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Colaborando hoje, para cuidar do amanhã Em celebração à Semana do Meio Ambiente, a Hydro reforça seu compromisso com a preservação ambiental e segue apoiando iniciativas socioeducativas em prol da natureza. O Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil Noruega (BRC) contribui para a reabilitação ecológica @hydronobrasil e ambiental de áreas mineradas. Em Paragominas, já foram colocados em processo de recuperação mais de 2.200 hectares após a lavra, até @hydronobrasil Norsk Hydro dezembro de 2019. Com programas sociais como o Embarca Amazônia, incentivamos a consciência socioambiental de jovens empreendedores, alavancando ideias de negócios sustentáveis na região de Barcarena e Abaetetuba. Buscamos as melhores soluções para educar e promover uma cadeia de produção do alumínio cada vez mais sustentável.

@hydronobrasil Norsk Hydro

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Nós somos alumínio. 12 52

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EXPEDIENTE PUBLICAÇÃO

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A Embrapa Amazônia Oriental e o Governo do Pará firmaram acordo de cooperação técnica recentemente para a transferência de tecnologias para a região Sul do estado. O Programa Embrapa de Tecnologia Sustentáveis vai atuar na formação de agentes multiplicadores nos municípios de São Felix do Xingu, Tucumã, Canaã dos Carajás e Parauapebas. O ato foi assinado durante reunião de trabalho realizada pelo governador Helder Barbalho e o presidente do Conselho Nacional...

Tecnologias que podem mudar o mundo até 2025

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Rastreamento de papel e lápis, sorte, viagens globais significativas e cadeias de suprimentos opacas fazem parte do status quo de hoje, resultando em grandes quantidades de energia, materiais e tempo desperdiçados. Aceleradas em parte pelo desligamento de longo prazo das viagens internacionais e regionais da COVID-19, as empresas que projetam e constroem produtos adotam rapidamente tecnologias baseadas em nuvem para agregar, transformar...

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Em fevereiro - um mês antes do COVID-19 chegar a Boston - Partners Healthcare, o enorme sistema de saúde que inclui o Hospital Geral de Massachusetts, tratou 1.600 pacientes por meio de visitas em vídeo. Em abril, o número de pacientes que procuravam atendimento através do serviço de vídeo da Partners havia aumentado para 242.000. “Não somos os únicos”, disse Joe Kvedar, professor de dermatologia da Harvard Medical School e advogado de telemedicina do Partners por...

O COVID-19 é o ponto de inflexão da telemedicina (telessaúde)?

Mineração, vida e doença profissional após Covid

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As microalgas são microrganismos unicelulares formados em água salgada ou água doce e obtêm sua energia por meio da fotossíntese — o processo pelo qual plantas e outros organismos convertem luz em energia para se alimentar. As cianobactérias também são aquáticas e fotossintéticas. Embora estruturalmente iguais, as microalgas são mais complexas que as cianobactérias e realizam a fotossíntese de maneira diferente. Há uma enorme variedade de microalgas na Terra, mas a chlorella e a biomassa de cianobactérias conhecida como...

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Assim como nós, as plantas precisam de água para sobreviver, mas isso não significa que essas folhas verdes desfrutem de uma chuva mais do que nós. Quando as nuvens cinzentas aparecem e a chuva começa a cair, sua resposta é imediata, consumidora e próxima à do ‘pânico’, revela uma descoberta surpreendente. Porém, em contraste com os seres humanos, as plantas não podem sentir dor. No entanto, a chamada estimulação mecânica – chuva, vento e impacto físico humanos...

DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Agência Pará, Amol Mehra, Eleni Diamanti, Embrapa, Fundação Laudes, Jed Miller, Jennifer Nalewicki, Maynie Y, Michael Jarvis, Mohamed Elbaradei, Natalia Leal, Ronaldo Hühn, Saemoon Yoon, Shrishtee Bajpai, FOTOGRAFIAS Chi Birming, Divulgação, Euractiv, Fengyun-3C/Radiômetro visível e infravermelho, Firefly Health, Fórum Econômico Mundial, Madeleine Hillyer, Jules Julie, Marco Santos / Ag. Pará, Nature, Nasa/Tim Peake/Handout, Nature, Nasa, Kurpiers et al. , Telehealth facilities, Tracy Davenpor, Yin et al., Saemoon Yoon, Shrishtee Bajpai , WEF EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Rodolph Pyle

FAVOR POR

NOSSA CAPA Como a tecnologia mudará o mundo nos próximos cinco anos,segundo os pioneiros em tecnologia 2020. CICLE VI ESTA RE Fotos: Superposição de fotos de EngineeringServices em WEForum

Algas, o “superalimento” do futuro?

As melhores imagens científicas de junho de 2020

MAIS CONTEÚDO [08] Um passo a mais para garantir a comunicação global [18] Pioneiros em tecnologia do Fórum

Econômico Mundial em 2020 [20] Quem serão os vencedores em uma economia pós-pandemia? [22] Universidade da Terra [28] Quatro lições que a crise do COVID-19 pode nos ensinar sobre contar histórias baseadas em dados [31] O recomeço e a confiança digital: 3 lições sobre ferramentas digitais da crise COVID-19 [38] Construindo um mundo melhor pós-COVID [40] O grande reinício após o COVID-19 deve colocar as pessoas em primeiro lugar [42] Testes de anticorpos para coronavírus têm uma armadilha matemática [46] Criados vasos sanguíneos humanos em laboratório – novos tempos às doenças vasculares [48] Vômito de abelha: mostra que o mais doce não é necessariamente o melhor [51] Algas, o “superalimento” do futuro? [54] Praias liberadas, com restrições

EDITORA CÍRIOS

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Na cultura chinesa, a doença é vista como infeliz, aproximar- se demais de alguém doente traria “晦气” (energia negativa) para a própria vida. Esse sentimento de estigma não é de forma alguma exclusivo do povo chinês. Com que frequência as pessoas falam sobre doenças? A resposta pode nunca, ou pelo menos, não ser suficiente. A doença, física ou mental, é sempre o espaço negativo de uma conversa, um tópico que não é permitido de forma concreta, por medo de que..

Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

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União, Estado e Embrapa firmam acordo de cooperação


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União, Estado e Embrapa firmam acordo de cooperação

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Embrapa Amazônia Oriental e o Governo do Pará firmaram acordo de cooperação técnica recentemente para a transferência de tecnologias para a região Sul do estado. O Programa Embrapa de Tecnologia Sustentáveis vai atuar na formação de agentes multiplicadores nos municípios de São Felix do Xingu, Tucumã, Canaã dos Carajás e Parauapebas. O ato foi assinado durante reunião de trabalho realizada pelo governador Helder Barbalho e o presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal e vice-presidente da República, Hamilton Mourão, no Palácio dos Despachos, em Belém. O encontro também contou com a presença chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Adriano Venturieri, de representantes do setor produtivo, técnicos da vice-presidência, além de secretários e dirigentes do governo estadual. O público das capacitações programadas são principalmente técnicos da extensão rural que atuam nos quatro municípios. Durante um ano, eles terão uma formação continuada em seis módulos voltados para tecnologias sustentáveis para a produção agropecuária. Os conteúdos abrangem manejo e conservação dos solos, recuperação de pastagens, pecuária sustentável, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistemas agroflorestais e restauração florestal. O vice-presidente da República ressaltou que o Conselho Nacional da Amazônia Legal é uma ferramenta de gestão articuladora do Governo Federal nos estados. Hamilton Mourão também salientou a importância da integração entre União, Estado, municípios e setor produtivo.

Fotos: Marco Santos / Ag. Pará

Durante a reunião de trabalho no Palácio dos Despachos, em Belém

Helder destacou a necessidade de políticas públicas inovadoras que auxiliem na mudança de cultura dos produtores

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Mourão salientou que é fundamental a integração entre União, Estado, municípios e setor produtivo

“Hoje tivemos essa reunião com convergência de propósitos em torno do que é necessário ser feito para avançarmos na produtividade da região, preservação do meio ambiente e impedir que ilegalidades, como desmatamento e queimadas, ocorram” - Hamilton Mourão, vice-presidente da República e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal. O governador Helder Barbalho ressaltou a importância das ações repressivas no enfrentamento de crimes ambientais na Amazônia, porém, destacou a necessidade do poder público avançar na implementação de políticas públicas inovadoras que auxiliem na mudança de cultura e comportamento dos produtores.

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O governador destacou o desafio de equilibrar a sustentabilidade com vocações econômicas para garantir emprego e renda para a população. “É fundamental para solução do desenvolvimento sustentável que possamos ter alguns pilares da estratégia. Comando, controle e fiscalização para poder repreender a ilegalidade. Termos, também, a regulamentação fundiária, assistência técnica e o apoio ao fomento para garantir que os produtores possam ser sustentáveis e, com isso, estaremos garantindo que produzam sem derrubar a floresta” - governador Helder Barbalho. De acordo com o chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Adriano Venturieri, os módulos serão ministrados por especialistas da instituição e vão apresentar tecnologias já testadas e validadas pelas pesquisas. “São práticas que podem elevar a produtividade numa mesma área e reduzir a pressão pelo desmatamento”, afirma Venturieri. Caberá aos extensionistas levar as tecnologias até os produtores rurais. Em função da pandemia do Coronovírus, as atividades presenciais vão aguardar pela flexibilização das medidas de isolamento social. Além da qualificação dos técnicos em extensão rural, a parceria também prevê disponibilizar e ajustar às necessidades do governo estadual o aplicativo Agrotag. Desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente, a ferramenta permite aos extencionistas a coleta de dados e informações nas propriedades rurais. “Essa parceria vai oferecer tecnologias não apenas ao produtor rural, mas também aplicações que vão fortalecer nossas estratégias de atuação nessas áreas”, disse o governador do Pará, Helder Barbalho.

Adriano Venturieri, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, assinando o acordo de cooperação técnica

A parceria com a Embrapa se dá no contexto do programa Territórios Sustentáveis do governo do Pará. Além da transferência de tecnologia para os produtores rurais, a gestão estadual vai promover ações de regularização fundiária e oferta de crédito com o objetivo de conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação da floresta. Também estavam presentes, na reunião de trabalho, representantes da Embrapa, técnicos da vice-presidência, secretários e dirigentes do Estado, representantes do setor produtivo, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará, Carlos Xavier, o Vice presidente da Federação das Indústrias do

Estado do Pará (Fiepa), Nilson Azevedo e outras autoridades. Antes do encerramento, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará, Carlos Xavier, ressaltou que na exposição que fez ao vice-presidente, mostrou que os paraenses não são observados pelo Sul do País como deveriam. “Na proposta que estamos fazendo, vamos ser igual a São Paulo e Paraná juntos, 43,5 milhões de hectares que vamos trabalhar sem precisar fazer mais desmatamento, respeitando a floresta”, declarou. [*] Com informações da Embrapa e Agência Pará

Presentes também o setor produtivo, Embrapa, técnicos da vice-presidência, além de secretários, dirigentes e representantes do setor produtivo do Estado

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Um passo a mais para garantir a comunicação global A distribuição de chaves quânticas é um método criptográfico que pode garantir uma comunicação segura. Um experimento baseado em satélite mostrou que essa técnica pode ser aplicada a longas distâncias sem a necessidade de relés confiáveis por *Eleni Diamanti

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sociedade moderna é impulsionada pela troca de informações em larga escala. Como resultado, a comunicação segura de dados confidenciais em todo o mundo é um ativo cada vez mais valioso. A caixa de ferramentas matemáticas amplamente usada para esta tarefa pode ser complementada aplicando os princípios da física quântica para aumentar a segurança do link de comunicação. Essa abordagem possui recursos altamente desejáveis, como a proteção das informações criptografadas contra ameaças que podem surgir como consequência de futuros avanços no poder computacional. No entanto, ele também apresenta desafios tecnológicos substanciais em termos do alcance da comunicação possível e do grau de confiança nos dispositivos utilizados. Escrevendo na natureza , Yin et al ., demonstram que essas soluções criptográficas podem ser implantadas em distâncias superiores a 1.000 quilômetros, sem comprometer a segurança prometida pela tecnologia quântica subjacente.

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Fotos: Fengyun-3C/Radiômetro visível e infravermelho, Nature, Kurpiers et al. , Yin et al.

A aplicação principal da comunicação quântica é conhecida como distribuição de chave quântica (QKD). Esse processo permite que duas partes localizadas à distância uma da outra compartilhem uma cadeia secreta de bits (unidades de informação) denominada chave, que podem ser usadas para criptografar e descriptografar mensagens secretas, sem fazer suposições sobre o poder computacional de um possível bisbilhoteiro. Embora o princípio dessa segurança absoluta se baseie solidamente em leis fundamentais da natureza, as implementações práticas vêm em diferentes configurações. Por exemplo, é possível que uma das duas partes prepare estados quânticos de luz - o portador físico natural da informação na comunicação quântica - e os envie para a segunda parte, que os mede. Ao processar esses dados usando a comunicação clássica padrão, as duas partes podem extrair a chave secreta. O QKD nessa configuração foi demonstrado mais de 400 km em uma fibra óptica de baixa perda e mais de 1.200 km usando um link de comunicação satélite-terra.

Embora impressionantes, essas demonstrações exigem que os dispositivos das duas partes sejam totalmente caracterizados e confiáveis. Além disso, as perdas no meio de transmissão óptica acabam se tornando proibitivas. Como resultado, as redes que precisam ser estabelecidas para distribuir chaves de forma segura entre as partes contêm nós, que também precisam ser confiáveis. Essa restrição pode ser indesejável para alguns aplicativos. Se, ao contrário, alguém pudesse usar a distribuição de estados de luz ‘entrelaçados’ produzidos por uma fonte, a necessidade de confiança seria grandemente aliviada. Estados emaranhados incorporam a natureza peculiar da física quântica e exibem correlações não encontradas na física clássica. Tais correlações podem ser roteadas através de dispositivos chamados repetidores quânticos, para que sistemas físicos remotos possam se enredar. Nos últimos anos, houve um grande progresso nessa direção.

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Criptografia quântica baseada no entrelaçamento Experimento no qual pares de fótons emaranhados (fótons correlacionados de maneira não clássica) são produzidos a bordo do satélite Micius. Os fótons de cada par são então enviados para duas estações terrestres ópticas separadas por uma distância de 1.120 quilômetros. Esse processo permite que as partes nas duas estações compartilhem uma sequência secreta de bits chamada chave, que eles podem usar para criptografar e descriptografar mensagens secretas com segurança absoluta. Na configuração dos autores, os dispositivos usados pelas duas partes devem ser confiáveis, mas a fonte dos fótons emaranhados pode não ser confiável.

Soluções criptográficas podem ser implantadas em distâncias superiores a 1.000 quilômetros via satélite, sem comprometer a segurança prometida pela tecnologia quântica subjacente

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Mas, até o momento, as maiores distâncias para a distribuição de emaranhados foram alcançadas através da transmissão direta dos estados. Essas distâncias são de aproximadamente 100 km em uma fibra óptica e 1.200 km usando links de satélite. Idealmente para QKD, a segurança da chave gerada seria confirmada apenas pela detecção experimental dessas correlações não clássicas, através de propriedades estatísticas conhecidas como desigualdades de Bell, sem ter que confiar nos dispositivos utilizados pelas duas partes . No entanto, na prática, atingir esse nível de segurança impõe requisitos rigorosos aos dispositivos experimentais que não podem ser satisfeitos pelas tecnologias atualmente disponíveis. Um caminho a seguir é implementar o QKD baseado em emaranhamento que tenha requisitos mais fracos,

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Visão geral da configuração experimental da distribuição de chaves quânticas baseada no entrelaçamento Ilustração do satélite Micius e as duas estações terrestres. O satélite voa em uma órbita síncrona ao Sol a uma altitude de 500 km. A distância física entre a estação terrestre de Nanshan e Delingha é de 1.120 km. b , a fonte de espaço-emaranhado de fótons. Um isolador de espaço livre é usado para minimizar a reflexão posterior para o laser da bomba de 405 nm. Um par de espelhos côncavos fora do eixo é usado para focalizar o laser da bomba e colimar os pares de fótons convertidos para baixo. PBS, divisor de feixe de polarização; DM, espelho dicróico; LP, filtro de borda de passagem longa; PI, espelho de direção piezo; HWP, placa de meia onda; QWP, placa de quarto de onda; PPKTP, KTiOPO periodicamente polido 4 . c, A óptica de acompanhamento na estação terrestre óptica. O laser de rastreamento e sincronização é separado do fóton de sinal pelo DM3 e detectado pelo detector de fóton único (SPD5). O filtro espacial (SF), o filtro de largura de banda larga (BF) e o filtro de interferência (IF) são usados para filtrar a luz de entrada nos domínios espacial e de frequência. BS, divisor de feixe; BE, expansor de feixe; FSM, espelho de direção rápido.

pelo qual, embora os dispositivos das partes devam ser confiáveis, a fonte dos estados emaranhados pode permanecer não confiável. Yin et al. realizaram uma implementação completa e de longa distância do QKD com essas restrições. Uma maneira importante de entender o resultado é observar como foi alcançado, a partir de trabalhos anteriores 10 de alguns dos autores atuais e de seus colegas em 2017. Nesse artigo, os pesquisadores demonstraram a distribuição dos estados emaranhados gerados a bordo do satélite Micius e enviado através de dois links de comunicação para estações terrestres ópticas na China, separadas por 1.200 km. Embora esse trabalho tenha sido um marco para o campo, a eficiência de transmissão alcançada era muito baixa para que o QKD fosse realizado em condições práticas. Em

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particular, como apenas um número finito de estados pode ser transmitido durante uma janela curta de coleta de dados, os muitos erros envolvidos impediram que uma chave secreta fosse extraída. Levar em consideração o uso de um número finito de estados transmitidos é crucial para alcançar a segurança, especialmente no caso de um experimento baseado em satélite, no qual os dados são coletados apenas durante o breve período em que o satélite é visível nas estações terrestres. Yin et al. resolveu esse problema implementando importantes aprimoramentos tecnológicos. Isso incluiu a instalação de telescópios altamente eficientes nas estações terrestres e a otimização dos componentes do equipamento em todas as etapas do caminho óptico. A otimização meticulosa dos autores também envolveu aquisição de sinal de pon-

ta, sistemas de apontamento e rastreamento e técnicas de sincronização para as estações de satélite e terrestres. Seus esforços levaram a um aumento de quatro vezes na eficiência da transmissão em comparação com o experimento anterior e, consequentemente, produziram taxas de erro suficientemente baixas para que uma chave secreta fosse extraída. Os autores também verificaram a estabilidade e a confiabilidade de suas descobertas em várias órbitas de satélite. Do ponto de vista da segurança, essa demonstração não elimina a necessidade de confiança nas estações receptoras. Portanto, devem ser feitas suposições sobre o funcionamento interno dos dispositivos nessas estações. Yin et al., fez duas coisas para minimizar o risco que essas suposições não teriam na prática. Primeiro, eles usaram

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O envolvimento por demanda pode levar a redes quânticas escaláveis Entrelaçamento entregue a tempo. Dois métodos para distribuir emaranhamento - ou correlações não clássicas - entre nós distantes de uma rede quântica de maneira determinística. a , No experimento de Kurpiers e colegas, os dois nós consistiam em bits quânticos supercondutores (qubits) fabricados em chips separados. O emaranhamento foi gerado por um processo altamente eficiente que compreende a emissão de um fóton de microondas de um qubit e sua captura pelo outro, através de um fio. Os autores usaram dispositivos conhecidos como cavidades de microondas (mostrados como pares de discos) para preparar e ler o qubit e transferir o fóton. b, No experimento de Humphreys e colegas, os dois nós eram defeitos conhecidos como centros de vacância de nitrogênio no diamante. Para cada nó, o giro (momento magnético) do centro de vacância de nitrogênio foi entrelaçado com a presença ou ausência de um fóton óptico emitido em uma fibra. As duas fibras foram conectadas por um dispositivo chamado divisor de feixe, e a detecção de um único fóton (indicado pelo flash) projetou as duas rotações em um estado emaranhado. Ao produzir emaranhamento mais rapidamente do que se perdeu, os autores transformaram um protocolo probabilístico em determinístico. uma abordagem sistemática para combater as imperfeições que, inadvertidamente, poderiam vazar informações para um possível bisbilhoteiro. Segundo, eles usaram uma gama de soluções para controlar ativamente as propriedades dos portadores de informações fotônicas. Combinado com a segurança dessa abordagem quântica, que deve ser garantida contra todos os ataques possíveis, isso torna o resultado dos autores a demonstração mais avançada de QKD até agora. No entanto, várias deficiências precisarão ser superadas para que essas descobertas

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se tornem relevantes para aplicativos de alta segurança verdadeiramente práticos. Por exemplo, o experimento produziu chaves a taxas extremamente baixas. Além disso, o experimento foi realizado apenas à noite e usando um comprimento de onda que é incompatível com as redes de fibra óptica usadas para telecomunicações que interagem com redes espaciais em infraestruturas para comunicação quântica global. Além disso, o QKD pode ser alcançado apenas entre estações terrestres visíveis simultaneamente a partir do satélite.

