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Você vai descobrir que ainda tem muito o que conhecer.
Ano 10 Nº 50 Maio/Junho 2015
Biodiversidade
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Ano 10 Número 50 2015
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ESPECIAL
MEIO AMBIENTE
ED IÇ ÃO
O Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira – SiBBr é uma plataforma on-line que integra dados sobre a biodiversidade e os ecossistemas brasileiros de diversas fontes no País e no exterior.
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Nosso país possui a maior diversidade biológica do planeta. Conhecer nossas espécies é fundamental para a conservação da biodiversidade e para promover o uso sustentável.
eletrobras.com
Tudo começou em 62. E a Eletrobras já nasceu impulsionando o país. Nas décadas seguintes, a gente continuou buscando chegar mais longe, construindo novas linhas de transmissão, novas usinas, investindo em tecnologia, investindo no futuro. Há mais de 50 anos, a história vem mostrando que superação é a marca da Eletrobras. Por isso, temos certeza: em 2030, vamos estar entre as três maiores empresas globais de energia limpa e entre as dez maiores em energia elétrica do mundo. 12 REVISTA AMAZÔNIA
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Há mais de 50 anos, a Eletrobras é a força que transforma um país inteiro. Década de 60 A Eletrobras nasce e, nos primeiros cinco anos, consegue aumentar a geração de energia em 3 mil MW. Década de 70 Início da construção de Tucuruí, usina que viabilizou o sistema interligado de transmissão de energia. Década de 80 e 90 Inauguração das usinas Angra I, Xingó, Serra da Mesa, Itaipu e Tucuruí. Integração Norte-Sul: mais de 1.300km de novas linhas de transmissão. 2000 até hoje Aumento de quase 700% na capacidade de geração em toda a sua história. Investimento em novas fontes de energia: eólica, biomassa e solar. 2030 Objetivo de estar entre as três maiores empresas globais de energia limpa.
Somos a Eletrobras. Somos a energia do Brasil.
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REVISTA AMAZÔNIA 13
PUBLICAÇÃO Período (maio/junho) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil
Brasil pela Amazônia
Após a descoberta e o sucesso da biojóias, onde é utilizado elementos da natureza para confeccionar bijuterias e joias da Amazônia, a aposta agora é o biocosmético, com conceito de beleza ecologicamente correta...
Saara para ser fértil
O Deserto do Saara e a floresta amazônica parecem habitar mundos separados. O primeiro é uma vasta extensão de areia que se estende através do terço norte da África, enquanto o último é uma massa verde com cobertura de selva densa, no nordeste úmido da América do Sul...
56 Top 10 das
espécies de 2015 Em 2014, foram descobertas quase 18.000 espécies, que se juntaram aos dois milhões de espécies já conhecidas na Terra, anunciou recentemente o Instituto Internacional para a Exploração de Espécies da Universidade Estadual de Nova Iorque, nos Estados Unidos...
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DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn
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FAVOR POR
PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn
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44 A Amazônia depende do
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ARTICULISTAS/COLABORADORES Amanda Lelis, Carlos Fiolhais, Celso Freire, Eunice Venturi, Júlia Marinho, Luiz Augusto Pereira de Almeida, Marina Toreão, Marina Torres, Valéria Castro, Vasco Azambuja FOTOGRAFIAS Agência de Avaliação Ambiental da Holanda-PBL, Ag.Pará, AOES Medialab, Atmospheric Chemistry and Dynamics Lab, Bruno Spada /Divulgação TCU, Carl Davies/CSIRO, CC BY-SA, Claudio Arouca/FAPESP, Clóvis Amorim Neto e Nágera Dourado/Eletrobras Eletronorte Mato Grosso, Conselho Mundial da Água, Danielle Lima, David Drag, ESA, Divulgação, Geoff Gallice, ICMBio, Imagem Conceptual, José Paulo Lacerda/CNI, Luludi Agência Luz, NASA GISS, NOAA GFDL, Oakland.edu, Paulo Carvalho, Paulo de Araújo/ MMA, Priscilla Venancio – CCS/Capes, Priscila Salles – Ibram, NASA/Goddard Space Flight Center, RAINFOR, Ray Leuning, Roberto Stuckert Filho/PR, Roel Brienen, Rudolph Hühn, Stephen P. Long, University of Michigan SNRE/ Flickr, University of Illinois, Varter Campanato/Agencia Brasil
62 7º Fórum Mundial da Água,
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA
O Fórum Mundial da Água (FMA) na Coreia do Sul teve o objetivo de buscar formas de combater a escassez de água no planeta e seus problemas relacionados, desde a gestão dos recursos hídricos até o aquecimento global
NOSSA CAPA “Nós queremos parar a destruição global do ambiente e construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza juntos”. – WWF Foto: Elias Kordelakos
em Daegu, na Coreia do Sul
DESKTOP Mequias Pinheiro
72 Uma bactéria modificada transforma energia do Sol em combustível líquido Cientistas dos Estados Unidos conseguem armazenar poder energético solar em álcool...
[06] Biodiversidade [08] O Ano Internacional do Solo [10] O Meio Ambiente grita por socorro [18] Prêmio Nacional da Biodiversidade [20] Hackear a fotossíntese para alimentar o mundo [22] A terra e os campos [24] Missão espacial irá estudar biomassa tropical [26] Apesar do alarmismo ambientalista, Terra está mais “verde” [28] Amazônia reduziu pela metade capacidade de absorver CO2 [30] 1% das árvores da Amazônia detêm metade do carbono da região [32] 6º Congresso de Inovação da Indústria [42] Fundo Amazônia assina primeiro contrato elaborado por indígenas [48] O relatório Sustentabilidade da Bioenergia da Unesco [54] Aquecimento climático, uma bomba-relógio que origina conflitos no mundo [66] No Ano Internacional da Luz, projetos com energia solar são desenvolvidos na Amazônia [68] Nasa registra o que o aquecimento global já fez no meio ambiente
ST A
36 Biocosméticos invadem o
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EXPEDIENTE
O Tribunal de Contas da União (TCU), em parceira com a FAO, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, a Itaipu Binacional, o Ministério do Meio Ambiente, a Agência Nacional de Águas, a Sociedade Nacional da Agricultura e o Instituto para Estudos Avançados de Sustentabilidade...
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Governança do Solo
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REVISTA AMAZテ年IA 9
Durante a cerimônia de sanção do novo marco legal da biodiversidade que regulamenta o acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado
Biodiversidade A legislação diminui a burocracia para pesquisadores e, ao mesmo tempo, protege o conhecimento dos povos tradicionais do país e beneficia a inovação tecnológica Fotos: Roberto Stuckert Filho/PR
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presidenta Dilma Rousseff sancionou com vetos, o novo Marco Legal da Biodiversidade, que regulamenta o acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado. “Os vetos foram pontuais e não descaracterizam o espírito da nova lei”, resumiu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. A nova legislação substitui medida provisória em vigor desde 2001, alvo de reclamações principalmente da indústria e da comunidade científica. A lei define regras para acesso aos recursos da biodiversidade por pesquisadores e pela indústria e regulamenta o direito dos povos tradicionais à repartição dos benefícios pelo uso de seus conhecimentos da natureza, inclusive com a criação de um fundo específico para esse pagamento. “Conseguimos elaborar uma lei que combina nossa capacidade de desenvolver, de incluir as pessoas nesse de-
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senvolvimento e gerar inovação a partir de pesquisa em depositar no fundo 1% da renda líquida obtida com a ciência e tecnologia. Estamos garantindo que haja um venda do produto acabado ou material reprodutivo ambiente favorável, amigável, para que pessoas que têm oriundo de patrimônio genético, de acordo com o Miniso conhecimento tradicional tenham direito a uma par- tério do Meio Ambiente. ticipação, recebam o royalty [direito autoral]; estamos “Esse processo integra quase 300 povos e comunidagarantindo que pesquisadores não tenham limites para des tradicionais, o que mostra, por parte do Brasil, uma pesquisar; e estamos garantindo que empresas possam, grande prova de capacidade de desenvolver-se sem sem conflitos e sem atribulações ou contestação, utilizar deixar sua população para trás, sem fazer que sua poesse conhecimento”, disse a presidenta Dilma Rousseff pulação seja excluída disso. Eles vão ser respeitados, eles em discurso na cerimônia. vão participar do processo de decisão. Enquanto aquilo Segundo Dilma, a nova legislação vai permitir que o Brasil avance na corrida pela inovação na área de biotecnologia. A presidenta também destacou a criação do fundo de repartição de benefícios, que deverá garantir repasses para as comunidades tradicionais mesmo quando um Para a ministra do Meio conhecimento não estiver atrelado Ambiente, Izabella Teixeira, a um grupo específico, como uma a nova lei beneficia quem faz ciência no Brasil, a indústria, determinada tribo indígena. A lei os agricultores e os povos determina que as empresas deverão tradicionais revistaamazonia.com.br
[produto] estiver sendo comercializado, gerando valor, eles continuarão recebendo”, explicou Dilma. Após a fala da presidenta, Aldo Rebelo acrescentou que, embora a presidenta Dilma tenha sancionado a lei, o Congresso foi quem a aprovou. “No Congresso, todas as entidades interessadas na matéria foram consultadas e ouvidas tanto em audiências públicas na Câmara como no Senado”. “Agora nós temos regras que permitem o acesso à biodiversidade, que protege a ciência, protege a pesquisa e também protege a inovação”, comentou o ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo Para os cientistas, a principal mudança na lei é a autorização para ter acesso aos recursos da biodiversidade para os estudos. A regra em vigor atualmente classificava como biopirataria as pesquisas feitas sem autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, o que colocava muitos na ilegalidade. Agora, os cientistas farão um cadastro no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e poderão iniciar as pesquisas. “Garanto aos pesquisadores que eles não serão mais molestados, não sofrerão mais o bullyingde terem suas plantas submetidas a processos ou ameaça de processo que não são compatíveis com a ciência e com a pesquisa”, disse Aldo Rebelo. Izabella Teixeira acrescentou que a nova lei vai melhorar a fiscalização por “permitir saber quais processos têm que ser fiscalizados”. A ministra também destacou que a sanção do novo marco regulatório impulsiona a ratificação, pelo Brasil, do Protocolo de Nagoya, instrumento de implementação da Convenção da Diversidade Biológica (CDB). “Deve propiciar uma nova interlocução a respeito da aplicação da CDB no Brasil, concluímos o arcabouço jurídico de aplicação da convenção. Espero que a gente possa agora, nesse novo patamar de consolidação e de entendimento, dialogar com o Congresso Nacional para ratificação do Protocolo de Nagoya.” Participaram do evento, autoridades políticas, parlamentares, ministros e técnicos dos ministérios do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Agricultura e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Segundo Dilma, a nova legislação vai permitir que o Brasil avance na corrida pela inovação na área de biotecnologia
Comunidades tradicionais Segundo o projeto de lei, índios e povos tradicionais, como quilombolas e ribeirinhos, terão direito a participar da tomada de decisões sobre assuntos relacionados à conservação e ao uso sustentável de seus conhecimentos tradicionais. Além disso, a exploração econômica de seus conhecimentos deverá ser feita com consentimento prévio por meio de assinatura por escrito, registro audiovisual, parecer de órgão oficial competente ou adesão na forma prevista em protocolo comunitário. Em dinheiro ou em projetos? Os benefícios obtidos da exploração do conhecimento tradicional podem ser pagos em dinheiro ou em ações “não monetárias”, como investimentos em projetos de conservação, transferência de tecnologias, capacitação de recursos humanos ou uso sustentável da biodiversidade.
Pequenos estão livres de pagamento Microempresas, empresas de pequeno porte, microempreendedores individuais e cooperativas agrícolas estão isentos do pagamento pela exploração econômica do patrimônio genético de espécies encontradas no Brasil. Isenção de infrações Em relação às multas e condenações que foram aplicadas em razão de biopirataria, seguindo a lei anterior, todas as sanções ficam anistiadas a partir da assinatura da Medida Provisória e cumprimento do termo compromisso com a União. Repartição de benefícios Povos indígenas e comunidades tradicionais somente receberão a repartição de benefício quando o seu conhecimento for considerado elemento principal de agregação de valor ao produto.
Os principais pontos da nova lei Acesso ao patrimônio genético Modifica a forma de solicitar autorização para explorara biodiversidade. Antes, as empresas tinham que submeter uma documentação ao Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen) e aguardar a aprovação para iniciar os trabalhos. Agora, organizações nacionais podem fazer um cadastro simplificado pela internet. Pagamento pela exploração Se um produto foi criado a partir de material existente na biodiversidade brasileira, a empresa terá que repassar de 0,1% a 1% da receita líquida anual obtida com a exploração econômica. 0 dinheiro será destinado ao Fundo Nacional de Repartição de Benefícios. revistaamazonia.com.br
Agora nós temos regras que permitem o acesso à biodiversidade, que protege a ciência, protege a pesquisa e também protege a inovação, disse o ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo REVISTA AMAZÔNIA 07
O Ano Internacional do Solo
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por Luiz Augusto Pereira de Almeida*
onforme deliberação da ONU, 2015 é o Ano Internacional do Solo, que requer atenção urgente, pois a sustentabilidade do chão no qual pisamos, plantamos e edificamos é crucial para enfrentar as pressões inerentes ao crescimento demográfico. Ante a grandeza do desafio, é essencial uma reflexão: não haverá êxito em qualquer política global para a sustentabilidade do solo sem o equacionamento do seu uso e ocupação, principalmente no planejamento urbano. Explico: dentro de limites adequados de adensamento populacional, é preciso que as cidades não sejam muito espalhadas. Se forem, será necessário utilizar e impermeabilizar mais áreas, levando cada vez mais longe a infraestrurtura de água, esgoto e energia elétrica, moradias, vias asfaltadas, transportes, hospitais, escolas, centros de compra e lazer e tudo o que as pessoas precisam para trabalhar e viver. A realidade, expressa em dados da própria ONU, é inexorável: em 2050, mais de 95% dos terráqueos estarão vivendo nas cidades. No Brasil, em certas regiões, como no Sudeste, esse percentual já ultrapassa os 90%. A Grande São Paulo, por exemplo, cresce a taxas de 1% ao ano,
A preservação e adequado uso do solo é fundamental para a sustentabilidade do Planeta e a qualidade da vida no ambiente urbano 08 REVISTA AMAZÔNIA
absorvendo anualmente cerca de 150 mil novos habitantes. Portanto, é decisiva a questão do adensamento demográfico, que pode exigir até mesmo a revisão de normas e leis e uma nova visão na arquitetura dos planos diretores das grandes cidades. Estudo do Banco Mundial (BIRD), intitulado Planejando, Conectando e Financiando Agora: O que as Lideranças Urbanas Precisam Saber, divulgado em 2013, confirma a necessidade de se promover, nas grandes cidades, um planejamento capaz de conciliar a criação de empregos, transportes, moradia e preservação ambiental. Para tanto, os especialistas do BIRD defendem políticas públicas de mais adensamento po-
pulacional, para evitar maior consumo de áreas naturais; a conexão entre bairros e cidades, otimizando o acesso moradia/emprego e diminuindo as distâncias e o tempo de viagem de seus moradores; e a manutenção de regulamentações flexíveis no uso e ocupação do solo. O adensamento potencializa economicamente diversos tipos de operações comerciais e serviços. Para que se viabilize, porém, é preciso infraestrutura, um gargalo no Brasil. Nesta questão, gostaria de destacar o problema da mobilidade dos grandes centros. É preciso investir pesadamente numa rede metroviária mais ampla, única capaz de prover transporte em escala com segurança e conforto. Só para se ter uma ideia do nosso atraso, em Paris, existe uma estação de metrô para cada sete mil habitantes. Esta relação em Nova York é de 17 mil habitantes; em Buenos Aires, 50 mil habitantes/estação. Em São Paulo, contudo, é de 168 mil habitantes por estação. Analisar esses conceitos é imprescindível no Ano Internacional do Solo. Afinal, sua preservação e adequado uso são fundamentais para a sustentabilidade do Planeta e a qualidade da vida no ambiente urbano!
[*] Diretor da Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da Sobloco Construtora revistaamazonia.com.br
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O Meio Ambiente grita por socorro
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essalto que dos 365 dias do ano, um apenas é dedicado para alertar a humanidade sobre a importância e as problemáticas do meio ambiente. Na Conferência de Estocolmo, organizada pelas Nações Unidas em 1972, que abordou o tem e a relação da sociedade com o do meio ambiente, sendo assim a primeira atitude mundial a tentar preservar o meio ambiente. Instituiu-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, que passou a ser comemorado todo dia 05 de junho. Nessa reunião, criaram-se vários documentos relacionados às questões ambientais, bem como um plano para traçar as ações da humanidade e dos governantes diante do problema. Diante dessa data, algo me chamou atenção, não devemos dedicar apenas um dia para conscientizarmos a população de um assunto que demonstra como será o nosso futuro. Neste sentido, a importância deste dia está relacionada às discussões que se abrem sobre a poluição do ar, do solo e da água; desmatamento; diminuição da biodiversidade e da água potável ao consumo humano, destruição da camada de ozônio, destruição das espécies vegetais e das florestas, extinção de animais, dentre outros. A partir de 1974, o Brasil iniciou um trabalho de preservação ambiental, por meio da Secretaria Especial do Meio Ambiente, para levar à população informações acerca das responsabilidades de cada um diante da natureza. Mas em face da vida moderna, os prejuízos são enormes. O meio ambiente oferece aos seres vivos as condições essenciais para a sua sobrevivência e evolução. A sociedade não se sustenta sem ar puro, água potável, um clima ameno e sem o solo fértil. E o que nós temos feito para compensar o que a natureza faz por nós? Nada. Ao contrário, diariamente descartamos na natureza uma enorme quantidade de lixo como latas de alumínio, vidros em geral, sacos, copos, garrafas e outros. Ou seja, ao invés de cuidarmos do que ganhamos estamos acabando com a nossa qualidade de vida. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mais de 90% dos municípios brasileiros sofrem com a ocorrência de impactos ambientais. A cada dez cidades brasileiras, nove convivem com problemas ambientais como queimadas, 10 REVISTA AMAZÔNIA
por Dep. Júlia Marinho* A Deputada Federal Júlia Marinho, Presidente da CINDRA, com as revistas Amazônia e Pará+ e seus diretores, Ronaldo e Rodrigo Hühn
desmatamento e assoreamento de rios e lagoas. Mas só pouco mais de um terço dos municípios possui recursos orçamentários próprios para enfrentar tais questões. O levantamento considera como impactos ambientais queimadas, desmatamento, assoreamento de corpo d’água (areias e detritos depositados nos leitos dos rios, impedindo a fluidez da água), poluição da água, escassez de água, contaminação do solo, poluição do ar, degradação de áreas legalmente protegidas, alteração que tenha prejudicado a paisagem, alteração que tenha afetado as condições de vida da população, atividade agrícola prejudicada por problemas ambientais, atividade de pecuária prejudicada por problemas ambientais, redução da quantidade, diversidade ou perda na qualidade do pescado e outros. A ocorrência de impactos que afetaram as condições de vida da população foi registrada em 829 dos 5.564 municípios, o que equivale a 14,9%. O problema é mais comum nas Regiões Norte (24,1% dos municípios) e Nordeste (20,3% dos municípios). A Região Sul é a que tem menos frequência desse registro, com 9,3%. Com relação aos estados, Amapá (37,5% dos municípios), Pará (35,7%) e Acre (31,8%) são os que apresentam mais municípios com impactos que alteraram as condições de vida da população. Os estados de Minas Gerais (10%), São Paulo (8,5%) e Rio Grande do Sul (6,5%) têm os menores índices. Hoje estamos colhendo o que há muito tempo estamos plantando. Segundo o Blog Geografia Ensinar e Aprender, a expansão da rede urbana sem o devido planeja-
mento tem gerado diversos efeitos sobre os aspectos do ambiente. A ocupação de áreas inadequadas para a moradia está resultando em catástrofes como deslizamento de encostas e enchentes, ocasionando a destruição de casas e um grande número de vítimas fatais. O Blog cita outro fenômeno decorrentes da falta de planejamento, ilha de calor, caracterizado pelo aquecimento exagerado do centro urbano. Esse fenômeno é causado, sobretudo, pelas emissões de gases pelos automóveis e fábricas. Esses gases retêm calor, gerando grande diferença térmica entre as áreas centrais e a periferia. A inversão térmica, outro problema típico das grandes cidades e muito frequente no inverno. Nesse caso, o ar quente, constituído de gases emitidos por automóveis e fábricas e carregado de poluentes, fica retido por uma camada superior de ar frio. A natureza está passando por terríveis transformações e o desequilíbrio provocado nela pela mão do homem, ameaça à própria vida. O que vamos fazer para mudar essa realidade? Precisamos de Projetos de Políticas Públicas que abram os nossos olhos para a problemática, antes que os nossos atos fechem os nossos olhos de vez. [*] Presidente da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra)
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REVISTA AMAZテ年IA 11
Conferência Governança do Solo Durante a solenidade de abertura da Conferência
Fotos: Bruno Spada / Divulgação TCU, Paulo Carvalho, Paulo de Araújo/MMA
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Tribunal de Contas da União (TCU), em parceira com a FAO, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, a Itaipu Binacional, o Ministério do Meio Ambiente, a Agência Nacional de Águas, a Sociedade Nacional da Agricultura e o Instituto para Estudos Avançados de Sustentabilidade, promoveu uma discussão profunda sobre os aspectos que permeiam a governança dos solos e suas implicações em diversos setores. Durante a solenidade de abertura da Conferência, o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, disse que a conservação do solo é uma preocupação global e por isso a Organização das Nações Unidas decidiu dedicar o ano de 2015 para o debate desse tema. “Precisamos refletir sobre a situação dos solos. Sem dúvida, sem uma boa conservação do solo não há como erradicar a fome, já que dele dependemos para garantir a produção de alimentos.” “O mundo sempre está de olho nas boas práticas de conservação que o país tem adotado. O plantio direto é um excelente exemplo de iniciativa.” O presidente do TCU, Arnoldo Cedraz, afirmou que o Ano Internacional dos Solos vai permitir que o país avance no debate e ainda mais busca por medidas que garantam a preservação desse recurso natural. Salientou também que a partir das discussões da Conferência, o Tribunal poderá emitir recomendações para que o Brasil aprimore as políticas de governo e implemente uma agenda sustentável de boas praticas no sentido de preservar os solos. “O solo é um recurso fundamental para a vida”, disse. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira citou que o Brasil deve lutar para ter uma agricultura 100% de baixo carbono. Atualmente o país conta com o Programa ABC, uma iniciativa que prevê a capacitação e destina incentivos financeiros aos produtores rurais para que eles adotem técnicas de agricultura sustentável. Para ela, o debate sobre a degradação do solo passa por diferentes aspectos que devem ter a atenção redobrada. “As políticas públicas devem dialogar com a inclusão de debates ambientais”. 12 REVISTA AMAZÔNIA
Adotar práticas sustentáveis e ter cada vez mais agricultores conservacionistas foram aspectos levantados pelo presidente da Embrapa, Maurício Lopes. De acordo com o dirigente, o Brasil vem dando um salto importante na transformação de solos degradados em solos férteis.
