05 2022 ARQUITETURA DO PORVIR PERFIL DO ARQUITETO CNLL - Nuno Lacerda Lopes (Portugal) ENTREVISTA Oscar Gonzalez Moix (Argentina) OPINIÃO Duo Dickinson (Estados Unidos) NOVOS ARQUITETOS Artur Guilherme Bernardoni, Bruna Teruko Bortolini, Juan Fabbrin Xavier e Vanessa Beatriz da Silva
ARQUITETURA DO PORVIR
A Revista Arkhé retorna depois um longo tempo, desde 2018 sem lançar editais para selecionar trabalhos em consequência da pandemia que assolou o país e o mundo, vitimando milhões de pessoas. Com os números da pande mia diminuindo e com o retorno gradativo e natural das aulas presenciais, apresentamos a Arkhé #5, trazendo reflexões sobre as novas relações que a sociedade estabelece com os espaços construídos, traduzindo a temática selecionada para esta edição, como a Arquitetura do Porvir.
Contudo, a arquitetura do futuro tem como premissas a inclusão de ecossis temas, do meio ambiente, da integração com a tecnologia e, pincipalmente, do bem-estar do ser humano, pois esses princípios impactam diretamente na qualidade de vida pessoas.
E para nos agraciar com a entrevista principal e algumas imagens da sua recente produção, trazemos o Arquiteto e Urbanista argentino Oscar Gonzalez Moix, professor da Universidade Peruana de Ciências Aplicadas - UPC em Lima, Perú, para falar sobre o Espaço do Porvir.
Na seção Opinião, o Arquiteto e Urbanista americano Duo Dicknson, descreve o quanto a "Arquitetura é Humana", e como esta atividade nos difere do restante dos outros animais. Temos impregnado no nosso fazer, a cultura e a estética de cada povo através dos tempos, e isto é explicitado ao longo das demais matérias, distribuídas nas distintas seções da revista.
CNLL Architects, do Arquiteto e Urbanista português Nuno Lacerda Lopes, Professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto - FAUP, apresenta suas ideias e seu trabalho na seção Perfil do Arquiteto.
Quatro egressos destacam seus Trabalhos Finais de Graduação, na seção Novos Arquitetos, como também são apresentados os trabalhos de alunos na seção Projetos Acadêmicos, além dos Artigos Científicos desenvolvidos por alunos e professores.
Assim, ao longo dessa jornada, temos procurado sempre com a publicação da Arkhé, além de destacar a qualidade dos trabalhos ao longo do curso, e das contribuições altamente qualificadas de arquitetos e teóricos renoma dos, refletir sobre as possibilidades que a arquitetura e o urbanismo têm para contribuir num futuro próximo e nos desafios que ainda estão porvir.
Boa leitura!
Jânio Vicente Rech, Prof. Dr. Arq. Urb.
Editor Responsável
JÂNIO VICENTE RECH
Foto: Ednilson Júnior EDITORIAL
ARKHÉ | 05
REVISTA DE ARQUITETURA E URBANISMO — UNIVALI
CONSELHO EDITORIAL
Carlos Alberto Barbosa de Souza, Me. Arq. Urb. (Presidente)
Jânio Vicente Rech, Dr. Arq. Urb.
Lisete Terezinha Assen de Oliveira, Dra. Arq. Urb.
Stavros Wrobel Abib, Dr. Arq. Urb.
Márcia do Vale Pereira Loch, Dra. Arq. Urb.
Camila Cesário Pereira de Andrade, Me. Arq. Urb.
Luciano Pereira Alves, Me. Arq. Urb.
Guilherme Guimarães Llantada, Me. Arq. Urb.
EDITOR RESPONSÁVEL
Jânio Vicente Rech
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Carlos Alberto Praxedes dos Santos (DRT SC 740 JP)
EDITOR EXECUTIVO / DIRETOR DE ARTE EDITOR DE FOTOGRAFIA/ PRODUTOR
Guilherme Guimarães Llantada
EDITAL
Luciano Pereira Alves
PROJETO GRÁFICO
Guilherme Guimarães Llantada (Coordenação)
Of Design – Oficina Acadêmica de Design Univali
DIAGRAMAÇÃO
Of Design – Oficina Acadêmica de Design Univali
REVISÃO DE TEXTOS
Guilherme Guimarães Llantada
SECRETÁRIA
Luciane Machado Peters
COMITÊ CIENTÍFICO
Diva de Mello Rossini, Dra. Arq. Urb.
Gilcéia Pesce do Amaral e Silva, Dr. Arq. Urb.
Luciano Torres Tricárico, Dr. Arq. Urb.
Luiz Eduardo Fontoura Teixeira, Dr. Arq. Urb. - UFSC Renato Saboya, Dr. Arq. Urb. - UFSC
VERSÃO
UNIVALI — UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CAMPUS BALNEÁRIO CAMBORIÚ
Coordenações EACH (Bloco 1)
5ª Avenida, 1100. Bairro Municípios. Balneário Camboriú — SC. 88337-300 | Tel.: 47 3261.1219 | Fax: 47 3261.1245. E-mail: arquitetura@univali.br
Reitor da Univali VALDIR CECHINEL FILHO, Prof. Dr. Vice-Reitor de Graduação JOSÉ EVERTON DA SILVA, Prof. Dr.
Vice-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão ROGÉRIO CORRÊA, Prof. Dr.
Tesoureira da Fundação Univali FRANCINE SIMAS NEVES, Prof. Me.
Procurador Geral da Fundação Univali RODRIGO DE CARVALHO, Prof. Dr.
Secretária Executiva da Fundação, Extensão e Pesquisas Educacionais da Univali LUCIANA MERLIN BERVIAN, Profa. Dra.
Gerente Administrativo no Campus Balneário Camboriú CLEUNICE APARECIDA TRAI, Prof. Dr.
Diretor da Escola de Artes, Comunicação e Hospitalidade HANS PEDER BEHLING, Prof. Dr.
Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo Campus Balneário Camboriú e Florianópolis CARLOS ALBERTO BARBOSA DE SOUZA, Prof. Me.
FICHA CATALOGRÁFICA
A48 Arkhé : revista de arquitetura e urbanismo. - v. 1, n. 1 (2014) – Itajaí, SC : Ed. da Universidade do Vale do Itajaí, 2018144 p.: il.; 28 cm
Anual
Editor responsável : Jânio Vicente Rech
A revista tem acesso livre por meio do site (http://issuu.com/revistaarkhe)
Revista do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Itajaí.
ISSN versão impressa: 2359-3849
ISSN versão online: 2359-3857
1. Arquitetura - Periódicos. 2. Arquitetos. 3. Paisagismo. 4. Urbanismo. I. Revista do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Itajaí. II. Título. CDU: 72(051)
Ficha Catalográfica Elaborada pela Biblioteca Comunitária Univali Balneário Camboriú
Produção e realização Contatos revistaarkhe@univali.br
DIGITAL EXCLUSIVA: WWW.ISSUU.COM/REVISTAARKHE EXPEDIENTE
SUMÁRIO
ARKHÉ NEWS
Palavras Prof. Hans Peder Behling e Prof. Carlos Alberto de Souza Barbosa Bibliografia Recomendada Pratas da Casa
VIDA ACADÊMICA
NCPRO – Núcleo de Projetos Univali Prêmio Concurso Nacional DECA Vencedores do concurso Design Days Encontro Internacional Brasil / Austrália Arch Talks Projetos de Extensão e Grupos de Pesquisa
ENTREVISTA
Oscar Gonzalez Moix, Prof. Arq. Urb (Argentina/Perú) O Espaço do Porvir OPINIÃO
Duo Dickinson (Estados Unidos) A Arquitetura é Humana
PERFIL DO ARQUITETO CNLL Architects | Nuno Lacerda Lopes (Portugal)
NOVOS ARQUITETOS
Artur Guilherme Bernardoni, Arq. Urb. Juan Fabbrin Xavier, Arq. Urb. Bruna Teruko Bortolini , Arq. Urb. Vanessa Beatriz da Silva, Arq. Urb.
PROJETOS ACADÊMICOS
Diego Saviak, Acad. Arq. Urb. Alex Medeiros, Acad. Arq. Urb. Monique Pena Wallendorf, Acad. Arq. Urb. Lucas Heidenreich Garcia, Acad. Arq. Urb.
ARTIGOS CIENTÍFICOS
Diagnóstico e Apreciação da Acessibilidade Espacial no CAPS II de Balneário Camboriú Raryana Fernanda Ribeiro, Acad. Arqu. Urb. | Ana Paula Magalhães Jeffe, Prof. Me. Arq. Urb. | Marcia do Valle Pereira Loch, Prof. Dra. Arq. Urb. Avaliação e Determinação de Indicadores Quantitativos Sustentáveis por Meio de Análise Estatística Visando Estratégias para o Aprimoramento da Mobilidade Urbana de Florianópolis.
Letícia Nobre de Freitas, Acad. Arq. Urb. | Carlos Alberto Barbosa de Souza, Prof. Arq. Urb. | Janaína Nones da Silveira, Prof. Arq. Urb.
CORPO DOCENTE – ARQUITETURA E URBANISMO
10 30 54 62 72 92 126 136 148 Escola MourizCentro EscolarParedes, Portugal. | Arquitetura Coordenação: Nuno Lacerda Arquitetura Colaboração: CNLLMárcia Areal, Vanessa Tavares, Hélder Lopes, Augusto Rachão, Natália Rocha e Paula Araújo. Fotografia: Fernando Guerra FG+SGFotografia de Arquitetura.
O Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali está presente nas redes sociais. O espaço virtual traz as principais novidades do curso, avisos importantes, lembretes, além é claro de mais interatividade entre alunos, professores e colegas do curso.
O QUE ESTÁ PORVIR?
Hans Peder Behling, Prof. Dr. Diretor da Escola de Artes, Comunicação e Hospitalidade
Se você me perguntar o que eu mais gostei dessa edição da Revista Arkhé, eu terei que devolver com outra pergunta sobre o que vem aí pela frente: Qual será a resposta da arquitetura e do urbanismo para criar espaços que entendam e atendam às novas demandas? Pra não correr o risco de ser acusado de cometer plágio, confesso que essa dúvida não é originalmente minha. Tenho que deixar claro que ela orienta a temática central desta edição, e despertou a minha curiosidade e interesse a partir do momento em que a li pela primeira vez no texto da entrevista intitulada “O espaço do Porvir”.
Gostei de muita coisa pois esta edição tem projetos inspirados nos pixels que pas saram a nos acompanhar no mundo virtual do ciberespaço e também nas nuvens que representam metaforicamente a oposição materialidade e imaterialidade dos mundos biológico e digital. Tem exemplos de estratégias arquitetônicas que valorizam a eficiência energética com materiais tecnológicos mimetizando aspectos da cultura tradicional dos povos indígenas do norte e também soluções habitacionais encravadas no meio da rocha dos cânions do sul do Brasil. Tem alternativas pra quem não possui ou não quer automóveis ocupar vagas de estacionamentos de formas criativas. Tem projetos premiados de alunos e de professores. Tem soluções para o envelhecimento populacional, para as famílias no contexto das mudanças ocorridas no transcorrer dos tempos da sociedade, para a integração entre os seres humanos e o meio ambiente e, ainda projetos que permitem a [des]conexão da rotina agitada das cidades e [re] conexão com a natureza e com a família. Tem reflexões e soluções arquitetônicas para questões climáticas e sociais. Tem reflexões e exemplos práticos de processos de pesquisa, extensão e internacionalização universitária. Tem discussões conceituais clássicas sobre beleza e estilo, tão preciosas a todos os profissionais que de alguma forma estudam e trabalham com arte. Tem depoimentos de alunos e egressos sobre a importância de vários aspectos e momentos da sua formação, mas também tem trabalhos de novos arquitetos e tem perfil de profissionais consagrados. Tem boas problematizações, ótimas fundamentações, metodologias contundentes para coleta e tratamento de dados, e muitas análise e sínteses. Tem história e tem atualidade. Tem o trabalho sério de docentes e discentes, e tem a indispensável interconexão e aproximação entre academia e mercado. Tem muita coisa legal.
Se depois disso tudo, você voltasse a me perguntar o que eu mais gostei dessa edição da Revista Arkhé, eu teria que devolver com uma nova questão sobre o porvir, mas dessa vez meio que em tom de desafio: que tal continuarmos fazendo perguntas interessantes para que a próxima edição da Revista Arkhé fique ainda melhor?
Boa leitura
NEWS
FACEBOOK: ArquiteturaeUrbanismoUnivali INSTAGRAM: arqurb.univali
Foto: Ednilson Júnior
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI10 ARKHÉ NEWS
O FUTURO E O PORVIR SÃO BEM DIFERENTES!
Carlos Alberto de Souza Barbosa, Prof. Arq. Urb. Me. Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo Campus Balneário Camboriú e Florianópolis
Que grande prazer poder apresentar aos nossos leitores mais um número da revista Arkhé do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI!
Nesta edição, depois de um tempo de pandemia, o tema de discussão e reflexão para o futuro não poderia ser outro se não o da ARQUITETURA DO PORVIR!
A palavra futuro está ligada a ideia de uma coisa ou ação provável em um tempo subse quente ao hoje. O conceito de PORVIR tem ligação direta com aquilo que vem transformar o presente de uma forma inusitada, tem ligação com o novo.
Para o filósofo Jacques Derrida esta distinção é fundamental. O futuro tem um sentido de linearidade de subsequência do presente enquanto o sentido do PORVIR está fora da linha do tempo linear. É inimaginável. O PORVIR existe em algum lugar e surge como surpreendente.
É este PORVIR da arquitetura e do urbanismo que se apresenta nos conteúdos desta edição!
Muito se refletiu, durante o período de afastamento social imposto pela pandemia de COVID19, sobre o papel da Arquitetura e Urbanismo na vida moderna. Quais são as novas relações sociais que poderão acontecer? Em que espaços elas acontecerão? As mais variadas ações da vida moderna modificaram-se nestes últimos anos: morar, trabalhar, conviver.... mudaram de sentido e de lugar! Como os profissionais arquitetos e urbanistas responderão a estas mudanças??
Muitas destas perguntas, reflexões e respostas estão apresentadas nesta edição. Profissionais, professores e estudantes de arquitetura e urbanismo procuram soluções através de seus trabalhos. Pensa-se no PORVIR!
Outra novidade que se incorpora agora à ARKHÉ, são os textos bilingues que as entrevistas com arquitetos estrangeiros apresentam. Isto torna esta publicação ainda mais internacional.
Com todos estes conteúdos, temos a certeza de que esta edição não poderia ser mais contemporânea e adequada aos tempos que vivemos!
O curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali realmente está conectado com o PORVIR, aquilo que existe em algum lugar e surge como surpreendente. Este número é assim SURPREENDENTE!
Boa Leitura!
Foto: Ednilson Júnior ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 11
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Aprofundamento teórico sobre a Arquiteura do Porvir Sugestões do Conselho Editorial
CIDADES DOS AMANHÃ
AUTOR: Peter Hall (Editora: Perspectiva | Ano 2016, 4 a ed.| 736 páginas)
O mais notável e completo estudo sobre a história do planejamento e projeto das cidades modernas, Cidades do Amanhã é seguramente a obra mais importante do respeitado professor Peter Hall. Leitura obrigatória, esta edição, revista e ampliada, traz não só um extenso e minucioso panorama da formação e evolução das cidades e metrópoles contemporâneas no século XX e início do XXI, como também uma profunda reflexão crítica sobre os modos de pensar e fazer o projeto territorial urbano e o da edificação, bem como suas influências e a eficiência de seus resultados para a vida do cidadão do mundo, os mais ricos e os mais pobres.
O livro apresenta um conjunto significativo de projetos emblemáticos dos principais ateliês de arquitetura portugueses sobre o tema da reabilitação numa visão abrangente do próprio tema. Assim, o edifício, o espaço público e as infraestruturas constituem os objetos de análise deste livro. Nomes como Aires Mateus, Eduardo Souto de Moura, João Luís Carrilho da Graça, Álvaro Siza, entre outros, estão presentes e mostram o criterioso trabalho de seleção dos autores e de obras que este livro divulga.
Desde que as cidades surgiram há 10.000 anos, elas se tornaram um dos artefatos mais impressionantes da humanidade. Mas sua evolução tem sido tudo menos linear - as cidades passaram por momentos de mudanças radicais, pontos de virada que redefinem sua própria essência. Neste livro, um renomado arqui teto e urbanista que estuda a intersecção das cidades com a tecnologia argumenta que estamos em tal momento. Os autores explicam algumas das forças por trás da mudança urbana e oferecem novas visões das muitas possibilidades para a cidade de amanhã. Os sistemas digitais difundidos que cobrem nossas cidades estão transformando a vida urbana. Os autores fornecem um lugar na primeira fila para essa mudança. Seu trabalho no MIT Senseable City Laboratory permite a experimentação e implementação de uma variedade de iniciativas e conceitos urbanos, desde bicicletas assistivas de monitoramento de condições até lixo com sensores de rastreamento incorporados, da mobilidade à energia, da participação à produção. Eles pedem uma nova abordagem para imaginar cidades: futurecraft, um desenvolvimento simbiótico de ideias urbanas por designers e público. Com essa participação, podemos coletivamente imaginar, examinar, escolher e moldar o futuro mais desejável de nossas cidades.
TERRITÓRIOS REABILITADOS – REVAMPED LANDSCAPE
AUTORES: Fátima Fernandes, Manuel Graça Dias e Luís Santiago Baptista (Editora: Caleidoscópio | Ano 2018 | 260 páginas)
THE CITY OF TOMORROW: SENSORS, NETWORKS, HACKERS, AND THE FUTURE OF URBAN LIFE AUTORES: Carlo Ratti e Matthew Claudel (Editora: Yale University Press | Ano 2016 | 192 páginas)
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI12 ARKHÉ NEWS
CIDADE FEMINISTA: A LUTA PELO ESPAÇO EM UM MUNDO DESENHADO POR HOMENS
As cidades são, notadamente, reduto dos homens, em que às mulheres é imposto o status de segunda classe. Por meio de uma geografia de exclusão real e material, as mulheres encontram no ambiente urbano entraves e afirmações que reforçam papéis fundamentais de gênero e subjugam corpos femininos. Este profuso debate sobre a relação entre as mulheres e a cidade está presente na obra da geógrafa canadense Leslie Kern, autora do livro Cidade Feminista, lançado agora no Brasil pela editora Oficina Raquel. Segundo Kern, as cidades foram pensadas para apoiar formas familiares patriarcais e funções sociais segregadas por gênero. Para desvendar tais mecanismos de poder e pensar alternativas, Kern reflete a partir de questões que emergem daquilo que chama de experiência corporificada de pessoas “que se incluem na categoria dinâmica e mutante de ‘mulheres’”... Pensando nisso, a autora aborda a cidade pela perspectiva das mães e cuidadoras (pensando acolhimento e planejamento urbano), das amigas (abordando liberdade e lazer), da mulher sozinha (e as condições de se estar sozinha na cidade), a cidade do protesto (do direito à cidade e do ativismo) e a cidade do medo (sobre vigilância, assédio, cultura do estupro e outras ameaças, as reais e as inventadas para assombrar). Em meio a uma leitura profunda e original sobre as cidades, Kern aponta caminhos, gera indagações e nutre uma força afirmativa – para ela, “lugar da mulher é na cidade”, e está na hora de transformar este lugar.
NEUROARQUITETURA: A NEUROCIÊNCIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO
Estamos em constante interação com o mundo a nossa volta, sendo estimulados pelo espaço que habitamos e respondendo a esses estímulos. Nosso sistema nervoso interpreta estas informações em diferentes pro cessos cognitivos, diante do ambiente construído. Com a evolução das pesquisas na área da neurociência, novos meios de explicar nossas interações com o mundo emergem e abrem espaço para conectar diferentes disciplinas. Este livro apresenta o novo diálogo que integra arquitetura e neurociência, buscando entender trocas possíveis entre esses campos: por exemplo, como o cérebro processa o ambiente que vivenciamos; ou como a arquitetura pode, conhecendo melhor os mecanismos dos processos neurais, planejar experiên cias que tragam saúde e bem-estar em projetos arquitetônicos. Aqui, buscamos introduzir o leitor, mesmo o leigo, às bases da neurociência, a fim de prepará-lo para entender arquitetura de uma forma nova: a teoria e a prática da neuroarquitetura.
O LAR DO FUTURO NA ERA 5G: NOVAS ESTRATÉGIAS PARA UMA VIDA HIPERCONECTADA
Ao unir cases da vida real, estruturas estratégicas e ideias inovadoras, este livro apresenta novas propostas para os líderes que atuam no ecossistema conectado do Lar do Futuro. Uma leitura obrigatória.” Vinod Kumar, CEO, Vodafone Business “Este livro lança uma nova luz sobre como os prestadores de serviços de comunicação podem prosperar e crescer em um cenário cheio de oportunidades, mas também cheio de competidores. É um roteiro inspirador para os líderes darem os passos estratégicos corretos na promissora era da ‘Casa do Futuro’.” Mari-Noëlle Jégo-Laveissière, diretora-geral adjunta/chefe de Tecnologia e Inovação, Grupo Orange Imagine uma casa hiperconectada. Dispositivos ativados por 5G e inteligência artificial atuando juntos para responder e antecipar as suas necessidades, tudo com a máxima segurança e privacidade. A tecnologia doméstica inteligente vai além do que você imagina e, ao abrir suas portas para ela, a casa do futuro pode proporcionar muito mais do que conforto e praticidade. Escrito por líderes em estratégia e tecnologia da Accenture, a maior empresa de consultoria do mundo, O lar do futuro na era 5G revela como será a vida nessas casas do futuro, em que as pessoas terão suas necessidades assistidas por tecnologia de ponta – tecnologia essa que também será uma grande oportunidade de negócio e de faturamento para empresas. Através de insights e exemplos práticos, e colocando ênfase na experiência do usuário, os autores mostram como você também pode entrar nesse mercado multibilionário.
AUTOR: Leslie Kern (Editora: Oficina Raquel | Ano 2021 | 256 páginas)
AUTORES: Vilma Villarouco, Nicole Ferrer, Marie Monique Paiva, Julia Fonseca e Ana Paula Guedes (Editora: Rio Books | Ano 2021 | 256 páginas)
AUTORES: Jefferson Wang, George Nazi, Boris Mauer e Amol Phadke (Editora: UBK Publishing House | Ano 2020 | 208 páginas)
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 13
Honrosa no Concurso Nacional de Habitação de Interesse Sustentável
Social, intitulado
com o conceito dos pequenos
a ideia
fragmentos
nossas vidas e estas fazem parte de uma construção
de sociedade, onde cada pixel se insere em um contexto bem mais amplo
complexo, formando a imagem contemporânea de mundo. Formando assim nossas cidades e suas "perfeitas" imperfeições.
CASA PIXEL Projeto Vencedor Categoria Profissional 9o Prêmio Saint-Gobain - ASBEA de Arquitetura 2022 Habitat Sustentável - Conjuntos Sustentáveis Menção Honrosa no Concurso Nacional de Habitação e Interesse Sustentável e Social 2021 IAB/DF, SNH e COHABs Equipe: Felipe Kaspary, Arq. Urb. (projeto) | Oliver Uszkurat, Arq. Urb. (imagens)
Menção
e
Casa Pixel,
quadrados de cor, que quando juntos, formam uma imagem. Relacionando
de
de ações cotidianas que tomamos em
coletiva
e
Trecho perspectiva fachada. ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI14 ARKHÉ NEWS | PRATAS DA CASA
A cidade possui seu desenho marcado por histórias, sendo resultado de suas relações de tempo e espaço. A arquite tura neste contexto não se apresenta como imposição, mas sim transformação, adaptando-se conforme as necessidades e oportunidades surgem. Como já disse Koetter, a cidade se apresenta perfeita em sua “imperfeição”, com suas “cola gens”, frutos de intervenções livres em sua forma mais democrática, a ocupação e apropriação do ser humano perante sua morada.
Neste contexto o elemento de imagem pixel, que nada mais é que um pequeno quadrado colorido em uma imagem, que, somados a um coletivo de pixels, formam um desenho completo, traz uma conceitua ção contemporânea de reflexão da vida em comunidade, em momentos adversos ou nas decisões mais simples do cotidiano a cidade nos é apresentada como solução social, ambiental e econômica formada por milhares de indivíduos, e muitos e mui tos pixels de decisões, pixels de ações, pixels de espacialidades distintas, que em sua totalidade formam as imperfeições e acasos de nosso mundo. Deste modo, propor um conjunto habitacional em uma determinada localidade, condiz em propor um aglomerado de pixels de soluções e possibilidades, estes por sua vez irão im pactar positivamente os demais e assim contribuir de um modo assertivo para formarmos as totalidades das imagens que desejamos as nossas cidades.
A sustentabilidade neste pensamento fragmentado de ações possibilita solu ções em grandes e pequenas escalas para que se promova o equilíbrio ambiental, econômico e social. No projeto proposto a ideia do elemento pixel parte inicialmente de uma modulação (5x5m) que organiza os espaços dentro da quadra, onde em cada pixel (módulo) haja uma ferramenta de contribuição a comunidade, seja uma mini praça, uma área de compostagem, uma residência, uma horta coletiva ou até
Coworking / Aulas online Detalhe
de corte perspectivado
Cozinha industrial compartilhada Oficina / Carpintaria coletiva
Coworking / Aulas online
Painel de sombreamento das áreas de convívio
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 15
Perspectiva isométrica do conjunto / quarteirão Terreno mais acidentado Adaptabilidade em diferentes terrenos Terreno acidentado Terreno pouco acidentado Corte esquemático longitudinal ARKHÉ NEWS | PRATAS DA CASA ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI16
mesmo um módulo habitacional ou captação de energia solar, enfim, transcendem possibilidades e se tornam um coletivo de contribuição ao pen samento sustentável. Deste modo se apresenta a casa Pixel, pensada em prol das imprevisibilidades da vida.
ESTRUTURA EM MADEIRA
A mineração de bens da construção civil, como argila, brita, e principalmente a areia causam grandes danos ao meio ambiente. O cimento, amplamente usado para o setor gera muito gás carbônico ao ser produzido, que é um dos princi pais ativos ao efeito estufa. A madeira laminada e colada consome menos energia em sua produção, pois não se utiliza de processos de queima. Além de ser uma fonte natural e renovável, é o único material que sequestra o dióxido de carbono da atmosfera durante sua vida útil.
MODULAÇÃO INDUSTRIAL
A modulação industrial é uma ferramente muito conveniente para a industrialização da constru ção, viabilizando custos e promovendo grande padronização dos componentes da edificação. Considerando isso, o projeto propõe uma modu lação estrutural de 5x5 metros, organizando os espaços e propiciando uma lógica de número de módulos (5x5m) por demandas das habitações, sendo a UH de 01 quarto contendo 01 módulo (25m), a de 02 quartos 02 módulos (50m) e a de 03 quartos tendo 03 módulos (75m).
Vista espaço coletivo pavimento térreo Circulações e terraços / ambientes externos dos pavimentos ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 17
CAU TOCANTINS 2018
Menção Honrosa no Concurso Nacional
Equipe: Eduardo Baptista Lopes, Arq. Urb. Dr. Eduardo João Berté, Arq. Urb. Marcelo Galafassi, Arq. Urb. Me. Carolina Rocha Carvalho, Arq. Urb. Me. Nedilo Xavier Pinheiro Junior, Arq. Urb. Me.
LOCAL
Tocantins é um Estado marcado pela cultura indígena, história de costu mes e tradições. Após a emancipação do Estado, em 1988, Palmas entra no contexto arquitetônico como cidade pla nejada, e sua vasta diversidade sintetiza a cultura brasileira. Toda nova edificação pública, incluindo a entidade máxima que representa os arquitetos e urbanistas do Estado, deve ser projetada em sintonia com suas tradições vernaculares. Por meio de uma linguagem arquitetônica contem porânea, a nova sede do CAU/TO oferece espaços democráticos e inclusivos, orga nizados de maneira racionalizada e utili zando estratégias bioclimáticas visando maior eficiência energética.
Conforto
CULTURA
Forma Frontal
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI18 ARKHÉ NEWS | PRATAS DA CASA
PARTIDO
A partir dessas premissas, a nova sede do CAU/TO traz como elemento principal de sua materialidade e linguagem arquitetônica uma membrana vazada, feita de blocos cerâmicos maciços. Esta vedação permeável remete à trama de cestos e materiais confeccionados por algumas comunidades indígenas do Estado. Na fachada frontal, a membrana vazada é ondu lada, como um véu que se move com o vento, concedendo ao edifício leveza e identidade marcante. Além do apelo estético, essa mem brana é utilizada como elemento de proteção solar, permitindo ventilação permanente nos ambientes externos e privacidade nos ambien tes corporativos. Se estendendo pelo forro do térreo, em conjunto com o piso de pedra portuguesa que se prolonga da calçada para o interior do edifício, a materialidade de alvena ria caracteriza o edifício como uma extensão da própria rua, um lugar democrático e inclusivo.
Remetendo ao bairro planejado, onde o projeto está inserido, o edifício foi concebido utilizando uma modulação estrutural de 4m x 4m, que se adapta às dimensões do terreno e ao Programa de Necessidades, permitindo expansões e flexibilização dos espaços. A expansão pode ocupar áreas de jardins externos ou mesmo ocorrer verticalmente, conforme a demanda.
O número mínimo de vagas de estacionamento pode ser ampliado em até 11 vagas para carros e 6 vagas para motos, reordenando as vagas atuais e ocupando uma área de jardim coberto no térreo.
O sistema construtivo adotado é de estrutura metálica com perfil “I”, lajes steel deck com forro removível de fibra mineral com isolamento ter mo-acústico e piso elevado, fechamentos em Drywall (com isolamento nas paredes externas), vidros com fator de proteção solar (TL=0,45 e FS= 0,27) e a membrana de alvenaria vazada.
O Programa de Necessidades foi distribuído em dois pavimentos: no térreo recepção, coworking, foyer, espaço multiuso e estacionamento; no pavimento superior o núcleo corporativo, pre sidência, reuniões e áreas de apoio.
Construtivo
Núcleo corporativo
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 19
Circulação Vertical
Os espaços no térreo são articulados através da recepção, que conecta intuitivamente os usuários ao foyer, ao coworking e ao espaço multiuso. A amplitude dos espaços e o emprego da modulação garante flexibilidade e conexão das áreas fechadas com as áreas externas de jardim. Verticalmente, o edifício é articulado pela escada e pela plataforma elevatória, posicio nados em um átrio com jardim e iluminado por uma abertura zenital, que direciona o usuário para o Núcleo Corporativo e a Presidência, ao mesmo tempo que induz sempre o olhar para as áreas externas e jardins, presentes no pavimento superior. Uma passarela no átrio conecta o Núcleo Corporativo com as áreas de apoio, como salas de reuniões, copa e banheiros, posicionados mais ao fundo do lote.
As constantes e elevadas temperaturas e a variação de umi dade (em função das estações chuvosa e não chuvosa) foram condicionantes do projeto, com grande importância para o lançamento do partido arquitetônico. A orientação dos espaços priorizou fachadas voltadas par o Norte e o Sul (presença do Sol com elevada altura solar), com elementos de sombreamento horizontais garantindo controle da incidência de radiação solar direta e prioridade para espaços menos profundos e intercala dos por jardins e vazios. Além disso, utilizou-se abertura zenital por sheds orientados para Sul, permitindo o aproveitamento de iluminação natural e ventilação natural (aproveitamento de ventilação cruzada e ventilação por efeito chaminé).
Cortes
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI20 ARKHÉ NEWS | PRATAS DA CASA
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 21
1O CONCURSO DE ARQUITETURA WEEFOR ARQ. Menção Honrosa
Coletivo Labnomad e Via Arquitetura
Equipe:
Eduardo Baptista Lopes, Arq. Urb. Dr. Gustavo Peters de Souza, Arq. Urb. Me. Eduardo João Berté, Arq. Urb. Nedilo Xavier Pinheiro Junior, Arq. Urb. Me.
O CONCURSO
Aproposta do Primeiro Aberto de Arquitetura Weefor Arq foi selecionar a contratação do projeto arquitetônico para o empreendimento residencial que será construído pela empresa, no Bairro Água Verde, em Curitiba, Paraná. Dentre as premissas iniciais do concurso, destaca-se a busca por uma arquitetura vanguardista, que fuja dos velhos padrões do mer cado imobiliário, através de soluções projetuais que tragam sustentabilidade, tecnologia e bem estar ao local em que o edifício será inserido. O concurso teve 204 inscritos de todo o país, e a iniciativa contou com o apoio e a chancela da AsBEA/ PR, que assumiu a organização do prêmio.
PROPOSTA LABNOMAD E VIA ARQUITETURA
A proposta do LabNomad (composta por docentes e egres sos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali) e Via Arquitetura, premiada com Menção Honrosa no concurso, busca ser energeticamente eficiente e incentivar novos hábitos de morar e se locomover, explorando o conceito de coliving.
SOBRE
Fachada
Frontal Isométrica Explodida
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI22 ARKHÉ NEWS | PRATAS DA CASA
A ideia não é projetar um edifício único, que seja o foco da paisa gem, mas sim, um objeto que se integre ao horizonte da cidade, e que seja por ele absorvido. Dessa forma, os ambientes de uso coletivo ganharam força no projeto e os espaços de convívio entre os moradores são distribuídos no decorrer e pelas circu lações abertas no edifício, garantindo o encontro e a interação. Áreas como salões de festas, academia e outros espaços de uso comum foram distribuídas entre os pavimentos, estimulando as relações sociais. O edifício acolhe diversos arranjos familiares possíveis, incluindo apartamentos e espaços comuns acessíveis com total relação com o espaço em que está inserido. Assim, os apartamentos não serão “estáticos”. Ao invés de ditarem o modo como os moradores devem viver, as tecnologias constru tivas empregadas no edifício permitem que os apartamentos sejam flexíveis e personalizáveis, adaptando-se, sempre que necessário, às mudanças da vida cotidiana das famílias.
