a implementação posterior dos objetivos, assinala Bornhorst. “As questões centrais que ali se encontram para debate, ou seja, modos de produção, padrões de consumo, precisam penetrar ainda mais na sociedade. Caso contrário, não existirão maiorias para isso, e nada vai mudar em nível individual.” Inicialmente, no entanto, o decisivo será, segundo Bornhorst, que os objetivos a serem aprovados no próximo ano também nomeiem compromissos concretos, para que “seja possível, posteriormente, também acompanhar, medir e contar se aquilo que foi prometido também foi cumprido.”
Desenvolvimento sustentável Progressos importantes foram feitos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). A pobreza global continua a diminuir, mais crianças do que nunca estão frequentando a escola primária, as mortes de crianças caíram drasticamente, o acesso a água potável foi muito ampliado e investimentos direcionados a combater a malária, a aids e a tuberculose salvaram milhões. Os ODM estão fazendo uma diferença real na vida das pessoas e, com liderança forte e prestação de contas, este progresso pode ser expandido ao máximo nos países do mundo até a data limite de 2015. Após 2015, os esforços para alcançar um mundo de prosperidade, igualdade, liberdade, dignidade e paz vão continuar de forma incessante. A ONU está trabalhando com governos, a sociedade civil e outros parceiros para aproveitar o impulso gerado pelos ODM e continuar com uma agenda de desenvolvimento pós-2015 ambiciosa. revistaamazonia.com.br
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Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável
1º - Um mundo sem pobreza: Até 2030, ninguém deverá viver em pobreza extrema. Com esta meta, a comunidade internacional busca ir mais longe do que os antigos Objetivos do Milênio, que estipulavam a redução da pobreza extrema pela metade até 2015. Pessoas que vivem com menos de 1,25 dólar por dia vivem em pobreza extrema, segundo a definição da ONU.
3º - Saúde para todos: A cada cinco segundos, uma criança morre no mundo. O total anual é de 6,6 milhões de mortes de crianças menores de 5 anos. Cerca de 300 mil mães perdem a vida durante a gravidez ou o parto. A mortalidade infantil e a materna poderiam ser evitadas por meios simples. Até 2030, todas as pessoas devem ter acesso à assistência médica e a medicamentos e vacinas com preços acessíveis.
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2º - Um mundo sem fome: Atualmente, mais de 800 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A intenção é erradicar a desnutrição até 2030. A agricultura sustentável terá função importante para o cumprimento desta meta. Pequenos produtores e o desenvolvimento rural devem ser apoiados.
4º - Educação para todos: Menino ou menina, rico ou pobre. Até 2030, toda criança tem a necessidade de receber uma educação que permita a ela uma futura carreira profissional. Homens e mulheres devem ter oportunidades educacionais iguais, independentemente da origem étnica ou social, e independentemente de uma possível deficiência.
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5º - Igualdade de direitos para as mulheres: Mulheres devem poder participar da vida pública e política em igualdade de condições. Violência e casamentos forçados devem fazer parte do passado. Em todo o mundo, mulheres devem ter acesso à contracepção e ao planejamento familiar. Este ponto gera críticas de setores religiosos.
6º - Água é um direito humano: A água é um direito humano. No entanto, 770 milhões de pessoas não bebem água potável, e 1 bilhão não têm acesso a saneamento básico, segundo a ONU. Até 2030, todas as pessoas devem ter acesso à água potável e ao saneamento básico. Os recursos hídricos devem ser utilizados de forma sustentável, e os ecossistemas, protegidos.
7º - Energia para todos: Até 2030, todas as pessoas devem ter acesso à eletricidade, de preferência oriunda de fontes renováveis. A eficiência energética global precisa ser duplicada, e a infraestrutura – especialmente nos países mais pobres, deve ser expandida. Hoje, cerca de 1,3 bilhão de pessoas vivem sem eletricidade.
8º - Trabalho justo para todos: Oferecer condições de trabalho justas para todos, assim como oportunidades de emprego para jovens e uma economia sustentável. A meta número 8 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável vale tanto para países industrializados como para os países em desenvolvimento e inclui ainda o fim do trabalho infantil e o cumprimento das normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
9º - Infraestrutura sustentável: Uma infraestrutura melhor deve promover o desenvolvimento econômico, com benefícios para todos. A industrialização deve ser sustentável, tanto em termos sociais como ambientais, e requer a criação de mais e de melhores postos de trabalho, além de incentivar inovações que possam contribuir para a sustentabilidade e a justiça social.
10º - Distribuição justa da renda De acordo com a ONU, mais da metade da riqueza gerada fica com apenas 1% da população mundial. A diferença entre ricos e pobres é cada vez maior. Por isso, a ajuda ao desenvolvimento deve se voltar principalmente para a metade mais pobre da população e os países mais pobres.
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11º - Cidades habitáveis: Nos grandes centros urbanos devem existir espaços de convivência que respeitem o meio ambiente, com moradias acessíveis a todos. As cidades devem ser mais sustentáveis e verdes. Principalmente os países em desenvolvimento devem receber assistência, a fim de tornar as cidades resistentes às mudanças climáticas.
12º - Consumo e produção sustentáveis: Reciclagem, reutilização de recursos naturais e redução de resíduos – especialmente na produção de alimentos e no consumo. Os recursos naturais devem ser usados de forma sustentável e respeitando questões sociais. Subsídios aos combustíveis fósseis devem ser eliminados.
13º - Controlar as mudanças climáticas: A necessidade de um acordo global para atenuar as mudanças climáticas e se adaptar aos efeitos delas é hoje consenso na ONU. Os países mais ricos precisam ajudar os mais pobres com transferência de tecnologia e também com recursos financeiros. Ao mesmo tempo, devem reduzir as suas próprias emissões de gases do efeito estufa.
14º - Proteção dos oceanos Os oceanos já estão próximos de entrar em colapso, e é necessária uma ação rápida. Medidas para evitar a sobrepesca e a destruição de regiões costeiras e ecossistemas marinhos precisam entrar em vigor até 2020. O combate à poluição do mar, causada por lixo e excesso de fertilizantes, deverá ser implementada apenas cinco anos mais tarde, a partir de 2025. 12 REVISTA AMAZÔNIA
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15º - Acabar com a destruição ambiental: Os países-membros terão cinco anos para implementar medidas de proteção de bacias hidrográficas, florestas e a biodiversidade. Até 2020, a terra, as florestas e as fontes de água devem ser melhor protegidas, e o uso dos recursos naturais deve ser profundamente alterado.
16º - Respeito a direitos e leis: Todas as pessoas devem ser iguais perante a lei. Através de instituições nacionais e cooperação internacional, a violência, o terrorismo, a corrupção e o crime organizado devem ser combatidos de forma eficaz. Até 2030, todas as pessoas devem ter o direito a um documento de identidade e a uma certidão de nascimento.
17º - Um futuro mais solidário: Como já consta nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, os países ricos devem finalmente destinar 0,7% do Produto Nacional Bruto à ajuda internacional para o desenvolvimento. Atualmente, a Alemanha colabora com 0,39%. Apenas cinco países atingiram a meta de 0,7%: Noruega, Dinamarca, Luxemburgo, Suécia e Reino Unido. revistaamazonia.com.br
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O caminho para a dignidade até 2030
Acabando com a pobreza, transformando todas as vidas e protegendo o planeta, sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Fotos: UN Photo / Devra Berkowitz
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secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, apresentou recentemente, aos 193 Estados-membros da Assembleia Geral, uma síntese do relatório O caminho para a dignidade até 2030: acabando com a pobreza, transformando todas as vidas e protegendo o planeta, sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pós-2015. O documento final será apresentado no dia 31 de dezembro e deve guiar as negociações dos países-membros para construção de uma nova agenda global centrada nas pessoas e no planeta, baseada nos direitos humanos, que será aprovada em 2015. “Em 2015, anunciaremos medidas de longo alcance sem precedentes que vão assegurar o nosso bem-estar futuro”, disse Ban Ki-moon, ao falar sobre a nova agenda global que irá suceder os Objetivos de
Ban Ki-moon agradeceu o projeto do Grupo de Trabalho que apresentou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 14 REVISTA AMAZÔNIA
Proteger o ambiente é a chave para acabar com a pobreza. A dignidade – essencial para o desenvolvimento humano e que engloba a luta contra a pobreza e a desigualdade, a população, a prosperidade, o planeta, a justiça e a parceria
Desenvolvimento do Milênio (ODM), um esforço apoiado pela ONU para reduzir a pobreza extrema e a fome, promover a educação, especialmente para as meninas, combater doenças e proteger o meio ambiente, cujo prazo expira em 2015. Ele também pediu aos Países-membros para serem inovadores, inclusivos, ágeis e determinados nas negociações, e reforçou a “responsabilidade histórica” para entregar uma agenda transformadora. “Estamos no limiar do ano mais importante para o desenvolvimento desde a fundação da própria ONU. Temos que dar sentido à promessa desta Organização que reafirma a fé na dignidade e no valor da pessoa humana e dar ao mundo um futuro sustentável”, disse Ban. “Temos uma oportunidade histórica e o dever de agir de forma corajosa, enérgica e rápida”, ressaltou. O chefe da ONU disse que em julho de 2015, em Adis-Abeba, na Etiópia, os países devem formar uma nova parceria global. Em setembro do próximo ano, em Nova York, a comunidade internacional deve chegar a um acordo sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e em dezembro, em Paris, as autoridades devem
chegar a consenso nas negociações sobre o clima. “Temos que abraçar as possibilidades e as oportunidades que chegam até nossas mãos”, concluiu.
A construção da nova agenda global pós-2015 Sobre o relatório que será publicado, Ban disse que “nunca antes uma consulta tão ampla e profunda tinha sido feita sobre a questão do desenvolvimento”. Ele lembrou que o documento vem sendo elaborado desde a Rio+20 e conta com a colaboração dos governos, de todo o Sistema da ONU, de especialistas, da sociedade civil, de empresários e milhões de pessoas em todo o mundo, que se uniram com criatividade para um propósito comum. O secretário-geral também agradeceu o projeto do Grupo de Trabalho que apresentou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com 169 alvos de atuação específicos. Para ele, o resultado expressa a visão clara dos Países-membros e o seu desejo de ter uma agenda que possa acabar com a pobreza, alcançar a paz e a prosperidade, proteger o planeta e não deixar ninguém para trás. revistaamazonia.com.br
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1: Fim da pobreza em todas as suas formas em todos os lugares 2 :Fim da fome, alcançar a segurança alimentar e melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável 3: Certifique-se de uma vida saudável e promover o bem-estar para todos em todas as idades 4: Certifique-se de uma educação inclusiva e equitativa e promover oportunidades de qualidade e aprendizagem ao longo da vida para todos 5: Alcançar a igualdade de gênero e capacitar as mulheres e meninas 6: Garantir a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos 7: Assegurar o acesso à energia acessível, confiável, sustentável e moderno para todos 8: Promover um crescimento sustentado e inclusivo e sustentável económico, o emprego pleno e produtivo e do trabalho digno para todos 9: Construir infra-estrutura resistente, promover a industrialização inclusiva e sustentável e promover a inovação 10: Reduzir as desigualdades dentro e entre países 11: Tornar as cidades e assentamentos humanos, inclusive, seguros, fortes e sustentáveis 12: Assegurar consumo e produção sustentáveis 13: Tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus impactos * 14: Conserve e uso sustentável dos oceanos, mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável 15: Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combate à desertificação, e deter e reverter a degradação da terra e travar a perda de biodiversidade 16: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à Justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis 17: Reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
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Orange Fiber, vestir-se com pedaços de laranjas, é moda na Itália
História de duas jovens que em uma startup de sucesso, inventaram um tecido ecosustentável e hiper saudável
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driana Santanocito, de 36 anos de idade e Enrica Arena, de 28, ambas sicilianas, são a cara e a alma da Orange Fiber – o tecido feito a partir restos de laranjas, graças à nanotecnologia, fazem roupas com vitaminas, pois liberam seus ingredientes ativos na pele. À partir do zero, com uma idéia nascida conversando na cozinha da casa em Milão, onde elas eram companheiras de quarto, como duas alunas normais. Elas fundaram uma startup, que recentemente foi aceita na Incubadora de Empresas de Trentino. Da Catania, suas cidades de origem, em Milão e, em seguida, em Rovereto, perto de Trento. Três vértices de um triângulo geográfico que é a metáfora de uma história de sucesso: o de duas jovens que fizeram “, enquanto” ficar na Itália, um sinal de que talvez ainda há esperança para as gerações mais jovens. Um exemplo concreto de como um golpe de gênio pode se transformar em um rico negócio. A sinergia entre as duas jovens empreendedoras é perfeita: Adriana, gerente de produto de moda, responsável pelo design, enquanto Enrica, especialista em comunicação e cooperação internacional, o trabalho em marketing, comunicação e responsabilidade corporativa. A idéia surgiu com Adriana há quase três anos – diz Enrica: “Sua paixão para os têxteis e fixação com a Sicília, a sua região natal, a levou a se perguntar se ela poderia produzir um tecido com restos de citrus. Me propôs e decidimos experimentá-lo juntos “. A tecnologia para a transformação de cascas, bagaço e sementes de laranjas e limões em fibras têxteis foi desenvolvida em parceria com o instituto Politécnico de Milão, com a qual obtiveram a patente internacional. A segunda fase do processo, que garante a fixação ao tecido de microcápsulas com substâncias derivadas das frutas, é realizada por uma indústria cosmética. A ideia de um tecido vitaminado feito com restos de laranja agradou três empresários sicilianos, que compraram cotas da sociedade. Sucessivamente, o projeto passou a receber um financiamento europeu, distribuído pela Província Autônoma de Trento. Graças ao programa Seed Money, elas receberam não apenas recursos econômicos e consultoria, mas também infraestrutura para a iniciar a confecção de protótipos an-
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Adriana Santanocito e Enrica Arena criaram uma tecnologia, em parceria com o Instituto Politécnico de Milão, para transformar laranjas em tecido
Confecções e têxteis de residuos cítricos que tornam-se vitaminas graças a nanotecnologia
tes do ingresso do produto no mercado nacional.
Do lixo ao luxo Além de ter recebido diversos prêmios e ter sido selecionada para participar da Expo Milão 2015, a novidade atraiu também a atenção do mundo da moda. Segundo as criadoras, os tecidos da Orange Fiber devem integrar a coleção de pelo menos uma grife italiana no próximo ano. “Recebemos encomendas por parte de algumas marcas de luxo, inclusive de fora da Itália. Estamos nos preparando para conseguirmos oferecer uma quantidade e variedade de tecido suficientes para inserir nossos produtos em coleções de moda. A primeira delas deve ficar pronta em fevereiro de 2015”, diz Enrica, mantendo em segredo
o nomes das empresas. A primeira fase do processo de industrialização será realizada na Sicília, em uma fábrica de sucos adaptada para receber as máquinas que extraem celulose dos resíduos cítricos. Nesta etapa, serão reaproveitadas cerca de dez toneladas de restos de laranja, suficientes para produzir quatro mil metros de tecido. “Nosso objetivo é realizar a fase inicial dentro das próprias usinas para evitar o transporte dos resíduos e sermos ainda mais sustentáveis”, afirma Enrica. Já estamos em contato tanto com algumas marcas na Itália com cadeias internacionais. A idéia é como o mundo da moda está em busca de novidade. Esperamos consolidar em poucos anos, a nossa presença no mercado de tecidos inovadores e iniciar uma fase de internacionalização do projeto”.
Orange Fiber, quando a moda é sustentável revistaamazonia.com.br
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13ª Feira de Destinos, Espaço e Fornecedores para Eventos Corporativos, Incentivos, Shows e Gastronomia
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26 e 27 de Março Centro de Convenções Frei Caneca - 5º Andar São Paulo - SP | 14h00 às 19h
REVISTA AMAZÔNIA 1
A Usina Hidrelétrica está localizada no Rio Tocantins, no município de Tucuruí, cerca de 300 km ao sul de Belém, no estado do Pará, com uma capacidade geradora instalada de 8.370 MW
30 Anos da Usina Hidrelétrica de Tucuruí Fotos: Lindacy Oliveira, Eletronorte/Rony Ramos
Foto histórica, ainda em construção
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Usina Hidrelétrica de Tucuruí é a maior usina hidroelétrica 100% Brasileira em potência instalada. Construída no Rio Tocantins, em Tucuruí, sudeste do Pará, tem sua capacidade geradora instalada de 8.370 MW. Seu vertedouro tem a capacidade de escoar 110.000 m³/s no período do inverno, sendo o segundo maior vertedouro do mundo. A construção foi iniciada em 24 de novembro de 1974, e sua primeira fase inaugurada em 22 de novembro de 1984 pelo presidente João Batista Figueiredo, na época com a capacidade de gerar 4000 MW, ampliada em meados de 2010 para a capacidade geradora de 8.370 MW, através de suas 25 turbinas.
Grandiosidade A Usina Hidrelétrica de Tucuruí teve os primeiros estudos de engenheiros brasileiros para aproveitamento hidrelé18 REVISTA AMAZÔNIA
trico do Rio Tocantins por volta do ano de 1957. O projeto ganhou força na década de 60 como parte de políticas do Governo Federal para o desenvolvimento e integração da Amazônia, e para atender a indústria de alumínio
gerada pelos jazigos de bauxita da região. Outro objetivo era possibilitar a navegação naquele trecho do rio, originalmente cheio de corredeiras. O projeto civil foi feito pelo Consórcio Projetista Engevixrevistaamazonia.com.br
Comportas/Vertedouros da UHE Tucuruí, com a capacidade de escoar 110.000 m³/s no período do inverno, sendo o segundo maior vertedouro do mundo
-Themag. A construção coube à Construtora Camargo Corrêa, e quebrou todos os recordes mundiais de terraplenagem, exigindo 50.223.188 m³ de escavações, 41.600.000 m³ de aterro, e 6.000.000 m³ de concreto. As turbinas e suas instalações foram projetadas na França pelo laboratório da Neyterc na cidade de Grenoble. Seis turbinas foram construídas no Brasil e as outras seis na França. A barragem de Tucuruí, de terra, tem 11 km de comprimento e 78 m de altura. O desnível da água varia com a estação entre 58 e 72 m. O reservatório tem 200 km de comprimento e 2.850 km² de área quando cheio, ou seja, 0,341 km² por MW instalado. O reservatório tem volume total de 45,5 km³ (para cota de 72 m) e volume útil de 32,0 km³. A usina está ligada à rede nacional pela linha de transmissão entre Presidente Dutra (Maranhão) e a Usina Hidrelétrica de Sobradinho, via Boa Esperança (Piauí). A Usina Hidrelétrica de Tucuruí - UHE Tucuruí é a principal usina integrante do Subsistema Norte do Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo responsável pelo abastecimento de grande parte das redes: da Celpa (no Pará), da Cemar (no Maranhão) e da Celtins (no Tocantins). Em períodos de cheia no Rio Tocantins, a Usina de Tucuruí também complementa a demanda do restante do país através do SIN. Para abrigar os operários e famílias foram criadas pela Eletronorte as vilas residenciais Pioneira, Temporária I e Temporária II. As Vilas Temporárias I e II eram construídas em madeira e incluíam, além das residências, um centro comercial com um cinema, uma Escola Infantil, um hosrevistaamazonia.com.br
Inaugurada em 22 de novembro de 1984, com a capacidade de gerar 4000 MW, ampliada em meados de 2010 para 8.370 MW, através de suas 25 turbinas
pital e um clube social. Construída anos mais tarde, em alvenaria, a Vila Permanente dispunha também de um aeroporto, um porto fluvial e um grande hospital para atendimento da população local, além dos funcionários da construção. Essas vilas eram condomínios fechados no meio da selva amazônica, com água
e esgoto tratados, ruas pavimentadas, supermercados, e escolas desde creche até o nível técnico. A partir de 1984, finalizada a primeira etapa da construção da hidrelétrica as vilas temporárias foram gradualmente desativadas, e a residências da vila pioneira foram doadas aos moradores de Tucuruí.
Vertedouro da Usina Hidrelétrica de Tucuruí REVISTA AMAZÔNIA 19
Tucuruí, 30 anos Uma história de desafios e superação
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arco da engenharia de grandes obras. Símbolo de pioneirismo no desenvolvimento da Região Norte do país. Maior usina hidrelétrica genuinamente brasileira. Fonte de energia para 40 milhões de brasileiros. São muitas as denominações que marcaram a história da Usina Hidrelétrica Tucuruí e, ao celebrar seus 30 anos de operação comercial, muitas dessas histórias foram lembradas por trabalhadores que ajudaram tornar isso tudo realidade e por aqueles que estão fazendo Usina crescer ainda mais. Para lembrar muitos desses momentos e homenagear representantes dessa grande história, os dias 24 e 25 de novembro foram de celebração para toda a Eletrobras Eletronorte. Os 30 anos da UHE Tucuruí trouxeram de volta ao empreendimento algumas das pessoas responsáveis por fazê-la realidade. Ex-gerentes das frentes de construção, expansão e operação da Usina estiveram em Tucuruí nesses dias e tiveram a oportunidade de visitá-la e rever como os traços desenhados em seus projetos estão sendo preservados, e de ver também como as ideias de planejamento e gestão contribuíram para fazer da UHE Tucuruí uma referência de qualidade dentro e fora do país. Cada um desses profissionais, independentemente do período em que esteve em Tucuruí, representa milhares de outros trabalhadores que ajudaram a erguer a Hidrelétrica. Gerente no período da construção da UHE Tucuruí, entre os anos de 1982 e 1985, Humberto Gama lembrou as emoções e as dificuldades da época e satisfação em visitar a Usina. “É uma emoção muito grande retornar à obra que, apesar dos 30 anos, ainda está jovem, bem conservada, funcionando muito bem e trazendo desenvolvimento para o país. Voltando no passado, foi uma fase difícil e trabalhosa, mas vivemos isso com muito prazer. A Eletronorte tinha e tem uma grande família, e é isso que nos impulsiona. Vejo a garra dos jovens que estão aqui e isso é muito saudável para a Empresa e para nós trabalhadores”. Atualmente, a Usina Hidrelétrica Tucuruí faz parte da Superintendência de Geração Hidráulica, formada ainda pelas hidrelétricas Curuá-Una (PA) e Samuel (RO). As três estão integradas pelo Sistema de Gestão da Geração Interligada e agora também pelas Equipes Sistêmicas, que é o programa de formação e atualização de operadores e mantenedores para atuação nas três unidades, independentemente das características das hidrelétricas. Antonio Augusto Bechara Pardauil, superintendente de
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de um trabalho que vem sendo realizado há 30 anos com muitas histórias e conquistas. Expandimos as fronteiras físicas de Tucuruí, agregando Curuá-Una e Samuel nesse mesmo processo integrado de gestão da geração. Isso é um orgulho para todos nós, porque estamos conseguindo engrandecer o trabalho dos nossos pioneiros. É essa emoção que temos diariamente que faz a diferença nas nossas conquistas, pensando sempre que o próximo dia será o primeiro de uma nova jornada de batalhas, desafios e vitórias”. A programação de aniversário contou ainda com a participação de toda a diretoria da Eletrobras Eletronorte.
