Revista AE 57

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Ano XV - nº 57

artestudiorevista.com.br

arquitetura & estilo de vida

HOTEL CARIOCA

Clima do Rio foi buscado em projeto na Barra da Tijuca

CLÍNICA HUMANIZADA Projeto de interiores busca conforto dos pacientes

VISTA PARA O MAR Reforma transformou galpão em espaço para hospedagem

AMPLO E CONFORTÁVEL

Reforma em apartamento é adequada a casal, seu bebê e amigos

+ RCR Arquitectes, da Espanha, vence o Pritzker 2017, entrevista com o designer Jáder Almeida e a história de portas e janelas








SUMÁRIO

Ano XV Edição 57

CONHEÇA

40

25 livro

Novo livro mergulha na história e códigos da arquitetura brasileira

32 GRANDES ARQUITETOS

RCR Arquitectes, da Catalunha: pela primeira vez, um trio ganha o Pritzker

38 A HISTÓRIA DE

Portas e janelas: a evolução das fronteiras das casas

72 ambientação

Como extrair o máximo das varandas pequenas

76 ACERVO

Quem são os personagens das nossas ruas?

78 VIAGEM DE ARQUITETO

O charme da cidade do Porto, em Portugal

80 INTERIORES E MODA

O greenery é escolhida a cor de 2017

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ARTIGOS VISÃO PANORÂMICA 14

Amelia Panet comenta as ideias e imagens em torno dos becos

URBANISMO 16

Alexandre Lafer Frankel pensa o futuro das construções

Vida Profissional 18

Ricardo Botelho escreve sobre metas de vendas

VÃO LIVRE 20

Maurício Guimarães escreve sobre a dificuldade em priorizar

VISÃO LATERAL 22

A poesia da Igreja da Atlântida, no Uruguai por Hélio Costa Lima

ENTREVISTA ENTREVISTA 26

O designer Jáder Almeida fala sobre sua nova criação



32 PROJETOS INTERIORES 42

Projeto de Bárbara Gomes e Giuliana Savioli, transforma galpão em espaço para hospedagem

INTERIORES 46

A paixão pelo vinho refletido em uma adega na reforma assinada por Cecilia Reichstul e Clara Reynaldo

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INTERIORES 50

A atmosfera carioca em um novo hotel na Barra da Tijuca em projeto de Patrícia Anastassiadis

INTERIORES

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NOSSA CAPA

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Projeto de Samia Raquel para clínica foi pensado no conforto dos pacientes

A reforma em um apartamento com dois pavimentos para um jovem casal e seu bebê é o projeto de Márcio Catão

Nossa capa Projeto: Márcio Catão Foto: Vilmar Costa

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arquitetura & estilo de vida ANO XV- Edição 57

EXPEDIENTE Diretora/ Editora geral - Márcia Barreiros Editor responsável - Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores - Alex Lacerda,Débora Cristina, Lidiane Gonçalves e

Renato Félix,

Diretora comercial - Márcia Barreiros Projeto gráfico - George Diniz Prod. e diagramação - Welington Costa Fotógrafos desta edição - Diego Carneiro, Vilmar Costa e MB Impressão - Gráfica JB

QUEM SOMOS AE é uma publicação trimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

onde nos encontrar Contato : +55 (83) 3021.8308

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www. artestudiorevista. com. br


EDITORIAL

Elegia da união Pela primeira vez em sua história, o Prêmio Pritzker não premiou apenas um arquiteto, mas três. O trio que conduz o escritório RCR Arquitectes, na Catalunha, foi o homenageado desta edição. O que a vitória de Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta quer dizer? Em um meio onde muitos profissionais dividem o nome do escritório, o trio catalão mostra a força de sua união desde o começo de suas carreiras, quando saíram da faculdade para montar a empresa na sua pequena cidade natal. O que também mostra uma firme base local para seus trabalhos e inspirações, mesmo que combinada com outras inspirações globais. Não parece ser uma união “da porta da rua para fora”. Essa história é o tema da seção Grandes Arquitetos desta edição. Também fazemos um passeio pelas ruas de João Pessoa para contar um pouco de quem são as figuras históricas que batizam essas vias e damos dicas para aproveitar da melhor maneira o espaço de varandas pequenas. E, claro, os nossos projetos de arquitetura e interiores, que refletem o talento dos arquitetos – seja em projetos solo, seja em equipe.

Márcia Barreiros editora geral e diretora executiva

Colaboradores desta edição:

Boa leitura! ARTESTUDIO

Renato Félix editor de jornalismo

AMÉLIA PANET arquiteta e urbanista

HÉLIO COSTA LIMA arquiteto e urbanista

GERMANA GONÇALVES designer de interiores

ALEX LACERDA jornalista

Débora Cristina jornalista

Lidiane Gonçalves jornalista


VISÃO PANORÂMICA

Becos

,

travessas, vielas ... paradoxos?! Fotos: Divulgação e Amelia Panet

O

caráter espontâneo de surgimento da maioria das urbes, relacionado às necessidades de vida de cada época e adaptando-se às condições do ambiente natural nos trouxe de herança algumas riquezas de traçados e exemplares arquitetônicos que sobrevivem até hoje, apesar das reformas urbanas modernas. Núcleos urbanos de diversas épocas espalhados pelo mundo, contam um pouco da história do cotidiano de vida de povos diversos. Graças ao avanço da consciência preservacionista, parte desse patrimônio sobrevive às gerações. No caso do Brasil, apesar do passado recente ao compará-lo com as cidades europeias, a sobrevivência dos trechos urbanos mais antigos é incerta, o desconhecimento do valor patrimonial, o seu abandono por parte dos residentes apesar das resistências louváveis, as mudanças de uso sem critérios e a ausência ou fragilidade das políticas públicas são exemplos de questões que colocam em risco a materialidade do nosso passado e, literalmente, apesar das leis que os protegem, correm o risco iminente de “tombar”. Alguns avanços são evidentes no caso brasileiro, a exemplo do Programa de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais – Prauc; Programa Monumenta – Financiamento de Imóveis Privados e o Programa de Ação das Cidades Históricas – PAC / CH. Essas iniciativas procuram trabalhar a dinâmica do território indo além da ideia da preservação isolada do patrimônio edificado e reconhecendo as práticas sociais locais como referências culturais que podem contribuir para a requalificação espacial das regiões mais antigas. Para além das diversas possibilidades que esse tema nos oferece, nesse breve espaço procuramos desenvolver alguns aspectos que conformam as estruturas espaciais de becos e vielas, traçados típicos das regiões mais antigas das cidades ou, de comunidades recentes, onde a primazia do automóvel não define as características métricas dos traçados. “Rua estreita e curta, às vezes sem saída, e pouco própria para o trânsito; viela”. Presentes na maioria das cidades históricas, os becos dividem opiniões e são representados e ocupados das mais diversas formas. Sua representação artística seja em pinturas, quadrinhos, cinema ou literatura procuram

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Beco do Batman ( São Paulo),recentemente apagado


registrar os diversos usos que se fazem dos becos, indo de paisagens românticas e bucólicas, ao local dos atos proibidos, da violência urbana, marginalizado e em decadência. No cinema, os becos vão de sujos e sombrios retratados em Gotham City, do Batman, ao efervescente e diverso, de aspecto medieval como o Beco Diagonal, em Harry Potter. Ainda podemos evocar Manuel Bandeira, em “Poema de Beco”: “Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? – O que vejo é o beco.” Ou em seu livro Lira dos cinquenta anos, que apresenta a “Última canção do Beco” (1959) onde alterna entre a espacialidade e diversidade do beco e as metáforas da alma, a exemplo de: “Beco das minhas tristezas. Não me envergonhei de ti!” Os becos são controversos! Nos becos é importante que a primazia seja do pedestre, não se vai aos becos de carro, se percorre passo a passo. No seu traçado a proporção da escala vertical com a horizontal é essencial. Não são agradáveis becos formados por empenas quase cegas de altos edifícios, ao contrário daqueles emoldurados por edifícios menores cujas aberturas e acessos estão voltados para a viela. São agradáveis aqueles sinuosos e inclinados onde cada passo é uma surpresa e o horizonte está sempre adiante. Os becos estão em processo de redescobertas e são resignificados na vida contemporânea, com todos os paradoxos que esse movimento pode trazer. Alguns becos tornam-se mundialmente conhecidos, seja pela nova ocupação, atendendo moradores locais e turistas, seja pelo seu valor patrimonial e estado de preservação. No centro do Rio de Janeiro alguns becos sobrevivem ao tempo como, Beco dos Barbeiros, Beco do Bragança, Beco dos Carmelitas. Em Campinas, os becos fazem parte da história e são frequentados por moradores e turistas, Beco do Rocio, Beco Montemor, entre outros. Na Vila Madalena, em São Paulo, o Beco do Batman é referência dos amantes da arte de rua há mais de 30 anos. Entre as atrações mais procuradas de Melbourne, na Austrália, estão as Arcades, Laneways (vielas) e as Alleyways (becos) existentes na parte mais antiga da cidade. Neles se pode apreciar os grafites de artistas locais e mundialmente conhecidos ou, apreciar

as mais deliciosas iguarias, onde turistas e usuários locais disputam os concorridos espaços. A vitalidade dos becos depende do seu acesso, das possibilidades que ele oferece ao convívio das diversidades urbanas, não importa o seu uso específico, mas que seja possível o seu acesso irrestrito. Beco é história, tem o seu lugar na vida urbana, deve ser reconhecido e valorizado. O grande desafio está em atrair e manter essa diversidade de usos, de usuários e população, que possa reativar sua importância como parte essencial do cotidiano urbano. Beco em Melbourne

AMÉLIA PANET

Arquiteta e urbanista Mestre em Arquitetura e urbanismo Doutora em arquitetura e urbanismo pela UFRN Professora do curso de arquitetura e urbanismo pela UFPB

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URBANISMO

REINVENTANDO A CONSTRUÇÃO PARA OS PRÓXIMOS ANOS

Fotos: Divulgação

E

stamos passando por um momento transformador. O mercado de construção civil está se ajustando e o setor busca soluções de habitação para que as pessoas possam conciliar residência, deslocamento para trabalho e, também, muito importante, o lazer. Alternativas de moradias são muito bem vindas e precisam estar no radar de qualquer pessoa que estude e trabalhe no setor. Não podemos ficar paralisados por conta da crise. Sim, o período é difícil, mas prefiro achar que estamos ganhando impulso para retomar o crescimento. Assim deve ser. Isso é inovação. É pensar fora da caixa. E buscar alternativas para não sucumbir aos lamentos.

