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Ano 11 Nº 59 Novembro/Dezembro 2016

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL VALE INAUGURA COMPLEXO S11D ELIEZER BATISTA


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Além do próprio crescimento pessoal, ele acompanha a contribuição da atividade mineral para o desenvolvimento local. Nos últimos anos, a empresa apoiou a construção de escolas, rodoviária e pavimentação de vias em Ourilândia do Norte. Além de financiar projetos sociais que estão ajudando a mudar a vida de crianças, jovens e adultos da região.

Foto Roberto Ribeiro

Quando foi morar no interior do Pará, Marcione Moraes começou a ver e viver uma série de transformações. Em 2010, ele ingressou na Vale, no projeto Onça Puma, como operador da Sala de Controle. Já conquistou duas promoções e, hoje, atua como supervisor da área de preparação de cargas e utilidades.

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Marcione Moraes trabalha em Onça Puma desde 2010.

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EXPEDIENTE

A nova agenda para urbanização sustentável O governador Simão Jatene propôs, durante a III Conferência das Nações Unidas para a Habitação e o Desenvolvimento Urbano Sustentável, a formação de uma aliança entre governos subnacionais para que a Nova Agenda Urbana possa ser implementada...

S11D, da Vale, entra em operação em 2017

O maior projeto de minério de ferro da história da empresa e da indústria da mineração – S11D, começa a operar no próximo mês – janeiro de 2017. A licença, foi emitida pelo Ibama, terá validade de 10 anos, a partir da verificação do cumprimento das ações e medidas de controle ambiental executadas pela Vale durante a Licença de Instalação...

Amazônia enfrenta sete desafios nos negócios sustentáveis O Fundo Vale, uma associação sem fins lucrativos, com o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), vem investindo nos negócios sustentáveis na Amazônia há mais de seis anos...

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PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Ascom Inpa, Ascom IPAM, Batista Fonseca, Celso Freire, Clausius F. Barbosa, Daniel Nardin, Elton Alisson, M. Malinna, Marina Grossi, Murilo Portugal, Renata Silva, Vanderlan da S. Bolzani FOTOGRAFIAS Agencia Vale, Andre Deak, Anna Weinhold, Arquivo ImazonRafael Araújo, Arquivo Fundo Vale Helio Laubenheimer, Arquivo Fundo Vale Rafael Araújo, Arquivo GTA, Ascom Inpa, Attilio Zolin, Boris Sakschewski, Daniel Botezatu, Daniel Nardin / Secom, Divulgação, FAO, Felipe Perazzolo, Fernanda Farias, Gilberto Soares/MMA, Giselle Varga/Flicker, IANS, J. Camillo, Jessica Hochreiter, Junha Januária, Luciete Pedrosa - Ascom Inpa, M. Malinna/ Universitaet Tübingen, Marcelo Camargo/Agência Brasil, MarkHeiman, NOAA, Paulo Brando/IPAM, UNFCCC, Vânia Mendes/Divulgação CEBDS, FAVOR Rudolph Hühn, UM-Habitat/Ariel Alexivich/Eskinder Debebe/ POR JuliusMwelu, Vânia Delpoio EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA

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DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn

DESKTOP Mequias Pinheiro

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A COP22 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, foi inaugurada em Marrakech, Marrocos, poucos dias após a entrada em vigor do Acordo de Paris, que já foi ratificado por 100 países...

EDITORA CÍRIOS

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22ª Conferência Quadro das Partes sobre Mudanças Climáticas

PUBLICAÇÃO Período (novembro/dezembro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

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NOSSA CAPA Rara visão de um golfinho do rio Amazonas pulando fora da água. Os golfinhos, lúdicos e curiosos, são emblemas carismáticos da biodiversidade da floresta tropical. Foto: Kevin Schafer

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Oano de 2016 caminha para ser o mais quente já registrado. Enquanto isso, no Brasil, um dos El Niños mais intensos das últimas décadas exacerbou a estação seca em boa parte da na Amazônia. Quando esses dois quadros se juntaram ao uso inadequado do fogo nos últimos meses, vastos quinhões da Amazônia arderam, com graves consequências para as populações, para a economia e para a natureza...

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A Amazônia que arde

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MAIS CONTEÚDO [14] Sustentável 2016: cidades e negócios no centro da agenda do clima [23] Semana de Sustentabilidade, discute ações de sustentabilidade na cadeia de suprimentos [30] Congresso de Biotecnologia Sustentável na Biodiversidade Amazônica [34] A beleza invisível da biodiversidade [36] Florestas da Amazônia: Biodiversidade pode ajudar a mitigar os riscos climáticos [39] Projeto Opções de Mitigação do MCTIC e do Pnuma [40] Como a humanidade deve se alimentar em 2050? [46] Expositores comemoram sucesso da EMINA 2016 [48] Nano TradeShow [58] Desastres Naturais levam 26 milhões de pessoas à pobreza e custam US$ 520 bilhões, diz Banco Mundial [60] Aquecimento global derreterá todo o gelo do Ártico até 2050 [64] Primeiros instrumentos musicais na Europa há 40.000 anos

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A FEIRA ECrescimento O CONGRESSO QUE REÚNEM TECNOLOGIAS, TENDÊNCIAS Contém: profissional E INOVAÇÕES PARA Crescimento profissional Desenvolvimento localO SETOR FOTOVOLTAÍCO, GERAÇÃO DISTRIBUIDA E eAQUECIMENTO SOLAR. Desenvolvimento local Mineração Sustentabilidade Mineração e Sustentabilidade Quando foi morar no interior do Pará, Marcione Moraes verPará, e viver Quando foi morarcomeçou no interiora do uma série de transformações. Em Marcione Moraes começou a ver e2010, viverele ingressou na Vale, no projeto Onça Puma, uma série de transformações. Em 2010, ele como operador da Sala de Controle. Já ingressou na Vale, no projeto Onça Puma, conquistou duasda promoções e, hoje, Já atua como operador Sala de Controle. como supervisor da área de preparação conquistou duas promoções e, hoje, atua de cargas e utilidades. como supervisor da área de preparação

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22ª Conferência Quadro das Partes sobre Mudanças Climáticas – COP22

“Os olhos do mundo estão sobre nós”, disse Salaheddine Mezouar, presidente da conferência da ONU e ministro das Relações Exteriores de Marrocos, na abertura de uma nova rodada de negociações sobre o clima

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COP22 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, foi inaugurada em Marrakech, Marrocos, poucos dias após a entrada em vigor do Acordo de Paris, que já foi ratificado por 100 países. “Esta conferência surge num clima de esperança e de aspirações legítimas para toda a humanidade”, afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Marrocos, Salaheddine Mezouar, que foi eleito por aclamação como Presidente da COP 22, formalmente a Conferência das Partes Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC). “A mobilização sem precedentes da comunidade internacional e a sua vontade política, expressa nos mais altos níveis, foram coroados pela rápida entrada em vigor do Acordo de Paris. Este é um progresso inigualável [...] e agora temos de aproveitar este impulso, dar um significado tangível a este importante passo em frente através de decisões orientadas para a implementação “, afirmou. Já como presidente da COP 22, disse: “É preciso direcionar o trabalho para as populações mais vulneráveis”, declarou. “Vamos mostrar consistência nessa agenda”, acrescentou.

Fotos: Gilberto Soares/MMA, UNFCCC, Rudolph Hühn

Enquanto isso, Patricia Espinosa, Secretária Executiva da UNFCCC, ainda na abertura da Conferência, disse que a rápida entrada em vigor do Acordo de Paris “é uma clara causa de celebração, mas também é um oportuno lembrete da alta Expectativas que agora são colocadas sobre todos nós”. “Alcançar os objetivos e as ambições do

Na abertura da COP22, uma nova rodada de negociações sobre o clima

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Acordo de Paris não é um dado”, prosseguiu, sublinhando que “ Marrakech é o nosso momento para levar adiante a ação climática nos níveis internacional e nacional como um pilar central da realização bem-sucedida do Programa de Desenvolvimento Sustentável Objetivos (SDGs). Esta é a nossa oportunidade de dar os próximos passos rumo a um caminho inclusivo e sustentável para cada homem, mulher e criança”. A Secretária Executiva da UNFCCC, sublinhou as áreas-chave em que o trabalho deve ser levado adiante. Ela enfatizou que as finanças estão fluindo, mas não é suficiente. Além disso, as contribuições a nível nacional devem agora ser integradas nas políticas nacionais e nos planos de investimento. Ela disse que o apoio à adaptação deve ser dada maior prioridade, e os progressos no mecanismo de perda e dano tem que ser garantido para salvaguardar ganhos de desenvolvimento nas comunidades mais vulneráveis. O presidente da COP 21, que aprovou o acordo de Paris no ano passado, Ségolène Royal, ministra francesa do Meio Ambiente, Energia e Mar, que aprovou a batuta de revistaamazonia.com.br


Na abertura da COP 22, líderes mundiais defenderam medidas para populações de áreas mais afetadas pelo aquecimento do planeta

Mezouar, congratulou-se com a ratificação do Acordo de Paris por 100 países. “É um evento histórico”, disse ela em uma conferência de imprensa pouco antes da abertura oficial da COP 22, onde instou todos os países que não ratificaram o Acordo de Paris a fazê-lo, se possível, durante a Conferência de Marrakech “e além disso , até o final deste ano “. Ségolène, disse que o Protocolo de Quioto, assinado em dezembro de 1997 e destinado a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, levou sete anos para entrar em vigor. “[O relógio está correndo] porque o ano que acabou de terminar (2015) foi o mais quente, porque o derretimento das geleiras está acelerando, porque a desertificação é devastadora, porque as concentrações maciças urbanas exigem um novo modelo de desenvolvimento urbano”, continuou, realçando a importância da justiça do clima, particularmente para África. “A África é o grande desafio desta Conferência. A COP 22 é uma COP Africana, e é aí que estão a prioridade e a esperança “, disse ela. “Na África, as mudanças climáticas são cruéis e injustas. O continente sofre mais por nenhuma culpa própria. Entre os 50 países que são os mais afetados pelo aquecimento global, 36 estão localizados na África subsaariana “. As organizações não governamentais presentes na COP 22, incluindo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e a Rede de Ação Climática, congratularam-se igualmente com a entrada em vigor do Acordo de Paris, mas declararam nas conferências de imprensa que ainda havia um longo ca-

minho a percorrer, Termos de financiamento e de execução concreta dos compromissos. No início de outubro, o acordo eliminou o limite final de 55 países, representando 55% das emissões globais necessárias para que entre em vigor no prazo de um mês. A sua entrada em vigor foi extremamente rápida, sobretudo para um acordo que exigiu um elevado número de ratificações e os dois limiares específicos. O Acordo entrou em vigor a tempo para a COP 22, onde a primeira Reunião das Partes no Acordo foi aberta em 15 de novembro. Antes da conclusão da reunião, em 18 de novembro, as partes esperam definir as regras de implementação do Acordo de Paris e estabelecer um plano viável de apoio fi-

Secretária Executiva da UNFCCC, Patricia Espinosa

nanceiro aos países em desenvolvimento para apoiar a ação climática. Em suas observações, ainda na abertura, Mezouar exortou os participantes a “ser mais ambiciosos”, e enfatizou que “os olhos do mundo estão sobre nós” [...] “Temos uma grande responsabilidade diante da humanidade e temos de unir forças para abordar Necessidades das populações mais vulneráveis. Devemos fornecer-lhes os recursos para se adaptarem às consequências desastrosas das mudanças climáticas”.

Lab Brasil para o Financiamento do Clima O diretor de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adriano Santhiago, lançou no Espaço Brasil da COP 22, a Lab Brasil – plataforma que reunirá especialistas do setor público, da iniciativa privada e da sociedade civil com o objetivo estabelecer medidas inovadoras capazes de garantir o financiamento para ações de baixa emissão de gases de efeito estufa. ‎A primeira chamada para ideias

Adriano Santhiago, lançando a Lab Brasil, no Espaço Brasil da COP 22

Salaheddine Mezouar, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação do Marrocos e Presidente da COP 22 / CMP 12 revistaamazonia.com.br

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Perto de bater novo recorde As temperaturas globais de janeiro a setembro de 2016 foram de cerca de 1,2 graus Celsius, mais alto do que a média pré-industrial, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas, durante a 22ª Conferência do Clima. “Se isso se confirmar, o século 21 vai ter 16 dos 17 anos mais quentes desde o início dos registros, no final do século 19”, diz o texto. “Mais um ano, mais um recorde. As altas temperaturas que vimos em 2015 vão ser ultrapassadas em 2016”, afirmou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. Pesquisadores ligados à OMM mostram Entre os picos de calor nunca alcançados até essa data, o relatório cita os de Pretória, gráfico com aumento da temperatura desde África do Sul (42,7 °C); Phalodi, Índia (51°C); Basra, Iraque (53,9 °C); e Mitribah, Kuwait (54 °C). 1880. Elevação se tornou mais pronunciada a Em partes da Rússia ártica, as temperaturas registradas foram de 6 graus Celsius a 7 graus partir de 2000 Celsius mais altas que a média, segundo o texto. Em outras regiões árticas e subárticas da Rússia, Alasca e noroeste do Canadá, elas ficaram pelo menos 3ºC acima da média. O aumento de temperaturas foi associado a registros recordes em outros fenômenos, como a diminuição do gelo ártico e incêndios florestais, e ao aumento de fenômenos extremos, como ciclones, maremotos e secas de grau severo. Taalas, lembra que essas elevações vêm acompanhadas de eventos extremos. “Ondas de calor e inundações estão se tornando mais regulares. O aumento do nível do mar elevou a exposição a tempestades associadas a ciclones tropicais”, complementou.

O Papa Francisco ressaltou que os problemas ambientais causam mais impactos nos mais pobres e nas gerações futuras

com foco no Brasil receberá propostas até 16 de dezembro. “Essa iniciativa será uma forma de conseguir acesso ao mais alto escalão e tornará os projetos mais atrativos e financiáveis”. “O intuito é reforçar o diálogo com o setor financeiro para explorar oportunidades”, afirmou. Considerado um dos mais robustos, o compromisso brasileiro é reduzir 37% das emissões de carbono até 2025, com indicativo de chegar a 43% em 2030. Diversas ações já estão em curso em território nacional para cumprir a meta e, segundo Santhiago, a Lab Brasil contribuirá para acelerar o processo. “O país tem muita ambição na agenda climática e essa será uma importante ferramenta para estabelecer redes e estabelecer ações”, explicou. 08

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pobres e nas gerações futuras, que representam o componente mais vulnerável”.

Ban Ki-moon espera que Guterres continue a lutar pelo combate às mudanças climáticas

Papa Francisco pede rapidez para proteger natureza Em mensagem enviada à COP22, o Papa Francisco pediu para que as nações ajam “sem demora” para defender a natureza. “Agir sem demora, de maneira mais livre possível das pressões políticas e econômicas, superando os interesses e os comportamentos particulares”, apelou o Papa. Segundo o pontífice, o Acordo de Paris, que entrou em vigor recentemente, mostra a “grave responsabilidade ética e moral” de todas as nações sobre os “preocupantes impactos” das mudanças climáticas. O Papa Francisco ressaltou que os problemas ambientais causam impactos “em toda a humanidade, mas em particular, nos mais

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que espera que o seu sucessor, o português António Guterres, e as Nações Unidas “continuem a avançar com energia em favor da causa do combate às mudanças climáticas”. “Desde o meu primeiro dia de mandato, tenho levado com prioridade a causa das mudanças climáticas. Temos que ter certeza de que o Acordo de Paris será implementado na sua totalidade”, disse Ban Ki-moon numa conferência de imprensa na COP 22. “Temos muito a ganhar se agirmos agora. É preciso aumentar o nível de ambição dos planos nacionais de clima para os próximos anos e acelerar os esforços”, defendeu. Não há um “plano B”, disse Ban Ki-moon porque não há “um planeta B, é só esse”. “O que antes era impensável, agora é imparável. Peço aos líderes políticos que tenham uma responsabilidade moral. O Acordo de Paris entrou em vigor num tempo recorde. Para o secretáriogeral da ONU, Ban Ki-moon: “Temos muito a ganhar se agirmos agora e acelerar os esforços”

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Nunca na história das Nações Unidas, nenhum acordo entrou em vigor tão rapidamente”, afirmou.

Sarney Filho, destaca Agenda 2030 Em sessão plenária da COP22, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, afirmou que a transição para economias de baixo carbono é fundamental. “Nosso desafio é fazê-lo enquanto continuamos a tirar as pessoas da pobreza”, ressaltando a interação entre os objetivos do Acordo de Paris e a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.

Brasil lança Plataforma para promover e estimular o mercado de biocombustíveis O lançamento da Plataforma para o Biofuturo ocorreu em Marrakech. A medida inclui um total de 20 países, entre os mais relevantes para o setor. O objetivo é promover o corte de emissões na área de transporte e, com isso, conter o aquecimento glo-

Sarney Filho defende, em sessão plenária da COP 22, uma transição para economias de baixo carbono enquanto se combate a pobreza

setores para conter a temperatura média do planeta. Sarney Filho, destacou que o país está entre os mais atuantes frente à mudança do clima e declarou que a intenção é aumentar a ambição. “Vamos superar as nossas metas de forma aliada à geração de emprego e renda”, afirmou. Segundo ele, a cooperação com o empresariado e os fundos internacionais será fundamental. “Precisamos de ideias criativas para mobilizar recursos”, acrescentou.

Plataforma para o Biofuturo reúne 20 países

Reunião do Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico (SBSTA)

Reunião do Órgão Subsidiário de Implementação (SBI)

Marina Grossi. O CEBDS, lançou recentemente um estudo sobre os chamados mecanismos de precificação do carbono, com informações sobre os benefícios socioeconômicos. bal. O lançamento da plataforma na COP 22 reforça o engajamento do Brasil com a questão climática e abre espaço para novas oportunidades. Na ocasião, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, endossou a necessidade de medidas de baixo carbono na área de transportes. “É preciso que as sociedades de outros países abram suas fronteiras para os biocombustíveis no sentido de reduzir as emissões de gases de efeito estufa”, afirmou.

O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Alfredo Sirkis, disse: “É preciso transformar a descarbonização em uma tendência econômica”. “O financiamento é uma grande questão, mas há oportunidades”, afirmou a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), O Brasil vai se alinhar com o setor produtivo para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono

Produção agrícola com preservação ambiental e mitigação de CO2 O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, apresentou durante a COP22, o panorama promissor do Brasil: Aumentar a produção agrícola mantendo a qualidade de seus produtos, O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ser possível produzir mais, manter a qualidade e atenuar emissões

Governo e setor privado se unem pelo clima O governo federal reuniu-se com representantes da iniciativa privada e da sociedade civil para discutir o assunto em evento paralelo à COP 22. O encontro teve o objetivo de fomentar a cooperação entre os revistaamazonia.com.br

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reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) na agropecuária e, ao mesmo tempo, preservar a maior biodiversidade do planeta. Embasado no bom desempenho ambiental do setor agropecuário de hoje, Maggi acredita que o País é capaz de responder a grandes desafios mundiais apresentados pela ONU como o aumento da produção de alimentos para uma população mundial crescente, adaptação de sistemas produtivos e a mitigação dos gases de efeito estufa. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) prevê que o setor agropecuário nacional deverá reduzir as emissões de CO2 equivalente em 0,9 gigatoneladas no período entre os anos de 2005 e 2030. Os resultados ambientais do setor agropecuário nacional devem-se, especialmente, ao Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC). Coordenado pelo Mapa, o Plano preconiza práticas sustentáveis que promovem a redução de emissões e retenção de carbono como a recuperação de pastagens degradadas, o plantio direto na palha, o plantio de florestas e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). As áreas produtivas com sistemas de ILPF já somam no Brasil 11,5 milhões de hectares. O presidente da Embrapa, Maurício Antônio

Delegados brilham luzes solares como um símbolo da transformação para tecnologia limpa que é essencial para alcançar os objetivos do Acordo de Paris

No evento sobre Reforço do Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia Climática, apresentado pela UNFCCC, explicou que alcançar os objetivos do Acordo de Paris será um desafio e exigirá tempo e “revoluções nas tecnologias climáticas”

Na inauguração do Espaço Brasil (espaço para divulgar as políticas ambientais brasileiras para conter o aquecimento global), o embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho, subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia e Ciência e Tecnologia no Ministério das Relações Exteriores e negociador brasileiro para mudança do clima e o diretor de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adriano Santhiago

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O embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho, declarou que o Brasil defenderá um trabalho célere de regulamentação do Acordo de Paris

É preciso oferecer alternativas econômicas e que valorizem a floresta em pé

Lopes, também fez parte da comitiva brasileira na Conferência.

Povos da Amazônia serão prioridade O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, afirmou que os povos que moram na região amazônica serão prioridade nas políticas ambientais brasileiras – que o país promoverá ações para o desenvolvimento de uma economia florestal capaz de conter o aquecimento global e beneficiar os 25 milhões de moradores da região. “É Reunião do Fórum Climático Vulnerável (CVF)

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sivamente o uso de combustíveis fósseis até sua completa substituição por fontes de energia renovável o mais rápido possível, o mais tardar até 2020. Dos 47 signatários, 43 pertencem ao “Climate Vulnerable Forum” (CVF), que inclui países da África, Ásia, Caribe e do Pacífico Sul. Estes são os mais vulneráveis do mundo às mudanças climáticas, devido ao aumento do nível do mar, secas e tempestades – fenômenos que podem ser agravados pelo aquecimento global.

O encerramento da COP 22

preciso oferecer alternativas econômicas e que valorizem a floresta em pé”, afirmou o ministro. Para isso, segundo ele, as políticas nessa área serão aliadas ao crescimento sustentável do país e ao desenvolvimento social. “Não se pode pensar na floresta dissociada do homem. É necessário combater a pobreza e melhorar a qualidade de vida das populações”, acrescentou.

