Amazônia 58

Page 1

AM

CAÇÃO LI

OR PUB AI

O

N O RTE

R$ 12,00

ISSN 1809-466X

D

Participe!

Ano 11 Nº 58 Setembro/Outubro 2016

Conheça as tecnologias de última geração, produtos inovadores em nosso dia a dia e as startups que estão revolucionando o mercado

R$ 12,00 5,00

Feira de Nanotecnologia e Inovação

Feira de Star tUps

www.nanotradeshow.com.br

www.vcexpo.com.br Evento oficial

11 3384-5218

contato@hewe.com.br

9 A 11 NOVEMBRO - CENTRO DE EVENTOS PRO MAGNO - SÃO PAULO

www.revistaamazonia.com.br

NANO TRADESHOW

CONGRESSO MUNDIAL DA NATUREZA FLORESTAS INUNDADAS DA AMAZÔNIA POTENCIAL DO CAFÉ AMAZÔNICO


revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

1


biomarketing ^

O mundo amazônico deve ser economicamente viável, ecologicamente adequado, politicamente equilibrado e socialmente justo. (Samuel Benchimol) O prêmio é uma celebração ao legado do professor Samuel Benchimol e foi instituído pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Banco da Amazônia, com apoio da Confederação Nacional da Indústria, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas e do Sebrae.

www.agropalma.com.br

~ Belém - PA / Tailândia - PA / Limeira - SP / Sao Paulo - SP

revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

1


EXPEDIENTE

O Congresso Mundial da Natureza, da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) no Havaí, com o tema: “Planeta na encruzilhada”, reuniu imensa comunidade internacional – cerca de 10.000 pessoas de 192 nações, em conversações para enfrentar os impactos do aquecimento global.

II Feira Mebengokré de Sementes Tradicionais reúne indígenas A Associação Floresta Protegida realizou recentemente, a II Feira Mebengokré de Sementes Tradicionais, na Aldeia Moikarakô, próxima ao município de São Félix do Xingu (PA). Participaram indígenas do povo Mebengokré (Kayapó) de 25 aldeias do Pará e do Mato Grosso, 48 Krahô vindos de sete aldeias do Tocantins e cerca de 50 nãoindígenas convidados...

Açaí – da Amazônia para o Mundo

COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Alex Perez Jimenez, Ana Laura Lima, Ana Ferrareze, Dani Filgueiras, Denise Silva, Elton Alisson, Hamilton Leite, Izabel Brulla Brandão, Miguel Angel Criado, Renata Silva, Reginaldo Alve FOTOGRAFIAS Ananda Banerjee, Arquivo, Ascom Cobee, Ascom Ideflor-bio, Beto Barata/PR, Brandon Cole / NPL, Cosmocaixa, Claudio Santos, Cristino Martins/Ag. Pará, Charles Rondeau, Divulgação, Daniel W. Clark, Eduardo Honorato, IUCN / Maegan Gindi, Jean Barbosa, Jon Letman / IPS, Jonas Borg, Journal of Agricultural and Food Chemistry, Kamikia Kisedje, Leandro Negro/ Ag. Fapesp, Leo Júnior/ Incaper, Newton Santos, Salvi Cruz, Settan Hasegawa, Simone Giovine, Kerry Sheridan, Yosida et al, WWF-Brasil/Juvenal Pereira EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA

FAVOR POR

DESKTOP Mequias Pinheiro

CIC

I LE ESTA REV

NOSSA CAPA Cacatua roseicapilla Eolophus, em homenagem ao Dia da Ave, e ao Congresso Mundial da Natureza, da IUCN. As aves são extremamente necessárias ao equilíbrio ecológico, além da beleza de sua plumagem e de seu canto. Foto de Thibaud Aronson

Planta substitui o mercúrio na mineração de ouro

A

A mineração convencional usa o mercúrio para separar o ouro da lama. No entanto a substância é altamente tóxica e acaba indo para rios e solo. Mas já é possível substituir o mercúrio por uma planta... R AIO PU M

-466X

D

O

Nova cultivar de café tem potencial para mudar realidade do campo na Amazônia

R$ 12,00 5,00

A adoção da BRS Ouro Preto, cultivar clonal de café conilon da Embrapa desenvolvida em parceria com o Consórcio Pesquisa Café, gerou aumento de 35% na produção de Rondônia, segundo maior polo de café conilon do País...

MAIS CONTEÚDO [10] “Vale do Silício Amazônico” pode manter floresta em pé [12] Brasil ratifica Acordo de Paris [20] Defesa das fronteiras na Amazônia [22] MMA aprova projeto para fortalecimento de unidades de conservação na Calha Norte [24] Amazônia: temperatura vai subir 5ºC e chuvas diminuirão 25% em 25 anos [27] 13º Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE) [30] Intersolar South America 2016 superou todas as expectativas [32] Greenbuilding Brasil 2016 [44] Extinção em massa: tamanho importa quando se trata de extinção [46] 10 bilhões de pessoas povoarão a Terra em 2053 [50] Semana Mundial da Água em Estocolmo [54] Brasil terá que desenvolver modelo próprio de controle biológico [58] Plástico comestível para proteger espécies marinhas

revistaam

azonia.com

.br

CONG FLORES RESSO MUND IAL DA TAS IN POTEN UNDADAS DA NATUREZA CIAL DO A CAFÉ A MAZÔNIA MAZÔN ICO REVISTA

Portal Amazônia

www.revistaamazonia.com.br

PA-538

AMAZÔNI

A

1

ICAÇÃO BL

64

PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn

RE

48

N O RTE

ST A

Congresso Mundial da Natureza 2016

O fruto mais popular da Amazônia ganhou o mundo. O açaí deixou de ser apenas um hábito alimentar dos amazônidas para integrar as prateleiras de supermercados, restaurantes, lanchonetes e quiosques no Brasil e no exterior...

38

O

DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn

ISSN 1809

35

CAÇÃO LI

14

OR PUB AI

D

05

A atividade humana provoca o desaparecimento anual de milhares de hectares de floresta tropical e com eles a hospedagem das espécies conhecidas que vivem em florestas tropicais. A floresta amazônica, que não é estranha a esta catástrofe, já perdeu muito de sua superfície...

EDITORA CÍRIOS

AM

A Amazônia e suas florestas inundadas

PUBLICAÇÃO Período (setembro/outubro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

N O RTE


Um lugar privilegiado para a ciência, mais de 30.000 metros quadrados de instalações dedicados à ciência

A Amazônia e suas florestas inundadas Museu em Barcelona tem Exposição Fantástica da “Amazônia Alagada” por Alex Perez Jimenez*

Fotos: Cosmocaixa

A

atividade humana provoca o desaparecimento anual de milhares de hectares de floresta tropical e com eles a hospedagem das espécies conhecidas que vivem em florestas tropicais. A floresta amazônica, que não é estranha a esta catástrofe, já perdeu muito de sua superfície. A floresta amazônica cobre uma área de cinco milhões de quilômetros quadrados, dos quais 150.000 são detidas pelas florestas inundadas. Em particular, a Amazônia brasileira abrange 70.000 quilômetros quadrados de floresta inundada, 2% desse total, formam áreas inundadas após chuvas e o consequente aumento do fluxo dos rios. Este crescimento, que se repete regularmente a cada ano, permite a existência de tais ecossistemas e adaptação de espécies de plantas que passam parte do ano submerso. Algumas dessas florestas são inundadas quase oito meses por ano, essas inundações se espalham para vinte quilômetros no interior da selva, o que ocasiona um aumento no nível de água de até quinze metros em algumas regiões. Quarenta metros acima do solo é o dossel ou copa, um mosaico de vidro apoiado por enormes troncos de árvores. Incrivelmente,

revistaamazonia.com.br

No museu de ciência “La Caixa”, há uma floresta incrível, tem vida aquática, plantas, aves, insetos e mamíferos. É uma ótima maneira de conhecer uma floresta tropical, se você nunca foi a uma

esta é um dos habitats mais produtivos e diversificados do mundo uma vez que 40% das espécies do mundo passam a vida entre estas copas altas. As árvores do dossel são muito altas, mas algumas espécies crescem

ainda mais para superá-los: Estas são as árvores emergentes, como a ceiba, que podem chegar a sessenta metros e são preferidas pelas harpias (gavião-real ) para construir seus ninhos. Nesta altura, as árvores não REVISTA AMAZÔNIA

05


Pirarucu (Arapaima gigas) no Cosmocaixa Museu da Ciência em Barcelona

atividade fotossintética ocorre na área florestal, e 90% das espécies que lá vivem, como os insetos, são os principais polinizadores. As árvores começam a investir toda a energia para crescer, atingindo o acesso e ganho de altura à luz. Mais tarde, destina-se principalmente a energia para a produção de flores, frutos e sementes. A luz através do dossel é capturada por outra menor estatura. A maioria são palmas delgadas e árvores adaptadas à sombra, por isso há uma

Imagem interior do museu em CosmoCaixa

têm outra competição por luz, mas são expostas ao vento que lhes chicoteam durante as tempestades. As samambaias, cactos, bromélias e as orquídeas são epífitas: as plantas que crescem sobre os outros. As epífitas do dossel da floresta que cobrem os ramos, permitindo-lhes estar perto da luz. No entanto, deve resolver o problema da obtenção de água e

nutrientes. Muitas espécies têm desenvolvido formas de retenção de água na folhagem e folhas caídas a acumular em torno da base. Muitos animais usam essas plantas para se esconder, ajudando a apoiar a diversidade de dossel. Algumas rãs até mesmo fazem o ajuste da água acumulada nas folhas. As árvores têm folhas projetadas para capturar tanta luz solar quanto possível. A

Não poderia faltar a Vitória Régia Peixes da Amazônia

06

REVISTA AMAZÔNIA

revistaamazonia.com.br


Árvore amazônica no Museu da Ciência, Cosmocaixa – um lugar absolutamente fantástico

organização vertical. Isto também significa diversidade de habitats da diversidade de espécies. Entre o dossel e solo há muitas diferenças, prosperando várias espécies de plantas adaptadas às condições de cada camada. A heterogeneidade vertical traduz também em uma grande diversidade de animais, por isso não é incomum encontrar mamíferos nas mais arbóreas, sendo que muitas espécies passam a vida inteira a uma certa altura, sem competir por recursos com outros de outra camada. O chão da floresta é escuro, úmido e extremamente estável. Só atinge 1% da luz e os aldeões subsistem com o que cai de cima – um tênue raio de luz, folhas mortas e fruta madura. Muitas folhas em decomposição. Cupins, ácaros, bactérias e fungos responsáveis pela reciclagem de matéria orgânica devolve nutrientes ao solo quase tão rápido quanto eles chegam. Por causa da humidade e da temperatura alta, eles são capazes de decompor em apenas seis semanas, a metade da queda das folhas. Quando uma árvore morre e cai, abre um funil de luz, e, em seguida, é o momento que muitos estavam esperando para germinar.

Gigantesco tatu - Holmesina septentrionalis, que viveu há aproximadamente 12 mil anos atrás durante o Pleistoceno

A Amazônia Alagada do CosmoCaixa O CosmoCaixa Barcelona ou “La Caixa”, é um dos museus de ciência mais distintos em toda a Europa, e sem dúvida o melhor na Espanha. Uma de suas mais famosas exposições permanentes é o “Bosc Inundat”, do catalão Floresta Inundada, imitando o ambiente seco e molhado da Floresta Amazônica. As imitações de árvores Ceiba foram criadas a partir de moldes feitos no Brasil e depois enviados para o CosmoCaixa. A estufa conta com 1.000m², 80 árvores e leguminosas e ainda uma piscina de 400 mil litros que representa as partes alagadas da floresta. Por lá você pode encontrar uma diversidade impressionante de animais aquáticos, são 52 espécies: Crocodilos, piranhas, pirarucus e outros peixes da Amazônia. Os visitantes podem observar a vida aquática através de um vidro, ou simplesmente passear pelo lado de dentro da estufa. A coisa é tão realista que até chuvas são simuladas várias vezes por dia. revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

07


Peixes transparentes amazônicos

res são forçadas a espalhar suas raízes para a superfície. Além disso, estabelecer relações simbióticas com fungos, chamados micorri-

zas, que passam nutrientes para a árvore, e os premiados açúcares sintetizados à novas folhas da copa. Nos trópicos, os frutos são relativamente abundantes comida disponível durante todo o ano, o que explica o grande número de animais frugívoros. Os animais são excelenA cutia - Dasyprocta leporino, roendo para disseminar nossa castanha do Pará.

Para promover o respeito pela natureza e pelos animais

08

REVISTA AMAZÔNIA

revistaamazonia.com.br

Ilustração Eduardo Saiz

Nos primeiros poucos centímetros abaixo da superfície do chão da selva, existem muito poucos nutrientes, de modo que as árvo-


tes dispersores de sementes e de co-evolução de plantas que tem saborosos frutos que atraem pássaros e primatas, entre outros, que comem e movimentam, dispersando as sementes intactas. Isto é o que é conhecido como zoocoria. Uma árvore de fruta paga um preço elevado para o uso como animais dispersores: um monte de tempo precioso é perdido. Algumas plantas não investem energia para produzir frutos. Assim, existem árvores do dossel e trepadeiras e epífitas que preferem sementes dispersas por meio de ar ou água. Se as sementes caem por gravidade simples, seria concentrar todo o pé da planta que produz, o que impediria conquistar novos territórios. As sementes podem ser pequenas e ser levadas pela brisa, às vezes envolto em uma espécie de algodão, ou ter uma ou mais “asas” que permitem planar ou para baixo em uma rotação caótica que se afasta de seu pai. Às vezes, caindo água e a

Espécies que parecem de cera, até que eu vi se mover. Impressionante

mesma estrutura que lhes permite voar serve para navegar, o que, em um lugar como a Floresta Amazônica, não é uma má ideia. Para isso, então eles devem ter uma boa flutuação e boa impermeabilidade. Muitas espécies tem a vantagem da floresta inundada – da subida das águas para dispersar as sementes. Alguns combinam o transporte com outros modos de transporte, tais como a garantia de que eles comem o peixe. Os principais consumidores são, então, floresta alagada em peixes e, por isso, muitas espécies de árvores dão frutos no período de inundação. Se você quiser aprofundar este assunto, venha conhecer “um novo olhar sobre a floresta inundada”. Você pode descobrir fatos mais interessantes sobre a flora e fauna por meio de cobranças interativos de sementes, peixes e insetos, entre outros recursos. [*] Departamento de Ciência e Meio Ambiente da Obra Social “La Caixa” A bola plasma, ao colocar as duas mãos na bola ...

Uma seleção de fragmentos da realidade revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

09


Amazônia, um patrimônio biológico global, que pode impulsionar a nova revolução movida a inteligência artificial e tecnologias que “imitam” a natureza – o biomimetismo. A Amazônia é o próximo centro de inovações do mundo

“Vale do Silício Amazônico” pode manter floresta em pé Uso da Terra e das mudanças climáticas, riscos na Amazônia e a necessidade de um novo paradigma de desenvolvimento sustentável

A

meaçada por desmatamento, queimadas, uso insustentável do solo e dos recursos, Floresta Amazônica já perdeu 20% de sua mata. Para proteger a floresta, cientistaspropõem transformar a biodiversidade em tecnologia. A maior floresta tropical do planeta, berço de pelo menos metade de todas as espécies vivas, pode se transformar no próximo “Vale do Silício”. A proposta parte dos cientistas (Carlos A. Nobre, Gilvan Sampaio, Laura S. Borma, Juan Carlos Castilla-Rubio, José S. Silva e Manoel Cardoso): os 6,7 milhões de km2 de floresta – sete vezes o tamanho da Alemanha – escondem matérias-primas que devem impulsionar a quarta revolução industrial, diz um estudo publicado recentemente na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), dos Estados Unidos. “As nossas análises mostraram que, se continuarmos com os dois modelos de desenvolvimento historicamente usados, que são a conservação pura da floresta e a atividade agropecuária, o desmatamento vai continuar. Se não encontrarmos uma outra maneira, a floresta vai desaparecer”, afirma em entrevista à DW Brasil o climatologista Carlos Nobre, principal autor do estudo e recém-eleito membro da Academia Nacional de Ciências dos EEUU. 10

REVISTA AMAZÔNIA

sapo que inspirou a criação de uma nova tecnologia de captura de CO2 da atmosfera”, diz Juan Carlos Castilla-Rubio, um dos autores e presidente do conselho da Space Time Ventures, incubadora de start-ups de tecnologia.

Histórico de destruição Climatologista Carlos Nobre, principal autor do estudo e recém-eleito membro da Academia Nacional de Ciências dos EEUU

Chamada de “terceira via”, a proposta dos cientistas enxerga a Amazônia como um patrimônio biológico global, que pode impulsionar a nova revolução movida a inteligência artificial e tecnologias que “imitam” a natureza - o biomimetismo. “Estamos dizendo que existe um valor agregado muito maior nos recursos biológicos da Amazônia que podem gerar uma economia muito robusta, de longo prazo, que sustentará um novo modelo e que é compatível com a floresta em pé”, explica Nobre. Desvendar de que plantas e animais são feitos, como organismos se locomovem e percebem o ambiente, por exemplo, são a chave para criação de materiais, sensores e até robôs do futuro. “Conhecemos o caso de uma espuma resistente produzida por um

Em mais de 50 anos de exploração da Amazônia, que se estende por 9 países e ocupa 47% do território brasileiro, a expansão da agropecuária e ocupação já desmataram 20% da floresta. Segundo diversos estudos publicados por climatologistas, se mais de 40% da floresta for destruída, a mata densa não consegue mais se recuperar e se transforma numa savana. A Amazônia também é fundamental no combate às mudanças climáticas – a estimativa é que suas árvores armazenem até 200 bilhões de toneladas de carbono. A liberação desse gás de efeito estufa na atmosfera poderia elevar a temperatura do planeta num ritmo ainda mais acelerado. “Talvez a proposta de explorar esse patrimônio biológico seja, de fato, a única possibilidade de conservar a Amazônia”, avalia Nurit Bensusan, especialista em biodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA). “Mas é preciso muito cuidado para que haja a repartição de benefícios, para que a exrevistaamazonia.com.br


Distribuição projetada dos biomas naturais

ploração dos recursos naturais não vire patentes nas mãos de empresas internacionais detentoras de tecnologia”, alerta.

“Vale do Silício” amazônico Para Castilla-Rubio, a Amazônia é o próximo centro de inovações do mundo, mas ainda é cedo para dizer se a floresta tropical será tomada por laboratórios de alta tecnologia. “Ainda não sabemos como isso vai acontecer exatamente, é um tema que vai durar 20 anos ou mais. Mas sabemos que a capacidade e conhecimento local precisam ser reforçados, e muito”, comenta Castilla-Rubio, que compara o nível de dificuldade do projeto “à ida do homem à Lua” . Atu-

almente, apenas 2% dos doutores formados anualmente no Brasil vêm de universidade amazônicas. Ao mesmo tempo, a Amazônia é o lar de cerca de 2,7 milhões de indígenas. Para que essas comunidades se beneficiem do “Vale do Silício Amazônico”, a pesquisadora Bensusan diz que é preciso reverter uma tendência. “Caminhamos para uma situação em que os conhecimentos tradicionais estão sendo desrespeitados. É preciso fazer um reconhecimento do importante papel que eles desempenham, não só identificando determinados princípios, mas também usando plantas e animais para processos de cura e cosméticos, fazendo a distribuição espacial de muitas espécies, e o mane-

jo”, critica Bensusan. Nobre reconhece as dificuldades. “É difícil essa articulação do que realmente retorna para os povos da floresta quando o conhecimento deles é apropriado e se torna um produto no mercado. Mas a Lei da Biodiversidade está aí para ser testada”, diz o cientista, fazendo referência à legislação aprovada em 2015, que prevê pagamento às comunidades indígenas por parte da indústria. É por isso que a revolução impulsionada pela Amazônia tem que ser inclusiva, defende Nobre. “E a única maneira de isso acontecer é pela qualidade da educação. E não dá para eliminar o governo: é ele que tem que garantir capacitação profissional e pesquisa básica. A revolução vai acontecer, queremos que ela traga o melhor impacto e benefício para a floresta e quem vive dela”, finaliza. Para leitura completa na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS): http://www.pnas.org/content/early/2016/09/13/1605516113.full.pdf?with-ds=yes

NR: Biomimética É uma abordagem diferente e fascinante para aprender com a natureza, para um futuro mais sustentável para o ambiente. Inovação, inspirada na natureza, que busca soluções sustentáveis para os desafios humanos emulando padrões e estratégias testadas pelo tempo. O objetivo é criar produtos,

Uma abordagem diferente para aprender com a natureza

processos e modos de vida, que estão bem adaptados à vida na Terra a longo prazo, em políticas novas. Diz-se que grande parte do dinheiro em todo o mundo é agora dedicado à biomimética, do que para qualquer outro campo de pesquisa. Tudo que você pensar ou imaginar, tem correlação na Biomimética. [*] Em DW Brasil Fração de área de floresta remanescente para toda a Amazônia revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

11


Brasil ratifica Acordo de Paris Principal objetivo é garantir que o aquecimento global não ultrapasse os 2°C até 2100

Fotos: Beto Barata/PR

pelos 195 países Parte da UNFCCC para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável. O compromisso ocorre no sentido de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais

Compromissos

O

presidente Michel Temer ratificou recentemente, o Acordo de Paris, em cerimônia no Palácio do Planalto. O objetivo do Brasil é cortar as emissões de carbono em 37% até 2025, com o indicativo de redução de 43% até 2030 – ambos em comparação aos níveis de 2005. O País foi um dos primeiros países a confirmar a participação no Acordo de Paris, um esforço mundial para conter as mudanças climáticas concluído no ano passado. O Senado Federal aprovou, em agosto, o projeto que valida a adesão brasileira ao pacto, já apreciado, em julho, pela Câmara dos Deputados. Com isso, o País pode confirmar o pacto perante as Nações Unidas. Em abril deste ano, foi aberto o período de assinaturas oficiais do pacto, no qual o Brasil e mais de 170 países já confirmaram sua participação. A meta brasileira de redução de emissões de gases de efeito estufa prevê mudanças em todos os setores da economia e, por isso, é considerada internacionalmente como uma das mais ambiciosas.

