Revista AE 55

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Ano XIV - nº 55

www.artestudiorevista.com.br

DECORAÇÃO ATEMPORAL

A mistura de estilos como marca principal deste projeto

CERCADOS DE ARTE

As peças artísticas dos proprietários direcionaram o trabalho das arquitetas na decoração de um grande apartamento

PEQUENO E CHARMOSO Apartamento de 70m2 ganhou em praticidade

TOM DE MADEIRA

O material é destaque na decoração de um apartamento

CASA DO POETA

João Pessoa possui um memorial para Augusto dos Anjos

+ como foi a primeira Casa Cor Paraíba, Camille Paglia falando de arte e a história das praças




I

Imagem meramente ilustrativa.


Inspirada no círculo de fogo do Pacífico, a linha INDONESIA reproduz as pedras vulcânicas em diversos formatos e tonalidades, com a praticidade que só o porcelanato oferece. Venha conhecer essa e todas as pedras do mundo na Portobello Shop. Você vai se surpreender.

JOÃO PESSOA

(83) 3244.2610 • Av. Pres. Epitácio Pessoa, 2.302 • Tambauzinho


Ano XIV

SUMÁRIO

Edição 55

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CONHEÇA 20 LIVRO

Camile Paglia traça panorama das artes através dos tempos

28 ESPECIAL

O bi de Juscelino e Niemeyer

30 GRANDES ARQUITETOS

O minimalismo elaborado de David Chipperfield

36 OUTRAS ÁREAS

Zezita Matos: dos palcos paraibanos para a novela das 9

38 A HISTÓRIA DE

As praças: os espaços onde as cidades respiram

44 AMBIENTAÇÃO

As ideias para tornar o verão mais agradável

68 REPORTAGEM

As ideias e ambientes expostos na Casa Cor Paraíba

72 ACERVO

Um memorial no centro histórico de João Pessoa para o poeta Augusto dos Anjos

ARTIGOS

74 INTERIORES E MODA

O valor e os movimentos da assimetria

VISÃO PANORÂMICA 12

Os desafios arquitetônicos do Rio de Janeiro

URBANISMO 14

A mudança de rumo para o futuro das cidades

VIDA PROFISSIONAL 16

Flexibilidade moral, a motivação para agir de forma correta

VÃO LIVRE 18

Os cuidados necessários na aquisição de imóveis

PONTO FINAL 84

O contraexemplo de Zaratustra

ENTREVISTA ENTREVISTA 22

A cineasta e psicanalista Isabela Cribari fala da relação das pessoas com o lugar onde vivem

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PROJETOS INTERIORES 40

Rosane Oliveira em busca da atemporalidade

INTERIORES 48

A madeira dá o tom em um apartamento de João Pessoa por Suellen Montenegro

INTERIORES 52

Cinthia Liberatori leva praticidade e criatividade em apartamento de 70m2

NOSSA CAPA

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Teresa Queiroga e Rafaella Queiroga assinam apartamento que tem ambientação a partir da arte

Nossa capa Projeto: Teresa e Rafaella Queiroga Foto: Divulgação

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arquitetura & estilo de vida ANO XIV- Edição 54

EXPEDIENTE Diretora/ Editora geral - Márcia Barreiros Editor responsável - Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores - Alex Lacerda,Débora Cristina, Lidiane Gonçalves e Renato Félix,

Diretora comercial - Márcia Barreiros Projeto gráfico - George Diniz Prod. e diagramação - Welington Costa Fotógrafos desta edição - Diego Carneiro, Vilmar Costa e MB Impressão - Gráfica JB

QUEM SOMOS AE é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

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www. artestudiorevista. com. br As matérias da versão impressa podem ser lidas, também, no nosso site: www.artestudiorevista.com.br com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos de projetos


EDITORIAL

A ARTE DO ENCONTRO Arquitetos desenham casas e casas pertencem a alguém. Mas projetam também espaços que não pertencem a ninguém (ou pertencem a todos). Podem ser a mais singela praça de uma cidade, pode ser algo ambicioso como o Conjunto Moderno da Pampulha, obra de Oscar Niemeyer que ganhou este ano o status de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco. A AE lembra um pouco a história dessa obra, dos seus prédios que mudaram de função com o tempo, mas que ainda marcam a primeira colaboração entre Juscelino Kubitschek e Niemeyer, antes de Brasília. Da mesma forma, esta edição também aborda a história das praças e faz um passeio pelas mais famosas do mundo, palco de momentos históricos. Mas também é no interior das casas de apartamentos que os encontros acontecem. Não só os encontros românticos, claro, mas os encontros entre amigos. Muitos dos projetos que mostramos nas nossas edições precisam atender a este pedido dos clientes: o espaço precisa atender bem às visitas porque os donos da casa gostam de receber os amigos. Nesa edição não é diferente: você vai encontrar arquitetos que precisaram incluir em seus projetos o pensamento nos amigos dos proprietários. Afinal, na praça ou dentro de casa, a vida é a arte do encontro, já dizia Vinícius de Moraes. Boa leitura!

MÁRCIA BARREIROS editora geral e diretora executiva

Colaboradores desta edição:

ARTESTUDIO

RENATO FÉLIX editor de jornalismo

WELLINGTON COSTA prod. e diagramador

GERMANA GONÇALVES designer de interiores

ALEX LACERDA jornalista

DÉBORA CRISTINA jornalista

LIDIANE GONÇALVES jornalista


VISÃO PANORÂMICA

RIO DE JANEIRO, DE VOLTA AO PASSADO Fotos: Divulgação

Q

uando Jucelino Kubitscheck decidiu construir Brasília, na década de 1950, o Brasil vivia um período de grande euforia. Um período de grandes investimentos em obras de infraestrutura: estradas, pontes, barragens, saneamento básico, redes elétricas... A Engenharia e a Arquitetura brasileiras viviam seu período de ouro!

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Quando o governo mudou-se do Rio de Janeiro para o Planalto Central a cidade iniciou um longo período de decadência. Perdeu o status de capital da República, depois perdeu a sede das principais empresas estatais, perdeu a sede do conselhos profissionais, perdeu o comando das forças armadas. Perdeu uma legião de intelectuais com altíssimo padrão de vida.


Manteve a fama de capital cultural, mas começou a ver esse monopólio dividido com São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. No futebol, onde sempre reinou absoluta, amargou um esvaziamento gradativo até chegar a situação de indigência. A irreverência dos cariocas e a idolatria do jeitinho, da marra e da malandragem acabaram produzindo governantes esquisitos ou irresponsáveis (ou as duas coisas), que perderam o controle sobre o espaço urbano e sobre os destinos da cidade. Assim, de perda em perda, o Rio de Janeiro chegou a uma oportunidade de se reinventar. A oportunidade de voltar a ser a cidade que era até a década de 1950. O direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016 (e, no meio do caminho, a Copa do Mundo, cuja final foi realizada no Maracanã) representou, para o Rio de Janeiro uma chance de enfrentar todos os fantasmas que têm assombrado os cariocas e brasileiros nesses últimos 50 anos. O Rio de Janeiro se vê diante de desafios do tamanho que os cariocas merecem. Desafios que motivarão as melhores cabeças da cidade para a ação. Desafios do tamanho que o Rio de Janeiro não enfrentava desde 1950, quando o Brasil foi sede da Copa do Mundo. Parte importante desses desafios são de Engenharia e de Arquitetura. Engenheiros e arquitetos precisam tomar a frente e a liderança nesse processo. Precisam assumir a posição de elementos pensantes, elaboradores e proponentes das soluções. A Arquitetura e a Engenharia do Rio de Janeiro e do Brasil não podem ser meros executores das idéias dos outros. Nós, melhor do que muita gente, estamos preparados para esse desafio. Precisamos, como se diz no linguajar do esporte, chamar para nós essa responsabilidade. O futuro, para nós, engenheiros e arquitetos, é apenas “matéria prima”. É o nosso objeto de estudo e trabalho. Engenheiros e Arquitetos vivem de antever e forjar o futuro. Afinal, como disse o engenheiro Marcos Túlio, no seu discurso de posse como presidente do Confea, “o que é um projeto técnico senão uma maneira que o homem inventou para criar as condições do futuro desejado?” E o futuro desejado para o Rio de Janeiro, por paradoxal que seja, é voltar ao passado: um tempo em que a cidade era não apenas maravilhosa. Era acima de tudo rica, respeitada e sustentável.

Ênio Padilha

Engenheiro Eletricista (UFSC) e Mestre em Administração(UNIVALI).

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URBANISMO

URGENTE: MUDANÇA DE RUMO DAS CIDADES Imagem: Divulgação

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s principais cidades do mundo começaram a ser desenhadas há séculos, e elas não estão preparadas para o que acontecerá a partir dos próximos anos: a quase extinção do comércio popular de rua; o abandono dos antigos edifícios comerciais; a fuga das indústrias; as mudanças na relação de emprego; a robotização; e a inteligência artificial. Cabe ao poder público adaptar as cidades às novas necessidades, vocações e desejos. Tudo isso sob os preceitos da sustentabilidade. Em meados do século passado, iniciou-se a revitalização do centro das cidades portuárias como Rotterdam, Baltimore, Boston, Buenos Aires, Sidney e Barcelona. Foram intervenções bem-sucedidas que reverteram a degradação da área central destas cidades. Algo que, de forma mais modesta, está sendo feito no Rio de Janeiro. Porém, se no século passado a degradação foi maior nas cidades portuárias, agora o problema será de todas as médias e grandes cidades. As novas tecnologias e as mudanças de comportamento social irão, em menos de 10 anos, alterar o comércio, a indústria, o ensino, a relação de emprego, o trânsito, a construção civil e, consequentemente, o perfil urbano. Já estão sobrando espaços no centro das cidades. É a hora de, a exemplo de Seul, na Coréia do Sul, fazer aflorar os rios e riachos que foram canalizados; desadensar eliminando edificações desnecessárias, criando percursos pelo interior das quadras, deixando o centro respirar; evitar a “musealização” do patrimônio histórico, dando vida aos mais importantes exemplares da arquitetura. Nos próximos anos, veremos uma diminuição natural do trânsito nos grandes centros urbanos.

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Isso ocorrerá, principalmente, pela diminuição drástica da frota de automóveis, motivada pela mudança da cultura do carro próprio com a adoção do compartilhamento, por alternativas privadas e inteligentes de otimização de transporte e pelas soluções que evitam o deslocamento das pessoas. Veremos o crescimento substancial de pessoas que resolvem suas necessidades online, comprando, estudando e trabalhando de casa. Além disso, até 2025 a indústria quase não terá trabalhadores. As fábricas, por exemplo, estarão tão robotizadas que se distanciarão ainda mais dos centros urbanos. A localização irá privilegiar o escoamento da produção e não a oferta da mão de obra, como é hoje.