O progresso em todas essas áreas requer o desenvolvimento de dispositivos de alto desempenho que operem com um comprimento de onda mais longo do que o utilizado neste trabalho, o uso de satélites em órbitas mais altas que o de Micius e - a longo prazo - a integração da tecnologia demonstrada com quantum repetidores e outras arquiteturas promissoras que permitem nós não confiáveis. Tais avanços liberariam todo o potencial das tecnologias quânticas para executar tarefas criptográficas em escala global.

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Impulsionando a IA da nuvem para a borda

Tecnologias que podem mudar o mundo até 2025 Vejam as previsões para o nosso futuro próximo: como a tecnologia mudará o mundo nos próximos cinco anos, segundo os pioneiros em tecnologia 2020 por *Saemoon Yoon

Fotos: Cortesia WEF

Fabricação otimizada para AI

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astreamento de papel e lápis, sorte, viagens globais significativas e cadeias de suprimentos opacas fazem parte do status quo de hoje, resultando em grandes quantidades de energia, materiais e tempo desperdiçados. Aceleradas em parte pelo desligamento de longo prazo das viagens internacionais e regionais da COVID-19, as empresas que projetam e constroem produtos adotam rapidamente tecnologias baseadas em nuvem para agregar, transformar de maneira inteligente e apresentar o produto de forma contextual e processar dados de linhas de fabricação em suas cadeias de suprimentos. Até 2025, esse fluxo onipresente de dados e os algoritmos inteligentes que os triturarão permitirão às linhas de fabricação otimizar continuamente em direção a níveis mais altos de produção e qualidade do produto - reduzindo o desperdício geral na fabricação em até 50%. Como resultado, desfrutaremos de produtos de alta qualidade, produzidos com mais rapidez. Anna-Katrina Shedletsky, CEO e fundadora da Instrumental

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Uma transformação energética de longo alcance Em 2025, as pegadas de carbono serão vistas como socialmente inaceitáveis, assim como a direção de beber é hoje. A pandemia do COVID-19 terá focado a atenção do público na necessidade de tomar medidas para lidar com ameaças ao nosso modo de vida, nossa saúde e nosso futuro. A atenção do público conduzirá mudanças políticas e comportamentais do governo, com pegadas de carbono se tornando objeto de escrutínio mundial.

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Indivíduos, empresas e países buscarão as maneiras mais rápidas e acessíveis de atingir zero líquido - a eliminação de sua pegada de carbono. A criação de um futuro sustentável zero líquido será construída através de uma transformação energética de longo alcance que reduz significativamente as emissões de carbono no mundo e através do surgimento de uma indústria maciça de gerenciamento de carbono que captura, utiliza e elimina dióxido de carbono. Steve Oldham, CEO da Engenharia de Carbono

Uma nova era da computação

Até 2025, os sistemas de saúde adotarão abordagens de saúde mais preventivas, com base na ciência em desenvolvimento por trás dos benefícios de saúde de dietas ricas em vegetais e ricas em nutrientes. Essa tendência será possibilitada pela tecnologia baseada em biologia e com sistemas de IA que aumenta exponencialmente o conhecimento do papel de fitonutrientes alimentares específicos em resultados funcionais e de saúde humanos específicos. Após a pandemia de 2020, os consumidores estarão mais conscientes da importância de sua saúde subjacente e exigirão cada vez mais alimentos saudáveis para ajudar a apoiar suas defesas naturais. Munida de uma compreensão muito mais profunda da nutrição, a indústria global de alimentos pode responder oferecendo uma gama mais ampla de opções de produtos para apoiar os melhores resultados de saúde. Jim Flatt, co-fundador e CEO da Brightseed

5G irá melhorar a economia global e salvar vidas

Em 2025, a computação quântica terá superado sua infância, e uma primeira geração de dispositivos comerciais poderá enfrentar problemas significativos do mundo real. Uma das principais aplicações desse novo tipo de computador será a simulação de reações químicas complexas, uma ferramenta poderosa que abre novos caminhos no desenvolvimento de medicamentos. Os cálculos da química quântica também ajudarão no design de novos materiais com propriedades desejadas, por exemplo, melhores catalisadores para a indústria automotiva que reduzem as emissões e ajudam a combater as mudanças climáticas. No momento, o desenvolvimento de produtos farmacêuticos e materiais de desempenho depende imensamente de tentativa e erro, o que significa que é um processo iterativo, demorado e terrivelmente caro. Em breve, os computadores quânticos poderão mudar isso. Thomas Monz, co-fundador e CEO da Alpine Quantum Technologies

Mudança de paradigma da saúde para prevenção através da dieta

Durante a noite, experimentamos um aumento acentuado nos serviços de entrega, com a necessidade de mercadorias “diárias” de fornecedores como Amazon e Instacart - mas isso foi limitado. Com as redes 5G instaladas, ligadas diretamente a bots autônomos, as mercadorias seriam entregues com segurança em poucas horas. O Wifi não pode ser dimensionado para atender a demandas de capacidade mais altas. O abrigo no local transferiu empresas e salas de aula para videoconferência, destacando redes de baixa qualidade. As redes 5G de baixa latência resolveriam essa falta de confiabilidade da rede e até permitiriam mais serviços de alta capacidade, como serviços de telessaúde, telesurgery e ER. As empresas podem compensar o alto custo da mobilidade com atividades de economia, incluindo fábricas inteligentes, monitoramento em tempo real e serviços de computação de borda em tempo real com uso intenso de conteúdo. As redes privadas 5G tornam isso possível e altera a economia de serviços móveis. A implantação do 5G cria mercados que apenas imaginamos - como robôs autônomos, juntamente com uma economia de mobilidade como serviço - e outros que não podemos imaginar, permitindo que as próximas gerações inventem mercados prósperos e causas prósperas. Maha Achour, Fundadora e CEO da Metawave

Um novo normal no controle do câncer A tecnologia gera dados, catalisa o conhecimento e o conhecimento permite a capacitação. No mundo de amanhã, o câncer será tratado como qualquer condição crônica de saúde - seremos capazes de identificar com precisão o que podemos enfrentar e ter o poder de superá-lo.

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Em outras palavras, um novo normal surgirá na maneira como podemos gerenciar o câncer. Veremos uma triagem mais precoce e proativa com inovação aprimorada de diagnóstico, como em uma melhor tecnologia de sequenciamento de genoma ou em biópsia líquida, que promete maior facilidade de teste, maior precisão e idealmente a um custo acessível. A detecção e intervenção precoces em tipos comuns de câncer não apenas salvarão vidas, mas também reduzirão o ônus financeiro e emocional da descoberta tardia. Também veremos uma revolução no tratamento impulsionado pela tecnologia. A edição de genes e a imunoterapia que trazem menos efeitos colaterais terão feito progressos maiores. Com os avanços na triagem precoce e no tratamento, o câncer não será mais a maldita palavra ‘C’ que inspira esse medo entre as pessoas. Sizhen Wang, CEO da Genetron Health

Varejo robótico

Uma coisa que a pandemia atual nos mostrou é a importância da tecnologia para manter e facilitar a comunicação - não apenas para fins de trabalho, mas para construir conexões emocionais reais. Nos próximos anos, podemos esperar que esse progresso acelere, com a tecnologia de IA criada para conectar pessoas em nível humano e aproximá-las umas das outras, mesmo quando fisicamente separadas. A linha entre o espaço físico e o virtual ficará para sempre borrada. Começaremos a ver recursos para eventos globais - do SXSW ao Glastonbury Festival - para fornecer alternativas totalmente digitalizadas, além da simples transmissão ao vivo para experiências completas. No entanto, não é tão simples como apenas fornecer esses serviços - a privacidade dos dados terá que ser priorizada para criar confiança entre os consumidores. No início da pandemia do COVID-19, vimos muitas notícias sobre preocupações com a segurança das empresas de videoconferência. Essas preocupações não estão indo a lugar algum e, à medida que a conectividade digital aumenta, as marcas simplesmente não podem dar aos usuários nada menos que total transparência e controle sobre seus dados. Tugce Bulut, CEO da Streetbees

Colocar os indivíduos - e não as instituições - no centro da saúde

Historicamente, a robótica mudou muitos setores, enquanto alguns setores selecionados - como varejo de supermercado - permaneceram praticamente intocados. Com o uso de um novo aplicativo de robótica chamado ‘microfulfillment’, o varejo de supermercado não será mais o mesmo. O uso da robótica a jusante em um nível ‘hiperlocal’ (em oposição à aplicação tradicional a montante na cadeia de suprimentos) irá atrapalhar essa indústria de 100 anos e 5 trilhões de dólares e todas as partes interessadas sofrerão mudanças significativas. Os varejistas operam em uma ordem de magnitude mais alta em produtividade, o que, por sua vez, resulta em retornos positivos e atraentes no negócio de compras on-line (algo inédito no momento). Essa tecnologia também permite acesso mais amplo a alimentos e uma melhor proposta ao cliente em geral: velocidade, disponibilidade e custo do produto. Os centros de microfilmagem estão localizados em imóveis existentes (e geralmente menos produtivos) no nível da loja e podem operar de 5 a 10% mais baratos do que uma loja física. Prevemos que o valor será igualmente capturado pelos varejistas e consumidores como online. Jose Aguerrevere, cofundador, presidente e CEO da Takeoff Technologies

Um borrão de espaços físicos e virtuais

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Até 2025, as linhas que separam cultura, tecnologia da informação e saúde serão borradas. A biologia da engenharia, o aprendizado de máquina e a economia compartilhada estabelecerão uma estrutura para descentralizar o continuum da assistência médica, movendo-o de instituições para o indivíduo. Impulsionando esse avanço estão os avanços na inteligência artificial e os novos mecanismos de entrega da cadeia de suprimentos, que exigem os dados biológicos em tempo real que a biologia da engenharia fornecerá como testes de diagnóstico simples e de baixo custo para indivíduos em todos os cantos do mundo. Como resultado, a morbidade, a mortalidade e os custos diminuirão em condições agudas, como doenças infecciosas, porque apenas os casos mais graves precisarão de cuidados adicionais. Menos pessoas infectadas deixarão suas casas, alterando dramaticamente a epidemiologia das doenças e diminuindo a carga sobre os sistemas de saúde. Segue-se uma diminuição correspondente nos custos e um aumento na qualidade da assistência, à medida que o diagnóstico barato transfere despesas e energia para o indivíduo, aumentando simultaneamente a relação custo-benefício da assistência. Os vínculos inextricáveis entre saúde, status socioeconômico e qualidade de vida começarão a diminuir, e as tensões existentes ao equiparar a saúde ao acesso às instituições de saúde se dissiparão. Do atendimento diário às pandemias, essas tecnologias convergentes alterarão fatores econômicos e sociais para aliviar muitas pressões sobre a condição humana global. e as tensões que existem ao equiparar saúde com acesso a instituições de saúde se dissiparão.

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Do atendimento diário às pandemias, essas tecnologias convergentes alterarão fatores econômicos e sociais para aliviar muitas pressões sobre a condição humana global. e as tensões que existem ao equiparar saúde com acesso a instituições de saúde se dissiparão. Do atendimento diário às pandemias, essas tecnologias convergentes alterarão fatores econômicos e sociais para aliviar muitas pressões sobre a condição humana global. Rahul Dhanda, co-fundador e CEO da Sherlock Biosciences

O futuro da construção já começou

Uma expansão das tecnologias de emissão negativa, como a remoção de dióxido de carbono, removerá do ar quantidades relevantes de clima do clima. Isso será necessário para limitar o aquecimento global a 1,5 ° C. Enquanto a humanidade fará todo o possível para parar de emitir mais carbono na atmosfera, também fará todo o possível para remover permanentemente o CO2 histórico do ar. Ao se tornar amplamente acessível, a demanda por remoção de CO2 aumentará e os custos cairão. A remoção de CO2 será dimensionada para o nível de gigatonelada e se tornará a opção responsável pela remoção de emissões inevitáveis do ar. Isso permitirá que os indivíduos tenham um impacto direto e climático positivo no nível de CO2 na atmosfera. Jan Wurzbacher, co-fundador e co-CEO da Climeworks

Uma nova era na medicina

A construção se tornará uma sequência sincronizada de processos de fabricação, oferecendo controle, mudança e produção em escala. Será uma maneira mais segura, rápida e econômica de construir casas, escritórios, fábricas e outras estruturas que precisamos para prosperar nas cidades e fora dela. Como conjuntos de dados ricos são criados na indústria da construção através da Internet das coisas, IA e captura de imagens, para citar alguns, essa visão já está ganhando vida. O uso de dados para entender profundamente os processos do setor está aprimorando profundamente a capacidade dos profissionais de campo de confiar em seus instintos na tomada de decisões em tempo real, possibilitando aprendizado e progresso enquanto conquistam confiança e adoção. Os dados acionáveis lançam luz onde não podíamos ver antes, capacitando os líderes a gerenciar projetos de maneira proativa e não reativa. A precisão no planejamento e execução permite que os profissionais da construção controlem o ambiente, em vez de controlá-los, e criam processos repetíveis que são mais fáceis de controlar, automatizar e ensinar. Esse é o futuro da construção. E já começou. Meirav Oren, CEO e cofundador da Versatile

A medicina sempre buscou reunir mais conhecimento e compreensão da biologia humana para uma melhor tomada de decisões clínicas. A IA é a nova ferramenta que nos permitirá extrair mais insights em um nível sem precedentes de todos os ‘big data’ médicos que nunca foram realmente aproveitados no passado. Mudará o mundo da medicina e como é praticada. Brandon Suh, CEO da Lunit

Fechando a diferença de riqueza

A remoção de CO2 em escala de gigatonel ajudará a reverter as mudanças climáticas

Melhorias na IA finalmente colocarão o acesso à criação de riqueza ao alcance das massas. Os consultores financeiros, que são trabalhadores do conhecimento, têm sido a base do gerenciamento de patrimônio: usando estratégias personalizadas para transformar um pequeno ninho em um maior. Como os trabalhadores do conhecimento são caros, o acesso ao gerenciamento de patrimônio muitas vezes significa que você já precisa ser rico para preservar e aumentar sua riqueza.

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Como resultado, historicamente, o gerenciamento de patrimônio ficou fora do alcance daqueles que mais precisavam. A inteligência artificial está melhorando a tal velocidade que as estratégias empregadas por esses consultores financeiros serão acessíveis via tecnologia e, portanto, acessíveis para as massas. Assim como você não precisa saber como a comunicação de campo próximo funciona para usar o ApplePay. Atish Davda, co-fundador e CEO da Equityzen

Uma revolução da energia limpa apoiada por gêmeos digitais

Toda superfície da Terra carrega informações ocultas que serão essenciais para evitar crises relacionadas a pandemias, agora e no futuro. O ambiente construído, onde os seres humanos passam 90% de suas vidas, é carregado de microbiomas que ocorrem naturalmente, compostos por ecossistemas bacterianos, fúngicos e virais. A tecnologia que acelera nossa capacidade de amostrar, digitalizar e interpretar rapidamente dados de microbiomas transformará nossa compreensão de como os patógenos se espalham. A exposição dessa camada de dados de microbioma invisível identificará assinaturas genéticas que podem prever quando e onde pessoas e grupos estão lançando patógenos, quais superfícies e ambientes apresentam o maior risco de transmissão e como esses riscos são impactados por nossas ações e mudam ao longo do tempo. Estamos apenas arranhando a superfície do que as informações de dados de microbiomas oferecem e veremos isso acelerar nos próximos cinco anos. Essas idéias não apenas nos ajudarão a evitar e responder a pandemias, mas também influenciarão como projetamos, operamos e limpamos ambientes como prédios, carros, metrôs e aviões, além de apoiar a atividade econômica sem sacrificar a saúde pública. Jessica Green, cofundadora e CEO da Phylagen

O aprendizado de máquina e a IA agilizam a descarbonização em indústrias pesadas em carbono Nos próximos cinco anos, a transição energética chegará a um ponto crítico. O custo da energia renovável de nova construção será menor que o custo marginal dos combustíveis fósseis. Um ecossistema global de inovação terá proporcionado um ambiente no qual os problemas podem ser tratados coletivamente e permitido que a implantação da inovação seja dimensionada rapidamente. Como resultado, teremos visto um aumento impressionante na capacidade eólica offshore. Conseguiremos isso por meio de um compromisso inabalável com a digitalização, que terá um ritmo alinhado à lei de Moorepara refletir a curva de inovação da solar. O rápido desenvolvimento de gêmeos digitais - réplicas virtuais de dispositivos físicos - apoiará a transformação no setor de sistemas no nível de sistemas. O aprendizado de máquina científico que combina modelos baseados em física com big data levará a projetos mais enxutos, custos operacionais mais baixos e, finalmente, energia limpa e acessível para todos. A capacidade de monitorar a saúde estrutural em tempo real e consertar as coisas antes que elas quebrem resultará em infraestrutura mais segura e resiliente e tudo, desde parques eólicos a pontes e veículos aéreos não tripulados, sendo protegidos por um gêmeo digital em tempo real. Thomas Laurent, CEO da Akselos

Compreendendo os segredos microscópicos escondidos nas superfícies

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Nos próximos cinco anos, as indústrias pesadas em carbono usarão o aprendizado de máquina e a tecnologia de IA para reduzir drasticamente sua pegada de carbono. Tradicionalmente, indústrias como manufatura e petróleo e gás têm demorado a implementar esforços de descarbonização, enquanto lutam para manter a produtividade e a lucratividade ao fazê-lo. No entanto, as mudanças climáticas, assim como a pressão regulatória e a volatilidade do mercado, estão pressionando essas indústrias a se ajustarem. Por exemplo, as organizações de manufatura de petróleo e gás e industriais estão sentindo o aperto dos reguladores, que desejam que eles reduzam significativamente as emissões de CO2 nos próximos anos. As iniciativas capacitadas pela tecnologia foram vitais para impulsionar os esforços de descarbonização em setores como transporte e edifícios - e as indústrias pesadas seguirão uma abordagem semelhante. De fato, David King, CEO da FogHorn Systems

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Remover CO2 do ar pode ajudar a reverter as mudanças climáticas

A privacidade é generalizada - e priorizada

Como a tecnologia mudará o mundo nos próximos cinco anos?

