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palestras
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– Arquitetos; – Autoridades / Formuladores de Políticas Públicas; – Compradores; – Distribuidores; – Empreendedores; – Engenheiros; – Fabricantes e Fornecedores; – Instaladores e Integradores.
Dados da última edição
Ano 10 Nº 53 Novembro/Dezembro 2015 R$ 12,00
Perfil do Visitante
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Ano 10 Número 53 2015 R$ 12,00
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Energia Eólica – Aerogeradores; – Inversores; – Microaerogeradores; – Torres.
Outros – Acessórios, peças e equipamentos; – Entidades dos setores; – Empresas de consultoria e projetos; – P&D.
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COP 21 POR UM MUNDO SUSTENTÁVEL
8ª FIAM - FEIRA INTERNACIONAL DA AMAZÔNIA LUZ, SOLOS... SUSTENTABILIDADE JOGOS MUNDIAIS DOS POVOS INDÍGENAS Anuncio Enersolar 20,5x27_Expositor.indd 1
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O BRASIL AVANÇACOM
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Para valorizar a pesca artesanal, garantir os direitos dos pescadores e a proteção do meio ambiente, o Governo Federal está fazendo uma revisão da atividade da pesca artesanal no país. Entre as ações previstas estão as análises do Registro Geral da Atividade Pesqueira, dos períodos do Defeso e de tudo que envolve essa atividade tão importante para o pescador, para a sociedade e para o meio ambiente.
É o Governo Federal trabalhando para o Brasil avançar.
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EXPEDIENTE
Ano Internacional da Luz 2015
PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES AIL 2015, Ascom MCTI, Bernardo Arouca, Carlos Fiolhais, Claudio Giantes, Gero Rueter, Gio Brumães, Lauren Fletcher, Maria S. Fortes, Michele Silva, Ronaldo Hühn, Silvio Crestana, Teresa Firmino, Vivian M. Mattos, Xavico Bernardes
O Ano Internacional da Luz é um projeto de divulgação científica multidisciplinar e educativo que envolve mais de 100 parceiros de 85 países...
FOTOGRAFIAS AIL 2015, Ascom MCTI, Ascom Fecomercio, CNPQ Brasil, Diego Gurgel, Divulgação/Suframa, Elson Caldas / Governo do Tocantins, Eraldo Peres/ AP, Embrapa Solos,FAO, Geoglifos, José Iriarte, JMPI, Marcello Camargo/Agência Brasil, Marco Mari/Blog do Planalto Nasa, Olimpio Carneiro, Pat Izzo, Pedro França/Agência Senado, Recomércio, Roberto Castro/ME, Roberto Stuckert Filho/ PR, Rodrigo Hühn, STAB, Tharson Lopes / Governo do Tocantins, Ubirajara Machado/MDS, UDOP, Xmobots
Sustentabilidade: Dez ações contra as Mudanças Climáticas
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro
CIC
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Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes?
FAVOR POR
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NOSSA CAPA Na abertura dos Jogos Mundiais Indígenas, guerreiros brasileiros levaram a tocha com o Fogo Sagrado, para a Arena Verde, local escolhido para a abertura oficial do evento. Eles representaram a força, cultura e diversidade dos povos indígenas nacionais e internacionais. Foto: Tomás Faquini/Head Images
Solos Sustentáveis: Dia e Ano Internacional dos Solos
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A América Latina e o Caribe têm as maiores reservas de terras cultiváveis do mundo, por isso o cuidado e a preservação dos solos são fundamentais para que a região alcance sua meta de erradicar a fome, disse a FAO durante o lançamento regional do Ano Internacional dos Solos 2015... R AIO PU M
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I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas – JMPI 2.300 atletas de 24 etnias brasileiras e de 24 países, participaram dos JMPI com o tema “Agora Somos Todos Indígenas”. Foi uma realização do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC) em parceria com o Ministério do Esporte, Prefeitura de Palmas, Governo estadual e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)...
MAIS CONTEÚDO [20] A luz de Einstein [27] Eletrobras Eletronorte recebe o Magna cum laude do Prêmio Nacional da Qualidade da FNQ [28] Selo do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça [29] Eletrobras Eletronorte é uma das 20 empresas mais inovadoras do Brasil [30] Vencedores do 5º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade [32] Sustentabilidade [36] Inovação para Sustentabilidade [37] O Solo é um recurso não renovável [42] Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2015 [46] 8º Congresso Nacional da Bioenergia [62] Entender o passado da Amazônia para garantir o seu futuro sustentável
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Novos rumos da economia da Amazônia Ocidental e a resistência histórica do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) às crises externas foram alguns temas enfocados na abertura da oitava edição da Feira Internacional da Amazônia (FIAM 2015) – considerada o maior evento multissetorial voltado à atração de investimentos para a região amazônica...
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Ano 10 Número 53 2015 R$ 12,00 5,00
COP 21
POR UM 8ª FIAM MUNDO SU S LUZ, SO FEIRA INTERN TENTÁVEL ACIONA LOS... S
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DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn
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A 21ª Conferências das Partes da Convenção-quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP21), o maior encontro de líderes mundiais fora da sede das Nações Unidas, teve o objetivo de se chegar a um acordo que reduzisse a emissão de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global...
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COP21 – por um futuro sustentável para o mundo
PUBLICAÇÃO Período (novembro/dezembro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil
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COP21 – por um futuro sustentável para o mundo Fotos: Arnauld Bouissou, Roberto Stuckert Filho/PR, Rudolph Hühn, Tomaz Silva/Agência Brasil
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21ª Conferências das Partes da Convenção-quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP21), o maior encontro de líderes mundiais fora da sede das Nações Unidas, teve o objetivo de se chegar a um acordo que reduzisse a emissão de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. O Acordo de Paris deve entrar em vigor em 2020, em substituição ao Protocolo de Quioto, que prevê a redução de emissões de gases poluentes apenas para países desenvolvidos. No discurso de abertura da COP21, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu um minuto de silêncio em memória aos atentados terroristas em todo o mundo. Para Ban Ki-moon, a COP21 pode – e precisa – pôr os governos no rumo de uma economia que use pouco combustível fóssil e emita menos gases-estufa. Precisa também selar um compromisso para manter o aquecimento global abaixo de 2°C até 2100, teto considero seguro por cientistas. “Não há alternativa”, diz. “Nenhum país pode se omitir”. Ban defende para tanto que todos ajam. “Precisamos entrar em ação e precisamos fazê-lo pela cooperação internacional. Nenhum país pode combater as mudanças climáticas de modo isolado”. François Hollande, presidente francês e anfitrião, disse que a luta contra o terroris06
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mo não se opõe à luta contra o aquecimento global e que um acordo sobre este tema “não pode falhar”, ele reiterou a necessidade de um acordo “vinculativo”. Para o presidente francês, um “acordo bom e grande” se baseia em “três condições”. A primeira, disse ele, é “esboçar um caminho credível para conter o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius ou até 1,5 grau”. A segunda é “dar uma resposta solidária ao desafio climático”, na qual nenhum Estado fuja de suas responsabilidades, ressalvando que diferenças de desenvolvimento devem ser levadas em conta.
“Os países desenvolvidos devem assumir sua responsabilidade histórica, são eles que têm emitido ao longo de anos a maior quantidade de gases do efeito estufa; os países emergentes devem acelerar sua transição da energia; os países em desenvolvimento devem ser apoiados na adaptação aos impactos climáticos”, disse. A terceira condição é que todas as sociedades comecem a se mexer. O presidente americano, Barack Obama, reconheceu a responsabilidade histórica dos Estados Unidos, segundo maior emissor do mundo, nas mudanças climáticas. “Como líder da maior economia mundial e do segundo maior emissor, os Estados Unidos não apenas reconhecem seu papel na criação desse problema, nós também assumimos nossa responsabilidade de fazer algo”, afirmou Obama. “Acredito nas palavras de Martin Luther King Junior, de que existe uma hora em que é tarde demais. Na questão das mudanças climáticas, estamos quase em cima da hora”, continuou o líder americano. “Somos a primeira geração a sentir os efeitos das mudanças climáticas e a última que pode fazer algo a esse respeito. Nenhuma nação, grande ou pequena, rica ou pobre, está imune ao que isso significa”. No discurso, Obama expôs as possíveis consequências do que chamou de “um futuro possível” derivado do aquecimento global. Chegou o momento da comunidade internarevistaamazonia.com.br
Os 150 Chefes de Estado e de Governo presentes para o lançamento da COP21 Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas
cional decidir salvar o planeta. O presidente da China, Xi Jinping, disse ser crucial que as conversas levem em consideração as diferenças e permitam que países possam desenvolver suas próprias soluções para o aquecimento global. A China, maior emissora de gases do efeito estufa, sempre insistiu que nações desenvolvidas deveriam ter maior responsabilidade. “A abordagem das mudanças climáticas não pode negar as necessidades legítimas dos países em desenvolvimento de reduzir a pobreza e melhorar os padrões de vida. É importante respeitar as diferenças entre os países, especialmente os países em desenvolvimento”. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que está disposto a chegar a um acordo que limite o aumento da temperatura média global, que seja a continuação do protocolo de Quioto e “juridicamente vinculativo”. A chanceler federal da Alemanha, Ângela Merkel, afirmou: “O acordo deve ser
Christiana Figueres, Secretária Executiva da UNFCCC, na abertura da plenária: Delegados, agora os olhos de milhões de pessoas ao redor do mundo estão em você revistaamazonia.com.br
justo, ambicioso e vinculativo. A Alemanha espera uma revisão a cada cinco anos, começando em 2020. A Alemanha dará a sua contribuição.” O Papa Francisco afirmou, que o aquecimento climático põe o mundo “à beira do suicídio” e que a comunidade internacional reunida na Conferência do Clima de Paris (COP21) deve conseguir um acordo “agora ou nunca”. “Não estou seguro (do resultado da COP21), mas o que posso dizer é que agora ou nunca” se deve atuar diante da mudança climática, declarou aos jornalistas que o acompanhavam no avião papal rumo à capital italiana, após sua viagem à África. “A quase totalidade daqueles que estão em Paris quer fazer algo. Tenho confiança de que o farão, têm boa vontade e rezo por eles”, disse.
Laurent Fabius, ministro das Relações Exteriores da França, foi oficialmente proclamado presidente da COP21 pelos 1300 delegados reunidos na sala plenária “Loire”. Ele recebeu das mãos de seu antecessor, o presidente da COP20, Manuel Pulgar-Vidal, o martelo de madeira com a qual ele declarou aberta a COP21.
Laurent Fabius, ministro das Relações Exteriores da França (centro), Presidente da COP 21 / CMP 11, Christiana Figueres, secretária executiva da UNFCCC e Manuel Pulgar-Vidal, ministro do Meio Ambiente do Peru, Presidente COP 20 / CMP 10. Dando início a COP21
11ª Conferência da Juventude para o clima (COY-11) Pouco antes do início da COP21, jovens de todo o mundo e se mobilizaram para o clima, em Villepinte, perto de Paris – membros de organizações de juventude, ambientalistas ou apenas associações visitantes, eles queriam fazer a sua mensagem ouvida sobre a mudança climática que ameaça o seu futuro. “No começo, o manifesto foi uma declaração de que o que queria fazer da tribuna da conferência da ONU, mas sabemos que isso cai no vazio, quando vemos que a declaração aprovada na COY10 em Lima não tem servido para nada”, disse Audi Noelie-Dor, da ONG WARN (We Are Ready Now)
Jovens de todo o mundo se mobilizando para o clima. COY11: “Nunca subestime o poder da juventude!” REVISTA AMAZÔNIA
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LPAA - Forest Focus Day – Com a participação da ministra Izabella Teixeira
Missão Inovação “Missão Inovação”, é uma iniciativa para acelerar dramaticamente a inovação para a energia limpa público e privado global para enfrentar a mudança climática global, fornecer a preços acessíveis e energia limpa para os consumidores, inclusive nos países em desenvolvimento e criar oportunidades comerciais adicionais em energia limpa. Através da iniciativa, 20 países estão comprometendo-se a duplicar a respectiva pesquisa de energia limpa e desenvolvimento de investimentos (R & D) ao longo de cinco anos. Esses países incluem os cinco principais países mais populosos - China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil. Eles esticar nos cinco continentes. E quando você adicionar todos os países parceiros em conjunto, representam 75 por cento das emissões de CO2 do mundo, de eletricidade, e mais de 80 por cento do mundo em investimento de energia limpa e R &D. Eles também representam as inúmeras formas que criamos e usamos a energia. Os membros da missão de inovação incluem alguns dos maiores produtores de petróleo e gás - Estados Unidos, Canadá, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, México, Noruega e Indonésia -, bem como muitos com alta penetração das energias renováveis em seus setores de energia, tais como Canadá, Noruega, Dinamarca, Brasil e Chile. “O Missão Inovação responde à urgência da mudança climática, à oportunidade que representa a inovação tecnológica, e ao imperativo internacional de enfrentar esse problema de forma mundial”. Bill Gates lidera a parte privada do projeto, que conta com a participação, de líderes de 28 grandes multinacionais, como o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, o da Virgin, Richard Branson, Jeff Bezos (Amazon), Jack Ma (Alibaba) e o magnata financeiro George Soros. Quatro países europeus – Alemanha, Noruega, Suécia e Suíça – irão disponibilizar 500 milhões de euros para ajudar países pobres a reduzirem emissões de CO2. E a Índia lançou uma aliança com 120 países, com a qual pretende juntar 400 milhões de dólares para acelerar o uso da energia solar. O Banco Mundial anunciou uma iniciativa de 500 milhões de euros para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir suas emissões de gás de efeito estufa. Príncipe Charles, Christiana Figueres, Manuel Pulgar- Vidal, June Budhooram, secretário COP; Richard Kinley, Secretário Executivo Adjunto da UNFCCC; e Johanna Lissinger Peitz, Relatora COP 21 / CMP 11
Na Marcha Global pelo Clima na orla do Rio
Membros da sociedade civil antes do primeiro dia da COP 21
jovens não têm emprego quando saem para se juntar às fileiras do Boko Haram. “ Resultado, dois mil jovens em sessenta e cinco países, alimentando o “mapa digital da Unicef”.
Pacto Internacional sobre Água
e da organização da COY. O manifesto foi finalizado por várias equipes para integrar as propostas e alterações para integrar diferentes textos e propostas - educação, energia, leis ambientais, de direitos humanos, de adaptação, de conservação, etc. - ele também tem um corpo de “valores comuns” partilhados por todas as organizações de juventude acreditados em no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em um cluster chamado “Youngo”. 08
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Esta delicada tarefa transformou-se em um manifesto da juventude como uma base de ação. Em um ambiente muito descontraído, campus universitário, em meio-recolhimento escuteiros, reuniões improvisadas e testemunhos se misturavam. “As consequências das alterações climáticas, não é apenas a inundações ou de desertificação, são todos aqueles jovens que se encontram em jihadismo, há milhares de refugiados. Não há terra suficiente para alimentar a todos, e os
Os ministros do Meio Ambiente da França, Ségolène Royal, e do Peru, Manuel Pulgar Vidal, lançaram o “Pacto Internacional de Paris sobre Água e Adaptação às Mudanças Climáticas”, em evento paralelo à COP 21. De acordo com a ministra Ségolène Royal, o Pacto sobre Água traz a agenda humana diretamente para a discussão do Água, “uma das grandes negociações climáticas invisíveis” da COP21
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Dilma apoiou acordo climático ambicioso e obrigatório
clima, já que 80% do corpo humano é feito de água. Segundo ela, a vida não existe sem água, será disputada e irá gerar as migrações internacionais. “Aparentemente, esta iniciativa vai vingar, terá a assinatura e suporte de todos os países”, afirma o chairman da Fibria e membro do Comitê Executivo do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), José Luciano Penido. Ele e Marina Grossi, presidente do CEBDS, participaram do evento no qual também esteve presente a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira. Segundo Penido, o Pacto sobre Água é um dos grandes frutos da COP 21. O pacto sobre Água engloba compromissos das instituições envolvidas para implementar planos de adaptação, monitoramento da água e sistemas de medição em bacias hidrográficas, promovendo a sustentabilidade financeira e novos investimentos em gestão de sistemas de água.
O acordo histórico pelo clima da COP 21 Os 195 países que participaram da Conferência do Clima de Paris (COP21), em Bourget (nordeste de Paris), assinaram um acordo histórico, sem precedentes, para lutar contra o aquecimento global, foi aprovado sob aplausos para atenuar as mudanças climáticas. Pela primeira vez, tantos governos se comprometeram a diminuir as emissões de gases de efeito estufa, que causam o aquecimento global. Laurent Fabious ministro e chanceler francês, presidente da COP 21, disse que o texto contém os elementos principais antes
Laurence Tubiana, presidente da CMP 11; Christiana Figueres, secretária executiva da UNFCCC; Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU; Laurent Fabius, presidente da COP 21 / CMP 11; e François Hollande, presidente da França, celebram a adoção do Acordo de Paris revistaamazonia.com.br
considerados impossíveis de se alcançar. “É diferenciado, justo, duradouro, dinâmico, equilibrado e juridicamente vinculativo”. Este “momento histórico” foi recebido por uma ovação de vários minutos. Após, Laurent Fabius, assim anunciou o acordo intitulado: “Transformando nosso mundo: a agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030”: “Eu olho para essa sala, vejo que a reação é positiva, não ouço objeções. O Acordo de Paris para o Clima está adotado”, declarou o sorridente Fabius, antes de bater forte com o martelo verde simbólico, em forma de folha, para marcar a formalização do acordo sobre o clima, na mesa da presidência da COP 21. A sala aplaudiu a cena por longos minutos. O presidente francês, François Hollande, se juntou ao palco, mas não tomou a palavra. Também se juntaram para o abraço de comemoração o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, e a secretária-executiva para Mudanças Climáticas das Nações Unidas, a costa-riquenha Christiana Figueres.
O acordo “Transformando nosso mundo: a agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030”, de Paris inclui:
- O projeto de acordo para frear as mudanças climáticas traça planos para garantir “um aumento da temperatura média global inferior a 2 °C em relação aos níveis pré-industriais e também reconhece a urgência de prosseguir com os esforços em limitar o aumento da temperatura a 1,5 ° C”. - O acordo também prevê o compromisso de acompanhamento e revisão a cada cinco anos de como os países estão aplicando seus planos climáticos, com o primeiro encontro marcado para 2023. - Um mecanismo de perdas e danos, para lidar com os prejuízos financeiros que os países vulneráveis sofrem com os fenôme-
Dilma Rousseff com Ségolène Royal, ministra do Meio Ambiente da França, em Le Bourget
Dome do Clima - uma cúpula representando a Terra: uma enorme esfera de 14 metros de diâmetro, instalado no Departamento de Ecologia. Ele apresenta vários pólos no interior que giram em torno do tema de “clima espacial”. Um atrativo Frances à COP21 Satélites de observação da Terra a serviço do meio ambiente e as alterações climáticas. A França quer lançar em 2020 um satélite para medir a distribuição de dióxido de carbono (CO2) na superfície da Terra
Laurent Fabius, e o martelo verde simbólico em forma de folha-com a logo da COP 21
nos extremos, como cheias, tempestades e temperaturas recordes. - O acordo prevê a criação de um fundo anual de US$ 100 bilhões, financiado pelos países ricos, a partir de 2020, para limitar o aquecimento global a 1,5°C. - Um pedido para que os países revejam seus planos climáticos nacionais em 2018, antes de entrarem em efeito pós-2020. - Pede ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que apresente um REVISTA AMAZÔNIA
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100% de energia limpa Delegados se reúnem para assistir o Fóssil do Dia Neutro em carbono, chocolate da COP tinha embalagem lembrando derretimento
viagem longa, que remonta décadas de negociações. O documento apresentado é histórico. Ele promete colocar o mundo em um novo caminho, para um futuro resiliente ao clima e de baixas emissões.”