Mudanças na construção civil Obviamente, toda essa transformação vai refletir em mudanças na construção civil. Os edifícios comerciais deverão vender oportunidade de gerar negócios e não somente espaço. Hoje, vemos a diminuição da demanda para os edifícios de salas comerciais. E não é só pela crise. A crise apenas apressou um comportamento que veio para ficar. Prédios comerciais, tais como os conhecemos, estão obsoletos. Diversas variedades de coworkings vocacionais irão substituí-los. A atração estará na inteligência das instalações, no networking, nos custos, nas soluções compartilhadas e, principalmente, na maior perspectiva de sucesso para o usuário. Os prédios residenciais deverão atender aos novos hábitos de consumo e relacionamento. Os projetos deverão viabilizar a prestação de novos serviços nas dependências do condomínio, sejam nos apartamentos ou nas áreas comuns. Um sistema de compartilhamento de veículos pelos condôminos será mais valorizado que o número de vagas por apartamento. Assim como offices nas áreas comuns, para que os moradores possam receber pessoas para assuntos de trabalho. A drástica redução dos empregos formais fará surgir uma gama de profissionais que oferecerá seus serviços à domicílio, principalmente nas áreas da beleza, saúde, alimentação e educação. A população das cidades já optou pela residência vertical. Mas ainda não há oferta idealizada para essa escolha. O poder público logo será obrigado a se render aos benefícios desta opção. A tendência no Brasil é de prédios com aproximadamente 65 pavimentos, altura que só

Balneário Camboriú (SC) ousou alcançar. Com este número de pavimentos, equacionado pelo número de torres e de elevadores independentes, o número de apartamentos poderá ser suficiente para sustentar um condomínio inteligente, para todas as classes sociais. Sendo ainda mais indicado para as classes de menor poder aquisitivo. Cada condomínio destes pode reutilizar a água, armazenar água da chuva, separar e compactar o lixo, otimizar energia, compartilhar veículos e serviços e estar conectado à educação, segurança, saúde e administração pública online. É importante salientar que, independentemente do tamanho, as edificações deverão sempre ser amigáveis aos pedestres e à escala humana ao nível do solo.

Democratização urbana No Brasil, mais de 84% da população vive em área urbana. Em todo o mundo, esse índice não para de crescer. Para o Departamento dos Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, gerir áreas urbanas é um dos principais desafios do século XXI. Para evitar a degradação dos centros urbanos, é fundamental que as iniciativas públicas e privadas comecem a agir agora. Os próximos anos serão de transformações intensas. Os poderes executivos e legislativos deverão decidir se essas transformações levarão progresso ou pobreza para suas cidades. As oportunidades que as novas tecnologias e comportamentos sociais estão trazendo são muitas. Planejar, legislar e decidir com visão de futuro é a diferença entre a evolução e o caos urbano. As cidades cumprem sua função quando arte, cultura, educação e possibilidades empresariais se combinam para criar um ambiente sustentável, atraente e gerador de riqueza. Todas as classes sociais devem estar fisicamente conectadas pelas chamadas ruas completas, espaços sociais e comerciais prioritários aos pedestres, mas com vias para o trânsito de bicicletas, transportes coletivos e veículos pessoais. Espaços onde as pessoas possam tomar um café, ler ou simplesmente ter um encontro casual ao ar livre. A rua completa é o melhor caminho para levar o cidadão aos espaços cívicos, como centros culturais, esportivos, parques e, principalmente, escolas. Essa conexão elimina a segregação, aproxima oferta do consumo de mão de obra, gera negócios, educa, aumenta a segurança, propicia a sustentabilidade e faz inserção social. É dar cidadania a todos os habitantes da cidade.

Carlos Sandrini

arquiteto e urbanista, fundador e presidente do Centro Europeu www.centroeuropeu.com.br

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VIDA PROFISSIONAL

FLEXIBILIDADE MORAL, A MOTIVAÇÃO PARA AGIR DE FORMA CORRETA Imagens: Divulgação

Imagem: Divulgação

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dicotomia entre o ético e o não ético funciona perfeitamente em rodas de amigos, porém na realidade o tema é um pouco mais complexo. De forma geral, as empresas possuem expectativas muito polarizadas no que se refere aos preceitos éticos esperados de seus colaboradores. Tão importante quanto conhecer as decisões feitas pelos profissionais que nos representam, é sabermos os motivos que impulsionaram suas escolhas, pois é através destes que saberemos com maior precisão o quanto os valores organizacionais serão respeitados, independentemente de qualquer fator interno ou externo.

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Fazer o certo nem sempre representa uma convergência de valores. Em muitos casos, indivíduos com a flexibilidade moral ampliada aderem às regras pelo medo de uma punição, por impossibilidades em operacionalizar um ato desviante ou por estarem inseridos em uma cultura ética sólida que dificulta uma naturalização da ação indevida, sem que, de fato, tenham autonomamente o desejo de agir de maneira correta. Nestes casos, a diminuição do investimento em controles internos, a falta de ceticismo na auditoria, as mudanças estruturais ou departamentais, bem como diversos outros fatores que fragilizem a companhia, podem desencadear comportamentos ilícitos que estavam confinados


no colaborador, deflagrando uma que motivação já estava presente. O oposto também pode ser verdadeiro. Pessoas que possuem alinhamento ético com a organização podem romper a linha e seguir um rumo indesejado simplesmente por não terem a oportunidade de dividir pressões vivenciadas. A cegueira momentânea por identificar caminhos mais adequados para deslocar os seus conflitos ou a impossibilidade real de dar vazão a uma coação de um líder autoritário ou influência de grupos de trabalho, por exemplo, podem levar pessoas boas, colaboradores de boa reputação, a optarem temporariamente pelo desvio de seus caminhos éticos. Nestes casos, não raramente, o sofrimento vivido por este profissional é intenso no processo de tomada de decisão, porém a falta de recursos oferecidos pela empresa para que este caminhe na linha desejada o forçam a ter que escolher entre enfrentar ou se submeter às pressões impostas. Canais de denúncia, políticas sólidas, espaços para orientação sobre conduta ética na empresa e até mesmo um acompanhamento e escuta disponibilizado para os colaboradores podem servir de mitigadores de pressões, abrindo outras janelas que permitam tanto o compartilhamento de um problema, como a percepção de saídas éticas para problemas vividos.

Muitos leitores devem estar se questionando neste momento e pensando que pessoas corretas enfrentam pressões e não se submetem a elas. Obviamente posicionamentos extremos, indivíduos categoricamente éticos assim como os profissionais sistematicamente predadores, existem e representam comportamentos mais rígidos em seus padrões. Porém a realidade é que um número significativo de colaboradores irá responder às influências positivas ou negativas que a organização lhes proporciona. Só para termos uma ideia, em uma análise teórica da criminologia empresarial podemos dividir os indivíduos em cinco grandes grupos de flexibilidade moral, cada um deles com percepções e motivações distintas para agir ou não agir de forma ilícita. Desta forma se empresas desejarem aumentar o sucesso de suas políticas de compliance e manutenção da ética, cabe a elas conhecerem um leque de ações que as permitam se comunicar com os diversos tipos de perfis de flexibilidade moral, potencializando assim o sucesso de seus programas e otimizando custos destinados a este tema, tendo em vista que ações direcionadas permitem uma distribuição de recursos mais estratégica e planejada.

Antonio Carlos Hencseyé

Líder de prática de compliance individual da Protiviti, consultoria global especializada em finanças, tecnologia, operações, governança, risco e auditoria interna

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VÃO LIVRE

CUIDADOS NA

AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS Imagens: Divulgação

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busca pela realização do sonho da casa própria faz com que muitos consumidores não se atentem aos cuidados básicos que devem ser tomados no processo de aquisição de um imóvel. A popularização de eventos como os “feirões de imóveis” podem causar ainda mais complicações, por estimular a compra por impulso com a grande quantidade de ofertas que, muitas vezes não atendem as reais necessidades do

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comprador. Além da vistoria ao imóvel em diferentes horários, para conhecimento das condições da vizinhança, e verificação da região para ver se ela oferece serviços, é necessário analisar situação jurídica do imóvel. Além da produção e exame de certidões, alguns casos exigem checagem de projetos de desapropriação. Diante desse problema listo alguns cuidados com a documentação na hora de comprar um imóvel.


1. Documentos O próprio comprador, se tiver tempo e quiser arcar com os custos, pode solicitá-los diretamente ou contratar uma empresa que preste esse serviço,. “A melhor solução é mesmo exigi-los do vendedor. E se ele se recusar a apresentá-los, já é um mau sinal”. Confira!

2. Certidão negativa de IPTU e taxas Saiba que as dívidas referentes a tributos imobiliários e taxas passam a ser responsabilidade do novo proprietário, que pode até ter seus bens confiscados para o pagamento. É possível entrar na Justiça para exigir que o antigo dono pague, mas será uma discussão onerosa e longa. Por isso, o ideal é verificar antes se há débitos. Se for o caso, entre em acordo com o proprietário para pagar a dívida e descontar do valor de compra do imóvel. E, claro, tudo o que for decidido precisa ser registrado na escritura de compra e venda.

3. Certidões de quitação de serviços essenciais Por mais que estejam no nome do antigo proprietário, as contas atrasadas de água, luz e telefone podem levar as concessionárias a interromper o serviços até a quitação do débito. Como será pouco provável que o antigo dono queira pagar essas contas depois que vendeu a propriedade, é melhor chegar a um acordo antes da compra.

4. Certidão negativa no INSS, nas justiças Federal, Cível e Criminal, e nos cartórios de protestos da cidade Os problemas do antigo proprietário - como títulos protestados, dívidas trabalhistas e pagamento de indenização - podem anular a venda do imóvel. Isso porque, a Justiça pode pedir a penhora dos bens alegando que o antigo dono se desfez de má-fé, para não pagar o que deve. Se isso ocorrer, o consumidor perde o imóvel, o valor investido e, ainda, terá que processar o vendedor para reaver o dinheiro.

5. Matrícula do imóvel no cartório de registros da região O documento vale por 30 dias e nele estão registrados todos os dados do apartamento ou casa, como: metragem, descrição dos vizinhos e nome do último proprietário. É uma certidão de nascimento da propriedade. Somente na matrícula o comprador pode verificar quem é o verdadeiro dono do imóvel e quem está em condições de transferi-la. Ela não deve ser confundida com a escritura de compra e venda, que é o documento que regula a negociação entre o vendedor e o comprador, com o preço, forma de pagamento etc.

