Ano X nº 39 Set / Out / Nov2012
arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida
www.artestudiorevista.com.br
CERCADO DE VERDE Chalé convive em harmonia com a natureza no projeto de Gilvane Bittencourt
MODERNIDADE E TRADIÇÃO
A reforma de um escritório de advocacia, por Reneê Katiana, equilibrou os dois aspectos
MUDANÇA RADICAL
Reforma comandada por Adriana Leal transforma uma casa
TRANQUILIDADE MÁXIMA
Projeto de Doralice Camboim para clínica médica dá ares intimistas ao local
DESCONTRAÇÃO BEM PENSADA
Ar jovem para uma loja no projeto de ambientação de Nádia Pedrosa e iluminação de Germana Cabral
E mais: matérias especiais sobre urbanismo, arquitetura do chinês Wang Shu e arte urbana
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NOSSA CAPA
Sumário
Set/ Out / Novembro 2012
ARTIGOS VISÃO PANORÂMICA 12
Amélia Panet pergunta por que não colaboramos com nossa própria segurança
VIDA PROFISSIONAL 14
Ênio Padilha fala sobre a importância do cartão de visitas
VÃO LIVRE
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ENTREVISTA
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Maurício Montenegro questiona a mobilidade urbana na administração pública
ENTREVISTAS Marcelo Hobeika fala sobre a importância da arquitetura industrial na história brasileira
CONVERSA FRANCA 98
Fernando Abath comenta o encontro da educação e da cultura
PROJETOS NACIONAL
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CLIMA INTIMISTA
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MODERNIDADE NA TRADIÇÃO
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TUDO MUDOU
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AMBIENTE JOVEM
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NOSSA CAPA
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ILUMINAÇÃO COMERCIAL
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O Centro Educativo Burle Marx, que fica na cidade mineira de Inhotim
Projeto de clínica médica foi pautado pela tranquilidade
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A reforma de um escritório de advocacia procurou aliar os dois aspectos
Grande reforma faz transformação geral de uma casa na cidade de Patos
Loja de roupas busca ambientação em sintonia com o seu público
Um chalé reflete o amor da cliente pela natureza
A luz valorizou o showroom de uma distribuidora de vidros
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Set/ Out / Novembro 2012
DICAS & IDEIAS 32 AMBIENTAÇÃO
A arte urbana migra das ruas para dentro das residências e lojas
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84 A HISTORIA DE...
A iluminação pública foi fundamental para a vida moderna
CONHEÇA 18 LIVRO
Rosane Araújo faz relação psicológica entre pessoas e o local onde moram em A Cidade Sou Eu
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24 GRANDES ARQUITETOS
A modernidade e as referências históricas na arquitetura do chinês Wang Shu
78 ACERVO
A história ainda vive no vale do Rio Sanhauá, em João Pessoa
86 ARQUITETURA E ARTE
78 EXPEDIENTE
A arquitetura em Dogville, um filme sem paredes ou portas
88 VIAGEM DE ARQUITETO
A emoções pré-colombianas das cidades da Cordilheira dos Andes
Diretora executiva - Márcia Barreiros Editor - Renato Félix, DRT/PB 1317 Redatores - Alex Lacerda, Débora Cristina,
SOCIEDADE
Neide Donato, Renato Félix e Thamara Duarte
Diretor de criação - George Diniz Diretora comercial - Márcia Barreiros Arte e diagramação - George Diniz / Welington Costa Fotógrafos desta edição - Diego Carneiro, MB Assist. produção - Túlio Madruga Impressão - Gráfica JB ARTESTUDIO é uma publicação trimestral, com tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista, nem seus editores. Contato : +55 (83)
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Artestudio Márcia Barreiros
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82 REPORTAGEM
Como a urbanização de comunidades pode ajudar a população de baixa renda
88 ESPECIAL
As cidades que nasceram “artificialmente”
92 EXPRESSÃO NACIONAL
Junior, um dos maiores ídolos do Flamengo em todos os tempos
95 ESTILO DE VIDA
Genilson Santos de Oliveira, verdade e transparência
As matérias da versão impressa podem ser lidas, também, no nosso site www.artestudiorevista.com.br com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos de projetos
TRANSFORME SUA CASA . M U D E S UA V I DA .
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AV. E D S O N R A M A L H O , 1 0 6 1 • M A N Í R A • J O Ã O P E S S O A • P B
W W W. M A R E L .C O M . B R
Editorial Colaboradores desta edição
Vida urbana
Márcia Barreiros
Diretora executiva e arquiteta
George Diniz Diretor de criação
Wellington Costa Produção e diagram.
Diego Carneiro Fotógrafo
A vida nas cidades sempre foi tema do noticiário, mas até o que sempre foi sintoma de desenvolvimento se tornou um problema a ser resolvido. Exemplo: a mobilidade urbana. Uma cidade de porte médio, como João Pessoa, já enfrenta um trânsito impossível. Já tratamos disso em outras edições da ARTESTÚDIO e, nesta, abordamos outros aspectos sobre a nossa vida urbana. De que maneira a urbanização de comunidades resolve o problema ao invés da remoção. Quais as qualidades e problemas das cidades e bairros planejados, pensados e criados artificialmente pelo homem. De um ponto de vista histórico, a iluminação pública é mostrada como revolucionária na vida das cidades. Até a relação psicológica entre os habitantes e a cidade onde moram é discutida, no livro de Rosane Araújo. E também mostramos como o grafite e a arte urbana, nascida nas ruas e por muito tempo marginalizada, têm ganhado destaque na decoração de residências e lojas. As cidades têm inúmeros outros temas a serem abordados. Mas aqui já temos algo para refletir, discutir, conhecer e se entreter. Então, boa leitura! PS: E até o número 40, nossa edição de 10 anos! ARTESTUDIO
Túlio Madruga Assist. produção
Renato Félix Editor e Jornalista
Alex Lacerda Jornalista
Débora Cristina Jornalista
Neide Donato Jornalista
Thamara Duarte Jornalista
Amélia Panet Arquiteta Ênio Padilha Mestre em Administração
Visão Panorâmica
Amélia Panet
arquiteta
O
“Mãos ao alto! É um assalto!”
utro dia, ao entrar num banco para fazer um pagamento fui convidada pelo segurança da empresa a abrir a minha bolsa para mostrar o seu conteúdo. A porta giratória teimava em apitar e não permitia a minha entrada. Prontamente abri o meu caçuá, apresentando o que nele continha, e pude adentrar, tranquilamente, o estabelecimento. Não me ofendi em nenhum momento com o procedimento exigido. Alguns minutos depois, escuto um alvoroço na tal porta giratória. Primeiro, uma senhora indignada, sentindo-se ofendida, esbravejava por ter a sua privacidade invadida ao mostrar o interior da sua elegante Louis Vuitton. Segundo a ofendida, o segurança deveria observar o seu porte de “dama” e deduzir que não se tratava de nenhuma profissional do crime. Outro senhor, ainda do lado de fora da agência, recusava-se a abrir a sua bolsa de couro envelhecido “tipo carteiro”. Mostrando o cartão do banco, perguntava indignado: “Vejam, se eu fosse um ladrão andaria com o cartão do banco no bolso?”. Nisso, chega o gerente, mais seguranças e o imbróglio estava armado. O que é isso? Queremos segurança e não colaboramos. Qual é a cara de um suspeito hoje, se outro dia até uma velhinha adentrou uma agência portando uma arma? Quando viajamos para outra cidade ou país passamos por uma verdadeira vasculhada em todos os aeroportos. Somos interrogados, escaneados, apalpados e ninguém abre a boca. Aqui não podemos mostrar a nossa bolsa?! Tenho certeza de que se formos assaltados dentro de qualquer agência iremos processar o estabelecimento por falta de segurança. Onde está a coerência? Onde está a responsabilidade compartilhada pela segurança? E isso se estende também ao espaço público. A segurança pública é um dos temas mais discutidos na nossa cidade. Cobra-se dos poderes públicos a segurança para a preservação da
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ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, conforme estabelece o Art. 144 da Constituição Federal. Sim, é nosso direito exigir do Estado uma cidade segura para que possamos exercer com plenitude nossas atividades cotidianas. Mas também cabe a todos nós a responsabilidade para ter uma cidade segura. A segurança pública é uma responsabilidade compartilhada e deve ser, portanto, solidária. Os órgãos responsáveis pela segurança vão da esfera federal à municipal, como a Guarda Civil, que em João Pessoa, além das atribuições de guardadores de bens públicos, possuem as funções de protetora dos direitos do cidadão, das questões ambientais e das situações de vulnerabilidade social envolvendo gênero, crianças e adolescentes.
