AM
DO
RTE
ISSN 1809-466X
NO
CAÇÃO LI
OR PUB AI
Ano 10 Número 52 2015 R$ 12,00 5,00
OBJETIVOS DE desenvolvimento sustentável 1
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZテ年IA
1
A campanha tem validade até 31/12/2015. *Consulte o regulamento no site bancoamazonia.com.br.
Sorte de quem tem Poupança Amazônia.
DC3
#poupeganhe
“Título da modalidade incentivo emitido pela ICATU CAPITALIZAÇÃO S/A, CNPJ/MF nº 74.267.170/0001-73, Processo SUSEP 15414.002934/2012-33. A aprovação deste título pela SUSEP não implica, por parte da Autarquia, em incentivo ou recomendação à sua aquisição, representando, exclusivamente, sua adequação às normas em vigor. Serviço de Informação ao Cidadão SUSEP 0800 021 84 84 (dias úteis, das 9h30 às 17h) ou www.susep.gov.br. Ouvidoria Icatu Seguros 0800 286 0047. Prêmio Líquido de imposto de renda.”
Caixas Eletrônicos
revistaamazonia.com.br
APP No celular
SAC 0800 727 72 28
WWW.BANCOAMAZONIA.COM.BR
OUVIDORIA 0800 722 21 71
REVISTA AMAZÔNIA
1
EXPEDIENTE
Durante a cerimônia de abertura da Cúpula, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que “A nova agenda é uma promessa dos líderes para todas as pessoas em todos os lugares. É uma visão universal, integrada e de transformação para um mundo melhor”...
Árvores da Amazônia
A análise foi feita a partir de inventários florestais realizados em expedições de grupos de pesquisas em campo e não por imagens de satélite, que até hoje ainda não conseguem responder a essa demanda...
A Festa dos 346 anos de Manaus
FOTOGRAFIAS Acervo - Anselmo d’affonseca, Adam Burke, Alan Neuhauser, Amazon Tree Diversity Network, Antonio Cruz, Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil, Christopher Dick, Hans ter Steege, James Cullum, Ingrid-Anne, Jessica Lea, Justin Catanoso, Karla Vieira, Letícia Luppi, Luciete Pedrosa – Ascom Inpa, Marco Antônio Teixeira/WWFBrasil, Nathan Siemers, NASA’s Earth Observatory/ Robert Simmon, NASA, NASA / JPL-Caltech, Paul Bolotov / Alamy , Rhett A. Butler, Scott Adams, Roberto Stuckert/PR, Stuart Licht,PhD, T.W. Crowther, UN / Cia Pak/ Mark Garten/ Evan Schneider, UN Photo/Kim Haughton, UN-Water e WFC FAVOR POR
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro
CIC
I LE ESTA REV
NOSSA CAPA Superposição de imagens com animação de Ken Robinson para ajudar as crianças a entenderem sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030, e inspirar ações e criar oportunidades para melhorar as vidas de crianças
Como plantar um bilhão de árvores por ano usando drones
A
O desmatamento derruba 10 bilhões de árvores por ano em todo o globo. Replantar as árvores de forma manual é bem demorado, caro e, dificilmente, ajudará a reverter os danos causados. No entanto, uma startup quer usar drones para encher o planeta de árvores, em uma escala suficiente para substituir os “lentos” e “caros” seres humanos...
Inauguração da maior torre de pesquisa ambiental da América do Sul
N
Ano 10 Número 52 2015 R$ 12,00
Brasil e Alemanha celebraram recentemente a inauguração do Observatório de Torre Alta da Amazônia (Atto, na sigla em inglês), estrutura de 325 metros instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, no Amazonas...
5,00
MAIS CONTEÚDO [05] Todos os países da ONU adotam a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável [08] Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável [14] Presidenta Dilma Rousseff na ONU [16] Empresas também assumem objetivos da ONU para 2030 [18] ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [36] Mundo tem três trilhões de árvores e perde 15 bilhões por ano [40] 14º Congresso Florestal Mundial [50] Seminário sobre economia verde e mudanças climáticas [54] Cientistas transformam CO2 do ar em fibras de carbono [60] Água: Relatório da Universidade das Nações Unidas detalha o que funciona e o que não funciona na Ásia, África, Oriente Médio, América Latina [62] SB Rio 2015 [66] Selo verde para produtos da Amazônia Legal
RP AIO UB M
DO
58
ARTICULISTAS/COLABORADORES Ascom Febraban, Ascom Fundação Getulio Vargas, Ascom MCTI, Cimone Barros, Celso Freire, Lauren Fletcher, Letícia Luppi, Luciete Pedrosa, Ronaldo Hühn, Silvio Crestana, Stuart Licht, PhD
revistaama
OBJETIV OS DE D ESENVO LVIMEN TO SUST ENTÁVEL 1
zonia.com.
br
REVISTA AMAZÔNIA
Portal Amazônia
www.revistaamazonia.com.br
PA-538
CAÇÃO LI
56
COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn
-466X
46
RTE
PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn
RE
A comemoração do aniversário de Manaus deste ano teve eventos em todas as zonas da cidade. A prefeitura realizou a celebração a segunda edição do Passo a Paço, no Centro Histórico de Manaus, com o já tradicional Boi Manaus - na Ponta Negra pela primeira vez...
NO
DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn
ISSN 1809
28
CAÇÃO LI
08
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável
DO
06
OR PUB AI
ST A
Na noite do sábado (5), Dia da Amazônia, o Cristo Redentor, localizado no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, foi iluminado com imagens da Amazônia para chamar a atenção da população brasileira e do mundo para a importância das áreas protegidas...
AM
O Papa, o WWF e o Dia da Amazônia
PUBLICAÇÃO Período (setembro/outubro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil
OR
TE
Todos os países da ONU adotam a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável
O
s 193 Estados-Membros da Organização das Nações Unidas (ONU) adotaram formalmente a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável composta pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os ODS substituem os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), vigentes até o fim deste ano. “A nova agenda é uma promessa dos líderes para a sociedade mundial. É uma agenda para acabar com a pobreza em todas as suas formas, uma agenda para o planeta”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no discurso de abertura da Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O discurso do secretário da ONU precedeu a adoção formal do documento Transformando Nosso Mundo, composto por 17 objetivos e 169 metas para países desenvolvidos e em desenvolvimento. Os ODS são uma continuidade dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, agenda acordada em 2000 pelos países-membros da ONU para combater a pobreza. O processo de construção dos ODS começou com a Conferência Rio+20 e teve participação de 193 países. Entre as propostas estão a erradicar a fome e a pobreza, promover a agricultura sustentável, saúde, educação e igualdade de gênero, além de garantir a
todos o acesso à água, ao saneamento e à energia sustentável, o crescimento econômico, emprego, a industrialização, cidades sustentáveis e a redução da desigualdade. A negociação da nova agenda é considerada inovadora no âmbito da ONU, porque, diferentemente dos ODM, os ODS foram elaborados com participação direta dos estados-membros e da sociedade civil e nasceram a partir de amplas consultas no mundo. Ban disse que, para alcançar os novos objetivos globais, será necessário compromis-
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, no discurso de abertura da Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
so político de alto nível. “Esta agenda reflete a urgência de uma ação pelo clima. Está baseada na igualdade de gênero e no respeito ao direito de todos. Devemos engajar todos os atores, como fizemos na construção da agenda. Devemos engajar parlamentares e governos locais, empresários e a sociedade civil, ouvir cientistas e a academia”.
O documento Transformando Nosso Mundo é resultado de um processo inclusivo de negociação nos últimos dois anos com o envolvimento de governos, entidades sociais e empresas. A finalidade é promover universalmente o desenvolvimento social, a proteção ambiental e a prosperidade econômica. A agenda apresenta 17 objetivos e 169 metas a serem adotados de forma voluntária por todos os países-membros a partir de 2016. revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
05
O Papa, o WWF e o Dia da Amazônia
Chamando a atenção do mundo para conservação da Amazônia, ações no Cristo Redentor, no Rio, e na catedral de Colônia, na Alemanha, uniram dois símbolos mundiais em um apelo pelas áreas protegidas do Brasil. Papa Francisco enviou mensagem especial para a ocasião Fotos: Marco Antônio Teixeira/WWF-Brasil
N
a noite do sábado (5), Dia da Amazônia, o Cristo Redentor, localizado no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, foi iluminado com imagens da Amazônia para chamar a atenção da população brasileira e do mundo para a importância das áreas protegidas. A ação, promovida pelo WWF-Brasil, contou com fotos produzidas por destacados fotógrafos brasileiros como Adriano Gambarini, Edward Parker, Zigg Koch e Leonardo Milano. No mesmo dia, como parte da campanha, O WWF-Alemanha também chamou a atenção para as áreas protegidas do Brasil em uma celebração próxima à Catedral de Colônia, uma das mais importantes da Europa. Lá, foram projetadas 150 fotos do brasileiro Sebastião Salgado, coletadas por ele em expedições pela Amazônia e que integram sua “Gênesis”. O fotógrafo, conhecido por sua paixão em defender a natureza e a relação de respeito do homem com o meio ambiente, participou do evento em apoio ao WWF. As manifestações nas duas cidades ocorrem em um momento em que o mundo se prepara para as discussões sobre o acordo
A projeção de imagens de florestas no Cristo Redentor ocorreu de forma sincronizada na cidade alemã de Colônia
global para enfrentar as mudanças no clima da Terra – um tema em que as florestas têm papel crucial. A ação só foi possível graças à parceria entre o WWF-Brasil, a Arquidiocese do Rio de Janeiro e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). “O Dia da Amazônia foi uma forma que
encontramos para chamar a atenção sobre a importância das áreas protegidas, entre as quais estão as unidades de conservação e as terras indígenas. A maior parte destas áreas fica na região amazônica. Protegê-las é a garantia de água, alimentos, biodiversidade e segurança climática para milhões de brasileiros”, destacou Carlos Nomoto, se-
Em mensagem especial enviada para a ocasião, o Papa Francisco disse que estava alegre com a iniciativa de chamar a atenção da sociedade para a necessidade de proteger a maior floresta tropical do mundo. Citando sua inovadora encíclica Laudato SI’, o pontífice afirmou: “Possa o Santuário do Cristo Redentor, com a imagem de Jesus com seus braços abertos sobre a exuberante paisagem da natureza servir de lembrança que – Não somos Deus. A Terra existe antes de nós, e foi-nos dada. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. Cada comunidade pode tomar da bondade da Terra aquilo de que necessita para sua sobrevivência. Mas tem também o dever de proteger e garantir a continuidade da sua fertilidade para as gerações futuras”. 06
REVISTA AMAZÔNIA
revistaamazonia.com.br
A projeção de imagens de florestas no Cristo Redentor ocorreu de forma sincronizada na cidade alemã de Colônia
cretário-executivo do WWF-Brasil durante a celebração no Rio. O superintendente executivo de Políticas Públicas e Relações Externas do WWF-Brasil, Henrique Lian, completou, lembrando que que a mensagem do Papa Francisco indica o quanto a conservação das florestas tropicais tornou-se uma preocupação mundial. “O papa já havia se manifestado sobre esse tema na sua encíclica, que trouxe para a vida do cidadão comum um sentimento proximidade e de respeito com a natureza. Agora ele reforça essa mensagem para esta ação e pede que ajudemos a cuidar da nossa casa comum”, ressaltou Lian.
Futuro Entre unidades de conservação (parques, reservas, estações ecológicas) e terras indígenas, as áreas protegidas brasileiras somam cerca de 2,6 milhões de quilômetros quadrados. Essas áreas representam o futuro climático, a garantia de água para as cidades e importantes ativos ambientais para a economia brasileira. Também são a certeza da manutenção de ciclos hídricos fundamentais para a garantia de água que irá abastecer cidades e a agricultura. O Cristo Redentor, um dos ícones brasileiros, e maior santuário a céu aberto do país, está situado em uma área protegida, o Parque Nacional da Tijuca, o mais visitado do país. A história desta unidade de conservação é um exemplo da importância da conservação das florestas. “É simbólico que este evento aconteça no Parque Nacional da Tijuca. Há 150 anos a sociedade percebeu que o desmatamento dessas montanhas era a causa das secas no Rio de Janeiro e foi iniciado o reflorestamento. Ainda hoje, essa é uma lição que precisa ser aprendida. A conservação e a recuperação das florestas são fundamentais para manter condições ambientais adequadas para a nossa vida”, disse o chefe do parque Ernesto Viveiros de Castro. Unidades de conservação e terras indígenas também estocam quantidades gigantescas de carbono, que se fossem liberadas para a atmosfera, tornariam o clima terrestre caótico. Além dos serviços ecossistêmicos que as áreas protegidas prestam à humanidade, elas funcionam como barreiras ao avanço do desmatamento, da fronteira agrícola e dos incêndios florestais. Apesar de sua importância e de serem legalmente constituídas, as áreas protegidas estão ameaçadas por uma série de fatores econômicos e políticos. Dezenas de projetos de lei e iniciativas no Congresso Nacional colocam essas áreas em risco ou impedem revistaamazonia.com.br
o desenvolvimento de mecanismos que ampliem a proteção às unidades de conservação e terras indígenas. “Vamos pedir a Deus que ajude nossa sociedade a tomar consciência sobre a importân-
cia dessas áreas, para que elas possam durar para sempre, em nome das futuras gerações”, salientou o padre Omar Raposo, Reitor do Santuário Cristo Redentor, representante da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
A projeção de imagens de florestas no Cristo Redentor ocorreu de forma sincronizada na cidade alemã de Colônia REVISTA AMAZÔNIA
07
Animação de Ken Robinson para ajudar as crianças a entenderem sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável Fotos: UN / Cia Pak/ Mark Garten/ Evan Schneider
D
urante a cerimônia de abertura da Cúpula, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que “A nova agenda é uma promessa dos líderes para todas as pessoas em todos os lugares. É uma visão universal, integrada e de transformação para um mundo melhor”. “É uma agenda para as pessoas, para acabar com a pobreza em todas suas formas. É uma agenda de prosperidade partilhada, paz e parceria (que) transmite a urgência da ação do clima (e) está enraizada na igualdade de gênero e no respeito aos direitos de todos. Acima de tudo, promete não deixar ninguém para trás”. “O verdadeiro teste do compromisso com a Agenda 2030 será sua implementação. Precisamos da ação de todos, em toda parte. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são o nosso guia. Eles são uma lista de coisas a fazer para as pessoas e o planeta, e um plano para o sucesso”, encerrou o secretário-geral. A adoção oficial da Agenda de Desenvolvimento Sustentável aconteceu logo depois que o Papa Francisco se dirigiu à Assem08
REVISTA AMAZÔNIA
tentável senvolvimento sus 0 para o de enda 203 g a a m -se co rometa Comp
bleia Geral afirmando: “A adoção da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável na Cúpula Mundial, que abre hoje, é um sinal importante de esperança”. Esta Agenda é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Ela também busca fortalecer a paz universal com mais liberdade. Reconhecemos que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. Todos os países e todas as partes interessadas, atuando em parceria colaborativa, implementarão este plano. Estamos decididos a libertar a raça humana da tirania da
pobreza e da escassez e a curar e proteger o nosso planeta. Estamos determinados a tomar as medidas ousadas e transformadoras que são urgentemente necessárias para mudar o mundo para um caminho sustentável e resiliente. Ao embarcarmos nesta jornada coletiva, comprometemo-nos que ninguém seja deixado para trás. Os Objetivos e metas estimularão a ação para os próximos 15 anos em áreas de importância crucial para a humanidade e para o planeta:
Pessoas Estamos determinados a acabar com a pobreza e a fome, em todas as suas formas revistaamazonia.com.br
A Cúpula da ONU no momento da adoção da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030
e dimensões, e garantir que todos os seres humanos possam realizar o seu potencial em dignidade e igualdade, em um ambiente saudável.
Planeta Estamos determinados a proteger o planeta da degradação, sobretudo por meio do consumo e da produção sustentáveis, da gestão sustentável dos seus recursos naturais e tomando medidas urgentes sobre a mudança climática, para que ele possa suportar as necessidades das gerações presentes e futuras.
Prosperidade Estamos determinados a assegurar que todos os seres humanos possam desfrutar de uma vida próspera e de plena realização pessoal, e que o progresso econômico, social e tecnológico ocorra em harmonia com a natureza.
Paz Estamos determinados a promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas que estão livres do medo e da violência. Não pode haver desenvolvimento sustentável sem paz e não há paz sem desenvolvimento sustentável.
Parceria Estamos determinados a mobilizar os revistaamazonia.com.br
meios necessários para executar esta Agenda através de uma Parceria Global para o Desenvolvimento Sustentável revitalizada, com base num espírito de solidariedade global reforçada, concentrada em especial nas necessidades dos mais pobres e mais vulneráveis e com a participação de todos os países, todas as partes interessadas e todas as pessoas. Os vínculos e a natureza integrada dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são de importância crucial para assegurar que o propósito da nova Agenda seja realizado. Se realizarmos as nossas ambições em toda a extensão da Agenda, a vida de todos será profundamente melhorada e nosso mundo será transformado para melhor.
Declaração/ Comprometimento 1. Nós, chefes de Estado e de Governo e altos representantes, reunidos na sede das Nações Unidas em Nova York de 25 a 27 de setembro de 2015 no momento em que a Organização comemora seu septuagésimo aniversário, decidimos hoje sobre os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável globais.