Apesar dos ambientes regulatórios em aceleração que vimos surgir nos últimos anos, agora estamos vendo a ponta do iceberg da privacidade, tanto do ponto de vista regulatório quanto do consumidor. Daqui a cinco anos, a privacidade e a segurança centrada em dados terão atingido o status de mercadoria - e a capacidade dos consumidores de proteger e controlar ativos de dados confidenciais será vista como a regra e não a exceção. À medida que a conscientização e o entendimento continuam a crescer, o mesmo ocorre com a prevalência de recursos de preservação e aprimoramento da privacidade, nomeadamente tecnologias de aprimoramento da privacidade (PET). Em 2025, o PET como categoria de tecnologia se tornará popular. Eles serão um elemento fundamental das estratégias de privacidade e segurança da empresa, em vez de um componente adicional integrado, apenas atingir um limite mínimo de conformidade. Embora o mundo ainda não disponha de um padrão de privacidade global, as organizações adotarão uma abordagem centrada em dados para segurança que fornece a flexibilidade necessária para se adaptar às regulamentações regionais e às expectativas dos consumidores. Esses esforços serão liderados por equipes multifuncionais que representam os interesses de dados, privacidade e segurança dentro de uma organização. Ellison Anne Williams, Fundadora e CEO da Enveil

É muito empolgante ver o ritmo e o potencial transformador das tecnologias inovadoras atuais sendo aplicadas para resolver os problemas mais prementes do mundo, como alimentar uma população global e crescente; melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde; e reduzir significativamente as emissões de carbono para conter os efeitos negativos das mudanças climáticas. Nos próximos cinco anos, haverá profundas melhorias na abordagem desses desafios, à medida que empreendedores, a comunidade de investimentos e as maiores organizações empresariais de P&D do mundo se concentrarem no desenvolvimento e na implantação de soluções que proporcionem resultados tangíveis. Embora a pandemia do COVID-19 tenha proporcionado uma lição difícil sobre quão suscetível ao mundo é hoje a turbulência econômica e humana, ela também - talvez pela primeira vez na história - exigiu colaboração global, transparência de dados e velocidade nos níveis mais altos de governo para minimizar uma ameaça imediata à vida humana. A história será nossa juíza, mas, apesar da heróica determinação e resiliência país a país, como um mundo com desempenho inferior. Como comunidade global e através de plataformas como o Fórum Econômico Mundial, devemos continuar a dar visibilidade a essas questões, reconhecendo e apoiando as oportunidades de tecnologia e inovação que possam melhor e mais rapidamente resolvê-las. Robert Piconi, CEO da Energy Vault

[*] Líder comunitário, pioneiros em tecnologia, Fórum Econômico Mundial em Genebra [**] Weforum revistaamazonia.com.br

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Pioneiros em tecnologia do Fórum Econômico Mundial em 2020 O Fórum Econômico Mundial (WEF) anunciou recentemente as 100 empresas em sua lista de pioneiros em tecnologia para 2020. Isso marca a 20ª classe anual de pioneiros do WEF por *1- Saemoon Yoon; 2- Madeleine Hillyer

Fotos: FCargoX / Cortesia,Mopic / Shutterstock, WEF

Da inteligência artificial (IA) à captura de carbono, a coorte deste ano está usando inovações para proteger o clima, melhorar a assistência médica e muito mais, ajudando-nos a redefinir a sociedade e construir em direção a um futuro melhor. “A classe deste ano de pioneiros em tecnologia está melhorando a sociedade e avançando em seus setores em todo o mundo”, disse Susan Nesbitt, chefe da Comunidade Global de Inovadores do Fórum Econômico Mundial. “Essas são as empresas que pensam de maneira diferente e se destacam como possíveis transformadores. Estamos ansiosos pelo papel que eles desempenharão na formação do futuro de seus setores”.

Inovadores que ajudam a construir um futuro melhor

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cada ano, a organização seleciona várias empresas em estágio inicial que acredita estar desenvolvendo tecnologia de ponta em áreas como assistência médica, mudanças climáticas, cidades inteligentes, logística e IA. Este ano, as empresas impulsionadas pela IA compõem mais de um quarto da lista. Conheça os pioneiros da tecnologia 2020 do WEF, em: bit.ly/WEF-2020 Essas 100 empresas pioneiras em tecnologia para 2020, são os futuros fabricantes de títulos que abordarão questões globais com tecnologia de ponta.

Os pioneiros em tecnologia do Fórum Econômico Mundial em 2020 destacam o alcance da IA

Federico Vega, CEO da CargoX, um dos brasileiros pioneiros em tecnologia para 2020, na lista do WEF

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Das 100 empresas selecionadas, mais de um quarto são lideradas por mulheres, mais que o dobro da média da indústria. Essas empresas também vêm de diversas regiões que se estendem para além dos centros de tecnologia tradicionais, com empresas usando tecnologia inovadora de maneiras inovadoras em todo o mundo.No Brasil, a CargoX está digitalizando caminhões para otimizar a logística que pode melhorar a subsistência dos caminhoneiros no país. O ZestMoney da Índia está usando sua tecnologia para transformar o setor de serviços financeiros, oferecendo crédito acessível para aqueles que não conseguem acessar isso por meio de caminhos financeiros tradicionais. Cada pioneiro técnico está impactando seu país e sua comunidade de maneiras diferentes.

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Marco Fisbhen, CEO da Descomplica, outro brasileiro pioneiro em tecnologia para 2020, na lista do WEF

Por exemplo, o Twiga do Quênia está reduzindo os custos de alimentos na África, usando dados B2B para tornar as cadeias de suprimento de alimentos mais eficientes. Outras economias representadas incluem: Argentina, Áustria, Brasil, China, Chile, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, RAE de Hong Kong, Índia, Israel, Japão, Quênia, Coréia do Sul, Luxemburgo, Cingapura, Suíça, Taiwan (China) , Espanha, Estados Unidos e Reino Unido. Além da diversidade regional, os pioneiros em tecnologia deste ano estão na vanguarda de uma ampla gama de indústrias que abrangem cidades inteligentes, tecnologia de saúde, finanças, logística e muito mais. Por exemplo, o Metawave, com sede nos EUA, está usando IA e aprendizado de máquina para aprimorar os sensores automotivos com a capacidade de tornar os carros mais inteligentes e seguros. Na China, a Sensoro desenvolveu soluções de Internet das Coisas para aprimorar as capacidades das cidades inteligentes em todo o mundo. Muitos outros pioneiros da tecnologia estão concentrando suas inovações no combate às mudanças climáticas. O Polystyvert se concentra na implementação de uma economia circular para plásticos; A Aleph Farms se concentra no avanço de meios alternativos que podem ajudar a promover um sistema alimentar mais sustentável. Além de suas contribuições de longa data para seus setores, muitos pioneiros da tecnologia também estão usando sua tecnologia para apoiar as respostas do COVID-19 em todo o mundo. Alguns, como Sherlock Biosciences e Genetron Health, ajudaram

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a desenvolver opções de teste rápido para o COVID-19. Outra, a Lunit, cuja tecnologia usa IA para analisar doenças pulmonares a partir de raios X do tórax, lançou seu software gratuitamente on-line para ajudar profissões médicas no diagnóstico e tratamento de pacientes com COVID-19. A seleção deste ano também marca o 20º aniversário da comunidade de pioneiros da tecnologia. Muitos destinatários anteriores se tornaram nomes familiares, incluindo Airbnb, Google, Kickstarter, Mozilla, Palantir Technologies, Spotify, TransferWise, Twitter e Wikimedia.

Após serem escolhidas como pioneiras em tecnologia, as empresas deste ano serão convidadas a participar de oficinas do Fórum Econômico Mundial e discussões de alto nível ao longo de seus dois anos na comunidade. As empresas também têm oportunidades de trabalhar com formuladores de políticas e líderes do setor privado para ajudar a definir a agenda global sobre questões-chave. [*] 1- Líder comunitário, pioneiros em tecnologia, Fórum Econômico Mundial em Genebra 2- Especialista em mídia dos EUA, Fórum Econômico Mundial

Sobre os pioneiros da tecnologia O Fórum Econômico Mundial acredita que a inovação é fundamental para o bem-estar futuro da sociedade e para impulsionar o crescimento econômico. Lançada em 2000, a comunidade de Pioneiros em Tecnologia (bit.ly/ pioneiros_da_tecnologia) compreende empresas em fase inicial de crescimento, de todo o mundo, envolvidas no design, desenvolvimento e implantação de novas tecnologias e inovações, e estão prontas para causar um impacto significativo nos negócios e na sociedade.

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Quem serão os vencedores em uma economia pós-pandemia?

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COVID-19 está colocando a economia global em risco. Muitos países estão caminhando para uma recessão muito repentina e sem precedentes. Esta crise irá catalisar algumas grandes mudanças. Poucas indústrias evitarão serem reformadas, reestruturadas ou removidas. Agilidade, escalabilidade e automação serão as palavras de ordem para esta nova era de negócios, e aqueles que possuem esses recursos agora serão os vencedores. Graças aos pacotes de estímulo do governo, a liquidez está voltando ao mercado. Ele manterá o suficiente da economia em movimento, para que possa sair rapidamente da recessão assim que os vários bloqueios forem suspensos. Mas a maneira como grande parte disso é estruturada significa que provavelmente beneficiará empresas maiores já capitalizadas, melhor do que as operadoras menores que podem ter dificuldades. Seria uma simplificação excessiva, no entanto, pintar essa nova era como uma das “grandes” versus “pequenas” ou “titulares” versus “iniciantes”. As medidas da década passada que colocaram as fintechs e os nativos digitais em relação a grandes bancos e marcas de consumo parecerão datadas até meados deste ano. De fato, podiam-se ver os tempos atuais como o primeiro teste real dos mantras digitais de negócios que foram exaltados na primeira parte deste século. O COVID-19 forçará o renascimento de muitos setores, pois todos nós ficamos em casa confinados, reavaliando e re-imaginando modos de consumo, suprimento, interação e produtividade. 20 REVISTA AMAZÔNIA

Como presidente de uma empresa global de tecnologia, o que me intriga é onde haverá mudanças de paradigma, em vez de apenas as tendências existentes, acelerando ou desacelerando. Por exemplo, a mudança de dinheiro para pagamentos digitais está claramente se acelerando.

Meu colega do Conselho do WEF, Huw Van Steenis, presidente do comitê de finanças sustentáveis do UBS, destacou que 31 países aumentaram os limites de pagamento sem contato este ano para apoiar medidas de distanciamento social. No Reino Unido, o uso de caixas eletrônicos já estava caindo entre 6% e 14% ao ano, mas agora caiu mais da metade. Como ele argumentou em seu relatório “Future of Finance” , isso tem implicações importantes para: a resiliência das formas de pagamento - jovens e velhas; para modelos de negócios dos bancos; e sociedade, enquanto trabalhamos para garantir que ninguém seja deixado para trás em uma economia cada vez mais digital. No local de trabalho, já estamos vendo uma super cobrança da tendência nascente de trazer seu próprio dispositivo (BYOD) na tecnologia comercial. À medida que as pessoas se esforçam para trabalhar e socializar remotamente, ferramentas de nicho como Zoom, Slack, Microsoft Teams e até o aplicativo Houseparty estão subitamente dando suporte a milhões de interações pessoais e corporativas a cada minuto. Os fabricantes estão se reinventando para fazer suprimentos médicos

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As empresas que projetaram suas soluções para usar todo o potencial da computação em nuvem não se dobrarão sob a pressão. Por exemplo, a nuvem oferece às empresas acesso fácil aos métodos de pagamento digital. Ele permitiu que as empresas continuassem trabalhando, fornecendo acesso rápido e seguro aos aplicativos de negócios aos funcionários que trabalham em casa. No entanto, também fornece flexibilidade financeira, permitindo que aqueles que estão em desaceleração reduzam os custos de tecnologia das linhas de negócios que enfrentam desafios. Enquanto isso, as cadeias de suprimentos precisam se reconfigurar em tempo real. À medida que a demanda por equipamentos de proteção individual (EPI), ventiladores e outros picos de medicamentos, os fabricantes precisam refazer e se reinventar. Por exemplo, a Royal Mint voltou sua mão para a produção de viseiras médicas, enquanto a Dyson e muitos outros fabricantes, grandes e pequenos, estão produzindo ventiladores ou EPI. Enquanto grandes varejistas de supermercados lutam para gerenciar filas de clientes descontentes, os restaurantes locais inteligentes foram rápidos em se transformar em varejistas - redirecionando suas cadeias de suprimentos de restaurantes para os consumidores finais. Essa combinação de recursos escaláveis e ágeis é o que definirá o sucesso a curto e médio prazo dos negócios, grandes ou pequenos. Mas, a longo prazo, a mudança terá que ser mais fundamental. A resiliência, combinada à agilidade, deve ser o novo foco dos líderes empresariais, à medida que todos emergimos dessa crise. Para criar resiliência a longo prazo, provavelmente veremos mais automação robótica e inteligência artificial (IA) em nossas cadeias de suprimentos. Essas tecnologias reduzem a intervenção manual e as transferências, reduzindo os riscos de transmissão e reduzindo a dependência de humanos para trabalharem pessoalmente. Eles também podem permitir que a produção cresça e diminua em resposta à demanda repentina.

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A crise global da saúde forçou o fechamento de 250.000 lojas americanas, abrindo caminho para o domínio da Amazon

De fato, as intervenções do governo podem ter acidentalmente acelerado essa tendência. Os estímulos fiscais de muitos países representam o experimento de maior escala em Renda Básica Universal (UBI) até o momento.

O UBI é considerado por muitos como um pré-requisito para uma economia bem-sucedida impulsionada pela IA - permitindo que as empresas substituam potencialmente os seres humanos sem afetar seu bem-estar. É claro que esta crise abrangerá muitas práticas ultrapassadas, mas muito mais do que podemos pensar que continuará. Sempre quereremos viajar, comer fora, nos divertir e ter experiências pessoalmente. Apenas não espere que nenhuma dessas atividades seja inalterada. Ou para ser entregue pelas mesmas marcas e pelos mesmos meios aos quais nos acostumamos. Iremos sair desse período mais fortes, mais sábios e mais conectados como uma sociedade global. A resiliência estará na vanguarda de todas as estratégias, mas é a agilidade que garantirá a competitividade e a capacidade de responder ao inesperado. Para conseguir isso, as empresas terão que reavaliar onde devem ser fortes e onde devem ser flexíveis. REVISTA AMAZÔNIA 21


Universidade da Terra

A Universidade da Terra no México está trabalhando para transformar nossas maneiras de aprender e nossa conexão com a Terra por *Shrishtee Bajpai

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ão é sempre que se depara com uma Universidade que centra o respeito e o cuidado com a Terra como seu ethos pedagógico fundamental. A Universidade da Terra (Unitierra daqui em diante), Oaxaca, foi fundada em 2001, após anos de debates e deliberações comunitárias. É um projeto descolonizante que tenta criar um espaço para aprendizado autônomo, reflexão e ação. Gustavo Esteva, ativista, intelectual desprofissionalizado e um de seus fundadores, disse: “Nossas diferenças moldam nossa existência; nosso pluralismo radical é idéia da Unitierra”.

Fotos: Divulgação, Shrishtee Bajpai.

Isso não pode ser autonomia indígena e autogoverno. Eles devem ser parados ”.

Um antropólogo, Benjamin Maldonado, projetou alguns testes para comparar as crianças que frequentam a escola e as que não frequentam. Para sua surpresa, aqueles que não frequentavam a escola eram melhores em leitura, escrita, aritmética, geografia ou história, com uma exceção. Gustavo explicou: “Eles não sabiam cantar o hino nacional, diferentemente das crianças que frequentavam a escola”, e enfatizou que os sistemas de ensino apenas alimentavam a obediência ao estado. Mas essas comunidades também levantaram uma preocupação: “Alguns jovens estavam interessados em aprender mais, coisas que ninguém na comunidade sabia. Como não possuíam diplomas, não poderiam continuar seus estudos ”. A Universidade da Terra foi formada com eles e para eles, a partir de uma coalizão de Povos Indígenas e organizações não indígenas. Um cantor e intelectual zapoteco, Jaime Luna, sugeriu que a universidade deveria ter seus pés na terra e cuidar da Mãe Terra.

Aprendendo Em 1997, os povos indígenas de Oaxaca apresentaram uma declaração consensual em seu fórum estadual: “A escola tem sido a principal ferramenta do Estado mexicano para destruir os povos indígenas”. Depois disso, muitas comunidades começaram a fechar as escolas. Os principais jornais publicavam suas primeiras páginas: “Esses bárbaros estão condenando seus filhos pobres à ignorância.

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movimento que busca autonomia em diferentes formas de cura. A universidade criou um grupo de estudos chamado ‘Healing from Health’. Foram realizados vários workshops sobre remédios alternativos, justapondo o conhecimento médico contemporâneo às práticas tradicionais de cura. Também promoveu diálogos entre curandeiros indígenas e médicos de medicina moderna sobre viver, cuidar e bem-estar.

Solidariedade

Saúde Profundamente incorporado a uma filosofia do “aprender fazendo”, o espaço cultiva maneiras de tornar o aprendizado parte da vida cotidiana que concentra lazer, ação reflexiva e autonomia. Não há professores, salas de aula e currículos. Se alguém insistir em pedir pedagogia, a Unitierra pode fazer alusão à “pedagogia dos bebês”. Todos os bebês aprendem coisas tão difíceis quanto pensar, andar ou falar, aprendendo em liberdade, sem nenhuma educação. É isso que a Unitierra faz. Todos os seus ex-“alunos” estão hoje vivendo com dignidade, com o que aprenderam na Unitierra.As variadas esferas da vida - curando, comendo, cultivando, resistindo e criando como parte do aprendizado cotidiano - unem a Unitierra.

Por exemplo, as pessoas queriam aprender a cultivar seus próprios alimentos nas cidades e, portanto, a Unitierra possibilitou um lugar para experimentar o cultivo de alimentos em hortas e terraços. Da mesma forma, também faz parte de um

A Unitierra iniciou um processo chamado Crianza Mutua em 2018, que pretende identificar grupos que romperam com o regime dominante e seguiram um novo caminho; documentar sua experiência, facilitar o aprendizado mútuo, possibilitar solidariedade mútua e inspirar outras pessoas descontentes com a situação atual, dando visibilidade ao que pode ser feito. Crianza Mutua entre os povos indígenas andinos expressa a crença de carinho e relação mútua com todos os seres ao redor (plantas, animais e montanhas). Gustavo disse: “A Unitierra não tem agenda própria, a agenda dos movimentos sociais de Oaxaca é a nossa agenda.” Para a Unitierra, a luta antipatriarcal está no centro de todo o trabalho e atividades. Tal luta implica eliminar toda hierarquia e desafiar a convicção patriarcal da superioridade humana que finge legitimar o domínio sobre a Mãe Terra. A Unitierra se opõe a todas as formas de opressão e injustiça. Eles desafiam ativamente a hierarquia, sustentando que não há chefes na Unitierra e que nenhum dos colaboradores é contratado. Há 20 anos, a Unitierra acompanha a tomada de decisões por consenso em uma assembléia que se reúne duas vezes por mês. Com isso, tentou abandonar a própria idéia de trabalho, convencionalmente adotada pela esquerda e glorificada no socialismo como um “paraíso dos trabalhadores”. A idéia é fazer o que faz sentido, o que é significativo e alegre para todas as pessoas, e rejeitar todas as formas de trabalho forçado.