Sabemos que os problemas relacionados à violência urbana vão além da esfera da segurança. Perpassam por áreas como: saúde, educação, limpeza urbana, violência no trânsito, gênero, geração de trabalho e renda, rede de proteção social, gestão participativa e infraestrutura, apenas para citar algumas. Nesse pequeno ensaio não poderei dar conta de todas essas áreas que contribuem para um conceito mais complexo e amplo de segurança cidadã, onde as políticas públicas são pensadas, não apenas de forma reativa, mas enquanto forma próativa, no sentido da prevenção. Assim, vejamos o que cabe à gestão pública quanto à questão da infraestrutura urbana no quesito espaço público, aspectos diretamente relacionados ao conceito de urbanidade. A palavra urbanidade, enquanto condição de ser algo, é a qualidade do que é urbano, civilidade, e se opõe à ruralidade, o que viria do rural, relativo ao campo, às áreas não urbanizadas. Enquanto comportamento, urbanidade está para algo refinado, delicado, ter boas maneiras, finura, elegância. No urbanismo esse termo é muito usado relacionando-o à qualidade do espaço público. O grau de urbanidade de um espaço se mede de acordo com a qualidade dos seus logradouros (praças, ruas, avenidas, travessas, calçadas, parques, etc.). Assim, o que faz com que esses espaços tenham qualidade urbana? Além da diversidade de seus usos, com atividades que atendam às nossas necessidades enquanto população, esses espaços devem ser bem planejados, acessíveis, arborizados adequadamente, bem iluminados e com qualidade construtiva. Quando Jane Jacobs publicou, em 1961, o seu manifesto “contra os princípios e os objetivos que moldaram o planejamento urbano e a reurbanização modernos e ortodoxos” das cidades americanas, sua principal intenção foi apresentar princípios diferentes, que ao seu olhar, não viciado pela formação urbanística, ilustravam o funcionamento de uma cidade acolhedora ao convívio humano.
Para a autora sua argumentação estava sustentada na necessidade que as cidades têm uma “diversidade de usos mais complexa e densa”, para que possibilitem entre eles uma “sustentação mútua e constante, tanto econômica quanto social”. Esse aspecto está diretamente relacionado à segurança pública. Um espaço bem cuidado, diversificado e adequado às nossas necessidades será frequentado por todos: famílias, crianças, adolescentes, idosos e adultos. Um espaço ocupado pela população é um espaço seguro. Entretanto, para que isso ocorra é necessário compreender que tipo de ordem inata e funcional possui cada cidade e, que tipo de cidade desejamos. Ainda me referindo à autora de Morte e Vida das Grandes Cidades, são os olhos da rua que vigiam esses espaços, os nossos olhos, os olhos de todos. Assim, dentro dessa visão de segurança compartilhada, cabe a todos nós participar da concepção desses espaços através dos instrumentos de participação social, como o orçamento democrático, para sentir-se parte integrante desse universo público, e poder colaborar com a sua manutenção de forma adequada: não jogando lixo no chão, recolhendo os dejetos dos nossos cachorros, não danificando o mobiliário urbano, não arrancando as plantas, entre tantos outros vandalismos que, infelizmente, ainda existem na nossa sociedade. Precisamos desenvolver o sentimento de pertencimento com a “coisa” pública. Sem dúvida, cabe à gestão pública qualificar cada vez mais os espaços públicos e cabe à população valorizálos como palco privilegiado do convívio humano. Espaços públicos qualificados humanizam as relações, por isso eles são tão essenciais para a segurança das nossas cidades.
Fotos: MB e Divulgação
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Vida Profissional
Ênio Padilha Engenheiro e mestre em administração
Cartão de visitas A figura da página ao lado é o cartão de visitas da arquiteta Zaha Hadid. Ele é exatamente o oposto do que eu recomendo aos arquitetos e engenheiros nos meus cursos de marketing para engenharia e arquitetura. Então, antes de continuarmos essa conversa, saiba o prezado leitor que não há nenhum problema em apresentar aos seus interlocutores um cartão como este aí. Basta que você seja um starchitect (termo cunhado nos EUA para se referir aos arquitetos cuja celebridade e aclamação da crítica os transformam em idolos da arquitetura mundial e dão a eles um degrau de fama no nível de artistas do cinema ou TV). Claro que ajuda, como no caso de Zaha Hadid, ganhar um Premio Pritzker (Oscar da arquitetura mundial), como ela ganhou em 2004. Se este não é o seu caso... recomendo prestar atenção em algumas coisas importantes quando o assunto é CARTÃO DE VISITAS. A primeira coisa é a seguinte: os engenheiros e arquitetos (pequenas empresas prestadoras de serviços em geral) precisam se dar conta da função estratégica que o cartão de visitas desempenha nas suas relações com o mercado. Existe uma grande diferença de função do cartão de visitas em uma grande corporação (uma grande empresa, com investimento de milhões em propaganda e publicidade) e em uma pequena empresa com limitados recursos de promoção. Para uma empresa do porte de uma Volkswagen, uma Panasonic, uma Nike ou coisa parecida, o cartão de visitas não tem função de propaganda. Ele não precisa ser concebido para ser um veículo de divulgação da empresa ou de seus produtos. Serve apenas como um identificador da pessoa que o está portando. Toda a publicidade na mídia, além de outras peças de divulgação, como os folders, os catálogos, os encartes e tantos outros recursos fazem o trabalho da promoção da empresa e dos seus produtos. Quando a empresa é pequena, porém, a configuração é outra. Não existem esses “milhões” despejados em tantos canais de comunicação. A empresa tem, geralmente, escassos recursos de publicidade e propaganda. É preciso racionalizá-los ao máximo. Cada centímetro quadrado disponível 16
precisa ser utilizado da forma mais inteligente possível. O cartão de visitas transforma-se, assim, num dos importantes recursos de propaganda da sua atividade profissional. É aí que temos o primeiro problema: por vaidade, muitas vezes alimentada por publicitários despreparados, muitos engenheiros e arquitetos concebem seus cartões de visitas de forma equivocada, sem se dar conta da sua função no marketing do escritório. Concebem cartões com prioridades invertidas e perdem um grande aliado na luta pela conquista do mercado. Os objetivos de um cartão de visitas, para um engenheiro ou arquiteto, devem ser, número um, dar ao cliente as seguintes informações importantes sobre o profissional: quem ele é; o que ele faz; onde ele está e, finalmente, como fazer contato, quando for necessário; número dois, instrumentalizar o cliente para a propaganda boca-a-boca, caso o cliente esteja motivado a fazê-la e, número três, apresentar informações que, de alguma forma, provoquem no cliente (ou em quem quer que tenha acesso ao cartão) uma percepção positiva e diferenciada do profissional e do produto (e não do cartão). Ocorre que, para atingir esses objetivos é preciso aceitar uma condição fundamental: um cartão de visitas não precisa ser bonito nem diferente. Isto não quer dizer que o cartão de visitas pode ser feio, carregado ou ter informações mal distribuídas. Quer dizer que tentar fazer do cartão de visitas uma obra de arte (sacrificando, muitas vezes a sua função de propaganda) é um erro (frequentemente cometido). Antes de ser bonito ou diferente o cartão de visitas precisa ser eficaz. Precisa cumprir a sua missão de divulgar a empresa e seus produtos.
