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ISSN 1809-466X
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Ano 14 Nº 77 Novembro /Dezembro 2019
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Ano 14 Número 77 2019 R$ 15,00 5,00
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I fesPIM - Feira de Sustentabilidade do PIM Manaus referência em Educação Integral Seminário Internacional de Defesa da Amazônia
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EXPEDIENTE ASDX - I Seminário Internacional de Defesa da Amazônia
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Com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro, ocorreu a solenidade de abertura da primeira edição da Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (I fesPIM), no Studio 5 Centro de Convenções. Com 130 stands sustentáveis a feira – realizada pelo Instituto de Inteligência Socioambiental Estratégica da Amazônia (Piatam), e com a cooperação técnica da Suframa, contou com programação diversificada, incluindo palestras com especialistas...
Inauguração da Usina Hidrelétrica de Belo Monte
Em Vitória do Xingu (PA), o presidente Jair Bolsonaro, sua esposa Michelle Bolsonaro, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o governador do Pará, Hélder Barbalho e outras autoridades participaram da cerimônia de ativação da 18ª e última turbina da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a maior usina 100% brasileira, considerada a quarta maior do mundo. O acionamento da turbina também marcou a inauguração oficial do empreendimento...
DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Artur C. Bandeira, BPBES, Chloé Pinheiro, Diego Queiroz, MMA, Hua Xie, IBGE, Jason Daley, Paula D. de Castro, Ronaldo G. Hühn, Stephanie Roe, Ulf Buntge
FOTOGRAFIAS Alex Pazuello/Semcom, Ascom / Polícia Militar, BPBES/José Sabino, Bryce Vickmark, Bruno Spada/MME, C. Cambon, Cabo Max/MD, Carrington Event, Chico Batata, Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA / Kathryn Mersmann, Divulgação, Harvard SEAS, Hua Xie, IBGE, IPCC, ISS/NASA, ITER, Jonathan Paixão, C. Cambon; Kiara Worth, Layana Rios, Marcos-Correa-PR, Marco Santos/ Ag. Pará, NASA/Agência Espacial Europeia, NASA / JAXA / Hinode / NASA Goddard Space Flight Center, ONU, Rudolph Hühn, Sd Lucas – CCOMSEx, SWNS, Ulf Buntge, University of Maryland, Valdo Leão
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA
Educação integral de Manaus vira referência nacional
DESKTOP Rodolph Pyle
Promovendo mudanças profundas na metodologia e na abordagem aos estudantes, a escola municipal Sérgio Alfredo Pessoa, localizada no bairro Presidente Vargas, zona Sul, passou a se destacar pelos índices educacionais alcançados. A unidade é uma das 13 geridas pela Prefeitura de Manaus que adotaram o conceito da educação integral. “É uma nova maneira de educar, mais participativa e democrática, onde os alunos ganham voz e são os autores das...
Darlingtonia californica, o lírio-cobra recebe esse nome pela aparência de cobra de suas folhas tubulares - repletas CIC I LE ESTA REV de folhas que imitam a língua ou presas bifurcadas de uma cobra. Em vez de engolir ovos como as cobras reais fazem ou puxar nutrientes do solo, como a maioria das plantas, o lírio cobra obtém parte de seu alimento colocando uma armadilha para insetos famintos. Essa é uma das espécimes encantadoras (fascinantes) da Smithsonian, no Museu Nacional de História Natural. Foto: NoahElhardt via Wikimedia
Sustainable Brands São Paulo encerra com sucesso a trilogia The Good Life
NOSSA CAPA
O Pavilhão das Culturas Brasileiras, do Parque do Ibirapuera, ficou completamente lotado nos dias 06 e 07 de novembro com o sucesso do Sustainable Brands SP 2019. O evento, que recebeu 950 pessoas, contou com a presença de profissionais de empresas, empreendedores, inovadores sociais e o público em geral que se identifica com o tema. A inovação do evento começava logo na entrada. Quem chegava, recebia copos retráteis e de material...
Água ativo nacional estratégico e competitivo
Insumo vital, direito humano e elemento crucial para todos os setores estratégicos do país – do agronegócio à indústria, passando por transporte, energia e saúde – a água é o tema central do documento que a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) lançado recentemente durante o 17º Congresso Brasileiro de Limnologia. De autoria de 17 pesquisadores, o sumário para tomadores de decisão do relatório temático “Água...
MAIS CONTEÚDO [20] Mapas dos Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil – IBGE [24] A ciência das mudanças climáticas comemora 40 anos de três eventos [28] Aquecimento dramático projetado nas principais cidades do mundo até 2050 [30] O aquecimento do Ártico vai acelerar as mudanças climáticas e impactar a economia global [34] Esfriar artificialmente o clima da Terra para reduzir o aquecimento com a geoengenharia solar [36] “Sóis em miniatura” geram energia limpa e barata [40] Milhões de “espículas” de plasma podem explicar o calor extremo da atmosfera do sol [42] Energias renováveis quadruplicaram no mundo em 10 anos [44] Voar pelo espaço em vela solar refletiva – sem motores [46] Supermadeira supera o aço e iguala titânio [48] Concreto a partir de vidro reciclado [50] Quantidade de carbono armazenado nas florestas reduzida à medida que o clima se aquece [52] Mudança climática pode piorar a qualidade das pastagens [54] Alimento Sustentável e Agricultura Uma Abordagem Integrada [56] Agricultura pode absorver carbono até 2050, seria a contribuição do setor terrestre para um mundo de 1,5°C [63] Nível do mar sobe com velocidade 2,5 vezes maior do que a do século 20
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Presidente Jair Bolsonaro inaugura primeira edição da fesPIM
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O Exército Brasileiro, por meio do Comando Militar do Norte (CMN), promoveu recentemente o I Seminário Internacional de Defesa e Proteção da Amazônia (Amazon Security and Defence Exhibition – ASDX), no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém, onde foram debatidos temas de Segurança, Defesa, Meio Ambiente e Desenvolvimento, e apresentadas soluções inovadoras da indústria nacional e internacional voltadas para as Forças Armadas, Forças de...
PUBLICAÇÃO Período (Novembro/Dezembro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil
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– I Seminário
Internacional de Defesa da Amazônia
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Exército Brasileiro, por meio do Comando Militar do Norte (CMN), promoveu recentemente o I Seminário Internacional de Defesa e Proteção da Amazônia (Amazon Security and Defence Exhibition – ASDX), no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém, onde foram debatidos temas de Segurança, Defesa, Meio Ambiente e Desenvolvimento, e apresentadas soluções inovadoras da indústria nacional e internacional voltadas para as Forças Armadas, Forças de Segurança Pública e Agências de Governo, além de tecnologias que contribuam com o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A Força Terrestre participou de forma representativa com palestras e um espaço específico na exposição que integra o evento. Essa primeira edição reúne 15 delegações oficiais e 21 marcas expositoras e um grande número de profissionais que atuam nas áreas de defesa, segurança, desenvolvimento sustentável e meio ambiente na Amazônia.
Fotos: Ascom / Polícia Militar, Cabo Max/MD, Sd Lucas – CCOMSEx
O Comandante Militar do Norte (CMN), General de Exército Paulo Sérgio, durante a abertura do ASDX, com o tema: “Defesa e proteção da Amazônia Brasileira”
Abertura e palestras O Seminário foi aberto pelo Comandante Militar do Norte, General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ressaltando a relevância e o ineditismo do evento: “De forma inédita organizamos esse seminário internacional. E é muito importante reunir profissionais especializados para pensar, discutir problemas, propor soluções e tratar de assuntos relativos à nossa Amazônia nos seus diversos campos, como defesa, proteção, segurança, meio ambiente e infraestrutura”, explicou o General Paulo Sérgio.
Comandante Superior das Forças Armadas na Guiana Francesa, Major-Brigadeiro do Ar Didier Looten destacou que o contato dos órgãos de defesa dos dois países tem sido sempre muito próximo
O Comandante Militar da Amazônia, General de Exército César Augusto Nardi de Souza, durante a palestra de abertura
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O Comandante Militar da Amazônia, General de Exército César Augusto Nardi de Souza, também participou da palestra de abertura e abordou, entre outros assuntos, o desafio de defender a Amazônia e as estruturas militares que compõem essa defesa. Além disso, destacou a participação do Exército nas ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) de combate aos crimes ambientais por ocasião da Operação Verde Brasil. Durante a tarde, os visitantes puderam conferir as palestras “A Ação Humanitária de Acolhimento de Venezuelanos”, ministrada pelo Coordenador da Força-Tarefa Logística Humanitária em Roraima, General revistaamazonia.com.br
de Divisão Eduardo Pazuello e “A Cooperação entre as Forças Armadas da Guiana Francesa e as Forças Armadas Brasileiras em Operações na Faixa de Fronteira”, do Comandante Superior das Forças Armadas na Guiana Francesa, Major-Brigadeiro do Ar Didier Looten. O dia finalizou com o painel “A Amazônia Brasileira e a Estratégia Nacional de Defesa”, com a participação do Diretor Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, Tenente-Brigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar.
Segurança pública e inteligência Como promover a segurança estratégica e as ferramentas para alcançar esse objetivo foi o foco das discussões do segundo dia do ASDX. Temas como geopolítica, inteligência e logística foram tratados pelos palestrantes e painelistas convidados para o evento. O dia iniciou com o painel “Desafios da Segurança Pública na Região Amazônica e Propostas de Soluções”, liderado pelo Secretário Nacional de Segurança Pública, General de Exército Guilherme Cals Theophilo
Gaspar de Oliveira, com representantes da segurança pública dos estados do Amazonas, Pará e Amapá. Em continuidade, o Coronel Ronaldo Barbosa da Silveira, do Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército, palestrou sobre “O SISFRON e o Comando e Controle na Amazônia”. De acordo com o Secretário Nacional de Segurança Pública, General de Exército da reserva Guilherme Theophilo, a tecnologia pode ser grande aliada na prevenção e na diminuição da criminalidade. “Nós, por exemplo, no projeto Em Frente Brasil, temos uma playlist de cinco cidades do Pará
. Acompanhamos onde estão as viaturas da PM e as manchas de roubos e homicídios. Temos todas as estatísticas, de um dia para o outro, tanto no meu computador como no do Ministro Sérgio Moro. É isso que nós queremos implantar no Brasil inteiro”, afirmou o General. Na parte da tarde, no auditório principal, sobre o tema “O Apoio Logístico às Operações na Selva”, desenvolveu-se um debate integrador de conhecimento e de ideias entre os Comandantes da 12ª Região Militar, General de Divisão Carlos Alberto Maciel Teixeira, da 8ª Região Militar, General de Divisão Anisio David de Oliveira Júnior, do 4º Distrito Naval, Vice-Almirante Newton de Almeida Costa Neto, da ALA 9, Brigadeiro do Ar Ricardo José Freire de Campos, e o Chefe do Centro de Coordenação de Operações Logísticas, General de Brigada Miriano Valdoni Eder. Nas outras duas salas os temas foram: “A Atividade de Inteligência na Defesa e Proteção da Amazônia”, ministrado pelo representante do Centro de Inteligência do Exército, Coronel Daniel Pechin Tavares; e, finalizando, “A Geopolítica do Entorno Estratégico”, pelo representante do Centro de Estudos Estratégicos do Exército, Tenente-Coronel Oscar Medeiros Filho. Ao longo do dia, os expositores nacionais e internacionais mostraram aos visitantes o que existe de mais moderno nas áreas de segurança, defesa e meio ambiente.
Desenvolvimento sustentável e Operações na Selva encerram ASD O último dia do ASDX, trouxe a discussão sobre as operações na selva e a sustentabilidade para o desenvolvimento da área. Cerca de mil participantes acompanharam os painéis e as palestras sobre o tema. “Desafios para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia” foi o tema do painel que abriu o último dia do seminário, com a presença do Diretor de Patrimônio Imobiliário e Meio Ambiente do Exército, General
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de Brigada Paulo Alípio Branco Valença, e do Reitor da Universidade Federal do Pará, Dr. Emmanuel Zagury Tourinho. Em seguida, a palestra sobre o “Curso de Operações na Selva” foi ministrada pelo Comandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva, Coronel Mário Flávio de Albuquerque Brayner. À tarde, o painel “A Importância dos Projetos Estratégicos das Forças Armadas para a Defesa e Proteção da Amazônia”, contou com as presenças do Chefe do Estado-Maior do Exército, General de Exército Walter Souza Braga Netto, e do Comandante do 4º Distrito Naval, Vice-Almirante Newton de Almeida Costa Neto. A ASDX foi finalizada com a palestra “A Colômbia e as Operações na Selva”, do Adido da Colômbia, Coronel Raul Alonso Parra Bayona. Para ele, esse tipo de atividade é imprescindível, pois, além de congregar os países que fazem parte da Amazônia, é uma oportunidade de conceber ações conjuntas para defender e proteger esse bioma tão importante para todo o planeta.
Helder com o Comandante Militar do Norte, General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, no estande da Polícia Militar do Pará
Durante o encerramento do evento, o Comandante Militar do Norte, General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, falou sobre a importância desse tipo de evento para a região amazônica, ressaltando a qualidade das palestras e dos debates, e agradeceu a parceria de todos os envolvidos no seminário.
Exposição
Apresentação do Chefe do Estado-Maior do Exército, General de Exército Walter Souza Braga Netto
Governador do Pará, Helder Barbalho, visitando os estandes na ASDX
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Os participantes puderam visitar uma exposição feita por instituições e empresas nacionais e estrangeiras, que apresentaram o que há de mais moderno nas áreas da ASDX, além de demonstrações de equipamentos. No decorrer do evento, foram apresentadas soluções inovadoras de indústrias nacionais e internacionais voltadas às Forças Armadas, forças de segurança pública, agências de governo e tecnologias que podem contribuir para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Como força de segurança pública que compõe o cenário amazônico, a Polícia Militar do Pará participou da exposição, sendo representada em dois estandes pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e Batalhão de Polícia Tática (BPOT). “Enquanto o BPA representa a ação no ambiente rural, o BPOT representa nossa ação no ambiente urbano, demonstrando que a PM também está capacitada para agir em defesa da Amazônia e do povo paraense”, complementou o coronel Marcelo Ronald Botelho.
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Estande do Ministério da Defesa Estande do Comando Militar do Norte
Estande da Marinha do Brasil Estande da Força Aérea Brasileira
Estande da 23ª Brigada de Infantaria de Selva
Estande da Força Aérea Brasileira
Participantes A ASDX integra Ministério da Defesa, Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, Força Aérea Brasileira, órgãos da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) e outras entidades públicas e privadas relacionadas à área da segurança na região. Entre as instituições participantes estavam, ainda, delegações da Guiana Francesa, Chile, Argentina, Equador, Países Baixos, Colômbia, Canadá, Peru, República do Suriname, Estados Unidos, Polônia, França e Áustria. O seminário reuniu representantes das forças de segurança e de outras entidades públicas e privadas
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[*] Fonte: Centro de Comunicação Social do Exército
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Presidente Jair Bolsonaro inaugura primeira edição da fesPIM Bolsonaro voltou a defender a importância dos vastos recursos naturais da Amazônia para o desenvolvimento de todo o País
por *Diego Queiroz
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om a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro, ocorreu a solenidade de abertura da primeira edição da Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (I fesPIM), no Studio 5 Centro de Convenções. Com 130 stands sustentáveis a feira – realizada pelo Instituto de Inteligência Socioambiental Estratégica da Amazônia (Piatam), e com a cooperação técnica da Suframa, contou com programação diversificada, incluindo palestras com especialistas nacionais e internacionais, exposição e comercialização de produtos e ações de disseminação de projetos e ações sustentáveis, mostrando a importância estratégica do PIM para o crescimento socioeconômico de todo o País com base em conceitos de sustentabilidade, tecnologia e desenvolvimento.
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Fotos: Alex Pazuello/Semcom, Chico Batata, Layana Rios, Marcos-Correa-PR, Valdo Leão
O discurso inaugural da solenidade foi realizado pelo superintendente da Suframa, Alfredo Menezes, que definiu inicialmente a fesPIM como “novo conceito de defesa do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) e de valorização do Polo Industrial de Manaus como indústria verde do País”.
Além de agradecer a presença do presidente Jair Bolsonaro e da primeira-dama Michelle Bolsonaro – sinal do “amor do presidente pela Amazônia e pelo Brasil” –, bem como a confiança de todos os patrocinadores e empreendedores que acreditaram e apostaram na realização do evento, ele disse que a feira tem importância estratégica para a região considerando o atual cenário econômico, político e ambiental do Brasil e as perspectivas futuras da ZFM no contexto do desenvolvimento regional. Em seguida, o Coronel Alfredo Menezes, apresentou números que demonstram o crescimento da Indústria nos últimos meses: A Indústria apresentou até agosto deste ano, um crescimento de 7,53% em relação a agosto do ano passado, o que segundo ele é o maior crescimento nos últimos seis anos. “Isso reflete diretamente na manutenção de quase 90 mil empregos diretos e 360 mil indiretos, o que representa 20% da população manauara e a importância dessa Feira que é o único modelo econômico constitucional do país”, disse. Alfredo Menezes, destacou também que o “modelo representa a fonte de riqueza local e a demonstração de que o desenvolvimento e a tecnologia podem andar lado a lado para a preservação da floresta”.
O Superintendênte da Zona Franca de Manaus (Suframa), Coronel Alfredo Menezes, apresentou números que demonstram o crescimento da Indústria nos últimos meses
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O presidente do Piatam, Alexandre Rivas, deu início à programação de palestras da fesPIM
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, defendeu a manutenção dos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus para garantir a preservação da floresta amazônica. A economia precisa estar ligada à ideia de sustentabilidade
O superintendente disse que no mês de setembro, a Indústria apresentou crescimento de 17%, segundo dados da Receita Federal e que no mês passado, o PIM alcançou 80% da sua capacidade total instalada. Além disso, Menezes falou sobre a expectativa da criação de pelo menos nove mil novos postos e faturamento recorde de vendas em dezembro. No encerramento, ratificou mais uma vez que o modelo ZFM, criado pelos colegas militares no final da década de 1960, e hoje com apelo centrado na tecnologia, inovação e bioeconomia, representa fonte de riqueza para a economia nacional e demonstra que desenvolvimento e progresso econômico podem caminhar lado a lado com a defesa e a proteção da floresta”, complementou.
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O presidente do Instituto Piatam, Alexandre Rivas, afirmou durante o seu pronunciamento que o Polo Industrial de Manaus é o maior projeto de proteção de floresta tropical. “A Zona Franca é um dos melhores ambientes de negócios da economia nacional para gerar investimentos, gerar oportunidades de emprego e renda e melhoria da qualidade de vida do nosso povo. É preciso migrarmos para a bioeconomia”, frisou Alexandre. Na sequência, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, e o governador do Amazonas, Wilson Lima, fizeram uso da palavra. Neto lembrou que esta é a segunda vinda de Bolsonaro a Manaus em aproximadamente quatro meses e disse
que o presidente tem sido correto ao dizer que manterá as prerrogativas da Zona Franca de Manaus, mas cobrou também mais investimentos, principalmente, em infraestrutura e capital intelectual na região. Ele também fez questão de elogiar a indicação do superintendente Alfredo Menezes para o cargo e a adoção de critérios técnicos, em detrimento de motivações políticas, para a ocupação de cargos na Suframa.O governador Wilson Lima, por sua vez, também agradeceu a deferência do presidente Jair Bolsonaro ao Estado do Amazonas em nova visita oficial e disse que a fesPIM é um evento importante porque reforça o conceito de que a Zona Franca de Manaus é fundamental para manter preservados os ativos ambientais. “Todos os dias mostramos para o Brasil e para o mundo que uma indústria forte no Estado do Amazonas significa um sistema forte de proteção ao meio ambiente, que a relação entre a produção industrial e a proteção das florestas é direta. Mas precisamos também caminhar em outras frentes e estamos fazendo isso”, disse o governador. Encerrando a solenidade, o presidente da República, Jair Bolsonaro, iniciou seu discurso agradecendo empreendedores e empresários de fora do País que acreditam no Brasil e citando avanços recentes que evidenciam um momento positivo da economia nacional, entre os quais a redução da taxa de juros para 5% - menor patamar da história -, a inflação abaixo da meta e a diminuição do Risco Brasil. “É a volta da confiança em nosso País, fruto do trabalho de um governo que escolheu 22 ministros por critérios técnicos e, em função disso, vem dando certo, graças a Deus”, afirmou Bolsonaro. Durante seu discurso, Bolsonaro voltou a citar a “cobiça” de países estrangeiros nas riquezas da região. “Estamos aqui no pedaço de terra mais rico do mundo em minerais, biodiversidade, água potável, grandes áreas e a cobiça existe sobre essa região e nós devemos nos preocupar com isso”, disse.
