Ano IX nº 36
Dez 2011 • Jan / Fev 2012
arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida
www.artestudiorevista.com.br
ARQUITETURA PAISAGÍSTICA Juliana Castro fala sobre a importância do paisagismo
JOGO DE CONTRASTES
Elementos claros e escuros são orquestrados na ambientação de Valéria Simões para uma sala de estar/ jantar
INTEGRAÇÃO COM CARA PRÓPRIA
O projeto de Adriana Leal procurou dar unidade aos cômodos de um apartamento, sem perder a personalidade de cada um
BEM-VINDO
Projeto de Silvana Genovesi e Patrícia Hagobian para a bilheteria da Casa Cor Trio, em São Paulo, foi um dos destaques do evento
ATENÇÃO À VARANDA
Normalmente em segundo plano, espaço é destaque no projeto de Márcia Barreiros
O MAR COMO INSPIRAÇÃO Os elementos náuticos estão presentes na arquitetura e ambientação de um restaurante, no projeto de Leonardo Maia
Edição especial de aniversário
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anos
E mais: a história da Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, decoração para hall e a evolução do telefone 3
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Sumário
Dez 2011/ Jan/ DeFev
ENTREVISTA JULIANA CASTRO
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A arquiteta e urbanista fala da importância da arquitetura paisagística
CONVERSA FRANCA
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O lighting designer Daniel Muniz esclarece dúvidas sobre os LEDs
ARTIGOS Foto Capa: Cacio Muirilo
VISÃO PANORÂMICA 12
Amélia Panet comenta o estranho revival do neoclássico
VIDA PROFISSIONAL 14
Eduardo Cop fala sobre o ambiente interno no marketing
82 24
VÃO LIVRE
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ESPECIAL
82
REPORTAGEM
90
INTERNACIONAL
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NACIONAL
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VARANDA EM DESTAQUE
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CLARO/ ESCURO
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INTEGRADO COM CARA PRÓPRIA
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RECEPÇÃO DE PRIMEIRA
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A importância da pesquisa para a arquitetura
JORNALISMO A madeira como o elemento principal de um projeto A arquitetura moderna da Fábrica Fagus e outros 24 novos bens na lista do Patrimônio da Humanidade
PROJETOS
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Um centro esportivo e um novo estádio na cidade de Shenzhen, na China
A nova estação do metrô carioca e sua imponente passarela
Espaço ganha ares de protagonista na ambientação de um apartamento Contrastes são a marca da ambientação de uma sala dividida em estar e jantar Construção e ambientação do andar superior de um duplex deu personalidade a cada cômodo A bilheteria da Casa Cor Trio também foi um projeto de destaque no evento
NO BALANÇO DO MAR 62
Projeto de arquitetura e ambientação de restaurante de frutos do mar foi inspirado no oceano
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42
LUZ NOS MÓVEIS
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ARTE E DESIGN
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Projeto de iluminação de uma loja de planejados quer ir além da exposição de produtos Luz é planejada para ressaltar objetos de destaque em um apartamento
Dez 2011/ Jan/ DeFev
DICAS & IDEIAS
86 100
HALL
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Como dar destaque à primeira impressão da casa ou do edifício
MATERIAIS 92
O concreto permeável e suas vantagens para evitar alagamentos nas cidades
A HISTORIA DE... 94
O telefone e suas mudanças tecnológicas e estéticas em 150 anos
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CONHEÇA LIVRO 18
A Arquitetura da Felicidade’ faz uma relação entre as onstruções e nossas emoções
ACERVO 86
A história da Igreja de São Frei Pedro Gonçalves e sua restauração
ARQUITETURA E ARTE 96
O clássico mudo Metrópolis inventou uma ideia de futuro
EXPEDIENTE Diretora executiva - Márcia Barreiros Editor - Renato Félix , DRT/PB 1317 Redatores da edição - Alex Lacerda, Débora Cristina, Neide Donato, Larissa Claro, Wendel Lima e Renato Félix Diretor de criação - George Diniz Diretora comercial - Márcia Barreiros Arte e Diagramação - George Diniz / Welington Costa Fotógrafos desta edição - Diego Carneiro, Juarez Carneiro e Cácio Murilo Impressão - Gráfica JB A revista ARTESTUDIO é uma publicação trimestral, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores. Contato : +55 (83)
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c o n t a t o a r t e s t u d i o @ y a h o o. c o m . b r R. Tertuliano de Brito, 338 B - 13 de Maio, João Pessoa / PB , CEP 58.025-000
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VIAGEM DE ARQUITETO 100
O Balboa Park reúne natureza e cultura na cidade americana de San Diego
SOCIEDADE EXPRESSÃO NACIONAL 120
Marcélia Cartaxo e sua importante carreira no cinema nacional
OUTRAS ÁREAS 122
O artista plástico José Rufino e sua admiração pela arquitetura e pelo design
ESTILO DE VIDA 124
O jeito de pensar de Maíra Miranda Feitoza
FUTURO PROFISSIONAL 130
O ambulatório pré e pós-transplante de Camilla França
Editorial Colaboradores desta edição
Ano novo, de novo
Márcia Barreiros
Diretora executiva e arquiteta
George Diniz Diretor de criação
Wellington Costa Produção e diagram. Diego Carneiro Fotógrafo
Túlio Madruga Assist. produção
Mais um ano se passou e outro está começando. Há quem diga que a meia-noite do dia 1º de janeiro não é mais do que uma meia-noite como qualquer outra, mas o espírito humano atribui significado às coisas e esse significado tem poder. Para quem quiser, o ano novo pode ser mesmo uma oportunidade de mudanças. E por mudanças, entenda-se até mesmo uma continuação de melhora, se este ano já tiver sido ótimo. Melhorar o que já é bom também é mudar. Se no dia primeiro, leitor, você olhar em volta e as coisas não tiverem mudado, não se preocupe: o ano novo pode começar a qualquer momento, em qualquer dia. Depende mais de você do que da rotação da Terra. No fundo, podemos ter até vários “anos novos” por ano. Para a ARTESTÚDIO, cada edição é um ano novo: um recomeço e uma continuidade ao mesmo tempo, com o compromisso de apresentar sempre projetos esteticamente interessantes, práticos, com preocupações sustentáveis, e de discutir um pouco a atividade da arquitetura, do design, da ambientação, da iluminação. E também de tratar esses assuntos com leveza para o prazer da sua leitura. Um ano novo começa agora para nós e para você, leitor. Por isso, um feliz ano novo – começando em janeiro ou quando começar.
Renato Félix Editor e jornalista
Alex Lacerda Jornalista Débora Cristina Jornalista
Larissa Claro Jornalista
Neide Donato Jornalista
Thamara Duarte Jornalista
Boa leitura!
Juarez Carneiro Fotógrafo Cacio Murilo Fotógrafo
Amélia Panet Arquiteta ARTESTUDIO Edu Cop Publicitário
Visão Panorâmica
Neoclássico anacrônico Amélia Panet
arquiteta
As “novas” expressões da arquitetura neoclássica no território da cidade paraibana
Neoclassicismo: Petit Trianon, em Versailles. Projeto: Jacques-Ange Gabriel, 1762-68. Imagem: www.panoramio.com
H
á mais de uma década, quando fui morar em São Paulo para fazer o meu mestrado e também, para aproveitar os ares cosmopolitas da dita “cidade mais moderna do país”, me deparei com excentricidades
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urbanas das mais variadas. Entre elas, estava na “moda” o revivalismo da linguagem clássica, ou melhor, do neoclássico, que já foi na Europa do final do século XVIII um retorno ao “ideal de beleza” da cultura grega. No período neoclássico, os excessos decorativos do barroco e do rococó tentavam romper com a racionalidade e austeridade da estética clássica. A linguagem clássica voltou ao século das luzes propondo uma discussão dos valores antigos para a sociedade da época, considerando todos os avanços tecnológicos alcançados. No solo paulista, em pleno final do século XX, esses exemplares assustavam a maioria dos arquitetos formados pela escola moderna de Artigas e seus precursores. Com o discurso de cunho mercadológico, e o intuito de vender nobreza e tradição, como se esses valores fossem mercadorias, edifícios decorados com frisos, frontões, colunas e telhados inclinadíssimos,
Avenida Champs Elysees, Paris
de cobre ou ardósia, despontavam nas áreas mais valiosas da cidade, com seus chafarizes jorrando água e iluminados como monumentos históricos. Alguns meses depois, encontrávamos esse mesmo repertório decorativo em diversos edifícios espalhados por todas as áreas da cidade e nos mais diversos tamanhos, alturas e preços. A ideia que havia renascido, destinada às classes de maior poder econômico da capital paulista, disseminava-se por todos os bolsos e gostos. Na época pensava apreensiva: “Será que essa moda vai chegar a João Pessoa?”. Tal alívio foi o meu, quando retornando à minha cidade natal, ao final dos anos 1990, percebi que essa moda não havia chegado ao solo paraibano e aos escritórios de arquitetura locais. Orgulhosa, comentava com os meus amigos paulistas que nossa formação não permitiria tais arroubos, pois sempre soubemos que a arquitetura é uma expressão da cultura de cada época, de cada povo e de cada lugar e, coerentes com a tradição local, seria mais provável construirmos um edifício em tijolos aparentes com venezianas de madeira, que nos rendermos a essa arquitetura “genérica”, expressão do “Ctrl c, Ctrl v” ou qualquer palavra que signifique falsificação, cópia ou anacronismo. Ledo engano. Quase duas décadas após o início da “moda” neoclássica paulistana, quando hoje já está em desuso, eis que surge nos céus pessoenses, em
pleno século XXI, tais expressões anacrônicas. Já havia me incomodado com os frontões e colunatas dos fóruns e edifícios religiosos que apontavam na cidade, mas me contive até o momento. Agora creio que seja uma questão de utilidade pública expressar minha opinião enquanto arquiteta e professora. Não desejo que meus alunos, futuros arquitetos, formados por professores modernistas e alguns pósmodernos, cometam esse equivoco. Não se trata de discussão de gosto, pois, pessoalmente, aprecio muito as expressões autênticas do clássico e da arquitetura neoclássica, estejam elas no lugar certo. Estou tratando de bom senso, de autenticidade, de cultura, de história, de arquitetura e de cidade. Para aqueles que não participam do universo da arquitetura, fazer nos dias de hoje um edifício com características neoclássicas tem o significado aproximado de trocarmos nossas modernas roupas por vestimentas volumosas de época, ou escolhermos, para nossa locomoção diária, coches e carruagens. Assim, como escreve tão bem Peixoto e Mello, na revista eletrônica Vitruvius, sobre esses mesmos acontecimentos na cidade de Goiânia: “Que valor tem uma obra neoclássica construída hoje?”. E comungando com a sua própria resposta: o mesmo valor que atribuímos ao castelo da Cinderela na Disney – ou seja, pura fantasia.
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Vida Profissional
Marketing
Eduardo Cop
Profissional de marketing
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o contrário dos ambientes vistos anteriormente, o macro ambiente e o ambiente competitivo, o ambiente interno é caracterizado e composto por variáveis que podemos controlar e decidir. Na estrutura da empresa, temos os recursos humanos, físicos, financeiros e operacionais, sobre os quais devemos agir de forma a superar as variáveis externas que não nos favorecem. Então, ao identificarmos oportunidades no mercado, devemos direcionar nossos recursos e estabelecer ações para que as oportunidades se transformem em resultados. Essas ações podem estar direcionadas a melhorar/ adequar a estrutura física da empresa, a ajustar/ investir os recursos financeiros, a novos métodos e fluxos de trabalho ou ainda voltada a melhorar o desempenho das pessoas, incluindo motivação, capacitação, relacionamento e reconhecimento. Lembre que suas mudanças devem ser planejadas, executadas, acompanhadas e, caso obtenha resultado positivos, incorporadas à cultura organizacional; caso contrário, deve ser
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Análise de cenários – ambiente interno
entendida como um aprendizado e corrigida, na busca de melhor desempenho. Para planejar, o passo inicial é admitir, com muita clareza e desprendimento, seus pontos fortes e fracos. Não pode haver espaço para vaidades, orgulhos, disputas ou restrições para se admitir os fatos. A seguir, um questionamento simples e de grandes perspectivas: o que devo fazer para melhorar meus pontos fortes e neutralizar/ superar meus pontos fracos? Agora veja como esse entendimento, no limite do seu controle, é o seu grande diferencial: através dessas atitudes, fica possível a interação com o mercado, a superação das ameaças e o aproveitamento das oportunidades identificadas no macro ambiente. Parece tão simples, mas por que encontramos tantas dificuldades? O ponto de vista da teoria sempre esbarra em algumas situações: a) Eu tenho o conhecimento, as habilidades e o comportamento adequado para direcionar as ações? ; b) Eu tenho recursos disponíveis, ou possibilidade de obtê-los junto a terceiros para implementar as mudanças?; c) Estou lidando com pessoas, sejam colaboradores, fornecedores, parceiros ou clientes e cada uma delas tem seu conjunto de valores, conhecimento e experiência e devo trabalhar para aprender a conviver com essa diversidade. Agora já temos uma visão sobre os ambientes nos quais nossa empresa ou nossa atividade profissional está inserida. Vamos continuar, no próximo artigo, nos encaminhando para entender a segunda etapa, quando trataremos das variáveis mercadológicas de primeiro nível: produto ou serviço, preço e formação de preço, distribuição e locais de entrega e comunicação. Excelente final de ano e uma perspectiva de muito sucesso a todos!
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Vão Livre
Um novo olhar sobre a pesquisa na arquitetura Cássia Foppa
Profª de Metodologia do Trabalho Científico do Instituto de Pós-Graduação – IPOG
O
ponto de partida para grandes descobertas está na curiosidade, nas perguntas, dúvidas, na reconstrução. Conforme se costuma dizer, o que move o mundo não são as respostas e, sim, as perguntas. Mas, afinal, o que é uma pergunta? É exatamente isso que acabei de fazer: lançar uma dúvida, um questionamento.
Quando se tem uma dúvida e precisamos encontrar a resposta, o que fazemos? Pesquisamos, naturalmente, mas onde? A primeira ferramenta, nos dias atuais, que vem à cabeça atualmente seria o Google, correto? Quantas pessoas ativas digitalmente pesquisam algo no Google todos os dias? Nele, encontramos respostas das mais variadas: certeiras, dúbias, respostas escritas pelos sete cantos do mundo, baseadas em senso comum, ideológicas, mas também embasadas na ciência e capazes de trazer uma solução para determinado assunto. O Google tem várias ferramentas disponíveis gratuitamente: o Google Books e o acadêmico, que já são destaques para quem está na academia, nas mais diversas áreas do saber, e elegem tais ferramentas como forma de aquisição de conhecimentos, de forma interativa e prazerosa. O assunto principal deste artigo é exatamente mostrar como chegar a respostas por um caminho seguro e inteligível; como pesquisar de forma correta ao entender que o exercício da pesquisa nos possibilita compreender a realidade e descobrir profundamente sobre determinado assunto. Até agora falamos apenas sobre o ato de pesquisar, independentemente de ser algo de cunho profissional ou pessoal. Falaremos então de uma pesquisa com cunho científico. Para fazer uma pesquisa científica você precisa montar um plano, se basear em um método e seguir caminhos determinados pela metodologia científica. É necessário estabelecer uma investigação planejada, iniciada por um projeto, com elementos que lhe darão o “tom” de ciência ao trabalho (problema, hipótese, objetivos, metodologia, resultados e, por último, responder o problema que iniciou a pesquisa, informar se você alcançou os objetivos, enfim, amarrar o assunto, concluir). É muito importante que a pesquisa esteja ligada a realidade próxima do pesquisador, que tenha um elo com a prática, pois a verdadeira intencionalidade da pesquisa é fundamentalmente compreender o mundo das ideias, trazer descobertas de forma estratégica, responder a perguntas que norteiam ações e, sobretudo, que resolva o problema.
