Amazonia 49

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SUSTENTÁVEL

NO

ISSN 1809-466X

R$ 12,00 Ano 10 Número 49 2015

www.revistaamazonia.com.br

Gerar energia limpa e sustentável em harmonia com a natureza é um dos compromissos assumidos pela UHE Belo Monte, e que vem sendo cumprido através de 14 planos ambientais que minimizam os impactos com ações e projetos de monitoramento da qualidade da água, resgate da fauna e flora, pesquisa científica, reprodução em cativeiro, e tantos outros, com o objetivo de preservar o ecossistema.

norteenergiasa.com.br

belomonteoficial

usinabelomonte

Energia limpa e sustentável para o Brasil.

OR PUB AI

DO

DESENVOLVIMENTO

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É ENERGIA A FAVOR DO

R$ 12,00 5,00

CAÇÃO LI

Ano 10 Nº 49 Março/Abril 2015

BELO MONTE

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Mais do que gerar energia e ajudar o Brasil a crescer, a Eletrobras promove a inclusテ」o elテゥtrica para que todos possam desfrutar dessa energia.

Fotografe o QR Code e saiba mais sobre a Eletrobras. 2 REVISTA AMAZテ年IA

eletrobras.com revistaamazonia.com.br


22

Mais de bilhões de reais investidos, desde 2004, por meio do Programa Luz para Todos.

476 mil empregos diretos e indiretos

foram gerados, graças à iniciativa.

Número de benef iciados equivalente à soma das populações de Portugal e Uruguai.

Mais de 15 milhões de brasileiros tiveram suas vidas melhoradas, graças à chegada da eletricidade. Além de criar condições para que comunidades rurais gerem riqueza, o fornecimento de energia elétrica possibilita o acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de água e saneamento e viabiliza a criação de novos negócios.

É por isso que o trabalho da Eletrobras tem uma importância do tamanho do Brasil.

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Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2015 Leve para todo o país as soluções que transformaram a sua comunidade.

Ideias que mudam a realidade dos brasileiros merecem ser reconhecidas. Inscreva as iniciativas da sua comunidade que representam efetivas soluções de transformação social e compartilhe as boas práticas com todo o país.

Parcer

Realização:

ANOS

4 REVISTA AMAZÔNIA

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R$600 mil em prêmios Inscrições até 31 de maio no site

fbb.org.br/tecnologiasocial

Tecnologia Social Fundo Rotativo Solidário no Sertão Baiano, finalista do Prêmio em 2013.

Parceria Institucional:

Patrocínio:

Multilateral Investment Fund Member of the IDB Group

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Fonte de subsistência de quase um milhão de famílias brasileiras, a pesca artesanal é marcada por distorções de mercado: em geral, os pescadores vendem o produto ao primeiro comprador – o atravessador – a preços irrisórios...

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DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn

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FAVOR POR

PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn

CIC

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38 III Conferência Mundial das

OR PUB AI

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desenvolvimento da pesca artesanal na costa amazônica

PUBLICAÇÃO Período (março/abril) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

CAÇÃO LI

30 UNESCO apoia o

EXPEDIENTE

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O tema do Dia Mundial da Água de 2015, anunciado pela UN-Water, neste ano, e que está sendo pautado para discussões do setor de recursos hídricos em todo o mundo é – Água e Desenvolvimento Sustentável...

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07 Dia Mundial da Água 2015

I LE ESTA REV

Nações Unidas sobre a Redução do Risco de Desastres

ARTICULISTAS/COLABORADORES Anne Santos, Barbara Unmuessig, Deborah de Salles, Emily Anches, Graziella Galinari, Jucier Costa Lima, Marina Torres, Sídia Ambrósio, Valéria Castro

48 Dia Internacional

FOTOGRAFIAS Agritempo, Arquivo Abinee, Arquivo/Agência Brasil, Ascom/Mtur, Branco Pires, David Rego jr, Divulgação, Eletrobras Amazonas Energia, Embrapa Monitoramento por Satélite, FAOSTAT, Fotos Públicas, Ibama/Divulgação, IBGE, ICSU, INMET,José Araujo, Jefferson Rudy – MMA, Jucier Costa Lima, Karla Vieira/Semcom, Luis Carlos Lopes, Martim Garcia/MMA, Nasa, Nasa Climate Gallery, ONU/ Eva Fendiaspara, Rudolph Hühn, Ubirajara Machado/MDS, UNISDR, UN/Jean Marc Ferre, UNFCC, UN Water, Zig Koch, WCDRR

Realizada o no Centro Internacional de Sendai, no Japão, com a presença de líderes e ministros de mais de 150 países, e mais de cinco mil dirigentes participam do encontro, que procurou estabelecer um novo plano de atuação para diminuir o impacto dos desastres naturais...

das Florestas 2015

Cerca de 1,6 bilhão de pessoas, incluindo mais de 2 mil culturas indígenas, dependem das florestas para comida, combustível, abrigo e renda. A informação é de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, na sua mensagem sobre o Dia Internacional das Florestas...

56 Mudanças climática e a FAO O relatório Tackling climate change through livestock – “Lidando com a mudança climática através da pecuária”, realizado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), lançado ano passado, já dizia e reconhecia: o setor pecuário é um importante emissor de gases do efeito estufa, e também tem grande potencial para redução de suas emissões...

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Arranjo artistíco, com colagem livre de fotos públicas, com motivação água, em arte de Mequias Pinheiro

[10] Demanda por água crescerá 55% até 2050, diz Unesco [14] Monitoramento por satélite auxilia no gerenciamento da crise hídrica [22] Quando a cor da água é um atrativo turístico [25] Em busca de alternativas para recompor fundo de desenvolvimento [26] Curiosidades sobre águas e rios brasileiros [28] Saber usar para não faltar [34] Barraginhas e lagos mantêm água o ano todo [46] Impacto da falta d’água rende prêmio global de fotografia [51] País terá Companhia de Operações Ambientais para conter desmatamento na Amazônia [52] A Conferência sobre Mudança Climática em Genebra [58] Objetivos radicais para o Desenvolvimento Sustentável [60] Feira da Indústria Elétrica e Eletrônica destacou novas tecnologias e eficiência energética [62] Rede Infraero investe em painéis solares para aeroportos [68] “Soltura de Quelônios” da Eletrobras Amazonas Energia chega a 180 mil filhotes em 17ª edição [70] Projetos do Ibama aumentam população de quelônios e pirarucu no Amazonas [73] Prefeitura de Manaus firma termo de cooperação para fortalecimento de ações de conservação de fauna

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Um grupo de geofísicos descobriu que o núcleo da Terra gira mais devagar do que acreditava-se previamente, afetando o campo magnético, indica um estudo desenvolvido pelo Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge...

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devagar do que se pensava

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Ano 10 Número 49 2015

R$ 12,00 5,00

4 REVIST A AMAZÔ

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Portal Amazônia

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64 Núcleo da Terra gira mais

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Celebrado mundialmente desde 22 de março de 1993, o Dia Mundial da Água foi recomendado pela ONU, durante ECO 92, no rio de Janeiro

Dia Mundial da Água 2015 O Água e Desenvolvimento Sustentável tema do Dia Mundial da Água de 2015, anunciado pela UN-Water, neste ano, e que está sendo pautado para discussões do setor de recursos hídricos em todo o mundo é – Água e Desenvolvimento Sustentável. A UN-Water é a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que comanda ações em assuntos sobre água doce e saneamento, coordenado pelo PNUD com o apoio da WWAP, UNESCO, HABITAT, UNEP, Banco Mundial e ONU-DESA. Celebrado mundialmente desde 22 de março de 1993, o

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Dia Mundial da Água foi recomendado pela ONU durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92, no Rio de Janeiro. Desde então, as celebrações ao redor do mundo acontecem a partir de um tema anual, definido pela própria Organização, com o intuito de abordar os problemas relacionados aos recursos hídricos. Entre os temas já escolhidos para a data estão: água e energia, cooperação pela água, água e segurança alimentar, águas transfronteiriças, saneamento, água limpa para um mundo saudável, lidando com a escassez de água e água para as cidades: respondendo ao desafio urbano.

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Fórum Mundial da Água em 2018

A day for water and water for SUSTAINABLE DEVELOPMENT

A capital federal, que concorria com Copenhague (Dinamarca), foi eleita durante em fevereiro de 2014, durante a 51ª Reunião do Quadro de Governadores do Conselho Mundial da Água (WWC), em Gyeongju (Coreia do Sul), para sediar o Fórum Mundial da Água de 2018. O fórum ocorre a cada três anos e é o maior evento do mundo com a temática dos recursos hídricos. A campanha brasileira apresentou o tema “Compartilhando Água”, para integrar os assuntos discutidos nas edições anteriores do evento, dando continuidade aos debates já realizados sobre os desafios do setor de recursos hídricos. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), em agosto de 2013, uma equipe de avaliadores esteve em Brasília e produziu um relatório sobre infraestrutura de transportes, mobilidade urbana, rede hoteleira e locais para realização do fórum, que serviu de subsídio para que a cidade fosse a escolhida. A próxima edição do evento organizado pelo WWC, em 2015, será em duas cidades da Coreia do Sul, Daegu e Gyeongbuk, com o tema “Água para Nosso Futuro”. O objetivo é destacar a temática dos recursos hídricos na agenda global e reunir organizações internacionais, políticos, representantes da sociedade civil, cientistas, usuários de água e profissionais do setor. [*]ANA

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#WaterIs Essential


water is urbanization Every week, one million people move into cities.

© Narayan Patel

#WaterIs Urbanization

Água é Urbanização. Toda semana, um milhão de pessoas se mudam para as cidades Água é Saúde. Lavar as mãos pode salvar sua vida

Neste 2015, quando se encerra a Década Internacional para Ação “Água, Fonte de Vida” 2005 à 2015, proclamada pelas Nações Unidas, muitos países do mundo – e particularmente o Brasil, finalmente se dão conta que a água é um recurso finito. E extremamente valioso. Além de que água cotinua a ser motivo de sérios conflitos entre pessoas, empresas e nações. Esses conflitos têm três vertentes que precisam ser corrigidas: o uso e abuso, o desperdício e, sobretudo, o crescimento vertiginoso das contaminações de mananciais, de rios, do mar e dos lençóis freáticos. A Ação “Água, Fonte de Vida” tem de continuar. Água é Energia. Água e Energia são amigos inseparáveis

Água é Indústria. Mais água é usada para produção de um carro do que para preencher uma piscina

water is health

water is energy

water is industry

Clean hands can save your life.

Water and energy are inseparable friends.

More water is used to manufacture a car than to fill a swimming pool.

© Martine Perret

© Stocksolutions

© Inlovepai

#WaterIs Health

#WaterIs Energy

#WaterIs Industry

Água é igualdade. A cada dia as mulheres gastam milhões de horas de transporte de água

Água é a Natureza. Ecossistemas estão no coração do dia do ciclo global da água

Água é Alimento. Para produzir 2 bifes você precisa de 15 000 litros de água

water is food

water is equality

water is nature

To produce 2 steaks you need 15 000 liters of water.

Every day women spend million of hours carrying water.

Ecosystems lie at the heart of the global water cycle.

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© Rick Harrisson

© Gnomeandi

© Creative Travel Projects

#WaterIs Food

#WaterIs Equality

#WaterIs Nature

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Demanda por água crescerá 55% até 2050, diz Unesco Mundo precisará mudar consumo para garantir abastecimento de água

O

relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostra que há no mundo água suficiente para suprir as necessidades de crescimento do consumo, “mas não sem uma mudança dramática no uso, gerenciamento e compartilhamento. Segundo o documento, a crise global de água é de governança, muito mais do que de disponibilidade do recurso, e um padrão de consumo mundial sustentável ainda está distante. De acordo com a organização, nas últimas décadas o consumo de água cresceu duas vezes mais do que a população e a estimativa é que a demanda cresça ainda 55% até 2050. Mantendo os atuais padrões de consumo, em 2030 o mundo enfrentará um déficit no abastecimento de água de 40%. Os dados estão no relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos 2015 – Água para um Mundo Sustentável. O relatório atribui a vários fatores a possível falta de água, entre eles a intensa urbanização, as práticas agrícolas inadequadas e a poluição, que prejudica a oferta de água limpa no mundo. A organização estima que

No lançamento em New Delhi, do Dia Mundial da Água-WWDR2015, Água para um Mundo Sustentável, pela UNESCO

20% dos aquíferos estejam explorados acima de sua capacidade. Os aquíferos, que concentram água no subterrâneo e abastecem nascentes e rios, são responsáveis atualmente por fornecer água potável à metade da população mundial e é de onde provêm 43% da água usada na irrigação.

Os desafios futuros serão muitos O crescimento da população está estimado em 80 milhões de pessoas por ano, com estimativa de chegar a 9,1 bilhões em 2050, sendo 6,3 bilhões em áreas urbanas. A agricultura deverá produzir 60% a mais no mundo e

100% a mais nos países em desenvolvimento até 2050. O documento alerta para o risco de agravamento do deficit de água e das disputas por recursos hídricos. Os mais ameaçados, diz a Unesco, são as os pobres, mulheres e crianças. Como está, o recurso já é escasso. Atualmente, afirma o relatório, 748 milhões de pessoas não têm acesso à água potável. “Percursos de desenvolvimento insustentável e falhas de governança têm afetado a qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos (...). A não ser que o equilíbrio entre demanda e oferta seja restaurado, o mundo deverá enfrentar um déficit global de água cada vez mais grave”. Energia, agricultura e mudanças climáticas. A agricultura também é motivo de preocupação. Estima-se que será necessário produzir 60% a mais de alimentos em 2050; a alta necessária nos países em desenvolvimento pode chegar a 100%. Para evitar desperdícios e tentar combater o aumento de consumo de água, o relatório propõe subsídios a agricultores que utilizam sistemas eficientes de irrigação. Os efeitos das mudanças climáticas pesam ainda mais Desenvolvimento do estresse de Águas Subterrâneas

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Total de recursos hídricos renováveis per capita (2013)

No data avaliable

Absolute scarcity 0

Scarcity 500

Stress 1 000

sobre o cenário. Em locais como Calcutá (Índia), Xangai (China) e Dacca (Bangladesh), os aquíferos já têm sido invadidos pela água salgada em função do aumento do nível do mar, o que afeta o abastecimento. América Latina.

Vulnerability 1 700

2 500

7 500

15 000

50 000 Disponibilidade Mundial da Água 2015

A demanda A demanda por água na indústria manufatureira deverá quadruplicar no período de 2000 a 2050. Segundo a oficial de Ciências Naturais da Unesco na Itália, Angela Ortigara, integrante do Programa Mundial de Avaliação da Água (cuja sigla em inglês é WWAP) e que participou da elaboração do relatório, a intenção do documento é alertar os governos para que incentivem o

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6 .1 Demanda Global water demand in 2000 and 2050 global de água em 2000 e 2050 FIGURE

6 000 5 000 4 000 km3

consumo sustentável e evitem uma grave crise de abastecimento no futuro. “Uma das questões que os países já estão se esforçando para melhorar é a governança da água. É importante melhorar a transparência nas decisões e também tomar medidas de maneira integrada com os diferentes setores que utilizam a água. A população deve sentir que faz parte da solução”, diz. Cada país enfrenta uma situação específica. O crescimento da demanda também é puxado pelos países em desenvolvimento, com um grande peso das economias emergentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “A rápida urbanização, o aumento da industrialização e a melhora do nível de vida em geral combinam-se para aumentar a procura global por água nas cidades”, aponta o relatório divulgado na antevéspera do Dia Mundial da Água. Outro alerta feito pelo relatório da Unesco é sobre o peso da geração de energia termelétrica no aumento da demanda por água no mundo. O documento propõe limites para o uso desse sistema devido ao consumo de recursos hídricos. Em contraponto, os autores defendem investimentos em sistemas de energia eólica e solar.

3 000 2 000 1 000

0

Recomendações O documento traz recomendações regionais a respeito das políticas relacionadas à água. Para a região da América Latina e Caribe, que inclui o Brasil, as grandes prioridades, diz o relatório, são “construir a capacidade institucional” para “gerenciar os recursos hídricos” e “promover a integração sustentável da gestão desses recursos para o desenvolvimento socioeconômico e a redução da pobreza”. “Outra prioridade é garantir o pleno cumprimento do direito humano à água e ao saneamento”. A Unesco recomenda mundanças na administração pública, no investimento em infraestrutura e em educação. “Grande parte dos problemas que os países enfrentam, além de passar por governança e infraestrutura, passa por padrões de consumo, que só a longo prazo conseguiremos mudar, e a educação é a ferramenta para isso”, diz o coordenador de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão. No Brasil, a preocupação com a falta de água ganhou destaque com a crise hídrica no Sudeste. Antes disso, o país já enfrentava problemas de abastecimento, por exemplo no Nordetste. Mergulhão diz que o Brasil tem reserva de água importante, mas deve investir em um diagnóstico para saber como está em termos de política de consumo, atenção à população e planejamento. “É um trabalho contínuo. Não quer dizer que o país que tem mais ou menos recursos pode relaxar. Todos têm que se preocupar com a situação”.

2000 2050 2000 2050 2000 2050 2000 2050 OECD BRIICS ROW World Irrigation

Domestic

Manufacturing

Electricity

Livestock

Note: BRIICS (Brazil, Russia, India, Indonesia, China, South Africa);

Índia. O documento escrito pelo WWAPfor e produzido Desenvolvimento Sustentável, que vêm sendo discuOECDfoi(Organisation EconomicdeCo-operation and Development); em colaboração com as 31 agências do sistema das Na- tidos desde 2013, seguindo orientação da Conferência ROW (rest of the world). This graph only measures ‘blue water’ ções Unidas e 37 parceiros internacionais da ONU-Água. Rio+20 e que deverão nortear as atividades de coopedemand and does not consider rainfed agriculture. A intenção é que a questão hídrica seja um dos Objetivos ração internacional nos próximos 15 anos.