O governador de Roraima, Antônio Denarium, governador do Amazonas, Wilson Lima, o presidente Jair Bolsonaro, o governador do Acre, Gladson Cameli11 eo REVISTA AMAZÔNIA superintendente da Suframa, Coronel Alfredo Menezes
“E a Zona Franca de Manaus veio exatamente para mostrar que a Amazônia é nossa, para integrá-la ao resto do nosso país”. “Não podemos continuar pobres pisando num solo rico, isso precisa mudar. Olha o que nós temos e o que nós não somos. O que falta? Falta cada um de nós fazer nossa parte. Deus foi generoso demais para conosco. Vamos mudar o destino do Brasil”, finalizou o presidente. A solenidade contou com a participação do governador Wilson Lima, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Yedo Simões, a presidente do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins, o governador do Acre, Gladson Cameli, o governador de Roraima, Antônio Denarium, deputados federais, estaduais e vereadores.
Ciclo de palestras do I fesPIM Teve a participação de especialistas e profissionais de renome nacional e internacional que atuam na discussão de iniciativas sustentáveis em prol do desenvolvimento da Amazônia e do Brasil. O papel estratégico exercido pela Zona Franca de Manaus visando à conservação da Amazônia e os desafios e oportunidades do modelo para
ampliar os índices de desenvolvimento da região estiveram entre os principais tópicos e temas difundidos no evento. O presidente do Instituto de Inteligência Socioambiental Estratégica da Amazônia (Piatam), Alexandre Rivas, deu início à programação de palestras da fesPIM, abordando instrumentos econômicos para a proteção da Amazônia. O professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Márcio Holland, abordou as diretrizes do estudo finalizado pela FGV neste ano e denominado “Zona Franca de Manaus – Impactos, efetividade e oportunidades”. Demonstrou a importância da ZFM ao longo das últimas cinco décadas, citando resultados como a constituição de um sofisticado parque industrial na região e como o PIM contribuiu para a preservação ambiental da região.
Em visita aos estandes Shopping do Artesanato
Encerramento Balanço da I fesPIM Em sua primeira edição realizada na capital amazonense, a I Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (fesPIM), foi um sucesso, atraindo cerca de 25 mil visitantes durante os dias 27, 28 e 29 de novembro, no Studio 5. Os participantes do evento,
tiveram acesso a uma área de exposição composta por 120 empresas, universidades, órgão públicos, associações e outros, além de poderem assistir palestras sobre assuntos relacionados à sustentabilidade com palestrantes de renomes nacionais e internacionais.
Durante a primeira Rodada de Agronegócios da 1ª fesPIM
Na opinião dos visitantes, expositores e palestrantes a I fesPIM teve pleno sucesso O gerente do Departamento de Responsabilidade Social Corporativa da Daikin, Kazuma Koyama abordou sistema inovador que contribui com a redução do aquecimento global
Segundo o prefeito de Manaus a fesPIM é um evento inovador, importante, original e democrático, que dialoga com todos os públicos. É isso que nós precisamos: de investimento em educação, tecnologia e sustentabilidade, para inserir a economia do nosso Estado na quarta revolução industrial
Márcio Holland, professor da FGV EESP e exsecretário de Política Econômica do Ministério da Economia, falou sobre os desafios e as oportunidades do modelo Zona Franca de Manaus
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Inauguração da Usina Hidrelétrica de Belo Monte Fotos: Bruno Spada/MME, Marcos Corrêa/PR, Marco Santos/Ag. Pará, Autoridades federais, estaduais e municipais na casa de força de Belo Monte, durante a solenidade de inauguração oficial da hidrelétrica
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m Vitória do Xingu (PA), o presidente Jair Bolsonaro, sua esposa Michelle Bolsonaro, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o governador do Pará, Hélder Barbalho e outras autoridades participaram da cerimônia de ativação da 18ª e última turbina da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a maior usina 100% brasileira, considerada a quarta maior do mundo. O acionamento da turbina também marcou a inauguração oficial do empreendimento, que poderá operar com capacidade total, de 11.233,1 megawatts (MW), e quantidade média de geração de energia de 4.571 MW. Os estudos de viabilidade para a implantação da usina começaram em 1975, mas a obra só foi iniciada em 2011, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e durou pouco mais de oito anos.
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O contrato de Belo Monte, arrematada em leilão pelo consórcio Norte Energia, é de 35 anos, com data inicial de agosto de 2010. Orçada em R$ 19 bilhões, a construção da usina foi praticamente toda financiada com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia gerada por Belo Monte vai atender cerca de 18 milhões de residências, o que equivale a uma população de 60 milhões de pessoas em todos os estados do país. “A produção de energia de Belo Monte representa 7% da capacidade total da produção brasileira. Com todas as unidades geradoras da usina funcionando simultaneamente, são capazes de suprir 10% da demanda do mercado nacional”, destacou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O ministro ainda lembrou que, durante as obras de Belo Monte, foram gerados mais de 30 mil empregos diretos e usada uma quantidade de concreto capaz de erguer 37 estádios do tamanho do Maracanã.A área alagada da usina é de 478 quilômetros quadrados (km²). Os reservatórios da usina ficam localizados entre os municípios de Altamira, Brasil Novo e Vitória do Xingu. Já a área de abrangência da usina ainda alcança outros dois municípios: Anapu e Senador José Porfírio.
Acionamento da turbina marcou a inauguração oficial da quarta maior hidrelétrica do planeta, totalmente brasileira
Custo da energia Em seu discurso, o governador do Pará, Hélder Barbalho, destacou o tamanho da obra e reforçou a vocação do estado para a produção hidrelétrica. O Pará também abriga a segunda maior usina 100% brasileira, que é a de Tucuruí. Barbalho ponderou, no entanto, que os consumidores paraenses ainda pagam um custo alto de energia. “O mesmo estado que produz e exporta energia, hoje é a terceira conta de energia mais cara do Brasil, fazendo com que o povo paraense sofra de manei-
ra absolutamente decisiva”, afirmou. O governador defendeu que a Aneel deve buscar estratégias para diminuir o custo de energia aos estados produtores. Barbalho também criticou a forma de cobrança dos tributos relacionados à energia, que prejudica, segundo ele, os estados geradores. “A geração de energia não deixa qualquer tributo para o estado gerador. A energia produzida aqui, presidente [Jair Bolsonaro], indo para São Paulo, o ICMS da nossa energia é cobrado lá em São Paulo, gerando dividendo para outro estado da federação. Isso precisa ser repensado, ser reavaliado, num equilíbrio tributário que possa favorecer, sim, todas as unidades da federação, mas não ferir de morte os estados que cooperam e colaboram com o nosso país”.O presidente não fez pronunciamento na ocasião.
Benefícios sociais e redução de impactos ambientais
Casal Jair, Michelle Bolsonaro, Hélder Barbalho, e Bento Albuquerque
Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, discursando na solenidade de inauguração da UHE Belo Monte
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O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, enalteceu os diversos benefícios advindos da construção de Belo Monte, como a geração de mais de 30 mil empregos diretos e da realização de mais de 5 mil ações socioambientais nos municípios da região, com aplicação de mais de R$ 6 bilhões. “Durante toda a obra e, de agora em diante, por toda a operação, os programas socioambientais continuarão sendo executados, fiscalizados e acompanhados pelos órgãos ambientais, sempre buscando reduzir impactos sobre o meio-ambiente e maximizar os resultados para a sociedade”, ressaltou. “Destaco e enalteço – concluiu -, especialmente, os esforços, a competência e a bravura de todos que trabalharam direta e indiretamente para a realização dessa obra magnífica, por todo e qualquer aspecto que seja considerado”.
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Belo Monte é classificada como uma “usina a fio d’água”*, e conta com dois reservatórios interligados por um Canal de Derivação com 20 quilômetros de extensão. Este novo arranjo garantiu que nenhuma terra indígena fosse alagada pelo empreendimento. O Reservatório Principal possui 359 km2, sendo que 228 km2 já eram a própria calha do rio Xingu. Já o Reservatório Intermediário abrange 119 km².
Paulo Roberto Ribeiro, presidente do Consórcio Norte Energia, responsável pela construção do empreendimento, na solenidade de inauguração
Presidente Jair Bolsonaro e a Primeira Dama, Sra. Michelle Bolsonaro, durante cerimônia de inauguração da Usina Belo Monte
Compensação Ambiental Para compensar o impacto ao meio ambiente, o consórcio Norte Energia já realizou mais de cinco mil ações nos últimos nove anos em cinco municípios da região onde se encontra Belo Monte, totalizando R$ 6.3 bilhões em investimentos.
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Educação integral de Manaus vira referência nacional Escola Municipal de Educação Integral é destaque em diversas ações
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romovendo mudanças profundas na metodologia e na abordagem aos estudantes, a escola municipal Sérgio Alfredo Pessoa, localizada no bairro Presidente Vargas, zona Sul, passou a se destacar pelos índices educacionais alcançados. A unidade é uma das 13 geridas pela Prefeitura de Manaus que adotaram o conceito da educação integral. “É uma nova maneira de educar, mais participativa e democrática, onde os alunos ganham voz e são os autores das principais transformações em sua vida. A Semed, sob a coordenação da professora Kátia Helena, tem investido em novas metodologias, envolvendo alunos, pais e educadores, que se somam à mudança significativa que iremos promover na infraestrutura da educação básica, a partir da entrega dos novos Centros Integrados Municipais de Educação”, destacou o prefeito Arthur Virgílio Neto. Desde que iniciou esse processo, a escola começou a avançar em diversos âmbitos, sobretudo no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – que subiu de 4,6, em 2015, para 7,1, em 2017, e superou a meta estipulada, que era de 5,8. Além disso, na mesma medição, a escola apresentou taxa de 100% de aprovação. Para a secretária municipal de educação, Kátia Schweickardt, as escolas de educação integral de Manaus são destaques nacional. “Sergio Pessoa, Waldir Garcia, Hermann Gmeiner são referências no município, nacional e até internacionalmente, porque foram escolas que adotaram a educação integral como conceito, mudaram práticas, metodologias, e estão conseguindo um desempenho melhor de seus alunos.
Fotos: Cleomir Santos e Eliton Santos / Semed Segundo o prefeito Arthur Virgílio Neto, a Semed, está implantando uma nova maneira de educar, mais participativa e democrática, onde os alunos ganham voz e são os autores das principais transformações em sua vida
Desde que iniciou esse processo, a escola começou a avançar em diversos âmbitos, sobretudo no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)
Vale destacar que os professores também se reinventaram e se veem como protagonistas desse processo.
Alunos ganham voz e são os autores das principais transformações em sua vida
“É uma nova perspectiva de fazer educação, sobretudo em situações de alta vulnerabilidade”, afirmou. 16
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E esse comprometimento dos educadores trouxe diversos resultados positivos para a unidade de ensino que, além da melhora no Ideb, teve a indicação da gestora da escola, Regeane Benevides, para o prêmio “Educador Nota 10”, ficando entre as semifinalistas. Mais recentemente, a escola concorreu ao prêmio “Crianças Mais Saudáveis”, promovido pela Fundação Nestlé Brasil, recebendo capacitação e R$ 35 mil para investir em benfeitorias relacionadas à saúde das crianças. De acordo com Regeane, trabalhar a educação integral gerou encantamento entre gestores e professores. “Uma educação diferente, onde nós estamos preocupados com as crianças como um todo, tanto na parte emocional como na intelectual. Os alunos passam o dia na escola e isso é muito bom, porque nós podemos tratar a escola como uma segunda casa. Sempre digo que a escola tem que abraçar o aluno mesmo”, comentou.
Da escola para a vida A realização de projetos, como o premiado pela Fundação Nestlé, auxilia o desempenho dos estudantes. “Isso fortaleceu nosso trabalho pedagógico na escola, porque sabemos que uma criança bem alimentada e que pratica esportes aprende muito mais”, defendeu a gestora da escola municipal Sérgio Alfredo Pessoa, Regeane Benevides. Outro projeto premiado é o “Resgatando brincadeiras antigas: menos tecnologia, mais diversão”, do professor de educação física Manuel Galvão. O projeto foi selecionado para participar do Programa Ciência na Escola (PCE), desenvolvido na Semed em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
“Fiz um projeto de resgate de brincadeiras antigas que começou em julho e termina em dezembro, com a produção de um livreto contendo 30 brincadeiras para distribuir para as crianças da escola. A gente integrou esse trabalho com as aulas de educação física. Os alunos relatam que as brincadeiras extrapolaram o muro da escola e foram parar nas casas deles”, comentou Galvão. Além dos projetos, na Sérgio Pessoa acontecem assembleias onde as crianças atuam diretamente com opiniões, sugestões e soluções para as situações que ocorrem na escola. Além disso, os alunos participam de clubinhos, como o de jardinagem. Para a aluna Mylove Dine Jousainvil, 8, que é do Haiti e está na unidade de ensino há quaro anos, esta é a atividade favorita.
Joaquim Gonzaga Pinheiro, estudante do 7º ano da escola municipal Joaquim Gonzaga Pinheiro, conquistou uma Medalha de Ouro, no nível 1, da 15ª edição das Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas (Obmep)
Bons Frutos Recentemente o estudante do 7º ano da E.M. Joaquim Gonzaga Pinheiro, localizada na zona Oeste, conquistou uma Medalha de Ouro, no nível 1, da 15ª edição das Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), realizada nesta semana. “Eu sempre fico muito feliz e orgulhoso com as conquistas como do estudante Daniel, que venceu com muito talento mais de 150 estudantes de todo o Brasil nessa reconhecida competição de matemática. É uma conquista que coloca Manaus no mais alto lugar do pódio e nos faz ter a certeza, mais uma vez, que estamos no caminho certo, de investir pesado na qualidade do ensino e infraestrutura da educação. Parabéns Daniel, professores e toda equipe da escola Joaquim Gonzaga Pinheiro”, destacou o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. revistaamazonia.com.br
Arthur Neto,disse que a obra deve ser entregue no final de dezembro e já no início de 2020 estará integrada à rede municipal de ensino
Centros Integrados Municipais de Educação (Cimes) O primeiro dos quatro Centros Integrados Municipais de Educação (Cimes), que está sendo construído no Distrito Industrial, recentemente recebeu a inspeção do prefeito Arthur Virgílio Neto que vistoriou os serviços no local e disse que a expectativa é que a unidade seja inaugurada até o final deste ano, marcando uma nova etapa na educação em Manaus. Cada unidade do Cime – uma de educação infantil e outra de ensino fundamental – tem 12 salas de aula, amplas unidades administrativas, área para brincar, quadras poliesportivas e solários”, destacou o prefeito.“Fico até emocionado, porque nos melhores sonhos a gente imaginava que isso poderia acontecer para a classe média e nunca para as classes mais populares da cidade”, completou. “Em matéria de estrutura, não conheço nenhuma escola de Manaus que tenha a oferecer o que nós vamos oferecer à população.
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Sustentabilidade e biodiversidade Um dos principais compromissos da Hydro é investir na reabilitação de áreas de mineração para devolver à sociedade um ambiente semelhante ao existente antes do início de suas atividades. Desde 2009, quando o programa de reflorestamento foi iniciado, até dezembro de 2018, alcançamos uma área total de 2.100 hectares no processo de recuperação. Nossos viveiros produzem entre 150 mil e 200 mil mudas de espécies nativas por ano.
Consórcio de Pesquisa Brasil-Noruega: Trabalhamos com o melhor da tecnologia para aprimorar a cadeia de valor do alumínio e garantir que ele seja parte de um futuro mais sustentável. Um exemplo do nosso comprometimento é o Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil-Noruega (BRC), uma iniciativa que reúne pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade Rural da Amazônia (UFRA), do Museu Paraense Emilio Goeldi, da Universidade de Oslo (UiO), profissionais da Hydro no Brasil e na Noruega. A parceria já resultou em 13 projetos de pesquisa relacionados a temas como efeito estufa, fauna e solo, entre outros. Além disso, o Consórcio já identificou espécies nunca catalogadas na Amazônia.
hydro.com/brasil @hydronobrasil Norsk Hydro @hydronobrasil revistaamazonia.com.br
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Mapas dos Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil – IBGE Fotos: IBGE
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE apresentou recentemente as bases teórico-conceituais e os referenciais metodológicos que fundamentaram e nortearam a elaboração do mapa Biomas e sistema costeiro-marinho do Brasil: compatível com a escala 1:250 000, bem como os procedimentos específicos, justificativas e tomadas de decisão atinentes ao desenvolvimento do traçado de cada um dos limites entres os seis biomas existentes – Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa, Pantanal – e o ambiente recém-introduzido: o Sistema Costeiro-Marinho. O Mapa, divulgado em conjunto com o relatório metodológico, busca atender as expectativas de diferentes setores da sociedade interessados em um mapeamento mais detalhado que o apresentado no Mapa de biomas do Brasil: primeira aproximação, lançado, em 2004, na escala 1:5.000 000, em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente. Acredita-se que o novo mapa Biomas e sistema costeiro-marinho do Brasil: compatível com a escala 1:250 000, junto com o relatório metodológico, constituam valiosos documentos na representação de um recorte físico-biótico do País, contribuindo, assim, com a gestão sustentável dos recursos naturais, desde a sua popularização na educação básica, até o apoio ao estabelecimento de políticas públicas, disse o João Bosco Azevedo Diretor de Geociências do IBGE agradecendo a todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização do trabalho.
-70°
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Trinidad and Tobago
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Paraguai Chile
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OCEANO ATLÂNTICO
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Uruguai
Argentina
-30°
Biomas
LIMITES
Amazônia
Estadual
Caatinga
Fronteira Nacional Fronteira Internacional
Cerrado
Mar Territorial (12 milhas)
Mata Atlântica -40°
Pampa Pantanal
Esc. 0
-80°
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-60°
Já o sistema costeiro-marinho é composto por uma parte marítima (93,73%) e por uma parte continental (6,27%). Esta última ocupa 1,7% do território continental brasileiro.
-50°
200
1:12.000.000 400
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800
-40° 1.000 Km
Projeção Policônica Datum SIRGAS 2000 Meridiano de Referência: 54°W. Gr. Paralelo de Referência: 0°
Sistema Costeiro-Marinho
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10°
Venezuela
Diversidade Os estados com maior diversidade de biomas são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais, cada um com três. No Mato Grosso, são encontrados os biomas da Amazônia, Cerrado e Pantanal. No Mato Grosso do Sul, tem Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica. Em Minas e Bahia, existem áreas de Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga.
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-40°
-40°
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A maior parte do sistema costeiro está na Amazônia (42%). O Pampa concentra 25% e a Mata Atlântica, apesar de ocupar a maior porção da costa brasileira, tem apenas 20% do sistema costeiro-marinho.
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A parte continental do Sistema Costeiro-Marinho ocupa o sétimo lugar em extensão – observado o compartilhamento territorial com os biomas – no conjunto do Mapa ora apresentado. Está presente em todos os estados, 17 situados ao longo da costa brasileira, obviamente, mas suas ocorrências mais expressivas estão no Rio Grande do Sul, no Pará e no Maranhão. De acordo com o IBGE, o mapa é resultado de um aprimoramento de processos de investigação, revisão bibliográfica e levantamentos de campo, que entre outras coisas, verificaram o ambiente físico local e os indícios da vegetação original. Ainda segundo o instituto, o aprimoramento do mapa contribui para a gestão sustentável dos recursos naturais.
Resultado do aprimoramento do limite entre os biomas Amazônia e Cerrado, obtido por meio das investigações, verificações de campo, discussões e referências bibliográficas, podem ser observados na Figura acima
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Esse Gráfico apresenta os valores absolutos das áreas ocupadas originalmente por cada bioma e pelo Sistema Costeiro-Marinho, segundo as Grandes Regiões e as Unidades da Federação.