A equipe apostou na multiplicidade de uso dos espaços, pro pondo zonas de permanência nas circulações horizontais, o uso da cobertura como estufa cultivo de agricultura orgânicas com participação comunitária e aeroporto de drones. A proposta para a garagem também é inovadora, uma vez que oferece a possibilidade de implantar nas vagas áreas de escritórios, oficinas, ateliês e outras iniciativas caso o morador não utilize automóvel.
Fachada Estufa ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 23
UNIDADE HABITACIONAL HOTELEIRA EDGE
Design Days 2018 Pro
3 o lugar
AUnidade Habitacional Hoteleira Edge (borda, aresta) é uma edificação Conceito proposta para a Rota dos Cânions, na fronteira entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O clima frio, pre sente principalmente nos meses de inverno, associado ao cenário único, condicionaram o projeto a adaptar -se à paisagem e às baixas temperaturas, por meio de estratégias passivas de conforto térmico aliadas a uma arquitetura contemporânea.
A edificação foi encaixada na borda de um cânion, com três de suas faces voltadas para a rocha, e a face Norte voltada para a imensidão do vazio, por meio de uma grande pele de vidro que marca a transição entre o fechado e o aberto: Edge. A abertura funciona como um quadro dinâmico, variando de acordo com as mudanças climáticas tão marcadas nessa região.
PARTIDO
Equipe: Eduardo Baptista Lopes, Arq. Urb. Dr., Eduardo João Berté, Arq. Urb. e Marcelo Galafassi, Arq. Urb. Me.
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SÍTIO
Apesar da geografia acidentada nas encostas do cânion, seu topo é formado por regiões planas e abertas, que permitem um campo visual limpo e quase sem barreiras.
RECORTE
Como forma de não agredir a paisagem natural e blo quear o campo de visão, o sítio de implantação da unidade hoteleira será escavado.
ENCAIXE
A unidade habitacional será encaixada no recorte, oportunizando o uso de sua cobertura como área de contemplação, sem a necessidade de escadarias de acesso ou revestimentos de piso que a configurem como área adicional.
Esquema de implantação
Espaço lareira
Vista
estar
Banheiro com vista
Relação exterior e interior
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e placemaking. Como premissas, a comissão organizadora da competição destacava atributos que a edificação deveria conter: design criativo, iluminação dramática e presença física impressionante. O certame foi dividido em 02 grandes fases e a primeira fase em 03 etapas.
com crítica
suas
mais
seguir duas
O primeiro desafio apresentado neste momento foi o proposto no concurso “Urban Confluence Silicon Valley” onde os parti cipantes foram provocados a desenvolver um projeto que se tornasse uma construção icônica em San José, maior cidade do Vale do Silício, nos Estados Unidos, representando a interseção de tecnologia moderna, história, arte, arquitetura, engenharia
Dos 963 projetos qualificados de 72 países, seis continentes, o projeto “Cloud” conquistou lugar nas 47 propostas recomenda das pelo Júri da Comunidade (CCP), composto por 34 líderes comunitários, incluindo artistas, arquitetos, ambientalistas e líderes empresariais, e duas exposições em jornais locais, co mentadas pelo San José Spotlight como seis dos designers mais notáveis. Segue a declaração do projeto e imagens ainda em fase conceitual enviadas para a competição.
RESTAURANT BAREXH. PERMANENT TEMPORARY EXHIBITION RESTAURANTS RESTAURANTS FOYER TEMPORARY EXHIBITION activation strategies Human interaction. Social and gastronomic experience! Human interactivity. Digital art storage! HANGING GARDEN SKY LOUNGE TOP WATERFALL CAFE CLOUD, MUSEU DE ARTE DIGITAL Urban Confluence Silicon Valley 2020 Seleção do Júri Autora: Alana Canto, Arq. Urb. ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI26 ARKHÉ NEWS | PRATAS DA CASA
Ajovem arquiteta e urbanista Alana Canto, egressa do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali vem partici pando sistematicamente de concursos nacionais e internacionais com o propósito de apresentar sua arquitetura autoral e men surar suas escolhas e estratégias num contexto mais amplo e
especializada
rigorosa. Apresentamos a
de
experiências internacionais mais recentes, e seus resultados espaciais surpreendentes e provocadores
A Terra está envolta quase que permanentemente por uma cobertura de nuvens que pode chegar a 50% de sua área total, o que torna as nuvens uma componente atmosférica de grande relevância.
Como instrumento tecnológico as nuvens vem tomando conta do mercado global. Hoje, somos todos conectados de alguma forma e a cada segundo criamos um novo dado, podendo ser acessado em qualquer lugar da Terra. Sinônimo de inovação, este é um lugar mágico onde pioneiros da tecnologia para sempre mudaram o mundo. Como uma nuvem, o projeto inter preta a função biológica e digital, e traz o efeito combinatório desses dois mundos. Um ícone que armazenará arte digital e interatividade humana, ao mesmo tempo que é capaz de influenciar o microclima local.
Por meio da captação de água da chuva e seu reuso nas diver sas formas do H2O, por precipitação fazendo o resfriamento do edifício como chuva artificial escorrida pela fachada, ou evaporação mantendo a umidade do ar controlada. Provendo um microclima agradável ao desenvolvimento do parque, esti mulando a geração de energia e a purificação do ar por meio da fotossíntese das plantas. O projeto utiliza fontes de energia renováveis, por natureza, com aproveitamento de energia química e solar, e pelos usuários, utilizando o caminhar das pessoas como fonte de energia cinética. Como uma nova cadeia que engloba, vida humana, vida biológica, e vida edificada.
O edifício abriga o intangível, seja a arte digital como forma de expressão que surge do imaginário, projetado nas galerias, como também a conectividade humana, pelas interações pessoais encontradas nos instrumentos de ativação da área como restaurantes, bares, e cafés. Abrigar o imaterial, a afetividade, as relações, a imaginação, a invenção, levando a sociedade a refletir sobre a importância do abstrato em nossas vidas. Respeita a relação do meio natural, e sobressai a cidade, como um respiro de que ali existe arte, inovação e sustentabilidade. Aparece como ondas em diferentes níveis, dando um efeito fluido ao volume à medida que as bordas das lajes sobem e descem.
À noite torna-se um espetáculo urbano, uma obra de arte, com sua iluminação, transmitindo ao observador a sensação de flutuar. Mostrando de longe um ícone mundial que representa a transformação e expressão da arte no espaço do epicentro global da inovação!
Come up walk in the clouds!
Lages em balanço em formato de nuvens.
Circulação
Vista externa com entorno da paisagem.
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Menção especial no concurso Golden Trezzini Awards 2021, na categoria Melhor Projeto Arquitetônico para Museu, indicado pelo projeto Museu Marítimo do Brasil. Concurso de Arquitetura e Design apoiado por Richard Armstrong, Diretor do Museu e Fundação Solomom R. Guggenheim.
O júri inclui arquitetos mundialmente famosos Daniel Libeskind, Mario Botta, Toyo Ito, Ricardo Bofill, Massimiliano Fuksas, Eduardo Souto de Moura, Diretor de Design da Ferrari Flavio Manzoni, e outros especialistas de 32 países.
Com 1.031 inscrições, recebidas de 97 países, o Museu Marítimo do Brasil foi indicado ao concurso e conquistou lugar nas menções especiais de sua categoria.
Os oceanos desempenham um papel fulcral no meio ambiente e no futuro da humanidade. Durante toda nossa história possuem uma representatividade em lugares a serem atravessados. Servem como barreiras mas também como união entre os continentes e nações do mundo.
O projeto expressa não somente a representatividade do Marítimo no Brasil mas a filosofia lúdica por trás disso. Como um mergulho para causar reflexão a quem visita, na história marítima, e na grandiosidade e importância do tema para preservação do meio e de suas águas.
O projeto traz visualmente a fluidez encontrada nos oceanos, os fluidos em movimento, e ainda expressa uma dualidade entre ondas e velas, em paralelo como um barco atracado referenciando o lugar ao que sempre em toda sua história lhe serviu, um píer.
Sua materialidade se baseia nos princípios da navegação, os navios, desde seus primórdios sendo umas das maiores construções horizontalmente produzidas pelo homem capaz de unir continentes. O projeto se apropria desta qualidade em que a travessia do percurso é resguardada e protegida por esse corpo metálico.
Fantasia uma travessia pelo mar através de uma 'embarcação', onde o visitante encontra-se protegido por dentro de cascos, e por fora se confronta com essa imensidão constante, desalinhada entre o subir e descer de coberturas e paredes, um paradoxo que o leva a enfrentar não apenas 'o mar', mas seu 'mar de dentro' como um simbolismo de que cada um tem de levar uma parte do oceano “dentro” em si, a fim de sobreviver. O “mar de dentro” representa a alma, a natureza, as emoções, as coisas primordiais que temos dentro de nós mesmos.
MUSEU MARÍTIMO DO BRASIL Golden Trezzini Awards 2021 Menção Especial Equipe: Alana Canto, Arq. Urb.; Marcos Foregatto, Arq. Urb. e Nathalia Ferracioli, Arq. Urb. ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI28 ARKHÉ NEWS | PRATAS DA CASA
Desde sempre os mares dividem e unem os povos, e é novamente aqui que iremos unir os povos em um ícone mundial que represente a arquitetura brasileira já estreada internacionalmente pela curvatura que encontra o infinito. Assim como a água é um dos símbolos da vida, esta “água solidificada”, configura a vida permanente, eterna, como o valor da história Marítima para o Museu.
Os usos são distribuídos de maneira a gerar percurso. Percursos estes diferentes para cada função, tempo e tipo de visitação, seja ao turista com o intuído de visitar o museu e ver sua ampla exposição, a uma excursão escolar que usufruirá apenas da sala de educação, ou até mesmo palestrantes que farão do auditório o seu ponto de chegada, ambos desfrutarão do terreno de formas distintas, e terão diferentes vistas urbanas e construtivas, gerando a cada um além do seu percurso a sua memória de lugar.
O píer não se limita apenas ao espaço privado, mas sim um diálogo entre público e privado, entre cheio e vazio, no qual deve se aclamar pela função de ícone urbano e exercer seu papel social na visão de visitante e de morador. Deve transmitir a inclusão ao permitir desfrutar de suas bordas d'água, e contemplar a paisagem e a arquitetura em diferentes ângulos, gerando identificação, pertenci mento e significado para a comunidade, em razão de que só com vitalidade e inovação se transforma um lugar em um marco icônico, fazendo da coletividade parte integrante no processo de formação projetual e criação de diferentes áreas para abraçar todos os públicos: o turista, o visitante, o morador, a comunidade, a nação.
Com a intenção de preservar a história e a cultura, o Museu Marítimo do Brasil vem para transmitir um novo conceito de edificação para a área de implantação, trazendo revi talização para o local, em que pessoas de todas as idades sendo elas crianças em aula, até idosos apaixonados por história, possam usufruir desse novo equipamento. Mostrar a importância da história e influência marítima do Brasil, é algo que precisa ser firmado em nossa sociedade, um país com uma orla marítima tão extensa precisa ser aclamado. E a história deve ser exposta para todos, desde especialistas a novos ‘descobridores’.
Piso Térreo
1 - Exibição - Galeota Imperial 2 - Lojas / Livraria 3 - Conexão 4 - Banheiros 5 - Exibição de frota 6 - Administrativo 7 - Suporte administrativo 9 - Armazém 10 - Depósito 11 - Montagem / Desmontagem 12 - Reserva Técnica 13 - Recepção de trabalhos 14 - Segurança 15 - Circulação 16 - Depósito de resíduos 17 - Carga e descarga 18 - Escada rolante 19 - Hall 20 - Informações / Guardavolumes
21 - Café 22 - Sala VIP 23 - Área técnica 24 - Auditório 25 - Suporte auditório 26 - Banheiros 27 - Corredor de entrada 28 - Rampa de entrada 29 - Saída 30 - Pier turistico 31 - Pier comercial
1 o Andar 1 - Exibição permanente 2 - Área de expansão e café / Rampa de acesso 3 - Hall 4 - Circulação vertical 5 - Banheiros 6 - Exibição temporária 7 - Sala
8 - Sala educativa 9 - Sala de conexão 10 - Banheiros 11 - Salas de transição 12 - Restaurantes 13 - Escada rolante 14 - Rampa de acesso
o Andar 1 - Área de expansão 2 - Rampa de acesso
o Andar 1 - Terraço 2 - Café 3 - Rampa de acesso
2
3
Piso Térreo 1o Andar 2o Andar 3o Andar Corte
Níveis ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 29
CASA TAIPA HABITAR SUSTENTÁVEL PARA NOVOS IDOSOS
Prêmio Deca 2019 / NCD 2020
1 o lugar
Autora: Gabriela Schmidt Pretzel, Acad. Arq. Urb.
Mentor: Eduardo Baptista Lopes, Arq. Urb. Dr.
riado em 2019, o projeto CASA TAIPA – HABITAR SUSTENTÁVEL PARA IDOSOS, foi desenvolvido pela acadêmica Gabriela Schmidt Pretzel do 6º período do curso de Arquitetura & Urbanismo, integrante do NCPRO. O projeto foi criado para concorrer ao concurso nacional promovido pela DECA, onde conquistou primeiro lugar na categoria Estudante de Arquitetura. Além disso o projeto também recebeu premiação ouro pelo Núcleo de Decoração Catarinense. Com o tema “Novas formas de morar", a acadêmica propôs uma alternativa de habitação com modelo que privilegia a socialização e a economia compartilhada entre os idosos, como uma opção que vai além dos Centros de Idosos. Uma comissão técnica de profissionais renomados avaliou os projetos concorrentes. Por fim, na análise foram considerados crité rios como, adequação ao tema, compreensão dos desafios e necessidades de cada tema, considerando: circulação, economia de recursos naturais, distribuição, ventilação, iluminação, prancha de apresentação e os itens de acessibilidade e uso racional da água.
C
Imagem ilustrativa da fachada externa EXPEDIENTE ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI30 VIDA ACADÊMICA
MEMÓRIA CONCEITUAL
Segundo o IBGE, em 2043, um quarto da população deverá ter mais de 60 anos, enquanto a proporção de jovens até 14 anos será de apenas 16,3%. Segundo a demógrafa do IBGE, Izabel Marri, a partir de 2047 a população deverá parar de crescer, contribuindo para o processo de envelhecimento populacional – quando os grupos mais velhos ficam em uma proporção maior comparadas aos grupos mais jovens da população.
O projeto Casa Taipa, portanto, busca uma nova alternativa para o habitar entre idosos e encoraja a criação de uma moradia produtiva, onde a prática de atividades relacionadas ao bem-estar físico e psi cológico é imprescindível para atender os aspectos
substanciais do habitar e da vida. O projeto apoia-se nos ODS da Agenda 2030 da ONU, estando alinhado com diversas metas e objetivos.
O projeto envolve uma filosofia voltada ao meio am biente, com estrutura para a prática de atividades que contribuam com a saúde física e mental do usuário. O espaço é apropriado para a alimentação saudável, o cultivo de plantas, conversas e alternativas que mantenham os idosos ativos. Ademais, a essência colaborativa e sustentável, atrelada ao conceito de algo que tem qualidade, é durável e atemporal são os eixos desse projeto.
Materialidade
Entre os materiais previstos no projeto destacam-se a madeira de reflorestamento, o revestimento ecológico, o metal e a cerâmica.
Ao
lado: Perspectiva Cozinha abaixo, esq.: Perspectiva Pátio Interno abaixo, dir.: Perspectiva Sala de Banho ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 31
PARTIDO PROJETUAL
A Casa Taipa foi configurada a partir da separação de quatro volumes relaciona dos entre si, com circulação perimetral, enquanto cada bloco possui estrutura independente: cozinha, sala de banho, quartos e estar. No centro da casa há um pátio interno que é potencializado com a inclinação da cobertura dos blocos, per mitindo a entrada de luz natural em todos os cômodos. O pátio acomoda um reser vatório de águas pluviais para irrigação de uma horta e uso doméstico. No projeto, a horta está localizada estrategicamente próxima à cozinha e permite o cultivo de alimentos para consumo próprio.
Planta Baixa
As paredes de taipa surgem como solução sustentável, de baixo impacto e excelente desempenho térmico e acústico. Elas são pro jetadas para a frente e implantadas em para lelo, facilitando a rela ção entre os cômodos e a ventilação cruzada, caracterizando a con dição de arquitetura bioclimática.
Corte AA Corte BB Cortes EXPEDIENTE ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI32 VIDA ACADÊMICA
A casa Taipa foi configurada a partir da separação de 4 volumes relacionados entre si com circulação perimetral, enquanto cada bloco possui estrutura independente (fig.1).
A casa se organiza de forma centrípeta onde configura-se um pátio interno que é potencializado a partir da inclinação da cobertura, permitindo a entrada de luz natural e todos os ambientes (fig.2). Eixo de produção para consumo. O pátio acomoda um reservatório de águas pluviais para irrigação da horta e uso doméstico. A horta localizada estra tegicamente próxima a cozinha permite o cultivo de alimentos para consumo próprio (fig.3).
As paredes de taipa surgem como uma solução sustentável, de baixo impacto e com excelente desempenho térmico e acústico (fig.4). As paredes são projeta das para a frente, surgindo como uma moldura para a paisagem, além de tra zer maior privacidade (fig.5). As paredes implantadas em paralelo potencializam a relação entre cômodos e a ventilação cruzada, caracterizando a condição de arquitetura bioclimática (fig.6).
O ar quente sai naturalmente, fazendo com que a circulação contínua do ar mantenha os cômodos em temperatura agradável. Em situações de escassez de chuva a área do reservatório de água se transforma em pátio, com limites bem definidos, para a prática de atividades. Produção de alimentos para dentro de casa como uma alternativa mais saudável e sustentável, que traz benefícios para o corpo e para a mente.
Fig.1 Fig.2 Fig.3 Fig.4 Fig.5 Fig.6
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NATURALL
Prêmio Deca 2018 2 o lugar
CONCEITO
Aestrutura familiar e sua dinâmica vêm sofrendo várias transformações ao longo da história. As modernizações das relações familiares respondem a uma série de mudanças de paradigmas sociais e culturais, originando uma nova era de composições familiares, englobando não somente a composição nuclear dita 'tradicional'. Sem um ideal único de família a ser seguido, essas novas composições são cultivadas por laços de afinidade e de afeto, e redesenham as responsabilidades de cada indivíduo pertencente à família, tendo como princípio que 'cada caso é um caso'. A família é um grande agente estimulador da socialização e da transmissão de valores e padrões culturais.
A proposta tem como objetivo principal destacar a relevância da categoria família no contexto das mudanças ocorridas no transcorrer dos tempos da sociedade. Exibindo a família como um processo social em construção e em constante mudança, o banheiro deve contemplar os novos arranjos e composições fami liares, desmistificando os pré-conceitos e conceitos constituídos ao
longo da história. O banheiro sem gênero promove um local seguro e confortável para que todas as pessoas possam utilizá-lo. Indo além da identidade de gênero, promove um espaço democrático e de uso irrestrito, onde familiares de gêneros distintos podem fornecer o apoio necessário ao membro necessitado, como um pai auxiliando uma filha, ou até mesmo um filho auxiliando uma mãe idosa.
Além disso, o projeto volta-se também para outro tema muito im portante e contemporâneo, a amamentação em espaços públicos. A amamentação é um momento muito forte de criação de laços familiares e de afeto, que infelizmente enfrenta pré-conceitos já enraizados na sociedade. A amamentação é um processo natural da vida e deve ser realizado da maneira mais confortável e segura. Com isso, agrega-se o conceito natural, com o intuito de demons trar os processos naturais da vida, como as diferentes formas de composição familiar e a amamentação. O natural também é explorado no projeto por meio da dinamicidade da natureza e de como nós, seres humanos, compomos sua biodiversidade natural.
Autora: Mariah Vieira Mafra, Acad. Arq. Urb. Mentor: Eduardo Baptista Lopes, Arq. Urb. Dr.
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Vista interna lavatórios
Circulações
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Perspectivas / Detalhamentos
Elevações
PROJETO 3V3H Design Days 2018
1 o lugar
Equipe / Acadêmicos Arq. Urb.: Artur Guilherme Bernardoni, Guilherme Kretzer Trindade e Mariah Vieira Mafra.
Orientadora: Carolina Rocha Carvalho, Arq. Urb. Me.
Responsável NCPro: Eduardo Baptista Lopes, Arq. Urb. Dr.
CONCEITO
Ohomem não se difere quanto ao ser animal. Possui entre seus diversos aspectos, grande parte concomitante com os animais que compõem a biodiversidade. O ser humano é parte da natureza, não compete, mas soma. Não sobrepuja, mas compartilha. O ser humano possui seu habitat, assim como todos os outros animais, onde nada o caracteriza mais do que suas criações, seus artefatos, suas construções. Este é o habi tat humano, o habitat urbano. Mas como o ser humano pode inserir-se de forma controlada na natureza?
Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Transformamos o meio para podermos habitar. Utilizamos seus componentes para podermos criar. Pensando assim, opta-se pela inserção no meio, com seu habitat mais peculiar: o meio construído, em suas formas puras. Torna-se o entorno (natureza), algo aparentemente intocado, preservado, sustentavelmente inserido e ambientalmente consciente. Neste enredo, o luxo se torna algo experimental, sensitivo e ligado ao bem estar emocional: a troca do ter pelo ser.
Ser humano animal, em profunda integração com a paisagem e o meio a sua volta, para que desfrute das instalações e do entorno de forma a sensibilizar-se pela sua condição humana e terrena, de forma inteligente, mas sem abrir mão do conforto Formas puras, as quais, emoldurando a natureza, abrem-se para os diversos visuais e deslumbres da paisagem, equilibrando a
forma construída enrijecida as formas dinâmicas e ornamen tais do meio natural. Suas aberturas permitem ao usuário o contato com a natureza, mesmo estando dentro do ambiente construído, tornando possível as trocas tão importantes ao convívio e o estabelecimento do equilíbrio homem x natureza.
O projeto é previsto para ser implantado em toda a região litorânea Costa Verde Mar, no caso, em detalhe de projeto, na Praia de Taquaras em Balneário Camboriú, buscando a interação com natureza das mais diferentes formas, através da amplitude dos horizontes através do céu e mar e da grande variação dos estratos arbustivos e arbóreos encontramos na região, ainda possui as quatro estações definidas e ca racterizadas, tornando esse contexto ainda mais dinâmico devido suas variações ao longo do ano.
Perspectiva externa
EXPEDIENTE ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI36 VIDA ACADÊMICA
CONFORTO AMBIENTAL
Aproveitamento da ventilação natural através da venti lação cruzada nos espaços internos, propondo aberturas de forma não alinhadas em faces opostas do volume. A circulação natural dos ventos auxilia nas trocas térmicas por convecção, renovando o ar interno e proporcionando maior qualidade ambiental para os usuários. A região proposta para implantação do projeto apresenta clima característico com estações de verão e inverno, marca dos por períodos com temperaturas mais altas e mais baixas, respectivamente, enfatizando a necessidade de utilização de estratégias para garantir o conforto ambiental do espaço.
O projeto contempla uma abertura zenital localizada sobre o espaço destinado ao sanitário para promover a iluminação natural do ambiente e aquecimento solar passivo, recebendo radiação direta, a qual parte é ab sorvida pelas divisórias internas com alta inércia térmica aquecendo o ambiente como um todo por termocirculação passiva. Além disso, a abertura promove a ventilação natural vertical por efeito chaminé, através da diferença de temperatura, quando necessário.
Na fachada Oeste, os materiais utilizados tem sua capaci dade térmica reduzida para evitar o superaquecimento e proteção solar horizontal. Os elementos de sombreamento posicionados nas aberturas orientadas para Norte e Leste atuam na redução dos ganhos térmicos provenientes da radiação solar direta.
Para o inverno, foram adotadas estratégias de inércia térmica e aquecimento solar passivo visando controlar as trocas térmicas, aumentar o atraso térmico e reduzir a amplitude térmica, além de ventilação natural controlada para garantir a qualidade do ar interno. Desta forma, as amplas aberturas permitem a exposição à radiação solar no inverno e os componentes arquitetônicos garantem maior inércia térmica, como paredes internas de divisória e piso, ambos de concreto em placas pré-moldadas.
O concreto apresenta alta capacidade térmica por se tratar de um material denso, promovendo a absorção do calor durante sua exposição na parte do dia e sua emissão no período noturno aquecendo o ambiente. As aberturas foram projetadas com vidro duplo para garantir maior resistência térmica reduzindo as perdas de calor durante o período noturno.
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DES[CONECTA]
NCD 2018
o lugar
Autor: Artur Guilherme Bernardoni, Acad. Arq. Urb.
Orientador: Eduardo Baptista Lopes, Arq. Urb. Dr.
Des[Conecta] é uma casa refúgio, uma espaço deslocado dos grandes centros urbanos, voltado para uma família que busca desconectar-se da rotina comumente agitada da cidade e conec tar-se novamente com natureza em seu estado mais primitivo. Enquanto se mantém desconectada da cidade, a espacialidade interna da casa promove a reconexão entre os membros da família, que passam a maior parte do dia distantes.
O terreno apresenta um declive considerável, to mado como partido de projeto. Considerando a desconstrução dos volumes, a casa adapta-se às curvas de nível, permitindo maior amplitude visual a partir dos espaços internos e privacidade devido as distancias e barreiras criadas.
Seu programa é distribuído em três diferentes níveis: no nível do acesso, encontraram-se as áreas sociais e de serviços, conectados através da pas sarela à área de lazer, com piscina descoberta e de borda infinita; no nível abaixo, encontram-se os ambientes mais íntimos, como quartos, escritórios e adega, novamente conectados pela passarela.
A forma da casa é configurada por seus elementos estruturais, sobretudo pelas vigas em concreto aparente, que continuam em direção à rocha e são engastadas, fazendo o contrapeso de suporte ao bloco frontal.
Perspectiva externa
1
EXPEDIENTE ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI38 VIDA ACADÊMICA
Fig.2 Fig.3 Fig.1 Fig. 1: Partido Fig. 2: Plantas e cortes Fig. 3: Fachadas ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 39
BRASIL - AUSTRÁLIA
STUDIO COLABORATIVO DE PROJETO FLORIANÓPOLIS 2019 / 2
Para um estudante de Arquitetura e Urbanismo, participar de ativi dades complementares à sua formação acadêmica é um movimento fundamental para articular a teoria e a prática profissional e que contribui para o seu crescimento social, cultural, humano e profissional, dada a ampliação de conhecimentos e o desenvolvimento da comunicação e proatividade, tão valorizadas no mercado de trabalho. Dentre as atividades extracurriculares estão os seminários, simpósios, congressos, intercâmbios e encontros nacionais e internacionais.
Nessa direção, os encontros coletivos de projeto são ambientes de criação mais livres que permitem o maior protagonismo ao acadêmico, fortalecendo capacidades de reflexão, crítica e autonomia. Ainda, durante o exercício de posturas colaborativas, de liderança, competitividade, organização e decisão, adquire-se experiência para futuras participações em concursos da área ou no ambiente de trabalho. Nos eventos internacionais, por exemplo, o convívio com outras culturas e idiomas pode auxiliar o estudante que almeja participar de programas de intercâmbio, dupla titulação ou trabalhos no exterior.
Na perspectiva de incentivar a vivência e a prática coletiva da arquitetura, foi realizado em Florianópolis o ENCONTRO INTERNACIONAL BRASIL
– AUSTRÁLIA: STUDIO COLABORATIVO DE PROJETO (entre 24 e 29 de setembro de 2019), reunindo as escolas de Arquitetura e Urbanismo da Queensland University of Tecnology QUT Brisbane – Austrália, UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina e UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí, com o apoio da ASBEA – Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura e do Movimento Traços Urbanos.
ENCONTRO INTERNACIONAL
Maria Cristina Bittencourt, Prof. Dr. Arq. Urb.
EXPEDIENTE ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI40 VIDA ACADÊMICA
Imagens do encontro no Campus de Florianópolis
O objetivo do evento foi o de “gerar pro postas criativas e inovadoras de interven ção em cidades contemporâneas, através da união de diferentes culturas e reflexão teórica e metodológica com foco na abor dagem sistêmica em sustentabilidade”. A programação diversificada contou com as palestras “The Mullet Run Lecture” – com Prof. Paul Trotter da QUT, e “Turismo e Patrimônio Cultural” e o “Setor Leste –Potencialidades Adormecidas”, com as arquitetas Silvia Lenzi e Vanessa Maria Pereira, ministradas na UFSC, além de passeios guiados pela cidade e do “Studio Colaborativo de Projeto”, sediado no cam pus Florianópolis da UNIVALI.
No passeio intitulado “Arquitetura através dos tempos da cidade” guiado pelo Prof. Luis Eduardo Fontoura Teixeira – UFSC, os alunos saíram pelas ruas da área cen tral em busca da história da formação da cidade, conhecendo a riqueza de suas obras arquitetônicas e a ambiência que envolve a cultura e as relações sociais da comunidade. Nos tours pela Joaquina, Praias do Norte, Ribeirão da Ilha e tri lha da Costa da Lagoa, em momentos de socialização, descontração e apren dizado, puderam retratar a arquitetura e as belezas naturais em fantásticos croquis. Participaram: alunos das facul dades de Arquitetura - QUT- Brisbane – Austrália, Porto - Portugal, UNIVALI, UFSC, UDESC - Laguna, e os Professores Luis Eduardo Fontoura Teixeira – UFSC, Lucas Sabino Dias, Anna Freitas Pimenta, Maria Andrea Triana, da UFSC e José Angelo C. Mincache da UNIVALI.
A síntese das atividades ocorreu no Studio Colaborativo de Projeto no Campus Univali - Florianópolis (27/9 e 30/9) num grande Ateliê, com o lançamento do “projeto relâmpago” - “Estudo prelimi nar do Museu da Cultura Açoriana”, que teve como premissa retratar a cultura dos açorianos e interpretar sua chegada e assentamento na Ilha de Santa Catarina. O programa arquitetônico incluiu espaços
para exibições estáticas e dinâmicas e seus apoios, considerando a compreen são dos condicionantes climáticos e sua influência no resultado final. Os alunos Australianos trouxeram algumas hipóteses de partido arquitetônico desenvolvidas durante o semestre letivo da QUT; e após as visitas de campo e maior conhecimento da realidade local, dirigiu-se a proposta para outro lote menor do centro histórico.
Na primeira manhã de trabalho foi apre sentado o briefing (Profs. Paul Trotter e Paul Sanders, QUT – Brisbane) com a formação de grupos mistos de alunos aus tralianos e brasileiros, de diversas fases dos cursos, a fim de facilitar a troca de conhecimentos e percepções. De acordo com a metodologia proposta, durante os debates os alunos buscaram os pontos de convergência com as hipóteses elabo radas na Austrália, e seguiram rumo ao projeto por dois dias de intenso trabalho integrado, com apoio de vários professo res em rodadas de orientações.
Ao final do segundo dia foi apresentado o painel dos projetos aos membros da banca, formada de professores das três universidades e profissionais externos. Como resultado, destacou-se na dinâmica do ateliê coletivo o elevado senso de co munidade alcançado entre alunos e pro fessores, diante de um contexto global de troca de experiências que deu margem à elaboração de excelentes propostas para o Museu da Cultura Açoriana. Estas de monstraram a aplicação dos princípios de sustentabilidade ambiental em termos de organização espacial, formal, compositiva e tecnológica, sobretudo, retratando com muito êxito, a relação indissociável entre a nossa disciplina e o contexto histórico e cultural de Florianópolis, incitando novos olhares sobre a cidade.
Dois trabalhos foram eleitos como repre sentativos dos objetivos do Studio: Em 1o lugar, a proposta da equipe liderada por Amber Gard e Francisca Carneiro
(QUT-Brisbane), Leandro Hasi e Beatrice Monti (UNIVALI). Em 2O lugar, o tra balho do grupo de Meilin Mozerle Liu, Julia Bagio (UFSC), Sadej Lehpamer e Josephine Pratt (QUT- Brisbane). A noite terminou com encerramento do Studio no campus Univali em comemoração e despedida da turma.
O Studio Colaborativo de Projeto superou as expectativas de alunos e professores, como processo e pelos resultados obtidos. O contexto multidisciplinar com protago nismo do “aprender fazendo” e foco no processo criativo valorizou a articulação entre teoria e a prática da arquitetura e principalmente, a diversidade cultural pos sibilitou aos acadêmicos alçar vôos para além dos padrões esperados de projeto.
Na opinião do professor Luiz Eduardo de Andrade – organizador pela UNIVALI, o evento “foi um momento único de in tercâmbio entre estudantes dos cursos de Arquitetura e Urbanismo da UNIVALI e UFSC, e estudantes de Queensland –Austrália”... “Em uma semana trocamos experiências e vivências, e produzindo em pouco tempo discussões, ideias e estudos de um equipamento cultural no Distrito Leste em Florianópolis. É fundamental para nossos acadêmicos esta troca e ex periências de Atelier, e a possibilidade de mantermos vínculos com outras universi dades, reforçando a internacionalização da nossa instituição”.