30 Anos na história do Brasil e do mundo Geração Hidráulica lembrou que os 30 anos da UHE Tucuruí são importantes não somente para quem está em Tucuruí, mas para todos que passaram pela obra. “É um momento muito importante para nós. É a continuidade
A emissão de selos postais pelos Correios sempre perpetuaram datas e eventos importantes em todo o mundo. Com os 30 Anos da UHE Tucuruí não poderia ser diferente. A emissão do selo personalizado e do carimbo comemorativo alusivo à data foi feita pela Empresa Brasileira
Para o diretor-presidente, Tito Cardoso de Oliveira Neto, essa é uma obra marcada pela capacidade técnica, talento e dedicação de pessoas determinadas a levar a energia da Amazônia a todo o Brasil, com uma história de respeito ao meio ambiente e às comunidades. “Agora nós dizemos que a Hidrelétrica Tucuruí é uma usina que tem alma. E ainda mais importante que a alma, é essa força das pessoas que fazem esta Usina. Essa confiança na competência e na paixão pelo que fazem, que os leva a não considerar a geração de energia Tito Cardoso de Oliveira como limite. Com crença e dedi- Neto, diretor-presidente, da Eletrobras Eletronorte cação, vão cada vez mais longe. Vão ao meio ambiente, ao respeito com as culturas locais e isso é algo fantástico. O Brasil precisa conhecer o que se faz nessa Usina. Estar presente neste momento na condição de presidente desta Empresa, com pessoas competentes é, profissionalmente, uma das maiores alegrias que já tive na minha vida. E sou muito grato por esse momento”. revistaamazonia.com.br
Wady Charone Junior, diretor de operação, recebe o selo comemorativo
de Correios e Telégrafos, durante a Cerimônia realizada no dia 25 de novembro. Durante um mês, todas as correspondências postadas na Agência dos Correios de Tucuruí estão sendo obliteradas com o carimbo comemorativo. Depois disso, selo e carimbo passaram a fazer parte do acervo do Museu Postal e Telegráfico, em Brasília, e ficarão disponíveis aos colecionadores de peças deste tipo em todo o mundo.
30 Anos em poesia O Coral Encantos, da Eletrobras Eletronorte, também foi um dos convidados especiais para os 30 Anos da UHE Tucuruí. Presente nas comemorações pelos 10 anos da Usina, o Coral voltou neste ano para cantar, em toda a programação de Aniversário da Usina, que contou ainda com a abertura e encerramento do Seminário Interno de Casos de Melhorias da Superintendência de Geração Hidráulica – SICAM e com a inauguração da Iluminação Natalina da Vila Residencial Permanente, realizada na Praça Central da Vila. O Coral realizou ainda uma apresentação no Lar dos Idosos na cidade de Tucuruí.
A programação de aniversário contou ainda com a participação de toda a diretoria da Eletrobras Eletronorte
Hidráulica, a Eletrobras Eletronorte é agora a única estatal a ser reconhecida duas vezes pelo Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ, um reconhecimento da Fundação Nacional da Qualidade pela excelência da gestão. Em 2011 foi a primeira vez que conquistou o reconhecimento, tornando-se a primeira estatal do setor elétrico a receber o PNQ. Na edição de 2014, participaram 22 organizações, sendo 20 grandes empresas, uma de médio porte, uma sem fins lucrativos, localizadas em 15 Estados. Todas elas foram avaliadas com base no MEG e foram classificadas de acordo com a pontuação que indica o nível de maturidade da gestão, com base nas suas práticas de gestão e resultados organizacionais.
Tito Cardoso de Oliveira Neto, diretorpresidente, obliterando o selo comemorativo aos 30 Anos da UHE Tucuruí [*] Fonte: Agência Eletronorte
O caminho da excelência E no ano em que comemora suas três décadas de operação comercial a Usina Hidrelétrica Tucuruí ganhou mais um presente. Por meio da Superintendência de Geração A Eletrobras Eletronorte conquista o Prêmio Nacional da Qualidade pela segunda vez
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Na cerimônia de recebimento da premiação do Fundação Nacional da Qualidade O Coral Encantos, da Eletrobras Eletronorte, no Seminário Interno de Casos de Melhorias da Superintendência de Geração Hidráulica – SICAM
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Tucuruí terá o primeiro parque hidrocinético do Brasil
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Usina Hidrelétrica Tucuruí vai abrigar o primeiro parque hidrelétrico hidrocinético fluvial do Brasil. No último dia 3 de novembro foi realizado na Usina o I Seminário sobre Parques Hidrelétricos Hidrocinéticos Fluviais, quando a Eletronorte e a Itaipu assinaram um acordo de cooperação técnica para a instalação do parque hidrocinético no canal de fuga da Hidrelétrica e o mapeamento do potencial hidrocinético dos rios brasileiros. O superintendente de Geração Hidráulica, Antônio Augusto Bechara Pardauil, abriu os trabalhos apresentando as várias estruturas que compõem o Parque Tecnológico de Tucuruí, ressaltando a modernização do Centro Cultural e do Centro de Proteção Ambiental e ressaltando a importância do campus avançado da Universidade Federal do Pará, que hoje já conta com 1.500 estudantes. “Tucuruí e Itaipu são lugares onde as ideias podem trafegar com liberdade”, pronunciou o assessor de Energias Renováveis da Itaipu Binacional, Cícero Bley, ao apresentar o Parque Tecnológico de Itaipu e a aplicabilidade do A UHE Tucuruí vai abrigar o primeiro parque hidrelétrico hidrocinético fluvial do Brasil
No I Seminário sobre Parques Hidrelétricos Hidrocinéticos Fluviais, a Eletronorte e Itaipu assinaram acordo de cooperação técnica 22 REVISTA AMAZÔNIA
biogás e biometano na região do entorno daquela hidrelétrica, a partir do aproveitamento de dejetos de bovinos, suínos e aves. “O mérito das nossas empresas é a capacidade delas de olhar para fora e focar o desenvolvimento territorial sustentável”, afirmou Bley. Professores da UFPA, UnB e engenheiros da Eletronorte apresentaram o projeto Tucunaré, primeiro parque hidrelétrico hidrocinético fluvial brasileiro, a ser instalado a jusante de Tucuruí, para o aproveitamento das águas já vertidas ou turbinadas para gerar mais energia. Tratam-se de turbinas com capacidade de 500 kW que serão instaladas num primeiro momento entre a margem direita do Rio Tocantins e uma pequena ilha no meio do rio. As águas vertidas ou turbinadas que correm pelo canal de fuga por um longo trecho do rio têm velocidades de 1,0 a 2,5 metros por segundo, configurando-se como uma área bastante propicia ao aproveitamento hidrocinético, por reunir as condições existentes em quase todos revistaamazonia.com.br
O projeto de P&D, denominado Tucunaré
Turbinas Hidráulicas Hidrocinéticas para o aproveitamento do Potencial Remanescente em Usinas Hidrelétricas, que foi premiado pela Hydrovision Brazil 2014, concluiu que existe um potencial ainda não explorado no País, e também em todo o planeta, que é o potencial hidrocinético, ou seja, da velocidade das águas dos rios ou a energia das correntezas marítimas. Um parque hidrocinético é constituído por um conjunto de unidades hidrogeradores hidrocinéticas, que não necessitam do barramento dos rios, e geram energia elétrica apenas com a velocidade das correntezas dos rios, podendo operar flutuando. Assim como existem os parques eólicos hoje, em um horizonte não muito distante, cerca de cinco anos, o Brasil poderá contar com o primeiro parque hidrocinético fluvial que, se fosse inaugurado hoje, seria o primeiro parque hidrocinético do mundo. Daí tratar-se de uma ideia inovadora e aplicada. Segundo o engenheiro Carmo Gonçalves, responsável pela tecnologia na Eletronorte, “doravante, a Eletronorte, Itaipu, Universidade de Brasília, Universidade Federal do Pará e universidades parceiras, estarão dando continuidade a este importante projeto de pesquisa e desenvolvimento. Juntos, vamos enfrentar os desafios de implantar o primeiro parque hidrelétrico hidrocinético do Brasil, e também estabelecer critérios e plano de trabalho para elaborar o mapeamento do potencial hidrocinético fluvial brasileiro”.
os rios brasileiros. “O Brasil possui 12% da água livre do mundo e nós precisamos aproveitar essa oportunidade. A energia hidrocinética é uma declaração de amor às águas e aos povos que ainda não foram aquinhoados pelo sistema Interligado Nacional. Por isso nossa iniciativa conjunta é um bem maior para os povos ribeirinhos e para todo o País”, finalizou Cícero Bley. [*] Agência Eletronorte
Antônio Augusto Bechara Pardauil, superintendente de Geração Hidráulica, apresentando as várias estruturas que compõem o Parque Tecnológico de Tucuruí
Na solenidade do lançamento da pedra fundamental do parque hidrocinético revistaamazonia.com.br
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Eletrobras Eletronorte realiza seminário sobre usinas hidrelétricas reversíveis no Brasil por Érica Neiva Fotos: Agência Eletronorte/ Alexandre Mourão
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Seminário Técnico sobre Usinas Hidrelétricas Reversíveis no Setor Elétrico Brasileiro aconteceu recentemente na Eletrobras Eletronorte. O evento reuniu técnicos do Setor Elétrico, de empresas públicas e privadas, universidades e também fornecedores com o objetivo de retomar a discussão no sistema elétrico interligado brasileiro. O Seminário debateu, sob o ponto de vista regulatório, a viabilidade e planejamento energético para implantação das usinas reversíveis. As usinas reversíveis tiveram as suas origens na Suíça e na Itália, com a finalidade de armazenarem o excedente de energia produzido no período noturno, especialmente na madrugada. Atualmente no mundo há 127 mil MW instalados. O Seminário mostrou a experiências de países europeus como a Alemanha e a França que têm na geração de usinas reversíveis um importante aliado. Durante o evento foram debatidos os desafios e os impactos para a inserção das usinas reversíveis no Brasil, a importância da experiência mundial na instalação do empreendimento e a discussão de questões relativas ao Cédric Rogeaux, da EDF, falou sobre a experiência em UHE reversíveis, na França
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Mesa de abertura do Seminário Técnico sobre Usinas Hidrelétricas Reversíveis
levantamento do potencial e aos aspectos regulatórios e comerciais do negócio. O diretor-presidente da Eletrobras Eletronorte, Tito Cardoso de Oliveira Neto, falou da satisfação da Empresa sediar o evento. “O nosso sentimento é duplo. Um diz respeito à honra de coordenar o Seminário e o outro à alegria de receber este público em nossa Casa”. A palestra A Retomadas das Usinas Hidrelétricas Reversíveis no Brasil discutiu a experiência da Cesp, Unicamp, Unifei e Hedaidi no levantamento do potencial destas usinas no Estado de São Paulo. Foram apresentados os estudos de inventário feitos no passado, um estudo de caso e a inserção comercial destes tipos de usinas. O diretor geral do Centro de Pesquisas de Energia - Cepel, Albert Cordeiro, falou sobre o papel das usinas reversíveis no mundo. “Nos países desenvolvidos devido à forte penetração de fontes intermitentes como a solar e a eólica, a usina reversível torna-se relevante para firmar esta energia intermitente. Ela é importante em países que não possuem reservatórios. Em termos de matriz energética futura no Brasil é preciso saber qual o nível de penetração desejada das fontes intermitentes como a eólica e solar, e qual o grau de necessidade que terá de usinas reversíveis”. A importância da diversificação na matriz energética,
incluindo a inserção das usinas reversíveis, foi destacada pelo diretor de Regulação da Eletrobras, Josias Matos de Araujo. “É fundamental pensarmos em novas fontes e também num planejamento mais integrado no setor elétrico nacional. O Brasil é um país de fontes diversi-
Carmo Gonçalves coordenador do evento, destacou o importante nível técnico dos participantes revistaamazonia.com.br
ficadas: solar, hidráulica, eólica, térmica, entre outras, e precisamos integrá-las. As usinas reversíveis são um desafio, pois temos que pensar políticas públicas, marco regulatório, formação de preço, despacho e as questões ambientais”. As usinas reversíveis podem utilizar a sobra de energia gerada pelas eólicas, usinas hidrelétricas a fio d´água, e nucleares. A água que foi bombeada fica armazenada no reservatório superior para ser turbinada no novo horário de ponta do dia seguinte. O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Altino Ventura Filho, destacou o diferencial das usinas reversíveis. “As hidrelétricas convencionais geram durante quatro meses na base e no restante do ano não tem água para gerar. É importante que estas características sejam observadas no planejamento e na operação das usinas da Amazônia. É neste contexto que as reversíveis se inserem. Elas podem atuar neste momento, assegurando a energia na hora da ponta no segundo semestre do ano”.
Sérgio Zuculin, explicou que as usinas hidrelétricas reversíveis não são uma novidade no Brasil
No Brasil há duas usinas hidrelétricas reversíveis: a Usina Traição com 22 MW, capacidade de bombear 280 m3/s a 5 mca, dotadas de turbinas Kaplans e a Usina Pedreiras de 108 MW, capacidade de bombear 395 m3/s a 25 mca, dotada de turbinas Francis, ambas no Rio Pinheiros em São Paulo. “As usinas hidrelétricas reversíveis no Brasil irão contribuir para a regularização diária da ponta, e irão compensar a falta do crescimento da capacidade de armazenamento em virtude da construção de usinas hidrelétricas a fio d´água sem capacidade de armazenamento de água e, consequentemente, energia. Também irão contribuir para a regularização do SIN, em face da entrada das usinas eólicas, solares e nucleares, e podem colaborar com a otimização do uso da água para a geração de energia elétrica limpa”, afirma o coordenador do evento, Carmo Gonçalves. Mesa de encerramento do Seminário
Usinas reversíveis As usinas reversíveis utilizam turbina-bomba e normalmente possuem um reservatório maior a montante, e outro menor a jusante da casa de força. Elas operam nos horários de maior consumo de energia elétrica, turbinando água do reservatório superior para o reservatório inferior, e nos horários de menor consumo de energia, ela funciona bombeando parte da água que foi turbinada de volta para o reservatório superior para quando necessário ser novamente turbinada.
Seminário destaca experiências internacionais em usinas reversíveis O Seminário Técnico sobre Usinas Hidrelétricas Reversíveis no Setor Elétrico Brasileiro destacou-se pelo excelente nível técnico, com muitos participantes do Brasil e de outras partes do mundo. Foram discutidos os benefícios de usinas reversíveis com controle de velocidade, a experiência de fabricantes nos projetos de grupos reversíveis e de maquinários, além de experiências internacionais da Áustria, Alemanha e França. O encerramento do evento contou com uma mesa temática sobre os desafios para a inserção das usinas hidrelétricas reversíveis no setor elétrico brasileiro. A novidade sobre o tema ainda pouco discutido no Brasil chamou atenção da estudante de engenharia elétrica da Universidade de Cuiabá, Nathalia Martins, “estou aprendendo muitos assuntos que ainda não foram vistos na universidade. Vai agregar muito conhecimento da tecnologia da área de elétricas no Brasil. A grande contribuição do Seminário foi a descoberta de que quero trabalhar com usinas hidrelétricas”. As experiências internacionais em usinas reversíveis enriqueceram o Seminário em termos técnicos. O caso da EDF, maior produtora e distribuidora de energia da França, foi relatado por Cédric Rogeaux. “É importante iniciarmos um intercâmbio de ideais e experiências. As usinas reversíveis começaram a ser construídas na França, em 1976, para acompanhar o desenvolvimento nuclear, complementando-o. Agora estamos melhorando estas usinas para nos adaptarmos à demanda atual do sistema elétrico francês, tanto para estabilizar a rede como dar potência numa grande rapidez”. O engenheiro da Companhia Energética de São Paulo - Cesp, Sérgio Zuculin, explicou que as usinas hidrelétricas reversíveis não são uma novidade no Brasil. “Este tema já foi abordado no passado, inclusive, com estudos de inventário. Agora é importante retomarmos este conceito de usina devido à nova configuração do sistema, com a chegada de usinas solares e eólicas. As usinas reversíveis conseguem ajudar na inserção destas fontes intermitentes, contribuindo para a regularização do Sistema Interligado Nacional”. O coordenador do evento, Carmo Gonçalves, destacou o importante nível técnico dos participantes, o compartilhamento de experiências internacionais e desdobramento do Seminário: “a participação coletiva vai possibilitar a elaboração de uma carta de intenções. Será também formado um grupo de estudos com a participação público-privada”. revistaamazonia.com.br
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O relatório GLAAS da ONU coordenado pela OMS 748 milhões de pessoas não têm acesso a água potável no planeta
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m total de 748 milhões de pessoas não tem acesso a água potável de forma sustentada em todo o mundo e calcula-se que outros 1,8 bilhão usem uma fonte que está contaminada com fezes, segundo relatório divulgado hoje (19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O estudo mostra que 2,5 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento adequado e que 1 bilhão defecam ao ar livre, nove em cada dez, em áreas rurais. Os dados constituem as principais conclusões do relatório Glaas 2014, estudo feito a cada dois anos pela OMS cujo título, este ano, é Investir em água e saneamento, aumentar o acesso e reduzir as desigualdades. O texto informa que o acesso a água potável e ao saneamento adequado tem implicações num amplo leque de aspectos, desde a redução da mortalidade infantil, passando pela saúde materna, o combate às doenças infecciosas, a redução de custos sanitários e no meio ambiente. O estudo mostra que, nas duas últimas décadas, 2,3 bilhões de pessoas conseguiram ter acesso às fontes de águas melhoradas. No mesmo período, o número de mortes de crianças devido às doenças diarreicas – relacionadas com o saneamento precário – caiu de 1,5 milhão em 1990 para 600 mil em 2012. “Claro que podemos dizer que se melhorou muito, mas 600 mil crianças continuam a ser um número muito elevado”, disse, em entrevista, Maria Neira, diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS. Segundo dados da OMS, se o acesso a água potável fosse melhorado e se fossem implementados serviços de saneamento adequado, as mortes por diarreia poderiam ser reduzidas em cerca de 70%. O estudo calcula que a cada dólar investido em serviços de água e saneamento pode-se obter um retorno de 4,3 dólares, com a redução dos custos de saúde, o aumento da produtividade no trabalho e a criação de novos empregos em indústrias relacionadas com a gestão de resíduos. “A água e o saneamento são temas básicos de direitos
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Relatório Glaas 2014 – Investimento em Água e Saneamento: Aumentar o acesso, reduzir as desigualdades. Análise global e Avaliação de Saneamento e Água Potável
humanos e têm um componente de gênero essencial. No mundo são, majoritariamente as meninas que vão bus-
car água, o que as impedem muitas vezes de frequentarem à escola”, disse Maria Neira. revistaamazonia.com.br
● ● , Sim, tanto para urbana como saneamento rural ● ●
● ●
Sim, para o saneamento urbano somente
●
NOT APPLICABLE
Sim, para saneamento rural somente
Não
Em desenvolvimento
Dados não disponíveis
Não se aplica
Mapa indicando a existência de estratégias de recursos humanos na área de saneamento YES, FOR BOTHÁgua WATER AND SANITATION ● Sim, ● para e Saneamento YES, WATER ONLY Água somente ● Sim, ●
Por consumir água não tratada e, muitas vezes fortemente poluída, quase 4 milhões de pessoas morrem a cada ano de doenças relacionadas com a água. Quase dois milhões delas são crianças. Bem mais de 400 milhões de dias escolares são perdidos a cada ano devido a doenças relacionadas com a água.
YES, SANITATION ● DATA NOT AVAILABLE Sim,ONLY só saneamento NO
●
NOT APPLICABLE
Dados não disponíveis Não aplicável
Países que reconhecem o direito humano à água e ao saneamento em Constituição ou Lei
MORE THAN 75% OF IN BOTH URBAN AND RURAL 50% NEEDED FOR URBAN OR RURAL para urbano ● Mais ● LESS THANMenos ● DATA NOT de 75% doWHAT queIS éNEEDED necessário urbanas e rurais de 50% necessários ouAVAILABLE rural Dados não disponíveis MORE THAN 75% OF IN URBAN OR RURAL 50% NEEDED FOR BOTH URBAN AND RURAL ● Mais ● LESS ● NOT APPLICABLE de 75% doWHAT queIS éNEEDED necessário em áreas urbanas ouTHAN rurais Mais de 75% do que é necessário em áreas urbanas ou rurais Não aplicável e 75% queISéNEEDED necessário BETWEEN50% 50% AND 75% do OF WHAT ● Entre
Existe suficiência de recursos financeiros para cumprir as melhorias sanitárias e cumprir as metas dos ODM?
