Revista AE 13

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Ano IV Nº 13

Mar/Abr/Mai 2006 www.artestudiorevista.com.br

Em dois universos Arquitetura Arquitetura tradicional tradicional ee contemporânea contemporânea unem-se projeto unem-se em em pr projeto ojeto de de Gilber Gilber to to Guedes Guedes

Arquitetura inclusiva

Projetos devem se adequar às necessidades dos idosos

Patrimônio Histórico Acer vo da cidade de Ar eia guar da Areia guarda monumentos do século 17 e 19

Annelise Lacerda e Karla Barros exploram cores em projeto de ambientação A arquiteta Márcia Barreiros projeta casa de praia de leitura simples e direta


fotos Tuca Reinés

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Quadrante Sul

Ter o privilégio do bem-estar, da inovação e da exclusividade. Este é o conceito 7. Com uma nova e arrojada coleção, a Florense apresenta sua solução para o mobiliário contemporâneo mundial – nas 24 horas do dia, nos 7 dias da semana. Trata-se de uma linha completa de móveis residen24

ciais e para escritórios em que foram levados em conta funcionalidade, conforto e design, tornando o Florense Concept 7 uma expressão de estilo de vida. Com o novo conceito, a Florense evolui para uma nova fase, em que o móvel apresentado nas lojas brasileiras é o mesmo exibido no show-room de Nova York e de outras cidades do mundo.

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Editorial

A cada dia renovando

Luciana Oliveira e Márcia Barreiros

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O ano de 2006 já começou cheio de mudanças para a revista Artestudio. Após um balanço da estrutura gráfica e do conteúdo das matérias, resolvemos dar à revista um aspecto mais clean, além de buscarmos pautas que proporcionem ao leitor o conhecimento sobre interessantes trabalhos na área de arquitetura e ambientação feitos no nosso Estado. A primeira mudança gráfica é visível. Para tornar a leitura do editorial mais clara, resolvemos separá-lo do sumário, que agora tem uma página só para ele. Esta modificação foi realizada seguindo as tendências dos projetos gráficos de revistas de renome nacional. O resultado é este que todos podem conferir. No corpo da revista, a nossa preocupação foi em continuar garantindo uma leitura saudável e menos cansativa. A diagramação leve é o ponto-chave para alcançarmos este objetivo. Não podemos esquecer de mencionar que a editora Luciana Oliveira não pôde participar desta edição por um motivo muito justo: está cuidando do seu mais novo filho, Lucas. Por esta razão, esta edição é assinada pela jornalista Kaylle Vieira. Mas voltando ao que interessa, vamos iniciar a apresentação da edição nº 13 falando sobre o projeto de capa, que é assinado pelo arquiteto Gilberto Guedes. Unindo elementos da arquitetura tradicional e da arquitetura contemporânea, o arquiteto prova que a harmonia entre as duas tipologias pode ser alcançada usando o bom-senso, criatividade e, claro, conhecimento. A capa ainda é uma espécie de seqüência da edição anterior da revista, já que muitos leitores ficaram curiosos em saber um pouco mais sobre os projetos paraibanos que participaram da Encore Moderne? Architecture Contemporaine au Brésil. Esta edição ainda traz uma entrevista com o designer gráfico e industrial, Eduardo Barroso, que esteve na capital paraibana no início de janeiro. Durante a conversa, Eduardo falou sobre a prática do design, design urbano, valorização cultural e dos caminhos que cruzam e limitam o design e o artesanato. Além do projeto de Gilberto Guedes, os leitores ainda podem conferir o projeto de ambientação de uma loja de montagem de bijuterias, que é assinado pelas arquitetas Annelise Lacerda e Karla Barros, e o projeto de arquitetura para uma residência, que foi realizado por Márcia Barreiros. A revista ainda conta com várias reportagens. Há matérias sobre a 27º Bienal Internacional de São Paulo, o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade de Areia, sobre projetos de arquitetura voltados para idosos, a reforma do Liceu Paraibano e sobre o cimento. Nesta edição, os leitores também podem encontrar a cobertura fotográfica da festa realizada pela revista em comemoração ao Dia do Arquiteto e da premiação do concurso Espaço Planejado. Esperamos que todos aproveitem bastante esta nova edição da Artestudio e que continuem colaborando com idéias, sugestões e críticas, para que possamos, cada vez mais, melhorar e superar as nossas limitações.

Kaylle Vieira 04 04

www.ar t e s t u d i o r e v i s t a . c o m . b r



Sumário

w w w. a r t e s t u d i o r e v i s t a . c o m . b r

nossa capa

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Gilber to Guedes projeta casa de praia que une conceitos da arquitetura tradicional e contemporânea

entrevista

08

Nesta edição, a Artestudio traz uma entrevista com o designer gráfico e industrial Eduardo Barroso, que defende o design dentro de um paradigma holístico

internacional

14

Confira tudo sobre a 27ª Bienal Internacional de São Paulo, que começou em janeiro e segue até o final do ano

especial

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Preocupação com acessibilidade é ponto-chave em projetos de arquitetura e ambientação para idosos

reportagem

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Após 70 anos de construção, o prédio do Liceu Paraibano passa por uma grande restauração

acervo

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Areia guarda um grande acer vo histórico e arquitetônico e se torna Patrimônio Histórico Nacional

materiais

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Cimento passa por inovações e continua sendo o produto de primeira necessidade de profissionais

e mais os arquitetos Annelise e Karla Barros

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Márcia Barreiros

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Entrevista

M Pensar o design dentro de um paradigma holístico, no qual a preocupação de desenvolver soluções ultrapasse a barreira estética e econômica, e ganhe uma dimensão plural, ambiental, tecnológica e cultural. É esta a proposta defendida pelo designer gráfico e industrial, Eduardo Barroso, que esteve em João Pessoa em janeiro e discutiu com arquitetos, designers e artesãos as convergências possíveis e desejáveis entre o artesanato, arquitetura e design. Nesta entrevista concedida à jornalista Kaylle Vieira, Eduardo Barroso fala sobre a prática do design, design urbano, valorização cultural e dos caminhos que cruzam e limitam o design e o artesanato. 08

“O designer tem que se despir do narcisismo de fazer objetos para adoração nos templos de consumo” AE: Como o senhor avalia a prática do design hoje? O perfil do profissional do design está pautado em quê? Eduardo: Eu vejo o design hoje não mais como uma profissão e sim como uma área de conhecimento que qualquer profissional dela pode se valer. Para mim, o design é projeto, e projeto é você conceber algo que até então não existia. Se você faz isso considerando todos os requerimentos necessários – como a dimensão estética, econômica, plural, ambiental, tecnológica - aí sim você está praticando o design. O design é mais que uma profissão, é uma forma nova de lidar com problemas. AE: De que maneira é possível formar profissionais mais éticos, conscientes e mais preocupados com estes pontos que foram colocados? Eduardo: Na escola de design que montei em Santa Catarina, trabalhamos o design dentro do paradigma holístico. Não formamos designers gráficos, de produtos, de ambiente ou de interiores, e sim pessoas que culminam uma metodologia que nos permite trabalhar em qualquer área, desde um projeto de uma peça artesanal até um

projeto de uma cidade. O campo do design se ampliou muito. As fronteiras desapareceram e existe uma consciência maior para isso.

