Revista AE 28

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Editorial Editorial

Maior e melhor

Márcia Barreiros

Diretora Executiva e Arquiteta

George Diniz Diretor de Criação

Cácio Murilo Fotógrafo

Juarez Carneiro Fotógrafo

Diego Carneiro Fotógrafo

Wellington Costa Assist. Produção

A primeira missão de uma revista é ser gostosa de ler. A ARTESTUDIO pensa nisso e procura sempre diversificar as matérias, buscar os lados de história e cultura que também compõem o mundo da arquitetura e da ambientação. A nova seção Arquitetura e Arte parte dessa ideia: filmes e outras obras de arte serão observados pelo lado dos cenários externos e designs de interiores, revelando o que eles têm a nos dizer. Não é a única estreia desta edição: os leitores passam a ser as estrelas, na nova seção Meu Espaço. Aqueles lugares aconchegantes serão divididos conosco a cada edição da revista. Quem sabe o seu não aparecerá aqui um dia? Para inaugurar a seção, o canto escolhido nem é de uma casa, mas um consultório. Prova de que a variedade vai dar o tom nestas páginas. Em termos históricos, além de um rápido passeio pela maneira como a arquitetura foi usada para inspirar a fé em diversas culturas, também falamos sobre as praças de João Pessoa que são um patrimônio cultural da cidade, mostramos como surgiu o papel de parede e como foi feita uma reforma em uma tradicional biblioteca paulista. E apontamos para o futuro, entrevistando o engenheiro Marcos Casado, um dos maiores especialistas do país em construções sustentáveis. Mas, como não poderia deixar de ser, a edição traz ainda os tradicionais projetos de arquitetura e ambientação, com destaque para a mistura de elementos do interior da Paraíba e da Ásia usada por Sandra Moura para um restaurante – que é nossa matéria de capa. Unir características tão diferentes exigiu bom gosto e bom senso para a criação de um ambiente único. Outras matérias mostram o trabalho dos profissionais: Doralice Camboim (Shopping em Patos), Chris Rolim (ambientação de apartamento), Rosane Oliveira (ambientação de apartamento) e Alain Moscowiczk (área de lazer de cobertura). E para apresentarmos as novidades sem perder o que a revista já tinha de bom, a ARTESTUDIO cresceu de tamanho. Para aumentar também a informação e o lazer para você, que nos lê. Um forte abraço!

ARTESTUDIO

Colaboradores desta edição

Renato Félix Editor e Jornalista

Alex Lacerda Jornalista

Andréia Barros Jornalista

Débora Cristina Jornalista

Larissa Claro Jornalista

Neide Donato Jornalista

Wendell Lima Jornalista

(

A J


(83) 3246.7994

AV. EDSON RAMALHO, 1061 - MANAIRA JOÃO PESSOA - PARAÍBA

P L A N E J A D O S P A R A S E U M U N D O

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46

Sumário Sumário

Capa

Foto Capa: Cácio Murilo

A arquiteta Sandra Moura une elementos do interior da Paraíba e da Ásia no projeto de um restaurante no Bessa

22

Internacional

Com uma estrutura inclinada, a Torre de Navegação Marítima é considerada como uma das obras representativas da arquitetura contemporânea portuguesa

38 Reportagem Como a arquitetura inspirou a fé através dos tempos

Acervo 58

As praças que são um patrimônio cultural de João Pessoa

Entrevista 18

O engenheiro Marcos Casado fala sobre a construção ecológica sustentável como meta urgente para o setor construtivo

A história de ... 26 Criado há 22 séculos, na China, o papel de parede continua conquistando o mundo da decoração

Especial 42

As novas tendências de montar um spa na própria casa

Nacional 55

Biblioteca histórica de São Paulo é retomada e modernizada

Arquitetura e arte 60 A verticalização de Blade Runner,

o Caçador de Andróides

62 Outras Áreas As artes plásticas na vida do arquiteto Régis Cavalcanti

Materiais 65

As novidades no mercado para uma área da casa muito valorizada no verão: a piscina


70 Viagem de Arquiteto A beleza da cidade de Veneza, cortada pelos canais famosos no mundo inteiro

Expressão Nacional 74

A consagração do ator e diretor Luiz Carlos Vasconcelos: na TV, no cinema, no circo e no teatro

80 Acontece

Ambientação 89

As novidades das feiras italianas

As melhores opções para um quarto infantil

Em evidência 96

A arquiteta Amélia Panet fala sobre o rumo da arquitetura contemporânea

E mais os projetos dos profissionais:

30 Alain Moscowiczk Area de lazer de duplex

34 Doralice Camboim Shopping em Patos/PB

76 Rosane Oliveira Ambientação de apartamento

83 Chris Rolim Ambientação de apartamento

EXPEDIENTE Diretora Executiva - Márcia Barreiros Editor - Renato Félix , DRT/PB 1317 Redatores da edição - Alex Lacerda, Andréia Barros , Débora Cristina, Neide Donato, Larissa Claro, Wendell Lima e Renato Félix Diretor de Criação - George Diniz Diretora Comercial - Márcia Barreiros Arte e Diagramação - George Diniz / Welington Costa Fotógrafos desta edição - Juarez Carneiro, Diego Carneiro e Cácio Murilo Web Designer - George Diniz / Webmasters - Atys Tecnologia Impressão - Gráfica JB

Contato : (83) 3224.2108 | contatoartestudio@yahoo.com.br R. Tertuliano de Brito, 338 B - 13 de Maio, João Pessoa / PB , CEP 58.025-000 A revista Artestudio é uma publicação trimestral, com tiragem de 7 mil exemplares de distribuição dirigida e gratuita. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.




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Entrevista Entrevista O engenheiro Marcos Casado é um dos maiores especialistas do país quando o assunto é a construção ecológica. Ele esteve aqui na Paraíba, durante um evento para lançar produtos usados neste tipo de obra. A ARTESTUDIO esteve lá e conversou com ele. Veja a entrevista:

Em busca do

verde

A construção ecológica sustentável é a meta urgente para os próximos anos, segundo o engenheiro Marcos Casado, um dos maiores especialistas do país na área ARTESTUDIO – As empresas brasileiras já estão preparadas para esse mercado da sustentabilidade? Marcos Casado – Por este ser um mercado muito novo no Brasil, elas ainda estão conhecendo e começando a entender este novo mercado, porém com uma aceitação muito grande das empresas do setor, que passam a conhecer e aplicar estes conceitos no seu dia a dia. AE – Quais são os principais setores da construção civil onde se é possível aplicar as ideias da sustentabilidade? MC – Estes conceitos podem ser aplicados a qualquer tipo de construção, porém o setor que hoje mais pratica este conceito é o setor imobiliário de prédios comerciais, seguido por hospitais e indústrias. AE – Qual é o maior desafio atualmente para que as idéias de construção sustentável sejam realmente aplicadas com mais freqüência? MC – A principal barreira é a falta de conhecimento do setor e da sociedade dos benefícios que a construção sustentável possibilita. AE – Há algum incentivo fiscal para estas empresas? MC – Ainda não, porém o GBC Brasil busca através de parcerias com os órgãos governamentais em nível municipal, estadual ou federal a elaboração de incentivos às empresas que adotam estas práticas.

AE – Como vem sendo feita a aplicação de conceitos de construção sustentável em edifícios ou casas já existentes? MC – Este é um processo que vem crescendo muito no mundo e também deve acontecer no Brasil, pois o parque construído é muito grande e as vantagens de ser realizar retrofits nestas construções com um grande desempenho econômico e ambiental é fantástico, hoje já temos 10 empreendimentos no Brasil buscando a certificação LEED-EB_OM, que é voltada para prédios existentes. AE – Como os 4 Rs da sustentabilidade podem ser usados na prática? Existe um quinto R? Qual deles é o mais importante? MC – Todos os 3Rs (reduzir, reusar e reciclar), nesta ordem, são importantes e devem ser utilizados, porém normalmente trabalhamos com outros 2 Rs: o Recusar – precisamos, por exemplo, aprender a não aceitar a utilização de madeira ilegal em nossas obras (que hoje representam 72% da madeira extraída no Brasil) – e o Repensar – é fundamental que o setor passe a avaliar melhor suas práticas do dia a dia e a repensar a forma de conceber, projetar, construir e operar nossas edificações. AE – Explique como é o processo de certificação. MC – Este processo garante que sejam executadas


todas as boas práticas de sustentabilidade de fato e exclui as empresas que estão no setor fazendo greenwash, isto é uma maquiagem verde. Pois o processo exige um mínimo necessário de desempenho ambiental do edifício para que o prédio realmente seja considerado um green building ou construção sustentável. AE – Como é o dia-a-dia de trabalho do GBC Brasil? Fale um pouco sobre isso... MC – Nós somos de uma ONG que tem como missão “Desenvolver a indústria da construção sustentável no país, utilizando as forças de mercado para conduzir a adoção de práticas de green building em um processo integrado de concepção, implantação, construção e operação de edificações e espaços construídos”. Por isso, nos relacionamos com todo o setor na busca de soluções e boas práticas para a aplicação destes conceitos em nosso território, na capacitação do setor através de projetos educacionais que levam cursos de pós-graduação, extensão universitária, especialização e aperfeiçoamento do setor sobre a construção sustentável e seus afins. AE – Não existe nenhuma empresa paraibana com essa certificação. O que elas precisam fazer para que isso aconteça? MC – Não existe a certificação para empresas, esta é dada a empreendimentos que adotaram estes conceitos. No Nordeste temos alguns cases em desenvolvimento em Maceió, Salvador e Fortaleza. AE – Algumas obras do Governo Federal já exigem esse tipo de conceito. Como os profissionais estão se preparando para isso? MC – Sim, hoje temos o Fórum do Meio Ambiente em Brasília que está em construção, assim como o novo bairro de Brasília, o setor Noroeste, que adotou estes conceitos. Estamos desenvolvendo várias parcerias com órgãos municipais e estaduais, efetuando treinamento dos seus corpos técnicos para aplicação destes conceitos. AE – O que é a “pegada ecológica”? MC – É um conceito que serve de base para a construção sustentável onde o objetivo é medir qual o rastro que nós como indivíduos ou sociedade deixamos no planeta com o nosso estilo de vida. O setor da construção civil é com certeza o que mais agride o meio ambiente, seja na construção ou operação destes empreendimentos. AE – Porque é tão importante hoje pensar na sustentabilidade? MC – A sociedade está chegando à conclusão de que, embora tenha trazido o maior desenvolvimento tecnológico que a humanidade já experimentou, o século 20 também registrou a gênese daquele que vem sendo considerado o maior desastre ecológico do planeta. Quando acompanhamos os índices de poluição do ar, água ou solo, o consumo de recursos naturais e a capacidade do planeta de repor estas necessidades, temos realmente que nos preocupar. AE – Crianças e jovens já estão sendo educados para exigir produtos que estejam ligados à sustentabilidade. Isso mostra que as empresas


devem se preparar para esses novos consumidores não é mesmo? MC – Sim, hoje já observamos que existe uma maior preocupação das escolas em trabalhar estes conceitos ambientais junto às crianças que começam a exigir dos seus pais atitudes de preservação dos recursos naturais como água, energia, etc. Estes futuros consumidores começam a exigir atitudes também de seus fornecedores. AE – Quais são os maiores impactos da construção civil no meio ambiente? MC – O setor é responsável por até 35% das emissões de CO diretas ou indiretas em todo o mundo; as ² edificações no Brasil consomem cerca de 21% de toda a água tratada, 42% da energia gerada e geram cerca de 70% dos resíduos.

edificação ou espaço construído que teve na sua concepção, construção e operação o uso de conceitos e procedimentos reconhecidos de sustentabilidade ambiental, proporcionando benefícios econômicos, na saúde e bem estar das pessoas. AE – Como fica o lado econômico de quem constrói? Há vantagens? Como é feito, na prática, o retorno do investimento? MC – Existe um benefício econômico, pois estes empreendimentos comerciais obtêm em média prêmio de 3% por m² no aluguel e 3,5% na ocupação. Apresentam maior velocidade na venda e 14% de sobrevalorização em prédios residenciais, além de poder reduzir em 30% o consumo de energia, 50% o consumo de água, 35% das emissões de CO e até ² 70% o descarte de resíduos.