The United Na

The United Nat ions World Wat er Assessment together the wor Programme (WW k of 31 UN-Wat AP) is hosted and er Members as Development led by UNESCO well as 37 Part Report (WWDR) . WWAP brings ners to publish series. the United Nat ions World Wat er Under the them e Water for Sust ainable Develop from UN-Water ment, the WW to the discussi DR 2015 has bee ons surrounding Highlighting wat n prepared as the post-2015 er’s unique and a con tribution framework for often complex global sustaina the WWDR 201 role in achievin ble developmen 5 is addressed g various sustaina to policy- and t. as to anyone with ble developmen decision-makers an interest in fres t objectives, inside and outs hwater and its ide the water com many life-giving mun ity, as well benefits. The report sets an aspirational yet achievable water supports vision for the healthy and pro future of water sperous human towards 2050 ecological serv communities, by describing ices, and provides maintains wel how a cornerstone overview of the l functioning for short and long ecosystems and challenges, issu -term econom es and trends in term like water sup ic developmen s of water reso ply and sanitatio t. It provides an urces, their use n. The report also how to address and wat offe er-related serv rs, in a rigorous these challenges ices yet accessible and to seize the order to achieve manner, guidanc opportunities and maintain eco e about that sound wat nomic, social and er managemen environmental t provides in sustainability.

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Water Deve

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Report

WATER FOR A RLD

SUSTAINAB LE WO THE UNITED

WATER FOR A SUSTAINABLE WORLD

NATIONS WO RLD WATER DEVELOPME NT REPORT 2015

This publicat ion is financed by the Governm ent of Italy and Umbria Region.

Água para um Mundo Sustentável

9 789231 0008 05

O relatório foi mundialmente lançado em Nova Délhi, na

Empowered lives. Resilient nations.

UNDESA, UNEC E, UNECLAC, UNES CAP, UNESCWA

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organizatio n

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

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LINHAS GUIAS AMAZテ年IA (NEW).indd 1

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02/04/2015 09:06:17


Monitoramento por satélite auxilia no gerenciamento da crise hídrica por Graziella Galinari * Fotos/Mapas: Agritempo, Embrapa Monitoramento por Satélite, IBGE, INMET

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ma poderosa ferramenta de monitoramento está sendo utilizada para acompanhar os efeitos da crise hídrica nacional. Desenvolvido pela Embrapa Monitoramento por Satélite (SP), o Sistema de Observação e Monitoramento da Agricultura no Brasil (SOMABRASIL) reúne dados de diferentes fontes e os apresenta de forma amigável em mapas de fácil compreensão. Agora, um trabalho de cooperação entre o Mapa e a Embrapa prevê o desenvolvimento tecnológico para o acompanhamento da produção, mapeando indicativos de anomalias agrometeorológicas. No início de fevereiro, a Embrapa apresentou para a ministra da Agricultura Kátia Abreu as primeiras análises sobre a atual disponibilidade de água no solo para as principais culturas agrícolas do país. A partir de informações disponíveis no SOMABRASIL, foi possível localizar os municípios responsáveis por 80% da produção nacional de culturas agrícolas como algodão, café, cana-de-açúcar, feijão, milho, soja e trigo, e relacionar com dados agrometeorológicos, socioeconômicos e relatórios de safra. A situação atual, com relação às chuvas e à oferta de água no solo, é comparada com a média histórica para o mesmo período a fim de observar se condição de hoje está muito abaixo do esperado. A análise é realizada em bases municipais e por cultura, possibilitando mapear os municípios em situação mais crítica em relação a esses parâmetros, ou seja, aqueles que podem sofrer mais caso a baixa oferta de água coincida com estágios importantes para o desenvolvimento das plantas. A avaliação pode ser feita a cada dez dias, acompanhando as diferentes fases da cultura e comparando a necessidade hídrica com a disponibilidade de água verificada naquele período. Essas informações, que serão entregues ao Mapa, vão auxiliar em ações direcionadas junto aos produtores para minimizar os possíveis impactos na produção. Além de imagens de satélite, estão sendo

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Exemplo de análise realizada com destaque para a disponibilidade de água no solo e principais regiões produtoras de milho de 1°safra

utilizadas no trabalho informações disponibilizadas pelo IBGE, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Agência Nacional de Águas (ANA) e sistema Agritempo, também da Embrapa. “Ter uma visão das áreas de produção agrícola em diferentes escalas e dos indicadores que afetam as culturas nos diferentes estágios de desenvolvimento é de fundamental importância”, explica Mateus Batistella, pesquisador e chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite. Segundo ele, o desenvolvimento de técnicas e métodos baseados em tecnologias geoespaciais, como satélites e sistemas integradores de geoinformação, tem sido a resposta da ciência para o monitoramento de uma

atividade tão dinâmica quanto a agricultura, num país de dimensões continentais como o Brasil.

Somabrasil O Sistema de Observação e Monitoramento da Agricultura no Brasil (SOMABRASIL) reúne num único ambiente, com acesso amigável e interatividade, informações produzidas por diferentes fontes, seguindo um processo contínuo de desenvolvimento que possibilita agregar novos módulos de monitoramento, como as análises das condições agrometeorológicas que afetam diretamente a produção agrícola. O sistema é consultado por pesquisadores, gestores, ana-

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Rede de unidades da Embrapa: o Monitoramento por Satélite está localizado em Campinas

listas, consultores ambientais e estudantes de graduação e pós-graduação, além de ser ferramenta frequente para instituições públicas e privadas que necessitam dessas informações. Atualmente, estão cadastrados mais de cinco mil usuários do Brasil e de mais de 20 outros países. Em seu banco de dados, estão reunidos cerca de quatro milhões de registros relacionados às produções agrícola e pecuária municipais desde 1990, além de bases político-administrativas; relevo, hidrografia, biomas, solos e potencial agrícola; áreas protegidas e desmatamento na Amazônia; logística e clima.

Disponível na internet O SOMABRASIL, não requer software nem conhecimento

especializado e foi construída com base em tecnologia de código aberto, ou seja, software livre. O usuário é capaz de interagir com os diferentes planos de informação disponíveis e fazer consultas básicas e avançadas. Todos os cruzamentos dos mais de quatro milhões de registros geram mapas dinâmicos, sobrepostos em uma mesma plataforma. Desde 2013, a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SPA/Mapa) é um dos principais usuários governamentais do SOMABRASIL, utilizado para o apoio à tomada de decisão e ao direcionamento de políticas públicas já estabelecidas, como o zoneamento agrícola de risco climático e o seguro rural. A ocorrência de chuvas abaixo da média histórica, registrada nos últimos meses em importantes regiões agrí-

colas, deixou o país em alerta para potenciais impactos na produção de alimentos. Há dois anos, a Embrapa Monitoramento por Satélite (SP) vem trabalhando em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no desenvolvimento de ferramentas para a gestão de análises de riscos para as lavouras, em especial aqueles relacionados ao clima. O cenário de crise hídrica intensificou a demanda por respostas rápidas e um acompanhamento sistemático dos efeitos da disponibilidade de água na safra 2014/2015.

Resultados de monitoramento da situação climática - até 12/02/2015 A ocorrência de chuvas abaixo da média histórica em algu-

Mapas da disponibilidade de água no solo: média histórica, atual e desvio em relação à média para o 2º decêndio de janeiro revistaamazonia.com.br

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ÁGUA NA AGRICULTURA O desafio do uso da água na agricultura brasileira O conhecimento científico gerado nas últimas décadas comprova ser possível utilizar água na agricultura com racionalidade e sem desperdício. Diante da crise hídrica em regiões importantes do Brasil, é fundamental Precipitação acumulada em 2014 e anomalias de precipitação em 2014 que a sociedade tenha acesso a este conhecimento. Muitas dessas tecnologias já estão amplamente sendo adotadas no campo, outras começam a despertar a atenção de produtores rurais. Também estão relacionados projetos de pesquisa em andamento que estão buscando maneiras inovadoras e diferentes para captar e armazenar água da chuva e aproveitar ainda mais esse bem nas diferentes formas de irrigação. São informações públicas geradas na forma de publicações, vídeos e notícias.

Médias Previstas de Precipitação, Anomalias de Precipitação e Previsão de Anomalias de Temperatura Média – fevereiro a abril/2015

As cadeias produtivas do agronegócio representam 26,4% do PIB nacional, 36% das exportações e 39% dos empregos gerados no mercado interno (MAPA, 2011) 16 REVISTA AMAZÔNIA

mas regiões do Brasil exige atenção e cuidadoso acompanhamento da produção e do abastecimento de alimentos no corrente ano. Aliada à baixa precipitação, as elevadas temperaturas intensificam a evapotranspiração, ocasionando baixa disponibilidade de água para as culturas. Fazer um acompanhamento das áreas de produção agrícola em diferentes escalas e dos indicadores que afetam as culturas em suas fases de desenvolvimento é de fundamental importância nesta conjuntura de crise hídrica. As dimensões continentais do país e a grande diversidade de sistemas de cultivo requerem um monitoramento robusto e eficiente que integre dados e informações oriundos de diferentes fontes. Esta seção reune informações e análises realizadas em conjunto pela Embrapa, INMET e ANA com ênfase nas condições agrometeorológicas para as principais regiões produtoras do país. A análise dos dados sobre disponibilidade de água no solo (DAS) nos municípios responsáveis por 80% da revistaamazonia.com.br


ANÁLISE DA DISPONIBILIDADE HÍDRICA NA SAFRA 2014/2015 Levantamentos feitos pela Conab, Embrapa, INMET e Agência Nacional de Águas indicam que haverá impacto reduzido da crise hídrica nos resultados da safra 2014/2015 dos principais grãos. Se os períodos mais críticos das safras agrícolas coincidirem com a baixa disponibilidade de água no solo (DAS), ocorrerão provavelmente reduções no rendimento e na produtividade das culturas. quantidade produzida de soja, milho (1a e 2a safras), algodão, trigo, feijão (1a, 2a e 3a safras), cana e café indica que: *grande parte dos municípios produtores de feijão encontra-se com baixa DAS no segundo decêndio (período de 10 dias) de janeiro de 2015; *os municípios com expressiva produção de milho (1a safra), cana e café também encontram-se com *baixa DAS no segundo decêndio de janeiro de 2015; reduções no rendimento e na produtividade das culturas ocorrerão se os períodos mais críticos das safras agrícolas coincidirem com a baixa DAS. Por fim, o link Observatório Safra 2014/2015 (https:// www.embrapa.br/agua-na-agricultura/observatorio/ analise-da-disponibilidade-hidrica-na-safra-2014-2015-inicio-da-safra-ate-12-02-15) traz informações

inéditas, com análise dos impactos atuais e potenciais da crise hídrica sobre a agricultura e o abastecimento de alimentos no Brasil. Esse trabalho é um dos primeiros resultados de uma força-tarefa convocada pela Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com liderança da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e participação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e a Agência Nacional de Águas (ANA).

Prognóstico da disponibilidade hídrica na safra 2014/2015

2015. De acordo com o Inmet, as observações sobre as temperaturas das águas superficiais nos oceanos Pacífico equatorial e Atlântico tropical indicam que, na região típica do fenômeno El Niño, as anomalias diminuíram, mostrando condições de neutralidade. Porém, nota-se forte aquecimento nas águas a oeste do Pacífico, próximas à Indonésia, que podem trazer forte influência negativa sobre o clima nas regiões Sul e parte do Sudeste do País. Por outro lado, no Atlântico tropical, nota-se um padrão de anomalias na temperatura das águas superficiais que tende a manter a Zona de Convergência Intertropical (ICTZ) mais ao norte, desfavorecendo as chuvas sobre a região norte do Nordeste.

Foram analisadas informações sobre o clima e as previsões climáticas para o período de fevereiro a abril de

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Nasa registra transformações dos recursos naturais hídricos na América do Sul As transformações dos recursos hídricos na América do Sul, causadas – direta e/ou indiretamente pelo homem, pela má utilização, ou desconhecimento da maneira correta do uso dos mananciais. A usina hidrelétrica de Balbina, no rio Uatumã no estado do Amazonas, ocupa cerca de um terço do território indígena Waimiri-Atroari. O reservatório da barragem abrange 2.360 quilômetros quadrados (911 milhas quadradas). Mais de 100.000 milhões de toneladas de vegetação foram inundadas para a construção da barragem. Ele foi projetado para produzir até 250 megawatts para suprir a demanda de energia da cidade de Manaus, mas um estudo mostra que ele gera menos da metade desse montante.

Desmatamento, Brasil. Esquerda: 24 de junho de 1984. À direita: 6 de agosto de 2011.A Hidrelétrica de Samuel está localizada ao longo do rio Jamari, em Rondônia, Brasil. Estas imagens mostram a área em 1984, logo após a construção quando a hidrelétrica começou, e em 2011. O reservatório criado pela barragem inundou a floresta a montante e deslocadas muitas pessoas. Também evidente nas imagens é o desmatamento que tem afetado grande parte da região.

O cultivo de arroz no Rio Grande do Sul, nos confins do sul do Brasil. Ela abriga cerca de 1.600 instalações de produção de arroz, tornando-se o principal fornecedor de arroz para todo o país. Com uma área cultivada de mais de 1.065.000 hectares (mais de 4.000 milhas quadradas), o cultivo de arroz gera cerca de 200.000 postos de trabalho. Setenta por cento da área utiliza bombas para irrigação, alguns dos quais operam com motores a diesel, resultando a contaminação da água. A produção de arroz no Rio Grande do Sul é responsável por um 20 por cento estimado da produção do Brasil de metano, um gás de efeito estufa. Campos alagados para o cultivo de arroz são facilmente visíveis na imagem de 2008, como parcelas azuis, que estão ausentes a partir da imagem 1975. 18 REVISTA AMAZÔNIA

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Esquerda: 25 de maio de 1985. À direita: 7 de junho de 2010. O sistema Paraguai-Paraná é o segundo maior Rio do sistema fluvial da América do Sul - perdendo apenas para a Amazônia. Mais de 100 milhões de pessoas e algumas das espécies mais raras na Terra dependem de suas águas para a sobrevivência. A imagem de 1985 mostra uma seção do sistema do rio logo após começou a construção da hidrelétrica de Yacyretá, um projeto hidrelétrico conjunta entre Paraguai e Argentina. O nível do rio subiu dramaticamente após a conclusão da barragem, inicialmente deslocando 15.000 moradores e colocando em risco as casas de mais de 800.000. Terras inundadas incluídos os habitats de onças, ariranhas, lobos-guarás, tamanduás-bandeira, 650 espécies de aves e mais de 10.000 espécies de plantas.

A mina de ouro de Omai, na Guiana, foi uma das maiores a céu aberto minas de ouro do mundo. Em 1995, os resíduos da mina transbordou sua barragem de retenção e, ao longo de cinco dias, lançou quatro milhões de metros cúbicos (141 milhões de pés cúbicos) de rejeitos com cianetos no rio Omai. Cyanide na escória ao longo do rio atingiu concentrações de 28 partes por milhão, 14 vezes o nível fatal. O Omai é um afluente que alimenta o maior rio da Guiana, o Essequibo, e Presidente Jagan declarou 80 quilômetros contaminados (50 milhas) do rio Essequibo uma zona de desastre ambiental. A mina foi fechada em 2005. A imagem de 2005 mostra a mina, seus tanques de rejeito, e desmatamento na área circundante. A imagem de 1977 foi tomada antes do estabelecimento da mina. Os pequenos, objetos brancos são nuvens.

Mudanças nas zonas húmidas, Equador. Esquerda: 1991. Direita: 2001. Em muitas partes do mundo, as zonas húmidas estão sendo convertidos em viveiros de camarão, a fim de cultivar estes crustáceos para alimentação e venda. Um exemplo é, na costa oeste do Equador, sul de Guayaquil. A imagem de satélite Landsat 1991 em cima mostra uma área costeira onde 143 quilômetros quadrados de áreas úmidas foram convertidos em viveiros de camarão. No momento em que a imagem da direita instrumento ASTER, da Nasa “estalou” em 2001, 243 quilômetros quadrados tinha sido convertido, eliminando 83 por cento das zonas húmidas. Essas cenas cobrem uma área de 30 x 31 km. revistaamazonia.com.br

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Degradação do Lago Maracaibo, na Venezuela, o maior lago da América do Sul, com uma superfície de cerca de 12.000 quilômetros quadrados (4.600 milhas quadradas). Com uma afluência de água doce e salgada, que permite uma grande biodiversidade. A bacia de drenagem contém uma população de 5 milhões de pessoas, a indústria do petróleo e forte desenvolvimento agrícola importante, todos que ponham em causa a qualidade do lago. Eutrofização (acúmulo excessivo de nutrientes) e salinização têm incentivado a proliferação de lentilha, que cobria tanto quanto 15 por cento da superfície do lago até o final de abril de 2004. Estas flores são ainda visíveis na imagem de 2006, mas não na foto 2008 . O comportamento da lâmina de água foi imprevisível. Floresce em diferentes épocas do ano, obstruindo canais de irrigação, que afetam a navegação, diminuindo as capturas de pesca, e que produzem mau cheiro e problemas sanitários. A Costa do Vento, Reservoir foi criado por uma grande barragem, construída em 1997 e 1998, no rio Jáchal no nordeste província San Juan da Argentina. O reservatório controla o fluxo de degelo da Cordilheira dos Andes e fornece água para a irrigação de plantações de frutas e outras culturas. O nome do reservatório vem dos ventos da tarde consistentes, chegando a 55-74 quilômetros por hora (34-46 milhas por hora), que o tornam um destino popular para windsurf e kitesurf. Estas imagens mostram a área antes e depois da barragem ser construída.

Quase todas as geleiras no campo de gelo do sul da Patagônia, no sul do Chile e Argentina, estão derretendo. O Glaciar O’Higgins, no Chile, representa um quarto do campo de gelo, é um daqueles que mudaram a mais. Sua vanguarda manteve-se estável até o início do século XX, quando começou um retiro que mediu 15 km (cerca de 9 milhas) até 1995. Cerca de 12 quilômetros (mais de 7 milhas) de gelo foram perdidos entre 1945 e 1980 sozinho. Enquanto alguns da redução em espessura e área do glacial é devido à dinâmica do gelo em si, o aquecimento global acelera a velocidade de fusão. Na imagem de satélite de 2007, recuo da geleira é bastante visível em relação à imagem 1973, quando ele estendeu a vários quilômetros do Lago O’Higgins (área azul-púrpura). 20 REVISTA AMAZÔNIA

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Quando a cor da água é um atrativo turístico

Rios verde esmeralda, cachoeiras douradas, mares e poços de água prateada. Saiba o que dá a cor da água e onde encontrá-la em suas diferentes tonalidades por Deborah de Salles* Fotos: Ascom/Mtur, Branco Pires, Divulgação, David Rego jr, Zig Koch

N

ão é apenas o volume de água dos rios brasileiros, os cenários de cachoeira ou o balanço das ondas que encantam o turista. A cor da água é, também, um grande atrativo. Há quem escolha o destino da próxima viagem tendo como base seu tom. É possível mergulhar em um poço de água prateada, na Bahia; em um rio de cor verde esmeralda, em Sergipe; e até se refrescar em uma cachoeira de cor dourada, em Goiás. A variação de cores se explica pela a composição e temperatura da água, a incidência de raios solares e materiais sólidos e orgânicos em suspensão, como algas, fragmentos de rochas e grãos de areia. “Se não houvesse a mistura de componentes químicos dissolvidos na água do mar, ela seria transparente como a água potável”, afirma o professor do Instituto Oceanógrafo da Universidade São Paulo (USP), Belmiro Castro. Saiba quais são e onde encontrar as principais tonalidades de águas:

Azul A cor do Poço Encantando, localizado na Chapada Diamantina (BA), tem um efeito cristalino, resultado das Gruta da Pratinha (BA)

Poço Encantado Chapada Diamantina (BA) 22 REVISTA AMAZÔNIA

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Areia Vermelha (PB)

Alter do Chão, a 33 km de Santarém, no Pará, tem as praias mais bonitas do mundo, segundo o jornal britânico The Guardian. Tem areias brancas, banhadas pelas águas transparentes do rio Tapajós Cachoeira Santa Bárbara (GO)

Água cristalina abrigam numerosas espécies de peixes coloridos em Bonito

apreciar o pôr do sol sob raios dourados, a Praia do Jacaré, em João Pessoa (PB), é uma das opções.