“Temos hoje mais de 30 milhões de hectares de plantio direto que diminuem o impacto no solo. Também é importante dizer que o Brasil tem a capacidade de combater a insegurança alimentar”. Em palestra durante a conferência, o diretor da divisão de
Instituições financeiras só concederão crédito agrícola para proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no CAR
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Terra e Água da FAO, Moujahed Achouri, ressaltou a importância do Ano Internacional dos Solos para o mundo e também para a garantia da segurança alimentar. “Os solos são a base para a produção de alimentos saudáveis e também para combater as mudanças climáticas. Mas, é importante dizer que os solos não são um recurso infinito e, por isso, é muito importante preservá-los.” Segundo Achouri, cerca de 32% dos solos do mundo estão degradados, o que amplia a necessidade de os países cada vez mais adotarem medidas para impedir o avanço dessa situação. “Sabemos que muitas nações estão preocupadas. A FAO reconhece o que os países estão fazendo. Temos hoje 108 países com pontos focais trabalhando em projetos sobre os solos. A nossa meta é ter uma parceria global dos solos em todos os países.”
ocupação de um espaço geográfico de modo planejado e inteligente” e também o desenvolvimento de tecnologias e conhecimentos colocados ao serviço de ações do Plano ABC, para redução da emissão de gases do efeito estufa pela agricultura”.
Ganhos Bráulio Ferreira Dias, secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB)
Solos no centro dos debates O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, ministrou a palestra de abertura: “Conhecimento em solos e sua aplicação a luz dos desafios do presente e do futuro”. Ele descreveu a relação direta do solo com o planeta “na produção de alimentos, no sequestro de carbono no solo, na conservação da vasta biodiversidade que temos sob a terra ou como reservatórios de águas para o mundo. O solo é recurso essencial”. Segundo Maurício, nenhum país conseguiu adaptar solos tropicais de modo tão eficiente e em tão curto tempo como o Brasil. De solos ácidos e deficientes em nutrientes, o Brasil foi capaz de desenvolver, com seu Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, um modelo único de agricultura tropical. Em sua avaliação, quatro décadas depois, além de termos uma das mais avançadas ciências do solo do planeta, o Brasil é capaz de garantir o desenvolvimento sustentável do solo e da própria agropecuária. Para o diretor da Itaipu Binacional, Cesar Eduardo Ziliotto, que participou dos debates, o “cálculo” é claro, “não há desenvolvimento sustentável sem meio ambiente e não há meio ambiente sem desenvolvimento sustentável”. Entre os recursos apontados como geradores dessa sustentabilidade está o Sistema de Plantio Direto, adotado praticamente em todo o país e uma das principais práticas para preservação, juntamente com técnicas, equipamentos e cultivares. Para Maurício Lopes, a gradual incorporação do Plantio Direto nas propriedades brasileiras é caminho natural. “Do mesmo modo como os sistemas integrados, com base na Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) estão se tornando instrumento fundamental para o ganho de produtividade combinado a um correto manejo e uso da terra”. É o que o presidente chama de Intensificação Sustentável, conceito que, segundo Maurício, deverá guiar as ações da agricultura nos próximos anos. O presidente da Embrapa explicou que a Empresa estabeleceu em sua agenda o aprimoramento dos mapas dos revistaamazonia.com.br
Izabella Teixeira disse que programa brasileiro de recuperação das florestas será o maior do mundo
Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário: “Esse é um evento que projeta resultados futuros para os nossos filhos, netos e netos dos nossos netos”
solos brasileiros com uso de geotecnologias e o desenvolvimento de uma Inteligência Territorial Estratégica. Exemplificou citando o trabalho realizado na nova fronteira agrícola do Matopiba, que está “proporcionando a
No painel, liderado pelo Banco do Brasil, sobre instrumentos financeiros, o secretário de Desenvolvimento Rural Sustentável e Extrativismo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Paulo Guilherme Cabral, destacou que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) é pré-requisito para concessão de crédito a produtores rurais. Segundo consta na Lei 12.651/12 - novo Código Florestal, aqueles que não fizerem o cadastro não poderão obter crédito junto a instituições financeiras. “É importante que o produtor visualize que ele terá ganhos com o CAR, seja de eficiência produtiva ou na diversificação das suas atividades”, defendeu. “Além da agricultura e pecuária, terá o ramo florestal que poderá agregar renda.” Segundo ele, a lei protege o pequeno produtor rural. “Mesmo que o órgão ambiental responsável pela análise do CAR ainda não tenha liberado o número de protocolo final, o comprovante de inscrição já valerá como comprovação do cadastro”, lembrou. Aproveitou para ressaltar que o CAR não é instrumento de regularização fundiária. “Posseiros também precisam fazer o cadastro da área que ocupam”, enfatizou, “pois o desmatamento ilegal ocorre, sobretudo, nessas áreas”. O CAR é um instrumento de planejamento e monitoramento ambiental das propriedades rurais do país.
Outros temas O diretor do Departamento de Combate ao Desmatamento do MMA, Francisco Oliveira, coordenou a sala sobre mudanças do clima e vulnerabilidade no setor de florestas e a experiência brasileira em políticas de No Estande da UFLA, que representou o CAR
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Em palestra proferida na conferência, o diretor da FAO, Moujahed Achouri, ressaltou a importância do Ano Internacional dos Solos para o mundo e também para a garantia da segurança alimentar. “Os solos são a base para a produção de alimentos saudáveis e também para combater as mudanças climáticas. Mas, é importante dizer que os solos não são um recurso infinito, e por isso, é muito importante preservá-los”. Segundo Achouri, cerca de 32% dos solos do mundo estão degradados, o que amplia a necessidade dos países cada vez mais adotarem medidas para impedir o avanço dessa situação. “Sabemos que muitas nações estão preocupadas. A FAO reconhece o que os países estão fazendo. Temos hoje 108 países com pontos focais trabalhando em projetos sobre os solos. A nossa meta é ter uma parceria global dos solos em todos os países”. “Precisamos refletir sobre a situação dos solos. Sem dúvida, sem uma boa conservação do solo não há como erradicar a fome, já que dele dependemos para garantir a produção de alimentos”, disse o representante da agência da ONU no Brasil.
Tiago Modesto, diretor da Secretaria de Controle Externo da Agricultura e do Meio Ambiente (SecexAmbiental), apresentou a auditoria, ainda em desenvolvimento, do TCU sobre governança de solos não urbanos
Paulo Guilherme Cabral, secretário do MMA, destacou vantagens para o produtor
redução do desmatamento. O diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, Carlos Alberto Scaramuzza, comandou o debate sobre recuperação de áreas degradadas no Brasil como uma alternativa de renda para o produtor rural.
Encerramento O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Aroldo Cedraz, encerrou o evento e afirmou: “Este evento lança as bases para o mundo entender a necessidade de se planejar e discutir solos em todos os níveis”. Também participaram da mesa de encerramento o secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Bráulio de Souza Dias, o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, o presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Vinícius Benevides, o presidente da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), Gonçalo Signorelli de Farias, o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Antonio Mello Alvarenga Neto, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do 14 REVISTA AMAZÔNIA
Estande do Cadastro Rural Ambiental (CAR), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), montado durante a Conferência Governança do Solo
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Mesa de encerramento do evento: Fábio de Salles Meirelles, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de São Paulo; presidente da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), Gonçalo Signorelli de Farias; diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo; Aroldo Cedraz, presidente do TCU; secretário-executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Bráulio de Souza Dias; presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Vinícius Benevides; Antonio Alvarenga, presidente da SNA, e deputado Fábio Feldmann
Estado de São Paulo (Faesp), Fábio de Salles Meirelles, e o deputado constituinte Fábio Feldmann. O presidente da Adasa, Vinícius Benevides, reforçou a importância de discutir os problemas do solo em conjunto com os da água, e os denominou irmãos siameses nessa questão. “Falar sobre o solo implica debater a questão da água também”, enfatizou. Benevides também alertou que os sinais de alerta sobre essa discussão em conjunto já são evidentes, e que não há como resolver a questão hídrica sem pensar em estratégias de conservação e proteção dos solos. Já Vicente Andreu, presidente da ANA, alertou: “Precisamos recolocar em discussão a questão dos impactos da utilização da água. Não adianta cortar a água de um ramo específico, achando que vai reduzir o problema, e prejudicar a geração de empregos e subsistência, referin-
do-se à produção agrícola no País. Ao final do evento, foi apresentada a Carta de Brasília. O documento deixa registradas as principais contribuições do evento referentes à temática do solo. A carta tem base nas considerações que foram trazidas nas sessões técnicas, com conclusões mais estruturantes envolvendo a temática da conferência. Nela, há uma ressalva: “Não há mais espaço para postergação ou paliativos. Precisa-se de ações céleres e efetivas para a conservação de um recurso natural imprescindível para a sobrevivência de todas as formas de vida deste planeta”. Para encerrar o ciclo de debates do evento, três importantes nomes da academia científica e do âmbito governamental fizeram palestras com foco nas melhores práticas e no que já vem sendo realizado na conservação e proteção dos solos.
MANAUS JÁ PODE CONTAR COM AS VANTAGENS DE UM ESCRITÓRIO COMPARTILHADO.
Presenças Além de Maurício Lopes e Roberto Rodrigues, participaram como palestrantes, entre outros, Bráulio Ferreira de Souza Dias, secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica; Carlos Nobre, diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; José Graziano, diretor-geral da FAO (participação por vídeo); Klaus Töpfer, diretor fundador e atual diretor-executivo do Instituto de Estudos Avançados em Sustentabilidade (IASS); Moujahed Achouri, diretor da Divisão de Terras e Águas – FAO, e Rainer Horn, professor-doutor em Ciência do Solo da Universidade de Kiel (Alemanha).
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Carta de Brasília O solo é o suporte da vida ... Embora o conhecimento sobre os solos no Brasil tenha progredido nas últimas duas décadas, ainda faltam informações detalhadas do território. Assim, é preciso rediscutir e retomar os programas de levantamento e mapeamento de solos para obter informações em escalas adequadas ao planejamento de seu uso, manejo e conservação. Mapas mais precisos, contudo, não bastam. É necessário que os usuários saibam interpretá-los adequadamente. Neste sentido, a popularização da ciência do solo é fundamental para o sucesso de qualquer programa ou política pública que envolva o assunto. Fatores como a percepção pública e a representação social do solo têm sido pouco explorados, tanto na pesquisa quanto na utilização destas ferramentas para alavancar o correto uso e manejo do solo. Deve-se buscar desenvolver a forma como o homem entende o solo, ampliando a percepção de sua importância, permitindo a melhor compreensão dos desafios relacionados e aumentando assim a mobilização social em torno da sua preservação. É imprescindível que se tenha um espaço específico para discussão e comunicação de políticas relacionadas ao solo. Outras observações são a baixa utilização de financiamentos para recuperação ambiental, a incipiente utilização do mercado de pagamentos por serviços ambientais e a difícil relação causal poluidor-pagador. Tais constatações relacionam-se à dificuldade de adequação ambiental e de agregação de tecnologias necessárias à recuperação e à conservação do solo. A resposta para esses problemas certamente passam pela maior disseminação de tecnologias em conservação/recuperação do solo, tais como integração lavoura-pecuária-floresta, plantio direto, curvas de nível e barragens de contenção de água, além de iniciativas que facilitem o financiamento rural. O Brasil é reconhecidamente um expoente na produção agropecuária. Apesar disso, ainda há espaço para ampliar e estimular práticas voltadas à produção agrícola sustentável, como o Programa ABC. Algumas políticas consideram apenas aspectos relacionados a riscos para a produção (p.ex. zoneamentos de riscos climáticos), mas não ponderam os impactos ambientais, sociais e econômicos de determinadas atividades agropecuárias em uma dada localidade, motivadas muitas vezes pela falta de informações. A solução desse problema passa pela apresentação de critérios mínimos a serem adotados pelos gestores públicos que permitam a avaliação da sustentabilidade da produção agropecuária. Os desafios relacionados à segurança alimentar, à adaptação e mitigação das mudanças climáticas, à manutenção dos serviços ecossistêmicos associadas ao desafio do crescimento urbano e populacional impõem a necessidade do engajamento cada vez maior de múltiplos atores. Esta Conferência evidenciou que tais problemas vêm sendo debatidos em diferentes fóruns, nacionais e internacionais, cujas conclusões podem contribuir para a gestão sustentável do solo. A adoção de abordagens integradas, a criação de plataformas “multi stakeholders”, a busca contínua pela incorporação de novas ferramentas de tecnologia da informação via Web, o planejamento permanente e participativo e a aprendizagem contínua, aliada ao avanço do conhecimento, serão essenciais para o sucesso de iniciativas locais de gestão do solo. Um passo importante para melhorar a governança dos solos é o estabelecimento de mecanismos para a superação dos conflitos do seu uso, tais como aperfeiçoamento dos instrumentos de ordenamento territorial e de regularização fundiária que, de fato, contribuam para a governança dos territórios e a promoção do desenvolvimento sustentável. A ausência de revisão e de consolidação das normas que disciplinam a organização do território, o acesso aos recursos fundiários, o direito de propriedade de imóveis rurais e as ações de promoção do uso sustentável do solo e da água gera lacunas, sobreposições e outras ineficiências. Além disso, dificulta o estabelecimento de uma base para a boa governança da organização territorial e do acesso aos recursos fundiários. Sendo assim, é recomendável que os Poderes Executivo e Legislativo articulem-se de modo a revisar e a consolidar os normativos que regem a governança da terra, com a promoção da sustentabilidade do uso dos recursos solo e água, a fim de proporcionar uma maior clareza e melhor apropriação do tema. Urge que o Poder Executivo, juntamente com os demais entes da Federação, elabore um planejamento estratégico, buscando a coordenação de esforços entre os vários atores envolvidos, a estruturação de metas claras e a definição de objetivos de longo prazo, bem como a consolidação e o detalhamento das formas para implementar as diversas iniciativas relacionadas ao solo. Assim, no corrente ano internacional do solo, esta Conferência conclama a sociedade, governantes e legisladores para a ação. Não há mais espaço para postergação ou paliativos. Precisa-se de ações céleres e efetivas para a conservação de um recurso natural imprescindível para a sobrevivência de todas as formas de vida deste planeta. Com esse propósito, a Conferência Governança do Solo compartilha com a sociedade as seguintes oportunidades de melhoria, que refletem um conjunto de medidas estruturantes a serem priorizadas pelos diversos atores responsáveis: * construção de um fórum permanente de discussão e troca de informações acerca do solo, com interfaces locais, regionais e internacional, a fim de promover o avanço contínuo das políticas e ações globais relacionadas ao tema; * destaque para o solo nas políticas que promovam o desenvolvimento, com o estabelecimento de critérios mínimos para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade da produção agrícola; * avanço no conhecimento do solo, com a elaboração de novos levantamentos e mapeamentos em escalas mais detalhadas, para fins de planejamento e uso do território e definição de políticas públicas em nível nacional, estadual e municipal; * informação permanente à sociedade acerca das ameaças e dos custos envolvidos na atual forma de uso e exploração do solo, incentivando a participação ampla dos diversos segmentos sociais nas iniciativas locais de gestão desse recurso, inclusive com a utilização de novas ferramentas de tecnologia da informação via Web; * revisão e consolidação das diversas normas e leis dispersas que tratam do solo, permitindo a elaboração de um planejamento estratégico que estabeleça metas, responsáveis e prazos para as políticas públicas fundamentais ao desenvolvimento sustentável; * investimento na educação, preparação e capacitação adequada dos diferentes segmentos da sociedade que lidam diretamente com esse recurso, para que façam bom uso das informações disponíveis e incorporem tecnologias e métodos capazes de proporcionar o manejo sustentável e a conservação do solo. Brasília-DF, 27 de março de 2015. 16 REVISTA AMAZÔNIA
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Prêmio Nacional da Biodiversidade Fotos: Danielle Lima, Paulo de Araújo/MMA
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Dia Internacional da Biodiversidade, foi comemorado no Auditório Wladimir Murtinho, do Palácio do Itamaraty, em Brasília. Na abertura da cerimônia o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse ser esta uma oportunidade “para assumirmos compromissos comuns”, ao destacar a importância do tema para Brasil e o mundo. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, entregou os troféus aos primeiros colocados de cada uma das seis categorias desta primeira edição do Prêmio Nacional da Biodiversidade, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) com apoio de suas entidades vinculadas. Considerado o patrono do ambientalismo brasileiro, Paulo Nogueira Neto foi homenageado com o prêmio especial desta edição. Como não pode comparecer, enviou representante e declarou, em vídeo, que “este prêmio não é dado só para mim, mas para todos os que pensam como eu, que atuam em benefício do país e em defesa do meio ambiente”.
Pesquisa De acordo com a ministra, o prêmio é muito importante “por conta de toda a pressão que sofremos quando se trata da biodiversidade, como no caso do projeto do peixe-boi”. E declarou: “Vamos lutar até o último minuto para manter os projetos de pesquisa, pois é preciso respeitar as instituições e os pesquisadores neste país”. Foram 888 iniciativas inscritas, 18 finalistas. Os escolhidos nas seis categorias foram: Academia - projeto “Conservação do peixe-boi amazônico na Amazônia brasileira”, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá; Empresa - “Programa de Valorização do Jaborandi (Anidro do Brasil Extrações S/A – Grupo Centroflora)”, da empresa Anidro do Brasil Extrações S/A-Grupo Centroflora ; Imprensa - reportagem “Boto: da lenda à ciência, o encanto do príncipe das águas”, da TV Amazonas; Organizações Não Governamentais - “Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto”, do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ); Órgãos Públicos - “Projeto Conservação e Manejo do Faveiro-de-Wilson”, espécie criticamente em perigo, da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte/ Jardim Botânico; e Sociedade Civil - projeto “Manejo pesqueiro do Pirarucu”, da Operação Amazônia Nativa (Opan). 18 REVISTA AMAZÔNIA
Sustentabilidade Na categoria Júri Popular, com votação realizada pela internet, o grande selecionado foi o projeto “Conservação do peixe-boi amazônico na Amazônia brasileira”, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, também premiado na categoria Academia. Da escolha online participaram 63 mil pessoas. A obra de arte em forma de troféu foi idealizada pelo escultor mineiro Darlan Rosa, e entalhada numa chapa de compensado revestido com a madeira freijó, espécie de fácil manejo, comum na Amazônia e bastante utilizada como madeira cerrada e em painéis decorativos. Foram confeccionados 40 troféus, sendo dez de 35 centímetros de diâmetro e outras 30 peças de 25 cm de diâmetro, cada uma sustentada por uma base sólida em freijó, com dedicatórias pessoais entalhadas em baixo-relevo.
Instituto Mamirauá O prêmio da categoria de votação popular foi entregue pela Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que destacou em seu discurso: “O prêmio é muito importante por conta de toda a pressão que sofremos quando se trata da biodiversidade, como no caso do projeto do peixe-boi. Vamos lutar até o último minuto para manter os projetos de pesquisa, pois é preciso respeitar as instituições e os pesquisadores neste país”. A pesquisadora Miriam Marmontel, coordenadora da iniciativa “Conservação do Peixe-boi Amazônico”, agrade-
A ministra Izabella Teixeira, representante do patrono do ambientalismo brasileiro, Paulo Nogueira Neto e os primeiros colocados de cada uma das seis categorias desta primeira edição do Prêmio Nacional da Biodiversidade
ceu os prêmios: “Certamente é uma honra muito grande receber essa primeira edição do prêmio que reconhece tantas iniciativas importantes da biodiversidade do nosso país. Parabenizo o Ministério do Meio Ambiente pela iniciativa e agradeço pelo prêmio. Tenho muito mais pessoas para agradecer. Nesses mais de 20 anos de trabalho, nós temos uma equipe muito grande, uma equipe distribuída por todo o Brasil, entre estagiários, pesquisadores, bolsistas, conservacionistas, então um agradecimento muito grande a eles. Um agradecimento ao Instituto Mamirauá e a todos os apoiadores que a gente teve ao longo do tempo. E um agradecimento especial ao próprio peixe-boi que me inspira a continuar este trabalho!”, disse emocionada a pesquisadora. O Instituto Mamirauá atua na conservação do peixe-boi Amazônico desde 1993, antes mesmo de sua fundação.