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Precisamos, com ações concretas, restituir o respeito ao Brasil, tanto no ambiente interno, mas também internacionalmente. O Brasil precisa urgente recuperar sua imagem frente às agências internacionais de investimento. Retomar o protagonismo da economia é aspecto sine qua non para uma breve reconstrução do país. Quando trato de inovação e proponho pensar fora da caixa, não penso filosoficamente, falo ciente das dificuldades de buscar itens tangíveis para melhorar as condições da economia e, inclusive do setor que atuo e que vivo desde o berço. Precisamos criar condições sustentáveis e buscar o diferente em nossa forma de agir e construir.


As empresas precisam de uma inteligência que reflita o comportamento das pessoas para as próximas décadas. Por exemplo, entre 2005 e 2015, a expectativa de vida do brasileiro aumentou de 72 anos para 75,4, conforme dados do IBGE. A tendência é que a população idosa dobre nos próximos anos. Nossa pirâmide populacional está tomando uma nova forma e se olharmos a projeção, em 2030, o índice de natalidade estará menor, e as pessoas estarão vivendo mais. O Governo começa a se movimentar propondo uma mudança na Previdência, mas e o nosso setor? Precisamos refletir empreendimentos que ajudem a população idosa e cuidem de itens que antes nem eram pensados. Prédios inteligentes que proporcionem ao morador com mais de 60 ou 70 anos uma vida independente, mas monitorada. Com serviços de profissionais multidisciplinares que o auxiliem a ter qualidade de vida. Incentivar a economia criativa. Um dos pontos que mais me chama a atenção, quando participo de palestras e seminários em São Paulo ou em outros lugares do Brasil e do mundo, é a quantidade de iniciativas criativas que podem virar bons negócios. Precisamos promover a tendência do sharing economy. Criar espaços de compartilhamento, áreas de coworking dentro dos empreendimentos. Pensar em prédios focados em atender exclusivamente cada idade ou fase da vida, como exemplo, uma solução exclusiva para o público estudantil, com infraestrutura que permita a criação dos primeiros laboratórios de inovação, as primeiras usinas de ideias para serem dissipadas e estudadas. Vamos promover aqui em São Paulo o primeiro celeiro de inovação para engajar novas start-ups. 2017 pode ser um marco para as construções segmentadas ou nichadas, incentivar o empreendedorismo e a criação, como motores da nova economia. O próximo Google será brasileiro. Continuamos a estudar tendências e acreditamos em unidades menores como forma de viabilizar a moradia em pontos centrais de São Paulo. Dar às pessoas mais tempo para fazerem o que realmente importa na vida, ao invés de ficarem presas 3h/dia no trânsito. Como adepto das bicicletas, acredito que estamos ajudando na mudança do estilo das pessoas e queremos fortalecer ainda mais através dos serviços de

compartilhamento, oferecendo mais praticidade e simplicidade no dia a dia. Possibilitar alternativas de transportes (a pé, de bikes, carro compartilhado ou transporte coletivo) e, com isso, mudar também a realidade urbana que hoje vivemos – uma cidade lotada de carros. Precisamos engajar mais as pessoas para um estilo de vida simples e para que elas se certifiquem que ter menos, vale muito mais. Daqui alguns dias, todos os municípios brasileiros terão novos gestores que buscarão formas de atuar conforme as propostas e promessas realizadas durante as campanhas eleitorais. É um momento propício para mudanças e, sobretudo, para a inovação. O desafio é imenso e o novos gestores sabem disso. Agora, as pessoas precisam também enxergar os desafios a que estão sujeitas, parar de chorar, arregaçar as mangas e encarar a realidade de ter que recolocar o Brasil e suas cidades nos trilhos.

Alexandre Lafer Frankel

Engenheiro e CEO da Vitacon Incorporadora e Construtora

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VIDA PROFISSIONAL

Como definir

metas

de vendas e faturar mais? Imagens: Divulgação

Em tempos de crise, manter ou mesmo ampliar o faturamento de profissionais autônomos e pequenas empresas tornou-se um desafio

Q

uanto você precisa faturar para ter uma remuneração condizente com o seu posicionamento de mercado? Poucos escritórios de arquitetura e design de interiores sabem, de fato, a resposta exata para esta questão. A maioria sequer estabelece metas mensais de vendas. Uma parte significativa desconhece seus custos fixos. Como ter um plano de metas? De que forma posso planejar a minha carteira de clientes? Estas são perguntas frequentes que me fazem os

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profissionais em várias partes do país. Comece pela tipologia dos clientes atendidos, dividindo-os (segmentando) por porte e perfil de intervenção. Um escritório para manter um desempenho constante e um faturamento linear precisa apresentar uma carteira de clientes variada, mesmo que em um só setor: o residencial. Com esta segmentação, o profissional estabelece um desafio de prospectar clientes e não ficar à mercê do imponderável representado pelas indicações espontâneas.


Perfil da carteira de clientes 1 - projetos completos, residência toda, construção ou reforma + deco, com alto valor e longa duração, com gerenciamento de obra. 2 - projetos de decoração, residência toda, com alto valor e curta duração, com gerenciamento de fornecedores e prestadores de serviço. 3 - projetos de reforma ou decoração, de um ou dois ambientes, com alto ou médio valor, com (ou sem) gerenciamento. 4 - projetos de reforma ou decoração de um ou dois ambientes com alto ou médio valor, sem gerenciamento. 5 - projetos de decoração de um ambiente com baixo valor com (ou sem)gerenciamento.

sua organização, fator relevante para fazer frente a uma configuração ideal dessa carteira. Se você atuar sozinho será mais difícil ter clientes em cada categoria. A meta é atender entre 6 e 10 clientes, simultaneamente, tendo entre eles representantes de cada perfil. Com um faturamento médio por cliente, por exemplo, de R$ 5 mil seu movimento mensal será no mínimo de R$ 30 mil. Assim, fica mais fácil definir a meta e estruturar uma carteira de clientes. Seu faturamento poderá crescer em função de quatro variáveis principais: a) ampliando a quantidade de clientes atendidos b) aumentando o valor de honorários c) incrementando os serviços prestados por cliente d) remunerando o serviço que é feito e não é cobrado.

6 - projetos de reforma ou decoração de um ambiente, sem gerenciamento. 7 – Clientes comerciais projeto completo reforma ou decoração com (ou sem) gerenciamento. 8 – Projetos comerciais reforma ou decoração sem gerenciamento obra. (ampliar a segmentação em função dos setores cobertos). Importante: agregar ao faturamento o gerenciamento de obra ou decoração (modalidade de remuneração também conhecida como administração de obra ou decoração) é fator relevante para a ampliação do faturamento. Com base nesta classificação faça uma retrospectiva, considerando o histórico dos clientes atendidos nos últimos anos e avalie qual o formato da sua carteira. Não deixe de analisar a

Ricardo Botelho

Formado em Comunicação Social com especialização em Relações Públicas e Jornalismo, realiza diversos cursos e estudos nas áreas de Marketing (com foco em estratégia, posicionamento e relacionamento, data base marketing, one to one e web marketing) e Vendas (liderança, motivação e gestão). Durante 15 anos foi executivo no Grupo BASF nas áreas de comunicação e marketing

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VÃO LIVRE

DIFICULDADES EM

PRIORIZAR

O

ano começou sempre com muitos desafios e sempre temos em mente diversos projetos, sejam novos ou que estão incompletos. Nossas vidas ficam à mercê de diversos fatores que influenciam diretamente na execução de nossos principais propósitos. Sempre há algo novo, como uma ideia, um conselho alheio ou qualquer outra influência externa que nos tenta e provoca dispersão em nosso caminho. Quem não se pegou diante disso? Claro que todos nós! Pois então, vamos parar um pouquinho para refletir sobre como podemos driblar essas interferências e avançar de forma mais produtiva? Nos processos de coaching e treinamentos comportamentais que tenho feito percebo claramente que uma das principais dificuldades encontradas pelas pessoas é a priorização do que é importante. Sempre é dada importância ao que é urgente, que, se não for feito logo, pode trazer consequências danosas. E, geralmente, causa desconforto, stress e a sensação que o que era para ter sido feito, não foi. Não é bem assim? Pois bem, como administrar as horas tão valiosas de nosso tão “curto” dia? Ainda podemos pontuar as tarefas circunstanciais, que são aquelas que estão ligadas ao que não é produtivo. São os programas vazios de TV, grupos de WhatsApp sem fins específicos, conversas improdutivas, leituras de e-mails e de sites que não agregam valor nenhum etc. Esse tipo de tarefa pode estar relacionado com a ausência de atividades mapeadas como importantes ou mesmo fuga para relaxar diante de tanta coisa emergencial que aparece. Autossabotagem? Talvez! Já as coisas importantes, que são aquelas que agregam valor e que constroem caminhos mais sólidos, geralmente são negligenciadas e não são postas como prioridades. Como estabelecer essas prioridades, então?

