Revista AE 66

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revista

Ano XVII nº 66 | revistaae.com.br

arquitetura & estilo de vida

EQUILÍBRIO ENTRE MUNDOS

Arthur Casas fala sobre sua trajetória

CRIANDO CENAS INESQUECÍVEIS

O encontro de culturas com Fumihiko Maki

MORAR NO NORDESTE

As características de um jeito nordestino de morar

VALORIZANDO A ZONA SUL Projeto muda a paisagem com bom gosto, requinte e sofisticação

+ A história da Bauhaus, elevadores em residências unifamiliares e espaços de resignificação na cidade






SUMÁRIO

Ano XVII Edição 66

CONHEÇA

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25 LIVRO

O Manual do Arquiteto Descalço é um clássico sobre questões habitacionais

26 GRANDES ARQUITETOS

O encontro de culturas em Fumihiko Maki

28 A HISTÓRIA DE

Os 100 anos da Escola Bauhaus, e a influência de seu modernismo

30 REPORTAGEM

Espaços que valorizam o convívio estimulam a gentileza

56 ESPECIAL

As características de um jeito nordestino de morar

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ARTIGOS VIDA PROFISSIONAL 10

Maurício Guimarães conta que melhor que plano B é um sonho B

VISÃO LATERAL 12

Hélio Costa Lima e o Museu Brasileiro da Escultura em São Paulo

VISÃO PANORÂMICA 14

Amélia Panet aponta os desafios para a arquitetura no futuro

URBANISMO 16

O Lake Eola Park é uma bela atração alternativa na Flórida

VÃO LIVRE18

Pietro Terlizzi fala sobre as sete fases de um projeto de arquitetura

PONTO FINAL 66

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Uma ideia de Le Corbusier


ENTREVISTA ENTREVISTA 20

Arthur Casas fala sobre sua trajetória

OUTRAS ÁREAS 62

As vivências e pessoas no caminho literário de Tiago Germano

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20 DICAS 54 AMBIENTAÇÃO

O crescimento no uso de elevadores residenciais

PROJETOS INTERIORES 32

Bruno Moraes demoliu paredes para adaptar apartamento a jovem casal

INTERIORES 36

O aproveitamento dos espaços em apartamento de 40m2 por Felipe Luciano e Vanessa Keiko

INTERIORES 40

Corrida contra o tempo em projeto do escritório DMDV arquitetos

CAPA

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NOSSA CAPA nº 66 Projeto: Lucksis arquitetura Foto: Vilmar Costa

A modernidade e o conforto no projeto de interiores de Luksys Arquitetura para o Delta Center. 9


arquitetura & estilo de vida ANO XVII- Edição 66

EXPEDIENTE Diretora | Editora geral : Márcia Barreiros Editor responsável : Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores : Alex Lacerda,Débora Cristina, Lidiane Gonçalves e Renato Félix

Diretora comercial : Márcia Barreiros Projeto gráfico : George Diniz Prod. e diagramação : MB Fotógrafos desta edição : Diego Carneiro, Vilmar Costa e indicados Impressão : Gráfica JB

QUEM SOMOS

MÁRCIA BARREIROS editora geral e diretora executiva Colaboradores desta edição:

AE é uma publicação quadrimestral, com foco em arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com tiragem de 5 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores.

ONDE NOS ENCONTRAR Contato : +55 (83) 3021.8308

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c o n t a t o @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r d i r e t o r i a @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r R. Tertuliano de Brito, 348 - Bairro dos Estados, João Pessoa / PB , CEP 58.030-044 revistaae

RENATO FÉLIX editor de jornalismo

artestudiobr @revARTESTUDIO Artestudio Marcia Barreiros As matérias da versão impressa podem ser lidas, também, no nosso site com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos de projetos.

www.revistaae.com.br www. artestudiorevista. com. br

GEORGE DINIZ designer gráfico


EDITORIAL

MUDANÇAS DO TEMPO

AMÉLIA PANET arquiteta e urbanista

ALEX LACERDA jornalista

HÉLIO COSTA LIMA arquiteto e urbanista

DÉBORA CRISTINA jornalista

MAURÍCIO GUIMARÃES coach e consultor

LIDIANE GONÇALVES jornalista

O mundo sempre mudou, mas nunca tão rápido quanto nas últimas décadas. Quem tem mais de 30 anos deve se lembrar que um dia existiu um mundo sem internet, e que ele era substancialmente diferente. Assim como antes da popularização do PC, o personal computer, que hoje já é substituído por notebooks, tablets e pelos smartphones — estes, que já aposentaram as máquinas fotográficas amadoras, os telefones fixos e orelhões (cujos fósseis ainda podem ser encontrados pelas cidades). A arquitetura também está atenta a essas mudanças. Não só em seus equipamentos, com recursos que ajudam cada vez os profissionais a desempenhar melhor seu trabalho e atender com mais precisão os desejos de seus clientes. Mas também filosoficamente, com novas abordagens que valorizam o humanismo e a sustentabilidade, por exemplo, elementos que, décadas atrás, não estavam em pauta com destaque nos projetos. Veja, por exemplo, nossa matéria nesta edição sobre espaços que buscam incentivar o contato entre as pessoas — não por meios virtuais, mas cara a cara. Em muitos projetos que mostramos em nossas diversas edições, esta é uma preocupação presente nas ideias dos profissionais convidados. A AE, em sua história, também refletiu mudanças pelas quais o mercado passou e também mudou um pouco com ele. Você pode conferir isso nas matérias desta edição, nas anteriores e nas próximas. Feliz 2020 e boa leitura!

ARTESTUDIO

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VIDA PROFISSIONAL

PLANO B, NÃO:

SONHO B

É preciso melhorar o presente pensando no futuro

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uito se fala em ter planos de contingência para diversas áreas da vida, os chamados planos B. Que nível de esforço você empreende para evitar surpresas no seu plano A? Que planos estão na sua mira, no seu radar? Vale lembrar que sonhos não são planos, ok? Isso mesmo! Sonhar é bom, mas ter o plano, de preferência escrito, é melhor ainda. Então vamos analisar o que de fato é um plano A e B de uma forma não complexa, de fácil entendimento. Certa vez, há mais de uma década, resolvi mudar a direção de meu destino profissional. Percebi que as pessoas mais velhas que eu, com a mesma formação, não ganhavam bem mais que eu e não tinham um patrimônio bem acima também. Me perguntei: será que após anos de trabalho irei

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ser um deles? Isso me inquietou e decidi pensar num plano B, pois queria mais. Depois de ler um pouco sobre mudança de carreira, percebi que não seria tão fácil e tampouco rápido. Isso me desestimulou no início, mas logo tive uma sacada. Preciso fazer algo congruente, que atenda ao meu presente e me dê condições de alcançar o que desejo no futuro. A primeira coisa que fiz, foi avaliar o cenário que eu desejara, que era desenvolver-me em outra profissão que me desse longevidade profissional. Pensei: serei professor e/ou consultor de empresas. Nas duas, para que eu tivesse êxito, deveria ter uma sólida formação intelectual e vivência nas áreas afins. Só assim poderia ser reconhecido e contratado por alguma empresa. Percebi que desenhar um plano B com esse propósito, ou seja, trilhar um caminho paralelo,


daria muito trabalho. Ademais, conciliar minha rotina de trabalho com outra totalmente diferente, talvez me trouxesse baixa produtividade no que fazia. Percebi que adequar as ações de desenvolvimento para alcançar o objetivo B, em congruência com meu plano A faria mais sentido, pois eu ganharia dos dois lados. Comecei a me preparar para utilizar meu presente e o ambiente que eu estava vivendo como laboratório para colocar em prática as novas atitudes. Assim, o fiz. O legal é que a cada atitude meu presente melhorava e eu me tornava mais forte para o futuro. Decidi que não existiria o plano B. Incorporei-o ao plano A, tornando-o um só plano. Quero dizer que só assim consegui envidar esforços, sem tanto desgaste para viver paralelamente. Um sonho B e um só plano, o A. Consegui após algum tempo o que eu queria. Hoje vivo exclusivamente de consultoria e docência graças ao meu sonho B do passado. Convido você a substituir alguns termos sabotadores que poderão te atrapalhar rumo ao seu sonho B, por termos realizadores: “Plano B” por “O plano”; “complemento de renda” por “aumento de renda”; “bico/ extra” por “outro trabalho”; “plano futuro” por “plano agora”; “mais um passatempo” por “atividade em tempo integral”; “ainda não estou pronto” por “atuarei no que já estou pronto”; “não tenho tempo” por “preciso adequar meu tempo”; “não sei vender ou cobrar” por “preciso aprender como fazer”. Portanto, entregue o seu melhor, busque as oportunidades e não espere que elas apareçam. Por fim, te desejo sucesso e não sorte, que está ligada ao acaso — e o sucesso ao seu esforço. Fotos e imagens: Divulgação

MAURÍCIO GUIMARÃES

Master Coach e Consultor em gestão empresarial. Palestras, treinamentos e workshops para empresas.

