Amazônia 66

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Ano 13 Nº 66 Janeiro/Fevereiro 2017 AÇÃO IC

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ISSN 1809-466X

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Ano 13 Número 66 2018 R$ 12,00 5,00

O BRASIL E O COMPARTILHAMENTO DA ÁGUA TECNOLOGIA A FAVOR DA SUSTENTABILIDADE PLANTA AMAZÔNICA AGREGA ÔMEGA 3 AO TAMBAQUI NOROESTE DA AMAZÔNIA TEM O MAIOR ESTOQUE DE CARBONO


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DC3

Investindo nas micro e pequenas empresas, desenvolvendo a Amazônia sustentável.

A Amazônia Legal possui 9 estados, 23 milhões de pessoas

culturais, esportivas e sociais. É o que possibilita ao Banco

e um destino: crescer. É para essa gente toda que o Banco

da Amazônia apoiar as micro e pequenas empresas, ideias

da Amazônia trabalha, há 75 anos, para tornar seus

e atitudes que favoreçam o desenvolvimento da Amazônia

sonhos possíveis.

que respeita o meio ambiente e a necessidade de

Do surgimento com o objetivo de financiar a produção de

crescimento da sua gente.

borracha em plena 2ª Guerra Mundial até o protagonismo

Investindo em pessoas, desenvolvendo a Amazônia

de promover o crescimento social e econômico baseado na

sustentável.

sustentabilidade, o Banco da Amazônia tem sua história entrelaçada com o próprio desenvolvimento da região. Para tanto, atua em três vertentes: a expansão da rede de atendimento, a modernização tecnológica e o foco no cliente. Isso se traduz na oferta de crédito, soluções financeiras e um grande leque de produtos e serviços ao empreendedorismo consciente e o patrocínio de ações

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EXPEDIENTE

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Petrobras estuda produzir biodiesel a partir de microalgas A Petrobras trabalha no desenvolvimento de uma tecnologia pioneira para produzir biodiesel de microalgas – alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, que pode ser usada em carros e ou qualquer outro veículo com motor a diesel. Em recente entrevista, a gerente de Biotecnologia do Centro de Pesquisas (Cenpes) da Petrobras, Juliana Vaz, ressaltou o pioneirismo do projeto que, em sua avaliação, “vai contribuir para a construção de um futuro mais sustentável...

Campus Party 2018 A Campus Party 2018, na sua 11ª edição, em nove palcos temáticos no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, recebeu cerca de 100 mil pessoas, entre campuseiros e participantes, em seus cinco dias. As palestras e atividades aconteceram praticamente 24h por dia atendendo diferentes tipos de público. A programação de palestras, debates e oficinas atraiu o público para acompanhar temas como inovação, ciência, cultura, universo digital e empreendedorismo. Neste ano, uma das novidades foi o espaço Educação do Futuro...

Claro inaugura complexo solar fotovoltaico – a maior operação dedicada a uma empresa no país A Claro Brasil, que engloba as marcas Claro, Embratel e Net, inaugurou recentemente o primeiro complexo de usinas solares e criar a maior operação solar dedicada a uma empresa no País. O complexo fica nas cidades de Várzea de Palmas e Buritizeiro, em Minas Gerais, ocupa uma área de 45 hectares e gerará energia...

DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Andrew Nelson, Ascom FMA, CES, CPBR 2018, Embrapa Solos, GLF 2017, Gregor Tyimoty, Lidia Neves, Luciete Pedrosa/INPA, Márcia Flesch Grillo, Teresa Serafim, Ronaldo G. Hühn, Síglia Souza FOTOGRAFIAS Alessandra Mathias/WWF-Brasil, Afonso rabelo, André Borges/ Agência Brasília, Andrew Snyder / Global Widelife, Agência Petrobras, Ascom UFRN, Centro de Excelência para o Estudo dos Recifes de Coral/Terry Hughes, Cimone Barros, China Visual, Chris Cornwall, Cortesia da CES 2018, Divulgação/ Flickr/Campus Party, FAO/ Chiara Virdis, Francisco Alves de Souza/Banco de Imagens Petrobras, Gabriel Maciel, GLF 2017, Jae C. Hong,Kim Cobb, Laura Richardson/ARC, Li Ga/Xinhua, NASA/GISS, NASA/NOAA, OMM, OMS, Rafael Duarte, Rafaela Rissoli, Rodrigo Hühn, Roger Hühn, Rory Arnowd, Rudolph Hühn, Síglia Souza, Soul China Post, Timothy J. Colston/Global, Universidade de Hawai’i, WWF 2018 FAVOR EDITORAÇÃO ELETRÔNICA POR Editora Círios SS LTDA DESKTOP Rodolph Pyle

NOSSA CAPA Rio Negro, no Parque Nacional do Jaú – Amazonas. Foto de Adalmir Chixaro

TOMRA Sorting Recycling revoluciona a indústria de reciclagem e reduzir drasticamente os resíduos destinados ao aterro sanitário

Líder mundial em tecnologia de classificação baseada em sensores, a TOMRA Sorting Recycling visa revolucionar a indústria de reciclagem e reduzir drasticamente os resíduos destinados ao aterro sanitário. A TOMRA Sorting Recycling orgulha-se de anunciar a sua mais nova...

Aneel libera turbina da Usina Hidrelétrica São Manoel para operação comercial

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) liberou recentemente, 19/01, para iniciar a operação comercial da primeira unidade geradora (“UG01”), com capacidade instalada de 175 MW (Garantia Física de 159,6 MWmédios), da Usina Hidrelétrica (UHE) São Manoel. No início de dezembro, a agência conectou a usina ao Sistema Interligado...

MAIS CONTEÚDO

[14] CES – Consumer Electronics Show 2018 [20] Wangari Maathai Forest Champions Award 2017 [22] Global Landscapes Forum – GLF 2017, em Bonn, Alemanha [26] Os corais de todo o mundo estão morrendo em ritmo inédito [28] Um quarto do planeta ficará mais seco mesmo que se cumpra Acordo de Paris [30] Extremos no clima, recordes de desastres climáticos em 2017 [34] Noroeste da Amazônia e Serras do Sul, têm maior estoque de carbono no solo [38] China, maior poluidor do mundo, lança mercado nacional de carbono [42] Mapa de quanto tempo leva para chegar a uma cidade de qualquer lugar da Terra [46] Parceria do Inpa com a FAS leva ferramenta de colheita de açaí para extrativistas [54] Segunda edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar [48] 16ª Conferência ANPEI de Inovação [50] Projeto leva energia solar a extrativistas na Amazônia [52] Inpa desenvolve creme à base de jucá no tratamento alternativo contra a Leishmaniose [55] Planta da Amazônia é usada para agregar ômega 3 ao tambaqui [60] Tarântula elétrica azul e besouros aquáticos estão entre 29 espécies descobertas na Amazônia [62] Camarões camaleônicos [64] Top 10 das espécies de 2017

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O 8º Fórum Mundial da Água é uma plataforma aberta, transparente e participativa que tem como objetivos: Promover o intercâmbio de experiências entre os países em boas práticas, políticas públicas e gestão integrada das águas tendo como base o lema do 8º Fórum “Compartilhando Água”Conscientizar a sociedade acerca da importância da água para o desenvolvimento socioeconômico e para a qualidade de vida no planeta Criar compromissos políticos visando elevar o tema água na agenda de prioridades dos governos...

EDITORA CÍRIOS

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8º Fórum Mundial da Água

PUBLICAÇÃO Período (Janeiro/Fevereiro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

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Fotos: André Borges/ Agência Brasília, WWF 2018

Pela primeira vez, o Fórum Mundial da Água ocorrerá em um país do Hemisfério Sul – em Brasília, entre os dias 18 e 23 de março. O potencial hidrográfico fez com que o Brasil fosse escolhido como sede. Terá como Lema: “Compartilhando Água”

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8º Fórum Mundial da Água é uma plataforma aberta, transparente e participativa que tem como objetivos: Promover o intercâmbio de experiências entre os países em boas práticas, políticas públicas e gestão integrada das águas tendo como base o lema do 8º Fórum “Compartilhando Água”. Conscientizar a sociedade acerca da importância da água para o desenvolvimento socioeconômico e para a qualidade de vida no planeta. Criar compromissos políticos visando elevar o tema água na agenda de prioridades dos governos Todo esse conteúdo é resultado de mais de dois anos de trabalho, com muito esforço e dedicação para que todos(as) possam participar. As sessões previstas na Programação Preliminar do 8º Fórum irão trazer os maiores especialistas mundiais no tema água com foco nos nove temas da grade temática do 8º Fórum e nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Representantes do comitê organizador do 8º Fórum Mundial da Água em uma das reuniões em Brasília. Ao centro, o brasileiro, Benedito Braga, Presidente do Conselho Mundial da Água

Partilha de água – tema geral do 8º WWF 2018

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A escolha do tema abrangente representa a essência e o espírito que deve orientar o 8º Fórum Mundial da Água, seus eventos preparatórios e, principalmente, seus benefícios e resultados. No seu núcleo, este tema geral aponta para as ideias de compartilhamento, equilíbrio e cooperando. O “Sharing Water” é sugerido no contexto técnico, político e institucional para compartilhar ideias entre a sociedade civil, compartilhe soluções e boas práticas, compartilhe benefícios para uso da água e, de forma mais geral e ampla, compartilham ações entre países. Como isso diz respeito à água, um recurso essencial para a humanidade, para equilibrar os ecossistemas. no planeta e no desenvolvimento das nações, o quadro temático proposto para o 8º WWF. O Fórum também leva em consideração a relevância global da água e sua relação com governos nacionais, regionais e locais. A partilha de experiências procura evitar decisões continentais ou regionais e visa principalmente o intercâmbio de experiências a nível global. A 8ª edição do Fórum Mundial da Água será uma ótima oportunidade para celebrar a cooperação e troca de experiências e boas práticas para uma consciência e uso racional da água

Maior legado para o Brasil será cuidar da água com mais seriedade

O Fórum é uma plataforma onde todos serão ouvidos e expressarão seus sentimentos

Para Ricardo Andrade, diretor executivo do 8º Fórum Mundial da Água, diretor de Gestão da Agência Nacional de Águas (ANA), e um dos 50 profissionais responsáveis pela organização do Fórum Mundial da Água, o maior legado que os debates do 8º Fórum Mundial da Água podem deixar para o país é levar o tema aos discursos políticos, sociais e da imprensa, para que os brasileiros tenham consciência sobre a importância dos recursos hídricos e passem a tratar a água com mais seriedade e cuidado. O diretor destaca que as mudanças climáticas e eventos extremos estão causando grandes transtornos em todo o mundo, e isso não é diferente no Brasil. “O Fórum é uma plataforma onde todos serão ouvidos e expressarão seus sentimentos, fazendo com que os políticos que fazem as leis escutem os cidadãos que precisam dessas leis para terem acesso à água de qualidade e em quantidades adequadas”, afirma Andrade. Ricardo Andrade ressalta ainda a abrangência política, técnica e institucional do Fórum. Ele lembra que o evento é um processo aberto, que promove o diálogo entre governos, autoridades locais, organizações intergovernamentais, empresas públicas e privadas, jornalistas, academia, profissionais liberais e parlamentares. Pela primeira vez, no Brasil, juízes e promotores também estão engajados no processo de discussão. Programação Preliminar. Ele ressalta ainda, que a realização do fórum é um desafio. “Alguns falam que teremos 30 mil participantes. Outros dizem que pode ser até mais do que isso. Mas a nossa pretensão não é fazer o fórum com o maior número de participantes, mas um fórum que de fato transforme a discussão política sobre a água, que eleve nossa preocupação com o tema da água. Acho que esse poderá ser o principal legado do Fórum.”

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A marca foi concebida considerando a combinação de cinco elementos básicos que representem o tempo, a localização, a água, a sustentabilidade e o numeral relativo à edição do evento. O elemento tempo é representado graficamente pelas duas figuras simétricas e espelhadas que formam uma ampulheta, remetendo para a necessidade e a premência de agir, decidir, compartilhar. O segundo elemento, local da realização do evento, é representado pelo mapa do continente sulamericano vazado no centro do grafismo verde, posicionado na parte superior da marca. A representação gráfica do elemento água se dá pela figura da gota d’água vazada no centro do grafismo azul, posicionada na parte inferior da marca. A representação conjunta do verde e do azul traduz, em sua simetria, a sustentabilidade entre o meio ambiente e a água, elementos essenciais à vida no nosso planeta. Por fim, o quinto elemento faz referência ao numeral 8, graficamente representado pela combinação dos dois elementos externos, que representa oitava edição do evento. revistaamazonia.com.br


8º Fórum

O Fórum Mundial da Água acontece a cada três anos e é uma iniciativa do Conselho Mundial da Água, uma organização internacional com sede em Marselha, na França, composta por representantes de governos, academia, sociedade civil, empresas e organizações não governamentais, formando um significativo espectro de instituições relacionadas com o tema água. O evento é organizado pelo Conselho Mundial da Água (WWC), pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), representado pela Agência Nacional das Águas (ANA), e pelo Governo do Distrito Federal, representado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa). As sete edições anteriores do evento foram realizadas em Marrakesh (Marrocos, 1997), Haia (Holanda, 2000), Kyoto (Japão, 2003), Cidade do México (México, 2006), Istambul (Turquia, 2009), Marselha (França, 2012) e Gyeongju e Daegu (Coréia do Sul, 2015).

A entrega do prêmio será realizada durante a abertura do 8º Fórum Mundial da Água. O vencedor ganhará um cheque no valor de US$ 100 mil dólares, além de um troféu e um certificado. As candidaturas, já encerradas, podiam ser individuais, em grupo ou por organizações. A edição de 2018 tem como tema “Cooperação e solidariedade nas áreas de gestão e desenvolvimento dos recursos hídricos” e vai premiar candidatos com experiências significativas no assunto “Trabalho para ampliar a solidariedade e a inclusão a fim de garantir a segurança hídrica e justiça climática”. Foram aceitos trabalhos nas áreas científicas, econômicas, técnicas, ambientais, sociais, institucionais, culturais ou políticas. O Prêmio, concedido a cada três anos, homenageia a memória do Rei Hassan II do Marrocos e sua visão estratégica em termos de proteção e gestão sustentável dos recursos hídricos, visando garantir a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico e social. A iniciativa, que teve início em 2003, ocorre sempre na mesma época do Fórum Mundial da Água.

9º Fórum Mundial da Água

Prêmio Rei Hassan II Dakar-Senegal

Será a 6ª edição do Grande Prêmio Mundial para a Água Rei Hassan II, um dos maiores do planeta sobre o tema, organizado pelo governo do Marrocos e pelo Conselho Mundial da Água.

Recentemente em Marselha, França, o Conselho Mundial da Água elegeu a capital de Dakar e o país do Senegal para sediar o 9º Fórum Mundial da Água em 2021. A candidatura de Dakar foi aprovada por unanimidade por votação realizada na 60ª reunião do Conselho de Governadores. O tema do 9º Fórum Mundial da Água será “Segurança da Água para a Paz e o Desenvolvimento”. A edição de 2021 será uma primeira na região subsaariana, onde soluções coletivas e inovadoras para os desafios de água e saneamento são grandemente necessário “, afirmou o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga. O Fórum Mundial da Água é o maior evento aquático do mundo, reunindo a cada três anos mais de 20 mil participantes: organizações internacionais, líderes políticos, parlamentares e prefeitos, representantes da sociedade civil, profissionais da água e cientistas.

Tem gente que acha que água é tudo igual. Se você também pensa assim, precisa conhecer a Nossa Água.

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Petrobras estuda produzir biodiesel a partir de microalgas por Lidia Neves

Fotos: Agência Petrobras, Ascom UFRN, Francisco Alves de Souza/Banco de Imagens Petrobras Cenpes é um dos maiores complexos de pesquisa do mundo

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Petrobras trabalha no desenvolvimento de uma tecnologia pioneira para produzir biodiesel de microalgas – alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, que pode ser usada em carros e ou qualquer outro veículo com motor a diesel. Em recente entrevista, a gerente de Biotecnologia do Centro de Pesquisas (Cenpes) da Petrobras, Juliana Vaz, ressaltou o pioneirismo do projeto que, em sua avaliação, “vai contribuir para a construção de um futuro mais sustentável. É um projeto de vanguarda, pioneiro no Brasil e que logo vai estar à disposição de todos”. Fabricado a partir de fontes renováveis (entre elas óleo de soja, gordura animal e óleo de algodão) ou do sebo de animais, o biocombustível emite menos poluentes que o diesel. Do processo biológico das microalgas é produzida uma biomassa usada para se extrair o óleo, que será matéria prima para a produção do biocombustível. A estatal almeja chegar a produzir o combustível feito a partir da microalga em escala comercial. “O biodiesel produzido já foi submetido a testes de qualificação em laboratório, sob os padrões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e os resultados preliminares mostraram ser promissores”, diz Juliana.

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As microalgas têm como principal vantagem o fato de não ter sazonalidade (períodos de safra) e não depender de condições específicas – de solo, por exemplo – para sua produção. Sua fabricação possibilita colheitas “quase que semanais”, com uma produtividade até 40 vezes maior do que a da biomassa feita de vegetais terrestres. “As microalgas têm uma produtividade muito maior do que a soja e cana”, afirmou a pesquisadora.

Benefícios para o meio ambiente A produção a partir da microalga traz ainda vantagens ecológicas, já que contribui para a redução de gás carbônico (CO2) do ar, um dos geradores do efeito estufa, que causa o aquecimento global, uma das maiores preocupações atuais com o meio ambiente. Cada uma tonelada de microalgas usadas para a produção de biodiesel pode retirar até 2,5 toneladas de gás carbônico do ar, taxa “muito maior que a de outros vegetais normalmente utilizados para a produção de biodiesel – seja a soja ou da cana-de-açúcar”, disse Juliana, ressaltando que esse gás carbônico ainda será aproveitado para a produção de um substituto dos combustíveis fósseis. Ainda dentro do contexto de maximizar a tecnologia, também está em estudo a possibilidade de cultivar microalgas em águas oriundas da produção de petróleo, contribuindo no tratamento dessa água para descarte ou para reúso. “As microalgas utilizam as substâncias presentes na água de produção, como nitrogênio e fósforo, como insumos para a conversão em biomassa”, explica a pesquisadora.

A Petrobras, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mostrando que as microalgas obtêm alta produtividade como matéria-prima para biocombustíveis e representam uma alternativa na geração de energia limpa para o Brasil

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Escala de produção As pesquisas tiveram início em um fotobiorreator criado pelos próprios pesquisadores do Cenpes, em pequena escala. “Já em Extremoz, no Rio Grande do Norte, e com apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o processo é testado em uma escala um pouco maior. O local conta com tanques abertos, com capacidade para 20 mil litros, onde as microalgas são cultivadas e possibilitam a avaliação do seu potencial produtivo, da qualidade e o teor do óleo produzido”, disse. Juliana contou que a produção já foi ampliada e encontra-se atualmente em escala piloto, fase da pesquisa o que deverá demorar de 2,5 a 3 anos. A partir dessas avaliações, o processo será testado em escala demonstrativa, em um cultivo que atingirá de 50 a 100 hectares de tanques abertos. “Seria uma fase semicomercial, para efetivamente sabermos se há condições de se produzir este combustível em escala comercial e de forma competitiva. E aí entra a fase de estratégia de definição de análise de custo para certificar se efetivamente ele poderá entrar no mercado”, explicou.

Planta piloto que cultiva microalgas voltadas para a produção de biodiesel, em Extremoz (RN), resultado de uma parceria entre a Petrobras e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Também está sendo pesquisado o uso das microalgas na produção de bioquerosene de aviação (BioQAV), em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os resultados são promissores, segundo a gerente de Biotecnologia do Centro de Pesquisa (Cenpes) da Petrobras, Juliana Vaz Bevilaqua

Também há parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, para a produção do biocombustível. “As pesquisas se pautaram muito, no início, no domínio do cultivo para a produção do óleo, que uma vez produzido, pode ser utilizado para finalidades diversas, inclusive do BioQAV”, afirmou Juliana. Para a pesquisadora, é necessário garantir a viabilidade econômica para que a produção chegue à escala comercial. “A atual dificuldade a ser vencida com as pesquisas é a de otimizar o processo de tal forma que garanta viabilidade econômica e um balanço energético mais positivo, através principalmente do aumento do teor de óleo produzido pelas microalgas”, afirma.