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Na arquitetura, por exemplo, a pesquisa extrapola o campo dos livros, porque ela pode ser experimentada na prática ao se contemplar grandes obras arquitetônicas. Um problema lançado pela pesquisa arquitetônica pode ser desvendado com a observação empírica de sugestões apresentadas por outros profissionais em suas obras. Enquanto as teorias oferecem a base dos estudos arquitetônicos, a observação confere ideias, estimula a criatividade e extrapola o campo conceitual para o experimental. A pesquisa não é uma atividade desenvolvida de forma autônoma. Você sempre estará na companhia de algum autor, baseando-se nas ideias de outrem. Para dar uma mostra prática disso, convidei uma pessoa entendida tanto de pesquisa quanto de arquitetura para contribuir com esse artigo. Passo a palavra ao Profº Farlley Derze, que é doutorando em História da Arquitetura pela UNB. “É notável o engajamento dos arquitetos brasileiros que encontram na produção de pesquisas, mais segurança para fundamentar seu conhecimento. Tendo em vista o caráter social do trabalho do arquiteto, porque o que faz tem como destino o ser humano e a sociedade, a pesquisa se demonstra uma oportunidade ímpar para se tomar decisões conscientemente. Ela é o meio mais confiável para se encontrar respostas aplicáveis à vida prática. Foi assim com as vacinas, com os satélites de comunicação e tantos outros exemplos que visam o conforto do indivíduo e da sociedade. Questões que buscam mais respostas sobre reciclagem ou especificação de materiais bem como o estudo de técnicas construtivas, até as questões relativas a conforto térmico, acústico, lumínico, emocional ou a redução do consumo energético, estudos bioclimáticos e edificações auto-sustentáveis, são exemplos de pesquisas que se encontram na pauta do arquiteto afinado com o mundo contemporâneo.” Portanto, a pesquisa é, para o pensador em geral, e mais precisamente para o arquiteto, o combustível de suas ideias. A forma encontrada para alavancar seus projetos imaginários trazendo-os para uma realidade palpável, compreensível e experimentável. Seja pelos livros, ou ao se emprenhar na vivência de outros profissionais, o arquiteto sempre encontrará formas de valorizar suas ideias, de expandir seus conceitos e de pensar além. Os e-mails para essa seção devem ser encaminhadas com o nome,profissão e telefone do remetente para :
contatoartestudio@yahoo.com.br contato@artestudiorevista.com.br
Livro
Materializando a felicidade humana A Arquitetura da Felicidade mostra como as construções influem nas nossas emoções
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ma busca pela natureza do belo na arquitetura e a relação com a satisfação do indivíduo e da sociedade que o cerca. Foi com este olhar que o escritor suíço radicado na Inglaterra, Louis De Botton, elaborou o livro, A Arquitetura da Felicidade, de 2006 (tradução de Talita M. Rodrigues; Rocco; 272 páginas). Na obra o autor mergulha no cotidiano pelo viés da influência da arquitetura, explicitando ao leitor como ele se depara com a importância da arquitetura diariamente. Como em seus demais livros, Botton expõe conceitos próprios e de artistas, filósofos e pensadores. O principal conceito de Botton no livro deriva da ideia do romancista francês Stendhal em que “o belo é uma promessa de felicidade”. Com isso, Botton mostra que o ápice das construções – sejam elas casas, igrejas ou prédios de escritórios – são uma materialização da idealização do que desejamos.
A narrativa do livro induz o despertar do leitor para os significados no design dos objetos elementares. Nessa ótica, o ensaísta faz uma imersão em como objetos comuns, como uma cadeira, podem despertar um estado de espírito diferenciado nas pessoas, suscitando reações diversificadas por estes objetos serem, por exemplo, de forma sinuosa ou em ângulo reto. O livro é preenchido com imagens que ilustram os conceitos do autor, passeando por uma miscelânea de escolas de construção, como o gótico, islâmico e modernista, em que ele mostra que várias construções de grande porte, apesar serem estruturas materiais inanimadas, conseguem aflorar uma personalidade e despertar no homem sensações como a segurança, calor e privacidade, ressaltando como os traços humanos se refletem na arquitetura. Com outros nove livros publicados em 20 línguas – entre eles, Ensaios de Amor, de 1993, O Movimento Romântico, de 1994, Como Proust Pode Mudar Sua Vida, de 1997, As Consolações da Filosofia, de 2000, A Arte de Viajar, de 2002, Desejo de Status, de 2004, Prazeres e Desprazeres do Trabalho, de 2009, e Religião para Ateus, de 2011 –, o estilo narrativo inusitado de Botton se faz presente em cada obra, seja mesclando elementos de uma novela com elementos não-ficcionais, seja enfatizando o lirismo filosófico, ou como em seu best seller Como Proust Pode Mudar Sua Vida, misturando ficção à auto-ajuda.
Glass House
“ Recorremos a papéis de parede, bancos, quadros e ruas para impedir o desaparecimento de nossas verdadeiras identidades.” “ Construímos pelo mesmo motivo que escrevemos: para registrar o que é importante para nós. O desejo de lembrar une os motivos pelos quais construímos para os vivos e para os mortos.” “ Respeitamos um estilo capaz de nos afastar daquilo que tememos e nos aproximar do que desejamos. Um prédio equilibrado é uma promessa de vida equilibrada.” “ A má arquitetura é um enorme erro congelado.” 20
Louis De Botton
A Arquitetura da Felicidade, de Louis De Botton Rocco, 272 páginas
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Entrevista
Verde valorizado Arquitetura paisagística ganha cada vez mais destaque nos projetos residenciais e comerciais
H
á mais de 10 anos no mercado de arquitetura paisagística, a arquiteta e urbanista Juliana Castro fala sobre a importância da natureza nos projetos residenciais e comerciais com a propriedade de quem acumula no currículo um mestrado em Engenharia de Produção e comanda a empresa Jardins e Afins Arquitetura Paisagística, que atua há 11 anos criando espaços livres em públicos e privados, parques, praças e áreas de lazer. Juliana, que também é professora do curso Máster em Arquitetura do IPOG e vice-presidente da ASBEA-SC (Associação Brasileira de Escritório de Arquitetura), ressalta, na entrevista a seguir, entre outras coisas, as funções da arquitetura paisagística e da preparação profissional, item primordial para a execução de um trabalho focado na qualidade.
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Juliana Castro
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AE – Nos dias atuais, em que literalmente vivemos numa “selva de pedra”, qual a importância do paisagismo? O paisagismo traz a natureza para o ambiente urbano, pois os jardins são o meio termo entre a natureza pura e o ambiente construído. Com o crescimento das cidades é cada vez mais necessário planejar os espaços livres e incluir as áreas verdes em meio ao tecido urbano. Isso vale não só para os espaços públicos como também para os privados. As áreas verdes são cada vez mais valorizadas pelos moradores das cidades e por isso também agregam valor aos empreendimentos imobiliários – por isso esta área da arquitetura está crescendo muito no Brasil. AE – Que espaço a natureza deve ocupar dentro de um projeto? A preocupação com a natureza, sua preservação e inserção na vida das pessoas, deve estar desde a concepção inicial integrada aos projetos de arquitetura, paisagismo, engenharia... Pois precisamos pensar no futuro e, para tanto, precisamos lembrar de onde viemos. Sempre precisaremos do meio natural para viver, seja pelo nosso bem estar físico ou psicológico. AE – Além de deixar os espaços mais bonitos que outras funções podem ser atribuidas ao paisagismo? O paisagismo é um grande promotor desta relação do homem com a natureza nas cidades. Os benefícios das áreas verdes bem planejadas são muitos, como a promoção de mais segurança, ampliação do uso para lazer e esportes ao ar livre, trazendo mais saúde às pessoas, melhora significativa do microclima – por exemplo, nas áreas sombreadas a temperatura é menor –, diminuição da quantidade de gás carbônico na atmosfera, entre outros. AE – O projeto paisagístico deve ser integrado ao de arquitetura? Se pensados em conjunto, estes projetos serão mais alinhados e o resultado final com certeza será melhor. Existem vários pontos de interferência entre eles, principalmente quando se trata de empreendimentos imobiliários onde todos os profissionais estão trabalhando para a consolidação de um mesmo produto. Tecnicamente a interferência entre os dois e os projetos de engenharia é grande: desde a composição da fachada até detalhes construtivos funcionais, como ventilação de subsolos, drenagem, etc. AE – Qual a importância da formação profissional específica? O arquiteto é, no Brasil, o profissional habilitado a trabalhar nesta área. Porém, ele precisa
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complementar sua formação com conhecimentos de botânica, agronomia e geologia. O paisagismo é um trabalho sério, com efeitos grandiosos. Por isso, precisa ser realizado por profissionais preparados e conscientes da importância e responsabilidade de seu trabalho. AE - Poderia dar exemplos de paisagismo que são destaque no Brasil? Nos empreendimentos imobiliários em geral existem muitos exemplos. Em espaços públicos, podemos citar o Parque da Gleba E, de Fernando Chacel, e o Aterro do Flemengo, de Roberto Burle Marx, ambos no Rio AE – Na sua visão, quais os maiores desafios que os profissionais dessa área enfrentam? O mais difícil é que as pessoas entendam o que fazemos, pois muitos confundem este trabalho com jardinagem. E é muito mais do que isso, envolve muitos aspectos técnicos e conceituais que são próprios da arquitetura. Por isso o termo mais adequado é arquitetura paisagística – e não paisagismo. Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação
Internacional
Modernidade na tradição Escritório alemão se inspira na cultura e natureza da China para a construção de um centro esportivo e um estádio na cidade de Shenzhen
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conomia de destaque no mundo, a milenar China vive hoje um surto de modernização. Assim, novas construções de última geração em tecnologia e design convivem com a tradição das dinastias. Foi assim também na Universíade, competição de atletas universitários, que foi realizada no país em agosto. A inauguração de dois projetos do escritório alemão GMP Architekten fizeram parte da abertura do evento: o Shenzhen Bay Sports Center e o Bao’an Stadium, projetos escolhidos em concursos em 2006 e 2007, e que procuram unir os dois elementos. Shenzhen fica no sul da China, ao norte de Hong Kong – a região mais economicamente dinâmica do país. O Centro Esportivo Universíade
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está localizado na Baía de Shenzhen e a ideia foi lembrar pedras como uma representação de estabilidade. São três equipamentos – um estádio de futebol, um centro aquático e uma arena multiesportiva –, cujo desenhos já refletem a cultura chinesa e também a paisagem ondulada da região. Estruturas transparentes são iluminadas à noite, realçando o belo design. O estádio tem capacidade para 60 mil torcedores e a arena para 18 mil. A forma foi obtida através de prismas com faces triangulares e três camadas na fachada: a primeira, de fora para dentro, é composta por vidros triangulares; a do meio, pela estrutura metálica; a última possui uma membrana responsável pela sombra e pela acústica dos equipamentos.
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Estádio Bao’an O Bao’an Stadium, com capacidade para 40 mil espectadores, é multiuso e foi o palco do torneio de futebol feminino na Universíade 2011. Como o centro esportivo, também foi fortemente inspirado para natureza e cultura chineses – aqui, principalmente, nas grandes florestas de bambu do país. Bao’an é um distrito de Shenzhen, o maior da cidade, com 5 milhões de habitantes. É, também, onde fica situado o aeroporto internacional. A estrutura do estádio é circular e ondulada, e a arquibancada é em formato oval, reduzindo o espaço atrás dos gols. E as florestas de bambu estão citadas nas duas fileiras de colunas inclinadas em aço que sustentam a cobertura de membrana tensionada. Cada tubo possui, em média, 32 metros de altura e variam de 550 mm a 80mm de diâmetro. O efeito de sustentação lembra os raios de uma roda de bicicleta. Mas a planta não está presente só nessa citação, ela efetivamente faz parte do projeto: os acabamentos internos são feitos a partir do bambu. Um elemento de alta produtividade e baixo custo, que poderia ser usado mais vezes em estruturas do tipo. Vamos ver se vai acontecer no Brasil: o GMP é consultor na construção e reforma de alguns estádios para a Copa de 2014, como os de Brasília e Manaus.
Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação
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Nacional
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Redefinição da paisagem Passarela liga a mais nova estação do metrô carioca à prefeitura
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Estação Cidade Nova é a 35ª do metrô carioca e começou a funcionar em outubro, em fase de testes. A previsão é que 10 mil pessoas passem pela estação, que fica em frente à Prefeitura do Rio de Janeiro, na Av. Presidente Vargas, integrando as duas linhas do metrô e os sistemas de trens e ônibus urbanos. São 6.121m², e mais uma passarela de acesso de 207m, com 6,45 m de altura sobre a avenida. O projeto arquitetônico é da JBMC Arquitetura e Urbanismo, assinado por João Batista Corrêa, Beatriz Corrêa, Emiliano Homrich, Cecília Pires e Gabriela Costa. A passarela redefiniu a paisagem do local. Sua altura mereceu preocupação especial: tinha que ser alta o bastante para não atrapalhar o caminhos dos carros alegóricos que passam por ali a caminho do Sambódromo, no carnaval. Ligar os dois lados da avenida também se fazia necessário por conta do fluxo do trânsito. Assim, a passarela liga exatamente a estação à prefeitura, com destaque para os grandes arcos metálicos. São três: dois deles com dois com vãos de 90m cada e um terceiro, com 43m.
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A nova estação recebeu aberturas para receber ventilação natural e brises (ou quebra-sóis) para controlar a incidência de luz e calor. As telhas de aço são isotérmicas e também reduzem os ruídos da chuva – e é da chuva que é coletada a água para irrigar os jardins. A preocupação sustentável também está nas escadas rolantes que dão acesso à passarela, cujos ventiladores são movidos à energia solar. Da mesma forma, a água quente nos vestiários também passa por um aquecedor solar. Num aspecto mais artístico, vale ressaltar o piso da Estação Cidade Nova, do mezanino e da passarela, um trabalho do escritório Burle Marx & Cia. Ltda. A iluminação da passarela é de Peter Gasper. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação
A maior rede de molduraria do mundo sempre lhe oferece o que há de mais moderno e quando o assunto é arte, sem perder o glamour e a beleza de uma obra classica
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QUADROS . MOLDURAS . TELAS . GRAVURAS . PÔSTERES . ESPELHOS . STICKERS . PORTA RETRATOS . MAPAS
Ambientação
Boas-vindas aos visitantes
O hall é a porta de entrada e primeira impressão em edifícios e casas
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Foto:André Mello Ambiente: Viviane Sanguinetti
Foto:Diego Carneiro Ambiente: Teresa Queiroga
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m novo ano está chegando e, para começar 2012 com o pé direito, que tal mudar o cartão de visita da sua casa? Isso mesmo! O hall de entrada é aquele que dá a primeira impressão, que recepciona o visitante e diz se aquele imóvel está decorado com o carinho que um verdadeiro lar merece. “Os halls apresentam-se desde ambientes minúsculos até generosos e imponentes, com pésdireitos simples ou duplos. Em todas as situações eles devem receber revestimentos resistentes, de boa qualidade, utilizados adequadamente em harmonia com o estilo da ambientação, seja rústica, clássica ou contemporânea”, explica a arquiteta Teresa Queiroga. E não faltam boas ideias para deixar este ambiente cada vez mais moderno e cheio de estilo.