AE: Como o senhor avalia as soluções desenvolvidas para as cidades? Sabemos que a maioria das cidades sofre problemas de falta de saneamento, de sistemas de transportes e de transmissão de energia. É possível criar projetos mais eficientes, apesar desta atual realidade? Eduardo: Acho que a primeira coisa é gerar a solução dos problemas urbanos fora de uma agenda política comprometida com mandatos. Uma cidade não se resolve num mandato de quatro anos, nem de oito. E os nossos governantes, infelizmente, querem fazer ações, como disse o próprio presidente Lula, que eles querem inaugurar. Em algumas ações, não é possível colher os frutos no dia seguinte. Na educação, por exemplo, inaugurar escolas não significa que você vai formar pessoas. Devemos começar a aprender a pensar na cidade a partir das suas vocações e dos desejos de seus habitantes. Essa é a contribuição maior que o design tem tentado dar e sempre a longo prazo.


AE: Preservar a identidade cultural da localidade é fundamental para desenvolver projetos eficientes? Eduardo: O nosso maior patrimônio é a nossa cultura, não só aquela cultura do patrimônio tangível, monumentos, arquitetura, espaços público, mas também a cultura do patrimônio unilaterial, os saberes, os fazeres, as tradições, os mitos, ritos, lendas, arte popular. Tudo isso faz parte da nossa cultura que tem que ser resgatada e valorizada. AE: Falando agora sobre design e artesanato. O senhor acredita que é possível estreitar os laços entre o design e o artesanato? Essa união traz mais profissionalismo ao artesanato e mais amadorismo ao design? Eduardo: Eu acho que a aproximação entre design e artesanato não é só desejada, como indispensável. O artesanato precisa do design para se renovar e o design precisa do artesanato para poder buscar referências no seu entorno cultural, e não ficar só olhando para as lojas, que são os modismos exógenos que não tem nada a ver com a nossa cultura. Agora, como toda relação que aproxima formas distintas de trabalhar, ela tem o seu grau de dificuldade. Para isso, os designers têm que aprender a trabalhar com o artesão, não para o artesão. O designer tem o conhecimento de mercado e o artesão, o conhecimento do processo. O designer tem que se despir do narcisismo de fazer objetos para adoração nos templos de consumo e virar uma pessoa preocupada em dar respostas às demandas da sociedade. Se isso acontecer, eu acho que se elimina todo o risco que existe de você deteriorar ou pasteurizar a produ-

ção artesanal, criando produtos de uma estética urbana simplista que não levam a nada.

AE: O senhor sempre fala de produtos com alto valor agregado. Que produtos são esses e como chegar até eles? Eduardo: É aquele produto cuja qualidade é percebida pelo consumidor. Quando uma pessoa compra um produto artesanal, ela não está comprando só um artefato, está comprando um pedaço de uma experiência de vida, uma memória de uma experiência de vida. Para isso, é preciso tornar visível, aparente e conhecido, atributos de um produto que as pessoas normalmente não o identificam, como o tempo que um produto levou para ser feito, a história do artesão ou da comunidade que fez aquilo. Estamos hoje no que se convencionou chamar economia da experiência. Os produtos e serviços passam a custar não apenas o seu valor intrínseco, mas a experiência que está agregada a eles. Quanto é que vale uma bonequinha de pano? 1 real? 50 centavos? Mas ela pode valer muito mais se estiver relacionada a uma história, a um contexto, a um processo, a uma comunidade que se estruturou, que se organizou, que encontrou dignidade e auto-estima. Isso é um valor agregado. Isso tem que ser dito, tem que ser mostrado.

apenas aumenta a produtividade. O que define a qualidade do produto é o seu acabamento, a destreza com que a peça foi montada, a qualidade da matéria-prima empregada. Não é porque você vai fazer uma quantidade maior, que você tenha que, necessariamente, perder a qualidade. Você pode até racionalizar e aumentar a qualidade por conta desse aumento da escala de produção. O design ajuda nesse contexto, tornando os processos mais eficientes, mais rentáveis e de maior qualidade.

“O design é mais que uma profissão, é uma forma nova de se lidar com problemas.” Eduardo Barroso

AE: É possível fazer com que esses produtos tomem escala sem que eles percam a qualidade? Eduardo: A gente tem os exemplos do México, da Colômbia, de uma série de países que fizeram isso sem perder essa característica. Porque o que define um atributo de um produto não é a padronização de um processo, isso 09


Interiores

Valorização das cores

O Arquitetas:

Annelise Lacerda e Karla Barros Projeto: Loja Spaço da Montagem Vidros: Vittro Iluminação: Emporium da Luz Inox: Servinox e Medical Revestimento: Porcelanato Elizabeth Texto: Kaylle Vieira Fotos: Mano de Carvalho

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O ponto de partida das arquitetas Annelise Lacerda e Karla Barros para o projeto de ambientação de uma loja de montagem de bijuterias foi explorar o colorido das miçangas, que são os produtos comercializados na loja. O ambiente, que respira arte e cores, ganhou contornos mais arrojados e sofisticados com o uso de materiais com brilho e transparentes, que são características marcantes do projeto. Para tornar o espaço mais limpo e realçar as peças da loja, foram utilizados vidro e acrílico, que valorizam ainda mais o local. As arquitetas optaram pela cor branca, que proporciona leveza ao espaço. Para dar um toque feminino ao ambiente, que recebe – basicamente – o público feminino, elas utilizaram o rosa. O contraste fica por conta do preto. De acordo com as arquitetas, a ambientação é marcada pelo uso de linhas retas e tem como elemento de destaque a forma circular. As arquitetas criaram ainda um ambiente de estar bastante descontraído, onde foram colocadas duas televisões para exibição de clips, além de puffs e almofadas com aplicação de miçangas, que dão um toque todo especial à loja. Na vitrine, foram usados móveis tipo pedestais para expor as peças que podem ser produzidas com os produtos vendidos na loja e um painel de cortina de miçangas e plástico para divertir o ambiente, sem perder a sofisticação. A iluminação foi projetada com a preocupação de realçar o brilho das peças e dar destaque à vitrine. As arquitetas utilizaram uma iluminação indireta embutida nos painéis e um pendente de cristal na entrada da loja marcando o piso de vidro, além da iluminação cênica em alguns pontos da loja, como na parede de bolas.