Gilberto Maistro Junior

Advogado. Doutorando (FADISP) e Mestre em Direito (UNIMES-Santos-2010). Especialista em Direito e Relações do Trabalho (Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo/ SP - 2007). Graduado em Direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo/SP (1999). Coordenador Pedagógico do Curso de Especialização (Pós-Graduação “Lato Sensu”) em Direito e Operações Imobiliárias (1ª e 2ª Turmas) da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Autor do livro “A boa-fé objetiva na negociação coletiva”

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LIVRO

O MELHOR DE NÓS

Em ‘Imagens Cintilantes’, Camile Paglia traça um vigoroso panorama da arte através dos tempos

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m olhar sobre a forma como a sociedade encara a arte. Através da análise de 29 obras, Camille Paglia, em seu livro Imagens Cintilantes – Uma Viagem Através da Arte Desde o Egito a Star Wars, apresenta um panorama da história da arte mundial e realiza um mergulho na produção artística contemporânea. As obras abrangem os mais variados estilos e artistas, desde pinturas e performances a artes digitais. No livro, a autora faz críticas contundentes aos artistas que procuram apenas chocar o público ou que repetem fórmulas eficazes, sem se arriscarem em algo novo, e lamenta o distanciamento dos jovens das artes e sua dependência do mundo virtual. “O olho sofre com anúncios piscando na rede. Para se defender, o cérebro fecha avenidas inteiras de observação e intuição. A experiência digital é chamada interativa, mas o que eu vejo como professora é uma crescente passividade dos jovens, bombardeados com os estímulos caóticos de seus aparelhos digitais. Pior: eles se tornam tão dependentes da comunicação textual e do correio eletrônico, que estão perdendo a linguagem do corpo.”, destaca a autora no livro. Cada obra é observada através do viés de seu contexto social e histórico. Todo o livro é um convite à contemplação do leitor a cada obra. Uma das intelectuais mais controversas da atualidade, a autora revisita neste, que é o seu sexto livro, temas como política, sexo, religião e sociedade. Imagens Cintilantes apresenta uma visão da arte às pessoas que não costumam ter um contato maior com ela, mas, ao mesmo tempo, problematiza questões importantes e polêmicas com os artistas. “Como sobreviver nesta era da vertigem? Precisamos reaprender a ver. Em meio à tamanha e neurótica poluição visual, é essencial encontrar o foco, a base da estabilidade, da identidade e da direção na vida. As crianças, sobretudo, merecem ser salvas deste turbilhão de imagens tremeluzentes que as vicia em distrações sedutoras e fazem a realidade social, com seus deveres e preocupações éticas, parecer estúpida e fútil. A única maneira de ensinar o foco é oferecer aos olhos oportunidades de percepção estável – e o melhor caminho para isso é a contemplação da arte”.

“Uma das razões para a atual marginalização das belas-artes é que os artistas, com demasiada frequência, dirigem-se apenas a outros artistas e ao grupinho vanguardista de entendidos.” 22

Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação

“Os cursos de história da arte deveriam ser integrados ao currículo do ensino primário, fundamental e médio - uma introdução básica à grande arte e a seus estílos e símbolos.”

“Imagens Cintilantes – Uma Viagem Através da Arte Desde o Egito a Star Wars” De: Camille Paglia Tradutor: Roberto Leal Ferreira Editora: Apicuri Páginas: 204

Camille Paglia Autora


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ENTREVISTA

ISABELA CRIBARE SENSIBILIDADE PARA TEMAS COMPLEXOS um alerta sobre os efeitos colaterais de decisões extremas como a de destruir as referências de uma população Texto e Fotos: Lidiane Gonçalves

A

relação das pessoas com as cidades onde vivem, tem seu lado bom e seu lado obscuro. E essa analogia é muito bem entendida e explicada pela cineasta Isabela Cribari, que fez o documentário curta-metragem De Profundis, que fala sobre a cidade de Itacuma, interior de Pernambuco e os casos de depressão e suicídio que aconteceram entre a população, que teve que deixar a cidade para dar lugar à Usina Hidrelétrica de Itaparica. Além de cineasta, Isabela é pós-graduada em Economia da Cultura e Gestão Cultural, psicóloga e coordenadora científica do Círculo Psicanalítico de Pernambuco; é autora e organizadora de publicações como Nordeste feito à mão, Economia da cultura, Produção cultural e propriedade intelectual, entre outros. Foi Diretora de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco. Produziu e participou de mais de 150 produções para cinema e televisão, que receberam cerca de 200 prêmios nacionais e internacionais. Lançou a Antologia do cinema pernambucano e o Cinema online, plataforma de cursos à distância, onde também ministrou curso.

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ARTESTUDIO - Como e quando você começou a se interessar pela relação das pessoas com as cidades? ISABELA CRIBARE - Temos visto a criação de grupos de direitos urbanos, de movimentos sociais em todo o país reivindicando mobilidade, acessibilidade, ampliação de espaços públicos. O movimento Occupy, iniciado nos EEUU e rapidamente espalhado para vários outros países, inspirou o Ocupe Estelita, por exemplo; jovens recifenses ocuparam os galpões do Cais José Estelita para evitar sua destruição e questionando a destinação de áreas públicas para empreendimentos privados, exigindo do governo negociação do planejamento urbano com a sociedade. Hoje já existe o Ocupe Estelita do Brasil. Pensando nisto fiz uma mostra de filmes e série de palestras chamado perVERcidades, para discutirmos os problemas da sociedade e das pessoas negociarem espaços.

IC - Como foi fazer um filme sobre esta relação? Só me fez acreditar mais na importância das cidades na vida subjetiva das pessoas. AE - Quais as dificuldades enfrentadas para fazer este trabalho? IC - Fazer um filme que expõe sentimentos muitos íntimos não é fácil, as pessoas se sentem muito expostas. E eu tive cuidado para preservá-las. AE - Como a situação sentimental destas pessoas te chamou atenção? IC - Eu soube de uma pesquisa que as maiores taxas de suicídio do país eram de Pernambuco, de uma cidadezinha do sertão. Achei estranho e resolvi saber do que se tratava, se estava correto.

AE - Há só problemas nesta relação? IC - Não. De jeito nenhum. É a cidade que atravessa e dá forma à história da civilização como uma arqueologia viva, se conhece um povo a partir de sua organização social e de sua cultura. É importante perceber que a geografia urbana, que pode ser sedutora, enigmática ou assustadora, está intimamente relacionada a uma geografia da alma humana, como tão bem narrado em Cidades invisíveis, de Ítalo Calvino. AE - Quais as coisas mais positivas desta relação? IC - A cidade ser fruto da cultura, da forma de relações de um povo. AE - E as mais negativas? IC - Talvez o fato de o homem não se sentir seguro em sua própria sociedade.

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AE - Como relacionar a depressão e os suicídios com a perda da cidade? Dos lares? IC - Toda a região que teve suas cidades inundadas para a criação da barragem apresenta uma taxa de suicídios superior às outras, mas Itacuruba teve um fator diferente das outras: a nova cidade foi instalada em uma área bem diferente da anterior, dificultando o estilo de vida anterior, com muitas pessoas vivendo do que plantava, pescava e criava. AE - Os moradores falaram livremente sobre o assunto, ou houve resistência em contar detalhes? IC - Falaram livremente. São pessoas muito francas, sensíveis, fizemos um bom vínculo. Fizemos uma oficina de cinema para eles entenderem o que estávamos fazendo e para ensiná-los a fazerem seus filmes também, contarem suas histórias. E um dos filmes foi sobre a mudança da cidade velha para a nova. AE - Qual história mais te chamou atenção? IC - Muitas. São muitas histórias terríveis. AE - Como você conseguiu ter a confiança dessas pessoas para que elas contassem suas intimidades? IC - Convivendo com elas. Não só ser cineasta, mas psicanalista também acho que ajudou. Passei bastante tempo lá, oferecemos a oficina de cinema, passei a ouvir a população.

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AE - No seu curta, o rosto das pessoas não é mostrado. Por quê? IC - Porque as pessoas não quiseram. Era exposição demais para elas. AE - Ter saído da sua cidade e “fundado” outra, quebrou os laços afetivos e de aproximação dessas pessoas? IC - É diferente você sair da sua cidade para outra e poder voltar se um dia quiser. Mas é bem diferente aquele lugar deixar de existir. Vi imagens de arquivo de pessoas desenterrando seus mortos para levar os ossos. Há um sentimento de perda, de dívida, difícil de ser resolvido. AE - Elas continuaram com a mesma vida? A mudança de vida contribuiu para a situação que elas se encontram? IC - A vida delas mudou muito. Muitas pessoas viviam do que plantavam, criavam, tinham vida perto do rio, que era meio de vida e lazer. Hoje a grande maioria da população trabalha na prefeitura. Acredito que essa mudança tenha contribuído para essa melancolia social, coletiva. AE - Existe uma saída para cidades como Itacuruba e seus moradores? IC - Sempre existem saídas quando se quer enfrentar um problema, quando é prioridade para o governo.


AE - Ainda há alguma ligação com eles? IC - Sim, falo com várias pessoas de lá. AE - Vocês conseguiram fazer algo para ajudar? IC - Escutá-los acho que foi algo muito bom. Ensiná-los a contar suas histórias também considero algo bom. Além disso, o filme chamou atenção para a cidade e espero que isto possa trazer alguns benefícios para eles. AE - Por que as pessoas se apegam ao lugar onde vivem? IC - Porque faz parte do universo simbólico das pessoas. Veja o caso dos índios, eles preferem morrer a deixar a terra deles.

AE - A arquitetura das cidades, a disposição das casas, a proximidades da casa de parentes ou de pontos comerciais, influencia na vida das pessoas? IC - Sim, muito. Lembro logo do filme argentino Medianeras, de uma Bienal de São Paulo com título “Como viver junto”, que propôs uma reflexão sobre a vida coletiva em espaços partilhados, buscando artistas que analisassem em suas obras a questão dos limites, fronteiras e a incorporação das diferenças na esfera da vida cotidiana. Vários filmes pernambucanos também têm sido produzidos com esta temática nos útlimos anos, como o meu De profundis e tantos outros, vêm mostrando a delicada teia subjetiva da relação do indivíduo com a cidade.

AE - Por que existe a necessidade de firmar raízes? IC - Porque temos raízes mesmo, não é? Não se pode dissociar as pessoas de seus contextos. As pessoas habitam as cidades, mas as cidades igualmente habitam as pessoas. Embora que simbólicas, essas raízes são muito estruturantes na formação das pessoas. Se a cultura nos molda e tem o poder de nos mobilizar, o que dizer da cidade que, como expressão territorial e demográfica da mesma, habitamos e nos habita internamente? AE - Por que perder uma cidade e parte da sua história muda tanto as pessoas? IC - Porque elas perdem parte da vida delas, e no caso de Itacuruba, perderam o modo de viver, de ganharem a vida, o modo de existir no mundo.

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PORQUE ACEITAR LIMITES SE VOCÊ PODE TER O IMPOSSÍVEL?