Para áreas pequenas ou grandes, o importante é ter em mente qual será a principal função deste espaço na sua residência. Você quer um hall prático e funcional com muita arrumação para colocar casacos, bolsas e chaves de casa ou prefere algo mais chique, com peças decorativas especiais? Aí vai depender do gosto de cada um. O resultado ficará mais interessante se ele seguir o restante do estilo da casa ou apartamento. Assim, você deixa que o hall de entrada seja um vislumbre do que ainda está por vir. Teresa Queiroga dá outras dicas importantes: “A tendência é criar ambientes de caráter minimalista utilizando-se elementos decorativos de efeito, como réguas de madeiras, lâminas de espelho, vidros, papéis de parede, tapetes e objetos de adorno”. 35
Dicas importantes: Espelho: este objeto sempre vai dar, de imediato, a ilusão de que o espaço é maior. Simples e funcional. Iluminação: seja com iluminação direta ou focos no teto, abajur ou até mesmo velas, o importante é dar um ar mais intimista, discreto. Peça principal: eleja uma peça e chame todas as atenções para ela. Algo original, deslumbrante, que o visitante entre, veja e diga “Uau, que interessante!” Fotografias: algumas pessoas dizem que elas são muito pessoais, que não devem ficar tão expostas, mas independente da questão de pessoalidade ou não, esteticamente sempre funciona colocar algumas bem criativas, interessantes – independente se o visitante conhecerá ou não as pessoas que aparecem nas fotos. Bancos e poltronas: utilize um ou mais bancos e poltronas para, além de criar um ambiente quente e confortável, ser um bom espaço para relaxar ao chegar em casa depois de um longo dia de trabalho. Paredes: este é o espaço perfeito para brincar com cores, padrões e texturas, até porque como é uma divisão onde se passa efetivamente pouco tempo, não há o risco de nos “cansarmos” do visual. Seja com uma tinta em tons vibrantes, cores monocromáticas ou em giz para escrever todos aqueles recados e lembretes. Uma boa alternativa são os papeis de parede! Foto: Diego Carneiro Ambiente: Carmen Raquel e Maria Raquel
Teresa lembra também que é indispensável ter um bom projeto de iluminação para complementar a ambientação, o que permite a criação de cenários através de iluminação pontuada, lâmpadas especiais, sancas invertidas, mini focos, valorizando elementos de destaque, como obras de arte, telas e esculturas. “Esses efeitos de luz e sombra imprimem ao ambiente uma atmosfera intimista, aconchegante e sofisticada”, conta ela. Como em qualquer outro espaço decorado, o hall também tem algumas peças básicas: mesa, banco, algo para colocar chaves e dinheiro, espelho, tapete, etc. Não esqueça de colocar alguns detalhes com cores mais vivas, seja em forma de têxteis, peças em vidro, aço ou estanho, iluminação, livros, relógios ou plantas.
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Por ser na maioria das vezes um espaço pequeno, aproveite as paredes para criar espaços de arrumação, como prateleiras e pequenos armários. Uma boa opção são os móveis em cores claras, como os de laca. Eles alegram bastante o ambiente, dando a impressão de que o móvel é maior do que realmente é. Mas fique atento! É melhor evitar excessos, respeitando as limitações da área, pois é indesejável circular por ambientes obstruídos e poluídos visualmente. “Outro ponto que agrega valor é o uso de peças de design, obras de arte ou mesmo a utilização de materiais nobres como mármores, lâminas de madeira e espelhos”, conclui. Texto: Débora Cristina
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Varanda em primeiro plano Projeto privilegia a ampla área social de um apartamento de 300m² A varanda, que quase sempre fica em segundo plano, protagoniza a ambientação da arquiteta Márcia Barreiros para um apartamento com vista para o mar, em João Pessoa. A recomendação dos proprietários era que o ambiente não fosse tratado com uma varanda simplesmente, mas que recebesse um tratamento especial para servir ao convívio da família e fosse um lugar envolvente e aconchegante.
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Em madeira e vidro chocolate, a mesa possui um prato giratório no centro para facilitar a integração entre os convidados e deixá-los ainda mais à vontade. O aparador em magic stone branco serve de apoio e também encaixa uma adega climatizada de vinhos - uma paixão do anfitrião.
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Para transformar a varanda em mais um cômodo social do apartamento, algumas adaptações foram necessárias. O revestimento de pastilha convencional foi substituído por um painel de mosaico com pecinhas de 40
madeira de demolição, que serviu para diminuir o ofuscamento provocado pelo excesso de claridade. “O detalhe é que esse revestimento é feito por uma comunidade carente; portanto, além do efeito estético, o valor social agregado
Peças clássicas e antigas da proprietária, aliadas ao branco e ao bege, compõem o ambiente mais feminino do apartamento. Na parede do estar,um Cristo, do artista paraibano João Brás, da cidade de Cajazeiras, reforça as raízes dos proprietários com temáticas que lembram as cidades do interior: a paisagem e a religiosidade.
tornou o painel ainda mais significativo”, contou a arquiteta. Um sistema integrado de som foi instalado nos ambientes, de onde se permite ouvir a música que estiver passando no home theater se desejar.
“Na realidade, pode-se ouvir música ambiente em tom agradável e bem distribuído em todo o apartamento”, completou Márcia. Ao pensar na ambientação do imóvel, o casal tinha um objetivo em mente: receber bem os filhos, 41
netos e amigos. Para atender o desejo dos clientes, a arquiteta optou por setorizar os ambientes, já que os convidados nem sempre possuem a mesma faixa etária. No estar, a história de vida do casal foi valorizada: objetos pessoais, fotos, livros, lembranças de viagem e de amigos estão aqui. Já na sala de jantar, o ambiente é mais sóbrio, mas não menos aconchegante. Um painel em lâminas de madeira natural torna o ambiente mais elegante e separa a área íntima da área social. Para dar mais leveza ao ambiente e deixá-lo mais equilibrado, a arquiteta optou por peças leves e fluidas, a exemplo do pendente revestido em seda.
Arquiteta: Márcia Barreiros Projeto: Ambientação de apartamento
Texto: Larissa Claro Fotos: Diego Carneiro Piso de granito e aparador Silestone: Oficina do Granito • Revestimento de parede e papeis: OCA Revestimentos Portas e divisórias: Marcenaria Josivan Duarte • Mobiliário: Saccaro, Artness e Artefacto • Sistema de som: Di Cinema Cortinas e almofadas: Oficina da Arte • Iluminação: Emporium da Luz e Light Design Tapetes: Adroaldo tapetes e Carpetes do Mundo • Decoração: A Sempre Viva • Telas: Marlene Almeida e João Bráz 42
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Ampliando os espaços Projeto de ambientação aposta nos contrastes entre claro e escuro para a sala de estar/ jantar de um apartamento
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ideia era não encher demais visualmente o espaço, dar a ideia de amplo. Era uma preocupação da cliente, já que ela morava antes num apartamento pequeno e não queria se sentir sufocada”, conta a arquiteta Valéria Simões sobre o projeto de ambientação em um apartamento de 213m² de um edifício no bairro
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do Miramar, em João Pessoa. A família – um casal jovem, com um casal de filhos pré-adolescentes – têm integradas, uma sala de estar e jantar. “Queriam um apartamento com cara de casa, que tivesse uma integração de espaços – estar, jantar e varanda – onde podessem receber seus amigos”, diz Valéria. “E foi assim projetado!”.
O grande destaque do projeto é a parede revestida com placas cimentícias brancas e que recebeu um painel projetado em madeira de demolição, rack com laca branca e projeto de iluminação embutida. “Esse painel integra os dois ambientes já que ele passa pelos dois”, explica a arquiteta. A TV foi instalada exatamente neste painel,
reforçando que a sala de estar tem também a função de sala de TV, momentos que a família gosta de desfrutar em conjunto. A sala de jantar recebeu uma mesa quadrada da Saccaro, com cadeiras com palhinha natural e tecido claro. Aqui, também se manteve a ideia de elementos que reforçassem a ideia de amplitude. “Trabalhamos com tons
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claros tanto na mesa como nas cadeiras”, conta Valéria Simões. “E a palhinha dava o efeito de transparência”. Não passa despercebida uma bela cristaleira antiga no ambiente. “A cristaleira no recanto dá o detalhe retrô que eu gosto nos ambientes. Eu procuro sempre misturar os materiais e os estilos de forma harmônica”, diz a arquiteta. O mesmo vale para o grande espelho, que foi posicionado, de maneira interessante, no chão. “O espelho tem o efeito do 46
antigo”, diz ela. “Foi escolhido para ser colocado no chão para dar uma ideia de casual chique”. Atrás do sofá, em linha reta com revestimento em linho, está um banco em madeira de demolição da Artness e que provoca a mesma leitura do painel na parede. “Ele compõe perfeitamente com o espelho no chão, com os objetos e a planta artificial”, conta Valéria, comentando a planta próxima ao espelho. “A modernidade e a vida corrida de hoje atrapalham
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ter uma planta natural em casa. Então que seja uma artificial mesmo, dando o toque do verde ao lar”. No conjunto, os estofados Sierra em um tom de linho cru e a laca branca contrastam e ao mesmo tempo combinam com o tom escuro da madeira da cristaleira, do painel, do banco, da mesinha lateral e pelo centro de mesa. “Dando um tom de amplitude ao espaço, a cortina tipo persiana romana também tem sua cor definida em tons claros”, conclui Valéria. O resultado é um apartamento com cara de casa, para a alegria de seus moradores. Texto: Renato Félix Fotos: Diego Carneiro
Arquitetas: Valéria Simões Projeto: Ambientação de apartamento
Estofados: Sierra • Centro de mesa: Sierra Plantas, objetos decorativos, banco de demolição, mesa lateral, cristaleira: Artness Tapete: Artness • Modulados e painel: Todeschini Projeto e execução iluminação: Grupo Emporium • Mesa de jantar e cadeiras: Saccaro Tela acima do sofá: Romeika - Artness • Tela ceia larga: acervo da proprietária 48
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Integração, mas com personalidade A construção e ambientação de um apartamento em Patos procurou dar uma cara própria a cada cômodo, mas com unidade
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uncionalidade e beleza foram os elementos que nortearam a arquiteta Adriana Leal no projeto de construção e ambientação de um apartamento em
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Patos, no interior da Paraíba. Na verdade, trata-se de um duplex, onde o andar de cima, com 250m², é a residência de um jovem casal com um casal de filhos pequenos.
O apartamento tem varandas, salas, cozinha integrada com o jantar, área de serviço, três suítes (a do casal e as dos filhos), lavabo e home theater. O desafio foi fazer com que cada ambiente tivesse uma cara própria e que se adaptasse a necessidade dos usuários, mas sem perder a unidade entre eles. “Os cômodos se integram através do estilo do mobiliário e do uso das cores, ao mesmo tempo em que cada um deles tem sua particularidade”, diz a arquiteta. “No quarto dos filhos, formas arredondadas deixam o quarto da filha
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Na suĂte do casal, a iluminação indireta procura criar um ambiente mais aconchegante, enquanto a luz pontual nas laterais da cama cria o ambiente para leitura.
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mais feminino, mais delicado. Já no do filho, as linhas retas e a cor azul o caracterizam. O mesmo acontece nos banheiros da filha e do filho: a diferenciação se deu através das cores”. “A suíte do casal também é ponto forte do projeto, se integrando com o closet que está inserido dentro do quarto, separado por divisórias de mesmo padrão madeirado do quarto”. O closet possui portas de correr de vidro incolor, madeirado branco e espelhos – para dar leveza e amplitude. Um espelho também se diferencia no quarto – um grande espelho circular que dá personalidade ao ambiente. Há
espelhos, aliás, em quase todos os ambientes: eles estão nos móveis de sala de jantar, nos quartos dos filhos e, naturalmente, nos banheiros. “O WC do casal procurou seguir o clássico preto e branco, nos revestimentos e nos móveis e louças”,
conta a arquiteta. “A iluminação em LED azul sobre a banheira de hidromassagem dá um ar de relaxamento e complementa a atmosfera do ambiente”. Mais luz para unificar as idéias deste apartamento. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação
Arquiteta: Adriana Leal Projeto: Arquitetura e ambientação de apartamento
Pisos e revestimentos: Portobello Shop Louças e metais: Onda Móveis projetados: Oficina Móveis Vidros: Paulo Vidros Iluminação: Trianom Mármores e granitos: R e V
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Porta de entrada Recebendo bem na Casa Cor Trio
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uem vai a um evento como a Casa Cor Trio, no Jockey Clube, em São Paulo, sabe bem que vai encontrar por lá muitas ideias criativas e refinadas. Por isso, as designers de interiores Silvana Genovesi e Patricia Hagobian tinham consciência que fazer justamente um ambiente como a bilheteria e concierge da terceira edição, que é justamente a porta de entrada do evento, seria uma responsabilidade e tanto. E elas aceitaram o desafio com muito orgulho. “Como nosso espaço exige uma funcionalidade na sua real utilização como bilheteria e primeiro acolhimento ao visitante, nós nos preocupamos em planejar cada espaço e unir o belo e o prático”, afirmaram as designers.
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A ideia surgiu com inspiração na primavera e na natureza. O espaço explorou a tecnologia recriando ambientes bem iluminados e vegetação sustentável, contando com grandes painéis fotográficos que remetem à estação do ano, utilizando trocas de luzes em tons harmoniosos e claros, servindo também para deixar o ambiente muito agradável.
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Utilizando materiais ecologicamente corretos, paredes vivas e muita funcionalidade, a entrada do ambiente de 140m² foi feita com uma mistura equilibrada do clássico com o contemporâneo, com peças seculares e espaços amplos, o que deu fluidez e fez a integração de estilos. Um jardim suspenso sem a utilização de vasos, porcelanato impresso com efeito de madeira,
e ainda uma lareira inusitada estão entre as criativas soluções utilizadas pelas profissionais. Para o público, o espaço conceito todo branco foi considerado o destaque. “Todos gostam da cor branca, mas para uso diário é bem complicado, por causa de sujeira. Então o ambiente todo branco mostrou o que um dia as pessoas idealizam, mas não têm como ter”, explicou Patricia.
Com muita criatividade, alguns mobiliários expostos no local foram desenhados pelas próprias profissionais, e fornecidos pela Dunélli House, assim como uma mesa exclusiva que compõe uma sala de jantar, composta por um tampo de vidro, onde a base de tronco de árvore é constituída de madeira orgânica.
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A tecnologia também foi destaque neste espaço. Exemplos disso são os sistemas de irrigação na parede viva vertical, em frente à mesa de jantar, e até mesmo o piso que imita madeira, pois é um processo onde é impressa uma imagem de madeira no porcelanato. A iluminação é feita toda em LED e dá destaque ao tom branco predominante num elegante lounge, onde a utilização da cor partiu como conceito para um ambiente clean e aprazível. Por ser toda de LED, ela acaba sendo um modo de representar a sustentatibilidade, pois economiza bruscamente o consumo de energia. Essa preocupação com a sustentabilidade se mostrou muito forte para elas. “O piso de porcelanato imitando madeira e a base de tronco de madeira orgânica, que a própria natureza descartou e que foi retirada por biólogos – com um laudo que prova que a natureza não foi agredida – são bons exemplos disso”, afirmou Silvana. Ao final do evento, as arquitetas tiveram a maravilhosa sensação de dever cumprido e ficaram muito felizes com os elogios recebidos, até mesmo vindo de personalidades como Angelo Derenze, presidente da Casa Cor, e também da mídia segmentada. A Casa Cor Trio foi realizada de 8 de novembro a 4 de dezembro. Além de trazer o que há de mais atual em arquitetura, decoração, paisagismo e design, ofereceu diversas opções de restaurantes, cafés, opções de consumo e entretenimento para toda a família. Neste evento, os visitantes desfrutam das mostras simultâneas Casa Festa, Casa Office e Casa Boa Mesa.