Internacional 27ª Bienal Internacional de São Paulo Bienal inova e propõe um mundo sem fronteiras para arte contemporânea

C

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“Como Viver Junto”. Este é o título da 27ª edição da Bienal Internacional de São Paulo, que começou em janeiro e segue até dezembro. Durante todo o ano, a capital paulista será o celeiro da cultura contemporânea do mundo e reunirá os maiores nomes ligados à arte de todas as partes do globo. Diferente das edições anteriores, a 27ª Bienal, além de ampliar o período de exposição, permitindo que o público acompanhe as mais variadas manifestações culturais gradualmente, também estende sua amplitude territorial e chega a outros estados brasileiros através da implantação de Residências Artísticas. A proposta desta edição do evento é se assemelhar a um congresso cultural, estimulando a participação do público interessado nas práticas artísticas contemporâneas. Por isso a idéia da realização de seminários internacionais, que antecedem e complementam a mostra. Para a curadora geral da 27ª Bienal, Lisette Lagnado, O título da Bienal foi extraído dos cursos realizados entre 1976 e 1977 por Roland Barthes, que abordavam a vida em comunidades e os paralelos entre a companhia e a liberdade. De acordo com Lisette Lagnado, o título foi escolhido para discutir uma das questões mais candentes da vida pública: como estabelecer uma base de comunicação viável entre grupos e nações que se escutam cada vez menos? “Nesse sentido, o abandono das “representações nacionais”, algo que acompanhou a Bienal de São Paulo desde a sua fundação, torna-se um horizonte ainda mais urgente”, frisou Lisette. A âncora do projeto de Lisette para a 27ª Bienal é o pensamento do artista Hélio Oiticica. “Hélio me inspirou e continua me estimulando a escapar das categorias estéticas. Ele nunca deixava nada se cristalizar”, informou Lisette à jornalista Juliana Monachesi, da revista Bien’Art. Até o final do ano, a 27ª vai oferecer seis seminários, com especialistas do Brasil e do exterior. “Marcel 30”, que foi o seminário que abriu a Bienal, foi organizado pelo co-curador do evento Jochen Volz e aconteceu nos dias 27 e 28 de

janeiro. O debate fez uma revisão histórica de Marcel Brood-thaers (1924-1976) e levantou questões sobre a obra do artista, como a ficção, o suporte, a anti-teoria, a crítica da instituição, a arte e a não-arte. O seminário contou com a participação de Lisette Lagnado, dos alemães Jürgen Harten e Dorothea Zwirner, dos brasileiros Stéphane Huchet (BH) e Ricardo Basbaum e do tailandês Rirkrit Tiravanija. O segundo seminário, que é coordenado pelo crítico Adriano Pedrosa, acontece nos dias 31 de março e 1º de abril e tem como tema a “Arquitetura”. Nomes como Marjetica Portc, da Eslovênia, Beatriz Colomina, da Espanha e Eyal Weisman, de Israel, serão responsáveis pelo debate, que irá abordar a tênue relação entre arte e arquitetura, o conflito de palestinos e israelenses com o meio urbano em que vivem, o entrelaçamento entre arquitetura e arte e natureza morta, além de outros pontos. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Lisette Lagnado disse que o perfil da 27ª Bienal de São Paulo foi formulado conceitualmente em dois blocos, diferente das outras edições, que contavam com sete núcleos. “O ‘Como viver junto’ se resume agora em dois grandes blocos: “Projetos Construtivos”, no qual vamos privilegiar artistas que lidam com o espaço, o lugar de trabalho, o habitat; e “Programas para a Vida”, onde o cotidiano fica mais evidente, pois lidaremos com as subjetividades e inter-relações, de microcomunidades, ou como um artista ativa um nãoartista na obra dele”, disse ela. A 27ª edição da edição Bienal Internacional de São Paulo conta ainda com outros eventos, como um festival de cinema e residências de artistas renomados.





Especial

Beleza e segurança em todas as idades

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A preocupação com a acessibilidade sempre esteve presente entre os projetos de arquitetura e ambientação desenvolvidos por profissionais sérios. Esta tendência, que busca adequar as moradias e espaços públicos e privados às necessidades de idosos ou de portadores de deficiência, é crescente em todo o país e no mundo. Dados do IBGE revelam que, em 2050, a população brasileira alcance a marca de 249,2 milhões. Deste total, mais de 35 milhões serão de pessoas com mais de 60 anos. Segundo as informações mais recentes do instituto, o Brasil tem 120 idosos para cada 100 pessoas com menos de cinco anos. Em 80, a proporção era de 48 pessoas com mais de 60 anos para cada 100 crianças. Não há como ignorar tais dados e por isso se faz necessário, cada vez mais, buscar soluções que proporcionem qualidade de vida para os mais velhos. De acordo com Ana Helena Andrade, do escritório Ana.Ângela Arquitetas Associadas, os profissionais estão cada vez mais preocupados em projetar espaços que garantam, além de beleza aos olhos, conforto e segurança para as pessoas de todas as idades. Tanto em residências quanto em espaços públicos é muito comum se encontrar muitos obstáculos para quem tem alguma limitação física. A profissional destacou que para quem tem – ou pode vir a ter - uma dificuldade física, seja temporária ou definitiva, alguns cuidados na elaboração e execução do projeto, como pisos antiderrapante, banheiros com alças de apoio e com espaço para cadeira de rodas, a substituição 18 04

Fotos Divulgação

de escadas por rampas, são fundamentais. O conceito de arquitetura universal - Universal Design - está ganhando espaço e proporcionando maior liberdade e facilidade no dia-a-dia de todas as pessoas, tenham elas algum tipo de limitação ou não. “O belo e o bonito são muito importantes, mas a acessibilidade é fundamental”, destacou a arquiteta, que já realizou diversos projetos para residência de pessoas idosas e clínicas que têm como público-alvo os mais velhos. Pensar no futuro das pessoas que irão usufruir do espaço que foi projetado é essencial. Ana Helena explicou que, há alguns anos, esta preocupação praticamente não existia. “Hoje em dia isso é uma obrigação. É necessário prever as diversas necessidades do usuário em qualquer fase da vida”, frisou a arquiteta. Para isso, é preciso entender que o grande diferencial de um bom projeto é que ele permite mudanças e adaptações. Vale lembrar que o direito à acessibilidade é lei, através da NBR9050, norma da ABNT. O documento tem uma série de recomendações que estabelecem critérios e parâmetros técnicos para a construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. O objetivo da norma é proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.


Casa segura omo evitar segura:: c como alguns acidentes - É importante que os ambientes sejam bem iluminados, de preferência com bastante luz natural. - Os interruptores devem ser colocados de forma que o per curso seja linear, isto é, que o usuário não precise dar voltas para acender ou apagar as luzes. - O piso dos ambientes merece um cuidado especial. Eles não devem ser escorregadios e as ceras devem ser usadas em pequena quantidade. Principalmente nos banheiros e na cozinha, deve ser escolhido um piso antiderrapante, com a finalidade de evitar quedas. - Tapetes devem ser colocados fora da área de circulação. - Se a casa não for nivelada com a rua, uma rampa na entrada é fundamental. Ela facilita a subida a pé e em cadeira de rodas, quando necessário, e até do carrinho de bebê. A calçada deve ser de piso antiderrapante e é importante que esteja sempre conservada, sem buracos ou saliências. - Na cozinha, opte por tampos reguláveis nas pias e nos gabinetes. Isso facilita o uso por cadeirantes. - Bancadas não podem ser muito profundas e a altura das prateleiras deve ser definida conforme a limitação do usuário. Quando o morador utiliza cadeira de rodas é preciso considerar as necessidades de manobra.

