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Alcançar uma participação de 36% de energias renováveis no mix global de energia até 2030 elevaria o Produto Interno Bruto (PIB) global em até 1,1%, ou cerca de US $ 1,3 trilhões (5,3 trilhões de reais), de acordo com pesquisa da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA). Benefícios das Energias Renováveis: Medindo a Economia, divulgada durante a sexta Assembleia da IRENA...
Campus Party 2016
Um dos maiores eventos de tecnologia do mundo e o maior evento de tecnologias digitais do Brasil a Campus Party Brasil no Pavilhão de Exposições do Anhembi este ano teve como tema o conceito “Feel The Future” e acompanha as mudanças tecnológicas em curso no mundo todo, que afetarão a sociedade e diversas áreas como cidades, economia, educação e mercado de trabalho nas próximas décadas...
COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Abeóolica, Andreas Merkl, Bernardo Arouca, Claudio Giantes, Charles Bolden, Ellen MacArthur, EPE, Jerome Michaud, Maria S. Fortes, Mike Abrams, Portal Brasil, Ronaldo Hühn FOTOGRAFIAS Amanda Lelis, Cesan, Christopher M. Berry, Davi Valente, Divulgação, Flickr/ Campus Party, EGA, EPI, Irena/Remap 2030, Equipe Aster, John E.A. Marshall, J.T. Reager, José Cordeiro/SPTuris, Marizilda Cruppe/Greenpeace, Monika Flueckiger, Moritz Hager / World Economic Forum, NASA / JPL, NASA GRACE Satellites, Nigel Dickson/WWF, Nick Swanson, NOAA, J.P. Briner, Pablo Izquierdo, Pedro Fernandes/Divulgação, Remy Steinegger, Sanepar, UC Irvine/NASA/JPL-Caltech, Vortex Bladeless, Willian Soares Alves / Divulgação Campus Party
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Energias renováveis elevarão o PIB global em até US $ 1,3 trilhão
PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn
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NOSSA CAPA Acreditamos que usando nossa química na vida diária, podemos ajudar a fornecer algumas respostas para o desenvolvimento sustentável. Foto: EXUN Biocell
O ano de extremos climáticos – 2015
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O ano de 2015 foi o mais quente de toda a história, informou recentemente a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) em conjunto com a Nasa, a agência espacial americana. As temperaturas são as maiores desde 1880, quando se iniciaram os registros de temperatura pela NOAA...
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Drones, o exemplo do lutador José Aldo, incentivos extrafiscais e a necessidade de se criar um polo de bioindústrias foram alguns aspectos mencionados no painel de debate “Zona Franca de Manaus: 2016-2036 – das perspectivas à concretude de ações”...
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Diminuição do desmatamento na Amazônia evita 1,7 mil mortes por ano A diminuição do desmatamento da Amazônia e das emissões de fumaça de queimadas nos últimos dez anos tem causado a redução de, em média, 30% da concentração de material particulado (aerossóis), além de ozônio, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio e outros poluentes atmosféricos emitidos pelas queimadas...
MAIS CONTEÚDO [06] Países verdes do EPI [20] 16º Energy Globe World Awards [22] Inovadora turbina eólica não precisa de hélices [24] Brasil é o quarto País em que energia eólica mais cresce no mundo [26] Turbina eólica em forma de árvore [28] Energia solar pode e vai ser fundamental [44] Fábrica de cometas [46] A Terra entrou em uma nova era geológica [48] Queimadas crescem 27,5% no país em 2015 [53] Primeiro mapa de riscos climáticos da Amazônia Legal [54] Alerta para diminuição acelerada dos recursos dos oceanos [56] Mais plástico que peixe nos oceanos em 2050 [58] Ouro nas fezes “vale milhões e poderia salvar o meio ambiente” [60] Floresta tropical fossilizada descoberta no Ártico [62] Patrimônios Naturais do Mundo ameaçados
Ano 11 Número 54 2016 R$ 12,00 5,00
PAÍSES V 4ª REVO ERDES 49º AN LUÇÃO INDUS TRIAL IV ENERG ERSÁRIO DA SU IAS REN OVÁVE FRAMA IS ELEV ARÃO P IB GLOB AL revistaam
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DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn
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O FSM, em Davos, na Suíça, teve como tema central a chamada “Quarta Revolução Industrial”. Essa realidade, que já começamos a experimentar no dia a dia, significa uma economia com forte presença de tecnologias digitais, mobilidade e conectividade de pessoas, na qual as diferenças entre homens e máquinas se dissolvem...
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Quarta revolução industrial, no Fórum Econômico Mundial-FSM
PUBLICAÇÃO Período (janeiro/fevereiro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil
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Países
verdes do EPI
Fotos: EPI, Monika Flueckiger
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Brasil aparece em 46º lugar no novo ranking bienal de países verdes do Environmental Performance Index (EPI). O Índice de Desempenho Ambiental é uma lista bienal elaborada pelas Universidades de Yale e de Columbia. O país somou 78.90 pontos de 100, apresentando um avanço significativo em relação à edição de 2014, onde ocupava a 77ª posição. Mas ainda há muito para melhorar. Apesar de toda sua exuberância natural, o Brasil perde para Cuba, Ucrânia, Argentina e Costa Rica, no novo ranking. É que pelos critérios do EPI, o que conta mesmo é como os países cuidam dos seus recursos naturais. E aí o desempenho brasileiro deixa a desejar. O ranking classificou 180 países com base em 20 indicadores distribuídos por 9 categorias: critérios de saúde ambiental; poluição do ar; recursos hídricos; biodiversidade e habitat; recursos naturais; florestas; energia e clima, entre outros. E cada categoria possui pesos diferentes.
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O EPI 2016 Framework inclui 9 questões e mais de 20 indicadores. O acesso a eletricidade não está incluído na figura, porque não é usada para calcular escores dos países revistaamazonia.com.br
Os 20 países mais verdes do mundo em 2016 1º Finlândia - População: 5.4 milhões - 90.68 pontos; 2º Irlanda - População: 320 mil - 90.51 pontos; 3º Suécia - População: 9.6 milhões - 90.43 pontos; 4º Dinamarca - População: 5.61 milhões - 89.21 pontos; 5º Eslovénia - População: 2.06 milhões - 88.98 pontos; 6º Espanha - População: 46.62 milhões - 88.91 pontos; 7º Portugal - População: 10.46 milhões - 88.63 pontos; 8º Estónia - População: 1.32 milhões - 88.59 pontos; 9º Malta - População: 420 mil - 88.48 pontos; 10º França - População: 65.94 milhões - 88.20 pontos; 11º Nova Zelândia - População: 4.44 milhões - 88 pontos; 12º Reino Unido - População: 64.11 milhões - 87.38 pontos; 13º Austrália - População: 23.13 milhões - 87.22 pontos; 14º Singapura - População: 5.4 milhões - 87.04 pontos; 15º Croácia - População: 4.26 milhões - 86.98 pontos; 16º Suiça - População: 8.09 milhões - 86.93 pontos; 17º Noruega - População: 5.08 milhões - 86.90 pontos; 18º Áustria - População: 8.48 milhões - 86.64 pontos; 19º Irlanda - População: 4.6 milhões - 86.60 pontos; 20º Luxemburgo - População: 540 mil - 86.58 pontos. Na análise por categoria, o Brasil apresentou melhor desempenho no quesito qualidade do ar, com 91.78 pontos. Mas se saiu pior na preservação de recursos florestais, levando apenas 37.86 de 100 pontos, o que coloca o Brasil no 83º lugar entre os países que melhor cuidam de suas florestas.
Brasil O Brasil apresentou uma melhora notável em relação à edição 2014, saindo da 77ª posição para a 46ª no ranking. O país somou 78.90 pontos de 100, ainda distante da líder, a Finlândia, que fez 90.68 pontos.
O EPI lançado em Davos, no FSM O EPI 2016 é o mais abrangente até esta data. Ele dá um instantâneo às nações do mundo do seu desempenho para o cumprimento dos Objetivos ambientais fundamentais para a água, a saúde humana, o ar a agricultura. Ele cobre 99 por cento da população mundial e 97 por cento da área terrestre. Kim Samuel, apresentando o EPI na Reunião Anual 2016 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça
Mapa global do EPI 2016 por pontuações
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Environmental Performance Index (EPI), é o ranking bienal elaborado por uma equipe de especialistas das universidades americanas de Yale e de Columbia. O Índice de Desempenho Ambiental classifica o desempenho dos países em questões ambientais de alta prioridade. Em sua mais recente edição, lançada no Fórum Econômico Mundial de Davos, o ranking classificou 180 países com base em 20 indicadores distribuídos por 9 categorias: critérios de saúde ambiental; poluição do ar; recursos hídricos; biodiversidade e habitat; recursos naturais; florestas; energia eclima, entre outros. Cada categoria possui pesos diferentes. E verifica-se um foco de luz em duas grandes áreas de preocupação política: proteção da saúde humana e a proteção dos ecossistemas. Ele classifica o desempenho dos países em 9 categorias ambientais de alta prioridade, examinando indicadores-chave, tais como a qualidade do ar do agregado familiar ... a mudança na cobertura florestal ... tratamento de águas residuais ... e proteção do habitat crítico. O resultado é um cartão de relatório de nível nacional e mundial que mostra os formuladores de políticas o estado de seu ambiente, ajudando-os a ver onde eles estão indo bem, e onde é necessária uma ação mais concertada. Hoje, temos o prazer de revelar os melhores desempenhos. No topo do ranking a Finlândia reflete seu compromisso de alcançar uma sociedade neutra em carbono que não irá exceder a capacidade de suporte da natureza em 2050. O mau desempenho do PAV 2016 incluem Somália, em último lugar (180), seguido, em ordem crescente, pela Eritreia, Madagáscar, Níger e Afeganistão. Estas nações do sul da Ásia compartilham legados problemáticos de conflito e de problemas de governança profundas. Estes paMapa global do EPI 2016 por pontuações
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Pontuação do Brasil por categoria: CATEGORIAS
PONTUAÇÃO/100
RANKING NA CATEGORIA/100
Biodiversidade e Habitat
92.62
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Florestas
37.86
83
Clima e Energia
56.41
92
Recursos Pesqueiros
65.4
17
Agricultura
72.98
115
Recursos Hídricos
76.23
58
Água e Saneamento
84.42
73
Impactos na Saúde
85.21
47
Qualidade do Ar
91.78
32
íses mostram que o desempenho ambiental é uma questão de governação: um governo que funcione bem é fundamental para uma gestão ambiental eficaz. Soluções sustentáveis exigem garantindo que cada voz seja ouvida - a partir de grupos marginalizados como povos indígenas para os governos locais e regionais. E quando nós estamos falando sobre a própria sobrevivência do planeta, os riscos
não poderiam ser maiores. Adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e do Acordo de Paris para as Alterações Climáticas em setembro passado torna a necessidade de dados precisos ambientais ainda mais claras. O EPI pode ajudar a controlar o progresso nacional e global para o ODS, e uma mais limpa, mais verde, mais saudável e futuro mais sustentável para todos nós. Da mesma forma, como os países trabalham para implementar os compromissos de redução de emissões que saíram da conferência do clima em Paris, a EPI pode informar a tomada de decisões com base em dados ... e inspirar a colaboração em torno das melhores práticas. Nossa esperança é que, segurando um espelho de onde estamos, o EPI irá inspirar os decisores políticos e líderes em cada setor para alcançar o que poderia ser. Porque, assim como o meu colega canadense, o falecido Marshall McLuhan memoravelmente disse: “Não há nenhum passageiro na terra da nave espacial. Somos todos tripulação”. E a única maneira de proteger o nosso planeta é se trabalharmos juntos.
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Quarta revolução industrial, no Fórum Econômico Mundial-FSM
Como o Brasil pode se preparar para a economia do futuro? Fotos: Moritz Hager / World Economic Forum, Remy Steinegger
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FSM, em Davos, na Suíça, teve como tema central a chamada “Quarta Revolução Industrial”. Essa realidade, que já começamos a experimentar no dia a dia, significa uma economia com forte presença de tecnologias digitais, mobilidade e conectividade de pessoas, na qual as diferenças entre homens e máquinas se dissolvem e cujo valor central é a informação. Mas, será que o Brasil está preparado para essa nova revolução? “O grande desafio à frente é manter os avanços sociais e estimular o aumento da produtividade”, afirmou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), órgão ligado à ONU. “Novos pactos sociais” são importantes para que esse momento de rompimento econômico se transforme em oportunidades, avalia. “É necessário construir novas alianças que transpassem partidos políticos e viabilizem condições para a criação de um novo revistaamazonia.com.br
No FSM-2016, em Davos, na Suíça
ciclo de investimento”. “Integrar mercados regionais em tecnologias-chave, por exemplo com a criação de um mercado digital comum, e o incentivo a cadeias regionais
de tecnologias e produtos verdes”, afirmou Alicia Bárcena. O Brasil tem elevado o investimento direto em educação. No período compreendiEnrique Peña Nieto, Presidente do México
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do entre a virada do milênio e 2013, o total cumulativo investido por estudante ao longo da vida acadêmica, do jardim de infância à universidade, passou de R$ 106 mil para R$ 162 mil. O aumento de mais de 50% tem base em dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), vinculado ao Ministério da Educação. Ainda assim, o Brasil permanece abaixo da média dos países ricos, conforme retrata o Pisa, ranking internacional que avalia a qualificação de estudantes do mundo todo. No levantamento de 2012 foi observado que quase metade dos alunos não apresenta competências básicas de leitura. Além disso, outra análise da mesma organização, mas de 2015, estimou que os estudantes brasileiros são muito fracos na capacidade de navegar sites e compreender leituras na internet, ficando à frente apenas da Colômbia e dos Emirados Árabes em um ranking com 31 países.
Inovação digital “Idealmente, deveria implementar políticas de fortes incentivos que nivelem por cima, não apenas na área de formação e capacitação de trabalhadores para o uso de novas tecnologias, mas priorizando também
Klaus Schwab, Fundador e Presidente Executivo do World Economic Forum
investimentos em pesquisa e desenvolvimento para que o país não se torne um mero consumidor de tecnologias”, sugere a Vanessa Boana Fuchs, pesquisadora do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de St. Gallen, na Suíça. Uma pesquisa realizada pela consultoria Accenture estima que a participação da economia digital no PIB do Brasil saltará dos atuais 21,3% para 24,3% em 2020 e valerá US$ 446 bilhões (R$ 1,83 trilhão). Um técnico faz ajustes no robô Inmoov Dileep George, inteligência artificial e neurociência pesquisador
A nova mentalidade de negócios com a digitalização como a força motriz democratizando a inovação e permitindo a realização de resultados em velocidade
O mesmo estudo aponta que o país precisa manter os níveis atuais de educação e expandir investimentos em novas tecnologias e na geração de uma cultura digital para acelerar ainda mais o progresso. Se o Brasil aplicar recursos ativamente nessas áreas, a consultoria prevê que o segmento econômico poderá movimentar outros US$ 120 bilhões (R$ 494 bilhões) além do previsto. Recentemente, em janeiro, a presidente Dilma Rousseff sancionou Marco Legal da Ciência e Tecnologia, novo parâmetro legislativo que promete reduzir a burocracia, facilitando investimentos em pesquisa e ciência nas iniciativas pública e privada. Além disso, o governo anunciou edital de financiamento de R$ 200 milhões para pesquisa e desenvolvimento.
Ameaças Bárcena vê três ameaças no horizonte da quarta revolução industrial: o aumento da desigualdade, as mudanças climáticas e a tendência recessiva das economias. Desafios, afirma, que podem ser solucionados com investimento estatal e políticas públicas ativas. 10
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sustentável, cidades inteligentes que possibilitem evitar desperdício de energia e produção”, avalia Vanessa Fuchs.
Citações que resumem a Quarta Revolução Industrial Houve muita conversa sobre a Quarta Revolução Industrial em Davos - exatamente o que é, e como ela vai mudar radicalmente nossas vidas. Em seguida algumas das melhores citações sobre o tema deste ano do Fórum Econômico Mundial, “Dominando a IV Revolução Industrial”. *Klaus Schwab, Fundador e Presidente Executivo do World Economic Forum: “Temos de desenvolver uma visão abrangente e global compartilhada de como a tecnologia está afetando nossas vidas e remodelar nossos ambientes econômicos, sociais, culturais e humanos. Nunca houve um momento O braço do robô de 21 pés se move em uma trilha no Centro de Tecnologia de Compósitos no Centro Nacional de Manufatura Avançada da NASA no Marshall Space da NASA
5% de produtos de consumo será em 3D-impressos
“Políticas fiscais expansionistas podem ajudar a evitar tendências recessivas e recuperar empregos (…). Acesso universal a educação e saúde encorajam demanda agregada e aumento de produtividade”, defende. “Políticas sociais voltadas ao amparo social universal e no combate à desigualdade podem promover um incentivo crucial para a demanda minguante em todos os lugares”, acrescenta. Para a especialista, o investimento público deve ter um “componente ambiental” forte, que mova a economia mundial a um caminho de baixo carbono, ou seja, de baixa emissão de gases de efeito estufa. Essa alternativa, afirma, contribui muito mais para a geração de empregos do que a indústria poluente. “O desafio é direcionar as novas e antigas tecnologias para a utilização mais eficiente de recursos naturais, energias renováveis e
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PROTEÇÃO
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30% das auditorias corporativas será realizada por inteligência artificial 2025 10% de óculos de leitura serão conectado à internet em 2023
*André Kudelski, presidente e CEO da Grupo Kudelski: “Qualquer engenheiro qualificado pode assumir o controle remotamente de qualquer “coisa” conectada. A sociedade ainda não percebeu os cenários incríveis que esta capacidade cria”. *Robert Shiller, 2013 Prêmio Nobel de Economia, Professor de Economia da Universidade de Yale: “Você não pode esperar até uma casa arder para comprar o seguro de fogo sobre ela. Não podemos esperar até que haja deslocamentos maciços em nossa sociedade para se preparar para a IV Revolução Industrial”. *Birgit Skarstein, Double atleta paraolímpico e Campeão Mundial de Remo, Noruega: “Para as pessoas com deficiência, a Quarta Revolução Industrial vai nos dar super poderes.” *Pierre Nanterme, CEO da Accenture: “Digital é o principal motivo de pouco mais da metade das empresas da Fortune 500, estarem desaparecidas desde o ano de 2000.” Telefones celulares implantáveis, órgãos impresso-3D para transplante, roupas e óculos de leitura-conectados à Internet será verdade em 2025.