Participaram das atividades do Studio os professores/arquitetos: Paul Troter e Paul Sanders (QUT – Brisbane), Luiz Eduardo de Andrade, Rafael Prado Cartana, José Angelo C. Mincache, Ana Paula M. Jeffe – (UNIVALI), Anna F. Pimenta, Carlos Vaz, Lucas Sabino Dias, Vanessa Pereira, Maria Andrea Triana, Themis Fagundes (UFSC). Os arquitetos Silvia Lenzi, Renata de Vechi, Giovanni Bonetti e o engenheiro Olavo Kruker Arantes Bonetti (ASBEA e Traços Urbanos
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INSÔNIA CRIATIVA
MARATONA DE PROJETO FLORIANÓPOLIS - 2017
Maria Cristina Bittencourt, Prof. Dr. Arq. Urb.
No curso de Arquitetura e Urbanismo o tradicional ateliê é o espaço da síntese do conhecimento, no qual, além das atividades curriculares, as competições ou desafios de projeto tornam-se importantes estratégias didáticas que agregam ao conjunto de experiências as dinâmicas de convívio e troca de conhecimentos de forma mais intuitiva, auxiliando o acadêmico no desenvolvimento de suas habilidades projetuais.
Num movimento sinérgico entre estudantes, professores e profissio nais, a Semana Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali é realizada anualmente, organizada pelo Centro Acadêmico, e como atividades estão os workshops, palestras, exposições, painéis e maratonas de projeto que oportunizam aos acadêmicos conhecer novas áreas e solidificar conhecimentos. Dada a importância das alternativas ao ateliê e como parte da 16a. Semana Acadêmica, foi criado o ARCHI JAM - Maratona de Projeto, que ocorreu no campus Florianópolis entre os dias 27 e 28 de outubro de 2017.
O evento foi organizado pelos alunos Asaph Coimbra e Julia Duarte Homem, do campus Florianópolis, com apoio das coordenações, professores e profissionais voluntários, da gerência do campus, laboratórios LACA, LED e LCD e das empresas Promob, Suvinil e Chocolata. A participação foi aberta aos alunos de Florianópolis e Balneário Camboriú, com quarenta e oito alunos inscritos.
O objetivo da maratona foi o de promover a integração dos estudan tes de diferentes semestres, o intercâmbio entre os campi, além da aproximação de profissionais externos e academia, a fim de fomentar a criatividade e inovação por meio de atividade competitiva orientada por um tema surpresa. O início das atividades se deu na manhã de 27/10 com a recepção dos alunos de Balneário Camboriú no auditório, e como contribuição ao evento e incentivo aos alunos, o arquiteto André Lima de Oliveira em palestra de abertura, relatou sobre as experiências do seu escritório, o “Studio Methafora Arquitetura”, em diversos concursos de projeto. .
ARCHI JAM
Cartaz
e post do evento
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Na sequência foi apresentado o regulamento e revelado o tema do ARCHI - JAM: “Módulo de Habitação Social”, com a explanação da professora Andreia Maia sobre as produções nacionais e internacionais da temática. Seguindo para o ateliê, formaram-se equipes de dois a quatro integrantes das diferentes fases dos cursos.
Durante todo o tempo da maratona, professores do curso e ar quitetos voluntários se revezaram como tutores na orientação e incentivo aos alunos, enquanto os técnicos da empresa Suvinil auxiliaram nas especificações de projeto. As equipes trabalharam por vinte e quatro horas seguidas nos ateliês ou em outros locais descontraídos do campus. No jantar, reuniram-se para uma rodada de pizza e puderam descansar nos ambientes já preparados. Participaram como tutores os professores: Alexandre dos Reis Filipe, Anna Freitas Pimenta, Carolina Pinto, Camila Cesário P. de Andrade, Kátia Maria Veras, Luiz Eduardo de Andrade, Marcelo N. Schroeder, Maria Cristina Bittencourt, Rafael Alves, e como voluntário o arquiteto Henrique Jorge, da HC Arquitetura.
Na tarde de 28/09, no auditório do campus foi apresentado o painel dos trabalhos à equipe do júri, composta pelo arquiteto convidado Ronaldo Mattos Martins (EA + Arquitetura) e pelos professores Alexandre dos Reis Filipe, Andreia A. Kasper, Andreia Maia, Guilherme Guimarães Llantada, Jânio Vicente Rech e Lisete Assen de Oliveira. Foram classificados como finalistas da mara tona os trabalhos que melhor atenderam aos critérios propostos: “criatividade, modulação, estética, sustentabilidade”. Em 1O lugar, foi escolhida a proposta dos acadêmicos João Vitor Stormovski, Lucas Radatz e Julia Gireli (Balneário Camboriú); o 2o lugar ficou com o trabalho dos alunos Mateo Damian e Julia Vieira; em 3o
lugar, o grupo representado pelo acadêmico Guilherme Jesuino. A Menção Honrosa foi destinada ao trabalho de Marcela Johana F. Carvalho, Isadora Conte e Carolina Luasse. No encerramento do evento os alunos finalistas foram contemplados com os brindes pelas empresas apoiadoras.
O trabalho classificado em 1O lugar – o projeto COEXIST, definiu o conceito de projeto a partir do verbo “coexistir”. Como descrito pelo grupo “deixou o verbo em aberto, para ser conjugado em qualquer tempo verbal, buscando assim uma solução de habitação social voltada para a vida no coletivo e fortalecendo as relações de vizinhança”. O partido previu duas diferentes tipologias mo dulares de habitação a ser construídos em sistema estrutural metálico e vedação em painéis leves e pré-moldados. O Tipo 1 de 48 m2, e o Tipo 2 com 38 m2, para diferentes agrupamentos e que poderiam ser implantados de diversas formas, em áreas planas, aclives ou alagadiças.
Durante as vinte e quatro horas de vivência colaborativa, os aca dêmicos puderam desenvolver habilidades de pesquisa, gerencia mento do tempo, das decisões de projeto e seus desdobramentos. Ainda aos alunos idealizadores do evento, a aquisição da expe riência prática de liderança, organização e postura profissional.
Por fim, cabe ressaltar a importância do ARCHI JAM – Maratona de Projeto para o curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali, como dinâmica de ateliê vertical e imersivo que possibilitou aos acadêmicos uma visão sistêmica do tema, resultando na produção de alternativas de projeto inovadoras e criativas. Sobretudo, criou um campo fertil de discussão e sensibilização quanto à problemática da habitação social para as cidades.
Acima, turma Archi Jam. Ao lado, acima: estudos do projeto. Ao lado, abaixo: apresentação dos projetos.
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TALKS
NÚCLEO DE HISTÓRIA, TEORIA E CONSERVAÇÃO – NHAU
Professora responsável: Giselle Carvalho Leal, Arq. Urb. Me.
Em 2020, quando as aulas presenciais foram interrompidas em função da pandemia de COVID-19, a professora Giselle Carvalho Leal, responsável pelo NHAU – Núcleo de História, Teoria e Conservação, idealizou um evento que ocorreria de forma remota e tinha como objetivo trazer aos discentes e docentes, conteúdos de qualidade voltados às áreas de arquitetura e urbanismo. Nasceu assim o ARCH Talks . Foram realizadas 9 edições entre abril de 2020 e junho de 2021, com convi dados de diversas áreas, contando com a participação de professores do curso de arquitetura e convidados externos. Os eventos ocorreram através da plataforma Blackboard e foram ótimas oportunidades de trocas de conhecimento e interação durante o período de isolamento social. Abaixo a sequência dos eventos ocorridos:
Prof. Eduardo
Profa.
Prof.
Arq.
Prof.
Profs. Ana Paula Jeffe, Márcia Loch e Rafael Campos
Prof. Rudinei Scaranto Dazzi
Prof. Rafael A. Campos
Prof. Diego Tavares Scopel
PSICOLOGIA
ARTE
O
ARCH
Baptista Lopes CONCURSOS E TAL
Marina Otte TENDÊNCIAS: SIM OU NÃO?
Leandro Gilioli ESCANEAMENTO 3D LIDAR E MEMÓRIA VIRTUAL
e Urb. Jaqueline Andrade CAU NAS ESCOLAS: DO ESTUDANTE AO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA E URBANISMO
Timóteo Schroeder ARQUITETO E URBANISTA: PROFISSÃO, PRAZER E TERAPIA
AMBIENTAL E O NOVO OLHAR SOBRE O ESPAÇO DO HABITAT EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL
E ARQUITETURA: O RESGATE DA ARQUITETURA EM AQUARELA
ESPAÇOS PÚBLICOS E ATRAVESSAMENTOS ÉTNICO RACIAIS EM FLORIANÓPOLIS
CINEMA COMO FERRAMENTA NO PROCESSO CRIATIVO DA ARQUITETURA Posts divulgados no Instagram EXPEDIENTE ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI44 VIDA ACADÊMICA
PROJETOS DE EXTENSÃO, LABORATÓRIOS E GRUPOS DE PESQUISAS UNIVALI
Viver a universidade não é apenas ir nas aulas, fazer trabalhos, amigos e interagir de forma passiva com o conhecimento. Fazer um curso universitário envolve não apenas ensino, mas pesquisa e extensão. Este tripé é fundamental e as atividades que o curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali dispõem dentro desta gama de tarefas é extensa. A fim de esclarecer as diversas oportunidades de aprender de forma ativa, dentro e fora da comunidade acadêmica, a revista Arhké na edição #5 apresenta alguns de seus laboratórios, grupos de pesquisa e projetos de extensão, convidando a comunidade acadêmica a fazer parte destas atividades.
LABORATÓRIOS
O curso tem ao todo 9 laboratórios que oferecem atividades complementares e exercem com mais propriedade as atividades de pesquisa, juntamente com as de ensino e extensão. Dentre os laboratórios temos o LACA, LAPA, LAEG, LABGEO, LAMMO, LAMCO, LATEC, LAREH e o LABDES. Vamos conhecer um pouco mais o LAMCO, LACA e LAPA. Os professores responsáveis por estes laboratórios relataram algumas de suas atividades e objetivos.
LABORATÓRIO DE MATERIAIS E TÉCNICAS
CONSTRUTIVAS - LAMCO
Prof. Coordenadora Eng. Me. Ana Carolina Reis Lozovey,
As atividades de ensino do Laboratório de Materiais e Técnicas Construtivas (LAMCO) envolvem assessoramentos de alunos das disciplinas do eixo de Sistemas Estruturais, exemplos de uso e aplicação de conteúdos programáticos com auxílio de kit mola. Os alunos do Trabalho Final de Graduação (TFG) são orientados quanto à escolha do sistema construtivo mais ade quado para o projeto, ao lançamento e pré-dimensionamentos dos elementos estruturais (Figura 1).
Um enfoque das atividades de pesquisa é o estudo de carrega mentos e variação dos vãos para determinação de altura das vigas, comparações dos resultados, suas interferências no projeto
arquitetônico, avaliação da área construída que a edificação irá ganhar com a redução dos elementos construtivos e o ganho de pé direito, além de pré-dimensionamento (Figura 2) e suas relações com o espaço edificado. Como atividade de extensão é feita uma Ação Escola, visita em escola da região para demonstração do uso do kit mola, onde os alunos assistem ao material elaborado e realizam montagem de cada demonstração.
“A experiência como monitor do Laboratório de Materiais e Técnicas construtivas (LAMCO) foi fundamental na minha formação especialmente como alternativa aos estágios de mercado. Ali pude aprender na prática das assessorias e atividades entre alunos e professores do laboratório a im portância do saber técnico-científico e a arte de passá-lo adiante, coisas que muito me inspiram a seguir uma carreira na docência acadêmica.” Rian Cássio Martins Maciel Silva, (relato do bolsista do LAMCO 2019 e aluno no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali de Balneário Camboriú).
Márcia do Valle Pereira Loch - Prof. Dra. Arq. Urb.
Figura 1 Figura 2 ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 45
LABORATÓRIO DE CONFORTO
AMBIENTAL - LACA
Prof. Coordenador Arq. Urb. Dr. Rafael Prado Cartana.
O LACA - Laboratório de Conforto Ambiental, de senvolve atividades aplicadas às áreas de Conforto Ambiental e Eficiência Energética no ambiente cons truído. Desenvolve atividades vinculadas aos Cursos de Arquitetura e Urbanismo, e Design de Interiores da Univali nos Campi de Balneário Camboriú e Florianópolis.
Em relação à importância desta área de estudo, ob serva-se que quanto mais confortáveis e adequados às condicionantes climáticas forem os espaços de ocupação humana, menor será sua solicitação de sistemas artificiais de climatização e iluminação. Este é um tema vital às discussões da arquitetura contemporânea e futura, em um panorama de sus tentabilidade ambiental.
O LACA desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando divulgar e produzir conhecimento na área de conforto ambiental, através da realização de experimentos, desenvolvimento de equipamentos e materiais didáticos, produção de pesquisas, palestras, entre outras atividades voltadas para a comunidade acadêmica da Univali e a sociedade em geral.
"(...) Acredito que a experiência de laboratório é uma oportunidade única, e que os aprendizados que recebi nesse tempo no LACA eu dificilmente teria tido acesso em um estágio fora da universidade. Além de aprender técnicas de conforto aplicadas a arquitetura, uma experiência que eu valorizo muito no dia a dia do laboratório também é o fato de aprender a atender pessoas, e de poder passar um pouquinho do que aprendi para os alunos que estão entrando na faculdade. Considero que Conforto Ambiental deveria ser uma matéria mais explorada nos projetos de arquitetura e que estamos nos encaminhando para um futuro em que sustentabilidade ambiental jamais poderá ser desvencilhada de um projeto, reforçando mais ainda a importância desta matéria.” Thainá Bennemann (monitora do LACA 2020 e aluna no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali de Balneário Camboriú).
"Acredito que na vida acadêmica, muitos universitários procuram estender seus conhecimentos na área de sua formação. Para mim, foi de muito valor tornar-me monitora e participar de projetos de extensão, onde pude ter contato com alunos e o campo da pesquisa acadêmica em que pude expandir minha visão para tendências e trocas de conhecimento. Com a comunidade local tive a oportunidade de repassar o que foi aprendido com os professores e meus orientadores sobre a importância do meu curso como profissão e na vivência das famílias e o impacto positivo que pode trazer para elas. Como o nome diz, um projeto de extensão procura estender a vivência acadêmica para o nicho da sociedade, apli cando e praticando aquilo ao qual dedicamos nosso tempo e diligência.” Judy Meurer Carvalho (monitora do LACA 2020 e aluna no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali de Balneário Camboriú).
Aulas práticas de Conforto Ambiental utilizando o LACA e espaços abertos do Campus BC (Prof. João Luiz Pacheco).
Projeto Brises “Origami”, desenvolvido no LACA do Campus Florianópolis. (Prof. Rafael Cartana).
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LABORATÓRIO DE PAISAGISMO - LAPA
Prof. Coordenador Arq. Urb. Me. Timoteo Schroeder.
O Laboratório de Paisagismo Aplicado da Univali (LAPA) tem como objetivo central promover o desenvolvimento integrado das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão na área de paisagem e meio ambiente. São oportuniza das experiências práticas aos alunos e alunas que vão desde a complementação de conteúdos de sala de aula com visitas guiadas a cenários e espaços de identidade importantes da região até visitas a distribuidores de produtos de paisagismo como floriculturas e viveiros urbanos. Anualmente são feitas viagens optativas de estudo a cidade de Curitiba que é reconhecida por sua diversidade de parques urbanos e um planejamento ambiental sistêmico, conceitos estes essenciais à expe rimentação prática do arquiteto em formação.
Além das vivências, experiências práticas de projeto tam bém são conduzidas, como o desenvolvimento recente do projeto de paisagismo dos jardins perimetrais da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes na cidade de Itajaí. Já no campo das pesquisas, os estudos científicos desenvolvidos pelo LaPa têm ênfase nas dinâmicas urbanas e ambientais mais associadas as regiões de interferência e contribuição da Univali como uma Universidade Comunitária, investi gando principalmente as paisagens urbanas costeiras, os rios urbanos, a segregação socioespacial e o direito à cidade.
"Conhecer a cidade, o contexto e as paisagens urbanas, é essencial para um bom exer cício da arquitetura. Fazer parte das oficinas e discussões do Laboratório de Paisagismo da Univali agregou valores e abriu meu olhar para as práticas sustentáveis e saudáveis, levando em consideração os usuários, suas vontades e limitações. O laboratório nos tra duz a leveza, criatividade e literalmente é um respiro em meio às atividades dos densos semestres”. Ana Elisa Mussolino (aluna no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali de Balneário Camboriú).
“O laboratório teve grande importância na minha vida acadêmica como estudante de arquitetura e urbanismo. A oportunidade de ser monitor implicou de forma positiva e permitiu uma extensão das atividades desenvolvidas em sala de aula, traçando uma ponte de conhecimentos e aplicação de atividades práticas tão importantes para a minha preparação para o mercado de trabalho. O desen volvimento das atividades vinculadas ao laboratório referentes ao ensino, pesquisa e extensão na área de paisagem e meio ambiente reflete o interesse do curso em explorar uma área tão importante para a atuação do arquiteto e urbanista, evidenciando um diferencial da grade do Curso da Univali.” Fernando Chaves de Souza (monitor do LaPa de 2018 a 2019, aluno no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali de Balneário Camboriú).
Viagem Estudos para conhecer os Parques Urbanos de Curitiba
1ª Oficina de Kokedamas promovida pelo LaPa durante a Semana Acadêmica de Arquitetura
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 47
PROJETO DE EXTENSÃO ARQUITETURA E CIDADES SAUDÁVEIS
Prof. Coordenadora Arq. Urb. Me. Ana Paula Magalhães Jeffe
Prof. Coordenadora Arq. Urb. Dra. Márcia do Valle Pereira Loch
No ano de 2018, a Secretaria Municipal de Saúde de Balneário Camboriú entrou em contato com o professor Rafael Alves de Campos com a demanda de humanização do Centro de Atendimento Psicossocial, o CAPS II, o que fez surgir o projeto de extensão Arquitetura e Cidades Saudáveis. Desde então, as professoras Ana Paula Magalhães Jeffe e Marcia do Valle Pereira Loch orga nizam atividades de humanização em diver sos equipamentos nas cidades de Balneário Camboriú, Florianópolis e Itajaí. Em 2019, o projeto iniciou as atividades com a Secretaria Municipal de Educação em Balneário Camboriú, trabalhando no Projeto Oficinas e expandiu suas ações para as escolas CEM (Centro de Educação Municipal) Dona Lila na Praia do Estaleiro e o CIEP (Centro Integral de Educação Pública) Rodesindo Pavan no Bairro Vila Real em 2020. O vínculo com a Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) de Florianópolis surgiu no final de 2019 e em 2020 os trabalhos no Centro de Convivência e Fortalecimento de Vinculo (CCFV) da Tapera, que estão em andamento. A demanda foi ampliada para o Centro POP e CRAS da Tapera em 2021.
As ações buscam a qualificação espacial e o fortalecimento dos vínculos entre os usuários e equipamentos por meio da interação entre universidade e comunidade, fomentando um diálogo construtivo, respeitando e pro movendo a interculturalidade, articulando tais processos nas práticas de Extensão, Ensino e Pesquisa. A metodologia empre gada é a Avaliação Pós-Ocupação (APO), que estrutura as demandas e organiza as ações nos equipamentos como questioná rios, checklists, avaliações de acessibilidade e passeios acompanhados. Tais ações en fatizam a participação da comunidade na
Ações extensionistas do projeto Arquitetura e Cidades Saudáveis – 2018 a 2020.
Fonte: Professoras coordenadoras
"Minha participação no projeto de extensão 'Arquitetura e Cidades Saudáveis' é de suma importância para entender como a arquitetura funciona na prática e em como interfere no entorno e na vida de quem usufrui do seu espaço.
Durante nossas práticas podemos identificar como, por exemplo, os locais devem ser acessíveis, não apenas com banheiros adaptados, mas em tudo que a palavra 'acessível' engloba. A extensão é um olhar significativo e sensível sobre a prática profissional e o que significa ser arquiteto na sociedade."
Vilmary Regis Floriano (bolsista em 2019-2 e 2020 e aluna no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali de Balneário Camboriú).
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI48 ARKHÉ NEWS | VIDA ACADÊMICA
requalificação espacial, a fim de criar vínculos afetivos com o ambiente, fortalecendo o sentimento de pertencimento e apropriação do espaço pelos usuários. Os impactos e resultados serão mensurados quali e quantitativamente por metodologias adequadas a cada demanda específica, como observações, questionários e passeios acompanhados.
Nosso projeto conta não só com professores, mas com um grupo maravilhosos de alunos que nos acompanham ao longo destes anos de trabalho. Agradecemos a todos eles. Aos acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo bolsistas em 2018/2019, Maria
Eduarda Donatto Sessegolo, Rodrigo Dal Molin e Raryana Fernanda Ribeiro; Bolsistas 2020, Blenda, Bruna e Vilmary Regis Floriano; Bolsista voluntários, Ana Elisa Mussolino, Julia Duarte Homem, Julia Perin Pellizzaro (formada em 2019-2) e Mateus Dacoregio. Da mesma forma vários projetos e professores nos ajudaram a crescer e desenvolver ações mais fortes como: Lucéli Oliveira de Almeida, Carlos Eduardo de Borba (Duda), Janaína Nones da Silveira; além dos projetos de extensão com Criativa Idade, Plante Saúde e Meu Amigo Capaz, com os quais temos parcerias incríveis.
"Cursar um curso como Arquitetura e Urbanismo é desafiador, normalmente trabalhamos muito no âmbito teórico e não transpomos nossas ideias e projetos à prática. Há três anos, quando entrei para o projeto de extensão, percebi o meu conhecimento, assim como dos meus colegas sublimarem à realidade. Percebo que é este o grande ganho da extensão: demonstrar como nossas boas intenções enquanto arquitetos e urbanistas - estudantes ou graduados - alteram e melhoram as dinâmicas cotidianas, independente da escala. Além da prática projetual, é também engrandecedor compartilhar a vivência além da sala de aula partilhando de etapas de pesquisa, levantamento, projeto e, por fim, com sorte, execução com outros alunos e professores. Durante os dois anos em que voluntariei no programa de extensão é que realmente entendi os caminhos sociais, justos e coletivos que a arquitetura e o urbanismo se propõe a trilhar. Segue sendo um prazer ter feito parte desse projeto e definitivamente ajudou a moldar minha atuação em todos os âmbitos." Julia Perin Pellizzaro (bolsista voluntária de 2018-2 a 2019-2, graduada em 2019.2 no curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali de Balneário Camboriú).
Ações extensionistas do projeto Arquitetura e Cidades Saudáveis no CAPS II em Balneário Camboriú – 2018 a 2019. Fonte: Professoras coordenadoras.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 49
Além dos projetos de extensão, o conhecimento adquirido dentro da universidade também pode ser repassado à sociedade por meio do ETAU, uma forma dos acadêmicos entenderem como funciona a prestação de serviço de Arquitetura e Urbanismo ainda dentro da universidade. O ETAU está presente em ambos os campi onde o curso atua, Florianópolis e Balneário Camboriú. O professor coordenador do ETAU de Balneário Camboriú ex plica como as atividades prestadas por este espaço funcionam.
ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ARQUITETURA
E URBANISMO - ETAU
Prof. Coordenador Arq. Urb. Me. Marcelo Galafassi.
O Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo (ETAU) de senvolve projetos e serviços de Arquitetura e Urbanismo com participação dos alunos e supervisão de professores do curso. Proporciona aos alunos que participem efetivamente da vida de um escritório de arquitetura e possam desenvolver as habilidades e conhecimentos adquiridos durante a graduação.
O laboratório presta serviços à Comunidade em Instituições de cunho social ou ligadas ao serviço público e coletivo, além de projetos e serviços para a universidade. Projetos arquitetônicos, urbanísticos e de interiores são elaborados e executados com a efetiva participação dos alunos. A prática aliada com o ensino é o motor que faz com que o ETAU seja referência no processo de ensino-aprendizagem do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali.
Entrega do projeto arquitetônico de reforma e ampliação da Delegacia de Proteção à Criança, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) em Balneário Camboriú.
Entrega do projeto de adequação do sistema de proteção contra incêndio da Escola Municipal Armando César Ghislandi, para o Corpo de Bombeiros do Município de Balneário Camboriú.
"Ter a oportunidade de estagiar no ETAU me proporcionou conhecer novas áreas dentro da arquitetura, trocar conhecimentos e expe riências com os professores e estagiários do laboratório, bem como ter maior contato com os professores e alunos de outros períodos. Pude ter um grande aprimoramento em programas computacionais e no desenvolvimento de atividades extracurriculares. A experiência possibilitou que eu pudesse compreender e trabalhar muito melhor também no desenvolvimento de projetos em equipamentos institu cionais e projeto de interiores”. Rafaela Bolomini Ramos (estagiária de 2019-2020 e aluna do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali Balneário Camboriú).
GRUPOS DE PESQUISA
GRUPO DE PESQUISA: TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E
URBANISMO - Diva de Melo Rossini, Dra. (Líder)| Alessandra Devitte, Msc. | Giselle Carvalho Leal, Msc. | Rudinei Carlos Scaranto Dazzi, Dra. | Cecília Maria Serra Garcia, Esp. | Timoteo Schroeder, Msc. | Professora responsável pelo texto Arquiteta e Urbanista Alessandra Devitte, Me.
Dentre as atividades do grupo de pesquisa Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo está o desenvolvimento de pesquisas de iniciação científica sobre o patrimônio italiano edificado na cidade de Nova Trento (SC), que
Aquarela realizada por Rudi Scaranto Dazzi sobre uma das obras registradas no livro.
EXPEDIENTE ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI50 VIDA ACADÊMICA
além de publicação de artigo, resultou ainda na produção do livro “Nova Trento em traços e cores”, que traz uma pequena amostra da cultura italiana local retratada através de uma série de aquarelas repletas de poética, luz e sombra que acabam por resgatar a história e auxiliam no reconhecimento dos indivíduos, objetos e técnicas que formaram a identidade de nosso querido povo catarinense, contribuindo com o direito à memória que todos temos.
Tem como linha de investigação a valorização do patrimônio histórico de nossa região. Dentre as pesquisas desenvolvidas está o estudo acerca da proposta de preservação e intervenção urbana na cidade de Itajaí, através de análise do Museu Histórico e da praça Arno Bauer, publicado e apresentado no XII Seminário Internacional de Investigação em Urbanismo, edição São Paulo/ Lisboa. Outra pesquisa propôs discutir a preservação do Marambaia Cassino Hotel & Convenções na paisagem de Balneário Camboriú, no sentido de promover a discussão sobre o patrimônio cultural em território urbanizado. Vinculada ao programa de iniciação científica Art. 170, a pesquisa intitulada “Inventário artístico: proposta de roteiro cultural virtual para a orla de Balneário Camboriú”, pretende mapear as obras artísticas incorporadas aos edifícios localizados na orla da praia central de Balneário Camboriú e, através do uso da tecnologia QR Code, criar uma proposta de roteiro cultural autoguiado.
GRUPO DE PESQUISA: SUSTENTABILIDADE, TECNOLOGIA E CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO - STCAC
Prof. Arq. Urb. Dr. Rafael Prado Cartana (responsável), Prof. Arq. Urb. Dra. Cecília Ogliari Schaefer, Prof. Arq. Urb. Me Carolina Rocha Carvalho, Prof. Arq. Urb. Me. Marcelo Galafassi, Prof. Arq. Urb. Dra. Janaina Nones da Silveira,
Estruturado em 2018 e registrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico MCTI), o STCAC – Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade, Tecnologia e Conforto no Ambiente Construído, visa a produção e divulgação de conhecimento científico aplicado em Arquitetura e Urbanismo. Tendo publicações nacionais e internacionais em eventos e periódicos.
Como principais atividades, o Grupo STCAC desenvolve pesquisas científicas nas áreas de Conforto Ambiental, Tecnologia da Construção e Sustentabilidade no Ambiente Construído, envolvendo os alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, na realização de experimentos, simulações computacionais, geração de dados e análises. Posteriormente se convertendo em publicações científicas que se integram e subsidiam os conhecimentos compartilhados nas salas de aula da Univali.
"Para mim, participar de uma pesquisa durante a graduação me faz adquirir conhecimentos aprofundados acerca de assuntos diferencia dos que vão além daqueles apresentados em sala de aula, mas que são de suma importância na criação de repertório e até mesmo de en tendimento das dinâmicas sociais. Além disso, no meu caso, também é possível desenvolver ferramentas de aplicação e interatividade do tema com a sociedade da minha região, algo que considero muito importante, pois permite que o conhecimento gerado vá para além da academia. Por fim, os projetos de pesquisa se apresentam como oportunidades de outras áreas de atuação, como pesquisa e docência, também podendo servir como base para o de senvolvimento de um TFG." Beatriz Corazza (bolsista 2020 e aluna no curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali de Balneário Camboriú).
"Tendo em vista minha experiência pessoal, a inserção dos projetos de extensão e de pesquisa são de grande importância para encontrar novos horizontes e novos desafios, incluindo a qualificação para a cidadania e formação voltada para a responsabilidade social. Estabelecer uma comunicação ao interagir com professores e alunos de outros cursos - bem como com a comunidade em geral – concretiza uma troca de saberes, que gera mudanças e aprendizados positivos Um modo de ver e intervir através de ações.” Débora Bernez (bolsista do Programa de Bolsas do Artigo 170 2020, aluna do curso de Design de Interiores da Univali de Balneário Camboriú).
imagem 1: Simulação computacional de análise de incidência da radiação solar admitida (CARTANA; LOCH, 2019). Imagem 2: Modelagem paramétrica de um elemento de controle solar e simulação computacional de admissão e distribuição de iluminação natural (DOMINGOS; CARTANA, 2018).
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Arte sobre maquete do arquiteto Oscar Gonzalez Moix
ENTREVISTA & OPINIÃO
O ESPAÇO DO PORVIR
Novos rumos para a produção da Arquitetura e do Urbanismo
por Oscar Gonzalez Moix - Prof. Arq. Urb. Argentino Entrevistado por Prof. Guilherme Guimarães Llantada. Contribuições do Prof. Carlos Alberto Barbosa de Souza, Prof. Lisete Terezinha Assen de Oliveira e Prof. Stavros Wrobel Abib. Tradução por Univali Idiomas.
Oscar Gonzalez Moix nasceu em Buenos Aires, Argentina e formou-se arquiteto na Universidade de Buenos Aires (UBA), Faculdade de Arquitetura, Design e Urbanismo. Em 1998 fundou seu estúdio de arquitetura em Buenos Aires, em 2002 decidiu instalar seu escritório principal em Lima, resolvendo uma grande variedade de programas e escalas.
A sua preocupação pela experimentação material, ligada à reinterpre tação contemporânea da arquitetura do lugar, resultando em novos modelos, bem como o seu profundo conhecimento da construção, definem uma arquitetura que combina tradição moderna e inovação contemporânea, simples, contundente, sensível. o meio ambiente e amigável com aqueles que o habitam. Participa do mundo acadêmico, como professor titular das oficinas VI e X, na Universidade Peruana de Ciências Aplicadas, UPC, em Lima, que fecha o círculo de paixão e interesse pela arquitetura.
Seu trabalho tem sido divulgado em vários meios de comunicação nacionais e internacionais e tem participado de várias conferências e Bienais de Arquitetura na América Latina, com destaque para os treze prêmios concedidos pelo Colégio de Arquitetos do Peru e sua excelente apresentação na Bienal Internacional de Buenos Aires 2015, onde recebeu o Prêmio para a Geração Jovem Argentina no Exterior.
Em 2012 participou da Bienal de Veneza, representando o Peru em um grupo de 20 escritórios na exposição "Yucun", habitando o de serto, e em outubro de 2017, ganhou o Prêmio de Melhor Exposição na Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, com sua exposição Arquitectura es Cultura. O Projeto Plaza Cultural recebe o primeiro prêmio da Bienal Internacional Argentina 2018, na ca tegoria Paisagem e Cidade, e recentemente foi finalista e indicado ao Prêmio Oscar Niemeyer de arquitetura latino-americana 2018.
"SE ESSA COMPLEXIDADE FANTÁSTICA FOR TRATADA ADEQUADAMENTE, TEREMOS UMA SOCIEDADE MELHOR E, A PARTIR DELA, UMA ARQUITETURA MELHOR." ENTREVISTA 54 ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI
FILOSOFIA
Entendemos que para delinear o que é habi tável e dar respostas concretas aos proble mas e necessidades de nossas cidades em um mundo globalizado, devemos aprender, através de um olhar aberto e educado, a compreender o lugar, sua movimentação, suas pessoas e suas cultura. Um olhar que nos permite aguçar a nossa percepção das diferentes realidades em que cada um dos nossos projetos se insere, entendendo que planeamos à luz da nossa própria consciên cia, que se esforça por reconhecer sempre o potencial que as particularidades e dife renças têm em este mundo contemporâneo.
O Peru e sua Cultura, nos permitiu entrar em contato com objetos reais, encontrar a matéria-prima que mais tarde se reflete em nosso imaginário construtivo e criativo. Sentir a nobreza da pedra, a atemporalidade da parede de adobe, o calor da madeira aliado ao artesanato do artesão peruano, sem dú vida estabelece um diálogo cuja mensagem final tem grande potencial estético.
A particularidade dos lugares, das suas gen tes, da sua cultura, do leque de materiais que estão disponíveis e que fazem parte da rica diversidade dos nossos povos, são recupera dos e introduzidos no nosso trabalho numa chave contemporânea, entendendo que o seu potencial único e verdadeiro reside numa visão de futuro que entende que esta com plexidade só pode ser amalgamada tendo também em conta o mundo global.