Delegação brasileira “Estou radiante. Fiquei muito emocionada. Todos ficaram”, contou a ministra brasileira, Izabella Teixeira, antes de deixar
Todd Stern, dos Estados Unidos, enviado especial para Mudanças Climáticas, em Conferência de imprensa
relatório especial em 2018, sobre os impactos do aquecimento global de 1,5 ° C acima dos níveis pré-industriais. - A cada cinco anos, os países deverão prestar contas (primeiro encontro marcado para 2023) sobre as ações desenvolvidas para evitar que a temperatura global aumente mais de 2 graus Celsius. A redução do aquecimento pretende evitar fenômenos extremos como ondas de calor, seca, cheias ou subida do nível do mar. - O acordo de Paris vai entrar em vigor em 2020.
Responsabilidade histórica Dirigindo-se aos ministros e negociadores, e todos aqueles que assistiam a apresentação do documento final da COP 21, Laurent Fabius, instou os representantes dos países a ter em mente o imenso desafio que têm em suas mãos: “A nossa responsabilidade na história é imensa.” Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, destacou o peso histórico do acordo: “Chegamos a um momento decisivo em uma Em comemoração do “Dia do Jovem e as gerações futuras”
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Ministro Luiz Alberto Figueiredo, ministra Izabella Teixeira e o negociador-chefe, José Antonio Carvalho
correr novas lágrimas. “Nós nos abraçamos e lembramos de todos que participaram desse processo”, disse a ministra, relatando que toda a delegação brasileira chorou. O país teve um papel de protagonista nas negociações.
Izabella Teixeira com o representante chines Xie Zhenhua
A COP21 termina com um acordo com força de lei, que ressalta as diferenças de responsabilidade entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. O texto visa que o aumento da temperatura do planeta até o final do século seja “bem abaixo de 2 °C”, e destaca que o objetivo é perseguir uma elevação de 1,5 °C, ao longo das próximas décadas. Manifestação pedindo ação para apoiar o Climate Vulnerable Forum
Metas de redução de gases de efeito estufa estabelecidas por Brasil, pelos Estados Unidos, pela China, União Europeia e Índia
Aumento dos recursos para países pobres O acordo ainda prevê o aumento do financiamento das ações de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas a partir de 2020. Os países ricos se comprometem a Membros da Fundação Coréia verde promovendo o ar puro, afirmando “não há fronteiras no céu”
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fornecer no mínimo 100 bilhões de dólares por ano para os mais pobres, rumo a uma economia mais sustentável. Um novo objetivo mais robusto deve ser determinado em até 10 anos. O tratado adota a revisão, a cada cinco anos, dos compromissos firmados hoje pelos países. O documento também reconhece as perdas e danos sofridos pelos países mais vulneráveis desde o início das mudanças climáticas, um dos pontos mais batalhados pelas nações insulares. Agora, cabe a cada país cumprir o que prometeu em Paris. O Brasil se comprometeu, voluntariamente, a reduzir 43% das emissões de gases de efeito estufa até 2030.
Reações pelo mundo As reações ao acordo foram as mais diversas entre ONGs e entidades ambientalistas ao redor do mundo: Para a presidenta Dilma Rousseff “o Acordo de Paris, define uma nova fase da luta contra a mudança climática. “O acordo é justo e ambicioso, fortalecendo o regime multilateral e atendendo aos legítimos anseios da comunidade internacional”. O documento incorporou a proposta conjunta do Brasil e da União Europeia de mecanismo que promove investimentos privados em projetos de redução de emissões (MDL+). “No conjunto das suas decisões, também incorporou o mecanismo de REDD+, que permite o reconhecimento e o pagamento por resultados das ações de combate ao desmatamento e degradação florestal, sendo fundamental portanto para a implementação das metas brasileiras de combate à mudança do clima, anunciadas em setembro de 2015”, completou.”. O presidente francês, François Hollande, disse que o documento é o primeiro acordo universal da história das negociações climáticas. “Estamos num momento decisivo” Para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o acordo é “ambicioso e imperfeito”, mas a assinatura mostrou que há esperança quando o mundo se une. “Hoje podemos estar mais seguros de que o planeta vai estar em melhor forma para a nova geração”, destacou. Para o primeiro-ministro, Shinzo Abe, o Última sessão plenária da COP21 para a adoção do Acordo de Paris
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Marina Silva no painel “Mato Grosso, Pará: Amazon State Leadership on Low Carbon Rural Development”, alertando a necessidade de revisar o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia
Ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, na plenária final do acordo histórico em defesa do clima
Japão vai combater as alterações climáticas sem “sacrificar o progresso econômico”. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou o acordo como enorme passo para assegurar o futuro do planeta. A ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, disse que o Brasil está muito satisfeito com as condições do acordo. O Acordo de Paris, reflete todas posições que o governo brasileiro defendeu. O papa Francisco chamou de “histórico” o acordo aprovado mas lembrou que sua implantação exigirá “compromisso e dedicação”. Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace, disse que a redução de emissões de gases de efeito estufa representa o fim da era dos combustíveis fósseis. Vai causar consternação nas diretorias de empresas de carvão e nos palácios dos estados exportadores de petróleo.”. Não podíamos imaginar que acabaríamos por conseguir um objetivo de limitação do aquecimento global a 1,5 grau Celsius [°C]”. O chefe da delegação da ONG WWF, Tasneem Essop, também disse que os países precisam intensificar seus esforços, mas considera que a redação do objetivo geral foi um “sinal forte”. “Ao incluir uma meta bem abaixo de 2°C de aquecimento com uma referência a um objetivo de 1.5°C no longo prazo, o mais recente projeto envia um forte sinal de que os governos estão empenhados em se alinhar com a ciência. O que precisamos ago-
Delegados do Brasil
Grupo de contacto conjunta SBSTA (Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico) e SBI (Órgão Subsidiário de Implementação) na avaliação 2013-2015
Brasil e Noruega prorrogam parceria até 2020: Fundo Amazônia receberá cerca de US$ 600 milhões do governo norueguês para conservação da floresta brasileira O secretário extraordinário do Programa Municípios Verdes (PMV), Justiniano Netto, na COP21
ra é que suas ações, incluindo a redução de emissões e financiamento, somem-se para cumprir essa meta”, afirmou. Tim Gore, da Oxfam, afirmou ter sentido “grande decepção” pelo fato de não ficarem claras as garantias de financiamento da adaptação ao calendário climático. “A história julgará o resultado não com base no acordo de hoje, mas sobre o que vamos fazer a partir de agora”, disse Thoriq Ibrahim, ministro do Meio Ambiente Maldivas e Presidente do Grupo dos Pequenos Estados Insulares. REVISTA AMAZÔNIA
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8ª FIAM Feira Internacional da Amazônia Novos rumos e soluções para a região
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ovos rumos da economia da Amazônia Ocidental e a resistência histórica do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) às crises externas foram alguns temas enfocados na abertura da oitava edição da Feira Internacional da Amazônia (FIAM 2015) – considerada o maior evento multissetorial voltado à atração de investimentos para a região amazônica. A solenidade ocorreu no Salão Nobre do Studio 5 Centro de Convenções, em Manaus (AM), e contou com a presença da superintendente da SUFRAMA, Rebecca Garcia, do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Furlan, do governador do Amazonas, José Melo, do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, e outras autoridades governamentais, representantes de entidades de classe, diplomatas e empresários. A superintendente Rebecca Garcia destacou a importância da realização da Feira como uma demonstração de resistência à crise e, ao considerar a atual conjuntura econômica nacional, avalia a atual edição como um sucesso. “Nós vivemos um momento diferenciado na economia do nosso País e, ainda assim, temos uma feira com sucesso. Foram comercializados todos os estandes e temos recordes de delegações internacionais que vieram até o Amazonas para fazer negócio. Esperamos que no final do evento tenhamos números que venham significar, acima de tudo, a geração de emprego e renda para a nossa região”. Rebecca Garcia também apontou o evento organizado pela SUFRAMA como um exemplo de união de esforços de vários setores que deve ser replicado para aprimorar o modelo ZFM. “A crise está afetando a Zona Franca por causa da dependência que
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Fotos: Divulgação/SUFRAMA, Olimpio Carneiro e Rodrigo Hühn
Abertura da oitava edição da Feira Internacional da Amazônia pela superintendente da Suframa, Rebecca Garcia
temos no mercado interno. Por isso, devemos pensar em novos rumos, como aumentar as exportações”, destacou. O secretário-executivo do MDIC, Fernando Furlan, fez um balanço das sete edições da Feira e destacou o crescimento de expositores e de geração de negócios. Furlan também salientou que, apesar de ser inegavelmente bem-sucedido, o modelo ZFM precisa de aprimoramentos, tendo em vista a prorrogação da sua vigência até 2073. “O governo quer uma Zona Franca de Manaus menos dependente de Brasília e que a SUFRAMA também seja um centro formulador de políticas e de soluções”, salientou. O secretário-executivo pontuou ainda que é necessário direcionar a ZFM para a exportação, aproveitando o câmbio favorável com a valorização do dólar. “É claro que temos que investir em logística e também usar a criatividade e o trabalho de equipe
para encontrar soluções”. Fernando Furlan ressaltou que o ministro Armando Monteiro deverá estar presente na próxima reunião ordinária do Conselho de Administração da SUFRAMA (CAS), prevista para dezembro, acompanhado de dirigentes do Ministério do Planejamento. Na ocasião, será apresentado um estudo consolidado sobre o novo modelo de gestão proposto para a Autarquia. “A SUFRAMA irá assinar um contrato com metas a serem alcançadas. É claro que isso também implicará no fortalecimento da carreira dos seus servidores”, garantiu. Em seu discurso, o prefeito de Manaus, Arthur Neto, destacou a importância do Centro de Biodiversidade da Amazônia (CBA) e frisou que, se o instituto já estivesse em pleno funcionamento, o Estado estaria em melhores condições para enfrentar a crise econômica. revistaamazonia.com.br
Para Rebecca Garcia, a oitava edição da Feira Internacional da Amazônia é exemplo de união de esforços de vários setores que deve ser replicado para aprimorar o modelo ZFM
O governador do Amazonas, José Melo, apontou a FIAM como um símbolo da resistência às crises do modelo ZFM. “A Feira dá uma mostra da pujança da nossa economia e de como o nosso modelo é uma fortaleza resistente a solavancos. Ou seja: a ZFM até balança, mas não cai”, discursou. José Melo se mostrou otimista com a superação da atual crise e descreveu um cenário de crescimento para a região. “O fim da guerra fiscal dos Estados vai tornar o ICMS do Amazonas como um diferencial de atração de investidores. Além disso, os 56 anos de vigência da ZFM, levando-se em consideração a prorrogação do modelo até 2073, é fator de persuasão tendo em vista que há tempo suficiente para o empresário investir, maturar o capital e ter lucro”, salientou.
Jornada de Seminários Processos Inovativos na Amazônia: interfaces entre ICT, empresários e investidores Esse Seminário contou também em sua programação com a palestra magna “Cenário Brasileiro do Sistema de Propriedade Intelectual na Promoção da Inovação, além dos paineis: Interfaces entre NIT e Setor Produtivo e Caminhos para Negociação de Tecnologias Geradas nas ICTs. Um dos aspectos abordados foi a questão do empreendedorismo a partir da perspectiva das incubadoras. Para a presidente da Rede de Incubadoras da região Nordeste,
Para o governador do Amazonas, José Melo “A FIAM dá uma mostra da pujança da nossa economia e de como o nosso modelo é uma fortaleza resistente a solavancos”
Técia Carvalho, a Lei de Inovação contribuiu para o avanço da interação entre pesquisa e mercado, o que tem influenciado sobremaneira na mudança do olhar em torno da importância de outro tipo de capital: o humano. Nesse sentido, as incubadoras têm um papel importante na medida em que devem servir de alicerce para que esse capital humano possa atuar na geração de novas oportunidades de negócios. Ficou acertado que os municípios de Parintins e Coari, ganharão duas incubadoras em 2016 a partir de projeto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam) que tem por mote o conceito de tecnologia social. Outros municípios devem também receber unidades da AYTY posteriormente, entre os quais, Lábrea, São Gabriel da Cachoeira, Tefé, Itacoatiara e Tabatinga. Para a implantação dessas unidades, o Ifam coordenou um processo de formação de gestores na área de incubação. A etapa atual dessa ação compreende a prospecção de espaços para atuação.
Fernando Furlan experimentou uma Honda última geração
Rebecca Garcia e Fernando Furlans, com pilotos Jean Azevedo, Alexandre Barros e Eric Granado, entre outros
A aquicultura como alternativa econômica na região
Ia começar a visita ao Pavilhão de Exposições Pavilhão de Exposições da FIAM 2015
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Fernando Furlan, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), fez um balanço das sete edições da Feira e destacou o crescimento de expositores e de geração de negócios
Geraldo Bernardino, secretário-executivo adjunto de Pesca e Aquicultura (Sepa/ Sepror), iniciou os trabalhos destacando a necessidade de se inserir a região de forma mais competitiva no mercado. “Foi-se o tempo em que basicamente queríamos criar peixe. O momento agora também pede que geremos empregos e renda, ao mesmo tempo que buscamos a interiorização do segmento”, disse. Pela qualificação técnica e diversificação daqueles que participam do encontro, o secretário-executivo da Sepa acredita que “este seminário é uma grande chance de se discutir esse tema, destacando a visão de cadeia produtiva que ele traz”. O presidente da Faea, Muni Lourenço, enfatizou que é preciso buscar incentivar a economia fora da capital do Estado do Amazonas, Manaus. “Temos claro que a vocaREVISTA AMAZÔNIA
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uma pequena empresa”, explicou. Santos detalhou ainda outro estudo da entidade envolvendo um universo de 48 empresas, sendo 32 que continuam exportando e 12 que desistiram da exportação. Entre as informações coletadas sobre a motivação para exportar, foi verificado que as que continuam vendendo para fora do Brasil elencaram fatores internos como desejo de expansão internacional. Já as desistentes citaram fatores externos, como baixa quantidade de pedidos e o dólar.
Apoio a Investimentos no Estado do Amazonas Durante o sexto Encontro de Negócios da Aquicultura da Amazônia (VI ENAq), com o objetivo principal debater mecanismos para potencializar a aquicultura na Amazônia
ção do Amazonas para a aquicultura – pela abundância que temos de água e de conhecimento que já existe e precisa ser ampliado no que diz respeito à criação das principais espécies do segmento – é uma das alternativas econômicas palpáveis para que possamos interiorizar nossa economia, para que o Estado não precise depender quase que exclusivamente da atividade do Polo Industrial de Manaus. A aquicultura é uma das atividades que pode dar resposta na geração de emprego, renda e qualidade de vida para 48% da população amazonense que está no interior do Estado”.
III Seminário de Cosméticos de Base Florestal da Amazônia
Com recursos orçados em aproximadamente R$ 5 milhões, o Projeto Estruturante de Cosméticos de Base Florestal da Amazônia foi o foco do seminário. Segundo a coordenadora do projeto no Sebrae-AM, Wanderléia Oliveira, “As oportunidades são muito grandes. Nos últimos 18 anos, o mercado brasileiro de cosméticos apresentou crescimento médio anual de 10%, ocupando a terceira posição no ranking mundial de consumo. Então precisamos ampliar a participação do Norte. Temos em nossa região a fonte de insumos para cosméticos naturais e nosso desafio é deixar de ser apenas fornecedor de matéria-prima para desenvolvermos produtos com valor agregado”, avaliou a coordenadora. Sobre as dificuldades, Wanderléia cita que as principais são a falta de padronização da matéria-prima, a baixa qualificação da mão de obra e os custos logísticos, que interferem no preço final dos produtos. “Nosso objetivo é desenvolver conhecimentos 14
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normativos, tecnológicos e mercadológicos e, por meio deles, proporcionar maior segurança ao setor”, afirmou Oliveira. Para a coordenadora nacional do projeto, Hulda Oliveira, a tônica do encontro foi a identificação de demandas de normalização para insumos utilizados na indústria cosmética. “Mapeamos todo o conhecimento da produção de cosméticos e agora vamos iniciar a elaboração da norma técnica para nortear as análises laboratoriais. A norma técnica será publicada pela ABNT e disponibilizada para todo o setor”, explicou.
Conhecendo as Oportunidades de Negócios Internacionais No seminário, foram apresentados dados sobre o cenário da exportação no Brasil, incluindo informações sobre as micro e pequenas empresas (MPE). Segundo uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), das mais de 10 milhões de firmas classificadas como MPE em todo o País, apenas 10.931 são exportadoras, sendo 4.716 microempresas e 6.215 empresas de pequeno porte. Em 2004, ano de pico, esse número chegou a 21.030. O gestor de projetos de negócios internacionais da Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae, Eraldo Ricardo dos Santos, explicou que muitos empresários não se motivam a exportar por desconhecerem as vantagens da entrada no mercado externo. “Segundo a lei, uma empresa é classificada, por exemplo, como pequena se o seu faturamento anual estiver na faixa de R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões. Se essa empresa exportar, pode vender mais R$ 3,6 milhões no exterior e, apesar de dobrar seu faturamento, ainda será considerada
Esse seminário foi decorrente do projeto Sudam Itinerante. Entre os participantes estavam o governador do Estado do Amazonas, José Melo, o superintendente da Sudam, Paulo Roberto Correia, o superintendente do Banco da Amazônia (Basa), Marivaldo Melo, e o superintendente adjunto de Operações da SUFRAMA, Adilson Vieira, além de empresários, gestores e representantes de diversas instituições, como a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Sudam Itinerante, projeto tema do seminário foi uma iniciativa criada por solicitação do Ministério da Integração e da Controladoria-Geral da União (CGU) para fazer a divulgação dos incentivos fiscais e financeiros e o estreitamento institucional com os governos dos Estados e instituições Durante o seminário Apex-Brasil e a Inserção Internacional
Durante a 1ª Conferência sobre Processos Inovativos na Amazônia: interfaces entre Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT), empresários e investidores
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A Amazônia na FIAM
José Melo, governador do Amazonas, e Rodrigo Hühn
Rebecca Garcia, superintendente da Suframa e Rodrigo Hühn
Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus e Rodrigo Hühn
Mário Okubo, diretor industrial da Honda com nosso diretor Rodrigo Hühn
Marivaldo Melo, presidente do Banco da Amazônia (Basa), com nosso diretor
financeiras, assim como o estabelecimento de novas parcerias nas áreas de planejamento e investimento privado. Após passar por Rondônia, Acre e Pará, a ação chega ao Amazonas aproveitando a estrutura da VIII FIAM. O governador José Melo destacou que o seminário realizado na FIAM 2015 é uma oportunidade única para se discutir projetos de desenvolvimento regional. “Pela primeira vez temos aqui, Sudam, Banco do Brasil, Basa, Caixa Econômica e BNDES. É uma oportunidade única de se estabelecer regras facilitadoras para que o empresário possa acessar os recursos, produzir, gerar emprego e renda”, disse Melo, ao ressaltar a presença no evento dos recém-empossados superintendentes da Sudam e do Basa. Paulo Roberto Correia, da Sudam, acredita que os objetivos do projeto Sudam Itinerante estão além das discussões e das apresentações dos bancos e dos órgãos de desenvolvimento sobre seus produtos, inovações e possibilidades de investimento. “Estamos fazendo algo mais concreto, com revistaamazonia.com.br
a entrega de laudos de isenções fiscais. Ações que podem ajudar a criar e manter os empregos no Estado. Vamos trabalhar fazendo o planejamento completo, mas também atuar especificamente para que isso saia do papel e seja efetivamente concretizado”, disse Correia. Para o superintendente adjunto de Ope-
rações da SUFRAMA, Adilson Vieira, “seminários como este são a essência do que queremos para a FIAM. Estamos vendo as oportunidades sendo colocadas e as empresas interessadas participando e concretizando ações junto à Sudam”. Vieira disse ainda que “muito mais do que só apresentar os produtos que já produzimos no Polo Indus-
O governador José Melo destacou que o seminário realizado na FIAM 2015 é uma oportunidade única para se discutir projetos de desenvolvimento regional. Melo, ressaltou a presença no evento dos recém-empossados superintendentes da Sudam e do Basa
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No III Seminário de Cosméticos de Base Florestal da Amazônia
trial de Manaus (PIM), a Feira é o espaço que queremos para oportunizar novos negócios e fomentar novas parcerias”.