O Formato O tamanho tradicional de um cartão de visitas é 90x50mm (até 95x55mm). Alguns designers, no entanto, sugerem as medidas 85x45mm, que é o tamanho dos cartões de crédito. Não vejo problemas em adotar qualquer uma das três medidas. Mas recomendo fortemente que os colegas arquitetos e engenheiros não inventem formatos alternativos (como o caso da figura no início deste artigo). À menos, claro, que aquelas condições mencionadas estejam atendidas. O tamanho do cartão de visitas não é território para manifestação de criatividade. Cartões de visitas quadrados, redondos, elipsoidais, hexagonais ou - não sei qual é o formato do cartão da arquiteta Zaha Hadid - costumam encurtar o caminho entre a mão de quem recebe e o cesto de lixo mais próximo. É verdade! Veja bem: existem inúmeros dispositivos vendidos em papelarias (ou fornecidos como brindes por empresas) cujo objetivo é armazenar e arquivar cartões de visitas. Esses dispositivos (todos eles)
pressupõem que o cartão de visitas seja retangular, com medidas entre (45 a 55) x (85 x 95) mm; qualquer tamanho que seja diferente disso vai ficar sem ser arquivado. Seu destino será, na melhor das hipóteses, a reciclagem de papel. Por falar em papel, esta é uma outra questão. Algumas pessoas acham uma boa idéia fazer cartões de visitas de PVC, plástico, vinil, películas, e até em material adesivo, com imã de geladeira. Péssima idéia! De novo, vou repetir: não inventa! Cartão de visitas deve ser feito em papel cartão. De preferência, que permita escrever alguma coisa nele com caneta esferográfica comum (muitas pessoas, ao receberem um cartão de visitas, costumam fazer anotações para recuperar memórias, no futuro). Outra coisa importante: as informações, no cartão de visitas devem estar na horizontal. Todos os profissionais que me apresentaram (nos cursos) seus cartões de visitas na vertical, quando foram perguntados sobre o porquê de terem adotado esta orientação, responderam que (1) é porque fica mais bonito; (2) é porque fica diferente! É uma manifestação de criatividade! Respondo primeiro a questão 2. E respondo com uma pergunta: diferente de quem? Criatividade em relação ao quê? Se mais de metade dos arquitetos tem cartão de visitas na vertical, ao escolher essa forma o profissional que está tentando ser diferente acaba apenas sendo igual a todos os demais arquitetos. Onde é que está a criatividade nisso? Quanto à primeira questão (a de que o cartão fica mais bonito), vou repetir e repetir enquanto for necessário: não há nada contra você ter o cuidado para que o seu cartão de visitas seja bonito. Porém, ser bonito não deve ser a prioridade para um cartão de visitas. Para atingir seus objetivos de marketing um cartão de visitas não precisa ser bonito nem diferente. Ele precisa ser eficiente e eficaz. E, para isto, ele precisa atender as importantes questões de forma e conteúdo.
Os conteúdos Como já foi dito acima, o cartão de visitas deve dar ao cliente potencial as seguintes informações importantes sobre o profissional: quem ele é; o que ele faz; onde ele está e, finalmente, como fazer contato, quando for necessário; (a) Quem ele é inclui três informações simples: nome, título profissional e registro no seu conselho profissional (no caso, Crea ou Cau). Alguns profissionais questionam se o número do registro no Conselho Profissional é mesmo necessário. É, sim. Por uma razão muito simples: respeito aos clientes. O número do seu registro profissional é o que permite ao cliente (ou a qualquer pessoa) obter informação sobre real condição legal do profissional. Uma consulta ao conselho profissional é o que permite confirmar se ele tem, de fato, o título profissional que apresenta no cartão e se está habilitado para o exercício profissional. Um profissional não pode exigir que as pessoas acreditem
nele, só porque ele está dizendo; O que ele faz é uma indicação clara do produto que ele representa no mercado. Apenas o título profissional não resolve este problema. O título profissional indica a habilitação. O cliente quer saber a qualificação e a especialização, ou seja: o que, efetivamente, o profissional está oferecendo ao mercado. Não é necessário transformar o cartão de visitas em um folder ou um portifólio, mas é necessário dar algum esclarecimento sobre o que, afinal, está sendo oferecido. Foto: Divulgação É importante observar que, propositalmente, não estamos dando a este cartão nenhum tratamento de design. Evidentemente este cuidado deve ser tomado, depois de atendidas as necessidades técnicas do cartão. Onde ele está é, basicamente, o endereço físico do profissional, onde ele pode ser encontrado pelos clientes potenciais e (isso é importante) pelos Correios. Por isso é importante o número do código de endereçamento postal (CEP). Como ele pode ser encontrado é o conjunto de todos os canais de comunicação que o profissional escolhe utilizar para se relacionar com o mercado (telefone fixo, telefone celular, e-mail, website, Twitter, Facebook, etc). Observe que ninguém é obrigado a disponibilizar esses canais. O profissional pode, por exemplo, ter uma conta no Facebook, mas não utilizála para atividades comerciais. Nesse caso, basta não incluir essa informação no cartão. Porém, se a conta em uma rede social é utilizada para divulgação do seu produto ou relacionamento com o mercado, essa informação deverá constar do cartão. Pela ilustração mostrada acima, percebe-se que são muitas informações. Se o cartão não receber um tratamento de design gráfico, a coisa vai ficar muito feia. Portanto...
O visual Uma vez que todas as questões técnicas do cartão de visitas tenham sido atendidas, tratar visualmente o cartão é necessário e aconselhável. A maioria dos arquitetos e designers já tem uma boa formação em expressão gráfica e saberá lidar com essa situação. Aos engenheiros (e profissionais de outras áreas) apenas uma sugestão: não perca tempo com isto. Contrate um profissional que seja do ramo (um designer gráfico profissional).
O que foi visto até aqui são as condicionantes do projeto. Não há como abrir mão de nada disto. Mas é possível, apesar disso, apresentar-se ao mercado com um cartão de visitas bonito, elegante e que, acima de tudo, seja um bom indicador da qualidade do serviço que você quer oferecer. www.eniopadilha.com.br 17
Foto: Divulgação
Vão Livre
Esse espaço é para você, leitor. Os e-mails enviados para essa seção devem ser encaminhados com o nome e profissão do remetente para :
contatoartestudio@yahoo.com.br contato@artestudiorevista.com.br
Mobilidade urbana
A
questão da mobilidade urbana representa um desafio que atormenta a administração pública notadamente nas capitais e cidades de porte médio (com população entre 100 e 500 mil habitantes). De um lado a facilidade de acesso ao crédito propicia o crescimento progressivo dos veículos em circulação sobrecarregando as vias públicas e gerando congestionamentos. Do outro lado a poupança pública é suficiente para os investimentos necessários no setor capaz de satisfazer a demanda solicitada. As vias públicas permanecem com as mesmas características oferecendo as mesmas capacidades para escoamento do fluxo de veículos automotores. Resulta por via de consequência os grandes problemas de mobilidadecausando dissabores e transtornos à toda população que necessita deslocarse em suas atividades cotidianas e nos horários de maior fluxo o caos se instala. Não existe uma fórmula mágica para resolver estes problemas, mas é perfeitamente possível atenuálo mediante a adoção de uma série de providências por parte da administração pública a seguir anunciadas.
Educação para o trânsito Reputo a mais importante das ações envolvendo todos os atores pedestres e motoristas: desenvolvimento e implantação de um programa intensivo e permanente de educação para o trânsito iniciando-se nas escolas das redes pública e privada; com uma grade curricular contemplando os conceitos corretos de utilização das vias, ampliando- se a toda sociedade através de campanhas regulares massificando os deveres dos usuários, questões de segurança e legislação. Adoção de um programa de estímulo ao usuário como, por exemplo, redução de IPVA para motoristas que não cometerem infração durante o período de um ano.
Melhoria dos transportes públicos Transporte público de boa qualidade subentende uma frota com carros confortáveis e quantidade suficiente para um serviço que apresente pouco tempo de espera e horários confiáveis. Isto certamente desestimulará o uso do automóvel particular, o principal vilão desta história e a solução que
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mais agride o meio ambiente e sem dúvidas reduzirá o volume de tráfego, diminuindo os congestionamentos. Os congestionamentos, além de stress provocado nos passageiros e motoristas, causam um grande mal ao meio ambiente, pois aumentam a emissão do dióxido de carbono, o principal gás do efeito estufa, responsável por 64% dos gases poluentes lançados diariamente na atmosfera; Priorizar o transporte coletivo adotandose faixas exclusivas para o transporte de massa; Implantação do sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) – Light Rail ou metrô de superfície.