Tons escuros Águas amarronzadas estão, predominantemente presentes no litoral do Rio Grande do Sul. Esse fenômeno ocorre devido à proximidade da costa marítima ou à quantidade significativa de material sólido em suspensão que, na maioria das vezes, são removidos com o movimento das ondas. Já na região Amazônica, os tons escuros dos rios Negro e Solimões são resultado da composição química de cada rio, densidade e clima, que contribuem para deixar evidente a coloração preta e marrom das águas. águas formadas por lençóis freáticos. A tonalidade não é comum, já que a maior dos poços na região tem a cor âmbar. Em Bombinhas (SC), as praias também variam em tons de azul claríssimos até o quase cristalino. Prateado - Na Gruta da Pratinha, também na Chapada Diamantina (BA), e no Rio da Prata, em Bonito (MS), as cores se alternam entre azul anil e um tom esverdeado, com águas claras e transparentes, que refletem brilhos prateados.

Verde Esmeralda As microalgas e vegetações aquáticas, quando se misturaram com a água, podem resultar em uma cor esverdeada. É o que pode se observar em um passeio de barco, por exemplo, pelo Cânion do Xingó, no Rio São Francisco (SE). A cachoeira de Santa Bárbara, em Cavalvante (GO), também impressiona com a mistura das tonalidades azul e verde. A melhor época para apreciar a cor, realçada pelos efeitos dos raios solares, é entre maio e setembro, entre 9h e 14 h.

Terapêuticas As águas, além das cores, também podem ter podem propriedades medicinais. Águas de Lindóia e São Pedro (SP), Caldas Novas (GO) e Araxá (MG) são destinos conhecidos pelos benefícios à saúde. Pelo baixo teor de sódio e a alta quantidade de cálcio, as águas terapêuticas podem amenizar a dor de reumatismos, hidratar a pele e não apresentam efeitos colaterais.

Dourado

Encontro dos rios Poty e Parnaíba, no Piauí. O primeiro tem água verde esmeralda e o segundo, barrento revistaamazonia.com.br

As águas douradas da cachoeira do Garimpão, oriundas do Rio Preto, com nascente na cidade de Alto Paraíso, é um dos cartões portais do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Na Ilha de Areia Vermelha, em Cabedelo (PB), piscinas naturais se formam com águas transparentes sob as areias douradas. Para quem deseja

Encontro das águas do Rio Negro e Solimões (AM) REVISTA AMAZÔNIA 23


Tecnologias sociais garantem água potável na Amazônia Parceria entre MDS e Memorial Chico Mendes vai beneficiar 2,8 mil famílias de baixa renda de reservas extrativistas dos estados do AC, AP, AM e PA Fotos: Ubirajara Machado/MDS

P

arceria entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Instituto Memorial Chico Mendes vai garantir água potável a 2,8 mil famílias de baixa renda de oito reservas extrativistas em 14 municípios dos estados do Acre, Amapá, Amazônia e Pará. Ao todo, o governo federal está investindo R$ 3 milhões na ação. O secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos, apresentou recentemente o projeto, durante Encontro Extrativista Sobre Políticas Públicas, em Belém (PA). “Apesar da abundância de água na região Amazônica, a população de baixa renda não tem acesso à água própria para consumo. Como a regularidade da chuva na região é maior, os sistemas permitirão melhor aproveitamento da água pluvial, que reservada e tratada de forma adequada é própria para o consumo e outros usos domésticos”, explica Campos. Serão implantadas duas tecnologias: sistemas pluviais de Multiuso Autônomo e Multiuso Comunitário. No sistema Multiuso Autônomo, cada família poderá captar, armazenar e filtrar até seis mil litros de água da chuva. Já no Multiuso Comunitário, além das unidades domiciliares, também será instalado um módulo complementar de abastecimento com uma rede de distribuição, sendo acionado somente quando esgotar as reservas domiciliares. As entidades que irão executar o projeto serão selecio-

Arnoldo de Campos, secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, apresentou recentemente o projeto, durante Encontro Extrativista Sobre Políticas Públicas, em Belém 24 REVISTA AMAZÔNIA

nadas pelo Memorial Chico Mendes. Elas vão mobilizar, selecionar e cadastrar as famílias em situação de extrema pobreza que não têm acesso adequado à fonte de água potável e que estejam inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Após a seleção, as famílias recebem capacitação sobre o uso adequado das tecnologias e sobre a gestão da água armazenada. E algumas pessoas terão treinamento para a construção dos sistemas. “Já entregamos mais de 1 milhão de cisternas para consumo humano no Semiárido”, lembrou o secretário. “Com essas novas tecnologias, passaremos a atender

mais adequadamente também às demandas por acesso à água da região Norte.”

Mais parcerias Para garantir água de qualidade no Pará, o MDS também firmou convênio com o governo do estado. Ao todo, serão aplicados R$ 4,2 milhões para beneficiar 800 famílias em nove municípios. Já a parceria com Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) vai ter investimento de R$ 2,9 milhões. Serão atendidas 590 famílias em três municípios. revistaamazonia.com.br


Em busca de alternativas para recompor fundo de desenvolvimento

O

ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, reforçou em audiência pública recente, na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos deputados, o compromisso de buscar caminhos para recompor o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). “A matéria da qual tratamos diz respeito a uma necessidade decisiva para o projeto de construção de um País desenvolvido, independente, socialmente equilibrado e democraticamente maduro”, disse. “Ciência, tecnologia e inovação [CT&I] constituem hoje os alicerces para a construção de qualquer projeto nacional que reúna equilíbrio, democracia e independência”, completou o ministro. Aldo Rebelo destacou a ampliação, nos últimos anos, dos recursos destinados ao MCTI, à Finep e ao CNPq. Ele lembrou, no entanto, que houve limitações orçamentárias. A Lei 12.858/2013, que dispõe sobre a destinação de recursos do Fundo Social do Pré-sal e dos royalties pela exploração de petróleo e gás natural para as áreas de educação e saúde não previu recursos para a área. “Eu acho que nós precisamos, na regulamentação da lei, incluir ciência, tecnologia e inovação. Nós estamos trabalhando em uma proposta para apresentar ao governo e ao Congresso”, declarou. “A recomposição do FNDCT é um Aldo Rebelo, com exemplar da Amazônia e o nosso Editor Ronaldo Hühn, por ocasião da audiência pública na CCTCI

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI)

compromisso meu e eu acho que vamos encontrar um caminho para isso, como o Fundo Social do Pré-sal, mas ainda estudamos alternativas.”

Agenda regional O ministro reafirmou a intenção de organizar, em conjunto com a Casa, uma série de audiências públicas nos Estados, a fim de debater estratégias para a área, com foco em desenvolvimento regional, conforme acertado com o presidente da CCTCI, Fábio Sousa (PSDB-GO), em reunião no gabinete do MCTI.

Agenda legislativa Sousa expressou a necessidade de a comissão “conhecer e discutir planos, programas e projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação” para os próximos anos. Nesse sentido, o ministro sugeriu que a comissão ouça, no futuro próximo, os responsáveis pelas cinco secretarias do ministério e os presidentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/ MCTI), Hernan Chaimovich, e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), Luis Fernandes.

de seu presidente para remover obstáculos burocráticos ao desenvolvimento de CT&I”, reforçou Aldo Rebelo. Somos a sétima economia do mundo, mas nos inserimos em setores da cadeia produtiva de menor valor agregado. Nos últimos anos, a produção científica brasileira supera em três vezes a mundial. No entanto, só temos 5% dos nossos pesquisadores no setor produtivo. Estimular a sinergia entre o setor público e o privado é uma das frentes de atuação assumida por Aldo, que citou a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) como uma ação do governo federal para aproximar instituições de pesquisa às necessidades do mercado. “Em última instância, a inovação tem que chegar às empresas e se transformar em uma alavanca de competitividade da nossa indústria, do nosso setor de serviços e da nossa economia”, disse o ministro.

Participantes A audiência contou com a presença de 64 deputados. Acompanharam o ministro os titulares: Das secretarias Executiva (Sexec), Alvaro Prata, de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis), Oswaldo Duarte Filho, de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec), Armando Milioni, e de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped), Jailson de Andrade, além da diretora de Políticas e Programas Setoriais em Tecnologias da Informação e Comunicação, Luanna Roncaratti, que representou o secretário de Política de Informática, Virgilio Almeida, e do diretor de Engenharias, Ciências Exatas e Humanas e Sociais do CNPq, Guilherme Sales Melo Nossos diretores, Ronaldo e Rodrigo Hühn, também participaram da audiência.

Marco legal e inovação Aldo lembrou a contribuição do Congresso Nacional na aprovação da Emenda Constitucional (EC) 85, promulgada em 26 de fevereiro, e no requerimento que pediu o regime de urgência para apreciação do Projeto de Lei (PL) 2.177/2011, em 5 de março, dia em que ele se pronunciou em Comissão Geral da Câmara. “Nós contamos com o apoio desta Casa, da comissão e revistaamazonia.com.br

Em audiência na Câmara dos Deputados, Aldo destacou a importância da ciência e tecnologia para o País e disse que trabalha para incluir o setor no fundo do pré-sal REVISTA AMAZÔNIA 25


Curiosidades sobre águas e rios brasileiros Fotos: Divulgação/Nasa *O Amazonas é 140 quilômetros mais extenso do que o rio Nilo. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) concluiu as medições com imagens de satélites que indicam o Amazonas como o maior rio do mundo. O Amazonas tem 6.992 quilômetros de extensão enquanto o Nilo tem 6.852 quilômetros. O rio Amazonas é o maior rio do mundo, tanto em volume quanto em extensão.

*O Brasil possui uma das mais extensas e diversificadas redes fluviais do mundo, dividida em 12 regiões hidrográficas: bacia Amazônica, bacia Tocantins Araguaia, bacia do Paraguai, bacia Atlântico Nordeste Ocidental, bacia Atlântico Nordeste Oriental, bacia do Paraná, bacia do Parnaíba, bacia do São Francisco, bacia do Atlântico Leste, bacia do Atlântico Sudeste, bacia do Atlântico Sul e bacia do Uruguai. Os rios da bacia amazônica são responsáveis por 72% dos recursos hídricos do Brasil.

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*Pesquisadores descobriram indícios de um rio subterrâneo correndo sob o rio Amazonas, a uma profundidade que pode chegar a quatro mil metros. A região pode ter dois sistemas de descarga de água: a drenagem fluvial na superfície, pela bacia hidrográfica do rio Amazonas, e o fluxo oculto das águas subterrâneas, através de camadas sedimentares profundas. A extensão do rio subterrâneo ainda está sendo avaliada, mas sabe-se que ele corre de forma muito mais lenta: algo em torno de 100 metros por ano. O estudo foi divulgado no 12º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica. *O São Francisco é o maior rio totalmente brasileiro. Sua bacia hidrográfica abrange 504 municípios de cinco unidades da federação: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Ele nasce em São Roque de Minas, em Minas Gerais, e desemboca no Oceano Atlântico na divisa entre Alagoas e Sergipe

*O rio Negro é o segundo maior rio em volume de água do mundo, atrás somente do rio Amazonas. Antes do encontro das águas barrentas do rio Solimões com as águas escuras do rio Negro, esses dois cursos d´água percorrem cerca de seis quilômetros sem se misturarem. Isso acontece por causa da temperatura e densidade das águas, além da velocidade de suas correntezas. Quando eles se encontram, passam a se chamar rio Amazonas. revistaamazonia.com.br


*A bacia Amazônica tem cerca de 23 mil quilômetros de rios navegáveis, que possibilitam o desenvolvimento do transporte hidroviário. A navegação é importante nos grandes afluentes do Rio Amazonas, como o Madeira, o Xingu, o Tapajós, o Negro, o Trombetas e o Jari. A Hidrovia do Rio Madeira (foto), que opera de Porto Velho até Itacoatiara, no Amazonas, existe desde 1997. Por lá, é feito o escoamento da maior parte da produção de grãos e minérios da região.

*A ilha de Marajo, tem quarenta mil quilômetros quadrados e é a maior ilha do Brasil. Só não é a maior ilha fluvial, pois ela também é banhada pelo mar. A ilha tem diversos montes artificiais construídos pelos índios no período pré-colombiano. É lá, também, que está o maior rebanho de búfalos do Brasil, com cerca de 600 mil cabeças.

*A maior ilha fluvial do mundo está no Brasil. Trata-se da Ilha do Bananal, que tem cerca de vinte mil quilômetros quadrados de extensão. A ilha é cercada pelos rios Araguaia e Javaés, e está localizada na divisa de Mato Grosso, Tocantins e Goiás. A localização é especial: está entre a Floresta Amazônica e o cerrado e por isso possui fauna e flora diversificadas. É considerada Reserva da Biosfera pela UNESCO desde 1993.

*O Cerrado, bioma que ocupa um quarto do território brasileiro não tem rios de grande vazão, mas concentra nascentes que alimentam oito das 12 grandes regiões hidrográficas brasileiras. Especialistas consideram o cerrado como o berço das águas, já que nele estão localizados três grandes aquíferos – Guarani, Bambuí e Urucuia –, responsáveis pela formação e alimentação de importantes rios do continente. Para esses pesquisadores, a preservação da vegetação do cerrado é fundamental para a manutenção dos níveis de água em grande parte do país. *O Aquífero Guarani, com 1.194.800 km2 de extensão e 45 quatrilhões de litros, é o maior reservatório de água doce da América do Sul e 70% dele está localizado no Brasil (Mato Grosso do Sul - 25,5%, Rio Grande do Sul - 18,8%, São Paulo - 18,5%, Paraná - 15,0%, Goiás - 6,5%, Santa Catarina 6,5%, Minas Gerais - 6,1% e Mato Grosso - 3,1%, 19% na Argentina, 6% no Paraguai e 5% no Uruguai). *O Aquífero Alter do Chão ou Aquífero Grande Amazônia, verdadeiro rio subterrâneo correndo sob o rio Amazonas, com um volume de água de 45 mil quilômetros cúbicos. revistaamazonia.com.br

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Saber usar para não faltar Especialistas reforçam a importância da proteção e preservação do recurso, que tem feito falta em alguns estados brasileiros no início do ano

A

data 22 de março é mundialmente conhecida como o Dia da Água, comemoração criada pela Organização das Nações Unidas – ONU para fomentar a discussão de temas acerca desse bem natural. Afinal, apenas 0,008% de toda a água existente no planeta é própria para consumo, fator que torna necessário conscientização contínua sobre esse recurso finito que é cada dia mais escasso. Utilizada em vários tipos de atividades e transformada por meio da intervenção humana, a água tem sofrido com constantes processos de poluição e desperdício. O consumo sustentável recebe reforço absoluto nesse momento e campanhas incitando o reuso de água, bem como a diminuição do tempo do banho nunca foram tão persistentes. Segundo informações concedidas pelo Sistema Nacional de Informações do Saneamento (SNIS), o consumo diário de água por pessoa no Brasil atualmente é de 150 litros. Para o professor da Unopar, Diego Vila Guimarães esse é um valor alto, se comparado à necessidade hídrica por habitante que, de acordo com a OMS, é de 100 litros. “Estimativas calculam que 65 a 75% da água consumida pela população brasileira é utilizada nos banheiros”, afirma o docente. Outro fator que aumenta o consumo diário por habitante são as perdas no processo de tratamento e distribuição da água. As perdas são tanto os vazamentos e extravasões nas redes de distribuição e nos reservatórios, quanto os vazamentos em ligações até os hidrômetros, ou seja, é o índice de água que se perde durante o processo de produção e distribuição de água até o consumidor final. “O índice de perdas do Brasil hoje, segundo o SNIS, é em média de 40%. Assim, a cada 100 litros de água produzida, perdem-se 40 litros no processo de distribuição ou armazenamento da água, sendo essa fatia, considerada de responsabilidade do prestador do serviço”, completa Diego. A coordenadora do curso de Gestão Ambiental da Unopar, Cláudia Feijó reforça que o consumidor final, bem

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como as companhias de tratamento, tem a responsabilidade de utilizar e fornecer, respectivamente, a água de forma consciente. No que diz respeito à postura dos con-

sumidores, Cláudia insiste em dicas como fechar bem as torneiras, verificar possíveis vazamentos, regular a válvula de descarga, abolir os banhos demorados, assim como revistaamazonia.com.br


Declaração Universal dos Direitos da Água 1. A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos. 2. A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. 3. Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia. 4. O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam. 5. A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. 6. A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo. 7. A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. 8. A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado. 9. A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social. 10. O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra. a lavagem de carros e calçadas com mangueiras. “É necessário, também, remover o excesso de resíduos antes de lavar as louças, não jogar lixo no chão nem em rios e comunicar a companhia de saneamento em caso de vazamentos na rua”, adiciona. Às empresas responsáveis pelo saneamento, Cláudia indica o investimento em projetos de conservação de mananciais e a redução da perda de água em todos os pontos do sistema de abastecimento de água - captação, tratamento, reserva e distribuição. “Reuso da água de lavagem de filtros e decantadores na própria estação de tratamento de água; adoção de programas de educação ambiental visando a sensibilizar a comunidade, instituição de visitas da comunidade às estações de tratamento de água para explicar a complexidade do processo e uso do verso da conta de água com dicas de uso racional de água e, ainda, a disseminação da declaração universal dos direitos da água seriam algumas formas de melhorar o uso desse recurso”, finaliza. revistaamazonia.com.br

O índice de perdas do Brasil hoje, segundo o SNIS, é em média de 40% REVISTA AMAZÔNIA 29


UNESCO apoia o desenvolvimento da pesca artesanal na costa amazônica Fonte de subsistência de quase um milhão de famílias brasileiras, a pesca artesanal é marcada por distorções de mercado: em geral, os pescadores vendem o produto ao primeiro comprador – o atravessador – a preços irrisórios. Um projeto da UNESCO na chamada costa amazônica, que engloba o litoral dos estados do Pará, Amapá e Maranhão, buscará mudar essa realidade em algumas comunidades

Em condições adversas, longe de casa e expostos o dia inteiro ao sol, à chuva e aos perigos do mar ou dos rios

A

ideia é mapear as cadeias produtivas do camarão regional, do camarão piticaia e do caranguejo, articulando e capacitando pescadores artesanais para que negociem o pescado em melhores condições. A UNESCO apoiará o desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis. Não se trata de cooperativismo nem

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de associativismo. A intenção é construir espaços participativos de articulação, negociação e definição de políticas públicas. Hoje, na maioria dos casos, esses espaços inexistem. O objetivo do projeto é melhorar a renda e a qualidade de vida nas comunidades de pescadores. O projeto foi elaborado coletivamente, com o envolvimento direto de representantes do governo federal, dos revistaamazonia.com.br


governos do Pará, Amapá e Maranhão, de prefeituras, universidades, institutos de pesquisa, organizações não governamentais e pescadores. O Fundo Vale financia a iniciativa, que foi formalizada em dezembro. A primeira reunião do comitê gestor do projeto, composto pelo gruDesenvolvida na chamada Costa Amazônica, que engloba o litoral dos estados do Pará, Amapá e Maranhão. As setas indicam a foz dos rios Oiapoque (norte) e Parnaíba (sul)

Pesca artesanal na costa amazônica

po de parceiros, ocorrerá em março, em Belém, a capital paraense. O projeto tem duração prevista de sete a dez anos. A primeira fase, já com orçamento aprovado até 2017, consistirá nos diagnósticos das cadeias produtivas e da realidade das comunidades. É importante destacar a diversidade dos atores envolvidos e a necessidade de criar sinergia e comprometimento entre eles. Uma das chaves do sucesso do projeto está na formação e legitimação de lideranças entre os pescadores. Afinal, não basta criar espaços de diálogo e negociação, é preciso que todos os atores estejam empoderados. Por ser uma construção coletiva, é algo que leva tempo.