Fim de combustíveis fósseis Durante a conferência, um total de 47 países se prontificaram a eliminar progres-

Chefes de Estado e chefes de delegações de 196 países presentes na reunião e todos os países envolvidos com o Acordo de Paris apresentaram um documento firmando ações para conter o aquecimento global. O impulso contra as mudanças climáticas é “irreversível” após o Acordo de Paris de 2015, afirmaram os governantes e ministros que assinam o documento, intitulado “Proclamação da ação de Marrakech, para nosso clima e o desenvolvimento sustentável” As mudanças climáticas, um fenômeno de consequências imprevisíveis para a natureza e os humanos, são consideradas um “mito” por Trump, que durante a campanha à Presidência dos Estados Unidos disse que estava disposto a retirar o país do Acordo de Paris. A ameaça de retirada dos Estados Unidos agitou as negociações em Marrakesh. Se o país optar por abandonar o pacto histórico, este processo levaria cerca de três anos para ser concluído. Os países compareceram à cidade marroquina decididos a dar início à trabalhosa implementação do Acordo, que deve começar a ser aplicado a partir de 2020. Os governos, os cientistas e as empresas precisam de um “manual de instruções” do Acordo de Paris para planejar a urgente luta contra o aquecimento do planeta que, seSarney Filho chefia a delegação brasileira na Cúpula do Clima e participa de reuniões com parlamentares europeus durante o encontro

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O secretário de Estado americano, Joh Kerry, discursa durante a Conferência do Clima da ONU em Marrakesh (COP22)

Momento da aprovação da Proclamação, celebrando o imparável impulso global sobre a mudança climática e ações de desenvolvimento sustentável por parte dos governos, empresas, investidores, governo sub-regional e cidades

gundo os especialistas, não deve ultrapassar o limite de +2ºC, caso contrário, as consequências seriam dramáticas.

Senadores avaliam participação do Brasil Para a delegação brasileira (senador Fernando Bezerra Coelho, relator da Comissão mista de Mudanças Climáticas, a as senadoras Lídice da Mata e Vanessa Grazziotin), a COP 22 terminou com resultados positivos para a consolidação do Acordo de Paris. Durante a COP 22, a delegação brasileira de senadores participou de painéis, reuniões e debates que discutiram metas de controle de emissão de poluentes, através das propostas do Acordo de Paris, políticas para conter o aquecimento global, como por exemplo investir no uso de biocombustíveis e fontes de energia limpa, além da economia relacionada ao controle de gases do efeito estufa. Os senadores atentam que o Congresso Nacional vai ter um papel fundamental para a atualizar a legislação do setor, diante das novas necessidades do planeta.

Balanço preliminar do governo brasileiro sobre a COP 22 Após reunião do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, chefe da delegação Durante a avaliação preliminar

Centenas de delegados se reúnem para a foto de despedida da UNFCCC A unidade é a força da ação climática

brasileira com o negociador-chefe da delegação brasileira, o embaixador José Antônio Marcondes, e assessores, foi feito um balanço preliminar a respeito das discussões e resultados do evento. O documento, aponta que, a COP21 pode ser descrita como um “ponto de chegada”

que finalizou uma longa negociação sobre o papel dos países na mitigação do aquecimento global ao adotar o Acordo de Paris. Já a COP22, representa um “ponto de partida”, com foco na definição do chamado “livro de regras”, que estabelecerá como será a implementação das obrigações assumidas em Paris. O informe também expõe a posição adotada pelos representantes brasileiros na Conferência, como a visão de que o Acordo de Paris é irreversível e de que é necessário acelerar os trabalhos para que ele seja implementado. Além disso, aponta a necessidade, debatida na COP 22, de os países desenvolvidos ampliarem seu nível de financiamento, definindo um “mapa do caminho” que demonstre como se chegará ao objetivo dos US$ 100 bilhões anuais em 2020. O Brasil participou da COP com 271 delegados, entre representantes do governo, da academia, de entidades privadas e de organizações não governamentais. No total, foram 87 participantes ligados ao governo - incluindo 16 parlamentares - e 184 da sociedade civil. *Ler a “Proclamação da ação de Marrakech, para nosso clima e o desenvolvimento sustentável”, na íntegra, em: http://unfccc.int/files/meetings/marrakech_nov_2016/application/pdf/marrakech_action_proclamation.pdf

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“Proclamação da ação de Marrakech, para nosso clima e o desenvolvimento sustentável”

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ós, Chefes de Estado, Governo e Delegações, reunidos em Marrakech, em solo africano, para o Segmento de Alto Nível da 22ª Sessão da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, Sessão da Conferência das Partes na qualidade de Reunião das Partes no Protocolo de Quioto e Sessão da Conferência das Partes na qualidade de Reunião das Partes no Acordo de Paris, mediante o gracioso convite de Sua Majestade, O Rei de Marrocos, Mohammed VI, emite esta proclamação para sinalizar uma mudança para uma nova era de implementação e ação obre o clima e o desenvolvimento sustentável. Nosso clima está se aquecendo a uma taxa alarmante e sem precedentes e temos um dever urgente de responder. Congratulamo-nos com o Acordo de Paris, adotado ao abrigo da Convenção, a sua rápida entrada em vigor, com os seus objetivos ambiciosos, natureza e seu reflexo de equidade e responsabilidades comuns, mas diferenciadas e respectivas capacidades, à luz de diferentes circunstâncias nacionais, e afirmamos o nosso compromisso para a sua plena implementação. Na verdade, este ano, vimos um impulso extraordinário sobre a mudança climática em todo o mundo e em muitos fóruns multilaterais. este impulso é irreversível - está sendo conduzido não só pelos governos, mas pela ciência, negócios e ação global de todos os tipos, em todos os níveis. Nossa tarefa agora é construir rapidamente sobre esse impulso, juntos, avançando propositadamente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover os esforços de adaptação, beneficiando e apoiando a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e suas metas de desenvolvimento sustentável. Apelamos ao mais alto compromisso político para combater as alterações climáticas, como uma prioridade urgente. Apelamos a uma forte solidariedade com os países mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas e apoiamos os esforços destinados a reforçar a sua capacidade de adaptação, reforçar a resiliência e reduzir a vulnerabilidade. Apelamos a todas as Partes para que reforcem e apoiem os esforços para erradicar a pobreza, garantir a segurança alimentar e tomar medidas rigorosas para enfrentar os desafios da mudança climática na agricultura. Exigimos urgentemente uma maior ambição e reforçamos a cooperação entre nós para as trajetórias das emissões e a via necessária para cumprir os objetivos de temperatura a longo prazo do Acordo de Paris. Exigimos um aumento do volume, do fluxo e do acesso ao financiamento para os projetos climáticos, e tecnologia, incluindo dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento. Nós, os países desenvolvidos, reafirmamos nosso objetivo de mobilização de US $ 100 bilhões. Nós, por unanimidade, apelamos a mais ações e apoios climáticos, bem antes de 2020, tendo em conta as necessidades específicas, circunstâncias especiais dos países em desenvolvimento, dos países menos desenvolvidos e dos países particularmente vulneráveis a impactos adversos das mudanças climáticas. Nós, que somos Partes no Protocolo de Quioto, encorajamos a ratificação da Emenda de Doha. Nós, coletivamente, apelamos a todos os atores não estatais para que se juntem a nós para uma ação e mobilização imediata e ambiciosa, importantes realizações, tomando nota das numerosas iniciativas e da parceria de Marraquexe para a Ação Global, lançada em Marrakech. A transição em nossas economias necessária para cumprir os objetivos do Acordo de Paris fornece uma oportunidade de maior prosperidade e desenvolvimento sustentável. A Conferência de Marraquexe marca um importante ponto de inflexão no nosso compromisso de reunir a comunidade para enfrentar um dos maiores desafios do nosso tempo. Ao dirigirmo-nos agora à implementação e à ação, reiteramos a nossa determinação de inspirar solidariedade, esperança e oportunidade para as gerações atuais e futuras.

Chefes de Estado, de Governo e Ministros presentes na COP 22 revistaamazonia.com.br

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Sustentável 2016:

Sustentável 2016 – 8º Congresso de Desenvolvimento Sustentável, promovido pela instituição, no Museu do Amanhã (RJ)

cidades e negócios no centro da agenda do clima

A mitigação dos efeitos das mudanças climáticas exige novas atitudes e investimentos na casa dos trilhões. Em contrapartida, traz oportunidades de desenvolvimento dos capitais financeiro, social e natural. O congresso promovido pelo CEBDS mostrou como o Brasil e os brasileiros podem se favorecer desse momento mundial Fotos: Vânia Mendes/Divulgação CEBDS

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ingresso mundial na economia verde é inevitável, irresistível e irreversível”, afirmou Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) na abertura do Sustentável 2016 – 8º Congresso de Desenvolvimento Sustentável, promovido pela instituição, no Museu do Amanhã (RJ). Com plateia lotada durante as oito horas do encontro, o Sustentável 2016 congregou empresas, governo, meio acadêmico e sociedade civil, reunindo mais de 500 pessoas presentes e mais de 520 visualizações durante a transmissão ao vivo do evento. Para Marina Grossi, o Sustentável 2016 aconteceu em um momento de grande desafio, em que o mercado precisa rever práticas e aprender a dimensionar, por exemplo, o valor de elementos hoje ignorados nos planos de negócios tradicionais, como uma floresta em pé, água de qualidade ou uma

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A presidente do CEBDS, Marina Grossi, na abertura do evento

população com acesso a educação e bem-estar: “No novo cenário que se anuncia, os preços relativos de produtos e serviços vão mudar completamente para refletir o custo do carbono embarcado em cada item”. A iniciativa privada – tanto empresas quanto o setor financeiro – é um agente indispensável na transição para a economia verde. Sem ela, não há escala para efetuar as mudanças necessárias para conter o aquecimento global nos níveis negociados no Acordo do Clima (limite de 2°C acima da média pré-industrial, com esforços para não ultrapassar 1,5°C). “Esse engajamento vai exigir a substituição de práticas de mercado e de investimento focadas apenas no lucro e no consumo por modelos de negócios ambiental e socialmente sustentáveis. Precisamos desenvolver os mecanismos para alcançar esse equilíbrio, e o Sustentável 2016 trouxe contribuições para esse debate”, diz ela. revistaamazonia.com.br


Dividido em quatro painéis, o Sustentável 2016 reuniu importantes especialistas internacionais e nacionais e se impôs o desafio de não limitar a discussão à teoria, trazendo exemplos inspiradores de novas práticas. Confira alguns desses momentos a seguir.

Esquete do grupo Spectaculu na abertura do evento

A sustentabilidade em um cenário de crise Acabar com a sustentabilidade como “departamento” nas empresas e inseri-la em todas as etapas de qualquer negócio, desde sua concepção, é condição para que a economia verde se concretize. Essa foi a principal conclusão do primeiro painel, mediado por Linda Murasawa, superintendente executiva do Banco Santander, com participação da diretora da Climate Bonds Initiative, Justine Leigh-Bell, do presidente da YouGreen Cooperativa, Roger Koeppl, e do presidente do Jardim Botânico, Sergio Besserman. Outros pontos de destaque foram a necessidade de desenvolver mecanismos para financiar projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, em especial os títulos verdes (ou green bonds), e a constatação, por Justine Leigh-Bell, de que a crise econômica é potencialmente um vetor de mudança para uma economia de baixo carbono, à medida que ações para reduzir emissões podem, também, aumentar a eficiência e os ganhos de determinados setores.

Uma nova relação dos negócios com os recursos naturais O segundo painel do Congresso, mediado por Daniela Lerda, coordenadora do programa CLUA Brazil Initiative, da Fundação Ford, concluiu que os negócios são os novos ativistas da sustentabilidade, pela própria capacidade empresarial de garantir que objetivos se concretizem. Mas há o desafio de promover uma mudança cultural, que

não dissocie o capital natural do social e do financeiro. Uma das ferramentas é a precificação do carbono, que, no entanto, patina em incertezas sobre como se dará essa regulamentação, inclusive pela falta de uma base de comparabilidade aplicável a todas as empresas. Outro destaque foi o papel do cidadão comum – que dita o modelo de consumo e tem nas mãos a decisão de apenas consumir menos ou ser adepto da economia circular, baseada no não-consumo, no reúso e na reciclagem. Assim, o mercado deixa de Painel 2 - Marcelo Alonso, Daniela Lerda, Kevin Moss, Ana Carolina Szklo

Painel 1 -- Sergio Besserman, Linda Murasawa, Jusrtine LeighBell e Roger Koeppl Painel 3 - Jailson Silva, Pedro Junqueira, Rasmus Valanko, Ronaldo Balassiano

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Painel 4 - Maria Silvia Bastos Marques, Israel Klabin, Marina Grossi

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No último painel “do Sustentável 2016, além de debater as perspectivas para o desenvolvimento sustentável, principalmente no Brasil, três pioneiros da sustentabilidade foram homenageados: Israel Klabin, presidente da Federação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS); Erling Lorentzen, presidente de honra do CEBDS; e Eliezer Batista, um dos fundadores do CEBDS e ex-ministro de Minas e Energia.

ser um ente abstrato para ser resultado da somatória das escolhas de cada um, as quais impactam de modo direto as decisões de negócios. O painel teve participação de Ana Carolina Szklo, gerente sênior de Projetos e Assessoria Técnica do CEBDS, de Kevin Moss, diretor global do Centro de Negócios do World Resources Institute (WRI), e de Marcelo Alonso, diretor de sustentabilidade da Natura, que ressaltou: “Somos a última geração que pode acabar com o aquecimento global e também a primeira que pode acabar com a extrema pobreza”.

O futuro das cidades e a mobilidade sustentável

Ao final, foram homenageados, a partir da esquerda, Erling Sven Lorentzen, Israel Klabin e Eliezer Batista, representado pelo filho Harald Batista. No centro, Maria Sílvia Bastos Marques e Marina Grossi

O presidente da YouGreen Cooperativa, Roger Koeppl, fala das suas experiências no painel

Mediado pelo professor Ronaldo Balassiano, do Núcleo de Planejamento Estratégico de Transportes e Turismo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o terceiro painel inspirou-se nos impactos/legados trazidos pela realização de grandes eventos para a cidade do Rio de Janeiro. Participaram Jailson Silva, coordenador geral do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, Pedro Junqueira, diretor de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro, e Rasmus Valanko, diretor de Clima e Energia do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na sigla em inglês), do qual o CEBDS faz parte. A mobilidade foi um ponto importante de discussão, inclusive pelo impacto direto na redução das emissões de carbono, assim como engajamento social, tratamento de resíduos, geração de energia e construções, temas que influenciam diretamente a capacidade brasileira de realizar, até 2050, as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Com participação da presidente do Banco O painel contou com a participação da gerente sênior de Projetos e Assessoria Técnica do CEBDS, Ana Carolina Szklo

Os palestrantes puderam falar sobre o futuro das cidades e a mobilidade

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Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, do presidente do conselho curador da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), Israel Klabin, e da presidente do CEBDS, Marina Grossi, como mediadora, o painel de encerramento teve como objetivo identificar os grandes desafios de governos, empresas e sociedade frente à sustentabilidade. Klabin fez a abertura resgatando o desenvolvimento do conceito de sustentabilidade desde 1987, quando o termo foi cunhado, até os nossos dias, em que as sociedades precisam escolher entre manter o catastrófico curso da exploração dos recursos naturais e energéticos atual Presidente do Jardim Botânico, Sergio Besserman, fala sobre a atual situação do Brasil

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Linda Murasawa, superintendente executiva do Banco Santander, mediou o primeiro painel

ou utilizar a tecnologia e a responsabilidade humana para abraçar, de imediato, um modelo de desenvolvimento sustentável. Maria Silvia, por sua vez, estabeleceu uma ponte entre passado e futuro da sustentabilidade ao falar da nova agenda da instituição que dirige, a qual passará a financiar programas de saneamento básico. Segundo ela, essa é uma agenda do século 19 que o Brasil ainda não cumpriu, uma vez que, calcula-se, 50% da população não contam com redes de esgoto. A contribuição do setor empresarial para a sustentabilidade foi o foco de Marina Grossi. De acordo com ela, ao se integrar às iniciativas para conter as mudanças climáticas, o setor empresarial pode contribuir anualmente com reduções de emissões de carbono entre 3,2 bilhões e 4,2 bilhões de toneladas, algo como 7% a 9% das emissões

mundiais. No Brasil, ela citou a parceria do CEBDS com a We Mean Business (WMB), uma coalizão global de lideranças que revolucionam suas práticas de negócios à luz de compromissos como uso de energia elétrica renovável, fim do desmatamento na cadeia de produção e precificação do carbono: “A adesão formal de empresas e parceiros brasileiros, como a própria CNI, mostra que as tomadas de decisões em torno das mudanças do clima são estratégicas e essenciais para o futuro de qualquer operação”. O Sustentável 2016 teve patrocínio dos bancos Bradesco, Itaú e Santander, e contou com a apresentação de um esquete do grupo Spectaculu na abertura do evento. Presidente do conselho curador da FBDS, Israel Klabin, realiza discurso histórico ao participantes

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A III Conferência das Nações Unidas para a Habitação e o Desenvolvimento Urbano Sustentável – ONU Habitat discute a Nova Agenda Urbana

A nova agenda para urbanização sustentável Na ONU, Pará defende maior participação dos Estados na implementação da Nova Agenda Urbana por Daniel Nardin

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governador Simão Jatene propôs, durante a III Conferência das Nações Unidas para a Habitação e o Desenvolvimento Urbano Sustentável – ONU Habitat, a formação de uma aliança entre governos subnacionais para que a Nova Agenda Urbana possa ser implementada, uma vez que as políticas públicas necessitam ser melhor planejadas e pensadas como complementares e intermunicipais. Para o governador, que participou da mesa de discussão “Implementação da Nova Agenda Urbana nas regiões metropolitanas das Américas: uma visão para o desenvolvimento urbano equilibrado”, o modelo para os próximos anos precisa avançar para além do combate da pobreza, mas priorizar, sobretudo, a busca pela redução das desigualdades. “Talvez estejamos diante de uma das últimas chances de revermos o que queremos para nossas cidades. Vamos ser sinceros e colocar numa balança: se avaliarmos nossas cidades ao redor do mundo, sobretudo as médias e grandes, sob a perspectiva dos objetivos do desenvolvimento sustentável, chegaremos a algumas conclusões: elas são socialmente injustas, são caras e são ambientalmente sustentáveis. Temos que re-

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Fotos: Daniel Nardin / Secom, UN-Habitat/ Ariel Alexovich/ Eskinder Debebe /Julius Mwelu

ver os padrões de consumo. O planeta não aguenta mais tentar elevar o topo para subir a base. Estamos então diante de uma grande hora da verdade. Temos um enorme desafio pela frente”, afirmou Jatene no início de seu pronunciamento. Para Jatene, o desafio passa pela necessidade de se compreender que as políticas públicas não devem estar voltadas apenas ao combate da pobreza, mas priorizar a redução da desigualdade. “Quando falo de desigualdade não é só dentro das cidades, mas sim entre cidades. O desafio das cidades superou os limites municipais. Essa é uma constatação recorrente e que foi abordada bastante nas discussões aqui. Mas como gerenciar e definir limites de gestão disso, já que envolve diferentes municípios e sistemas de cidades? Por isso então que acredito termos pela frente um enorme desafio que é trabalhar a proposta de aliança dos governos estaduais ou subnacionais com municípios, dialogando e fechando parcerias para implementação da Nova Agenda Urbana”, propôs o governador paraense. A proposta de incluir os governadores mais diretamente no debate acerca da Agenda Urbana, algo que historicamente tem sido mais direcionado aos gestores municipais, agradou o diretor regional do ONU-

-Habitat para a América Latina e o Caribe, Elkin Velásquez. “O governador Jatene está convidando os governadores da região para fazerem uma parceria, uma aliança. E se isso avança, se eles topam, há uma novidade e a ONU apoia e acompanha”, anunciou Velásquez.

Amazônia ganha espaço nos debates sobre Nova Agenda Urbana

O diretor da ONU Habitat ainda elogiou a presença e inclusão da realidade das cidades amazônicas nos debates acerca da Nova Agenda Urbana, algo que tem sido o principal foco do Governo do Pará em Quito, durante a conferência da ONU para a habitação. “Estamos seguros de que a Amazônia Ban Ki-moon, e Rafael Correa, presidente do Equador

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Para o governador, o modelo para os próximos anos precisa avançar para além do combate da pobreza, mas priorizar, sobretudo, a busca pela redução das desigualdades

é fundamental nesse debate, pela população que ela abriga e pelos serviços que ela presta. É uma região e território muito importante não só para o Brasil, a América Latina e sim para o mundo”, afirmou Velásquez. Para Jatene, durante seu pronunciamento na mesa de debates concorrida, com plenária lotada – inclusive prestigiada brevemente pelo secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e Rafael Correa, presidente do Equador, que estiveram no local –, a Nova Agenda Urbana deve ser percebida pelos sistemas de municípios da Amazônia, buscando mecanismos para sua aplicação. “Hoje, mais de 70% da população da Amazônia mora em cidades. Então precisamos ter marco regulatório que abrigue uma pluralidade de situações que historicamente não tem sido preocupação, justamente pela visão equivocada que se teve da Amazônia, como um grande vazio ou de baixa realidade urbana. Por isso festejo a Nova Agenda Urbana pois ela não coloca a questão da população como definidor do que é ou não urbano”, destacou Jatene. Simão Jatene se reuniu com os principais interlocutores da ONU Habitat, no segundo dia da III Conferência das Nações Unidas para a Habitação e o Desenvolvimento Urbano Sustentável

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O governador destacou ainda que as diretrizes da Nova Agenda Urbana, se compreenderem a realidade amazônica, podem garantir que se busquem financiamentos para os projetos e planejamentos que estão sendo feitos. “O que todos os governos precisam compreender – de municípios a subnacionais e nacionais – é que podemos nos planejar onde se quer chegar, mas é necessário entender que os diferentes só chegam ao mesmo lugar se percorrerem caminhos diferentes. Só assim, respeitando as diferenças é que poderemos nos aproximar para reduzir desigualdades, fazendo da Nova Agenda Urbana de fato uma nova agenda para um mundo melhor, que é o que todos nós queremos”, disse. A secretária de meio ambiente e desenvolvimento territorial do Estado de Jalisco (México), Magda Ruiz, comentou que o maior desafio tem sido justamente a divisão de responsabilidade e colocar o Estado para trabalhar nas questões intermunicipais. “Devido à incapacidade de muitos municípios para esse ordenamento territorial e planejamento, precisamos avançar e estar próximos, priorizando os projetos intermunicipais”, disse Ruiz. Além de Jatene, Velásquez e Ruiz, também participaram da mesa, autoridades como Iolanda Bichara, diretora executiva do Conselho de Prefeitos e da Área de Planejamento de San Salvador; Maria Soler, da Província de Bucaramanga (Colômbia); Carlos Cordoba Martinez, diretor-executivo da Região Central da Colômbia e Vicente de Paula Loureiro, diretor da Câmara Metropolitana do Rio de Janeiro e o governador da província de Jujuí, na Argentina, Geraldo Moraes.