Toda Água no Mundo Toda Água potável Água nos Lagos e Rios
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Não
Água potável Noventa e sete por cento da água do mundo é salgada ou de outra forma, não potável. Outros 2 por cento estão em calotas polares e geleiras (embora o aquecimento global está mudando isso). Isso tudo, deixa apenas 1 por cento para o consumo de todos os seres vivos, incluindo plantas e animais. REVISTA AMAZÔNIA 27
Um bilhão de pessoas no mundo ainda vivem sem sanitários 2,5 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento adequado e que 1 bilhão defecam ao ar livre, nove em cada dez, em áreas rurais
Michel Jarraud, encarregado da Água na ONU e secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), durante a apresentação do relatório GLAAS 2004
Cerca de um bilhão de pessoas ainda não têm acesso a sanitários, o que representa um risco potencial para a propagação de doenças, como demonstrou a disseminação da febre hemorrágica do vírus Ebola, destaca o relatório GLAAS da ONU coordenado pela OMS. Na Nigéria tem havido apelos à população para que evite a prática de defecar ao ar livre pelo temor de que o vírus se propague pelos líquidos humanos, indicou a Organização Mundial da Saúde. Na Libéria, o país mais afetado pela epidemia, cerca da metade dos 4,2 milhões de habitantes não utilizam sanitários. Em Serra Leoa, outro país castigado pelo Ebola, a proporção é estimada em 28% da população. Embora tenha havido progressos no acesso à água potável 28 REVISTA AMAZÔNIA
748 milhões de pessoas não têm acesso a água potável no planeta
e aos sanitários, o relatório GLAAS destaca que “a falta de financiamento continua a limitar estes avanços”. Na África subsaariana, onde 25% da população defeca ao ar livre, estimativas indicam que uma criança morre a cada dois minutos e meio, após ingerir água não potável ou como consequência da falta de sanitários e de higiene. Deste bilhão de pessoas sem acesso a sanitários, 825 milhões se concentram em apenas dez países, cinco deles na Ásia, sendo que a Índia aparece na liderança, com 597 milhões de pessoas, seguida de Indonésia, Paquistão, Nepal e China (10 milhões). Na África, além da Nigéria
(39 milhões), completam a lista Etiópia, Sudão, Níger e Moçambique (10 milhões). “É tempo de agir (...) Nós não sabemos ainda qual será a agenda para o desenvolvimento sustentável após 2015, mas nós sabemos que a água e os sanitários devem ser prioridades claras, se quisermos criar um futuro que permitirá que todos se beneficiem de uma vida sadia, digna e próspera”, destacou, durante a apresentação do relatório GLAAS, Michel Jarraud, encarregado da Água na ONU e secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM). revistaamazonia.com.br
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LIS – Lideranças Inovadoras para Sustentabilidade O evento de lançamento reuniu mais de 100 executivos, acadêmicos, lideranças empresariais e outros interessados, os quais conheceram, em primeira mão, a proposta do programa de especialização em inovação e sustentabilidade, e tiveram acesso aos dados do período 2013 – 2014 relacionados aos 15 Desafios Globais Fotos: Divulgação
Transformações individuais, e vivências que estimulem descobertas O Programa LIS – Lideranças Inovadoras para a Sustentabilidade foi concebido em parceria pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), uma das mais tradicionais universidades do país e da América Latina, pesquisadores em educação para a sustentabilidade do NEF - Núcleo de Estudos do Futuro e a Cátedra Ignacy Sachs. Dirigido aos profissionais de diversos setores, a sua proposta pedagógica oferecerá ao participante a possiblidade de vivenciar diversas dinâmicas de aprendizagens, por meio de saberes distintos, de descobertas coletivas e compartilhadas. Para Arnoldo de Hoyos, fundador do NEF – Núcleo de Estudos do Futuro, “O LIS foi concebido nos mesmos princípios, valores e na visão humanista defendida e praticada pela PUC-SP, os quais também norteiam as atividades do NEF e da Cátedra Ignacy Sachs. Juntas, essas iniciativas educacionais contribuem para a formação de cidadãos comprometidos com a construção de um mundo mais equilibrado nos aspectos social, ambiental e econômico”. Constata-se que o mundo está em um rápido processo de transformação, em que governos buscam (re)construir um ambiente global sustentável; os cidadãos vivem hoje em estado de alerta; as cidades enfrentam uma crescente escassez de recursos naturais, urbanização desenfreada, crises sociais e econômicas provenientes das mudanças climáticas; os consumidores mais informados, conectados e conscientes, exigem melhores serviços e produtos das empresas; e as lideranças empresariais co30 REVISTA AMAZÔNIA
No pré-lançamento do Programa LIS – Lideranças Inovadoras para a Sustentabilidade. Da esquerda para a direita: Susana Leal, Marcio Waked, João Monteiro, Cristiane Feliz e Arnoldo de Hoyos
meçam a enxergar a necessidade de serem mais resilientes e de adquirirem novas competências para este novo ambiente. “Nesse contexto, o LIS visa ser um espaço que ofereça condições para emergir em cada participante a consciência e o compromisso de lidar com os desafios e as oportunidades desse nosso tempo”, ressaltou Susana Leal, mestra em educação para a sustentabilidade pela Playmouth University, membro do GT de Educação do Observatório do Recife e participante do grupo de pesquisadores do NEF que idealizou o Programa. O LIS nasce de uma experiência com lideranças empresariais realizada em Pernambuco, o programa LIDERA - Lideranças Empresariais para um Nordeste Sustentável, realizado desde 2005 com um histórico bem-sucedido de 4 edições pelo Instituto Ação Empresarial pela Cidadania de Pernambuco. Marcio Waked, empresário-parceiro e um dos idealizadores desta iniciativa, destacou: “Fundei a Bio Fair Trade no período na minha participação
do LIDERA com o objetivo de promover comércio justo, dignidade e autoestima aos artesões brasileiros, através de uma plataforma de comercialização que vende os seus produtos para redes de lojas da Europa, gerando, até agora, mais de R$ 4 milhões de renda. Sinto-me honrado em ter vivido aquela experiência, que me impulsionou a empreender de forma mais consciente em relação aos compromissos econômicos e socioambientais do meu negócio e como ele pode impactar positivamente o meu país, o nosso povo e a nossa cultura”. Nesse cenário desafiador em que vivemos, é vital estabelecer novos paradigmas de pensamento, de consciência e de práticas nas decisões empresariais, os quais possibilitem a criação de negócios economicamente viáveis, social e ambientalmente sustentáveis para o Brasil e para o Planeta. “Essa busca passa por processos de transformações individuais, em vivências que estimulem descobertas, e que instiguem o autoconhecimento; faça com revistaamazonia.com.br
Durante o prélançamento
Rosa Alegria, Vice-Presidente do NEF – Núcleo de Estudos do Futuro e diretora do Projeto Millennium no Brasil, responsável pela síntese do relatório
que cada participante descubra seus desejos, objetivos, momentos de vida, a fim de mudar a realidade própria e de fazer escolhas que possam impactar a coletividade e a construção do bem comum”, salientou João Monteiro, professor e pesquisador da Cátedra Ignacy Sachs, pesquisador do (NEF – Núcleo de Estudos do Futuro e um dos coordenadores do LIS. O pré-lançamento do LIS contou com a parceria do Instituto C&A, entidade reconhecida pelo seu compromisso com a educação, representado por Cristiane Felix, Coordenadora de Programas. “Para nós inovação e sustentabilidade estão relacionadas a processos provocativos, os quais permitam compartilhar aprendizados e participar de dinâmicas colaborativas. Defendemos o aprender todos juntos: alunos, professores, parceiros. São oportunidades muito valiosas para uma organização global como a C&A, empresa com mais de 160 anos, que vive e se relaciona diariamente com pessoas de países e de culturas tão diversas, e que tem a sustentabilidade no cerne de sua missão”, destacou. Susana Leal, no lançamento do relatório O Estado do Futuro 2013/2014, um mundo em transformação
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Como estamos e para onde vamos No segundo momento do encontro foram divulgados os principais desafios do Estado do Futuro, iniciativa que integra estudos de grande impacto sobre a humanidade e o Planeta, e que tem sido atualizado, desde 1996, pelo Projeto Millennium, a maior rede de pesquisa a respeito do futuro. Rosa Alegria, Vice-Presidente do NEF – Núcleo de Estudos do Futuro e diretora do Projeto Millennium no Brasil, responsável pela síntese do relatório, revelou os principais destaques da edição que cobrem o período 2013 – 2014, lembrando quais são os 15 Desafios Globais: mudanças climáticas, água, população e recursos, democracia, longo prazo e decisão, convergência das Tecnologias de Comunicação e de Informação, exclusão social, saúde, educação; paz e conflito, a condição da mulher, crimes transnacionais, energia, ciência e tecnologia, ética global.
A humanidade tem avançado em qualidade de vida, em parte devido ao desenvolvimento de tecnologias, porém às custas do meio ambiente. Os níveis de água subterrânea caíram em todos os continentes, as geleiras estão derretendo, os recifes de corais morrendo, a acidez dos oceanos é crescente a cada década, as zonas mortas dos oceanos duplicaram desde a década de 1960, e a metade do solo arável no mundo foi destruído. No campo socioeconômico, constatou-se que a concentração de renda aumentou, porém, a taxa de mortalidade infantil caiu em 47% desde 1990, a extrema pobreza do mundo em desenvolvimento foi de 50% em 1981, para 21% em 2010 (e o Brasil teve um papel importante nesta redução), assim como também houve melhorias em relação à taxa de conclusão do ensino primário que aumentou de 81% em 1990 para 91% 2011. Após 17 anos de monitoramento contínuo das mudanças globais, verifica-se que a humanidade tem recursos e ideais para superar seus desafios, entretanto os fatos demonstram que não há liderança, políticas e gestão em escala necessária para atuar com respostas rápidas que essas crises graves e sistêmicas requerem, e assegurar um futuro melhor para todos. O relatório aponta caminhos para que esse futuro melhor seja criado.
Objetivos do LIS:
* Estabelecer novos paradigmas de pensamento, consciência e práticas nas decisões empresariais; * Estabelecer maior relação entre inovação, desenvolvimento sustentável e o futuro dos negócios; * Construir um conjunto de conhecimentos, habilidades e valores que preparem líderes inovadores, empreendedores e dialógicos; * Empreender negócios economicamente viáveis, social e ambientalmente sustentáveis para o Brasil e para o planeta.
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3 GF – Fórum Global de Desenvolvimento Sustentável 2014 The Global Green Growth Forum (3GF): Mudando Padrões de Produção e Consumo por Meio de uma Ação Transformadora
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a semana em que o Conselho da União Europeia decide sobre as metas do clima e energia para os países europeus nos próximos dez anos, cerca de 300 líderes de alto nível estiveram reunidos em Copenhague, capital da Dinamarca, para a quarta edição do Fórum Global de Desenvolvimento Sustentável (3GF). O tema este ano foi Mudando Padrões de Produção e Consumo por Meio de uma Ação Transformadora Criado em 2011, o fórum conta com a parceria de seis governos: Dinamarca, China, México, Etiópia, Quênia e Catar. Grandes empresas multinacionais, como Hyundai, Samsung e Siemens também são parceiras, além de organizações como a Agência Internacional de Energia (IEA, a sigla em inglês), o Pacto Global das Nações Unidas e a Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial (IFC, da sigla em inglês). Na abertura do evento a primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, enfatizou a importância do fórum como um espaço de debate entre governos e iniciativa privada na busca de parcerias e políticas globais que garantam o desenvolvimento sustentável. Ela convocou os líderes presentes a “tomar as decisões certas, que garantam um futuro de oportunidades para as próximas gerações”. O diretor-geral de Questões Globais do Ministério de Relações Exteriores do México, Roberto Dondisch, lembrou
Helle Thorning-Schmidt, primeira-ministra da Dinamarca, abrindo a conferência
Ainda na abertura do Fórum Global de Desenvolvimento Sustentável (3GF)
Torben Möger Pedersen, falando sobre os investimentos em crescimento verde 32 REVISTA AMAZÔNIA
que na 21ª Conferência do Clima (COP 21), a se realizar em dezembro de 2015, em Paris, as nações discutirão os termos de um novo acordo climático global. “A cooperação entre nações desenvolvidas e nações em desenvolvimento, agora, é fundamental para a construção de políticas sustentáveis no futuro. Queremos aprimorar a nossa sinergia agora”, afirmou. Também citando a COP
21, o subchefe da Administração Nacional de Energia da China, Liu Qi, destacou a importância da construção de uma economia global de baixo carbono, com a redução da emissão de gases de efeito estufa. O fórum contou com plenárias, seções temáticas especiais e rodadas de conversação entre governos e iniciativa privada. Os participantes conheceram projetos bemrevistaamazonia.com.br
Vencedores de projetos bem-sucedidos de cidades sustentáveis foram premiados Cerca de 300 líderes de alto nível reunidos em Copenhague
Roberto Dondisch, diretor-geral de Questões Globais do Ministério de Relações Exteriores do México: “A cooperação entre nações desenvolvidas e nações em desenvolvimento, agora, é fundamental para a construção de políticas sustentáveis no futuro”
O marco regulatório busca incluir os países da União Europeia entre as economias de baixo carbono, tornando, com isso, o sistema energético do bloco econômico mais competitivo, seguro e sustentável. Além da meta de reduzir em 40% a emissão de gases de efeito estufa em 15 anos, o plano prevê a ampliação, em 27%, do consumo de energias renováveis, o aumento da eficiência energética das empresas em no mínimo 30% e reformas no sistema de emissões de créditos de carbono, para torná-lo mais eficaz.
-sucedidos de cidades sustentáveis e discutirão com consumidores de classe média dos países parceiros, convidados pela organização do evento, sobre como atender as expectativas dos cidadãos sem comprometer as oportunidades para as futuras gerações. Um dia depois do encerramento do 3GF, o Conselho da União Europeia decidirá se aprova o pacote de medidas
sobre Clima e Energia 2030. O marco regulatório, que foi apresentado pela Comissão Europeia em janeiro, tem como meta principal reduzir em 40% (em relação a 1990) a emissão de gases de efeito estufa até 2030. Outro objetivo é diminuir a dependência energética da Europa, que importa mais de 50% da energia que consome.
Plenária final – Caminhos de crescimento verde para o futuro
Receptivo em Manaus Reservas de hotéis Passeio de lancha para o encontro das águas Traslado para o aeroporto City tour
Presidente Figueiredo Mergulho com botos Ritual indígena Aluguel de veículos
Olimpio Carneiro olimpio.carneiro@hotmail.com (92) 9261-5035 / 8176-9555 / 8825-2267 revistaamazonia.com.br
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Líderes europeus reunidos em Bruxelas chegam a acordo sobre combate às alterações climáticas UE aceita reduzir emissões em 40% até 2030
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oi pelo Twitter que Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, anunciou que havia “fumo branco”: os líderes dos 28 países da União Europeia chegaram a acordo para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 40% até 2030 em relação aos níveis de 1990. A União Europeia é o primeiro grande emissor mundial a firmar posição antes da reunião da ONU para discutir as mudanças climáticas em Paris, no fim de 2015. Rompuy revelou ainda que se chegou a consenso em relação a outras duas metas: subir a fasquia das renováveis para 27% da energia consumida (objetivo vinculativo à escala europeia, mas não em cada país) e melhorar a eficiência energética em 27% (um objetivo indicativo e cuja meta inicial era de 30%). Chegar a um entendimento foi complicado, como fica evidente pelo fato do acordo ter sido anunciado já depois da meia-noite, após oito horas de discussões duras em Bruxelas. A chanceler alemã Angela Merkel disse que o acordo garante que a Europa seja um “importante player” em futuros acordos internacionais sobre o clima. “É um acordo ambicioso para o planeta. A Europa dá o exemplo”, congratulou-se o Presidente francês, François Hollande, que à chegada à cimeira tinha deixado uma questão: “Se não houver um acordo em Bruxelas entre os países que estão mais na frente nesta matéria, como iremos convencer os chineses, os norte-americanos ou os países mais pobres?”. Paris acolhe em Dezembro do próximo ano a cimeira na qual as Nações Unidas esperam alcançar um novo acordo climático, depois da tentativa falhada de 2009 em Copenhague.
“São boas notícias para o clima, a saúde dos cidadãos, as conversações internacionais Paris 2015, empregos sustentáveis, segurança energética e competitividade”, escreveu, por sua vez, Rompuy no Twitter, sublinhando que o objectivo de todo esforço “é, um última análise, a sobrevivência”. A União Europeia, responsável por cerca de um décimo das emissões de gases com efeito de estufa, tem feito mais do que os seus congéneres para reduzir a sua pegada. Cumpriu já a meta que previa uma redução de 20% das emissões até 2020, mas os ambientalistas temem que as cedências feitas em nome do consenso a desviem de objetivos mais ambiciosos – os especialistas europeus sublinham que é necessário reduzir as emissões em pelo menos 80% até 2050 (em relação aos níveis de 1990) para que a temperatura média na Terra não suba mais do que 2ºCelsius. “Pusemos em pé um quadro decisivo para dar à Europa uma voz nas negociações internacionais sobre o clima”, afirmou no final a chanceler alemã, Angela Merkel, enquanto o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, desafiou as “outras grandes economias a juntarem-se à UE na definição de compromissos ambiciosos” na cimeira climática de Paris em 2015. Enquanto isso, na Rússia, a cooperação é difícil por causa dos fortes conflitos nas escolhas energéticas. A crise econômica prolongada na Europa tem reduzido os financiamentos para projetos verdes. Além disso, o crescimento de tecnologias para explorar o gás de xisto, que é mais barato, prejudicou as perspectivas de algumas alternativas renováveis.
Líderes europeus reunidos em Bruxelas
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A sustentabilidade e Jorge Gerdau Fotos: Anna Quast e Ricky Arruda Fotografia
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urante a última edição do Like The Future, evento realizado pelo Lide Futuro, presidido por Patrícia Meirelles, um dos empresários mais premiados País, Jorge Gerdau, presidente do Conselho de Administração da Gerdau, empresa com presença industrial em 14 países, compartilhou um pouco da sua vasta experiência aos participantes presentes ao evento. Após anos de trabalho, o líder revelou os três pilares que considera importantes para o sucesso de qualquer empresa: valores, sustentabilidade e a satisfação dos stakeholders. Segundo ele, a conexão destes elementos é decisiva para uma companhia atingir o seu auge. “A Gerdau, que já se tornou uma empresa centenária, está onde está hoje após muito trabalho e respeito. Nosso sonho é conquistar mais cem anos, sempre caminhando orientados pelos nossos valores”. Dentre estes pilares, o empresário reforçou a importância da sustentabilidade cultural e política para construir o processo operacional da sustentabilidade integrada nas empresas. “Se os empreendedores não derem a devida importância a este tema, certamente criarão um ruído empresarial bastante negativo”, disse. Gerdau foi muito enfático sobre a importância da sustentabilidade. Ele alertou que um dos grandes desafios do Brasil é retomar a taxa de crescimento satisfatório em di-
Jorge Gerdau no Like The Future: “A prática da sustentabilidade nos torna mais competitivos e reafirma o nosso respeito e a nossa responsabilidade com as gerações futuras.”
versos âmbitos. “Se não tivermos crescimento econômico teremos todo potencial para não ter sustentabilidade social”, e completou “saúde, educação, mobilidade urbana e investimentos em infraestrutura só serão atendidos se alinhados com os fatores ligados à sustentabilidade”. Inovação foi outro ponto abordado por Gerdau, que diz ser determinante para a perspectiva de futuro da orga-
O principal agente social de mudança é o empresário, e o desafio não é ser o maior, mas sim ser o melhor revistaamazonia.com.br
nização. Para ele, todo processo de desenvolvimento econômico está diretamente ligado à inovação aliado ao empreendedorismo. Ele aconselha que a inovação seja trabalhada como um sistema. “É preciso colocar em prática todas as ideias e investir em inovação na gestão, nos negócios, nos processos e no produto”, disse. Admirado por muitos empresários brasileiros, o líder falou também sobre três tipos de responsabilidades que o empresariado precisa ter: responsabilidade profissional, responsabilidade com a comunidade e, segundo ele, a mais importante: responsabilidade institucional. “Ser responsável é fundamental, mas se a sociedade civil não apresentar uma solução plausível, não conseguiremos atingir resoluções satisfatórias. Sem pressão da sociedade civil, nós não conseguimos vencer nenhum processo”. Gerdau iniciou finalizou sua apresentação dizendo se sentir orgulhoso por ser empresário. “O principal agente social de mudança é o empresário, e o desafio não é ser o maior, mas sim ser o melhor”. Ao final da apresentação, Gerdau, eleito o empresário mais admirado pelos jovens do Lide Futuro recebeu das mãos de João Doria Jr., presidente do Lide, um troféu representando o mapa do Brasil, por toda sua trajetória e experiência social e econômica positiva para o Brasil. REVISTA AMAZÔNIA 35
99% das empresas já inserem a sustentabilidade em suas práticas e gestão, mostra pesquisa da Amcham 34% dos entrevistados afirmam incorporar o tema nos processos de gestão e 26% nas estratégias do negócio
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esquisa realizada pela Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio) recentemente com 105 profissionais de diversos setores, mostra que 99% das empresas já inserem a sustentabilidade em suas práticas e gestão. As questões foram respondidas durante o 2º Seminário de Sustentabilidade da Amcham, em São Paulo. Dos participantes, 34% afirmam incorporar o tema nos processos de gestão e 26% nas estratégias do negócio. Outros 21% dizem adotar políticas e procedimentos para atender à legislação, como um custo para fazer negócios, e 18% já influenciam na mobilização para um amplo envolvimento do mercado nas questões de sustentabilidade. Apenas 1% dos entrevistados diz ainda não inserir o tema em suas práticas e responsabilidades. “Podemos ver como o tema da sustentabilidade vem evoluindo dentro das empresas e contribuindo para o desenvolvimento delas. Se fizéssemos essa pesquisa há 10 anos, veríamos a maioria das companhias negando a sustentabilidade ou adotando práticas para atender à legislação”, diz Daniela Aiach, diretora de Sustentabilidade da Amcham. Entre os principais benefícios citados estão o estímulo à cultura de inovação e visão de longo prazo (33%); maior eficiência na gestão e redução de riscos (32%); o senso de orgulho junto ao público interno e melhoria do clima organizacional (21%); melhoria da imagem e reputação (14%); e acesso a mercado, crédito e financiamentos (1%).
Pesquisa mostra que 99% dos empreendimentos incorporam o tema sustentabilidade nas estratégias do negócio stentabilidade da
Principais desafios Na pesquisa, 25% dos respondentes disseram que o descompromisso de executivos é o principal desafio para o avanço da sustentabilidade nas empresas. A falta de visão e comprometimento da alta liderança (conselheiros, CEO, acionistas e diretores) vêm em segundo lugar, com 14%. 36 REVISTA AMAZÔNIA
Se fizéssemos essa pesquisa há 10 anos, veríamos a maioria das companhias negando a sustentabilidade ou adotando práticas para atender à legislação, diz Daniela Aiach, diretora
Para 25%, a maior barreira é a falta de incentivos de mercado (clientes, fornecedores e consumidores), crédito e financiamentos que estimulem a gestão para a sustentabilidade. “O mercado não está fechado para a sustentabilidade, mas é preciso incentivar a capacitação dos fornecedores e stakeholders para que possam atender às novas demandas das empresas por operações mais sustentáveis”, explica Daniela. Além disso, 17% afirmam que dificuldades com o resultado financeiro não permitem avanço com o tema. E 19% destacam também a falta de incentivos governamentais. “A sustentabilidade não é prioridade para o governo e todos os processos que envolvem o tema, como aprovação e regulamentação de produtos mais sustentáveis, são muito burocráticos”, diz. revistaamazonia.com.br
Na abertura da V Mostra de Inovação Tecnológica em Sustentabilidade
Mostra de Inovação Tecnológica e Sustentabilidade movimentou Universidade São Judas Durante três noites, mais de 160 alunos expuseram seus trabalhos e mostraram como podem contribuir com ideias novas e sustentáveis
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Faculdade de Tecnologia e Ciências Exatas da Universidade São Judas promoveu recentemente, na unidade Mooca, zona leste de São Paulo, a V Mostra de Inovação Tecnológica em Sustentabilidade. O evento contou com apresentações sobre os Trabalhos de Conclusão de Curso de Graduação (TCCs) de alunos dos cursos de Engenharia Civil, Elétrica, da Computação e Mecânica, Sistemas de Informação, Ciência da Computação e, também, de Design e Direito, com temas que mereceram comentários individuais e detalhados. Ao todo, o evento envolveu diretamente 148 alunos concluintes e 13 iniciantes. Além das apresentações orais, foram exibidos pôsteres no saguão do Auditório do Térreo, reforçando a qualidade e o envolvimento dos professores
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orientadores e dos alunos. “Notamos, principalmente, a atenção dos orientadores e dos alunos não somente com a inovação tecnológica e com a sustentabilidade, mas também com o bem comum, com a acessibilidade, com o estudo e aplicação das formas da natureza, com a vida e com a qualidade de vida de nossos semelhantes”, destaca o professor Luiz Alexandre Aleixo, organizador da mostra.
Sobre a Universidade São Judas Fundada em 1971, a Universidade São Judas é uma das mais reconhecidas instituições de ensino superior do País. Em todos os programas de avaliação já implantados pelo MEC, sempre conquistou excelentes resultados e
reconhecimento público de seu compromisso com uma educação séria e de qualidade. A São Judas conta com duas unidades na capital paulista - Mooca e Butantã -, onde oferece ensino completo, incluindo o centro de Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu, laboratórios, centros de pesquisa, escritórios e clínicas que permitem desenvolver quase 20 diferentes iniciativas gratuitas de saúde e prestação de serviços à comunidade, com ações culturais, sociais e desportivas. O corpo docente da Universidade São Judas é composto por mais de 90% de mestres e doutores. Ao todo, são aproximadamente 26 mil alunos, 700 professores e 500 colaboradores que constroem uma história de sucesso, confiantes na construção de um Brasil melhor por intermédio da educação.