Futuro baseado em baixo carbono

Se preparando para um futuro baseado numa economia de baixo carbono, como é o caso do biocombustível de microalgas

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Apesar do período de crise por que passou a Petrobras e da necessidade de cortar investimentos e de vender ativos para se capitalizar e reduzir o nível de endividamento – inclusive com a perspectivas de venda da PBio, braço da estatal para o setor de biocombustíveis), a companhia mantém a atenção voltada para esse tema. “A Petrobras passou recentemente por uma fase difícil, do ponto de vista financeiro, com um grau de endividamento bastante elevado, mas isso não nos fez descuidar do futuro. Tanto que, no nosso plano de negócios, uma das diretrizes é de que a companhia vai se preparar para um futuro baseado numa economia de baixo carbono”, como é o caso do biocombustível de microalgas, diz Juliana. [*] EBC

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Um dos maiores eventos sobre tecnologia, inovação e cultura digital do país, em um espaço voltado para o empreendedorismo no segmento de tecnologia – segundo empresários e investidores, um ótimo lugar para oxigenar as ideias e fazer networking, com pessoas do mundo inteiro que pensam diferente e que podem dar boas ideias. Jovens geeks unidos em torno de um festival de Inovação, Criatividade, Ciências, Empreendedorismo e Universo Digital

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Campus Party 2018, na sua 11ª edição, em nove palcos temáticos no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, recebeu cerca de 100 mil pessoas, entre campuseiros e participantes, em seus cinco dias. As palestras e atividades aconteceram praticamente 24h por dia atendendo diferentes tipos de público. A programação de palestras, debates e oficinas atraiu o público para acompanhar temas como inovação, ciência, cultura, universo digital e empreendedorismo. Neste ano, uma das novidades foi o espaço Educação do Futuro, que reuniu diversas atividades promovidas pelo Centro Paula Souza e MIT Media Lab (do Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Oficinas de robótica e linguagem de programação, além de batalhas de drones, realizadas no espaço. Em anos anteriores, a briga era entre robôs. No mesmo espaço, a Campus Kids, em parceria com a TRON Robótica Educacional, permitiu o debate sobre a educação aliada à tecnologia. A área teve atividades de robótica educativa, gamificação (uso de elementos dos jogos para resolver problemas e melhorar o aprendizado) e tecnologias de apoio para escolas destinadas a agentes da educação, além de espaço para interação com as crianças. O Espaço Wellness, serviu como um local de desintoxicação da tecnologia com massagens, Yoga e meditação. Na Academia Creator, com o principal objetivo impulsionar carreiras, os participantes do evento podiam participar de workshops sobre Blockchain, cyborg, Internet das Coisas e demais temas do momento.

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Fotos: Divulgação/Flickr/Campus Party, Rodrigo Hühn, Roger Hühn

Tonico Novaes, diretor geral da Campus Party Brasil, e o presidente do Instituto Campus Party, Francesco Farruggia, subiram ao palco para apresentar os parceiros, fazer a famosa contagem regressiva de abertura e para dar largada às palestras

Rodrigo e Roger Hühn, com os “Jovem Nerd” (Alexandre Ottoni) e Azaghal (Deive Pazos)

O objetivo foi apresentar elementos de prograA apresentação, assim como outras, foi realizada mação aos participantes de uma forma lúdica. na área grátis da Campus Party, aberta ao público.

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Rodrigo Hühn, com Tonico Novaes, diretor geral da Campus Party Brasil e a nossa Amazônia

Rodrigo e Roger Hühn, na CPBR11

Roger Hühn, representante da Revista Amazônia, com Otávio BCZZ Boccuzzi, um dos melhores analista do Brasil, na Campus Party 2018

* Sharron McPherson, diretora fundadora do consórcio Women in Infrastructure Development & Energy (WINDE); * Liliane Tie, Emilia Campos, Juliana Assad e Juliana Loyola que abordaram o protagonismo das mulheres no ecossistema de Blockchain no Brasil, e * Maurício de Souza, cartunista criador da Turma da Mônica, que foi confirmado de última hora.

Greg Gage, neurocientista, engenheiro elétrico e CEO da Backyard Brains, o magico das baratas

Participantes de destaque O evento reuniu participantes de todo o país que ficaram acampados para assistirem a palestras, como: * Don Tapscott, canadense, renomado economista e escritor, papa do Blockchain; autor do livro A Revolução Blockchain: Como a Tecnologia por do Trás Bitcoin está Mudando o Dinheiro, os negócios e o mundo, o consultor é especializado em estratégia corporativa e no papel da tecnologia nos negócios e na sociedade, abordou o chamado Blockchain, em que qualquer tipo de ativo pode ser armazenado, transacionado e gerenciado sem envolver intermediários como bancos, e cartórios; * Greg Gage, neurocientista, engenheiro elétrico e CEO da Backyard Brains, conhecido por controlar membros de baratas usando uma interface eletrônica;

Corrida de drones

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Destaques

* Mitch Altman, hacker conhecido por ter inventado o TV-B-Gone, um chaveiro que desliga as TVs em locais públicos; * Membros do Team One, campeões nacionais de “League of Legends”; * Salvador Bayarri, físico e escritor de ficção científica;

• Um jogo digital “corrida de drones” pelo ambiente de uma FPSO (unidade flutuante que produz, armazena e transfere petróleo, na sigla em Inglês) estava disponível para o público que passar pelo estande da Petrobras. Nesse jogo, o competidor fará “voos” virtuais pelas instalações de uma plataforma de produção de petróleo em alto-mar. • Webcam que media frequência cardíaca e até palestrante vestida de unicórnio. • Software que conseguia fazer a medição dos batimentos cardíacos filmando apenas a palma da mão e o rosto da pessoa. • Competição de games com os títulos mais badalados do momento, como “Dragon Ball Z , “Counter Strike”, “Injustice 2”, “Gwent”.

Jogo digital “corrida de drones”

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Papa do Blockchain deu aula sobre a tecnologia Don Tapscott, canadense, renomado economista e escritor subiu ao palco principal da CPBR11, e falou sobre o assunto do momento: Blockchain. Foi o ponto alto da programação. Arriscou algumas palavras em português – usou uma linguagem simples para explicar a tecnologia e abordou de forma bem didática 10 grandes aplicações para a “cadeia de blocos”. “Eu vou explicar a vocês como o Blockchain funciona em três minutos. Demorei quatro anos para conseguir isso. Vamos começar pela Bitcoin. Quando eu te mando R$ 10 mil em Bitcoins, o valor passa por uma rede de milhares de computadores ao redor do mundo. Cada um com um nível maior de criptografia. Por trás desses computadores há um grupo de pessoas chamados de “mineradores”. Eles possuem uma capacidade computacional absurda, cerca de 20 vezes maior que a força do Google. Esses caras usam todo esse poder para encontrar a verdade do que realmente aconteceu. A cada 10 minutos, assim como um batimento cardíaco da rede, um bloco é criado. Esse bloco contém todas as transações dos últimos dez minutos.

Don Tapscott falou sobre os aspectos revolucionários da tecnologia que cria uma nova internet – aquela baseada na confiança da criptografia

Os mineradores, então, usam o poder computacional para validar o bloco e os primeiros mineradores a chegar a um consenso são pagos em moeda criptografada a partir daquela Blockchain. Aquele bloco contendo a transação se conecta com o bloco anterior e este se conecta ao anterior e assim por diante, criando uma cadeia de blocos”, continuando disse: “Se eu quiser hackear aquele bloco e mandar o mesmo dinheiro para diversas pessoas e cometer uma fraude, eu tenho que hackear aquele bloco e o anterior e o anterior e etc. Tudo isso em milhares de computadores ao redor do mundo, cada um deles usando um nível maior de criptografia.

Se sentindo voando de asa delta. Possível a partir de oito potentes simuladores de realidade virtual e aumentada

No Workshop Cyborg, você podia controlar desde uma barata até o braço de uma pessoa apenas com um controle remoto Barracas de campuseiros no Anhembi

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E eu ainda tenho de fazer isso ao mesmo tempo em que a força de todos os mineradores checam as transações”, completou. Segundo ele, não é impossível hackear a Blockchain, mas a tecnologia é infinitamente mais segura do que os sistemas usados atualmente pelos governos e instituições financeiras. “É como um nugget, do McDonalds, algo extremamente processado que passou por diversas etapas. Hackear a Blockchain é como tentar transformar o nugget em um frango novamente”, finalizou. Quando questionado sobre reais ameaças, Tapscott garantiu que a única tecnologia que pode combater o Blockchain é a computação quântica rodando com Bitcoin. O Blockchain Research Institute, criado por Don Tapscott, está fazendo duas pesquisas na área e descobriu que essas tecnologias combinadas podem ser bastante poderosas daqui algum tempo. Mas ainda não se sabe quando isso se tornaria realidade. Todas essas tecnologias da quarta revolução industrial, Inteligência Artificial, Machine Learning, Internet das Coisas, robótica, drones, as tecnologias em nossos corpos e assim por diante, só vão participar da economia se tiver uma plataforma que as assegure e é isso que o blockchain representa. Eu não diria que é mais importante, apesar de provavelmente ser. Mas é mais importante do ponto de vista econômico. Temos agora uma internet totalmente nova. Antes a gente tinha a Internet da informação. Agora temos a internet do valor, onde tudo que se torna um ativo, pode ser transacionado, gerenciado e comunicado de uma forma segura. E isso é algo extraordinário. A confiança aqui não é atingida por uma pessoa no meio, é atingida por criptografia e colaboração e por colaboração código, é por isso que nós o chamamos do protocolo de segurança, onde a confiança é nativa ao meio e isso é realmente algo importante. Tapscott é autor de A Revolução do Blockchain, livro que detalha como a tecnologia por trás do Bitcoin está mudando o dinheiro, os negócios e o mundo, e como essa revolução afetará a vida das pessoas nos próximos anos.

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No Nerd Lab da Petrobras

Estande da Petrobras

120 startups participaram do programa Startup & Makers, cujo objetivo era impulsionar e capacitar jovens talentos e empreendedores

Balanço Geral A Internet disponibilizada via cabo aos campuseiros e visitantes da área paga do evento era de 40 Gbps e oferecida pela Telebras e pela Usecom. Pela primeira vez, houve áreas com Wi-Fi e monitoramento para evitar ataques hacker. Os participantes do evento tiveram à disposição 750 horas de conteúdo. Ao todo, mais de 130 mil pessoas passaram pelo espaço e puderam conhecer e interagir com projetos e iniciativas na área de Educação; acompanhar uma exposição de projetos culturais ligados

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à área de tecnologia e robótica; brincar com diversos simuladores de realidade virtual; acompanhar as emocionantes atrações da Arena de Drones; se divertir na Arena Games e ver de perto a Parada Cosplay. Além disso, os visitantes puderam conhecer 120 startups que participaram do programa Startup & Makers, cujo objetivo é impulsionar e capacitar jovens talentos e empreendedores. Para a organização da Campus Party Brasil 2018, cerca de 8 mil pessoas ficaram acampadas, 12 mil pessoas frequentaram a área paga e 100 mil a área gratuita.

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CES – Consumer Electronics Show 2018

Uma explosão maciça de tecnologia. Terreno de prova para inovadores e tecnologias inovadoras há 50 anos – o cenário global onde as inovações da próxima geração são introduzidas no mercado

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a 50º Consumer Electronics Show – a enorme mostra anual de tecnologia cheia de gadgets e gadgets geeky, de telas sensíveis a carros elétricos extravagantes, se fizeram presentes, mais de 3.900 empresas expositoras, incluindo fabricantes, desenvolvedores e fornecedores de hardware, conteúdo, sistemas de entrega de tecnologia de consumidores, incluindo cerca de 900 startups, e mais, um programa de conferência com mais de 300 sessões de conferência e mais de 170K participantes de 150 países, para estimular novos negócios e parcerias em todos os principais setores da CES 2018, o maior evento tecnológico do mundo focado na inovação 5G, no futuro do vídeo e na reimpressão do mundo da televisão, etc.... A revolução da conectividade 5G foi onipresente em toda CES show. Durante a novidade, “Mobile Innovation: Como 5G permitirá o futuro”, executivos da Baidu, Qualcomm e Verizon discutiram as formas em que a conectividade 5G transformará indústrias, modelos de negócios e a sociedade como um todo. Todos concordaram que a revolução técnica sofre em comparação com o que está por vir para a mobilidade 5G. No painel “The Future Video”, foi discutido como o negócio de transmissão de conteúdo está mudando a paisagem da indústria do entretenimento. “Não estamos no mercado de hoje”, disse Nancy Dubuc, presidente e CEO da A & E Networks. “Estamos sempre tentando adivinhar - ou o segundo palpite - o que pode ser ao virar da esquina”. Os panelistas ressaltaram a importância do vídeo móvel e das parcerias e a rapidez com que os modelos de negócios atuais estão mudando. John Martin, presidente e CEO da Turner, e Randy Freer, CEO da Hulu, apresentaram uma conversa sincera com os líderes de conteúdo e moderador, Matthew Garrahan, editor global do Financial Times. A conversa abordou vários tópicos, incluindo fusões pendentes de ambas as empresas; concorrência entre outras redes e serviços de transmissão; outros gigantes da tecnologia que procuram entrar no espaço de criação de conteúdo e como se envolver melhor com a coorte milenar.

Super Sessões

Fotos: Cortesia da CES 2018, Jae C. Hong, Rudolph Hühn

Com quase 300 mil NSF de espaço de exposição automotiva, a pegada do veículo na CES faz com que seja o quinto maior show automotivo autônomo nos EUA e os veículos auto-dirigidos estão no show de uma maneira grande. Os carros de auto-condução: O futuro do transporte pessoal apresentou executivos da Nissan, Allstate e Baidu, bem como o governador do Michigan Rick Snyder, destacando a mudança de atitudes e ideias sobre automóveis auto-dirigidos.

Inovação de negócios desportivos

A CES ofereceu a arena perfeita para os avanços na tecnologia esportiva. O painel, Evolving the Content Ecosystem, apresentou figuras proeminentes de algumas das principais ligas esportivas do mundo e produtores de conteúdo. Moderado por Ernie Johnson, Inside the NBA’s, a sessão explorou diferentes maneiras de entregar conteúdo aos constituintes e técnicas de narração criativa para envolver os fãs de hoje. A sessão Players Only: Bridging the Gap, entre fãs e atletas, apresentou os antigos jogadores da NBA, Chris Webber, Baron Davis, Isiah Thomas, Dennis Scott e a estrela da WNBA, Elena Delle Donne. A sessão explorou como os atletas estão usando mídias sociais e outros meios para trazer conversas reais do vestiário para aumentar o fandom e a camaradagem.

Onde a música e a tecnologia colidem

Cortesia da CES 2018, Jae C. Hong, Rudolph Hühn

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Durante a sessão, a Madison Avenue atendeu no estúdio de gravação, os executivos de música, talentos e locais discutiram parcerias emergentes entre música e marcas e como a tecnologia as influenciava e concordou que as parcerias agora se tornaram uma oportunidade de contar histórias 360. No painel Streaming Saved the Music Business, os especialistas concordaram que a transmissão de música aumentou a receita, o número de ouvintes e a coleta de dados do consumidor. Este aumento de dados permite uma experiência mais personalizada, bem como uma oportunidade para os consumidores serem expostos a novos artistas.

Prêmios e Eventos Inteligência artificial para casas inteligentes e cidades inteligentes

Desde grandes análises e soluções de dados, reconhecimento de fala, aprendizagem e produtos de tomada de decisão até a tecnologia preditiva, o AI Marketplace apresentou modelos e soluções revolucionárias de dados que moldarão o futuro das empresas.

Os aparelhos e novidades mais impressionantes apresentados na CES 2018 Aibo, o cão robô Play Impossible Gameball como o vencedor - uma bola com sensores incorporados para rastrear a velocidade, a rotação e a altura dos pontos para que você jogue jogos conectados sozinhos ou com amigos

Os vencedores anuais da Prêmio Wearable Tech da Stuff CES 2018 foram anunciados, com os homenageados abrangendo uma série de categorias, incluindo relógios, saídas de beleza e beleza e dispositivos de fitness. A lista completa de vencedores pode ser encontrada em Stuff.tv. Dez empresas competiram para ser o Last Gadget Standing na CES 2018, uma sessão ao vivo produzida pela Living in Digital Times e hospedada por David Pogue do Yahoo Tech. A audiência votou no Play Impossible Gameball como o vencedor - uma bola com sensores incorporados para rastrear a velocidade, a rotação e a altura dos pontos para que você jogue jogos conectados sozinhos ou com amigos. Houve também um voto on-line que coroou o OrCam MyEye 2.0 como o vencedor – um dispositivo de sensor inteligente que se conecta aos óculos para ler o texto de qualquer superfície. “Nosso trabalho não é escolher vencedores, é ajudar as pessoas que já seriam vencedoras a ganhar um pouco mais rápido”, disse o Bill Tai da XTC durante os semifinais Xtreme Tech Challenge. Selecionado pelos juízes Gary Shapiro da CTA, Young Sohn da Samsung, Koichi Narasaki de Sompo, Scott Robinson de Plug and Play e Lars Rasmussen da Weav Music - as startups que se deslocam para a rodada final da competição na ilha Nekar de Sir Richard Branson em outubro são Revl , uma câmera de ação 360 que também vende edição inteligente como um serviço; Owlet, uma meia de bebê que rastreia a frequência cardíaca e os níveis de oxigênio para evitar SIDS; e Power Ledger, um sistema centralizado de energia que paga aos consumidores pela geração de eletricidade.

Inteligência Artificial Novo no CES, a Inteligência Artificial (AI) foi o destino das mais recentes inovações em infra-estrutura de AI e sistemas informáticos capazes de realizar tarefas de inteligência humana.

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O cão robô Aibo no estande da Sony. O segundo cão robô Aibo da Sony é mais bonito, faz melhores truques

A Toyota mostrou o e.Palette

A Toyota mostrou o “e.Palette”, um conceito de novo veículo elétrico totalmente autônomo, projetado para ser usado para serviços de transporte urbano e de entrega de encomendas, entre outras tarefas.

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O sapato inteligente E-Vone

O dispositivo Flo, que pode monitorar o uso de água em sua casa e cortar o abastecimento automaticamente em caso de inundações

O sapato inteligente E-Vone, equipado com um dispositivo eletrônico que envia um alerta para serviços médicos ou familiares se a pessoa que está vestindo o calçado cair O Nexo

Buddy, o robô

Buddy, o robô companheiro da Blue Frog Robotics, faz chamadas de vídeo, envia mensagens, atua como um calendário e despertador, monitora a casa, com soluções populares de casas inteligentes, oferece assistência na cozinha e entretém a família com música, vídeos e tudo (realmente é muito fofo)

O Nexo, da Hyundai, um veículo movido a combustível de célula de hidrogênio

Volocopter (drone) da Intel

A roupa esportiva Harmon, da marca Mitsufuji

Um sensor é mostrado na roupa esportiva Harmon, feita pela marca Mitsufuji, fabricada com fios de prata para estabelecer uma conexão entre o sensor e o corpo, mostrando o desgaste atlético

O CEO da Intel, Brian Krzanich, usou seu keynote para mostrar o Volocopter. É um drone de passageiro autônomo, “essencialmente um carro voador”. Um zangão auto-voador é “extremamente simples de voar, silencioso e quando está funcionando com suas baterias, livre de emissão.

Televisor de parede de 146 polegadas da Samsung

Televisor de parede de 146 polegadas da Samsung

O Flo, pode monitorar o uso de água

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É a primeira tecnologia de microLED de 146 polegadas do mundo, demonstra como a televisão está evoluindo para oferecer aos consumidores uma excelente experiência de visualização, enquanto atua como um centro inteligente conectado centralizado para melhorar a vida cotidiana.

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O First Look deste ano, atendido por mais de 300 meios de comunicação e influenciadores globais, incluiu observações de Jonghee Han, presidente de exibição visual da Samsung e Dave Das, vice-presidente sênior de Consumer Electronics da Samsung Electronics America. Ambos descreveram a visão do futuro da Samsung - uma em que os monitores de TV oferecem visuais brilhantes e também evoluem para se integrar perfeitamente na vida das pessoas. Nanoleaf Remote

Loreal UV Sense

É um dispositivo em forma de dodecaedro de aparência elegante, projetado para permitir que você altere suas cenas HomeKit e dim as luzes apenas manipulando o controle remoto. Existem 12 lados para o Nanoleaf Remote, cada um dos quais pode ser configurado para uma cena HomeKit diferente. Você pode escolher as cenas de iluminação que são para os painéis de luz Nanoleaf ou cenas mais complexas que incorporam vários produtos HomeKit. O Remote habilitado para Bluetooth é um dispositivo autônomo que funciona com qualquer configuração do HomeKit, desde que você tenha um Hub Home, também conhecido como um módulo Nanoleaf Rhythm, um Apple TV ou um iPad. Os usuários do Android precisarão do módulo Ritmo para que o Remote funcione.

O maquiador de maquiagem desenvolveu uma capa sem bateria que mede a exposição UV. Com apenas 2mm de espessura e 9mm de diâmetro, o pequeno sensor eletrônico pode ser usado em uma unha ou um par de óculos de sol e, através de um aplicativo, você dará avisos sobre a exposição ao sol. Está disponível exclusivamente através de dermatologistas em 2018 com um lançamento global previsto para 2019. O preço estimado é de US $ 40 ou menos.

Planet Computers Gemini Sensio Air

Detector de alérgenos inteligente, avisa antes de começar a espirrar. Parece um mini dirigível em bronze, é realmente o salvavidas das alergias: Detecta alérgenos no ar e se conecta ao smartphone para alertar o usuário quando detecta substâncias no ar ao qual é alérgico

Acessório móvel perfeito para sua roupa retro 90. Retorno puro por fora, mas todos os negócios por dentro com um processador de 10 núcleos, 64GB de armazenamento e 4G, Wi-Fi e conectividade Bluetooth. O modelo 4G LTE por US $ 599 e o modelo Wi-Fi apenas se vende por US $ 499.