12

REVISTA AMAZÔNIA

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, e o presidente Michel Temer entregaram a ratificação do Acordo de Paris sobre mudança do clima, em Nova York, ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon

Liderança A agilidade da validação do pacto pelo Congresso Nacional reafirmou, também, a liderança brasileira na agenda climática. Isso porque, para entrar em vigor, o Acordo de Paris precisa da ratificação nacional de pelo menos 55 países responsáveis por 55% das emissões globais de gases de efeito estufa. Nesse contexto, o Brasil responde por 2,48% das emissões a nível mundial e, após a ratificação, contribuirá, em números expressivos, para o início do período de vigência do pacto.

Acordo de Paris O Acordo de Paris foi estabelecido no fim do ano passado na 21ª Conferência das Partes (COP 21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – UNFCCC. O Acordo de Paris foi aprovado

O compromisso dos países signatários é manter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, e fazer um esforço para ir além: limitar essa elevação da temperatura a 1,5°C.

Emissões

Agora, cada um dos países que participou da COP 21 precisa transformar o pacto firmado no encontro em lei nacional dentro dos seus territórios. Esse processo é chamado de ratificação. Na prática, para alcançar esses objetivos, os governos definiram os próprios compromissos de redução de emissões de poluentes, chamadas de Contribuições Nacionalmente Determinadas – INDC. Com a ratificação, o Brasil assumiu como objetivo cortar as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, com o indicativo de redução de 43% até 2030 – ambos em comparação aos níveis de 2005. revistaamazonia.com.br


Desmatamento da Amazônia Entre as políticas para alcançar essas metas, o país terá, por exemplo, que aumentar a participação de fontes renováveis na matriz energética, e recuperar e reflorestar áreas desmatadas. O País ainda se comprometeu a zerar o desmatamento da Amazônia Legal e a restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. O compromisso assinado pelo Brasil ainDesmatamento da Amazônia

da prevê que até 2100 não haverá a emissão de gases poluentes, o que seria equivalente à descarbonização total da economia. Todos os participantes do COP 21 deverão adotar políticas para atingir os objetivos do acordo, que tem, entre outras metas, por objetivo promover o financiamento coletivo de um piso de US$ 100 bilhões por ano para países em desenvolvimento, considerando suas necessidades e prioridades.

Mecanismo de revisão para mudanças do clima Esse acordo ainda propõe criar um mecanismo de revisão, que fará avaliações a cada cinco anos dos esforços globais para frear as mudanças do clima. Para o acordo valer totalmente, ele deve ser ratificado por pelo menos 55 dos países responsáveis por 55% das emissões globais. De acordo com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – UNFCCC, já ratificaram o acordo países responsáveis por 39% das emissões globais de gases de efeito estufa, entre eles Brasil, China e Estados Unidos. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil é responsável por 2,48% das emissões de carbono. Além do presidente Michel Temer, participaram da ratificação do Acordo de Paris os ministros Sarney Filho, do Meio Ambiente e José Serra, de Relações Exteriores, além de representantes de organizações da sociedade ligadas ao meio ambiente, como a Fundação SOS Mata Atlântica e o Observatório do Clima. revistaamazonia.com.br

Sarney Filho defende esforço para ampliar meta do Acordo de Paris

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, defende que o Brasil aumente sua ambição no cumprimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris. Para ele, o País deve trabalhar na redução dos prazos e na ampliação dos objetivos de redução de emissões de gases de efeito estufa.

“A minha posição é que a gente se esforce em aumentar a meta e mudar os prazos. Aumentar nossa ambição: esse tem sido um mantra do Ministério do Meio Ambiente.

Presidente da República, Michel Temer, durante ratificação do acordo

Vamos ampliar nossa ambição e encurtar os prazos”, disse Sarney Filho em entrevista coletiva à imprensa. Um dos os compromissos estabelecidos pelo Brasil no acordo é zerar o desmatamento ilegal na Amazônia e reflorestar 12 milhões de hectares da floresta até 2030. “Sou crítico de dar uma data mais dilatada para acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia, acho que a gente deve fazer todos esforços para acabar imediatamente com isso”, ressaltou o ministro do Meio Ambiente. Aprovados pelo Congresso Nacional em agosto, os compromissos assumidos pelo Brasil serão implementados por meio de uma política coordenada pelo governo federal. A ideia do Ministério do Meio Ambiente é apresentar o primeiro esboço dessa proposta antes da Conferência das Partes sobre a Mudança do Clima (COP-22), que será realizada em novembro, em Marrakech, Marrocos. Em seu discurso durante a cerimônia de ratificação do Acordo de Paris, no Palácio do Planalto, Sarney Filho destacou que a economia limpa pode dinamizar a economia. “Temos convicções de que as ações para reduzir emissões são compatíveis com o crescimento econômico e o combate à pobreza. Mais que isso, podem dinamizar nossa economia, gerando emprego de qualidade, promovendo o desenvolvimento tecnológico e a inovação, atraindo investimentos verdes que nos conduzam à construção de uma verdadeira economia de baixo carbono”. O ministro Sarney Filho destacou que a economia limpa pode dinamizar a economia do País

REVISTA AMAZÔNIA

13


Congresso Mundial da Natureza 2016 Planeta na Encruzilhada

Fotos: Ananda Banerjee, Daniel W. Clark, IUCN / Maegan Gindi, Jon Letman / IPS, Kerry Sheridan

O

Congresso Mundial da Natureza, da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) no Havaí, com o tema: “Planeta na encruzilhada”, reuniu imensa comunidade internacional – cerca de 10.000 pessoas de 192 nações, em conversações para enfrentar os impactos do aquecimento global, o tráfico de animais selvagens e da conservação do meio ambiente além do papel do investimento privado na conservação da natureza e o desenvolvimento sustentável dentro do acordo climático de Paris em 2015 e a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. É o maior congresso mundial dedicado à conservação da natureza Na cerimônia de abertura do Congresso, Zhang Xinsheng, presidente da IUCN disse: “Nós temos aqui, juntos, as pessoas certas, neste lugar inspirador, com o conhecimento, ferramentas e influência para fazer a diferença transformadora, a tomar medidas ousadas para mover o planeta do ponto de inflexão, a ponto de viragem”. Xinsheng, também elogiou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por ampliar o maior santuário natural do munDelegados na cerimônia de abertura

14

REVISTA AMAZÔNIA

do, que agora tem mais de meio milhão de milhas quadradas, nas águas e ilhas do norte do arquipélago do Havaí. “O presidente Obama marcou um nível alto”. Durante a abertura, o governador do Havaí, David Ige, disse: “Estou comprometido em proteger 30% das nossas maiores bacias hidrográficas prioritárias em 2030. Os recifes de coral fornecem capital para a vida marinha espetacular e alimenta-nos e é por isso que estou comprometido a proteger as áreas das bacias hidrográficas e recifes de ecossistemas através do aumento da regulamentação. Ige, disse ainda que o Hawaí também irá duplicar a sua produção local de alimentos para reduzir a dependência de muitos itens enviados para as ilhas, e impor um plano revistaamazonia.com.br


Zhang Xinsheng, presidente da IUCN

Delegados assistem dançarinos tradicionais do Havaí durante a cerimônia de abertura David Ige, Governador do Havaí

Ainda na cerimônia de abertura

de biossegurança para remover e prevenir a introdução de espécies invasoras que prejudicam a vida selvagem local. O Havaí é “um microcosmo de nosso planeta Terra”, mas também “um capital em perigo de espécies do mundo”. O presidente de Palau, Tommy Remengesau, recebeu uma grande ovação por suas políticas ambientais pioneiras, por meio das quais demonstrou que as pequenas nações insulares são capazes de fazer uma diferença. Remengesau, também elogiou Obama. “Assentando seu legado como líder do oceano”. Observou que, apesar da vasta extensão de Papahanaumokuakea, apenas 2% das águas do mundo são declaradas santuários marinhos, e que Palau impulsiona uma moção no congresso da UICN para elevar a proporção para 30%. Erik Solheim, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), recordou que a humanidade destrói seu único lar, mas destacou também os avanços alcançados: o Brasil reduziu drasticamente o grau de desmatamento, enquanto a Costa Rica duplicou sua cobertura vegetal, por exemplo. Solheim também elogiou a companhia francesa Total, por abandonar sua intenção de procurar petróleo no Oceano Ártico, bem como as transnacionais Kelloggs, Unilever e Nestlé, por “guiarem os dirigentes políticos” em políticas ambientais, e acrescentou que a China avança rapidamente para invesrevistaamazonia.com.br

timentos “verdes”, enquanto na Alemanha, em alguns dias, toda a energia produzida procede de fontes renováveis. Quanto à ampliação da reserva decretada por Obama, observou que “muitos sentirão quando o presidente deixar o cargo”. A secretária do Interior dos Estados Unidos, Sally Jewell, disse que o exemplo de Papahanaumokuakea pode ser replicado por meio de iniciativas similares em territórios indígenas da parte continental desse país. “O mundo deve passar de medidas generosas para atingir uma conservação estratégica”, acrescentou, antes de mencionar que há pesquisas mostrando que, a cada dois minutos, desaparece “um campo de futebol” de áreas naturais nos Estados Unidos. A secretária do Interior, Sally Jewell, disse: “Toda a delegação norte-americana aqui

Na abertura do Congresso Mundial da Natureza 2016, dançarinos havaianos dão as boas vindas

reunida aqui está nas nuvens, celebrando a mais recente adição do presidente Barack Obama para o nosso sistema monumento nacional – Papahanaumokuakea – a maior área protegida do mundo”. “A expansão de Papahanaumokuakea, quadruplica o tamanho do monumento existente, que em si já é um Património Mundial da UNESCO”, disse ela. Além disso, Jewell e destacou a necessidade do Congresso propor medidas adicionais para atender o que a secretária chamou de “flagelo” do tráfico de fauna silvestre. “Os Estados Unidos fazem parte do problema e devem ser parte da solução”, ressaltou. O senador havaiano Brian Schatz pediu aos cientistas que trabalham nas comissões especiais da UICN que ajudem a deter a devastação causada por um fungo misterioso na cobertura arbórea da variedade ‘õhi’alehua (Metrosiderospolymorpha). Pouco mais de 12.700 hectares foram afetados, o que fez com que fosse dado à enfermidade o nome de “rápida morte da ‘õhi’a”. Especialistas do Havaí estão “diante da luta de suas vidas profissionais, mas cada comunidade trava suas próprias batalhas”, acrescentou.

REVISTA AMAZÔNIA

15


Satélites de Sensoriamento Remoto para ações de conservação

Dra. Jane Goodall, fundadora do Instituto Jane Goodall, está usando imagens de satélite, mapeamento digital e tecnologia da NASA para incentivar projetos de conservação de grande escala

O Institute Jane Goodall mostrou uma iniciativa emocionante que combina detecção remota por satélite com dados de ciência cidadã para promover a conservação. Representantes do Jane Goodall Institute e a NASA destacaram o projeto em detalhes e discutirão as aplicações adicionais de sensoriamento remoto para essa conservação. A vista da Terra a partir do espaço é uma perspectiva poderosa para aumentar a consciência da necessidade de conservação e informar ações de conservação. A NASA, a Dra. Jane Goodall, fundadora do Instituto Jane Goodall e das Nações Unidas Mensageiro da Paz, discutiram amplamente o seu trabalho de conservação no Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia. Dr. Lilian Pintea do Instituto Jane Goodall discutiram o papel que a detecção remota tem desempenhado nestes esforços, com destaque para a pesquisa específica no oeste da Tanzânia, Uganda e no leste da República Democrática do Congo e como isso pode se multiplicar em outras áreas. Representantes do programa da NASA, Sr. Woody Turner e Dr. Allison Leidner, destacaram estudos de caso adicionais, onde o sensoriamento remoto NASA tem avançado muito nas práticas de conservação.

Jack Kittinger, diretor do programa de Havaí da Conservation International, disse em comunicado “Como um estado de ilha, o Havaí é particularmente vulnerável aos impactos das alterações climáticas, incluindo aumento de tempestades, branqueamento de corais, bem como os impactos locais que colocam os recifes em risco”. Por isso a CI é grata ao Governador, por prometer proteger o ambiente natural para que ele possa continuar a beneficiar as comunidades, agora e no futuro”.

Brasileira recebe medalha John C. Phillips 2016 A agrônoma Maria Tereza Jorge Pádua recebeu, a Medalha comemorativa John C. Phillips 2016, a mais alta condecoração do

Congresso Mundial da Conservação 2016. Ela é a primeira brasileira e a segunda mulher a receber o prêmio, que desde 1963 reconhece personalidades que se destacam internacionalmente pela contribuição excepcional à conservação da natureza. A primeira mulher premiada foi Indira Gandhi, ex-primeira ministra da Índia, em 1984. A condecoração também celebra a vida e trabalho do cientista da qual leva o nome, que foi um pioneiro no movimento conservacionista.

Braulio Dias, Secretário Executivo da CDB Convenção sobre Diversidade Biológica, na conferência “ Enfrentando o Desafio global de espécies exóticas invasoras”

Com atuação decisiva para a criação de diversos parques nacionais e outras unidades de conservação em todo o Brasil, Maria Tereza já participou no conselho de importantes organizações mundiais ligadas à conservação da natureza, como a IUCN, o World Resources Institute (WRI) e World Wide Fund-International. Atualmente ela é membro do Conselho da Comissão Mundial

Inger Andersen, Diretora Geral, IUCN, e membros do painel para as ações de sessão para um Oceano Sustentável

Maria Teresa Jorge Pádua, premiada com a Medalha comemorativa John C. Phillips 2016, por Inger Andersen, diretora geral da IUCN

16

REVISTA AMAZÔNIA

revistaamazonia.com.br


No painel de discussão intitulado “Entrar em ação: Os ecossistemas que sustentam o nosso bem-estar e sobrevivência econômica estão em colapso”

de Áreas Protegidas (WCPA) da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), do Conselho Curador da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e do Conselho da Fundação Pró-natureza (Funatura). Também é membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza. A escolha do premiado é feita por um júri composto por cinco membros do comitê constituinte da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que organiza, a cada quatro anos, o Congresso Mundial da Conservação, com os mais importantes representantes e formadores de políticas ambientais de todo o mundo.

O encerramento O Congresso IUCN se encerrou com a apresentação dos compromissos Hawaí. Este documento, intitulado “Navegando Earth Island”, foi moldada por debates e deliberações ao longo de 10 dias, e abriu para comentar a cerca de 10.000 participantes de 192 países. O evento reuniu líderes de governos, sociedade civil, indígena, fé e comunidades espirituais, o setor privado e academia, para decidir coletivamente sobre as ações para enfrentar os desafios de conservação e desenvolvimento sustentável mais prementes. Mais de 100 resoluções e recomendações foram adotadas pelos Membros da IUCN – um parlamento ambiental global único de governos e ONGs – chamando terceiros para agir sobre uma ampla gama de quesMembros da Coalizão para o Investimento Privado em Conservação, que foi lançado durante o evento

revistaamazonia.com.br

tões urgentes de conservação. Principais decisões incluiram o fechamento de mercados internos para o marfim de elefante, a urgência em proteger o alto mar, a necessidade de proteger as florestas primárias, nãoliberação de áreas para atividades industriais dentro de áreas protegidas e uma política IUCN oficial sobre as compensações de biodiversidade. “Decisores internacionais convergiram para a ação de conservação mais urgente”, disse Zhang Xinsheng, presidente da IUCN. “Da UICN e mais de 1.300 membros, por trás dessas decisões, dão-lhes o peso de conduzir a mudanças reais necessários para resolver alguns dos maiores desafios que o nosso planeta enfrenta hoje”. Os membros da IUCN, também aprovaram um novo programa para a IUCN para os próximos quatro anos e elegeram uma nova liderança IUCN. O Congresso IUCN coloca novas questões na agenda global de sustentabilidade, incluindo a importância de vincular espiritualidade, religião, cultura e conservação, bem como a necessidade de as implementar baseadas nas soluções da natureza – ações de proteção e gerenciamento dos ecossistemas, enquanto efetivamente responder aos desafios sociais, como comida e água de segurança, as alterações climáticas, a redução do risco de desastres, saúde e bem-estar econômico. O anúncio de EUA Presidente Obama para expandir a Papahanaumokuakea Marinha Monumento Nacional - hoje a maior área protegida do mundo – o cenário do

O Congresso Mundial de Conservação 2016 abraçou o “espírito de Aloha” em todo o Congresso Todas as manhãs durante a Assembléia dos Deputados, A Lei do espírito de Aloha foi exibido em telas grandes, ajudando a elevar o nível de consciência para o valor do Aloha. O “espírito de Aloha” era palpável, mesmo durante os debates, por vezes controversas na Assembleia dos Membros. Os estatutos do Hawaí descrevem o “espírito de Aloha” assim: “Espírito de Aloha” é a coordenação da mente e do coração dentro de cada pessoa. Ele traz a cada pessoa para si mesmo. Cada pessoa deve pensar e emocionar bons sentimentos para com os outros. Na contemplação e na presença da força da vida, “Aloha”, pode ser utilizado o seguinte loa: Laula unuhi: “Akahai”, que significa bondade para ser expressado com ternura; “Lokahi”, ou seja, a unidade, a ser expressa com harmonia; “Oluolu”, ou seja, agradável, a ser expressa com simpatia; “Ha ‘aha’”, ou seja, a humildade, a ser expressa com modéstia; “Ahonui”, ou seja, a paciência, a ser expressa com perseverança. Estes são os traços de caráter que expressam o charme, calor e sinceridade de pessoas do Havaí. As conclusões da UICN não têm o peso de uma lei internacional, mas acabam sendo a base de várias normas em diferentes países e organismos internacionais. REVISTA AMAZÔNIA

17


Congresso IUCN. Outros anúncios incluíram o compromisso do governador Ige do Havaí para proteger 30% das maiores florestas de bacias hidrográficas prioritárias do Havaí em 2030, gerir eficazmente 30% das águas perto da costa do Havaí em 2030, duplicar a produção alimentar local e atingir 100% de energias renováveis no setor da eletricidade até 2045. A Colômbia anunciou a quadruplicação do tamanho do Santuário de Fauna e Flora de Malpelo (pequena ilha colombiana no Pacífico), trazendo-a para 27.000 km2. O Congresso IUCN também viu novos compromissos com a iniciativa do Desafio de Bonn para restaurar a 150 milhões de hectares de terras degradadas até 2050. Com as últimas promessas do Malawi e Guatemala, o total de promessas Bonn desafio já ultrapassou 113 milhões de hectares, cometido por 36 governos, organizações e empresas.