Bontempo João Pessoa • Rua Professor Severina Sousa Souto, 207 (83) 3244.7075 • João Pessoa/PB

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bontempo.com.br /moveisbontempo


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ESPECIAL

O BI DE JUSCELINO E NIEMEYER Depois de Brasília, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, também uma encomenda do político ao arquiteto, ganha o status de Patrimônio Cultural da Humanidade Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

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uando se fala na parceria entre o arquiteto Oscar Niemeyer e o político Juscelino Kubitschek, o que vem logo à mente é Brasília, a capital brasileira construída no meio do nada, no Planalto Central. Mas a dupla já havia feito um “teste”, um primeiro grande encontro que foi reconhecido há poucos meses pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Trata-se do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, que teve participação do artista plástico Cândido Portinari e do paisagista Burle Marx. O complexo foi construído entre 1942 e 1944, a partir de uma encomenda de Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte, a Niemeyer: um conjunto de edifícios que ocupasse a área ao redor da Lagoa da Pampulha, um lago artificial na região norte de BH. Em 1943, o presidente Getúlio Vargas esteve presente à inauguração do projeto (quase) concluído: estavam lá um cassino, o Iate Tênis Clube, a Casa do Baile e a igrejinha de São Francisco de Assis, que se tornou o grande símbolo do conjunto todo. Só faltou, do que foi previsto, o hotel. Com essa configuração, o conjunto foi escolhido pela Unesco e junta-se a Brasília, no âmbito da “dupla” Kubitschek-Niemeyer, e aos centros históricos de Diamantina e ourto Preto, além do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos (em Congonhas), que são outros patrimônios culturais da humanidade localizados em Minas Gerais. 30

Com a proibição do jogo no Brasil, o cassino depois se tornaria o Museu de Arte da Pampulha. E a Casa do Baile também perdeu sua função inicial, tornando-se o Centro de Referência de Urbanismo, Arquitetura e do Design. A igreja, por sua vez, demorou a assumir plenamente a função que cabia a ela. A Igreja Católica recebeu mal o projeto ousado de Niemeyer: uma igreja com nenhuma cara de igreja, com uma abóboda parabólica em concreto em vez das tradicionais pontas e torres. Só em 1959, 17 anos depois da inauguração, é que a Igreja consagraria a obra de Niemeyer. O hoje museu de arte foi a primeira das quatro construções, tendo como principal elemento a fachada envidraçada e suspensa. Funcionou como cassino até 1946 e passou a ser museu em 1957. A Casa do Baile foi desativada pouco depois do cassino, em 1948. Está localizada em uma ilha artificial e possui formas sinuosas. O Iate Tênis Clube recebeu, em 1970, um anexo que terá que ser demolido. É uma das exigências da Unesco para que se volte à concepção original do projeto e o título seja mantido. A prefeitura de Belo Horizonte tem três anos para cumprir essas exigências, que também incluem retirar a guarita da Casa do Baile e reestruturar as praças Dino Barbieri e Dalva Simão. Pouco para garantir a eternidade entre os patrimônios da humanidade.


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GRANDES ARQUITETOS

DIMINUINDO A ESCALA O britânico David Chipperfield desenvolve projetos em mais de 20 países buscando a simplicidade Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

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Edificio Verona, Villaverde, Madrid

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avid Chipperfield, não: Sir David Chipperfield. O arquiteto britânico, de 64 anos, recebeu o título de cavaleiro do Império Britânico em 2010 por seus serviços prestados na arquitetura. Seu escritório tem projetos em mais de 20 países, em quatro continentes diferentes, com reconhecimento, com ousadia, com edificações de simbologia importante, mas também com polêmicas. Uma das mais recentes, por exemplo, envolveu a sede da Fundação Nobel, em Estocolmo, Suécia. Trata-se, naturalmente, do órgão que concede os prêmios Nobel anualmente. Pois o projeto proposto pelo escritório de Chipperfield em 2013 foi criticado por ameaçar ser um corpo estranho no meio do centro histórico da capital sueca. Resultado: em 2015, uma nova versão do projeto foi apresentada, com escala reduzida, maior refinamento e uma relação mais próxima com o entorno histórico da região onde a fundação está instalada. No ano passado, também, ele renegou o seu projeto feito para o novo Museu das Culturas, em Milão, Itália. O problema: o piso de má qualidade, que acabou ganhando notoriedade. Quem parte desses dois exemplos, pode pensar que o britânico é uma prima donna chegado a projetos mirabolantes. Não é bem assim, na verdade ele está mais próximo de um minimalismo elaborado.

Joachimstrasse, Berlin

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The Hepworth Wakefield

Extension Joachimstrasse, Berlim.

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Am Kupfergraben, Berlin

Private house

Chipperfield se formou em arquitetura em 1976 e rrabalhou com vários profissionais antes de estabelecer seu próprio escritório, em 1985. De lá para cá, foi professor na Alemanha, em Barcelona e na prestigiada universidade americana de Yale. Um de seus primeiros projetos de repercussão foi o River and Rowing Museum, em Henley-onThames, Inglaterra. O destaque foi o uso de elementos como concreto, vidro e carvalho para a identificação do museu com o ambiente. Ele trabalha muito com edificações destinadas à cultura pelo mundo: reconstruiu o Neues Museum, em Berlim (e está tocando o Neue Nationalgalerie); projetou a biblioteca pública central de Des Moines, em Iowa (EUA); o St. Louis’ Art Museum, nos EUA; o Anchorage Museum Expansion, no Alasca; galerias de arte em Londres; a expansão do Metropolitan, em Nova York; e o Mughal Museum, atualmente em obras, em Agra, na Índia. Ele foi selecionado para remodelar a embaixada dos EUA em Londres, que deve virar um hotel. E só em 2015 é que ele anunciou seu primeiro trabalho residencial de grande escala em Nova York. A torre The Bryant terá 57 unidades, em Bryant Park. Uma casa projetada por ele, a Casa Fayland, no interior da Inglaterra, levou o AR House Awards de 2015, como a melhor casa do mundo entre as construções recentes. É um primor do seu “minimalismo elaborado”, ao mesmo tempo integrada à paisagem e discreta, mas afirmando presença. Atualmente Chipperfield possui escritórios em Londres, Berlim, Milão e Xangai, empregando 260 pessoas. “Fui muito influenciado pelo design japonês: a calma, a atenção aos detalhes, a beleza tranquila”, disse, em uma entrevista ao Architetural Digest. “Estou tentando construir uma arquitetura que seja tão eterna quanto possível, embora todos sejamos criaturas do nosso tempo. Suspeito da ideia de arquitetos agindo como executivos de negócios, gerentes de marca ou fornecedores de bens de luxo. Muitas vezes os arquitetos trabalham duro tentando fazer com que seus edifícios pareçam diferentes. É como se fôssemos atores à deriva num palco, todos dizendo nossas falas ao mesmo tempo, em nossas próprias línguas, sem uma plateia. Eu gostaria que as pessoas dissessem ‘Este é um grande edifício’ mais que ‘É um grande edifício de Zaha [Hadid], Rem [Koolhaas], Renzo [ ]’ ou mesmo David Chipperfield”.

Arquiteto: David Chipperfield

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OUTRAS ÁREAS

Brevidades

O BRASIL CONHECEU ZEZITA A atriz que é a dama do teatro paraibano teve grande participação na novela Velho Chico Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

Velho Chico

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ezita Matos é a dama do teatro paraibano, uma atriz respeitadíssima nos palcos e já também no cinema brasileiro, graças a cineastas com olhos atentos à cena nordestina. Agora, até uma grande parcela do público, que infelizmente se mantem alheio ao teatro e ao cinema nacional, passou a conhecêla, através de sua personagem marcante em Velho Chico. 38


Milagre Brasileiro

A telenovela das nove, da Rede Globo, marcou a TV este ano por seu visual expressivo, tom mítico e elenco com muitas apostas nordestinas. Zezita foi uma dessa apostras bancadas pelo diretor Luiz Fernando Carvalho: a personagem Piedade, mãe de Santo (Domingos Montagner) foi o primeiro trabalho dela na Globo. Zezita Matos, 75 anos, nasceu em Pilar, na Zona da Mata paraibana (a 55 km de João Pessoa). Sua carreira começou ainda nos anos 1950, aos 16 anos. Está numa grande fase. Antes de Velho Chico, em 2015, ela já havia sido consagrada no Festival de Cinema de Paulínia, onde dividiu o prêmio de melhor atriz com suas colegas de elenco do filme A História da Eternidade (o trio formado por Marcélia Cartaxo, Débora Ingrid e por ela derrotou simplesmente Fernanda Montenegro). Foi seu maior papel em longas-metragens, o de Das Dores, avó que recebe o neto que chega fugido da cidade para se refugiar em uma cidade perdida nos confins do sertão. Ela apareceu em outros filmes, em papéis mais coadjuvantes de filme importantes (como em Menino de Engenho, 1965, ou Cinema, Aspirinas e Urubus, 2005) e também papéis maiores como em O Céu de Suely (2006), Mãe e Filha (2011) e Os Pobres Diabos (2013). No teatro, seu primeiro espetáculo é de 1958: A Prima Dona, em Campina Grande. Hoje, está ligada ao Coletivo Alfenim de Teatro, em João Pessoa, onde atuou em peças como Quebra-Quilos, Milagre Brasileiro e no monólogo Brevidades, em que interpreta uma atriz que sofre do Mal de Alzheimer. Mas,com toda a reverência de que é alvo, Severina de Souza Pontes se mantém humilde, sempre repetindo que tudo é um eterno aprendizado. Sempre também com um olhar politizado, foi da juventude comunista, teve que se esconder da ditadura militar, dirigiu nos anos 1980 o Teatro Santa Roza (o mais antigo de João Pessoa, hoje equipamento do governo do Estado) e no Unipê, nos últimos anos, ficou sob sua direção o Programa de Responsabilidade Cultural da universidade. Com grandes cenas reservadas a ela em Velho Chico, Zezita Matos mostrou o que o público paraibano sempre pôde conferir bem de perto, nos palcos: seu grande talento.

Zezita Matos

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A HISTORIA DE

DESTINADA AO ENCONTRO Derivada das ágoras gregas, a praça moderna retoma sua vocação para fazer as pessoas interagirem

Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação

Praça - Inhotim, MG

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eja um local para exercer a democracia ou simplesmente o lazer e o relaxamento, as praças têm um papel fundamental nas relações sociais. Entendidas como espaço urbano dentro das cidades, derivam das ágoras gregas, onde os cidadãos exerciam a democracia direta já no século VIII antes de Cristo.

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Antes disso, elas são resultado da mudança do homem pré-histórico, ao deixar de ser nômade e se estabelecer em um local fixo e à agricultura e criação de animais. Em algum momento surgiu o centro das aldeias se tornaram o local de encontros e rituais, a base para as praças que surgiriam milênios mais tarde.


Praça Curitiba, PR

Belvedere, Praça da Sé- Centro Histórico, Salvador, BA

Em uma definição geral, a praça pública é um espaço aberto dentro da cidade de acesso livre à população. Mas não basta ser um espaço aberto na cidade para ser uma praça. Parques, por exemplo, são coisas diferentes, com dimensões e características próprias, bem maiores, com, no mínimo, 10 hectares. Praças têm dimensão menor, podendo ou não ser arborizadas. A praça serve também como local de símbolos e pode servir como marco arquitetônico ou ponto de referência para transformações históricas e socioculturais. No entanto, as praças eram, até meados do século XVIII, espaços abertos nas cidades geralmente destinados ao comércio ou encontrados nos arredores das igrejas. Apenas no século XIX, as praças ganham o delineamento urbano como conhecemos. Também a partir daí puderam ser encontradas em maior quantidade as formas mais comuns de praças. As esportivas, com equipamentos instalados que os visitantes podem usar para atividades desse fim. As contemplativas, espaços planejados para que o visitante passe algum tempo em um ambiente agradável. As cívicas, marcadas por monumentos históricos e que convidam aos debates políticos e manifestações. As de passagem, um espaço que serve como ligação entre pontos da cidades. No decorrer da história, o crescente uso desses espaços livres de construção nas cidades, as pessoas e organizações públicas passaram a valorizar mais as praças como locais de preservação ambiental, identidade urbana e qualidade de vida da população. Mesmo com todas as mudanças a que foram submetidas no decorrer dos anos, as praças continuam exercendo uma grande importância na vida das pessoas, com a integração e sociabilidade sendo as principais parcelas desta influência.