Através deste processo exploratório, que resolve e encontra a solução adequada para cada projeto à medida que se entende a sua singularidade, é que desafiamos esses valores, reativando mais uma vez o direito ao gozo dos sentidos. Uma busca expansiva e expressiva que privilegia a aliança entre arquitetura, criação, engenharia, ciência, arte e cultura.
SOBRE O TEMA DESTA EDIÇÃO E NOSSAS INQUIETAÇÕES...
Texto orientador Conselho Editorial
Porvir, o futuro. Qual o futuro da arquitetura e do urbanismo? Nesta edição da revista Arkhé voltamos nosso olhar para uma inquietação que, de modo recorrente, retorna ao horizonte do pensar, do sentir e da prática da arquitetura e do urbanismo, voltamos nosso olhar para as implicações do sentimento de futuros-presentes na produção da arquitetura e do urbanismo contemporâneos.
Esta edição da revista Arkhé pretende direcionar o olhar para as novas relações e fronteiras que estão se construindo no nosso campo de conhecimento, convidando nosso corpo acadêmico a refletir sobre a busca da inovação na produção e prática arquite tônica. A palavra-chave é inovação, provocamos a todas e todos a explorar respostas criativas que atendam as rápidas e constantes mudanças que apontam para uma civilização global, interconectada e interativa. Neste contexto, há profundas transformações nas formas de viver e se apropriar dos espaços, sejam construídos ou não – o que implica em novas formas de ver, sentir e se relacionar com novas abordagens sociais, culturais, tecnológicas, econômicas, entre outras, de cada grupo ou lugar.
A pergunta que configura o tema central da revista é: Qual será a resposta da arquitetura e do urbanismo para criar espaços que entendam e atendam essas novas demandas?
Em síntese, a temática procura respostas inovadoras, susten táveis e conceituais, que respeitem as diversidades e contextos socioeconômicos, em busca de uma arquitetura mais humana, democrática e inclusiva onde os limites entre pessoas, espaços e natureza possam ser diluídos.
Arquiteto e Urbanista Oscar Gonzalez Moix em atividade no seu escritório.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 55
ARKHÉ: A utopia foi poderoso motor para evolução do pensar e do fazer em arquitetura e urbanismo. Da cidade ideal concebida por Platão, passando pelas Bucólicas de Virgílio e a Utopia de Thomas More, até mais recentemente com as distopias trazidas pela ficção científica e os atuais ambiente dos jogos virtuais percebemos o sonhar como um traço comum do Homo Sapiens. As utopias têm sido fundamentais para pensar o porvir, uma espécie de sonho coletivo. Contudo, com Arendt e seus desdobramentos no contemporâneo, percebemos o advento de uma sociedade humana calcada no ‘fazer’. Neste movimento de sobreposição da técnica sobre o pensar, ou com o Homo Faber substituindo o Homo Sapiens, em sociedade calcada na tecnociência, pergunto: há espaço para a utopia na arquitetura do porvir? Ou estaríamos fadados a seguir a esteira da tecnociência?
MOIX: A ilusão como conceito do que será melhor, é uma obriga ção ética por parte do arquiteto, isso contra o entendimento da ilusão como uma situação não alcançada... aquela que encontra no passado a resposta ao pouco compromisso assumimos... Desta forma (sutil) entender as duas vertentes da utopia são fundamentais. Reduzir nossas possibilidades de desenvolvimento à tecnociência significa perder o fundamento último da prática da arquitetura.
La ilusión como concepto de aquello que será mejor, es una obli gación ética por parte del arquitecto, esto frente al entendimiento de la ilusión como situación no alcanzada. La que encuentra en el pasado la respuesta al poco compromiso que asumimo. Está manera (sutil) de entender las dos derivas de la utopía son fundamentales. Reducir nuestras posibilidades de desarrolla a la tecnociencia, significa perder el fundamento último de la práctica de la arquitectura.
ARKHÉ: Nessa dicotomia entre o pensar e o fazer, estamos diante de evidentes avanços tecnológicos nos processos de projetos, metodologias construtivas e ofertas constantes de produtos inovadores. O que está por vir na forma de pensar a arquitetura a partir dessas transformações e inovações já vivenciadas?
MOIX: A realidade não pode ser vista como uma dicotomia, mas como uma condição complexa sem possibilidade real de síntese. Certamente, se essa complexidade fantástica for tratada adequadamente, teremos uma sociedade melhor e, a partir dela, uma arquitetura melhor.
La realidad no puede ser vista como una dicotomía sino como una condición compleja y sin posibilidad real de síntesis. Seguramente, sí se hace frente de manera adecuada a esa fantástica com plejidad, tendremos una mejor sociedad y de ella una mejor arquitectura.
ARKHÉ: Quando falamos em futuro e simulamos imagens que o representem, as tecnologias estão sempre presentes. Elas seriam o “DNA” dessa “nova escola”, elas marcarão inevitavelmente uma nova fase da arquitetura? Internet das coisas, fechaduras de reconhecimento, equipamentos automatizados (elevadores, geladeiras, banheiras etc.), os espaços físicos estarão obrigato riamente relacionados as demandas do mundo digital? Seriam os edifícios “inteligentes” e a domótica, um caminho irreversível?
MOIX: Os edifícios tornam-se mais “acessíveis”, mas isso não os torna mais inteligentes. A automação residencial fará parte de nossas vidas sem que isso implique uma mudança radical para elas. No entanto, hoje reivindica-se o analógico e uma melhor compreensão do nosso ambiente sem que isso implique o uso do tecnologicamente avançado... o tecnologicamente relevante
Legenda
ENTREVISTA 56 ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI
é um conceito mais interessante.
Los edificios se hace más “accesibles”, pero eso no los hace más inteligentes. La domótica formara parte de nuestras vidas sin que esto suponga un cambio radical a ellas. No obstante, hoy existe una reivindicación a lo analógico y al mejor entendimiento de nuestro medio sin que ello suponga el uso de lo tecnológicamente avanzado. Lo tecnológicamente pertinente es un concepto más interesante.
ARKHÉ: No processo de concepção arquitetônica estamos cada vez mais ligados ao Design Generativo (DG) e Arquitetura paramétrica (AP), utilizando softwares e programações que permitem gerar desenhos altamente complexos, integrados à própria produção da materialidade pretendida.
Os escritórios estão se dirigindo para esse caminho? A in dústria 4.0 está se preparando para essa revolução? Esta arquitetura representa a sociedade no seu tempo histórico ou está a estimular a transformação dessa nova geração?
MOIX: Em algum momento esse pode ser o caso... Greg Lynn ou o grupo NOX lideraram esses interesses, para citar algumas das equipes de projeto mais interessantes. Hoje vemos quão pouco eles construíram e quão pouco interesse esses edifícios geraram. O papel do computador e as ferramentas que ele nos oferece são fascinantes se entendermos seu papel de instrumento e não de centro de atenção.
En algún momento esto podía ser así. Greg Lynn o el grupo NOX, lideraban estos intereses, por citar a un par de los equipos de proyectos más interesantes. Hoy vemos lo poco que han construido y el poco interés que estos edificios han generado. El papel del ordenador y las herramientas que nos ofrece, son fascinantes si se entiende su rol de instrumento y no como centro de atención.
ARKHÉ: Em relação à rotina dos escritórios de arquitetura, o espaço de trabalho, a mobilidade corporativa, trabalhos remotos, arquivos em nuvens, cruzamento de dados, colaboração entre empresas e profissionais... Como você percebe essa evolução hoje e como vê o futuro desse ambiente de trabalho do arquiteto do futuro?
MOIX: Este parece ser o espaço que as novas mídias oferecem à arquitetura, a quebra de limites físicos pode, se bem direcio nada, levar a uma compreensão mais rigorosa do nosso ofício.
Este parece ser el espacio que los nuevos medios ofrecen a la arquitectura, el quiebre de los límites físicos, puede sí se dirige bien, llevar a entender nuestro oficio más rigurosamente.
Plaza Cultural ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 57
ARKHÉ: Além das questões formais essas novas tecnologias também estão a transformar a forma de produção e representação dos projetos, com ima gens e animações altamente realistas e interativas. O mercado imobiliário, assim como o de “games”, cada vez mais tende a oferecer uma experiência virtual através de simulações desses ambientes, gerando interatividades com o usuário. De que forma os arquitetos podem contribuir nesse novo processo de mercado de representação?
MOIX: A representação digital passou por muitas mudanças, hoje as imagens que os arquitetos fazem aproximam a so ciedade de ver a possibilidade de algo... desta intenção. A arquitetura vai a uma velocidade diferente e os processos de representação são inicialmente assimila dos por outros sistemas como "jogos" ou arte digital, antes de demonstrar o real potencial que eles têm para nós.
La representación digital ha sufrido muchos cambios, hoy las imágenes que los arquitectos realizan aproximan a la sociedad a ver la posibilidad de algo… pero también a detenerse en aquellos detalles que son importantes en la lectura del proyecto, las llamadas imágenes post -digitales forman parte de esta intención.
La arquitectura va a una velocidad distinta y los procesos de representación son ini cialmente asimilados por otros sistemas como el de los “games” o el del arte digital, antes de demostrar el real potencial que tienen para nosotros.
ARKHÉ: Gerando um contraponto dessa corrente futurista tecnológica, ou pa ralelamente a ela, a sustentabilidade é mais que uma tendência, hoje uma rea lidade e uma necessidade urgente para as próximas gerações. Na arquitetura temos as questões de infraestrutura, processos construtivos, energia embutida durante a obra, consumo energé tico, materiais e desempenhos, além da reutilização e reciclagem de materiais. Nesse universo o que está por vir? Qual a pista mais evidente?
MOIX: A de entender que somos grande parte do problema, a emissão de CO2 no processo de desenvolvimento de uma edificação é extremamente alta e muito difícil de reverter. Os edifícios têm de ser pensados de uma forma diferente, nos seus processos e na utilização do material que os compõe, no entanto, isso não faz muito sentido se a cidade não for vista com a mesma racionalidade. Pensar no planejamento urbano ecológico é outra das responsabilidades que temos hoje.
La de entender que formamos gran parte del problema, la emisión de CO2 en el proceso de desarrollo de un edificio es sumamente alta y de muy difícil reversibili dad. Los edificios se tienen que pensar de otra manera, en sus proceso y en el uso de la materia que los compone, sin embargo, eso no tiene real sentido sí la ciudad no es vista con esa misma racionalidad. Pensar en urbanismo ecológico es otra de las responsabilidades ue tenemos hoy.
Edíficio Las Dalias.
Oficinas Zentro
ENTREVISTA ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI58
ARKHÉ: Outra questão é a revitalização das edificações histó ricas que contribuem de certa forma com a sustentabilidade, onde os projetos mantém estruturas e formas externas contextualizadas e criam ambientes internos contemporâneos e revitalizados, muito mais tecnológicos, gerando a sensação de fusão entre o novo e o antigo. É um caminho para o futuro ou uma solução da própria necessidade de reinvenção das grandes metrópoles na sua visão?
MOIX: Desde que isso implique a revalorização das sociedades que compõem os centros e não uma gentrificação que os trans forme em espaços desprovidos de vida urbana diversa e múltipla.
Mientras esto implique la revalorización de las sociedades que componen los centros y no una gentrificación que los convierta en espacios carentes de vida urbana diversa y múltiple.
ARKHÉ: Inevitavelmente temos que tratar de questões da “Qualidade de vida” dos grandes centros urbanos: saúde pú blica, crescimento populacional, expansão urbana, mobilidade, gentrificação, saneamento, poluição etc. Na sua opinião, quais os principais desafios que estão porvir nas aglomerações urbanas?
MOIX: Hoje, vale a pena rever algumas ideias sobre as quais construímos o planejamento urbano de nossas cidades, a pan demia nos mostrou que a densidade e a superlotação são instrumentos fundamentais para a propagação de vírus. A cidade deve responder a estes problemas sem abrir mão das instituições que melhor a representam e que encontram nestes centros urbanos os espaços para o seu desenvolvimento.
Hoy, valdrá la pena que revisemos algunas ideas sobre las que hemos construido el urbanismo de nuestras ciudades, la pande mia, nos ha demostrado que la densidad y el hacinamiento son instrumentos fundamentales para que los virus se propaguen. La ciudad deberá responder a estos problemas sin renunciar a las instituciones que mejor la representan y que encuentran en estos núcleos urbanos los espacios para su desarrollo.
Mandala House
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 59
ARKHÉ: O ensino da arquitetura, neste contexto, tenta acompanhar estas constantes modificações inserindo disciplinas técnicas sobre novas tecnológicas, novos softwares, novas metodologias de trabalho e representação etc. Aparentemente a nova geração de estudantes, carrega em si um desejo mais frenético do imediatismo e de soluções prontas, modelos a serem reproduzidos, talvez fruto das múltiplas ferramentas e amplo acesso a informação nos meios digitais. O próprio tempo de elaboração conceitual parece fragilizado. Na sua opinião, qual serão os grandes desafios no processo de ensino dos arquitetos de hoje para a construção da arquitetura do porvir?
MOIX: O problema reside em juntar duas componentes fundamentais, estruturar o aluno no ofício da construção, uma situação cada vez mais complexa, e por outro lado, fazê-lo compreender que a arquitetura é uma forma de refletir sobre o mundo e a sua complexidade.
El problema radica en hilvanar dos componentes fundamentales, estructurar al estudiante en el oficio de construir, situación cada vez más compleja, y por otro lado, hacerle entender que la arquitectura es una manera de reflexión sobre el mundo y su complejidad.
ARKHÉ: Um momento completamente atípico como o ocasionado pela pandemia do COVID-19 em todas as regiões do planeta, contribui efeti vamente para mudanças de paradigmas na concepção do espaço construído? Os ambientes sofrerão mudanças definitivas? O que podemos aprender com o isolamento social, protocolos e trabalhos remotos? Haverá um antes e depois na arquitetura? Ou seguiremos um retorno a “normalidade”?
MOIX: Considero que nos trouxe de repente, rapidamente, ao quadro de trabalho para resolvermos respostas sobre temas que podíamos visualizar, principalmente o relacionado com o Tempo. Tempo de viagem, tempo de casa. Como vencer o tempo para poder realizar e compartilhar atividades que adiamos com nossas famílias. Essas importantes ações traduziram, sem perceber, como vivemos e nos movimentamos hoje, repensando o modo de viver e adaptando nossas casas para que elas trabalhos como espaços de trabalho, estudo, lazer, casa de família, etc... Uma arquitetura mais dinâmica, evolutiva, sobretudo flexível, incorporando as ativida des mencionadas e como elas se relacionam entre si sem atrapalhar. Há mudanças, já se fazem sentir, o trabalho remoto já está instalado, terá variantes, será um híbrido entre presença e virtualidade... como a arquitectura vai continuar a evoluir, adaptando-se seguramente como todas as mudanças. Não estou preocupado, a arquitetura finalmente sai do desenho, dos esboços (pensamento), desejos, emoções (sentir), todo o resto são ferramentas e momentos circunstanciais que nos permitem (fazer) arquitetura.
Considero que nos trajo de golpe, rapidamente , al tablero de trabajo resolver respuestas sobre temas que podiamos visaulizar, sobre todo la Restaurante Pescados Capitales.
ENTREVISTA ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI60
relacionado al Tiempo. El tiempo de traslado, el tiempo en el hogar. Como ganarle al tiempo para poder realizar y compartir actividades que las habiamos postergado con nuestras fami lias. Esas acciones tan importantes han traladado, sin darnos cuenta, como nos vivimos y nos desplazamos hoy, repensar la forma de vivir y adaptar nuetros hogares para que funcionen como espacios de trabajo, estudio, recreacion, casa familiar, etc. Una arquitectura mas dinamica, evolutiva, sobretodo flexible, incorporando las actividades mencionadas y como se relacionan entre ellas sin estorbarse. Hay cambios, ya se sienten, el trabajo remoto ya esta instalado, tendra variantes, sera un hibrido entre presencialidad y virtualidad. Como seguira evolucionado la arquitectura, seguramente adaptandose como todo cambio. No me preucupa, finalmente la arquitectura sale del dibujo, del croquis (pensar), de los deseos, de las emociones (sentir), todo lo demas son herrmaientas circuntancias y momentos que nos permiten (hacer) arquitectura.
ARKHÉ: De acordo com Zaha Hadid “A Arquitetura não segue ciclos econômicos ou de moda, segue ciclos de inovação ge rados por desenvolvimentos sociais e tecnológicos. A sociedade contemporânea não para e as edificações precisam evoluir com novos padrões de vida para corresponder às novas necessidades”.
Sobre essa sociedade que a arquiteta Zaha se referia, quais seriam as necessidades latentes que já estão expostas que podem indicar os caminhos da arquitetura do porvir? Quais os novos “problemas sociais” que iremos ter que enfrentar nas pranchetas eletrônicas? Como a arquitetura poderá dar sua contribuição nessa sociedade em constante transformação?
MOIX: Primeiro, muito ao que Hadid aponta, fez o oposto. É importante reconhecer que os tempos de transformação são diferentes em Paris e em Harare e, embora geograficamente mais próximos, o mesmo acontece entre Lima e Huancavelica, onde as placas eletrônicas são uma realidade, senão estrangeira, sim distante. A sociedade é um aglomerado de sociedades, todas diversas e com valores diferentes. A contribuição da arquitetura passa por ferramentas disciplinares para reconhecer o grau de relevância que o que se constrói deve ter para o meio ambiente.
Primero, muy a pesar de lo que Hadid señala, hizo completamente lo contrario. Es importante reconocer que los tiempos de transfor mación son distintos en Paris y en Harare y aunque más próximos geográficamente lo mismo sucede entre Lima y Huancavelica, donde los tableros electrónicos son una realidad sino ajena, sí lejana. La sociedad, es un cúmulo de sociedades, todas diversas y con valores distintos. La contribución de la arquitectura pasa por con unas herramientas disciplinares reconocer el grado de pertinencia que lo edificado debe tener para con el medio.
Hotel Quipu Tokapu.
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A ARQUITETURA É HUMANA
Aarquitetura somente existe na humanidade. As tocas, as colmeias, os ninhos (ver figura 1) e os formigueiros são criados a partir do instinto, e não do projeto - apesar de apresentarem uma beleza extraordinária. A humanidade se distingue das outras formas de vida do planeta porque, para nós, o instinto não é suficiente. E isso também se aplica à arquitetura.
Os resultados na arquitetura são duplos. Primeiramente, como os designs originados a partir do instinto, qualquer edifício deverá proteger aqueles que o utilizam - a construção deve resistir à gravidade, proteger contra intempéries, se encaixar no seu espaço e ser passível de ser construída; caso contrário, fracassará em sua diretiva primordial - que é a mesma do formigueiro.
Os edifícios são fundamentais, eles têm uma razão elementar para existir: abrigo. Mas o abrigo transcende a sobrevivência. Como as tocas, os edifícios protegem. Como as colmeias, os edifícios possibilitam o uso para além da proteção. Como as barragens dos castores, os nossos edifícios exercem um impacto intencional no ambiente. Porém, como quase toda ação humana, o valor da arquitetura extrapola esses resultados, e demonstra nossas motivações.
O segundo resultado necessário de qualquer edificação criada pelo ser humano é a estética: os humanos que produzem algo com intencionalidade percebem a arte incorporada na sua criação. Esses resultados vão para além das necessidades supridas por qualquer obra de arquitetura. A distinção entre resultado e motiva ção existe exclusivamente sob o olhar e a mente humana. E da mesma forma que
"THE DEFINITION OF BEAUTY IS THAT DEFINITION IS NONE..."
EMILY DICKINSON, 1865
ARCHITECTURE IS HUMAN
Architecture only exists in huma nity. Burrows, hives, nests (figure 01) and anthills are creations of instinct, not design, despite their exquisite beauty. Humanity is dis tinct from all other life on earth because, for us, instinct is inade quate. So it is with architecture. Outcomes in architecture are twofold. First, like the designs of
instinct, any building must protect those who use it – the construction must resist gravity, shield against weather, fit its site and be builda ble, or it fails at its Prime Directive – which is the same as the anthill.
Buildings are fundamental, they have an elemental of reason to exist - shelter. But shelter does beyond survival. Like the burrow, buildings protect. Like the hive, buildings allow for use beyond pro tection. Like the beaver’s dam, our buildings intentionally impact the
environment. But like almost every human act, the value of architec ture goes beyond those outcomes, and describes our motivations.
The second necessary outcome of any building made by huma nity is aesthetic: humans who intentionally make anything per ceive the art that it embodies. These outcomes are beyond the necessities accommodated by any piece of architecture. The distinction between outcome and motivation exists nowhere but in
"A definição do belo é que não há definição..." - Emily Dickinson, 1865
Por Duo Dickinson Traduzido do texto original em inglês pelo Univali Idiomas
Figura 1
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI62 OPINIÃO
2
qualquer motivação humana, a arquitetura apresenta valores que conflitam entre si. Os resultados da arquitetura, bem como a crítica objetiva aplicada a qualquer edifício que vá para além das realidades primárias da colmeia, ninho ou toca, se tornam mais palpáveis quando os valores e as motivações são desconsiderados
A crítica aos resultados é a forma com a qual racionalizamos as nossas reações com relação a qualquer coisa, inclusive à arquitetura. Porém, ela não é uma forma adequada de com preensão, e não é um entendimento completo de como e porque as coisas são feitas. Nossos valores são tão inerentes quanto sexo, fome ou sono. Mas a validação da necessidade é tão ina dequada quanto o instinto, na justificativa humana. A condição humana necessita de validação, pois ela é a justificativa para os significados que experienciamos. A justificativa de tudo que
não podemos comprovar resulta em fé nos significados da nossa percepção, o que é crucial para se viver para além da sobrevivência (figura 2 e 3).
PERCEPÇÃO BASEADA EM FÉ É UNIVERSAL
Sem o entendimento das motivações propriamente humanas que estão por trás de qualquer coisa construída, nós esque cemos da fé que cada um de nós tem no significado para além do instinto.
Seja para ateístas, budistas, muçulmanos, satanistas, é ne cessário para a humanidade definir e prescrever motivações em tudo que não tenha qualquer resultado de fato para além da nossa percepção. A forma como julgamos a estética não é diferente da forma com que conferimos valores sobre qualquer coisa além da sobrevivência. Sejamos religiosos ou ateístas, a
the human eye and mind. Just like every elemental motivation of the human condition, architecture has conflicting values. The outcomes of architecture, the objective judgment applied to any building beyond the primal realities of the hive, nest or burrow are easiest when motivations, and values, are left unconsidered.
Judging outcomes is the way we rationalize our reactions to anything, including architecture. But that is an inadequate basis
of apprehension, and incomplete understanding of how and why things are made. Our values are as hard-wired as sex, hunger or sleep. But the validity of the ne cessary is as inadequate as instinct in human justification. The human condition demands validation, the justification for the meanings we experience. The justification for anything that we cannot prove makes faith in the meanings our perception crucial to living beyond survival (Figure 02).
FAITH BASED PERCEPTION IS UNIVERSAL
Without understanding the uni quely human motivations behind any built thing, we forget the faith that each of us has in meaning beyond the instinctive.
Whether atheist, Buddhist, Moslem or Satanist, it is neces sary for humanity to define and prescribe motivations in anything that has absolutely no factual outcome beyond our perception.
The way we judge aesthetics is no different than the way we confer values upon anything beyond sur vival. Whether religious or atheist, how we know anything that cannot be proven is fully faith-based. In this century, our knowledge has come to be understood to be mi croscopically small in a world of revealed complexity beyond our understanding.
But the reality of our perception is as undeniable as gravity. Necessity is an inadequate justification for
Figura
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 63
what we value. Music has virtually no outcome other than pleasure. The joy of dance has no benefit. The thrill of seeing beauty, let alone creating it, is without tan gible benefit. I think human ac ceptance of our lack of proof of the validity of our perceptions is unavoidable. And miraculous.
THE LIMITS OF OUTCOME BASED JUDGMENT
Technology has not given humanity reasons for our values, it has only
given us definition of our igno rance. When science leapt into a new era of data manipulation and methods of experimentation, many hoped that the Faith-based God concept would be revealed to be factually incorrect.
The Higgs-Boson particle research was seized upon by popular media as the pivot from Faith to Fact. That piece of the universe was called 'The God Particle”. (Lederman & Teresi, 2006). The results of unprecedented investi gations simply revealed that there
forma como nós temos ciência de tudo que não pode ser provado, se baseia unicamente em fé. Nesse século, nosso conhecimento passou a ser tido como microscópico em um mundo de tamanha complexidade que extrapola a nossa compreensão.
Mas a realidade da nossa percepção é tão inquestionável quanto a gravidade. A necessidade não é uma justificativa adequada para o que nós valorizamos. A música não tem pra ticamente nenhum outro objetivo que não seja o prazer. A felicidade proporcionada pela dança não tem benefício. A emoção de se apreciar a beleza, quem dirá criá-la, não resulta em um benefício alcançável. Eu acredito que aceitar que não somos capazes de comprovar a validade de nossas percepções é inevitável. E é um milagre
OS LIMITES DO JULGAMENTO COM BASE EM RESULTADO
A tecnologia não proporcionou à humanidade explicações sobre os nossos valores; ela simplesmente tornou evidente a nossa ignorância. Quando a ciência mergulhou em uma nova era de manipulação de dados e de métodos de experimentação, muitos esperavam que o conceito de Deus com base na Fé se revelaria comprovadamente incorreto.
A pesquisa sobre o Bóson de Higgs foi incorporada pela mídia como o pivô entre “Fato e Fé”. Essa “parte” do universo foi cha mada de “Partícula de Deus” (LEDERMAN e TERESI, 2006). Os resultados de investigações inéditas revelaram simplesmente que há literalmente um infinito de incógnitas na essência de todos os aspectos do universo. O nível macro desse entendimento da ignorância se revelou na percepção de que mais de 95%
are effectively infinite unknowns in the essence of every aspect of the universe. The macro-level of this understanding of ignorance has come to be fully revealed in the realization that over 95% of the universe that we can perceive is “dark” – either Dark Energy or Dark Matter. (NASA Science, 2021). “Dark” is the simulation of factual definition. "Dark" is a eu phemism for “unknown”. Paralleling the compromised faith in a fact-based motivation, the fact of religion is losing cultural
validity (Pew Research Center, 2019). Before the Renaissance, science and religion were one. In the intervening 500 years what we could perceive and how we could perceive it, exploded. Religion simply had the realities of history and human faith - static morality in a steady state while science was an exploding universe. In this last generation the limits of understan ding are clearer than at any time since the Renaissance.
Architecture has lost the direction of two centuries of drive toward
Figura 3 ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI64 OPINIÃO
do universo que podemos perceber é “escuro” - seja Energia Escura ou Matéria Escura (NASA SCIENCE, 2021). ‘Escuro’ é uma metáfora para a definição de fato. A palavra “escuro” é um eufemismo para ‘incógnito’, desconhecido. Concomitantemente há a fé, comprometida pela motivação de ser comprovada, a verdade da religião está perdendo validade cultural (PEW RESEARCH CENTER, 2019).
Antes da Renascença, a ciência e a religião eram unificadas. Nesses 500 anos, a forma como eram percebidas obliterou-se. A religião sustentava-se nas realidades da História e da fé hu mana - era uma moralidade estática em uma condição estável, enquanto que a ciência existia em um universo em expansão. Nessa última geração, os limites de nossa compreensão estão mais evidentes que em qualquer período desde a época da Renascença.
Também na arquitetura, perdeu-se a direção de dois séculos de impulso rumo à autodefinição. Nessa geração, agora sabemos que não sabemos muita coisa.
A FALTA DE ADEQUAÇÃO DOS RESULTADOS QUANDO AS MOTIVAÇÕES SE TORNAM CRUCIAIS
Nessa percepção de que nós não podemos comprovar as reali dades essenciais de muito do que agora podemos definir para além da observação, faz com que às vezes a motivação e o resultado sejam unificados na condição humana. Isso pôde ser visto nos últimos 200 anos de arquitetura, quando a criação de edifícios se tornou disciplina independente do design na Escola de Belas Artes de Paris.
Essa unidade entre motivação e resultado na arquitetura veio a ser definida como “Estilo”. Além do sentimentalismo vernacular, em culturas e ambientes específicos, a arquitetura, como um sistema de crenças daqueles que projetam edifícios, passou a transmitir motivações que determinam inteiramente os re sultados. Como a religião, a arquitetura passou a determinar dogmas que traem a criatividade objetiva em prol do julgamento baseado em resultados.
O “estilo” dos edifícios que a humanidade cria não é plura lístico. Os resultados da arquitetura podem ser genéricos ou vernaculares, mas em ambos os casos, as culturas, povos e ambientes em particular são ora incorporados nas motivações e resultados dos edifícios produzidos, ora são deixados de lado - demonstrando-se inutilizáveis por falta de alinhamento social ou ambiental. Quando os dogmas intencionais, preconcebidos, eruditos e aplicados de motivação e resultado são construídos, o “estilo” torna-se tão essencial, como uma religião, para se definir a arquitetura.
DOGMA E HERESIA
Por que as motivações da nossa estética nos são tão importantes a ponto de fazer com que a estética dogmática evoluída torne as diferenças entre elas uma heresia, onde a “Verdade” (ou a “Mentira”) na motivação seja absoluta? Acredito que é pelo medo de estarmos “errados”. Estar errado é fatal em uma ‘era da internet’ em que as diferenças são um gatilho para julgamentos quase instantâneos. A validação ou a negativação se tornam profunda mente valorizadas, tanto quanto uma verificação dos fatos que possa identificar somente os resultados, e não as motivações.
self-definition as well. In this ge neration, we now know that we do not know very much.
THE INADEQUACY OF OUTCOMES WHEN MOTIVATIONS BECOME CRUCIAL
In this realization that we cannot factually answer the essential rea lities of much of what we can now define beyond observation, so metimes motivation and outcome are unified in the human condition.
This may be true in the last 200 years of architecture, where the craft of building became the dis tinct discipline of design at the Paris Ecole des Beaux-Arts.
This unity of motivation and out come in architecture has come to be defined as “Style”. Beyond the vernacular sentimentality of specific cultures or environments, architecture as a belief system for those designing buildings has come to convey motivations that fully define outcomes. Like religion, architecture has come to define
orthodoxies that betray objective creativity in favor of outcome-ba sed judgment. The “Style” of the buildings that humanity creates is not pluralistic. The outcomes of architecture can be generic or vernacular, but either way, individual cultures, people, environments are either embodied in the motivations and outcomes of buildings that are made, or they will not be used – rendered unusable by environmental or social misfit. When intentional, preconceived, educated and applied orthodoxies
of motivation and outcome become built, “Style” becomes as essential as religion in defining architecture.
ORTHODOXY & HERESY
Why do we care about the moti vations of our aesthetics to the point that the evolved aesthetic orthodoxies make the differences between them into heresies, where “Truth” (or "Lie") in motivation is ab solute? I think that we are scared of being “wrong”. Being "wrong" is fatal in an internet era that fuels
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 65
Tentar perceber a estética sem entender as motivações e confiar na singularidade dos resultados coloca a arquitetura no mesmo patamar da “Matéria Escura”. Consegue-se perceber os resultados, mas não as motivações. Se 95% do nosso entendimento é baseado em resultados, quando 95% do que nós julgamos passa a ser baseado em motivações, a única forma de interpretação possível é pela fé.
Acredito que seja a hora de saber que nossas motivações são um fato. O que percebemos e sentimos, a forma como reagimos, é tão real quanto os 5% - nossos resultadosque podemos mensurar. Pode ser que nunca venhamos a decifrar o código dos 95% do universo “escuro” de matéria e energia, mas podemos conhecer a nós mesmos. Se nós negarmos nossa humanidade e julgarmos a arquitetura unicamente pelo que é mensurável, ainda que sejamos os únicos criadores do que julgamos, então perderemos a realidade da qual se trata a arquitetura: uma criação humana (Figura 4).
Entendo a necessidade humana de definir a estética como sendo tão essencial quanto a realidade intrínseca da música na nossa perspectiva comum, apesar de ser completamente desnecessária para a nossa sobrevivência. Da mesma forma que necessitamos projetar “A Partícula de Deus” como a chave para acabar com a fé, ao buscar verifica ção de prova de fato, há realidades existentes na nossa humanidade que desafiam a justificativa e a validação matemáticas ou calculáveis que o entendimento acadêmico requer (DICKINSON, 2021).
any differences into near instant judgment. Validation or invalidation has the depth of a fact-check that can only perceive outcomes, not motivations.
Trying to perceive aesthetics without understan ding motivations and relying on the singularity of outcomes puts architecture in the place of the "Dark Matter". We can see outcomes, but cannot know motivations. If 95% of our understanding is based on outcomes, when 95% of what we judge is based on motivations only a faith-based interpretation is possible.
I think it is time to know that our motivations are fact. What we perceive and feel, how we respond is as factual as the 5%, our outcomes, that we can measure. We may never crack the code of the 95% of the "dark" universes of mat ter and energy, but we can know ourselves. If we deny our humanity and judge architecture by the measurables alone, when we are the sole creator of what we judge, then we lose the reality of what architecture is: human creation (figure 03).
I see the human need to define aesthetics as being as essential as the fully embedded reality of music in our common outlook, despite being completely unnecessary to our survival. Just like our need to project “The God Particle” as a key to ending faith by seeking verified proof in fact, there are realities that exist in our humanity that defy the mathematical or calculable validation and justification that academic understanding wants (Dickinson, 2021).