Hidromassagem vertical e armários com gavetas em áreas de fácil alcance são indicados

- Objetos como eletrodomésticos devem ficar em locais baixos para fácil retirada e manuseio. - O tampo do vaso sanitário deve ser ajustável para se adequar a usuários de diferentes alturas. - É preciso colocar barras de apoio próximas ao vaso sanitário e no box, para facilitar a movimentação de idosos e acidentados. - Se o ralo do banheiro for deslocado do centro para o canto do box, evita-se que haja o acúmulo de água devido ao uso de tapete antiderrapante. - É melhor optar pela cor tina de plástico em vez do box, por que este pode se quebrar ao apoiarse nele. - As por tas devem ser largas, com dimensão mínima de 80cm, caso haja necessidade de circulação em cadeira de rodas. - A instalação de muitas tomadas permite o uso de diversos equipamentos sem fios espalhados pelo ambiente. - O interruptor deve ser iluminado para ser localizado no escuro. - Prefira maçanetas do tipo alavanca com pontas arredondadas e, de preferência, com a fechadura por cima. Isso facilita a introdução da chave e o manuseio pelo usuário. - Móveis com quinas arredondadas para evitar lesões.




Reportagem

Restaurando a história O desafio não foi pequeno e nem poderia ter sido. Afinal estamos falando de uma edificação de 4.700m2 de área construída e que tem uma história de 70 anos. A reforma e restauração do atual prédio do Liceu Paraibano, realizada entre setembro de 2004 e novembro de 2005, é mais um marco ao longo da vida da escola, que neste mês de março, completa 170 anos de existência. De acordo com a arquiteta responsável pelo projeto, Rosane Toscano, por se tratar de uma obra tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP), toda a equipe que participou do trabalho de reforma e restauração buscou não só dar condições materiais para resgatar a edificação, como também restituir o seu significado. A arquiteta explicou que o prédio da escola projetado pelo arquiteto Clodoaldo Gouveia e executado pelo engenheiro Ítalo Jofilly, em 1936 - foi planejado dentro dos moldes da Arquitetura Moderna, apresentando uma leitura simples, imponente e funcional. “A leitura expressiva da edificação retangular cortada por um volume central circular, marcado por platibandas, ocultando o telhado, os vitrais e o relógio, visa uma atenção coerente e autenticidade relativa à época, estabelecendo uma comunicação entre o espaço e o indivíduo”, destacou Rosane. Ela explicou que os espaços pedagógicos (sala de aula e laboratórios) foram interligados ao espaço administrativo. Já no bloco anexo foi criado um espa-

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ço de vivência (refeitório, cantina e grêmio) articulado com um pátio de uma passarela, proporcionando maior integração entre os estudantes. A quadra localizada na lateral do prédio foi demolida em virtude do precário estado estrutural. Para suprir a necessidade de uma área exclusiva para as atividades esportivas, a equipe construiu um ginásio coberto (30m x 50m) em uma área fora do alinhamento da edificação tombada. Outro ponto importante da reforma da edificação foi a restauração dos vitrais, que foi realizada pelo alemão Rolf Heissler. O trabalho do restaurador foi feito com uma tinta especial, que necessitava de um forno numa temperatura de 600 graus. Um detalhe interessante é que os vitrais do Liceu Paraibano foram produzidos na Europa e adquiridos um pouco antes da eclosão da 2ª Guerra Mundial. O projeto, que contou com a participação de vários profissionais, como a arquiteta Carmem Lima, a paisagista Regina Teixeira, os engenheiros Manoel Gomes Filho (elétrico) e Ana Valesca Cahino (orçamentária), o arquiteto-consultor Sigfrido Júnior, entre outros profissionais, resgatou a origem da construção para restaurar a pavimentação, o revestimento externo e interno, coberta, esquadrias, iluminação e a cor do edifício. Para a reforma e restauração do prédio do Liceu Paraibano, o Governo do Estado investiu cerca de R$ 2 milhões, com o apoio do Governo Federal. O planejamento e a execução da obra ficaram por conta da Cotese e da Suplan.


Pontos de reforma e restauração

Cober ta ta: foi demolida na sua totalidade para resgatar a sua origi-

Piso Piso: nos espaços internos foram utilizadas

nalidade, aplicando argamassa de ci-

placas de granilite pré-fabricados korodur, compon-

mento e areia, impermeabilização com

do uma paginação em pre-to e branco na réplica do

manta asfáltica e piso em verticulita

detalhe anteriormente usado.

com caimento das águas de chuvas.

Pavimentação Pavimentação: foram selecionadas as peças

Cor do edifício : quando foi

aproveitáveis e confeccionadas peças novas no mes-

construído, o prédio do Liceu

mo padrão de piso em mosaico nas calçadas, obe-

Paraibano era revestido de petriscos

decendo a mesma paginação existente.

(pedras). Não havia pintura. Assim

Revestimento externo externo: recuperação completa

para definir a cor em conformidade

de toda a armadura e estrutura de concreto em algu-

com a época em que o prédio foi

mas áreas do prédio, sacadas, escadas e pilares.

construído, a equipe utilizou um as-

R e v e s t i m e n t o I n t e r no n : revestimento texturizado da Ibratin, a 1,85m de altura para melhor proteção e durabilidade das alvenarias.

pecto monocromático em degradê. Iluminação : encontra-se dentro dos padrões adequados, assim como

Esquadrias Esquadrias: esquadrias de madeiras, recu-

o pátio de vivência, tornando o local apra-zível e harmonioso. A iluminação

peradas e envernizadas com dobradiças e fechadu-

externa com refletores, lâmpadas de vapor metálico, valoriza todos os ângulos,

ras semelhantes às existentes. O mesmo trabalho

eno-brecendo os traços arquitetônicos.

ser viu para forras, alizares e aros, assim com as

Paisagismo Paisagismo: foi traçado um jardim minimalista que ameniza a temperatu-

janelas de ferro, tipo básculas, com vidros transpa-

ra característica da região, enfatizando as fachadas, tornando harmonioso o

rentes. Nas novas pias dos banheiros, o granito.

contato do aluno com a natureza.


Prancheta

Com gostinho de férias

M

Moradia com jeitinho de casa de praia. É esse o conceito do projeto desenvolvido pela arquiteta Márcia Barreiros para uma residência, de 140 m 2, localizada na praia de Ponta de Campina, em Cabedelo. Para atender o desejo de um jovem casal, com dois filhos, a profissional utilizou uma linguagem contemporânea, com simetria e áreas claramente demarcadas. O resultado agradou – e muito – os clientes que sonhavam, segundo a arquiteta, com uma residência pequena, confortável, de leitura simples e direta. De acordo com Márcia Barreiros, a família solicitou um projeto enxuto, já que o orçamento era restrito, e pediu para que a arquiteta valorizasse a fachada da residência e não o seu tamanho. “Eles destacaram que gostariam de estar na praia e olhar para a casa e vê-la do jeitinho que eles sonharam”, frisou. Para alcançar o desejo dos proprietários, Márcia projetou uma residência com terraço, sala única, dois quartos -

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já que a família não irá aumentar -, cozinha, serviço compacto, dependência de empregada e garagem. Márcia Barreiros explicou que a casa está situada em um terreno longo e estreito dentro de um condomínio horizontal. Como não há área para expansão, os ambientes estão claramente definidos. De acordo com a arquiteta, a volumetria é constituída basicamente por duas águas com desníveis de coberta, sendo dividida pela área de telha sob laje inclinada e a parte central, com madeiramento de caibros e ripas. Como a residência está localizada dentro de um condomínio horizontal, sem muros altos, a visualização da fachada está totalmente preservada. Segundo a arquiteta, o grande destaque deste projeto é a simetria, que confere simplicidade à proposta. O principal elemento do projeto é a estrutura de madeira que faz a marcação do centro da edificação, por onde se expandem as cobertas.