Praça Esportiva do Skate- Manaíra, João Pessoa-PB

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Praças marcantes Praça da Paz Celestial (Pequim, China): Ficou marcada pelo protesto de estudantes em 1989, massacrados pelo governo, embate que gerou a imagem simbolicamente poderosa do estudante chinês encarando uma fila de tanques. Praça XV (Rio de Janeiro): Nome informal da Praça XV de Novembro, encravada no centro do Rio, onde fica a Estação das Barcas e o Paço Imperial, que foi a casa de despachos de D. João VI e dos imperadores brasileiros. Praça da Sé (São Paulo): Marco histórico no centro da capital paulista, onde fica a igualmente famosa Estação da Sé. Plaza de Mayo (Buenos Aires, Argentina): Localizada em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, é um local histórico de manifestações na capital do país. Place de la Concorde (Paris, França): No final da avenida dos Champs-Élysées, também é um local que presenciou momentos históricos da capital francesa. Nela foi instalada a guilhotina, na Revolução Francesa. Alexanderplatz (Berlim, Alemanha): Possui uma estação famosa e se tornou o local da vida noturna na Berlim dos anos 1920. Batizou um romance, depois adaptado para um filme de 15 horas. O nome é homenagem ao czar Alexandre, o Grande, da Rússia, que visitou Berlim em 1805. Praça do Palácio (São Petersburgo, Rússia): O palácio do nome é o Palácio de Inverno dos czares, concluído em 1762. Alexandre concluiu a praça como um monumento à vitória sobre Napoelão.

Praça XV de Novembro - Rio de Janeiro, Brasil

Alexanderplatz - Berlim, Alemanha

Praca da Paz Celestial - Pequim, China

Plaza de Mayo - Buenos Aires, Argentina

Praça do Palácio - São Petersburgo, Rússia

Place de la Concorde - Paris, França

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INTERIORES

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MISTURA DE ESTILOS O clássico e o contemporâneo interagem tornando a ambientação deste apartamento atemporal Texto: Débora Cristina | Fotos: Vilmar Costa

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uem tem uma família grande e gosta de receber bem, precisa de espaço e muito conforto pra fazer isso da melhor forma possível. Foi assim que começou a ser moldado o projeto desse apartamento para um casal jovem, com três filhos pequenos, que planejou por um tempo construir a morada dos sonhos, com espaço para acomodar confortavelmente toda a família e assim poder também curtir o local com a visita dos amigos: o ponto de partida da arquiteta Rosane Oliveira para o projeto do apartamento que tem 335 m² de área construída no bairro do Altiplano, em João Pessoa. Ele é composto por salas, lavabo, home office, cozinha, serviço, DCE, 4 suítes (sendo 1 suíte master

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com closet e banheiro) e varanda em “L” que recebe um ambiente de estar e um espaço gourmet com churrasqueira. “A planta baixa padrão do apartamento já se adequava à necessidade dos clientes, porém alguns ajustes nas aberturas, acessos e principalmente layout foram feitas”, revelou a arquiteta. Todo o layout foi desenvolvido para melhor utilização do espaço de acordo com a necessidade da família. O projeto de pontos elétricos e o projeto luminotécnico, permitiram e valorizaram cada solução. Como a família é grande e cada filho ficou em um quarto, o home theater precisou ser integrado à sala, formando um grande living. “Para isso, fizemos um painel que valorizasse o espaço do home, através das cores escuras. Também utilizamos painéis em vidro bisotado preto e arandelas em cristal, deixando o painel também decorativo”, conta. O móvel foi desenvolvido para receber todos os equipamentos e caixas de som necessárias. A sonorização também foi desenvolvida no teto não só para o uso do home theater, mas também estendida à varanda, permitindo o som ambiente e de qualidade em toda a área social. Os móveis formam as salas de estar e de jantar com muita elegância e neutralidade. “Tons de madeira natural e tecidos neutros nos deixaram à vontade na escolha da decoração”, diz a arquiteta. “Apesar dos móveis terem um design bem contemporâneo, a decoração deu um ar clássico, deixando a sala com a cara dos proprietários”. Espelhos bisotados na cor bronze revestem uma parede na sala de jantar, dando amplitude ao local. E, para as esquadrias, persianas rolô em tela solar


permitem a vista dando proteção quanto aos raios solares e privacidade na sala. As cortinas half em seda lixada verde oliva complementam a composição. Já os tapetes em tons neutros delimitam os espaços, sendo destaque o do home theater: na cor preta com pelo mais alto, permitindo uma melhor acústica do espaço. Para o revestimento de piso, optou-se por um porcelanato polido numa cor neutra em todo o apartamento, permitindo a interação entre os ambientes. Com exceção das varandas, onde foi utilizado um porcelanato amadeirado, proporcionando assim um ambiente mais descontraído. “Nas salas utilizamos um rodapé alto em mármore, deixando o espaço mais elegante. Ainda na sala, demos destaque para o painel de revestimento cimentício branco, que dá um relevo discreto, valorizando a iluminação”, conta a arquiteta. Para a porta de entrada do apartamento, optamos pelo sistema Eclisse sincronizado, onde uma estrutura metálica é embutida. “Isso permite que as duas portas abram sincronizadamente para dentro da parede, sumindo totalmente no ambiente”, explica. Já no hall de entrada, um grande painel de espelhNo projeto foi usada uma Iluminação misturando soluções de luz difusa , indireta com focos direcionáveis,

possibilitando a formação de várias cenas. Pra isso, foi utilizada tecnologia LED nas lâmpadas afim de garantir maior eficiência. “Nós procuramos escutar bastante os clientes e filtrar o máximo de informações. O fato de aliar funcionalidade, praticidade e beleza foi o grande desafio”, finalizou Rosane.

Arquiteta: Rosane Oliveira Móveis: Saccaro • Modulados: Todeschini • Iluminação: Lightdesign • Vidros: República Vidros e Loja das Molduras Forro Gesso: Oficina do Gesso • Tapetes: Adroaldo • Revestimentos: Portobello e Oca Revestimentos • Portas: Fecimal Granito: Cia do Mármore (Natal) • Decoração: Kasa Decor e Sempreviva • Cortinas e Persianas: Ambidecor 47


AMBIENTAÇÃO

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ESPAÇOS EXTERNOS Como montar ambientes agradáveis para o verão Fotos: Divulgação

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s espaços externos sempre são um convite ao relaxamento, principalmente durante o verão que se aproxima. Seja em casas de veraneio ou residências, investir em jardim, varanda ou piscina é fundamental para quem busca mais qualidade de vida e espaços luxuosos e fresquinhos para receber familiares e amigos.

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É possível escolher piscinas a partir dos modelos simples a outros mais sofisticados. Áreas como spas, varandas, pergolados e jardins são partes de projetos que - acompanhados ao bom gosto dos proprietários e arquitetos - se transformam nos locais mais charmosos das residências, conferindo personalidade.


De acordo com as arquitetas Andrea Teixeira e Fernanda Negrelli, piscinas têm sido opções para a integração de espaços nas casas. “É uma das regiões onde os moradores mais gostam de se reunir. Em muitos projetos ela se mistura a outras áreas sociais, permitido a utilização simultânea de diversos ambientes”, explica à Andrea. Para quem está a fim de ousar é possível encontrar projetos com piscinas em formato de curvas e até mesmo revestimentos feitos de pastilhas de vidro coloridas. As cores claras e neutras devem ser mais utilizadas, e para a criação de áreas externas com uma atmosfera mais luxuosa você deve contar com materiais como mármores e pedras naturais. Com relação à decoração, almofadas e futons coloridos ou com tecidos de cores neutras são sempre uma boa escolha. Sofá e chaises feitos de madeira ou fibras naturais, deques suspensos com almofadas grandes e vasos coloridos com muitas flores nunca saem de moda e deixam os locais muito mais fresquinhos e aconchegantes. Segundo Fernanda, para dar um toque ainda mais especial, os proprietários podem acrescentar à decoração objetos inusitados como antiguidades, castiçais, cristais e esculturas. “Aplicar tecido no teto dá efeito de leveza e transforma o ambiente no local perfeito para finais de tarde com amigos”, finaliza.

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INTERIORES

EM TONS DE MADEIRA O material é marcante em todos os ambientes no projeto deste apartamento em João Pessoa

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m projeto aconchegante para os moradores e também para os amigos que são recebidos em casa. Este era o pedido do casal ao solicitar a reforma de um apartamento de 230m² no Altiplano, em João Pessoa. Durante quatro meses a arquiteta Suellen Montenegro, pós graduanda em gerenciamento de obras, transformou o apartamento recém entregue pela construtora em um lar. A mudança de alguns ambientes foi uma escolha necessária para adequar o apartamento a todos

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Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Vilmar Costa

os desejos dos clientes (pai, mãe e três filhos). A maior das mudanças envolveu a suíte master e a varanda que era integrada a ela. As esquadrias que dividiam os dois ambientes foram retiradas, garantindo aumento da sua área útil, tornando possível trabalhar o projeto de interior de uma forma mais ampla e eficaz. Ainda na varanda, foi construída uma parede que a divide ao meio, sendo uma parte pertencente à sala e a outra integrada à suíte master.


Escolha dos materiais Para atender os anseios dos clientes, que tinham o sonho de possuir um lar aconchegante, e acolhedor, junto com um local ideal para receber os amigos, a correta escolha dos materiais foi uma das principais preocupações. Por isso pedras, madeiras e uma iluminação comedida foram cuidadosamente escolhidas, dando aos ambientes a cara e o aconchego que eles necessitavam. Com a escolha desses materiais, o apartamento transita entre os estilos clássico e moderno.

Jantar e estar integradas O mobiliário confortável foi a melhor opção para tornar os ambientes da maneira que os clientes desejavam. Sofás, cadeiras de apoio e cadeiras da sala de jantar unem beleza e conforto. Além disso, seguem um estilo clássico. Suede liso, algodão e linho foram usados. As salas são integradas, mas também demonstram ser espaços bem distintos. Por isso, foram trabalhadas as superfícies com texturas diferentes, como o revestimento, as cores, os tapetes e o gesso. O piso, no entanto, segue contínuo, em um porcelanato com aparência marmorizada. A parede de pedras é uma parte da modernidade das salas, assim como o painel em madeira de demolição para a sala de estar, que abriga uma TV. A madeira está ainda no teto da sala de jantar, formando uma espécie de pergolado, norteando a iluminação, que é arrematada com um lustre no estilo clássico. Os tons claros das duas salas compõem um contraste um pouco mais sutil junto aos diferentes tons de madeira dispostos pelo ambiente. Além disso, proporcionam ao usuário do espaço uma sensação de aconchego e sofisticação.