Perspectivas para o PIM pós prorrogação até 2073 Este seminário teve como objetivo discutir proposições e avaliar se mudanças na gestão do modelo de desenvolvimento regional poderiam garantir maior evolução econômica e social para o Polo Industrial de Manaus (PIM). Como forma de incentivar os debates sobre o tema, foram constituídos grupos de trabalho com os participantes que, coletivamente, buscaram levantar os atuais entraves que impactam o modelo ZFM e sugerir soluções. Entre os participantes, estiveram o economista e consultor empresarial José Laredo, presidente da Ascon; o economista Rodemarck Castelo Branco; e o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo. Em sua fala, José Laredo apresentou um resumo analítico do PIM no período de 2005 a 2014, de acordo com a quantidade de empresas instaladas no parque fabril manauara e a demanda anual por projetos de implantação, atualização, am-
O reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Cleinaldo de Almeida Costa, marcou para agosto de 2016 a inauguração do “Vale do Jaraqui”, o primeiro Parque Tecnológico do Amazonas
pliação e diversificação. As discussões realizadas ao longo do seminário deverão ser consolidadas, por parte da coordenação do evento, em um documento intitulado ‘Fontes para a sustentabilidade do PIM’, como forma de contribuir para o fortalecimento do modelo ZFM e das atividades exercidas na região.
Técnicas criativas para incrementar turismo da Amazônia Ocidental
O seminário “Turismo Criativo na Amazônia Ocidental” apresentou ferramentas e técnicas simples para a inovação no setor, não apenas no sentido de criar novos produtos, mas de potencializar produtos turísticos já existentes. Segundo Sigel, co-fundador da Escola de Criatividade, o pertencimento, o encantamento e as histórias são os pontos principais para criar produtos turísticos inovadores. “Todo mundo tem a necessidade de fazer parte de algo maior, por isso temos que identificar quais são as autenticidades daquela região, o que faz com que as pessoas se sintam parte do local e levar isso ao turista. Isso é o que chamamos de pertencimento. Mais que promover, precisamos
José Adilson Vieira de Jesus Superintendente Adjunto de Operações da Suframa
Discutindo cenários para o PIM até 2073
Durante o Seminário de Micro e Nanotecnologia (Minapim) 2015, com o tema “Monitoramento Inteligente para Aplicações Agrícolas, Industriais, Ambientais e de Saúde”, com ênfase nas discussões de cenários e aplicações de projetos sobre a Indústria 4.0 e A Internet das Coisas (IOT) Para Wilken Souto, diretor do departamento de produtos e Destinos do Ministério do Turismo (Mtur), a realidade atual é que os turistas querem se sentir cada vez menos turistas
ainda encantar as pessoas para que elas se lembrem do local após o encerramento da viagem e, por fim, as pessoas não compram mais produtos, elas compram histórias que precisam ser identificadas e contadas”, explicou. De acordo com Wilken Souto, que é diretor do departamento de produtos e Destinos 16
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Há uma grande demanda por produtos brasileiros, mas são as empresas estrangeiras que estão lucrando ao atender essa demanda
A superintendente da Zona Franca de Manaus, Rebecca Garcia e secretários de Estado visitando o stand da Fapeam
do Ministério do Turismo (Mtur), a realidade atual é que os turistas querem se sentir cada vez menos turistas. “O turista quer vivenciar, experimentar com a comunidade local. Precisamos tocar o coração dele, trabalhando experiências únicas para encantar esse turista e fidelizá-lo, para que ele volte e tenha novas experiências”, afirmou. Souto apresentou cases do “Tour de Experiência”, um projeto desenvolvido pelo MTur em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Micro Empresas (Sebrae), que evidenciam exatamente que o turista não quer mais ser apenas contemplativo, mas sim o protagonista de sua experiência. Finalizando o evento foram apresentadas as experiências positivas de quatro empreendedores da região e ainda o projeto “Sentir a Amazônia em Portugal”, da empreendedora Lau Zanchi, que objetiva uma exposição sensorial itinerante de diversos conteúdos culturais e naturais da Amazônia, abordando turismo sustentável, ambiente, cultura e economia criativa.
o Interior do Amazonas”, foi visto que os subsetores de concentrados para bebidas, cosméticos e fitoterápicos estão entre as principais alternativas capazes de assegurar a continuidade da Zona Franca de Manaus (ZFM) nos próximos 50 anos e promover o desenvolvimento no interior do Amazonas. Com uma produção média de 80 mil toneladas por ano e 26 empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM), a indústria de concentrados foi apontada pelo economista e consultor empresarial Rodemarck Castelo Branco como um dos caminhos para aproximar o PIM do interior do Estado. O palestrante explicou que a viabilidade de gerar produtos com maior valor agregado é real, já que as principais marcas do mercado
internacional estão em Manaus, como, por exemplo, a Coca-Cola, a Pepsi e a Ambev. “Precisamos aproveitar esses grandes nomes para lançar no mercado a graviola, o cupuaçu, o açaí e outras frutas. A produção regional do açaí, por exemplo, ainda é baseada no extrativismo, com exceção do que acontece no Pará. Já existe uma enorme demanda nacional e internacional pelo açaí. Então essa é uma oportunidade de termos uma política agrícola voltada à fabricação de produtos com maior valor agregado, como a polpa e o açaí pasteurizado”, defendeu. Ao abordar as possibilidades de diversificação no parque tecnológico do PIM, o economista e consultor Luís Paulo Rosenberg afirmou que o próximo cluster será o da indústria de bicicletas, a exemplo do que já acontece na produção de motos. De acordo com ele, a empresa Houston estará instalada em Manaus até o final deste ano e a tendência é que novos fabricantes de componentes venham produzir no PIM. Os palestrantes do seminário foram unânimes ao dizer que, antes da aplicação de recursos, é preciso haver um planejamento voltado à ZFM, com políticas e estratégias direcionadas à sua diversificação e à inclusão de outros segmentos que aproveitem as matérias-primas regionais e as vantagens ambientais.
Integração dos Países Amazônicos Este seminário contou também em sua programação, com o painel “Integração física e econômica para o desenvolvimento dos países amazônicos”, onde ficou acertado a criação de um grupo de trabalho coordenado pela Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplancti) com o objetivo de analisar oportunidades de ampliação das relações comerciais entre o Peru e o Estado do Amazonas. Devendo focar, prioritariamente, na análise de projetos que possam viabilizar a implantação de rotas
Para os próximos 50 anos, promovendo o desenvolvimento no interior do Amazonas
Alternativas para a interiorização do desenvolvimento a partir da ZFM
No seminário “Desafios econômicos da ZFM para o futuro – integração com revistaamazonia.com.br
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Para detalhar a experiência da Universidade do Porto, o presidente da Uptec, Jose Novais Barbosa, foi também um dos palestrantes. Barbosa explicou o trabalho desenvolvido no parque desde a sua criação em 2007 e os resultados obtidos.
Pavilhão Amazônico valorizando artesanato e produção regional
O Plano Nacional de Exportação A Fapeam lançou Catálogo de Inovação onde os visitantes podem visualizar as informações dos projetos de pesquisa desenvolvidos pelos pequenos e micro empreendedores do Amazonas
para a expansão da infraestrutura logística de ambas as localidades. Com isso, pretende-se intensificar o intercâmbio comercial e o escoamento da produção. Beneficiaria não somente o Amazonas, mas também outros Estados brasileiros, abrindo caminho inclusive para que mercados do Pacífico sejam acessados. A Amazônia seria a maior rede fluvial do planeta.
Inovação Tecnológica e competitividade: a diversificação da matriz econômica para o futuro da Amazônia Brasileira Durante esse Seminário, o reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Cleinaldo de Almeida Costa, afirmou que marcou a data de agosto de 2016 para ser inaugurado o “Vale do Jaraqui”, o primeiro Parque Tecnológico do Amazonas, para evitar que o projeto nunca saia do papel. “Não vamos esperar um prédio bonito ou algo do tipo. Vamos inaugurar o parque tecnológico e depois, à medida que crescermos, faremos adaptações, reformas, o que for necessário. Tem que ser assim, senão no futuro ainda vamos estar discutindo como seria importante ter um Parque Tecnológico no Amazonas”, afirmou. Costa explicou que a ideia vem da necessidade da região de avançar mais velozmente em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) e aproveitar melhor os recursos provenientes da obrigação legal das empresas de investirem 5% de seu faturamento em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O plano é mudar a matriz econômica de um sistema regional de produção para um sistema regional de inovação. A inspiração amazonense é o modelo desenvolvido no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (Uptec), de Portugal.
Neste seminário, o secretário de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Daniel Godinho, informou que até o fim do primeiro trimestre de 2016, o Governo Federal lançará o Plano da Cultura Exportadora no Estado do Amazonas. O Plano da Cultura Exportadora representa uma soma organizada de esforços de 20 diferentes órgãos governamentais em parceria com o setor privado que atuam no apoio à exportação, entre os quais, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Correios. De acordo com Daniel Godinho, a Zona Franca de Manaus (ZFM) é considerada fundamental dentro dessa estratégia de comércio exterior que está sendo adotada pelo Governo Federal, uma vez que há o entendimento de que qualquer ação com vistas a essa área só será bem-sucedida se for atrelada à dimensão regional. “Sem dúvida alguma o PIM será estratégico dentro desse processo pela importância, a pujança, e há de se considerar ainda que a desvalorização cambial nos oferece, atualmente, oportunidades e isso tem de ser aproveitado, principalmente, considerando que se trata de uma região extremamente competitiva e que possui uma série de produtos com valores agregados”, destacou
Rodada de Negócios Ao todo participaram da Rodada nesta edição aproximadamente 80 empresas amazônicas na condição de ofertantes e 22 empresas de grande porte na condição de compradoras, oriundas de outros Estados brasileiros e países da América do Norte, Europa, América Latina e África.
As rodadas de negócios foram o maior sucesso
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Com o resultado positivo das conversas na Rodada Internacional de Negócios, a Complevida passará a abastecer o mercado angolano. O negócio foi fechado com o empresário Jorge Cardoso. O fechamento do acordo ocorreu, porém, a prospecção acontece desde a edição anterior da FIAM, onde o produto foi apresentado pela primeira vez ao empresário africano. “Na ocasião, ele comprou algumas amostras, consumiu e fez análises. Agora, já está levando produtos porque viu que tinha mercado”, comentou a empresária amazonense, que estava bastante satisfeita com o acordo firmado. “Essa minha experiência é uma prova de que participar de eventos como esse é importante e pode, sim, gerar bons resultados”, afirmou. O empresário angolano comenta que experimentou o produto e os resultados foram extremamente satisfatórios. Segundo ele, a intenção é oficializar o contrato o mais breve possível, sobretudo, porque a expectativa em torno da aceitação dos complementos no mercado africano é muito favorável. “O nosso País está buscando diversificar a economia e, para isso, as parcerias são imprescindíveis”, disse Cardoso. Outro nicho que se destacado historicamente nas rodadas de negócios da FIAM é
Rodada de Negócios da FIAM 2015 amplia mercado para produtos regionais revistaamazonia.com.br
o de artesanato. Dessa vez, não foi diferente. Uma das representantes do segmento a participar desta edição da Rodada foi a Associação das Mulheres Artesãs do Alto Rio Negro. A representante da associação, Clarice Arbella, comenta que logo na primeira reunião do dia fechou negócio com a empresa paulista DPOT Objeto. A empresa fez pedidos de produtos como objetos de enfeite e chaveiros. Além desses, a associação trouxe ainda mostras de enfeite de coruja, jarra de tucum e porta-prato para apresentar a potenciais compradores. A Rodada de Negócios desta edição da FIAM também serviu de oportunidade para expansão de novos ramos da economia regional. É o caso do segmento moda conceitual, que mistura design diferenciado e sustentabilidade ao conceito de grafismo cultural, que levam a assinatura da marca Amazônia, buscando cada vez mais explorar o mercado de calçados e roupas que levam a iconografia amazônida.
Balanço/Encerramento A Suframa fez um balanço positivo do maior evento multissetorial voltado à atração de investimentos para a região amazônica: A FIAM 2015, atingiu as expectativas da organização quanto à participação de público, geração de negócios, disseminação de conhecimentos e promoção de produtos e serviços da Amazônia. A Rodada de Negócios Internacionais, organizada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae/ AM) em parceria com a autarquia, contabilizou US$ 17 milhões (R$ 64,6 milhões) em negócios, entre contratos imediatos e negociações para curto e médio prazo. O montante está de acordo com previsões da Suframa, que, mesmo diante do cenário de dificuldades econômicas em todo o País, tinha como meta repetir o desempenho da Rodada de Negócios da FIAM 2013 (US$ 17.6 milhões). Nesta edição, participaram da Rodada, em 305 reuniões, 77 empresas amazônicas ofertantes de produtos com
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matéria-prima regional e 22 empresas de grande porte na condição de compradoras, oriundas de outros Estados brasileiros e países da América do Norte, Europa, América Latina e África. Foram demandados, principalmente, o artesanato regional, produtos fitoterápicos e fitocosméticos, móveis e artefatos de madeira, frutas regionais (in natura, compotas e polpa), pescado, alimentos e bebidas (doces, biscoitos e licores), extratos e óleos vegetais, corantes naturais e ervas medicinais e aromáticas. Durante os quatro dias da Feira realizada entre os dias 18 e 21 de novembro, 64,5 mil pessoas circularam nos três pavilhões (Maior, Plenária e Amazônico), conhecendo tanto as novidades produzidas pelas empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) quanto o trabalho de fundações, institutos de pesquisa, federações, órgãos governamentais, bancos, países e Estados da área de abrangência da SUFRAMA, dispostos entre os 382 expositores do evento. A visitação de público teve incremento de 16% nesta edição em relação à FIAM 2013, quando aproximadamente 55 mil pessoas passaram pelos espaços de exposição. A Feira também contabilizou a participação de 2.157 pessoas na Jornada de Seminários Internacionais, integrante da programação técnico-científica da FIAM 2015. Ao todo, foram realizados 15 seminários sobre temas estratégicos como turismo, inovação tecnológica, competitividade, logística, comércio exterior, interiorização do desenvolvimento e setor primário, entre outros focados no desenvolvimento da Amazônia. Esses números praticamente dobram o resultado obtido na Jornada de Seminários da FIAM 2013, quando foram realizados oito seminários com cerca de 1.200 participantes. De acordo com a superintendente da SUFRAMA, Rebecca Garcia, os dados demonstram o êxito da FIAM 2015 e refletem a disposição da região em inovar e se superar na busca pela retomada do crescimento econômico. Nós vivemos um momento diferenciado na economia do nosso País e,
Daniel Godinho, secretário de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), informou que no primeiro trimestre de 2016, o Governo Federal lançará o Plano da Cultura Exportadora no Estado do Amazonas
ainda assim, tivemos um evento de muito sucesso, que correspondeu a todas as nossas expectativas e, em alguns casos, até mesmo as superou. A realização da feira foi importante justamente para demonstrar a resistência do modelo Zona Franca de Manaus à crise, afirmou.
Durante o Salão Gastronomia Abrasel, a mesaredonda da Feira Internacional de Gastronomia Amazônica (Figa), onde chefs, empresários e pesquisadores, apostavam na gastronomia regional como forma de gerar novos negócios nas cadeias de turismo e de restaurantes
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Quanto é que a luz pesa?
A luz de Einstein por Carlos Fiolhais* Fotos: Ethan Finst, K. Thorne (Caltech), T. Carnahan (NASA GSFC)
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mar que a matéria-energia deforma o espaço-tempo. À volta de um astro o espaço e o tempo são distorcidos, deixando de valer a geometria euclidiana e a mecânica newtoniana a que estamos habituados. E os corpos caem
porque o espaço é curvo. O espaço-tempo pode acabar ou começar. Os buracos negros são estrelas que, após violenta implosão, ficaram reduzidas ao seu caroço extremamente duro. O espaço-
e a teoria da relatividade restrita de 1905 tinha juntado a matéria à energia (falamos de matéria-energia) e o espaço ao tempo (falamos de espaço-tempo), a teoria da relatividade geral reúne todos esses conceitos ao afirmar que a matéria-energia deforma o espaço-tempo. Em 2015, Ano Internacional da Luz, celebra-se o centenário de uma das teorias físicas mais formidáveis e também um dos picos mais altos do intelecto humano: a teoria de relatividade geral de Albert Einstein. A 25 de Novembro de 1915, o sábio suíço nascido na Alemanha escrevia a equação fundamental que junta matéria, energia, espaço e tempo para explicar a gravitação, descrevendo não só a queda de uma maçã e a órbita da Lua mas também os buracos negros e o Big Bang. Se a sua teoria da relatividade restrita de 1905 tinha juntado a matéria à energia (falamos de matéria-energia) e o espaço ao tempo (falamos de espaço-tempo), a teoria da relatividade geral reúne todos esses conceitos ao afir-
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Albert Einstein. Segundo Einstein, a luz pesa!