2. Em nome dos povos que servimos, nós adotamos uma decisão histórica um conjunto de Objetivos e metas universais e transformadoras que é abrangente, de longo alcance e centrado nas pessoas. Comprometemo-nos a trabalhar incansavelmente para a plena implementação desta Agenda em 2030. Reconhecemos que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. Estamos empenhados em alcançar o desenvolvimento sustentável nas suas três dimensões – econômica, social e ambiental – de forma equilibrada e integrada. Também vamos dar continuidade às conquistas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e buscar atingir suas metas inacabadas. 3. Nós resolvemos, entre agora e 2030, acabar com a pobreza e a fome em todos os lugares; combater as desigualdades dentro e entre os países; construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas; proteger os direitos humanos e promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas; e assegurar a proteção duradoura do planeta e seus recursos naturais. Resolvemos também criar condições para um crescimento sustentável, inclusivo e economicamente sustentado, prosperidade compartilhada e trabalho decente para todos, tendo em conta os diferentes níveis de desenvolvimento e capacidades nacionais. 4. Ao embarcarmos nesta grande jornada coletiva, comprometemo-nos que ninguém seja deixado para trás. Reconhecendo que a REVISTA AMAZÔNIA
09
dignidade da pessoa humana como fundamental, queremos ver os Objetivos e metas cumpridos para todas as nações e povos e para todos os segmentos da sociedade. E faremos o possível para alcançar, em primeiro lugar, aos que ficaram mais para trás. 5. Esta é uma Agenda de alcance e significado sem precedentes. Ela é aceito por todos os países e é aplicável a todos, tendo em conta diferentes realidades nacionais, capacidades e níveis de desenvolvimento e respeitando as políticas e prioridades nacionais. Estes são objetivos e metas universais que envolvem todo o mundo, igualmente os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Eles são integrados e indivisíveis, e equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável. 6. Os Objetivos e metas são o resultado de mais de dois anos de consulta pública intensiva e envolvimento junto à sociedade civil e outras partes interessadas em todo o mundo, dando uma atenção especial às vozes dos mais pobres e mais vulneráveis. Esta consulta incluiu o valioso trabalho realizado pela Grupo de Trabalho Aberto sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Geral das Nações Unidas. O secretário-geral apresentou um relatório síntese deste trabalho em dezembro de 2014.
A nova Agenda 18. Nós estamos anunciando hoje 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 10
REVISTA AMAZÔNIA
com 169 metas associadas que são integradas e indivisíveis. Nunca antes os líderes mundiais comprometeram-se a uma ação comum e um esforço através de uma agenda política tão ampla e universal. Estamos criando juntos um caminho rumo ao desenvolvimento sustentável, nos dedicando coletivamente à busca do desenvolvimento global e da cooperação boa para todos, que podem trazer enormes ganhos para todos os países e todas as partes do mundo. Reafirmamos que cada Estado tem, e exerce livremente, sua soberania plena e permanente sobre toda a sua riqueza, seus recursos naturais e sua atividade econômica. Vamos implementar a Agenda para o pleno benefício de todos, para a geração de hoje e para as gerações futuras. Ao fazê-lo, reafirmamos nosso compromisso com o direito internacional e enfatizamos que a Agenda deverá ser implementada de uma forma consistente com os direitos e obrigações dos Estados sob o direito internacional. 19. Reafirmamos a importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos, bem como outros instrumentos internacionais relativos aos direitos humanos e ao direito internacional. Enfatizamos as responsabilidades de todos os Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, de respeitar, proteger e promover os direitos humanos e as liberdades fundamentais para todos, sem distinção de qualquer tipo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra opinião, origem nacional ou
Durante o Diálogo Interativo na erradicação da pobreza e da fome, co-presidido por Miro Cerar, Primeiro-Ministro da República da Eslovénia, e Ralph Gonsalves, primeiroministro de São Vicente e Granadinas
social, riqueza, nascimento, deficiência ou qualquer outra condição. 20. A efetivação da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas dará uma contribuição essencial para o progresso em todos os Objetivos e metas. A realização do potencial humano e do desenvolvimento sustentável não é possível se para metade da humanidade continuam a ser negados seus plenos direitos humanos e oportunidades. Mulheres e meninas devem gozar de igualdade de acesso à educação de qualidade, recursos econômicos e participação política, bem como a igualdade de oportunidades com os homens e meninos em termos de emprego, liderança e tomada de decisões em todos os níveis. Vamos trabalhar para um aumento significativo dos investimentos para fechar o hiato de gênero e fortalecer o apoio a instituições em relação à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres nos níveis global, regional e nacional. Todas as formas de discriminação e violência contra as mulheres e meninas serão eliminadas, incluindo por meio do engamento de homens e meninos. A integração sistemática da perspectiva de gênero na implementação da Agenda é crucial. 21. Os novos Objetivos e metas entrarão em vigor no dia 1o de janeiro de 2016 revistaamazonia.com.br
Papa Francisco falando à Assembleia Geral da ONU
e orientarão as decisões que tomamos ao longo dos próximos quinze anos. Todos nós vamos trabalhar para implementar a Agenda dentro de nossos próprios países e em nível regional e global, tendo em conta as diferentes realidades nacionais, capacidades e níveis de desenvolvimento, e respeitando as políticas e prioridades nacionais. Vamos respeitar o espaço político nacional para um crescimento econômico sustentável, inclusivo e sustentado, em particular para os países em desenvolvimento, mantendo-se compatível com as regras e os compromissos internacionais relevantes. Também reconhecemos a importância das dimensões regionais e sub-regionais, a integração econômica regional e a interconexão no desenvolvimento sustentável. Quadros regionais e sub-regionais podem facilitar a tradução eficaz de políticas de desenvolvimento sustentável em ações concretas em nível nacional. 22. Cada país enfrenta desafios específicos em sua busca do desenvolvimento sustentável. Os países mais vulneráveis e, em particular, os países africanos, os países menos desenvolvidos, os países em desenvolvimento sem litoral e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento merecem atenção especial, assim como os países em situações de conflito e pós-conflito. Há também sérios desafios em muitos países de renda média. 23. As pessoas que estão vulneráveis devem ser empoderadas. Aqueles cujas necesrevistaamazonia.com.br
sidades são refletidas na Agenda incluem todas as crianças, jovens, pessoas com deficiência (das quais mais de 80% vivem na pobreza), as pessoas que vivem com HIV/ AIDS, idosos, povos indígenas, refugiados, pessoas deslocadas internamente e migrantes. Decidimos tomar medidas e ações mais eficazes, em conformidade com o direito internacional, para remover os obstáculos e as restrições, reforçar o apoio e atender às necessidades especiais das pessoas que vivem em áreas afetadas por emergências humanitárias complexas e em áreas afetadas pelo terrorismo. 24. Estamos empenhados em acabar com a pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a erradicação da pobreza extrema até 2030. Todas as pessoas devem desfrutar de um padrão básico de vida, inclusive através de sistemas de proteção social. Também estamos determinados a acabar com a fome e alcançar a segurança alimentar como uma questão de prioridade e acabar com todas as formas de desnutrição. Neste sentido, reafirmamos a importância do papel e a natureza abrangente do Comitê de Segurança Alimentar Mundial e damos as boas-vindas à Declaração de Roma sobre Nutrição e o Quadro de Ação. Vamos dedicar recursos para o desenvolvimento das zonas rurais e à agricultura sustentável e à pesca, apoiando os pequenos agricultores, especialmente mulheres agricultoras, criadores de animais e pescadores nos países em desenvolvimento, particular-
mente nos países menos desenvolvidos. 25. Comprometemo-nos a fornecer a educação inclusiva e equitativa de qualidade em todos os níveis – na primeira infância, no primário e nos ensinos secundários, terciário, técnico e profissional. Todas as pessoas, independentemente do sexo, idade, raça, etnia, e pessoas com deficiência, migrantes, povos indígenas, crianças e jovens, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade, devem ter acesso a oportunidades de aprendizagem ao longo da vida que os ajudem a adquirir os conhecimentos e habilidades necessários para explorar oportunidades e participar plenamente da sociedade. Faremos o possível para proporcionar às crianças e jovens um ambiente que propicie a plena realização dos seus direitos e capacidades, ajudando nossos países a colher dividendos demográficos, incluindo através de escolas seguras e de comunidades e famílias coesas. 26. Para promover a saúde física e mental e o bem-estar, e para aumentar a expectativa de vida para todos, temos de alcançar a cobertura universal de saúde e acesso a cuidados de saúde de qualidade. Ninguém deve ser deixado para trás. Comprometemo-nos a acelerar os progressos alcançados até o momento na redução da mortalidade neonatal, infantil e materna, dando um fim a todas essas mortes evitáveis antes de 2030. Estamos empenhados em garantir o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo para o planeamento REVISTA AMAZÔNIA
11
Ban Ki-moon, aplaude o Papa Francisco
familiar, para a informação e para a educação. Iremos igualmente acelerar o ritmo dos progressos realizados na luta contra a malária, HIV/AIDS, tuberculose, hepatite, ebola e outras doenças e epidemias transmissíveis, incluindo a abordagem em relação à crescente resistência antimicrobiana e o problema das doenças negligenciadas que afetam os países em desenvolvimento. Estamos comprometidos com a prevenção e o tratamento de doenças não transmissíveis, incluindo distúrbios de comportamento, de desenvolvimento e neurológicas, que constituem um grande desafio para o desenvolvimento sustentável. 27. Nós procuramos construir fortes fundamentos econômicos para todos os nossos países. Crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável é essencial para a prosperidade. Isso só será possível se a riqueza for compartilhada e a desigualdade de renda for combatida. Vamos trabalhar para construir economias dinâmicas, sustentáveis, inovadoras e centradas nas pes12
REVISTA AMAZÔNIA
soas, promovendo o emprego dos jovens e o empoderamento econômico das mulheres, em particular, e o trabalho decente para todos. Vamos erradicar o trabalho forçado e o tráfico humano e pôr fim ao trabalho infantil em todas as suas formas. Todos os países podem se beneficiar de ter uma força de trabalho saudável e bem-educada com o conhecimento e as habilidades necessárias para o trabalho produtivo e gratificante e a plena participação na sociedade. Vamos fortalecer as capacidades produtivas dos países menos desenvolvidos em todos os setores, inclusive por meio de transformação estrutural. Vamos adotar políticas que aumentem as capacidades de produção, a produtividade e o emprego produtivo; a inclusão financeira; o desenvolvimento sustentável da agricultura, da pecuária e da pesca; o desenvolvimento industrial sustentável; o acesso universal a serviços energéticos acessíveis, confiáveis, sustentáveis e modernos; sistemas de transporte sustentáveis; e infraestrutura de
qualidade e resiliente. 28. Comprometemo-nos a fazer mudanças fundamentais na maneira como nossas sociedades produzem e consomem bens e serviços. Governos, organizações internacionais, setor empresarial e outros atores não estatais e indivíduos devem contribuir para a mudança de consumo e produção não sustentáveis, incluindo através da mobilização, de todas as fontes, de assistência financeira e técnica para fortalecer as capacidades científicas, tecnológicas e de inovação dos países em desenvolvimento para avançar rumo a padrões mais sustentáveis de consumo e produção. Nós encorajamos a implementação do Quadro de Programas sobre Consumo e Produção Sustentáveis, previsto para o prazo de 10 anos. Todos os países tomam medidas, com os países desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta o desenvolvimento e as capacidades dos países em desenvolvimento. 29. Reconhecemos a contribuição positiva dos migrantes para o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável. Reconhecemos também que a migração internacional é uma realidade multidimensional de grande relevância para o desenvolvimento dos países de origem, de trânsito e de destino, o que exige respostas coerentes e globais. Iremos cooperar internacionalmente para garantir uma migração segura, ordenada e regular que envolve o pleno respeito pelos direitos humanos e o tratamento humano dos migrantes, independentemente do status de migração, dos refugiados e das pessoas deslocadas. Essa cooperação deverá também reforçar a resiliência das comunidades que acolhem refugiados, particularmente nos países em desenvolvimento. Destacamos o direito dos migrantes de regressar ao seu país de cidadania, e recordamos que os Estados devem assegurar que os seus cidadãos nacionais que estão retornando sejam devidamente recebidos. 30. Os Estados são instados a abster-se de promulgar e aplicar medidas econômicas, financeiras ou comerciais unilaterais que não estejam em conformidade com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas e que impeçam a plena realização do desenvolvimento econômico e social, em particular nos países em desenvolvimento. 31. Reconhecemos que a UNFCCC [Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima] é o principal fórum internacional e intergovernamental para negociar a resposta global à mudança climática. Estamos determinados a enfrentar decisivamente a ameaça representada pela mudança climática e pela degradação ambiental. A natureza global da mudança do clima requer a maior cooperação internacional possível revistaamazonia.com.br
visando a acelerar a redução das emissões globais de gases de efeito de estufa e abordar a adaptação aos impactos negativos das mudanças climáticas. Notamos com grave preocupação a diferença significativa entre o efeito agregado dos compromissos de mitigação das Partes em termos de emissões anuais globais de gases de efeito estufa até 2020 e as trajetórias das emissões agregadas consistentes, com uma boa oportunidade para manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C ou 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. 32. Tendo em vista a conferência COP21 em Paris, em dezembro [de 2015], ressaltamos o compromisso de todos os Estados de trabalhar para um acordo climático ambicioso e universal. Reafirmamos que o protocolo, outro instrumento legal ou um resultado acordado com força legal ao abrigo da Convenção aplicável a todas as partes devem abordar de forma equilibrada, inter alia, mitigação, adaptação, finanças, desenvolvimento e transferência de tecnologia, capacitação e transparência de ação e apoio. 33. Reconhecemos que o desenvolvimento econômico e social depende da gestão sustentável dos recursos naturais do nosso planeta. Estamos, portanto, decididos a conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos e mares, recursos de água doce, bem como florestas, montanhas e terras áridas e proteger a biodiversidade, os ecossistemas e a vida selvagem. Nós também estamos determinados a promover o turismo sustentável, combater a escassez de água e a poluição da água, fortalecer a cooperação sobre a desertificação, as tempestades de poeira, a degradação dos solos e a seca e promover a resiliência e a redução do risco de desastres. A este respeito, temos grande expectativa na COP13 da Convenção sobre a Diversidade Biológica, a ser realizada no México em 2016. 34. Reconhecemos que o desenvolvimento e a gestão urbanos sustentáveis são fundamentais para a qualidade de vida do nosso povo. Vamos trabalhar com as autoridades e as comunidades locais para renovar e planejar nossas cidades e assentamentos humanos, de modo a fomentar a coesão das comunidades e a segurança pessoal e estimular a inovação e o emprego. Vamos reduzir os impactos negativos das atividades urbanas e dos produtos químicos que são prejudiciais para a saúde humana e para o ambiente, incluindo através da gestão ambientalmente racional e a utilização segura das substâncias químicas, a redução e reciclagem de resíduos e o uso mais eficiente de água e energia. E vamos trabalhar para minimizar o impacto das cidades sobre o revistaamazonia.com.br
Presidente dos Estados Unidos Barack Obama, cumprimenta o Secretário-Geral das Nações Unidas Ban Ki-moon, após seu pronunciamento
sistema climático global. Vamos também ter em conta as tendências e projeções populacionais nas nossas estratégias de desenvolvimento e políticas urbanas, rurais e nacionais. Temos grande expectativa na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável em Quito, Equador. 35. O desenvolvimento sustentável não pode ser realizado sem paz e segurança; e paz e segurança estarão em risco sem o desenvolvimento sustentável. A nova Agenda reconhece a necessidade de construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas que ofereçam igualdade de acesso à justiça e que são baseadas no respeito aos direitos humanos (incluindo o direito ao desenvolvimento), em um efetivo Estado de Direito e boa governança em todos os níveis e em instituições transparentes, eficazes e responsáveis. Fatores que dão origem à violência, insegurança e injustiça, como a desigualdade, a corrupção, a má governança e os fluxos financeiros e de armas ilegais, são abordados na Agenda. Devemos redobrar os nossos esforços para resolver ou prevenir conflitos e para apoiar os países em situação de pós-conflito, incluindo por meio da garantia de que as mulheres tenham um papel na construção da paz e do Estado. Fazemos um apelo para novas medidas e ações efetivas a serem tomadas, em conformidade com o direito internacional, para remover os obstáculos para a plena realização do direito de autodeterminação dos povos que vivem sob ocupação
colonial e estrangeira, que continua a afetar negativamente o seu desenvolvimento econômico e desenvolvimento social, bem como o seu ambiente. 36. Comprometemo-nos a promover a compreensão intercultural, a tolerância, o respeito mútuo e uma ética de cidadania global e responsabilidade compartilhada. Reconhecemos a diversidade natural e cultural do mundo e reconhecemos que todas as culturas e civilizações podem contribuir para, e constituem elementos cruciais do desenvolvimento sustentável. 37. O esporte é também um importante facilitador do desenvolvimento sustentável. Reconhecemos a crescente contribuição do esporte para a realização do desenvolvimento e da paz ao promover a tolerância e o respeito e as contribuições que fazem para o empoderamento das mulheres e dos jovens, indivíduos e comunidades, bem como aos objetivos da saúde, educação e inclusão social. 38. Reafirmamos, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, a necessidade de respeitar a integridade territorial e a independência política dos Estados. Leia a íntegra em: http://nacoesunidas. org/pos2015/agenda2030/
REVISTA AMAZÔNIA
13
Presidenta Dilma Rousseff na ONU Fotos: Roberto Stuckert Filho/PR
A
presidenta Dilma Rousseff disse durante a Conferência das Nações Unidas para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, em Nova York, que as metas brasileiras para reduzir a emissão de gases de efeito estufa são de 37% até 2025 e de 43% até 2030. O ano-base utilizado para os cálculos, segundo ela, é 2005. Durante seu discurso, Dilma destacou que os números serão levados à Conferência do Clima, em Paris, como compromisso assumido pelo governo brasileiro. “A Conferência de Paris é uma oportunidade única para construirmos uma resposta comum para o desafio global de mudanças do clima. O Brasil tem feito grande esforço para reduzir as emissões de gás de efeito estufa, sem comprometer nosso desenvolvimento econômico e nossa inclusão social”. A presidenta citou ainda o que chamou de objetivos ambiciosos para o setor energético, com destaque para a garantia de 45% de fontes renováveis no total da matriz energética. No mundo, a média, segundo ela, é de 13%. Os demais anúncios feitos por Dilma incluem a participação de 66% de fonte hídrica na geração de eletricidade; a participação de 23% de fontes renováveis, eólica, solar e biomassa na geração de energia elétrica; o aumento de cerca de 10% na eficiência elétrica; e a participação de 16% de etanol carburante e demais fontes derivadas da cana-de-açúcar no total da matriz energética. Presidenta Dilma Rousseff durante abertura do Debate de Alto Nível da 70ª Assembleia-Geral das Nações Unidas
14
REVISTA AMAZÔNIA
“As adaptações necessárias frente a mudança do clima estão sendo acompanhadas por transformações importantes nas áreas de uso da terra e florestas, agropecuária, energia, padrões de produção e consumo”, disse. “O Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento a assumir uma meta absoluta de redução de emissões. Temos uma das maiores populações e PIB [Produto Interno Bruto] do mundo e nossas metas são tão ou mais ambiciosas que aquelas dos países desenvolvidos”, completou. Na abertura da 70ª Assembléia Geral ONU, a presidenta Dilma Rousseff, destacou que o governo propôs “cortes drásticos de despesas” e redefiniu receitas para garantir a retomada do crescimento com distribuição de renda.
