ARTESTUDIO 37

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Ano X nº 37 Mar / Abr/ Mai 2012

arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida

www.artestudiorevista.com.br

ENTREVISTA COM SIG JÚNIOR

O que vai mudar na arquitetura das escolas com a jornada ampliada

O ESTATUTO DA CIDADE

Amélia Panet comenta em seu artigo o valor desse exercício de democrácia e outros cinco profissionais dão a sua opinião.

TRANSPARÊNCIA EM CASA

A fluidez espacial foi mantida no projeto de ambientação de Katiana Guimarães numa residência

LINHAS ARROJADAS Uma casa que reúne funcionalidade e conforto, projeto de Aline Montenegro e Carolina Vieira.

LINHAS CONTÍNUAS

As grandes aberturas desse projeto de Antonio Cláudio, Ernani Henrique e Silvia Muniz propiciaram integração e continuidade

LIBERDADE PARA O BEBÊ

Espaço para o novo membro da família marcou a ambientação de Adriana Scartaris para um apartamento

CLIMA DE PRAIA

Condomínio vertical projetado por Vera Pires e Roberto Ghione foi pensado tanto para morar quanto para veraneio

E mais: Oscar Niemeyer, dicas para o Home Office, história das telhas e a beleza de Santiago no Chile 3


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Sumário

Mar/ Abr/ Maio 2012

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NOSSA CAPA

ARTIGOS VISÃO PANORÂMICA 12

Amélia Panet comenta o estatuto da cidade

VIDA PROFISSIONAL 14

Eduardo Cop fala sobre networking

VÃO LIVRE

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SIG JÚNIOR

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OPINIÃO PROFISSIONAL

88

ESPECIAL

68

REPORTAGEM

90

ESPAÇOS INTEGRADOS

32

ATRAVÉS DO VIDRO

35

NOVO MORADOR

42

MORAR OU PARA OS FINS DE SEMANA

48

NOSSA CAPA

52

NATUREZA ILUMINADA

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As relações arquitetônicas entre Porto Alegre e Barcelona

ENTREVISTA O arquiteto fala das mudanças nas escolas que passarão a ter a jornada dos alunos ampliada

5 profissionais nos dizem como você veem nesses 10 anos de aplicação do Estatuto da cidade em João Pessoa

JORNALISMO A expansão dos condomínios fechados em João Pessoa

Oito anos após a NBR 9050, como anda a acessibilidade em nossas cidades?

35 42

PROJETOS Área de lazer une os espaços dessa residência

A ligação espacial na ambientação de uma residência em um condomínio

Espaço para o bebê marca ambientação de apartamento em São Paulo

Edifício em Ponta de Campina vai aproveitar bem o clima do mar

Materiais rústicos em visual contemporâneo na residência em um condomínio horizontal

O projeto de iluminação de um restaurante reflete sua integração com o meio ambiente

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Mar/ Abr/ Maio 2012

DICAS & IDEIAS 32 HOME OFFICE

32 24

Como organizar o local de trabalho em casa sem perder o conforto

80 A HISTORIA DE...

Como as telhas ajudam a proteger o homem desde a pré-história

CONHEÇA 18 LIVRO

Ler e Escrever é um convite à leitura crítica e à transmissão do conhecimento

24 GRANDES ARQUITETOS

Oscar Niemeyer e uma vida dedicada a suavizar o concreto

64 ESTILOS

Refletindo a alma do usuário

72 ACERVO

A história do Engenho Paul, que hoje é a sede do grupo teatral Piollín

84 EXPEDIENTE Diretora executiva - Márcia Barreiros Editor - Renato Félix , DRT/PB 1317 Redatores da edição - Alex Lacerda, Débora Cristina, Neide Donato e Renato Félix Diretor de criação - George Diniz Diretora comercial - Márcia Barreiros Arte e Diagramação - George Diniz / Welington Costa Fotógrafos desta edição - Diego Carneiro, MB e Cácio Murilo Impressão - Gráfica JB A revista ARTESTUDIO é uma publicação trimestral, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores. Contato : +55 (83)

3021.8308 / 9921.9231

c o n t a t o a r t e s t u d i o @ y a h o o. c o m . b r R. Tertuliano de Brito, 338 B - 13 de Maio, João Pessoa / PB , CEP 58.025-000

@revARTESTUDIO

Artestudio Márcia Barreiros

www. artestudiorevista. com. br

82 ARQUITETURA E ARTE

O documentário Arquitetura da Destruição mostra a origem dos horrores nazistas refletidos na estética

84 VIAGEM DE ARQUITETO

A beleza de Santiago, capital do Chile

SOCIEDADE 92 OUTRAS ÁREAS

Eneida Agra Maracajá conta sua trajetória dedicada à promoção da cultura

94 EXPRESSÃO NACIONAL

Herbert Vianna, um dos mais importantes compositores do rock nacional

As matérias da revista impressa podem ser lidas, também, no nosso site www.artestudiorevista.com. br com acesso a mais textos, mais fotos e desenhos de projetos



Editorial

Ambiente inteiro

Márcia Barreiros

Diretora executiva e arquiteta

George Diniz Diretor de criação

Diego Carneiro Fotógrafo

Wellington Costa Produção e diagram.

Túlio Madruga Assist. produção Cacio Murilo Fotógrafo

Uma convivência harmoniosa entre o construído pelo homem e o construído pela natureza está em pauta em qualquer projeto arquitetônico nos dias de hoje. É uma preocupação presente em qualquer projeto apresentado pela ARTESTÚDIO, como o leitor pode conferir nesta edição, por exemplo, no projeto da iluminação de um restaurante ou na construção de um condomínio que aproveita a proximidade com o mar. Mas, além do meio ambiente, o fator humano não deixa de ter importância. Tanto para que as pessoas que trabalhem em casa façam isso com organização e conforto quanto para que pessoas com deficiência física possam transitar pela cidade onde vivem sem problemas. Por isso, esta edição traz desde dicas para o seu home office quanto uma reflexão sobre o que mudou nos últimos anos em relação a acessibilidade das cidades. O que melhorou? O que falta melhorar? Outras discurssões estarão em pauta em nossa nova seção Opinião Profissional. Também começamos a abordar os estilos arquitetônicos e perfil de grandes arquitetos. E o primeiro não poderia ser outro: aos 104 anos, Niemeyer ainda vê projetos sendo concluídos por aí – novos, como a nossa Estação Cabo Branco, ou nem tão novos, como o Sambódromo do Rio, que este ano finalmente foi finalizado do jeito que ele concebeu. E é só o começo. Esta edição traz assuntos variados que você vai poder descobrir já nas próximas páginas. Boa leitura! ARTESTUDIO

Colaboradores desta edição

Renato Félix Editor e jornalista

Alex Lacerda Jornalista Débora Cristina Jornalista

Thamara Duarte Jornalista Neide Donato Jornalista

Edu Cop Publicitário Amélia Panet Arquiteta


Visão Panorâmica

Amélia Panet

arquiteta

Orçamento Democrático e urbanidade

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esse ensaio daremos uma leve pincelada sobre o exercício da democracia por meio do Orçamento Democrático praticado na gestão municipal de João Pessoa e, de como essa prática vem contribuindo para a formação de cidadãos, atores ativos no desenvolvimento da cidade. A democracia é uma construção sóciohistórica lapidada na modernidade, especialmente dentro do sistema capitalista. No Brasil, no entanto, o regime democrático praticado na maioria das cidades, ainda é exercido de maneira conservadora e limitada, onde o direito coletivo na constituição política da urbe se restringe ao direito do voto, na ocasião das eleições dos seus representantes. Nessa visão estreita da democracia, a lógica econômica do acúmulo do capital não pode ser ameaçada por demandas sociais que determinem para onde devem ir os recursos públicos. Eis, pois, uma contradição que nasce no cerne do sistema moderno capitalista e que produz uma luta de forças genuínas, embora desiguais, frente ao perfil de sociedade brasileira que temos, com desigualdades tão acentuadas e riquezas tão injustamente distribuídas. Assim sendo, cabe ao Estado ser o interventor nesse jogo de interesses prevenindo riscos que possam ameaçar o coletivo ou aumentar, ainda mais, as distorções socioeconômicas da nossa população. Na contramão, visões neoliberais tentam rever o papel do Estado na construção da sociedade, propondo, inclusive, reduzir o seu papel na prestação de serviços sociais como, também, promover uma regulação por meio do mercado.

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Enquanto estivermos assegurados pelos direitos da Constituição Federal de 1988, o Estado deve fazer valer o principio da responsabilidade pública na condução de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse contexto, a inclusão dos artigos 182 e 183, no capítulo da Política Urbana dessa constituição, foi uma vitória da participação ativa de entidades civis e de movimentos sociais organizados. Para somar aos avanços da democracia, o Estatuto da Cidade que ora comemora sua primeira década, contribui com seus instrumentos, no exercício participativo da política de desenvolvimento e de expansão urbana. Uma gestão pública que se preze deve fazer valer os instrumentos urbanísticos centrados na lógica da inclusão sócio-espacial de todo cidadão, num ambiente urbano com uma equitativa distribuição dos serviços urbanos assistenciais, de lazer e de mobilidade para toda a cidade. Nesse sentido, a gestão da nossa capital, vem desde 2005, utilizando o instrumento do Orçamento Democrático como uma ferramenta do planejamento urbano da cidade e, principalmente, no caráter coletivo de uma cidade mais acolhedora. Em João Pessoa, o Orçamento Democrático é uma política de governo vinculada à Secretaria de Transparência Pública do município. Por meio desse instrumento, grande parte da aplicação dos recursos públicos é decidida pela população. Esse mecanismo de gestão compartilhada tem caráter deliberativo e vem modificando a paisagem da cidade conferindo qualidade e compartilhando responsabilidades para com os espaços e equipamentos públicos.


O ciclo do O.D. inicia-se em março e se desenvolve durante todo o ano evoluindo desde as audiências regionais com a população e os representantes de bairros, passando pelo planejamento de ações e investimentos e, culminando na execução das obras eleitas como prioritárias. Os secretários municipais, assim como o prefeito percorrem as 14 regiões orçamentárias para conhecer as reivindicações da população e elencar as preferências de investimento por bairro.

Esse processo é feito em audiências públicas, num diálogo direto com a comunidade. Como instrumento estruturador do desenvolvimento democrático de uma sociedade, o orçamento democrático e suas audiências públicas se tornam imprescindíveis para uma sociedade conhecedora de seus direitos e deveres no exercício da democracia. E, para além de seu objetivo principal, o Orçamento Democrático vem se consolidando como um instrumento pedagógico de cidadania na construção de uma tão almejada urbanidade.

Fotos: Divulgação

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Vida Profissional

Eduardo Cop

Profissional de marketing

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esta coluna estaremos tratando de um tema específico: Networking, ou rede de relacionamentos com objetivos profissionais. Saliento o caráter profissional do tema para não confundirmos networking com nossas amizades, que construímos durante a vida e no plano pessoal. E profissionalmente, trataremos o tema como marketing de relacionamento.

Marketing de relacionamento O que é marketing de relacionamento? É conhecido como CRM (Customer Relationship Management, que a literatura traduz como Marketing baseado fundamentalmente no relacionamento com os clientes, hoje estendido para fornecedores, parceiros, colaboradores e todos os envolvidos em nossa estrutura profissional, que aqui trataremos como parceiros). Devemos lembrar que para que possamos atingir um grau de satisfação dos clientes, é necessário que todos nossos parceiros estejam focados no mesmo objetivo. Seu principal prérequisito é a capacidade de manter relacionamentos, de conviver bem com seus semelhantes parceiros. Então temos no marketing de relacionamento uma importante ferramenta que gerencia o relacionamento que uma empresa tem com seus clientes, consumidores, futuros consumidores, exconsumidores e vice-versa.

Entendendo os parceiros com marketing de relacionamento É através do marketing de relacionamento que as empresas podem entender os hábitos de seus parceiros e projetar ações voltadas aos mesmos, buscando sempre que estes tornem-se cada vez mais dependentes de seus produtos e/ou serviços, utilizando-os e recomendando-os. É preponderante, portanto, que o parceiro entenda seus esforços feitos a seu favor, seja seu bem estar, suas solicitações ou necessidades (valor percebido). Há ações que visam o bem estar do parceiro. Em todo bom relacionamento (e no marketing 16

Networking de relacionamento não poderia ser diferente) o conhecimento é parte fundamental para realizarmos ações que realmente agradarão. Entender, analisar e explorar o conhecimento é fundamental para a realização do marketing de relacionamento, sem o qual, passaremos a “chutar” o que o parceiro quer ou deseja. Relacionar-se faz parte do “jogo” comercial e é durante este relacionamento que uma empresa ou um profissional precisa conhecer os hábitos e costumes, desejos e necessidades de cada parceiro e transformar este conhecimento num valioso banco de dados, e utilizá-lo para tomar decisões focadas e certeiras. Com este conhecimento sua empresa ou você, em sua atividade profissional, poderá surpreender seus parceiros, antecipar vontades e desejos, chegar na frente de concorrentes, antever necessidades e rapidamente oferecer soluções e prioritariamente, fazer-se presente em seu dia-a-dia. Quanto mais dados compilar, mais próximo de seu parceiro sua empresa estará. As empresas que não buscarem entender seus parceiros, farão com que despertem a novos fornecedores. Entender o que o cliente anseia e mobilizar e direcionar todos os parceiros neste sentido e utilizar meios de comunicação eficazes, são os prérequisitos para a obtenção do sucesso tão esperado. Saber com antecedência o que o cliente espera e se antecipar, lhe proporcionará uma boa impressão e obviamente ele se interessará no que mais a empresa ou o profissional pode lhe ser útil.

Usando com Sabedoria o Marketing de Relacionamento Sua empresa pode estar informatizada e abastecida com uma poderosa ferramenta de CRM, arquivando cada passo, cada compra, datas, formas de pagamento e hábitos de consumo de seus clientes ou você pode conhecer cada cliente que adentrou seu estabelecimento, conversado com ele, feito venda, tirado dúvidas e guarda todas estas informações na sua cabeça. Claro que não podemos comparar o Itaú, com seus milhões de correntistas, e a pequena lavanderia, mas se não utilizarem ações de marketing de relacionamento, ambos estarão


fadados a perderem seus clientes. Enquanto apenas armazenam informações e costumes de seus clientes, outro banco dá 13 dias sem juros no limite e outra lavanderia dá uma camisa lavada e passada a cada 3 camisas lavadas e passadas. Oferecer vantagens, disponibilizar serviços identificados pelo cliente como valor agregado é fidelizar o cliente. Oferecer mais do que seus concorrentes oferecem, seja preço mais baixo, qualidade superior ou ambos é imprescindível quando se quer manter um relacionamento duradouro com seus clientes. Relacionar-se começa da coleta das informações da pré-venda, mas é no pós-venda que aplicamos todo esse conhecimento. Não há cliente que não quer um agrado, um presente! Oferecer um produto ou serviço desejado com um plus deveria ser quase que uma obrigação. Perder um cliente por mau atendimento é tão fácil quanto perdê-lo à concorrência, que com mais visão, soube agregar produtos e serviços aos seus e oferecer mais que a sua empresa. Criar programas de fidelização é bom, porém dispendioso. Mas criar ações de relacionamento que fidelizam o cliente é rápido e barato. Quanto menor a sua empresa, maior sua necessidade em fazê-lo. A força do marketing dos grandes ‘players’ do mercado influenciam o cliente pela força de seus preços mais baixos e diversidade de produtos e serviços oferecidos. Portanto, é agregando valor que a empresa ou o profissional se destacará do mercado. É através de ações de relacionamento que você participará do cotidiano dos clientes, ora surpreendendo-os, ora informando-os sobre novidades, lançamentos, promoções, oportunidades e ações motivadoras que tornem sua marca e seus produtos imprescindíveis a eles.

Aprendendo com o marketing de relacionamento Mas voltando ao termo básico, é importantíssimo aprender a ouvir. É preponderante ler nas entrelinhas, assimilar e aplicar o que nossos clientes dizem com palavras e prioritariamente, falam com seus hábitos, gestos e compras. Uma relação constante de aprendizado onde analisamos quais os tipos de produtos mais e menos comprados, quais os tipos de produtos mais e menos procurados, quem são nossos parceiros mais fiéis (marketing de frequência), quais os clientes insatisfeitos e os mais realizados, pois é através destas informações que uma empresa ou profissional obterá maior resultado ao apostar mais em um produto que em outro, oferecer descontos numa categoria e adicionar serviços em outra. As informações estão a nosso favor e caberá a nós aprendermos com elas dia após dia e, com sabedoria, usá-las a nosso favor. Aprender com o marketing de relacionamento nos proporciona preparar e treinar nossa equipe de maneira a aumentar a qualidade do atendimento, fazendo com que aumentemos o desempenho da empresa. Sistematicamente devemos colher, filtrar e analisar estas informações para ajudar-nos na tomada de decisões. O planejamento estratégico de uma

empresa depende tanto destas informações, como sua empresa depende de clientes para sobreviver.