Cadeado com scanner de impressões digitais

Cadeado BenjiLock, com scanner de impressões digitais. Decifrando a sopa do alfabeto de novos recursos de TV

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O voto on-line coroou OrCam MyEye 2.0 como o vencedor. Dispositivo de sensor inteligente que se conecta aos óculos para ler o texto de qualquer superfície

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Os robôs de striptease e pole dance foram levados ao Sapphire Strip Club em Las Vegas como parte do CES-Consumer Electronics Show 2018 Levando a realidade virtual para o próximo nível de fone de ouvido VR O futuro dobrável está quase aqui Power Ledger, um sistema centralizado de energia que paga aos consumidores pela geração de eletricidade

No 50º Consumer Electronics Show, a enorme mostra anual de tecnologia cheia de gadgets e gadgets geeky, de telas sensíveis a carros elétricos extravagantes - uma das semanas mais movimentadas de Las Vegas. O Sapphire Gentleman’s Club, um clube de stripteads no principal arrastão de Las Vegas, pagou para mostrar os robôs como forma de aumentar o interesse da imprensa e dos clientes. Os robôs foram anunciados: eles giram em um pólo de stripper para música de 50 Cent e Pharrell, com notas de dólar espalhadas no palco e no chão. Meia dúzia de dançarinas humanas, a maioria das quais estavam vestidas com trajes de robô apertados e brilhantes, tiraram fotos repetidas diante de seus colegas metálicos. Os robôs não se parecem com humanos reais, graças a Deus. Eles tinham câmeras de segurança CCTV para rostos, e você podia ver seus interiores e fios de metal enquanto eles se moviam para cima e para baixo no poste. (Eles estavam, no entanto, usando sapatos de salto alto). Os robôs são o trabalho de um artista chamado Giles Walker, um britânico de 50 anos que se descreve como um artista de sucata com paixão pela construção de robôs animatronicos. Um de seus outros projetos, The Last Supper, possui 13 robôs que interagem em torno de uma mesa.

Melhores da inovação homenageados na CES 2018 Os homenageados desses prêmios de prestígio foram anunciados durante o evento anual CES Unveiled New York, um evento de convite único com as mais recentes inovações e tendências e importantes anúncios de shows levado ao CES. Uma equipe de designers, engenheiros e meios de comunicação de consumidores altamente respeitados julga cada produto enviado com base em engenharia, design, funcionalidade, atrativo do consumidor e como eles se comparam com os concorrentes no mercado. Os vencedores do Prêmio de Inovação representam o amplo espectro de tendências de tecnologia de consumo e produtos que estão melhorando nosso mundo e avançando na forma como nos comunicamos, entreter e conectar. Os produtos “Best of Innovation” e os homenageados foram apresentados no Innovation Awards Showcase na CES 2018, de 9 a 12 de janeiro, em Las Vegas. - Impressao 3D Etéreo Máquinas Pvt. Ltd.: Halo etéreo - Amanhecer da fabricação híbrida - Acessórios de computador Kensington: Kensington VeriMark Fingerprint Key - Hardware e componentes informáticos Advanced Micro Devices, Inc. (AMD): AMD Ryzen Threadripper 1950X - Periféricos de Computador InstruMMents Inc.: InstruMMents 01: primeiro instrumento de dimensionamento do mundo

Revl , uma câmera de ação 360 que também vende edição inteligente como um serviço

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- Imagem digital Light: Light L16 Camera

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- Eco-Design e Tecnologias Sustentáveis Dell Inc.: Programa de embalagem Dell Ocean-Bound Plastics - Tecnologias integradas Intel® Corporation: Intel® Movidius ™ Neural Compute Stick - Jogos Computador MSI: Trident 3 Arctic - Fones de ouvido NAVER Corp., LINE Corp. e ORFEO SoundWorks: Marte - Fones de ouvido nura: nuraphone - Áudio / vídeo doméstico de alto desempenho Bang & Olufsen: BeoSound Shape

Forpheus, um robô de tênis de mesa de quarta geração desenvolvido pela fabricante de peças de automação Omron, retorna um tiro a um jogador humano durante uma pré-visualização Modelos e soluções revolucionárias que moldarão o futuro das empresas

- Eletrodomésticos Armazenamento de energia Lancey: Lancey inteligente e aquecedor de energia elétrica equipado com bateria - Media players portáteis e acessórios IRIVER: Astell & Kern A & ultima SP1000 - Robótica e Drones Blue Frog Robotics: BUDDY, Primeiro Robô de Companheiro para toda a família - Cidades inteligentes Amaryllo International B.V.: AR4, o revolucionário A.I. câmera de segurança - Energia inteligente Wi-Charge Ltd.: energia sem fio de longo alcance para aplicações móveis e IOT - Software e aplicativos móveis HP Inc.: câmera 3D - Inteligência do veículo e tecnologia de auto-condução Nissan Motor Company: 2018 Nissan LEAF - Tecnologias de vestuário) fácil de usar; adequado para o uso Willow ™: Willow Wearable Breast Pump - Tecnologias Vestuário NUVIZ: NUVIZ - 1ª Exibição Head-Up Integrada para Motociclistas Owlet, uma meia de bebê que rastreia a frequência cardíaca e os níveis de oxigênio para evitar SIDS

ExtremeTechChallenge - os finalistas em incrível painel de juízes liderado por Richard Branson

O encerramento da CES 2018 A CES 2018 chegou a sua conclusão na sequência de uma semana dos principais fabricantes de tecnologia do mundo, exibindo seus produtos mais recentes, os novos gadgets e as melhores inovações. Desde televisores e laptops até carros, tecnologia de casa inteligente e VR. Depois de meses de adivinhação e rumores, todas as principais empresas fizeram seus anúncios da CES, então vamos dar uma olhada e o que os grandes jogadores conseguiram durante o maior evento tecnológico do mundo.

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Wangari Maathai Forest Champions Award 2017 Ativista brasileiro de silvicultura recebe prêmio florestal Fotos: FAO/Chiara Virdis

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ativista florestal brasileira (paraense), Maria Margarida Ribeiro da Silva, recebeu o Prêmio Campeões Florestais Wangari Maathai de 2017, por suas conquistas na promoção do manejo florestal comunitário. Lançada pela Parceria Colaborativa sobre Florestas em 2012 para homenagear a memória da Prisioneira do Nobel da Quênia, Wangari Maathai, que defendeu as florestas ao redor do mundo, o prêmio reconhece pessoas destacadas que ajudaram a preservar, restaurar e gerenciar de forma sustentável florestas e conscientizar o papel fundamental das florestas, desempenhando no apoio às comunidades locais, meios de subsistência rurais, às mulheres e meio ambiente.

Localização da Resex Reserva Extrativista Verde para Sempre

Maria Margarida Ribeiro da Silva, residente da Reserva Extrativista Verde para Sempre, (uma área de 1,3 milhão de hectares protegida pelo governo, que permite o uso extrativista tradicional e extrativista da terra, incluindo caçar, pescar e capturar plantas selvagens), no Pará, no norte do Brasil, recebeu o prêmio no Global Landscapes Forum em Bonn, na Alemanha, por suas realizações ao longo da vida na promoção do manejo florestal comunitário e no fortalecimento do papel das mulheres. Entre muitas realizações, ela ajudou a estabelecer a Cooperativa Agro-extrativista da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Rio Arimum (Nossa Senhora do Perpétuo Auxílio do Rio Arimum). A ativista florestal brasileira, foi premiada com o Prêmio Wangari Maathai de 2017 por combater a destruição da exploração madeireira e promover os benefícios da silvicultura comunitária. “Para mim, receber este prêmio é um reconhecimento de que nossa luta está no caminho certo para conservar floMaria Margarida Ribeiro da Silva, recebeu o Prêmio restas e melhorar a qualidade de vida das pessoas que Campeões Florestais Wangari Maathai de 2017, por suas dependem delas”, disse ela. “Este prêmio é um reconheconquistas na promoção do manejo florestal comunitário cimento não só de minhas realizações, mas de todos os grupos de gerentes da comunidade em sua luta diária pelo acesso a políticas públicas que protegem seus direitos. Este novo prêmio é para todos nós”. Maria Margarida, recebeu o prêmio em reconhecimento de seus esforços incansáveis para promover o manejo florestal comunitário e para melhorar os meios de subsistência das comunidades locais amazônicas. Desde 1998, ela luta para garantir os direitos à terra para as comunidades locais e para proteger florestas e rios. “Hoje é um dia de grande orgulho para a Amazônia e principalmente para as mulheres que lutam em defesa das florestas”, dizendo ainda: “Este prêmio reconhece que estamos no caminho certo para conservar florestas e para melhorar a qualidade de vida das pessoas que dependem delas”. “Espero que este prêmio ajude a garantir a continuidade do apoio às comunidades amazônicas no seu trabalho para proteger as florestas para futuras gerações”. 20

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Suas muitas realizações notáveis incluem seus esforços em 2006 que levaram à aprovação de um plano comunitário de manejo florestal na Reserva Extrativista Verde para Sempre, que também é sua casa e a maior reserva extrativista no Brasil. Reconhecida pelas agências federais, o plano capacita as comunidades locais para gerenciar seus próprios recursos e comercializar madeira de forma sustentável, confiando em técnicas de baixo impacto. O trabalho de Maria Margarida, para apoiar o empoderamento da comunidade foi formalmente reconhecido em 2016, quando a cooperativa ajudou a organizar a certificação recebida do Forest Stewardship Council. A cooperativa, a Cooperativa Agroextrativista Senhora do Perpétuo Socorro do Rio Arimum (COOMNSPRA), localizada no estado do Pará, no norte do Brasil, tem sido usada como modelo para outras seis organizações para estabelecer critérios de certificação sustentáveis. Atualmente é membro do Observatório da Gestão Florestal Comunitária, um grupo de 14 organizações comunitárias que representam 2.500 famílias de 11 territórios do Pará e continua a trabalhar para garantir a autonomia das comunidades locais. “O extraordinário compromisso da Sra. Ribeiro da Silva com o manejo florestal comunitário faz dela um merecido vencedor do Prêmio Wangari Maathai”, disse Hiroto Mitsugi, Subdiretor-Geral da Floresta da FAO. “Através de seus incansáveis esforços para fortalecer as capacidades técnicas e organizacionais das comunidades locais, ela assegurou a gestão sustentável das florestas pelas comunidades locais em benefício próprio”. Ribeiro da Silva recebeu o prêmio, que inclui USD 20 000, no 4º Fórum Global de Paisagens (GLF) em Bonn, Alemanha

Durante o Global Landscapes Forum 2017, em Bonn, Alemanha: o maior encontro mundial sobre a ação acelerada para uso sustentável da terra

Maria Margarida Ribeiro, ao receber o prêmio Wangari Maathai de 2017: “Este prêmio mostra que estamos no caminho certo para proteger as florestas e seu povo”

Maria Margarida Ribeiro da Silva, recebeu o Prêmio Campeões Florestais Wangari Maathai de 2017, por suas conquistas na promoção do manejo florestal comunitário

Uma grande festa para Maria Margarida Ribeiro da Silva, por fazer um excelente trabalho para conscientizar a importância das florestas no apoio às comunidades locais, meios de subsistência rurais, mulheres e meio ambiente

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Global Landscapes Forum – GLF 2017, em Bonn, Alemanha No maior encontro mundial sobre a ação acelerada para uso sustentável da terra, defensores ambientais não convencionais – do yogi Sadhguru ao ator Alec Baldwin – unem chefes de estado, ministros do meio ambiente, cientistas, líderes indígenas, ONGs e jovens para avançar soluções inovadoras para a sustentabilidade

Fotos: GLF 2017, GLP, NASA/GISS

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m evento importante focado no uso sustentável da terra encabeçado por líderes mundiais, incluindo o Presidente da República das Maurícias H.E. Ameenah Gurib Fakim, ex-presidente do México Felipe Calderón e o ministro alemão do meio ambiente, conservação da natureza, construção e segurança nuclear (BMUB) Barbara Hendricks enfatizou a necessidade de quebrar silos entre setores para proteger e restaurar as paisagens do mundo e as comunidades que dependem deles. “Os desafios que a comunidade internacional enfrenta são enormes: mudanças climáticas e perda de recursos naturais e biodiversidade”, disse Hendricks do BMUB, um dos dois principais parceiros de financiamento do Global Landscapes Forum (GLF), ao lado do Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ). H.E.Ameenah Gurib Fakim, Presidente da República das Maurícias, no GLF 2017

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No Fórum Global de Paisagens em Bonn, a atualização do Barômetro do Progresso. A ferramenta detalha as atividades do Brasil, México, El Salvador, Ruanda, Coréia do Sul e Estados Unidos, na medida em que restauram paisagens degradadas e desmatadas. É o único protocolo global de rastreamento do progresso focado na restauração da paisagem florestal

Para o engenheiro florestal Robert Nasi, sem o setor privado, não será possível restaurar florestas

“Se queremos dominar esses desafios, devemos tornar o setor de uso da terra um foco de nossos esforços”. Mais de 1.000 participantes se juntaram pessoalmente e 51.000 foram sintonizados no evento de dois dias via transmissão ao vivo. Além dos parceiros coordenadores da GLF, o Centro de Pesquisa Florestal Internacional (CIFOR), ONU Ambiente e Banco Mundial, participaram de cerca de 80 organizações, incluindo o Instituto Mundial de Recursos (WRI), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Rabobank e TerrAfrica. Robert Nasi, diretor-geral do CIFOR, destacou a grande transição da GLF para se tornar uma plataforma durante todo o ano. “O movimento para paisagens sustentáveis está se expandindo para além do nosso evento anual, com atividades regulares para conectar pessoas e eventos online. revistaamazonia.com.br


Estamos muito orgulhosos do que o GLF conseguiu até agora e continuaremos a desenvolver o seu papel como catalisador para parcerias público-privadas, envolvimento juvenil, compartilhamento de conhecimento e ação no terreno “.O CIFOR é o secretariado e a principal organização de implementação do Global Landscapes Forum.

Destaques do 2017 GLF Representantes do governo alemão (BMZ, BMUB) juntaram-se a líderes da UN Meio Ambiente, do Banco Mundial e do CIFOR para anunciar oficialmente o lançamento de uma parceria de cinco anos com a GLF durante uma conferência de imprensa televisionada.

O movimento GLF A GLF é a maior plataforma científica baseada no uso sustentável da terra, que reúne líderes mundiais, negociadores do clima, decisores políticos, profissionais do desenvolvimento, representantes do setor privado, cientistas, sociedade civil e mídia. Desde a sua criação em 2013, mais de 25 mil interessados de 3.000 organizações e 110 países se comprometeram com a GLF. Mais do que apenas um evento, é um movimento que visa impactar um bilhão de pessoas nos próximos cinco anos. Na sua apresentação da GLF, Scott Goodson, da empresa de marketing de construção de movimentos StrawberryFrog, com sede em Nova York, revelou a importância de modernizar a linguagem dos ambientalistas para se conectar ao público em geral e encontrar uma mensagem simples e coerente que chama as pessoas para a ação. Enquanto isso, o ator norte-americano Alec Baldwin e o economista francês Jacques Attali entregavam endereços de vídeo ao GLF, proclamando seu apoio à plataforma.

Compromissos de restauração no âmbito do Desafio de Bonn e Contribuições Estadisticas Determinadas (Mha e MtCO2e)

O Brasil é vulnerável às mudanças climáticas devido aos seus complexos ecossistemas biologicamente diversos, especialmente a Amazônia brasileira, que abrange uma área que é aproximadamente o tamanho da Europa Ocidental. A taxa anual de desmatamento na Amazônia brasileira caiu de quase 11 mil milhas quadradas em 2004 para 1.700 milhas quadradas em 2012 - um declínio de 84%. Apesar desses desafios, o Governo do Brasil comprometeu-se a restaurar e proteger as paisagens florestais e demonstrou avanços na restauração no terreno e em condições políticas favoráveis. O Bonnometer Barometer of Progress é um protocolo liderado pela UICN que complementará os esforços de restauração em múltiplas escalas e por uma série de atores. O Brasil é um dos sete países que o Barómetro irá perfilar. O Barômetro terá um perfil de liderança e um progresso quantificável na FLR em apoio ao Desafio de Bonn e aos patrocinadores e parceiros da equipe com informações para acelerar a ação e resolver os estrangulamentos de implementação. Alguns dos benefícios e impactos previstos do projeto incluem: Identificar e conscientizar as oportunidades e necessidades de restauração no país para os investidores, o setor privado e outras partes interessadas. A conscientização sobre os benefícios da restauração e a contribuição importante da restauração podem contribuir para a consecução de objetivos ambientais e de desenvolvimento, incluindo os SDG, os Alvos de Aichi, o Acordo de Paris, o objetivo da Neutralidade da Degradação da Terra e outros. Ajudando a avançar ciência e melhores práticas de restauração, fornecendo a riqueza de novas informações aos pesquisadores sobre práticas de restauração e resultados de todo o mundo.

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A Cidade Limpa, empresa de proteção ambiental opera a 19 anos no Estado do Pará e está devidamente licenciada pelos órgãos competentes: SEMA, IBAMA, ANVISA, CAPITANIA DOS PORTOS, CREA-PA, Corpo de Bombeiros e Prefeitura Municipal de Belém. A empresa está apta a dar destinação final, de forma correta a resíduos industriais líquidos, pastosos e sólidos, além de resíduos hospitalares.

Rod. 316 - Estrada Santana do Aurá, s/n - Belém-PA revistaamazonia.com.br 55 (91) 3245-1716 / 3245-5141

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“Este é um movimento que vale a pena construir”, disse Baldwin sobre o GLF. “É claramente um movimento das pessoas e tenho orgulho de me juntar porque precisamos desesperadamente do tipo de liderança e visão que a GLF está fornecendo”. Os povos indígenas confirmam o envolvimento na GLF até 2022 O Grupo Principal dos Povos Indígenas para o Desenvolvimento Sustentável (IPMG), juntamente com o Centro de Pesquisa Florestal Internacional (CIFOR), assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) no evento para confirmar a participação contínua do grupo na plataforma multi-stakeholder liderada pelo CIFOR sobre sustentabilidade uso da terra de 2018-2022.

Nova pesquisa científica Planeta Terra (Hemisfério Ocidental-Américas)

O Brasil é um dos sete países que o Barómetro irá perfilar

Um novo estudo divulgado pelo World Resources Institute descobriu que a degradação da floresta e da terra custaria ao mundo mais de US $ 6,3 trilhões por ano - equivalente a 8,3% do PIB global em 2016. Em contrapartida, o estudo descobriu que a restauração de florestas degradadas gera uma estimativa de US $ 7-30 em benefícios econômicos por cada dólar investido. Apesar desta relação benefício-custo favorável, o financiamento da restauração da paisagem é reduzido em cerca de US $ 300 bilhões por ano. A UICN lançou o novo Barometer Spotlight Report 2017 que acompanha o progresso de um ambicioso esforço global para levar 150 milhões de hectares de terras degradadas e desmatadas para restauração em 2020 e 350 milhões de hectares em 2030. O relatório fornece um instantâneo do progresso no Desafio de Bonn, com uma ênfase nos esforços em andamento no Brasil, El Salvador, México, Ruanda e os Estados Unidos.

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Os corais de todo o mundo estão morrendo em ritmo inédito Pela primeira vez, os cientistas analisaram a frequência do fenômeno de branqueamento de corais em 54 países nos últimos 40 anos. É agora cinco vezes mais frequente do que no início dos anos 80. por Teresa Serafim

Fotos: Centro de Excelência para o Estudo dos Recifes de Coral/Terry Hughes, Chris Cornwall, Laura Richardson/ARC

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m dos ecossistemas mais ameaçados pelas alterações climáticas são os recifes de coral. Nos últimos tempos, têm sido muitas as notícias que nos chegam por estarem perdendo a cor que tanto os caracteriza. A revista científica Science volta a alertar para a gravidade deste fenômeno: os cientistas concluíram que o fenômeno de branqueamento é agora quase cinco vezes mais frequente do que há quatro décadas, passando assim de apenas uma ocorrência a cada 25 a 30 anos no início dos anos 80 para uma ocorrência a cada 5,9 anos em 2016. O branqueamento de corais acontece quando a água do mar aquece mais do que seria de esperar. Depois, as algas que vivem em simbiose com os corais (e lhes dão cor) começam a produzir substâncias tóxicas e deixam de fazer a fotossíntese. Os corais expulsam assim as algas e a cor esbranquiçada do seu esqueleto ficam visível. Este fenômeno, além de deixar os corais esbranquiçados, também os pode levar à morte. Se a temperatura baixar, os corais que tenham passado por um branqueamento moderado ainda podem sobreviver. Caso isso não aconteça, podem mesmo morrer. Uma das imagens mais fortes que temos do branqueamento dos corais é na Grande Barreira de Coral – um ecossistema com 3000 recifes e 900 ilhas, que se estende por cerca de 2400 quilómetros da costa Leste da Austrália.