Resoluções-chave e recomendações adotadas pelo Congresso IUCN

caça ilegal de vicunha para uso da sua fibra. Os membros da IUCN pediram medidas para promover o uso sustentável da espécie, e eliminar o comércio ilegal, incluindo uma maior rastreabilidade de fibra de vicunha e colaboração transfronteiriça. Caça para leões criados em cativeiro Membros da IUCN pediram legislação para proibir até 2020, e, particularmente, na África do Sul, a criação de leões em cativeiro para fins de “caça de tiro fixo”, “um embaraço eticamente repugnante”. O alto mar Foi definida uma meta ambiciosa de 30% das áreas marinhas para serem protegidas até 2030. Quase dois terços dos oceanos do mundo está além da jurisdição de países. Pessoas indígenas Os membros da IUCN também concordaram em criar uma nova categoria de sócio

Tráfico ilegal de animais Os membro da IUCN exortaram todos os governos para fechar os mercados domésticos de marfim de elefante, visto como a criação de oportunidades para a lavagem de marfim ilegal. Os elefantes são mortos por suas presas em toda a África, ameaçando a sobrevivência da savana e da floresta elefantes e guardas do parque. Combater o comércio ilegal de animais silvestres, sobre o aumento alarmante da

IUCN para os povos indígenas das organizações, aumentando o apoio aos povos indígenas direitos sobre a cena internacional. Um grande número de resoluções aprovadas pelos membros da IUCN também contribuiu para o reforço dos direitos dos povos indígenas. Proteção das florestas primárias Os membros da IUCN manifestaram apoio para a conservação das florestas primárias, incluindo paisagens com florestas intactas. Estes são vistos a desempenhar um papel fundamental na manutenção da biodiversidade, e são vitais para a proteção das culturas indígenas, e os meios de vida de comunidades pobres e marginalizadas. Áreas proibidas Outra decisão colocou toda a terra de marinhas classificadas em qualquer uma das categorias de áreas protegidas fora dos limites para as atividades industriais nocivos

Durante a atualização da Lista Vermelha da IUCN Havaí é o lar de muitas das plantas e dos animais mais raros do mundo, reconhecido mundialmente como um “hotspot de biodiversidade”

18

REVISTA AMAZÔNIA

revistaamazonia.com.br


O presidente dos EUA Barack Obama e Sylvia Earle, Oceanógrafa, durante sua visita ao Havaí antes do início do Congresso

Dançarinos tradicionais havaianos na cerimônia de encerramento

da UICN – como mineração, petróleo e gás, agricultura – e desenvolvimentos de infraestrutura– tais como barragens, estradas e oleodutos. Até à data, apenas a Patrimônio Mundial que tenham sido formalmente reconhecidos.

A indústria de óleo de palma Em outra decisão, a UICN salientou a necessidade crucial para identificar florestas intactas e ecossistemas críticos a serem evitadas pela indústria de óleo de palma em

Na sessão plenária do Comitê Preparatório (PrepCom 2) sobre a conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha de áreas fora da jurisdição nacional (BBNJ)

Enrique Lahmann, Diretor Global do Grupo de Desenvolvimento da União, Zhang Xinsheng, presidente, com Inger Andersen e a Diretora Geral, todos da IUCN, na sessão de encerramento

Compensações de biodiversidade Os membros da IUCN também chegaram a acordo sobre uma política de compensações de biodiversidade, enfatizando que a prioridade deve ser dada para evitar a perda de biodiversidade. Compensações deve ser uma medida de último recurso e, em certos casos, elas não são apropriada. Naupaka kuahiwi (Scaevola mollis), flor nativa do Hawai

rápido crescimento. Os direitos dos povos indígenas e comunidades locais devem ser respeitados e tidos em consideração, de acordo com a decisão. Atividades da indústria de palmeira de óleo pode ter impactos negativos sobre o meio ambiente, tais como a perda de habitat para grandes macacos e outros primatas, bem como sobre os meios de vida da comunidade.

O capital natural Também concordaram em desenvolver uma política de definição de capital natural, tendo em conta questões ecológicas, éticas e de justiça social. Os membros notaram normas que visam integrar o valor da natureza na tomada de decisões das instituições comerciais e financeiras, e da necessidade de uma melhor compreensão do capital natural emergente.

Delegados aplaudem a IUCN por um congresso bem sucedido

revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

19


Defesa das fronteiras na Amazônia por Dani Filgueiras

Fotos: Cristino Martins / Ag. Pará

S

imão Jatene, governador do Pará, participou recentemente, do seminário “Administração tributária, aduana e proteção das fronteiras na Amazônia – Prevenção e combate aos crimes transfronteiriços”, promovido pelo Sindicato dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil/ Delegacia do Pará (Sindireceita) e Superintendência da Receita Federal na 2ª Região Fiscal. O evento ocorreu no auditório do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam). O seminário promoveu debates sobre as políticas e ações de órgãos públicos civis e militares, de defesa e segurança, que atuam nas fronteiras brasileiras da região amazônica. O presidente do Sindireceita no Pará, Tales Queiroz, disse que o evento remete aos cinco anos de publicação do decreto do governo federal que criou o Plano Estratégico de Fronteiras. “É necessário mostrar para a sociedade o que os órgãos de segurança e defesa estão fazendo para proteger as fronteiras da Amazônia. Daí partiu a iniciativa do sin-

dicato dos analistas-tributários de reunir as autoridades para discutir de forma isolada e integradamente o que cada órgão está fazenMesa Diretora dos Trabalhos

20

REVISTA AMAZÔNIA

Jatene, também chamou atenção para a necessidade de preservar os recursos naturais que a Amazônia tem em abundância e que estão se tornando escassos no mundo

do em prol da sociedade brasileira”. Dos 17 mil quilômetros de fronteira, 10,5 mil quilômetros são na Amazônia, por isso a região foi o foco do seminário. “A Amazônia é uma grande fronteira do país. Temos oito países na nossa fronteira, e a maior parte da fronteira brasileira terrestre está nessa região”, reiterou o superintendente da Receita Federal do Brasil na 2ª Região Fiscal, Moacyr Mondardo Júnior, ao destacar os desafios que precisam ser enfrentados para a proteção das fronteiras brasileiras. “Estamos aqui chamando a atenção para essa questão e articulando melhor a ação nos locais, num trabalho que precisam ser desenvolvidos conjuntamente entre diversos órgãos”, ponderou.

revistaamazonia.com.br


O presidente do Sindireceita, Tales Queiroz: evento remete aos 5 anos de publicação do decreto federal que criou o Plano Estratégico de Fronteiras

Simão Jatene abriu o seminário com a palestra “Um novo olhar sobre a Amazônia”

Recursos Simão Jatene abriu o seminário com a palestra “Um novo olhar sobre a Amazônia”, mostrando o cenário amazônico do ponto de vista ambiental, social e econômico, além de destacar a importância desse território para todo o planeta. “Temos que ter consciência da importância da Amazônia para a manutenção da vida na Terra e temos que assumir essa condição de importância. O mundo vive hoje momentos de transformação extremamente importantes. Recursos como água estão cada vez mais escassos no planeta, ou seja, cresce a demanda e se reduz a disponibilidade por habitante, por isso temos que buscar novas alternativas para que sejamos capazes de produzir, de se desenvolver, preservando o meio ambiente”.

O governador também chamou atenção para a necessidade de preservar os recursos naturais que a Amazônia tem em abundância e que estão se tornando escassos no mundo. “Precisamos ter essa convicção, sobretudo, o cuidado de saber que estamos na Amazônia, tratando de um ativo fantástico.

Agora precisamos ser capazes de transformar sabiamente essas coisas em melhoria da qualidade de vida da nossa gente”, reiterou Jatene. Para o governador, o Brasil precisa ter um plano estratégico que coloque a Amazônia no lugar de destaque que ela tem. “A única forma de a Amazônia contribuir para o desenvolvimento brasileiro de forma ética, de forma correta, de forma justa, é pelo próprio desenvolvimento, e lamentavelmente não é isso que temos vimos nas últimas décadas”.

O seminário debateu as ações de órgãos públicos civis e militares que atuam nas fronteiras brasileiras da região amazônica

O superintendente da Receita Federal do Brasil na 2ª Região Fiscal, Moacyr Mondardo Júnior, destacou os desafios na proteção das fronteiras brasileiras

revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

21


MMA aprova projeto para fortalecimento de unidades de conservação na Calha Norte por Denise Silva

Fotos: Ascom Ideflor-bio

O

projeto “Ferramenta Sisuc (Sistema de Indicadores Socioambientais para Unidades de Conservação) como estratégia para fortalecimento do Mosaico da Calha Norte” foi aprovado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), no âmbito do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), o projeto será beneficiado pelo programa do governo federal, que oferece apoio financeiro para a implantação de modelos inovadores de gestão em Unidades de Conservação (UC). A concepção do projeto é resultado da parceria entre o Ideflor-bio, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o Grupo NSC- Natureza, Sociedade e Conservação, responsável pela aplicação da metodologia Sisuc no Brasil. O Sistema de Indicadores Socioambientais para Unidades de Conservação é um método alternativo às ferramentas sistemáticas de informação atualmente utilizadas para subsidiar a gestão de UCs. Ele também pode contribuir com o planejamento estratégico do Mosaico de Áreas Protegidas da Calha Norte do Pará, por meio de uma análise

integradora dos planos de ação elaborados pelos Conselhos Gestores das Unidades durante a aplicação da ferramenta. O resultado da Chamada Pública nº 01/2016 foi divulgado na quarta-feira (31), com a seleção de propostas que buscam apoio financeiro pelo Arpa, voltadas à im-

plantação de modelos inovadores de gestão em UCs, incluindo gestão integrada, compartilhada e participativa, visando o aumento da proteção da biodiversidade e da gestão territorial, além da utilização de recursos. O montante aprovado para o projeto é de R$ 304.553,00, devendo ser aplicado até o final de 2017.

Mosaico

A Reserva Biológica Maicuru, situada no Pará, também está incluída no Mosaico da Calha Norte

22

REVISTA AMAZÔNIA

Uma das estratégias em implementação é a gestão das unidades por meio de Mosaico, um instrumento de gestão territorial previsto pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), viabilizado pela articulação entre diversos membros do território beneficiado, visando o desenvolvimento sustentável, a conservação e a valorização da diversidade biológica, social e cultural. Embora o Mosaico Calha Norte seja composto por sete unidades de conservação estaduais e quatro federais, o projeto aprorevistaamazonia.com.br


A Estação Ecológica Grão-Pará é uma das cinco unidades estaduais beneficiadas pelo programa federal

vado pelo Arpa será efetivado inicialmente em cinco UCs estaduais e uma federal - as florestas estaduais de Faro, Trombetas e Paru, a Estação Ecológica Grão-Pará, a Reserva Biológica Maicuru e a Estação Ecológica do Jari, situadas na margem esquerda (calha norte) do Rio Amazonas, nos estados do Pará e Amapá, abrangendo parte dos municípios paraenses de Faro, Oriximiná, Óbidos, Alenquer, Monte Alegre, Prainha e Almeirim, e do município amapaense de Laranjal do Jari. Wendell Andrade, diretor de Gestão de Monitoramento das Unidades de Conservação do Ideflor-bio, ressaltou a importância da aprovação do projeto: “Em um contexto nacional em que o orçamento público para garantir a efetividade das Unidades de Conservação é cada vez mais apertado, a aprovação de um projeto com esta relevância merece ser comemorada pelos paraenses, em especial os da região oeste do Estado”.

Articulação Para que a gestão do Mosaico seja inovadora, com resultados estratégicos e transversais, é necessário atender às comunidades instaladas nas áreas protegidas. Para revistaamazonia.com.br

Chamada Pública foi estruturada em quatro componentes: Criação de unidades de conservação; Consolidação e gestão de unidades de conservação; Sustentabilidade financeira, e Monitoramento, coordenação, gerenciamento e comunicação do programa.

Proteção ambiental

isso, são necessários mecanismos de articulação que promovam a junção de esforços em torno de interesses compartilhados, intercâmbio e integração de diferentes setores da sociedade, geração e amplo acesso a dados sistematizados, oportunidades de aprendizado e participação social, além da aplicação de conhecimento multidisciplinar e criação de espaços legítimos para tomada de decisões. O Arpa aprovou ainda mais cinco projetos, sendo um da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) do Amazonas, e quatro do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A

O Arpa é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, que promove o planejamento de metas, monitoramento e supervisão. A execução financeira é realizada pelo Funbio (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade), enquanto a execução técnica é de responsabilidade dos órgãos gestores, estaduais e federais, das unidades de conservação. O Programa Arpa tem o objetivo de apoiar a proteção de pelo menos 60 milhões de hectares de florestas na Amazônia, por meio do suporte à consolidação de unidades de conservação já existentes e à criação de outras unidades. Além da consolidação das UCs, o programa fomenta a implantação de modelos inovadores de gestão nas unidades com base em regras e procedimentos definidos no Manual Operacional do Programa Arpa. REVISTA AMAZÔNIA

23


Amazônia: temperatura vai subir 5ºC e chuvas diminuirão 25% em 25 anos A pesquisa realizada no âmbito do projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima avaliou a vulnerabilidade à mudança do clima nos 62 municípios do estado do Amazonas. As informações destacadas neste documento reúnem microanálises de alguns dados obtidos a partir do estudo desenvolvido por Reginaldo Alves*

Fotos: Divulgação, WWF-Brasil/Juvenal Pereira

A

região da floresta Amazônica poderá sofrer mudanças climáticas bruscas nos próximos 25 anos por conta do desmatamento. A temperatura aumentará 5ºC e o volume de chuva diminuirá 25%, segundo as projeções dos pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). A região Nordeste do estado do Amazonas poderá apresentar um aumento de 5°C graus na temperatura e uma redução de até 25% no volume de chuvas nos próximos 25 anos. Esta informação faz parte de uma pesquisa inédita para a região Norte do país, que identificou a vulnerabilidade à mudança do clima em 62 municípios localizados na região Amazônica. Coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo é uma das atividades realizadas no âmbito do projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima, feito em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. Os resultados da pesquisa foram compartilhados durante o Seminário Indicadores de Vulnerabilidade à Mudança do Clima, que ocorreu em Manaus. Para o coordenador do projeto e pesquisador da Fiocruz Minas, Ulisses Confalonieri, a iniciativa permitirá à gestão estadual avaliar, por meio de mapas e gráficos, qual parte do território está mais e menos vulnerável às alterações do clima e os mais aptos a se recuperarem de possíveis impactos climáticos. “Além do Amazonas, mais cinco estados estão sendo avaliados: Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná e Pernambuco. Também foi desenvolvida uma ferramenta, um software, para mensurar a vulnerabilidade humana às mudanças climáticas, conforme cada município”, destaca o pesquisador. 24

REVISTA AMAZÔNIA

Vista a partir do Observatório da Torre Atto, em São Sebastião do Uatumã no meio da floresta amazônica no estado do Amazonas revistaamazonia.com.br


Dias mais secos e mais quentes A pesquisa feita sobre os municípios amazonenses indica que a região Nordeste do estado poderá ser a mais afetada em relação ao número de dias secos consecutivos no ano, índice chamado de CDD. Na cidade de Nhamundá, por exemplo, o aumento no número de dias seguidos sem chuva poderá chegar a 36%. O Vale do Javari e o sul do Amazonas, representados respectivamente por Atalaia do Norte e Boca do Acre, poderão apresentar uma elevação acima dos 20% para os períodos de estiagem. Em relação à temperatura máxima, Manaus e a região metropolitana poderão apresentar uma elevação acima dos 4°C para os próximos 25 anos. A previsão para o Sul do estado é um aumento de 5°C, com destaque para os municípios de Lábrea e Boca do Acre.

Método diferenciado Para a realização da pesquisa são consideradas informações de cada município referentes à preservação ambiental, a dados sobre a população, como saúde e condições socioeconômicas e a ocorrência de fenômenos extremos, a exemplo de tempestades e doenças relacionadas ao clima, entre elas, malária e leishmaniose tegumentar. Por meio do cruzamento e análise desses dados, é possível calcular o Índice Municipal de Vulnerabilidade (IMV). O cálculo da vulnerabilidade dos municípios é associado a três elementos – exposição, sensibilidade e capacidade de adaptação da população, considerando dois cenários de clima futuro: um com redução nas emissões de gases do efeito estufa e menor aquecimento global, e outro que considera o aumento contínuo dessas emissões com maior impacto no clima. No Amazonas, as previsões indicaram que os municípios mais expostos à mudança do clima foram Careio da Várzea e Parintins, além da região metropolitana de Manaus, em virtude de desmatamentos, variações bruscas de temperatura e poluição. Em relação à sensibilidade, que indica a intensidade com a qual os municípios são suscetíveis aos impactos do clima, parte da região Centro-Sul com destaque para a cidade de Tapauá e o Vale do Javari, representado por Atalaia do Norte, foram os mais vulneráveis. A pesquisa mostrou que municípios da região nordeste do estado, como Manaus e Presidente Figueiredo foram considerados os mais adaptados para lidar com as mudanças clima, devido à existência de infrarevistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

25


Os dias consecutivos secos (CDD) são um parâmetro climático que indica a possibilidade de estiagens. Os resultados para este item não são homogêneos, havendo redução percentual dos dias secos em algumas regiões e aumento em outras. Em relação à diminuição, as regiões Central, Alto Rio Negro e Sudeste são as que podem apresentar a maior redução dos dias secos, variando entre 2,2% (Alvarães) e 12,3% (Barcelos). Ao tomar como referência o aumento do CDD, as regiões sudeste e do Vale do Javari poderão apresentar as maiores alterações, com possibilidade de haver períodos maiores sem chuva. Nesse caso, o aumento variou de 27,1% (Atalaia do Norte) até 36,6% (Nhamundá), em relação ao que se observa no período atual. estrutura de saúde, como leitos hospitalares, plano de contingência de desastres e presença da Defesa civil. A região do Vale do Rio Negro, representada por Santa Isabel do Rio Negro seria a cidade menos adaptada.

Possíveis impactos na Região Amazônica As projeções feitas no estudo indicam consequências diretas na região amazônica. Os impactos futuros do clima apontam uma possível diminuição da biodiversidade, em virtude das alterações no ciclo reprodutivo de plantas e animais. Outro efeito importante seria o processo de savanização da floresta amazônica, devido ao aumento da temperatura. As mudanças do clima também podem provocar transformações em fenômenos naturais recorrentes na floresta amazônica, como o período das cheias dos rios. Por causa das alterações no volume de chuvas e elevação da temperatura, podem ocorrer eventos extremos, como secas e inundaDevastação por incêndios, provocados propositalmente por humanos, na floresta Amazônica

26

REVISTA AMAZÔNIA

ções. Estes fenômenos climáticos poderiam impactar a irrigação, a perda do potencial de pesca e a redução da produção agrícola, afetando diretamente a segurança alimentar

das populações que vivem nessa região. [*] Jornalista do Projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima

Segundo o Inpe, o fogo teve grande aumentou neste ano e se espalha por diversas regiões

revistaamazonia.com.br


13º Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE)

R

ealizado anualmente pela ABESCO, com participação de especialistas brasileiros e internacionais, o 13º COBEE e ExpoEficiência 2016 foi um sucesso. Entre os dias 30 e 31 de agosto, cerca de mil pessoas se reuniram no Centro de Convenções Frei Caneca , em São Paulo, para debater o futuro da eficiência energética, além de discutir maneiras sobre como eliminar perdas e alavancar negócios em painéis e palestras ministradas por convidados nacionais, internacionais e governamentais. O encontro abordou tecnologias e serviços para a melhoria da competitividade das empresas por meio do uso racional de energia e água, o aperfeiçoamento de ações alinhadas às questões de sustentabilidade e o desenvolvimento de políticas socioambientais que reforçam a lucratividade e o êxito das empresas. Nas mais de 70 palestras ao longo dos dois dias de evento estiveram presentes nas discussões convidados como Renata Leite Falcão, superintendente de Eficiência

Alexandre Moana da Abesco e convidados na sessão de abertura do 13º COBEE

Energética da Eletrobras, Everton Lucero, secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Gorini, diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Máximo Pompermayer, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os participantes tiveram a oportunidade de apresentar os benefícios da implantação de práticas e políticas socioambientais que buscam reduzir o impacto da ação huma-

O secretário de Energia e Mineração de São Paulo, João Carlos Meirelles, abordou o tema de eficiência energética como política de desenvolvimento econômico. Participaram do painel o diretor da EDP Grid, João Carlos Guimarães, o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite e Paulo Miotto, da Abrace revistaamazonia.com.br

na sobre a natureza. Informações sobre o financiamento de soluções sustentáveis, de eficiência energética e a discussão de experiências internacionais que contribuem para a redução no consumo de insumos energéticos também foram destaques do evento. Para Alexandre Moana, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), o congresso cumpriu com seu objetivo inicial e a expectativa é de que no próximo ano o sucesso se repita. Foram dezenas de trabalhos inscritos no Concurso Cultural – dentre os quais três foram premiados -, mais de 70 palestrantes e 21 expositores. Durante o congresso, o secretário de Energia e Mineração de São Paulo, João Carlos Meirelles, afirmou que o conceito de eficiência energética mudou. “Eficiência energética, hoje, não é mais a velha tese de substituir lâmpada ou coisa parecida, é, sobretudo, articular as diversas fontes de energia disponíveis para que caminhemos efetivamente para energias limpas”. Em sua palestra, o diretor substituto do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Luis Fernando Badanhan, reforçou que a eficiência energética reduz os impactos ambientais e a emissão de gases do efeito estufa, o que pode contribuir para se alcançar as metas estipuladas na COP21. Apesar disso, ele afirmou que o Brasil também possui compromissos voluntários para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e fez REVISTA AMAZÔNIA

27


Ricardo Esparta da Low Carbon Business Action in Brazil (LCBA)

um retrospecto dos principais programas do governo voltados para a área de eficiência energética. O presidente nacional da ABES, Roberval Tavares de Souza, apresentou a palestra “Desafios da Eficiência Energética no Setor de Saneamento Ambiental”, no painel “Eficiência Energética: Saneamento e Recursos Hídricos”, moderado por Eduardo Moreno, da ABESCO. Participaram também do painel Denise Maria Lara de Souza Seabra, da Caixa Econômica Federal, que falou sobre “Linhas de Crédito para Saneamento”; Gustavo Zarif Frayh, do Ministério das Cidades, que abordou o tema “Política Nacional de Saneamento e a Interface com a Eficiência Energética”; e Andrea Matos, da Sabesp, representando Paulo Massato, falando sobre “Programa de Redução de Perdas e Eficiência Energética na SABESP”.