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Exposibram Amazônia 2014
Mineração deve investir US$ 46 bi na região Norte até 2018 Cerimônia de abertura da exposição Internacional de Mineração da Amazônia Exposibram Amazônia 2014
Fotos: Fernando Nobre e Sidney Oliveira/ Ag. Pará, Led Produções
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abertura da Exposição Internacional de Mineração da Amazônia e do 4º Congresso de Mineração da Amazônia, contou com a participação do embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Bon-woo Koo, do vice-governador do Pará, Helenilson Pontes, do presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Fernando Coura, do presidente do Sindicato das Indústrias Minerais do Estado do Pará (Simineral), Fernando Gomes Jr, do presidente da Assembleia Legislativa do Pará, deputado Márcio Miranda, da desembargadora do Tribunal de Justiça do Pará, Odete da Silva Carvalho, do deputado federal de Minas Gerais e relator do novo marco da mineração, Leonardo Quintão, dos senadores eleitos pelo Pará, Paulo Rocha, e o do estado do Amapá, Davi Alcolumbre; de Carlos Nogueira da Costa Júnior, secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energias, além de autoridades e empresários do Brasil e do Estado, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia. O diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), José Fernando Coura, informou durante a abertura da Exposibram Amazônia 2014, que a região Norte deverá receber, até 2018, investimentos na ordem de US$ 46 bilhões Para o vice-governador Helenilson Pontes, o grande de-
safio é fazer com que todos os frutos da atividade minerária sejam revertidos em melhores condições de vida e transformação social no Pará. Ele destacou que cada vez mais a balança comercial do Brasil depende das exportações realizadas pelo Pará. “Enquanto o Brasil começa a gerar déficit nós continuamos aumentando nosso superávit”, destacou. Para Helenilson, é preciso que o setor mineral, o Governo do Estado e Governo Federal trabalhem juntos para que os frutos da mineração se convertam em melhora das condições de vida da população brasileira. “É necessário que o novo marco regulatório da mineração seja aprovado e uma nova Lei de Tributação que não afugente
EXPRESSO VAMOS + LONGE POR VOCÊ ! 38 REVISTA AMAZÔNIA
novos empregos e novos investimentos seja aplicada”, comentou. Helenilson também destacou que a mineração está formalmente presente em 55 municípios paraenses, com 170 minas ativas. Até 2030, o Pará terá frentes de lavra em mais de 80 cidades e mais de 230 minas. O Pará também contará com o maior projeto de mineração do mundo: Ferro Carajás S11D, da mineradora Vale. O S11D é um complexo minerário na região da Serra dos Carajás, situado no município de Canaã dos Carajás. O secretário Especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção, David Leal, explicou que o Governo do Estado tem realizado investimentos
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Opinião dos experts
Dos US$ 15,8 bilhões em exportações totais do Pará em 2013, as indústrias de mineração e transformação mineral responderam por 88% deste valor
que buscam fazer do Pará o primeiro estado minerador do País, lugar hoje ocupado pelo estado de Minas Gerais. “Para isso realizamos investimentos em infraestrutura, como os cerca mil quilômetros de vias pavimentadas, principalmente nas regiões sul e sudeste do Estado, local de desenvolvimento da mineração no Estado”, ressaltou. Para o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB/MG), relator do projeto do novo Código de Mineração, que tramita desde o ano passado no Congresso Nacional, disse que dois assuntos despontam hoje como desafios para a mineração no Brasil – a queda dos preços das commodities minerais no mercado internacional e a necessidade se fazer uma melhor distribuição das riquezas geradas pela exploração dos minérios.
Segundo o diretor de assuntos ambientais do Ibram, Rinaldo Mancin “O momento atual da economia mineral não é dos mais favoráveis. Vivemos alguns momentos de incerteza. Mas muitos investimentos estão mantidos. Alguns bilhões estão sendo investidos aqui no Estado. São investimentos expressivos. Cada emprego direto gera outros três indiretos. De forma que o setor está contribuindo para a geração de empregos qualificados. O Pará é uma das maiores províncias minerais do País. É impressionante a capacidade do Pará em relação as descobertas geológicas. Acreditamos que muito em breve o Pará será o destino prioritário para investimento em mineração. O estado é gigantesco e há muito a ser pesquisado do ponto de vista geológico”, afirmou. “O Ibram faz a discussão sempre com viés de sustentabilidade. Buscamos sempre trazer temas associados com a agenda do mundo sustentável e relacionados com a Amazônia. O setor vem se posicionando cada vez melhor no ponto de vista do desempenho ambiental, as empresas associadas ao Ibram são empresas de alto desempenho, com ações comercializadas nas bolsas de valores. Diversos investimentos estão previstos para a região e o viés sustentabilidade faz parte da estratégia. Estamos a postos e entendemos que a sustentabilidade é um aliado
Helenilson Pontes ressaltou que é preciso que o setor e os Governos do Estado e Federal trabalhem juntos para que os frutos da mineração se convertam em melhora das condições de vida da população brasileira
Carlos Nogueira da Costa Júnior, secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energias
Autoridades de diversas partes do País prestigiaram a abertura oficial da Exposibram Amazônia 2014
Radiocomunicação
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José Fernando Coura, presidente do Ibram, apresentou os dados sobre investimentos nos próximos anos
A ÚNICA REVENDA PLATINUM DO NORTE DO PAÍS. VENDA - LOCAÇÃO - ASS. TÉCNICA
da estratégia para competição da mineração brasileira”, finalizou Rinaldo Mancin. Augusto Mendonça, geólogo e PhD em Economia Mineral pela Colorado School os Mines, ressaltou que o Pará está em posição vantajosa em relação a outros locais de vocação mineral. “O potencial geológico é o único item que não pode ser mudado, e isso o Estado tem de sobra. Carajás é uma das minas mais competitivas do mundo”, disse. Ele elogia a política de investimentos em infraesTM
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O senador eleito Paulo Rocha com José Fernando Coura, presidente do Ibram
Yuri e Hérycles Horiguchi, Rodrigo Hühn, Ana Lacerda e Walmor Costa no estande da Amazônia
O secretário Especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção, David Leal explicou que o Governo tem realizado investimentos que buscam fazer do Pará o primeiro estado minerador do País
trutura do Governo, mas faz ressalvas. “O aumento de impostos sobre a exploração mineral vai na contramão da melhoria à médio prazo”, observou. Daniel Peixoto, diretor de Auditoria do Centro de Energia e Recursos Naturais da empresa de consultoria Ernst & Young, apresentou os dez maiores riscos para as empresas de mineração, baseado no estudo Business risk facing mining and metals”, do Centro de Mineração da EY. Pela primeira vez, o acesso à água e à energia surgiu na lista. “Não só o acesso, como o preço destes subsídios se tornaram uma preocupação para empresas de mineração no mundo inteiro. Em vários países, incluindo o Brasil, a energia elétrica tem reajustes acima da inflação. No caso da água, temos um exemplo na crise de abastecimento em São Paulo”. Quanto a volatilidade no preço das commodities, principalmente no caso do ferro, com o reaquecimento da economia chinesa, pode melhorar, porém, existem muitos projetos de exploração do ferro que terão início nos próximos anos, o que pode reduzir o preço, através do aumento da oferta”.
Congresso Paralelamente à Exposibram, o 4º Congresso de Mineração da Amazônia, reuniu uma média de 500 congressistas. Minicursos, painéis, talk-show, palestras magnas e lançamento de publicações comporam as atividades do 40 REVISTA AMAZÔNIA
Sebastião Campos, presidente da Fecomércio, e Sergio Bitar vice-presidente da Faciapa, com Rodrigo Hühn e Lana Lima, promoter da Rv. Amazônia
Autoridades e empresários do Brasil e do Estado, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia
evento, que discute desafios e tendências do setor a cada dois anos. Na programação, o minicurso “Novas dinâmicas do licenciamento ambiental” com Luís Enrique Sánchez, Chefe do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da Associação Internacional de Avaliação de Impacto (IAIA). O debate foi sobre os 30 anos de aplicação do Licenciamento Ambiental no Brasil e a necessidade de se compatibilizar a competitividade com a sustentabilidade. Houve lançamentos de publicações para o setor mineral fomentar as melhores práticas de sustentabilidade – o que há de mais moderno na mineração. Entre eles o “2º Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa na Mineração, Ibram, 2014”; “Cartilha de Acesso a Recursos Reembolsáveis do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima”; “Royalties do Petróleo, Minério e Energia: aspectos constitucio-
nais, financeiros e tributários” e “Direito Minerário e Direito Ambiental: fundamentos e tendências”. A Exposibram Amazônia 2014 teve como patrocinadores as empresas: Vale, Anglo American, Hydro, Sinferbase, Mineração Rio do Norte, John Deere, Imerys e Votorantim Metais, e o apoio institucional do Governo do Pará, Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), Sindicato das Indústrias Minerais do Estado do Pará (Simineral), Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para a Construção Civil (Anepac), Associação Brasileira do Alumínio (Abai) e Instituto Aço Brasil. Nossa Revista Amazônia é uma das apoiadoras editoriais da Exposibram Amazônia 2014.
Encerramento José Fernando Coura, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração- IBRAM, no evento de encerramento, ressaltou sua satisfação: “Foi uma semana de muito trabalho e festa. As crises, em qualquer que sejam as circunstâncias, levam a sociedade a buscar caminhos para criar a oportunidade a partir delas”. A parceria com a educação foi um dos pontos altos do evento, a começar com a assinatura do termo de compromisso do IBRAM com o Pacto pela Educação no esFernando Coura, relembrou as empresas do seu compromisso com a mineração sustentável
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Estande do Ibram - Instituto Brasileiro de Mineração
tado. Coura ressaltou ainda que a evolução do país se dará com esse investimento constante na educação. “O que mais me encanta é o trabalho com o Senai e Sesi. Só com a educação vamos mudar. Sinto que cumprimos um papel fundamental na mineração aqui na Amazônia e particularmente no estado do Pará e Belém. Trouxemos muita informação, debate calcado nas questões técnicas e muito mais”, comemorou Coura. Aos congressistas e visitantes, ficou o convite para a Exposibram 2015, que chega a sua 16º edição no ano que vem. Ela será de 14 a 17 de setembro, em Belo Horizonte - MG. O Diretor-Presidente do IBRAM relembrou as empresas do seu compromisso com a mineração sustentável: “Na sua empresa, na sua casa, cuidar da parte mais sensível do corpo humano, que é o bolso, é essencial. É ele que vai fazer com que tenhamos menor consumo de quilowatt de minério por tonelada produzida, maior recirculação de água, maior recuperação de processos e menores emissões de rejeitos, porque quem não tiver ficará fora do mercado”. “Nossa abertura foi prestigiada com pessoas relevantes da sociedade Amazônia, toda a programação foi amplamente elogiada pelos participantes. Estamos satisfeitos, a feira e o congresso tiveram resultados exemplares”, conclui José Fernando Coura.
Estande da Coréia do Sul
Estande da Fiepa
No estande da Imerys, a valorização da Cultura paraense A John Deere expôs equipamentos de mineração
Estande da Vale Estande da Simineral Sindicato das Indústrias Minerais do Estado do Pará
Estande da Deltamaq com equipamentos de mineração da John Deere
A Norauto esteve presente
Estande da Prefeitura de Parauapebas
Estande da Oyamota
Estande da BiocenoseConsultoria Ambiental
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(entre Marquês de Herval e Visconde de Inhaúma)
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O Brasil pode fazer mais para assegurar a liderança em torno da centralidade do crescimento econômico verde para o seu desenvolvimento futuro
4º Índice Global de Economias Verdes A quarta edição do Índice Global de Economias Verdes, publicada recentemente pela consultoria Dual Citizens, coloca o Brasil na 18ª posição entre as 60 nações avaliadas pelo desempenho na área de sustentabilidade, atrás da Costa Rica, do Peru e da Colômbia e à frente do Reino Unido, da Holanda e dos Estados Unidos. Para medir a performance dos países, são utilizados 32 indicadores, divididos em quatro critérios: liderança e mudanças climáticas, setores eficientes, mercados e investimento, e capital natural e ambiental. O relatório também apresenta o ranking de percepção sobre o tema, captado por meio de uma pesquisa feita entre julho e agosto deste ano, com especialistas e pessoas que atuam na área em todos os continentes do mundo. Nesse quesito, o Brasil aparece em 15º lugar, uma posição atrás da Costa Rica, e uma à frente da Índia. O Brasil é citado como um país atrativo para investimentos nas áreas de tecnologias limpas e energias renováveis. A consultoria aponta que, com a abundância em recursos naturais e o crescimento de seu poder econômico, o País poderia assumir uma liderança maior na promoção de um crescimento econômico mais sustentável, que permita o desenvolvimento futuro.
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Índice Global de Economias Verdes 2014 revistaamazonia.com.br
O Brasil é citado como um país atrativo para investimentos nas áreas de tecnologias limpas e energias renováveis
Não é possível comparar os resultados do relatório deste ano com os de 2013 porque foram incluídas 33 nações às 27 até então analisadas. Quando analisado globalmente, o relatório mostra a Suécia no primeiro lugar no ranking de performance, seguida da Noruega e da Costa Rica, país latino-americano incluído neste ano na pesquisa e que surpreendeu pelo excelente
desempenho. Já no ranking de percepção, a Alemanha assume a liderança, seguida de Dinamarca e Suécia. Muitas das nações em desenvolvimento, de acordo com a consultoria, precisam reorientar suas economias para um crescimento mais sustentável, como China, Tailândia, Vietnã, Camboja, Catar e Emirados Árabes Unidos. O relatório enfatiza que, em países desenvolvidos como
Austrália, Japão, Holanda e Estados Unidos, a percepção sobre sustentabilidade é muito maior do que a performance no setor. A pesquisa também avaliou 70 cidades consideradas sustentáveis ao redor do mundo. Copenhague, capital da Dinamarca, manteve a posição apresentada no relatório anterior de cidade mais sustentável do mundo.
PERCEPÇÃO E DESEMPENHO A pontuação geral do Brasil em “Percepção e desempenho”, foi quase a mesma da 3ª edição do GGEI, mas ficando em ambos, aquém das 10ª posição superior que detinha, provavelmente devido à inclusão de mais nações, com fortes méritos verdes, em percepção e desempenho, porém as notas totais do Brasil são quase as mesmas, mas em ambos ficando aquém das 10 posições superiores que detinha na 3ª edição do GGEI, provavelmente devido à inclusão de mais nações com fortes méritos verdes no índice deste ano. O Brasil tem um bom desempenho nos mercados de dimensão de Investimento com o seu mercado vital para a comercialização de tecnologias limpas e de um clima interno atraente para o investimento em energias renováveis. Dados s seus importantes recursos naturais e aumento do poder econômico, o Brasil pode fazer mais para assegurar a liderança em torno da centralidade do crescimento econômico verde para o seu desenvolvimento futuro. Essa liderança será fundamental para o Brasil a melhorar seu desempenho futuro sobre o Meio Ambiente e dimensão Capital Natural, em especial as florestas e água.
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Agricultura brasileira cresce com sustentabilidade País deve melhorar logística e dar novo salto biotecnológico para se manter competitivo no mercado internacional de produtos agrícolas
Previsões projetam o Brasil como o maior exportador de produtos agrícolas
A
agricultura brasileira é uma das mais competitivas do mundo devido ao aumento da produção nas últimas décadas, acompanhado pelo crescimento da produtividade sem aumento da área cultivada. Ao mesmo tempo, o país é um exemplo de inclusão social e sustentabilidade no campo, com uma legislação ambiental moderna e respeitada por governos e produtores. Essas foram algumas das conclusões da apresentação do diretor do Departamento de Assuntos Comerciais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do Brasil, Benedito Rosa do Espírito Santo. Ele foi o conferencista do recente, segundo encontro do ciclo de videoconferências Políticas públicas nas Américas face à agenda pós-2015 de desenvolvimento, organizado pelo Instituto Interamericano de
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Ferrovia que ligará Mato Grosso ao Pará terá na competitividade brasileira ao facilitar as exportações agrícolas para a Europa
Cooperação para a Agricultura (IICA). O diretor do Mapa ainda apontou outros fatores como o sistema de financiamento do setor, cuja legislação impõe exigibilidades bancárias “sem igual no mundo”; os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); e a qualidade da mão de obra. “O sucesso também não seria possível sem a disponiblidade de terras e capital. Outros setores da economia brasileira nasceram com recursos da agricultura”, avaliou. Segundo Benedito, ainda que o país tenha produtividade e sustentabilidade exemplares, persistem pontos importantes para se avançar. “Salvo algumas cadeias produtivas, há outras nas quais a agricultura do Brasil não consegue competir”, afirmou. Ele cita os custos elevados com logística e a elevada burocracia como explicações possíveis para os entraves a uma ainda maior competitividade. “O custo da logística local está fora da curva internacional”, alertou. Outro fator apontado pelo conferencista foi a necessidade de novos avanços biotecnológicos para garantir que o país alcance novos ganhos substanciais no setor.
Ferrovia dará novo impulso às exportações
Sociais da Secretaria de Agricultura, Ganadería y Pesca de Argentina, Maria Soledad Puechagut, ressaltou o papel do Zoneamento Agrícola, instrumento de política agrícola e gestão de riscos. O Zoneamento é estabelecido anualmente por portaria do Mapa e minimizar os riscos climáticos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares. O outro debatedor foi o professor Rafael Navas, da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec), que analisou o contexto histórico do desenvolvimento da agricultura nacional. Ele citou que as políticas agrícolas brasileiras surgiram entre as décadas de 40 e 50 do século passado, quando o país também se industrializava. “Decidiu-se que a agricultura era importante e necessitava de novas técnicas de produção direcionadas para as exportações”, disse. Navas ainda recomendou que o governo inclua o enfoque terri-
Incentivar agricultores familiares a produzirem com novos avanços biotecnológicos em uma forma harmonizada com o ambiente natural
torial e a agroecologia em políticas futuras. O ciclo Políticas públicas nas Américas face à agenda pós-2015 de desenvolvimento é promovido pelas representações do Institudo Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) no Brasil e nos Estados Unidos. Serão realizadas 12 videoconferências para debater os impactos das políticas agrícolas de diferentes países das Américas nas economias dos países da região. Nos próximos dois eventos serão discutidas as políticas agrícolas do Canadá e do Chile, nos dias 07 e 20 de novembro, respectivamente. O primeiro encontro foi sobre a Farm Bill, norma agrícola norteamericana, que entrou em vigor em fevereiro deste ano, e elevou os recursos para o seguro agrícola.
Ferrovia dará novo impulso às exportações
A economista do United States Departament of Agriculture (USDA), Constanza Valdez, participou do debate desde Washington. Ela ressaltou a importância da pesquisa e da inovação para a agricultura brasileira. “O investimento no setor tem a ver também com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que investe em tecnologia desde os anos 70? lembrou. Constanza Valdes ainda frisou que há previsões que projetam o Brasil como o maior exportador de produtos agrícolas em 15 anos e o impacto que a ferrovia que, dentro de três anos, ligará Mato Grosso ao Pará terá na competitividade brasileira ao facilitar as exportações agrícolas para a Europa. A coordenadora da Unidade de Estudos Econômicos e revistaamazonia.com.br
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RELATÓRIO SÍNTESE (SYR)
A sessão de abertura do IPCC
A
40ª sessão do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC40), no Tivoli Conference Center, em Copenhague, na Dinamarca, analizou e finalizou o Relatório de Síntese (SYR), que integra os resultados dos três relatórios dos grupos de trabalho que, juntos, compõem o Quinto Relatório de Avaliação (AR5). Durante a sessão, o Painel aprovou, linha por linha, o Sumário para Formuladores de Políticas (SPM). Na sessão de abertura as declarações/ depoimentos de Rasmus Helveg Petersen, Ministro do Clima, Energia e Construção, na Dinamarca; Kirsten Brosbøl, o ministro do Meio Ambiente, da Dinamarca; Frank Jensen, prefeito de Copenhague; Jeremiah Lengoasa, Secretário-Geral Adjunto da OMM; John Christensen, em nome do Diretor
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Executivo do PNUMA, Achim Steiner. Em seu discurso de abertura, o Presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, falou aos presentes como “evitar e ser superado o desespero aparente de combate às alterações climáticas”. Os participantes, em seguida, começaram a discutir a SPM, dirigindo-se a introdução e a seção sobre as mudanças observadas e suas causas. Ainda durante a abertura do evento, através de video, a secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, Christiana Figueres, disse que “o quinto relatório é o mais atual e influente trabalho científico em mudanças climáticas já feito no mundo”. O ministro do Clima e Energia da Dinamarca, Rasmus Helveg Petersen, enfatizou que, se não houver ação imediata para conter as mudanças climáticas, “a
dívida com as futuras gerações será crescente”. À noite, uma recepção foi organizada pelo Ministro do Clima, Energia e Construção e do Senhor Presidente da Câmara de Copenhague. Nos dias seguintes o Painel prosseguiu o seu trabalho, revisando linha por linha do Sumário para Formuladores de Políticas (SPM). Estes relatórios juntos compreendem Quinto Relatório de Avaliação do IPCC (AR5). A versão final AR5 assume uma importância adicional, pois está sendo apresentado pouco antes da abertura da conferência internacional COP20, em Lima, onde os líderes mundiais vão discutir a fundação de um novo acordo climático esperado em 2015. O novo relatório do IPCC publicado depois de uma semana de debates intensos entre cientistas e autoridarevistaamazonia.com.br
Doze enormes blocos de gelo pesando 100 toneladas foram deixados pelo artista Olafur Eliasson para derreter no City Hall Square de Copenhague como uma representação visual da realidade da mudança climática. O gelo, coletados a partir de um fiorde fora Nuuk, Gronelândia, pretendeu ser uma chamada wake-up físico para incentivar as pessoas a transformar o conhecimento do clima
ça climática perigosa. O relatório também sugere que o uso dos combustíveis renováveis deverá subir da atual fatia de 30% para 80% do setor de energia até 2050. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também comentou os pontos principais do relatório. “Primeiro: a influência humana no sistema climático é clara e crescente. Segundo: temos que agir rapidamente e de forma decisiva se quisermos evitar resultados cada vez mais perturbadores. Terceiro: temos os meios para limitar a mudança climática e construir um futuro melhor.” “Há um mito de que a ação para o clima custa muito, mas a falta de ação vai custar muito mais”, disse Ban Ki-moon. “O relatório mostra que o mundo está muito mal preparado para os riscos das mudanças no clima, especialmente os pobres e mais vulneráveis, que contribuíram menos para este problema”, acrescentou.