O Bioma Amazônia é o mais extenso e ocupa quase toda Região Norte do País (93,2%). Engloba inteiramente os Estados do Amazonas, Roraima, Acre e Amapá, quase todo os Estados do Pará e de Rondônia, e partes dos Estados de Mato Grosso, Maranhão e Tocantins.O Cerrado, segundo bioma em extensão, está presente em todas as Grandes Regiões brasileiras, mas com maior expressão no Centro-Oeste, onde ocupa 56,1% da superfície. As maiores áreas do Cerrado provêm dos Estados de Mato Grosso, Goiás (quase todo inserido neste bioma) e Minas Gerais, sua principal ocorrência na Região Sudeste. Vale destacar que o Distrito Federal está 100% inserido no Bioma Cerrado, bem como quase a totalidade do Estado do Tocantins. A Mata Atlântica aparece como terceiro bioma em extensão no País, e está presente em 15 estados da federação; inclui completa ou parcialmente todos os estados litorâneos do Brasil, desde o Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, e mais os Estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. Ocorre, de fato, na maior parte da Região Sudeste: engloba todos os Estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, e quase todo o Estado de São Paulo. Na Região Sul, abrange integralmente o Estado do Paraná e, parcialmente, o de Santa Catarina. O Bioma Caatinga ocupa a quarta posição em extensão no País e ocorre quase que exclusivamente na Região Nordeste, tendo uma área de ocorrência também no Estado de Minas Gerais. No Nordeste, ocupa todo o Estado do Ceará e só não está presente no Estado do Maranhão. O Bioma Pampa ocupa o quinto lugar em extensão e encontra-se restrito a uma única Grande Região e a um único estado da federação, o Rio Grande do Sul, do qual recobre 68,8%. O Bioma Pantanal, é o menor e se encontra totalmente inserido nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com extensão significativamente maior neste último.
[*] O mapa e os dados do levantamento podem ser acessados em: https://www.ibge.gov.br/apps/biomas/
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Parauapebas tem a melhor gestão fiscal do Pará, segundo Índice Firjan Fotos: Ascom PMP, Felipe Borges
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om a nota 0,8096, Parauapebas conquistou a classificação de “Gestão de Excelência”. O município foi o 1º colocado no ranking estadual do Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) e o 5º da região Norte. O estudo foi elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com base em dados fiscais oficiais de 2018. O índice é inteiramente construído com base em resultados fiscais oficiais, declarados pelas próprias prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN), e é composto por quatro indicadores: Autonomia, Gastos com Pessoal, Investimentos e Liquidez. A leitura dos resultados é bastante simples, a pontuação varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próxima de 1, melhor a gestão fiscal do município. Com o objetivo de estabelecer valores de referência que facilitem a análise, foram convencionados quatro conceitos para o IFGF: Gestão de Excelência: resultados superiores a 0,8 ponto. Boa Gestão: resultados entre 0,6 e 0,8 ponto. Gestão em Dificuldade: resultados entre 0,4 e 0,6 ponto. Gestão Crítica: resultados inferiores a 0,4 ponto.
Parauapebas, dentre os 410 dos 450 municípios da região Norte, foi o 1º colocado no ranking estadual e o 5º da região Norte, em termos de gestão fiscal na região em 2018. Parauapebas (PA) ocupou a quinta melhor gestão da região com nota máxima no IFGF Investimentos e excelência no IFGF Autonomia e no IFGF Gastos com Pessoal.
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A Prefeitura de Parauapebas alcançou a nota máxima no quesito investimentos, dado destacado por outro estudo divulgado recentemente, o anuário Multicidades que apontou Parauapebas como o segundo município paraense que mais realizou investimentos em 2018. O IFGF apresenta uma radiografia das contas públicas municipais de todo o Brasil e pode ser acessado em https://www.firjan.com. br/ifgf/. Foram analisados 5.337 municípios em todo o país. Só na Região Norte, 410 prefeituras tiveram suas contas avaliadas. Todos os índices positivos que a Prefeitura tem alcançado recentemente provam que esse é o caminho certo – com um trabalho sério e eficiente de gestão, que traz de volta os bons tempos de uma Parauapebas boa para todos. Além de que a Prefeitura mantém em ordem todas as contas e paga rigorosamente em dia todos os fornecedores e a folha de pagamento dos servidores. A eficiência fiscal e de gestão financeira de Parauapebas também é comprovada por meio da conquista de financiamentos de grande porte para investir em obras que mudam a vida das pessoas, como é o caso do Programa de Macrodrenagem, Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap), que tem aporte financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), instituição rigorosa ao definir a aplicação dos seus recursos financeiros.
Prosap, a maior obra de saneamento e infraestrutura da história de Parauapebas
Investimentos nos sistemas de tratamento e abastecimento garantem qualidade da água
MAIORES INFOMAÇÕES: PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAUAPEBAS CENTRO ADMINISTRATIVO - MORRO DOS VENTOS, S/Nº, QUADRA ESPECIAL, BAIRRO BEIRA RIO II - PARAUAPEBAS/PA TELEFONE: (94) 3346-1005 WWW.PARAUAPEBAS.PA.GOV.BR FACEBOOK.COM/PREFEITURADEPARAUAPEBAS/
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O que é gestão de excelência? Significa que a prefeitura não gasta mais do que arrecada, que gera receita para investir no que realmente importa para você. Com isso a prefeitura pode oferecer escolas de alto padrão, unidades de saúde com atendimentos diversificados e o Hospital Geral completo. Pode também desenvolver programas sociais e habitacionais bem estruturados e eficientes, além de fazer o maior programa de obras de infraestrutura da história de Parauapebas, melhorando assim a qualidade de vida da população. Significa ainda e também que a prefeitura de Parauapebas está a mil – fazendo obras por todos os cantos do município, gerando mais Emprego e renda. Fomos o primeiro município do Brasil a implantar a Multiplataforma Empresa Digital para desburocratizar o ambiente de negócios do município e integrar serviços públicos tais como licenciamento, abertura, alteração, renovação e baixa digital de empresas. Significa portanto, que Parauapebas está se preparando para o futuro. Em 15 anos queremos nos consolidar também no turismo e na produção rural. Por tudo isso, Parauapebas se confirma como a melhor cidade para novos empreendimentos. Conheça mais e invista em Parauapebas. Gestão Pública se faz com seriedade e competência. Não há nenhum milagre, só Força e Trabalho. É a Prefeitura de Parauapebas cuidando da nossaREVISTA gente! AMAZÔNIA 25
Sustainable Brands São Paulo encerra com sucesso a trilogia The Good Life O evento mundial uniu empresas, inovadores sociais e o público geral em dois dias de palestras e workshops sobre sustentabilidade Fotos: Jonathan Paixão
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As Activation Hub, painéis de cocriação – uma infinidade de assuntos, que iam desde como construir um ecossistema para a Economia Circular até pontes entre o agronegócio e a sociedade
Pavilhão das Culturas Brasileiras, do Parque do Ibirapuera, ficou completamente lotado nos dias 06 e 07 de novembro com o sucesso do Sustainable Brands SP 2019. O evento, que recebeu 950 pessoas, contou com a presença de profissionais de empresas, empreendedores, inovadores sociais e o público em geral que se identifica com o tema. A inovação do evento começava logo na entrada. Quem chegava, recebia copos retráteis e de material siliconado que eram distribuídos como brindes para evitar copos plásticos e descartáveis, lixeiras recicláveis e de fácil acesso foram postas em quase todos os lugares. O SBSP2019 fez uma parceria com Raízen - empresa integrada de energia que atua em todas as etapas do processo, desde o cultivo da cana, com a produção de açúcar, etanol e bioenergia, até a comercialização, logística e distribuição de combustíveis – e toda a energia usada no evento foi de fonte renovável.
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Com cerca de 4 mil metros quadrados, a divisão se deu em três principais alas: Plenárias, Activation Hub e Workshops, que aconteciam simultaneamente. Além de lounges onde as marcas patrocinadoras do evento apresentavam suas inovações em sustentabilidade. Um completo show no quesito organização e troca de conhecimento. O SBSP 2019 encerrou com sucesso a última etapa do evento, intitulada “Delivering the Good Life”, e contou com o patrocínio da SC Johnson, Heineken e outros grandes nomes como Nespresso, Pepsico, Philip Morris Brasil, Toyota.
Mais do que plástico reciclável O canadense David Katz, fundador do Plastic Bank, deu início ao ciclo de palestras com uma apresentação sobre a forma como retirar os plásticos dos oceanos e ao mesmo tempo gerar renda para comunidades miseráveis. David traz informações chocantes como 80% do lixo poluente provêm de países de extrema pobreza, rapidamente ele nos mostra que somente limpar os oceanos é uma forma falha e ineficaz de solucionarmos o problema. Segundo ele, moradores de comunidades, que precisam se preocupar diariamente em como conseguir alimento para se sustentar, abrigo e segurança, raramente pensam em coisas como reciclagem e soluções sustentáveis. Com isso, a proposta de sua organização é utilizar o lixo como moeda de troca para essas pessoas e completar o ciclo de mercado e reciclagem, tornando o plástico reciclável em plástico social. Por meio do Plastic Bank, as comunidades trabalham coletando o lixo de empresas e, ao fim do dia, vendem esse material em troca de um valor monetário convertido a uma conta individual e online - o que as assegura de serem assaltadas ou perderem o dinheiro na volta para casa. Por sua vez, o plástico recebido é revendido para fornecedores de grandes marcas, como a Marks & Spencer, que autoriza o uso do plástico social em seus produtos, todos feitos de material reciclável. “O plástico social é dinheiro e, quando usado, alivia a pobreza e limpa o meio ambiente ao mesmo tempo. O segredo não está só no plástico ou no plástico reciclável, e sim no plástico social”, finaliza.
David Katz, do Plastic Bank, fez apresentação sobre a forma como retirar os plásticos dos oceanos e ao mesmo tempo gerar renda para comunidades miseráveis
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Roda de conversa, liderada por Hélio Mattar, da Akatu, Jennifer Motles, da Philip Morris, Viviane Mansi, da Toyota; e Valter Brunner da Syngenta
Transformação dos negócios Em uma roda de conversa, liderada por Hélio Mattar, fundador e CEO do Instituto Akatu, com Jennifer Motles, Diretora de Impacto Social e Sustentabilidade da Philip Morris International; Viviane Mansi, Diretora Regional de Comunicação e Sustentabilidade da Toyota; e Valter Brunner, Business Sustainability para a América Latina e Brasil da Syngenta, foi debatida a necessidade da criação de espaços de diálogo para a transição de grandes empresas, que precisam lidar com enormes cadeias de produção em padrões insustentáveis. Durante o diálogo, cada empresa contou sobre sua trajetória, como tem realizado o processo de mudança e quais são suas apostas futuras, como no caso da Toyota, que apresentou o Corolla, primeiro carro de grande volume de vendas a ter uma opção híbrida no Brasil.
As conversas seguiram uma infinidade de assuntos, que iam desde como construir um ecossistema para a Economia Circular até pontes entre o agronegócio e a sociedade. Também abordaram tópicos como o impacto social da reciclagem; a crise da Amazônia; e as causas e consequências do álcool na vida dos jovens. A Natura marcou presença com o painel “Amazônia Viva: é tempo de agir”. O encontro promoveu um debate sobre o relacionamento com as comunidades locais na cadeia da sociobiodiversidade e destacou a importância da comunicação e da inova-
ção no desenvolvimento de produtos. Hoje, 80% dos sabonetes da empresa são produzidos no Ecoparque, complexo industrial e tecnológico localizado em Benevides (PA). Já nos Workshops, os convidados tiveram a oportunidade de colocar a mão na massa e entender na prática os conceitos debatidos. Salas como o “Storytelling e propósito: como as narrativas ajudam a construir uma vida com significado” e “Oficina ODS: Integrando a Agenda 2030 na sua empresa” chamaram muito a atenção do público.
Rodada de negócios Conhecer e fazer negócios com um grande grupo de Empresas B foi uma oportunidade importante para quem esteve no Sustainable Brands SP. O Sistema B realizou a Rodada de Negócios B, que reuniu mais de 80 empresas, que realizaram 174 reuniões em quatro horas de conversas pré-agendadas.
Revolução Alimentar No segundo dia de palestras, a Danone apresentou um bate-papo sobre Marcas, Consumo e Sustentabilidade: como a Danone está promovendo uma Revolução Alimentar. Liderados por Ligia Camargo, Head de Sustentabilidade e Comunicação da Danone, Paola Toscano, gerente de Marketing Sr. da divisão Danone Nutricia, e Vagner Paes, diretor de Marcas e Trade Marketing da divisão de Essential Dairy & Plant Based da Danone. Durante o diálogo, os três explicaram sobre a proposta, que pretende expandir o olhar da alimentação como uma ferramenta de transformação positiva na sociedade em todos os elos do ciclo de vida, além de debater sobre as mudanças de comportamento do consumidor, consumo consciente, nutrição e sustentabilidade.
Além das plenárias
Reunião de negócios com mais de 80 empresas, que realizaram 174 reuniões em quatro horas de conversas pré-agendadas
950 pessoas, entre profissionais de empresas, empreendedores, inovadores sociais e o público em geral, fizeram o sucesso do Sustainable Brands SP 2019
As plenárias deram início e fim aos dois dias de encontro, no entanto as outras atividades também não deixaram a desejar. Tiveram no total nove painéis e nove workshops simultâneos. As Activation Hub, painéis de cocriação com debates sobre diversos temas, permaneciam sempre lotadas e foram palcos de interação com público ao fim de cada palestra.
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Aquecimento dramático projetado nas principais cidades do mundo até 2050 As que mais sofrerão com aquecimento dramático Fotos: Amarin Mitesh, J. F. Bastin
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té o ano de 2050, o clima de Londres será semelhante ao de Madri hoje; Paris será mais parecida com Canberra; Estocolmo como Budapeste e Moscou como Sofia, de acordo com uma nova análise publicada na quarta-feira, contou com projeções otimistas. As mudanças serão ainda mais dramáticas para as principais cidades tropicais do mundo, como Kuala Lumpur, Jacarta e Cingapura, que experimentarão condições climáticas sem precedentes, resultando em eventos climáticos extremos e secas intensas. O estudo foi realizado por cientistas da ETH Zurich e publicado recentemente no PLOS ONE.
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Pesquisadores examinaram o clima das 520 maiores cidades do mundo usando 19 variáveis que refletem a variabilidade de temperatura e precipitação. Projeções futuras foram estimadas usando modelagem estabelecida que foi intencionalmente otimista, o que significa que as emissões de dióxido de carbono se estabilizariam até meados do século através da implementação de políticas verdes, com um aumento médio de temperatura de 1,4 graus Celsius. A equipe então comparou a similaridade climática das cidades atuais e futuras entre si, e os resultados levam a uma leitura extrema.
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Para tentar permitir que todos entendam melhor o que está acontecendo com a mudança climática
Até o ano 2050 o clima de Paris será semelhante às condições atuais em Canberra
Em todo o hemisfério norte, as cidades em 2050 se assemelharão a lugares que estão a mais de mil quilômetros (600 milhas) mais ao sul, em direção ao equador. As cidades mais próximas do Equador não verão um aquecimento drástico, mas provavelmente terão mais extremos de seca e chuvas.
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No geral, 77% das cidades do mundo experimentarão uma “mudança marcante” nas condições climáticas, enquanto 22% experimentarão condições “novas” - isto é, algo que nunca foi encontrado antes. Na Europa, os verões e invernos ficam mais quentes, com aumentos médios de 3,5 graus Celsius
e 4,7 graus Celsius, respectivamente. Embora a modelagem usada na análise não seja nova, o objetivo do documento era organizar essa informação de uma maneira que inspirasse os formuladores de políticas a agir. “O objetivo deste artigo é tentar permitir que todos entendam melhor o que está acontecendo com a mudança climática”, disse o principal autor do estudo, Jean-François Bastin. Bastin, que é da Bélgica, acrescentou que não era certo que em 2060 seu país experimentasse temperaturas abaixo de zero no inverno, uma condição necessária para as sementes de trigo se tornarem ativadas. À medida que as temperaturas do verão aumentam, mais pessoas no norte da Europa compram ar-condicionados, aumentando a pressão sobre as redes elétricas e possivelmente criando um ciclo vicioso, acrescentou. “Já faz mais de 30 anos que a maioria de nós concordou que há uma mudança climática causada pela atividade humana, mas ainda não conseguimos transformar isso em ações globais”, disse ele.
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O Permafrost (solo congelado) no Ártico, derretendo liberará gases e o carbono emitido por esse derretimento, acelerará o aquecimento global em 5%, segundo cientistas
O aquecimento do Ártico vai acelerar as mudanças climáticas e impactar a economia global Uma grande quantidade de gases de efeito estufa será liberada do permafrost (solo congelado). Esse carbono liberado na atmosfera pela crescente perda do permafrost ártico, combinado com a maior absorção solar pela superfície da Terra devido ao derretimento do gelo marinho e da neve terrestre, acelerará as mudanças climáticas – e terá um impacto multimilionário na economia mundial Fotos: Boris Radosavljevic, Caitlin Singleton, Universidade de Lancaster
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recentíssimo artigo na Nature Communications revela que uma combinação desses fatores tem potencial para aumentar o impacto econômico de longo prazo da mudança climática em pouco menos de US $ 70 trilhões, sob níveis de mitigação compatíveis com as atuais promessas nacionais de reduzir as emissões de carbono (5% do estimado custo total das alterações climáticas para este cenário). No âmbito do acordo do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), de acordo com os aumentos de temperatura globais, a 1,5ºC dos níveis pré-industriais, o impacto adicional cai para 25 biliões de dólares (4% do custo total para este cenário). Em ambos os casos, o principal responsável pelos custos adicionais é o carbono permafrost emitido. A equipa de investigação interdisciplinar espera que as suas avaliações forneçam uma melhor compreensão dos riscos socioeconómicos das alterações climáticas em diferentes cenários e ajudem a orientar os decisores políticos no sentido de tomar decisões prudentes sobre as metas de redução de emissões. Pesquisadores exploraram simulações de modelos físicos complexos e de última geração para quantificar a força do feedback de carbono do permafrost (PCF), impulsionado pelo carbono adicional liberado pelo derretimento do permafrost e pelo feedback de albedo da superfície (SAF), pela energia solar extra absorvida pela superfície da Terra à medida que o gelo do mar branco e a cobertura de neve terrestre diminuem, expondo o oceano e a terra mais escuros. Quase todos os estudos de política climática até o momento implicaram um SAF constante e zero PCF. Entretanto, observações recentes e modelos computacionais mostram que o feedback do permafrost é o mais forte dos dois e que ambos são não-lineares, sua força muda de formas complexas à medida que o clima se aquece. Isso afeta seu impacto tanto no clima global quanto na economia.