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VISÃO LATERAL

PEDRA

FLUTUANTE

O Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo, é uma das grandes obras de Paulo Mendes da Rocha

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o Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), em São Paulo, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha explora um dos tipos arquitetônicos mais antigos e simbólicos da arquitetura: o pórtico. O trilítico – duas grandes pedras na vertical que recebem uma na horizontal –, a expressão mais antiga de pórtico, ou portal, remonta ao megalítico. Ou seja, aos primórdios da arquitetura. Este tipo arquitetônico atravessa a História vestindo os mais diferentes adereços estilísticos, até hoje. A Porta dos Leões, na Micenas de 3.500 anos atrás; o Arco de Constantino, na Roma do ano 315; e o Arco do Triunfo, na Paris do século XIX: são todos pórticos, são todos portais. E os arquitetos modernos, se valendo das qualidades estruturais excepcionais do concreto armado, revisitam o pórtico como tipo arquitetônico e o alçam a escala de edifício

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Fotos: HCL

monumental com vãos livres da ordem de 60 a 80 metros. No Brasil, esta aventura tem um capítulo especial na arquitetura de museus e centros culturais, especialmente no Masp, de Lina Bo Bardi, de 1968, no MuBE, de Paulo Mendes da Rocha, de 1998, e no Cais do Sertão, do escritório Brasil Arquitetura, de 2018. Mais do que simples construções cuja função é guardar e expor obras de arte, esses edifícios pórticos são praças cobertas que, além da função simbólica de marco e de passagem, acolhem as pessoas e estimulam o estar e eventos programados ou espontâneos sob sua sombra. No MuBE, Paulo Mendes exercita de maneira sublime o uso intensivo do concreto aparente em grandes massas ciclópicas e a poética da estrutura revelada do edifício, características da chamada Escola Paulista, de que ele é um dos expoentes. O vão livre de


60 metros vencido por uma enorme peça de concreto armado apoiada nas extremidades por paredões também de concreto armado, numa composição de dominante horizontal reforçada pelo pé direito baixo, confere uma inesperada sensação de leveza a elementos arquitetônicos tão pesados. A grande massa monolítica de concreto que cobre o espaço parece flutuar, a despeito de suas milhares de toneladas. E sob essa enorme pedra flutuante desenha-se a praça com seus múltiplos de planos proporcionados pela declividade natural do terreno, criando um jogo de tensões e surpresas que enriquece a experiência da visitação, tornando a arquitetura uma escultura ela mesma, uma antecipação do contato com as obras que abriga. Uma sucessão de rampas,

escadas, recantos, jardins e planos dʼágua, proporciona uma experiência sensorial diversificada, em diálogo com as esculturas expostas a céu aberto ao longo dos caminhos. No subsolo, o espaço confinado de exposições, com uma atmosfera de caverna reforçada pela presença dominante do concreto aparente, diferentes doses de luz e sombra, de som e de silêncio, proporcionam ao visitante sensações que potencializam a experiência de contato com as obras em exposição. Janelas, rasgos nas paredes e aberturas no teto filtram a luz natural e admitem sua entrada em intensidades especificamente trabalhadas para valorizar os ambientes internos e as obras ali expostas.

HÉLIO COSTA LIMA Arquiteto e urbanista

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VISÃO PANORÂMICA

DESAFIOS DA

ARQUITETURA E OUTRAS COISAS

Profissionais precisam encontar soluções para necessidades básicas

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ntrando na terceira década do terceiro milênio podemos nos perguntar quais são os maiores desafios dos profissionais da arquitetura e urbanismo para os próximos anos. As tecnologias avançam a passos largos, mas, em contrapartida, ainda encontramos necessidades básicas não atendidas que fazem com que os profissionais de arquitetura trabalhem em extremos bem distantes. Enquanto os grandes escritórios de arquitetura possuem ao seu dispor as tecnologias mais avançadas relacionadas à concepção projetual e sua construção, outros

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trabalham com as ferramentas mais usuais para atingirem demandas básicas de populações que estão à margem da pobreza extrema e, literalmente, necessitam colocar a mão na massa em projetos e construções coletivas com custos modestos. Não estamos dizendo com isso que a tecnologia de ponta se torna inviável para os projetos de arquitetura social. Pelo contrário, podem otimizar bastante o processo. No entanto, o contato do profissional cada vez mais próximo das demandas sociais fazem com que as ferramentas eleitas para o seu exercício sejam acessíveis a todos, nos processos


participativos, e façam parte do universo de cada contexto. Nunca necessitamos tanto de empatia dos profissionais para a compreensão das necessidades humanas. Vejamos dois grandes desafios que atualmente assolam a civilização: a crise migratória de refugiados e a migração pendular das grandes cidades. No primeiro, centenas de pessoas cruzam as fronteiras de vários países fugindo de conflitos e perseguições ou à procura de emprego e melhores condições de vida. Os lugares de chegada desses imigrantes, mesmo que provisórios, necessitam de abrigos adequados e infraestrutura que possam oferecer um mínimo de conforto. Os campos de refugiados da Organização das Nações Unidas abrigam centenas de pessoas em situações precárias. Alguns desses campos são maiores, em termos populacionais, que muitas cidades nordestinas abrigando mais de 400 mil pessoas. Outros já estão consolidados em sua precariedade há mais de 30 anos, como o caso da Vila Panian, no nordeste do Paquistão com quase 60 mil pessoas. Ainda não conseguimos conceber habitações e outros equipamentos inteligentes, que possam ser montadas com rapidez, eficiência e baixo custo. Outro grande desafio diz respeito à mobilidade das grandes cidades, a migração pendular que existe diariamente, deslocando centenas de pessoas de cidades vizinhas ou regiões periféricas para trabalharem e estudarem. O espraiamento urbano, a segregação espacial, o zoneamento urbano com concentração de atividades produtivas em determinadas regiões e, a ausência de reformas urbanas que possam renovar áreas abandonadas são algumas das causas desse fenômeno diário.

Por outro lado, a escassez de sistemas de transportes públicos mais eficientes e a oferta de diversidade de modais dificultam, sobremaneira, tais deslocamentos. O campo da arquitetura necessita refletir sobre cidades mais sustentáveis em todos os aspectos. Essa palavra já tão desgastada, “sustentabilidade”, parece ainda não ter sido alcançada. Pelo contrário, a crise ambiental por que passa o planeta está chegando ao ápice. Queimadas na Amazônia, a mineração versus materiais construtivos e o excessivo consumo energético vem, há algum tempo, nos alertando para o fato de que precisamos construir menos e construir melhor. Eis um grande desafio para a nossa área: construir menos e melhor. Nossas habitações e os demais equipamentos precisam ter qualidade projetual e construtiva, precisam ser inteligentes, ter flexibilidade espacial para se adaptarem às mudanças, precisam produzir energia e não consumi-la, precisam se integrar à natureza para contribuir com o microclima e a saúde mental de seus usuários. Precisamos nos reinventar para dar conta dos grandes desafios que nos aportam.

Imagens: Divulgação - Campos de refugiados

AMÉLIA PANET

Arquiteta e urbanista Mestre em Arquitetura e urbanismo Doutora em arquitetura e urbanismo pela UFRN Professora do curso de arquitetura e urbanismo pela UFPB

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URBANISMO

UM PARQUE SEM

CAMUNDONGOS

O Lake Eola Park é um oásis em meio aos desenhos animados e compras de Orlando, na Flórida

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ertos lugares costumam parecer um oásis no meio do deserto. Tão diferentes de tudo que está ao redor, que até parece que as pessoas se teletransportaram para outro lugar, como em um passe de mágica ou em um desenho animado da Disney. Assim é o Lake Eola Park, no centro de Orlando, Flórida, nos Estados Unidos. Fazer um passeio pelo Lake Eola é se distanciar completamente de parques temáticos e compras e mergulhar em paisagens bucólicas, encantadoras e diferentes. Alguns chegam a

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compará-lo ao Central Park, de Nova York. Mas, claro, sendo o nova-iorquino muito mais famoso. O Lake Eola é um lugar que vale a pena conhecer. Nele, apesar de cercado pela natureza, você pode ver a contrastante paisagem do parque com os prédios modernos do centro financeiro de Orlando. Conhecer atrações não tão obvias de uma cidade as vezes faz parecer que você fez uma nova viagem. Afinal, é uma mudança de ares. E, neste caso, é até um passeio gratuito. O que fazer no Lake Eola? A resposta é: tudo! Isso mesmo, apesar de ser uma atração


Parte da área de 90 mil m2 que circunda o lago foi cedida à cidade em 1883 por Jacob Summerlin, um abastado empresário. A condição era que os governantes plantassem árvores e fizessem uma via em volta da água. Cinco anos depois, com a adição de outros terrenos também doados, o parque tomou a forma que tem hoje.

Imagens: Lidiane Gonçalves

gratuita em uma cidade onde qualquer atração tem um investimento considerável, neste parque as opções são muitas. Os visitantes podem caminhar ou correr ao longo do lago, em uma calçada de múltiplo uso, com 1,4 km de extensão, onde também podem ser vistos casais namorando, crianças brincando, aposentados conversando, famílias fazendo piquenique... Também ao longo do parque podem ser vistas esculturas, as crianças podem alimentar alguns bichos e há um pedalinho. Além disso, também é no Lake Eola que as pessoas podem conhecer o anfiteatro Walt Disney, uma edificação que pode ser vista de todo o parque. Nele acontecem espetáculos e atrações durante todo o ano. Há um parque infantil ao ar livre. Lá há o cuidado de usar um piso diferenciado, como se fosse emborrachado, para dar mais segurança às crianças que lá brincam. E, essa atração também é gratuita. Aos domingos, além de toda a beleza que o parque já proporciona, os visitantes podem conhecer uma feira típica, onde são vendidos artesanatos e comidas naturais. Há também artistas se apresentando. No entorno do parque há muitos estacionamentos, alguns pagos, mas também muitas opções gratuitas. Ao descer, o visitante se depara logo com ruas calçadas com pequenos tijolos e alguns prédios que conservam uma arquitetura característica dos Estados Unidos, daquele tipo de edificação que costumamos ver em filmes antigos. A cada caminhada pelo parque há uma surpresa. Monumentos em homenagem a soldados, outros em homenagem aos pássaros que alí vivem. Um pagode chinês, um jardim de pedra Japonês e duas fontes fazem parte das belíssimas atrações. Uma delas, inclusive, faz um belíssimo espetáculo unindo água e luzes coloridas, todos os dias. Hoje o parque tem uma área de 90 mil metros quadrados. Ele foi idealizado por um milionário que doou parte do terreno à cidade, com a condição de que fosse criado um parque. As terras teriam que ser embelezadas e arborizadas. Toda essa história teve início em 1883. Mas, foi só cinco anos depois que o parque foi estabelecido informalmente e em 1892 foi declarado oficialmente parque.