Suficiência A Unitierra se enraíza nos princípios da suficiência e tenta eliminar ativamente a lógica da escassez, baseada na premissa de que os desejos humanos são ilimitados, mas os meios para satisfazê-los são limitados. E, portanto, reduza a necessidade de renda se você produzir parte do que precisa e participar de diferentes formas de compartilhar e trocar em sua comunidade.

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Ao adotar explicitamente o ‘senso de proporção’, a Unitierra permaneceu pequena e focada em um único local. Quando outras pessoas se interessaram pela abordagem da Unitierra, elas criaram outras unitierras, com formas e orientações muito diferentes. Existem unitierras comunitárias, como as de Huitzo e Ixtepec (Oaxaca), unitierras regionais, como as de Chiapas ou Puebla (México) e outras na Colômbia, Canadá, EUA, Espanha e Japão. Tive a sorte de visitar uma em uma vila vizinha, Huitzo, iniciada por mulheres locais em 2013. Consuelo Rosette, avó zapoteca de 73 anos que fundou a Unitierra Huitzo, disse: “Participei do workshop de técnicas ecológicas da Unitierra Oaxaca. Inspirado, eu queria fazer algo muito semelhante na minha aldeia. “Ensinaram-me que o que você aprende sempre deve ensinar, coisas que você possui, sempre deve compartilhar. Esse espaço prospera na guelaguetza (compartilhar ou fazer algo sem esperar nada de volta) e queríamos reavivar o mesmo espírito de vida da comunidade” . Rosette e eu tomamos chocolate de agua (bebida com água com chocolate) na cozinha com design ecológico. Um médico, inspirado no trabalho de Unitierra Oaxaca, ofereceu generosamente sua terra a eles.

Métodos Yracema Caballero, um dos primeiros membros da Unitierra Huitzo, disse: “Começamos muito pequenos, mas logo as pessoas começaram a nos visitar, trocamos conhecimentos sobre banheiros ecológicos, coleta de água, agricultura orgânica, cura tradicional, novas formas de aprender para crianças.”

Caballero lutou com a família e a comunidade para fazer parte disso. Unitierra Huitzo agora tem 13 mulheres que dizem estar juntas porque amam a terra e estão juntas. No campus da Unitierra Huitzo, as mulheres estão fazendo vários experimentos para demonstrar que é possível viver uma vida alternativa: milho orgânico, ervas medicinais e um mercado orgânico semanal em seu campus para os agricultores próximos trocarem e venderem seus produtos.

Na Unitierra Huitzo, apresentação do grupo de dança pré-hispânica “Los Jijos del Maíz”

Rosette disse: “A idéia é promover alimentos livres de tóxicos, que sejam bons para o corpo e para a mãe terra”, enquanto desfruto de uma refeição de tortilla cultivada organicamente. Junto com isso, eles estão reciclando, compostando e gerando seu próprio biocombustível para alimentar o solo. Eles também reviveram o método tradicional de cura física e fisiológica, chamado Temazcal em Huitzo, que também treinou pessoas de fora. As mulheres inspiraram quarenta famílias na vila de Huitzo a experimentar técnicas ecológicas em suas casas.

Democracia Adriana Caballero riu de alegria e disse: “Inicialmente, alguns de nossos amigos disseram que vocês devem ser bruxos para fazer algo assim, mas nós lhes dissemos que, mesmo que sejamos, pelo menos somos livres. Mas agora a comunidade está começando a reconhecer nosso trabalho”. Unitierra é uma bela idéia na prática que visa a transformação holística, torcendo, fortalecendo e expandindo o estilo de vida de convívio e a democracia radical. Nessa conjuntura de destruição ecológica, democracia em ruínas, privação cultural e colapso econômico iminente, espaços como Unitierra e muitas comunidades que resistem ao modo dominante de desenvolvimento econômico e governança nos alimentam com esperança.

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APROVEITE QUE O MUNDO EXPERIMENTOU VIVER COM MENOS POLUIÇÃO E MOSTRE QUE É POSSÍVEL MELHORAR AINDA MAIS

Estamos convocando as empresas para integrar o Movimento BW, onde a tecnologia é protagonista da estruturação de um mundo mais acolhedor e saudável para se viver. Junte-se ao Movimento BW. Seja nosso parceiro, potencialize negócios sustentáveis. Contate-nos: WWW.BWEXPO.COM.BR

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SÃO PAULO EXPO DE 06 A 08 DE OUTUBRO DE 2020 revistaamazonia.com.br


O roteiro visa ajudar os países a elaborar políticas que equilibram os benefícios e riscos dos fluxos internacionais de dados

Fórum Econômico Mundial lança roteiro para fluxos de dados transfronteiriços seguros

O Fórum Econômico Mundial (WEF) lançou um “roteiro” para incentivar os formuladores de políticas e governos a legislar sobre práticas seguras de compartilhamento de dados através das fronteiras internacionais por *Natalie Leal

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esenvolvido em parceria com o Conselho de Desenvolvimento Econômico do Bahrain, o Roteiro para Fluxos de Dados Transfronteiriços , publicado em 9 de junho, estabelece uma série de recomendações baseadas nas melhores práticas em todo o mundo. “Criar políticas eficazes sobre fluxos de dados transfronteiriços é uma prioridade para qualquer nação que dependa criticamente de suas interações com o resto do mundo através do fluxo livre de capital, bens, conhecimento e pessoas”, escrevem os autores. Os autores argumentam que, enquanto as tecnologias com fome de dados, como inteligência artificial e blockchain, ganham ritmo, “estamos testemunhando uma proliferação de políticas em todo o mundo que restringem o movimento de dados através das fronteiras”. Essas políticas, dizem eles, representam “uma séria ameaça à economia digital global e à capacidade das nações de maximizar os benefícios econômicos e sociais das tecnologias dependentes de dados”.

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Fotos: Euractiv, Nasa/Tim Peake/Handout, WEF

Compartilhamento de informações Para combater isso, o roteiro estabelece seis recomendações para promover a inovação em tecnologias intensivas em dados e permitir a colaboração de dados nos níveis regional e internacional.

Sob o título “estabelecendo os blocos de construção da confiança”, o documento aconselha os governos a permitir que os dados fluam por padrão, permitindo apenas a localização de dados em circunstâncias muito específicas; legislar para proteção de dados; e priorizar a cibersegurança de acordo com as normas internacionais. Roteiro para Fluxos de Dados Transfronteiriços, com o objetivo de identificar políticas de boas práticas que promovam inovação em tecnologias intensivas em dados e possibilita a colaboração de dados nos níveis regional e internacional

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As recomendações quatro e cinco visam incentivar a cooperação entre nações. Isso pode ser promovido através do estabelecimento de mecanismos para responsabilizar os governos pela segurança e confidencialidade dos dados que compartilham, afirma o relatório. Também deve haver um foco na capacidade técnica das organizações de mover seus dados ou combiná-los com colaboradores de outros países. A recomendação cinco diz que o desenvolvimento de infraestrutura de conectividade como 5G deve ser priorizado e promove a interoperabilidade dos dados, a portabilidade e o registro da proveniência. A recomendação final é que os formuladores de políticas sejam políticas internacionais de compartilhamento de dados à prova de futuro.

“Capacitar os governos a adotarem políticas de compartilhamento de dados transfronteiriças robustas, mas protegidas é de fundamental importância para garantir que as economias não sejam deixadas para trás na Quarta Revolução Industrial”, conclui o relatório. Embora os autores admitam que “não existe uma abordagem única para todos”, uma vez que “todas as relações entre países são únicas”, eles dizem que “considerando um conjunto comum de alavancas políticas - como representado no Roteiro - as nações podem sentem-se confiantes de que estão envolvidos na análise relevante necessária para criar confiança com seus colegas no espaço da economia digital e facilitar sua própria economia doméstica de dados”. O relatório foi lançado por meio de um webinar com o Ministro dos Transportes e Telecomunicações Kamal Ahmed e o Chefe do Executivo da Autoridade de Informações e Governo Eletrônico (eGA), Mohammed Al Qaed, além de contribuições

de Leanne Kemp, CEO da Everledger e dos chefes nacionais do Center for the Fourth Industrial Revolução para a Colômbia, Ruanda e Japão. Murat Sonmez, diretor-gerente, chefe do Centro da Quarta Revolução Industrial da Rede, Fórum Econômico Mundial disse: “Criar uma política eficaz sobre fluxos de dados transfronteiriços é uma prioridade. Agora, mais do que nunca, os fluxos de dados transfronteiriços são predicados essenciais para países e regiões que desejam competir na Quarta Revolução Industrial. “Esperamos que os países que desejam se envolver possam se sentir confiantes ao usar o roteiro como um guia que equilibra riscos e benefícios”. Os dados para o relatório foram coletados de workshops em todo o mundo, incluindo a Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial em 2020, a Cúpula de Impacto no Desenvolvimento Sustentável de 2019 e a Cúpula do Oriente Médio e Norte da África em 2019.

[*] Jornalista freelancer cujo trabalho foi publicado pelo The Sun Online, The Guardian, Novara Media, Positive News e Welfare Weekly, entre outros. Ela também escreve relatórios e estudos de caso sobre tendências de negócios globais para a agência de insights comportamentais Canvas8. Antes de trabalhar como jornalista, Natalie trabalhou para o setor público em serviços sociais por vários anos. Ela mudou de carreira em 2013 depois de ganhar um NCTJ totalmente financiado em uma competição nacional de redação . É mestre em antropologia social pela Universidade de Sussex, onde se especializou em processos de mudança social e processos internacionais de conflito e reconciliação.

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Quatro lições que a crise do COVID-19 pode nos ensinar sobre contar histórias baseadas em dados

O COVID-19 demonstrou que é possível comunicar informações urgentes sobre saúde e higiene de maneira a levar as pessoas a agir, o sucesso do icônico gráfico “Achatar a Curva” ilustra o poder da narrativa baseada em dados. Podemos usar essa abordagem para promover mudanças sociais em outras áreas, mas devemos fazê-lo com segurança, responsabilidade e ética. por *Jed Miller, ** Michael Jarvis

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A pandemia está nos forçando a nos comunicar de maneiras completamente nova

pandemia de coronavírus expôs problemas estruturais profundos que vão muito além das idéias convencionais de saúde pública, inclusive os impactos da desigualdade generalizada e do racismo. A sociedade civil está se mobilizando para se adaptar e responder. Nossa capacidade de conduzir mudanças dependerá em parte de nossa capacidade de comunicar informações vitais de maneira eficaz, aproveitando o poder dos dados e da tecnologia digital. A emergência mostrou que as informações corretas fornecidas da maneira certa podem levar as pessoas a mudar seus comportamentos individuais e salvar coletivamente vidas em todo o mundo. O icônico gráfico “Achatar a Curva”, que encorajou pessoas de todos os lugares a ajudar a conter a propagação do COVID-19, é um exemplo disso. 28

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Fotos: Chi Birming, WEF

Ele mostra como medidas como lavagem das mãos e distanciamento social podem esmagar o pico esperado da pandemia e manter os números de infecções baixos o suficiente para serem gerenciados pelos sistemas de saúde.

Este gráfico simples de saúde pública, que se originou em periódicos e relatórios especializados, foi amplamente compartilhado por jornais e revistas tradicionais , depois refinado para esclarecer ainda mais a mensagem , traduzido para vários idiomas e retrabalhado de forma criativa em animações , desenhos animados e até vídeos de gatos. O sucesso de “Achatar a Curva” mostra que é possível comunicar fatos e instruções urgentes de uma maneira convincente e emocionalmente ressonante. Isso está alinhado com a pesquisa da Transparency and Accountability Initiative (TAI) - uma colaboração de financiadores que apóiam esforços em todo o mundo para garantir que as pessoas sejam informadas e capacitadas e que os governos sejam abertos e receptivos. Por meio de entrevistas e discussões em grupo com ativistas da sociedade civil, organizadores da comunidade e especialistas em tecnologia e mídia, a TAI reuniu lições importantes sobre como comunicar mensagens vitais para construir um mundo melhor como parte de um diálogo mais amplo do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro da sociedade civil. Aqui estão alguns elementos de como poderiam ser essas comunicações e campanhas responsáveis e informadas sobre crises: O icônico gráfico “Achatar a Curva”

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1. Aproveite o poder dos dados - mas de maneira ética Como mostra a mensagem “Achatar a curva”, os dados podem ser uma ferramenta poderosa para efetuar mudanças nas políticas e atitudes. Há mais dados disponíveis do que nunca e a sociedade civil precisa tirar proveito disso. Precisamos ser esclarecidos no fornecimento, análise e apresentação de dados. A análise de big data não deve ser preservada apenas por governos ou grandes empresas. No entanto, os grupos da sociedade civil também precisam alinhar a coleta e o uso de dados com as considerações sobre direitos e proteções. Somente no ano passado, uma organização não governamental de saúde sofreu uma violação de dados que afetou as informações de um milhão de neozelandeses. Garantir segurança cibernética adequada é um elemento importante, mas os grupos da sociedade civil precisam fazer perguntas sobre como eles coletam e usam dados: Os dados são legitimamente originários? É apresentado com precisão? É realmente anonimizado? A sociedade civil tem credibilidade ao criticar as falhas de governança de dados de governos e empresas. Esse papel é revelado como ainda mais importante em meio à pandemia. Ativistas e ativistas, mas também cientistas, educadores e qualquer pessoa interessada em proteger seus dados podem se envolver.

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Para dar um exemplo, a mudança na abordagem da Alemanha no uso de dados pessoais para rastreamento de contatos foi incentivada por uma carta de centenas de pesquisadores.

2. Dados por si só não são suficientes Para ser compreensível e atraente, os dados precisam de uma mensagem eficaz para apoiá-los. Isso significa selecionar os pontos de dados e o formato corretos para o seu público e usar o poder da história para envolver o coração, o intestino e o cérebro. Contar histórias envolve estruturar informações como uma narrativa , com começo, meio e fim, personagens interessantes da

vida real e reviravoltas surpreendentes, e um problema ou luta no núcleo que de alguma forma é alterado ou resolvido no final. “Achatar a curva”, por exemplo, transmite visualmente a ameaça existencial de um pico epidêmico que esmaga os sistemas de saúde e, em seguida, oferece a solução de todos trabalhando juntos para esmagar esse pico e salvar a si mesmos e a seus semelhantes. Especialistas em políticas e em comunicações discutem sobre o que é “muita informação”, mas em workshops e entrevistas recentes, grupos de pesquisa e defesa de interesse público nos disseram que a escolha entre rigor e inspiração é falsa. Os dois são solidários. “Nenhum número sem histórias” , aconselhou David Devlin Foltz, do Aspen Institute , um grupo de pesquisa sem fins lucrativos “, e nenhuma história sem números”. A importância dos dados e da narrativa precisa ser incorporada à cultura das organizações e usada por toda a equipe, não apenas pela equipe de comunicação. Isso significa ensinar às pessoas como encontrar e usar dados significativos em seu campo e transformá-los em mensagens e histórias convincentes que provocam ação. Os financiadores, por sua vez, devem apoiar esses investimentos. Eles também devem refletir sobre suas próprias mensagens e como podem adicionar sua voz construtivamente ou “passar o microfone” para outras pessoas.

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3. Esteja pronto para alterar o script Para infundir abordagens orientadas a dados com a dimensão humana, devemos nos esforçar para evitar detalhes de jargões e políticas que sejam compreensíveis apenas por especialistas. Também devemos pensar nas crenças e preconceitos mais profundos que moldam nossas sociedades, incluindo como vemos o passado, como contamos nossa história e apresentamos nossa herança, e como podemos estar justificando certas injustiças e desigualdades que seria melhor questionar e endereço. Como observa Michael Silberman, do MobLab, um grupo sem fins lucrativos que treina organizações em campanhas efetivas por causas sociais e ambientais : “Somos bem treinados para pensar sobre que tipo de leis e políticas precisamos mudar, mas esquecemos isso igualmente. importante trabalho [necessário] para mudar as histórias que definem nossa sociedade “. Um exemplo do poder do aspecto humano é a campanha Integrity Icon do Accountability Lab. Este prêmio nomeia e celebra oficiais honestos do governo em todo o mundo. Ele mudou o paradigma dos esforços anticorrupção, que antes eram dominados por estatísticas negativas. Ao mostrar as histórias de indivíduos que exibem integridade em seu serviço público todos os dias, combinado com o voto do público e o uso da mídia de massa (remanescente dos reality shows), o Ícone de Integridade se tornou um símbolo de mudanças positivas e alegres. Ele ressoou amplamente e se espalhou para uma dúzia de países tão distantes quanto a Libéria, Ucrânia, Paquistão e México.

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4. Seja claro, honesto - e ouça As histórias podem ser uma maneira eficaz e cativante de fornecer informações, mas também precisam ser autênticas. Isso vai além da precisão factual e significa que os representados devem reconhecer sua própria realidade nessa história. Como uma organização da sociedade civil reclamou, tornar uma história “apresentável” geralmente “tira a realidade”. As organizações da sociedade civil podem sentir pressão para simplificar as histórias de seu trabalho, persuadir melhor os formuladores de políticas ou atender às expectativas de apoiar doadores. O risco é que as histórias que contamos fiquem despreocupadas com os fatos e acabem imprecisas. Esse risco pode ser exacerbado quando histórias de comunidades locais são compartilhadas em seu nome por organizações internacionais. Cheri-Leigh Erasmus, do Accountability Lab, alertou as organizações a evitar mensagens “extrativas”, por exemplo, coletando histórias locais que são então reembaladas e recontadas para doadores e financiadores. Precisamos encontrar maneiras de as pessoas contarem suas próprias histórias em seus próprios termos - reforçar suas plataformas, em vez de mostrá-las nos outros. Como isso pode ser na era digital? Em primeiro lugar, nossa capacidade de ouvir pode precisar evoluir junto com nossas tecnologias. A criatividade pode desbloquear novas maneiras de conectar mundos e fazer com que as mensagens ressoem.

Por exemplo, levar tecnologia de realidade virtual para mulheres empresárias nas aldeias nepalesas ajudou-as a contar suas histórias de maneira mais envolvente e a defender o acesso à energia solar. A pandemia torna a escuta ativa ainda mais importante. Ele destacou o papel crítico que líderes comunitários e ativistas de nível local desempenham como fontes confiáveis, especialmente quando as informações erradas estão aumentando. Como eles estão espalhando a palavra? Através dos meios tradicionais, com certeza, mas também através do hip hop , hipco e arte gráfica.

Contar histórias para um futuro melhor Juntos, os dados e a narrativa podem transformar a comunicação na era digital. Enfrentamos uma obrigação renovada de combiná-los não apenas de maneira eficaz, mas responsável, ouvindo aqueles cujas histórias contamos e usando maneiras apropriadas de disseminar as informações. Isso pode envolver etapas simples e práticas, como garantir que todos os membros de uma organização sejam treinados para entregar mensagens da maneira mais atraente. Mas também exige um acerto de contas mais profundo entre comunicadores e ativistas, que devem se perguntar se as histórias que contam são precisas, autênticas e representativas, e se realmente alcançam aqueles que devem ouvi-las. Esses esforços não serão fáceis, mas serão recompensados antes da próxima crise. Precisamos de mais equivalentes a “Achatar a curva” para mobilizar a atenção popular e a ação política em apoio a uma recuperação que não é apenas sustentável, mas justa.