Texto: Débora Cristina Fotos: Divulgação
Arquitetas: Silvana Genovesi e Patrícia Hagobian Projeto: Ambientação de bilheteria
Mobiliário: Dunélli House • Lareira: Construflama Pastilhas e porcelanato: Orim • Revestimentos cerâmicos: Ceusa Revestimentos: Mosarte • Plantas e flores: Trees & Co. Iluminação: OL Iluminação 62
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Ares marítimos A arquitetura e ambientação de um restaurante foram inspiradas no mundo náutico
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m restaurante especializado em frutos do mar, numa das principais ruas do bairro de Manaíra, em João Pessoa, vem surpreendendo os visitantes com uma arquitetura moderna e aconchegante. Projetado pelo arquiteto Leonardo Maia, o restaurante Nau começou a ser feito em fevereiro de 2010 com uma ideia muito legal: a temática náutica prevalescendo em toda a atmosfera, mas sem abrir mão da essência dos outros restaurantes do grupo, entre eles o já consagrado Mangai.
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“Pensamos em itens que remetessem ao tema náutico, de forma que os visitantes se sentissem bem no ambiente. Por isso, toda a mobília, além dos materiais de acabamento, áudio, iluminação e acústica foram pensados em consonância para proporcionarmos aos consumidores a sencação de estar num lugar aprazível saboreando a peculiar culinária dos clientes”, explicou Leonardo. Como realmente o principal objetivo era remeter ao mar, ao mundo náutico, a ideia do
navio nao foi à toa. O uso das escotilhas traduz de forma original essa intenção. Mas o arquiteto acrescentou que o resultado ficou bem interessante, já que foi mixada a ideia do barco “dialogando” com uma casa de praia. As esquadrias em madeira em forma de veneziana, aliadas aos tijolos furados (inseridos intencionalmente por razões de estudos acústicos - uma vez que foi colocada uma camada de espuma acústica abaixo destes elementos), harmonizam com o contexto do navio. O espaço foi idealizado para 150 pessoas sentadas, aproximadamente. Mas com a crescente demanda e sucesso do restaurante, os proprietários pediram ao arquiteto duas ampliações: uma já programada dentro do vetor de crescimento do local, que fica acima da cozinha e tem um bloco de estrutura pré-moldada, e uma segunda totalmente nova, que foi feita em estrutura metálica. Essa outra parte foi toda pensada dentro de um caráter neutro, para que não agredisse a tipologia da edificacão, no conceito de um container. Assim, foram criados mais 50 lugares, num espaco totalmente novo e conceitual. 65
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E o sucesso é tão grande que, mesmo com a ampliação, sempre tem alguém esperando para saborear as delícias servidas no Nau. Mas a espera se torna mais agradável, num lounge muito confortável, já dentro do restaurante, onde as pessoas podem saborear um drink ou petiscar as deliciosas entradas do menu. A ideia da cozinha com visibilidade foi um pedido especial dos empresários, que queriam mostrar transparência no processo de confecção das comidas, para apreciação total dos clientes. “O resultado ficou realmente o que todos nós esperávamos”, afirmou Leonardo.
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Madeira Em todo o projeto, Leonardo Maia usou muita madeira. “A madeira é um elemento atemporal e neutro. Além disso, ela dialoga perfeitamente com a tipologia das empresas do grupo e proporciona o aconchego buscado para o local. No caso das mesas e detalhes de piso, elas também oferecem grande resistência e beleza”, confirmou o arquiteto, explicando ainda que todos os itens que possuem esse material foram detalhados pelo escritório: mesas (em madeira mista de demolição), cubas dos banheiros (em forma de canoas esculpidas), painéis, bar e adega.
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Iluminação A iluminação do restaurante, com detalhes indiretos nas sancas de gesso acústico, foi pensada paralelamente a pendentes artesanais em fibra, que também foram desenhados pelo escritório e executados pela Terra do Sol, todos em mão de obra artesanais. Elipses em fio de palha trançados, peixes em palha da costa são itens elaborados por estas comunidades que a empresa de artesanato incentiva. Também foi colocada uma inusitada canoa de pescador, comprada em uma das visitas de Leonardo Maia a comunidades próximas. Ela foi colocada no teto, ressaltada por focos em LED. Este tipo de iluminação também está presente na estante metálica com vegetação no salão, bem como balizando a passarela em cerâmica artesanal que marca o acesso ao restaurante.
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Fachada A fachada foi projetada com volumes sólidos, retilíneos e contemporâneos que oferecessem uma linguagem perene, para que o visitante pudesse se surpreender ao entrar no restaurante. Texturas grossas, panos de vidros, marquises em balanço também fazem parte do conjunto. Um enorme pórtico, com vão livre de 13 metros, emerge sob uma lâmina d’água vestida em vidrotil verde, com uma sutil queda d’agua, foi todo revestido em “escamas” de aço inxidável desenhadas pelo escritório e executadas artesanalmente por uma metalúrgica. “Um processo manual, longo, mas com resultado primoroso, uma vez que o inox estabeleceu um conjunto bastante interessante com o concreto que compõe o elemento”, concluiu o arquiteto.
Texto: Débora Cristina Fotos: Cácio Murilo
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Arquiteto: Leo Maia Projeto: Arquitetura e ambientação de restaurante
Revestimentos: Oca revestimentos / Portobello Shop Esquadrias e piso em madeira: Fecimal Mobiliário: Espaço A / Sierra • Persianas: Uniflex Gesso: Ricardo Rolim • Luminárias artesanais: Terra do Sol Iluminação: Lustres Yamamura
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Iluminação Comercial
Luz para os clientes Projeto de iluminação em uma loja de móveis planejados leva os ambientes muito além de uma mera exposição de produtos
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É cada vez maior a procura por móveis planejados. E essa mudança de comportamento não é à toa: todo mundo que investe num imóvel, quer que ele fique confortável e funcional e, principalmente, com a cara do dono. Por isso, criar uma iluminação especial para uma loja de móveis planejados é um desafio e tanto, porque quando o cliente entra nela, está em busca da realização de um sonho.
A arquiteta Andréa Carolina, da Light Design de Iluminação, explicou que a proposta para esta loja de móveis planejados foi a de fazer com que os diversos setores no interior do local transmitissem a atmosfera desejada numa real utilização e não que eles parecessem apenas uma simples exposição de mó v e i s .
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“No ambiente do home theater nós procuramos dar a sensação de aconchego e sofisticação com a utilização de duas arandelas no painel. As arandelas Zero, da marca Light Design, produzem um efeito de luz suave através da reflexão da luz da lâmpada halógena no refletor dourado da peça. A luz da lâmpada halógena refletida deixa o ambiente intimista e sem ofuscamentos, o que é ideal para não interferir, por exemplo, na visualização da TV”, explicou ela. Já na cozinha, a iluminação procurou trazer a praticidade da iluminação dirigida para a área de bancada. “Nós utilizamos ao longo dela o sistema de arandelas ST5, também da marca Light Design. Esse sistema de arandelas consiste em vários módulos, que juntos podem alcançar o comprimento desejado. Além disso, os módulos podem ser rotacionados direcionando o fluxo luminoso para a área desejada”, conta Andréa. “No caso da cozinha, nós rotacionamos
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para que iluminasse apenas a bancada, sem causar nenhum ofuscamento em quem trabalha. Essa arandela funciona com as lâmpadas fluorescentes T5, que possuem um alto fluxo luminoso e uma excelente reprodução de cor, que é essencial para uma cozinha”. Nas mesas de trabalho da loja, onde são desenvolvidos os projetos e apresentados aos clientes, foram utilizados os pendentes da mesma linha ST5, da Light Design. Assim como as arandelas, eles também possuem a mesma versatilidade de direcionamento da luz. Isso possibilita que o fluxo luminoso possa ser direcionado para o teto, trazendo um ambiente mais ameno e agradável, proporcionado pela luz indireta. “Isto é ideal para a apresentação de um projeto e negociação com um cliente”, concluiu Andréa. “Além disso, quando necessário, pode-se direcionar a luz para baixo, tornando a mesa mais iluminada o que deixa o ambiente ainda mais estimulante para o trabalho”.
Quarto infantil: decoração perfeita No quarto infantil, o projeto valorizou o aspecto decorativo dos nichos, utilizando uma iluminação pontual com LED. “Escolhemos o LED ao invés de uma lâmpada halógena convencional por ele emitir uma luz fria, o que é importante para não danificar os objetos que estão ali dentro. Além disso, nós encontramos lâmpadas LEDs com pequenas dimensões (1,5cm de profundidade), requisito fundamental para se conseguir iluminar um nicho”, informou a arquiteta. Texto: Débora Cristina Fotos: Divulgação
Lighting Designer: Daniel Muniz
Arquiteta: Andréa Carolina
Projeto: Iluminação comercial
Projeto: Arquitetura Luminárias: Light Design Lâmpadas: Osram Reatores: Luxxel 77
Iluminação Residencial
A orus é uma das belas peças que teve seu design reconhecido internacionalmente na feira alemã If Product Design Awards, uma das três mais importantes premiações do mundo do design. É uma perfeita combinação para ser usada com o kit estrelado da Fasa, adotando a tecnologia de fibra ótica, que é um dos mais modernos sistemas de iluminação do mundo.
Luz e arte
Lighting design é usado para ressaltar objetos de arte e design em um apartamento de João Pessoa
Outro destaque do projeto de Babienn Veloso é a mesa de jantar. A beleza dela foi ressaltada numa seqüência de seis semi-embutidos com o requinte de cristais, ideais para espaços que não desfrutam de pé-direito alto.
O projeto da lighting designer Babienn Veloso para um apartamento em João Pessoa foi cuidadosamente desenvolvido para fornecer iluminação perfeitamente equilibrada para os espaços. Nesse projeto, foram usados conceitos de arte, tecnologia, funcionalidade e modernidade.
A sala de estar ganhou um toque de arte com as luminárias premiadas da linha GX BOX, da Light Design, com dois sistemas de iluminação em uma única luminária, o que permite a versatilidade do ambiente e promove conforto e sofisticação para cada momento. “Essa versatilidade é alcançada
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por meio de acendimentos diferentes, onde uma seção fica para o acendimento das fluorescentes permitindo a iluminação geral. Já a outra seção fica para as lâmpadas halógenas, proporcionando um ambiente mais intimista e sofisticado, perfeito para recepcionar convidados”, afirmou Babienn . A sala de jogos é prestigiada com o charme refinado e deslumbrante do Ktribe, pendente italiano da marca Flos e assinado pelo designer Philippe Starck, que é conhecido mundialmente pelo seu design leve e contemporâneo. “A luz do Ktribe é linda!”, comentou a lighting designer. O quarto do casal foi contemplado com as peças de Wagner Archela, promovendo a iluminação agradável de abajur, com a funcionalidade do pendente, que não ocupa espaço nas mesas de cabeceiras. O LED vem se tornando a grande
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preferência dos arquitetos e lighting designers, que assim passam a dispor de um novo recurso, capaz de proporcionar concepções de iluminação mais eficientes, funcionais e artísticas. Neste projeto, o LED foi usado na temperatura de cor 6.500K (luz branca) para contrastar com todo o entorno do ambiente que está em 2.700K (luz amarelada). “Em um ambiente escuro ou na penumbra, basta que a luz de uma única luminária se acenda para tudo se transformar”, concluiu Babienn. “Os móveis ganham contornos, alguns objetos podem ser ressaltados, e as obras de arte, valorizadas. Criase então um clima que pode ser suave, dramático ou, simplesmente funcional, preparado para uma atividade qualquer”. Texto: Débora Cristina Fotos: Divulgação
O closet foi iluminado com o sistema atual das lâmpadas fluorescentes tubulares T5, mantendo a iluminação difusa em conjunto com o brilho das lâmpadas dicróicas titan direcionadas para as roupas, o que dá a perfeita funcionalidade ao espaço.
Arquiteta: Lizia Paiva e Andrea Cruz
Lighting Designer: Babienn Veloso
Projeto: Ambientação
Projeto: Iluminação Iluminação: Light Design e Emporium da Luz Modulados: Florense
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Especial
Naturalmente bonita A madeira pode ser usada como o elemento principal da construção e não só como decoração
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Museu da Casa Brasileira teve como tema de uma de suas exposições, em maio de 2011 o uso da madeira na arquitetura. A mostra Arquitetura da Madeira para o Século 21 exibiu exemplos do uso de madeira sustentável em construções ao redor do mundo, com fotos, painéis temáticos e maquetes, sob a curadoria do arquiteto Marcelo Aflalo. A ideia era mostrar a madeira como principal elemento da construção – o que tem acontecido principalmente na Europa – e não apenas como um recurso decorativo. “Com o reflorestamento, o impacto ambiental da madeira é baixo, se comparado à produção de concreto, cimento, ferro e alumínio, materiais muito mais nocivos ao meio ambiente”, afirmou o curador, em entrevista na época da abertura da exposição. “Enquanto alguns países da Europa exigem que as novas construções tenham alto percentual de madeira em sua construção – atendendo aos princípios do Protocolo de Kyoto – no Brasil a madeira ainda é vista como opção temporária ou rústica, nunca como matéria prima essencial”.
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Lincoln Park Zoo, em Chicago
“O número de construções em madeira no Brasil ainda é pequeno, devido a vários fatores que vão desde a forte tradição em construções de alvenaria, até a falta de valorização da madeira, como material de construção nos cursos de arquitetura e engenharia”, diz a arquiteta Márcia Barreiros. Diferentemente do Oriente, onde a arquitetura em madeira está associada ao conceito de uma construção leve, capaz de resistir aos terremotos. Na China, os primeiros relatos das técnicas de construção em madeira, datam do período de 960 a 1270, durante a dinastia Sung. A construção chinesa trabalhava com elementos de vigas e pilares com ligações por encaixes. Suas construções apresentavam uma grande precisão geométrica. Uma das edificações que foram selecionadas para a mostra em São Paulo foi a Casa da Caverna, em Ilha Bela, São Paulo, do escritório Renato Rossi Arquitetura. Na construção de 2009, as peças foram cortadas em tamanhos milimetricamente calculados, assim como o encaixe de ferragens foi preciso. E para quem acha que a construção de madeira não pode ser criativa, basta dar uma olhada
no pavilhão criado para o South Pond Lincoln Park Zoo, do Studio Gang Architects, em Chicago. Usando pranchas de madeira pré-fabricadas e fibra de vidro semitransparente, foi erguido um novo elemento marcante na paisagem natural do zoológico, usado para ações que vão de atividades educacionais à ioga, para crianças e adultos. A madeira pode ser usada em praticamente em todas as situações. “É um ótimo material de construção quanto aos aspectos de conforto, plasticidade no projeto, rapidez de montagem e durabilidade”, diz Márcia. “Um país com tal extensão territorial como o Brasil, possuindo grandes reservas florestais, deveria ter na madeira um material com grande potencial de construção”. Segundo a arquiteta, a casa inteira pode ser feita de madeira. “O problema aqui no Brasil é que em geral as construções em madeira não são consideradas como duráveis, gerando uma dificuldade para a comercialização das construções feitas com este material”, conta Márcia. “Além da falta de domínio da tecnologia determinante nos projetos em madeira, onde a durabilidade das construções são relatadas em mais de 100 anos, como em casas encontradas nos Estados Unidos, por exemplo”. Numa construção ambientalmente sustentável, uma área de manejo explorada só volta a ser objeto de corte num prazo de 25 anos. Esse uso de madeira certificada pode ser até uma forma de preservação e ampliação da vida de nossas florestas nativas, pois impede, de certa forma, que as florestas sejam desmatadas de forma predatória para o plantio de agricultura ou para a agropecuária. “No entanto, o meio técnico brasileiro deve desenvolver uma visão mais ampla e responsável sobre o processo de construção em madeira, buscando a preservação dos recursos florestais naturais brasileiros. Estive em Gramado recentemente e descobri que a construção de madeira foi muito utilizada nessas regiões Sul e Sudeste como habitação, onde a matériaprima utilizada, o pinho do Paraná, era abundante.