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A degradação do permafrost próximo da superfície pode representar uma séria ameaça à utilização dos recursos naturais e ao desenvolvimento sustentável das comunidades do Ártico. Na ilustração, distribuição do permafrost nos climas de referência (2000-2014) e futuro (Representative Concentration Pathway 4.5 2041-2060). Observe que a extensão de linha de base do permafrost (azul) inclui distribuição futura (esverdeada). A localização e a temperatura média anual do solo (MAGT) dos pontos de dados (furos) são mostradas com círculos coloridos
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“O gelo marinho do Ártico e a neve da terra atualmente contribuem com cerca de um terço cada para o feedback global do albedo”, disse o principal autor do estudo, Dmitry Yumashev, do Pentland Center for Sustainability in Business da Lancaster University. “Estes dois componentes estão no pico para as temperaturas globais dentro do intervalo coberto pelo Acordo de Paris, mas se o clima aquecer ainda mais, o verão e a primavera do gelo marinho e as coberturas de neve irão recuar mais ao norte e o feedback do albedo enfraquecerá. “O feedback do permafrost, no entanto, cresce progressivamente mais forte em climas mais quentes. Ambos os feedbacks são caracterizados por respostas não-lineares ao aquecimento, incluindo um intervalo variável entre o aumento da temperatura global e as emissões de carbono do permafrost. “Comparado com PCF zero e SAF constante dos atuais valores do clima - legado usados na modelagem de políticas climáticas até este ponto - os PCF e SAF não lineares combinados causam significativo aquecimento adicional globalmente sob cenários de emissões baixas e médias. Cenários de baixas emissões no estudo incluem atingir as metas de 1,5 ° C e 2 ° C do Acordo de Paris em relação às condições pré-industriais até 2100, enquanto os cenários de emissões médias incluem níveis de mitigação consistentes com as promessas nacionais atuais (NDCs). Sob os NDCs, o mundo deve aquecer cerca de 3 ° C em relação ao período pré-industrial até 2100. Cenários de altas emissões, como a atual trajetória usual de negócios (BaU) - que deve levar a cerca de 4 ° C de aquecimento até 2100 e causar os maiores impactos sobre ecossistemas e sociedades
- também estão incluídos. Sob estes, a força do PCF atinge o seu pico e não aumenta mais, enquanto o enfraquecimento continuado do SAF cancela gradualmente o efeito de aquecimento do PCF. Para os propósitos da pesquisa, outros importantes feedbacks planetários, tais como aqueles impulsionados por mudanças nas nuvens e vapor de água em resposta ao aquecimento, são assumidos como permanecendo constantes, apoiados pelas duas últimas gerações de modelos climáticos. Em todos os cenários, a utilização dos feedbacks não lineares do Ártico, comparados a valores constantes anteriores, leva a um aumento do custo total das mudanças climáticas, consistindo nos custos de mitigação de redução de emissões, custos de adaptação climática e impactos residuais relacionados ao clima. Os aumentos ocorrem principalmente através de impactos adicionais impulsionados pela temperatura na economia, nos ecossistemas e na saúde humana, e impactos adicionais da elevação do nível do mar. Todos os custos foram estimados usando simulações no modelo de avaliação integrado especialmente desenvolvido PAGE-ICE, que inclui representações estatísticas simples dos feedbacks do Ártico derivados de modelos complexos. Ele tem várias atualizações para a ciência e economia do clima, incluindo estimativas de incerteza atualizadas. Sob o cenário NDCs, o impacto estimado adicional baseado em milhares de simulações do PCF e do SAF não linear é de pouco menos de US $ 70 trilhões comparado aos valores anteriormente utilizados - superando em torno de 10 vezes as estimativas atuais de ganhos econômicos de longo prazo das rotas de transporte marítimo. e extração de recursos minerais na região do Ártico.
Diferença simulada entre os efeitos econômicos totais da mudança climática sob os cenários de 2 ° C e 1,5 ° C. Função de densidade de probabilidade (frequência relativa) da diferença entre os efeitos econômicos totais da mudança do clima para os cenários-alvo de 2 ° C e 1,5 ° C com os PCF e SAF não-lineares. Unidades de eixo horizontal: $ trilhão, NPV até 2300, ponderada por ações, com desconto em PTP. 100.000 corridas de Monte Carlo no PAGE-ICE. Os dados de origem são fornecidos como um arquivo de dados de origem
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Degradante permafrost coloca em risco a infraestrutura do Ártico em meados do século Mapa de perigo de infraestrutura pan-ártico com close-ups do centro do Alasca e partes do noroeste do Ártico russo. Um consenso de três índices de risco geográfico (índice de assentamento, índice de zoneamento de risco e índice baseado em processo da hierarquia analítica) mostrando o potencial de risco por nível de risco (baixo-alto) para danos de infraestrutura até meados do século (2041-2060). Pontos quentes indicam áreas em que todos os três índices mostraram alto potencial de danos à infraestrutura. Outras infraestruturas além dos assentamentos, a ferrovia Qinghai-Tibet e os principais sistemas de dutos são mostrados apenas nos closes
Com estimativas anteriores para feedbacks do Ártico, o custo total da mudança climática associado aos cenários 1.5C e 2C é virtualmente o mesmo e está em torno de US $ 600 trilhões - em comparação, o custo estimado do negócio é de US $ 2000 trilhões. O PCF e o SAF não-linear adicionam mais US $ 25 trilhões ao valor de US $ 600 trilhões para o cenário de 1,5C e US $ 34 trilhões para o cenário de 2C. Assim, os feedbacks não-lineares do Ártico tornam o alvo mais ambicioso de 1,5C marginalmente mais atraente economicamente. O Dr. Yumashev acrescentou: “Nossas descobertas apóiam a necessidade de medidas de mitigação mais pró-ativas para manter a elevação da temperatura global bem abaixo de 2C. “Esperamos que nosso trabalho leve a novas avaliações de múltiplos processos não-lineares no sistema climático da Terra, tanto aqueles associados ao Ártico quanto além”.
Os autores do estudo são Dmitry Yumashev, Gail Whiteman e Paul Young, do Pentland Center for Sustainability in Business e Lancaster Environment Center na Universidade de Lancaster; Chris Hope, da Judge Business School da Universidade de Cambridge; Kevin Schaefer, do Centro Nacional de Neve e Gelo da Universidade do Colorado (EUA); Kathrin Riemann-Campe, do Instituto Alfred Wegener (Alemanha); Fernando Iglesias-Suarez, do Instituto de Físico-Química Rocasolano (Espanha); Elchin Jafarov, do Laboratório Nacional Los Alamos (EUA); Eleanor J. Burke, do UK Met Office; e Yasin Elshorbany, da Universidade do Sul da Flórida (EUA). [*] Universidade de Lancaster
O descongelamento do permafrost e o aquecimento global alimentam uns aos outros
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Esfriar artificialmente o clima da Terra para reduzir o aquecimento com a geoengenharia solar Especialistas temem que injetar dióxido de enxofre na atmosfera poderia colocar algumas regiões em risco
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m novo estudo publicado no Nature Climate Change, contradiz os temores de que o uso da geoengenharia solar para combater as mudanças climáticas possa alterar perigosamente os padrões de chuvas e tempestades em algumas partes do mundo. A nova análise descobriu que resfriar a Terra o suficiente para eliminar aproximadamente metade do aquecimento, em vez de tudo, geralmente não tornaria os ciclones tropicais mais intensos ou pioraria a disponibilidade de água, temperaturas extremas ou chuva extrema. . Apenas uma pequena fração de lugares, 0,4%, pode ver os impactos das mudanças climáticas piorarem, diz o estudo.
Fotos: Karen Harvard SEAS, ISS/NASA
Muitos especialistas em clima advertem que o resfriamento da Terra, mas mantendo o dobro de dióxido de carbono na atmosfera, antes da industrialização, poderia colocar algumas regiões em risco. Um cientista que leu o artigo disse que não era suficientemente abrangente para concluir que a geoengenharia solar – provavelmente envolvendo a pulverização de dióxido de enxofre na atmosfera, imitando o gás dos vulcões e refletindo o calor do sol – seria segura. Alguns grupos de defesa do clima argumentam que apostar em uma tecnologia não comprovada poderia reduzir os esforços para reduzir o dióxido de carbono que ainda está sendo expelido por usinas e carros.
Mas o coautor do estudo David Keith , um professor de Harvard que trabalha em engenharia e políticas públicas, disse que os pesquisadores não devem descartar a geoengenharia ainda. “Eu não estou dizendo que sabemos que funciona e devemos fazê-lo agora”, disse ele. “De fato, eu absolutamente me oponho à implantação agora. Ainda há apenas um pequeno grupo de pessoas olhando para isso, há muita incerteza ”. Keith disse que a principal mensagem do estudo é que “existe a possibilidade de que a geoengenharia solar possa realmente reduzir substancialmente os riscos climáticos para os mais vulneráveis”. As descobertas acontecem quando Nairobi realizava a reunião do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente sobre a limitação das mudanças climáticas. Um relatório do IPCC/ONU no ano passado disse que a geoengenharia através da injeção de dióxido de enxofre na atmosfera pode ser necessária, mas viria com grandes incertezas .
Cientistas do IPCC sugerem que há uma alta concordância de que a injeção de substâncias químicas na estratosfera poderia ajudar a limitar os aumentos do clima da Terra. A injeção de aerossol estratosférica imita o efeito de um vulcão bombeando gás para o céu que se transforma em aerossóis, refletindo parte do calor do sol
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Imagem global da pesquisa
geoengenharia solar oferece potencial para reduzir pela metade o aquecimento global, dizem cientistas
Keith espera dissipar o que ele acredita que pode ser uma preocupação sem suporte. Outro cientista, no entanto, disse que ele estava exagerando as descobertas do estudo. A análise usou modelagem climática para projetar o que poderia acontecer se o calor do sol fosse diminuído. Alan Robock , professor de geofísica e pesquisador da Rutgers University, em Nova Jersey, disse que não examinou os efeitos potenciais de fazer isso com o método mais provável: pulverizar aerossóis na atmosfera. O estudo descobriu que se a geoengenharia solar for usada para reduzir pela metade os aumentos de temperatura global, pode haver benefícios mundiais sem exacerbar a mudança em qualquer área geográfica grande. “Alguns dos problemas identificados em estudos anteriores em que a geoengenharia solar compensou todo o aquecimento são exemplos do velho ditado de que a dose é o veneno”, disse David Keith , professor de física aplicada da SEAS e principal autor do estudo. . “Este estudo dá um grande passo no sentido de usar as variáveis climáticas mais relevantes para os impactos humanos e descobre que nenhuma região definida pelo IPCC é prejudicada em nenhum dos principais indicadores de impacto climático. Grandes incertezas permanecem, mas os modelos climáticos sugerem que a geoengenharia poderia permitir benefícios surpreendentemente uniformes”. “Eles se concentram neste trabalho sobre a temperatura e disponibilidade de água em diferentes regiões”, disse Robock. “Essas são apenas duas coisas que mudariam com os aerossóis estratosféricos”. Ele acrescentou que estudos anteriores chegaram a conclusões semelhantes. Robock disse que um de seus estudos contém uma lista de 27 razões pelas quais os aerossóis refrigerantes podem ser uma má ideia. E acrescentou que a tecnologia pode custar centenas de bilhões de dólares por ano e colocar questões éticas complicadas, como se as pessoas têm o direito de ver um céu azul. “Não podemos dizer agora se, se o aquecimento global continuar, devemos decidir começar a pulverizar esse material na estratosfera”, disse Robock. “O gerenciamento da radiação solar tornaria a geoengenharia mais perigosa ou menos perigosa? “Essa é a pergunta que temos que responder e não temos informações suficientes”. revistaamazonia.com.br
A pesquisa descobriu que o uso da geoengenharia solar para reduzir pela metade o aquecimento não exacerbaria os extremos de temperatura, chuva ou disponibilidade de água para a maioria das regiões do mundo, quando comparado aos níveis atuais. Descobriu-se que, sob o cenário da geoengenharia solar, apenas 0,5% da superfície da terra sofreria uma ampliação significativa dos extremos de disponibilidade de água, enquanto um quarto da superfície da terra sofreria menos extremos, quando comparado aos atuais. O mapa abaixo dá uma ideia de como os extremos climáticos podem mudar em todo o mundo. No mapa “ T” representa a temperatura do ar à superfície e “ Tx ” representa a temperatura máxima anual. Além disso, “PE” representa precipitação-evaporação, uma medida da disponibilidade de água, e “Px” representa a precipitação máxima de cinco dias, uma medida do risco de inundação. As duas colunas mostradas abaixo das letras correspondem a “PE” (esquerda) e “Px” (direita). Em cada coluna, azul indica a proporção de resultados em que a geoengenharia solar “modera” (ou reduz) os extremos climáticos em comparação aos dias atuais, enquanto o vermelho indica a proporção de resultados em que a geoengenharia solar exacerba os extremos climáticos. As cores ousadas representam uma mudança significativa e as cores pálidas representam uma mudança insignificante. Os mapas mostram que partes da América do Sul e da África Austral podem ver uma exacerbação significativa dos extremos de disponibilidade de água se a geoengenharia solar for usada para reduzir pela metade o aquecimento global. Em seu trabalho de pesquisa, os autores dizem: “Nas poucas regiões onde a geoengenharia semi-solar agrava as mudanças climáticas, aumenta a disponibilidade de água. Isso contrasta com estudos e comentários anteriores que destacaram as preocupações de que a geoengenharia solar levaria à seca”. A equipe de pesquisa também descobriu que o uso da geoengenharia solar para reduzir pela metade o aquecimento global compensaria em grande parte o impacto do aumento dos níveis de CO2 na intensidade global de furacões e tufões. Os resultados sugerem que, em comparação com hoje, uma duplicação das emissões de CO2 faria com que a intensidade global das tempestades tropicais aumentasse em 17,6%. Reduzir o aquecimento com a geoengenharia solar compensa a maior parte disso, dizem os autores, reduzindo o aumento para 2,4%.
Temp. do ar de superfície Max. temp. anual Precip.-evap. Max. Precip. de 5 dias Resultados GFDL Resultados do GeoMIP para PE e Px Moderado e Signficante Moderado mas signficante Exacerbado, mas significativo Exacerbado e signficante
Distribuição global das mudanças extremas do clima (em comparação com os dias atuais) quando a geoengenharia solar é usada para reduzir pela metade o aquecimento global causado pela duplicação das emissões de CO2. “T” representa a temperatura do ar da superfície, “Tx” representa a temperatura máxima anual, “PE” representa precipitação-evaporação, uma medida da disponibilidade de água e “Px” representa precipitação máxima de cinco dias, uma medida do risco de inundação. As duas colunas mostradas abaixo das letras correspondem a “PE” (esquerda) e “Px” (direita). Azul indica que a geoengenharia solar “modera” (ou reduz) os extremos climáticos, enquanto o vermelho indica que a geoengenharia solar exacerba os extremos climáticos. As cores ousadas representam uma mudança significativa e as cores pálidas representam uma mudança insignificante. Fonte: Irvine et al. (2019)
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“Sóis em miniatura” geram energia limpa e barata A fusão nuclear está finalmente pronta para cumprir sua promessa de gerar energia abundante para todos?
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stamos a apenas cinco anos de aproveitar o poder quase ilimitado dos “sóis em miniatura”, algumas empresas iniciantes dizem: reatores de fusão nuclear que poderiam fornecer energia abundante, barata e limpa. Em um mundo de aquecimento global causado por nosso vício em combustíveis fósseis, há uma necessidade urgente de encontrar fontes alternativas sustentáveis de energia. Se não o fizermos, o futuro parece decididamente sombrio para milhões de pessoas neste planeta: escassez de água e alimentos levando à fome e à guerra. A fusão nuclear tem sido anunciada como uma resposta em potencial para nossas orações. Mas sempre foi “daqui a trinta anos”, segundo a piada da indústria. Agora, várias empresas iniciantes estão dizendo que podem tornar a fusão uma realidade comercial muito mais cedo.
Fotos: Bryce Vickmark, ITER, NASA/Agência Espacial Europeia
A fusão nuclear produz enormes quantidades de energia, mas é difícil de alcançar e controlar Reator de fusão nuclear Iter, com previsão de ser concluído em 2025. Na foto o modelo do reator do futuro Reator Experimental Termonuclear Internacional (Iter)
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Nosso sol é um enorme reator de fusão nuclear. Então, por que não podemos imitar seu processo de produção de energia na terra?
“É o momento em que a maturação da ciência da fusão é combinada com o surgimento de tecnologias facilitadoras do século 21, como a fabricação aditiva e os supercondutores de alta temperatura. “A fusão não é mais ‘a 30 anos de distância’”, afirma ele. A ciência por trás da ideia foi comprovada, diz Wade Allison, professor emérito de física do Keble College, em Oxford. O desafio é mais prático. “A escala de tempo da qual não podemos ter certeza, mas a ciência básica está resolvida e os problemas são técnicos relacionados aos materiais”, diz Allison.
Por que é tão difícil?
Nosso sol é uma esfera rodopiante de plasma quente. Tem um movimento convectivo interno que gera um campo magnético através de um processo de dínamo. Gera seu calor através da fusão nuclear. Por um tempo agora, os cientistas têm se esforçado para aperfeiçoar os sóis em miniatura usando um processo similar. Se eles tiverem sucesso, poderemos ter energia limpa e segura suficiente para todas as nossas necessidades, e a batalha com o carbono pode ter acabado.
Um grande desafio é como construir uma estrutura forte o suficiente para conter o plasma - a sopa nuclear de altíssima temperatura na qual ocorrem as reações de fusão - sob as enormes pressões necessárias. Os sistemas de exaustão “terão que resistir a níveis de calor e potência semelhantes aos sentidos por uma nave espacial reentrando em órbita”, diz o professor Ian Chapman, diretor-executivo da Autoridade de Energia Atômica do Reino Unido (UKAEA), Sistemas de manutenção robótica também serão necessários, bem como sistemas de reprodução, recuperação e armazenamento do combustível. “A UKAEA está analisando todas essas questões e está construindo novas instalações de pesquisa no Culham Science Center, perto de Oxford, para trabalhar com a indústria no desenvolvimento de soluções”, diz o professor Chapman.
O que é fusão nuclear exatamente? A fusão nuclear é a fusão de núcleos atômicos para liberar massas de energia e tem o potencial de resolver nossa crise de energia. É o mesmo processo que alimenta o sol e é limpo e relativamente seguro. Não há emissões. Mas forçar esses núcleos - deutério e trítio, ambas formas de hidrogênio - a se fundirem sob imensa pressão, exige enormes quantidades de energia - mais do que conseguimos conseguir até agora. Alcançar o “ganho de energia”, o ponto em que obtemos mais energia do que investimos, tem sido tentadoramente elusivo. Não mais, dizem as startups de fusão. “Este é o ‘momento SpaceX’ para a fusão”, diz Christofer Mowry, executivo-chefe da General Fusion, uma empresa canadense que pretende demonstrar a fusão em escala comercial nos próximos cinco anos. revistaamazonia.com.br
Tokamak de Plasma de Princeton
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Uma usina de fusão poderia fornecer energia limpa e livre de carbono com um fornecimento de combustível essencialmente ilimitado. Do ponto de vista da geração de energia elétrica, o dispositivo de fusão é apenas outra fonte de calor que poderia ser usada em um ciclo de conversão térmica convencional
Então, o que mudou? Algumas empresas privadas de energia calculam que estão superando esses desafios práticos mais rapidamente através do uso de novos materiais e tecnologias. A Tokamak Energy, sediada em Oxfordshire, está trabalhando em tokamaks esféricos ou reatores que usam supercondutores de alta temperatura (HTS) para conter o plasma em um campo magnético muito forte. “Alta temperatura” no contexto deste ramo da física significa um frio distintamente de -70C ou abaixo.
“Eles são de longe os mais bem sucedidos até hoje”, diz Jonathan Carling, diretor-executivo da empresa. “Um tokamak esférico é uma topografia muito mais eficiente, e podemos melhorar drasticamente a compactação e a eficiência. E porque é menor, pode ser mais flexível e o custo de construção também é menor”, diz ele. A empresa construiu três tokamaks até agora, com o terceiro, ST40, construído em aço inoxidável de 30 mm (1,2 pol.) E usando ímãs HTS. Recentemente no mês de junho de 2018, alcançou temperaturas de plasma de mais de 15 milhões de graus Celsius – mais quente
do que o núcleo do Sol. A empresa espera atingir 100 milhões de graus Celsius, uma façanha que cientistas chineses afirmam ter realizado neste mês. “Esperamos chegar ao ponto de ‘ganho de energia’ até 2022 e passar a fornecer energia comercialmente até 2030”, diz Carling. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) está trabalhando com a empresa americana Commonwealth Fusion Systems (CFS) para desenvolver o Sparc, um tokamak em forma de anel dotado de campos magnéticos capazes de manter o plasma quente em seu lugar.
Visualização do Plasma Science e Fusion Center
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Martin Greenwald, vice-diretor do MIT/ PSFC, orienta a visão científica no apoio à abordagem de alto campo para a fusão
Tokamak Energy está tentando construir reatores de fusão que poderiam fornecer energia abundante, barata e limpa
Tokamak Energy está tentando construir reatores de fusão que poderiam fornecer energia abundante, barata e limpa A teoria é que a fusão nuclear poderia produzir calor para gerar eletricidade fervendo água purificada. Isso é muito parecido com o que o carvão e o nuclear fazem. A idéia pede que dois núcleos atômicos mais leves se combinem para formar um núcleo mais pesado. Esses sóis em miniatura, ou “tokamaks”, produziriam calor em um processo similar ao que as potências celebram. Os reatores de fusão nuclear requerem um ambiente extremamente contido. Dentro disso, altas pressões e temperaturas gerariam plasma dentro do qual a reação ocorreria. Os métodos inerciais ou magnéticos aqueceriam o plasma a milhões de graus C. O desafio da engenharia é criar um sistema para confinar o plasma por tempo suficiente para que a fusão ocorra. Todos compartilham um sonho de eletricidade. A fusão está chegando em breve. Enquanto isso, o aquecimento global continua inabalável. Caso você tenha se perguntado, ‘tokamak’ é russo para ‘câmara toroidal com campo magnético’. Financiada em parte pelo fundo de investimentos Breakthrough Energy Ventures, liderado por Bill Gates, Jeff Bezos, Michael Bloomberg e outros bilionários, a equipe espera desenvolver reatores de fusão nuclear pequenos o suficiente para serem construídos em fábricas e enviados para montagem no local em que será usado. Projeto com 35 países Esses empreendimentos privados estão concorrendo com o Reator Termonuclear Experimental Internacional (Iter, na sigla em inglês), o principal projeto global de fusão nuclear, que envolve 35 países.