Congresso discutiu os impactos da eficiência energética para a sociedade e para o meio ambiente “A eficiência energética está sendo tratada há muito tempo de uma forma mais institucional. Nós temos desde a década de 70 o Programa Brasileiro de Etiquetagem, apli-

cado a fabricantes e fornecedores. Em 85, instituímos o Procel, que é um importante programa institucional na parte de eficiência. Na parte de combustíveis, nós temos o Conpet. Já nos anos 2000, começamos a ter os programas de eficiência energética da Aneel. Em 2001, se tem a lei 10.295, a Política Nacional de Eficiência Energética e, em 2011, veio o PNEf, que é o Programa Nacional de Eficiência Energética”, destacou o diretor do Ministério de Minas e Energia. Apesar de voltado para as empresas, as discussões do congresso não se restringem apenas ao setor. De acordo com Marcelo Sigoli, diretor técnico da Abesco, as ideias apresentadas durante o evento também favorecem, ainda que indiretamente, o restante da sociedade. “O COBEE é um ambiente no qual as empresas discutem e apresentam tecnologias, produtos, serviços e inovação que buscam racionalizar a utilização dos insumos energéticos e, consequentemente, minimizar o impacto da ação do homem na natureza, beneficiando, com isso, a sociedade como um todo. Por exemplo, a implantação de um projeto de eficiência energética na indústria, melhora a competitividade do setor produtivo, reduz custos operacionais e impacta positivamente na produção de um determinado produto ou serviço, favorecendo o usuário final. Tudo está vinculado de

Máximo Luiz Pompermayer da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

28

REVISTA AMAZÔNIA

Renata Leite Falcão da Eletrobrás

Luis Fernando Badanhan do Ministério de Minas e Energia, reforçou que a eficiência energética reduz os impactos ambientais e a emissão de gases do efeito estufa

alguma forma.”, explica Sigoli. Simultaneamente ao 13º COBEE, foi promovida a ExpoEficiência 2016. A feira reuniu empresas interessadas em expor as novidades e inovações do mercado de eficiência energética e pessoas em busca de produtos Mário Sérgio Vasconcelos da Federação Nacional de Bancos (FEBRABAN)

revistaamazonia.com.br


Tabea von Frieling de Valencia do Banco de Desenvolvimento Alemão (KFW)

O diretor do Departamento de Mudanças Climáticas, Adriano Santhiago Oliveira, do MMA, na palestra sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) do Brasil no contexto do Acordo de Paris. Durante o Painel de abertura “Políticas Públicas para o Combate ao Desperdício de Energia”

e serviços mais eficazes que aperfeiçoam o processo produtivo e, ao mesmo tempo, contribuem para a redução do impacto da ação do homem sobre a natureza. Segundo o diretor técnico da Abesco, apesar do momento adverso no país, o investimento em tecnologia e serviços que garantem um melhor desempenho energéti-

revistaamazonia.com.br

co para o sistema produtivo das empresas permanece. “Apesar da crise econômica, os provedores de produtos e serviços continuam investindo em soluções energeticamente eficientes. Vivemos num mercado globalizado e a inovação está na ordem do dia. O que a crise pode afetar é uma demora excessiva na tomada de decisão para implementação dessas tecnologias.”, garante Marcelo Sigoli. Durante o Congresso, foi possível discutir sobre os rumos da eficiência energética no Brasil diretamente com órgãos governamentais e reguladores, como Ministério de Minas e Energia, Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e os principais players do mercado, como Eletrobras, Itaipu Binacional, Siemens, WEG, EDP Grid, Engie, Desenvolve SP e Prátil. O congresso também contou com a apresentação de soluções tecnológicas disponíveis no mercado para o uso mais eficiente dos recursos naturais e energéticos. A ABESCO, recebeu o Certificado de Neutralização da Neutralize Carbono. O certificado atesta que a Associação neutralizou as emissões de gases de efeito estufa referente ao 13º COBEE e Expo Eficiência 2016.

Lilia Caiado do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)

O presidente nacional da ABES, Roberval Tavares de Souza, apresentou a palestra “Desafios da Eficiência Energética no Setor de Saneamento Ambiental”, no painel “Eficiência Energética: Saneamento e Recursos Hídricos”, moderado por Eduardo Moreno, da ABESCO

O COBEE é promovido anualmente pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco). A entidade tem entre seus objetivos estimular uma maior competitividade entre as companhias a partir da disseminação de práticas voltadas para o desenvolvimento e ampliação da eficiência energética e hídrica no país.

REVISTA AMAZÔNIA

29

w w w. ex poarqui t e t urasuste n t ave l . c o m. b r


Intersolar South America 2016 superou todas as expectativas

C

om mais de 11.500 visitantes, de mais de 30 países, a 4ª exposição Intersolar South America foi encerrada, em São Paulo, na semana passada. 180 expositores entre nacionais e internacionais participaram do evento, fornecendo informações importantes para especialistas da indústria, investidores e projetistas ao longo de três dias. “Ficamos surpresos com o interesse demonstrado pelo público”, afirmou Daniel Strowitzi, da FMMi, um dos organizadores do evento. “Os expositores ficaram muito satisfeitos com o número de visitantes importantes. Também tivemos um excelente feedback sobre a execução do evento em paralelo com ENIE, a feira especialista para instalações eléctricas. “Thiago Andrade e Bruno Girotto, ambos integradores e que recentemente lançaram seu próprio negócio, participaram da exposição pela primeira vez e se mostraram animados com as possibilidades oferecidas pelo setor de energia solar: “tínhamos grandes expectativas e aproveitamos a feira nos três dias.” Além da exposição, mais de 1.500 pessoas participaram do Congresso. Camila Ramos, diretora da CELA, organizou um painel de discussão na conferência sobre financiamento FV e plantas de geração distribuída. “Há 1.400 empresas com investimentos previstos de R$ 140 bilhões. O mercado de energia solar no Brasil tem o potencial de 80 a 110 GW de instalações solares até 2040 “, afirma Camila. Participante da conferência,

Carlos Evangelista, Presidente, ABGD – Associação Brasileira de Geração Distribuída, em “Impacto da nova regulamentação e oportunidades para empresas de GD”

Ivo Chavan, que é engenheiro elétrico na área de processos de automação para eficiência energética, comentou: “eu fiz contatos muito importantes para fechar futuros negócios. Assisti todas as sessões da conferência e isso me ajudou muito a aumentar o meu conhecimento, especialmente em relação usinas FV em grande escala”. O mercado de energia solar brasileiro continuará a causar ebolição no mercado. A Intersolar South America foi organizada pela Solar Promotion International GmbH, Pforzheim e pela Freiburg Management and Marketing International GmbH Eduardo Azevedo, Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético, MME – Ministério de Minas e Energia, na Conferência “A situação das políticas brasileiras de energia solar”

(FMMI), com a Aranda Eventos & Congressos Ltda, São Paulo, como co-organizadora. No próximo ano, a Intersolar Sotuh America será realizada no Expo Center Norte, entre os dias 22 e 24 de agosto.

Sobre a Intersolar Carlos Evangelista, Presidente, ABGD – Associação Brasileira de Geração Distribuída, em “Impacto da nova regulamentação e oportunidades para empresas de GD”

30

REVISTA AMAZÔNIA

Com eventos em quatro continentes, a Intersolar é a maior série mundial de feiras para o setor solar. Ela congrega profissionais e empresas do mundo inteiro no esforrevistaamazonia.com.br


Lilian Cléa Rodrigues Alves, Chefe América Latina, Bloomberg New Energy Finance em “Leilões solares no Brasil: O que funcionou e o que não”

Na hora do café

Estandes sempre muito movimentados

ço de aumentar a participação da energia solar no fornecimento de energia elétrica. A Intersolar South America – o maior evento de feira e congresso voltado para o setor solar na América do Sul – é realizada no Expo Center Norte, em São Paulo. Fazendo contatos e negócios

revistaamazonia.com.br

Tanto a feira quanto o congresso abordam as áreas de energia fotovoltaica, tecnologias de produção FV, sistemas de armazenamento de energia e tecnologias termo-solares. Desde sua fundação, a Intersolar é o palco mais importante do setor para produtores,

fornecedores, distribuidores, prestadores de serviço e parceiros da indústria solar global. Com 25 anos de experiência, a Intersolar está excepcionalmente posicionada para congregar membros do setor solar provenientes dos mercados mais influentes do mundo. A Intersolar realiza feiras e congressos em Munique, São Francisco, Bombaim, Pequim, São Paulo e, começando em 2016, em Dubai. Esses eventos globais são complementados pelas Cúpulas Intersolar, realizadas em mercados emergentes do mundo inteiro.

No Workshop: Sistemas Fotovoltaicos Residenciais – Aspectos Técnicos e Regulamentação

REVISTA AMAZÔNIA

31


Greenbuilding Brasil 2016

Fotos: Newton Santos, Eduardo Honorato, Salvi Cruz

A

7ª Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo, principal evento da construção sustentável da América Latina, com a participação dos maiores green buildings nacionais e internacionais, teve início com a participação de Joaquim Barbosa, ministro emérito e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que como keynote speaker, falando sobre o “O Poder da Transformação em suas Mãos”, uma reflexão sobre a transformação de cada um e a importância da ética e responsabilidade nos negócios, e as sessões educacionais sobre operações sustentáveis pioneiras, eficiência energética em grandes grupos, como Saint Gobain e Pão de Açúcar, cidades mais ativas e possibilidades de gerenciamento para zerar resíduos em edificações. Em seguida, a apresentação dos dados do novo Anuário da Construção Sustentável. Produzido pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil), organização não governamental que realizou o evento e é responsável pelas certificações de empreendimentos sustentáveis, o anuário mostra o crescimento e os comparativos da certificação LEED entre diversos países e debate a sustentabilidade como a maior oportunidade de negócios do século 21. O Brasil está em 4º lugar neste ranking, Palestras de grande importância sobre o setor e a demonstração de novas tecnologias, serviços e materiais para a arquitetura verde, lotaram o SP Expo Exhibition & Convention Center

32

REVISTA AMAZÔNIA

Joaquim Barbosa, na abertura da 7ª Greenbuilding Brasil

com 1120 projetos sob os conceitos de sustentabilidade, mais de 31 milhões de metros quadrados e ocupa a melhor posição entre os países da América Latina. “O ano de 2016 registrou o segundo melhor índice de certificação de projetos de construção sustentável, com 81 novos projetos no primeiro quadrimestre, atrás apenas de 2012. O número também está maior entre o setor de varejo e plantas industriais, de distribuição logística, mostrando um mercado e um caminho de crescimento por vir”, adianta

Felipe Faria, diretor do GBC Brasil. A construção civil é responsável por mais de 7% do PIB nacional, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, em pesquisa de 2015, e nos Estados Unidos a construção verde deve atingir a marca de 305 bilhões de dólares no PIB americano entre 2015 e 2018. O setor de construção sustentável movimenta um crescente mercado de fornecedores de matérias primas, produtos e projetos ambientais, como mostra a sétima edição da Expo GBC. “Em termos de investimento para uma construção sustentável, o acréscimo é em torno de 0 a 6% do valor total do da obra. Em contrapartida, um edifício verde retorna o investimento no aumento do valor patrimonial, aumento da velocidade de ocupação, aumento da retenção, diminuição do risco de investimento e redução de cerca de 9% com custos como energia elétrica, água e manutenção predial”, ressalta Faria. Com relação ao mercado, os destaques estão em varejo e plantas industriais, com um percentual de crescimento de 141% nos centros de distribuição e logística, comparando o período de janeiro de 2013 a junho revistaamazonia.com.br


de 2016, com junho de 2009 a dezembro de 2012. Considerando as plantas industriais, houve um percentual de crescimento de 44%, enquanto no varejo o crescimento foi de 122%.

Espaço Conceito GBC Brasil Casa Novidade exclusiva da ExpoGBC, o Espaço Conceito GBC Brasil Casa ou simplesmente Casa Conceito esteve exposta durante o evento com objetivo educacional de demonstrar aos participantes, na prática, os conceitos de sustentabilidade presentes em edificações com as certificações LEED® e Referencial GBC Brasil Casa®. A ideia do espaço foi simular um ambiente com solu-

ções, técnicas e serviços sustentáveis originais, informando e incentivando os profissionais da área a aplicarem tais conceitos em seus projetos. O projeto foi desenvolvido pela Ca2, consultoria especializada em arquitetura sustentável e RVA arquitetura, em parceria com o GBC Brasil.

Expo Hall Stage Durante a 7ª Greenbuilding Brasil, palestras exclusivas ocorreram no Expo Hall Stage, um espaço reservado a realização de conversas rápidas e apresentação de novos produtos ligados à construção sustentável. Com acesso livre aos visitantes da feira, o Expo contou com programação exclusiva e completa, que abordou desde estudos de caso a temas como o uso eficiente da água, plantas como filtros naturais, eficiência energética, certificação FSC (Forest Stewardship Council),containers habitáveis e Projeto 3E do MMA; todos ministrados por empresas e profissionais de renome.

Felipe Faria, CEO do GBC Brasil, ressaltou a força e o poder da contribuição de cada um para a evolução do movimento

Visitas técnicas

O projeto Acre, Made in Amazônia foi oficialmente lançado, apresentando uma linha de móveis produzidos com madeiras nativas da região do Acre e certificadas pelos selos de FSC e FSC Comunitário Auditório sempre lotado...

A programação da Greenbuilding Brasil 2016 incluiu, ainda, dois roteiros diferentes para a realização de visitas técnicas a empreendimentos comerciais da cidade de São Paulo que contam com Certificação LEED® e estão entre os top 10 em construções sustentáveis no país. Realizadas no dia 12 de agosto, as visitas também proporcionaram aos participantes o contato prático aos conceitos, aplicações, facilidades e dificuldades dos materiais e técnicas sustentáveis expostos no evento.

Espaço Italiano organizado pela Italian Trade Agency (ITA) Presente na ExpoGBC durante toda a feira, o espaço da Itália expôs toda a expertise, soluções e tendências inovadoras do país para o segmento. Para tal, participaram do

revistaamazonia.com.br

O arquiteto italiano Michele Olivieri, mostrou a experiência da Itália em projetos sustentáveis e a utilização de novas possibilidades, bem como a criatividade, para soluções que respeitem e utilizem o meio ambiente a seu favor

evento nove empresas europeias: Ars Nova, Carrara, Mapei, Martinelli Luce, MLTS Europa, Parentesi Quadra, Verde Profilo, Ulivi Salotti, White Ceramic. A participação fez parte do projeto Made in Italy, conjunto de ações promocionais desenvolvidas pelo governo italiano para apresentar produtos, tecnologias e empresas para os países com os quais mantém relações comerciais.

Interação Como se não bastasse o rico conteúdo exposto, um dos pontos altos da 7ª Green-

REVISTA AMAZÔNIA

33


Exposições de grande importância sobre o setor e a demonstração de novas tecnologias, serviços e materiais para a arquitetura verde

Stand do Programa Madeira é Legal Espaço Casa Conceito

Exposição durante o evento com objetivo educacional de demonstrar aos participantes, na prática, os conceitos de sustentabilidade presentes em edificações

building Brasil foi a série de eventos simultâneos realizados nos mesmos dias e local. A HIGH DESIGN – Home & Office Expo, por exemplo, expôs mobiliários de alto padrão e soluções modernas para projetos de décor e arquitetura. Já o projeto “Acre, Made in Amazônia” foi oficialmente lançado, apresentando uma linha de móveis produzidos com madeiras nativas da região do Acre e certificadas pelos selos de FSC e FSC Comunitário. Ainda sobre madeira, o Wood Seminar demonstrou aos profissionais da construção civil como o recurso pode ser um excelente material, pois além de versátil e contar com diversas aplicações, promove a exploração de nossas florestas de forma sustentável em nome de sua conservação. O evento CONAD – Congresso Nacional de Designers de Interiores também foi realizado durante a feira e exibiu os vencedores do Prêmio Salão Design. 34

REVISTA AMAZÔNIA

revistaamazonia.com.br


II Feira Mebengokré de Sementes Tradicionais reúne indígenas de mais de 30 aldeias por Ana Ferrareze

Fotos: Kamikia Kisedje, Simone Giovine;

A

Associação Floresta Protegida realizou recentemente, a II Feira Mebengokré de Sementes Tradicionais, na Aldeia Moikarakô, próxima ao município de São Félix do Xingu (PA). Participaram indígenas do povo Mebengokré (Kayapó) de 25 aldeias do Pará e do Mato Grosso, 48 Krahô vindos de sete aldeias do Tocantins e cerca de 50 não-indígenas convidados. Mais de 50 variedades diferentes de sementes foram apresentadas. Uma ação fortalecida pelas mesas redondas realizadas com temas ligados à recuperação de sementes tradicionais e ao fortalecimento da autonomia indígena por meio da valorização dos sistemas produtivos tradicionais. Discussões sobre políticas públicas e programas de incentivo à produção agrícola e à gestão territorial e ambiental, além de outras pautas ligadas à causa indígena, geraram uma carta-aberta que será direcionada ao Poder Executivo, o que também foi feito na primeira edição da Feira, em 2012. Entre as pautas da carta, elaborada em conjunto por todas as lideranças indígenas presentes, estão a PEC 215, o marco temporal, o Pronara (Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos), a PL 13.123 e a luta do povo Guara-

Raoni, aos 86 anos, fala durante roda de prosa sobre politica indigenista

Política nacional para os povos indígenas foi tema de roda de conversa da II Feira Mebengôkré de Sementes Tradicionais revistaamazonia.com.br

ni Kaiowá “e a de todos os demais parentes que sofrem de forma mais violenta com a opressão do grande poder econômico sobre suas Terras e recursos, com a participação, conivência ou omissão dos três poderes da República”. O cacique Raoni, grande liderança indígena, agregou a todas as discussões palavras de encorajamento à luta e à preservação da cultura e das terras Kayapó. “Quando eu for, qual é o guerreiro que vai continuar no meu lugar?”, questionou na primeira noite. Em coro, os jovens que escutavam bradaram positivamente e levantaram as mãos em sinal de apoio. “Eu e Raoni nos encontramos e conversamos sobre a preservação dos territórios de todos os povos indígenas, pensando em nossos netos”, diz o cacique Getúlio Krahô. ‘Tudo o que vem do não-indígena está enREVISTA AMAZÔNIA

35


Aldeia Moikarakô, localizada na margem esquerda do Riozinho, afluente de segunda ordem do rio Xingu, próxima ao município de São Félix do Xingu (PA)

venenado com agrotóxicos. O que vem da nossa roça é natural, faz bem para a saúde. Jovens têm que cuidar pra não perder”. Estiveram presentes representantes de instituições como Embrapa, Imaflora, Funai, Sesai e ANA (Articulação Nacional de Agroecologia), que contribuíram com a troca de sementes. “A troca é o coração da Feira. Um momento de extrema confraternização por meio da maior tecnologia indígena: a semente”, explica Terezinha Dias, pesquisadora da Embrapa. “A feira permite que os agricultores acessem sementes que

Tadeu Togrekrat Krahô, filósofo e agricultor Krahô, da Aldeia Pé de Coco, levou diferentes variedades de milho para a II Feira

Mais de 50 variedades diferentes de sementes tradicionais foram apresentadas na II Feira Mebengokré (Kayapó) de Sementes

Mulher Mebengokré mostra sementes que trocou durante a Feira

36

REVISTA AMAZÔNIA

revistaamazonia.com.br


Mulheres Mebengokré dançando na abertura da II Feira Mebengokré de Sementes Tradicionais

vão reforçar seus sistemas, gerar experimentações e fortalecer o orgulho da herança tradicional”. A Feira também representou o encontro entre os parentes em celebração e afirmação à cultura indígena, com apresentações diárias de danças e cantos tradicionais, nas quais o sentimento de uno prevalece. A profusão de cores e sons, as batidas ritmadas dos pés no chão de terra, as palmas, o coro dos cantos, os braços dados, as coreografias ancestrais, as pinturas corporais, o artesanato, a alegria e a força dos guerreiros e guerreiras marcaram os cinco dias de evento, assim como a receptividade calorosa dos anfitriões de Moikarakô. Os parentes Krahô, precursores na realização das feiras de sementes e convidados especiais dos Mebengokré - que este ano optaram por fortalecer o movimento interno de conservação e produção sustentável entre as aldeias da T.l. Kayapó - apresentaram cantos durante os metoros (festas) e na madrugada e organizaram sua tradicional corrida de tora, que reuniu indígenas e não-indígenas na competição. A alimentação durante o evento teve o

Homens Mebengokré no metoro (festa) de abertura da II Feira de Sementes Tradicionais

A troca é o coração da Feira. Um momento de extrema confraternização por meio da maior tecnologia indígena: a semente

máximo possível proveniente da produção Kayapó. A comunidade garantiu o fornecimento de farinha de mandioca, banana e inhame. O evento aconteceu no auge da seca amazônica, o que por um lado indicou escassez de frutos, mas por outro a fartura de peixes. O preparo dos alimentos foi

à moda tradicional Kayapó, como: beiju com peixe/carne, beromrõ (puba de mandioca com castanha), peixe/carne cozidos no leite de castanha, mopcahuc (inhame no pilão), turuti cahuc (banana verde no pilão), djwykupu (bolo assado de mandioca), ba’ykupu (bolo assado de milho).