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Imagens: Divulgação


Inicialmente, se faz necessário definir em que área de sua vida você precisa focar, levandose em conta a situação atual. Sugiro iniciar selecionando, pelo menos, uma área em que há maiores dificuldades ou projetos inacabados. Por exemplo: área profissional, familiar, estudos, finanças ou outra qualquer. Porque uma área? Ninguém consegue fazer tudo de uma só vez e também servirá para você exercitar a técnica e ver os resultados já em curto prazo, dando oportunidade para você mesmo vibrar com a conquista, por menor que seja ela, e se motivar para ir tomando mais atitudes positivas, focadas e produtivas em sua vida. Já tomou nota? Aproveite e faça agora! Sem seguida, após a escolha da área, defina quais as necessidades mais importantes, antes que se tornem urgentes. Selecione cinco necessidades; coisas que precisam ser realizadas. Coloque no papel, pois quando anotamos algo que estamos por fazer, criamos um compromisso conosco e isso facilita a execução. Após escrever uma abaixo da outra, faça três perguntas para cada necessidade:

que você não abandonará tudo para apenas realizar seu plano. No entanto, não deixe de colocar em prática e você verá os benefícios. Certamente, um peso sairá de suas costas e outros planos e conquistas virão.

1ª pergunta: O fato de não ser realizada é grave? 2ª pergunta: É preciso fazer urgentemente? 3ª pergunta: Caso não seja realizada, a situação se agravará muito? Após essa reflexão, certamente você saberá priorizar o que deve ser feito primeiro para tornar viável a solução do problema em questão. Faça uma escala de prioridade das cinco necessidades e escreva novamente na ordem de execução. Defina datas para ocorrerem as ações. O terceiro passo será compartilhar o seu plano com alguém de sua confiança. Essa técnica ajuda a nos comprometermos mais ainda. Ajuda nosso cérebro a se programar melhor. Pronto! Siga seu planejamento, mesmo sabendo que existem várias outras coisas que precisam ser feitas em outras áreas da vida. Claro

Maurício Guimarães

Master coach e consultor em gestão empresarial. palestras, treinamentos e workshops para empresas

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VISÃO LATERAL

POESIA

EM TIJOLOS CERÂMICOS Igreja do Cristo Obreiro - arquiteto Eládio Dieste

Q

uero convidá-lo para me acompanhar numa experiência muito peculiar para nós, arquitetos, que é ver de perto, entrar, percorrer, tocar e, sobretudo, sentir de verdade e se emocionar com as obras icônicas de arquitetura – aquelas que fizeram parte da nossa formação através dos livros e revistas que folheamos nos bancos das escolas de arquitetura. É um convite especialmente dirigido ao público leigo em arquitetura, mas se outros arquitetos me derem a honra de nos acompanhar, será um prazer. Trata-se da Igreja do Cristo Obreiro, obra-prima do arquiteto uruguaio Eládio Dieste (1917-2000), situada em Estación Atlántida, um bairro operário nos arredores do balneário de Atlântida, Departamento de Canelones, a 40 quilômetros de Montevidéu. A Igreja de Atlântida, como é também conhecida, é a primeira obra de arquitetura de Dieste; na verdade de formação em engenharia estrutural, famoso por suas estruturas em cerâmica armada – finas cascas de tijolos e ladrilhos de cerâmica engenhosamente estruturadas combinando superfícies curvas e leves armaduras de aço (embutidas na alvenaria de tijolos), com resultados

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Fotos: Divulgação


plásticos formidáveis e, pasmem, a custo muito baixo: pura poesia em tijolos maciços a preço de construção de um simples galpão (30 dólares, de 1959 quando foi construída, por metro quadrado). Ao se ir em busca dela, a primeira coisa que surpreende é a simplicidade e franqueza com que está ali, à margem direita da Ruta 11 – que sobe em direção ao Norte a partir da Ruta Interbalnearea – logo depois da primeira curva que faz à direita, naquele ambiente de subúrbio simples e despojado. Depois, ao se aproximar, você é totalmente enfeitiçado pela beleza e arrojo da obra e não enxerga mais nada à sua volta. É uma experiência mágica e, como não podia deixar de ser, em se tratando de um templo, absolutamente divina. De cara, a obra provoca uma sensação de ambivalência, porque estabelece um diálogo paradoxal entre o leve e o pesado – em proporções relativas, as paredes são mais delgadas do que as de um jarro de barro, mas o edifício tem uma presença massiva de inequívoca robustez, fechado, hermético, misterioso.... As paredes curvas fazem com a luz do sol um jogo sensual. Luz e sombra transitam suavemente de uma para outra sem fronteiras demarcadas. De repente, uma estranha excrecência em forma de tronco de pirâmide salta dessas superfícies suaves da fachada lateral de maneira brusca. Mais um mistério cuja explicação fica a ser cobrada lá dentro. A cada mistério anunciado do lado de fora, a vontade de entrar vai se tornando mais forte. Cruzado o portal, o diferencial de intensidade da luz do sol forte no espaço exterior em relação à penumbra do espaço interior é tal que provoca uma cegueira momentânea, e o observador só recupera a visão lentamente - velho truque da arquitetura de templos religiosos, praticado desde a antiguidade para provocar nos visitantes a sensação de transição do mundo profano para o mundo divino. À medida que isso vai acontecendo, a percepção do espaço interior não sessa de se tornar mais nítida, uma sensação, de fato, de mistérios que vão pouco a pouco se insinuando e se revelando. Uma sucessão de visões surpreendentes. De novo o diálogo paradoxal entre o leve e o pesado... A sensação agora é de estar dentro de uma caverna profunda, nas entranhas da terra - a cor de barro das paredes, teto e piso, tudo em ladrilhos e tijolos cerâmicos à vista, reforça esta impressão. Mas, a luz do exterior, filtrada pelos vitrais, e penetrando por sutis frestas e por uma claraboia que marca o centro da nave e puxa o olhar para o alto, traz de volta a sensação

de leveza. Mistério revelado: é o conflito entre o peso da matéria e a leveza do espírito, aqui magistralmente evocado por Dieste através da arquitetura. Le Corbusier, em uma das mais poéticas e acertadas definições que se conhece da arquitetura, disse que “a arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz”. Se assim for, como de fato é, Dieste se confirma como um dos mais geniais arquitetos dos tempos modernos. Todos os ângulos dessa obra demonstram o absoluto domínio que ele tinha dos jogos de luz e sombras, sua habilidade em explorar a força expressiva dos elementos e materiais arquitetônicos, e a sua enorme capacidade de provocar emoções e transmitir mensagens subliminares, que é, em última instância, o objetivo maior da arquitetura, e o que a torna uma arte sublime e até mágica. Se alguma dúvida restar sobre a genialidade de Dieste, vamos até o oratório que se encontra ao fundo da igreja, à esquerda do altar mor. Ali, a chave de mais um mistério se revela: a estranha excrescência que se vê do lado de fora, saltando da fachada de maneira meio brusca, é um nicho que abriga uma imagem da Virgem, que parece vir diretamente do espaço etéreo através de um túnel de luz feérica. Uma visão deslumbrante que testemunha em definitivo a virtuosidade desse grande arquiteto. A Igreja de Atlântida é um passeio imperdível para quem for ao Uruguai, onde, além de boa arquitetura, tem boa comida, excelentes vinhos, museus maravilhosos, arte e artesanato de alta qualidade, e um povo muito gentil.

Hélio Costa Lima

Arquiteto e urbanista, Professor de projeto arquitetônico e conselheiro federal do CAU/BR pela Paraíba

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LIVRO

Por dentro da arquitetura A história da profissão, seus direitos e deveres estão no novo livro O

Exercício da Arquitetura no Brasil Texto: Alex Lacerda | Fotos: Alberto Ruy

“O EXERCÍCIO DA ARQUITETURA NO BRASIL” De: Antonio Francisco de Oliveira Editora: Livro Rápido Páginas: 245

Antonio Francisco Oliveira Autor

“A história da evolução do homem está estreitamente vinculada à evolução das formas como ele intervém no espaço, modificando a paisagem natural para construir abrigos, mais e mais necessários à medida que a população cresce e se agrupa em áreas urbanas. Desse ponto de vista a história da arquitetura chega a confundirse com a história da humanidade.””

C

onhecer como funciona uma profissão, as dificuldades e estratégias para alcançar resultados significativos nela é algo fundamental para qualquer área de atuação. E quando a produção literária e fontes de estudo são escassas, esse conhecimento é mais importante ainda. O livro O Exercício da Arquitetura no Brasil, do professor Antônio Francisco de Oliveira foi concebido justamente para ocupar esta lacuna e fornecer uma série de orientações para o estudante e o profissional iniciante de arquitetura. O autor, um professor e pesquisador, investiga o assunto há anos e percebeu a necessidade de oferecer uma alternativa de referência para o arquiteto que está começando. “Desde o início dos anos 2000 tenho atuado tanto no Crea como no CAU, discutindo e elaborando normas sobre o exercício da arquitetura. Em todos esses campos, percebe-se como é gritante a escassez de material teórico para orientar tanto a atividade acadêmica como a ação prática dos órgãos de regulamentação profissional”, destacou Oliveira. O livro ajuda a preencher um enorme vazio que existia na literatura sobre a história da formação da profissão de arquiteto e de sua regulamentação no Brasil. Antes dele, o último livro importante sobre o assunto, de Adolfo Morales de los Rios, havia sido publicado na década de 1950, seguido apenas de alguns artigos e outros trabalhos isolados que tratam, frequentemente de forma indireta, do assunto. Desta forma, o livro ajuda a conhecer a história da profissão de arquiteto e os direitos e deveres dos profissionais da arquitetura. O texto se desenvolve dentro do pensamento científico. As informações são úteis e, ao mesmo tempo, confiáveis. A primeira parte do livro dedicase a reconstruir a história da formação da profissão do arquiteto moderno. “Ela inicia no Renascimento italiano, espalha-se por diversos países europeus – e suas colônias – nos séculos seguintes, consolidando-se entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX, através do processo de regulamentação da arquitetura nesses países, inclusive no Brasil”, explica o pesquisador. O livro também aborda as formas como a profissão foi exercida no Brasil, desde a era colonial até a década de 1930, quando se encerra a fase da não-regulamentação. Em sua parte final, o livro examina o período que vai de 1933, quando se inicia a regulamentação, até 2011, quando instala-se o CAU e a arquitetura deixa o sistema Confea/Crea e passa a ser controlada por um sistema regulatório independente, específico para a profissão. O Exercício da Arquitetura no Brasil é leitura obrigatória para profissionais e estudantes de arquitetura, mas também pode ser útil para qualquer um que tenha interesse na cultura nacional, em geral, e na história da profissão de arquiteto.