Jatene reforça diálogo com ONU Habitat e busca parcerias para novos investimentos O governador Simão Jatene se reuniu com os principais interlocutores da ONU Habitat, durante o segundo dia da III Confe-

Jatene propôs a inclusão dos governadores mais diretamente no debate da Agenda Urbana, algo que tem sido mais direcionado aos gestores municipais

rência das Nações Unidas para a Habitação e o Desenvolvimento Urbano Sustentável, em Quito, capital do Equador. Nos encontros, Jatene reforçou o diálogo permanente que vem tendo com a instituição, dentro do projeto Pará Sustentável, que tem ações no âmbito econômico e social, com enfoque na sustentabilidade. O governador do Pará esteve reunido com o diretor regional do Escritório para América Latina e o Caribe do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU Habitat), Elkin Velásquez, que reforçou o interesse para manter e reforçar o apoio que vem sendo dado ao Pará. Jatene também esteve com Eduardo Moreno, diretor de pesquisa e capacitação da ONU Habitat. Moreno é um dos principais “heads”, ou “cabeças” da instituição, e já trabalhou e desenvolveu pesquisas sobre políticas públicas urbanas. Em seguida, o governador do Pará se reuniu com Claudio Acioly, chefe de Treinamento e Desenvolvimento de Capacitação da ONU Habitat, que já esteve no Pará e estará acompanhando a implementação de projetos com foco no desenvolvimento harmônico sustentável no Estado, atuando em conjunto com o governo. “Atualmente precisamos empoderar cada vez mais o cidadão e garantir para as pessoas os mecanismos para que elas acompanhem as ações dos governos, não apenas

O governador Simão Jatene se reuniu também com Claudio Acioly, chefe de Treinamento e Desenvolvimento de Capacitação da ONU Habitat

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Jovens em Quito, na Habitat III Na abertura da Habitat III, que reuniu representantes de 157 países de todo o mundo, dentre eles ministros e prefeitos, para discutir a nova agenda urbana. O objetivo era garantir um compromisso político, além de permitir o acesso de todos à habitação segura, a urbanização inclusiva e sustentável, a expansão dos transportes públicos, a proteção aos pobres, à redução do impacto ambiental negativo das cidades e o acesso universal a espaços públicos seguros e verdes

para avaliar, mas principalmente para contribuir com a plena execução e melhor aproveitamento dos recursos públicos”, disse. Acioly tem mais de 30 anos de experiência ajudando a formar equipes de especialistas em diversos países. No período entre 20082012, foi chefe do departamento de Política de Habitação da ONU Habitat e coordenador do Programa de Direitos de Habitação Nações Unidas.

Busca por financiamento de projetos de desenvolvimento Ainda no espaço de reuniões da ONU Habitat, Jatene se reuniu com o executivo de desenvolvimento institucional, Emil Rodriguez Garabot, do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). O executivo informou que o banco tem priorizado trabalhos com governos locais, especialmente com foco nas regiões metropolitanas, firmando cooperação técnica e desenvolvimento de relações institucionais. “A área metropolitana é um tema que nos interessa e podemos dialogar mais. Vamos conhecer o que vem sendo discutido no Pará e verificar aquilo que pode estar de acordo com o que o fundo vem apoiando, especialmente na busca pelo desenvolvimento sustentável nas regiões metropolitanas”, disse Rodriguez Garabot.

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Simão Jatene, o diretor do Escritório para América Latina e o Caribe da ONU Habitat, Elkin Velásquez, e o diretor de Pesquisa e Capacitação, Eduardo Moreno

‘Vamos apoiar o Pará para desenvolver a inclusão social na Amazônia’, diz diretor da ONU Habitat O coordenador do departamento de economia urbana e finanças do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU Habitat), Marco Kamiya, confirmou ao governador Simão Jatene, que a Amazônia tem sido vista com prioridade e que o órgão vai aprofundar o trabalho que já vem fazendo no Pará. Kamiya, que atua

no escritório da ONU Habitat em Nairóbi, capital do Quênia. “É muito importante quando falamos sobre o Pará aqui no espaço da ONU Habitat. Afinal, esse não é somente um tema brasileiro, não é somente um tema continental, da América Latina. É um tema global, pois é uma região fundamental para a questão das mudanças climáticas, incorpora os temas energéticos e temas sociais. E por isso temos conversado com o Pará para enfatizar o tema social, ao mesmo tempo das outras questões. Nesse sentido vamos apoiar o Governo do Pará para poder desenvolver as capacidades sociais e a inclusão social da região amazônica”, destacou Marco Kamiya. Segundo ele, a ONU vai empreender no Estado um amplo esforço para o desenvolvimento de projetos e ações que têm como foco o desenvolvimento sustentável social. “O Pará pode esperar da ONU ao menos duas coisas. Primeiro: teremos um acompanhamento para que as equipes técnicas entendam e incorporem os indicadores sociais de desigualdade, pobreza e gênero, entre outros, dentro do projeto de desenvolvimento do Pará. E que isso esteja incorporado numa base sistêmica para discutir as políticas públicas com o governo central e também com governos internacionais, pois a ONU cumpre esse papel, afinal. Por fim, também vamos trabalhar para desenvolver sistemas e mecanismos de financiamento e fomento para melhorar a infraestrutura local”, destacou Kamiya.

Questão da sustentabilidade é central, diz governador O coordenador do departamento de economia urbana e finanças da ONU Habitat, Marco Kamiya, e o governador Simão Jatene: Amazônia é vista como prioridade

Segundo Simão Jatene, a busca de parcerias e a intensificação de diálogos com organismos internacionais e instituições de revistaamazonia.com.br


zônia. “Hoje, mais de 70% da população da Amazônia mora em cidades. Então precisamos ter marcos regulatórios que abriguem essa pluralidade de situações que historicamente não tem sido preocupação, justamente pela visão equivocada que se teve da Amazônia, como um grande vazio ou região de baixa realidade urbana. Por isso festejo a Nova Agenda Urbana, pois ela observa várias questões muito próximas da nossa realidade, e um exemplo é que ela não coloca a questão da população como definidor do que é ou não urbano”, destacou Jatene.

Habitat III: países adotam nova agenda para urbanização sustentável

Delegações adotaram uma nova estrutura que vai definir o mundo para o desenfomento são fundamentais para garantir a implementação da Nova Agenda Urbana e melhorar os indicadores sociais através de cidades mais sustentáveis. “Talvez estejamos diante de uma das últimas chances de revermos o que queremos para nossas cidades. Vamos ser sinceros e colocar numa balança: se avaliarmos nossas cidades ao redor do mundo, sobretudo as médias e grandes, sob a perspectiva dos objetivos do desenvolvimento sustentável, chegaremos a algumas conclusões: elas são socialmente injustas, são caras e são ambientalmente sustentáveis. Temos que rever os padrões de consumo. O planeta não aguenta mais tentar elevar o topo para subir a base. A questão da sustentabilidade é central”, afirma Jatene. Para o governador paraense, a Nova Agenda Urbana tem pontos que coincidem com as necessidades e a realidade da AmaO Secretário-Geral da Conferência Habitat III da ONU, Joan Clos, em Quito (Equador), durante a Conferência do Habitat III das Nações Unidas

Amir Mahmoud Abdulla, vice-diretor executivo do Programa Alimentar Mundial sabe que a Meta 11 Cidades Sustentáveis, está intrinsecamente ligado com a Meta 2 Fome Zero

do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Joan Clos, no último dia da conferência, que reuniu cerca de 36 mil pessoas de 167 países na capital equatoriana nos últimos seis dias. Ele afirmou que o documento final orientado para a ação — que está agora consagrado na Declaração de Quito Sobre Cidades Sustentáveis e Assentamentos Urbanos para Todos — deve ser visto como uma extensão da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Nova agenda para cidades limpas, verdes e inclusivas Ban Ki-moon, na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Habitação e Habitat III

volvimento urbano sustentável, repensando como as cidades são planejadas, geridos e habitada Delegações presentes na Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável – Habitat III -, realizada em Quito, no Equador, adotaram a Nova Agenda Urbana — documento que vai orientar a urbanização sustentável pelos próximos 20 anos. “Analisamos e discutimos os desafios que as cidades enfrentam e concordamos com um roteiro comum para as próximas duas décadas”, disse o diretor-executivo

Com o novo acordo (O documento possui cerca de 175 princípios que deverão orientar a urbanização sustentável pelos próximos 20 anos. A agenda será adotada pelos 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), os líderes mundiais se comprometeram a aumentar o uso de energia renovável, proporcionar um sistema de transporte mais ecológico e gerir de forma sustentável os recursos naturais. Entre as principais disposições do documento, estão a igualdade de oportunidades para todos; o fim da discriminação; a importância das cidades mais limpas; a redução das emissões de carbono; o respeito pleno aos direitos de refugiados e migrantes; a implementação de melhores iniciativas verdes e de conectividade, entre outras. “A Nova Agenda Urbana é uma agenda

Delegações na Habitat III, que adotou a Nova Agenda Urbana

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Na mesa oficial da abertura, Maria de los Angeles Duarte, ministra da Habitação do Equador, Ban Ki-moon SecretárioGeral da Organização, das Nações Unidas; Peter Thomso, presidente da Assembléia Geral das Nações Unidas, e o prefeito de Quito, Mauricio Rodas

ambiciosa que visa preparar o caminho para tornar as cidades e assentamentos urbanos mais inclusivos”, disse Clos, acrescentando que ela garantirá que todos possam se beneficiar da urbanização, especialmente aqueles que estão em situação mais vulnerável. “Trata-se, acima de tudo, de um compromisso de que todos juntos vamos assumir a responsabilidade de um e de outro em direção ao desenvolvimento do nosso mundo urbanizado”, frisou Clos. A agenda não vincula os Estados-membros ou prefeituras a metas ou objetivos específicos, mas é uma “visão compartilhada” que estabelece normas para a transformação de áreas urbanas em regiões mais seguras, resistentes e mais sustentáveis, com base em um melhor planejamento e desenvolvimento. Ao assinar a declaração, os Estados-membros da ONU se comprometem a agir conscientemente ao longo dos próximos 20 anos, a fim de melhorar todas as áreas da vida urbana através do Plano de Implementação de Quito, com apoio dos resultados da Habitat III e da Nova Agenda Urbana.

Clos observou que o trabalho duro de tornar a Nova Agenda Urbana uma realidade precisa começar imediatamente. “Se nós não a implementarmos, ela será inútil”, frisou. “Peço que os governos nacionais e locais usem a Nova Agenda Urbana como um instrumento fundamental para as medidas políticas e para o planejamento do desenvolO Secretário-Geral da Conferência Habitat III da ONU, Joan Clos, em Quito (Equador), durante a Conferência do Habitat III das Nações Unidas

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Henriqueta Arantes, secretária Nacional de Habitação, chefe da delegação brasileira na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU)

vimento da urbanização sustentável”, disse. Presentes no encontro, prefeitos afirmaram que a conferência deste ano avançou com a participação das autoridades locais no esforço global para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. “Sabemos que sem a participação de cidades e governos locais, o mundo não será capaz de enfrentar os desafios globais de nossos tempos”, disse o prefeito de Montreal, no Canadá, Dennis Codere. A Habitat III reuniu milhares de participantes de governos e da sociedade civil além de jovens e acadêmicos para refletir sobre o futuro de grandes centros urbanos e a qualidade de vida para os moradores de cidades. Além do coordenador de economia urbana e finanças da ONU Habitat, o governador Jatene já esteve reunido com o diretor regional do Escritório para América Latina e o Caribe do programa, Elkin Velásquez; Eduardo Moreno, diretor de pesquisa e capacitação da ONU Habitat, e Claudio Acioly, chefe de Treinamento e Desenvolvimento de Capacitação, também da ONU Habitat. revistaamazonia.com.br


Semana de Sustentabilidade, discute ações de sustentabilidade na cadeia de suprimentos Grandes empresas em São Paulo, apresentam cases de sucesso em sustentabilidade ambiental e social

Fotos: Vânia Delpoio

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Grupo Panalpina promove anualmente a Semana de Sustentabilidade, iniciativa global que ocorre simultaneamente em todos os países em que atua. Este ano o destaque no Brasil foi o evento Práticas Sustentáveis, realizado recentemente, que reuniu clientes e fornecedores da Panalpina para discutir como a cadeia de fornecimento pode contribuir integralmente para diminuir o impacto negativo da operação logística no meio ambiente. “O intuito dessa ação foi reunir colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros da Panalpina para juntos pensarmos o quanto é importante aderir a práticas mais sustentáveis econômica, social e ambientalmente”, afirmou o diretor de qualidade da Panalpina Brasil, Adriano Bronzatto, que palestrou sobre “A Pegada Sustentável”. Entre as várias iniciativas em prática na Panalpina, Bronzatto destacou os bons resultados de algumas ações implementadas. “Utilizamos ferramentas de monitoramento como a Eco Business, que realiza a gestão de indicadores e a análise de informações de consumo, desgaste e resíduos produzidos dentro de cada filial da companhia. Com pequenas intervenções foi possível reduzir o consumo de papel em 23,1%, assim como diminuir o consumo de água e energia em 10,3%. Além disso, monitoramos também os impactos causados por fornecedores e

Durante as apresentações

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clientes, através da ferramenta Eco Transit”. Ações como essas permitiram que a Panalpina Brasil se tornasse a primeira empresa de agenciamento de carga internacional a conquistar a certificação ISO 14.001 no mercado brasileiro. “Fomos contemplados com essa certificação em 2011, para todas as operações da empresa, e até hoje somos os únicos certificados nas três vertentes da sustentabilidade: Qualidade, Saúde e Segurança e Ambiental”, ressaltou. “Agora, nosso maior objetivo é alcançar a eficiência energética”, completou.

Palestra do Diretor de Qualidade da Panalpina Brasil, Adriano Bronzatto

Parceiros Mais de 50 parceiros da operadora logística participaram do encontro, o que mostra que o tema está no radar de todos. Empresas como Embraer, Natura, EcoPorto e West Cargo revelaram como vêm lidando com o assunto. A EcoPorto Santos salientou suas ações preventivas de medição do índice de contaminação da água do mar, além de estudar a biodiversidade presente e monitorar as espécies recifais. O grupo, inclusive, integra o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), voltado para as empresas listadas na Bovespa. A Embraer, por sua vez, pontuou a adoção do Projeto MME (Manuseio, Movimentação e Embalagens), que tem o objetivo de privilegiar o uso de embalagens padronizadas e retornáveis, tanto em suas operações nacionais quanto nas internacionais. Um exemplo foi a troca de materiais de papelão por embalagens plásticas, o que gerou economia de R$ 2 milhões na compra do papelão, redução de 16 toneladas no descarte do material e queda de 42 toneladas de descartes de plásticos. A West Cargo reforçou a construção de unidades de tratamento de água para utilização na lavagem de caminhões, que per-

Júlio Cunha, Coordenador de Projetos da Embraer, no evento Práticas Sustentáveis

mite uma redução no consumo de até 70%. “Realizamos também diversas ações diariamente, como a separação de lixos orgânicos dos recicláveis; o acompanhamento de todo o trajeto de nossas cargas para evitar que ocorram acidentes que possam ocasionar algum dano ambiental; a destinação correta de resíduos e de materiais utilizados, como tintas, óleos, graxas, solventes e baterias; entre outras”, apontou a gerente administrativa da empresa, Kelly Martins. O ranking de fornecedores com menor índice de pegada de carbono foi um dos destaques da Natura. “Fazemos o monitoramento de 200 fornecedores, que representam cerca de 80% dos negócios da Natura no ano. Recentemente, lançamos também o programa EPIL, cujo objetivo é calcular o impacto financeiro de toda a cadeia logística quando se fala de recursos naturais. Somos a primeira empresa de cosméticos a fazer algo do tipo”, conclui a gestora de performance e de relacionamento com fornecedores de suprimentos da Natura, Audrey Barbosa. REVISTA AMAZÔNIA

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Na solenidade de inauguração, o diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que o S11D expressa a capacidade de realizar da empresa

Vale inaugura Complexo S11D Eliezer Batista Fotos: Agência Vale, Divulgação, Eny Miranda, Ricardo Teles/Agência Vale

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Vale inaugurou recentemente, o maior projeto de mineração de sua história e da indústria da mineração, em Canaã dos Carajás, no Pará. O evento, contou com a presença de cerca de 800 convidados, dentre eles o diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira, além das demais lideranças da empresa e do poder público. Em seu discurso, o diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira, reforçou a importância do S11D e fez questão de pedir uma salva de palmas para todos aqueles que contribuíram para a realização do projeto. Para mim, ver o Complexo S11D Eliezer Batista concluído é muito mais do que estar diante de um novo marco na indústria da mineração. Para além de um empreendimento que agrega tecnologia de ponta, baixo custo e alta produtividade, o S11D expressa a capacidade de realizar da nossa empresa”. O Complexo S11D Eliezer Batista integra produtividade, inovação e respeito às pessoas e ao meio ambiente. O empreendimento marca o início de uma nova fase na mineração mundial e traz um novo impulso ao desenvolvimento econômico e social do país, em 24

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especial aos estados do Pará e Maranhão. O engenheiro Eliezer Batista, por motivos de saúde, o grande homenageado não pode comparecer ao evento, mas enviou um vídeo e a mensagem emocionante: “Nada se faz sozinho. Um conjunto de pessoas com um objetivo comum faz forte um projeto, uma

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que a essa inauguração é um indicativo da confiança que temos de que o Brasil vai voltar a crescer

empresa e uma nação. Continuo a me sentir parte da Vale. Essa foi a maior homenagem que eu poderia receber. É a maior honra da minha vida. A Vale se consolidou como uma líder e assim vai seguir”. O prefeito de Canaã dos Carajás, Jeová Andrade, agradeceu à Vale pela “grandiosidade e coragem de implantar esse grande projeto no município”. O ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho, que foi representando o presidente da República, Michel Temer, finalizou os discursos com palavras de otimismo. “Empresas como a Vale, que acreditam no Brasil, mostram que o futuro há de ser muito melhor”, a abertura dessa mina é um indicativo da confiança que temos de que o Brasil vai voltar a crescer’’. A solenidade foi encerrada com o acionamento de um botão que marcou, oficialmente, a inauguração do Complexo S11D Eliezer Batista. Além do diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira, do ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho, e do prefeito de Canaã dos Carajás, Jeová Andrade, também participaram do momento o diretor de implantação de projetos da revistaamazonia.com.br


Vale, Ricardo Saad, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o presidente mundial da Mitsui, Tatsuo Yasunaga, o presidente do Conselho de Administração da Vale Matsuo Genso, convidados, deputados federais, estaduais, vereadores, funcionários e executivos da Vale.

O Complexo S11D Eliezer Batista O maior projeto de minério de ferro da história da empresa e da indústria da mineração – S11D, mina e a usina, estão localizadas em Canaã dos Carajás, no Sudeste do Pará. Começa a operar no próximo mês – janeiro de 2017. A licença, emitida pelo Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, terá validade de 10 anos, a partir da verificação do cumprimento das ações e medidas de controle ambiental executadas pela Vale durante a Licença de Instalação (LI). A licença inclui mina para extração de minério de ferro, usina de beneficiamento, acessos, pilhas de estéril, diques

e demais estruturas auxiliares. A liberação para funcionamento foi possível graças a “soluções ambientalmente favoráveis”, pela qualidade e quantidade de minério que será explorado na mina.

Vista aérea da mina do S11D, maior projeto de mineração, a céu aberto do mundo, no sudeste do estado do Pará

O acionamento de um botão marcou oficialmente, a inauguração do Complexo S11D Eliezer Batista, em Canaã dos Carajás, no Pará

Os investimentos totais são de US$ 14,3 bilhões - US$ 6,4 bi, aplicados na implantação da mina e da usina e US$ 7,9 bi, referentes à construção de um ramal ferroviário de 101 quilômetros, à expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e à ampliação do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA) A estrutura da mina e da usina de processamento de minério de ferro conta com três linhas de produção - cada uma com capacidade de processamento de 30 milhões de toneladas/ano. O minério será lavrado a céu aberto e levado da mina até a usina por meio de um Transportador de Correia de Longa Distância (TCLD). A usina, os pátios de estocagem e regularização de minério, as pilhas de estéril e canga (minério de ferro com teor mais alto de contaminantes) e a área de manobra e carregamento de trens estão loca-

Com 9,5 quilômetros de extensão, o TCLD é uma das principais soluções tecnológicas do projeto. O TCLD foi projetado para transportar 19.200 toneladas de minério de ferro por hora a velocidade de 5 metros por segundo

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230 milhões de toneladas métricas por ano, será a produção total de minério de ferro da Vale no Pará, quando o projeto S11D estiver em plena capacidade. A produção, atualmente, é de 109 milhões anuais O S11D irá ajudar a Vale a aumentar a sua produção de minério de ferro de boa qualidade a baixo custo

lizados em antigas áreas de pastagem, fora da Floresta Nacional de Carajás (FLONACA), uma unidade de conservação que a Vale ajuda a proteger desde a sua criação, em fevereiro de 1988.