Humanos por Robôs * “Com o advento das novas tecnologias, criamos sempre novos trabalhos”, comentou o cientista Illah Nourbakhsh, especialista em interação entre humanos e robôs na Universidade de Carnegie Mellon, que tem uma parceria com a Uber para desenvolver carros autônomos. * “Uma coisa normalmente subvalorizada é que a tecnologia não cria apenas trabalhos na tecnologia, mas trabalhos no sector não tecnológico”, disse a diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg. O que Nourbakhsh disse a seguir também é um exemplo dos desafios de que muitos particide maior promessa, ou maior risco. “ *Dileep George, inteligência artificial e neurociência pesquisador: “Imagine um robô capaz de tratar pacientes de Ebola ou a limpeza de resíduos nucleares.” *Enrique Peña Nieto, Presidente do México: “O México é um dos únicos países cuja Constituição reconhece o direito do seu povo a uma conexão de internet banda larga.” *Gary Coleman, Indústria Global de Cliente e Conselheiro Sênior, Deloitte Consulting: “A Quarta Revolução Industrial ainda está em seu estado nascente. Mas com o ritmo rápido de mudança e interrupção dos negócios e da sociedade, o tempo para participar é agora”.
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As primeiras cidades com mais de 50.000 pessoas e sem semáforos passarão a existir em 2026
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pantes falaram, das incertezas associadas às previsões e de um sentimento de esperança presente em várias das intervenções: “Não sei quais serão esses empregos, mas estou confiante em que os vamos encontrar”. A substituição de trabalho humano acontece há muito e vai desde os casos das linhas de montagem progressivamente robotizadas até às caixas registadoras no supermercado onde são os clientes a passar os produtos. A tecnologia trouxe mais eficiência e uma maior produção de riqueza. Mas também, argumentaram vários oradores, desigualdades, tanto no que diz respeito ao fosso digital que separa o mundo informatizado daquele onde o uso da Internet e de dispositivos informáticos é escasso, como à distribuição de riqueza.
*E o Emprego? Automóveis não tripulados; robôs que conseguem cuidar de pessoas idosas e ir à guerra; softwares que dão aulas e escrevem prosa de boa qualidade; tradutores eletrônicos, em tempo real, de texto e voz; casas inteligentes; linhas de produção completamente operadas por máquinas e a profusão de impressoras 3D – tudo isso, integrado por meio de sistemas de comunicação entre coisas, sem interferência humana direta, vão criando, em silêncio, um mundo com-
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Avanços na robótica, inteligência artificial e tecnologias como a impressão 3D vão mudar o mundo do trabalho
pletamente diferente, em que sequer se sustenta a esperança de que a qualificação salve o emprego. Além da perda de 5 milhões de empregos nos próximos cinco anos em todo o mundo, a Quarta Revolução Industrial provocará “grandes perturbações não só no modelo dos negócios, mas também no mercado de trabalho nos próximos cinco anos”, é o que deu para entender no Fórum de Davos. Só o tempo nos dirá...
O primeiro transplante de fígado de um impresso-3D ocorrerá 2024
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A ZFM de 2016 a 2036 em debate na SUFRAMA por Enock Nascimento
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rones, o exemplo do lutador José Aldo, incentivos extrafiscais e a necessidade de se criar um polo de bioindústrias foram alguns aspectos mencionados no painel de debate “Zona Franca de Manaus: 2016-2036 – das perspectivas à concretude de ações”. O evento, que fez parte da programação alusiva ao 49º aniversário da SUFRAMA, ocorreu recentemente no auditório da autarquia, e reuniu especialistas, pesquisadores e representantes do governo e dos setores da indústria e da agropecuária. A superintendente Rebecca Garcia abriu o evento explicando a razão do painel se concentrar nos próximos 20 anos do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM). “A indústria não faz nada sem se programar para um cenário de, no mínimo, 20 anos. Assim, a SUFRAMA também não pode pensar em planejamento com um horizonte de tempo menor. Temos que encontrar respostas e soluções para deixar o modelo mais fortalecido até 2036”, explicou. O painel foi dividido em duas temáticas de discussão: a indústria e a agropecuária. Na primeira, foi tratado o “Plano Diretor Industrial 2016 -2036 e os cenários factíveis para a Indústria no Amazonas”, com coordenação do economista Mauro Thury. O primeiro palestrante foi o diretor da Coordenadoria de Política Econômica e Desenvolvimento Industrial da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Raimundo Lopes. Lopes destacou os principais gargalos do modelo, como a infraestrutura (falta de um porto público, por exemplo); a logística (nossos rios precisam, de fato, se tornarem hidrovias) e o excesso de burocracia. “Cada órgão que concede incentivos, como a Sudam e a SUFRAMA, tem um processo diferente e específico na elaboração e acompanhamento de um projeto industrial. Por que não padronizar, unificar? Polo Industrial de Manaus
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Fotos: Junha Januária, Robervaldo Rocha - DIRCOM/CMM “Zona Franca de Manaus: 2016-2036 – das perspectivas à concretude de ações”. A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), criada pelo Decreto Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, celebrando seus 49 anos de criação
Isso facilitaria a vida do investidor”, frisou. O palestrante também frisou a importância do Polo Industrial de Manaus (PIM) estar constantemente inserido no processo de renovação tecnológica. “As feiras de tendências mostram que a febre do momento é o drone. Ou seja, o PIM deveria estar produzindo drones”, observou.
Renúncia e José Aldo Na palestra seguinte, o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, procurou rebater as principais críticas feitas ao modelo, como a de que a ZFM seria um paraíso fiscal e que os incentivos tributários concedidos não dariam o devido retorno ao País. “Dados da Receita Federal apontam que, dos 27 entes federativos (26 Estados mais o Distrito Federal), somente oito devolvem para a União, em arrecadação de tributos federais, valores acima do repasse compulsório que recebem. O Amazonas devolve 2,5 vezes esse valor; a atividade industrial da cidade de Manaus recolhe mais de 50% dos tributos federais da Região Norte, o que lhe confere o papel de um dos principais pontos da geração de receitas públicas no País”, pontuou. Périco ressaltou ainda que a maior parte dos incentivos fiscais concedidos no Brasil vão para as regiões mais ricas. “O Norte, incluindo o Tocantins, em 2014, utilizou 12% da renúncia fiscal do País, enquanto a Região Sudeste abocanhou 53% do total da
renúncia fiscal da federação. De um total de R$ 1 trilhão investido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de 2009 a 2014, o Amazonas recebeu apenas R$ 7 bilhões de financiamento para desenvolvimento regional, enquanto o Estado de São Paulo, mais rico, usufruiu de R$ 245 bilhões. Mais do que o Norte e o Nordeste juntos”, disse. Ao citar a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) como exemplo de contrapartida social do PIM, ressaltando que a instituição é integralmente financiada pela indústria local, Périco destacou alguns custos. “Cada aluno da UEA custa R$ 15 mil por ano. Cada aluno diplomado custa R$ 122 mil por ano”, frisou. O empresário salientou ainda que o lutador amazonense José Aldo deve inspirar o PIM na superação da atual crise econômica. “O José Aldo fez um grande esforço para ser campeão. Perdeu uma luta. Mas, isso invalida toda a sua história? Ele não sabe quando vai voltar a disputar o título, mas ele não está só esperando. Ele está treinando. Assim, a gente também não pode ficar apenas aguardando a crise passar. A gente tem que lutar para resgatar o nosso cinturão”, discursou.
Cenários Em seguida, o conselheiro consultivo do Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas (Corecon-Am), José Laredo, revistaamazonia.com.br
A superintendente Rebecca Garcia abriu o evento
enfatizou que, para atrair mais investimentos, a ZFM deveria “sair do armário” quanto aos incentivos fiscais e ser mais agressivo na divulgação das vantagens tributárias competitivas. “Países que facilitam a aplicação de capitais estrangeiros enriqueceram consideravelmente. Temos que avançar na criação de facilidades fiscais e financeiras e aliar isso ao fator preservação da Amazônia”, explicou. O economista fez algumas sugestões para estimular novos investimentos, como incentivos extrafiscais. “Uma indústria que trouxesse um componentista, por exemplo, teria direito a um prazo maior para fazer a compensação do ICMS, de 15 dias para 120 dias. Isso não traria nenhum prejuízo para o Estado, que não receberia nenhum centavo a menos e ainda aumentaria o capital de giro da indústria. Todos ganhariam”, detalhou. Na condição de convidado especial da sociedade civil, o economista José Alberto da Costa Machado ratificou as contribuições trazidas por Cieam e Fieam e posicionou-se preocupado com a ausência da construção de cenários socioeconômicos, como premissa básica para alcançar novos mercados. Ele também abordou a relevância de centros de estudos sobre o futuro, relembrando o caso da borracha quando a região sofreu uma grave crise por não estar preparada para a mudança de cenário. “Faz alguns anos que a ZFM sofre por conta da concorrência asiática, que produzia em escala maciça. Agora, entretanto, eles mudaram a estratégia. A China está adquirindo complexos industriais na África e na América Latina. Comprou o porto de Manta no Equador. E a ZFM como fica? Devemos nos defender ou aproveitarmos isso? Não podemos ficar à parte, sem
O secretário de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Thomaz Nogueira, salientou ações do governo do Estado
percebemos as vantagens e as consequências dessas movimentações”, esmiuçou. Para o especialista, o modelo precisa encontrar nova função na lógica produtiva nacional. “Antes, foi a substituição da importação. Depois, evitar o desmatamento. E o próximo papel, qual será?”, disse, ressaltando que a transformação da SUFRAMA numa agência executiva traz grandes oportunidades, mas também riscos, e que a autarquia precisa recuperar seu papel de interlocução junto ao governo federal. O secretário de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplan-cti), Thomaz Nogueira, salientou ações do governo do Estado voltada para dois vetores: o fortalecimento e a expansão do PIM e a diversificação da Economia do Amazonas. Investimentos na piscicultura, inclusive, dando à atividade um caráter exportador, e o projeto “Porta Única” foram destacados pelo secretário. “Com o Porta Única, queremos desburocratizar o processo de abertura de empresas, por exemplo, juntando todos os processos pedidos pela Seplancti, Sefaz, Arsam”, explicou. A respeito das críticas ao modelo, Nogueira destacou que a melhor estratégia é a propagação da informação. “Gosto de dar como o exemplo o caso do ar condicionado. Em 2012, o produto estava com sua produção quase zerada devido à facilidade de importação. Ou seja, a venda de ar-condicionado feita naquela época não estava gerando quase nada de emprego e renda no Brasil. Foi necessária a intervenção tarifária. Ano passado, a produção foi maior que três milhões de unidades. Não se pode dizer que isso foi renúncia fiscal”, explicou Nogueira.
Agropecuária A segunda temática do painel abordou a “Governança e desenvolvimento estratégico da Agricultura e Pecuária no Amazonas” e foi coordenada pelo administrador e economista Evandro Brandão Barbosa. A importância da criação de um polo de bioindústrias foi ressaltada na palestra do vice-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Luiz Antonio Oliveira, como estratégia de fortalecimento do modelo ZFM. O pesquisador destacou que a falta de oferta contínua de matéria-prima é o principal obstáculo para a concretização do projeto. “Hoje, há problemas como falta de guaraná para concentrados e extratos; falta de seringueira para as fábricas de pneus e de cupuaçu, o que inibe o surgimento de fabricantes, por exemplo, de manteiga de cupuaçu”, disse. Para o pesquisador, é preciso criar uma política de Estado em que sejam priorizadas apenas 100 espécies da biodiversidade amazônica com maior potencial de geração de bioprodutos. A concentração, explica, evitaria a pulverização de pesquisas e traria avanços no desenvolvimento e criação de produtos. “Da laranjinha pode-se criar produtos que eliminem a cárie, do patauá dá para produzir álcool”, exemplificou. Também palestraram no evento representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Núcleo de Socioeconomia da Faculdade de Ciências Agrarias da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Comemorações dos 49 anos de criação A programação foi iniciada com um culto ecumênico, na sede da Suframa, seguido da abertura da exposição “Suframa: 49 anos”, apresentando 49 itens, entre documentos, livros, fotografias e produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus (PIM), retratando um pouco da história da autarquia. A exposição, localizada no hall da sede da Suframa foi, aberta ao público em geral. “Esta é a semana do aniversário dos 49 anos da Suframa. Não poderíamos começá-la sem agradecer a Deus por termos o modelo Zona Franca de Manaus consolidado e, apesar do momento que o nosso País vive, termos indústrias investindo e gerando emprego na nossa região”, afirmou a superintendente da Suframa, Rebecca Garcia. A superintendente explicou, ainda, que a exposição criada no hall da autarquia “é uma pequena demonstração de que a Zona Franca de Manaus tem história e de que, resguardada e respeitada essa história, será possível construir um futuro REVISTA AMAZÔNIA 15 revistaamazonia.com.br melhor.”
Energias renováveis elevarão o PIB global em até US $ 1,3 trilhão
Elevar dramaticamente a participação das renováveis no mix global de energia até 2030 aumentaria o PIB, o bem-estar social e o nível de emprego em todo o mundo. Mudar a matriz energética é o grande desafio após Cúpula de Paris
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lcançar uma participação de 36% de energias renováveis no mix global de energia até 2030 elevaria o Produto Interno Bruto (PIB) global em até 1,1%, ou cerca de US $ 1,3 trilhões (5,3 trilhões de reais), de acordo com pesquisa da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA). Benefícios das Energias Renováveis: Medindo a Economia, divulgada durante a sexta Assembleia da IRENA. A pesquisa fornece a primeira estimativa global dos impactos macroeconômicos da implantação das energias renováveis. Ele descreve os benefícios que seriam alcançados se a quota global de energias renováveis duplicasse até 2030 em
relação aos níveis de 2010. “O recente Acordo de Paris enviou um sinal forte para os países passarem da negociação para a ação e rapidamente descarbonizar o setor de energia”, afirmou Adnan Z. Amin, diretor geral da IRENA. “Esta análise fornece evidências convincentes de que promover a transição energética neces-
sária não só mitiga as mudanças climáticas, mas também estimula a economia, melhora o bem-estar humano e aumenta o emprego em todo o mundo.” Além de concluir que o PIB mundial em 2030 aumentaria em até US $ 1,3 trilhões mais do que a soma das atuais economias do Chile, África do Sul e Suíça - o relatório
Abertura da 6ª Assembleia da IRENA
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também analisa o impacto específico em alguns países. O Japão, por exemplo, teria o maior impacto positivo sobre o PIB (2,3%), mas Austrália, Brasil, Alemanha, México, África do Sul e Coréia do Sul também se beneficiariam com um crescimento de mais de 1% cada. De acordo com o relatório, as melhorias no bem-estar humano iriam bem além do aumento do PIB, graças a uma gama de benefícios sociais e ambientais. O impacto da implantação das energias renováveis no bem-estar é estimada em três a quatro vezes maior do que seu impacto sobre o PIB, com o bem-estar global aumentando tanto quanto 3,7%. O nível de emprego no setor das energias renováveis também aumentaria dos atuais 9,2 milhões de postos de trabalho globais, para mais de 24 milhões em 2030. A transição para uma maior participação das energias renováveis no mix energético global também provocaria uma mudança nos padrões de comércio, uma vez que reduziria em menos da metade as atuais importações mundiais de carvão e também diminuiria as importações de petróleo e gás, beneficiando grandes importadores como Japão, Índia, Coréia e a União Europeia. Países exportadores de combustíveis fósseis também se beneficiariam de uma economia mais diversificada. “Mitigar as mudanças climáticas através da implantação das energias renováveis e alcançar objetivos socioeconómicos não é mais uma questão de um ou outro”, declarou Amin. “Graças ao crescimento dos negócios com energias renováveis, o investimento em um é um investimento em ambos. Essa é a melhor definição de um cenário ganha-ganha.” Benefícios das Energias Renováveis: Medindo a Economia baseia-se em uma análise anterior do IRENA sobre os benefícios socioeconómicos da energia renovável e no REmap 2030, um roteiro de energias renováveis para duplicar a participação global de energias renováveis até 2030. O estudo fornece um primeiro vislumbre da gama completa de benefícios oferecidos por uma transição para as energias renováveis. Adnan Z. Amin, DiretorGeral da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), presidiu a mesa oficial
REmp 2030 – Um Roteiro das Energias Renováveis Summary REmp 2030 fornece um plano para duplicar a quota de energias renováveis no mix de energia do mundo entre 2010 e 2030. Ela determina o potencial realista para países, regiões e do mundo para incrementar as energias renováveis, a fim de garantir um futuro energético sustentável. REmp 2030 é o primeiro estudo do potencial de energia renovável em todo o mundo montado de baixo para cima, começando com cada país em separado, análises e agregando depois os resultados para chegar à imagem global.
of findings O roteiro não
se concentra apenas em eletricidade renovável, mas também opções de tecnologia renováveis nos setores de utilização final de edifícios, transportes e indústria. A análise abrange 26 países que representam três quartos da demanda de energia atual. Ao determinar o potencial de intensificar as energias renováveis, o estudo não só incide sobre as tecnologias, mas também na disponibilidade de financiamento, vontade política, habilidades e o papel do planejamento.
June 2014
Adnan Z. Amin, Diretor-Geral da IRENA, com Isabelle Kocher, da Cimeira Mundial de Energia do Futuro, H.E. Sultan Al Jaber, Ministro de Estado dos Emirados Árabes Unidos e o Presidente da Masdar e HE Laurent Fabius, ministro dos Negócios Estrangeiros da República Francesa e Presidente da Conferência do Clima em Paris
Algumas das descobertaschave incluem:
A quota global de energias renováveis podem atingir e exceder 30% em 2030. As tecnologias já estão disponíveis hoje para alcançar este objetivo. A eficiência energética e revistaamazonia.com.br
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Energias Renováveis • • • • • • • • • • • •
Biocombustível Biomassa Energia azul Energia geotérmica Energia heliotérmica Energia hidráulica Hidroeletricidade Energia solar Energia maremotriz Energia das ondas Energia das correntes marítimas Energia eólica
a melhoria do acesso à energia podem avançar a quota das energias renováveis no cabaz energético global para tanto quanto 36%. - Negócios, como sempre só vão resultar em um aumento desta participação de 18% em 2010 para 21% em 2030. Como o uso da biomassa tradicional diminui, a quota de energias renováveis modernas irá mais do que triplicar. Como a procura de energia continua a crescer, o que requer uma quadruplicação das energias renováveis modernas em termos absolutos. O crescimento das energias renováveis tem de ter lugar em todos os quatro setores de uso de energia: edifícios, transportes, indústria e energia elétrica. A transição para a energia renovável é possível a um custo adicional insignificante. O argumento econômico para a transição das energias renováveis é ainda mais forte quando se incluem os benefícios socioeconômicos – com esses fatores são levados em conta, a mudança para resultados de energias renováveis em uma economia de até USD 740.000 milhões por ano até 2030. A análise mostra que a implantação da energia renovável pode reduzir as emissões anuais de CO2 em 8,6 Gt em 2030. Tais emissões poupança, combinada com ganhos de eficiência energética, seriam suficientes para colocar o mundo no caminho para prevenir uma mudança climática catastrófica. *Em resumo a pesquisa fornece a primeira estimativa global dos impactos macroeconômicos da implantação das energias renováveis. Ele descreve os benefícios que seriam alcançados se a quota global de energias renováveis duplicasse até 2030 em relação aos níveis de 2010. 18
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Mudanças na balança comercial, no caso remapear (% de diferença a partir da referência)
“O desenvolvimento sustentável depende da riqueza dos recursos energéticos renováveis”, disse Mohamed Hamed El-Shaker Markaby, Ministro de Eletricidade e Energia Renovável do Egipto e Presidente da sexta Assembleia IRENA. “Estou confiante na capacidade da IRENA para desempenhar a sua missão na mobilização de esforços de todo o mundo para construir economias mais sustentáveis, que dependem principalmente de fontes renováveis.” revistaamazonia.com.br
Perfil do Visitante – Arquitetos; – Autoridades / Formuladores de Políticas Públicas; – Compradores; – Distribuidores; – Empreendedores; – Engenheiros; – Fabricantes e Fornecedores; – Instaladores e Integradores.