Casa da caverna, em Ilha Bela
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Entretanto, em 1905, na cidade de Curitiba, o governo proibiu a construção de casas de madeira nas zonas centrais da cidade. Este fato contribui para gerar no meio técnico brasileiro, o preconceito contra as estruturas em madeira”. Os especialistas indicam opções de alta densidade para a estrutura da casa, com alta resistência contra fungos e cupins, como o jatobá, cumaru, pequiá, roxinho e itaúba. Já para o telhado, é preciso atenção com algumas espécies: a garapeira precisa ficar protegida da chuva, porque apoderece rápido; a cupiúba e o angelim-vermelho são resistentes, mas o cheiro é um problema; e o cambará é indicado, mas também precisa ser protegido, pois os cupins adoram. “Acho lindas as construções em madeira, mas o Brasil ainda precisa desenvolver a indústria de componentes e de produtos florestais, para que ocorra um salto de qualidade na construção e ainda procurar incentivar a criação e valorização das escolas técnicas ligadas ao oficio da carpintaria”, conta Márcia. “Precisamos ter mais conhecimento das técnicas, pois o Brasil é muito grande, com muitos climas e o uso se diferencia entre as regiões e nos desvencilhar dos preconceitos que rondam em torno desse tema”. O Brasil conta hoje com dois modelos de selo verde para madeira certificada: o FSC, americano, e o Cerflor, do Inmetro. Mas cerca de 80% da madeira produzida na Amazônia é ilegal, segundo o Greenpeace. É preciso sempre conferir o Documento de Origem Florestal (DOF). “Cada região tem as suas preferências e facilidades. O mais importante é que as madeiras utilizadas nas construções sejam de origem certificada ou retiradas de áreas de manejo”, finaliza Márcia Barreiros.
Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação
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Acervo
Sob as bênçãos de São Frei Pedro Gonçalves Igreja e casario no largo do Porto do Capim remontam à ocupação do Varadouro nos séculos XIX e XX
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igreja está bem no centro do largo... No alto da colina do Porto do Capim, em frente ao Rio Sanhauá, a Igreja de São Frei Pedro Gonçalves se destaca pela arquitetura de traços ecléticos. Com forte influência neoclássica, os elementos remontam ao Renascimento florentino. Na fachada do templo, os vértices são guarnecidos de almofadas salientes executadas na alvenaria; as pilastras são coroadas por capitéis jônicos. À esquerda, o campanário possui quatro pavimentos que são marcados, horizontalmente, por cornijas. Nos dois últimos, onde se localiza a torre, estão as colunas coríntias, que dão volume à edificação da cidade baixa. A construção foi iniciada em 5 de junho de 1843 e recebeu o nome de Igreja dos Navegantes. A obra foi financiada pelos navegadores e comerciantes, que se instalavam na Rua Direita (atual Duque de Caxias), centro financeiro da antiga Parahyba. Posteriormente, passou a homenagear São Frei Pedro Gonçalves, espanhol que peregrinou, na Galícia e Andaluzia, durante os séculos XII e XIII. Conhecido como o “Protetor dos Navegantes”, a imagem do religioso acalmava os marujos que, durante a Idade Média e a Idade Moderna, atravessam os mares bravios e desconhecidos, em busca das novas terras. O bálsamo fortalecia a fé católica. Para não se deixar vencer pelos temores e enfrentar os perigos, os portugueses e espanhóis costumavam pedir a proteção de São Frei Pedro Gonçalves. Os apelos ao santo permitiam que os homens viajassem durante longos meses pelos oceanos e chegassem à África, Ásia, Índia e, posteriormente, à América. A reverência aparece, inclusive, em Os Lusíadas. Ao narrar a saga de Vasco da Gama às terras africanas, assim diz Camões: “Vi claramente visto o lume vivo/ Que a marítima gente tem por santo/ Em temo de tormenta o vento esquivo/ De tempestade escura o triste pranto”. A edificação da Igreja de São Frei Pedro Gonçalves durou quase trinta anos. Em 8 de dezembro de 1870, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição foi benta e colocada no interior do templo. Em pedra e tamanho natural, ela pisa uma serpente, que está sob seus pés. A peça havia sido retirada da proa da galera Frederch Geosard, que afundou na costa do litoral paraibano, provavelmente na Praia do Poço, no século XVII.
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Contudo, a conclusão definitiva da Igreja de São Frei Pedro Gonçalves aconteceu somente em 1916, quando uma torre foi erguida pelos frades da Ordem Franciscana, que iniciaram, ainda, a construção de um convento anexo, para servir de local de residência e aulas religiosas. Quando os franciscanos foram embora, a Igreja passou a sofrer o desgaste pela passagem do tempo e o progressivo abandono da área do Varadouro. O arquiteto e urbanista Cláudio Nogueira foi o primeiro coordenador adjunto da Comissão do Centro Histórico de João Pessoa, órgão que foi responsável pela revitalização do santuário, no final dos anos de 1990. Ele lembra: “Um dos principais problemas residia no quase estado de ruína em que se encontrava a sua coberta. Deste fato, decorria a grande quantidade de infiltrações que apresentava suas alvenarias e o forro da nave, em estuque. Uma das situações preocupantes consistia no comprometimento estrutural que apresentava a cúpula que cobre a capela e altar-mor”. A igreja continuava atraindo os fiéis para as missas e passou a ser utilizada pelos moradores do Varadouro, especialmente do Porto do Capim, como espaço comunitário para reuniões e outras atividades. As ações permitiram ao templo permanecer na memória afetiva e continuar integrado ao cotidiano do cidadão paraibano.
O ano de 1998 foi decisivo para que a história da igreja de São Frei Pedro Gonçalves fosse restaurada. Em 2 de dezembro de 1998, o Largo de São Frei Pedro Gonçalves – onde se inclui a Igreja, o casario e o Hotel Globo – foi tombado pelo Governo da Paraíba. O Iphaep passou a ser o guardião da área, não permitindo que seja modificada, sem que antes haja uma prévia autorização do seu conselho deliberativo. Ao longo dos tempos, a proteção vem possibilitando que o Largo de São Frei Pedro Gonçalves possa ser reconhecido pelos mais velhos e também pelas gerações mais jovens.
Abandono e restauração Nesse mesmo ano de 1998, técnicos voltaram ao passado, realizando prospecções arqueológicas e um minucioso trabalho de recuperação dos traços arquitetônicos originais da Igreja de São Frei Pedro Gonçalves. O trabalho durou cinco anos (até 2002) e custou US$ 313.437. As verbas vieram do Ministério da Cultura, Governo da Paraíba e Prodetur. Durante as descobertas arqueológicas, foi encontrado um mapa do capitão-piloto Manuel Francisco Granjeiro, publicado no códice beneditino de 1692, que indica a presença de uma pequena capela edificada na colina do Varadouro.
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“Apesar da existência de diversos documentos antigos e de numerosos estudos de historiadores e arquitetos paraibanos sobre a evolução urbana de João Pessoa, quase nenhuma referência aparece, nem há descrições antigas referentes à existência de uma igreja ou capela dedicada a São Frei Pedro Gonçalves, anterior a segunda metade do século XIX”, diz Cláudio Nogueira. “A falta de informações textuais aumenta, assim, a importância dos achados arqueológicos nessa igreja, demonstrativos, sem dúvida, da existência de uma capela mais antiga no lugar onde depois se levantaria a atual igreja dedicada ao santo dos marinheiros”. Durante o trabalho também chegou a ser levantada a hipótese da existência de uma “cidadela”, que teria sido construída na época colonial. Na época, a possível descoberta foi fartamente publicada na imprensa local (e até nacional), gerando discordâncias entre os pesquisadores paraibanos e até de outros estados acerca de sua veracidade. Testemunha ocular de todo o projeto do largo, Nogueira argumenta: “Em documentos antigos, há referências a existência de primitiva fortificação na região do Porto do Capim, possivelmente de taipa, o que era comum num primeiro estágio de construção de uma fortaleza no período colonial. Há também referências de intenções de construção de novas fortificações para defender o porto da cidade entre os séculos XVII e XVIII, sendo que não há comprovações de terem sido efetivadas”. Segundo ele, a hipótese necessitaria de novas pesquisas e estudos na região do Largo de São Frei Pedro Gonçalves. E, para por fim à polêmica, o arquiteto destaca o que efetivamente
foi comprovado e passou a fazer parte dos anais da história. “Nos alicerces da capela, as escavações arqueológicas evidenciaram e encontrou-se uma moeda de D. Maria e D. João III, de 1778. Achado importantíssimo, que data a existência da capela no século XVIII, construída em cantaria. Essa pode não ter sido a primeira capela. E, somente a título de hipótese, pode-se pensar na existência de uma ermida anterior, precária e singela, fundada pelos primeiros marinheiros ali chegados”. Ele destaca que as escavações evidenciaram: a estrutura de uma capela, construída possivelmente nos séculos XVII a XVIII; as escadarias da primeira igreja, construída entre fins do século XVIII e princípios do XIX e a ampliação da primeira igreja, com as conseqüentes transformações, que configuram a estrutura atual. O arquiteto detalha as descobertas. “No lado externo da fachada da igreja atual, apareceram os alicerces da capela primitiva, e sobre a parede frontal constatou-se que, depois da demolição, foi construída a escadaria da primeira igreja. Quando se levantou o piso e se construiu outra escadaria sobre a anterior, verificou-se que os degraus da antiga foram também utilizados como lugar de enterramento. Para Cláudio, restos do reboco de cores diferentes, encontrados no interior da capela, indicam a existência de decoração interna policrômica. “Tanto a capela como a igreja, tiveram assoalho de tijoleira antes da colocação do piso de ladrilho hidráulico, já no século XX. Moedas, louças e faianças do século XIX, coletadas durante as escavações, informam sobre evolução e uso da igreja de São Frei Pedro Gonçalves nessa fase preliminar das escavações”. Texto: Thamara Duarte Fotos: Divulgação
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Reportagem
Patrimônio protegido
Representante da arquitetura moderna, fábrica Fágus entra na lista da Unesco
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m autêntico exemplar da arquitetura moderna está entre os 25 novos bens adicionados na lista de Patrimônio da Humanidade pela Unesco (organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura). Trata-se da fábrica Fagus, do arquiteto Walter Gropius, localizada na cidade de Alfeld an der Leine, na Alemanha. Construída no início do século passado, em 1910, a edificação de 101 anos está em funcionamento até
Ruínas de São Miguel das Missões (RS)
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hoje e é uma das mais importantes representantes da escola Bauhaus. O conjunto de dez edifícios revela a união da arte e funcionalidade com o uso de materiais tão comuns nos dias de hoje como ladrilho, ferro e vidro, mas que na época representavam uma inovação. Além das formas retas, o arquiteto se atreveu a utilizar pela primeira vez uma fachada totalmente recoberta de vidro e pilares em forma de estreitas colunas de aço. O uso desses materiais permitiu a interação entre a luz e o ar, passando a sensação de integração entre interior e exterior do prédio. A edificação representa na prática um dos primeiros exemplares do que a escola de Bauhaus pregava na teoria: “A substituição da concentração do valor estético numa categoria privilegiada de bens (as obras de arte) por uma experiência estética difundida pelo projeto urbanista-construtivoindustrial”. Apesar da inclusão da fábrica, a Unesco deixou de fora 19 edifícios também representantes da arquitetura moderna criados pelo arquiteto Le Corbusier. Na próxima reunião da instituição o pedido será analisado.
Novos patrimônios da Humanidade: Propriedades culturais:
Serra de Tramuntana (Espanha)
A decisão saiu em uma reunião da entidade em junho, em Paris. A fábrica Fagus está incluída entre os 21 itens de valor cultural, como a Cidadela da Dinastia Ho, no Vietnã, o Jardim Persa, no Irã, e as gravuras rupestres das Montanhas Altai, na Mongólia. Três foram escolhidos pela beleza natural: a Costa de Ningaloo, na Austrália, as Ilhas Ogawasara, do Japão, e os Lagos do Vale do Rift, no Quênia. Na Jordânia, o Deserto de Wadi Rum foi eleito como um local de beleza natural e cultural. A Fagus foi uma indicação da Alemanha, país que teve o maior número de indicações aceitas. O Brasil, que tem 17 patrimônios da Humanidade, não teve nenhum novo item na lista. A lista do Patrimônio Mundial conta com 936 propriedades: 183 sítios naturais, 725 propriedades culturais e 28 mistas. Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação
Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (MG)
1) Antigas aldeias do Norte da Síria (Síria) 2) Sítios arqueológicos da Ilha de Meroe (Sudão) 3) Cidadela da dinastia Ho (Vietnam) 4) Paisagem cultural do Café da Colômbia (Colômbia) 5) Paisagem cultural da Serra de Tramuntana (Espanha) 6) Áreas culturais de Al Ain (Hafit, Hili, Bidaa Bint Saud e Oásis) (Emirados Árabes) 7) Fábrica Fagus, em Alfeld (Alemanha) 8) Forte Jesus, Mombaça (Quênia) 9) Hiraizumi - templos, jardins e sítios arqueológicos representando a terra budista pura (Japão) 10) Bridgetown histórica (Barbados) 11) Paisagem cultural do Konso (Etiópia) 12) Catedral León (Nicarágua) 13) Centros de poder dos Lombardos na Itália (Itália) 14) Complexo de petróglifos de Altai (Mongólia) 15) Palafitas pré-históricos em torno dos Alpes (Áustria, França, Alemanha, Itália, Eslovênia, Suíça) 16) Residências metropolitanas de Bucóvina e Dalmácia (Ucrânia) 17) Delta de Saloum (Senegal) 18) Mesquita de Selimiye e seu complexo social (Turquia) 19) Paisagens agro-pastoris do Mediterrâneo Cultural - Causses, Cévennes (França) 20) Jardim persa (Irã) 21) Paisagem cultural do Lago do Oeste de Hangzhou (China)
Propriedades naturais: 22) Sistema lacunar do Quênia no vale do Grande Rift (Quênia) 23) Costa de Ningaloo (Austrália) 24) Ilhas Ogasawara (Japão)
Propriedade mista: 25) Área protegida de Wadi Rum (Jordânia)
Os patrimônios da Humanidade brasileiros: - Cidade de Ouro Preto (MG) - Centro histórico de Olinda (PE) - Centro histórico de Salvador (BA) - Ruínas de São Miguel das Missões (RS) - Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (MG) - Parque Nacional de Foz do Iguaçu (PR) - Plano piloto de Brasília (DF). - Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI) - Centro histórico de São Luís do Maranhão (MA) - Centro histórico de Diamantina (MG) - Reservas de Mata Atlântica do Sudeste (SP e PR) - Costa do Descobrimento (BA e ES) - Complexo de áreas protegidas da Amazônia Central e do Pantanal - Centro histórico da cidade de Goiás (GO) - Áreas protegidas do cerrado na Chapada dos Veadeiros e no Parque Nacional das Emas (GO) - Ilhas Atlânticas Brasileiras – Reserva de Fernando de Noronha e Atol das Rocas (RN) - Praça de São Francisco, em São Cristóvão (SE)
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Materiais
Ecologicamente permeável Utilização do concreto poroso é alternativa para reduzir os alagamentos nas cidades 94
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permeabilidade provavelmente é a maior qualidade desse tipo de concreto, um produto ainda pouco utilizado no Brasil, mas que há muito tempo se destaca em países desenvolvidos, onde a preocupação com o escoamento das águas pluviais é mais latente do que em outras partes do mundo. Apesar de não ser uma novidade no mercado, já que a primeira vez que foi utilizado data o ano de 1852, a mistura que ganhou o nome de concreto permeável é apontada como um dos materiais mais promissores no quesito soluções práticas para evitar e reduzir alagamentos provocados pelas chuvas, que por conta da impermeabilização do solo nas grandes cidades, não têm para onde escoar. Feito a partir de pedra, cimento e água, o concreto permeável ou poroso, como também é conhecido pode ser aplicado em calçadas; estacionamentos; ruas de baixo tráfego; parques e praças-pátios residenciais; quadras de tênis; campos de golfe; estruturas hidráulicas; estufas de plantas-bases permeáveis abaixo de pavimentos de alta resistência (camadas base); isolamento térmico de paredes (alta porosidade) e barreiras acústicas (possui boas propriedades acústicas) e em muros de arrimo.
