Ano XV - nº 59
artestudiorevista.com.br
arquitetura & estilo de vida
EDUARDO SOUTO DE MOURA Português vencedor do Pritzker afirma estar cansado da arquitetura que se faz hoje
CHARME NA ESQUINA
Boteco no Rio buscou integração entre o interior e o exterior
VAI DAR PRAIA
No projeto de um apartamento em Santa Catarina
AMPLITUDE MÁXIMA
Espaço ajuda ao conforto em projeto de residência
ESCOLA PARA A VIDA Projeto dá grandiosidade a colégio em João Pessoa
+ Aldo Rossi , a história dos jardins e dicas para ambientação de casas de praia
SUMÁRIO
Ano XV Edição 59
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CONHEÇA 23 livro
As mais belas embalagens em vidro
30 GRANDES ARQUITETOS
As ideias e a arquitetura clássica de Aldo Rossi
34 A HISTÓRIA DE
Através do tempo, a beleza e o simbolismo dos jardins
38 ambientação
Dicas para a sua casa de praia
78 INTERIORES E MODA
O design de luz nos projetos da Mostra Fashion Artefacto João Pessoa
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ARTIGOS VISÃO PANORÂMICA 12
Lance Hosey analisa problemas de visão sobre a arquitetura contemporânea
Vida Profissional 14
Edison Pratini comenta a relação entre clientes e arquiteto
VÃO LIVRE 18
Carlos Eduardo Salamanca e o uso dos recursos ambientais na construção
VISÃO LATERAL 20
Hélio Costa Lima comenta sobre uma obra de Calatrava em Lisboa
ENTREVISTA ENTREVISTA 24
O arquiteto Eduardo Souto de Moura fala sobre a sua relação com a arquitetura e o futuro
42 PROJETOS ARQUITETURA E INTERIORES 42
Projeto de Rosane Oliveira, busca amplitude e equilibra cores
INTERIORES 48
Barzinho no Rio é projetado por dois escritórios. SuperLimão Studio + André Piva Arquitetura
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INTERIORES 52
Apartamento de praia valoriza a integração em projeto de do designer Diego Miranda e do arquiteto Zeh Pantarolli
ARQUITETURA 56
Os arquitetos Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes, em parceria com o arquiteto Juliano Monteiro, apresentam o projeto residencial chamado de Casas Cubo
NOSSA CAPA
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Criar uma edificação sustentável, com ambientes aconchegantes, e funcionais era o desafio das arquitetas Teresa Queiroga e Rafaella Queiroga
NOSSA CAPA Projeto: Teresa Queiroga e Rafaella Queiroga Foto: Diego Carneiro
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Projeto: Márcio Catão
arquitetura & estilo de vida ANO XV - Edição 59
EXPEDIENTE Diretora | Editora geral : Márcia Barreiros Editor responsável : Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores : Alex Lacerda,Débora Cristina, Lidiane Gonçalves e Renato Félix
Diretora comercial : Márcia Barreiros Projeto gráfico : George Diniz Prod. e diagramação : MB Fotógrafos desta edição : Diego Carneiro e indicados Impressão : Gráfica JB
QUEM SOMOS AE é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.
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EDITORIAL
Ebulição de ideias A arquitetura vive num equilíbrio difícil e constante: por um lado é expressão pessoal do arquiteto; por outro, é a concretização da vontade do cliente. Nem sempre esses dois lados estão em consonância e negociações (para que um ou outro ceda um pouquinho mais) são sempre necessárias. Quando o arquiteto adquire um certo patamar de notoriedade, ele pode se dar o luxo de recusar alguns projetos em que pessoalmente não acredita. É isto, por exemplo, o que diz o arquiteto português Eduardo Souto de Moura, na entrevista que publicamos nesta edição da AE. Vencedor do Pritzker, em 2011, e do Piranesi Prix de Rome, em 2017, ele comenta um certo cansaço de projetos que são oferecidos a ele - após o Pritzker, a procura por seu escritório evidentemente cresceu. É uma reflexão que, mesmo sem um prêmio desses na estante, todo arquiteto tem que fazer. É preciso pagar as contas e é preciso trabalhar no que se acredita. O italiano Aldo Rossi, perfil da nossa seção Grandes Arquitetos, certamente é um profissional que buscou deixar sua marca, mesmo que inspirado em quem veio antes. Não apenas em seus projetos, como também em livros hoje considerados clássicos: A Arquitetura da Cidade e Autobiografia Científica. Com os pensamentos desses dois grandes nomes da profissão de arquiteto, a AE deseja que a reflexão sobre a profissão esteja sempre na mente dos profissionais. São muitas as questões, e elas nunca cessam. E vamos procurar sempre ajudar nessa ebulição de ideias. Boa leitura!
Márcia Barreiros editora geral e diretora executiva
Colaboradores desta edição:
ARTESTUDIO Renato Félix editor de jornalismo
George Diniz projeto gráfico e diagramação
AMÉLIA PANET arquiteta e urbanista
HÉLIO COSTA LIMA arquiteto e urbanista
ALEX LACERDA jornalista
Débora Cristina jornalista
Lidiane Gonçalves jornalista
Disney Concert Hall- projeto Frank Ghery
VISÃO PANORÂMICA
O problema econômico da
arquitetura contemporânea
“A
razão pela qual a arquitetura contemporânea de qualidade se manifesta quase que exclusivamente através de estruturas icônicas, é que somente assim é possível transformar o investimento em lucro”. Essa é a afirmação central da matéria “The politics of architecture are not a matter of taste”, publicada no Common Edge há algumas semanas (e republicada pelo ArchDaily como “Odeia a arquitetura contemporânea? Culpe a economia, não os arquitetos”). Em outubro, outro ensaio de Marianela D’Aprile para a Current Affairs entitulado “Why you hate contemporary architecture”, também bate na mesma tecla, quando os autores da equipe de redação, Brianna Rennix e Nathan J. Robinson, mostram sua indignação com o atual estado da prática da arquitetura contemporânea. Ambos os artigos me confundem. “Os bons edifícios integram-se perfeitamente em seus entornos”, afirmam Rennix e Robinson, mas os exemplos que elogiam - arquiteturas figurativas como a St. Paul’s Cathedral em Londres e a Alhambra em Granada - destacam-se proeminentemente na paisagem local. D’Aprile critica os autores pelo seu uso impreciso das terminologias, mas, como pode ser visto na passagem anteriormente citada, sua própria linguagem também pode ser vaga, apoiando-se em palavras como icônico, onipresente no vocabulário dos arquitetos. (Se a ideia é descrever algo como ”singular”, ironicamente a maioria dos edifícios citados como icônicos possuem um caráter escultural semelhante, então, em nosso senso comum, todos eles se parecem de alguma maneira - o oposto da singularidade). Ela define arquitetura como “edifícios projetados para serem construídos fisicamente”. E por acaso todos os edifícios existentes são construídos fisicamente? E todos aqueles projetos que não foram construídos, por acaso seriam relegados a algo que não é, de fato, arquitetura? Ainda assim, me preocupa especificamente o argumento básico em que D’Aprile se apoia: se há um problema com a arquitetura contemporânea, “o problema na verdade não
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é estético. É, fundamentalmente, um problema econômico”. O capitalismo não colabora com a arquitetura, ela explica, porque a sociedade não valoriza bons projetos, exceto quando arquitetos famosos desenvolvem edifícios suntuosos que proporcionam lucro aos seus empreendedores. No entanto, devido ao fato de que a construção civil representa cerca de 40% do PIB mundial todos os anos, é absurdo que D’Aprile continue a afirmar que “a arquitetura (...) não representa uma mercadoria dentro da estrutura econômica capitalista”. Mais especificamente, enquanto alguns promotores públicos e construtores contratam arquitetos famosos para obter projetos mais lucrativos, muitas universidades e outras instituições contratam os mesmos arquitetos, em grande parte porque seus nomes podem facilitar a angariação de fundos para um novo museu ou instituição que, de outra forma, não poderiam ser construídos. Mal intencionados ou não, a motivação desses “clientes” não é completamente gananciosa. Ainda que a produção da arquitetura esteja subordinada à economia, D’Aprile se equivoca quando afirma que um bom projeto de arquitetura não é capaz de produzir mais-valia através da estética, fora aqueles raros casos onde a fama dos arquitetos é responsável por transformar simples projetos em edifícios lucrativos. A qualidade de um edifício não possui nenhum valor inerente, porque, ela insiste, “não há ‘sensação’ capaz de gerar maisvalia ao construtor”. Não devemos ignorar os evidentes benefícios econômicos que os bons projetos de arquitetura proporcionam. Ainda que a construção em si seja consideravelmente cara, os custos de uma obra representam apenas 5-10% do custo total ao longo da vida útil de um edifício. Projetos de alto desempenho, na verdade, resultam mais baratos devido a um retorno significativamente maior alcançado através da redução dos custos
operacionais pela metade e aumentando os valores finais de venda, de aluguel, de ocupação e consequentemente, o valor da propriedade. Pesquisas mostram que a redução de 10% no consumo de energia de um edifício pode significar um aumento de até 1% no valor de mercado. De acordo com o World Green Building Council, se pudéssemos aplica-los em larga escala, projetos de alta eficiência energética poderiam resultar em uma economia de quase US$ 500 bilhões todos os anos. Grande parte desta economia não resultaria apenas da escolha dos materiais, métodos e sistemas construtivos, mas principalmente de um projeto inteligente e a forma do edifício. As primeiras escolhas, ainda durante a fase de projeto, podem significar até 90% do eventual impacto de um edifício. De modo que o projeto é um elemento chave na viabilidade econômica de um edifício. Além disso, as instalações físicas representam menos de 10% dos custos operacionais anuais de um edifício, os outros 90% consistem em dispêndios com recursos humanos, de modo que o verdadeiro valor de um edifícios está em como seus espaços afetam os seus usuários. Extensas pesquisas provam que espaços de trabalho bem projetados, com boa iluminação e ventilação natural, além de espaços abertos ao ar livre podem qualificar significativamente o bemestar físico, mental e emocional dos trabalhadores, resultando em uma maior produtividade e menor abstenção do pessoal. Vários estudos e métodos de quantificação destes benefícios determinam uma plus valia de mais de US$ 3 por metro quadrado ou até US$ 3.000 por funcionário. Outra Pesquisa ainda revela que 93% das empresas com locais de trabalho que atendem os mais altos padrões de conforto possuem maior capacidade de atrair pessoas talentosas e 81% relatam menor evasão de funcionários. Para uma empresa de 1.000 funcionários, uma melhoria de 5% na permanência do pessoal, poderia facilmente render mais de US$ 5 milhões por ano.
Estas qualidades espaciais vão muito além das qualidades visuais, de iluminação e ventilação natural. Como pode ser visto em meu livro publicado em 2012, The Shape of Green: Estética, Ecologia e Design, nas últimas décadas, um número crescente de pesquisas em psicologia ambiental, sociobiologia e neurociência esclarecem os efeitos das formas, espaços, padrões, cores e texturas no comportamento humano - nosso conjunto básico de ferramentas de projeto. Por exemplo, certos padrões de superfície podem diminuir o estresse em até 60%, apenas por estarem em nosso campo de visão. Minimizar doenças relacionadas ao estresse, poderia resultar em uma economia de até US$ 200 bilhões por ano apenas nos EUA. Imagine se todo o ambiente construído fosse projetado não apenas para ser bonito, mas também para cuidar de nossa saúde. Todos esses benefícios econômicos dependem diretamente de estratégias projetuais que qualificam o espaço onde as pessoas vivem e trabalham - ou seja, espaços capazes de gerar “sensações”, que a própria D’Aprile diz não serem capazes de proporcionar mais-valias. Estas mesmas estratégias também são responsáveis por favorecer um impacto social e ambiental positivo através do melhor aproveitamento e conservação dos recursos. Ou seja, as experiências estéticas e sensoriais são indiscutivelmente os aspectos mais relevantes de um edifício. Em geral, arquitetos e designers não são suficientemente conscientes do impacto de suas ações. Se há uma “crise” na arquitetura contemporânea, como D’Aprile e Rennix e Robinson sugerem, não significa apenas que a maioria dos edifícios são “feios” ou que o capitalismo não colabora com a arquitetura - mas que os arquitetos não conseguem compreender as relações entre essas coisas. Consideramos um bom projeto como a cereja, não o bolo. Compreender o verdadeiro valor social, econômico e ambiental inerentes à estética poderia revolucionar nossa atividade profissional, somente quando estivermos preparados para repensar o propósito e a prática do projeto de arquitetura.