A medida permitiu reduzir em mais de 40% a supressão vegetal na unidade de conservação, quando comparado com o plano diretor inicial, de 2,6 mil hectares. A Flonaca tem 412 mil hectares e, mesmo depois da

implantação do S11D, apenas cerca 4% terão sofrido interferência pelas atividades de mineração desde que a Vale se instalou na região, há 30 anos. Além de diminuir o impacto na floresta, a empresa também adquiriu áreas no entorno da usina, para atender a condicionantes ambientais para a implantação do projeto. Parte da área vem sendo reabilitada e integra um programa de conectividade de fragmentos florestais. São terrenos degradados, também ocupados por pastos, que estão sendo reabilitados com floresta nativa. Até o momento, um total de 2,2 mil hectares de áreas degradadas encontra-se em recuperação. A área equivale a dois mil campos de futebol. O trabalho vem sendo realizado em parceria com o Instituto Tecnológico Vale (ITV), com acompanhamento do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e do Ibama. O empreendimento recebeu este nome a partir da sua localização: trata-se do bloco D do corpo S11, que fica na Serra Sul da grande região de Carajás. Na Serra Norte, está a Mina de Carajás, em operação desde 1985, situada em Parauapebas, município vizinho a Ainda nos primeiros testes com o Transportador de Correia de Longa Distância (TCLD)

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Empilhadeira de lança dupla, com mais de 70 metros de comprimento, no Pátio de Regularização do Projeto Ferro Carajás S11D, local de estoque provisório do minério em condições ideais para a alimentação da usina, durante testes para operação

Canaã. Para fins geológicos, o S11D é apenas um bloco do corpo que foi dividido em quatro partes: A, B, C e D. O potencial mineral do corpo S11 é de 10 bilhões de toneladas de minério de ferro, sendo que só o bloco D possui reservas de 4,24 bilhões de toneladas. Hoje, a vida útil da mina está estimada em 48 anos.

O S11D representa novos caminhos para a mineração

Produção/Custo operacional mais baixo do mundo Está prevista a produção de até 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. A quantidade é suficiente para encher 225 navios do tipo Valemax, o maior mineraleiro do mundo. Outro objetivo importante no S11D é a quantidade de tonelada de minério gerada por empregado por ano. Com todas as soluções empregadas, a Vale pretende entregar os

Localização do S11D, em Canaã dos Carajás, no Sudeste do Pará revistaamazonia.com.br

melhores números do mundo nesse sentido. Com o menor custo e um dos melhores teores de qualidade, a expectativa da Vale com este projeto é entrar em outro patamar de competitividade. O S11D terá o custo operacional mais baixo do mundo a US$7/t e um dos minérios de mais alto teor, acima de 67%Fe “in situ”.

Inovações sustentáveis Com foco na sustentabilidade e na preservação do meio ambiente, o S11D, conta com soluções inovadoras, como o reaproveitamento de água, uso racional de energia elétrica e redução da emissão dos gases de efeito estufa. Será adotado no projeto o conceito de truckless mining onde o transporte do minério, da mina para a usina, será feito através de correias transportadoras diferentemente de operações tradicionais de mineração onde o minério extraído é transportado por caminhões para serem beneficiados nas usinas. O consumo de combustível será reduzido

em cerca de 70%, devido ao uso das correias transportadoras, o consumo de eletricidade será reduzido em 18 mil MWh e haverá ainda 93% de economia no consumo de água em relação ao processo convencional, uma vez que o minério será beneficiado com sua umidade natural. Além disso, não será necessário o uso de barragens de rejeito e o índice de reutilização de água será de até 86%. Isso sem falar na geração de empregos: estão previstas aproximadamente 30 mil vagas.

Benefícios Sociais A Vale realizou diversos investimentos sociais no município. Mais de 30 obras concluídas ou fase de conclusão, em parceria e com a contrapartida financeira da prefeitura municipal. Entre elas, a construção e reforma de sete escolas, a reforma do hospital municipal, a construção da Feira do Produtor e a ampliação da rede de energia elétrica. Quando em funcionamento (fase de operação), a previsão de geração é de 2.600 postos de trabalho na região do S11D. No pico das obras foram cerca de 10.000 empregos. REVISTA AMAZÔNIA

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Amazônia enfrenta sete desafios nos negócios sustentáveis por Celso Freire

Fotos: Arquivo ImazonRafael Araújo, Arquivo Fundo Vale Helio Laubenheimer, Arquivo Fundo Vale Rafael Araújo, Arquivo GTA Criação de Peixe em Anã, Resex Tapajós- Arapius, Santarém – PA

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Fundo Vale, uma associação sem fins lucrativos, com o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), vem investindo nos negócios sustentáveis na Amazônia há mais de seis anos. São anos de desafios numa região considerada rica e pouco explorada. Durante todo esse período de experiência, o Fundo Vale conseguiu reunir informações preciosas e listou os sete principais desafios que marcam os negócios sustentáveis na Amazônia nesses últimos anos: Produção local, beneficiamento, logística, comercialização, financiamento, assistência técnica e questões regulatórias. Mas, segundo a diretora de Operações do Fundo Vale, Patrícia Daros, um desafio chama mais a atenção, que é estabelecer um modelo de desenvolvimento integrado à economia brasileira. “Temos que preservar a cultura local, valorizar a biodiversidade da região e gerar benefícios sociais para a

população local e povos tradicionais que lá vivem, especialmente para os produtores que tiram da terra o sustento da família e comercializam o excedente”, ressaltou. Criado em 2009 pela Vale, O Fundo Vale é uma contribuição da empresa para a busca de soluções globais de sustentabilidade. O Extração de açaí, no Marajó - PA

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Fundo priorizou suas ações no bioma Amazônia, apoiando e financiando iniciativas que unem a conservação dos recursos naturais à melhoria da qualidade de vida e fortalecimento dos territórios. “Nós apoiamos projetos que olhem a atuação da Amazônia. Apoiamos modelos que pensem a floresta em pé”, afirmou Patrícia Daros. Em mais de seis anos de atividades, o Fundo Vale acumulou experiência em sete estados brasileiros (Pará, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amapá e Maranhão), com mais de 45 iniciativas apoiadas e parcerias com 25 organizações socioambientais reconhecidas por sua atuação em campo e grande experiência. A diretora de Operações do Fundo Vale ressalta ainda que a ideia é buscar parceiros comuns: “trabalhar mais em redes, potencializando a troca de experiências e a soma de esforços, inserir novos atores, que possam trazer inovação para o ambiente de negócios na região; e fazer tudo isso junto com a comunidade local estão entre ações relevantes que podem potencializar a Amazônia no contexto da economia nacional”, disse Patrícia Daros. A analista do Fundo Vale, Márcia Soares concordou que o Fundo Vale está entre os revistaamazonia.com.br


Calha Norte Paraense, projeto Jovens Protagonistas

financiadores que mais investem na capacitação e fortalecimento de negócios sustentáveis na região amazônica, aqueles que valorizam a floresta em pé ou levem à diminuição do desmatamento ilegal. Patrícia Daros lembrou das oficinas de aprendizagem realizadas nos meses de julho e agosto deste ano, em Brasília e São Paulo. “Iniciativas como esta têm o objetivo de aumentar a capacidade de gestão local e de viabilizar a rede de negócios de empreendedores comunitários, mas, também, sobretudo, capacitar os jovens que irão liderar e tocar essas atividades daqui a dez anos”, disse Daros. A troca de experiência entre os participantes trouxe vários aprendizados que podem ajudar a identificar onde estão os entraves e como viabilizar um modelo de negócio sustentável na região amazônica. Patrícia Daros reconhece que o avanço é lento e os investimentos tem um tempo certo para ter o retorno desejado. “A gente estima que em menos de cinco anos não vai haver retorno, o que ocorre entre cinco e dez anos”, ressaltou.

Desafios da Amazônia O Fundo Vale reconhece que um dos desafios é investir na produção local. Fortalecer o mercado local, com respeito à cultura e ao modo de vida, associado a uma estratégia de segurança alimentar. Muitas comunidades ainda produzem para consumo próprio e comercializam o excedente. Não adianta, por exemplo, investir na produção de açaí, se não há um bom acordo com o barqueiro que transportará a mercadoria. O beneficiamento do produto na comunidade pode agregar valor à mercadoria, mas deve ser feito levando em consideração questões culturais, pois, em geral, é uma atividade adicional às tarefas realizadas no local. Outro grande desafio é vencer as grandes distâncias e a dificuldade de transporte da produção até os centros consumidores, devido ao alto impacto no custo final dos produtos. Cada vez mais é crescente a preocupação com a origem do produto, mas é preciso conhecer bem os mercados consumidores para oferecer produtos alinhados à demanda. Ao mesmo tempo, é fundamental gerar conhecimento em cada etapa do processo, capacitando o produtor/empreendedor para a comercialização. No País, há várias linhas de financiamento para a produção agropecuária sustentável (como Pronaf e Programa ABC), mas ainda há limitação para que essas informações cheguem aos produtores. Além disso, é difícil para os produtores amazônicos se enquadrarem nas exigências do financiador, principalmente devido à regularização fundiária revistaamazonia.com.br

precária da região. Uma mudança no tipo de trabalho realizado pelo serviço de assistência técnica e extensão rural (Ater), que vá em direção ao desafio de implantar uma cadeia de valor sustentável na Amazônia, é um desafio que precisa de garantia de investimento. Há uma dificuldade em conseguir adequar a legislação para grupos produtivos amazônicos, pois, os marcos regulatórios são voltados para o mercado tradicional. É preciso adequá-los para os negócios sustentáveis, com regulações mais conectadas com a realidade.

Soluções apontadas Para realizar o beneficiamento do produto na comunidade é importante conhecer a legislação, sobretudo relacionada às questões sanitárias. Parcerias com indústrias ou comerciantes finais podem ajudar a aliar a oferta à demanda e possibilitar o investimento em maquinários ou outras ações voltadas ao beneficiamento. Sobre a logística, a criação de entrepostos e de “cantinas”, como as já implantadas na Terra do Meio paraense, é uma alternativa para reduzir custos de logística e aumentar a capacidade de armazenagem. Desenvolver sistemas de cooperação para fretes coletivos e frete amigo (com valor diferenciado) também são boas opções; assim como investir e fomentar o desenvolvimento de tecnologias alternativas, como o uso de energia solar ou embarcações mais modernas que as tradicionais. Em relação a comercialização, para os produtores, é preciso reduzir a informalidade, construir diferencial de mercado (agregar valor ao produto) e oferecer preços competitivos. Por outro lado, o comprador precisa respeitar as características, especificações e condições de oferta dos produtos. Na falta de acesso ao crédito oficial, há relações não oficiais de crédito com taxas exorbitantes. Por conta disso, existe a opor-

tunidade de desenvolver cooperativas de créditos e para o uso de crédito privado. Organizações de microcrédito e outras alternativas de financiamento podem ajudar a viabilizar projetos de menor escala com o olhar da realidade local. A assistência técnica precisa ter um plano de uso das propriedades e assistência jurídica e de gestão de negócio (como precificação), para cooperativas e associações, possibilitando parcerias e intercâmbio de experiências. O fortalecimento da escola familiar rural para qualificação profissional pode ajudar na formação de multiplicadores locais. A participação de atores mais próximos dos produtores (como ONGs e associações) é difícil, em função de logística e custos para comparecer a reuniões. Viabilizar essa participação, por meio de apoios mútuos ou rodízio, por exemplo, pode ser um caminho, assim como fortalecer o diálogo entre as instituições de apoio à agricultura familiar para influenciar nas políticas públicas. Antes de tudo isso, porém, é preciso capacitar os produtores, organizando as informações regulatórias em guias e cartilhas, aumentando a autonomia dos produtores e diminuindo o tempo de regularização e registro de atividades que tenham boas práticas.

Mulheres do arquipélago do Bailique, no Amapá REVISTA AMAZÔNIA

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Congresso de Biotecnologia Sustentável na Biodiversidade Amazônica

Para o diretor do Inpa, Luiz Renato de França “A ciência e o desenvolvimento só ocorrem quando as expertises se integram entre as diversas áreas”

Fotos: Fernanda Farias, Junha Januária, Luciete Pedrosa - Ascom Inpa

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evento reuniu estudiosos de várias partes do Brasil no Auditório do Bosque da Ciência, do INPA, para compartilharem experiências nas áreas de biologia geral, de biotecnologia aplicada à saúde, nanotecnologia e neurociências, bem como estudos e pesquisas sobre o câncer, células-tronco humanas e neurociências. Também estiveram presentes empresas de biotecnologia que desenvolveram tecnologias próprias e deram depoimentos sobre suas experiências de empreendorismo bem-sucedido. O Congresso de Biotecnologia Sustentável na Amazônia, foi aberto com a palestra “Indústria e academia, um processo de geração de novos mercados”, do coordenador de Acompanhamento Técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Álvaro Abackerli, onde afirmou: “Existe uma desproporção entre a produção científica e o desenvolvimento tecnológico no Brasil”. De acordo com Abackerli, a Embrapii realiza um trabalho que envolve várias frentes, uma delas é a capacitação das universidades sobre o modelo de negócio da Empresa. “Abrimos uma oportunidade para que enxerguem essa estratégia da Empresa como alternativa para que possam colocar à serviço do Brasil as competências já re-

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conhecidas do que a academia desenvolve”, diz o coordenador técnico. Para ele, o Brasil tem mão de obra qualificada e institutos de pesquisas relevantes em várias áreas. “Então, ajudamos provendo-os com recursos e capacitando-os nas necessidades para operar o modelo”, explica Aba-

ckerli. “Além de promovermos a articulação entre as empresas, que são consumidores da pesquisa e desenvolvimento (P&D) que estes institutos desenvolvem”, acrescenta. Ainda durante a abertura o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, um dos participantes da mesa oficial, disse: “A ciência e o desenvolvimento só ocorrem quando as expertises se integram entre as diversas áreas” e informou que durante o evento será discutida a formação de uma Rede Brasil, na área de biofármacos, para criação de um curso de pós-graduação, na região Norte, em Farmacologia e Terapêutica Experimental, numa iniciativa da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental”, acrescentou.

A mesa oficial e participantes na abertura do Congresso de Biotecnologia Sustentável na Biodiversidade Amazônica

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Durante a abertura, a superintendente da SUFRAMA, Rebecca Garcia, elogiou a realização do evento e sua ênfase na aproximação da academia com a indústria

General Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, comandante logístico do Exército Brasileiro: O SisDia é uma tríplice hélice que funcionará em conjunto para que a academia (pesquisadores), incentivados por alguma indústria, e com o governo, na gestão, possa se converter em produtos negociáveis

Para a diretora técnico-cientifica da Fapeam, Andrea Waichman, o Governo do Estado acredita na biotecnologia como uma das alternativas para o desenvolvimento econômico da região. Segundo ela, a Fapeam tem financiado programas de cooperação em biotecnologia com instituições de pesquisas e com subvenção econômica às empresas que investem e fazem negócios e inovações nessa área. “Os resultados e discussões deste evento são de extrema importância para que o governo possa direcionar investimentos nesta atividade, uma vez que está delineamento a nova matriz econômica para o Estado”, disse Waichman.

Biorrevolução industrial Para a superintendente da Suframa, Rebeca Garcia “É fundamental para o país que quer ser competitivo, que a academia se aproxime cada vez mais da indústria”, destacou. “E por que não a região amazônica viver a quarta biorrevolução industrial?”, indagou Rebeca. “A bioindústria precisa ser olhada de maneira diferenciada”, acrescentou. Para ela, a Suframa tem um papel importante nesse processo, que iniciou em dezembro de 2015 com o decreto do Governo Federal da Zona Franca Verde, dando um encaminhamento de que o futuro da região Norte vem da bioindústria. “Entendo que o Inpa tem um papel fundamental em potencializar essa matéria-prima regional (mineral, vegetal ou animal), que após passar por um processo de conhecimento, estes produtos possam se tornar competitivos no mercado internacional”, disse a superintendente. Também participou da abertura, Luiz Henrique Borda, representando o subsecretário de Gestão das Unidades de Pesquisas e Organizações Sociais, Paulo Roberto Pertusi. “O MCTIC está receptivo para apoiar e incentivar eventos como este do Inpa e vê como fundamental essa aproximação da ciência com a indústria”, destacou. revistaamazonia.com.br

A presidente da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental, Maria Cristina Avellar, disse que este ano é um ano especial para a Sociedade que completa 50 anos de atuação. “Este evento no Inpa marca uma das atividades Sociedade que elegeu 2016 o ano da Farmacologia”, disse.

Pólen de plantas medicinais Durante o Congresso foi apresentada a obra inédita “Atlas do Pólen de Plantas Medicinais”, pela pesquisadora do Instituto Na apresentação do Atlas

Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTIC), Ires Paula de Andrade Miranda, que disse: “São poucas as plantas na Amazônia que têm um estudo adequado sobre a questão do poder medicinal”. De acordo com a pesquisadora, o pólen carrega vários elementos que são essenciais para a formação de produtos na famacopeia brasileira e internacional. Baseados nisto, os autores resolveram usar o pólen (elemento fecundante da plantas) para se ter a certeza nas identificações taxonômicas. O estudo fez o levantamento de 40 plantas nativas e exóticas conhecidas na medicina popular, como a alfavaca (Ocimum micranthum Willd), uma erva aromática bastante utilizada como analgésico, diurético, estimulante e antigripal, dentre outros usos. Utiliza-se toda a planta, principalmente, as folhas, sementes e essência. O Atlas é uma obra composta por autores

do Inpa: as pesquisadoras Ires Paula Miranda, Maria Lúcia Absy, Zilvanda Lourenço de Oliveira Melo e o pesquisador Edelcilio Marques Barbosa; e do Museu Paraense Emilio Goeldi, as pesquisadoras Léa Maria Medeiros Carreira e Flávia Cristina Araújo Barata. Também são autores da obra os técnicos do Inpa, Filomena Ferreira Santiago, José Benayon Bessa de Moura, Luiz de Souza Coelho e Ana Ermelinda Correa Velloso (bolsista de Iniciação Científica).

Encerramento com entrega de prêmio Nanocell e casos de sucesso

O Congresso de Biotecnologia Sustentável na Biodiversidade Amazônica foi encerrado com a entrega do I Prêmio Cientistas e Empreendedor do Ano Instituto Nanocell. Ainda no encerramento, três empresas de biotecnologia contaram seus relatos como empreendedora de sucesso. Os premiados foram indicados pela academia e pelo público leigo, como os melhores cientistas e empresas de biotecnologia de suas áreas. Ao todo, foram mais de 10 mil indicações. O Instituto Nanocell selecionou com base nos currículos dos cientistas e das empresas com maior número de indicações, aqueles que tinham méritos científicos e

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Paulo Cesar Bogorni, gerente de Novos Negócios da Bug Agentes Biológicos recebendo sua premiação como vencedora do prêmio Nanocell de Empreendedora do Ano

Diretor do INPA, Luiz Renato de França recebendo seu prêmio

ações afirmativas suficientes para a premiação. Participaram da disputada 72 cientistas e mais de seis empresas de biotecnologia de várias regiões do Brasil.

Premiados Na categoria Alunos, na área Biologia Geral, foi premiado Laércio Pol Fachin, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na mesma área, na categoria Cientista-Professor, houve empate entre o diretor do Inpa e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) o pesquisador Luiz Renato de França, e a professora Alícia Juliana Kowaltowiski, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). Foram premiadas, na área de Pesquisas com Células-Tronco, a aluna Fernanda Ferreira Cruz, do Instituto Carlos Chagas Filho (RJ), e a professora Mayana Zatz, do Instituto de Biociências da USP. Já na área de Biotecnologia Aplicada à Saúde, empataram as alunas Gabriela Hase Siqueira, do Instituo Butantan, e Raphael Sanches Peres, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Também foi premiado nesta área, o professor Ricardo Tostes Gazzinelli, da Fiocruz Roraima. Na área do Câncer: da Prevenção à Cura, receberam o prêmio a aluna Gabriela Nestal de Moraes, do Instituto Nacional do Câncer, e o professor Roger Chammas da USP. Na área de Nanotecnologia: da Produção à Aplicação, os premiados foram o aluno Henrique Bücker Ribeiro, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e o professor Oswaldo Luiz Alves, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Já na categoria de Neurociências, novas Perspectivas para uma vida melhor, foram premiados o aluno Roberto Farina de Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e a professora Iscia Teresinha Lopes Cendes da Unicamp.

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O pesquisador Raphael Sanches Peres, ligado ao CRID, foi o vencedor na área de “Biotecnologia aplicada a saúde, categoria aluno”, e ministrou também durante o evento a palestra intitulada “Low expression of CD39 on regulatory T cells as a biomarker for resistance to methotrexate therapy in rheumatoid arthritis”

Empreendorismo de sucesso A empresa de biotecnologia Bug Agentes Biológicos foi a vencedora do prêmio Nanocell de Empreendedora do Ano. É uma empresa que produz e comercializa agentes de controle biológico, reconhecida em nível mundial. O gerente da área de Novos Negócios, Paulo Cesar Bogorni, explica que a Bug é uma empresa que nasceu como uma start-up, em 2010, dentro da USP. De acordo com Bogorni, a ideia original era avaliar o que existe no campo em termos de inimigos naturais, principalmente, microvespas. “As vespas que a Bug produz parasitam ovos das principais pragas das grandes culturas, porque pega os insetos-pragas antes da fase que eles causam danos, que é na fase jovem ou adulta”, diz. Segundo o gerente, em 2010, a empresa registrou, no Ministério da Agricultura, essa tecnologia como defensivo agrícola. Pela legislação brasileira, os inimigos naturais são considerados veneno. “Esses parasitóides são coletados no Brasil inteiro e um dos fatores de sucesso da empresa é o fato desses inimigos naturais serem coletadas “in loco”, porque são aclimatados a uma determinada região”, explica. A sócio-fundadora da empresa Genoty-

ping, a biomédica Debora Colombi, também mostrou a experiência da empresa de biologia molecular, fundada em 2008, na incubadora Prospecta, em Botucatu (SP). Em 2013, a empresa expandiu sua atuação para o setor de disgnóstico molecular, sendo a pioneira no uso de sequenciamento de última geração para análises genéticas. Patricia Pelegrini, sócia da empresa Diagene - Diagnóstico Moleculares, sediada em Brasília, em 2001, mostrou um pouco do empreendorismo no Centro-Oeste. A empresa trabalha na área do agronegócios e desenvolve e comercializa kits diagnósticos para detecção de transgênicos, além de atuar na área da saúde humana, desenvolvendo processos de produção de medicamento, especificamente do glucagon, usado para tratar a hipoglicemia (uma enfermidade sofrida pelos diabéticos).