Pescadores artesanais Ano passado, em agosto, houve a aprovação do substitutivo de Lei do Senado (PLS) 150/2013 , que concede aposentadoria especial a pescadores artesanais, um grande avanço social para uma das mais tradicionais categorias profissionais do Brasil. Em todo o País pescadores trabalham duramente para sustentar as suas famílias, quase sempre em condições adversas, longe de casa e expostos o dia inteiro ao sol, à chuva e aos perigos do mar ou dos rios. O lucro da pesca artesanal pouco beneficia as quase um milhão de famílias brasileiras que vivem dessa prática. Em geral, os pescadores vendem o produto a preços irrisórios a atravessadores, que revendem pelo valor real. revistaamazonia.com.br

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Cresce a procura por apps sobre consumo consciente com crise da água e energia

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Aplicativos são gratuitos e dão orientações sobre hábitos de consumo

s aplicativos de consumo consciente lançados pela Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN e o Instituto Akatu já alcançaram a marca de 44 mil downloads. Esse dado mostra que a população está preocupada com o consumo dos recursos naturais e busca informações para ajudar na mudança de hábitos em função de um novo cenário que o País enfrenta: escassez de água, de energia e efeitos na produção de alimentos. O aplicativo Nossa Água, lançado em setembro do ano passado ajuda o brasileiro a economizar água e já alcançou mais de 22.500 downloads no período. O app, desenvolvido para orientar as pessoas em relação ao consumo consciente da água, oferece uma calculadora que contabiliza em litros o total gasto em um banho. Há também dicas para um consumo consciente do recurso, essenciais no contexto da crise hídrica, e um jogo que aborda a questão dos vazamentos. Em novembro passado também foi lançado o aplicativo Nossa Energia. A ferramenta já alcançou mais de 15.500 downloads. O app foi desenvolvido para orientar as pessoas em relação ao consumo eficiente da energia e oferece aos usuários uma calculadora que identifica os gastos de energia de acordo com o consumo dos eletrodomésticos de uma casa. Tem ainda o jogo Apagão e dicas práticas para economizar a energia no dia a dia. Outra ferramenta que foi lançada em dezembro de 2014 aborda o desperdício de alimentos, trata-se do aplicativo Nossa Alimentação. Dados do Instituto Akatu mostram que um terço dos alimentos comprados pelas famílias vai direto para o lixo, uma estatística que mensura o impacto do desperdício. A ferramenta possibilita a criação de listas de compras, que permite ao consumidor realizar um acompanhamento dos preços e avaliar a variação de itens específicos. Há também dicas práticas para uma alimentação mais saudável e o jogo Come bem, que estimula os participantes a cortar os alimentos prejudiciais à saúde. Todos os aplicativos são gratuitos e estão disponíveis para download no Google Play em aparelhos smartphones na versão Android. 32 REVISTA AMAZÔNIA

Baixe os aplicativos

Sobre o Meu Bolso em Dia

- Nossa Água https://play.google.com/store/apps/ details?id=br.com.soundy.nossaagua

- Nossa Alimentação https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.soundy.nossaalimentacao

Lançado em março de 2010, o portal Meu Bolso em Dia, oferece informações didáticas sobre finanças pessoais para que brasileiros possam tomar decisões conscientes quando relacionadas ao uso do dinheiro, do crédito e de bens financiados. O portal já atingiu a marca dos 13 milhões de acessos e também disponibiliza outras ferramentas para facilitar a vida das pessoas, como o simulador dos sonhos, tabelas para controlar os gastos de acordo, enquetes e o JIMBO, um software gratuito que organizar as despesas pessoais e familiares; a versão mobile desta ferramenta também está disponível no portal.

Sobre Instituto Akatu - Nossa Energia https://play.google.com/store/ apps/details?id=br.com.soundy.nossaenergia

O Instituto Akatu é uma organização não governamental sem fins lucrativos que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o Consumo Consciente. Defende o ato de consumo consciente como um instrumento fundamental de transformação do mundo, já que qualquer consumidor pode contribuir para a sustentabilidade da vida no planeta: por meio do consumo de recursos naturais, de produtos e de serviços e pela valorização da responsabilidade social das empresas.

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EDIÇÃO

2015

Participe da 14ª edição do mais importante concurso de projetos de sustentabilidade da América Latina com auditoria independente de procedimentos

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Realização

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BARRAGINHAS E LAGOS MANTÊM ÁGUA O ANO TODO por Marina Torres * Fotos: Divulgação, José Araujo

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a comunidade Fazendinhas Pai José, no Município de Araçaí, região Central de Minas, as cisternas, ou cacimbões, são a única fonte de abastecimento de água em muitas propriedades. Durante vários anos, os poços chegavam a secar nos períodos de estiagem, mas a construção das barraginhas alterou o cenário local. O agricultor Dimas Marques Sobrinho conta que sempre mediu o nível de sua cisterna. “A minha dava um metro e meio de água. Depois das barraginhas, passou a dar 11 metros. E não foi só a minha, foi de todo mundo que aumentou”, diz, satisfeito. As barraginhas retêm as enxurradas e fazem a água da chuva se infiltrar no solo. Assim, recarregam o lençol freático, que fica com o nível mais elevado. A tecnologia social, além de aumentar a disponibilidade de água na região, preserva o terreno, já que, ao conter as enxurradas, evita erosão. O engenheiro-agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo (MG) Luciano Cordoval, coordenador do Projeto Barraginhas, explica que a tecnologia ajuda a aproveitar de forma eficiente as chuvas irregulares e intensas. E, com o aumento da disponibilidade de água nas propriedades, tornou-se possível construir e abastecer pequenos lagos lonados, os chamados lagos de múltiplo uso, que podem ser utilizados como criatórios de peixes, reservatórios para irrigação ou abastecimento. Diferentemente das barraginhas, que fazem a infiltração da água no solo, os pequenos lagos são impermeabilizados com o uso de uma lona de plástico, coberta por

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Tecnologia de impermeabilização de lagos em solos porosos utilizando lona de plástico comum, recoberta com uma camada de solo/ terra de 25 cm para sua fixação ao fundo, também para sua proteção contra raios solares, unhas de animais e peixes. É uma tecnologia Embrapa de Sete Lagoas-MG

Em 2005 recebe o prêmio Fundação Banco do Brasil/Petrobras revistaamazonia.com.br


uma camada de terra. Abastecidos pelas águas que aumentam nas cisternas, ou cacimbões, os lagos também podem receber chuvas captadas nos telhados e direcionadas para os reservatórios. Ao longo dos anos, os efeitos benéficos das duas tecnologias foram percebidos em diversas comunidades. Os produtores participam do projeto, indicando os locais onde correm as enxurradas e aprendendo a construir as pequenas bacias de captação.

“No Cerrado, o objetivo principal é controlar a erosão causada pelas enxurradas. Como efeitos colaterais, temos o umedecimento das baixadas, que favorece as lavouras, e a revitalização dos cursos d’água a partir da recarga do lençol freático. Já no Semiárido, o mais importante é colher a irregularidade da chuva, aproveitar os momentos de chuva intensa. Porque, se não for captada, a água vai embora. Como os solos são rasos, a umidade se espalha e favorece a agricultura”, explica Cordoval.

No interior de Minas Gerais, em comunidades onde faltava água, hoje os produtores criam peixes e irrigam hortas. Com a construção de barraginhas, pequenas bacias para captar enxurrada, a realidade de várias famílias se transformou

Geraldo Saldanha, morador da comunidade Fazendinhas Pai José, percebeu melhorias na agricultura. “As enxurradas iam embora arrebentando tudo e ficava a terra seca. Aí vieram as barraginhas e mudou o sistema. As plantas sobressaem mais, conservam e estão produzindo mais. A terra ficou melhor. Eu recomendo fazer barraginha. Não ficar com economia em usar um pedaço do terreno, porque é lucro em outras coisas. Vai ter recompensa. A natureza vai mudar totalmente”. O uso complementar das barraginhas e dos lagos de múltiplo uso, considerados tecnologias sociais, tem tornado realidade o sonho de muitos produtores de criar peixes e poder pescar. Para o produtor Geovano Vicente Morais, também morador da comunidade Fazendinhas Pai José, o lago, além da realização de um sonho, é uma terapia. “Eu tinha vontade de comprar terreno em beira de rio, mas não tive condição. Então, esse lago foi uma bênção pra mim,” comemora. Luciano Cordoval diz que a experiência da integração entre barraginhas e lagos abastecidos por cisternas pode ser replicada em toda região de latossolo vermelho e amarelo, que é poroso e predomina no Brasil Central. O modelo pode ser adotado com um pequeno investimento. Os minilagos de 14 metros de diâmetro, por 1,2 metro de profundidade gastam quatro horas de máquina do tipo pá carregadeira e 30 metros de lona de oito metros de largura.

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Micro lago de múltiplo uso no formato de uma Gamela de 12 m x 7 m x um metro de profundidade, não tem colagem, a lona de 8 m cobre todo o cocho da Gamela! Esse lago de 25 a 30.000 litros atende uma gama maior de famílias

Tecnologia premiada Vencedor do prêmio Fundação Banco do Brasil em 2005 na categoria recursos hídricos, o projeto “Integração das Tecnologias Sociais Lago de Múltiplo Uso e Barraginhas” espalhou-se pelo País com o apoio de associações, prefeituras e da estatal brasileira de petróleo, a Petrobras. Mais de 150 mil barraginhas já foram instaladas e estão espalhadas no Distrito Federal e em 11 estados: Minas Gerais, Piauí, Ceará, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, Sergipe, Bahia, Pará e São Paulo. Além disso, a divulgação da tecnologia já estimulou a implantação de outras milhares de pequenas barragens por todo o País. Mas, certamente, os principais resultados são as transformações de paisagens e aumento da qualidade de vida de milhares de pequenos produtores.

Como tudo começou A barraginha é uma tecnologia simples e surgiu da observação de um barramento natural ocorrido após uma forte chuva no início da década de 1980. “Foi num ano seco e não chovia há mais de dez meses no semiárido 36 REVISTA AMAZÔNIA

norte-mineiro. Aí aconteceu um temporal rápido, caindo 40 mm de uma chuva intensa, correndo muita enxurrada. Depois, andando a cavalo por uma fazenda, um lugar chamou minha atenção. Esse ponto parecia um

Prêmio Fundação Banco do Brasil/ Petrobras. Este prêmio abriu patrocínios da Fundação Banco do Brasil desde 2005 e da Petrobras desde 2008, responsáveis pela disseminação dessa tecnologia e das barraginhas por todo o território nacional

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Mais de 150 mil barraginhas já foram instaladas e estão espalhadas pelo Brasil

minioásis no formato de um lago. Estava verde, com uma relva densa. Nas outras áreas, a chuva não tinha sido suficiente para estimular a brotação das pastagens, estava tudo ainda aparentemente desertificado”, conta o engenheiro-agrônomo Luciano Cordoval. Cordoval observou o fenômeno e percebeu que a água da chuva, por estar sobre um terreno frágil, sujeito à erosão, abriu uma fissura, escavando e carreando terra, que se depositou mais abaixo, formando um barramento natural. “Essa lama depositada foi suficiente para parar a enxurrada, encheu uma bacia rasa. E creio que se in-

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filtrou logo, e as sementes misturadas na lama germinaram, formando esse tapete verde, com o formato do lago criado.” Durante a observação, Cordoval se lembrou de experiências que havia conhecido em Israel. “Em 1976, durante um curso, eu fazia uma viagem e, numa parada, vimos pontos verdes ao longe no deserto do Neguev. O guia explicou que nos pequenos vales, grotas suaves, eles fazem barramentos e deixam à espera de chuvas. Vindo as chuvas, os pequenos açudes enchem parcialmente e, assim que a água infiltra, forma-se uma lama. Ali, plantam

mudas de eucaliptos, fazendo covas nesses barramentos umedecidos. À medida que o local vai secando, as raízes vão se aprofundando atrás da umidade e resistem até o próximo evento de chuvas”. Cordoval conta que decidiu aproveitar as duas experiências como inspiração para a criação da tecnologia. “A partir daí, comecei a rascunhar desenhos. Começavam ali as barraginhas,” lembra. [*] Embrapa Milho e Sorgo

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III CONFERÊNCIA MUNDIAL DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE A REDUÇÃO DO RISCO DE DESASTRES – WCDRR Fotos: ICSU, Rudolph Hühn, UNISDR, WCDRR

Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, entregou o martelo para Eriko Yamatani, Ministro de Estado de Gestão de Calamidades, Japão, para o início da conferência

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ealizada o no Centro Internacional de Sendai, no Japão, com a presença de líderes e ministros de mais de 150 países, e mais de cinco mil dirigentes participam do encontro, que procurou estabelecer um novo plano de atuação para diminuir o impacto dos desastres naturais. Os objetivos principais foram reduzir o prejuízo nas infraestruturas, aumentar o número de países com estratégias focadas em atenuar os efeitos destes fenômenos e melhorar as ajudas econômicas para os países em desenvolvimento, segundo a organização.

Árvores de fita WCDRR, onde os delegados foram convidados para pendurar fitas individuais significando seus desejos para o conferência

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Na cerimônia de abertura, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, descreveu como “a reunião de mais alto nível sobre risco de desastres redução na história”, teve a presença do imperador Akihito e da imperatriz Michiko, cerca de 20 chefes de Estado e 8.000 participantes, incluindo representantes do governo, organizações da sociedade civil, organizações internacionais e executivos de negócios. Na oportunidade, Ban, disse que para que a proteção fosse efetiva, deveriamos “ajudar os mais pobres a terem acesso a esses meios”. Ele afirmou também que as perdas econômicas anuais de desastres já ultrapassam US $ 300 bilhões por ano, e destacou um resultado ambicioso da WCDRR, iria colocar o mundo em um caminho para uma nova agenda de desenvolvimento sustentável em 2015, e expressou sua solidariedade para com o povo de Vanuatu em face do Cyclone Pam. O WCDRR teve como objetivo principal traçar uma linha global de redução de riscos de desastres para os próximos 10 anos a partir do Marco de Ação de Hyogo (MAH), acordado em 2005, após o tsunami do Oceano Índico, um quadro pós-2015 para que o risco de redução de revistaamazonia.com.br


desastres seja adotada com forte adesão de cidades à Campanha Mundial para Redução de Desastres da ONU - “Construindo Cidades Mais Resilientes, Minha Cidade está se preparando”. Atualmente o Brasil é a nação com maior numero de participantes (323 cidades), seguido da Áustria (280) e do Líbano (256). O objetivo da campanha é aumentar o grau de consciência e compromisso em torno de práticas de desenvolvimento sustentável, diminuir as vulnerabilidades e propiciar o bem estar e segurança aos cidadãos. A expectativa é que novo plano, estabeleça objetivos numéricos pela primeira vez para reduzir o número de vítimas e as perdas econômicas, para que os progressos possam ser avaliados de forma mais eficaz. O Japão, país anfitrião, sofre com desastres frequentes, e por isso “gastamos muito tempo trabalhando na prevenção de riscos”, disse o primeiro-ministro, Shinzo Abe. Durante os cinco dias da conferência, paralelamente às sessões plenárias, haverá mais de 30 sessões de trabalho, e reuniões de alto nível que cobriram uma ampla gama de temas sobre desastres, e cerca de 350 simpósios e seminários promovidos por organizações não-governamentais. O Japão recebeu as três conferências sobre desastres realizadas pela ONU. A primeira aconteceu em Yokohama em 1994, a segunda em Kobe em 2005 e agora em Sendai, uma das cidades afetadas pelo terremoto e pelo tsunami de 2011.

Shinzo Abe, o primeiro-ministro do Japão, fez um discurso de abertura do Diálogo de Parceria de alto nível

Margareta Wahlström, representante especial da ONU para a Redução do Risco de Desastres, em conversa com Eriko Yamatani, Presidente da WCDRR

A apresentação do ministro Gilberto Occhi, na cidade de Sendai, no Japão O chefe da delegação brasileira na conferência, Occhi falou sobre os investimentos do país na Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e no Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres, a importância

vas como investimentos e desenvolvimento do senso de percepção de risco de desastres naturais pela população. O ministro integrou a mesa redonda ministerial sobre Cooperação Internacional em Redução de Riscos de Desastre pós-Hyogo e reuniões com representantes do Ministério da Terra, Infraestrutura e Turismo e do Ministério de Gestão de Desastres do Japão.