AE – E a certificação da madeira? Dificilmente as AE – Se tem tantas vantagens, porque é tão difícil pessoas pedem, não é? encontrar um green building? MC – Sim, normalmente os profissionais não MC – O mercado da construção é diverso, segmentado especificam madeiras e complexo. A relação com certificação FSC ou técnico/comercial entre com DOF(Documento os diversos agentes de Origem Florestal) e envolvidos é critica Precisamos aprender a a sociedade como um e setorizada, não todo não conhece estas permitindo a integração não aceitar a utilização de práticas para compra e otimização de toda a de madeiras legais e, cadeia de valor que a madeira ilegal em nossas obras portanto, não exigem. construção sustentável possibilita. Falta uma que hoje representam 72% da AE – Qual seria a visão holística do alternativa para evitar mercado, para saber madeira extraída no Brasil o uso do alumínio, que planejar a médio e gasta tanta energia no longo prazo, pois com a processo de fabricação construção sustentável (quando fazemos um comparativo de gastos)? todos vão ganhar: o planeta, a sociedade e o setor. MC – O alumínio é com certeza o material que mais consome energia na sua extração e fabricação, AE – Como será a rotulagem de eficiência energética portanto deve ser usado em locais onde o mesmo é em 2012? praticamente insubstituível como fachadas e áreas MC – Existe em andamento no Brasil de forma voluntária externas. a rotulagem Procel Edifica, que tem como objetivo mensurar e criar um padrão de consumo energético AE – É preciso destruir para construir? mínimo para nossas construções, que a partir de 2012 MC – Não, este é um slogan que utilizo para despertar será transformada em exigência. em nossos profissionais a necessidade de repensar nossa forma de construir tendo a preservação do AE – O que deve ser considerado na hora de fazer meio ambiente como meta, com isto diminuindo a uma reforma? utilização de recursos naturais finitos e estimulando MC – No caso de reforma, é fundamental verificar o a reciclagem, reuso e utilização de recursos naturais que poderá ser aproveitado ou mantido do prédio renováveis. existente. Não é simplesmente chegar e quebrar tudo sem qualquer tipo de preocupação. AE – Você disse que o desafio é global, mas a solução é individual. Então o que fazer? AE – Qual a principal obra de edificação sustentável no Brasil ? MC – Devemos começar a agir, se ainda não é possível MC– Existem hoje cerca de 150 empreendimentos aplicar todos os conceitos da construção sustentável, no Brasil em certificação, sendo que 10 deles já comece aplicando os que estão disponíveis em sua foram certificados pelo LEED. Todas têm seus região, incorpore práticas de redução do consumo e méritos e devem ser exaltadas, principalmente por desperdício de materiais no seu dia a dia. serem pioneiras no Brasil. Quando falamos em área construída, a maior é o Cenpes da Petrobras, no Rio AE – Qual é o tripé da sustentabilidade? de Janeiro. MC – O social, o meio ambiente e o planeta. Eles devem estar sempre em equilíbrio. AE – Qual é o principal conceito do green building? MC – Construção sustentável (green building) é a

Texto: Débora Cristina Fotos: Divulgação



Intrnacional

Observando o rio Torre de navegação marítima é marco da arquitetura recente em Lisboa

C

onsiderada c o m o u m a d a s o b r a s representativas da arquitetura contemporânea portuguesa, a Torre de Navegação Marítima de Lisboa, estrutura concebida pelo arquiteto lusitano Gonçalo Byrne, desponta na foz do Tejo como um proeminente marco arquitetônico. Sua estrutura inclinada ressalta, representativamente, sua função de observar o rio e o fluxo de barcos. A Torre projetada por Byrne está assentada numa plataforma artificial, na ponta de um molhe, estrutura marítima enraizada em terra e que pode servir de quebra-mar de um porto de abrigo. O arrojado edifício caracteriza-se por ter uma inclinação horizontal de 1m para cada 4m verticais, totalizando oito pisos acima do solo. A vertiginosa inclinação em direção às águas do Tejo faz com que os 38 metros da estrutura constituam um cenário marcante em adição à paisagem.


A construção, graças ao seu posicionamento estrutural e a resistência às variações climáticas, ganhou diversos prêmios em várias Bienais de Arquitetura em Portugal e no Brasil, entre eles o prêmio municipal de arquitetura Conde de Oeiras. Localizada na região de Algés, ladeada pelas águas do Estuário do Tejo, a também conhecida como Torre VTS do Porto de Lisboa foi inaugurada em julho de 2001 e serve hoje como ponto de abrigo para os Pilotos da Barra e funciona como Centro de Coordenação e Controlo Marítimo do Porto de Lisboa. Do local também são coordenadas ações de fiscalização, segurança portuária e de ambiente portuário. A Torre é suportada por estacas com um metro de diâmetro e outros 20 de comprimento, afundadas dois metros no fundo basáltico fluvial. As fundações custaram à Administração do Porto de Lisboa 67.710 €, enquanto que a totalidade da construção alcançou o total de 11 milhões de euros. A posição estratégica da construção permite aos controladores que a utilizam, através de câmaras de vigilância, radares, sensores, entre outros equipamentos de apoio, receber dados que permitem monitorizar e controlar o movimento marítimo. A previsão é que a Torre passe a acolher, nos próximos anos, as lanchas e barcos dos Pilotos da Barra.


Gonçalo Byrne Nascido em 1941, o arquiteto português Gonçalo Byrne diplomou-se em arquitetura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1968. Foi professor convidado em Itália, Áustria, Espanha, Suíça, Estados Unidos e Portugal. Desde 1992 é Professor Catedrático convidado no Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. No seu currículo, constam dezenas de obras, em Portugal e em outros países, incluindo habitação, renovação urbana, equipamentos urbanos, laboratórios e universidades, mas sua produção tem mostrado particular relevo nos planos patrimonial e cultural. Dentre os principais destaques da obra do arquiteto estão a recente intervenção no Mosteiro de Alcobaça e área envolvente, o edifício da sede do governo da Província do Brabant Flamengo em Lovaina, Bélgica, a Torre de Controle de Tráfego Marítimo da APL em Lisboa, Quarteirão da Império no Chiado, Teatro das Figuras em Faro, e o Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra.

Texto: Alex Lacerda Fotos: Divulgação



A História de ... A História de...

A volta de uma instituição

Nascido na China, há 22 séculos, o papel de parede conquistou a Europa e é símbolo de beleza e praticidade

O

papel de parede é uma instituição – tanto que, mais do que um objeto de decoração, ele já foi até coadjuvante de piadas em desenhos animados clássicos. Sua história, porém, é bem mais antiga – e vem de longe. No tempo e na geografia: da China de tempos antes de Cristo, embora não deixe de remeter aos homens préhistóricos e suas pinturas nas paredes das cavernas, que já apontavam para a necessidade humana de demonstrar individualidade – e até mesmo de marcar o território. Mas o surgimento do papel de parede ter acontecido na China não é tão estranho, considerando que lá também foi inventado o papel. No ano 200 a.C, os chineses já colavam papéis de arroz em suas paredes. O papel de arroz é até hoje utilizado no Japão para produzir aqueles painéis divisórios típicos da ambientação nipônica. Apenas branco no início, depois ele ganhou cores graças à produção com o pergaminho vegetal, pintados à mão ou através de carimbos de madeira. A chegada à Europa aconteceu bem depois: no século 16, através dos comerciantes árabes, que já haviam aprendido a tecnologia com os chineses no século 8.


As folhas não eram grandes – por isso, o papel de parede era usado como substituição às tapeçarias, decorando partes de paredes ou portas. Como sempre, a popularização aconteceu através do uso pela nobreza: em 1481, o rei Luís XI encomedou a Jean Bourdichon a pintura de 50 rolos de papel com anjos em um fundo azul. Como o rei francês, outros nobres também pediam a artistas pinturas em papel para suas paredes. Foi um gravador francês, Jean Papillon, que aprimorou a tecnologia do papel de parede, ao usar o mesmo modo de fabricação das gravuras. Em 1685, ele passava os desenhos para blocos de madeira. Os papéis de parede passaram a ser coloridos e baratos e os reis franceses aproveitaram isso, até que Luís XVI abandonou os motivos chineses, ainda usados, e adotou um tom mais romântico para seu palácio.


Fotos: Casa Cor SP, arquiteta Flávia Ranieri

Nesse período, já havia surgido na França a primeira fábrica, mesmo artesanal, a Papel-Toutisses (“papel flocado”). Em 1630, foi a vez da Inglaterra começar a produzir, em Cambridge. Na Alemanha, em 1700, surgem os impressos com relevos moldados em chapas de cobre. Nos Estados Unidos, ainda colônia da Inglaterra, os habitantes copiavam a moda da metrópole e o papel de parede – inclusive com motivos nacionalistas – entrou na moda após a guerra pela independência americana, em 1776. Em 1814, Konig cria na Inglaterra a máquina de impressão, inovando o processo de fabricação, espalhando as fibras de algodão e seda na tinta ainda fresca. Foi o processo do flock, que fez sucesso com a Rainha Vitória. Mas a industrialização acabou trazendo críticas contra a queda da qualidade artística e o pintor William Morris, fundador do Movimento de Artes e Ofícios, pregava o retorno ao artesanato – inclusive querendo o reconhecimento dos artesão como artistas. Mas o avanço da indústria acabou melhorando inclusive a qualidade artística dos papéis de parede. Eles passaram a ser laváveis e duradouros e com eles é possível reproduzir qualquer estilo de ambientação de qualquer período. E não são mais caros do que eram as antigas tapeçarias. Com eles, mudar a cara de um ambiente se tornou prático e rápido. E, depois de um período em baixa, no século passado, voltou a ser um exemplo de bom gosto. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação

Fotos: Casa Cor SP, arquiteta Patrícia Novoa


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Interiores Interiores

As sensações do

branco

Com a cor como base, projeto de duplex usa os detalhes para dar mais vida ao ambiente

Q

uebrar a monotonia do branco: esse foi o desafio que o decorador Alain Moscowiczk teve que vencer para atender o pedido do cliente, que desejava uma decoração sóbria e predominantemente branca para o projeto de seu duplex. “Para atender o pedido, trabalhei com as sensações do branco, misturando texturas e materiais que despertassem os sentidos”, revela Alain.

Na área externa da cobertura, o revestimento todo na cor branca ganha ares modernos com a mistura de materiais que passam sensações diferenciadas. Para criar essa atmosfera foi utilizado um revestimento cerâmico no tamanho 33,5x45 cm frost white, associada a pastilhas de vidro cristal e coloratte branco rajado, que são filetes de mármore em alto e baixo relevo o que dá um movimento interessante ao pano de revestimento.


Já para o revestimento da piscina, a opção pelas pastilhas azul claro e a colocação de leds internos – que alteram a cor da água imprimindo belos efeitos visuais ao ambiente – deram a área de lazer da residência um ar aconchegante que proporciona momentos de descontração e relaxamento. A área externa ganhou a cobertura de grama sintética colorindo o ambiente com o tom de verde passando a sensação de liberdade e integração com a natureza, quebrando a predominância do branco sem


alterar a proposta original, que tem a cor branca como a base da decoração. Para iluminar o ambiente, foram colocadas arandelas blindadas em alumínio branco que criam focos para o alto e para baixo dando movimento e criando um clima agradável. Na churrasqueira, onde é preciso um cuidado maior para não alterar a elegância do ambiente, foi usada uma pastilha de 2,5x2,5 cm associado ao marmoglass branco, que está presente também na bancada de apoio. Os móveis de fibra sintética finalizam a ambientação. A chaise longue e mesa com cadeiras são um convite para horas de lazer e diversão no duplex da família. A segunda varanda ganhou um tom mais intimista. Para criar essa atmosfera foi colocada uma coberta de alumínio e vidro decorado e película separando o ambiente, mas deixando integrado as outras áreas da residência. O uso de móveis em fibra e o piso de grama sintética seguem a tendência da primeira varanda e mantém o estilo da decoração – priorizando a cor branca, com toques de outros tons. A área foi iluminada com arandelas tipo ferradura com lâmpadas halopin em alumínio branco Interligando as duas varandas, uma confortável sala íntima em que foram utilizados móveis de fibra natural e uma mesa feita com madeira de demolição que serve como aparador e anteparo da escada e dá um toque original ao ambiente. A sobriedade permanece, unindo elegância, ambiente agradável e luz.