Imagem aérea do Norte da Grande Barreira de Coral, na Austrália

A Grande Barreira de Coral já passou por quatro branqueamentos em massa: em 1998, 2002, 2016 e em 2017. Agora, pela primeira vez, os cientistas analisaram os registos de branqueamento de corais em 100 locais de 54 países entre 1980 e 2016. Observaram então que o risco de fenômenos de branqueamento, e em particular de casos graves, aumentou cerca de 4% em cada ano desde 1980. “O tempo médio do retorno de fenômenos de branqueamentos graves tem tido uma redução constante desde 1980 e agora é de apenas seis anos”, lê-se no artigo científico. Os investigadores olharam ainda só para os dados de 2015 e 2016 e perceberam que mais de 30% dos episódios de branqueamento desses dois anos são considerados “graves”. E onde é que os corais branquearam mais?

Os corais de todo o mundo estão morrendo em ritmo inédito

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Se nos primeiros anos desta análise o branqueamento era mais frequente nas regiões do Atlântico Oeste (que começou a aquecer), ao longo do tempo a frequência de branqueamento aumentou bastante na Australásia (que inclui a Austrália) e no Médio Oriente. Como as alterações climáticas têm progredido e o planeta aquece cada vez mais, os cientistas destacam que hoje a temperatura das águas tropicais à superfície é mais alta, mesmo quando ocorre o fenômeno de La Niña, em que as temperaturas do oceano são invulgarmente baixas no Pacífico equatorial. E ainda referem que o El Niño – transporte de uma massa de água quente desde a Austrália até às costas da América do Sul – é um dos grandes responsáveis pelo branqueamento de corais e poderá tornar este fenômeno ainda mais frequente nas próximas décadas. “O branqueamento de corais é uma resposta ao stress causado pela exposição dos recifes às elevadas temperaturas oceânicas”, salienta em comunicado Andrew Baird, do Centro de Excelência para o Estudo dos Recifes de Coral (ARC), na Austrália, e um dos autores do artigo. “O clima aqueceu rapidamente nos últimos 50 anos, primeiro tornando os El Niños perigosos para os corais, e agora estamos vendo o surgimento do branqueamento dos corais a cada Verão quente”, nota ainda outro dos autores do trabalho, Mark Eakin, da agência dos oceanos e da atmosfera dos Estados Unidos (NOAA).

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As más notícias vindas dos oceanos não terminaram aqui. Na mesma edição da Science, um outro estudo revela que as áreas dos oceanos com água sem oxigênio – as “zonas mortas” – aumentaram quatro vezes nos últimos 50 anos, colocando em risco peixes e corais. Os cientistas destacam que em zonas costeiras, como estuários, os sítios com baixos níveis de oxigênio aumentaram mais de dez vezes desde 1950. O estudo vem acompanhado por um mapa que destaca três sítios em Portugal em que os níveis de oxigénio são muito baixos: a ria de Aveiro, o rio Mondego e a ria Formosa. Se o planeta continuar aquecendo, alertam ainda os cientistas, a quantidade de oxigênio na água continuará a descer até nas áreas que ainda não foram afetadas. Tudo isto parece ter causas que todos já conhecemos: as alterações climáticas e a poluição. A estrela-do-mar conhecida como “coroa-de-espinhos, come os corais projetando o seu estômago sobre eles e usando enzimas digestivas para desfazer os seus tecidos, ela tem um enorme “apetite pela carne de corais” e cada adulto pode atingir até 10 metros quadrados de tecido de coral precioso todos os anos

Devorados por estrelas-do-mar “Os nossos resultados revelam que os recifes de coral entraram numa era diferente dominada pelos humanos caracterizada como o Antropoceno [época geológica sem estatuto oficial e que representa o impacto que a humanidade tem na transformação da Terra]”, refere o artigo. Como tal, Terry Hughes, diretor do ARC e uma das caras da investigação do branqueamento de corais, deixa um apelo: “Esperamos que os nossos resultados impressionantes estimulem ações mais fortes para se reduzirem os gases com efeito de estufa na Austrália, nos Estados Unidos e noutros lugares.” Além dos humanos, há mais perigos à espreita na Grande Barreira de Coral, como é o caso da estrela-do-mar Acanthaster planci, também conhecida como “coroa-de-espinhos”. Esta estrela-do-mar come os corais projetando o seu estômago sobre eles e usando enzimas digestivas para desfazer os seus tecidos. O Governo australiano anunciou recentemente que estamos perante o maior surto de sempre destas estrelas na Grande Barreira de Coral.Muito recentemente, encontraram-se coroas-de-espinhos em grandes proporções no Parque Nacional de Recifes de Swain, situado na ponta Sul da Grande Barreira de Coral. O Governo australiano revelou que já em dezembro, p.p, as autoridades do parque já tinham destruído algumas destas estrelas-do-mar e que iriam fazer outra missão este mês de janeiro. Desde os anos 60 que

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Diferença entre um coral branqueado e outro saudável na Grande Barreira de Coral

já assistimos a quatro grandes surtos destas estrelas-do-mar na Grande Barreira de Coral, que tem conseguido recuperar de cada surto porque tinha sempre populações saudáveis de peixes herbívoros. Geralmente, os surtos são desencadeados pela presença de muitos nutrientes na água, mas a razão para este último ainda é desconhecida, disse Hugh Sweatman, investigador no Instituto Australiano de Ciência Marinha, à rede de televisão pública da Austrália (ABC) e citado pela agência Reuters. E, como sabemos, os corais ainda têm de se preocupar com o seu branqueamento.

Cientistas estudam os corais mortos

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Um quarto do planeta ficará mais seco mesmo que se cumpra Acordo de Paris Manter o aquecimento global dentro de 1,5° C restringe o surgimento da aridificação. Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em projeções de vários modelos climáticos

Fotos: Kim Cobb, Rory Arnowd

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elo menos, mais de um quarto da superfície terrestre da Terra se tornará “significativamente” mais seca, mesmo se a humanidade conseguir limitar o aquecimento global a dois graus Celsius – o objetivo defendido no Acordo de Paris, revela um estudo divulgado recentemente. Nos termos do Acordo de Paris, os Países comprometeram-se a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2º C em relação à era pré-industrial e a continuar os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5° C. No entanto, com base nos compromissos nacionais, o planeta ainda está em direção a um aumento global da temperatura de 3° C. Segundo o estudo, publicado na revista Nature Climate Change, um quarto do planeta, afetando mais de 25% da população mundial, viverá num estado de crescente desertificação se a temperatura terrestre aumentar 2º C. Por outro lado, o estudo, de uma nova pesquisa de uma equipe internacional, incluindo a Universidade de East Anglia, aponta que, se contivermos um aquecimento médio de 1,5° C (2,7° Fahrenheit), da temperatura global, isso iria reduzir significativamente o número de regiões do planeta afetados por este processo de seca progressiva, que é medido através da combinação dos valores de precipitação com a evaporação.

Distribuições espaciais do índice de aridez e regime climático relacionado no clima atual e mudanças de regime se o índice de aridez diminuir em 0,5N

Distribuições espaciais do conjunto mediano multi-modelo ano de ToEA e a faixa de 16-84%. Fig. 2. a, b, o ano médio da ToEA projetado por 27 projeções do modelo sob RCP4.5 (a) e RCP8.5 (b). As áreas de terra onde a mediana da AEA não ocorrem em 2100 são brancas. c, d, a faixa de 16-84% (anos) Imagem recente, mostra baixos níveis de água em um reservatório de Entrepenas, atingidas pela seca perto de Sacedon, Espanha

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Se o alvo de 1,5° C, fosse atingido, partes do sul da Europa, África do Sul, América Central, Austrália costeira e Sudeste Asiático – áreas que abrigam mais de um quinto (mais de 20%) da população mundial – “evitariam aridificações significativas” previstas em 2° C, afirmou o co-autor do estudo, Su -Jong Jeong da Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, na China. “Realizar 1.5 C seria uma ação significativa para reduzir a probabilidade de aridificação e impactos relacionados”, disse ele. Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em projeções de vários modelos climáticos. Segundo os cientistas, com um aumento das temperaturas de 2° C, entre 24% a 32% da superfície da Terra ficaria mais seca do que atualmente, situação que poderá verificar-se entre 2052 e 2070. Isso inclui a terra em todas as cinco categorias de clima hoje – hiper-árido, árido, semi-árido, seco sub-úmido e úmido. No entanto, se o objetivo de 1,5° C fosse atingido, apenas 8% a 10% da terra ficariam mais secos, disse Su-Jong Jeong. A aridificação é uma ameaça importante, acelerando a degradação da terra e a desertificação, e a perda de plantas e árvores cruciais para a absorção de dióxido de carbono no meio ambiente. Também provoca secas e incêndios florestais, e afeta a qualidade da água para cultivar e beber.

Distribuições espaciais de regiões com ToEA ≤ t 1,5 e t 1,5 <ToEA ≤ t 2 e proporções de simulações GCM que mostram t 1,5, t 2 e ToEA em cada ano particular

À medida que os territórios se tornam mais secos, a degradação dos solos e a desertificação aceleram, assim como a perda de biodiversidade, incluindo as plantas e as árvores necessárias para absorver o CO2, responsável pelas mudanças climáticas.

Este processo aumenta também os fenômenos de secas e incêndios. No âmbito do pacto, assinado na capital francesa em 2015, os países apresentaram promessas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa que alteram o clima de queima de carvão, petróleo e gás natural.

Monitorando o incêndio, enquanto queima, através da Floresta Nacional de Los Padres perto de Ojai, Califórnia, 8 de dezembro 2017

Foto de satélite mostrando o Rio Xingu, no estado de Mato Grosso. A aridificação é uma ameaça importante, acelerando a degradação da terra e a desertificação, e a perda de plantas e árvores cruciais para a absorção de dióxido de carbono no meio ambiente

O Dr. Manoj Joshi da Escola de Ciências Ambientais da UEA disse: “Nossa pesquisa prevê que a aridificação surgirá em cerca de 20 a 30% da superfície terrestre do mundo no momento em que a mudança de temperatura média global atinge 2° C. Mas dois terços das regiões afetadas poderiam evitar uma aridificação significativa se o aquecimento for limitado a 1,5° C “.

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O impacto das mudanças climáticas na vida na Terra já está em andamento, desde ecossistemas inteiros até mudanças genéticas entre várias espécies

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Extremos no clima, recordes de desastres climáticos em 2017 Secas, ondas de calor, furacões, incêndios históricos: os devastadores efeitos das mudanças climáticas se tornaram mais aparentes em 2017. Eventos antes tidos como extremos estão, rapidamente, virando a nova normalidade

Fotos: Li Ga/Xinhua, NASA/NOAA, OMM, OMS, Universidade de Hawai’i Furacões da Categoria 4 e 5 (Harvey, Irma e maria) atingiram a terra no mesmo ano nos EUA, com ventos de 300 km/h por 37 horas

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planeta bateu recordes seguidos das maiores temperaturas da história, de aumento do nível do mar, do número de tempestades, secas, inundações, incêndios, furacões e ciclones. Foi o que afirmou o relatório apresentado na plenária de abertura da COP23, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, acontecido no final do ano, em Bonn, na Alemanha. O documento da OMM (Organização Meteorológica Mundial) – agência da ONU para questões de clima, tempo e água – compilou dados de diversas agências sobre a ocorrência de eventos climáticos extremos no mundo e revelou um 2017 de recordes absolutos na frequência e na intensidade desses fenômenos.

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Fogo na Califórnia,incêndios foram os mais mortais da história no estado americano

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O aumento da ocorrência de eventos extremos acompanhou a curva de crescimento das emissões de gases-estufa e do aumento da média de temperatura global, mostrou o relatório. De 2015 a 2016, a taxa de emissões de gases-estufa foi a maior já registrada, chegando a um total de 403,3 partes por milhão na atmosfera. Já a média de cinco anos, de 2013 a 2017, é 1,03°C acima do período pré-industrial e também a mais quente já registrada. O nível do mar, no entanto, está retornando a valores mais próximos da tendência de longo prazo, depois de um pico em 2016 com aumento de 10 mm acima da média da última década – influenciada pelo último El Niño. Os oceanos seguem, mesmo assim, entre as três maiores médias de temperatura já registradas, o que vem aumentando a destruição de corais e a acidificação das águas. As geleiras do Ártico e da Antártica também batem recordes negativos: as cinco extensões máximas mais baixas ocorreram de 2006 para cá.

Eventos extremos Secas e tempestades apareceram no relatório da OMM como os eventos extremos com mais danos calculados. Na China, as perdas pela inundação na bacia do rio Yangtze, em 2017, somaram U$ 5 bilhões e 56 mortes.

O Programa Europeu para a Observação da Terra, Copernicus, registou três anos seguidos “excepcionalmente quentes”, segundo um relatório do observatório com dados completos de 2017, em comparação com os dois anos anteriores. A temperatura média do ar da superfície terrestre em 2017 foi de 14,7 graus centígrados, menos 0,1 graus do que em 2016 – foi o ano mais quente registado – mas acima da média de 2015, que era até agora o segundo mais quente. Os cientistas do programa Copernicus sublinharam que 2017 foi o ano com temperaturas mais elevadas sem que o clima tenha sido influenciado pelo fenômeno El Niño, o fenômeno climático caracterizado pelo aumento da temperatura das águas do Oceano Pacífico. O ano de 2017 ficou marcado, ao contrário, pelo La Niña, que se caracteriza pelo arrefecimento das águas na zona equatorial, mas que não impediu o aumento da temperatura no globo.

Na China, perdas pela inundação na bacia do rio Yangtze, em 2017

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As ondas de calor assassinas estão aumentando: três quartos da população mundial estão expostos a temperaturas elevadas a cada verão até o final do século. Projeções de dias de calor mortal (o vermelho indica maior frequência no ano) nos cenários de emissões moderadas (a) e altas (b)

Cientistas usaram dados sobre as mortes causadas por ondas de calor e as previsões com base em emissões de dióxido de carbono continuando a aumentar a taxas atuais para modelar os riscos futuros colocados por ondas de calor letais (retratadas), o que poderia afetar 74% da população mundial até 2100. Atualmente, cerca de 30% da população humana mundial está exposta a essas condições potencialmente letais a cada ano. Até 2100, isso aumentará para pelo menos 48% se os gases de efeito estufa forem reduzidos de forma agressiva. A taxas atuais, isso aumentará para 74% e os números poderão ser ainda maiores se as emissões aumentarem, o que é provável com o desenvolvimento de economias ao redor do mundo. O Dr. Camilo Mora, professor associado de geografia na Universidade de Hawai’i, e autor principal do estudo, disse: “Nossa atitude em relação ao meio ambiente tem sido tão imprudente que nós estamos saindo de boas escolhas para o futuro “Estamos ficando sem escolhas para o futuro. Para as ondas de calor, nossas opções estão agora entre ruim ou terrível. “Muitas pessoas em todo o mundo já estão pagando o preço final das ondas de calor, e enquanto os modelos sugerem que isso provavelmente continuará a ser ruim, poderia ser muito pior se as emissões não forem consideravelmente reduzidas”. O corpo humano só pode funcionar dentro de uma faixa estreita de temperaturas corporais centrais, em torno de 37 graus centígrados (98.6 graus Fahrenheit).

Cientistas do clima dizem que as ondas de calor assassinas se tornarão cada vez mais prevalentes em todas regiões do mundo

Em Bangladesh, mais de 13 mil casos de doenças transmitidas pela água e infecções respiratórias, durante as ocorrências de tempestades com inundações e deslizamentos de terra em 2017

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Em Bangladesh, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 13 mil casos de doenças transmitidas pela água e infecções respiratórias foram relatados durante as ocorrências de tempestades com inundações e deslizamentos de terra em 2017. Fortes chuvas também causaram desastres em Serroa Leoa, Colômbia, Nepal, Índia, Peru e Inglaterra. Entre outros recordes, o último inverno nos EUA foi o mais chuvoso registrado para Nevada e o segundo mais úmido para a Califórnia. Já a severidade das secas, castigou e castiga com mais danos os países mais pobres. Com os rebanhos reduzidos em até 60% desde dezembro de 2016, a Somália tem hoje o dobro de pessoas à beira da fome: já são mais de 800 mil afetadas pelos prejuízos na agricultura e a redução de rebanhos, segundo o Programa Mundial de Alimentos da ONU. As ondas de calor também chegaram a novos limites, passando de 54°C em vários locais do Oriente Médio e chegando a 43,5°C em janeiro em Puerto Madryn, na Argentina - a maior temperatura já registrado tão ao sul da Terra.

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Os dados da OMM também mostraram que o calor extremo e a seca contribuíram para incêndios florestais destrutivos recentes no Chile, Brasil, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Portugal, Espanha, Croácia, Itália e França. Mas o extremo mais impressionante foi a série de furacões neste ano no Atlântico Norte. Foi a primeira vez que dois furacões da Categoria 4 (Harvey e Irma) atingiram a terra no mesmo ano nos EUA. Irma teve ventos de 300 km/h por 37 horas -o mais longo no registro de satélite naquela intensidade, tendo passado três dias consecutivos como um furacão de Categoria 5, também o mais longo registrado. Maria também atingiu a categoria 5 e causou grandes destruições. Os oceanos, muitas vezes esquecidos, também viram suas batalhas ficarem mais difíceis em 2017: Com o aumento da temperatura média da água do mar, crescem o branqueamento de corais e a acidificação das águas, apesar das várias iniciativas, a destruição da Grande Barreira de Corais continuou a níveis alarmantes. A acidificação dos mares está tornando regiões inabitáveis para uma série de criaturas marítimas, pondo em perigo ecossistemas oceânicos inteiros. Derretimento dos polos. A extensão do gelo do mar do Ártico bateu recordes de baixa. As cinco extensões máximas mais baixas da história ocorreram de 2006 para cá. A extensão do gelo do mar da Antártida também foi bem abaixo da média e próxima ao recorde negativo. As condições de gelo do mar na Antártida têm sido altamente variáveis ao longo dos últimos anos A destruição da Grande Barreira de Corais continuou a níveis alarmantes

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No Brasil, a previsão é que terá áreas afetadas por ondas de calor. Cidades como Boa Vista, em RR, Manaus, AM, Macapá, AP e Cuiabá, MT, terão dificuldades em manter suas atividades normais, porque as ondas de calor irão perturbar o dia a dia de todos os habitantes.

Fortes chuvas também causaram desastres em Serroa Leoa, Colômbia, Nepal, Índia, Peru e Inglaterra

Para a OMM, “é provável que a mudança climática induzida pelo ser humano torne as taxas de precipitação mais intensas e que o aumento contínuo do nível do mar exacerbe os impactos das ondas de tempestade”. Governos pelo mundo passaram a falar mais,

em 2017, em defesa do clima: o presidente francês, Emmanuel Macron, que assumiu em maio, chegou ao poder prometendo aumentar o financiamento a pesquisadores do clima – uma esperança num ano marcado, também, pela saída americana do Acordo de Paris. Governos pelo mundo passaram a falar mais, em 2017, em defesa do clima

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Noroeste da Amazônia e Serras do Sul, têm maior estoque de carbono no solo Fotos / Mapas: FAO

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m mapa digital, produzido pela Embrapa Solos, mostra quanto os solos brasileiros estocam de carbono. Sediada no Rio de Janeiro, a unidade calculou a quantidade de carbono em uma profundidade de 0 à 30 centímetros nos solos do país. De acordo com o levantamento, o estoque é de aproximadamente 36 bilhões de toneladas de carbono.

O carbono orgânico do solo (SOC) constitui a base da saúde do solo, fertilidade e produção de alimentos. Um solo saudável com uma quantidade ideal de SOC (o principal componente da matéria orgânica do solo) pode proporcionar ótimas condições de cultivo de plantas, ciclos de nutrientes funcionais e efetiva infiltração e armazenamento de água. Os solos agrícolas estão entre os maiores reservatórios de carbono do planeta e possuem potencial para o sequestro de carbono expandido e, portanto, fornecem uma maneira prospectiva de mitigar a crescente concentração atmosférica de dióxido de carbono. O mapa Global Soil Organic Carbon V1.0 é um passo importante para conhecer melhor o atual estoque de carbono orgânico do solo armazenado sob nossos pés e potencial de solos para subseqüentes sequestrações. 34

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Por meio do mapa, foi constatado que as maiores manchas de acúmulo de carbono acumulado estão nas serras gaúcha e de Santa Catarina e no noroeste da Amazônia.

O pesquisador da Embrapa Solos, Gustavo Vasques, explica que as regiões de alta altitude, como nas serras do Sul, a tendência de o carbono acumular ocorre porque o solo degrada mais devagar devido ao frio.