Setores presentes na feira
Dados da última edição
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palestras
10.000 profissionais
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expositores
Energia Solar – Aquecedores solares; – Baterias; – Bombas; – Células solares; – Coletores solares; – Inversores; – Painéis fotovoltaicos e suportes; – Placas termosolares.
Energia Eólica – Aerogeradores; – Inversores; – Microaerogeradores; – Torres.
Outros – Acessórios, peças e equipamentos; – Entidades dos setores; – Empresas de consultoria e projetos; – P&D.
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Durante a solenidade do 16º Prêmio Mundial Energy no centro de conferências do Milad Tower
16º Energy Globe World Awards Os melhores projetos ambientais do mundo Fotos: Amanda Lelis, EGA
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O 16º Prêmio Mundial Energy Globe foi entregue em uma festividade internacional no centro de conferências do Milad Tower, de Teerã. Masoumeh Ebtekar, vice-presidente falou, em seu discurso, sobre a importância de tal premiação a projetos ambientais notáveis e suas implementações. O evento é o sinal de partida para a intensificação de esforços em prol da sustentabilidade no Irã, o que é realçado por um programa de expansão de energia renovável e eficiência energética. Maneka Gandhi também enfatizou que uma mudança sustentável em nosso mundo não pode ser conseguida por conversações e leis, mas somente pela ação concreta, como demonstraram os projetos submetidos ao Energy Globe. O laureado com o Prêmio Nobel da Paz e apresentador, professor Munasinghe, disse: “É necessário que os países pobres e ricos se
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deem as mãos para trocar experiências e se apoiarem mutuamente”. Cada um dos cinco continentes teve três indicados aos prêmios. Eles concorreram em cinco categorias: Terra, Água, Fogo, Ar e Juventude. Os indicados foram escolhidos entre 2.000 projetos submetidos, vindos de 177 países. Um programa da Etiópia, que torna o solo árido em fértil novamente, ganhou na categoria Terra. Um projeto de iluminação das Filipinas, que possibilita iluminar as cabanas das populações mais pobres com o uso de garrafas de água e água sanitária, venceu na categoria Fogo. Na categoria Água, foram dois os vencedores: um projeto de Teerã, que implementa uma usina de tratamento holístico de águas residuais para a cidade de 12 milhões de habitantes, e um projeto da Tanzânia, pelo qual a água é esterilizada e purificada por filtros de cerâmica feitos pe-
O projeto de iluminação das Filipinas, que possibilita iluminar as cabanas das populações mais pobres com o uso de garrafas de água e água sanitária, venceu na categoria Fogo revistaamazonia.com.br
Os Vencedores nas cinco categorias: Terra, Água, Fogo, Ar e Juventude
los próprios consumidores e torna a água potável para milhares de pessoas. Na categoria Ar, a vitória foi clara para um projeto da Suíça, que serve as unidades da cadeia de suprimento através do primeiro caminhão movido à energia elétrica em todo o mundo. E na categoria Juventude, o vencedor foi um projeto de Belize, que permite apenas a pessoas jovens, que implementaram algum projeto ambiental anteriormente, participar de um torneio de futebol. Houve uma grande empolgação quando os dois vencedores gerais foram apresentados pela vice-presidente Sra. Masoumeh Ebtekar e pela ministra Gandhi. Representante dos países em desenvolvimento, o projeto da Etiópia foi escolhido. Ele mostra como tornar solos áridos em férteis novamente, com o apropriado know-how e comprometimento, criando, portanto, a base da vida. Entre os países industrializados, o projeto do Irã venceu. O projeto mostra como águas residuais são recicladas, energia é produzida, terra para a agricultura é criada e as emissões são reduzidas em um único processo.
Na categoria Ar, a vitória foi clara para um projeto da Suíça, que serve as unidades da cadeia de suprimento através do primeiro caminhão movido à energia elétrica em todo o mundo
O Prêmio Mundial Energy Globe foi uma celebração do meio ambiente, um espaço para a proteção bem-sucedida do meio ambiente e a partida global para o século da sustentabilidade. O Energy Globe Award distingue projetos regionais, nacionais e globais que preservem os recursos como a energia ou utilizem fontes renováveis ou fontes isen-
Um programa da Etiópia, que torna o solo árido em fértil novamente, ganhou na categoria Terra
Ingomar Lochschmidt, consul comercial-daAustria para o Brasil e Ruiter Braga da equipe do Programa-Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, um dos finalistas do prêmio Energy Globe Award – na categoria terra
tas de emissões de gases do efeito estufa. O objetivo do Energy Globe é aumentar mundialmente a conscientização em soluções ambientais sustentáveis e de fácil aplicação e de motivar as pessoas para se tornarem mais ativas em suas áreas. revistaamazonia.com.br
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Inovadora turbina eólica não precisa de hélices
Ela faz uso da maior inimiga de engenheiros e arquitetos, a vorticidade
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ma empresa espanhola chamada Vortex Bladeless propõe uma nova maneira de gera energia eólica diferente da convencional. Trata-se do Vortex, uma turbina eólica sem pás (ou hélices) parecida com um “canudo gigante” que veio, segundo seus criadores, para mudar o mundo da energia renovável. A ideia surgiu depois que David Suriol acompanhou um vídeo da Tacoma Narrows Bridge oscilando com a força do vento. A aparência pode enganar, mas mesmo sem as hélices o Vortex consegue transformar brisas de ar em energia, mas de maneira diferente. Em vez de usar o movimento circular que as pás fazem, a nova turbina utiliza a chamada vorticidade, um efeito aerodinâmico que produz o padrão de vórtices giratórios. A vorticidade tem sido considerada a maior inimiga dos arquitetos e engenheiros, que tentam ao máximo trabalhar ao redor desses turbilhões de vento em certos tipos de construções. No entanto, os fundadores da Vortex Bladeless, David Suriol, David Yáñez, e Raul Martín, viram nisso uma oportunidade. O formato do Vortex foi desenvolvido para garantir que os ventos giratórios percorram, em sincronia, toda a expansão do mastro, de modo a obter uma boa performance. Seu protótipo atual é feito de fibra de vidro e fibra de carbono, que permite que ele vibre o máximo possível. Na base do cone, foram colocados dois imãs repelentes, que agem como um motor não elétrico. Quando o cone oscila para um lado, os imãs o puxam para outra direção, como um peque-
no impulso no seu movimento sem precisar contar com a velocidade do vento. Essa energia cinética é então convertida em eletricidade por um alternador que multiplica a frequência da oscilação do mastro para melhorar a eficiência da obtenção de energia. Os criadores se orgulham do fato da turbina não precisar de engrenagens, parafusos ou peças mecânicas, já que isso diminui o preço de produção e manutenção da turbina. Segundo eles, a versão mini de 12 metros pode capturar 40% da energia do vento em condições ideais (41 km/h). Baseando-se em testes em campo, o mini captura 30% menos do que as turbinas eólicas tradicionais, mas é compensado pelo seu tamanho, ou seja, você pode colocar o dobro de turbinas Vortex mini no mesmo lugar de uma turbina tradicional. De acordo com a empresa, a turbina custaria 51% menos que as turbinas tradicionais, cujos maiores custos
Turbinas Eólicas… Sem hélices. A nova turbina eólica balança com elegância ao vento, gerando eletricidade sem hélices. “Parece um aspargo”, diz David Suriol, um dos fundadores
vem das pás e sistemas de suporte. O novo modelo também é silencioso e mais seguro para os pássaros. Com as turbinas tradicionais, milhares de animais acabam morrendo anualmente em todo o mundo. A empresa já conseguiu arrecadar um milhão de dólares de capital privado e de financiamento do governo. A tecnologia ainda tem que avançar muito para poder chegar ao consumidor. No entanto, eles dizem que sua versão mini pode estar pronta em 2016. Segundo a Wired, Suriol diz que não há nada de errado com as turbinas tradicionais, até garante que são ótimas máquinas, mas que eles estão apenas propondo uma maneira nova e diferente de se obter energia eólica.
O preço de fabricação e sua manutenção é mais barata comparada à dos atuais moinhos de vento
Os custos de manutenção de usinas Vortex Bladeless são cerca de 80% menor do que moinhos de vento tradicionais
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Brasil é o quarto País em que energia eólica mais cresce no mundo
EE Mangue Seco (RN)
Estimativa é que capacidade instalada chegue a 24 mil megawatts em 2016, sendo 21 mil na região Nordeste por Portal Brasil, EPE e Abeóolica
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Brasil já está na lista de maiores produtores de energia eólica do mundo. O levantamento “Energia Eólica no Brasil e Mundo”, do Ministério de Minas e Energia, aponta que o país foi o quarto colocado no ranking mundial de expansão de potência eólica em 2014. As nações que realizaram um avanço superior ao Brasil em 2014 foram a China (23.149 megawatts), Alemanha (6.184 megawatts) e Estados Unidos (4.854 megawatts). No mesmo período, o Brasil teve uma expansão de potência instalada de 2.686 megawatts (MW). O Brasil já contratou cerca de 16,6 mil MW de energia eólica em leilões, sendo que aproximadamente 1,4 mil MW foram assegurados por meio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa). Do total contratado, 7,8 mil MW já estão em operação. O total contratado equivale à energia gerada pela usina hidrelétrica de Itaipu. A estimativa do governo, presente no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE Potencial eólico do Brasil
2024), é de que a capacidade instalada eólica do Brasil chegue a algo em torno de 24 mil MW. Desse total, 21 mil MW deverão ser gerados na região Nordeste, o que vai representar 45% do total produzido na região.
Vantagens Uma das grandes vantagens da matriz energética brasileira é a disponibilidade de várias fontes limpas e renováveis para geração de energia elétrica. Diversos outros países não possuem recursos naturais e precisam recorrer a termelétricas para garantir o suprimento. O avanço do setor eólico, segundo especialistas, vai representar uma energia complementar interessante para o Brasil, que hoje tem sua base de geração de energia no sistema hidráulico. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirma que há um casamento das condições eólicas e hidrelétricas no Brasil. O período de seca no Nordeste, onde se encontram aproximadamente 80% dos parques eólicos, coincide com o período chuvoso nas regiões Sul e Sudeste, onde estão os principais reservatórios de usinas hidrelétricas. “Quando tem vento, você pode estocar água no reservatório. Quando tem menos vento, usa aquela água estocada para gerar energia elétrica. Nos países europeus, por exemplo, quando não tem vento, tem de ligar uma termelétrica. Aqui nós temos duas fontes limpas, e uma se complementa a outra. O Brasil realmente é um país afortunado, por ter fontes renováveis que se complementam entre si”, explica Tolmasquim.
Avanços tecnológicos Segundo o presidente da EPE, a tecnologia de geração eólica deu um grande salto nos últimos anos. “Os aerogeradores, que 24
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antigamente eram de 50 metros de altura, hoje têm mais de 120 metros. Você aumentou muito o tamanho da pá, aumentou a potência de cada um deles”, afirma. Os parques geradores maiores permitem acelerar a produção de energia eólica, devido a uma característica dos ventos brasileiros: eles são mais constantes que em outros países. “Tudo isso faz com que você tenha hoje, na energia eólica, uma das fontes mais competitivas do Brasil, depois da hidrelétrica”, destaca Tolmasquim. A presidente da Associação Brasileira revistaamazonia.com.br
de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, diz que a tecnologia atual de geração de eletricidade a partir dos ventos é recente e que ainda há uma margem de crescimento. “Houve um grande salto tecnológico nos últimos cinco ou seis anos e, por isso, o custo de produção se tornou mais competitivo”, avalia. O maior potencial de expansão atualmente se encontra no interior do Nordeste, especialmente no semiárido brasileiro. Mas o Brasil começa a sinalizar uma possível oportunidade também para a microgeração. revistaamazonia.com.br
Depois de promover ajustes na regulação da chamada geração distribuída (aquela em que os consumidores podem produzir eletricidade nas próprias residências), o País abriu as portas para a produção individual eólica e solar. “Os microaerogeradores podem ser instalados em grandes centros, nas residências, desde que tenha ventos superiores a dois metros por segundo. Isso temos praticamente em todo o País”, destaca Elbia. O maior entrave é o custo para investimento inicial, que só permite um retorno após alguns anos. REVISTA AMAZÔNIA
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Turbina eólica em
forma de árvore D
esenvolvida na França, árvore eólica é capaz de abastecer 15 postes de luz ou uma residência. Artefato aproveita correntes de vento em centros urbanos para gerar energia. Jerome Michaud-Lariviere estava sentado num jardim num dia aparentemente sem vento, quando, de repente, uma ideia lhe ocorreu. Apesar da quietude ao seu redor, ele percebeu que as folhas das árvores se moviam, e logo pensou: “Há energia ali, por que não aproveitá-la?” Daí surgiu a chamada árvore eólica. A empresa de Michaud-Lariviere, a NewWind (“Novos Ventos”, em tradução livre) já construiu dois protótipos utilizando princípios da biometria, ou seja, imitando a natureza para solucionar problemas. No pequeno escritório da NewWind em Paris, a gerente de estudos aerodinâmicos Julia Revuz mostra um cone verde de 70 centímetros de altura, a chamada “aerofolha”. Trata-se de uma turbina eólica do tipo Savonius, inventada pelo finlandês Sigurd 26
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em torno de seu próprio eixo proporcionam duas vantagens fundamentais em relação aos modelos convencionais: elas são silenciosas e possuem um tempo rápido de reação. “Quando a velocidade do vento varia, a turbina eólica consegue se adaptar”, diz Revuz.
Energia eólica nas cidades
Árvores eólicas podem aumentar a conscientização sobre energia renovável
Johannes Savonius em 1922. Numa árvore eólica de design italiano, o tronco e os galhos são feitos de metal prateado e há 72 “aerofolhas”. O tamanho dessas miniturbinas e o fato delas girarem
A França tem cerca de 2 mil usinas eólicas e planeja construir outras 8 mil, tanto no interior do país quanto offshore (em alto mar). Entretanto, algumas cidades já demonstram interesse nas árvores eólicas como forma de gerar energia para os centros urbanos. Anne Ged é diretora da Agência do Clima de Paris, que planeja dobrar a parcela da energia renovável na matriz energética da capital francesa, chegando a 25% até 2020. Ela vê as árvores eólicas de maneira positiva, afirmando que elas poderão servir como uma espécie de vitrine para a energia renovável. “Precisamos de artefatos atraentes nos revistaamazonia.com.br
espaços públicos para aumentar a conscientização sobre energia renovável”, diz. A NewWind estima que uma árvore eólica deverá custar cerca de 25 mil euros (cerca de 84.850 reais). Cada uma produziria energia suficiente para abastecer o equivalente a 15 postes de luz ou uma estação de abastecimento de carros elétricos ou ainda uma pequena residência, excluindo-se o aquecimento. A empresa diz que as árvores eólicas irão produzir eletricidade ao preço de 32 centavos de euro por quilowatt, que considera “competitivo”. Mas mesmo que saia a um preço mais alto do que a média do mercado, Ged diz valeria a pena investir nas árvores eólicas em cidades como Paris, Londres ou Berlim, que já manifestaram interesse pelo artefato. “Quando falamos em inovação, não faz sentido pensar em retorno a curto prazo”, diz. “Mas essa inovação poderá resultar em outras ideias que podem beneficiar outras tecnologias ou processos, levando a um modelo comercial mais eficiente.”
“Meia verdade” Alexandre Gady, presidente da Sociedade para a Proteção de Paisagens e Estética na França, se opõe ao que descreve como a natureza deformadora das usinas eólicas. Ele diz que esse tipo de energia floresceu porque as pessoas a veem como uma alternativa limpa às fontes de energia convencionais. Entretanto, ele insiste que isso é apenas uma meia verdade, porque a natureza intermitente dessa fonte de energia significa que sempre haverá a necessidade de combustíveis fósseis ou da energia nuclear como reserva. Apesar disso, Gady vê as inovadoras estruturas arbóreas como um avanço em termos de usinas eólicas. “A escala é bem menor e mais sedutora” quando comparada à das usinas convencionais, “cujas turbinas medem até 150 metros da base até o topo da lâmina”, observa. Ele também aprecia o componente artís-
Seu design de inspiração biomimética (área da ciência que se inspira na natureza para desenvolver funcionalidades úteis aos seres humano) permite integração perfeita em todos os tipos de paisagem, urbana ou rural
A NewWind estima que uma árvore eólica deverá custar cerca de 25 mil euros (cerca de 84.850 reais)
tico da árvore eólica, que, em sua opinião, é uma tentativa de construir algo que possa se encaixar na paisagem. As árvores poderão contribuir para aumentar a aceitação da energia eólica na França, que, segundo Gady, lida com mais processos legais visando o deslocamento ou o desmantelamento das usinas eólicas do que qualquer outro país do mundo. Um protótipo da árvore eólica foi instalado em Paris antes da Conferência do Clima da ONU. A esperança é que o modelo dissemine a ideia inovadora pelo mundo.