Transporte de vizinhança Disponibilizar uma concessão pública ou permissão para o transporte de vizinhança solução já em prática em algumas cidades brasileiras. São concessões públicas para transporte de massa entre regiões lindeiras ou contíguas, por exemplo, uma linha circulando na orla entre Intermares e o Cabo Branco. O transporte de vizinhança atua como uma suplementação ao transporte público convencional e tem características específicas como a tarifa diferenciada e o ponto de parada que é determinado pelo passageiro de acordo com sua necessidade.
Melhoria do sistema viário Identificação de ações pontuais nos trechos de conflito para facilitar o escoamento do fluxo diário como: implantação de uma rótula entre o Hospital Edson Ramalho e o Ipep, implantação de um elevadono cruzamento da Epitácio Pessoa com a Av. Maranhão, aproveitando o desnível existente, implantação de um elevado na Av. Cruz das Armas nas proximidades da rua Des. Santos Estanislau e, finalmente, a implantação de um programa permanente de manutenção do leito das ruas e avenidas. Este elenco de intervenções certamente reduzirá a médio e longo prazo os atropelos experimentados na atualidade pelo cidadão pessoense no que diz respeito à mobilidade urbana.
Maurício Montenegro Rocha
Ex- Secretário Municipal de Obras de João Pessoa
Livro
Urbanismo e psicanálise ‘A Cidade Sou Eu’ busca uma nova abordagem das relações entre as pessoas e os locais que habitam
U
ma tentativa de mostrar ao leitor que todos fazemos parte da transformação geral nascida da contemporaneidade e este fator afeta todas as áreas de conhecimento. A Cidade Sou Eu (2011, Editora Novamente), da arquiteta e urbanista Rosane Araujo, faz um cruzamento do campo do urbanismo com o da psicanálise para elaborar um novo conceito de cidade sob o ponto de vista de uma pessoa. O livro elabora um conceito de cidade de acordo com as transformações contemporâneas. Através da apresentação das ideias de vários autores, mostra a relativização do conceito de “cidade” e a descentralização do que seja “eu” ao longo do tempo. Mostra, portanto, a inseparabilidade entre “eu e mundo”, e entre “eu e cidade”. A Cidade Sou Eu é fruto de uma contínua pesquisa da autora sobre o conceito de cidade contemporânea. No texto fica evidenciado o interesse pelo aspecto da transformação e relativização que este conceito vem sofrendo. A autora usa sua formação em psicologia para ressaltar que o conceito de “eu” também vem passando por intenso processo de modificação. “Foi isso o que me levou a considerar a possibilidade de que o processo de explosão semântica e conceitual da ideia de cidade é correlato ao de descentralização e fragmentação da noção de ‘Eu’, de ‘ser’ urbano”, diz a autora. No conceito geral, ela infere que, dadas as transformações tecnológicas que atualmente nos permitem, entre outras variedades, comunicar, interagir e estar presentes em tempo real e à distância, sob o ponto de vista topológico os lugares se deslocam com os deslocamentos das pessoas.
O livro apresenta uma abordagem inovadora e inteligente sobre o urbanismo, com destaque para profissionais que trabalham na arquitetura e engenharia. A cidade permanece como ponto de relações materiais, financeiras e sociais. Mas, como estas relações ocorrem mediante interfaces geradas pela disponibilidade de equipamentos tecnológicos, a cidade estará onde cada um estiver, sem fronteiras ou limitações como referência. “Cidade é um conceito pessoal. Para entender o que seja cidade, há que analisar cada pessoa em questão. Isto nos obriga a pensar cada vez mais projetos que sejam efetivamente inclusivos, abertos e considerem a quantidade enorme de diferentes pessoas”, enfoca a autora.
Texto: Alex Lacerda Fotos: Divulgação
A Cidade Sou Eu, de Rosane Araujo Editora Novamente, 248 páginas
“As ações de uma pessoa transformam o mundo que ela habita; de retorno, o mundo transformado retroage.” “A minha experiência de mundo produz o mundo que eu conheço e meu conhecimento de mundo é resultante do que dele experimento.” 20
Rosane Araujo
ADROALDO
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Entrevista
Produzindo uma nova riqueza Marcelo Hobeika fala sobre a importância da arquitetura industrial
Fábrica Tecnofeal - esquadrias de alumínio
Marcelo Hobeika
A
arquitetura industrial e sua importância para as cidades tem sido um dos temas recorrentes entre os profissionais da área. A necessidade de ocupar os espaços e de preservar edificações que contam a história de uma época é um dos desafios modernos. O arquiteto Marcelo Hobeika, professor do IPOG, comenta o assunto nesta entrevista abaixo. Com experiência em edifícios comerciais e industriais, Hobeika, que exibe no currículo o restauro do antigo armazém Santa Genebra, em Campinas, sugere o uso desses espaços principalmente para abrigar órgãos públicos.
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ARTESTUDIO – A arquitetura industrial sempre teve um objetivo muito mais funcional do que estético, mesmo assim esses prédios contam a história de uma época. Como diferenciar construções que precisam ser preservadas daquelas sem valor histórico? MH – A arquitetura industrial teve alguns momentos importantes no Brasil. No começo do século passado o Conde Matarazzo trouxe para o Brasil um modelo de indústria europeia, com uma arquitetura italiana e inglesa. Muitos desses prédios se preservaram e são importantes para a memória de uma geração.
Rocha, revolucionaram a forma de projetar com o uso do concreto e uma arquitetura mais brutalista, como uma forma de protesto que os artistas demonstravam com a ditadura.
AE – Quando se começou a repensar a arquitetura industrial? MH – Após estas indústrias com arquitetura europeia, um movimento de arquitetos paulistas, na década de 1960, como o Artigas, Fabio Penteado, Joaquim Guedes e Paulo Mendes da
AE- Qual a importância desse tipo de construção para as cidades? MH – A arquitetura brutalista dos arquitetos paulistas criou um conceito de projetar com andares livres e utilização de concreto protendido, liberando a função da estética.
AE – Quais os impactos que a arquitetura industrial provoca nas cidades? MH – Muito do entorno das edificações foi criando características particulares, semelhantes com as indústrias europeias. Nas grandes cidades é evidente a utilização de arquitetura clássica e neoclássica, características marcantes das indústrias do Matarazzo.
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AE – Com o crescimento dos aglomerados urbanos é possível preservar a arquitetura industrial? MH - Os empreendimentos imobiliários estão em busca de novos locais e estas indústrias se tornaram uma opção de grandes áreas em locais privilegiados. Evidente que a manutenção destas sem uma política de preservação, através de conselhos de defesa, fica muito difícil. AE – Existem alguns projetos que preveem novos usos para prédios industriais? Como o senhor avalia essa alternativa? MH – Acredito que é a melhor opção esta nova utilização, como museus, espaços de festas, exposições, espaços institucionais, restaurantes e feiras. Glass bottling plant - fábrica de engarrafamento de vidro
AE – O senhor poderia citar exemplos de uso de prédios industriais para novas finalidades aqui no Brasil? MH – Além dos já citados, acredito que o poder público, como prefeituras e autarquias, sejam sempre uma ótima oportunidade de preservar estes belos monumentos arquitetônicos. AE – E no exterior? Temos bons exemplos? MH – Na Europa inteira tem exemplos de preservação. Praticamente em todos os países.
Fábrica Tecnofeal - esquadrias de alumínio
AE – Em várias cidades da Paraíba, alguns bairros congregam residências e indústrias. Que soluções arquitetônicas podem ser sugeridas para humanizar esses bairros? MH – Já desenvolvi planos diretores que contemplavam esta diversificação de utilização nos bairros industriais. As vilas operárias existentes ainda se tornaram uma excelente oportunidade de valorização no mercado imobiliário. Uma solução é contemplar, de uma forma harmoniosa, as indústrias, praças, residências e comércio, criando uma função que precisa ser estudado, caso a caso.
Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação e Arquivo pessoal
“ acredito que o poder público, como prefeituras e autarquias, sejam sempre uma ótima oportunidade de preservar estes belos monumentos arquitetônicos.” 24
Xiangshan Campus da CAA Foto: Peter Wolkowicz
Grandes Arquitetos
Unindo o presente ao passado e ao futuro O chinês Wang Shu trabalha evocando a história de seu país, mesmo sem fazer referências diretas
A
tual ganhador do Pritzker, Wang Shu é um fenômeno da arquitetura internacional. Não apenas porque é o primeiro chinês residente no próprio país a ganhar o prêmio, que é considerado o Oscar da arquitetura, mas por atuar ativamente na arquitetura recuperando a história e a cultura da China. Shu nasceu em 1963 e formou-se em arquitetura no Nan Nanjing Institute of Technology, em 1985, tendo terminado um mestrado no mesmo instituto, em 1988. Em 1997, com a fundação do seu escritório, Amateur Architecture Studio, ao lado de sua esposa, a arquiteta Lu Wenyu, o arquiteto começou a ser conhecido por seus trabalhos. Nos projetos consegue imprimir uma forte ligação entre o presente e o passado, particularmente evidenciado pelo recente processo de reurbanização da china. O Prêmio Pritzker tem como objetivo homenagear um arquiteto vivo cujo trabalho
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construído demonstre uma combinação das qualidades de talento, visão e compromisso, que tenha produzido contribuições consistentes e significativas para a humanidade e para o ambiente construído através da arte da arquitetura. Wang Shu preenche com facilidade todos estes elementos. Os trabalhos de Wang Shu são notabilizados por sua intrínseca capacidade de evocar o passado sem fazer referências diretas à história. A continuidade cultural e tradição são elementos fortes nos edifícios do chinês. Um dos seus destaques é o prédio do Museu de História de Ningbo. A beleza da estrutura se rivaliza apenas com a funcionabilidade e impacto da estrutura causados ao visitante, impressionando tanto externamente quando internamente. Mesmo sendo pungente a relação entre o presente e o passado, o trabalho de Shu consegue se mostrar como uma arquitetura atemporal, contextualizada com o local onde está atrelada, mas ainda assim universal.
Ceramic House Foto: Divulgação
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Museu de História em Ningbo Foto: Divulgação
Ele é capaz de mostrar seu talento em obras de dimensões variadas, seja um pequeno salão de exibição ou os pavilhões inseridos no tecido do centro histórico de Hangzhou. Ou, ainda, como o Campus Xiangshan da China Academy of Art, na mesma cidade de Hangzhou, cuja dimensão se assemelha a uma pequena cidade, com adicionais de conforto, eficiência e imponência. Esta mesma imponência é outra marca nos trabalhos deste jovem arquiteto, que consegue, muitas vezes, imprimir um ar monumental à construção sem deixar de fornecer um ambiente calmo às práticas cotidianas. A capacidade Wang Shu de trabalhar com a forma, espaço e iluminação nas estruturas fizeram com que fosse o primeiro chinês a ocupar a cadeira Kenzo Tange Visiting Professor, na Harvard Graduate School of Design, em 2011, e, no mesmo ano, a receber a Medalha de Ouro de Arquitetura da Académie d’Architecture, na França, mas é sua capacidade de utilizar os desafios da construção ao seu favor que o torna notável, manipulando materiais recicláveis, criando texturas ricas e apresentando um resultado imbuído de espontaneidade. Quando recebeu o Pritzker, o júri que o escolheu justificou a concessão devido à “excepcional natureza e qualidade de seu trabalho executado, e, também, pelo seu compromisso contínuo em perseguir uma arquitetura determinada e responsável que resulta de um senso específico de cultura e lugar”. Texto: Alex Lacerda Fotos: Divulgação 28
Arquiteto: Wang Shu
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Nacional
Inserido no verde O Centro Educativo Burle Marx incentiva produção de conhecimento através do acervo artístico e botânico
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Centro Educativo Burle Marx, localizado em Brumadinho, no estado de Minas Gerais, deixa transparecer logo no nome que se trata de uma obra criativa com direito a uma generosa contribuição botânica, como se prestasse uma homenagem ao arquiteto e paisagista Roberto Burle Marx, um dos semeadores do “senso de brasilidade”. Projetado pelos arquitetos Alexandre Brasil e Paula Zasnicoff, com a colaboração de Edmar Ferreira Júnior, Ivie Zappellini e Rosana Piló, o Centro coleciona prêmios como o Ex-Aequo, da Exposição Suporte Físico da 9ª Bienal de São Paulo; Ex-Aequo, obra concluída, do 9º Prêmio Jovens Arquitetos 2009, do IABSP; 12ª premiação de arquitetura IAB-MG em 2010, como melhor obra construída – categoria institucional; prêmio Ex-Aequo, na VII Bial (Bienal Iberoamericana de Medellín), na Colômbia; e o prêmio O Melhor da Arquitetura, da revista Arquitetura & Construção, categoria edifícios institucionais.
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Com uma área construída de 1.705 m², o projeto elaborado em seis meses se transformou em obra construída em dois anos e abriga além de arte contemporânea e do meio ambiente, iniciativas nas áreas de pesquisa e de educação. É um lugar de produção de conhecimento, gerado a partir do acervo artístico e botânico. O arquiteto Alexandre Brasil explica que o edifício foi implantado junto à alameda de acesso principal, próximo à recepção e a um dos lagos artificiais existentes. “O exíguo espaço disponível
e a vontade de mimetizar o edifício na paisagem sugeriram a conformação de um extenso pavilhão horizontal, em apenas um pavimento, sobre o lago, levemente rebaixado em relação ao entorno. Sua cobertura atua como ponte unindo diferentes partes do museu além de conformar ampla praça elevada com espelho d’água ajardinado, destinada ao encontro e a contemplação, promovendo forte integração entre arquitetura e paisagismo”. Na construção, que pode ser classificada como arquitetura contemporânea brasileira, predomina a
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racionalização dos materiais utilizados. “A cobertura é constituída por três lajes nervuradas em concreto aparente, moduladas em 80 cm, o que proporciona organização e racionalização dos materiais utilizados. A própria organização do programa solucionou a necessidade técnica das juntas de dilatação entre as lajes, tornando independentes as lajes da biblioteca, a dos ateliês e a do acolhimento/auditório” comenta Alexandre. O único volume que se eleva sobre a cota da praça elevada é o urdimento do auditório, também construído em laje nervurada. O desenho do chão tem maior liberdade. A diferença de nível entre a praça de acesso e acolhimento propiciou a implantação de um anfiteatro ao ar livre, voltado para o edifício. Do ponto de vista ecológico, o uso de brises e a adoção da cobertura jardim são decisões que tem por objetivo reduzir o consumo de energia dentro dos espaços de trabalho na medida em que reduz a necessidade de se utilizar o ar condicionado. Burle Marx certamente se orgulharia.
Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação
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Arquitetos: Paula Zasnicoff e Alexandre Brasil
SANDRIN
COMPROMISSO COM O MEIO AMBIENTE ISO 14001
Marelli Joรฃo Pessoa Av Epitรกcio Pessoa, 2580 SL. 01 Tambauzinho Fone (83) 3133.4000 marelli@maq-larem.com.br
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Ambientação
Das ruas para a casa A arte urbana vem cada vez mais caindo no gosto de arquitetos, decoradores e clientes Ambiente: CAV Casa das Artes Visuais | Artista: Shiko | Foto: MB
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rafite, tatuagens, ilustrações. O que antes poderia ser considerado alternativo ou até marginal, próprio do “lado B” urbano, agora invade as decorações mais elegantes. Com criatividade de sobra e muito talento, os profissionais estão mostrando que é possível, sim, combinar a arte urbana com os espaços mais refinados. O ilustrador e artista plástico paraibano Shiko que o diga. Nascido em Patos, no sertão da Paraíba, ele tem um currículo de dar inveja a muita gente que sonha em ganhar o mundo fazendo arte. Agora, ele sente o gostinho de ver suas obras estampadas em
Ambiente: Espaço A by Márcia Barreiros | Artista: Shiko | Foto: MB
paredes que ganham destaque na decoração de casas, apartamentos e lojas. Mas é preciso estar ciente das diferenças entre os dois tipos de trabalho. “Se na rua há mais espaço para o improviso e a experimentação, em um trabalho interno, seja em uma loja ou em uma residência, o artista tem mais tempo para trabalhar detalhes, além das paredes internas terem melhor acabamento. Isso possibilita o uso de outras técnicas como stencil e colagens e outros materiais como marcadores e pincéis”, explica ele, acrescentando que também a adequação do desenho ao espaço interno e a sua interação com a mobília costuma gerar possibilidades e resultados que não seriam possíveis na rua. Elementos da street culture vão sendo incorporados na arte, moda e design a partir da década de 1950. Foi assim com o rock, hip-hop, música eletrônica e, mais recentemente, o grafite, que saiu das ruas e ocupa galerias hypadas ao redor do mundo. Entre os benefícios dessa expansão da arte urbana citados por Shiko estão a quebra do estigma do jovem que, mesmo longe das instituições culturais e de ensino da arte, é capaz de um fazer artístico original, novo no modo de fazer coletivo e na proposta de exibição pública da arte, e o consequente retorno da arte às paredes das casas – algo que podia ser encontrado da pré-história aos afrescos renascentistas, mas que havia praticamente desaparecido no século XX. Na Paraíba, ele cita ainda alguns profissionais que lidam com a arte urbana aplicada à ambientação, como Múmia, GigaBrow e outros integrantes do Coletivo de Graffiti, que com estilos diferentes têm pintado com frequência em residências, lojas, galerias de arte e até em espaços exclusivos de eventos.