Texto: Neide Donato Fotos: Diego Carneiro

Revestimentos externos: Oca • Iluminação: Trianon Design Móveis: Art Casa • Vidros: República Vidros

Foto: Divulgação

Decorador: Alain Moszkowicz Projeto: Área de lazer de duplex



Prancheta Prancheta

Um shopping verde

Projeto para centro comercial em Patos prevê muitas soluções ecológicas A cidade de Patos está prestes a ganhar um novo equipamento de lazer: dentro de três anos está previsto para ser construído o Shopping Center Rio Sul, um espaço que servirá como alternativa de entretenimento para a população da região. A intervenção, que se configura como um significativo elemento para fomentar o comércio e a diversão local, é a mais recente concepção da arquiteta Doralice Camboim. A construção do shopping nasce em conjunto com o crescimento da cidade, que passa por uma fase de desenvolvimento educacional, com a instalação de novas faculdades,

e incremento tanto no setor comercial quanto nas políticas públicas. A cidade, que tem agregado um contundente número de turistas no período de festas culturais como o São João, conta hoje com mais de 100 mil habitantes, além do contingente flutuante de pessoas gerado pela condição de pólo educacional na região. O surgimento do shopping tenta aproveitar este potencial. A escolha do local para a construção é um dos pontos fortes da iniciativa. O shopping será localizado no centro de Patos, nas imediações de


uma das principais universidades da cidade, no bairro de Santo Antônio. Ao todo serão mais de 6 mil metros quadrados de área construída, um andar térreo e outros dois pavimentos, incluindo espaço para lojas, lanchonetes e praça da alimentação. A arquitetura mescla com a necessidade contemporânea de preservação do meio ambiente. Segundo a arquiteta, está em todo o processo criativo a preocupação com o aquecimento global e a busca por novas correntes por sustentabilidade. Doralice destaca que serão implantadas soluções arquitetônicas para que as áreas sociais e de circulação externa tenham iluminação e/ou ventilação natural. Outros destaques da iniciativa voltados para a questão ecológica serão o reaproveitamento da água e a opção por materiais recicláveis. O material utilizado, com destaque para o revestimento externo e interno, será em cerâmica e


Foto: Divulgação

pastilhas, mas o projeto conta com alternativas para o uso de recicláveis. E também a manutenção e decoração por parte dos lojistas, através do uso de madeira de demolição e garrafas pet para possíveis ambientações. Enfatizando esta postura, as tintas utilizadas no empreendimento serão todas à base de água. Espelhos d’água e jardins internos serão utilizados como forma de invocar o verde. A arquiteta destaca que todos os projetos complementares estarão voltados para a realidade de incentivo à manutenção ecológica, principalmente no que diz respeito à minimização do custo de energia elétrica. Até a preocupação com a fluidez do sistema viário está presente no planejamento. O acesso à edificação será feito de forma perpendicular à via principal (uma rodovia federal) para a entrada do shopping, procurando descartar problemas no trânsito. Um shopping verde, por dentro e por fora. Arquiteta: Doralice Camboim Colaboradores: Daniela Góes, Thiago Henrique, Pedro Martins e Ana Cristina Projeto: Shopping em Patos-PB Construtora: Carvalho Ltda

Texto: Alex Lacerda Imagens: Arquitetônica



Reportagem Reportagem

Arquitetura da fé As religiões inspiraram construções pelo mundo ao longo do séculos e João Pessoa tem importantes exemplares desse uso


A

beleza do passado que encanta o presente. É assim para quem visita as construções religiosas espalhadas por toda a capital paraibana. Cada igreja, cada ordem religiosa, tem um detalhe que desperta a curiosidade tanto de quem mora em João Pessoa como quem visita a cidade. E esse acervo histórico-arquitetônico é formado, principalmente, por construções barrocas. Entre os principais destaques destes templos estão: o conjunto São Francisco, o Mosteiro de São Bento, a Capela da Ordem Terceira do Carmo, entre outros.

A arquitetura da fé no mundo, no entanto, possui muito mais tempo e estilos ainda mais diversos. Desde as zigurates da antiga Mesopotâmia, um templo construído em forma de pirâmides terraplanadas, passando pelos templos gregos – o Partenon, por exemplo, construído em 447 a.C, era o templo da deusa Atena. Os templos eram marcados sobretudo pela imponência das colunas na fachada e inspiraram a arquitetura da Roma Antiga. Até hoje, os pagodes são torres típicas dos países do Oriente, muitos construídos também com funções religiosas e geralmente dedicados ao budismo – mas também podem ser até igrejas cristãs. Suas marcas são as torres que para o Islã, o local do culto é a mesquita. Hoje, a maioria possui cúpulas e minaretes – que são as torres de onde são anuciados os momentos das cinco preces diárias. A grande cúpula central sobre a sala de orações surgiu no século 15. A grandiosidade dos templos certamente possui um caráter inspirador em qualquer religião. O Templo Expiatório da Sagrada Família, em Barcelona, começou a ser construído em 1882 e foi assumido e reformulado pelo arquiteto catalão Antonio Gaudí em 1883, sendo uma de suas maiores obras – mesmo ainda inacabada, tal a sua complexidade. São 18 torres e no interior, colunas arvorecentes inclinadas, abóbadas e outros detalhes.


Ou seja, em diversas culturas, os templos grandiosos eram construídos para representar a grandiosidade de Deus em relação ao homem. “As pessoas entram em uma igreja dessas e tem a sensação de ser muito pequeno”, conta o padre Marcondes Meneses, que está se formando em arquitetura este ano. “Elas são até desproporcionais com relação à medida do homem”. As referências pessoenses – hoje, também atrações turísticas – refletem essa ideia. “No passado, arquitetos da Europa, ligados às congregações religiosas, vieram à Paraíba. A tendência eram igrejas com grandes torres, portas com grandes aberturas e pé-direito duplo e às vezes até triplo, como é o caso do Mosteiro de São Bento”, enumera o padre. “A Igreja do Carmo tem vários altares-mor dos lados da nave. Quando você entra, não sabe nem para onde olhar”. A modernidade trouxe para as igrejas uma arquitetura sóbria, austera e formal, embora não precise deixar de lado a beleza – caso da Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte e da Catedral de Brasília , obras de Oscar Niemeyer e de outros arquitetos de renome internacional com Mario Botta e Tadao Ando. Embora sejam desenhos ousados para construções religiosas, seguem o novo dogma: uma igreja aconchegante aos fiéis, sem pretensão monumental e nem tipológica. “As igrejas hoje tendem a ser minimalistas, menos extravagantes”, diz Marcondes. “Mas as construções islâmicas, por exemplo, ainda hoje tem essa tendência: a grandeza e a suntuosidade”.

Texto: Débora Cristina Fotos: Divulgação



Especial Especial

Relaxe, você está em casa

Os spas nas residências estão se consolidando como uma nova opção de curtir a própria casa O prazer de curtir a casa com a família e os amigos é cada dia mais apreciado por quem vive no corre-corre diário que a modernidade impõe a todos. Por isso, transformar a própria residência em um lugar para reuniões agradáveis, encontros descontraídos e festas é uma tendência que vem crescendo a cada dia em todo mundo. Uma das novidades que já faz sucesso na Europa e Estados Unidos é o spa em casa, um lugar da residência onde relaxar é a ordem. No Brasil, as empresas e os arquitetos já se preparam para atender os desejos dos clientes que cada dia mais estão em busca do bem estar.


No Nordeste, a aposta é que a tendência dos spas em casa se consolide com muito mais força, por conta do clima quente, que é praticamente um convite para um belo banho com água em temperatura agradável e na companhia dos entes queridos. No mercado, há modelos que comportam até seis pessoas e podem ser instalados em qualquer lugar, pois são projetados dentro do conceito “plug and play”, ou seja, são prontos para serem colocados em qualquer ambiente, basta que haja um ponto de energia no local.


“Nos últimos dez anos, as famílias têm buscado conforto e praticidade e associar esses dois desejos ao bem estar em todas as áreas da casa é uma tendência natural. Seja na instalação de um spa, de uma piscina ou qualquer lugar da residência, o que os clientes desejam é essa sensação de felicidade que esses ambientes podem proporcionar”, comenta a arquiteta Valdelice Campelo.


Além de ser um elemento de integração, o spa em casa é um espaço para revigorar as energias e até tratar algumas doenças segundo um artigo publicado na New England Journal of Medicine, em 1999. O texto revela que as massagens podem ser usadas para combater dores crônicas, insônia e até o diabetes, graças ao estímulo à circulação sanguínea, que reduz o nível de açúcar no sangue. Isso sem falar nos efeitos estéticos que uma boa hidromassagem promove. Alguns modelos possuem cascata com sistema de cromoterapia que estimula a visão e entrada de MP3, CD, rádio e controle remoto, unindo o prazer de uma boa massagem com um fundo musical de acordo com a preferência musical do usuário.

Ideia antiga A ideia de banhos relaxantes é bem mais antiga do que se imagina. No Império Romano, a prática já era disseminada como tratamento para diversas enfermidades e foi dessa época que saiu a expressão “sanus per aquam” ou “saúde pela água” que deu origem a sigla spa. Mas a expressão só ficou famosa porque a cidade belga de Spa, na Bélgica, concentra termas e dezenas de hotéis que oferecem tratamentos à base de água. Não há certeza se a sigla é derivada do nome da cidade ou o contrário.

Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação


Projeto Capa Projeto Capa

Entre o asiático e o regional Projeto para restaurante une a inspiração na alta tecnologia do Oriente com toques regionais

Como conceber um projeto de arquitetura inspirado no continente asiático adequando o artesanato regional ao tema ao qual está inserido? O casamento entre as duas culturas aconteceu no projeto da arquiteta Sandra Moura para o restaurante de comida internacional e asiática Tanabata, localizado no Bessa. Bonecas de pano produzidas na cidade de Esperança (PB) figuram num ambiente contemporâneo, inspirado na modernidade e na alta tecnologia dos países do continente asiático.

Para idealizar o projeto, a arquiteta buscou conceitos diferenciados, resgatando a arquitetura de vários lugares da Ásia e procurando fugir do óbvio. “Quando se fala em restaurante asiático, as cores vermelho e o preto aparecem de forma muito óbvia. Então eu quis fugir exatamente disso e buscar elementos que dentro de algo mais subjetivo eu conseguisse fazer a pessoa se transportar para esse mundo”, explica Sandra Moura.


Na área central, um pé direito duplo que termina com o teto detalhado em ripas de madeira na cor grafite e iluminação indireta no tom azul. “Queríamos dar a impressão de estar sempre ao amanhecer. Lá dentro você perde a noção de horário e não identifica se é dia ou noite”, ressalta. Não só o teto, mas também as paredes receberam o detalhe das ripas com iluminação azulada, caracterizando o restaurante num espaço intimista e agradável. O preto e branco são fortes no ambiente; no entanto, opções diferenciadas de cenários dão aos freqüentadores a sensação de, a cada visita, estar num lugar diferente. Sob o teto azulado,



lounges com camas box servindo de sofá e divisórias

de madeiras estão presentes nos dois pavimentos do restaurante. Os sofás têm revestimentos nas cores preta e bronze. A luminária circular usada com freqüência nos países asiáticos deixa a mesa com um visual singular. Situado no térreo, o bar é marcado pela estante de madeira e vidros com película preta. O destaque vai para a iluminação âmbar no módulo central em contraste com e iluminação azul que fica sob o balcão, criando, assim, um ponto focal. Mas ao fundo, está localizada a bancada do sushi bar. Quem senta nesse espaço, tem uma visão parcial da cozinha, assegurando ao cliente a visualização de todas as etapas de preparação dos pratos. A película preta também está presente no vidro da fachada, exceto no estreito rasgo preservado para dar visibilidade à avenida principal. “Apenas quem está sentado aqui tem acesso ao que acontece lá fora”, explica a arquiteta. O acesso ao primeiro andar se faz por uma escada com estrutura metálica, degraus em madeira e corrimão em madeira e vidro. O piso em cimento queimado está presente em quase todos os espaços. No pavimento superior, os clientes encontram um lugar mais reservado, ao mesmo tempo em que têm uma visão privilegiada de todo o restaurante. As mesas brancas com cadeiras vermelhas dão uma nova visão ao salão, reforçando a ideia de cenários diferenciados dentro do mesmo espaço.



Cultura local No pavimento superior , o elemento surpresa está mais presente. Um painel com 470 bonecas de pano confeccionadas por artesãos da cidade de Esperança (PB) inseriu o artesanato paraibano de forma inusitada. “Tentamos colocar a raiz paraibana nesse espaço como forma de promover o resgate cultural e ao mesmo tempo fazer um trabalho social”, explica. Todas as bonecas estão vestidas com trajes orientais, nas cores preto, branco e vermelho.

Banheiros O hall dos banheiros é marcado por painéis fotográficos com a imagem de uma criança oriental. As paredes são revestidas de pastilha preta, cor que também acompanha a bancada em granito e a cuba desenhada com o mesmo material da bancada e peça de vidro translúcido. O espelho sobre a bancada continua na parede lateral, mas recortado em tamanhos variados e de espessuras diferentes. “A ideia é fazer com as pessoas se vejam fragmentadas. É só um detalhe de arquitetura para ficar visualmente diferente”, conta a responsável pelo projeto.


Fachada Inserido num pequeno centro comercial, o restaurante Tanabata se diferencia das outras lojas, a começar pelo primeiro andar. O vidro com película preta está presente na maior parte da fachada, mas o que restou de parede foi revestido de madeira e tijolinhos aparentes. A calçada que antes era de cerâmica branca foi substituída por um arremate de madeira com brita pintada de preto. Os vasos em madeira chamuscada e bambu aparecem para humanizar o ambiente e quebrar a aridez provocada pelo tijolo com a madeira. Tudo pensado para que esse encontro do Oriente com o Ocidente acabem dando origem a um ambiente único.