O uso inusitado do policarbonato leitoso branco como cobertura do terraço é outro destaque. Márcia Barreiros ressaltou que a utilização deste elemento dá a sensação de uma grande tenda e proporciona o ar descontraído que caracteriza tão bem o jovem casal. A arquiteta optou ainda pelo uso do vidro, panos de parede na cor branca e de uma cor quente, como o laranja, que dá um contraste maior à volumetria.

Arquiteta:

Márcia Barreiros Projeto: Residência (habitação unifamiliar) Local: Ponta de Campina, Cabedelo-PB Área de construção: 140m2 Texto: Kaylle Vieira Maquete eletrônica: Clayton Castro




Projeto Capa

Reunir elementos da arquitetura contemporânea e tradicional de forma harmônica não é tarefa fácil para nenhum profissional. Este foi o desafio que o arquiteto Gilberto Guedes abraçou ao decidir projetar uma casa localizada à beira mar do Cabo Branco. De acordo com o profissional, os clientes desejavam uma residência com todas as características de uma casa de praia - estilo colonial, com estruturas de madeiras e telha canal -, mas ele optou por um projeto mais arrojado, com características mais contemporâneas. “Fiz um acordo para desenvolver uma proposta que contava com elementos de uma casa de praia tradicional, com muita sombra, proteção para as esquadrias, uso de madeira, ventilação cruzadas e venezianas móveis”, destacou o arquiteto.

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Tradicional revisitado Para desenvolver o projeto, Gilberto decidiu criar amplos espaços externos sombreados para promover uma permanência maior ao ar livre e dar proteção ao interior. O elemento diferencial do projeto é uma grande cobertura frontal (toda em madeira ipê), sol nascente, que atinge todos os ambientes. Segundo o arquiteto, a coberta cria uma espécie de pequena praça frontal com pé direito duplo no térreo e uma varanda mais protegida no primeiro pavimento. Esta pérgola em vigamento de madeira ipê foi estruturada na área superior com uma laje de argamassa armada impermeabilizada. A cobertura é suportada por uma estrutura metálica bastante esbelta, que compreende pilares de 4”. Já a varanda do primeiro pavimento, toda em balanço, está disponibilizada numa estrutura mista, com vigamentos transversais e concreto e com um vigamento secundário longitudinal em perfis e laminado de aço. “O sistema construtivo emprega materiais como o aço, madeira e concreto para conferir maior leveza ao conjunto: nas varandas, perfis “I” laminados se combinam com vigas de concreto para formar os balanços, e a grande pérgola em ipê é coberta por uma laje em argamassa armada (2,5 cm) que auxilia na sua amarração e serve de suporte ao isolamento térmico e à impermeabilização”, explicou o arquiteto. Gilberto Guedes disse ainda que os ambientes foram disponibilizados em dois pavimentos, numa volumetria de sólidos que se encaixam, deslizam e se abrem, expandindo a planta de acordo com as necessidades dos cômodos e o melhor aproveitamento do visual. Os dormitórios, no pavimento superior, estão situa-

A coberta projetada por Gilberto Guedes criou uma praça no térreo e uma varanda protegida no primeiro pavimento 29


dos em torno de um vazio que vem das salas e têm parte do teto aberto em forma de lanternim, para melhorar a iluminação na escada e na passarela metálica. Ele destacou que todos os espaços foram projetados para permitir a circulação cruzada do ar, estruturandose a exposição das esquadrias com o objetivo de propiciar um melhor aproveitamento da ventilação natural. Já a abertura para o exterior, principalmente na fachada oeste, há sempre proteção de uma marquise, que funciona não só como elemento para filtrar o sol, mas também para protege a residência do impacto das rajadas de vento no inverno. O arquiteto ressaltou ainda que, no térreo, ficam a zona social em dois níveis ligeiramente diferenciados e uma ala de serviços que se estende na profundidade do lote, criando um pátio de acesso interno ao apoiar a coberta da garagem. Exposição – Gilberto Guedes expôs este projeto na Encore Moderne? Architecture Contemporaine au Brésil, que foi realizada na França em outubro do ano passado. O evento reuniu a excelência da produção brasileira entre os anos de 1928 e 2005, que foi selecionada por seis críticos de arquitetura, sob a curadoria do arquiteto Louro Cavalcanti. Mais informações sobre a Encore Moderne? Architecture Contemporaine au Brésil na edição nº 12 e no site www.artestudiorevista.com.br 04

Arquiteto:

Gilberto Guedes Projeto: Residência unifamiliar Colaboradores: Fernando Galvão e Christiane Caldas Local: Cabo Branco João Pessoa - PB Área de construção: 441,78m2 Texto: Kaylle Vieira Fotos: Divulgação



Acervo

Foto: L eonardo Silva

Areia: patrimônio histórico nacional

Divulgação

As belezas da cidade de Areia - principal município da região do Brejo paraibano – mostram que a Paraíba tem um potencial arquitetônico e histórico tão vasto quanto outros estados brasileiros. A 120 quilômetros de João Pessoa e com de cerca de 30 mil habitantes, a cidade, que nasceu em 1625, dispõe de um conjunto arquitetônico no estilo colonial que atrai centenas de turistas ao longo do ano. Não é a toa que a cidade recebeu, em agosto do ano passado, o título de Patrimônio Histórico Nacional. As construções encontradas no município refletem a influência portuguesa e conferem uma personalidade interessante e única ao lugar. Monumentos, como a Igreja de N. S. do Rosário dos Pretos (do século 17, construída pelos escravos), o Teatro Minerva (1859, edificado pelas famílias de maior poder aquisitivo da época, daí sua denominação original: Teatro Particular, sendo o teatro mais antigo da Paraíba); a Igreja Matriz, o Casarão de José Rufino (influente senhor de engenho), a Biblioteca José Américo de Almeida, o Museu Regional de Areia e o Museu-Casa do pintor Pedro Américo, um dos maiores nomes das artes-plásticas brasileiras, mostram parte da riqueza do município.

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Texto: André de Sena

Foto: Leonardo Silva

O princípio construtivo inicialmente utilizado e a nobreza dos acabamentos interiores, notadamente no que refere a estuques, frescos (alguns marmoreados) dos paramentos e fingimentos de madeiras nas portas existentes, dão testemunho claro de que as antigas gerações que viveram em Areia tinham um forte senso estético. Mas o tempo inexoravelmente deixou as suas marcas e após longos anos sem manutenção, alguns prédios estão neste momento sendo reformados, com destaque para a revitalização da coberta da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, patrimônio tombado do século 19, que está sendo acompanhada por pesquisadores, historiadores e engenheiros. Outro local que passou por reforma recente foi o Teatro Minerva, cuja construção partiu de um grupo de intelectuais do século 19. Ele se encontra restaurado e recebendo grupos de música, dança e teatro que chegam no local para apresentar espetáculos. Ainda hoje podemos conferir seus traços arquitetônicos originais, incluindo os assentos, o palco e as paredes internas. A cidade reserva ainda, aos seus visitantes, engenhos situados na zona rural, compondo outro rico patrimônio cultural e arquitetônico. São cerca de 30 engenhos, muitos dos quais ainda fabricando aguardente-de-cana, mel e rapadura num ambiente que parece realmente saído das páginas do romance “A Bagaceira”, de José Américo de Almeida, outro filho ilustre da cidade, considerado um dos criadores do ciclo regionalista nordestino na literatura brasileira.