Ferramentas de marketing de relacionamento Há centenas de softwares de CRM disponíveis no mercado que consolidam as informações de cada cliente, filtra e analisa-as para que a empresa possa cuidar de cada um separadamente ou identificar tendências e aplicar como vantagem competitiva. Outra importante ferramenta de relacionamento é o contato com o cliente no pós-venda, seja por telefone seguindo um script pré-elaborado ou utilizando um formulário a ser preenchido onde o cliente aponta prós e contras da sua empresa, produtos e atendimento, que estudado oferece de mão beijada informações relevantes sobre a organização, ou seja, onde sua empresa falha e que é de bom tom melhorá-la. Atualmente observamos duas ferramentas excelentes e fundamentais do marketing de relacionamento que não podem ser ignoradas: mm sistema tracking para sites e um sistema de envio de e-mail marketing. O primeiro sinaliza o perfil dos visitantes de um determinado site, mostrando sua frequência, localidade, hardwares e softwares utilizados na navegação, mas prioritariamente mostram os links, páginas e produtos mais visitados e até as palavras-chave mais buscadas que converteram em entrada no site. Já o segundo, além de oferecer valiosas informações sobre quantidades de visualização e cliques, proporciona um estreitamento no relacionamento entre empresa e cliente no sentido de chegar de forma rápida, certeira e barata, qualquer ação de marketing de relacionamento, estudada e aplicada pela empresa. Finalmente, destacamos a importância de mantermos relacionamentos sempre positivos, principalmente porque dificilmente teremos controle de seu alcance. A rede torna-se tão abrangente, através da imensa quantidade de ligações entre todos os parceiros visíveis e alcançando relacionamento com pessoas que hoje não imaginamos estar na rede, mas amanhã poderá ser um parceiro e já terá uma carga de informações prévias a nosso respeito, tanto de nosso perfil quanto de nossa conduta. Podem estar certos que todo relacionamento positivo vai contribuir para a empresa ou para o profissional, hoje ou no momento que menos esperamos.

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Vão Livre

Esse espaço é para você, leitor. Os e-mails enviados para essa seção devem ser encaminhados com o nome e profissão do remetente para :

contatoartestudio@yahoo.com.br contato@artestudiorevista.com.br

Porto Alegre e Barcelona

T

oda pessoa que vir o Museu Iberê Camargo de Porto Alegre, projetado pelo genial Álvaro Siza, se dará conta, imediatamente, de estar ante magistral obra arquitetônica e um edifício extraordinariamente bem construído, a partir de um pressuposto superior ao de um prédio convencional. Porém, a efetiva razão de sua qualidade é que ela advém da atitude das pessoas que participaram do processo. Em recente conversa com o arquiteto José Luiz Canal, responsável por sua impecável execução, ele confirmou algo que se deve esperar no Brasil e em qualquer lugar: o custo de construir bem não é necessariamente superior ao de construir mal. Uma arquitetura bem projetada e bem edificada não só pode ser menos onerosa como mais econômica e socialmente muito rentável. Barcelona é um bom exemplo nesse aspecto da qualidade, que pode ser útil neste momento em que o Brasil realiza grandes obras para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Considero bastante positiva a aposta que a cidade espanhola fez na planificada transformação estratégica e de qualidade. Todo o conceito de urbanismo que permeou sua transformação nasceu com o trabalho de Cerdá para a primeira expansão (Eixample) da cidade, onde a insistência

na qualidade tem sido promovida e apoiada nas últimas décadas pela administração pública e a sociedade. Tão inspiradora quanto o caso de Barcelona é a experiência do Cais Mauá de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que recupera para a cidade uma área pública de muita importância para a sua transformação e que fará com que o centro entre em contato com o cais do Rio Guaíba. A capital gaúcha aproveita inteligentemente a circunstância de ser sede da Copa do Mundo para potencializar a capacidade regeneradora de uma operação urbana. A reincorporação ao centro da cidade de um terreno inacessível até agora para os cidadãos é o objetivo fundamental do projeto. A nossa proposta para a transformação do porto, juntamente com o grande arquiteto brasileiro Jaime Lerner, foi feita para uma concessão, mas pensando exclusivamente no interesse público, criando um pedaço de cidade para todos e pensando acima de tudo no futuro. Esperamos que a evidente priorização do interesse público, a profunda reflexão sobre a multiplicidade de atividades, o desenho dos novos edifícios e a proteção do patrimônio façam do Cais de Mauá uma nova referência de revitalização de frente portuária capaz de superar, se não em volume, ao menos em qualidade conceitual e arquitetônica ao não muito distante e bem-sucedido exemplo do Porto Madero, na Argentina. Impressiona a alguém, como eu, que tenha trabalhado em muitos projetos similares na Espanha, onde com frequência as transformações políticas tornam impossíveis projetos importantes, o quanto em Porto Alegre todos os órgãos públicos alinharam-se, independentemente da sua orientação político-partidária, para não perder uma oportunidade excepcional. Assim, em poucos meses deverão ser iniciadas obras de um projeto que recorda algumas das transformações de Barcelona dos últimos anos, a começar pelo essencial apoio popular.

Fermín Vázquez

Diretor da b720 Arquitectos, com escritórios na Espanha (Barcelona e Madri) e no Brasil Museu Iberê Camargo - Porto Alegre Arquiteto: Álvaro Siza

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Livro

Experiência própria Novo livro de Ênio Padilha, Ler e Escrever convoca o leitor a passar conhecimento adiante

U

m convite à leitura crítica, fruto da busca por experiências, e um estímulo à produção escrita. Estes são dois dos focos principais do sexto livro do engenheiro, escritor e palestrante Ênio Padilha. Em Ler e Escrever, uma compilação de 42 artigos sobre variados temas associados à valorização profissional, Ênio apresenta ao leitor textos publicados entre 1987 até 2010 e materiais inéditos, organizados de forma a estimular os leitores à reflexão destes temas em maior profundidade. Ênio usa sua experiência profissional para apontar em seus textos elementos importantes no cotidiano do engenheiro. Através dos artigos, o autor tenciona motivar os profissionais e despertar lideranças para aprofundar discussões e enfrentar as questões abordadas. Como na apresentação do livro, ele reforça a importância da experiência de cada um e estimula sua capacidade em repassar aos demais esta experiência: “Se você teve a oportunidade de

estudar, viajar, conhecer pessoas inteligentes e isto desenvolveu a sua capacidade de fazer uma leitura mais abrangente do mundo... Se você sabe coisas que os outros não sabem... Consegue ver o que os outros ainda não estão enxergando... então você tem muitas responsabilidades”. Nos artigos são abordados temas como motivação para a escrita, definição de valorização profissional, características de engenheiros, dificuldades de iniciar-se na profissão, o sistema Confea/Crea e sua relação com os profissionais, as entidades de classe e as lideranças profissionais, o exercício profissional e os atritos internos. Ênio espera que os leitores consigam retirar do seu novo livro “elementos para uma ação positiva”, capaz de convocar o leitor para uma atividade proativa e criar um convite à “autoexposição”, descrevendo suas próprias experiências. Formado em engenharia e mestre em administração, Ênio Padilha decidiu compartilhar sua experiência profissional através de palestras e livros, tendo seus artigos publicados todas as semanas em diversos jornais e sites do país e no exterior. Com mais de 32 mil exemplares vendidos, Ênio Padilha publicou seis títulos: Marketing para Engenharia, Arquitetura e Agronomia; Marketing Pessoal e Imagem Pública; Três Minutos de Marketing; Pecados de Marketing para Engenharia e Arquitetura; Negociar e Vender Serviços de Engenharia e Arquitetura; e, agora, o novo Ler e Escrever.

“Nesse país de analfabetos sempre foi esporte nacional menosprezar e ridicularizar as pessoas que estudam e se preparam” “Não devemos deixar para os outros o trabalho para qual estamos preparados” “Temos que aprender a insistir na tecla de que engenharia e arquitetura não tornam a obra mais cara. Tornam a obra mais valiosa”

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Ler e Escrever, de Ênio Padilha 893 Editora, 105 páginas

Ênio Padilha


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Entrevista

SIG JÚNIOR

Espaço para aprender Sig Júnior, destaca como a arquitetura escolar influencia o aprendizado

O

Plano Nacional da Educação (PNE) estabelece que a política educacional para o decênio 2011-2020 é de que 50% das escolas públicas de educação básica desenvolvam suas atividades em jornada ampliada até 2020. Isso significa que

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as escolas deverão ser pensadas e projetadas considerando que os alunos permanecerão por mais de um turno: haverá exigência para mais atividades, mais ambientes e maior responsabilidade. Diante dessa realidade surge a necessidade de adequação


Escola Osvaldo Galupo

dos espaços e entra em cena a figura do arquiteto, responsável pela transformação física do espaço. Sigfrido Graziano Junior, o Sig, professor do curso master em Arquitetura do Instituto de PósGraduação (Ipog), comenta os aspectos positivos

que essas mudanças irão trazer e os desafios que os profissionais de arquitetura terão que enfrentar. Entre outras coisas ele destaca que pensar na arquitetura de instituições educacionais é um exercício de cidadania e crescimento pessoal, profissional e social.

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AE – Qual a importância da arquitetura no processo de aprendizagem? Há diversas ligações psicológicas que envolvem, por um lado, a segurança que o ambiente transmite e, por outro, as disponibilidades de trocas de cultura e conhecimento. Junto a outros fatores, experiências e convívio com as outras pessoas; tudo isso favorece o aprendizado e a forma do espaço, o ambiente criado, a permissão ao experimento e à troca sadia. Nesse sentido, o que ocorre dentro desses ambientes contribui significativamente para a construção do caráter das pessoas. A relação, interação e complementação entre os ambientes – disponibilidade de acesso aos professores, aos livros, consultas e laboratórios – passam, transmitem e contagiam a mente de quem os percorre. AE – O que é que mudou na arquitetura com as novas tecnologias? SIG - Houve diversas transformações na parte pedagógica e a arquitetura teve que acompanhar. Quando a comunidade se sente mais livre e a arquitetura não reflete a mesma coisa, há necessidade de reforma, abertura de espaços, criação de novos ambientes. Por exemplo, a internet trouxe a necessária ampliação da biblioteca, com a criação do ambiente informatizado próximo ou do lado, de consulta a diversos bancos de dados e para criação de trabalhos em mídia eletrônica; também trouxe a possibilidade de enviar trabalhos entre alunos e professores. Consequentemente as instalações de infraestrutura mudaram e as salas de aula têm equipamentos ou conexões para projetores multimídia, microcomputadores, etc. E algumas escolas têm pequenos ambientes com transmissão da rádioescola, com trabalhos escolares, sites de busca, produção de sites, etc. AE – E as mudanças além da informática? SIG - Mudaram as tecnologias pedagógicas e de inserção na vida da comunidade a partir do seu papel de guardiã da criança no horário além do período letivo, com diversas atividades culturais como jogos, esportes, música, dança, moda, teatro e outras manifestações artísticas, etc. Também há a escola aberta, onde o uso de suas instalações é permitido à comunidade próxima. Onde a edificação é um equipamento urbano útil a todos. AE – Qual seria o modelo de arquitetura ideal para estimular o aprendizado? SIG - Diversos pesquisadores e estudiosos apresentam aspectos ou parâmetros de melhorias, que procuramos mostrar em cursos de pós-graduação e em alguns

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Escola Monte Carmelo

“ As escolas deverão ser pensadas e projetadas considerando que os alunos permanecerão por mais de um turno: haverá exigência para mais atividades, mais ambientes e maior responsabilidade.” projetos que tivemos oportunidade de participar. Isso é decorrente de observação e experimentação e, como dizemos frequentemente, a boa arquitetura escolar vem da participação multidisciplinar e transdisciplinar, quando profissionais de diferentes áreas participam e interagem, até mesmo sobrepondo suas atribuições com o intuito de agregar visões. AE – Como se dá essa interação? SIG - Isso ocorre com uma permissão de entrada no “território” do outro, além do arquiteto: pedagogos e professores opinando na arquitetura, engenheiros e designers atuando como administradores, comunidade que pede, mas também escuta os gestores. Enfim, os segmentos participam da obra e do seu funcionamento. Os aspectos de conforto ambiental devem ser sempre levados em consideração nos três segmentos: conforto térmico, conforto visual e conforto acústico, com seus desdobramentos e especialistas. É importante que haja atividades físicas. AE – Temos exemplos desses ambientes no Brasil? SIG - Há diversas escolas em que a preocupação com a qualidade do ensino refletiu no projeto de arquitetura, tanto na rede pública como na rede privada; é difícil atender de forma ideal, mas há sempre uma discussão e avaliação até que ponto vale a pena. Ao se discutir com gestores públicos ou privados, apresentamos as opções e as vantagens. AE – Algum na Paraíba? SIG - Na Paraíba, há o Cotese, que é vinculado à Secretaria de Estado da Educação e que é focado no desenvolvimento de escolas. O grupo de arquitetos, coordenados por Rosane Toscano Freire, se volta para o desenvolvimento de soluções e tem contribuído com algumas que o MEC adota em diversos outros locais. Já tive oportunidade de prestar consultoria em eficiência energética a alguns trabalhos daquela equipe como, por exemplo, no projeto da Escola Monte Carmelo, em Campina Grande, com 23 salas e projetada de forma modular, podendo ser adotada com algumas pequenas modificações em diversas situações. É uma escola que tem vocação para escola aberta. Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação



Grandes Arquitetos

O gênio das curvas sensuais

Aos 104 anos, Oscar Niemeyer dedicou a vida a suavizar a dureza do concreto

MAC - Museu de Arte Conteporânea em Niterói - RJ

N

o carnaval, Oscar Niemeyer, 104 anos, foi ao Sambódromo conferir sua obra. Inaugurado em 1984, só este ano o local foi concluído da maneira como projetado originalmente pelo arquiteto. E ele estava lá, dias antes dos desfiles, para ver como ficou e, depois, no desfile das campeãs, para apreciar sua obra – agora com o público e assistindo aos artistas para os quais ela foi feita.

O Sambódromo do Rio é apenas uma das obras que saíram do traço de Niemeyer para se tornarem absolutamente simbólicas, representativas do Brasil – em beleza e personalidade. Não é à toa que o arquiteto carioca, nascido em 15 de dezembro de 1907, disse que o ângulo reto não interessava a ele, mas, sim, a curva livre e sensual. E não é assim o Brasil, um país que sempre demonstrou preferência por curvas livres e sensuais? Museu Oscar Niemeyer - Curitiba

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Teatro do Ibirapuera - São Paulo-SP

O que projetou para Brasília também entrou para a história. Em parceria com Lúcio Costa, seu amigo e ex-patrão, ele deu vida à ideia de Juscelino Kubitschek de erguer uma nova capital em uma região despovoada no centro do país. Lúcio desenvolveu o plano urbano da cidade e Niemeyer desenhou os edifícios: o Palácio da Alvorada, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, a Esplanada dos Ministérios, a Catedral de Nossa Senhora Aparecida. Entre outras edificações, estas podem ser reconhecidas numa simples olhada, tal a personalidade que cada uma ostenta através de seu desenho único. A história de Niemeyer com a arquitetura começou em 1929, quando ele ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, um ano após se casar com Anita Baldo (ficou viúvo em 2004 e voltou a se casar em 2006, com Vera Lúcia Cabreira, sua secretária, 60 anos na época). Formou-se como arquiteto e engenheiro em 1934. De lá, passa a trabalhar no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão – sem remuneração. Idealista, Niemeyer filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro em 1945, quando já era um arquiteto renomado e após conhecer Luís Carlos Prestes – chegou a emprestar sua casa para ser o comitê do partido. A luta política foi uma marca de sua vida – a ponto de nublar sua visão, quando defendeu o stalinismo ou ficou contrariado com as perguntas do cineasta paraibano Vladimir Carvalho sobre o massacre de trabalhadores na construção de Brasília, cena que aparece no documentário Conterrâneos Velhos de Guerra (1990). Durante a ditadura militar, ele viveu alguns anos na França quando ficou difícil trabalhar no Brasil e visitou a União Soviética. Fez projetos em vários países (como a sede do Partido Comunista da França, em 1966, sem cobrar) e voltaria ao Brasil só com a abertura política, no começo da década de 1980.