O custo ainda é superior às soluções tradicionais, mas em longo prazo o produto se torna mais viável do que a instalação de piscinões, bombas, tubulação de drenagem e outros sistemas de drenagem urbana, sem contar os custos com a manutenção que só precisa ser feita em, no mínimo, 20 anos após a aplicação. Assim como outros materiais, a utilização do concreto permeável deve levar em conta algumas restrições e cuidados quanto ao projeto hidráulico. É preciso considerar a quantidade de chuva prevista, o tipo de solo e as características do pavimento. Mesmo sendo tão versátil, e com vantagens financeiras e ecológicas o material não tem a popularidade que merece. A aplicação mais conhecida desse produto no Brasil está na área externa do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), próximo ao campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mas talvez, no futuro, as cidades possam usufruir com maior intensidade desse material.
Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação
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A História de...
Do fixo ao móvel O telefone mudou muito em tecnologia e aparência em 150 anos
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uando foi concebido, em 1860, o telefone nasceu como um simples dispositivo de telecomunicações elaborado para projetar sons por intermédio de sinais elétricos. No entanto, o italiano Antonio Meucci, creditado em 2002 como o pai da telefonia por ter patenteado a invenção 16 anos antes de Graham Bell apresentar seu modelo, em 1876, dificilmente poderia ter imaginado o impacto no estilo de vida e na estética que o telefone alcançaria nos dias atuais. Partindo dos aparelhos movidos a manivela até os capazes de se conectar à internet e servirem como verdadeiras centrais multimídia, o telefone passou por muitas transformações no decorrer de sua existência, desde inovações tecnológicas até aperfeiçoamentos puramente estéticos. Meucci, que havia criado o telefone para melhor se comunicar com sua esposa doente ao trabalhar em seu laboratório, no andar de baixo do seu prédio, não conseguiu difundir seu invento com a mesma eficiência que Bell, que apresentou o telefone durante a Exposição Internacional em 1876. O Imperador D. Pedro II foi um dos principais entusiastas da idéia e fez com que o Rio de Janeiro fosse a segunda cidade no mundo, depois de Chicago (EUA), a ter telefones instalados, em 1883. Em 1877, quando os primeiros aparelhos começaram a ser comercializados, os telefones eram apenas caixas com um dispositivo único que servia para falar e escutar, pesando cerca de 5 Kg. As mudanças de tecnologia implicaram também na mudança da forma do próprio telefone. Criado em 1877, o telefone “carimbo” tinha um corpo de madeira ou de borracha dura e possuía um elemento acessório no formato de um carimbo ou sinete, que servia para ouvir.
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Em 1878 foram criados os “caixões de Willians”, com dispositivos que podiam ser utilizados para falar e para escutar independentes, e um sistema de campainha com magneto. Uma das maiores inovações para o período, no entanto, surgiu em 1926 com o modelo Candle Stick, que consistia numa base em formato de castiçal para entrada de som, com um suporte para um fone de saída. O Candle Stick representava uma maior facilidade no manuseio e um design mais agradável, o que já inferia o alcance que o design do telefone alcançaria. Até o final da década de 1960 os u s u á r i o s passariam a contar com c e n t r a i s automáticas, que eram acionadas por um disco com sinalização decádica. A mudança foi tão bem aceita que, já no início da década de 1970, passaram a ser utilizados os telefones com teclado eletrônico, diminuindo o tempo de discagem. O formato dos telefones também mudou muito com o tempo. Quando começou a se popularizar, o fone para ouvir e o para falar eram peças diferentes. Mas em 1892 já se encontravam modelos requintados para casas onde ouvir e falar eram reunidos em um único fone – base prática do funcionamento do aparelho desde então. Foi em 1931 que a Ericsson apresentou uma novidade: o telefone de bakelite, menor, de design simplificado, o disco com os números e corpo preto – o modelo básico que durou até o final do século XX. Com o passar dos anos, designers começaram
a propor modelos diferentes e ousados de telefone, com o discador embaixo, por exemplo. A expressão “discar um número” ainda é muito usada, mas, na prática, o ato de discar, propriamente dito, foi há muito substituído por teclar. Os primeiros telefones com teclas para os números foram o Diavox, da Ericsson, que ficaram populares a partir de meados dos anos 1970, seguindo de perto o design padrão dos aparelhos (apenas substituindo o disco pelo teclado). Outra grande evolução estética foi a separação entre fone e o aparelho, com os telefones sem fio. Populares a partir dos anos 1980, o processo foi inventado em 1967. Pouco mais de um século depois da invenção do telefone, a empresa Motorola desenvolveu a tecnologia do primeiro aparelho de tecnologia móvel, em 1973. Desta forma, além dos telefones já estarem presentes nos veículos e fabricados em diversas formas, seja em formato de hambúrguer ou de maquiagem, entre outros modelos similares, comuns na década de 1980 e 1990, a mudança provocou uma nova forma de convívio social. Os aparelhos poderiam ser levados a qualquer local e o indivíduo poderia se comunicar com praticamente qualquer pessoa, em virtualmente qualquer ponto do mundo.
O celular Os aparelhos de tecnologia móvel eram excessivamente volumosos e pesados mas, no início da década de 1990, os telefones já traziam consigo artifícios da tecnologia, como o envio de mensagens e a adição de cores no mostrador. A possibilidade de envio de mensagens multimídia e internet foram outros grandes avanços para o mundo da telefonia. No entanto, foi a implementação da câmera para imagens e vídeo que mudou a forma como as pessoas encaravam o telefone até então. Os “smartphones”, como passaram a ser denominados estes tipos de telefones, conseguem agregar vários recursos, como tocador de música, leitor de arquivos em texto, visualizador de imagens e acessar as diversas mídias sociais. Com isso, nos anos 2000 o celular passou então a ser uma ponte para o mundo e mecanismo essencial para a comunicação pessoal e profissional. Para fazer jus a esta responsabilidade, os fabricantes, além da tecnologia de ponta, perceberam que o design e a qualidade visual dos aparelhos deveriam facilitar esta interação, criando sistemas operacionais para os celulares, os transformando em pequenas miniaturas de computadores. O passo mais recente na tecnologia foi a implementação das telas de captação de toque para acionar as funções do celular. A velocidade e a interação com o aparelho passam a se caracterizar de uma forma cada vez mais potencializada, ampliando a fronteira de possibilidades para o futuro. Texto: Alex Lacerda Fotos: Divulgação 97
Arquitetura e arte
A invenção do futuro Clássico do cinema mudo, Metrópolis é alegórico e realista ao mesmo tempo para falar das cidades em que vivemos hoje
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ouve um futuro antes e depois de Metrópolis (1927). O filme, uma ficção científica que ainda pertencia ao expressionismo alemão (vertente daquele começo de século XX na qual a arte refletia em sua forma as angústias interiores do ser humano), concebeu e apresentou um período tão alegórico quanto realista em determinados aspectos.
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O “mundo” do filme é dividido dramaticamente no ambiente de duas classes: a rica, acima do chão, de jardins paradisíacos, grandes avenidas e arranhacéus tão altos que os aviões passam entre eles; e a dos trabalhadores, no subsolo, um lugar de opressão onde eles se esforçam para manter o paraíso acima funcionando.
É claro que a sociedade não é e provavelmente nunca será, ao pé da letra, o que se vê em Metrópolis. Mas em termos alegóricos, ninguém pode deixar de notar as semelhanças. Afinal, as grandes cidades possuem, em maior em menor grau, a divisão que se vê no filme de Fritz Lang: centros desenvolvidos, limpos, altamente tecnológicos, em contraste com periferias paupérrimas, mal cuidadas e sem grande atenção dos governos. Brasília talvez seja o melhor exemplo: a cidade planejada por Lucio Costa, Niemeyer e Burle Marx tem, em seu entorno, um bolsão de miséria e violência nas cidades-satélite e cidades goianas vizinhas. Mas é nesse entorno onde mora grande parte dos trabalhadores que ajudam a manter a cidade. Voltando ao filme, Metrópolis é governada por Joh Fredersen, que tem um filho, Freder. Ele desconhece o mundo dos trabalhadores, mas o encontro com Maria, mulher tida como santa pelos do subsolo, vai mudar tudo. Freder toma contato com o que se passa lá embaixo e procurar melhorála. Segundo a filosofia do filme, ele é o “coração” que une a “mente” (os aristocratas que conceberam Metrópolis) e a “mão” (os trabalhadores que botaram a mão na massa para erguê-la e mantê-la funcionando).
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A verticalização de Metrópolis é um símbolo de poder e tecnologia – exatamente como já estava acontecendo nos Estados Unidos, com a corrida para construir os maiores edifícios do mundo, como o Chrysler e o Empire State. O grande projeto de Fredersen é a Nova Torre de Babel, cuja lenda bíblica dizia que era a maior do mundo. Para ampliar seu domínio sobre os trabalhadores, Fredersen resolve substituir Maria por um robô criado pelo cientista Rotwang. Mas Rotwang tem seus próprios planos, o que vai levar as classes a um grande conflito. Os arranha-céus altíssimos que aparecem em Metrópolis são referência ao que estava acontecendo em Chicago e Nova York e era testemunhado pelos viajantes alemães. Mas aquilo se tornou ainda mais uma realidade: as grandes cidades são marcadas, hoje, principalmente por sua verticalização, com prédios ainda mais altos até fora dos Estados Unidos, como na Malásia e nos Emirados Árabes. E mesmo em São Paulo, se não temos aviões circulando entre os prédios, helicópteros já são um meio de transporte comum na cidade (para os ricos, é claro). Mudo, Metrópolis é uma lenda do cinema. E faz parte dessa lenda a dificuldade que sempre
Metrópolis (Metropolis, Alemanha, 1927) De Fritz Lang Em DVD: versão restaurada de 2001, pela Continental; versão restaurada de 2010, na Coleção Folha Clássicos do Cinema 100
se teve de assistir ao filme na versão concebida e executada por Lang. Metrópolis foi cortado e reeditado inúmeras vezes ao longo destes quase 85 anos. Já em 1927, uma versão cortada foi exibida nos Estados Unidos com 1h54! Em 1984, o compositor Giorgio Moroder compôs uma trilha pop para o filme, em uma reedição de apenas 1h20. Uma cópia restaurada em 2001, já com cenas perdidas, foi lançada no Brasil pela Continental. Ainda assim, acreditava-se que um quarto do filme estava perdido. Pois em 2008, foi encontrada uma cópia em um museu de Buenos Aires e outra no Chile com 25 minutos das sequências que estavam perdidas. Esta novíssima versão foi lançada com toda a pompa em 2010, com 2h28 – e recentemente saiu no Brasil nas bancas, na Coleção Folha Cinema Europeu. Além do mais, Metrópolis é uma visão do futuro que influenciou fortemente outros filmes, como os cenários de Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982) e Batman (1989) ou o robô C-3PO, de Guerra nas Estrelas (1977). Lang escreveu o filme com Thea von Harbour, que era simpatizante do Nazismo, e o diretor sempre declarou que não concordava com o final conciliatório proposto no roteiro. Quando o Nazismo ascendeu, Thea ficou na Alemanha. Fritz Lang se mudou para os Estados Unidos, onde continuou sua carreira.
Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação
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Viagem de Arquiteto
Edifício Botânico Histórico
Herança latina Com influências da cultura espanhola, o Balboa Park reúne natureza e cultura na cidade americana de San Diego
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iajar em família, atravessar fronteiras, sair do Oceano Atlântico, do “ponto mais oriental das Américas” e chegar a Califórnia, na costa do Pacífico, em busca de novas paisagens e culturas exóticas é trazer para si experiências inusitadas, no intuito de se aproximar da arte e do belo. San Diego é a típica cidade ensolarada, localizada ao sul da Califórnia com organização e infraestrutura americanas, raízes espanholas e forte influência do México por fazer fronteira com a cidade de Tijuana. Chegar em San Diego é comprovar que poderemos conhecer um maravilhoso acervo arquitetônico distribuído na própria cidade e, principalmente, no Balboa Park, localizado a poucos minutos do centro, conhecido como a “landscape da arte e cultura”.
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Antes conhecido como City Park, o Balboa Park não possuía tratamento paisagístico ou desenvolvimento urbanístico. A paisagem da época era original com suas árvores e arbustos nativos. No ano de 1892, novas intervenções foram feitas para o embelezamento do parque; em troca, uma parte da área seria doada para ampliar o berçário comercial da cidade de San Diego. Após a virada do século, um plano mestre para melhorias do parque e embelezamento foi formalmente apresentado e criaram marcos arquitetônicos que entrariam para a história da arte
Centro de arte Vila Espanhola
e arquitetura mundial. San Diego seria escolhida para sediar a Exposição Panamá 1915 e o City Park era um nome pouco expressivo, para tal evento de reconhecimento internacional. Em 1910, o parque urbano cultural com mais de 500 ha foi renomeado como Balboa Park em homenagem ao espanhol Vasco Núñez de Balboa – o primeiro explorador aventureiro a atravessar o Canal do Panamá. A exposição que comemorou a abertura do Canal do Panamá e posteriormente a Exposição Internacional do Pacífico da Califórnia proporcionaram um grande impulso para o
Casa de Balboa
desenvolvimento do parque como aparece hoje A maioria das organizações de artes ao longo do Balboa Park estão alojados em edifícios de estilo renascentista espanhol construída para a exposição de 1915. O parque e os edifícios da exposição foram declarados patrimônio histórico nacional. Ele possui forma retangular, distribuída em avenidas e boulevards. A área central é o lar de grande parte das instalações culturais, e inclui nas áreas adjacentes, acampamentos de escoteiros, o zoológico, a Vila de Arte Espanhola. E ao longo do boulevard são muitos os museus: o Museu do Homem, dedicado à antropologia e com arquitetura colonial espanhola; Museu de História Natural; Museu de Arte de San Diego, o maior e mais antigo museu da região; Museu de Arte Fotográfica; e a Casa Del Prado. Passear no interior do parque é tão extasiante e prazeroso como materializar uma bela sinfonia. O parque em sua essência expressa beleza natural, arte e cultura, também reconhecido pelos seus espaços e cinturões verdes, vegetação natural e jardins com flores sazonais, entrecortados por trilhas exuberantes para o bem-estar e conforto dos visitantes. Se você embarcar no trenzinho do Balboa, irá comprovar e desfrutar de fortes emoções, nesse maravilhoso espaço de lazer cultural e contemplativo.