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O Iter, que significa “o caminho” em latim, é a maior instalação de fusão nuclear experimental do mundo, mas não deve começar a operar até 2025, e qualquer aplicação comercial terá de percorrer um longo caminho depois disso.“Diferentes membros do Iter têm diferentes níveis de urgência para usar a fusão como parte de um futuro de energia limpa”, disse um porta-voz da iniciativa. “Alguns esperam ter um fornecimento de eletricidade gerada por fusão antes de 2050. Para outros, será algo apenas para a segunda metade deste século”. Os novatos deste mercado acreditam que podem fazer melhor.
“Com a nova tecnologia de ímã HTS, um dispositivo de fusão com ‘ganho de energia’ pode ser muito, muito menor”, diz Martin Greenwald, vice-diretor do centro de ciência e fusão de plasma do MIT. Um tamanho menor significa custos mais baixos, abrindo o campo da fusão nuclear para “organizações menores e mais ágeis”, diz Greenwald. Mas todos os envolvidos parecem concordar que o trabalho do Iter, de Culham e do setor privado é complementar. “No fim, todos nós compartilhamos o mesmo sonho de ter eletricidade gerada com fusão como parte essencial de um futuro de energia limpa”, diz o porta-voz do Iter. Recentemente, o novo relatório sobre o desenvolvimento da fusão como fonte de energia, escrito a pedido do Secretário de Energia dos EUA, afirma que a tecnologia de fusão por confinamento magnético (um foco do MIT desde os anos 1970) está agora “suficientemente avançada para propor um caminho para demonstrar a energia gerada pela fusão nas próximas décadas. Recomenda a continuação da participação dos EUA no projeto internacional de instalação de fusão do ITER e “um programa nacional de acompanhamento de pesquisa e tecnologia que leve à construção de uma planta piloto compacta que produza eletricidade a partir da fusão com o menor custo possível”.
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Milhões de “espículas” de plasma podem explicar o calor extremo da atmosfera do sol Novas observações sugerem que as interações entre campos magnéticos opostos fazem com que milhões de gavinhas super quentes surjam da superfície do sol por *Jason Daley As estruturas em forma de fio nesta imagem do satélite japonês Hinode são espículas, plumas gigantes de gás que transferem energia através das várias regiões do sol
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Fotos: Karen Robinson
Em um novo artigo, os astrônomos investigaram as espículas usando o Telescópio Solar Goode no Observatório Solar Big Bear, na Califórnia, criando algumas das observações de mais alta resolução dos tentáculos já produzidos. A equipe observou o surgimento de espículas enquanto também monitorava campos magnéticos próximos. O que eles descobriram é que as espículas emergem alguns minutos após o aparecimento de campos magnéticos com polaridade invertida em comparação com outros campos magnéticos na área. Os autores acreditam que, quando esse ponto de polaridade reversa volta para coincidir com a polaridade da região circundante, chamada reconexão magnética, libera uma explosão de energia que produz as espículas.
or mais de um século, os astrônomos examinaram espículas solares, os milhões de jatos de plasma que cobrem a superfície do sol como bigodes. Os pesquisadores não sabem ao certo por que os filamentos semelhantes a grama se formam e qual é sua função. Porém, novas observações altamente detalhadas do sol usando um telescópio solar especializado podem ter resolvido o caso. A qualquer momento, parte da atmosfera do sol, conhecida como cromosfera , é preenchida com até 10 milhões de espículas que geralmente duram menos de 10 minutos. Os fios surgem da superfície do Sol a 100 quilômetros por segundo, estendendo-se por 10.000 quilômetros antes de desabar e serem substituídos por novas espículas. Christopher Crockett, relata que há anos os pesquisadores debatem exatamente como as estruturas se formam e se elas são a razão pela qual a coroa solar ou a atmosfera externa é centenas de vezes mais quente que a superfície do sol. Mas investigar as estruturas é notoriamente difícil. Eles são pequenos em comparação com a superfície do sol, aparecem como finas faixas negras nas observações e têm vida curta. 40
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As espículas podem ser vistas na imagem superior, tirada com o espectrógrafo IRIS da NASA. No painel do meio, um modelo numérico simula esses jatos. Os jatos são observados de outro ângulo na imagem inferior, tirados com o Telescópio Solar Sueco de 1 metro (SST) no Roque de los Muchachos em La Palma, nas Ilhas Canárias da Espanha
Quando dois campos magnéticos de orientação oposta se chocam, suas linhas de campo magnético se quebram e se reconectam, liberando calor, energia cinética e partículas fluindo pelas linhas de campo. Sabe-se que o processo cria erupções solares gigantes que às vezes regam a terra com partículas. De acordo com essa nova pesquisa, o mesmo processo poderia criar espículas muito menores. A equipe também deu um passo adiante e analisou os dados capturados pelo Solar Dynamic Observatory da NASA nos mesmos locais em que as espículas estouraram. A análise mostrou brilhantes átomos de ferro carregados sobre os tentáculos, uma indicação de que os fluxos de plasma atingiram 1 milhão de graus Celsius, transferindo calor para a coroa, relata Crockett.
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“Nossos novos resultados provam que as espículas são formadas por causa do cancelamento de fluxo na atmosfera mais baixa e também fornecem boa quantidade de energia para o aquecimento da atmosfera superior do sol”, disse o co-autor Dipankar Banerjee, do Instituto Indiano de Astrofísica. O físico solar Juan Martínez-Sykora, do Laboratório de Astrofísica e Solar Lockheed Martin, está entusiasmado com a nova pesquisa. “As observações deles são incríveis”, diz ele, apontando que as espículas são muito pequenas e capturar o nível de detalhe no novo estudo é muito difícil. No entanto, ele alerta que a origem da reconexão magnética das espículas é atualmente apenas uma idéia, que precisa ser confirmada com mais pesquisas e simulações em computador. De fato, os pesquisadores de seu laboratório divulgaram um modelo importante de como as espículas se formam em 2017 . Essa simulação por computador levou 10 anos de pesquisa para ser construída e levou um ano inteiro para ser executada, revelando que o plasma que compõe as espículas é provavelmente um ensopado de partículas carregadas e neutras. [*] Em Smithsonian
As regiões mais baixas da atmosfera solar vista pelas sondas gêmeas Stereo da NASA
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Energias renováveis quadruplicaram no mundo em 10 anos
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energia de fontes renováveis cada vez mais competitivas, como a eólica e a solar, quadruplicou globalmente em apenas uma década, informou a Organização das Nações Unidas na quinta-feira, mas a demanda insaciável viu as emissões do setor de energia aumentarem 10%. O investimento mundial em energias renováveis desde 2009 está chegando a US $ 2,6 trilhões (2,35 trilhões de euros) até o final do ano, em grande parte impulsionado por quedas “espetaculares” no preço dos painéis solares, afirmou a avaliação anual da ONU sobre as tendências da energia verde. A capacidade renovável do mundo energia gerada a partir de energia solar, eólica, geotérmica e biomassa - aumentou de 414 gigawatts em 2009 para 1650 gigawatts este ano, e as energias renováveis agora representam 12,9% de toda a eletricidade gerada na Terra. A Solar representou a maior parcela única dos mais de 2300 GW de capacidade de energia adicional instalada globalmente na última década, superando os combustíveis fósseis, como carvão e gás. No entanto, apesar do aumento de energia solar e eólica sem carbono, as emissões de energia continuam aumentando, com o mundo lançando mais gases de efeito estufa em 2018 do que em qualquer ano já registrado. Inger Andersen, diretora executiva 42
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do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, saudou quinta-feira o que chamou de “década de incrível crescimento em energias renováveis”. “Isso mostra que a transição do setor de energia está a caminho”, disse à AFP Françoise d’Estais, chefe do Setor de Energia e Clima da unidade financeira da UNEP. “Ainda não é rápido o suficiente para o mundo atingir as metas de clima e desenvolvimento”. Os autores do relatório, compilados em conjunto com a Escola de Finanças e Administração de Frankfurt e a Bloomberg New Energy Finance (NEF), disseram que a mudança para as energias renováveis foi em grande parte impulsionada pela competitividade de custos. O preço da energia gerada pela energia solar fotovoltaica caiu 81% desde 2009, enquanto a energia eólica em terra agora é 46% mais barata que uma década atrás. “Se você voltar no tempo, ficaremos surpresos com o que aconteceu desde então”, disse Angus McCrone, editor-chefe da Bloomberg (NEF).
Os 20 principais países para investimentos em energia renovável de janeiro de 2010 a final de junho de 2019, de acordo com um novo relatório do Programa Ambiental da ONU revistaamazonia.com.br
Com a energia solar liderando, o crescimento da capacidade de energia limpa está ajudando o planeta a evitar bilhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono a cada ano
Uma década de investimento em energia renovável, liderada por energia solar, chega a US $ 2,5 trilhões O investimento global em nova capacidade de energia renovável nesta década - inclusive de 2010 a 2019 - está prestes a atingir US $ 2,6 trilhões, com mais gigawatts de capaciA energia solar atrairá metade - US $ 1,3 trilhão - dos US $ 2,6 tridade de energia solar instalados do que quallhões em investimentos em energia renovável realizados ao longo da quer outra tecnologia de geração, de acordo década. Somente a capacidade solar terá aumentado de 25 GW no com novos números publicados hoje. início de 2010 para 638 GW esperados até o final de 2019 - o suficiente De acordo com o relatório Tendências para produzir toda a eletricidade necessária a cada ano em cerca de Globais em Investimento em Energia Reno100 milhões de residências nos EUA vável 2019, divulgado antes da Cúpula de Ação Climática Global da ONU, esse investimento deve quadruplicar a capacidade de energia renovável (excluindo as grandes “A imagem das energias renováveis era que elas eram razoahidrelétricas) de 414 GW no final de 2009 para pouco mais de 1.650 velmente caras, dependiam de subsídios e um pouco de um luxo GW, quando a década se encerra no final deste ano. econômico, em certo sentido. Certamente esse foi o argumento A energia solar terá atraído metade - US $ 1,3 trilhão - dos US $ do lado dos combustíveis fósseis”. 2,6 trilhões em investimentos em capacidade de energia renovável realizados ao longo da década. Somente a Solar terá aumentado de 25 GW no início de 2010 para 663 GW esperados até o final Metade da história de 2019 - o suficiente para produzir toda a eletricidade necessária a cada ano em cerca de 100 milhões de residências nos EUA. (Os No ano passado, as energias renováveis economizaram o equivaEUA tinham cerca de 128 milhões de domicílios em 2018) lente a dois bilhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono, A participação global da geração de eletricidade representada pesegundo o relatório. No entanto, as emissões globais de energia contilas energias renováveis atingiu 12,9%, em 2018, ante 11,6% em nuam aumentando, prejudicando as metas de temperatura estabeleci2017. Isso evitou um número estimado de 2 bilhões de toneladas de das no acordo climático de Paris, já que a demanda global não mostra emissões de dióxido de carbono apenas no ano passado - uma ecosinais de redução. “Contar o crescimento das energias renováveis é nomia substancial devido às emissões globais do setor de energia. apenas metade da história”, disse Ulf Moslener, chefe de pesquisa da 13,7 bilhões de toneladas em 2018. Escola de Frankfurt. “Quando estou de dieta, não posso contar apeIncluindo todas as principais tecnologias de geração (fóssil e carnas as saladas que estou comendo, mas também os bolos de chocolabono zero), a década está programada para instalar uma capacidade te. Portanto, é um caso de tentar substituir combustíveis fósseis fora líquida de 2.366 GW de energia, com a energia solar representando do mercado e vejo isso como um grande desafio”. O relatório destaca a maior parcela única (638 GW), o segundo em carvão (529 GW) 30 países que investiram pelo menos US $ 1 bilhão em energias renoe a energia eólica e gás no terceiro e quarto lugares (487 GW e váveis na última década - muitos dos quais também são importantes 438 GW, respectivamente) e vento e gás no terceiro e quarto lugaprodutores e usuários de combustíveis fósseis. res (487 GW e 438 GW, respectivamente). A competitividade de Por exemplo, a China, que produz cerca de 29% do CO2 produzido custo das energias renováveis também aumentou dramaticamente pelo homem, é de longe o maior investidor em renováveis, investindo ao longo da década. O custo nivelado da eletricidade (uma medida US $ 760 bilhões desde 2010. Sem nomear a China especificamente, que permite a comparação de diferentes métodos de geração de eleMcCrone disse que alguns países tinham uma espécie de “personatricidade em uma base consistente) caiu 81% em relação à energia lidade dividida” quando se tratava de energia. “Eles querem reter o solar fotovoltaica desde 2009; a energia eólica em terra caiu 46%. mercado para os combustíveis fósseis dos quais obtêm renda”, disse “Investir em energia renovável é investir em um futuro sustenele. “Por outro lado, eles não querem ficar para trás na corrida tecnotável e rentável, como mostrou a última década de incrível creslógica e não fazem nada em energias renováveis”. cimento em energias renováveis”, disse Inger Andersen, diretor executivo do Programa Ambiental da ONU. “Mas não podemos Com a energia solar liderando, o crescimento nos dar ao luxo de ser complacentes. As emissões do setor de da capacidade de energia limpa está ajudando o planeta a evitar bilhões de toneladas de energia global aumentaram cerca de 10% nesse período. É claro emissões de dióxido de carbono a cada ano que precisamos acelerar rapidamente o ritmo da mudança global para as energias renováveis, se quisermos conhecer o clima e o desenvolvimento internacionais. objetivos”.
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Voar pelo espaço em vela solar refletiva – sem motores
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Planetary Society, liderada pelo CEO Bill Nye, ajudou a transformar em realidade, a navegação pelo sistema solar, uma pequena nave espacial, financiada por recursos privados, com uma vela de prata ondulante empurradas por rajadas de Sol. Estas “velas solares”, testadas apenas algumas vezes, podem um dia transportar espaçonaves para outros planetas, ou talvez até para outros sistemas estelares. Recentemente foi lançada em 25 de junho, o foguete SpaceX Falcon Heavy da plataforma de lançamento do Kennedy Space Center, na Flórida. Entre duas dúzias de outros satélites, o dispositivo do tamanho de um pão, projetado para se impulsionar por velas leves que aproveitam a pressão da luz do sol. Com o LightSail-2, partículas de luz do Sol refletem contra a velocidade de 31,59 metros quadrados de velas - aproximadamente a área de um ringue de boxe – e geram um mínimo de força, o equivalente ao peso de um clipe de papel empurrando para baixo sua mão. Mas, como o Sol sempre brilha, a vela oferece um empurrão contínuo que, com o passar do tempo, aumenta a velocidade - sem precisar de combustível algum.
Fotos: Planetary Society
LightSail 2 navegando no espaço empurrado pelo vento da luz do Sol, em pura magia cósmica
Diagrama de uma vela solar
Em visão de artista a nave LightSail 2, lançada em 25 de junho 2019, do foguete SpaceX Falcon Heavy no Kennedy Space Center, na Flórida, em órbita usando o suave empurrão dos fótons solares
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A nave, LightSail 2, pode ser o começo de uma nova era de vôos espaciais - uma em que as espaçonaves renunciam aos motores de foguetes em que confiam há décadas e navegam elegantemente sob os ventos do sol. Cerca de sete dias após o lançamento, o LightSail 2 saiu de seu contêiner, estendendo quatro folhas espelhadas de Mylar que coletivamente formam uma vela em forma de pipa de 340 pés quadrados(31,59 metros quadrados). De acordo com a Planetary Society, o LightSail 2 é a primeira nave a navegar estritamente pela luz enquanto estiver na órbita da Terra. O LightSail se aproxima como um veleiro para elevar sua altitude, o que lhe valerá a distinção de ser a primeira espaçonave a navegar para uma órbita mais alta em torno do nosso planeta.
Missão LightSail-2, mostra o potencial da navegação solar para o voo espacial Os controladores da nave experimental LightSail 2 da Planetary Society - projetada para voar com a luz vinda do Sol conseguiu elevar sua órbita ao redor da Terra graças à luz solar que empurra a grande vela refletora solar do veículo. Ele marca a primeira vez que uma espaçonave na órbita da Terra usou a navegação solar para mudar seu caminho ao redor do planeta. O LightSail 2 está em uma órbita baixa acima da Terra desde o seu lançamento no topo de um foguete SpaceX Falcon Heavy em 25 de junho. Recentemente, a espaçonave implantou com sucesso sua vela - um pedaço fino e quadrado de mylar do tamanho de um ringue de boxe. Selfie do LightSail 1 com suas velas solares instaladas em junho de 2015
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Imagem tirada por uma das câmeras a bordo do LightSail-2, mostrando sua vela de painel solar desfraldada
Desde então, a Planetary Society vem torcendo e girando a posição da vela em órbita, para otimizar a capacidade da nave espacial de aproveitar o poder da luz que vem do sol. E até agora, esta dança orbital funcionou. A Planetary Society diz que o LightSail 2 elevou parte de sua órbita em cerca de 1,7 km, e que essa mudança “só pode ser atribuída à navegação solar”. “Estamos entusiasmados em declarar o sucesso da missão para o LightSail 2”, disse Bruce Betts, gerente do programa LightSail e cientista-chefe da Planetary Society, em um comunicado.
Enquanto isso, a Planetary Society continuará a usar os raios de sol com o LightSail 2 para o próximo mês. “Esperamos continuar elevando a órbita realmente até o final de agosto”, disse David Spencer, gerente de projeto LightSail 2 e professor associado da Universidade Purdue, durante uma coletiva de imprensa. Eventualmente, o LightSail 2 será puxado de volta para a Terra. A espaçonave está em uma órbita elíptica em torno do nosso planeta, e cada vez que eleva sua órbita de um lado, mergulha mais perto da Terra do outro. Em breve, a fina atmosfera arrastará o LightSail 2 para baixo e o veículo - com sua vela - queimará na reentrada. Mas pelo menos ele terá navegado antes disso. A Planetary Society lançou um LightSail-1 quase idêntico há quatro anos, mas a órbita dessa espaçonave era baixa demais para superar o arrasto atmosférico e demonstrar navegação solar real. No entanto, essa missão permitiu que os engenheiros resolvessem problemas e fizessem melhorias no LightSail-2, que foi amplamente executado sem problemas. A mesma tecnologia poderia ser usada para uma variedade de missões, talvez para manter um satélite sentado acima dos pólos da Terra, transportando carga para Marte ou uma missão de longa duração para cometas distantes. A partir daí, as possibilidades são quase ilimitadas. Com uma vela leve, uma espaçonave poderia ir para a lua, para asteróides, para Júpiter – em qualquer lugar onde o vento soprasse, sem usar combustível algum.
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Supermadeira supera o aço e iguala titânio, também comparável à fibra de carbono, mas muito menos caro Pesquisadores criam supermadeira resistente em uma combinação que normalmente não é encontrada na natureza
Fotos: Karen Robinson Hua Xie, University of Maryland
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ma madeira mais resistente do que a natural e mais forte do que ligas de titânio foi desenvolvida por engenheiros da Universidade de Maryland, nos EUA, que dizem que sua invenção pode ser um importante substituto do aço. “É uma solução promissora na busca por materiais sustentáveis e de alto rendimento”, afirmou à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Liangbing Hu, professor-associado de Ciência e Engenharia de Materiais da universidade e líder da equipe que desenvolveu o projeto, publicado no periódico científico Nature. Segundo ele, o produto final apresenta 12 vezes mais resistência que a madeira comum. “É um tipo de madeira que pode ser usado em automóveis, aviões, edifícios e em qualquer aplicação em que se use aço.”