A pesquisadora Miriam Marmontel com os dois prêmios conquistados pelo Instituto Mamirauá revistaamazonia.com.br
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HACKEAR A FOTOSSÍNTESE PARA ALIMENTAR O MUNDO Fotos: David Drag, Stephen P. Long, University of Michigan SNRE/ Flickr, University of Illinois
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m dos maiores desafios do século XXI será descobrir como alimentar a população global em constante crescimento. Alguns cientistas alegam que cultivar mais alimentos não será o suficiente - nós precisamos literalmente hackear a fotossíntese. Humanos criam plantas para que elas cresçam mais rápido e rendam mais há aproximadamente 10.000 anos. O desenvolvimento tecnológico da metade do século XX trouxe mais velocidade à produtividade agrícola, que desencadeou uma era de exponencial crescimento da população. Há algumas décadas, no entanto, as melhorias da produção vem diminuindo, pois muitas já atingiram o limite biológico. Se continuarmos a acelerar o crescimento de colheitas para suprir a necessidade da crescente população (que pode atingir cerca de 10 bilhões de habitantes até a metade deste século), programas de crescimento natural talvez não funcionem mais. Mas e se pudéssemos fazer algo mais efetivo? Quando se trata de inserir algumas calorias a mais na colheita, a fotossíntese -- o caminho bioquímico que plantas usam para transformar gás carbônico em açúcar -- é um passo muito limitante. De acordo com o relatório de Stephen Long, botânico da Universidade de Illinois, nunca houve um período melhor para hackear este caminho bioquímico que alimentou o planeta por mais
Esta é uma área da fazenda bioenergia perto de South First Street em Champaign, usada nos experimentos. Transformação de discos de folhas para a melhoria da eficiência fotossintética através da regeneração em meios seletivos, o crescimento dos transformantes iniciais para a semente, e, em seguida, testando transgenes em parcelas no campo replicadas
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Os cientistas tentam aumentar a produção agrícola, acelerando a fotossíntese. Nesse experimento, os cientistas modificaram geneticamente a planta do tabaco com enzimas de algas verde-azuladas, que aumentou a velocidade da fotossíntese da planta, permitindo melhores rendimentos
Para alimentar o mundo, nós poderemos precisar Hackear a Fotossíntese. A estratégia foca na engenharia genética, ou inserindo genes úteis de um organismo em outro 20 REVISTA AMAZÔNIA
de 3 bilhões de anos: Como Long diz na pesquisa, com algumas abordagens básicas, cientistas podem melhorar a fotossíntese artificial. Uma estratégia foca na engenharia genética, ou inserindo genes úteis de um organismo em outro. Por exemplo, certos micróbios fotossintéticos usam pigmentos diferentes do que os da colheita, permitindo acesso
a partes não muito comuns do espectro da radiação solar. Se pudermos inserir os genes pigmentados destes micróbios em plantas superiores, talvez pudéssemos impulsionar a quantidade de luz do sol que elas podem capturar. Ou poderíamos trocar genes que codificam versões mais eficientes de enzimas importantes, como a Rubisco. Uma outra abordagem seria injetar cloroplastos revistaamazonia.com.br
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- as pequenas organelas em formato de feijão nas quais ocorrem a fotossíntese - de uma planta mais eficiente em uma planta menos eficiente. A pesquisa ainda é muito preliminar, mas cientistas já mostram alguns resultados promissores. No laboratório, a equipe de Long inseriu com sucesso genes de cianobactérias em plantas, aumentando a capacidade de fotossíntese delas em até 30%. Outras equipes de pesquisa fazem uso de sofisticados modelos digitais para estudar todo o trajeto da fotossíntese no intuito de descobrir exa-
tamente o lugar onde problemas bioquímicos ocorrem. Estes modelos já conseguiram melhorar a eficiência do processo em 60%, ao regular genes críticos. É claro, hacking biológico sozinho não vai nos salvar de um crise de alimentos global: preparação para os efeitos da mudança climática e falta d’água, e integrar mais produção de alimentos dentro das nossas cidades também serão passos necessários. Há também a necessidade de reduzir nossa produção e consumo de carne, que compõe grande parte dos nossos problemas
Esta foto mostra ensaios de campo de vários hacks da fotossíntese
Stephen Long, botânico da Universidade de Illinois, nunca houve um período melhor para hackear este caminho bioquímico
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ambientais. Mas não parece que a ideia de hacking de fotossíntese é algo que desaparecerá em breve, então você pode adicionar vegetais bombados, junto dehambúrgueres de laboratório e Soylent a liste de comidas bizarras do futuro que muito em breve podem ocupar nossas geladeiras.
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A terra e os campos
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Ano Internacional dos Solos tem como objetivos específicos: consciencializar a sociedade e os decisores públicos sobre a profunda importância do solo para a vida humana; educar o público sobre o papel crucial que o solo desempenha na segurança alimentar, na adaptação e mitigação das mudanças climáticas, nos serviços essenciais dos ecossistemas, na redução da pobreza e no desenvolvimento
sustentável; apoiar políticas e ações efetivas para a gestão sustentável e a proteção dos recursos do solo; promover o investimento em atividades de gestão sustentável do solo para desenvolver e manter solos saudáveis para diferentes utilizadores da terra e grupos populacionais; advogar por um reforço rápido da capacidade de recolha de informação sobre o solo e da sua monitorização em todos os níveis (global, regional e nacional).
O solo é geralmente definido como a camada superior da crosta terrestre, formada por partículas minerais, matéria orgânica, água, ar e organismos vivos. O solo constitui a interface entre a terra, o ar e a água e aloja a maior parte da biosfera. Uma boa utilização dos solos é crucial para a sobrevivência da espécie humana no planeta Terra. Por isso é de extrema importância estudar o solo para melhor o conservar e utilizar.
Humus abriga muitos segredos. Apenas uma fração das muitas espécies que vivem nele foram identificados
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Solos saudáveis não são apenas a base para alimentos, combustíveis, fibras e produtos médicos, mas também são essenciais para os nossos ecossistemas, desempenhando um papel fundamental no ciclo do carbono, armazenamento e filtragem de água e na melhoraria da a capacidade de resistência a inundações e secas. O Brasil possui entre 20 e 40 milhões de hectares de áreas de pastagens em algum estágio de degradação, com baixa produtividade. O uso correto de tecnologias mais sustentáveis e de boas práticas agropecuárias torna possível reinseri-las ao processo produtivo. O planejamento de uso da terra e a adoção de tecnologias com fundamento na conser-
Grupos de Solos no Mundo. Apresentação simplificada baseada na Base de Dados de Referência Mundial para os recursos do solo (WRB), excluindo a Antártica
Utilização de adubos minerais, milhões de toneladas
Quantidade de adubo aplicado
Distribuição global dos riscos para os principais sistemas agrícolas
Declínio global anual no crescimento, em percentagem
Futuro brilhante. Contaminação radioativa atmosférica e metro do solo, selecionado, 1945-2013
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vação de solos e adaptadas à realidade local, podem prevenir e reverter os impactos negativos decorrentes de uma atividade agropecuária conduzida de forma inadequada. Segundo a FAO, “é essencial manter um equilíbrio cuidadoso entre a necessidade de preservar os nossos recursos naturais e expandir a nossa produção de alimentos. O Ano dos Solos visa gerar esta consciência”, explicou. De acordo com a Organização, os solos
saudáveis estão na base da agricultura familiar, na produção de alimentos e na luta contra a fome e, ainda, cumprem um papel como reservatórios da biodiversidade. Preocupante: “A menos que sejam adotadas novas abordagens, o montante global da terra arável e produtiva por pessoa será em 2050 apenas um quarto do nível em 1960”. Abaixo, dados do Atlas dos Solos 2015. REVISTA AMAZÔNIA 23
Missão espacial irá estudar biomassa tropical Estados-Membros da ESA (porta de acesso da Europa ao espaço) aprovaram programa para 2020 Fotos: ESA, AOES Medialab
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s Estados-Membros da ESA - organização internacional que reúne 20 Estados membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Países Baixos, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Polónia, Reino Unido, República Checa, Romênia, Suécia e Suíça, aprovaram o lançamento, para 2020, da sétima missão do programa de satélites de observação da Terra, que visa estudar a biomassa das florestas tropicais, anunciou nesta quinta-feira a Agência Espacial Europeia. A “luz verde” para a sétima missão do Earth Explorer foi dada recentemente, pela ESA. A missão pretende determinar, com maior precisão, a quantidade de biomassa e carbono armazenadas nas florestas tropicais. Justificando a importância da missão, a ESA refere que a biomassa tropical “é a chave para compreender o clima da Terra”. A Agência Espacial Europeia espera que os dados obtidos possam, ainda, ser usados para monitorizar a ionosfera,
os glaciares e os lençois de gelo e para mapear a subsuperfície geológica dos desertos e a superfície topográfica abaixo da densa vegetação. O programa de satélites Earth Explorer destina-se a melhorar o conhecimento do “planeta azul”. Ele irá fornecer a imagem precisa da quantidade de biomassa e carbono armazenado nas florestas do mundo. De um total de oito missões previstas, já foram lançadas quatro, que permitem estudar, com mais rigor, a salinidade dos oceanos, a gravidade, o campo magnético, a humidade do solo e a criosfera (água das grandes massas de gelo, como os glaciares e as calotes polares). Futuras missões, calendarizadas até 2016, irão fornecer novas informações sobre o vento e de como as nuvens e os aerossóis interferem na quantidade da radiação solar.
Shaun Quegan, principal investigador de Biomassa, da Universidade de Sheffield
Centro de Operações Espaciais Europeu, da ESA, em Darmstadt, Alemanha
A biomassa irá trazer informação acessível a pesquisadores do clima e cientistas do sistema Terra
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Volker Liebig, diretor dos Programas de Observação da Terra, da ESA, durante a apresentação da missão espacial para estudar a biomassa tropical na 7ª Earth Explorer
Estudar biomassa tropical do mundo é a chave para a nossa compreensão do clima da Terra. O carbono da Floresta
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A Terra em mudança A missão Earth Explorer Biomassa trata de uma das questões mais fundamentais em nossa compreensão do componente terrestre no sistema Terra: qual é o estado das nossas florestas, como representado pela distribuição de biomassa e como é a mudança de biomassa na floresta? Os primeiros mapas precisos de biomassa da floresta tropical, temperadas e boreais usarão um sensor de comprimento de onda do radar de 70 centímetros para sondar a altura das florestas e quanta madeira contêm em uma escala de 200 metros. Estes mapas vão proporcionar uma maior compreensão do papel que as florestas desempenham no ciclo do carbono da Terra e na mudança climática. A maioria das estimativas de biomassa atuais dependem de medições terrestres, que são escassos em muitas áreas, como os trópicos. O Professor Shaun Quegan, da Universidade de Sheffield, que é um dos principais pesquisadores da missão, primeiro concebeu o conceito de missão Biomassa em 2005 para superar este problema, fornecendo medidas de biomassa freqüentes, precisas e consistentes. “À medida que as árvores crescem, eles captam carbono e armazenam-o. Mas, durante o desmatamento esse carbono é liberado para a atmosfera”, disse o professor Quegan. “Esta é apenas uma maneira dos ciclos de carbono entre os diferentes locais de armazenamento e como este ciclo global do carbono torna-se desequilibrado, mais carbono está sendo liberado do armazenado para a atmosfera, afetando em última análise, nosso clima. Entender como a quantidade de matéria viva – é necessário para melhorar as avaliações atuais e futuras do ciclo de carbono global, e, portanto, o nosso clima em nossas florestas globais mudanças ao longo do tempo “– biomassa. Informações precisas sobre o desmatamento e degradação da terra nos países em desenvolvimento é crucial não só para modelos de pesquisa, mas também para os esforços locais e internacionais para reduzir as emissões de carbono, tais como a implementação da ONU de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal iniciativa (REDD +). “A biomassa irá trazer informação acessível a pesquisadores do clima e cientistas do sistema Terra, mas também para os gestores de florestas em lugares como os trópicos, para que eles possam analisar o impacto
dos incêndios em seus estoques florestais, ou os efeitos da expansão da população nas bordas da floresta”, disse Professor Mathew Williams, da Universidade de Edimburgo, e um membro do Grupo Consultivo Missão Biomassa. “Este instrumento seria acompanhar as mudanças da floresta e, em seguida medir o impacto que eles têm sobre a liberação de carbono.” Espera-se também que a missão irá fornecer informações sobre a atmosfera superior da Terra, a geologia do subsolo em regiões áridas, e as taxas de manto de gelo e movimento da geleira. Atualmente, a missão não será capaz de operar em toda a América do Norte e na Europa como o satélite iria colidir em sites do Departamento de Defesa dos Estados Unidos Espaço, objeto de acompanhamento sistema Radar. No entanto, no caso em que as negociações entre a ESA e o governo dos EUA não são capazes de limpar o caminho para a biomassa, é já bem desenvolvido, extenso conhecimento da biomassa a partir de inventário florestal para estas regiões. A missão Biomassa terá a duração de até cinco anos após o lançamento, com os cientistas esperam para recolher dados úteis a partir dos três meses após o lançamento, desde que os experimentos de calibração sem problemas.
O GlobCover-2009, será melhorado O mapa GlobCover-2009, um mapa de zoneamento ecológico, que separa as diferentes zonas ecológicas como floresta tropical chuva, floresta tropical úmida, etc., refletia melhor a mistura natural de florestas tropicais intactas e degradadas e as zonas ecológicas. Os cientistas concluíram que esta metodologia pode fornecer Nível de alternativa de valores mais precisos relatando as emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal com mapas de biomassa. Vem muita novidade e muito mais confiáveis revistaamazonia.com.br
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Apesar do alarmismo ambientalista, Terra está mais “verde” Fotos: Carl Davies / CSIRO, CC BY-SA, Ray Leuning
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esmo com todo o catastrofismo propagandeado pelo movimento ambientalista internacional em relação ao desmatamento, um novo estudo produzido por um grupo de cientistas australianos mostra que a massa de matéria vegetal da Terra aumentou em nada menos que 4 bilhões de toneladas na última década. O artigo, publicado recentemente na revista britânica Nature Climate Change , “Recent reversal in loss of global terrestrial biomass”) aponta que a expansão tem ocorrido, principalmente, em regiões menos desenvolvidas da Austrália e da África. Entre os anos de 2003 e 2012, pesquisadores de universidades australianas, entre elas a de New South Wales, utilizaram imagens de satélites para mapear a biomassa vegetal de todo o planeta, com base em uma nova técnica de radiofrequência, chamada sensoriamento passivo remoto de microondas, capaz de captar as ondas da biomassa presente na superfície terrestre. A radiação detectada variou conforme a temperatura, a
Observações do espaço têm mostrado que o mundo global está ficando mais verde, apesar do desmatamento e da seca
umidade e a quantidade de água na vegetação presente nas diversas regiões do globo. Os pesquisadores reuniram os dados de diversos satélites e os organizaram, de modo a compor uma série para mostrar a evolução de toda a cobertura vegetal terrestre, nas últimas duas décadas. Assim, eles puderam reconstruir mensalmente a evolução da biomassa em escala mundial, façanha não conseguida até então.
Globalmente, os habitats terrestres e oceânicos produzem uma quantidade semelhante de novo biomassa por ano (56,4 milhões de toneladas C terrestre e 48,5 milhões de toneladas C oceânica) 26 REVISTA AMAZÔNIA
O estudo levantou o desmatamento em muitas regiões do planeta, incluindo áreas da América do Sul, como o sudeste da Floresta Amazônica, definindo-os como o “Arco de Desflorestamento” (que, como se sabe, inclui as áreas de expansão da fronteira agrícola, no Brasil). Porém, a pesquisa determinou que a expansão das áreas verdes no planeta tem sido suficiente para se sobrepor ao desmatamento observado. Um exemplo é o crescimento das florestas nas áreas rurais abandonadas após a queda do comunismo, na Rússia e nos países vizinhos, ao lado dos grandes projetos de plantio de árvores implementados pelo governo da China, nas últimas décadas. Por outro lado, o estudo também detectou um crescimento “inesperado” da vegetação em savanas e matagais situados na Austrália, África e América do Sul. As análises feitas até então se centravam unicamente em florestas fechadas, e este aumento não havia sido identificado, segundo os autores. A própria Austrália, por exemplo, teve um aumento da vegetação na quase totalidade do seu território – com exceção, naturalmente, das áreas urbanas dopaís – mesmo com as recentes secas que castigam algumas de suas regiões. O relatório aponta também que o crescimento da vegetação australiana está ligado à variação dos regimes de chuva e sofre grande influência de fenômenos como El Niño e La Niña (respectivamente, aquecimento e resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico). Outra conclusão inesperada do estudo é a constatação de uma tendência de “esverdeamento” geral no planeta, revistaamazonia.com.br
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nas últimas duas décadas, mesmo quando os regimes de chuva se mantiveram inalterados ou mesmo quando houve uma pequena queda no volume de precipitações, tendo-se detectado um crescimento no número de árvores e matagais em regiões semi-áridas. Todavia, tratando-se dos tempos que correm, os autores da pesquisa não deixaram de fazer concessões à fraudulenta hipótese do aquecimento global antropogênico. Ao destacar o crescimento da média global de vegetação, eles frisaram que este aumento não seria uma solução para o problema das mudanças climáticas, já que a vegetação só seria capaz de absorver um quarto de todas as emissões humanas de dióxido de carbono (CO2), o alegado “vilão” do fenômeno. E concluíram que, por isso mesmo, ainda seria necessário promover “grandes redu-
Biomassa aérea de carbono e densidade por bioma. a,b,c total em oito biomas (estimativa média; barras de erro indicam o intervalo de confiança de 90%). “As florestas tropicais” incluem as do sudeste da Ásia, da África e das Américas (isto é, a América do Sul, os países do Caribe e México
ções globais das emissões combustíveis fósseis”. Não obstante, mesmo com tais concessões ideológicas (atualmente, quase tão imprescindíveis como as citações a Marx, Engels, Lênin e Stálin, nos artigos científicos publica-
Média de variação anual da biomassa acima do solo de carbono entre 1993 e 2012
dos sob o antigo regime comunista na URSS), um estudo científico que ressalta que o mundo está ficando mais ”verde”não deixa de representar um golpe no catastrofismo prevalecente sobre o estado da vegetação do planeta.
Média de variação anual da biomassa acima do solo de carbono entre 1993 e 2012
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MUITO MAIS QUE UM IDEAL,
Amazônia reduziu pela metade capacidade de absorver CO2
A investigação foi feita a partir de 321 pontos da floresta, nos quais foram medidas 200 mil árvores – bem como as mortes e os crescimentos de novas árvores
Fotos: CC BY-NC-SA, Geoff Gallice, RAINFOR, Roel Brienen
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o mais amplo estudo baseado em terra, até esta data, revela que a Amazônia, está perdendo sua capacidade de absorver carbono da atmosfera. De um pico de dois bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano na década de 1990, a captação líquida da floresta caiu pela metade e é agora pela primeira vez ser ultrapassado por emissões de combustíveis fósseis na América Latina. Os resultados deste estudo de 30 anos, da monumental floresta tropical sul-americana, envolveu uma equipe internacional de quase 100 pesquisadores e foi conduzido pela Universidade de Leeds. Nas últimas décadas a floresta amazônica remanescente tem atuado como um grande “sumidouro de carbono” – absorvendo mais carbono da atmosfera do que ele libera – ajudando a colocar um freio no ritmo das alterações climáticas. Mas esta nova análise da dinâmica florestal mostra um grande aumento na taxa de árvores morrendo em toda a Amazônia. O autor principal, Dr. Roel Brienen, da Faculdade de Geo-
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Os pesquisadores analisaram árvores em toda a Amazônia revistaamazonia.com.br
Meu, não tenho crescido? Disse o autor principal, Dr. Roel Brienen, da Faculdade de Geografia da Universidade de Leeds Pelo menos, os cogumelos são felizes A Amazônia é uma grande parte do ciclo do carbono da Terra, diz Peter Reid, do Centro Escocês para armazenamento de carbono, CCB
grafia da Universidade de Leeds, disse: “As taxas de mortalidade de árvores têm aumentado em mais de um terço desde meados da década de 1980, e isso está afetando a capacidade da Amazônia de armazenar carbono”. Inicialmente, um aumento de dióxido de carbono na atmosfera – um ingrediente-chave para a fotossíntese – levou a um surto de crescimento de árvores da Amazônia, dizem os pesquisadores. Mas parece que o carbono extra pode ter tido conseqüências inesperadas. Estudo do co-autor Professor Oliver Phillips, também da Escola de Geografia da Universidade, disse: “Com o tempo, o estímulo ao crescimento alimenta através do siste-
Dossel da floresta da Amazônia ao amanhecer
ma, fazendo com que as árvores para viver mais rápido, e assim morrem mais cedo”. Secas recentes e extraordinariamente altas temperaturas na Amazônia podem também desempenhar um papel. Embora o estudo constata que a mortalidade de árvores aumentando, começou bem antes de uma seca intensa em 2005, ele também mostra que a seca matou milhões de árvores adicionais. Dr Brienen disse: “Independentemente das causas do aumento da mortalidade de árvores, este estudo mostra que as previsões de um aumento contínuo do estoque de carbono em florestas tropicais pode ser demasiado otimista. “Modelo de mudanças climáticas que incluem respostas da vegetação assumem que, enquanto os níveis de dióxido de carbono continuam a aumentar, então a Amazon continuará a acumular carbono. Nosso estudo mostra que isso pode não ser o caso, e que os processos de mortalidade de árvores são fundamentais para este sistema”. O estudo envolveu cerca de 100 cientistas, muitos que trabalham há décadas em oito países da América do Sul. O trabalho foi coordenado pela RAINFOR, uma rede de pesquisa exclusivo dedicado ao acompanhamento das florestas amazônicas. Para calcular as mudanças no armazenamento de carbono eles examinaram 321 lotes da floresta em seis
milhões de quilômetros quadrados da Amazônia, identificados e mensuradas 200 mil árvores, e registrou mortes de árvores, bem como o crescimento e novas árvores desde os anos 1980. “Em todo o mundo, mesmo as florestas intactas estão mudando”, acrescentou o professor Phillips. “As florestas estão nos fazendo um favor enorme, mas não podemos contar com elas para resolver o problema de carbono. Em vez disso, cortes mais profundos nas emissões será necessário para estabilizar nosso clima”.