LANCE HOSEY
Chefe do Departamento de Design do escritório Harley Ellis Devereaux de San Diego e preside o programa de excelência em design da empresa. Seu último livro foi publicado em 2012 sob o título de The Shape of Green: Aesthetics, Ecology and Design. Este artigo foi originalmente publicado no Common Edge como “What critics of contemporary architecture are missing: The value of design..
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VIDA PROFISSIONAL
A delicada relação entre
cliente e arquiteto
F
inalmente você decidiu ou conseguiu recursos para realizar o sonho: a construção da sua casa, feita sob medida para as suas necessidades. Mas como ela será? Qual será a distribuição dos ambientes? E a fachada? Que estilo terá? As perguntas vão se acumulando até que você decide procurar um arquiteto. Aquele que será o “seu” arquiteto. O arquiteto, tal como o terapeuta, é um profissional que lida com os sonhos, os desejos e as emoções das pessoas. No caso do cliente do arquiteto, tudo pode ser fruto, por exemplo, de uma mistura de desejo ou do reflexo de um determinado estilo de vida, do sonho de um refúgio que proporcione aconchego, de lembranças de ambientes ou de fantasias de infância, da adolescência ou quaisquer outras que possam povoar nossa mente. Desse contato cliente/arquiteto nasce uma relação que pode se transformar numa grande amizade ou numa retumbante frustração. Depende muito da comunicação, da confiança e, principalmente, da empatia. O arquiteto é o intérprete dos desejos do cliente. É quem deverá, à sua maneira, responder aos sonhos e dar forma àquela imagem, às vezes nebulosa e confusa, do que será a obra final. Uma obra que deverá perdurar para além da sua vida. A construção da casa de uma família não é uma tarefa fácil para ambos, família e arquiteto. É um processo no qual vêm à tona muitos daqueles sonhos, desejos e fantasias que, muitas vezes, são conflitantes entre os próprios membros da família e que acabam criando discórdias sérias. É um processo às vezes sofrido e a relação, delicada, especialmente se for a primeira experiência do cliente com a construção e com um arquiteto e/ou vice-versa. O arquiteto tem que entender a relação e saber gerenciar esse processo sob pena de fracasso na empreitada. É necessário tomar cuidado com a
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Fotos: Divulgação
bagagem de desinformação e preconceito de alguns clientes, que têm uma visão deformada da atuação do arquiteto. É comum, por exemplo, a confusão entre a atuação do engenheiro e a do arquiteto. Ou a afirmativa errônea de que o arquiteto só projeta e o engenheiro calcula e constrói. A maior parte da população desconhece o trabalho do arquiteto, pensa que ele é um profissional caro. Quanto cobra um arquiteto? Não sei, mas é caro, é a afirmação. No entanto, os custos de um projeto residencial são, na maioria das vezes, menores do que a comissão de corretagem na venda de um imóvel equivalente já construído. Os preconceitos vão mais além, como o pensamento de que o arquiteto buscará impor o seu próprio gosto e que, se o cliente não se agradar da concepção, ficará ofendido e que o cliente terá uma despesa dobrada para a troca do profissional. Numa variante, há o pensamento de que o arquiteto fará um projeto maravilhoso, mas de construção cara. Ou, ainda pior, às vezes problemático, ou inexequível. A história da profissão tem muitos exemplos de relações mal sucedidas onde isso realmente acontece. São arquitetos que não foram sensíveis aos sonhos e necessidades dos clientes, ou que descuidaram dos detalhes técnicos de construção ou dos detalhes práticos do dia-a-dia. Um bom profissional cuidará de todos os detalhes, fará um projeto adequado, belo e econômico, será um defensor e um verdadeiro policial do dinheiro do cliente. Do outro lado do projeto frustrado, existem os clientes que não conseguiram transmitir um mínimo dos seus sonhos para ser interpretado. Nesses casos, muitas vezes existe a mistificação do profissional: o arquiteto é colocado num pedestal como um ser iluminado, dono da verdade sobre o belo e o esteticamente correto. O cliente treme diante da perspectiva de um juízo que, no seu entender, irá colocá-lo no rol dos mortais de mau-gosto. Pior quando o próprio
arquiteto ajuda a reforçar essa imagem de semideus. Existem ainda aqueles clientes que interferem e desfiguram um projeto na execução. Existem os que têm resultados caros e/ou desastrosos porque aceitam interferências incabíveis de um mestre de obras, desacreditando ou não consultando o arquiteto sobre questões de projeto no canteiro de obras. Existem os que querem impor idéias pré-concebidas e não deixam o arquiteto agir como um profissional de criação e aconselhamento que é. Normalmente, o arquiteto sabe identificar o cliente impertinente, por demais desconfiado, fechado ou preconceituoso, ou aquele que irá perturbar e interferir no trabalho de uma forma insuportável ou intolerável. Nesses casos, para seu próprio bem, deverá, polidamente, rejeitar o trabalho. No entanto quando existe acerto na escolha do arquiteto, e o cliente está aberto para essa nova experiência da concepção e construção, a recompensa é uma satisfação para o resto da vida. A descoberta da empatia e o estabelecimento dos laços de comunicação e confiança se dão já no primeiro contato, quando o arquiteto ouve um pouco dos desejos do cliente, descreve a sua forma de trabalho, dá uma idéia geral de custos, etc. Esse é o momento decisivo que dirá da validade de uma relação que pode durar muito mais do que os próximos poucos meses de trabalho no projeto e na construção da casa. Caso não haja empatia, a comunicação seja difícil ou não se estabeleça um laço de confiança nesse primeiro encontro, o cliente não deve hesitar em procurar outro profissional. Às vezes, ótimos profissionais simplesmente não respondem àquilo que um cliente espera ou deseja, embora o façam para outros clientes. Questão de empatia. Um arquiteto experiente, criterioso, atento, que inspire confiança, que saiba escutar e que pergunte mais do que afirme numa primeira entrevista é um bom candidato a estabelecer um
ótimo relacionamento com o cliente potencial. A não ser que o cliente tenha necessidades não usuais e deseje uma arquitetura menos convencional, a criatividade do arquiteto não deverá ser um item a ser considerado nesse momento. Arquitetos são treinados a responder criativamente aos problemas e um profissional experiente certamente terá uma solução criativa para mais este. Além da empatia, a escolha do profissional pode depender de outras considerações tais como status, estilo ou custo. Arquitetos, como estilistas, podem cultivar um nome que significa status para os seus clientes. Os projetos de tais arquitetos costumam refletir unicamente a sua própria visão estética e de como habitar. O cliente será consultado com respeito às suas necessidades básicas de ambientes e deverá adaptar-se à concepção do arquiteto. Essas obras costumam ter um estilo claramente identificável e conhecido, e os clientes costumam aceitar, a priori, as idéias e indicações. Essas indicações podem ir desde a escolha de um terreno ideal, até a determinação de um estilo de decoração e dos objetos que a complementarão. Do lado do cliente, existem aqueles que, mesmo sem um arquiteto de renome, preferem não se envolver minimamente com o projeto e a obra, deixando todas as decisões para o profissional contratado. Essas pessoas têm grandes chances de não verem satisfeitas as suas ambições de morar (sempre existem, mesmo que não sejam expressas) e de serem obrigadas a conviver com uma arquitetura que não é do seu agrado. Por outro lado, a escolha de um profissional tendo em vista unicamente considerações sobre o custo do projeto costuma ser causa de muitas insatisfações. Com exceção dos profissionais de renome, o trabalho do arquiteto tem uma remuneração mais ou menos padronizada. Pressões para redução nos custos de projeto normalmente resultam apenas em redução dos
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serviços oferecidos, às vezes sem que o cliente se dê conta disso. São reduzidos, por exemplo, o número de detalhes, a quantidade de alternativas estudadas e outros benefícios que serão referidos adiante neste artigo. Um bom profissional deixará claro o que pode oferecer e o que será reduzido. É ainda num clima de certa insegurança, num misto de excitação e expectativa, que o cliente senta à frente do arquiteto para a primeira entrevista. Não raro traz um desenho em plantabaixa feito por um filho, parente, amigo ou por ele mesmo. Mais comumente, mune-se de revistas de arquitetura e decoração buscando mostrar os estilos e os ambientes que mais lhes agradam. O arquiteto mais experiente não irá tomar essas atitudes como uma interferência no seu trabalho ou como uma afronta à sua criatividade. Ele entende que o cliente não quer uma colcha de retalhos (embora pareça) com o que está mostrando, mas que essa é a forma mais clara que ele tem de expressar, num primeiro momento, o seu gosto e os seus sonhos. Na verdade, normalmente o cliente não sabe exatamente o que quer. Embora munido de revistas ou de algum eventual desenho, não tem uma idéia clara de como tudo aquilo pode se transformar numa obra coerente, adaptada às suas necessidades. Mesmo o que pensa sobre as suas necessidades é flexível em função de fatores como custo. Mais facilmente, sabe o que não quer: aquela cozinha apertada, a disputa pelos banheiros, o conflito com a música e o ruído dos filhos adolescentes, etc. É natural que seja assim, e é por isso mesmo que ele se encontra frente-a-frente com o profissional que deverá orientá-lo e ajudá-lo na busca do que, na verdade, lhe é essencial e do que lhe é acessório, de como fazer para satisfazer todas as suas expectativas, num projeto personalizado, dentro da sua capacidade de gastos e endividamento. A primeira informação solicitada pelo arquiteto, que servirá de base para todo o resto do processo, é uma lista de compartimentos ou ambientes que o cliente imagina para a casa. Esta lista será traduzida para “atividades” a serem exercidas na casa, numa outra lista que se chama “programa de necessidades”. O programa de necessidades é, então, discutido brevemente com o cliente
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buscando-se racionalizar o projeto, agrupando ou separando atividades espacialmente. Com base nisso, o arquiteto pode ter uma idéia da área de construção necessária e dos custos de projeto e construção envolvidos. No entanto, tão ou mais importante que a informação do número de compartimentos e as atividades, é a descrição da forma e estilo de vida do cliente, como a casa é e pretende ser utilizada, costumes, relações familiares, etc. Isso mostra, na maioria das vezes, as reais necessidades do cliente: a inutilidade de um salão de jogos que nunca será utilizado, ou de um escritório que está fadado a servir de depósito; a necessidade de um bar junto a uma piscina ou de uma sala de música; o sub ou super dimensionamento de um dormitório ou muitos outros exemplos comuns em projetos menos discutidos. Após isso, o arquiteto pode lançar o que se chama “partido arquitetônico”, ou seja, um desenho da primeira idéia do que será a casa em termos de área, distribuição dos compartimentos, circulação e fluxos, etc. O partido arquitetônico pode ser ajustado, ainda, a traços de personalidade dos futuros moradores que ajudam a definir um estilo: uma arquitetura vazada, fluida, que extravasa para o exterior ou, ao contrário, intimista, voltada para o interior, uma obra que busca a solidez e a segurança, baseada no concreto, ou projetada com leveza, envidraçada, baseada na madeira? As alternativas vão-se excluindo ou justapondo à medida em que vão sendo identificados mais profundamente os traços dos estilos de vida. Com base no partido arquitetônico vãose desenvolvendo o estudo preliminar, anteprojeto, projeto, projeto executivo (para aprovação nos órgãos públicos), projetos complementares (elétrico, hidráulico, etc.) e, finalmente, detalhamento. A remuneração do trabalho do arquiteto é calculada, normalmente, como um percentual do custo estimado da construção ou por horas trabalhadas. Para isso existem tabelas que mostram os custos médios por metro quadrado de construção, para padrão alto, médio e baixo em cada região do país. Assim, como a economia estável, pode-se ter uma estimativa bastante real do custo de uma construção. O
percentual referente ao trabalho do arquiteto é objeto de uma outra tabela dos órgãos de classe e varia de acordo com o serviço contratado. A maciça informatização dos escritórios de arquitetura fez com que a geração dos desenhos de um projeto se tornasse mais rápida, mais integrada entre os profissionais envolvidos. Modificações ao longo do projeto são possíveis, mas são tratadas como alterações que vão onerar o custo inicial. Um projeto rico no detalhamento, por exemplo, reduz ao mínimo os problemas e improvisações no canteiro de obras. Um projeto bem especificado, orçado e detalhado evita gastos desnecessários e desperdício dos materiais construtivos. Existe, portanto, uma boa razão para serem contratados os serviços adicionais às plantas básicas de aprovação nas prefeituras: a economia, o controle sobre a construção, a qualidade e beleza da arquitetura e a satisfação plena do cliente. Os custos de um projeto sempre podem ser negociados. O arquiteto poderá avaliar a complexidade de um determinado trabalho e ajustar o seu preço de acordo com ela: uma casa rústica de praia exigirá menos do seu tempo do que uma residência nos Jardins, em São Paulo, com uma área equivalente. Como já foi dito, reduções de custos significam projetos mais simples. Existem clientes que buscam profissionais para a elaboração apenas das plantas necessárias para aprovação nos órgãos oficiais. São daquelas pessoas que confundem e desconhecem a atuação do arquiteto e não tratam a sua obra como um projeto de arquitetura, mas como um projeto de construção. Disso se aproveitam os “projetistas” de fundo de quintal. A disseminação do uso de computadores para a elaboração dos desenhos de arquitetura facilitou o aparecimento de “profissionais” que anunciam nos jornais a elaboração de “projetos” por computador a preços muito baixos. A maioria é composta de “desenhadores de plantas”, que copiam e adaptam plantas padronizadas, sem o
conhecimento básico de obras arquitetônicas. As nossas cidades são maciçamente povoadas dessas construções que as enfeiam e que atendem apenas minimamente às necessidades dos seus proprietários. Enganamse os que pensam que são obras mais baratas do que as de um arquiteto. Na maioria das vezes, um arquiteto poderá projetar uma obra muito melhor, a um custo menor ou equivalente. A economia proporcionada pela eliminação do desperdício, pela escolha adequada e criteriosa dos materiais, pelo detalhamento que evita a quebra e reconstrução de partes mal resolvidas, pelo alívio, garantia de qualidade e tranquilidade do proprietário, compensa os custos do projeto de um arquiteto. Esse arquiteto, de quem o cliente se apropria como o “seu” arquiteto, é quem vai dar a solução para a casa sob medida, aquela obra que representa tudo o que o cliente sempre sonhou, que é o que ele mesmo teria feito, se soubesse como. Uma verdadeira “obra de arquiteto”.