Imagens ampliadas da madeira não tratada (esquerda) e da mesma madeira tratada pelo novo processo (à direita), que esmaga as lacunas entre paredes celulares em madeira natural (estrutura porosa vista na imagem de microscopia eletrônica de varredura, esquerda), tornando a madeira densificada (direita) mais forte quanto o aço
Resistência da lignina Essa supermadeira é fabricada em duas etapas: a primeira consiste em um tratamento químico para a extração parcial da molécula chamada lignina, um dos polímeros mais comuns do planeta e o elemento que confere à madeira sua cor amarronzada e sua rigidez. Depois, a madeira é comprimida a um calor de 100ºC, o que “espreme” as fibras de celulose e reduz a grossura do produto final em cerca de 80%. Essa compressão destrói eventuais defeitos na madeira, como buracos ou nós. Mas o mais importante é que suas fibras ficam tão próximas entre si que formam fortes elos de hidrogênio. A lignina é retirada justamente para evitar que fiquem espaços vazios entre as fibras, explica Hu. Mas essa remoção é apenas parcial porque “se comprimíssemos a madeira depois de extrair a lignina totalmente, a estrutura inteira (do material) colapsaria”.
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Liangbing Hu (à esquerda) detém um bloco de madeira transformado pelo novo processo para tornar-se mais forte que os rivais de titânio e mais resistente do que o aço. Teng Li (à direita) detém um bloco não tratado da mesma madeira
Liangbing Hu, professor do departamento de ciência e engenharia de materiais da escola de engenharia, e Teng Li, professor em engenharia mecânica, trabalharam juntos na criação da supermadeira
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Projéteis Co-líder da equipe e professor de engenharia mecânica Teng Li, junto com os pesquisadores da Universidade de Maryland, testaram o material com tiros de projéteis de aço, similares a balas de revólver. Constataram que “é preciso 10 vezes mais energia para a fratura do que a madeira natural”. Para dar-lhe um exemplo de quão difícil isso é, a equipe disparou balas contra duas peças do mesmo tipo de madeira e, enquanto a bala perfurou completamente a madeira não tratada, o bloco de supermadeira, da mesma espessura e tamanho, ficaram retidos até a metade quando disparados contra a madeira tratada. “A supermadeira é tão forte quanto o aço, mas seis vezes mais leve”, diz Hu. Ele agrega que o tratamento funcionou nos testes realizados em três tipos de madeira dura (tília, carvalho e álamo) e outros três de madeira mais leve (cedro e pinheiro). E, ao adensar madeiras mais leves, será possível diversificar seu uso, explica o pesquisador. “Madeiras leves como o pinheiro, que crescem rapidamente e são mais ecologicamente corretas, podem substituir florestas mais densas porém de crescimento mais lento, como a teca, (para fabricação de) móveis ou edificações”, diz Hu. Questionado sobre essa tecnologia estimular o desmatamento, Hu argumenta que “a madeira densificada pode ser usada por mais tempo, e por isso não resultará na destruição de florestas”. Agora, os pesquisadores estão em busca de aplicações para a nova tecnologia, e uma startup universitária foi criada para comercializar a técnica.
Detalhes Li também acrescentou que o processo de fabricação é fácil e barato, permitindo que você trate todo o tipo de madeira, mesmo as macias, em massa, a preços baixos. Antes do início do processo, você pode até moldar ou dobrar o material para adotar qualquer forma que desejar. O processo de tratamento começa pela remoção da lignina da madeira – a substância que a torna rígida e marrom. Então, a madeira é espremida a 150 graus Fahrenheit, comprimindo sua celulose com tanta força que reduz sua espessura para um quinto do tamanho. A chave em todo o processo, explica o documento, é a concentração de lignina. Professor da Universidade Finlandesa de Aalto, Orlando J. Rojas, que analisou o documento de forma independente, diz que “muito pouca ou demais remoção (de lignina) diminui a força em relação ao valor máximo alcançado na remoção de lignina intermediária ou parcial”. do processo, a compressão das fibras criou uma ligação de hidrogênio extremamente forte, que é o que dá a supermadeira, sua super força.
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Está parecendo muito bom para ser verdade, dada a abundância e baixo custo de tantas árvores de rápido crescimento. Imagine o tipo de móveis ou peças estruturais personalizadas que você pode construir sem ter que suportar os altos custos de fibra de carbono ou ligas de titânio. De acordo com o Dr. Huajian Gao, da Universidade Brown, que não está associado ao estudo, este super material possui todas as características necessárias para ser “usado em carros, aviões, edifícios – qualquer aplicação onde o aço já é usado”. A madeira usada como material de construção também pode ter uma tendência a inchar com umidade, diminuindo sua força ao longo do tempo e levando a podridão. A nova madeira comprimida é muito menos propensa a inchaço e absorção, que é outra grande vantagem. As possibilidades para engenheiros, arquitetos, designers industriais etc, são infinitas... As propriedades desta “super madeira “, como a equipe de pesquisa da Escola de Engenharia da Universidade James James, o chamam, são quase mágicas. A supermadeira é tão forte quanto o aço, mas seis vezes mais leve, e os projéteis que atravessaram a madeira natural, ficaram retidos até a metade quando disparados contra a madeira tratada
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Concreto a partir de vidro reciclado Pesquisadores da Escola de Engenharia Deakin, em Victoria, Austrália, transformam lixo em areia para fazer o material de construção Fotos: SWNS
Uma nova técnica promete colocar o desperdício de vidro em bom uso, transformando-o em concreto que pode ser usado em pisos industriais e na construção de estradas e estacionamentos. O concreto polimérico é um tipo de concreto que utiliza polímeros, tipicamente resinas, para substituir o cimento tipo cal como aglutinante
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vidro desperdiçado foi transformado em areia para concreto polimérico a ser usado na construção. O concreto polimérico é um material resistente à água, de alta resistência, adequado para áreas com tráfego intenso, como estações de serviço e aeroportos. Uma nova técnica promete colocar o desperdício de vidro em bom uso, transformando-o em concreto que pode ser usado em pisos industriais e na construção de estradas e estacionamentos.
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Pesquisadores na Austrália transformaram o vidro que seria desperdiçado na areia para ser usado em concreto polimérico. O concreto polimérico é um tipo de concreto que utiliza polímeros, tipicamente resinas, para substituir o cimento tipo cal como aglutinante. O concreto polimérico é um material resistente à água e de alta resistência adequado para áreas com tráfego intenso, como estações de serviço e aeroportos. O professor Dr. Riyadh Al-Ameri, da Escola de Engenharia Deakin, em Victoria, disse: “Essa pesquisa fornece a evidência de que a indústria da construção precisa ver o potencial do vidro como substituto da areia ao fazer polímero de concreto e, potencialmente, concreto”. No mundo todo, a indústria da construção representa 6% do PIB global, segundo o World Economic Forum.
Pesquisadores na Austrália transformaram o vidro que seria desperdiçado na areia para ser usado em concreto polimérico
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Superfícies de vidro reciclado. O polímero produz um material resistente à água e de alta resistência adequado para áreas com tráfego intenso, como estações de serviço e aeroportos
O concreto é um material de construção importante e a areia é um de seus principais componentes, portanto, encontrar uma alternativa à areia faz sentido econômico. A areia minada requer lavagem e classificação A invenção também é “um potencial substituto” para areia regular no concreto
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antes de ser adicionada ao agregado, cimento e água para fazer concreto. “Descobrimos que a substituição de areia por vidro reciclado de solo fortalece o concreto polimérico e é um uso sustentável de um dos principais
tipos de materiais recicláveis no fluxo de resíduos domésticos”. “Qualquer mudança que reduza o custo de produção levará a ganhos significativos em toda a indústria, potencialmente em escala global”.
Como o concreto é feito? O professor Dr. Riyadh Al-Ameri, da Escola de Engenharia Deakin, em Victoria, disse que a invenção também é “um potencial substituto” para areia regular no concreto. “Essa pesquisa fornece a evidência de que a indústria da construção precisa ver o potencial do vidro como substituto da areia ao fazer polímero de concreto e, potencialmente, concreto”. No mundo todo, a indústria da construção representa 6% do PIB global, segundo o World Economic Forum. O concreto é um material de construção importante e a areia é um de seus principais componentes, portanto, encontrar uma alternativa à areia faz sentido econômico. Areia minada requer lavagem e classificação antes de ser adicionada ao agregado, cimento e água para fazer concreto. “Descobrimos que a substituição de areia por vidro reciclado de solo fortalece o concreto polimérico e é um uso sustentável de um dos principais tipos de materiais recicláveis no fluxo de resíduos domésticos. “Qualquer mudança que reduza o custo de produção levará a ganhos significativos em toda a indústria, potencialmente em escala global.”
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Quantidade de carbono armazenado nas florestas reduzida à medida que o clima se aquece
As árvores crescem mais rápido à medida que as temperaturas aumentam e têm uma expectativa de vida mais curta. O impacto global significa que as árvores absorverão dióxido de carbono menos atmosférico. O carbono que é armazenado nas árvores é devolvido ao meio ambiente quando eles morrem Fotos: Ulf Buntgen
O
crescimento acelerado das árvores causado pelo aquecimento do clima não se traduz necessariamente em maior armazenamento de carbono, sugere esse estudo internacional. A equipe, liderada pela Universidade de Cambridge, descobriu que à medida que as temperaturas aumentam, as árvores crescem mais rápido, mas elas também tendem a morrer mais jovens. Quando essas árvores de crescimento rápido morrem, o carbono que armazenam é devolvido ao ciclo do carbono. O crescimento acelerado das árvores causado pelo aquecimento do clima não se traduz necessariamente em maior armazenamento de carbono, sugere o estudo internacional
A distribuição etária muito mais plana das amostras de Altai revela que as árvores geralmente são mais velhas e têm incrementos anuais ligeiramente menores. A idade média das árvores dos Pirinéus espanhóis e o russo Altai, a largura do anel e área basal são 355 anos, 0,44 mm e 195 mm 2 , respectivamente. Os números coloridos mostram os valores mínimo, médio e máximo (mínimo, médio, máximo) da idade da árvore, largura do anel de árvore e incremento da área basal (verde, vermelho, azul) Os resultados, relatados na revista Nature Communications, têm implicações para a dinâmica global do ciclo de carbono. À medida que o clima da Terra continua a aquecer, o crescimento das árvores continuará a acelerar, mas o período de tempo que as árvores armazenam o carbono, o chamado tempo de residência do carbono, diminuirá. Durante a fotossíntese, as árvores e outras plantas absorvem o dióxido de carbono da atmosfera e o utilizam para construir novas células.
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Árvores de vida longa, como pinheiros de altas altitudes e outras coníferas encontradas nas florestas boreais da latitude norte, podem armazenar carbono por muitos séculos. “À medida que o planeta aquece, faz com que as plantas cresçam mais rápido, então o pensamento é que plantar mais árvores levará a mais carbono sendo removido da atmosfera”, disse o professor Ulf Büntgen, do Departamento de Geografia de Cambridge, principal autor do estudo.
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Este toco de árvore nas montanhas russas de Altai é o remanescente de um lariço que tem crescido no primeiro milênio depois de Cristo
“Mas isso é apenas metade da história. A outra metade é uma que não foi considerada: que essas árvores de rápido crescimento estão mantendo carbono por períodos mais curtos de tempo”.Büntgen usa as informações contidas em anéis de árvores para estudar as condições climáticas do passado. Os anéis de árvores são tão distintos quanto as impressões digitais: a largura, a densidade e a anatomia de cada anel anual contêm informações sobre como era o clima naquele determinado ano. Retirando amostras nucleares de árvores vivas e amostras de discos de árvores mortas, os pesquisadores são capazes de reconstruir como o sistema climático da Terra se comportou no passado e entender como os ecossistemas estavam respondendo à variação de temperatura. Para o estudo atual, Büntgen e seus colaboradores da Alemanha, Espanha, Suíça e Rússia, amostraram mais de 1100 pinheiros montanhosos vivos e mortos dos Pirineus espanhóis e 660 amostras de lariço siberiano do Altai russo: ambos os locais de florestas de alta elevação que foram imperturbado por milhares de anos. Usando essas amostras, os pesquisadores conseguiram reconstruir as taxas de crescimento total e juvenil das árvores que cresciam durante as condições climáticas industriais e pré-industriais. Os pesquisadores descobriram que condições rigorosas e frias fazem com que o crescimento das árvores diminua, mas também tornam as árvores mais fortes, de modo que elas podem viver até uma idade avançada. Por outro lado, as árvores que crescem mais rapidamente nos primeiros 25 anos morrem muito mais cedo do que seus parentes de crescimento lento. Esta relação negativa permaneceu estatisticamente significativa para amostras de árvores vivas e mortas em ambas as regiões. A ideia de um tempo de permanência de carbono foi inicialmente formulada pela primeira vez pelo co-autor Christian Körner, professor emérito da Universidade de Basel, mas esta é a primeira vez que foi confirmada pelos dados. A relação entre a taxa de crescimento e o tempo de vida é análoga à relação entre a freqüência cardíaca e a expectativa de vida observada no reino animal: animais com frequências cardíacas mais rápidas tendem a crescer mais rapidamente, mas têm vidas médias mais curtas. “Queríamos testar a hipótese ‘viva rápido, morra jovem’ e descobrimos que, para árvores em climas frios, parece ser verdade”, disse Büntgen. “Estamos desafiando algumas suposições de longa data nesta área, que têm implicações para a dinâmica do ciclo de carbono em larga escala”. [*] Universidade de Cambridge
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Mudança climática pode piorar a qualidade das pastagens por Peter Moon
Fotos: Divulgação
Estudos indicam que a elevação da temperatura média pode fazer com que as forrageiras fiquem mais fibrosas e menos proteicas. Gado precisará de mais alimento para alcançar o peso de abate e produzirá mais metano
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aumento das temperaturas médias esperado para as próximas décadas, de no mínimo 2ºC, pode ter um impacto inesperado no bolso dos pecuaristas. Novos estudos sugerem que um dos efeitos da mudança no clima será a redução na qualidade da pastagem, que se tornará menos proteica, mais fibrosa e, portanto, de digestão mais demorada. Como consequência, disseram os pesquisadores, o gado precisará consumir mais alimento para alcançar o peso de abate e passará a produzir mais metano, um potente gás causador do efeito estufa. As conclusões têm como base experimentos feitos pela equipe de Carlos Alberto Martinez y Huaman, professor do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo (USP). Participaram do estudo pesquisadores do Instituto de Botânica de São Paulo, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Jaboticabal e do Instituto Federal Goiano, campus Rio Verde. “Buscamos entender como as pastagens forrageiras responderão fisiológica e produtivamente às condições futuras do clima, que envolvem aumento na temperatura média e na concentração de dióxido de carbono (CO2), além de redução da disponibilidade de água”, disse Martinez. 52
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As principais espécies vegetais cultivadas são classificadas em C3 e C4, nomenclatura relacionada à via usada pela planta para fixar carbono na fotossíntese. Soja e feijão, por exemplo, usam a via C3. Gramíneas tropicais, como cana-de-açúcar, milho e forrageiras, desenvolveram um sistema complementar à C3 chamado de via C4. Na tentativa de determinar com precisão as mudanças fisiológicas que as forrageiras deverão sofrer no futuro, Martinez evitou realizar experimentos em estufas – locais considerados limitados para fazer as simulações necessárias.
Como explicou o pesquisador, as plantas em estufas são cultivadas em vasos e, desse modo, têm o crescimento das raízes limitado. Consequentemente, crescem menos do que em campo aberto. Outras variáveis impossíveis de serem reproduzidas na estufa são a intensidade e a variação da luminosidade e da temperatura, causadas pela ação do vento sobre as folhas, além da profundidade do solo, no qual as raízes podem penetrar à procura de água. “Para alguns experimentos, o modelo de vasos é válido, mas para simulações de clima futuro também são necessários experimentos de campo. Conseguimos aquecer as plantas ao ar livre com aquecedores infravermelhos. Além disso, enriquecemos o ar com CO2 em ambiente aberto, graças a uma infraestrutura denominada Trop-T-FACE, instalada em campo com apoio do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais”, disse Martinez. Os experimentos foram realizados em campo aberto, onde as plantas estão submetidas a condições normais de temperatura, luminosidade, vento e umidade e o solo é profundo, podendo as raízes se estender em busca de água. A espécie empregada foi o capim-mombaça (Panicum maximum), uma forrageira tropical de origem africana que realiza fotossíntese pela via C4. Amplamente usado no Brasil como pasto, por sua alta qualidade nutricional, o capim-mombaça é comum em São Paulo e em outros estados. O aquecimento cancelou o efeito do CO2 na umidade do solo e na transpiração
Biomassa de folhas
Condutância estomática Transpiração
Transpiração
eCeT
Espessura da cutícula adaxial
Densidade estomática Tamanho das células buliformes Tamanho dos feixes vasculares
Espessura da epiderme adaxial
Espessura da folha Fotossíntese Eficiência do uso da água Conteúdo do amido
eC
eT
Teor de amido da folha
Teor de água no solo
Principais mecanismos de aclimatação anatómicas e fisiológicas de P . máximo desenvolvido sob elevado [CO2]e aquecimento revistaamazonia.com.br
Folhas mais fibrosas
Capim-mombaça
Além do apoio da FAPESP, o trabalho também contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Agência Nacional de Águas (ANA).
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“Colocamos aquecedores infravermelhos em 16 canteiros, aquecendo as plantas 2ºC acima da temperatura ambiente. Os equipamentos são capazes de detectar a temperatura ambiente a cada 15 segundos, ajustando os valores de acordo com a necessidade», disse Eduardo Habermann, bolsista da FAPESP e primeiro autor dos trabalhos publicados nas revistas Physiologia Plantarum e PLOS ONE. “O experimento foi realizado em novembro de 2016, período de grande calor. A temperatura ambiente estava em 38ºC e, nos canteiros, chegou a 40ºC”, disse Habermann. Ao longo do experimento, os pesquisadores aferiram as condições de trocas gasosas das plantas com a atmosfera, as condições da fotossíntese, a fluorescência da clorofila, a produção de folhagem (biomassa) e a qualidade nutricional do pasto. “Vimos que, em condições de seca, as plantas tentam economizar a água do solo. O controle é feito pelos estômatos, pequenas estruturas presentes nas folhas, que se abrem para absorver o CO2. Mas, ao fazê-lo, perdem água. Com pouca água no solo, a raiz se ressente. A planta fecha os estômatos e transpira menos. O efeito da economia de água é a redução da fotossíntese, com a consequente piora na qualidade da planta”, disse Habermann. revistaamazonia.com.br
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Pesquisadores medem trocas gasosas das forrageiras
Vimos que, em condições de seca, as plantas tentam economizar a água do solo. O controle é feito pelos estômatos, pequenas estruturas presentes nas folhas, que se abrem para absorver o CO2. Mas, ao fazê-lo, perdem água. Com pouca água no solo, a raiz se ressente.
Outras respostas do capim-mombaça ao estresse hídrico, detectadas pelo estudo, foram o aumento na quantidade de fibras das folhas e a redução no teor de proteína bruta – fatores que representam perda de qualidade nutricional. Os pesquisadores estimam que, nas condições futuras de temperatura, o aumento na quantidade de fibras resultará em uma digestão mais difícil e demorada para o gado. A consequência direta será a produção de maior quantidade de metano pelos animais. “O gado precisará consumir mais pasto até atingir o peso de abate. Para manter o mesmo nível de produção, os pecuaristas precisarão complementar a alimentação do plantel e regar as pastagens, com impacto significativo nos custos de produção”, disse Martinez. Outra alternativa, nem sempre possível, é a expansão das áreas de pastagem, o que pode favorecer o desmatamento ou fazer com que o produtor abra mão de outros cultivos. A equipe também realizou experimentos com plantas C3, como a leguminosa estilosantes campo grande (uma mistura das espécies Stylosanthes capitata e Stylosanthes macrocephala), forrageira rica em proteína e que executa a função de capturar o nitrogênio da atmosfera e fixá-lo biologicamente no solo, reduzindo os investimentos em insumos agrícolas, contribuindo para a redução dos impactos ambientais e possibilitando maior ganho de peso aos animais. “Os experimentos de mudanças climáticas realizados com a leguminosa C3 deram o mesmo resultado. A qualidade nutricional é reduzida”, disse Martinez.