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ENTREVISTA

JÁDER

ALMEIDA

A versatilidade como marca O designer comenta sobre sua nova criação: uma coletânea de mesas Texto : Lidiane Gonçalves / Fotos: Divulgação

U

m dos um dos designers brasileiros mais respeitados no mundo e diretor criativo da Sollos – indústria inovadora produtora de peças de design com alta qualidade – conversou com a AE sobre a sua nova criação: a coletânea de mesas Trinta. Formado em arquitetura, com peças premiadas nos principais concursos nacionais e internacionais de design, Jader Almeida conquista cada vez maior destaque e segue aprimorando seu trabalho com a participação em feiras, exposições, visitas técnicas e cursos em diversos países. Atua também em projetos de arquitetura, desenvolvidos em seu escritório em Florianópolis, Santa Catarina.

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ARTESTUDIO - Para você, qual a importância de criar móveis tão versáteis e democráticos? JÁDER ALMEIDA - Para mim, design é unir pensamento, discurso e ação, sempre em conexão com a indústria, o mercado, e claro, as pessoas. Gosto da ideia de que o produto possa ser multiplicado em escala industrial, pois é uma forma de disseminação do meu pensamento para um maior número de pessoas. Design por si é multifacetado, versátil, mas o que atinge as pessoas são as sensações, é isso que eu busco. Crio peças não para protagonizar o espaço, mas para serem coadjuvantes. AE - Ter crescido em uma região reconhecida pelos seus móveis foi decisivo para a sua formação? JA - Certamente. Nasci em uma região com grandes indústrias, no estado de Santa Catarina. Após ter feito alguns cursos técnicos, aos 16 anos de idade comecei a trabalhar em uma fábrica de médio porte, em Chapecó. Foi uma vivência decisiva. Lá eu percebi que era esse caminho que eu queria seguir. Acredito que o contexto foi determinante para mim, estar numa cidade pequena onde eu dispunha de educação e oportunidades. AE - Como surgiu a ideia para fazer a coletânea de mesas Trinta? JA - Estabelecemos nossa coleção a partir da ideia de continuidade, além de desdobramentos e interpretações de nossa própria linguagem. A cada nova coleção ou novo produto, há uma dose adicional de algo ainda não abordado, no entanto mantemos uma clara linha de pensamento formal. Para a Trinta, assim como em outros produtos de nossa coleção, pensamos no arquétipo conceitual de uma mesa, que se encaixa nos mais diversos ambientes do habitat humano.

AE - Como foi mesclar o clássico com o moderno (e também o atemporal) para fazer essas mesas? JA - Nossos produtos carregam atributos de valores duráveis sem frivolidades estéticas. Suportam naturalmente a passagem do tempo, fazendo com que a relevância de hoje seja garantida também amanhã. Com a Trinta não é diferente. Cultivamos o equilíbrio entre passado, presente e prelúdios de futuro, para emocionar as pessoas e gerar boas memórias afetivas. AE - São quantos modelos diferentes nesta coleção? Para quais usos elas são indicadas? JA - São quatro modelos de tampos, em madeira ou mármore, oferecidos em diferentes medidas. Além disso, podem ser combinados com dois diâmetros de bases, que também podem ser em latão natural, lâmina de madeira natural ou pintadas. Para as mesas laterais

AE - Qual o diferencial das mesas Trinta? JA - São peças de traço leve e livres de adornos. Além disso, são inúmeras as possibilidades de combinações de materiais, tamanhos e tampos que garantem um caráter individual e versatilidade excepcional. AE - Porque classificá-las como versáteis? JA - Pois oferecem opções em diferentes formatos de tampos, em diversos tipos de mármores, madeiras ou lacas, em composição com o latão ou pinturas especiais... Alguma combinação resultante se encaixará perfeitamente ao contexto desejado. AE - Como foram selecionados os materiais para usar nessas mesas? Como mesclá-los? JA - Acreditamos que para usar um material de forma sofisticada, devemos estudar as possibilidades e limitações de cada um. Trabalhamos as pedras e os metais como peça de joalheria. A madeira proporciona sensações agradáveis na dimensão tátil. Prezamos pela qualidade e honestidade dos materiais e compactuamos com a ideia de que a combinação entre eles lança um novo olhar capaz de gerar novas interpretações individuais para os objetos.

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menores, temos a opção de tampo côncavo, onde as bordas são levemente pronunciadas. Essas diferentes configurações e dimensões resultam em uma enorme gama de possibilidades, das quais as mesas poderão se adequar ao ambiente de jantar, de estar – como mesas laterais, de centro, de apoio -, uma mesa de trabalho para um home office ou um apoio ao quarto... AE - Quais as semelhanças e diferenças desta coletânea com as outras peças que já foram premiadas? JA - Nossa coleção possui um design unificado, ou seja, um tom uníssono que é rapidamente identificado em todos os nossos móveis e objetos. Acredito que todas as peças formam uma família forte e integrada. Como integrante dessa família, a Trinta também possui leveza visual racionalidade e elegância. Formalmente, os formatos de tampo e o pé central lembram a coleção de mesas laterais Jardim, enquanto a base em aço possui curvas que remetem a coleção de mesas Bank. AE - O que você diria que é sua “assinatura nos móveis”? JA - Gosto da ideia do silêncio. Na minha concepção, isso significa aquele objeto que cumpre a função silenciosa, não obstrui, conecta as pessoas, viaja pelo tempo e permanece elegante. Acredito que talvez estes sejam os princípios do meu trabalho.

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GRANDES ARQUITETOS

A união faz a força Um trio de arquitetos ganha o Pritzker: os espanhóis Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta, da RCR Arquitectes Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

Museu Solages

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Espacio Publico Teatro La Lira

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rquitetos muitas vezes se reúnem em times criativos sob uma mesma bandeira de escritório, mas os reconhecimentos costumam ser láureas individuais. Pelo menos isso é uma verdade no que diz respeito ao Pritzker, prêmio que celebra o talento e a influência de grandes personalidades da arquitetura – um por ano. Numa atitude rara – na verdade, pela primeira vez – , o prêmio anunciou que são três os vencedores de 2017, reunidos sob o guarda-chuva da RCR Arquitectes, da Catalunha: Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta. Uma das particularidades do trio é a força de seu trabalho em sua região: a Catalunha, no nordeste do país, é uma das regiões com maior personalidade própria dentro da Espanha, palco de uma luta pela independência que volta e meia reverbera internacionalmente e com uma língua própria, o catalão, bastante forte e que divide o protagonismo com o espanhol. Há pouco tempo é que a RCR começou a trabalhar em projetos em outros países, como a França, a Bélgica e os Emirados Árabes Unidos. A RCR foi fundada em 1988, quando seu trio criador voltou da universidade para sua cidade natal, Olot, de 34 mil habitantes, onde estão sediados até hoje. De lá para cá, o escritório foi adquirindo notoriedade graças a projetos como: a pista de atletismo de TossolsBasil, em Olot (2000); a biblioteca Joan Oliver, em Barcelona (2007); as adegas Bell-Lloc, em Palamós

Biblioteca de Saint Antoni - Barcelona

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Gallery of Bell-lloc Winery

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Adega Bell-Lloc

(2007), com seus caminhos subterrâneos; o Musée Soulages, em Rodez, na França (2014); o restaurante Le Cols, em Olot (2011), a escola El Petit Comte, em Besalú (2010), um jardim de infância multicolorido que evita corredores e salas claustrofóbicas; Centro de dia e Jardins Cándida Perez, em Barcelona (2007) e o teatro La Lira, em Ripoll, um espaço público de lazer criado a partir da demolição de um teatro nesse bairro histórico da cidade de Girona. Outro destaque é a própria sede atual da RCR, Espai Barberí, uma fundição do início do século convertida em 2008. Um projeto que deixa à mostra elementos arquitetônicos de sua história industrial. “A maneira de intensa colaboração em que trabalham juntos, onde o processo criativo, compromisso com uma visão e todas as responsabilidades são partilhadas igualmente, levou à sua seleção para este ano”, justificou o júri do Pritzker. “A colaboração entre estes três arquitetos produz uma arquitetura sem compromissos a um nível poético, representando um trabalho atemporal que reflete grande respeito pelo passado, ao mesmo tempo que projeta claridade que é do presente e do futuro”. O Pritzker também ressaltou o apego às raízes que os três arquitetos sempre fizeram questão de demonstrar. “Vivemos num mundo globalizado onde temos de confiar em influências internacionais, trocas, discussão, transações, etc. Mas mais e mais pessoas teme que, por causa desta influência internacional, perdamos os nossos valores locais, a nossa arte local e os nossos costumes locais...”, diz o comunicado. “Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta dizem-nos que é possível ter as duas. Ajudam-nos a ver, de forma bela e poética, que a resposta à questão não é ou/ou, mas que podemos, pelo menos na arquitetura, aspirar a ter ambas; as nossas raízes firmemente no lugar e os nossos braços abraçando o resto do mundo”.