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O escritório O escritório também foi projetado com móveis de madeira. A mesa do escritório, de madeira escura, tem um vidro no tampo, dando modernidade ao móvel. A estante, em estilo clássico, foi decorada com objetos especiais para os donos do apartamento. Um sofá com traços modernos está no escritório. Nele, o casal pode descansar ou receber pessoas para uma reunião.

Cozinha A cozinha clássica era um desejo do cliente. Ela, com o uso de alguns detalhes de madeira, manteve a mesma linha do resto do apartamento. São móveis brancos com detalhes em madeira na cor natural. A bancada alta abriga quatro lugares, com cadeiras modernas e confortáveis: serve como mesa para refeições mais rápidas. Para unir a cozinha à sala de jantar, existe uma porta corrediça de vidro, emoldurada por madeira nos mesmos tons do teto da sala e do painel da sala de estar. Para separar a cozinha da área de serviço, uma estante vazada faz as vezes de divisória, mas também decora o ambiente, dando um charme aos dois lugares.

Quartos Os quartos seguem a mesma linha do restante do apartamento. A suíte master segue tons claros

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e mobiliários com traços um pouco mais clássicos. No entanto, com todos os detalhes pensados para o conforto de todos. As suítes dos filhos possuem cores neutras no mobiliário e o colorido aparece pontualmente na decoração e no tecido. A grande maioria em tons de azul.


Varanda Gourmet A varanda gourmet tem uma bela vista da cidade. No entanto, não é só a vista que encanta o ambiente. Ela é ampla e os móveis seguem cores e estilo da cozinha, com uma mesa de madeira rústica. Fazer a varanda ampla e aconchegante garante mais um dos desejos dos moradores: receber bem os amigos.

As lâmpadas de LED e o uso de ar-condicionado multi split, que geram uma economia de energia bastante considerável, também contribuem para a sustentabilidade e para que a família passe a viver com o melhor do clássico, mas também com as vantagens do que há de moderno.

Iluminação e Sustentabilidade A iluminação é indireta com cores quentes – em sua maioria – através de microfocos. Além disso, foram usadas luminárias de embutir e sobrepor. Foram usados ainda pendentes (como na cozinha, em cima da mesa) e abajures. Mesclando, mais uma vez, o estilo moderno e o estilo clássico. No quesito sustentabilidade, o projeto do apartamento também não deixa a desejar. O uso da madeira de demolição é uma forma sustentável de usar uma madeira que seria descartada.

Projeto:

Interiores

Arquiteta:

Suellen Montenegro

Revestimento de piso e parede: Oca Revestimentos • Gesso: Roberto • Tinta: Coral• Mobiliário: Deo (Marcenaria) / SCA Climatização: Daikin • Vidros e espelhos: Brasglass • Elétrica: Carlos • Iluminação: B&M

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INTERIORES

CRIATIVIDADE EM PEQUENAS METRAGENS Texto: Lidiane Gonรงalves | Fotos: Alain Brugier

Apartamento de 70m2 ganhou projeto que aproveita bem os espaรงos e aposta na praticidade

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m apartamento de 70m², na Vila Beatriz, em São Paulo tem ambientes com decoração aconchegante, personalidade e, de quebra, serve de inspiração para os amantes da arquitetura e design. A arquiteta Cinthia Liberatori imprimiu conforto e criatividade para este projeto. O foco do projeto foi o bem estar dos moradores, valorizando elementos naturais numa estética contemporânea. A mistura de beleza e funcionalidade resultam em muita praticidade e bem estar. Tudo foi projetado pensando no melhor aproveitamento dos espaços. Para Cinthia, fazer o projeto de um apartamento de 70m² não chega a ser um desafio. Com criatividade e irreverência, ela apresenta soluções práticas, personalizadas e decorativas para apartamentos com pequenas metragens. “É necessário pensar nas necessidades de quem vai morar, e resolver bem o projeto, para ter o melhor aproveitamento possível do espaço, e manter o mais amplo possível”, disse. Como marca de seus projetos, ela diz que procura fazer ambientes bonitos, elegantes mas não ostensivos, exagerados, e sempre espelhando a personalidade dos moradores.

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Madeira: parte fundamental O uso de materiais sustentáveis, como a madeira de reflorestamento pinus autoclavado no tom natural (sem acabamento) é um dos destaques do projeto. Inclusive, este é o destaque que a arquiteta dá ao projeto. “Destacaria o uso da madeira pinus autoclavado e in natura, sem acabamento. Adoro pela simplicidade que representa, pela beleza da cor da madeira meio ‘apagada’. Então o resultado não é pesado, como o de outras”, ponderou. Esse material funciona como divisória entre o quarto e a sala, sendo que o sentido horizontal das réguas oferece a sensação de amplitude e compõem a porta de correr do quarto e a parede do corredor, proporcionando profundidade para a sala.

Suíte Para aproveitar cada centímetro do imóvel, a arquiteta desenhou todo mobiliário sob medida. Um exemplo é o quarto do casal. Ao lado da janela, ela criou nichos usados como prateleira para livros. Para

Além disso, o uso de espelho na parede oposta também contribui para esta percepção. O espelho na sala tem a função de ampliar o espaço. “Quando o espelho reveste toda a parede, não tem uma função decorativa como um espelho emoldurado, e sim, de duplicidade visual do ambiente”, explicou.

Cozinha A cozinha, que no projeto original era do tipo americana (com uma janela), foi aberta e integrada à sala, proporcionando comodidade e uma calorosa recepção aos visitantes. Os armários embutidos ou fora do ângulo de visão permitem um espaço harmônico.

a parede em frente à cama, ela projetou um móvel suspenso, com dimensões mais estreitas. Outros destaques: a composição de quadros emoldurados com cores quentes e a cortina na cor laranja, que realçam a beleza do ambiente e criam um clima zen ao quarto.

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A suíte está integrada ao banheiro, que conta com uma banheira e bancada de madeira com cuba de sobrepor. Assim, tudo tem sua função, sem abrir mão da beleza e do conforto.

Projeto:

Interiores

Arquiteta:

Cinthia Liberatori

Tinta: Coral / Mc Tintas • Poltrona da sala: Vermeil • Móveis de madeira: Cinthia Liberatori (desenho) / JR marcenaria Abajur e couro: Empório Beraldim • Tecidos Cortina da sala e do sofá: Regata Tecidos • Almofadas: Celina Dias Tecido: Ralph Lauren • Cortina do quarto: Emporio Beraldim • Abajur da cabeceira: Cindy da Kartell Cadeira de acrílico: PhillipeStark para Kartell • Mesa e banquetas da cozinha: TokStok • Luminárias: Puntoluce Lustre: Simone Fiqueiredo Luz / Cinthia Liberatori (desenho) • Sofá: Manuarte Tapeçaria / Cinthia LIberatori (desenho) Climatização: Daikin • Persianas: Luri persianas • Cortina: Fernanda Falavigna • Vidros e espelhos: Moldulac

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+ imagens no site: www.artestudiorevista.com.br


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CAPA

ARTE E ESTILO As peças que os proprietários já possuíam foram o ponto de partida para a ambientação deste apartamento

Texto: Débora Cristina | Fotos: Divulgação

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E

ste apartamento no bairro de Manaíra, na cidade de João Pessoa, possui 240m2 e foi projetado com muito esmero pelas arquitetas Teresa e Rafaella Queiroga, para atender cada desejo dos clientes e concretizar a realização de um sonho. O projeto foi elaborado para atender a um casal cuja prioridade era o conforto e a funcionalidade dos ambientes. Admiradores de arte e possuidores de um bom conjunto de peças, esse foi o ponto de partida que direcionou o trabalho das arquitetas.

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cujo acesso se dá por uma fenda vertical iluminada. E este espaço tem uma curiosidade que a arquiteta Rafaella Queiroga nos explicou: “O lavabo no projeto original tem a porta bem visível no primeiro plano da entrada principal do apartamento, mas isso causava

um tremendo desconforto visual. Por conta de um elemento estrutural (pilar) não foi possível relocar a porta, então idealizamos uma porta painel com duas fendas verticais iluminadas, indicando que ali existe uma abertura. Ficou muito melhor assim”.

A sala ampla abriga vários ambientes: estar, jantar, home theater e mesa de apoio. Cada um com sua identidade, interagindo entre si de maneira harmônica, de forma que o resultado foi um espaço elegante e glamouroso. “A sala ampla foi projetada de forma que o layout permitisse espaços distintos e setorizados, todos interagindo entre si, como é caso do ambiente da TV, das poltronas com mesinhas auxiliares, a mesa

com quatro cadeiras marcando o canto da sala, local de bate-papo e cafezinhos. O espaço maior é onde fica o sofá com uma composição de poltronas, além do jantar com mesa para dez cadeiras. Para se obter essa harmonia visual e acolhedora foram escolhidos mobiliários com a mesma referência de tons e materiais. Temos como referência a madeira como elemento nobre sempre presente”, explicou Teresa.


Nestes locais que interagem, outro ponto alto é o requinte das obras de arte que estão dispostas pelo ambiente e presentes nas telas a óleo, nos tapetes persas, nas esculturas de ferro fundido, além de peças de prata, cristais e muranos, entre outros objetos importantes que são herança de família e têm um valor sentimental inestimável.

A estante foi projetada para ter várias funções, além de aparador existem gavetões para guardar os faqueiros de festa e armário com portas basculantes para guardar taças e copos de cristal, um artifício das arquitetas para substituir a tradicional cristaleira. Em um dos cantos da sala o lavabo encontrase disfarçado de forma sutil por um painel de madeira

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Conforto acima de tudo Uma das exigências dos clientes durante todo o processo de aquisição do mobiliário foi a preocupação constante com a ergonomia. Os sofás, cadeiras e poltronas não foram escolhidas por acaso e sim pela leveza e nobreza dos materiais. “Foi para nós um desafio a escolha dos sofás e cadeiras. Por exigência da cliente tivemos que levar em consideração desde a altura confortável ate o peso da cadeira para manusear. Aliar todos esses itens a qualidade e beleza foi a questão. Por exemplo, as cadeiras da mesa são de madeira maciça vergada com palhinha natural extremamente leve e confortável. Também as poltronas passaram por critérios de avaliação”, revelou Teresa Queiroga.

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Na suíte do casal foi utilizado papel de parede para dar aconchego. Na extremidade do quarto encontra-se o guarda-roupa com portas espelhadas e banqueta de apoio. A luminária de chão ao lado da cadeira de leitura e a colcha e almofadas de renda da cama dão um toque romântico e acolhedor. Um dos elementos marcantes desse ambiente são as molduras robustas dos quadros. A iluminação apresenta-se discreta, embutida, com focos realçando os detalhes. A cena principal fica por conta do lustre de cristal que marca a junção das duas mesas. “Essa iluminação foi projetada de forma discreta com peças embutidas de alumínio com lâmpadas de LED e estão distribuídas estrategicamente no ambiente. E o lustre de cristal, que é uma peça de estimação da cliente, impõe sua presença na sala sobre a mesa fazendo realmente o diferencial em todo o ambiente”, disse Rafaella.