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Os solos do mundo podem atuar como piscina de carbono

Vasques informou que o estoque de carbono no solo é essencial para redução das emissões de gases de efeito estufa, mitigação do aquecimento global e fertilidade das terras. De acordo com ele, em áreas agricultáveis, a alta quantidade de carbono é um bom sinal porque os solos no Brasil são intemperizados e retêm pouco nutriente. “Um pouco de carbono que coloca no solo já dá um bom aporte para acumular nutrientes para as plantas”, disse. Com dados de 1958 a 2010, o mapa reúne informações sobre qualidade do solo, chuvas, vegetação e temperatura média do ar. Os dados servem para subsidiar políticas públicas sobre planejamento territorial, por exemplo, o governo tem elementos para identificar onde podem ser colocadas áreas agrícolas com maior possibilidade de produtividade. “É olhar onde estão manchas de carbono, onde você tem solos que pode preservar, onde teria que botar políticas para melhorar o carbono do solo. É como se fosse um indicador de fertilidade do solo, de qualidade em geral, tanto para a agricultura, como para sustentar serviços ambientais e outros usos”, disse o pesquisador. O mapa tem resolução espacial aproximada de um quilômetro. A Embrapa Solos trabalhou durante quatro anos na elaboração do mapa, junto com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), por meio da Aliança Mundial pelo Solo, da qual o Brasil faz parte. Antes do texto final, três versões preliminares foram elaboradas pela Embrapa Solos em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O documento brasileiro faz parte do mapa global de carbono orgânico do solo divulgado na sede da FAO, em Roma, no início do mês. Vasques acrescentou que a ideia é ampliar o levantamento, com dados a respeito do teor de argila e de areia e PH do solo. 36

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China, maior poluidor do mundo, lança mercado nacional de carbono Maior mercado de carbono do mundo impulsiona esforço climático Fotos: China visual, South China Post

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China, o maior poluidor do mundo, revelou planos recentemente, para um mercado nacional de carbono provavelmente se tornará o maior intercâmbio mundial de créditos de emissões – um projeto de mercado nacional de carbono, que pode se tornar a principal plataforma de troca de créditos de emissão do planeta. A China queima mais carvão do que qualquer outro país e tem o título ignominioso do principal emissor de gases de efeito estufa. A China poderia assumir posições de vanguarda na luta contra o aquecimento global, após a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima. O combustível sujo gera a maior parte do poder da nação, mas o país avançou rapidamente neste inverno para limitar seu uso no norte da China. O lançamento do regime de troca de carbono há muito demorado é um sinal de que a China está levando sua guerra à poluição para novos níveis.

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A China queima mais carvão do que qualquer outro país

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O país é o maior investidor em energia renovável, mas enfrentou uma batalha árdua que passou do carvão, que é usada para gerar cerca de três quartos do seu poder de acordo com a Agência Internacional de Energia. “O lançamento do mercado chinês de carbono mostra que há um maior compromisso em todo o mundo para cobrir a poluição e investimentos diretos em tecnologias limpas”, disse Femke de Jong, diretora de políticas da Carbon Market Watch.A China é vista como um líder potencial na luta contra as mudanças climáticas depois que os EUA se retiraram do acordo de Paris atingido em 2015. A troca de emissões descrita por funcionários da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China pode mudar lentamente o cálculo para utilitários e outros queimadores de carvão. “O objetivo deste programa é reduzir as emissões de gases de efeito estufa”. “O mercado, foco imediato para o estabelecimento da troca de créditos de carbono está na indústria de geração de energia”, disse o vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Zhang Yong, na apresentação em Pequim. Embora represente um recuo em relação ao plano anterior de incluir oito setores, o mercado chinês ainda será maior que o sistema da União Europeia, abrangendo

Vinte e oito cidades, incluindo Pequim, Tianjin e Shijiazhuang, que foram identificadas como “as mais poluídas” no norte da China

A China anunciou um plano ambicioso para eliminar os sistemas de aquecimento de carvão em inverno em dezenas de cidades do norte propensas a poluição atmosférica até 2021, mas isso foi ofuscado pelo caos recente ligado às curvas de carvão nessas áreas. Vinte e oito cidades, incluindo Pequim, Tianjin e Shijiazhuang, que foram identificadas como “as mais poluídas” no norte da China, devem parar de queimar carvão para o aquecimento do inverno em áreas urbanas e eliminar 60% do carvão sujo usado em suas áreas rurais ao longo de quatro período. O plano, foi elaborado por várias agências do governo central, incluindo o principal planejador econômico da China, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), a Administração Nacional de Energia e os ministérios das finanças e da proteção ambiental.

A líder na Ásia quando se trata de investimentos em energia renovável. O país atraiu investimentos no valor de US $ 83,3 bilhões no ano passado, um aumento de 33% em relação a 2013 e mais do dobro do investimento em energia renovável dos Estados Unidos. A Índia também vem crescendo nas fileiras globais, com objetivos ambiciosos e grandes entradas de investimentos estrangeiros

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1.700 empresas e cerca de 3 bilhões de toneladas de emissões.“Cerca de 1.700 empresas elétricas emitiram mais de três bilhões de toneladas de carbono”. Pretendemos reduzir as emissões através de mecanismos baseados no mercado”, disse Zhang.“Aqui é onde pretendemos e vamos chegar”. O projeto expande as lições aprendidas com sete trocas de carbono provinciais e municipais. “Com apenas o comércio de emissões no setor de geração de energia, a escala excederá a de todos os países do mundo”, disse Li Gao, funcionário do departamento de mudanças climáticas da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma “Após várias queimadas de largada, mudanças de prioridades e nervosismo quanto a se a especulação do carbono dificultará ou não a aplicação das políticas, os reguladores decidiram ser ainda mais cautelosos em relação à implantação do mercado”, disse Lu. “Com os preços do carbono tão baixos, ainda não se sabe se o mercado do carbono será um fator importante para a redução das emissões do setor elétrico.”

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Claro inaugura complexo solar fotovoltaico – a maior operação dedicada a uma empresa no país A Claro Brasil, que engloba as marcas Claro, Embratel e Net, inaugurou recentemente o primeiro complexo de usinas solares e criar a maior operação solar dedicada a uma empresa no País.

O

complexo fica nas cidades de Várzea de Palmas e Buritizeiro, em Minas Gerais, ocupa uma área de 45 hectares e gerará energia suficiente para suprir uma cidade de 250 mil habitantes. Há um ano, a tele fez um projeto-piloto em Várzea de Palmas, com um terço do atual espaço. A iniciativa é chamada de Programa A Energia da Claro e prevê o uso de energia limpa, obtida por meio de geração distribuída (que é toda produção de energia elétrica proveniente de empresas concessionárias, permissionárias ou autorizadas que são conectados diretamente ao sistema elétrico de distribuição do próprio comprador, ou seja, autossuficiência) em todas as suas operações e instalações no Brasil. A energia usada pela Claro virá de várias fontes: solar, eólica, hidrelétrica, biogás e cogeração qualificada. A meta é cobrir 80% da energia usada em todo o território nacional, equivalente a mais de 600 mil MWh/ano.

José Antonio Felix, presidente do Grupo América Móvil Brasil, anunciou o primeiro parque de geração de energia solar da Claro

Balanço das atividades da empresa Segundo a operadora, neste 2018 estão previstas as inaugurações de mais 20 parques solares, quatro parques eólicos, seis usinas de biogás e três de cogeração qualificada. A segunda fase do projeto, também a ser implantada no ano que vem, incorporará ao programa a energia gerada por pequenas centrais hidrelétricas (as CGH). Essas informações sobre a produção de energia para uso próprio foram comunicadas pelo presidente do Grupo América Móvil Brasil, José Félix, na reunião de final

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Claro Brasil investe em sustentabilidade com geração distribuída de energia limpa

de ano com a imprensa, quando fez um balanço das atividades da empresa. “O setor de telecomunicações teve um ano desafiador. Pelo momento político, pela transformação na indústria, com a automação e a inteligência artificial, por conta do consumidor, que

mudou, e também pela regulamentação pouco flexível”, resumiu o executivo, ao comentar o período. “O crescimento ainda lento do País foi agravado com o quadro regulatório pouco flexível, que não se ajusta com o ritmo das mudanças”, criticou Félix. O presidente afirmou que, nos últimos três anos, foram investidos R$ 30 bilhões pelas três marcas no País. “O crescimento ainda lento do País foi agravado com o quadro regulatório pouco flexível, que não se ajusta com o ritmo das mudanças”, criticou Félix. O presidente afirmou que, nos últimos três anos, foram investidos R$ 30 bilhões pelas três marcas no País.

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José Felix, da Claro Brasil, aproveitou a reunião de final de ano com a imprensa, quando fez um balanço das atividades da empresa, para fazer o lançamento do programa A Energia da Claro, que prevê retirar de fontes renováveis 80% da energia que consome em suas operações no país

Painéis da usina solar na cidade de Buritizeiro, em Minas Gerais

A Energia da Claro Esse Programa usará energia limpa, por meio de geração distribuída – proveniente de fontes renováveis –, possibilitando a redução no consumo de energia e a diminuição de impactos ambientais. O objetivo é cobrir 80% do que a empresa utiliza em suas operações em todo o Brasil, mais de 600.000 MWh/ano.A iniciativa utilizará fontes renováveis, como solar, eólica, hidrelétrica, biogás e cogeração qualificada e ainda prevê a geração de energia limpa para as concessionárias de eletricidade do setor. Esse é o maior projeto do tipo entre organizações de telecomunicações no país. Segundo Daniely Gomiero, diretora de responsabilidade social corporativa e comunicação da Claro Brasil e vice-presidente de projetos do Instituto NET Claro Embratel, ressalta a importância da ação. “Trata-se de um programa muito bem estruturado, que passa pela geração sustentável de energia e pelo uso racional e eficiente dos recursos, por parte de nossa empresa e de nossos colaboradores”, pontua. Para tornar o projeto viável, o Programa A Energia da Claro Brasil contou com a união de corporações, fornecedores e especialistas. O primeiro complexo de usinas, localizado nas cidades de Várzea de Palmas e Buritizeiro, Minas Gerais, foi inaugurado em novembro de 2017 e criou a maior operação de captação de luz solar dedicada a uma instituição.

Próximos passos Consolidação das marcas 2018 representa a consolidação da união da Net, Claro e Embratel sob a marca Claro Brasil, disse o presidente do grupo. Esse processo vem desde 2011, quando as três marcas lançaram os primeiros pacotes convergentes. Também participaram do evento os CEOs das unidades residencial (Net), Daniel Barros; mercado pessoal (Claro), Paulo Cesar Teixeira; e empresarial (Embratel), José Formoso. Os executivos chamaram a atenção para a evolução tecnológica e expansão da base de suas respectivas áreas. A Net fechou 2017, com 9,5 milhões de assinantes e um bilhão de streamings na plataforma Now. Em termos de banda larga: 8,5 milhões para conexões fixas e 52 milhões de usuários conectados por internet móvel. Segundo Barros, CEO da Net, o consumo de serviços de streaming multitela chegou a 40 horas semanais por cliente, em média. A unidade residencial anunciou, também, o Net SmartHome, que oferece serviços de monitoramento e automação residencial, disponível inicialmente para São paulo.

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Na unidade empresaria, o CEO Formoso destacou que as soluções de mobilidade e de internet das coisas (IoT) da Embratel já estão instaladas em 600 mil veículos no Brasil, o que dá à operadora 90% de participação nesse segmento. São mais de cinco milhões de dispositivos conectados, no total. Esses veículos já saem de fábrica com a tecnologia de IoT embarcada pela Embratel e dispõem de funções como segurança e gerenciamento. A IoT também tem aplicações para a indústria, como elevadores, e cidades, para sistemas de medição de água e energia elétrica, por exemplo.

Ao longo de 2018, está prevista a inauguração de 20 parques solares (4 em São Paulo, 1 em Brasília, 1 no Maranhão, 1 no Pará, 1 na Bahia, 2 no Ceará, 1 no Espírito Santo, 1 em Goiás, 1 no Maranhão, 1 em Mato Grosso, 1 no Pará, 1 na Paraíba, 2 em Pernambuco, 1 no Piauí, 1 no Tocantins); 4 parques eólicos (3 no Rio Grande do Sul e 1 no Rio de Janeiro); 6 usinas de Biogás (3 em São Paulo, 2 no Rio de Janeiro e 1 no Paraná); e 3 de cogeração qualificada (1 no Rio Grande do Norte, 1 em Sergipe e 1 em Alagoas). A empresa estima redução média de 30% nas despesas anuais com energia.

Fazenda Solar Claro

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Mapa de quanto tempo leva para chegar a uma cidade de qualquer lugar da Terra

Acessibilidade Global às cidades

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Projeto Atlas da Malária da Universidade de Oxford acaba de publicar novas pesquisas que mostram que 80,7% da população mundial vive uma hora ou menos de uma cidade. (Na visualização acima, “d” significa “dia” e “h” é para “hora”). O mapa leva em consideração a infraestrutura de transporte em todo o mundo. Da Natureza: ... Novas fontes de dados fornecidas pelo Open Street Map e o Google agora capturam redes de transporte com detalhes e precisões sem precedentes. Aqui, desenvolvemos e validamos um mapa que quantifica o tempo de viagem para as cidades em 2015 em uma resolução espacial de aproximadamente um por um, integrando dez superfícies de escala global que caracterizam fatores que afetam as taxas de movimento humano e 13.840 centros urbanos de alta densidade dentro de uma geoespacial estabelecida -modelagem. Os resultados destacam as disparidades na acessibilidade em relação à riqueza, pois 50,9% das pessoas que vivem em ambientes de baixa renda (concentrados na África subsaariana) residem dentro de uma hora de uma cidade em comparação com 90,7% das pessoas em ambientes de alta renda. Ao triangular ainda mais este mapa contra conjuntos de dados socioeconômicos, demonstramos como o acesso aos centros urbanos estratifica o status econômico, educacional e de saúde da humanidade.

Mapa aberto (OSM) A facilidade com que as pessoas podem se conectar com os serviços, instituições e indivíduos que apoiam o sucesso socioeconômico, boa saúde e bem-estar geral pode, em última instância, separar as comunidades que prosperam daqueles deixados para trás. Durante as últimas décadas, os avanços em comunicações eletrônicas e on-line (por exemplo, internet ou banco móvel) transformaram os serviços sociais que historicamente estavam fora de alcance para populações mais remotas. No entanto, tais ganhos não podem compensar completamente as desvantagens que as desigualdades persistentes em termos de acesso físico a recursos e oportunidades concentram-se principalmente nos centros urbanos.

Esta perspectiva é amplamente apoiada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (SDGs), que exigem acesso melhorado ou universal a uma ampla gama de serviços e estabelecimentos de alta prioridade, incluindo programas educacionais e vocacionais, instalações de saúde e serviços correspondentes e financeiros e instituições bancárias - nenhuma delas pode ser totalmente abordada apenas por avanços tecnológicos. Como tal, entender onde as maiores lacunas na acessibilidade permanecem globalmente e localmente são de importância crítica para uma ampla gama de formuladores de políticas, investidores e parceiros de desenvolvimento. No presente estudo, quantificamos e validamos a acessibilidade global a centros urbanos de alta densidade em uma resolução de 1 × 1 km para 2015, conforme medido pelo tempo de viagem.

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POCT, também melhora o acesso ao atendimento de saúde, aproximando os exames no ponto de atendimento dos pacientes no mundo inteiro. De regiões remotas no mundo inteiro até a clínica do bairro, quando se trata de diagnóstico e tratamento, cada momento conta

O último esforço de mapeamento global para medir a acessibilidade foi para o ano 2000, um tempo que antecede investimentos substanciais e expansão da infraestrutura de transporte e uma melhoria extraordinária na quantidade de dados e na qualidade das medidas de acessibilidade. A melhoria da mudança de jogo subjacente a este trabalho é a primeira síntese em escala global de dois conjuntos de dados de estradas líderes - dados do Mapa aberto (OSM) e dados de distância-estradas derivados do banco de dados de estradas do Google - o que resultou em um quase aumento de cinco vezes na área da estrada mapeada em relação à usada para produzir o mapa de cerca 2000. A principal força dos novos dados das estradas é a inclusão de estradas secundárias (por exemplo, estradas rurais não pavimentadas), que compreendem uma grande proporção de estradas em muitas áreas de recursos baixos e foram amplamente ausentes ou geograficamente imprecisos em bases de dados de estradas anteriores.

Como tal, as melhorias em nosso mapa de acessibilidade são mais importantes nas áreas onde os dados de qualidade são mais necessários para informar políticas e ações de desenvolvimento sustentável. Para ilustrar a ampla utilidade do nosso mapa global de acessibilidade 2015, realizamos análises exploratórias que enumera as desigualdades geográficas e baseadas em riqueza em acessibilidade. Mostramos também que os tempos de viagem mais curtos para os centros populacionais nos países de baixa a média renda estão fortemente associados aos indicadores socioeconômicos e de saúde (por exemplo, riqueza familiar, escolaridade e utilização da saúde), destacando o papel vital da acessibilidade na busca de desenvolvimento sustentável em todo o mundo. Além dos domínios socioeconômicos e de saúde, este trabalho poderia ser usado para informar os esforços ambientais e de conservação para equilibrar as demandas de infraestrutura com a preservação do ecossistema.

Em resumo, o presente estudo oferece um primeiro passo crucial para rastrear exatamente onde as lacunas na acessibilidade permanecem em 2015 e onde o mundo pode abordar coletivamente as desigualdades mais fundamentais ainda hoje experimentadas. Com este mapa de 2015 oferecemos o produto de acessibilidade mais atualizado para a comunidade científica e os campos para os quais os dados de acessibilidade disponíveis localmente são de alta demanda. Até o momento, nenhum outro estudo oferece a qualidade, a consistência e a extensão geográfica proporcionada por esta análise, que permitem a exploração de diferenças de acessibilidade através de fronteiras, regiões e configurações de recursos. [*] Este trabalho foi feito em colaboração com o Google, o Centro Comum de Pesquisa (CCI) da UE e a Universidade de Twente (Países Baixos). Ele se baseia em trabalhos anteriores liderados por Andrew Nelson.

Rua dos Pariquis, 1635

(entre padre Eutiquio e Apinagés) revistaamazonia.com.br

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TOMRA Sorting Recycling revoluciona a indústria de reciclagem e reduz drasticamente os resíduos destinados ao aterro sanitário Contrato de larga escala com a SKM Recycling na Austrália garante tecnologia de separação automática

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íder mundial em tecnologia de classificação baseada em sensores, a TOMRA Sorting Recycling visa revolucionar a indústria de reciclagem e reduzir drasticamente os resíduos destinados ao aterro sanitário. A TOMRA Sorting Recycling orgulha-se de anunciar a sua mais nova parceria com a SKM Recycling (SKM), com sede em Laverton North, Victoria, Austrália. Como líder da indústria no processamento de recicláveis de resíduos domésticos e comerciais, a SKM selecionou a TOMRA para fornecer 40 unidades AUTOSORT com os recursos mais recentes e a nova tecnologia laser 3D para três novas instalações de classificação. Para atender às demandas em constante mudança no mercado, a SKM está construindo três novas fábricas para processar mais de 350 mil toneladas de material coletado com kerbside, também chamado de fluxo único, por ano. A máquina de separação por sensores baseada em tecnologia laser da TOMRA Sorting Recycling

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Reciclando e classificando por sensores óticos. Alta tecnologia para a reciclagem

O foco principal das plantas de reciclagem da SKM é processar papel, plásticos, metais e vidro, classificando-os em produtos de alta qualidade. A primeira planta deverá estar operacional no início deste 2018. A fábrica da Laverton da SKM pretende tornar-se a planta de processamento de materiais recicláveis mais tecnicamente avançada e automatizada no continente ou mesmo em todo o mundo, integrando várias etapas da tecnologia de triagem TOMRA na triagem de papel e outros materiais recicláveis. A melhor capacidade tecnológica do mundo proporcionará à SKM uma vantagem competitiva única e forte, e posicionará bem a SKM para atender demandas cada vez mais rigorosas de qualidade dos produtos finais.

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de recuperação de materiais mais avançadas da Austrália “.Tom Jansen, gerente de vendas da TOMRA Sorting Recycling, acrescenta: “Ganhar um contrato tão grande significa que a SKM colocou muita confiança na TOMRA e na nossa mais nova tecnologia. Estou ansioso para ver as plantas ultramodernas em operação “.

Sobre a SKM Recycling

Esta tecnologia de triagem melhorada também resultará em uma maior percentagem de produto reciclável extraído do fluxo de reciclagem residencial, reduzindo os materiais desnecessariamente acabando em aterro, facilitando o desenvolvimento de novas notas recicláveis para atender às demandas de um mercado em mudança e oferecer maiores benefícios ambientais. Reconhecida em todo o mundo pela sua tecnologia líder de classificação baseada em sensores, a TOMRA Sorting Recycling também foi reconhecida na Austrália por seus conhecimentos especializados e consultoria. Robert Italiano, gerente de negócios da SKM, comentou sobre a nova parceria: “Estamos convencidos pela tecnologia robusta e confiável da TOMRA, mas é a sua capaci-

dade de suporte na criação dos melhores conceitos de planta que nos fizeram escolher se associar com a TOMRA. Nossa confiança em seu conhecimento e suporte técnico é inabalável e é respaldada pela garantia da TOMRA de executar. Estamos orgulhosos de desenvolver as instalações

A SKM Recycling, criada em 1999, fornece serviços de reciclagem para conselhos e empresas locais. À medida que a indústria de reciclagem continua a expandir, a empresa evoluiu para se tornar um líder da indústria na classificação de materiais recicláveis da Kerbside coletados de famílias e serviços de beneficiamento de vidro. A empresa totalmente australiana possui escritórios em Victoria, Austrália do Sul, Tasmânia e Nova Gales do Sul. A SKM presta serviços a muitos Conselhos e Grupos Regionais de Gerenciamento de Resíduos em todo o Sudeste da Austrália. O material reciclável recebido é classificado e vendido aos fabricantes para reprocessamento em novos produtos diversos.