Lidiane Gonçalves Jornalista

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VÃO LIVRE

O PASSO

A PASSO

DE UM PROJETO

Desde a primeira conversa com o cliente até o projeto executivo, o trabalho do profissional de arquitetura passa por diversas fases

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uando o morador contrata um arquiteto, nem sempre conhece todos os processos que um projeto de arquitetura envolve. Da primeira conversa com o cliente até o projeto executivo, o trabalho do profissional passa por diversas etapas. Eis os sete passos de um projeto de arquitetura. 1. Briefing A primeira etapa de um projeto de arquitetura ou de interiores é uma entrevista com o cliente, a partir da qual se estabelece o programa de necessidades, ou briefing. Nesse momento inicial, o arquiteto reúne o maior número de informações possível sobre as expectativas do contratante e o que ele precisa, como a quantidade de ambientes e o número de pessoas que vão usar o espaço. O briefing também é importante para fechar o contrato com os valores e prazos de duração do projeto. 2. Estudo do local A seguir, o arquiteto faz um levantamento de dados, como metragem, níveis, condições topográficas e ambientais, para verificar se o terreno

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está apto a receber a construção. Nas visitas ao local, o profissional também estuda a orientação solar para garantir o conforto térmico da obra, definir aberturas como portas e janelas, e a posição da piscina, por exemplo. No caso de edificações prontas, essa etapa permite avaliar características gerais da rua e dos imóveis vizinhos. 3. Estudo de viabilidade No passo seguinte, o arquiteto analisa se o projeto ficará de acordo com o plano diretor e o código de obras da cidade. Para a construção do zero, é necessário o levantamento topográfico do terreno, orientação solar, além de coleta de dados e das diretrizes da prefeitura, para então começar os desenhos de projeto. 4. Estudo preliminar Nessa fase, o projeto começa de fato a ganhar forma. Croquis, plantas baixas, às vezes imagens 3D e outras representações da construção nascem no estudo preliminar. Na apresentação das imagens em 3D, o cliente já consegue visualizar como o projeto ficará na íntegra.


5. Anteprojeto O anteprojeto é uma etapa de aprofundamento, em que o profissional define aspectos mais técnicos da obra para assegurar um bom projeto executivo, que é a última fase.

escritório, em obras de apartamentos, costumamos seguir os seguintes passos: entrevista com o cliente, estudo preliminar, produção de imagens em 3D, projetos de execução, obra e decoração.

6. Projeto legal É o projeto de aprovação enviado à prefeitura para avaliar se está de acordo com as normas do município e para que a construção seja autorizada. Reformas de interior de apartamentos, casas ou lojas, por exemplo, não necessitam de aprovação da prefeitura. No caso de apartamentos, contudo, é preciso ter a validação do condomínio. A reforma em apartamentos leva em consideração as plantas originais da construtora. Além disso, é preciso avaliar junto ao condomínio as permissões previstas em assembleias condominiais para fechamento de varanda e alteração de fachada, por exemplo. 7. Projeto executivo A partir disso, seguimos as mesmas etapas tanto para um projeto de arquitetura quanto para um de interiores, com os projetos de civil (elétrica, hidráulica, forro, luminotécnica, gás e dutos de ar condicionado), especificação de revestimentos e pintura, projetos de marcenaria, marmoraria, e todos os detalhamentos que forem necessários para compor o projeto. O projeto executivo, que é o projeto “final”, reúne as plantas que vão para o canteiro de obras, além de todas as especificações e documentos necessários para iniciar a obra. Nele, o arquiteto detalha os materiais, medidas, pontos de hidráulica e de iluminação, como um guia para quem vai executar o projeto. Muitos escritórios de arquitetura também oferecem o serviço de acompanhamento de obras, dando suporte ao cliente em todo o processo. Essas sete etapas de um projeto de arquitetura são o padrão, mas podem variar dependendo do tipo do projeto e do cronograma de trabalho de cada escritório ou profissional. No nosso

Imagens: Divulgação

Pietro Terlizzi

Arquiteto da Pietro Terlizzi Arquitetura e Design

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ENTREVISTA

ARTHUR CASAS

EQUILÍBRIO ENTRE MUNDOS Entrevista: Márcia Barreiros | Texto : Renato Félix | Fotos: Divulgação

Um dos principais arquitetos brasileiros conta como se divide entre os clientes brasileiros e dos Estados Unidos

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arece mentira, mas o arquiteto Arthur Casas Mattos tem mesmo a residência no seu sobrenome. Paulistano formado pela Universidade Mackenzie, em 1983, ele é um dos principais profissionais brasileiros da atualidade. E está expandindo as fronteiras: seu Studio Arthur Casas está estabelecido em São Paulo e em Nova York. Uma de suas marcas profissionais é a versatilidade. Recebeu influências das curvas de Oscar Niemeyer, mas também aderiu à linha reta de Vila Nova Artigas. Aumentou as preocupações com sustentabilidade, entrando em sintonia

com as questões da modernidade. Se adapta ao perfil dos clientes brasileiros ou americanos – ou japoneses, ou franceses, de países onde Casas também realizou projetos. Arthur Casas esteve em João Pessoa para participar da quarta edição do Congresso Nacional de Construção de Edifícios (Conaced), em agosto. E conversou com a arquiteta Márcia Barreiros sobre sua trajetória para nosso canal no YouTube e para esta edição da AE. Se algum dia ele disser que profissão é seu sobrenome, não duvide.

AE – Arthur, seu escritório completou 30 anos. O que mais mudou nesse tempo de profissão, no mercado e no perfil dos clientes? ARTHUR CASAS – Acho que o mercado, de certa forma, ficou mais profissional. Acredito que hoje as pessoas procuram mais o trabalho do arquiteto, tem respeito maior pelo trabalho. Acho que as indústrias brasileiras também estão mais conectadas com os arquitetos, não no sentido só de querer vender o produto, mas de desenvolver novos produtos. Não só com os arquitetos, mas também obviamente com os designers – muitos arquitetos são designers, assim, como mais ou menos eu sou. O cenário me parece que melhorou muito. O que acontece é que hoje tem muitos arquitetos. Na minha época, São Paulo

tinha, a grosso modo, três ou quatro faculdades de arquitetura. Hoje tem inúmeras. Eu fico pensando se há mercado pra todo mundo. Mas eu acho que quem tem um trabalho mais autoral consegue fazer um trabalho com um pouco mais de projeção. AE – Basicamente você ficou mais conhecido com a parte de residência e interiores. Mas projetos comerciais têm aparecido bastante. Você acha que é devido a esse profissionalismo do mercado? AC – Eu comecei com interiores, na verdade. Mas hoje, por exemplo, 70% do escritório é arquitetura residencial e de edifícios, shoppings, essas coisas. É uma percepção um pouco lá atrás do escritório, mas é um pouco isso também no sentido de que como eu

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AE – E o que está à frente, esperando os próximos 30 anos? AC – Eu não sei, eu não faço muito essa projeção, não. Eu fico muito pensando que eu gostaria de criar uma... continuidade do escritório, de alguma forma. Eu tô um pouco observando as pessoas, meus contribuidores...

Fotos: Divulgação

AE – Está se reinventando, é isso? AC – A todo momento, o tempo inteiro. Cada equipe tem sempre alguém fazendo pesquisa de materiais, pesquisas de arquitetura. Para trazer sempre novidade.

faço um projeto desde a fundação até a decoração e desenho dos móveis, acho que é um pouco de tudo. Mas eu gosto muito de interiores ainda. AE – Esse teu escritório em Nova York: o que muda em termos de clientes em relação ao escritório no Brasil? AC – É uma cultura diferente. Uma sociedade diferente, que pensa de uma forma diferente, com demandas diferentes. Um poder aquisitivo diferente. Tem uma forma de pensar a casa distinta da nossa. Claro que o sistema consultivo totalmente diferente, até o sistema de medição, mas acho que isso é a parte menos difícil. O mais complicado mesmo é a questão cultural. O americano pensa muito no conforto pelo conforto, o brasileiro é muito mais estético – ele pensa na estética em primeiro lugar. AE – E qual o melhor dos dois mundos? AC – Acho legal o equilíbrio, na verdade. O mundo é interessante de modo geral. Trabalhar com culturas diferentes é muito interessante. Eu sou brasileiro, então sou meio suspeito achar o Brasil melhor que os Estados Unidos. Mas, pensando assim, mais friamente, o que é legal no mundo em que a gente vive é que não somos iguais, né?

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Há 17 anos publicando cada vez mais conteúdo e inspirações. Apresentando o que está acontecento na arquitetura, design e nos vários estilos de vida. Tudo isso para estar cada vez mais, perto de você, que faz parte da nossa história!

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LIVRO

HABITAÇÃO COM O PÉ NO CHÃO No Manual do Arquiteto Descalço, Johan Van Lengen expõe as questões habitacionais ainda atuais

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m se tratando de arquitetura sustentável, o livro Manual do Arquiteto Descalço é considerado um clássico na área. O autor, o arquiteto Johan Van Lengen, descreve seu livro — um best -seller mundial, com mais de 300 mil exemplares vendidos — como uma resposta aos desafios atuais da questão habitacional. Usando os conceitos da bio-arquitetura, que une ecologia arquitetura e urbanismo. Revela técnicas e maneiras de construção em harmonia com a natureza e os seus recursos promovendo o equilíbrio entre o meio ambiente e o progresso e ao mesmo tempo ajudando o homem a habitar o mundo de forma digna. Nesta obra o arquiteto propõe explicações surpreendentes sobre contextos climáticos formas e materiais que capacitam soluções sobre energia água e saneamento que ajudam na obra através do uso de eco-tecnologias alternativas. É uma revolução e uma filosofia que Johan van Lengen propõe ao homem do século XXI. Escrito de uma forma simples e efetiva, todo o conjunto de informações são passadas ao leitor através de desenhos, a maioria em perspectiva, e explicados de forma clara. Com isso pode alcançar mesmo o leitor que não possua qualquer base formal em arquitetura. Ao mesmo tempo, é um livro técnico em que se pode notar uma proposta de um novo padrão de comportamento para a construção. No livro, Lengen estimula a integração do ser humano com o ambiente em que ele vive e apresenta, dentre outras áreas, explicações sobre contextos climáticos, formas e materiais. E mostra saídas para essa integração com a utilização de ecotecnologias alternativas relacionadas à energia, água e saneamento. Ao mesmo tempo o autor apresenta no livro soluções para o processo de construção combinando técnicas tradicionais e modernas.

Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação

A clareza e simplicidade das informações são fortes componentes do livro, e possuem a capacidade de estimular o leitor a ter mais interesse pelo processo de construção. “Esse manual foi feito para desenvolver a confiança daqueles que tem o sonho de construir e desejam compreender a relação entre habitação e seu entorno, seus limites e suas possibilidades. Espero que estas pessoas consultem este livro e encontrem nele algumas soluções que facilitem sua realização”, destaca o autor em texto que apresenta o livro. O autor: O holandês Johan Van Lengen nasceu em Amsterdã, em 1930. Após a Segunda Guerra Mundial mudou-se para a América Latina, residindo no Equador e México, onde pesquisou as habitações indígenas. Seus primeiros contatos com a consciência ecológica foram nos anos 1960, na Califórnia, quando teve sua inspiração para sua idéia de arquitetura e urbanismo sustentáveis. Desde 1977 é conselheiro da ONU para questões de urbanismo e passou a morar no Brasil onde criou o Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bioarquitetura (Tibá).

Emporio do livro 736 páginas

Autor: Johan Van Lengen

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GRANDES ARQUITETOS

CRIANDO CENAS

INESQUECÍVEIS Esse mantra pauta a carreira do japonês Fumihiko Maki, um dos mais importantes profissionais de seu país

FumihikoMaki-Massachusetts Institute of Technology Media Arts

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os 91 anos, Fumihiko Maki já tem mais do que consagrado seu status como um dos maiores arquitetos japoneses da história. Seu trabalho é marcado pelo encontro das culturas oriental e ocidental e também pelo uso de novos materiais e métodos. Ele foi reconhecido com um Pritzker em 1993. Maki nasceu em Tóquio, em 1928, e se formou em arquitetura na Universidade de Tóquio em 1952, onde estudou com Kenzo Tange. O mestrado foi na Graduate School of Design, de Harvard, nos Estados Unidos. Após trabalhar nos EUA, ele voltou ao Japão em 1965 para abrir seu próprio escritório: Maki and Associates, na capital. E aí ele começou a trilhar um caminho que marcaria a arquitetura de seu país, usando muitas vezes o conceito de criar “cenas inesquecíveis”. São projetos como a YKK Guest House, em Kurobe (1982), o edifício

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Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

Spiral, em Tóquio (1985), o Museu Nacional de Arte Moderna de Kyoto (1986), o ginásio metropolitano de Tóquio (1990), a Igreja de Cristo, também em Tóquio (1995). O ginásio municipal de Fujisawa (1984) é outro exemplo de sua abordagem mais livre. “Seu telhado afiado de aço inoxidável parece flutuar virtualmente acima da arena principal, separado dos espectadores por uma faixa de luz e apoiado apenas em quatro pontos. Alguns críticos compararam sua complexa forma metálica a uma nave espacial ou um besouro, enquanto outros a consideraram uma reminiscência de um capacete de samurai medieval”, analisa o texto biográfico do Pritzker. Com o tempo, começou também a ser convidado para projetos ao redor do mundo. É o caso do Centro de Artes Yerba Buena, em San Francisco, EUA, de 1993; o prédio de escritórios Solitaire, em Dusselforf, Alemanha,


de 2001; uma extensão do MIT Media Lab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA, em 2009. Ele também desenhou uma expansão para o prédio das Nações Unidas, em Nova York, e o arranhacéu 4 World Trade Center, que integra o complexo World Trade Center site, o local onde ficavam as torres gêmeas destruídas nos ataques de 11 de setembro de 2001. “Fumihiko Maki chama a si mesmo de modernista, inequivocamente. Seus edifícios tendem a ser diretos, às vezes subestimados, e feitos de metal, concreto e vidro, os materiais clássicos da era modernista, mas a paleta canônica também foi estendida para incluir materiais como mosaico, alumínio anodizado e aço inoxidável”, diz a biografia do arquiteto, segundo o Prêmio Pritzker. “Juntamente com muitos outros arquitetos japoneses, ele manteve um interesse consistente em novas tecnologias como parte de sua linguagem de design, aproveitando frequentemente os sistemas modulares na construção”. Para Maki, a criação arquitetônica é uma “descoberta, não invenção... Um ato cultural em resposta à imaginação ou visão comum da época”. Ele também

tem uma definição para o legado do arquiteto: “É responsabilidade do arquiteto deixar para trás edifícios que são ativos para a cultura”.

Spiral Building, Aoyama

Arquiteto:

Aga Khan Museum

Fumihiko Maki

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A HISTÓRIA DE

INFLUÊNCIA CENTENÁRIA

A escola Bauhaus, marco do modernismo na arte e arquitetura, completou 100 anos em 2019 Texto: Alex Lacerda | Fotos e imagens: Divulgação

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e você trabalha com arquitetura ou design de interiores, paisagismo ou mesmo é interessado no campo das artes plásticas, pode ter certeza que a grande maioria da produção atual nestas áreas sofre influência da Escola de Bauhaus. Tendo completado um século de história em 2019, a Casa da Construção, como se traduz o termo em alemão, foi uma das principais instituições de arte do século XX. Fundada pelo arquiteto Walter Gropius em 1919 na cidade de Weimar, na Alemanha, a Escola de Bauhaus tinha como elementos base o desenvolvimento artístico e o design arquitetônico, aos quais se somavam diversas expressões artísticas em razão da influência modernista que o seu criador recebia. Concebida para ser um dos “carros-chefes” do modernismo, a escola teve sua criação marcada por um manifesto que continha todo seu programa artístico e unia a Academia de Belas Artes com a Escola de Artes Aplicadas de Weimar em uma só entidade, procurando assim estreitar relações criativas artesãos, artistas e a indústria. Tal relação é mencionada diretamente num dos trechos do manifesto: “A arquitetura é a meta de toda a atividade criadora. Completá-la e embelezá-la foi antigamente, a principal tarefa das artes plásticas... Não há diferença fundamental entre o artesão e o artista... Mas todo artista deve necessariamente possuir competência técnica. Aí reside sua verdadeira fonte de inspiração criadora... Formaremos uma escola sem separação de gêneros que criam barreiras entre o artesão e o artista. Conceberemos uma arquitetura nova, a arquitetura do futuro, onde a pintura, a escultura e a arquitetura formarão um só conjunto”. Notada mente uma das escolas que mais ousaram na estrutura e concepção de arte, a


Bauhaus procurava instruir artesãos e artistas a produzirem objetos simples, efetivos e bem feitos. O ensino tinha a participação colaborativa de artistas, mestres de oficinas e alunos, com os mais diferentes tipos de criação, e era dividido em três fases. Inicialmente, os estudantes eram ensinados a se liberarem de preconceitos do conservadorismo estético e a estimularem seus dos naturais. Num segundo momento os ensinamentos alcançavam maior complexidade, desenvolvendo projetos industriais, pintura, escultura, arte publicitária, teatro, entre outros. A terceira fase começava com o aluno ingressando no curso de arquitetura. A escola passou por três direções. Primeiro com o seu criador, Gropius. Depois, Hannes Meyer, a partir de 1928, enfatizando o lado social em relação ao design. E a última fase, de 1930 a 1933, com arquiteto Mies van der Rohe, considerado um dos arquitetos mais importantes do século XX.

A Bauhaus foi, então, fechada, perseguida pelo regime nazista. Seus integrantes, porém, fugiram da Alemanha e continuaram espalhando os ideias da escola pelo mundo. Artistas renomados na época participaram de diversos projetos da Bauhaus, como Wassily Kandinsky e Paul Klee. O impacto da Escola de Bauhaus, no entanto, pode ser vista na produção de diversas áreas até hoje, principalmente por ter revolucionado o design moderno, buscando a simplicidade nas formas e linhas de acordo com a função do objeto. Além disso, em muitas casas e prédios ao redor do mundo, é possível encontrar a influência da escola. Nas obras de Oscar Niemeyer, por exemplo. Até na música houve influência: a banda inglesa Bauhaus surgiu em 1978, pioneira do rock gótico. Durou até 1983, voltou em 1998, depois de 2005 a 2008, e mais uma vez este ano.

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REPORTAGEM

PARA ESTAR

PRESENTE

Projetos buscam incluir espaços que valorizem o convívio e e a interação entre as pessoas

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homem é um animal que cria, recria e muitas vezes muda de ideia. E essa recriação e novas ideias nos impulsionam a buscar novas coisas, novos ares. Assim também fazemos com os objetos, com as edificações... ressignificando tudo, mudando, adaptando às novas necessidades físicas, emocionais de de convívio. Ressignificamos grandes espaços, como praças públicas, mas também transformamos uma velha geladeira em uma biblioteca ao ar livre, onde as pessoas podem doar ou pegar livros, como e quando quiserem. Soluções como essa ajudam a estimular algo cada vez mais raro entre as pessoas: a gentileza. Para o arquiteto Ricardo Nogueira Paiva, da CRN Arquitetura, os espaços que requalificam e valorizam o convívio entre as pessoas e as cidades, são aqueles dimensionados e pensados para promover a interação saudável entre as pessoas. “São espaços ajustados à escala humana”, comentou.