Suas primeiras obras, ainda nos anos 1930, mostravam uma influência de Le Corbusier, como nas fachadas livres, pilotis e planta livre. Em 1940, Juscelino Kubitschek era prefeito de Belo Horizonte e encomendou a Niemeyer construções para desenvolver uma área ao norte da cidade – o que viria a se tornar o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, com destaque para a Igreja de São Francisco de Assis: traços mínimos e a beleza das curvas no concreto armado. Era tão diferente que a Igreja Católica até se recusou a benzê-la. Os saltos foram ficando maiores. Em 1947, integrou a equipe de arquitetos responsável por desenhar a sede das Nações Unidas, em Nova York. O desenho final surgiu a partir de uma proposta de Niemeyer e Le Corbusier. Em 1954, é inaugurado o Parque do Ibirapuera, projetado por ele, e um símbolo verde da capital paulista. Antes, em 1951, ele já havia projetado o edifício Copan, aquele que faz um “s” em pleno centro antigo de São Paulo, umas das marcas mais reconhecíveis da cidade, quando vista de cima. Os dois projetos foram encomendados nas comemorações dos 400 anos da cidade e o Copan ainda é a maior estrutura em concreto armado do Brasil. Estação Cabo Branco em João Pessoa-PB

27 Foto: Felipe Gesteira


Sambódromo, Rio de Janeiro - RJ

Um de seus primeiros grandes projetos, após o retorno ao país, foi justamente o Sambódromo e os CIEPs, centros integrados de educação idealizados pelo antropólogo Darcy Ribeiro. O Sambódromo tinha, por exemplo, salas de aula embaixo das arquibancadas. Também são dessa época obras como o Memorial JK (1981), em Brasília, e o Memorial da América Latina (1987), em São Paulo, um centro cultural idealizado também por Darcy Ribeiro. Em 1991, veio o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, que marca a paisagem em um terreno escolhido pelo próprio Niemeyer na praia de Icaraí, na Baía da Guanabara. De lá para cá, outros edifícios foram construídos no que ficou conhecido c o m o

Caminho Niemeyer – ligando o centro de Niterói à zona sul da cidade. Há, por exemplo, o Teatro Popular de Niterói, a sede da Fundação Oscar Niemeyer, entre outros, e ainda estão em construção projetos como o Museu do Cinema Brasileiro. 2007 foi o ano do centenário. Niemeyer foi homenageado pelos governos da França e da Rússia, viu começarem as obras do Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, sua primeira obra na Espanha (foi inaugurado em 2011) e escolheu 24 obras suas para serem tombadas pelo Iphan (o órgão tombou 35 dele, no total, naquele ano). Em 2008, foi a vez da Estação Cabo Branco, a primeira obra de Niemeyer em João Pessoa, com destaque absoluto para a torre espelhada octogonal. A última década também trouxe obras de Niemeyer nas capitais vizinhas: o Parque Dom Nivaldo Monte, em Natal, e o Parque Dona Lindu, em Recife. Aos 104 anos, continua trabalhando em projetos: uma biblioteca na Argélia, uma universidade de música e artes cênicas em Sorocaba, um centro administrativo no Paraná, o Puerto de La Música, na Argentina. E o Teatro Musical Rio’s que será no Aterro do Flamengo – se o Iphan liberar. Niemeyer continua sendo o que sempre foi: um gênio que se dedicou a suavizar a dureza do concreto. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação

28 Oscar Niemeyer


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Ambientação

Organização com conforto O home office está se tornando cada vez mais comum; saiba como deixar mais agradável esse espaço de trabalho em casa

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om o trânsito cada vez mais complicado e as facilidades da tecnologia, principalmente da internet, muitos profissionais estão aderindo ao estilo home office. Trabalhar em casa parece bem convidativo para algumas profissões, mas requer alguns cuidados, principalmente com a escolha do local onde será instalado esse escritório em casa. E não só isso: a escolha dos móveis também merece muita atenção, para que haja praticidade em tudo que envolve este ambiente. E para deixar esse ambiente assim tão legal

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e confortável, a ajuda de um bom profissional pode evitar muitas dores de cabeça. São eles que vão dar dicas importantes, como a diferença entre um home office de quem usa este espaço apenas para trabalhar quando está em casa ou dos que precisam de algo mais, como receber os clientes nesse ambiente sem parecer que é algo improvisado ou amador. As arquitetas Renata Aquino e Fernanda Barros, dão dicas importantes como essa: para se fazer o projeto de um home office não é necessário


DE ACORDO COM O CENSO 2010, REALIZADO PELO IBGE, MAIS DE 30 MILHÕES DE BRASILEIROS TRABALHAM EM CASA. ESTA MODALIDADE DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL VEM SENDO CADA VEZ MAIS PRATICADA E GANHOU EVIDÊNCIA NOS ÚLTIMOS TEMPOS POR CONTA DA ALTERAÇÃO DO ARTIGO SEXTO DA LEI 12.551, DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT), QUE DETERMINA QUE TODOS OS TRABALHADORES QUE EXECUTAM SUAS ATIVIDADES FORA DO LOCAL DE TRABALHO PASSAM A TER OS MESMOS DIREITOS DAQUELES QUE EXERCEM SUAS FUNÇÕES DENTRO DAS EMPRESAS. A ENTRADA EM VIGOR DESTA LEI SE DEU EM 15 DE DEZEMBRO DE 2011 E TROUXE MUITAS QUESTÕES RELACIONADAS AO TEMA. A ALTERAÇÃO CITA QUE O TRABALHO “REALIZADO A DISTÂNCIA” PERMITE QUE AS TAREFAS POSSAM SER EXECUTADAS POR INTERMÉDIO DE EQUIPAMENTOS TELEMÁTICOS E INFORMATIZADOS, COMO SMARTPHONES E TABLETS. O ACESSO AO E-MAIL CORPORATIVO E LIGAÇÕES QUE DIZEM RESPEITO A NEGÓCIOS TAMBÉM CARACTERIZAM O OFÍCIO.

Ambiente: arquiteta Katiana Guimarães Foto: Diego Carneiro

um grande espaço. Às vezes, apenas uma bancada já comporta tudo que o home office precisa. O importante é que seja um espaço prático e funcional. Para elas, a principal vantagem é que a pessoa economiza tempo, trabalhando em casa, e não enfrenta trânsito, mas é bom ter cuidado, porque isso requer muita organização,

principalmente com os documentos. Por isso, escolher bons armários, de preferência fabricados especialmente para aquele local, pode significar muita economia de espaço e evitar problemas com a divisão de materiais. Por serem ergonômicos, eles também podem ser sinônimo de mais saúde, por exemplo.

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Vantagens de trabalhar em casa: flexibilidade de horários, conforto, proximidade da família e controle sobre a rotina são algumas delas.

Dicas importantes: - Espaço: fuja do aperto e do exagero: as medidas devem ser bem estudadas e aproveitadas. Dê atenção especial à marcenaria ou aos planejados aproveitando soluções para esconder fios, distância de tomadas, etc. Reúna informações de tudo que o local irá precisar para fazer a correta separação; - Iluminação: deve ser adequada à necessidade de uso, proporcionando claridade, sem ofuscar a tela do computador e sem aquecer o ambiente. Opte por acionamentos independentes – otimizando seu uso. Tente, se possível maximizar a iluminação natural; - Organização: gavetas para documentos (dê preferência para arquivá-los em pastas suspensas), nicho para gabinete, gaveteiros fixos ou com rodízios, estantes ou prateleiras para livros e objetos de uso constante, quadro de aviso; - Conforto: cores adequadas, temperatura, materiais utilizados nos móveis;

Um cuidado importante também deve ser tomado com relação à iluminação. “Uma boa iluminação artificial é fundamental, mas é com a natural que o ambiente ficará ainda mais agradável”, explica Fernanda. Se possível, monte o escritório em um ambiente com janelas amplas, para evitar o consumo de energia em excesso. Escolha uma iluminação homogênea e com foco mais intenso na mesa ou onde houver mais necessidade para o seu trabalho. Fique atento para que a luminosidade de alguma janela não atrapalhe, por exemplo, a visibilidade do monitor do computador. E o mais legal é que é possível escolher um espaço que muitas vezes está subutilizado em casa. Mas tenha cuidado: avalie se neste local você conseguirá o mínimo de isolamento da casa, para que não seja interrompido a todo tempo por outras situações que podem estar acontecendo paralelamente na residência, tirando o foco do seu lado profissional. “Com poucos móveis esse ambiente pode ficar bastante interessante e aconchegante. Não se pode esquecer de avaliar, antes de mais nada, quais as reais necessidades de quem vai trabalhar neste local, pensando justamente em como será a rotina de trabalho”, disse Renata. Uma boa idéia para manter este ambiente livre de papéis e lembretes por todos os lados é criar

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- Cadeira: a cadeira é o toque final de extrema importância. Deve ser necessariamente uma cadeira de escritório, com regulagem de altura, braços e encosto. Lembre-se de que a postura correta irá lhe proporcionar melhor rendimento e prazer.

um espaço especialmente pra isso. Vale colocar um mural colorido ou pintar parte de uma parede com tintas que dão efeito de lousa ou que permitem a adesão de imãs. Para que o espaço não fique com cabos e fios espalhados, é bom planejar direitinho o posicionamento dos móveis de acordo com as tomadas disponíveis. Uma boa solução para esconder os fios são as bancadas e escrivaninhas com fundo falso. Há também clipes e abraçadeiras especiais para cabos que ajudam nessa difícil missão que é manter tudo bem organizado, no seu devido lugar. E é assim, com uma decoração agradável e cheia de funcionalidade, que tudo poderá ser revertido em produtividade na sua profissão.

Texto: Débora Cristina Fotos: MB e Diego Carneiro


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Arquitetura

Integração e continuidade Grandes aberturas voltadas para a área de lazer une os espaços da residência

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azer o projeto de uma casa para um casal com três filhos, implantada em um lote de esquina (Oeste/Sul), com área de 792,00m2 num bairro nobre da capital. Este foi o desafio dos arquitetos Antônio Claudio Massa, Ernani Henrique Júnior e Silvia Muniz Henrique. O extenso programa de ambientes solicitado, associado às características do lote, definiu a adoção de um partido em três níveis, agrupados em dois volumes principais perpendiculares entre si, elaborados em linhas contínuas que evoluem emoldurando os planos e definindo os ambientes.

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O conforto é percebido em cada canto da casa. Todos os ambientes possuem grandes aberturas voltadas para a área de lazer, proporcionando integração e continuidade entre o interior e o exterior, além de um melhor aproveitamento da ventilação predominante. A casa possui Terraço, Estar, Jantar, Lavabo, Home Theater, Gabinete, além de Copa/ Cozinha, Serviço, Dep. de Empregados, Depósito, Quatro suítes c/ varanda e uma bela área de Lazer, com Espaço Gourmet, Sala de Jogos, Piscina. A garagem tem espaço para três veículos.


Espaços e projeções Os acessos social, serviço e de automóveis estão localizados na face oeste do lote. A fachada oeste é marcada por painéis cegos de alvenaria e madeira, sendo as aberturas protegidas por brises de alumínio. Também foi criada uma passarela elevada de madeira define o acesso principal da residência. No nível (+0,80m), localiza-se a sala de estar, integrada por grandes painéis de esquadrias de madeira ao terraço voltado para a área de lazer. Ainda neste piso estão: o jantar, lavabo, copa, cozinha e gabinete. No plano inferior (-1,95m), estão as salas de home theater, jogos, terraço gourmet, além da dependência de empregados, área de serviço e depósito. O plano superior (+3,75m) é destinado à área intima da residência, com quatro suítes e a presença de um solário sobre a sala de estar. Tudo integrado por um vazio, onde está localizada a escada principal. No plano da coberta, este espaço possui vedação com dômus de alumínio e vidro, garantindo iluminação e exaustão para os espaços centrais da casa. A circulação vertical é realizada também por uma escada exclusiva de serviço e outra localizada entre as áreas de lazer.

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O forte uso da madeira deu contraste e aconchego aos ambientes

Sistema construtivo Foi adotado um sistema construtivo misto, com a utilização de concreto armado (lajes de piso e coberta e vigamentos principais), estrutura metálica (pilares e vigamento do terraço) e madeira Cumarú Amarelo (estrutura da coberta do terraço). O prazo de execução de todo o projeto foi executado em 15 meses.

Com todo o planejamento, pensando em cada detalhe, foi possível criar um ambiente descontraído, funcional e que atendia a todas as exigências de viver bem da família. Uma prova de que é possível sim, viver com conforto, de forma equilibrada. Texto: Débora Cristinao Fotos: Diego Carneiro

• Iluminação: Light Design

Arquiteta: Antonio Cláudio Massa, Ernani Henrique Júnior e Silvia Muniz Projeto: Arquitetura residêncial unifamiliar

Madeiras e esquadrias: Fecimal • Iluminação: Light Design • Automação: Emporium da Luz • Revestimentos: Portobello Shop • Esquadrias de alumínio: Guerral 36

+ fotos e plantas do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br


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Um dos destaques do projeto é o lavabo principal. Ele tem uma ambientação bem diferenciada. Seu revestimento, mesmo que um tanto bruto, causou um efeito com os espelhos e a bancada de madeira que foi abrilhantado pela decoração e iluminação de destaque. Para a arquiteta, este é um dos ambientes mais interessantes.

Fluidez espacial Toques de ousadia com linhas marcantes

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m dos grandes desafios para o arquiteto é criar, cada vez mais, espaços confortáveis, mas com um toque de ousadia, para manter a originalidade e extravasar a criatividade. E foi esse o desafio encarado com sucesso pela arquiteta Katiana Guimarães. Os mais de 500 m² de área de uma residência projetada por Antonio Cláudio Massa, Ernani Henrique Júnior e Silvia Muniz a judaram na ambientação, deixando os móveis e objetos bem em destaque. Por estar localizada num condomínio, foi possível utilizar vidros em abundância e isso gerou uma fluidez espacial que uniu os ambientes. Com a colaboração dos proprietários, houve uma redução do tempo de execução dos projetos. “Nesse projeto, a arquitetura de interiores se mostra elegante, com espaços integrados, mas que permitem privacidade, com tons neutros e móveis confortáveis, porém sem deixar de lado o design e as obras de arte”, definiu Katiana.

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Por isso, cada detalhe foi muito bem pensado pela arquiteta, para deixar tudo impecável. As salas e demais ambientes sociais são bem amplos e permitiram a colocação de móveis grandes e de design marcantes. Os demais ambientes seguiram a regra geral de uma boa ambientação, promovendo a sensação do aumento espacial, ergonomia e beleza. Papéis de parede, obras de arte e cortinas de primeira qualidade arremataram a ambientação com uma forma sutil de se sobressair.

Lazer e harmonia A sala de estar é totalmente aberta e integrada com o jantar, e por isso foram usados móveis de cor neutra e de design. Os destaques ficaram por conta do sofá de tecido com fibra de bambu de cor uva junto com o móvel de TV, que comporta uma elegante adega de portas em vidro corrediças. No outro extremo se encontra a sala de jantar, que por conta de seu pé-direito duplo, recebeu um pendente criado pela própria arquiteta, com fixação na parede lateral. Nela, a arquiteta usou um pendente cônico e foi adaptado a ele um tubo de aço inox polido, gerando uma nova leitura para a peça. Os vasos gigantes com buxinhos também contribuíram para a composição deste espaço junto com a peça do artista André Nóbrega, que foi fixada na vertical.

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O grande diferencial deste ambiente é a escada. Ela foi confeccionada em chapa metálica pintada de branco, que por sua espessura de apenas 1 cm , favoreceu a visualização da parede de fundos que recebeu um revestimento em placas cimentícias brancas com desenho em círculos

Com tudo isso, os proprietários da casa se mostraram bastante satisfeitos com o resultado final do projeto. “Eles gostaram de tudo, mas creio que o semi-subsolo mereceu destaque aos olhos deles, pois é lá que se encontram as áreas de entretenimento da residência”, disse Katiana, explicando que o salão de jogos, com sinuca e mesa multi-uso se integram ao terraço gourmet

através de grandes portas em vidro e madeira e um belíssimo painel de portas escamoteáveis também de madeira, que revelam um home-theater bem equipado e confortável. Claro que em dias de festa, ele se junta a esses ambientes gerando um verdadeiro complexo de diversão para todos os convidados. Para quem gosta de receber bem, este é diferencial inquestionável.

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O piso de madeira aquece o ambiente e se harmoniza com a ambientação

De arquitetura diferenciada, a casa tem acessos diversos e apesar da fluidez espacial, alguns espaços se revelam de uma forma inusitada. Este aspecto favoreceu e muito para a criação de uma ambientação única e diferenciada. O projeto de interiores tirou partido de todos os espaços e se integrou à casa respeitando suas formas, porém assumindo uma personalidade ousada. Texto: Débora Cristina Fotos: Diego Carneiro

Arquiteta: Katiana Guimarães Projeto: Ambientação de residência

Madeira: Fecimal • Modulados: Florense Móveis: Espaço A • Iluminação: Light Design

+ fotos e plantas do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br 42


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Espaço livre A busca pela boa circulação foi um dos pontos principais na decoração deste apartamento em São Paulo

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vontade de morar bem é igual, seja aqui no Nordeste ou em outra região do país. O que muda são os custos e algumas tendências, geralmente escolhidas de acordo com o clima. E a praticidade seguida da necessidade de espaço para a boa circulação foram as bases para o projeto da designer de interiores Adriana Scartaris, em um apartamento de 220m², no bairro de Tatuapé, um dos mais tradicionais de São Paulo. Para atender uma jovem família de pai e mãe com menos de 40 anos, uma filha de 17, outra de 15 e um bebê de 6 meses, a profissional percebeu que todas as escolhas giravam em torno das necessidades do mais novo membro da família, que pedia praticidade, espaço para brincar e correr, além de móveis sem cantos vivos, e materiais que pudessem facilitar a limpeza. 44


Por tudo isso, a obra para a nova residência contou com a troca de todos os revestimentos, além da instalação de ar-condicionado, som ambiente, home theater integrado, novo projeto luminotécnico e forros em gesso. “Fiz questão de usar cerâmica no living e no terraço, com apenas um tapete em couro no primeiro ambiente, prezando assim pela futura liberdade para o bebê que dará os primeiros passos e para que tudo ficasse bem prático na manutenção, com uma melhor fluidez nos espaços”, explicou a designer de interiores. Muita atenção também para escolher as cores do ambiente. A principal tendência apresentada neste projeto foi o uso de cores básicas com toques de tons vibrantes, além da mistura de materiais naturais. Para a cozinha, os detalhes em vidro vermelho trouxeram a cor de preferência da dona da casa, enquanto os quartos das filhas foram coloridos com as tonalidades que mais as agradavam. A opção por vidros aplicados nas portas tanto da cozinha como dos quartos das meninas abre caminho para facilitar a troca da cor quando sentirem necessidade, sem grandes investimentos ou dificuldades. Já para o living, terraço gourmet e demais ambientes, o pedido foi por aconchego para que os moradores estivessem sempre em um “ninho”,


criado por conta da mistura de materiais naturais como algodão, couro, pastilhas de coco, objetos em madeira e fibras.