Espacio Publico Teatro La Lira

Enigma space Barcelona - Foto:Xavier Aguilo

Arquitetos: RCR arquitetos Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta

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A HISTÓRIA DE

Arcos de

passagem As portas remetem à transição do homem primitivo para as cavernas; já as janelas surgiram muito depois, na Grécia Antiga

Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação

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heias de ressignificados, as portas e janelas acompanham o ideário humano e confundem sua origem com a das moradias. Altos, coloridos, dos mais diversos materiais, estes dois elementos representam a primeira impressão de um imóvel para quem entra, segurança e privacidade para quem está dentro e, acima de tudo, são artefatos representativos da evolução tecnológica e cultural da humanidade. Por serem elementos simbólicos da cultura e das relações sociais de um povo, as portas e janelas são emblemáticas no entendimento da arquitetura e da sociedade, tanto que Marco Polo, em suas viagens ao oriente, descrevia as cidades através de elementos como as portas, janelas, pórticos e ruas. As portas foram os primeiros recursos arquitetônicos do homem a serem transformados e adaptados a partir de elementos da natureza, adequando-os às necessidades e anseios das pessoas e aos seus espaços de habitação e, por isso mesmo, não têm uma data precisa de sua origem, pois acompanham a transição do homem das cavernas para as cabanas. Durante muito tempo, as portas se caracterizaram como um elemento chave na defesa de uma fortificação, demandando atenção especial dos seus arquitetos em todas as épocas. Já as janelas tiveram sua primeira aparição em 4 mil a.C., na Grécia. 100 anos antes de Cristo, os romanos já utilizavam o vidro em suas janelas. Na Idade Média, só havia janelas pequenas, mas que, com o domínio da construção, passaram a ter formas arredondadas. Com o passar dos séculos, a tecnologia da produção de vidro, que ofereceu mais qualidade e formatos maiores, voltou a marcar importância na construção de janelas, até chegar, na última metade do século XX, ao uso da madeira e pranchas de vidro

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Projeto: Casa LB de Jobim Carlevaro Arquitetos

Projeto: Casa Pinheiros, arquitetos Corsini Shinagawa por Flaviz Guerra

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individuais. Nos dias de hoje, as portas e janelas são produzidas em vários tipos de materiais: a tradicional madeira, a de compensado para interiores, o alumínio, o aço, o ferro, o PVC e o vidro, e deixaram de ser apenas um elemento funcional na arquitetura, absorvendo o uso de cores fortes para realçar seus contornos e amplificar o impacto da primeira imagem, ou para realçar a personalidade do local, com o uso de material de demolição.


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INTERIORES

De

galpão a habitação

Projeto de interiores mudou um espaço de 12 m2 no Iate Clube do Rio, que passou a ser um local de hospedagem

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ransformar um simples box do Iate Clube do Rio de Janeiro, na Urca, num projeto moderno e cheio de conforto, com a cara do dono: um apaixonado por esporte náutico, especificamente a vela. E foi pensando em cada detalhe que as arquitetas Barbara Gomes e Giuliana Savioli, do escritório Studio 011, planejaram o espaço, que tem apenas 12m², mas toda a infraestrutura necessária para o proprietário se hospedar próximo ao local da prática esportiva. Com o pequeno espaço disponível, elas pensaram em um mobiliário retrátil e utilizaram

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Texto: Débora Cristina / Fotos: Divulgação

materiais de fácil manutenção e montagem. O estúdio possui sala de estar, que se transforma em dormitório, banheiro e copa, com destaque para o aparador. O banheiro é inteiro em cimento queimado, onde as arquitetas optaram por um revestimento bem democrático, pois além de ter um bom preço é de fácil limpeza. Na copa, foi utilizado o ladrilho hidráulico no piso, para trazer um ar contemporâneo, e também ser de fácil manutenção. Nela, os móveis planejados se uniram a uma pia e um pequeno refrigerador. No living, as arquitetas apostaram em cores neutras com mobiliário retrátil e de fácil manutenção,


para otimizar espaço e garantir a circulação, o sofá vira uma confortável cama. Outra escolha das arquitetas foi uma composição de quadros na parede para criar uma espécie de galeria atrás da cama, trazendo um ar cool ao ambiente. As mesas de apoio lateral garantem funcionalidade e requinte ao projeto. “Arpoador”, o aparador que tem desenho exclusivo das arquitetas, foi feito em madeira pinus como uma homenagem à cidade. Nele, foi usada uma cor forte para contrastar com a base neutra do projeto e para as prateleiras de madeira com mão francesa cromada que decoraram o quarto e possuem a função

de organizar e apoiar qualquer tipo de objeto seja ele do dia-a-dia ou apenas decorativo. O escritório de arquitetura de Bárbara e Giuliana foi procurado pelo proprietário do box para transformar o local, que até então era utilizado para armazenar equipamentos, em um ambiente para hospedagem, com decoração super moderna. “Mesmo com o pequeno espaço disponível, pensamos em um mobiliário retrátil, materiais de fácil manutenção e montagem. Também apostamos em cores neutras na base e no amarelo em lugares pontuais, conseguindo

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assim trazer modernidade e design ao projeto. Demos preferência aos móveis planejados e ergonômicos”, contou Bárbara. A iluminação geral indireta foi feita usando o teto ou parede como rebatedor. “O resultado foi bem gratificante. Tudo ficou diferente e bem agradável! O que antes era um galpão, hoje se transformou num cômodo moderno e completamente funcional”, disse Giuliana. E de frente para o mar.

Projeto:

Ampliação e reforma de arquitetura e interiores

Arquitetas:

Giuliana Savioli e Barbara Gomes

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INTERIORES

PAIXĂƒO pelo vinho

Adega ganha destaque e diferencial no projeto de reforma de apartamento

Fotos: Alessandro GuimarĂŁes

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reforma desse apartamento, de uma brasileira e de um suíço que já haviam morado em muitos lugares do mundo, pressupunha um jeito de morar descomplicado, uma planta aberta e sem frescura. Foi este o partido arquitetônico adotado pelo escritório brasileiro CR2 Arquitetura, comandado pelas arquitetas Clara Reynaldo e Cecilia Reichstul, para o projeto. Com uma área de 230m², o programa pedia uma área íntima mais reservada, com quartos e escritório, e tanto sala quanto cozinha faziam parte do escopo de convívio familiar. Cozinhar para os amigos é um dos programas preferidos da família. A adega de vinhos, paixão do casal, foi o diferencial do projeto e fica no meio da sala, à vista de todos. Segundo as arquitetas, o ambiente ganhou dimensão e importância no projeto. Com quase 4m²,

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revestida de madeira freijó e com temperatura variável entre 14 e 16 graus Celsius, a adega abriga até 400 garrafas. Com variáveis muito específicas, a iluminação interna da adega, por exemplo, teve de ser planejada para evitar claridade e calor em excesso, por isso, optou-se por usar a iluminação feita com LEDs na parte de trás das prateleiras. Para projetá-la no coração da casa, foram demolidas todas as paredes da sala e da cozinha – manteve-se apenas a caixa do elevador e o hall de entrada. Foi criada uma caixa em torno do elevador onde posicionou a adega e também os armários que se abrem para a cozinha e para o corredor, integrando o espaço aos outros ambientes. Além da paixão por vinhos, o perfil cosmopolita do cliente

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foi um importante referencial. Por terem morado em muitos lugares do mundo, onde se habituaram a receber amigos, cozinhar e beber é um dos programas preferidos da família. A opção por um estilo de vida mais despojado, sem tantas compartimentações, nem excessos, determinou também as linhas mestras do projeto de interiores: limpo, funcional, quase sem ornamentação. A laje descoberta durante a reforma estava bonita e foi mantida de forma aparente – em sinergia com a atmosfera minimalista da decoração. Já nas áreas íntimas, a descontração saiu de cena para dar espaço a um programa onde os espaços ficaram mais isolados e criaram a intimidade necessária ao casal.


Projeto:

Reforma e arquitetura de interiores

Arquitetas: Cecilia Reichstul e Clara Reynaldo Colaboradora Camila Haickel

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INTERIORES

ATMOSFERA

CARIOCA

Novo hotel no Rio traz clima da cidade e valoriza artistas e design locais

Fotos: Rômulo Fialdini

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m novo hotel está estrategicamente localizado no Centro Metropolitano da Barra da Tijuca, área de grande expansão e revitalização carioca, o Hilton Barra da Tijuca conta com ambientes contemporâneos e sofisticados regados a toques de brasilidade por meio

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de obras de arte de importantes designers brasileiros, as quais estão expostas pelas áreas comuns do hotel. “Além dos hóspedes, a idéia deste empreendimento é atrair público para os restaurantes e para visitação das mais de 300 obras de arte autênticas, que passeiam do modernismo ao contemporâneo com


exemplares que vão de Burle Marx a Iole de Freitas”, comenta a diretora da Anastassiadis Arquitetos, Patricia Anastassiadis. Ainda de acordo com a arquiteta, o projeto do Hilton foi idealizado para trazer a atmosfera da orla marítima aos hóspedes e visitantes. Obras de arte somadas e peças assinadas com design diferenciado compõem um ambiente com muitas referências à água, ao ar e à luz, traduzindo a leveza do clima da cidade.

O projeto, que conta com lobby, lounge, bar, restaurante, piscina, 300 quartos - entre apartamentos e suítes executivas -, andar executivo com serviços de alimentos e bebidas, infraestrutura para eventos e um business center, foi totalmente personalizado e desenvolvido exclusivamente pelo escritório. O Anastassiadis Arquitetos se envolveu desde o princípio, da criação dos puxadores e marcenaria até a escolha da roupa de cama.