Antes
Depois
Figura
4 ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI66 OPINIÃO
A PERCEPÇÃO DA HUMANIDADE NA ARQUITETURA
Considere as palavras da poetisa Emily Dickinson quase 150 anos atrás:
“A Definição de Beleza é Que definição não é nadaDo Paraíso, o que facilita a Análise, Já que Paraíso e Ele são um só”.
Ao criar mais de mil obras nos últimos 40 anos, há uma grande obsessão pelo não-essencial dentro de mim. Eu literalmente não me importo com o que os outros fazem, porque já é difícil o bastante ouvir a essência dos problemas e oportunidades pre sentes em todas as coisas construídas que eu vejo todos os dias.
Alguns de nós somos afligidos pela beleza. Não a possuindo, a buscamos. Na prática, o que é desejado não é alcançado. Eu tenho essa doença. Na sua ausência, a esperança resulta em desapontamento. Sejam palavras, imagens, um jantar, uma música, ou, até - perdoem-me - edifícios, tentar encontrar a centelha de alegria, que não possui receita, é, muitas vezes, uma depressão autorrealizável.
A humanidade se baseia em propósito e significado: nossas motivações e resultados. Consequentemente, nós nos deprimimos pela necessidade incompreensível de saber o que é a beleza, porque nós exultámos ao percebê-la. Imaginar que a felicidade da beleza é limitada à arte, música ou arquitetura, é um sofisma. A beleza é a trama de que é feita a condição humana, em tudo o que fazemos há beleza (figura 5).
Nossas vidas são transacionais: nós aprendemos, desempenha mos, conquistamos e recebemos os resultados de nossos esforços em algumas coisas. Mas, como todos que têm filhos sabem, as nossas expectativas e esforços não garantem resultados. Na nossa percepção de beleza, nós não ganhamos nada, mas quando estamos com sede, bebemos. Quando estamos exaustos,
dormimos. Quando a humanidade busca valor para além da sobrevivência, inevitavelmente o empenho e a preocupação definem a impossibilidade de uma vida transacional. Mas a felicidade entra em cena. O bom é bom, mas a experiência da felicidade proporcionada pela beleza é tão verdadeira quanto qualquer empenho ou preocupação.
Nossa necessidade de definir a felicidade para além da sensação é o que faz com que o espiritual seja tão obscuro, incoerente, e até perigoso na sua ambiguidade. A falta de um dogma, de uma escritura, de mandamentos no que ser refere à percepção da beleza torna qualquer experiência dela completamente idiossin crática, a menos que possamos ver a universalidade da felicidade definida ou defendida - uma que todos nós experimentamos para além de qualquer benefício passível de ser alcançado.
A religião está em queda livre nos Estados Unidos. A falta de capacidade de se fornecer um registro palpável ou as métricas que comprovem a validade e relevância da beleza é, para mim, parte da razão de que menos que a metade de nós pode admitir ter uma crença religiosa específica que não seja “ser espirituali zado”. As realidades da felicidade para além da sobrevivência são mais facilmente reconhecidas no êxtase de se perceber a beleza capaz de suprimir nossos medos, ou até a nossa dor.
A mais dura realidade é que produzir a sensação de percepção sem uma justificativa é quase um oxímoro. Explicar o inexplicável pode ser impossível. Mas os seres humanos tentam. Eu sei que alguns são indiferentes às palavras de Emily Dickinson. Eu sei que Vermeer não é tão empolgante para outros. Eu sei que a vida nos polui e nos fertiliza a ponto de não conseguirmos perceber a empolgação de outra pessoa em algo, um som, um sabor, um sentimento. Eu nunca vou apreciar ópera, e outras pessoas, que eu amo, acham divino. Eu também abomino peixe cozido. Sem motivos, sem argumentos, sem ofensas às preferências alheias.
THE REALIZATION OF HUMANITY IN ARCHITECTURE
Consider the words of the poet Emily Dickinson almost 150 years ago:
“The Definition of Beauty is That Definition is none — Of Heaven, easing Analysis, Since Heaven and He are one.”
In making over 1,000 things over the last 40 years, the obsession with the inessential is great within me. I literally do not care what others do, because it is hard enough to listen to the gist of the problems and opportunities present in every built thing I look at, every day.
Some of us are afflicted with beauty. Not being in possession of it, we are searching for it. In effort, the desire is unrewarded. I have that disease. If absent, hope unravels into disa ppointment. Whether words, pictures, dinner, a song, or even, forgive me, buildings, trying to
find the spark of joy that has no recipe is often a self-fulfilling depression.
Humanity is based on purpose and meaning: our motivations and outcomes. Consequently, we are depressed over the unanswerable need to know what beauty is because we have been exultant in its perception. To think that the joy of beauty is limited to art, or music or architecture is sophistry. Beauty is in the warp and woof of the human condition, in everything we do (figure 04).
Our lives are transactional: we learn, we
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 67
perform, we achieve, and we re ceive the results of our efforts. In some things. But as anyone who has children knows, motivations to not guarantee outcomes. In our perception of beauty, we earn no thing, but when we are parched, we drink. When we are exhausted, we sleep. When humanity seeks value beyond survival, inevitably drudge and worry define the im possibility of a transactional life. But joy comes in. Nice is nice, but experiencing the joy of beauty is as real as any drudge or worry. Our need to define the joy beyond
sensation is what makes the spiri tual so elusive, incoherent, even dangerous in its ambiguity. The lack of an orthodoxy, scripture, commandments when perceiving beauty make any experience of it completely idiosyncratic, unless we can see the universality of the joy, we all experience beyond any tangible, definable, defendable benefit.
Religion is in free fall in America. The inability to provide the video tape or metrics that prove the vali dity and relevance of beauty is, to me, part of the reason fewer than
half of us can admit to a specific religious belief other than being “spiritual”. The realities of joy beyond survival are easiest confir med in the ecstasies of perceiving beauty that overwhelm our fears, even our pain.
The brutal reality is that making the unjustifiable feeling of perception is nearly oxymoronic. Defining the inexplicable may be impossible. But humans try. I know that some are left cold by the words of Emily Dickinson. I know that Vermeer is not thrilling to others. I know that life pollutes and fertilizes us to
where I cannot see another’s giddy revel in a thing, a sound, a taste, a feeling. I will never get opera, and some, who I love, find it heaven. I also loathe cooked fish. No reason, no defense, no offense taken at others’ embrace.
The exquisite obsessions humans have with shapes, spaces, mate rials, colors is not found in other animals. There is no theory out side human theory. Instinct is not theory. That theory, us, can trigger delight or cause devotion. But ma king points is not making beauty.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI68
A obsessão extraordinária que os humanos têm com formas, espaços, materiais, cores, não é encontrada em outros animais. Não há teoria que não seja a teoria humana. O instinto não é teoria. Essa teoria pode desencadear prazer ou causar devoção, mas criar argumentos não é criar beleza.
UM MOMENTO DE PERCEPÇÃO
O ano da pandemia do COVID-19 se tor nou um ano em que nós nos esquecemos da beleza diversas vezes. Nós não tocamos em ninguém. Reunimo-nos com poucos, com distância. Não nos divertimos nem um pouco. Esse foi nosso ano de jejum. O Puritanismo nos venceu. Mas estamos saindo dessa abstinência, então talvez seja o momento de rever onde estamos. Atualmente, nesses meses de vacina, a humanidade está sentindo a felicidade do deslumbre instantâneo. Ainda que filtrado pelas telas, como essa, ou escondido em um texto, o prazer é desmedido. Não há lógica no prazer da beleza; nem calorias consumidas, intoxicação, alívio, dinheiro, nem amor, só conexão.
A conexão é o que faz a arquitetura con tinuar existindo. A arquitetura, como o dogma, vai trabalhar para obter os 5%, mas o cânone de fé vai fracassar no res tante. A arquitetura que conecta o arqui teto àqueles que fazem uso do projeto, e
àqueles que vivem o projeto, manifesta uma conexão presente, ainda que o projeto fracasse em comunicar as suas oportunidades. O conflito entre cobrir-se de motivações e olhar-se no espelho dos resultados divide o mundo onde a arqui tetura acontece. Não se pode julgar o resultado direto da nossa humanidade com os critérios a serem aplicados à col meia, ao formigueiro, à toca. Acredito que o “porquê” e o “como” produzimos coisas é o texto central na arquitetura, e não nota de rodapé (figura 05).
Se nossos edifícios conectam seres hu manos, há um futuro para arquitetos na nossa cultura. Se os arquitetos projetarem sem comunicação, e criarem somente para si mesmos e para colegas que tenham ideias semelhantes, 5% talvez seja uma estimativa alta do valor do seu futuro, em uma cultura que está descobrindo as suas limitações de compreensão. Assim como nós sabemos que podemos definir 5% do nosso mundo físico, penso que es tejamos descobrindo que os resultados que celebramos na arquitetura não são adequados, a menos que tenhamos en tendimento das suas motivações.
Acredito que a motivação de toda a es tética, incluindo a arquitetura, é a nossa humanidade.
A MOMENT OF PERCEPTION
The year of the COVID19 pandemic has been a year where we have often forgotten beauty. We tou ched no one. We gathered with few, distantly. We revel not at all. This was our Year of Lent. Puritanism had won out. But we are leaving that absence, so it may be time to review where we are.
Right now, these vaccinated mon ths, humanity is feeling the joy of instant rapture. Even filtered
through screens, like this, or muf fled in texts, the delight is without regulation. There is no reason in the delight of beauty, no needed calories, no intoxication, no relief, no money, no love, just connection. Connection is the way architecture continues to exist. Architecture as orthodoxy will work for the 5%, but that faith-based Canon will fail the rest. Architecture that connects the designer and those who use the design, and those who live with the design, manifests a connec tion that is there, even when design fails to address its opportunities.
Fully bathing in motivations versus looking in the mirror of outcomes splits the world where architecture happens. We cannot judge the di rect result of our humanity with the criteria that we would apply to the hive, anthill or burrow. I think why and how we make things is central to architecture, not its footnotes (figure 05).
If our buildings connect humans, there is a future for architects in our culture. If architects design without communication and create only for themselves and other like-minded designers, then 5% may be a high
estimate of their future worth in a culture that is discovering its limita tions of understanding. Just as we now know that we can define 5% of our physical world, I think we are coming to know that the outcomes we celebrate in architecture are inadequate unless we understand their motivations.
I believe that the motivation of all aesthetics, including architecture, is our humanity.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 69
PERFIL DO ARQUITETO
Croqui da Escola Muniz, projeto de Nuno Lacerda Lopes
NUNO LACERDA LOPES
ARCHITECTS
BIOGRAFIA
Nuno Lacerda Lopes é Arquiteto, Investigador e Professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), regente das Unidades Curriculares de Construção 2 e Projeto BIM, coordenador do CIAMH (Centro de Inovação em Arquitectura e Modos de Habitar) do Centro de Estudos da FAUP. Foi criador e coordenador científico do curso de Arquitectura da Universidade José Eduardo dos Santos, no Huambo, Angola.
Tem trabalhado em vários projetos de inovação e de transferên cia de tecnologia em colaboração com o tecido empresarial e industrial. Procura desenvolver técnicas de conceção, construção e produção de edifícios, espaços e equipamentos orientados para a inovação, otimização energética e sustentabilidade, tendo como mote os novos modos de construir e habitar o território, a paisagem natural e humana nas suas diferentes e complexas expressões. É autor e editor de diversos livros e revistas nacionais e inter nacionais, participou em exposições individuais e coletivas de Arquitetura, Design e Cenografia. Frequentemente tem realizado e participado em conferências sobre a temática da Arquitetura, Modos de Habitar, Projetar e Construir, da Inovação, e da meto dologia BIM aplicada à construção digital da Arquitetura.
Exerce atividade profissional na CNLL I Architects explorando temas relacionados com a Inovação em Arquitetura, Design, Construção, Cenografia. Possui larga experiência profissional em programas de diferentes escalas, dimensões e complexidade, desenvolvendo inúmeros projetos de referência nacionais e inter nacionais, trabalhos que valeram já vários prémios e distinções.
FILOSOFIA DE TRABALHO
Do pensamento e das sensações - A Arquitetura Sensorial
A CNLL architects®, mais do que uma empresa de presta ção de serviços no âmbito da Arquitetura, da Engenharia e do Design, assume-se como uma casa de Criação, de Invenção e de Satisfação.
Liderada pelo Arquitectos Nuno Lacerda Lopes, pro fessor doutor e investigador em Arquitetura, Design e Inovação, a empresa espelha os seus conceitos, meto dologias, critérios de qualidade e a sua ideia de arqui tetura, que assenta no Homem como a figura central do espaço construído, num eterno apelo aos sentidos e à experimentação.
Do pensamento aos sentimentos, a Arquitetura da CNLL architects® distingue-se por conceber espaços de inte ração com as pessoas e com os seus sentidos, criando diferentes ambientes para as diferentes emoções.
Arquitectura para as sensações - Desde a matéria-prima até aos sentidos
No nosso entender, projetar é um exercício de participa ção, de cidadania, de comunhão e de compreensão dos desejos e dos valores que as pessoas e as organizações pretendem promover ao edificar.
Conheça mais: www.ciamh.up.pt | www.nunolacerdalopes.com | www.cnll.pt
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI72 PERFIL DO ARQUITETO
CNLL
O reconhecimento alcançado ao longo de 30 anos de intensa atividade, os inúmeros prémios obtidos e os diversos destaques que a imprensa nos atribui demonstram bem o carácter de distinção e de diferen ciação que os nossos trabalhos oferecem no atual panorama da arquitetura, do design e da inovação.
A CNLL architects® não procura cânones, correntes ou modelos; procura satisfazer necessidades autênticas para clientes autênticos. Por isso os nossos projetos exploram novos conceitos capazes de ar ticular espaços arquitetónicos fluidos e compreensíveis, criando sensações e pro vocando surpresas, num ideal de convite ao prazer, num forte apelo aos sentidos, ao culto do lugar e ao espaço individual que a arquitetura, como experiência para a vida, deve oferecer.
Uma ideia de arquitetura, por Nuno Lacerda Lopes
“Não sei se a minha arquitetura procura o singular... Não é esse o motivo por que acordo todos os dias, e que trabalho. Penso que procura mais a experiência. Procura a experiência e não a memória. Posso dizer
que não procura reproduzir uma verdade. Mas tão apenas queria descobrir. Errar por aí. Percorrer caminhos, que não são caminhos específicos da arquitetura. Embora cada vez mais não estamos limi tados. Abrir caminho e errar pela arte. Também, claro, que pela arquitetura. Pela paisagem. Pelo tempo que nos atravessa sem repetir verdades. Muitas das vezes o que vemos, são verdades dos outros. São memórias. Memórias que não são nossas. Olhares que não procuram “o novo” e tudo o que é irrepetível. E eu isso tenho alguma dificuldade em aceitar.
Eu acho que todos nós temos que fazer o nosso percurso, temos que cometer os nossos erros, temos que experimentar… e não tanto seguir a vida dos outros, repro duzir as suas memórias, reproduzir umas falsas filosofias, falsas coerências. E isso preocupa-me bastante na arquitetura, como na arte. Por isso tenho uma relação com a arte porque nos espelha, (tal como a música)... espelha com muito rigor os nossos tempos mas mais do que os nossos tempos, os tempos que aí vêm, aqueles que nós vamos atravessar, que vamos ter de compreender também.
"Não sei se a minha arquitetura procura o singular... Não é esse o motivo por que acordo todos os dias, e que trabalho."
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 73
Por isso gosto de estudar as artes plásticas em geral, o cinema o teatro também… Tudo isto, eu acho que contribui bastante para construirmos a nossa experiência, aquilo que queremos fazer, aquilo que queremos exigir, àquilo que nós criamos. E é isso no fundo que torna que se possa dizer que é um bo cadinho singular, que as coisas são todas diferentes umas das outras. Claro que são! Odeio repetir uma fórmula, odeio repetir uma solução, uma proporção até, um esquema geométrico, uma tipologia.
Se puder desenvolver outras, eu prefiro. E é isso que me move na criação, neste conflito permanente de construirmos a nossa pró pria experiência, nesta vontade de querer fazer algo diferente, não pela diferença, mas porque as coisas são diferentes, todos os dias. Porque todos os dias a vida é uma nova experiência. E é para esta nova experiência que temos de estar preparados. A arquitetura, tal como dizia Robert Rauschenberg, “a Arte não vem da Arte”. Eu penso também que “a Arquitetura não vem da Arquitetura”. É preciso ver outras coisas. É preciso estar em outras coisas. É preciso compreender outras coisas. E sobre tudo, compreender as pessoas, compreender os momentos, compreender a nossa própria vontade de fazer as coisas. E não tanto, aceitar aquilo que nos põem à frente, as “lógicas” que muitas escolas tão bem ensinam, e que os alunos reproduzem. E isso tudo é efetivamente preocupante.
Eu acho que nós temos de ser livres e aceitar a nossa liberdade e os nossos compromissos com a criação Por isso as coisas não têm de ser iguais, não têm que ser fáceis de compreender, alinhadas. Portanto gosto da experiência mais do que da continuidade, de me encontrar fechado numa certa ideia de coerência.
METODOLOGIA
O método de trabalho da CNLL architects é sustentado por um estratégia multidisciplinar de projetar e trabalhar que assenta sobre os princípios e valores deste gabinete. A nossa meto dologia personalizada e filosofia de abordagem aos projetos tem sido desenvolvida e consolidada ao longo de mais de 30 anos de experiência, com especial enfoque nas pessoas, na natureza, na interação humana, na criatividade e, de algum modo, com um sentido muito característico de apelo aos sentidos e à sensualidade. Estes princípios são derivados diretamente do nosso permanente desejo em conhecer, compreender e aplicar novas soluções e tecnologias, permitindo-nos explorar em simultâneo a interseção do projeto de autor, baseado no desenho e nos conhecimentos adquiridos e as mais recentes e acutilantes tecnologias.
Todo o trabalho é resultado de uma equipa sólida, expe riente e alargada que compõe o corpo da CNLL architects®. Apresenta-se como uma equipa vencedora, jovem, dinâmica, motivada e pluridisciplinar que a cada momento se reúne para definir novos conceitos, avaliar diferentes estratégias e validar os resultados, numa diversidade metodológica, de pensamento e de distintas sensibilidades que, no fundo, são espelho da nossa própria sociedade, divergente e plural, com capacidade de atingir objetivos e de construir os diferentes espaços para a nossa identidade, para os nossos sonhos.
PERFIL DO ARQUITETO ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI74
NA
CIDADE DO PORTO NUNO LACERDA LOPES POR GUILHERME GUIMARÃES LLANTADA
No gelado fevereiro de 2020 da cidade do Porto, fui recebido no escritório da CNLL Architects, pelo seu arquiteto ti tular, o professor Carlos Nuno Lacerda Lopes, para um bate-papo que resultou num fascinante passeio por sua multitra jetória profissional e acadêmica, além de divagações e especulações sobre o tema da nossa revista. Neste momento ainda não tínhamos a pandemia do COVID-19 disseminada pelo planeta e nem tam pouco os países decretados “lockdown”, o que ocorreria semanas depois.
PENSAMENTOS DE NUNO...
“Quando colocas o espaço do porvir, cla ramente não sou vidente! Mas eu acho que o futuro não é algo que vem ao nosso en contro e que ficamos parado esperando, mas somos nós que fazemos esse futuro. Temos de ter essa capacidade de perante o desconhecido, propor um novo conhe cido. Isto requer conhecimento, requer estudo e, portanto, diria que o futuro tem tanto de futuro como nós temos de pas sado. Conhecer esse passado nos dá os sinais do futuro e por isso é importante es tudar, ouvir o que outros filósofos nos vão dizendo, a sociologia nos vai mostrando também, de modo a não adivinharmos o futuro, mas a construir esse futuro.” ...
...” Eu acho que o futuro que nós vamos ter de construir, sobretudo na arquitetura e no espaço é um futuro complexo, cada vez mais complexo, porque a realidade hoje é complexa, as casas são complexas, quer a nível tecnológico, quer a nível do uso, quer a nível de interpretação, quer a nível de comunicação do que é uma casa hoje, pois a questão do habitar, está em grande transformação.” ...
Inicialmente, sua contribuição para a nossa revista seria na seção “Entrevista”. Porém, aprofundando a conversa com o professor, arquiteto, urbanista, designer, cenógrafo, investigador, entre outras qua lidades e talentos, percebi através de suas palavras, pensamentos e projetos, que estava na presença de um visionário, que vem transformando seu dia a dia em possi bilidades para a arquitetura do porvir. Um arquiteto que persegue na inovação, novos caminhos para a construção de um mundo melhor, mais humano e mais equilibrado.
Seu lugar na publicação foi ampliado e apresentamos neste momento na seção “Perfil do Arquiteto” trazendo nas próxi mas páginas, um pouco dessa multiplici dade produtiva do arquiteto do futuro,
presente e atuante em toda sua potência. Esse profissional que desafia o tempo de 24h do dia para gerar um volume de pos sibilidades tanto para o mercado, quanto para seus alunos da FAUP – Faculdade de Arquitectura e Urbanismo do Porto, onde além de lecionar é um entusiasta da investigação e faz questão de publicar impecavelmente e sistematicamente sua farta produção.
Em nossa conversa, agora traduzida em projetos, colhemos alguns trechos que ficam como pensamentos e devaneios provocativos, que podem parecer des conexos inicialmente, mas nos permitem transcender para horizontes além-mar. Seguem trechos da conversa em seu ga binete de arquitetura...
... “A questão de propor ideias e se lançar um pouco no vazio e mais do que encon trar respostas certas, o nosso grande papel é levantar as grandes questões. A questão do que é o habitar? A questão do que é fazer um projeto de arquite tura? Do que é construir também? O que nós precisamos mesmos? E pensar neste mundo cada vez mais complexo, onde o tempo também joga em muitos fatores distintos, onde os materiais que nos che gam são tão díspares, de todo o gênero diria assim, e, portanto, obrigando-nos a ter um pensamento fundamentado talvez para que a nossa arquitetura resulte, para que possamos apresentar soluções, e so bretudo para termos uma posição clara que auxilie o homem a desenvolver-se como uma pessoa melhor. No fundo é isso que queremos fazer com o nosso espaço, melhorar as condições humanas da exis tência e criar possibilidades do homem ser feliz nesse espaço, que é um espaço hoje em dia de compreender.” ...
... “Portanto arquitetura, muitas vezes se pensa que hoje todos somos arquitetos e tudo é fácil e tudo está mais próximo e a distância de um click. Eu penso
exatamente ao contrário. Hoje em dia é possível construir mais facilmente, mas saber o que se constrói está mais difícil. Saber que respostas estamos a dar é além de mais difícil, é mais exigente.” ...
... “Eu acho que só há espaço para a utopia. Acho que é fundamental manter a utopia e desenvolver um pensamento da utopia, um homem sem o sonho não é o homem. Portanto nós precisamos desse sonho para resolver problemas da realidade. Eu acho que a arquitetura sabe fazer isso muito bem. Porque a ar quitetura sabe chegar a um terreno, sem nada, ou com uma árvore e ver uma casa, ver um ambiente, ouvir um som e ainda nada lá acontece, mas perceber toda uma dinâmica que é de algum modo uma utopia, poderá ser ou não, mas muitas das vezes é através desse pensamento fora de uma realidade que se projeta e se desenvolve a ideia e depois se consegue materializar e construir. Portanto, eu diria que o pensamento dessas utopias é a base para alcançar um futuro. Poderá não ser esse o real que vamos atingir, mas poderá ser próximo disso, um caminho a percorrer...”
UM BATE-PAPO
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 75
NEW PEOPLE NEW HOUSING PROJECT
Localização: Espinho, Portugal.
Projeto: 2020
Promotor: Departamento de I&D da CNLL architects
Arquitetura Coordenação: Nuno Lacerda Lopes
Arquitetura Colaboração: CNLL | Bruno Meleiro, Fábio Santos, Marco Coelho, Marcos Moreira, Pedro
Botelho
Simulações 3D : CNLL Maqueta: CNLL.
Durante as últimas duas décadas, temos vindo a estudar, investigar e desenvolver arquitetu ras que procuram centrar o seu foco no Homem e no Habitar. Acreditamos na arquitetura enquanto experiência de sensações e emoções e entendemos que o espaço deve ter, como denominador comum, a felicidade e o bem-estar, físico e psicológico, de cada um dos seus utilizadores.
Em 2008, o nosso CEO Nuno Lacerda Lopes termi nava de defender a sua tese de doutoramento onde desenvolvia um extenso estudo sobre os projetos e os novos modos de habitar o espaço construído. Anos volvidos, e tendo por base uma ampla experiência neste campo, consideramos que a excecionalidade das circunstâncias atuais, onde todos os pressupos tos, espaços e funcionalidades são colocados em causa – levados ao limite – requerem e justificam uma abordagem capaz de lançar as diretrizes para um novo habitar.
New People New Housing é um projeto que visa propor novas e diferenciadas soluções, procurando estabelecer relações entre diferentes modos de viver, comer, dormir, descansar e estar numa casa – no fundo Habitar – tendo em consideração a tendência de transformação que impera no seio das nossas
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI76 PERFIL DO ARQUITETO
SketchesOluptasi milique dolesed quodia non niminim peliqui debis con comnihi litatestrum velis que conem. Ent exeri ommollit fugit quiscil lessit eos rem eatum sunt asita solorep taspero exerum rem que porpos magnien dandel mos everesti ut maior re porrore magnihi lligeniandae volupta sitatiat quas reic tecusae laciat a nonsed et eiundit arum que porem aute prero quibersped ut venduci llamusdae. Caturios volupti atissit doluptisquis quiditaspit repel minis re nam quoditissim corum doloribuscia dunduci magnam facerum ullaces ped ent officidus.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 77 Sketches
SketchesOluptasi milique dolesed quodia non niminim peliqui debis con comnihi litatestrum velis que conem. Ent exeri ommollit fugit quiscil lessit eos rem eatum sunt asita solorep taspero exerum rem que porpos magnien dandel mos everesti ut maior re porrore magnihi lligeniandae volupta sitatiat quas reic tecusae laciat a nonsed et eiundit arum que porem aute prero quibersped ut venduci llamusdae. Caturios volupti atissit doluptisquis quiditaspit repel minis re nam quoditissim corum doloribuscia dunduci magnam facerum ullaces ped ent officidus.
SketchesOluptasi milique dolesed quodia non niminim peliqui debis con comnihi litatestrum velis que conem. Ent exeri ommollit fugit quiscil lessit eos rem eatum sunt asita solorep taspero exerum rem que porpos magnien dandel mos everesti ut maior re porrore magnihi lligeniandae volupta sitatiat quas reic tecusae laciat a nonsed et eiundit arum que porem aute prero quibersped ut venduci llamusdae. Caturios volupti atissit doluptisquis quiditaspit repel minis re nam quoditissim corum doloribuscia dunduci magnam facerum ullaces ped ent officidus.
PERFIL DO ARQUITETO ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI78
sociedades: novas circunstâncias, novas ferramentas, novas soluções, novos requisitos, novas preocupações, novas necessidades, novas tarefas, novas ati vidades, novos amores, novas relações… novas vidas!
Buscamos desenvolver uma profunda in vestigação que culmina na materialização de novas ideias, espaços e arquiteturas: outros conceitos do habitar, para as Novas Casas do Novo Homem. Estabelecemos, como método, a constituição de uma Tabela Periódica de arquitetura, onde classificamos diversos componentes que poderão qualificar os novos modos de habitar que desenvolvemos. Estes elemen tos, são os “ingredientes” que constituem os nossos estudos e soluções: os comprimi dos, que simbolicamente representamos, são a materialização de novos conceitos para um habitar mais adequado e eficaz para os nossos dias.
E porque acreditamos que a verdadeira investigação, aquela que avança e acres centa algo para o corpo de conhecimento comum deverá ser livre, aberta e discu tida, partilhamos os nossos resultados, ideias e produtos publicamente: esta série de conceitos, versáteis e diversificados, para que possam ser acolhidos por nós, por todos, Homens e mulheres, tão dife rentes, tão especiais, tão únicos. Fique atento. Fique seguro. Nós conti nuaremos cá, em busca de novos compri midos, em busca de novas soluções, em busca da felicidade para todos!
SketchesOluptasi milique dolesed quodia non niminim peliqui debis con comnihi litatestrum velis que conem. Ent exeri ommollit fugit quiscil lessit eos rem eatum sunt asita solorep taspero exerum rem que porpos magnien dandel mos everesti ut maior re porrore magnihi lligeniandae volupta sitatiat quas reic tecusae laciat a nonsed et eiundit arum que porem aute prero quibersped ut venduci llamusdae. Caturios volupti atissit doluptisquis quiditaspit repel minis re nam quoditissim corum doloribuscia dunduci magnam facerum ullaces ped ent officidus.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 79
ESCOLA MOURIZ CENTRO ESCOLAR
Localização: Mouriz - Paredes, Portugal. Projeto: 2009_2010
Arquitetura Coordenação: Nuno Lacerda Lopes
Arquitetura Colaboração: CNLL | Márcia Areal, Vanessa Tavares, Hélder Lopes, Augusto Rachão, Natália Rocha, Paula Araújo
Especialidades: CNLL - Central de projetos, IPC, Ac + Coger Engenharia
Área do Lote: 11.000 m2 Área Bruta de Construção: 3.742 m2
Simulações 3D : CNLL
Maqueta: CNLL Fotografia: Fernando Guerra - FG + SGFotografia de arquitetura.
OCentro Escolar de Mouriz insere-se num lote de matriz industrial. Com uma pequena frente sobre a rua, tem na dimensão longitudinal a sua máxima expressão, condicionada pelos estreitos limites do terreno.
Deste volume acentuadamente ortogonal, sobressai uma linha ziguezagueante que constrói e define toda a fachada do edifício e transpõe para o exterior uma tridimensionalidade e uma linguagem quase cinematográfica, construída em madeira, tendo por base a tradição do lugar, a origem do seu desenho. É um edifício que marca o território, que se destaca e contamina a envolvente com a sua identidade própria que se assume na paisagem. A sua forte expressão visual prende-se com o movimento e recorte da sua fachada e na forma como as aberturas se desenham e rasgam como se de uma pauta musical se tratasse.
Uma linha melódica que vai ganhando corpo e, atra vés de uma aparente repetição, vai conquistando a sua própria identidade. Em oposição, os topos são vazados, caraterizados por dois grandes óculos que espreitam a paisagem, projetando o espaço interior sobre o território, e libertando-se assim dos seus limites físicos. Uma escola como um percurso, aberta para múltiplos encontros.
PERFIL DO ARQUITETO ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI80
Fachada
Vista interior
Modelo
Projeto em construção
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 81
COMO SE DE UMA HOMENAGEM SE TRATASSE
Uma pele exterior em madeira reveste este longo e estreito edifício. A sua imagem exterior procura recordar a tradição local, assente na produção de mobiliário onde o uso deste material é a expressão viva desta população com um longo passado na indústria da transformação da madeira. Deste modo procuramos a inscrição deste edifício no contexto e no imaginário desta região, como se de uma homenagem se tratasse.
O interior, mais tranquilo e silencioso, apresenta espaços di versificadamente iluminados que se desenvolvem de forma progressiva, dando resposta ao programa estabelecido, em que se destaca claramente a volumetria e a dinâmica dos alçados. Procura-se construir o espaço da escola como espaço de apren dizagem e de confronto, um permanente jogo de oposições, um ideal de convite à progressão e à descoberta. Um espaço de encontro e de uso diversificado, que se deseja aberto à população, não apenas como escola mas também como um lugar de desporto, de cultura ou de reunião.
Alçado sudoeste
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Corredor
Sala de aula
Quadra
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Alçado nordeste
Legenda Legenda
Planta do piso 0 Planta do piso 1
CASA MAGNÓLIA
CNLL ARCHITECTS
Localização: Espinho, Portugal. Projeto: 2019_
Arquitetura Coordenação: Nuno Lacerda Lopes
Arquitetura Colaboração: CNLL | Bruno Meleiro, Fábio Santos, Marco Coelho, Marcos Moreira
Especialidades: VAA Engenharia Área do Lote: 443.50 m2
Área Bruta de Construção: 357.00 m2 Simulações 3D : CNLL Maqueta: CNLL.
Tendo como ponto de partida um armazém preexistente no interior de um quarteirão, com uma reduzida frente de rua de apenas 3,50m, o projeto enfrenta este desafio de transformar este espaço num espaço habitável e com um conceito de vivência diferenciador.
A partir da rua não é possível ter a completa perceção do que a casa esconde, os muros envolventes do antigo armazém abraçam agora uma habitação que se fecha do mundo exterior e se abre sobre si própria, onde cada um dos seus espaços se relaciona entre si, numa abertura e continuidade entre interior e exterior, zonas sociais e privadas. O pátio torna-se o elemento fundamental e funciona como o próprio coração da habitação, a partir do qual se desenvolvem todas as restantes funções.
As zonas sociais e de uso regular, como a cozinha, sala de estar, sala de jantar e a biblioteca/cinema, organizam-se em torno do pátio central, potenciando as relações visuais entre os diferentes espaços e mantendo a privacidade face ao movimento da rua. Por sua vez, as áreas mais privadas abrem-se para pátios próprios, privativos de cada uma dessas funções.
PERFIL DO ARQUITETO ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI84
Integração do interior com o pátio externo Vista de cima
Detalhe do
dormitório
Planta do piso 0 Ground Floor Plan 01. Átrio 02. Instalação Sanitária 03. Sala 04. Cozinha / Zona de refeições 05. Lavanderia / Despensa 06. Circulação 07. Pátio 08. Espaço de costura 09. Biblioteca / Cinema 10. Quarto 11. Armário 12. Estúdio 13. Espaço técnico Esq. acima: Vista de cima. Esq. abaixo: Vista do pátio Abaixo: Vista do interior da casa.