Eduardo Habermann, bolsista da FAPES
[*] Agência FAPESP
Aquecedores usados para simular aumento da temperatura ambiente
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Alimento Sustentável e Agricultura:
Uma Abordagem Integrada Livro da FAO sobre ações integradas de sustentabilidade agrícola Durante o lançamento do livro
Fotos: Divulgação, ONU
N
“
ão podemos continuar a produzir alimentos da mesma maneira”, contando com técnicas agrícolas intensivas, insumos químicos e mecanização, “precisamos mudar para uma abordagem mais interconectada da sustentabilidade”, acrescentou ele, durante o lançamento da nova publicação, Alimento Sustentável e Agricultura: Uma Abordagem Integrada, que visa apresentar evidências de ponta sobre como a agricultura sustentável pode ser continuamente melhorada em diferentes escalas. O livro é uma importante contribuição sobre a importância da criação de estruturas políticas adequadas para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas frente a uma população global crescente, segundo Graziano da Silva. De acordo com o Diretor Geral, são necessárias políticas para resolver os conflitos de interesse que inevitavelmente surgem em meio à necessidade de mudança, o que traz urgência de aumentar a renda e as oportunidades para as comunidades rurais ao redor do mundo, em especial no mundo em desenvolvimento. Muitas vezes, tentar encaixar novas técnicas nos padrões existentes impossibilita a integração de todos os atores e interesses para seguir em frente. “A única maneira de colocá-los juntos e harmonizar as coisas para seguir em frente é revisar políticas e orientações”, acrescentou. 54
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Falando durante um painel de discussão, Graziano da Silva disse: “Não podemos continuar a produzir alimentos da mesma forma, contando com técnicas agrícolas intensivas, insumos químicos e mecanização. Precisamos mudar para uma abordagem mais holística sobre sustentabilidade ”. Graziano da Silva falou no lançamento de uma nova publicação, Agricultura Sustentável e Agricultura: Uma Abordagem Integrada, que visa apresentar evidências de ponta sobre como melhorar a agricultura sustentável em diferentes escalas. O livro é uma contribuição seminal para obter quadros políticos adequados para enfrentar os desafios da mudança climática e uma população global crescente, disse a DG da FAO. Políticas são mais necessárias para enfrentar os inevitáveis conflitos de interesse que surgem em meio à necessidade de mudança, disse ele. Graziano da Silva falou sobre a necessidade de melhorar a renda e as oportunidades, dentro e fora da fazenda, para as comunidades rurais em todo o mundo, especialmente no mundo em desenvolvimento. As novas técnicas da Shoehorning em padrões existentes muitas vezes não conseguem integrar todos os jogadores e seus interesses de forma progressiva.
“A única maneira de colocá-los juntos e harmonizar as coisas, para avançar, é rever políticas e orientações”, disse Graziano da Silva. “Não podemos continuar a produzir alimentos da mesma maneira”, contando com técnicas agrícolas intensivas, insumos químicos e mecanização, afirmou o chefe da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, por ocasião do lançamento do livro. Na avaliação do dirigente, ações pontuais, que tentam encaixar novas técnicas em padrões produtivos já estabelecidos, são insuficientes para colocar a agricultura num caminho sustentável. Segundo Graziano, é necessário revisar políticas e orientações mais amplas, a fim de lidar com os conflitos de interesse que surgem com a necessidade de mudar o modo de cultivar alimentos.“Precisamos mudar para uma abordagem mais interconectada da sustentabilidade”, enfatiza o especialista. ”Chegamos ao limite do paradigma da revolução verde”, disse o diretor-geral da FAO (DG), José Graziano da Silva, em Roma, no lançamento do livro Alimentação e Agricultura Sustentáveis
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O novo livro O livro - um volume de 585 páginas publicado pela FAO com a Academic Press Division da Elsevier - reúne o trabalho de 78 especialistas da FAO, além de uma ampla variedade de universidades e organizações em todo o mundo. Ele foi organizado através de 48 capítulos e cinco seções, abrangendo desde demografia e pobreza rural até biodiversidade e escassez de água, enquanto também ressalta exemplos viáveis de como aumentar a produtividade agrícola através da integração de diferentes setores, sem prejudicar e podendo aumentar o capital ambiental e social existente. A seção final do livro se concentra em quatro áreas: pesquisa e inovação; políticas e incentivos; mobilização de recursos; e governança e instituições. Esses eixos são considerados críticos para promover transformações estruturais significativas nos sistemas alimentares. Também são propostas recomendações para atores envolvidos com a produção agrícola. As análises do livro fazem questão de identificar e equilibrar as compensações que normalmente surgem e destacar as iniciativas bem-sucedidas de governança e política para resolvê-las nos níveis global e nacional. Governos, cientistas, sociedade civil e setor privado precisam de um entendimento comum de conceitos, métodos e estratégias, que não devem ser pensados separadamente, mas sim de forma interconectada por todos os setores”, disse Clayton Campanhola, editor-chefe da publicação e líder do setor. Programa Estratégico da FAO para Agricultura Sustentável.
Novas tecnologias, como veículos aéreos não tripulados com câmeras poderosas e leves, permitem um melhor aconselhamento sobre gerenciamento de fazendas
Além de que esse é o primeiro livro a olhar para as ameaças iminentes à segurança alimentar sustentável através de uma lente intersetorial. À medida que o mundo enfrenta desafios de oferta de alimentos devido à queda na produtividade agrícola, à deterioração acelerada da quantidade e qualidade dos recursos naturais que sustentam a produção agrícola, a mudança climática, a fome, a
pobreza e a desnutrição, uma compreensão multifacetada é fundamental para identificar soluções práticas. Este livro oferece às partes interessadas uma visão, conceito e métodos comuns baseados em estratégias comprovadas e amplamente aceitas para melhoria contínua da sustentabilidade em diferentes escalas. Embora a informação sobre políticas e tecnologias que aumentem a produtividade
Tecnologia de sensoriamento remoto para fornecer dados sobre fazendas e fazendeiros
O livro termina com um conjunto de recomendações que, se adaptadas e adotadas, melhorariam a produtividade e a sustentabilidade da agricultura e dos sistemas alimentares. A reunião de um grupo tão amplo de especialistas para trabalhar juntos na produção desse livro atesta o compromisso da FAO em trabalhar por meio de parcerias. A estrutura de programas estratégicos da própria FAO foi projetada para gerar uma maior colaboração da FAO entre os setores. A nova publicação é direcionada a formuladores de políticas, profissionais de pesquisa e extensão agrícola, profissionais de desenvolvimento e estudantes e professores de ciências biológicas, sociais e agrícolas. Ele complementa a recente publicação Transformação de Alimentos e Agricultura da FAO para Alcançar os ODS, que fala sobre 20 ações interconectadas que levam às mudanças de transformação necessárias. e a sustentabilidade de setores agrícolas individuais esteja disponível até certo ponto, a literatura é praticamente desprovida de informações e experiências para países e comunidades que consideram uma abordagem abrangente (políticas, estratégias e tecnologias intersetoriais) à SFA . Este livro é o primeiro esforço para preencher esta lacuna, fornecendo informações sobre opções comprovadas para aumentar a produtividade, rentabilidade, equidade e sustentabilidade ambiental de setores individuais e, além disso, como identificar oportunidades e ações para explorar sinergias entre setores.
Características principais
*Fornece opções comprovadas de tecnologias e políticas integradas, ajudando novos programas a identificar programas existentes apropriados *Apresenta mecanismos /
ferramentas para balancear tradeoffs e propõe indicadores para facilitar a tomada de decisão e medição do progresso
*Posiciona uma revisão abrangente e informada das questões em um único lugar para uma educação, comparação e avaliação eficazes Satélites do espaço ajudam cultivos dos campos e permitem que os agricultores tomem decisões rápidas, adaptadas precisamente a campos individuais - desde selecionar a variedade de culturas correta e aplicar exatamente a dose correta de fertilizantes até determinar o momento ideal para medidas de proteção de cultivos e reconhecer os fatores estressantes das plantas em um estágio inicial
A Inteligência Artificial (AI) promete ocupar papel de destaque, com impacto em toda a cadeia do agronegócio revistaamazonia.com.br
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Agricultura pode absorver carbono até 2050, seria a contribuição do setor terrestre para um mundo de 1,5°C Veganismo e árvores podem ajudar a parar a agricultura, contribuindo para o aquecimento global
S
e uma em cada cinco pessoas nos países mais ricos fosse quase vegana e jogasse fora um terço a menos do que atualmente , enquanto os países pobres eram ajudados a preservar suas florestas e restaurar terras degradadas, os sistemas agrícolas do mundo poderiam absorver dióxido de carbono até 2050 em vez de aumentar massivamente o aquecimento global, como fazem atualmente. O plantio de árvores e a melhoria da fertilidade do solo por meio de melhores práticas agrícolas também seriam necessários, de acordo com um estudo sobre florestas globais, agricultura e sistemas alimentares publicado na revista Nature Climate Change.
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Essas dietas quase veganas envolveriam o consumo de menos de 2.500 calorias por dia e não mais que 60g de proteína animal.
Gerenciar terras agrícolas e outras de uma maneira mais ambientalmente correta pode levar o mundo quase um terço do caminho para o cumprimento das metas do acordo de Paris. “Essas [medidas] são viáveis agora e oferecem muitos outros benefícios”, disse Stephanie Roe, cientista ambiental da Universidade da Virgínia e principal autora do artigo. “Relatórios recentes sobre o estado de nossas florestas e sistemas alimentares mostram uma preocupante falta de progresso no setor de terras, e nossa janela de oportunidade para cumprir o acordo de Paris está ficando menor. No entanto, continuo otimista porque temos todas as ferramentas necessárias, além de aumentar a pressão pública e a vontade política de mudar as coisas. ” As mudanças também permitiriam dietas saudáveis em todo o mundo, melhorariam os meios de subsistência em áreas pobres, preservariam a vida selvagem e a flora e aumentariam a qualidade da água e do ar. Muitas das medidas sugeridas, como cortar o desperdício de alimentos e mudar o consumo excessivo de carne, também economizariam dinheiro.
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Por exemplo, melhorar o gerenciamento do solo por meio de práticas de agricultura orgânica custaria cerca de US $ 57 bilhões (43,9 bilhões de libras), mas economizaria quase US $ 2 bilhões no período, de acordo com uma estimativa usada no estudo.
A terra é responsável por cerca de 25% das emissões globais de gases de efeito estufa, ou 11 gigatoneladas de dióxido de carbono por ano. Com as medidas corretas, de acordo com o estudo, ele atuaria como um sumidouro de carbono absorvendo 3 gigatoneladas da atmosfera por ano até 2050. Isso poderia dar algum espaço para outros setores, como a aviação, continuarem a usar quantidades limitadas de combustíveis fósseis enquanto permanecer dentro do orçamento global de carbono necessário para evitar um aumento de temperatura superior a 1,5 ° C (um aumento de 2,7 ° F) acima dos níveis pré-industriais. Os autores estabeleceram um roteiro para as seis medidas em larga escala que eles propõem, incluindo: reduzir o desmatamento, queima de turfeiras e destruição de manguezais em 70%; restaurar florestas, turfeiras e manguezais costeiros para gerar economia suficiente de dióxido de carbono para cancelar as emissões anuais da China; plantar árvores para economizar tanto dióxido de carbono quanto o emitido pela UE. Melhorar as práticas agrícolas, incluindo a mudança para práticas mais orgânicas, significaria uma melhor gestão do solo que poderia reduzir o dióxido de carbono igual às emissões anuais da Índia. O desperdício de alimentos de consumo nos países ricos e nos grandes países em desenvolvimento pode ser reduzido em um terço, enquanto as perdas da produção de alimentos em regiões pobres, como a África Subsaariana e o sudeste da Ásia, podem ser cortadas drasticamente através de medidas simples, como mais refrigeração e melhor transporte. Mover um quinto das pessoas para dietas à base de plantas em países desenvolvidos e emergentes, particularmente nos EUA, UE, China, Brasil, Argentina e Rússia, é possível em 2030.
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Água: ativo nacional estratégico e competitivo Fotos: BPBES/José Sabino
Em relatório inédito, pesquisadores apontam soluções para o uso racional e maior eficiência na gestão e na conservação da água no Brasil que, embora detenha a maior reserva de água doce do planeta, padece de anomalias na sua distribuição e qualidade, na relação demanda-oferta e na aplicação dos instrumentos legais; documento é pioneiro ao compilar o conhecimento disponível sobre os recursos hídricos brasileiros, sob a ótica da biodiversidade, dos serviços ecossistêmicos, do patrimônio cultural e do bem-estar humano
I
nsumo vital, direito humano e elemento crucial para todos os setores estratégicos do país – do agronegócio à indústria, passando por transporte, energia e saúde – a água é o tema central do documento que a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) lançado recentemente durante o 17º Congresso Brasileiro de Limnologia. De autoria de 17 pesquisadores, o sumário para tomadores de decisão do relatório temático “Água: biodiversidade, serviços ecossistêmicos e bem-estar humano no Brasil” é dirigido a gestores e lideranças nas esferas pública e privada, buscando sensibilizá-los para a complexidade, a importância e a urgência de uma gestão eficaz da água no país. O documento contextualiza as ameaças aos recursos hídricos e aos ambientes aquáticos, as oportunidades e o diferencial competitivo que o seu uso eficiente possibilitam ao desenvolvimento e à economia do país e propõe práticas e instrumentos para um melhor uso e manejo das águas brasileiras.
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https://www.youtube.com/ watch?v=TyF4rulyoPU Vídeo-animação (versão completa) sobre o Sumário para Tomadores de Decisão (STD) do Relatório Temático Água: biodiversidade, serviços ecossistêmicos e bem-estar humano no Brasil. Produzido pela Plataforma Brasileira em parceria com a Associação Brasileira de Limnologia e as Universidades Estadual e Federal do Rio de Janeiro (UERJ e UFRJ, respectivamente). Elaborado com base nas diretrizes estabelecidas pela Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), o STD é um resumo do relatório completo sobre a temática e traz as principais mensagens encontradas pelos pequisadores e colaboradores do relatório em uma linguagem acessível à sociedade em geral. revistaamazonia.com.br
O país possui a maior reserva mundial de água – concentrando 12% da disponibilidade hídrica superficial do planeta –, vastos reservatórios de água subterrânea e uma circulação atmosférica que distribui umidade entre diversas regiões, sendo capaz de regular o clima de todo o continente sul-americano. Abriga, ainda, algumas das mais importantes áreas úmidas terrestres, o maior arquipélago fluvial (Mariuá, no Parque Nacional de Anavilhanas, Rio Negro), a maior ilha genuinamente fluvial (Ilha do Bananal, no rio Araguaia) e a maior ilha fluviomarítima do mundo (Ilha do Marajó, na foz do rio Amazonas). “Apesar da abundância, o Brasil trata mal o recurso, e algumas regiões já apresentam problemas relacionados à segurança hídrica. No relatório, mostramos as principais ameaças e apontamos direções para um melhor manejo e conservação dos recursos hídricos por meio de mudanças na gestão, integração entre agências e setores envolvidos e desenvolvimento de estratégias de conservação focadas nos múltiplos usos da água”, explica Vinícius Farjalla, professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do estudo. O diferencial desse trabalho está na abordagem da questão da água não apenas sob a dimensão de sua importância como recurso hídrico. “A água é muito mais do que isso, é um componente-chave da biodiversidade, é patrimônio cultural e está atrelada ao bem-estar da população brasileira de inúmeras maneiras”, aponta Aliny Pires, professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e coordenadora do documento. Os autores coincidem na avaliação de que a água é um ativo nacional que, se usado com sabedoria e eficiência, enseja uma grande oportunidade para garantir ao país um desenvolvimento econômico e social bastante competitivo.
BRASIL, POTÊNCIA DAS ÁGUAS 300
A PESCA mobiliza + de MIL PESSOAS
750
O BRASIL POSSUI A MAIOR extensão de
ÁREAS ÚMIDAS
protegidas do mundo
A AGRICULTURA consome
12%
DA DISPONIBILIDADE
hídrica superficial
DO GLOBO
MIL
litros de água/seg
A INDÚSTRIA utiliza
180 MIL litros de água/seg
CERCA DE BILHÕES DE M3
290
de água são reservados ao abastecimento urbano e rural
65%
DA MATRIZ ENERGÉTICA
brasileira tem origem hidrelétrica
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS no país
15
MILHÕES
de litros/seg
BIODIVERSIDADE
ÚNICA
+3.000 ESPÉCIES DE peixes de água doce
CER Rio Cipo
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Vale lembrar, no entanto, que, em que pese a riqueza do Brasil no que se refere à agua doce, ela está naturalmente distribuída de forma muito desigual pelo país, onde também se observa grandes contrastes na relação demanda-oferta, na aplicação dos instrumentos legais e nos usos dos ambientes aquáticos. Ou seja, os desafios de gestão não são uniformes por todo o território nacional. O texto salienta que os instrumentos de gestão vigentes não contemplam os vários aspectos relacionados a esses múltiplos usos. Consequentemente, a abundância da água não assegura a segurança hídrica do país, comprometendo a biodiversidade aquática, diversas atividades econômicas e o bem-estar da população.“É premente a necessidade de se entender o caráter multissetorial da governança da água, os vários agentes interessados e as diferentes realidades regionais. Só assim poderemos aplicar as ferramentas apropriadas e implementar uma gestão de longo prazo efetiva para garantir a segurança hídrica desta e das futuras gerações”, afirma Pires. Assim como convergem na visão sobre a oportunidade suscitada pelo potencial hídrico do Brasil, os coordenadores sinalizam que o principal alerta do estudo é o de que o aproveitamento do diferencial competitivo nacional só se dará se o país souber assimilar e integrar a sua heterogeneidade em relação à quantidade, à qualidade, aos diferentes usos e à legislação dos recursos hídricos.
Dependência das águas Praticamente todas as atividades econômicas no Brasil dependem de suas águas, sendo que a agricultura irrigada e a pecuária são os principais usuários consumindo, respectivamente, 750 mil e 125 mil litros de água por segundo. A matriz energética elétrica brasileira depende de cerca de 65% da produção hidrelétrica e a indústria utiliza mais de 180 mil litros de água por segundo.
OS VÁRIOS DA ÁGUA
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40%
DO TERRITÓRIO NACIONAL possui níveis de AMEAÇA de moderado a alto dos corpos hídricos Maior
DESMATAMENTO
Altas taxas de
PERDA
compromete o papel da
AMAZÔNIA
no ciclo hidrológico
de água no fornecimento
POTENCIAL hidrelétrico
68 HÍDRICA %
da disponibilidade
e apenas
7 % da população
Nível
CRÍTICO de segurança hídrica Informações
ESCASSAS
sobre a biodiversidade aquática
98%
Agronegócio e
USO DE FERTILIZANTES
dos municípios da região reportaram eventos de SECA
Concentra da população e apenas da disponibilidade de água do país
comprometem a qualidade de suas águas
58 %13 %
Maior
SEGURANÇA HÍDRICA
Secas e inundações com
CONSEQUÊNCIAS
do país
econômicas, políticas, sociais e ambientais
TURISMO EM AMBIENTES AQUÁTICOS
Maiores níveis de
AMEAÇA
Principal atividade econômica em diversos municípios
92 %
INVASÃO
biológica ameaça a biodiversidade aquática e diversas atividades produtivas
Em diversas regiões do país, o transporte de carga e de pessoas também precisa da manutenção da vazão presente nos ambientes Pescador na Bacia Amazônica, Pará
60
Cerca de
à biodiversidade aquática
dos municípios reportaram eventos de
INUNDAÇÃO HETEROGENEIDADE Elevada
no nível de segurança hídrica
aquáticos. O Relatório lista diversos outros exemplos de serviços e atividades demandantes de grandes quantidades de água, o que demonstra a sua centralidade na economia e nos modos de vida da população. A gestão territorial da água envolve, ainda, aspectos transfronteiriços, uma vez que as reservas nacionais possuem dependência intrínseca de nações vizinhas. Segundo o documento, “o Brasil recebe cerca de 2,6 trilhões de m3 de água por ano de outros países e escoa aproximadamente 800 bilhões de m3 de água por ano”. A construção de barragens no sopé dos Andes peruanos, por exemplo, poderá comprometer as condições ambientais da várzea no rio Amazonas em território brasileiro, devido à retenção parcial de sedimentos nas represas, bem como aos seus efeitos sobre o regime hidrológico.