*Para registro de todos os momentos da Feira, uma equipe audiovisual foi montada com cineastas e fotógrafos indígenas dos povos Mebengokré, Krahô e Kisedje. **Leia a II Carta Aberta de Mojkarakô na íntegra em: http://revistaamazonia.com.br/ll-CaitaAberta-de-Moikarako2016.pdf

Turismo no Amazonas

Socorro Barroso

Receptivo em Manaus

revistaamazonia.com.br

www.olimpiocarneiro.com.br reservasolimpiocarneiro@gmail.com REVISTA AMAZÔNIA 37 (92) 99261-5035 / 98176-9555 / 99213-0561


da Amazônia para o Mundo Fotos: Arquivo, Claudio Santos /Ag. Pará, Divulgação, Jean Barbosa, Journal of Agricultural and Food Chemistry

Fruto típico da região norte, ganha mais destaque na medicina – com grande potencial anticancerígeno, alto teor de antioxidantes, pode servir de corante natural para aplicação em cosméticos e alimentos

O

fruto mais popular da Amazônia ganhou o mundo. O açaí deixou de ser apenas um hábito alimentar dos amazônidas para integrar as prateleiras de supermercados, restaurantes, lanchonetes e quiosques no Brasil e no exterior. E com toda essa exposição, aumenta também a curiosidade por parte da classe acadêmica. Recentemente, um estudo com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) desenvolveu a partir da polpa do açaí um corante natural para aplicação em cosméticos e alimentos. A pesquisa durou um ano e foi originada na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) pela estudante Rebbeka Danyelle da Silva, sob a coordenação do pesquisador Emerson Lima. “O estudo propiciou produzir um extrato hidrossolúvel (solúvel em água) a partir da polpa do açaí que pudesse ser rico em antocianinas, pigmentos naturais conhecidos e presentes também em outras frutas. Ele disse que o corante produzido se mostrou estável, preservando a cor, e pode ser aplicado na pigmentação de alimentos e cosméticos”, disse Emerson.

38

REVISTA AMAZÔNIA

revistaamazonia.com.br


Benefícios do Açaí para Saúde

• Reduz os efeitos do envelhecimento • Melhora a resistência • Melhora a digestão • Grande agente de desintoxicação 1. Perda de Peso O Suco de Açaí aumenta o metabolismo na queima de gordura. Açaí tem fibras que ajudam no processo de perda de peso. 2. Aumenta a Energia Geral: Açaí tem efeito de limpeza interna. Esta fruta também pode ajudar você a dormir melhor à noite e acordar com mais energia pela manhã. 3. Deixa a pele Saudável: Açaí tem vitaminas como A, C e E que podem ajudar na regeneração da pele. Suas propriedades únicas ajudam a sua pele brilhar e parecer mais jovem. 4. Melhora o Fluxo do Sangue: Açaí contém antocianina, um potente antioxidante que promove a circulação adequada do sangue. É devido à má circulação sanguínea que muitas doença relacionada à coagulação do sangue, calvície prematura, e problemas cardíacos ocorrem. 5. Coração mais Forte: Os ácidos graxos essenciais como os ácidos linoleico e oleico estão presentes no Açaí. O ácido oleico pode prevenir a hipertensão e também dá o seu coração os nutrientes vitais que ele precisa para funcionar corretamente e de forma eficiente. Além disso, contribui para diminuir o mau colesterol, LDL e manter níveis saudáveis de colesterol bom, HDL. 6. Melhora a Clareza Mental: Açaí contém Omega 3, que promove uma

revistaamazonia.com.br

• Rico em antioxidantes • Fontes de antocianinas • Garante um coração saudável • Colesterol mais baixo

melhor memória não apenas para a geração mais idosa, mas para todas as faixas etárias. Os nutrientes encontrados podem lhe permitir ser mais alerta e se concentrar mais facilmente.

11. Extrato Usado para Antienvelhecimento (cremes): Alguns fabricantes também afirmam usar extratos do açaí em seus cremes antienvelhecimento.

7. Reduz o Colesterol “ruim”: Açaí tem dois ácidos graxos essenciais: um é conhecido como Omega 3 (ácido linoleico) e o outro é Omega 6 (ácido oleico). Estudos frequentes têm mostrado que estes ácidos gordos têm um papel importante na redução e manutenção de níveis normais de colesterol.

12. Deixa a Pele Fresca: Rico em antioxidantes, o Açaí faz sua pele parecer mais jovem, fresco e sem máculas.

8. Antioxidante: Açaí tem a capacidade de proteger o organismo dos “radicais livres” que são produzidos como resultado de ar poluído que respiramos e os pesticidas residuais que ingerimos a partir de frutas e legumes. Açaí têm 12 vezes mais poder antioxidante do que o vinho tinto e uvas. 9. Câncer: Os antioxidantes encontrados no Açaí como antocianinas bloqueiam a carcinogénese ao nível molecular que resulta na morte das células tumorais e reduz o crescimento de células cancerosas em órgãos defeituosos. E, assim, ajuda na luta contra cânceres. 10. Melhora o Desempenho Sexual: Para alguns, isso pode ser o melhor benefício que pode obter do Açaí. Quando todos os benefícios acima são, com efeito, a sua libido sexual obtém um salto.

13. Controla Acne: Ele pode ajudar no controle da acne –pela sua capacidade e suas propriedades antiinflamatórias. 14. Ajuda na saúde e Crescimento do Cabelo: O teor de proteína de Açaí (maior do que em ovos) e 9 de ácidos graxos ômega-3, 6 e assim como as vitaminas como A, C, E e vitaminas do complexo B do Açaí se fazem necessários para o crescimento do cabelo e de sua saúde. 15. Controle a Queda e a Saúde do Couro Cabeludo: Açaí também contêm ácido fólico, zinco e o magnésio. Ajudam a fazer as raízes do cabelo mais forte e promovem a boa saúde do couro cabeludo. E o magnésio regula os níveis de cálcio no organismo, ajudando a controlar a queda de cabelo também. Benefícios para a saúde do Açaí são verdadeiramente notáveis! Experimente-o diariamente por 3 semanas, e veja os resultados.

REVISTA AMAZÔNIA

39


O Journal of Agricultural and Food Chemistry, mostrou estudo do extratos de açaí (ah-SAH’-ee) que desencadeou uma resposta autodestruição em até 86 por cento das células de leucemia testadas, disse Stephen Talcott, professor assistente do Instituto de UF de Alimentos e Ciências Agrárias

40

REVISTA AMAZÔNIA

Segundo os pesquisadores, entre as vantagens do açaí está o teor de antioxidantes (teor de antocianinas que dá a coloração roxa), substância que reduz o envelhecimento das células e faz bem para a saúde. O açaí do Amazonas leva vantagem, pois possui uma quantidade maior delas, ressalta o pesquisador da Embrapa. “Para você ter ideia, a uva tem 12 unidades de antioxidantes (vinho), já o açaí tem mais de 150 unidades, ou seja, 12 vezes mais do que vinho tinto. Por isso comemos para encher a barriga, mas lá fora é muito mais usado como complemento nutricional”, destaca o engenheiro agrônomo, Edson Barcellos. Por este motivo o açaí foi uma das matérias-primas utilizadas para produzir a linha de produtos fitoterápicos pró-envelhecimento, originários de pesquisa desenvolvida pela Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI/UEA), em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Metropolitana de Tóquio, na área do Envelhecimento. A linha de fitoterápicos - que também inclui o guaraná e a andiroba – foi batizada de “Homem da Floresta” e tem como foco melhorar a longevidade da população da terceira idade. “Na pesquisa nós vimos que os extratos do guaraná, do açaí e entre outros, podem ser usados para promover o envelhecimento saudável e vamos lançar alguns destes produtos que foram testados e aprovados em laboratório”, afirmou o diretor-presidente da UnATI, Euler Ribeiro. As pesquisas iniciaram em 2007.

revistaamazonia.com.br


“Açaí é considerado uma das mais ricas fontes de frutos de antioxidantes”, disse Stephen Talcott

O Açaí é puro antioxidante e tem alto poder de nutrientes

Potencial anticancerígeno E o açaí continua em alta e sempre sendo objeto de estudo de universidades, inclusive americanas. Diversos benefícios já foram descobertos após análises dessa fruta famosa pelo poder energético. Desta vez, mais uma indicação do potencial anticancerígeno do açaí acaba de ser anunciada. Um grupo norte-americano publicou artigo no Journal of Agricultural and Food Chemistry em que descreve como os antioxidantes contidos no fruto originário da Amazônia conseguiram destruir células cancerosas. O estudo mostra que os extratos do açaí foram capazes de estimular a destruição de até 86% das células de leucemia testadas. O professor do Instituto de Ciências Alimentícias e Agrícolas da Universidade na Flórida, Stephen Talcott, disse em comunicado, “o açaí é considerado uma das mais ricas fontes de antioxidantes e esse estudo representa um importante passo no sentido de entender os possíveis ganhos com o uso de bebidas, suplementos dietéticos e outros produtos feitos com o fruto”. O pesquisador ressalta que os resultados não significam que o fruto possa prevenir

Dr. Euler Ribeiro, diretor da UNATI-Universidade Aberta da Terceira Idade: “Na pesquisa, nós vimos que os extratos do açaí e do guaraná, entre outros, podem ser usados para promover o envelhecimento saudável” revistaamazonia.com.br

Talcott está em meio a outro estudo, com conclusão prevista para este ano, para investigar os efeitos dos antioxidantes do açaí, conhecido nos Estados Unidos como “brazilian berry”, em voluntários saudáveis

leucemia em humanos. “Nós trabalhamos com um modelo de cultura celular e não queremos dar falsas esperanças a ninguém. Mas os resultados encontrados até o momento são encorajadores, pois compostos que mostram boas atividades contra células cancerosas em modelos em laboratório têm potencial para oferecer efeitos benéficos no organismo humano”, disse. Talcott lembra também que estudos anteriores indicaram a capacidade de destruir células cancerosas de antioxidantes contidos em outros frutos, como uvas, goiabas e mangas. Segundo o pesquisador, ainda não se sabe muito bem quais são os efeitos dos antioxidantes em tais células no organismo humano, uma vez que fatores diversos como absorção de nutrientes, metabolismo e outros processos bioquímicos podem influenciar a atividade dessas substâncias. O grupo de Talcott está em meio a outro estudo, com conclusão prevista para este ano, para investigar os efeitos dos antioxidantes do açaí, conhecido nos Estados Unidos como “brazilian berry”, em voluntários saudáveis. A pesquisa pretende determinar como esses componentes são absorvidos pelo sangue e como eles afetam a pressão sanguínea, os níveis de colesterol e outros indicadores.

Os pesquisadores pretendem também conhecer melhor o fruto amazônico, que estimam ter pelo menos 75 componentes ainda não identificados. “Um dos motivos por que conhecemos tão pouco a respeito do açaí tem a ver com o fato de ele ser altamente perecível, sendo usado tradicionalmente logo após a colheita. Como produtos feitos a partir do fruto processado existem há poucos anos, cientistas de outros países ainda não tiverem muita oportunidade de estudá-lo”, explica Talcott. O cientista destaca ainda que muito tem se falado sobre as propriedades do açaí, mas que a maioria delas não foi comprovada cientificamente. “Estamos apenas começando a entender a complexidade do fruto e seus efeitos para a promoção da saúde”, disse. O grupo da Universidade da Flórida é um dos primeiros de fora do Brasil a estudar o açaí. O fruto é produzido pela palmeira Euterpe oleracea, planta típica de várzea.

Amazonas x Pará Pesquisadores da Amazônia Ocidental (Amazonas), sob a liderança do engenheiro agrônomo Edson Barcellos, desenvolvem um estudo com o objetivo de fazer o cruzamento genético de duas espécies distintas e trabalhar o melhoramento genético do fruto: o açaí do Amazonas (de terra firma) e o açaí do Pará (de várzea). A ideia é extrair a melhor parte de cada um, aumentar a esNa abertura do II Simpósio Internacional da Cadeia Produtiva do Açaí

REVISTA AMAZÔNIA

41


cala produtiva enquanto cultura agrícola e resultar em um “super açaí”, mais nutritivo e saboroso das espécies. O açaí paraense é pioneiro entre as pesquisas introduzidas pela Embrapa Amazônia Oriental do Pará há mais de 15 anos. Embora típico de várzea, se adaptou à terra firme. Inclusive existem variedades registradas no Ministério da Agricultura. “Essas espécies estão em níveis diferentes de pesquisas em melhoramento genético”, disse o engenheiro que pesquisa o desenvolvimento de palmeiras, explica Barcellos. Há três espécies de açaí no Brasil: açaí de terra firme (euterpe precatoria), encontrado mais no Amazonas; o açaí de várzea (euterpe olerácia), cultivado em terras paraenses; e o açaí da Mata Atlântica (euterpe edulius), mais utilizado para extrair palmito comestível. Eles frutificam em épocas distintas, dando safras a cada quatro meses, de acordo com região. O pesquisador Barcellos ressaltou que as pesquisas sempre foram feitas com açaí do Pará. “Agora no Amazonas estamos começando uma pesquisa para trabalhar a

nossa espécie”, disse. Como são espécies diferentes, eles possuem tem características diferentes. “O açaí do Pará você planta uma semente ela vira uma toceira (perfilha). O do Amazonas você planta uma semente que vira uma planta”, completou. Ainda segundo o pesquisador, isso pode ser uma desvantagem. O açaí do Amazonas cresce mais e consequentemente demora mais tempo para produzir (6 a 7 anos). O Colheita de açaí

Mapa de aptidão ambiental para Euterpe oleracea, com sua ocorrência no presente (A) e futuro cenário (B), para prever o impacto das mudanças climáticas globais sobre a distribuição geográfica e produtividade de Euterpe oleracea Mart. (Arecaceae) na Amazônia

do Pará cresce pouco e começa a produzir ainda quando está baixo (4 anos). “Nós queremos encontrar no nosso açaí um material mais anãozinho e que começa a produzir mais precoce”, explicou o pesquisador. Dados da Secretaria de Estado de Produção Rural, o Amazonas produziu, em 2015, quase dois milhões de sacas (50kg cada) de açaí.

Informação Nutricional do Açaí Porções por embalagem: 12 (420g)

Quantidade por porção: 35g %V.VD./D.V.(8) (2 colheres medidas conforme graduação) Valor energético

O açaí conquista cada vez mais espaço na esfera mundial – como alimento, energizante, antioxidante, antienvelhecimento, e produtos de beleza

42

REVISTA AMAZÔNIA

115kcal-483kj

6%

Carboidratos

7,3g

2%

- Polióis

5,2g

**

- Sacarose

0g

**

- Lactose

0g

**

- Glicose

0g

**

Proteinas

22g

29%

Gorduras totais

1,6g

3%

Gorduras monoinsaturadas

0,83g

**

- Ácido palmitoleico (ômega-7)

0,07g

**

- Ácido oleico (ômega-9)

0,76g

**

Gorduras poli-insaturadas

0,17g

**

- Ácido linoleico (ômega-6)

0,13g

**

Gorduras saturadas

0,4g

2%

Gorduras trans

0g

**

Fibra alimentar

1,0g

4%

Sódio

97mg

4%

Vitamina C

45mg

100%

Vitamina E

10mg

100%

Cálcio

104mg

10%

Fósforo

50mg

7%

Magnésio

24mg

9%

(*) % Valores diários de referência com base em uma dieta de 2.000kcal ou 8.400kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores, dependendo das suas necessidades energéticas

revistaamazonia.com.br


Paulistas são principais consumidores de madeira ilegal É lamentável, mas nós, paulistas, somos os principais consumidores da madeira amazônica ilegal por Hamilton Leite*

Fotos: Maurício de Almeida / Ibama Divulgação, Pedro Devanir/Secom

A

penas nos últimos sete anos, de acordo com o monitoramento por satélite realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), uma área equivalente ao território da Suíça (41 mil Km2) foi desmatada na Floresta Amazônica, sem contar com o desmatamento no Cerrado e na Mata Atlântica. Infelizmente, não damos mais a devida atenção a esses números, pois se repetem ano após ano. E assim se vai exaurindo este tesouro da humanidade. Com a perda de habitat, sucumbem por consequência todos os seres vivos que dele dependem. Com frequência cada vez maior, espécies da flora e da fauna são extintas. Nosso país tem o conjunto de vida selvagem mais rica do planeta, mas é também onde espécies desaparecem permanentemente em larga escala. Na lista publicada pelo Ministério do Meio Ambiente, no Diário Oficial da União em 18/12/2014, estão relacionadas 3.296 espécies classificadas como extintas no planeta, extintas no Brasil, extintas no habitat natural, criticamente ameaçadas ou vulneráveis. Mas o que nós, que vivemos em São Paulo, temos a ver com algo que acontece a 4 mil km de distância? Bem, a Amazônia Legal é a principal produtora de madeira tropical do mundo e nós, paulistas, consumimos cerca de 20% da produção destinada ao mercado nacional (86% do total produzido). Entre 43% e 80% da madeira proveniente O combate ao desmatamento é anseio comum a todos os brasileiros

revistaamazonia.com.br

E assim se vai exaurindo este tesouro da humanidade

da Amazônia é produzida ilegalmente, de forma predatória. Compramos casas, escritórios ou apartamentos e frequentamos hospitais, shopping centers, hotéis, escolas etc. que, não raro, têm estruturas de madeira nos telhados, para os quais se destinam 42% do total da madeira amazônica no estado de São Paulo. Andaimes, formas e escoramento para a construção de suas estruturas de concreto respondem por 28%; pisos e esquadrias 11%; móveis de madeira, 15%. Como em qualquer outro mercado, é a demanda que determina as características da oferta. Ou seja, se há baixa demanda por produtos que utilizam madeira legal ou certificada, consequentemente há pouca oferta. O Documento de Origem Florestal (DOF) é a licença obrigatória emitida pelo Ibama para o controle do transporte de produto e subproduto florestais de origem nativa. Infelizmente, não é possível garantir que a madeira que possui o DOF atende a todos os requisitos legais e aos padrões mínimos de sustentabilidade. Para que haja plena garantia ao consumidor de que todas as etapas de produção, distribuição e venda de madeira nativa, desde sua extração até o produto final, são realizadas de modo sustentável, entidades como o Forest Stewardship Council (FSC) e o Programa Brasileiro de Certificação Florestal (Cerflor) estabelecem normas e padrões de qualidade rígidos para todos os envolvidos na cadeia de manejo e custódia da madeira. A matéria-prima utilizada nos produtos

certificados é totalmente rastreável, até a área de onde a árvore foi cortada. As empresas que buscam voluntariamente a cerificação têm seus processos auditados por certificadoras reconhecidas mundialmente, como BRTUV, Bureau Veritas Certification, SGS e DNV, dentre outras. Para conhecermos mais sobre esse assunto, o Secovi-SP organizará missão empresarial, prevista para julho deste ano, em área de extração e beneficiamento de madeira certificada pelo FSC, localizada no município de Itacoatiara, no estado do Amazonas. O combate ao desmatamento é anseio comum a todos os brasileiros. Poucos, porém, possuem condições de atuar de forma mais direta. Este é o caso dos compradores e frequentadores de imóveis e dos profissionais atuantes na cadeia de produção imobiliária. Façamos, pois, a nossa parte. [*] Vice-presidente de Sustentabilidade do Secovi-SP Com frequência cada vez maior, espécies da flora e da fauna são extintas