Registros de dióxido de carbono atmosférico indicam que a superfície terrestre tem agido como um sumidouro de carbono globais fortes ao longo das últimas décadas, com uma fracção substancial desse sumidouro, provavelmente está localizado nos trópicos, especialmente na Amazônia. No entanto, não está claro como o sumidouro de carbono terrestre irá evoluir se o clima e a composição atmosférica continuam a mudar. Aqui analisamos a evolução histórica da dinâmica da biomassa da floresta Amazônica mais de três décadas com uma rede distribuída de 321 pontos. Embora esta análise confirma que floresta Amazônica tem agido como um dissipador de biomassa líquida a longo prazo, encontramos tendência decrescente da acumulação de carbono, também a longo-prazo. As taxas do aumento líquido da biomassa acima do solo diminuiu em um terço durante a última década em comparação a 1990. Esta é uma conseqüência da taxa de crescimento aumentada, estabilizando-se recentemente, enquanto a biomassa persistentemente tem aumentado por todo o local, levando a um encurtamento dos tempos de residência do carbono. Potenciais caminhos para o aumento dessa mortalidade incluem uma maior variabilidade climática, e o retorno do crescimento mais rápido sobre a mortalidade, resulta em reduzida longevidade das plantas. O observado declínio da Amazônia diverge bastante do recente aumento da captação de carbono terrestre à escala global, e é contrário às suas expectativas com base nos modelos. revistaamazonia.com.br
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1% das árvores da Amazônia detêm metade do carbono da região Amazônia é vital para o ciclo do carbono da Terra, armazenando mais do que qualquer outro elemento do ecossistema terrestre
Metade do carbono que árvores amazônicas capturam da atmosfera é aprisionada por apenas 1% das espécies da floresta. É a hiper dominância na ciclagem de carbono na Amazônia
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Amazônia abriga cerca de 16 mil espécies de árvores, mas apenas 182 dominam o processo de captura de gases que causam o efeito estufa, é a conclusão das pesquisas dos cientistas: Sophie Fauset, Michelle O. Johnson, Manuel Gloor, Timothy R. Baker, Abel Monteagudo M., Roel J.W. Brienen, Ted R. Feldpausch, Gabriela Lopez-Gonzalez, Yadvinder Malhi, Hans ter Steege, Nigel C.A. Pitman, Christopher Baraloto, Julien Engel, Pascal Pétronelli, Ana Andrade, José Luís C. Camargo, Susan G.W. Laurance, William F. Laurance, Jerôme Chave, Elodie Allie. Com 5,3 milhões de quilômetros quadrados, o ecossistema é a maior floresta tropical do mundo e essencial para o ciclo de sequestro de carbono do planeta: responde por cerca de 14% do carbono assimilado por fotossíntese e abriga 17% de todo o carbono estocado em vegetação em todo o planeta. “Considerando que a Amazônia é tão importante para o ciclo de carbono e armazena tanto da biomassa do planeta, calcular exatamente quanto carbono é armazenado e produzido é importante para entender o que pode acontecer no futuro sob condições ambientais diferentes”, disse Sophie Fauset, autora principal, da Faculdade de Geografia da Universidade de Leeds, no Reino Unido. O novo estudo toma como base as conclusões de uma outra pesquisa, de outubro de 2013, que encontrou 227 espécies “hiperdominantes” que respondem por metade 30 REVISTA AMAZÔNIA
Relações entre as espécies, contribuições para conter abundância e contribuições para a biomassa e produtividade
dos 390 bilhões de árvores amazônicas. Dentro desse universo, árvores de grande porte, que contém mais biomassa e portanto mais carbono, são mais influentes no ciclo, diz a pesquisadora. “E como as árvores são organismos que vivem por muito tempo, isto significa que o carbono é removido da atmosfera por décadas, se não séculos.”
Mudanças Apesar dessa dinâmica, a cientista alertou contra a tentação de estimular a multiplicação das 182 espécies identificadas de plantas, na tentativa de capturar mais carbono da atmosfera.
“Embora tenhamos um número pequeno de espécies exercendo uma influência desproporcional no ciclo de carbono, isto é apenas o que conseguimos medir hoje”, disse Fauset. “Dada a quantidade de mudanças que estão ocorrendo nas regiões tropicais, em termos de clima e uso do solo, no futuro espécies diferentes podem se tornar mais importantes.” Em um estudo anterior, Fauset e outra equipe de cientistas perceberam que a capacidade de armazenamento de carbono de florestas no Oeste da África aumentaram apesar de uma seca de 40 anos na região. O estudo sugeriu que o incremento da biomassa capaz de armazenar carbono nessas florestas resultou de murevistaamazonia.com.br
A Bertholletia excelsa, castanha do Pará ou do Brasil, é uma das “hiperdominantes”
de carbono que de outra forma permanecem na atmosfera contribuindo para o efeito estufa”. Em um ecossistema tão grande e diversificada como a Amazônia, a compreensão do ciclo do carbono é um enorme desafio. A constatação de que apenas uma pequena fração das espécies são responsáveis por metade da biomassa poderia ajudar os cientistas a prever como as florestas tropicais se sairá em um clima em mudança. Embora, com vista para os outros 99% da diversidade de espécies na Amazônia poderia ser perigoso. Já o professor Oliver Phillips, outro co-autor do estudo adverte: “como o clima da Amazônia continua a mudar, podemos esperar um conjunto muito diferente de árvores que vêm à frente, incluindo algumas que mal notamos agora”.
danças na composição das espécies: a seca prolongada havia beneficiado espécies que conseguiam viver nessas condições.
Hiperdominantes Uma das espécies “hiperdominantes” é a Bertholletia excelsa, também conhecida pela produção de castanha do Pará ou do Brasil. Menos de uma em mil árvores da Amazônia é uma árvore de castanha do Brasil, mas ela ocupa a terceira espécie mais importantes em termos de armazenagem de carbono e em quarto no crescimento. Espécies que são capazes de chegar a um tamanho grande tendem a dominar de forma desproporcional, enquanto grande parte da diversidade da Amazônia é composta de espécies pequenas árvores que vivem no sub-bosque. “Enquanto há menos diversidade entre as espécies maiores, estas contribuem mais para certos serviços dos ecossistemas”, disse o Dra. Fauset. O Dr Ted R. Feldpausch, co-autor e pesquisador em Geografia na Universidade de Exeter, disse: “A concentração de ciclismo e armazenamento de carbono em tão poucas espécies podem fornecer uma vantagem em avançar nossa compreensão de como as florestas em todo o processo de carbono da Bacia Amazônica respondem ao clima, uma vez que poderiamos concentrar nossos estudos sobre a compreensão de várias centenas em vez de milhares de espécies”. “No entanto, ainda não temos informação substancial sobre como estas espécies dominantes alguns podem responder às mudanças no clima. Assim, poucas espécies que tem um papel tão desproporcionalmente grande, potencialmente coloca a bacia amazônica em risco, essas espécies devem responder negativamente às mudanças no clima. “ “As árvores produzem açúcares de CO2, luz solar e água através do processo de fotossíntese, e algumas delas acabam sendo armazenados como madeira”, disse Dr Michelle Johnson, um co-autor do estudo. “A floresta amazônica nos ajuda armazenando bilhões de toneladas revistaamazonia.com.br
Percentagem de espécies hiperdominantes à escala amazonica que também são dominantes dentro das regiões
Mapa dos locais de locação. Linhas pretas: Fronteiras regionais da Amazônia , com separação norte-sul adicional da Amazônia Ocidental; BS: proteção brasileira ; EC-leste central; GS: proteção guiana; NW-norte ocidental; SW-sul ocidental. Cinza: floresta não inundada, dossel fechado abaixo de 500 REVISTA AMAZÔNIA 31
Ganhadores do Prêmio Nacional de Inovação
6º Congresso de Inovação da Indústria Fotos: Luludi Agência Luz, José Paulo Lacerda/CNI
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a abertura do Congresso, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Aldo Rebelo, disse que “não há fronteiras entre os interesses público e privado para se buscar a inovação, mas sim o interesse nacional como denominador comum”. Aldo também afirmou que o compromisso do MCTI “é recompor seu orçamento e os Fundos Setoriais, além de fortalecer iniciativas vitoriosas, como a Embrapii”. Robson Andrade, presidente da CNI, afirmou que a instituição tem mantido diálogo com o Governo, sugerindo iniciativas que visem melhorar a competitividade da indústria brasileira. Andrade lembrou que a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) tem dado “uma contribuição fundamental nessa questão, lutando para que a inovação seja uma estratégia de desenvolvimento nas empresas, e não apenas uma agenda pontual”. O presidente do Sebrae, Luiz Barreto, disse que “há inúmeras
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Na abertura do evento
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Diretor de Administração e Finanças do Sebrae, José Claudio dos Santos
oportunidades para a indústria, mesmo no atual momento de retração”. “Certamente, devemos reunir esforços para disseminar a cultura e o fomento da inovação em todos os setores, e operar em toda a cadeia de geração do conhecimento que leva a esse caminho”, afirmou Luis Fernandes, presidente da Finep, durante o painel “Financiamento e Inovação”, no primeiro dia do Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, no Sheraton WTC Golden Hall, em São Paulo. Segundo Fernandes, “mesmo numa posição desfavorável na atual corrida veloz mundial pela inovação, o Brasil pode escolher um caminho de repensar sua política industrial com uma governança mais eficaz e efetiva, além de promover uma melhor articulação dos setores público e privado”, disse. O evento, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Sebrae, reuniu especialistas, empresários e representantes de ministérios e de agências de fomento do Governo, como Finep e BNDES.
Investimento público No painel “Financiamento e Inovação”, Mariana Mazzucato, especialista em inovação, professora da Universidade de Sussex , Inglaterra, disse que a imagem caricatural
Diretora-técnica do Sebrae, Heloísa Menezes durante o Prêmio Nacional de Inovação 2015
Categoria gestão da inovação, modalidade pequenos negócios. Vencedora Paiva Piovesan Softwares
de que o papel do investimento público na economia e inovação no mundo, que seria apenas “regulador e burocratizante”, não se sustenta. De acordo com ela, o Estado é um dos maiores investidores em inovação em países desenvolvidos, diferente da imagem que o senso comum tem, e que a “ação prática da inovação só aconteceria no setor privado”. “Nos EUA, agências públicas, como o Departamento de Defesa, a Nasa, Saúde e Energia, são responsáveis por imensos investimentos de risco, maiores do que qualquer empresa privada”, disse. A professora diz que o mesmo ocorre em bancos e agências públicas e de investimento, como na China,
Alemanha e Rússia, citando o BNDES e a Finep, no caso brasileiro. Mariana afirma que o Governo brasileiro, desde 2012, tem mostrado que é “possível investir e crescer sem deixar de lado a mitigação da pobreza, por exemplo”. Apesar do momento de esfriamento econômico no Brasil, ela considera “excessivas as críticas que se fazem a tudo que se refere ao Governo. A especialista finalizou sua fala dizendo que “há, sem dúvida, vários problemas a serem contornados no Brasil, mas que é importantíssimo que se compreenda a dimensão do Estado como empreendedor ativo, o que realmente é. Agora a hora é de reativar conversas com agendas positivas e pensar criativamente para realizar reformas no setor público”, afirmou.
Inovação e RH No mesmo painel, o pesquisador do Center for Digital Business do Massachussetts Institute of Technology (MIT), Michael Schrage, disse que crédito e outras formas de incentivo à inovação dificilmente terão resultados sem um componente essencial: pessoas. “Se você se importa com inovação, precisa investir em capital humano. O futuro da inovação no Brasil será resultado dos investimentos que o País – governo e empresas – fizer em recursos humanos agora”, afirmou.
Sucesso empresarial Representantes da MEI lançaram, durante o evento, um livro com 22 casos de sucesso de empreendedorismo no Brasil, além de um manifesto em que conclamam empresários e Governo para a urgência do fortalecimento da inovação, para dinamizar e impulsionar o desenvolvimento do País. No final do primeiro dia do Congresso, aconteceram painéis de discussão sobre Mobilidade Urbana e Tendências em áreas de ponta em ciência e tecnologia.
Chamada CNI/ Sebrae e Prêmio Durante a solenidade do Prêmio Nacional de Inovação 2015 revistaamazonia.com.br
A CNI e o Sebrae lançaram a primeira edição da Chamada Nacional de Projetos, que terá aporte de R$ 20,5 milhões. REVISTA AMAZÔNIA 33
A iniciativa visa apoiar, técnica e financeiramente, micro e pequenas empresas industriais por meio de consultorias em gestão da inovação e gestão empresarial. Os projetos devem ser apresentados pelos Núcleos Estaduais de Inovação do Sistema Indústria, sediados nas Federações, SESI, SENAI e IEL, em parceria com as Unidades Federativas do Sebrae. No final do dia, foi realizada a cerimônia do Prêmio Nacional de Inovação, pela CNI e Sebrae, com o apoio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Movimento Brasil Competitivo (MBC), Finep – Inovação e Pesquisa - e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, José Aldo Rebelo Figueiredo
Cinco dos dez vencedores são pequenas empresas Participação dos pequenos negócios em premiação do Para Gabriel Nunes, da TNS, a utilização de nanotecnologia deve crescer em todos os setores
Sebrae e CNI cresceu 90% em três anos Das dez empresas vencedoras do Prêmio Nacional de Inovação 2015, instituído pelo Sebrae e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), cinco são pequenos negócios. A premiação, entregue na noite desta quarta-feira (13), em São Paulo, foi um dos pontos altos do 6º Congresso Nacional de Inovação na Indústria. Durante a entrega dos prêmios, a diretora-técnica do Sebrae, Heloisa Menezes, destacou a importância do crescimento do número de Pequenos Negócios no prêmio. Heloísa lembrou que o Sebrae participa há três anos da premiação e que, nesse período, a participação das micro e pequenas empresas cresceu quase cinco vezes.
“Do total, 90% das empresas que estão participando dessa edição do prêmio são de pequeno porte. Na primeira edição, tivemos pouco mais de 400 inscrições. Nessa, ultrapassamos a marca de 2,2 mil empresas”, destacou. “Acreditamos que reconhecer e premiar os melhores projetos de inovação e de gestão é um grande incentivo para os empresários desenvolverem projetos”, acrescentou a diretora. Ela enfatizou que o prêmio é uma oportunidade para reconhecer empresas atendidas pelo programa Agentes Locais de Inovação (ALI), bem como seus agentes e coordenadores. Das dez empresas vencedoras, cinco são pequenos negócios. Heloisa Menezes lembrou ainda que o programa ALI já existe há cinco anos, com 1,2 mil agentes atuando junto às empresas. No ano passado, os ALI acompanharam 50 mil empresas e a meta é superar esse número em 2015. Ken Washington, vice-presidente de pesquisa e engenharia avançada da Ford mundial
Na reunião da Mobilização Empresarial pela Inovação, MEI
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Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade; Ministro da Ciência Tecnologia e Inovação, José Aldo Rebelo Figueiredo e o presidente do SEBRAE, Luiz Barretto
John Kao fala sobre inovação no estande do Indústria do Futuro
Em seu discurso, Heloisa Menezes disse ainda que o desafio da inovação não está restrito apenas às grandes empresas e não implica, necessariamente, em muito investimento. Ela sustentou que o Sebrae tem atuado para ajudar os pequenos negócios a encontrar soluções para, por exemplo, redução de gastos com energia, água e para induzir a visão sobre novos modelos de negócios. “O segredo para combater a crise é inovar. A capacitação e informação são a chave do sucesso”, disse ela.
Entrega a representantes da Mobilização Empresarial pela Inovação, MEI, da publicação Inovar é Saber
A premiação O Prêmio Nacional de Inovação é uma iniciativa da Mobilização Empresarial da Inovação (MEI) e é realizado pelo Sebrae e pela CNI, com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT).
Ganhadores do Prêmio Central de Impressoras (Pequena Empresa); Tecsistel (Pequena Empresa); Jera (Pequena Empresa); Profilática Produtos Odonto Médico Hospitalares (Média Empresa); Dublauto Gaúcha (Média Empresa); Paiva Piovesan Softwares (Pequena Empresa); Hi Tecnologies (Pequena Empresa); Ciser (Grande Empesa); Natura Cosméticos (Grande Empresa); Votorantim Cimentos (Grande Empresa). No painel Financiamento e Inovação. João Carlos Ferraz, BNDES
No painel “Financiamento e Inovação”, com Luis Fernandes, presidente da FINEP Na sessão: Recursos humanos e engenharias para inovação. Ricardo Pelegrini, moderador; Edward Crawley da Scolkovo; Josie Adams da Avon; Richard Miller, Reitor da Olin College e Carlos Pacheco do CNPEM revistaamazonia.com.br
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Biocosméticos invadem o Brasil pela Amazônia Indústrias estão de olho neste novo filão
por Celso Freire Fotos: Ag.Pará, Divulgação, ICMBio, Priscila Salles – Ibram
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pós a descoberta e o sucesso da biojóias, onde é utilizado elementos da natureza para confeccionar bijuterias e joias da Amazônia, a aposta agora é o biocosmético, com conceito de beleza ecologicamente correta. Segundo a Lei 2906/08, o termo biocosmético aplica-se a cosméticos com alta concentração de ativos da Amazônia, 10% a 25%. Os cosméticos habituais não utilizam tal concentração de ativos. O uso de produtos naturais nos produtos de cosméticos não é novo, mas é pouco explorado pelo mercado, principalmente na região Norte onde os insumos são mais comuns. Esse cenário vem mudando nos últimos anos. De olho nesse, praticamente, “novo filão”, as indústrias já começaram a se mexer. A Fiepa - Federação das Indústrias do Pará - por exemplo, realizou diversos encontros este ano para tratar do assunto biocosmético. “Esse é um dos setores da indústria do Estado que mais pode crescer,
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apesar de todas as dificuldades, inclusive pela distância que os produtores estão dos grandes centros, e se tornarem competitivos”, ressalta o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos, Petroquímicos, Farmacêuticos e de Perfumaria do estado do Pará, Nilson Azevedo, que também é vice-presidente da Fiepa. A Fiepa aposta na parceria com os órgãos governamentais e o Sebrae – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, para incentivar as comunidades que vivem da exploração de produtos da natureza. “A idéia é ajudar essas pessoas a se organizarem em cooperativas para que possam se beneficar dessa matéria prima e vendê-la para grandes indústrias de cosméticos”, afirma Nilson Azevedo. A secretária adjunta da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, Sedeme, Maria Amélia Enriquez disse que o governo do Estado vem desenvolvendo projetos para ajudar essas comunidades e cooperativas a explorar a natureza de maneira sustentável. “Se você trabalha de forma sustentável a floresta, ela vai te sustentar ao longo do tempo. E além disso, é fundamental para a qualidade de vida das pessoas que vivem nesta
área e gerar alternativa de renda”, explica Maria Enriquez. A Região Amazônica é rica em matéria prima para a indústria do cosmético. As grandes empresas já começaram a ser instalar, principalmente no estado do Pará. Essa vinda é bem vista pelo Governo do Estado. Segundo a secretária adjunta da Sedeme, Maria Amélia Enriquez, devem ser criadas novas oportunidades de empregos para os paraenses. Maria Amélia Enríquez afirma ainda que o governo está discutindo o projeto estruturante para toda cadeia do setor de cosméticos através do Arranjo Produtivo Local (APL) de biocosméticos na Região Metropolitana de Belém. O projeto de APL reúne grandes e pequenos empresários e instituições como Sebrae Pará e o Sebrae Nacional, Banpará, Rede CIN, coordenada nacionalmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Rede Brasileira dos Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), que trabalha pela internacionalização de empresas brasileiras. Analista de Projetos do Sebrae Nacional, Maria Regina Diniz frisou a relevância da iniciativa do Governo do Estado. “Sem o Estado não se consegue um APL melhor. A participação do governo é importantíssima’’, avaliou revistaamazonia.com.br
A Região Amazônica é rica em matéria prima para a indústria do cosmético
ela, que coordena duas carteiras de projetos no País, a de cosméticos e a de alimentos e bebidas, no âmbito do Sebrae. A empresária Fátima Chama, que preside o sindicato do setor de cosméticos, além de ser sócia-fundadora da empresa Chamma da Amazônia, ressalta que este é o momento propício para o setor. Temos um grande potencial. Temos a matéria prima, mas precisamos agregar ainda mais valor a ela e produzir com os nossos insumos’’, disse a empresária.