Turismo no Amazonas
Socorro Barroso
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Energia solar pode e vai ser fundamental A pesquisa identificou que painéis fotovoltaicos instalados nos telhados de casas poderiam gerar metade de toda a eletricidade consumida no Brasil. Seriam cerca de 287 mil gigawatt/hora ano, duas vezes mais que a energia consumida nas residências por todo o país
A
energia solar pode ser uma das grandes protagonistas da solução contra a crise energética que assola o país. Essa fonte renovável poderia abastecer metade de toda a eletricidade consumida no país. Segundo especialistas, além da abundância de luz solar, Brasil detém a matéria-prima para produzir placas fotovoltaicas. O nível dos reservatórios nas usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste chegou ao limite. O risco de faltar energia aumentou, já que as usinas geradoras de eletricidade nessas duas regiões são responsáveis pelo abastecimento de cerca de 70% do país. As informações fazem parte do último relatório do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE, que ainda assim, tenta frisar que “não há insuficiência de suprimento energético neste ano”. Para evitar riscos de apagão, as melhores alternativas são diversificar a matriz energética e privilegiar a energia produzida no local de consumo. “Incluir outras fontes 28
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renováveis no mix energético é importante. E, no Brasil, temos um potencial solar muito grande”, constata Mario Siqueira, professor da Universidade de Brasília. Um estudo em andamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) tenta dimensionar esse potencial. A pesquisa identificou que painéis fotovoltaicos instalados nos telhados de casas poderiam gerar metade de toda a eletricidade consumida no Brasil. Seriam cerca de 287 mil gigawatt/hora ano, duas vezes mais que a energia consumida nas residências por todo o país. “A geração nos telhados seria o que a gente chama de geração distribuída. E para estimular esse setor, estamos
investindo primeiro na contratação de usinas centralizadas”, explica Maurício Tolmasquim, diretor da EPE. Só que quem compra o equipamento é o proprietário da casa, e para que ele se interesse por essa alternativa, os preços precisam cair um pouco mais. Atualmente, a instalação do kit completo para residências custa entre 7 mil e 15 mil reais, valor ainda elevado diante do rendimento médio do brasileiro calculado em 2.100 reais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Por outro lado, o investimento se paga em cerca de 10 anos, e os custos de manutenção ao longo desse tempo são baixos. Para Mario Siqueira, o preço está deixando de ser uma barreira. “Ele já caiu bastante. A entrada da China fez com que o custo dos painéis fotovoltaicos baixasse, acho que chegou num ponto comercial. O valor deve cair mais e nivelar.”
O pontapé inicial Para popularizar essa fonte renovável e torná-la mais acessível, o governo tenta criar um mercado nacional. revistaamazonia.com.br
Instituições do Setor Elétrico Brasileiro
Na Califórnia Estação com painéis solares que captura energia solar e transmite para a bateria de até quatro carros elétricos estacionados na estação.É o EV ARC, que não precisa ser conectado à rede elétrica. Toda energia que ele repassa aos automóveis é captada do sol. Ele tem em seu interior uma bateria para armazenar a energia caso não tenha nenhum carro conectado a ele. Instalado em Shasta Lake, California, no estacionamento municipal da Cidade do Grand River em Shasta Dam Boulevard; disponível gratuitamente para o público.
O primeiro passo foi dado em outubro, data do primeiro leilão promovido pelo Ministério de Minas e Energia para contratar energia exclusivamente gerada em usinas fotovoltaicas. Venceram 31 empreendimentos que vão gerar, a partir de 2019, cerca de 1000 Megawatt (MW) a usina nuclear Angra 2, por exemplo, tem capacidade de gerar 1.350 MW e atender ao consumo de uma cidade de 2 milhões de habitantes. O preço do megawatt/hora contratado no leilão custou menos de 90 dólares. “Um dos menores preços do mundo de energia fotovoltaica”, destaca Tolmasquim. De fato, na Alemanha, maior produtor desse tipo de energia, esse preço é de 112 dólares.
Potencial para liderar Um fator que pode atrair a cadeia de produção de equipamentos para o país são as reservas nacionais de quartzo, matéria-prima do silício solar empregado nas placas fotovoltaicas. “O Brasil tem potencial para se consolidar como uma das principais lideranças no setor de energia solar, alternativa de baixo impacto ambiental que deverá gerar milhões de empregos nos próximos anos”, avalia um estudo no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). O Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) financiará a primeira fábrica de equipamentos do setor no A ideia é diversificar a matriz energética do Brasil, para que, em tempos de crise, existam outras soluções acessíveis
Telhas fotovoltaicas, para sanar impacto estético de um telhado feito inteiramente por painéis solares
país: a produtora Pure Energy, ligada a uma construtora de Alagoas, recebeu 26 milhões para a produzir painéis fotovoltaicos naquele estado. “O leilão exclusivo de energia solar veio pra ficar e estamos trabalhando para incentivar a geração descentralizada (aquela que pode ser instalada em telhados, por exemplo)”, adiciona Tolmasquim. A EPE tenta agora fazer uma proposta para que o Ministério fomente esse tipo de geração, embora o país viva um momento de corte de gastos. A expectativa é que o próximo leilão destinado à contratação exclusiva de usinas solares ocorra ainda em 2015.
Expansão da oferta de energia Para suprir a demanda por eletricidade, que cresce num ritmo de 4 a 5 % ao ano, o governo planeja adirevistaamazonia.com.br
cionar ao sistema cerca de 70 mil MW até 2023. “Desse total, 51% já foram contratados”, garante Tolmasquim. Atualmente, o país conta com 118 mil MW de capacidade instalada. As usinas hidrelétricas ainda manterão a liderança e serão responsáveis por 30 mil MW dessa expansão. A energia eólica vem em segundo lugar, com 20 mil MW; as fontes fósseis, como carvão e gás natural, adicionarão 9 mil MW. Já a energia solar ficará com apenas 3,5 mil MW, a biomassa com 2,5 mil MW e a nuclear, com Angra 3, vai gerar outros 1,4 mil MW. Apesar do atual panorama sombrio, o cronograma de expansão evitaria que o Brasil sofresse com a falta de energia. “É uma expansão importante, que vai livrar o pais dessas ameaças”, defende a EPE. E em épocas de seca, ausência de vento ou de sol, as usinas térmicas continuarão sendo acionadas em caso de emergência. REVISTA AMAZÔNIA
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Campus Party 2016
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m dos maiores eventos de tecnologia do mundo e o maior evento de tecnologias digitais do Brasil a Campus Party Brasil no Pavilhão de Exposições do Anhembi este ano teve como tema o conceito “Feel The Future” e acompanha as mudanças tecnológicas em curso no mundo todo, que afetarão a sociedade e diversas áreas como cidades, economia, educação e mercado de trabalho nas próximas décadas. Como já é tradição, o início do evento teve uma contagem regressiva, comandado na abertura da #CPBR9, pelo mediador Alexandre Ottoni, do Jovem Nerd. A apresentação contou com o Presidente da Campus Party, o Governador de Brasília, o assessor do Estado de SP, parceiro da Telebrás, da Prefeitura de SP e o Diretor Geral da Campus Party. Logo depois da sempre contagiante contagem regressiva para a abertura oficial do evento, Paco Ragageles, Co Founder da Campus Party, abriu o evento com a palestra Feel the Future. Para Paco Ragageles, o conceito do tema proposto para este ano vem para refletir sobre uma das maiores revoluções da história da humanidade que acontecerá em breve:
Tonico Novaes, diretor-geral da Campus Party Brasil, na cerimônia de abertura da Campus Party Brasil 2016
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Fotos: Davi Valente, Flickr/ Campus Party, José Cordeiro/SPTuris, Pedro Fernandes/Divulgação, Willian Soares Alves / Divulgação Campus Party
a tecnologia terá tanta ou mais capacidade que o humano em produzir e criar. “A quantidade de empregos para as pessoas diminuirá, porque as máquinas farão igual ou melhor por um custo muito menor. É nosso dever pensar desde já nessa mudança e preparar a sociedade e as próximas gerações para o futuro que se aproxima”, disse. Ele continuou dizendo que o trabalho é um direito fundamental das pessoas, e como as formas de trabalho que conhecemos estão para se transformar. Para exemplificar isso, ele citou as casas autossustentáveis que geram mais energia do que consomem, e passou um vídeo incrível sobre um sistema de painéis solares super mega inovador por meio de nano partículas. É real, e já existe - disse Paco. O setor de energias, por exemplo, terá uma queda brusca de empregabilidade, e
por mais que isso soe assustador, tudo isso não é ruim. Poderemos produzir as nossas próprias coisas, é só olhar as impressoras 3D nos spotlights por aí, que vão mudar toda a conjuntura da nossa relação com todos os objetos. A sofisticação vai virar obsoleta. Energia, transportes, telecomunicações, construção civil… A tendência é simplificarmos nossa vida. Simples assim. Para terminar a primeira palestra, Paco disse que temos a obrigação moral de criar um novo modelo de sociedade na qual o sistema proteja as pessoas que ficarem sem trabalho. Segundo ele, com as máquinas cuidando da produção, a humanidade poderá investir mais de seu tempo na exploração espacial e na inovação. Paco Ragageles apresentou o projeto para a criação de uma fundação mundial que vai cuidar do princi-
Paco Ragageles, Co Founder da Campus Party, abriu o evento com a palestra Feel the Future
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pal desafio planetário: a chegada dos robôs aos postos de trabalho dos humanos. E este é um dos nossos desafios. #feelthefuture
Como os humanos devem se preparar para um novo cenário, sem emprego, dominado por robôs? Este foi o mote do tema central da Campus Party 2016, “Feel the Future” (Sinta o Futuro). O evento, considerado um dos maiores de inovação digital do mundo, recebeu cerca de 120 mil visitantes, sendo 8 mil campuseiros. Os participantes do evento tiveram acesso a mais de 700 horas de conteúdos e atividades, 24 horas por dia, entre palestras, workshops, hackatons, desafios, mentorias, entre outras iniciativas espalhadas pelo local. Eles desfrutaram de internet com velocidade de 40 Gbps. Com o dobro da redundância de telefonia que tivemos na oitava edição aqui no Brasil. O que impedia que as linhas caissem e prejudicassem a comunicação”, ressaltou o espanhol Paco Regageles, cofundador da Campus Party.
Da esquerda para direita: Na abertura, João Cassino, Coordenador de Conectividade e Convergência Digital de São Paulo; Francesco Farruggia, presidente do Instituto Campus Party; Tonico Novaes, diretor-geral da Campus Party Brasil e Paco Ragageles, fundador do evento De PCs modificados à realidade virtual
No Campus Party 2016, eram 6 palcos com atividades praticamente 24 horas por dia. O palco principal “Feel the Future” recebeu personalidades como Eugene (Che) Chereshnev, Grant Imahara, Marie Cosnard, Thaisa Storchi Bergmann, Neil Harbisson e Dado Schneider. Os outros palcos estavam divididos em áreas de conhecimento: Empreendedorismo, Inovação, Criatividade, Entretenimento e Ciência. O mediador foi o Alexandre Ottoni, do Jovem Nerd
Segundo Ragageles, desde o começo da Campus Party, há 19 anos, na Espanha, o evento tem como missão reunir pessoas apaixonadas por tecnologia, contudo, não tinha, até agora “total clareza de seu propósito”. Tonico Novaes, diretor-geral da Campus Party Brasil, reforçou a missão do tema “Feel the Future” de forma mais otimista. “40% dos empregos serão dizimados e estamos preparando a sociedade para esse novo panorama”, disse.
Chip na própria mão Eugene Chereshnev, vice-presidente de marketing da Kaspersky Lab, leva o conceito de Internet das Coisas para um nível mais extremo. Há um ano, o “ciborgue pro-
Eugene Chereshnev, implantou um chip na sua mão revistaamazonia.com.br
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Luli Radfahrer, mestre Ph.D, professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP hipnotizou um público com um papo frenético sobre a relação de humanos com a tecnologia. Para ele, já nos tornamos ciborgues – graças a smartphones e outros gadgets – e estamos no limite da nossa capacidade simbólica de linguagem: “O digital não é só tecnologia, é uma forma de relacionamento. Você e seu smartphone já são uma espécie de inteligência artificial”
Passando a cultura nerd aos filhos Três produtores de conteúdo nerd falaram sobre como eles incluem seus filhos nessa cultura. Nick Ellis é editor do site geek Meio Bit e tem dois filhos (um menino e uma menina); Fernanda Café é editora do PacMãe e tem um filho pequeno; e Jorge Freire, criador do NerdPai, também tem um filho. Todas as crianças já são consumidoras da cultura nerd, por influência dos pais, mas
Esq/dir: Nick Ellis, do Meio Bit; Fernanda Café, do PacMãe, e Jorge Freire, do NerdPai
fissional”, como ele se intitula, implantou um chip na sua mão para realizar testes de segurança antes da tecnologia chegar ao consumidor final. Nesse período, Che, como também é conhecido, precisou fazer mudanças em casa e no trabalho para que o chip fosse o mais eficiente possível. Chaves e crachás viraram coisa do passado e apenas colocando a palma da mão sobre leitores, Chereshnev consegue passar por portas trancadas e catracas. “Todos falam de Internet das Coisas, mas a maioria das pessoas não faz ideia do que se trata”, conta. Além de gerenciar equipamentos eletrônicos inteligentes, Che acredita que a Internet das Coisas deve se interligar com o próprio usuário, contribuindo em diversos momentos da vida. O biochip poderá ser utilizado tanto para substituir documentos, quanto para ajudar um médico passando um histórico detalhado de um paciente. Chereshnev acredita que se o valor para implantar a tecnologia for viável, o biochip poderá ser bastante popular a ponto de o usuário poder comprar seu próprio equipamento em qualquer loja ainda nesta década.
sileira de eSports. “O IEM em São Paulo foi fantástico”, lembra Shaun “Apollo” Clark, comentarista do evento. Dois anos atrás, a Campus Party foi palco do Intel Extreme Masters que trouxe para o Brasil competições de StarCraft e League of Legends. As produções das competições no Brasil serão realizadas em parceria com a MCI Group. Campeonatos nacionais em diversas partes do mundo têm tido uma audiência crescente e significativa. A ESL Reino Unido Premiership, por exemplo, atraiu dois milhões de visitantes únicos em 2015 e teve um crescimento de público constante de 167% entre as temporadas um e dois A “ESL Brasil Premier League” promoverá disputas regulares e semanais entre as equipes e trará à comunidade brasileira a oportunidade de acompanhar as transmissões da ESL em português. A primeira temporada do “ESL Brasil Premier League” está definida para iniciar em março, com a segunda temporada prevista para julho. A competição terá as finais em eventos presenciais que serão anunciados pela ESL até o final do ano.
eles levantam a questão de como educá-las para serem abertas a esse universo, sem imposições. A conversa começou pelo básico: o que é ser nerd? “Ser nerd não está ligado a gostar só de gibi ou ser um CDF. Para mim, ser nerd é ter paixão por alguma coisa. Nerd é uma pessoa apaixonada”, definiu Jorge. Para ele, qualquer pessoa que goste muito de determinado assunto, que pesquise a respeito, que tenha paixão por aquilo, é um nerd. “Tanto faz se o assunto é videogame, quadrinhos, ou até futebol”, completa. Já Fernanda disse ter um pouco de receio de se definir nerd nos dias atuais, pois nerd já virou nicho de consumo. “A gente não quer ser só um consumidor’, disse, ao refletir sobre como a publicidade e o comércio abraçaram a cultura nerd visando lucro. “Há um universo muito maior de ‘nerdice’ do que simplesmente isso que a mídia entendeu”, completa Nick. Filho de peixe, peixinho é? Lembrando um pouco da infância, Jorge contou que seu pai gostava muito de ir ao clube aos domingos, e obrigava a família a compartilhar o momento, mas o que pode-
Os torneios da ESL de eSports chegam à América Latina O Brasil será sede de torneios da ESL com o lançamento da “ESL Brasil Premier League”. Mais de R$ 80 mil em prêmios em dinheiro serão distribuídos entre as competições de League of Legends, Hearthstone e Counter-Strike: Global Offensive. A novidade anunciada na Campus Party Brasil, pretende impulsionar e expandir a cena bra32
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Computadores tunados
Comunicação por vibrações A área gigantesca dedicada a startups e makers foi um dos destaques da CPRB9
ria ter se tornado um momento de diversão entre pai e filho se tornou um trauma de infância. O NerdPai acabou desenvolvendo uma verdadeira aversão a clubes e piscinas, que não frequenta até hoje. Por isso, ele conta que não impõe nada ao seu filho. “Eu acho muito errado um pai querer forçar os filhos a seguirem o mesmo caminho dele. Tem que ser natural: se você gosta de algo, naturalmente seu filho também poderá gostar, mas sem forçar”, explicou. O casal de filhos de Nick adora Star Wars, assim como o pai, mas ele disse que foi um gosto adquirido naturalmente pelas crianças. Talvez pelo fato do pai ser tão fã da saga, os filhos absorveram “a Força” por tabela, de maneira saudável. Pegando carona no assunto, Fernanda contou que o PacMãe começou como uma fanpage no Facebook onde postava fotos de crianças fazendo cosplay. No entanto, em muitas dessas fotos era nítido que a criança não estava gostando daquilo — ou seja, essas crianças não estavam fazendo cosplay porque queriam, mas sim pela imposição dos pais. Aparelhos eletrônicos não são babás. Mudando um pouco o foco da conversa, o papo flui para o uso que as crianças de hoje fazem de equipamentos eletrônicos como o tablet, por exemplo. Os três criticaram pais que fornecem es-
ses aparelhos para que as crianças não os incomode, como se um tablet substituísse a atenção de um pai ou de uma mãe. “Se eu deixar, minha filha assiste à Netflix o dia inteiro”, contou Nick, que acredita que é papel dos pais determinar o espaço que a tecnologia deve ocupar na vida da criança, sem substituir demais atividades necessárias para seu desenvolvimento saudável. “É fundamental que a criança tenha um espaço para desenvcolver sua criatividade longe da tecnologia”, acredita. Fernanda concorda e disse que também tenta administrar o tipo de conteúdo a que seu filho tem acesso. “O YouTube é um ambiente muito rico, mas muito perigoso, então todos os canais que ele gosta têm que passar pelo meu crivo”, contou. Segundo Jorge, estamos vivendo uma época em que acontece uma transição entre o antigo meio analógico e o meio digital, e isso nos deixa confusos com relação ao que é saudável e o que é prejudicial, no que diz respeito a hábitos envolvendo novas tecnologias. “Eu defendo que é necessário as crianças estarem em contato com o meio tecnológico, mas com limites. Nossos filhos vivem o melhor dos dois mundos: eles brincam na rua e jogam bola, mas também jogam videogames de última geração e utilizam tablets”, completa.
MANAUS JÁ PODE CONTAR COM AS VANTAGENS DE UM ESCRITÓRIO COMPARTILHADO.