REVISTA AMAZÔNIA

43


Extinção em massa: tamanho importa quando se trata de extinção Criaturas do mar são mais propensos a se extinguir, quanto maior elas forem. Com a extinção de grandes criaturas do mar, os ecossistemas, poderiam entrar em colapso

Fotos: Brandon Cole / NPL, Settan Hasegawa

Prof. Jonathan Payne (direita) e Noel Heim, ao lado de pilhas do Tratado sobre Paleontologia

Estamos em uma sexta extinção em massa? Jon Payne, coloca a extinção moderna em contexto, comparando-os com cinco extinções em massa anteriores da Terra

O

s maiores animais marinhos são os que têm maior risco de desaparecerem. É um padrão de extinção sem precedentes. Debaixo de água, os maiores animais são os que correm mais perigo de extinção, conclui um estudo publicado esta semana na revista científica Science. A ameaça, diz uma equipe de cientistas dos Estados Unidos, vem do homem, mais precisamente, da pesca. O que está acontecendo nos oceanos é muito diferente do que se passou há milhões de anos, constatam os autores do trabalho que relaciona o nível de ameaça com as características ecológicas dos animais. “Percebemos que a ameaça de extinção nos oceanos modernos está fortemente associada com o tamanho do corpo dos animais”, refere Jonathan Payle, investigador da Universidade de Stanford, na Califórnia, no comunicado sobre o estudo que analisou 2497 espécies marinhas extintas e atuais — de fora ficaram animais com menos de cinco centímetros, difíceis de se encontrar no registo fóssil. “Isto deve-se muito prova-

44

REVISTA AMAZÔNIA

velmente ao fato de as pessoas terem agora como alvo espécies maiores para o consumo”, acrescenta, realçando que o desaparecimento destes animais seria devastador para os ecossistemas marinhos. O motor desta mudança inédita no padrão

de extinções no oceano está nas tecnologias que nos levaram de uma pesca limitada a zonas costeiras até aos mares mais profundos, a bordo de embarcações maiores e mais preparadas para a pesca a grande escala. “Quando os humanos entram num novo ecossistema, os maiores animais são os que são mortos primeiro. Os sistemas marinhos foram poupados até agora porque os humanos estiveram restritos a áreas costeias e não tinham a tecnologia para pescar no oceano profundo numa escala industrial”, nota Noel Heim, outro dos autores do artigo. “A baleia-azul está em perigo de extinção

O leão-marinho-japonês (Zalophus japonicus) foi considerado extinto em 1994 revistaamazonia.com.br


A Sexta Extinção, o livro, ganhou o Prêmio Pulitzer no ano passado. O título é bastante expressivo: nos quase 4 bilhões de anos de história da vida na Terra, ocorreram cinco megaextinções, momentos em que muitos dos seres vivos foram arrastados de repente para a desaparição por vários cataclismos. E agora, segundo todos os dados recolhidos pela ciência, a civilização humana está causando uma nova extinção em massa: somos como o meteorito que dizimou os dinossauros do planeta. E as criaturas dos oceanos não vão conseguir se livrar. Estamos provocando a agonia de numerosas espécies marinhas e, como dizia Elizabeth Kolbert, escolhendo os seres aquáticos que ao desaparecerem deixarão de evoluir no futuro. A este ritmo, os grandes animais que vão povoar os mares dentro de milhões de anos não serão descendentes de nossas baleias, tubarões e atuns porque estamos matando todos eles para sempre. E do mesmo modo que o desaparecimento dos dinossauros deixou um vazio que demorou eras para ser preenchida pelos mamíferos, não sabemos o que vai ser da vida nos oceanos depois de serem arrasados. Baleia jubarte (Megaptera novaeangliae)

O atum-do-sul, muito usado no sushi, está em perigo crítico de extinção

devido à caça da baleia, o atum-do-sul, muito usado no sushi, está em perigo crítico de extinção. O dugongo-de-steller, parente do manatim, foi levado à extinção no século XVIII por causa da caça. Vivia no Norte do oceano Pacífico”, diz Andrew Bush, outro autor do estudo, da Universidade de Connecticut. Os cientistas analisaram a associação entre o nível de ameaça de uma espécie e características como o tamanho, em dois grandes grupos de animais marinhos — os moluscos e os vertebrados — nos últimos 500 anos. E compararam esta informação com o registo fóssil marinho desde há 445 milhões de anos, com uma atenção maior para os últimos 66 milhões de anos. O registo fóssil mostra que no passado houve vários momentos de extinção em massa. O último terá ocorrido há 65 milhões de anos, quando os dinossauros foram extintos, após a colisão de um meteoro com a Terra. Agora, mergulhamos na anunciada “sexta extinção”. E a ameaça não vem do espaço. Investigadores de várias áreas concordam que o responsável pela limpeza de espécies — que ocorre a um ritmo assustador — é, desta vez, o homem. Mas a época em que vivemos é única, comparando com as extinções em massa que ocorreram no passado, pelo impacto que está tendo nas maiores criaturas marinhas, revela este estudo. Nos continentes o padrão tem sido igual. “As extinções passadas, de origem humana, revistaamazonia.com.br

afetaram principalmente organismos grandes, estamos a falar da extinção da megafauna, principalmente mamíferos e aves, que ocorreu há alguns milhares de anos e que levou à extinção de 70 a 80% dos animais com mais de 35 quilos, os moas, os mamutes, o grande rinoceronte, por exemplo”, explica Miguel Araújo, professor na Universidade de Évora e investigador na Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva. “Usamos registos fósseis para mostrar,

de uma forma convincente e concreta, que o que está acontecendo no oceano moderno é realmente diferente do que aconteceu no passado”, afirma Noel Heim. Os investigadores concluíram que animais com uma massa corporal dez vezes maior, têm 13 vezes mais hipóteses de serem extintos. Quanto maior, pior. Os cálculos e cenários propostos pelos investigadores levam a crer que os efeitos da sexta extinção podem ultrapassar, em número de espécies e ritmo, o que aconteceu há 65 milhões de anos.

Os investigadores concluíram que animais com uma massa corporal dez vezes maior, têm 13 vezes mais hipóteses de serem extintos REVISTA AMAZÔNIA

45


A população mundial continua crescendo, mas não em todos os lugares

10 bilhões de pessoas povoarão a Terra em 2053 A África dobrará sua população, enquanto países europeus perderão até 20% de seus habitantes por Miguel Ángel Criado

D

os 7,4 bilhões de seres humanos que existem sobre este planeta no momento, passaremos a 10 bilhões em 2053. Este terço extra de humanos se dividirá de forma muito desigual: a população asiática continuará crescendo, mas em um ritmo menor, assim como a americana. Mas dois extremos serão a África, onde o número duplicará, e a Europa, com países como a Espanha, Alemanha ou Romênia, que perderão até 20% de sua população. Estes são apenas alguns dos muitos dados do novo relatório do Population Reference Bureau (PRB). Desde 1962, esta organização, financiada por várias fundações norte-americanas e a Agência para o Desenvolvimento dos EUA, publica relatórios sobre demografia, recur46

REVISTA AMAZÔNIA

sos e desenvolvimento humano. O deste ano é dedicado especialmente a como o planeta conseguirá sustentar tanta população em si-

Estes são os oito países que mais pessoas perderão

revistaamazonia.com.br


A atual população mundial é estimada em 7,4 bilhões, é previsto um aumento para 8,5 bilhões em 2030 e 9,9 bilhões em 2050

tuações tão extremas. A World Population Data Sheet de 2016 estima que em 2030 já haverá 8,5 bilhões de habitantes e, em 2050, a população terá crescido 33% em relação à atual, até os 9,9 bilhões. Será preciso esperar três anos mais para chegar à cifra redonda dos 10 bilhões. Mas o mais interessante desse número será sua distribuição geográfica e a pirâmide populacional. Muitos dos acontecimentos sociais, processos econômicos, cataclismos humanos e problemas políticos dependerão desses dois fatores. Por exemplo, a projeção que aponta que a população da África, especialmente a subsaariana, dobrará, passando Precisamos começar a se preocupar e trabalhar em uma solução como alimentar uma população mundial de 10 bilhões de pessoas

revistaamazonia.com.br

dos 1,203 bilhões atuais para os 2,527 em meados dos anos 2050 prevê que a pressão migratória sobre a Europa não cairá. Ao mesmo tempo, e de forma paradoxal, cada vez haverá menos europeus, e mais velhos. Desde os Montes Urais até a costa da Irlanda, a população cairá 12 milhões de habitantes. Mas o total esconde grandes diferenças. Assim, enquanto Alemanha e Ucrânia perderão mais de nove milhões de cidadãos, Reino Unido e França ganharão em torno de 10 milhões. Entre os países que mais perdem estão Espanha, com 3,5 milhões de espanhóis a menos, e Romênia, que perderá quase 30% de sua população.

Em relação à pirâmide populacional, o relatório confirma projeções anteriores. Hoje já existe uma grande diferença entre países desenvolvidos e menos desenvolvidos: apesar de a quarta parte da população mundial estar abaixo de 15 anos, apenas 16% dos jovens dessa idade vivem nos países mais ricos, diante de 41% que representam os mais pobres. O Japão, seguido de perto por alguns países europeus, tem 27% de sua população acima dos 65 anos. No extremo oposto, os países do golfo, como Catar e Emirados Árabes Unidos, têm apenas 1% de aposentados. O relatório não se restringe à evolução da população. Estes são alguns de seus dados que mais chamam a atenção: A Índia, que tem quase a mesma população da China, se tornará o mais povoado em 2050. A Espanha está entre os 10 países com menor taxa de fertilidade do mundo. Todo ano morrem 5,2 milhões de crianças no mundo, e apenas 65.000 nos países desenvolvidos. Enquanto São Francisco (EUA) gera 608 kg de lixo por pessoa por ano, os habitantes de Kampala, em Uganda, geram 183 kg. 91% da população mundial tem água corrente, mas a porcentagem cai até 49% em países como Angola. Há uma média de 526 pessoas por km2 de terra cultivável. Mas o dado faz todo sentido quando se observa que o número cai para 238 nos países mais desenvolvidos e aumenta para 697 nos menos desenvolvidos. REVISTA AMAZÔNIA

47


Folhas em vez de mercúrio para separar os sedimentos na mina de ouro verde em El Choco

Planta substitui o mercúrio na mineração de ouro

A

mineração convencional usa o mercúrio para separar o ouro da lama. No entanto a substância é altamente tóxica e acaba indo para rios e solo. Mas já é possível substituir o mercúrio por uma planta. A mineração convencional de ouro deixa para trás um solo contaminado por mercúrio. E essa substância tóxica também acaba indo para os rios, contaminando peixes e entrando na cadeia alimentar. Na região de Chocó, na Colômbia, os mineiros usam uma técnica mais ecológica no garimpo do ouro. Em vez do mercúrio, é usada uma mistura de água e seiva de plantas.

Desafios de mineração em El Chocó El Chocó tem sido sempre uma área de mineração de ouro. Os povos indígenas extraem ouro lá há muitíssimo tempo. Espanhois trouxeram escravos africanos-principalmente a partir de outras partes que são os ancestrais da população afro-colombiana de hoje, para trabalhar nas minas. 48

REVISTA AMAZÔNIA

Alguns mineiros artesanais tradicionais na região de Chocó, procuram encontrar ouro nas áreas de poços abandonados por máquinas

A fim de transformar os flocos de ouro em bolas gerenciáveis de metal, os mineiros mecanizados dependem de um método que remonta pelo menos a Roma antiga. Eles misturam o ouro com mercúrio, que cria um agregado sólido. Então, para se livrar do mercúrio, que aquecê-lo, de modo que o metil mercúrio facilmente absorvível é emitida para a atmosfera. Em uma entrevista, um médico em um centro comunitário de saúde disse: “As pessoas vêm a mim

reclamando que eles têm dores de cabeça e dores nas articulações, que eles estão tendo problemas para dormir e se concentrar. Sabemos qual é o problema; os níveis de mercúrio em seu sangue estão subindo”.

Como é feito tradicionalmente O mercúrio é quimicamente o metal mais semelhante ao ouro, ainda no seu estado revistaamazonia.com.br


Américo, um mineiro local, utiliza folhas em vez de mercúrio para separar os sedimentos na mina de ouro verde na Colômbia

elementar, à temperatura ambiente é um líquido. Quando o mercúrio é adicionado ao minério, que capta as partículas de ouro quase invisíveis – é tão fácil de separar da rocha como o óleo da água. Despeje-o em um pedaço de pano e esprema o excesso de líquido, e fica-se com uma bola de amálgama duro que é feito de cerca de 50%/50% mercúrio e ouro. Este é então queimado com um maçarico para evaporar o mercúrio. É a alquimia original, a magia de Merlin, transmitida ao longo dos séculos.

O ouro verde Na região de Choco, grande parte do ouro é encontrado como poeira fina e pepitas, em riachos. A solução de extração moderna é para escavar o leito do riacho e os bancos com maquinaria pesada, processar o sedimento com mercúrio, e despejar o sedimento resíduos aleatoriamente tal que cria uma paisagem de montes e poços perigosos. Américo e Estel, uma equipe de marido e mulher, são os pioneiros da mineração “ouro verde” usam apenas os métodos tradicionais de seus antepassados, sem quaisquer produtos químicos industriais. Eles usam sedimento descartado para remodelar o riacho e bancos, e depois replantar a terra minada com vegetação apuradas a partir da próxima área a ser minerada. O crescimento Tropical é tão rápido que, quando você anda por um

Oro Verde ou “ouro verde” de Chocó na Colômbia revistaamazonia.com.br

- Sem produtos químicos tóxicos, tais como mercúrio e cianeto na extração será utilizado para evitar esta situação, por exemplo, a poluição dos rios. - As zonas exploradas, ganham estabilidade ecológica ao longo de um período de três anos. - O solo que é removido durante a extração deve ser substituído durante o processo. - Que os rejeitos não excedem a capacidade do ecossistema local para a reabilitação. - A carga de sedimentos nos córregos, rios ou sistemas lacustres é controlada em quantidade e frequência, de modo que o ecossistema aquático nativo não seja afetado. - As operações de mineração são condu-

riacho de ouro verde, a selva se torna mais espessa e as árvores maiores. Quando você chegar em um local minado há cinco anos, ele é cheia de pássaros nativos e parece que os seres humanos nunca tenham tocado. O ouro verde não utiliza mercúrio ou produtos químicos de qualquer tipo. É, em vez disso, separados por gravimetria (lavar o cascalho em uma panela para separar (ouro)), despejar, e centrífugas. Eles vendem o seu ouro como um prêmio para os compradores que o procuram para comprar ouro, sem o custo ambiental prejudicial.

Critérios de certificação Oro Verde:

Ouro Verde, mineração verde e digna – o primeiro ouro mundial ecológico em Choco, Colômbia

zidas com o acordo dos Conselhos Comunitários Locais. - A origem do ouro e platina extraída, é a favor da localização correspondente. - Em áreas florestais, as atividades de mineração não deve exceder 10% de um hectare em períodos de rotação de dois anos. - Deve seguir os regulamentos locais, regionais e nacionais.

- Não deve haver nenhuma interrupção ecológica. Ou deixar o ecossistema em um estado tal que a sua possível recuperação seja praticamente impossível.

Em vez de produtos químicos tóxicos, como o mercúrio e outros mineiros, Oro Verde extraem uma substância viscosa das folhas da árvore de balsa (entre 30-50 cm), que são então utilizadas para separar as pepitas de ouro e outros minerais REVISTA AMAZÔNIA

49


Semana Mundial da Água em Estocolmo Fotos: Jonas Borg

C

om a presença de 3.100 participantes de mais de 120 países, a Semana Mundial da Água encerrou concluindo que a água deve ser reconhecida como o facilitador da implementação bem-sucedida em todo o acordo sobre o clima Paris 2030. “Água – a salvação de nosso planeta – será necessário para atingir quase todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e para enfrentar os desafios que as alterações climáticas trarão”, disse Karin Lexén, diretor da Semana Mundial da Água em Estocolmo Instituto Internacional da Água (SIWI). A implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo a meta de água (Objetivo 6) foi uma das prin-

cipais questões discutidas pelos tomadores de alto nível político, de desenvolvimento e de água profissionais, pesquisadores, sociedade civil e representantes do setor privado. Durante toda a semana, houve um foco em implementação e ação, particularmente a nível local e da cidade, marcando a tranDurante a cerimônia do Prêmio Água 2016 Stockholm

50

REVISTA AMAZÔNIA

sição das discussões globais e negociações que conduziram à adoção do ODS e o Acordo do Clima de Paris em 2015. “A fim de atingir os ODS’s; nas cidades, lideranças locais são cruciais; que é onde vamos encontrar a unidade. Também é importante que a sociedade civil, as empresas e os empreendedores sociais estejam envolvidos, para aprender uns com os outros para criar parcerias inteligentes, viáveis e sustentáveis. A água é muito importante para manter dentro da comunidade de água – a água é uma parte central de toda a sociedade”, disse o Diretor Executivo do SIWI Torgny Holmgren. O ministro do Meio Ambiente da Suécia Karolina Skog, sublinhou: “A água é um recurso compartilhado e uma responsabilidade partilhada. O setor privado tem um papel importante a desempenhar. Ele tem a competência, a tecnologia e a capacidade de investir. O uso responsável da água é uma vantagem econômica e vai pagar tanto para modelos de negócios sustentáveis e para inovações “. Este ano, a Semana Mundial da Água foi uma oportunidade para os atores-chave para conhecerem e fazer um balanço dos progressos no sentido da ODS e do Acordo do Clima Paris 2015, a partir de uma perspectiva de água. A Semana irá fornecer uma atualização anual, água rastreamento nos acordos de desenvolvimento global até 2030. A Semana também se congratulou com representantes do Painel de Alto Nível sobre a Água, que foi criada no início deste ano pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon e Presidente do Banco Mundial Jim revistaamazonia.com.br


O Príncipe com os jovens candidatos

Kim, com o objetivo de promover a ODS relacionadas com a água. Os representantes do Painel usaram a semana para obter sugestões da comunidade de água e desenvolvimento mais amplo. “Temos de continuar a concentrar-se sobre a água como um veículo para alcançar a Agenda 2030, e empurrar para uma melhor integração da água na agenda climática global”, disse Karin Lexén. Abdeladim Lhafi, Alto Comissariado para a próxima COP22 (Conferência 22 das Partes da Convenção do Clima) e Alto Comissariado para a Água, Ambiente e luta contra a desertificação em Marrocos, disse na sessão de encerramento que COP21 em Paris foi “um ponto de viragem histórico, um sucesso diplomático, foi um COP de decisões. A COP22 será a conferência de implementação “. “A mudança climática é o desafio de nossa geração. Há uma grande necessidade de identificar riscos e vulnerabilidades. As medidas preventivas tem muito mais custo eficiente do que os reativos. Investimentos climáticos inteligentes de água à prova dará retorno de várias maneiras “, disse o ministro sueco do Ambiente Karolina Skog. Durante a semana, o clima também foi discutido em relação ao alívio da fome Prêmio Estocolmo Júnior de água

Três estudantes da Tailândia, Sureeporn Triphetprapa, Thidarat Phianchat e Kanjana Komkla, receberam o Prêmio Estocolmo Júnior2016, de água para o dispositivo de retenção de água inovadora que imita a retenção de água da planta Bromélia. O Príncipe Carl Philip da Suécia, com as vencedoras, na cerimônia de premiação durante a Semana Mundial da Água em Estocolmo revistaamazonia.com.br

Prêmio Água Stockholm 2016 Professora Joan B. Rose recebeu o Prêmio Água 2016 Stockholm, por suas contribuições incansáveis para a saúde pública global; pela avaliação dos riscos para a saúde humana na água e criar diretrizes e ferramentas para os decisores e comunidades para melhorar o bemestar global. O prêmio foi apresentado por H. M. Carl XVI Gustaf, rei da Suécia

na África sub-saariana. O Professor Malin Falkenmark, SIWI, chamou o clima da África seu “calcanhar de Aquiles”, e disse que a colheita de chuva e outros métodos de gestão da água verde são necessárias para aliviar a fome na África sub-saariana. Junto com outros especialistas em água e clima, ele ligou para uma Iniciativa Verde Água em África. Dois prêmios foram atribuídos durante a Semana Mundial da Água. O Prêmio Estocolmo Júnior Água foi atribuído a um trio estudante da Tailândia por H.R.H. Príncipe Carl Philip da Suécia. O Stockholm Water Prize foi atribuído à Professora Joan B. Rose, EUA, por suas contribuições incansáveis para a saúde pública global. O prêmio foi apresentado ao Professor Rose por H. M. Carl XVI Gustaf, rei da Suécia. Semana Mundial da Água 2017 será realizada de 27 agosto-1 setembro em Estocolmo, incidirá sobre a água e os resíduos, sob o tema “Água e resíduos - Reduzir e reutilizar”. REVISTA AMAZÔNIA

51


No lançamento do Aliança Solar International

Projetos promissores lançados na COP 21

J

á mostramos alguns desses projetos na edição anterior, na cobertura do marco histórico, em Paris, quando mais de 190 países do mundo adotaram por consenso o acordo global que busca combater os efeitos das mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Mas o chamado Acordo de Paris não foi o único desdobramento positivo da 21ª Conferência das Partes (COP21). A reunião do clima da ONU também serviu de pano de fundo para o lançamento de projetos promissores apoiados por empresas, investidores, governos e a sociedade civil. A seguir, alguns deles que englobam esforços para solucionar problemas ambientais da atualidade e pavimentam o caminho para uma economia de baixo carbono.