A delegação brasileira chefiada pelo Ministério da Integração Nacional (MI), tinha dois técnicos da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec): o diretor do Departamento de Minimização de Desastres, Armin Braun, e a analista de Infraestrutura, Ana Flávia, além de representantes do setor público (Governo Federal, estados e municípios) e sociedade civil

Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial; Achim Steiner, Diretor Executivo do PNUMA; e Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU

das ações preventivas para proteger as populações dos desastres naturais e a eficiência do governo federal no atendimento às populações afetadas pela enchente do Rio Acre. Entre as propostas brasileiras: metas e iniciatirevistaamazonia.com.br

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Segurança Alimentar, Disaster-resiliente na Agricultura e Nutrição

Encerramento/Decisões Apesar de algumas diferenças acentuadas em algumas questões que ficaram por resolver, a Conferência WCDRR conseguiu alcançar o sucesso notável na criação de um quadro mais abrangente, para as pessoas com deficiência, e outras comunidades vulneráveis, como os imigrantes, diretamente abordada como tendo um papel a Eriko Yamatani, Presidente da WCDRR, encerrando a reunião

Mesa-redonda Ministerial sobre Administração de Riscos de Desastres: superação de desafios

desempenhar na DRR como participantes ativos e não apenas grupos como passivos, vulneráveis. Significativamente, o Quadro de Sendai vai além do Quadro de Ação de Hyogo, em ambição de uma série de questões-chave, nomeadamente: 1) enfatiza a importância das mulheres como participantes e líderes no desenvolvimento de estratégias RRC, ao invés de apenas como vítimas de desastres; 2) salienta a necessidade de garantir o acesso aos serviços de saúde em situações de pós-desastre e aborda os riscos relacionados com a saúde em relação à capacidade de resistência de uma forma mais abrangente; e 3) que tem um foco explícito mais forte em acção a nível local. O Quadro de Sendai também reafirma uma tendência crescente dentro DRR para colocar uma maior ênfase na construção da resiliência, e se concentrar menos em pós-evento de gestão de desastres e mais sobre a relação entre a RRC, o planejamento do desenvolvimento a longo prazo e enfrentar os riscos subjacentes. A falta de progresso na abordagem dos riscos subjacentes tem sido reconhecida como um dos principais pontos fracos em relação à implementação do HFA, como reconhecido também no mais recente Relatório de Avaliação Global sobre DRR 2015, apresentado na conferência. O Quadro de Sendai contribui para posicionar melhor o conceito 40 REVISTA AMAZÔNIA

de resiliência no cenário global, e reconhecimento da necessidade de combater os riscos subjacentes, mas alguns têm questionado se o quadro e da UNISDR estão

preparados para enfrentar esses riscos de forma significativa, sem metas mais fortes , mandato, as modalidades de implementação e recursos financeiros. Em contraste

Mesa-redonda Ministerial sobre Redução do risco de epidemias e pandemias

Mesa-redonda Ministerial sobre a Redução do Risco de Desastres em ambientes urbanos

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com o HFA, que carecia de metas específicas, o Quadro de Sendai concordou em sete substantiva (embora não obrigatórios e desejáveis) metas globais para guiar a ação na redução do risco de desastres e gestão de risco de desastres ao longo dos próximos 15 anos, incluindo a: redução da taxa de mortalidade global e número de pessoas afetadas por desastres no período 2020-2030; redução dos danos à infra-estrutura e interrupção de serviços básicos, como saúde e educação, por meio do desenvolvimento da resiliência em 2030; o aumento do número de países com estratégias nacionais e locais de RRC; e ao reforço da cooperação internacional para países em desenvolvimento. Estas foram objeto de intensas negociações, com muitos países a exigir metas quanti-

Mesa-redonda Ministerial sobre a reconstrução pós-desastres: reconstruir melhor

Na mesa-redonda ministerial sobre Riscos e Seguros

Mesa-redonda Ministerial sobre cooperação internacional Diálogo de Alto Nível sobre a Gestão do Risco de Desastres Inclusive

Crianças e Jovens: Não decidir o meu futuro Sem Mim revistaamazonia.com.br

tativas com percentuais específicos mencionados, entre outros, principalmente os países desenvolvidos, preferindo formulação mais qualitativa e geral. Enquanto alguns profissionais e ONGs expressaram desapontamento com a falta de um maior nível de detalhe no texto de compromisso acordado, os alvos representam, no entanto, um passo à frente em relação ao HFA, e, após a aprovação da Assembleia Geral da ONU, vai ser reforçada com a indicadores a serem desenvolvidos por um grupo de trabalho intergovernamental sugerido pelo WCDRR. O quadro também fez alguns progressos em matéria de concordar REVISTA AMAZÔNIA 41


com um processo de revisão, embora a incapacidade da Conferência das Nações Unidas para decidir qual corpo seria responsável pela revisão foi visto por alguns como um ponto fraco. Outros pontos fracos identificados pelos profissionais foram a falta de acordo a um regime de financiamento mais robusta para a implementação DRR, e não concretamente abordar a transferência de tecnologia. Muitos países em desenvolvimento e ONGs expressaram desapontamento, observando que o quadro se estende por 15 anos e vai ser “atores em nível local nos países vulneráveis que sofrem mais” sem financiamento e tecnologia garantido para aumentar a resiliência em suas comunidades. Estas duas questões são focos do financiamento para o desenvolvimento, a agenda de desenvolvimento e mudanças climáticas negociações pós-2015. Gilberto Magalhães Occhi, nosso ministro da Integração Nacional, em uma intervenção

O ministro da Integração Nacional, Gilberto Magalhães Occhi, disse que o Brasil tem trabalhado intensamente para regularizar as ocupações desordenadas, reassentar famílias vulneráveis e construir sistemas hídricos que evitem cheias e reservem água para a época de estiagem

À luz dos desafios, o acordo é de grande importância. Os efeitos dos desastres têm aumentado nos últimos anos e nenhum país está imune a elas. Os países em desenvolvimento são particularmente afetadas por catástrofes, onde os grupos mais pobres e vulneráveis da população sofrem mais. Olhando para a frente, a humanidade terá que enfrentar um aumento do risco de desastres. Por causa das mudanças climáticas, eventos relacionados com o clima se tornará mais comum, mais intensa e mais imprevisível. Degradação ambiental continuada, o crescimento populacional e urbanização também significa que muitas sociedades serão mais vulneráveis do que no passado.

Cilene Victor, do Brasil, apresentou como as comunicações podem criar resistência no WCDRR

O vice-Presidente Päivi Kairamo, Finlândia, liberou as adoções do Quadro de Sendai para a Redução do Risco de Desastres Aplaudindo os participantes após o encerramento

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Apresentação das Tendências de risco global Perda multi-risco médio anual global em relação ao investimento de capital

Perda média anual multi-risco global

Perda média anual em milhões de dólares devido – principalmente a eventos relacionados com a as catástrofes d’água

A degradação da terra na América Central e do Sul Faixas históricas de ciclones tropicais no mundo

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A riqueza ecológica das nações

População projetada para estar vivendo sob grave estresse hídrico até 2050

Projeções de declínio recife de coral

Rankings das inundações em mercados emergentes

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A foto de Olaf Unverzart é intitulada ‘Rolled Lumber’ (“Madeira Laminada”) e foi registrada em Ofenpass, na Suíça

O fotógrafo americano Mustafah Abdulaziz foi o grande vencedor do Syngenta Photography Award (“Prêmio de Fotografia da Syngenta”) deste ano, cujo tema foi escassez e desperdício. Seu ensaio, intitulado Water (“Água”), é descrito como uma exploração fotográfica de um recurso natural em crise

Impacto da falta d’água rende prêmio global de fotografia Fotógrafos exploram força de ação humana e urbanização sobre natureza; mostra em Londres traz finalistas.

Imagem de extração ilegal de areia em Bengala Ocidental, na Índia. O registro do fotógrafo Sudipto Das 46 REVISTA AMAZÔNIA

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Escassez-Desperdício. Registrada pela fotógrafa Susana Raab

Foto de Lasse Bak Mejlvang, Smokey Moutain em uma comunidade que cresceu no local onde antigamente funcionava um lixão na área central da Manila, nas Filipinas

“We Had A River Named Tista” (Nós Tínhamos um Rio Chamado Tista) é o nome da foto clicada por Riadul Islam Dip, parte de um projeto que explora o rio Tista, em Bangladesh

A categoria ‘Competição Aberta’ foi vencida pelo fotógrafo alemão Benedikt Partenheimer. Shijiazhuang, AQI (Índice de Qualidade do Ar, em inglês) é uma foto panorâmica do quase invisível céu da cidade chinesa de Shijiazhuang, parte de uma série chamada Particulate Matter (“Material Particulado”)

A foto de Carlos Cazalis da Cidade do México é um dos 90 trabalhos por 42 fotógrafos de 21 países que estão sendo exibidos no centro de exposições Somerset House, em Londres

Cotidiano de moradores de Karabash, pelo fotógrafo Pierpaolo Mittica

Fábrica abandonada de aço de Shougang, em Pequim, na China, imortalizada pelo fotógrafo Souvid Datta

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DIA INTERNACIONAL DAS FLORESTAS 2015 Fotos: FAOSTAT, ONU/ Eva Fendiaspara

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erca de 1,6 bilhão de pessoas, incluindo mais de 2 mil culturas indígenas, dependem das florestas para comida, combustível, abrigo e renda. A informação é de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, na sua mensagem sobre o Dia Internacional das Florestas. Para Ban, a data é dedicada à conscientização sobre a importância de todos os tipos de florestas e árvores. O tema da data de 2015 é mudança climática.

Desastres O chefe da ONU disse ainda que florestas previnem deslizamentos de terra e erosão. No caso de manguezais, reduzem a perda de vidas e danos causados por tsunamis. Por estas e outras razões, o chefe da ONU afirmou que as florestas são “essenciais para a agenda de desenvolvimento pós-2015”.

Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, em plantio de uma muda em comemoração ao Dia Internacional das Florestas

Clima O diretor do Secretariado do Fórum das Nações Unidas sobre Florestas, Manoel Sobral Filho, falou sobre a associação entre florestas e clima: “As florestas, principalmente através da redução de desmatamento, e através de programas de restauração florestal e plantações, são o modo mais econômico e viável de absorver carbono e estocar carbono que, de outra forma, iria para a atmosfera. Então, a função das florestas hoje é imensamente importante. Nós vamos ter pelo menos dois eventos importantíssimos este ano, no âmbito do sistema das Nações Unidas tratando deste assunto. Um, evidentemente, é a reunião do clima, da Convenção do clima, em Paris, no final do ano, que vai tratar do assunto de florestas também e como usar as florestas para mitigar o aquecimento global.” 48 REVISTA AMAZÔNIA

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As florestas e o uso da terra O diretor mencionou também um encontro do Fórum das Nações Unidas para Florestas, em maio.

As florestas são de valor inestimável para toda a vida na Terra

Desmatamento O secretário-geral afirmou ainda que apesar do valor ecológico, econômico e social das florestas, cerca de 13 milhões de hectares de florestas são destruídos anualmente. Ban declarou que isto não é “sustentável nem para pessoas nem para o planeta”. No entanto, ele disse haver sinais “encorajadores”. Na última década, a taxa de desmatamento mundial caiu quase 20%. O chefe da ONU disse que para construir um futuro sustantável e resistente aos impactos do clima, é preciso investir nas florestas. Ban pediu compromisso para “redução do desmatamento, manutenção de florestas saudáveis e criação de um futuro resitente às mudanças do clima.

As florestas e o uso da terra Enquanto a “sustentabilidade” está na boca de todos – da academia à política – poucos estão cientes de que o termo foi originalmente em forma em relação aos primeiros dias da silvicultura moderna: No início do século 18, Hans Carl von Carlowitz cunhou a palavra alemã “Nachhaltigkeit” que de forma simplificada diz a intenção de garantir que o suficiente árvores foram replantadas para

As florestas cobrem 1/3 da área total da terra

US$108 bilhões por ano

de plantas medicinais de florestas tropicais

As florestas contêm a maior parte da biodiversidade terrestre do mundo

A taxa de desmatamento, apesar da desaceleração, ainda é alarmante

1,6 bilhão de pessoas dependem das florestas para sua subsistência

5,2 milhões de hectares perdidos a cada ano; equivalente ao tamanho de um campo de futebol a cada segundo

Um futuro sustentável para as florestas

As florestas devem ser geridas de forma sustentável para ajudar a reverter os efeitos da degradação da terra e do desmatamento

Restauração florestal generalizada e de plantação de árvores estão reduzindo significativamente a perda líquida de área florestal

São necessárias políticas sólidas para garantir um futuro para as florestas

Visualização do cartograma florestal global de produção, consumo e comércio – panorama global da atividade comercial relacionada com a silvicultura A forma global do Comércio Florestal

Produção Florestal

Consumo floresta

Mapa de Referência

As exportações

revistaamazonia.com.br de madeira

Madeira de importações

REVISTA AMAZÔNIA 49 Fonte de dados: FAO


garantir a existência de longo prazo de fornecimento de madeira (de onde o termo encontrado o seu caminho em seu significado mais amplo que podemos usá-lo para hoje). Enquanto a madeira tem por muito tempo sido um recurso importante, hoje também é um importante produto de comércio global. Em 2007, a FAO afirmou que “nos últimos 20 anos, o comércio internacional de produtos florestais [...] aumentou de US $ 60 bilhões para US $ 257 bilhões, um crescimento médio anual de 6,6%.” Os seguintes cartogramas mostram os diferentes aspectos relacionados com a silvicultura, incluindo a produção de madeira para a atividade econômica, o consumo de madeira e relacionadas com produtos de madeira (como papel), bem como as exportações globais e as importações deste (utilizando dados de 2011 por FAOSTAT). Estes mapas de curso não representam a distribuição global de florestas, mas só o panorama global da atividade comercial relacionada com a silvicultura.

Grupos de solo no mundo Apresentação simplificado baseado em base de dados de referência mundial para os recursos do solo (WRB), excluindo a Antarctica

5 bilhões de hectares: solos pouco a moderadamente desenvolvidos. Solos Jovens: sedimentos periodicamente alagados em leitos de rios, deltas e áreas costeiras; solos arenosos ou rochosos com zona de raiz restrito. Alguns extensivamente com pasto. Cultivo de raízes e tubérculos facilmente colhidas. Algumas boas terras agrícolas. 2,5 bilhões de hectares: Solos concentrados em regiões boreais e polares. Geadas ou floresta em regiões frias. Também sujidades orgânicas, especialmente turfas e pântanos. Nas zonas temperadas, muitas vezes convertidos em terras aráveis. 2,4 bilhões de hectares: Solos com subsolos enriquecida com argila. Resultado da forte intemperismo e lixiviação. Dependente química do solo, disponibilidade de nutrientes pode ser pobre (muitas vezes em taiga florestada. solos com a criação de gado ou cultivo cuidadoso) ou bom (terras aráveis com aração profunda) 1,1 bilhão de hectares: solos com deficiência de oxigênio. Influência de águas subterrâneas ou encharcamento temporário. Principalmente brejo ou pastagens permanentes. Uso arável requer drenagem (então muitas vezes cultivo de arroz).

50 REVISTA AMAZÔNIA

1000 milhões de hectares: solos altamente intemperizados. Solos vermelhos e amarelos dos trópicos úmidos trópicos úmidos; profunda, bem drenados e principalmente fácil de trabalhar, mas baixa capacidade de armazenamento de água e nutrientes. Com chuvas durante todo o ano, seja baixa fecundidade (com cultivo contínuo ou deslocamento ou pastoreio extensivo) ou bom, enraizamento profundo (muitas vezes com plantações). 1 bilhão de hectares: Solos com acúmulo acentuado de matéria orgânica no solo mineral. Pesado, castanho-marrom aos solos preto “estepe”. Gramados, às vezes irrigada, parcialmente utilizado para o cultivo intensivo e criação de animais. 500 milhões de hectares, à excepção de estepe clima árido solos da zona. A acumulação de calcário, salinas alcalinas ou materiais muitas vezes extensivamente, pastavam ou não utilizado. 300 milhões de hectares: Solos argilosos conteúdo alternado - molhada e seca trópicos. Argilas provocando grandes rachaduras em condições secas. Muitas vezes não utilizado, ou com a pastagem extensiva ou o cultivo de algodão. O corte é possível apenas sob rigoroso controle de água. 100 milhões de hectares: Solos de cinzas vulcânicas. Solos quase todo preta, geralmente com tufo ou pedra-pomes. Geralmente fértil, com propriedades favoráveis para o cultivo, as raízes das plantas e armazenamento de água. Os solos com forte influência humana Pedras e entulho Geleiras e cobertura de neve permanente

Areia e dunas

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País terá Companhia de Operações Ambientais para conter desmatamento na Amazônia Projeto prevê implantação de bases fixas e compra de equipamentos Fotos: Arquivo/Agência Brasil, Ibama/Divulgação, Jefferson Rudy - MMA , Martim Garcia/MMA

A

cordo assinado recentemente entre os ministérios do Meio Ambiente e da Justiça com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) prevê a criação e o aparelhamento da Companhia de Operações Ambientais, que usará efetivo da Força Nacional de Segurança para ações de combate ao desmatamento ilegal da Floresta Amazônica. Ao todo, serão investidos R$ 30,6 milhões, oriundos do Fundo da Amazônia – geridos pelo BNDES –, para garantir a permanência de 200 homens da Força Nacional em pontos estratégicos da Floresta Amazônica. É a primeira vez que recursos do fundo financiarão ações de fiscalização contra o desmatamento. Os agentes da Força Nacional farão operações de fiscalização e controle do corte ilegal de árvores da região de forma sistemática. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a ação faz parte da terceira fase do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, que envolve 14 ministérios e é coordenado pela pasta. Iniciado em 2004, o plano é responsável pela elaboração e execução de políticas públicas voltadas para a redução do desmatamento na Amazônia. Como resultado dessas ações, em novembro do ano passado, foi registrada a segunda menor taxa de desmatamento na região desde 1988. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, de agosto de 2013 a julho de 2014, foram desmatados 4.848 quilômetros quadrados (km2) de área, com redução de 18% em relação aos 5.891 km2 apurados no período anterior.