Consórcio Nacional O general Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira também participou do encerramento do Congresso de Biotecnologia com a palestra “Consórcio Nacional de Integração da Amazônia: Perspectivas no Brasil”. O general explica que o Consórcio é um sistema que está sendo desenvolvido no Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército. Theophilo Gaspar, que hoje é o comandante logístico do Exército Brasileiro, em Brasília, explica que o Sistema Defesa, Indústria e Academia (SisDia) é uma tríplice hélice que funcionará em conjunto para que a academia (pesquisadores), incentivados por alguma indústria, e com o governo, na gestão, possa se converter em produtos negociáveis. “Este sistema favorecerá o lucro para todos, o empresário que investiu, o pesquisador que investigou, e o Exército e a Defesa, que terão todo o conhecimento da biodiversidade da Amazônia”, disse o general. revistaamazonia.com.br


“O Brasil sai em vantagem nos esforços para reduzir a emissão de gases e tem condições excepcionais para aproveitar as oportunidades” por Murilo Portugal e Marina Grossi*

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método apresentado nesta semana em um encontro da Sociedade Americana de Química, em Boston, é capaz de produzir 10g por hora das valiosas fibras. Mesmo se as potenciais aplicações no combate às emissões de CO2 não derem frutos, como suspeitam alguns especialistas, a técnica promete baratear a produção de nanofibras de carbono. O sistema é alimentado por poucos volts gerados por energia solar. A eletricidade atravessa um tanque cheio de sal derretido, à medida que o CO2 é absorvido, as valiosas nanofibras começam a se formar ao redor dos eletrodos. “Até hoje, nanofibras de carbono são caras demais para muitas aplicações”, disse o professor Stuart Licht, da universidade George Washington.

Redução de custos O material é usado atualmente na produção de componentes eletrônicos e baterias, mas se fosse mais barato, poderia reforçar materiais usados na fabricação de peças de avião e carro, entre outros. A questão é se o sistema criado pela equipe do professor Licht será capaz de reduzir estes custos. O cientista diz que aumentar a produção seria fácil, e que o equipamento consome pouca energia. A maior promessa, porém, é a possibili-

Um título green bond vincula sua emissão a critérios de sustentabilidade ambiental e climática, além da supervisão por uma organização especializada

dade de usar o sistema para reduzir os níveis de CO2 na atmosfera, considerados os culpados pelo aquecimento global pela grande maioria dos cientistas. Para isso, seria necessário construir enormes reatores ─ algo que suscita o ceticismo de especialistas. “Como estão capturando CO2 do ar, o processo precisa lidar com enormes volumes de gás para coletar a quantidade necessária de carbono, o que, em grande escala, pode aumentar o custo do processo”, afirmou a engenheira química Katy Armstrong, da universidade de Sheffield. Outro que levanta dúvidas sobre a viabilidade da ideia é o pesquisador da Imperial College London Paul Fennell. “Se o objetivo deles é fazer nanofibras, é louvável, e vão ter um produto que vale a pena. Mas se a sua ideia é tirar CO2 da

atmosfera e produzir uma quantidade de nanofibras suficiente para fazer diferença na mudança climática, eu ficaria muito surpreso se conseguir”, afirmou Fennell. O professor Licht, no entanto, diz que vai ser preciso trabalhar conjuntamente, com recursos da sociedade, para testar o processo em larga escala. De toda forma, outros químicos ficaram impressionados com o simples fato de a equipe do professor Licht ter produzido nanofibras a partir do carbono atmosférico. [*] Marina Grossi é presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Murilo Portugal é presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Foi diretor-geral adjunto do Fundo Monetário Internacional e secretário-executivo do Ministério da Fazenda (governo Lula)

O Guia é destinado aos participantes do mercado de renda fixa no Brasil, incluindo empresas, instituições financeiras e investidores, bem como a outros agentes interessados na emissão dos Títulos Verdes, chamados de Green Bonds no mercado internacional revistaamazonia.com.br

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A beleza invisível da biodiversidade

Pau Brasil, Caesalpinia echinata

por Vanderlan da S. Bolzani*

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nome Brasil, acredita-se, tem sua origem na planta taxonomicamente conhecida por Caesalpinia echinata Lam, uma espécie nativa da Mata Atlântica, pertencente a subfamília Caesalpinioideae (ou Caesalpiniaceae), família Leguminosae, mais recentemente renomeada Fabaceae. As fabáceas ou leguminosas são a terceira maior família de Angiospermae (palavra de origem grega, em que angios significa bolsa e spermae, semente) e representam um táxon de grande diversidade em número de espécies, incluído entre mais numerosos do reino Plantae ou Metaphyta. As leguminosas possuem frutos peculiares e exclusivos chamados de legume, também conhecido como vagem. Por serem alimentos de grande valor nutricional, algumas leguminosas/ fabáceas, como soja (Glycine max), ervilha (Pisum sativum) feijão (Phaseolusvulgaris) e amendoim (Arachis ypogaea L) são muito importantes em todo o mundo e de alto valor econômico. Tal importância levou a UNESCO a eleger 2016 como o Ano Internacional das Leguminosas (The Internatio-

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nal Year of Pulses). Mas voltando ao pau Brasil, o nome popular para C. Echinata, ela foi classificada pelo taxonomista Lamarck, em 1789, que atribuiu o nome em homenagem a André

Cesalpino, botânico do Papa Clemente VII. É uma espécie não menos importante do que as outras do grupo das leguminosas. Árvore de grande porte, medindo em média 10-12 m de altura, o tronco com diâmetro de 40-70 cm, suas folhas exalam odor floral intenso e agradável. A madeira do tronco é dura, pesada e de coloração que varia do castanho alaranjado ao vermelho escuro (Figura 1). Tal característica foi uma das razões que atraíram os portugueses colonizadores para o Brasil, e a extração e comercialização do pau brasil pode ser considerada a primeira grande exploração econômica da biodiversidade brasileira. E por que os portugueses se interessaram tanto pela exploração desta espécie? Aí está a grande beleza da maquinaria química que cada espécie de planta desenvolveu ao longo do processo de adaptação nos ambientes ondem ocorrem, os produtos naturais. Da madeira do pau Brasil era extraída um corante de cor vermelha intensa, muito apreciada na Europa do século XVI. O produto natural brasilina (1), substância da classe dos catecóis, facilmente é oxidada em brasileina (2), um revistaamazonia.com.br


Corte transversal do tronco de C. Echinata

Sir Robert Robinson, prêmio Nobel de química 1947

derivado fenoldienônico, identificado como o corante da madeira da planta. A estrutura catecólica da brasilina (1) é a forma reduzida e incolor de brasileina (2), mais estável devido à extensão da conjugação do sistema dienônico presente na molécula e, portanto, responsável pela cor vermelha que aguçou a cobiça dos portugueses que aqui chegaram. Um grande produtor do corante era o Ceilão, maior fornecedor da Europa. Não se sabe ao certo quantas eram as espécies de Cesalpínia de onde eram extraídos o corante, mas C. sappanera a espécie explorada no oriente. No entanto, foi a C. echinata, abundante em toda a costa atlântica do Brasil colonial, que atraiu a atenção dos portugueses recém-chegados ao continente americano. Durante o período de exploração econômica do pau brasil, que se estendeu de 1501 até finais do século XIX, a madeira era exportada in natura. As árvores eram derrubadas e cortadas em pedaços de cerca de 2 a 1 metro que eram transportados para Lisboa, e em seguida, para Amsterdam, local em

que a madeira era transformada em pó do qual era extraído o corante. A importância do pau Brasil na Europa, a partir do século XVI, deveu-se principalmente às variadas tonalidades de cores obtidas da madeira que era tratada com ácido (vinagre) ou fermento. Os artesãos (tintureiros) daquela época obtinham tons de vermelho pela alcalinização do extrato ácido, a partir de que eram gerados os tons arroxeados. O produto natural 1 e o derivado 2 extraídos da madeira vermelha são os componentes moleculares que dão a coloração vermelha tão apreciada pelos monarcas europeus e podemos dizer

Estrutura de brasilina (1), produto natural isolado de C. Echinata e de brasileina (2), derivado oxidado de 1 e responsável pela cor vermelha do pau Brasil.

que, devido a essa exploração, os portugueses colonizadores praticamente devastaram o pau Brasil de toda a costa atlântica. Importante salientar que as moléculas não são perceptíveis aos olhos, mas, presentes nas várias espécies da biodiversidade, são valiosas e responsáveis pelo alto valor agregado de inúmeras plantas e de outros organismos de alto valor comercial. No século XIX alguns químicos importantes realizaram pesquisas sobre o corante extraído do pau brasil. Um deles, o francês, Michel E. Chevreul, isolou pela primeira vez o derivado catecólico 1, dando-lhe o nome de brasilina. Chevreul também trabalhou como diretor do setor de tinturaria da famosa fábrica de tapetes Gobelins. William Perki, químico sintético reconhecido como o criador dos corantes sintéticos, também pesquisou os componentes químicos do pau Brasil. No entanto, a estrutura química da brasilina (1) só foi determinada mais de século depois, pelo prêmio Nobel de química Sir Robert Robinson. Ele levou vários anos de investigação em síntese orgânica, tendo descrito os primeiros dados no artigo publicado em 1906. A síntese da brasilina foi um processo moroso que ficou completo em 1955, e só em 1970 Sir Robinson publicou os dados. Seu trabalho provou inequivocamente as estruturas apresentadas na Figura 2. A descoberta e utilização dos corantes sintéticos impediu o total desaparecimento desta bela e importante árvore da nossa Mata Atlântica, o pau brasil. [*] Professora titular do IQAr-UNESP, Diretora da AUIN-UNESP, Membro da Coordenação Biota; Vice-Presidente da SBPC

Referências: 1. Lorenzi, H.; Árvores brasileiras – Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Ed. Plantarum: Nova Odessa, 1992, p. 352. 2. Bueno, E.; Pau Brasil, Axis Mundi Editora: São Paulo, 2002. 3. http://www.sbq.org.br/PN-NET/causo7.htm, acessada em Abril 2015. 4. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa e Editorial Verbo, Lisboa, 2001. 5. Thompson, D. V., The materials and thecniques of medieval painting; Dover 6. Publications, New York, 1956.Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Editorial Enciclopédia Lda, Lisboa, 1978. 7. Livingstone, R., Nat. Prod. Rep. 1987, 4 , 25. 8. Rezende, C. M., Corrêa, V.F.S., Costa, A.V.M., Castro, B. C. S. – Constituintes químicos voláteis das flores e folhas do pau-brasil (Caesalpinia echinata, Lam.), Quim. Nova, 2004, 27, 414-416. Vanderlan da S. Bolzani, é professora titular do IQAr-UNESP, Diretora da AUIN-UNESP, Membro da Coordenação Biota; Vice-Presidente da SBPC. revistaamazonia.com.br

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A floresta amazônica a maior e talvez o mais fascinante ecossistema tropical do mundo – exuberante, repleto de todos os tipos de plantas, irá se ajustar à mudança do clima melhor do que se enfrentar a perda de biodiversidade

Florestas da Amazônia: Biodiversidade pode ajudar a mitigar os riscos climáticos Uma floresta com maior diversidade de plantas pode se ajustar melhor ao estresse climático

Fotos: Andre Deak, Boris Sakschewski, Divulgação

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gora, pela primeira vez, uma equipe de cientistas mostra isso em simulações de computador como a região amazônica pode responder por sua incrível diversidade de árvores. A biodiversidade pode, portanto, ser um meio eficaz para mitigar os riscos climáticos e não deve ser visto apenas no contexto da conservação da natureza. “A diversidade característica da planta podem permitir que as florestas da Amazônia, o maior e talvez o mais fascinante ecossistema tropical do mundo, para ajustar a algum nível de mudanças climáticas – certas árvores dominantes hoje poderia diminuir e o seu lugar será tomado por outros que são mais adequados para as novas condições climáticas no futuro”, diz Boris Sakschewski do Instituto Potsdam para a Pesquisa do Impacto Climático (PIK), autor líder do estudo. A sobrevivência das árvores, por exemplo, depende do 36

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que os cientistas chamam de “economia de folhas”: o tamanho diferente, espessura, longevidade ou densidade define o quão bem a planta pode lidar com temperaturas mais altas e escassez d’água. “Biodiversidade mostra não ser um bem de se ter, mas na verdade, um deve ter”, diz Sakschewski. “Nós achamos que poderia ser funcional para a sobrevivência a longo prazo de grandes reservatórios de biomassa da Terra, como as florestas da região amazônica”. No entanto, isto depende do nível de stress. Apenas em um cenário de alterações climáticas moderadas, de alta biodiversidade pode, depois de um declínio acentuado da biomassa, contribuir para a recuperação substancial em vastas áreas em toda a região amazônica depois de algumas centenas de anos. Aqui, mais do que 80 por cento da área da Amazônia iria mostrar recrescimento substancial, de acordo com o estudo. Em

contraste, em um cenário de negócios mais usual de emissões de gases de efeito estufa que levam à mudança climática maciça, menos de 20 por cento da área iria mostrar este efeito positivo. O modelo biogeoquímico desenvolvido, que simula ambientes florestais diversos, mostrou que essa diversidade pode permitir que a floresta se ajuste a novas condições climáticas e mantenha seu potencial de sumidouro de carbono: enquanto árvores acima de 30 m, atuais maiores contribuintes para a biomassa do ambiente, seriam reduzidas no médio prazo, a vegetação do sub-bosque, de tamanho médio e árvores mais jovens, teria oportunidade de receber mais luz e se regenerar para as novas condições. No modelo, essa mudança melhorou o equilíbrio de carbono e a taxa de sobrevivência das árvores, o que causou recuperação de biomassa e estrutura para as espécies. revistaamazonia.com.br


Mudanças climáticas induzem plantas à recuperação de biomassa. Contribuição anual de biomassa de árvores individuais atribuídos a classes de área foliar específica (SLA) e densidade da madeira (WD), respectivamente

Estrutura de altura floresta recuperada com biomassa. Média de contribuição de biomassa de classes de altura de árvore para antes, no meio e pós-impacto do tempo, mostrando 0,5 ha de 400 ha de floresta equatoriana selecionada

Um avanço significativo na modelagem do sistema Terra

Biomassa da floresta simulada com suas alterações climáticas e as diferentes diversidades vegetais característica. Biomassa anual de mais de 800 anos de simulação para 400 ha de floresta equatoriana (longitude: 77.75° W; latitude: 1,25° S) de três versões diferentes do modelo de vegetação LPJmL sob uma cena grave de mudança climática revistaamazonia.com.br

Nunca antes estas dinâmicas foram integradas em uma simulação de vegetação biogeoquímico de efeitos climáticos, por isso este é um passo significativo na modelagem do sistema Terra. “Para explicar como a diversidade vegetal característica contribui para a resiliência da floresta investigamos primeiro um sítio experimental no Equador e, em seguida, estendeu-se as simulações para a bacia amazônica”, diz o líder da equipe Kirsten Thonicke de PIK. “Nós estamos REVISTA AMAZÔNIA

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Estimativas de biomassa da floresta amazônica As florestas tropicais são caracterizadas pela sua elevada biodiversidade e da dinâmica de sucessão causados por perturbações naturais. Estes podem ser capturados bem em pequenas escalas espaciais baseada em modelos florestais individuais. Muitas vezes, informações importantes sobre as estruturas florestais se perdem quando os processos são aprimorados para regiões maiores, como toda a floresta amazônica. Aqui foi regionalizado um modelo de floresta à base de indivíduo sem perder essa informação estrutural importante e pode, assim, estimar diferenças espaciais de biomassa em toda a floresta tropical amazônica.

Estimativas de biomassa da floresta amazônica

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Efeito da diversidade vegetal característica na resiliência biomassa da bacia Amazônica. a, b, mostram a área da Amazônia, pelo menos, 50% resiliência biomassa sob RCP 4.5 (a) e RPC 8.5 (b). c, d, contribuições significativas (métodos) da alta diversidade e modelo de baixo diversidade de biomassa resistência dentro da área resiliente mostrada

trabalhando nisso há anos. Embora seja bem conhecido que a biodiversidade é relevante para a produtividade do ecossistema e armazenamento de biomassa, até agora não pôde ser mostrado de uma forma quantitativa em grande escala. Estamos contentes para avançar a pesquisa anterior, fechando esta lacuna importante”. “Esta é uma boa notícia para a floresta amazônica – ainda assim, isso não significa

que a mudança climática não iria prejudicar esse singular ecossistema substancialmente, muito pelo contrário”, diz Wolfgang Lucht, co-presidente do domínio de investigação do PIK Análise de Sistemas da Terra. Enquanto a elevada biodiversidade permitir à floresta para, eventualmente, recuperar grande parte de sua biomassa, há uma enorme perturbação na transição e a composição das espécies seria diferente depois mesmo sob aquecimento global moderada. Num cenário de cumprimento das metas do Acordo de Paris e emissões moderadas, a taxa de recuperação seria em torno de 84% após alguns séculos, o dano causado por emissões em massa, sem respeito ao acordo ou aumento de ambição das propostas sobre a mesa, permitiria que apenas 13% da área se recuperasse pelas mesmas condições. Biodiversidade é apenas uma ferramenta eficaz no combate às alterações climáticas, se as condições de mudança são moderadas. Apesar dos resultados encorajadores no valor funcional da biodiversidade, a floresta amazônica, infelizmente, continua sendo um dos hotspots críticos do planeta que exigem reduções muito rápidas das emissões de CO2.” revistaamazonia.com.br


Projeto Opções de Mitigação do MCTIC e do Pnuma Fotos: Luciete Pedrosa, Marcelo Camargo/Agência Brasil

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pós percorrer cinco capitais brasileiras, Manaus encerra as discussões do ciclo de palestra do projeto “Opções de Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa em Setores-Chaves do Brasil”. A iniciativa é do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), por meio da Coordenação Geral do Clima do Ministério. Conta com recursos do Global Environment Facility (GEF) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O evento aconteceu no Auditório da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC). “O projeto Opções de Mitigação estuda uma série de tecnologias de baixo carbono que ainda estão em fase de inovação e gera cenários de emissões para até 2050”, diz Márcio Rojas, coordenador geral de Clima do MCTIC. “É uma espécie de cardápio que o MCTIC, juntamente com outros Ministérios, oferece para o Governo Federal como subsídio para as decisões a serem tomadas com base em dados científicos disponíveis”, destaca. A finalidade do projeto Opções de Mitigação é auxiliar a tomada de decisão do governo e setores envolvidos sobre ações que potencialmente reduzam emissões de gases de efeito estufa nos setores-chaves da economia brasileira: indústria, energia, transporte, edificações, agricultura, florestas e outros usos da terra, gestão de resíduos e alternativas intersetoriais. “O Inpa tem muitos projetos na área de estudo do carbono e este evento acontece num momento certo”, diz o diretor do Inpa, Luiz Renato de França. Entre eles estão o Programa de Grande Escala da Biosfera-

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Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas do MCTI, durante apresentação do projeto “Opções de Mitigação das Emissões de Gases de Efeito Estufa em Setores-Chave do Brasil”

Segundo o coordenador geral de Clima do MCTIC, Márcio Rojas, o projeto Opções de Mitigação estuda uma série de tecnologias de baixo carbono que ainda estão em fase de inovação e gera cenários de emissões para até 2050 Luiz Renato de França, diretor do Inpa

-Atmosfera na Amazônia (LBA). O evento também busca apresentar ini-

ciativas estaduais de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e abordar as opções de redução de emissões disponíveis em uma perspectiva setorial que enfocará os potenciais e custos de implementação, assim como instrumentos de política pública hábeis a viabilizar a transição para uma economia de baixo carbono. “Recentemente tivemos ratificação do Acordo do Paris que sinalizou a necessidade de que a ambição global dê um passo à frente e se torne um pouco mais ambiciosa. A meta agora é não permitir que a superfície da terra tenha a sua temperatura aumentada em um grau e meio”, ressalta Rojas. O coordenador explica que, no âmbito do Acordo de Paris, os países estipulam seus compromissos e se comprometem voluntariamente a cumprir com a meta. Para entrar em vigor, o Acordo teria que ser ratificado pelos 55 países que deveriam responder por 55% das emissões de gases de feito estufa no globo terrestre. “No quesito das emissões sabíamos que esse compromisso seria um pouco mais delicado de ser alcançado de forma ágil”, diz Rojas. “Foi com surpresa que vimos grandes potências, como os Estados Unidos, China e Índia e o próprio Brasil ratificarem o Acordo”, acrescenta. Segundo Rojas, nesse cenário e para contribuir com o compromisso assumido pelo Brasil na redução das emissões, além do projeto Opções de Mitigação, o MCTIC tem o Sistema de Registro Nacional de Emissões (Sirene), uma ferramenta que possibilita o entendimento sobre o perfil e tendências de emissões do Brasil, ponto de partida para a tomada de decisão sobre ações de redução de emissões.

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Como a humanidade deve se alimentar em 2050?