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Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Divulgação

Ricardo disse ainda que esses espaços são muito importantes para a sociedade “Sejam eles construídos ou não, têm como premissa base a promoção das conexões entre as pessoas, independente de sua classe social. Entendo que a tecnologia ao mesmo tempo que aproximou pessoas distantes, afastou as mais próximas. Acredito que os costumes de socialização em família e entre amigos devem ser resgatados para continuar a promover esses momentos, por isso a importâncias desses espaços que requalificam e valorizam o convívio entre as pessoas”, assegurou.

Nem sempre construção A arquitetura com foco nas pessoas, nem sempre está associado a construção. Essa arquitetura deve acima de tudo promover acessibilidade e respeito aos usuários. “Longe de serem apenas espaços públicos. “Hoje como integrante de um escritório que tem foco de


atuação em incorporações e no segmento corporativo, promovemos e estimulamos isso em todos os empreendimentos”, disse. Ele disse ainda que no repertório projetual do escritório em que trabalha, são utilizados questionários de pós ocupação para identificar as necessidades reais dos usuários. “Entendendo isso, criamos espaços como pocket gardens, espaços de descompressão entre outros”, explicou.

Parques são exemplos Em João Pessoa, para Ricardo, os maiores exemplos de espaços que proporcionam essa interação são os Parques Lineares do Jardim Oceania e o Parque da Lagoa. São grandes exemplos de obras públicas que impactaram não só as pessoas que moram em seu entrono, mas toda a cidade, mudando hábitos. “O setor privado pode promover esses espaços em escalas reduzidas, mas pode levar esse discurso para escalas maiores através de parcerias público-privadas”, comentou. Em um mundo cada vez vivendo no ambiente virtual e onde as pessoas olham cada vez menos para quem está ao lado, ajudar as pessoas a interagirem mais, e a serem mais gentis umas com as outras, nunca é demais.

Foto: Beto Jr

Fotos: Parque Solon de Lucena, por Rafael Passos

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INTERIORES

MINIMALISMO E ESTILO

INDUSTRIAL

Paredes vieram abaixo para adaptar a planta às atividades cotidianas do jovem casal, de origem oriental

E

m busca de mais qualidade de vida, os moradores recém-casados escolheram este apartamento de 85 m² por ficar bem próximo do trabalho dos dois, num bairro tranquilo e arborizado da zona sul de São Paulo. Entregue pela construtora com acabamentos básicos e sem nenhum charme, o imóvel passou por uma reforma comandada pelo arquiteto Bruno Moraes, que derrubou paredes para adaptar a planta às atividades do casal, como cozinhar, assistir séries e receber os amigos. Para atender à primeira demanda, a ideia foi demolir a parede entre a cozinha e a sala. “Mas como não conseguimos abrir a cozinha totalmente

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Texto: Gabriela Fachin | Fotos: Luís Gomes

por causa de um pilar, resolvemos revesti-lo com espelho”, diz Bruno. Mesmo com o imprevisto, o espaço ganhou ilha gourmet, torre de cocção e lava-louças. Presente de casamento, a geladeira branca foi adesivada para combinar com o cinza da marcenaria. A mesa de jantar, iluminada por três pendentes de concreto, fica junto à ilha. Na parede do bar, o ladrilho hexagonal combina com as luminárias e também com o piso de porcelanato, que reproduz o visual do cimento queimado. A prateleira decorativa, sustentada por um tirante de aço, completa o conjunto com charme.


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No lavabo, a bancada entregue pela construtora foi aproveitada, mas o ambiente ganhou piso e papel de parede novos. Na lavanderia enxuta, o tanque de embutir economizou espaço na superfície do tampo de quartzo, enquanto o varal foi desenvolvido sob medida. O banheiro recebeu revestimentos novos no piso e dentro do boxe, seguindo uma paleta com nuances de cinza. Exemplo de um projeto focado em cada detalhe, o ralo linear e o nicho de quartzo arremataram o espaço do banho. Sinônimo de aconchego, o quarto do casal coleciona soluções para espaços pequenos: portas espelhadas nos armários, prateleira fazendo a vez de mesa de cabeceira e gavetões sob a cama. “O casal é oriental, por isso criamos a cama como um tablado de madeira, que ultrapassa a medida do colchão”, explica o arquiteto. “Esse móvel, que funciona muito bem para os moradores se sentarem e calçarem os sapatos, fica na altura perfeita para cumprir essa função”, complementa.

Em alguns dias da semana, os moradores costumam trabalhar em casa, por isso incluir um escritório no projeto foi providencial. O home office ocupa o espaço de um dos três dormitórios e, para ganhar espaço, o painel de madeira com elementos vazados substituiu a antiga parede de alvenaria. Na sala de TV, a parede e a porta da varanda saíram de cena para unir os dois ambientes. Os tijolinhos de barro e o móvel que se estende até a sacada dão unidade visual aos espaços. Enquanto isso, o sofá confortável recheado de almofadas está sempre pronto para as maratonas de séries. O décor mescla referências do minimalismo oriental e do estilo industrial. Com clima de lounge, a varanda traz uma solução esperta para esconder a condensadora de ar-condicionado: ela fica dentro do banco de madeira, que funciona ainda como baú para guardar utensílios de limpeza.

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Projeto: Arquitetura de interiores Arquitetos:

Bruno Moraes

Porcelanato: Portobelloshop Alto da Lapa | Revestimento hexagonal: Solarium Bancadas e nichos de quartzo: Granitos Moredo | Cadeira de corda e seat garden: DSA Luminas Persianas: Cortinas Amorim | Painel vazado: Mentha | Marcenaria: Movillar | Pendentes: Lustres Yamamura Revestimento do boxe e parede da cozinha: Eliane | Coifa: Crissair Eletros | Piso vinĂ­lico dos quartos: Tarkett

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INTERIORES

CRIATIVIDADE EM APARTAMENTO DE 40 M² Integração de ambientes foi essencial para aproveitar o espaço reduzido no projeto

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ara transformar este apartamento de apenas 40 m² em um ótimo espaço de convivência para um casal e sua jovem filha, os arquitetos Felipe Luciano e Vanessa Keiko, do Estudio FCK, buscaram priorizar espaços integrados e uso de marcenaria planejada em um projeto criativo e com ótimas soluções para harmonizar todos os espaços. A planta inicial previa apenas um dormitório no apartamento, mas no projeto os arquitetos conseguiram modificá-la para criar dois quartos. Assim, além de diminuírem o quarto principal, passaram o banheiro para o corredor e, onde era anteriormente o cômodo, adicionaram mais um pequeno quarto ao imóvel.

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Texto: Karina Fascina | Fotos: Luís Gomes

No dormitório do casal, a parede principal recebe revestimento de porcelanato branco. A textura do material contribui para a sensação de amplitude do espaço, assim como a escolha por criado-mudo e armário espelhados, que contribuíram para garantir um ambiente mais amplo, sem deixar o design de lado. Seguindo o tom de azul turquesa, o quarto da filha recebe uma decoração jovem e descontraída com delicados objetos decorativos. No espaço, a dupla também criou um home office que integra uma bancada espaçosa e um ótimo gaveteiro para os dias que a jovem precisa estudar em casa. “O painel de TV também foi planejado com nichos para guardar livros e outros itens”, conta Vanessa.


O novo banheiro compacto segue uma decoração minimalista no tom de branco. O revestimento geométrico dá um toque moderno ao espaço, assim como a pia de semi-encaixe, modelo de pouco espaço e com design diferenciado. Nas áreas de estar, os arquitetos abusaram da funcionalidade dos móveis planejados para aproveitar todo o espaço disponível. Com isso, o uso da madeira cria ambientes com cores quentes e estilo rústico em evidência. Seguindo a proposta de propor ambientes visivelmente mais espaçosos, os arquitetos abriram a cozinha para que fosse integrada às salas de jantar e estar. A área, prioritariamente em tons escuros, recebe o vermelho no revestimento do frontão (Porcelanato Magma Design, da Portobello), que ainda oferece uma iluminação especial para facilitar as atividades culinárias. “Prática e funcional, também optamos por uma cozinha com armários e eletrodomésticos aéreos em busca de um melhor aproveitamento, o que também deixou a área mais livre”, explica Felipe Luciano. O espaço também é integrado com a lavanderia, divididos apenas por cobogós. Para as refeições do dia a dia e ocasiões especiais, a sala de jantar recebe uma mesa redonda que comporta até quatro pessoas. O lustre com

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acabamento fosco dá o toque final. Já na sala d e e s t a r, o g r a n d e p r o t a g o n i s t a é o p a i n e l d e TV vazado com acabamento ripado que, além de dar suporte ao aparelho, oferece nichos vazados para decorar com itens da moradora e, também, deixar a luz passar – recurso ajuda a ampliar e conectar os espaços. Do l a d o d i r e i t o , o p a i n e l s egue po r t od a a p ared e , c o n f i g u r a n d o o home office e o e sp aç o d e d i c a d o a o c a f é . D o o u t r o lad o , um a g rand e e s t a n t e d e l i v r o s , i g u almen t e p l ane jad a, engrandece o ambiente e guarda a

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coleção dos moradores apaixonados por boas leituras. Para contrastar com o tom de madeira predominante nos espaços sociais, pequenos pontos de cor marcam de maneira sútil o ambiente, como o quadro, do acervo pessoal do cliente, e a poltrona amarela, no estar. A marcenaria é toda personalizada para os clientes. Na iluminação, os profissionais apostam em luzes indiretas, com sanca de gesso e lâmpadas tubular de LED, criando um ambiente mais intimista na sala de estar.