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Por estar localizado em frente à Lagoa de Jacarepaguá, o escritório buscou trazer todo o frescor e a leveza da água e do mar para a área do lobby, o qual se destaca pela imponência do pé direito de 30 metros de altura, e que conta com uma peça da artista plástica Iole de Freitas, criada exclusivamente para o hotel. Esta obra, de mais de 20 metros de altura, trouxe a inspiração de alusão ao ar e à brisa, elementos que remetem à beira mar. Na transição do lobby para o bar é possível apreciar obras de arte do designer Hugo França. Ao entrar no bar, os hóspedes encontram uma belíssima instalação de uma nadadora, que soma sete metros de altura, da artista plástica Daisy Xavier, em tons de azul, trazendo fluidez ao percurso. O restaurante, com área interna e externa e capacidade para 140 lugares, amplia ainda mais a sensação de natureza e mar por meio dos tons da ostra, o cinza e perolado. O saloon, ligado ao restaurante, possui biblioteca com livros de arte e desenhos art deco. Além disso, destacam-se no projeto um executive lounge e piscina em tons verde água de pastilha bizassa no 10º andar. O mobiliário é assinado por designers brasileiros e internacionais e contou com uma criteriosa seleção de tecidos e detalhes para cada peça. De acordo com Patricia Anastassiadis, é necessário agregar estética, conforto e resistência aos ambientes, com materiais apropriados. “Cada projeto é único, a partir do entendimento da necessidade de cada cliente ou projeto onde ele será inserido, tenho liberdade para criar e participar de todas as fases de desenvolvimento, da conceituação à implantação, sempre buscando as melhores soluções. No caso específico do Hilton, trabalhamos o contraste da pedra com a madeira e elementos metálicos vazados em tom bronze, os quais são importantes para deixar o ambiente permeável, integrado e sofisticado”, destaca a arquiteta. O projeto de arquitetura de interiores do Hilton foi idealizado para torná-lo um novo ícone cultural da Barra. Por isso, a escolha de reconhecidos artistas como Iole de Freitas, Hugo França, Daisy Xavier, Bruno Jorge, Valdir Cruz, Jorge Hechizoo e Claudia Melli. “São as obras

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de arte, somadas a peças assinadas e com design diferenciado, que compõe um ambiente com muitas referências à água, ao ar e à luz, traduzindo a leveza do clima carioca”, conclui Patricia.

Projeto:

Arquitetura de interiores Arquiteta:

Patricia Anastassiadis

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INTERIORES

PENSANDO NOS PACIENTES Consultório tem ambientação pensando no conforto e alívio de quem é atendido Texto: Débora Cristina | Fotos: André Melo

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arquiteta Sâmia Raquel transformou uma simples sala comercial num ambiente diferenciado e cheio de personalidade. Foi assim com o projeto de uma sala comercial dentro do Eco Medical. “A sala encontravase apenas com o padrão entregue pela construtora

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(piso e parede externas). Então, toda a concepção desde do layout, com as divisões internas foi projetado de acordo com a necessidade do cliente”, explicou. Sâmia contou que o cliente precisava de uma recepção que atendesse pelo menos oito pessoas na espera, além de duas salas de consultório, sendo uma


maior do que a outra, visto que uma seria para o seu uso e a outra para alugar futuramente. Também foi criado um espaço para uma copa para uso interno e um banheiro. “A concepção desse projeto partiu de três pontos principais. A primeira, a especialidade do cliente, neurologista com especialidade em dor e Parkinson, duas áreas da medicina que hoje têm uma grande tecnologia envolvida. A segunda, o conforto e bem estar dos pacientes que irão frequentar o espaço. Além, é claro, da identidade visual da clínica que já tinha sido criada e aprovada pelo cliente”, contou a arquiteta. Um projeto moderno devido às cores e materiais escolhidos. Uma curiosidade desse projeto é a decoração não usou nada bege (algo bem comum em clínicas), mas priorizou as cores cinza, branco, azul e detalhes em madeira.

Sâmia contou que ao iniciar esse projeto queria ter elementos que pudessem traduzir nos móveis um pouco do que se realiza ali. Para começar um elemento de grande destaque nesse projeto são as chapas de aço cortadas a laser, permitindo que o projeto tivesse uma particularidade só sua.

Tecnologia Para começar, na entrada a arquiteta procurou fazer algo que traduzisse tecnologia, modernidade e uma ligação com toda sua identidade visual. Para isso, Sâmia pegou uma chapa de aço cortada a laser pintada com pintura eletrostática com o nome dele e suas especialidades e iluminou com uma fita de LED azul. O efeito da luz fez toda a diferença.

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Na recepção, ela mesclou elementos como a chapa, pedra e madeira para deixar o ambiente um pouco mais intimista e elegante. “No primeiro consultório, deixamos ele um pouco mais suave, usando apenas a pedra e a mesa de atendimento em chapa de aço perfurada. Já no consultório maior fizemos uma estante para que ele pudesse organizar seus livros e papeis do dia a dia em um tom e desenho mais clássico, com um toque todo especial das pedras. Ainda utilizamos o painel em laca azul com uma iluminação em LED, pois toda sua identidade visual tem esse mesmo tom de azul”, contou a arquiteta. Na copa, ela procurou ter um espaço pequeno funcional e agradável para um rápido café e um possível encontro entre as pessoas que lá trabalham. Prevaleceu nos móveis a cor branca para ter a sensação de maior amplitude e detalhes em azul no fundo na estante para deixar o ambiente, mais alegre. No banheiro, foi mantido o mesmo padrão de cores da copa. “Como o espaço é pequeno, tentamos aproveitar os espaços da melhor maneira possível criando um grande armário para guardar todo o material de limpeza do dia-a-dia. Fizemos um detalhe em tijolo azul para remeter as cores que foram usadas em todo o consultório”. Todas as mesas de atendimento, tanto da recepção como dos consultórios foram desenhadas pela arquiteta Sâmia Raquel e executadas em chapa de aço com cortes a laser para que elas fossem exclusivas. “Destaque para a mesa do consultório 2, pois, além de ser em chapa fizemos um detalhe com vidro incolor e película branca e com iluminação com fita de LED de maneira que possa funcionar como um negastocópio”. As cadeiras de espera e atendimento são em tons claro, mas com detalhes em madeira. O conforto delas são o ponto principal, visto que o bem estar do paciente é um dos pontos principais desse projeto.

Iluminação O projeto luminotécnico foi de grande importância nesse projeto, desde da entrada da clínica com a iluminação em LED azul, como em todos os

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outros ambientes. Na recepção, procuramos misturar de maneira funcional um iluminação eficiente para a recepcionista através de uma grande luminária em LED 60 x 60 cm e com alguns efeitos de iluminação indireta para valorizar alguns pontos como a parede de pedra e a estante. Ainda com função de decorar e destacar o nome do médico, uma luminária com desenho industrial preta com haste articulável de 1 metro e lâmpada LED que fez toda a diferença. “Já nos consultórios utilizamos em cima da mesa um Simple Plafon, uma peça discreta, com perfil de alumínio de 6 x 6 cm, com luz bastante intensa e funcional e elegante gerando por volta de 400 lux no plano de trabalho, focos destacar as pedras e as fotos que estão decorando os ambientes”. No consultório maior, por ter uma estante, foi colocada embutido nas prateleiras


uma fita de LED para realçar o revestimento no fundo e ainda colocamos um microfoco de móvel dentro do nicho azul para um maior destaque. Na copa foi escolhida uma iluminação mais eficiente com o uso de luminárias embutidas linha LD e no banheiro, por ser pequeno, três focos LED, um para iluminar a bancada e dois para destacar o revestimento azul. E foi assim, com uma ousadia na medida certa na mistura dos materiais e cores, e com iluminação bem planejada e ousada, foi permitido um resultado final de extremo conforto. “Afinal, o conforto e a

funcionalidade são dois itens de extrema importância em qualquer projeto. Nesse caso, especialmente, pois por ser um consultório médico com especialidade em dor e Parkinson queríamos que os pacientes que chegassem lá, de alguma maneira pudessem esquecer ou amenizar o seu sofrimento. Então, a mistura da cores cinza com azul e madeira foram na intenção de deixar o espaço mais aconchegante, juntamente com a iluminação que foi um item de extrema importância nesse projeto”, reforçou a arquiteta. É a identidade com a tecnologia, sem tirar o conforto.

Projeto:

Arquitetura de interiores e iluminação Arquiteta:

Samia Raquel Iluminação: Light design + Exporlux • Painel perfurado: Still Frame 63


CAPA

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Muito

espaรงo

Reforma em apartamento de Joรฃo Pessoa buscou amplitude nos ambientes para jovem casal Texto: Alex Lacerda | Fotos: Vilmar Costa

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U

m equilíbrio perfeito entre a elegância e o conforto. Esse é o resultado do projeto desenvolvido pelo arquiteto Márcio Catão para uma reforma de um apartamento de dois pavimentos no bairro do Miramar, em João Pessoa. Em estilo contemporâneo, a reforma foi feita em um imóvel novo para satisfazer às necessidades de um jovem casal e seu bebê. Os espaços amplos e a recepção de amigos foram pontos enfatizados no projeto, que teve dois quartos unidos para ampliar a suíte do casal.

“A reforma foi projetada para atender a tudo que é indispensável para recém casados que gostam de espaços amplos e de receber amigos, mas que também apreciam toda a privacidade e conforto que a família necessita”, destacou Catão. Para enfatizar o conforto e aumentar a satisfação ao receber, as duas lâminas foram estruturadas de uma forma que a inferior abrangesse toda a área íntima dos proprietários, enquanto a superior fosse destinada exclusivamente às áreas sociais. Mas mantendo-se um equilíbrio entre elas.