Sobre a Tomra Sorting Recycling

Reciclando e classificando por sensores óticos Como líder tecnológico, a TOMRA Sorting Solutions continua sendo pioneira na classificação baseada em sensores nas indústrias de reciclagem de resíduos e metais. Nosso objetivo: apoiar nossos clientes para otimizar sua sustentabilidade e valor operacional. Nosso método: use nosso conhecimento estabelecido e reconhecido da indústria para fornecer máquinas de ponta e um serviço excepcional ao longo de todo o processo.

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A TOMRA Sorting Recycling projeta e fabrica tecnologias de seleção por sensores para a indústria global de reciclagem e gestão de resíduos. Mais de 4.900 sistemas foram instalados em 50 países em todo o mundo.Responsável pelo desenvolvimento do primeiro sensor infravermelho de alta capacidade (NIR) do mundo para aplicações de triagem de resíduos, a TOMRA Sorting Recycling continua a ser pioneira na indústria com dedicação à recuperação de frações de alta pureza de fluxos de resíduos que maximizam rendimento e lucro. A TOMRA Sorting Recycling faz parte da TOMRA Sorting Solutions, que também desenvolve sistemas baseados em sensores para a separação, descascamento e análise de processos para a indústria de alimentos, mineração e outras indústrias. A TOMRA Sorting é de propriedade da empresa norueguesa TOMRA Systems ASA, que está listada na Bolsa de Valores de Oslo. Fundada em 1972, a TOMRA Systems ASA tem um volume de negócios de cerca de € 750m e emprega mais de 3.500 pessoas.

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Parceria do Inpa com a FAS leva ferramenta de colheita de açaí para extrativistas A palmhast é uma vara de 18 metros de altura adapta com foice e acessórios que pesa 12 quilos e serve para coletar frutos de palmeiras como açaí, buriti, tucumã e pupunha

Fotos: AfonsoRabelo, Cimone Barros

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imples, produtiva e inovadora. Assim é a ferramenta de colheita de cachos de frutos de palmeiras da Amazônia desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC). Uma parceria com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) permitirá que moradores de unidades de conservação do Amazonas utilizem a “palmhaste” para aumentar a produtividade da extração de açaí, a renda da comunidade e evitar acidentes, que são comuns quando se utiliza a peconha e outros instrumentos para escalar árvores muito altas. A Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (Coeti) do Inpa fez a entrega de seis kits do palmhast para a FAS, que serão levados para unidades de conservação (UC) que trabalham com a cadeia produtiva do açaí dentro do Programa Bolsa Floresta.

Palmhast, ferramenta de colheita de cachos de frutos de palmeiras da Amazônia desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC)

A palmhast é uma vara de alumínio naval de 18 metros de altura (pesa 12 quilos) adaptada com uma foice cortadeira e acessórios (a exemplo da lona de carreteiro para aparar os frutos) que pode ser usada nas palmeiras com espinho e sem espinho, e aumenta o ganho, evitando o desperdício

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Cerca de 300 famílias da unidade do Madeira serão as primeiras a “testar” a ferramenta, depois as do Alto Juruá, Mamiraurá e Piagaçu-Purus. Juntas, essas UC totalizam cerca de 700 famílias. “Há três anos estamos trabalhando nessa ferramenta, que vem para melhorar a qualidade de vida de extrativistas e produtores rurais que coletam frutos de palmeiras de alto valor econômico. Se aprovada pelos comunitários, podemos produzir em escala e aumentar a geração de renda das pessoas sem que corram risco de vida”, disse um dos inventores, o técnico do Inpa formado em engenharia floresta, Afonso Rabelo. Os ilustradores botânicos Gláucio Belém e Felipe França compartilham da invenção. De acordo com Rabelo, que desenvolve outras tecnologias de aproveitamento dos frutos nativos, na Amazônia existem cerca de 180 palmeiras, das quais 20 possuem frutos de alto valor econômico como açaí, buriti, tucumã, pupunha, coco e bacaba.

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A palmhast é uma vara de alumínio naval de 18 metros de altura (pesa 12 quilos) adaptada com uma foice cortadeira e acessórios (a exemplo da lona de carreteiro para aparar os frutos) que pode ser usada nas palmeiras com espinho e sem espinho, e aumenta o ganho, evitando o desperdício. “Essa é uma tecnologia desenvolvida por necessidade da comunidade, e uma associação com a FAS e a iniciativa privada vai disponibilizar essa ferramenta, que é muito importante do ponto de vista econômico e social”, destacou o diretor do Inpa, o pesquisador Luiz Renato de França. Para se ter ideia, em quatro horas de trabalho com a palmhast é possível coletar duas sacas de açaí em área de floresta preservada, o que significa difícil acesso. “Isso rende pelo menos 80 litros de açaí de ótima qualidade, que se vendido a 10 reais o litro gera 800 reais em um dia. Ou seja, em pouco tempo se paga a ferramenta”, contou o contador e engenheiro Arley Encarnação, que é um apreciador de açaí e já testou a ferramenta “com sucesso”.

Know How De acordo com a Coordenadora da Coeti, Noelia Falcão, os kits da palmhast entregues para a FAS foram produzidos pela empresa LM Manutenção, por meio de contrato de sigilo de confidencialidade. A tecnologia não é protegida por patente, e se houver interesse em escala o Inpa deverá fazer um contrato de transferência de tecnologia de Know How.

Colheita de açaí solteiro com a palmhast

Nesse tipo de contrato há a transferência para uma empresa do conhecimento de todo o processo de reconhecido valor de mercado, garantindo em instrumento legal prazos e até pagamento de royaties. No Inpa, só o inventor do purificador de água (Água Box), pesquisador Roland Vetter, recebe royalty por invenção. “Essa é uma tecnologia simples e útil muito importante para o trabalho nas comunidades.

Os kits da palmhast entregues para a FAS foram produzidos pela empresa LM Manutenção

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O Inpa tem um conhecimento vasto e nós temos outras 69 tecnologias protegidas, além das que não tem proteção que podem ser transferidas para empresas e estarem acessíveis à sociedade”, contou Noelia Falcão, destacando que das tecnologias protegidas, 11 possuem patentes nas áreas dermocosméticos, saúde e alimentação. Segundo a gerente do Programa Bolsa Floresta, Valcleia Solidade, os kits das palmshast ficarão em teste de dois a três meses nas comunidades. “Se aprovados, poderemos definir em oficina de investimento que a ferramenta é importante e poderemos adquirir mais kits juntos ao Inpa, com quem já temos uma relação antiga e com quem possuímos termo de parceria para testar as tecnologias do Instituto”, contou Solidade. O Água Box, por exemplo, a FAS instalou em 12 comunidades. Agora em parceria com o projeto Água mais Acesso, a Fundação está levando sistema de captação e distribuição de água, incluindo o aparelho de desinfecção solar de água, para outras duas comunidades do Rio Negro. As pessoas ou empresas que tiverem interesse em adquirir a palmhast, podem entrar em contato com a Coeti, através do e-mail ceti@inpa.gov.br ou pelos telefones (92) 3643-3324 e 3643-3352 [*] Ascom Inpa

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16ª Conferência ANPEI de Inovação Fotos: Gabriel Maciel, Rafaela Rissoli

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om o tema “Vivendo a inovação em um mundo em transformação”, o evento contou com 78 sessões e 199 palestrantes, reunindo 1592 pessoas , no “Espaço Inovação” da FINIT (Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia), no Expominas, em Belo Horizonte. Entre as autoridades presentes na abertura estavam o Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Alvaro Toubes Prata, o Secretário de Inovação e Novos Negócios do MDIC, Marcos Vinícius de Souza, além do presidente da Fapemig, Prof. Evaldo Vilela, o Presidente da ANPEI, Humberto Pereira, o Presidente da Campus Party, Francesco Farruggia e o Presidente da 100 Open Startups, Bruno Rondani. O Governador Fernando Pimentel e o Vice-Reitor da UFOP, Hermínio Arias Nalini Júnior, também marcaram presença. Na cerimônia de abertura, o presidente da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras) e vice-presidente de Engenharia e Tecnologia da Embraer, Humberto Pereira, destacou que as transformações pelas quais o Brasil passará, dentre as quais a da matriz energética, irão afetar todos os sistemas produtivos do país, o que será também uma oportunidade, dependendo das escolhas e sonhos seguidos. Pereira salientou que o objetivo da 16ª Conferência é promover a soltura das amarras existentes no Brasil e a criação de laços de cooperação.

Na abertura da (Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia) A Anpei, Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras e o MCTI, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, lançaram a primeira edição do Guia Lei do Bem, no Palco Seed

Já o Secretário MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Marcos Vinícius de Souza, enfatizou a importância da discussão dos três grandes temas da Conferência: as tecnologias transformadoras, as pessoas conectadas e empoderadas, e os negócios conscientes. “Juntando todos esses elementos, que são tendências mundiais em desenvolvimento econômico, acredito que possamos mudar o Brasil, principalmente neste momento de crise”, afirmou. Na cerimônia de abertura, Humberto Pereira, presidente da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras) e vice-presidente de Engenharia e Tecnologia da Embraer

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Na ocasião, o Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Álvaro Prata, também frisou que o Brasil é um país complexo, superlativo e de contrastes, no qual a sociedade tem dificuldade de enxergar a necessidade de investir em CT&I. Por isso, eventos como a Conferência Anpei são essenciais para “contaminar” todo o país, de modo que CT&I sejam mais valorizadas. “Há uma revolução em curso sendo construída pelos jovens. Temos a missão de estimular pessoas e nos estimularmos, para que possamos levar às pessoas a importância da inovação que transforma, melhora a sociedade e traz competitividade ao país”, pontuou Prata. Denis Balaguer, da Ernst Young, destacou que o presente se caracteriza pela existência de novas matérias-primas, regimes energéticos, produtos e serviços, mercados antes inacessíveis e inexploráveis e novas formas de organização econômica. Dado o contexto, o executivo alertou que as startups estão “roubando” pequenas fatias dos negócios das empresas tradicionais e que isso vai acontecer em todas as indústrias. “Ninguém está imune à disrupção, quem não se transformar vai desaparecer.

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Oportunidade de Networking

A opção é ser protagonista da mudança ou expectador do futuro construído pelos outros. É necessário repensar completamente a estrutura das empresas. Como elas seriam se surgissem hoje? E a reinvenção não pode ser terceirizada, tem que vir de dentro”. No mesmo painel, Leonardo Dornelas, da Inventta, trouxe o olhar para as pessoas, para as mudanças de comportamento da sociedade e como isso pode ser encarado do ponto de vista de negócios. Ele citou como exemplos de transformação social o aumento da população idosa e da expectativa de vida, os casais que têm optado por não ter filhos, os homens que cuidam da casa e das crianças, a sologamia e o poliamor. “Não se pode ignorar os impactos da transformação social na sua organização. Prestar atenção nessas mudanças ajuda seu negócio a não correr certos riscos e a aproveitar oportunidades. A empresa vida freedom, por exemplo, criou seguros para casais gays. O slogan da companhia é ‘O que para uns é preconceito, para nós é negócio’”, comentou Dornelas. Em continuidade, Artur Tacla, da BRF, trouxe o questionamento sobre como ter organizações fluidas, que transformem a si mesmas enquanto transformam o mundo. Para ele, o problema é que vigora um mindset do trabalho mecânico, linear, previsível e controlável. “Os humanos, naturalmente, colaboram e são criativos, mas com o trabalho mecânico e repetitivo, tiramos sua humanidade, o que a inovação está resgatando”. O caminho para a mudança de mindset, na percepção de Tacla, passa pela transformação das organizações em grandes ecossistemas, a partir da acoplagem das startups.

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A regeneração dos negócios envolve, também, propósitos inspiradores e a liberação da potência que existe em cada um. “As organizações fluidas devem ter melhores propostas para todas as formas de vida”, defendeu o executivo.

Visitas Técnicas O primeiro dia da 16ª Conferência ANPEI de Inovação contou com visitas técnicas em importantes centros de inovação de Minas Gerais, incluindo Ouro Preto. A visita na região dos inconfidentes passou pelo Museu de Ciência Técnica da Escola de Minas, pelo Instituto Tecnológico da Vale, o ITV, e pela sede da FEOP, onde os participantes conheceram o Hub de Inovação da Fundação Educativa.

A 16ª Conferência ANPEI de Inovação também foi marcada por diversas palestras e workshops, ministrados por especialistas nacionais e internacionais, que aconteceram simultaneamente nos 3 palcos da Estação Conhecimento e nos 4 palcos da Estação Experiência. Foram abordados assuntos voltados aos novos caminhos para a inovação no Brasil, novos modelos de negócios, além de cases de sucesso. Com a Conferência, foi possível criar uma rede de compartilhamento de experiências e conhecimentos, através de rodadas de negócios e debates que fizeram parte do layout integrador do evento. A Conferência também ofereceu aos seus participantes a oportunidade de conhecer pessoas do meio da inovação, tirar dúvidas sobre a atual situação do país em relação à inovação e de fazer networking com outros participantes.

Lançamento da 17ª Conferência ANPEI de Inovação O último dia do evento foi marcado pelo lançamento da próxima Conferência ANPEI de Inovação, que será realizado entre os dias 28 e 30 maio de 2018, na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul. A cerimônia contou com a presença do Presidente da ANPEI, Humberto Pereira, do vice-presidente da Associação, Luís Mello, e do Secretário da Indústria e Comércio de Gramado, Paulo Volk.

Miguel Correa, secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia Ensino Superior de Minas Gerais; professor Evaldo Vilela, presidente da FAPEMIG; José Policarpo de Abreu, superintendente de Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo – CIT SENAI/ FIEMG, e Leonardo Dias, subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Minas Gerais, como mediador, abrindo o ciclo de debates, no palco Minas Digital A Arena de Negócios sediou o encerramento da 16ª Conferência Anpei de Inovação que, nesta edição, abordou o tema “Vivendo a inovação em um mundo em transformação”

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Projeto leva energia solar a extrativistas na Amazônia Resex Produtoras de Energia Limpa, parceria entre ICMBio e WWF, instala sistemas fotovoltaicos em duas reservas em Lábrea, no Amazonas, melhorando a vida da comunidade

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sar energia elétrica de fonte limpa, com redução do óleo diesel e gasolina, para aumentar a produção das reservas extrativistas (Resex). Esse é o objetivo do Projeto Resex Produtoras de Energia Limpa, uma iniciativa do WWF e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Neste mês, foram instalados quatro sistemas da primeira fase do projeto, todos nas reservas extrativistas situadas em Lábrea (AM), a Ituxi e a Médio Purus. O município registra os maiores índices de desmatamento do estado do Amazonas e, nacionalmente, ocupa a 3ª posição neste ranking. “Por isso é fundamental o fortalecimento das organizações sociais e o apoio à produção extrativista como forma de ampliar a renda dos moradores locais, evitando novos desmatamentos com a madeira ilegal ou criação de gado”, diz Mara Notthingham, coordenadora de Articulação de Políticas para Comunidades Tradicionais do ICMBio.

Fotos: Alessandra Mathyas/WWF-Brasil Sistemas fotovoltaicos, melhorando a vida da comunidade em Lábrea, no Amazonas

Ituxi

A fábrica de gelo na região está sendo reativada para conservar a produção de peixes e frutas perecíveis, como o açaí e o cacau

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A escolha dos sistemas elétricos com energia solar fotovoltaica para uso produtivo foi feita pelas associações extrativistas. Na Resex Ituxi, na comunidade Volta do Bucho, distante a cerca de 200 km da sede do município, ou no mínimo 6 horas de barco rápido (voadeira), foram instalados 3 sistemas. Um para bombeamento de água de poço, um para refrigeração e outro para uso de equipamentos produtivos.A comunidade aposta no açaí como um potencial importante na região. Por isso, a primeira máquina que funcionou na comunidade com energia solar foi uma despolpadeira. “Nós preparamos a sede da nossa associação com uma área específica onde vamos trabalhar com o açaí, onde ficará a despolpadeira e o freezer. Hoje só usamos açaí para consumo próprio, pois é muito perecível e não resiste até chegar à sede do município”, explica Irismar Monteiro Duarte, um dos líderes da Associação dos Moradores Agroextrativistas da Resex Ituxi.

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Quando a despolpadeira não estiver em uso, a energia solar será usada pelo agente de saúde local, que faz o controle da malária através de microscópio, além de outros fins comunitários, como rádio e carregamento de celulares, por exemplo. Já com o sistema de bombeamento, toda a comunidade poderá ter água para uso individual e coletivo, além da limpeza de açaí e mandioca para produção. Os moradores deverão concluir uma rede de distribuição da água para todas as casas. Com isso, ganharão qualidade de vida e mais tempo, já que não terão que lavar roupa e louça no rio.

Médio Purus Na Resex Médio Purus, onde há 97 comunidades e mais de 5.500 moradores, foi instalado o segundo sistema solar do projeto. O sistema faz o bombeamento de água de rio na Comunidade Jurucuá, distante cerca de duas horas de barco rápido da sede. Com apoio da prefeitura, os moradores construíram uma casa de farinha flutuante, onde instalaram o sistema de bombeamento. Muita gente da comunidade não acreditava que, com energia do sol, seria possível bombear a água do rio para até 50 metros de distância, armazenando-a numa caixa d’água que está seis metros de altura acima da média das casas.

Na primeira fase do projeto, todos nas reservas extrativistas situadas em Lábrea (AM), a Ituxi e a Médio Purus, vão receber energia solar

“Quando todos ouvimos o som da água na caixa, foi uma emoção muito grande”, relata o gestor do ICMBio responsável pela Resex Médio Purus, José Maria Ferreira de Oliveira. Neste sistema foi instalada uma tecnologia social desenvolvida por um morador de Lábrea. Francisco Brito Junior criou um filtro submerso – onde é acoplada a bomba d’água – que pode ser enterrado no leito do rio nas áreas de praia ou fixado em estruturas flutuantes nas regiões de barranco ao longo do rio. A segunda opção está sendo testada agora na comunidade Jurucuá. De acordo com o inventor, o filtro purifica a água do rio em 90% antes de chegar na caixa d’agua. O líder da comunidade, Benedito Clemente de Souza, acredita que, Na Resex Ituxi, na comunidade Volta do Bucho, foram instalados 3 sistemas. Um para bombeamento de água de poço, um para refrigeração e outro para uso de equipamentos produtivos

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com a água limpa, a comunidade obterá maior valor pela mandioca e farinha que produz, assim como uma melhora na saúde das famílias. Segundo o diagnóstico socieconômico realizado pelo ICMBio, a maior incidência de viagens até a sede do município para atendimento de saúde se dá em função de diarreia provocada pela qualidade da água. Agora, com a água limpa em casa, esses problemas deverão ser reduzidos, assim como os gastos com combustível, tanto para os barcos que precisam prestar socorro aos doentes quanto com o uso de pequenos geradores fósseis, chamados de motores de luz pelos ribeirinhos amazônicos.

Equipamentos Parte dos equipamentos utilizados nesses sistemas foram módulos, conversores e inversor recebidos de doação do Ministério de Minas e Energia (MME), do extinto Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios (Prodeem). O material estava guardado há quase 20 anos em Furnas, no Rio de Janeiro. O WWF, como apoio do ICMBio, concorreu ao edital de doação do ministério e ganhou um dos lotes, direcionando todo o equipamento para as duas reservas extrativistas de Lábrea. No total, esses equipamentos chegam a 35 kW de energia solar fotovoltaica. “O equipamento funcionou bem, com algumas adaptações, o que mostra a durabilidade e importância. O que antes estava num depósito que não pode ser usado pelo Programa Luz para Todos, agora vai impulsionar a produção sustentável extrativista na Amazônia”, disse a analista de conservação do WWF-Brasil, Alessandra Mathyas. Além dos equipamentos doados pelo MME, o projeto conta com a parceria das empresas J. A. Solar, que doou painéis, e Schneider Eletric, e do Instituto Mamirauá, além do suporte técnico da Usinazul, da Universidade Estadual do Amazonas (campus Lábrea) e da prefeitura local.