Texto: Larissa Claro Fotos: Cácio Murilo

Foto: Divulgação

Arquiteta: Sandra Moura Projeto: Restaurante Tanabata Vidro: República Vidros • Iluminação: Stiluz Estrutura metálica: JC • Revestimentos e Acessórios: Onda



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Nacional

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Mais do que livros nas estantes Duas bibliotecas foram reformadas em São Paulo ‒ uma delas é de 1935

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m visita recente a João Pessoa para participar do Fórum Nacional de Arquitetura e Iluminação (Fonai), a arquiteta paulista Renata Semin expôs diversos de seus projetos. Dois deles são as reformas da Biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo, e da biblioteca central da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC). Para Renata, há uma série de questões que o arquiteto deve levar em conta ao desenvolver esse tipo de projeto, que vão bem além da observação das necessidades estruturais. “O restauro exige uma colocação do profissional diante não só da obra, mas da memória que essa obra traz consigo, seja ela o material bibliográfico, o conhecimento da vida do autor daquela obra, a condição que pede essa realização em função da identidade que esse edifício tem no contexto urbano em que está inserido, as necessidades da população”, conta a arquiteta. “Enfim, o projeto de restauro vai da situação mais geral que é a história da construção, até os elementos construtivos de menor escala, que estão no nível dos detalhes, das argamassas e das esquadrias. O arquiteto então tem de entender o que aquele ser que é o edifício significa na totalidade, desde as questões mais particulares até a sua contextualização na cidade em que está inserido”. Levando em conta cada uma dessas questões, a Piratininga Arquitetos Associados, empresa da qual Renata Semin é uma das fundadoras, assumiu o projeto de restauração do prédio da Biblioteca Mario de Andrade, projetado pelo arquiteto francês Jacques Pillon em 1935 e concluído em 1942. Tombada em 1992 pelo patrimônio histórico, a biblioteca, que é a maior da cidade de São Paulo e a segunda maior do Brasil,

é considerada um marco da arquitetura art-déco e conta com um acervo de mais de 3,3 milhões de itens. Todo este material, entretanto, necessitava há anos de condições apropriadas de armazenamento: a edificação apresentava problemas críticos de infiltrações, rachaduras, danos na rede elétrica e no espaço físico que abriga um acervo em constante crescimento. A obra foi iniciada em 2007, e deverá ser concluída até março de 2010. Será desenvolvida em duas etapas: primeiro, o prédio terá restauradas suas fundações, estrutura, instalações elétricas e hidráulicas, enquanto as lajes serão impermeabilizadas. A seguir, o ambiente receberá a climatização adequada para conservação do acervo e conforto dos usuários. A fachada será restaurada, recebendo placas de vidro, e não mais terá grades em seu entorno. O mobiliário original também será restaurado e serão implantadas 16 novas cabines de pesquisa individual, além de duas novas salas para estudos em grupo e um ambiente para consulta de multimeios – tudo com acesso para portadores de necessidades especiais. Já na segunda fase, será anexado à sede da biblioteca um novo edifício, cedido pelo governo de


Esse projeto recebeu o segundo lugar no prêmio ABCEM, da Associação Brasileira de Construção Metálica, na categoria “melhores obras de aço”.

São Paulo, com área de 7 mil metros quadrados, o que permitirá o crescimento do acervo em até 100%. Este anexo será ligado por túneis subterrâneos ao edifício principal, e também abrigará laboratórios de microfilmagem, restauro e encadernação. Já a biblioteca central da PUC ficou pronta em 2005 e hoje abriga um acervo de 125 mil títulos. Ela foi projetada para atender uma expansão para 262,5 mil títulos até 2013 e já conta, segundo a arquiteta, com uma excelente avaliação na visão de professores e alunos. A utilização de sistemas e materiais industrializados favoreceu a rápida conclusão da construção, e permitiu a integração dos sistemas construtivos com os sistemas de armazenagem das estantes metálicas, confirmando assim a vocação do espaço como uma estrutura a serviço do acesso. Sistemas integrados de ventilação e iluminação naturais foram pensados para o conforto e a mobilidade de alunos e professores. Uma prova de que uma biblioteca é muito mais do que um conjunto de livros em estantes. Texto: Wendell Lima Fotos: Divulgação

Arquitetos: Piratininga Arquitetos Associados Projeto: Reforma de Biblioteca



Acervo Acervo

Abrindo espaço para a História Praças que são patrimônio cultural de João Pessoa estão sendo revitalizadas ‒ mas outras ainda aguardam sua vez Praça João Pessoa

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anto quanto os edificios históricos, as praças também são um patrimônio. Elas também estão há anos convivendo com os habitantes da cidade, vivenciando momentos históricos, testemunhando os dias mais importantes ou puramente corriqueiros de pessoas comuns. E cada praça guarda uma identidade própria, em termos paisagísticos e urbanísticos, que deve ser preservada. “As praças têm uma grande importância no desenvolvimento sociocultural de um povo”, afirma Cristina Evelise, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento da Paraíba (IABPB). “E passaram a ser não só um espaço de encontro e de convívio, mas também uma área de lazer. As praças, ao longo do tempo, começaram a incorporar quadras de esportes, ciclovias, pistas de cooper, playgrounds...”. Não é o caso das praças do Centro Histórico de João Pessoa, que guardam um aspecto importante que só o tempo pode dar. “Elas são um patrimônio cultural”, diz Cristina. “Locais como a Praça João Pessoa e o Ponto de Cem Réis têm muita importância até no cenário político”. O Ponto de Cem Réis – que é o nome popular da Praça Vidal de Negreiros – e a Praça João Pessoa são praticamente vizinhas: localizadas na parte alta do centro da capital paraibana, estão separadas por um quarteirão e ligadas pelo calçadão da Rua Duque de Caxias, por um lado, e por um trecho da Avenida Visconde de Pelotas, do outro. Mas são bem diferentes entre si. “As praças nunca são iguais. Podem guardar algumas semelhanças, mas são sempre espaços distintos”, explica a arquiteta. “Porque o tecido urbano se desenvolve de maneira diferenciada nas cidades”.

O Ponto de Cem Réis, que no começo do século 20 era a estação dos bondes da então cidade da Parahyba (e por isso no nome de “Cem Réis”, que era o preço da passagem), sofreu alterações radicais com o passar dos anos. Na década de 1970, uma grande reforma abriu um túnel (o Viaduto Damásio Franca) por baixo do local e criou vários níveis diferentes para o piso – as grandes manifestações políticas que costumavam acontecer no local ficaram inviáveis. Este ano, o Ponto de Cem Réis foi reinagurado voltando a apresentar um plano único. “Recuperou o caráter que tinha antigamente”, afirma Cristina. “Mas poderia ter um desenho mais rico. Nesse ponto, deixou a desejar”. Hoje, ele se configura como um grande largo, enquanto a Praça João Pessoa é caracterizada pelo monumento no centro. “E também por canteiros e passeios públicos distribuídos em toda a sua área”, acrescenta . Para ela, há uma praça que precisa ter seu valor resgatado – e é também próxima às outras duas, também localizada entre a Duque de Caxias e a Visconde de Pelotas: a Praça Rio Branco. “Essa praça tinha um diálogo maior com o seu entorno”, lembra ela. “Depois foi construído o prédio anexo da UFPB em frente ao antigo Cine Municipal, meio que escondendo a praça. Considero um equívoco lamentável”. Com isso, foi praticamente cortado o “diálogo”, naquele ponto, entre as suas ruas antigas e o seu casario. Cristina conta, no entanto, que há um projeto da prefeitura para requalificar a praça, incluindo o reordenamento do estacionamento que passou a existir ali. Há praças que já passaram por esse resgate histórico, como a Antenor Navarro, no Varadouro,


que voltou a exibir seus canteiros onde antes havia um posto de combustíveis, e outras que aguardam sua vez. Caso da Praça Álvaro Machado, em frente à Estação Ferroviária, onde também, há um posto de combustíveis. “Esta tem potencial para ser a grande praça de shows e eventos cívicos da cidade, ao lado do Ponto de Cem Réis”, afirma Cristina, lembrando que a revitalização da praça se incorporaria ao projeto da revitalização da região do Porto do Capim, como um todo. Embora diversas praças de João Pessoa tenham sido recuperadas em um modelo onde ganham playgrounds, quadras esportivas e até anfiteatros – como a Praça da Paz, no Bancários, Praça do Caju, no Bessa, e a Praça Silvino Chaves, em Manaíra – esse não seria o caso para essas praças do Centro Histórico, pela obrigação de salvaguarda da memória desses lugares. “É preciso respeitar a originalidade desses bens. Até substituir materiais históricos por outro tipo, como um piso em mosaico ou ladrilhos hidráulicos por blocos intertravados, mesmo que sejam mais duradouros, descaracterizaria esses espaços”, afirma Cristina. “Esse modelo é possível nas praças das áreas novas da cidade. Nas praças mais antigas, por exemplo, seria um despropósito, porque elas são tombadas e devem ser preservadas”. A Praça da Independência é outra que pede uma revitalização há anos. E é um marco de João Pessoa: é a partir dela que nasce a Avenida Epitácio Pessoa, principal da cidade e que primeiro tornou real e prática a ligação do centro com o mar, a partir dos anos 1920. “Lamentavelmente, a gente não consegue ver ainda uma boa manutenção dessas áreas verdes como gostaria”, aponta a presidente do IAB-PB. Pelo menos quanto a ser descaracterizada, a Praça da Independência não precisa se preocupar. “Aquela área era particular e foi doada à cidade pela família Guedes Pereira”, conta. “Ela não pode ser modificada nem no seu uso nem no desenho original ou então voltará a ser propriedade particular da família”. Uma herança das áreas centrais das cidades da Idade Média, onde aconteciam as celebrações e feiras, as praças de modernizaram e se diversificaram, mas ainda mantém viva a História dentro delas.

Praça do Ponto de Cem Réis

Praça Rio Branco

Texto: Renato Félix Fotos: George Diniz


Arquitetura e Arquitetura cinema e arte

Futuro cada vez mais presente ʻBlade Runner, o Caçador de Andróidesʼ

mostra verticalização e espaços sombrios para criar um ambiente opressor

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m 2019, a ensolarada Los Angeles de hoje se tornou escura e chuvosa. Os prédios são altíssimos, o neon está por toda a parte e as ruas são apinhadas de gente. Um futuro nada animador, criado por Ridley Scott e seus colaboradores no filme Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982) – e, para criá-lo, foi preciso um esmerado conceito de arquitetura que é um marco do cinema até hoje. As cenas iniciais, mostrando a cidade pelo alto, são sempre lembradas.

Para o arquiteto Marco Suassuna, o filme já impressiona pela combinação desse futurismo com uma estética retrô. “Não sei se ele tem essa provocação conscientemente”, imagina. Pode ser, já que no filme Harrison Ford interpreta o caçador de andróides do título – os “replicantes”, andróides rebeldes e fugitivos – e não só se veste, mas se comporta como os detetives dos filmes noir dos anos 1940. Mas o que se sobressai, antes de tudo, é a grandiosidade dos edifícios. “O prédio da Tyrel, por exemplo”, aponta Suassuna, referindo-se à empresa fictícia do filme que criou os replicantes Nexus.


“Tem inspiração nas pirâmides maias, o que denota imponência, poder, o domínio da corporação”. Quanto aos edifícios, Suassuna vê como reflexo lógico de uma densidade populacional que é visível pelas ruas apinhadas de gente sob a chuva ácida. “A previsão do filme estava correta no que diz respeito ao adensamento populacional das cidades”, diz o arquiteto. “Muita gente e pouco espaço gera a verticalização”. Para ele, os cenários sombrios também internos são um reflexo da ambientação geral criada para o filme. “Para a gente, do ponto de vista da arquitetura e do urbanismo, como dizia (o arquiteto estoniano) Louis Kahn, a luz esclarece as suas funções”, lembra. Nas ruas, mesmo com a onipresença dos luminosos em neon, a escuridão dá o tom. Escrito por Hampton Fancher e David Webb Peoples a partir de um conto de Philip K. Dick, Blade Runner teve Jordan Cronenweth na direção de fotografia e David L. Snyder na direção de arte e cenografia. O cenário é visivelmente inspirado no clássico mudo de ficção científica alemão Metropolis (1927), que já usava a grandloquência da cidade para mostrar um futuro opressor. “Blade Runner insinua que esse progresso é perigoso, de alguma forma, se não for bem pensado em questões de desenvolvimento humano”, opina Marco Suassuna.