Participantes do IPCC-40 na frente do Copenhagen City Hall, atrobservando um dos iceberg da Groenlândia derretendo
des de governos de todo o mundo lança o alerta mais dramático: “A influência humana no sistema climático é clara, quanto mais perturbamos nosso clima, mais riscos temos de impactos graves, amplos e irreversíveis”, disse o diretor do IPCC, Rajendra Pachauri. E, de acordo com Pachauri, o mundo todo será afetado por estes danos. “Quero destacar o fato de que a mudança climática não deixará nenhuma parte do mundo intocada pelos impactos que estamos vendo diante de nossos olhos e que,
obviamente, terão uma relevância crescente no futuro.” O diretor do IPCC afirmou que “agora a comunidade científica se pronunciou”e está“passando o bastão para os políticos, para a comunidade que toma as decisões”. No entanto, Pachauri afirmou que ainda há esperança, pois “felizmente nós temos os meios para limitar a mudança climática e construir um futuro mais próspero e sustentável”. Segundo o documento, o uso sem restrições de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), deve ser suspenso até o ano de 2100 se o mundo quiser evitar uma mudan-
Novo modelo Rajendra Pachauri afirmou que este último relatório é a mais forte e detalhada declaração a respeito da escala do problema da mudança climática e das soluções para isto. “Este relatório realmente estabelece um novo mode-
José Domingos Gonzalez Miguez e Guilherme Lima do Brasil
Felipe Ferreira, Brasil
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Ainda é possível atingir o objetivo de a temperatura média do planeta em 2100 ser apenas 2 graus Celsius mais elevada do que antes da Revolução Industrial, quando as fábricas não atiravam para a atmosfera enormes quantidades de gases com efeito de estufa. Mas, para isso, é imprescindível que nesse ano as emissões de dióxido de carbono, o principal gás de estufa, se tenham reduzido a zero. Vejam os números: para atingir essa meta, não poderá haver mais do que um bilião (milhão de milhões) de toneladas de dióxido de carbono (CO2) provenientes da queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás natural) lançadas para a atmosfera até 2100. Mas é provável que atinjamos esse limite durante os próximos 30 anos – e as empresas energéticas já fizeram encomendas de petróleo e carvão que representam várias vezes essa quantidade, e gastam-se cerca de 600 mil milhões de dólares por ano para encontrar mais reservas de hidrocarbonetos. Em contrapartida, adianta o relatório do IPCC, gasta-se menos de 400 mil milhões de dólares por ano para reduzir as emissões de CO2 que fazem subir a temperatura do planeta e provocam mudanças no clima – menos do que os lucros de apenas uma petrolífera americana, a ExxonMobil. Este tema do “orçamento de carbono” é fundamental, mas não tem estado na vanguarda das negociações para encontrar um sucessor para o Protocolo de Quioto – que culminará numa conferência em Paris, no ano que vem. O que parece ser o desfecho mais provável será um acordo em que cada país decidirá por si quanto se esforçará para reduzir as suas próprias emissões de CO2. lo em avaliação científica. Por um lado, o relatório traz todos os elementos do quebra-cabeça que constitui os vários aspectos da mudança climática, desde a base científica subjacente dos impactos, adaptação e vulnerabilidade e os tipos de opções de abrandamento que temos disponíveis.” Pachauri destacou o fato de o relatório ter envolvido mais de 800 autores diretamente e milhares de outros revisores que analisaram cerca de 30 mil publicações para a elaboração do documento. “Não podemos queimar todos os combustíveis fósseis que temos sem lidar com o resíduo resultante, que é o CO2, e sem despejar isto na atmosfera. Se não conseguirmos desenvolver (um sistema de) captura de carbono, teremos que parar de usar combustíveis fósseis se quisermos parar a perigosa mudança climática”, disse Myles Allen, professor da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, e um dos membros do IPCC que participou da elaboração do documento. Para a maioria, este relatório “mostra as opções de uma Leo Meyer, chefe da Unidade de Apoio do AR5 SYR Técnico e o Presidente do IPCC, Rajendra Pachauri
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Na recepção organizada pelo Ministro do Clima, Energia e Construção, e do Presidente da Câmara de Copenhague
forma mais direta do que nunca”. “O IPCC tentou tornar (o relatório) mais aceitável afirmando que os combustíveis fósseis podem continuar sendo usados se as emissões de carbono forem capturadas e guardadas. Mas, até agora o mundo apenas tem uma usina operante comercialmente deste tipo, no Canadá, e o progresso no desenvolvimento da tecnologia é muito mais lento do que muitos esperavam”. A conclusão do relatório, é de que não podemos continuar queimando estes combustíveis como sempre fizemos e que a queima destes combustíveis deve ser suspensa até o fim do século, apresenta aos governos do mundo uma escolha difícil. O secretário de Estado americano, John Kerry, descreveu o documento do IPCC como “mais um canário na revistaamazonia.com.br
Fontes de emissões
Nos próximos 30 anos devemos atingir o limite de dióxido de carbono que podemos lançar para a atmosfera se queremos evitar uma subida de temperatura superior a 2 graus
Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, agradecendo os co-presidentes do WGII, WGIII e WGI; e Renate Christ, Secretário do IPCC, na reunião final
Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, batendo o martelo e dando aprovação ao Relatório Síntese AR5
mina de carvão”. “Aqueles que escolhem ignorar ou questionar o que a ciência mostrou tão claramente neste relatório, o fazem colocando em grande risco todos nós, nossos filhos e netos”, afirmou Kerry em uma declaração. Ativistas aprovaram a linguagem clara do documento. “O que eles disseram é que temos que chegar à emissão zero e isto é novo”, disse Samantha Smith, do organização World Wildlife Fund. “A segunda coisa (destacada pelo relatório) é que (a solução) é acessível, não vai incapacitar as economias”, acrescentou. Rejendra Pachauri e Ottmar Edenhofer na aprovação do 40º IPCC
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Ao final, a conferência de imprensa para liberar o Relatório Síntese (SYR) do Quinto Relatório de Avaliação (AR5), do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Da esquerda p/ direita: Leo Meyer, chefe da Unidade de Apoio Técnico do AR5 SYR; Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM); Manuel Pulgar-Vidal, Ministro de Estado do Ambiente, Peru; Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU; Presidente do IPCC, Rajendra Pachauri; Renate Christ, Secretário do IPCC; e Jonathan Lynn, Head, Comunicação e Relações com a Mídia, IPCC
Consequências sérias e irreversíveis Mais de 800 cientistas de mais de 80 países participaram da elaboração do relatório. Eles se basearam no trabalho de mais de mil autores que contribuíram para o documento, que contou ainda com a colaboração de 2 mil revisores, afirmou o IPCC. Ottmar Edenhofer, economista-chefe do Instituto de Pesquisas de Impacto Climático de Potsdam (PIK), na Alemanha, foi um dos principais responsáveis pelo último relatório do IPCC. Segundo Edenhofer, “a luta contra
as mudanças climáticas é pagável, mas não estamos no caminho certo”. De acordo com o IPCC, sem as devidas reações, crescerá bastante o risco de que, no final do século 21, o aquecimento global venha a provocar consequências sérias e irreversíveis para o mundo. Entre essas consequências, estão, por exemplo, o derretimento completo das geleiras da Groenlândia e, com a elevação do nível dos oceanos, a inundação de grandes áreas de regiões costeiras, afirmou o presidente do Painel do Clima da ONU, Rajendra Pachauri, acrescentando que isso pode levar a um aumento da pobreza e a uma fuga em massa das populações de países pobres. REVISTA AMAZÔNIA 49
Primeiros dez meses de 2014 foram os mais quentes dos últimos 134 anos por Teresa Firmino
O
s primeiros dez meses de 2014 foram os mais quentes desde há 134 anos – ou seja, desde 1880, quando começaram a fazer-se registos meteorológicos sistemáticos. Além disso, o próprio mês de Outubro deste ano é também o mais quente dos últimos 134 anos, anunciou recentemente a agência para os oceanos e a atmosfera dos Estados Unidos (NOAA). Tanto os dados para os primeiros dez meses do ano como
para o mês de Outubro de 2014 referem-se à temperatura média global do ar à superfície dos oceanos e dos continentes. “Os primeiros dez meses de 2014 (Janeiro-Outubro) foram o período mais quente desde que começaram os registos em 1880, em que a média combinada da temperatura à superfície dos continentes e dos oceanos foi 0,68 graus Celsius acima da média de 14,1 graus Celsius [da Terra] para o século XX – ultrapassando o anterior
recorde de 1998 em 0,2 graus Celsius e ficando empatado com 2010”, lê-se no relatório climático da NOAA. “Atualmente, 2014 está a caminho de ser o ano mais quente de que há registos.” Em relação a Outubro, o relatório da NOAA também sublinha a sua excepcionalidade: “O registo da média global da temperatura à superfície ao longo dos continentes e dos oceanos para Outubro de 2014 foi o mais alto para esse mês, estando 0,74 graus Celsius acima da média do século XX.”
Anomalias de temperatura em graus Celsius
Percentuais de temperatura
Precipitação % do normal
Somente percentual de precipitação
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Mapa de Anomalias e Eventos de Outubro de 2014 Temperatura média global Outubro 2014 – A temperatura média da terra e a global do oceano foi o mais quente desde que os registros começaram em outubro de 1880
Extensão de gelo do mar Ártico
A extensão do gelo marinho foi de 9,5 por cento abaixo da média, a sexta menor extensão do gelo marinho de 1981 -2010, desde que os registros por satélite começaram em 1979.
Japão
Estados Unidos
A maior parte do Japão observou chuvas acima da média no mês de outubro. Os Tufões Vongfong e Phanfone contribuiram para os elevados totais de precipitação.
A maior parte da nação experimentou temperaturas acima da média no mês de outubro de 2014, a quarta mais quente de outubro, em período de registro de 120 anos
Europa
Temperaturas muito mais quentes do que a média em grande parte da Europa. Muitos países tiveram entre os 10 mais quente de outubro: França (4ª), Alemanha (3ª), Dinamarca (2ª), Suíça (4ª), Áustria (7ª), e Reino Unido (1º).
Ciclone Hudhud
(07-14 outubro de 2014) Hudhud atingiu a costa Sudeste da Índia em meados de outubro, trazendo fortes chuvas para a região. Uma área localizada em Andhra Pradesh reportou uma precipitação total de 15 polegadas (380 milímetros), em 24 horas.
Furacão Gonzalo
(12-26 outubro de 2014) Ventos máximos - 230 km / h O primeiro furacão de categoria 4 na bacia do Atlântico desde Ophelia em 2011.
Austrália
Austrália experimentou um mês excepcionalmente quente. Foi o segundo mais quente outubro, atrás do 1988. Regionalmente, New South Wales, Austrália do Sul e Austrália Ocidental tiveram seus mais calorosos outubro, enquanto Victoria teve seu segundo mais quente
Antarctica
Em outubro 2014, a extensão do gelo marinho foi de 4,8 % acima da média, o segundo maior desde 1981 - 2010
Os que mais aquecem E se olharmos só para a média da temperatura atmosférica nos continentes, a nível mundial Outubro de 2014 foi o quinto Outubro mais quente dos registos. “No Hemisfério do Norte, o aquecimento foi observado em zonas do Sul da Europa, em regiões costeiras do Oeste dos Estados Unidos e em grande parte do Leste da Rússia. Em contrapartida, em zonas no Centro da Sibéria registaram-se temperaturas quatro a cinco graus Celsius abaixo da média”, diz ainda o relatório. “O aquecimento em grande parte das zonas meridionais da América do Sul e do Sul e Oeste da Austrália contribuíram para a média elevada da
temperatura nos continentes no Hemisfério Sul.” Se consultarmos os mapas divulgados, por exemplo,
para os primeiros dez meses do ano com as temperaturas médias do ar em terra e no mar, Portugal surge entre os países que estão ficando mais quentes. O mapa com as anomalias dessas temperaturas coloca o país com uma anomalia de cerca de um grau Celsius face a um período compreendido entre 1981 e 2010. E se essas anomalias na temperatura observadas num certo período de tempo e num certo local forem analisadas numa perspectiva histórica, comparando-as assim com o passado, então Portugal surge entre os países que aqueceram bastante acima da média. Ainda numa perspectiva histórica, mas agora olhando apenas para Outubro de 2014, então Portugal está entre os países com um aquecimento recorde.
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Lá, como cá…
Um pouco mais de azul no compromisso para o crescimento verde
T
em faltado ambição de olhar o mar como o maior manancial que temos para pôr em prática um crescimento sustentável. Para muitos aspectos do nosso quotidiano, gostamos de utilizar códigos de cores: o clubismo e os estados de espírito são apenas dois exemplos. No código de cores que atribuímos ao mundo natural, à cor verde associamos as plantas e, de uma forma mais lata, a floresta, o ar puro ou a produção de oxigénio. Por extrapolação, chamamos verde à economia e ao crescimento económico com preocupações ambientais e de sustentabilidade, mesmo que não se baseie em plantas dessa cor. A mesma associação fazemos da cor azul ao mar, imunes à discussão, estética ou científica, da verdadeira cor do líquido que cobre grande parte do planeta, que por ironia se chama Terra. Pela mesma extrapolação, tendemos a chamar economia azul à economia do mar, seja ela a extracção de petróleo e gás off-shore, a pesca ou o turismo náutico, para dar alguns exemplos. Fala-se muito do crescimento azul, a bala de prata que andou perdida nos nossos pensamentos durante algumas gerações e nos vai resolver todos os males económicos. Estou certo de que é pelo mar que deveremos ir, não pelo passado que temos às costas, mas pelas oportunidades que este nos oferece, tivéssemos ou não um passado marítimo. Somos e seremos uma nação marítima, quer queiramos, quer não. O mar influencia o nosso clima, e é provavelmente o factor que mais molda a forma como nos dispomos no território terrestre e como olhamos para ele. No entanto, dentro da chamada economia azul, penso que é útil distinguir a parte verde, ou seja, aquela economia do mar que, como em terra, tem preocupações ambientais e de sustentabilidade. Acredito que é por aqui que deveremos ir e que qualquer estratégia política cunhada dentro das premissas do crescimento azul deve, sem margem para dúvidas, realçar e beneficiar a economia verde no mar. Costumo dar o exemplo de que, em termos económicos, a principal diferença entre uma faneca − animal − e um nódulo polimetálico do leito oceânico − mineral − é o facto de a faneca, se for bem gerida, deixar no seu lugar no ano seguinte outra faneca, ou mesmo mais fanecas. Quanto à boa gestão dos nódulos polimetálicos, o máximo que 52 REVISTA AMAZÔNIA
por Gonçalo Calado
A Zona Econômica Exclusiva brasileira-ZEE é uma área oceânica aproximada de 3,6 milhões de km², os quais, somados aos cerca de 900mil km² de extensão que o Brasil reivindica junto à Organização das Nações Unidas (ONU), perfazem um total aproximado de 4,5 milhões de km² é a “Amazônia Azul”, cuja área é um pouco menor, porém em tudo comparável à “Amazônia Verde”
podemos almejar é que a sua exploração não colida com a das fanecas, pois certamente nem no ano seguinte nem nos próximos milhões de anos existirão lá outros. O mesmo se passa com outras actividades extractivas não renováveis. Não quero com isto dizer que não devemos aproveitar o melhor que pudermos todos os nossos recursos marinhos. Apenas que devemos ter clara na estratégia política a hierarquização das prioridades, com a sustentabilidade na linha da frente. É por aqui que, colocadas todas as parcelas do deve e haver nas equações económicas, encontraremos saldo positivo, com crescimento, emprego e bem-estar. Para isto em muito contribuirá uma valoração dos serviços prestados pelos ecossistemas marinhos, que muitas vezes tendemos a esquecer pelo facto de não serem pagos. Não têm de ser pagos, mas têm de estar presentes nas equações económicas e de tomada de decisão quando, por exemplo, decidimos fazer uma reserva marinha
ou ampliar um porto. Encontra-se neste momento em discussão pública o compromisso para o crescimento verde, um documento da responsabilidade do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, que reúne várias entidades e sectores da sociedade numa senda comum para um desenvolvimento amigo do ambiente (daí a cor). Da agricultura aos transportes, da água à energia, ali estão plasmadas iniciativas concretas, com critérios de sucesso mensuráveis em datas definidas, que ousam ir para além dos ciclos governativos (2020, 2030). No que toca ao mar, a ousadia fica por aqui. As iniciativas propostas são todas decorrentes de outros compromissos já firmados pelo Estado português, como a Directiva-Quadro Estratégia Marinha, a Política Comum das Pescas ou a Convenção da Diversidade Biológica (Metas de Aichi para a Biodiversidade-Mar), entre outras. As metas são assim exógenas ao documento, demonstrando a sua falta de ambição. É apenas outra forma de agrupar objectivos, um baralhar e voltar a dar a que certamente não será alheia a separação das pastas do ambiente e do mar a meio da legislatura: verde para um lado, azul para o outro. Sempre assim foi antes, mas nos casamentos por conveniência, as separações antes do tempo causam ainda mais estragos e amuos. O que falta? Ambição, já o disse. Ambição de não apenas “manter” o número de eventos internacionais ligados à náutica e ao mar, mas de o aumentar consideravelmente, ambição de poderem ser tiradas cartas náuticas em meio escolar, ambição de desburocratizar a aquisição e manutenção legal de um barco à vela, ambição de ter mais populações de espécies pescadas e cultivadas certificadas por entidades independentes, ambição de tornar Portugal o primeiro destino europeu de mergulho e observação de cetáceos em 2020, ambição de promover ainda mais as energias renováveis ligadas ao mar, em suma, ambição de olhar o mar como o maior manancial que temos para pôr em prática um crescimento sustentável. Enquanto o crescimento verde não passar a um pleonasmo vetusto, enquanto não precisarmos e lhe adicionar uma cor para o distinguir do crescimento que não é sustentável e que por isso não deveríamos considerar crescimento, empenhemo-nos para que no caso de Portugal o crescimento verde possa ter um pouco mais de azul. revistaamazonia.com.br
EUA e China estabelecem acordo sem precedentes para a redução das emissões de CO2 Pela primeira vez, os dois maiores poluentes do planeta aparecem juntos na luta pelo corte das emissões de gases de efeito de estufa
Na cerimônia de plantio de árvores para simbolizar a unidade bloco Ásia-Pacífico e a preocupação com o clima mundial
Obama e Xi encontraram-se após a cimeira da APEC
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s Estados Unidos e a China alcançaram recentemente um acordo histórico na área da redução das emissões de dióxido de carbono. As metas anunciadas implicam esforços adicionais por parte dos dois governos, mas as promessas das duas maiores potências mundiais servem como um incenOs líderes da APEC
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tivo para as próximas cimeiras climáticas. A China comprometeu-se a antigir o pico das suas emissões de CO2 no máximo em 2030, ou se possível antes. Ou seja, depois disso, o país começará a reduzir as emissões. Até agora, a China tinha-se comprometido apenas a reduzir a sua intensidade carbónica – isto é, o volume de emissões por unidade de PIB – em 40-
45% até 2020, em relação a 2005. É a primeira vez, agora, que o país assume uma meta relacionada com as emissões absolutas. Pelo seu lado, os EUA prometem uma redução das emissões entre os 26% e os 28% até 2025, tendo como nível de referência o ano de 2005. A nova meta proposta por Washington é mais ambiciosa do que a anterior, de um corte de 17% até 2020. O anúncio surgiu após um encontro bilateral em Pequim entre os dois líderes, no Fórum para a Cooperação Econômica da Ásia-Pacifico. O acordo sem precedentes, estabelecido pelos dois países responsáveis por 45% das emissões mundiais de gases de efeito de estufa, é visto como um incentivo para o compromisso de reduzir as emissões poluentes a partir de 2020 e que será negociado durante a cimeira de Paris, em Dezembro de 2015. O tema da reunião dos líderes da APEC foi: “Construindo o futuro através da parceria Ásia-Pacífico.” No final da primeira sessão plenária, os dignitários participou de eventos oficiais, incluindo a foto oficial da APEC e uma cerimônia de plantio de árvores; para simbolizar a unidade bloco Ásia-Pacífico e a preocupação com o clima mundial. REVISTA AMAZÔNIA 53
Vencedores do Prêmio Finep 2014 Os 26 ganhadores regionais do Prêmio Finep de Inovação 2014
Fotos: João Luiz Ribeiro/Finep
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e acordo com o presidente da Finep, Glauco Arbix, os números alcançados em 2014 comprovam a evolução do Brasil no setor: “Conseguimos aumentar o número de inscrições em relação ao ano passado, sobretudo nas categorias Média Empresa (90%), Pequena Empresa (60%) e Grande Empresa (13%)”. Este ano, serão distribuídos de R$ 100 mil a R$ 500 mil para os primeiros colocados regionais e nacionais de cada categoria, totalizando cerca de R$ 8 milhões em prêmios. Assim como o prêmio que organiza, a Finep também cresceu nos últimos anos, lembrou Arbix. De 2011 a 2014, a financiadora saltou de R$ 1,2 bilhão para R$ 12 bilhões em contratações (previsão). Segundo o presidente da agência, as áreas de Saúde e Informática têm registrado um grande movimento de inovação no País, acompanhando as tendências mundiais. “Estamos sintonizados com o que vem acontecendo no mundo”, disse ele, ressaltando a importância da criação do Plano Inova Empresa neste processo. “Tivemos uma demanda agregada de mais de R$ 97 bilhões nos 12 programas do plano. O Brasil está pronto para dar um salto”. Outro ponto frisado por Arbix foi que ao menos três finalistas da etapa regional do Prêmio Finep na categoria Média Empresa participaram da premiação como Pequenas Empresas em anos anteriores. “Pequenas e médias empresas estão aceitando os desafios e se tornando grandes inovadoras. Temos percebido avanços gigantescos”, afirmou o presidente. Os ganhadores receberam, além de troféu, os seguintes valores, em espécie: Micro e Pequena Empresa - R$ 200 mil; Média Empresa - R$ 250 mil; Instituição de Ciência e Tecnologia - R$ 200 mil; Tecnologia Social - R$ 200 mil; Inventor
Fernando Ribeiro, diretor de Inovação da Finep entrega troféu a Edson Shinji Matsuzaki, representante da CAMTA – Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (PA), vencedor da categoria Tecnologia Social 54 REVISTA AMAZÔNIA
Inovador - R$ 100 mil; e Inovação Sustentável - R$ 150 mil. O vencedor regional que também conquistar a premiação nacional receberá, de forma adicional, o mesmo valor referente ao título de sua categoria. Ou seja, quem ganhar as fases regional e nacional na categoria média empresa, por exemplo, receberá R$ 500 mil, sendo R$
250 mil referentes ao título regional, mais R$ 250 mil referentes à conquista nacional. Já nas categorias exclusivamente nacionais, as premiações são as seguintes: Grande Empresa – (1º) R$ 500 mil, (2º) R$ 250 mil, (3º) R$ 100 mil; e Tecnologia Assistiva – (1º) R$ 200 mil, (2º) R$ 150 mil, (3º) R$ 100 mil.
Presidente da Finep, Glauco Arbix, discursa na abertura, com os premiados no palco
Fernando Ribeiro, diretor de Inovação da Finep, entrega troféu a Fredson Andrade da Encarnação, representante da FABRIC (AM), vencedora da categoria Pequena Empresa
Fernando Ribeiro, diretor de Inovação da Finep, entrega troféu a Rogério Caetano, representante da FPF TECH (AM), vencedora da categoria ICT revistaamazonia.com.br
Vencedores regionais do Prêmio Finep 2014 A edição de 2014 do Prêmio Finep de Inovação teve este ano, 26 ganhadores regionais, entre os 561 inscritos, nas diversas categorias, que irão concorrer à grande final nacional, a ser realizada em Brasília, ainda este ano. A cerimônia de premiação regional aconteceu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Nas cinco regiões brasileiras, houve vencedores em treze estados e um no DF, com o seguinte placar: Norte – 4; Nordeste – 6; Centro-Oeste – 4; Sudeste – 6; Sul – 6. Abaixo, a lista completa dos ganhadores:
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3º Fórum de BioeconomiaPolíticas Públicas e Ambiente para a Inovação e Negócios no Brasil Indústria quer quebrar barreiras e explorar melhor a biodiversidade
“A principal vantagem da bioeconomia é produzir mais com menos matéria prima e insumos”, disse o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi
Fotos: José Paulo Lacerda
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etentor da maior biodiversidade do mundo, o Brasil tem chance de se transformar em referência mundial no desenvolvimento de produtos originados das riquezas naturais, mas, para isso, terá de buscar mais qualificação da mão de obra e remover entraves como o excesso de burocracia e a falta de uma legislação adequada à bioeconomia. A conclusão está em uma sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com empresários, pesquisadores, representantes do Legislativo e do governo federais. O levantamento, apresentado hoje no 3º Fórum de Bioeconomia-Políticas Públicas e Ambiente para a Inovação e Negócios no Brasil, mostra que a maioria dos entrevistados (92%) aposta no desenvolvimento do país nessa área. No entanto, 78% dos entrevistados dizem que “não há segurança jurídica” para isso. A pesquisa ouviu 100 representantes da indústria, 40 ocupantes de cargos no governo federal e no Congresso Nacional e 20 representantes da área acadêmica. Destes, 77,5% consideram insuficiente o apoio à pesquisa e 65,6% dizem que é preciso adequar o marco regulatório. Para 55,6%, falta mão de obra qualificada no Brasil. Entre os que responderam às perguntas, mais da metade (51%) tem expectativa de ampliação dos investimentos privados no setor nos próximos três anos. Em comunicado sobre a pesquisa, a CNI destaca que a Organização 56 REVISTA AMAZÔNIA
Engenheiro químico do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e palestrante do fórum, o professor Gregory Stephanopoulos: Biotecnologia e engenharia metabólica são as tecnologias do século XXI. “Fazer a transição para uma economia sustentável é cada vez menos uma escolha e cada vez mais uma condição de sobrevivência para a humanidade”
de Cooperação de Desenvolvimento Econômico prevê que, em 2030, o setor da biotecnologia industrial receba aplicação de recursos em torno de 300 bilhões de euros. Por enquanto, prevalecem os investimentos em biocom-
bustíveis, seguidos pelas aplicações em bioquímicos e bioplásticos. O presidente da GranBio e representante da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) da CNI, Bernardo revistaamazonia.com.br
“75% da indústria europeia investiram 3,7 bilhões de euros em parcerias público-privadas que desenvolvem pesquisas de exploração oceânica para geração de energia, agricultura sustentável e inovação em áreas correlatas”, disse Piero Venturi, representante da delegação da União Europeia no Brasil
Gradin, destaca que a bioeconomia é “um caminho absolutamente estratégico” tanto para a energia quanto para o desenvolvimento da produtividade nos países que dispõem dela. “Não tem como o mundo achar que continua crescendo onde 1 bilhão [de pessoas] consomem o equivalente a 6 bilhões e que outros 6 bilhões não vão consumir um dia”, afirma Gradin. Ele alerta que, se o atendimento de toda a demanda
Para o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes “A bioeconomia é uma realidade e uma fonte inesgotável de possibilidades de crescimento”
É considerada como a nova fronteira do desenvolvimento econômico, dada a demanda por produtos e processos sustentáveis. O Brasil é apontado como uma potencial referência mundial em bioeconomia por 93% dos industriais entrevistados. Porém, para 76%, o país não tem aproveitado essa suposta vantagem. O principal entrave é regulatório. A legislação de 14 anos que disciplina o acesso ao patrimônio genético dificulta o acesso dos pesquisadores, por exigir autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (Cgen). Esse colegiado tem sido lento em analisar os pedidos e, nos últimos dez anos, só autorizou um em cada três solicitações de pesquisa. Há também um componente de insegurança jurídica, pois empresas que fabriquem produtos originados na cultura tradicional - como, por exemplo, um medicamento criado a partir do conhecimento de indígenas sobre as propriedades de plantas - precisam dividir o ganho com os detentores do saber.