Automação e praticidade E quem quer morar bem sabe que a tecnologia é uma grande aliada nesse assunto. Por isso, Scartaris fez questão de usar soluções básicas de automação. Elas foram suficientes para atender o cliente em suas necessidades, como som ambiente, home theater e iluminação integrada no living, que privilegia a luz aconchegante e quente, sem pontos que ofusquem a visão. Para os ambientes internos, a iluminação é feita com dimmer para cenas de estudo e repouso. Para dar mais realce ao projeto, o uso de revestimento de alta qualidade ficou por conta do porcelanato espanhol padrão crema marfil. “Demos destaque para os inserts no hall de entrada, que também possui um luxuoso papel de parede com grandes flores, igualmente utilizado no lavabo, ambos customizados com aplicação de pedras swarovski nas cores âmbar e prata. Ao todo foram aplicados 2600 cristais nos dois ambientes”, reforçou Scartaris. Fechando com chave de ouro, um luxo para poucos.

Texto: Débora Cristina Fotos: Pedro Abude

Arquiteta: Adriana Scartaris Projeto: Ambientação de apartamento

Automação: Real HT • Marcenaria: AD Móveis Pisos e Revestimentos: Recesa Cortinas, persianas, papéis de parede e tapetes: Oficina D Tintas: Suvinil | louças e metais Deca | bitcino: Casa Pinezi Iluminação: Tec Lustres • Movelaria: Breton Actual + fotos e plantas do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br 46


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Prancheta

Para morar ou para veraneio CondomĂ­nio vertical em Ponta de Campina reflete o clima de praia

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m condomínio residencial de 35 apartamentos num dos lugares mais agradáveis de Cabedelo, a praia de Ponta de Campina. Assim é o edifício Costa Smeralda, um projeto criado pelo grupo Vera Pires Roberto Ghione Arquitetos Associados, numa incorporação da Portofino Construções. A previsão é que o empreendimento fique pronto até dezembro de 2013. Com apartamentos de 113m², 115m², 118m² e 137m², os imóveis têm uma arquitetura que tenta transmitir esse caráter praieiro mediante a resolução da área de lazer e das cobertas. E falar em cobertas, elas possuem um caráter inovador para este tipo de edifício ao incorporar estruturas em madeira e telhados. Os apartamentos de cobertura, que são duplex, têm uma espacialidade interna com alturas duplas, que são qualificados pelos telhados. A intenção é transmitir a espacialidade de uma casa às coberturas deste edifício. O partido arquitetônico tem forma de “L” aberto para a esquina quadra. “Esta solução permite integrar a área social do empreendimento no espaço público. A localização da área de lazer, 1,50m acima do nível da calçada, garante sua privacidade sem perder a integração com o espaço rua”, afirmou a arquiteta Vera Pires. Tudo foi cuidadosamente planejado. O partido garante que todos os apartamentos participem do espaço social e da rua. A disposição

das varandas tem em conta a relação com edifícios vizinhos e a previsão de outros, para garantir as vistas permanentes para o mar. Todos os apartamentos possuem varandas generosas com vistas definitivas para o mar e ventilação natural cruzada. A “Este empreendimento está destinado à moradia definitiva em área de praia ou segunda moradia de pessoas que moram em cidades do interior e veraneiam em Ponta de Campina” disse ela.

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Sustentabilidade e elegância em grande estilo O projeto do Costa Smeralda responde a critérios de sustentabilidade conceitual, que resolve com a própria arquitetura problemas relativos ao conforto térmico, mediante o aproveitamento de meios naturais. Entre estas soluções estão: a boa orientação, com os ambientes principais abertos aos ventos dominantes; a proteção sombreada de janelas e varandas e a garantia de ventilação cruzada, que aporta conforto térmico sem a exclusividade dos meios artificiais. A geometria de resolução em planta dá um volume com reentrâncias e quebras, que conjuntamente com os telhados, transmitem a ideia residencial do empreendimento. O resultado é uma arquitetura que traduz a ideia de aconchego e individualidade da moradia residencial a um empreendimento de media escala.

Em função da qualidade de vida e por iniciativa do empreendedor, optou-se por um edifício com uma taxa de aproveitamento inferior às permitidas no terreno. A ideia é privilegiar as condições de moradia através de um edifício com menor densidade e uma área de lazer mais generosa. Estas características permitem transferir ao condomínio residencial as vivências de lazer de um hotel e reforçam sua condição de arquitetura de praia. “Este projeto pretende, como toda a obra do escritório, ser uma testemunha da cultura do nosso tempo e do nosso lugar. Uma arquitetura adaptada às condições climáticas e tecnológicas do nosso meio, que transmite os valores da nossa sociedade em relação ao morar em condomínio”, concluiu a arquiteta Vera Pires. Texto: Débora Cristina Imagens: Cubo 3 Design

Estacionamento e área de lazer O edifício possui estacionamentos no pavimento térreo e áreas de lazer que ocupam Arquitetos: integralmente o primeiro pavimento. Estas áreas Vera Pires e de lazer estão integradas com a piscina, no nível Roberto Ghione intermediário entre a rua e as áreas sociais. A piscina é a grande protagonista do espaço aberto, com Contrutora: decks secos, decks molhados, hidromassagens, Portofino Construções raias semi-olímpicas de natação e bar molhado. Realmente, um sonho de consumo de quem quer Projeto: morar bem. Condomínio residencial multifamiliar Costa Smeralda Praia Residence 52

+ fotos e plantas do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br


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Capa

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Soluções inovadoras A harmonia de materiais em visual conteporâneo

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m projeto com linhas arrojadas para uma casa, num condomínio horizontal num dos bairros mais nobres da capital da Paraíba, o Altiplano. Este foi o desafio das arquitetas Aline Montenegro e Carolina Vieira, feito especialmente para uma família de quatro pessoas – um casal com dois filhos. Por se tratar de um terreno de esquina, a edificação ficou mais recuada em relação às testadas norte e oeste, privilegiando a ventilação e a privacidade no uso da casa.

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As arquitetas utilizaram materiais rústicos – pedra Itacolomy, painéis de madeira maciça, tijolo aparente, telha cerâmica – criando o visual contemporâneo, destacando o jogo de empenas que fazem composição com a coberta de inclinação bastante acentuada, o que tornou- se um marco para o partido arquitetônico adotado. Além disso, essas divisões adquiriram um papel importante na distribuição interna, conectando o setor de serviço, social e lazer.

O programa de necessidades solicitado pelo cliente se distribui em dois pavimentos – térreo e pavimento superior – totalizando uma área em torno de 250m². No pavimento térreo distribui-se o setor social e de serviços, separados por uma empena revestida em pedra que percorre a casa no sentido longitudinal do terreno e arremata a coberta. Voltado para a fachada oeste, fica o acesso para circulação de serviço (dependência de empregada, BWC de serviço


e área de serviço) e a garagem para dois veículos. Através da garagem têm-se contato com a área de serviço, assim como com um pequeno hall onde se distribui o acesso à escada (pavimento superior), à cozinha e à sala de jantar. “Escolhemos colocar a caixa de escada vazada na altura do patamar para que pudesse, além de receber iluminação natural, estabelecer a relação do exterior com o interior da casa”, explicou a arquiteta Aline Montenegro. Ainda neste pavimento está localizado o setor social, abrangendo a sala de jantar, a sala de estar e TV, um terraço interno, além de quarto de hóspedes e bwc social. “Este

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Detalhe da parede revestida em pedra Itacolomy e o uso abundante da madeira maciça

banheiro é um dos pontos de destaque do projeto, por otimizar o uso de uma área molhada da casa que normalmente tem um custo alto de construção. Ele foi localizado de forma a poder englobar as funções de lavabo interno a casa, lavabo da piscina

e banheiro para o quarto de hóspedes”, afirmou Carolina Vieira, esclarecendo que esta decisão veio acompanhada de um detalhamento mais preciso das esquadrias que receberam uma conotação de painel compositivo da fachada. Detalhe do painel de Muraxabis que facilita a entrada da ventilação mantendo uma temperatura agradável no ambiente

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Espaço de lazer e contemplação O espaço de lazer fica voltado para o norte. A piscina se localiza na porção noroeste, sendo banhada pelo sol durante praticamente todo o ano a partir das 10 horas. Mas, apesar de encontrar-se na esquina do terreno, foi resguardada visualmente com o uso de uma cerca viva, o que dá mais privacidade aos moradores. Foi trabalhado um empraçamento de chegada com patamares generosos em porcelanato natural que se conecta com o setor da piscina, tomando para o si o papel de deck. As arquitetas também optaram por montar um terraço na entrada da residência. Voltado para área de lazer e emoldurado por um muxarabis, ele é um convite para viver momentos de contemplação. E não é só isso. “O artifício também possibilita a entrada de ar no verão e funciona como escape da ventilação nos demais meses do ano, além de permitir a privacidade no uso da circulação do pavimento superior”, disse Aline.

Neste pavimento se encontra o setor íntimo, com três confortáveis suítes e um escritório, interligados por uma passarela em madeira e peitoril em vidro. Após conclusão da obra, a equipe de arquitetura realizou uma avaliação pós-ocupação (APO) e o resultado não poderia ter sido melhor: a satisfação dos proprietários no que diz respeito ao conforto térmico e funcionalidade da casa. “É gratificante transformar o sonho de nossos clientes em realidade”, finalizaram as arquitetas. Texto: Débora Cristina Fotos: Christian Wagner

Arquitetos: Aline Montenegro, Carolina Vieira e Raglan Gondim Projeto: Arquitetura de residência unifamiliar Esquadrias e estrutura de madeira da coberta: Fecimal Piso: Portobello • Vidro: Calixto + fotos e plantas do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br 61


Iluminação Comercial

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Integrado com a natureza O trabalho de iluminação em um restaurante de Campina Grande reforçou a ideia de encontro com o ambiente

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restaurante Is Risto, em Campina Grande, fica dentro do condomínio Campos do Conde. Em uma estrutura toda integrada com a natureza, grandes rochas são elementos marcantes. Assim, o trabalho de iluminação desenvolvido por Babienn Veloso também buscou refletir essa integração. No salão principal, o roda teto de madeira foi revitalizado para ser usado como sanca, proporcionando a iluminação indireta e usando o teto como rebatedor da luz. Isso cria a sensação de que o pé direto é mais alto. Para uma iluminação uniforme, foram usadas lâmpadas tubulares T8 de 32w intercaladas umas às outras. Isso ajuda a evitar as sombras. A temperatura de cor das lâmpadas foi definida em 3.000K (luz amarela), para que a atmosfera do espaço tenha uma característica refinada e aconchegante. Essa “sanca” foi dividida em três seções independentes permitindo a versatilidade ao ambiente, que sejam acionadas em momentos específicos de quando for preciso mais ou menos luz. Nas colunas do salão foram usadas as arandelas Zeros da Light Design (assinada pelos designers Fred Mamed, Ruana Barros e Willames Verçoza, peça premiada no III Salão Pernambuco Design na categoria utensílios

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e pequenos objetos). Elas também permitem a iluminação indireta, além de dar um toque sofisticado e de efeito ao ambiente. E também traz ao espaço outro nível de iluminação ainda mais intimista e agradável. Com esta configuração, o teto fica totalmente livre de luminárias, com exceção apenas do pendente artesanal usado para enfatizar a beleza da mesa, que tem como base a raiz de uma árvore. A iluminação da circulação em volta do salão principal está relacionada diretamente com a fachada da edificação do restaurante e planejada para ressaltar a sua aparência. Assim, foi utilizada uma luz não-uniforme das lâmpadas halógenas AR 70, instaladas bem próximas das colunas. Os diversos sistemas de iluminação utilizados na área interna da edificação são suficientes para 64

criar um forte contraste com o externo, favorecendo e valorizando o volume arquitetônico. Nos degraus e bancos externos, mangueiras luminosas reforçam a iluminação indireta e, valorizando os acabamentos de madeira e o piso rústico, também integra a arquitetura com a natureza. Na iluminação externa optou-se em usar as árvores com o sistema uplighting, que é a técnica para criar um efeito dramático acentuando as texturas das folhas. A luz é posicionada bem próxima á árvore, no tronco, ressaltando o elemento linear, combinando a copa e o solo. É importante que a iluminação tenha excelente índice de reprodução de cor e que não seja colorida, para garantir a naturalidade das rochas e da vegetação.


As arandelas box PP, da Light Design, realçam as colunas da estrutura metálica da coberta do espaço VIP do restaurante e reforçam a iluminação externa de forma indireta, fazendo belos efeitos que criam um “movimento de luz”. Complementando esse movimento, cem espetinhos de jardim são utilizados com lâmpadas Halopar 38, direcionados para as rochas, árvores menores e jardineiras. Além de tudo isso, um sistema de iluminação RGB em LEDs no espelho d’água está localizado em uma das laterais do restaurante. E, assim, arquitetura, iluminação e natureza trabalham juntos para tornar mais belo o restaurante. Texto: Débora Cristina Fotos: Daniel Muniz

Lighting Designer: Babienn Veloso Projeto: Iluminação Luminárias: Ligth Design + fotos e plantas do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br 65


Estilos

Estilo contemporâneo

Cenário da vida

A alma do usuário é refletida pelo estilo de morar escolhido por ele

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m algum momento de nossas vidas acabamos tendo que conceber o cenário no qual desempenharemos o nosso papel. Quaisquer que sejam as circunstâncias, ou o espaço disponível, este terá que ser concebido para nos propiciar abrigo físico e psicológico. Povos diferentes possuem noções diferentes de abrigo, de proteção e de conforto; assim como de pessoa para pessoa estes também se diferenciam, pois estas noções são relativas à experiência de vida que cada pessoa possui, ao seu modus vivendi, que faz com que civilizações diferentes possuam arquitetura e design de interiores diferentes. A este fenômeno chamamos estilo. Oca indígena

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Walter Gropius define o estilo como sendo “a repetição constante de uma forma de expressão, própria de um período que ocasiona certo grau de saturação que permite a criação de um ‘denominador comum’ [...], denominador comum este, que nos permite diferenciar um estilo de outro”. Utilizamos os estilos para demarcar o nosso espaço, assim como para satisfazer a nossa necessidade de nos identificar com o espaço onde habitamos. Pois, como bem coloca Frank Lloyd Wright, “Deve haver tantos tipos de casas quanto tipos de gente”. Desta forma é muito natural entender a oca dos índios amazônicos, com as suas redes

Casa da cascata: Frank Loyd Wright

Vila Savoye: Le Corbusier


Estilo clássico

a balançarem em seus interiores sombrios e refrescantes; a rígida estética da casa japonesa e sua limpeza formal; a rusticidade da casa africana com suas cores fortes e contrastantes. As casas refletem as condicionantes sociais e culturais, dentro das prerrogativas geográficas em que cada qual esta inserida. Cada povo possui um estilo de conceber sua arquitetura e seus interiores, pois cada qual possui um modo diferente de ver o mundo. Visões de mundo tão diferenciadas que acabam por fazer com que o estilo seja utilizado para que nós possamos comunicar ao nosso grupo social as nossas necessidades psicológicas, o nosso padrão de beleza; e isto se pode observar ao longo da história da arte na representação da figura feminina. Por exemplo: a beleza da Vênus de Willendorf, do período pré-histórico, estava nos seus seios grandes e fartos e nos quadris largos, elementos estes que estereotipavam uma parideira. Ou seja, o padrão de beleza está relacionada à procriação, à manutenção da espécie; enquanto que para os gregos o padrão de beleza estava ligado ao perfeito equilíbrio das proporções do corpo humano, que lhes propiciavam equilíbrio psíquico. “A arquitetura e a decoração ajudam a decidir quem nós somos”, como bem coloca Alain de