A verticalização também é usada em um momento decisivo: o combate final entre Deckard (Harrison Ford) e o replicante Roy (Rutger Hauer), no qual Deckard fica pendurado à beira do prédio, em uma visão vertiginosa da altura. “A verticalização, quando associada à escala humana, pode oprimir e também provoca uma sensação de falta de humanização em relação aos espaços”, conta. “Isso se não tiver um espaço vazio que envolva essas edificações”. Associado aos prédios gigantes, está a força midiática com grandes telões nas paredes dos edifícios – uma poluição visual que reflete bem a que vivemos hoje. “Essas propagandas vendem ‘ilhas da fantasia’ como se fossem promessas de felicidade”, diz Suassuna, sobre Blade Runner. ‘Uma felicidade encontrada em algo cercado, com serviços e opções de lazer”. O futuro de Blade Runner pode ser fantástico, mas seu grande lance é não estar tão distante assim do presente vivido nas grandes metrópoles em 1982. Mais de 25 anos depois – o filme já ganhou duas “versões do diretor” nesse tempo –, esse futuro está ainda menos distante. Se ainda não estamos sob chuva ácida, a superpopulação nas metrópoles e a superverticalização já são bem presentes em algumas cidades. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação

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Outras Áreas Outras Áreas

Nada de formas exatas

Quando o assunto é a pintura, o arquiteto Régis Cavalcanti mostra intimidade com linhas livres

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om mais de 30 anos de carreira, Régis Cavalcanti é um dos arquitetos mais destacados do cenário paraibano, responsável por marcos como o antigo mercado de artesanato em Tambaú, atrações turísticas regionais como o complexo da Cruz da Menina, em Patos, pelos projetos de diversos importantes hotéis da orla de capital paraibana, como o Victory, o Imperial e o Ambassador, e mais recentemente pelo primeiro grande resort da Paraíba, o Mussulo Beach Resort, localizado em Carapibús. Sua versatilidade, entretanto, vai além dos ângulos e formas geométricas exatas de seu ramo, e se estende a um mundo de formas bem mais livres: o universo das artes plásticas. Para Régis, as duas atividades se cruzam, fazendo parte de um universo único. “Tanto as artes plásticas como a pintura, gravura, a escultura e tudo mais estão inseridas no universo das artes plásticas, das quais a arquitetura também faz parte. A arquitetura é a arte do espaço, e enquanto a pintura e a gravura, que vieram historicamente bem antes, lidam com duas dimensões, a arquitetura trabalha as três. Essencialmente, sou um desenhista”.

O interesse pelas artes plásticas veio primeiro, ainda na infância, e surgiu naturalmente. O arquiteto sempre se extasiou diante de pinturas ou desenhos que encontrava, e logo descobriu em si a facilidade de se expressar por esse meio. “A partir desse interesse, procurei desenvolver a técnica, descobrir como se obtinha o efeito visual em um quadro, uma pintura ou um desenho. Quando dei por conta, já estava envolvido com isso. A partir de então começaram a vir os pedidos por trabalhos e convites para expor”, conta Régis. Despertado o interesse e descoberto o talento, restava desenvolver a técnica. Na década de 1960, estudou com Flávio Tavares e fez curso livre de artes plásticas na Universidade Federal da Paraíba. Embora sua arte tenha boa aceitação no mercado, com trabalhos inclusive vendidos em


outros países, Régis considera que suas atividades como artista plástico são essencialmente um hobby que lhe dá grande prazer, enquanto a arquitetura é seu verdadeiro ganha-pão. “Se nós estivéssemos em outro país, as artes plásticas poderiam até garantir o sustento de um artista, mas como nós vivemos em uma região mais pobre, viver de artes plásticas é um problema”, comenta Régis. “Há raras exceções aqui, alguns profissionais que efetivamente vivem disso, mas essas são pessoas excepcionais”. Régis se considera um artista de fases, e acima de tudo, um curioso em desenvolver as técnicas da pintura. “Não me interessa tanto o que a pintura quer dizer. Isso é o de menor importância”, acredita. “Mais importante, como dizia o filósofo Marshall McLuhan, é que o meio é a mensagem. A técnica que desenvolvemos é muito mais importante do que a ilustração que fazemos”. Quanto aos artistas que influenciaram sua técnica e lhe servem de inspiração, Regis admira, acima de todos, o espanhol Pablo Picasso. “A fenomenal contribuição de Picasso no desenvolvimento das técnicas de pintura, as novidades que ele trouxe para esse meio e a maneira como sua obra revolucionou a arte e a estética do século 20 fazem dele, para mim, o maior de todos os artistas”. Já Cavalcanti, o arquiteto, não poupa elogios aos seus colegas de trabalho. “Nossa arquitetura daqui do Nordeste é da melhor qualidade”, afirma. “Os arquitetos de João Pessoa e da Paraíba são muito bons, e nas ocasiões em que dei palestras nos cursos de arquitetura e engenharia, tanto no Unipê quanto na Universidade Federal, sempre disse que o que nos diferencia de arquitetos americanos, japoneses, franceses, alemães ou quaisquer outros não é a nossa criatividade, mas sim nossos clientes. Enquanto os arquitetos do primeiro mundo têm clientes que podem bancar obras excepcionais, nós aqui temos a nossa clientela com menos recursos que, se não pode erguer construções suntuosas, ainda assim nos permite desenvolver uma arquitetura simples, porém bela e admirada internacionalmente, que não deixa nada a dever a qualquer outra do mundo”. Preciso na arquitetura e livre na arte, Régis Cavalcanti parece se dividir em dois quando lida com suas duas artes. Texto: Wendell Lima Fotos: Divulgação



Materiais Materiais

Para mergulhar de cabeça Com o verão começando, mercado mostra os produtos disponíveis para as piscinas

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evestimentos antiderrapantes, leds coloridos, cascatas, cristal pool, aquecimento de água e até fibra óptica. Esses são apenas alguns produtos disponíveis no mercado para piscinas. A área da casa ou apartamento cada vez mais valorizada pelos usuários, principalmente agora com a chegada do verão, tem recebido atenção especial dos fabricantes que têm investido em novos materiais para agradar todos os gostos. A variedade de revestimentos é tão grande que é quase impossível não se encantar por algum modelo, apesar da preferência ser sempre por cores claras, como o branco, azul e verde. Desde as tradicionais pastilhas passando pelas estampas vinil até o cristal pool, um cristal colorido de quartzo misturado em argamassa flexível, material que permite acompanhar as curvas da piscina, a preocupação com a beleza e a segurança é um ponto comum em praticamente todos os materiais que estão à venda no mercado

paraibano. A indústria evoluiu e o tradicional azulejo deu espaço para novos produtos específicos para o revestimento de piscinas, como o porcelanato. Além do interior da piscina, os produtos destinados ao revestimento das bordas e áreas de circulação também ganharam importância, uma vez que são fundamentais para garantir a segurança ao caminhar numa superfície que geralmente está molhada. No quesito revestimentos, destacam-se linhas especiais com design personalizado. São novos modelos para deixar o interior das piscinas colorido e diferenciado. A inspiração das cores, em tons de branco perolado, acinzentados, rosados, verdes, vermelhos, azuis, marrons e pretos, traz agradável sensação de bem-estar, serenidade, harmonia, leveza, liberdade e aconchego. Já a modernidade da transparência e dos reflexos chega aos revestimentos através das coleções de mosaicos de vidro, que reúnem propriedades técnicas e estéticas jamais vistas no segmento.


Piscinas

Beleza

As piscinas de vinil são apontadas como as que oferecem o melhor custo benefício do mercado, sendo a mais acessível financeiramente, porém quando se fala em durabilidade a piscina de concreto armado leva vantagem, além de ser bem mais sofisticada pois permite formas e desenhos exclusivos. Isso sem contar na variedade de revestimentos que podem ser utilizados nesse modelo. Já as de fibra de vidro também têm um custo menor e são bem aceitas no mercado. Segundo Felipe Bezerra, gerente de uma loja especializada na venda de piscinas de fibra de vidro, os modelos e a versatilidade do material é um dos pontos que contam a favor desse tipo de piscina além da vantagem da entrega em menos tempo.

No que diz respeito ao aspecto visual a grande pedida é a instalação de leds. A iluminação que até certo tempo não era tão valorizada, agora é um dos pontos mais importantes no projeto de uma piscina. “A procura pelos acessórios vem crescendo a cada ano, e nessa época aumenta mais por conta da chegada do verão”, revela Felipe. A colocação de iluminação colorida, além de imprimir beleza ao ambiente é apontada como um dos recursos para relaxamento através do uso de técnicas da cromoterapia. Hoje não se faz mais piscinas sem um projeto de iluminação que valorize o local. “A última tendência é a fibra óptica, apesar de ter um custo maior, o resultado vale a pena. A coloração e a variedade de tons que essa tecnologia proporciona é um diferencial que vale o preço”, assegura Felipe. Para quem não está disposto a pagar tão caro para encher a piscina de cor, os leds são a opção mais viável, esse tipo de iluminação pode ser instalada nas piscinas e dão um charme a mais. Já para quem não abre mão do conforto, a instalação de aquecedores é outro item indispensável. O mercado já dispõe de produtos para quem também está preocupado com a redução do consumo de energia. Os aquecedores solar, por exemplo, proporcionam conforto térmico sem uso de energia elétrica. Com o verão já começando, nada melhor que procurar bem por todos os itens e materiais que dão mais estilo, comodidade e conforto aos momentos refrescantes da estação.

Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação





Viagem Viagemde de Arquiteto Arquiteto

Veneza, um espetáculo sobre às águas Cidade italiana encanta desde a chegada até o passeio sobre as águas

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bela Veneza é, sem dúvida um dos recantos mais incríveis da Itália. O espetáculo de vivenciar essa cidade começa quando as cortinas da Estação Ferroviaria se abrem para os que chegam de trem, ou quando surge a imensa e demasiadamente moderna Ponte Della Costituizione, do arquiteto Santiago Calatrava, que interliga o “mundo real e o mundo dos sonhos” para os que chegam com outros meios de transporte. O impacto inicial é fascinante: neste ponto de “entrada e saida” pode-se encontrar pessoas de todas as partes do mundo. E a junção perfeita entre o belo dos inúmeros palácios “flutuantes”, e a diversidade cultural dos turistas, um verdadeiro deleite para quem observa a magnitude do local. Veneza é a comuna mais importante da região do Vêneto,com aproximadamente 300 mil habitantes, está situada no nordeste da Itália, é banhada pelo mar Adriático e começou a ser povoada entre 1140 e 1160 sob uma série de ilhas entre a Laguna de Veneza e o mar, hoje são 18 ilhas incluindo a ilha de Murano, Burano, Lido e a Ilha de San Michelle (ilha do cemitério veneziano). Toda cidade vive em função do comércio e do turismo. Porém,a manutençao de Veneza é tao alta, que se faz necessário várias outras fontes de recursos financeiros, tais como: Fundações Internacionais, Comunidade Européia e Governo Italiano.


O passeio sobre às águas é realmente singular, um cenário tipicamente cinematográfico, onde podemos observar gôndolas ornamentadas luxuosamente, palácios suntuosos que refletem nos canais, pontes, tudo encanta e seduz aos nossos olhos. Veneza tem 177 canais, que são suas “ruas e avenidas”, a principal destas “avenidas” é o Canal Grande: ele estende-se por cerca de quatro quilômetros, da Piazza Roma até a Piazza de San Marco, às margens do Grande Canal há uma infinidade de palácios luxuosos dos séculos 17 e 18. De suas 400 pontes a que mais se destaca é a Ponte de Rialto que fica no Grande Canal, a ponte data da segunda metado do século 16 e é composta por duas fileiras de galerias de lojas, estando situada em um dos principais trechos comerciais de Veneza.

Todo o sistema de transporte veneziano é, em sua maioria pelas águas. Os vaporetos são embarcações coletivas que fazem percursos diversos por toda Veneza, este sistema atende inclusive às diversas ilhas venezianas vizinhas. Os vaporetos tem paradas em diversos pontos estratégicos, toda programação de horários e percursos são repassados a todo momento nas diversas paradas, através de painéis eletrônicos. Outros transportes venezianos típicos são: barcos de táxi particular, ambulância, bombeiros, polícia, e até mesmo gôndolas especiais para casamentos. Enfim, um completo e inusitado sistema de transportes sobre as águas. Outra curiosidade é que a profissão de gondoleiro é permitida somente para homens tipicamente venezianos. O passeio por terra é igualmente fascinante, pois caminhase deliciosamente pelas ruazinhas e becos venezianos, atravessando pontes e apreciando o charme de cada recanto, as janelas floridas, os cafés, osterias e trattorias sempre aconchegantes e graciosos. A culinária de lá, assim como de toda Itália, é uma verdadeira arte, os pratos sempre são muito bem preparados e ornamentados, a culinária tipicamente veneziana sempre tem frutos do mar como especialidade, a exemplo do inesquecível spaguette a vongole, que fascina pelo seu visual exótico e sabor inigualável. Os famosos Gellatos


(sorvetes) italianos se apresentam decorados em taças enormes com uma infinidade de sabores e combinações, enfim, a verdadeira arte da mesa. As inúmeras lojas com artigos da chamada Artesania Veneziana, estão presentes por todos os lugares, são máscaras; peças em vidro murano; survenis e outras infinidades de artigos. Nos caminhos próximos a Piazza San Marco pode-se encontrar muitas lojas de grifes famosas, inclusive muitas delas se encontram no pavimento térreo dos palácios que compõe a Piazza, um verdadeiro luxo. Classificada como patrimonio da humanidade pela Unesco, sua arquitetura apresenta características de vários estilos, desde o Império bizantino, passando pelo barroco, gótico, até o neoclássico. Na Piazza San Marco o cenário é deslumbrante, com uma vista que resume o esplendor da bela