(*) Estrategista Digital, 3 Pontes; (**) Diretor Executivo, Transparência e Responsabilidade Iniciativa (*) Em Plataforma de Ação COVID do Fórum Econômico Mundial REVISTA AMAZÔNIA

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O recomeço e a confiança digital: 3 lições sobre ferramentas digitais da crise COVID-19 A desconfiança digital - ou a falta de confiança nas ferramentas digitais - é alta e crescente. O recomeço pós-pandemia provocará perguntas sobre quais tecnologias usamos para reconstruir. O uso da tecnologia digital durante a crise do COVID-19 oferece lições claras: foco na segurança de organizações essenciais; proteger os recursos de trabalho em casa; e direcione a desconfiança amplamente para permitir tecnologias específicas relevantes para a crise. Fotos: Fórum Econômico Mundial

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s planos de “reconstruir” a pós-pandemia usando ferramentas digitais e a inovação correm o risco de cair no primeiro obstáculo, porque a maioria de nós não confia nos construtores ou nas coisas que estão sendo construídas. Os fundamentos da confiança digital são segurança e responsabilidade: ferramentas e regras para proteger as pessoas. Mas a desconfiança das tecnologias digitais e das empresas que as controlam é alta e crescente.

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A história também mostra que as novas tecnologias frequentemente prejudicam seus usuários ou as pessoas que os constroem e enriquecem os poucos que os controlam. Lutaremos para transformar nossa saída da atual crise do COVID-19, sem abordar as raízes da falta de confiança digital e encontrar maneiras de construí-la. Exige reabrir imediatamente e começar a “construir novamente”, como no argumento de Marc Andreesen, “ Chegou a Hora de Construir ”, diagnostica incorretamente o problema.

Não é realmente uma questão de saber se começaremos a construir e inovar novamente, construir e inovar faz parte da natureza humana. É uma questão de quais tecnologias queremos construir, quem será motivado a construí-las e como serão construídas. Se queremos construir uma sociedade transformadora - resiliente ao próximo desastre -, uma abordagem de sistemas é essencial. A colaboração necessária, no entanto, só é possível se resolvermos o problema da confiança digital. O uso de ferramentas digitais durante a crise do COVID-19 oferece três lições:

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1. Mantenha as organizações essenciais seguras Olhando primeiro para a segurança, da assistência médica às ferramentas de trabalho em casa, as violações e vulnerabilidades enfraquecem nossa confiança nas ferramentas que estamos usando para combater a pandemia (ou trabalho durante ela) e nas instituições que as utilizam. Hospitais, prestadores de serviços de saúde e organizações globais de saúde , sobrecarregados ao lidar com o afluxo de novos pacientes com uma nova doença que requer mudanças significativas na prestação de cuidados, estão se encontrando especialmente vulneráveis a violações, ransomware e outros ataques cibernéticos. A lição clara aqui é que toda organização conectada à Internet (principalmente quando fornece serviços essenciais) tem o dever de proteger sua própria segurança. Se os pacientes não puderem confiar no hospital local para prestar cuidados básicos, eles não irão, e perdemos a capacidade de ajudar esses pacientes e a chance de monitorar a propagação da doença. A resposta a essa ameaça significativa oferece orientação sobre como criar confiança digital em colaboração. Agora, algumas empresas e governos estão trabalhando juntos para tentar fornecer as ferramentas e o know-how para manter as organizações essenciais protegidas contra ameaças cibernéticas, para que possam manter a população protegida contra o coronavírus. Embora a resposta não chegue nem perto da ameaça, é um começo e uma lição de como as coisas podem funcionar se decidirmos investir em segurança cibernética e confiança digital.

2. Aprenda com o experimento Great Work-from-Home Dada a revolução no trabalho remoto causada pela crise, é possível detectar falhas notáveis e alguns sucessos no estabelecimento da confiança digital para essas tecnologias. Há uma educação aqui nos triunfos e contratempos que podem ajudar a guiar as transformações à frente. Falhas de responsabilidade, lapsos éticos e ameaças a valores como a privacidade são às vezes menos óbvias no dia-a-dia. Quando todos estão trabalhando em casa e contando com uma série de intermediários digitais, esses problemas se tornam muito mais proeminentes. Por exemplo, as vulnerabilidades generalizadas, juntamente com as configurações padrão que causam perda de privacidade nas ferramentas de videoconferência e teletrabalho, afetaram todos, de trabalhadores a estudantes universitários e crianças tentando frequentar escolas virtuais.

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A corrida para o mercado, sem considerar os danos aos usuários, levou essas empresas a minimizar as medidas de segurança necessárias. Essa busca a curto prazo de usuários e lucros leva a um déficit a longo prazo na confiança digital. Uma falta de responsabilização pela privacidade ou igualdade de usabilidade dos usuários acabará por colocá-los contra eles, criando um conflito entre nossos

valores e nossa economia que corroerá os dois. A lição aqui é colocar os usuários e seu bem-estar em primeiro lugar. Princípios como segurança por projeto e privacidade por projeto precisam ser integrados para economizar confiança nas ferramentas necessárias para apoiar a economia na pandemia e no futuro, à medida que os modos de trabalho mudam para se tornarem mais resilientes.

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Nesse caso, nossa capacidade de responder a uma crise é prejudicada por décadas de ignorar a necessidade de construir sistemas digitais confiáveis. Enquanto os EUA ainda estão aprendendo o quanto os custos humanos e econômicos da pandemia do COVID-19 serão, a idéia está enraizando-se em que o “normal” está para trás e voltar a uma sociedade e economia funcionais exigirá uma ampla disseminação “ redefinir ”ou transformação única de um século de nossas vidas e instituições.

O recomeço requer confiança digital

3. Desconfiança dificulta resposta à crise As informações em si, conectadas digitalmente e promulgadas online, também estão sujeitas à lógica da confiança digital. Considere os problemas dos aplicativos de rastreamento de contatos , desenvolvidos por algumas das maiores empresas de tecnologia, como forma de combater a disseminação do COVID-19. Como essas empresas não são confiáveis para proteger os dados de seres humanos, as autoridades hesitam em usar essa tecnologia potencialmente útil (e algumas tentativas governamentais desses aplicativos também não geram confiança)

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Sociedades e economias emergirão da atual crise que foi reformulada, provavelmente significativamente. Temos a oportunidade de usar esse tempo para transformá-los intencionalmente em mais fortes, mais resilientes e mais justos. Mas, para voltar a um mundo mais seguro, mais igual e mais estável, precisamos colocar a confiança digital na frente. Isso significa que, seja criando novas tecnologias ou aplicando antigas a novos problemas, precisamos colocar segurança, responsabilidade, prestação de contas e preocupações éticas na vanguarda de nosso design. O recomeço exigirá novas instituições e modelos de negócios, e novas tecnologias digitais para construí-los. Para todos aqueles que trabalham para projetar esse futuro, vamos começar criando confiança digital.

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As visitas em vídeo com médicos e outros profissionais de saúde viram um aumento acentuado quando a pandemia do COVID-19 decolou

O COVID-19 é o ponto de inflexão da telemedicina (telessaúde)? Fotos: Firefly Health, T elehealth facilities, Tracy Davenpor

A proteção no local levou os cuidados de saúde virtuais para o mainstream, fazendo-nos pensar se voltaremos às salas de espera

O mesmo estava acontecendo em todo o país, quando a pandemia do COVID-19 fez visitas pessoais em consultórios médicos perigosas para pacientes e médicos.

Independentemente de quando a ameaça COVID-19 se dissipa, as visitas em vídeo cruzam um ponto de inflexão para se tornar uma maneira principal de obter atendimento, diz o cardiologista Joe Smith, co-autor de uma visão geral da telemedicina na Revisão Anual de Engenharia Biomédica. “Acho que não voltamos”, diz ele. “Há muito tempo, os hospitais são as catedrais dos cuidados de saúde, onde os pacientes têm que vir. Mas agora as pessoas estão vendo que podem obter seus cuidados de saúde na segurança e no conforto de sua própria casa”. As visitas em vídeo são uma forma de telemedicina, um termo usado para maneiras habilitadas pela tecnologia para fornecer atendimento médico virtual (alguns também usam o termo telessaúde neste contexto). A telemedicina inclui telefonemas e e-mail seguro, é claro, mas muito mais também. Pacientes com insuficiência cardíaca podem ser “monitorados remotamente” em suas casas, por exemplo; um aplicativo para smartphone pode alertar os pacientes com doenças digestivas sobre problemas antes que eles ocorram; e pacientes com substituição do joelho podem receber fisioterapia em casa a partir de um assistente virtual chamado VERA. As visitas em vídeo, oferecidas principalmente por empresas comerciais como Teladoc e AmWell, tornaram-se mais frequentes ao longo dos anos. Mas eles nunca se tornaram comuns. Smith, que agora administra duas empresas de telemedicina, diz que desincentivos, como pagamentos mais baixos do que visitas a consultórios e mudanças necessárias nos processos do consultório, desencorajaram médicos e sistemas de saúde de adotá-los.

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m fevereiro - um mês antes do COVID-19 chegar a Boston Partners Healthcare, o enorme sistema de saúde que inclui o Hospital Geral de Massachusetts, tratou 1.600 pacientes por meio de visitas em vídeo. Em abril, o número de pacientes que procuravam atendimento através do serviço de vídeo da Partners havia aumentado para 242.000. “Não somos os únicos”, disse Joe Kvedar, professor de dermatologia da Harvard Medical School e advogado de telemedicina do Partners por três décadas, em um seminário on-line em maio.

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Recursos regulares de telessaúde

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Assim, muitos pacientes simplesmente não estão familiarizados com o atendimento por vídeo.“Adotamos a tecnologia provavelmente mais lenta do que qualquer outra indústria nos EUA”, acrescenta Smith. “Uma rubrica dentro da assistência médica é que a mudança é ruim, mesmo que seja para melhor. Então tem sido um verdadeiro desafio”. A telemedicina foi atormentada por mitos , escreveu Judd Hollander, médico de emergência da Jefferson Health na Filadélfia, no New England Journal of Medicine Catalyst . É “muito difícil”, “as visitas virtuais não são eficazes”, “não existe um modelo de pagamento” e muito mais. Todos foram varridos nesta primavera, quando, em questão de dias, a pandemia forçou médicos, seguradoras, reguladores e pacientes a descobrir como fazer com que os serviços de saúde com vídeo ao vivo funcionassem. Essa é uma coisa positiva a sair do COVID-19, diz o neurologista Michael Okun, diretor médico nacional da Fundação Parkinson. “Conseguimos em 10 dias o que tentamos fazer há 10 anos - lutando, advogando e tentando instalar a telemedicina”, diz ele.

Avançar, recuar? Quando as clínicas médicas começaram a fechar as portas para impedir a disseminação do COVID-19, os médicos foram para casa e os órgãos reguladores começaram a trabalhar.

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A pandemia do COVID-19 viu um rápido aumento de adultos nos EUA que usaram telemedicina e uma queda naqueles que desconheciam a telemedicina ou não tinham planos de usá-la, segundo uma pesquisa. Não está claro o que acontecerá quando a pandemia diminuir, mas alguns especialistas pensam que a telemedicina agora será um componente permanente nos cuidados de saúde, com algumas visitas sendo realizadas pessoalmente e outras realizadas remotamente.

Dentro de semanas, centenas de regras federais e estaduais de telemedicina foram alteradas - na maioria dos casos, temporariamente - para permitir que os médicos mudassem rapidamente a maneira como praticavam a medicina. As regras têm sido um pântano. A telemedicina é regulamentada no nível estadual e não há dois estados iguais. A Geórgia, por exemplo, exige que as seguradoras privadas paguem o mesmo pelas visitas de telemedicina e os cuidados pessoais, de acordo com a Center for Connected Health Policy, organização sem fins lucrativos. Mas cruze a linha do estado para a Carolina do Sul e não existe essa “paridade de pagamento”. Para pacientes segurados pelo Medicaid em Nova Jersey, as visitas em vídeo são limitadas aos serviços de saúde mental. Ao lado, em Delaware, o Medicaid pagará médicos, enfermeiras parteiras, audiologistas e outros profissionais de saúde licenciados pelo estado pelos cuidados prestados por vídeo ao vivo. Todos os estados permitem visitas em vídeo para alguns tipos de atendimento a cidadãos segurados pelo Medicaid, mas muitos não permitem atendimento por telefone. O programa federal do Medicare, que abrange mais americanos do que qualquer outro pagador, tem seu próprio conjunto de regras. Até agora, os pacientes inscritos no Medicare geralmente não podiam receber serviços de telemedicina em suas casas.

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“Agora que as pessoas comuns estão fazendo um curso intensivo em telessaúde, que é assim que você pode receber serviços de saúde, elas se tornarão uma voz importante após o COVID-19, que tornará um pouco mais difícil para os formuladores de políticas ignorarem”, Kwong diz.

Quão bom é o cuidado com vídeo?

Os pacientes valorizam seus relacionamentos com seus prestadores e vêem o atendimento virtual como um complemento aos cuidados pessoais que recebem

Todos os estados permitem visitas em vídeo para alguns tipos de atendimento a cidadãos segurados pelo Medicaid, mas muitos não permitem atendimento por telefone. O programa federal do Medicare, que abrange mais americanos do que qualquer outro pagador, tem seu próprio conjunto de regras. Até agora, os pacientes inscritos no Medicare geralmente não podiam receber serviços de telemedicina em suas casas. De fato, o Medicare pagava por visitas de vídeo de rotina apenas se um paciente morasse em uma área rural e, mesmo assim, o paciente tivesse que viajar para um hospital ou clínica local para uma conexão de vídeo com um médico em um local diferente.

O COVID-19 mudou tudo. Todos os estados relaxaram suas regras de telemedicina e, no início de março, o Medicare estava pagando pelos cuidados prestados por telefone, email ou vídeo para qualquer finalidade de diagnóstico ou tratamento nas casas dos pacientes, rurais ou não. Além disso, o Medicare deu um sinal de positivo para o Skype, FaceTime, Zoom e outras plataformas.

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Antes do COVID, eles teriam sido estritamente proibidos pela Lei de Portabilidade e Responsabilidade do Seguro de Saúde de 1996, que regula a privacidade e a segurança das informações de saúde. A maioria das mudanças foi promulgada como medidas temporárias apenas para superar a crise do COVID-19. Mas Mei Wa Kwong, diretora executiva do Center for Connected Health Policy, espera que alguns deles se tornem permanentes. “Não acho que todos esses relaxamentos durem, mas acho que não voltaremos ao que tínhamos antes do COVID-19”, diz ela. A vasta expansão de serviços do Medicare que pode ser fornecida por telemedicina provavelmente será mantida, por exemplo. Permitindo que os médicos examinem pacientes pelo FaceTime e outras plataformas não seguras? Provavelmente isso irá embora. Enquanto consideram as restrições à telemedicina no futuro, os reguladores ouvirão pacientes que, até agora, não eram defensores da telemedicina.

As visitas em vídeo podem ser confiáveis para oferecer a mesma qualidade de atendimento que as visitas presenciais tradicionais quando elas se tornam seguras novamente? “Essa é uma pergunta horrível”, diz Hollander. A telemedicina, em sua opinião, oferece maneiras adicionais - não melhores ou piores - de receber atendimento do seu médico. Você pode, por exemplo, consultar seu cardiologista pessoalmente em janeiro, fazer check-in por vídeo em fevereiro, trocar mensagens de texto em março e retornar à clínica para um encontro presencial em abril. Se o mau tempo dificultar a viagem em abril, saltar em uma visita em vídeo é melhor do que perder completamente os cuidados, mesmo se uma visita em pessoa fosse a preferida naquele mês. No entanto, à medida que a telemedicina se torna popular, a questão da qualidade merece atenção. Existem poucos estudos publicados até o momento, e eles dão sinais conflitantes. Uma análise de 2016 das reivindicações de seguros, por exemplo, comparou os cuidados prestados pela Teladoc , uma empresa popular de atendimento direto ao consumidor, com os prestados nos consultórios médicos. O Teladoc teve um desempenho pior em duas medidas - ordenação apropriada de testes de estreptococos e antibióticos para bronquite - do que os consultórios médicos e aproximadamente o mesmo para ordenação apropriada de imagens para dor nas costas.

O COVID-19 mudou tudo. Todos os estados dos EUA, relaxaram suas regras de telemedicina e, no início de março, o Medicare estava pagando pelos cuidados prestados por telefone, email ou vídeo para qualquer finalidade de diagnóstico ou tratamento nas casas dos pacientes, rurais ou não

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E um relatório de 2016 conta como pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, fizeram com que atores e estudantes de medicina se apresentassem como pacientes com condições comuns - dores de garganta, infecções do trato urinário e assim por diante - e buscam atendimento de uma das oito empresas por telefone, webchat ou vídeo. No geral, apenas 77% dos “pacientes” receberam um diagnóstico correto e os prestadores seguiram as diretrizes de atendimento em apenas 54% das visitas. Os pesquisadores observaram que alguns provedores de vídeo-visitas se saíram melhor que outros , e também apontaram que a adesão às diretrizes e a qualidade do atendimento também variam amplamente nas visitas presenciais. “Se você é um médico ruim pessoalmente, provavelmente é um médico ruim por telemedicina”, diz Hollander. Em outro estudo, Hollander e três colegas da Universidade Thomas Jefferson compararam os cuidados prestados pelos médicos de emergência da Jefferson Health no departamento de emergência, em uma clínica de atendimento de urgência e por meio de uma visita em vídeo.

A taxa de prescrição adequada de antibióticos foi pelo menos tão boa no atendimento por vídeo-visita quanto nos outros dois ambientes.Para pacientes que têm problemas para viajar para consultas médicas, a qualidade do atendimento é apenas um fator que vale a pena considerar. Um estudo controlado e randomizado de 2017 descobriu que pacientes com doença de Parkinson, uma condição neurológica degenerativa, que tinham “visitas domiciliares virtuais” com um neurologista tiveram resultados clínicos - como o número de atendimentos de emergência e o número de hospitalizações em 12 meses - comparáveis àqueles que tiveram consultas ambulatoriais regulares. Mas os pacientes que foram vistos por vídeo em suas próprias casas relataram que se sentiam melhor do que aqueles que receberam atendimento em uma clínica; e cada visita em vídeo, em média, evitava que um paciente viajasse 38 milhas. Outro estudo mostrou que o atendimento via telemedicina pode economizar muito dinheiro. A Reflexion Health - Smith é seu CEO - fornece fisioterapia virtual, usando um

treinador de avatar e imagens que fornecem aos pacientes feedback em tempo real sobre se estão fazendo exercícios corretamente. Em um estudo controlado randomizado publicado este ano, a terapia virtual foi tão eficaz quanto a tradicional terapia presencial para pacientes em reabilitação após cirurgia de substituição total do joelho. Em média, a terapia liderada por avatar custa US $ 2.745 a menos por paciente em três meses.