As metas brasileiras para reduzir a emissão de gases de efeito estufa são de 37% até 2025 e de 43% até 2030
Segundo ela, nos últimos anos o governo brasileiro evitou que a crise mundial, iniciada em 2008, atingisse a economia local com a adoção de medidas de redução de imposto, ampliação de crédito e reforço de investimento. “Nesse período, aumentamos emprego e renda. Esse esforço chegou agora no limite, tanto por razões fiscais internas como por aquelas relacionadas ao quadro externo. A lenta recuperação da economia mundial e o fim do superciclo de commodities incidiram negativamente sobre nosso crescimento”, disse a presidenta. Dilma citou ainda a desvalorização cambial e as pressões recessivas, que produziram inflação e forte queda da arrecadação, levando a restrições nas contas públicas. “O Brasil, no entanto, não tem problemas estruturais graves. Nossos problemas são conjunturais e diante dessa situação estamos reequilibrando nosso orçamento e assumindo uma forte redução das nossas despesas, do gasto de custeio e até de parte do investimento”, disse. A presidenta disse que as medidas de ajuste fiscal do governo visam reduzir a inflação, consolidar a estabilidade macroeconômcia, aumentar a confiança e garantir a retomada do crescimento com distribuição de renda. Segundo ela, a economia brasileira está hoje mais forte e sólida do que há alguns anos. “Estamos num momento de transição para um novo ciclo de expansão mais profundo, mais sólido e mais duradouro”. revistaamazonia.com.br
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZテ年IA
1
Empresas também assumem objetivos da ONU para 2030 Setor privado vai trabalhar ao lado do governo e da sociedade para atingir novas metas assumidas pelo País
Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O
compromisso do Brasil em relação aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), firmado pela presidenta Dilma Rousseff, durante a Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Desenvolvimento Sustentável 2015, em Nova Iorque, será também acompanhado pela iniciativa privada. As empresas participantes da rede brasileira do Pacto Global se comprometeram recentemente, a atingir os Objetivos, que, em linhas gerais, visam acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas por meio de 169 metas até 2030. O Pacto Global é uma iniciativa desenvolvida pelo ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate
Renata Seabra, diretora executiva da Rede Brasileira do Pacto Global: “As empresas devem se comprometer a participar ativamente da resolução dos desafios enfrentados pela sociedade. Porém, nem o setor privado, nem o setor público e nem as ONGs conseguirão resolver todos os problemas sociais de forma individual”
16
REVISTA AMAZÔNIA
à corrupção refletidos em 10 princípios. Essa iniciativa conta com a participação de agências das Nações Unidas, empresas, sindicatos, organizações não-governamentais e demais parceiros necessários para a
Jorge Chediek, coordenador do Sistema Nações Unidas no Brasil: Tivemos grande sucesso, particularmente no Brasil, com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
construção de um mercado global mais inclusivo e igualitário. A rede brasileira do Pacto Global é uma das maiores do mundo, tendo 700 signatários. “Estamos muito confiantes de que esse momento histórico de transição vai ser plenamente factível, e o setor privado tem uma participação importante”, afirmou o presidente do Pacto Global no Brasil, André Oliveira. Diretor jurídico da Basf na América do Sul, Oliveira afirma que os integrantes da rede estão “totalmente engajados” nos ODS, sendo que 60% são empresas de grande porte como Bradesco, Itaú e Vale. “É um desafio grande para a sociedade (os objetivos), mas também uma oportunidade ímpar. Acho que se nós conseguirmos conectar todos os interlocutores - governo, empresas e a sociedade civil - temos uma oportunidade única de transformar o mundo que nós vemos”, considerou. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram oficialmente lançados na sede da ONU em Brasília hoje, com o hasteamento da bandeira dos ODS. O coorderevistaamazonia.com.br
nador do Sistema Nações Unidas no Brasil e representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Jorge Chediek, defendeu o engajamento das empresas para alcançar os ODS. “Essa agenda não é só dos governos. É uma agenda que precisa de um engajamento ativo do setor privado, da sociedade civil e de todas as pessoas individualmente”, afirmou. Chediek destacou a necessidade de as empresas se engajarem nos ODS também para superar a crise econômica. “Confiamos que o Brasil, mesmo com a crise econômica, mantenha os programas sociais que têm sido tão bem sucedidos e que têm sido um exemplo a nível mundial”, disse. “Ao mesmo tempo, desejamos que a crise seja superada rapidamente para retomar rapidamente a criação emprego, que tem sido um fator tão importante na melhora das condições dos indicadores sociais brasileiros.” O representante da ONU recordou que o governo brasileiro foi eficiente no atingimento de 7 dos 8 Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, assumidos em 2000, cujo foco era a redução da pobreza. “Tivemos grande sucesso, particularmente no Brasil, com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Agora precisamos de uma agenda que os complemente e inclua outras dimensões, como a ambiental, os direitos humanos e a governança”, observou.
Para Georg Kell, diretor executivo do Pacto Global da ONU: “Nenhuma empresa sozinha muda o mundo. Mas se aquelas com valores próximos se unem, obtêm poder para a mudança que buscamos”, “Cabe às organizações trabalharem juntas nos temas fundamentais”
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
17
ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Fotos: Antonio Cruz/Agência Brasil, Jessica Lea, Paul Bolotov / Alamy , UN Photo/Cia Pak, UN Photo/Kim Haughton
Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares 1.1 Até 2030, erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, atualmente medida como pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia 1.2 Até 2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulheres e crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas dimensões, de acordo com as definições nacionais 1.3 Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de proteção social adequados, para todos, incluindo pisos, e até 2030 atingir a cobertura substancial dos pobres e vulneráveis 1.4 Até 2030, garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os pobres e vulneráveis, tenham direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a serviços básicos, propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, herança, recursos naturais, novas tecnologias apropriadas e serviços financeiros, incluindo microfinanças 1.5 Até 2030, construir a resiliência dos pobres e daqueles em 18
REVISTA AMAZÔNIA
situação de vulnerabilidade, e reduzir a exposição e vulnerabilidade destes a eventos extremos relacionados com o clima e outros choques e desastres econômicos, sociais e ambientais 1.a Garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de fontes, inclusive por meio do reforço da cooperação para o desenvolvimento, para proporcionar meios adequados e previsíveis para que os países em desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, implementem programas e políticas para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões 1.b Criar marcos políticos sólidos em níveis nacional, regional e internacional, com base em estratégias de desenvolvimento a favor dos pobres e sensíveis a gênero, para apoiar investimentos acelerados nas ações de erradicação da pobreza Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável 2.1 Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, revistaamazonia.com.br
a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano 2.2 Até 2030, acabar com todas as formas de desnutrição, incluindo atingir, até 2025, as metas acordadas internacionalmente sobre nanismo e caquexia em crianças menores de cinco anos de idade, e atender às necessidades nutricionais dos adolescentes, mulheres grávidas e lactantes e pessoas idosas 2.3 Até 2030, dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos, particularmente das mulheres, povos indígenas, agricultores familiares, pastores e pescadores, inclusive por meio de acesso seguro e igual à terra, outros recursos produtivos e insumos, conhecimento, serviços financeiros, mercados e oportunidades de agregação de valor e de emprego não agrícola 2.4 Até 2030, garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo 2.5 Até 2020, manter a diversidade genética de sementes, plantas cultivadas, animais de criação e domesticados e suas respectivas espécies selvagens, inclusive por meio de bancos de sementes e plantas diversificados e bem geridos em nível nacional, regional e internacional, e garantir o acesso e a repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados, como acordado internacionalmente 2.a Aumentar o investimento, inclusive via o reforço da cooperação internacional, em infraestrutura rural, pesquisa e extensão de serviços agrícolas, desenvolvimento de tecnologia, e os bancos de genes de plantas e animais, para aumentar a capacidade de produção agrícola nos países em desenvolvimento, em particular nos países menos desenvolvidos 2.b Corrigir e prevenir as restrições ao comércio e distorções nos mercados agrícolas mundiais, incluindo a eliminação paralela de todas as formas de subsídios à exportação e todas as medidas de exportação com efeito equivalente, de acordo com o mandato da Rodada de Desenvolvimento de Doha 2.c Adotar medidas para garantir o funcionamento adequado dos mercados de commodities de alimentos e seus derivados, e facilitar o acesso oportuno à informação de mercado, inclusive sobre as reservas de alimentos, a fim de ajudar a limitar a volatilidade extrema dos preços dos alimentos Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades 3.1 Até 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos 3.2 Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos 3.3 Até 2030, acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis revistaamazonia.com.br
Projeções massivas sobre os ODS eram vistos na fachada norte do edifício, Secretaria, e fachada oeste da sede da Assembleia Geral da ONU
3.4 Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar 3.5 Reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool 3.6 Até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes em estradas 3.7 Até 2030, assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar, informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em estratégias e programas nacionais 3.8 Atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos 3.9 Até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos, contaminação e poluição do ar e água do solo 3.a Fortalecer a implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco em todos os países, conforme apropriado 3.b Apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas e medicamentos para as doenças transmissíveis e não transmissíveis, que afetam principalmente os países em desenvolvimento, proporcionar o acesso a medicamentos e vacinas essenciais a preços acessíveis, de acordo com a Declaração de Doha, que afirma o direito dos países em desenvolvimento de utilizarem plenamente as disposições Projeções massivas sobre os ODS eram vistos na fachada norte do edifício, Secretaria, e fachada oeste da sede da Assembleia Geral da ONU
REVISTA AMAZÔNIA
19
Os Objetivos do Milênio foram aplicados principalmente em países em desenvolvimento, agora os ODS – as metas de desenvolvimento sustentável serão aplicada globalmente do acordo TRIPS sobre flexibilidades para proteger a saúde pública e, em particular, proporcionar o acesso a medicamentos para todos 3.c Aumentar substancialmente o financiamento da saúde e o recrutamento, desenvolvimento e formação, e retenção do pessoal de saúde nos países em desenvolvimento, especialmente nos países menos desenvolvidos e nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento 3.d Reforçar a capacidade de todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, para o alerta precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e globais de saúde Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos 4.1 Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino primário e secundário livre, equitativo e de qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes 4.2 Até 2030, garantir que todos as meninas e meninos tenham acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância, cuidados e educação pré-escolar, de modo que eles estejam prontos para o ensino primário 4.3 Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os homens e mulheres à educação técnica, profissional e superior de qualidade, a preços acessíveis, incluindo universidade 4.4 Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que tenham habilidades relevantes, inclusive competências técnicas e profissionais, para emprego, trabalho decente 20
REVISTA AMAZÔNIA
e empreendedorismo 4.5 Até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência, povos indígenas e as crianças em situação de vulnerabilidade 4.6 Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos adultos, homens e mulheres estejam alfabetizados e tenham adquirido o conhecimento básico de matemática 4.7 Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável 4.a Construir e melhorar instalações físicas para educação, apropriadas para crianças e sensíveis às deficiências e ao gênero, e que proporcionem ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e eficazes para todos 4.b Até 2020, substancialmente ampliar globalmente o número de bolsas de estudo para os países em desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países africanos, para o ensino superior, incluindo programas de formação profissional, de tecnologia da informação e da comunicação, técnicos, de engenharia e programas científicos em países desenvolvidos e outros países em desenvolvimento 4.c Até 2030, substancialmente aumentar o contingente de professores qualificados, inclusive por meio da cooperação internacional para a formação de professores, nos países em desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares em desenvolvimento
revistaamazonia.com.br
Durante a reunião da Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, e para marcar o 70º aniversário das Nações Unidas, um filme de 10 minutos introduzindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foi projetada na sede das Nações Unidas
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas 5.1 Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte 5.2 Eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de
outros tipos 5.3 Eliminar todas as práticas nocivas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças e mutilações genitais femininas 5.4 Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, bem como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família, conforme os contextos nacionais 5.5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública 5.6 Assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos, como acordado em conformidade com o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim e os documentos resultantes de suas conferências de revisão 5.a Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais revistaamazonia.com.br
5.b Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres 5.c Adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos 6.1 Até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo a água potável e segura para todos 6.2 Até 2030, alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade 6.3 Até 2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente 6.4 Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água 6.5 Até 2030, implementar a gestão integrada dos recursos hídriREVISTA AMAZÔNIA
21
cos em todos os níveis, inclusive via cooperação transfronteiriça, conforme apropriado 6.6 Até 2020, proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água, incluindo montanhas, florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos 6.a Até 2030, ampliar a cooperação internacional e o apoio à capacitação para os países em desenvolvimento em atividades e programas relacionados à água e saneamento, incluindo a coleta de água, a dessalinização, a eficiência no uso da água, o tratamento de efluentes, a reciclagem e as tecnologias de reuso 6.b Apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da água e do saneamento Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos 7.1 Até 2030, assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a serviços de energia 7.2 Até 2030, aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz energética global 7.3 Até 2030, dobrar a taxa global de melhoria da eficiência energética 7.a Até 2030, reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso a pesquisa e tecnologias de energia limpa, incluindo energias renováveis, eficiência energética e tecnologias de combustíveis fósseis avançadas e mais limpas, e promover o investimento em infraestrutura de energia e em tecnologias de energia limpa 7.b Até 2030, expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para o fornecimento de serviços de energia modernos e sustentáveis para todos nos países em desenvolvimento, particularmente nos países menos desenvolvidos, nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países em desenvolvimento sem litoral, de acordo com seus respectivos programas de apoio
22
REVISTA AMAZÔNIA
Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos 8.1 Sustentar o crescimento econômico per capita de acordo com as circunstâncias nacionais e, em particular, um crescimento anual de pelo menos 7% do produto interno bruto [PIB] nos países menos desenvolvidos 8.2 Atingir níveis mais elevados de produtividade das economias por meio da diversificação, modernização tecnológica e inovação, inclusive por meio de um foco em setores de alto valor agregado e dos setores intensivos em mão de obra 8.3 Promover políticas orientadas para o desenvolvimento que apoiem as atividades produtivas, geração de emprego decente, empreendedorismo, criatividade e inovação, e incentivar a formalização e o crescimento das micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio do acesso a serviços financeiros 8.4 Melhorar progressivamente, até 2030, a eficiência dos recursos globais no consumo e na produção, e empenhar-se para dissociar o crescimento econômico da degradação ambiental, de acordo com o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com os países desenvolvidos assumindo a liderança 8.5 Até 2030, alcançar o emprego pleno e produtivo e trabalho decente todas as mulheres e homens, inclusive para os jovens e as pessoas com deficiência, e remuneração igual para trabalho de igual valor 8.6 Até 2020, reduzir substancialmente a proporção de jovens sem emprego, educação ou formação 8.7 Tomar medidas imediatas e eficazes para erradicar o trabalho forçado, acabar com a escravidão moderna e o tráfico de pessoas, e assegurar a proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil, incluindo recrutamento e utilização de crianças-soldado, e até 2025 acabar com o trabalho infantil em todas as suas formas 8.8 Proteger os direitos trabalhistas e promover ambientes de trabalho seguros e protegidos O Papa Francisco na para todos os trabalhadores, sessão dos 70 anos da Assembleia Geral das incluindo os trabalhadores Nações Unidas migrantes, em particular as mulheres migrantes, e pessoas em empregos precários 8.9 Até 2030, elaborar e implementar políticas para promover o turismo sustentável, que gera empregos e promove a cultura e os produtos locais 8.10 Fortalecer a capacidade das instituições financeiras nacionais para incentivar a expansão do acesso aos serviços bancários, de seguros e financeiros para todos 8.a Aumentar o apoio da Iniciativa de Ajuda para o Comércio [Aid for Trade] para os países em desenvolvimento, particularmenrevistaamazonia.com.br
O representante do PNUD no Brasil, Jorge Chediek, participa da cerimônia de hasteamento da bandeira dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
te os países menos desenvolvidos, inclusive por meio do Quadro Integrado Reforçado para a Assistência Técnica Relacionada com o Comércio para os países menos desenvolvidos 8.b Até 2020, desenvolver e operacionalizar uma estratégia global para o emprego dos jovens e implementar o Pacto Mundial para o Emprego da Organização Internacional do Trabalho [OIT] Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação 9.1 Desenvolver infraestrutura de qualidade, confiável, sustentável e resiliente, incluindo infraestrutura regional e transfronteiriça, para apoiar o desenvolvimento econômico e o bem-estar humano, com foco no acesso equitativo e a preços acessíveis para todos 9.2 Promover a industrialização inclusiva e sustentável e, até 2030, aumentar significativamente a participação da indústria no setor de emprego e no PIB, de acordo com as circunstâncias nacionais, e dobrar sua participação nos países menos desenvolvidos 9.3 Aumentar o acesso das pequenas indústrias e outras empresas, particularmente em países em desenvolvimento, aos serviços financeiros, incluindo crédito acessível e sua integração em cadeias de valor e mercados 9.4 Até 2030, modernizar a infraestrutura e reabilitar as indústrias para torná-las sustentáveis, com eficiência aumentada no uso de recursos e maior adoção de tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente corretos; com todos os países atuando de acordo com suas respectivas capacidades 9.5 Fortalecer a pesquisa científica, melhorar as capacidades tecnológicas de setores industriais em todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, inclusive, até 2030, incentivando a inovação e aumentando substancialmente o número de trabalhadores de pesquisa e desenvolvimento por milhão de pessoas e os gastos público e privado em pesquisa e desenvolvimento 9.a Facilitar o desenvolvimento de infraestrutura sustentável revistaamazonia.com.br