Projeto da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) apresentado na Campus Future, composto por uma luva com sensores e várias fitas de velcro equipadas com motores conectados por diferentes fios coloridos a um outro dispositivo, parece complexo e pouco funcional. Mas o objetivo por trás de toda a aparelhagem é bastante simples: associar um gesto a um estímulo tátil, tornando possível que duas pessoas se comuniquem a distância, por exemplo. “O aparelho pode ser usado para uma pessoa muda ou com problemas de fala se comunicar com uma pessoa cega”, explica Mateus Souza Franco, 22, estudante de engenharia de computação na Unifesp e membro do núcleo de neuroengenharia. Mateus criou um sistema de sinais simples baseados em gestos de Libras (língua brasi-
Brasileiros criam luva para que pessoas se comuniquem por vibrações
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Primeiro dia da Campus Party 2016 Hello Kitty fez sucesso
O Thor não ficou por baixo
leira de sinais): para frente, para trás, para a direita, para a esquerda, para cima e para baixo. Conforme ele mexe a mão adornada com a luva, os seis motores distribuídos em faixas no corpo de outra pessoa vibram. No caso do sinal para ir para frente, sente-se vibrações nos braços e, imediatamente depois, no centro (barriga), dando a sensação instintiva de se movimentar para frente. A ideia é desenvolver uma linguagem de vibrações bem mais complexa e com um maior número de motores, podendo transmitir, inclusive, a amplitude do movimento. “Queremos saber qual é o limite dessa comunicação “crossmodal” [que cruza estímulos diferentes, um visual, o gesto, e outro tátil, a vibração] e depois associar a uma prótese”, explica Jean de Abreu, 38, coordenador do núcleo de neuroengenharia da Unifesp e orientador do projeto.
sino a distância e na medicina, onde atendimentos especializados podem ser prestados em áreas remotas no Brasil”. Formado em Ciência da Computação, Wiehen deu foco em um dos projetos do NIC.br, o Simet, que desde 2006 tem como principal objetivo realizar uma avaliação precisa da qualidade da internet no país. As estatísticas nas medições realizadas levam em conta quatro métricas: vazão (quantidade de dados que é transmitido em um período de tempo), latência (tempo para conexão chegar e retornar do servidor), Jitter (tempo de atraso na entrega de dados em uma rede) e perda de pacote (pacotes perdidos). O engenheiro de software também deixou claro que os equipamentos utilizados entre o provedor e a máquina doméstica, como roteadores e switches, podem influenciar diretamente na qualidade da conexão. Além disso, os proto-
colos web também interferem na integridade da internet prestada. Poliana Magalhães Reis, mestre em ciência da computação e desenvolvedora de software do NIC.br, levantou algumas estatísticas da internet no Brasil. Segundo dados colhidos por quase 4,5 milhões de usuários de ferramentas do Simet, a internet fixa no Brasil conseguiu um salto bastante expressivo em relação à velocidade de conexão. Poliana mostrou que em 2012 a média da internet cabeada no país era de 5 Mbps, enquanto no início de 2016 esse número fica entre 15 Mbps e 20 Mbps. A desenvolvedora também falou sobre a quantidade de Simet Box instaladas pelo Brasil — aparelho que funciona como roteador e mede a qualidade da internet. Segundo ela, já são mais de 2500 Simet Box instalados no país. Poliana ainda lembrou que todos os testes realizados pelo Simet são feitos fora da rede da operadora, sem influência dela. Há ainda a possibilidade de realizar testes IPV6 e exportação dos dados gerados.
Colonizar Marte é a chance de ‘criar um backup da Terra’ Salvador Nogueira, jornalista e astrônomo, falando em sua palestra sobre “Exploração e Colonização de Marte”, se mostrou um grande conhecedor da história dos es-
Evolução da Qualidade da Internet no Brasil Holger Wiehen, engenheiro de software do NIC.br falou sobre a importância da internet em diversos aspectos da sociedade. Ele afirmou que “a internet é vital para o desempenho de várias atividades como en34
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Wiehen deu foco em um dos projetos do NIC.br, o Simet
Salvador Nogueira falou sobre a exploração de Marte revistaamazonia.com.br
tudos sobre Marte. Relembrando o início repleto de mistério e fantasia das análises e expectativas relacionadas ao planeta vizinho até a descoberta de que há, sim, água líquida por lá. Diferenças e semelhanças Ele iniciou sua fala detalhando alguns aspectos físicos do planeta, como a semelhança com a Terra no tempo de rotação em torno do próprio eixo — o dia lá tem 24 horas e 39 minutos — e a diferença do tempo de órbita em torno do Sol entre os dois planetas — Marte leva quase duas vezes mais tempo do que a Terra para fazer isso. Isso significa que, a cada aproximadamente dois anos, ambos os planetas estão em seu maior ponto de proximidade. E descobrir este detalhe foi crucial para os astrônomos, afirmou Nogueira. Após citar outras pesquisas especiais que levaram inúmeras sondas até o nosso vizinho no Sistema Solar até a recente descoberta de fluxos sazonais de água em Marte, Nogueira levantou alguns questionamentos que devem ser respondidos apenas nas próximas décadas. A confirmação da existência de vida em Marte em algum ponto do passado e, caso isso seja comprovado, o que pode ter gerado a vida por lá e que fim levaram os organismos vivos do planeta só deve vir com a realização de missões tripuladas para Marte. Próximo passo: backup da Terra em Marte Para um futuro bem distante, Nogueira aponta que a ideia é justamente chegar a Marte, algo muito além das “simples” missões tripuladas planejadas pela NASA até 2030. Para o astrônomo e jornalista de ciência da Folha de S.Paulo, conseguir habitar Marte pode ser a saída para dar sequência da vida na Terra. “Se formos morar em Marte, teremos a oportunidade de criar um backup do planeta Terra”, afirma o pesquisador ao eleger impacto de asteroides, aquecimento global e até mesmo tecnologias humanas, como a inteligência artificial ou a energia nuclear, como possíveis carrascos da vida na Terra.
Discutindo o cenário do streaming no Brasil Representantes de canais de TV discutiram o tema: “TV na era do streaming: como emissoras estão se adaptando?” Participaram do encontro o diretor de business affairs da Look Filmes Luiz Bannitz, o diretor de
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Com a volta de Star Wars seus personagens se fizeram presentes no evento mais nerd do Brasil
Cidade dos drones (Robôs voadores). Palestra do capitão Barelli dos Bombeiros, Ana Clara Ferrari da Secretaria de Saúde e do Inspetor Expedito, da Guarda Civil
conteúdo original da Fox no Brasil Carlos Queiroz, o gerente de desenvolvimento da plataforma de vídeos da Globo.com Igor Macaúbas e o gerente de tecnologias de novas mídias da Globosat Cassiano Fróes. Bannitz abriu o debate comentando sobre o quanto as novidades tecnológicas alteraram a forma como os conteúdos são produzidos e distribuídos na atualidade, tornado tudo mais direto e acessível. “Antes a distribuição era enrijecida, porque você tinha aquelas janelas de distribuição que começavam pelo cinema, passavam por home video, TV a cabo e TV aberta”, comentou o executivo. “Com o desenvolvimento da tecnologia, ela ficou mais acessível e começaram a aparecer novas formas de acessar o conteúdo”, emendou.
da questão financeira para outro ponto além da produção: a distribuição. “O Brasil tem muita grana para produzir conteúdo, mas nenhuma dessas linhas de financiamento vem com uma grana para divulgar este conteúdo”, comentou.
Financiamento
Tecnologias que coexistem
Para Bannitz, a questão do financiamento acaba sendo bem incisiva, afinal, se no modelo tradicional quem pagava a conta ficava bem claro, no modelo apoiado no streaming a coisa não é tão simples. “A gente dá a opção para o usuário escolher o que ele quer e a hora em que ele quer. É preciso um modelo que acomode todas as questões [de financiamento] e que agregue todo mundo”, defende. Já para Carlos Queiroz, a estrutura básica do negócio permanece igual. “Alguém continua pagando para ter acesso a um conteúdo especial, alguém paga pela produção”, comenta, levando a discussão
A tônica da conversa passou bastante pelo posicionamento das redes de televisão diante do avanço do streaming. Tanto a Fox quanto a Globo, duas companhias representadas na mesa, já trabalham com distribuição de conteúdo via internet, que pode ser acessada por computador, tablet ou smartphone, indicando um desejo de reduzir a ameaça deste conteúdo que surge fora da TV tradicional. Para Queiroz, o desafio passa por continuar produzindo conteúdo relevante, encontrando sinais que dialoguem com os vários públicos que têm acesso às produções. “O Brasil é muito desigual”, co-
Dentre os nomes dessa 9ª edição estavam: Neil Harbisson, ativista cyborg, Moon Ribas, co-fundadora da Cyborg Foundation, Daniel Matros, produtor da franquia Battlefield, da Eletronic Arts, Gianluca Colombo, consultor de gestão de conhecimento para agências de execução europeias e Daniel Susskind, professor e pesquisador da Balliol College, em Oxford, na Inglaterra, Grant Masaru Imahara, engenheiro eletricista especialista em eletrônica e controle de Rádio, Michel Smit, presidente-executivo da Energy Floors, empresa que desenvolveu uma pista de dança que gera energia elétrica conforme as pessoas dançam sobre ela, e, Thaisa Bergmann, astrofísica brasileira conhecida por sua pesquisa com buracos negros, Grant Imahara, participante do programa “MythBusters”. REVISTA AMAZÔNIA
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menta o representante da Fox, dizendo ainda que, aqui, os Flintstones e os Jetsons moram a 50 km de distância um do outro. “É preciso criar produções que dialoguem com esse dois mundos”, concluiu. E ele aposta na coexistência de modelos, afirmando que “não há essa tecnologia avassaladora que vai dominar as outras. É uma mescla”. A TV caminhando ao lado do streaming Em sua fala, Igor Macaúbas ressaltou o quanto a forma de consumir conteúdo atualmente é mais individual. “O consumo de conteúdo hoje é muito mais pessoal, personalizado”, comentou, reforçando o quanto as estruturas rígidas dos canais de TV se tornam irrelevantes diante das novas possibilidades. “A gente vive em uma realidade multistream. A grade não é mais tão relevante, você quer ter o controle sobre a forma de consumir conteúdo”. Usando o exemplo da própria Rede Globo, ele cita os desafios de adaptar o conteúdo a todas as plataformas disponíveis, além de usar as ferramentas do Big Data para sugerir vídeos relevantes para quem acessa uma página em busca de um determinado tipo de produção. Por fim, Cassiano Fróes esmiúça a questão da integração entre conteúdo feito para a TV e a extensão de tudo isso para a internet. Se antes o conteúdo produzido era repassado apenas para os canais que fazem parte de uma empresa, hoje, eles também chegam às plataformas digitais para os seus assinantes. “A gente entrega o conteúdo que era distribuído apenas pelo canal linear através de um mecanismo de autenticação [para assinantes]. Em suma, o streaming de conteúdo veio para ficar e a tendência é crescer cada vez mais. Aos poucos, os canais de televisão convencional vão compreendendo que, se os novos métodos não vão sepultá-los, ao menos podem causar alguns prejuízos. Então, o movimento natural é, como fica claro, o de mudança.
A importância do design e social nos games O desenvolvedor Daniel Matros falou sobre a importância de ter elementos sociais na construção dos games atuais. Era uma das palestras mais aguardadas da Campus
Para Daniel Matros, o que mais chama a atenção, além da jogabilidade, é a composição e o design da plataforma
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Ime Archbong diretor do Facebook
O Facebook no Brasil
Animatrônico inspirado em Gundam Wing, que até bate asas
Eugene Chereshnev, vice-presidente de marketing da Kaspersky Lab
Party 2016. Matros é um dos desenvolvedores por trás de uma das grandes franquias de jogos eletrônicos, o Battlefield, e atualmente trabalha no DICE, estúdio sueco de desenvolvimento de games subsidiário da Electronic Arts. Ao iniciar a palestra, ele citou sua convivência com os games, e desde criança já teve a oportunidade de interagir com eles. Ao falar sobre o universo dos games, Matros destacou a importância de alguns elementos para que a experiência do jogador seja completa. “Sistemas são importantes, engenharia é importante, design é importante”, afirmou ao ressaltar que cada aspecto do desenvolvimento tem relevância na conclusão do projeto. Entre as dicas apresentadas, Matros falou sobre a importância de definir prioridades para a produção de um bom jogo. “Foque no que é básico no seu game e sempre pergunte: ‘Por que estamos fazendo isso?’.” Ainda incentivou os ouvintes a não gastar tempo e recursos com coisas que são desnecessárias. Ao final da palestra, Matros deixou um incentivo para os que estão iniciando como desenvolvedores na área de games. Para ele, o que pode atrapalhar a execução da ideia de um novo projeto é o medo da complexidade. “Cada sistema complexo começa com um sistema simples que funciona e, em seguida, evolui”, disse. “Não deixe a complexidade assustar você”. No caso dos jogos mobile, Matros disse que é importante “criar algo no qual que as pessoas vão entender rapidamente o que estão fazendo”.
Ime Archbong diretor de parcerias estratégicas do Facebook, falar sobre as parcerias estratégicas. Forneceu dados do Facebook sobre o Brasil, como número de usuários por habitantes, total de membros ativos por mês e total de membros ativos por mês usando o celular, o volume impressiona: 99 milhões de usuários ativos mensais; - 89 milhões de usuários móveis ativos mensais; - 8 em cada 10 brasileiros conectados estão no Facebook. Para os apps da “família Facebook”, o total global, mensal e atualizado é de: - 850 milhões de pessoas no Facebook Groups; - 900 milhões de pessoas no WhatsApp; - 1,48 bilhão de pessoas no Facebook; - 800 milhões de pessoas no Facebook Messenger; - 400 milhões de pessoas no Instagram. Ao conversar com campuseiros sobres os planos de expansão da rede social, Archibong indagou os presentes sobre seus próprios aparelhos celulares. “Quem aqui está no Facebook? Quem aqui está no WhatsApp, ou ZapZap?”, perguntou aos presentes. Abrindo um sorriso ao fazer referência sobre como os brasileiros chamam o aplicativo, o diretor executivo ganhou o público e seguiu desenhando os planos para que a rede social continue crescendo, em um cenário cheio de concorrentes.
Futurologia: Inovação e tendências tecnológicas no Brasil
No palco Cross Space, o debate entre três profissionais com uma grande vivência no mundo da tecnologia e da inovação tecnológica: o empreendedor serial e especialista em gerenciamento do tempo e produtividade Christian Barbosa, a head de conteúdo e engajamento da Artplan, um dos maiores
No debate sobre futurologia revistaamazonia.com.br
Para o consultor em inovação digital Luli Radfahrer durante uma palestra sobre o impacto do avanço da Internet das Coisas, os dispositivos vestíveis podem mudar o modo como nós pensamos
Grant Imahara, engenheiro que ajudou a criar o robô R2D2, de Star Wars Safenav: estudante cria aparelho para cegos que detecta obstáculos
córtex cerebral. Pensando em relação aos temas que devem se tornar mais relevantes nos próximos anos, os debatedores citaram a mobilidade urbana e a saúde. Na opinião deles, tecnologias que apresentem soluções para estas áreas devem se proliferar — e render bastante dinheiro — em curto e médio prazo. Marcelo Gluz ponderou, sugerindo que, apesar de dificilmente o Brasil conseguir ditar tendências, o apelo aqui está na reinterpretação de algo que está acontecendo lá fora. “Raramente a gente vai conseguir fazer efetivamente uma inovação tecnológica”, defendeu. “O nosso tipo de inovação é uma inovação de usos e costumes de tecnologias que já aconteceram em algum lugar”.
Simuladores eram atração e destaque Na Campus Party 2016, o destaque foram os simuladores de voo e de corrida. O grupos de comunicação do Brasil, Camila Gadelha e ainda o sócio-fundador da Outra Coisa, empresa especializada em experiência de usuário mobile, Marcelo Gluz. As tendências para o futuro apontadas pelos especialistas giram em torno do uso cada vez maior da inteligência artificial e também da realidade virtual, especialmente dado o envolvimento de grandes nomes da tecnologia nestes mercados. Enquanto Barbosa defende que será preciso pensar cada vez menos para encontrar aquilo que se busca, Gluz acredita que as interfaces gráficas devem ser modificadas à medida que os computadores passem a ser integrados ao
Simuladores eram atração e destaque Pessoas apaixonadas por tecnologia
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No encerramento
“mochila-helicóptero” como no clássico game Hero. As atrações eram gratuitas, mas havia uma pequena fila para os testes.
Campus Party em Brasília O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, participou da abertura da Campus Party em São Paulo e aproveitou Rodrigo Rollemberg, governador do Distrito Federal, anunciou a Campus Party 2017, em Brasília
destaque do evento foram as palestras, que ficavam em uma parte reservada do Anhembi, em São Paulo, mas há diversos estandes em atrações para quem quiser passar por lá. Com os simuladores de última geração, você podia pilotar um helicóptero usando os mesmos elementos do veículo como painéis e manche. Um instrutor ajudava a fazer um
voo virtual. Havia também simuladores de voo completos e até de caminhões, trazendo uma competição de Fórmula Truck. Quem quisesse experimentar a realidade virtual podia, em uma área em que era possível entrar em um mundo usando o Beenoculus e outra em que você ficava pendurado e se sentia literalmente voando em uma
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CoaShe., startup para mulheres da tecnologia A startup fundada por alunos da Unicamp conquistou um prêmio nacional na Campus Mobile, competição que visa atrair e formar talentos para o desenvolvimento de soluções inovadoras para dispositivos móveis. Eles venceram com o projeto coaShe., uma plataforma mobile de mentoria e coaching para mulheres da área de tecnologia. Por esta plataforma, prevista para ser lançada este mês, as mulheres podem oferecer mentoria em assuntos profissionais ou buscar novos conhecimentos. “O propósito principal do coaShe. é iluminar histórias de mulheres que fazem trabalhos incríveis na tecnologia, para que elas possam servir de inspiração para que outras mulheres se identifiquem com a área e também para que possam conquistar posições cada vez mais estratégicas na carreira”, afirma Carolina Bonturi, aluna de ciência da computação, cujos companheiros na startup são Daví Rodrigues (engenharia de controle e automação) e Sidney Orlovski (engenharia de computação), todos da Unicamp. CoaShe., uma plataforma mobile de mentoria e coaching para mulheres
para anunciar o lançamento do evento em Brasília, que está previsto para o segundo semestre de 2017. “Essa é uma vocação de Brasília, ser um grande centro de eventos culturais, esportivos, tecnológicos. Estamos estimulando muito as startups no Distrito Federal, tivemos R$ 5 milhões em promoção de startups. O evento será acolhido com muito entusiasmo por Brasília, especialmente pela juventude”, disse. O tema das discussões no Distrito Federal será Dados Abertos e Transparência, Trabalho e Educação do Futuro. Para se preparar, a capital do País deve receber ainda em 2016 uma edição de aquecimento para o evento tecnológico, a ser organizada pelo Instituto Campus Party em parceria com a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos revistaamazonia.com.br
Além do Brasil, a Campus Party acontece na Inglaterra, Alemanha, Colômbia, México, Equador e El Salvador.