-tempo à volta é tão deformado que o nosso mundo acaba aí, isto é, terminam aí as nossas possibilidades de conhecer. Tudo cai para um buraco negro, incluindo a luz. Segundo Einstein, a luz pesa! Podemos imaginar o inverso de um buraco negro? Sim, se um buraco negro é o sítio para onde tudo vai, o buraco branco é o sítio de onde tudo vem (há quem especule que, associado a cada buraco negro, existe um buraco branco, com a matéria a ser sorvida por um lado, no nosso mundo, e a jorrar do outro, sabe-se lá onde). O físico inglês Stephen Hawking, cuja biografia é o argumento do filme A Teoria de Tudo, apostou um dia com um colega uma assinatura da Penthouse que não havia buracos negros e perdeu (é irónico que um especialista em buracos negros tenha apostado na não existência do seu objecto de estudo…) Existirão buracos brancos? De fato, vivemos no interior de um: o nosso próprio Universo, que provavelmente é infinito, o qual, de acordo com a teoria da relatividade geral, teve o seu início no Big Bang, há 13.800 milhões de anos. Esta grande explosão inicial pode ser imaginada como o evento em que tudo apareceu, o espaço e o tempo, a matéria e a energia, tendo começado tudo com a luz, que é energia. Einstein teve que porfiar antes de chegar à fórmula que encerra os segredos da gravitação. Cedo percebeu que a teoria da relatividade restrita, segundo a qual as leis da física são as mesmas para todos os observadores em repouso ou em movimento com velocidade constante, devia também ser aplicada a observadores com velocidade variável, isto é, acelerados. É esse o salto da relatividade restrita para a relatividade geral. Se Newton imaginou uma maçã a cair, Einstein imaginou-se a si próprio a cair. A epifania ocorreu em 1907 quando Einstein teve o que chamou o “pensamento mais feliz da sua vida”, quando, sentado numa repartição de patentes na Suíça, se apercebeu de que, se estivesse em queda livre, um movimento acelerado, “não sentiria o revistaamazonia.com.br
seu próprio peso”, uma vez que a cadeira cairia com ele. Embora a cair, o sábio estaria parado relativamente à cadeira. O princípio que afirma a queda idêntica de todos os corpos tinha sido descoberto por Galileu. Em 1971, um astronauta deixou cair na Lua um martelo e uma pena para mostrar que os dois objectos chegavam ao solo ao mesmo tempo. Se tudo cai do mesmo modo, podemos intuir que a força gravitacional é uma propriedade do espaço: nas vizinhanças de um astro, o espaço possui certas propriedades. Só faltava saber que propriedades são essas. Uma consequência imediata da generalização do princípio da relatividade era que um raio de luz vindo do espaço longínquo encurvaria ao passar perto do Sol. O efeito era minúsculo e não pôde ser logo confirmado. E ainda bem, pois o primeiro valor calculado por Einstein para o encurvamento dos raios de luz estava errado. Não admira que a matemática da relatividade geral Teoria geral da relatividade de Einstein previu que o espaçotempo ao redor da Terra seria não somente distorcida, mas também torcida pela rotação do planeta
Atrevo-me a conjecturar que, daqui a dez mil anos (uma insignificância quando comparada com a idade do Universo), a descoberta da equação da relatividade geral feita por Einstein há cem anos será um dos marcos mais notáveis do século XX.* Carlos Fiolhais “Folha de borracha com uma grelha de linhas a representar o espaço e o tempo: a matéria e a energia, em objetos como estrelas e galáxias, deformam-no”
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Buracos negros
seja incompreensível para um leigo, pois o próprio autor demorou uma década a lá chegar. Precisou de uma geometria curva em vez da geometria plana de Euclides. Geometrias ditas não euclidianas já existiam nos livros de matemática, dando razão a Galileu, que tinha dito que “o Livro da Natureza está escrito em caracteres matemáticos”. No longo caminho para a equação que descreve a gravitação, Einstein, melhorando a matemática, chegou finalmente a um valor para o ângulo de deflexão da luz que era o dobro do anterior. A equação era bela, mas faltava saber se era verdadeira. A Primeira Grande Guerra impediu a realização de expedições para observação de eclipses, ocasiões favoráveis para medir deflexões de raios de estrelas por trás do Sol. Uma observação de um eclipse total do Sol só pôde ser realizada no pós-guerra. Foi em 29 de Maio de 1919 que uma expedição inglesa, dirigida por Arthur Eddington, se deslocou à ilha do Príncipe para fotografar um desses eclipses. A sorte bafejou os astrônomos, pois conseguiram obter algumas imagens do Sol, numa aberta de um aguaceiro tropical. Einstein em breve recebeu um telegrama de um colega, felicitando-o pela previsão certeira. Ele nunca temeu estar errado. Chegou mesmo a dizer que teria pena de Deus se a realidade fosse diferente do previsto (Deus para ele, esclareça-se, era a harmonia universal e não o autor do Fiat Lux). Nenhum cientista português participou na expedição a um território que estava sob administração lusa. Os portugueses estavam tão afastados da ciência que, em 1925, Einstein, já nobelizado, passou por Lisboa sem ser reconhecido. Stephen Hawking, físico inglês
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As equações de Maxwell, que unificam a eletricidade e o magnetismo, esclarecendo que a luz é uma onda eletromagnética, serão lembradas daqui a dez mil anos como o acontecimento mais relevante do século XIX
A 6 de Novembro de 1919 numa sessão conjunta da Royal Society e da Royal Astronomical Society em Londres, com a presença das maiores sumidades da ciência (na parede Newton assistiu impávido, pois só estava em retrato), os resultados da observação solar foram anunciados e Einstein foi aclamado. O Times de Londres titulou Revolução na Ciência. Newton tinha dito: “Se consegui ver mais longe foi porque estava aos ombros de gigantes.” A revolução significava que Einstein tinha subido para os ombros de Newton, conseguindo ver ainda mais longe. A fama mundial obtida num ápice facilitaria a sua mudança para Princeton, nos Estados Unidos. Em 1932, Einstein, pressionado pela perseguição nazi aos judeus, disse em Berlim à sua mulher: “Olha bem para a tua casa. Não mais a voltarás a ver.” E assim foi. Transposto o Atlântico, nunca mais voltaria à Europa. Foi simbolicamente a passagem da ciência do Velho para o Novo Mundo. Os génios também têm vida privada. No início de 1915 Einstein deixou Zurique para ocupar uma cátedra em Berlim. Foi nessa altura que deixou também a sua primeira mulher, Mileva (ela ainda fez o gesto de se mudar para Berlim, mas já não havia força de atracção entre eles). Einstein logo encontrou afecto numa prima berlinense, Elsa, que haveria de tratar dele numa doença e com quem se viria a casar pouco depois do eclipse de 1919. Foi Elsa que o acompanhou para Princeton.
O Nobel da Física Richard Feynman afirmou um dia que a descoberta, feita há 150 anos, das equações de Maxwell, que unificam a electricidade e o magnetismo, esclarecendo que a luz é uma onda electromagnética, serão lembradas daqui a dez mil anos como o acontecimento mais relevante do século XIX. Na mesma linha, atrevo-me a conjecturar que, daqui a dez mil anos (uma insignificância quando comparada com a idade do Universo), a descoberta da equação da relatividade geral feita por Einstein há cem anos será um dos marcos mais notáveis do século XX. E só não a singularizo mais porque, uma década volvida, ficou pronta a teoria quântica, a espantosa teoria dos átomos e partículas atómicas. As duas são expressões máximas do pensamento humano. Arrisco esta profecia apesar de recear que pouca gente a entenda. Pode ser que mais gente a procure entender. Por ter alcançado uma fórmula “mágica” com o poder de explicar os mistérios do cosmos, o cérebro de Einstein tornou-se um mito para o homem comum, que sem conseguir ver a beleza das equações não poderá mais do que vislumbrar esses mistérios. Roland Barthes no seu livroMitologias escreveu sobre esse cérebro: “Quanto mais o génio do homem era materializado sob a espécie do seu cérebro tanto mais o produto da sua invenção assumia uma condição mágica, reincarnava a velha imagem esotérica de uma ciência inteiramente encerrada nalgumas letras. Há um único segredo no mundo, e esse segredo condensa-se numa palavra, o Universo é um cofre-forte de que a humanidade procura a cifra.” E acrescenta: “É esse o mito de Einstein; aí se nos deparam de novo todos os temas gnósticos: a unidade da Natureza, a possibilidade de uma redução fundamental do mundo, o poder de abertura da palavra, a luta ancestral entre um segredo e uma linguagem, a ideia de que o saber total não pode descobrir-se senão de um só golpe, como uma fechadura que cede bruscamente depois de mil tacteamentos infrutuosos.” O cérebro de Einstein simboliza a capacidade humana de compreender a natureza. Todas as observações e experiências realizadas nos últimos cem anos confirmaram a teoria da gravitação einsteiniana, que concorda com a teoria de Newton no limite de forças gravitacionais pequenas. Até há aplicações tecnológicas, como o GPS. Resta um problema, cuja solução espera por um novo gigante. A teoria da gravitação ainda não foi satisfatoriamente unida à teoria quântica, a outra grande teoria física do século XX (uma teoria em relação à qual Einstein sentiu algumas dificuldades). Passaram 228 anos de Newton a Einstein e não sabemos quanto vai demorar até surgir um génio comparável. Se Einstein fez luz sobre as questões da gravidade, incluindo o magno problema do início do mundo, um novo Einstein acabará, mais cedo ou mais tarde, por fazer mais luz sobre o Universo. [*] Professor de física da Universidade de Coimbra
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24th World Mining Congress
MINING IN A WORLD OF INNOVATION
18 a 21 de outubro de 2016 Centro de Convenções SulAmérica Rio de Janeiro/RJ
Em outubro de 2016 a cidade do Rio de Janeiro (RJ) receberá um dos maiores eventos da mineração mundial: o World Mining Congress – WMC 2016. A 24ª edição deste grande evento será promovida pelo Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM, dando continuidade aos esforços concentrados de promoção e apoio técnico-científico à cooperação para o progresso nas áreas de mineração e desenvolvimento de recursos minerais naturais. O World Mining Congress é um evento mundial de mineração, realizado a cada três anos. Sob a liderança de um Secretariado, que possui status de organização, é associado às Nações Unidas e localizado no Central Mining Institute, na cidade de Katowice, Polônia. Tem como objetivos promover e apoiar, técnica e cientificamente, a cooperação para o progresso nacional e internacional nas áreas de mineração e o desenvolvimento de recursos minerais naturais. Desde sua primeira edição, em 1958, o WMC vem estabelecendo uma rede mundial de intercâmbio em diversas áreas do conhecimento: ciência, tecnologia, economia, saúde e segurança nas atividades de mineração e proteção ambiental. É uma grande oportunidade para conhecer e acompanhar os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos por profissionais atuantes principalmente em seus 42 países-membros: África do Sul Alemanha
Colômbia Croácia
Hungria Índia
Montenegro Noruega
Rússia Sérvia
Austrália Áustria
Eslováquia Eslovênia
Irã Itália
Papua-Nova Guiné
Suécia Turquia
Brasil Bulgária Canadá
Espanha Estados Unidos Estônia
Japão Macedônia Marrocos
Peru Polônia Portugal
Ucrânia Venezuela Vietnã
Cazaquistão China
Finlândia Grécia
México Mongólia
República Tcheca Romênia
A programação técnica do evento abordará os seguintes temas: • Pesquisa Mineral • Mina a Céu Aberto
• Mineração Subterrânea • Economia Mineral
• Sustentabilidade na Mineração • Processamento Mineral
• Automação e Robótica • Inovação na Mineração
01/05/2015 30/12/2015 20/01/2016 30/03/2016 15/06/2016 30/08/2016
Abertura para apresentação de resumos Data limite para apresentação de resumos
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INSTITUTIONAL SUPPORT
PROMOÇÃO
APOIO ESPECIAL
APOIO INSTITUCIONAL
COMMUNICATION AGENCY
EXECUTIVE PRODUCER AND MARKETING
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO
PRODUÇÃO EXECUTIVA E COMERCIALIZAÇÃO
Apoios confirmados até 12 de novembro de 2015.
Confira o cronograma para envio de trabalhos:
INFORMATION: www.wmc2016.org.br MAIS INFORMAÇÕES: www.wmc2016.org.br
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A Astronomia pode ser uma ponte privilegiada para abordar diversos temas relacionados com a luz, seja a luz das estrelas que atravessa a atmosfera terrestre e dá imagens de pontos luminosos, seja a radiação do Sol ou de uma galáxia, ou mesmo os raios X vindos da envolvente de um buraco negro
Ano Internacional
da Luz 2015 Fotos: Ascom/MCTI, Divulgação, NASA / Pat Izzo
O Ano Internacional da Luz foi um projeto de divulgação científica multidisciplinar e educativo que envolveu mais de 100 parceiros de 85 países, com os seguintes principais objetivos: *Promover as tecnologias da luz como fator de melhoria de qualidade de vida no mundo *Reduzir a poluição luminosa e o desperdício de energia *Promover o envolvimento dos jovens na ciência *Promover a educação entre os jovens *Promover o desenvolvimento sustentável
A Luz A escolha do tema Luz para o AIL2015 e sua pertinência no Mundo atual é clara em diversas dimensões. A ciência e aplicações da luz criaram tecnologias revolucionárias que possuem um efeito direto na melhoria da qualidade de vida a nível mundial. A tecnologia baseada na luz é o maior motor econômico da atualidade (conforme ocorreu com a eletrônica no século XX). As suas aplicações na saúde, comunicações, economia, ambiente e sociedade são exemplos da abrangência deste tema e o seu potencial educativo apresenta ligações com 24
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Promover as tecnologias da luz como fator de melhoria de qualidade de vida no mundo
todas as áreas do conhecimento! A proclamação do AIL2015 foi uma oportunidade única para a coordenação internacional de atividades educativas e para a promoção de novas iniciativas que suportem o potencial revolucionário das tecnologias da luz. Foi um momento extraordinário para envolver e promover colaboração entre instituições científicas, entidades educativas, organizações sem fins lucrativos e empresas privadas. As inúmeras possibilidades de negócio em torno do tema da Luz são e serão sempre um fator base fundamental que visa promover o empreendedorismo junto da sociedade em geral e dos jovens em particular. O tema da Luz permite trabalhar atividades transversais e comunicação com o público, podendo explorar as quatro dimensões da Luz: Ciência, Tecnologia, Natureza e Cultura, baseado em desenvolvimento e sustentabilidade, educação e história, e deverá ser de-
dicado ao público em geral e em particular ao público jovem.
Celebração O ano 2015 coincide com alguns aniversários relevantes na história da ciência. Destes aniversários, são destacadas cinco datas com significativa importância para o estudo da luz, as quais foram celebradas ao longo do AIL2015: • 1015 – Ano em que Ibn Al Haytham escreveu o primeiro “Livro de Otica”. • 1815 – Ano em que Fresnel apresentou “a natureza ondulatória da luz”. • 1865 – Ano em que Maxwell publicou a sua teoria de Eletromagnetismo, apresentando “a luz como ondas eletromagnéticas”. • 1915 – Ano em que Einstein publicou a teoria da Relatividade Geral, apresenrevistaamazonia.com.br
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tando a “luz no espaço e no tempo”. 1965 – Ano em que Arno Penzias e Robert Wilson descobrem a Radiação Cósmica de Fundo, “a luz mais antiga do Universo”; e ano em que Charles Kao apresentou a tecnologia da fibra ótica.
Luz, ciência e vida A escolha da temática “Luz, ciência e vida” para a 12ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia se baseou e remeteu ao Ano Internacional da Luz. Essa escolha se baseou em decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que proclamou 2015 como o Ano Internacional da Luz, com objetivo de celebrar a luz como matéria da ciência e do desenvolvimento tecnológico. A definição para a 12ª SNCT se deu em parceria da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis) do MCTI com as associações científicas lideradas pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Para estimular as ações nessa área do conhecimento em todo o Brasil, a Secis, o Instituto TIM e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) exploraram o tema “Luz, ciência e vida” de forma muito criativa e tivemos uma das mais ricas edições da SNCT em 2015.
Ligação com a vida e a humanidade A luz está ligada de forma visceral à vida na Terra e ao caminho da humanidade. Em termos tecnológicos, a luz será para o século 21 o que a eletrônica foi para o anterior. O prêmio Nobel de física deste ano, foi dividido entre três cientistas que desenvolveram o LED azul, fonte de luz mais eficiente, ecologicamente correta. Foi apenas com o advento da fibra óptica que a jovem internet passou a nos conectar transmitindo grandes quantidades de dados em alta velocidade. Também é fácil entender a luz como fonte de energia que vem do Sol e que permite a vida na Terra em toda a sua variabilidade. O ciclo de claro e escuro e a sua duração influencia o clima, a agricul-
tura e o comportamento humano. Também se pode pensar a luz como inspiradora e ferramenta para a arte ou ainda como porta para o tempo passado do universo, e que, se nas grandes cidades o excesso a iluminação polui o céu, ainda existem muitos lugares no mundo onde a escuridão da noite é quebrada apenas pelas luzes das lamparinas a querosene, que comprometem a saúde de quem elas iluminam. Para a inserção social das pessoas com deficiência visual, a tecnologia assistiva está criando muitas oportunidades de inclusão. Não é difícil imaginar muitas outras conexões entre a luz e a humanidade, seja na dimensão tecnológica, social ou ambiental. Por esse motivo, este tema pode desempenhar um papel estratégico na educação. Sua transversalidade não respeita fronteiras disciplinares, culturais, geográficas ou temporais
Por que a luz é importante Fotônica Fotônica é a ciência e a tecnologia que gera, controla e detecta fótons, que são partículas de luz. A fotônica serve de base para tecnologias que são utilizadas no cotidiano, que vão de smartphones e laptops, até a internet, aparelhos médicos e tecnologias de iluminação. O século XXI dependerá da fotônica, assim como o século XX dependeu da eletrônica.
Energia A energia do Sol que atinge a Terra pode ser convertida em calor e em eletricidade, sendo que governos e cientistas de todo o mundo estão trabalhando para desenvolver tecnologias acessíveis e limpas de energia solar. A energia solar fornecerá um recurso praticamente inesgotável que aumentará a sustentabilidade, bem como reduzirá a poluição e os custo para mitigar a mudança climática.
O impacto econômico As empresas na área da fotônica e das tecnologias baseadas na luz trabalham para solucionar os principais desafios enfrentados pela sociedade, como geração de energia e eficiência energética, envelhecimento saudável da população, mudança climática
O físico Babak Saif, junto com pesquisadores da Universidade de Stanford e AOSense, Inc., uma empresa com sede na Califórnia, recebeu financiamento da Nasa para fazer avançar uma potencialmente revolucionária tecnologia – óptica de átomos – para detectar ondas gravitacionais
e segurança. As tecnologias fotônicas têm causado um grande impacto na economia mundial, com um mercado mundial atual de €300 bilhões e um valor de mercado projetado para mais de €600 bilhões, em 2020. Entre 2005 e 2011, o crescimento da indústria da fotônica foi duas vezes maior do que o do PIB (Produto Interno Bruto) mundial.
Luz nas construções A iluminação representa quase 20% do consumo mundial de eletricidade (Associação Internacional da Energia). O futuro desenvolvimento das sociedades do mundo, tanto nos países desenvolvidos quanto nas economias emergentes, está intimamente relacionado à capacidade de iluminar efetivamente nossas cidades, lares, escolas e áreas de recreação.
Conexões do mundo Mídias sociais, telefonemas de baixo custo, videoconferências com familiares e amigos – esses são três exemplos de como a internet permite que pessoas do mundo todo se sintam conectadas, de uma forma nunca antes possível na história. E toda essa tecnologia é baseada na luz! Dados de luz ultracurtos pulsam, propagando-se em pequenas fibras ópticas com a largura de um fio de cabelo humano, que criaram a infraestrutura das comunicações modernas e a internet que utilizamos todos os dias.