Para o presidente da GranBio e representante da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) da CNI, Bernardo Gradin; “a bioeconomia é um caminho absolutamente estratégico, tanto para a energia quanto para o desenvolvimento da produtividade nos países que dispõem dela” revistaamazonia.com.br
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O termo bieconomia foi criado pelos professores Juan Enriquez e Rodrigo Martinez - fundadores da Harvard Business School Life Sciences Project. O conceito analisa a forma como as ciências da vida, principalmente a genética, a biologia molecular e celular, transformam produtos, negócios e a indústria mundialmente. De acordo com a Organização de Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE), a expectativa é que a biotecnologia industrial movimente € 300 bilhões em 2030. Atualmente, o mercado maior é o de biocombustíveis, seguido do de bioquímicos e de bioplásticos. mundial depender da energia fóssil, haverá um esgotamento do planeta. “O planeta não aguenta”. Para ele, a bioeconomia surge “não somente como a oportunidade de pensar um planeta mais limpo, um ciclo de carbono mais limpo. É preciso buscar outras formas produtivas
Talk show Experiências práticas de investimento e análise de risco em negócios. Roel Collier, TPG Alternative & Renewable Technologies (ART)
com soluções [tiradas] da biologia sintética, engenharia metabólica e dos micro-organismos.” O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, acrescenta que por meio da bioeconomia é que se vai enfrentar desafios como a escassez da água potável, a necessidade de maior produção de alimentos, o envelhecimento da população, a mobilidade urbana e as mudanças climáticas. A economia é a capacidade de geração de riqueza e a bioeconomia, a geração de riqueza baseada em todo um sistema de lógica e de se replicar a vida. “Saímos de uma economia baseada em lastro mineral, que é a economia do petróleo, com recursos finitos, para uma economia que dá um horizonte de vida no planeta”, explica a coordenadora do Programa de Propriedade Intelectual da CNI, Diana Jungmann.
No Talk show Construção de capital humano (tecnólogos e tecnocratas) para o sucesso da bioeconomia. Willian Waack, moderador, Jorge Ávila (UniRio), Pedro Wongtschowski (CNPEM, MEI) e João Furtado (ABBI)
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Fernando Reinach, sócio-gestor do Fundo Pitanga, afirmou que a bioeconomia vai promover a próxima revolução tecnológica. “Nessas mudanças de paradigma, o novo produto tem que ser tão melhor e mais viável que o antecessor. A exemplo do computador em relação à máquina de escrever”
Talk show Construção de capital humano (tecnólogos e tecnocratas) para o sucesso da bioeconomia. Jorge Ávila (UniRio)
Empresários, autoridades do governo e acadêmicos participaram do o 3º Fórum de Bioeconomia da CNI
Talk show Experiências práticas de investimento e análise de risco em negócios. Willian Waack, mediador, Bernardo Gradin, presidente da GranBio, Fernando Reinach, Pitanga Invest e Roel Collier, TPG Alternative & Renewable Technologies (ART)
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Fundo Verde da ONU para o Clima arrecada US$ 9,3 bilhões e começa a funcionar em 2015 Fotos: Rudolph Hühn
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rinta e dois países reunidos em Berlim se comprometeram a repassar 9,3 bilhões de dólares para o Fundo Verde para o Clima (FVC) das Nações Unidas, criado para ajudar os países em desenvolvimento a lutar contras as mudanças climáticas. “É um dia histórico e extremamente importante”, declarou a diretora do Fundo Verde, a tunisiana Héla Cheijruhu, durante coletiva de imprensa. “As mudanças climáticas são um problema fundamental para a sobrevivência da humanidade”, declarou o ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Müller, anfitrião da Conferência de Berlim. Desta forma, o Fundo Verde tem um orçamento assegurado para os próximos quatro anos. A maioria dos contribuintes são países ricos como Estados Unidos, Grã Bretanha, França e Japão. O Fundo Verde, com sede na Coreia do Sul, foi criado oficialmente em 2010 pelos acordos de Cancún para ajudar os países em desenvolvimento a lutar contra o aquecimento global. Tem como objetivo ajudar os países mais vulneráveis às mudanças climáticas a realizar projetos específicos como, por exemplo, reduzir as emissões de gases do efeito estufa, conter o desmatamento e proteger-se contra o aumento dos níveis do mar. Trinta e dois países estiveram reunidos na Conferência de Berlim
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A Conferência de Berlim ultrapassou a meta estabelecida de 9 bilhões
A Conferência de Berlim ocorreu alguns dias antes da conferência do clima das Nações Unidas, a ser realizada no início de dezembro em Lima, e a um ano de uma reunião decisiva em Paris, onde um acordo ambiental global deverá ser aprovado. A Conferência de Berlim ultrapassou a meta estabelecida de 9 bilhões. O Fundo Verde procura atingir a meta de 10 bilhões até o final do ano. O principal objetivo é limitar a 2°C o aumento da temperatura global, que para além deste nível poderia causar desequilíbrios climáticos severos. Esta meta “exige um investimento maciço”, disse Cheijruhu. O FVC, que receberá fundos públicos e privados, doações e empréstimos, faz parte da meta da ONU de obter 100
Hela Cheikhrouhou, diretora executiva do Fundo Verde, ao centro, a ministra alem do Meio Ambiente, Barbara Hendricks, e Gerd Mueller, ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Mueller, no dia histórico e extremamente importante
bilhões de dólares para ações contra as mudanças climáticas até 2020. Na reunião do G20 em Brisbane, na Austrália, houve alguns anúncios, como os 3 bilhões dos Estados Unidos e 1,5 bi do Japão. De acordo com a imprensa britânica, a Grã-Bretanha devia anunciar uma contribuição de cerca de 1 bilhão de dólares. França e Alemanha já haviam se comprometido com um bilhão cada. Enquanto isso, outros países prometeram quantidades muito menores: dos 100 milhões da Suíça e Coreia do Sul, aos 5,5 milhões da República Checa. Dinamarca e Noruega se comprometeram com 70 e 33 milhões respectivamente. REVISTA AMAZÔNIA 59
II Prêmio BrasilAlemanha de Inovação Nanovetores teve o projeto vencedor e Stratexia e Artecola foram premiados com o segundo e terceiro lugar, respectivamente Fotos: Fernando Favoretto
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Prêmio Brasil-Alemanha de Inovação, iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha visa identificar e reconhecer esforços inovadores realizados por empresas brasileiras ou alemãs instaladas no Brasil, no intuito de aumentar a visibilidade para projetos inovadores, atraindo parcerias e desta forma colaborando para o maior intercâmbio entre o Brasil e a Alemanha num esforço conjunto para o aumento de competitividade através da inovação. Participaram empresas brasileiras ou alemãs instaladas no Brasil, que tenham desenvolvido projeto de inovação tecnológica (produto ou processo) cujos resultados impactaram significativamente o desempenho do negócio. Os finalistas com Sofhia Harbs - Diretora do Departamento de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasil-Alemanha
Na cerimônia de outorga do II Prêmio BrasilAlemanha de Inovação 60 REVISTA AMAZÔNIA
A definição dos três vencedores da segunda edição do Prêmio Brasil-Alemanha de Inovação foi efetuada pela Comissão Julgadora, formada por representantes das empresas BASF, Bayer, Burkhardt + Weber, Continental, F-Iniciativas, Porsche Consulting, Siemens, TRUMPF, Volkswagen e ZF, além do Centro Alemão de Inovação e Ciência (DWIH) e do SENAI. A cerimônia de outorga do II Prêmio Brasil-Alemanha de Inovação, aconteceu durante o II Seminário Brasil-Alemanha de Inovação. Participaram do evento presidentes e diretores de empresas alemãs instaladas no Brasil, renomadas startups e representantes da indústria nacional, do governo dos dois países, bem como de ICTs brasileiras e alemãs. revistaamazonia.com.br
Vencedores
1º Lugar - Nanovetores Tecnologia, com o projeto O uso da nanotecnologia para funcionalização de produtos têxteis
2º Lugar - Stratexia Inovação, com o projeto Torquímetro Digital Odontológico
3º Lugar - Artecola Química, com o projeto Artepowder – Revolução tecnológica mundial com adesivo em pó para calçados revistaamazonia.com.br
O primeiro lugar ficou com a Nanovetores (empresa catarinense incubada no CELTA com o projeto “O uso da nanotecnologia para funcionalização de produtos têxteis”). A Stratexia Inovação (empresa incubada em Santo André com o projeto “Torquímetro Digital Odontológico”) levou o segundo lugar e a Artecola Química (com o projeto “Artepowder – Revolução tecnológica mundial com adesivo em pó para calçados”) ficou em terceiro. As outras duas finalistas eram MAHLE Metal Leve (que desenvolveu um sistema de partida a frio eletrônico auto-controlável “Self Controlled Electronic Cold Start for Flex Fuel Engines”) e T-Systems (projeto “Viabilidade de Serviços do Carro Conectado com Plataforma Brasileira”). As três primeiras colocadas têm direito a uma avaliação pela Porsche Consulting, envolvendo diagnóstico e consultoria. A grande vencedora pode indicar um representante para uma viagem à Alemanha, para participação em feira internacional (a ser definida pela AHK-SP de acordo com sua área de atuação). Ao término da premiação, o SENAI (parceiro da AHK neste projeto) anunciou que os 5 finalistas estão automaticamente aprovados na primeira fase do Edital SENAI de Inovação (qualificação) e concorrem com os demais inscritos, ao prêmio de R$ 300 mil para o desenvolvimento de seu projeto em parceria com a referida instituição. Criado pelo Departamento de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasil-Alemanha, o Prêmio Brasil-Alemanha de Inovação visa identificar e reconhecer esforços inovadores realizados por empresas brasileiras ou alemãs instaladas no Brasil.
Paulo Stark - Vice Presidente AHK para o tema Inovação, fez a saudação aos presentes REVISTA AMAZÔNIA 61
Durante a abertura da 5ª edição do Brazil Windpower
Brazil Windpower 2014 Energia Eólica atinge 5GW de capacidade instalada no Brasil
Fotos: Arquivo/ Agência Brasil, R2 Comunicações Ltda
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5ª edição do Brazil Windpower foi marcada por um acontecimento especial. A fonte eólica atingiu, no mês de agosto, a capacidade instalada de 5 GW, o suficiente para abastecer cerca de 4 milhões de lares brasileiros ou 12 milhões de pessoas, o que corresponde a uma cidade do tamanho de São Paulo. Promovido anualmente pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) e Grupo CanalEnergia, o Brazil Windpower contou com palestras e debates sobre o setor, além de uma feira de negócios com a presença de, aproximadamente, 200 expositores, representados pelas principais empresas da cadeia produtiva da indústria de energia eólica. Outro importante destaque do evento foi o lançamento do Mapeamento da Cadeia Produtiva da Indústria Eólica do País, um le-
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vantamento inédito produzido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Segundo a presidente da ABEEólica, Elbia Melo, a conquista dos 5 GW de capacidade instalada é extremamente representativa para o setor eólico, visto que, há apenas dois anos, na edição de 2012, a fonte comemorou a marca dos 2GW. “Nesse intervalo de tempo conseguimos inserir 3 GW no sistema, o que representa 5% da matriz elétrica nacional, aproximadamente”, calcula a presiden-
te. A expectativa é de que o segmento mantenha sua forte trajetória de crescimento nos próximos anos, chegando a cerca de 10% em 2018. De acordo com Elbia Melo, há três anos a fonte ainda era desconhecida no País. Contudo essa percepção já mudou muito e hoje a fonte eólica é integrante fundamental na composição da matriz elétrica nacional. “É uma vitória para indústria eólica e reforça a competência e a competitividade que a fonte vem apresentando ao longo desses
Elbia Melo, presidente da ABEEólica - Associação Brasileira de Energia Eólica
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últimos três anos, principalmente”. Os atuais 5 GW de capacidade representam 201 parques eólicos instalados, com geração de 30 mil postos de trabalho por ano. Além disso, a eólica evitou 275 mil toneladas de CO2 e contribuiu para a sociedade com a implantação de diversos projetos sociais. Para a presidente da ABEEólica, o evento deste ano reflete o otimismo, a realidade e a maturidade da indústria eólica brasileira. “Passamos por uma fase de inserção em 2010/2011, quando foram realizadas as primeiras edições do Brazil Windpower. Este ano já estamos na fase de consolidação e sustentabilidade da indústria de energia eólica do Brasil”, observa Elbia. Atualmente, o segmento está na fase de consolidação no Brasil, com nove fabricantes no País e perspectivas de investimentos de longo prazo. Hoje é a segunda fonte mais competitiva e também a mais contratada. Foram contratados, desde 2009, ano em que a fonte eólica participou, pela primeira vez, de um leilão competitivo, mais de 12 GW de capacidade eólica instalada. Isto significa cerca de 10% do que o Brasil possui hoje, somando todas as demais fontes, como
Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), na sua exposição: “Em dez anos, a energia eólica deve corresponder a 11% da matriz energética brasileira”
Patricia Madeira, diretora da Climatempo, foi moderadora do painel Climatologia
Hector Trevino (AMDEE), Elbia Melo (ABEEólica), Thomas Becker (EWEA) e Steve Sawyer (GWEC), que está discursando
há segmentos no setor que registram ociosidade de até 50%. “Existe hoje uma ociosidade. Em alguns setores existe a sobrecapacidade, mas em outros, nós visitamos fornecedores que disseram que hoje não há pedidos suficientes. Este tipo de ajuste é feito pelo próprio mercado”, explicou. Este problema também foi apontado pelo presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Veloso. “Hoje hidrelétrica, biomassa, carvão, nuclear, entre outras. O potencial de produção de energia eólica no Brasil é estimado, hoje, em 350 GW,, com altíssima capacidade no Nordeste e Sul do País. Além dessas regiões, recentes levantamentos apontaram potenciais nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, entre outros. No contexto mundial, o Brasil ocupa, hoje, a 13ª posição no ranking mundial dos países produtores de energia eólica, abaixo, somente, da China, Alemanha, Reino Unido, Índia, Canadá e EUA. A ABEEólica estima que, em breve, o País estará entre os líderes mundiais na produção e no investimento em energia eólica. A expectativa é terminar o ano entre a nona e décima posição do ranking, sendo um dos cinco primeiros em termos de novos parques instalados e, consequentemente, em investimentos.
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Mapeamento da Cadeia Produtiva da Indústria Eólica do País O Brazil Windpower também foi palco de lançamento de um estudo com o diagnóstico da indústria eólica no Brasil, realizado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Eduardo Tosta, da ABDI, ao apresentar o mapeamento da cadeia produtiva da indústria eólica no Brasil, informou que o trabalho indicou que é preciso haver uma parceria maior entre as políticas energética e industrial, mais colaboração entre os fornecedores das montadoras de equipamentos com os fornecimentos em contratos de longo prazo e mudança na metodologia na aquisição de energia para não criar gargalos produtivos. De acordo com Tosta, o mapeamento apontou ainda que
Rodrigo Ferreira, presidente do Grupo CanalEnergia
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A estimativa é que a redução da poluição do ar graças à energia eólica se intensifique nos próximos anos
Geração de energia eólica faz Brasil dobrar a redução de emissão de CO2 Só no primeiro semestre de 2014 a geração de energia eólica no Brasil evitou a emissão de um milhão de toneladas de CO2 na atmosfera terrestre. Isso contribuirá para que o País chegue ao final do ano com um recorde de 3,25 milhões de toneladas mitigadas, duas vezes mais do que o total reduzido em 2013 (1,6 milhão de toneladas). Os dados são da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Segundo a Associação, a estimativa é que a redução da poluição do ar graças à energia eólica se intensifique nos próximos anos. “O Brasil é um dos países que mais está expandindo sua capacidade eólica no mundo”, observa Élbia Melo, presidente da Abeeólica. As regiões brasileiras com melhores condições para receber parques eólicos são o Nordeste e o Sul. Hoje, a energia dos ventos é responsável por apenas 2,2% do total fornecido pelo parque gerador elétrico brasileiro. Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostram que as usinas eólicas já em operação no país geraram 1,3 GW em junho deste ano, 141% a mais do que em o mesmo mês de 2013 (539 MW - que equivalia a 0,9% do total). executivos, fabricantes, prestadores de serviços e todos os profissionais envolvidos com o segmento tiveram a oportunidade de expor suas inovações e trocar experiências.
Empreendedores, consultores, empresários, executivos, fabricantes, prestadores de serviços e profissionais envolvidos com o segmento na América Latina tiveram a oportunidade de expor suas inovações e trocar experiências
temos esta questão, por um lado existe uma demanda muito grande que os fabricantes não vão suportar e, por outro, temos fabricantes sem encomenda. Problemas pelo caminho nós vamos ter. Estamos desenvolvendo uma nova indústria. Não se desenvolve uma nova indústria da noite para o dia “, analisou.
Setor de energia eólica vai investir R$ 15 bilhões em 2014 O setor de energia eólica vai investir neste ano cerca de R$ 15 bilhões e a perspectiva é manter este patamar de investimentos nos próximos anos, incluindo a participação nos leilões de energia promovidos pelo governo, de acordo com a presidenta da Associação Brasileira de Setor de energia eólica vai investir R$ 15 bilhões em 2014
Exposição A quinta edição do evento contou com 200 expositores, representados pelas principais empresas da cadeia produtiva da indústria de energia eólica. Segundo os organizadores do evento, a feira reflete o bom momento vivido pela indústria eólica que está mais concreta e madura. Foi também um ambiente propício a novos investidores. Na ocasião, empreendedores, consultores, empresários, 64 REVISTA AMAZÔNIA
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5ª Conferência e Feira de Negócios de Energia Eólica no Brasil e América Latina no Rio de Janeiro
Energia Eólica (Abeeolica), Elbia Melo. Em dez anos, a energia eólica deve corresponder a 11% da matriz energética brasileira, segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Para Elbia, um dos maiores desafios do setor no Brasil é o desenvolvimento da cadeia produtiva para garantir o andamento dos projetos e manter o índice de nacionalização, critérios básicos para conseguir financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ela concorda com a exigência, mas lembrou que a cadeia produtiva tem que evoluir rapidamente para que os projetos possam entregar a energia contratada nos leilões. “É um desafio que chamamos de emergencial. Temos que vencer rapidamente. Ano passado nós vendemos 4,7 gi-
gawatts (GW). Isso significa que temos que fabricar equipamentos. O adensamento da cadeia produtiva talvez hoje seja o ponto de maior atenção. Não entendemos como um ponto intransponível, mas como uma questão que temos que vencer, que discutir e trazer soluções de curto prazo para seguir na trajetória de consolidação que a indústria está indo de sustentabilidade de longo prazo,“ disse. O chefe do departamento da área de operações industriais do BNDES, Guilherme Tavares Gandra, explicou que o critério foi adotado em 2012 dentro da modelagem dos financiamentos para incentivar o desenvolvimento da cadeia produtiva nacional. “Desde o início da metodologia temos cerca de 22 novas unidades industriais e 15 expansões. Estamos falando aqui de 37 projetos de investimentos”, disse, destacando que os projetos não
se concentram em apenas um tipo de segmento.”Tem investimento em fornecedores de pás, de torres. Houve uma abrangência em grupos de componentes que é muito interessante”. Na avaliação de Elbia Melo, com a diversificação da matriz energética brasileira que já está acontecendo, no futuro, a tendência é a redução da participação das hidrelétricas e de aumento das fontes renováveis. “Nesse processo a energia eólica é a atriz principal. Ela vai ser rapidamente a segunda fonte a participar da matriz. Do ponto de vista da oferta, nós não temos problema em termos de potencial. É essa a posição que o setor eólico está buscando garantir e nós temos todas as condições de fazer isso. O setor eólico está em um momento virtuoso e vai continuar nesta trajetória tendo em vista a base que a indústria construiu no Brasil”, explicou. Segundo a presidenta, um fator importante que será trabalhado neste momento é encaminhar ao governo o pedido de escalonar as entregas de energia do que foi vendido nos leilões. “Essa é uma demanda importante que a indústria vai levar para o governo. Não fica em um período único e as fábricas têm tempo de programar a sua produção”, esclareceu. O escalonamento, de acordo com ela, poderia favorecer também a solução de um outro gargalo do setor, que é a logística do transporte de equipamentos. A característica dos produtos é a grande dimensão e o peso, como as torres das turbinas de geração da energia eólica e rotores, entre outras peças. Estande Deveduto
Estande Aeroespacial e Induscabos
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REVISTA AMAZÔNIA 65
SYNERGY
2014
Abrindo o evento, Adrián Fognini, Managing Diretor da Thomson Reuters no Brasil, abordou o tema: “onde os desafios tributários e a tecnologia se encontram”
C
erca de 450 dos mais importantes executivos, especialistas e autoridades que atuam nos segmentos fiscal, tributário e de gestão de comércio exterior no Brasil, estiveram reunidos recentemente, em São Paulo, para uma discussão aprofundada sobre os novos desafios a serem enfrentados pelas empresas que atuam nesses setores, e também sobre oportunidades factíveis para alavancar o desempenho econômico inclusive ainda no curto prazo. Eles também trataram de tópicos específicos sobre a estrutura tributária brasileira, e sobre tendências do mercado para os próximos anos considerando os possíveis cenários pós-eleição presidencial. Destaque para os painéis sobre o impacto das novas tecnologias no desenvolvimento econômico e na recuperação do potencial de crescimento sustentável do País. Os debates aconteceram durante a terceira edição brasileira do Synergy 2014, evento promovido pela Thomson Reuters em várias
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partes do mundo e que se consolidou como referência mundial para discussões no segmento. O economista Ricardo Amorim abriu a plenária principal trazendo uma análise inédita sobre o comportamento atual da economia brasileira, e sobre as dificuldades estabelecidas nos últimos anos (que, segundo ele, geraram estagnação do setor industrial). Ele traçou paralelos entre as gestões políticas das últimas décadas, em especial desde 2010, com uma abordagem detalhada a respeito das dificuldades enfrentadas pelas empresas (brasileiras ou não) para se estabelecerem e perdurarem no Brasil. “O Brasil – que conseguiu obter bons números de crescimento de 2004 a 2010, após a entrada China na Organização Mundial do Comércio (OMC) – passou a enfrentar quedas significativas do desempenho econômico nos últimos quatro anos. Desde 2011, a taxa brasileira de crescimento foi a mais baixa entre os países da América Latina, apenas 2% – bem abaixo dos números observados no Peru (5,9%) e na Argentina (3,9%), por exemplo”, disse o
especialista. Ele lembrou que os dados obtidos são inversamente proporcionais à quantidade de horas gastas por empresas de médio porte para pagar impostos no Brasil (2.600), Argentina (405) e Chile (291). “Muito disso decorre do fato de o País ter que se deparar com um verdadeiro nó formado por burocracia, tributos em excesso, apagão de mão de obra especializada e gastos públicos exorbitantes – situação que nos posiciona, ano a ano, mais perto dos piores países para se fazer negócio no mundo do que dos melhores. É funda-
Ricardo Amorim abriu a plenária principal trazendo uma análise inédita sobre o comportamento atual da economia brasileira, e sobre as dificuldades estabelecidas nos últimos anos revistaamazonia.com.br
milhões de celulares, e vemos uma aceleração na irreversível tendência de utilização de Cloud Computing”. Para finalizar, ele explicou que as metas da Thomson Reuters são trazer para o mundo dos negócios conhecimentos e conteúdos relevantes da indústria e criar produtos e soluções para que as empresas consigam utilizar essas informações para ganhar vantagem competitiva.