Botton. Dentro delas, do berço ao leito de morte, delineamos o nosso modo de vida, inserimos os nossos valores, os nossos padrões de beleza, os nossos desejos e anseios. Ao longo da história podemos observar que os valores e os anseios de cada civilização estão refletidos em sua arte, em sua decoração, na sua arquitetura. Embora possam variar muito de uma cultura para outra, o desejo é uníssono: é o de se utilizar o estilo como padrão de beleza, é uma forma que as pessoas possuem de se inserirem na sociedade, de serem aceitas pelos outros pelos valores estéticos que compartilham em comum. A habitação humana antes de estabelecer o seu padrão de beleza suscita a prerrogativa de abrigo e proteção. Depois ela deve ser entendida como “a máquina de morar” de Le Corbusier, propiciando conforto físico ao usuário através da ergonomia. Subsequentemente é que se pensa no conforto visual que a casa pode propiciar através da decoração que personifica os seus espaços, tornando-os únicos. É o momento que se estabelece o estilo, que deve adequar-se ao espaço geográfico no qual a arquitetura foi implantada, na arquitetura na qual o espaço está inserido, ao usuário que se utiliza destes espaços e que necessita que insiram

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Estilo rústico

na decoração destes os seus valores estéticos, éticos e morais, pois estes revelam o seu life style através do estilo utilizado. Bernard Shaw disse certa vez que “você usa um espelho para ver o seu rosto, e o trabalho artístico para ver a sua alma”, sendo o estilo o elemento que define o caráter da arte, certamente revela a alma de quem deles se faz uso em seus espaços. Desta forma podemos compreender porque nós optamos pelos estilos clássicos, rústicos, modernistas, contemporâneos ou os denominados ecléticos; pois estes revelam a nossa personalidade, a persona com a qual queremos dialogar com o mundo. O estilo clássico transmite um ar de academicismo, requinte e refinamento dos seus ocupantes, assim como pode transmitir prepotência e arrogância. Pessoas inseguras e introvertidas por vezes se utilizam do estilo clássico por transmitirem segurança. A origem vernacular do estilo rústico, com a sua estética laica, faz com que os espaços decorados com este estilo venham a transmitir simplicidade, pureza, inocência. Existe implícito nestes espaços a valorização do outro, através do uso de peças hand made, artesanais. Pessoas práticas, pragmáticas, muito comunicativas, abertas e francas certamente se

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relacionam bem com o estilo modernista. São espaços limpos, com neutralidade formal que por vezes podem transmitir frieza e impessoalidade; mas também traduzem a liberdade e desprendimento de seus moradores. A jovialidade, o desprendimento, a coragem e o atrevimento são características das pessoas que se utilizam do estilo contemporâneo, que desvela o tempo presente e possuí sincronicidade com as últimas tendências do habitar. Os espaços decorados com o estilo eclético, também chamado de salsa ou mèlange, transmitem um ar de indecisão, de irreverência. Pessoas abertas a novas experiências, aventureiras, assim como imaturas, podem optar por este modo de os seus espaços. Desta forma ao preenchermos os vazios interiores de nossas casas, e - porque não dizer? - o nosso vazio interior, devemos primeiramente compreender quem somos, quais são os nossos valores, quais são realmente as coisas que nos dizem respeito. Pois a decoração será a expressão da nossa persona, da máscara social com a qual interpretaremos o nosso papel perante a vida. Texto: Glaucus Cianciardi Fotos: Divulgação


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Especial

Condomínios fechados

Os problemas da consolidação de um modelo de morar contemporâneo

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O município de João Pessoa, vem ocorrendo, nas últimas décadas, um crescimento contínuo e acelerado dos chamados condomínios residenciais fechados. Um modelo de loteamento urbano que vem se disseminando globalmente, impulsionado pela sensação crescente de insegurança e medo típica dos moradores das cidades contemporâneas, e caracterizado pela interrupção da malha urbana, isolamento espacial, segurança privatizada e homogeneidade social. Os condomínios fechados ocupam extensas áreas urbanas, destinando-as à moradia de população de classe média alta ou alta (embora já abranjam também classes sociais menos abastadas), com residências unifamiliares horizontais e/ou multifamiliares verticalizadas, áreas comuns para lazer e esportes, praças, arruamentos e, por vezes, comércios e serviços. Ao condensar esses múltiplos usos em seu interior, esse tipo de ocupação busca reconstituir microcidades dentro da cidade. Mas essas “cidades internas” são exclusivas a uma coletividade seleta, pois, embora sejam de uso coletivo, os condomínios são propriedades privadas, onde o acesso é, quase sempre, rigorosamente controlado. Não apenas o âmbito privado da habitação e seus jardins e quintais são individualizados, mas também a rua, a calçada, as praças e tudo que esteja nas delimitações do empreendimento. Os condomínios configuram-se, afinal, como microcosmos que terminam por negar a cidade, na medida em que se isolam dela. Constituem, como definiu Caldeira, em seu estudo sobre o fenômeno em São Paulo, verdadeiros enclaves socialmente homogêneos e segregados do restante da cidade, planejados para uma vida intramuros que valoriza o igual, o privado e o restrito, em detrimento da diversidade e da vivência pública. Esse modelo de organização espacial baseado no enclausuramento e na rejeição à cidade surge como um

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sintoma das transformações urbanas contemporâneas: o crescimento acelerado e desordenado das áreas metropolitanas; a presença cada vez mais forte dos automóveis; a violência e a informalidade urbanas geradas pelas marcantes diferenças sócioeconômicas. Esses fatores levam a cidade a se descaracterizar, a perder a sua urbanidade, tornando-se um território árido, hostil ao contato humano. As grandes distâncias e o predomínio das vias automotoras, associados ao transporte público deficitário, tornam cada vez mais difícil a mobilidade independente do automóvel. Vazios urbanos, áreas degradadas e inseguras, e a crescente preocupação com a segurança levam à privatização dos hábitos cotidianos e ao isolamento da população. Colocam-se em xeque, assim, dois aspectos essenciais para o sentido da cidade e para a qualidade de vida de seus habitantes: a escala do homem, do pedestre; e o espaço público enquanto lugar de encontros e de interação entre os indivíduos. Como Gehl evidencia, há uma relação direta entre o nível de qualidade dos espaços públicos e as oportunidades e intensidades dos contatos sociais na cidade. Ao fragilizar-se o caráter do espaço coletivo como aglutinador das heterogeneidades, dos múltiplos usos e das vivências, ocorre uma falência das funções e significados urbanos primordiais. Certamente nenhum outro espaço está tão intimamente relacionado ao sentido de cidade como o espaço público. Seu declínio gera mudanças nas noções de público e privado e nas formas de interação das pessoas no meio urbano – perde-se a conexão dos indivíduos entre si e com a cidade, estimulando-se a desintegração social. Nesse contexto, os condomínios não são um evento isolado, mas a versão residencial de modelos de segregação espacial que se espalham pelas cidades no Brasil e no mundo: shopping centers, centros empresariais, ruas e parques fechados. Todos eles são territórios de uso coletivo, mas privados, fechados, com entrada controlada. Esses lugares estão substituindo os


espaços públicos na cidade contemporânea. Um claro exemplo é o “lazer protegido” entre as paredes e os seguranças dos shopping centers: uma opção cada vez mais frequente das pessoas em seus fins-de-semana, ao invés de praças ou parques públicos. Não se pode negar que, historicamente, as diferenças sócioespaciais sempre se fizeram presentes na cidade, das mais variadas formas. Contudo, os padrões atuais de segregação apresentam-se de maneira muito mais rígida e definitiva. E os condomínios fechados constituem uma de suas versões mais extremadas, com forte impacto na paisagem e tecido urbanos, e no uso e ocupação do solo. Na medida em que se voltam para o interior, sem interagir com o entorno, os condomínios geram periferias ermas, onde os elementos variados da paisagem são substituídos pela monotonia dos muros. Além da interferência negativa na paisagem urbana do ponto de vista estético, a presença única ou predominante de muros, ao buscar proteger os habitantes dos condomínios, gera insegurança para aqueles que estão fora, em suas bordas e fronteiras. Como Jacobs demonstra, é justamente a multiplicidade e mistura de funções urbanas que garantem a salubridade da cidade, sua segurança e vitalidade. A presença de pessoas nas calçadas, ou seu contato com as ruas desde as edificações, através de portas, janelas, balcões ou jardins, exerce uma vigilância positiva e natural sobre o espaço público, tornando-o seguro e receptivo aos usuários. São os chamados “olhos da rua”, que os muros altos e refratários vedam, cancelando seus benefícios. Como ocupam grandes glebas na forma de enclaves murados e impenetráveis, os condomínios fechados interrompem a continuidade da malha urbana e rompem com sua escala, alterando o equilíbrio entre ruas, quadras e lotes. Geram lacunas sem legibilidade que subtraem qualidades urbanas importantes como permeabilidade – tanto visual como física - e acessibilidade. Impõem-se, portanto, como verdadeiros hiatos na malha urbana, territórios irrecuperáveis que funcionam como obstáculos ao planejamento urbano e à continuidade da cidade. Essa fragmentação da urbe constrói uma atmosfera de insegurança e violência, e se os dispositivos espaciais não são capazes de, sozinhos, resolver os problemas da cidade desigual, certamente desempenham um papel fundamental para tanto, como atesta a socióloga Isabel Guerra in Portas, Domingues e Cabral. Ao se instalarem comumente em áreas urbanas periféricas, não consolidadas e carentes de infra-estrutura - onde há grandes glebas disponíveis com maior facilidade - esses empreedimentos ainda contribuem para a dispersão urbana, onerando o desenvolvimento da cidade. Outra questão relevante corrente nos condomínios é a privatização de atividades e serviços que, via de regra, são de responsabilidade do poder público, como é o caso da segurança e da conservação e manutenção das áreas coletivas. Essas funções, quando inseridas na órbita de atuação do Estado, são mediadas por parâmetros e regras estabelecidos e legitimados

por toda a coletividade, através de mecanismos políticos e democráticos. Tal legitimidade – que consiste em característica essencial das ações geridas publicamente - perde-se no modelo de autogestão dos condomínios, onde o encargo daquelas atividades é transferido para o âmbito privado da administração condominial. Caldeira chama a atenção para a gravidade dessa omissão do Estado, mormente no que diz respeito à detenção do monopólio do uso legítimo da força, das armas e das polícias. Apesar dos muitos aspectos negativos, os condomínios fechados parecem apresentar-se como uma estrutura consolidada, na qual o mercado imobiliário investe fortemente e que não sofre muita rejeição por parte da população, sendo inclusive almejada por variadas classes sociais. (...) Os condomínios residenciais fechados de padrão popular, providos de segurança, áreas de lazer e esportes como atrativos, são bem mais recentes em João Pessoa e apontam um movimento de expansão. São condomínios horizontais ou verticais, com lotes ou unidades habitacionais pequenos e mais baratos, fixados em bairros populares, mas com especial investimento em dispositivos de segurança (muros, guaritas) e em equipamentos de lazer e esportes (playground, piscinas, salão de festas, churrasqueira, salão de jogos, quadras poliesportivas, etc.). A presença desses quesitos – comuns aos condomínios de alto padrão – é enfatizada nos anúncios imobiliários como diferencial de prestígio social e de valorização dos empreendimentos, o que indica um anseio da população mais pobre em adotar modelos de ocupação similares àqueles mais elitizados.(...) No entanto, as implicações dessa privatização e divisão do espaço urbano são ainda pouco discutidas. A legislação urbanística do município, que data dos anos 1970 e, ao longo do tempo, passou por complementações pontuais, ainda não prevê parâmetros adequados nem estratégias eficazes para lidar com esses modelos emergentes de crescimento urbano, o que se faz necessário para se evitar rupturas de difícil reversão. Segundo Luciano Agra: “O Código de Urbanismo tinha como objetivo principal reservar áreas para vias nos loteamentos que surgiam a partir da aprovação da Lei e garantir com isso a ampliação do sistema viário. Se não fosse essa providência não haveria espaço para as artérias nos bairros periféricos e nos conjuntos habitacionais que foram implantados depois de 1975.”(...)

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Diante dessa lacuna legal, tais empreendimentos vêm sendo analisados à luz dos requisitos previstos para licenciamento de loteamento. Apesar do condomínio horizontal guardar relativa semelhança com o loteamento, pois se trata também da urbanização de extensa área, difere claramente deste ao constituir um todo privativo. Assim, mesmo que se assegure a reserva de 10% da área total para áreas verdes e de 5% para equipamentos comunitários, tal procedimento não evita as perdas para a coletividade, já que, no caso de loteamentos convencionais, a reserva de áreas públicas exigidas se torna, de fato, acessível a toda a população - as vias passam a complementar o sistema viário existente, os espaços verdes e os equipamentos comunitários passam a integrar o patrimônio público municipal - o que não acontece com os condomínios fechados, onde tais percentuais ficam encerrados pelos muros. Nesse processo, perde-se também o objetivo principal que, conforme Agra, o código buscava: assegurar a reserva de áreas para vias nos novos loteamentos. Outra questão relevante a ser considerada diz respeito às reformas e modificações realizadas nas unidades residenciais dos condomínios após a emissão de carta de habite-se. Observações da pesquisa apontaram para ocorrência de alterações que se realizam intramuros, sem controle da municipalidade, limitando-se à anuência interna do condomínio. A ausência de permeabilidade imposta pelos muros dificulta que eventuais infrações e desobediências à legislação urbanística sejam detectadas pela fiscalização municipal, já que, nesses locais, o acesso não é livre e irrestrito, como ocorre nas outras áreas da cidade. A mediação dos conflitos de interesses na cidade passa, sem dúvida, pela necessidade de uma legislação atualizada e em sintonia com a realidade urbana. Sobretudo é importante a atuação do poder municipal no exercício da gestão e do controle urbanístico. (...)O crescimento contínuo dos condomínios fechados em João Pessoa não é um fenômeno isolado. Insere-se no processo mais amplo da produção contemporânea do espaço urbano nas cidades brasileiras, o qual é impulsionado essencialmente pela lógica do mercado imobiliário e, por outro lado, amparado pelo medo da violência e pela descrença generalizada na capacidade do aparato estatal em prover segurança à população. O setor imobiliário explora fortemente a ideia de que tais modelos – condomínios fechados horizontais ou verticais – podem suprir a lacuna da segurança e proporcionar lazer, conforto e melhor qualidade de vida, por meio dos seus dispositivos de controle de acesso, muros altos com cercas elétricas e monitoramento vinte e quatro horas. (...) Se, em um primeiro momento, os condomínios fechados e as iniciativas marcadas pelo autoisolamento em relação à cidade se colocavam como alternativa diferenciada para a população de alto poder econômico – vítima em potencial da violência urbana - hoje, essa ideia é bastante difusa, estendendo-se a várias camadas sociais. Há, no meio urbano em geral,

Malha urbana de João Pessoa

um sentimento de temor à violência iminente que pode atingir a todos. Isso contribui para a ampliação da demanda por segurança, através da opção por modelos segregatórios de ocupação, e para a crescente subutilização e/ou abandono dos espaços públicos. Diante desse quadro, o papel do poder público no exercício de controle da produção e consumo do espaço urbano é fundamental. Nesse sentido, ressaltase o papel da legislação urbanística de uso e ocupação do solo como equilibradora das forças do mercado, cuja prioridade é a obtenção de maior rentabilidade, e não o bem coletivo. Mas a atualização da legislação urbanística é uma questão premente no planejamento e gestão da cidade de João Pessoa. O caso particular da disseminação dos condomínios residenciais fechados em certos setores urbanos inspira cautela. Cabe um detalhamento maior da normativa a eles direcionada, considerando a especificidade do uso. Seria recomendável que a legislação contemplasse a obrigatoriedade de maior permeabilidade dos extensos muros de tais empreendimentos, que assegurasse um percentual mínimo de áreas de uso coletivo fora de seu perímetro murado, e que estimulasse a mescla e multiplicidade de usos. Deve-se refletir ainda sobre a necessidade de limitar o número de condomínios contíguos, para evitar situações como a já estabelecida no bairro Portal do Sol. Ali, a extensa e contínua faixa ocupada por condomínios horizontais fechados não só enfatiza seus aspectos negativos, aumentando a escala das “lacunas” no tecido urbano, como também afeta suas adjacências, na medida em que as torna áreas ermas, desérticas, sem vitalidade, irradiando e retroalimentando o efeito de monotonia e isolamento. Geram-se verdadeiros não-lugares – áreas sem identidade, desvinculadas da realidade urbana, com uma paisagem uniforme, onde a experiência urbana é indiferente, repetitiva e pobre. (...) Enfim, há de se evitar que o empreendedor privado seja o principal responsável pela produção da cidade. O poder público tem a responsabilidade de mediar interesses e dirimir conflitos para assegurar um desenvolvimento urbano mais justo, equilibrado e sustentável, estendendo a todos o benefício da boa qualidade de vida urbana. A legislação urbanística é instrumento fundamental para tanto: seu efeito preventivo e regulatório é um de seus atributos mais poderosos para viabilizar melhorias no cenário atual e futuro. Texto: Patrícia Alonso e Wylnna Vidal Fotos: Divulgação

* Artigo atualizado em 2011, baseado em trabalho apresentado no I Seminário Internacional Arcus - Ambientes Urbanos e Urbanidades, 2009, João Pessoa – PB. Ver artigo na íntegra no site www.artestudiorevista.com.br

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Acervo

Por trás da Bica, o Engenho Paul

Resquício da única edificação produtora de cana-de-açúcar da capital paraibana, o imóvel é hoje a Escola Piollin

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inha um engenho no meio do caminho/ no meio do caminho tinha um engenho... No século XIX, em meio à crescente urbanização da capital paraibana, entre a cidade baixa do Varadouro e a cidade alta do bairro do Róger, tinha o Engenho Paul. Uma edificação singular, ele era cercado de espécies animais e vegetais da Mata Atlântica e localizado por trás do Parque Arruda Câmara. Mais vivo resquício do passado, o imóvel representava a época áurea da economia estadual, na qual se mantinha, em pleno funcionamento, dentro da poligonal urbana da capital Parahyba, um engenho que produzia o melaço da cana-de-açúcar e a aguardente. Hoje, no local, funciona a Escola Piollin, uma entidade não governamental e sede do mais importante grupo teatral paraibano, que ocupa o espaço desde 1980. No século XXI, quase dois séculos depois de sua construção, o imóvel do passado pode ser visto no presente e também pelas gerações do futuro. Localizado por trás da Bica, ele foi tombado em 2004, pelo Governo do Estado, e passou a ter a proteção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep). O decreto nº 25.689, de 2005, homologou o tombamento do complexo arquitetônico da casa grande e do banguê. O tombamento foi a resposta a um trabalho iniciado em 2002 e somente concluído em 2005. Durante mais de três anos, o antigo Engenho Paul serviu de cenário para uma das mais importantes prospecções arqueológicas realizadas da Paraíba. O trabalho era coordenado pelo arqueólogo Antônio Carlos de Lima Canto, com alunos da Oficina-Escola e da Escola Piollin, e detectou a presença de 8.500 artefatos. Ele lembra: “Durante as escavações, foram achadas peças em faiança – pratos, pires, tigelas e travessas – , garrafas de vinho e de 74

cervejas importadas, frascos de remédios franceses e americanos, tinteiros, objetos pessoais – moeda em cobre, botões de vestuários e cabo de escova de dente em marfim – , ossos e conchas. Também vieram à tona os tempos sombrios da escravidão, descobrindo-se material que havia sido utilizado na tortura dos escravos, além de resquícios de uma antiga senzala, que havia sido demolida nos primeiros anos do século XX. O trabalho de Canto ganhou reconhecimento nacional. Além do tombamento estadual, o Departamento do Patrimônio Material e Fiscalização (Depam) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/DF) resolveu incluir, oficialmente, em agosto de 2005, o antigo Engenho Paul no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA).