e resiliente em países em desenvolvimento, por meio de maior apoio financeiro, tecnológico e técnico aos países africanos, aos países menos desenvolvidos, aos países em desenvolvimento sem litoral e aos pequenos Estados insulares em desenvolvimento 9.b Apoiar o desenvolvimento tecnológico, a pesquisa e a inovação nacionais nos países em desenvolvimento, inclusive garantindo um ambiente político propício para, entre outras coisas, a diversificação industrial e a agregação de valor às commodities 9.c Aumentar significativamente o acesso às tecnologias de informação e comunicação e se empenhar para oferecer acesso universal e a preços acessíveis à internet nos países menos desenvolvidos, até 2020 Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles 10.1 Até 2030, progressivamente alcançar e sustentar o crescimento da renda dos 40% da população mais pobre a uma taxa maior que a média nacional 10.2 Até 2030, empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra 10.3 Garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades de resultados, inclusive por meio da eliminação de leis, políticas e práticas discriminatórias e da promoção de legislação, políticas e ações adequadas a este respeito 10.4 Adotar políticas, especialmente fiscal, salarial e de proteção social, e alcançar progressivamente uma maior igualdade 10.5 Melhorar a regulamentação e monitoramento dos mercados e instituições financeiras globais e fortalecer a implementação de tais regulamentações 10.6 Assegurar uma representação e voz mais forte dos países em desenvolvimento em tomadas de decisão nas instituições econômicas e financeiras internacionais globais, a fim de produzir instituições mais eficazes, críveis, responsáveis e legítimas 10.7 Facilitar a migração e a mobilidade ordenada, segura, regular e responsável das pessoas, inclusive por meio da implementação de políticas de migração planejadas e bem geridas 10.a Implementar o princípio do tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, em conformidade com os acordos da OMC 10.b Incentivar a assistência oficial ao desenvolvimento e fluxos financeiros, incluindo o investimento externo direto, para os Estados onde a necessidade é maior, em particular os países menos desenvolvidos, os países africanos, os pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países em desenvolvimento sem litoral, REVISTA AMAZÔNIA
23
de acordo com seus planos e programas nacionais 10.c Até 2030, reduzir para menos de 3% os custos de transação de remessas dos migrantes e eliminar os corredores de remessas com custos superiores a 5% Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis 11.1 Até 2030, garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e urbanizar as favelas 11.2 Até 2030, proporcionar o acesso a sistemas de transporte seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço acessível para todos, melhorando a segurança rodoviária por meio da expansão dos transportes públicos, com especial atenção para as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade, mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos 11.3 Até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as capacidades para o planejamento e gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis, em todos os países 11.4 Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo 11.5 Até 2030, reduzir significativamente o número de mortes e o número de pessoas afetadas por catástrofes e substancialmente diminuir as perdas econômicas diretas causadas por elas em relação ao produto interno bruto global, incluindo os desastres relacionados à água, com o foco em proteger os pobres e as pessoas em situação de vulnerabilidade 11.6 Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros 11.7 Até 2030, proporcionar o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, particularmente para as mulheres e crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência 11.a Apoiar relações econômicas, sociais e ambientais positivas entre áreas urbanas, periurbanas e rurais, reforçando o planejamento nacional e regional de desenvolvimento 11.b Até 2020, aumentar substancialmente o número de cidades e assentamentos humanos adotando e implementando políticas e planos integrados para a inclusão, a eficiência dos recursos, mitigação e adaptação às mudanças climáticas, a resiliência a desastres; e desenvolver e implementar, de acordo com o Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030, o gerenciamento holístico do risco de desastres em todos os níveis 11.c Apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de assistência técnica e financeira, para construções sustentáveis e resilientes, utilizando materiais locais Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis 12.1 Implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com todos os países tomando medidas, e os países desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta o de-
24
REVISTA AMAZÔNIA
PNUD faz homenagem ao Desenvolvimento Sustentável
senvolvimento e as capacidades dos países em desenvolvimento 12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais 12.3 Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita 12.4 Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos internacionais acordados, e reduzir significativamente a liberação destes para o ar, água e solo, para minimizar seus impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente 12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso 12.6 Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios 12.7 Promover práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as políticas e prioridades nacionais 12.8 Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientização para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza 12.a Apoiar países em desenvolvimento a fortalecer suas capacidades científicas e tecnológicas para mudar para padrões mais sustentáveis de produção e consumo 12.b Desenvolver e implementar ferramentas para monitorar os impactos do desenvolvimento sustentável para o turismo sustentável, que gera empregos, promove a cultura e os produtos locais 12.c Racionalizar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, que encorajam o consumo exagerado, eliminando as distorções de mercado, de acordo com as circunstâncias nacionais, inclusive por meio da reestruturação fiscal e a eliminação gradual desses subsídios prejudiciais, caso existam, para refletir os seus impactos ambientais, tendo plenamente em conta as necessidades específicas e condições dos países em desenvolvimento e minimizando os possíveis impactos adversos sobre o seu desenvolvimento de uma forma que proteja os pobres e as comunidades afetadas Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos (*) 13.1 Reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e às catástrofes naturais em todos os países 13.2 Integrar medidas da mudança do clima nas políticas, revistaamazonia.com.br
estratégias e planejamentos nacionais 13.3 Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mitigação, adaptação, redução de impacto e alerta precoce da mudança do clima 13.a Implementar o compromisso assumido pelos países desenvolvidos partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] para a meta de mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020, de todas as fontes, para atender às necessidades dos países em desenvolvimento, no contexto das ações de mitigação significativas e transparência na implementação; e operacionalizar plenamente o Fundo Verde para o Clima por meio de sua capitalização o mais cedo possível 13.b Promover mecanismos para a criação de capacidades para o planejamento relacionado à mudança do clima e à gestão eficaz, nos países menos desenvolvidos, inclusive com foco em mulheres, jovens, comunidades locais e marginalizadas (*) Reconhecendo que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] é o fórum internacional intergovernamental primário para negociar a resposta global à mudança do clima. Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável 14.1 Até 2025, prevenir e reduzir significativamente a poluição marinha de todos os tipos, especialmente a advinda de atividades terrestres, incluindo detritos marinhos e a poluição por nutrientes 14.2 Até 2020, gerir de forma sustentável e proteger os ecossistemas marinhos e costeiros para evitar impactos adversos significativos, inclusive por meio do reforço da sua capacidade de resiliência, e tomar medidas para a sua restauração, a fim de assegurar oceanos saudáveis e produtivos 14.3 Minimizar e enfrentar os impactos da acidificação dos oceanos, inclusive por meio do reforço da cooperação científica em todos os níveis 14.4 Até 2020, efetivamente regular a coleta, e acabar com a sobrepesca, ilegal, não reportada e não regulamentada e as práticas de pesca destrutivas, e implementar planos de gestão com base científica, para restaurar populações de peixes no menor tempo possível, pelo menos a níveis que possam produzir rendimento máximo sustentável, como determinado por suas características biológicas 14.5 Até 2020, conservar pelo menos 10% das zonas costeiras e marinhas, de acordo com a legislação nacional e internacional, e com base na melhor informação científica disponível 14.6 Até 2020, proibir certas formas de subsídios à pesca, que contribuem para a sobrecapacidade e a sobrepesca, e eliminar os subsídios que contribuam para a pesca ilegal, não reportada e não regulamentada, e abster-se de introduzir novos subsídios como estes, reconhecendo que o tratamento especial e diferenciado adequado e eficaz para os países em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos deve ser parte integrante da negociação sobre subsídios à pesca da Organização Mundial do Comércio 14.7 Até 2030, aumentar os benefícios econômicos para os pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos, a partir do uso sustentável dos recursos marinhos, inclusive por meio de uma gestão sustentável da pesca, aquicultura e turismo revistaamazonia.com.br
Os participantes da Cúpula da Juventude mostram cada um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
14.a Aumentar o conhecimento científico, desenvolver capacidades de pesquisa e transferir tecnologia marinha, tendo em conta os critérios e orientações sobre a Transferência de Tecnologia Marinha da Comissão Oceanográfica Intergovernamental, a fim de melhorar a saúde dos oceanos e aumentar a contribuição da biodiversidade marinha para o desenvolvimento dos países em desenvolvimento, em particular os pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos 14.b Proporcionar o acesso dos pescadores artesanais de pequena escala aos recursos marinhos e mercados 14.c Assegurar a conservação e o uso sustentável dos oceanos e seus recursos pela implementação do direito internacional, como refletido na UNCLOS [Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar], que provê o arcabouço legal para a conservação e utilização sustentável dos oceanos e dos seus recursos, conforme registrado no parágrafo 158 do “Futuro Que Queremos” Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade 15.1 Até 2020, assegurar a conservação, recuperação e uso sustentável de ecossistemas terrestres e de água doce interiores e seus serviços, em especial florestas, zonas úmidas, montanhas e terras áridas, em conformidade com as obrigações decorrentes dos acordos internacionais 15.2 Até 2020, promover a implementação da gestão sustentável de todos os tipos de florestas, deter o desmatamento, restaurar florestas degradadas e aumentar substancialmente o florestamento e o reflorestamento globalmente 15.3 Até 2030, combater a desertificação, restaurar a terra e o solo degradado, incluindo terrenos afetados pela desertificação, secas e inundações, e lutar para alcançar um mundo neutro em termos de degradação do solo 15.4 Até 2030, assegurar a conservação dos ecossistemas de montanha, incluindo a sua biodiversidade, para melhorar a sua capacidade de proporcionar benefícios que são essenciais para o desenvolvimento sustentável 15.5 Tomar medidas urgentes e significativas para reduzir a degradação de habitat naturais, deter a perda de biodiversidade e, até 2020, proteger e evitar a extinção de espécies ameaçadas 15.6 Garantir uma repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos e promover o acesso adequado aos recursos genéticos REVISTA AMAZÔNIA
25
15.7 Tomar medidas urgentes para acabar com a caça ilegal e o tráfico de espécies da flora e fauna protegidas e abordar tanto a demanda quanto a oferta de produtos ilegais da vida selvagem 15.8 Até 2020, implementar medidas para evitar a introdução e reduzir significativamente o impacto de espécies exóticas invasoras em ecossistemas terrestres e aquáticos, e controlar ou erradicar as espécies prioritárias 15.9 Até 2020, integrar os valores dos ecossistemas e da biodiversidade ao planejamento nacional e local, nos processos de desenvolvimento, nas estratégias de redução da pobreza e nos sistemas de contas 15.a Mobilizar e aumentar significativamente, a partir de todas as fontes, os recursos financeiros para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e dos ecossistemas 15.b Mobilizar recursos significativos de todas as fontes e em todos os níveis para financiar o manejo florestal sustentável e proporcionar incentivos adequados aos países em desenvolvimento para promover o manejo florestal sustentável, inclusive para a conservação e o reflorestamento 15.c Reforçar o apoio global para os esforços de combate à caça ilegal e ao tráfico de espécies protegidas, inclusive por meio do aumento da capacidade das comunidades locais para buscar oportunidades de subsistência sustentável Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis 16.1 Reduzir significativamente todas as formas de violência e as taxas de mortalidade relacionada em todos os lugares 16.2 Acabar com abuso, exploração, tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças 16.3 Promover o Estado de Direito, em nível nacional e internacional, e garantir a igualdade de acesso à justiça para todos 16.4 Até 2030, reduzir significativamente os fluxos financeiros e de armas ilegais, reforçar a recuperação e devolução de recursos roubados e combater todas as formas de crime organizado 16.5 Reduzir substancialmente a corrupção e o suborno em todas as suas formas 16.6 Desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes em todos os níveis 16.7 Garantir a tomada de decisão responsiva, inclusiva, participativa e representativa em todos os níveis
16.8 Ampliar e fortalecer a participação dos países em desenvolvimento nas instituições de governança global 16.9 Até 2030, fornecer identidade legal para todos, incluindo o registro de nascimento 16.10 Assegurar o acesso público à informação e proteger as liberdades fundamentais, em conformidade com a legislação nacional e os acordos internacionais 16.a Fortalecer as instituições nacionais relevantes, inclusive por meio da cooperação internacional, para a construção de capacidades em todos os níveis, em particular nos países em desenvolvimento, para a prevenção da violência e o combate ao terrorismo e ao crime 16.b Promover e fazer cumprir leis e políticas não discriminatórias para o desenvolvimento sustentável Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável Finanças 17.1 Fortalecer a mobilização de recursos internos, inclusive por meio do apoio internacional aos países em desenvolvimento, para melhorar a capacidade nacional para arrecadação de impostos e outras receitas 17.2 Países desenvolvidos implementarem plenamente os seus compromissos em matéria de assistência oficial ao desenvolvimento [AOD], inclusive fornecer 0,7% da renda nacional bruta [RNB] em AOD aos países em desenvolvimento, dos quais 0,15% a 0,20% para os países menos desenvolvidos; provedores de AOD são encorajados a considerar a definir uma meta para fornecer pelo menos 0,20% da renda nacional bruta em AOD para os países menos desenvolvidos 17.3 Mobilizar recursos financeiros adicionais para os países em desenvolvimento a partir de múltiplas fontes 17.4 Ajudar os países em desenvolvimento a alcançar a sustentabilidade da dívida de longo prazo por meio de políticas coordenadas destinadas a promover o financiamento, a redução e a reestruturação da dívida, conforme apropriado, e tratar da dívida externa dos países pobres altamente endividados para reduzir o superendividamento 17.5 Adotar e implementar regimes de promoção de investimentos para os países menos desenvolvidos Tecnologia 17.6 Melhorar a cooperação Norte-Sul, Sul-Sul e triangular regional e internacional e o acesso à ciência, tecnologia e inovação, e aumentar o compartilhamento de conhecimentos em termos mutu-
Turismo no Amazonas
Socorro Barroso
Receptivo em Manaus
26
REVISTA AMAZÔNIA
www.olimpiocarneiro.com reservasolimpiocarneiro@gmail.com revistaamazonia.com.br (92) 99261-5035 / 98176-9555 / 99213-0561
amente acordados, inclusive por meio de uma melhor coordenação entre os mecanismos existentes, particularmente no nível das Nações Unidas, e por meio de um mecanismo de facilitação de tecnologia global 17.7 Promover o desenvolvimento, a transferência, a disseminação e a difusão de tecnologias ambientalmente corretas para os países em desenvolvimento, em condições favoráveis, inclusive em condições concessionais e preferenciais, conforme mutuamente acordado 17.8 Operacionalizar plenamente o Banco de Tecnologia e o mecanismo de capacitação em ciência, tecnologia e inovação para os países menos desenvolvidos até 2017, e aumentar o uso de tecnologias de capacitação, em particular das tecnologias de informação e comunicação Capacitação 17.9 Reforçar o apoio internacional para a implementação eficaz e orientada da capacitação em países em desenvolvimento, a fim de apoiar os planos nacionais para implementar todos os objetivos de desenvolvimento sustentável, inclusive por meio da cooperação Norte-Sul, Sul-Sul e triangular
revistaamazonia.com.br
Comércio 17.10 Promover um sistema multilateral de comércio universal, baseado em regras, aberto, não discriminatório e equitativo no âmbito da Organização Mundial do Comércio, inclusive por meio da conclusão das negociações no âmbito de sua Agenda de Desenvolvimento de Doha 17.11 Aumentar significativamente as exportações dos países em desenvolvimento, em particular com o objetivo de duplicar a participação dos países menos desenvolvidos nas exportações globais até 2020 17.12 Concretizar a implementação oportuna de acesso a mercados livres de cotas e taxas, de forma duradoura, para todos os países menos desenvolvidos, de acordo com as decisões da OMC, inclusive por meio de garantias de que as regras de origem preferenciais aplicáveis às importações provenientes de países menos desenvolvidos sejam transparentes e simples, e contribuam para facilitar o acesso ao mercado. *Reafirmamos nosso firme compromisso em alcançar este Agenda e utilizá-la ao máximo para transformar o nosso mundo para melhor em 2030.
REVISTA AMAZÔNIA
27
Árvores da Amazônia
Metade das árvores da Amazônia pertencem a apenas 1,4% das espécies por Cimone Barros
A
análise foi feita a partir de inventários florestais realizados em expedições de grupos de pesquisas em campo e não por imagens de satélite, que até hoje ainda não conseguem responder a essa demanda. Pela primeira vez uma pesquisa realizada em colaboração com especialistas de 125 instituições do mundo consegue responder a duas questões antigas sobre a floresta Amazônica: quantas árvores e espécies arbóreas existem na Amazônia? O estudo contou com a coautoria de 15 pesquisadores e estudantes de pós-graduação ligados ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI). O trabalho “Hiperdominância de espécies Arbóreas na flora Amazônica”, fez uma es-
Fotos: Acervo - Anselmo d’affonseca, Amazon Tree Diversity Network, Christopher Dick, Hans ter Steege, Justin Catanoso, NASA’s Earth Observatory/ Robert Simmon, NASA / JPL-Caltech, Rhett A. Butler, Scott Adams
timativa de que existem aproximadamente 16 mil espécies de árvores na Amazônia, mas metade de todas as árvores pertence a apenas 227 espécies (1,4% do total), enquanto que 11 mil espécies estão entre as mais raras e representam apenas 0,12% das árvores. Nos 6 milhões de quilômetros quadrados da grande Amazônia, incluindo a bacia Amazônica e as Guianas, o estudo estimou cerca de 400 bilhões o número de árvores existentes. Para os especialistas, a presença das hiperdominantes pode ajudar a entender como a Amazônia funciona hoje e como poderá funcionar no futuro. “Essa hiperdominância é observada também nos nossos inventários mais locais”, afirmou a botânica do Inpa, Iêda Leão do Amaral.
O estudo compila dados de 1.170 levantamentos ou parcelas florestais, o que resultou na primeira estimativa de abundância, frequência e distribuição espacial em larga escala de milhares de árvores amazônicas. Para a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPG-ECO) do Inpa e coautora do estudo, a bióloga Flávia Costa, uma implicação dessa dominância é o lado contrário, já que 62% das espécies têm uma abundância extremamente pequena e algumas são tão raras que talvez os cientistas nunca as encontrem.
Lista vermelha
Há muitas espécies que são extremamente raras e essas são as que estão em perigo de desaparecer
Das 16 mil espécies de árvores, cerca de 6 mil espécies têm populações abaixo do que é considerada população viável para conservação, ou seja, menos de mil indivíduos em toda a bacia Amazônica. Essa situação as qualifica para entrar na lista das espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). “Se há pouquíssimas espécies muito abundantes, significa que há muitas espécies que são extremamente raras e essas são as que estão em perigo de desaparecer. É isso que nos preocupa”, disse Flávia Costa. Para o botânico do Inpa e coautor do estudo, Charles Zartman, esses resultados estão gritando a necessidade de aumentar e 28
REVISTA AMAZÔNIA
revistaamazonia.com.br
Segundo Dr. Nigel Pitman, um dos autores do estudo: “Em essência, isso significa que a maior piscina de carbono tropical na Terra tem sido uma ecológica “caixa preta” para os ecologistas. Os ambientalistas não sabem quais as espécies de árvores amazônicas enfrentam as ameaças mais graves de extinção”.