Divulgação

O patrimônio histórico e arquitetônico de Areia está passando por um processo de revitalização e restauração




Materiais

Cimento: ele é fundamental Um material que ultrapassa séculos e que continua sendo um produto indispensável

O que seria dos arquitetos, construtores e engenheiros se os gregos e os romanos não tivessem quebrado a cabeça, há mais de 4 mil anos, para criar um produto com propriedades de endurecimento se colocado em contato com a água? O mundo das possibilidades é vasto, mas é certo que as construções existentes hoje em todo o globo seriam bem diferentes. Elemento fundamental para a construção civil, o cimento ultrapassa barreiras estéticas e é empregado em peças que vão desde o mobiliário urbano até obras de arte. As possibilidades de aplicações são grandes e este fato fez com que muitas empresas investissem em estudos sérios para colocar à disposição do consumidor produtos cada vez mais qualificados e com um leque de possibilidades extenso. E nessa busca por produtos mais inovadores, sai ganhando quem não abre mão da relação custo x benefício, já que os produtos têm valores variados e podem ser aplicados em várias situações. Uma das grandes novidades do setor é o chamado cimento colorido, que é uma das principais tendências da decoração moderna para compor ambientes arrojados e naturais de forma mais econômica. De acordo com o dir etor comercial da Votorantim Cimentos, Marcelo Chamma, o produto une funcionalidade, economia e versatilidade. “Avaliamos com os nossos clientes e concluímos que este pro-

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duto é mais versátil e se integra com maior harmonia aos projetos arquitetônicos”, explicou. O mercado brasileiro já dispõe de cimentos nos tons canela, cinza, branco. Este último vem ganhando escala entre os profissionais do país, já que por ser branco é possível fazer uso de pigmentos e outros materiais, como pó de mármore ou granito, gerando cores e texturas diferenciadas. Outra vantagem do cimento branco é que ele dispensa acabamento, reduzindo consideravelmente o tempo de execução e o custo com mão-de-obra, e ainda pode ser utilizado em qualquer etapa da construção civil, desde a concretagem até o acabamento. Cimento queimado – A técnica estava em desuso, mas nos últimos tempos vem ganhando cada vez mais espaço em projetos de arquitetura e decoração. Para quem busca agradar não só os olhos, mas também o bolso, o cimento queimado é uma ótima alternativa para substituir materiais tradicionais de acabamento, como granito, cerâmica e porcelanato. Outra vantagem da técnica é a possível de produzir um piso com vários tons. Quem vai garantir o colorido é o pigmento em pó. De acordo com a quantidade do produto, a cor do piso será mais intensa ou mais branda. A dica é sempre preparar um contrapiso bem feito e nivelado e usar as juntas de dilatação de madeira ou de plástico, que evitam o aparecimento de trincas.


APLICAÇÕES DO CIMENTO Alvenaria com blocos de concreto - Pode ser empregado para simples vedação ou com função estrutural em casas e edifícios de múltiplos pavimentos.

Saneamento e dr enagem - Normalizados pela ABNT, os tudrenagem bos de concreto para águas pluviais, esgoto sanitário e efluentes industriais existem há mais de 100 anos e ainda

Argamassas e concretos - De estruturas a revestimentos de fachadas, os concretos e argamassas constituem os materiais à base de cimento mais versáteis de uma obra. Ar tefatos - Telhas, lajes, postes, mourões, dormentes e uma infinidade de itens constituem o que chamamos de ar tefatos de cimento.

são a melhor solução nessa área. Pré-fabricados - Rápidos, duráveis e econômicos, eles tiraram o concreto da obra e o colocaram na fábrica. É lá que o projeto arquitetônico começa a virar realidade. Pavimento inter travado - Os blocos intertravados tor naram-

Barragens - O concreto compactado com rolo (CCR) é a solução à base de cimento que melhor se aplica a esse tipo de obra, seja para abastecimento, energia ou outro uso do reser vatório. Solo-cimento - A mistura de cimento portland e terra para a confecção de blocos e de pavimento oferece solução a um problema

se referência paisagística em muitas cidades brasileiras. O sistema aplica-se também em portos, aeroclubes e áreas de cargas. Pavimento de concreto - O slogan “Feito para durar” exprime a principal característica do chamado pavimento rígido, indicado

social em áreas pobres e distantes.

para rodovias, aeroportos e vias urbanas de alto tráfego. Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)


Painel No dia 19 de janeiro, João Pessoa ganhou um novo estilo de decoração com a inauguração da nova loja Bangalô, que tem parceria com a loja de produtos naturais Cecília Dale. Durante um coquetel realizado em grande estilo, a arquitetos, designers e decoradores puderam conferir a nova loja, que conta com objetos trazidos diretamente da Indonésia, África e Índia. Em um ambiente bem tropical, os profissionais e clientes degustaram coquetéis servidos em frutas frescas e comidas típicas da Indonésia. Tudo isso em um clima descontraído e aconchegante.

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01. Adalberto Júnior e Claúdia Rocha 02. Marlane Braga e Victor Hugo Rocha 03. Ana Helena e Ângela Diniz

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04. Valdete Duarte, Viviane Sanguinetti, Victor Hugo e Raquel Rocha 05. Bethânia Tejo, Victor Hugo e Lana Débora 06. Gerardo Rabello, Elpídio Dantas e Clóvis Júnior

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07. Sandra Moura 08. Humberto Arruda, Lêda, Conceição Serra e Diana Miranda 09. Jonas Lourenço, Jô Cortês, André Pinheiro, Henrique Santiago e Márcia Barreiros

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10. Leonardo Dinoá e Ana Cecília Schuller 11. Henrique Santiago e Alain Moszkowicz 12. Grace Galvão

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13. Jussara Chianca 14. Martha Lins 15. Janine Holmes e Rosane Oliveira 16. Silvana Chaves, Percival Brito, Carmem Lúcia e Nilene Cunha.

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Veja mais fotos no site: www.artestudiorevista.com.br

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Painel Profissionais da área de arquitetura, decoração, design, empresários e jornalistas participaram, no último dia 14 de dezembro, de mais um ano de publicação da Revista Artestudio, O evento, que foi realizado na Maison Blunelle, também comemorou o Dia do Arquiteto e foi o palco da entrega do prêmio do concurso Espaço Planejado, também realizado pela Artestudio.