Veneza. A praça é composta por um enorme pátio trapezoidal, sendo a única grande praça na Itália com vista para a bacia do mar. O grande pátio quase sempre está repleto de turistas, artistas plásticos venezianos e muitos bombos. A basílica de San Marco que exibe em sua fachada frontal uma surpreendente sequência de pinturas em ouro com a chegada do corpo de San Marco, patrono da cidade de Veneza. A basílica é toda em estilo oriental, pois a expansão do comércio marítimo com o oriente e suas influências também se estenderam na arquitetura de suas edificações . O Campanille (torre do relógio) e o Palazzo Ducalle (antigo palácio do rei), completam o cenário. Estar em Veneza é literalmente viajar pela terra encantada dos sonhos e vivenciar sensações únicas. Texto e fotos: Pedrita Tavares



Expressão Expressão Nacional Nacional

Talento em qualquer palco Como ator ou diretor, Luiz Carlos Vasconcelos tem brilhado no teatro, no cinema e na TV

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currículo de Luiz Carlos Vasconcelos no cinema e na televisão é invejável. Protagonista de um dos filmes brasileiros de maior público em todos os tempos – Carandiru (2003) – e com um papel importante na minissérie Queridos Amigos (2008), o ator e diretor paraibano – nascido na cidade de Umbuzeiro, em 1954 – levou para outras mídias o reconhecimento que já tinha por seu desempenho no teatro. Não só o teatro, mas também o circo. Vasconcelos é um apaixonado pela arte circense e mantém vivo seu alter-ego, o palhaço Xuxu. Criado em 1978, após o ator testar vários palhaços, o personagem sempre encontra um espaço para voltar às ruas e se apresentar para crianças e adultos. Mas ultimamente ele tem que dividir tempo e

espaço com cada vez mais personagens. Só em 2008, ele foi o Ivan de Queridos Amigos, minissérie de Maria Adelaide Amaral, em que vivia o principal romance da trama, um relacionamento mal resolvido com a personagem de Débora Bloch, além de participações nas séries

Casos e Acasos, Dicas de um Sedutor e Faça Sua História, e ainda o ótimo especial O Natal do Menino Imperador. Neste último, sua intimidade com o circo foi bem explorada, assim como no filme Abril Despedaçado (2001), um dos primeiros em sua bela

trajetória no cinema. O primeiro passo foi interpretando Lampião, em Baile Perfumado (1997), produção pernambucana de Paulo Caldas e Lírio Ferreira. Na sequência, foi escolhido pelos diretores Walter


Salles e Daniela Thomas para o papel principal de O Primeiro Dia (1998). Mais um grande momento no filme seguinte: o galã do trio de maridos de Regina Casé no sucesso Eu, Tu, Eles (2000). Walter Salles o convocou de novo, para Abril Despedaçado. E em seguida, veio Carandiru. Árido Movie (2004), a parte ficcional do documentário Romance do Vaqueiro Voador (2006) e Mutum (2007). O mais recente é O Sol do Meio-Dia (2009), de Eliane Caffé, com o qual dividiu o prêmio de melhor ator no Festival do Rio com o colega de elenco Chico Diaz, em outubro – e ainda não entrou em cartaz nos cinemas. Na TV, após um episódio do Você Decide em 2000, estreou para valer no elenco da minissérie Pastores da Noite (2002). Teve uma participação importante na primeira fase da novela Senhora do Destino (2004) e voltou a interpretar o médico de Carandiru na série Carandiru - Outras Histórias (2005). Antes de Queridos Amigos, também esteve em A Pedra do Reino (2007), filmada em Taperoá por Luiz Fernando Carvalho. Tudo é resultado de sua atuação nos palcos – à frente e atrás das cortinas. Vasconcelos estudou arte dramática na Dinamarca e é co-fundador, em João Pessoa, do grupo Piollin, que alia as ações de cidadania ao fazer teatral. Como diretor, adaptou um conto de Guimarães Rosa para o teatro com o Piollin, criando Vau da Sarapalha, o mais importante espetáculo de teatro criado na Paraíba. A peça foi responsável pela extensão da carreira de todos os envolvidos, levando-os a vários outros projetos e sendo apresentada por todo o Brasil e no exterior. Luiz Carlos Vasconcelos conseguiu essa projeção como ator graças a uma interpretação

vigorosa e intensa, mesmo quando o papel inclui alguma comédia. Bonito, conseguiu também destaque quando esse quesito foi exigido para os papéis. Requisitado, teve que deixar a direção da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), em 2007, justamente para filmar O Sol do Meio-Dia. Mas Vau da Sarapalha continua sendo o grande atestado de seu talento também como diretor – será que um dia o teremos atrás de uma câmera de cinema? Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação


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Ampliando os espaços Até o pilar de sustentação do edifício foi usado com criatividade para ampliar os ambientes de um apartamento no Bessa

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udo começou com o desejo da proprietária em aumentar o estar, transformando a antiga sala em “L” num espaço amplo e integrado, que acomodasse três ambientes. Essa era a tarefa da arquiteta Rosane Oliveira para o apartamento de 165 m², na praia do Bessa, em João Pessoa. Entretanto, a mudança do piso e as adaptações de alguns cômodos acabaram transformando a extinção de uma parede em reforma completa. Para aumentar a sala, um dos quartos do apartamento teria que ceder sua função. “Desmanchamos o cômodo que já estava sem utilidade e aproveitamos o espaço para criar um ambiente de home theater”, explica a arquiteta. Quando a parede

foi abaixo, o pilar de sustentação do edifício ficou exposto bem no meio da sala. “Tomamos partido disso e usamos um aparador para separar os ambientes, mantendo-os totalmente integrados”, completa. Com duas paredes a menos, a solução para o piso foi a substituição integral da cerâmica pelo porcelanato. “Como o edifício tem cerca de oito anos, seria inviável encontrar a mesma cerâmica no mercado. Na substituição, optamos pelo porcelanato que, inclusive, tinha mais a ver com o projeto atual”, explica. Com a reforma aumentando dia a dia, a arquiteta aproveitou para rebaixar o teto com gesso e trabalhar a iluminação do ambiente com luminárias embutidas. “Nós usamos vários tipos


de lâmpadas para várias funções: a econômica para a iluminação geral e lâmpadas de foco para criar cenários diferentes”, explica Rosane. A sala de estar segue o padrão clássico, com uma mesa em resina na cor chocolate e cadeiras no estilo medalhão. Da antiga sala, a arquiteta aproveitou a cristaleira, que ganhou uma parede de espelho, e também um “marquesã”, antigo móvel de família. Por trás da mesa de jantar, uma porta de correr laqueada com vidro jateado proporciona a privacidade parcial entre sala e cozinha, ao mesmo tempo em que mantém a luminosidade dos ambientes. Mais espaço e criatividade.

Lavabo Com três suítes e um quarto a menos, os proprietários resolveram transformar o banheiro social em lavabo. O chuveiro deu lugar a um roupeiro, camuflado com portas de alumínio revestidas de espelho. Painéis de vidro com película na cor chocolate, porcelanato que imita madeira e bancada de mármore Perlatto fazem um mix de materiais harmoniosos. “Como existe uma placa de vidro atrás da bancada, temos a sensação de que ela não está fixada na parede, mas solta”, observa.


Copa e cozinha Antes da reforma, a cozinha desse apartamento no Bessa tinha um formato bastante tradicional. Com o projeto, a arquiteta explorou o espaço e transformou o ambiente em dois, utilizando apenas uma bancada divisória. Na copa, uma mesa Saarinen com tampo de mármore Carrara e cadeiras da antiga sala de jantar, laqueadas em branco. “Deu super certo porque as cadeiras têm um design bem atual”, ressalta. Para completar o estilo contemporâneo da copa, uma TV de LCD e painel de vidro com película branca. Da antiga cozinha, a arquiteta reaproveitou os móveis planejados e complementou os adicionais com marcenaria. “A idéia era não sobrecarregar, deixar tudo muito clean . Por isso usamos o branco e preto”, explica.


Quarto do casal Para dar mais privacidade ao casal, a porta do quarto foi transferida do final do corredor para a lateral. “Da sala se tinha uma visão parcial do quarto, então crescemos um pouco o corredor e criamos uma parede no fundo. Como o quarto dispõe de closet e banheiro, deu pra fazer sem comprometer o espaço”, explica. A escrivaninha foi uma exigência do proprietário, que queria um espaço para ler e usar o computador. Sobre a cama, revestimento de madeira e espelho. Para dar suporte à TV, uma placa de vidro com película. O closet integrado ao quarto traz o mesmo acabamento em madeira e vidro. No banheiro master, a bancada em mármore Perlatto recuada dá lugar a duas pias de semiencaixe, economizando espaço e oferecendo mais praticidade ao casal. Texto: Larissa Claro Fotos: Diego Carneiro

Foto: Divulgação

Arquiteta: Rosane Oliveira Projeto: Ambientação de Apartamento Iluminação: Emporium da Luz • Granito e mármore: Oficina do Granito Marcenaria: Carvalho Marcenaria • Louças e Acessórios: Emporium do Banho Decoração: Top Design


Acontece Acontece

Novidades à italiana

Feiras Abitare il tempo e Cerzaie mostram o que há de mais moderno em arquitetura e interiores

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s meses de setembro e outubro sempre são recheados de grandes feiras internacionais do universo da arquitetura de interiores na Itália, sendo Abitare il tempo e Cerzaie as mais importantes. Abitare il tempo (Salão Internacional de Decoração), é uma feira internacional de móveis e decoração que acontece anualmente em Verona. O evento está em sua 22ª edição, e este ano trouxe as mais variadas categorias de produtos da decoração de interiores, reunindo vários estilos, que vão do clássico ao contemporâneo. E Cersaie (Salão Internacional da Cerâmica), que acontece anualmente em Bolonha, trouxe o que existe de mais moderno em cerâmicas para pisos, móveis para banheiros, instalações sanitárias, aquecedores, materiais de construção, materiais em geral, ferramentas e instalações para a construção.

Estrutura das feiras Abitare il tempo 2009 foi completamente estruturada no Verona Fiere e apresentou nove pavilhões de exposição, com 650 expositores de 23 países. Em todos os pavilhões encontravam-se peças e objetos deslumbrantes de vários países, como Alemanha, França, Austrália, Inglaterra, dentre outros. Os pavilhões eram todos divididos por segmentos, nos quais podia-se encontrar alta decoração, artesanato italiano, tecidos para cama, mesa e banho, móveis contemporâneos, móveis clássicos,

cozinhas, banheiros, Iluminação, além de uma mostra de arquitetura de interiores com ambientes de profissionais italianos de renome. Cersaie 2009 foi estruturada no Bologna Fiere e apresentou 18 pavilhões de exposição, com 1054 expositores de diversos países - inclusive o Brasil com as fábricas Portobello, Gyotoku, Eliane e Portinari. Todos os pavilhões foram divididos pelos segmentos de revestimentos cerâmicos, instalações sanitárias, móveis e acessórios para banheiros, matéria prima e materiais. Entre tanta beleza, tecnologia, inovação e criatividade, os segmentos que inevitavelmente se destacaram foram a iluminação com design oriental, produzida tanto em vidro quanto em tecido, apresentada pela empresa Veneziana Fortvny, e exportada para todo o mundo. Tais luminárias já foram utilizadas na decoração de projetos em várias capitais no Brasil. Os delicados e gigantescos lustres feitos artesanalmente em vidro Murano, se faziam presente praticamente em todos os expositores de light design. Este tipo de peça já é bastante produzida e utilizada no Brasil, através do trabalho do veneziano Mário Seguso, que trabalha e mora há alguns anos no país. As cozinhas se mantêm cada vez mais cleans, e totalmente sem objetos expostos. A tendência de criar móveis que possam embutir os vários utensílios e eletrodomésticos inerentes a uma cozinha continua cada vez mais em alta. Os eletrodomésticos ganham novas roupagens e se apresentam mais fashions, cheios de personalidade, linha de refrigeradores que explora desenhos, cores e efeitos diversos foi bastante apreciada. As inúmeras estantes versáteis (que servem de estante e divisória) estavam em quase todos os ambientes. Elas


representam um espetáculo de criatividade e beleza para os mais variados tipos de ambientes. As cadeiras sempre são as vedetes das grandes feiras internacionais de decoração, elas sempre surgem sob as mais variadas formas, cores e materiais. A utilização de materiais recicláveis surge com força total na concepção de novas peças. A cadeira em forma de um grande ouriço do mar foi totalmente concebida e executada a partir de canos de PVC de vários tamanhos em uma única bitola. O resultado final é um verdadeiro espetáculo de criatividade. As cadeiras coloridas e ousadas, que parecem sair de um cenário de Pedro Almodóvar estão em diversos ambientes. Elas são produzidas em madeira pintada com esmalte sintético, tecidos sempre coloridos, e suas peças apresentam uma combinação perfeita de todas as partes. As cadeiras em ferro recoberto com palhinha estão em alta e a produção destes mobiliários remete a cultura do artesanato da nossa terra. Os metais sanitários estão com design cada vez mais inovador. Os chuveiros podem ter várias

formas, tipos de acabamento, tamanhos, e até cinco tipos de jato de água em uma única peça, que podem ser alternados a partir de um controle remoto. O moderno e descontraído chuveiro em latão cromado e borracha colorida em forma de gota é uma das novidades do setor. Algumas torneiras já estão integradas totalmente ao lavatório, elas também podem ser fixadas na bancada, na cuba, na parede ou até mesmo saírem do piso, apresentando-se sob diversos materiais, e com formas cada vez mais inusitadas. As louças sanitárias são pura criatividade e ousadia, com peças metalizadas, coloridas, com delicadas pinturas, acabamento com texturas exclusivas, com design vazado, em corian, resina, pedra, poliéster, vidro. Enfim, uma enorme variedade em cores e formas. As banheiras e spas com hidromassagem podem apresentar até 50 jatos de água. Elas são inseridas nas salas de banho e até mesmo nos dormitórios como peça principal do ambiente. Pisos e revestimentos , lançamento de uma linha de porcelanatos gres vitrificados com elevadas propriedades antibactericidas, denominados BIOS foi a grande novidade do setor, o produto foi desenvolvido e patenteado a partir de uma parceria entre o Departamento de Microbiologia da Universidade de Modena e o laboratório químico do fabricante, o produto apresenta 99,9% de eficácia antibactericida para alguns tipos de bactérias bem comuns em ambientes hospitalares. A variedade cromática dessa linha chega a 138 cores, muitas delas reproduzem granitos e mármores diversos.