Além da pele Assim como aconteceu com o grafite, que preservou seus traços e cores, adaptando-se a outros
meios que não só os muros da cidade, a tatuagem começa a seguir este caminho. Arthur de Camargo e Maria Fernanda Brum, casal de tatuadores de São Paulo, dividem seu tempo entre o estúdio e trabalhos em que seus traços deixam marcas em outras superfícies além da pele. “Nos próximos anos, a tattoo deve ocupar a atenção do grande público, dando novos sentidos e direções como fonte de inspiração. Graças a programas como Miami Ink, sites especializados, blogues e estrelas como Angelina Jolie, a tatuagem deixou de ser uma manifestação restrita a pequenos grupos e guetos, atingindo todas as camadas da população sem distinções”, afirma Arthur. Enquanto a tatuagem é um desenho que envolve partes do corpo, o trabalho de pintura tem outra possibilidade da compreensão do desenho. “Os princípios da tatuagem estão ali, mas dispostos de uma forma plana, como no caso dos muros e paredes de apartamento. É um trabalho que mistura os conceitos da street art e da tatuagem”, completa Maria Fernanda. E a variedade de peças produzidas por eles é grande: já passou por uma minigeladeira e chegou até a um controle remoto. Mas esses foram feitos por encomenda. Entre os objetos com maior procura estão quadros de diversos tamanhos, shapes, mesas, entre outros, além de desenhos específicos para paredes, é claro. Ambiente: Casa Cor by Denise Barreto | Artista: Onio | Foto: Divulgação
Na Casa Cor 2012 Este ano, na edição de São Paulo da Casa Cor, a arquiteta Denise Barreto encantou os visitantes com o espaço “Studio do Pianista”. O penthouse de 160m² criado por Denise reflete o perfil de um homem refinado que preza por espaços práticos e funcionais, com peças de design exclusivo, obras de arte e uma coleção de instrumentos antigos combinadas a uma tela negra de street art feita pelo artista plástico Onio. Denise Barreto, propositalmente, uniu todas as vertentes da arte em seu espaço; para ela a arte urbana tem o mesmo peso das outras manifestações artísticas, já que são todas formas de interpretação da realidade ou dos sonhos. “Hoje em dia há uma busca em torno de uma decoração transparecer a personalidade de seu proprietário ou do ambiente (se for um espaço comercial) e, portanto o grafite de rua é muito forte e indicado”, completa a arquiteta. Segundo o artista Onio, a procura pelo grafite vem aumentando com o passar dos anos, já que as pessoas, cada vez mais, estão dispostas a personalizar ambientes para se diferenciar. Para o Studio do Pianista, Onio conta que a cor usada na tela (branco) “conversa” bem com a mobília e com os acessórios do ambiente, “Pensamos em algo que combinasse com o todo, que fosse bem sutil e impactante ao mesmo tempo”. Para quem deseja empregar grafite em sua casa ou empresa é preciso tomar algumas precauções. Para Denise, a alternativa é usar móveis e objetos em tons
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PEÇAS ÚNICAS As mesas de centro do Analogic Love são peças inspiradas em art déco, decoradas com uma imagem na superfície em referência à época deste movimento artístico. No entanto, ao mesmo tempo em que evoca a elegância de sua fonte de inspiração, ela propõe um olhar contemporâneo com o acabamento colorido com tons mais modernos. São peças de fabricação exclusiva, com acabamento em laca, garantindo um acabamento uniforme e, portanto, versátil para contextos decorativos.
neutros, para que eles não entrem em conflito visual com o grafite, já que a ideia é não ter exageros na arte e ser aplicada em uma parede do projeto.
Tapumes decorativos Um outro exemplo de como a arte urbana pode dar destaque a um projeto é sucesso em Curitiba, no Paraná. Pensando neste diferencial e buscando atrair o olhar dos curitibanos, as empresas BKO e AG7 optaram por esta forma de arte para alegrar os tapumes colocados num grande empreendimento. As pinturas, desenvolvidas exclusivamente para as empresas, ilustram o tripé “iconnect (tecnologia) / isave (sustentabilidade) / idesign (personalização)”, conceitos fundamentais que norteiam os Foto: Casa Cor | Divulgação
empreendimentos. O artista designado para a pintura foi Deivid Heal, o mesmo responsável pelos grafites das telas expostas no lançamento do empreendimento, em maio do ano passado. A partir de sua experiência como grafiteiro, Deivid notou que poderia atuar em outras áreas profissionalmente, como desenhista, professor e decorador, com trabalhos de ilustração por encomenda. O tapume deverá ficar exposto até junho de 2014, época prevista para a finalização da obra. “As cores do tapume deixaram a cidade mais alegre, atraindo também a atenção de novos consumidores que se identificam com o DNA do iGLOO”, completa a gerente de Incorporação da BKO, Natalie Quandt. Uma alegria e um colorido que vem se tornando uma marca da arte urbana. Texto: Débora Cristina
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Ares intimistas Tranquilidade e sensação de bem estar norteou o projeto de clínica médica
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ocalizada em Patos, no sertão da Paraíba, esta clínica, que foi projetada pela arquiteta Doralice Lucena Camboim, é toda climatizada e tem uma ambientação contemporânea, com ares intimistas e também um forte uso de linhas retas e cores sóbrias. A concepção do projeto teve a intenção de criar um espaço que proporcionasse uma atmosfera de tranquilidade, no intuito de dar ao usuário a sensação de bem-estar com elementos que remetessem aos ares residenciais. Como se trata de uma clínica que conta com serviço para duas especialidades médicas, ginecologia/obstetrícia e clínica médica/cirurgia geral, foi preciso criar uma grande recepção para atender ao público com eficiência. Por isso, a sala de estar foi distribuída em duas ilhas, compostas por um sofá e poltronas para os pacientes se acomodarem de maneira funcional e confortável.
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Numa das ilhas onde se localiza o painel da TV com iluminação indireta, destaque para o sofá na cor bege, poltronas na cor verde mar e chocolate, numa combinação harmoniosa. A mesa de centro quadrada e a mesa lateral circular completam o espaço, que também ganhou um tapete ball de seda. O painel de cimentício atérmico é o etrusco, em harmonia com o outro painel em alvenaria com textura em marmorato. Já o balcão de atendimento foi projetado em laminado amadeirado nas cores nero e gris e vidro argentato bronze. A copa, para refeições rápidas, tem um layout prático e funcional, com uma bancada em granito preto com armários superiores e inferiores em laminado melamínico cor branca e mesa de apoio compacta em vidro incolor. Por se tratar de um estabelecimento de saúde, Doralice optou pelo uso de materiais especiais, adequados e imprescindíveis para áreas molhadas, também para atender às normas da Vigilância Sanitária. Portanto, no DML e Esterilização foram utilizados nos balcões de trabalho o granito preto
e o mobiliário revestido em laminado melamínico branco. O Consultório Médico de Ginecologia e Obstetrícia teve o espaço dividido em dois ambientes. O primeiro é a sala de atendimento ao cliente, que se impõe pelas linhas contemporâneas nos materiais em madeira gris e vidro incolor. Determinadas paredes foram revestidas em painéis amadeirados na cor concreto e marmorato, propiciando um ambiente bastante aconchegante. A arquiteta também optou por valorizar obras de arte, a exemplo das esculturas em fibra de vidro e resina do artista plástico André Nóbrega, utilizadas na recepção da clínica e no consultório de Ginecologia. Na Sala de Procedimentos, anexa à sala de Atendimento ao Cliente, foram utilizados mobiliários e equipamentos funcionais adequados aos tipos de exames ginecológicos a serem realizados. O mobiliário foi especificado no tom gris e os painéis em melamínico concreto. Outro espaço planejado foi o lavabo. Os materiais utilizados na parede deste ambiente
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foram em mosaicos, uma miscelânea em três cores, e a bancada em vidro 15 mm cor chocolate, com cuba em madrepérola e metais em inox. Já o WC do médico é revestido em porcelanato no piso e em algumas das paredes com destaque em mosaico do mesmo vidrotil. Bancada em silestone cor chocolate, a cuba em stone cor branca e torneiras e acessórios em metais inoxidáveis. Doralice personalizou de forma criativa o vestiário. “Colocamos uma silhueta da mulher grávida para tornar o ambiente com ar de glamour e expressividade. Utilizamos um banco retrô revestido em chantum de seda com detalhes em botões de cristal. Um lugar feito para sonhar e proporcionar conforto às pacientes”, afirmou. A iluminação se destaca e valoriza todos os detalhes da ambientação, inclusive os objetos de decoração, optando pela iluminação indireta na cor âmbar.