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01. Luciana Oliveira e Márcia Barreiros 02. Carla Visani (Mestre de Cerimônia)

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03. Juliana Medeiros e Márcia Barreiros 04. Rosane Oliveira , Jonas Lourenço, Márcia Barreiros, Glauco Brito e Katiana Guimarães 05. Henrique Santiago e André Pinheiro 06. Márcia Barreiros, Gerardo Rabello, Alexandre Cavalcanti e Daniely Cavalcanti 07. Erik Oliveira , Kaylle Vieira e Luciana Oliveira

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08. Carlos Virgulino e Valéria Albuquerque 09. Gianna Barretto e Sérgio Mário Lins 10. Rogério Nóbrega e Sérgio Figueiredo 11. Rosemildo Jacinto e Lindomar Miranda 12. Emanuela Gouveia e Roberta Xavier

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13. Valdemar Rolim , Henrique Santiago, Jonas Lourenço e Jô Cortêz

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14. Heignne Shyren , Clayton Castro e Andréa Carolina 15. Daniel Carvalho, Douglas Monteiro e Daniel Muniz 16. Cláudia Trombetta, Márcia Barreiros e Marcelo de Souza 17. José Luis Silva e Daniel Fonseca 18. Liliane Leão e Carlos Viana

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19. Janine Rolim e Kiko Cornélio 20. Oliveira Júnior, Viviane Marques, Ricardo Vidal e Eduardo Dantas 21. Ari Cordeiro e Elisa Miti 22. Alda Fran Camboim 23. Rosanie Garcia , Lisiane Claudino

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e Maria do Carmo 24. Ana Maria Kluppel e Márcia Barreiros 25. Lisiane Claudino e R oberto Honorato 26. Gilma Fernandes , Silvia Menezes e Rui Rocha Júnior 27. Banda Área

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28. Íria Tavares e Cláudia Trombetta 29. Victor Hugo R ocha, Raquel Rocha e Adalberto Júnior

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30. Alain Moszkovicz , Márcia Barreiros e Roberta Xavier 31. Ângela Cristina Baptista , Sérgio Baptista e Márcia Barreiros 32. Georgia Ribeiro Neywa e Leonardo Neywa 33. Juliana Caldas , João Pedro e Janaína Lins

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34. Janine Carneiro e André Cananéa 35. Fabrício Oliveira 36. Carlos Quirino e Doralice Paiva 37. Cláudia Navarro , Doralice Paiva, Juliana Sá, Marcela Sarmento e Sâmia Raquel

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38. Karla Barros e Milton Júnior 39.Joanice Mendes , Débora Pires , Carmem Lúcia , Nilene Cunha e Silvana Chaves

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40. Antônio Claudio Massa e Amélia Massa 41. Valéria Brindgel e José Mário

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42. Ailson Rodrigues, Kate -Anne Castro

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e Valter Queiroga 43. Rebeka Queiroz e Igor Moreira 44. Sylvana Melo 45. Fernanda Medeiros, Alex R olim, Giordano e Vanessa Lucena 46. Odilon Amorim e Íris Galvão Amorim

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47. Marco Polo e Raquel de Lima

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48. Fabiana Resende e Alfredo Resende 49. José Carneiro, Márcia Barreiros, Maria do Carmo Carneiro e Maurício Caldas

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50. Tatiana Rodrigues e Fabiana Aline 51. Lumy Noda, Patrícia Estefanine, Herman Estefanine , João Pedro Marazzo, Vladimir Luksys e Perla Felinto 52. Ângela Diniz, Isabela Fonseca, Giovana Formiga e Rosineide Souza 53. Fabiana Furtado e André Ramalho

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54. Ana Paula, Genison Paiva e Edna Sette 55. Márcia Barreiros e Anastácio Neto 56. Rui Duarte, Márcia Pereira, Ângela Diniz, Fábio Silva e Ana Helena 57. Goretti Zenaide e Viviane Sanguinetti 58. Zorilda Roque, Percival Brito e Márcia Barreiros

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59. Pedrita , Fabíola Yogi

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e Juliana Medeiros 60. Luciana Oliveira e Nolo Oliveira 61. Maria José Batista, João Batista e Márcia Barreiros 62. Ana Laura Maurício e Sandra Monteiro 63. Denis Lichtblau e Meire Lichtblau 64. Débora Julinda e Luciano Maia 65. Buffet Maison Blu’ Nelle

Veja mais fotos no site: www.artestudiorevista.com.br

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Apoio:

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Expediente Diretora Executiva: Márcia Barreiros Diretora de Redação: Luciana Oliveira - DRT/DF 1.849/97 Editora: Kaylle V ieira - DRT/PB 0279/03 (interina) Redação e Edição: Formato Assessoria de Comunicação (formatoassessoria@yahoo.com.br) Diretora Comercial: Márcia Barreiros (arquimarciabarreiros@yahoo.com.br)

Carta do Leitor Sou desenhista industrial e professor na Universidade Federal de Campina Grande. Gostaria de r eceber a revista Artestudio para difundir os assuntos entre os alunos da disciplina Desenho Arquitetônico e Desenho Digital. Lívio José da Silva Parabéns à equipe da revista Ar testudio. Gosto muito de todas as matérias e sugiro apenas que deixe de ser trimestral e passe a ser mensal. Gostaria de fazer minha assinatura, já estou enviando um e-mail para o comercial e isso, sim, merecia ser melhorado, mas já vi que em breve a assinatura poderá ser feita por aqui mesmo (pelo formulário na internet). Boa sorte a todos e até breve. Juliana Vitoriano Nóbrega

Diagramação: Charles Wesley Fotografias: Mano de Car valho, Stanley Talião e Leonardo Silva Web Designer: Clayton Castro Pré-impressão: Multimagem

Sou designer de interiores e fiquei bastante interessada na revista. Gostaria de saber como recebê-la. Desde já agradeço. Marília Medeiros Gostaria de saber como faço para receber (assinar) a revista Ar testudio. Obrigada! Elisana Dantas

Impressão: Gráfica JB A Ar testudio r evista é uma publicação trimestral com uma tiragem de 7 mil exemplares de distribuição dirigida e gratuita. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só pode ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados são de r esponsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

Esta revista é mensal, tem assinatura, qual o preço? Cleusa Telles

Ficamos muito felizes com a receptividade da revista. A Ar testudio é uma publicação trimestral, de distribuição gratuita.Mantemos um cadastro de profissionais da área de arquitetura, design e decoração. A revista é enviada gratuitamente, através de mala-direta, para

Endereços Fale com a gente Assinaturas: www.artestudiorevista.com.br Acesse o site, entre em contato conosco e tenha em sua casa, loja ou escritório a nossa revista.