Estudo aponta ser possível produzir alimentos suficientes para os quase 10 bilhões de habitantes que o planeta deve ter em meados do século. Para isso, é essencial mudar a dieta, sobretudo comendo menos carne Fotos: Daniel Botezatu, FAO, MarkHeiman

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ONU estima que, dos 7,1 bilhões atuais, até 2050 a população mundial passará a 9,7 bilhões. Algo que preocupa quando se pensa em todas as bocas a alimentar – ainda mais tendo em vista como a agricultura industrial afeta o planeta com erosão, emissões de CO2, poluentes químicos e perda de biodiversidade. No entanto, um estudo publicado dá boas notícias: há maneiras de fornecer alimentos para uma população de até 10 bilhões de pessoas e, ao mesmo tempo, manter as florestas que restam intactas. E isso até mesmo sem mudanças drásticas na dieta humana, afirma Karl-Heinz Erb, principal autor do estudo. Mas é necessário encontrar um equilíbrio entre o tipo de métodos agrícolas utilizados, a preservação do meio ambiente e a alimentação diária.

Consumo de carne O estudo aponta que a quantidade de carSe a humanidade abrisse mão de produtos animais, tornando-se vegana, se precisaria de menos espaço para cultivo em 2050 do que no ano 2000, mesmo com uma população mundial significativamente maior

Como será a alimentação em 2050?

ne consumida é um fator importante. Contudo, se a humanidade continuar comendo carne como hoje, em meados do século serão necessários mais de 50% de áreas agrícolas adicionais, prevê o estudo.

“Se virmos uma forte onda de dietas vegetarianas ou veganas, até mesmo nas classes mais baixas, podemos ter cenários factíveis, pois a demanda [de carne] não seria tão grande”, afirma Erb. Os pesquisadores se basearam principalmente em projeções da demanda de alimentos traçadas pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que preveem forte intensificação da agricultura. Mas os cientistas também analisaram cenários com colheitas menores – como resultado ou de uma mudança em direção a métodos menos intensivos, como a agricultura orgânica, ou de impactos das mudanças climáticas que reduzam a produtividade.

Status quo Erb, afirma que cenários “business as usual” – ou seja, manter os métodos atuais

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Ele culpa a cultura de não dar valor à comida pelo conceito de produzir o máximo de comida possível a custos mínimos. No Ocidente industrializado, acredita-se que se pode comer tanta carne quanto se quer, pensando-se pouco na grande quantidade de alimentos jogados no lixo, diz. Quando consumidores fazem escolhas que têm um impacto tão negativo, o Estado precisa intervir, aponta Pol – por exemplo, redirecionando os enormes subsídios à agricultura industrial para práticas mais sustentáveis, e taxando ou limitando a venda de carne. A ONU estima que até 2050 a população mundial passará a 9,7 bilhões

– até são possíveis em termos de disponibilidade alimentar, mas fora os custos ecológicos que acarreta, é questionável se são desejáveis ou não. Ao mesmo tempo em que dietas tipicamente ocidentais, com muita carne e alimentos processados, não são saudáveis, uma em cada nove pessoas no mundo “não tem alimento suficiente para levar uma vida saudável”, segundo o WFP – Programa Alimentar Mundial, da ONU. A partir dessa perspectiva, a questão não é tanto a possibilidade de manter o status quo à medida que a população mundial cresce, mas sim como encontrar rapidamente melhores maneiras de alimentar o mundo. José Luis Vivero Pol, pesquisador da Universidade de Louvain, na Bélgica, argumenta que a nutrição básica deveria ser garantida, da mesma maneira que muitos países garantem acesso à educação e à saúde.

Problema do desperdício O especialista em governança alimentar afirma que o desafio não é encontrar maneiFrear o desperdício de alimentos

ras de aumentar a produção de alimentos, pois já se produzi o suficiente para alimentar quase 9 bilhões de pessoas. O problema é que um terço dessa produção é desperdiçado – problema também aprontado no estudo. “Por a comida ser tão barata, não nos importa desperdiçar um terço dela – ainda é rentável”, comentou Pol. “Isso seria impossível em qualquer outra cadeia de produção industrial.”

Alimentos bizarros podem não ser uma má ideia

Karl-Heinz Erb salienta que seu estudo não é sobre segurança alimentar em geral, mas sim sobre assegurar que há capacidade de produzir comida suficiente, considerando os níveis atuais de consumo. Os resultados podem ser interpretados como uma alternativa oferecida à humanidade: entre preservar ecossistemas e a saúde humana, e sistemas de produção de alimentos que não saudáveis para as pessoas nem para o planeta.

Recursos Recursos escassos sempre foram uma preocupação, e eles continuarão a ser uma preocupação em 2050, especialmente como a nossa população cresce e muda. Temos uma grande quantidade de terras aráveis que, teoricamente, poderiam ser utilizadas para a agricultura. No entanto, grande parte desta terra não é cultivada, e alguns deles abrigam ecossistemas que são importantes para a Terra, também. Uma grande parte desta terra também está localizada em áreas como a América Latina e África subsaariana, onde a infra-estrutura necessária não é revistaamazonia.com.br

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inteiramente acessível. A escassez de água é um problema em algumas áreas do mundo, mas globalmente, a água está disponível. Não só teremos de aumentar a quantidade de terras aráveis, teremos também de aumentar as produções agrícolas através de novas tecnologias e investigação e desenvolvimento na agricultura. Entre 1960 e 2000, a taxa de crescimento dos rendimentos de algumas das principais culturas tem diminuído – é algo que temos de reverter, porque precisamos desta taxa para crescer para um nível ideal. O aumento dos sistemas de apoio é fundamental. “Estudos estimam que o impacto negativo agregado da mudança climática sobre a produção agrícola africana até 2080-2100 poderia estar entre 15 e 30 por cento. A agricultura terá de se adaptar às mudanças climáticas, mas também pode ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas e existem sinergias úteis entre adaptação e mitigação “, afirma a FAO. Além disso, uma pequena variação na dieta humana limitada poderia ajudar, como nos tornamos tão acostumados a comer as mesmas coisas. “Uma dúzia de espécies de animais fornecem 90 por cento da proteína animal consumida globalmente e apenas quatro espécies de culturas fornecem metade das calorias baseadas em plantas na dieta humana”, diz a FAO. Talvez inclinando-se para “alimentos bizarros” podem não ser uma má idéia.

Agricultura intensiva e monocultura, como a da soja, têm altos custos ambientais Culto à alimentação saudável pode virar doença

Fazendas verticais em todo o mundo Com as terras aráveis tornando-se cada vez mais escassas, e as populações globais continuando a subir, a única direção para crescer nossas fazendas é para cima. Este “empilhamento” de plantas pode ser levado a extremos. De certa forma, é tão simples quanto parece: “Uma fazenda vertical é uma estufa de alta tecnologia de vários andares”. Mas há uma série de desafios envolvidos, desde obter luz suficiente para todas as plantas para manter as pragas e doenças fora das culturas para se certificar de que eles crescem adequadamente. “Há um monte de coisas técnicas e engenharia que precisa ser superado, e é por isso que não foi feito até que se tornou necessário fazê-lo.” Estufa de alta tecnologia com vários andares

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Peixes, mariscos e o mercúrio Fotos: Ascom INPA, Divulgação, Giselle Varga/Flickr

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Peixes da Amazônia apresentam alto nível de mercúrio

recomendação é amplamente conhecida: o peixe tem muitas propriedades importantes e nutritivas para o nosso corpo – o que faz dele um alimento considerado “saudável” pelos especialistas. Segundo o Departamento de Proteção Ambiental dos Estados Unidos – EPA, o alimento tem pouca gordura e baixa caloria, além de ser fonte de proteína e ômega-3, um dos ácidos graxos essenciais que o nosso corpo não consegue produzir. Mas o que nem todos sabem é que peixes e frutos do mar podem conter níveis de mercúrio prejudiciais à nossa saúde. “Os peixes que têm maior concentração de mercúrio são os que estão no final da cadeia alimentar, e não é recomendável consumi-los mais do que duas vezes ao mês”, segundo Andrei Tchernitchin, presidente do Departamento de Meio Ambiente da Escola de Medicina do Chile. Tchernitchin, que também é professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile, explica que “o veneno está na quantidade”. Ele cita como exemplo o caso de uma comunidade indígena na floresta boliviana que ficava perto de uma região de extração de ouro. Lá, eles se alimentavam de peixes carnívoros vindos de um rio próximo da aldeia – e logo começaram a apresentar doenças relacionadas com o consumo do mercúrio. Algo semelhante aconteceu no Japão, onde uma fábrica de ácido acético despejou resíduos de mercúrio na baía de Minamata durante muito tempo. Os peixes e frutos do mar eram a principal alimentação dos habitantes daquela região pobre do país. Em alguns casos, os moradores passaram até mesmo a sofrer delírio, problemas neurológicos e perda de memória.

Controle Mas se o consumo de peixes for moderarevistaamazonia.com.br

do, não há riscos para a saúde. No caso das mulheres grávidas, porém, ou as que estiverem amamentando, e também

crianças menores de três anos, é importante ter um cuidado maior com o consumo desse tipo de alimento, diz Francisco Miguel CelREVISTA AMAZÔNIA

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Bruce Forsberg, pesquisador do Inpa

Luiz Fabrício Zara, químico da Universidade de Brasília, disse que a Bacia Amazônia é rica em mercúrio naturalmente, devido a questões geológicas

drán, nutricionista da Universidade Católica San Antonio de Murcia, na Espanha. Os bebês, por exemplo, são muito vulneráveis aos efeitos nocivos do mercúrio. O consumo de peixes e frutos do mar com concentração de mercúrio pode trazer problemas para os sistemas nervoso, digestivo e imunológico, além de afetar pulmões, rins e olhos. Mas como acontece essa contaminação no mundo submarino? O mercúrio é encontrado naturalmente na superfície terrestre e pode vir da atividade vulcânica ou da erosão das rochas. No entanto, a principal causa de emissões de mercúrio são as atividades humanas, principalmente aquelas provenientes da queima do carvão em usinas de energia e em processos industriais. “Essa substância é acumulada em peixes e mariscos, que terminam com uma concentração mais elevada de mercúrio no organismo do que no entorno.” Além disso, há um processo chamado “bioamplificação”, que acontece na cadeia alimentícia. “Os predadores comem outros organismos e absorvem os elementos contaminados que estavam em seu alimento. Por isso, os peixes grandes costumam ter mais mercúrio no organismo, porque já se alimentaram de muitos peixes pequenos que, por sua vez, absorveram o mercúrio que estava no plâncton.”

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Em estudos coordenados pelo pesquisador do Inpa Bruce Forsberg, realizados na bacia do rio Negro entre os anos de 1995 a 2004, foram encontradas pessoas com concentrações de mercúrio de até 70 ppm e elas não apresentaram nenhum sintoma clínico. Uma das hipóteses para isso é a dieta do ribeirinho rica em selênio, mineral presente na castanha-do-brasil, que é um inibidor natural da toxicidade de alguns metais, como o mercúrio

Tucunarés do Amazonas

O mercúrio se acumula ao longo da cadeia alimentar, por isso peixes predadores, como o tucunaré e a piranha, apresentam maior concentração da substância no organismo

O que consumir? Em termos gerais, recomenda-se o consumo de porções menores de peixe durante a semana para manter uma dieta saudável. A porção ideal é de 140 gramas – depois que o peixe já foi cozido. A EPA- Departamento de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, oferecem um guia que lista os peixes e frutos do mar em função da concentração de mercúrio: revistaamazonia.com.br


O Mercúrio na Região Amazônica

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o recente Workshop do Projeto Biomarcadores de Toxidade de Mercúrio Aplicados ao Setor Hidrelétrico na Região Amazônica, o coordenador das pesquisas, Luiz Fabrício Zara, químico da Universidade de Brasília, disse que a Bacia Amazônia é rica em mercúrio naturalmente, devido a questões geológicas. A presença deste elemento é potencialmente danoso à população ribeirinha, porque além dos danos neurológicos que pode causar e também aos processos de bioacumulação e biomagnificação. E é justamente no principal recurso alimentar dessa população, os peixes, que o mercúrio se acumula através da cadeia alimentar e chega ao organismo humano. “O peixe da Amazônia tem mais quantidade de mercúrio quando comparado com a de outras regiões”, afirma o pesquisador da UnB. Para comparar a presença de mercúrio na população, foram coletadas amostrar de três grupos de pessoas diferentes: ribeirinhos de comunidades próximas a Manaus, onde o peixe é a principal proteína animal consumida; da região do Rio Madeira, uma área da Amazônia com presença de estradas, onde o consumo de carne vermelha e frango é maior do que a de peixes regionais; e de Goiás, onde o peixe é ainda menos importante na alimentação. Esses estudos confirmaram que a concentração de mercúrio em amostras de cabelo aumentam conforme o peixe é mais importante na alimentação. Apesar de diretrizes da Organização Mundial de Saúde indicarem que uma concentração acima de 14 mg de mercúrio por quilo pode causar danos neurológicos, os pesquisadores afirmam já ter encontrado pessoas com mais de 100 mg da substância por quilo, sem que

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Bacalhau negro Robalo chileno Atum

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Robalo riscado Carpa Lagosta Tambaril Peixe Búfalo

ela apresentasse sintomas de intoxicação. Os pesquisadores ainda não sabem se os amazônidas realmente são capazes de suportar uma maior concentração de mercúrio no organismo ou se, simplesmente, a medicina ainda não desenvolveu um método para avaliar corretamente os efeitos de uma intoxicação pelo metal pesado. “O peixe é fundamental para a sobrevivência dessa população e ninguém pode ser leviano a ponto de dizer para não comer peixe”, esclarece o químico Wilson Jardim, da Universidade de Campinas, que realiza pesquisas sobre concentração de mercúrio na Amazônia. “Mas é preciso uma política de esclarecimento, que dê preferência aos peixes não predadores”, completa. Ele explica que a concentração de mercúrio aumenta conforme se avança na cadeia alimentar, portanto, peixes predadores como tucunarés, cachorras e piranhas possuem uma concentração maior da substância. Ele cita por exemplo tucunarés de regiões do Rio Negro, que possuem até 5 mg de mercúrio por quilo, ou seja, dez vezes mais do que a recomendação da OMS, de 0,5 mg por quilo. O melhor então é variar o cardápio de pescado e, em caso de pessoas mais vulneráveis, como grávidas ou mulheres amamentando, dar preferência a jaraquis, matrinxãs e tambaquis. O químico Wilson Jardim, tranquiliza também quem vai à região e não resiste a um bom peixe amazônico. Diz que a concentração de mercúrio em amostras do própria cabelo costumam aumentar quando ele passa algum tempo na região, se alimentando basicamente de peixes, mas em pouco tempo volta a níveis bem baixos. “Leva cerca de 90 dias para cair a metade da concentração registrada”, diz.

Os que têm uma quantidade moderada:

O que têm pouco: A pesquisa encontrou altos níveis de mercúrio no peixe, um alimento básico na Amazônia. As comunidades que dependem do peixe para sua dieta estão em risco de intoxicação por mercúrio

O que têm a maior quantidade de mercúrio são: • • •

Tubarão Peixe espada Agulha

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Cavala Corvina (do Pacífico)

Chaputa, anchovas, bagre, moluscos, lagostas, ostras, salmão, sardinha, camarão, lula, tilápia, bacalhau, abadejo, vieiras e truta.

Para pessoas mais vulneráveis, dar preferência a jaraquis, matrinxãs e tambaquis O peixe é fundamental para a sobrevivência do ribeirinho

Os que têm alta concentração de mercúrio, mas menos do que os anteriores:

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Expositores comemoram sucesso da EMINA 2016

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urante os quatro dias de evento, quase duas mil pessoas visitaram a exposição; o congresso ofereceu 40 horas de cursos, palestras e trabalhos técnicos voltados ao setor; representantes de 24 multinacionais marcaram presença, além de outras dezenas de empresas prestadoras de serviços. “Em um ano marcado por uma crise sem precedentes na economia brasileira, acredito que a EMINA foi um sucesso. Não apenas pelos números registrados de participação, mas também pelo retorno que trouxemos para a economia da cidade”, comemora Dafne Fonseca, diretora da Formulae e organizadora da feira. Segundo ela, os quatro dias de evento movimentaram o segmento receptivo - que envolve hotéis, traslados, restaurantes, passeios e compras - sem falar na óbvia contribuição para fomentar novos negócios, aproximando fornecedores e tomadores de serviços em diversas áreas. “Sem apoio financeiro de nenhuma entidade, acredito que fizemos mágica, e mostramos o potencial que Parauapebas tem. Espero que em 2018 possamos unir forças com o poder público e mineradoras, a fim de realizarmos a segunda edição da EMINA”. Para os expositores, o momento também é de comemoração. “A feira atendeu a nossa expectativa. Divulgamos nossa empresa, fizemos alguns contatos, tivemos solicitações de propostas. Como nós atendemos tanto as indústrias, quanto as residências, todo mundo é um cliente em potencial para a gente. Espero participar das demais feiras”, disse Natanael Lima, sócio diretor da HC Ambiental. “Acredito que o evento tenha rompido alguns paradigmas por ter sido realizado na região. Os principais pontos positivos foram o nível dos estandes, das empresas participantes e a estrutura de estande disponibilizada pela organização do evento. Consegui46

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A primeira feira internacional de mineração de Parauapebas terminou com um saldo bastante positivo

mos bons resultados, pois decidimos focar em tecnologia, e os clientes (Vale) tiveram um melhor contato com as ferramentas e puderam entender melhor sua aplicação. Na próxima edição avaliaremos novamente a nossa participação”, afirmou Brunno Cavalcante, do Grupo Sotreq. Já o consultor Paulo Velasquez Santos, cuja palestra demonstrou as possibilidades de novas atividades em torno de Curionópolis, resumiu bem os impactos do evento.

“A EMINA 2016 foi um marco na região, trazendo empresas internacionais, nacionais e regionais, com estandes e palestras, demonstrando os rumos e as novas tecnologias aplicáveis nas atividades de mineração e com respeito ao meio ambiente. Se Deus quiser, claro que estaremos na próxima EMINA em 2018”. “Tivemos alguns clientes de grande importância na feira. Se o meu mercado se manter estável até 2018, iremos participar da próxima edição”, afirma Anselmo Lage Nicoli, dono da Link Industrial. “A EMINA 2016 foi um evento de prorevistaamazonia.com.br


Palestra de Wander Nepomuceno

jeção nacional, onde mostramos a todos os visitantes nossos produtos e principalmente a nossa capacidade produtiva. É realmente um evento que deve se tornar referência no setor e nossa presença é muito importante para o negócio”, garante Carolina Ronconi, gerente de marketing da FGS Brasil. A importância do evento para a cidade também foi destacada pela presença de autoridades como o prefeito eleito Darci Lermen, o seu vice Sérgio Balduíno, e Marily Germano, palestrante e diretora de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Governo do Estado do Pará. A Feira Internacional de Mineração de Parauapebas contou com apoio institucional da Prefeitura Municipal; da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ); do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado Espírito Santo (Sindifer); e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade. “Quero agradecer aos expositores, palestrantes e também as marcas que investiram em merchandising por terem acreditado neste projeto. Que em 2018 possamos aprimorar o trabalho realizado e fomentar ainda mais negócios para o setor mineral na região de Carajás”, finaliza Dafne Fonseca. Confira a lista de quem fez a EMINA acontecer: 2AJ Equipamentos de Segurança; Avanco Resources; Conductix Wam-

Pesquisador do CTCL ministrando curso sobre os serviços prestados pelo Centro Tecnológico Satc nas áreas de Recuperação Ambiental e Monitoramento por Drones

No curso de “Recuperação de Áreas Degradadas”, ministrado pela doutora em Ecologia e bióloga Edilane, foi mostrado os componentes essenciais para manutenção de funções ecológicas, com ênfase na cobertura vegetal e recursos bióticos relacionados a regeneração florestal

pfler; Equipamentos Industriais; Continental Contitech; Del Rey Minerals; Esco; Emerson Automation Solutions; FGS Brasil; Gonzaga Importação / Mine Cable Services; Goodwin Latina; Gummi; Haver & Boecker; Hc Ambiental; Hidrau Máquinas; Inviolável Parauapebas; Link Indústria e Comércio de Máquinas para Mineração;

Maxweld Comércio e Serviços de Soldagem; Pollyrubber; Pur Equipamentos Industriais; Rodobens Veículos Comerciais/ Mercedes-Benz; Sampla do Brasil; Solaris Equipamentos e Serviços; Solução Equipamentos; Sotreq / Catterpillar; Toledo do Brasil Indústria de Balanças; Univar Brasil; Vix Logística / Grupo Águia Branca.

Turismo no Amazonas

Socorro Barroso

Receptivo em Manaus

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Nano TradeShow Fecha com bons resultados e prospecta projeto ambicioso de tecnologias emergentes para 2017

Fotos: Felipe Perazzolo

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2ª edição da Nano TradeShow – única feira de nanotecnologia e inovação do Brasil - tomou conta do Centro de Eventos PRO MAGNO, juntamente com a Venture Capital Expo (feira de startups). Para acompanhar as novidades e tendências apresentadas pelos 53 expositores, o evento reuniu um seleto grupo de visitantes entre representantes de universidades, indústrias, institutos tecnológicos, cientistas, pesquisadores e empresas interessadas em investir em inovação e nanotecnologia. Já as 24 startups puderam expor seus projetos inovadores a um importante grupo de investidores nacionais e internacionais. Paralelamente às feiras, foi realizada a cerimônia de premiação do 1º PITCh - Prêmio de Inovação com Tecnologias Chaves do Brasil, além de diversas palestras ministradas por renomados especialistas do setor. Destaque, também, para o Ambiente Nanotecnológico e de Inovação – exposição de produtos com nanotecnologia aplicada - e o NanoMundo – laboratório de nanociência montado na carreta móvel do Sesi-Senai. As feiras geraram um volume de negócios no valor de R$ 12 milhões. O resultado foi positivo e as perspectivas são ainda melhores, como explica Viviane Ferreira, diretora da HEWE Eventos – empresa organizadora dos eventos. “Apesar de um ce-

Prêmio de Inovação com Tecnologias Chaves do Brasil

nário político econômico desfavorável, os resultados comprovam que o investimento em inovação é a solução mais eficaz para que a indústria se mantenha competitiva”.