“Numa busca constante e infinita pelo aperfeiçoamento, somos capazes de criar espaços primorosos e de diferentes estilos no intuito de realizar os sonhos dos nossos clientes, respaldados na arte e tecnologia e sem abrir mão da grandiosidade que é o trabalho artesanal”, finalizou Doralice.
Texto: Débora Cristina Fotos: Di Assis
Arquiteta: Doralice Lucena Camboim Projeto: Ambientação de Clínica
Móveis planejados: Todeschini Mobiliário: Saccaro Tapetes: Adroaldo Tapetes do Mundo Iluminação: Stiluz Painel cimentício: Castellato / Pastilhas Vidrotil: Oca Revestimentos Cuba em madrepérola, Louças e metais: Oca Bagno Persianas: Ambidecor Decoração: Composê e Bazaart Esculturas: André Nóbrega Comunicação visual: Tibério Palmeira Silestones e granitos: Marmorial + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
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Transformação e equilíbrio Balanceamento entre modernidade e o modelo tradicional foram os pontos chave na reforma de um escritório de advocacia
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eformar um escritório de advocacia, de forma a deixar os ambientes mais integrados e confortáveis. Essa foi a missão que a arquiteta Reneê Katiana cumpriu de forma rápida e eficiente. Com 57m², o lugar é composto por cinco ambientes que são: sala de espera, sala dos colaboradores, escritório do advogado Cleber Souza, sala de reunião e lavabo. “A sala, quando me foi apresentada para fazer a intervenção, tinha os ambientes inadequados para as atividades que seriam executadas, então concluí que tinha que demolir algumas paredes e construir novas com placas de gesso. O maior desafio foi integrar todos os ambientes e compor os móveis e ambientação no geral de uma forma que tivesse uma leitura formal e contemporânea”, explicou a arquiteta.
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E a reforma foi planejada de forma a demonstrar toda a organização e confiabilidade necessárias para um ambiente como esse. Além disso, também foi pensada uma estrutura adequada para atender os clientes, já que eles devem sentir no ambiente uma sensação de amparo e de que realmente ali podem resolver problemas. “A concepção do projeto foi baseada em todas essas premissas, levando em consideração que o cliente é um jovem advogado onde seu trabalho é lidar com a justiça e a representação dos legítimos interesses das pessoas que procuram seus serviços”, disse Reneê. A sala de espera é uma das mais importantes, pois aquela frase bem popular “a primeira impressão é
a que fica”, neste caso, ajuda muito, mostrando logo na entrada aos clientes às características e os valores do escritório através das cores, texturas, formas, materiais e iluminação. Nesse ambiente, também foram utilizados madeira, vidro, espelho, piso em PVC e aço inox. O escritório do advogado tem conexão com as salas de espera, de reunião e dos colaboradores facilitando o acesso. Os materiais utilizados foram: madeirado, vidro, piso de porcelanato polido em tom claro e paredes brancas. O detalhe bem interessante é que na mesa dele tem um vidro preto que conecta com um painel do mesmo material encontrando o detalhe do forro com a iluminação.
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A sala de reunião é composta por uma mesa, painel e armário de apoio para livros e documentos. Todos os móveis são em tom madeirado escuro e se harmonizam com uma parede com tecido vermelho, que ganha destaque para aquecer mais o ambiente. O forro com detalhe de sanca e iluminação indireta. A sala dos colaboradores é a maior com móveis seguindo o mesmo tom da sala do advogado e uma mesa individual. Também foi colocada uma estação de trabalho para três pessoas apoiada em um armário, com prateleiras para apoio de livros e objetos decorativos. Apenas os móveis da sala de reunião foram comprados prontos. Os demais foram projetados pela própria arquiteta. Quanto à iluminação, na sala de espera e na dos colaboradores foi utilizado um plafont central com destaque total para a peça. Na sala do advogado, a iluminação é embutida no forro com fechamento em vidro jateado centralizado na mesa de trabalho. Na sala de reunião, a sanca embute as lâmpadas fluorescentes deixando uma luz indireta centralizada na mesa. A arquiteta foi responsável pelo projeto e execução do piso, parede, forro, móveis e demais serviços que compõe uma obra. Tudo num prazo bem apertado, de 40 dias. E o mais interessante é que o dia da entrega foi o dia do aniversário do cliente, então houve duas felizes comemorações.
Arquiteta: Reneê Katiana Projeto: Ambientação de escritório
Iluminação: B&M • Porcelanato: Vivento Portinari Vidros: Center Vidros • Material de marcenaria: Rocha Compensado • Decoração: A Sempre Viva + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
Texto: Débora Cristina Fotos: Diego Carneiro 44
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Arquitetura
Tudo mudou Grande reforma faz transformação geral de uma casa na cidade de Patos
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ste projeto da arquiteta Adrianal Leal fez uma grande reforma numa casa na cidade de Patos, sertão da Paraíba. Em uma casa térrea, com aproximadamente 350m², foram feitas mudanças de algumas paredes, estrutura da coberta, piso, revestimentos, forro, iluminação e nova ambientação. A casa passou a ter garagem para três carros, terraço, salas de estar e jantar, home theater, lavabo, quatro suítes, copa cozinha, área de serviços, quarto de empregada e depósito, além de terraço de lazer com piscina.
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E, sem dúvida, o grande destaque desse projeto é justamente a integração dos ambientes das salas de estar, jantar e home theater e os jardins internos. “Eu a definiria como uma casa que teve uma reforma com grandes desafios, por estar colada de um dos lados da construção. Tirei partido de pergolados para que fosse possível ter iluminação e ventilação de qualidade. Mas o desafio foi vencido, pois todos os cômodos ganharam ventilação e iluminação naturais”, disse Adriana. Foram usadas cores claras no piso, paredes e tetos, com alguns destaques de revestimentos como pedras nos
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pergolados, pastilhas de vidro nos banheiros e copa.
Na sala, o pórtico que divide o estar do jantar, foi criado para esconder uma coluna existente numa antiga alvenaria. E o resultado ficou muito legal, pois ele se transformou em um elemento de integração entre os ambientes. A suíte da filha ficou bem interessante, com tons de madeira clara e o lilás em detalhes como papel de parede e na decoração, o que deu personalidade ao ambiente. As prateleiras de vidro expõem uma linda coleção de bonecas de porcelana, vindas da Itália, e também várias outras de origem variada. O banheiro todo branco com pastilhas de madrepérola transmitem a delicadeza do ambiente. A copa cozinha, com granito preto e mobiliário madeirado com preto, recebeu um ar mais “quente”, transmitindo praticidade em seu design, em contraste com os eletros em aço inox. A suíte do casal ocupou um espaço onde antes eram dois quartos e se transformou num ambiente amplo, com espaço de descanso, de vestir e ainda uma escrivaninha. O painel madeirado no quarto, que abriga a TV, estende-se até a divisória que delimita os armários do closet. E como os donos da casa são bastante religiosos, o ambiente também ganhou um espaço de oração. O home theater integrase com a sala de estar através de uma porta de correr de madeira com vidro. Ele possui sofá retrátil e painel em laca preta com TV e prateleiras iluminadas. A seleção dos móveis foi feita pela arquiteta, sempre em acordo com os proprietários. A cozinha, home theater, suíte de casal, suíte da menina, foram desenhos exclusivos da arquiteta, assim como o pórtico da sala. Já os demais móveis, como sofás, cadeiras de apoio, mesas laterais e de centro, foram adquiridos durante a reforma. A mesa de jantar e a cristaleira existentes, foram repaginados.