Aliança solar A era das energias renováveis está cada vez mais próxima. E ela vem acudir aqueles que mais necessitam de luz. Durante a COP 21, Narendra Modi, o primeiro-ministro indiano, e François Hollande, presidente da França, lançaram a Aliança Solar International. Formada por 120 países, a iniciativa busca fomentar a cooperação e a colaboração entre as nações com maior potencial para utilizar essa fonte de energia a fim de levar 52

REVISTA AMAZÔNIA

1 bilhão em investimentos serão necessários até 2030 para garantir a implantação maciça de energia solar acessível nessas regiões”.

Breakthrough Energy Coalition

luz e esperança para centenas de milhares de pessoas que vivem em áreas rurais e remotas sem acesso à eletricidade. Pelos cálculos da Aliança, “mais de US$ Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial da Água, na COP21 “O clima é de água - de Paris a Marrakech”

Por mais promissoras que as tecnologias de energias limpas possam ser, muitos investidores ainda temem apoiá-las. Mas não um seleto grupo de 28 bilionários, que inclui Bill Gates, da Microsoft, Mark Zuckerberg do Facebook, Jeff Bezos da Amazon e o fundador do gigante chinês Alibaba, Jack Ma. Eles escolheram a Cúpula do Clima (COP21), em Paris, para lançar a Breakthrough Energy Coalition, uma plataforma de financiamento de projetos de desenvolvimento de energias limpas. Missão Inovação foi lançado em um esforço para revigorar e acelerar a inovação de energia limpa pública e privada global com o objetivo de tornar a energia limpa amplamente acessível. Além dos 21 países (Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, Dinamarca, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Noruega, República da Coreia, da Arábia Saudita, Suécia, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos da América) que lançaram a iniciativa, outros países serão incentivados a juntar-se no futuro. De saída, o grupo revistaamazonia.com.br


de investidores comprometeram-se a apoiar projetos de tecnologias em fase inicial que integram a coalizão Missão Inovação.

Para acelerar a revolução da energia limpa

Coalizão Missão Inovação A Missão Inovação é uma coalizão de 20 países (tende a aumentar) que prometeram duplicar os investimentos governamentais e/ou coordenados pelo Estado em pesquisas de desenvolvimento de fontes renováveis de geração de energia ao longo dos próximos cinco anos.

Para o fortalecimento da adaptação em bacias de rios, lagos e aquíferos

O Brasil é um dos signatários da plataforma, que conta ainda com países como o Canadá, Alemanha, Índia, Japão, Arábia Saudita, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos e os EUA.

Pacto Internacional sobre Água Em tempos em que as mudanças climáticas ameaçam afetar a disponibilidade e a qualidade da água potável em todo o mundo, uma nova aliança global visa assegurar a gestão sustentável dos recursos hídricos. Lançado em Paris, o Pacto Internacional sobre Água engloba 290 organizações de bacias hidrográficas, empresas e sociedade civil para tornar os sistemas de água mais resistente aos impactos das mudanças do clima. Os compromissos incluem a implementação de planos de adaptação, o fortalecimento e monitoramento da água e sistemas de medição em bacias hidrográficas, além de promover a sustentabilidade financeira e novos investimentos em sistemas de gestão de água.

Diageo, GSK, Saint-Gobain, Veolia e Danone, lançaram uma nova coalizão chamada Aliança dos Negócios para Água e Mudanças Climáticas. O grupo tem como objetivo reduzir os riscos relacionados à qualidade e disponibilidade de água. As ações incluirão a medição do impacto da variação da disponibilidade de água nos negócios; elaboração de relató-

Narendra Modi, o primeiro-ministro da Índia, discursa durante o lançamento da Aliança Solar International: “Acelerar o desenvolvimento de energia solar irá estimular a criação de novos empregos e desenvolvimento econômico significativo, bem como ajudar aqueles em áreas que ainda estão sem acesso à eletricidade”

rios de transparência; ação coletiva nas bacias hidrográficas e monitoramento do uso da água na cadeia de valor.

Lançado em Paris, o Pacto Internacional sobre Água, novas coalizões tornarão os sistemas de água resistentes às mudanças climáticas, com mais de um bilhão de dólares garantidos, para reduzir os impactos sobre os oceanos

Aliança dos Negócios para Água e Mudanças Climáticas As consequências da variação da disponibilidade de água nos negócios também reservam perigos, e as empresas estão atentas ao risco. Durante a COP 21, trinta e duas gigantes mundiais, incluindo a Unilever, revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

53


Brasil terá que desenvolver modelo próprio de controle biológico por Elton Alisson*

A

exemplo do que fez na agricultura, em que se tornou um dos maiores produtores agrícolas mundiais ao desenvolver uma série de tecnologias e adaptar sistemas de produção de cultivos de regiões temperadas para os trópicos, o Brasil também terá que desenvolver um modelo próprio de controle biológico. A avaliação foi feita por pesquisadores participantes do workshop “Desafios da Pesquisa em Controle Biológico na Agricultura no Estado de São Paulo”, realizado recentemente no auditório da FAPESP. Representantes de universidades, instituições de pesquisa e de empresas que realizam pesquisa e desenvolvimento de agentes naturais para combate a pragas agrícolas apresentaram e discutiram os principais avanços obtidos em São Paulo e em outras regiões do país na exploração, criação e liberação em lavouras de inimigos naturais de organismos que atacam florestas, plantas e diversas culturas. “Temos que desenvolver um modelo de controle biológico apropriado às características da agricultura brasileira, que é muito dinâmica e em que há o plantio sem interrupção de culturas em grandes extensões, além da produção constante de novas cultivares e o surgimento frequente de pragas”, disse José Postali Parra, professor do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura Luiz

Fotos: Leandro Negro/Ag.FAPESP Desafios da pesquisa em controle biológico na agricultura

de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e coordenador do workshop, na abertura do evento. De acordo com Parra, a pesquisa e desenvolvimento em controle biológico avançou muito no Brasil nos últimos anos e hoje há massa crítica razoável atuando no estudo de macrorganismos – como ácaros –, além de microrganismos como bactérias, vírus, protozoários e nematoides, que fazem parte da biodiversidade brasileira e que podem ser usados para controlar as populações de seus inimigos naturais. O avanço foi possível em razão especialmente de técnicas de criação que permitem a produção de grandes quantidades de inse-

tos em uma lavoura e uma redução mais rápida da população da praga que se pretende controlar. No uso de controle biológico, contudo, o país ainda está muito atrás de países como os da Europa, segundo Parra. Uma das razões para isso seria a cultura do uso de agroquímicos para controlar pragas agrícolas nas lavouras brasileiras, que têm causado graves desequilíbrios biológicos, tais como aparecimento de pragas secundárias e contaminação do solo e água. Em 2012, por exemplo, foram gastos R$ 9,7 bilhões com agroquímicos no Brasil. Já em 2014, o gasto saltou para R$ 12 bilhões, dos quais R$ 4,6 bilhões foram voltados para a compra de inseticidas. Nos últimos 12 anos, a utilização de agroquímicos no Brasil aumentou 172% enquanto que no resto do mundo o crescimento foi de 90%, comparou Parra. “Tem se usado muito inseticida no Brasil, inclusive feitos a partir de moléculas que já foram banidas em outros países”, disse. “Os agroquímicos podem ser usados desde que sejam aplicados produtos seletivos – que matam a praga mas não os inimigos José Postali Parra, professor do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), coordenador do workshop, na abertura do evento

54

REVISTA AMAZÔNIA

revistaamazonia.com.br


plantas transgênicas e outros métodos de controle do equilíbrio de um agrossistema”, ponderou. A utilização de controle biológico na agricultura no país e no exterior tem aumentado entre 15% e 20% ao ano e atualmente esse setor já movimenta US$ 17 bilhões. Pesquisadores participantes do workshop no auditório da FAPESP

naturais – e que seja feita uma rotação dos princípios ativos de tal forma que não se crie resistência dos organismos que se pretende controlar”, avaliou. Segundo o pesquisador, o alto custo de desenvolvimento e os desafios cada vez maiores para a sintetização de moléculas para a produção de inseticidas têm favorecido a expansão do controle biológico no Brasil e no exterior. Atualmente, de acordo com dados apresentados por Parra, o custo da síntese de uma nova molécula para a produção de inseticidas é de cerca de US$ 250 milhões. Já o custo de desenvolvimento de uma cultivar transgênica, mais tolerante a uma determinada praga, por exemplo, é de US$ 125 milhões. E o desenvolvimento de um inseto para controle biológico fica entre US$ 2 milhões e US$ 10 milhões. “O alto custo do desenvolvimento de moléculas para inseticidas, somado ao aumento da pressão da sociedade pela diminuição do uso de agroquímicos e a constatação de que os transgênicos não conseguem solucionar o problema das pragas agrícolas, têm estimulado o uso de controle biológico no Brasil e no mundo”, disse Parra. “Mas o controle biológico não pode ser usado isoladamente e não é a única solução para o controle de pragas. Ele deve ser um componente do manejo integrado de pragas e ser usado associado aos inseticidas, desde que usados de forma racional, além de

Difundir o uso No Brasil, de acordo com Parra, o controle biológico está sendo mais usado principalmente para combater pragas que atacam a cultura da cana-de-açúcar. A vespa Cotesia flavipes, por exemplo, produzida por 20 biofábricas no Brasil, é usada em mais de 3 milhões de hectares para combater a lagarta da broca-da-cana (Diatraea saccharalis). “O momento é adequado para difundir o uso do controle biológico no Brasil, especialmente depois do surgimento no país, em 2013, da lagarta Helicoverpa armigera, que ataca diversas culturas, como soja, milho e algodão, entre outras, e é muito difícil de ser controlada por meio de agroquímicos”, disse. Segundo Parra, hoje há no país 26 empresas comercializando microrganismos e 21 produzindo macrorganismos para controle biológico. Esse número, porém, é insuficiente para atender a um eventual aumento abrupto da demanda por controle biológico pelos agricultores no país, indicou. “Se todo mundo resolver usar controle biológico não há disponibilidade para atender. É preciso aumentar o número de empresas produtoras”, afirmou.

Potenciais beneficiários Participaram da abertura do evento o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, e o presidente da FAPESP, José Goldemberg. Jardim destacou que 82% da produção agrícola do Estado de São Paulo advém de Participaram da abertura do evento o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, e o presidente da FAPESP, José Goldemberg

Estratégias de uso de agentes naturais para combate a pragas agrícolas, apropriadas às características da agricultura, são fundamentais, afirmam especialista

pequenos produtores, que são potenciais beneficiários de tecnologias de controle biológico como alternativa para redução dos agroquímicos. “Não demonizamos os agroquímicos por entendermos como necessários para a produtividade. Mas o uso deles pode ser diminuído, melhor disciplinado e preenchido em parte por soluções como o controle biológico”, avaliou o secretário. O presidente da FAPESP, por sua vez, fez uma analogia da necessidade de apoiar a pesquisa em controle biológico no Brasil para enfrentar desafios futuros no campo com a recente emergência do combate ao vírus Zika no país. “O apoio concedido pela FAPESP a projetos vinculados à Rede de Diversidade Genética de Vírus (VGDN) entre os anos de 2000 e 2007, por exemplo, permitiu a rápida criação hoje da Rede Zika para enfrentar os desafios apresentados pelo aumento do número de casos de transmissão do vírus no país”, disse Goldemberg. [*] Agência FAPESP

revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

55


Dendê diversificado enriquece o solo e armazena mais carbono por Ana Laura Lima e Izabel Drulla Brandão *

Fotos: Hervé Théry, Ronaldo Rosa, Vinicius Braga, Zineb Benchekchou

S

istemas agroflorestais (SAFs) integrados com dendezeiros possuem alta capacidade de armazenar carbono e aumentar a quantidade de nutrientes no solo. Esses foram os primeiros resultados de estudo conduzido pela Embrapa, em parceria com universidades e iniciativa privada. A pesquisa, realizada no Município de Tomé-Açu, nordeste paraense, avalia o impacto de sistemas agroflorestais com o dendezeiro (palma de óleo) sobre o ciclo de carbono e nutrientes no solo. O alto grau de acúmulo de carbono sugere que o sistema dendezeiro é eficiente para armazenar no solo o carbono que vem da biomassa triturada no preparo de área e da adubação orgânica. Um dos principais resultados do trabalho é que a mudança de uso da terra resultou em um aumento no estoque de carbono no solo. “Geralmente quando você cultiva uma área que já foi de floresta, há uma perda de carbono no solo, mas neste caso, ele aumentou”, explica o pesquisador Steel Vasconcelos, da Embrapa Amazônia Oriental e um dos coordenadores do estudo. Em praticamente todas as análises, os solos

O fenômeno da expansão se deve em parte aos incentivos governamentais para incrementar o mercado de biocombustíveis, como alternativa às fontes não renováveis de energia

com SAF e dendê, chamado de “dendê biodiverso”, apresentaram mais carbono que os solos com SAF tradicional (sem dendezeiro) e floresta secundária. O SAF mais diversificado com dendê acumulou 28% a mais carbono no solo que o SAF tradicional e 23% a mais que a floresta secundária. E o SAF menos diversificado, mas também com dendê, acumulou 34% a mais que o O pesquisador Steel Vasconcelos, da Embrapa Amazônia Oriental e um dos coordenadores do estudo, adianta que os estoques nos SAFs com dendê ainda são mais altos do que na floresta secundária e no SAF tradicional, o que é um ótimo resultado

56

REVISTA AMAZÔNIA

SAF tradicional e 29% a mais que a floresta secundária. O pesquisador conta que foram avaliados estoques de carbono e nutrientes do solo em SAFs com plantios jovens de dendê, de cerca de dois anos e meio com preparo de área sem a utilização do fogo, baseado em técnica de corte e trituração da floresta secundária, com deposição do material triturado sobre o solo. Esses sistemas foram comparados a uma área remanescente da floresta secundária de dez anos e a um SAFs tradicional de nove anos de idade. Foram avaliadas amostras de solo em diferentes profundidades e SAFs com diferentes composições de espécies. No geral, os resultados são otimistas para o “dendê biodiverso”, segundo o pequisador. Os SAFs com dendê mostraram níveis mais elevados de pH do solo e de nutrientes, como fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Assim como concentrações menores de alumínio no solo em relação à área de regeneração florestal, por exemplo. O próximo passo do trabalho é verificar a permanência dessa substância no solo – carbono - com o passar dos anos e o amadurecimento do sistema. Sabe-se que a dinâmica de entrada e saída de carbono e nutrientes no solo muda com o tempo de vida dos revistaamazonia.com.br


plantios. No futuro, o benefício ao planeta pode resultar em renda extra ao inserir o dendê integrado a SAFs no mercado de créditos de carbono, por exemplo. O pesquisador Steel Vasconcelos explica que para entender essa dinâmica em longo prazo foi preciso repetir todas as medições feitas em 2010 no ano de 2012, e em breve a pesquisa saberá a magnitude da redução do estoque de carbono ao longo do tempo. “No entanto adianto que os estoques nos SAFs com dendê ainda são mais altos do que na floresta secundária e no SAF tradicional, o que é um ótimo resultado”, garante o pesquisador.

“Dendê biodiverso” garante mais sustentabilidade ao solo Para a pesquisa, a combinação da dendeicultura aos Sistemas Agroflorestais, chamada de “dendê biodiverso”, tem potencial sustentável de expansão da atividade na região. “Os SAFs, além de apropriados às características da agricultura familiar na Amazônia, são alternativa sustentável à predominância do modelo da monocultura do dendê”, ressalta o pesquisador Osvaldo Kato, da Embrapa Amazônia Oriental. O modelo de produção de Sistemas Agroflorestais em Tomé-Açu é uma tradição que remonta à década de 1960. Hoje o município faz parte da região considerada pólo de expansão do dendezeiro no estado, o que vem sendo avaliado tanto social como ambientalmente. No estudo, a pesquisa quantificou os estoques de carbono no solo em plantios de dendê em SAFs, comparando-os a áreas de regeneração florestal (floresta secundária) e a SAFs. As unidades demonstrativas, que são as áreas de experimento, foram instaladas em 2008 na região. Nesses locais, o híbrido intraespecífico - variedade de dendê obtida a partir do cruzamento do dendê africano (Elaeis guineensis Jacq.) com o americano (Elaeis oleifera (Kunth) Cortés) - foi plantado como a principal cultura em dois tipos

O cultivo do dendezeiro encontra-se em plena expansão na Amazônia, especialmente no estado do Pará, que é responsável por 90% da produção nacional dessa oleaginosa

de SAFs: com maior e menor diversidade de espécies plantadas. Em ambos os sistemas, as mudas de palma de óleo foram plantadas intercaladas com açaí, cacau, mandioca, além de espécies leguminosas e arbóreas em diferentes variações. Os pesquisadores comemoram os resultados positivos para o acúmulo de carbono e a melhora na fertilidade do solo nesses sistemas. Esse resultado é um indicativo ambiental importante para garantir a sustentabilidade de sistemas de produção. Solos com mais nutrientes e estoques de carbono têm maior longevidade na produção e contribuem na mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

fruto) entre 20 mil e 23 mil t óleo/ano. Já o consumo interno de óleo de dendê bruto é de aproximadamente 520 mil t óleo/ano e 200 mil t óleo/ano de palmiste. O cultivo do dendezeiro encontra-se em plena expansão na Amazônia, especialmente no estado do Pará, que é responsável por 90% da produção nacional dessa oleaginosa. De acordo com levantamento da Embrapa, dos 60 mil hectares plantados no Pará em 2008, a área da dendeicultura saltou para 162 mil hectares, em 2014, com destaque para os municípios de Tomé-Açu, Moju, Acará, Tailândia e Concórdia do Pará, no nordeste paraense. O fenômeno da expansão se deve em parte aos incentivos governamentais para incrementar o mercado de biocombustíveis, como alternativa às fontes não renováveis de energia. Mas a economia do dendê é dominada pela indústria alimentícia, no fornecimento de óleos vegetais livres de gordura trans. A maior parte da produção mundial (80%) é utilizada pelo setor de alimentos, 10% na indústria química e os outros 10% em bioenergia e biocombustíveis. Na agroindústria alimentar a aplicação do óleo de palma refinado é feita na fabricação de margarinas, biscoitos, maioneses, pães, sorvetes e na produção de chocolate, como substituto da manteiga de cacau. Atualmente, o produto também vem sendo empregado na indústria de sabões, sabonetes, detergentes, velas, produtos farmacêuticos, cosméticos e corantes naturais.