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Ameaças De acordo com o Relatório, as principais ameaças às águas brasileiras são as mudanças climáticas, as mudanças no uso do solo, a fragmentação de ecossistemas e a poluição. Já são notáveis os efeitos de eventos extremos de precipitação e seca, que vão aumentar ao longo do século, alterando a dinâmica e a configuração dos habitat aquáticos. Anos de seca prolongada nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil resultaram em uma perda estimada de R$ 20 bilhões na receita agrícola em 2015, um recuo de quase 7% em relação ao ano anterior. “Mudanças no uso do solo em função da expansão agrícola e do represamento de rios podem comprometer a disponibilidade e a qualidade da água em todo o país, afetando os usos pela biodiversidade aquática e pela população humana. Tais mudanças, bem como a transposição de rios, promovem modificações na dinâmica e na estrutura dos ambientes aquáticos causando perda na conectividade e alteração no regime hidrológico, o que favorece o estabelecimento de espécies exóticas”, diz o texto. Os autores mencionam o aumento no aporte de poluentes aos rios, que acarreta prejuízos à biodiversidade e aos serviços providos por ecossistemas aquáticos, e destacam que cerca de 40% do território nacional apresenta níveis de ameaça aos corpos hídricos de moderado a elevado.Ressaltam, ainda, o papel dos poluentes emergentes, tais como hormônios e antibióticos, que não são removidos pelas vias de tratamento convencionais e cujos efeitos para a biota aquática e a saúde humana não foram plenamente explorados. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, 48% dos rios monitorados são impróprios para tratamentos convencionais e 50% da água captada e distribuída no sistema de abastecimento do Guandu é utilizada para tratar esgotos.
ÁGUA: A OPORTUNIDADE BRASILEIRA Aprimoramento do
CONHECIMENTO: Integração de
BANCOS DE DADOS
ÍNDICE DE SEGURANÇA HÍDRICA
PREENCHER LACUNAS
Projetar
TECNOLOGIA: MONITORAMENTO E MAPEAMENTO Desenvolvimento e aplicação de
de corpos hídricos
TECNOLOGIAS PARA A SEGURANÇA HÍDRICA
Acessar e valorizar
CENÁRIOS
do conhecimento sobre os serviços ecossistêmicos hídricos
com componentes
ECONÔMICOS, ECOLÓGICOS E DE USO
POLÍTICA:
Investimentos em
SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA, voltadas sobretudo para as questões climáticas
PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS
Criação e conservação de
ÁREAS DE PROTEÇÃO
com foco em ambientes aquáticos
INTEGRAÇÃO
setorial e institucional da
Fortalecer
GESTÃO:
Inclusão do conceito de serviços ecossistêmicos no processo de
LICENCIAMENTO AMBIENTAL Priorização da
RESTAURAÇÃO FLORESTAL para prover serviços ecossistêmicos
HÍDRICOS
Gestão de QUESTÕES TRANSFRONTEIRIÇAS
CONHECIMENTO TRADICIONAL E INDÍGENA
ÁGUA E MARCO LEGAL da ÁGUA BIODIVERSIDADE AQUÁTICA CUMPRIMENTO DOS ACORDOS INTERNACIONAIS
CONTROLE DAS AMEAÇAS
aos corpos hídricos brasileiros
TOMADA DE DECISÃO
baseada em
EVIDÊNCIAS
técnico-científicas
Integração dos
ENGAJAMENTO:
MÚLTIPLOS SETORES USUÁRIOS
MUDANÇA NO COMPORTAMENTO
Redução do desperdício de água Biodiversidade aquática como fonte de
GERAÇÃO DE RENDA PARTICIPAÇÃO SOCIAL
na tomada de decisão e mobilização coletiva
Nascente rio olho d´água, Cerrado
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OS CAMINHOS PARA A ÁGUA Cumprimento da Lei recomporá parte da
Metas de Aichi.
em áreas ribeirinhas, contribuindo para a qualidade das águas brasileiras.
2030 74 milhões de pessoas estarão sob risco hídrico no Brasil.
colocará o país em uma posição privilegiada no contexto global
são obtidos em benefícios, sendo o setor de serviços o mais favorecido.
Risco econômico associado à segurança hídrica será em torno de
R$ 520 bi,
+ que o dobro do valor observado em
Aumento em
54% da
captação de águas subterrâneas no Brasil.
A meta do Plano Nacional de Saneamento Básico é que
pesca e aquicultura, o maior da América Latina.
Avanços e receio Um dos avanços mais recentes da agenda da água no Brasil foi o Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH), mecanismo criado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional e pela Agência Nacional de Águas que propõe a implementação de projetos de infraestrutura para assegurar água aos brasileiros até 2035. Segundo o estudo, a cada R$ 1 investido em infraestrutura hídrica, mais de R$ 15 são obtidos em benefícios associados à manutenção de distintas atividades produtivas no país. Entre 2004 e 2016, estima-se que o Brasil ganhou mais
O Brasil dispõe de base legal para o enfrentamento dos problemas relacionados aos recursos hídricos e ao saneamento básico. Os benefícios dos investimentos em infraestrutura (previstos no PNSH) e da universalização do saneamento (inclusa no Plano Nacional do Saneamento Básico) são também amplamente conhecidos, sobretudo quanto à saúde das pessoas e à conservação dos ambientes aquáticos. Os autores do estudo alertam, no entanto, que os mecanismos necessários para sua implementação efetiva não são plenamente viabilizados para uma aplicação em escala e sinalizam que, apesar de alguns incentivos, o país ainda precisa percorrer um longo caminho nessa área. O relatório aponta que a universalização do saneamento básico trará ao país ganhos de R$ 1,5 trilhão – valor quatro vezes maior que o gasto estimado para sua implementação – e diminuirá de forma expressiva despesas com saúde humana, com destaque para as regiões urbanas que abrigam 75% da população brasileira. A integração entre iniciativas que visem o estabelecimento de redes de saneamento e esgoto e esforços de recomposição da vegetação nativa e de adoção de diferentes tecnologias será capaz de recompor serviços ecossistêmicos perdidos. “O uso integrado de soluções baseadas na natureza, como a restauração florestal e a conservação de áreas úmidas – com infraestrutura convencional – é o caminho mais seguro, menos custoso e com maior benefício para assegurar a utilização dos recursos hídricos e a conservação da biodiversidade aquática”, diz o texto.
brasileiro tenha tratamento do esgoto e que a perda na distribuição da água gire em torno de
2035
Mais de
R$ 70 bi/ano
será o investimento requerido para a diminuição do risco para os setores produtivos.
As mudanças climáticas e de uso do solo comprometerão a biodiversidade dos ambientes aquáticos.
Saneamento e infraestrutura
93% do território 30%.
2050-2100
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R$ 15 e R$ 20
gestão da água 46,6% na produção da
2017.
62
A cada R$ 1 investido em segurança hídrica, entre
Previsão de crescimento de
Fortalecimento das instituições de
Dos 17 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL da ONU, 5 deles estão ligados à água e à biodiversidade aquática ODS 6, 2, 3, 11 e 15
Cerca de
2020
Proteção de ambientes de água doce é um dos pontos mais críticos para o cumprimento das
vegetação nativa
tratada pelo atual governo, declarações do presidente Bolsonaro e de outros gestores do governo federal, como o próprio Ministro do Meio Ambiente, indicam, no melhor cenário, pouca atenção às questões ambientais, como a conservação de áreas naturais, que são importantes recargas de água tanto para o abastecimento urbano, como para diversas atividades produtivas, e o combate às mudança climáticas, que terão grande impacto na oferta e na qualidade dos recursos hídricos brasileiros”, conta Farjalla.
R$27,6 bi
é o investimento previsto no Plano de Segurança Hídrica.
Redução na biodiversidade para a Bacia Amazônica e extremo sul do país em cerca de
25%
Eventos extremos de precipitação e alteração da disponibilidade hídrica afetarão os grandes centros urbanos.
de R$ 15 bilhões por ano com investimentos realizados em saneamento, incluindo a promoção do turismo e a redução com gastos em saúde.O foco do PNSH é a redução dos elevados valores de insegurança hídrica previstos para 2035 caso nenhuma ação seja realizada no país e ele se soma a outros instrumentos da Política Nacional dos Recursos Hídricos, formando a atual base legal para a gestão dos recursos hídricos nacionais. No texto, os autores chamam a atenção para a relevância do fortalecimento desse Plano de forma a assegurar a disponibilidade hídrica no Brasil. “Vejo com certo receio como a pauta ambiental vem sendo
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Nível do mar sobe com velocidade 2,5 vezes maior do que a do século 20 O aquecimento global tem aumentado à temperatura dos oceanos e o derretimento das geleiras e dos mantos de gelo nas regiões polares e montanhosas do planeta. Essa combinação de fatores tem levado a um aumento do nível do mar e, consequentemente, da frequência e intensidade dos eventos extremos costeiros, como inundações. Fotos: Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA / Kathryn Mersmann, IPCC, Rudolph Hühn
A
s conclusões são de um relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) sobre oceano e criosfera – as partes congeladas do planeta. Um sumário para formuladores de políticas foi lançado quarta-feira (25/9), em Mônaco, dois dias após a abertura da Cúpula do Clima em Nova York, nos Estados Unidos, em que líderes mundiais foram pressionados a implementar medidas mais ambiciosas para combater o aquecimento global. “O oceano e a criosfera estão ‘esquentando’ em decorrência das mudanças climáticas há décadas e as consequências para a natureza e a humanidade são amplas e severas”, declarou Ko Barret, vice-presidente do IPCC. “As rápidas mudanças no oceano e nas partes congeladas do nosso planeta estão forçando tanto as pessoas das cidades costeiras como de comunidades remotas do Ártico a alterar fundamentalmente seu modo de vida”, afirmou.
De acordo com o documento, aprovado pelos 195 países membros do IPCC, o nível do mar subiu globalmente em torno
de 15 centímetros (cm) durante todo o século 20 e, atualmente está subindo a uma velocidade duas vezes e meia maior – a 0,36 cm por ano. E esse ritmo está acelerando. Mesmo que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) fossem bastante reduzidas e o aquecimento global limitado a bem menos que 2 ºC dos níveis pré-industriais o nível do mar subiria entre 30 e 60 centímetros até 2100. Se as emissões de GEE continuarem aumentando fortemente, o nível do mar pode subir entre 60 e 110 centímetros no mesmo período, de acordo com as projeções dos cientistas autores do documento. “Nas últimas décadas, a taxa de aumento do nível mar se acelerou devido ao aumento crescente do aporte de água proveniente do derretimento das geleiras, principalmente na Groenlândia e na Antártica, e da expansão da água do mar pelo aumento da temperatura marinha”, disse Valérie Masson-Delmotte, diretora de pesquisa da Comissão de Energias Alternativas e Energia Atômica da França e copresidente do grupo de trabalho 1 do IPCC.
Frequência e intensidade de eventos extremos costeiros, como inundações, devem aumentar até 2100, indica relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU
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Eventos extremos A elevação do nível do mar aumentará a frequência de eventos extremos que ocorrem, por exemplo, durante a maré alta e tempestades intensas. As indicações são de que, com qualquer grau de aquecimento adicional, eventos que ocorreram uma vez por século no passado acontecerão todos os anos em meados do século 21 em muitas regiões, aumentando os riscos para muitas cidades costeiras baixas e pequenas ilhas, prevê o relatório. As ondas de calor marítimas também dobraram em frequência desde 1982 e estão aumentando em intensidade. A frequência desses eventos será 20 vezes mais alta em um cenário de 2 °C de aquecimento, em comparação com os níveis pré-industriais. Elas podem ocorrer 50 vezes mais frequentemente se as emissões continuarem a aumentar fortemente, aponta o relatório. “Várias abordagens de adaptação já estão sendo implementadas, muitas vezes em resposta a inundações, e o relatório destaca a diversidade de opções disponíveis para cada contexto”, afirmou Masson-Delmotte. Segundo a cientista, a nova avaliação também revisou para a cima a contribuição projetada da camada de gelo da Antártica para o aumento do nível do mar até 2100 em um cenário de altas emissões de GEE.
Declínio de geleiras
Em 25 de setembro, o gelo marinho do Ártico atingiu sua provável extensão mínima para 2019. A extensão mínima do gelo foi efetivamente vinculada à segunda mais baixa no registro de satélites, junto com 2007 e 2016, reforçando a tendência de queda de longo prazo na extensão do gelo ártico. A extensão do gelo do mar começará agora seu aumento sazonal no outono e inverno
A ponta do iceberg: o aquecimento global provavelmente levará a mudanças irreversíveis no oceano e na criosfera nos próximos anos
“As projeções da elevação do nível do mar para 2100 e além estão relacionadas a como os mantos de gelo reagirão ao aquecimento, especialmente na Antártica. Ainda há grandes incertezas”, ponderou.
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Elevação do nível do mar global está se acelerando gradualmente ao longo do tempo, em vez de aumentar a uma taxa constante, como se pensava anteriormente, de acordo com estudo baseado em 25 anos de dados de satélite da NASA e da Europa
Os 670 milhões de pessoas que vivem em regiões montanhosas estão cada vez mais expostos aos riscos de avalanches e inundações e mudanças na disponibilidade de água pelo declínio de geleiras, neve, gelo e permafrost – solo permanentemente congelado –, aponta o relatório. Em cenários de alta emissão de GEE, estima-se que geleiras menores encontradas, por exemplo, na Europa, nos Andes e na Indonésia poderão perder mais de 80% de sua massa de gelo atual até 2100. À medida que as geleiras das montanhas recuam, também são alteradas a disponibilidade e a qualidade de água para onde se dirige a corrente (a jusante), com implicações para setores como agricultura e energia hidrelétrica, ressaltam os cientistas. No Ártico, a extensão do gelo marinho também está diminuindo gradativamente a cada mês do ano. Uma parte expressiva dos quatro milhões de pessoas que vivem permanentemente na região – especialmente povos indígenas – já ajustou suas atividades de caça, por exemplo, à sazonalidade das condições de terra, gelo e neve, e algumas comunidades costeiras já estão se deslocando. “Limitar o aquecimento ajudaria essa população a se adaptar às mudanças no suprimento de água e aos riscos, como deslizamento de terra”, disse Panmao Zhai, co-presidente do grupo de trabalho I do IPCC.
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Novo relatório de mudanças climáticas do oceano revela um derretimento global alarmante
Maior absorção de calor O aquecimento global já atingiu 1 ºC acima do nível pré-industrial, devido ao aumento das emissões de gases de efeito estufa. Até o momento, o oceano absorveu mais de 90% do excesso de calor no sistema climático e, em 2100, absorverá entre duas e quatro vezes mais calor do que nos últimos 40 anos se o aquecimento global for limitado a 2 °C e até cinco a sete vezes mais com emissões mais altas, estimam os cientistas. O oceano também absorveu entre 20% e 30% das emissões de dióxido de carbono induzidas pelo homem desde 1980, causando a sua acidificação.
A captação contínua de carbono pelo oceano até 2100 exacerbará esse fenômeno provocado pelo aumento da concentração e da dissolução de dióxido de carbono, que diminui o pH da água superficial, elevando a acidez e causando a destruição de recifes de corais, por exemplo.O aquecimento e a acidificação dos oceanos, a perda de oxigênio e as mudanças nos aportes de nutrientes já estão afetando a distribuição e a abundância da vida marinha em áreas costeiras, em mar aberto e no fundo do mar. No futuro, algumas regiões, principalmente os oceanos tropicais, sofrerão reduções adicionais, alerta o relatório. “Reduzir as emissões de gases de efeito estufa limitará os impactos nos ecossistemas
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oceânicos. Diminuir outras pressões, como a poluição, ajudará ainda mais a vida marinha a lidar com mudanças no ambiente”, disse Hans-Otto Pörtner, pesquisador da University of Bremen, na Alemanha, e copresidente do grupo de trabalho 2 do IPCC.
Década dos oceanos
O presidente do IPCC Hoesung Lee apresenta ao príncipe Albert II de Mônaco o relatório especial sobre o oceano e a criosfera em um contexto climático em mudança, como parte da 51ª sessão do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), como observa o ex-ministro francês de Ecologia Segolene Royal , em Mônaco, em 25 de setembro de 2019
O relatório consiste em três partes: mudanças e impactos observados, mudanças e riscos projetados e respostas à implementação de mudanças nos oceanos e criosfera. Além disso, cada seção inclui vários graus de certeza científica relacionados às mudanças climáticas contínuas. Algumas observações importantes de alta confiança (ou certeza virtual) incluem:
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Os mares agora estão subindo a um sétimo de uma polegada (3,66 milímetros) por ano, o que é 2,5 vezes mais rápido que a taxa de 1900 a 1990. Os oceanos do mundo já perderam 1% a 3% do oxigênio em seus níveis mais altos desde 1970 e perderão mais com o aquecimento.
De 2006 a 2015, o derretimento do gelo da Groenlândia, Antártica e as geleiras das montanhas do mundo acelerou. Agora estão perdendo 720 bilhões de toneladas (653 bilhões de toneladas métricas) de gelo por ano.
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A cobertura de neve do Ártico em junho encolheu mais da metade desde 1967, quase 2,5 milhões de quilômetros quadrados.
O gelo do mar ártico em setembro, o ponto mais baixo anual, caiu quase 13% por década desde 1979. O ponto mais baixo deste ano, segundo a segunda-feira, foi o segundo mais baixo já registrado.
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É provável que os animais marinhos diminuam 15% e as capturas da pesca em geral diminuam 21% a 24%, até o final do século, devido às mudanças climáticas. “A mudança climática já é irreversível”, disse a cientista climática francesa Valérie Masson-Delmotte, principal autora do relatório, em entrevista coletiva em Mônaco, onde o documento foi divulgado. “Devido à absorção de calor no oceano, não podemos voltar atrás.” Mas muitas das projeções dos piores casos do relatório ainda podem ser evitadas, dependendo de como o mundo lida com as emissões de gases captadores de calor, disseram os autores do relatório. O IPCC aumentou sua subida projetada do nível do mar no final do século no pior cenário em quase 10 cm das projeções de 2013 por causa do aumento recente do derretimento das camadas de gelo na Groenlândia e na Antártica.
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O relatório se insere em uma série de ações voltadas a destacar o papel fundamental dos oceanos na regulação do clima do planeta, ao redistribuir o calor que chega em excesso à região tropical até as regiões polares, ao mesmo tempo em que leva o frio dos polos para os trópicos.As ações foram intensificadas a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – a Rio+20 –, em 2012, no Rio de Janeiro. O evento culminou na realização da Conferência da ONU sobre os Oceanos em junho de 2017 em Nova York, nos Estados Unidos, e na proclamação, no mesmo ano, do período de 2021 a 2030 como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável – a Década do Oceano. Esse período corresponde à última fase da Agenda 2030 – um plano de ação estabelecido pela ONU em 2015 para erradicar a pobreza e proteger o planeta, que contém 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), um deles (14) especialmente dedicado aos oceanos. A fim de fortalecer essa agenda de ações da ONU no Brasil, América Latina e Caribe, o professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) Alexander Turra propôs à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a criação de uma cátedra no Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) para o estudo da sustentabilidade dos ecossistemas marinhos e costeiros. A proposta foi aceita e, no início de junho, foi inaugurada na USP a Cátedra Unesco para a Sustentabilidade dos Oceanos.“A proposta da cátedra é canalizar e impulsionar ações voltadas a fortalecer a agenda sobre oceanos na academia e na sociedade”, disse Turra à Agência FAPESP. Uma das funções da cátedra é fomentar e dinamizar a pesquisa oceanográfica integrada e interdisciplinar. “É preciso integrar na pesquisa oceanográfica a visão das ciências naturais com as sociais, uma vez que o mar é um sistema socioecológico, e não só natural”, afirmou Turra. Outras linhas de ação da cátedra são disseminar o conhecimento sobre oceanos – a chamada cultura oceânica –, fomentar o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações a partir dos recursos marinhos e articular o conhecimento científico com a tomada de decisão pelos agentes públicos.
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