1º PITCh - Prêmio de Inovação com Tecnologias Chaves do Brasil

A cerimônia de entrega da primeira edi-

ção do PITCh - Prêmio de Inovação com Tecnologias Chaves do Brasil aconteceu no Centro de Eventos PRO MAGNO, em São Paulo. Com formato e características inéditas no Brasil, o PITCh foi estruturado com base no conceito europeu, líder em desenvolvimento com tecnologias chaves. A premiação reconheceu e chancelou projetos e profissionais. Para tanto, concorreram ao prêmio cases de empresas, universidades e instituições cujas inovações foram desenvolvidas de acordo com tecnologias chaves, gerando benefícios diretos à indústria e à sociedade como um todo.

Vencedores do Pitch: Ricardo Ramos (Nanovetores), Eduardo Caritá (Profissional de Destaque), Lucas Campos (CT Nanotubos) e Gabriela Schaab (Nanoplus) da esq. para a direita

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O paulistano Eduardo Caritá

Publico Nano

Foram avaliadas quatro categorias: Melhor Pesquisa em Inovação com Tecnologia Chave (KET´s); Produto ou Processo Mais Inovador (com KET´s); Melhor Fornecedor de Inovação com Tecnologia Chave (KET´s); Profissional de Destaque. Já os critérios analisados foram: Custo x benefício, Originalidade; Resultados alcançados com aplicação na indústria; Viabilidade e impacto econômico | social | ambiental; Caracterização e extensão do mercado alvo; Parceiros para desenvolvimento da inovação; Análise comparativa com produto | tecnologia similar; Possibilidade de aplicação em outros setores, entre outros. Na categoria ‘Produto ou processo mais inovador’, na qual as empresas Ipol, Malvi, Nanobiotec, Nanoplus e Termotécnica concorriam, Nanoplus foi a vencedora. Já na categoria ‘Melhor fornecedor de Inovação’, com as finalistas Nanoativa, Nanovetores, TNS e Treetech Sistemas Digitais, Nanovetores levou a melhor. O prêmio de ‘Melhor Pesquisa em Inovação com Tecnologias Chaves’ foi para a CT Nanotubos, que concorria juntamente com a CSEM e TNS. Para fechar a premiação, Eduardo Caritá foi reconhecido como ‘Profissional de Destaque’. Ele concorria ao prêmio juntamente com Adalberto Fazzio e Gabriel Nunes.

Como requisito, os projetos necessariamente deveriam apresentar tecnologias chaves (KET´s) aplicadas para os setores de Petróleo e Gás, Plástico e Borracha, Cerâmica e Semicondutores, Tintas, Energia, Meio Ambiente, Química, Agronegócio e Alimentos, Saúde, Construção Civil, Eletrodomésticos, Metal e Mecânica, Materiais de Engenharia, Têxtil, Automotiva, Aeronáutica, Mineração e Siderurgia, Cosmética e Farmacêutica, TI e Eletrônicos. Os projetos inscritos passaram pela rigorosa avaliação do comitê formado por especialistas do mercado como: Agnaldo Dantas, analista de Inovação e Tecnologia do SEBRAE Nacional; Carlos Alberto Coelho, supervisor de inovação do SENAI/ SP; Cleila Pimenta, especialista de projetos nas áreas de Nanotecnologia, Biotecnologia e Saúde da ABDI - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial; Júlio César Félix, presidente da ABIPTI - Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação e diretor presidente do TECPAR - Instituto de Tecnologia do Paraná; Koiti Araki, professor titular do Instituto de Química da USP, especialista em nanotecnologia, química supramolecular e química inorgânica; Leandro Antunes Berti, secretário executivo da A.P.I NANO; Ricar-

do Magnani, gerente de projetos na ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras e Sérgio Risola, diretor da Anprotec - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores e também do CIETEC - Centro de Inovação e Empreendedorismo. A premiação faz parte do maior evento de Inovação e Nanotecnologia do país, também composto por duas importantes feiras internacionais: Nano TradeShow e Venture Capital Expo.

Cases Premiados e Profissional de Destaque O paulistano Eduardo Caritá, 60, incorporou às fileiras do Exército Brasileiro em 75, onde foi declarado 2° tenente R/2 da Arma de Artilharia no ano seguinte. Fundou e dirigiu o Jornal “GNOSIS”, órgão cientifico/ cultural dos acadêmicos de Medicina, Biomedicina, Enfermagem, Fonoaudiologia e Ortóptica. UNIFESP. Graduou-se no Curso de Biomedicina da Faculdade Mario Schenberg” em Cotia-SP, que pertence ao grupo Lusófona/ Portugal. Ministrou diversas palestras nas áreas da saúde, ligadas à Nanociência e Nanotecnologia. Atualmente trabalha, em fase adiantada, em projeto a se constituir parte do Programa de Desparasitação junto ao Ministério da Saúde da O interior da Nano Mundo

Nano Mundo, carreta móvel do SesiSenai, que esteve em exposição no Centro de Eventos PRO MAGNO revistaamazonia.com.br

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Viviane Ferreira, diretora da HEWE Eventos

Produtos inovadores

Durante a Conferência Internacional de Nanotecnologia e Inovação

Republica Plurinacional da Bolívia com o produto Phytoheminth com patente própria baseado em látex de mamão verde micro e nano encapsulado, como alternativa eficaz na terapêutica enzimática e profilaxia das helmintíases em humanos e animais.

Melhor Fornecedor de Inovação com Tecnologia Chave

A Nanovetores desenvolveu ativos em escala nano e micrométrica voltados às indús-

trias cosmética e têxtil, que também podem ser aplicados nos setores químico, alimentício e odontológico. Os encapsulados da Nanovetores permitem que os ativos fiquem estabilizados e protegidos de degradações e de reações com o meio ambiente. Exemplo da aplicação da tecnologia em produtos capilares é a utilização das partículas com carga superficial positiva que serão atraídas pela carga negativa dos fios de cabelo, o que possibilita a liberação prolongada e programada dos ativos por meio de partículas inovadoras.

Inovação em Ativos Encapsulados Nano Vetores

Palmilha Tecnológica

Produto ou Processo mais inovador Desenvolvida pela Nanoplus, a Palmilha Tecnológica contém sistema de absorção de suor, efeito antimicrobiano, hidratante e propriedades fitoterápicas. O processo de impregnação das nanopartículas possibilita o reaproveitamento total de resíduos, de modo que o impacto ambiental do produto é 50

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significativamente baixo, além do seu custo benefício ser economicamente positivo tanto para a Nanoplus (detentora da tecnologia), Dublauto Gaúcha (produtora da palmilha), quanto para as empresas calçadistas. O benefício principal da palmilha para o consumidor é o conforto, a diminuição de eventuais dores ao caminhar, além da sensação de frescor e bloqueio de mau cheiro nos pés.

Melhor Pesquisa em Inovação com Tecnologias Chaves (KET’s) O CT Nanotubos conquistou o prêmio pela incorporação de nanomateriais de carbono (nanotubos de carbono ou grafeno) em produtos intermediários, permitindo ganhos expressivos em propriedades mecânicas, térmicas e elétricas em produtos para o consumidor final. Os produtos intermediários com nanomateriais de carbono também podem ser aplicados para uma maior eficiência na exploração de energias renováveis (como energia eólica) e em sua estocagem (baterias e supercapacitores).

Projeto 2017 Para justificar e solidificar o otimismo, a organização se antecipou e apresentou o Projeto para 2017. Ambicioso e diferenciado, o novo modelo, intitulado Innovative Experience, foi concebido para promover tecnologias emergentes em diversos setores industriais, com vistas ao crescimento sócio-econômico e ambiental. Para tanto, será composto pela Nano TradeShow, Venture Capital, 2ª edição do PITCh - Prêmio de Inovação com Tecnologias Chaves e, ainda, por três workshops de Inovação Setoriais a serem realizados em diferentes regiões do país com forte desenvolvimento industrial. “O projeto promoverá a inovação durante todo o ano de 2017 com os workshops e seu encerramento se dará na feira Inno-

O maior evento de Inovação e Nanotecnologia do país

vative Experience, onde será realizada a versão internacional do workshop e a cerimônia de entrega dos vencedores do prêmio. Faremos um trabalho de acordo com o modelo europeu (KET´s - Key Enabing Technologies), enfatizando seis tecnologias chaves para o desenvolvimento econômico”, explica Viviane. 24 startups puderam expor seus projetos inovadores a um importante grupo de investidores nacionais e internacionais

CT Nanotubos de carbono ou grafeno

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Amazônia

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Fotos: Paulo Brando/IPAM

ano de 2016 caminha para ser o mais quente já registrado. Enquanto isso, no Brasil, um dos El Niños mais intensos das últimas décadas exacerbou a estação seca em boa parte da na Amazônia. Quando esses dois quadros se juntaram ao uso inadequado do fogo nos últimos meses, vastos quinhões da Amazônia arderam, com graves consequências para as populações, para a economia e para a natureza. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área queimada na região em setembro[1] chegou a 54,5 mil quilômetros quadrados, maior do que o Estado do Rio – extensão pouco menor do que em setembro de 2015, contrariando previsões iniciais de potencial recorde neste ano. Nem por isso há o que se comemorar: largas áreas de vegetação foram incendiadas. “Sabemos que está ocorrendo o aumento da estação seca na Amazônia e uma alteração no ciclo hidrológico, mas ainda não sabemos direito as causas”, diz o cientista Paulo Artaxo, professor na Universidade de São Paulo (USP) e conselheiro do IPAM.

Estresse De acordo com dados da NASA (agência espacial norte-americana), o solo da floresta amazônica está menos úmido em 2016 do que em 2005 e 2010, dois anos que também registraram secas extremas[2]. A área queimada no bioma aumentou 110% em 2015 em relação à área queimada em 2006, segundo cálculo baseado em informações do Inpe. Enquanto isso, a área de corte raso caiu 56%, ficando estacionada ao redor de 5.000 km2. Em todo o mundo, as regiões de floresta tropical têm aquecido em média 0,26°C por década desde meados de 1970[3]. “A Amazônia está sofrendo um processo de estresse hídrico devido ao aumento de 1,5°C no último século”, explica Artaxo. “Ao ter um ambiente com uma temperatura alta se aproximando de limiares, isso pode trazer uma fragilidade maior para a região.” Quando diferentes forças – atividades humanas, como mudança no uso do solo e emissões de CO2, mais fatores naturais, como El Niño – atuam sobre uma mesma região ao mesmo tempo, pesquisas científicas combinadas a políticas públicas Queimada no Projeto Tanguro. Foto tirada por Anna Weinhold, de um drone, durante fogo experimental

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Projeto Tanguro (MT), o maior experimento de fogo de florestas tropicais do mundo. Após o experimento, queimadas abrem clareiras na floresta

precisam ser prioritárias. “Políticas públicas de longo prazo, monitoramento, presença do Estado e governabilidade estadual são essenciais para definir os próximos rumos do ambiente e da população como um todo”, diz o cientista. “Uma estratégia muito importante para o país é melhorar o monitoramento ambiental dos processos que estão acontecendo na Amazônia. Mudanças no uso do solo são só a primeira alteração ambiental numa cadeia muito grande – é preciso monitorá-la completamente.”

Um menino esquenta a Amazônia Em agosto e setembro, o Inpe detectou 425.178 focos de calor no bioma amazônico. Nos mesmos meses de 2015, foram registrados 444.942 focos, cerca de 4% a mais. Já a área queimada cresceu pouco mais de 5%, de 102.965 para 108.655 quilômetros quadrados, na mesma comparação. Esse fogaréu todo responde pelo nome de El Niño (“O Menino”, em espanhol), que começou no ano passado e só foi perder forAs queimas experimentais são importantes para entender como a floresta e as áreas convertidas em plantação serão afetadas pelas mudanças climáticas

ça no primeiro semestre de 2016. El Niño é um fenômeno natural climático como consequência do aquecimento fora do normal das águas do Oceano Pacífico na altura da costa do Peru. Conhecido por alterar globalmente os índices pluviométricos e os padrões de vento, no Brasil ele atinge as regiões de formas diferentes. Ao modificar a distribuição de calor e umidade, El Niño geralmente causa excesso de chuva no Sul do país e redução no Nordeste e no Leste da Amazônia. No período de 2015-2016, a temperatura da superfície do Oceano Pacífico foi a mais alta registrada desde 2001, quando começou o monitoramento de queimadas por satélite. Para piorar, a temperatura da superfície do Oceano Atlântico também esteve acima do normal, o que intensificou a seca e, por consequência, as queimadas na Amazônia este ano[4].

Alta intensidade O último grande El Niño foi registrado entre 1997 e 1998. O fenômeno causou uma intensa seca na Amazônia, o que aumentou significativamente as queimadas. Naquele período, estudos do IPAM com IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostraram que na Amazônia os prejuízos com o fogo chegaram a qua54

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Experimento analisa o comportamento do fogo e a regeneração da floresta

se 10% de PIB (cerca de US$ 5 bilhões na época). Em 1998, só o SUS (Sistema Único de Saúde) gastou mais de US$ 10 milhões com tratamento de problemas respiratórios na região devido à fumaça das queimadas na região[5]. No Nordeste, a estiagem provocou uma perda de R$ 1,8 bilhão[6] devido a quebras de produção. No Sul, as chuvas ficaram acima da média histórica, causando tempestades e enchentes. Neste ano, o El Niño foi, além de intenso, extenso (confira gráfico abaixo). “Ainda não podemos atribuir essa intensidade do fenômeno ao aquecimento global; serão necessárias um pouco mais investigações”, explica o pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho. “Mas o que se pode já dizer é que, se o avanço do desmatamento e da mudanças climática continuarem, o cenário de grandes secas em boa parte da Amazônia poderá ser algo bem comum no futuro.”

O (des)controle do fogo O fenômeno El Niño forneceu o ambiente para as queimadas proliferarem em 2015 e 2016. Mas, ele sozinho não explica por que tantos focos de calor surgiram na Amazônia. Essa conta é do homem. Na Amazônia, é praticamente impossível que o fogo apareça por causas naturais. Raios, por exemplo. Se o número de focos de calor aumentou neste ano é porque alguém riscou o fósforo em uma situação altamente favorável a propagação das chamas. “A frequência do fogo natural na Amazônia, ou seja, de quanto em quanto tempo uma mesma área queima sem interferência humana, é de 500 a 1.000 anos”, explica a pesquisadora Ane Alencar, diretora do IPAM. “Pela ação humana, nós diminuímos essa frequência para 24 anos, sendo que há lugares que já queimaram até 12 vezes nesse mesmo período.” É uma alta frequência de queima a qual a vegetação não tem tempo para se adaptar”. O resultado é uma mortalidade elevada de árvores, mesmo quando o fogo é rasteiro. Alencar mapeou o histórico do fogo em 24 anos no Sudeste da região, utilizando dados de sensoriamento remoto e identificando quantidade de material no solo. Sua conclusão é que, apesar de o fogo ser considerado um distúrbio natural da floresta, a forma que se faz o manejo da terra está alterando seu regime na Amazônia, pois ele mexe na dinâmica da região, enquanto as mudanças climáticas potencializam seus efeitos. “A floresta tem a capacidade de retenção de água no solo, mas não está se recuperando desse processo de seca intensa”, revistaamazonia.com.br

diz a diretora do IPAM. Há um déficit de água acumulada na floresta, que parece aumentar ano após ano. Por isso, qualquer fagulha tem potencial de virar labaredas. “São vários eventos que se sobrepõem, sem que haja um tempo de recuperação do solo.” Um desses eventos é a conversão de uma área florestada para um campo de soja ou de pasto. Um estudo realizado pelo também pesquisador do IPAM Divino Silvério ao redor do Parque Indígena do Xingu (MT) aponta que áreas de produção tem a temperatura da superfície de 4°C a 6°C, em média, mais alta em comparação a uma área florestada. “Ao desmatar, o sistema perde capacidade de retirar água do solo mais profundo, assim, a energia do Sol que seria utilizada para gerar vapor d’água passa a ser utilizada para aquecer o solo. Desta forma, o sistema se torna muito mais quente e mais seco”, explica Silvério.

Combate Justamente num ano que se previa crítico, o Ibama (Insttuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) teve menos dinheiro para combater incêndios florestais na Amazônia. O Prevfogo, um programa do Ibama que todo ano contrata brigadistas para combater queimadas sobretudo em terras indígenas e assentamentos, teve R$ 24,2 milhões no ano passado e contratou 1.400 pessoas. Neste ano, após dois cortes orçamentários e uma complementação, foram R$ 22 milhões, que bastou para contratar 900 pessoas. “Com o aumento do salário mínimo, a despesa total cresceu, mas o orçamento não acompanhou. Por isso contratamos menos brigadistas”, explica Gabriel Zacharias, chefe do Prevfogo. Segundo ele, uma estratégia que o programa tem usado nos últimos anos é tentar fazer o manejo do fogo usando o conhecimento tradicional dos índios (23 das 49 REVISTA AMAZÔNIA

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A floresta tem a capacidade de retenção de água no solo, mas não está se recuperando desse processo de seca intensa. Vista aérea da floresta onde acontecem as pesquisas do Projeto Tanguro

brigadas do Prevfogo são indígenas). “Não dá para simplesmente dizer para não queimar. O que nós estamos fazendo é buscar resgatar, por exemplo, a informação de quando os avós dos índios queimavam”, diz Zacharias. “O horário da queimada, por exemplo, importa muito na disseminação do fogo.”

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Mais fogo, menos comida O fogo é uma técnica antiga utilizada pelos índios, para limpar a área e preparar a terra antes do cultivo. No passado, quando usado, o fogo não causava tantos problemas. Porém, em um ambiente cada vez mais seco, as condições naturais do clima que os indígenas estavam acostumados não são mais as mesmas. O risco de se perder o

controle do fogo – porque a chuva atrasou, por exemplo – é bem maior agora. Consequentemente, há mais incêndios florestais e muitos indígenas estão perdendo seu cultivo de subsistência. Segundo a pesquisadora do IPAM, Ane Alencar, é preciso entender como as políticas públicas podem auxiliar em ano de seca extrema e trabalhar com os índios a melhor forma de manejo para enfrentar o problema. “É preciso criar os mecanismos para que eles tenham essa visão de médio prazo e possam se adequar às novas condições climáticas”, afirma Alencar. Uma alternativa para a criação desta visão mais abrangente do problema está na plataforma SOMAI (Sistema de Observação e Monitoramento da Amazônia Indígena), desenvolvida pelo IPAM. Por meio dela, os povos tradicionais têm acesso a informações que impactam suas terras. Com o apoio do Google, nos próximos meses, um boletim digital, o Alerta Clima Indígena, será lançado para levar dados climáticos com mais antecedência aos indígenas. “Muitos povos indígenas já relatam mudanças nos seus calendários agrícolas, afetando diretamente a segurança alimentar. Ferramenta como o SOMAI e o Alerta Clima Indígena apoiarão tomadas de decisão importantes na gestão territorial, visando a ações de adaptação para esses povos”, afirma a coordenadora do núcleo indígena do IPAM, Fernanda Bortolotto. revistaamazonia.com.br


Área de floresta preserva a biodiversidade

Produção em risco Não só o cultivo de subsistência precisa de adaptação. No Pará, o segundo Estado que mais produz cacau no Brasil, os agricultores estão sentindo os impactos da seca. No verão de 2015, diversos produtores relataram a mortalidade de cacaueiros. Esse ano, a safra que deveria ser colhida até agosto atrasou e é esperada uma perda de 50% da produção. Até os produtores mais antigos estão surpresos com a situação desse ano. Élido Trevisan é um médio produtor em Medicilândia (PA), que produz cacau desde 1977. Ele conta que, em uma safra normal, sua produção é de 1.500 quilos por hectare, mas esse ano vai cair para 900 quilos. “É uma queda muito grande na colheita do cacau, ainda mais considerando que essa foi a única safra do ano. Estamos sofrendo, porque ficamos nove meses sem produção.”

Os efeitos invisíveis do fogo Além das labaredas e grandes colunas de fumaça, as queimadas provocam efeitos danosos e de longo prazo que não são imediatamente visíveis. O primeiro é o empobrecimento do solo. Especialmente em áreas em que o fogo é recorrente, ou seja, quando ele é usado como ferramenta agrícola, ele degrada e afeta a fertilidade da terra, e reduz tanto a produção agrícola quanto sua capacidade de produção. Nutrientes essenciais às plantas, como nitrogênio, potássio e fósforo, são eliminados. revistaamazonia.com.br

Além disso, a prática reduz a umidade do solo e acarreta na sua compactação, resultando em um processo erosivo. Na Amazônia, as queimadas se somam ao desmatamento e a secas extremas para ampliar esse processo, uma vez que cada um desses fatores alimenta o seguinte. Com a crescente demanda por alimentos, a saúde do solo, que é um recurso finito, é uma preocupação mundial. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) cerca de 32% das terras do mundo estão degradadas. “No Brasil 40% do PIB vem do uso do solo. Se fizermos o manejo de forma equivocada, vamos comprometer o futuro e a segurança alimentar da população. Por isso, é preciso investir na conservação, na recuperação e no bom uso do solo,” explica o diretor-executivo do IPAM, André Guimarães.