Texto e fotos: Pedrita Tavares



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Pequenos espaços, grandes ideias O apartamento de um jovem casal ganhou amplitude graças a espelhos, porcelanato claro e cor branca

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grande desafio da modernidade, seja aqui no Brasil ou até mesmo fora do país, é conciliar cada vez mais a necessidade de novas construções com os espaços bem reduzidos. E como é comum para profissionais do setor de ambientação, este foi o grande desafio enfrentado pela arquiteta Chris Rolim ao fazer o projeto para um apartamento de 70m², na capital paraibana. Os clientes solicitaram um projeto de ambientação que atendesse suas necessidades. Como se tratava de um jovem casal, eles desejavam um espaço moderno e sofisticado, mas ao mesmo tempo bem aconchegante. “Depois de algumas conversas, foi possível identificar o desejo dos clientes e entender o que eles tinham em mente. Assim, a primeira proposta já agradou e tivemos total liberdade para executar. Foi um projeto bem interessante”, comentou a arquiteta.

Durante o planejamento, uma coisa já estava definida: todos os ambientes deveriam seguir uma unidade, seja nas cores, nas formas ou no estilo. E foi isso que aconteceu com este projeto. “Foi usada pouca mobília, mas o suficiente para proporcionar muito conforto aos moradores”, disse Chris. Mas além do conforto, era preciso algo mais: dar a impressão de que o espaço era maior do que o real. E isso foi possível com o uso de espelhos, porcelanato claro no piso e, principalmente, a predominância da cor branca. Tudo isso resultou numa maior amplitude do local. O diferencial da ambientação do apartamento também ficou por conta dos móveis, que têm desenhos modernos, seguem linhas retas e são revestidos de laminado ou laqueados nas cores branca e preta. E é bom lembrar que o preto aparece sim, em todos os ambientes, mas de forma discreta,


pra não pesar. Pensando em dar um clima de mais aconchego, também foram usados tons amadeirados em alguns objetos de decoração e em cadeiras. “Essa mistura ficou na medida certa entre o moderno e o aconchegante, que é a busca incessante da maioria dos profissionais da nossa área”, enfatizou a arquiteta. Para finalizar, atenção especial à iluminação. “Quando pensada durante a concepção do projeto, a iluminação se destaca como agente modificador do espaço decorado. E isso é muito bom, pois não limita a parte funcional, mas age como peças e efeitos decorativos”, explicou.

Sala Os movéis da sala são de MDF pintados em laca branca. O móvel da tv se destaca pela leveza gerada pelo grande vidro preto que o emoldura. Um painel de MDF revestido de espelho com prateleiras de vidro completam a composição. A mesa de jantar também em laca está encostada em um grande painel de gesso revestido de faixas de espelho, o que dá mais profundidade ao ambiente.

Quarto do casal

O quarto do casal foi o ambiente mais desafiador, já que necessitava de muitos elementos e dispunha de pouco espaço. Como o quarto precisava de mais espaço, a parede que o separava do escritório foi demolida e o guarda-roupa passou a ser a divisória.


Aproveitando o nicho que se formou com o avanço do fundo do guarda-roupa, a arquiteta projetou uma estante de prateleiras assimétricas em MDF laqueado de branco fosco, que dá um efeito visual prático e agradável.

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Com a solução de projeto encontrada, foi possível fazer um guarda roupas em “L”, um móvel para sapatos e as mesas de cabeceira. Um destaque fica por conta das arandelas, que criam um efeito de luz interessante no espelho da cama.

Cozinha A cozinha deste apartamento segue as cores e o estilo do resto do imóvel. Estreita, ela é formada por dois painéis de pastilhas de vidro em miscelânea de tons de cinza e uma grande bancada em granito preto São Marcos que abriga os armários revestidos com laminado na cor branca e puxadores gola. De linhas simples e retas o ambiente estreito ganha mais espaço para as funções do dia a dia.

Texto: Débora Cristina Fotos: Cássio Murilo

Foto: Divulgação

Arquiteta: Chris Rolim Projeto: Ambientação de apartamento Granito: Oficina do Granito • Marcenaria: ND móveis • Móveis: Top Design Iluminação: Emporium da Luz • Decoração: A Sempre Viva




Ambientação

Ambientação

Fotos: Casa Cor SP, arquiteto Edson Lorenzzo

Lúdico e atemporal

Projeto de quarto para crianças precisa ser divertido, pessoal e, ao mesmo tempo, agregado à durabilidade

U

m ambiente que não se limita a ser apenas um lugar para dormir. Assim são os quartos de crianças, que servem também de espaço para brincar, ler, estudar, reunir amiguinhos e, até mesmo, ajudar a definir a personalidade dos pequenos. Para projetar um quarto para crianças, os pais devem averiguar o real gosto e a necessidade dos filhos, e o profissional, aplicar essas referências, antenado às tendências e às características do cliente. “Temos que levar em conta a personalidade deles, identificar se é tímido ou mais descolado e quais são os seus hábitos. Se a criança não é estudiosa, por

exemplo, é importante priorizar o espaço do estudo para que o incentive a leitura de forma agradável. É importantíssimo que os ambientes tenham a cara do usuário e que eles se sintam felizes nesse espaço”, explica a arquiteta Márcia Barreiros. Para isso, Márcia não dispensa olhar de forma mais observadora os hábitos e a cultura ambiental da casa e do cliente. Se for preciso, é interessante conversar com a própria criança para conhecer seu universo próprio e executar o desejo dela com leveza e criatividade. “Na maioria das vezes, quando falamos só com os pais, os projetos ficam mais impessoais. Os


pais pensam mais no aproveitamento do mobiliário por mais tempo e aí esquecem de colocar a fantasia, que é tão importante em um ambiente infantil”, explica Márcia.

Novas tendências Na hora de escolher a cor para pintar as paredes procure sempre cores mais suaves que não agitam tanto as crianças, e são muito úteis na hora das brincadeiras tranquilas, que diminuem o ritmo antes de dormir. Dimers regulam a intensidade de luz, já que luminosidade é outro item importante. As cores rosa

e azul ainda são campeãs de preferência na cartela principalmente até os cinco anos de idade. A partir daí os tons vão mudando ou vão ficando mais fortes, mesmo permanecendo na mesma cartela de cores. Márcia dá uma dica: nos móveis, cores mais neutras e os tons fortes, para os detalhes. Modismos também são tendência, mas pais e decoradores devem ficar de olho na atemporalidade. “A moda dos ídolos pop e personagens de quadrinhos vêm e vão. Muitas vezes temos que ter cuidado, pois pelo gosto deles o quarto seria o próprio refúgio do super-herói. Eles querem consumir tudo relacionado aos personagens”, alerta a arquiteta. Por isso, é importante não desenvolver o projeto de


Projetos: Márcia Barreiros

forma personalizada demais para uma certa idade. “Eles crescem rápido demais e quando terminar de executar todo o quarto, ele já vai precisar de ajustes, pois a criança vai reclamar que não gosta mais da cor ou seu desenho preferido não é mais esse”. Por isso, é preferível deixar essas referências aos acessórios, como colchas, brinquedos ou quadros. “A mudança fica rápida e barata”, completa. A tecnologia também tem dado força aos materiais voltados para esse público. No mercado, há materiais emborrachados, tintas laváveis e outros apetrechos de boa resistência e de fácil manutenção. Outra preocupação é com a organização. Os quartos infantis e juvenis são na maioria das vezes grandes


centros de bagunça, com brinquedos, roupas, livros e tudo mais espalhados por toda parte. Uma solução para ganhar espaço e arrumar tudo de maneira rápida são os baús. Dessa forma, a criança pode sozinha juntar suas coisas em um lugar só e até mesmo tornar a arrumação um momento de divertimento. Para alegria de gente grande e pequena. Texto: Andréia Barros Fotos: Diego Carneiro e divulgação

Segurança, acima de tudo Ao projetar quartos para crianças, alguns cuidados devem ser lembrados. Confira as dicas: • Prefira móveis com cantos arredondados e armários de tamanho acessíveis para evitar riscos de acidentes. • Acidentes com portas de armários ou gavetas também podem ser evitados com antiprendedor de dedo. • Cuidado com fios elétricos soltos. Coloque sempre protetores de tomadas, até nas mais utilizadas, no caso de televisão e videogame. • Evite insetos com o uso de mosquiteiros ou plug de tomada com remédio antimosquito. Inseticidas em aerossol, nunca. O mosquiteiro deve ser lavado uma vez por semana por conta do pó. Já o plug pode ficar ligado na tomada a noite inteira, menos em quartos onde dormem crianças asmáticas. • Nas paredes, evite papéis ou aplique apenas um barrado rente ao teto por causa da poeira. As cortinas protegem o cômodo do excesso de sol e amenizam a luz, dando sensação de aconchego. Devem ser fáceis de tirar, porque precisam ser lavadas quinzenalmente • Cuidado também com carpetes e tapetes, pois ambos acumulam pó. Os tapetes ainda podem fazer a criança tropeçar. Se você achar imprescindível para a decoração do quarto, use um modelo 100% natural e prenda com fita adesiva no chão para evitar tombos. • Os protetores de janelas são importantes em todas as idades da infância, principalmente em apartamentos.

Fotos: Casa Cor SP, arq. Aquiles Nicolas Kilares

Projeto: Márcia Barreiros



Meu Espaço Meu Espaço

Sem cara de clínica

Projeto da arquiteta Márcia Barreiros

Para o cirurgião Talvane Sobreira, o consultório é mais do que um local de práticas cirúrgicas

Q

uem entra no consultório do cirurgião Talvane Sobreira imagina que está em qualquer lugar do planeta, menos numa clínica médica. Com móveis que remetem ao estilo clássico inglês, o cirurgião decidiu imprimir ao seu consultório um ambiente aconchegante, repleto de personalidade e que foge completamente do estilo adotado por grande parte das clínicas médicas de todo o país. Com espírito aventureiro e amante da pintura, fotografia, aeromodelismo e de tantas atividades ligadas à cultura e a arte, Talvane decidiu trazer para o ambiente de trabalho o que produz fora dele. No lugar que considera o seu canto preferido, o cirurgião responde não só pelos pacientes, mas pelas gravuras na parede e miniaturas de barcos e aviões, que dividem espaço com souvenirs de várias partes do mundo. “Sempre que viajo trago uma lembrança que caia bem aqui. Virou mais um hobby”, conta o cirurgião que também é mergulhador e velejador nas horas vagas. Acostumado a receber pacientes com a tensão à flor da pele, Talvane descobriu que podia usar o consultório como artifício para acalmá-los e deixá-los mais a vontade. “Muitos pacientes chegam aqui tensos, pensando em como será a cirurgia, quanto tempo vai durar, como ficará. Quando entram no consultório, até esquecem os procedimentos cirúrgicos”, conta o dentista com especialização em cirurgia buco maxilo facial.