História do engenho Paul vem do latim padule por palude e pode ser definida como brejo; terreno alagadiço; pântano. Segundo o arqueólogo Antonio Carlos Canto, “a declividade acentuada, em que a casa grande encontra-se numa posição mais elevada em relação aos demais compartimentos da propriedade, certamente, nas épocas de chuvas intensas, deveria formar uma planície alagada, fator que pode ter gerado o nome do engenho”. O imóvel foi construído em 1856, tendo como proprietário Joaquim Moreira Lima. Estava entre a Cidade Baixa, onde havia o comércio; e a Cidade Alta, que iniciava a expansão urbana. O engenho produzia alimentos agroindustriais, como o açúcar e a rapadura. Inicialmente, o complexo arquitetônico era formado


pela casa grande (de estilo Bungalow, típico do século XIX), o bangüê e uma senzala. O ambiente foi modificado após a decretação da Lei Áurea, que aboliu a escravidão, com a demolição da senzala. Porém, durante as pesquisas arqueológicas, Antonio Canto detectou, ainda, outras facetas da história. Ainda no século XIX, o Engenho Paul foi incorporado à área do “sítio do Quebra Cú” (Fazenda Simões Lopes), que também pertencia ao primeiro dono. O arqueólogo revela: “Até o ano de 1922, a propriedade rural Paul, da qual fazia parte também o sítio “Quebra-cú”, era composta de uma Casa de vivenda (Casa Grande), engenho com moenda, casa de fazer farinha com todos os seus utensílios, pedreiras, caieiras, estábulo, cercado de gado, águas (rios/ córregos), servidões (escravos) e grandes terrenos para agricultura, contendo ainda casas de moradores, rendeiros e foreiros”. Em 16 de outubro de 1941, o antigo engenho foi transferido pela União, gratuitamente, ao Governo da Paraíba. A idéia era instalar o Instituto Agrícola Profissional, mas isso nunca aconteceu. “Em 1942, o imóvel apresentava as seguintes características: uma casa de alvenaria de tijolo coberta de telhas (casa grande), um vasto galpão para depósito de máquinas, um estábulo, cercado para gado, uma estrumeira, uma pequena estufa para secagem de fumo, águas, servidões, pedreiras, caieiras, cerca de 300 coqueiros, dois pequenos pomares de laranjeiras e mangueiras, e grandes áreas de terrenos para agricultura”, diz Antonio Canto. A partir de 1980, o espaço foi cedido à Escola de Teatro Piollin. Para que pudesse se adequar às novas atividades culturais, foram construídos galpões e salas de aula. Após o tombamento em 2004, o imóvel foi restaurado pelos alunos da Oficina-Escola de João Pessoa. Sedia, até hoje, o Centro Cultural Piollin.

Escavações arqueológicas A pesquisa arqueológica voltou-se, primordialmente, para o banguê do engenho. Entretanto, também foram realizadas prospecções em outros pontos. A ideia de Canto e seus alunos era localizar tanto os remanescentes arquitetônicos do período de produção do engenho como as áreas de despejo de objetos domésticos. Dois anos após terem sido iniciadas as prospecções arqueológicas, em 2004, a arquiteta Naya Caju, diretora da Oficina-Escola, requereu ao Iphaep o tombamento do antigo Engenho Paul. Mês a mês, o minucioso trabalho arqueológico evidenciou muito mais. Os pesquisadores encontraram estruturas associadas aos sistemas construtivos, às fornalhas, chaminé e vestígios de artefatos de madeira e ferro, como prensas e rodas dentadas. Foram encontrados 8.500 artefatos. A maioria é de faiança, de procedência inglesa do século XIX.

Porém, segundo Antonio Canto, o aspecto construtivo pode remeter a épocas mais antigas. “Alguns tijolos que formam um piso contínuo numa profundidade de 2,5m, situado na parte final do bangüê (numa área de 7,40m x 2,10m), foram coletados e serão datados através do processo de termoluminescência. Apenas com o resultado dessa datação, alguns aspectos quanto à antiguidade do espaço poderão ser elucidados”. Atualmente, os artefatos arqueológicos coletados das escavações estão acondicionados em sacos plásticos, guardados em armários de ferro. Todo o material contém dados de origem, setor, área, número da quadrícula e profundidade. Já foram expostos em duas ocasiões, em João Pessoa, permitindo aos jovens e adultos uma viagem de volta ao passado...


Escola e arte A Escola Piollin ocupa o antigo engenho há mais de 30 anos. Sua história, porém, começa ainda na década de 1970. Era o ano de 1977, quando o diretor de teatro Luiz Carlos Vasconcelos resolveu se juntar a um bando de crianças que gostava de fazer teatro nos quintais e jardins de suas casas, em Cajazeiras, no sertão paraibano, e percorrer com eles palcos estaduais e nacionais. Eliézer Rolim Filho, Marcélia Cartaxo e os irmãos Nanego e Soia Lira eram do Grupo Terra e passaram a integrar o Grupo Piollin. Já a busca de um espaço onde pudesse ensinar arte remonta à ocupação do Convento de Santo Antônio, o antigo Conventinho (anexo construído pelos franciscanos na Igreja se São Frei Pedro Gonçalves). Quando a Piollin foi ameaçada de expulsão porque o convento estava para ser restaurado e o prédio seria ocupado novamente pela Igreja, os meninos de Cajazeiras fizeram uma mobilização, com faixas e cartazes, e percorreram as ruas da cidade. Acabaram ganhando repercussão nacional. O Governo do Estado propôs, então, que o Piollin passasse a ocupar a área do antigo Engenho Paul, por trás da Bica. E, desde então, o espaço vem sendo usado para a realização de oficinas de teatro, destinado às crianças e adolescentes carentes que moram em João Pessoa, sobretudo no bairro do Róger. Além das salas e galpões para ensaios, a Escola Piollin também tem o Teatro Piollin. A partir de 1984, Luiz Carlos Vasconcelos foi morar no Rio de Janeiro, mas nunca esqueceu o Piollin. Foi assim que, em 1992, durante uma visita a João Pessoa, o diretor percebeu que a obra iniciada na escola ainda não havia sido concluída: não havia sequer paredes ou teto. Ele recorda: “Foi aí que veio a decisão de montar um espetáculo para inaugurar o nosso espaço, o nosso teatro. Aí é que convido Nanego, Soia, Everaldo – como se fosse um reencontro – e Servílio Gomes para fazer o Vau da Sarapalha”. Numa noite de lua cheia, mesmo com as obras inacabadas, Vau da Sarapalha fez sua estreia para o público paraibano. A apresentação foi hipnotizante. Estavam lá: o universo de Guimarães Rosa, com seus cheiros e sons, e a interpretação mítica dos personagens e dos elementos da terra. Atualmente, como lembra o diretor Buda Lira, o Centro Cultural Piollin “atua também nas áreas de produção e difusão cultural, através do intercâmbio entre grupos artísticos da cidade e de outras regiões do país, nas áreas do estudo e da criação das artes cênicas, além da cessão de espaço físico para as diversas atividades desses núcleos”. 156 anos após ser edificado, o velho Engenho Paul serve de cenário para a arte. O Centro Cultural Piollin desperta a magia que existe em cada criança, cada adolescente. Moradores das áreas carentes da capital paraibana, eles se revelam no palco da Piollin.

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Texto: Thamara Duarte Fotos: MB


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Reportagem

Que tal ser acessível? Oito anos após sua criação, a NBR 9050 reduziu, mas não eliminou os problemas de acessibilidade

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rabalhar, estudar, passear ou apenas se locomover de um local para outro. Ações simples para quem não tem nenhum problema de mobilidade, mas que se transformam em verdadeiros desafios para quem sofre com algum tipo de limitação, principalmente a física. A inclusão das pessoas com deficiência é uma bandeira que ganha mais adeptos a cada dia. No caso da acessibilidade em lugares públicos, quem garante isso é a Norma Brasileira ABNT NBR 9050, que foi criada em 2004 para disciplinar as construções e passeios públicos para que estes passassem a ser facilmente acessíveis para aqueles que precisam de equipamentos auxiliares ou se locomovem com dificuldade.

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Na Paraíba, a implantação da Norma da ABNT ganha uma importância ainda maior, já que, segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feito em 2010, a Paraíba é o segundo estado brasileiro com maior percentual de portadores de deficiência no Brasil – 27,76% da população, representando um total de 1.045.631 pessoas que têm deficiência visual, auditiva, motora ou mental e que precisam de acessibilidade para ter mais qualidade de vida. A deficiência mais comum é a visual com 18,44%, (649.673 pessoas) seguida pela deficiência motora 8,52% (320.918) e auditiva 6,10% (230.009). Os deficientes mentais representam apenas 1,64% (61.996) do total. Segundo Francisco Izidoro Machado, presidente da Associação de Deficientes e Familiares (Asdef ), depois da criação da norma houve uma melhora, mas para se usar o termo acessibilidade no sentido próprio da palavra, ainda há muito a ser conquistado. “As novas construções têm um nível de adequação satisfatório, mas há problemas, como rampas muito íngremes que são um risco para quem precisa utilizar”, diz ele.

Roleta de passagem


A NORMA Estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. Para a elaboração do documento foram consideradas diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como: próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de audição ou qualquer outro que venha a complementar necessidades individuais.

Segundo ele, o problema é que acessibilidade não é apenas relacionado ao cadeirante, como muitos resumem. “Tem o deficiente visual, o idoso, o auditivo. Não temos sinalização sonora, piso tátil, rampas suficientes. Ainda falta muito. Mas vale salientar as intervenções que a Prefeitura de João Pessoa já fez em alguns espaços, como é o caso da instalação de rampas e piso tátil em algumas avenidas de maior circulação no Centro da capital”, avalia. “Mesmo assim, corredores como a Epitácio Pessoa e Cruz das Armas, por exemplo, continuam sem adequação. Resumindo temos três situações distintas: os prédios novos que têm se adequado à norma; os antigos que, na sua maioria, permanecem inacessíveis, e na área urbanística onde ainda há muito o que fazer”. Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação

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A História de...

Proteção acima

As telhas vêm protegendo o homem das chuvas e dos ventos desde os tempos pré-históricos

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oncebido como um elemento de proteção, a telha é a forma mais comum de cobertura utilizada na construção civil. Este recurso, que hoje é concebido em materiais diversificados – como pedra, cimento, amianto, metal, vidro, plástico, madeira, dentre outros – tem atravessado a história da humanidade mesmo na sua concepção mais básica, em cerâmica, cobrindo e ornamentando casas e edificações em seus mais variados usos.

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A manufatura da argila e a construção de vários itens neste material é uma das mais antigas formas da humanidade construir e ornamentar construções. A história marca que o barro vermelho já era utilizado no período neolítico, aproximadamente 8 mil anos antes de Cristo, e que na Idade da Pedra o homem já cozia a argila em fornos. Apesar do cozimento dar à argila a resistência para ser utilizada em construções mais complexas, como a muralha da China, a Torre de Babel e até mesmo as inscrições nos primeiros hieróglifos, foi apenas com os romanos que o uso da telha passou a ser registrado e difundido por todos os povos e civilizações no decorrer de seu império. Entretanto, a cobertura de colmo ou madeira, que cobria a casa primitiva, foi substituída pela de telhas, justapostas ou sobrepostas, apenas na época de Kiniras, rei de Chipre. Mas é possível que os assírios já conhecessem muito antes o seu uso, ampliando o emprego da telha a um período tão antigo quanto o do tijolo. Entre os romanos, a telha passou a ser utilizada como elemento decorativo, como em peças acessórias, pintadas com imagens variadas, e aplicadas como complementos com as telhas de cumeeira. Eles utilizavam dois tipos de telha – uma retangular (“tegulae”), com rebordos laterais nos seus lados mais compridos, e outra de secção semi-cilíndrica, utilizadas para recobrir os espaços deixados pelas “tegulae”. As telhas romanas foram utilizadas na Europa até o século XI, tendo a forma retangular substituída pela trapezoidal, mais adequada à sua função. Outros tipos de telhas foram criados, como a

flamenga e a telha “canudo” ou “canal”, semelhante à flamenga, cortada em duas. Em 1841, surgiram as telhas de encaixe, fabricadas mecanicamente, uma invenção dos irmãos Gilardon d’Altkirche, franceses, da Alsácia. Posteriormente apareceram as telhas portuguesas. No Brasil, o uso de telhas cerâmicas ocorre desde o início da colonização. Inicialmente, as telhas cerâmicas eram formadas manualmente com mão-de-obra escrava, que moldavam o material nas próprias pernas, conferindo-lhes a forma de canal, por onde a água deveria escoar. Atualmente as telhas geralmente são utilizadas em conjunto, integrando-se umas às outras para formar um telhado e evitando a infiltração de água ou vento. Os tipos e materiais utilizados na construção dependem de fatores como incidência de chuvas ou neve, temperaturas médias da região, tipologia da construção, vãos e disponibilidade de materiais. Mas ainda é através delas que o homem se protege da natureza, como nossos antepassados pré-históricos. Texto: Alex Lacerda Fotos: Divulgação

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Arquitetura e arte

Cosmética trágica

O documentário Arquitetura da Destruição mostra como Hitler desenvolveu suas terríveis ideias por razões estéticas

H

á uma explicação para todas as atrocidades cometidas pelos nazistas, que desembocaram na maior das guerras realizadas até agora? Bem, há várias explicações. Uma delas é o tema do documentário Arquitetura da Destruição (1989), que já diz a que veio no título: uma das linhas mestras do nazismo era embelezar o mundo, segundo seus próprios preceitos. E a arte (e, por tabela, a arquitetura) tinha papel fundamental nisso. “Era de extrema importância passar a noção de orgulho, supremacia, ascensão,

imponência, agressividade e desafio e em todos esses casos a arquitetura é um suporte da propaganda dessa mensagem, Para cumprir essa missão os projetos arquitetônicos usavam muito da verticalidade, massa e sombra, além da simetria, pois suas referências eram a arquitetura clássica”, analisa a arquiteta Márcia Barreiros. “Uma arquitetura pode elevar ou destruir, pois o ambiente em que vivemos nos afeta direta ou indiretamente”.