Alçado Oeste
Alçado Norte
Modelo Casa Magnólia
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FACE – FÓRUM DE ARTE E CULTURA DE ESPINHO
Localização: Espinho, Portugal.
Projeto: 2002_2008
Cliete: Câmara Municipal de Espinho
Arquitetura Coordenação: Nuno Lacerda Lopes
Arquitetura Colaboração: CNLL | Natália Rocha, Nuno Pinheiro, António Teixeira, José Pedro Sousa, Augusto Rachão
Especialidades: CNLL - Ana Maria Viana, Maria João Venâncio,
Paula Araújo Área Bruta de Construção: 8.670 m2
Simulações 3D : CNLL Maqueta: CNLL Fotografia: Luís Ferreira Alves.
Oconjunto onde se insere o edifício está hibridamente partido, descontextualizado entre referências estagnadas e desenhos de outros tempos que foram perdendo a justificação e apenas subsistem como que esquecidas.
A intervenção procurou corrigir certas anomalias urbanas, unir em vez de separar, realizar a cidade dando-lhe continuidade. Neste sentido, procuramos criar um espaço alargadamente público: a praça com vários equipamentos, e com espaço livre para o encontro das pessoas e das duas malhas (ou partes da cidade) que se pretendem reabilitar.
PERFIL DO ARQUITETO 86 ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI
O FACE (Fórum de Arte e Cultura de Espinho) é um edi fício que procura integrar uma complexidade de exigências dada a diversidade de funções que o programa estabelece. Parte de um edifício pré-exis tente, outrora uma das mais importantes fábricas de con servas portuguesas que pro curamos manter e recuperar com uma intervenção próxima do restauro e destina-se a um museu municipal que é o ele mento de ligação para os di ferentes espaços de formação solicitados.
O projeto respeita a tipologia, forma e processo constru tivo tradicionais. Um edifício para várias escolas: uma de ensino superior, uma escola multimédia, uma escola para cinema de animação e, por fim, um espaço de galeria de exposições e auditório que se pretende partilhado e aberto à comunidade.
Ao lado, acima: 01. Entrada principal 02. Controlo 03. Bengaleiro 04. Átrio principal 05. Escadas 06. Exposição permanente 07. Centro de documentação 08. Sala de apoio logístico 09. Sala de apoio administrativo 10. Instalação sanitária 11. Gabinete administrativo 12. Gabinete técnico 13. Escadas 14. Self-service 15. Espaço de apoio ao Self-service 16. Espaço ligação do ed. existente - ed. novo 17. Foyer da área cultural 18. Receção 19. Bar | discoteca 20. Restaurante 21. Atendimento 22. Apoio 23. Foyer da área comercial 24. Entrada área cultural 25. Boutique 26. Livraria 27. Loja 28. Sala de sistema de registo 29. Sala de preparação.
Ao lado, abaixo: 30. Oficina de montagens 31. Átrio de monta-cargas 32. Formação 33. Cafetaria 34. Ducto técnico 35. Consulta 36. Arrumos 37. Laboratório 38. Sala de reuniões 39. Gabinete de direção 40. Sala de espera 41. Antecâmara 42. Sala multimédia 43. Sala de computação 44. Atelier pedagógico 45. Sala de apoio a sala de animação 46. Sala de cinema de animação 47. Sala de exposições 48. Sala de aula 49. Bar | sala de convívio 50. Gabinete de docentes 51. Estúdio de som 52. Sala de projeção 53. Sala de tradução 54. Espelho de água 55. Esplanada exterior
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PARQUE OCEANUS
Localização: Valadares | Vila Nova de Gaia, Portugal
Projeto: 2019
Arquitetura Coordenação: Nuno Lacerda Lopes
Arquitetura Colaboração: CNLL | Bruno
Meleiro, Fábio Santos, Marco Coelho, Marcos Moreira, Pedro Botelho
Área do Lote: 51.759 m2
Área Bruta de Construção: 24.231 m2
Simulações 3D: CNLL
Num mundo em constante e rápida alteração, o Ensino/ Aprendizagem é cada vez mais assumidamente interdis ciplinar, evidenciando-se a exigência de novas e competitivas capacidades para compreender, atuar e construir no complexo mundo onde vivemos. Uma boa escola não tem apenas relação com o seu espaço, com o seu desenho, com o seu projeto e construção, é antes um espaço de relacionamento, de valores e de múltiplas dimensões. Desta forma, o projeto pretende fomentar o sentido de comunidade, um local de encontro, de repouso e de fuga da pressão do dia-a-dia, onde é possível um contacto direto com a natureza. O colégio contagia o parque público com o seu sentido didático e pedagógico.
O projeto lança-se com o mote de integração e aproveitamento da paisagem natural. Mostrou-se de máxima importância tratar o lote como um parque a ser utilizado pelo colégio e também pela comunidade. Assim, garante-se uma diversidade de espaços desenhados em continuidade entre si, como parte de um todo global que unifica o lote. Porém, apresentam-se possibilidades de utilização independente e autónoma, como é o caso do colégio (com pátios exteriores, um parque biológico e hortas, que é projetado em continuidade com o parque urbano, com percursos sucessivos que atravessam ambos e contornam todo o terreno, mas mantendo a possibilidade de encerramento e controlo de acessos), bem como do próprio complexo desportivo, tanto de serviço escolar como de uso público.
A paisagem lança, portanto, as diretrizes para o desenvolvi mento do projeto: a construção concentra-se essencialmente na cota superior do terreno, potenciando as relações visuais com a envolvente, aproveitando também a zona do terreno com as cotas mais estáveis. Os arruamentos existentes são aproveitados e redesenhados de forma a permitir uma nova rua de acesso automóvel quer à nova área residencial, quer ao colégio. No final da rua, a antiga clareira transforma-se agora numa praça de acesso ao colégio. Esta concentração da implantação à cota alta permite que o parque urbano e as restantes infraestruturas de carácter mais público estejam relacionadas diretamente com a rua e que, consequentemente, se tornem em espaços de serviço da comunidade.
Dessa forma, o programa é dividido de uma forma bastante clara: a residência e as moradias a Sudeste, com acesso a partir da Rua Rio do Paço, mantendo ao mesmo tempo uma certa privacidade com a abertura do novo arruamento já referido; o colégio a Nordeste, implantado no local onde a topografia é mais estável, com um parque biológico e hortas voltadas sob o ribeiro; o complexo desportivo e de saúde na cota mais baixa, que funciona como uma "rótula" de transição entre a rua e o colégio, permitindo que este tenha um funcionamento independente e autónomo; e, por fim, o parque urbano, de uso comunitário, público, onde se propõem passadiços e espaços de miradouro e de repouso, bem como uma infra-estrutura de apoio,
PERFIL DO ARQUITETO ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI88
que poderá ser concessionada por um restaurante. Ao mesmo tempo, também os materiais propostos denotam uma inten cional sensibilidade para com o lugar. O granito, material usado recorrentemente nos muros e em algumas construções da envolvente, garante uma imagem homo génea e identitária. Em contraponto, no colégio, no complexo desportivo e nas moradias, o betão branco contrasta com a leveza dos grandes planos envidraçados abertos para a envolvente e em constante diálogo com o parque e a paisagem.
Planta do Piso: 05. Sala de apoio 13. Arrumo 14. Laboratório 15. Sala de preparação 16. Sala de desenho 17. Sala / Oficina 18. Arquivo 19. Auditório 20. Biblioteca 21. Cafetaria 22. Gabinete Coordenador 23. Instalação Sanitária 24. Loja 58. Zona técnica
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NOVOS ARQUITETOS
Representação Isométrica do projeto Sistema Habitacional Autossuficiente
AUTOSSUFICIENTE RESILIÊNCIA SOBRE A SÍRIA PÓS-GUERRA
PRÊMIO CAU IAB 2019 - 2 O LUGAR
Apartir dos eventos provenientes da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) se dirigiu enorme atenção à pro blemática dos refugiados, assim como à dos direitos humanos. No que diz respeito a esse último, foram verificadas as maiores atrocidades já praticadas contra o ser humano, enquanto ao que toca os refugiados, foram gerados os maiores deslocamentos humanos observados na história do mundo moderno. Desde então, este enorme contingente de populacional redistribuído pelo mundo, representa um problema que desafia a comunidade internacional há décadas.
SITUAÇÃO SÍRIA
Em meados do ano de 2011, após uma sucessão de grandes protestos, teve início a Guerra Civil Síria, motivada por inte resses políticos, religiosos e econômicos mundiais. Tornou-se, até então, o maior evento de deslocamentos forçados após a Segunda Guerra Mundial, e conta com o deslocamento forçado de mais de 4,9 milhões de pessoas para países vizinhos e 7,1 milhões de pessoas dentro do próprio território sírio.
FENÔMENO
A destruição causada decorrente da Guerra Civil Síria, deixou milhões de sírios desabrigados. Hoje, estes ocupam abrigos temporários ou buscam refúgio em outros países.
OBJETIVO GERAL
A reconstrução urbana através da requalificação espacial das ruínas dos municípios sírios.
OBJETIVOS ESPECIFICOS
Compreender o contexto gerado pelos efeitos da guerra sobre o local a ser proposto a implantação; Reconhecer as maneiras e os costumes dos futuros usuários do projeto; Desenvolver um projeto capaz de restabelecer espaços dignos a moradia em meio às ruínas oriundas dos conflitos; Propor através deste projeto que se restabeleça pequenas centralidades autossuficientes.
SISTEMA HABITACIONAL
Autor: Artur Guilherme Bernardoni, Arq. Urb. Orientador: Eduardo Baptista Lopes, Arq. Urb. Dr.
NOVOS ARQUITETOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI92
TEMÁTICA
milhões
A
dos eventos
Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
dirigiu enorme aten ção à problemática
refugiados, assim como à dos direitos
mundo moderno. Desde então,
mundo,
na história
No que diz respeito à esse último, foram verificadas as maiores atrocidades já praticadas contra o ser humano, enquanto ao que toca os refugiados, foram gerados os maiores deslocamentos
enorme contingente
desafia
comunidade
décadas.
Abandono Desocupação
Ruínas
Desastres
milhões
milhões
milhões
ESTÃO INDO OS SÍRIOS
SITUAÇÃO SÍRIA
Em meados do ano de 2011 , após uma sucessão de grandes protestos, teve início a Guerra Civil Síria, motivada por interesses políticos, religiosos e econômicos mundiais. Tornou-se, até então, o maior evento de deslocamentos forçados após a Segunda Guerra Mundial, e conta com o deslocamento for çado de mais de 4,9 milhões de pessoas para países vizinhos e 7,1 milhões de pessoas dentro.
LEITURA DE DOMÍNIO TERRITORIAL
Frentes operantes
Estado Islâmico Governo Sírio Kurdos
rebeldes
partir
provenientes da
se
dos
humanos.
humanos observados
do
este
de populacional redistribuído pelo
representa um problema que
a
internacional há
urbana
e destroços Défict habitacional Ocupações temporárias
naturais Conflito violentos 57% milhões dos refugiados pertenciam a esses países SULDÃO DO SUL 2.4m AFEGANISTÃO 2.6m SÍRIA 6.3m 68.5
Forçados ao deslocamento mundialmente 40
Deslocamento internamente 25.4
Refugiados 19.9 registrados pela UNHCR 5.4 registrados pela UNRWA 3.1
Requerentes de asilo
PARA ONDE
Grupos
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 93
ESTRATÉGIAS
DE REOCUPAÇÃO
Lógicas de requalificação espacial capazes de orientar o métdo tipologico escolhido. Partindo das bases literarias revisadas. Buscando a reestruturação e requalificiação espacial das edificações e entorno.
OCUPAÇÃO
DESCENTRALIZADA
O projeto seguira a lógica ocupação descentralizada, garantido que até os mais dispersos espaços possuam sua centralidade e autossuficiência.
REOCUPAÇÃO DAS RUINAS
A proposta deve sugerir ocupação e requalificação das ruínas, uma vez que já configuram o território e malha urbana, a implantação do módulo construtivo se adaptará a estes edificação danificadas.
UNIDADES 01 DORMITÓRIO
Área aprox.: 30m 2
Capacidade:
UNIDADES 02 DORMITÓRIOS
Área aprox.: 50m 2 Capacidade:
NOVOS ARQUITETOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI94
LANÇAMENTO
DO PARTIDO:
UNIDADES 03 DORMITÓRIOS
Área aprox.: 75m 2 Capacidade:
UNIDADES 01 | 02 DORMITÓRIOS
Área aprox.: 60m 2 Capacidade:
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 95
1 O PAVIMENTO 2 O PAVIMENTO NOVOS ARQUITETOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI96
TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS E SISTEMAS ESTRUTURAIS RECICLAGEM E REUTILIZAÇÃO:
Os elementos que compõe o sistema construtivo foram selecionados na intenção de reaproveitar ou reutilizar materiais que tenham sido comprometidos durante os conflitos ou tenham sido descartados.
Fechamento Interno Estrutura Estrutura Fechamento Isolante Acústico Fechamento Externo Esquadrias Masharabiya
Laje
DETALHE ESTRUTURA
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 97
3O PAVIMENTO 4O PAVIMENTO NOVOS ARQUITETOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI98
MÁSCARA DE SOMBRA 01:
Circulação Térreo
02:
Pátio Escola
03: Área
de Convívio Térreo
Leitura de Insolação UH
Locação máscaras ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 99
PARQUE PERCEPTUAL E CENTRO DE CAPACITAÇÃO E REABILITAÇÃO FÍSICO-SENSORIAL
PRÊMIO CAU IAB 2019 MENÇÃO HONROSA
Autor: Juan Fabbrin Xavier, Arq. Urb.
Orientador: Timóteo Schroeder, Arq. Urb. Me.
No Brasil, a porcentagem de pessoas com defi ciência vem aumentando nas últimas décadas após o levantamento/classificação desta parcela da população ser feita de maneira mais cuidadosa levando em conta todos os tipos de deficiência em seus diversos graus de acometimento. A porcentagem de pessoas com deficiência em 1991 era de 1,49%, em 2001, 14,50% da população. No censo de 2010 essa porcentagem subiu para 24% da população, ou seja, aproximadamente 46 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de deficiência, mental, motora, visual ou auditiva.
A região Sul do Brasil apresenta os melhores indica dores sociais do país, entretanto também apresenta grande demanda por serviços especializados de reabilitação e capacitação de pessoas com defi ciência. O estado de Santa Catarina mesmo sendo considerado o 1º lugar em sustentabilidade social e o 1º lugar em segurança pública no país, possui uma população total de aproximadamente 1.331.445 de pessoas com algum tipo de deficiência, o que cor responde a 22,5% da população. A dualidade entre a riqueza que o estado proporciona e a carência de oportunidades e espaços qualificados para as pessoas com deficiência, que representam grande parcela da população, evidencia a necessidade de uma intervenção pontual acerca deste tema.
Diagnóstico
Água Equipamento de Saúde Cobertura Vegetal Área Urbana BR-101 Pastagem Arroz Irrigado Eixos Relevantes Reflorestamento Cultura Aeroporto Porto Solo Exposto NOVOS ARQUITETOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI100
A partir deste fenômeno de crescimento da popula ção com deficiência no país ao longo dos anos e da carência de espaços qualificados que possibilitem a sua reabilitação e capacitação, surge a problemá tica: É possível proporcionar para a comunidade um espaço público com qualidade espacial, ambiental e arquitetônica que vise a reabilitação e capacitação de pessoas com deficiência?
O objetivo deste TFG é o desenvolvimento de um projeto paisagístico-arquitetônico a nível de antepro jeto, de um Parque Perceptual (que busca explorar a natureza como elemento de cura assim como os sentidos humanos) e um centro de capacitação profis sional e reabilitação físico-sensorial (que promove a reintegração da pessoa com deficiência a sociedade com mais dignidade)
O PARQUE
O projeto do parque perceptual do rio Peroba em Camboriú-SC visa proporcionar o resgate e a estruturação de novas relações do curso d'água com a cidade e a melhoria da qualidade vida da população por sua aproximação às estruturas na turais e a oportunidades de convívio e lazer em uma associação entre arquitetura da paisagem e a ar quitetura do edifício. Parte-se inicialmente de uma proposta de renaturalização das bordas por meio de processos de revegetação com espécies nativas e pela fitorremediação do curso d’água com o uso de plantas macrófitas responsáveis por remover, reduzir ou imobilizar contaminantes presentes na água. Atrelado ao caráter paisagístico e urbano do projeto, a implantação de diversos equipamentos arquitetônicos garante a diversidade de usos para os espaços. Buscou-se também proporcionar o amplo acesso a todos os tipos de público, em especial as pessoas com deficiência (PCD’s). Deste modo, tanto a garantia ao acesso quanto a facilidade de deslo camento dentro ou fora do parque foram tratados de maneira a permitir a independência das PCD’s e promover a sua inclusão social. O parque é um lugar que desperta sensações e sentimentos em seus usuários através da exploração dos sentidos e do contato com o meio ambiente. A natureza com seus cheiros, cores, formas e texturas é a inspiração para o parque e a sua arquitetura; É nele que acontece o estímulo das interações sociais entre os diferentes públicos, a regeneração e a inclusão/resgate do rio para a cidade: um lugar de respeito e igualdade de oportunidade.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 101
NOVOS ARQUITETOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI102
O EDIFÍCIO
Para dar marco a reabilitação do corpo através do espaço, em uma busca por uma associação integrada entre os espa ços livres abertos, o espaço edificado e o indivíduo, um equipamento de saúde de abrangência regional foi proposto como estruturador do parque: o CER (Centro Especializado em Reabilitação) categoria III (deficiências físicas e sensoriais). O CER-III atua como um hospital escola e utiliza no lugar de um modelo médico que apenas classifica seus pacientes, um modelo social de tratamento e considera que parte das dificuldades enfrentadas pelas PCD’s são resultado da forma como a sociedade lida com essas pessoas.
A arquitetura reforça a relação entre o ex terior e o interior do edifício, o que favorece o ciclo circadiano dos usuários. Conhecido como “relógio biológico”, o ciclo direciona o nosso organismo com base em fatores como a variação da luz do dia. Ele é respon sável pela adaptação do ser humano aos estímulos do meio em que vive. O edifício do Centro de Capacitação e Reabilitação Físico-Sensorial (CER-III), foi implantado no terreno de modo que sua fachada leste teve os pavimentos escalonados criando gran des áreas de convivência bem iluminadas e com vista para o Parque Perceptual. O projeto ainda adota uma cobertura pa ramétrica que compõe o volume do objeto criado reforçando a ideia da transformação e adaptação do usuário e do meio ambiente em que ele vive.
A cobertura é formada por painéis trian gulares de vidro laminado montados sobre uma estrutura de treliças espaciais que são estruturas capazes de proporcionar gran des vãos. A cobertura foi gerada a partir de 62 pontos (31 de cada lado) de modo que a altura dos pontos varia possibilitando assim organicidade a forma proposta nas suas diversas vistas e perspectivas possíveis. O valor dos pontos está referenciado ao nível da cobertura do 3º pavimento (nível +16,5 m em relação ao nível do solo).
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 103
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO PROJETO:
• Reestruturar o entorno do parque através da renaturalização de um trecho do Rio Peroba.
• Desenvolver espaços que promovam a autono mia e independência dos usuários e pacientes do projeto.
• Proporcionar ambientes agradáveis explorando o contato com a natureza.
• Criar lugares onde o usuário e o paciente possam criar vínculo/sen timento de pertencimento
• Reforçar a relação entre área interna e externa e as condições de conforto dos espaços.
• Aguçar os sentidos do olfato, paladar, visão, audição e tato através de estímulos sensoriais.
• Facilitar o acesso seguindo as condições de acessibilidade normatizas e possibilitar diferentes meios de acesso.
ESQUEMA RELAÇÃO EDIFICAÇÃO - ENTRONO
COBERTURA PARAMÉTRICA
GEOMÉTRICA FREEDOME
Sistema tecnológico de treliças espaciais para coberturas com formas diversas, capazes de possibilitar grandes vãos.
Painel triangular de vidro temperado; Treliça geométrica freedome; Montante de alumínio.
ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS
Efeito chaminé Ventilação Natural-cruzada Refriamento Evaporativo Iluminação Natural
1 2 3 Sombreamento Corte AA NOVOS ARQUITETOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI104
MACRÓFITAS REFERENCIAIS TEÓRICOS TABOA Typha domingensis BANDEIRA
DE JACARÉ Thalia dealbata
TAIOBA-DE-
SÃO-TOMÉ
Colocasia negra CÁLAMO-AROMÁTICO Acorus calamus PLANTA DE PAPEL EGÍPICIO Cyperus papirus VIDA ESPAÇO ATIVIDADES REUNIR INTEGRAR CONVIDAR ABRIR PARASUSTENTABILIDADE CONSTRUTIVA ARQUITETURA BIO-CLIMÁTICA + NATUREZA NO PROJETO "Experimental o espaço." "Natureza como ferramenta de cura." - Jan Gehl - João Figueiras Lima, o LeLé Corte BB ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 105
Os referencias teóricos do projeto foram: Jan Gehl, através de seu pensamento que sugere: “uma ci dade boa é construída em torno do corpo e dos sentidos humanos, de forma que as pessoas usem ao máximo suas capacidades para se locomover e experimentar o espaço ao seu redor; e Lelé, re monado arquiteto Brasileiro com destaque para a sua produção na arquitetura hospitalar – Rede Sarah Kubitschek. Pioneiro no uso da arquitetura bioclimática e no uso da natureza em seus projetos como ferramenta de cura.
O conceito da resiliência foi esco lhido por seus diferentes signifi cados em questões psicológicas e ambientais. Ser resiliente é saber viver em condições diferentes da quelas de sua ocorrência natural. Uma cidade resiliente mantém ações contínuas em diferentes aspectos que visam a transfor mação e adaptação da mesma com o tempo conforme suas necessidades.
O ponto focal para a escolha do terreno do projeto foi a intersec ção entre a BR-101 – Eixo articula dor entre as cidades do litoral – e a Av. Santa Catarina – importante via que conecta as cidades de Camboriú e Balneário Camboriú. Essas cidades atualmente formam uma região altamente conurbada e o terreno escolhido para o pro jeto está localizado as margens do Rio Peroba, que é um dos li mites políticos existentes entre as cidades.
Vista aérea do parque e sua diversificada vegetação.
Vista aérea do parque, demonstrando relação do rio com suas bordas.
Relação do edifício estruturador com os acessos e a borda do parque.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI106 NOVOS ARQUITETOS
O rio Peroba é considerado o ponto mais crítico da bacia do Rio Camboriú. Está localizado em uma área urbanizada e apresenta alta quantidade de resíduos sólidos em sua margem, lançamento de esgoto doméstico e ausência de mata ciliar em diversos pontos ao longo de seu curso. Sua água é classificada como classe I – águas salobras, a qual não é própria para o consumo humano, pois além de ser água salobra, há deposição de quantidades significativas de resíduos sólidos diretamente no rio e em suas margens, assim como o lançamento de efluentes sanitários sem tra tamento, o que causa maior prejuízo ao meio aquático e a qualidade da água.
Assim como os usuários do Centro de Capacitação e Reabilitação Físico-Sensorial, o Rio Peroba necessita pas sar por um processo de recuperação. Tendo em vista a im portância de se trabalhar a recuperação das pessoas com deficiência (PCD’s) e a importância de tornar o rio um lugar saudável para a cidade, o projeto busca uma maior intera ção do parque e o meio externo de maneira geral, visando além de garantir mais qualidade espacial e ambiental a cidade, tornar a experiência dos usuários do parque uma experiência de inclusão social e ambiental em diferentes níveis de intensidade.
Perspectiva do edifício estruturador a partir do espaço público.
Passarela de travessia sobre o rio conectando as margens do parque.
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ARTICULANDOAS ÁGUAS AO TECIDO URBANO
INTERVENÇÃO URBANA NO BAIRRO CIDADE NOVA EM ITAJAÍ
PRÊMIO CAU IAB 2018 MENÇÃO HONROSA
TEMÁTICA
Oprojeto é uma intervenção urbana de caráter estruturador que articula as águas ao tecido urbano visando minimizar as problemáticas ocasionadas pelas cheias na região do bairro Cidade Nova, próximas ao rio na cidade de Itajaí.
FENÔMENO
A cidade de Itajaí padece de tempos em tempos com inundações decorrentes do transbordamento do leito dos rios, causando prejuízos aos moradores.
PROBLEMÁTICA
É possível uma articulação do tecido urbano com as águas de maneira positiva através de uma estruturação urbana e infraestrutura que se adeque a questão dos alagamentos frequentes na região?
EVOLUÇÃO URBANA DE ITAJAÍ
O desenvolvimento do núcleo urbano acon teceu a partir do Rio Itajaí- Açu que serviu de eixo para a expansão da malha urbana da cidade.
Autora: Bruna Teruko Bortolini, Arq. Urb.
Orientadora: Lisete Terezinha Assen de Oliveira, Dra. Arq. Urb.
Infra com armazenamento de águas e relação com nós de atividade.
Itajaí Balneário Camboriú
Navegantes Penha
Camboriú Itapema Porto Belo
Bombinhas
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Esse crescimento acelerado e desordenado se deu com o pro cesso de industrialização, que se percebe uma interiorização das ocupações tendo como barreira natural o Rio Itajaí-Mirim e mais tarde um avanço a BR 101 se tornando a principal via de conexão entre as cidades, expandindo a partir daí as movi mentações de cargas no Porto de Itajaí.
ESTRATÉGIAS PROPOSITIVAS
• Propor uma solução para articulação fisico espacial das águas ao tecido urbano no bairro Cidade Nova com a apropriação adequada da borda do rio Itajaí Mirim na cidade de Itajaí, através de um Projeto Urbanístico Arquitetônico;
• Resgatar a relação da cidade com a água através de áreas urbanas públicas qualificadas;
• Promover lugares de encontro que incentivem a inclusão social e a interação das trocas culturais entre os habitantes através de práticas de lazer e esporte;
• Se apropriar de vazios urbanos ociosos com áreas verdes mais permeáveis.
ITAJAÍ
O município está inserido na região Metropolitana da Foz do Rio Itajaí Açu, localizando-se no litoral catarinense entre as cidades de Navegantes, Balneário Camboriú e Camboriú. O eixo rodoviário que conecta a BR 101 com outras três rodovias, a BR 470, 412 e 486, gera grande movimentação pendular ao município.
LEITURA HIDROGRÁFICA
Fazendo uma leitura dos rios da cidade de Itajaí é possível observar em escala regional o volume de água que desemboca no município em épocas de altas precipitações ocasionando inundações. O Rio Itajaí-Mirim devido a sua calha ser menor, comparada ao Rio Itajaí-Açú, tem mais probabilidade de trans bordamento resultando em cheias.
INUNDAÇÕES EM ITAJAÍ
ENCHENTE 2001 ENCHENTE 2008 ENCHENTE 2011
Historicamente houveram três grandes inundações (1983, 1984 e 2008) que chegaram a cobrir 90% da área territo rial. outras duas enchentes de menores proporções, mas que também trouxeram graves problemas a população, ocor reram em 2001 e 2011 cau sada pelo transbordamento do rio itajaí-mirim e do canal retificado. sendo a principal área da cidade afetada pelas cheias em meio urbanizado.
CONCEITOS
CIDADE COMPACTA
A cidade compacta é compatível com a mul tifuncionalidade e com a predominância de transporte coletivo eficiente. As ruas e demais espaços coletivos nessa cidade são de domínio da população, “do pedestre e da comunidade”.
CIDADE SUSTENTÁVEL
Pontos de interesse articulados entre si, unido ao sistema de transporte público reduzem as distâncias e favorecem o descolamento a pé ou de bicicleta e criam bairros sustentáveis cheios de vitalidade. A cidade contemporânea, nos dias atuais, é caracterizada pelo modelo de CIDADE FRAGMENTADA, produzindo um espaço segregado que separa socialmente a população do território disperso, agravando muitos aspectos ligados à qualidade de vida urbana.
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O RIO E SUAS RUPTURAS
Desde os primórdios as ocupações se davam próximas aos rios em busca de subsistência. a medida em que ocorre a expanção, amplia-se os conflitos entre desenvolvimento, sociedade e meio físico.
Associadas a falta de planejamento urbano adequado, desen cadeando um processo de ocupações irregulares nas áreas das várzeas dos rios, que por sua vez resultou em perda da qualidade de vida, inclusive dos corpos d´água.
As águas são pensadas como ponto de referência, mas também como obstáculo a cidade. por muitas pessoas pode ser vista de forma negativa devido sua vulnerabilidade mediante as épocas de cheias, que mostra sua imensidade sem limites e força. As inundações e alagamentos se tornam frequentes a partir da baixa permeabilidade presente nos assentamentos urbanos.
ARTICULAÇÃO DO RIO E SUAS RECONCILIAÇÕES
A reconciliação do homem com o Rio se dá pela articulação do mesmo com o tecido urbano através de ações que visam:
• A recuperação da borda d’água potencializando os aspectos estéticos da água e sua relação com a paisagem;
• Propor critérios urbanísticos de ocupação e uso do solo visando áreas permeáveis e valorizando os vazios urbanos;
• Reintegrar os cursos d'água existentes à paisagem e à vida urbana, bem como usufruir destes espaços urbanos para ativi dades sociais e recreativas;
• Criar um referencial de lazer com equipamentos culturais extraordinários que ajudem a impulsionar o turismo da cidade.
PADRÕES ESPACIAIS
Fachadas ativas - continuo / percurso Fachadas localizadas no alinhamento dos passeios públicos, aumentando a interação dos passeios com atividades instaladas nos térreos com uso predominantemente de comércio vicinal. potencializando a vida urbana, equilibrando a oferta de trabalho e habitação e minimizando os deslocamentos.
Promenade vicinal - contínuo / percurso
Vias exclusiva a pedestres. lugares que proporcionam longas caminhadas, onde pessoas que compartilham valores culturais, se reúnem para o convívio e a confirmação de comunidade.
Espelhos d´água e riachos - contínuo / percurso Espaços destinados a retomar a relação do cidadão com os canais de maneira positiva, trazendo vitalidade para a área projetada.
Pátios internos cheios de vida Lugares destinadados a interação dos moradores do local, com mais de um acessos. hávendo lugares cobertos, lugares ao sol e sombra natural, lugares onde nos podemosnos sentar no chão e lugares de permanência.
Esquinas destacadas trechos/ percurso
Lugares de estar que proporcionam interação de ver e ser visto, marcadas pela atividade ativa.
Áreas verdes trechos/ percurso
Lugares conformados por espaços verdes de transição e também de lazer.
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Terraço JardimÁrea de Captação
SISTEMA DE CAPTAÇÃO E REUSO DA ÁGUA DE CHUVA
Via secundáriaAldo Silva
Calha de coleta da água de chuva
Nós de Atividades / Bolsões de Atividades - Singular / Pontual Espaços públicos dinâmicos, onde há uma maior concentração natural de atividades sociais, como também servem para armazenamento das águas em épocas de cheias.
Vida Noturna - Singular / Pontual
Usos diversificados com atividades noturnas como hotel, cafés, restaurantes, bares... Associados a boa iluminação são atratores do fluxos de pedestres.
Telhado verde Piso elevado Ecodreno Saída de água
Lugares Conformados por árvoresContínuo / Percurso Espaços públicos formados por árvores que criam lugares especiais para o convívio das pessoas propiciando sensações confortantes.
Promenade - Contínuo / Percurso
Vias exclusivas a pedestres. Lugares que proporcionam longas caminhadas, onde pessoas que compartilham valores culturais, se reúnem para o convívio e a confirmação de comunidade.
Acesso à água Trechos / Percurso Espaços destinados a retomar a relação do cidadão com os canais de maneira positiva, trazendo vitalidade para a área projetada.
Modo escadarias como assentos, forma de apropriação.
Modo desnível como forma de acessos para perto da água.
Modo desnível na forma de vegetação ciliar como espaços de contemplação.
Modo passeio em desnível durante os trechos.
Fruição Pública
Reservatório
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Promenade vicinal
Terraço JardimÁrea de Captação
Esquinas destacadas
Áreas VerdesÁrea de absorção e captação de água da chuva
Pátio Interno cheios de vida
Pátios Internos cheios de vida
Infraestrutura com suporte para armazenamento das águas.
Habitação de Interesse Social EstruturaLaje PrémoldadaInfraestrutura Predial para reuso das águas de chuva. Promenade vicinal
Áreas Verdes - Área de absorção e captação de água da chuva
Pátios Internos cheios de vida
Fruição PúblicaPasseio largos CisternaÁgua de Reuso
Áreas VerdesÁrea de absorção
Infraestrutura com suporte para armazenamento das águas
Corte AA - Relação edificado e não edificado - escala 1/500
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Fruição
Fruição
PúblicaPasseio largos
públicarelação do construído Lugar conformado por árvores
Via SecundáriaR. Sidnei Schulze
Canal
Canal
com acesso a água e vista biblioteca.
Promenade frente ao canal com vida noturna.
Centralidade
regional com intervalos de praças públicas pequenas.
Espaços externos positivos ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 113
Área de
Edifício Garagem
Corredores de comércio, serviço e habitação
Bacia do canal
Nós de AtividadesInfraestrutura com suporte para armazenamento das águas.