Aquecimento global Outro efeito é o impacto no clima. Além de reduzir a capacidade das florestas em armazenar o carbono, as queimas são responsáveis por liberar uma grande quantidade de CO2, o principal gás do efeito estufa, na atmosfera. Estimativas globais indicam que 70% a 80% do CO2 que chega à troposfera pela queima de biomassa em um ano vem de regiões equatoriais e subtropicais[7]. Na terceira Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças do Clima, divulgada neste ano, as emissões de gases estufa pelo fogo seguidas de desmatamento correspondem a 350

milhões de toneladas de CO2 equivalente (t CO2e) em 2010, que são 63% das emissões totais de uso de solo, como explica o cientista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Raoni Rajão. “Há também as emissões de mais de 450 milhões de tCO2e que, por serem de fogo que não ocasionaram desmatamento, não são contabilizadas, já que parte disso pode voltar para a floresta em recuperação”, diz. Quanto mais gases estufa na atmosfera, piores são as mudanças climáticas e mais intensos e frequentes serão os eventos extremos, como as secas – que, por sua vez, alimentam mais fogo, num círculo vicioso e extremamente perigoso para a Amazônia e para quem vive na região. “Enquanto desmatamento e queimadas forem uma prática corrente na Amazônia, não haverá equilíbrio”, diz Paulo Moutinho, do IPAM. Referências

[1] https://queimadas.dgi.inpe.br/aq1km/# [2] http://earthobservatory.nasa.gov/IOTD/view. php?id=88308&src=twitter-iotd [3] MALHI,Y.E; WRIGHT,J. Spatial patterns and recent trends in the climate of tropical rainforest regions. Philosophical Transactions of the Royal Society of London. Series B, London, v 359, 2004, https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15212087 [4] http://www.ess.uci.edu/~amazonfirerisk/ForecastWeb/ SAMFSS2016_pt.html [5] Mendonça M.JC, M. del C.V. Diaz, D. Nepstad, R. Seroa da Motta, A. Alencar, J.C. Gomesa, R. A. Ortiza. 2004. Ecological Economics 49: 89–105. [6] http://www.cbmet.com/cbm-files/12-f7ed5d4db4f4e0d8bbe8d2c00c764726.pdf [7] http://neo.sci.gsfc.nasa.gov/view. php?datasetId=MOD14A1_M_FIRE&date=2016-09-01

[*] Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)

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Desastres Naturais levam 26 milhões de pessoas à pobreza e custam US$ 520 bilhões, diz Banco Mundial

Fenômenos meteorológicos extremos, agravados pelas mudanças climáticas, colocam 26 milhões de pessoas na pobreza a cada ano, mostrou um relatório do Banco Mundial divulgado na cúpula do clima de Marrakesh (COP 22) Fotos: IANS

I

ntitulado “Inquebrável: Construir a Resiliência dos Pobres Perante Desastres Naturais”, o relatório do Banco Mundial e da Instituição Global para a Redução de Desastres e Recuperação (GFDRR) avisa que o impacto humano e econômico dos fenômenos climáticos extremos é muito mais devastador do que se pensava. O documento quantifica os impactos humanos e econômicos dos fenômenos meteorológicos extremos, agravados pelas mudanças climáticas, sobre a pobreza, trazendo evidências de que são muito mais devastadores do que se pensava. “Os eventos climáticos de grande envergadura põem em perigo décadas de avanços na luta contra a pobreza. As tempestades, as inundações e as secas têm graves consequências humanas e econômicas, com os pobres pagando, muitas vezes, o preço mais elevado. Construir resiliência aos desastres não só faz sentido em termos econômicos, como é um imperativo moral”, afirmou o presidente do Bando Mundial, Jim Yong Kim. O relatório do Banco Mundial contabiliza

Painel da COP22, explica o laço entre resiliência climática e desastres naturais

o peso desigual dos desastres naturais sobre os pobres. A análise leva em consideração dois fatores: as perdas patrimoniais e as perdas no bem-estar, o que permite analisar melhor os danos para os mais pobres, já que “perdas de um dólar não significam o mesmo para uma pessoa rica do que para uma pessoa pobre”.

América Latina e Caribe De acordo com o relatório, a América Latina e o Caribe são uma das regiões do mundo mais prejudicadas pelas inundações e secas severas provocadas pelas mudanças

climáticas. Em média, as perdas causadas por esses fenômenos chegam a 84 bilhões de dólares por ano. Na maioria dos países centro-americanos, a pobreza das populações afetadas por furacões aumentou em até 14%. Ainda de acordo com o documento do Banco Mundial, no ano de 2015 as seguradoras desembolsaram 92 bilhões de dólares por custos associados aos eventos meteorológicos extremos no mundo todo. Entretanto, o economista Stéphane Hallegatte, que dirigiu o estudo, afirmou que os danos causados por inundações, secas ou furacões chegaram a 300 bilhões de dólares Deslizamento de terra em uma aldeia na província de Zhejiang, na província de Zhejiang, depois de um tufão

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Percentagem de ocorrências de catástrofes naturais por tipo de desastre (1995-2015) Inundação Tempestade Tremor de terra Temperatura extrema Deslizamento de terra Seca Fogo selvagem Erupção vulcânica

O presidente do Bando Mundial, Jim Yong Kim, disse que construir resiliência aos desastres não só faz sentido em termos econômicos, como é um imperativo moral

Stephane Hallegatte, economista da GFDRR, diz que “os pobres precisam de proteção social e financeira contra os desastres que não podem ser evitados”

só no ano passado, já que a maioria deles ocorreu em países pobres e em áreas não cobertas pelas seguradoras. “As pessoas pobres e em situação de exclusão sofreram as maiores perdas já que

seus meios de vida dependem de menos ativos, seu consumo está mais perto dos níveis de subsistência, e não podem recorrer a economias para suavizar os impactos dos desastres”, explica Hallegatte.

“Boa notícia” Os impactos no consumo mundial chegam a ser ainda maiores. O estudo indica que os desastres tenham causando perdas de 520 bilhões de dólares.

“A boa notícia”, segundo Hallegatte, “é que foram avaliados também os impactos das iniciativas realizadas pelos países para gerar resiliência frente a esses desastres, como os sistemas de alarme antecipado, ou as apólices de seguros e os sistemas de proteção social”. “A conclusão é que a combinação dessas medidas permitiria aos países e às comunidades economizar 100 bilhões de dólares e reduzir em 20% o impacto total dos desastres sobre o bem-estar”, conclui.

Consequências do furacão Matthew na comunidade de Roche-aBateaux, sudoeste Haiti

Corpo recuperado do local de um deslizamento de terra em Cambray, aproximadamente 10 milhas leste de Cidade de Guatemala

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A pegada de carbono da população encolhe o gelo marinho do Ártico

Aquecimento global derreterá todo o gelo do Ártico até 2050 A estimativa é baseada em novos cálculos de como o dióxido de carbono contribui para a fusão do gelo

Fotos: NOAA

C

aso as emissões de gases estufa continuem no patamar atual, o gelo do Ártico terá virado água em 2050. Isso significa que será possível atravessar de barco o polo Norte. Mas também significa que muitas espécies vão morrer e que a poluição se espalhará mais facilmente pelo globo. Um estudo feito por pesquisadores do Instituto Max Planck de Meteorologia, na Alemanha, e do London College, na Inglaterra, conseguiu mensurar quanto o dióxido de carbono adicional liberado na atmosfera impacta no derretimento da cobertura de gelo do mar. Os cálculos são de assustar. A pegada de carbono da população encolhe o gelo marinho do Ártico. Não por um pouco. Por um lote - sobre a área coberta por 16 camas queen-size. E isso acontece todos os anos. A pegada de carbono é o número de toneladas de dióxido de carbono que uma pessoa produz em suas atividades diárias. Nós pro60

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duzimos cerca de 16 toneladas métricas de dióxido de carbono por ano. Cada tonelada métrica deste CO2 libertado para a atmosfera resulta diretamente em uma perda de 3 metros quadrados (32 pés quadrados) de cobertura de gelo marinho no final do verão. Isso é semelhante a perder uma área de gelo apenas um pouco menor do que um carro inteligente de dois lugares, dizem cientistas. “Pela primeira vez agora, é possível entender como cada um de nós contribui para consequências tangíveis”, diz Dirk Notz. Ele trabalha como cientista climático no Instituto Max Planck de Meteorologia em Hamburgo, na Alemanha. Ele foi autor do novo estudo. Quanto CO₂ cada pessoa produz conduz a um monte de gelo de derretimento. E há cerca de 7 bilhões de pessoas contribuindo. Ao todo, a humanidade é responsável pela liberação de cerca de 36 bilhões de toneladas métricas de CO₂ a cada ano. Com um trilhão de toneladas métricas, o Oceano Ár-

tico terá um verão completamente sem gelo. Esta pode ser a primeira vez que o verão do Ártico foi livre de gelo em 125.000 anos. E isso pode acontecer antes de 2050, estima Notz. Ele fez o trabalho com Julienne Stroeve. Ela é cientista climática na Inglaterra no University College London. A estimativa por estes dois contradiz muitos estudos anteriores. Esses outros estudos projetaram que o gelo do verão no Ártico ficaria por mais tempo. “O gelo marinho é tão substancial”, diz Cecilia Bitz, especialmente quando é forte o suficiente para pousar um avião. Mas este novo trabalho, ela observa, “faz [o gelo] se sentir muito frágil”. Como cientista atmosférico, Bitz estuda como os aspectos da atmosfera da Terra dirigem o clima e o clima. Ela trabalha na Universidade de Washington, em Seattle, e não esteve envolvida no estudo. Diminuir o gelo no topo do mundo é importante para assistir. Seu desaparecimento revistaamazonia.com.br


ameaça espécies do Ártico. Seu derretimento também pode espalhar a poluição. E, desaparecer o gelo poderia abrir a região ao transporte polar.

O que o novo estudo mostrou Cada inverno, a superfície do mar ártico congela sólido. Como a neve cai sobre ele, mais e mais acumula e, eventualmente, derrete em gelo. Algum desse gelo derrete no verão. Ainda assim, uma grande parte do Ártico mantém sua cobertura de gelo, mesmo durante todo o verão. Mas essa situação está ameaçando mudar – e em nossa vida. Dados de satélite mostram que a cobertura de gelo do Ártico do verão tem caído. Em 2012, a área de mar coberta por gelo atingiu um recorde mínimo (desde que as observações por satélite começaram). Foi então apenas um mero 3,39 milhões de quilômetros quadrados (1,3 milhões de quilômetros quadrados). Isso é bem abaixo da média do que havia sido típico de 1981 a 2010: 6,2 milhões de quilômetros quadrados (2,4 milhões de quilômetros quadrados). Como rapidamente o gelo do verão continuaria a diminuir, permaneceu obscuro. Assim, Notz e Stroeve decidiram estimar quanto tempo poderia desaparecer completamente. Para isso, analisaram registros das temperaturas da superfície do mar Ártico e da área mínima do mar coberta por gelo de verão. Eles olharam para os registros que remontam a 1953. A equipe descobriu que a cobertura média de gelo no final de setembro caiu. E ele caiu em com o aumento de emissões de CO2 de atividades humanas. Os pesquisadores acreditam que agora entendem por que existe uma relação tão simples entre as emissões de CO2 e a perda de gelo. À medida que o CO2 se acumula na atmosfera, reforça o chamado efeito estufa. É aqui que certos gases na atmosfera, como dióxido de carbono e metano, prendem parte do calor do sol. Como os níveis

de CO2 sobem menos do que o calor do sol, salta de volta para o espaço. Em vez disso, ele permanece preso perto da superfície da Terra. Isso aumenta a quantidade de radiação infravermelha que atinge o Ártico. Isso faz com que a borda mais externa do gelo marinho recue para o norte, afastando-se da costa. E essa mudança para o norte começa a reduzir a área total coberta por gelo.

O aquecimento global e o efeito estufa Os pesquisadores argumentam que os modelos computacionais de como o clima da Terra está mudando, subestimaram esse efeito. Estes modelos usam um computador para descrever as condições, funções ou aparência de algum sistema em mudança. Os modelos atuais não recriam com precisão o quão sensível é a fusão do gelo ártico com o aumento dos níveis de CO2, dizem os cientistas. Há outros fatores ligados à perda de gelo marinho, no entanto. Por exemplo, o calor que entra no Ártico a partir do Oceano Atlântico pode variar. Como a região refletiva também pode mudar (permitindo que mais ou menos luz salte do gelo e volta para a atmosfera). Esses

fatores foram menores no período que a equipe estudou, Notz diz. O grande fator foi o aumento do calor sendo aprisionado no ar por gases de efeito estufa. Ainda assim, minimizar o papel do aquecimento do oceano é um erro, argumenta Rong Zhang, cientista da National Oceanic and Atmospheric Administration. Seu trabalho ocorre no Laboratório de Dinâmica de Fluidos Geofísicos em Princeton, N.J. Como oceanógrafa, ela estuda as propriedades físicas e biológicas do oceano. A cobertura de gelo marinho no Ártico atinge seu pico durante o inverno, observa. Naquela época, pouca luz brilha na área. Durante esses meses de escuridão ou quase escuridão, o efeito estufa é menos importante, explica ela. Mas assim como o mínimo de verão de gelo do mar Ártico tem caído, por isso tem o gelo do mar máximo presente no inverno. Depois de declinar por décadas, atingiu um recorde de baixa em março de 2016. Por que o gelo está caindo no inverno ainda não está claro, ela diz. Mais estudo é necessário. Os cientistas precisam descobrir se o aquecimento de baixo ou acima do gelo desempenha um papel maior, diz Zhang. Na verdade, ela acrescenta: “Não há apenas uma explicação”.

Pela simulação da NOAA, o Ártico desaparece em 2085

Participantes de uma campanha de medição do gelo do mar, incluindo o Instituto Max Planck de Meteorologia, estão recolhendo amostras do gelo marinho do Ártico em Spitzbergen. O exame destas amostras ajuda-os a compreender melhor os fatores que influenciam o desenvolvimento do gelo marinho. Desta forma, os pesquisadores podem melhorar os modelos que simulam esse desenvolvimento. Dirk Notz e Julienne Stroeve compararam agora os modelos de cálculo correspondentes com dados de medições por satélite e descobriram que os modelos climáticos subestimam a perda de gelo marinho do Ártico. O estudo dos dois pesquisadores também permite calcular a contribuição individual para o gelo marinho encolhido do Ártico revistaamazonia.com.br

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Importância da inclusão de lianas nos planos de manejo florestal

Estudo investiga distribuição e sequestro de carbono de cipós nas florestas da Amazônia meridional Fotos: Attílio Zolin, J. Camillo

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s lianas são trepadeiras lenhosas muito comuns em florestas tropicais. Os primeiros estudos sobre a espécie são antigos, Darwin já escrevia sobre elas em 1865, mas após longo período sem despertar atenção de pesquisadores, o interesse pela espécie retornou recentemente, quando cientistas de todo mundo voltaram os olhos para as lianas a fim de entender seu real papel na dinâmica das florestas. A pesquisadora brasileira Márcia Cléia Vilela dos Santos, bióloga orientada pelo Professor Drº Domingos de Jesus Rodrigues, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) campus Sinop, realiza pesquisa de doutorado em Ecologia e Conservação da Biodiversidade sobre a dinâmica dos cipós na Amazônia mato-grossense. “Temos notado que a densidade na Amazônia Meridional está próxima à de outras florestas com menor pluviosidade e a hipótese é que a ocorrência é maior em regiões de floresta com longos períodos de estiagem”, explica a pesquisadora. Parte da pesquisa é realizada na Fazenda São Nicolau, em parcelas que, juntas, somam 12 hectares. “Queremos conhecer os fatores ambientais que afetam a distribuição de lianas na Amazônia mato-grossense e entender a dinâmica da comunidade em termos de composição de espécies, espécies dominantes, biomassa e diversidade de espécies, em longo prazo”, diz a pesquisadora. O estudo leva em conta não só a densidade de lianas, mas também a diversidade, ou seja, não só o quantos caules tem em 1ha mas também a identidades dessas plantas para entender como elas se comportam diante do manejo. Essa identificação é feita através da coleta de folhas e ramos que são encaminhados para a coleção e posteriormente montado um banco de dados com essas informações. 62

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Ramos finos que se enredam no tronco das arvores ou em outras trepadeiras, para atingir a copa

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Além disso, a pesquisa ainda tem como objetivo averiguar como as lianas se comportam em relação ao sequestro de carbono. “Estudamos áreas com diferentes intensidades e tempo de manejo, e analisamos a contribuição das lianas na liberação de CO2”. Este estudo servirá como base para uma proposta maior de plano de manejo integrado “A ideia é que os cipós também sejam manejados em projetos de manejo florestal e também considerados como componentes florestais em inventários de Poços de Carbono”, explica Márcia. O estudo já rendeu um capítulo no livro Ecology of Lianas, um compilado de artigos de diversos países sobre lianas. A pesquisa de Márcia é realizada com parceria a pesquisadora do INPA, Professora Drª Flávia Costa e da pesquisadora da Universidade de Michigan, Professora Drª Robyn J. Burnhman.

Aspectos ecológicos e agronômicos Ela vive sobre outras espécies vegetais, em geral arbóreas. Devido à presença de uma mecha de garras, a espécie pode “escalar” qualquer superfície, subindo a altura de 9-10 metros, sendo observada em árvores, a mais de 15 metros de altura. Dependendo da região pode ser considerada uma espécie de folhagem sempreverde. Mas, observa-se que a espécie perde as folhas na época da seca, conferindo um tom ainda mais cinza à paisagem. Durante a fase de crescimento e ascensão dos ramos, que pode corresponder a vários anos, não há florescimento, o que só vai acontecer com a ramagem madura e pendente, na primavera, quando forma uma vistosa cascata de flores amarelas com a ramagem sem folhas. A produção de flores pode variar entre os anos, em um ano a florada pode ser bastante intensa, mas no ano seguinte o número de flores pode se reduzir drasticamente. Talvez esta variação, esteja relacionada com o regime hídrico do ano ou com o estado nutricional da planta. Adapta-se bem a diversos tipos de ambientes e não exige grande quantidade de água para o seu desenvolvimento. Pode ser cultivada em condição de pleno sol ou sombreamento parcial. O solo dever ser bem drenado, leve e com alguma quantidade de matéria orgânica. Entre a primavera e o final do verão, pode ser incorporado um pouco de esterco curtido próximo à base da planta. Quanto utilizada como planta ornamental, é necessário efetuar poda para controlar o crescimento, que pode ser realizada no verão, após o período de florescimento. Por ser uma espécie nativa da flora do Brasil, é bastante adaptada à condições adversas e também à pragas e doenças. revistaamazonia.com.br

As lianas, ou trepadeiras lenhosas são importantes componentes estruturais de muitos ambientes florestais

A pesquisa ainda tem como objetivo averiguar como as lianas se comportam em relação ao sequestro de carbono REVISTA AMAZÔNIA

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Uma flauta de três buracos feitos a partir de uma presa de mamute

Primeiros instrumentos musicais na Europa há 40.000 anos Fotos: M. Malina/Universitaet Tübingen

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método apresentado nesta semana em um encontro da Sociedade Americana de Química, em Boston, é capaz de produzir 10g por hora das valiosas fibras. Mesmo se as potenciais aplicações no

combate às emissões de CO2 não derem frutos, como suspeitam alguns especialistas, a técnica promete baratear a produção de nanofibras de carbono. O sistema é alimentado por poucos volts gerados por energia solar. A eletricidade A flauta de 40.000 anos de idade, feita a partir de ossos de pássaros

atravessa um tanque cheio de sal derretido, à medida que o CO2 é absorvido, as valiosas nanofibras começam a se formar ao redor dos eletrodos. “Até hoje, nanofibras de carbono são caras demais para muitas aplicações”, disse o professor Stuart Licht, da universidade George Washington.

Redução de custos O material é usado atualmente na produção de componentes eletrônicos e baterias, mas se fosse mais barato, poderia reforçar materiais usados na fabricação de peças de avião e carro, entre outros. A questão é se o sistema criado pela equipe do professor Licht será capaz de reduzir estes custos. O cientista diz que aumentar a produção seria fácil, e que o equipamento consome pouca energia. A maior promessa, porém, é a possibilidade de usar o sistema para reduzir os níveis de CO2 na atmosfera, considerados os culpados pelo aquecimento global pela grande

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Na Gruta Geißenklösterle na Jura da Suábia no sul da Alemanha

maioria dos cientistas. Para isso, seria necessário construir enormes reatores ─ algo que suscita o ceticismo de especialistas.

“Como estão capturando CO2 do ar, o processo precisa lidar com enormes volumes de gás para coletar a quantidade necessária de carbono, o que, em grande escala, Na caverna de Geißenklösterle, uma das várias cavernas na Jura da Suábia, importantes exemplos de ornamentos pessoais, a arte figurativa, imagens de mítica e instrumentos musicais

A flauta de Geißenklösterle feita de marfim de mamute

pode aumentar o custo do processo”, afirmou a engenheira química Katy Armstrong, da universidade de Sheffield. Outro que levanta dúvidas sobre a viabilidade da ideia é o pesquisador da Imperial College London Paul Fennell. “Se o objetivo deles é fazer nanofibras, é louvável, e vão ter um produto que vale a pena. Mas se a sua ideia é tirar CO2 da atmosfera e produzir uma quantidade de nanofibras suficiente para fazer diferença na mudança climática, eu ficaria muito surpreso se conseguir”, afirmou Fennell. O professor Licht, no entanto, diz que vai ser preciso trabalhar conjuntamente, com recursos da sociedade, para testar o processo em larga escala. De toda forma, outros químicos ficaram impressionados com o simples fato de a equipe do professor Licht ter produzido nanofibras a partir do carbono atmosférico.

Os primeiros humanos modernos na Europa, tocavam instrumentos musicais, mostrando criatividade artística, já em 40.000 anos atrás, de acordo com nova pesquisa de Oxford e as universidades de Tübingen revistaamazonia.com.br

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CAÇÃO LI

Ano 11 Nº 59 Novembro/Dezembro 2016

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ISSN 1809-466X

R$ 12,00 Ano 11 Número 59 2016 R$ 12,00 5,00

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL VALE INAUGURA COMPLEXO S11D ELIEZER BATISTA


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