Profissionais estimam mais complexidade do sistema tributário Uma sondagem realizada com os profissionais presentes no evento revelou as expectativas, o nível de conhecimento e os modelos de atuação das empresas em relação aos temas mais atuais e que geram mais dúvidas no setor fiscal e tributário, como SISCOSERV, Regimes
Cerca de 450 profissionais e especialistas se reuniram em São Paulo para discutir desafios e oportunidades para alavancar o desempenho nos setores fiscal, tributário e de comércio exterior no País no curto e médio prazos
mental adotar formas de fazer o Brasil voltar a crescer, em especial no setor industrial, já que um país não pode se desenvolver sem produzir”, recomendou ele, fazendo referência a pelo menos duas medidas que podem ser tomadas já no curto prazo: uso estratégico da tecnologia para acompanhar e responder rapidamente às demandas de desenvolvimento dos negócios, governança e compliance; e adoção de medidas que favoreçam as atividades e a gestão do comércio exterior para aumentar a capacidade do Brasil na área de exportação.
Compartilhando a ótica do Governo Federal, Iágaro Martins, Subsecretário de Fiscalização da RFB, falou sobre “Tecnologia e Desafios da Fiscalização para o triênio 2016/2019 em um Mundo sem Fronteiras”
Ótica do Governo O subsecretário de Fiscalização da Receita Federal, Iágaro Jung Martins, também esteve presente no Synergy 2014. Ele trouxe a ótica do Governo sobre os desafios vivenciados atualmente na área de tributação. Fazendo referência à análise de Amorim, ele foi taxativo: “Nosso desafio não é mais identificar quem sonega impostos. Isso já podemos fazer, com a especialização de um grupo de auditores ‘de elite’, responsável por autuações de grande porte”. E projetou: “Nossa meta para os próximos cinco anos é facilitar o modelo de compliance, para assistir aos contribuintes que desejam fazer a coisa certa. Investimos muito em Tecnologia. Hoje, o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) é um dos maiores bancos de dados do mundo, com 210 milhões de documentos por mês”.
Ao fazer o balanço das palestras apresentadas no período da manhã, Roberto Sória, Chief Technology Officer da Thomson Reuters no Brasil, resumiu: “A Tecnologia é o elo fundamental para que as empresas consigam lidar de forma satisfatória com toda a complexidade e os desafios do mundo moderno, que envolvem a quantidade de mudanças regulatórias e requisitos de compliance, o crescimento explosivo da disponibilidade de dados e a velocidade no crescimento da conectividade e expectativas dos usuários. Somente no Brasil, existem mais de 108 milhões de pessoas conectadas à internet e mais de 278
MANAUS JÁ PODE CONTAR COM AS VANTAGENS DE UM ESCRITÓRIO COMPARTILHADO.
Especiais, Compliance e Risco, eSocial e ECF. Sobre as perspectivas de futuro, a sondagem revelou que 48% esperam que a complexidade do sistema tributário aumente durante os próximos quatro ou cinco anos, enquanto 35% acreditam que não haverá grandes mudanças significativas no setor durante este período. Para manter-se em compliance, a maioria disse investir em capacitação da equipe interna por meio de cursos in company ou externos (45%) e na contratação de profissionais ou consultorias externas (32%).
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O brasileiro também está ciente do papel das áreas protegidas para o bem estar de todos
Meio ambiente e riquezas naturais disputam com esporte e cultura o orgulho do brasileiro Fotos: Adilson Borges, AntonVorauer, Divulgação
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esquisa do Ibope para o WWF-Brasil revela que a população se identifica com o tema do meio ambiente, sabe do papel das áreas protegidas na proteção das nascentes e rios, e que o desmatamento é uma ameaça real ao país. Potencial econômico das áreas protegidas também está no radar. Além do futebol, o brasileiro acaba de revelar que tem outra paixão. Uma pesquisa nacional encomendada pelo WWF-Brasil aponta que a maior parte da população tem um forte sentimento de orgulho pelo meio ambiente e as riquezas naturais do país. A maioria sabe da importância das áreas protegidas para o bem estar humano e acha que a natureza não está sendo tão bem cuidada como deveria. Os resultados foram apresentados em Sidney, na Austrália, durante o Congresso Mundial de Parques. A pesquisa feita pelo Ibope durante a segunda quinzena 68 REVISTA AMAZÔNIA
Para 48% dos pesquisados, as áreas protegidas ajudam a melhorar a qualidade do ar
de outubro com cerca de duas mil pessoas em todas as regiões, buscou entender como a população brasileira se relaciona com as unidades de conservação, como parques, reservas e outras áreas protegidas. Os dados mostram que 58% dos entrevistados têm no
meio ambiente um motivo de brasilidade. Esse mesmo sentimento faz bater o coração de 37% da população quando o tema é diversidade cultural, e 30% afirmam que têm no esporte a razão para exaltar sua brasilidade. O brasileiro também está ciente do papel das áreas protegidas para o bem estar de todos. Entre os entrevistados, 65% afirmaram que a proteção da fauna e da flora é um dos benefícios dessas áreas. A população também sabe que proteger o meio ambiente significa garantir a proteção das nascentes, represas e rios, as principais reservas de água para o consumo humano. Essa relação está clara para 55% dos que responderam à pesquisa. Para 48% dos pesquisados, as áreas protegidas ajudam a melhorar a qualidade do ar; 34% identificam nesses locais uma oportunidade para o descanso e o lazer e 25% enxergam perspectivas econômicas a partir da conservação do meio ambiente. “O que a pesquisa deixa claro é que há um descompasso entre as políticas públicas de meio ambiente no Brasil e os anseios da população. Apesar do apreço que o brasirevistaamazonia.com.br
leiro tem pelas áreas naturais, da importância delas na vida cotidiana das pessoas, esse tema não é uma prioridade nacional do ponto de vista dos governos”, afirma Maria Cecília Wey de Brito, CEO do WWF-Brasil. Exemplo disso, diz ela, é o fato de que no recente debate eleitoral, o tema ambiental ficou na escuridão. “E foi isso que nos inspirou a fazer a pesquisa. Achamos que os políticos ainda não percebem o quanto o meio ambiente pode beneficiar o país. E o pior: não são capazes de perceber que a proteção ambiental é uma expectativa nacional.” Segundo a CEO, as áreas protegidas ajudam a conservar a água que abastece desde a agricultura até o consumo doméstico. As florestas e outros ecossistemas também colaboram no equilíbrio do clima, no regime de chuvas e fornecem uma diversidade enorme de outros serviços, como matérias-primas para medicamentos, alimentos e cosméticos. Têm, portanto, um papel econômico que ainda não está sendo considerado. “Será que vamos ter de sofrer outra crise como a da água em São Paulo para começar a dar valor à conservação do meio ambiente?”, pergunta Wey de Brito. Segundo ela, a resposta dada pelo governo de São Paulo na questão hídrica foram obras que gastarão R$ 3,5 bilhões. “E não vai Pesquisa nacional encomendada pelo WWFBrasil aponta que a maior parte da população tem um forte sentimento de orgulho pelo meio ambiente e as riquezas naturais do país
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58% dos entrevistados têm no meio ambiente um motivo de brasilidade
nada para a conservação dos mananciais. Não está certo”. A falta de atenção com o meio ambiente é uma preocupação do brasileiro que se reflete na pesquisa encomendada pelo WWF-Brasil. De cada 10 entrevistados, oito consideram que a natureza não está protegida de forma adequada. Apenas 11% acham que sim. “De fato, nosso sistema nacional de unidades de conserSerá que vamos ter de sofrer outra crise como a da água em São Paulo para começar a dar valor à conservação do meio ambiente, pergunta Maria Cecília Wey de Brito, do WWF Brasil
vação nunca esteve tão ameaçado quanto agora. E isso está ocorrendo com anuência do Congresso Nacional por meio de projetos de lei e uma avalanche de pedidos de licença para mineração e construção de grandes obras de infraestrutura”, adverte Jean François Timmers, Superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil. Todas essas são atividades que podem gerar muito desmatamento. E 27% dos entrevistados veem no corte raso das florestas uma das principais ameaças à natureza. A poluição das águas vem em segundo lugar, com 26%. Caçar e pescar em locais proibidos são motivos de preocupação para 19% dos entrevistados. Outras ameaças apontadas na pesquisa são as grandes obras de infraestrutura e as mudanças climáticas. E para resolver esse problema nacional, 74% dos entrevistados acham que o governo deve agir em primeiro lugar. Em segundo, são os cidadãos que devem tomar a frente (46%). AS ONGs também foram citadas. Para 20% dos brasileiros ouvidos na pesquisa, essas organizações têm papel importante na hora de cuidar das unidades de conservação. “Precisamos de um pacto amplo, que envolva todos os setores, para mudar o cenário atual e posicionar a conservação da natureza e as áreas protegidas como prioridades reais na agenda do governo nos próximos quatro anos”, afirma Timmers. “Não dá mais para esperar, os resultados dessa negligência estão batendo à nossa porta”. REVISTA AMAZÔNIA 69
A sustentabilidade e as pequenas e médias empresas
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ão se pode pensar em mudança na direção de um modelo de negócio mais sustentável para o Brasil se ela não ocorrer também nas Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Essas entidades têm papel fundamental para o desenvolvimento sustentável. No Brasil, por exemplo, representam 99% do universo dos 6,3 milhões de empresas brasileiras e empregam mais de 16 milhões de pessoas (quase metade do total de empregos do Brasil). Como equacionar essa conta para se obter uma economia verde? A falta de apoio, conhecimento e recursos são alguns dos principais desafios que impedem as PMEs de investirem em sustentabilidade. Isso acaba de ser comprovado pelo estudo NEXT - Observatório de Tendências em Sustentabilidade, realizado pela consultoria Ideia Sustentável. Agora, internalizando o conhecimento, cada gestor consegue definir prioridades e perceber que com pequenas medidas, e sem a necessidade de altos investimentos, podem tornar-se mais competitivos e lucrativos. A sustentabilidade precisa deixar de ser vista como custo e sim como um investimento, a fim de alavancar os resultados e a dar longevidade aos negócios. No mercado, já existem ferramentas de educação corporativa que dão suporte para interessados na temática da sustentabilidade. A grande questão é o papel das grandes empresas na liderança deste processo e reflexão do que elas estão fazendo para acelerar a adoção de soluções mais sustentáveis pelos seus fornecedores e clientes. O estudo da Ideia Sustentável traz o caminho necessário para que as PMEs alcancem esses resultados. Nele, é mencionado o artigo “Inovação sustentável: a criação de benefícios reais para as PME”, publicado em 2013 pela Rede Internacional para as Pequenas e Médias Empresas (INSME). Segundo o artigo, as pequenas empresas possuem algumas vantagens distintivas, em relação às grandes, quando se trata de inovar na criação de produtos, processos e práticas mais sustentáveis. “As empresas menores estão mais bem posicionadas para experimentar coisas novas graças à sua estrutura flexível, ao controle financeiro feito
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por Por Roberto Araújo* pelo proprietário, à capacidade rápida de reagir a novas oportunidades e à confiança na intuição para a tomada de decisões”. Entre outros pontos trazidos está a integração da sustentabilidade como proposição de valor no plano de negócio, como fator fundamental de inovação, como fonte de novas e crescentes oportunidades para pequenos negócios, a ascensão de uma liderança cada vez mais sustentável, o crescente interesse de financiamento público e privado por pequenos negócios mais sustentáveis, entre outros.
No mercado, já existem ferramentas de educação corporativa que dão suporte para interessados na temática da sustentabilidade
O que as PMEs precisam estar atentas é que, as perspectivas e as megatendências para a humanidade nos próximos anos relacionadas aos recursos naturais, meio ambiente e clima, alimentos e nutrição e qualidade de vida, exigirão delas uma resposta a essas demandas. Paralelamente a isso, como consta no estudo “10 Tendências Globais de Consumo para 2014”, realizado pela consultoria Euromonitor. O consumidor está atento para algumas questões-chave, como uma maior consciência
socioambiental, valorização do ambiente comunitário, a busca por alternativas para as frustrações com o trabalho e a rotina, entre outras. Aqui temos mais um desafio e oportunidade para as PMEs. Ruy Quadros, professor titular em Gestão Estratégica da Inovação na Unicamp, elaborou uma maneira de mostrar se as PMEs estão prontas para atender essas demandas. Segundo um estudo realizado pelas organizações de contadores CIMA, AICPA e CICA em 2011, no Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, um terço das pequenas e médias empresas possui uma estratégia de sustentabilidade, com outros 23% anunciando a sua vontade de formulá-la nos dois anos seguintes do estudo. Realmente, esse é o caminho, mas o tempo e os recursos são escassos. Entra aí um ponto importante para o futuro das PMEs: o compartilhamento. Segundo o estudo NEXT, a colaboração tem se apresentado como quesitos para o crescimento dos negócios. Uma vez que são mais flexíveis e rápidas na tomada de decisão em comparação as grandes, as PMEs conseguem alcançar soluções de problemas mais facilmente. Como disse Laura Spence, especialista em pequenas empresas na Universidade Royal Holloway, do Reino Unido “juntas as PMEs podem construir respostas contundentes para os problemas socioambientais que hoje afetam a humanidade”. Um dos exemplos mencionados, são as cooperativas como uma fonte de inspiração para PMEs dispostas a juntar forças pela sustentabilidade. Se as PMEs somarem sua vontade pela sustentabilidade e seu perfil inato para a inovação, com os desafios, oportunidades e poder de colaboração podem sim atender as demandas da sociedade e de seus clientes, na maioria grandes empresas, cada vez mais exigentes sobre critérios de avaliação de fornecedores. Além disso, líderes dessas empresas estão cada vez mais alinhados a sustentabilidade como um fator diferencial para seu negócio, buscando novos investimentos e recursos para sua atividade. O caminho está aí o que resta é a vontade de trilhar por essa longa estrada. [*] Diretor-presidente da Fundação Espaço ECO®
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Política Energética: Expansão da Geração na Era Pós-Hidrelétrica
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Mercado de Energia: O Futuro dos Ambientes de Contratação Livre e Regulado
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Regulação Tarifária: Um Novo Regime para uma Nova Realidade
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ATTO, a torre de observação do clima na Amazônia A Torre Atto é a primeira do tipo na América do Sul, quatro vezes mais alta do que a atual torre de observação do Inpa, que tem 80 metros e sete a mais que a torre Eiffel, na França
Fotos: Fernanda Farias/INPA
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floresta tropical da Amazônia neste dezembro está ganhando a – Torre Atto – Amazon Tall Tower Observatory, uma torre de 325 metros de altura, para observação de mudanças climáticas na região. A Atto faz parte do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), implementado em 1998. É um resultado de parceria entre Brasil e Alemanha e de acordo com o coordenador do projeto por parte do Brasil, o pesquisador do Inpa Antônio Manzi, Brasil e Alemanha investiram R$ 7,5 milhões na construção da torre, que teve suas bases lançadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, a 150 quilômetros de Manaus. Como um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta, que desempenha papel importante na estabilização do clima, o objetivo da torre é medir os impactos das mudanças climáticas globais nas florestas de terra fir-
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me da Amazônia, medindo a interação da floresta com a atmosfera. Além de servir para pesquisas inéditas de química da atmosfera (trocas gasosas, reações químicas e aerossóis), processos de transporte de massa e energia
na camada limite atmosférica e processos de formação e desenvolvimento de nuvens. “Queremos diminuir as incertezas nesses campos da pesquisa científica e contribuir para aprimorar a repre-
Detalhe da ATTO, para permitir investigar o transporte de massas de ar e suas mudanças através da floresta por uma distância de centenas de quilômetros
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sentação da Amazônia e outras áreas tropicais úmidas nos modelos climáticos”, diz Manzi, que é doutor em física da atmosfera. “A altura da torre de medição nos permitirá investigar o transporte de massas de ar e suas mudanças através da floresta por uma distância de centenas de quilômetros”, disse o Dr. Jürgen Kessselmeier, do Instituto Max Planck, do lado alemão. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o local de instalação da torre foi escolhido após uma série de estudos em conjunto com o Instituto Max Planck, da Alemanha, e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Os técnicos optaram por uma área de terra firme na floresta - ambiente mais comum na variada paisagem amazônica. A Torre Atto é a primeira do tipo na América do Sul, quatro vezes mais alta do que a atual torre de observação do Inpa, que tem 80 metros e sete a mais que a torre Eiffel, na França. A torre funcionará ininterruptamente, e terá vida útil estimada entre 20 e 30 anos. Estão previstas também quatro torres menores - com 80 metros de altura, cada - em volta da Torre Atto, com o objetivo de medir fluxos e transportes horizontais, dando auxilio na obtenção de dados da torre principal. A estrutura de observação climática é um empreendimento conjunto, liderado pelo Inpa, Instituto Max Planck e pela UEA, mas com participação também de outras instituições. A torre ATTO trará significantes avanços na compreensão do papel da floresta no aquecimento regional e global e possivelmente identificará outros processos ainda em fases experimentais. A torre ATTO trará significantes avanços na compreensão do papel da floresta no aquecimento regional e global
Localização da ATTO A torre ATTO vai ajudar a responder a inúmeras questões relacionadas às mudanças climáticas globais
A torre funcionará ininterruptamente, e terá vida útil estimada entre 20 e 30 anos
A torre ATTO vai coletar dados sobre gases de efeito estufa, aerossóis e formações meteorológicas, o que permitirá aos cientistas analisar as mudanças e movimentos de massas de ar em toda a várias centenas de quilômetros. A enorme torre de aço vai ajudar a responder a pergunta de se na floresta amazônica a atmosfera remove grandes quantidades de dióxido de carbono ou se faz absorção e emissão de gases de efeito estufa, ou talvez até mesmo em equilíbrio revistaamazonia.com.br
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Área de florestas intactas diminuiu 8% em 13 anos, afirma estudo Mapas/Fotos: Brendan Mackey, Greenpeace
Assim que surge a estrada, surge também o fogo e aumenta a ação do homem na região
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estruição é verificada principalmente em florestas boreais e tropicais. No Brasil, 15 milhões de hectares foram degradados, principalmente na região amazônica. Mais de 104 milhões de hectares de florestas intactas foram perdidos nos últimos treze anos e 25% dessa área fica na região amazônica, que engloba Brasil e países vizinhos. No Brasil, 15 milhões de hectares foram degradados nesse período, afirma um estudo do Greenpeace, em parceira com a Universidade de Maryland e da ONG Transparent World, divulgado recentemente. A pesquisa analisou imagens de satélite do programa Landsat, da Nasa e do Serviço Geológico dos Estados Unidos, feitas entre 2000 e 2013. A comparação dos dados mostra que houve uma diminuição de 8,1% na área de florestas intactas, ou seja, regiões de ao menos 500 quilômetros quadrados que não sofreram alterações
causadas pelo homem. “É incrível o ritmo de destruição de nossos recursos naturais. Precisamos urgentemente de mais áreas protegidas, onde o homem não possa destruir”, afirmou Jannes Sto-
ppel, especialista em florestas do Greenpeace. A área destruída equivalente a três vezes o tamanho da Alemanha. Os biomas mais atingidos foram as florestas boreais e tropicais, justamente as que concentram 95% das áreas intactas. A maior parte da degradação, ou seja, 47%, foi registrada na taiga, no Canadá, Rússia e Alasca.
Estradas trazem destruição
Menos de 120 gramas de CO2 por km
Distribuição da cobertura florestal, incluindo: pré-agricultura florestal; floresta natural atual; e florestas intactas (IFL). Os ícones de árvores verdes indicam a proporção de IFL total mundial para os primeiros 20 países. Os três ícones vermelhos indicam para estes países a proporção relativa de perda de floresta bruta total global
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A construção de estradas – tantos as legais quanto as ilegais – que atravessam essas regiões é a principal responsável por essa destruição. Queimadas também foram outro fator que contribui significativamente para a redução. “Assim que surge a estrada, surge também o fogo e aumenta a ação do homem na região. Esses aspectos são fundamentais para a redução de florestas intactas”, reforçou Stoppel. As florestas cobrem cerca de um quarto do planeta, mas apenas 0,08% da superfície terrestre é coberta por regiões intactas, que abrangem também lagos, mata nativa, pastagem, pântanos e rochas. No Brasil restavam, em 2013, cerca de 233 milhões de hectares de florestas intactas, afirma o relatório. Essas áreas são fundamentais para a conservação da biodiversidade, além de diminuir os impactos das mudanças climáticas. Segundo Stoppel, já foi observado um revistaamazonia.com.br
aumento no risco de queimadas devido às alterações no clima. “Nossa avaliação mostra de forma surpreendentemente clara o crescimento da pressão sobre as florestas. Nós precisamos reaprender a valorizar as florestas intactas. Elas são o lar de inúmeras espécies de animais e plantas, elas regulam o clima, limpam o ar e a água e são a base de vida para muitas populações”, disse Stoppel. Para combater essa perda, a organização pede que governos nacionais protejam mais esses locais, por meio da criação de reservas de proteção. Além disso, o Greenpeace também sugere que consumidores contribuam para preservar essas regiões, reduzindo o uso de papel e de produtos oriundos de madeira.