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Texto e fotos: Doralice Lucena Camboim
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Painel CONFRATERNIZAÇÃO BONTEMPO Para marcar o final do mês de dezembro, com o clima festivo característico desta época do ano, a empresária Maíra Feitosa recebeu seus seletos convidados em mais uma reunião com profissionais de sucesso realizado na Bontempo em João Pessoa-PB. Como recordação de uma noite tão agradável, os convidados levaram para casa exemplares do livro Receitas de Sucesso — publicação com o melhor da gastronomia, da arquitetura e da decoração e agenda 2012.
Veja mais fotos: www.artestudiorevista.com.br
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DEIXE SEU OLHAR PASSEAR PELO QUE É BELO. ACOMPANHAR A SIMPLICIDADE DE UMA LINHA, IMAGINAR O TODO NO DETALHE.
Novo acabamento Nero Trama. Na moda, o preto é básico. Na Bontempo, é essencial.
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Painel
LANÇAMENTO DE LIVRO Intimista, esse foi o conceito da festa de lançamento do livro Casas & Apartamentos, edição especial da ARTESTUDIO decorado por Alice Fernandes. A anfitriã Márcia Barreiros, arquiteta e diretora executiva da Artestudio, recepcionou os convidados, colaboradores e parceiros dessa tão esperada publicação no terraço da Casa Roccia num clima de festa entre amigos. Casas & Apartamentos é uma edição especial da revista Artestudio que não só apresenta uma compilação de moradias, mas tem nelas um denominador comum: a relação com a Paraíba e a valorização de talentos.
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Agradecimento aos parceiros da festa: A Sempre Viva, Alice Fernandes,Casa Roccia, Emporium da Luz, Êxito Projeções e Eventos, Oficina do Granito,Top design e Verona Decorações.
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Em evidência
Comunicação Urgente Atendendo à recente comunicação do Presidente do CAU/BR Haroldo Pinheiro, uma vez que o CAU/BR e o CAU/PB estão devidamente instalados conforme dispõe a Lei 12.378/2010, solicito em caráter de urgência que a partir da data de hoje, 22/12/2011, não se registre no CREA/PB nenhum procedimento de Arquitetos, Arquitetos e Urbanistas ou Engenheiros Arquitetos (a exemplo de ARTs, etc.), devendo doravante tais profissionais utilizarem-se do SICCAU - Sistema de Informação e Comunicação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, através do sítio eletrônico www.siccau.org.br -- o qual já encontra-se em funcionamento. Cristina Evelise Vieira Alexandre Presidente do CAU/PB
Menção honrosa - Prêmio Jovens Arquitetos 2011 MARCO SUASSUNA¹
Profº Ms. do Centro Universitário de João Pessoa, UNIPÊ. Departamento de Arquitetura e Urbanismo REFLEXÃO COMPARATIVA E PROPOSITIVA EM HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL O caso do empreendimento Anayde Beiriz em João Pessoa-PB .
Fórum - Jovens arquitetos latino-americanos 2011 Oliveira Júnior e Davi de Lima - arquitetos A exposição enfatizou a estreita relação entre a geografia e a identidade arquitetônica local pautadas nas reflexões teóricas de Rossi, Lamas e nas recomendações do “Roteiro para construir no Nordeste”, de autoria do arquiteto pernambucano Armando de Holanda. As obras e projetos desenvolvidos predominantemente em concreto, em madeira ou em aço representaram um recorte cronológico e tectônico da produção do 7S34W e denotaram a versatilidade da produção dos arquitetos. Nas palavras de Fernando Lara as obras de Oliveira Júnior representam “uma arquitetura brava, uma arquitetura forte. Lê o que tá se passando no mundo e traduz em materialidade, em tectonicidade pra construtividade” local sem se render a ela
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Conversa franca
Novidade iluminada O lighting designer fala sobre os LEDs e por que eles estão se tornando cada vez mais populares
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rês letrinhas que estão em evidência no mundo da iluminação: LED. Abreviação do termo em inglês light emittng diode, ou “diodo emissor de luz”, trata-se um semicondutor que emite luz quando é energizado. Os LEDs substituem as lâmpadas em locais ou instrumentos onde é mais conveniente, mas sua versatilidade tem tornado o material cada vez mais comum em residências e fachadas. O lighting designer Daniel Muniz fala à ARTESTUDIO sobre seu uso e as novidades acerca dos LEDs.
AE – Por que a iluminação com LEDs está tão em evidência? Na verdade, os LEDs já existem há bastante tempo. Hoje ele está em grande evidência por dois principais aspectos. Necessidade de eficiência energética em edificações e aplicabilidade na iluminação residencial, comercial, pública e na comunicação visual. E quando se trata de aplicabilidade em edificações em regiões onde há uma temperatura térmica alta em grande parte do ano – como, por exemplo, o Nordeste – entra uma terceira variável, a “temperatura térmica emitida”, que no caso dos LEDs são bem baixas. AE – Quais os usos mais indicados para LEDs? Regra geral, os LEDs têm boa aplicação para iluminação de tarefas, ambiente com iluminação reduzida (corredores e garagens, por exemplo)
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Daniel Muniz e sinalização. Mas eles podem ter inúmeras aplicabilidades. AE – E há situações em que esse tipo de iluminação não é recomendado? Não existe nenhuma contraindicação para a aplicação.O que é indicado, em regra geral, é evitar o uso do LED em luminárias totalmente fechadas, onde não há ventilação para os diodos. Mas, de fato, o que tem que ser feito com bastante critério é obedecer as características técnicas de corrente, de segurança, vazão do calor, etc., fornecidas pelos fabricantes dos diodos e dos chips. A atenção para o tipo e as características do que está sendo comprado ou especificado é o grande limitador de aplicação dos LEDs. Estas informações devem estar
disponíveis em catálogos impressos ou virtual dos fabricantes ou solicitados a um especialista da área. AE – Que tipo de uso mais ousado de LEDs, Do tipo em que arte e arquitetura realmente ficam muito interligadas, podemos encontrar? Hoje vemos muito a aplicação dos LEDs em projetos ousados de fachada, monumentos e comunicação visual. Já que é um sistema flexivel (com fitas e mangueiras de LEDs), ele consegue contornar e adaptar-se a curvas e contornos das fachadas. Já na comunicação visual, painéis publicitários de LEDs em grandes avenidas e em eventos já são bastantes utilizados. AE – Temos algum exemplo assim em João Pessoa? Temos exemplos de comunicação visiual nos painéis instalados na Av. Gov. Flavio Ribeiro Coutinho e na Av. Pres. Epitacio Pessoa, sinalização de trânsito e também na nova iluminação da torre da TV Cabo Branco. E na iluminação natalina promovida pela Prefeitura de João Pessoa. AE – Qual é o futuro dessa tecnologia? O que podemos esperar dela? Vem sendo gastos milhões nesta tecnologia para aumentar o fluxo luminoso destes diodos o que permitiria a aplicação bem mais vasta. Mas o que vem chamando a atenção nos últimos meses são os O-LEDs, organic light emitting diodes, que consistem em semicondutores produzidos a partir de películas finíssimas superpostas de materiais à base de carbono, que podem ser dobradas, flexionadas ou até mesmo recortadas. Por estas características, eles podem agregar qualquer forma geométrica e também emitir luz de ambos os lados. Poderemos no futuro montar paredes uniformemente iluminadas, forros, vidraças e eletrodomésticos. O primeiro centro brasileiro de pesquisas de O-LEDs já foi montado no estado de Santa Catarina e provavelmente teremos boas novidades neste produto. AE – Há algum tipo de cuidado de manutenção específico para o usuário e algum que deva ser observado pelos light designers? Vários tipos de cuidado. O ideal para o usuário final é procurar um estabelecimento confiavel ou especialista antes de adquirir LEDs. Já que
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é um produto “novo” na iluminação, algumas informações importantes de aplicabilidade, manutenção e segurança não estão bastantes claras para os consumidores. Os LEDs tem muitas variáves que precisam ser observadas antes da aplicação. Fluxo luminoso, depreciação, cor do tingimento, corrente, vida útil, etc. Então o especialista vai indicar o melhor produto, entre vários disponíveis no mercado, para aquela necessidade especifica. Principalmente na iluminação residencial, onde o consumidor normalmente está tendo o primeiro contato com a tecnologia de LEDs e não sabe de todas as variáveis envolvidas para a aplicação. Ou, quando sabe, obteve estas informações em sites ou reportagens não confiáveis e acham que os LEDs podem ser aplicados de qualquer forma e em qualquer lugar sem observar as suas características. O maior exemplo disso no mercado residencial de massa é a utilização de lâmpadas LEDs no formato “dicroica” de péssima qualidade e em luminárias totalmente despreparadas para recebê-las. Então uma lâmpada LED que vem, no seu manual, com vida útil de 30 mil horas, não chega a durar 1/5 disso. Isso termina causando uma insatisfação quanto ao produto, mas, na verdade, foi uma má aquisição e uma má aplicação que gerou a queima precoce.
Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação
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Expressão Nacional
Além da Macabéa
Foto: Kenne
Marcélia Cartaxo ainda é marcada por seu grande papel em A Hora da Estrela, mas já é consagrada como uma grande atriz de outros bons papéis
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ste ano, Marcélia Cartaxo estreou como diretora de teatro, com a peça Meias Irmãs. Foi uma estréia na carreira de uma atriz já consagrada, que sempre terá consigo o título de ser a primeira atriz brasileira a conquistar um prêmio em um festival internacional de cinema: o de melhor atriz em Berlim por A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral. Um feito admirável. No grande circuito de festivais internacionais só outras três brasileiras repetiram a conquista de Marcélia: Fernanda Torres, em 1986, em Cannes, com Eu Sei que Vou Te Amar; Fernanda Montenegro, em 1998, em Berlim, com Central do Brasil; e Sandra Corveloni, em 2008, em Cannes, com Linha de Passe. A história da conquista de Marcélia começa no interior da Paraíba, na cidade de Cajazeiras. Mais precisamente com o grupo de teatro Terra, que revelou também Nanego Lira, Soia Lira, Eliézer Rolim e Luiz Carlos Vasconcelos. 122
Com Lazáro Ramos, em ‘Madame Satã’
el Rógis / Divulgação
A revelação como a Macabéa de ‘A Hora da Estrela’
O grupo estava em São Paulo para três apresentações em um evento, com o espetáculo chamava-se Beiço de Estrada, escrito e dirigido por Eliézer Filho (hoje, Rolim). A diretora Suzana Amaral, já em busca da protagonista de sua versão para o livro de Clarice Lispector, estava na plateia. Suzana assistiu às três apresentações com José Dumont, que já estava escalado no elenco, e já convidou Marcélia para viver Macabéa. O ano era 1982 e Marcélia tinha 18 anos. Foram precisos mais dois para a diretora conseguir o financiamento da Embrafilme. Enquanto isso, as duas foram se correspondendo. Suzana presenteou Marcélia com o livro e a atriz o leu umas 20 vezes, além de fazer outros rituais de aproximação com a personagem: costurou uma camisola feita de saco de açúcar (que está no filme) e observou as “macabéas” em sua cidade. No filme, Marcélia era a atriz principal para coadjuvantes de luxo como Fernanda Montenegro e Tâmara Taxman. O primeiro prêmio foi no Festival de Brasília, no final de 1985. Em fevereiro, foi a vez de Berlim. O segundo papel de maior destaque que teve no cinema foi o da prostituta do núcleo familiar do protagonista de Madame Satã (2002), o filme que revelou o talento de Lázaro Ramos. Com ele, ganhou o prêmio de melhor atriz no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, derrotando Roberta Rodrigues (Cidade de Deus), Débora Duboc (Latitude
Em ‘Meias Irmãs’, a estréia como diretora de teatro
Zero), Júlia Lemmertz e Marieta Severo (As Três Marias). Ela já havia vencido duas vezes o Candango de atriz coadjuvante no Festival de Brasília, por Fronteira das Almas (1987) e 16060 (1996). Um ano depois, ela estreou na direção, com o curta-metragem Tempo de Ira (co-dirigido com Gisella Mello) – uma nova função, que desembocou em sua estréia como diretora nos palcos, este ano. De uma só vez, Marcélia trilha um novo caminho e volta no tempo ao seu começo com o grupo Terra, na adloescência, em Cajazeiras. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação
Com Hermilia Guedes, em ‘O Céu de Suely’
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Outras Áreas
A força da arte
Blots & Figments at the Andy Warhol Museum (Jose Portrait)
O artista plástico José Rufino conta como é seu processo criativo e se diz um admirador da arquitetura, do paisagismo e do design
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osé Rufino tem uma longa história de ligação com a arte. Ele desenvolveu a carreira passando da poesia para a poesia-visual. Não demorou muito para a arte-postal passar para os desenhos, o que aconteceu ainda nos anos 1980. É interessante ver que o universo do declínio das plantações de cana-de-açúcar no Brasil conduziu o trabalho inicial do artista em desenhos e instalações com mobiliário e documentos de família e institucionais. Filho de ativistas políticos presos pela ditadura do regime militar brasileiro nos anos 1960 – a mãe é a também artista plástica Marlene Almeida –, o artista é também muito conhecido pelos seus impressionantes trabalhos de caráter político. Ultimamente, tem realizado incursões na linguagem
Nostrum Spiritus Foto: Cacio Murilo
cinematográfica e desenvolve cada vez mais um trabalho misto de monotipias/móveis/objetos e instalações. O diálogo sempre presente entre memória e esquecimento faz do trabalho dele algo ainda mais importante. “O início da minha produção aconteceu enquanto eu morava em Recife e estava muito envolvido com o movimento estudantil e as rebarbas da ditadura militar. O fato de ser filho de ativistas políticos e, ao mesmo tempo, ter passado boa parte da infância no Engenho Vaca-Brava, em Areia, como neto do senhor de engenho, me permitiu uma visão de mundo cheia de dicotomias. Os primeiros passos dos meus trabalhos artísticos serviram então como ferramenta para uma revisão particular e familiar. Eu precisava rever a história da família, estabelecer novos paradigmas e ao mesmo tempo oferecer o produto dessa revisão, dessa subversão histórica. Não encontrei maneira melhor e mais potente de cumprir essa tarefa senão através da arte. Cartas pessoais, documentos e móveis de família ganharam então uma visibilidade alterada, nas paredes de instituições e coleções de arte”, disse. Jose Rufino explica que o trabalho se divide entre a criação propriamente dita e as demandas mais administrativas. “A criação é um processo