O filme é dirigido pelo sueco Peter Cohen e começa justamente falando da missão autodeclarada dos nazistas de “purificar” a terra alemã. Quem não se enquadrava nesse ideal sobretudo estético passou a ser perseguido. Pessoas com deficiência, judeus e negros eram vistos e tratados como uma doença social. A medicina começou a trabalhar no sentido da eugenia (melhoramento genético), com cada vez menos pudores em suas experiências. Essa ideia acabou expandida para o conceito de arte. Um artista plástico frustrado, Hitler via nas obras da Antiguidade, principalmente as gregas, o ideal de beleza que deveria ser retomado. Através dessa postura, a arte moderna virou “arte degenerada” para os nazistas – e o filme mostra como a Alemanha promoveu até duas exposições, para os dois tipos de arte, mostrando porque a primeira deveria ser apreciada e a outra deveria ser execrada. “A noção estética era toda de Hitler”, comenta Márcia. “Era um artista frustrado e sonhava em ser arquiteto. Ele criou a propaganda nazista, desde os uniformes, bandeiras, estandartes e a insígnia do partido. E por saber desenhar, definiu os conceitos da arquitetura com referências clássicas. A arquitetura provoca o nosso respeito a medida em que nos supera e Hitler buscava esse ideal”. Hitler não poupava esforços para relacionar a arte moderna a uma espécie de conceito doentio. “A forma de Hitler encontrar apoio para o seu objetivo era

fazendo associações da arte moderna que quebrava esse rigor com o classicismo e vincular aos doentes mentais, para assim justificar o ‘embelezamento do mundo’ através das matanças desenfreadas que estavam existindo”, afirma a arquiteta. “Mas era um vinculo mais ligado a quadros, fotografias e esculturas do que a arquitetura propriamente dita”. Para Márcia, a busca por trazer de volta uma arquitetura do passado é uma ideia que não encontra lugar hoje. “Hitler tinha nos moldes clássicos o ideal de perfeição. A ‘arte sadia’ era um retorno a um tempo que, na época, já não existia. Paradigmas estavam sendo quebrados e ele não conseguia admitir isso”, explica. “A arquitetura deve ser o reflexo do seu tempo. A arquitetura clássica já teve o seu apogeu e serviu aos seus propósitos, mas nos dias atuais não nos convém reproduzi-las. Para alguns tipos de projetos ainda nos sugere certo rigor mais estético como inspiração, mas nunca como um retorno ao estilo de uma época que já passou. Hoje temos muitos mais o inusitado e o diferencial com o uso das novas tecnologias dando suporte a imaginação dos profissionais contemporâneos”. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação

Arquitetura da Destruição (Suécia, 1989) Em DVD: Versátil

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Viagem de Arquiteto

Além dos Andes Harmonia entre a imponencia divina e a poesia das construções humanas, em Santiago no Chile

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ficionado por viagens, desta vez decidi deixar que os bons ventos me levassem para cruzar as famosas cordilheiras e descobrir algumas das maravilhas abraçadas pelos Andes. A capital do Chile abriu gentilmente suas portas para que me sentisse em casa e desfrutasse de tudo o que ela teria a oferecer. E assim o fiz. Coroada pelas imensas montanhas de cume quase sempre nevado, paisagem facilmente avistada de todos os lugares da cidade, Santiago é uma mescla harmônica entre a imponência da criação divina e a poesia das construções humanas. Além dos Andes, várias praças, parques e serras constantemente compõem o visual com incontáveis edifícios de valor histórico-cultural, que transformam suas ruas num charmoso museu a céu aberto.

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Entrada do Cerro Santa Lucia


Zoológico Nacional de Chile

Não satisfeita, em meio a tudo isso agrega ainda o melhor do que a arquitetura contemporânea chilena, uma das mais respeitadas no mundo, pode nos mostrar. Combinação irresistível! O ambiente urbano de Santiago convida a não ter pressa: ela foi feita para ser lentamente apreciada, assim como os consagrados vinhos da região. Um ótimo ponto de partida é o Cerro Santa Lucia, um parque recheado de belezas naturais e arquitetura neoclássica no coração da cidade, onde através de seu topo se pode observar todo o centro. Em suas cercanias, estão alguns dos grandiosos monumentos com séculos de história, certamente paradas obrigatórias: o Museo Nacional de Bellas Artes, o Palácio de La Moneda e os edifícios na Plaza de Armas – marco zero do Chile e principal espaço público da cidade. Mas estes são apenas algumas das cerejas do bolo. Ainda não citei a La Chascona – uma das imperdíveis casas-navio de Pablo Neruda –, a boêmia Bellavista, o Zoológico Nacional de Chile ou os casarões ecléticos do Barrio Yungay... Resumindo: a sensação é a de que o patrimônio cultural de Santiago não tem fim. Prefere arquitetura contemporânea? Dou uma dica: tire um dia para visitar os campi da Universidad Católica de Chile. Eles agregam projetos de alta qualidade, assinados por arquitetos ilustres como Alejandro Aravena e Sebastian Irarrázaval. Destaque para as Torres Siamesas, a Facultad de Educacion e a Escuela de Arquitectura y Diseño.

Facultad de Educacion, Universidad Católica de Chile


Barrio Yungay

Termino descrevendo o que considero como o ponto mais marcante da viagem: o Museo de la Memoria y los Derechos Humanos. Naquele edifício contemporâneo de magnífica arquitetura (traços do escritório brasileiro Estudio America) está contido detalhadamente – sob forma de vídeos, áudios, documentos e fotografias – o que o povo chileno sofreu e lutou durante décadas de regime militar, cujas vítimas ultrapassam os 40 mil. Ali, os mártires serão sempre honrados e os daquele país terão um forte lembrete para que nunca deixem passivamente os seus direitos serem violados. Uma verdadeira lição de cidadania.

Torres Siamesas, Universidad Católica de Chile

Texto e fotos: Eudes Raony

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Opinião profissional O Estatuto da Cidade, Lei Federal Nº 10.257 aprovada em 2001, completou 10 anos. Uma das diretrizes gerais refere-se a gestão democrática : II - gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano (Artigo 2° , inciso II do Estatuto da Cidade). Debate: Como você vê nesses 10 anos a aplicação dessa diretriz na cidade de João Pessoa ?

MARCO SUASSUNA LIMA arquiteto e urbanista docente do UNIPÊ e Facisa. Em João Pessoa, esse instrumento legal não vem sendo aplicado, sobretudo em obras de grande impacto social, econômico e ambiental. A sociedade civil organizada não vem participando na formulação, execução e acompanhamento dos planos e projetos de desenvolvimento urbano de João Pessoa, seja pela centralização tecnocrática das ações do governo, seja pelo analfabetismo urbano dos cidadãos em desconhecer seus direitos contidos também no Plano Diretor. Presenciamos contrastes sócioespaciais nas favelas, enchentes derivadas da ocupação desordenada, poluição nos rios, violência urbana derivada do tráfico de drogas, congestionamento de tráfego veicular nas principais vias, ineficiência nos serviços dos transportes coletivos e carência de espaços públicos de qualidade para sociabilização e mesmo com todos esses problemas não há uma agenda inter e multidisciplinar para se discutir o futuro da nossa cidade. Há um desconhecimento da população leiga ou não, que a

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construção da cidadania também passa pela participação efetiva do desenho de sua cidade. Já o que se observa aqui nos últimos cinco anos, são as transformações urbanísticas decorrentes, sobretudo, das parcerias entre os poderes municipal e federal, e do perfil reformista do anterior prefeito Ricardo Coutinho, e do atual, arquiteto e urbanista Luciano Agra. Obras, a meu ver, imediatistas nas áreas de lazer e entretenimento, saneamento, habitação, meio ambiente, pavimentação, transportes e mobilidade urbana e que estão mudando a paisagem da cidade. Algumas dessas obras foram bem sucedidas; outras com repercussão negativa na espacialidade. Segundo notas divulgadas pela gestão municipal e principal argumento adotado, muitas das obras foram definidas pelo orçamento democrático (OD), cujo instrumento já faz parte das ações do governo local e que é resultado dos princípios básicos da gestão democrática. Há, portanto, muita celeridade e pouca qualidade nas obras executadas. Além do mais o OD camufla outras essencialidades para a verdadeira discussão democrática e para o desenvolvimento urbano em João Pessoa, pois o seu formato não permite um aprofundamento nas discussões dos projetos urbanos. Tem como aprofundar o debate em áreas de importância cultural, ambiental e coletiva tendo o cidadão três minutos para opinar? Sem contar que nas discussões do OD o foco é pontual, sem relação com o planejamento territorial sistêmico. Embora reconheça a sua importância, o OD é limitado nos seus propósitos quando o assunto é desenho urbano participativo. Mas se é na cidade onde a maior parte das pessoas vive, trabalha, estuda, se diverte e promove trocas sociais, não

faz sentido pensar gestão democrática no sentido administrativo desarticulada da concretude espacial. Então estamos discorrendo sobre projetos urbanos que irão interferir na paisagem e na vida das pessoas dessa e das futuras gerações. Cito como exemplo, o caso das obras do PAC 1 e 2 - Rio Jaguaribe e Sanhauá -, obras essas que terão grande impacto na cidade e que não vem sendo discutido amplamente com a sociedade civil organizada, com as universidades e demais pensadores da causa urbana. Também sabemos que as universidades têm muitos projetos para a cidade e que a prefeitura não vem aproveitando adequadamente no planejamento urbano, ou, se aproveita, não há conhecimento. Então onde está a gestão democrática? Há, inclusive, trabalhos de graduação em arquitetura e urbanismo que são melhores em termos de funcionalidade, serviço social e expressão arquitetônica do que muitas obras executadas pelos órgãos oficiais. Noutro sentido, em todas as cidades em que valorizamos a paisagem, a civilidade, a qualidade do espaço público e o respeito com a natureza, há a valorização do urbanismo interdisciplinar como pressuposto fundamental para a qualidade de vida dos moradores. O que deve ser debatido não são apenas os investimentos em obras nas áreas de lazer, entretenimento, saneamento, habitação, meio ambiente, pavimentação, transportes e mobilidade urbana (obrigação dos governos fazerem) e, sim, como estes investimentos estão sendo aplicados nos devidos setores citados. Então a questão não é apenas construir e, sim, como construir. Aqui em João Pessoa, devido a carência de intervenções na cidade e inércia da gestão do grupo político anterior, achamos apropriado ver construções em vários bairros, como se


isso fosse o suficiente para a obtenção da urbanidade. Entretanto, o que deve ser debatido é como vêm sendo feitas essas obras, a partir de que critérios projetuais e quais seus impactos na infraestrutura urbana e na espacialidade como um todo. Portanto, a qualidade dos espaços e dos edifícios que abrigam as várias atividades humanas depende do bom projeto urbano e essa tarefa não é apenas dos gestores envolvidos, mesmo porque eles passam, e as obras ficam, seja como herança positiva ou danosa. Agir no espaço urbano requer desprendimento e espírito público para debater o melhor para todos e isso pressupõe discutir projetos sob um enfoque heterogêneo, multifacetado. Antes dos investimentos públicos em obras de grande representatividade e impacto, é necessário decidir sobre o melhor projeto nas áreas de urbanização, parques públicos, habitação, drenagem, mobilidade e acessibilidade urbanas, e meio ambiente. Neste sentido um importante instrumento adotado nos grandes centros urbanos são os concursos de projeto. Ou seja, um bom projeto resulta em investimentos eficientes e na satisfação dos usuários. Do contrário, um projeto concebido às pressas, resulta em obras mal feitas, que em alguns casos levam a improvisações posteriores em curto espaço de tempo, e, em outros, um dano irreversível para a cidade. É preciso ter controle da aplicação dos recursos públicos, debate de ideias em obras de grande impacto e transparência nas ações cotidianas do governo. Só assim se faz a verdadeira gestão democrática. Um novo urbanismo precisa emergir na cidade de João Pessoa, mais alinhados com os verdadeiros valores democráticos. Entretanto, sem ações cooperadas entre população, entidades de classes, academia, setor privado, políticos e poder público, muito pouco mudará. Vamos ver se com o recém criado Conselho de Arquitetura e Urbanismo-CAU haja uma discussão mais ampla sobre a cidade que queremos para o presente e para o futuro, ajudando ainda na disseminação da cultura urbanística e na contribuição da qualidade dos espaços da capital paraibana.

ALDO CAVALCANTI PRESTES Secretário do Planejamento- PMJP

IRENALDO QUINTANS Presidente do Sinduscon-PB

A criação do Estatuto da Cidade foi um grande passo para o planejamento e a organização da cidade como um todo. Aqui em João Pessoa, tivemos um grande avanço com a implantação do Plano Diretor, que veio com a finalidade de proporcionar aos gestores municipais um melhor planejamento do futuro da sua cidade. O que vem acontecendo lenta e progressivamente na maioria dos municípios brasileiros. Foram criadas as Leis de Uso e Ocupação do Solo, os códigos de posturas, os macrozoneamentos das cidades e muito mais. Mas, aqui em João Pessoa aconteceu algo mais. Aqui foi criado o Orçamento Democrático pelo então prefeito Ricardo Coutinho. O orçamento democrático é o que existe de mais nobre nas políticas públicas. É nesse fórum que a população vota democraticamente onde ela quer que os recursos sejam aplicados ali na sua região. E o orçamento do município é generosamente agraciado com as sugestões da população. O atual prefeito da cidade, Luciano Agra não somente deu continuidade ao Orçamento Democrático, como melhorou, criando a Secretaria Executiva do Orçamento Democrático. e foi mais além. Criou uma secretaria especial para a Transparência Pública e outra para o Controle Interno. Nesta gestão as decisões mais importantes são discutidas no Conselho de Desenvolvimento Urbano e a sociedade lá está representada paritariamente. Então, nesses dez anos de Estatuto da Cidade, João Pessoa tem muito a comemorar. João Pessoa é uma cidade privilegiada por ter como prefeito um arquiteto urbanista, que pensa a cidade com o olhar no futuro, buscando uma cidade melhor para as próximas gerações e aqueles a visitam. Sabemos que temos muita coisa por fazer, e vamos fazer. Infelizmente os recursos são escassos e temos que priorizar as várias demandas que nos chegam diariamente.

Em minha opinião, não existe exemplo melhor de democracia do que a participação dos cidadãos e cidadãs na gestão pública, em particular no que se refere à sua cidade. Todas as ações levadas a cabo pelas prefeituras atingem diretamente o cotidiano dos munícipes. Se condizentes com os anseios e as necessidades destes, o bem está feito. Caso contrário, há desacertos. Portanto, sou totalmente a favor desse modelo. Entretanto, faço uma ressalva: acho que, em vez dos indivíduos diretamente, devem ser estimuladas as participações das suas associações representativas. Não acho a democracia direta, com as opiniões colhidas individualmente pelo gestor, caso a caso, uma boa solução. O consenso é muito difícil dessa forma. Quando a vontade da maioria é levantada por uma associação - que seja legítima, é óbvio -, a tendência para a necessária convergência em torno das complexas soluções para os problemas urbanos de uma metrópole torna-se mais factível. Penso que João Pessoa deve continuar nessa direção, perseguindo a legitimidade e a participação das associações representativas da sociedade no debate sobre o desenvolvimento urbano.

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FABIO RAMOS DE QUEIROZ Presidente do Sindarq-pb O Sindicato dos Arquitetos da Paraíba foi reaberto em 2008 e de lá pra cá estamos estruturando as condições operacionais do mesmo. No ano de 2012 iniciaremos os contatos com todos os órgãos de participação democrática onde o assunto tenha relação com arquitetura e urbanismo. Achamos que pelo fato de estarmos fechados há mais de dez anos, os conselhos municipais, estaduais e federais ainda não têm conhecimento da nossa reabertura e portanto não nos têm convidado a participar dos debates democráticos sobre o que tem sido feito e o que precisa ser feito nas questões urbanísticas das cidades. Teremos o maior prazer em voltar a ocupar os espaços que nos forem permitidos para podermos contribuir em discussões que melhorem a qualidade de vida da população paraibana no que diz respeito a vários assuntos como: legislação urbanística; mobilidade urbana; infra estrutura; sustentabilidade; patrimônio histórico; preservação ambiental, dentre outros assuntos que as cidades têm que discutir para repararmos erros do passado e prepararmos para acertos no futuro. A diretriz adotada pela cidade de João Pessoa é acertada no ponto de vista do caráter democrático, porém achamos que deverá ser munida de representantes técnicos que dêem suporte às necessidades bem como tenham uma formação paritária dos membros representantes das mesmas. Estamos nos preparando para darmos o suporte necessário para as demandas que surgirem em todas as células de discussão da arquitetura e urbanismo do estado.