O acesso aos cuidados via telemedicina continua a crescer e os dados mostram que a telessaúde é eficaz e segura. Além disso, os millennials - que são nativos digitais - esperam a conveniência

Kvedar, que é o atual presidente da Associação Americana de Telemedicina, quer que os reguladores federais e estaduais adotem políticas permanentes que tornem fácil - e viável financeiramente - que os sistemas de saúde ofereçam visitas em vídeo. Antes do COVID-19, o programa de visitas por vídeo de seu próprio sistema era limitado a um serviço virtual de atendimento de urgência, onde os pacientes podiam obter problemas simples - erupção cutânea, sinusite, sintomas de infecção do trato urinário - efetuados o check-out. O tempo médio de espera para os pacientes foi de seis a sete minutos; em cerca de 80% dos casos, os médicos poderiam resolver os problemas por vídeo; e os índices de satisfação do paciente foram altos. Quando alcançamos esse maravilhoso nirvana de acesso, qualidade e conveniência, todo mundo sabe disso ”, diz Kvedar. “E ninguém quer voltar.”

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Construindo um mundo melhor pós-COVID

Se a pandemia do COVID-19 deixou uma coisa clara, é que somos uma família humana. Somente reconhecendo isso - cuidando uns dos outros, bem como do planeta do qual todos dependemos - é que qualquer um de nós pode esperar um futuro melhor por *Mohamed Elbaradei

Fotos: Jules Julien, WEF

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IENA - Em questão de meses, a pandemia do COVID-19 transformou o mundo quase irreconhecível. E, no entanto, a cooperação internacional que é tão essencial para enfrentar uma ameaça compartilhada não foi encontrada em lugar algum. Isso não deveria ser uma surpresa: nosso fracasso em responder efetivamente à crise do COVID-19 reflete valores e prioridades profundamente arraigados - e severamente distorcidos -. Em 1952, o estadista americano Adlai Stevenson declarou : “Os grandes inimigos do homem são a guerra, a pobreza e a tirania, e seus ataques à dignidade humana, que são as consequências mais graves de cada um”. Quase sete décadas depois, esses inimigos permanecem tão poderosos como sempre. A guerra continua a dominar - e atrapalhar - a linha do tempo humana. Apesar dos horrores que experimentamos coletivamente, a violência continua sendo nossa resposta padrão às diferenças. Três décadas após o fim da Guerra Fria, as armas nucleares - e a terrível doutrina da destruição mútua garantida - continuam sendo um pilar da segurança global.

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Enquanto isso, as limitações ao uso da força acordadas na Carta das Nações Unidas estão sendo ignoradas e até mesmo desprezadas. O direito humanitário parece cada vez mais uma relíquia do passado. Quinze anos após sua concepção, a “responsabilidade de proteger” contra as piores formas de violência e perseguição tornou-se uma nota de rodapé histórica.

Os ricos e poderosos apontam o nariz para o Tribunal Penal Internacional. Como a resposta do mundo à atual crise de refugiados demonstrou de maneira clara, priorizamos consistentemente os interesses geoestratégicos e econômicos acima da vida humana. No ano passado, a assistência oficial ao desenvolvimento representou menos de 10% dos gastos globais em defesa. Embora tenha havido um progresso significativo na redução da pobreza nas últimas décadas, cerca de 10% da população mundial ainda vivia em extrema pobreza, abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial de US $ 1,90 por dia, em 2015, e o Banco espera a crise do COVID-19 aumentar o total em 40-60 milhões este ano. Enquanto isso, a crescente desigualdade está empurrando muitas sociedades para a desordem civil. A tirania também parece estar em ascensão. Um terço de todos os países são governados por regimes autoritários e repressivos, e muitas democracias estão sendo vítimas do populismo. As violações dos direitos humanos - como repressão à mídia livre e dissidência política, perseguição a minorias étnicas e religiosas, brutalidade policial e assassinatos direcionados, para citar alguns - são recebidas com pouco mais do que expressões de preocupação da comunidade internacional. revistaamazonia.com.br


À medida que proliferam guerra, pobreza e tirania, a necessidade de cooperação internacional cresce apenas. Hoje, as ameaças mais significativas que o mundo enfrenta - como mudanças climáticas, doenças infecciosas, terrorismo e crimes cibernéticos não respeitam as fronteiras. A única maneira de atenuá-los é trabalhar juntos. No entanto, plataformas críticas para a cooperação internacional, como a ONU, foram corroídas constantemente nos últimos anos, à medida que a crescente polarização e paralisia, juntamente com os recursos cada vez menores, minaram sua autoridade. Notavelmente, levou mais de um mês para o Conselho de Segurança da ONU se reunir depois que a crise do COVID-19 eclodiu. Dois meses depois, seus membros não chegaram a um acordo sobre um plano para uma resposta coordenada. Alguns podem argumentar que repressão, competição, violência, discriminação e exclusão são características inevitáveis da condição humana. Nesse caso, tentar construir um mundo baseado em princípios como liberdade, equidade e inclusão seria o mesmo que tentar mudar nossa própria natureza. Mas esse argumento é fácil, na melhor das hipóteses. Afinal, agora rejeitamos veementemente muitas atrocidades - como escravidão e tortura - que antes eram consideradas naturais e inevitáveis. Embora ainda tenhamos muito a percorrer, grandes avanços foram feitos no combate à discriminação com base em fatores como gênero e etnia. A mensagem é clara: nossa mentalidade está longe de ser imutável. Pelo contrário, a recalibração dos valores é uma característica inevitável da evolução humana.

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Hoje, tal recalibração é extremamente necessária, a fim de estabelecer um novo paradigma para a cooperação global baseada em princípios como dignidade humana, igualdade, inclusão, diversidade e solidariedade. Para que esse sistema funcione, deve haver tolerância zero à tirania, e a competição geopolítica deve dar lugar ao diálogo. Além disso, o conceito de segurança deve ser radicalmente repensado. A dependência de armas nucleares e a demonstração de poder militar devem dar lugar à construção de confiança, abordando problemas compartilhados (como ameaças cibernéticas). O apaziguamento dos ditadores não deve ter lugar no novo paradigma, mas também não deve mudar o regime externo e as sanções unilaterais.

Mais amplamente, o conceito de segurança deve ser estendido muito além do físico, para incluir um foco em garantir que as necessidades humanas básicas - como alimentação, saúde, educação e emprego sejam atendidas de forma confiável. Políticas como renda básica universal e impostos sobre a riqueza podem ajudar bastante no avanço dessas metas. Tudo isso exigirá uma nova abordagem para a governança. Em muitas democracias, os cidadãos perderam a confiança na classe política e suspeitam cada vez mais da influência do dinheiro sobre seus líderes e instituições. Os protestos nos Estados Unidos destacam até que ponto muitas pessoas sentem que suas vozes não estão sendo ouvidas. A reversão dessa tendência exigirá não apenas políticas direcionadas para proteger os processos democráticos, mas também esforços para melhorar o equilíbrio entre democracia direta e representativa. No nível internacional, as instituições devem ter autoridade e recursos para lidar com os desafios de um mundo globalizado. Somente aumentando a legitimidade e a eficácia das instituições é que podemos efetivamente combater as forças do populismo e da xenofobia que ganharam terreno nos últimos anos. Se a pandemia deixou uma coisa clara, é que somos uma família humana. Somente reconhecendo isso cuidando uns dos outros, bem como do planeta do qual todos dependemos - é que qualquer um de nós pode esperar um futuro melhor. Nesse sentido, a cooperação não é apenas um imperativo ético, mas também um imperativo existencial. (*) É um ganhador do Prêmio Nobel da Paz 2005 (**)Em Project Syndicate/WEF

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O grande reinício após o COVID-19 deve colocar as pessoas em primeiro lugar O COVID-19 expôs muitas desigualdades estruturais e institucionais subjacentes. Governos, empresas e o setor filantrópico devem liderar na criação de um mundo mais justo. Movimentos sociais estão pressionando para colocar as pessoas em primeiro lugar

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uito foi escrito nos últimos meses sobre os desafios e respostas à pandemia do COVID-19. O debate se originou com a relativa preparação de nossos sistemas de saúde e de crise para lidar com desastres inesperados, mas rapidamente se transformou em uma discussão sobre as iniquidades estruturais e institucionais subjacentes que foram reveladas. Essas condições - pobreza, marginalização e exclusão social - não são produtos do coronavírus, mas aumentam seu impacto. Isso destaca um aspecto do nosso sistema de mercado atual, em que os marginalizados enfrentam o maior risco, precisamente devido à natureza e às consequências de sua exclusão. Trabalhadores agrícolas, operários de fábrica, trabalhadores migrantes e trabalhadores de plataforma trabalham com proteções mínimas ou inexistentes, incluindo acesso a cuidados de saúde. A Brookings Institution explorou os impactos diferenciais da pandemia nas divisões de classe nos Estados Unidos, observando as grandes lacunas por classe de renda no risco representado pela infecção e nos níveis de resposta.

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Os riscos da desigualdade ... passageiros a bordo de uma balsa em Dhaka, Bangladesh

O Banco Mundial também divulgou um estudo completo no sul da Ásia, notar o impacto da pandemia afetará fortemente as pessoas de baixa renda, especialmente os trabalhadores informais dos setores de hospitalidade, comércio e transporte que têm acesso limitado ou inexistente a redes de assistência médica ou de segurança social. Além disso, o estudo revela que uma crise prolongada pode ameaçar a segurança alimentar, principalmente para os mais vulneráveis.

Esse é o cerne do desafio e, além disso, a oportunidade que a crise do COVID-19 apresenta. Ventiladores, máscaras e outros equipamentos de proteção individual são urgentemente necessários, mas, juntamente com esses esforços, reformas estruturais profundas baseadas em colocar “pessoas e o planeta” no centro do palco e apoiadas por movimentos sociais são os elementos essenciais para a transformação. Para os governos, isso se traduz em todo o espectro de intervenções, desde políticas macroeconômicas e resgates até critérios e processos de compras públicas. Cada área em que os governos podem estabelecer, condicionar, incentivar ou comprar no mercado deve ser examinada e devem ser promovidas reformas que construam padrões ambientais e trabalhistas em sua essência. Ao mesmo tempo, os esquemas de proteção social devem ser construídos e apoiados para enfrentar os riscos econômicos e sociais exacerbados pela crise. O trabalho está em andamento com organizações como a GIZ em Bangladesh, construindo a defesa dos trabalhadores para o seguro contra acidentes de trabalho, à medida que as fábricas reabrem com as proteções mínimas em vigor. A necessidade de mais esforços desse tipo é evidente em países onde a dependência dos mercados de exportação aumentou os riscos de pobreza e desigualdade devido à sua interrupção.

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As empresas também estão começando a entender que o foco na maximização do lucro a curto prazo não é mais sustentável. O recente Edelman Trust Barometer observa que apenas 38% das pessoas acreditam que os negócios estão indo muito bem ou muito bem em colocar as pessoas antes dos lucros. As empresas devem, portanto, trabalhar para abordar e prestar contas à ampla gama de impactos que suas operações têm nos grupos de partes interessadas e no meio ambiente. Fazer isso deve ser uma condição para fazer negócios, não simplesmente um fator competitivo entre os negócios. Em breve, isso poderá se tornar realidade com o comissário europeu para a Justiça, Didier Reynders, anunciando em abril de 2020 que ele introduzirá legislação sobre direitos humanos obrigatórios e due diligence ambiental para empresas como parte do plano de trabalho da Comissão para 2021 e do Acordo Verde Europeu. A filantropia também tem uma oportunidade única de contribuir para esse esforço. Devemos lembrar que a política, sem pessoas, não tem poder. Portanto, os recursos filantrópicos devem apoiar comunidades, trabalhadores e movimentos sociais mais do que nunca para impulsionar a demanda por reformas e garantir sua implementação. Colaboradoras de doadores, incluindo financiadores organizados pelos direitos na economia

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global (FORGE), reunindo a Fundação Ford, Open Society Foundations, Laudes Foundation e outros, estão caminhando nessa direção e colaborando para atender às necessidades de curto prazo e criar soluções de longo prazo rumo a uma economia baseada em direitos. Esses esforços e muito mais estão mostrando um potencial inicial na construção de uma economia justa e inclusiva. O Fórum Econômico Mundial lançou recentemente “ The Great

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Reset ” - uma iniciativa para construir um futuro mais justo, sustentável e resiliente que atenda às desigualdades estruturais e institucionais subjacentes que foram reveladas. À medida que essa iniciativa é ampliada e a comunidade global responde às conseqüências pandêmicas e econômicas provocadas, precisamos continuar aproveitando a oportunidade para transformar nossos sistemas. Priorizar “pessoas e o planeta” e apoiar comunidades, trabalhadores e movimentos sociais podem garantir que façamos exatamente isso. Segundo o autor indiano Arundhati Roy : “Historicamente, as pandemias obrigaram os humanos a romper com o passado e a imaginar seu mundo de novo. Esta não é diferente. É um portal, uma porta de entrada entre um mundo e o outro. Podemos optar por atravessá-lo, arrastando as carcaças de nosso preconceito e ódio, nossa avareza, nossos bancos de dados e idéias mortas, nossos rios mortos e céus esfumaçados atrás de nós. Ou podemos caminhar levemente, com pouca bagagem, prontos para imaginar outro mundo. E pronto para lutar por isso. Nossa luta contra essa pandemia global também deve ser, como Roy sugere, uma luta por outro mundo. (*) Diretor de Programas, Fundação Laudes

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Testes de anticorpos para coronavírus têm uma armadilha matemática Um profissional de saúde mantém frascos de amostras de sangue enquanto realiza testes de laboratório que detectam anticorpos da classe G (IgG) de imunoglobulina contra o vírus SARS-CoV-2 no Instituto de Pesquisa de Cuidados de Emergência Sklifosovsky em Moscou, Rússia, em 29 de maio de 2020.

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risco de contágio do coronavírus SARS-Cov-2 é 19 vezes mais alto em espaços fechados do que ao ar livre, segundo um estudo do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas (NIID) do Japão e de duas universidades japonesas que analisou 11 focos de contágio no país. As conclusões deste estudo coincidem com as de um outro feito na China em que foram analisados 318 surtos de covid-19 (num total de 1245 casos confirmados até 11 de Fevereiro e fora da região de Hubei) e nenhum deles sucedera ao ar livre – a maior parte tinha sido registada em casa e em transportes públicos; em menor número, também foram registados casos em comércios e restaurantes. Os cientistas que trabalham para reprimir a pandemia do COVID-19 desenvolveram testes que detectam anticorpos no sangue de pessoas que já haviam sido infectadas com o novo coronavírus. Esses testes sorológicos podem fornecer dados importantes sobre como o COVID-19 está se espalhando pela população. Também há esperança de que a presença de certos anticorpos possa significar imunidade a infecções futuras - uma possibilidade que os cientistas ainda estão investigando.

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Os testes de anticorpos têm deficiências em potencial: eles podem detectar anticorpos ineficazes, não indicam se uma infecção ainda está ativa e não conseguem detectar a

infecção se administrados antes do desenvolvimento dos anticorpos. A precisão de um novo teste também pode ser difícil de determinar devido à falta de dados. Ainda assim, esses testes foram propostos como uma maneira de os indivíduos descobrirem se já foram infectados com o novo coronavírus. Mas uma ruga matemática torna esses testes - e, de fato, todos os testes de triagem - difíceis de interpretar: mesmo com um teste muito preciso, menos pessoas em uma população com uma condição, mais provável é que o resultado positivo de um indivíduo esteja errado . Se for, as pessoas podem pensar que têm os anticorpos (e, portanto, podem ter imunidade), quando na verdade não têm. Um resultado positivo do teste de triagem para outras doenças geralmente solicita testes de acompanhamento para confirmar um diagnóstico. Mas, para a triagem do COVID-19, esse acompanhamento tem sido raro, porque os recursos de teste são escassos ou porque outros métodos de teste são priorizados para os pacientes mais doentes. Aqui está uma olhada nas enormes taxas de infecção de impacto que podem ter sobre o valor preditivo desses testes para indivíduos.

Especialistas em saúde concordam que os testes , que pesquisam uma amostra de sangue em busca de sinais de infecção passada, são fundamentais para reabrir a economia, calcular a verdadeira taxa de mortalidade do Covid-19 e estimar o quão perto podemos estar da “imunidade ao rebanho

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Mineração, vida e doença profissional após Covid

O Covid-19 está atingindo fortemente os trabalhadores das minas, revelando os encargos subjacentes às doenças e desigualdades causadas pelo extrativismo por *Maynie Y

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a cultura chinesa, a doença é vista como infeliz, aproximar-se demais de alguém doente traria “晦气” (energia negativa) para a própria vida. Esse sentimento de estigma não é de forma alguma exclusivo do povo chinês. Com que frequência as pessoas falam sobre doenças? A resposta pode nunca, ou pelo menos, não ser suficiente. A doença, física ou mental, é sempre o espaço negativo de uma conversa, um tópico que não é permitido de forma concreta, por medo de que o monstro possa invadir os reinos da vida que tomamos normalmente. A doença se torna o epítome de tudo desagradável: guerra, pobreza, poluição e outros males sociais. Deve ser contido, esquecido em um canto sombrio, até que desapareça naturalmente. No entanto, os problemas nunca desaparecem.

Fotos: Divulgação

A doença é contagiosa. A abordagem juvenil da responsabilidade anterior realmente se coloca em risco. Somente quando medidas médicas e políticas apropriadas são tomadas, a propagação da doença pode ser contida. Doença é um problema social. Um membro da família com uma doença aumenta o ônus existente da assistência domiciliar.

No recente documentário chinês Miners, Grooms, and Pneumoconiosis (2019), o ex-mineiro Zhao Pinfeng contrai pneumoconiose, uma doença pulmonar ocupacional mortal causada pela inalação de poeira mineral criada pelas operações de mineração. Depois de gastar a maior parte de suas poucas economias em despesas médicas, Zhao finalmente morre, deixando sua esposa e dois filhos pequenos para trás.Esse tipo de tragédia é comum na província rural de Hunan, onde o filme foi filmado. Em uma entrevista informal com o diretor Jiang Nengjie, cujo pai também é um dos pacientes com pneumoconiose da vila, ele me contou sobre a longa história da mineração na região. Após o final da dinastia Qing (década de 1800 ~), os agricultores locais extraíam ferro e tungstênio nas montanhas sempre que os preços de mercado dos metais eram relativamente altos. Artesanal ha mineração s continuou nas últimas décadas, apesar dos perigos de acidentes e doenças pulmonares.

Mineração Como demonstra a crise do Covid-19, as doenças não podem desaparecer sem tratamento adequado. Negar a existência de doenças, particularmente quando certas populações, por exemplo comunidades raciais de trabalhadores migrantes, se tornam mais vulneráveis, é se render.

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Mineração de carvão na China

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Compensação As doenças pulmonares ocupacionais, como a silicose, podem levar até dez anos para manifestar sintomas. Quando os sintomas se tornam visíveis , eles já são mortais. Pacientes com silicose têm dificuldade para respirar; eles tossem muito porque seus pulmões estão entupidos com poeira mineral. Wang Keqin, fundador da organização de caridade chinesa Daaiqingchen, que presta assistência aos agricultores com pneumoconiose, descreve como os pacientes precisam “ajoelhar-se para respirar”. Devido à falta de contratos formais, esses ex-mineiros enfrentam dificuldades na busca de compensação. Para evitar responsabilidades, empresas e órgãos governamentais raramente reconhecem diagnósticos de doenças ocupacionais. Zhang Haichao , um trabalhador rural chinês no estágio final da pneumoconiose, teve que se submeter a biópsia pulmonar apenas para fornecer provas, enquanto os sintomas de sua doença não podiam ser mais óbvios. O caso explodiu na mídia chinesa em 2009. Embora Zhang tenha recebido uma compensação de 1,2 milhão de RMB (aproximadamente 135.000 libras) devido à pressão do público, ele ainda luta para cobrir os custos médicos diários, já que a pneumoconiose é uma doença ao longo da vida. Sem mecanismos eficazes de assistência à saúde, as inúmeras contas médicas muitas vezes levam os pacientes com pneumoconiose e suas famílias rurais a dívidas.