Força Nacional de Segurança será usada no combate ao desmatamento ilegal na Amazônia revistaamazonia.com.br

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que a parceria surge do esforço para equipar todos os órgãos federais que trabalham em parceria com a pasta no combate aos crimes ambientais, em especial na Amazônia. “Toda fiscalização federal está em campo. Ao longo do ano, teremos como mostrar o bom resultado dessas novas estratégias de combate aos crimes ambientais.” Segundo o Ministério da Justiça, desde 2008, a Força Nacional de Segurança faz ações de repressão aos crimes ambientais, principalmente, desmatamento, extração e comércio ilegal de madeira na Floresta Amazônica. De acordo com a pasta da Justiça, em seis anos, foram fiscalizadas cerca de 1.200 serralherias e apreendidos mais de 1 milhão de metros cúbicos de madeira, 300 motosserras e 200 tratores. De acordo com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o Fundo da Amazônia aprovou cerca de R$ 1 bilhão em projetos e os desembolsos passam de R$ 600 milhões. “E temos ambição de pensar em iniciativas para fazer acontecer uma redução muito mais drástica dos índices de desmatamento do país. Já conseguimos vitórias, mas precisamos dar novos passos.” “Quando a presidenta Dilma determinou a integração do governo para o combate ao desmatamento, todos os ministérios envolvidos no comitê de gestão receberam essa determinação como uma causa que precisava ser assumida em face da gravidade do desmatamento. Temos empenhado e, agora com esses recursos, vamos ter uma Força Nacional mais bem equipada, com aparelhos, embarcações, com elevação de pessoal para um enfrentamento ainda mais agressivo”, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira durante a assinatura do acordo

de reduzir o desmatamento na Amazônia. Até agora, o Plano conseguiu alçar a questão da redução do desmatamento a importante orientador das políticas públicas, sejam elas ambientais, agrícolas, sociais, econômicas ou industriais. O resultado pode ser medido pela redução expressiva do desmatamento alcançado nos últimos 10 anos, sendo este o seu principal indicador. Já o Decreto nº 7.957, de 12 de março de 2013, institui o Gabinete Permanente de Gestão Integrada para a Proteção do Meio Ambiente (GGI). Composto por órgãos como MMA, MJ e Ministério da Defesa, o gabinete atua na identificação de áreas e situações que demandem o emprego das Forças Armadas. As equipes têm o objetivo de apoiar atividades de conservação e policiamento ambiental para coibir crimes e infrações e de executar tarefas de defesa civil em favor do meio ambiente. Agentes da FNSP terão mais equipamentos e infraestrutura para combater desmatamento

Detalhes A criação e o aparelhamento da Companhia de Operações Ambientais com o efetivo da Força Nacional são atividades previstas na terceira fase do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). O PPCDAm é um esforço governamental voltado para a transição do atual modelo de crescimento e em benefício dos recursos naturais e dos 25 milhões de habitantes da região. Iniciado em 2004, o PPCDAm fomentou a elaboração de políticas públicas que respondessem aos desafios

Os agentes da Força Nacional farão operações de fiscalização e controle do corte ilegal de árvores da região de forma sistemática REVISTA AMAZÔNIA 51


Na abertura das rodadas de negociações sobre mudanças climáticas do ano, em Genebra

A Conferência sobre Mudança Climática em Genebra Fotos: Rudolph Hühn, UN/ Jean Marc Ferre, UNFCC

N

a declaração de abertura, Manuel Pulgar-Vidal, ministro do Meio Ambiente do Peru, Peru, presidente da COP 20, convidou as partes a manter a dinâmica gerada em Lima e trabalhar de forma responsável, de forma eficiente e em um espírito de compromisso. A conferência de Genebra foi o primeiro de vários encontros de preparação para a Conferência sobre Mudança Climática em Paris, em Dezembro de 2015. A Conferência de Paris está comprometida para adotar “um protocolo, outro instrumento legal ou um resultado acordado com força legal sob o Convenção aplicável a todas as partes “, que serão implementadas a partir de 2020. Quem está encarregado de desenvolver o acordo de Paris é o Grupo

No Diálogo da Justiça Climática participantes discutiram os vínculos entre os direitos humanos e ações climáticas 52 REVISTA AMAZÔNIA

de Trabalho Ad Hoc sobre a Plataforma de Durban para Ação Reforçada (ADP). Em Genebra, a ADP realizou a oitava parte de sua segunda sessão (ADP 2-8). Em dezembro de 2014, a 20ª sessão da Conferência das Partes (COP 20) da UNFCCC solicitou ao ADP para intensificar o seu trabalho, com vista à apresentação de um texto de negociação de um protocolo, outro instrumento legal ou um resultado acordado com força legal ao abrigo da Convenção aplicável a todas as partes antes de maio de 2015. Os vice-presidentes da ADP, Ahmed Djoghlaf (Argélia) e Daniel Reifsnyder (US) identificaram o objetivo da sessão de Genebra: entregar o texto de negociação . A ADP baseou o seu trabalho no sentido de um texto de negociação sobre os elementos para um projeto de texto de negociação anexas à Decisão 1 / COP 20 ( Chamada para Ação Climática). O grupo de contacto ADP trabalhou através do texto, elementos seção por seção, com as partes propondo acréscimos em alguns lugares onde as suas opiniões não foram refletidas adequadamente. O vice-presidente Reifsnyder ressaltou que o principal objetivo era garantir que o texto refletisse integralmente as posições das partes. Fazendo um bom progresso, as partes terminaram a primeira leitura dos elementos do texto. O texto revisto cresceu em comprimento de 39 para 86 páginas. Em seguida os co-presidentes e muitos participantes fizeram propostas para começar a racionalizar o texto. Outras partes pediram mais tempo para analisar o texto revisto, in-

dicando que eles não estavam prontos para prosseguir com a racionalização. Ao final da sessão, os partidos só apresentaram correções técnicas à Secretaria. Um certo número de delegados expressou satisfação com os progressos realizados e da forma em que os co-presidentes tinham guiado partes ao longo do processo de desenvolvimento de um texto de negociação. Outros indicaram que tinha a esperança de fazer mais progressos e que o tempo de negociação crítica havia sido perdido. Na sexta-feira à tarde, a sessão plenária de encerramento da ADP, todos concordaram que o texto desenvolvido em Genebra será a base sobre a qual a ADP vai iniciar negociações substantivas em relação ao acordo de Paris em junho, em Bonn. O vice-presidente Reifsnyder enfatizou que a ADP cumpriu o pedido da COP 20 e o texto de negociação será formalmente comunicada às partes antes do previsto. Os vice-presidentes anunciaram que as sessões adicionais ADP serão realizada no segundo semestre de 2015, a partir de 31 agosto-4 setembro e 19-23 outubro. Ambas as sessões serão realizadas em Bonn.

Negociações Zeid Ra’ad Al Hussein, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Mary Robinson, presidente da Mary Robinson Foundation - Justiça Climática, co-organizou a “Justiça Climática Dialogue” que reuniu as revistaamazonia.com.br


pessoas em um ambiente informal para habilitar e fortalecer as relações.Como palestrantes: Christiana Figueres, Secretária Executiva da UNFCC, Secretariado de Mudança Climática, Flavia Pansieri, Alto Comissário Adjunto da ONU para os Direitos Humanos. Joachim Rücker, Presidente do Conselho de Direitos Humanos e pelo Embaixador e Representante Permanente da Missão Permanente da Alemanha para o Escritório das Nações Unidas. Mary Robinson concluiu a reunião dizendo: “Este ano, temos a oportunidade de colocar o mundo em um caminho para um clima estável e para a realização da igualdade de oportunidades para todos. Esta é uma oportunidade que devemos aproveitar juntos”. Na sessão plenária de encerramento da ADP 2.8, Costa Rica anunciou o Pledge Genebra sobre Direitos Humanos e Ação Climática. A promessa é uma iniciativa voluntária empreendida pelos países para facilitar o compartilhamento de melhores práticas e conhecimentos entre direitos humanos e especialistas em clima a nível nacional. O compromisso foi assinado por 18 países, incluindo representantes da América Latina, Europa, África, Ásia e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento. Ao reconhecer a injustiça enfrentada pelas pessoas mais pobres e mais vulneráveis, que são desproporcionalmente

afetados pelos impactos das alterações climáticas, este grupo diverso de países se comprometem a permitir a colaboração significativa entre os representantes nacionais na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática e os processos da Conselho de Direitos Humanos. A iniciativa concreta e construtiva vai ajudar os países a melhor ação projeto clima que é bom para as

Felipe Ferreira e Everton Lucero, do Brasil

Manuel Pulgar-Vidal, presidente da COP 20, a secretária executiva da UNFCCC, Christiana Figueres e o Ministro dos Negócios Estrangeiros francês Laurent Fabius

pessoas, bem como o planeta. O compromisso foi assinado por: Chile, Costa Rica, França, Guatemala, Irlanda, Kiribati, Maldivas, Ilhas Marshall, Micronésia, México, Palau, Panamá, Peru, Filipinas, Uganda, Uruguai, Samoa, e na Suécia. A sessão de encerramento também foi marcado pela adoção de um novo texto que servirá de base para as negociações do novo acordo sobre o clima em Paris no próximo dezembro de 2015. A sessão da ADP Genebra foi caracterizado por trabalho colaborativo e expediente pelas partes, que os vices-presidentes da ADP, chamaram de “Espírito de Genebra”. A idéia para o Pledge Genebra surgiu durante o Diálogo Justiça Climática, que foi organizada pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e da Fundação Mary Robinson, na véspera da ADP.

Segundo o Greenpeace, na balança do clima: nem avanço, nem retrocesso Na primeira rodada de negociações sobre mudanças climáticas do ano, em Genebra, representantes de quase 200 países rascunharam metas sem muito progresso.

Receptivo em Manaus Reservas de hotéis Passeio de lancha para o encontro das águas Traslado para o aeroporto City tour

Presidente Figueiredo Mergulho com botos Ritual indígena Aluguel de veículos

Olimpio Carneiro olimpio.carneiro@hotmail.com (92) 9261-5035 / 8176-9555 / 8825-2267 revistaamazonia.com.br

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Na reunião de encerramento

A primeira rodada de negociações sobre mudanças climáticas chegou ao fim, em Genebra, com um passo importante rumo ao novo acordo que deve ser assinado na COP21 (21ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas), que acontecerá no final deste ano em Paris. O ano de 2015 é tido como crucial já que o novo acordo deverá substituir o Protocolo de Kyoto e que indicará os caminhos que o mundo decidiu seguir para combater as mudanças do clima. Durante essa semana, o rascunho do texto do novo acordo dobrou desde a última reunião – a COP20 – que aconteceu em dezembro de 2014, em Lima.

Anunciando o término das reunioes e que as sessões adicionais da ADP serão realizada no segundo semestre de 2015, a partir de 31 agosto-4 setembro e 19-23 outubro. Ambas serão realizadas em Bonn Durante reunião do grupo de contacto ADP

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Após o encerramento de uma reunião do grupo de contacto ADP

Alice BISIAUX, do secretariado da UNFCCC, e Deon Terblanche, da Organização Meteorológica Mundial

“Em Genebra, os países falharam ao tentar negociar assuntos complexos como ajuda financeira para países vulneráveis e a transição para fontes renováveis de energia. Estes tópicos cruciais não foram detalhados e foram relegados ao pano de fundo das discussões”, afirma Martin Kaiser, coordenador internacional de políticas sobre mudanças climáticas. O acordo que deve ser assinado ao final de 2015 corre

o risco de ser fraco. Para evitar que isto aconteça, países com China, Estados Unidos e a União Européia e muitos outros devem apresentar seus compromissos de mitigação de gases do efeito estufa para curto e longo prazo até o final de março. “O Brasil também tem sua parcela de responsabilidade e ainda não mostrou ser, na prática, o líder que afirma ser em discursos. Em um ano no qual o país enfrenta graves crises de energia e água, problemas profundamente relacionados às mudanças climáticas, é fundamental que o governo eleve seu nível de comprometimento e ajude na construção de um acordo verdadeiramente ambicioso”, avalia Pedro Telles, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. Os países precisam ter como meta 100% de energia limpa e renováveis enquanto auxiliam os países que já estão sentindo os piores efeitos das mudanças climáticas, como as pequenas ilhas do Pacífico. “No entanto, as negociações em Genebra não foram totalmente em vão. Negociadores rascunharam algumas metas de longo prazo para a redução de emissões. Colocando na balança, não foi uma grande perda, nem um grande avanço para o que será discutido em Paris”, conclui Kaiser. revistaamazonia.com.br


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Mudanças climática e a FAO O

relatório, Tackling climate change through livestock – “Lidando com a mudança climática através da pecuária”, realizado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), lançado ano passado, já dizia e reconhecia: o setor pecuário é um importante emissor de gases do efeito estufa, e também tem grande potencial para redução de suas emissões.

Emissões importantes de GEE É sabido que o setor pecuário tem um papel importante na mudança climática. Estima-se que o setor emite 7,1 gigatoneladas de dióxido

de carbono equivalente (CO2-eq) por ano, representando 14,5% de todas as emissões induzidas por humanos. A produção de bovinos de corte e de leite é responsável pela maioria das emissões, respectivamente contribuindo com 41% e 19% das emissões do setor. A produção de carne suína e de frango/ovos contribuem, respectivamente, com 9% e 8% com as emissões do setor. As principais fontes de emissões são: produção e processamento de alimentos animais (45% do total – com 9% atribuível à expansão de pastagens e cultivos agrícolas usados na alimentação animal nas áreas de florestas), fermentação entérica dos ruminantes (39%) e decomposição do esterco (10%). O restante é atribuível ao processamento e transporte de produtos de origem animal.

Pecuária pode contribuir muito para a redução das emissões de gases de efeito estufa

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Ren Wang, diretor-geral assistente da FAO para Agricultura e Proteção ao Consumidor

Mitigação para o desenvolvimento A maioria das intervenções de mitigação pode fornecer co-benefícios ambientais e econômicos. Práticas eficientes e tecnologias que podem aumentar a produtividade e dessa forma, contribuir para a segurança alimentar e o alívio da pobreza.

Necessidade urgente de uma ação global e coletiva

Emissões de gases com efeito de estufa provenientes do gado. FAO afirma que é possível reduzir emissões da pecuária em 30%

Uma redução de 30% nas emissões de GEE seria possível se os produtores em um dado sistema, região ou zona climática adotassem as tecnologias e práticas atualmente usadas por seus pares com menor emissão intensiva (emissões por unidade de produto animal). Reduções substanciais nas emissões podem ser obtidas em todas as espécies, sistemas e regiões.

De acordo com a FAO, o Brasil é um exemplo por conseguir aumentar o rebanho ao mesmo tempo em que conseguiu reduzir o desmatamento

Reduções consideráveis ao alcance As emissões do setor já podem ter caído significantemente por causa do uso mais amplo das melhores práticas e tecnologias. As tecnologias e práticas que contribuem para a redução das emissões já existem, mas podem ser usadas mais amplamente. revistaamazonia.com.br

Eficiência é chave para a redução das emissões

Uma ação global envolvendo todos os membros do setor é uma necessidade, para projetar e implementar estratégias de mitigação custo-efetivo e equitativas, além de estabelecer as políticas de suporte necessárias e sistemas institucionais. A adoção de novas práticas e tecnologias irá requerer um mix de políticas de suporte, incentivos, pesquisa e trabalho de extensão. Vale destacar que este relatório é complementado por dois relatórios técnicos fornecendo uma análise mais profunda sobre as emissões dos setores (cadeias de fornecimento de suínos e frangos e de ruminantes).

Conclusão A FAO conclui que para colocar a pecuária em um caminho alternativo serão necessários esforços conjuntos de vários atores.“Apenas se todos se envolverem – os setores público e privado, a sociedade civil, a academia e organizações internacionais – será possível implementar as soluções que cubram toda a diversidade e complexidade da pecuária”, declarou Ren Wang, diretor-geral assistente da FAO para Agricultura e Proteção ao Consumidor.