Os três cientistas japoneses que inventaram os primeiros eficientes LEDs azuis em meados da década de 1990, receberam o Prêmio Nobel de Física 2014. A invenção das eficientes LEDs azuis foi um passo fundamental na criação das brilhantes luzes de LED branco que está sendo produzido por Cree e Philips, que estão contribuindo para a transformação mais significativa na tecnologia de iluminação desde a invenção da lâmpada incandescente revistaamazonia.com.br
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A Luz
Sem ela, não existiríamos sequer. Não conseguiríamos fazer tantas coisas, desde observar o Universo quando era jovem, a cirurgias a laser dos olhos por Teresa Firmino Fotos: Ludovic Godard – UFC, Paulo Ricca
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Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 2015 como o Ano Internacional da Luz, para celebrar a luz como matéria da ciência e do desenvolvimento tecnológico. 35 Países apoiaram a proposta, que foi aprovada sem voto – informa-nos o astrofísico português Pedro Russo, da Universidade de Leiden, na Holanda, e um dos conselheiros da coordenação global do Ano Internacional da luz. A ideia deste ano foi liderada pelo México, e entre os 35 países que apoiaram a proposta encontram-se o Chile, Israel, Nova Zelândia, Rússia, Sri Lanka, Estados Unidos, China, Cuba e a Ucrânia. O objetivo é promover o conhecimento sobre o papel essencial que a luz desempenha nas nossas vidas e assinalar, como refere a resolução aprovada pela Assembleia Geral da ONU, algumas datas científicas importantes, que coincidentemente fazem aniversários “redondos” nessa altura. Em 2015, completam-se 100 anos da teoria da relatividade geral, de Albert Einstein. E os 110 anos da explicação do efeito fotoeléctrico, também de Einstein e que
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lhe valeu o Nobel da Física de 1921, anunciado no ano seguinte (neste efeito, um fotão – uma partícula de luz –, ao incidir sobre certos metais, arranca electrões que aí se encontram). Outra data, entre outras: em 2015 comemoram-se os 50 anos da descoberta da radiação cósmica de fundo, a radiação emitida no Big Bang (ocorrido há 13.800 milhões de anos) e que banha todo o Universo. Por esta descoberta, os norte-americanos Arno Penzias e Robert Wilson ganharam o Nobel da Física em 1978. “Um Ano Internacional da Luz é uma oportunidade tremenda para garantir que os decisores políticos tomam consciência dos problemas que a tecnologia da luz pode resolver”, sublinhou o presidente da comissão para a celebração do Ano Internacional da Luz, John Dudley. “A fotônica fornece soluções de baixo custo para desafios que se colocam em várias áreas: energia, desenvolvimento sustentável, alterações climáticas, saúde, comunicações e agricultura. Por exemplo, soluções inovadoras na área da iluminação reduzem o consumo de energia e o impacto ambiental, ao mesmo tempo que minimizam a poluição luminosa, para que todos possamos apreciar a beleza do Universo num céu escuro”, acrescentou John Dudley, citado num comunicado da Sociedade Internacional para a Óptica e a Fotônica (esta é a ciência ligada ao processamento e à detecção de sinais de luz). “A luz dá-nos a vida através da fotossíntese, deixa-nos ver para trás no tempo em direção ao Big Bang cósmico e ajuda-nos a comunicar com outros seres vivos sencientes aqui na Terra – e talvez com outros no espaço exterior, caso os encontremos”, notou por sua vez o cientista da NASA John Mather, premiado com o Nobel da Física de 2006 (juntamente com George Smoot), pelos seus trabalhos no satélite Cobe, que permitiu ver em detalhe a radiação cósmica de fundo quando o Universo tinha 300 mil anos, como até aí não tínhamos conseguido. “Einstein estudou a luz ao desenvolver a teoria da relatividade, quando acreditou que as leis da natureza que nos dão a luz deveriam certamente ser verdadeiras, independen-
John Dudley, presidente da comissão para a celebração do Ano Internacional da Luz
temente da velocidade a que a luz se desloque. Agora sabemos que até os elétrons e os protons se comportam de forma semelhante a ondas de luz, de maneiras que continuam a espantar-nos. E as tecnologias ópticas e fotônicas desenvolvidas para a exploração do espaço deram-nos muitas aplicações válidas na vida quotidiana.” Este aspecto da luz como essencial à nossa própria existência é também sublinhado por outro laureado com o Nobel: “A civilização não existiria sem a luz – a luz do nosso Sol e a luz dos lasers que agora se tornaram uma parte importante das nossas vidas quotidianas, desde as leituras [das embalagens] nos supermercados até às cirurgias oftalmológicas e as tecnologias de informação usadas nas comunicações ao longo dos oceanos”, diz o egípcio Ahmed Zewail, que ganhou o Nobel em 1999 pelos seus trabalhos na área da femtoquímica (que estuda as reações químicas a escalas temporais extremamente curtas). revistaamazonia.com.br
Eletrobras Eletronorte recebe o Magna cum laude do Prêmio Nacional da Qualidade da FNQ
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Fundação Nacional da Qualidade concedeu recentemente o Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ), a contemplando-a com o Magna cum laude (conferido às empresas que mantiverem o patamar de excelência por dois ciclos consecutivos). “A organização reconhecida acredita, in-
O diretor de Operação, Wady Charone Junior, e o superintendente de Geração Hidráulica, Antônio Augusto Bechara Pardauil, receberam o Prêmio
veste na gestão e busca, constantemente, a excelência de suas ações. Ser reconhecido no maior prêmio de gestão do País vai além do troféu, é uma lição de vida para todos aqueles que estão envolvidos em cada etapa do PNQ. São empresas que envolvem todos seus colaboradores, revisitam o planejamento, os processos, os indicadores e toda a estrutura para chegarem às metas traçadas”, afirmou Jairo Martins, presidente executivo da FNQ, em noite repleta de emoção para a Eletrobras Eletronorte, no Salão dos Ipês, na capital paulista. A Superintendência de Geração Hidráulica representou a Eletrobras Eletronorte. A menção faz parte do prêmio máximo da Fundação, criado em 2014 para premiar as empresas que mantiverem o patamar de excelência por dois ou três ciclos consecutivos. Presente no ciclo de avaliação da Fundação Nacional Qualidade desde 2003, quando recebeu a primeira visita de uma banca examinadora da Fundação, a Superintendência de Geração Hidráulica vem evoluindo e melhorando constantemente seu Sistema de Gestão, integrando conceitos e diretrizes do Modelo de Excelência da Gestão MEG/FNQ com a Metodologia TPM e o revistaamazonia.com.br
Lean. Inovações que trouxeram uma escalada de reconhecimentos dentro dos ciclos de premiação do PNQ, sendo Destaque nos Critérios Liderança e Pessoas em 2009; Destaque nos Critérios Sociedade e Pessoas em 2010; Vencedora do Prêmio em 2011 e 2014; e Menção Magna cum laude em 2015.
Prêmio Nacional da Qualidade O PNQ reconhece as organizações que são referência em excelência da gestão no Brasil. O processo visa estimular o desenvolvimento do País, promover a melhoria da qualidade da gestão e o aumento da competitividade das organizações.
Na 24ª edição do Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) as empresas contempladas com o Magna Cum Laude, foram a Eletrobras Eletronorte e a Embraer. Noite repleta de emoção para os que fazem a Eletrobras Eletronorte
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Selo do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça
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Eletrobras Eletronorte recebeu mais um reconhecimento ao seu compromisso com a sustentabilidade em todos os seus pilares. No ano em que seu Comitê de Gênero e Diversidade completa 10 anos, foi mais uma vez premiada com com o Selo do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça. Para receber o Selo, as organizações executaram satisfatoriamente um plano de ações no qual adotaram práticas de igualdade de gênero e raça de forma sistemática, contribuindo para o alcance de bons resultados em termos de qualidade do ambiente de trabalho e produtividade. A avaliação final das organizações é realizada pelo Comitê Ad Hoc, composto por professoras de núcleos de pesquisa de gênero de Universidades de todas as regiões do país. O diretor-presidente em exercício, Antônio Maria Amorim Barra, destacou o compromisso da Empresa com a equidade. “São muito os desafios, mas temos a certeza de estar no caminho da busca permanente por relações de trabalho pautadas pela equidade, pelo respeito às diferenças e pela igualdade de oportunidades. Estamos orgulhosos desse reconhecimento e do caminho que estamos construindo”. A ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes; a secretária Especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci; a secretária de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres/SPM, Tatau Godinho e a diretora da ONU Mulheres
O diretor-presidente em exercício, Antônio Maria Amorim Barra, recebendo da secretária de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres/ SPM, Tatau Godinho, o Selo do Programa PróEquidade de Gênero e Raça
Brasil, Nadine Gasmann; entregaram o selo Pró-Equidade de Gênero e Raça a 68 empresas que adotaram práticas de igualdade de gênero e raça de forma sistemática. Participaram do evento, realizado na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio, em Brasília, presidentes e a alta direção das empresas, entre públicas e
Estamos orgulhosos desse reconhecimento e do caminho que estamos construindo
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privadas, agraciadas. Em mensagem da presidenta Dilma Rousseff, lida pela ministra Nilma Lino Gomes, ressalta, “avançamos muito, mas ainda há muito para ser feito para a promoção da igualdade no Brasil. “É inegável que o governo tem grande responsabilidade na tarefa de combater a desigualdade. É também inegável que essa agenda depende da mobilização da sociedade. As pessoas e as instituições precisam adotar novos comportamentos e novos valores. Precisam agir de forma sistemática em favor de relações mais iguais, inclusive no mundo do trabalho. E o Selo Pró-Equidade de Gênero e Raça mostra que este caminho é viável e bem-sucedido. Por isso, parabenizo as 68 organizações contempladas com o Selo, essas organizações rejeitaram a inércia que mantém as desigualdades e abraçaram a vontade de construir mais e mais igualdade por meio das práticas do cotidiano”. Eleonora Menicucci, secretária Especial de Políticas para as Mulheres, destacou a importância do programa e de ações que promovam a igualdade. “As desigualdades de gênero e raça no mundo do trabalho ainda são muitas. Romper com essa desigualdade ainda é um desafio. E as empresas que participam do Programa assumiram o compromisso de enfrentar esses padrões de relação. São 10 anos de existência do Programa, o que ilustra o compromisso do Governo Federal com a autonomia econômica das mulheres e sem o engajamento das empresas esse trabalho não seria possível”. revistaamazonia.com.br
Eletrobras Eletronorte é uma das 20 empresas mais inovadoras do Brasil
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Eletrobras Eletronorte foi reconhecida recentemente como uma das empresas mais inovadoras do Brasil pelo Best Innovator 2015, um ranking elaborado pela consultoria A.T.Kearney. A Eletronorte participa do Prêmio Best Innovator deste sua primeira Edição, em 2009. Desde então obteve as posições entre a 17ª e 19ª. Em 2015, a Eletronorte evoluiu no ranking sendo classificada em 7º lugar entre as mais inovadoras do Brasil. Para o diretor de Operação da Eletrobras Eletronorte, Wady Charone Junior, esse é um momento em que a Empresa mostra o seu trabalho para criar um ambiente favorável à inovação. “O Best Innovator é uma grande iniciativa e para nós, figurar nessa lista, é motivo de muito orgulho. Por meio de pesquisas e auditorias, a Eletronorte se
Para o diretor de Operação da Eletrobras Eletronorte, Wady Charone Junior, o Prêmio é um estímulo para que renovemos sempre a coragem para inovar, para buscar as melhores práticas e a excelência em tudo o que fazemos
de muita alegria e orgulho para todos nós da Eletronorte”.
Plataforma aérea A Eletrobras Eletronorte é uma das empresas mais inovadoras do Brasil pelo Best Innovator 2015
posiciona sempre entre as 20 melhores desde a criação desse Prêmio. Além do reconhecimento ao trabalho da Empresa, ele é um estímulo para que renovemos sempre a coragem para inovar, para buscar as melhores práticas e a excelência em tudo o que fazemos. É em momentos como esse que reforçamos a nossa capacidade de criar um ambiente de oportunidades, de criar, de inovar”, afirma. Em função de sua evolução no ranking, a Eletrobras Eletronorte foi convidada a participar do Prêmio Internacional IMP3rove conduzido também pela A.T. Kearnay. A superintendente de Inovação Tecnológica e Eficiência Energética, Neusa Lobato, acredita que o reconhecimento é fruto de uma trajetória. “Inovar é ter coragem, é se arriscar, acima de tudo é fazer sem ter medo de errar, contudo, minimizando o risco. Nesta anos a Eletronorte também foi convidada para participar entre as melhores empresas de gestão do mundo. Sabemos que estar entre as primeiras do mundo ainda é um desafio, mas acreditamos que o é melhorando a cada dia que chegaremos lá. Hoje é um dia
Na edição do Best Innovator 2015, o destaque da banca foi o projeto de plataforma aérea para o processo de Manutenção e Inspeção em Linhas de Transmissão de Energia Elétrica. O superintendente de Engenharia de Manutençao da Transmissão, Paulo Veloso de Almeida, o Prêmio é um reconhecimento ao esforço, talento e criatividade de uma Empresa comprometida com a busca da excelêncuia. “Não há dúvidas que o projeto do dirigível é inovador e muito importante para o nosso processo de manutenção em linhas de transmissão da Eletronorte. Existe uma expectativa muito grande com a realização sobre a implantação desse projeto, sua entrada em operação e os resultados no processo. É algo inovador, que vai mudar a forma de agir não só na Empresa, como no Setor Elétrico brasileiro. Marcelo Augusto Felippes, diretor Institucional da Airship – parceira da Eletronorte no projeto da plataforma aérea – explica que essa é uma inovação no Brasil e no mundo. “Contamos com a participação de especialistas não somente do Brasil como de outros países, como Estados Unidos, Inglaterra, País de Gales, Alemanha, entre outros. Esse projeto ele deve estar atingindo o seu ápice no final de 2017, tendo a certificação prevista para inicio de 2018.”
A energia do dirigível São 10 mil km de linhas de transmissão, sendo 40% delas sobre áreas alagadas – ou seja, sem acesso por terra. Fazer a manutenção ou instalar redes de energia em locais assim exige uma operação quase militar para a Eletronorte, companhia que atua nas Regiões Norte e Centro-Oeste e no interior paulista. Isso porque muitas vezes é necessário abrir estradas para realizar o serviço – o que encarece atividades triviais como o reestabelecimento de uma linha, por exemplo. A saída encontrada pelo diretor de operação, Wady Charone Júnior, foi apostar em dirigíveis com capacidade de transporte de carga de 3 a 30 toneladas. A iniciativa, diz ele, é inédita no mundo, já gerou mais de 30 patentes e conta com o apoio de pesquisadores da Nasa, da Força Aérea Americana e de profissionais do ITA. Cada aeronave terá um hotel para os eletricistas e um almoxarifado, com guindastes, tratores, geradores e torres. revistaamazonia.com.br
O primeiro dirigível será testado em abril de 2016 REVISTA AMAZÔNIA
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Vencedores do 5º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade
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José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade, no 5º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade
evolução das ações de sustentabilidade foi destaque na entrega do 5º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, realizado recentemente na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O prêmio, feito em parceria com a Fundação Dom Cabral, consagrou 11 vencedores, distribuídos em quatro grandes categorias: academia, órgãos públicos, empresas e reportagem jornalística. Para o presidente do Conselho de Sustentabilidade, José Goldemberg, os assuntos que envolvem preservação da natureza e equilíbrio do planeta, bem como a preocupação com as futuras gerações, ganharam dimensão após a percepção dos danos provocados pelos desmatamentos, por exemplo. “O filósofo Immanuel Kant, por exemplo, entendeu este problema com ideias gerais sobre a sustentabilidade, as quais foram atualizadas nos últimos 30 anos”, disse Goldemberg aos presentes ao evento, referindo-se às questões de atmosfera, mudanças climáticas e a preocupação com as futuras gerações. A criação do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade faz parte desta tendência global. “A premiação foi criada para incentivar ações inovadoras, baseadas no desenvolvimento sustentável”, afirma Goldemberg. A edição deste ano da premiação somou mais de 200 inscritos e 33 finalistas do 5º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade com o objetivo de estimular a prática da sustentabilidade por meio de projetos que agreguem valor a novos modelos de negócios, produtos e serviços. Veja abaixo o ganhador de cada categoria: O programa Ibirarema Lixo Mínimo - adote Essa Ideia, da Prefeitura de Ibirarema (SP), conquistou o primeiro lugar na categoria Órgão Público
Da esquerda para a direita: Ozires Silva reitor do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte) e presidente do Conselho de Administração da Anima Educação), José Goldemberg (presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio) e Rubens Medrano (vice-presidente da FecomercioSP)
Empresa Microempresa • Bandejas e Copos Feitos de Bagaço – Bio&Green (São Paulo/SP) Pequena e Média • Plano Diretor de Sustentabilidade do Camará Shopping – Camará Shopping Center 30
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Da esquerda para a direita: Ozires Silva, Sérgio Nagai (do Shopping Eldorado, ganhador na categoria Grande Empresa), José Goldemberg
(Camaragibe/PE) Grande Empresa • Projeto de Compostagem e Telhado Verde do Shopping Eldorado – Shopping Eldorado (São Paulo/SP) Entidade Empresarial • Supermercados Mais Sustentáveis – Associação Paulista de Supermercados (Apas) (São Paulo/SP) Indústria • Monitoramento Geoespacial na Cadeia de Fornecimento Bovino – Marfrig (São Paulo/SP) Órgão Público • Programa Municipal de Ibirarema: Lixo Mínimo – Prefeitura de Ibirarema (Ibirarema/SP)
Academia Professor • Origem Sustentável – Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho – Universidade de São Paulo (São Paulo/SP) Estudante • Agricultura Urbana: Produção, Varejo e Consumo de Alimentos – Lya Cynthia Porto de Oliveira – Fundação Getulio Vargas (São Paulo/SP)
Reportagem Jornalística Rádio/TV • “A Energia que Vem do Lixo” – Isabel Mega Araújo – BandNews FM (Brasília/ DF) Jornalismo Impresso • “Orgânicos na Mesa” – Antônio Melquíades Júnior – Diário do Nordeste (Fortaleza/ CE) Jornalismo Online • Especial multimídia “A Periferia Travada” – Roberta Soares – JC Online e NE10 (Recife/PE)
Costabile Matarazzo, Presidente do Sindicato Varejista de Itapetininga, Ozires Silva (reitor do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte) e presidente do Conselho de Administração da Anima Educação), José Goldemberg (presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio)e Rafik Hussein Saab, presidente do Sindicato Atacadista de Madeiras do Estado de São Paulo
Com o troféu, Maurício Cavicchioli (APAS (Associação Paulista de Supermercados)), à sua direita está Ozires Silva e, à sua esquerda está José Goldemberg (presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio) revistaamazonia.com.br
Durante a solenidade de premiação do 5º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade REVISTA AMAZÔNIA
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O desafio primário ambiental do século 21 é a nossa evolução
Sustentabilidade P ara entender sustentabilidade é necessária maior integração das dimensões – econômica, social e ambiental. Nesse tripé de imagem perfeita, estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e sociais, que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito. Sem estes três pilares a sustentabilidade não se sustenta. Ainda são discutidos novos pilares, como a questão cultural, tecnológica, para complementar a sustentação da questão como um todo. É importante verificar que esses conceitos podem ser aplicados tanto de maneira macro, para um país ou próprio planeta, como micro, sua casa ou uma pequena vila agrária.
Social Trata-se do capital humano de um empreendimento, comunidade, sociedade como um todo. Além de salários justos e estar adequado à legislação trabalhista, é preciso pensar em outros aspectos como o bem-estar dos seus funcionários, propiciando, por exemplo, um ambiente de trabalho agradá-
vel, pensando na saúde do trabalhador e da sua família. Além disso, é imprescindível ver como a atividade econômica afeta as comunidades ao redor. Nesse item, está contido também problemas gerais da sociedade como educação, violência e até o lazer.
Ambiental Refere-se ao capital natural de um empreendimento ou sociedade. É a perna ambiental do tripé. Aqui assim como nos outros itens, é importante pensar no pequeno, médio e longo prazo. A princípio, praticamente
toda atividade econômica tem impacto ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade deve pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível amenizar. Assim uma empresa que usa determinada matéria-prima deve planejar formas de repor os recursos ou, se não é possível, diminuir o máximo possível o uso desse material, assim como saber medir a pegada de carbono do seu processo produtivo, que, em outras palavras, quer dizer a quantidade de CO2 emitido pelas suas ações. Além disso, obviamente, deve ser levado em conta a adequação à legislação ambiental e a vários princípios discutidos atualmente como o Protocolo de Kyoto, mesmo prestes a ser substituído. Para uma determinada região geográfica, o conceito é o mesmo e pode ser adequado, por exemplo, com um sério zoneamento econômico da região.
Econômica A palavra economia, com o passar dos anos, séculos, foi direcionada apenas à vertente dos negócios ou no sentido da poupança, economizar. Este pilar traz o retorno do significado de cuidar da casa, afincado pelos gregos na Antiguidade. São analisados 32
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os temas ligados à produção, distribuição e consumo de bens e serviços e deve-se levar em conta os outros dois aspectos. Ou seja, não adianta lucrar devastando, por exemplo.
Para segurar o tripé Existem pilares, aspectos mais subjetivos para serem trabalhados junto à questão da sustentabilidade. Podemos analisar as questões políticas e culturais. Aceitando a premissa de que tudo está interligado, eles são importantes para qualquer tipo de análise do tripé. O Desenvolvimento Sustentável, portanto, é um modelo que satisfaz as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades. Esta concepção começa a se formar e difundir junto com o questionamento do estilo de desenvolvimento adotado, quando se constata que este é ecologicamente predatório na utilização dos recursos naturais, socialmente perverso com geração de pobreza e extrema desigualdade social, politicamente injusto com concentração e abuso de poder, culturalmente alienado em relação aos seus próprios valores e eticamente censurável no respeito aos direitos humanos e aos das demais espécies.
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Integrar a preocupação ambiental na cadeia de valor será essencial para garantir a continuidade dos negócios em um futuro próximo
Podemos destacar alguns dos focos com os quais teremos um Desenvolvimento Sustentável: • cooperação internacional • combate à pobreza • mudança dos padrões de consumo • habitação adequada • integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões • proteção da atmosfera • abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres • combate ao desflorestamento • manejo de ecossistemas frágeis: a luta contra a desertificação e a seca • promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável
• conservação da diversidade biológica • manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos • fortalecimento do papel das organizações não-governamentais: parceiros para um desenvolvimento sustentável • iniciativas das autoridades locais • a comunidade científica e tecnológica • fortalecimento do papel dos agricultores • transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e fortalecimento institucional • a ciência para o desenvolvimento sustentável • promoção do ensino, da conscientização e do treinamento.