Habitação de Interesse Socialapropriação do térreo / Comércio noturno Hotel
Filarmônica das Artes
Edifício Existente
Edifício existente
CAIC
Biblioteca
transição entre setores com espaço público positivo. NOVOS ARQUITETOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI114
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O HABITAR E O RIO
UMA INTERVENÇÃO NO BAIRRO CIDADE NOVA- ITAJAÍ PRÊMIO CAU IAB 2018 - 3 o PRÊMIO
Autora: Vanessa Beatriz da Silva, Arq. Urb. Orientador: Marcelo Galafassi, Arq. Urb. Me.
TEMÁTICA
Conciliar o rio e sua dinâmica de cheias à expansão do bairro cidade nova sobre o rio.
FENÔMENO
HISTÓRICO DE CHEIAS DE ITAJAÍ
A cidade de Itajaí localiza-se da foz da bacia hidrográfica do Rio Itajaí Açu. A Bacia é a maior do estado de Santa Catarina com cerca de 15 mil km² e apresenta recorrentes inundações. Desde o ano de 1850, a cidade de Blumenau - que recebe o montante de águas antes destas chegarem a Itajaí- registou a ocorrência de 68 inundações. A cidade de Itajaí não possui registros oficiais tão antigos, mas com a criação da Defesa Civil municipal em 1993, registou cinco grandes eventos até o presente.
A população mais afetada pela ocorrência deste fenômeno natural é a de baixa renda. Esta população é mais vulnerável espacialmente pois, em geral, ocupa as áreas de maior cota de inundação com edi ficações pouco resistentes. É também a mais vulnerável socialmente, pois dispõe de menos recursos para se recuperar da ocorrência do desastre socioambiental.
HABITAÇÃO E AS CHEIAS
Por esta causa, o Plano Local de Habitação de Itajaí tem 83% da sua demanda de projetos relacionadas à inundação. Projetou 2.573 unida des no período das cheias de 2001 a 2011, porém apenas 26% desta demanda foi executada, demonstrando a ineficiência da execução de projetos em sistemas convencionais de pouca agilidade construtiva. Os conjuntos habitacionais propostos, visando a redução de custos, relocam a população para áreas periféricas de baixa inserção urbana, ocasionando segregação social por razão da necessidade de longos deslocamentos, o aumento do custo de vida e a baixa oferta de equi pamentos e serviços. Além disso, estas áreas também são atingidas pelas cheias e os projetos não contemplam soluções preventivas.
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JUSTIFICATIVA
Considerando o fenômeno, entende-se que é necessário um projeto habitacional que previna a ocorrência de novos desastres socioambientais em ocupações ainda vulneráveis e que possibilite a melhor inserção desta população no contexto urbano.
LOCAL DE INTERVENÇÃO
MAPEAMENTO DE VULNERABILIDADE
A área de intervenção foi definida pelo cruzamento das áreas de maior vulnerabi lidade espacial e vulnerabilidade social. A vulnerabilidade espacial foi indicada por meio do mapeamento de cota de inundação da Defesa Civil. A vulnerabilidade social foi diagnosticada por meio do mapeamento dos assentamentos precários, que são definidos pela Secretaria de Habitação de Itajaí como “assentamento com mais de 50 residências em área consolidada e distinta do entorno com necessidades habitacionais, sociais e econômicas”.
RECORTE DE INTERVENÇÃO
O bairro Cidade Nova apresenta as mais altas cotas de inundação no entorno do rio Itajaí Mirim, onde localizam-se três assentamentos precários totalizando 290 residências. Além disso, a área apresenta vazios na margem do rio passíveis de novas ocupações irregulares levando em consideração a localização privi legiada do bairro no contexto urbano.
HISTÓRICO DO BAIRRO
O nascimento do bairro é marcado por um loteamento criado para abrigar a relocação de uma ocupação irregular e se expande através de outros loteamentos populares. Por
décadas, foi segregado espacialmente e socialmente, mas nos últimos anos, com o crescimento populacional da cidade, o bairro já se insere no contexto urbano por meio de novas pontes de conexões, consolidação dos eixos comerciais, oferta de equipamentos, serviços e transporte público, proporcionando qualidade ur bana aos moradores dos assentamentos em questão, em relação à uma possível relocação para as áreas de expansão além do perímetro urbano.
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PROBLEMÁTICA
Como conciliar habitação e rio, garantindo a resiliência das habitações e a preservação do rio?
CONCEITUAÇÃO
Compreendendo a vulnerabilidade ante o fenômeno das cheias, foi aplicado à proposta o conceito de “resiliência”, definido pela Defesa Nacional como “a capacidade de resistir, absorver e se recuperar de forma eficiente dos efeitos de um desastre (...)”. Propõe-se então um novo modelo de habitação resiliente.
Como conceito de “habitação”, o trabalho parte da perspectiva que o espaço físico “casa” se torna uma moradia pelo processo de apropriação do usuário, esta moradia integrada ao espaço urbano qualifica uma habitação. Este conceito foi aliado ao conceito de “moradia digna” que constitui um direito universal pelas Nações Unidas e tem como critérios: segurança de posse legal; oferta de instalações e infra estrutura; economicidade; habitualidade; adequação cultural e localização oportuna socialmente.
DIAGNÓSTICO LOCAL
Definiu-se como área de intervenção, a gleba residual entre o tecido formal do bairro e o traçado do Rio ItajaíMirim (preservando a área de proteção ambiental) totalizando 140 mil m². A gleba abriga as ocupações precárias e outras ocupa ções em vulnerabilidade, além disso, apresenta vazios residuais. As ocupações acontecem de forma desor ganizadas e constituem uma barreira à paisagem e ao rio. A intervenção nesse contexto propõe além de novas habitações, uma organização que evite novas ocupações precárias e potencialize às qualidades pai sagísticas do terreno, conectando o bairro ao rio. Não foram propostas conexões com a outra margem do rio, pois esta apresenta usos privados.
O entorno do recorte é servido de equipamentos pú blicos educacionais e de saúde, além de espaços de recreação, esporte e lazer. Estes são interligados por ciclovias entre si, porém não se conectam ao rio. A proposta visa conectar os equipamentos existentes à novos equipamentos locados estrategicamente de forma a delimitar eixos direcionados ao rio, costurando o novo tecido ao existente.
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PROBLEMÁTICA DAS CHEIAS
Os dados dos últimos dois eventos demostram que as águas podem demorar a baixar entorno de 4 à 15 dias. Durante este tempo, o abastecimento de água é com prometido, o fornecimento de energia é cortado e a rede de esgoto fica submersa. Além disso, há o risco do saqueamento das residências devido à dificuldade de manter a segurança.
Possibilitar o pleno funcionamento destas funções deman daria a autossuficiência da unidade em questão. Mas, levando em consideração a restrição dos recursos finan ceiros, o projeto priorizou a preservação do patrimônio e limitou-se a propor que a habitação disponha de uma reserva de água e um sistema alternativo independente de esgoto, permitindo a permanência de uma pessoa durante o evento.
TIPOLOGIA E SOLUÇÃO CONTRA AS CHEIAS
A tipologia arquitetônica da comunidade e do bairro em que esta insere-se, é predominantemente unifamiliar de um a dois pavimentos. Na comunidade, as edificações aproximam-se umas das outras e a rua torna-se o es paço público. O projeto visa manter estas características, portanto descartou-se a possibilidade de edificações multifamiliares.
Como solução resiliente, levou-se em consideração os modelos existentes: palafitas, anfíbia e flutuante. A tipo logia flutuante melhor atende aos critérios considerados na escolha que defendem a economicidade, resiliência, urbanidade e preservação do rio.
DEFINIÇÃO DOS TIPOS
A comunidade a ser atendida pelo projeto é formada por diversas configurações familiares. Para melhor compreensão deste perfil familiar, foram alisados dados fornecidos pela assistente de saúde responsável pelo atendimento de 176 famílias do trecho. Os dados originaram quatro perfis familiares, conforme demonstrado no gráfico, que resultaram em quatro diferentes tipos de habitação.
DIRETRIZES
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PROPOSTA
O programa de necessidades foi definido com base no diagnóstico que identificou a necessidade de 390 unidades habitacionais além de equipamentos comple mentares aos existentes.
Foi proposto como principal equipamento uma coopera tiva de reciclagem em contrapartida aos dois depósitos de sucata removidos do trecho. A reciclagem é uma atividade econômica importante para a comunidade que pode ser potencializada pela cooperativa.
Foi proposta a relocação do atual Centro de Educação Infantil para uma nova estrutura resiliente. Também foram propostos dois novos Centros Comunitários e novos espaços de recreação e lazer mais integrados a paisagem natural.
IMPLANTAÇÃO
A área de intervenção foi dividida em dois trechos: norte e sul. No trecho norte, o condicionante de implantação das unidades foi a delimitação de eixos que conectas sem os equipamentos existentes à comunidade e ao rio. A vegetação nativa encontra-se preservada, porém em um trecho onde ela já foi suprimida, foi locado um espaço de recreação, permitido como uso em APP’s. O trecho sul é também orientado pelos eixos. O principal eixo interliga os equipamentos existentes, passando pela praça existente revitalizada, pela a cooperativa de reciclagem, centro comunitário e o centro infantil, e é estendido pelo deck até encontrar-se com o rio. Os demais eixos também são estendidos pelos decks.
OBJETIVOS
Os objetivos propõem intervenções nas diferentes esca las, desde a escala do bairro passando pela escala da comunidade atendida até a escala arquitetônica.
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PADRÕES ESPACIAIS
O uso de padrões espaciais possibilita a le gibilidade, criando diferentes cenários. As quatro tipologias foram configuradas criando três padrões espaciais.
O padrão espacial “bairro” configura as vias locais que conectam o trecho ao bairro. Ele é formado pelo tipo 03 e 02-B geminados na lateral configurando uma fita. O recuo frontal é reduzido possibilitando a segurança do passeio público. A privacidade é garantida pela elevação da edificação à 1m e pelo jar dim. O pátio privado é voltado para o interior da quadra interagindo com as unidades do padrão vizinhança.
O padrão espacial “vizinhança” tem o ob jetivo de proporcionar o senso de comuni dade. Se configura pelos tipos 01 e 02-A geminados em formato de leque. Os pátios são voltados para a frente em contato com a via compartilhada e com as praças.
O padrão espacial “rio” é utilizado para con figurar o eixo pedonal para o rio. As unidades agrupadas em fita fazem frente ao canal criado e interagem com os equipamentos pú blicos. O canal auxilia na drenagem e permite a comunidade a visualização diária do rio. O padrão é formado pelo tipo 01 que melhor atende a posição solar norte/sul.
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SOLUÇÕES TÉCNICAS
Diretrizes para a escolha do sistema construtivo.
Técnicas Arquitetônicas Econômicas
Autoportante Desempenho Térmico Autocontrutivo
Baixa carga Fácil manutenção e reparos
SISTEMA COMPLEMENTARES
ENERGIA ELÉTRICA
Baixo custo do sistema
Agilidade de execução
Conectado à rede de elétrica municipal. Durante o evento das cheias, esta é des ligada. O ramal de conexão com a casa é posicionado à altura máxima potencial mente atingida na flutuação.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Conectado à rede de abastecimento de água municipal por uma mangueira com comprimento extra para a elevação. Durante o evento das cheias, o abasteci mento pode ser interrompido. O registro de entrada precisa ser fechado e durante a flutuação. A caixa d’água de 1000l pode suprir o consumo diário de 110l de uma pessoa durante 9 dias.
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SISTEMA DE ESGOTO
O sistema de esgoto é usualmente conectado à rede de tratamento de esgoto municipal (sem necessi dade de fossa/filtro). Durante o evento das cheias, um registo entre a rede pública e a casa é fechado e a unidade de tratamento de esgoto é movida e acoplada ao sistema da casa.
A unidade consiste em dois galões interligados que funcionam como fossa séptica e filtro anaeróbico, formado por anéis de bambu, pedra britada e cacos de tijolos.
Este modelo foi desenvolvido pelo instituto de pes quisa em inovação, desenvolvimento e adaptação de tecnologias sustentáveis do Instituto Mamiraurá em 2011, como solução para as casas flutuantes no Amazonas.
DETALHAMENTO
FLUTUAÇÃO
A base flutuante é guiada durante a elevação pelos pilares metálicos fixos à fundação. Ao fim dos pila res, um travamento impede que a base flutuante se desconecte da estrutura fixa. A casa movimenta-se 2,95 metros, chegando à altura total de 4,06 metros (somando-se a elevação permanente de 1,08m).
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Representação gráfica do projeto gráfico Frente Rio
PROJETOS ACADÊMICOS
FRENTE RIO: UM EQUIPAMENTO DE CULTURA E LAZER HISTÓRICO
CONTEMPORÂNEO
Autor do texto: Diego Saviak, Acad. Arq. Urb. Autores do projeto: Alex Medeiros, Acad. Arq. Urb. | Diego Saviak, Acad. Arq. Urb. | Monique Pena Wallendorf, Acad. Arq. Urb. Professores orientadores: Marcia do Valle Pereira Loch, Prof. Dra. Arq. Urb. | Dado de Andrade, Prof. Mse. Arq. Urb.
REVITALIZAÇÃO DE 3 EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS EM ITAJAÍ
O presente texto refere-se ao trabalho abordado na dis ciplina de Projeto Arquitetônico do quinto período, no primeiro semestre de 2019, orientado pelos professores Dado de Andrade e Marcia Loch. Tem como finalidade apresentar uma proposta de revitalização em uma área abandonada, situada a margem do rio Itajaí-Açu (Mapa de Localização 01), onde encontram-se três edificações históricas: Casa Bauer, Porto Brás e Casa Voigt, cuja primeira possibilidade de revitalização, ocorreu devido ao tombamento realizado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional. A leitura do local permitiu o conhecimento de vários fatores manifestados de formas positivas ou não nesta área, bem como o suporte teórico e estudos de caso. Tal ação levou a um partido inicial onde o principal ponto foi a integração do valor social e a identidade histórica, concretizado no anteprojeto. A arquitetura do Frente Rio conversa com três realidades: passado - preservação do
patrimônio cultural; presente - abriga as necessidades atuais de usabilidade coletiva; futuro - permite a mutação dos espaços por conta da estrutura metálica e paredes internas flexíveis, além de usos indeterminados devido as configurações dos espaços internos e disposição do layout proposto.
CENTRO CULTURAL - FRENTE RIO
O ponto principal do projeto foi a integração das edificações já existentes com uma nova arquitetura, contemporânea e interativa, amarrando a identidade cultural histórica com as novas necessidades de uso da sociedade contemporânea. Partiu-se de uma forma influenciada pelas marolas das águas e a sinestesia de se navegar em alto mar, obtendo-se uma forma orgânica e fluida (Esquema de forma 02). O térreo se torna o oceano, admitindo propositalmente os diversos desníveis ocasionados pelas bacias, não muito profundas. O intuído é suprir a necessidade de escoamento da água do rio Itajaí-açu em dias de maré alta.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI126 PROJETOS ACADÊMICOS
- Espaço para oficinas de aprendizagem locais / 14 banheiro - Banheiro masculino e banheiro feminino / 15 salas multiuso - sala ampla com divisórias flecíveis / 16 hall - Entrada com exposições e piso ondulado / 17 cafeteria - cafeteria e panificadora / 18 rampa - Rampa com exposição de arte local / 19 banheiro - Banheiro unisex / 20 cinema - cinema público / 21 exposição - espaço de exposição de manifestos locais e nacionais / 22 sala de controle - sala de projeção e controle do cinema / 23 sala de oficina - Espaço para oficinas de aprendizagem locais / 24 passagem - Ligação do bloco 01 para o 02 / 25 biblioteca - Espaço de leitura, pesquisa e descanso / 26 banheiro - Banheiro masculina e banheiro feminino / 27 elevador - Elevador bloco 01 a cobertura / 28 elevador - Elevador bloco 02 a cobertura / 29 Cobertura - Espaço para comteplação e descanso / 30 acesso a cobertura - Rampa com inclação 5%.
1 2 3 4 5 6 rio Itajaí-açu Navegantes Itajaí LEGENDA 1- Portobrás 2- Casa Bauer 3- Casa Voight 4- Balsa Itajaí-Navegantes 5- Shopping Itajaí 6- Porto de Itajaí N PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION PRODUCEDBYANAUTODESKSTUDENTVERSION PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSIONMapa de localização 01 casa Voight - Uso de eataly / 02 praça principal - Ponto de entrada principal / 03 casa Bauer - Museu dedicado a história local / 04 caminho na água - Passarela emerge e se eleva no rio / 05 edifício 01 - Edifício cultural / 06 praça menor - Praça entra os dois edificios / 07 edifício 02 - Edifício cultural / 08 praça gastronômica - Espaço dedicado a feiras / 09 casa Portobrás - Restaurante com gastronomia local / 10 banheiro - Banheiro sem gênero / 11 auditório - Capacidade de 150 pessoas / 12 hall - Espaço com bancos e áreas de socialização / 13 oficinas
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 127
Entre as edificações históricas foram adicionados mais dois edifícios (forma 07 e forma 05), cuja parte externa apresenta uma estética simplificada, neutra, de forma a não conflitar com os casarões tombados e com a cobertura (29). Propositalmente, a parte interna dos edifícios adicionados especializam o elemento orgânico, com paredes sinuosas, mas mantendo a mutualidade atemporal.
As edificações se abrigam, emolduradas sob uma cobertura fluída e permeável, acompanhando o ritmo do térreo, orgânico e divertido. Reformula-se no horizonte uma nova arquitetura que exalta a identidade histórica do povo local, vinculado com a cultura da pesca. A extensão da cobertura (29) contempla vários vazados, permitindo a entrada de luz natural no nível inferior. Há três acessos verticais, uma rampa (30) integrada a cobertura e dois elevadores (28, 27) localizados nos dois blocos criados (07, 05). A cobertura é acessada por todos os blocos de circulação vertical, possibilitando o seu uso para tomar sol e obter contato com o rio de modo a conscientizar o usuário a respeito das águas turvas e insalubres do Itajaí-açu.
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Outro ponto do projeto que salienta esta aproximação se trata de um píer (04) que adentra o rio e submerge parcialmente na água, transmitindo a percepção de continuidade, além de fazer com que haja maior conexão entre os usos do projeto, ligando uma ponta a outra.
O complexo oferece um programa de necessidades que busca unir a atividade social à herança cultural, dentre eles: restau rante (09), café (17), salas de oficina (13, 23), biblioteca (25), cinema (20), teatro (01) e museu (03). Esses, juntamente com uma arquitetura interativa, desde o piso ondulado às pare des curvas expressadas por sua forma orgânica, favorecem à permanência dos usuários, concentrando no meio, usos mais objetivos e nos extremos usos mais pluralizados, resultando em um fluxo constante de pessoas por todo o espaço e uma maior chance de encontros informais.
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As vedações leves e permeáveis, proporcionadas pela placa perfurada nos dois edifícios construídos permitem a interação entre os usuários dentro e fora das edificações, gerando um olhar curioso no contexto urbano.
Atualmente os espaços como praias e áreas arborizadas no centro da cidade vem sofrendo um ataque de especulação imobiliária e privatização, gerando segregação social. O projeto vai contra esse cenário, usufruindo dos antigos casarões e da herança da cultura pesqueira, para apontar um olhar crítico à poluição ribeira, oferecendo uma nova arquitetura pública, que constrói junto a população o conceito de espaço democrático para com o rio.
MODULAÇÃO, LINGUAGEM E MATERIALIDADE
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O sistema estrutural metálico concretiza grande parte do pro jeto, por ser um material com grande flexibilidade, permitindo grandes vãos. Utilizou-se pilotis, com modulação 8x8 metros intertravados de modo a suportar a carga da cobertura on dulada que por sua vez é feita de concreto. A busca de uma arquitetura que compatibilizasse o antigo com o novo se fez importante não somente na forma, como também na materia lidade e sistema estrutural escolhidos. Elementos marcantes e identitário na cultura do vale do Itajaí são relembrados e utilizados nas diretrizes de materialidade, estrutura e conforto. A cobertura orgânica, que abraça o antigo sem sufocá-lo (ma quete 06), e a adição de dois edifícios com gabarito igual ao existente sem gerar conflito, favorecem e reforçam a intenção de revitalizar e envolver o novo com o antigo pré existente. O fechamento que se faz com janelas de vidro com roldanas e placas perfuradas afastada 20 centímetros das paredes ex ternas, envolve os dois novos edifícios, permitindo, juntamente com aberturas altas e flexíveis, o fluxo contínuo de ventilação e luz natural por todo interior das edificações.
+-0.00 +5.00 +11.00 +12.20 +13.40 1 4 2
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CASA MOTUS
PROJETO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR
CONCEITO
ACasa Motus foi projetada desde sua concepção para a Matéria de Projeto Arquitetônico do terceiro período, tendo como solicitação uma residência unifamiliar. O projeto final, já no segundo semestre de 2019 foi enviado junto ao Programa NCPRO para o Concurso Técnico NCD - Projeto Arquitetônico Estudante 2019, ganhando assim a 2º colocação (Prata).
O projeto além de buscar e ensinar diferentes tecnologias para o habitar entre os alunos do curso, traz o desafio e problemas que a vida de um profissional encontrará durante os projetos, sendo alguns deles o terreno e como comportar a casa nele sem denegrir o projeto e nem o próprio local, resolver questões de conforto perante o clima e criar uma habitação que instigue a curiosidade e crie de certa forma uma nova arquitetura.
DO MOVIMENTO À FORMA
A Casa Motus é localizada nos subúrbios da cidade, rodeada por uma topografia com uma declividade aparente. O terreno em si possui da entrada até seu limite, cerca de 3,5 metros de altura de diferença, sendo essa declividade parte do conceito que é estabelecido entre o movimento e altura como criadores de espaços para todos e na ideia de gerar perspectivas, olhares e percepções diversas na habitação.
Acadêmico: Lucas Heidenreich Garcia Professores Orientadores: Rudinei Carlos Scaranto Dazzi, Prof. Me. Arq. Urb Eduardo Baptista Lopes, Prof. Me. Arq. Urb
Evolução da Forma
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI130 PROJETOS ACADÊMICOS
A Casa teve como Perfil de usuário um casal, onde um deles seria cadeirante, exi gindo assim um projeto com algumas ne cessidades e perspectivas diferentes em relação a uma pessoa não portadora de deficiência Física. Criando o Movimento dos caminhos, cria-se a possibilidade para que aquele que não o possui tenha a condição de habitar os espaços, criando o movimento da matéria, dá à rua e às pessoas que nela habitam, percepções e sensações novas.
A forma se desenvolve a partir de uma casa de duas águas comum que acaba por se torcer, movimentar e se adaptar para criar as conexões e os espaços necessá rios e imaginados para um cadeirante, gerando uma interação maior entre o ex terno e o interno. A cobertura da casa por sua vez faz parte de um todo como uma só estrutura que molda os espaços e acessos, tais como a rampa de acesso inicial que leva a pessoa da rua até a entrada da casa e a rampa interior de acesso aos quartos que se encontra junto a fachada oeste formando uma continuação entre a rampa e da declividade da cobertura.
Áreas e conexões Insolação/ventos Ambientes e circulações Planta Baixa ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 131
DA FORMA, O MOVIMENTO
Tanto a forma que é criada com as elevações, angulações e declividade quanto a compo sição da fachada que distorce a matéria, acabam por tornar possível fazer com que uma forma estática, crie movimento aos olhos das pessoas e aque les que na casa habitam.
O balanço na parte frontal da casa possibilita existir a rampa que cumpre a norma NBR 9050, deixando o cadeirante independente de qualquer pessoa ou tecnologia para entrar na habitação. É possí vel perceber a continuidade e a importância que a forma da a fachada tornando-a mais imponente em relação a rua e a própria casa.
Axonometria
Corte 1 Fachada lateral 1 Fachada lateral 2 ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI132 PROJETOS ACADÊMICOS
CONCEITO DA FORMA
O formato simples da casa entra em conjunto com a música e o movimento das frequências sonoras entre as melodias e notas, fluindo poeticamente da madeira torcida para o resto da casa. A fachada possui ripas de madeiras que tiverem suas formas torcidas, cada uma em uma região diferente das madeiras, dando a sensação de ondas e vibrações. No espaço torcido abre-se espaço tanto para a iluminação natural mais controlada no interior e ventilação, como também deixa a iluminação artificial no interior sair para fora da habitação criando um visual noturno peculiar. A junção de todas as ripas cria a impressão do movimento como idealizado, quase que se movendo aos olhos e perspectivas dependendo de onde a pessoas se encontra.
“ARQUITETURA É MÚSICA PETRIFICADA”
Fachada lateral 2
Madeira Torcida
Fachada com Madeiras Torcidas
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 133
CIENTÍFICOS
ARTIGOS
DIAGNÓSTICO E APRECIAÇÃO DA
ACESSIBILIDADE ESPACIAL NO CAPS II DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ
RESUMO
Este artigo relata partes do processo e dos resultados da pesquisa desenvolvida pelo projeto de extensão Arquitetura e Cidades Saudáveis, vinculado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali. Nos anos de 2018 e 2019 as ações extensionistas do pro jeto tiveram o objetivo de desenvolver propostas de melhoria das condições espaciais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) no município de Balneário Camboriú – SC. O objetivo deste artigo é apresentar possíveis adequações no espaço físico deste estabelecimento de saúde para atender as normativas brasileiras de acessibilidade, como a NBR 9050/2020, a fim de viabilizar um espaço inclusivo e saudável para seus usuários. Elaborou-se um diagnóstico das condições do espaço físico do CAPS II, reali zando-se uma Avaliação Pós-Ocupação (APO) focada na acessibilidade espacial. Para tal, utilizou-se o Manual de Adaptação de Acessibilidade da Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério da Justiça e Cidadania (2016), que tem como base a NBR 9050/2015. Efetivou-se uma abordagem quali-quantitativa com a finalidade de identificar os principais obstáculos e qual o nível de urgência para cada item analisado. Os dados coletados foram processados com a perspectiva dos avaliadores e, então, foi possível criar diretrizes com soluções projetuais para os conflitos existentes, elencando a prioridade de cada tópico indicado pelo manual. Como resultado, constatou-se que 78% do CAPS II não atende à NBR 9050, sendo os pontos elencados como prioridade de intervenção as rampas e a circulação interna. Conclui-se que a aplicação de apenas um instrumento, tipo checklist, não é suficiente para uma adequada avaliação. Foi necessário um conjunto de métodos criados pelos pesquisadores para elencar prioridades na requalificação do equipamento.
Palavras-chave: Avaliação Pós-Ocupação; Acessibilidade; NBR 9050, Centro de Atenção Psicossocial.
INTRODUÇÃO
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Balneário Camboriú (SC) atendeu aproximadamente 3.000 usuários/ano ao longo dos anos de 2017 a 2019, tendo 20 colaboradores. Entretanto, apesar desta demanda significativa, o CAPS II localiza-se em uma edificação que não é adequada às condições de acessi bilidade espacial, dificultando o atendimento de seus usuários (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE E SANEAMENTO, 2018). Tendo em vista a necessidade de adequar o espaço físico do CAPS II para atender a multiplicidade destes usuários, familiares e colaboradores, a Secretaria de Saúde buscou o projeto de ex tensão Arquitetura e Cidades Saudáveis do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali para o desenvolvimento de projetos de requalificação para o equipamento de saúde. Esta demanda
fomentou várias atividades no equipamento ao longo dos anos de 2018 a 2019, sendo uma delas relatada neste artigo.
Desta forma, o problema de pesquisa vem da demanda levan tada junto a gestão do CAPS, que precisava de intervenções na edificação para acesso e uso por uma ampla gama de usuários sem restrições. O artigo tem como objetivo relatar a avaliação das condições de acessibilidade no CAPS II. Assim como apre sentar as melhorias propostas para alguns dos aspectos mais problemáticos levantados pela ação avaliadora, na busca em viabilizar um espaço inclusivo e saudável para seus usuários. Para atender a esse objetivo, através de uma abordagem quali e quantitativa, foi realizada uma Avaliação Pós Ocupação (APO), uma modalidade de pesquisa que contribui para o controle de
Raryana Fernanda Ribeiro, Acad. Arqu. Urb. | Ana Paula Magalhães Jeffe, Prof. Me. Arq. Urb. | Marcia do Valle Pereira Loch, Prof. Dra. Arq. Urb.
ARTIGOS CIENTÍFICOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI136
qualidade do ambiente construído no decorrer do uso e de seu processo de produção, considerando a percepção dos avaliado res, projetistas e usuários (ORNSTEIN; VILLA; FRANÇA, 2018). Utilizou-se, como instrumento de coleta de dados, o Manual de Adaptação de Acessibilidade da Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério da Justiça e Cidadania (2016), que tem como base a NBR 9050/2015.
REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 400 mi lhões de pessoas no mundo sofrem com algum tipo de doença ou transtorno mental, sendo que 23 milhões destas estão no Brasil. A falta de tratamento adequado para as pessoas faz com que essas doenças ocupem posição de destaque no ranking de doenças que mais atingem a população mundial (EBC, 2013). Após a Reforma Psiquiátrica, que completou 20 anos em 2020, vem ocorrendo um movimento de desinstitucionalização, ou seja, a mudança de um modelo asilar de reclusão, exclusão e isola mento, para um modelo de atenção psicossocial, comunitário e de inclusão. O modelo descrito entende que o transtorno mental pode estar relacionado a problemas de ordem social e não deve ser tratado de forma isolada ao convívio comunitário e familiar. A partir disso, foi criada uma rede de assistência psicossocial que disponibiliza atendimento a esta população em tratamento. Essa rede é composta por centros de saúde especializados incluindo os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) (AMARANTE, 2007).
O objetivo do CAPS é oferecer atendimento e acompanhamento clínico, restaurando a autonomia e reabilitando socialmente os usuários através de trabalhos manuais, lazer, exercícios dos direitos civis e cidadania, assim como o fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
Conforme a perspectiva da Reforma Psiquiátrica tem-se como demanda o planejamento da infraestrutura física e urbana destes estabelecimentos. O espaço do CAPS deve representar um lugar de abrigo para os seus usuários, sendo necessário fomentar a apropriação espacial pelos pacientes, identificando as suas necessidades e as melhores alternativas para atendê-las.
O CAPS, assim como todos os edifícios de uso público, deve obri gatoriamente obedecer às leis e normas de acessibilidade espacial segundo o decreto 5.296/2004. O artigo quinto deste decreto coloca que “os órgãos da administração pública direta, indireta e fundacional [...] deverão dispensar atendimento prioritário às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida”.
Acessibilidade segundo a NBR 9050/2020 é a: possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utili zação, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. (2020, p. 16)
Contudo, ainda segundo as autoras Bins Ely e Dischinger (2002), a acessibilidade é mais do que uma condição física de atingir um local desejado, é necessário permitir a orientação espacial e a comunicação entre as pessoas (MARTINS; GAUDIOT, 2012). Pinto (2017) afirma que o espaço deve promover a acessibilidade como uma possibilidade do indivíduo ter acesso ao ambiente e/ou equipamento e propõe uma perspectiva de acessibilidade que agrupe a inclusão social e a cidadania.
Portanto, garantir as condições de acesso do CAPS é ga rantir o acesso à inclusão social para pessoas que são mui tas vezes colocadas à margem da sociedade, devido a suas condições de sofrimento psicológico. Quando o ambiente do CAPS não permite o acesso igualitário a todos, ele nega que pessoas possam exercer seus direitos de cidadãos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para análise das condições de acessibilidade no CAPS II, foi elaborada uma pesquisa de caráter exploratório,com aborda gens qualitativa e quantitativa. A metodologia utilizada foi a avaliação Pós-ocupação (APO), que permite o conhecimento sistematizado do ambiente construído. Possui instrumentos que avaliam a qualidade e o desempenho do espaço físico, levando em consideração a percepção dos usuários, projetistas e avaliadores (ORNSTEIN; VILLA; FRANÇA, 2018). Dentre os métodos de APO existentes a avaliação da acessibilidade foi um dos métodos utilizados para avaliar as condições do espaço físico do CAPS II.
Primeiramente foram realizadas visitas para levantamento in loco, onde foram levantados dados acerca do uso inicial do edifício, das reformas que este sofreu na implementação do estabelecimento de saúde e das atividades diárias realizadas em seus ambientes. Para o levantamento destas informações foram realizados registros documental, fotográfico e levanta mento do espaço físico.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 137
Para a avaliação da acessibilidade foram realizadas observações sistemáticas, com a utilização do Manual de Adaptações de Acessibilidade do Ministério da Justiça e Cidadania (2016). O manual contempla um checklist, para avaliar o espaço físico edificado conforme os requisitos da NBR 9050/2015.
Após a coleta de dados sobre a caracteri zação da edificação foi aplicado o checklist de avaliação que contém os itens da NBR 9050/2015, organizados em colunas que dispõe o item da norma a ser verificado, con forme demonstra a Figura 1. Cabe-se salien tar que a NBR 9050 foi revisada em 2020, tendo aspectos como as dimensões das cir culações e a retirada do recuo no balcão de informações reestruturados. Entretanto, tais elementos citados não afetam a avaliação efetuada já que nenhum destes itens impacta de forma negativa os resultados alcançados.
Após a etapa de preenchimento da tabela, agruparam-se os dados coletados por meio do checklist. Neste processo, como apresenta a Figura 2, preencheram-se todos os quesitos que não haviam sido sanados na etapa ante rior. Estas informações foram inseridas como anexos fotográficos, resumos dos projetos necessários e a conclusão do responsável técnico para o local.