Possíveis intervenções para reduzir as emissões são principalmente baseadas em tecnologias e práticas que melhoram a eficiência de produção a nível de animal e rebanho. Elas incluem melhores práticas de alimentação animal, manejo e gestão de saúde. As práticas de manejo do esterco que garantem a recuperação e a reciclagem de nutrientes e energia contida no mesmo e as economias de energia e reciclagem ao longo das cadeias de fornecimento são mais opções de mitigação. REVISTA AMAZÔNIA 57


Objetivos radicais para o Desenvolvimento Sustentável

I

maginemos por um momento que poderiamos mudar o mundo de acordo com os nossos desejos. Desigualdade econômica dramatica abre caminho para a inclusão social e político. Os direitos humanos universais tornam-se uma realidade. Nós acabarmos com o desmatamento e a destruição da terra arável. As populações de peixes se recuperaram. Dois bilhões de pessoas estão ansiosas para uma vida sem pobreza, sem fome e sem violência. Ao invés de pagar o serviço do bordo à mudança climática e escassez de recursos, vamos começar a respeitar e fazer respeitar os limites do nosso planeta e sua atmosfera. Esse foi o objetivo em 2001, quando as Nações Unidas aprovaram as Metas de Desenvolvimento do Milênio. E vai ser o objetivo deste ano, quando os ODM expiram e a ONU adotará um quadro sucessor para a política ambiental e desenvolvimento – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDGs), que procurará proteger os ecossistemas, conservar os recursos, e, como acontece com os ODM, tirar milhões de pessoas da pobreza. Combinando estruturas ambientais e de desenvolvimen-

por Barbara Unmuessig* Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDGs), que procurará proteger os ecossistemas, conservar os recursos, e, como acontece com os ODM, tirar milhões de pessoas da pobreza

to é uma boa idéia – que se baseia no sucesso de uma série de convenções e acordos internacionais criados sob

SDGs – uma oportunidade para estabelecer verdadeiramente novas prioridades e metas verdadeiramente universais para a política ambiental e do desenvolvimento no século XXI 58 REVISTA AMAZÔNIA

os auspícios da ONU para proteger o clima legalmente vinculante, conservar a biodiversidade, defender os direitos humanos, e reduzir a pobreza. Embora não seja perfeito – e, infelizmente, os países que as ratificam nem sempre atinjam as metas – que levaram à criação de processos institucionais que incentivam os países a cumprirem as suas promessas e encorajar os cidadãos a responsabilizar os governos. Mas, embora o ODS, assim, ficar em terreno jurídico sólido, esse fundamento deve ser mais desenvolvido. Para começar, acordos e metas globais ainda não foram postas em prática para os principais desafios ambientais, incluindo a destruição do solo fértil e produtiva do plástico global. Tais acordos serão necessários para permitir a SDGs considerar os direitos humanos, meio ambiente e desenvolvimento de forma holística. Os pesquisadores e organizações da sociedade civil têm apelado para uma reversão da degradação do solo em 2020, e estão pressionando por pelo menos um painel internacional de especialistas para atender na ONU para resolver este aspecto central da segurança alimentar global. Todos os anos, 12 milhões de hectares de terra – uma área do tamanho da Áustria e Suíça – são perdidos revistaamazonia.com.br


ao uso excessivo e aplicação excessiva de fertilizantes. O impacto ambiental é ampliado por uma agricultura em grande escala. As consequências sociais também podem ser graves: despejo, a perda dos meios de subsistência e os conflitos violentos. O uso de plástico, deve também ser refreada. Desde a década de 1950, a produção mundial aumentou por um fator de cem. Todos os anos, mais de 280 milhões de toneladas de plástico é produzido, com vastas quantidades fazendo o seu caminho para as águas subterrâneas, rios e oceanos – e daí em diante até a cadeia alimentar. Apesar do plástico não ser biodegradável, nem um único país se comprometeu a impedir que ele entre no nosso meio ambiente. Outra possibilidade largamente inexplorada seria definir metas para a eliminação gradual dos subsídios prejudiciais ao ambiente e socialmente prejudiciais. Em termos globais, tais subsídios, como os oferecidos pela Política Agrícola Comum da União Europeia, executado

Barbara Unmuessig, presidente da Fundação Heinrich Böll

em centenas de bilhões de dólares, drenam orçamentos e muitas vezes não fazer nada para os pobres. Cortá-los não só eliminam os incentivos perversos; ele também iria liberar dinheiro para a educação, cuidados de saúde universal, e infra-estrutura em áreas rurais, onde é necessário para criar oportunidades de renda. Infelizmente, não são susceptíveis de fazer o mundo de nossos desejos. As negociações SDG refletem o que é atualmente possível num quadro multilateral: relativamente pouco. Nenhum governo está verdadeiramente dispostos a combater as causas da desigualdade e da fome, o que exigiria fazendo justiça fiscal e bem-estar global em prioridade. Tais reformas seriam mais eficazes do que qualquer ajuda ao desenvolvimento, mas por enquanto eles estão fora dos limites. As regras da economia global também permanecem intocáveis, tornando quase impossível para reestruturar as Esse foi o objetivo em 2001, quando as Nações Unidas aprovaram as Metas de Desenvolvimento do Milênio

Está chegando a hora! revistaamazonia.com.br

políticas financeiras e comerciais para garantir que eles não resultam em mais pobreza, as alterações climáticas desmarcada, e destruição de recursos irreversível. A linguagem acordada até agora não é reconfortante. Um compromisso para o crescimento econômico a todo o custo não é resposta para a questão de como o desenvolvimento pode ser equilibrado com os limites do nosso planeta e do fato de que milhares de milhões de pessoas vivem na pobreza. Em um mundo finito, o crescimento infinito é impossível, e saída de alta não vai colocar comida na mesa de todos, se os benefícios do crescimento não são e forem distribuídos de forma justa. Não é só os países avançados que estão impedindo a criação de uma agenda de desenvolvimento mais ousadas. Elites em países emergentes e em desenvolvimento estão usando as negociações de SDG principalmente como uma plataforma para chamar para as transferências internacionais de ajuda. A ONU é apenas tão bom quanto seus membros. Vamos saber o quão bom eles são, pelas medidas em que eles vêem os SDGs como uma oportunidade para estabelecer verdadeiramente novas prioridades e metas verdadeiramente universais para a política ambiental e do desenvolvimento no século XXI. Está chegando a hora!

[*] Presidente da Fundação Heinrich Böll

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FEIRA DA INDÚSTRIA ELÉTRICA E ELETRÔNICA destacou novas tecnologias e eficiência energética

A

FIEE - 28ª Feira Internacional da Indústria Elétrica, Eletrônica, Energia e Automação, caracterizou-se pela disseminação de conhecimento e debates técnicos para profissionais do setor. Foram 52 mil pessoas no pavilhão do Anhembi, em busca de atualização e bons negócios nas áreas de eletrônica, equipamentos industriais, automação e energia, nos mais de 40 mil m² instalados no pavilhão, em busca de soluções e tecnologias inovadoras

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Premium Club Plus colocando frente a frente expositores e compradores de maneira otimizada

Cerca de 52 mil pessoas no pavilhão do Anhembi

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em tempo real de robôs industriais, softwares de supervisão com visualização em 3D e integração com Google Maps, conceitos de uso de computadores industriais, diagnóstico e soluções em redes ethernet, entre outras questões que podem melhorar os resultados das empresas. Segundo a organização do evento, foram 30 palestras ao longo dos cinco dias, que passaram pelo ponto de encontro para atualização profissional.

Rodada de Negócios Premium Club Plus Foram mais de 623 expositores e mais de mil marcas no evento A 28ª FIEE no pavilhão do Anhembi

investimentos”. A entidade também organizou dentro do pavilhão o Seminário AbineeTec. Com excelente adesão de um público formado por engenheiros, projetistas e profissionais de grandes empresas do setor, o espaço reuniu 800 participantes e 44 palestrantes que abordaram temas como a eficiência energética, a infraestrutura de setor energético brasileiro, smart grid e o que deve ser a indústria do futuro, com base na “internet das coisas” (IOT). Para as empresas expositoras, a presença na FIEE se converteu em otimização de vendas e vitrine para seus produtos. De acordo com pesquisa feita pela Abinee, 80% dos expositores classificaram a feira como boa ou ótima. “Temos cinco grandes negócios de novos clientes, de cifras milionárias, praticamente certos, e cerca de 200 contatos com muitas chances de sucesso. Nossa participação seria apenas para divulgar sobre a fusão Maxtil com a DKC e dar visibilidade aos nossos produtos.

Smart City

para os diversos setores atendidos pela feira. Foram mais de 623 expositores e mais de mil marcas no evento, números que comprovam a energia potencial do setor. O presidente da Abinee - Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica - Humberto Barbato, considerou que “para muitos dos expositores, não foi uma tarefa fácil chegar até aqui. Boa parte, infelizmente, não conseguiu, em função de um fator muito simples: a instabilidade econômica por que passa o Brasil acabou por limitar seus revistaamazonia.com.br

A Ilha de Conceito Smart City dividiu-se em automação, energia, segurança, robótica e telegestão, com equipamentos funcionando em tempo real. O espaço reuniu participantes como o ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em parceria com a empresa KUKA Roboter, a ABVE - Associação Brasileira do Veículo Elétrico que levou produtos como bicicletas elétricas Sense Bikes, veículos Dropboards, Renault e Efacec. A Ilumatic, empresa voltada a tecnologias para iluminação pública, mostrou sistema operado por tecnologia wireless em tablets, computadores ou smartphones. A cidade inteligente montada na feira também recebeu a Circuitar, voltada a tecnologias de iluminação com controle à distância. A RCTEC, que junto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro apresentou um robô submarino e a S&C Electric, empresa especialista em armazenamento de energia, e com forte presença em mercados de smart city.

Durante a FIEE a organizadora do evento ofereceu a vendedores e compradores selecionados uma rodada especial de negócios. O Premium Club Plus tem colocado frente a frente expositores e compradores de maneira otimizada, e inédita. Bienalmente, a feira acompanha desde meados do século passado toda a evolução do setor eletroeletrônico no Brasil e no mundo, fortalecendo principalmente, a indústria nacional.

Na abertura do AbineeTec, o presidente da Abinee, Humberto Barbato, destacou o atual cenário de dificuldades por que passa a indústria, exacerbado pelas medidas de ajuste macroeconômico adotadas pelo governo

Ilha de Conceito Smart City

Na Arena do conhecimento

Arena do Conhecimento Um espaço em meio à exposição da FIEE e gratuito, a Arena do Conhecimento recebeu programação extensa de palestras como apresentações sobre controle externo REVISTA AMAZÔNIA 61


Rede Infraero investe em painéis solares para aeroportos

O

Aeroporto de Jacarepaguá (RJ) é o primeiro da Rede Infraero a receber uma estação meteorológica de superfície com utilização de painel solar. Essa medida objetiva aperfeiçoar a captação das informações meteorológicas, ampliando o nível de segurança no processo de aproximação das aeronaves nos pousos e decolagens. De acordo com Antônio Milanez, gerente de Projetos de Implantação de Sistemas e Equipamentos de Navegação Aérea, a utilização de painéis solares, além de conferir maior confiabilidade aos dados meteorológicos repassados à torre de controle, proporciona economia no consumo de energia elétrica. O equipamento está instalado na Estação Prestadora de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo (EPTA) que funciona dentro do sítio aeroportuário. A próxima etapa é a homologação pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). “A opção pela utilização do painel solar se deve a fatores como rapidez no processo de instalação, acuidade na obtenção de informações meteorológicas e por ser uma tecnologia sustentável”, afirma o engenheiro, ao ressaltar que o nível de incidência solar existente no Brasil também contribuiu para a escolha. Além de Jacarepaguá, serão instaladas estações em outras 38 EPTAs em terminais da Infraero até o final deste ano. A implantação desses equipamentos, importados da Aeroporto de Jacarepaguá (RJ)

Estação meteorológica do Aeroporto de Jacarepaguá (RJ) da Rede Infraero

Finlândia, atendem às determinações do Decea e normas da Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci). O investimento é da ordem de R$ 20 milhões.

Tecnologia sustentável O painel solar fornece a energia necessária para alimentar todos os equipamentos de medição, sensores meteorológicos, processamento e comunicação instalados na estação meteorológica do sítio secundário, que capta informações como nível de umidade relativa, direção e velocidade do vento. Os aeroportos já contam com uma estação principal, que registra, além desses dados meteorológicos do sitio secundário, informações como pressão atmosférica, altitude das nuvens em relação à cabeceira da pista e índice pluviométrico. Esses Itens compõem o trabalho de monitoramento das condições meteorológicas na área do aeródromo executados por observadores. 62 REVISTA AMAZÔNIA

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Para entendermos o núcleo da Terra, diagrama esquemático do núcleo da Terra pela NASA

Núcleo da Terra

Núcleo cresce mais devagar na medida em que fluído externo vai se solidificando sobre superfície do gira mais devagar do que se pensava externo

U

m grupo de geofísicos descobriu que o núcleo da Terra gira mais devagar do que acreditava-se previamente, afetando o campo magnético, indica um estudo desenvolvido pelo Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge, tendo a frente Lauren Waszek, detalha que o núcleo do planeta se move mais lentamente do que o grau anual do que se pensava, a velocidade de rotação é inferior a um grau a cada 1 milhão de anos.

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O núcleo interno da Terra, sua parte mais quente mais íntimos, como detectado por estudos sismológicos, é uma esfera essencialmente sólido sobre 1,216 km (760 milhas) de raio, ou cerca de 70% que da lua. Acredita-se que consiste de uma liga de ferro-níquel, e pode ter uma temperatura semelhante à da travel superfície do Sol, cerca de 5778 K Ray paths, time curves and an example (5505 ° C). of the seismic Pesquisas anteriores já haviam mosphases PKIKP and PKiKP trado que o núcleo da Terra gira mais revistaamazonia.com.br


Map showing all PKIKP– PKiKP differential travel time residual data collected

rápido que o resto do planeta. No entanto, os cientistas da Universidade de Cambridge descobriram que as estimativas anteriores, de 1 grau a cada ano eram imprecisas e que o núcleo está realmente se movendo muito mais lento do que se pensava – cerca de 1 grau a cada milhão de anos. O núcleo interno cresce muito lentamente ao longo do tempo como matéria do núcleo fluido exterior solidifica em sua superfície. Durante este processo, uma diferença de leste a oeste hemisférica velocidade está congelada na estrutura do núcleo interno. “As taxas de rotação mais rápida são incompatíveis com

os hemisférios observados no núcleo interno, porque não teria tempo suficiente para as diferenças de congelamento na estrutura”, disse Lauren Waszek, primeiro autor da pesquisa e estudante de PhD da Universidade de Cambridge Departamento de Ciências da Terra. “Este tem sido um grande problema, como as duas propriedades não podem coexistir. Entretanto, derivados das taxas de rotação da evolução da estrutura hemisférica e, portanto, nosso estudo é o primeiro em que os hemisférios e a rotação são intrinsecamente compatíveis.” Para a pesquisa, os cientistas utilizaram as ondas sísmicas do corpo que atravessam o núcleo interior - 5200 km

abaixo da superfície da Terra - e compararam seu tempo de viagem para as ondas que refletem a partir da superfície do núcleo. A diferença entre os tempos de viagem dessas ondas lhes forneceu a estrutura de velocidade de 90 km mais alta do núcleo interno. Eles então tiveram que conciliar estas informações com as diferenças de velocidade para os hemisférios leste e oeste do núcleo interno. Primeiro, eles observaram as diferenças leste e oeste hemisférica na velocidade. Eles, então, restrita a dois limites que separam os hemisférios e descobriram que ambos constantemente deslocados para leste com a profundidade. Porque o núcleo interno cresce ao longo do tempo a estrutura mais profunda é, portanto, mais velhos, e à mudança nos limites entre os dois hemisférios resultados no núcleo interno de giro com o tempo. A taxa de rotação é calculada a partir do deslocamento das fronteiras e a taxa de crescimento do núcleo interno. Embora o núcleo interno seja 5.200 quilômetros abaixo de nossos pés, o efeito de sua presença é especialmente importante na superfície da Terra. Em particular, como o núcleo interno cresce, o calor liberado durante a solidificação de convecção unidades no líquido no núcleo externo. Essa convecção gera o campo geomagnético da Terra. Sem o nosso campo magnético, a superfície não seria protegida da radiação solar, e da vida na Terra não seria capaz de existir. “Esse resultado é a primeira observação de tal taxa de rotação lento núcleo interno”, disse Waszek “. E, portanto, fornece um valor confirmado que agora pode ser utilizado em simulações para o modelo de convecção do núcleo líquido da Terra exterior, dando-nos a introspecção adicional na evolução do nosso campo magnético”.

Estrutura do núcleo da Terra

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O CAMPO MAGNÉTICO DA TERRA

A

magnetosfera, como é chamado o campo magnético ao redor da Terra, aparece nesta ilustração da Nasa da maneira como seria vista do espaço. As linhas laranjas e azuis mostram a polaridade oposta entre os campos magnéticos norte e sul. Elas são invisíveis, mas podem ser detectadas por sensores que contam partículas atômicas (prótons e elétrons carregados que se movem no espaço ao redor do planeta). Como mostra a ilustração, a magnetosfera não é simétrica – ela se alonga na sombra da Terra, a face do planeta que não é voltada para o Sol. Isso ocorre justamente pelo vento solar: partículas que fluem

da estrela e carregam seu próprio campo magnético. Essa visão conceitual do campo é baseada em observações científicas, e estudá-lo é parte importante da compreensão do funcionamento do planeta. Isso porque, assim como a camada de Ozônio, a magnetosfera .é fundamental para a vida. Ela nos protege da maior parte da radiação e plasma do Sol, sendo constantemente bombardeado pelas emissões do astro. A radiação solar é tão poderosa que e pode ocasionar correntes elétricas ao redor da Terra. Estas podem interferir com transmissões de rádio e afetar satélites. São elas também que produzem as belas auroras boreais.

EXPRESSO VAMOS + LONGE POR VOCÊ ! 66 REVISTA AMAZÔNIA

O campo magnético é alongado na sombra da Terra devidos aos ventos solares

Instantâneo da estrutura do campo magnético 3D simulados: Linhas de campo magnético são azuis onde o campo é dirigido para dentro e amarelo, onde é dirigida para fora. O eixo de rotação da Terra vertical passa pelo centro

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“Soltura de Quelônios” da Eletrobras Amazonas Energia chega a 180 mil filhotes em 17ª edição por Sídia Ambrósio Fotos/Mapa: Missionary. Licenciado sob CC BY 2.5 via Wikimedia Commons, Eletrobras Amazonas Energia

O

dia amanhece na pacata comunidade Maracarana, localizada no município de São Sebastião do Uatumã (a 247 quilômetros de Manaus). Os poucos mais de 150 moradores aguardam ansiosos o dia mais esperado do ano: a “17ª Soltura de Quelônios do Uatumã”. Famílias inteiras acordam às seis horas da manhã e se preparam para ter um dia inteiro de programação especial, voltadas para ações de saúde, social, lazer e educação ambiental. No rosto de cada morador, o agradecimento por receber visitantes vindos de tão longe para acompanhar o trabalho realizado ao longo do ano. Foram meses de capacitação para se tornar um Agente de Praia, depois, monitorar a desova das tartarugas e mais alguns dias para presenciar a eclosão dos ovos e o nascimento dos filhotes. Aproximadamente três meses depois do nascimento dos animais foi o período necessário para que os cascos dos quelônios estejam firmes e aptos a enfrentar, sozinhos, a dura batalha pela sobrevivência.

Localização do município de São Sebastião do Uatumã, no Amazonas

“Podemos observar como as comunidades do rio Uatumã estão comprometidas com as ações de preservação da natureza e que a Eletrobras Amazonas Energia tem sido referência para a execução de ações de proteção ao

meio ambiente, aliada à responsabilidade com a melhoria das condições de vida da população local”, declarou o diretor-presidente da Eletrobras Amazonas Energia, Radyr Gomes de Oliveira. Dona Nazaré dos Santos Gomes, 67, a moradora mais antiga da comunidade, sabe muito bem o que é essa luta pela preservação das tartarugas da Amazônia, tracajás e outras espécies. “Nós chegamos aqui na comunidade há 37 anos e naquela época, era muito difícil trabalhar na proteção dos animais. Meus filhos chegaram até a receber ameaças de morte porque resgataram os tracajás e peixes-bois de pescadores e atravessadores. Mas, agora, com a ajuda do Projeto ficou mais fácil trabalhar na preservação e proteção dos animais. E, nós aqui na comunidade, criamos amor pelos bichos (quelônios)”, disse a matriarca da família.