Covid-19 A doença pulmonar ocupacional é uma questão mundial, especialmente na época do COVID-19. Mineiros com condições pré-existentes de pneumoconiose estão em maior risco de infecção por coronavírus. Em Rajasthan, na Índia, os trabalhadores de minas com silicose sofrem com o atraso nas compensações do governo e nos cuidados médicos durante o bloqueio, e o ônus de cuidar dos doentes recai sobre as mulheres nas famílias dos mineiros. Essa dinâmica levanta questões sobre quem assume a responsabilidade social por esse trabalho de assistência. As doenças ocupacionais são subprodutos da demanda do mercado global.

Aqueles que doenças profissionais contratados normalmente trabalham como mineiros i n o montante da parcela de cadeias de suprimentos globais , ou como trabalhadores da construção civil a base de infra-estrutura urbana. As taxas de certas doenças ocupacionais também flutuam com base em mudanças na economia, particularmente na demanda do mercado por minerais. Durante o governo Obama nos Estados Unidos, a incidência de doenças do pulmão negro, uma doença ocupacional comum causada pela inalação de poeira de carvão , diminuiu nos EUA , à medida que as políticas de adaptação às mudanças climáticas impulsionavam uma transição para longe do carvão. Por outro lado, sob o governo Trump, houve um ressurgimento da doença do pulmão negro nos EUA, à medida que o governo federal busca reindustrializar a América. Os países ocidentais agora estão sentindo a necessidade de reviver as indústrias nacionais devido à ruptura das cadeias de suprimentos durante o Covid-19, e não é razoável prever que as taxas de doenças ocupacionais no Ocidente possam subir novamente.

Desigualdades O novo rompimento de coronavírus demonstra pungentemente que a economia global está sujeita a grandes perturbações ao lidar com uma pandemia, porque já está afetada por muitas “doenças” subjacentes. A crise do Covid-19 atingiu, em parte, um ponto de ebulição porque questões como desigualdade de renda, fluxos de trabalho desequilibrados e sistemas de saúde inadequados vêm se acumulando nas últimas décadas. Agora as sociedades devem enfrentar as conseqüências de ignorar esses problemas.

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A alocação efetiva da responsabilidade pelos custos sociais e ambientais da infraestrutura e extração , entre governos e setores privados, é essencial para o tratamento de doenças ocupacionais e recuperação econômica em um mundo pós-covarde. As doenças ocupacionais questionam se a mineração é essencialmente lucrativa. Com a ajuda da Action for Southern Africa (Actsa), milhares de ex-trabalhadores de minas de ouro que sofrem de silicose na África do Sul finalmente alcançaram um acordo de pelo menos 268 milhões de libras em 2019, com African Rainbow Minerals, Anglo American, AngloGold Ashanti, Gold Fields, Harmony e Sibanye-Stillwater. O acordo foi usado para estabelecer o Tshiamiso Trust , para financiar compensações para os trabalhadores qualificados nas minas de ouro e seus dependentes na África do Sul.

Legado Como legado do apartheid, a maioria dos mineiros que empreenderam os trabalhos mais perigosos era negra. Foram necessários oito anos de luta legal para os trabalhadores e suas famílias obterem compensação. O caso demonstra como os lucros da indústria de mineração não são exatamente os custos ambientais e sociais incorridos. Progresso significativo foi feito desde que a Actsa e outras organizações vêm pressionando as empresas de mineração a serem responsáveis por danos ecológicos e à saúde. Mas para impedir que essas tragédias se repetam, é necessário que as mudanças ocorram no nível das normas sociais. Como argumenta o estudioso indiano e defensor do meio ambiente Vandana Shiva, a economia deve recuperar sua função original de sustentar a vida.

A exploração da vida para obter lucro excedente desconsidera os impactos à saúde a longo prazo sobre os ecossistemas e os seres humanos, particularmente comunidades empobrecidas e racializadas, socialmente condicionadas a se envolver em profissões de risco, como mineração e construção.

Solidariedade A doença deve ser um momento de solidariedade em vez de exclusão. Enquanto os sindicatos globais têm defendido o reconhecimento do Covid-19 como uma doença profissional, e países como Argentina, Bélgica, Canadá, Alemanha, Itália e África do Sul já o fizeram, as designações governamentais de coronavírus como risco no local de trabalho foram principalmente limitado ao setor de saúde. Embora a mineração tenha sido designada - erroneamente - como um serviço essencial durante o período de bloqueio em muitos países, há pouca discussão sobre os altos riscos de exposição em minas estreitas e subterrâneas, que podem ameaçar a saúde dos trabalhadores de minas junto com as comunidades em que residem no. O setor continua sendo um ponto cego na imaginação do público em relação aos riscos para a saúde ocupacional, talvez justamente porque os riscos são muito altos. De acordo com Glen Mpufane, diretor de processamento de mineração, diamantes, gemas, ornamentos e joias da IndustriALL Global Union, as estatísticas mostram que as doenças ocupacionais matam mais trabalhadores que os acidentes de mineração. Esses riscos à saúde não são de responsabilidade dos próprios mineiros. Enfrentar uma exposição tão alta a doenças profissionais exige um compromisso com os padrões de segurança por parte de governos e empresas.

Padrões A Convenção 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) fornece recomendações importantes para os empregadores, para garantir a segurança e a saúde ocupacional, incluindo treinamento apropriado e permite que os trabalhadores recusem trabalho inseguro até que sejam tomadas medidas corretivas (artigo 19). A Convenção 156 da OIT reconhece ainda os direitos dos trabalhadores com responsabilidades familiares, abrindo caminho para os trabalhadores solicitaremassistência infantil aos empregadores,conforme as circunstâncias exigirem. Embora a maioria dos países ainda não tenha ratificado as convenções da OIT, C155 e C156 enquadram a segurança e o bem-estar dos trabalhadores em termos de direitos legais. Quando perguntado sobre a possibilidade de implementar o direito dos trabalhadores de recusar trabalho inseguro, Mpufane respostas “É uma opção quando um sindicato quer se organizar em torno de saúde e segurança. Nossa estratégia é fazer com que os países ratifiquem as OITs, desenvolvam capacidade para os trabalhadores sindicalizarem e fazerem demandas”. Mpufane aponta para o aumento da divulgação corporativa como uma tendência global esperançosa , possibilitada por plataformas como o Índice de Mineração Responsável , que reporta dados de 38 empresas de mineração de grande porte em 967 minas em 52 países. A crise do Covid-19 oferece uma oportunidade para pressionar por novos mecanismos de divulgação e monitoramento de dados com relação à saúde e bem-estar dos trabalhadores no setor de mineração.

Vida Saúde ocupacional é uma questão de sustento. O objetivo do trabalho é sustentar a vida, tanto para os trabalhadores quanto para as famílias que eles sustentam. Como Covid revela pungentemente, um sistema econômico que coloca lucro ao longo da vida está fadado ao colapso. A doença pede remédio. Nesse caso, o primeiro passo é repensar o significado de subsistência, da aquisição de riqueza material à preservação dos vários relacionamentos que sustentam nossa presença neste planeta. [*] Pesquisadora, escritora e voluntária na London Mining Network. Este artigo foi originalmente publicado no site da London Mining Network

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Ilustração científica dos vasos sanguíneos criados em laboratório, feita com base nos dados do estudo

Criados vasos sanguíneos humanos em laboratório –

novos tempos às doenças vasculares

Um grupo de cientistas conseguiu cultivar vasos sanguíneos humanos perfeitos como organoides em uma placa de Petri pela primeira vez Fotos: Imba/Academia Austríaca de Ciências, University of British Columbia

O Dr. Josef Penninger

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inovadora tecnologia de engenharia, avança dramaticamente na pesquisa de doenças vasculares como o diabetes, identificando um caminho chave para potencialmente prevenir alterações nos vasos sanguíneos – uma das principais causas de morte e morbidade entre aqueles com diabetes. Um organoide é uma estrutura tridimensional formada por células-tronco que imita um órgão e pode ser usada para estudar aspectos desse órgão em uma placa de Petri.

“Ser capaz de construir vasos sanguíneos humanos como Organóides de células-tronco é uma virada de jogo”, disse o autor sênior do estudo Josef Penninger, Canada Research Chair 150 em genética funcional, diretor do Instituto de Ciências da Vida da UBC e diretor fundador do Instituto para Biotecnologia Molecular da Academia Austríaca de Ciências (IMBA). “Todos os órgãos do nosso corpo estão ligados ao sistema circulatório. Isso poderia permitir que os pesquisadores desvendassem as causas e os tratamentos para uma variedade de doenças vasculares, desde a doença de Alzheimer, doenças cardiovasculares, problemas de cicatrização, derrame, câncer e, é claro, diabetes”. Diabetes afeta cerca de 420 milhões de pessoas em todo o mundo. Muitos sintomas diabéticos são o resultado de alterações nos vasos sanguíneos que resultam em circulação sanguínea prejudicada e suprimento de oxigênio dos tecidos. Apesar de sua prevalência, pouco se sabe sobre as alterações vasculares decorrentes do diabetes. Essa limitação retardou o desenvolvimento do tratamento tão necessário.

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O que é tão empolgante no nosso trabalho é que conseguimos produzir vasos sanguíneos humanos a partir de células-tronco Reiner Wimmer, primeiro autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado no IMBA

Alterações nos vasos sanguíneos diabéticos em pacientes e organoides vasculares humanos. A membrana basal (verde) ao redor dos vasos sanguíneos (vermelho) é maciçamente aumentada em pacientes diabéticos (setas brancas). Os organoides vasculares humanos que foram feitos “diabéticos” em laboratório agora podem ser usados como ​​ modelo diabético para identificar novos tratamentos. Para resolver esse problema, Penninger e seus colegas desenvolveram um modelo inovador: organoides de vasos sanguíneos humanos tridimensionais cultivados em uma placa de Petri. Esses chamados “organoides vasculares” podem ser cultivados usando células-tronco no laboratório, imitando a estrutura e a função dos vasos sanguíneos humanos. Quando os pesquisadores transplantaram os organoides dos vasos sanguíneos em camundongos, descobriram que eles se desenvolveram em vasos sanguíneos humanos perfeitamente funcionais, incluindo artérias e capilares. A descoberta ilustra que é possível não apenas projetar organoides de vasos sanguíneos a partir de células-tronco humanas em um

prato, mas também desenvolver um sistema vascular humano funcional em outra espécie. “O que é tão empolgante no nosso trabalho é que conseguimos produzir vasos sanguíneos humanos a partir de células-tronco”, disse Reiner Wimmer, primeiro autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado no IMBA. “Nossos organoides se assemelham a capilares humanos em grande parte, mesmo em um nível molecular, e agora podemos usá-los para estudar doenças dos vasos sanguíneos diretamente no tecido humano.” Uma característica do diabetes é que os vasos sanguíneos mostram um espessamento anormal da membrana basal. Como resultado, a entrega de oxigênio e nutrientes às células e tecidos é fortemente prejudicada, cau-

sando uma infinidade de problemas de saúde, como insuficiência renal, ataques cardíacos, derrames, cegueira e doença arterial periférica, levando a amputações. Os pesquisadores então expuseram os organoides dos vasos sanguíneos a um ambiente “diabético” em uma placa de Petri. “Surpreendentemente, pudemos observar uma expansão maciça da membrana basal nos organoides vasculares”, disse Wimmer. “Esse espessamento típico da membrana basal é notavelmente semelhante ao dano vascular observado em pacientes diabéticos”. Os pesquisadores então procuraram por compostos químicos que pudessem bloquear o espessamento das paredes dos vasos sanguíneos. Eles descobriram que nenhum dos medicamentos antidiabéticos atuais teve algum efeito positivo sobre esses defeitos nos vasos sanguíneos. No entanto, eles descobriram que um inibidor da γ-secretase, um tipo de enzima no corpo, impedia o espessamento das paredes dos vasos sanguíneos, sugerindo, pelo menos em modelos animais, que o bloqueio da γ-secretase poderia ser útil no tratamento da diabetes. Os pesquisadores dizem que as descobertas podem permitir a identificação de causas subjacentes de doenças vasculares e desenvolver e testar novos tratamentos para pacientes com diabetes.

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Vômito de abelha: mostra que o mais doce não é necessariamente o melhor A regurgitação é uma consideração importante quando se trata do processo de polinização, cientistas não estão mais ignorando-o

Fotos: CC0 Public Domain, Hamish Symington, Universidade de Cambridge,

O

s polinizadores de animais apoiam a produção de três quartos das culturas alimentares do mundo, e muitas flores produzem néctar para recompensar os polinizadores. Um novo estudo usando abelhas descobriu que o néctar mais doce não é necessariamente o melhor: muito açúcar retarda as abelhas. Os resultados informarão os esforços de criação para tornar as culturas mais atraentes para os polinizadores, aumentando a produtividade para alimentar nossa crescente população global. Os abelhões bebem o néctar das flores e depois o descarregam no ninho - por vômitos - para serem usados por outras abelhas da colônia. O açúcar no néctar o torna atraente, e quanto mais açúcar no néctar, mais energia ele contém. Mas o néctar também fica mais espesso e pegajoso à medida que o teor de açúcar aumenta, e isso torna mais difícil para as abelhas beber e regurgitar - exigindo mais tempo e energia.

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O estudo analisou a mecânica do consumo de néctar e da regurgitação em um dos abelhões mais comuns no Reino Unido, o Bombus terrestris.

Ele descobriu que a melhor concentração de néctar para abelhas em termos de ganho geral de energia é menor do que o esperado. O néctar com baixo teor de açúcar é fácil para as abelhas beberem e é muito fácil vomitar de volta. À medida que o néctar fica mais açucarado, leva gradualmente mais tempo para as abelhas beberem, mas rapidamente se torna muito mais difícil vomitar. “Os abelhas devem encontrar um equilíbrio entre escolher um néctar rico em energia, mas que não consome muito tempo para beber e descarregar. A concentração de açúcar no néctar afeta a velocidade das viagens de forrageamento das abelhas, por isso influencia suas decisões de forrageamento”. disse o Dr. Jonathan Pattrick, primeiro autor deste estudo, ex-Ph.D do departamentos de Zoologia e Ciências Vegetais da Universidade de Cambridge e agora pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford. Um zangão de cauda amarela, possivelmente com náuseas

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Embora se saiba há muito tempo que o néctar com maior concentração de açúcar leva mais tempo para as abelhas beberem, seu efeito sobre a regurgitação do néctar ainda não recebeu muita atenção. Essas novas informações ajudarão os cientistas a fazer melhores previsões sobre quais tipos de abelhas néctares e outros polinizadores devem preferir e, consequentemente, os tipos de flores e plantas que eles provavelmente visitarão. Isso informará os criadores de culturas na produção das flores mais atraentes para melhor polinização das culturas e maiores rendimentos.

“É difícil beber um líquido espesso e pegajoso, mas imagine tentar cuspi-lo novamente através de um canudo - isso seria ainda mais difícil”, disse Pattrick. “Em uma certa concentração de açúcar, o ganho de energia versus perda de energia é otimizado para os alimentadores de néctar”.

Os novos resultados melhoram as previsões da concentração perfeita de néctar para fazer o uso mais eficiente de abelhas polinizadoras. O néctar é produzido pelas flores para atrair polinizadores e uma fonte de alimento para muitas espécies de insetos, pássaros e mamíferos.

A concentração perfeita de açúcar no néctar para o maior consumo de energia depende das espécies que o bebem, porque espécies diferentes se alimentam de maneiras diferentes. Abelhas e abelhas se alimentam mergulhando a língua repetidamente no néctar, mas regurgitam forçando o néctar de volta através de um tubo - assim como quando os seres humanos estão doentes. Outras espécies, como as abelhas das orquídeas, sugam o néctar em vez de lambê-lo, então lute ainda mais quando o néctar estiver altamente concentrado. Isso influencia a preferência do néctar e as plantas visitadas por diferentes espécies. O melhor cultivo atual está focado em melhorar características como rendimento e resistência a doenças, em vez de considerar a preferência dos polinizadores.

Os níveis de açúcares sacarose, glicose e frutose no néctar variam de acordo com a planta que o produz. “Estudos mostraram que o número de polinizadores está diminuindo, mas há cada vez mais pessoas no mundo para alimentar. Precisamos fazer melhor uso dos polinizadores que temos”, disse a professora Beverley Glover no Departamento de Ciências Vegetais e Ciências de Cambridge. Diretor do Jardim Botânico da Universidade de Cambridge, que liderou o estudo. “Esta pesquisa nos ajudará a entender os tipos de flores e plantas que as abelhas provavelmente visitarão, o que informará o melhoramento das culturas para fazer o melhor uso dos polinizadores disponíveis”.

Para as abelhas, quanto mais doce é o néctar, mais difícil é vomitar

* Veja o experimento de Vômito de Abelha na Universidade de Cambridge em= http:// bit.ly/vomitoabelha Para conduzir a pesquisa, as abelhas foram forrageadas em soluções de açúcar de três concentrações diferentes no Laboratório de Abelhas do Departamento de Ciências das Plantas. Enquanto isso, as abelhas também foram cronometradas e pesadas. Quando as abelhas retornaram ao seu ‘ninho’, os pesquisadores as observaram através de uma tampa de acrílico, cronometrando quanto tempo levou para as abelhas vomitarem o néctar que haviam coletado. “Para o néctar de baixa resistência, as abelhas tiveram um vômito rápido que durou apenas alguns segundos e depois voltaram a forragear”, disse Pattrick, “mas para um néctar muito espesso, eles levaram anos para vomitar, às vezes pressionando por quase um minuto”. Para qualquer concentração de néctar, as abelhas regurgitam o néctar mais rapidamente do que o bebem inicialmente. Mas à medida que a concentração de açúcar no néctar - e, portanto, a viscosidade - aumenta, a taxa de regurgitação diminui mais rapidamente que a taxa de consumo.

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[*] University of Cambridge

*Polinizadores animais ajudam a produzir cerca de um terço das colheitas do mundo *Néctar rico em concentrações de açúcar contém mais energia *Néctar com alto teor de açúcar pode não ser o melhor para abelhas *O néctar com alto teor de açúcar é mais espesso e pegajoso, dificultando o vômito das abelhas *Otimizar o tipo de flores pode aumentar a polinização das culturas REVISTA AMAZÔNIA 49


Desenvolvimento sustentavel Em parceria com

Representante Autorizado

O sistema é alimentado com resíduos orgânicos

Bactérias decompõem o resíduo orgânico no biodigestor

O fertilizante líquido pode ser usado em jardins e plantações

O biogás é armazenado no reservatório de gás para ser usado em um fogão

O sistema tem capacidade de receber até 12 Litros de resíduos por dia.

O equipamento produz biogás e fertilizante líquido diariamente.

Totalmente fechado mantendo pragas afastadas.

Em um ano, o sistema deixa de enviar 1 tonelada de resíduos orgânicos para aterros e impede a liberação de 6 toneladas de gases de efeito estufa (GEE) para atmosfera.