O Encerramento O evento reuniu no Anhembi um total de oito mil campuseiros vindos de 24 estados brasileiros e 18 países, como Estados Unidos, Colômbia, Uruguai e Chile. Dos brasileiros inscritos, a maior parte veio do estado de São Paulo, que representou 52% dos participantes. Seguiram Minas Gerais (6,74%), Rio de Janeiro (5,67%), Paraná (5,04%) e Distrito Federal (4,24%). A grande maioria dos campuseiros também ficou na faixa dos 18 a 29 anos, representando 64,37% do total. Participantes abaixo dos 18 anos foram 2,28%; entre 30 e
39 anos, 19,04%; e maiores de 40 anos, 5,65%. Foram cerca de 700 horas de conteúdo de palestras, workshops e outras atividades, que tiveram como destaques o vice-presidente global de marketing de consumo da Kaspersky Lab Eugene (Che) Chereshnev; o engenheiro e participante do programa Mythbuster, Grant Imahara; a diretora de tendências do aplicativo Happn, Marie Cosnard; e a astrofísica brasileira Thaisa Bermann. Tradicionalmente um dos pontos de destaque do evento, a oferta de internet cabeada deste ano foi menor que na Campus Party 2015 – foi um total de 40 Gbps, 10 Gbps a menos que na oitava edição. Isso não significa, no entanto, que a infraestrutura exigida tenha sido menos complexa: foram cerca de 60 mil metros de cabos de redes e 80 mil metros de fibra ótica para oito mil pontos de rede espalhados pelos 77 mil m² do centro de exposições. Ao todo, 13 mil dispositivos foram registrados no evento, uma média de 1,62 dispositivo por campuseiro. Em um ano no qual o evento enfrentou desafios maiores do que o normal para ser organizado, como a falta do apoio da Lei Rouanet, a Campus Party também recebeu uma série de críticas dos participantes através nas redes sociais. As reclamações vieram desde problemas como a decisão da organização de proibir a entrada de comida entregue por delivery no Campus até a instabilidade da velocidade da internet. Alguns episódios, como uma queda de luz e uma inundação na área de camping, também foram alvos de críticas por parte dos campuseiros. Do lado positivo, o evento reforçou o foco na área de empreendedorismo com uma área dedicada às startups e inovação. No total, 614 startups se inscreveram para o programa Startup&Makers Camp, que tem como objetivo impulsionar e capacitar jovens empreendedores. Foram fechados mais de 200 negócios ou parcerias iniciadas durante o evento, que incluíram três investimentos de R$ 150 mil durante o Inverstor’s Day. Na cerimônia oficial de encerramento da Campus Party, houve a entrega das premiações de todos os desafios e concursos além das finais de campeonatos da área de Free Play. [*] Com informações de CPRB9, Campuse. ro, Canaltech, Itforum, Projetodraft, SPTuris, TecMundo
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O ano de extremos climáticos – 2015 Combinação entre fenômeno El Niño e gases do efeito estufa pode ter grande impacto em mudanças climáticas nos próximos anos
O
ano de 2015 foi o mais quente de toda a história, informou recentemente a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) em conjunto com a Nasa, a agência espacial americana. As temperaturas são as maiores desde 1880, quando se iniciaram os registros de temperatura pela NOAA. Segundo as medições realizadas pelo órgão, a temperatura média da Terra e dos oceanos em 2015 foi 0,9°C acima da média do século XX, a maior em 136 anos. O recorde anterior, atingido em 2014, foi superado em 0,16°C. Dezembro de 2015 também foi o mês mais quente já registrado. Embora o ano de 2015 tenha sido o mais quente desde 1880, esta foi a quarta vez em onze anos que a temperatura anual ultrapassou o recorde anterior. A Nasa, que monitora o clima mundial com uma frota de satélites e estações meteorológicas, confirmou que o ano passado bateu todos os recordes de calor dos tempos modernos.
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Recorde de calor De acordo com os cientistas, está se tornando uma rotina o calor quebrar recordes de anos anteriores. No fim do ano passado, a ONU havia alertado que 2015 poderia ser
o mais quente da história. Se a tendência for mantida, é bastante provável que 2016 também quebre o recorde e se torne o mais quente. Os cientistas atribuem as temperaturas atuais a uma combinação entre o El Niño e o
Os ciclos do Pacífico entre quente, El Niño, e fria, La Niña, as fases
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AS CONSEQUÊNCIAS O mapa mostra os impactos globais do El Niño de 2015 - que deve se prolongar por 2016-, com alterações nas temperaturas médias e no regime de chuvas de cada região
O El Niño deve espalhar anomalias climáticas pelo planeta
aumento crescente das emissões de carbono que causam aquecimento global. “A mudança climática é o desafio da nossa geração”, avaliou o administrador da Nasa, Charles Bolden. “O anúncio de hoje não apenas assinala a importância do programa de observação terrestre da agência,
mas também é um dado crucial para que os políticos levem em conta. É hora de agir em relação ao clima.” Medições feitas pelo Japão e pela Universidade da Califórnia em Berkeley também confirmam que 2015 foi o ano mais quente já registrado.
Os líderes mundiais concordaram na Conferência sobre o Clima de Paris (COP21), a tomar medidas para conter em 2°C o aumento das temperaturas em relação à era pré-industrial, um passo importante para tentar limitar os efeitos do aquecimento global.
Relatório da Berkeley Terra
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No Brasil, esses extremos foram sentidos O ano de 2015 foi de extremos climáticos em diversas partes do mundo: dos Estados Unidos ao Japão, os países de alguma forma sentiram os efeitos do aquecimento global. No Brasil, esses extremos foram sentidos tanto em regiões com secas fortes, chuvas em excesso e altas temperaturas. Na Indonésia e nos Estados Unidos, o calor intenso causou ondas de incêndio; chuvas torrenciais provocaram enchentes e inundações do Caribe ao Japão; e, na África, o calor também ocasionou seca, em função do fenômeno El Niño e de gases do efeito estufa.
No Brasil, esses extremos foram sentidos
2015 “de forma inequívoca” o ano mais quente já registrado, diz relatórios oficiais da NOAA e NASA, em 136 anos de manutenção de registros. Os cientistas dizem que a temperatura de 2015 foi 58,62 graus centígrados, passando 2014 por uma margem recorde de 0,29 graus
Próximos dois anos podem ser os mais quentes já registrados O Met Office, agência meteorológica do Reino Unido, alerta que grandes mudanças no sistema climático podem estar a caminho por causa dos gases do efeito estufa, que aumentam o impacto de tendências naturais. A pesquisa mostra que os efeitos do El 42
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Niño no Pacífico podem gerar um aquecimento do mundo inteiro.
Efeito estufa O diretor da agência meteorológica, Stephen Belcher, afirmou que as altas temperaturas registradas no mundo todo neste ano mostram a dimensão do impacto dos gases do efeito estufa. “Sabemos que tendências naturais afetam
as temperaturas globais todos os anos, mas as temperaturas muito quentes deste ano indicam o impacto contínuo dos gases do efeito estufa (produzidos pelo homem).” “Com o potencial de que o próximo ano seja tão quente quanto este, fica claro que nosso clima continua mudando”, completou. Rowan Sutton, da Universidade de Reading, confirmou os resultados do estudo. “Parece que mundialmente, 2014, 2015 e 2016 estarão entre os anos mais quentes da história. Isso não é um acaso. Vemos os efeitos da energia acumulados de forma revistaamazonia.com.br
mente compensados pelo padrão de temperatura do Atlântico Norte, que está mudando para uma fase fria. Os cientistas dizem que têm aprendido mais sobre como esses padrões grandes de temperatura no oceano podem amenizar ou acelerar os efeitos do aquecimento global provocado pelo homem. “A parte que não entendemos é a competição entre os fatores – é o que estamos estudando agora”, diz Sutton. Para os pesquisadores, mudanças no Atlântico significam que a Europa pode ter verões mais frios e secos pela próxima década – mas isso só se os efeitos do Atlântico não forem superados pelos do Pacífico. Eles ainda não conseguem prever com precisão qual influência prevalecerá. O fato de o Atlântico Norte estar se tornando mais frio pode levar à recuperação das geleiras na região do Ártico. constante nos oceanos e na atmosfera, e eles são causados pelos gases do efeito estufa.”
Tendências Os cientistas dizem que os efeitos do aumento da emissão de CO2, combinado a tendências naturais de longo prazo nos oceanos, deixam o sistema climático “muito interessante”. Eles suspeitam que maiores mudanças ainda estão por vir. “É um importante ponto de virada no clima da Terra, com muitas mudanças grandes acontecendo de uma vez”, disse Adam Scaife, da Agência britânica. Duas tendências que afetam os “padrões” climáticos a médio e longo prazo estão no oceano Pacífico. O fenômeno do El Niño acontece quando uma corrente do Pacífico se inverte – algo que ocorre a cada três, quatro ou cinco anos –, trazendo chuvas onde normalmente há secas, e secas onde normalmente há chuvas. O El Niño tende a empur-
rar as temperaturas mundiais para cima. Esse fenômeno está parecido com o El Niño de 1998, que provocou estragos no sistema climático mundial. O de agora aumentou as secas na África do Sul, no leste da Ásia e nas Filipinas – e pode trazer enchentes ao sul da América do Sul. Um efeito positivo disso poderia ser o fim dos quatro anos de seca que afligem a Califórnia.
Consequências A segunda mudança natural ocorre nos padrões de temperatura do Pacífico Norte. Houve uma fase fria, que a agência meteorológica afirma ter contribuído para a pausa no aumento das temperaturas médias da atmosfera na última década. Agora entra-se em uma fase quente, que também fará o mundo ser mais quente. Mas existe um outro fator em jogo. Esses dois eventos de aquecimento serão parcial-
Aquecimento A agência meteorológica tem sido extremamente cautelosa depois de ter sido punida pelo que alguns chamaram de “excesso de confiança” em previsões feitas no passado, quando as tendências naturais do oceano ainda eram pouco compreendidas. O órgão afirma que, que sob sua perspectiva, não há pausa real no aquecimento da Terra porque os oceanos continuam a ficar mais quentes, os níveis do mar continuam a subir e as geleiras continuam derretendo. “Não podemos ter a certeza de que será o fim dessa desaceleração, mas as taxas de aquecimento da década podem atingir os maiores níveis do século em dois anos”, disse Scaife. “Se o aquecimento causado pelos gases do efeito estufa continuar a aumentar, os efeitos dele a longo prazo no clima global e regional podem superar aqueles de fenômenos de curto prazo, como o El Niño.”
A ilustração compara anomalias de altura da superfície do mar – quanto maior ou menor superfície do mar é do que o normal – medido em 2015 pelo Jason-2 satélite, com os de 1997, visto pelo satélite Topex / Poseidon. Desde El Niño representa uma mudança de águas mais altas da superfície do mar do Pacífico ocidental para o Pacífico Central e Oriental, esta é uma forma de medir a intensidade e extensão de um evento El Niño do espaço. El Niño 1997 e 2015 revistaamazonia.com.br
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Tecnologia
A impressão deste artista mostra a armadilha de poeira no sistema Oph-IRS 48. A armadilha pó oferece um refúgio seguro para as pequenas pedras no disco, permitindo que eles se agregam e crescem a tamanhos que lhes permitem sobreviver por conta própria. A ciência deu um grande passo na compreensão de como minúsculos grãos de poeira em um disco protoplanetário poderá um dia evoluir para um formato maior
Fábrica de cometas
Observações de uma “armadilha poeira” em torno de uma estrela jovem resolve longo mistério na formação de planeta
P
ela primeira vez, astrônomos obtiveram uma imagem de uma armadilha de poeira, região em redor de uma estrela jovem onde partículas de poeira podem crescer, juntando-se umas às outras, formando eventualmente cometas, informa o Observatório Europeu do Sul (OES). A imagem foi registada com o auxílio do radiotelescópio ALMA, o maior do mundo, inaugurado em março, no Chile. Segundo o OES, é a primeira vez que uma armadilha de poeira “é claramente observada e modelizada”, solucionando “um mistério de longa data relativo ao modo como as partículas de poeira nos discos” em torno das estrelas jovens “crescem até atingirem tamanhos suficientemente grandes, que as levem, eventualmente, a formarem cometas, planetas e outros corpos rochosos”. A equipe liderada por Nienke van der Marel, estudante de doutoramento no Observatório de Leiden, na Holanda, detetou que uma estrela jovem se encontrava rodeada por um anel de gás com um buraco central,
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Fotos: ESO / L. Calçada Radiotelescópio ALMA, o maior do mundo, no Chile
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“criado muito provavelmente por um planeta invisível ou por uma estrela companheira”. Nienke van der Marel e os seus colaboradores estavam usando o ALMA, ainda em construção, para estudar o disco em redor da estrela, num sistema chamado Oph-IRS 48, a cerca de 400 anos-luz da Terra (Oph corresponde à constelação de Ofiúco, onde o sistema foi detetado, e IRS a fonte infravermelha). Descobriram, então, uma armadilha de poeira, “região onde os grãos de poeira maiores se encontravam presos e podiam crescer muito mais ao colidirem e aglutinarem-se uns com os outros”. De acordo com o Observatório Europeu do Sul, a armadilha de poeira, que, no caso, teve origem num movimento do gás do disco em torno da estrela, tem uma esperança média de vida de algumas centenas de milhares de anos. No entanto, adianta o OES, “mesmo quando a armadilha de poeira já não funciona, a poeira acumulada na armadilha demorará milhões de anos a dispersar-se, o que dá imenso tempo aos grãos de poeira para crescerem mais”. Para a investigadora Nienke van der Marel, provavelmente está-se perante “um genero de fábrica de cometas”, já que “as condições são propícias ao crescimento das partículas, desde o milímetro até ao tamanho de cometas”. Contudo, ressalvou que “não é provável que a poeira dê origem a planetas a esta distância da estrela”, muito embora, salientou, “num futuro muito próximo, o ALMA será capaz de observar estas armadilhas de poeira muito mais próximas das estrelas progenitoras, onde os mesmos fenómenos estão ocorrendo”. “Tais locais seriam, efetivamente, os berços de planetas recém-nascidos”, adiantou Nienke van der Marel.
Imagem VLT de fábrica cometa em torno de Oph-IRS 48 Imagem de armadilha/ cometa fábrica poeira em torno Oph-IRS 48 (anotado)
Imagem de fábrica cometa em torno de Oph-IRS 48
A localização do sistema Oph-IRS 48 na constelação de Ophiuchus revistaamazonia.com.br
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Planeta terra visto do espaço com aurora boreal, pelo astronauta Scott Kelly, da estação espacial internacional ISS, durante o Anthropocene
A Terra entrou em uma nova era geológica Fotos: J. P. Briner, NASA
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s provas de que a Terra entrou em uma nova era geológica devido ao impacto da atividade humana já são “arrasadoras”, segundo um novo estudo elaborado por uma equipe internacional de cientistas liderada pela Universidade de Leicester (Inglaterra). A entrada nesta nova era geológica, batizada de Antropoceno, pode ter acontecido em meados do século passado e foi marcada pelo consumo em massa de materiais como alumínio, concreto, plástico e pelas consequências dos testes nucleares em todo o planeta, segundo a pesquisa publicada na revista “Science”. A isso é preciso somar o aumento das emissões de gases que provocaram o efeito estufa, assim como uma invasão sem precedentes de espécies em ecossistemas diferentes do seu. Os cientistas levantam em seu estudo até que ponto as ações humanas registradas são mensuráveis nas camadas geológicas e até que ponto esta nova era geológica se diferencia da anterior, o Holoceno, que 46
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Imagem do hemisfério ocidental da Terra
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O estudo, co-autoria de 24 membros do Grupo de Trabalho Anthropocene:
Colin Waters (o principal autor e Secretário do grupo) e Michael Ellis, ambos da British Geological Survey, Jan Zalasiewicz, Mark Williams e Matt Edgeworth pela Universidade de Leicester e Colin Summerhayes da Universidade de Cambridge contribuíram de forma significativa para este estudo e manter um forte envolvimento do Reino Unido na investigação sobre o conceito Anthropocene.
Potencialmente o sinal antropogênico mais difundida e globalmente sincronizada é a precipitação a partir de testes de armas nucleares
começou há 11.700 anos, quando aconteceu o retrocesso das geleiras após a última glaciação. No Holoceno as sociedades humanas aumentaram a produção de alimentos com o desenvolvimento da agricultura, construíram assentamentos urbanos e aproveitaram os recursos hídricos, minerais e energéticos do planeta. Por outro lado, o Antropoceno é uma época de rápidas mudanças ambientais provocadas pelo impacto de um aumento da população e pelo consumo, sobretudo após a chamada “grande aceleração” de meados do século 20, segundo os pesquisadores. “Os humanos estão há algum tempo afetando o meio ambiente, mas recentemente aconteceu uma rápida propagação mundial de novos materiais como alumínio, concreto e plásticos, que estão deixando sua marca nos sedimentos”, disse no estudo o professor Colin Waters, do Instituto Geológico Britânico. Jan Zalasiewicz, cientista da Universi-
Representação gráfica da história da Terra como uma espiral
dade de Leicester que é um dos líderes do grupo de trabalho, afirmou que a queima de combustíveis fósseis disseminou pelo ar partículas de cinzas por todo o mundo, ao que é preciso somar os radionuclídeos dispersados pelos testes de armas nucleares. “Tudo isto demonstra que há uma realidade subjacente no conceito Antropoceno”, declarou Zalasiewicz, também diretor do chamado Grupo de Trabalho Antropoceno,
integrado por 24 cientistas. Segundo o estudo, os humanos mudaram em tal medida o sistema da Terra que deixaram uma série de sinais nos sedimentos e no gelo dos polos, suficientemente diferentes para justificar o reconhecimento da passagem para uma nova época geológica. O Grupo de Trabalho Antropoceno quer este ano reunir mais provas desta mudança para ver se pode formalizar esta nova época e estabelecer recomendações.
Indicadores do Anthropocene nos últimos sedimentos lacustres incluem combinações sem precedentes de plásticos, cinzas, radionuclídeos, metais, pesticidas, nitrogênio reativo, e as consequências do aumento das concentrações de gases de efeito estufa. Neste núcleo do sedimento do oeste da Groenlândia (69˚03’N, 49˚54’W), recuo glacial devido ao aquecimento do clima resultou em uma transição abrupta de sedimentos estratigráfica proglacial a matéria orgânica não glacial, efetivamente demarcar o início da Anthropocene. revistaamazonia.com.br
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Queimada na terra indígena Arariboia, no Maranhão; a TI Arariboia, teve 45% de seu território devastado pelo fogo em 2015
Queimadas crescem 27,5% no país em 2015 Fotos: Marizilda Cruppe/Greenpeace
A
s queimadas aumentaram 27,5% em todo o país, passando de 184 mil focos em 2014 para aproximadamente 235 mil no ano passado, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo a série histórica, iniciada em 1999, o resultado perde apenas para o número de queimadas registradas em 2010 (249 mil focos). Os incêndios florestais em 2015, detectados por meio de satélite, predominaram no período menos chuvoso, entre agosto e dezembro. Em agosto, ocorreram 39 mil queimadas; em setembro, foram 72 mil; em 48
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outubro, foram registrados 50 mil focos; em novembro, ocorreram 27 mil queimadas; e em dezembro, foram 18 mil focos. Entre os meses menos críticos, estão janeiro (4 mil focos), junho (5 mil incêndios) e julho (8 mil queimadas). Os meses de fevereiro, março, abril e maio registraram cerca de 2 mil queimadas cada.