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Sustentabilidade: Dez ações contra as Mudanças Climáticas Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir. por Gero Rueter
Usar menos carvão, petróleo e gás
Apoiar boas ideias
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Não apoiar empresas poluentes Produzir a própria energia limpa Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Mundialmente, essa iniciativa abrange hoje 57 cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Andar de bicicleta, ônibus e trem Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um 34
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trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Melhor não voar Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Comprar alimentos orgânicos O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilização é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso. Isso ajuda a proteger o clima.
Sustentabilidade na construção e no consumo Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Comer menos carne Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
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Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.
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Inovação para Sustentabilidade
Startup que recicla celulares usados é escolhida pelo como modelo de negócio. O Guia de Sustentabilidade de Micro e Pequenas Empresas, da Fundação Getúlio Vargas, reconheceu a iniciativa de empreendedorismo sustentável da startup, que gera lucro e benefícios ao meio ambiente
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startup paulistana Recomércio foi uma das 11 pequenas e micro empresas escolhidas para fazer parte do Guia em Sustentabilidade em MPE elaborado pela Fundação Getúlio Vargas. A instituição escolheu dentre 56 empresas escritas, as principais iniciativas sustentáveis de acordo com capacidade em oferecer soluções a desafios da sustentabilidade, gerando escala e replicação. Idealizada por jovens empreendedores, a Recomércio que compra e revende smartphones usados, é um mercado que tende a crescer no Brasil já que o País, atualmente, conta com mais celulares do que habitantes. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) são 284 milhões de aparelhos em operação. Tantos aparelhos assim acabam tendo um destino pouco sustentável, o fundo da gaveta. O objetivo da Recomércio é desenvolver o mercado de segunda mão e promover o reuso de equipamentos eletrônicos. Para isso, trabalha com o conceito de “recommerce” que consiste na recuperação de um produto usado e a revenda do mesmo, atitude que pode evitar o descarte de resíduos eletrônicos no meio ambiente. O Guia ressalta que a solução da Recomércio reduz a velocidade do descarte dos
A Recomércio recupera os aparelhos antigos e os revende até 60% mais barato
Amaury Bertaud, diretor da startup Recomércio: a recuperação de um produto usado e a revenda do mesmo, pode evitar o descarte de resíduos eletrônicos no meio ambiente
Separando, removendo circuito a circuito de acordo com o seu tipo e importância
smartphones no País, contribui para os desafios da logística reversa e possui um atrativo para que empresas que comercializam esses aparelhos possam se adequar à PNRS, pois a Recomércio se encarrega de toda a operação de recompra, revenda e descarte. Em relação à pegada de carbono, a operação
da empresa ajuda a evitar a emissão de seis a 50 kg de CO2 pela produção de cada novo celular. Os aparelhos comprados pela startup são recondicionados e vendidos por um preço até 60% mais em conta ou são encaminhados para a reciclagem.
O “Guia de Inovação para Sustentabilidade em MPEs” pretende promover o reconhecimento de empreendedores protagonistas da inovação para sustentabilidade e propiciar um ambiente colaborativo e propositivo entre eles e outros atores do ecossistema da inovação, como investidores e clientes. O fortalecimento dessa rede e de seus vários integrantes é o objetivo principal do guia. 36
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O Solo é um recurso não renovável
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infográfico da FAO ao lado mostra que além do agravamento da competição por terra e água e os impactos das mudanças climáticas, a nossa segurança alimentar atual e futuro depende da nossa capacidade de aumentar produtividade e qualidade dos solos utilizados atualmente. A matemática para o desastre é simples: se nada for feito para deter a erosão e o desmatamento, os dois principais fatores da degradação dos solos, em 20 anos teremos perdido mais 240 milhões de hectares, calculando 12 milhões ao ano, segundo a ONU. Eram 110 países que sofriam com os problemas da erosão e com o aumento da desertificação, agora são 168, ou seja, uma média anual de quase 3 países nos últimos 24 anos. A FAO pretende durante todo o ano de 2015 trabalhar com os governos, as organizações da sociedade civil, o setor privado e todas as partes interessadas para alcançar o total reconhecimento das importantes contribuições dos solos para a segurança alimentar, a adaptação às mudanças climáticas, os serviços essenciais dos ecossistemas, a mitigação da pobreza e o desenvolvimento sustentável.
Muito mais que consciência sustentável Pesquisadores afirmam que o processo de desertificação pode ser controlado e evitado. Para isso, é necessário que haja forte propagação do incentivo à preservação ambiental, além do apoio dos governos, incentivo à educação e auxílio técnico para o manejo das áreas afetadas. revistaamazonia.com.br
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Solos Sustentáveis: Dia e Ano Internacional dos Solos A América Latina e o Caribe têm as maiores reservas de terras cultiváveis do mundo, porém 14% da degradação mundial ocorrem na região
Fotos: Embrapa Solos, FAO
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América Latina e o Caribe têm as maiores reservas de terras cultiváveis do mundo, por isso o cuidado e a preservação dos solos são fundamentais para que a região alcance sua meta de erradicar a fome, disse a FAO durante o lançamento regional do Ano Internacional dos Solos 2015. A FAO foi a responsável pela implementação do Ano Internacional dos Solos 2015 (AIS) no âmbito da Aliança Mundial pelo Solo e em colaboração com os governos e a Secretaria da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertifi-
cação (UNCCD). De acordo com a FAO, os solos saudáveis e sustentáveis estão na base da agricultura familiar, na produção de alimentos e na luta contra a fome e, ainda, cumprem um papel como reservatórios da biodiversidade. Além disso, compõem o ciclo de carbono, por isso que o seu cuidado é necessário para mitigar e enfrentar as mudanças climáticas. “É essencial manter um equilíbrio cuidadoso entre a necessidade de preservar os nossos recursos naturais e expandir a nossa produção de alimentos. O Ano dos Solos visou gerar esta consciência”, explicou Eve
Para mitigar e enfrentar as mudanças climáticas
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Crowley, Representante Regional Adjunta da FAO, destacando que 5 de dezembro se comemorou o primeiro Dia Mundial dos Solos.
Degradação perigosa Apesar de sua grande importância, a saúde dos solos enfrenta constantes e crescentes desafios. 33% das terras do planeta estão degradadas, seja por razões físicas, químicas ou biológicas, o que é evidencia-
Países devem investir em inovação para a agricultura familiar, alerta FAO
do em uma redução da cobertura vegetal, na diminuição da fertilidade, na contaminação do solo e da água e, devido a isso, no empo-
brecimento das colheitas. “O fato de que o solo não é um recurso renovável faz com que a sua preservação seja um desafio ainda mais urgente: um centímetro de solo pode levar milhares de anos para ser formado e este mesmo centímetro pode ser destruído em somente alguns minutos por uma degradação devido ao manejo incorreto”, explicou Crowley. 14% da degradação mundial ocorrem na América Latina e no Caribe. Esta situação é ainda mais grave na Mesoamérica, onde 26% das terras são afetadas. Já na América do Sul, afeta 14% das terras. Quatro países da região têm mais de 40% de suas terras degradadas e em 14 países a degradação afeta entre 20% e 40% do território nacional. A degradação dos solos tem um impacto negativo em muitas de suas funções como na produção de alimentos e na prestação de serviços ecossistêmicos e suas principais causas incluem a erosão hídrica, a aplicação intensa de agrotóxicos e o desmatamento. A degradação também está associada com a pobreza: 40% das terras mais degradadas do mundo estão em zonas com altos índices de pobreza. Os agricultores pobres têm menos acesso a terra e à agua, trabalham em solos pobres e com uma alta vulnerabilidade à degradação.
Crescimento da agricultura De 1961 a 2011, a superfície agrícola na América Latina e o Caribe aumentou de 561 para 741 milhões de hectares, com uma maior expansão na América do Sul, que cresceu de 441 para 607 milhões de hectares. Cerca de 47% das terras cultiváveis da região estão cobertas por florestas, porém, este número está diminuindo como resultado da expansão da fronteira agrícola. Mundialmente, 12% das terras são utilizadas para cultivos agrícolas (1,6 bilhões de hectares); 28% (3,7 bilhões de hectares) correspondem a florestas; e 35% (4,6 birevistaamazonia.com.br
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O porquê do Dia Mundial do Solo e o ano de 2015 como Ano Internacional dos Solos Segundo a Assembleia Geral das Nações Unidas de 20 de dezembro de 2013, através a Resolução n.º 68/232, com base nas seguintes constatações: Os solos são fundamentais para a sustentação da vida na Terra, pois constituem a base para o desenvolvimento agrícola, para as funções dos ecossistemas essenciais e segurança alimentar; A sustentabilidade dos solos é fundamental para enfrentar as pressões de uma população em crescimento e que o reconhecimento, defesa e apoio para a promoção gestão sustentável dos solos pode contribuir para solos saudáveis e assim para a segurança da produção de alimento a nível mundial e para os ecossistemas estáveis e sua utilização de forma sustentável; A boa gestão das terras e dos solos têm uma importância económica e social determinante, reconhecendo-se particularmente o seu contributo para o crescimento económico, a biodiversidade, a agricultura sustentável e segurança alimentar, erradicação da pobreza, e capacitação das mulheres, o combate às alterações climáticas, melhoria da disponibilidade de água, salientando que a desertificação, a degradação dos solos e a seca são desafios de dimensão mundial, que continuam a representar sérios desafios para o desenvolvimento sustentável de todos os países, em especial os países em desenvolvimento; A necessidade urgente, em todos os níveis, para aumentar a consciencialização e promoção da sustentabilidade dos recursos limitados de solo, utilizando a melhor informação científica disponível e tomar como base todas as dimensões do desenvolvimento sustentável.
lhões de hectares) correspondem a pastagens e outros sistemas florestais. Durante o ano de 2015, a FAO trabalhou com os governos, as organizações da sociedade civil, o setor privado e todas as partes interessadas para alcançar o total reconhecimento das importantes contribuições dos solos para a segurança alimentar, a adaptação às mudanças climáticas, os serviços essenciais dos ecossistemas, a mitigação da pobreza e o desenvolvimento sustentável.
A degradação também está associada com a pobreza
Importância do solo O Brasil possui entre 20 e 40 milhões de hectares de áreas de pastagens em algum estágio de degradação, com baixa produtividade da pecuária. O uso correto de tecnologias mais sustentáveis e de boas práticas agropecuárias torna possível reinseri-las ao processo produtivo. Nesse contexto, o planejamento de uso da terra e a adoção de tecnologias com fundamento na conservação de solos e adaptadas à realidade local, podem prevenir e reverter os impactos negativos decorrentes de uma atividade agropecuária conduzida de forma inadequada.
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O Mapa desenvolve e apoia ações voltadas ao aumento da produtividade do setor, para atender as demandas internas e externas, conservando a integridade dos ecossistemas, bem como promover iniciativas que ajudem na recuperação de áreas de produção degradadas.
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De 1961 a 2011, a superfície agrícola na América Latina e o Caribe aumentou de 561 para 741 milhões de hectares, com uma maior expansão na América do Sul, que cresceu de 441 para 607 milhões de hectares Apesar de sua grande importância, a saúde dos solos enfrenta constantes e crescentes desafios
O Plano de Agricultura de Baixa emissão de Carbono (ABC), tem como um de seus pilares a Ciência da Conservação do Solo, do Manejo Integrado de Pragas e das Boas Práticas Agropecuárias.
O solo é nosso melhor reservatório O melhor reservatório que existe na face
outras ações”. “A crise hídrica não se resolve apenas com construção de reservatórios. É necessário investir em reflorestamento e proteção das matas ciliares e reverter os processos de degradação ambiental das nascentes”, conclui Sampaio na recente mesa redonda “Crise hídrica e usos da água”.
da Terra é o solo, que, por meio da infiltração da água, abastece os aquíferos (águas subterrâneas) e, consequentemente as nascentes e rios. São os rios que enchem os reservatórios construídos pelo homem”, diz Júlio Cesar Sampaio, coordenador do WWF-Brasil. “Mas para que o solo tenha condições de receber e infiltrar a água, ele precisa ser corretamente manejado, o que inclui uma correta cobertura vegetal, dentre
A FAO definiu 2015 como ano mundial do solo
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Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2015 Fotos: Ubirajara Machado/MDS, Pedro França/Agência Senado
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eis experiências de êxito em soluções para a comunidade foram vencedoras do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2015. O anúncio do resultado foi feito em cerimônia para cerca de 800 pessoas, em Brasília. Os vencedores de cada uma das seis categorias receberão R$ 50 mil – são iniciativas dos estados do Amazonas, Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Outras 12 tecnologias sociais foram premiadas com o valor de R$ 25 mil. Ao todo são distribuídos R$ 600 mil. O prêmio recebeu 866 inscrições, e 154 tecnologias foram certificadas - deste grupo foram escolhidas as finalistas. A classificação seguiu os critérios definidos no regulamento: nível de envolvimento da comunidade; transformação social proporcionada; potencial de reaplicação e inovação social. O resultado foi validado pela KPMG Auditores Independentes. Além das organizações idealizadoras das 18 finalistas, estiveram presentes na cerimônia representantes do Banco do Brasil, do governo federal, de instituições do terceiro setor e dos parceiros na realização do prêmio: Petrobras, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Prêmio Realizado a cada dois anos, o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social tem como objetivo identificar tecno-
logias sociais que promovam o envolvimento da comunidade, transformação social efetiva e possibilidade de serem reaplicadas, implementadas em âmbito local, regional ou nacional. Além disso, as soluções devem ser efetivas nas áreas de alimentação, educação, energia, habitação, meio ambiente, recursos hídricos, renda e saúde.
Vencedores do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2015
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Presidente José Caetano Minchillo destacando a importância do Prêmio de Tecnologia Social no trabalho da Fundação Banco do Brasil
As metodologias certificadas passam a integrar o Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação BB, que soma agora um total de 850 iniciativas. O BTS é uma base de dados online que reúne metodologias reconhecidas por promoverem a resolução de problemas comuns às diversas comunidades brasileiras. No BTS, as Tecnologias Sociais desenvolvidas por instituições de todo o País podem ser consultadas por tema, entidade executora, público-alvo, região, UF, dentre outros parâmetros de pesquisa.
Vencedoras: Categoria Tecnologias Sociais para o Meio Urbano Censo Maré (Rio de Janeiro) O Censo Maré é uma tecnologia social realizada pela Redes da Maré, em parceria com o Observatório de Favelas, desde 2011, no maior conjunto de favelas da cidade do Rio de Janeiro, o Complexo da Maré. Consiste no desenvolvimento de levantamentos cartográficos, econômicos e demográficos voltados para a ampliação e difusão do conhecimento sobre o território e as condições de vida de seus moradores. A metodologia conjuga conhecimento técnico e participação comunitária, com o objetivo da construção de um diagnóstico populacional e econômico representativo, a fim de subsidiar a identificação de demandas sociais, bem como a formulação de propostas, com vistas ao atendimento destas pelo poder público e por instituições privadas em iniciativas de responsabilidade social.
Desenvolvimento de levantamentos cartográficos, econômicos e demográficos voltados para a ampliação e difusão do conhecimento sobre o território e as condições de vida de seus moradores
Categoria Mulheres: Água Viva: Mulheres e o redesenho da vida no semiárido do Rio Grande Norte (Mossoró - RN) O sistema “Água Viva” consiste no rearevistaamazonia.com.br
proveitamento da água utilizada nas atividades domésticas como lavagem de louça e roupa para aguar a plantação. A água captada passa por uma filtragem até ser liberada para a irrigação de frutas e hortaliças agroecológicas. Essa tecnologia social é fruto de uma construção coletiva das mulheres do Assentamento Monte Alegre I, Upanema (RN) e professores e estudantes da Universidade Rural do Semiárido, UFERSA. Para além dos laboratórios da universidade, o sistema Água Viva reconhece o saber e as matérias primas de cada região. Em cada lugar há materiais específicos que somados aos conhecimentos das mulheres redesenham a vida e a convivência com o semiárido. O sistema Água Viva se propõe a contribuir com a autonomia das mulheres trabalhadoras rurais e convivência com o semiárido a partir do saber popular das mulheres aliado a conhecimentos científicos em parceria com universidades locais.
Categoria Gestores Públicos: Água Limpa - Desafio para o Desenvolvimento Consciente e Sustentável” (Caxias do Sul - RS) O Água Limpa alia o abastecimento de água potável em propriedades rurais do município e a destinação adequada das águas servidas, dos dejetos de animais, dos resíduos domiciliares e das embalagens de agrotóxicos. Com o uso de técnicas agronômicas, o programa está organizado em um conjunto de ações: proteger adequadamente as nascentes; tratar e destinar águas servidas da cozinha e do esgoto domiciliar para a fossa séptica e o sumidouro (poço que filtra os efluentes); construção de esterqueiras que evitem a contaminação dos solos e mananciais; e a promoção da coleta seletiva do lixo domiciliar e das embalagens de agrotóxicos. O tratamento da água servida dos domicílios é feita com a instalação de caixa de gordura, fossa séptica, filtro anaeróbico e sumidouro. As propriedades envolvidas também desenvolvem ações de proteção de nascentes e cursos de água e a recuperação de fontes para o abastecimento humano.
Projeto de reutilização beneficia moradores do projeto de assentamento Monte Alegre I, em Upanema
Categoria Universidades e Institutos de Pesquisa: Librário: Libras na escola e na vida (Belo Horizonte-MG) A tecnologia social do “Librário: Libras na escola e na vida” permite a interação entre surdos e ouvintes no contexto escolar e social e propicia a quebra de barreiras da comunicação. Isto acontece através da realização de oficinas de Libras – Língua Brasileira de Sinais - gratuitas para a comunidade e encontros mensais de profissionais da Libras e comunidade surda e ouvintes, onde são ministrados cursos e seminários de interesse de ambos, a fim de promover a inclusão. Uma das ferramentas pedagógica desenvolvida é o Librário, o jogo é constituído de um baralho de pares de cartas, com o sinal da Libras, palavra em Português e imagens que incentivam a aprendizagem da Libras, de forma lúdica. Com o objetivo de promover a valorização e a autonomia do cidadão surdo, reconhecendo seus direitos, através da difusão da sua primeira língua, a Libras – Língua Brasileira de sinais. Jogo de memória auxilia no ensino e aprendizagem de Libras em Belo Horizonte (MG)
Abastecimento de água potável e a destinação adequada das águas servidas, dos dejetos de animais, dos resíduos domiciliares e das embalagens de agrotóxicos
Categoria Comunidades tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma da Agrária: Sistema de Acesso à Água Pluvial para Consumo de Comunidades Extrativistas (Carauari - AM) Trata-se de um sistema de saneamento e captação de água de chuva - telhado das casas - e fonte complementar (rios ou poço artesiano), construção de unidade sanitária domiciliar (placa pré-moldada ou madeira) e com dispositivo de tratamento. O processo de instalação física da tecnologia social se baseia na captação de água de chuva, em reservatório familiar de água com capacidade de 1.000 litros e unidade de reservação e tratamento comunitário com capacidade de 15 mil litros. O sistema comunitário consiste na captação, tratamento e rede distribuição comunitária. Promoção de acesso a água para o consumo humano e saneamento básico em comunidades extrativistas da Amazônia, por meio da disponibilidade das REVISTA AMAZÔNIA
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Prêmio de melhor tecnologia social O projeto Sanear Amazônia – projeto que leva água de qualidade e saneamento básico para 2,8 mil famílias de reservas extrativistas da Amazônia –, parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Memorial Chico Mendes, ficou em primeiro lugar no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na categoria Comunidades Tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma Agrária. O projeto concorreu com outras 154 práticas certificadas pela premiação em Ainda temos uma longa jornada, seis categorias. porque são muitos sem acesso à A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, água de qualidade destaca que o prêmio reconhece o sucesso de um programa ainda novo que garante água para populações isoladas da Amazônia. “O programa vai levar cidadania para essas comunidades isoladas extrativistas e ribeirinhas. Ainda temos uma longa jornada, porque são muitos sem acesso à água de qualidade. Mas já começamos e queremos fazer muito mais.”