de pensamento contínuo, o que não significa que estou diariamente no ateliê, que fica em Bayeux. Muito desse processo ocorre em qualquer lugar, em qualquer momento e se concretiza em outro momento. Tenho um fluxo contínuo de criação, sempre em várias direções e que fica bem mais ativo e eficiente quando estou mais atarefado e sob pressão de prazos”, diz ele. “A parte administrativa é feita pelo meu escritório e consiste numa rotina de atendimento de pedidos de dados sobre obras, fotografias, questões de transporte, orçamentos, enfim, toda a logística de apoio às exposições e pesquisas sobre meu trabalho. Tenho um assistente que é estudante de arquitetura e ajuda muito nos projetos de obras mais complexas e que exigem maquetes virtuais e quantificações de materiais. Além disso, a galeria que me representa, a Millan de São Paulo, cuida de outra parte e de feiras e exposições internacionais”. Por alguns anos, Rufino teve ateliê no centro histórico, exatamente nos anos em que estava mais cuidado e ficava exatamente na frente do Parahyba Café. Segundo ele, este foi um período maravilhoso. Porém, o lugar foi ficando mais degradado e o espaço de trabalho pequeno e por isso ele resolveu construir um projeto em parceria com o pai, que é engenheiro, no sítio de Bayeux. O prédio foi inspirado na Bauhaus e também em Barragan e Warchavchik. Hoje, é um refúgio do barulho e da correria de João Pessoa. E em mais de 25 anos de carreira, com quase 200 mostras coletivas e mais de 15 individuais, o artista revela o processo de criação. “Meu processo criativo está muito mais vinculado a certos condicionantes do que a técnicas. Questões como a relação entre memória e esquecimento, tanto nos campos pessoais como institucionais, repressão política, psicanálise e filosofia, por exemplo, têm sido matéria-prima de muitas séries de obras. No entanto, o uso de papeis antigos, móveis e madeiras velhas é muito frequente. Os projetos podem resultar em pequenos desenhos ou grandes esculturas e
instalações. Tudo depende de como o assunto pode ser resolvido e potencializado”, afirmou. Dentre as exposições mais importantes, o artista cita as retrospectivas no Museu Oscar Niemeyer de Curitiba, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói e no Museu de Arte Moderna de Recife, além de algumas bienais, como a Bienal de São Paulo. No ano passado fez uma exposição individual no Museu Andy Warhol, em Pittsburgh, Estados Unidos, dividindo salas com obras do próprio Warhol. “Foi um projeto incrível”, disse Rufino, já que ele trabalhou sobre papéis originais de Warhol e reinterpretou algumas de suas obras, além de desenvolver um complexo projeto com pacientes com Alzheimer para a mesma mostra. Algumas imagens podem ser vistas no site do artista (www.joserufino.com). Além da arte, José Rufino tem outra paixão: as plantas, especialmente as palmeiras. Ele tem uma coleção de mais de 300 espécies de palmeiras em um grande jardim, além de centenas de outras plantas de outras famílias. “Paisagismo, arquitetura, design e antiguidades são minhas maiores manias. Não vivo sem livros e revistas sobre estes assuntos”, diz. Apesar da ligação cada vez mais forte com o cinema, é na literatura que Rufino tem um grande desafio agora. No próximo ano ele pretende lançar seu primeiro romance, que foi produzido com uma bolsa de criação da Fundação Nacional de Arte (Funarte). Atualmente, o que o deixa mais feliz é estar envolvido em projetos desafiadores, como o que vai fazer na Casa França-Brasil, do Rio de Janeiro, no próximo ano, e que será a maior obra da carreira dele. Para o futuro, José Rufino deseja continuar acreditando na capacidade da arte de atuar nos campos mais profundos da natureza humana. “Não tenho mais sonhos de carreira artística. Penso apenas em cada trabalho e como ele pode ser mais forte e desencadear outros. Isso é meu maior luxo e é o que me mantém vivo”, conclui. Texto: Débora Cristina Fotos: Divulgação
Exposições:
Em 2010, expôs Aenigma na Galeria Milan em São Paulo; Blots & Figments, no Museu Andy Warhol, em Pittsburgh, EUA; e Faustus, no Palácio da Aclamação, em Salvador. Participou da 25ª Bienal Internacional de São Paulo e de exposições coletivas como Caminhos do Contemporâneo, no Paço Imperial (Rio de Janeiro), ambas em 2002; da ARCO – Feira Internacional de Arte Contemporânea, em Madri, Espanha, em 2001; e de L’Art dans le Monde, no Pont Alexandre III, Paris, em 2000. Realizou exposições individuais na galeria Virgílio em São Paulo, no ano de 2008; na Galeria Amparo 60 e no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, em 2005; no Museu Vale, Vila Velha (ES), em 2003; na Adriana Penteado Arte Contemporânea, São Paulo, em 1998; e no Espaço Cultural Sérgio Porto, Rio de Janeiro, em 1996. As investigações mais recentes do artista tratam da falência irreversível do corpo e das memórias.
Léthe Foto: Flávio Lamenha
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Estilo de vida
MAÍRA MIRANDA FEITOZA
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aíra é empreendedora, mulher, mãe. Nasceu em João Pessoa e viveu toda a sua vida aqui, escolheu a arquitetura como profissão e diz que a sua motivação em fazer o curso era a possibilidade de transformação e de criação que o arquiteto tem nas mãos, mas a paixão pelo empreendedorismo surgiu depois do convite do seu marido e hoje sócio André, há seis anos, para gerenciar a franquia da Bontempo em João Pessoa, até então ela não imaginava atuar nessa área. Hoje se diz apaixonada por arquitetura, empreendedorismo e se realiza através do atendimento aos clientes e vendas. Esse seu gosto pelo contato com as pessoas vem da sua família. Numerosa e muito unida. “Somos daquela política de casa cheia, quanto mais gente melhor. Sou a filha mais nova, tenho três irmãos mais velhos e uma convivência maravilhosa com todos eles. Tenho ótimas lembranças de brincadeiras de rua e das férias com a casa cheia de primos.”, completa. No seu dia a dia é enérgica, otimista, objetiva e prática, mas diz que sua maior característica é ser sonhadora. “Os sonhos me motivam para trabalhar, procuro transformar os sonhos em metas, e as metas em realidade, e gosto das coisas justas, principalmente quando se trata de trabalho e negócios”, conclui.
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MAÍRA MIRANDA FEITOZA
1 FAMÍLIA:
Hoje em dia, estar em família é a melhor programação que fazemos. O nascimento da minha filha é um marco em minha vida.
2 AMIGOS:
Que sejam poucos, mas que sejam verdadeiros. Gosto das coisas verdadeiras, principalmente amizades e relacionamentos
“ Querer é poder”
7 FOTOGRAFIA:
Amo fotografar, principalmente flores.
3 CULINÁRIA:
Gosto da culinária informal, de reunir a família e os amigos no final de semana para cozinhar, testar novos pratos e colocar todos para participar. Se não ficar bom, pelo menos nos divertimos!
4 TRABALHO:
Faço o que gosto e gosto do que faço
5 BRINCAR:
No sentido literal da palavra, adoro brincar, voltar a ser criança.
6 PATINAÇÃO:
Meu exercício preferido!
8 VIAGENS:
A melhor forma de abastecer as energias, conhecer novos lugares, pessoas e culturas. Minha primeira viagem à Europa foi um fato bem marcante.
9 FÉ:
Tenho o meu modo particular de ter fé, acredito na justiça de Deus, e para mim o “fazer o bem sem olhar a quem” é a melhor filosofia de vida.
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Carta do Leitor A Artestudio quer ouvir você. É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:
contatoartestudio@yahoo.com.br contato@artestudiorevista.com.br
Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome, profissão, telefone e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.
Olá! trabalho com decoraçao e gostaria de conhecer as revistas de vocês. Por favor, me mandem exemplares para que eu possa conhecer e assinar. Obrigada! Márcia di Domenico Parabéns a todos, só vi a revista ARTESTUDIO no site mas me apaixonei pelo conteúdo, diagramação, fotos e qualidade! Eu amo revista de decoração. Mais uma vez parabéns. Jussara Nunca fui consumista, mas pela primeira vez, fui a uma loja porque vi o projeto na revista 35. Amei a arquitetura e os produtos da loja. Parabéns por apresentarem tão bem os projetos. Marcela Lima Adorei a revista Artestudio no 35. Sou jornalista e gostei especialmente da matéria de Amélia Panet. Eu visitei esse museu e senti exatamente tudo o que ela descreveu com tanta propriedade. Adoro os textos dela, tem conteúdo. Parabéns pelas escolhas e imagens. Palmira Vinagre Jornalista, Recife (PE) Parabéns, está demais a revista 35. Tantas matérias boas, tanto conteúdo e mais ainda por saber que é uma revista paraibana. Sucesso a toda a equipe, vocês são realmente demais! Alice Siqueira Paraibana, moro em Natal (RN) Lindo o quarto de bebê da edição de setembro. Parabéns a arquiteta! Mônica Costa A ARTESTUDIO agradece a todos os e-mails recebidos. Não podemos publicar todos eles, mas saibam que nenhum ficará sem resposta. Um grande abraço e desejamos um feliz 2012 a todos vocês leitores e colaboradores da ARTESTUDIO. Obrigado! A editoria
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Recebi alguns questionamentos de leitores através da Editoria da revista ARTESTUDIO e tentarei resumir as respostas. Eduardo Cop Profissional de Marketing
1.RETROFIT: o que é e em que casos é necessário? – Em arquitetura o termo está ligado à restauração, renovação, reforma, recuperação de edificações. Quanto ao Marketing, tema central desta coluna, embora seja uma expressão pouco usada, atribuímos seu significado a uma oportunidade de negócio, onde os custos da aquisição acrescido dos custos das melhorias são menores que seu valor de mercado, ocasionando lucro operacional.
2.Gestão de Pessoas; o quê está mudando e porque hoje existe até especialização sobre o tema? – Abordamos rapidamente no artigo acima, mas vejo que estamos mudando de um mundo de produtos para um mundo de serviços e quem presta os serviços são pessoas, criando um olhar diferente sobre os colaboradores (já foram chamados de empregados, lembram?), com a compreensão de que o sucesso do negócio está nas mãos de toda a equipe e não só do dono.
3.O caminho das empresas hoje é não cobrar mais horário e sim resultados? O cartão de ponto vai acabar? –Em algumas funções individuais é possível a cobrança de resultados, mas ainda a geração de serviços e produtos depende de muitas pessoas, todas interligadas. Imagine que um colaborador da construção já preparou a massa mas seu colega ainda não trouxe os tijolos. Mesmo assim, o cliente continua esperando a obra pronta e pode não ficar satisfeito. Não vejo como acontecer com muita facilidade. Quanto ao cartão de ponto, pode acabar pois não passa de procedimento burocrático desvinculado do processo de responsabilidade para com a vida profissional.
4.Por que as empresas estão criando a identidade olfativa? Isso não é muito perigoso? O perfume não é assunto muito pessoal? – Há muitas coisas nos controles sobre as pessoas que são muito pessoais, quando se identifica indivíduos: Começou como filho de quem, depois com a impressão digital, reconhecimento da retina e identidade olfativa. O avanço sobre a individualidade das pessoas não se dá com o método e sim com os objetivos e propósitos.
5.Sou fera no AUTOCAD, mas toda palestra que eu vou, e o meu chefe, vivem dizendo que isso é só uma ferramenta, é isso mesmo? Eu tenho a impressão que os clientes hoje admiram mais quem é hábil no computador do que ter maravilhosas idéias? Estou certo em ter essas impressões? Eu é que estou certo ou são os mais antigos que estão vendo dessa forma? – Não tenho dados confiáveis para saber se a procura está na direção dos mais hábeis na ferramenta, mas acredito que o grande diferencial chama-se talento. A ferramenta é um aprendizado e, a priori, pode ser acessível a todos.
Endereços dos profissionais dessa edição Juliana Castro Rua Lauro Linhares, 2055, Max e Flora Center, Torre Flora, sala 50, Trindade, Florianópolis - SC CEP 88036-002 Tel: (48) 3233.6411 Email: contato@jardinseafins.com.br Site: www.jardinseafins.com.br
Leonardo Maia Av. Sen Ruy Carneiro, 300, Sala 09, Miramar João Pessoa ‒ PB CEP: 58032-100 Tel: (83) 3021.1818 Email: leohmaia@hotmail.com Site: www.leonardomaia.art.br
Márcia Barreiros R. Tertuliano de Brito, 338 B, 13 de Maio, João Pessoa ‒ PB CEP: 58025-00 Tel: (83) 3021.8308 / 9921.9231 Email: Márcia.barreiros@yahoo.com.br Site: www.marciabarreiros.com
Andréa Carolina Av. Jacinto Dias, 160, Loja C, Manaíra, João Pessoa ‒ PB CEP: 58028-270 Tel: (83) 3226.2622 Email: andrea@grupo-emporium.com
Valéria Simões Av. Epitacio Pessoa, 2580, Shopping Moriah, sala 101, Tambauzinho, João Pessoa ‒PB CEP: 58045-000 Tel: (83) 3209.8956 Email: valeria-simoes@uol.com.br Adriana Leal Av. Julia Freire, 617, Emp Cimol, Sala 205, Torre João Pessoa ‒ PB CEP: 58040-040 Tel: (83) 8857.2987 Email: leal.arquiteta@gmail.com
Babienn Veloso Rua Maciel Pinheiro, 138 , Centro, João Pessoa ‒ PB, CEP:58010-130 Tel: (83) 3222.9497 Email: babienn@grupo-emporium.com Lizia Paiva e Andréa Cruz Av. Gov. Flávio Ribeiro Coutinho, 280 Sl 102, Manaíra João Pessoa ‒ PB CEP: 58037-000 Tel: (83) 3246-4644 Email: arq.acodesign@uol.com.br
Silvana Genovesi & Patrícia Hagobian R. Cunha 111, salas 102/101, Vila Clementino, São Paulo ‒ SP CEP: 04037-030 Tel: (11) 5539.5952 Site: www.silvanagenovesi.com.br
Artestudio Márcia Barreiros co nt ato @ a r te s t u d i o. co m . b r co nt ato a r te s t u d i o @ y a h o o. co m . b r
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Futuro profissional
Ambulatório Pré e Pós-Transplante da Paraíba Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba de Camilla Carneiro de França. Orientador: Prof. Dr. Hélio Costa Lima
O
trabalho intitulado “Ambulatório Pré e Pós-Transplante da Paraíba”, teve como objetivo um anteprojeto arquitetônico de um estabelecimento assistencial de saúde, capaz
de atender aos pacientes da capital da Paraíba e do interior do estado em busca de uma equipe especializada em transplante. Ou seja, um local de referência, adequado e público para acompanhamento médico e laboratorial antes e depois da cirurgia de transplante de órgãos ou tecidos, a ser construído na cidade de João Pessoa. Sabe-se que, atualmente, muitos problemas permeiam o processo de transplante na Paraíba, grande parte relacionada à falta de preparo nos ambulatórios gerais do SUS para suprir essa demanda crescente da população. Dessa forma, justifica-se a presente proposta, que também visa ampliar a bibliografia sobre o tema arquitetura hospitalar. A partir de uma pesquisa aplicada, aquela motivada por finalidades práticas, empregando algumas técnicas como: a pesquisa de campo, a documental e a bibliográfica, foi possível conhecer as especificidades do programa arquitetônico e do cliente peculiar, que é o usuário do transplante, para assim planejar uma edificação apta a exercer suas funções e contribuir para a recuperação dos seus pacientes.
Texto: Camilla Carneiro de França Imagens: Felipe Mazzaro
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