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CRISTIANO ROLIM Arquiteto Os avanços legais da lei 10.257 de 2001, conhecido como Estatuto das Cidades, que veio regulamentar dois artigos da Constituição Federal de 1988, são indiscutíveis. Pela primeira vez a lei maior do nosso pais coloca a propriedade urbana como indicadora do desenvolvimento das cidades e estabelece que essa cidade tem que cumprir sua função social, onde os interesses coletivos estão acima dos interesses individuais e que a gestão do espaço urbano tem que ser construída coletivamente, de forma democrática, por meio dos poderes públicos. Ficou estabelecido que cabe ao município a gestão do solo urbano. Estamos aprendendo a conviver com o arcabouço legal da constituição cidadã. Entre a aprovação da constituinte e sua regulamentação, foram 13 anos de reivindicações dos movimentos de luta por moradia e da sociedade organizada, para que nossos legisladores incorporassem os avanços estabelecidos constitucionalmente, em uma correlação de forças dentro do Congresso, que é reflexo de nossa sociedade pluralista e diversificada. Somos uma democracia muito recente, ainda engatinhamos nesse processo de crescimento. Nosso papel como arquitetos e pensadores do espaço urbano conhecemos bem, nossos gestores municipais estão estabelecendo novos parâmetros de participação efetiva da sociedade nesse processo de construção da gestão democrática. Em João Pessoa, o orçamento democrático e os conselhos municipais esboçam um inicio dessa gestão compactuada coletivamente, temos uma estrutura estabelecida, precisamos aprimorar esses mecanismos e termos

uma participação mais proativa para obtermos um resultado mais qualitativo. Penso que o vasto material de pesquisa e de estudos desenvolvidos nos nossos centros acadêmicos poderiam ser melhores utilizados. Temos ainda uma política impulsionada por uma urgência de resultados e necessidade premente de dotação orçamentaria, dentro do mesmo período, que acabam produzindo avanços que poderiam obter melhores resultados dentro de uma ação melhor pactuada e que representasse essa capacidade pensante que temos espalhado por universidades e instituições representativas dos profissionais atuantes no cadeia produtiva da nossa cidade. Ainda não sabemos ocupar nossos espaços de forma a contribuir efetivamente nesse processo democrático de aprendizado de crescimento de cidadania e o poder público, ainda timidamente, coloca canais de diálogo com essa sociedade aprendiz. O papel de vocês, que reproduzem a produção e o pensamento dos que fazem essa cidade, nossos conselhos municipais e nossos representantes profissionais têm caráter preponderante nesse processo. Nossos gestores responderão melhor a nossos anseios democráticos quando conseguirmos estabelecer melhores canais de diálogo e teremos resultados mais satisfatórios, quando conseguirmos nos fazer ouvir. Por outro lado ficamos sempre na expectativa de que o poder público incorpore os preceitos estabelecidos no nosso arcabouço legal e efetivem, de fato, a intenção dos legisladores quando da construção de uma lei que coloca o planejamento urbano como ação coletiva de uma sociedade que busca espaços melhores para habitar e reproduzir-se ao mesmo tempo que esperamos que essa pluralidade esteja representada no direito igualitário de todos a essa cidade.


Em evidência

WANG SHUI - ARQUITETO O arquiteto chinês Wang Shui, foi anunciado, no dia 27 de fevereiro, ao premio PritzKer. Com apenas 48 anos, ele é o primeiro arquiteto residente na china a receber ao chamado Oscar da arquitetura.

Osarquitetos játêmonúmero de REGISTRONACIONAL! Acesse o site https://servicos.caubr.org.br/ e onde tem detalhes do profissional, acima do CPF, está o número de registro nacional.

ARTHUR CASAS - ARQUITETO

Na última sexta-feira (março-16), o arquiteto paulista Arthur Casas e sua equipe foram anunciados os vencedores do “Concurso Nacional de Ideias - Requalificação de Largos no Pelourinho”, que tinha por objetivo escolher a melhor proposta para requalificar três importantes largos da região: Tereza Baptista, Pedro Archanjo e Quincas Berro D’Água na área do Pelourinho, Centro Histórico de Salvador. Escolhido por unanimidade pela comissão julgadora, composta por arquitetos de renome nacional e internacional, como Daniel Bonilla (Colômbia), Jorge Moscato (Argentina), além dos brasileiros Antonio Carlos Campelo Costa, Flávio Kiefer e Paulo Ormindo de Azevedo, o projeto de Casas concorreu com outras 32 propostas, das quais cinco se classificaram - duas com menção honrosa.

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Outras Áreas

Uma vida dedicada à cultura Eneida Agra Maracajá fala sobre sua vida e trajetória, que inclui a criação do Festival de Inverno de Campina Grande

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neida Agra Maracajá: um nome que já é sinônimo de cultura na Paraíba. Eneida é mestre em Educação pela UFPB, uma respeitada promotora cultural e dirigiu o Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande, por 12 anos, quando também criou o I Fenat em 1974, evento cultural precursor do Festival de Inverno de Campina. Ela se define como uma mulher de personalidade forte, sensível, inteiramente apaixonada. Uma andante, uma mambembe na arte e na vida. Para Eneida, a cultura é muito mais que diversão e conhecimento. “Quando penso na cultura, sinto-me diante da ideia de homem e humanidade. Vivemos numa sociedade violenta impulsionada pelo sistema de valores que organiza a própria sociedade. O Brasil ainda não tem um projeto cultural, para que ocorra o desenvolvimento econômico, embasado na cultura. Apostar no desenvolvimento econômico e no conhecimento científico, não é o suficiente. Tampouco, apostar na educação que temos até aqui – tecnocrática, desculturalizada e reprodutiva –, tem se mostrado ineficaz. Para mim, a cultura é uma práxis de compromisso com a vida e o mundo. A cultura é o meu chão, a minha respiração. Seja em quaisquer sentidos que ela possa ser entendida, tem de ter a marca da cidadania”, pensa ela.

Não é à toa que Eneida é membro do Conselho Brasileiro de Dança e do Conselho Internacional de Folclore da Paraíba. E tem mais: é professora-fundadora do Projeto Cultura no Presídio, uma iniciativa que oferece aos detentos do Presídio do Serrotão, o maior de Campina Grande, a humanização através das artes. Também inovou a Micarande com a criação do tradicional Bloco da Saudade, uma agremiação que fortalece a cultura popular e os festejos carnavalescos brasileiros. A Micarande se foi, mas o Bloco da Saudade permanece alegrando o carnaval de Campina Grande há duas décadas. Mas um dos maiores orgulhos para Eneida é, realmente, o Festival de Inverno, da qual é criadora, que implementou projetos na comunidade, como o Circo da Cultura, do Pólo de Extensão, e o Folias de Natal, que alcançou oito cidades paraibanas levando arte e cultura. “Acompanhar o Festival de Inverno, único do Nordeste com 37 anos, tem sido uma aposta na utopia inalcançável, mas vem nos ajudando a manter a esperança aberta para cima e para frente. Num país onde a sobrevida é o mérito maior que a própria vida, resistir é uma obstinação. Após tantos percalços, risos e lágrimas, conquistas e aprendizado, chegar até aqui, é o voo mais alto. No confronto das desesperanças, apostamos na fé. E como diria Nikos Kazantzakis: ‘Há em mim, uma luz que é como uma força. Ora vencida, ora vitoriosa, em luto e combato com ela’”, filosofa Eneida. E com todo esse trabalho na área cultural, Eneida foi uma das vencedoras no Prêmio Cláudia 2010, um dos mais importantes no país, que mostra a história de mulheres que dedicaram a vida a causas de relevância. Foi competitivo e julgado em três instâncias: pelos internautas; pelos diretores da


Editora Abril e uma comissão de 10 notáveis das diversas áreas de conhecimento. De mil mulheres participantes, 250 foram selecionadas; 15 finalistas; 5 premiadas. “O Prêmio Cláudia 2010 foi o primeiro que disputei em toda a minha vida. Foi um prêmio de reconhecimento e que me deu a oportunidade de conhecer mulheres maravilhosas, que fazem da vida um ato de amor e solidariedade nos diversos campos de atuação na sociedade. Fiquei empolgada e comovida com todas elas. Um momento, realmente, inesquecível!”, disse ela. Em abril do ano passado, ela assumiu a Secretaria Municipal de Cultura de Campina Grande. Uma rotina de trabalho que ela encara com muita coragem e convicção. “A Secretaria tem um quadro funcional formado por artistas, na sua maioria, incluindo o secretário adjunto, Alexandre Tan, que é compositor e cantor. Esse perfil, sem burocracia e ‘chá de cadeira’, faz da Secretaria um oratório de amizades, onde todos estão juntos, trabalham juntos e apostam juntos contra todas as incertezas”. Perguntada sobre o que dá mais prazer a ela atualmente, ela afirmou sem medo: “É viver o sagrado, que pode ser vivido no que podemos ver, ouvir, pegar, sentir, saborear. O sagrado me fascina. Todos nós temos um toque do sagrado. ‘No nosso santuário interior o próprio Deus faz morada’ (Jó – 14,23) – o Sagrado mais sagrado. Só o amor faz o

sagrado. Em quaisquer grupos, sejam familiares, de amigos, de artistas ou de trabalhos, a essência é o amor. Enfim, o sagrado da arte na minha existência, que me faz embriagar numa sinfonia de sonhos e amores”. E quanto ao futuro, hein? Eneida prefere pensar no presente e ver o que acontece. “Eu não vivo o futuro. Santo Agostinho, que escreveu sobre o tempo, fala que esse tempo existe no passado como memória, no presente, que é o agora. Não quero pensar no futuro. Não sei o que será o amanhã em termos de vida e de país. E, na minha vida particular, peço a Deus que me ajude nas mudanças inesperadas que acontecem pelos caminhos... Luto pelo dia de hoje. Luto pela minha vida, que não quero perdê-la. Não sou jovem, mas ponho-me de pé. Jamais me curvei à mediocridade e diante da vida. Apesar dos problemas de coluna, ando sempre com a coluna ereta como uma palmeira erguida. Curvo-me sim, à misericórdia de Deus, que é santo, forte, imortal”. Para terminar esta longa conversa, a mistura do Agra com Maracajá (famílias fortes, corajosas e teimosas), levou os artistas a fazerem o Bloco “Tem Maracatu no Maracajá”. “Pois é na batida forte do Maracatu e com as garras do Gato Maracajá, que vivo todas as utopias pelos difíceis caminhos da cultura, ‘enquanto amanhã é outro dia’”, finalizou Eneida, emocionada. Texto: Débora Cristina Fotos: Divulgação

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Expressão Nacional

Vermelho e preto

Mesmo crescendo em Brasília, as cores da Paraíba (e do Flamengo) sempre acompanham Herbert Vianna

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superintenso e positivo pra mim olhar a cidade e as lembranças que eu tenho desde o nascimento, como as festas de fim de ano. Eu sinto uma grande intensidade emocional a respeito”. É uma das frases de Herbert Vianna, líder dos Paralamas do Sucesso, sobre João Pessoa, sua cidade natal. A importância dos Paralamas do Sucesso na história do pop rock nacional dispensa introduções, mas não custa nada lembrar que Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro fundaram o grupo há 30 anos.

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O paraibano Herbert morou em Brasília durante a juventude e foi lá que conheceu Bi Ribeiro. Eles fundaram Os Paralamas do Sucesso ainda em Brasília, em 1981, com Herbert na voz e guitarra, Bi no baixo e, na bateria, Vital Dias (aquele mesmo do “Vital e sua moto”, que foi o primeiro sucesso do grupo). Depois as famílias de Herbert e Bi mudaramse para o Rio, no começo dos anos 1980, onde Herbert cursou Arquitetura na UFRJ. A amizade continuou e juntou-se a eles o carioca João Barone, assumindo a bateria no lugar de Vital. O trio fundou Os Paralamas do Sucesso, que apareceu no mapa do rock brasileiro em 1983, após apresentações na cena alternativa carioca e da fita demo de “Vital e sua moto” fazer sucesso na Fluminense FM. 1983 foi o ano do primeiro disco: Cinema Mudo. No ano seguinte, O Passo do Lui foi um grande sucesso, chegando ao disco de ouro, com mais de 100 mil cópias vendidas e que tinha nada menos que “Óculos” e “Meu erro”. O sucesso levou a banda a ser convidada para o Rock in Rio, o original de 1985, o que catapultou o grupo para o sucesso nacional. Com isso, o disco seguinte vendeu ainda mais: Selvagem?, de 1986, chegou às 750 mil cópias, empurradas por “Melo do marinheiro”, “A novidade” (composta pela banda e por Gilberto Gil) e, principalmente, “Alagados”. A partir daí, os Paralamas começaram a buscar uma carreira internacional, tocando em outros países da América Latina e na Europa. Com isso, suas influências também começaram a se diversificar. Do som identificado com a banda inglesa The Police e com o reggae, emergiram influências latinas como a do argentino Fito Paez. O disco de 1988, Bora Bora, já tinha o argentino Charly Garcia participando. “Lourinha Bombril”, já do disco Nove Luas, de 1996,

é uma versão de Herbert para “Parate y mira”, de Fito Paez. Nesse meio tempo, Herbert também atuou como produtor – produziu, por exemplo, o clássico disco O Concreto Vai Rachar, o primeiro do Plebe Rude, em 1986 –, gravou alguns projetos solo e também teve composições suas lançadas ou regravadas por outros cantores e grupos – como a antológica releitura de Zizi Possi para “Meu erro”, que depois o próprio Paralamas seguiu em seu Acústico MTV. Mas aí veio o acidente. Em janeiro de 2001, o ultraleve que pilotava e onde estava sua mulher, Lucy, caiu na região de Mangaratiba, no estado do Rio. Herbert sobreviveu, mas não sua esposa. Com o apoio dos dois outros integrantes da banda, o guitarrista conseguiu se recuperar quase completamente e voltar aos palcos. E ele escolheu João Pessoa para a reestréia, em 2002. Não foi por acaso: ele sempre faz questão de demonstrar o carinho pela Paraíba a cada show feito na terrinha – com direito a bandeiras entendidas ou camisas que combinam o vermelho e preto da bandeira estadual com o vermelho e preto do Flamengo, seu clube do coração. E este foi um show emocionante, o ponto de partida para uma nova trajetória de Herbert à frente do Paralamas, com novos discos e shows e novas composições que fazem dele um dos mais respeitados autores de sua geração. “Olhando para trás e vendo a mim mesmo, tudo o que eu buscava, batalhava – o meu ‘eu’ antes do acidente, penso: ‘Legal a honestidade desse cara, de sempre tocar com amigos’”, disse certa vez, em entrevista a este repórter.

Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação


Carta do Leitor

A Artestudio quer ouvir você. É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:

contatoartestudio@yahoo.com.br contato@artestudiorevista.com.br

Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome, profissão, telefone e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

Eu gosto muito da ARTESTUDIO e acho que ela pode contribuir ainda mais. Por que vocês não abrem uma seção urbanismo? Fica a dica. Izabel de Oliveira João Pessoa (PB)

Parabéns mais uma vez a essa maravilhosa revista. Que capa foi aquela de dezembro? foi demais. Valorizou o projeto do restaurante NAU e o arquiteto. Parabéns! Priscila Camargo Recife (PE)

Primeiramente parabéns pelos 9 anos de sucesso. A revista de aniversário ficou linda. Gostei demais da capa, ficou muito especial. Continuem assim sempre na vanguarda e com excelente qualidade. Silvia de Freitas João Pessoa (PB)

Gostei muito da inovação das paginas diferenciadas e também da oportunidade que vocês estão dando aos estudantes. Parabéns pela iniciativa. Caroline Alves Estudante de arquitetura

Maravilhoso o livro Casas & Apartamentos, projetos maravilhosos, fotos excelentes e qualidade editorial impecável. Já estou aguardando o próximo! Ana Maria Rodrigues João Pessoa (PB)

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Lindo o livro além da qualidade de conteúdo ainda tem uma linda capa. Ficou linda na minha sala como peça de decoração. Parabéns a toda a equipe. Ana Dias de Oliveira

A ARTESTUDIO agradece a todos os e-mails recebidos. Não podemos publicar todos eles, mas saibam que nenhum ficará sem resposta. Um grande abraço a todos vocês leitores e colaboradores da ARTESTUDIO. Obrigado! A editoria


Endereços dos profissionais dessa edição Aline Montenegro e Carolina Vieira

Babienn Veloso

Av. João Mauricio, 1675, sala 3010, Emp J. Mesquita, Manaíra - CEP: 58038-000 - João Pessoa-PB Tel: + 55 83 3246.3689 / 9127.5090 / 8869.1017 e-mail: Montenegro.vieira@yahoo.com.br

Av. Jacinto Dias, 160, Loja C, Manaíra CEP: 58028-270 João Pessoa-PB Tel: + 55 83 3226.2622 e-mail: babienn@grupo-emporium.com

Antônio C. Massa, Ernani Henrique e Silvia Muniz Av. Rui Carneiro, 33, sala 105, Edf. Phoenix, Miramar. CEP: 58032-101 - João Pessoa-PB e-mail: aearquitetura@gmail.com Tel: + 55 83 3224.6440 Adriana Scartaris Av. Monte Celeste, 54 - Bairro Santa Maria CEP: 02561-000 - São Paulo -SP Tel: (11) 3955-1661 | 9138-8429 e-maill: contato@adrianascartaris.com.br www.adrianascartaris.com.br

Katiana Guimarães Av. Epitácio Pessoa, 2580, sala 101, Shopping Moriah, Tambauzinho CEP: 58045-000 - João Pessoa-PB Tel: + 55 83 3042.4249 e-mail: katianaguimaraes@yahoo.com.br Vera Pires e Roberto Ghione Rua Ana Camelo da Silva, 275 A - Boa Viagem CEP: 51111-040 - Recife-PE Tel: (81) 3325 1877 - 9172 9090 - 8859 8272 www.vprgarquitetura.com.br

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Errata Edição 37 Na página 75 da matéria sobre iluminação comercial, o crédito de projeto de Andréa Carolina é como light designer e não de arquitetura como foi publicado.

revArtestudio Artestudio Márcia Barreiros co nt ato @ a r te s t u d i o. co m . b r co nt ato a r te s t u d i o @ y a h o o. co m . b r

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