Edison Pratini
arquiteto, doutor, professor adjunto da área de Representação Gráfica e Tecnologias Computacionais e pesquisador da Universidade de Brasília. Fonte: www.iabdf.org.br
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VÃO LIVRE
Construção civil:
DECIDIR PELO mais sustentável
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Fotos: Divulgação
om a escassez dos recursos naturais como a falta de água - que já atingem algumas regiões do Sudeste do país, a palavra “sustentabilidade” nunca esteve tão em evidência como nos dias
atuais. Por outro lado, uma das maiores geradoras de gasto de energia, o setor de construção civil, cresce há oito anos em ritmo acelerado, alcançando a casa dos 4,5% em média, segundo os dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic). Este é um dos motivos incentivadores para que as “obras verdes” ganhem espaço no mercado. Cerca de 30% da energia que se produz hoje é consumida pela construção civil.
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Porém, na hora de reformar é possível transformar a sua casa em um ambiente mais sustentável. Está cada vez mais acessível tornar uma obra sustentável. No Brasil, alguns itens, como o próprio sistema de energia solar, o custo é ainda um pouco mais alto do que nos países de primeiro mundo, porém, já está bem mais fácil investir nestes elementos.
Reformar é mais sustentável Antes de derrubar toda a casa antiga e construir outra, converse com o profissional escolhido para planejar a obra e verifique a viabilidade de reaproveitar alguns espaços. Os primeiros itens que podem ser considerados em
uma obra sustentável é, de fato, o aproveitamento dos recursos: iluminação, ventilação natural e captação da água da chuva. Este último item, por exemplo, se bem direcionado pode ser utilizado para o condicionamento térmico. Além disso, optar por vidros e elementos vazados com grandes aberturas também potencializam a iluminação e a ventilação natural. Outro ponto é saber como a casa está situada no terreno, para orientar as aberturas para a indicação solar correta. Na nossa região, por exemplo, não colocaria fendas para face Oeste, onde há incidência direta do sol, pois se teria que usar algum recurso para diminuir a intensidade da luz.
Carlos Eduardo Salamanca
Arquiteto e urbanista , atua com foco em projetos de incorporação imobiliária. Desde 2011 coordena as atividades na Salamanca Arquitetura Ltda
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VISÃO LATERAL
GARE DO ORIENTE Uma viagem arquitetônica deslumbrante criada para Lisboa por Santiago Calatrava
O
bjeto de um concurso internacional de arquitetura vencido pelo arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava em 1995, e construída em apenas três anos, a Gare do Oriente faz parte de um conjunto de obras realizadas na parte oriental de Lisboa para receber a Exposição Universal de 1998. Trata-se de uma estação intermodal, que integra o transporte ferroviário ao metroviário e ao rodoviário interurbano e urbano. Um dos marcos arquitetônicos contemporâneos mais importantes da capital portuguesa, e reconhecida como uma das gares mais espetaculares do mundo, esta obra impressiona arquitetos, amantes da arquitetura e turistas de passagem pela cidade. Nesta estação, alta tecnologia de construção em concreto e aço se combina com a virtuosidade e a força criativa de Calatrava para proporcionar uma viagem arquitetônica deslumbrante.
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Fotos: HCL
Santiago Calatrava notabilizou-se por aliar seus conhecimentos de engenharia estrutural com uma grande ousadia arquitetônica, porém sem prejuízo da elegância e da sutileza. Suas estruturas, leves e transparentes, buscam inspiração na natureza – esqueletos de animais, asas de insetos, folhas de vegetais... - para realizar uma arquitetura de forte apelo cênico, atraente, excitante. Na Gare do Oriente, generosas marquises, delgadas como asas de libélulas ou folhas de palmeiras, que recepcionam e abrigam o visitante nas entradas e nas plataformas de embarque, repousam sobre uma estrutura de concreto que remete às costelas de um grande animal préhistórico. Nesse sentido, Calatrava é um dos precursores e expoentes do design bio-mimético – uma corrente do design que busca na natureza soluções para problemas funcionais e mecânicos, no projeto de objetos, mecanismos e edifícios. Mas, também, nota-se que as raízes tectônicas deste extraordinário arquiteto estão
fincadas na cultura construtiva do passado – os arcos e abóbadas ogivais da cobertura da plataforma superior (ferroviária) geram um espaço semelhante, em escala e cenografia, às naves das velhas catedrais góticas. Esta continuidade histórica do conhecimento construtivo tradicional, além de atestar a densidade do trabalho de Calatrava, faz dele um dos principais representantes contemporâneos da escola tectônica de arquitetura – para a qual, a força expressiva da construção é a fonte primordial da beleza arquitetônica. Mestre também da iluminação, Calatrava exibe nesta obra construída para ser o hall de entrada de uma grande festa universal a sua maestria nesse domínio da arquitetura. A iluminação noturna do edifício visto à distância é um espetáculo semelhante a uma exibição de fogos de artifício. O perigo da Gare do Oriente é de que as pessoas, de tão deslumbradas com sua arquitetura, acabem perdendo o trem!
Hélio Costa Lima
Arquiteto e urbanista, Professor de projeto arquitetônico e conselheiro federal do CAU/BR pela Paraíba
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LIVRO
Talento transparente ‘‘Design Book - O Livro Global do Design’ mostra algumas das mais belas embalagens de vidro no mundo
Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação
“DESIGN BOOK - O LIVRO GLOBAL DO DESIGN Produção: K Creation & Production Edição: O-I 196 páginas Formato: 21 x 30cm
“A flexibilidade do vidro no campo das embalagens pode ser percebida na variedade de produtos que são comercializados em potes e garrafas. Além da elegância e beleza das suas formas, os benefícios oferecidos pelo material vão do paladar a questões envolvendo sustentabilidade e saúde. ”
A
apresentação é tudo? Certamente faz muita diferença quando o design de uma embalagem é inspirado. Preste atenção, por exemplo, nas embalagens de comida e bebida em sua casa - especialmente as de vidro. Algumas das mais bonitas do planeta estão reunidas no livro Design Book, ou O Livro Global do Design, uma publicação da Owens Illinois (O-I), líder mundial da fabricação de embalagens de vidro. A empresa atua em quatro continentes e reuniu uma seleção de peças que estampam as páginas da publicação. Os textos curtos em inglês trazem, informações sobre os projetos e são suporte para o verdadeiro destaque: as fotografias de garrafas e potes que mostram a criatividade em ação sobre o material. Com 196 páginas, o livro é dividido em capítulos, começando por garrafas de cerveja. O alcance é percebido já na primeira estrela: a Smooth Draught, da Carlsberg, uma cerveja da Malásia. A partir daí desfilam produtos da França, da República Tcheca, do Peru, do Equador e de muitos outros países - incluindo o Brasil. O capítulo seguinte é sobre comida. Depois, bebidas não alcoólicas. Em seguida, um segmento para as demais bebidas alcóolicas, com exceção do vinho, que estrela o último capitulo. “Muitos estudos nos dizem que os consumidores adoram o vidro. É a embalagem favorita deles. Somente o vidro evoca maravilhas como o prazer de pegar uma garrafa de cerveja gelada, o desejo de abrir uma garrafa de sua bebida favorita ou a expectativa de assistir o sommelier abrir seu champanhe”, diz Andres Lopez, CEO da O-I, no prefácio do livro. “O livro é mais do que uma seleção de belas fotos, ele relata a narrativa de imagem das marcas e traz dados de consumo dos últimos anos, como o crescimento da categoria artesanal, a ‘premiunização’ e a oferta de produtos para hidratação saudável”, diz Marie-Laure Susset, líder de Comunicação de Marketing da O-I Europa, no material de divulgação do livro. Design Book - O Livro Global do Design originalmente foi distribuído a clientes da O-I e agências de design, mas outras cópias podem ser solicitadas por e-mail (info@o-i.com).
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ENTREVISTA
Eduardo Souto de Moura 10% de satisfação O arquiteto português, vencedor do Pritzker, diz que tem cada vez menos prazer com a arquitetura, mas acredita em um futuro melhor Texto : Renato Félix | Fotos: Divulgação
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er uma celebridade nem sempre resulta em prazer. Eduardo Souto de Moura, arquiteto português vencedor do Prêmio Pritzker em 2011, vive isso. A procura por seu trabalho evidentemente cresceu, mas os projetos para os quais é convidado muitas vezes o desagradam. Nesta entrevista ao jornal português Diário de Notícias (leia completa em https://www.dn.pt/artes/interior/cada-vez-tenho-menos-prazer-naarquitetura-que-me-pedem-so-interessam-o-tempo-e-o-dinheiro-8680642.html), ele conta que em cada 30 projetos haverá três que lhe dão prazer. Autor de projetos como o Estádio Municipal de Braga, o Metrô da cidade do Porto e a recuperação do Convento das Bernardas, ele começa justamente falando do prazer da arquitetura.
DN – Ainda lhe dá prazer fazer arquitetura? ESM – Cada vez menos. Não é a arquitetura, que nos últimos tempos tenho feito pouco. O que me dá cada vez menos prazer é fazer a arquitetura que me pedem e que se faz hoje. DN – O que o fez perder o prazer da arquitetura? ESM – Se tenho de fazer 30 projetos, há três que me dão prazer e 27 que não. Estou farto. Não me chateia discutir desde que o pressuposto seja inteligível. Mas neste momento só interessa o tempo e o dinheiro, até
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pode ficar feio. Politicamente, respeitar as eleições e economicamente ter grandes lucros. DN – Politicamente quer dizer ter as coisas prontas para as eleições? ESM – Para venderem o peixe. Com a agravante de dizerem “está aqui um Pritzker”. DN – Este ano, o senhor já recebeu dois prêmios grandes: o Prêmio Piranesi de carreira e o Prêmio Europeu de Reabilitação. Já tem todos os prêmios?