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Inpa desenvolve creme à base de jucá no tratamento alternativo contra a Leishmaniose por *Luciete Pedrosa

Resultados da pesquisa indicam que tratamento da leishmaniose tegumentar com o produto microemulsionado, à base de jucá, aumenta a eficácia do tratamento e reduz efeitos colaterais apresentados pelas dolorosas injeções de Glucantime

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ma árvore amazônica, o jucá (Libidibia ferrea), utilizada pelos ribeirinhos como remédio caseiro para diversas enfermidades, pode ser transformada em um novo medicamento alternativo associado à medicação preconizada pelo Ministério da Saúde, o Glucantime, para agir como coadjuvante no tratamento da Leishmaniose tegumentar, doença infecciosa que compromete pele e mucosas. A planta também conhecida como pau-ferro está em estudo no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTIC). De acordo com o farmacêutico e doutorando em inovação farmacêutica Bruno Jensen, a pesquisa está em fase de experimentação pré-clínica e restrita a roedores. Os resultados mostraram que o grupo controle que não recebeu tratamento teve uma evolução clínica das lesões cutâneas de 300% maior que o período do inóculo inicial (aquele que dá origem às primeiras infecções) do parasita. Já as lesões tratadas com a microemulsão desenvolvida (formulação translúcida) incorporada com a fração substância encontrada no jucá (diclorometano) tiveram um crescimento de apenas 25%. Já na comparação entre os grupos tratados - um com a microemulsão e o outro com o Glucantime - medicação preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) como primeira escolha para o tratamento da leishmaniose -, foi possível observar que não houve diferença estatística quanto à evolução das lesões. Na opinião de Jensen, isto significa um aspecto bastante positivo, pois o tratamento desse tipo de leishmaniose poderia ser complementado com o produto microemulsionado, à base de jucá, aumentando a eficácia do tratamento das feridas e reduzindo os efeitos colaterais apresentados a partir da

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O jucá é uma árvore amazônica de pequeno porte mas grande potencial

administração da medicação única indicada pelo MS. “A partir daí surge à necessidade de novas alternativas para buscar um medicamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais”, alerta Jensen.Atualmente os pesquisadores conseguiram desenvolver um fitoterápico tópico, composto menos refinado por se tratar do uso de parte da planta, como alternativa da terapia para a Leishmaniose. Os próximos passos da pesquisa é desenvolver um fitofármaco com a molécula isolada mais ativa e incorporada na formulação farmacêutica. “Com isso, será possível viabilizar um medicamento com maior eficácia e com mínimas reações adversas.

No momento, estamos abertos a colaboradores para proporcionar o avanço da pesquisa que já vem demonstrando resultados positivos”. Causada por protozoários do gênero Leishmania, a leishmaniose é dividida em tegumentar (LT), que ataca pele e mucosas, e visceral (LV), conhecida como calazar, que atinge órgãos internos como fígado e baço. A LT possui alta capacidade de produzir deformidades.A doença é transmitida ao homem e outras espécies de mamíferos por insetos vetores ou transmissores chamados de flebotomíneos, também conhecidos como birigui, cangalhinha e mosquito-palha. A LT, único tipo registrado no Amazonas, é tratada principalmente

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com Glucantime e Pentamidina, injeções dolorosas que contribuem para que muitos pacientes desistam do tratamento. Por ano, as leishmanioses afetam cerca de 2 milhões de pessoas no mundo, com registro anual de 0,7 a 1,3 milhão de novos casos da tegumentar, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, em 2015 foram registrados 19.395 casos de LT, 72% deles no Norte (8.939) e Nordeste (5.152) do Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde (MS). O Amazonas ocupa a terceira posição com maior número de casos do Brasil (1.645), ficando atrás apenas do Pará (3.610) e Maranhão (1.684). Os casos identificados no Estado são encaminhados para tratamento nas Fundações de Medicina Tropical e Alfredo da Mata.

Jucá

O doutorando Bruno Jensen estuda o jucá como novo fármaco contra leishmaniose

Distribuído amplamente nas regiões Norte e Nordeste, o jucá possui entre outras comprovadas propriedades terapêuticas ações antissépticas, antienvelhecimento, antioxidante e antipigmentação. Também atua como adstringente, antidiarreica, cicatrizante, sedativa, tônica, antiinflamatória, expectorante e afrodisíaca.

Fitofármaco

Jucá (Libidibia ferrea), utilizada pelos ribeirinhos como remédio caseiro para diversas enfermidades

Durante um ano de experimentação (2017), a pesquisa foi objeto de mestrado do farmacêutico Bruno Bezerra Jensen. O grupo de pesquisa do Laboratório de Leishmaniose e Doenças de Chagas do Inpa vem investigando os estudos de frações da árvore do jucá que já tinham apresentado resultados satisfatórios. Agora, a pesquisa prossegue no doutorado em Inovação Farmacêutica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com orientação da pesquisadora do Inpa, a doutora Antonia Maria Ramos Franco, líder do grupo de pesquisa. Na opinião de Franco, o desenvolvimento de novos fármacos é importante e de extrema necessidade para um País que necessita reduzir os custos com relação ao tratamento

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Os pesquisadores Claudia Dantas, Anontia Franca e Bruno Jensen

de uma doença considerada negligenciada aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas e que afetam, principalmente, as pessoas de menor poder aquisitivo. De acordo com Franco, apesar de tratar-se da vagem do jucá e de suas propriedades farmacológicas, o creme tópico utiliza outras substâncias que juntos auxiliam no tratamento. “Nosso creme é uma formulação própria feito em laboratório, então, não basta pensar que usando o chá ou ralando a vagem e aplicando na ferida que se terá o mesmo resultado ou a cura. Isso não vai acontecer”, alertou.

Busca de parceiros “Somos especialistas na realização de pesquisas científicas envolvendo este tipo de enfermidade, que é considerada um grande problema mundial, não só no Brasil”, diz a pesquisadora. “Agora, estamos iniciando uma nova etapa que vem a ser a busca por parceiros que tenham interesse em produzir esse fitoterápico à base de jucá em escala industrial, como método alternativo auxiliar no tratamento da leishmaniose e estamos abertos para novas parcerias”, ressalta Franco. As investigações no Laboratório de Leishmaniose e Doenças de Chagas acontecem a partir do envolvimento da descoberta de novos tratamentos e também no contato com os pacientes que comentam com os pesquisadores o uso de chás e emplastos de ervas para diferentes enfermidades. Para a pesquisadora, esse contato com o paciente é de grande importância para as pesquisas básicas. “Os resultados promissores obtidos pelos estudos iniciados pela professora Claudia

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Dantas (2015) motivou-nos a dar continuidade à investigação dessa fração (diclorometano), que demonstrou ter um grande potencial na área farmacêutica e na aplicação da terapia da leishmaniose”, diz o doutorando Bruno Jensen.

Potencial De acordo com o doutorando, o enfoque central do estudo é o desenvolvimento de um fitofármaco (preparações feitas com plantas medicinais ou com os princípios ativos retiradas delas) que será trabalhado a partir da fração diclorometano e no isolamento de substâncias mais ativas encontradas no jucá para uma nova formulação. A pesquisa da Dra. Dantas selecionou partes do jucá e avaliou inúmeros extratos. Procurou-se modificar e potencializar a eficácia da fração obtida a partir do extrato de jucá, que obteve maior potencial de atividade, mas que precisava ser melhor estudado. A pesquisa contou com a colaboração da doutora Maria da Paz, do Laboratório de Química de Produtos Naturais do Inpa e da professora doutora Katia Solange, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Ufam, que também coorienta o doutorado de Jensen.

Pedido de patente O uso da tecnologia farmacêutica permitiu a elaboração de um novo produto biotecnológico, que passará por um processo de pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).Jensen explica que a microemulsão,

uma formulação translúcida, é um sistema que apresenta inúmeras vantagens por ser um sistema de controle de liberação de fármacos, de escala nanométrica, e apresentar-se termodinamicamente estável. “Esta tecnologia vem sendo bastante utilizada nas ciências farmacêuticas, permitindo a sua aplicação para o desenvolvimento de formulações com substâncias com atividades antiinflamatórias, analgésicas e antimicrobianas”, destaca.

A pesquisa Com base nos pontos positivos quanto à formulação da microemulsão, foram desenvolvidas quatro frações. Segundo Jensen, resolveu-se incorporar a fração diclorometano encontrada no jucá - que em ensaios in vitro e in vivo na emulsão desenvolvida na tese da Dra. Claudia, demonstrou ter um grande potencial de atividade - e aplicar numa microemulsão, que foi objeto de estudo de seu mestrado. A partir do estudo com a microemulsão, foi realizada a caracterização desse produto, que resultou em formulações estáveis e com parâmetros ideais condizentes com a literatura. Quanto à aplicação da nova formulação no tratamento da leishmaniose, não foram observadas ações de toxicidade cutânea e demonstrou-se bem permeável. Jensen relata que conforme os resultados finais foi possível constatar que houve um controle do crescimento das lesões dos animais de experimentação que estavam infectados, comparado com outro grupo que não recebeu nenhum tipo de tratamento.

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Planta da Amazônia é usada para agregar ômega 3 ao tambaqui por *Síglia Souza

Fotos: Felipe Santos da Rosa, Jony Dairiki, Síglia Souza

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esquisa desenvolvida na Embrapa Amazônia Ocidental(AM) conseguiu resultados promissores ao buscar aumentar a quantidade de ácido graxo ômega 3 no tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo de grande importância nacional. Experimentos com rações enriquecidas com a planta amazônica Sacha Inchi (Plukenetia volubilis), rica em ácido linolênico (ômega 3), foram fornecidas aos animais na fase juvenil que absorveram o nutriente. Trata-se de um importante passo para agregar valor nutricional ao peixe, uma vez que o ômega 3, relacionado ao combate de doenças cardíacas, está naturalmente presente em maiores quantidades em algumas espécies de peixes de águas frias, e o tambaqui, nativo da Bacia Amazônica, possui pouca quantidade desse nutriente. Os resultados foram obtidos por meio da pesquisa intitulada “Sacha Inchi na nutrição de juvenis de tambaqui”, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenada pelo pesquisador da EmbrapaJony Dairiki. A Sacha Inchi é uma planta nativa da Amazônia, cultivada comercialmente na Amazônia Peruana com potencial de produção no Brasil. No Peru, agricultores têm se organizado em cooperativas com a finalidade de produzir a planta para atender a demanda de produção de óleo.

Preparo de ração enriquecida com Sacha Inchi

O óleo de Sacha Inchi possui vitaminas A e E, além de ser rico em ácidos graxos poli-insaturados, como os ômegas 3, 6 e 9. Esses ácidos graxos são relacionados à prevenção de doenças cardiovasculares, entre outros benefícios para a saúde humana. De acordo com Dariki, que atua na área de nutrição e alimentação de espécies aquícolas da Amazônia, houve um bom desempenho zootécnico dos juvenis de tambaqui alimentados com as rações experimentais elaboradas com os três ingredientes da Sacha Inchi

Preparo de ração enriquecida com Sacha Inchi

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(sementes, folhas e torta de extração do óleo) e também foram registradas uma alta taxa de sobrevivência e uma boa aceitação das rações experimentais. O melhor resultado foi obtido com a ração elaborada com a inclusão das sementes. No grupo alimentado com esta ração, além do crescimento houve um acréscimo de ácidos graxos poli-insaturados na carcaça dos animais, especialmente o ácido linolênico (ômega 3) e desta forma foi comprovada a agregação do valor nutricional no peixe. Nos experimentos, foram avaliados peixes juvenis que ao término dos ensaios pesavam em torno de 30 gramas. A fase juvenil engloba o período em que o animal ainda não atingiu 100 gramas de massa, também chamada fase de recria. Esses primeiros resultados mostraram o potencial do peixe em assimilar e incorporar o ácido graxo ômega 3 na sua composição corporal. Ainda que as avaliações sejam feitas na fase inicial de criação do tambaqui, os resultados positivos abrem perspectivas para que sejam feitas mais investigações avaliando a inclusão da planta em rações para as outras fases de criação do tambaqui. O pesquisador pretende conduzir futuros experimentos com peixes maiores em fase de engorda ou terminação (próximo ao abate) para comparar os resultados.

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No experimento em que foram incluídas as folhas trituradas, foi determinada a inclusão ótima de 10% das folhas que promoveu o melhor desempenho zootécnico. Entretanto, ao se analisar as folhas da Sacha Inchi e as rações experimentais com a inclusão deste produto, não houve o acréscimo do ácido graxo ômega 3 nessas amostras, por este motivo não foi avaliado o perfil de ácidos graxos na carcaça dos peixes deste ensaio. Já no experimento com a torta residual da extração do óleo, foi determinada a inclusão ótima de até 40% sem prejuízo ao desempenho zootécnico. Este é considerado outro ponto de destaque da pesquisa, pois utilizar até 40% de um resíduo (sem valor comercial) na nutrição do peixe, acrescenta uma finalidade útil para aproveitamento do resíduo, além de diminuir o custo da ração. Das três formas de inclusão, a ração com sementes foi a que proporcionou o maior acréscimo de ácidos graxos poli-insaturados, especialmente com o ácido graxo ômega 3. O nível ótimo determinado ocorreu com a inclusão de 10% das sementes na ração. O grupo controle, sem inclusão da Sacha Inchi, apresentou uma porcentagem de ácido alfa-linolênico (ômega 3) de aproximadamente 0,2% na composição centesimal. Comparado ao grupo controle, houve um acréscimo significativo do ácido graxo ômega 3 na composição corporal dos animais que se alimentaram com a ração contendo 10% de sementes de Sacha Inchi, que apresentaram porcentagem aproximada de 0,6% de incorporação do ômega 3.

Alternativa para agregar valor nutricional Planta e Fruto de Sacha Inch

Rações enriquecidas com ômega 3 Também chamado de óleo Inca, o óleo de Sacha Inchi é um produto nobre, valorizado no mercado por seu alto teor de ácido graxo ômega 3. A principal proposta da pesquisa foi aproveitar partes residuais da planta que pudessem ser incluídas na ração e agregar valor nutricional ao peixe. Foram utilizadas três formas de inclusão da Sacha Inchi na nutrição de juvenis de tambaqui. Em uma delas, as sementes da planta foram trituradas e incorporadas aos demais ingredientes para fabricação das rações experimentais. Em outra, as folhas foram secadas em estufa e moídas para inclusão nas rações. E na terceira foi incluída a torta residual obtida após a extração experimental do óleo das sementes.

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Os experimentos avaliaram seis níveis de inclusão das sementes, folhas e torta residual da extração do óleo de Sacha Inchi em 10 %, 20%, 30%, 40%, 50 % além do controle − ração sem a Sacha Inchi. Grupos de peixes foram alimentados por 60 dias contínuos com as rações experimentais em duas refeições diárias até a saciedade aparente. Os parâmetros de qualidade da água foram monitorados e se mantiveram adequados durante todo o período experimental. Foram avaliados também os parâmetros de desempenho zootécnico, composição corporal dos peixes, perfil de ácidos graxos e análises fisiológicas complementares. No desempenho zootécnico, foram avaliados o ganho de massa, o consumo de ração, a taxa de conversão alimentar, a taxa de crescimento específico e a sobrevivência dos animais. Ao término dos experimentos, foram determinados os níveis ótimos de inclusão dos produtos avaliados.

Existem pesquisas desenvolvidas pela Embrapa com o propósito de encontrar ingredientes não convencionais para inclusão nas rações de peixes, principalmente para o tambaqui, que é a principal espécie de peixe nativa criada em âmbito nacional. O tambaqui é um peixe onívoro, ou seja, se alimenta tanto de ingredientes de origem animal ou vegetal. Nas rações não convencionais, a meta é agregar valor nutricional e reduzir custos, mantendo condições de bom desempenho zootécnico e de boa qualidade do produto final. A ração é o item mais oneroso no sistema de produção do tambaqui. “Para diminuir o custo, as fábricas de ração costumam utilizar fontes lipídicas de baixa qualidade e o peixe reflete essa condição em sua musculatura. Isso motivou a pesquisa a agregar valor nutricional à composição corporal do peixe com ingredientes ricos em ácidos graxos poli-insaturados”, explica o pesquisador Jony Dariki.

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O pesquisador pretende conduzir futuros experimentos com peixes maiores em fase de engorda ou terminação (próximo ao abate) para comparar os resultados

Diversidade de Sacha Inchi A Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus, possui um Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Sacha Inchi com 37 acessos dessa planta. Alguns estudos sobre essa espécie vegetal a partir do BAG geraram teses em parceria com universidades brasileiras. Estudos sobre diversidade, caracterização botânica, genética e pesquisas agronômicas vêm sendo realizados sobre a planta amazônica. Cultivos experimentais conduzidos em Manaus pela Embrapa mostram que a germinação ocorre em torno de 13 dias e que, após 40 dias de cultivo em bandejas, pode ser levada ao campo para plantio definitivo. “Embora as pesquisas estejam em andamento, já verificamos que as plantas permanecem em produção por até quatro anos, apresentando ao longo do ano alguns picos de produção”, informa o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Francisco Celio Maia Chaves, responsável por pesquisas sobre o cultivo da planta. Chaves informa que no período de produção no Amazonas, são feitas duas colheitas semanais. Pelo fato de o fruto ser deiscente (que abre naturalmente quando fica maduro), um maior intervalo de tempo entre colheitas pode levar à perda da semente, que é lançada no ambiente. No cultivo no Amazonas, tem se adotado o espaçamento de dois metros entre plantas e de quatro metros entre fileiras, com plantas tutoradas. No período seco, tem se utilizado o uso de irrigação por gotejamento. A produção tem sido menor no período de chuva intensa, pois prejudica a polinização.

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Pesquisador Célio Chaves realiza pesquisa agronômica sobre o cultivo de Sacha Inchi no Amazonas

O ômega 3 A médica Evelyn de Paula, que possui pós-graduação em nutrologia, explica que o ômega 3 trabalha no organismo humano na prevenção das doenças do risco cardiovascular e na prevenção de algumas enfermidades neurodegenerativas como, por exemplo, a doença de Parkinson e o mal de Alzheimer e outras demências em geral. A nutróloga esclarece que o ômega 3 é um ácido graxo essencial e, assim como os aminoácidos essenciais, nosso corpo não produz essa substância, mas absorve de fontes externas por meio da alimentação ou da suplementação.

O ômega 3 é mais encontrado em alguns peixes, principalmente os de águas geladas e profundas. Sardinha, salmão e arenque são exemplos que mais se destacam com a substância. Porém, pesquisas com peixes amazônicos têm indicado também a presença de ômega 3, em menor quantidade. Alguns vegetais contêm a substância, ainda em menor quantidade que nos peixes. A linhaça é uma das fontes vegetais de ômega 3, além da Sacha Inchi. [*] Embrapa Amazônia Ocidental

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Aneel libera turbina da Usina Hidrelétrica São Manoel para operação comercial Fotos: Furnas/Arq

Unidade autorizada tem 175 MW de capacidade instalada

A Usina Hidrelétrica São Manoel iniciou recentemente a operação, em testes, da sua primeira turbina, antecipando cronograma

A reposição florestal em áreas degradadas Áreas de Preservação Permanente (APP) recebem mudas de espécies nativas. A Empresa de Energia São Manoel (EESM) está dando sequência ao reflorestamento das Áreas de Preservação Permanente (APP). Estão sendo recuperadas regiões localizadas na APP do reservatório da UHE São Manoel, bem como em propriedades particulares na área de abrangência do empreendimento. Para isso, uma parceria entre os proprietários, a EESM e a Prefeitura Municipal de Paranaíta foi firmada para executar o projeto. Mudas de Cedro rosa (Cedrela fissilis), Jatobá (Hymenaea courbaril) e Ipê (Handroanthus chrysotrichus) são algumas das 210 mil previstas nesta etapa do projeto. De acordo com o coordenador do meio biótico Wesley Alencar, essas mudas foram cultivadas em viveiros da região e a expectativa é que todas sejam plantadas durante o período chuvoso de 2018.O plantio de espécies nativas em áreas degradadas contempla o Programa de Recomposição Florestal, uma medida de compensação do Projeto Básico Ambiental (PBA) da Usina, cujo objetivo prevê a restituição, ao mais próximo possível do ambiente anterior, a biodiversidade existente no local. Além disso, as atividades buscam a reestabilização da flora, proteção dos cursos d’água e melhorias do aspecto visual, propiciando a integração do projeto à paisagem local.