Ribeirinhos formam cooperativas para gerar renda Os agricultores do interior do estado estão vendo nas colheitas das sementes, uma ótima oportunidade de ganhar dinheiro e gerar renda. Os produtores da ilha de Cotijuba, próxima de Belém, produzem duas espécies dessas plantas que interessam a indústria cosmética: a pripioca e a ucuúba. Eles formam a Associação Movimento de Mulheres de Belém. Tudo que é coletado é vendido para a empresa Natura, que é a maior compradora e parceira das vinte famílias dessa cooperativa. No município de Cametá, os agricultores da cooperativa
são áreas preservadas”, afirma Antônio Dias. Há doze anos, a cooperativa Campo Limpo, da cidade de Santo Antônio do Tauá, vende a pripioca para a indústria de cosmético. A agricultora Maria Miranda garante que os 42 sócios melhoraram de vida. “Mudou muita coisa. As casas eram de barro, madeira. Hoje não. As casas são de alvenaria”, disse Maria Miranda.
Mercado nacional do cosmético cresce a cada ano Vice-presidente da Fiepa, Nilson Azevedo, diz que o mercado está de olho nesse novo filão
Agrícola Resistência coletam diversas sementes como o muru-muru, andiroba e a ucuúba nas áreas de várzeas. Com a fundação da cooperativa, a vida dos agricultores mudou, principalmente a financeira. Anualmente, o faturamento da cooperativa está em torno de R$ 300 mil. Cada agricultor recebe em média R$ 3 mil por produção. Segundo o agricultor Antônio Dias, a preocupação com a natureza também mudou: “Quando a gente começou esse trabalho, muitas áreas estavam degradadas. A partir deste trabalho, a gente começou a incentivar e ter a comercialização garantida. Os agricultores passaram a plantar e hoje
Segundo dados da Abihpec, Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, perfumaria e cosméticos, o setor tem apresentado um crescimento médio de 10% nos últimos 17 anos consecutivos, tendo passado de um faturamento de R$ 4,9 bilhões, em 1996 para R$ 34 bilhões em 2012. “Vários fatores foram determinantes para este expressivo crescimento, entre eles a ascensão da mulher no mercado de trabalho, a utulização da tecnologia de ponta e o aumento da produtividade”, ressalta João Carlos Basilio, presidente da Abihpec. Hoje, a Abihpec conta com 2.392 empresas atuando no mercado, dispostas em todo o território nacional, tendo a região sudeste como maior polo, com cerca de 1.473 empresas e a região norte com 46. Apenas 20 indúsOs ribeirinhos estão vendo nas colheitas das sementes, uma ótima oportunidade de ganhar dinheiro e gerar renda
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Analista de Projetos do Sebrae Nacional, Maria Regina Diniz frisou a relevância da iniciativa do Governo do Estado
trias são de grande porte, com faturamento líquido de impostos acima dos R$ 100 milhões, o que representa cerca de 73% do faturamento total. Atualmente 30% do setor nacional de cosméticos é regido pelas novidades.
Mercado local ainda tem muito o que explorar O mercado local de biocosméticos ainda não alavancou na Amazônia. Apenas algumas empresas locais conseguem utilizar as sementes em seus produtos. Nem os ribeirinhos sabem a força que vem da natureza. A constatação é da pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ana Cláudia Lira Guedes. Apesar da insituição não trabalhar diretamente com o biocosmético, o alerta tem razão de ser. A Embrapa trabalha com os produtos florestais não madeireiros, e alguns podem ser usados na indústria cosmética e farmacêutica, como o óleo da copaiba, o óleo da andiroba e o óleo do pracaxi. “A gente já sabe que esses produtos são matérias primas para vários cosméticos e medicamentos”, ressalta a pesquisadora. Para ela, o mercado ainda têm muito o que crescer. “A gente tem um laboratório vivo, uma matéria prima em abundância na floresta, mas, infelizmente, não temos capacidade de gerenciar, de explorar sustentavelmente, por falta ainda de conhecimento. Existe ainda algumas lacunas, que precisamos preencher e a Embrapa vem para isso”, disse Ana Lira. No início deste ano, o Estado recebeu a visita de Hans Biener, relações internacionais do grupo austríaco Sealife Pharma, e de Walter Welz, professor da Universidade de Wels e representante da empresa. Os dois vieram à Belém para uma prospecção que vai definir a realização de pesquisas científicas a partir do processamento de extratos naturais encontrados em espécies da flora regional. Já está programada uma visita dos representantes do grupo austríaco e da UFPA à fábrica da Natura instalado no município de Benevides.
Óleos da Amazônia fazem sucesso Os óleos essenciais tem a função de controlar a multiplicação e renovação celular e possuem efeitos curativos no organismo humano. Esses óleos podem ser encontrados no exterior das folhas, na película das frutas cítricas e nas cascas de algumas árvores, sendo responsáveis pelas frangrâncias delas. Especialistas afirmam que os óleos, utilizados como cos38 REVISTA AMAZÔNIA
Pesquisadora Ana Cláudia Lira, Embrapa Amapá
méticos, estimulam, através do olfato, o sistema nervoso central, o cérebro, a memória e a psique. Eles induzem a liberação de substânicias neuroquímicas. Quando aplicadas à pele, os óleos essenciais regulam as atividades dos capilares e devolvem a vitalidade do tecido. Suas propriedades antissépticas, estimulantes, cicatrizantes e calmantes, penetram nos poros atingindo a corrente sanguínea e o sistema linfático, chegando ao órgãos.
Principais óleos essenciais amazônicos A sensação do momento são os óleos vegetais extraídos principalmentes das sementes de plantas e frutas da Amazônia. Eles aumentam a proteção da pele contra a perda excessiva de líquidos, permitem a respiração cutânea e assimilam a luz solar. Andiroba – (Carapa Guianensis) – A andiroba é uma árvore de grande porte, que pode chegar a atingir 30 metros de altura. Floresce de agosto a outubro na Amazônia e frutifica de janeiro a maio. O óleo de andiroba possui excelentes propriedades. É utilizado para a produção de repelentes de insetos, possui efeitos cicatrizantes, antissépicos e anti-inflamatórios.
A secretária adjunta da Sedeme, Maria Amélia Enriquez ressalta o apoio do Estado
Castanha-do-Pará (Bertholletia Excelsa)
Copaíba (Copaifera Officinalis) – A copaíba é uma planta originária da América do Sul, e no Brasil, é encontrada no estado do Amazonas. O óleo é utilizado na medicina popular com cicatrizante, anti-inflamatório. No cosmético é utilizado como fixador para perfumes.
Copaíba (Copaifera Officinalis)
Muru-Muru (Astrocarym Murumuru) - O muru-muru é uma palmeira comum da floresta tropical, especialmente nos estados do Acre, Amazonas e Pará. É utilizado para hidratação da pele, hidratação e proteção do cabelo.
Andiroba (Carapa Guianensis)
Muru-Muru (Astrocarym Murumuru)
Buriti (Mauritia Flexuosa) – O óleo vegetal de buriti é comum nas savanas e sertões do Brasil. A palmeira pode chegar a 35m de altura. Buriti significa, em tupi-guarani, aquele quem contém água. Atua principalmente como oxidante. Fortalece a pele, devolvendo-lhe brilho e maciez. Possui efeito cicratrizante. Castanha-do-Pará (Bertholletia Excelsa) – Árvore nativa da floresta amazônica. Sua semente da contém selênio, que combate os radicais livres, tem alto valor calórico e proteico. Seu óleo é utilizado para evitar o aparecimento de estrias, cremes, sabonetes finos, loções para o corpo, condicionadores e tratamento de cabelos danificados.
Priprioca (Cyperus Articulatus L) – A priprioca é uma espécie de capim alto e suas raízes tem tubérculos miúdos; quando cortados, exalam fragrância incomum. Tradicionalmente usada em banhos de cheiro e na fabricação de colônias artesanais no norte do país, principalmente no Pará. revistaamazonia.com.br
24th World Mining Congress MINING IN A WORLD OF INNOVATION
18 a 21 de outubro de 2016 Centro Empresarial SulAmérica Rio de Janeiro/RJ
APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS TÉCNICOS O evento, que terá como “Mineração no Mundo da Inovação”, congregará área de exposição, congresso e apreAPRESENTAÇÃO DEtema TRABALHOS TÉCNICOS sentação de trabalhos técnicos. A integração de altos executivos, profissionais da mineração e acadêmicos, bem como O evento, que terá como tema “ Mineração no Mundo da Inovação ”, congregará área de exposição, de importantes investidores brasileiros e internacionais significará, sem dúvida alguma, uma ampla troca de informações em relação ao desenvolvimento da mineração, ciência, tecnologia, economia, saúde e segurança do trabalhador e sustentabilidade ambiental.
sem dúvida alguma, uma ampla troca de informações em relação ao desenvolvimento da mineração, TEMAS ciência, tecnologia, economia, saúde e segurança do trabalhador e sustentabilidade ambiental. • Pesquisa Mineral TEMAS • Mina a Céu Aberto • Mineração Subterrânea • Pesquisa Mineral
• Economia Mineral • Automação e Robótica • Sustentabilidade na Mineração • Inovação na Mineração • Sustentabilidade na Mineração • Processamento Mineral
Mina a Céu Aberto • M ineração Subterrânea 01/05/2015Mineral Abertura para apresentação de resumos • Economia •
CRONOGRAMA
Processamento Mineral Automação e Robótica • Inovação na Mineração • •
01/11/2015 Data limite para apresentação de resumos 01/12/2015 Notificação aos autores sobre aceitação dos trabalhos CRONOGRAMA 30/03/2016 Prazo final para apresentação dos trabalhos 01/05/2015 Abertura para apresentação de resumos 15/06/2016 Prazo final para submissão dos trabalhos 01/11/2015 Prazo final Datapara limite para apresentação deapresentadores resumos 30/08/2016 inscrição para autores e de trabalhos técnicos
01/12/2015 Promoção 30/03/2016
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15/06/2016 30/08/2016 Agência de Comunicação
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Realização:
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5/13/15 3:13 PM
Fundo Amazônia assina primeiro contrato elaborado por indígenas Fotos: Valter Campanato/ Agência Brasil
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primeiro contrato elaborado por índios e apresentado ao BNDES, sem intermediação de organizações não governamentais (ONGs) ou entidades do setor público, foi assinado entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Associação Ashaninka do Rio Amônia, situada no município de Marechal Thaumaturgo, no Acre, na fronteira com o Peru, com a finalidade de promover uma alternativa econômica sustentável ao desmatamento O contrato, assinado tem valor de R$ 6,6 milhões e se refere ao projeto Alto Juruá, que beneficia não só o povo Ashaninka, mas também comunidades indígenas e não indígenas localizadas no entorno da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, envolvendo várias áreas protegidas. Com a assinatura do contrato com os Ashaninka, o fundo completa o investimento de R$ 88,3 milhões. O novo edital, que já tem os projetos selecionados,prevê mais R$ 66,5 milhões em recursos. Do total de R$ 154,8 milhões, R$ 13,5 milhões serão geridos diretamente por indígenas. O projeto objetiva promover o manejo e a produção agroflorestal nas comunidades, com o propósito de constituir alternativa econômica sustentável ao desmatamento, além de apoiar iniciativas de monitoramento e controle do território e de fortalecimento da organização local, na região do Alto Juruá, no Acre. Serão atendidos pelo projeto os 720 habitantes da Terra
Os Ashaninka vivem na região do alto Juruá, no Acre, e somam mais de 1000 pessoas
Indígena Kampa do Rio Amônia, 600 pessoas da Terra Indígena do Rio Breu, além de 50 comunidades da Reserva Extrativista Alto Juruá. O projeto, que vai também capacitar seis comunidades Ashaninka do Peru, tem prazo de execução de 36 meses.
Durante a assinatura do contrato entre o BNDES e índios Ashaninka no valor de R$ 6,6 milhões 42 REVISTA AMAZÔNIA
Representantes da Associação Ashaninka do Rio Amônia reuniram-se com técnicos do BNDES para tratar de detalhes do projeto. A operação foi aprovada em fevereiro passado e resultou de análise conjunta do Projeto Alto Juruá pela equipe do banco, responsável pelo Fundo Amazônia, com representantes dos Ashaninka. Segundo o BNDES, o projeto com os Ashaninka do Rio Amônia é a quinta iniciativa que o Fundo Amazônia apoia tendo como objetivo específico o fortalecimento de povos indígenas. Os cinco projetos somam R$ 75 milhões de apoio financeiro, em recursos não reembolsáveis. Mais oito projetos de comunidades indígenas atendidos pelo Fundo Amazônia totalizam R$ 14 milhões. Até 1º de abril deste ano, o número de projetos apoiados por esse fundo são 72, no valor de R$ 1,086 bilhão, sendo que nem todos já tiveram os recursos liberados. O total desembolsado foi R$ 421,3 milhões. Estabelecido pelo Decreto 6.527, de 1º de agosto de 2008, o Fundo Amazônia tem por finalidade captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia. O fundo é gerido pelo BNDES, que aplica os recursos advindos das doações. De revistaamazonia.com.br
No anúncio do resultado da primeira chamada pública do Fundo Amazônia de apoio à Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas. Ao todo, foram selecionadas oito propostas, uma delas gerida diretamente pelos índios, a Associação Floresta Protegida, dos kayapós, no estado do Pará
outubro de 2009 até o último dia 13 de março, as doações recebidas pelo Fundo Amazônia alcançavam cerca de R$ 2,060 bilhões.
Estratégia O projeto, desenhado pela comunidade indígena durante três anos, faz parte da estratégia dos Ashaninka de proteção de seu território e dos recursos naturais, que viram no trabalho com a população do entorno uma forma de mobilizar parcerias e minimizar as pressões predatórias sobre a região. Envolvendo uma abordagem territorial diferenciada para o enfrentamento das pressões por desmatamento em terras indígenas e inclui ações de capacitação concebidas de modo a fortalecer o protagonismo indígena. As propostas, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, abrangem 40 terras indígenas e cobrem cerca de 44% das reservas da Amazônia. Os territórios indígenas, segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, são fundamentais na preservação da Amazônia. No bioma existem 324 terras indígenas. “Temos a plena convicção de que é por intermédio desses atores que se combate [melhor] o desmatamento”, enfatizou. No novo edital, serão também beneficiadas diversas organizações indigenistas Kanindé: Instituto Socioambiental, Iepé, Poloprobio, Centro de Trabalho Indigenista, Operação Amazônia Nativa e Comissão Pró-Índio do Acre. O investimento fomentará atividades produtivas sustentáveis, a recuperação ambiental de áreas degradadas e implantação de experiências de gestão de resíduos sólidos, além da produção de energia solar em terras indígenas. revistaamazonia.com.br
Segundo Francisco Piyãko, representante dos ashaninkas, os recursos são fundamentais para quem vive uma luta cotidiana pela preservação das florestas. "Esse contrato está para potencializar um trabalho que a gente já está fazendo, de gestão territorial, desenvolvimento sustentável, pensando no fortalecimento das comunidades e também dialogando com as comunidades tradicionais do entorno", destacou. Piyãko ressaltou que pelo menos 12 mil pessoas serão diretamente beneficiadas, sendo 1,5 mil indígenas e 50 comunidades extrativistas
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A Amazônia depende do Saara para ser fértil Fotos: Atmospheric Chemistry and Dynamics Lab, Imagem Conceptual, NASA/Goddard Space Flight Center
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Deserto do Saara e a floresta amazônica parecem habitar mundos separados. O primeiro é uma vasta extensão de areia que se estende através do terço norte da África, enquanto o último é uma massa verde com cobertura de selva densa, no nordeste úmido da América do Sul. Milhares de quilômetros de mar separam o deserto do Saara da selva amazônica. E, no entanto, eles são e estão conectados: a cada ano, milhões de toneladas de areia do Saara, ricos em nutrientes, atravessam o Oceano Atlântico, trazendo o fósforo vital e outros fertilizantes para os solos esgotados da Amazônia. Pela primeira vez, os cientistas têm uma estimativa precisa de quanto fósforo faz esta viagem transatlântica. Um novo artigo, aceito para publicação recentemente, na revista Geophysical Research Letters, coloca o número em cerca de 22 mil toneladas por ano, o que corresponde aproximadamente a quantia que a Amazônia perde com a chuva e inundações. Isso representa apenas 0,08% dos 27,7 milhões de toneladas de areia do Saara se instala na Amazônia a cada ano. A descoberta é parte de um esforço de pesquisa maior para compreender o papel de poeira no ambiente e seus efeitos sobre o local e o clima global. “Sabemos que a poeira é muito importante em muitos aspectos. É um componente essencial do sistema Terra. A poeira vai afetar o clima e, ao mesmo tempo, as mudanças climáticas afetarão a poeira”, disse o principal autor Hongbin Yu, Hongbin Yu, cientista atmosférico da Universidade de Maryland, que trabalha no Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland. De especial interesse é o pó levantado a partir do Bodélé Depressão, no Chade. Este antigo lago que contém enormes depósitos de microorganismos mortos são carregados com que o fósforo. Os solos da Amazônia, por sua vez, estão carentes de fósforo e outros nutrientes críticos que foram levados por chuvas frequentes e fortes, na bacia amazônica. Yu e seus colegas analisaram as estimativas de transporte em pó com base em dados coletados pela NASA satélite CALIPSO (Cloud-Aerosol Lidar Infrared Pathfinder Satellite e Observação) entre 2007 e 2013. A equipe fo44 REVISTA AMAZÔNIA
Analisando dados do satélite MODIS, da NASA, os cientistas descobriram que o deserto do Saara é a maior fonte de uma espécie de “adubo” que mantém a Amazônia viva. Os minerais e nutrientes são trazidos pelo vento, na forma de poeira revistaamazonia.com.br
Deserto do Saara fornece “adubo” para Floresta Amazônica Adubo da floresta amazônica O que têm em comum a Floresta Amazônica, com toda a sua imagem de vida e biodiversidade, e o deserto do Saara, talvez o mais bem acabado retrato terrestre de uma região inóspita e da ausência de vida? Analisando dados do satélite da NASA, os cientistas descobriram que o deserto do Saara é a maior fonte de uma espécie de “adubo” que mantém a Amazônia viva. A areia de uma região específica do Saara, chamada Depressão Bodélé, localizada no Chade, é a grande responsável pelo ressuprimento dos nutrientes e minerais no solo de toda a região da floresta amazônica. cada na areia do Saara, transportados através do Oceano Atlântico para a América do Sul e além, o Mar do Caribe, o maior transporte de poeira do mundo. A equipe estimou o teor de fósforo na poeira do Saara, estudando amostras da Bodélé depressão e estações terrestres em Barbados e Miami. Eles então usaram essa estimativa para calcular a quantidade de fósforo que é depositado na bacia amazônica. Embora o registro de dados de sete anos seja muito curto para tirar conclusões sobre tendências de longo prazo, é um passo importante para a compreensão de como a poeira e outras partículas transportadas pelo vento, se comportam e como eles se movem através Oceano. “Precisamos de um registro de medidas para compreender se existe ou não, um padrão bastante consistente e bastante robusto para este transporte”, disse Chip Trepte, cientista do projeto da NASA no Centro de Pesquisas Langley. Ano após ano, o padrão é altamente variável. Houve uma mudança de 86 por cento entre a maior quantidade de poeira transportada em 2007 e em 2011. Yu e seus
O instrumento a bordo do satélite Calipso envia pulsos de luz que saltam fora das partículas na atmosfera e voltam para o para o satélite. Ele distingue de outras partículas de pó com base em propriedades ópticas
Também dizem Alguns pesquisadores austríacos acreditam que a nascente do rio Amazonas era no Saara, antes da divisão dos continentes, e ele era um rio que corria para o oceano Pacífico revistaamazonia.com.br
Outra observação através o satélite Calipso, da poeira saariana atravessando Oceano Atlântico REVISTA AMAZÔNIA 45
Fonte de poeira
A Depressão Bodélé
“A Bodélé é conhecida como a maior fonte de poeira do mundo, mas até agora ninguém tinha uma idéia de quanta poeira ela emitia e que porção chegava até a Amazônia. A Depressão Bodélé tem apenas 0,5% da área da Amazônia, mas contribui anualmente com cerca de metade da poeira necessária para reabastecer o solo da floresta com nutrientes. Os nutrientes chegam até o solo principalmente pela ação das chuvas, que dissolvem a poeira trazida pelo vento e liberam os minerais que serão assimilados pelas plantas da floresta.
colegas acreditam que mais baixa variação é devido às condições do Sahel, a longa faixa de terra semiárida na fronteira sul do Sahara. Anos de muita chuva no Sahel foram tipicamente seguido de baixo transporte poeira no próximo ano. Embora o mecanismo por trás dessa correlação é desconhecida, Yu e sua equipe tem algumas idéias. Aumento das chuvas pode significar mais vegetação e, portanto,
menos solo exposto à erosão eólica no Sahel. Uma segunda explicação, o mais provável é que a quantidade de chuva está relacionada com os padrões de circulação de ventos que varrem a poeira do Sahel e do Saara na atmosfera superior, onde faz a longa viagem através do oceano. “Este é um pequeno mundo, e estamos todos interligados”, disse Yu.