Estádio Municipal de Braga - Portugal
ESM – Há muitos mais prêmios bons. Há o do imperador do Japão que é ótimo. Mas estou muito contente com o que tenho. DN – Alguma vez pensou que ia chegar ao Pritzker? ESM – Não, mas isso é a boa regra, nunca pensar nos prêmios. Fico todo contente, não sou um falso modesto. Cada vez a arquitetura é mais difícil, nós estamos mais velhos, é preciso mais energia, mais dinheiro para investir, mais tempo, e cada vez há menos de tudo isto. Até que ponto isto vai continuar? Isto mudou tão rápido que não tenho energia para apanhar o trem. DN – O que é que mudou? ESM – Mudou tudo. Num workshop recente em Pamplona, conversei com engenheiros industriais que estudam uns armários com baterias que recebem e acumulam energia de painéis solares. Um tipo tem um botão e ou gasta da bateria ou gasta da rede. Já viu o que isto vai envolver de mudança do desenho de uma casa? É preciso desenhar e orientar a casa para receber os painéis solares que também já podem ser colocados em vidros – portanto as janelas vão mudar. A própria encomenda pública acabou, pede-se mecenato
aos privados. Os museus têm outdoors dizendo “Ampliação da ala de Velázquez paga pela Apple”. E eu tenho que falar com a Apple e não com o presidente da câmara de Madrid. Não quero fazer um discurso crítico, mas apanhei isto pelo meio do caminho. Tem de se estabelecer novos códigos, novas estratégias, e reconheço que não me atrai, ou não consigo. Isso tem um preço altíssimo e deixo de fazer as coisas de que gosto. DN – De que é que gosta? ESM – De projetar sozinho. O discurso hoje é: ficou fraco, o empreiteiro era um vigarista. Mas se foi feito por mim, se ficou mal, a culpa é minha, não há alibis. Como era antigamente. O Borromini e o Bernini nunca fizeram mal-feito e disseram que a culpa foi do Papa. Eu gosto muito de fazer arquitetura, acredito que há uma arquitetura universal. DN – Universal em que sentido? ESM – É sempre a mesma. As casas sumérias de 5000 a.C. são de pátio em tijolo, parecidas com as do Mies van der Rohe e com as do Alentejo. E têm buracos: para entrar é uma porta, o buraco vai até ao chão; para
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Casa das Histórias Paula Rego, Cascais- Portugal
iluminar e ventilar é a um metro, é a janela. Muros, portas e janelas, sem telhados nos países quentes para recolher água, com telhados nos países onde chove muito. Variam os materiais e as técnicas construtivas, mas a essência é muros com buracos. DN – A última grande obra que fez foi a recuperação do Convento das Bernardas, em Tavira? ESM – A grande obra é o Estádio do Braga. Agora vou ampliar o metrô do Porto, mas não tem nada a ver com o que fiz quando ganhei o concurso. Era eu com o conjunto de empresas, de arquitetos e engenheiros. Por direitos de autor, a entrega é direta a mim, mas as condições são titânicas. Honorários fixos, prazos muito apertados. E estou fazendo o metrô de Nápoles com o Siza há 14 anos! É preciso ter uma resistência e uma energia! A sorte é que Nápoles é uma cidade maravilhosa. DN – Mas 14 anos porquê? ESM – Nápoles tem um problema: a cada metro aparece um monumento. As duas estações que estamos fazendo são no antigo porto de Neapolis, que vem desde os gregos, romanos, Idade Média... A um metro e meio tivemos as galerias de pedra do século XIX, as infraestruturas, abaixo disso aparecem os espanhóis, antes disso os anjouinos – do Duque de Anjou, vieram da África e fizeram palácios com afrescos. Depois vêm a Idade Média, os romanos e, quando pensamos que está tudo pronto, aparecem os gregos. No meio há crocodilos, porque havia um fosso e dizem que a princesa atirava os amantes ou os prisioneiros; e depois
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ainda há dois barcos romanos lindíssimos. A cada passo, tudo para. Estudar, tirar, vai para ali, volta. E há negócios no meio. DN – Deve ser assim em todas as cidades italianas, não? ESM – Há uma política de patrimônio muito dura em Itália. Quem vê os projetos e os veta se não gostar são os arqueólogos, não são as câmaras. A obra está lindíssima, já abriu a primeira estação, estamos fazendo a segunda, que dizem que abre em 2018 – eu acho que nem em 2021, pelo visto. Mas esta obra tem outra coisa boa: estou trabalhando com o Siza. DN – Vocês dois já colaboram há tanto tempo, têm ateliês no mesmo edifício. Ainda faz diferença? ESM – Não temos que provar nada um ao outro e só temos um objetivo: que fique bom. E não queremos assinar “isto é meu”. A questão é: há aqui um problema, como é que fazemos? Já me aconteceu não perceber pormenores do que ele faz, mas acredito que tem uma razão. DN – Fala-se muito em arquitetura sustentável. O que pensa disso? ESM – A arquitetura sustentável é uma coisa que tem de ser, faz parte da profissão. Mas dizer “eu faço arquitetura sustentável” é o mesmo que dizer “sou sério e democrata”. E a partir daí o que fez de bom? A sustentabilidade é o princípio base para a arquitetura ser boa, com qualidade. Não é uma qualificação própria. Tudo o que é bom é sustentável, senão não era bom.
DN – Um prédio coberto de vidro não é sustentável numa zona quente. ESM – Desde que consiga sistemas de compensação... Na França, se aumentar o vidro tem de pôr painéis solares na cobertura para compensar. Posso ter um prédio de vidro sustentável, mas não na Tanzânia, morreriam todos assados. Num país com pouco sol, se tiver só uma janelinha, tem de ter sempre a luz acesa. É preciso encontrar o equilíbrio. Nos anos 1960 ou 1970 falava-se de arquitetura inteligente, lembra-se? Era a domótica. Isso para mim não serve de álibi. Pedemme uma casa e eu não tenho de fazer só três quartos e uma sala. Aquele objeto tem de resolver a sua função específica e outras da sua circunstância. É assim que se faz a cidade, temos uma obrigação coletiva. A questão do sustentável está muito na moda e é muitas vezes desculpa para cobrir mediocridade. E pode acontecer que seja um grande negócio. DN – Com as novas tecnologias, a arquitetura torna-se melhor, pior? ESM – Espero que se torne melhor, porque sou otimista e acredito no futuro. É como o mundo: com todos os defeitos, está melhor. Morrem milhões de pessoas de fome, o rendimento per capita é ultra desigual, mas está melhor. E a arquitetura também vai ficar melhor. É mais cômodo uma casa moderna do que uma casa antiga. Não estou a dizer que seja mais bonita ou mais agradável. O que eu acho é que há um discurso objetivo da arquitetura. A arquitetura tem uma parte objetiva e outra que ninguém consegue explicar. Isso é que é interessante e é o mistério. O suporte da arquitetura é a construção. A arquitetura, acho eu, é a construção com a mais-valia que não tem a ver com a utilidade física e da matéria mas tem a ver com uma felicidade, uma emoção, uma paixão a que as pessoas aderem. Mas o suporte é sempre a construção.
Dizem: vamos fazer agora uma nova vanguarda. Não fazem nada, porque a arquitetura não é como a pintura, não é um problema de gosto em que o artista se fecha no sótão e vai decidir se é verde ou azul e não dá satisfações a ninguém. Nós temos uma função social e temos de dar satisfações. Se ficar ruim, o coletivo não adere.
Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, Bragança- Portugal
DN – Com o seu lado mais técnico? ESM – Nós, ao construirmos, temos de ter materiais e sistemas construtivos, e há sistemas adequados e não adequados. Não vou usar os métodos da pedra num edifício em madeira. Essa adequação, que tem a ver com a inteligência, é encontrar os materiais e os meios para transformar. Isto é meio caminho andado para a arquitetura, e se ela ficar boa já estou muito contente, o mundo fica melhor. De vez em quando há uns tipos que fazem muitíssimo bem e a arquitetura é excecional e muda a história. Isso é o suporte base. DN – E serve para tudo? ESM – Quando dou aulas, faço sempre uma aula sobre a História da Arquitetura desde a pirâmide do Egito até à pirâmide do Louvre, do Pei. Há uma permanência das formas e os materiais são completamente diferentes. A pirâmide do Egito, para se aguentar, tem de ser plena, só matéria. A pirâmide do Louvre não tem matéria, é transparente e tem dois centímetros de vidro. No fundo, é a mesma história: uma pirâmide. Eu acredito que a arquitetura só muda se encontrar as pessoas.
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Bontempo João Pessoa • Rua Professora Severina Souza Souto, 207 • João Pessoa - PB - Brasil 30
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GRANDES ARQUITETOS
Um arquiteto e um poeta
O italiano Aldo Rossi é um dos profissionais que ganhou status de artista e de pensador
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m 1966, Aldo Rossi publicou A Arquitetura da Cidade. Publicado no Brasil pela editora Martins Fontes, o influente livro teórico que estuda os espaços urbanos é um exemplo da faceta de pensador da profissão, exercida também pelo arquiteto italiano. Rossi foi premiado com o Pritzker em 1990 e chamado pelo prêmio de “um poeta que, por acaso, é um arquiteto”. Milanês nascido em 1931, Rossi se formou em Arquitetura em 1959 e logo se tornou professor em escolas da área e colaborador de uma revista: a Casabella Continuità, da qual se tornou diretor em 1964. Como arquiteto, ele marcou pelo uso de formas simples nas construções que desenhou, com inspiração clássica, uma reconexão com a memória coletiva das cidades.
Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação
“Rossi tem sido capaz de seguir as lições da arquitetura clássica sem copiá-las; seus edifícios carregam ecos do passado no seu uso de formas, que têm uma qualidade universal assombrosa”, diz a justificativa divulgada pelo prêmio na época. “Seu trabalho é ao mesmo tempo ousado e ordinário, original sem ser romântico, agradavelmente simples na aparência, mas, extremamente complexo em conteúdo e significado. Em um período de diversos estilos e influências, Aldo Rossi evitou o fashion e o popular para criar uma arquitetura singular”. Com esse espírito, Rossi desenvolveu projetos memoráveis como o da ampliação do cemitério de San Cataldo, na cidade italiana de Modena, desenvolvido com Gianni Braghieri. O projeto venceu um concurso em 1971, foi reformulado em 1976 e a construção
Cemitério em Modena-Itália
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durou de 1980 a 1985. Sua inspiração veio de cemitérios do século XIX e busca ideias metafísicas através de aberturas, mas o projeto só teve uma parte do que foi previsto construída. Em 1979, ele projetou o Teatro del Mondo, em Veneza, projetado para a Bienal, evocando os teatros flutuantes que eram típicos dos carnavais da cidade no século XVIII. “O teatro, em que a arquitetura serve de cenário possível, uma configuração, um edifício que pode ser calculado e transformado em medidas e materiais concretos de uma sensação muitas vezes evasiva, tem sido uma das minhas paixões”, explicou o arquiteto na época. Se arquitetura também é arte, o trabalho de Rossi é um dos que definitivamente são associados a uma coisa e à outra. “Como desenhista mestre, mergulhado na arte e arquitetura italiana, os croquis e ilustrações dos edifícios de Rossi têm frequentemente alcançado o reconhecimento internacional, antes mesmo de serem construídos”, diz, em outro texto, a justificativa do Pritzker. “Cada um dos desenhos de Rossi, seja um complexo de escritórios, um cemitério, um teatro flutuante, uma máquina de café requintada, ou, até mesmo, seus brinquedos, capta a essência de seu propósito”. Com o passar dos anos, suas formas foram ficando mais complexas, mas ele continuou usando elementos-base como referência. Não só em arquitetura, mas também no design de objetos – como as cafeteiras que desenhou para a Alessi, que ficaram famosas. Aldo Rossi morreu em 1997. Mas, além de seu trabalho como arquiteto estar por aí para ser admirado em suas referências (e não cópias) da arquitetura clássica, suas ideias também estão nos livros. Além de A Arquitetura da Cidade, outro de seus trabalhos fundamentais, Autobiografia Científica também está disponível no Brasil, pela Edições 70. Quartier em Berlim, Alemanha
Arquiteto: Aldo Rossi
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A HISTÓRIA DE
A natureza domesticada Os jardins mostram a admiração do homem pelas plantas, algo que vem desde os tempos das cavernas
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ímbolos da ligação da humanidade com a natureza, a história dos jardins acompanha o desenvolvimento cultural e histórico da sociedade, servindo como reflexo testemunhal da cultura, religiosidade e riqueza no decorrer do tempo. Antes mesmo do homem sair das cavernas e deixar de ser nômade, imagens nas paredes já registravam seu apreço pelas plantas e que estes levavam as que mais apreciavam em suas mudanças constantes. No entanto, com a sedimentação da agricultura e a evolução de técnicas de cultivo e irrigação, a jardinagem surgiu como uma forma de modificar de forma artística o ambiente, adaptando-o às nossas necessidades artísticas e de sobrevivência. Além de ser um local onde se cultivam plantas ornamentais ou úteis, o jardim é encarado por muitos como uma obra de arte através da qual as pessoas se conectam com a natureza.