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Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) liberou recentemente, 19/01, para iniciar a operação comercial da primeira unidade geradora (“UG01”), com capacidade instalada de 175 MW (Garantia Física de 159,6 MWmédios), da Usina Hidrelétrica (UHE) São Manoel. No início de dezembro, a agência conectou a usina ao Sistema Interligado Nacional (SIN), a sua primeira turbina hidrelétrica, antecipando o prazo previsto de maio de 2018 estabelecido nos contratos de comercialização de

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As atividades buscam a reestabilização da flora, proteção dos cursos d’água e melhorias do aspecto visual

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Localização da usina São Manoel, na divisa de Mato Grosso com o Pará

Áreas de plantio na APP do reservatório

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energia elétrica no ambiente regulado (CCEAR), e liberou para testes a turbina do empreendimento construído no Rio Teles Pires. A usina está localizada no curso médio do rio Teles Pires, na divisa dos estados do Pará e Mato Grosso, entre os municípios de Jacareacanga, no Pará, e Paranaíta, em Mato Grosso. O empreendimento conta com quatro turbinas tipo Kaplan de 175 MW cada, potência instalada de 700 MW de capacidade instalada e 424,5 MWmédios de Garantia Física. A segunda unidade geradora (“UG02”), com capacidade instalada de 175 MW (Garantia Física de 119,8 MWmédios) já está em fase avançada da operação em teste e as demais unidades geradoras - terceira e quarta unidades geradoras (“UG03” e “UG04”) - estão em fase de comissionamento para entrada gradativa em operação em teste e comercial. A energia produzida será capaz de atender a uma população de cerca de 2,5 milhões de habitantes. A UHE São Manoel pertence à Sociedade de Propósito Específico denominada Empresa de Energia São Manoel (EESM), formada pela EDP-Brasil (33,334%), FURNAS (33,333%) e China Three Gorges Corporation (CTG, 33,333%). A UHE São Manoel começou a ser construída em setembro de 2014 e, até o terceiro trimestre de 2017, recebeu investimentos de R$ 3,3 bilhões. No total, serão quatro unidades geradoras com 175 megawatts (MW) de capacidade instalada cada, totalizando 700 MW de potência, energia suficiente para atender uma população de cerca 2,5 milhões de pessoas. O empreendimento, construído no Rio Teles Pires, na Divisa do estado do Mato Grosso com o Pará, opera a fio d’água, configuração na qual há baixo reservatório acumulado para a geração de energia. “Continuamos trabalhando com um cronograma de antecipação das outras três máquinas”, afirma Luiz Otavio Henriques, presidente da Empresa de Energia São Manoel. Com a Declaração Comercial de Operação (DCO) emitida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a usina está apta a negociar a energia e reforçar o sistema. Os contratos de venda de longo prazo assinados quando o empreendimento foi leiloado precisam ser cumpridos somente a partir de maio de 2018 e, por isso, o volume produzido até lá será liquidado no mercado de curto prazo ou comercializado em contratos bilaterais. A obra, está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

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Tarântula elétrica azul e besouros aquáticos estão entre 29 espécies descobertas na Amazônia Fotos: Andrew Snyder e Timothy J. Colston/Global Widelife Guiana conta com 75% do território coberto pela floresta amazônica

Aranha que está sendo chamada de ‘tarântula elétrica’ foi avistada por fotógrafo perto do rio Potaro, na Guiana

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esquisadores acreditam ter descoberto seis espécies de peixes, três de plantas, 15 besouros aquáticos e cinco libélulas completamente novas no Parque Nacional de Kaieteur e o rio Potaro, trecho da floresta amazônica que fica na Guiana. O levantamento foi organizado pela Global Widelife Conservation e publicado em um relatório conjunto com a WWF, ambas organizações não governamentais internacionais que atuam nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental. Além dessas 29 espécies que os pesquisadores acreditam não terem sido catalogadas ainda, há outras que talvez não sejam totalmente novas, mas foram observadas pela primeira vez na região. Entre os achados dos pesquisadores está uma tarântula vista, inicialmente, à noite pelo fotógrafo Andrew Snyder próximo às margens do rio Potaro. A aranha, que exibia uma tonalidade azul cobalto brilhante, estava numa árvore e está sendo chamada de “tarântula elétrica”.

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Javali de lábio branco

Libélulas completamente novas no Parque Kaieteur

Todos os dados da pesquisa constituem novos registros de alcance e novas informações para a Guiana

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O fotógrafo que registrou a imagem da tarântula descreveu em detalhes, em um blog da Global Widelife, como foi o achado inesperado. Ele não descarta a possibilidade de ser uma espécie nova. “O feixe de luz azul, de fato, não era o brilho do olho de uma aranha, mas sim o dorso de uma pequena tarântula. Passei anos fazendo pesquisas na Guiana e sempre prestei muita atenção às espécies de tarântulas. Eu imediatamente soube que essa era diferente de qualquer espécie que eu havia encontrado antes”, relatou. Os pesquisadores registraram outras imagens que chamaram a atenção, como a de um sapo com bolhas pretas no dorso.

Retrato amplo

O Parque Nacional de Kaieteur e o rio Potaro,ficam no trecho da floresta amazônica que fica na Guiana

Mini-rã dourada: exemplar da espécie Anomaloglossus beebei é conhecido como ‘sapo foguete dourado’ nas Guianas

A espécie Stefania evansi chamou a atenção dos pesquisadores

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O galo da rocha da Guiana

Depois de mais de um mês desbravando a Guiana amazônica em 2014 e de anos de análises, os responsáveis pelo estudo afirmam que conseguiram fazer um dos mais completos e amplos levantamentos da fauna e flora do local. O Parque Nacional Kaieteur e o alto do rio Potaro fazem parte de uma paisagem ainda pouco explorada. Segundo a Global Widelife afirmou no relatório, a região tem um enorme valor para a conservação ambiental, uma vez que concentra um expressivo número de espécies vulneráveis ou ameaçadas de extinção. A área explorada pelos pesquisadores abriga animais como o jaguar, o galo da rocha, a mini-rã dourada, provavelmente da espécie Anomaloglossus beebei, e o javali de lábio branco. Mais de 50% dos pássaros, 40% das libélulas, 30% dos mamíferos e 43% dos anfíbios da Guiana habitam a região onde os pesquisadores coletaram amostras. “A Guiana é um dos países mais importantes do mundo para a conservação da biodiversidade, com a segunda maior porcentagem de cobertura florestal da Terra”, escreveu a Global Widelife Conservation no material de divulgação da pesquisa. Para a organização, a biodiversidade na região foi naturalmente preservada pela histórica baixa densidade populacional. Ainda há áreas de difícil acesso. Além disso, os pesquisadores salientam que o estudo também mostra a importância de preservar invertebrados, vitais para manter os balanços dos ecossistemas.

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Camarões camaleônicos por *Peter Moon

Fotos: Rafael Duarte

Dois indivíduos, um homogêneo rosa (à esquerda) e outro transparente com bandas de cor longitudinais, sobre a alga vermelha Galaxaura marginata

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les são pequenos, medem no máximo 1,5 centímetro de comprimento, existem em números prodigiosos e mudam de cor. São camarões da espécie Hippolyte obliquimanus, que vivem ao longo de todo o litoral brasileiro, sempre associados a bancos de algas. Na região de São Sebastião (SP), são encontrados aos montes no meio dos sargaços (Sargassum furcatum), algas marrons de até 2 metros, e de Galaxaura marginata, uma alga avermelhada um pouco menor. Tais camarões se dividem em dois tipos morfológicos. Há os homogêneos com variabilidade de cor (H) e os transparentes com listras, bandas de cores ou bolinhas (T). Os dois pertencem à mesma espécie. Um grupo de pesquisadores descobriu nesses crustáceos a capacidade de mudar de cor para se camuflar entre algas marrons ou vermelhas e tentar escapar dos predadores. A tática de camuflagem, que lembra a dos camaleões, rendeu o apelido de carnival shrimp (camarão carnavalesco), dado pelos autores da descoberta.

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O trabalho foi feito pelo doutorando Rafael Campos Duarte, por seu orientador, o professor Augusto Alberto Valero Flores, ambos ligados ao Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da Universidade de São Paulo (USP), e por Martin Stevens, da Universidade de Exeter, no Reino Unido. O estudo teve apoio da FAPESP e os resultados foram publicados na BMC Evolutionary Biology. Durante a coleta de animais no litoral, chamou a atenção dos pesquisadores o fato de, entre os H. obliquimanus capturados nos bancos de sargaços, haver muitos exemplares marrons, mas também verdes, amarelos, rosas, vermelhos e pretos. Já no banco de galaxauras os camarões eram preponderantemente vermelhos. Em laboratório, foram realizados experimentos para averiguar a capacidade e o tempo de mimetização dos animais, examinados em aquários com sargaços e galaxauras, tanto verdadeiros como de plástico. Os resultados foram surpreendentes. Os cientistas verificaram que os animais do morfótipo H (coloridos) mudavam de cor

rapidamente, em questão de minutos, para se camuflar entre os sargaços ou as galaxauras. Mas isso só foi observado nos tanques com algas vivas. “Nenhum exemplar mudou de cor na presença de algas artificiais. Isso indica que existe algo que as algas liberam na água e que afeta os camarões, fazendo-os mudar de cor”, disse Duarte. Entre os sargaços, a mimetização não ocorreu por igual. Embora a maioria dos camarões exibisse tonalidades de marrom, havia entre eles indivíduos de outras cores. No caso da galaxaura, a mimetização se mostrou mais eficiente, com todos os animais avermelhados ou em gradações de rosa. “Tal eficiência pode ser porque os bancos de galaxauras têm uma distribuição marginal nas águas de São Sebastião. Há menos bancos de galaxauras e, neles, os camarões são encontrados em menor número”, disse Duarte. Quanto menos animais no banco de algas, maior a necessidade de os indivíduos terem camuflagem mais eficiente para evitar serem capturados por peixes.

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“Mudanças de cor rápidas [alguns dias] são esperadas para espécies de crustáceos com exoesqueleto fino, no qual uma quantidade relativamente pequena de pigmentos pode surtir efeito”, disse. Além de pequenos camarões, como os hipolitídeos, os pesquisadores esperaram encontrar essas mudanças rápidas de cor em outros grupos de crustáceos, como anfípodes e tanaidáceos. [*] Agência FAPESP Camarão transparente listrado

Os bancos de sargaços predominam no ambiente, onde a “densidade de camarões é imensa. Ao passar o puçá entre as algas, recolhemos centenas de indivíduos. No verão, quando os bancos de algas crescem, existem em média 150 camarões por quilo de alga”, disse Duarte. Uma densidade tão elevada de animais vivendo entre os sargaços significa menores chances individuais de predação. “Logo, a mimetização não precisa ser tão eficiente como a dos camarões que vivem entre as galaxauras”, disse.

Colorações diárias “Mudanças de cor, como as enfatizadas nesse estudo, dizem respeito à camuflagem, na qual os camarões tendem a ficar da cor do substrato onde vivem”, disse Flores. A mudança de habitat influi na cor dos animais. Os camarões marrons entre o sargaço ficaram vermelhos nas galaxauras e vice-versa. “No Reino Unido, existe um camarão da mesma família que é verde, porque as algas que predominam por lá são verdes”, disse. Outro dado observado é que as colorações, quaisquer que sejam, só são exibidas durante o dia. À medida que escurece, os crustáceos se desbotam até ficar transparentes, translúcidos ou azulados. “A cor desses camarões é dada por pigmentos que ficam em células de cor chamadas cromatóforos. A coloração do indivíduo altera de acordo com a disposição dos cromatófaros”, explicou Duarte.

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“Nossos resultados sugerem que exemplares do morfótipo T apresentam maior mobilidade e não dependem da camuflagem por semelhança ao entorno”, disse Flores, vice-diretor do Cebimar. “Uma vez que os camarões T são encontrados em igual densidade tanto em sargaço [sazonal, com maior ocorrência no verão] como na alga vermelha Galaxaura [sem sazonalidade)], estimamos que a fração da população T em galaxaura seja responsável pela estabilidade temporal da espécie, além de ser a fração mais ‘móvel’, que pode fazer a conexão entre diferentes povoamentos de algas”, disse. Segundo o pesquisador, há muitas outras espécies com estratégias de camuflagem no litoral brasileiro.

Doutorando Rafael Campos Duarte

Indivíduos de coloração homogênea marrom sobre a alga marrom Sargassum furcatum

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Top 10 das espécies de 2017 No dia do aniversário de Carlos Lineu, o pai da taxonomia, costuma ser divulgada uma lista de dez espécies que fizeram furor no ano anterior. Em 2016 descobriram-se 18 mil espécies, entre elas uma orquídea parecida com a figura de um diabo e uma centopeia que mergulha por Teresa Serafim

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arlos Lineu, naturalista sueco nascido a 23 de Março de 1707, foi o responsável pelos nomes científicos das espécies passarem a ser compostos por dois termos: o nome do género e o respectivo restritivo específico. Antes de Carlos Lineu, para designar um ser vivo era necessário escrever uma frase, que podia até ocupar um parágrafo. Ficou assim conhecido como o pai da taxonomia, a disciplina que ajuda os biólogos a catalogar os seres vivos.Para assinalar a data do seu aniversário, o Instituto Internacional para a Exploração de Espécies da Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais (ESF, na sigla em inglês), em Syracuse (EUA), faz desde 2008, uma lista com as espécies descobertas no ano anterior. Este ano, o comité que elaborou esta lista selecionou dez espécies entre as cerca de 18 mil espécies descritas em 2016. Na lista constam espécies descobertas na Ásia, na América do Norte, na América do Sul e na Oceânia. “Desde a nossa primeira lista top 10, já foram descobertas e descritas quase 200 mil espécies. Isto pode não parecer nada, mas as notícias não se ficam por aqui, estamos perante uma crise de biodiversidade e a perder espécies mais rapidamente do que as que estamos a descobrir”, diz Quentin Wheeler, presidente da Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais, citado no comunicado do ESF. “A velocidade da extinção é mil vezes mais rápida do que a da pré-história. A menos de que aceleremos a exploração das espécies, corremos o risco de nunca conhecermos milhões de espécies ou de aprendermos as coisas maravilhosas e úteis que elas nos podem ensinar.” Quentin Wheeler diz ainda que o maior perigo para a extinção são os seres humanos ao alterarem os ecossistemas ou a poluírem a água.

Tem o chapéu de Harry Potter Aranha da espécie Eriovixia gryffindori Sumukha J. N

casa Gryffindor, uma das quatro casas fundadas no início da Escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts. A espécie foi descoberta na Índia e o “chapéu à Harry Potter” é uma forma de camuflagem, para se esconder entre as folhas secas. Pensa-se que seja uma espécie nocturna das florestas do centro dos Gates Ocidentais, no Oeste da Índia, onde há vegetação perene e semiperene, assim como árvores de folha caduca. Até ao momento, não foram encontrados os machos desta espécie.

Parece uma folha

A espécie Eulophophyllum kirki PETER KIRK

Enquanto uma equipa de cientistas estava a observar tarântulas e serpentes na Malásia, descobriu algo que não estava à espera: uma nova espécie de insecto, uma esperança. Como estavam numa área protegida, não recolheram nenhum exemplar, justificam. Por isso, a única prova da sua existência são as fotografias do fotógrafo Peter Kirk. Em sua homenagem, o nome científico desta esperança é Eulophophyllum kirki. O facto de haver fotografias desta espécie de esperança pode dificultar a identificação de novas espécies no futuro. E o que se sabe desta esperança? Tem cerca de 40 centímetros de comprimento e as fêmeas têm uma coloração verde e rosa, enquanto os machos são todos verdes.

Um roedor que tem boa boca

É uma aranha com menos de dois milímetros de comprimento e um aspecto muito semelhante ao Chapéu Seleccionador dos livros e dos filmes de Harry Potter, de J.K. Rowling. Em forma de cone e com uma dobra estreita na parte de cima, basta olharmos para uma fotografia e ficamos sem dúvidas: é como o Chapéu Seleccionador. Como tal, o seu nome científico é Eriovixia gryffindori, afinal o chapéu pertencia originalmente a Godric Gryffindor, o fundador da 64

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Roedor da espécie Gracilimus radix Kevin Rowe/Museus Victória da Austrália

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A uma altitude de mais de 1600 metros, nas Celebes, na Indonésia, foi encontrado um roedor que se alimenta tanto de plantas como de animais e raízes. Este roedor é assim omnívoro. E é pequeno, esguio e o pêlo acinzentado e acastanhado. As orelhas são arredondadas e a cauda não tem muito pêlo. O seu nome científico Gracilimus radix vem da palavra em latim radix, que significa “raiz”, uma vez que a população local pensava era isto que comia. Desde 2012, foram descobertas sete novas espécies de roedores (incluindo esta em 2016), o que pode querer dizer que há muitos roedores desconhecidos nas Celebes.

Encontrada na Papuásia-Nova Guiné, os espinhos que esta formiga tem no corpo são a sua identidade. Primeiro, pensava-se que eram um mecanismo de defesa. Depois, os cientistas fizeram imagens de raios X em 3D e perceberam algo diferente: servem para apoiar os músculos desta formiga e também segurar a sua grande cabeça e as mandíbulas, que os exemplares maiores destas formigas usam para esmagar as sementes. Por causa dos espinhos, o seu nome científico é Pheidole drogon. E isto a propósito dos dragões comandados por Daenerys Targaryen, uma personagem dos livros e da série A Guerra dos Tronos.

Para andar precisa de 414 patas

Uma rainha das águas doces

Milipede da espécie Illacme tobini Paul Marek/Virginia Tech

Tem pelo menos 414 patas e cerca de 20 milímetros de comprimento. Foi descoberto no Parque Nacional das Sequóias (nos EUA), e vive entre as fissuras do solo. O nome científico deste milípede é Illacme tobini, em homenagem a Ben Tobi, um especialista em grutas e recursos hídricos do Parque Nacional do Grande Canyon (EUA). A linhagem de que descende surgiu há cerca de 200 milhões de anos, ou seja, ainda viveu antes da separação do supercontinente Pangeia, que começou a fragmentar-se há cerca de 200 milhões de anos. Apesar da dimensão reduzida, tem algumas particularidades bem visíveis, como uma boca pequena e bizarra, não tem olhos, quatro das suas patas adaptadas para a transferência de esperma para as fêmeas, lançam um produto químico ainda desconhecido para se defenderem e ao longo da sua vida ainda acrescentam partes ao seu corpo, como patas.

Raia da espécie Potamotrygon rex Marcelo R. de Carvalho

Nas águas do rio Tocantins, no Brasil, foi descoberta uma raia com cerca de 1,10 metros de comprimento e os maiores exemplares podem pesar até 20 quilos. Outra das características bem diferenciadoras desta raia é a sua coloração: é castanha escura às bolinhas amarelas e laranjas. As grandes dimensões desta raia de água doce levaram a que se chamasse de Potamotrygon rex (rex significa “rei” em latim). “A descoberta de uma raia tão grande e colorida mostra quão incompleto está o nosso conhecimento dos peixes nos neotrópicos”, lê-se no comunicado do ESF.

Uma centopeia mergulhadora

Quando uma formiga é um dragão Formiga da espécie Pheidole drogon Georg Fischer

Centopeia Scolopendra cataracta Siriwut, Edgecombe E Panha

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Pela primeira vez, observou-se uma centopeia capaz de mergulhar na água e de percorrer o fundo do mar, assim como também anda em terra firme. Quando foi descoberta debaixo de uma rocha, correu rapidamente para se esconder numa rocha que estava na água. Agora chama-se Scolopendra cataracta (cataracta significa “catarata”), é preta, tem 20 pares de patas e cerca de 20 centímetros de comprimento. Pode ser encontrada na Tailândia, no Vietname e Laos. A sua população está em risco de extinção sobretudo devido às atividades turísticas nos diques e nos riachos, onde fica o seu habitat.

Orquídea com cara de diabo Orquídea da espécie Telipogon diabolicus M. Kolanowska

Um tomate espinhoso

A nova espécie de orquídea encontrada na Colômbia, a Telipogon diabolicus, tem na sua flor o que parece a representação de um diabo. Além disso, tem uma mistura de estruturas reprodutivas masculinas e femininas e é epífita, ou seja, cresce por cima das outras plantas sem se alimentar delas. Na Colômbia há já cerca de 3600 espécies de orquídeas e muitas mais, pensa-se, por descobrir. Uma das más notícias é que esta orquídea está “criticamente em perigo” de extinção.

Um churro vindo do fundo do mar

Tomate da espécie Solanum ossicruentum Jason T. Cantley

Os botânicos já conheciam estes exemplares de tomate há 50 anos, mas confundiam-no com outra espécie, a Solanum dioicum. Agora observaram-no melhor e viram que cresce em arbustos entre um e dois metros de altura no Oeste de Austrália, tem entre 1,5 a 2,5 centímetros de diâmetro e o seu fruto está envolto em espinhos. É duro que nem um osso (esta palavra vai ser importante) quando está maduro e, depois de ser aberto, a sua polpa oxida e passa de um tom verde esbranquiçado para um vermelho cor de sangue, ou seja, é como se sangrasse. Por isso, 150 alunos da Pensilvânia, nos EUA, baptizaram-no com o nome científico Solanum ossicruentum, que combina ossi (que é ossudo) e cruentum (sangrento).

MANAUS JÁ PODE CONTAR COM AS VANTAGENS DE UM ESCRITÓRIO COMPARTILHADO.

Verme marinho da espécie Xenoturbella Churro Greg Rouse

Os oceanos continuam a ser uma surpresa e, desta vez, escondiam-nos um verme marinho muito parecido com os churros que podemos encontrar nas feiras populares. Por isso mesmo, o seu nome científico é Xenoturbella churro, em alusão à massa frita muito conhecida na América Latina, em Espanha e em Portugal. Foi encontrado a cerca de 1722 metros de profundidade no Golfo da Califórnia, no México, e tem cerca de dez centímetros de comprimento. Esta criatura tem boca, mas é desprovida de ânus. A sua tonalidade está entre o rosa e o laranja e pensa-se que se alimente de moluscos, como as amêijoas.

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