O satélite Calipso, lançado em 2006, voa em mais de 15.000 milhas por hora, fazendo observação da Terra
Já comprovado pelo Satélite A primeira imagem abaixo mostra o MODIS-Terra Aerosol com profundidade óptica a 555 nm de dados para o período de junho a agosto, mostrando o transporte de poeira saariana sobre o Oceano Atlântico tropical ao largo da costa da África. As áreas reflexivas brilhantes do deserto do Saara não são processadas pelo algoritmo regulares aerosol MODIS. A segunda imagem é o produto de dados aerosol Deep Blue, que fornece dados de aerossóis sobre áreas terrestres brilhantes. Na imagem aerosol Deep Blue, a grande área vermelha na África central (perto da linha média do país de Chad) corresponde à localização do Bodélé, fonte de grande parte da poeira saariana que atravessa o Oceano Atlântico e cai sobre a Amazônia. (Koren et al 2006, A depressão Bodélé:. Um único ponto no deserto do Saara, fornece a maior parte da poeira mineral para a floresta amazônica, Environmental Research Letters, 1 (1), doi: 10,1088 / 1748-9326 / 1/1 / 014005) 46 REVISTA AMAZÔNIA
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O relatório Sustentabilidade da Bioenergia da Unesco Fotos: Claudio Arouca/ FAPESP, oakland.edu
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ançado recentemente, o relatório Bioenergy Sustainability, entre outros assuntos, desmistifica a competição da bioenergia para a produção de alimentos e ressalta os benefícios econômicos como a geração de empregos e aumento de poder aquisitivo para regiões rurais. A bioenergia pode chegar a prover um quarto da energia mundial até 2050, reduzindo poluentes e a emissão de gases do efeito estufa e promovendo desenvolvimento sustentável, entre outros benefícios econômicos e sociais. O conhecimento científico e tecnológico pelo qual esses potenciais podem ser desenvolvidos foi compilado no relatório internacional Bioenergy & Sustainability: bridging the gaps, uma iniciativa da FAPESP com o Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope, na sigla em inglês), agência intergovernamental associada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Lançado na FAPESP durante mesa-redonda sobre Bioenergia e Sustentabilidade, o relatório deverá ser utilizado para subsidiar políticas do governo do Estado de São Paulo para o setor.. A publicação é resultado do trabalho de 137 especialistas de 24 países, recrutados em 82 instituições e coordenados por pesquisadores dos programas FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA) e Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG). “Além de ser considerada uma alternativa valiosa do ponto de vista da eficiência e da segurança, a bioenergia traz importantes contribuições no nível geopolítico por ser um recurso flexível e sustentável, contribuindo também para a mitigação das mudanças climáticas. Essas e outras vantagens da produção adequada de bioenergia são abordadas no relatório de forma aprofundada e cientificamente embasada”, declarou Glaucia Mendes Souza, membro da coordenação do BIOEN e coeditora da publicação. A orientação de políticas públicas que desenvolvam o setor da bioenergia de forma sustentável é um dos objetivos da FAPESP na iniciativa, declarou na ocasião Celso Lafer, presidente da Fundação. “O fato de o trabalho ter sido coordenado por pesquisadores ligados a importantes programas da FAPESP evidencia a preocupação da 48 REVISTA AMAZÔNIA
Durante o lançamento do relatório Bioenergy Sustainability
instituição com o desenvolvimento sustentável e com a participação multidisciplinar da ciência na formulação de políticas públicas.” Jon Samseth, presidente do Scope, atribuiu a relevância do relatório para o desenvolvimento da bioenergia ao papel desempenhado pelo Brasil no setor e na comunidade científica internacional. “O Brasil conta com as energias renováveis para suprir 41% das suas necessidades energéticas e com uma comunidade científica forte e cada vez mais relevante globalmente. Em torno dessa capacidade foi engajado um conjunto de especialistas de diversas áreas da ciência e regiões do mundo, resultando em um esforço sem precedentes para concentrar em uma única publicação todo o conhecimento disponível em bioenergia.” O desenvolvimento da iniciativa privada também não pode prescindir do conhecimento científico apresentado pelo relatório, declarou no simpósio de lançamento Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que falou sobre a importância da bioenergia em curto prazo para a indústria, os biocombustíveis líquidos e a bioeletricidade.
“Trata-se de um compêndio de informações cientificamente bem fundamentadas, essencial para que a indústria possa discutir uma agenda de políticas públicas e alternativas, especialmente considerando o compromisso global de reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Além de produzir de maneira criativa e sustentável, o desenvolvimento da eficiência energética é um elemento importante para a competitividade da bioenergia”, disse Farina.
Expansão O simpósio de lançamento do Bioenergy & Sustainability: bridging the gaps na FAPESP contou com palestras de editores e autores da publicação e pesquisadores convidados que destacaram, entre outras conclusões do relatório, o potencial latino-americano para expansão do setor. “A disponibilidade de terras para produção de bioenergia está concentrada na América Latina e na África Subsaariana, regiões cujas terras estão sendo utilizadas predominantemente, e em baixa intensidade, como pasto animal”, disse Glaucia Mendes Souza. De acordo com Luiz Augusto Horta Nogueira, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), um dos editores associados e coautor de diversos capítulos do relatório, a América Latina e o Caribe apresentam excelentes condições para a produção de bioenergia. “Cerca de 360 milhões de hectares de terras aptas para a agricultura de sequeiro estão disponíveis na região, o que corresponde a 37% do total mundial e mais de três vezes a área necessária para atender às necessidades alimentares do mundo. Se geridos de forma adequada e com a revistaamazonia.com.br
Resultado do trabalho de 137 especialistas de 24 países e coordenado por pesquisadores de programas FAPESP, estudo deverá subsidiar políticas do governo paulista
adoção de processos eficientes, 20% dessa área poderia produzir anualmente 24 exajoules (EJ) de biocombustíveis líquidos, o equivalente a 11 milhões de barris de petróleo por dia, mais do que a produção atual dos Estados Unidos ou da Arábia Saudita.” Horta Nogueira lembrou que a expansão do setor na região ocorre há algum tempo. “Desde a década de 1980 vários países latino-americanos têm promovido a produção e o uso de biocombustíveis. Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, Jamaica, Panamá e Peru introduziram políticas para o etanol e o biodiesel. Programas de produção de bioeletricidade e biogás também foram implementados e várias nações estão produzindo biocombustíveis líquidos. A relevância dessa produção depende do mercado doméstico.” Ainda de acordo com o pesquisador, a bioenergia moderna está se expandindo na América Latina e no Caribe. “A produção está aumentando, há avanços no marco regulatório, novos projetos vêm sendo implementados e o uso de biocombustíveis está crescendo”, declarou. No entanto, ainda existem desafios a serem superados para desenvolver a bioenergia de forma sustentável nos países da região. “É preciso superar a falta de informação sobre os impactos e os benefícios da bioenergia e os desequilíbrios do mercado, uma tarefa difícil em tempos de petróleo barato. É preciso estabelecer regimes fiscais equilibrados e estáveis, bem como mecanismos de fixação de preços justos para promover mercados de bioenergia”, destacou. Embora apresentando boas condições para a produção de etanol suficiente para atender o consumo potencial interno, programas de biocombustíveis não avançaram no México e no Panamá devido a distorções de preços e falhas de gestão. Esse e outros casos são apresentados no relatório. “O conhecimento organizado e discutido no Bioenergy & Sustainability se apresenta, nesse sentido, como uma importante fonte de informação de qualidade, com orientações e perspectivas adequadas para políticas públicas eficazes em bioenergia”, disse Horta Nogueira.
Segurança De acordo com o relatório, combinar de forma harmônica a silvicultura com políticas agrícolas é fundamental para a produção e o fornecimento sustentável da bioenergia revistaamazonia.com.br
por meio da integração de terras agrícolas e florestas e pastagens, de maneira que não comprometa a produção de alimentos ou ecossistemas. A publicação traz uma série de orientações quanto à segurança alimentar, energética e climática da bioenergia. Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e coautor do relatório, destacou no lançamento aspectos relacionados à segurança climática da bioenergia e seu papel para uma matriz energética sustentável diante de diversos desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas. “Os níveis do aquecimento global, superiores a 2ºC, resultarão em impactos significativos e adversos sobre a biodiversidade, os ecossistemas naturais, o abastecimento de água, a produção de alimentos e a saúde. Quaisquer impactos potenciais de bioenergia devem ser encarados neste contexto”, enfatizou. De acordo com Artaxo, a bioenergia é fundamental para a segurança ambiental e a mitigação das mudanças climáticas. “A bioenergia pode ser economicamente benéfica, por exemplo, por possibilitar o aumento e a diversificação dos rendimentos agrícolas e o crescimento do emprego rural por meio da produção de biocombustíveis para uso América Latina tem potencial maior de expansão da bioenergia, diz relatório
doméstico ou mercados de exportação. Culturas bioenergéticas adequadamente gerenciadas podem ajudar a manter a qualidade do solo e até mesmo resultar em acúmulo de carbono, reduzindo assim a emissão de CO2”, explicou. Mas o pesquisador ponderou que, apesar de a bioenergia desempenhar um papel importante para a mitigação, há questões a serem consideradas quanto à sustentabilidade das práticas e da eficiência dos sistemas de bioenergia. “As implicações negativas do uso da terra para a bioenergia podem ser minimizadas pelo aumento da cota de bioenergia derivada da floresta, de plantações ou resíduos de culturas, pela integração da produção a sistemas de culturas e ao planejamento da paisagem e pela implantação de terras marginais ou degradadas, entre outras medidas.” De acordo com Patricia Osseweijer, da Universidade Técnica de Delft, na Holanda, também coautora do relatório, mais uma vez a América Latina desempenha papel importante na expansão sustentável da bioenergia. “Não há terra suficiente disponível para a produção substancial de bioenergia e alimentos para uma população mundial em crescimento, e a expansão será predo-
minantemente na África Subsaariana e na América Latina. Também não existe uma relação causal inerente entre a produção de bioenergia e a insegurança alimentar. Na verdade, a bioenergia pode melhorar os sistemas de produção de alimentos e o desenvolvimento econômico rural, estimulando investimentos na produção agrícola em áreas pobres e fornecendo um sistema de comutação dinâmica para produzir energia ou alimento sempre que necessário”, destacou. Para a pesquisadora, é um dever ético desenvolver e avaliar práticas de produção de bioenergia e alimentos combinadas especialmente em áreas pobres e em desenvolvimento. “O relatório apresenta uma série de cenários e traz orientações importantes para que a produção de bioenergia cumpra seu potencial de estimular o desenvolvimento rural e a geração de emprego, garantir a segurança energética e o desenvolvimento social.” Glaucia Mendes Souza lembrou que o relatório apresenta evidências de que “a produção de bioenergia em áreas rurais pobres pode ajudar a melhorar o crescimento econômico, o desenvolvimento do mercado da bioeconomia e a segurança alimentar”. No entanto, os benefícios dependem de políticas públicas que garantam sustentabilidade e distribuição igualitária dos benefícios. “A ideia de que os biocombustíveis competem com a produção de alimentos e poderiam levar a aumento dos preços é baseada em suposições, não em fatos. O que se está descobrindo, e o relatório apresenta evidências disso, é que a bioenergia pode ter sinergias benéficas para a produção de alimentos, trazendo modernização para a agricultura, poder aquisitivo para regiões rurais e emprego onde muitas vezes a única fonte de recursos é a agricultura de subsistência”, disse a pesquisadora. Além de Mendes Souza, são editores da publicação Reynaldo Luiz Victória, membro da coordenação do PFPMCG, e Carlos Alfredo Joly e Luciano Martins Verdade, ambos da coordenação do BIOTA. O relatório passa agora para a fase de disseminação dos resultados, com a elaboração de resumos em que serão destiladas as principais mensagens da publicação. Estão previstos lançamentos regionais em São Paulo, Washington, nos Estados Unidos (na sede do Banco Mundial), Bruxelas, na Bélgica, e Nairóbi, no Quênia.
Glaucia Mendes Souza lembrou que o relatório apresenta evidências de que “a produção de bioenergia em áreas rurais pobres pode ajudar a melhorar o crescimento econômico, o desenvolvimento do mercado da bioeconomia e a segurança alimentar” [*] Agência Fapesp REVISTA AMAZÔNIA 49
Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade O Prêmio é uma parceria entre a Capes e a Vale S.A.
Fotos: Priscilla Venancio – CCS/Capes
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s agraciados com o Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade – Edição 2014 participaram recentemente da cerimônia de entrega que aconteceu no edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em Brasília. O presidente substituto e presidente da Comissão de Prêmios da Capes, Lívio Amaral, representando o presidente da Capes, Carlos Afonso Nobre, reconheceu o esforço do ex-presidente da Coordenação, Jorge Almeida Guimarães, pela inspiração, vontade e persistência no estabelecimento de premiações na Fundação. “A implementação de prêmios faz com que tenhamos, no país, momentos para conhecermos e valorizarmos estes estudantes, professores e pesquisadores.” Lívio citou também o Prêmio Capes de Tese e o Prêmio Capes-Interfarma como parcerias de sucesso para valorização da academia. “Que possamos ainda fazer mais parcerias, pois são muitos aqueles que merecem reconhecimento pelo trabalho, esforço e dedicação para produzir riquezas para esse país. Estamos vivendo a era da sociedade do conhecimento, precisamos muito dessas pessoas atuando na academia.” Para finalizar, agradeceu não só aos premiados pelos trabalhos desenvolvidos, mas também aos familiares, peças fundamentais durante a execução dos trabalhos. “Cada familiar é fundamental para que os premiados fizessem não só uma tese ou uma dissertação, mas que
fizessem trabalhos tão bons que foram considerados os melhores entre os inscritos. Se os autores foram capazes de fazer um excelente trabalho, foi também por terem uma estrutura familiar que os apoiassem.” O diretor do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável, Luiz Eugênio de Mello, ressaltou a importância da ciência para a execução de trabalhos de forma sustentável. Por isso ressaltou a importância da premiação a autores que estudam o tema. “É fundamental o incentivo ao desenvolvimento do conhecimento. As parcerias entre empresas e agências como a Capes, o CNPq são muito eficientes.”
Durante a solenidade no edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em Brasília 50 REVISTA AMAZÔNIA
Também entregaram os prêmios o gerente de Parcerias e Recursos da Diretoria de Inovação da Vale S.A. e ex-presidente da Capes, Sandoval Carneiro Junior, e o membro do Conselho Superior da Capes, Arlindo Philippi Jr.
Prêmio Vale-Capes O Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade foi criado inicialmente a partir de parceria firmada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada em 2012. A primeira edição teve cerimônia de entrega em Belém, em 2013, e a premiação da segunda edição foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 2014. O Prêmio é uma parceria entre a Capes e a Vale S. A., firmada com o objetivo de identificar, divulgar e premiar trabalhos que apresentem ideias inovadoras com potencial para transformação em produto ou processo e também promover o reconhecimento da atividade científica e tecnológica em áreas temáticas que versem sobre o desenvolvimento sustentável e, em especial sobre tecnologia socioambiental, tais como Processos eficientes para redução do consumo da água e energia; Aproveitamento e reaproveitamento de resíduos ou rejeitos; Redução de gases do efeito estufa (GEE); e Tecnologias socioambientais, com ênfase no combate a pobreza. O Prêmio é constituído por Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade de Teses de Doutorado e Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade de Dissertarevistaamazonia.com.br
Lívio Amaral, representando o presidente da Capes, Carlos Afonso Nobre, falou sobre a importância do reconhecimento de trabalhos acadêmicos
O diretor do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável, Luiz Eugênio de Mello, ressaltou a importância da ciência para a execução de trabalhos de forma sustentável
ções de Mestrado, e é outorgado às teses e dissertações aprovadas nos cursos de pós-graduação adimplentes e reconhecidos no Sistema Nacional de Pós-Graduação. Nesta terceira edição, de 2014, foram protocoladas 127 inscrições, sendo 37 teses de doutorado e 90 de dissertações de mestrado, apresentadas e defendidas em 2013 em 56 instituições de todo o Brasil. Dentro dos critérios de premiação, originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e inovação, a seleção foi feita por consultores da comunidade acadêmica indicados pela Vale S.A., pelos coordenadores de área da Capes e pela Diretoria de Avaliação da Capes. Segundo Sandoval Carneiro, especialista em Parcerias e diretor-executivo da Associação ITV (Instituto Tecnológico Vale): “O prêmio busca incentivar a produção de pesquisas que podem gerar resultados práticos no futuro para reduzir nosso impacto no meio ambiente. Além do incentivo aos jovens pesquisadores para que prossigam na busca de inovação e novas tecnologias, ele está perfeitamente alinhado com o compromisso da empresa de trabalhar em um mundo com novos valores”. Para o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, o Vale-Capes é resultado de “um esforço conjunto” entre a Capes e a Vale com o objetivo de “formar quadros qualificados em face do desenvolvimento do país”.
Os Vencedores
Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade de Dissertações de Mestrado
Pieter de Jong da UFBA no mestrado. Já o grupo “Tecnologias socioambientais, com ênfase no combate a pobreza” teve como trabalhos vencedores a tese de Andréa Cardoso Ventura da UFBA no doutorado e a dissertação Felipe de Albuquerque Sgarbi da USP no mestrado. Além dos oito premiados, oito pesquisadores - quatro de doutorado e quatro de mestrado - receberam certificado de menção honrosa. Cada vencedor do Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade de Tese de Doutorado receberá R$ 15 mil e uma bolsa para realização de estágio pós-doutoral de
até três anos em instituição nacional, podendo converter em um ano fora do país em uma instituição de notória excelência na área de conhecimento do premiado. Já o ganhador de Dissertação de Mestrado receberá R$ 10 mil e uma bolsa para realização de doutorado em instituição nacional de até quatro anos. Os orientadores também serão prestigiados, recebendo auxílio equivalente a uma participação em congresso nacional (mestrado), e internacional (doutorado), relacionado à área temática da pesquisa. No caso de mestrado, o orientador vai receber R$ 3 mil e o de doutorado, US$ 3 mil. Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade de Teses de Doutorado
Os trabalhos vencedores foram divididos em quatro grupos temáticos. No tema “Processos eficientes para redução do consumo de água e de energia”, os trabalhos premiados foram o de Idelma Aparecida Alves Terra no doutorado e Victor Sette Gripp no mestrado, ambos da Universidade de São Paulo (USP). O grupo “Aproveitamento, reaproveitamento e reciclagem de resíduos e/ ou rejeitos” teve como vencedores Paula Fagundes de Gouvêa, da USP no doutorado e Denilson de Jesus Assis, da Unversidade Federal da Bahia (UFBA) no mestrado. O terceiro grupo temático “Redução de Gases do efeito estufa” premiou Bettina Susanne Hoffmann, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no doutorado e revistaamazonia.com.br
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V Ciclo de Encontros Regionais para o Fortalecimento da Equidade de Gênero e Raça no Mundo do Trabalho Políticas de Ações Afirmativas: Mulheres no Mercado de Trabalho no Século XXI Fotos: Clóvis Amorim Neto e Nágera Dourado/Eletrobras Eletronorte Mato Grosso
R
epresentantes das Nações Unidas, da Secretaria de Política Especial para as Mulheres, dos setores elétrico e bancário e também da área de pesquisa e mineração defenderam a ampliação do Ciclo de Encontros Regionais para o Fortalecimento da Equidade de Gênero e Raça no Mundo do Trabalho. A defesa foi feita em Cuiabá, MT. Mais de 180 pessoas participaram do Seminário “Políticas de ações afirmativas: mulheres no mercado de trabalho no século XXI”, que abriu o evento. O encontro, sediado pela Eletronorte, teve também oficinas temáticas para um grupo de lideranças femininas de nove empresas responsáveis pelo ciclo. Integram o ciclo o Banco do Brasil, Caixa, Correios, CPRM, Eletrobras Eletronorte, Embrapa, Petrobras, Serpro e Itaipu Binacional. O objetivo é promover um debate sobre políticas de ações afirmativas para a superação das desigualdades no mundo do trabalho. Ações afirmativas são um conjunto de medidas especiais voltadas a grupos discriminados. Os encontros, realizados por meio de seminários temáticos e oficinas de capacitação, reúnem lideranças e gestores/as das empresas organizadoras, pesquisadores/as, consultores/as e representantes de organizações públicas e multilaterais envolvidas no debate sobre programas e políticas de promoção da equidade nos ambientes e relações de tra-
Margaret Groff participou dos debates e falou da experiência de Itaipu 52 REVISTA AMAZÔNIA
balho. Os ciclos começaram em 2008. O próximo encontro será sediado pela Itaipu, em data a ser definida.