Mapa da NASA mostrando a América do Sul, e em destaque os 6,29 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia, com sua Floresta Amazônica – maior floresta tropical do mundo, principal responsável pelo clima no Brasil – a maior reserva de biodiversidade do planeta
valorizar o levantamento florestal na Amazônia. “Para entender, por exemplo, grandes frações de espécies raras precisamos de mais inventários para repetir e entender os padrões”, disse Zartman, que destaca a colaboração internacional de uma centena de instituições para que se tivesse um resultado tão marcante.
Localização das espécies arbóreas na flora Amazônica Mapa de localização da Rede de Diversidade da Amazônia, (ATDn), dos 1.430 inventários florestais que contribuíram com dados para este estudo, nos principais tipos de habitats que são encontrados na Amazônia, com o objetivo de obter, pela primeira vez, estimativas sobre a abundância, frequência e distribuição espacial de milhares de espécies de árvores amazônicas. O polígono tem uma superfície similar a toda a área continental dos Estados Unidos. Esse polígono branco marca a delimitação da área de estudo e consiste de 567 1 ° quadrículas (área = 6,29 milhões de km2). Círculos laranja indicam parcelas de terra firme; quadrados azuis, lotes em terreno sazonalmente ou permanentemente inundados (várzea, igapó, pântanos); triângulos amarelos, enredos sobre solo ácido infértil de areia branca; círculos cinza, terrenos usado somente para cálculos de densidade arbórea. O fundo é de terra visível. CA = Amazônia central; EA = Amazônia Oriental; GS = Escudo das Guianas; AS = Sul da Amazônia; WAN = Parte norte da Amazônia Ocidental; WAS = Parte sul da Amazônia Ocidental. revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
29
Campeões
O açaí-do-amazonas (Euterpe precatoria), também conhecido como açaí-solitário por apresentar apenas um estipe, é a espécie com maior população (5,21 bilhões de unidades) entre todas as hiperdominantes. O açaí que ocorre em touceiras, o Euterpe oleracea, ocupa a sexta posição com 3,78 bilhões de indivíduos. Outras quatro espécies de palmeiras estão entre as 20 de maior hiperdominância. A Protium altissimum, uma espécie de breu, árvores dicotiledôneas cobertas por cipós é a mais populosa, com 5,21 bilhões de árvores, seguida de Eschweilera coriacea, o matamatá-branco, com 5 bilhões de árvores. Detalhe: o matamatá-branco é a única hiperdominante em todas as seis regiões adotadas pelo estudo.
Mais investigação A pesquisa não revela a razão pela qual as 227 espécies são hiperdominantes. Entre as possíveis explicações, os autores sugerem que algumas espécies hiperdominantes talvez sejam comuns por terem sido cultivadas pelas populações indígenas antes de 1492, mas isso ainda é ponto de investigação. Para Flávia Costa, no caso das palmeiras há duas suspeitas: a primeira é que elas podem ter sido espalhadas na Amazônia pelos indígenas, e isso que se observa hoje seria o resultado da propagação de plantas úteis no passado, aproximadamente há 10 mil anos, tempo que as pessoas colonizaram a região. Este é um tópico que está sendo estudado por uma aluna da pós-graduação do Inpa, Carolina Levis, que já mostrou em outro estudo os impactos de populações antigas na composição florística atual da floresta. “A outra suspeita está relacionada com a capacidade das plantas de se reproduzirem. E isso não vale só para as palmeiras, mas para qualquer uma dessas espécies que se tornaram muito abundantes”, contou.
30
REVISTA AMAZÔNIA
Liderada pelo Dr. Hans ter Steege do Centro de Biodiversidade Naturalis, na Holanda, a equipe pesquisou meio milhão de árvores em 1.170 lotes em toda a área de seis milhões de quilômetros quadrados, dando as primeiras estimativas para toda a bacia Amazônica. “Achamos que há cerca de 16 mil espécies de árvores na Amazônia, mas os dados também sugerem que a metade de todas as árvores da região pertencem a apenas 227 dessas espécies”, disse Steege. revistaamazonia.com.br
Table 1. Population characteristics of the 20 most abundant tree species of the Amazon. Mean estimated population sizes of the 20 most abundant tree species in Amazonia and the empirical abundance and frequency data on Species Euterpe precatoria Protium altissimum Eschweilera coriacea Pseudolmedia laevis Iriartea deltoidea Euterpe oleracea Oenocarpus bataua Trattinnickia burserifolia Socratea exorrhiza Astrocaryum murumuru Brosimum lactescens Protium heptaphyllum Eperua falcata Hevea brasiliensis Eperua leucantha Helicostylis tomentosa Attalea butyracea Rinorea guianensis Licania heteromorpha Metrodorea flavida Median of other hyperdominant species Median of non-hyperdominant species
Mean estimated population in the Amazon 5.21 5.21 5.00 4.30 4.07 3.78 3.71 2.78 2.68 2.41 2.28 2.13 1.95 1.91 1.84 1.79 1.78 1.69 1.57 1.55 5.79 1.11
× × × × × × × × × × × × × × × × × × × × × ×
109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 109 108 107
which the estimates were based. Median values dominant species and for the 4735 other valid s provided for comparison. Data on all species can b Liderado por Hans ter Steege, pesquiSD estimated No. trees sador do Naturalis Biodiversity Center, no population (%) data set sul da Holanda, o estudo in conta a participação de 25 especialistas brasileiros, sendo 9.9ao Inpa. São 11 5903 15 ligados pesquisadores 18.0 (William Magnusson, Iêda 5889 Leão Amaral, Francisca5.6 Dionísia de Almeida Matos, Flá9047 via Costa, Maria Teresa Fernandez Piedade, 8.9 5285 Rogerio Gribel, Charles Eugene Zartman, 13.1 Diógenes de Andrade Lima8405 Filho e Cid 17.5 8572 Ferreira, Florian Wittman, Ana Andrade) e quatro 10.7 pós-graduandos (Thaise Emilio, Ca4767 rolina, Juliana Schietti e Priscila Souza.
29.4 10.8 11.2 10.0 32.2 15.8 15.5 32.3 25.6 16.2 18.6 14.4 14.7
3023 863 5748 2234 1365 1898 6031 1453 1948 2561 1243 2483 1326 808 15
Resultado surpreendente Das 16.000 espécies de árvores que são estimadas para ter na Amazônia, 227 ocupam metade dessa população, ou seja, 1,4% das espécies é responsável por 50% dos espécimes. Em outras palavras, um dos ecossistemas mais ricos e os mais diversos do mundo depende de um conjunto muito pequeno de espécies. Estas espécies “hiperdominantes”, tendem a se especializar em determinados habitats, como zonas húmidas ou zonas de areia branca. Não que eles sejam as principais espécies em todos os lugares, mas ocupam grandes áreas que influenciam a contagem total. Na outra metade do intervalo de extensão é espetacular, a ponto de um número estimado de 62% das espécies têm um número inferior a um milhão de árvores, o que representa 0,12% do total. O estudo mostra outra informação, tais como a densidade média de 565 árvores por hectare é estimado que existem cerca de 6000 espécies (mais de um terço do total), com menos de 1.000 cópias. Até então, os dados sobre a composição e a distribuição das espécies de árvores na Amazônia eram escassos e limitados às escalas locais e regionais. Tomados em conjunto, dizem os pesquisadores, estes dados poderiam ajudar os esforços de conservação e cientistas do clima no futuro. O estudo sugere que “quase metade de frutas, flores, folhas, pólen e de biomassa florestal mais diversificado do mundo pertencem a um pequeno grupo de espécies” e podem ser utilizado para prever a presença de espécies em áreas não estudadas, embora não deve ser subestimada, advertem, o papel destas espécies cujos números estão abaixo de 10.000 exemplares, espécies que são pouco conhecidas, mas que poderia ter um papel importante no equilíbrio do ecossistema. revistaamazonia.com.br
36
Miles Silman
% das espécies são raras e desconhecidas. O ecologista Miles Silman da Wake Forest University, outro co-autor do estudo , chama o fenômeno de “ biodiversidade escura “, semelhante a “matéria escura” em cosmologia. “Sabemos que é importante, mas é diabolicamente difícil de detectar”, diz Silman. O problema, dizem os autores, é que essas espécies são tão raras que os cientistas nunca poderão encontrá-las. REVISTA AMAZÔNIA
31
% of all plots where present 32.7 15.6 47.9 36.1 18.5 7.4 29.9 10 28.6 16.7 28.2 11.3 10.9 14.8 1.4 36.5 5.8 13.7 35 7.7 11.4 0.5
Euterpe precatテウria
Protium altissimum, na floresta Ombrテウfila
Oenocarpus bataua
Eschweilera coriテ。cea
Pseudolmcdia laevis
32
REVISTA AMAZテ年IA
revistaamazonia.com.br
Iriartea deltoidea
Euterpe oleracea
Astrocaryum murumuru
Attalea butyracea
EXPRESSO
MATRIZ: ANANINDEUA-PA BR 316 - KM 5, S/N - ANEXO AO POSTO UBN EXPRESS ÁGUAS LINDAS - CEP: 67020-000 FONE: (91) 3321-5200
VAMOS + LONGE POR VOCÊ ! revistaamazonia.com.br
FILIAIS: GUARULHOS-SP FONE: (11) 2303-1745
MACAPÁ-AP FONE: (96) 3251-8379 REVISTA AMAZÔNIA
33
Protium heptaphyllum
Licania heteromorfa
34
REVISTA AMAZテ年IA
Helicostylis tomentosa
Trattinnickia burserifolia
revistaamazonia.com.br
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZテ年IA
35
Os cientistas estimam que cerca de 1.390.000 milhões de árvores existem em florestas tropicais e subtropicais, 0,74 trilhões em regiões boreais e 0,61 trilhão em regiões temperadas
Mundo tem três trilhões de árvores e perde 15 bilhões por ano Um estudo da Universidade de Yale, calcula que o número de árvores no mundo passa de três trilhões. Isso significa que há 420 árvores para cada habitante do planeta Fotos/Mapas: Adam Burke, Alan Neuhauser, James Cullum, Nathan Siemers , NASA, T.W. Crowther Os satélites não foram suficientes para obter um número global
36
REVISTA AMAZÔNIA
T
rata-se de um total que supera em cerca de sete vezes e meia mais, do que a estimativas anterior de 2005, com base em imagens de satélite, que a cobertura em uma medida conhecida como densidade de árvores, concluiu que o planeta foi o lar de 400 bilhões de árvores, ou 61 árvores por pessoa viva naquele momento. A nova contagem foi coordenada pelo pós-doutorado Thomas Crowther e o especialista em sensoriamento remoto Henry Glick, com suas equipes usando desde análises topográficas, análises de fotos de satélite, inventários florestais, e tecnologias de supercomputadores, essa equipe internarevistaamazonia.com.br
cional de pesquisadores foi capaz de mapear populações de árvores em todo o mundo ao nível quilômetros quadrados. Usando 400.000 pontos de dados baseados em terra, eles converteram outras imagens de satélite em estimativas de densidade arbórea para obter a contagem de árvores mais precisas em áreas não pesquisadas pela mão. Além disso, eles incorporaram dados de um relatório de 2013 sobre mudanças na cobertura florestal para ter uma noção de saber se as florestas estavam se expandindo ou diminuindo. Este cálculo mais “refinado” servirá de base para uma gama de pesquisas, estudos sobre biodiversidade a modelos de mudanças climáticas – isso porque árvores têm papel fundamental na remoção do dióxido de carbono da atmosfera. “Não se trata de boas ou má notícias que chegamos a esse número. Estamos simplesmente descrevendo o estado do sistema global florestal em números que as pessoas entendam e que cientistas e responsáveis por políticas ambientais possam usar”. Apesar do uso de alta tecnologia, um ponto crucial do estudo de Yale foi o uso de medições locais. O time de Crowther coletou dados sobre densidade arbórea em mais de 400 mil áreas florestais ao redor do mundo. Isso ajudou a compensar as limitações das análises por satélite, cujas fotos são boas para mostrar as extensões de florestas, mas que não são muito úteis para revelar números individuais de espécimes.
Pelo menos 40% das árvores do mundo estão em florestas tropicais e subtropicais
Os pesquisadores calculam que pelo menos 15 bilhões de árvores são removidas anualmente no mundo
Mapa global de densidade de árvores em escala de pixel 1-km2; a escala refere-se ao número de árvores em cada pixel. Os cientistas destacam as previsões mapa para duas áreas - Sul americana dos Andes, à esquerda, e na Sardenha, e incluem as imagens correspondentes para comparação visual revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
37
Mapa de densidades de árvores em todo o mundo. Quanto mais escuro o verde, mais densamente as árvores são, enquanto que as áreas marrons não têm árvores
Dos três trilhões de árvores do mundo, os cientistas estimam que 1,39 trilhão esteja em regiões tropicais, como a Amazônia, ou subtropicais. Cerca de 0,61 trilhão estariam em locais de clima temperado e 0,74 trilhão nas florestas boreais - os imensos grupos de coníferas que circulam o globo logo abaixo do Polo Norte. E é justamente nessas regiões em que foram encontradas as maiores densidades florestais.
Efeito humano
Desde a última Era do Gelo, há 11 mil anos, o homem pode ter removido mais de três trilhões de árvores
Mas o que ficou evidente durante o estudo foi a dimensão da influência humana sobre o número de árvores no planeta. A equipe de Yale estima que, enquanto 15 bilhões de árvores são removidas por ano, apenas cinco bilhões são plantadas. “Estamos falando de 0,3% de perda global anual”, explica um dos coautores do estudo, Henry Glick. “Não é uma quantia insignificante e deveria levar a uma reflexão sobre o papel do desflorestamento nas mudanças em ecossistemas. Sem falar que essas perdas de árvores estão ligadas à exploração madeireira
As maiores densidades florestais
38
REVISTA AMAZÔNIA
revistaamazonia.com.br
eles contam toda a história. “Tamanho da árvore, espécie de identidade, e as qualidades de árvores importa imensamente na contabilização da importância das florestas e árvores fora das florestas”, diz Robin Chazdon, um ecologista florestal de licença da Universidade de Connecticut, em Storrs. “Este estudo não leva em conta esses atributos”. Crowther e seus colegas planejam começar a olhar para a forma de quantificar esses aspectos, em particular os tamanhos de árvores, porque isso determina a quantidade de biomassa e, consequentemente, armazenamento de carbono em cada um. Hoje há mais de 3 trilhões de árvores na Terra, mas desde o início da civilização humana o número total de árvores terra caiu quase pela metade, segundo a Universidade de Yale
e à atividade agrícola. Com o crescimento da população mundial poderemos ver essas perdas aumentarem”. Glick exemplifica essa ameaça com a estimativa de que, desde a última Era do Gelo, há 11 mil anos, o homem pode ter removido mais de três trilhões de árvores. “A Europa antigamente era coberta por uma floresta gigante e agora é praticamente campos e pastos. O homem controla as densidades arbóreas”, afirma Thomas Crowther.
Números Embora estes números sejam impressionantes, nem mesmo Crowther acha que
De longe, o maior fator que afeta a densidade de árvores é o uso da terra pelas pessoas. O monumento Sian
Número estimado de árvores por Tipo de Região Total de Árvores: 3 trilhões
Tropical Úmida Floresta boreal Florestas mistas – bioma temperado e úmido Florestas de transição entre as áreas de deserto e floresta Florestas tropicais secas 156.4 Florestas temperadas 150.6 Pastagens e matagais de montanhas 148.3 Tundra – regiões próximas ao Ártico 94.9 Savanas inundadas 64.6 Pastagens e matagais de montanha, subalpine e alpino 60.3 Florestas Mediterrânicas 53.4 Desertos 53 Conífera tropical 22.2 Manguezais 8.2
799.4 Bilhões 749.3
362.6 318
* Fonte: Yale School of Forestry & Environmental Studies revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
39
14º Congresso Florestal Mundial
Durante a plenária de abertura
Desmatamento mundial desacelera à medida que mais florestas são melhor geridas
A
área florestal do planeta continua a diminuir, mas esse desaparecimento foi feito a um ritmo duas vezes mais lento nos últimos 25 anos, segundo um relatório publicado recentemente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) foi divulgado na 14ª edição do Congresso Florestal Mundial, ocorrido na vila portuária de Durban, nordeste da África do Sul. De acordo com o documento, a superfície florestal diminuiu de 3,1% num quarto de século, passando de 4,128 mil milhões para 3,999 mil milhões de hectares em todo o mundo, uma perda de 129 milhões de hectares. O ritmo das mudanças abrandou em mais de 50% entre 1990 e 2015: a taxa anual
40
REVISTA AMAZÔNIA
As florestas naturais do mundo em extensão equivalem a 93 por cento da área florestal do planeta revistaamazonia.com.br
de perda líquida de florestas – que tem em conta a plantação de novas florestas – aumentou de 0,18% nos anos 1990 para 0,08% nos últimos cinco anos. As principais perdas ocorreram nos trópicos, particularmente na América do Sul e África, embora a taxa nestas regiões tenha diminuído substancialmente nos últimos cinco anos, segundo o relatório. “A área de florestas naturais irá provavelmente continuar a diminuir, especialmente nos trópicos, principalmente por causa da compensação agrícola”, salientou a FAO. No entanto, “por causa da crescente procura por produtos florestais e serviços ambientais, a área de florestas plantadas deve continuar a aumentar nos próximos anos”, indica a FAO no documento. A evolução geral observada é “positiva, com muitos ganhos expressivos em todas as regiões do mundo, inclusive em florestas tropicais-chave da América do Sul e África”, disse o diretor-geral da FAO, José Grazziano da Silva. “No entanto, esta tendência positiva deve ser consolidada”, advertiu.