Queimadas também foram outro fator que contribui significativamente para a redução
Áreas intactas de florestas do mundo (IFL), 2000-2013 Principais conclusões As florestas intactas (IFL) em 2000 abrangiam 12,8 milhões de km2, ou 9,7% da área terrestre da Terra (excluindo a Antártida ea Groenlândia). Em 2013, a área total IFL havia diminuído em 8,1% e tornou-se 11,8 milhões de km2. Os principais fatores de perda da área IFL foram: - perda de cobertura florestal devido ao desmatamento; - exploração madeireira e incêndios florestais humanos inflamados (19%), e - fragmentação por perturbação e infra-estrutura (81%). A grande maioria (93,5%) do IFL são encontrados em dois biomas: florestas tropicais e boreais. A menor proporção de IFL é encontrado em florestas temperadas. A maior proporção de IFL degradação (27,7% da área IFL 2000) foi encontrado no bioma Subtropical. IFL existia em 64 países no ano de 2013 A maioria da área do mundo IFL está concentrada em um pequeno número
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THE WORLD's INTACT FOREST LANDSCAPES (IFLs)
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de países: 11 países contêm 90% da área total da IFL. Três países – Canadá, Rússia e Brasil – contém 65% de toda a área do mundo IFL e 56% da área total de degradação IFL 2000-2013. A maior proporção de degradação IFL foi encontrada em países do Sudeste da Ásia e Insular. Os países com maior degradação IFL, tanto em termos absolutos (área) e em termos relativos (percentuais) são Paraguai, Austrália, Bolívia, Myanmar, Gabão, Camarões e Malásia. Mais de 32% da área do mundo IFL tem algum tipo de proteção no ano de 2013, mas só 2% são de proteção integral, ou seja, pertence a IUCN categorias Ia de áreas protegidas. Entre os continentes, a proporção protegido é o menor na Ásia e na América do Norte. Alguns países asiáticos – China, Camboja, Laos e Vietname – não colocaram nenhum IFL sua área sob proteção com status de IUCN I-III.
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Forest Non forest IFL degradation, 2000-2013 Non intact forests
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© 2014, IFL Mapping Team: Greenpeace, University of Maryland, Transparent World, World Resource Institute, WWF Russia. Results/reports can be viewed at www.intactforests.org . REVISTA AMAZÔNIA 75
ConBAP - Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão
A
sexta edição do Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP 2014) reuniu alguns dos principais especialistas da área de Agricultura de Precisão para discutir o cenário atual e apontar caminhos e estratégias visando ao progresso em diversas áreas da AP, no Hotel Fazenda Fonte Colina Verde, em São Pedro- São Paulo. O evento completou dez anos desde a sua primeira edição em 2004, quando ainda era promovido e organizado pela USP/ESALQ. A partir de 2010 passou a ter a chancela da Associação Brasileira de Engenharia Agrícola – SBEA. Desde seu início tem sido o ponto de encontro das lideranças da comunidade da Agricultura de Precisão (AP) brasileira. O evento contou com a participação de 317 inscritos (número equivalente àqueles de eventos internacionais na área) entre membros da academia, usuários e fornecedores de produtos e serviços vinculados ao setor. Além das tradicionais sessões de apresentações orais e de pôsteres, foram realizados três painéis com a participação de técnicos, pesquisadores e usuários de AP. Foram apre-
Prof. José Paulo Molin realizando a abertura do evento
Palestra do Dr. John Stafford, presidente da International Society of Precision Agriculture até Julho de 2014 e editor do Precision Agriculture Journal
sentados e discutidos temas atuais e polêmicos como a regulamentação de VANTs e comunicação de rádio para as correções RTK e técnicas avançadas como a gestão por zonas de manejo e controle localizado de pragas. Três participações internacionais também marcaram o ConBAP 2014. John Stafford (Inglaterra), ex-presidente da Sociedade Internacional de AP (ISPA – International Society on Precision Agriculture), John Fulton (EUA), professor da Ohio State University, e Robin Gebbers (Alemanha), pesquisador do Instituto Leibniz, proferiram palestras abordando novas tecnologias, perspectivas e avanços globais da AP. Ao longo do evento foram realizadas rodas de discussão 76 REVISTA AMAZÔNIA
Outra palestra realizada durante o evento revistaamazonia.com.br
Debate após palestra internacional
Palestras abordando novas tecnologias, perspectivas e avanços globais da AP
e reuniões com o intuito de debater sobre os rumos da AP no Brasil. A Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP) do Ministério da Agricultura e o Grupo de Discussões AP em Cana (GDAP) também se reuniram durante o congresso. O evento foi capaz de agregar adequadamente a participação da academia, empresas e usuários promovendo uma valiosa oportunidade para troca de informações entre todos. O próximo ConBAP deve ocorrer em 2016 com data e local ainda a serem definidos.
A Agricultura de Precisão (AP) é um conjunto de ações de gestão do sistema de produção que leva em consideração a variabilidade espacial das lavouras e incorpora inovações tecnológicas que permitem o seu tratamento num grau de detalhamento mais elevado que a prática usual, sendo, portanto, mais acurado. Esse conceito, válido para qualquer lavoura, de culturas anuais, semi-perenes ou perenes, é facilmente estendido para florestas implantadas e envolve a gestão de todos os insumos como fertilizantes, sementes e outras formas de propagação, agroquímicos, água e outros. A Agricultura de Precisão oferece grandes benefícios para os usuários deste sistema, permitindo decisões mais embasadas e rápidas. Confere uma maior capacidade e flexibilidade para a distribuição dos insumos naqueles locais e no tempo em que são mais necessários, minimizando os custos de produção. E também redução do grave problema do risco da atividade agrícola, permitindo um maior controle da situação, melhoramento do rendimento da cultura, conservação do solo e a redução da degradação ambiental pelo menor uso de defensivos e fertilizantes.
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Comida sustentável nas Olimpíadas
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eguindo o exemplo de sucesso dos Jogos de 2012, Brasil pretende e vai aproveitar evento para incentivar alimentação saudável. Relatório mapeia cadeias de produção para incluir produtos orgânicos e regionais no cardápio. Pela primeira vez na história das Olimpíadas, em 2012, Londres deu status de modalidade esportiva a tudo o que era preparado nas cozinhas do evento. A sede dos jogos traçou um plano estratégico para promover saúde, sustentabilidade e diversidade gastronômica durante a competição. E o Brasil quer seguir a mesma linha nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Ao longo das duas semanas dos jogos londrinos, a capital britânica ofereceu alimentos regionais, com a intenção de inspirar uma mudança duradoura nos setores de prestação de serviços de alimentação e hotelaria e contribuir para uma vida saudável. Dois anos depois, o balanço é positivo. “Muitos distritos de Londres e estudantes nas escolas estão agora recebendo comida mais fresca, saborosa e sustentável. Milhares de moradores têm acesso a áreas verdes para plantar”, avalia o relatório da Sustain, uma aliança que reúne diversas organizações do ramo. Ela
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ajudou a criar o plano de 2012 e segue acompanhando o legado daquela estratégia. “O apoio municipal a produtores locais também aumentou.” Nas Olimpíadas de 2016, estima-se que 14 milhões de refeições serão servidas, e o Brasil quer adotar um plano semelhante ao de Londres. “Nosso objetivo é oferecer uma alimentação saudável, sustentável e que promova a rica cozinha brasileira”, resume Leila Luiz, gerente de
Alimentação Saudável e Sustentável, além de ter um estilo de vida saudável é primordial para o desempenho esportivo
alimentação do Comitê Organizador Rio 2016. A iniciativa partiu do Rio Alimentação Sustentável, um grupo formado por 26 organizações, entre elas a WWF Brasil, a Conservação Internacional e a Embrapa. Elas estão traçando um perfil da cadeia de fornecimento dos produtos orgânicos no país, com foco no Rio de Janeiro, revistaamazonia.com.br
termos de servir comida que siga altos padrões, não só quanto ao sabor, mas também quanto à qualidade dos alimentos e ao bem-estar dos animais”, avalia Rosie Boycott, do London Food Board, grupo para assuntos relacionados à alimentação da prefeitura de Londres. Isso é possível inclusive com orçamento apertado, afirma. O Comitê Organizador Rio 2016 tenta seguir o mesmo caminho. “Nosso objetivo principal é o legado. Os jogos são uma motivação”, afirma Soares. A ideia é aumentar a disponibilidade de alimentos orgânicos no mercado, “quem sabe com potencial diminuição dos preços desses produtos certificados, orgânicos, sustentáveis”, diz o representante do WWF-Brasil. Se a iniciativa der certo, ao promover uma alimentação mais saudável, ela pode contribuir para melhorar a saúde O objetivo é oferecer uma alimentação saudável, sustentável e que promova a rica cozinha brasileira
e lançaram recentemente a primeira parte do trabalho. O guia, intitulado Diagnóstico para a oferta de alimentos saudáveis e sustentáveis nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, deve orientar o processo de contratação das empresas do setor que vão servir refeições durante os jogos. O primeiro passo é identificar quem e quantos são os possíveis fornecedores dos alimentos saudáveis e sustentáveis. “O setor de produção orgânica carece de informações quantitativas. Esperamos contribuir também nesse quesito, montar uma base de dados com informações da produção sustentável no Brasil”, diz Frederico Soares, do WWF-Brasil. A organização, com base em Londres, ajudou a criar o programa de alimentação sustentável dos jogos de 2012. O guia do Rio Alimentação Sustentável sugere que o cardápio olímpico inclua hortaliças regionais, frutas – como mangaba, açaí, cupuaçu, cacau, laranja e cajá –, arroz, feijão, milho, mel, castanha-do-pará e pinhão. Carne bovina, leite, ovos e peixes provenientes de culturas sustentáveis também entrariam no menu.
O primeiro raio-x Para esse primeiro diagnóstico, foram analisadas 15 cadeias produtivas, incluindo a da carne, cereais, frutas, hortaliças, peixes, leite e derivados. Na lista das dificuldades observadas, estão o custo para certificar um produto como alimento sustentável, o acesso limitado ao crédito para pequenos produtores, a falta de adequação aos padrões de qualidade internacionais e problemas logísticos. Os alimentos orgânicos estão ficando mais populares no Brasil, porém, a produção no país ainda é de baixa escala. “Mas nós temos um número grande de produtores familiares, pequenos e médios, com capacidade para ampliar e fornecer produtos nos jogos. Vamos ajudar a ligar esses pontos, produtores e fornecedores”, diz Soares. Outro aspecto que exige melhoria é um mecanismo para checar a origem da comida. Normalmente, selos já revistaamazonia.com.br
estabelecidos no mercado certificam a procedência do produto. A proposta do Rio Alimentação Sustentável é fazer com que os organizadores garantam que o alimento vendido aos visitantes é, de fato, orgânico – um dos maiores desafios.
Troféu olímpico “Os Jogos de Londres elevaram as expectativas em
Ao promover uma alimentação mais saudável, ela pode contribuir para melhorar a saúde do brasileiro
do brasileiro. Dados do Ministério da Saúde apontam que 51% da população estão acima do peso. A obesidade está relacionada a fatores genéticos, mas a alimentação e sedentarismo têm grande influência. Em rankings da Organização Mundial da Saúde, os brasileiros aparecem como grandes consumidores de gordura saturada e fãs de refrigerantes.
Horta urbana REVISTA AMAZÔNIA 79
Para ampliar o monitoramento da Amazônia
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governo federal investirá R$ 67 milhões para ampliar o monitoramento ambiental por satélites realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que produz dados sistemáticos sobre o desmatamento e a degradação florestal na Amazônia. Os dados são importantes para tomada de decisões sobre políticas para preservação da região. Para isso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já garantiu o aporte dos recursos ao projeto “Monitoramento Ambiental por Satélites no Bioma Amazônia”, que tem prazo de execução de cerca de três anos e meio (42 meses) e propiciará as condições para que o Inpe possa ampliar suas ações e também compartilhar sua metodologia, dados, tecnologias e equipamentos para monitoramento ambiental com outras regiões e biomas brasileiros, assim como outros países tropicais. O contrato para o repasse dos recursos foi assinado na última semana, entre o diretor da Área de Meio Ambiente do BNDES, Guilherme Lacerda, e os diretores do Inpe, Leonel Perondi, e daFundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate), Luiz Carlos Miranda, tendo como testemunhas os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em Brasília. Segundo a ministra Izabella Teixeira, o projeto é prioritário para que o País entre em uma segunda fase de proteção à região amazônica. “Acabaremos com o desmatamento na Amazônia e desenvolvermos políticas específicas para aquela região com novos padrões produtivos, mantendo a floresta mas assegurando o desenvolvimento social, ambiental e econômico”, afirmou. Segundo ela, a tarefa só é possível com conhecimento científico, informação ou instituições robustas para dar respostas à sociedade local e globalmente. Por isso, é preciso evoluir na captação de mais recursos para o desenvolvimento de novas ferramentas tecnológicas, de forma que o Brasil tenha protagonismo na inovação tecnológica associada a satélites de monitoramento. “Após os três anos e meio previstos para a vigência do presente projeto, os programas do Inpe relacionados ao bioma Amazônia terão sido amplamente incrementados, proporcionando ao País, particularmente ao Ministério do Meio Ambiente, ferramentas ainda mais eficientes e eficazes para o monitoramento ambiental da Amazônia”, disse o diretor do Inpe, Leonel Perondi. 80 REVISTA AMAZÔNIA
Segundo o MMA, os resultados esperados contribuirão para a implementação da estratégia de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) do País, uma vez que possibilitam aumentar o controle do desmatamento e da degradação florestal. A atuação do Inpe, em coordenação com as políticas do ministério, já levaram a uma redução do desmatamento na Amazônia alcançou 5.891 km2 em 2014, a segunda menor taxa registrada nos últimos 25 anos. O BNDES destinará recursos ao projeto de monitoramento por meio do Fundo Amazônia, carteira de crédito que soma agora o apoio a 67 projetos, totalizando R$ 1 bilhão, dos quais R$ 372 milhões desembolsados. Todos os projetos apoiados visam reduzir o desmatamento e apoiar o desenvolvimento sustentável. O projeto apoiado pelo Fundo Amazônia, portanto, contribuirá para os avanços na atuação do MMA em sua missão de coordenar e empreender ações do governo federal no combate ao desmatamento ilegal da Amazônia brasileira. O projeto compreende ações como: mapeamento do uso e cobertura da terra na Amazônia Legal; aprimoramento de software; melhoria dos serviços de recep-
ção, distribuição e uso das imagens de sensoriamento remoto do Inpe; aprimoramento do monitoramento de focos de queimadas e incêndios florestais; estudo das trajetórias de padrões e processos do desmatamento na Amazônia; e melhoria dos métodos de estimativa de biomassa e de emissões por mudança de uso da terra.
Desmatamento e degradação Recentemente, o Inpe confirmou a segunda menor taxa de desmatamento na Amazônia registrada anualmente nos últimos 25 anos, por meio do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes), espécie de acompanhamento via satélite. A degradação florestal na Amazônia Legal também atingiu, em 2013, o menor valor registrado desde o início da série histórica, em 2007. Área degradada é aquela onde há deterioração florestal progressiva pela exploração predatória de madeira (com ou sem uso de fogo), mas ainda não removidas totalmente (corte raso). Neste último caso, se trata do desmatamento propriamente dito. revistaamazonia.com.br
Índices de Sustentabilidade por Ana Carla Kawazoe Sato RA
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o início dos anos 90, percebeu-se que o crescimento econômico deveria ser mais justo a nível social e mais compatível com a preservação da base de recursos naturais. A esse objetivo global, deu-se o nome de “desenvolvimento sustentável”. Sustentabilidade significa concluir diferentes objetivos de programas ao mesmo tempo. Preocupações ambientais, sociais e econômicas devem ser consideradas juntamente. Segundo a Comissão Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente das Nações Unidas, desenvolvimento sustentável é suprir as necessidades da população mundial atual sem comprometer as necessidades das populações futuras. Uma comunidade sustentável deve procurar manter e melhorar as características econômicas, ambientais e sociais de uma região de forma que os seus membros possam ter uma vida saudável, produtiva e agradável ali. Uma condição chave para fazer e medir o progresso quanto a sustentabilidade é que as pessoas que tomam as decisões tenham melhor acesso a dados relevantes. Para isso que se tem os indicadores: instrumentos para simplificar, quantificar e analisar informações técnicas e para comunicá-las para os vários grupos de usuários. Indicadores Econômicos
Um bom indicador alerta sobre um problema antes que ele se torne muito grave e indica o que precisa ser feito para resolver tal problema. Em comunidades em crises (sejam sociais, econômicos ou ambientais), os indicadores ajudam a apontar um caminho para a solução dessas crises, e assim para um futuro melhor. Para a tomada de decisões políticas, normalmente são adotados indicadores sociais e econômicos. Porém, para monitorar e avaliar as mudanças e seus impactos no ambiente, é necessário indicadores comparativos. Um indicador econômico não leva em conta efeitos sociais ou ambientais, assim como indicadores ambientais não refletem impactos sociais ou econômicos ou os indicadores sociais não consideram efeitos ambientais ou econômicos. Indicadores de sustentabilidade não são indicadores tradicionais de sucesso econômico e qualidade ambiental. Como a sustentabilidade requer uma visão de mundo mais integrada, os indicadores devem relacionar a economia, o meio ambiente e a sociedade de uma comunidade. A tabela da página seguinte compara indicadores tradicionais com indicadores de sutentabilidade. Spartacus criou um sistema próprio para tratar de sustentabilidade urbana. Ele parte dos mesmos princípios Indicadores Sociais
Tradicionais
Sustentáveis
Renda média; Renda per capita em relação aos EUA;
· Número de horas trabalhadas em relação a média de salário necessária para as necessidades básicas serem supridas;
testes e pontuações padronizados (exames do MEC: Provão...);
Taxa de desemprego; Número de empresas; Número de empregos;
Elasticidade do mercado de trabalho; Habilidade do mercado de trabalho de ser flexível em tempos de mudanças na economia;
Número de eleitores registrados;
Tamanho da economia medido por índices como PIB.
Maior independência financeira local, possível;
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Tradicionais
Sustentáveis
da sustentabilidade (preocupações ambientais, sociais e econômicas), mas deve ser medido em termos relativos (examinar um sistema urbano por inteiro é uma tarefa muito complicada e complexa). Em relação a poluentes do ar, por exemplo, muitos indicadores de Spartacus tratam com emissão de poluentes. Os dados de concentração de poluentes são combinados com informações de onde as pessoas vivem, resultando em um indicador simplificado da exposição potencial de áreas residenciais a poluentes. Valores de indicadores de sustentabilidade são calculados de variáveis de transporte e de uso de terra. Esses valores são postos em uma escala que varia de 0 a 1, sendo 1 o valor atribuído quando de alcança a meta determinada por um indicador. Os indicadores de sustentabilidade são divididos em componentes sociais, econômicas e ambientais, e para cada componente são dadas pesos em relação as outras, através da comparação da importância de alcançar as metas de cada indicador. Usando esses “pesos”, os indicadores são agregados e se tornam índices de sustentabilidade para alcançar essas metas. Há também outros tipos de indicadores que tratam de sustentabilidade de transporte, social e outras, mas que não foram aprofundadas nesta pesquisa. Indicadores Ambientais Tradicionais
Sustentáveis
Número de estudantes treinados para os trabalhos disponíveis na comunidade local; Número de estudantes que ingressam na faculdade e retornam para a sua comunidade;
Níveis ambientais de poluição do ar, água, geralmente medidos em ppm ou poluentes específicos;
Habilidade do ecossistema de processar e assimilar poluentes;
Número de eleitores que realmente votam nas eleições (participam do processo democrático); Número de eleitores “engajados” politicamente;
· Toneladas de resíduos sólidos produzidos;
Quantidade de material reciclado por pessoa, em relação ao total de resíduos sólidos produzidos (uso cíclico das fontes de recursos);
- Energia per capita utilizada;
Energia renovável em relação a energia não renovável; Quantidade total de energia usada. REVISTA AMAZÔNIA 81
Concentração de gases de efeito de estufa atinge novo recorde
Segundo dados da Organização Meteorológica Mundial, novo aumento dos níveis de CO2 é o maior em 30 anos Fotos: Karen Robinson
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concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera atingiu um novo valor recorde em 2013, devido a crescentes níveis de dióxido de carbono, anunciou em Genebra, a Organização Meteorológica Mundial (OMM). No relatório anual sobre as concentrações de gases de efeito estufa, a agência das Nações Unidas indica que a taxa de crescimento dos níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera entre 2012 e 2013 representa o maior aumento anual em 30 anos. “Nós sabemos sem sombra de dúvida que o nosso clima está mudando e que as condições meteorológicas se estão tornando cada vez mais extremas devido às ações humanas”, disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, dando o exemplo do uso dos combustíveis fósseis. Neste sentido, deixou o apelo: “Temos de reverter esta tendência e cortar as emissões de C02 e outros gases de efeito estufa em toda a linha”. “Estamos ficando sem tempo”, alertou. Em 2013, a concentração de CO2 na atmosfera subiu 142% face ao que era na época pré-industrial (1750), enquanto as de metano e óxido nitroso subiram, respetivamente, 253% e 121%, segundo o documento. O oceano absorve hoje em dia cerca de um quarto das emissões totais de CO2 e a biosfera uma fatia idêntica, limitando assim o crescimento de dióxido de carbono
na atmosfera. Porém, a absorção de CO2 pelos oceanos acarreta graves consequências, de acordo com os especialistas: “O ritmo atual de acidificação dos oceanos parece não ter precedentes em pelo menos 300 milhões de anos”. A absorção de quantidades significativas deste gás pelos mares do planeta modifica o ciclo dos carbonatos marinhos e desencadeia uma acidificação da água do mar. Os oceanos absorvem atualmente cerca de quatro quilos de CO2 por dia e por pessoa. “O dióxido de carbono permanece durante centenas de anos na atmosfera e ainda por um maior período de tempo no oceano. O efeito acumulado das emissões do
Disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, dando o exemplo do uso dos combustíveis fósseis
As atividades humanas estão aumentndo a concentração de gases na atmosfera
Numa campanha de sensibilização para os riscos das alterações climáticas, a OMM está divulgando uma série de vídeos, com a apresentação fictícia de boletins meteorológicos para 2050. Veja em: http://youtu.be/d2SrAsDSN-4 12 REVISTA AMAZÔNIA
WMO Weather Report 2050 - Brazil
passado, presente e futuro deste gás terá repercussões tanto no aquecimento global como na acidez dos oceanos”, advertiu Jarraud. Já o físico português Filipe Duarte Santos considerou como de “difícil solução” o problema do aumento da concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera. “É muito difícil, mas é preciso não perder a esperança. Há muitas pessoas que fazem do estudo destas questões, da análise destas problemáticas a sua vida profissional. É necessário termos consciência que estamos perante um desafio difícil porque o mundo está viciado em combustíveis fósseis, em petróleo, em carvão”, afirmou Filipe Duarte Santos. Para o especialista, um dos revisores do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), é necessário uma “grande consciencialização” das pessoas e “uma grande vontade política” para alterar o rumo daquilo que está a acontecer com o planeta. “Oitenta por cento das fontes primárias de energia a nível global, consumidas entre 7.200 milhões de pessoas, tem origem em combustíveis fósseis, embora muitas delas nem tenham acesso a energia comercializada. Alterar esta situação é algo que exige grande consciencialização das pessoas e grande vontade política que resulta dessa mesma consciencialização”, sublinhou. Segundo Filipe Duarte Santos, as populações têm de estar “mais conscientes do problema”, sendo necessário que se “poupe mais energia” e não se dependa tanto dos combustíveis fósseis. “No fundo é preciso contribuir para que utilizem sistemas energéticos mais eficientes, que se usem mais energias renováveis apesar de por vezes serem mais caras do que os combustíveis fósseis como o carvão”, explicou, finalizando. revistaamazonia.com.br
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Ano 9 Nº 47 Novembro/Dezembro 2014
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