Queimadas intencionais O monitoramento por satélite do Inpe consegue diagnosticar todos os focos de incêndio que tenham pelo menos 30 metros de extensão por 1 metro de largura.
Alberto Setzer, coordenador do Programa de Monitoramento de Queimadas e Incêndios Florestais por satélites do Inpe revistaamazonia.com.br
Quase todas as queimadas hoje são causadas pelo homem, seja de forma proposital ou acidental
Número de focos de incêndio em 2015 • •
Quase todas as queimadas hoje são causadas pelo homem, seja de forma proposital ou acidental. As razões variam desde limpeza de pastos, preparo de plantios, desmatamentos e colheita manual de cana-de-açúcar até balões de São João, disputas por terras e protestos sociais. Segundo o Inpe, as queimadas destroem a fauna e a flora nativas, causam empobre-
cimento do solo e reduzem a penetração de água no subsolo, além de gerar poluição atmosférica com prejuízos à saúde de milhões de pessoas e à aviação. Denúncias de incêndios criminosos podem ser feitas ao Corpo de Bombeiros, às prefeituras, às secretarias estaduais do Meio Ambiente e ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em 2015, foram registrados cerca de 235 mil focos de queimadas no país
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Pará - 44.794 (crescimento de cerca de 8 mil focos em relação a 2014) Mato Grosso - 32.984 (alta de 4 mil focos na comparação com o ano anterior) Maranhão - 30.066 Bahia - 18.373 Tocantins - 17.367 Amazonas - 15.137 Piauí - 14.712 Rondônia - 14.373 Minas Gerais - 10.593 Goiás - 6.849 Acre - 5.493 Mato Grosso do Sul - 5.304 Ceará - 3.419 Amapá - 2.643 Paraná - 2.185 Roraima - 2.056 São Paulo - 1.984 Rio Grande do Sul - 1.450 Pernambuco - 1.082 Espírito Santo - 1.026 Santa Catarina - 923 Rio de Janeiro - 664 Alagoas - 590 Paraíba - 586 Rio Grande do Norte - 439 Sergipe - 299 Distrito Federal - 172
Risco de fogo no período de 2016/01/16 00:00:00 até 2016/01/17 10:21:02 (TMG) revistaamazonia.com.br
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A forte redução do desmatamento da Amazônia, de 27.000 km², reduzida para cerca de 5.000 km², acarretou uma redução na emissão de gases de efeito estufa e de poluentes atmosféricos em cerca de 70%
Diminuição do desmatamento na Amazônia evita 1,7 mil mortes por ano Emissões totais de material particulado por queimadas no Brasil diminuíram no sudoeste do Brasil e na Bolívia na estação seca ao longo de 2002 a 2011
Fotos: Divulgação, Nigel Dickinson / WWF, Nick Swanson
A
diminuição do desmatamento da Amazônia e das emissões de fumaça de queimadas nos últimos dez anos tem causado a redução de, em média, 30% da concentração de material particulado (aerossóis), além de ozônio, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio e outros poluentes atmosféricos emitidos pelas queimadas durante a estação seca na região sul do país, além do Paraguai, norte da Bolívia e Argentina. Essa melhoria da qualidade do ar da região pode estar contribuindo para impedir a morte precoce de cerca de 1,7 mil adultos por ano em toda a América do Sul. A estimativa é de um estudo realizado 50
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por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com colegas da University of Leeds e da University of Manchester, do Reino Unido, e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos. O estudo mostra, pela primeira vez, que reduzir o desmatamento resulta na melhoria da qualidade do ar, o que acarreta a diminuição de mortes pela exposição à poluição atmosférica na maior parte da América do Sul, disse Paulo Artaxo, professor do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da USP e um dos autores da pesquisa. De acordo com os autores do estudo, des-
de 2004 o Brasil tem conseguido reduções substanciais nas taxas de desmatamento como um todo e do desmatamento associado a fogo o método mais usado para limpar florestas e vegetação, de modo a preparar e manter terras para agropecuária, responsável pela emissão de grandes quantidades de material particulado e gases poluentes para a atmosfera. Durante o período de 2001 a 2012, a taxa de desmatamento no Brasil diminuiu, aproximadamente, 40%, caindo de 37,8 mil quilômetros quadrados (km²) por ano registrado entre 2002 e 2004 para 22,9 mil km² por ano no período de 2009 a 2011, destacam os autores da pesquisa. revistaamazonia.com.br
A redução do desmatamento na Amazônia foi resultado de várias políticas públicas acopladas, incluindo restrição ao crédito agrícola para quem desmatasse e a certificação de carne e soja para áreas que não vieram de desmatamento, afirmou Artaxo, que é membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG). A fim de avaliar se essa redução na taxa de desmatamento no Brasil se traduziu em melhoria na qualidade do ar e na saúde humana no país, os pesquisadores examinaram a quantidade de aerossóis emitidos por queimadas no sudoeste do Brasil e na Bolívia entre os anos de 2001 e 2012, durante a estação seca compreendida pelos meses de agosto a outubro, quando a concentração de material particulado na atmosfera é muito alta. As medições, obtidas por meio de satélites e sensores terrestres, indicaram que as emissões totais de material particulado por queimadas no Brasil diminuíram na estação seca na região que concentrou o maior número de queimadas na floresta amazônica ao longo de 2002 a 2011, especialmente em anos com menores taxas de desmatamento. Ao combinar esses dados de observações de satélites com modelos atmosféricos de circulação global, os pesquisadores constataram que as concentrações de aerossóis com diâmetro menor do que 2,5 mícrons (µm) considerado o mais relevante em termos de impactos à saúde são 30% mais bai-
xas durante a estação seca na região sul do país, além do Paraguai, norte da Bolívia e Argentina, do que em anos com altas taxas de desmatamento. A forte redução do desmatamento da Amazônia, que de uma área desmatada em 2003-2004 de 27.000 km² foi reduzida para cerca de 5.000 km² em 2013-2014, acarretou uma redução na emissão de gases de efeito estufa e de poluentes atmosféricos em cerca de 70%, afirmou Artaxo.
Relações entre as taxas de desmatamento, as emissões de incêndio e AOD
Impactos na saúde
A fim de estimar os impactos das partículas emitidas pelas queimadas na saúde humana, os pesquisadores calcularam os índices de mortalidade precoce por doenças cardiopulmonares e câncer de pulmão devido à exposição a aerossóis com diâmetro menor do que 2,5 µm ao longo do período de 2002 a 2011. Qualidade do ar e saúde humana melhoram com a redução dos incêndios relacionados com o desmatamento no Brasil
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Material particulado (PM) É um resíduo da queima de combustíveis fósseis de extrema toxicidade. De acordo com o a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), o PM é uma mistura de partículas muito pequenas, cerca de cinco vezes mais finas que um fio de cabelo ou mesmo que gotículas de substâncias líquidas. Essas partículas podem ser dos mais diversos materiais, como compostos químicos orgânicos, ácidos, como sulfatos e nitratos, metais, e até mesmo poeira. Ainda segundo a EPA, o material particulado pode ser dividido em duas categorias. O PM2,5 é formado por partículas cujo tamanho chega até 2,5 micrômetros, pode ser encontrado em nevoeiros e na fumaça. Já o PM10, com partículas de tamanho entre 2,5 e 10 micrômetros, pode ser encontrado em regiões próximas a indústrias.
Emissões totais de material particulado por queimadas no Brasil diminuíram no sudoeste do Brasil e na Bolívia na estação seca ao longo de 2002 a 2011, especialmente em anos com menores taxas de desmatamento
Os cálculos foram feitos para adultos com mais de 30 anos, usando dados epidemiológicos consistentes da literatura, explicou Artaxo. As estimativas indicaram que pessoas mais próximas aos focos de queimadas apresentam maior risco, mas a maioria das mortes precoces ocorre fora da Amazônia por causa do transporte de fumaça para regiões mais densamente povoadas. Com base nessas constatações, os pesquisadores estimaram que a redução de 40% nas taxas de desmatamento no Brasil está evitando a ocorrência de cerca de 1,7 mil mortes precoces de adultos por ano em toda a América do Sul em razão da diminuição das emissões de fumaça provenientes das queimadas. O estudo aponta que um novo benefício foi ganho pela redução do desmatamento da Amazônia, além dos usuais. A qualidade do ar em regiões longe da Amazônia melhorou 52
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significativamente e um grande número de mortes precoces foi evitado pela redução da exposição a poluentes atmosféricos, afirmou Artaxo. Os pesquisadores ressaltam que, para maximizar os benefícios proporcionados pela redução do desmatamento, é preciso ter políticas destinadas a obter desmatamento zero em todas as áreas de florestas tropicais úmidas. A forte redução do desmatamento, até chegarmos ao desmatamento zero, trará benefícios extras que vão favorecer muito não só o meio ambiente amazônico e global, mas também à saúde da população, estimou. Precisamos continuar o esforço de proteção da floresta amazônica, pois isso também salva vidas e auxilia na redução das mudanças climáticas globais”, salientou Artaxo. [*] Agência Fapesp
Emissões de incêndio e impactos sobre aerossol regionais revistaamazonia.com.br
Primeiro mapa de riscos climáticos da Amazônia Legal
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou recentemente o primeiro Mapa de Agressividade Climática na Amazônia Legal. O documento compila dados coletados por três décadas em 326 estações climatológicas e pluviométricas, além de informações do próprio IBGE e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Produzido pelo Diagnóstico Ambiental da região, estudo da década de 1990 para conjugar a análise das variáveis climáticas, o material também leva em conta o relevo e a cobertura vegetal da Amazônia Legal. Apesar dos dados analisados terem sido coletados entre as décadas de 1960 e 1990, o coordenador de Recursos Naturais do IBGE, Celso José Monteiro
Filho, diz que o mapa é importante para mostrar a importância da questão em uma região como a Amazônia, entendendo as condições climáticas como um agente potencialmente transformador de um ambiente. “O levantamento é necessário para compreender o funcionamento do sistema natural por conta do clima. Ele ajuda muito a avaliar a vulnerabilidade do ambiente. Não é um mapa que indica ou apresenta problemas relacionados às chuvas e à falta de água em São Paulo. O objetivo é mostrar que o agente transformador de qualquer ambiente é o clima. Se esse clima é alterado por desmatamento ou ocupação, a alteração transformará o ambiente”, salientou. O mapa incluiu três grandes classes de agressividade:
alta, média e baixa. Cada uma é subdividida em fatores, conforme o índice de concentração de chuvas, número de meses com excesso e deficiência e totais médios anuais de chuva. De acordo com Monteiro Filho, é necessário um mapa com dados atuais, para verificar como ocorreram as mudanças na região nas últimas décadas. “Até 1990, os dados não eram muito bons. Hoje, são muito melhores. É preciso uma outra análise para entendermosr como a situação se deu nos últimos 24 anos. De qualquer forma, era uma informação perdida. Na ciência, você tem de ter uma base de comparação”. Ressaltou que as modificações na região tropical foram intensas nos últimos 24 anos e que ainda não há previsão da nova análise.
O IBGE apresenta o mapa do Potencial de Agressividade Climática na Amazônia Legal que integra os estudos produzidos pelo Diagnóstico Ambiental da região. Foram analisados dados provenientes de 326 estações climatológicas e pluviométricas do banco de dados do antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE) e da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), coletados entre 1960 a 1990, além de informações do Atlas Climatológico da Amazônia Brasileira (SUDAM, 1984) e do acervo do IBGE. Em escala de 1:5.000.000 (1cm = 50km). O mapa conjuga a análise das variáveis climáticas, ajustadas às características do relevo e da cobertura vegetal da Amazônia Legal, que ameniza os efeitos do clima. A partir da integração e análise de todas as variáveis foram estabelecidas três grandes classes de agressividade (alta, média e baixa), subdivididas em níveis (fatores), segundo a combinação dos elementos: índice de concentração de chuvas; números de meses com excesso, número de meses com deficiência e totais médios anuais de chuva. revistaamazonia.com.br
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Alerta para diminuição acelerada dos recursos dos oceanos Fotos: NOAA, WWF
Restabelecimento dos mangues. Manguezais armazenarm carbono e fornecem uma variedade de produtos e serviços a mais de 100 milhões de pessoas, tais como pesca, água limpa, proteção contra a erosão e eventos climáticos extremos. A taxa de desmatamento de manguezais do planeta é de três a cinco vezes maior do que até mesmo a perda média floresta global
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Fundo Mundial para a Natureza (WWF) alerta para diminuição acelerada dos recursos dos oceanos, cujos ativos estão avaliados em US$ 24 trilhões e à altura das dez melhores economias do mundo. No relatório Revitalizar a Economia dos Oceanos: Argumentos para a ação em 2015, a organização não-governamental de defesa da natureza faz uma análise dos recursos dos oceanos, comparando aos das dez maiores economias do mundo. O documento alerta para o perigo de os sistemas naturais essenciais simplesmente deixarem de funcionar um dia. “O valor dos oceanos está à altura das riquezas dos países mais ricos do mundo, mas está naufragando às profundezas de uma economia fracassada”, afirmou o diretor-geral do WWF, Marco Lambertini. “Como acionistas responsáveis, não podemos manter essa forma imprudente de agir, continuar a extrair bens valiosos dos oceanos sem investir no seu futuro”, explicou Lambertini. Produzido pelo Global Change Institute, da universidade australiana de Queensland, em parceria com a empresa norte-americana Boston Consulting Group, o relatório faz uma avaliação centrada dos ativos dos oceanos, com ênfase para os bens e serviços, incluindo a pesca e a proteção costeira contra tempestades. O documento também descreve o que o WWF considera um “ataque implacável aos recursos do oceano por meio da sobre-exploração, do uso indevido e das alterações climáticas”.
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“os oceanos estão mudando mais rapidamente do que em qualquer outro momento em milhões de anos”. De acordo com o resultado, o crescimento da população humana e a dependência do mar obrigam as autoridades a pensarem com urgência na recuperação da economia do mar e dos seus principais ativos. O principal autor do estudo, Ove Hoegh-Guldberg, alertou para o impacto da pesca excessiva e poluição dos mares. “Os oceanos correm um risco maior, porque estamos extraindo muitos peixes e despejando muitos poluentes.” Diretor do Instituto de Mudança Global da Universidade de Queensland, na Austrália, Ove Hoegh-Guldberg destacou que “o aquecimento e acidificação dos oceanos atingiram um estágio em que os sistemas naturais essenciais um dia deverão parar de funcionar”.
“O valor dos ativos dos oceanos é estimado em pelo menos US$ 24 trilhões. Em um exercício de comparação com as dez maiores economias do mundo, eles ocupariam o sétimo lugar, com um valor anual de bens e serviços de US$ 2,5 bilhões. O desmatamento de zonas úmidas e desaparecimento dos corais e ervas marinhas ameaçam este motor econômico marinho, que protege vidas e meios de subsistência por todo o mundo”, acrescentou o estudo do WWF. Uma pesquisa apresentada no relatório demonstra que
Ove Hoegh-Guldberg, alerta: “Os oceanos correm um risco maior, porque estamos extraindo muitos peixes e despejando muitos poluentes” revistaamazonia.com.br
O oceano é uma parte fundamental da Terra
O novo relatório destaca o valor econômico dos ambientes marinhos da Terra Metade dos corais do mundo e cerca de um terço de suas ervas marinhas já desapareceram
Peixes (Xenocys jessiae), valorizados como comida, Ilhas Galápagos, no Equador
Conclusão Oceano saúde está em declínio devido a tensões locais tais como a destruição do habitat, a sobrepesca e a poluição, bem como a rápida e sem precedentes mudanças na temperatura e acidez do oceano. A mensagem é clara. Estamos correndo por nossos ativos oceano e vai empurrar a economia do mar para o vermelho se não o fizermos responder a esta crise com ações ousadas e decisivas como uma comunidade internacional. Temos de fazer mais, muito mais, para proteger nossa base de ativos oceano. Um tesoureiro prudente ou CEO não iria esperar até o próximo relatório financeiro para corrigir o curso. Eles iriam agir agora. Este relatório baseia-se na investigação e conclusões de uma comunidade de especialistas e se casa com a melhor evidência científica com um argumento econômico de senso comum para a ação para salvaguardar nosso valioso oceano. Adotando as oito ações delineadas no relatório, vai resultar em um futuro susrevistaamazonia.com.br
tentável para as centenas de milhões de pessoas que dependem diretamente do oceano para sua comida e postos de trabalho, e para toda a humanidade, que se baseia no oceano para a vida como a conhecemos neste planeta azul.
O produto marinho bruto anual, é equivalente ao PIB de um país e faria o Oceano a 7ª maior economia do mundo, antes do Brasil REVISTA AMAZÔNIA
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Tartaruga nadando sob manta de lixos plásticos, no mar
Mais plástico que peixe nos oceanos em 2050
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llen MacArthur alerta para o perigo de em 2050 existirem mais resíduos plásticos nos oceanos do que peixes, caso nada se faça para impedir que se continuem a despejar esse tipo de resíduos nas águas do mar. Velejadora experiente com muitas milhas percorridas, tem como poucos um conhecimento profundo dos oceanos e criou uma
fundação que se dedica aos estudos de questões ambientais e econômicas. De acordo com o novo relatório Ellen MacArthur Foundation, publicado recentemente no Fórum Econômico Mundial, novos plásticos irão consumir 20% de toda a produção de petróleo dentro de 35 anos. A produção de plásticos aumentou vinte vezes desde 1964, chegando a 311 milhões de to-
neladas em 2014, refere o documento. A expectativa é de duplicar novamente nos próximos 20 anos e quase quadruplicar até 2050. Apesar dos constantes alertas, apenas 5% dos plásticos são reciclados de forma eficaz, enquanto 40% acabam em aterros sanitários e um terço tem como destino ecossistemas frágeis, como os oceanos. Grande parte do restante resíduos plásticos é queimado, gerando energia, mas causando mais combustíveis fósseis para ser consumido, a fim de fazer novos sacos de plástico, copos e outros artigos de consumo. O relatório elaborado pela Fundação Ellen MacArthur não alerta só para a ameaça de uma calamidade ambiental, apresenta também soluções para travar o avanço do problema. A britânica Ellen MacArthur tornou-se mundialmente conhecida, aos 24 anos, depois de ter circum-navegado o globo soLixo/resíduos depositado nas águas do mar
Mares do planeta estão sufocando em nosso lixo: resíduos...garrafas, tampas, sacos, toneladas de plástico, de pontas de cigarro...