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O conceito prioritário de aconchego se estendeu também à escolha dos móveis, que, atemporais e em tons neutros e mais fechados, reforçam a sensação de conforto. “Alguns dos destaques do mobiliário, de design assinados, são o sofá Fan do pavimento superior, do Estúdio Bola, e

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móveis desenhados pela própria equipe do escritório”, ressalta o arquiteto. “A busca por espaços requintados e aconchegantes foi o que definiu a escolha dos revestimentos e suas respectivas cores”, esclarece Catão. “As cores, o espaço. Cada detalhe desse projeto,


que abrangeu um total de 206,5 m2, unindo os dois pavimentos, foi feito para proporcionar, em primeiro lugar, o conforto da família”, completa. E por falar na cozinha do pavimento superior, esse ambiente, por ser uma área exclusivamente social, foi pensado para dar ao local um caráter funcional, retirando a impressão de um espaço convencional. “Duas coisas me deixaram muito satisfeito no resultado final do projeto: uma foi poder fazer o desenho do mobiliário, garantindo que fossem únicos, um diferencial em relação a qualquer outro projeto. Outra coisa foi poder dar um toque final com fotografias de diversos locais do mundo”, revela Márcio Catão. A escolha das fotografias, assim, combina autores de diferentes nacionalidades. Já as luzes dos

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ambientes foram dispostas de forma a valorizar ainda mais o mobiliário exclusivo – como a mesa de jantar superior, desenhada em pedra –, realçando o design e para tornar os espaços mais intimistas. O ambiente da piscina também não foge à harmonia do projeto. Apesar do contraponto de cores e uma maior ênfase na funcionalidade no mobiliário, a presença de um jardim vertical torna o ambiente mais humanizado sem abrir mão da elegância. Elegância que pode ser vista no revestimento da própria piscina: um porcelanato em grandes dimensões, remetendo ao Mármore Calacata, dando um design diferenciado e exclusivo. A reforma deixou o apartamento pronto para que seja o ambiente ideal para que cresçam tanto a relação do jovem casal quanto seu bebê.

Projeto: Arquitetura de Interiores

Arquiteto:

Márcio Catão

Revestimento de piso e parede: Portobello Shop • Mobiliário:Espaço A Móveis planejados : Formatto • Eletroeletrônicos: Lojas Bugary • Cortinas: Lojas Verona • Tapetes e carpetes: Papyrus • Esquadrias e ferragens: Fecimal Arte e Madeiras • Vidros e espelhos: República Vidros • Iluminação (projeto e peças): Stiluz • Acessórios e objetos decorativos: Baza’art Paisagismo / jardim vertical: Eco Green

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AMBIENTAÇÃO

Pequenos espaços,

grandes ideias

Com criatividade as varandas menores pode acomodar conforto, estilo e funcionalidade

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om apartamentos cada vez mais compactos, conseguir aproveitar cada pequeno espaço da forma mais funcional possível é o objetivo de dez entre dez arquitetos e decoradores. E essa não é uma missão tão fácil, por isso é preciso saber exatamente o que está fazendo e ter conhecimento profissional pra que a funcionalidade não transforme o espaço num amontoado de objetos. Pensando especificamente nas varandas,

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Texto: Débora Cristina | Fotos: Divulgação

mesmo aquelas bem pequenas podem se tornar aconchegantes e com estilo caprichado para receber os amigos mais próximos. Independente do tamanho, a varanda é um dos principais ambientes observados na escolha dos apartamentos. A varanda costuma ser um ambiente de lazer, descanso, confraternização, dentre tantos usos que lhe podem ser atribuídos. Se oferecer uma vista privilegiada, melhor ainda! Além disso, ela contribui


também para proteger a abertura do ambiente interno da incidência solar e da chuva. “Muitas vezes, enquanto arquitetos, somos questionados sobre o que fazer com uma varanda de pequenas dimensões e o que está na moda. Na verdade, um fator que se sobrepõe a qualquer moda é a real utilidade, o contexto de hábitos e cultura no qual aqueles moradores estão inseridos. Isto é o que vai definir o que propor para uma varanda”, afirmou a arquiteta Andreína Fernandes. Ela contou que há usuários que pretendem fazer deste espaço um local de contemplação, com uma poltrona de leitura, ou uma rede propícia ao descanso e apreciação da vista, mas a varanda pode ser também utilizada como um pequeno espaço gourmet, contendo uma bancada compacta para apoio e uma mesa para receber amigos. Quer uma ótima ideia? Se as dimensões forem realmente pequenas, um cantinho aconchegante com uma adega para o casal apreciar um bom vinho à noite, pode ser bastante inspirador, sugere Andreína. Há ainda a possibilidade de aproveitar alguma parede da varanda e instalar um jardim vertical, ou mesmo uma pequena horta de uso caseiro, considerando sempre o tipo de vegetação adequada para cada clima. Quem trabalha com móveis sabe que a escolha certa pode fazer toda a diferença na decoração de um espaço pequeno. Para o empresário Marco ... , da empresa Cabanna, alguns conjuntos utilizados variam de pequenos lounges de descanso até conjuntos de mesa e cadeiras para o café. Em alguns ambientes, com alguns metros a mais, os produtos podem ser persoonalizados para preencher cada espaço da varanda. “A personalização é feita de acordo com o que o cliente quer, se ele desejar um lugar para curtir a brisa, um bate-papo com os amigos e também um espaço para ele tomar café da manhã ou almoçar com a família”, contou.

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Cortinas de vidro

Dicas práticas: *Para aumentar facilmente a área útil, basta pendurar plantas no gradeamento, corrimão ou no muro se for o caso. Estes canteiros próprios para o efeito farão com que ganhe centímetros preciosos onde há pouco espaço. *Uma ótima opção são as mesas dobráveis. Quando estão fechadas, não ocupam espaço. Abertas são o ideal para fazer uma refeição agradável no seu balcão. *Prateleiras de canto são um dos acessórios preferidos para decorar varandas pequenas, dando um toque especial. *Se não dispensa a churrasqueira, opte por uma que possa ficar pendurada no corrimão ou até fixada na parede, poupando novamente muito espaço.

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Atualmente, uma solução muito utilizada é a instalação de cortinas de vidro, para um melhor aproveitamento do espaço em dias chuvosos, ou mesmo em andares muito altos onde a força do vento impediria o conforto do usuário. A cortina de vidro permite regular a entrada de ar, possibilitando que a varanda funcione inclusive como uma extensão da sala. Mas Andreína faz uma ressalva super importante. “Um dos cuidados necessários ao inserir qualquer elemento na varanda é a não intervenção na fachada da edificação. A fachada do prédio faz parte de um projeto arquitetônico que não pode ser modificado por nenhum outro profissional de modo a influenciar na sua aparência geral. Até mesmo a cortina de vidro, quando instalada após a entrega do prédio pela construtora, deve ser fruto de um projeto complementar, com responsável técnico, no intuito de unificar todas as soluções semelhantes, interferindo o mínimo possível na fachada da edificação”, reforça a arquiteta. Diante de tudo isso, fica bastante evidente que a melhor maneira definir o que fazer com uma varanda compacta é buscando o assessoramento de um profissional capacitado que irá sugerir a solução que mais se adéqua, dentro da expectativa, do uso e das necessidades do morador. Com uma proposta apropriada, é só usufruir e curtir a sensação de liberdade!


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ACERVO

Os personagens das nossas

ruas

Rua Duque de Caxias, Centro. JoãoPessoa-PB

Figuras históricas da colônia, império e república batizam importantes ruas do centro de João Pessoa Texto:Renato Félix | Fotos: Divulgação

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odo mundo em João Pessoa sabe o nome daquela rua também conhecida como a “da antiga Lobrás”: B. Rohan. O que pouca gente nota é que esse “B” é uma abreviatura. O nome completo da rua é Beaurepaire. Beau-re-paire (lê-se “bôrrepérre”). Na dúvida, o pessoense preferiu logo trocar “sessenta” por “duas de trinta” e simplificar: resolveu chamar o ex-presidente da província (cargo que equivalia ao que hoje é o de governador) só de “B. Rohan” mesmo. Beaurepaire Rohan, filho de franceses, nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, e seu pai era amigo de Dom João VI. Era militar e explorou a região do Mato Grosso, além de ter dirigido a estrada de ferro São Paulo-

Santos e sido presidente da província do Pará, antes de exercer o mesmo cargo na Paraíba (de 1857 a 1859). Aqui, ele procurou fazer um levantamento topográfico da cidade. Após deixar a presidência paraibana, Beaurepaire Rohan fez o mesmo levantamento na Ilha de Fernando de Noronha. Ainda foi ministro da guerra, presidente do Rio Grande do Sul e lutou na Guerra do Paraguai. Entre os livros que escreveu, está o Dicionário de Vocábulos Brazileiros, de 1889. A Guerra do Paraguai, aliás, está muito presente nas ruas da capital paraibana, mas poucos se dão conta. Quantas pessoas lembram que, ao passar apressadas pela Rua Duque de Caxias (antiga Rua Direita), no Centro, para ir ao trabalho ou fazer


compras, estão caminhando sobre uma homenagem ao líder do exército brasileiro nessa guerra? Luís Alves de Lima e Silva foi um dos militares mais importantes do país. Foi o comandante-em-chefe na guerra iniciada em 1865 – nessa época era marechaldo-exército e já havia recebido o título de Marquês de Caxias – numa referência à cidade de Caxias, no Maranhão, epicentro de uma revolta pacificada por ele. A essa altura, ele também já havia sido presidente da província do Rio Grande do Sul (onde também pôs fim à Revolta Farroupilha), foi senador do Império e ministro da Guerra. Sua atuação na guerra, terminada em 1869, fez seu título ser elevado a duque – o único duque do Império do Brasil. Outro personagem da Guerra do Paraguai também dá nome a uma das mais conhecidas avenidas da cidade. Por Joaquim Marques Lisboa poucos conhecem, mas o nome de seu título de nobreza é bastante familiar na orla marítima, quando se fala na Avenida Almirante Tamandaré ou no Busto de Tamandaré, que marca o início dela. O Marquês é o patrono da Marinha de Guerra do Brasil. E steve em lutas desde a guerra da independência, a repressão às revoltas nos estados e comandou as forças navais na bacia do Rio da Prata, na Guerra do Paraguai. Alem do busto na orla de João Pessoa, tem estátuas na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, e no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Outra avenida do centro lembra um vulto da guerra: a General Osório. O gaúcho Manuel Lúis Osório, Marquês de Herval, iniciou carreira militar aos 14 anos e também lutou na guerra da independência, contra revoltas como a Guerra dos Farrapos e comandou o exército no início da campanha contra o Paraguai. E é outro que foi ministro da guerra. O nome da avenida é “General Osório”, mas ele chegou a ser marechal, em 1877.