Avaliação dos Recursos Florestais Globais 2015 As Florestas e o manejo florestal mudaram consideravelmente ao longo dos últimos 25 anos. No geral, os resultados alcançados durante este período têm sido positivos. Embora, a superfície global das florestas continue a encolher com o crescimento das populações humanas e a contínua demanda por alimentos na terra se intensifica, a taxa de perda líquida de florestas tem diminuído em mais de 50 por cento. Simultaneamente, a atenção com o manejo florestal sustentável nunca foi tão intensa: mais terra designada como floresta permanente, medição de trabalho, monitoramento, relatórios e planejamento se multiplicaram, o
revistaamazonia.com.br
Como estão as florestas do mundo em mudança?
REVISTA AMAZÔNIA
41
envolvimento das partes interessadas é generalizado, e o quadro legal que abrange a gestão sustentável das florestas tem crescido chegando a quase universal. A conservação da biodiversidade dedica áreas cada vez maiores, enquanto as florestas estão atendendo uma demanda crescente de produtos e serviços florestais. Em 1990, o mundo tinha 4128 milhões de hectares (ha) floresta; em 2015 a área diminuiu para 3.999 milhões (há). Esta é uma mudança de 31,6 por cento da área global de terra em 1.990-30,6 por cento 1 em 2015. No entanto, desmatamento ou conversão da floresta é um fenômeno mais complicado do que o declínio parece indicar. Em nível mundo, os ganhos e perdas de floresta acontecer tão contínuo, são muito difíceis de seguir completamente, mesmo usando imagens de satélite de alta resolução. A dinâmica de alteração da superfície de florestas naturais e florestas plantadas é muito diferenciada e varia dependendo dramaticamente de circunstâncias e tipos de floresta. Alterações na floresta pode ser descrito como um processo de lucros (expansão da floresta) e perdas (Desmatamento). A mudança na área florestal total fornece uma imagem de como eles estão mudando todos recursos florestais juntos. A mudança nas florestas natural é talvez um melhor indicador da dinâmica do habitat natural e da biodiversidade. A mudança nas florestas plantadas para a compreensão das modificações na composição de produtos florestais a
José Graziano da Silva, na cerimônia de plantio de árvores
partir de florestas naturais e plantadas. De 1990 a 2015 – uma perda líquida de cerca de 129 milhões de hectares de florestas (naturais e plantadas), que representa uma taxa anual de 0,13 por cento e uma superfície do tamanho da África do Sul. No entanto, esta diminuição deve ser entendida em um contexto específico: a taxa anual de perda diminuiu de - 0,18 por cento na década de 1990 para - 0,08 por cento durante os últimos cinco. Entre 2010 e 2015 houve uma perda anual de 7,6 milhões de ha e um
ganho anual de 4,3 milhões de há por ano, equivalente a uma redução anual líquida de área florestal de 3,3 milhões de hectares por ano. A maior perda de área florestal ocorrido nos trópicos, particularmente na América do Sul e África, calculado com base na área de terra em 2015. Embora a taxa de perda nestas regiões diminuiu substancialmente nos últimos cinco anos. A área de floresta média per capita aumentou de 0,8 ha para 0,6 ha por
No painel sobre investimentos para ajudar a construir um futuro resiliente
42
REVISTA AMAZÔNIA
revistaamazonia.com.br
pessoa entre 1990 e 2015. Enquanto a área contração per capita é mais pronunciada nos trópicos e subtrópicos, este fenômeno está ocorrendo em cada uma das áreas verde (exceto no temperado), como as populações aumentam em número e terrestre coberta por florestas convertido em terra ou convertidos para outros usos. As florestas naturais do mundo em extensão equivalem a 93 por cento da área florestal do planeta, ou 3,7 bilhões de hectares em 2015. Entre 2010 e 2015 as florestas naturais diminuíram em 6,6 milhões líquidos por ano (8,8 milhões de hectares de perda e 2,2 milhões de hectares de ganho). Em
José Graziano da Silva, Diretor-Geral, a FAO, com o Mapa da Fome mundial e o Vice Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, recebendo o prêmio por reduzir a fome em seu país
Radar de satélite de alta resolução mostram mudanças no mapeamento da cobertura florestal mundial
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
43
Apoiar o manejo florestal para o benefício das gerações presente e futuro
Evento paralelo da BLI, ITTO e FAO, intitulado “melhores resultados para as pessoas e florestas: a importância das soluções localmente adaptadas, compromissos de longo prazo e trabalhar em parceria”
termos de perda líquida anual, isso significa uma redução de 8,5 milhões de hectares por ano (1990 a 2000) 6,6 milhões de hectares por ano (2010-2015). Embora a avaliação dos recursos florestais mundiais não relata diretamente o desmatamento devido a dificuldades, ela envolve a compilação de estatísticas sobre o desmatamento, a área de perda de floresta natural é um indicador substituto muito adequado. A maioria das florestas naturais correspondem a “ florestas naturalmente regeneradas “(65 por cento); o restante 35 por cento, afirmado nos relatórios como floresta primária. Desde 1990, 38 milhões de hecta-
res de floresta primária contidas nos relatórios que os países apresentem todos os anos, como florestas ou corte (embora não todos modificados nos países que comunicaram a cada ano). Isso não significa necessariamente que estas florestas têm se tornado terra para outros usos. A floresta primária, que é modificada, mas não cortados extremidades na classe de outras florestas regeneração natural (floresta secundária) e em alguns casos de florestas plantadas. A área total de florestas primárias declarados aumentou entre 1990 e 2015, essencialmente devido a um maior número de países, agora eles incluem em seus relatórios a propriedade florestal.
Alguns países têm relatado aumentos de extensão de florestas primárias, como resultado da reclassificação de suas florestas maduras (por exemplo, Costa Rica, Estados Unidos da América, Rússia, Japão e Malásia). A área de floresta plantada aumentou mais 110 milhões de hectares desde 1990 e representa 7 por cento da área florestal global. A taxa média anual aumentada entre 1990 e 2000 foi de 3,6 milhões de hectares. Lançamento da Parceria FAOWe Effect
44
REVISTA AMAZÔNIA
revistaamazonia.com.br
A taxa atingiu 5,2 milhões de hectares por ano em 2000-2010, diminuindo depois para 3,1, na soma de florestas primárias e de outras florestas regeneradas naturalmente. Durante os últimos 25 anos, as florestas do mundo têm mudado em dinâmica e forma diversificada. Países hoje têm conhecimento dos seus recursos incomparavelmente superiores aos do passado e floresta, por conseguinte, temos agora uma imagem
mais coerente das mudanças das florestas do mundo. A taxa de perda da área florestal está em declínio, e os indicadores em matéria de gestão florestal sustentável indicam progresso eficaz. Ao mesmo tempo, continua a haver grande dificuldades para superar: as políticas, leis e regulamentos, por mais fortes que sejam, nem sempre acompanhado por incentivos ou medidas repressivas eficazes. Apesar de esforços feitos e as práticas
insustentáveis persistirem na conversão da floresta, em alguns países os benefícios derivados da utilização das florestas falham as comunidades locais. Recursos Florestais Globais 2015 apresentam em documentos tantos avanços importantes na gestão florestal como a necessidade de não perturbar os esforços para apoiar o manejo florestal para o benefício das gerações presente e futuro.
Delegados durante plenária
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
45
A Prefeitura de Manaus, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), comemorou os 346 anos de Manaus com programações para todos os gostos
A Festa dos 346 anos de Manaus
A
comemoração do aniversário de Manaus deste ano teve eventos em todas as zonas da cidade. A prefeitura realizou a celebração a segunda edição do Passo a Paço, no Centro Histórico de Manaus, com o já tradicional Boi Manaus - na Ponta Negra pela primeira vez. As comemorações tiveram início com o Esquenta do Boi Manaus, na Ponta Negra. A programação foi aberta com Helen Veras e encerrou com show de Israel Paulain e Arlindo Jr. Em seguida, programação com show de Mara Lima e o encerramento da segunda noite de Esquenta do Boi Manaus finalizado com show de Sebastião Jr. e David Assayag. O Boi Manaus teve dois circuitos: o pri-
46
REVISTA AMAZÔNIA
Fotos: David Batista, Ingrid-Anne e Karla Vieira/Manauscult
A gastronomia é uma mistura de cultura com economia, que se une a uma cidade de imenso potencial para realizar seu povo pela via do turismo revistaamazonia.com.br
meiro aconteceu no Circuito Itaúba, na Zona Leste de Manaus, na véspera do aniversário de Manaus, com Leonardo Castelo e contou com shows de Márcia Siqueira, Klinger Araújo e Carlos Batata. O segundo circuito aconteceu na Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus, com abertura do grupo Carrapicho. À noite seguiu com Arlindo Jr., David Assayag, Canto da Mata e um show dos bois Corre Campo, Brilhante e Garanhão. “Neste ano tivemos o Boi Manaus na Ponta Negra, pela primeira vez, para estarmos ainda mais próximos do povo de Manaus”, disse o prefeito da cidade, Artur Virgílio. No Centro Histórico de Manaus, a comemoração do aniversário começou com o cantor Júnior Rodrigues abrindo a programação do Passo a Paço ao som de samba de raiz, no Palco Música, instalado na rua Governador Vitório, em frente à Praça Dom Pedro II. No Palco Arena, localizado no estacionamento do Paço da Liberdade, as apresentações ficaram por conta da Companhia Apareceu a Margarida, com o espetáculo Teatral Flicts. A noite seguinte teve início com show da banda Soda Billy, com rock e jazz no Palco Música. Já no estacionamento do Paço, o ator Luiz Carlos Vasconcelos fez duas apresentações do espetáculo “Silêncio Total”, em que interpretou o Palhaço Xuxu, abordando a condição humana e sua relação com o mundo. A feira gastronômica do Passo a Paço contou com 38 participantes. Do total, 29 na categoria Barraca do Chef, quatro Food Trucks
Paço da Liberdade com projeções mapeada
No entorno do Paço da Liberdade A comemoração do aniversário de Manaus deste ano teve eventos em todas as zonas da cidade
Passo a Paço reúne famílias, arte e sabores no Centro Histórico
Delícias Manauaras no Passo-a-Paço revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
47
“É um evento de grande porte que valoriza o Centro de Manaus e está de portas abertas para o público com segurança e a presença dos melhores chefs de Manaus, além de representantes da alta gastronomia do Brasil. Hoje (domingo) é o dia mais forte do evento, assim como foi na primeira edição. Cada um expõe aqui o seu talento e promove a mistura do que produzimos aqui com o que vem de fora. É uma troca”, afirmou o prefeito Arthur Virgílio Neto. “Sempre que investimos em turismo, na recuperação de pontos como este, melhoramos a qualidade de vida das pessoas em Manaus”, completou.
Sempre que investimos em turismo, na recuperação de pontos como este, melhoramos a qualidade de vida das pessoas em Manaus
No Centro Histórico de Manaus, atração para os manauaras e turistas que foram conferir a segunda edição do Passo a Paço
O espetáculo do Palhaço Xuxu proporcionou boas risadas
Parabéns Manaus!
gadeiro branco, bolo de chocolate, morando e ganache de chocolate ao leite).
Infraestrutura
e cinco Food Bikes. Todos os pratos foram vendidos por valores de R$ 5 a R$ 18. Thiago Castro, da Brigadore, esteve presente em uma das barracas dos chefs. “O destaque ficou para a Taça Brigadore (bri-
Dentro da estrutura montada para o Passo a Paço, a integração entre os órgãos contribuiu para que não houvesse nenhuma ocorrência na área do evento e ruas de acesso. Atuaram no local servidores da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp); Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans); Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh); Secretaria Municipal do Trabalho; Empreendedorismo, Abastecimento, Feiras e Mercados (Semtef); SuperinO encontro de David Assayag e Sebastião Jr no palco do Anfiteatro da Ponta Negra
48
REVISTA AMAZÔNIA
tendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU); Conselho Tutelar; Defesa Civil Municipal; Corpo de Bombeiros; Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Departamento de Vigilância Sanitária (Visa Manaus). A Polícia Militar destacou 100 homens e a Guarda Municipal 30. A cantora e back vocal de toadas Mara Lima
Rituais folclóricos em forma de música e dança, com foco no folclore amazonense
revistaamazonia.com.br
Ruan Matheus Nascimento de Souza
IMAGENS 14º CONCURSO FOTOGRÁFICO
DE CÍRIOS 2015
FIQUE POR DENTRO facebook.com/ImagensdeCirios
2º Lugar 2014: Igor Mota Magno
1º Lugar 2014: Antônio Cicero
É fácil e gratuito participar do Concurso Imagens de Círios. Para concorrer, as fotos deverão conter a temática referente ao “Círio de Nazaré – Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade”, valendo os mais diversos ângulos de Fé, Devoção, Tradição, Ecumenismo, Artesanato, Folclore Popular. 3º Lugar 2014: Antônio Cicero
4º Lugar 2014: Bruno Carachesti
Podem concorrer, fotos referentes às Festividades Nazarenas em qualquer dos Círios, em homenagem e louvor à Virgem de Nazaré, pelo mundo em 2015. 5º Lugar 2014: Bruno Carachesti
PREMIAÇÃO
INSCRIÇÕES E REGULAMENTO NO PORTAL
Câmera Canon para as 5 fotos vencedoras
www.paramais.com.br Ou na Editora Círios: Rua Timbiras, 1572 (Pe. Eutíquio e Apinagés) Batista Campos. Belém-PA Fones: (91) 3223.0799 / 3083.0973
REALIZAÇÃO:
revistaamazonia.com.br
PARCEIROS:
REVISTA AMAZÔNIA
1
Seminário sobre economia verde e mudanças climáticas Bancos financiam Economia Verde
E
studo inédito sobre a aplicação de recursos intermediados pelo setor financeiro na chamada economia verde e em setores com impacto no meio ambiente teve seus resultados divulgados durante o Seminário Internacional – Sistema Financeiro, Economia Verde e Mudanças Climáticas. Realizado pela FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos, na Fecomércio, em São Paulo, o seminário teve o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) e do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces). Além de Murilo Portugal, presidente da FEBRABAN, também participou na abertura do seminário, Achim Steiner, Subsecretário geral da ONU e diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP). “O sistema financeiro é central para atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável, incluindo a nossa capacidade de responder a desafios como a erradicação da pobreza e a mudança climática. O Brasil é um dos líderes na introdução de inovações políticas que melhor alinhem finanças com sustentabilidade. A iniciativa está crescendo em todo o mundo e, agora, temos a oportunidade de aprofundar a cooperação internacional para construir um sistema financeiro sustentável”, afirmou Steiner. Luiz Edson Feltrim, diretor de Relaciona-
50
REVISTA AMAZÔNIA
Painel Financiamento Privado e a Economia Verde: Discutir os capitais privados necessários para financiar a transição para a Economia Verde, como os mercados financeiros e de capitais podem realizar esta transição por meio de instrumentos financeiros, e qual o papel das políticas públicas e políticas fiscais nos mecanismos de incorporação das externalidades nos preços da economia real
mento Institucional e Cidadania do Banco Central, que também participou da abertura do seminário, ressaltou que o sistema fi-
nanceiro se apresenta como peça-chave na questão ambiental. “É responsável pela intermediação que direciona os recursos para a execução de projetos econômicos. Ao incluir a avaliação socioambiental na análise de riscos dos projetos, o sistema financeiro influencia os preços dos ativos e a própria economia”, afirmou. “Essa é uma das melhores formas de o sistema financeiro contribuir na conciliação do desenvolvimento socioeconômico com a preservação do meio ambiente”, acrescentou. Murilo Portugal, presidente da FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos, em sua apresentação intitulada “Sistema Financeiro Brasileiro, a Economia Verde e Mudança Climática”, no Seminário Internacional – Sistema Financeiro, Economia Verde e Mudanças Climáticas, apresentou dados de um estudo realizado pela FEBRABAN em parceria com GVces: Os saldos dos financiamentos aos setores e atividades da Economia Verde representaram 8,8% (R$ 123,7 bilhões) e 9,6% (R$ 153,4 bilhões) em 2013 e 2014, respectivamente, do total dos saldos das carteiras de financiamentos para empresas e pessoas jurídicas dos dez maiores bancos do mercado brasileiro, que representam mais de 85% dos empréstimos
Painel O Desenho de um Sistema Financeiro Global Alinhado à Economia Verde: Apresentar o prélançamento dos resultados das pesquisas realizada no Brasil, China, Comunidade Europeia, Índia, Indonésia, África do Sul, Reino Unido e USA pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) para desenhar e alinhar o Sistema Financeiro com a Economia Verde e o Desenvolvimento Sustentável revistaamazonia.com.br
Durante o Seminário, Luiz Edson Feltrim, diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central, ressaltou que o sistema financeiro se apresenta como peça-chave na questão ambiental. Ao incluir a avaliação socioambiental na análise de riscos dos projetos, o sistema financeiro influencia os preços dos ativos e a própria economia”, “Essa é uma das melhores formas de o sistema financeiro contribuir na conciliação do desenvolvimento socioeconômico com a preservação do meio ambiente”, acrescentou Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e subsecretário-geral das Nações Unidas, destacou a importância do setor financeiro na construção de uma economia de baixo carbono durante o seminário
totais. O estudo teve o objetivo identificar e mensurar os recursos de financiamentos intermediados pelo setor financeiro para a Economia Verde. “O setor bancário brasileiro nunca ficou indiferente aos desafios trazidos pelas Mudanças Climáticas e pelo imperativo de promover a Economia Verde. As iniciativas voluntárias do setor remontam a 1995 com a assinatura de um Protocolo Verde pelos bancos públicos. A partir daí, muitas outras iniciativas foram incorporadas”, afirmou Murilo Portugal. De acordo com definição do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), entre os setores econômicos considerados de Economia Verde estão: energias renováveis, eficiência energética, construção sustentável, transporte sustentável, turismo sustentável, pesca sustentável, silvicultura e agricultura sustentável. O estudo também identificou que os setores econômicos objeto de diligências especiais – que podem representar um po-
tencial impacto ambiental – representaram 33,5% (R$ 471,2 bilhões) e 33,2% (R$ 533 bilhões) dos saldos totais das carteiras em 2013 e 2014, respectivamente. Para estes setores são exigidos o licenciamento ambiental, análise de impactos sociais e ambientais, respostas a questionários ambientais, checagem da existência de demandas administrativas ou judiciais, auditoria interna ou externa e planos de ações corretivas quando Murilo Portugal, necessário. presidente da FEBRABAN São considerados se– Federação Brasileira de Bancos, em sua tores sujeitos a diligênapresentação cias especiais eletricidade, gás e outros serviços públicos; agricultura e pecuária; carvão, petróleo, biocombustíveis; metalurgia, produtos químicos, entre outros.