Grande potencial econômico Embora o Brasil ocupe apenas o nono lugar na produção mundial de óleo de dendê e palmiste, é um dos países com o maior potencial para expandir a área agrícola dessa cultura, pois possui solo e condições climáticas locais adequadas. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (2012) mostram que a produção brasileira de óleo de dendê bruto está na ordem de 275 mil toneladas de óleo/ano, e de palmiste (óleo extraído da amêndoa no interior do

Coleta dos cachos num carreta puxada por búfalos

[*] Embrapa Amazônia Oriental

As mudas de palma de óleo foram plantadas intercaladas com açaí, cacau, mandioca, além de espécies leguminosas e arbóreas em diferentes variações revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

57


Os anéis são 100 por cento biodegradáveis e comestível, feitos de cevada e trigo, podem realmente ser comido com segurança por animais

Plástico comestível para proteger espécies marinhas

A

empresa de cerveja artesanal Brewery em Delray Beach, Florida, teve uma ideia brilhante, criou anéis six-pack comestíveis que alimentam, ao invés de matar a vida marinha. Se os anéis vão para o oceano, um animal possa comê-lo. Os anéis são criados a partir de produto de cerveja, durante o processo de fermentação, tais como cevada e trigo e são completamente seguros para os seres humanos e de animais comerem. Os anéis também são 100 por cento biodegradáveis e compostáveis, fazendo a sustentabilidade do produto. A marca diz que o design inovador é tão resistente e eficiente, como embalagens de plástico. O único inconveniente é que os 58

REVISTA AMAZÔNIA

anéis six-pack comestíveis são mais caros para produzir. Mas a empresa espera que os clientes estarão dispostos a pagar um pouco mais, a fim de ajudar o meio ambiente e a vida animal. Segundo o chefe da Saltwater Brewery, Peter Agardy: “É um grande investimento para uma pequena cervejaria criado por pescadores, surfistas e pessoas que amam o mar, mas esperamos influenciar os grandes caras e inspira-los para essa mudança”. A marca também acredita que se mais cervejarias, os preços podem ir para baixo. Se mais empresas investirem na tecnologia, o custo de produção iria para baixo e os anéis comestíveis se tornarão competitivas com as de plástico, salvando milhares de revistaamazonia.com.br


culpado para o plástico no oceano. O plástico também pode ser soprado pelo vento a partir de uma lata de lixo ou entulho, acabar em um bueiro e, em seguida, viajar através de tubos para o oceano. Fatos como esses marcas um conceito como anéis six-pack comestíveis parece vital. “Esperamos influenciar os grandes caras”, Chris Goves, presidente da água salgada Brewery, disse. “E espero que possamos inspirá-los a tê-los a bordo”. Cervejaria na Flórida vai salvar tartarugas marinhas com um anel six-pack comestível

vidas marinhas – que é desesperadamente necessário. De acordo com um relatório publicado na revista PNAS, os pesquisadores descobriram que cerca de 90 por cento das aves marinhas comem plástico e são propensos a reter alguns em seu intestino. Eles também dizem que é “praticamente certo” que, em 2050, qualquer ave encontrada morta terá um tipo de plástico em seu estômago. O índice de lixo do Ocean Conservancy 2015, oferece alguns fatos surpreendentes. Cita o plástico como o item de lixo mais comum ingeridos por tartarugas marinhas em 2015. Foram encontraram 57 mamíferos marinhos, 440 de peixes e 22 tubarões, raias e arraias enredadas em plástico. O índice também explica que o lixo não é o único

O único inconveniente é que os anéis six-pack comestíveis são mais caros para produzir O lixo do oceano ...

O objetivo é salvar milhares de vidas marinha Animais marinhos, podem também ter o risco de morrer asfixiados ao prender a cabeça num destes anéis

revistaamazonia.com.br

As embalagens de cerveja ou refrigerante muitas vezes acabam sendo jogadas no mar. O plástico demora cerca de cem anos para se decompor e sua ingestão pode provocar a morte de várias espécies: aves, tartarugas, peixes e outros animais marinhos, podendo também correr o risco de morrer asfixiados ao prender a cabeça num destes anéis.

REVISTA AMAZÔNIA

59


Nível do mar subiu mais no século XX do que nos três mil anos anteriores As águas vão subir até um metro neste século se as emissões não forem reduzidas

Fotos: John G Wilbanks/Alamy, NASA Goddard Space Flight Center / Maria-José Viñas, Pólen Arnon,

O

nível dos oceanos subiu mais rapidamente ao longo do século XX do que nos três últimos milênios, devido às alterações climáticas, indica um estudo recentemente publicado. Entre 1900 e 2000, os oceanos e os mares do planeta subiram cerca de 14 centímetros, por causa do degelo, principalmente no Ártico, revelaram os autores de estudos publi-

60

REVISTA AMAZÔNIA

cados na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Os climatólogos estimaram que, sem a elevação da temperatura do planeta observada desde o início da era industrial, a subida do nível dos oceanos teria correspondido a menos da metade observada nos últimos cem anos. O século passado “foi excepcional em

comparação com os últimos três milênios e a elevação no nível dos oceanos acelerou nos últimos 20 anos”, disse Robert Kopp, professor do departamento de Ciências da Terra da Universidade Rutgers, em Nova Jersey, Estados Unidos. Segundo este estudo, feito a partir de uma nova abordagem estatística concebida pela Universidade de Harvard, em Massachusetts, nos Estados Unidos, o nível dos revistaamazonia.com.br


Elevação do nível do mar no século 21 vai piorar inundações costeiras

Mapa da terra, representada em vermelho a subida do nível do mar (distribuição uniforme, o aumento do nível do mar real irá variar regionalmente). Entre 1900 e 2000 o nível do mar subiu 14 centímetros – mais do que qualquer um dos séculos anteriores, por causa do degelo

ram na COP 21, o acordo de Paris, que prevê conter a elevação das temperaturas em dois graus acima da era pré-industrial. Se os compromissos conduzirem a uma eliminação gradual do uso carvão e dos hidrocarbonetos, o aumento do nível dos oceanos talvez não vá além de 24 a 60 centímetros, segundo o estudo.

O IPCC AR5 inclui a seguinte figura de subida do nível do mar ao longo do século passado

oceanos baixou cerca de oito centímetros entre o ano 1000 e 1400, período marcado por um arrefecimento planetário de 0,2 graus Celsius (°C). Atualmente, a temperatura mundial média está um grau acima do que a do final do século 19. Para determinar a evolução do nível dos oceanos durante os últimos três mil anos, os cientistas compilaram novos dados geológicos que indicam a elevação do nível das águas, como os pântanos e os recifes de corais, os sítios arqueológicos, além de dados referentes a marés em 60 pontos do globo nos últimos 300 anos. Estas estimativas detalham a variação do nível dos oceanos durante os últimos 30 séculos, permitindo fazer projeções mais exatas, explicou Andrew Kemp, professor de Ciências Oceânicas e da Terra da Universidade Tufts, em Massachusetts. Os investigadores também calculam que o nível dos oceanos pode aumentar “muito provavelmente” de 51 centímetros para 1,3 metro durante este século “caso o mundo continue a ser tão dependente de energias fósseis”. Em 12 de dezembro, 195 países aprovarevistaamazonia.com.br

O último dado de elevação do nível do mar pelos altímetros da NASA

“Estes novos dados sobre o nível dos oceanos confirmam uma vez mais como este período moderno de aquecimento não é habitual, porque se deve às nossas emissões de gases de efeito de estufa”, sublinhou Stefan Rahmstorf, professor de Oceanografia no Instituto Potsdam de investigação sobre o impacto do clima, na Alemanha.

Riachos e rios que se formam na parte superior da folha de gelo da Groenlândia durante a primavera e o verão são o principal agente transporte de escoamento da camada de gelo para o oceano

REVISTA AMAZÔNIA

61


Bactéria recém-descoberta pode comer garrafas de plástico Uma equipe de cientistas japoneses descobriu uma bactéria capaz de comer o plástico usado nas garrafas descartáveis. A investigação pode abrir as portas a novos métodos para tratar o plástico que abunda no mundo Fotos: Charles Rondeau, Yoshida et al

O

método apresentado nesta semana em um encontro da Sociedade Americana de Química, em Boston, é capaz de produzir 10g por hora das valiosas fibras. Mesmo se as potenciais aplicações no combate às emissões de CO2 não derem frutos, como suspeitam alguns especialistas, a técnica promete baratear a produção de nanofibras de carbono. O sistema é alimentado por poucos volts gerados por energia solar. A eletricidade atravessa um tanque cheio de sal derretido, à medida que o CO2 é absorvido, as valiosas nanofibras começam a se formar ao redor dos eletrodos. “Até hoje, nanofibras de carbono são caras demais para muitas aplicações”, disse o professor Stuart Licht, da universidade George Washington.

Redução de custos O material é usado atualmente na produção de componentes eletrônicos e baterias, mas se fosse mais barato, poderia reforçar Homem recolhendo lixo das águas do rio Citarum em Java, Indonésia, junho 2007. Terá esta imagem os dias contados?

62

REVISTA AMAZÔNIA

Na imagem maior, um Microscópio Eletrônico de Varrimento, mostra o PET (tereftalato de polietileno) sendo degradado e assimilado por bactérias. Acima na imagem menor, o PET intacto

materiais usados na fabricação de peças de avião e carro, entre outros. A questão é se o sistema criado pela equipe do professor Licht será capaz de reduzir estes custos. O cientista diz que aumentar a produção seria fácil, e que o equipamento consome pouca energia. A maior promessa, porém, é a possibilidade de usar o sistema para reduzir os níveis de CO2 na atmosfera, considerados os culpados pelo aquecimento global pela grande maioria dos cientistas. Para isso, seria necessário construir enormes reatores ─ algo que suscita o ceticismo de especialistas. revistaamazonia.com.br


“Como estão capturando CO2 do ar, o processo precisa lidar com enormes volumes de gás para coletar a quantidade necessária de carbono, o que, em grande escala, pode aumentar o custo do processo”, afirmou a engenheira química Katy Armstrong, da universidade de Sheffield. Outro que levanta dúvidas sobre a viabilidade da ideia é o pesquisador da Imperial College London Paul Fennell. “Se o objetivo deles é fazer nanofibras, é louvável, e vão ter um produto que vale a pena. Mas se a sua ideia é tirar CO2 da atmosfera e produzir uma quantidade de nanofibras suficiente para fazer diferença na mudança climática, eu ficaria muito surpreso se conseguir”, afirmou Fennell. O professor Licht, no entanto, diz que vai ser preciso trabalhar conjuntamente, com recursos da sociedade, para testar o processo em larga escala. De toda forma, outros químicos ficaram impressionados com o simples fato de a equipe do professor Licht ter produzido nanofibras a partir do carbono atmosférico.

As bactérias já podiam devorar derramamentos de óleo, resíduos radioativos e, agora, de plástico. Pesquisadores no Japão disseram ter descoberto uma espécie de micróbio que se alimenta de PET, o polímero amplamente utilizado em embalagens de alimentos, garrafas e fibras sintéticas

Zooplâncton também foi filmado comendo pequenas microesferas plásticas, sugerindo o seu impacto sobre a cadeia alimentar pode ser ainda maior do que se acreditava

EXPRESSO

Pesquisadores japoneses encontram a Ideonella rakaiensis, micróbio pode decompor PET’s. A imagem mostra células I. sakaiensis cultivadas em filme PET por 60 horas

A notícia teve uma recepção cautelosa por grupos ambientalistas, pelos seguintes motivos, (eles querem mais urgência): Estudos recentes têm mostrado que fragmentos de plástico agora compõem uma proporção significativa de areia em praias ao redor do mundo. Os cientistas também descobriram um novo tipo de rocha sedimentar está se formando a partir da mistura de plástico com areia e outros materiais nas praias. Restos de plástico tem sido ainda encontrados em alguns dos pontos mais profundos dos oceanos no mundo.

MATRIZ: ANANINDEUA-PA BR 316 - KM 5, S/N - ANEXO AO POSTO UBN EXPRESS ÁGUAS LINDAS - CEP: 67020-000 FONE: (91) 3321-5200

VAMOS + LONGE POR VOCÊ ! revistaamazonia.com.br

FILIAIS: GUARULHOS-SP FONE: (11) 2303-1745

MACAPÁ-AP FONE: (96) 3251-8379 REVISTA AMAZÔNIA

63


Nova cultivar de café tem potencial para mudar realidade do campo na Amazônia por Renata Silva *

A

adoção da BRS Ouro Preto, cultivar clonal de café conilon da Embrapa desenvolvida em parceria com o Consórcio Pesquisa Café, gerou aumento de 35% na produção de Rondônia, segundo maior polo de café conilon do País. Ela é a nova aposta para o aumento da produção e melhoria da qualidade de vida no campo, segundo o pesquisador e economista da Embrapa, Samuel Oliveira. Adaptada às condições de solo e clima da Amazônia, a nova cultivar tem produtividades de 70 sacas/hectare sem irrigação e acima de 110 com irrigação, o que significa um salto de produtividade em Rondônia, por exemplo, onde a média atual é de 21 sacas por hectare. Para Samuel Oliveira, ao analisar uma perspectiva de impacto da inserção da BRS Ouro Preto no mercado, calculando uma produtividade média chegando a 35 sacas por hectare (metade do potencial da cultivar) nos 90 mil hectares do grão cultivados em Rondônia, pode-se chegar a mais de 3 milhões de sacas de café – aumento considerável, já que a produção atual é de 1,9 milhão de sacas. Isto é possível considerando o menor custo de produção em relação a outras regiões grandes produtoras, como o Espírito Santo. “As temperaturas elevadas e a maior precipitação pluviométrica, características de Rondônia, tornam alcançável esta projeção em um cenário de continuidade do processo de inovação tecnológica capitaneado pelo setor produtivo. E a BRS Ouro Preto, único material registrado para o cultivo na Amazônia, dará importante contribuição neste alcance, propiciando o aumento da produtividade da cafeicultura no estado e também na região, como nos estados vizinhos do Acre, Amazonas e Mato Grosso”, destaca Oliveira. Esta previsão não considera o aumento do número de cafeicultores em Rondônia, 22 mil atualmente (Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, 2015), que, segundo o pesquisador, pode aumentar em função do retorno econômico apresenta64

REVISTA AMAZÔNIA

Fotos: Decom, Léo Júnior/Incaper A comercialização da BRS Ouro Preto é realizada apenas por viveiristas credenciados pelo Mapa, de maneira que a qualidade da cultivar seja mantida e entregue ao cafeicultor

do pela atividade. Oliveira explica que os cafeicultores, em sua maioria pequenos produtores, investem progressivamente em práticas corretas de plantio, cultivo, colheita e pós-colheita e, com a adoção da BRS Ouro Preto, os resultados podem ser potencializados: aumento da renda gerada pela agricultura, fixação do homem no campo e ainda contribuição para

a preservação ambiental, já que se produz mais e melhor em menores áreas.

Mais renda para agricultura familiar De acordo com estudos realizados pela Embrapa Rondônia, sistemas de produção revistaamazonia.com.br


intensivos podem aumentar a renda disponível para a agricultura familiar de meio salário mínimo mensal para até quatro salários “Um agricultor que hoje implantar este sistema no café colherá seus lucros já a partir de três anos. É uma verdadeira iniciativa de inclusão social sustentável: o pequeno agricultor, com o resultado de seu trabalho, tem viabilizado uma cafeicultura mais rentável, mais competitiva e que cuida melhor do meio ambiente. Outros pequenos agricultores podem trilhar esta trajetória de sucesso e certamente terão melhores condições de vida, gerando emprego e renda para a agricultura familiar”, aponta o economista. Produtores familiares da Amazônia Ocidental começam a implantar as primeiras lavouras da cultivar de café conilon BRS Ouro Preto. Entre outras características, o aumento da produtividade é o que mais tem chamado à atenção dos cafeicultores. O produtor Gelsimar Bergamin, do município de Seringueiras (RO), foi um dos primeiros a adquirir a nova cultivar de café desenvolvida pela Embrapa. “A BRS Ouro Preto aqui vai alavancar a produtividade e melhorar também a vida. Se conseguirmos

produzir mais, podemos comprar e investir mais. Não dá para ficar hoje naquele velho tempo de antigamente, na enxada e na base da espera. Temos que investir em tecnologia, em irrigação, adubação boa, e também melhorar o uso de fungicida, quando precisar”, comenta. A cafeicultura de Rondônia passa por importantes transformações. Entre 2011 e 2015, a área plantada diminuiu de 150 mil para 90 mil hectares, a produção evoluiu de 1,4 para 1,8 milhão de sacas e a produtividade, de 9 para 21 sacas por hectare e hoje já se aproxima da média nacional para o café conilon, 26 sacas por hectare, de acordo com dados da Conab.

BRS Ouro Preto chega às lavouras As mudas da BRS Ouro Preto estão sendo comercializadas em Rondônia por viveiristas credenciados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). Antônio Gotz é um deles e conta que a procura por mudas da cultivar está grande. “Re-

cebemos bastante visita que vem ver essa variedade. Vem produtor do nosso estado, já tivemos produtor do Acre, Amazonas e Mato Grosso. Já estão nas lavouras de Rondônia umas 70 mil mudas e para o final do ano vamos ter mais umas 200 mil”, explica o viveirista credenciado. Ao visitar os jardins clonais e viveiros credenciados, algumas características da estrutura da nova cultivar têm chamado a atenção dos cafeicultores. Antônio conta que, ao olhar para a planta, os produtores já observam a quantidade de rosetas por ramo, demonstrando o potencial produtivo da cultivar. “Para os outros cafés da região, os espaçamentos dos ramos são longe um do outro e a BRS Ouro Preto é mais compactada, aí tem condição de dobrar a produção”, comenta. A curta distância entre as rosetas possibilita também que haja um maior número delas e, consequentemente, mais frutos por ramos. Assim, com o adensamento da lavoura, é possível ter mais plantas por área, utilizando-se com eficiência o espaço e favorecendo o aumento da produtividade. Além destas características, a BRS Ouro Coffea canephora Pierre ex Froehner

revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

65


Preto possui uniformidade de maturação dos frutos, moderada tolerância à ferrugem e ao estresse hídrico. “O produtor fica feliz com planta saudável e colheita farta. É dinheiro no bolso e é esse nosso objetivo”, finaliza o viverista. O pesquisador da Embrapa Rondônia e um dos responsáveis pelo desenvolvimento da BRS Ouro Preto, André Rostand, destaca: “A BRS Ouro Preto tem condições de promover a inserção competitiva da agricultura familiar no mercado, além de contribuir para a sustentabilidade econômica e social das pequenas propriedades rurais cafeicultoras no estado”, comenta. O pesquisador reforça o papel de Rondônia na cafeicultura, que hoje é o quinto maior produtor de café do Brasil e juntamente com o Espírito Santo são responsáveis por 90% da produção nacional de café conilon/robusta. Além da expressividade econômica para Rondônia, o cenário atual da cultura no estado também favorece a adoção da nova cultivar. Rostand explica que a BRS Ouro Preto está chegando ao campo em um excelente momento, em que os cafeicultores estão mais atentos à importância do uso de tecnologias e a cultivar é indicada para cafeicultores que já adotam algumas tecnologias básicas, como adubação, manejo de pragas e doenças, entre outras. O cafeicultor e também viveirista Reonides Pezzin, do município de Buritis (RO), 66

REVISTA AMAZÔNIA

confirma os benefícios da adoção de tecnologias: “Os pequenos produtores têm que diminuir a área plantada, investir em tecnologia e, fazendo isso, eles vão aumentar a produção e ter uma renda grande para a família que tem que ficar no campo”.

dos pelo Mapa, de maneira que a qualidade da cultivar seja mantida e entregue ao cafeicultor. Os viveiristas e seus contatos podem ser obtidos no Portal da Embrapa.

BRS Ouro Preto: primeira cultivar de café da Embrapa A cultivar de café Conilon BRS Ouro Preto (Coffea canephora Pierre ex Froehner), a primeira lançada pela Embrapa no Brasil, é resultado de pesquisa conduzida pela Embrapa Rondônia e o Consórcio Pesquisa Café. Também é a primeira cultivar de café conilon do Brasil a receber o Certificado de Proteção, concedido pelo Serviço Nacional de Proteção de Cultivares, vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Recomendada para Rondônia e região da Amazônia Ocidental, a cultivar possui 15 clones e foi obtida pela seleção de cafeeiros com características adequadas às lavouras comerciais do estado e adaptada ao clima e ao solo da região. Sua denominação é uma homenagem ao município de Ouro Preto do Oeste, centro pioneiro da colonização oficial do antigo território de Rondônia. A comercialização da BRS Ouro Preto é realizada apenas por viveiristas credencia-

A cultivar BRS Ouro Preto foi desenvolvida pela Embrapa especialmente adaptada às condições de solo e clima da Amazônia

[*] (MTb 12361/MG). Embrapa Rondônia

revistaamazonia.com.br


revistaamazonia.com.br

REVISTA AMAZÔNIA

1


AM

CAÇÃO LI

OR PUB AI

O

N O RTE

R$ 12,00

ISSN 1809-466X

D

Participe!

Ano 11 Nº 58 Setembro/Outubro 2016

Conheça as tecnologias de última geração, produtos inovadores em nosso dia a dia e as startups que estão revolucionando o mercado

R$ 12,00 5,00

Feira de Nanotecnologia e Inovação

Feira de Star tUps

www.nanotradeshow.com.br

www.vcexpo.com.br Evento oficial

11 3384-5218

contato@hewe.com.br

9 A 11 NOVEMBRO - CENTRO DE EVENTOS PRO MAGNO - SÃO PAULO

www.revistaamazonia.com.br

NANO TRADESHOW

CONGRESSO MUNDIAL DA NATUREZA FLORESTAS INUNDADAS DA AMAZÔNIA POTENCIAL DO CAFÉ AMAZÔNICO


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.