Projeto: Arquitetura de interiores Arquitetos:

Estudio FCK Porcelanato branco Thassos: Mosarte | Marcenaria: Stilo’s Móveis Objetos decorativos: Uma | Porcelanato Chez Moi: Portobello Cobogós: Manufatte | Móveis: Dunelli Iluminação: New Line, Yamamura Armário espelhados: Arte Moderna Retrô 41


INTERIORES

O MUNDO NO

APARTAMENTO

Ítens de viagens e elementos importados em ambientação de rápida execução

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m apartamento localizado em Moema, antes alugado, e que passaria a ser habitado em pouco tempo – da primeira reunião à entrega da obra em menos de 120 dias –, priorizou a manutenção simples e sem grandes alterações no layout original. Naturalmente, a proposta era chegar a

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Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Vilmar Costa

um ambiente bonito e agradável. Com essas premissas, o escritório DMDV arquitetos pensou um projeto com linguagem contemporânea e decoração com elementos que remetem aos gostos dos clientes, onde predominam o branco, a madeira e o cinza somados a itens trazidos de viagens pelo mundo.


Com a ideia de modernizar o apartamento de 60m² – o que incluía novos revestimentos, marcenaria e parte elétrica, mas sem intervenções drásticas de layout – o casal que habita o imóvel, e que recebe seus filhos em alguns finais de semana, optou por manter um segundo dormitório no apartamento para recebê-los nessas ocasiões. No entanto, a obra tinha prazo curto para ser implementada. Essa limitação de tempo foi condicionante para algumas soluções, como a escolha do piso vinílico ao invés da madeira maciça, por exemplo. Durante a reforma foi removida uma parede em diagonal que reduzia a sala. Conformando um ambiente retangular privilegiando esse espaço, que é o de maior permanência no dia a dia, o dormitório menor foi reduzido. Utilizado com menor frequência, é usado rotineiramente como escritório e, por isso, possui um sofá-cama para as “visitas” dos filhos. Um detalhe interessante é o mapa-mundi, onde adesivos apontam os destinos do mundo já visitados pelo casal. A linguagem dos ambientes foi unificada através do piso vinílico (Tarkett cor Carambola): um cuidado dos arquitetos foi executar os rodapés com um cordão de madeira Freijó maciça de forma a “casar” a cor com o piso. Esse mesmo cordão de madeira vira verticalmente na junção com as portas, funcionando como guarnição e dando continuidade ao desenho. Na cozinha, as bancadas em Silestone cinza são protagonistas. Foi escolhido um piso com tom parecido em contraste com toda marcenaria que é branca, solução em 2 tons, simples e bonita. Por viajarem bastante, os moradores gostam muito do décor étnico e, por isso, o tapete do Nepal, a foto do Holi Festival, na Índia. Outro apreço do morador é a música e sua invejável coleção de

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discos de vinil – para acomodá-los, o escritório desenhou pequenas canaletas de marcenaria para expor alguns desses discos que podem ser trocados rotineiramente.

Projeto: Arquitetura de interiores Arquitetos:

DMDV Arquitetos Obra civil: WF Engenharia Piso vinílico: Tarkett Fademac, Casa Fortaleza Bancadas de Silestone e Nanoglass: Santorini Mármores Iluminação: Labluz e Reka Marcenarias: Móveis e esquadrias Lourenço Abajures decorativos: Lumini | Pendente sala de Jantar: Labluz Cortinas e persianas: Casa Mineira | Pastilhas banheiros: Atlas Porcelanatos banheiros e cozinha: Eliane Louças e metais sanitários: Deca Boxes banheiros: Vidraçaria Decore Fotografias decorativas: Democrart Tapete: Phenicia Concept | Mesa de Jantar e mesa de canto: Ovo Design Cadeiras sala de jantar,sofá e poltrona: Fernando Jaeger Vasos e vegetação: Da Horta Cultivo Afetivo 45


AMBIENTES COM A SUA PERSONALIDADE

PROJETO: DAYANA NUNES E MARCO COSTA FOTOS: VILMAR COSTA 46


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CAPA

VALORIZANDO O Delta Center muda a paisagem no comeรงo do bairro

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A ZONA SUL dos Bancários com bom gosto, requinte e sofisticação

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Texto: Lidiane Gonçalves | Fotos: Vilmar Costa

té pouco tempo, quando se pensava em edificações comerciais de luxo e qualidade em João Pessoa, imediatamente vinham à mente os bairros de praia, considerados áreas nobres da cidade. Mas, essa realidade está mudando. O mundo dos negócios e da construção já sabe que todas as pessoas, independente do bairro em que morem, querem produtos de qualidade, querem o melhor – inclusive nas edificações. Enxergando isso, a Delta Engenharia – construtora que atua principalmente na região sul da cidade, entregou o Delta Center, na avenida principal do Bairros dos Bancários. Um projeto novo, mas já consolidado na cidade. Inclusive, a sede da construtora foi transferida para lá, mais um atestado de comprometimento da empresa com o empreendimento e seus clientes. A arquiteta Perla Felinto Luksys explica que hoje a Delta Engenharia é uma empresa muito forte e estruturada. “Há uma equipe multidisciplinar capacitada a atender todas as demandas de uma obra, seja na execução ou no gerenciamento de terceirizados de serviços especializados”, disse.

Compartilhamento Com o Delta Center, a construtora levou ao bairro dos Bancários a qualidade de um equipamento comercial e empresarial desenvolvido sob uma ótica de modernidade, compartilhamento e conforto. Localizado na “porta de entrada” do bairro, tinha já um compromisso de apresentar tudo que a empresa acredita que o bairro tem como vocação. “A Delta Engenharia tem como diretriz produzir equipamentos buscando um alto padrão de qualidade. Residências que levam sempre em sua essência a busca de inovar, de trazer algo melhor do que havia sendo feito antes. Em seu primeiro empresarial, não poderia ser diferente”, assegurou Perla. Outro valor é a cultura de investimento na região sul da cidade, de grande importância em João Pessoa. 49


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“Desde a contratação do escritório de Paulo Macedo – que é um grande parceiro nosso, e consolidado como um dos melhores escritórios da cidade –, vemos o desejo da equipe de sempre buscar excelência. A importância do projeto de interiores é evidenciada a partir do momento em que sua atuação inicia-se desde a fase de concepção do produto. Ele busca as melhores soluções, traz em seu cerne a visão de arquitetura que respeita o indivíduo e a sociedade, que procura sempre as melhores soluções”, explicou Perla.

Case de sucesso Trata-se de um case de sucesso. O empreedimento tem áreas comuns caracterizadas pela necessidade de fluidez e conforto. Entregar as áreas comuns decoradas e ambientadas tem sido um dos grandes diferenciais. “Isso representa uma economia direta para o condomínio durante desembolso inicial para operação, assim como a possibilidade de iniciar as operações com plenas condições de funcionamento”. Cada área da edificação tem sua vocação: espera, circulação, alimentação, contemplação. Dentro destas diretrizes foram elaborados os projetos para cada espaço. O projeto de interiores “busca harmonizar com a arquitetura, assim trabalhamos dentro da

mesma matiz de cores. Procuramos, tanto no mobiliário, quanto nos acabamentos a sintonia com as linhas modernas da arquitetura do edifício”. Um dos destaques é o hall de entrada que, com seu pé direito alto e materiais diferenciados, evidencia o caráter do empreendimento.

Parceria com empresa local Uma das grandes preocupações em projetos de interiores coorporativos é a qualidade e correto emprego dos produtos especificados, de forma que atendam à demanda de um uso extremo existente em espaços públicos. Contar com a parceria de uma empresa local fez toda a diferença. “A Cabanna foi a fornecedora de todos os móveis da área comum. É uma empresa muito comprometida com a qualidade e o design dos seus produtos, tendo hoje linhas diferenciadas assinadas pelo grande designer paraibano Sérgio Matos. “Ainda tem o diferencial de contar com um ótimo pós venda, fácil acesso à assistência técnica e manutenção. Acreditamos nas inúmeras vantagens de uso de seus produtos em ambientes coorporativos, que exigem alto padrão de resistência no mobiliário”, explica Perla. Um exemplo é a grande praça da alimentação que é o primeiro ambiente que o visitante interage ao entrar na edificação. É

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composto por dois grandes terraços onde a escolha das mesas e cadeiras procura refletir uma atmosfera de descontração e aconchego. “Neste ambiente há a integração entre jardim e cidade, evidenciando o conceito de gentileza urbana, onde a edificação se abre para a cidade, premiando a mesma com perspectivas diferenciadas. Outro ponto alto deste espaço é o belo trabalho de estrutura, conduzido por Paulo Macedo, que emoldura e protege o edifício.

Vagas de Estacionamento No parking, no business. A falta de estacionamento para atender satisfatoriamente a demanda é uma fator determinante para o sucesso de qualquer empreendimento. Pensando nisso, o Delta Center tem mais de 320 vagas, divididas em três subsolos e no térreo. Ter essas vagas de garagem é importante para a comodidade e facilidade de acesso. “Sabemos que hoje na nossa sociedade estacionamento é um grande diferencial de qualidade. Não podia ser diferente nesta proposta em que buscávamos trazer novos conceitos e conforto”, explicou Perla.

Sede da construtora Segundo Perla, o empreendimento, em si, mostra o compromisso da construtora com a região

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sul da cidade, traduzindo zelo e qualidade em toda a edificação. “Assim, não tinha como ser diferente: o Delta Center foi escolhido para abrigar a sede da construtora. Próximo de sua clientela, confortável, belo e inovador, o projeto da sede ocupa dois pisos de uma das torres. Na nova sede, a construtora demonstrou todo esse compromisso”, explica. “O cuidado em cada detalhe, o desejo de surpreender e fazer melhor está em cada ambiente. Salas de atendimento, salas de apresentação e reunião, áreas de estar, em cada canto procuramos

trazer elegância e conforto desde a escolha da paleta de cores, a divisão dos ambientes, tudo foi pensado tendo o cliente como foco”, disse. Ela destaca o projeto de programação visual alinhado à arquitetura de interiores, interferindo no espaço de forma, não apenas informativa, mas propositiva, trazendo aos ambientes uma marca. “Tivemos como parceiro o escritório de Sérgio Sombra, que realizou maravilhosamente a diagramação de toda a sinalização do edifício e sede da construtora”.