Apesar da análise quantitativa ter auxiliado na avaliação da acessibilidade, se fez ne cessário uma nova análise qualitativa. Esta nova análise foi feita por uma hierarquiza ção elencada através do discernimento dos avaliadores, após vivenciarem o ambiente e classificarem as categorias da norma con forme sua urgência. Para isso, montou-se uma tabela que demonstra os percentuais de não atendimento à norma para cada item avaliado dentro destas categorias. Verificou-se a necessidade de uma nova hie rarquização, pois embora essa porcentagem tenha dado um resultado dos locais que mais necessitam de adequação, estes resultados não correspondem totalmente com as prin cipais necessidades verificadas no CAPS.
Categoria
1. informações e outros
18
28 3.2. entradas
circulação 4 12
rampas
escadas
esquadrias
sanitário acessível
balcões
assentos
interiores
restaurantes e copas
a 14. iluminação e sinalização
48
17
22
53
10
4
18
3
Assim sendo, a fim de se obter maior clareza das necessidades de acessibili dade do objeto de estudo, criou-se uma nova hierarquização visando enumerar as adaptações mais urgentes no local através da visão do avaliador. Através disso, foi possível fazer uma comparação entre a hierarquia a partir dos dados do checklist e a nova hierarquia criada. A tabela comparativa desenvolvida durante o processo de análise dos dados obtidos pode ser vista na Tabela 2.
Figura 1– Trecho retirado do checklist. Fonte: Jeffe et al. (2019). Figura 2 – Anexo fotográfico do checklist. Fonte: Jeffe et al. (2019). Tabela 1 – Tabela de quantificação dos itens por categorias. Fonte: Jeffe et al. (2019).
Itens que atendem
Itens que não atendem
18
5
4.1.
4.2.1.
2
4.2.2.
4
5.
6
6.
23
7.2.
2
7.3.
0
7.5.
6
11.
6
12.
3 16
ARTIGOS CIENTÍFICOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI138
a intenção de traçar diretrizes para o CAPS, compilaram-se todos os dados levantados na aplicação do ckeklist de acessibilidade, elaborando-se uma matriz de recomendações (RHEINGANTZ; et al., 2009), que apresenta diretrizes de projeto de adequação a norma para todos os pontos apurados. Essa matriz apresenta o projeto de readequação a ser executado, junto com as diretrizes de todos os itens que necessitam de adequação (Figura 3). A figura 4 apresenta um detalhe da matriz de recomendações, que demonstra um dos pontos considerados de fundamental importância na avaliação realizada.
RESULTADOS
Dentre os resultados obtidos, constatou-se que 78% do CAPS II não atende à NBR 9050/2015, como mostra a Figura 5. Quando se analisa os elementos avaliados em rela ção às alterações na NBR 9050/2020 os resultados permanecem similares.
De acordo com os resultados da Tabela 3, as rampas e a circulação apresentam respecti vamente 96% e 75%, de itens em desconfor midade com a NBR 9050 de 2015 e 2020. Apesar de não apresentarem os maiores percentuais de não atendimento à norma, estes dois itens aparecem como prioridade nas necessidades de urgência nas adapta ções da acessibilidade do espaço físico.
Foi levado em consideração os itens que impediam ou dificultavam as atividades no local estudado, mais do que a própria porcen tagem de não atendimento à norma. Como exemplo na Figura 6, tem-se as rampas que
Tabela 2 – Tabela comparativa entre a hierarquia do checklist e do responsável técnico. Fonte: Jeffe et al. (2019). Figura 3 – Matriz de recomendações: Planta e diretrizes. Fonte: Jeffe et al. (2019). Figura 3 – Matriz de recomendações: Planta e diretrizes. Fonte: Jeffe et al. (2019). Itens Hierarquia do checklist Hierarquia do responsável técnico 3.2. entradas 4° 1°4.1. circulação 8° 4.2.1. rampas 2° 4.2.2. escadas 6° 4° 5. esquadrias 3° 6° 6. sanitário acessível 1° 3° 7.2. balcões 9° 5° 7.3. assentos 10° 7.5. interiores 5° 11. restaurantes e copas 11° 12. a 14. iluminação e sinalização 7° 2° Com
Figura 5 - Porcentagem total de itens que atendem e não atendem à norma. Fonte: Jeffe et al. (2019).
ATENDE
NÃO
ATENDE
ATENDE 22% NÃO
ATENDE
78%
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 139
não atendiam 96% da norma. Porém, imprescindíveis para o uso do espaço, uma vez que dão acesso aos ambientes em desnível e a própria edificação. Sendo muito mais importantes que os assentos que não aten diam 100% da norma.
As rampas, não possuem a largura ou a inclinação ade quada, nem apoio por corrimãos e sinalização para pessoas com deficiências visuais. Entre a recepção e a parte externa, por exemplo, há um desnível que atual mente não existe rampa, esta impede o acesso para a edificação e a utilização das salas de atendimento. A segunda prioridade foi a circulação, pois precisa de adequação em relação ao piso tátil de alerta e direcio nal, a livre passagem sem interrupções e a circulação vertical que se dá apenas pela escada. A sua inadequa ção impossibilita uma passagem linear e contínua dentro da edificação. Assim como a falta de uma plataforma elevatória impede o acesso ao pavimento superior. A Figura 7, à esquerda, exibe a configuração do layout da sala de espera que cria obstáculos e atrapalha a livre circulação no local. A mesma imagem demonstra, à direita, o acesso principal da edificação, cuja rampa não tem as características necessárias para atendimento da norma. Como é o principal e único acesso ao CAPS II, pode vir a impossibilitar o acesso e uso do lugar por alguns de seus usuários. Por fim, os resultados demons traram a copa e as esquadrias como itens de menor urgência por possuírem menor relevância em relação ao uso da edificação, em comparação aos outros itens do checklist.
Ao produzir as recomendações, partindo dos dados retirados do checklist, foi possível traçar as diretrizes para cada ambiente do CAPS II, tornando amplamente visível os locais de necessidade de adequação à NBR 9050/2020 junto ao tipo de adequação a ser realizada. Por meio da matriz de recomendações desenvolvida, o projeto de adequação foi direcionado de modo a atender todos os itens da norma.
Na organização das recomendações para o projeto de adequação, foram elencados todos os ambientes e listados os itens a serem levados em consideração para elaborar o projeto. Dessa forma, usando de exemplo a recepção, é possível apresentar algumas das reco mendações para o projeto, como dispor o mobiliário de modo que não interrompa a passagem, implantar o corredor com largura mínima de 0,90 m e colocar assento para pessoa obesa (Figura 8).
Ordem de urgência Categoria
Não atende/ total de itens
1° 4.2.1. Rampas 96% 4.1. Circulação 75% 3.2. Entradas 78%
2° 12. a 14. Iluminação e Sinalização 84%
3° 6. Sanitários acessíveis 70%
4° 4.2.2. Escadas 81%
5° 7.5. Interiores 75%
Tabela 3
de urgência. Fonte: Jeffe et al. (2019).
Figura 6
matriz de
Fonte: Jeffe et al. (2019).
– Tabela percentual / ordem
– Comparação da importância da
recomendações de acessibilidade.
Figura 7 – Layout e acesso à edificação com obstáculos que impedem a acessibilidade. Fonte: Jeffe et al. (2019).
Figura 8 – Planta do projeto para adequação à norma e um trecho da recepção. Fonte: Jeffe et al. (2019).
ARTIGOS CIENTÍFICOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI140
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O diagnóstico do CAPS II auxiliou o desenvolvimento do produto final, ou seja, as diretrizes para o projeto arquitetônico. No entanto, os avaliadores perceberam alguns pontos positivos e negativos que deveriam ser levados em consideração. Apresentou-se como uma vantagem a organização da tabela do instrumento utilizado em abas e itens facilitando a leitura dos dados, assim como a indicação da norma em cada item. Outro ponto positivo é a ampla e detalhada abrangência da norma, sendo em geral, transcrita de forma facilitada. Como desvantagem, lista-se a falta de automatização no conjunto total da tabela. Não há conclusões acerca dos itens contemplados e nem dados quantitativos referentes às respostas diretas. Outro ponto negativo caracteriza-se como algu mas perguntas confusas e/ou complexas. Em relação às perguntas também há uma desvantagem em relação aos instrumentos que muitas vezes são necessários para se avaliar algum item. Por exemplo, para responder ao item que trata das condições de iluminação da circulação interna, é requerido o uso de um luxímetro.
Apresenta-se como uma potencialidade a possibilidade de uma quantificação específica por aba assim como uma geral, uma vez que o laudo já é organizado por itens. Por fim, outra potencialidade observada é um agrupamento final, junto à conclusão, de todos os itens assinalados como necessários no projeto e sua justificativa.
O conteúdo deste artigo, anteriormente intitulado “Análise das condições de acessibilidade no CAPS II em Balneário Camboriú”, foi aceito para a publicação e apresentação no XV Encontro Nacional de Conforto do Ambiente Construído (ENCAC), XI Encontro Latino-Americano de Conforto no Ambiente Construído (ELACAC) e XI Bienal José Miguel Aroztegui, que ocorreu no ano de 2019. A apresentação do artigo foi realizada com o tema “Avaliação Pós Ocupação Aplicado ao Conforto Ambiental e à Ergonomia”. A exposição foi desempenhada por uma das alunas do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali e bolsista do projeto de extensão Arquitetura e Cidades Saudáveis no ano de 2019, conforme pode ser visto na figura 9. Salienta-se que o artigo sofreu revisão e ampliação de conteúdo para publicação na Revista Arkhé.
CONCLUSÃO
Conclui-se por meio da avaliação das condições de acessibilidade do CAPS II que o mesmo não atende vários aspectos de suma importância para o uso ade quado do equipamento de forma justa, autônoma e inclusiva por toda a gama da população atendida. Cabe salientar a importância de criar equipamentos públicos acessíveis a todas as pessoas, independente de suas capacidades e forma de expressão.
O uso do manual disponibilizado mostrou o quanto as questões de inclusão, quando ligadas apenas ao atendimento de normas e índices, vê-se desequilibrado e não pode ser o único indicador utilizado em pesquisas de APO sobre acessibilidade. Aspectos relativos a prioridades, graus de importância para o impacto do espaço acessível e a diferença entre acesso e uso precisam estar claros quando uma APO de acessibilidade é elaborada. Assim como o entendimento das necessidades do público que se utiliza de um determinado local é um pressuposto básico para uma adequada avaliação.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2020. Rio de Janeiro, 2020.
BINS ELY, V. H. M.; DISCHINGER, M.; MATTOS, M. L. Sistemas de Informação Ambiental – Elementos Indispensáveis Para Acessibilidade e Orientabilidade. – VI Congresso Latino‐Americano de Ergonomia e XII Congresso Brasileiro de Ergonomia. Anais do ABERGO , Recife, 2002.
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RHEINGANTZ, P. A. et al. Observando a qualidade do lugar: procedimentos para a avaliação pós-ocupação. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.
SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. Manual de adaptações de acessibilidade. 2016. Disponível em http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/ app/node/1358. Acesso em 11 set. 2018.
ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 141
RESUMO
A mobilidade urbana sustentável está relacionada ao desempenho social, econômico e ambiental das cidades, fato que afeta dire tamente a qualidade de vida da população. A presente proposta visa avaliar estatisticamente indicadores de mobilidade urbana sustentável da cidade de Florianópolis/SC, como número de acidentes no trânsito, frota de transporte público e individual, gastos familiares com transporte público e taxa de motorização. Para tal, indicadores ambientais e econômicos foram estatisticamente analisados. Os dados avaliados demonstraram um aumento de 10,72 e 23,20% na quantidade de veículos públicos e privados no município de Florianópolis entre 2010 a 2018, respectivamente. Tal análise também permitiu constatar aumento de 7% da taxa de motorização de automóveis e diminuição de 46,56% no número de acidentes de trânsito no mesmo período de estudo. Economicamente, foi observado que mais de 18% do custo médio mensal dos habitantes da cidade de Florianópolis foi destinado para o transporte, sendo que as maiores despesas neste quesito foram referentes a combustível (5,62%), seguido da aquisição de veículos (4,82%) e manutenção e/ou compra de acessórios (3,9%). Embora preliminares, os dados deste trabalho poderão subsidiar a tomada de decisões mais assertivas visando o desenvolvimento de políticas públicas capazes de ampliar a mobilidade urbana de Florianópolis.
Palavras-chave: mobilidade; indicadores de mobilidade urbana sustentável; estatística.
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos 30 anos o Brasil viveu um grande processo de urbanização. Inúmeras pessoas optaram por transferir suas moradias do campo para os centros urbanos em busca de me lhores oportunidades de emprego, renda e, consequentemente, qualidade de vida.
Tal fenômeno pode ser claramente observado através dos dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde em 1940 apenas 31,3% da população brasileira residia em centros urbanos, passando para 84,4% em 2010 (IBGE,2010). Dentro deste cenário de urbanização, as cidades brasileiras sofreram e continuam sofrendo transformações na di nâmica econômica e na necessidade de oferecer serviços básicos como habitação, saneamento e transporte (VENABLES, 2018).
AVALIAÇÃO E DETERMINAÇÃO DE INDICADORES QUANTITATIVOS SUSTENTÁVEIS POR MEIO DE ANÁLISE ESTATÍSTICA VISANDO ESTRATÉGIAS PARA O APRIMORAMENTO DA MOBILIDADE URBANA DE FLORIANÓPOLIS
Letícia Nobre de Freitas, Acad. Arq. Urb. | Carlos Alberto Barbosa de Souza, Prof. Arq. Urb. | Janaína Nones da Silveira, Prof. Arq. Urb.
ARTIGOS CIENTÍFICOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI142
Através da mobilidade urbana a população das cidades tem acesso a novas oportunidades, a equipamentos e ser viços que as elas oferecem, tais como escolas, hospitais, lazer e empregos (COSTA, 2003; GOMIDE, 2006). De acordo com Kneib (2012), existe uma série de variáveis que impactam e são impactadas pela mobilidade urbana, seja de forma direta, como os sistemas de transporte, uso e ocupação do solo; ou indireta, como variáveis am bientais e econômicas.
Neste contexto de crescimento das cidades, a falta de mo bilidade faz com que pessoas julguem como insatisfatória a qualidade dos sistemas de locomoção (BNDES, 2015). Tais julgamentos provavelmente estão relacionados com o aumento nos tempos de viagens, congestionamentos, aumento da poluição, desperdício de energia, acidentes rodoviários, mortes e aumento da frota de veículos parti culares em circulação (BOARETO, 2008; REGMI, 2020).
Visando mitigar estes problemas, conceitos de sustenta bilidade podem ser aplicados. Por meio da mobilidade sustentável pode-se auxiliar a população dos centros urbanos a obter um melhor entendimento das necessida des de acessibilidade e mobilidade atuais e futuras com reflexos positivos nas dimensões ambiental, econômica e social. Segundo Campos (2005) a mobilidade dentro da visão da sustentabilidade pode ser alcançada sob dois enfoques: um relacionado com a adequação da oferta de transporte ao contexto socioeconômico e outro relacionado com a qualidade ambiental.
Mediante esta problemática, a presente proposta visa avaliar estatisticamente indicadores sociais, econômicos e ambientes da cidade de Florianópolis/SC, como número de acidentes no trânsito, frota de transporte público e individual, gastos familiares com transporte público e taxa de motorização.
METODOLOGIA
ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi realizado na cidade de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, localizada na região Sul do Brasil. Atualmente, Florianópolis possui uma população de 500.973 habitantes (IBGE, 2019), com uma densidade demográfica de 623,68 hab./km² (IBGE, 2019). Na Figura 1 podem ser observadas as principais vias de locomoção da cidade, sendo denominadas SC 401, SC 403, SC 406, Av. Beira Mar Norte e Av. Beira Mar Continental.
INDICADORES AVALIADOS
Neste trabalho foram avaliados indicadores de mobilidade ur bana sustentável da cidade de Florianópolis sob o ponto de vista econômico, social e ambiental. Sob o ponto de vista social foram avaliados o número de acidentes de trânsito, bem como a evolução do transporte público e individual da cidade no período de 2010 a 2018. Do ponto de vista econômico foi quantificado o orçamento familiar gasto com transporte e do ponto de vista ambiental foi determinada a taxa de motorização de Florianópolis ao longo dos anos deste estudo (Figura 2).
Indicadores de mobilidade
sustentável
Figura
2. Fluxograma
dos indicadores sociais, econômicos e ambientais avaliados na cidade
de Florianópolis no período de 2010 a 2018. Fonte: Elaboração própria.
Figura
1.
Principais vias de locomoção da cidade de Florianópolis. Fonte: Google Maps, 2019
(imagem à
esquerda)
e
site
Guri
estradeiro,
2019
(imagem à direita).
urbana
Social Econômico Ambiental Transporte público e individual Orçamento familiar gasto com transporte Taxa de motorização Acidentes de trânsito $ ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 143
INDICADOR SOCIAL
Sob o ponto de vista social foram analisados a quanti dade de acidentes de trânsito e quantidade do trans porte público e individual no período de 2010 a 2018.
Os dados referentes a acidentes de trânsito foram obtidos através de um banco de dados fornecido pelo Comando de Policiamento Militar Rodoviário de Santa Catarina (CPMR, 2019), sendo que as in formações foram retiradas dos boletins de acidentes de trânsito.
Os acidentes de trânsito foram avaliados por meio da determinação da taxa de mortalidade de acidentes de motocicleta e automóveis em Florianópolis. As taxas de mortalidade total por acidentes, envolvendo motocicletas e automóveis por 100.000 habitantes, foram padronizadas pelo método direto segundo metodologia descrita por Martins et al. (2013), con siderando padrão a população de Florianópolis nos anos de estudo.
As informações referentes ao transporte público de Florianópolis foram coletadas no Departamento Estadual de Trânsito do Estado de Santa Catarina (DETRAN, 2019), sendo avaliadas a quantidade de transportes coletivo e individual existentes na capital catarinense.
INDICADOR ECONÔMICO
A determinação do indicador econômico foi baseada nos dados publicados pela pesquisa de orçamento familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018) e pelos dados de custo de vida de Florianópolis publicados pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC,2019).
INDICADOR AMBIENTAL
A taxa de motorização da cidade de Florianópolis foi determinada através do comparativo entre o número de habitantes e o número de veículos, no período de 2010 a 2018, utilizando-se a metodologia descrita por Conrado (2007) e dados retirados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019).
ANÁLISES ESTATÍSTICAS
A quantidade de acidentes de trânsito (variável de pendente) e quantidade de transporte coletivo e individual (variável independente) foram avaliadas através da regressão múltipla com o auxílio do pro grama Microsoft Office Excel 2016 ®.
RESULTADOS
INDICADOR SOCIAL
Na Tabela 1 pode ser observado a divisão dos modais de transporte público e individual e quantidade de acidentes de trânsito da cidade de Florianópolis, Santa Catarina, no decorrer dos anos de 2010 a 2018. Ao analisar os dados referentes ao transporte coletivo pode ser obser vado que, neste período, a quantidade de veículos ônibus e micro-ônibus média foi de 2838,56. Este modal apresentou um aumento na sua frota de 10,7%, passando de 2499 veículos para 2767, no período de 2010 até o ano de 2018, respectivamente.
Comportamento semelhante pode ser observado com o tipo modal auto móvel, transporte individual, que por sua vez aumentou 21,13%, no decorrer dos anos de 2010 a 2018, apresentando um valor médio de 213283.
Ao se tratar das motocicletas, também categorizadas como transporte individual, é observado um valor médio de 49999,67. Este modal aponta um aumento de 32,54%, chegando a um valor máximo de 55609 no ano de 2018.
O número de acidentes de trânsito de Florianópolis apresentou uma redução de 46,56% entre 2010 a 2018 (Tabela 1).
2010 2499 189008 41955 2627
2605 197766 45626 2609
2805 205458 47077 2485
2013 2903 212727 48993 2344
3126 217468 50606 2090
2015 3017 220371 52418 1724
2960 222505 53325 1608
2865 225302 54388 1455
2767 228942 55609 1404
Média 2838,56 213283 49999,67 2038,44
Máximo 3126 228942 55609 2627
Mínimo 2499 189008 41955 1404
Ano Transporte Coletivo Transporte Individual Total de AcidentesAutomóvel Motocicleta
2011
2012
2014
2016
2017
2018
Tabela 1. Total da frota do transporte coletivo e individual e número de acidentes de Florianópolis no período de 2010 a 2018. Fonte: Adaptado DETRAN (2002-2018). Dados fornecidos pelo Comando de Policiamento Militar Rodoviário (CPMR, 2019).
ARTIGOS CIENTÍFICOS ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI144
Análises estatísticas, conforme dados apresentados na Tabela 2, evidenciam que existe uma relação linear entre o número de acidentes de trânsito com a quantidade de veículos individual e coletivo, apresentando valores de F significativos (P<0,05). Tais análises indicam que a frota de veículos públicos e privados influência diretamente no número de acidentes de trânsito.
de significação
Regressão 3 1862041,34 620680,44 23,44 0,002* Resíduo 5 132408,89 26481,78
8 1994450,22
Tabela 2. Análise de variância (ANOVA) para avaliação do número de acidentes de trânsito de Florianópolis e sua relação com a quantidade de modais coletivos e individuais. GL= graus de liberdade; SQ = soma quadrática; MQ = média quadrática. *P<0,05.Fonte: Elaboração própria
A taxa de mortalidade por acidente de motocicletas em Florianópolis variou de 4,04 para 1,8/100.000 habitantes entre 2010 e 2019 (Tabela 3). Para o automóvel, essa taxa de mortalidade também sofreu variações, apresentando o valor máximo de 2,85/100.000 habitantes no ano de 2010 e um valor mínimo de 0,60/1000.000 habitantes em 2019. A taxa de mortalidade total, que além de motocicletas e automóveis, leva em conta outros modais, tais como transporte coletivo e de cargas, também reduziu consideravelmente, passando de 9,26/100.000 habitantes para 2,4 /100.000 habitantes de 2010 para 2019.
Motocicleta
Ano População:
Taxa / 100.000 hab.
2010 421240 17 4,04
2011 427298
433158
2013 453285
461524
469690
477798
2017 485838
492977
500973
Tabela 3. Taxa de
INDICADOR ECONÔMICO
Taxa / 100.000 hab. Quant. Taxa / 100.000 hab. Quant. Taxa / 100.000 hab.
2,85 10 2,37 39 9,26
2,34 7 1,64 16 3,74 33 7,72
3,69 4 0,92 16 3,69 32 8,3
1,32 7 1,54 4 0,88 17 3,74
3,25 8 1,73 13 2,82 36 7,8
1,06 7 1,49 8 1,70 20 4,25
1,88
0,82
0,84 5 1,05 18 3,77
1,03 3 0,62 12 2,47
1,83 6 1,22 7 1,42 22 4,47
1,80 3 0,60 0 0,00 12 2,4
Ao se tratar especificamente de despesas com locomoção, evidencia-se que 16,3% da renda da população residente na região sul do Brasil é destinada ao transporte (Figura 3). Em Florianópolis, os resultados obtidos indicaram que mais de 18% do custo médio mensal de seus habitantes é destinado para locomoção, sendo que as maiores despesas estão relacionadas com combustível (5,62%), seguido da aquisição de veículos
(4,82%) e gastos com manutenção e/ou compra de acessórios (3,9%). Esses itens são pertencentes a gastos relacionados com o transporte individual. Ao comparar as despesas envolvidas com o transporte coletivo, observa-se que o percentual desti nado aos gastos com ônibus urbano é o menor deles na Região Sul e se iguala aos gastos com manutenção e/ou compra de acessórios em Florianópolis.
GL SQ MQ F F
Total
Florianópolis
Automóvel Outros Total Quant.
Quant.
12
10
2012
16
6
2014
15
2015
5
2016
9
4
4
5
2018
9
2019*
9
mortalidade por acidente de automóvel e motocicleta por 100.000 habitantes padronizada pela população de Florianópolis 2010 a 2019. Fonte: Adaptados de CPMR (2019). *01 de janeiro a 30 de setembro. Dados fornecidos pelo Comando de Policiamento Militar Rodoviário (CPMR, 2019). *01 de janeiro a 30 de setembro.
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INDICADOR AMBIENTAL
A taxa de motorização é um comparativo entre o número de habitantes e o número de veículos de um local ou país. É esperado que quanto maior a taxa de motorização, maior será a quantidade de pessoas que possuem veículos, fato que pode aumentar a possibilidade de problemas, incluindo acidentes, decorrentes da circulação de automóveis (ROCHA; SCHOR, 2013).
A taxa de motorização de veículos no período analisado, em Florianópolis, apresentou um aumento de 7% entre 2010 para 2018, passando de 43,02% para 46,00%, respectivamente. O aumento mais expressivo ocorreu entre 2011 para 2012 onde a taxa de motorização passou de 44,48 para 45,87%, respecti vamente (Figura 4). Embora detectado um aumento expressivo na taxa de motorização, não houve aumento do número de acidentes durante o período avaliado.
DISCUSSÃO
A urbanização se apresenta como um dos processos dominantes na contemporaneidade. De acordo com relatório das Nações Unidas, no ano de 2014, cerca de 54% da população mundial habitava áreas urbanas, número que poderá ser superior a 66% em 2050 (UNITED NATIONS, 2014). À medida que as cidades crescem, também aumentam os desafios ambientais, econô micos e sociais vinculados ao transporte urbano (BAUTISTAHERNÁNDEZ, 2021). Evidencia-se, desta forma, a necessidade de implantação de princípios e diretrizes de sustentabilidade, visando a redução do uso de carros, congestionamento de tráfego e emissões de CO2 (ASSUNÇÃO, 2012, BALDRAIA, 2019; ACHEAMPONG et al., 2021).
Sob o ponto de vista socioambiental, observa-se o uso cada vez mais intenso do transporte motorizado individual pela população
brasileira (LESSA et al., 2019). Estimativas indicam que quase metade dos domicílios brasileiros (47%) dispõe de automó veis ou motocicletas para deslocamento de seus moradores (MARTINS, 2011). Fato que provoca a deterioração das condições de mobilidade dos grandes centros urbanos, principalmente em função do número de acidentes de trânsito com vítimas, dos congestionamentos urbanos e também dos poluentes veiculares (HOFFMANN, M. H et al., 2007; CARVALHO; PEREIRA, 2011; LESSA et al., 2019).
Além disso, a deficiência de infraestrutura viária, segundo Martins et al. (2013) pode ser considerada um dos fatores que afeta a taxa de mortalidade no trânsito. No Brasil, os óbitos relacionados a acidentes de trânsito chegam a representar cerca de 30% de todos os acidentes causados por causas externas, com uma taxa de mortalidade de 23,5 por 100.000 habitantes (REICHENHEIM et al., 2011). Apesar de evidenciarmos uma diminuição na taxa de mortalidade no trânsito nas principais vias da cidade de Florianópolis, é necessária a busca constante por maior segurança, com baixos índices de acidentes e números reduzidos de vítimas, principalmente com lesões graves e fatais (CARMO et al., 2019).
Embora detectado a diminuição do número de acidentes, cabe destacar que Florianópolis apresentou um aumento no tempo de deslocamento casa-trabalho-casa, atingindo um valor médio de 110 minutos no ano de 2012 (FIRJAN, 2015). Tais fatores impactaram economicamente em 2,2% quando analisado a produção sacrificada, fenômeno relacionando com o aumento do tempo de deslocamento (FIRJAN, 2015).
Parte dos problemas de mobilidade das cidades, tais como os evidenciados em Florianópolis, podem também estar vinculados às alterações econômicas. Observa-se segundo Carvalho (2011)
Outras Aquisição de veículos Manutenção e acessórios Combustível Florianópolis Região Sul Ônibus urbano Porcentagem (%) 0 1 2 3 4 6 75
Figura 3. Despesa familiar mensal com transporte da região Sul e da cidade de Florianópolis referentes ao ano de 2017-2019. Fonte: Dados adaptados IBGE (2018), UDESC (2019).
Figura 4. Evolução da taxa de motorização de automóveis de Florianópolis no período de 2010 a 2018. Fonte: Dados adaptados IBGE (2018).
2010 39 40 41Taxa de motorização (%) 42 43 44 45 46 47 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
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que o aumento da renda das famílias tam bém contribuiu para o avanço do transporte individual, já que há uma maior propensão das famílias brasileiras para comprometer renda com a aquisição e o uso do transporte privado, em comparação com o uso do trans porte coletivo urbano.
Logo, para satisfazer a demanda pela mo bilidade sustentável, que visa uma melhor qualidade econômica, social e ambiental, é necessário investimento em infraestrutura, implantação de novas estratégias que redu zam a demanda de viagens, principalmente por transporte individual e implantação de sistemas de transporte coletivos mais ade quados e associados ao contexto socioeco nômico da região (CAMPOS, 2006).
CONCLUSÃO
Pelos dados analisados e apresentados observa-se que os indicadores sociais, am bientais e econômicos estão relacionados com a qualidade da mobilidade urbana. Por outro lado percebe-se que o número de acidentes de transito está relacionado com a quantidade da frota de transporte público e individual e consequentemente com a taxa de motorização. Verifica-se que estes fatores levantados, por sua vez, influenciam os gastos econômicos relacionados com os deslocamentos. Embora preliminares, os dados iniciais deste trabalho poderão sub sidiar a tomada de decisões mais assertivas visando o desenvolvimento de políticas públi cas capazes de ampliar a mobilidade urbana de Florianópolis. Cabe destacar que, além de investimentos em infraestrutura, estudos visando à implantação de novas estratégias que reduzam a demanda de viagens e implan tação de sistemas de transporte coletivos mais adequados, associados ao contexto socioeconômico da região, são pontos que precisam e devem ser considerados.
AGRADECIMENTOS
Ao projeto de bolsas artigo 170, da Universidade do Vale do Itajaí/Governo Estadual, que proporcionou o subsídio finan ceiro para o desenvolvimento deste projeto.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACHEAMPONG, R. A.;CUGURULLO, F.; GUERIAU, M.; DUSPARIC, I. Can autonomous vehicles enable sustainable mobility in future cities? Insights and policy challenges from user preferences over different urban transport options. Cities, v.112, p.103134, 2021.
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ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI 147
CORPO
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO UNIVALI
2022/02 • Campus Balneário Camboriú e Campus Florianópolis
Adriano Meira, Me. Alessandra Devitte, Me. Alexandre Reis Felippe, Me. Ana Carolina Reis Lozovey, Me. Ana Paula Magalhães Jeffe, Me. Andrea Luiza Kleis Pereira, Me. Camila Cesário Pereira de Andrade, Me.
Carlos Alberto Barbosa de Souza, Me. Carlos Eduardo de Borba, Esp. Carolina Pinto, Me. Carolina Rocha Carvalho, Me. Carolina Schmanech Mussi, Dr. Cecília Ogliari Shaefer, Dr. Daniel Krobel, Esp.
Diva de Mello Rossini, Dr. Eduardo Baptista Lopes, Me. Evandro Rocha Gaspar, Me. Evaristo Marcos da Silva, Me. Giselle Carvalho Leal, Me. Guilherme Guimarães Llantada, Me. Jânio Vicente Rech, Dr.
DOCENTE
148 ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI
Janaina Nones da Silveira, Dr. João Luiz Pacheco, Me. Juliano Darós Amboni, Me. Karine Lise Schafer, Me. Luciana Noronha Pereira, Dr. Luciano Pereira Alves, Me. Luciano Torres Tricarico, Dr.
Luiz Eduardo de Andrade, Me. Marcelo Galafassi, Me. Marcia do Vale Pereira Loch, Dr. Marcos Paulo Berribilli, Esp. Maria Cristina Bittencourt Mincache, Dr. Marina Otte, Me. Matheus Agustini, Me.
Paulo Roberto Oliveira Valim, Me. Rafael Prado Cartana, Dr. Rudinei Carlos Scaranto Dazzi, Me. Stavros Wrobel Abib, Dr. Taiana Polli, Me. Timóteo Schroeder, Me. Umberto Grando Paganella, Me.
Foto por Andrei Castanha, no Unsplash.
149ARKHÉ | REVISTA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UNIVALI
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Na gama de cursos de Design da Univali - Design Gráfico, de Games, de Jogos e Entretenimento Digital, de Moda e de Interiores, são vários os projetos executados de forma interdisciplinar. Em conjunto com entidades públicas e privadas, o projeto Atelier Solidário se destaca por contribuir com o desenvolvimento da comunidade local, integrando os conceitos de criatividade, sustentabilidade e solidariedade. A partir de materiais de descarte fabril e aliado à gestão criativa do design, são criados produtos com valor agregado para comercialização, gerando renda e oportunidade de melhoria de vida aos envolvidos.
Hospitalidades
Na área de hospitalidades são várias as possibilidades de prestações de serviço pelos cursos de Estética, Gastronomia e Turismo e Hotelaria, voltados para a valorização da imagem pessoal, de empresas e destinos gastronômicos e turísticos, promovendo qualidade de vida. O Projeto Píer Turístico da Foz do Rio Perequê, em Itapema, exemplifica onde o know how da EACH foi aplicado no desenvolvimento de um estudo econômico-financeiro para implantação do Píer, que beneficiará a infraestrutura de serviços e comércio, promoverá a recuperação e preservação ambiental, gerará empregos e valorizará o patrimônio natural do município.
Escritório de Projetos Bloco B4 - Sala 111 - Campus Itajaí Rua Uruguai, 458 (47) 3341 7978 projetos@univali.br www.univali.br/servicos
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Conheça as nossas áreas de atuação, os serviços prestados e os projetos que podemos fazer juntos.
// Sistema Educativo de Rádio e TV Univali
// Projetos Integrados de Design
// Projeto Píer Turístico da Foz do Rio Perequê em Itapema
// Casas Populares Fischer
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