Premiadas: Tecnologias Sociais para o Meio Urbano: Coletivo Reciclagem (Rio de Janeiro) Sistema comunitário consiste na captação, tratamento e rede distribuição comunitária
Metodologia de Gestão de Empreendimentos Solidários por Meio de Indicadores (São Paulo) Prestando assessoria a grupos de baixa renda
Buscando profissionalizar cooperativas de catadores
tecnologias sociais sistema de acesso à água pluvial. Categoria Juventude: Pirambu Digital (Fortaleza - CE) A cooperativa Pirambu Digital proporciona aos jovens em situação de vulnerabilidade social da região metropolitana de Fortaleza (CE) oportunidades de crescimento profissional e de melhoria da renda. A iniciativa surgiu com o intuito de formar os jovens, por meio de atividades que desenvolvam o crescimento tecnológico, cultural, social e econômico das comunidades onde vivem. Na Pirambu Digital os participantes são capacitados para atuar em desenvolvimento, implementação, manutenção e suporte de sistemas. A entidade também faz o papel de intermediador entre empregadores e os cooperados. Ela identifica a oportunidade e os prepara os candidatos para assumirem as vagas. Atualmente, 38 jovens prestam serviços em suporte técnico para empresas
Sistema comunitário consiste na captação, tratamento e rede distribuição comunitária
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A Escola é a Cidade & a Cidade é a Escola (São Paulo)
Universidades e Institutos de Pesquisa: Estratégias de Inclusão Produtiva e Sustentável de Empreendimentos de Catadores (Rio de Janeiro)
Arte urbana contribui para deixar escola mais atraente
Mulheres: Gente da Maré: Melhorando as condições de vida das marisqueiras do Nordeste (Mossoró - RN) Aliando pesquisa científica a qualidade de vida de pescadoras ou
Desenvolvendo projetos com populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica
Formação Continuada de Professores Trabalho com Língua, Arte e Cultura Terena (Três Lagoas – MS)
Capacitando professores das escolas indígenas de Miranda-MS e produção de material didático bilíngue de apoio revistaamazonia.com.br
Comunidades tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma da Agrária: Gestão Compartilhada dos Recursos Pesqueiro (Tefé-AM)
Gestores Públicos A Importância do Planejamento para a Preservação dos Recursos Hídricos (Penápolis - SP)
Juventude Contos de Ifá (Olinda - PE)
Ordenando a atividade pesqueira e implementar uma medida compensatória às restrições previstas
Recuperaando as áreas mais degradadas da bacia do Ribeirão Lajeado
Produção de Polpa de Juçara: geração de renda, manejo sustentável e conservação (Ubatuba-SP)
Programa de Educação para o Trabalho e Cidadania ‘De Olho no Futuro (São Paulo - SP)
Jogos de aventura baseados na mitologia africana ajuda no resgate de identidade racial
Inclusão digital juventude rural (Florianópolis - SC)
Capacitando população carcerária para mercado de trabalho
Difundindo o manejo sustentável da Palmeira Juçara por meio da produção de polpa alimentar e consolidação da cadeia produtiva como forma de garantir a recuperação da espécie e preservação das comunidades tradicionais
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Capacitando população carcerária para mercado de trabalho
Fortalecendo as ações da juventude no campo em assentamentos da reforma agrária, capacitandoos em diferentes linguagens e técnicas na área da comunicação digital
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8º Congresso Nacional da Bioenergia
O
8º Congresso Nacional da Bioenergia recebeu durante os dias 11 e 12 de novembro cerca de 1,3 mil participantes, entre palestrantes e moderadores, que se dividiram nas 12 salas temáticas desta edição. Promovido pela parceria UDOP e STAB, o evento foi realizado no campus do Unisalesiano, em Araçatuba/SP, e comemorou os 40 anos do ProÁlcool, além dos 30 anos de fundação da UDOP. Já consagrado como um dos maiores e mais tradicionais eventos da cadeia bioenergética, o Congresso Nacional da Bioenergia ofereceu aos congressistas a oportunidade de conhecer e aprimorar seus conhecimentos nos diversos segmentos do setor. Com teor técnico, as salas temáticas apresentam inovações com conteúdos relevantes. Foi justamente por isso que a oitava edição contou com duas novas salas: Biomassa e Novos Produtos e Inovação Tecnológica em Etanol de Milho. Um dos grandes destaques dessa edição foram os debates realizados pela sala de Comunicação. Os temas escolhidos “ProÁlcool - 40 anos de lutas e conquistas” e “Qual será o futuro do etanol?” reuniu líderes do setor, com propriedade no assunto, que discutiram sobre a relevância desse Programa e do biocombustível, que representa a melhor alternativa ao petróleo. A sala de Controladoria, Planejamento e Custos em conjunto à sala de TI também apresentaram um debate importante sobre tomada de decisões assertivas. Os temas
(Da esq. para dir.) Celso Junqueira Franco (Pres. da UDOP), Luiz Carlos Correa Carvalho (Pres. da ABAG), Ismael Perina Jr. (Pres. Da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool), Jacyr Costa Filho (Diretor da Divisão Brasil – Grupo Tereos), Maurílio Biagi Filho (Pres. do Grupo Maubisa), Plínio Nastari (Pres. Datagro), Genésio Lemos Couto (Vice-Pres. de Pessoas do Grupo Odebrecht Agroindustrial), Guilherme Nastari (Dir. Datagro), Luís Roberto Pogetti (Pres. Copersucar) e André Rocha (Pres. do Fórum Nacional Sucroenergético) durante o debate sobre os 40 anos do ProÁlcool e o futuro do etanol
escolhidos nesse ano foram de grande sucesso entre os congressistas, que tiveram a oportunidade de trocar experiências com os especialistas presentes. Para o Presidente executivo da UDOP, Antonio Cesar Salibe, “a qualidade dos congressistas, palestrantes e moderadores mostra que nosso evento vem ganhando, ano a ano, mais e mais credibilidade, tornando-se, sem dúvida, o principal evento do setor sucroenergético do Brasil e do mundo”.
Jantar No primeiro dia do evento, autoridades e congressistas vindos de várias regiões do país participaram do tradicional jantar de confraternização. Neste ano, foi comemorado os 30 anos de fundação da UDOP com uma placa comemorativa. Ainda durante o jantar, a UDOP e o Instituto de Economia Agrícola, do Estado de São Paulo, anunciaram uma parceria em suas pesquisas voltadas para o setor bioe-
O 8º Congresso Nacional da Bioenergia foi realizado no UniSalesiano em Araçatuba/SP
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nergético. Para o secretário estadual de agricultura de São Paulo, Arnaldo Jardim, um passo importante que só ajudará as usinas.
Sorteio As atividades do Congresso UDOP/ STAB terminaram na quinta-feira (12), com O Diretor do IAC, Marcos Landell palestrou sobre a cana de três dígitos na Sala Agrícola do Congresso Nacional da Bioenergia
Luiz Carlos Correa Carvalho (Caio), Presidente da ABAG, palestrou na Sala de Mercado, Comercialização e Logística sobre o desequilíbrio do mercado internacional do açúcar
um sorteio para os congressistas presentes. O momento foi muito esperado e causou grande alegria aos sorteados. Os prêmios desta edição foram uma motocicleta flex, zero quilômetro e 10 tablets. A moto foi sorteada para o colaborador da Usina Vale do Paraná, Nivaldo Soler Janasco Junior.
O Congresso
Sala lotada para acompanhar o debate sobre Tomada de decisão assertiva – Excelência na qualidade dos dados e na apresentação dos resultados. O debate reuniu palestrantes das Salas de Tecnologia da Informação e Controladoria, Planejamento e Custos
UDOP e IEA firmam parceria em pesquisas voltadas para o setor bioenergético
O 8º Congresso Nacional da Bioenergia teve seu êxito da organização com o apoio cultural das empresas: Bayer CropScience, Beta Renewables, CanaVialis, Case IH, CTC, Deloitte, DuPont, Fácil System, FMC, GE, Helamin, NexSteppe, Odebrecht, Raízen, São Francisco Saúde, Syngenta, Valtra e Vígnis. A Alcopar, BioSul, Siamig, Sifaeg,
Sindalcool/MT, Fórum Nacional Sucroenergético e Unisalesiano, apoiaram institucionalmente o evento. Em 2016, você já tem uma data marcada com a UDOP. O 9º Congresso Nacional da Bioenergia acontece nos dias 9 e 10 de novembro.
O secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, participou da homenagem aos 40 anos do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) e de um debate sobre o futuro do etanol no Brasil
O Presidente da Siamig, Mário Campos Filho participou da Sala de Mercado, Comercialização e Logística do Congresso Nacional da Bioenergia. Ele palestrou sobre as relações governamentais e a liderança do setor da bioenergia
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I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas
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Fotos: Elson Caldas / Governo do Tocantins, Eraldo Peres/ AP, Marcello Camargo/Agência Brasil, Marco Mari/Blog do Planalto, Roberto Castro/ ME, Roberto Stuckert Filho/PR, Tharson Lopes / Governo do Tocantins
.300 atletas de 24 etnias brasileiras e de 24 países, participaram dos JMPI com o tema “Agora Somos Todos Indígenas”. Foi uma realização do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC) em parceria com o Ministério do Esporte, Prefeitura de Palmas, Governo estadual e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 24 etnias brasileiras em Palmas participa-
ram do evento: os Asuriní, os Rikbaktsa, os Guarani-Kaiowá, Kaingang, os Karajá, os Bororo Boe, os Javaé, os Kayapó, os Kamayurá, o grupo gavião (Paraketejê, Kyikatejê e os Pykopjê), o povo Canela, Kura Bakairi, Manoki, os Paresi, Tapirapé, Kuikuro, Nambikwara, os Matis, os Pataxó, os Terena, Waiwai, os Xerente e os Xavante. Uma vibrante cerimônia abriu oficialmente os primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI) em Palmas (TO),
tendo o público presente na Arena Verde testemunhado um espetáculo de cantos, danças e luzes durante cerca de três horas, nas quais uma efervescência cultural prendeu a atenção de todos e arrancou muitas palmas. A festa terminou com todas as etnias se misturando em várias danças simultâneas, com muitas cores e alegria. As apresentações artísticas começaram com um contagiante número de forró. Um grupo de dançarinos animou o público ao som do Xote das Meninas, de Luiz Gonzaga, tocada por dezenas de sanfoneiros. O clima de festa estava devidamente instalado na Arena. Em seguida, o Fogo Sagrado, aceso no dia anterior, chegou à Arena Verde. Dois indígenas, um homem e uma mulher, 48
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Atividades culturais, antes e durante a realização dos JMPI
deram uma volta olímpica com a tocha nas mãos. Tochas se acenderam ao redor de toda a arena e as delegações indígenas brasileiras começaram a entrar, uma a uma. Cantando em suas línguas, cada etnia mostrou como o Brasil é rico em culturas e tradições. Todas as 24 etnias ocuparam a areia em Palmas, sob aplausos do público. Mesmo em um momento extremamente tradicional, um fato não passou despercebido. Muitos indígenas que já haviam entrado filmavam com smartphones a entrada de seus “parentes”, como chamam os índios de outras etnias. Nesse espetáculo de luz, cor e muita alegria na Arena Green recebia a primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Na tribuna de honra, a presença da presidenta da República, Dilma Rousseff que não discursou, do ministro do Esporte, George Hilton , o governador do estado, Marcelo Miranda, outras autoridades, delegações indígenas nacionais e internacionais e demais autoridades, o presidente do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC) e Marcos Terena, Articulador Internacional dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Marcos Terena, que fez o discurso de abertura da solenidade – agradeceu a vida, a chuva e a todos os presentes e disse: “Nós, os índios, estamos alegres por estar aqui neste lugar. Gostaria de ressaltar o nosso revistaamazonia.com.br
estilo de união e coletividade para fazer a abertura oficial desse evento. Por isso, declaramos de coração, a abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas”. Em seguida, Marcos convidou o líder indígena canadense Willie Little Child a ler uma mensagem enviada pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Bank-Moom. Nela, o líder da ONU
afirmava estar muito feliz e oferecia boas-vindas a todos, pois para ele, os Jogos eram um evento incrível para promover o respeito e a paz. “Considero esta oportunidade uma forma de os governos avançarem nos direitos humanos e programas de todos os níveis. Agradeço ao governo brasileiro e ao ITC a conclamar os governos a promover a paz no mundo”, concluiu.
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Uma vibrante cerimônia abriu oficialmente os primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI)
O espaço da Oca foi ambientado de acordo com as tradições indígenas, com objetivo de acolher as representações indígenas promovendo uma arena de debates e interação entre as 24 etnias nacionais e povos dos outros 23 países que participam dos jogos. A Oca da Sabedoria, com capacidade para 500 pessoas, promoveu durante uma programação com diversas atividades tais como: debates, fóruns, workshops, palestras com personalidades, intelectuais e atletas. Além de apresentações artístico-culturais tais como: filmes, mostras, teatro, danças típicas e outras atividades que tratam da temática indígena e de suas transversalidades. O objetivo era acolher as representações indígenas promovendo uma arena de debates e interação entre os povos.
Fogo Sagrado Em seguida, a defensora das causas indígenas, e madrinha dos Jogos Mundiais, a cantora Margareth Menezes, saudou todas as nações indígenas do mundo, e ressaltou: “Nesse momento em que a humanidade tem tantas demandas de guerras, estamos em um evento que busca a paz e a integração. O que eles pleiteiam é a oportunidade daquele lugar em que eles possam viver e desenvolver todas as suas necessidades, principalmente os mais jovens”. E para alegria da nação indígena e de todos os presentes Margareth cantou a música “Um Índio” de Caetano Veloso. Aproveitando a oportunidade, Marcos Terena mandou um recado aos presentes: “Os povos indígenas nunca foram derrotados, nós sempre respeitamos o direito do outro e a mãe Terra, as questões climáticas, os direitos da mulher, da criança, e dos mais velhos. Nas aldeias a dignidade das pessoas tem de ser respeitada desde o nascimento até a morte”.
Os Jogos Os Jogos dos Povos Indígenas promovem a celebração de uma Olimpíada Verde, focada no binômio homem/natureza, e a integração internacional indígena, com o lema O importante não é competir, e sim, celebrar. Os jogos foram divididos em três modalidades: de integração, de demonstração e os ocidentais. Os jogos de integração são esportes tradicionais praticados pela maioria dos povos. Os de demonstração têm o caráter de demonstração e são particulares de cada povo, praticados e disputados por integrantes da própria etnia. O objetivo é incentivar o resgate às práticas tradicionais. Já os jogos ocidentais englobam apenas o 50
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futebol, esporte apreciado pelos indígenas, que vão se apresentar nas categorias feminina e masculina.
Oca da Sabedoria
Na véspera da abertura dos Jogos, os povos indígenas se reuniram na Praça dos Girassóis, no centro de Palmas, para a cerimônia de acendimento do Fogo Sagrado. Segundo os organizadores, o local foi es-
Paralelamente às atividades esportivas, ocorreu um número imenso de atividades culturais, antes e durante a realização dos JMPI. Um espaço chamado Oca da Sabedoria fez parte da programação dos jogos, com debates, oficinas, fóruns e palestras, além de apresentações artísticas e exposições temáticas dos povos indígenas. Participantes dos Jogos Indígenas acenderam o Fogo Sagrado, que foi levado à vila onde ocorria o evento
Desenhos tradicionais mostravam beleza e simetria
colhido por deuses indígenas. O ritual, que marca o início da competição, contou com tribos do mundo inteiro se revezando em danças e cantorias ao redor do fogo. Após o acendimento, a tocha com o Fogo Sagrado saiu da Praça dos Girassóis sendo levada à Arena Verde, onde ocorreu a maio-
A Oca Digital
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Índios se reúnem para dar início aos rituais antes dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas em Palmas
Representantes de diversas etnias participam do Festival Internacional da Cultura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas
ria dos jogos, além da abertura, para acender todas tochas que iluminaram o local, permanecendo acesa durante todo o evento. “O fogo, para todos os povos do mundo, é extremamente importante. É um conhecimento milenar”, explica a indígena Joana Munduruku, integrante do Comitê Intertribal. “Em torno dele se unem todos os povos”.
Futebol Muito apreciado pelos indígenas. Contou com as categorias feminina e masculina, é a única modalidade ocidental da competição. As regras são as mesmas da CBF, com uma diferença no tempo dos jogos. No futebol feminino, as partidas têm dois tempos de 15 minutos, e no masculino, dois tempos de 20 minutos.
Arco e flecha, corrida com tora Entre as outras modalidades estão os chamados jogos de integração, esportes praticados pela maioria dos povos indígenas brasileiros. São eles: arremesso de lança, arco e flecha, cabo de força, canoagem, corrida de 100 metros, corrida de fundo, corrida com tora e natação. Há ainda os jogos de demonstração – particulares de cada povo –, que foram disputados por integrantes da própria etnia.
programa competitivo e foram apresentadas pelo povo praticante ao público e aos indígenas de outras nações. As arquibancadas ficaram lotadas por
Competições demonstrativas A Arena Verde, em Palmas, Tocantins, recebeu as competições demonstrativas pela primeira primeira vez nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI). Estas modalidades não fizeram parte do
Mulher da Mongólia participa da competição de arco e flecha Arqueiros da Mongólia
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Festival de Culturas nos Jogos
Índios mexicanos fizeram demonstração da Pelota Mixteca Índios de diversas etnias participam de cerimônia de acendimento do fogo ancestral indígena. Símbolo de vida e da força dos Povos Indígenas, o Fogo Sagrado é aceso pelos pajés e líderes religiosos das etnias que participam dos Jogos
A tocha com o Fogo Sagrado Cerimônia de acendimento da pira na abertura dos JMPI
gente que vibrou o tempo todo com cada modalidade e cada etnia. Arqueiros da Mongólia abriram as apresentações esportivas. Eles atiraram flechas contra um pequeno alvo, a uma distância superior a 70 metros. Eles aumentavam a distância a ponto de estarem em uma ponta da arena e o alvo em outra. A precisão dos mongóis empolgou a plateia. “O arco e flecha desempenhou um papel crucial na nossa história. Foi por meio dele que o nosso grande imperador Gêngis Khan conquistou o maior império do mundo. É um instrumento que tem uma importância significativa em nossa sociedade”, disse. 52
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Índios Kayapó apresentaram um de seus esportes tradicionais, o Rõkrã
Algumas etnias brasileiras não permitem que mulheres manejem o arco e flecha por ser um instrumento de guerra – e elas, por serem consideradas fonte de vida, não devem ter contato com algo que fere de morte. Na Mongólia, elas podem praticar o arco e flecha com poucas restrições e com desempenho próximo ao dos homens: elas conseguem alcançar a distância de 65 metros, contra os 75 metros que eles atiram. “O nosso povo pratica (o arco e flecha) desde os dois anos de idade e até quando viver, tanto os homens quanto as mulheres. Por lá, também existem modalidades que são exclusivas para os homens, mas a que mostramos aqui é a mais praticada no país, inclusive por elas”, afirmou Badarch. Os mexicanos ocuparam as areias da Arena Verde e jogaram a Pelota Mixteca. Com o auxílio de uma luva especial feita com várias camadas de couro, pesando cerca de 5,5 quilos e repleta de cravos de metal, os jogadores rebateram uma bola de 900 gramas para o time oposto. “Existe semelhança com a pontuação do tênis. É um esporte pouco comum no Mé-
xico. Jogamos dois ou três torneios o ano todo”, disse José Luiz Arellanes, originário do povo asteca. Os kayapós trouxeram para a arena principal o seu rõnkrã, uma espécie de hóquei praticado no chão de terra batida de suas aldeias. Com ajuda de um bastão, as duas equipes rebatem um coco de babaçu até uma linha imaginária traçada no campo de cada um. Quem conduzir a “bola” até o outro lado soma pontos. Os pataxós praticaram a corrida de maracá, corrida de revezamento onde o “chocalho” tradicional não pode cair no chão. Os Xavantes apresentaram a corrida de tora de buriti. Depois, eles ajudaram os mexicanos a experimentar o jogo. Índios braPor preços que giravam entre R$ 5 e R$10, era possível ter arte indígena estampada no corpo
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Mulheres de diversas etnias participam de desfile de beleza indígena até Mulheres de diversas etnias participam de desfile de beleza indígena
sileiros e mexicanos juntos, correndo com a tora nas costas e escrevendo um novo capítulo na história dos indígenas do mundo.