Projeto: Interiores Arquitetas:

Teresa Queiroga e Rafaella Queiroga

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Transformar espaços em ambientes cheios de luz, cor e emoção é para as arquitetas Teresa e Rafaella Queiroga um desafio na busca da satisfação do cliente. Através do mobiliário, peças e obras de arte foi possível criar uma identidade visual que retrata o perfil e o estilo de vida do cliente, permitindo assim contar a história deles. “A arte, por si só, fala, se comunica, marca presença e se impõe de forma majestosa e única”, finalizou Teresa.


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ESPECIAL

CONCENTRAÇÃO DE

IDEIAS Primeira edição da Casa Cor na Paraíba teve integração de ambientes e ocupou uma casa modernista na principal avenida de João Pessoa

Texto: Débora Cristina | Fotos: Divulgação, Vilmar Costa, Dayse Rathge e MB

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a primeira vez que a Casa Cor chegou à Paraíba, foi possível perceber que o nível dos arquitetos do estado está parelho ao de qualquer outro, qualquer país. Em 39 ambientes, os visitantes puderam perceber em cada detalhe o quanto a decoração e a arquitetura podem fazer a diferença em qualquer lugar. Mais de 90 profissionais participaram dessa primeira edição do evento na Paraíba. Eles se envolveram em todo o processo de transformação e preservação de uma importante construção modernista: a residência Cassiano Ribeiro Coutinho, na avenida Epitácio Pessoa, na capital paraibana. A casa, da década de 1950, é uma criação do arquiteto Acácio Gil Borsoi, com paisagismo de Burle Marx. A obra apresenta uma volumetria leve, usando elementos típicos da época, como cobogós, brises e azulejos. E tudo isso foi o ponto de partida pra que os arquitetos paraibanos pudessem desenvolver os projetos que encantaram os visitantes, sempre preservando a essência do ambiente: a arquitetura vernacular, os tijolos feitos à mão, a vegetação, entre outros elementos locais. A AE visitou a Casa Cor e traz alguns destaques pra os leitores. Acompanhe.

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LOUNGE DE ENTRADA: ESPAÇO PRA AGUÇAR OS SENTIDOS Provocar os cinco sentidos dos visitantes. Esse foi o objetivo das arquitetas Ana Flávia Menezes, Amanda Holanda e Mariana Lucena (light designer). “Concebemos o ambiente com um revestimento diferente, que é um porcelanato, tipo pátina, que o visitante tem a vontade de tocar. Cada elemento foi escolhido de forma bem especial, pra aguçar os sentidos, e botamos até um cheirinho especial, um som tipo ‘lounge’, e até um pé de jabuticaba. Algo que não agradasse apenas aos olhos, mas ao corpo inteiro de cada visitante. As arquitetas usaram a marquise do projeto original da casa como ponto de partida para o projeto.

GARAGEM COM CARA DE SALA DE ESTAR A arquiteta Dorita Santiago criou um espaço moderno, com a cara de um jovem empresário, que além de ser garagem, é também uma sala de estar, onde ele pode receber amigos. Pra isso, juntaram garagem, lazer, jardim, estar. “Minha inspiração foi meu sobrinho, Mateus Carneiro, que é engenheiro e também participou diretamente do projeto”, falou a arquiteta. Foi usada cerâmica vermelha, com bloco de vedação, ecologicamente correto, por ser reciclado e poder ser transportado em caso de mudança. Do espaço, foi mantido o piso, de pedra portuguesa, e o elemento vazado azul. “Trabalhamos um espaço alegre, despojado e multifuncional, tudo com mobiliário Tidelli, que pode ser usado sem medo na área externa. Isso tudo foi a realização de um sonho”, disse ela.

ESPAÇO HOMEM E MULTIUSO Uma mistura de escritório com leaving, que tanto pode funcionar para reuniões de negócios, quanto para receber amigos no final da tarde com drink. Esse espaço flexível foi criado pelo arquiteto Márcio Catão, que recebeu a missão de criar esse espaço masculino e moderno, com obras de arte de José Rufino, lidando com um pé direito baixo, onde foi preciso se adequar, fazendo alterações, iluminação embutida, mas que ficou perfeito. “É um espaço flexível, que tanto pode estar inserido no apartamento dele, como um espaço exclusivo, quanto num edifício comercial de escritórios”, contou ele.

COZINHA DA CHEF COM INSPIRAÇÃO REGIONAL O conceito dessa cozinha, criada por Geórgia Suassuna e Raquel Claudino, é aquele que tem como proposta principal ter um forma mais fluída, onde quem está preparando e quem está degustando interage facilmente, por estarem num mesmo espaço, uma verdadeira tendência no Brasil e também no exterior, essa mistura da cozinha com espaço gourmet. Com base neutra, ela mantém o aconchego, mas também faz um mix de estilos, usando alguns elementos mais clássicos, como os armários, misturando com móveis mais contemporâneos, e interagindo com o estilo natural da casa. A cozinha é inspirada na chef Luciana Maia, do Mangai, e tem trabalhos de arte de José Rufino. “Nosso desafio foi montar o espaço com peças de showroom, por causa do curto espaço de tempo, mas deu super certo”, disseram as arquitetas.

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LAVABO PÚBLICO, MAS COM MUITA CLASSE Um banheiro social que recebeu uma iluminação especial, em tom azul, usando uma mandeira de LED que deu todo o destaque ao ambiente. Usando linhas geométricas puras, sem muito ornamento, as arquitetas criaram um casamento perfeito com combogós originais da casa. Além disso, as arquitetas Lívia Rocha e Nádia Pedrosa optaram por usar a obra de Miguel dos Santos “Susana no banho”, que tem tudo a ver com o projeto, que tem um jardim especial na entrada. Três cubas foram colocadas na parte externa, mas o espelho dá uma amplitude perfeita. “Trabalhamos toda a estrutura para valorizar o espaço, que também tem um pé direito baixo, mas que deu super certo, depois que colocamos uma cor um pouco mais escura na teto”.

SALA DE JANTAR DA MANSÃO: LUXO E GLAMOUR Em 42 m2, a ideia aqui foi criar um ambiente clássico, seguindo a tendência da casa, mas também acrescentar um toque glamouroso, sofisticado, porque a sala de jantar pede, já que é um local de receber visitas. Pra isso, as irmãs Annelise, Julianne e Zizi Lacerda misturaram o branco com o dourado fosco, que vem sendo bastante usado atualmente. Elas trouxeram uma tendência de Milão, que é a cristaleira aberta. O grande destaque é o lustre, que tem doze peças unidas, que formam um só, é dimerizado, chegando a 5% de luz (que é o nível de velas) e cobre totalmente a mesa de 12 lugares. Nessa mesa, também é possível fazer um jantar mais intimista, pra um casal, no local chamado de “namoradeira”. Outro destaque, num espelho bronze. “Ela já existe num espelho cristal, mas essa é a primeira em espelho bronze, dando um charme todo especial ao local”, disse Annelise. “Ficamos muito felizes com o resultado, principalmente com a reação das pessoas que tem nos visitado”, comentou Julianne.

FIN KITCHEN: COZINHA VOLTADA A UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Inspirada na cozinha do campo, da fazenda, num casamento perfeito com a cozinha contemporânea. Esse sonho de consumo de muitas donas de casa foi a proposta das arquitetas Dauanne Arruda e Sarah Cavalcanti. Elas usaram materiais rústicos, contrapondo com elementos mais tecnológicos. Também foi usado artesanato, na escada, portão de ferro e colheres de pau. Porta-mantimentos feitos com materiais reciclados também se destacam no projeto. A grande mesa é feita de madeira de lei. “Ao mesmo tempo que usamos alguns elementos bem simples, também mesclamos com outros destaques, como essa torneira da Deca, que ainda não está sendo vendida, só sendo expostas nas mostras pelo país”, destacou. Mas que deu super certo, depois que colocamos uma cor mais escura na teto”.

ADEGA INTIMISTA QUE REMETE A EMOÇÕES Uma adega mais intimista, no estilo cave, que possibilita um ar mais intimista pra melhor apreciação e degustação dos vinhos. Essa foi a ideia da arquiteta Katiana Guimarães, que usou uma iluminação bem especial pra fazer isso. “A concepção principal dele foi feita a partir do teto. Ele é uma escultura em madeira natural e todo o trabalho dele em leque remete aos parreirais”, explicou. A mobília solta também segue esse estilo italiano. Toda a decoração é feita com as próprias garrafas de vinhos, como também as taças e rolhas. Além disso, há uma TV, onde é possível apreciar um bom filme ou clipe, enquanto degusta o vinho. “Cada vinho remete a um momento, a uma emoção, e isso precisa ser guardado, por isso criamos esse espaço”.

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LIVING DO COLECIONADOR Um espaço para os homens que gostam de colecionar peças de arte, mas também apreciam haras, cavalos e tudo que envolve este assunto. Alain Moszkowicsz e Bruna Sá usaram trabalhos de Miguel dos Santos na rampa que dá acesso ao ambiente, unindo também desenhos de brasileiros (de Sérgio Rodrigues e Jáder Almeida, por exemplo) já na sala propriamente dita. Uma obra de arte do artista plástico Márcio Pontes chama a atenção: é uma cabeça de cavalo feita com material de sucata. “Foi um desafio fácil, porque é um assunto que me agrada muito. Tracei um perfil de alguns amigos que gostam desse mundo e montamos o espaço, inspirado em pessoas que gostam do pouco, mas do bom! Essa foi a nossa premissa”, explicou Alan.

MOVIE LIVING Um espaço grandioso, que integra vários ambientes num só. Essa foi a ideia da arquiteta Lana Débora, que pensou em cada detalhe pra esse ambiente que pretende unir várias gerações de uma mesma família. Por isso, diferente de outros lugares, ele tem duas TVs. Assim se um adolescente quiser jogar vídeo game ele faz isso perto dos pais, que estão na TV ao lado, vendo um filme ou algo assim, mas garantindo uma interação entre a família. O painel remete ao mar à noite. “Aceitei o desafio de fazer o ambiente sozinha e gostei muito do resultado. Assim pude exercitar essa experiência de forma plena. Acho que consegui: as pessoas chegam aqui e ficam, diante de tanto aconchego”, revelou Débora, que já participou de outras oito edições da Casa Cor em estados diferentes.

BOUDOIR E BANHEIRO DA FILHA: TRADIÇÃO EM TOQUE MODERNO As arquitetas Adriana Leal, Juli Morais, Katharina Ayres, Gilvane Bittencourt e Jéssica Bittencourt fizeram uma homenagem ao artesanato da Paraíba, principalmente às rendeiras. Isso pode ser percebido em cada detalhe desse ambiente feminino, mas com tons pastéis e dourados na dose certa. As curvas femininas também são percebidas em várias partes do local, como num manequim aramado daqueles antigos. A banheira em acrílico, no estilo vitoriano, remete ao luxo e ao glamour. “Fizemos uma viagem no tempo, mas mantendo a modernidade que é necessária pra um ambiente como esse e o resultado tem agradado bastante”, garantiram as arquitetas.