Princesa de volta “Rua do Sol/ “(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)”, diz um poema de Manuel Bandeira sobre a nostalgia dos nomes de ruas de antigamente, que acabam esquecidas para homenagear personalidades. Assim, a Rua Direita, no centro da cidade, virou Duque de Caxias, por exemplo. Mas nem as personalidades estão a salvo. Recentemente uma polêmica se instalou quando a Avenida Princesa Isabel, batizada há muitos anos e uma das mais conhecidas do centro de João Pessoa, foi rebatizada de uma hora para outra como Av. Doutor Leonardo Lívio Ângelo Paulino, em homenagem a um ex-diretor do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, órgão que fica localizado na rua. Paulino morreu em um acidente automobilístico em 2015. A lei acabou revogada por ação do Instituto Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep) e a Promotoria do Meio Ambiente e Patrimônio Social, que alegou que a avenida integra uma área de tombamento e que a modificação não teve autorização dos órgãos competentes. Assim, a Princesa Isabel, que governava o Brasil quando assinou a Lei Áurea, que libertou os escravos, escapou de ter seu nome substituído. E pode voltar a encontrar o avô, D. Pedro I, e o pai, D. Pedro II, avenidas que fazem esquina com a Princesa Isabel.

Nome que não pegou Entre os nomes das ruas da cidade, há curiosidades interessantes. O nome da Avenida Ministro José Américo de Almeida, um personagem que dispensa apresentações, não pegou mesmo. A via é chamada de Avenida Beira-Rio pela grande maioria da população. E não é um caso de nome antigo que resistiu ao tempo: o “apelido” foi posto pouco depois de ser inaugurada. Outra curiosidade é que José Américo foi homenageado ainda em vida. O nome da avenida, antes, era Duarte da Silveira. Aliás, ainda é, no trecho que vai do DER até a Maximiano Figueiredo. Quando a avenida foi aberta até a praia, o estado ainda vivia a forte influência política de José Américo – razão da homenagem. Em tempo: Duarte da Silveira é considerado um dos cinco heróis da conquista da Paraíba – os outros são Frutuoso Barbosa, Martim Leitão, João Tavares e o cacique Piragibe (que virou nome de rua como “Índio Piragibe”).

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VIAGEM DE ARQUITETO

O charme Português

História e contemporaneidade dialogam no mesmo espaço na cidade portuguesa do Porto

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o longo do Rio Douro, de um lado da margem a bela Vila Nova de Gaia e do outro, Porto. Duas cidades unidas por pontes, pela beleza e pela natureza. A cidade que dá nome ao famosíssimo vinho, é a segunda maior de Portugal, ficando atrás apenas de Lisboa. O Porto é marcado por séculos de história e também pelo desenvolvimento industrial, e isto é visível a olhos nus.

Arquitetura e urbe Com um centro histórico declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, a cidade tornouse uma das principais atrações de Portugal para aqueles que, além de apreciarem as construções seculares que formam a malha urbana do Porto, procuram desfrutar de todo charme intrínseco à atmosfera da cidade. Dentre as programações turísticas, estão as visitas às suntuosas obras arquitetônicas que exemplificam bem o dualismo cronológico que se vê por todo o país, como as famosas igrejas históricas e a Casa da Música, do arquiteto holandês Rem Koolhaas, que tornou-se ícone da cidade do Porto assim que a construção foi concluída em 2005, bem como o

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Aeroporto Francisco Sá Carneiro que, para minha surpresa, tornou-se um dos melhores aeroportos da Europa, quando passou por uma reforma de ampliação por autoria do arquiteto João Leal. O velho e o novo lindamente encaixados. Ainda falando em arquitetura, uma das melhores e mais belas livrarias do mundo está situada no Porto, a Livraria Lello e Irmão, também conhecida como Livraria Chardron ou simplesmente Livraria Lello, que foi a inspiração para a livraria do filme Harry Potter, já que a autora J.K. Rouling viveu no Porto e frequentava o lugar. A construção histórica destaca-se sendo um dos mais emblemáticos edifícios do neogótico portuense. O interior dela é realmente sensacional, mas infelizmente fotos não são permitidas, embora se encontre algumas na web. Além dos típicos ônibus de turismo e

dos passeios de bonde que nos fazem mergulhar imediatamente no passado, as empresas de turismo oferecem passeio pelo Rio Douro, que permitem ter uma perspectiva completamente diferente da cidade, ou melhor, das cidades, já que é através do rio que Porto e Vila Nova de Gaia se unem em uma única e deslumbrante paisagem.


Gastronomia A gastronomia de Portugal é famosa por sua qualidade, seja nos mais luxuosos restaurantes ou em pequenas tascas, não obstante a do Porto é maravilhosa. Alguns lugares são paradas obrigatórias àqueles que apreciam um bom turismo gastronômico, como por exemplo o Café Majestic, que é um belo exemplar do Art Nouveau português, o tradicional restaurante Abadia do Porto, fundado em 1939, bem como os charmosos e incontáveis bares e restaurantes situados no Cais da Ribeira.

Enoturismo Por fim, não poderia deixar de falar no mais famoso produto advindo daquele lugar: o vinho. A produção do Vinho do Porto é bastante rigorosa. É somente na região demarcada do Alto Douro Vinhateiro que esse vinho pode ser produzido. Em virtude das características do solo e do clima, não há outro lugar em Portugal ou no mundo em que as castas possam ser cultivadas da mesma forma. Entretanto, é possível visitar inúmeras caves de vinho, de rótulos e épocas diferentes. Desta forma, é possível mergulhar também na história das marcas e desvendar alguns segredos desse produto português tão aclamado. As histórias são fascinantes. Visitar as caves de vinho da região do Douro é uma experiência única, especialmente para os apaixonados por enoturismo, afinal é por mérito próprio que a região do Porto é um dos 10 melhores destinos para tal atividade. É muito charme e beleza, muita cultura e história. Para mim, esta viagem foi uma grata surpresa, pois descobri um dos meus lugares favoritos no mundo. Vale a pena conhecer e voltar. E voltar. O Porto é puro fascínio e diversão. Texto e Fotos: Débora Melo 81


INTERIORES E MODA

Design e Moda no Salão de

Milão 2017

Texto: Germana Gonçalves | Fotos: Divulgação

Abajur Etna

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odos os anos na Itália, Milão torna-se por um período a capital do design, por sediar o Salão Internacional do Móvel, onde são lançados oficialmente as maiores inovações tecnológicas do design, mobiliário e iluminação. Este ano o “I Saloni” aconteceu entre os dias 4 e 9 de abril e teve como um dos grandes destaques, as grandes grifes de moda, que aproveitam o agito da programação para revelar ações especiais, criadas exclusivamente para o evento. A parceria entre design e moda é traduzida em coleções de móveis e objetos que carregam características peculiares de materiais, tecidos e texturas de cada grife. Os destaques da moda na semana do design ficaram por conta de grandes nomes como: Versace, Fendi, e Armani além de outras marcas. A Loewe por exemplo, reforçou seu interesse no diálogo entre moda e áreas adjacentes trazendo em sua terceira participação no evento, a série “This is Home”, onde sob a supervisão do seu diretor criativo

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Jonathan Anderson, aposta em novos usos para a sua matéria prima principal, o couro, que mostra sua versatilidade no “homewear” em peças de mobiliário e decoração. Já a Louis Vuitton em sua coleção Nomads, revela sua tradição nas viagens e traz peças assinadas por grandes nomes do design e das artes. Cadeiras com instalação divertida tomavam a cena do “Saloni”, no espaço denominado “Marni Playland”, pela grife Marni, que apostou nas tramas desenvolvidas pelas artesãs colombianas que usam o tressê como fortalecimento de suas comunidades locais. Como destaque do evento, também podemos citar a Cadeira Madame de Philippe Starck, que nesta edição aparece com estampa exclusiva assinada pela designer brasileira radicada em Milão, Paula Cademartori, que repete a parceria de sucesso com a Kartell. Esses e outros exemplos, mostram de maneira mais concreta que moda e design caminham lado a lado, e que a junção das tendências nos dois mundos revelam peças inovadoras e de estética inigualável.


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CARTA DO LEITOR

Nós queremos ouvir você

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BÁRBARA GOMES E GIULIANA SAVIOLI Rua: Jerônimo da Veiga, 164, cj. 1E Cep: 04536-000, São Paulo, SP +55 (11) 2372-5335 www.studio011arquitetura.com.br / @studio011

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Bom dia, Sou Bibliotecária da Biblioteca do Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos e Universidade de São Paulo (USP) e estamos interessados em receber a revista Artestudio para o acervo. Gostaríamos de saber se seria possível e o que seria necessário para tal? Atenciosamente, Brianda Sígolo São Paulo

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ENDEREÇOS

NOSSA HOMENAGEM: ANTONIO PRIMO VIANA NETO Faleceu , dia 29 de março, aos 62 anos, o arquiteto PRIMO. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1984, o arquiteto sempre esteve à frente do seu tempo, projetando obras consideradas modernas e ousadas, tanto na arquitetura quanto na estrutura. Era segundo diretor geral do Sindicato dos Arquitetos da Paraíba (Sindarq-PB).


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PONTO FINAL

DAS PEDRAS Ajuntei todas as pedras Que vieram sobre mim Levantei uma escada muito alta E no alto subi Teci um tapete floreado E no sonho me perdi Uma estrada, Um leito, Uma casa, Um companheiro, Tudo de pedra Entre pedras Cresceu a minha poesia Minha vida... Quebrando pedras E plantando flores Entre pedras que me esmagavam Levantei a pedra rude dos meus versos.

CORA CORALINA

Uma das mais importantes escritoras brasileiras,

produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás

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Chaise Vincy (madeira) móvel artesanal com estrutura em madeira cumaru, acabamento em sling e detalhes em alumínio. Ideal para áreas externas.

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