Lideranças Na abertura, o chefe de gabinete da Eletrobras Eletronorte, José Afonso Ramos da Conceição, representando o diretor-presidente, Tito Cardoso de Oliveira Neto, falou sobre a importância do evento e o empoderamento da mulher, fazendo um breve histórico dos avanços e conquistas da empresa nos últimos dez anos. Ele lembrou o trabalho da coordenadora de Gênero da Eletrobras Eletronorte, Gleide Almeida Brito, afirmando que foi ela quem trouxe para a empresa a discussão sobre o tema. Janice Dias, gerente de Orientações e Práticas de Responsabilidade Social da Petrobras, disse que a ampliação do ciclo representa uma oportunidade de ouvir as estratégias e diretrizes das empresas para implantar a equidade de gênero na gestão e refirmar o compromisso de colocá-la em prática no cotidiano. De acordo com Neusa Tito, secretária adjunta de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres – que representou a ministra Eleonora Menicucci, é necessário que haja uma mudança de cultura para que haja a valorização. “Conquistar a igualdade em todas as dimensões
demanda ações muito articuladas. Deve haver Políticas de Estado, mudança na relação intrafamiliar, e no mercado de trabalho é preciso que as Empresas recebam as mulheres de forma igualitária assim como recebem os homens”. “O combate à desigualdade se faz com ações afirmativas e concretas”. Adriana Carvalho, assessora técnica para os Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU Mulheres, representando Nadine Gasman, coordenadora do escritório da entidade no Brasil, disse que o tema gênero é bastante atual, porque não é possível falar de sustentabilidade sem que haja respeito às diferenças. A diretora financeira executiva de Itaipu, Margaret Groff, defendeu que as mulheres devem ocupar mais espaços nas áreas de ciência e tecnologia, para terem oportunidade de conquistar empregos melhor remunerados. A mulher que consegue o empoderamento, disse ainda, deve contribuir para empoderar outras mulheres, para evitar que elas continuem sendo apenas coadjuvantes nos quadros de pessoal. Valdemar da Silva Neves, titular da Gerência Regional de Gestão de Pessoas do Banco do Brasil no Mato Grosso, reconheceu que, embora a presença da mulher nos quadros de pessoal da instituição tenha se ampliado nos últimos anos, esse aumento ainda não se refletiu de forma revistaamazonia.com.br
equitativa nos cargos de gerência. O superintendente regional substituto da Caixa Econômica Federal no Mato Grosso, José Luiz Dias, afirmou que o banco vem trabalhando de forma estratégica, por meio da meritocracia, para valorizar a mulher em todas as áreas. A assessora da vice-presidência de gestão de pessoas da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Consuelo Aparecida Silski Santos, contou que, dos 129 mil trabalhadores dos Correios, 30% são mulheres. “Há dez anos, éramos 10% do quadro”. Para o chefe da unidade do Serviço Geológico do Brasil - CPRM em Cuiabá, Waldemar Abreu Filho, é preciso
Durante o Seminário Políticas de ações afirmativas: desafios das mulheres no mercado de trabalho no século XXI
Mais de 180 pessoas participaram do Seminário Autoridades reunidas na abertura do evento: Cleber Oliveira Soares (Embrapa), Carlos Roberto Pereira (Caixa), Luiza Helena Bairros (Ex-ministra da SEPPIR), José Adolfo Ramos da Conceição (Eletrobras Eletronorte), Janice Helena de Oliveira Dias (Petrobras), Valdemar da Silva Neves (Banco do Brasil), Neuza Tito (Secretaria de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica/ SPM), Margaret Mussoi Luchetta Groff (Itaipu Binacional), Adriana Carvalho (ONU Mulheres), Consuelo Aparecida Sielski Santos (Correios) e Salvador Souza Barcellos Júnior (Serpro)
reafirmar o compromisso com a equidade. O chefe-geral da Embrapa Gado de Corte da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Mato Grosso do Sul, Cleber Oliveira Soares, questionou: “O que delegamos na gestão? Na prática, estamos aplicando a equidade? Porque a mulher, quando é desafiada, cumpre à risca. Sabe tudo, na ponta da língua e no lápis”. O gerente do escritório do Serviço Federal de ProcessaAna Yara Paulino (DIEESE-SP), Anabelle Carrilho Da Costa (Eletrobras Eletronorte) e Vera Lucia Bertoline (UFMT)
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mento de Dados do MT, Salvador Souza Barcellos Júnior, disse que o Serpro está presente na discussão não só pela adesão, mas, sobretudo, pelo compromisso com o trabalho decente, que se compreende como aquele que oferece a igualdade de oportunidades. também participaram as instituições convidadas: Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social de Mato Grosso (SETAS/MT), a Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres, a Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR) e a Ex-Ministra da Secretaria de Políticas para a Igualdade Racial, Luiza Bairros, que afirmou : “Tem que haver um esforço conceitual para fazer com que as dificuldades sejam minimizadas. Na sociedade de hoje, alguns homens possuem dificuldades em obedecer mulheres que tenham timbres de voz mais agudos. Como podemos nos expressar se não conseguem nos ouvir?”. Como resultado do evento, o Secretário de Estado (Setas/ MT), Valdiney Arruda, se comprometeu como representante do Governo a ampliar as ações relacionadas ao tema. “Nós, gestores públicos, temos uma missão: diminuir desigualdades e permitir que o acesso a todos e todas chegue aos postos de trabalho, independente da profissão”, analisa. REVISTA AMAZÔNIA 53
Aquecimento climático, uma bomba-relógio que origina conflitos no mundo Fotos: Agência de Avaliação Ambiental da Holanda-PBL, NASA GISS, NOAA GFDL
O
s cientistas e especialistas em temas de segurança alertam há anos para o risco de que o aquecimento climático gere instabilidade e conflitos se prosseguir ao ritmo atual, algo que, segundo alguns, já vem e está ocorrendo. As emissões de dióxido de carbono provocam temporais, ondas de calor, secas ou inundações e se continuar assim os fenômenos extremos serão cada vez mais frequentes, e consequentemente as disputas pelos recursos. “Menos água e recursos alimentares, aumento das migrações, tudo isso aumentará indiretamente os riscos de conflitos violentos”, afirmaram em seu último relatório os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Alguns consideram que este fenômeno já é uma realidade, enquanto outros, mais prudentes, não estão certos. “Em alguns países africanos, o aumento dos conflitos violentos é o sinal mais chamativo dos efeitos acumulados da mudança climática”, afirmou o Institute for Security Studies (ISS), com sede na África do Sul. “No Sahel, a desertificação gerou conflitos entre produtores de gado e agricultores pelas terras disponíveis”, ressalta o documento, que afirma que “os efeitos deste tipo, vinculados ao clima, já originaram conflitos violentos no norte de Nigéria, Sudão e Quênia”. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a violência na região sudanesa de Darfur se devia, em parte, às rivalidades entre nômades e agricultores sedentos por água e terras de pastoreio. Vários observadores também relacionaram as Primaveras Árabes com o calor provocado pelas mudanças climáticas em diversos países produtores de cereais. O aumento recorde dos preços dos alimentos pela crise dos cereais russos, ucranianos e cazaques foi a faísca que desencadeou a revolta nos países do Mediterrâneo já asfixiados pela pobreza, desemprego e opressão política, estimam. Para o ex-vice-presidente americano Al Gore, a mudança climática também desempenhou um papel na guerra na Síria. “De 2006 a 2010 uma seca histórica, vinculada ao clima, destruiu 60% das fazendas da Síria, 80% do gado e le54 REVISTA AMAZÔNIA
Mudança projetada na temperatura do ar média anual da superfície do final do século 20 a meados do século 21, com base em um cenário de emissões médias (SRES A1B). Este cenário pressupõe que são adotadas quaisquer futuras políticas para limitar as emissões de gases de efeito estufa
Média global terra-mardas mudanças de temperatura entre 1880-2014, em relação à média 1951-1980. A linha preta é a média anual e da linha vermelha é a média em execução de 5 anos. As barras verdes mostram as estimativas de incerteza
vou um milhão de refugiados às cidades, onde se encontraram diante de outro milhão de refugiados que fugiam da guerra no Iraque”, declarou em Davos em janeiro.
Conclusões prudentes Os cientistas do clima são mais prudentes ao estabele-
cer vínculos diretos entre o aquecimento climático e os conflitos. “Costumam citar o exemplo de Darfur”, mas “a realidade é mais sutil e a maior parte dos pesquisadores admite que o contexto político e econômico foi o principal fator do conflito”, escreveu o climatólogo Jean Jouzel. Para Mark Cane, professor de ciências da terra e do clima revistaamazonia.com.br
Mapa mostrando onde os desastres naturais causaram / agravado pelo aquecimento global e podem ocorrer
da universidade Columbia de Nova York, na Síria, cabe vincular o descontentamento popular com a seca de 2007-2010, a pior registrada no país. Mas lembra que é complicado atribuir um fenômeno
meteorológico concreto à mudança climática, um movimento que atua ao longo das décadas. Além disso, é impossível afirmar que um conflito “não teria ocorrido sem esta ou aquela anomalia climática”,
acrescenta. Entram em jogo a política e outros fatores. No momento, as forças armadas estão se preparando, afirma Neil Morisetti, ex-almirante e ex-conselheiro do clima do governo britânico. Em muitos países, os analistas militares já incluem a mudança climática em sua avaliação de riscos, afirma. E o Pentágono trabalha com a hipótese de um futuro sombrio. Em seu mapa do caminho de 2014 “para uma adaptação à mudança climática no mundo”, afirma que o aumento das temperaturas e os fenômenos climáticos extremos aumentarão “a instabilidade mundial, a fome, a pobreza e os conflitos”. As emissões de dióxido de carbono provocam temporais, ondas de calor, secas ou inundações e se continuar assim os fenômenos extremos serão cada vez mais frequentes, e consequentemente as disputas pelos recursos
Este gráfico, conhecido como a curva de Keeling, mostra o aumento das concentrações de dióxido de carbono (CO2) atmosférico de 1958-2013. Medições de CO2 mensais exibem oscilações sazonais em uma tendência ascendente; máxima de cada ano ocorre durante o final da primavera do Hemisfério Norte, e diminui durante seu período de crescimento como as plantas retiram algum CO2 atmosférico
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TOP 10 das espécies de 2015
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m 2014, foram descobertas quase 18.000 espécies, que se juntaram aos dois milhões de espécies já conhecidas na Terra, anunciou recentemente o Instituto Internacional para a Exploração de Espécies da Universidade Estadual de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O instituto revelou o top 10 das espécies de 2014: entre elas, está um inseto-pau, uma vespa que usa uma arma química contra predadores ou uma planta parasita das Filipinas em vias de extinção. Estas espécies são “uma lembrança das maravilhas que estão à nossa espera”, disse Quentin Wheeler, presidente do instituto. Estima-se que haja ainda dez milhões de espécies vivas por descobrir. Mas os biólogos de todo o mundo terão de se apressar. O desenvolvimento, a caça e as alterações climáticas estão provocando a extinção de espécies mais rapidamente do que elas estão a ser descobertas. Dois animais entraram na lista por causa do seu comportamento parental fora do comum. Uma vespa que vive na China, a Deuteragenia ossarium, usa uma arma
A espécie Dendrogramma enigmatica poderá ser um “fóssil vivo”. Foto Jørgen Olesen 56 REVISTA AMAZÔNIA
A lesma-do-mar Phyllodesmium acanthorhinum. Foto Robert Bolland
A espécie Dendrogramma enigmatica vista de lado e de cima. Foto Jørgen Olesen revistaamazonia.com.br
química para afastar possíveis predadores que queiram abocanhar as suas larvas. Para isso, as mães colocam formigas mortas no seu ninho, que libertam um gás. Esse composto mascara o cheiro das próprias larvas, afastando os predadores. Já uma rã da Indonésia, a Limnonectes larvaepartus – ao contrário de pôr ovos como a maioria das 6455 espécies de rãs, ou de largar já rãzinhas completamente formadas –, dá à luz girinos, que deposita em poças de água. Uma das dez espécies já está extinta há muitos milhões de anos. É um dinossauro que ganhou o invulgar nome de “galinha do inferno”. O Anzu wylei era um dinossauro com penas contemporâneo do T-rex e doTriceratops, viveu há 66 milhões de anos, no final do período Cretácico, o último da era dos dinossauros. Os seus fósseis foram desenterrados em Dacota do Norte e Dacota do Sul, nos Estados Unidos. Há duas espécies que chamaram a atenção dos cientistas devido aos seus comportamentos artísticos. Uma é a aranha Cebrennus rechenbergi, que vive nas dunas do deserto em Marrocos e faz piruetas para despistar os predadores, conseguindo fugir ao dobro da velocidade com que corre. Outra é uma espécie da família dos peixes-balão, chamada Torquigener albomaculosus, que vive no Japão. Este peixe é o autor de estranhos desenhos encontrados no fundo do mar e que parecem uma composição de círculos complexos. Há 20 anos que os cientistas procuravam os autores destes desenhos. Afinal, são os machos desta espécie que constroem estes desenhos, nadando e contorcendo-se na areia, para atrair as fêmeas. Há ainda a lesma-do-mar Phyllodesmium acanthorhinum, cujas cores atraíram os cientistas. Este gastrópode Girinos da espécie Limnonectes larvaepartus ao lado de um macho. Foto Jimmy A. Mcguire
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A aranha de dunas de Marrocos Cebrennus rechenbergi. Foto Ingo Rechenberg
A aranha faz piruetas para despistar os predadores. Foto Ingo Rechenberg
Uma rã macho (à esquerda) e uma fêmea (à direita) da espécie Limnonectes larvaepartus.Foto Jimmy A. Mcguire
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Um inseto-pau Phryganistria tamdaoensis fêmea. Foto Bruno Kneubühler Um inseto-pau Phryganistria tamdaoensis macho. Foto Bruno Kneubühler
é azul, vermelho e dourado, e pode ajudar a compreender como é que as algas existentes no seu tubo digestivo produzem nutrientes para a lesma a partir dos corais que ela ingere. Do mar ao largo do estado de Vitória, no Sudeste da Austrália, vieram duas espécies (que contam como uma única entrada no top 10) e que poderão representar um novo filo animal na árvore da vida. As espéciesDendrogramma enigmatica e Dendrogramma discoids são animais multicelulares, com uma boca numa das extremidades e um disco achatado na outra extremidade. Pelo que já se observou, parecem ser aparentadas com o filo Cnidaria (onde estão as medusas, os corais ou as anémonas) e com o filo Ctenophora. Mas faltam a estas duas espécies certas características para poderem ser colocadas num destes filos. Os cientistas encontraram também semelhanças com fósseis anteriores ainda ao Câmbrico (período iniciado há cerca de 540 milhões de anos). Nesse caso, estas duas estranhas espécies seriam “fósseis vivos”. São necessárias análises genéticas para se tirarem mais conclusões. Um inseto-pau, o Phryganistria tamdaoensis, com 22,5 centímetros, descoberto no Vietname, também teve direito a entrar para a lista. Faz parte da família de insetos-paus-gigantes. Embora não seja o maior, consegue-se camuflar e passou despercebido durante anos vivendo na cidade de Tam Dao. As duas espécies restantes são plantas. Uma delas é a Tillandsia religiosa, que é usada no presépio em certas regiões do México. A planta pode atingir até 1,5 metros de altura nas regiões montanhosas de Morelos, no Norte do México, a altitudes entre os 1800 e 2100 metros, e era desconhecida para a ciência, apesar de ser usada pelas pessoas. Um inseto-pau Phryganistria tamdaoensis ainda em ninfa. Foto Bruno Kneubühler
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Um peixe-balão da espécie Torquigener albomaculosus. Foto Yoji Okata
A Tillandsia religiosa. Foto A. Espejo
Um macho Torquigener albomaculosus a fazer um desenho na areia para atrair uma fêmea. Foto Yoji Okata
A Tillandsia religiosa. Foto A. Espejo
Os desenhos complexos feitos pelo Torquigener albomaculosus. Foto Yoji Okata
Já a planta-coral Balanophora coralliformis vive nas Filipinas, entre 1465 e 1753 metros de altitude. É castanha e parece formada por tubos que se dividem em ramos e mais ramos. Ao contrário da maioria das plantas, não tem clorofila e não faz a fotossíntese para se alimentar. Por isso, rouba nutrientes a outras plantas, parasitando-as. Os cientistas só encontraram 50 indivíduos da nova espécie, por isso foi logo classificada como estando em perigo crítico de extinção. A divulgação do top 10 das novas espécies nesta altura é uma a Lineu (1707-1778), o naturalista sueco, que nasceu a 23 de Maio, é o pai da taxonomia, a disciplina que ajuda os biólogos a catalogar os seres vivos. revistaamazonia.com.br
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Os ramos da Balanophora coralliformis Foto P.B. Pelser & J.F. Barcelona
A planta-coral Balanophora coralliformis. Foto P.B. Pelser & J.F. Barcelona A zona da flor da Balanophora coralliformis. Foto P.B. Pelser & J.F. Barcelona
O esqueleto do dinossauro “galinha do inferno” no Museu de História Natural de Carnegie. Foto do Museu de História Natural de Carnegie
Ilustração da espécie de dinossauro Anzu wyliei. Foto de Mark A. Klingler/ Museu de História Natural de Carnegie
Uma fêmea da espécie Deuteragenia ossarium. Foto Michael Staab
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Na cerimónia de abertura do 7º WWF Dr. Sultan Al Jaber, ministro de Estado e presidente da Masdar, conclamou as nações a se unirem e se comprometerem com ações concretas destinadas a enfrentar os desafios da escassez de água e garantir a segurança hídrica global
7º Fórum Mundial da Água – WWF, em Daegu, na Coreia do Sul Água para o nosso futuro Fotos: Conselho Mundial da Água.
O
Fórum Mundial da Água (FMA) na Coreia do Sul teve o objetivo de buscar formas de combater a escassez de água no planeta e seus problemas relacionados, desde a gestão dos recursos hídricos até o aquecimento global. O maior fórum sobre a água em nível mundial foi realizado nas cidades de Daegu e Gyeongju, sudoeste da Coreia do Sul, com cerca de 35 mil participantes do setor público e privado. estiveram presentes chefes de Estado e de Governo, entre eles Alberto II de Mônaco e os presidentes da Coreia do 62 REVISTA AMAZÔNIA
Sul, Hungria, Etiópia e Turcomenistão, além de ministros, vice-ministros, autoridades de governos locais e representantes de empresas e ONGs. O FMA também incluiu eventos culturais, concursos, cerimônias de prêmios, uma exposição e outras convocações como o Fórum dos Cidadãos e o Fórum da Infância e da Juventude, buscando elevar a consciência dos cidadãos sobre a importância do papel da água e as ameaças presentes e futuras. O evento foi organizado pelo Conselho Mundial da Água, uma plataforma internacional fundada em 1996 para dar resposta aos problemas vinculados a este recurso em nível mundial. Na cerimônia de inauguração do FMA, a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, defendeu em seu discurso de abertura a promoção da paz mundial resolvendo os con-
flitos relacionados com a água. A ONU advertiu que para o ano de 2025 aproximadamente 1,8 bilhão de pessoas poderiam sofrer graves problemas de escassez de água, e a disponibilidade deste recurso poderia ser limitada para até dois terços da população mundial. O 7º FMA incidiu sobre a implementação das soluções que foram identificadas durante a 6ª edição, na França, revistaamazonia.com.br
Líderes do mundo posam para uma foto no Fórum Mundial da Água 2015
em 2012), em linha com os seus três objetivos principais: *Mover-se de soluções para Implementação *Colmatar plataforma de Ciência e Tecnologia às questões da água *Contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Quatro temas principais de agrupamento de 16 temas constituiram o âmbito temático do 7º Fórum Mundial da Água: *Água Segurança para Todos *Água para o Desenvolvimento e a Prosperidade *Água para a Sustentabilidade: Harmonizar os humanos e a natureza
*A construção de Mecanismos de Implementação viáveis Além dos processos temáticos, regionais e políticos, o processo de Ciência e Tecnologia se concentrou em como lidar com as questões da água através do intercâmbio de tecnologias de ponta relacionadas com a água e informações.
Na abertura Durante a cerimonia de abertura, a presidente sul-coreano Park Geun-hye, disse que o fórum vai promover a paz global ao fornecer soluções para as crises globais que estão conflitos relacionados com a água. “A Coreia do
Sul, como parte do único país dividido do mundo, busca construir um canal de comunicação que este Fórum das Águas, iniciando co-gestão dos rios que passam pelo Sul e do Norte”, disse ela. “Nós acreditamos que nossos esforços tanto para aliviar a tensão entre o Sul e do Norte, que fez uma crise no nordeste da Ásia, e para cuidar de dois terços da população mundial que vive em condições de escassez de água vai fazer maneiras de contribuir para a paz mundial”. Parque acrescentou: “É urgente nos permitir avançar para uma nova era de paz e de cooperação para o nosso futuro, a resolução dos conflitos ligados à água neste mundo. Ambos países avançados e emergentes deverá implicar esforços para tornar os desafios relacionados com a água uma oportunidade para crescimento econômico de todos os players globais”.
FAO: falta de água afetará dois terços da população mundial em 2050 A escassez de água afetará dois terços da população mundial em 2050 devido ao uso excessivo de recursos hídricos para a produção de alimentos, alertou a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A informação está no relatório Rumo a um futuro com segurança hídrica e alimentar, feito pela FAO e apresentado no segundo dia do 7º Fórum Mundial da Água (FMA), ocorrido em Daegu, na Coreia do Sul. A água é essencial para a vida humana. No entanto, a água é insuficiente ao redor do mundo, e muitos países
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No palco do Centro de Convenções EXCO na abertura do fórum, componentes da mesa oficial, puxavam uma corda amarrada a um um relógio de água que cientista Jang Yeong sil inventou em 1434, durante a Dinastia Joseon. A corda era para abrir a tampa e despejasse a água . Ao invés, ela caiu de lado, fazendo com que o relógio entrasse em colapso. Agências de notícias locais culparam má preparação, chamando o incidente de uma “vergonha global” Atualmente, cerca de 40% da população do planeta sofrem com a escassez de água, uma proporção que aumentará até dois terços em 2050, alerta o documento. Esse aumento será causado pelo consumo excessivo de água para a produção de alimentos e para a agricultura. Segundo a FAO, atualmente há regiões do planeta em que se utiliza mais água subterrânea do que a armazenada de forma natural. O relatório cita, entre essas áreas, a Ásia Meridional e Oriental, o Oriente Médio, a África do Norte e a América do Norte e Central, acrescentando que em algumas regiões “a agricultura intensiva, o desenvolvimento industrial e o crescimento urbano são os responsáveis pela contaminação das fontes de água. A FAO pediu aos governos de todo o mundo que “atuem para assegurar que a produção agrícola, pecuária e de peixes seja feita de forma sustentável e que ajudem a preservar os recursos hídricos”. “As seguranças alimentar e hídrica estão estreitamente ligadas”, declarou o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, ao apresentar o relatório. Ele defendeu uma agricultura centrada na sustentabilidade mais do que na rentabilidade imediata. “Acreditamos que com o desenvolvimento dos enfoques
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Atualmente, cerca de 40% da população do planeta sofrem com a escassez de água
locais e os investimentos adequados, os líderes mundiais podem assegurar que haverá volume suficiente, qualidade e acesso à água para garantir a segurança alimentar em 2050 e mais além”, disse Braga. De acordo com o documento, em 2050 serão necessários 60% a mais de alimentos no mundo, enquanto a agricultura continuará a ser o maior consumidor de água. Mesmo com o aumento da urbanização, em 2050 grande parte da população mundial continuará a ganhar a vida com a agricultura, apesar de o setor ser afetado com a redução do volume de água disponível devido à competição com as cidades e as indústrias.