Jardim da Pampulha - Burle Max
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Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação
As primeiras grandes civilizações conhecidas, na Pérsia, China e Egito, tinham em seus jardins tanques, canais de irrigação e árvores para sombra em razão do clima árido. A inspiração na agricultura era um traço marcante, mas, no Egito, a religião era um traço importante, com a presença de plantas sagradas como o lótus, o papiro e a tamareira. Uma das sete maravilhas do mundo antigo foi um jardim: Nabucodonosor construiu os Jardins Suspensos da Babilônia, uma ousada obra de engenharia, que contava com uma sucessão de terraços que eram irrigados, dispostos em patamares ascendentes numa altura até 100 metros na encosta de um morro. É possível notar a Influência grega na história do ocidente também dos jardins através dos romanos. Os gregos tornaram o lazer um elemento internalizado e, em razão disso, os romanos implantaram os jardins como área de lazer, integrados com as residências. Na idade média, os jardins tinham como sua
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característica principal a simplicidade, cultivados em mosteiros, castelos e em espaços planos e fechados, destinados a fornecer plantas úteis para alimentação, medicinais e floríferas para a ornamentação de altares. A partir do século XVI, durante o Renascimento, floresceram os estilos de jardins que marcaram a Europa no período, notadamente o italiano, o inglês e o francês. Eram suntuosos e elaborados, incluindo elementos como estátuas e fontes. Os jardins contemporâneos são influenciados por estilos pré-existentes, expressando um estilo predominante, que pode ser definido por uma época, um condicionante natural como o clima, solo e vegetação, ou por uma necessidade especial. O paisagismo brasileiro teve um impulso com a chegada da família real portuguesa no Brasil, tendo sido criado, em 1807, o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Já no século XX, o grande marco do paisagismo brasileiro foi o trabalho de Roberto Burle Marx, deixando inúmeros jardins projetados no Brasil e no exterior.
Jardim clássico
Tipos de jardins Existem pelo menos cinco estilos básicos de jardins, influenciados pelos antigos estilos. O jardim clássico apresenta linhas geométricas e simetria do traçado, numa combinação para formar uma composição de uma paisagem desenhada com régua e compasso. A paisagem árida, caracterizando um pequeno oásis, marca o estilo desértico ou rochoso. Já o estilo oriental ou japonês é repleto de simbolismos e o culto à natureza se caracteriza como um de seus principais fundamentos, com destaque para a presença de elementos como pedras, água formando pequenos lagos, riachos ou cascatas, assim como uma lamparina de pedra. Um outro tipo de jardim é o tropical, que procura conceber um ambiente paradisíaco, com a presença de muito verde e muitas flores. Os elementos fundamentais deste estilo são um gramado, uma área sombreada e possivelmente uma cascata ou uma lâmina d’água. O estilo contemporâneo procura, simultaneamente, alcançar uma integração entre o jardim e a arquitetura local, contando com uma composição flexível. Além de ser o mais aplicado atualmente, é um estilo livre que se aproxima mais do estilo inglês.
Jardim clássico japonês
Jardim minimalista japonês
38 Jardim contemporâneo - casa Cor
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AMBIENTAÇÃO
CASA DE PRAIA Como deixar o ambiente mais prático e funcional?
Texto: DV | Fotos: Divulgação
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erão é época de curtir a praia, descansar e repor as energias. Ter o mar como primeira vista ao acordar ou curtir um fim de tarde da varanda. Esses são alguns dos pontos que levam muitas pessoas a terem casas de veraneio. Porém, assumir esse desafio nem sempre é fácil. Quem tem casa na praia passa por alguns problemas nessa temporada. Isso porque algumas casas sofrem com a maresia, mofo, a tinta descasca, as paredes emboloram, etc. Por isso, é sempre bom rever a decoração para que ela sempre permita o máximo de conforto e relaxamento para você, seus amigos e família. De acordo com as designers de interiores Adriana Lyra e Thais Merçon, “muita gente escolhe um material que não é apropriado para o clima do litoral e acaba perdendo um móvel, por exemplo. Com uma orientação especializada, esse tipo de situação não acontece, o que evita dor de cabeça e no bolso da pessoa”, conta Thais
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Como é comum, muitos optam por levar coisas da casa para a praia, como móveis e eletrodomésticos, por exemplo. Segundo as profissionais, não está errado. “Reciclar é sempre uma ótima estratégia. Mas é preciso cuidado para não juntar milhares de coisas desnecessárias e desorganizar a casa”, alerta Adriana. Um arquiteto ou designer de interiores tem um papel importantíssimo nesses casos, já que cada pessoa tem seus gostos, sonhos e desejos. Alguns preferem decorar a casa com um estilo mais vintage, outros gostam de uma moda mais praiana, com elementos que remetem o ar de praia, ou até mesmo aqueles que desejam algo mais rústico. É papel do profissional adequar as demandas do cliente para cada tipo de casa e região. “Para a iluminação, é legal usar as luzes em tom amarelado. Elas dão aquela sensação da luz aconchegante, menos fria que a lâmpada branca. Já as cores da decoração também têm uma grande influência no funcionamento da casa. Por exemplo, em
ambientes para relaxar, é aconselhável utilizar cores mais claras, tapetes e alguns elementos em madeira, para um clima de aconchego maior. Já, as cores mais vibrantes devem estar em espaços de lazer, onde recebem os amigos e familiares”, diz Thaís. Vale lembrar que quando se fala em decoração, as cores não são apenas as das paredes, mas também nos tecidos, tapetes, cadeiras, mesas e acessórios. “Velas e luminárias são formas de iluminar que geralmente dão um clima especial ao cômodo. Mas a maior dica é sempre utilizar prateleiras e móveis resistentes à oxidação. É importante ver essas informações junto ao fabricante, assim evita problemas no futuro”, segundo Adriana. Para a arquiteta e paisagista Lucia Manzano opte por plantas e materiais que apresentam maior resistência as intempéries da natureza. O cloreto e o sulfato são substâncias presentes na maresia, carregada pelo vento. Em contato com os materiais dá-se início ao processo de corrosão. Alguns truques podem ser aplicados para minimizar os danos. Na área
externa, por exemplo, opte por tintas emborrachadas e elásticas de base elastométrica – a durabilidade chega quase ao dobro de tempo das tintas comuns, de cinco a seis anos. A madeira é um elemento que se adapta muito bem ao litoral. Teca, Ipê ou Maçaranduba são algumas das madeiras mais indicadas. A manutenção deve ser feita constantemente, com a aplicação impregnantes como verniz ou stain para sua conservação. Mesmo com a oxidação branca, há como recuperar o aspecto original. Uma saída é usar esmaltes sintéticos, pintura epóxi, eletrostática ou anodização - processo químico feito em banhos à base de substâncias alcalinas e de ácidos, com corrente elétrica que forma uma proteção na peça. Para ajudar a equilibrar a temperatura interna sem o uso excessivo do ar-condicionado ou ventiladores, experimente o telhado verde. Além de conferir charme a casa, ajuda o meio ambiente, reduzindo o consumo de energia. Telhas cerâmicas precisam receber impermeabilizantes para reduzir
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o efeito da cristalização dos sais da areia. Para um telhado limpo por um período maior, use telhas de concreto com acabamento gloss. Para o interior da casa, porcelanatos tipo gloss fosco e estilo manchados são os mais indicados. Além de esconderem um pouco da areia trazida da praia, são mais resistentes. Nas paredes a dica é usar tintas acrílicas semibrilho ou tecnocimento. Ao escolher as flores e árvores, deve-se levar em consideração sua resistência em relação ao vento
forte e ao ar salino. Se houver a possibilidade para o plantio de árvores, opte pelas espécies que oferecem sombra. As frutíferas trazem vida ao jardim e a alegria dos pássaros. Caso o espaço seja pequeno para uma árvore ou uma palmeira, arbustos representam muito bem o verde. Flores nativas ficam ótimas – plantas nativas apresentam maior resistência de uma forma geral. E seja qual for o tamanho do espaço, aposte em cercas vivas para preservar a privacidade.
DICAS O arquiteto italiano Giuseppe Cafasso dá seis sugestões para quem ainda vai construir a sua casa de praia e como aproveitar melhor estes espaços em ambientes relaxantes com segurança e praticidade. 1. Profissionais qualificados: Para qualquer obra e construção é necessário contratar profissionais especializados, pois eles terão os conhecimentos necessários para elaborar e executar um projeto de qualidade, pensando desde a escolha do melhor material para utilizar até mesmo nas questões de segurança da obra. 2. Atenção às condições naturais do terreno: É preciso atentar-se às condições naturais do terreno, como o espaço disponível para a construção da área de lazer. Além disso, analisar fatores como a posição do sol e o tipo de solo é fundamental, principalmente se houver a intenção de construir piscina. Sabendo o tamanho do espaço disponível é possível decidir quais itens farão parte dessa área da casa e qual será o tamanho de cada um. 3. Limpeza e organização: Áreas de lazer requerem cuidados especiais que não podem ser ignorados. Para quem optar por um espaço com piscina, jardim e área gourmet, por exemplo, deve-se pensar na harmonização destes três itens, não só no que diz respeito à decoração e estrutura, mas também da organização e da limpeza. Vale à pena apostar na construção de um banheiro com ducha, mesmo que pequeno, para evitar a entrada na casa. Para acompanhar churrasqueiras e fornos à lenha, é necessário uma pia para higienizar utensílios e uma bancada para auxiliar o manuseio no dia-a-dia, além de armários acoplados para armazenar corretamente todos os apetrechos, não só da área gourmet, mas também da piscina. 4. Segurança do espaço: Para a área de lazer, deve-se levar em consideração que tanto a piscina quanto as peças de área gourmet podem apresentar riscos e causar acidentes. Uma dica é investir em equipamentos simples, mas que possam evitar transtornos, como uma capa de lona para quando a piscina não estiver sendo utilizada, chaminés para eliminar por fora da construção a fumaça derivada de churrasqueiras
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e fornos e não utilizar plantas espinhosas nesta área, principalmente em casas com crianças e animais de estimação. Outro fator importante é o revestimento das paredes no entorno da churrasqueira e do forno à lenha. Não são indicados certos papéis de parede, texturas, e porcelanato, pois não são materiais resistentes a altas temperaturas e podem danificar tanto a parede quanto a estrutura dos objetos. 5. Área verde adequada: A combinação perfeita para áreas de lazer é o contato com o verde e a natureza. Além de criar um ambiente relaxante e equilibrado, combina com a proposta deste espaço. Mas é preciso atentar-se aos tipos de planta que irão compor a área. O gramado é sempre uma opção prática e bonita, além de ser uma vegetação acostumada com climas quentes e úmidos. Palmeiras também são uma boa aposta, pois dão um toque de verão ao ambiente e não espalham folhagem com o vento. Todo o ambiente pode ser composto por plantas do gosto do morador, desde que, no futuro, não se tornem um fator desfavorável para o aproveitamento da área. Não é aconselhável construir áreas de lazer em locais que possuam árvores frutíferas, eucaliptos e ipês, pois são árvores que soltam muitas folhas e que constantemente irão se espalhar por todo o espaço. 6. Sugestões do arquiteto: Na hora de escolher qual tipo de piscina construir, o arquiteto sugere as piscinas de alvenaria. “Além de poderem ser construídas do tamanho e formato que o morador deseja, podem ser revestidas com qualquer material cerâmico, como azulejo, pastilhas de vidro ou porcelana. Além disso, não sofrem tanta agressão de componentes químicos como o cloro e têm uma excelente durabilidade”, afirma o arquiteto. Para churrasqueiras, o modelo construído é o ideal pois dura mais, oferece melhor rendimento térmico e com a vantagem da chaminé ultrapassar o telhado, liberando a fumaça para fora da casa
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ARQUITETURA E INTERIORES
AMPLITUDE E CONFORTO
Casa em condomínio fechado usa tons neutros, deixando cores fortes para a decoração Texto: Alex Lacerda | Fotos: Vilmar Costa
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ituado numa das áreas nobres da capital paraibana, uma casa em um condomínio horizontal projetado pela arquiteta Rosane Oliveira conseguiu atender as necessidades dos clientes de ter uma casa confortável, moderna e prática em sua manutenção. A partir dessa solicitação, a concepção do projeto iniciou-se pelo zoneamento obedecendo ao formato irregular do terreno e sua posição, distribuindo as áreas das salas e quartos para a frente da casa, para o melhor aproveitamento da ventilação e iluminação naturais. A sustentabilidade e o conforto foram os pontos basilares no projeto, que seguiu uma linha contemporânea e prática. “No projeto, queríamos fugir da estética fria, branca. A ideia era uma casa com personalidade, cores e aconchego. Para isso, buscamos utilizar materiais que imprimissem essa sensação, como a madeira e pedras naturais,
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revestimentos diferenciados, iluminação e paisagismo”, assinalou Rosane. Em cada um dos cômodos, divididos em dois pavimentos, o estilo escolhido, segundo a arquiteta, foi o moderno contemporâneo, utilizando-se de linhas retas, coberta embutida em platibandas, marquises, saques e reentrâncias, formando um volume movimentado e cheio de detalhes. O desafio era proporcionar uma casa ampla e confortável, ao mesmo tempo que atendesse as necessidades do cotidiano da família. Uma das soluções foi montar uma cozinha gourmet com ilha, para que a família pudesse cozinhar e interagir ao mesmo tempo. Pelo formato do lote, foi possível colocar a garagem para parte de trás de casa com acesso direto à cozinha. O revestimento foi definido de forma geral a servir de base para cada ambiente. Na cozinha foi utilizado um azulejo bege claro, mas
com textura em relevo, o Twenty, deixando a parede com um efeito rendado. No lavabo interno, o destaque foi para a parede em pastilha preta e bronze, que é realçada com as arandelas, fazendo composição com a bancada com cuba esculpida no porcelanato Bronze Armani. Uma das dificuldades era proporcionar privacidade na parte externa da casa em um ambiente em que não há fechamento do muro frontal por se tratar de um condomínio horizontal, a solução encontrada pela arquiteta foi colocar a piscina na parte de trás da casa, que recebeu uma atenção especial. No lavabo da piscina, o piso em porcelanato madeirado antiderrapante, que vem do espaço gourmet, sobe a parede da bancada, formando um painel. No espaço, podemos destacar a bancada esculpida em porcelanato e os pendentes no estilo industrial com lâmpadas de LED bulbo amarela. Para a fachada, foi escolhido um revestimento cimentício, lembrando a textura do granito bruto cortado com talhadeira. “Além de ser ecologicamente correto, tinha rapidez de aplicação e fácil manutenção em comparação com a pedra natural”, assegura Rosane. Outro destaque foi o revestimento 3D, que fica por trás da escada, em granito marrom absoluto. “Trata-se do bloco cimetício que foi escolhido na cor branca para dar um maior contraste com a escada”, complementa.