Soltura A “Soltura de Quelônios do Uatumã” acontece uma vez ao ano e conta com o envolvimento direto dos ribeirinhos que moram em comunidades localizadas no Vale do Uatumã 68 REVISTA AMAZÔNIA

Como um dos projetos voltados para as questões sócio ambientais da Eletrobras Amazonas Energia, e sob a coordenação do Centro de Preservação e Pesquisa de revistaamazonia.com.br


Quelônios Aquáticos (CPPQA), o Projeto “Quelônios do Uatumã” atingiu esse ano, a sua 17ª edição e soltou na natureza, aproximadamente 20 mil filhotes de quelônios das espécies: tartaruga da Amazônia (Podocnemis Expansa), tracajá (Podocnemis Unifilis), iaçá (Podocnemis sextuberculata) e calalumã (Podocnemis erythrocephala). Com a soltura de 2015, o Projeto chega ao número de aproximadamente 180 mil quelônios soltos no rio Uatumã. Os comunitários participam de uma programação especial, durante um dia inteiro, que começa com uma salva de fogos, culto religioso, café da manhã e a realização de várias ações sociais, como: atendimento médico, odontológico, emissão de documentos, atividades esportivas e culturais, palestra com engenheiro eletricista para melhorar o uso do grupo gerador da comunidade e dicas para evitar desperdício de energia elétrica, entre outras. Infelizmente, ainda nos dias de hoje, os quelônios aquáticos do rio Uatumã continuam sofrendo intervenção do homem, seu principal predador. A caça e a matança dos animais, principalmente para a comercialização, ainda preocupam. Porém, o Projeto “Quelônios do Uatumã” vem conseguindo alcançar seus objetivos. “A gente começa a perceber os benefícios com o resultado do Projeto quando observamos o aumento dos ninhos nos berçários e praias artificiais e, principalmente, a presença dos animais já em idade adulta. Isso, para nós e para os ribeirinhos que estão envolvidos com a preservação das espécies é muito gratificante”, revelou Ribamar da Silva Pinto, coordenador do Projeto.

Ribeirinhos A “Soltura de Quelônios do Uatumã” acontece uma vez ao ano e conta com o envolvimento direto dos ribeirinhos que moram em comunidades localizadas no Vale do Uatumã, no interior do Amazonas. Depois de receberem os cursos de Agente de Praia, eles se tornam responsáveis por monitorar diariamente os

O objetivo do Projeto é promover a proteção e o monitoramento reprodutivo dos quelônios

ninhos nas áreas de reprodução, orientam a pescadores e turistas para evitar a pesca predatória dos ninhos, fazem a marcação e registros dos ninhos, monitoram o nascimento dos filhotes e os preservam em berçários até o dia da soltura. “Com o envolvimento dos moradores em querer protegerem os quelônios, estamos conseguindo alcançar bons resultados, mesmo que muitos ainda não queiram ajudar. Mas, esse projeto é muito importante porque nos possibilita melhorar a nossa qualidade de vida e os recursos da natureza”, destacou o presidente da comunidade Maracarana, Raimundo Claudiney Gomes, o “Dinho”. Além de São Sebastião do Uatumã, a soltura também abrange as comunidades ribeirinhas dos municípios de Presidente Figueiredo, Urucará e Itapiranga, recebendo assim, o apoio dessas prefeituras.

O Projeto O objetivo do Projeto é promover a proteção e o moniPara o Projeto e os ribeirinhos que estão envolvidos com a preservação das espécies é muito gratificante

Dia inteiro de programação especial, voltadas para ações de saúde, social, lazer e educação ambiental revistaamazonia.com.br

toramento reprodutivo dos quelônios nos criadouros científico (tabuleiros), nas praias artificiais e nas áreas naturais de reprodução localizadas dentro da Reserva Biológica do rio Uatumã. Também fazem parte do Projeto, campanhas de educação e informação ambiental nas comunidades ao longo do rio Uatumã, com temática de manejo e uso racional de quelônios. A “Soltura de Quelônios” é o encerramento de um ciclo de atividades sócio- ambientais da Eletrobras Amazonas Energia voltadas para a preservação da espécie que tem início com o treinamento e a formação de agentes de praia (ribeirinhos) e, posteriormente, com o monitoramento reprodutivo dos quelônios nas praias por meio de técnicos da concessionária, juntamente com os ribeirinhos. Esse ciclo é finalizado com a soltura dos animais na natureza. REVISTA AMAZÔNIA 69


Projetos do Ibama aumentam população de quelônios e pirarucu no Amazonas por Jucier Costa Lima e Luis Carlos Lopes * Fotos: Divulgação, Jucier Costa Lima

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a floresta amazônica tudo é imenso. Tem-se a impressão de que seus recursos são inesgotáveis. Duas espécies de animais que corriam risco de desaparecer devido a esse pensamento equivocado encontraram proteção no Ibama. O Projeto Quelônios da Amazônia (PQA) é o programa que, no mundo, já devolveu mais animais à natureza: em seus 35 anos de existência, mais de 70 milhões de filhotes de quelônios foram soltos e, agora, retornam às praias de nascimento para dar origem a novos exemplares. O Ibama também está protegendo um dos maiores peixes de água doce do mundo, o pirarucu (Arapaima gigas), atualmente na lista Cites de animais sobre-explotados. A autorização de pesca apenas para áreas de manejo e piscicultura está permitindo a reposição do peixe na natureza. Ao contrário de locais onde a pesca é realizada sem este tipo de controle, no estado do Amazonas, o número de pirarucus aumenta ano após ano. Com isso, há também uma melhora na vida de ribeirinhos e pescadores. Mais peixes, mais renda. Nossa reportagem especial acompanhou esses dois projetos de perto. Conheça agora um pouco mais sobre como o homem pode conviver em harmonia com a natureza.

O Programa Quelônios da Amazônia, já devolveu à natureza mais de 70 milhões de filhotes de quelônios (tartarugas-da-amazônia, tracajás, pitiús etc), tornando-se o projeto de maior sucesso em termos de conservação e manutenção da fauna silvestre no mundo

Soltura de Quelônios Itamarati/AM, a 983 quilômetros de Manaus, é a cidade cuja administração foi considerada uma das melhores do estado do Amazonas. Nenhum de seus quase 12 mil habitantes está sem renda. As ruas são limpas e a prefeitura comprou latas de tinta para pintar as casas. Seu colorido incomum dá um charme diferente ao local. O município fica à beira do rio Juruá, de águas barrentas e piscosas que dão sentido e sabor à vida daquela gente amazonense. Esta foi uma das primeiras regiões em que foi implantado, em 1979, o Programa Quelônios da Amazônia, hoje sob coordenação da Diretoria de Uso Sustentável de Biodiversidade e Florestas (DBFlo/Ibama) e espalhado 70 REVISTA AMAZÔNIA

O PQA nasceu da necessidade de proteger os quelônios da Amazônia. Muito utilizadas na culinária, do indígena e do amazonense em geral, os números relativos a estas espécies vinham diminuindo ano após ano

pelas bacias do Amazonas e do Tocantins-Araguaia. O programa, que já devolveu à natureza mais de 70 milhões de filhotes de quelônios (tartarugas-da-amazônia, tracajás, pitiús etc), tornando-se o projeto de maior sucesso em termos de conservação e manutenção da fauna silvestre no mundo, realizou, em 8 de novembro passado,

a soltura de mais 100 mil tartarugas nos tabuleiros de Walterbury, Nova Olinda e Vista Alegre, administrados pela prefeitura de Itamarati. O PQA nasceu da necessidade de proteger os quelônios da Amazônia. Muito utilizadas na culinária, do indígena e do amazonense em geral, os números relativos a estas revistaamazonia.com.br

Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen, na sessão de gala que precedeu o Salão de Genebra 2012, anunciou uma reestruturação ecológica do grupo


Em 8 de novembro passado, a soltura de mais 100 mil tartarugas nos tabuleiros de Walterbury, Nova Olinda e Vista Alegre, administrados pela prefeitura de Itamarati

espécies vinham diminuindo ano após ano. O governo federal criou o projeto e coube ao Ibama gerenciá-lo por meio de parcerias com prefeituras, ONGs e comunidades locais. Na época da desova, que ocorre entre agosto e setembro, os guarda-praias passam a madrugada de tocaia para saber onde as matrizes colocarão seus ovos. Eles também cuidam dos ninhos durante a incubação, contra invasores e predadores. Cada postura pode chegar a ter mais de 180 ovos, mas a média computada é de

cem por ninhada. No local, são fincados paus contendo informações de data. Após 60 dias, a areia é escavada e os filhotes já nascidos são colocados em piscinas, onde passam mais 20 dias à espera da soltura. Nessas piscinas, eles perdem o cheiro característico, que atrai predadores, e ganham mais força e agilidade, o que lhes confere maior potencial de sobrevivência. Os resultados até agora atingidos permitem que o Brasil seja reconhecido como o único país da América do Sul que ainda possui estoques significativos de quelônios passíveis de recuperação e viáveis para programas de uso sustentável. O programa consegue, além de promover a

Maior reserva florestal brasileira dedicada exclusivamente à proteção da várzea amazônica As comunidades ribeirinhas de diversos locais e pescadores profissionais da cidade estabelecem acordos de pesca e trabalham em conjunto, dividindo os lucros

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reintegração das espécies a seu habitat, fixar o homem no campo, com a geração de emprego e renda, e proporcionar o bem-estar socioeconômico e ambiental das comunidades ribeirinhas. Na primeira edição do programa nos tabuleiros da região de Itamarati, havia apenas 54 tartarugas. Esta última edição contou com mais de 4.300 matrizes. No estado do Amazonas, foram soltos, no total, cerca de 2,1 milhões de quelônios neste ano contra 1,2 milhão em 2013.

Manejo do pirarucu Após a soltura dos quelônios, seguimos para Tefé, onde pudemos conhecer o manejo do pirarucu na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), a primeira implantada no país, considerada também a maior reserva florestal brasileira dedicada exclusivamente à proteção da várzea amazônica. Criada há 15 anos, é gerida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) por meio do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc). A cidade de Tefé fica às margens de um grande lago de mesmo nome e é polo da região do triângulo Jutaí-Solimões-Juruá, sendo o principal local de recebimento de pessoas e mercadorias que vão para os grandes centros ou para o interior do estado. Para chegar a Mamirauá, subimos o rio Jarauá por cerca de duas horas e meia na “voadeira” (lancha rápida) com o chefe da RDS Amanã, Aroldo Xavier. O rio serpenteia com suas águas escuras num corredor margeado por florestas que, em alguns trechos, chega a quilômetros de distância. A exceção são as pequenas comunidades à beira do rio, com as crianças brincando na porta das casas e, vez por outra, algum ribeirinho aportando sua canoa. Chegamos a São Raimundo do Jarauá, povoado no qual acompanhamos a pesca do pirarucu. Cerca de 40 casas, algumas flutuantes, enfileiram-se à esquerda e à direita da maior construção local: a escola. O local de limpeza e tratamento do grande peixe é um flutuante e está localizado estrategicamente na entrada da comunidade, que, como outras, participa do processo. De maneira geral, os homens pescam e as mulheres limpam. As crianças observam e já sabem que o manejo significa a existência do pirarucu REVISTA AMAZÔNIA 71


Do lago, os pirarucus pescados são carregados até a canoa com motor de rabeta, que os leva ao local onde serão limpos, medidos, pesados …

De várias comunidades, eles estavam reunidos em um lago. As comunidades ribeirinhas de diversos locais e pescadores profissionais da cidade estabelecem acordos de pesca e trabalham em conjunto, dividindo os lucros. Se, antes, havia tentativas de invasão nas áreas de manejo para a realização de pesca ilegal, gerando conflitos entre moradores das comunidades próximas e invasores, várias das áreas contam, atualmente, com um objetivo comum: a manutenção dessas mesmas áreas. Para chegar ao lago onde ocorre a pesca, subimos o rio, cheio de bifurcações, e encontramos o local do acampamento rudimentar das canoas, ancoradas em um trecho solitário do Jarauá. Após entrarmos em uma trilha aberta na mata pelas passadas dos pescadores, vimos uma pessoa com passo apressado e um enorme pirarucu nas costas, que deveria pesar uns 80 quilos. Os pés descalços afundavam no solo de várzea escorregadio. O calor e a umidade são imensos, mas os mosquitos não chegavam a incomodar. Mais à frente, vários pescadores em suas pequenas canoas procuravam encurralar o próximo peixe. Vez por outra, a cumbuca que retira água das embarcações era acionada para evitar que elas afundassem. Pausa apenas para o almoço: tambaqui recém-pescado assado no jirau feito de paus e farinha de mandioca, refeição típica dos ribeirinhos. Do lago, os pirarucus pescados são carregados até a canoa com motor de rabeta, que os leva ao local onde serão limpos, medidos, pesados e colocados em um barco especial, que os manterá congelados até chegarem aos grandes mercados. Normalmente, a produção é vendida antecipadamente. Os resultados indicados pelos dois projetos (PQA e pirarucu) provam que, somada à ação empenhada, a conscientização ambiental, aos poucos, pode transformar uma realidade devastadora em uma outra, promissora, em que a convivência harmoniosa com a natureza é, para além do desejável, perfeitamente possível. [*] Ascom/Ibama

em seu próprio futuro. Depois de conhecermos o povoado, subimos um pouco mais o rio e fomos até a casa flutuante do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), organização não governamental que tem parceria com o estado do Amazonas e com o Ibama para ajudar as comunidades locais em projetos financeiros e sociais. Cada uma das áreas que realiza o manejo possui uma instituição parceira, que se comunica diretamente com o Ibama ao enviar o projeto técnico e os requerimentos solicitando guias de transporte e os relatórios anuais, feitos após a pesca, bem como o monitoramento da captura dos indivíduos nos lagos, a colocação dos lacres e o preenchimento das planilhas com os dados dos pescados. Após retirarmos a bagagem, fomos procurar os pescadores. 72 REVISTA AMAZÔNIA

Casa flutuante do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), organização não governamental que tem parceria com o estado do Amazonas e com o Ibama para ajudar as comunidades locais em projetos financeiros e sociais

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Prefeitura de Manaus firma termo de cooperação para fortalecimento de ações de conservação de fauna Durante a assinatura do Termo de Cooperação entre SEMMAS E WCS

Fotos: Karla Vieira/ Semcom

A

Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) e a organização não-governamental Wildlife Conservation Society (WCS), com sede em Nova York, que atua na área de conservação de fauna em diversas partes do Mundo, firmaram um termo de cooperação que permitirá o fortalecimento de ações de conservação de fauna na cidade de Manaus. A Assinatura ocorreu recentemente, pela secretária municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Kátia Schweickardt, e pelo coordenador científico do Programa WCS Brasil, Carlos César Durigan, na presença dos técnicos da secretaria e representantes norte-americanos da entidade, que passaram a semana realizando uma série de visitas a unidades de conservação municipais. O termo de cooperação prevê um plano piloto para orientações na melhoria de operacionalização das estruturas existentes no Refúgio Sauim Castanheiras, capacitação, treinamento, intercâmbio e apoio à formação de recursos humanos no Centro de Triagem de Animais Silvestres Sauim Castanheiras, além da a criação de um projeto para ações educativas, que popularizem o conhecimento sobre a natureza local e proteção à fauna. O acordo vai permitir a realização de um trabalho pioneiro para o Brasil na área de conservação de fauna silvestre e educação ambiental

Refúgio Sauim Castanheiras em Manaus

O centro desenvolve o trabalho de resgate, tratamento e devolução à natureza de animais silvestres encontrados em situação de risco. Desde o ano passado, a Semmas vem contando com o apoio do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) para manter a unidade em funcionamento, uma vez que a gestão de fauna é atribuição do Estado, conforme estabelecido na Lei Complementar 140/2011. revistaamazonia.com.br

“A cooperação com a WCS representa um passo a mais na ampliação dos apoios para uma proposta mais ousada na área de conservação”, explica Kátia Schweickardt. “O acordo vai permitir a realização de um trabalho pioneiro para o Brasil na área de conservação de fauna silvestre e educação ambiental, tendo o Refúgio Sauim Castanheiras, da Semmas, como principal parceiro”, afirma Carlos César Durigan. REVISTA AMAZÔNIA 73


Prêmio para Mulheres na Ciência no Brasil recebe inscrições Jovens cientistas de todo o País podem inscrever seus projetos até 31 de maio no portal da iniciativa O Programa visa premiar o talento de jovens cientistas brasileiras de todas as regiões do país por suas pesquisas de excelência nas diversas áreas da Ciência

J

ovens cientistas de todo o País podem inscrever seus projetos até 31 de maio no portal da iniciativa A Academia Brasileira de Ciências em parceria com a L’Oréal Brasileira e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) informam que está aberto o período de inscrições para as interessadas em participar do Prêmio para Mulheres na Ciência no Brasil. Jovens cientistas de todo o País podem inscrever seus projetos até 31 de maio no portal da iniciativa (www. paramulheresnaciencia.com.br), elaborado para comemorar a décima edição. A página traz informações sobre as histórias das vencedoras, curiosidades sobre o prêmio e o regulamento para as inscrições. Sete pesquisadoras serão agraciadas pela qualidade e pelo potencial de suas pesquisas desenvolvidas em instituições brasileiras. Cada uma receberá bolsa-auxílio de US$ 20 mil.

sendo programadas, como seminários em universidades brasileiras com a participação das vencedoras de anos anteriores para discutir a ciência no Brasil e a participação feminina no desenvolvimento de pesquisas. As vencedoras do Prêmio L’Oreál-ABC-Unesco 2014, foram Ana Shirley Ferreira (UFC), Carolina Horta (UFG), Letícia Palhares (Uerj), Ludhmila Hajjar (InCor-FMUSP), Manuella Kaster (UFSC), Maria Carolina Rodrigues (FMRP-USP) e Patricia Brocardo (UFSC).

10 anos A L’Oréal Brasil acredita que a ciência é a chave para solucionar os enormes desafios do mundo atual e mudá-lo para melhor e, por isso, promove desde 2006, em parceria com a UNESCO e com a Academia Brasileira de Ciên-

cias, o Programa “Para Mulheres na Ciência”. O Programa que completa 10 anos neste ano, tem como motivação a transformação do panorama da ciência no País, favorecendo o equilíbrio dos gêneros no cenário brasileiro e incentivando a entrada de jovens mulheres no universo científico. A cada ano sete jovens pesquisadoras de diversas áreas de atuação são contempladas com uma bolsa-auxílio de 20 mil dólares. O prêmio distribuiu, até hoje, o equivalente a 1,2 milhão de dólares entre 61 mulheres cientistas promissoras, que receberam impulso extra para dar prosseguimento em seus estudos e incrementar o desenvolvimento da ciência no País. Os trabalhos são avaliados por uma comissão julgadora formada por renomados profissionais da área da científica.

Premiação Em 2014, foram mais de 300 projetos inscritos. A revelação das vencedoras será em agosto e a cerimônia de premiação em outubro. Para comemorar a décima edição, diversas ações estão 74 REVISTA AMAZÔNIA

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