O QUE COLOCAR NO SISTEMA

O QUE NÃO COLOCAR NO SISTEMA

Carne, frutas, verduras, legumes e restos de comida. OBS: Máximo de duas cascas de cítricos por dia.

Resíduos de jardinagem, materiais não orgânicos (vidro, papel, plástico, metais). Resíduos de banheiro, produtos químicos em geral.

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Algas, o “superalimento” do futuro?

A

s microalgas são microrganisFotos: Divulgação, Ginza Onodera, Roger Taylor mos unicelulares formados em água salgada ou água doce e obtêm sua energia por meio da fotossíntese — o processo pelo qual plantas e outros organismos convertem luz em energia para se alimentar. As cianobactérias também são aquáticas e fotossintéticas. Embora estruturalmente iguais, as microalgas são mais complexas que as cianobactérias e realizam a fotossíntese de maneira diferente. Há uma enorme variedade de microalgas na Terra, mas a chlorella e a biomassa de cianobactérias conhecida como spirulina são as duas mais comumente produzidas e usadas como suplementos alimentares. Alguns anos atrás, a #spirulina se tornou uma sensação nas redes sociais. Milhões de pessoas compartilhavam fotos de “smoothies de sereias” e “tigelas oceânicas” em cores deslumbrantes e brilhantes pelo pigPode não parecer apetitoso, mas poderia até alimentar astronautas durante missões a Marte mento natural da spirulina. Comprimidos e farinhas de spirulina e chlorella passaram a A professora Alison Smith, diser comercializados e anunciaretora de ciências de plantas da dos como ricos em vitaminas e Universidade de Cambridge e minerais, ferro e proteínas. uma das principais estudiosas de Na Yeotown Kitchen, perto de algas do mundo, explica como Paddington, em Londres, a spicomer algas é uma tradição que rulina e a clorela são ingredienexistia muito antes do Instagram. tes essenciais na culinária. “As pessoas comem algas verdeLá você pode experimentar -azuladas há muito tempo. Há um biscoito de spirulina paleo relatos de centenas de anos atrás de pessoas na América do Sul verde, um sorvete de spirulina tirando spirulina de lagoas para sem lactose, pílulas de energia complementar sua dieta”. de spirulina verde e cheesecake de spirulina azul. E isso é apeDe repente, a spirulina se tornou o “novo superalimento” da moda nas o começo.

Algas são frequentemente usadas em dashi, com peixe

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Além do visual, o alto teor de proteínas que faz das microalgas uma alternativa à carne

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Então, quais são os benefícios?

Salada de algas no Ginza Onodera, em Londres, usa cinco tipos de algas

Os benefícios deste vegetal do mar vão muito além das vitaminas e minerais. Estudos científicos parecem indicar que as algas marinhas também podem ajudar a regular o estradiol (estrogênio), um hormônio responsável pelo desenvolvimento e função adequados dos órgãos sexuais, e pode potencialmente reduzir o risco de câncer de mama. De fato, alguns afirmam que a alta ingestão de algas pelo povo japonês é responsável pela incidência significativamente menor da doença no país. Pelas mesmas razões, as algas também podem ajudar a controlar a TPM e melhorar os problemas de fertilidade nas mulheres. Além do alto teor de proteínas que faz das microalgas uma alternativa à carne. Por enquanto, elas tendem a ser adicionadas aos alimentos em pequenas medidas, mais como um complemento. Mas Andrew Spicer, CEO da Algenuity, quer usar a chlorella para substituir o ovo em receitas como as de bolos e massas. A spirulina pode até ser usada para fazer maionese, porque funciona como uma gema de ovo. Quando você a bate, ela se abre e tem a capacidade de misturar dois líquidos que normalmente não combinariam.

Quais são as desvantagens?

Creme de algas para a sobremesa

Algas verdes na superfície da água

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O cheiro e o sabor da spirulina podem ser “desafiadores”. “A maneira mais fácil de descrevê-lo é quando você está no porto e sente um cheiro misto de peixe e ferro ou metal”, diz o chef Simon Perez. E a cor também apresenta um problema: se você entregar às pessoas um pedaço de pão verde, a maioria não vai querer comê-lo. Além disso, há dúvida sobre os verdadeiros benefícios do consumo de microalgas à saúde. Tanto a spirulina quanto a chlorella são ricas em proteínas, mas as alegações de que são a resposta nutricional para todos os nossos problemas não são amplamente confirmadas cientificamente. “A spirulina é composta essencialmente entre 55 e 70% de proteína e possui um melhor perfil de aminoácidos do que outros alimentos de origem vegetal”, diz a nutricionista Rhiannon Lambert, “mas isso não significa que seja melhor que a proteína de origem animal”. As microalgas contêm Omega 3 — um ácido graxo —, mas é uma fonte vegetal conhecida como DHA (ácido docosahexaenóico). Embora seja muito benéfico, é menos biodisponível e acessível para nós do que o Omega 3 que encontramos nos peixes.

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Essas algas poderão se tornar a comida do futuro

O mesmo vale para a vitamina B12 das microalgas, um micronutriente de que todos precisamos para o metabolismo energético e o sistema nervoso. “O problema de a spirulina ser aclamada como uma grande fonte de B12 é que na verdade não funciona”, diz Rhiannon. “Sim, contém um pouco de vitamina B12, mas não é biodisponível no corpo”, ou seja, não conseguimos digerir e usá-la como a B12 que podemos obter de outras fontes.

As microalgas são o alimento do futuro?

Espaguete de algas

Pode ser usada em saladas, pratos principais e até em sobremesas

À medida que a população aumenta e a terra disponível para a agricultura se torna escassa, precisamos encontrar novas maneiras de aumentar a produtividade. Ao contrário de outras fontes de proteína, as microalgas não requerem terras agrícolas de alta qualidade. “Microalgas e spirulina podem ser cultivadas em todos os tipos de local. Na água, nos oceanos, em lagoas, em lagos e assim por diante. Até mesmo no seu quintal e na neve”, diz Alison Smith. Isso significa que podemos cultivar esses organismos em cidades e vilarejos. As microalgas podem até ser cultivadas no espaço — e podem ser usadas para alimentar astronautas em longas missões a Marte. Comer algas, portanto, é uma proposta interessante, mas não totalmente atraente para muitos de nós. Mas pode haver uma solução para a cor e o cheiro desanimadores. Na Algenuity, eles estão tentando superar essas barreiras desenvolvendo uma variedade de algas onde a clorofila é removida — criando assim um ingrediente que possui sabores neutros e cores sutis. “É hora de olhar para novas oportunidades de alimentos e novas maneiras de usá-los, em vez de apenas procurar substituir por algo igual.” As microalgas são a comida do futuro? Isso pode depender de nós.

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Praias liberadas, com restrições As áreas costeiras de todo o mundo estão usando tecnologia e regulamentações rígidas para tentar proteger os visitantes do vírus, veja algumas das medidas de segurança que as praias estão tomando para minimizar a disseminação do COVID-19 por *Jennifer Nalewicki

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epois de meses presos em um esforço para ajudar a conter a disseminação do COVID-19, as pessoas estão ansiosas para voltar à vida cotidiana normal - ou pelo menos o mais próximo possível do normal. Durante o verão, isso pode significar uma viagem à praia. No entanto, antes de você arrumar sua bolsa de praia e partir para um dia de sol e ondas, é importante entender que muitas praias ao redor do mundo estão aplicando regulamentos especiais para garantir que os banhistas permaneçam seguros e continuem a praticar medidas apropriadas de distanciamento social. Em alguns casos, diferentes municípios estão dando um passo adiante em vez de simplesmente fechar banheiros e calçadões usando drones e aplicativos digitais para ajudar a manter as pessoas seguras. Aqui estão algumas das últimas medidas que acontecem nas praias neste verão.

Drones em Daytona Beach, Flórida

Uma mulher toma banho de sol em uma zona de distanciamento isolada ao longo das praias de La Grande Motte, sul da França

“O que estamos fazendo com este departamento é alavancar a tecnologia que já está lá fora e ajustá-la a esse molde que é o COVID-19”.

Cada drone também possui uma câmera FLIR que pode registrar a temperatura corporal de uma pessoa para garantir que ela não tenha febre, uma das características do vírus.

Os turistas tomam banho de sol em áreas isoladas na praia de Levante, em Benidorm, Espanha. As praias de Benidorm foram inauguradas em 15 de junho, com espaços designados para maiores de 70 anos

Pegando uma página da popular série futurista de TV “ Black Mirror ”, o Departamento de Polícia de Daytona Beach, na Flórida, está usando drones para garantir que os banhistas mantenham pelo menos um metro e oitenta de espaço entre si. Equipados com câmeras e alto-falantes, sempre que um dos drones se deparar com pessoas que não cumprem as diretrizes de distanciamento social adequadas, esses indivíduos receberão uma mensagem para se separarem. Em entrevista ao News 6 de Daytona Beach, sargento. Tim Ehrenkaufer diz:

Reservas na Espanha

Um avião sobre Daytona Beach puxa um banner lembrando aos banhistas que sigam as diretrizes de distância social

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Antes de pisar nas praias brancas de açúcar de Canet d’en Berenguer, um popular destino costeiro no leste da Espanha, os visitantes devem primeiro reservar um espaço usando um aplicativo para download gratuito. Este novo regulamento, que deverá entrar em vigor no final deste mês, deve ajudar a reduzir a quantidade de pessoas que usam a praia a qualquer momento, limitando a capacidade total para 5.000 indivíduos em 4.100 pés de costa. revistaamazonia.com.br


O aplicativo on-line Info Praia - onde as pessoas podem verificar a ocupação das praias em tempo real - é visto em um telefone inteligente na praia de Carcavelos, em Cascais, Portugal

As pessoas atravessam o calçadão em Seaside Heights, Nova Jersey, quando o estado reabriu praias e calçadões em 16 de maio de 2020

Em artigo na CNNPere Joan Antoni Chordá, prefeito de Canet d’en Berenguer, compara a nova política com viagens aéreas. “Este verão será muito diferente”, diz ele. “Haverá mais espaço entre o seu vizinho. Como uma praia de ‘classe executiva’.” Segundo a CNN, a praia será dividida em uma grade espaçada, com cada quadrado separado por rede. Os banhistas só podem reservar pontos para as manhãs e tardes, e não para um dia inteiro, e devem mostrar sua reserva aos funcionários da praia antes de entrar. Em artigo na CNNPere Joan Antoni Chordá, prefeito de Canet d’en Berenguer, compara a nova política com viagens aéreas. “Este verão será muito diferente”, diz ele. “Haverá mais espaço entre o seu vizinho. Como uma praia de ‘classe executiva’. Segundo a CNN, a praia será dividida em uma grade espaçada, com cada quadrado separado por rede. Os banhistas só podem reservar pontos para as manhãs e tardes, e não para um dia inteiro, e devem mostrar sua reserva aos funcionários da praia antes de entrar.

Aplicativos Digitais em Portugal À medida que as praias reabrem em Portugal, os municípios locais adotam uma abordagem mais prática quando se trata de distanciamento social. A Agência Portuguesa para o Meio Ambiente, uma entidade governamental que desenvolve e monitora políticas públicas em relação ao meio ambiente, criou um aplicativo que está disponível ao público que mostra em tempo real o quão cheia cada praia fica ao longo do dia. Usando dados de telefone celular, o aplicativo monitora a popularidade de uma praia e permite aos visitantes a liberdade de decidir se eles se sentem confortáveis em ir para esse local.

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Em entrevista à Reuters, Antonio Costa, primeiro ministro do país, diz: “As praias devem ser locais de lazer. Temos que estar verificando a nós mesmos. Além do aplicativo, cabe aos banhistas garantir que eles tenham pelo menos um metro e oitenta de espaço entre os grupos, e não são permitidos esportes de praia envolvendo duas ou mais pessoas (como vôlei).

Limites de capacidade em Nova Jersey Com 200 quilômetros de costa estendendo-se ao longo do Oceano Atlântico, o Garden State está deixando para as “autoridades locais estabelecer e fazer cumprir suas próprias regras” quando se trata de reabrir a costa após o COVID-19, de acordo com um artigo publicado no NJ.com. Para abrir, cada localidade deve “impor medidas de distanciamento social, proibir esportes de contato e eventos organizados e implementar procedimentos de saneamento adequados e regulares em instalações em todas as praias do estado”, afirma um guia de praia do NJ.com. Para ajudar a controlar o afluxo de visitantes na costa, muitos locais estão limitando o número de crachás de praia (passes) disponíveis para entrada, como é o caso de Belmar, Ocean Grove e Point Pleasant.

No Condado de Cape May, as equipes dos “embaixadores do distanciamento social” estarão em patrulha, garantindo que as pessoas mantenham pelo menos um metro e oitenta de espaço umas das outras.

Máscaras obrigatórias em Los Angeles County Para ajudar a diminuir a propagação do vírus, o prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, tornou obrigatório que quem visita praias do condado de Los Angeles, como Marina Del Rey ou Manhattan Beach, use máscaras sempre que estiver fora da água. Seu escritório divulgou a seguinte declaração, publicada em um artigo da CBS Los Angeles em meados de maio: “Embora tenhamos feito um progresso real, esse vírus ainda é mortal e estamos aprendendo lições importantes sobre como viver e trabalhar com segurança. isto. Agora, estamos exigindo que a maioria dos Angelenos use revestimentos faciais, porque eles podem fazer uma enorme diferença na proteção da saúde e segurança de nossa comunidade.” A diretriz rígida também vem com uma nova hashtag útil: #BYOM ou “Traga sua própria máscara”. [*] Agência FAPESP

As pessoas atravessam o calçadão em Seaside Heights, Nova Jersey, quando o estado reabriu praias e calçadões em 16 de maio de 2020

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As melhores imagens científicas de junho de 2020 As fotos científicas mais nítidas do mês, selecionadas pela equipe de fotos da Nature

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niverso de raios-X. Crédito: Jeremy Sanders, Hermann Brunner, equipe eSASS (MPE); Eugene Churazov, Marat Gilfanov (IKI). Os pesquisadores criaram o primeiro mapa do céu mapeado em raios-X de alta energia - oferecendo um vislumbre de como seria o Universo se visto com a visão de raios-X. Eles criaram a imagem usando dados de um instrumento chamado eROSITA (Extended Roentgen Survey com um Imaging Telescope Array), parte da missão de satélite alemão-russa Spectrum-Roentgen-Gamma . Depois de varrer o céu por seis meses, a eROSITA traçou mais de um milhão de fontes de radiação de raios-X, incluindo buracos negros gigantescos, aglomerados galácticos e restos de explosões de supernovas, muitas das quais são novas para a ciência. Os pesquisadores esperam que um mapa detalhado nesta parte do espectro ofereça novas maneiras de rastrear a expansão do Universo e estudar a misteriosa força repulsiva chamada energia escura.

Protetor de pangolim. Crédito: Brent Stirton, África do Sul, Vencedor da categoria, Profissional, Mundo natural e vida selvagem, Sony World Photography Awards 2020. Um pangolim se apega a um trabalhador de conservação no Zimbábue, em um dos poucos santuários especializados em reabilitar pangolins apreendidos de comerciantes ilegais. As criaturas escamosas são um dos animais mais traficados do mundo, e algumas espécies estão criticamente ameaçadas. Eles são caçados por sua carne e escamas, que são usadas em alguns países na medicina tradicional. Esta foto é parte de uma série tirada pelo fotógrafo Brent Stirton que explora o comércio ilegal de pangolins. A coleção ganhou a categoria mundo natural e vida selvagem do Sony World Photography Awards deste ano.


Laboratório inflável . Crédito: Peng Ziyang / Xinhua via ZUMA Wire. O laboratório de testes de coronavírus móvel Huoyan, em Pequim, foi montado em apenas dois dias, usando nove dessas estruturas infláveis em um estádio esportivo no distrito de Daxing, na cidade. Foi criado em resposta a um aumento na demanda por testes depois que as autoridades descobriram um conjunto de novos casos de COVID-19 na cidade. O laboratório contém 14 máquinas de teste automatizadas que procuram material genético doREVISTA coronavírus; AMAZÔNIAeles 57 revistaamazonia.com.br podem processar até 30.000 testes por dia.


Silhueta de estação espacial. Crédito: Thierry Legault. O astrônomo amador Thierry Legault criou esta incrível foto composta da Estação Espacial Internacional (ISS) ao cruzar o Sol. Durante o trânsito, a ISS viajava cerca de 27.000 quilômetros por hora, tornando a silhueta visível por apenas 0,6 segundos. O zoom na imagem revela recursos detalhados da estação, incluindo a cápsula SpaceX Crew Dragon (circulada), que transportou os astronautas da NASA Robert Behnken e Douglas Hurley para a ISS em maio.

Aquecimento norte. Crédito: União Europeia, imagens de Copernicus Sentinel-3. Partes do Ártico russo experimentaram altas temperaturas recorde nas últimas semanas. Este mapa de calor - produzido usando dados de um satélite europeu Sentinel-3 - mostra temperaturas do ar de até 45 ° C em alguns locais em 19 de junho. O calor tem sido associado ao degelo do permafrost, incêndios generalizados e enxames de mariposas que comem árvores na região.


Teste de telescópio. Crédito: Northrop Grumman. Os engenheiros da NASA concluíram com sucesso um teste de uma parte crucial do Telescópio Espacial James Webb, o tão esperado acompanhamento do telescópio Hubble. O conjunto da torre implantável é um grande tubo extensível que conecta a seção superior da espaçonave - que carrega o espelho do telescópio e os instrumentos científicos - à seção mais quente e inferior que abriga a eletrônica. A montagem foi projetada para criar um espaço entre as duas partes; isso permitirá que os sistemas de resfriamento do telescópio reduzam os espelhos e os sensores às temperaturas super-frias necessárias para detectar sinais infravermelhos de objetos distantes. Durante o teste, os engenheiros implantaram a torre da mesma maneira que ela se moveria no espaço - estendendo-se 1,2 metros para cima por várias horas. Para simular o ambiente de gravidade zero do espaço, eles usaram um sistema complexo de polias e contrapesos para compensar os efeitos da gravidade da Terra. O telescópio está programado para ser lançado no próximo ano. revistaamazonia.com.br

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Veg vertical. Crédito: Bureau233 / eyevine. A maior fazenda urbana na cobertura, do mundo, foi aberta ao público em 1º de julho. Localizada no topo de um centro de exposições no sudoeste de Paris, a fazenda se estende por mais de 15.000 metros quadrados e tem como objetivo produzir várias centenas de quilos de frutas, legumes e especiarias todos os dias. Ele utilizará métodos de economia de espaço, como o aeropônico, em que as plantas são cultivadas em colunas verticais sem solo e alimentadas com nutrientes líquidos.

Estrelas empoeiradas. Crédito: Thomas Esposito / UC Berkeley. Esta coleção de fotos mostra discos de poeira e rocha ao redor de jovens estrelas em sistemas solares distantes. O telescópio Gemini South, de 8 metros no Chile, capturou as fotos usando seu instrumento Gemini Planet Imager (GPI). Durante 4 anos, o GPI fotografou 26 estrelas com esses discos, 7 dos quais eram anteriormente desconhecidos. Quase todas as estrelas mostram evidências de planetas - lacunas entre o disco de detritos e a estrela central (criando uma forma de anel) indicam a presença de planetas que estão varrendo a poeira e as rochas. O estudo detalhado de alguns desses sistemas pode ajudar os pesquisadores a entender como era o nosso Sistema Solar quando ele se formou 4,5 bilhões de anos atrás.


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