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Oceanos podem ter um quilo de plástico
por cada três de pescado em 2025 A organização não-governamental (ONG) Ocean Conservancy alertou também recentemente, para o impacto da poluição dos ecossistemas marinhos e advertiu que, ao ritmo atual, em 2025, o mar vai conter um quilo de plástico por cada três de pescado. “Temos de travar a avalancha de plástico que se está a despejar no oceano. Em 2025, poderemos ter um quilo de plástico por cada três de pescado”, disse o presidente da ONG, o norte-americano Andreas Merkl, durante um dos painéis da conferência Nossos Oceanos, que termina hoje na cidade chilena de Valparaíso. O representante da Ocean Conservancy, que se dedica a desenvolver políticas para os oceanos baseadas em investigações científicas, denunciou a falta de infraestruturas para se poder gerir os resíduos que se despejam nos mares. Por tal razão, a Ocean Conservancy anunciou o desenvolvimento de um plano de gestão de resíduos que vai ser realizado em várias cidades asiáticas, que vão servir de teste. “A iniciativa vai coordenar os esforços das indústrias, dos governos e de investidores privados”, adiantou Merkl. O objetivo da proposta é desenvolver as condições legais, institucionais e financeiras que permitam que os investidores privados construam “oceanos inteligentes” e sistemas de gestão de resíduos na região da Ásia-Pacífico. A aliança Trash Free Seas (Mares Sem Lixo), que junta empresas e instituições científicas, vai coordenar os esforços de grandes empresas, ONG e instituições multilaterais. “Este esforço vai requerer um financiamento de 2,4 milhões de dólares (2,1 milhões de euros) e espera poder contribuir para a diminuição desta quantidade de plástico”, assinalou Andreas Merkl. O objetivo final da organização é o de trabalhar conjuntamente com o Fórum da Associação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) para identificar as condições institucionais e financeiras necessárias para atrair o investimento privado e conseguir libertar o oceano de resíduos.
zinho, na corrida Vendée Globe, em 2001. Conseguiu o segundo lugar do pódio. Três anos depois voltou a partir, mais uma vez sozinha e bateu o recorde mundial, tornando-se na altura a velejadora mais rápida a fazer a circum-navegação.
Os resíduos de plástico 260.000.000 de toneladas de plástico são produzidos a cada ano. Uma quantidade enorme acaba nos oceanos e faz ocasionar a morte de milhões de animais marinhos. Os resíduos de plástico estão se acumulando no
mar como uma espécie de “sopa de plástico” em várias banheiras de hidromassagem; um no Pacífico Norte sozinho é duas vezes o tamanho dos EUA. Quase metade das espécies de cetáceos nos oceanos estão em perigo por resíduos de plástico.
Segundo estudos do Instituto Oceanográfico/ USP, foi constatado, em linhas gerais que: *80% dos resíduos encontrados nos mares têm origem terrestre (pós-consumo, tais como resíduos sólidos urbanos, resíduos de recreação nas praias, entre outros; 20% de resíduos têm origem no mar (descarte de embarcações, atividade pesqueira, lixo internacional por correntes marítimas etc). *Estes estudos realizados pelo Instituto Oceanográfico/USP atestam a necessidade da mudança de comportamento em relação ao descarte e consumo já que a má gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é uma das principais fontes de degradação do ambiente marinho, como afirma o GPA/ PNUMA - Programa de Ação Global para a Proteção do Ambiente Marinho de Atividades Continentais. revistaamazonia.com.br
Só no Pacífico Norte, sozinho, é duas vezes o tamanho dos EUA
Detritos flutuando no oceano, vista de baixo REVISTA AMAZÔNIA
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Estação de Tratamento de Esgotos da Alegria - RJ
Ouro nas fezes “vale milhões e poderia salvar o meio ambiente” Cientistas sugerem que a extração de metais preciosos de dejetos humanos iria manter as substâncias tóxicas longe do solo, além de recuperar objetos de valor
Fotos: Divulgação, Cesan, Sanepar
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ortunas poderiam ser salvas de ir para o ralo, com a extração de ouro e metais preciosos, nos excrementos humanos. O lodo de esgoto contém traços de ouro, prata e platina em níveis que seria visto como comercialmente viável por garimpeiros tradicionais. “O ouro que encontramos foi no nível de um depósito mineral mínimo”, disse Kathleen Smith, da US Geological Survey. Smith e seus colegas argumentam que a extração de metais a partir de resíduos também poderia ajudar a limitar a liberação de metais nocivos, como o chumbo, no ambiente em fertilizantes e reduzir a quantidade de esgoto tóxico que tem de ser enterrado ou queimado. “Se você pode se livrar de alguns dos metais do incômodo que atualmente limitam o quanto desses biossólido
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Biossólido produzido a partir do lodo de esgoto da estação de tratamento Mulembá I - Vitória/ES revistaamazonia.com.br
Ouro nas fezes “vale milhões e poderia salvar o meio ambiente”
Estação de Tratamento de Esgoto Pontal do Paraná
que podemos usar em campos e florestas, e ao mesmo tempo recuperar metais valiosos e outros elementos, que é um ganha-ganha”, disse ela. Um estudo anterior, da Universidade do Estado do Arizona, estimou que uma cidade de 1 milhão de habitantes libera cerca de US$13 milhões, no valor de metais preciosos em sanitários e ralos de esgoto a cada ano. A tarefa de peneirar esgoto para quantidades microscópicas de ouro pode parecer desagradável, mas pode ter uma variedade de benefícios inesperados sobre a mineração de ouro tradicional. O uso de produtos químicos poderosos, chamados de lixiviados, usados pela indústria para puxar metais fora da rocha é controverso, porque esses produtos químicos podem ser devastadores para os ecossistemas quando vazarem para o meio ambiente. No ambiente controlado de uma estação de tratamento, os produtos químicos podem ser utilizados livremente, sem os riscos ecológicos. Os metais preciosos são cada vez mais utilizados em produtos de uso diário, como shampoos, detergentes e até mesmo roupas, onde as nanopartículas são por vezes usadas para limitar o odor corporal. Resíduos contendo estes metais acabam sendo canalizadas através das plantas de tratamento de esgoto, onde muitos metais acabam no lixo e restos sólidos. “Há metais em todos os lugares”, observou Smith. Mais de 7 milhões de toneladas de “biossólido” sair dos EUA estações de tratamento de esgoto de cada ano, cerca de metade do que é queimado ou enviados para aterro e metade usado como fertilizante nos campos e nas florestas. No Reino Unido, cerca de 500.000 toneladas de sólidos secos de esgoto são usados como fertilizantes cada ano. A quantidade de resíduos que podem ser convertidos em adubo é limitada, em parte, pelos níveis elevados de alguns metais. “Estamos interessados em recolher metais valiosos que poderiam ser vendidos, incluindo alguns dos mais tecnologicamente importantes metais, como o vanádio e cobre que estão em telefones celulares, computadores e revistaamazonia.com.br
Biossólido (adubo agrícola do lodo do esgoto), em Foz do Iguaçu
1kg de lodo continha cerca de ouro de 0,4 mg, 28 mg de prata, cobre 638mg e 49 mg de vanádio
Partícula rica em chumbo
Partícula rica em ouro
ligas”, disse Smith. Para avaliar a viabilidade de esgoto de mineração, a equipe coletou amostras de pequenas cidades nas Montanhas Rochosas, comunidades rurais e grandes cidades, e usou um microscópio eletrônico de varredura
Bill Gates demonstra sua confiança em um sistema de purificação de esgoto radical ao beber um copo de água limpa extraído de dejetos humanos
para observar quantidades microscópicas de ouro, prata e platina. Nos resultados apresentados no 249 Encontro Nacional e Exposição da American Chemical Society, em Denver, os cientistas mostraram que os níveis dos níveis preciosos eram comparáveis com os encontrados em algumas minas comerciais. O estudo de oito anos, que envolveu o teste mensal de amostras de esgoto tratados, constatou que 1kg de lodo continha cerca de ouro de 0,4 mg, 28 mg de prata, cobre 638mg e 49 mg de vanádio. A estação de tratamento de esgoto em Tóquio que já começou a extração de ouro de lodo relatou um rendimento que rivalizam com os encontrados em minério em algumas minas principais ouro. Em outros lugares, estações de águas residuais está removendo fósforo e nitrogênio, que pode ser vendido como fertilizante. A estação de tratamento de sueco está testando a viabilidade de fazer bioplásticos a partir de águas residuais. No início deste ano, Bill Gates demonstrou sua confiança em um sistema de purificação de esgoto radical por beber um copo de água limpa extraído de dejetos humanos.
*Biosólido É o lodo originado em estação de tratamento de esgoto sanitário, que passou por tratamento biológico para redução de organismos patogênicos, que pode ser utilizado diretamente em solos agrícolas (como fertilizante ou condicionador de solos), como matéria prima da compostagem, ou como adjuvante em sistemas benéficos para o homem (fabricação de tijolos e fonte de energia por exemplo. O biossólido é um produto que transforma o lodo resultante do processo de tratamento de esgotos em adubo. Atualmente o biossólido é desenvolvido na estação de tratamento de Franca e pode ser utilizado no plantio de café, banana e reflorestamento. Rico em matéria orgânica e nutrientes como nitrogênio e fósforo, ele melhora visivelmente as condições do solo e favorece o crescimento das plantas. Seu uso não é recomendado para adubar culturas que sejam consumidas cruas ou em contato direto com o solo, como batata, cenoura e hortaliças. O produto também se caracteriza como um sistema que auxilia na reciclagem de nutrientes, repondo a matéria orgânica da terra e mantendo o solo equilibrado. REVISTA AMAZÔNIA
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Desenho de uma floresta fóssil numa ilha do arquipélago de Svalbard- Noruega, no oceano Ártico, com 380 milhões anos. Terão sido das primeiras árvores na Terra
Floresta tropical fossilizada descoberta no Ártico Numa ilha do arquipélago de Svalbard, no oceano Ártico, encontraram-se fósseis de uma floresta com 380 milhões anos. Terão sido das primeiras árvores na Terra por Teresa Firmino
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oram encontrados vestígios fósseis de uma floresta tropical com 380 milhões de anos no arquipélago norueguês de Svalbard. A descoberta foi de cientistas das universidades de Cardiff e de Southampton, no Reino Unido. Os investigadores descobriram troncos fossilizados de árvore que estavam preservados ainda dentro da terra. “Estas florestas fósseis mostram-nos como era a vegetação
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Fotos/imagens: Christopher M. Berry, John E.A. Marshall
e a paisagem no equador há 380 milhões de anos, quando as primeiras árvores apareceram na Terra”, diz um dos autores, Christopher Berry, da Universidade de Cardiff, em comunicado da instituição. As ilhas de Svalbard, hoje no oceano Ártico, estavam há centenas de milhões de anos localizadas perto do equador e, pelo movimento das placas tectónicas, deslocaram-se para norte. A floresta era extremamente densa – com um espaçamento de 20 centímetros entre
árvores – e com árvores que chegariam a quatro metros de altura. Os fósseis de 380 milhões de anos foram identificados como
Christopher Berry, da Universidade de Cardiff, com mostra de fóssil revistaamazonia.com.br
Localização da floresta fossilizada descoberta em Svalbard, Noruega
sendo de Protolepidodendropsis pulchra, uma espécie extinta de licopódios, que foram das primeiras plantas na Terra com sistemas de transporte de seiva, água e sais minerais. Foi também durante este período – o Devónico, há 420 a 360 milhões de anos – que ocorreu uma redução de 15 vezes do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. “O aparecimento das árvores é a causa mais provável desta diminuição do CO2, porque as plantas
Assim eram as florestas perto do Equador durante o período Devoniano tardio revistaamazonia.com.br
Afloramento rochoso em Svalbard contendo 12 elencos numerados dos troncos verticais de uma floresta pré-histórica que existiam cerca de 400 milhões de anos atrás
absorviam o CO2 através da fotossíntese e incorporavam-no nos tecidos, tal como o processo de formação dos solos”, continua Christopher Berry. “Esta vegetação tropical com alta densidade de árvores pode ter promovido uma rápida desagregação dos solos, aumentando assim a remoção de CO2 em comparação com outras florestas contemporâneas a latitudes mais elevadas”. Os cientistas pensam que florestas equatoriais, como esta, terão contribuído bastante para a redução de CO2 atmosférica, devido à temperatura e à precipitação elevadas no equador. A floresta descoberta em Svalbard é apenas um pouco mais recente do que a única outra floresta fossilizada conhecida – a floresta de Gilboa, nos Estados Unidos – descoberta em 2012.
Os fósseis de 380 milhões de anos foram identificados como sendo de Protolepidodendropsis pulchra
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Cobrindo menos de 1% do planeta, eles contêm um enorme valor natural, como paisagens singulares
Patrimônios Naturais do Mundo ameaçados Fotos/Ilustrações: Pablo Izquierdo / WWF
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uase um terço de todos os lugares considerados Patrimônios Naturais do Mundo estão sob ameaça de atividades ligadas à indústria de petróleo, gás e de mineração. Ameaça que sobe para alarmantes 61 por cento em regiões como a África. A avaliação é de um relatório produzido pela organização conservacionista World Wide Fund for Nature (WWF) e os gestores de ativos Aviva Investors e Investec Asset Management. Patrimônios Mundiais Naturais (ou World Heritage Site, em inglês) são lugares de enorme valor natural, como o Grand Canyon, a Grande Barreira de Corais e a Reserva Selous Game, na Tanzânia. Cobrindo menos de 1% do planeta, eles
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Grande Barreira de Corais, na Austrália, é um dos Patrimônios Naturais sob ameaça revistaamazonia.com.br
Áreas potencialmente ameaçadas, impactado pela atividade extrativista, como definidos no Mapa
Sítios do Patrimônios Mundiais Naturais (WHS) Terrestre (119) Marinho (40) Terrestre sob ameaça (63) Marinho sob ameaça (7)
contêm um enorme valor natural, como paisagens singulares e alguns dos animais mais raros da Terra, como gorilas da montanha, elefantes africanos, leopardos da neve, baleias e tartarugas marinhas. Na ponta do lápis, o estudo considera em risco 70 paraísos naturais terrestres e marinhos. As ameaças relacionam-se às operações em atividade ou à entrada de empresas para concessão de exploração de minérios, petróleo ou gás, e que podem causar danos irreparáveis aos locais e sua biodiversidade, além de prejudicar as comunidades que tiram dali sua subsistência. Nem todos os locais considerados sob risco, entretanto, são susceptíveis de exploração direta das empresas de combustíveis fósseis ou de mineração, mas muitos estão em processo de concessões para extração ou em risco de serem atravessados por infraestruturas necessárias para esse desenvolvimento, como rotas de transporte. O estudo também ressalta os riscos para os investidores que trabalham ou possuem a intenção de trabalhar com empresas que atuam com extração nesses lugares ou próximos a eles - tanto riscos financeiros quanto de reputação. A partir do relatório, o WWF convoca investidores a abordar as companhias de extração e encorajá-las a adotar compromissos revistaamazonia.com.br
significativos de “não atuação” e “não impacto” nos Patrimônios Mundiais Naturais, além de divulgar de forma proativa as operações em atividade (existentes, ou em vias de existir), dentro ou nas proximidades de Patrimônios Mundiais Naturais.
A Reserva Belize permanece na UNESCO na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo, devido a preocupações em relação às concessões de petróleo em potencial dentro da área marinha
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Nasa e Japão lançam mais completo mapa topográfico da Terra em 3D Imagens foram feitas por instrumento Aster, a bordo do satélite Terra
Fotos: Nasa/equipe ASTER
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Nasa e o governo japonês divulgaram recentemente o mais completo mapa topográfico da Terra em 3D. Mapa topográfico da América do Sul cortada a partir do novo mapa digital As imagens detalhadas de montanhas, vales, lagos, rios e mares foram feitas com o instrumento japonês Aster (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer), a bordo do satélite Terra, da Nasa. A câmera do Aster registra imagens que vão do espectro visível até o infravermelho. O efeito tridimensional é criado através da
sobreposição de imagens levemente diferentes em duas dimensões. O projeto já mapeou 99% da massa terrestre, de 83 graus de latitude norte a 83 graus de latitude sul, usando informações como temperatura da superfície, reflectância e elevação.
Aplicações Práticas do Mapa De acordo com Mike Abrams, Aster líder da equipe da ciência de Propulsão a Jato da Nasa Laboratory, em Pasadena, Califórnia, a nova informação topográfica será de valor em todas as ciências da Terra e tem muitas Montanhas, vales, lagos, rios e mares foram feitas com o instrumento japonês Aster a bordo do satélite Terra, da Nasa
O efeito tridimensional é criado através da sobreposição de imagens levemente diferentes em duas dimensões
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A Nasa e o governo japonês divulgaram o mais completo mapa topográfico da Terra em 3D
Mulheres de Fibras
A Nasa e o governo japonês divulgaram o mais completo mapa topográfico da Terra em 3D Mapa topográfico da Terra em 3D
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As imagens detalhadas de montanhas, vales, lagos, rios e mares foram feitas com o instrumento japonês Aster a bordo do satélite Terra, da Nasa
aplicações práticas. “Os dados topográficos precisos da Aster serão utilizados para a engenharia, a exploração energética, conservação dos recursos naturais, gestão ambiental, design de obras públicas, combate a incêndios, recreação, geologia e planejamento da cidade, para citar apenas algumas áreas”, disse Abrams. O projeto já mapeou 99% da massa terrestre, de 83 graus de latitude norte a 83 graus de latitude sul, usando informações como temperatura da superfície, reflectância e elevação
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Mais completos dados topográficos Anteriormente, o conjunto topográfico mais completo de dados disponíveis ao público era de Missão da NASA Shuttle Radar Topography. Que a missão mapeados 80 por cento do território da Terra, entre 60 graus de latitu-
de norte e 57 graus sul. Os novos dados Aster expandem a cobertura para 99 por cento, a partir de 83 graus de latitude norte e 83 graus sul. Cada ponto de medição de elevação nos dados novos é de 30 metros (98 pés) de distância. Os dados Aster preenchem muitas das lacunas nos dados da missão do ônibus espacial, como em terrenos muito íngremes e em alguns desertos “, disse Michael Kobrick, Shuttle Radar Topography cientista do projeto da missão no JPL.” NASA está trabalhando para combinar os dados Aster com a da Missão Topográfica Radar Shuttle e outras fontes para produzir um mapa topográfico globais ainda melhor. “ O Aster adquire imagens da região de comprimento de onda do infravermelho termal, com resolução espacial variando de cerca de 15 a 90 metros (5-30 pés). Uma equipe conjunta da ciência os EUA e do Japão valida e calibra os produtos e os dados.
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