Nesse cenário, os agricultores e, sobretudo, os pequenos agricultores terão de encontrar novos caminhos “por meioda tecnologia e das práticas de gestão” para aumentar a produção, com disponibilidade limitada de terra e de água, destaca o documento. Líderes globais de mais de 100 países concordaram com a necessidade de concentrar a vontade global para resolver os desafios relacionados com a água. Ministros e chefes de delegações aprovaram uma declaração ministerial de promover a cooperação relacionada com a água em uma escala global, em Daegu no 7 ° Fórum Mundial da Água (WWF). Prometendo esforço conjunto sobre as questões pendentes, os delegados reafirmaram que a água é o núcleo de desenvolvimento sustentável no mundo. De acordo com revistaamazonia.com.br
Área de exposição dos Emirados Árabes Unidos (EAU) no 7º WWF
a declaração, os participantes instou a sociedade internacional a centrar a sua capacidade em objetivos de água dedicado a metas relativas à água no seu “Post-2015 Agenda de Desenvolvimento.” Em uma tentativa de buscar soluções, eles apoiaram a proposta de escrever “água” e “questões sanitárias” na agenda da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável como uma questão ambiental chave, e comprometeram-se a cooperar para garantir um bom resultado na 21ª sessão da a Conferência das Partes (COP21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Os participantes intensificaram suas colaborações para focar a ciência e tecnologia dos países desenvolvidos para a promoção do conhecimento e da partilha de conhecimentos, e planejar para difundir modelos de sucesso de gestão de recursos hídricos através de fronteiras e barreiras para apoiar os países subdesenvolvidos que estão enfrentando escassez de água. Eles também ressaltaram a importância da convergência de tecnologias de informação e comunicação (TIC) na gestão da água inteligente, e congratularam-se com a inauguração do Processo de Ciência e Tecnologia no fórum água liderado pelo governo sul-coreano. A declaração sugeriu o desenvolvimento de um relacionamento amigável entre as partes interessadas das principais preocupações, incluindo ambos os países desenvolvidos e em desenvolvimento, organizações internacionais e organizações inter-governamentais. Especialmente para uma parceria público-privada, os líderes mundiais apelaram à cooperação com o Instituto de Crescimento Global Green e do Fundo Verde para o Clima.
8º Fórum Mundial da Água – WWF, no Brasil Benedito Braga, presidente do World Water Council (WWC), o Conselho Mundial da Água, defendeu Itaipu como uma das protagonistas na próxima edição do Fórum Mundial da Água (WWF8), que ocorrerá em Brasília, em 2018. A declaração foi feita aos diretores de Coordenação de Itaipu nessa em Daegu, na Coreia do Sul. Para Braga, a binacional merece destaque no evento pelas ações desenvolvidas em benefício da preservação do recurso hídrico, reconhecidas pela Organização das Nações Unidas.
Lee Jung-mo e Benedito Braga posam com as cópias do Compromisso Daegu Gyeongbuk durante o cerimônia de encerramento do 7º Fórum Mundial da Água. O compromisso é uma declaração comum sublinhando a importância das questões relacionadas com a água em lidar com as mudanças climáticas e comprometendo os seus esforços conjuntos de as colmatar
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No encerramento do 7º Fórum Mundial da Água, as delegações da Korea e do Brasil
Lee Jung-moo, chefe do comitê organizador do 7º WWF, e Benedito Braga Presidente do Conselho Mundial da Água (WWC) antes de passar a bandeira WWC para a delegação do Brasil, na cerimônia de encerramento
Benedito Braga presidente do Conselho Mundial da Água, parabenizou a Itaipu Binacional pela conquista do prêmio Água para a Vida 2015 da ONU. Rafael Gonzáles, Antônio Félix Domingues, Nelton Friedrich, Benedito Braga, Pedro Domanickzy, Lupércio Ziroldo e Luiz Pereira
“Itaipu precisa estar em posição de liderança no próximo Fórum Mundial da Água pelas importantes ações em prol do cuidado e do uso sustentável da água e pela sua capacidade de mobilização e influência”, afirmou o presidente do WWC no encontro com os diretores de Itaipu Nelton Friedrich (Coordenação) e Pedro Domanickzy Lanik (Coordenação Executivo). REVISTA AMAZÔNIA 65
No Ano Internacional da Luz, projetos com energia solar são desenvolvidos na Amazônia por Amanda Lelis, com colaboração de Eunice Venturi * Fotos: AleSocci-GreenPixel, Amanda Lelis, EduCoelho e Eunice Veturi
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Técnicos do Instituto Mamirauá e da Universidade Federal do Pará(UFPA), durante a instalação do sistema
ma oportunidade única para inspirar, educar, unir”. Foi com esse sentimento que a Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o ano de 2015 como o Ano Internacional da Luz. Já antes disso, o Instituto Mamirauá vem desenvolvendo experimentos que usam a energia solar como fonte de energia na Amazônia. Em outubro do ano passado, concluiu em sua sede a instalação do primeiro Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede com seguimento solar da região norte do Brasil. As duas placas solares possuem módulos alojados em uma estrutura móvel, na qual o ângulo de inclinação e orientação é variável durante o dia, para possibilitar melhor aproveitamento da radiação solar. Esse tipo de sistema é conhecido como Sistema fotovoltaico Conectado à Rede - com seguimento solar, uma vez que possibilita ao gerador fotovoltaico acompanhar a trajetória do sol. A energia gerada é conectada à concessionária local. São instalados módulos que transformam a corrente elétrica, injetando a energia gerada direto ao consumo do prédio
Posição das placas solares às 8h
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da Biblioteca Henry Walter Bates do Instituto Mamirauá. A energia excedente, quando a geração é superior à demanda do prédio, é direcionada para a rede de sistema local para distribuição na cidade. A iniciativa é uma pesquisa realizada pelo Instituto Mamirauá, em parceria com o Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas (GEDAE), da Universidade Federal do Pará (UFPA), e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Energias Renováveis e Eficiência Energética da Amazônia (INCT - EREEA). No estudo, está sendo analisado o desempenho dos dois tipos de sistema, do que segue a trajetória do sol e do que possui orientação fixa dos módulos. O objetivo é avaliar qual o sistema mais adequado como investimento em energia renovável na região. “Esse estudo é importante em vários aspectos que vão desde a formação de pessoas na Região Norte, muito carente de mão de obra qualificada, até o desenvolvimento de estudos da
Posição das placas solares às 12h
operação da aplicação solar fotovoltaica nas condições ambientais da nossa região, que é diferenciada”, afirmou Wilson Negrão Macêdo, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). “Além disso, estamos introduzindo um sistema de geração de energia renovável em uma rede convencional a diesel”, reforçou Wilson. Dados do sistema serão monitorados para avaliar o seu desempenho. Com a instalação de sensores, poderão ser medidos: a energia gerada, a energia que o sistema entrega à rede local, a estimativa de redução de emissão de CO2 na atmosfera, além de variáveis que estão relacionadas diretamente à geração da energia solar, como a temperatura dos módulos, velocidade e direção do vento, entre outros dados. Esses valores serão constatados na prática, por meio de medição, e possibilitarão avaliar o desempenho desses sistemas em diversos aspectos como: o desempenho individual de cada equipamento que compõe o Sistema Posição das placas solares às 18h
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Fotovoltaico Conectado à Rede (SFCR); o desempenho da estratégia de seguimento solar; os fluxos de energia entre rede elétrica convencional e o SFCR e carga do prédio ao qual está conectado, entre outras variantes. “Uma das contribuições que o sistema traz para o grupo e para a sociedade é que ele vai se transformar em uma vitrine tecnológica, para que essa tecnologia seja replicada, não só na cidade, mas também em outros lugares da região amazônica. Assim como influenciar na criação e implementação de políticas públicas com foco em energias renováveis na Amazônia”, reforçou Josivaldo Modesto, coordenador do Núcleo de Inovações Tecnológicas Sustentáveis (Nits), do Instituto Mamirauá. O Instituto é pioneiro na instalação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede na Amazônia. Sistema que capta energia solar para iluminação noturna de um campo de futebol
Luz do dia, benefício à noite “A gente nunca imaginou ter uma iluminação assim. Por isso, estamos muito felizes”. A citação é de Davi Pereira Feitosa, morador da Comunidade Vila Nova do Amanã,
que fica no município de Maraã (AM). Esse sentimento de Davi é compartilhado pelos demais moradores onde foi inaugurado, também em 2014, um sistema que capta energia solar para iluminação noturna de um campo de futebol. O experimento é resultado de uma parceria entre o Instituto Mamirauá, a Philips e o Instituto para Desenvolvimento de Energias Alternativas e da Auto Sensibilidade (Ideaas). “Esse projeto de iluminação LED com energia solar soma-se a outras iniciativas que o Instituto vem desenvolvendo, mostrando que a energia solar é viável para a realidade Amazônica”, disse Dávila Corrêa, coordenadora do Programa Qualidade de Vida do Instituto Mamirauá. Foram instalados seis postes com lâmpadas LED em dois campos de futebol, um na Reserva Amanã (Comunidade Vila Nova do Amanã) e outro na Reserva Mamirauá (Comunidade Porto Braga). A nova opção de lazer, de educação, ou de geração de renda beneficia cerca de 60 famílias. O campo tem 1000m² e baterias que armazenam a energia solar com autonomia de aproximadamente oito horas. O sistema é constituído de dois módulos revistaamazonia.com.br
O campo tem 1000m² e baterias que armazenam a energia solar com autonomia de aproximadamente oito horas
fotovoltaicos de 130 volts, uma bateria de 200A e um controlador de corrente contínua de 12 volts. Durante o dia, a energia luminosa do sol é armazenada na bateria e à noite a energia volta para a forma luminosa. “O interessante desse sistema é que ele tem um time interno que está programado para ligar automaticamente, quando escurece”, explicou Otacílio Brito, um dos técnicos do Instituto Mamirauá que instalou o sistema.
Projeto “Gelo Solar” será instalado em 2015 Para 2015, o Instituto Mamirauá e o Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo vão instalar quatro máquinas de gelo solar, que não utilizam baterias, em comunidades das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã para a conservação de alimentos. O projeto tem o financiamento do Google, pois foi um dos beneficiados pelo Desafio de Impacto Social Google | Brasil, promovido em 2014. “O projeto “Gelo Solar” é uma iniciativa de impacto social que vai ajudar comunidades que estão distantes em média 15 horas, por via fluvial, dos centros urbanos
Máquinas de gelo solar, que não utilizam baterias, vão conservar alimentos em comunidades da Amazônia
e não têm gelo em suas localidades. Com esse projeto, nós vamos ampliar a cultura de acesso à energia para as populações isoladas da Amazônia”, disse Dávila Corrêa, uma das coordenadoras do projeto. Mais que iniciativas para testar o uso de energia solar em comunidades amazônicas, os experimentos do Instituto Mamirauá estão aumentando a renda dessas comunidades, melhorando a qualidade da água, estimulando mais formas de lazer, ou seja, estão tornando as pessoas mais felizes! [*] Instituto Mamirauá
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NASA REGISTRA O QUE O AQUECIMENTO GLOBAL JÁ FEZ NO MEIO AMBIENTE
Impacto do derretimento de geleiras, represamento de águas e da urbanização vistos do alto, através de Satélites da Nasa, ao longo dos anos.
DERRETIMENTO DA GELEIRA QORI KALIS, PERU Qori Kalis é a maior geleira da maior calota de gelo tropical do mundo, fica em um planalto 18.670 pés (5.691 metros) no alto das montanhas dos Andes do centro-sul do Peru. Em 1978, a geleira ainda estava avançando. Até 2011, a geleira tinha recuado completamente de volta à terra, deixando um lago cerca de 86 hectares de área e cerca de 200 pés (60 metros) de profundidade.
DERRETIMENTO DO GELO, EQUADOR No topo do vulcão Cotopaxi - 5.897 metros (19.347 pés), um dos mais altos vulcões ativos da Terra - fica o Cotopaxi Glacier. A geleira tem considerável importância econômica, social e ambiental. Suas águas derretidas fornecem água fresca e energia hidrelétrica para a capital do Equador de Quito. Mas a geleira está derretendo e a taxa tem aumentado nos últimos anos. A massa de gelo diminuiu 30 por cento entre 1956 e 1976 e outro de 38,5 por cento entre 1976 e 2006, um fenômeno intimamente ligado à mudança climática global. Comparando as imagens de 1986 e 2007 revela uma notável redução na geleira no cume do vulcão. 68 REVISTA AMAZÔNIA
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GLACIAL PATAGONIA – CHILE Esquerda: 18 de setembro de 1986. À direita: 5 de agosto de 2002. A imagem de 1986 mostra a região antes de um grande recuo das geleiras. A imagem de 2002 mostra um recuo de quase 10 quilômetros (6,2 milhas) da geleira, no lado esquerdo. A geleira menor à direita recuou mais de 2 quilômetros (1,2 milhas). Na frente da geleira menor, dois lagos se formaram atrás dos escombros deixados pelo avanço da geleira. Os cientistas e gestores do governo estão usando imagens de satélite como este para monitorar o recuo das geleiras e do impacto sobre as massas de água provocadas pelas mudanças no tamanho e direção das geleiras.
GLACIAL AMA DABLAM – HIMALAYAS Esquerda: cerca de outono 1956. Direita: 1 de novembro de 2007. O principal pico em Ama Dablam é de cerca de 22.000 pés (7.000 metros) de altura e está localizado quase ao sul do Monte Everest na região de Khumbu. Ama Dablam significa “Mãe e seu colar”; os longos sulcos de cada lado se parecem com os braços de uma mãe protegendo seu filho, enquanto o glacial se assemelha ao duplo-pingente tradicional usado pelas mulheres Sherpa com imagens dos deuses. Ama Dablam é uma das montanhas mais impressionantes ao longo da rota de escalada ao Monte Everest. revistaamazonia.com.br
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DERRETIMENTO DO GLACIAL URSO – ALASKA Esquerda: 20 de julho de 1909. À direita: 5 de agosto de 2005.
DERRETIMENTO DO GELO – TANZÂNIA Monte Kilimanjaro na África. Esquerda: 17 de fevereiro de 1993. À direita: 21 de fevereiro de 2000. Kilimanjaro é a mais alta montanha autônoma no mundo e é composta de três cones vulcânicos. Estas imagens antes e depois mostram o declínio dramático na calota de gelo do Kilimanjaro nas últimas décadas.
DERRETIMENTO DO GELO – ITÁLIA / SUÍÇA A montanha Matterhorn quase a 15.000 pés de altura, localizado nos Alpes, na fronteira entre Itália e Suíça. Esquerda: 16 de agosto de 1960 às 9h00. Direita: 18 de agosto de 2005 às 9h10. 70 REVISTA AMAZÔNIA
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Bactérias transformam a luz solar para combustível líquido em Folha Bionica
Uma bactéria modificada transforma energia do Sol em combustível líquido Cientistas dos Estados Unidos conseguem armazenar poder energético solar em álcool Fotos: Harvard Gazette
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armazenamento da inesgotável energia do Sol, submetida aos vaivéns das nuvens e do dia e da noite, está mais próximo de se tornar realidade. Cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, criaram um sofisticado sistema que utiliza uma bactéria geneticamente modificada para transformar a energia solar em combustível líquido. A fórmula, caso sua eficácia seja comprovada, ajudaria a enfrentar o desafio energético e lutar contra as mudanças climáticas. Os pesquisadores, liderados pelo químico norte-americano Daniel Nocera, utilizaram a energia do Sol para obter hidrogênio da água (formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio). Com esse hidrogênio, a bactéria modificada, da espécie Ralstonia eutropha, é capaz de transformar o CO2, o principal gás responsável 72 REVISTA AMAZÔNIA
O químico norteamericano Daniel Nocera
pelo aquecimento global, em álcool combustível, o isopropanol. Ao ser líquido, poderia ser transportado com a infraestrutura atual, destacam os autores. Nocera está há anos sonhando com uma revolução energética planetária. Em 2009, foi considerado uma das 100
pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, pelo reconhecimento de seus estudos sobre combustíveis inspirados na fotossíntese das plantas. “As células fotovoltaicas têm um considerável potencial para satisfazer as futuras necessidades de energia renorevistaamazonia.com.br
Luz solar na planta, poderia criar combustíveis líquidos a partir da luz solar e dióxido de carbono
água. O hidrogênio também pode ser empregado como combustível, embora exista pouca infraestrutura para facilitar seu uso. Há dois anos, cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e da petrolífera Shell modificaram os genes de outra bactéria, a Escherichia coli, para que fabricasse diesel a partir de ácidos graxos. O biocombustível, promissor, também enfrenta agora desafios para sua comercialização como, por exemplo, a redução de custos. Em 2013, a produção de um litro custava milhares de euros. Nocera explicando sua descoberta
vável, mas são necessários métodos eficientes e escaláveis para armazenar a eletricidade intermitente que produzem e poder implantar a energia solar em grande escala”. Seu sistema poderia ser esse desejado depósito de energia solar. Outras equipes de cientistas descobriram métodos semelhantes, mas precisaram acelerar as reações químicas com metais como a platina e o índio, disparando os custos. A equipe de Nocera emprega como catalisadores metais abundantes na Terra, como o cobalto, conseguindo o triplo do rendimento obtido pelos melhores combustíveis bioeletroquímicos existentes, resultantes de sistemas parecidos. Para os autores, é “uma importante prova de conceito”. “Ainda não vamos utilizar esse sistema em nossos carros. Por enquanto, é apenas uma descoberta científica. Agora temos que corrigir as ineficiências para ser viabilizado comercialmente, embora já sejamos tão eficientes, ou mais, do que a fotossíntese natural”, diz Nocera. Nenhuma empresa se interessou ainda pelo sistema. No ano passado, a multinacional norte-americana Lockheed Martin, uma gigante da indústria aeroespacial e militar, comprou um dos produtos anteriores do laboratório de Nocera: uma espécie de folha artificial que utiliza a energia solar para separar o hidrogênio e o oxigênio da
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Dan Nocera tem uma fórmula simples para salvar o planeta: Sol + água = energia para o mundo . Tirando informações aprendidas com a natureza, Nocera desenvolveu uma folha artificial com um catalisador de auto-cura que pode alimentar a Terra, usando luz solar para separar a água e armazenar energia nas ligações rearranjados de hidrogênio e oxigênio, de forma barata.
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Transformar água salgada em água potável utilizando energia solar sustentável
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esquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, EUA) e da empresa indiana, Jain Irrigation System, criaram um método que transforma a água salgada em potável. É um sistema de dessalinização portátil para uso em qualquer lugar do mundo. Acabou de ganhar o Prêmio 2015 Desal - um concurso da USAID para incentivar as melhores soluções para escassez de água nos países em desenvolvimento. O objetivo do desafio era criar um sistema simples e barato para fornecer água limpa para comunidades rurais em países em desenvolvimento. Pela vitória, eles receberam um prêmio de 125 mil dólares. O sistema usa uma técnica chamada eletrodiálise. Em uma explicação simples, o sal é dissolvido na água e se transforma em partículas com cargas elétricas positivas e negativas. Para remover essas partículas, o sistema usa membranas elétricas que atraem as cargas como se
A equipe vencedora
fossem imãs. “Funciona como um circuito elétrico. Os íons são puxados para fora da água em direção aos eletrodos”, disse Natasha Wright, doutoranda no MIT e uma das criadoras do sistema. Ela ainda ressalta que apenas 5% da água é perdida nesse processo. A dessalinização é feita usando baterias, similares às de carros e caminhões. Elas são carregadas durante o dia utilizando painéis que captam energia solar, o que dá um caráter ecológico à invenção. Uma unidade do sistema é capaz de abastecer água para irrigar uma pequena fazenda ou então para atender às necessidades de uma população de cinco mil pessoas. Apesar do foco em países em desenvolvimento, a invenção pode ser importante também para grandes áreas metropolitanas. Problemas graves com escassez de água assombram o
EXPRESSO VAMOS + LONGE POR VOCÊ ! 74 REVISTA AMAZÔNIA
O sistema prático e barato para transformar água salgada em água potável utilizando energia solar
estado de São Paulo desde o ano passado. O estado da Califórnia, nos Estados Unidos, também vem enfrentando uma crise hídrica histórica. Uma nova abordagem para dessalinização da água
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Ano 10 Nº 50 Maio/Junho 2015
Biodiversidade
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Nosso país possui a maior diversidade biológica do planeta. Conhecer nossas espécies é fundamental para a conservação da biodiversidade e para promover o uso sustentável.