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Uso de cores Para que não houvesse interferência na decoração do espaço, a opção no projeto foi a de usar cores nos tons neutros, como o cinza, bege, fendi e branco. “Entendemos que esses revestimentos são definitivos, tem uma longa vida útil e, por isso, devem ser escolhidos com muito cuidado para não cansar visualmente. Além disso, preferimos utilizar cores mais vibrantes em alguns objetos pontuais, deixando o ambiente agradável e elegante”, explica Rosane.
Móveis e iluminação Todo o mobiliário foi pensado para atender às necessidades dos proprietários, ao mesmo tempo conferindo praticidade e funcionalidade, além de beleza. “Os principais critérios para a escolha do mobiliário foram funcionalidade, conforto, estética, praticidade e linhas modernas.
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Buscamos escolher peças que traduzissem o estilo dos proprietários e que tivessem um design limpo e contemporâneo. O sofá com chaise para o home theater foi um pedido do cliente e utilizamos o aparador Play e a mesa de centro da mesma linha, em madeira natural e espelho bronze, para criar uma integração maior entre os dois ambientes”, afirma. Tecidos com fibras naturais e em tons neutros foram escolhidos deixando as cores para os objetos de decoração. Na cozinha foi utilizado um acabamento madeirado, fazendo composição com um bege e com as portas em vidro texturizado Quadretti, dando um clima retrô, criando grafismos sem revelar seus interiores. Foi instalada uma fita de LED abaixo do armário superior para iluminação da bancada de trabalho, bem como uma acima, para realçar o revestimento Twenty. No espaço gourmet, a escolha foi de móveis em madeira maciça e fibra sintética, por serem mais resistentes às intempéries a que estão expostos.
Na escolha da iluminação, foram encontradas soluções que possibilitasse a criação de alguns cenários para o mesmo ambiente, proporcionando uma maior eficiência energética, em que o uso de uma potência maior de luz fosse utilizado apenas quando for realmente necessário. A iluminação é formada basicamente por rasgos de luz no forro com lâmpadas T5 28W e spots embutidos para lâmpadas de foco em LED. A imponência do par de lustres em cristal da mesa de jantar impressiona pela sua beleza. Para compor com ela, foram utilizadas arandelas da mesma linha no painel em laca do home theater, que também possui fitas em LED. Outro elemento interessante é a fachada, que recebeu focos para valorizar sua volumetria além dos balizadores Liz, utilizados para sinalizar a passarela de entrada social. Situada em um local de destaque na área social, a escada também recebeu uma iluminação especial. Sua volumetria e revestimento são realçados com os focos de acima e abaixo da
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escada, além dos balizadores que iluminam o primeiro lance dela. Rosane ressalta a escada como um elemento que recebeu uma modelagem de destaque no projeto. “Além da iluminação e do revestimento 3D, destaco a modelagem do granito de cor marrom absoluto, que é valorizado pela perfeição do acabamento. O quarto degrau ultrapassa o limite dos outros até formar o tampo do balcão que dá apoio a mesa de jantar, formando uma volumetria rica, aproveitando os espaços com o mobiliário planejado, que, nesse caso, teve o acabamento em laca na cor fendi para compor com o entorno. Além disso, os degraus são revestidos como um tapete, piso e espelho, e com um respaldo lateral que dá mais volume à composição. Para não interferir no desenho, optamos pelo peitoril em vidro incolor laminado com ferragens e topo em aço inox para melhor conforto para o apoio das mãos”, esquematiza. A obra contou com o acompanhamento constante dos proprietários, que participaram na definição de cada detalhe, como os revestimentos, piso, revestimento de fachada, além da definição de todo o mobiliário. “Isso facilitou para que fizéssemos a obra de acordo com as necessidades de cada acabamento”, enfatiza a arquiteta que se considera satisfeita, assim como seus clientes, com o resultado final.
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Projeto: Arquitetura e interiores Arquiteta: Rosane Oliveira
Revestimentos de piso, parede e fachada: Decortiles, Vetromani e Solarium: OCA Revestimentos • Granitos: Oficina do Granito • Esquadrias (janelas e portas) e ferragens: JR Esquadrias e Officina da Madeira • Iluminação (projeto e peças): Lightdesign + Exporlux
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INTERIORES
INSPIRADO NA TRADIÇÃO
Projeto de botequim no Rio abraça a esquina e aposta nos icônicos azulejos
P
ara projetar o Riba, o italiano e empresário Arturo Isola, sócio do estabelecimento, foi em busca de um arquiteto que conversasse com suas ideias e convidou o SuperLimão Studio, de São Paulo, para dar vida ao novo espaço. O SuperLimão, por sua vez, trouxe duas equipes para se juntar e materializar as ideias: André Piva, como arquiteto local, e a Laika Design, responsável pela criação da marca e toda a identidade visual do Riba. Pequeno em tamanho, com 60m 2 e rico em detalhes, e com a proposta de unir o prazer de botecar com um cardápio artesanal, o projeto buscou integrar área interna e externa. Livre de fechamentos, o piso cimentado único da calçada
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Fotos: Maíra Acayaba | Anna Fischer
até o balcão faz com que o bar se aproprie da esquina e que a calçada se aproprie do bar. As paredes descascadas revelam a estrutura do prédio com seu pórtico do concreto, enquadrando e valorizando o coração do Riba: a cozinha e o balcão. Contrapondo com a rusticidade e sobriedade do concreto, as paredes e o balcão foram revestidos com o mais tradicional revestimento dos pés sujos cariocas, o azulejo. Para esta tarefa, o Studio chamou a Lurca, que mapeou todos os planos de forma a criar um grande painel horizontal que percorre todo o bar como uma grande pincelada de cor, valorizando ainda mais a esquina.
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O balcão propositalmente colocado na esquina, com sua grande janela de vidro, tem o sistema mais moderno de refrigeração, o qual garante que os chopps artesanais sejam servidos sempre na temperatura ideal. Com uma grande variedade de mesas, balcões e bancos, todo o mobiliário foi desenhado para valorizar o bate papo com os amigos. Detalhe para os bancos externos que, assim como o bicicletário, cumprem dupla função, virando o fechamento do bar à noite. Nos banheiros não há limites entre parede, teto, portas. Os azulejos invadem todo o espaço, que valorizados por um jogo de luzes e espelhos tornam a visita em uma verdadeira viagem. Seja para reunir os amigos, filosofar sobre a vida, no pós-praia de domingo ou para comentar sobre o jogo de ontem, o Riba começa com ares de um lugar que sempre esteve ali e onde sempre queremos estar.
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Projeto:
Arquitetura e interiores
Arquitetos:
SuperLimão Studio + André Piva Arquitetura Equipe de Projeto: Lula Gouveia, Thiago Rodrigues, Antonio Carlos Figueira de Mello, Rafael Zampini, André Piva, Juliana Sae e Carolina Nigri
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INTERIORES
CORES DO LITORAL A Praia Brava inspirou detalhes do projeto de um apartamento no local | Fotos: Rafael Renzo
C
om projetos executados no Brasil e exterior, o estúdio curitibano Pantarolli Miranda - Arquitetura, Design e Arte, comandado pelo arquiteto Zeh Pantarolli e pelo designer Diego Miranda, projetou um apartamento de aproximadamente 500m2, no Brava Beach Internacional, na Praia Brava, em Itajái (SC). A principal inspiração da dupla foi baseada em uma paleta de cores a partir da cor de uma fotografia do mar da Praia Brava, aliada ao conceito de sereismo e elementos que remetem ao oceano. Foi desenvolvida então uma combinação de cores em tons azulados, esverdeados e areia,
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também com brilho das pérolas e padrões de escamas. Isto ajudou na escolha dos objetos decorativos. Entre contratação e execução, o projeto levou um ano para ser concluído, dada a riqueza de detalhes. A solicitação dos clientes, um casal de empresários com três filhos, era por soluções práticas e confortáveis, aliadas ao móveis e peças de decoração trazidos em viagens aos Estados Unidos. O desafio foi criar uma harmonia de cores nas peças de decoração para orientar a nossa cliente na compra dos objetos, por este motivo foi desenvolvida previamente a paleta de cores, como citado acima, ressalta a dupla.
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Dentro do que foi solicitado, o conforto e a praticidade podem ser reconhecidos nos tecidos que revestem as poltronas, que por serem outdoor, facilitam a limpeza a qualquer hora do dia. As cadeiras e sofás, por exemplo, conversam com a paleta de cores. O projeto de interiores de todos os ambientes do apartamento foi executado pelo Estúdio Pantarolli Miranda, que incluem os seguintes espaços: cozinha, lavanderia, sala de jantar, de estar, sala íntima, suíte do casal, três suítes, sacada, piscina e cinco banheiros. As áreas que os profissionais ressaltam são a social, que integra cozinha, estar íntimo, sala de jantar, living, espaço gourmet, sacada e piscina, ambientes onde a família passa a maior parte do tempo. As partes de circulação foram valorizadas e conferem fluidez aos ambientes. As soluções luminotécnicas que podem ser destacadas são as embutidas de LED, que valorizam os ambientes e objetos decorativos de forma agradável, além da luminária de madrepérolas e a cristaleira com fios de LED verde, que traz um toque futurista ao beach style.