Números –15 pavimentos; – 174 salas – 2 salas corporativas com área coberta e solário – 32 lojas, entre térreo e primeiro pavimento – Mais de 320 vagas de garagem divididas entre 3 subsolos e térreo; – 6 Elevadores

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Projeto: Arquitetura de Interiores Arquitetos:

Luksys Arquitetura Mobiliรกrio: Cabanna | Acessรณrios: Deco Haus

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AMBIENTAÇÃO

‘UP’ DE

SOFISTICAÇÃO E PRATICIDADE

Elevadores residenciais são um novo elemento de charme e oferecem conforto para pessoas com necessidades especiais Projeto: Ricardo Vidal

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Texto: Alex Lacerda | Fotos: Divulgação


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té bem pouco tempo atrás, ter um elevador em casa era um sinônimo de luxo. Com os avanços tecnológicos e novos equipamentos, ter um elevador residencial passou a ser uma realidade possível. Além de serem um significativo elemento de valorização do patrimônio, os elevadores residenciais têm se tornado, cada vez mais, uma conveniência indispensável para as pessoas com necessidade de mais acessibilidade e conforto em sua casa. O especialista em gerenciamento de obras e tecnologia da construção, Ricardo Vidal, afirma que, com a proliferação dos condomínios horizontais, cada vez mais pessoas trocam os edifícios multifamiliares por esta modalidade de moradia em busca de segurança e de maior qualidade de vida. “Ao contrário das antigas casas, hoje elas têm sido planejadas repletas de muita tecnologia, com novos dispositivos de segurança e automação. Da mesma forma, os elevadores têm sido cada vez mais solicitados pelos clientes, principalmente em casas com mais de dois níveis”, afirma Ricardo, que tem larga experiência no projeto de residências e instalação de elevadores. Segundo ele, a maior vantagem que o equipamento traz é a facilidade de acesso aos diferentes níveis por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, a exemplo de gestantes e idosos. “Há alguns anos, um programa padrão de residências sempre trazia, por exemplo, uma suíte no térreo para suprimir a demanda dessas pessoas. Hoje, graças ao uso do elevador, já nos deparamos com programas sem essa suíte, o que pode liberar mais espaço para área de lazer ou ao setor social, por exemplo”, explica. Outra grande vantagem do avanço tecnológico atual na área é que se tornou possível adaptar casas já construídas para a instalação de elevador. O arquiteto passou a ter mais subsídios para avaliar as instalações, estrutura, fluxos e funcionamento da edificação possa definir o local e modelo apropriados. Atualmente existem vários tipos de elevadores, como também várias faixas de preço, desde os comuns, que utilizam contrapesos, aos hidráulicos e pneumáticos. O que pode variar bastante o valor são os materiais de acabamento da cabine, que pode ser mais simples, ou mesmo panorâmica. “Temos visto um crescimento nos projetos residenciais com o uso de elevadores. Penso que este equipamento será cada vez mais comum nesta tipologia, tanto pela conveniência, como pelas facilidades de aquisição e instalação junto aos fabricantes”, ressaltou Ricardo, sócio do escritório Dome Arquitetura. O uso de elevadores hidráulicos tem sido o mais comum nos projetos residenciais por sua confiabilidade e pela possibilidade de dispensar a necessidade de uma casa de máquinas sobre o seu poço. Mais uma vantagem que ajuda a criar, por tabela, mais praticidade dentro de casa.

Projeto: Grace Galvão

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ESPECIAL

MORAR NO NORDESTE As características da região inspiram profissionais ao uso de elementos e produtos que criam um jeito próprio para as residências

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orar num ambiente descontraído, leve, com várias referências regionais na decoração. Quem faz essa escolha, sabe que o conceito requer muito bom gosto para não exagerar, mas que também tem a garantia de fazer o resgate das raízes e das tradições que tanto encantam os nordestinos. A palavra de ordem nesses casos é explorar as conexões com a natureza e reforçar as memórias afetivas, dando à decoração elementos étnicos, artesanais, rústicos. E, por isso, a AE foi ouvir especialistas neste assunto. Os arquitetos Katiana Guimarães, Giovani Andrade e Fabiano Melo são unânimes em dizer que o grande trunfo do jeito nordestino de morar é a forma única de receber bem, o que o povo dessa região tão acolhedora domina como ninguém. A arquiteta Katiana Guimarães explica que essa alegria em receber requer espaços amplos. “Somos um povo muito aberto, convidativo, animado e por isso temos que ter espaços de estar, de convivência, bem amplos, generosos e ventilados. Uma das vantagens é que como ele cria esses espaços pra receber, também ficam com um espaço de convívio para os próprios moradores e familiares. Então, você pode usufruir desses espaços sem precisar estar saindo para criar momentos de prazer e relaxamento e diversão, você pode ter isso na sua própria casa”.

Texto: Débora Cristina | Fotos: Divulgação e MB

Segundo Katiana, os espaços gourmets e as salas amplas ganham cada vez mais o gosto dos nordestinos justamente por isso, por essa integração também com a natureza, porque normalmente os espaços são no final da casa, onde geralmente existe um quintal, muitas plantas e isso daí gera um prazer muito grande. Os espaços verdes e arborizados se integram com a parte interna das casas. “Nós pensamos muito nisso, nessa integração, de trazer essa parte de vegetação e lazer pra dentro da casa, e que esses espaços realmente se integrem e se comuniquem. Ou seja: a gente tenta realmente fechar nas casas as partes realmente privativas, como os quartos e banheiros, mas toda a parte de convivência conversa, se comunica, com bastante liberdade e abertura. Essas cozinhas americanas cada vez mais usadas, integradas não só às salas, mas também ao gourmet, e esses espaços se comunicam formando um espaço único”. Para o arquiteto Giovani Andrade, o nosso clima é um grande aliado para esse tipo de decoração. “A gente tem uma incidência solar muito grande, uma temperatura mais quente, então isso faz com que a gente tenha que aproveitar melhor essas características, tanto na parte da luminosidade quanto na da ventilação”, diz ele. “Pra que se tenha uma moradia adequada a esse estilo, a gente vai muito pra linha das sombras, dos grandes beirais, que possam fazer essa proteção dessa


Projeto: Mariana Vilela e Daniel Flórez | Foto Guilhermo Florez

insolação excessiva, mas que ao mesmo tempo a gente consiga aproveitar o que de melhor a gente tem. No caso das moradias litorâneas, temos a vista maravilhosa, a grande ventilação. Então, dessa forma, criamos um microclima bem mais ameno e agradável na residência”. Giovani reforça que o projeto deve sempre priorizar a utilidade de cada cantinho do ambiente. “Quando a gente tá projetando um ambiente que tenha mais forte essas características nordestinas, pensamos logo que ele seja útil, eficaz ao que está se propondo. Sendo um comércio ou uma moradia, ele tem que ser funcionalmente eficiente, mas ao mesmo tempo a gente precisa ter em mente o aproveitamento dessas condições climáticas. O segredo é mesclar os três elementos: sombra, luminosidade e ventilação”. O arquiteto Fabiano Melo reforça que existem vários jeitos nordestinos de se morar, já que fazemos parte de uma região enorme com uma rica diversidade

geográfica, climática e cultural. Para os paraibanos, independente de estar no litoral ou interior, o que há de muito característico é o ano inteiro com abundância de sol e ventos, quase sempre com altas temperaturas. Essas condições explicam o gosto local por áreas sombreadas, seja para descansar ou se reunir. “Varandas, terraços, alpendres, cobogós ou elementos vazados ou qualquer outro elemento que filtre a luz abundante que vem de fora e que permita a contínua circulação do ar são, na minha opinião, elementos que não podem faltar em habitações no Nordeste”, afirma. “No mobiliário, redes, esteiras de deitar e grandes mesas para reunir também são indispensáveis. No ato de projetar, tentamos não pensar nos elementos, mas nos seus efeitos sobre o usuário e o espaço. Esse esforço permite a pesquisa de novos elementos e outras linguagens sem perder a essência do que se pretende com a arquitetura”.

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Um alpendre, por exemplo, para a arquitetura colonial rural consistia em uma estrutura de madeira e telhas cerâmicas em torno da casa. “Para nós, pode ser reinterpretado com outros materiais, dimensões e texturas, desde que mantenha sua função secular de criar sobra e proteger os espaços internos da casa”, afirma Fabiano.