O encantamento dos pacientes e de quem entra no consultório não está só nos móveis de inspiração inglesa, mas no teto em lambri, nas poltronas de couro, no relógio antigo, nas estantes refinadas e no tapete persa que cobre o piso. As pinturas dispostas na parede verde musgo reforçam a personalidade do cirurgião e mostra que o lado profissional também interfere no seu processo criativo. “Eu lido com faces o tempo todo, então é natural que elas surjam com intensidade quando estou com lápis ou tinta em mãos”, pontua. Antes de pensar a clínica tal como é hoje, Talvane conta que atendia em um consultório pequeno, com design e arquitetura tradicionais, mas que sempre sonhou em dar um toque pessoal ao ambiente de trabalho. “É aqui onde eu passo a maior parte do dia, portanto é essencial que eu me sinta bem e confortável”, explica. Não é a toa que uma das portas do consultório dá acesso a um closet. “De repente eu tenho um compromisso social à noite, mas a cirurgia demora um pouco ou atendo até mais tarde; então tomo banho e me arrumo aqui mesmo”, conta. Feliz com o consultório que completa um ano esse mês, Talvane diz que ainda falta alguns detalhes para concluir o projeto. “Quero revestir a metade da parede com madeira e encontrar uma luminária para o canto da sala”. Diante do comentário, a prova cabal de que não há mesmo nada perfeito nesse mundo. Texto: Larissa Claro Fotos: Diego Carneiro



Amélia Panet arquiteta arquiteta

Arquitetura Contemporânea

Em EmEvidência Evidência

Fotos no site www.artestudio.com.br

O

debate intelectual no meio acadêmico e profissional das últimas décadas acerca do rumo das cidades e da arquitetura contemporânea vem tentando compreender a relação complexa existente entre os diversos contextos urbanos mundiais e a profusão das soluções arquitetônicas. Essa arquitetura, enquanto linguagem, parece cada vez mais atingir um grau de autonomia contestável, no sentido de não possuir a relação com o ambiente em que está inserida, podendo estar em Tóquio, Chicago, ou no Rio de Janeiro. Essa relação, tão cara e antiga,

que remonta aos tratados de Alberti e Vitruvius, e que identificava a região e seu povo, parece estar perdendo sua importância num contexto de produção arquitetônica marcado pela dissolução de fronteiras culturais, geográficas, tecnológicas e disciplinares. A sensação de que “tudo se pode fazer” na arquitetura contemporânea transforma as cidades em campos de experimentações, onde são disseminadas obras, muitas delas, carentes de valores intrínsecos a uma arquitetura de qualidade, que atenda, além dos aspectos técnicos e funcionais,


aqueles relativos ao campo da estética, cujo juízo de valor deveria ser desenvolvido na formação profissional. No entanto, a produção da arquitetura contemporânea ainda não se tornou, de forma consolidada, objeto de reflexões e experimentações projetuais nos cursos de arquitetura brasileiros, encontrando-se, em vários deles, restrita ao campo das discussões históricas e muito pouco ao campo da teoria e da prática. Enquanto isso, arquitetos reproduzem, sem profundas reflexões teóricas e práticas, as novas formas emergentes da arquitetura contemporânea internacional, global. Essas novas formas do século 20, ou arquitetura do novo milênio, denominadas por autores como Benevolo e Montaner, nasceram de debates e reflexões que surgiram na segunda metade do século 20. Nesse período, a arquitetura usufruiu dessa quebra de barreiras entre os saberes e deixou-se permear pelos novos paradigmas que contribuíram na “nova” linguagem formal, com predomínio de

formas complexas, dispersas ou sobrepostas. Dando ênfase ao processo de concepção e, comumente justificada por conceitos oriundos dos mais diversos campos disciplinares, como da filosofia, da matemática ou da biologia, para citar alguns, essa produção contemporânea chega ao Brasil, por meio de concursos públicos abertos ou semi-abertos e começa a ser adotada como referência para a produção local. Um exemplo dessa produção recente e que em breve fará parte do cenário carioca é o MIS, Museu da Imagem e do Som, cuja equipe vencedora, Elizabeth Diller, Ricardo Scofidio e Charles Renfro, baseou-se no conceito da dobra para conceber o edifício. É imprescindível e urgente a discussão da arquitetura contemporânea, principalmente brasileira, no contexto acadêmico e profissional para entendermos e atualizarmos os ideais da nossa “nova” arquitetura, que não deveria perder a relação com o lugar, mas renovar os vínculos com a cidade real e suas particularidades.


DicaDica dede profissional profissional

Fotos: Diego Carneiro

Versatilidade e sofisticação

“Para a composição dos ambientes, é essencial a escolha de móveis que sejam elegantes e funcionais. Principalmente quando temos espaços com dimensões reduzidas e finalidades distintas em um só ambiente, a exemplo das salas de estar e TV integradas. Neste caso, é interessante propor um móvel versátil, que dê suporte às necessidades de forma harmoniosa e sutil, exercendo a função de aparador ou mesmo um mini bar, além do local para a colocação de equipamentos de som e TV.

Uma opção muito apropriada é a criação de uma peça única, com portas ou painéis deslizantes, utilizando o sistema cômbino que permite, num simples toque, o acesso às divisões internas de acordo com a necessidade. Funcional. Este tipo de móvel é executado com exclusividade na Spazio Mobile, onde encontramos produtos diferenciados, feitos sob medida, de forma personalizada e de acordo com o gosto e necessidade do cliente”.

Silvia Muniz arquiteta





Endereçosdos dosprofissionais profissionais Endereços desta edição desta edição

Alain Moskoviczk

Av. Antonio Lira, 55 - sl 102, Tambaú João Pessoa/PB Fone: (83) 3226.3866 / 9982.3670

Chris Rolim

Rua Raimundo Por Deus, 166, Brisamar João Pessoa – PB Fone: ( 83) 8864.2060

Doralice Camboim

Av. Rui Carneiro, 300– sl 604 Ed. Trade Office Center Miramar, João Pessoa/PB Fone: ( 83) 3225.4850 / 8719.2316/ 9967.8434

Rosane Oliveira

Av. Flávio Ribeiro Coutinho, 20 - sl 603, Manaíra João Pessoa/PB Fone: ( 83) 3245.9119 / 9983.9119

Sandra Moura

Rua Corálio Soares de Oliveira, 433 - sl 604, Ed. Atrium Centro - João Pessoa/PB Fone: ( 83) 3221.7032 / 9131.6473

Renata Semin (Piratininga Arquitetos Associados) Rua General Jardim, 482 - 4º andar, São Paulo/SP Fone: ( 11) 3256.7077 / 3256.7171



Cartas dodo Cartas LeitorLeitor

A Artestudio quer ouvir você. É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco : contatoartestudio@yahoo.com.br

Após 01 ano fora do mercado de arquitetura de João Pessoa, reencontrei amigos que aí deixei. Muitos participaram do Fórum de Arquitetura e Iluminação - Fonai - realizado no dia 19/11. Outra grande alegria foi receber a edição 27 da ARTESTUDIO - revista esta que já colaborei com uma coluna para o “Vão Livre” -, que a cada edição a qualidade só aumenta. Acho que o contato entre pessoas tão fabulosas é que faz a diferença tanto para a revista, quanto para o mercado de arquitetura paraibano. Aprendi muito com todos, podem ter certeza que deste aprendizado surgiu a minha empresa, aqui em Recife. Abraços, Fábio Malessa –Recife/PE Prezada Márcia, Primeiramente quero agradecer o envio regular da sua maravilhosa revista. Sei o trabalho que dá um empreendimento como esse e você e sua equipe estão de parabéns pela qualidade que têm alcançado. Em anexo, envio um release, material impresso e fotográfico exclusivo sobre o projeto que acabamos de lançar para a empresa German Interiores, de Brasília, para sua informação e que pode ser de seu interesse. Como poderá constatar, foi uma oportunidade ímpar de execução de projeto, com o intuito de demonstrar ao setor de imobiliário a contribuição inovadora que o design pode dar a este setor. Atenciosamente, Freddy Van Camp – Rio de Janeiro/RJ

À sra. Márcia e toda a equipe ARTESTUDIO, Há muito tempo que eu gostaria de ter enviado esse e-mail, mas por negligência minha, não o fiz. O que é uma pena, pois terminei entrando na estatística das pessoas que só dão valor as coisas quando perdem ou estão longe. Eu me encontro agora em Belo Horizonte, e qual a minha surpresa? - me deparo com uma ARTESTUDIO na minha frente e custei a acreditar que era aquela revista magrinha de tempos atrás e que agora se encontra corpulenta e cheia de matérias interessantes. Senti como se tivesse revendo uma conhecida da minha terra natal e que não via há anos. Enorme a minha felicidade ao reencontrá-la e feliz por vocês que enfrentam uma luta grande para fazer material de qualidade aí na nossa terrinha. Parabéns a todos vocês, quero informá-los que já sou assinante ARTESTUDIO e poderei matar a minha saudade a cada três meses. Mais uma vez, parabéns! Carlos Alfredo Torres – Belo Horizonte/MG Olá, meu nome é Clarice, gostaria que vocês soubessem que a minha casa é toda inspirada nas matérias de ambientação da revista. Ela está linda! Continuem com esse trabalho maravilhoso. Clarice Simões – Cabedelo/PB Descobri que a minha terra tem muitos talentos nas artes, na música, na arquitetura e agora no cinema, como vi na última revista, em que vocês falaram do cineasta Vladimir Carvalho. Parabéns pela iniciativa de divulgar os nossos talentos.

Prezados Senhores,

José Augusto – João Pessoa/PB

Recebemos e agradecemos pelo envio das revistas ARTESTUDIO. Informamos que os referidos exemplares encontram-se à disposição de nossos usuários e muito contribui para o enriquecimento de nosso acervo. É de nosso interesse continuar recebendo a referida publicação, solicitamos também, se possível, o envio de alguns dos números já publicados afim de que possamos completar nossa coleção. Antecipadamente agradecemos.

Agradecemos a todos os nossos leitores e colaboradores. Saibam que vocês são os nossos incentivadores para produzirmos uma revista cada vez melhor. Obrigado! A Editoria

Márcia Servi Gonçalves -Biblioteca Central Universidade de Caxias do Sul - RS



Livre VãoVãoLivre

A nova era da qualidade para os projetos e as construções Karla Cunha Lima Viana

Engenheira, consultora da qualidade

Após pesquisa realizada pelo Governo Federal na década de 1990 com a participação de várias universidades do país, ficou constatado que o setor da construção civil possui altos índices de desperdícios, girando em torno de 30%. Esse resultado trouxe grande preocupação, pois a construção civil é responsável por grande parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país e é o setor que mais emprega mão de obra com baixos índices de escolaridade, o que abrange grande percentual de brasileiros. Diante desses fatos foram necessárias algumas ações com vistas a atenuar o problema. Criou-se, então o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Habitação (PBQP-H), onde, o “H”, que antes representava a habitação, passou a ser habitat, pois era um termo mais amplo, não excluindo qualquer atividade da cadeia construtiva. Uma das grandes virtudes do PBQP-H é a criação e a estruturação de um novo ambiente tecnológico e de gestão para o setor, no qual os agentes podem pautar suas ações específicas visando à modernização, não só em medidas ligadas à tecnologia no sentido estrito, mas também em tecnologias de organização, de métodos e de ferramentas de gestão. A meta do programa é organizar o setor da construção civil em torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva. O PBQP-H é composto de vários projetos, dentre eles o SIAC, sistema de avaliação de conformidade de empresas de serviços e obras da construção civil, baseado no sistema de normas 9000, que está em vigor desde o ano de 2005. O SIAC é um documento que representa um conjunto de itens e requisitos necessários para as empresas de construção civil implantarem um sistema de gestão da qualidade em suas empresas. Em João Pessoa, muitas construtoras buscaram o serviço de consultoria e conseguiram implantar esta norma sem grandes dificuldades, se certificando ao mesmo tempo no PBQP-H e na ISO. As grandes vantagens da implantação desse conjunto de itens e requisitos exigidos

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na norma é que a empresa passa a se organizar melhor, conhecendo, assim, seus problemas e atuando diretamente neles, por conseqüência, diminuindo os desperdícios, retrabalhos e reduzindo os custos das empresas, proporcionando também o aumento da satisfação do cliente e uma maior competitividade no mercado de trabalho. Havia antes uma espécie de misticismo que levava os empresários a pensarem que a implantação dessa norma nas empresas acarretaria um grande investimento de recursos, porém, as empresas que já conseguiram e as que estão no desenvolvimento desse processo descobrem que nada mais é que uma maneira de organizar melhor a sua empresa em busca de benefícios para si própria e para a sociedade como um todo. Os benefícios são tantos que muitas empresas estão buscando essa norma. E baseado neste sucesso é que foi aprovado em setembro de 2008 o SIAC Projetos, voltado para a especialidade de elaboração de projetos, sejam de engenharia ou arquitetura. O SIAC Projetos visa implantar sistemas de gestão da qualidade em empresas de projetos. É aplicável a toda empresa de projeto que pretenda melhorar sua eficiência técnica e econômica, independentemente da sua natureza (arquitetura, urbanismo, estrutural, etc.). Ele é dividido em quatro estágios, mas ao atingir o estágio 2, a empresa poderá parar e certificar-se no PBQP-H, assegurando a qualidade do seu processo gerencial fim, porém, se a empresa prosseguir até o estágio 4, ela estará atendendo o que prevê na NBR ISO 9001, podendo ser certificada nesta norma que assegura o desenvolvimento gerencial da empresa. As empresas que adotarem essas normas terão um aumento da capacidade gerencial, acarretando um grande diferencial em um mercado de trabalho que ainda se configura a partir de práticas gerenciais escassas e, muitas vezes, ineficientes.

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