Projeto:
Interiores de apartamento Arquiteto
Zeh Pantarolli
Designer Diego Miranda
Revestimentos: Portobello Shop Peças decorativas: Dot&Bo, West Elm, CB2, Zara Home e Target
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ARQUITETURA
ELEVADO AO
CUBO
Linha minimalista em projeto que busca aproveitar melhor o ambiente
O
s arquitetos Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes, sócios à frente do escritório Aleph Zero, em parceria com o arquiteto Juliano Monteiro, apresentam o projeto residencial chamado de Casas Cubo. Construído em uma área de 1.678,56m², para atender a crescente demanda de habitação do lado norte da cidade de Curitiba, as moradias foram construídas em três conjuntos, sendo que, em cada um deles, estão disponíveis três casas independentes. Cada “cubo”, formado por três residências, foi construído de forma compacta em linhas e ângulos 58
| Fotos: Maíra Acayaba
retos, proporcionando um aproveitamento melhor do ambiente. Os blocos se organizam linearmente não ocupando todo o espaço livre. O projeto se encontra próximo a um bosque protegido ao fundo do lote e sua fachada se comunica visualmente com a rua criando uma importante relação entre o verde no interior do terreno e o espaço público. As casas apresentam características únicas e personalizadas, prezando sempre pela qualidade do ambiente e os materiais usados focaram nos cuidados com o conforto térmico e acústico. As residências das extremidades do bloco são compostas por três quartos
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e um espaço central que organiza todo o fluxo da casa. Já a casa no centro, possui dois quartos e um vão maior na parte posterior. A diferenciação entre as habitações ocorre através da composição das aberturas dispostas de maneira irregular nas fachadas, assim como pelas diferentes cores utilizadas nas molduras das
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janelas e portas, em que cada cor representa uma casa diferente. Estes “quadros” coloridos, além de funcionarem como elementos construtivos que enrijecem as alvenarias e possibilitam uma visão da área externa, propiciam uma entrada de luz natural e funcionam como um filtro ao modificar a tonalidade da luz que entra no espaço.
Projeto:
Arquitetura de habitação multifamiliar Arquitetura:
Aleph Zero Parceria: Juliano Monteiro
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CAPA
EDUCAÇÃO IMPONENTE Projeto de colégio em João Pessoa se destaca pela magnitude
O
Colégio Motiva Oriental está localizado no bairro do Altiplano Cabo Branco, na cidade de João Pessoa, Paraíba. O terreno possui 44.241,25m² e a área construída 32.690,13 m². Uma arrojada estrutura projetada pelas arquitetas Teresa Queiroga e Rafaella Queiroga, para atender da pré-escola ao ensino fundamental, além de ensino especializado como inglês, música, balé, entre outros. “Trata-se de uma Instituição de ensino pensada para funcionar como ETI (Escola de Tempo Integral), e também com período de tempo convencional. As ETIs, além das tarefas e metodologias do currículo normal, também oferecem diversas atividades incluindo esportes, cultura e artes em geral”, inicia Teresa.
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Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Diego Carneiro
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O projeto, devido à grande complexidade e extensão do programa de necessidades, levou aproximadamente um ano para ser desenvolvido e concluído. Foi grande a dedicação e empenho das arquitetas. Foram meses de intenso trabalho inclusive em três turnos para acelerar o processo. O contato com os escritórios dos projetos complementares foi de fundamental importância para predefinição de soluções técnicas na fase projetual, como também nas fases subsequentes de compatibilização dos projetos e execução da obra. “A premissa básica foi utilizar os conceitos de sustentabilidade, considerando estratégias de iluminação natural, ventilação cruzada, economia de energia, reaproveitamento da água, utilizando tecnologias eco eficientes, que além de serem soluções verdes, trazem menor custo operacional ao edifício”, conta Rafaella. Durante todo o período da construção, o escritório de arquitetura prestou total assistência à obra, participando ativamente de todo o processo. Uma competente empresa de gestão coordenou e comandou toda a construção, e garantiu, juntamente com as empresas terceirizadas e fornecedores, que a obra fosse executada em tempo recorde de 8 meses.
Partido arquitetônico “Criar uma edificação sustentável, fluida, com ambientes aconchegantes, acolhedores, funcionais e instigantes era o nosso desafio. A concepção da forma arquitetônica resultou do estudo do clima e da observação da incidência solar sobre a edificação. Buscou-se o controle desses fatores fazendo uso adequado de elementos naturais e técnicas construtivas compatíveis com o empreendimento”, conta Rafaella. Devido ao terreno estar inserido em área de preservação e subordinado a uma legislação ambiental muito rígida, alguns fatores foram condicionantes para o projeto, como por exemplo: recuo de 100m em relação à barreira do Cabo Branco, limitação na extensão dos blocos e gabarito de altura.
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Diante dessas premissas, respeitando a legislação vigente, o amplo programa de necessidades, os acessos e fluxos internos, se deu o partido arquitetônico que resultou em uma edificação horizontalizada, composta por blocos contendo três pavimentos cada, unidos por passarelas cobertas, separados por pátios internos ajardinados, promovendo maior interação com o exterior e contato com a natureza, respeitando a setorização dos espaços de acordo com seus usos.
O diferencial do projeto escolar “O que diferencia o projeto de uma escola dos demais projetos é exatamente a natureza de sua atividade, principalmente por ser também uma ETI, o programa precisa contemplar além dos ambientes básicos, uma série de ambientes complementares para dar suporte às práticas esportivas e demais atividades”, diz Rafaella. O conforto e o bem-estar do aluno sempre foram levados em consideração durante todo o processo projetual, para que fossem criados espaços adequados ao uso para o qual se destinam, propiciando o aprendizado. “O conforto ambiental é fundamental principalmente quando se trata de um espaço destinado para atividade educacional. Além da necessidade de ser um local atraente, convidativo e acolhedor é importante observar as exigências fisiológicas do ser humano pois a percepção de calor, som e luz produzem efeitos diretos sobre o conforto, bem-estar e a saúde. Todos estes fatores interferem diretamente no processo de aprendizagem”, afirmam. A solicitação do cliente era uma escola que refletisse todo o respeito, dedicação e cuidado que o Motiva tem pelo aluno, a começar pela segurança. Foi solicitado um extenso programa de necessidades, que contemplasse de maneira funcional todas as atividades oferecidas pela instituição e que preservasse acima de tudo o conforto e bem-estar do aluno, criando espaços adequados visando o aprendizado.
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A fase de projeto No processo de concepção do projeto foram coletadas várias informações e dados referenciais sobre as escolas de tempo integral, como também foram feitas visitas a algumas escolas de referência no Sudeste do país. “Nesta fase fizemos várias reuniões com equipes de diferentes especialidades para discutir as melhores soluções construtivas: estruturais, elétricas, hidráulicas, etc. Um grande desafio era projetar a escola para atender ao público atual e também às gerações futuras, uma vez que o empreendimento está implantado em um bairro nobre em plena expansão”, diz Teresa. Era necessário separar os espaços de acordo com o uso, faixa etária e natureza das atividades. Assim as arquitetas desenvolveram o projeto de forma setorizada, sendo cada bloco destinado a um grupo ou a determinadas práticas. Existem três blocos de salas de aula (sendo térreo, primeiro e segundo pavimento em cada bloco) nos quais se localizam também biblioteca infantil, biblioteca para ensino fundamental, sala de psicomotricidade, cozinha experimental, copa infantil, ampla sala de professores, diversas coordenações e supervisões estrategicamente distribuídas, banheiros com vestiários, salas de descanso e salas de estudo para turno integral e laboratórios, bloco administrativo, bloco com restaurante e teatro (com 387 lugares), bloco da cantina, bloco de judô e dança, praça de esportes contendo duas quadras, uma
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piscina semiolímpica, um campo de futebol society e playgrounds. Existe ainda um bloco de serviço com oficinas, apoio de funcionários com refeitório, salas de descanso, depósitos e subestação de energia. Visando atender uma das principais solicitações do cliente, a segurança de seus alunos, as arquitetas criaram duas guaritas de acesso, proporcionando que o aluno embarque e desembarque dentro dos limites do colégio, abrigado por uma extensa e imponente marquise, elemento que se destaca e personaliza a edificação. “Ela abraça e acolhe os alunos e visitantes, serve de abrigo para o embarque e desembarque protegendo da chuva e do sol e une os principais blocos de acesso ao colégio, pontuando os três acessos principais: do ensino infantil, do ensino fundamental e da administração, sendo estes totalmente acessíveis”, explica Rafaella. Além disso a escola possui 4 vias de circulação interna de veículos e estacionamentos internos, além de subsolo, com capacidade para 136 veículos, visando maior conforto para pais e alunos.
Materiais Pela natureza das atividades, houve a necessidade de se especificar materiais de revestimentos, e produtos em geral, certificados pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), acima de tudo que garantissem segurança, boa resistência e durabilidade, para preservar a qualidade e boa
aparência do empreendimento ao longo do tempo. Todas as salas de aula, corredores e demais ambientes, exceto alguns específicos, têm suas paredes revestidas até 1,50m de altura com material cerâmico. Isso é muito importante para manter a higiene e eliminar custos de manutenção como repintura. A preferência pelos tons e cores seguiram critérios, considerando-se o uso de cada ambiente. Foi estabelecida a escolha por tons suaves, que vai do tom bege das portas, piso e parede, até o tom madeirado dos detalhes das faixas das paredes e piso, fazendo referência à natureza.
Iluminação e sustentabilidade O projeto luminotécnico foi elaborado por uma equipe especializada, além de obedecer às normas de segurança, também seguiu as novas tendências tecnológicas. Foram utilizadas lâmpadas de LED, que têm melhor desempenho energético, em todos os ambientes. A iluminação das salas de aulas foi dimensionada de forma eficiente para tornar o ambiente saudável. Desde a concepção do projeto sempre foi uma preocupação constante por parte das arquitetas e pela solicitação expressa do cliente a abordagem do conceito de sustentabilidade e acessibilidade. “O projeto se desenvolveu de forma que cada ambiente tivesse iluminação natural e também conforto ambiental. Os blocos foram estrategicamente
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locados para evitar ao máximo insolação nas fachadas maiores e promover uma boa ventilação, visando o consumo mínimo de energia”, complementa Teresa. Outro critério adotado foi a utilização de energia solar, para diminuir o consumo da energia convencional e o sistema de captação de águas pluviais para reuso, como também dois poços artesianos que contribuem significativamente para reduzir o consumo de água do sistema de abastecimento público. Dessa forma o sistema hidráulico possui três reservatórios de água: (do sistema público, de águas pluviais, e água de poço) distribuídos adequadamente de acordo com o uso. Possui ainda uma subestação de energia estruturada para acomodar dois geradores, utilizados em horários de pico.
Acessibilidade e ambiente externo A questão da acessibilidade foi um item levado muito à sério, bem pensado e trabalhado para permitir livre acesso à PCD (pessoa com deficiência). Evitou-se ao máximo desníveis entre ambientes e quando necessários os mesmos são vencidos
por aclives ou rampas. Entre pavimentos existem elevadores que estão estrategicamente distribuídos, as vagas dos veículos são sinalizadas, as calçadas possuem rampas estratégicas, os banheiros e vestiários foram devidamente concebidos para atender a estes usuários, enfim, foram tomados diversos cuidados para garantir o respeito a todos. A área externa, além dos recuos devidos, tem seus propósitos. No lado leste da edificação está implantado um grande playground em banco de areia, separado por um gradil para atender crianças de diferentes faixas etárias. Neste mesmo espaço encontra-se uma arena destinada a atividades extraclasse. Já no lado sul está a praça de esportes com bloco destinado às salas de dança, judô e piscina infantil, piscina semi-olímpica, campo de futebol society, ginásio coberto e quadra. “Este espaço foi propositalmente locado de forma independente para permitir acontecimentos de eventos externos, como por exemplo jogos escolares, que podem acontecer sem invadir a privacidade da ala interna do colégio. O restaurante e cantina estão localizados ao lado da praça de esporte, justamente para dar suporte à realização destes grandes eventos”, enfatiza Teresa.