Produtos locais Ao valorizar objetos de grande significado para uma região ou comunidade, todos contribuímos para o crescimento econômico local. Além disso, o regionalismo na decoração também traz um toque rústico para a composição da casa. Por fim, apostar na decoração regional é dar um abraço na cultura e buscar referências de onde viemos, e tudo com muita personalidade. E o que não faltam são opções para deixar o seu cantinho de morar bem mais interessante. A nossa região tem grande riqueza de texturas e produtos

que ajudam a decorar de forma única. São peças de cerâmica, pedra-sabão, cobre e vários outras matériasprimas, além de tapetes, mantas, almofadas trançadas ou bordadas. Mas é preciso reforçar a atenção para não deixar o ambiente exagerado, caricato, temático demais. E isso é possível com a orientação mais que necessária de um profissional, que vai mesclar, na medida certa, peças regionais com outras contemporâneas, sem que elas briguem entre si. Para isso, Giovani Andrade dá algumas dicas e garante que não é nada complicado: “Temos muitos produtos interessantes no mercado e a preços bem acessíveis, só precisa que a gente use a criatividade para fugir um pouco dos padrões pré-estabelecidos e traçar desenhos diferenciados para esses elementos pra que cada vez mais os projetos tenham essa linha de exclusividade e inovação, mas com elementos de baixo custo, como o cobogó ou o tijolo maciço, que é um importante isolante térmico por causa do barro”. Katiana Guimarães também tem uma dica importante: “O mercado está cada vez mais aberto a esse

60 Projeto: Davi Bastos Foto: Reines


tipo de arquitetura e nós temos indústrias maravilhosas de mobiliário para exterior, que aguentam as intempéries, de sol ou chuva. Além disso, conseguimos investir muito bem na integração dos ambientes, pois contamos com peças como vasos especiais e plantas naturais. Temos uma flora bastante vasta, que aceita nosso clima muito bem, tem uma facilidade de ser encontrada e também de manutenção. E a gente consegue trazer esse verde essa liberdade pra dentro das habitações com facilidade”. Fabiano Melo completa: “Atualmente a oferta de produtos, tecnologias e serviços na construção civil tem crescido bastante, e neste leque existem muitas opções que se adequam bem ao clima e cultura nordestinos. Por outro lado, algumas técnicas e materiais tradicionalmente utilizados em construções da nossa região estão cada dia mais difíceis de se encontrar. Taipa de pilão, cimento queimado ou algumas soluções de carpintaria são alguns exemplos. Essas técnicas, repassadas de pai para filho, com o passar do tempo e a globalização estão desaparecendo”. Para ele, é preciso cada vez mais manter viva a tradição de receber bem e o caminho certo para isso é o cuidado no planejamento das cozinhas. “A formação das cidades brasileiras se deu de forma bastante heterogênea. As regiões Sul e Sudeste se industrializaram mais cedo e mais rápido que o Nordeste causando uma forte migração e mantendo em um universo rural por mais tempo que as demais regiões. Isso explica a manutenção de alguns hábitos muito típicos de um Brasil rural e agrícola, especialmente nossos hábitos culinários”. Nosso apego por fartura na mesa requer, portanto, atenção especial ao tema da cozinha da casa nordestina.

Peças importantes Paredes: As pedras vão valorizar o espaço, dando um toque rústico bem característico na decoração regional. Cobogó: Permite uma ventilação constante, mas ao mesmo tempo protege da insolação. Além de ser um elemento gráfico muito interessante, que pode ser explorado nas mais variadas formas, em várias composições diferentes. Cerâmicas: Elas são quase uma unanimidade em qualquer decoração há muito tempo. São, com certeza, uma aposta muito certeira, principalmente se vocês escolher bem as fotos, com cenas que tragam boas lembranças. Fotografias: Elas decoram e dão identidade ao ambiente. Vale investir em fotógrafos da sua região ou até algum conhecido seu. Rede: É um elemento que não poderia faltar nesse jeito nordestino de morar. Tanto ela faz parte da decoração, quanto também deixa o ambiente mais despojado e com a cara do Nordeste. Projeto: Davi Bastos Foto: Reines

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SANTA LUZIA

REDES E DECORAÇÃO Uma história de tradição e excelência baseada na sustentabilidade social, ambiental e cultural

Texto: Alex Lacerda | Fotos: Vimar Costa e divulgação

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preservação das inspirações nas raízes culturais, aliada à uma cultura de sustentabilidade e inovação, marcam uma história que já completa 34 anos de sucesso no mercado. A Santa Luzia Redes e Decoração é uma das mais reconhecidas empresas no mercado nacional, com abrangência de mercado que chega a outros continentes, como a Europa e a África, além da América do Norte. O empreendimento é responsável por uma das mais tradicionais produções de redes e peças para decoração da região. O artesanato e o uso de matéria prima conferem um forte elemento de sustentabilidade para o ambiente e a comunidade de artesãos. “Uma das nossas prioridades como empresa é agir de forma ética e

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responsável, com o uso de uma matéria prima ecológica, o algodão colorido natural e orgânico, e contribuindo para a sustentabilidade de centenas de famílias que trabalham com artesanato”, destaca o CEO da Santa Luzia, Armando Dantas. “Assim, entre nossos desafios, está em garantir uma cadeia produtiva sustentável com a produção de peças de qualidade, prezando pela conservação do meio ambiente, ressaltando que qualidade de vida começa a partir do envolvimento da comunidade, da prática da produção ética e da promoção do consumo consciente”, complementa. O grande destaque da produção são as redes, com uma variedade que vai desde redes de dormir para solteiro e casal, até as redes berço e cadeira. No entanto,


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a empresa oferece uma grande diversidade de produtos para decoração, como colchas, mantas, almofadas, xales, cortinas, jogo americano, tapetes e peseiras, além de acessórios e utilidades como ganchos e extensores para redes. A qualidade e o esmero em cada produto são outros dois pontos importantes na produção: os detalhes, técnicas artesanais e acabamentos manuais compõem as peças, o uso do algodão colorido orgânico e do fio reciclado são um diferencial. “Artes manuais como o macramê dão realce ao produto, utilizando fios de algodão ou reciclados, associando o design à sustentabilidade. Para nós, o modo de fazer é tão importante quanto o produto”, enfatiza Armando Dantas. Sustentabilidade e reconhecimento internacional - Localizada em São Bento, na Paraíba, a tecelagem da Santa Luzia fabrica toda sua produção com duas matérias-primas essenciais: o algodão colorido natural orgânico certificado e também com fios de algodão reciclado e reconfigurados com garrafas PET. “Plantamos o algodão colorido da Paraíba em parceria com agricultores reunidos por associação em assentamentos da reforma agrária e também em comunidades Quilombolas”, explica Armando Dantas, CEO da empresa. Os detalhes de cada peça são executados à mão por mulheres que produzem em suas próprias casas, equacionando o trabalho cotidiano com a atenção aos filhos. São cerca de 400 famílias envolvidas nas etapas de cultivo e trabalho manual. Um sistema de agricultura familiar do algodão colorido natural e orgânico que chamou a atenção da Organização Internacional do Trabalho, que já visitou as instalações da empresa para acompanhar o processo. O mesmo projeto recebeu, em 2018, obteve o reconhecimento de “Excelência Artesanal do Cone Sul” concedido pelo World Crafts Council – WCC (Conselho Mundial de Artesanato) com recomendação da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – Unesco. Algodão colorido - Com uma coloração natural, o algodão colorido orgânico já nasce com nuances do bege ao marrom, o que proporciona uma significativa economia de água, 87%, comparada à produção convencional, em razão de não necessitar de um tingimento químico. A outra matéria-prima é o algodão reciclado, proveniente de resíduos têxteis que já foram tingidos. Depois de separado por cor, o algodão é desfibrado. Para viabilizar que vire um novo fio para um novo tecido é preciso fundir estas fibras com fios de garrafas PET também recicladas. “O fio de algodão natural e o fio de algodão reciclado são as bases de nossas redes de dormir, mantas, tapetes e jogos americanos”, explica Dantas.

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OUTRAS ÁREAS

O CAMINHO

DA LITERATURA

O escritor paraibano Tiago Germano constrói a própria estrada com seus dois livros Texto: Renato Félix | Fotos: Gabriel Munhoz

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vontade de contar para o mundo suas histórias é forte no paraibano Tiago Germano. E o levou longe, através de um caminho que ele mesmo resolveu construir, através do financiamento coletivo pela internet de seu primeiro livro solo, a coletânea de crônicas Demônios Domésticos,

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lançado em 2017 pela Editora Le Chien. Não demorou um ano e ele lançou o segundo, um romance: A Mulher Faminta, pela Editora Moinhos. E essa produção teve sua gestação em outro dos caminhos que o escritor e a literatura traçaram juntos: o doutorado em Escrita Criativa


pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Uma imersão para afiar os talentos e a destreza no uso da palavra. O resultado começou a aparecer antes mesmo que os livros saíssem da incubadora. Demônios Domésticos, por exemplo, abre com a crônica “Óculos ray-ban”, que já chegou lá premiada: ganhou o Prêmio Sesc/DF Rubem Braga em 2016. A Mulher Faminta, por sua vez, foi finalista do Prêmio Sesc de Literatura em 2015. Tiago Germano tem outros reconhecimentos ao longo dessa estrada inicial. Ainda em 2005, o suplemento Correio das Artes, do jornal A União, o premiou como autor revelação — algumas das crônicas que motivaram o prêmio estão em Demônios Domésticos. Em 2016, publicou um conto na antologia do Prêmio Off-Flip de Literatura, foi finalista da Segunda Temporada de Originais da Editora Grua e do Prêmio Açorianos de Criação Literária. Em 2018, mais uma final: a do Prêmio Nacional Cepe. O material é o romance O que Pesa no Norte, produzido em seu mestrado e ainda inédito.

Pode ser o próximo passo do escritor que também é um corredor de rua. A estrada da literatura, que já o levou a uma longa temporada em Porto Alegre, para sua pósgraduação, também o levou de volta à sua cidade natal, Picuí, no sertão paraibano. Lá, ele também botou para fora seus Demônios Domésticos no começo de 2018. Tanto em um livro quanto no outro, nos textos curtos ou no longo, Tiago Germano usa o que viveu e as pessoas que conheceu como mola propulsora para sua imaginação, temperada pela cuidadosa arquitetura das palavras. Enquanto o novo livro não vêm, ele prossegue em seus estudos agora na Inglaterra e seu palco é tanto o site Literatortura quanto coletâneas diversas, como Torturas de Amor , com contos baseados em canções do universo brega. Uma maneira de não ficar muito longe daquele a quem busca no sonho artístico que o tem feito calçar o tênis e correr em sua direção: o leitor.

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CARTA DO LEITOR

ENDEREÇOS

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PONTO FINAL

Prefiro

desenhar do que falar. O desenho é

mais rápido e deixa menos espaço para

mentiras.

LE CORBUSIER Arquiteto

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