Normativo de autorregulação Murilo Portugal tamrevistaamazonia.com.br
Painel Mudanças Climáticas e a Agenda para a COP 21: Apresentar o papel do setor privado na agenda das negociações das Mudanças Climáticas durante e após a COP 21
bém divulgou outros dois estudos durante o evento. Um deles identificou o contexto legislativo e regulatório para a proteção do meio ambiente. O presidente da Federação destacou que a entidade editou em agosto de 2014 um normativo de autorregulação para o desenvolvimento e implantação de políticas de responsabilidade socioambiental, que também introduziu requerimentos básicos para garantir níveis saudáveis de competição no mercado e para fortalecer a gestão de riscos socioambientais e sua governança. “Em 2015, a norma de autorregulação foi enriquecida com um capítulo que trata da redução de riscos ambientais por meio da identificação de indícios de contaminação em imóveis urbanos dados em garantia ou objeto de operações de crédito”, afirmou. REVISTA AMAZÔNIA
51
Painel Regulação Prudencial e a Economia Verde: Identificar áreas de cooperação internacional entre bancos centrais, trocar experiências nacionais e internacionais relativas ao monitoramento e controle de riscos socioambientais, e como avançar na agenda da Economia Verde no contexto da regulação prudencial global para bancos
Energias Renováveis e Agropecuária Em outro estudo apresentado foram avaliados dois importantes setores da economia brasileira e os respectivos processos de transição para a economia verde: Energias Renováveis e Agropecuária. Um dos focos de atuação da FEBRABAN foi o Programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC), instituído pelo governo federal. A Federação participa de um grupo de trabalho criado em julho deste ano constituído por representantes dos Ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura, da Fazenda, BNDES, e dos bancos associados para definir a agenda e as responsabilidades das partes. “Prorrogamos e ampliamos a capacitação dos bancos no Programa ABC. E, agora em agosto, aprovamos em nossa diretoria executiva uma proposta de ampliação do Programa que está sendo examinada pelo governo e BNDES. Esta proposta inclui como beneficiárias do ABC as empresas com cadeia de fornecedores constituída por produtores rurais e a ampliação do limite dos financiamentos de R$ 5 milhões para até R$ 20 milhões”, afirmou durante o painel. Ainda no setor rural, Portugal destacou que a FEBRABAN e outras entidades privadas celebraram em maio deste ano um Acordo de Cooperação Técnica e Financeira que destina R$ 6,4 milhões para acelerar a implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), por meio da contratação de equipes que utilizam as fotos de satélite cedidas pelo Ministério do Meio Ambiente, transformando-as nos mapas georreferenciados de 4.000 52
REVISTA AMAZÔNIA
municípios situados nos Biomas Cerrado e Mata Atlântica em 23 estados da federação, correspondendo a 35% do território nacional. “Até 04 de setembro concluímos 440 municípios e cobrimos 16 milhões de hectares”, destacou. Para Achim Steiner, diretor-executivo do PNUMA, o setor financeiro é estratégico para a agenda verde em todo o mundo. “O sistema financeiro é central para atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável, incluindo a nossa capacidade de responder a desafios como a erradicação da pobreza e a mudança climática. O Brasil é um dos líderes na introdução de inovações políticas que melhor alinham finanças com sustentabilidade”, apontou Steiner na abertura do seminário. “Esta iniciativa está crescendo em todo o mundo e, agora, temos a oportunidade de aprofundar a cooperação internacional para construir um sistema financeiro sustentável”. No encerramento do seminário, os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) apresentaram um panorama sobre as negociações internacionais em clima, os futuros compromissos do país dentro do novo acordo climático que será fechado em Paris no final deste ano, além das oportunidades que a economia verde abre para o desenvolvimento sustentável do Brasil nas próximas décadas. Para Joaquim Levy, o engajamento dos setores financeiro e produtivo é importante para criar condições favoráveis a uma agenda verde no Brasil. “A ampla adoção de práticas socioeconomicamente sustentáveis pode ser importante para o país no longo prazo, com revisão de práticas ope-
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira
racionais e administrativas. Isso põe a economia verde no centro da discussão sobre produtividade”, disse Levy. O ministro da Fazenda também refletiu sobre a emergência de novas métricas de desenvolvimento que considerem a depleção dos recursos naturais e os serviços prestados pelos ecossistemas, e como as empresas brasileiras estão discutindo isso e começando a atuar a partir disso. Dentre as iniciativas destacadas pelo ministro, estão o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE BM&FBOVESPA), que conta com apoio técnico e metodológico do GVces.
O Ministro da Fazendo do Brasil, Joaquim Levy revistaamazonia.com.br
No encerramento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi aplaudido
Já a ministra Izabella Teixeira refletiu sobre como os resultados da Conferência de Paris (COP21) exigirão mudanças profundas dos países no que diz respeito a seus projetos de desenvolvimento. “Paris será uma ruptura, ela quer convencer a todos de que é preciso mudar”, aponta a ministra. “Os resultados de Paris exigirão da área ambiental uma nova competência decisória para o processo de desenvolvimento”. Na área financeira, a COP 21 pode ser importante para abrir novos canais e fluxos de financiamento para o desenvolvimento sustentável do Brasil. “Um dos resultados de Paris pode ser uma nova plataforma de recursos financeiros. Como isso vai funcionar, é um ponto de interrogação”, apontou
Izabella Teixeira. “Estamos buscando um trilho, para se ter clareza sobre a redução de emissões do Brasil e atrair investimentos”. Entre os participantes do evento estiveram: Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e subsecretário-geral das Nações Unidas; Alexandre Tombini, presidente do Banco Central; Murilo Portugal, presidente da FEBRABAN; Alexandre Kossoy, especialista financeiro do Departamento de Políticas e Financiamento em Mudanças Climáticas do Banco Mundial; Donald MacDonald, presidente do Grupo de Investidores Institucionais sobre Mudanças Climáticas (IIGCC); Sean Kidney, CEO e cofundador da Climate Bonds Initiative;
Siobhan Cleary, consultora da Federação Mundial de Bolsas de Valores, entre outros painelistas.
Conclusão O setor financeiro é fundamental para a construção de uma economia verde, e os primeiros resultados positivos desse engajamento começam a aparecer. Esta é a conclusão geral do Seminário Internacional “Sistema Financeiro, Economia Verde e Mudanças Climáticas”. [*] Com informações da Febraban e Fundação Getúlio Vargas (GVces)
O secretário Arnaldo Jardim: “É preciso substituir o conflito pela convergência, mostrar que a agricultura pode ser feita com preservação, que a produção pode ser combinada com a questão ambiental”
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
53
Cientistas transformam CO2 do ar em fibras de carbono
Cientistas nos Estados Unidos conseguiram criar nanofibras de carbono a partir de dióxido de carbono (CO2) extraído do ar - e dizem que o processo poderia até ajudar a combater a mudança do clima Fotos: Stuart Licht, Ph.D
O
método apresentado nesta semana em um encontro da Sociedade Americana de Química, em Boston, é capaz de produzir 10g por hora das valiosas fibras. Mesmo se as potenciais aplicações no combate às emissões de CO2 não derem frutos, como suspeitam alguns especialistas, a técnica promete baratear a produção de nanofibras de carbono. O sistema é alimentado por poucos volts gerados por energia solar. A eletricidade atravessa um tanque cheio de sal derretido, à medida que o CO2 é absorvido, as valiosas nanofibras começam a se formar ao redor dos eletrodos. “Até hoje, nanofibras de carbono são caras demais para muitas aplicações”, disse o professor Stuart Licht, da universidade George Washington.
“Diamantes do céu”, abordagem transforma o CO2 em produtos valiosos
Redução de custos O material é usado atualmente na produção de componentes eletrônicos e baterias, mas se fosse mais barato, poderia reforçar materiais usados na fabricação de peças de avião e carro, entre outros. A questão é se o sistema criado pela equipe do professor Licht será capaz de reduzir estes custos. O cientista diz que aumentar a produção seria fácil, e que o equipamento consome pouca energia. A maior promessa, porém, é a possibilidade de usar o sistema para reduzir os níveis de CO2 na atmosfera, considerados os culpados pelo aquecimento global pela grande
As nanofibras se cristalizam em torno de eletrodos no experimento do grupo de Licht
54
REVISTA AMAZÔNIA
Nanofibras de carbono feita a partir de CO2 no ar. O experimento foi capaz de produzir 10g de nanofibras por hora
maioria dos cientistas. Para isso, seria necessário construir enormes reatores ─ algo que suscita o ceticismo de especialistas. “Como estão capturando CO2 do ar, o processo precisa lidar com enormes volumes de gás para coletar a quantidade necessária de carbono, o que, em grande escala, pode aumentar o custo do processo”, afir-
mou a engenheira química Katy Armstrong, da universidade de Sheffield. Outro que levanta dúvidas sobre a viabilidade da ideia é o pesquisador da Imperial College London Paul Fennell. “Se o objetivo deles é fazer nanofibras, é louvável, e vão ter um produto que vale a pena. Mas se a sua ideia é tirar CO2 da atmosfera e produzir uma quantidade de nanofibras suficiente para fazer diferença na mudança climática, eu ficaria muito surpreso se conseguir”, afirmou Fennell. O professor Licht, no entanto, diz que vai ser preciso trabalhar conjuntamente, com recursos da sociedade, para testar o processo em larga escala. De toda forma, outros químicos ficaram impressionados com o simples fato de a equipe do professor Licht ter produzido nanofibras a partir do carbono atmosférico.
Professor, Químico Phd Stuart Licht, da Universidade George Washington revistaamazonia.com.br
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZテ年IA
1
Como plantar um bilhão de árvores por ano usando drones
O
BioCarbon Engenharia na luta contra o desmatamento
desmatamento derruba 10 bilhões de árvores por ano em todo o globo. Replantar as árvores de forma manual é bem demorado, caro e, dificilmente, ajudará a reverter os danos causados. No entanto, uma startup quer usar drones para encher o planeta de árvores, em uma escala suficiente para substituir os “lentos” e “caros” seres humanos. Uma pequena empresa, chamada BioCarbon Engineering, diz que veículos aéreos não tripulados são uma ótima forma de cobrir florestas devastadas com sementes, que podem ajudar a recuperar a área com árvores. Pelo mundo, florestas e selvas ainda estão sendo prejudicadas em função da superprodução de madeira, expansão urbana e o uso intensivo da terra para agricultura. Fundada pelo antigo engenheiro da NASA Lauren Fletcher, a BioCarbon Engineering tem um plano: usar drones de asas fixas para mapear a topografia da terra, os nutrientes e a biodiversidade local. A ideia é submeter essas informações a um algoritmo de machine-learning para gerar uma “plataforma de precisão de plantação”, explica Susan Graham, chefe de engenharia da BioCarbon. Quando essa informação for carregada em um drone plantador multi-rotor, que voa a uma altura de cerca de 3 metros sobre o solo, ele dispara capsulas de sementes em posições pré-determinadas, de modo que pode aumentar a sobrevivência das sementes. Graham chama isso de “precisão florestal”. No fim das contas, essa técnica com drones pode ajudar equipes de reflorestamento e fazendeiros a agilizarem seus trabalhos. “Em vez de usar uma pá, eles terão drones”, diz. Lauren Fletcher, antigo engenheiro da NASA, da BioCarbon Engineering
56
REVISTA AMAZÔNIA
Pode ser caro e trabalhoso enviar humanos a áreas remotas ou em terrenos acidentados para plantar árvores. “Os drones são uma ferramenta, e você os utiliza para atingir determinada localização pela razão correta.”, diz Fletcher, que é CEO da BioCarbon. “Isso não significa substituição.” O sistema permite que os humanos fiquem mais livres para fazer coisas mais produti-
BioCarbon Engineering tem um plano: usar drones de asas fixas para mapear a topografia da terra, os nutrientes e a biodiversidade local
vas — uma das frequentes justificativas dadas por gente que acha que os robôs não vão roubar nossos trabalhos. Drones e robôs não vão nos substituir, mas eles, simplesmente, complementam a força de trabalho humana. Recentemente a equipe apresentou a solução na sede da ONU (Organizações das revistaamazonia.com.br
Com sede em Oxford a start-up vai usar drones para plantar um bilhão de árvores por ano
Drones para plantar 1 bilhão de árvores por ano
Nações Unidas), em Nova York, durante o Solutions Summit. O projeto foi uma das 14 startups que foram convidadas para a conferência, que reuniu projetos inovadores que visam ajudar no cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável. Graham diz que o teste da solução em diferentes localidades é primordial: se conseguirem testar em diferentes condições e ambientes, eles aprenderão como lidar com distintos solos e espécies, sem contar nas culturas. O objetivo da startup é plantar um bilhão de árvores por ano. Lembre-se: quando os drones não estão sendo abatidos em eventos esportivos, eles podem fazer coisas bem legais, como ajudar civis em zona de guerra na Síria.
MANAUS JÁ PODE CONTAR COM AS VANTAGENS DE UM ESCRITÓRIO COMPARTILHADO.
• Econômico para você que quer abrir uma empresa; • Ideal • Flexível para quem precisa fazer reuniões eventuais; • Prático Ligue agora! (92) 3878.2600
revistaamazonia.com.br
Rua Salvador, 120 - 12º Andar Vieiralves Business Center Adrianópolis - Manaus/AM
REVISTA AMAZÔNIA
57
Inauguração da maior torre de pesquisa ambiental da América do Sul Fotos: Ascom MCTI e Luciete Pedrosa – Ascom Inpa
O
Brasil e Alemanha celebraram recentemente a inauguração do Observatório de Torre Alta da Amazônia (Atto, na sigla em inglês), estrutura de 325 metros instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, no Amazonas, entre os municípios de São Sebastião do Uatamã (AM) e Itapiranga (AM), a cerca de 150 quilômetros (km), em linha reta, de Manaus. O empreendimento, segundo o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, é uma grande conquista para ciência mundial. A Torre Alta ampliará o campo de pesquisa e o entendimento da interação entre a biosfera e a atmosfera. Equipada com sensores e radares a laser em diferentes alturas para medições do solo – como quantidade de água, temperatura e umidade –, do ar acima e abaixo da copa das árvores, além de estudar o fluxo de vapor d’água e de aerossóis (partículas sólidas e líquidas em suspensão) importantes para a formação de nuvens, o Observatório transmite os dados para os laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e dos institutos Max Planck de Química e Biogeoquímica, responsáveis pela implementação do projeto. “Os trabalhos desenvolvidos aqui serão para preservar a vida no planeta e dar alternativas para o desenvolvimento sustentável da humanidade. Somos muito gratos aos nossos amigos pesquisadores da Alemanha, do Inpa e a todos os profissionais que ajudarão a construir essa torre na maior floresta tropical continua do mundo”, disse o ministro durante a cerimônia. A empresa responsável pela construção da torre é a San Soluções Empresariais, do Paraná, que venceu a licitação. O representante da empresa, Sérgio Alves do Nascimento, relata os desafios tecnológicos logísticos de uma obra dessa magnitude na região amazônica: “Em média, as estruturas que fazemos estão entre 50 e 150 metros (m). Para entregar uma estrutura de 325 m
58
REVISTA AMAZÔNIA
no meio da floresta amazônica tivemos que vencer uma logística impressionante. Foi preciso trazer as peças da torre por estrada e por rio até a Reserva do Uatumã”. A estrutura, que pesa 142 toneladas, é formada por um conjunto de 15 mil peças. Elas foram transportadas de Curitiba à Reserva por seis carretas que percorreram 4,5 mil km até Humaitá (AM), onde foram embarcadas em uma balsa que percorreu os rios Amazonas e Uatumã. Vinte e seis quilômetros de cordoalhas de aço fixam a estrutura a blocos de concreto instalados no solo da floresta. O técnico do Inpa Hermes Xavier, que participa do projeto há quatro anos, conta que no início a construção da torre parecia uma tarefa impossível. “Passamos dois anos morando debaixo de uma lona na floresta. O acesso era muito difícil por causa das chuvas, insetos e animais. Ver a Torre pronta é gratificante”, comemorou. Também participou da cerimônia o ministro conselheiro da Embaixada da Alemanha no Brasil, Claudius Fischbach. “O Atto é um símbolo da cooperação científica entre o Brasil e a Alemanha. A torre terá um enorme impacto sobre as pesquisas do clima. Desejo sucesso e uma longa vida à Torre Alta da Amazônia”, disse.
A Torre do Uatumã é, em metros, o ponto mais alto dessa vigilância, para podermos combinar a indispensável e urgente proteção do meio ambiente com uma política de desenvolvimento autônoma que traga progresso e bem-estar ao povo brasileiro
Objetivo científico O projeto tem o objetivo de monitorar e estudar o clima da Região Amazônica, por cerca de 20 a 30 anos, a partir da coleta de dados sobre os processos de troca e transporte de gases entre a floresta e a atmosfera. O observatório deve medir com precisão fluxos de água, dióxido de carbono (CO²) e calor, a fim de analisar o impacto do ciclo de absorção e liberação de substâncias. O coordenador do projeto pelo Inpa, Antonio Manzi, explicou que a Atto permitirá o estudo do balanço de carbono. “Com as pesquisas que serão realizadas, aumentaremos os nossos conhecimentos sobre o esse ciclo de carbono tropical, o que é muito importante mundialmente”, observou Manzi. Os 325 metros da Atto possibilitam o monitoramento de uma extensão de espaço atmosférico jamais alcançada antes, cerca de mil quilômetros quadrados (km²), preenchendo lacunas de monitoramento e coleta revistaamazonia.com.br
de dados feitas por satélites e outros instrumentos. A expectativa é que o projeto atraia alto investimento científico de diversos países. Do topo da torre de medição, pesquisadores também podem rastrear alterações em grandes áreas de floresta tropical causadas por massas de ar que as atravessam. Ao analisar essas interações, eles querem chegar a novas conclusões sobre a importância da floresta tropical para a química e a física da atmosfera. O objetivo específico dos cientistas é, em primeiro lugar, compreender melhor as fontes de produção e de consumo de gases de efeito estufa, como o CO², metano e óxido nitroso. O diretor do Inpa, Luiz Renato França, aponta as vantagens da cooperação internacional. “Nosso conhecimento sobre a região amazônica e a Terra não será o mesmo quando este empreendimento magnífico e impressionante estiver em pleno funcionamento”, avaliou. “Esta fascinante cooperação científica é uma clara ilustração de como uma tarefa gigantesca, que beneficia todo o planeta e a humanidade, pode ser desenvolvida quando dois grandes países, localizados em diferentes e distantes continentes, trabalham juntos em harmonia.” A expectativa é que todos os equipamentos de medições estejam instalados até 2017. Os dados serão compartilhados com pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Fundação Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Universidade de São Pau-
lo (USP), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pará (UFPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Max Planck de Meteorologia (MPIM).