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Pequenos grandes detalhes “É de relevante importância na educação a relação que se estabelece entre o espaço e o usuário, tendo em vista que ali as crianças vão se desenvolver construindo suas trajetórias rumo ao seu crescimento e acúmulo de conhecimentos. O projeto físico do ambiente escolar é imprescindível para garantir o sucesso no processo ensino-aprendizado, por isso a arquitetura escolar deve despertar bons sentimentos, tornando a escola interessante e instigante, estimulando o aluno a enfrentar desafios”, afirma Rafaella. Elas enfatizam que o projeto se concretizou com a realização da obra, resultando em um complexo arquitetônico harmonioso, com um estilo contemporâneo, de linhas retas, onde cada detalhe faz parte de um todo, complementando os espaços e imprimindo sofisticação e imponência à edificação. A escola, além de garantir com excelência o currículo básico de ensino, também se propõe a ser palco de vivências marcantes e conquistas importantes na vida dos alunos, pais e professores, com o intuito de oferecer bem mais do que apenas a educação de base. Teresa e Rafaella concluem que o grande diferencial do Motiva Oriental é a magnitude do empreendimento, projetado e dimensionado para atender a rigor as necessidades do aluno e promover acima de tudo o aprendizado, juntamente com a formação ampla do indivíduo e o desenvolvimento de todo seu potencial.
Projeto: Arquitetura e interiores Arquitetas:
Teresa Queiroga e Rafaella Queiroga
Arquitetas colaboradoras: Fabiana Fontes Gambarra, Nayana Oliveira e Jully Anne Almeida
Mobiliário: Artefacto • Execução: Fio Engenharia • Estrutura: C Rolim Engenharia Estrutural Ltda e RD - Ricardo De Grande • Fundação: Copesolo Estacas e Fundações Ltda • Estrutura: Serviços de Civil: Construtora Santhiago/ CS Costanera Engenharia Ltda • Estrutura Metálica: Vulcano Montagens Industrial Ltda, Vão Livre, Meganor e Baia Indústria Metalúrgica Ltda • Projeto Luminotécnico: Light Design+Exporlux • Climatização: DPI Instalações Locações e Comércio Ltda • CFTV: Witex Comércio e Serviço especializado Ltda • Ar-condicionado: DAIKIN MCQUAY Ar condicionados • Vidros e espelhos: Tech Vidros • Revestimentos: Portobello • Elevador: Atlas Schindler • Impermeabilização: Cysne Serviços e Construção Ltda • Obra de arte: Wilson Figueiredo da Silva • Paisagismo: Atmosphera • Piso industrializado: Construtora Piso Forte Ltda • Concreteira: Supermix / Coopmix • Gesso acartonado: Teto Construções • Granito: Oficina do Granito • Cobertura tensionada: TENSOTECH Coberturas tensionadas • Divisórias dos banheiros: NEOCON Indústria e Comércio de divisórias Ltda.
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INTERIORES E MODA
Luz na passarela
Moda na decoração foi o tema de mostra Artefacto João Pessoa e o design de luz colaborou decisivamente para os projetos apresentados Texto: Renato Félix | Entrevista: Lidiane Gonçalves | Fotos: Vilmar Costa Bethania Tejo - arquiteta
“D
ecor + fashion”, interiores e moda, a combinação entre as duas áreas, é o tema da mostra Artefacto João Pessoa, que comemora os 40 anos da loja paulista Artefacto Móveis e Tecidos. A mostra de decoração, sempre reunindo arquitetos, designers de interiores e decoradores, existe há mais de 20 anos. Os projetos de iluminação de alguns ambientes da mostra foram desenvolvidos pela equipe da LightDesign.
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“A LightDesign foi convidada para participar através da diretoria da Artefacto para a Mostra Decor Fashion, pois as empresas estão inseridas no mesmo nicho de mercado, trabalhando com os mesmos clientes e os mesmos profissionais”, conta o lighting designer Daniel Muniz. “Esta parceria já se estende em outras lojas Artefacto e LightDesign+Exporlux no Brasil, como por exemplo em Brasilia e Recife”. Para ele, o uso da luz dentro do tema do evento não gerou uma dificuldade a mais. “Luz e
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moda andam juntos. O designer da luz, não apenas o design da luminária, norteou o conceito”, afirma, completando que o projeto de luz foi desenvolvido junto com o profissional do ambiente. “Este projeto envolve qualidade de luz, cor da luz, intensidade de luz, interação da luz com o sistema de controle e automação. Fornecemos os todos os produtos e como é de praxe da nossa empresa, entregamos tudo instalado e testado. Inclusive dando suporte pós instalação, que sempre é necessário num evento desta magnitude”. Muniz destaca os projetos de Bethania Tejo e o de Geórgia Suassuna e Francisco Cabral no evento.
“Trabalhamos muito alinhados com o projeto de Bethania Tejo, com design de luz dentro do conceito do trabalho da design homenageada Alessandra Sobreira e o ambiente de Georgia Suassuna e Francisco Cabral, que teve design de luz no loft da designer Irene Lummertz”, conta. “Por vivenciar o espirito do projeto, suas dificuldades, o envolvimento desde sua concepção até o resultado final, é natural que tenha-se uma admiração e carinho maior por estes dois. Mas os espaços de Sandra Moura, Ana Sybelle e Leonardo Maia também foram bastantes felizes na proposta”.
Para ele, o projeto de Bethania Tejo ajudou a design de luz por ter um pé-direito mais alto. “Podemos utilizar luminárias mais robustas no design, sobrepostas com lâmpadas antiofuscamento, com bastante brilho, 780 lumens e foco reduzido”, explica. “As duas luminárias duplas, quatro lâmpadas que realçam o dourado cintilante do mobiliário da Marel Mobili, têm angulo mais aberto, inclinação orbital e 1600 lumens para dar destaque às peças de decoração – a estrutura metálica, que é um traço forte da arquiteta
nesta ambientação. Os conjuntos de luminárias eram conjugados com controle total do pacote de luz através da dimerização, visto que o contraste acentuado da luz e sombra era fator de exigência da arquiteta no projeto luminotécnico”. Já no caso do projeto de Georgia Suassuna e Francisco Cabral, o estilo resultou mais clássico. “Nós tinhamos um altura de forro bem baixa, e algumas faixas de laje remanescentes do projeto da edificação. Dificultou um pouco o projeto de luz”, avalia. “Mas
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vivemos de desafios”. Assim, ele explica que o controle de ofuscamento recebeu um cuidado especial no espaço. “Luminárias com lâmpadas bastante recuadas e lâmpadas com controle antiofuscamento foram fundamentais na especificação dos equipamentos”, diz. “O calor térmico e o posicionamento das luminárias em pontos estratégicos para não incomodar os visitantes
Georgia Suassuna e Francisco Cabral - arquitetos
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também tiveram uma atenção especial tanto da equipe da LightDesign+Exporlux quanto dos arquitetos”. Essa atenção resultou em não posicionar luminárias onde pudesse haver aglomeração de visitantes ou funcionários da loja. “O espaço pedia, devido à pegada classica, uma luz mais difusa, amarelada. Porém controlada nas extremidades e
mais intensa nos objetos de decoração, muitos deles localizados em espaços mais centralizados”, explica. “Lâmpada AR 70, 450 lumens, com foco concentrado nos objetos de decoração, e lâmpadas com luz difusa 60 G, 490 lumens, nas extremidades, lavando as obras de arte com uma luz bem agradável”.
Na laje, o design utilizou o recurso do trilho eletrificado, na cor preta. “Tínhamos que ‘banhar’ de luz uma linda parede de mármore Vulcano Green e não tínhamos recursos de pontos elétricos”, lembra. “O trilho é um equipamento versátil para essa utilização, além de dar uma leve pegada contemporânea no espaço. Ele ficou ‘de costas’ para quem entra no espaço,
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zerando, assim, a visualização entre o observador e a fonte luz”. Todo o trabalho nestes projetos refletem, para Daniel Muniz, a importância do design de luz para a arquitetura de interiores: “A valorização da arquitetura, suas nuances e sua harmonia e o respeito ao ambiente integrado com o projeto e anseios dos clientes”.
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A Evviva está iniciando uma era de mudanças e novas experiências na sua história. O redesenho do seu logotipo e a nova campanha são apenas o início de um movimento que retrata a tradição e os valores da família Bertolini passados de geração para geração. Estamos escrevendo um novo capítulo, permeado pelo saber fazer, pelos detalhes, respeito ao produto, às pessoas e aos novos tempos.
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PELA TRADIÇÃO DO NOVO
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CARTA DO LEITOR
Nós queremos ouvir você É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:
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ROSANE OLIVEIRA A AE é uma publicação trimestral, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.
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Você arrasaram nessa edição 58. Parabéns! Claudio Souza- João Pessoa Como vocês conseguem se superar dessa forma? Ser a cada revista mais bonita que as anteriores? Linda capa, conteúdo maravilhoso. Equipe de parabéns. Silvia de Oliveira – João Pessoa Fiquei empolgada com essa edição. A revista inteira está com boas matérias, excelentes fotos, excelência na impressão e uma capa maravilhosa que não deve a nenhuma revista nacional. Precisei levar para casa, não pude apenas folhear no consultório. Obrigada por fazerem esse trabalho enriquecedor. Simone Helena – João Pessoa Sou coordenadora da d33 Comunicação, agência especializada no atendimento de arquitetura e decoração , que fica localizada em aqui em São Paulo. Bom, conheci, pelo Issu a revista AE e amamos! Excelente conteúdo, ótimas matérias ... Tenho certeza que conta com um grande público aí em João Pessoa, na Paraíba. Vamos estreitar nosso relacionamento? Fico à disposição para quaisquer informações que precisar. Beijos e obrigada! Gláucia Ferreira - São Paulo
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PONTO FINAL
CASA VAZIA, APESAR DE CHEIA
Felicidade é estar inteiro num único momento, não pela metade, não por frações de presença. O que tem acontecido é que residimos no celular, e a casa fica vazia de nossa algazarra. Espiamos a nossa vida real de canto de olho, fingindo que escutamos e participamos da conversa. Não ouvimos e daí repetimos as últimas palavras pronunciadas pelos familiares para ganhar fôlego e se envolver superficialmente com o que estava sendo dito. Não trocamos os envelopes dos ganhadores do Oscar, mas nos confundimos com os nossos desejos, provocamos acidentes a partir de funda omissão e entregamos os nomes errados de nossas escolhas. A insatisfação é a regra, acompanhamos postagens em praias paradisíacas, e nos ressentimos de trabalhar e estudar. Engatamos um papo aleatório com colegas e não nos mexemos em nossos intervalos de lazer. O corpo baixa a âncora e não navega mais pelos aposentos. Uma cena comum é a família no sofá, cada um digitando no seu aparelho. Os pontos de convergência são raros. Sempre estamos em outro local, teclando com outros, longe dali, e esquecendo quem se encontra próximo, rente, visível. Vamos investindo em distâncias e ausências e nos desacostumando com os abraços, com os beijos, com os risos a um palmo de nosso nariz. No trânsito, na aula, no emprego, mantemos postagens infinitas nas redes sociais. Alimentamos uma doentia ubiquidade. Quem está em todos os lugares não está em nenhum.
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É um coma digital, um permanente exílio das vontades. Verificamos o e-mail, o Instagram, o Facebook, o Twitter e nem temos noção do que iríamos fazer, e já nos dispersamos com aquilo que aparece na frente. Não há uma tarefa, porém a absoluta evasão dos dedos. O que era para levar alguns minutos demanda horas de imersão. Não existe mais o tempo vertical e único, é tudo acumulado e sobreposto, mastigado de modo precário e inconstante. As pessoas costumam se assustar com frequência quando interpeladas. A cabeça é obrigada a descer de paragens abstratas dos bytes e responder de repente. Percebese o grande esforço do distraído virtual para participar do cotidiano concreto e dos apelos por atenção. Ele é pego em flagrante não fazendo nada e arruma desculpas de fotos e vídeos interessantes. Partilha links engraçados, memes e não se reparte com quem mais precisa. Demonstra conhecimento dos tópicos do momento, mas não se atualiza na intimidade. A imobilidade nos levará para a indiferença. Exercitaremos a inveja, a indiscrição e a cobiça, e não o amor, a saudade e a amizade familiar. Época esquisita, esdrúxula, inexplicável, onde somos íntimos de estranhos e estranhos dos nossos íntimos.
FABRÍCIO CARPINEJAR
Poeta, jornalista e professor universitário, com diversos livros publicados
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