JARDIM BURLE MARX O projeto das arquitetas Patrícia Lago e Heignne Jardim busca preservar e valorizar o traço do maior paisagista do século XX, Roberto Burle Marx, unindose a novos elementos na arquitetura de paisagem, como áreas de relaxamento. A vegetação tropical adequada à região foi aliada a traços arquitetônicos contemporâneos. Um espaço aconchegante, intimista, com uma iluminação cênica e jardins verticais que favorecem a apreciam. Destaque para o grande espelho d’água, onde foram colocadas obras de arte de Demétrius Coelho, cascata e empuxos sequenciados.


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ACERVO

PORTA PARA A MEMÓRIA Pertencente à Academia Paraibana de Letras, o Memorial Augusto dos Anjos está em uma das primeiras ruas de João Pessoa

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última porta do lado direito da Rua Duque de Caxias, numa calçada estreita, abriga o número 37. Em meio a tantas edificações cheias de história, o Memorial Augusto dos Anjos passa quase despercebido, mas abriga também muita história, tanto da arquitetura, quanto das letras. Um dos últimos exemplares da arquitetura colonial em João Pessoa, sua fachada com janelas azuis em guilhotina tem ainda o telhado com beira seveira. A fachada, no entanto, tem o registro de uma importante parte da história da cidade. A porta principal foi rebaixada e uma escada criada para levar às pessoas até a altura do piso. É que a Rua Direita (hoje Rua Duque de Caxias) tinha uma elevação em frente ao prédio e essa diferença de nível para a outra ponta da rua foi retirada para que ela ficasse nivelada, permitindo o tráfego dos bondes, que naquela época ainda eram movidos por tração animal. Por isso, a grande diferença do nível da rua para o interior dos imóveis.

GRANDE MODIFICAÇÃO No entanto, as modificações não acabam com estas mudanças. Em 1947, a Academia Paraibana de Letras (fundada seis anos antes) comprou o prédio de nº 25 – pertencente ao patrimônio da Ordem Terceira de São Francisco – , vizinho ao número 37. A APL, que

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tem como patrono da cadeira número 1 o poeta e escritor Augusto dos Anjos, nascido em Sapé, interior da Paraíba. No final de 1981 a edificação de nº 37 foi doada – pelo governo do Estado – à APL. Foi então que as duas edificações passaram a formar uma só unidade imobiliária. Uma curiosidade é que, ainda na década de 1940, a porta principal do número 25 havia sido fechada e a entrada para a Academia passou a ser pela lateral, em frente à igreja que hoje é o Centro Cultural São Francisco. Ao longo dos anos, as edificações, já como uma só, sofreram diversas reformas. Na gestão do acadêmico Luiz Augusto Crispim na APL, em 1984, foi criado no nº 37 o Memorial Augusto dos Anjos. Uma obra que durou 30 dias e teve o trabalho da arquiteta Jussara Silveira Dantas, da professora Helena Cruz e do poeta Otávio Sintônio Pinto. A equipe fez o levantamento da vida e da obra do autor do livro Eu. Hoje o local tem 14 painéis – um fotografo, identificado pela APL apenas como Bezerra, fez registros no Engenho Pau d’Arco (em Sapé), onde ele nasceu, e na cidade de Leopoldina (Minas Gerais), onde o poeta viveu seus últimos dias. A idéia era demonstrar um pouco da história da vida e da obra de Augusto, através de imagens impressas no próprio acrílico dos painéis. No local há ainda documentos importantes da vida do escritor, que proporcionam uma viagem no tempo quase escondida discretamente na Rua Duque de Caxias.


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INTERIORES E MODA

XÔ MONOTONIA!

VIVA A ASSIMETRIA! Texto: Germana Gonçalves | Fotos: Divulgação

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ão é de hoje que o conceito de simetria é relevante no cenário da moda e da decoração, onde o uso desta e do seu oposto, a assimetria, são discutidos e levados em consideração por profissionais antenados às tendências mundiais. Simetria nada mais é que a conformidade de tamanho, forma e posição entre as partes de um todo, harmonia resultante de certas combinações e proporções regulares. Uma qualidade que se refere à correspondência no que toca as dimensões. Já a assimetria refere-se ao inverso, algo não divisível em metade por um eixo longitudinal. Corresponde à diferença, disparidade, discrepância. “Poucas vezes o assimétrico tem chance na imaginação humana. Nos produtos mais fantasiosos continua a predominância dos seres e objetos simétricos”, diz o livro Simetria: Rigor e imaginação. Como a tendência mundial é a inovação, a busca pela originalidade e personalidade, que quebra paradigmas, a assimetria ganha espaço e vira tendência fortíssima na moda e no design de Interiores. As linhas assimétricas não tem planos de deixar as passarelas mundiais, chegaram definitivamente para ficar,

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mostrando-se ponto forte de designers e fashionistas, que adoram o potencial inimaginável de criar que o conceito oferece. Os cortes assimétricos e a brincadeira com diferentes cores e estampas proporcionam diferentes experiências para o olhar, onde visões particulares e interpretativas vem a tona. Nomes como Mugler, Saint Lourent, Monse entre outros, abusam da tendência em suas coleções. Na semana da moda em Paris, a assimetria foi uma regra para John Galliano na Margiela desfilando de forma radical. Já na Dior aparece bela, de forma mais discreta. Acessórios com forma assimétrica também aparecem fortes nas coleções. Para a arquitetura e design, a assimetria vem com o objetivo de romper com a monotonia simétrica, e criar ambientes mais personalizados onde não exista o comprometimento com lados e proporções iguais, mostrando a beleza da irregularidade, do que é diferente e fora do padrão. Ousar nas combinações, variar o número de objetos, criar novos pontos de cores, posicionar móveis de maneira não corriqueira... Tudo isso faz parte do estilo contemporâneo que explora a assimetria como ponto chave nas ambientações. A escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda alemã Bauhaus, uma das maiores e mais importantes expressões do que é chamado modernismo do design e arquitetura, deixa de lado a simetria, ensinando o uso do equilíbrio dinâmico.

É certo que a proporção e a ordem que a assimetria causa, facilita o entendimento do ambiente e sempre estará presente nas decorações, até mesmo em conjunto com o conceito assimétrico, porém é necessário olhar com outros olhos a ideia de formar ambientes com menos rigidez e monotonia e mais originalidade e leveza.

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CARTA DO LEITOR

ENDEREÇOS

Nós queremos ouvir você É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:

contato@artestudiorevista.com.br Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

Faz tempo que eu quero escrever para vocês e dizer o quanto eu sinto orgulho de termos uma revista paraibana no nível da Revista AE. Continuem assim! Lúcia Fonseca João Pessoa/PB A cada edição, sentimos o progresso e a melhora contínua de vocês, Revista AE. Parabéns a toda equipe. Excelentes matérias e material gráfico. Carlos Dantas João Pessoa/PB A AE é uma publicação trimestral, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

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revistaae revArtestudio Artestudio Marcia Barreiros

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PROFISSIONAIS DESSA EDIÇÃO: CINTHIA LIBERATORI Rua Cunha Gago, 755, Pinheiros, São Paulo, SP cinthia@cinthialiberatori.com.br www.cinthialiberatori.com.br ROSANE OLIVEIRA Rua Gov. Flávio Ribeiro Coutinho, 205/ 603 Ed. Business Center – Manaíra, João Pessoa/PB +55 (83) 3245.9119 | 99983.9119 rosaneoliveira.arq@gmail.com SUELLEN MONTENEGRO Avenida Cajazeiras, 105 A, Manaíra, João Pessoa/PB +55 (83) 3224.4657 | 99961.4250 suellen@suellenmontenegro.com TERESA QUEIROGA E RAFAELA QUEIROGA Av. Rui Carneiro, 300 / Sala 508. Ed Trade Office Center, Miramar, João Pessoa/PB +55 (83) 3244-5002 | 98831.6820 | 98772.7072 teresaqueiroga@gmail.com


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PONTO FINAL

O QUE FAZER? DESISTIR? Como fez o Zaratustra de Nietzsche?

Zaratustra passou 20 anos na montanha, longe da cidade, tendo como companhia a serpente e a águia, seus animais adorados. Refletiu anos e anos sobre o sofrimento humano e suas causas. Até que um dia deliberou descer da colina (ou caverna, como se diz), para enaltecer o conhecimento, que consiste em “aspirar tudo o que é profundo, até à minha própria altura”. Nietzsche é um dos pais do niilismo (negação). Hegel seria outro. Com a morte de Deus, decretada por Nietzsche, os valores, as crenças e as verdades perderam seu fundamento, seu sentido e sua utilidade, deixaram de guiar o humano, regido pela ausência de fé, de crença e de esperança. Negam-se os preceitos legais, a tradição moral, as instituições oficiais. Tudo, então, estaria permitido (Dostoiévski): a revolução, a anarquia, o terrorismo, o aniquilamento, a destruição, a não existência. Quando Zaratustra descia da montanha se encontrou com um velho e pensou: “Esse pobre velho deve rezar para Deus, mas Deus já morreu. O homem, que criou Deus, igualmente o matou. Essa é a história da Humanidade. Pobre velho”.

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O velho pensou: “Teria coisas para dizer a esse moço, mas o moço tem pressa. Então se calou.” No livro Assim falava Zaratustra, Nietzsche sonha com a criação de um super-homem, que seria semelhante a deus. Um homem supremo seria capaz de revolucionar todos os comuns dos mortais. O discurso superior é desafiante, além de super-crítico. Pretendia ensinar a emancipação, sonhando com um humano em liberdade, liberdade que todos podemos ter, mas não a temos por medo. O humano não é apenas aquilo que as instituições fabricaram, o humano aspira e pode ser livre (emancipado). Nietzsche grita por um novo mundo, na forma de Zaratustra (o profeta). Anda de cidade em cidade, pregando o super-homem. Que os humanos recuperem a inocência das crianças. O humano só pode se tornar grande quando ousar a travessia para fora da servidão. Se “ousar pensar”, pode se emancipar (Kant). Os humanos refutaram Zaratustra, que, apedrejado, foi expulso das cidades por onde passava.

Foi vaiado. Menosprezado. Refugado. Decepcionado, Zaratustra percebeu que o humano ainda não estava preparado para ser emancipado, para fugir da servidão. Retornou para a montanha e desistiu da Humanidade, que até hoje continua desencontrada com a liberdade. O que fazer, diante de tantas crises concomitantes no Brasil: Desistir? Não. A Humanidade continua necessitada do discurso de Zaratustra. Precisa saber que sem colocar em seus ombros o peso do conhecimento, e da ética, nunca emancipado será. O povo que não luta continuamente pela sua liberdade está fadado a viver eternamente na servidão. Zaratustra teve medo. Não soube ensinar que o “caminhante” não tem caminho pronto, que o caminho se faz ao andar (Antonio Machado). Sem a ingenuidade das crianças perdemos nossas forças para recomeçar.

LUIZ FLÁVIO GOMES

Jurista e presidente do Instituto Avante Brasil


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