Construção da parceria A Alemanha é uma das principais parceiras do Brasil em ações de capacitação tecnológica e inovação. No setor de meio ambiente, a parceria entre os dois países já existe há 30 anos, por meio do Experimento de Grande Escala de Biosfera-Atmosfera na A Torre ATTO pode ser considerado o maior laboratório livre de pesquisas no mundo, voltadas para a melhor compreensão dos biomas tropicais nas estabilidades climática, química e termodinâmica dos processos atmosféricos
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, ressaltou a importância da Torre Alta estar instalada na Amazônia. “Essa região é um constante desafio para o Brasil. O primeiro deles é a preservação dessa gigantesca área do nosso território”
Amazônia (LBA), projeto do qual a Torre Atto faz parte. Ambos os países têm tradição em estudos ambientais. Na Alemanha, a indústria de tecnologia do meio ambiente é um setor importante da economia e os alemães são líderes no estudo da química da atmosfera. Já o Brasil tem competência no campo da física de nuvens e transporte de matérias na camada limite – área situada na baixa troposfera (camada da atmosfera em que vivemos e respiramos) e que, portanto, sofre diretamente a influência da superfície. Na Amazônia, a camada limite pode atingir até 1,6 mil m. O LBA já possui outras torres na Amazônia, com alturas entre 50 e 80 m, que são capazes de monitorar fenômenos de interação entre floresta e atmosfera num raio de 10 km. Em 2007, pesquisadores alemães propuseram a construção da torre alta depois de visitar a Torre K34, de 52 m de altura, localizada na reserva biológica Cuieiras, ao norte de Manaus. A cooperação para construção foi inicialmente acordada em 2009 por meio de um memorando de entendimento entre o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil e o Ministério de Educação e Pesquisa (BMBF) da Alemanha, que nomearam o Inpa e os dois institutos Max Planck como instituições coordenadoras do projeto. [*] Fonte: MCTI
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
59
Água: Relatório da Universidade das Nações Unidas detalha o que funciona e o que não funciona na Ásia, África, Oriente Médio, América Latina A importância da cooperação internacional na gestão da água doce está crescendo com a população mundial e as alterações nos padrões climáticos globais e do tempo, adverte o novo relatório da Universidade das Nações Unidas Fotos: UN-Water
P
ublicado pelo Instituto com sede no Canadá da UNU sobre Água, Meio Ambiente e Saúde, o relatório detalha os elementos de maior sucesso (e insucesso) de esforços de gestão de águas internacionais do passado, oferece um guia para as preparações futuras, e descreve problemas em todo o mundo em que a cooperação entre nações será essencial para centenas de milhões de pessoas. Mais da metade da população do mundo, por exemplo, dependem de rios que nascem nas geleiras minguantes do Himalaia. Com essas geleiras derretendo a um ritmo acelerado, “a cooperação será ainda mais importante para a área”, diz o relatório. “O aumento da inundação sazonal seguida
60
REVISTA AMAZÔNIA
De acordo com o relatório:
por uma falta de água doce irá implicar e tornar a cooperação vital em países além-fronteiras.” Em algumas partes do mundo, os maiores desafios de cooperação água será testado por mudanças na disponibilidade de água através de uma frequência e intensidade das chuvas distorcida.
* Massas de água doce que se conectam entre dois ou mais países, acima ou abaixo da superfície, cobrem cerca de 45% da massa terrestre do mundo * Há 276 bacias hidrográficas internacionais, dos quais 60% não têm qualquer estrutura para gerir esses recursos compartilhados cooperativamente * Questões de recursos de água têm aumentado as tensões ao longo da história e 37 conflitos pela água foram registrados desde 1948 * Crescimento da população mundial está prevista para ocorrer mais fortemente nas áreas que dependem em grande parte de outras regiões para a produção de alimentos. O
revistaamazonia.com.br
resultado é a dependência inter-regional em que os países tenham participação virtual ou real da água. Apesar do potencial de conflito, diz o relatório, as necessidades de água comuns têm levado a mais de 200 tratados hídricos negociados ao longo dos últimos 50 anos. Sirodjidin Aslov, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Tajiquistão e um co-autor do relatório, afirma que “É encorajador que muitos países começaram a prestar mais atenção às abordagens integradas para a gestão da água em conjunto com outros sectores-chave da economia nacional.” De acordo com o relatório: “À medida que mais aumenta a pressão sobre os recursos hídricos do mundo, experiência anterior cooperar no sentido da sustentabilidade da água serve como orientação útil para futuros acordos.” Entre as características dos acordos de cooperação de sucesso, de acordo com o relatório: O envolvimento ativo e contínuo de um mediador de terceiros; dados bons; financiamento criativo; setor privado e envolvimento da comunidade; e organizações eficazes base rio. Características dos acordos de cooperação sem sucesso incluem: Bilateral em vez de negociações toda a bacia, ignorando os impactos ambientais de longo prazo; limitando arranjos para as águas superficiais.
revistaamazonia.com.br
Na América Latina e no Caribe Dados da ONU indicam que a esmagadora maioria dos países da América Latina e do Caribe já alcançaram, ou sejam susceptíveis de alcançar o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio para a água potável, apesar de grande diversidade de níveis de desenvolvimento nacional. O acesso ao saneamento, ao contrário, só foi alcançado por 46% da população da região. Quase 36 milhões de pessoas continuam sem acesso a fontes melhoradas de água potável e mais de 110 milhões de pessoas não têm acesso a instalações sanitárias melhoradas. Lacunas no serviço afetam principalmente os grupos de baixa renda: entre 70% e 85% das pessoas que não têm acesso aos serviços de água estão no mais baixo 40% para a renda. Nas zonas rurais, a cobertura é sistematicamente inferior em áreas urbanas: 15% no caso da água potável e 24% no caso dos serviços de saneamento. De acordo com um estudo realizado pela CAF, o Banco Latino-Americano de Desenvolvimento, para calcular os custos de atingir a água relacionado alvos SDG, o investimento necessário ascenderia US $ 12,5 bilhões por ano - o equivalente a 0,31% do PIB da região em 2010 .
Zafar Adeel, Diretor da UNU-INWEH
Segundo Zafar Adeel, Diretor da UNU-INWEH: “Num contexto de cada vez maior consumo de alimentos e de energia por parte da população mundial, (que com os modelos atuais de trabalho exigirá cada vez mais água para ambos os processos), deteriorou saneamento e mudanças climáticas globais, é a abordagem nexo, água-alimentos- energia-clima, que é cada vez mais urgente e prático. A implementação destes conceitos requer o desenvolvimento da cooperação e da parceria, não só entre os países, mas também entre os diferentes setores econômicos e os utilizadores de água existentes em cada país.”
REVISTA AMAZÔNIA
61
Álvaro Almeida, da Report Sustentabilidade, abrindo a primeira plenária
SB Rio 2015 O
primeiro dia da Sustainable Brands Rio 2015 foi marcado por debates que enfatizaram como transparência, capacidade de mobilização, inovação em cadeia, empreendedorismo e novos modelos de consumo e produção podem se tornar vetores de estímulo para a adoção de práticas mais sustentáveis no mundo dos negócios. Com participação de representantes de empresas, organizações da sociedade civil, governos e terceiro setor, o evento teve como tema “How now: como a inovação em sustentabilidade está transformando os negócios agora”, reforçando uma visão aberta e crítica sobre tendências que, em maior escala, poderão liderar a mudança positiva nos modelos de atuação das empresas. As plenárias abordaram a reorientação dos negócios e a inovação em sustentabilidade, reunindo organizações como Instituto Capitalismo Consciente, Sistema B e Forum for the Future, além de empresas como Coca-Cola, L’Oreal, Geekie e Reserva e 62
REVISTA AMAZÔNIA
organismos como a Apex Brasil – que foi, também, apresentadora da conferência. Nas falas dos palestrantes, destaque para a preocupação com a necessidade de promover maior conexão entre as empresas e suas marcas e um propósito de contribuir positivamente – e não apenas reduzir impactos negativos – com o desenvolvimento
Fotos: Letícia Luppi
econômico, social e ambiental. “Marcas de diferentes portes e segmentos estão liderando o caminho para a transformação dos negócios – e precisamos estar atentos a como cada um pode desenvolver esse papel e ampliar nosso propósito”, afirmou KoAnn Srzyniarz, CEO da Sustainable Life Media.
Debatendo responsabilidade socioambiental e engajamento sobre mudanças climáticas
revistaamazonia.com.br
Workshop SustainAbility e Catavento
Os debates Nos dois workshops liderados por organizações internacionais – SustainAbility e GlobeScan – foram apresentados estudos e trabalhos sobre o impacto positivo da transparência no desempenho das empresas. Já o Instituto Capitalismo Consciente Brasil e a Spark Impact Innovation coordenaram os workshops com ênfase na transição para a nova economia e na visão de impacto social integrado. No Activation Hub – espaço de diálogo e compartilhamento de projetos focados nos temas da inovação e da sustentabilidade –, destacaram-se os debates abertos com o público sobre responsabilidade socioambiental no universo da moda, desenvolvimento de comunidades fornecedoras, confiança dos consumidores e engajamento sobre mudanças climáticas. Além disso, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lançou os Guias de Sustentabilidade para Empresas, focados nos temas de Marketing e Inovação. Nos debates sintonizados aos temas críticos da atualidade, etapa central da programação, as plenárias “Como redesenhar a
produção e os mercados” e “Como as marcas podem engajar as pessoas” reuniram 17 representantes de empresas, consultorias e organizações para discutir experimentos bem-sucedidos de inovação nos negócios, incluindo produtos e serviços voltados à ecoeficiência e ações de relacionamento com o consumidor. Investimento em veículos elétricos, bio-
Vencedores do SB Innovation Open (esq. para dir.: Clube Orgânico, Adriana Rodrigues da Apex Brasil, Murilo Ferraz da Treebos, e Scicrop)
No Activation Hub, destacaram-se os debates abertos com o público
revistaamazonia.com.br
tecnologia aplicada à indústria de alimentos, projetos de ciclo fechado na produção industrial e ações de sensibilização de consumidores foram alguns dos cases apresentados. “Essas iniciativas são exemplos de como a inovação em sustentabilidade está transformando os negócios agora, em conexão direta com o tema da conferência – How Now”, afirma Alvaro Almeida, sócio-diretor da Report. Mais uma vez, os workshops reuniram os participantes para discutir casos práticos relacionados a negócios sociais, inovação disruptiva, redução de desperdícios e conexão entre marcas e causas. Já no Activation Hub, empresas como Edelman Significa, AES Brasil, Dow Brasil e Sinctronics convidaram o público para discutircases e temas desafiadores relacionados à inovação socioambiental. A quarta-feira também contou com atividades paralelas, incluindo uma sessão de mindfulness, em parceria com a Assertiva Mindfulness, no lounge Report Sustentabilidade; uma palestra sobre intraempreendedorismo, coordenada pela League of Intrapreneurs e pela BMW Foundation;
Andre Palhano, idealizador e organizador da Virada Sustentável, movimento de educação para a sustentabilidade que utiliza a arte e o lúdico como ferramentas de conscientização
REVISTA AMAZÔNIA
63
Na plenária “Como inovar em sustentabilidade”
vas, mas também a apresentação de iniciativas atuais que exemplificam o potencial de transformação das atividades empresariais. Na plenária, representantes das organizações Novos Urbanos, Instituto Pereira Passos, Grupo Pão de Açúcar, The Nature Conservancy, Benfeitoria, Play the Call, Treebos e Patagonia apresentaram modelos de ação que conversam com necessidades atuais, em eixos como a nova economia, a mobilização para causas sociais. Os workshops, por sua vez, voltaram atenções às formas de modificar o posicionamento e a atuação das organizações. Um deles, “Quero ser B!”, foi organizado pelo Sistema B – rede global que reúne empresas comprometidas, do estatuto à estrutura de gestão, com o crescimento aliado ao bem-estar social, econômico e ambiental – e trouxe informações e
atividades do Millennials Lab, projeto que reúne jovens entre 18 e 24 anos para debater sua percepção sobre os temas apresentados na conferência; e o Sustainable Brands Innovation Open (SBio), concurso de startups que ocorre pelo segundo ano consecutivo.
O encerramento Projetos de mobilização da sociedade civil, novas formas de viver a cidade e adesão de empresas do setor privado a compromissos voluntários foram temas de destaque do último dia da SB Rio 2015. A programação contou com workshops, discussões no Activation Hub e a plenária “Como conectar com as necessidades da sociedade”. No total, mais de 500 pessoas, representando empresas, ONGs, academia, mídia e sociedade civil, compareceram ao evento, cujo tema central – “How now: como a inovação em sustentabilidade está transformando os negócios agora” – estimulou não apenas debates sobre desafios e perspecti-
Genet Garamendi, da Solazyme, durante a plenária “Como redesenhar a produção e os mercados”
Rick Ridgeway, da Patagonia, encerrou a plenária final
Millennials apresentam seu manifesto para participantes da plenária final
64
REVISTA AMAZÔNIA
revistaamazonia.com.br
Tânia Braga, gerente geral de Sustentabilidade, Acessibilidade e Legado do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016
Raj Sisodia, PHD em Marketing e Negócios, professor da Babson College e co-fundador do Conscious Capitalismo
exemplos sobre o processo de certificação das empresas. Já a Aoka Labs Liderança Sistêmica comandou o workshop “Como liderar a transformação em sistemas complexos?”. No Activation Hub, parceiros e apoiadores do SB Rio 2015 continuaram a troca de
experiências, por meio de palestras seguidas de debates abertos com o público. A Basf e o Pacto Global, por exemplo, convidaram para um debate sobre os recém-criados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), evolução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Na plenária Grandes Desafios “Crise Hídrica”- Caio Megale (Itaú), Claudia Canales (Fundación Chile), Juliana Nunes (Brasil Kirin), Mário Barroso (WWF)
SBio No Sustainable Brands Innovation Open (SBio), competição de startups que ocorre pela segunda vez dentro da programação do SB Rio, os quatro finalistas selecionados pelos jurados foram anunciados na plenária de encerramento, hoje pela manhã: Clube Orgânico, Risu, Insolar, Scicrop. Após as defesas de projetos, foi anunciada a vencedora do júri: Scicrop. Já o público da plenária elegeu, com 48% dos votos, o Clube Orgânico.
Millennials Lab A contribuição de 30 jovens de 18 a 24 anos para as discussões da SB Rio 2015 também foi apresentada na plenária de encerramento da conferência. Por meio do Millennials Lab, os temas debatidos nos workshops, sessões e plenárias foram discutidos e examinados pelos jovens, que fizeram uma apresentação crítica durante a plenária “Como conectar com as necessidades da sociedade”. Executado pela primeira vez nesta edição da conferência, o programa é uma parceria entre a Coca-Cola, a The Mob e a Report. Na plenária Grandes desafios “Como financiar a nova economia?” Annelise Vendramini (GV CES), Denise Hills (Itaú), Leonardo Letelier (Social Financing Task Force)
Iniciativas como a inovação em sustentabilidade, transformando os negócios, estão em conexão direta com o tema da conferência – How Now”, afirma Alvaro Almeida, sócio-diretor da Report revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA
65
Selo verde para produtos da Amazônia Legal Dep. Angelim (PT-AC)
A
Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia – CINDRA, aprovou a criação do “Selo Verde Preservação da Amazônia”, previsto pelo Projeto de Lei 5760/13, de autoria do Senado. O “selo verde” é usado para classificar um produto ou serviço que apresente menor impacto ambiental em relação a outros disponíveis no mercado. A ideia é incentivar o consumo sustentável. No substitutivo aprovado, apresentado pelo relator, dep. Angelim (PT-AC), ficou aberta a possibilidade de qualquer empresa localizada na Amazônia Legal receber o “Selo Verde” e não apenas aquelas situadas na Zona Franca de Manaus e de Zonas de Processamento de Exportação e Áreas de Livre Comércio, localizadas na Amazônia Legal. O projeto considera como integrantes da Amazônia Legal nove estados do Norte e do Centro-Oeste (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Tocantins, Pará e parte do Maranhão). Ficou estabelecida a obrigatoriedade de serem usadas matérias-primas de origem sustentável e a necessidade de adequação ambiental no transporte e na comerciali66
REVISTA AMAZÔNIA
zação do produto e na destinação final dos resíduos. O relator explicou por que aumentou, em seu parecer, a abrangência do projeto que veio do Senado. “Não dá para você apenas colocar um selo no produto final. Você tem que colocar todo o processo produtivo daquele produto e também a origem da matéria-prima, que são os componentes desse produto”, disse o deputado Angelim.
produtor, a indústria, que está processando algo que foi produzido de forma sustentável, pode ter acesso a mercados com esse selo, e em alguns casos, pode até conseguir vender o produto por um valor mais alto por conta dessa certificação.”
Tramitação A proposta havia sido rejeitada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Agora, será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e depois pelo Plenário. Se os deputados aprovarem o Selo Verde, o projeto retornará à Casa de origem, o Senado.
Sustentabilidade A coordenadora de sustentabilidade da Associação Brasileira do Agronegócio, Beatriz Secaf, diz que o Selo poderá ser benéfico para os produtores uma vez que o consumidor valoriza a sustentabilidade. “Cada vez mais os consumidores exigem a comprovação de que o produto que eles estão consumindo cumpriu com determinados critérios ambientais, sociais e até econômicos. Então, existe essa demanda. E o
Selo Verde Preservação da Amazônia: Produto produzido de forma sustentável. Essencial para salvar a Amazônia revistaamazonia.com.br
revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZテ年IA
1
100
95
75
25
5
0