Anúncios: (83) 3224.2108 (83) 8814.3081 - Fabiana Furtado (83) 9921.9231 - Márcia Barreiros (83) 9974.6037 - Andrezza Muniz (CG)

comercial@artestudiorevista.com.br

Carta do leitor Se você tem dúvida sobre as reportagens publicadas, críticas ou sugestões, entre em contato com a nossa sessão de Carta do Leitor pelo endereço: R. Tertuliano de Brito, 338B Jardim 13 de Maio - João Pessoa-PB Fone: (83) 3224.2108 / 3221.5312 ou pelos e-mails:

jornalismo@artestudiorevista.com.br formatoassessoria@yahoo.com.br arquimarciabarreiros@yahoo.com.br

ANNELISE LA CERD A E KARLA BARROS LACERD CERDA Av. Epitácio Pessoa, 3383, sala 06, Miramar - João Pessoa - PB Tel: (83) 3042.5952 / 9343.4894/ 8847.7087 E-mail: nel.fernandes@hotmail.com / karlasuely81@hotmail.com

GILBERT O GUEDES GILBERTO Av. General Osório, 53, Centro - João Pessoa - PB Fones: (83) 3222.3175

MÁRCIA BARREIROS Rua Tertuliano de Brito, 338-B, Jardim 13 de Maio - João Pessoa - PB Fones: (83) 3224.2108 / 9921.9231 E-mail: arquimarciabarreiros@yahoo.com.br

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estes profissionais. O cadastro pode ser feito no site da revista www.artestudiorevista.com.br - no formulário que fica na área contato. Os demais interessados devem se dirigir aos escritórios da revista, que estão localizados nos seguintes endereços: r ua Ter tuliano de Brito, 338-B, Jardim 13 de Maio e na rua Rodrigues de Aquino, 672, Jaguaribe.

••• Gostaria de parabenizar a Artestudio por mais uma edição, onde aborda assuntos importantes, os quais não deixam de ser debatidos e refletidos, para nós estudantes de arquitetura. Isabella Oliveira Araújo Soares

Isabella, a proposta da revista é exatamente essa. Além de mostrarmos os trabalhos de vários profissionais do nosso estado, estamos buscando, a cada edição, trabalhar pautas que promovam reflexões em torno dos discussões per tinentes que envolvem toda a sociedade.

••• Como está ficando diferente a r evista Artestudio. Estou gostando ainda mais de ler. Parabéns a todos vocês. Maria Luiza - estudante

Obrigada Maria Luiza. Ficamos muito satisfeitos que as mudanças que estamos implementando para melhorar o aspecto gráfico e editorial estejam agradando aos nossos leitores.

Errata • A assessoria do Maison Paraíba informa que, na página 54, da edição nº 12, onde está escrito Jonas Lourenço, leia-se Wagner Wallace. • Na página 10, da edição nº 12, a terceira foto do projeto da matéria Forma e Estética é do projeto de ambientação de Ana Helena e Ângela Diniz, e não de Débora Julinda. A foto do projeto de Débora Julinda é esta que segue abaixo:


Vão Livre Sobre arquitetura, sonho e realidade As cartas e e-mails para essa seção devem ser encaminhadas com o nome completo, profissão, endereço e telefone do remetente para o endereço

Ricardo Nunes*

j o rrn nalismo@ar testudiorevista.com.br

Ainda alcancei o tempo em que se perguntava aos pais

Todo arquiteto é um urbanista. Ao construir uma casa

não que profissão seu filho iria seguir, mas, que vocação tem seu filho. Vocação do latim “vocare”, quer dizer “chamado”. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um “fazer”. Parafraseando Ruben Alves: “No lugar desse “fazer” o vocacionado quer “fazer amor” com a vida. Psicolo-

está construindo uma rua que vira uma cidade. “Urbis” no latim quer dizer cidade. A cidade era para os antigos um espaço seguro, ordenado e harmonioso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O arquiteto seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação arquitetônica,

gia de amante: fará o seu ofício, mesmo que não ganhe nada.” Vocação é diferente de profissão. Na vocação, a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão, o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante. Faz amor

assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade. O arquiteto por vocação é um apaixonado por esta cidade ordenada e bela que ele sonha para todos. Creio que na índole de todo arquiteto residem os princípios essenciais do humanismo, talvez por ter em sua forma-

com o seu ofício como que com a amada, pela alegria de fazer amor. O profissional não ama seu ofício como a uma mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô. Essas duas espécies de seres distintos proliferam em todas as ocupações e não é diferente na arquitetura, esse

ção uma visão abrangente e integral da cultura que fundamentará o seu trabalho, da sociedade para a qual encaminha a sua produção, da ciência necessária à materialização da sua obra e da economia por serem obras que movimentam grandes valor es. Tudo isso através das lentes da arte, que a

ofício semidivino de criar pequenos mundos. Ao arquiteto é conferido o poder de criar o cenário onde se desenrolará a vida. Consciente ou não dessa faculdade, ao traçar os limites de um espaço a ser construído, estará ele traçando parte da história e das memórias da vida de

tudo dignifica e encanta. A vocação arquitetônica é transformar sonhos em realidade. O arquiteto por vocação ama a cidade de todos e nela sonha criar os espaços da alegria, do prazer e da felicidade do seu povo. Conheço muitos arquitetos por vocação e seus

quem o ocupará. Seja uma casa, um quar to, rua ou praça. Por ser uma ar te que produz objetos muito caros, a arquitetura sempre esteve e está diretamente ligada a grupos de poder econômico. Logo, o arquiteto não é um artista popular. Historicamente tem se colocado a serviço das

pensamentos e suas ações são motivos de muita esperança. Por isso, acredito que em um dia breve possamos ter uma arquitetura de abrangência social irrestrita. Que se coloque a ser viço de ricos e pobres, visto que, pela extensão dos benefícios sociais que a arquitetura pode trazer a todos, é

elites economicamente dominantes. Ou seja, arquitetos trabalham para ricos. Apoderado dessa missão de criar espaços, produzir cenários e fazer arte utilitária, associado à circunstância de poder e riqueza em que trabalha, o ofício do arquiteto se envolve

muito pequeno continuar a ser viço de tão poucos. Assim como a educação e a saúde pública que um dia poderão ser de qualidade, acredito em uma arquitetura pública que um dia possa levar os seus benefícios a uma população que sequer sabe que ela existe, mas que sofre os danos

de uma aura de glamour, charme e encantamento social como poucas profissões têm. Havendo talento, um arquiteto pode ascender socialmente muito alto e rápido. Não havendo vocação, a busca profissional por status, dinheiro e poder o envolve com a bruma densa da ilusão, impedindo de ver a grandiosidade

da sua ausência. Acredito no arquiteto-de-pés-descalços que, para exercer a sua vocação de forma integral, não tenha que, necessariamente, subir ao pódio do estrelato social. Nosso problema é de mentalidade e de estágio de consciência. Haverá um dia, e que seja breve este dia, em que os

da sua função como arquiteto. Não raro vêem-se jovens arquitetos, ofuscados pelo brilho dos seus próprios talentos e pelos flashes do colunismo social efêmero, perderem o rumo da consciência, do esmero ético e do zelo profissional. O arquiteto por profissão usa do seu talento para construir cidades

responsáveis pela construção das cidades, e entre eles os arquitetos, compreenderão que o desenvolvimento só é possível quando se dá para todos.

privadas, ainda que, para isso, ao seu redor aumente a pobreza e o sofrimento. Como em todas as profissões, na arquitetura também existem os seus filhos pródigos. 46

*arquiteto e urbanista formado pela UFPE, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela UFS, ex-presidente do IAB-SE e professor da FAU-UNIT em Aracaju.



Arquiteta Débora Julinda

Arquiteta Íris Tavares


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