Cunhã Porã – Beleza Internacional Indígena O público presente na Arena Verde pôde conferir um desfile de beleza indígena, bem tradicional nas festividades indígenas e desta vez reuniu representantes de diversos países. Um tapete vermelho foi colocado no meio da arena e os atletas que mais cedo, no período da tarde, participaram das demonstrações das modalidades tradicionais, se sentaram para prestigiar e torcer pelas representantes de suas aldeias. “Esse momento dos jogos foi pensado para mostrar a beleza da mulher indígena. Essa prática é muito comum nas aldeias. Não é uma disputa. Queremos mostrar que a beleza não é definida se a mulher é magra ou não, a finalidade é mostrar a beleza peculiar de cada etnia”, explicou Carlos Terena. Cerca de 50 mulheres se apresentaram cada uma com pinturas e adereços típicos revistaamazonia.com.br
de suas etnias. Algumas garotas pareciam mais tímidas do que outras, porém, os gritos de incentivo que vinham da arquibancada serviam de incentivo. Atenta a cada detalhe do desfile, a menina Jemina, de 9 anos, da etnia Gavião no Pará foi para prestigiar a prima que participava do evento mas acabou se encantando com uma representante de outro povo. “Eu achei que a mais bonita foi a moça do povo Carajá por causa das pinturas. Quando eu crescer eu também vou querer desfilar”, disse. Brama Gavião foi umas das participantes do desfile. Ela conta que foi escolhida para representar sua etnia no desfile desse sábado em uma espécie de eliminatória com mais dez garotas de diversas aldeias . “Eu amei representar o meu povo, foi muito especial. Eu
vim aqui para representar a cultura do meu povo e acho que consegui”, comemorou.
Jogos competivivos As provas do arco e flecha, arremesso de lança e cabo de força – masculino e feminino – abriram os jogos competitivos e o programa esportivo dos JMPI.
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Na cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas Índios Karajá Xambioá reunidos em área próxima da Aldeia Okara
Índios Karajá Xambioá
Prática nobre entre os indígenas, o arco e flecha foi o primeiro esporte do dia. Cada flecheiro teve direito a três tiros, a 30 metros de distância. O alvo – um desenho de um peixe – conferia pontuações distintas, de acordo com o grau de dificuldade: a soma dos acertos indicaria a pontuação final de cada um. O olho do peixe é a região que confere mais pontos ao atleta. Vinte e três atletas, de 15 etnias brasileiras e oito países, foram inscritos na eliminatória. A primeira bateria de arremesso de lança contou com a participação de 12 indígenas. As lanças padronizadas – para evitar que alguém trouxesse uma lança mais leve que a outra – poderiam superar os 60 metros de 54
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distância, em até três arremessos. Itaguari Pataxó acabou superando a marca alcançada pelo representante norte-americano, vencendo a prova com a marca de 45,31 metros. “Não esperava jogar a lança tão longe assim. Foram três meses de treinamento e a técnica é mais importante do que a força. Na hora, eu me concentrei bem, dei uma relaxada na mão e senti a energia e o carinho da torcida. Já mostramos a que viemos. Agora é só treinar mais um pouco”, vibrou Itaguari, que teve o nome de sua etnia gritado pela arquibancada durante sua série de arremessos. As disputas de cabo de força levantaram o público na arena. A torcida foi intensa, com muitos gritos e aplausos. A animação era maior ainda em embates contra equipes estrangeiras. A disputa entre os índios Manoki e um combinado de atletas dos Estados Unidos e Filipinas fez o público gritar a cada centímetro avançado. A disputa parecia interminável e a bandeirinha mal se movimentava para um lado ou para outro. Os Manoki, por fim, cansaram e foram derrotados, mas não faltaram aplausos. Enquanto atletas puxavam a corda, membros de cada tribo incentivavam ao lado, motivando com gestos e gritos. Outro embate que levantou o público foi dos Kura Bakairi, campeões nacionais de cabo de força, contra os Maori, da Nova Zelândia. Os neozelandeses assumiram a dianteira na disputa, puxando a corda com força, em movimentos coordenados. Parecia uma disputa resolvida, quando a tribo da oceania perdeu gás e os Kura Bakairi mostraram porque são campeões nacionais. Recuperaram os metros perdidos e venceram o confronto. Muita festa dos índios brasileiros. Ao final, as duas tribos se abraçaram, mostrando espírito esportivo. As mulheres também entraram na arena para a competição. Destaque para as índias
Um show de cores, artes, sons e cultura tomou conta da solenidade de abertura
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Na cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas
Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas 2015
Pataxó, que contaram com o grito das arquibancadas e dos membros da tribo, com seus manacás, no cabo de força contra as peruanas. Já as Bororo Boe não deram chance às panamenhas. Cinco mulheres que passaram mal durante os confrontos receberam o atendimento médico, que estava a postos nas areias da Arena Verde.
Um grupo de dançarinos animou o público ao som do Xote das Meninas, de Luiz Gonzaga
Feira de artesanato Um espaço dedicado à arte, cultura e negócios. A Feira Mundial do Artesanato Indígena vem atraindo a atenção e a participação de milhares de pessoas durante os
Os Jogos dos Povos Indígenas promovendo a celebração de uma Olimpíada Verde, focada no binômio homem/ natureza, e a integração internacional indígena
Feira Mundial do Artesanato Indígena
Atividades culturais, antes e durante a realização dos JMPI O ministro do Esporte, George Hilton, ganhou lembrança do Artesanato dos JMPI
JMPI. Para apoiar os negócios realizados, a feira contou com estande do Comitê Intertribal (ITC), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Correios e até uma agência móvel bancária para perrevistaamazonia.com.br
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Atenção e torcida...
Crianças celebram integração entre povos na Feira Mundial de Artesanato dos JMPI
Atenção total...
mitir os visitantes sacar dinheiro e pagar suas compras. Era possível conferir brincos, colares, pulseiras, anéis e até vestimentas da cultura indígena. A feira de artesanato contou com a presença de 44 expositores indígenas de etnias nacionais, como Javaé, Xavante, Xerente, Guarani Kaiwoá, Kayapó, Pataxó, Assuriní e Matis, bem como de povos indígenas da Guatemala, Chile, Equador, Congo, Costa Rica, Nicarágua e Bolívia.
Cultura e reivindicações
Sob a proteção do Fogo Sagrado
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A movimentação na vila dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI) foi intensa, com turistas e moradores da região circulando o tempo todo nos espaços erguidos para o evento. Tanto dentro quanto fora das feiras instaladas na área da vila, o comércio de produtos artesanais era intenso e a pintura corporal atrai curiosos e turistas. Por preços que giravam entre R$ 5 e R$10, era possível ter arte indígena estampada no corpo durante cerca de uma semana. E não faltam “homens brancos” ostentando suas pinturas nesse período dos jogos em Palmas. A cultura indígena fazia a moda na capital tocantinense. Jefferson Manoki caminhava pela vila com um colega – ambos usando os paramentos típicos de seu povo; cocar, pinturas e adereços nos braços e pernas – quando foi abordado por uma turista com uma máquina fotográfica nas mãos. Simpático, o jovem Manoki abraçou a moça e sorriu para o flash. Para ele, este momento é positivo para que os índios possam se mostrar para o mundo. “Eu acho bom. Assim somos mais reconhecidos, mais valorizados. E também para podermos mostrar mais nossa cultura,
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Cada flecheiro teve direito a três tiros, a 30 metros de distância Arremesso de lança
O gavião Pykre Jimokre Hirare, índio paraense de 72 anos se destacou no arco e flecha
Índios de diversas etnias participam do cabo de força
a cultura do nosso povo. Mas o nosso orgulho é independente do pensamento do homem branco”, afirmou Jefferson. Para o xavante Urias Tsumey’wa, a pintura corporal é mais do que uma moda: cada uma tem um significado, cada uma traz a bagagem cultural de um povo. “A pintura representa alguma coisa, fala alguma coisa.
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O meu povo se pinta totalmente para a guerra, a nossa pintura é em preto e vermelho. Eu procuraria a pessoa e perguntaria por que ela está se pintando. A pintura é uma manifestação e um meio de mostrar que aquele povo existe e vive.”
Manifestação Um grupo de cinco indígenas das etnias pataxó, krikati e xacriabá entraram na arena de competições trazendo cartazes em inglês e português contra a PEC215, denunciando o genocídio indígena e cobrando a demarcação de terras indígenas. Um deles chutou
Cartazes em inglês e português contra a PEC215
Corrida da Tora de 50 quilos
As mulheres na competição de cabo de força
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uma das bandeiras de marcação da área de lançamento da lança. O protesto foi pacífico.
Encerramento dos JMPI com show de fogos de artifício Fogos de artifício cobriram o céu da Arena Verde ao final da cerimônia de encerramento dos jogos, sob aplausos de milhares de indígenas e não indígenas nas areias e nas arquibancadas. Nações de várias partes do mundo se reuniram em Palmas e entraram para a história como integrantes dos primeiros jogos mundiais. Foram 1.695 indígenas do Brasil e de outros 22 países disputando provas e demonstrando seus esportes típicos. Os palmenses, turistas e imprensa do mundo inteiro puderam ver, conversar e tirar fotos com pataxós, manokis, karajás, Kuikuros e vários outros índios do Brasil. Os estrangeiros também foram bem recebidos. Mexicanos, bolivianos, neozelandeses, canadenses, dentre outras nações, conquistaram e foram conquistadas pelo público presente. Ganhando ou perdendo, todos eram aplaudidos e celebrados.
Diversas etnias indígenas participaram do encerramento dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas
Índios Paresi apresentam o Jikunahati, o futebol de cabeça
Várias etnias expuseram seus trabalhos na feira livre de artesanato
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A vila dos jogos recebeu uma média de 13 mil pessoas por dia, em visitas ao complexo, que abrangia a Oca da Sabedoria, a Feira de Artesanato, a Feira de Agricultura, o Estádio Nilton Santos e a Arena Verde. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Feira de Artesanato movimentou mais de R$ 300 mil em vendas de produtos produzidos por indígenas de várias etnias. Um grande comércio também foi montado em frente à feira, por iniciativa de diversas etnias, entre elas, Karajá e Pataxó. No local, o movimento também era intenso. Para o diretor-geral dos JMPI, Luiz Lobo, a maior herança do evento foi o encontro de várias culturas. “Mais positivo é essa oportunidade que povos do mundo inteiro
Atleta Pataxó vence a prova de lançamento de lança nos Jogos
Etnia Mamaindê apresentam o seu futebol de cabeça
Índio da etnia Kayapó
Indígenas da etnia Kuikuro apresentam a brincadeira do Pequi
As mulheres na competição de cabo de força Atletas da etnia Gavião
Atletas indígenas Xerente, vice no futebol, após derrota para o time das canadenses
Atletas Xerente comemoram a vitória na final do futebol contra a Bolívia
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tiveram de se encontrar em um só lugar e discutir questões como demarcação de terra, água, sustentabilidade. Acho que esse é o legado maior”. O articulador dos jogos, Marcos Terena, também comemorou o resultado do evento sobretudo na afirmação das diferentes culturas que existem no mundo. “Não só nós, como organizadores, mas todas as delegações indígenas perceberam a importância do evento com essa grandeza. Afirmamos nossa grandeza, nossa inteligência e nossos direitos de sermos diferentes”. Terena também lembrou o viés político dos jogos, a visibilidade para as questões indígenas. “Nós mostramos que a medalha principal é o direito à vida. Se não tivermos demarcação das terras, não terá vida e essa
Espírito de união toma conta da cerimônia de encerramento dos JMPI
No encerramento dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas
Nas provas de corrida de 100 metros, os povos originários brasileiros levaram a melhor nas oito baterias entre os homens
riqueza plástica e cultural que nós temos não vai sobreviver no futuro”. A próxima onde os Indígenas do mundo inteiro se reencontrarão será no Canadá, em 2017. “Poderemos receber vocês com toda honra e alegria com que vocês nos recebeAtletas indígenas canadenses comemoram vitória sobre as Xerente em jogo final de futebol
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ram aqui. Já convido vocês para participarem dos segundos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas”, disse o líder da etnia Cree, do Canadá, Willy Littlechild. Atleta Pataxó com sua medalha
Atletas Maori, da Nova Zelândia, ficaram em primeiro lugar na disputa do cabo de força
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Entender o passado da Amazônia para garantir o seu futuro sustentável Drone varrerá Amazônia em busca de civilizações antigas
Mais de 450 geoglifos foram identificados em áreas de desmatamento na Amazônia
Fotos: Diego Gurgel/Divulgação, José Iriarte, Projeto Geoglifos CNPq Brasil, XMobots
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m um novo projeto internacional liderado pela Universidade de Exeter, cientistas britânicos vão usar um drone para fazer varreduras na Amazônia brasileira e procurar vestígios de civilizações antigas. Vão investigar o futuro sustentável da Amazônia, estudando o modo como as sociedades antigas usaram e transformaram o ambiente. O estudo é pioneiro. O professor José Iriarte, arqueólogo, palenotólogo/ botânico e líder europeu em arqueologia amazônica, da Universidade de Exeter anunciou o projeto recentemente, na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da da Ciência (AAAS), na cidade de San Jose, na Califórnia-EUA. Um avião não-tripulado-UAV, será enviado para a região equipado com um laser e um dispositivo de dados de sensoriamento remoto, que analisa e procura por áreas onde podem ter existido construções há milhares de anos, digitalizando-as sob o dossel da floresta. O objetivo do projeto é determinar a forma como a terra da Amazônia foi utilizado durante o período pré-colombiano tarde (os últimos 3000 anos que antecederam a Drones farão a varredura da floresta amazônica em busca de impacto ambiental por civilizações antigas
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viagens de Cristóvão Colombo de 1492). Incidirá sobre a escala e a natureza de como as sociedades humanas complexas transformaram o ambiente, a partir do impacto mínimo dos caçadores às influências de sociedades mais complexas. O projeto, uma parceria entre agências e instituições do Brasil e Europa - a cooperação internacional inclui a Universidade Federal do Pará, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e um parceiro europeu da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, já conseguiu uma verba de US$ 1,9 milhão (cerca de R$ 5,3 milhões) do Conselho Euro-
peu de Pesquisa. A pesquisa se propõe a resolver um dos temas mais debatidos na arqueologia doNovo Mundo – a etno-história, paleoecologia e conservação por olhar para a natureza e escala de uso da terra pré-colombiana e seu legado moderno em paisagens amazônicas. Sabe-se que os seres humanos viveram na Amazônia, pelo menos nos últimos 13 mil anos e, até recentemente, tinha sido assumido que as pessoas viviam em harmonia e fez pouco ou nenhum impacto sobre as florestas antigas. O professor Iriarte com uma equipe internacional está atualmente procedendo um estudo comparativo de terras pré-colombiana em quatro regiões diferentes da Amazônia que representam diferentes tipos de uso da terra durante os últimos 3000 anos do período pré-colombiano. Evidência de sociedades antigas nessas áreas inclui sitios no Baixo Amazonas que caracterizam o homem-feito da Amazônia Terra Preta – onde a terra é mais fértil do que a área circundante devido à compostagem de restos de comida e resíduos humanos em uma área. Segundo Iriarte: “Os dados recolhidos através do projeto tem potencial para estimar, pela primeira vez, a escala espacial da perturbação humana passado em toda a bacia amazônica. Compreender portanto, a origem e dinâmica das práticas agrícolas do período pré-colombiano tem amplas implicações para o futuro da Amazônia Sustentável, a implantação de formas sustentáveis de agrirevistaamazonia.com.br
Em imagens aéreas normais, apenas os topos das árvores são visíveis
O professor José Iriarte, arqueólogo, palenotólogo/botânico e líder europeu em arqueologia amazônica, da Universidade de Exeter
cultura pode oferecer uma forma de segurança alimentar alternativa para os mais vulneráveis e populações rurais mais pobres. da Amazônia e, ao mesmo tempo tornar-se um substituto para o desmatamento de florestas tropicais para a agricultura de corte e queima. Poderíamos aprender lições valiosas de compreender que tipo de gestão da terra foi usado e que as culturas foram plantadas e criado no passado. “ Para garantir que os resultados do projeto serão colocados em um contexto mais amplo de conservação e política ambiental, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) são parceiros do projeto com base no Brasil. Dependendo dos dados obtidos, eles também podem ser usados para a elaboração de políticas de uso sustentável da floresta. Mas a questão mais importante é tentar compreender a escala e as atividades das populações que viveram na Amazônia no final do período antes da chegada dos europeus à América, ou seja, os últimos 3 mil anos antes de 1490.
Este mapa pode então ser removido e deixar apenas o sinal do laser que conseguiu ultrapassar a vegetação e chegar ao chão
O drone usado no projeto carrega um instrumento a laser que pode examinar áreas que não foram desmatadas
Padrões no solo A equipe internacional vai tentar encontrar na Amazônia os chamados geoglifos, que são desenhos geométricos grandes feitos no chão. Mais de 450 destes geoglifos, em vários formatos geO drone usado no projeto carrega um instrumento a laser que pode examinar áreas que não foram desmatadas
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Geoglifos encontrados na Fazenda Paraná em Senador Guiomard e Fazenda Boa Vista em Porto Acre
Drone e satélite O projeto de Iriarte prevê o sobrevoo do drone por algumas áreas da floresta que servirão de amostra. O laser acoplado ao drone vai procurar geoglifos estão escondidos em regiões ainda não desmatadas. Parte da luz deste laser, chamado de “lidar” (“light-activated radar”, ou radar ativado pela luz, em tradução livre) consegue ultrapassar a barreira das folhas das árvores. Serão feitas várias inspeções e, se a existência dos geoglifos for confirmada, os cientistas vão tentar determinar mudanças específicas que foram deixadas no solo e na vegetação pelos antigos habitantes.
ométricos, foram encontrados em locais onde ocorreu desmatamento. Mas até hoje ninguém sabe exatamente o que estes círculos, quadrados e linhas representam - há indícios de que fossem centros cerimoniais. No entanto, o que se sabe é que eles são provas de um comportamento coletivo. “É um debate acalorado agora na arqueologia do Novo Mundo”, afirmou José Iriarte, da Universidade de Exeter, na Grã-Bretanha. “Enquanto alguns pesquisadores acreditam que a Amazônia foi habitada por pequenos grupos de caçadores-coletores ou então por pequenos grupos de cultivavam apenas para a subsistência, que tiveram um impacto mínimo no meio ambiente, e que a floresta que vemos hoje foi intocada por milhares de anos, há cada vez mais provas mostrando que este pode não ser o caso.” “Estas provas sugerem que a Amazônia pode ter sido habitada por sociedades grandes, numerosas, complexas e hierárquicas que tiveram um grande impacto no meio ambiente; o que nos chamamos de ‘hipótese do parque cultural’”, disse o cientista.
O objetivo do projeto é determinar qual era o tamanho destas comunidades milenares e até que ponto elas alteraram a paisagem local
Geoglifos quadrado duplo, a margem da BR-317
Estas “impressões digitais” poderão ser buscadas por imagens de satélites, possibilitando uma busca em uma área muito maior da Amazônia, maior do que com o pequeno drone. E, a partir deste projeto será possível avaliar como a Amazônia pode ser gerenciada de forma sustentável. Segundo Iriarte, não é possível especular quais seriam as mudanças futuras aceitáveis na Amazônia se não existir uma compreensão completa de como a floresta foi alterada no passado. “Queremos ver qual é a pegada humana na floresta e então formar uma política (de uso), pois pode ser o caso de que a biodiversidade que queremos preservar seja o resultado de uma manipulação no passado desta floresta”, explicou. Ainda não se sabe quantos outros geoglifos o chão da Amazônia esconde. Floresta tropical da Vila Americana, Santarém-Pará
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