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A iluminação indireta está presente nas salas, no home theater, no quarto do casal e da filha. Lustres de cristal na sala dão glamour a esses ambientes. As luminárias de embutir completam a iluminação dos demais ambientes. No quarto, pendentes de cristal na lateral da cama criam ambiente de leitura. Na cozinha, pendente sobre a mesa, destaca-se o canto de refeições.
O quarto do casal ganhou madeiras clara e escura, criando um clima de muito conforto, sem pesar.
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“Como arquiteta, procuro sempre satisfazer os anseios do cliente, porém sempre entra o gosto do arquiteto, suas experiências, seu aprendizado... O que dá o diferencial de um ambiente é exatamente esse mix do gosto do cliente aliado ao do arquiteto. E o mais importante: a personalidade de cada ambiente captada e transmitida pelo arquiteto”, explicou Adriana. Prioritariamente são pensadas as funções que aquele ambiente vai desempenhar, aliando conceitos como conforto, design, ergonomia, bem estar, orçamento... Tudo pensado em conjunto. É impossível pensar em conforto, sem pensar em ergonomia, em estética, em funcionalidade. Um dos destaques do projeto foi a mudança da fachada. A casa tinha um estilo tradicional, com telhado de quatro águas e ganhou uma nova proposta, com aparência mais contemporânea. Para isso, a arquiteta utilizou linhas retas e materiais nobres como o porcelanato madeirado e o tijolinho. E uma curiosidade é que a cozinha não iria ser reformada, pois os clientes achavam que não precisava. “Mas quando tudo foi se transformando e o novo foi aparecendo, eles reconheceram que o espaço precisava ser reformado também”, disse a arquiteta. A troca de ideias com os proprietários, segundo Adriana, sempre foi muito tranquila, com sucesso, e onde se fortaleceu uma antiga amizade. Texto: Débora Cristina Fotos: Di Assis
Arquiteta: Adriana Leal Projeto: Arquitetura e ambientação de residência unifamiliar
Granito: Oficina do Granito Vidros: Paulo Vidros Cortinas: Ana Leda Móveis Planejados: Marel + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
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Ar jovem para produtos modernos Projeto dĂĄ a loja focada em jeans atmosfera jovem e descontraĂda
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Atrás do balcão uma composição com cilindros com refletor dourado faz uma delicada composição valorizando o painel. O dourado, dos cilindros, faz um contraponto com o fundo preto do rasgo de gesso e enobrece ainda mais o ambiente. Lâmpadas halógenas valorizam o painel de elemento vazado dando inclusive um efeito de luz e sombra com contraste na textura deste produto
Outra demonstração disso é que o piso e a parede atrás do caixa ganharam revestimento vinílico no padrão amadeirado. Essa escolha foi feita pela necessidade de resistência ao alto tráfego e pelas características de fácil instalação e manutenção, já que são materiais reconhecidamente fáceis de limpar e de aplicar. Sob o ponto de vista da construção verde, estão alinhados com conceitos atuais de sustentabilidade ambiental porque são 100% recicláveis, permitem flexibilidade de uso; a instalação é feita com adesivos à base de água, e a fácil aplicação gera economia não só na hora da troca como também na remoção de entulhos. A bancada do caixa, já existente, também foi revestida com o vinil no padrão amadeirado. As demais paredes receberam acabamento em textura rústica na cor cinza granito. O mobiliário é em laca alto brilho na cor preta. “A laca é uma cobertura para proteção da superfície, e se dá através de uma pintura a jato, nas opções fosca e alto brilho. A escolha da pintura foi feita primeiramente para reaproveitar o mobiliário já existente, bem como para imprimir aos móveis a leveza da laca alto brilho. Usei espelho fumê bizotado, vidro e laca alto brilho preta também para repaginar os dois móveis centrais”, explicou a arquiteta.
Vitrines mais criativas
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ma loja com ar jovem e descontraído, voltada para a venda de produtos modernos, numa área nobre da capital paraibana. Esse foi o projeto feito pela arquiteta Nádia Pedrosa. A área de 55 m² foi bem dividida e ganhou espaço para expor artigos, receber clientes, estoque, vestiários e caixa. O essencial foi que existisse liberdade de movimento em toda a loja, pois a circulação não pode ser um problema em um ambiente comercial. “Quando penso a arquitetura de espaços comerciais destaco alguns pré-requisitos necessários para concepção e criação. Itens como fluxo, iluminação, espaços operacionais e cores são pré-definidos inicialmente pela própria atividade do ambiente”, explicou Nádia. O grande diferencial deste projeto está na escolha certa dos materiais: funcionais, de alto potencial plástico e com baixo custo para a obra. Um bom exemplo disso é o pufe central, onde os clientes podem sentar e descansar enquanto decidem se vão levar este ou aquele jeans. E, demonstrando a preocupação com a sustentabilidade, a arquiteta e o proprietário reaproveitaram parte do mobiliário da antiga loja.
“A vitrine foi pensada de modo a ser a essência do que é a loja, e de tudo o que ela oferece e simboliza, sendo habilmente apresentada com imaginação e sedução, pois tem a eficácia da publicidade de atrair os olhares do mundo exterior para si e trazer o consumidor para dentro da loja”, disse Nádia. Cada detalhe das cores foi pensado de forma única. “Para mim, o foco principal do projeto são as duas divisórias feitas em elemento vazado cerâmico, ou cobogó, pintados com esmalte sintético fosco na cor amarelo ‘sol dourado’”, afirmou ela.
Uma moda mais ousada requer expositores mais ousados para casar com a proposta. Sendo assim, a disposição das peças, penduradas em correntes metálicas na cor preta, é uma atração à parte para que a roupa brilhe e venda mais facilmente. Desta forma, as peças foram expostas de uma maneira criativa, mas também funcional
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O amarelo irradia luz, brilho, vida, alegria e jovialidade. Assim, esta cor foi escolhida para este projeto de ambientação comercial, de maneira a criar um ambiente descontraído, dinâmico, unissex e jovial. Para ampliar o pé direito da loja, foi utilizada a cor branca no teto e criado o detalhe do gesso solto das paredes laterais, com iluminação embutida. Dando o toque final, o verde do bonsai complementa o ambiente deixando-o mais humanizado.
A escolha deste material, segundo Nádia, foi por ele ser de aplicação inteligente, pois promove uma estética bem resolvida sem grandes custos, sendo um elemento de grande funcionalidade e elevado potencial plástico, gerando uma textura instigante e descontraída, ao controlar, redesenhando, a luz natural incidente no espaço interno da loja. Para ela, a estética rendada que o elemento vazado confere tem muita relação com a região nordestina, onde ele foi criado por três engenheiros pernambucanos em 1929.
Iluminação simples e funcional
O projeto de iluminação, de Germanna Cabral, faz uma grande diferença nessa loja. Além de valorizar os produtos expostos, detalhes do projeto de ambientação também ganharam destaque. Como é o caso do rasgo no gesso com fundo preto criado pela arquiteta para dar um ar de descontração juvenil à loja. Nele foram embutidas lâmpadas metalicas no formato PAR 20 destacamos produtos expostos nas araras com um excelente IRC e um ótimo fluxo luminoso, por volta de 500 lux MT/2. Mesmo índice e conceito de iluminação utilizada na vitrine. A proposta da loja são peças em jeans. O jeans moderno tanto utiliza tonalidade claras como escuras
e este detalhe requer um cuidado especial na projeção da iluminação, já que o jeans escuro absorve muita luz, e o cuidado de não deixá-lo preto também foi observado como detalhe fundamental na especificação. Para os jeans claro a preocupação era não deixar as cores amareladas ou muito esbranquiçadas, daí a necessidade de lâmpadas com IRC alto (95%) e com tonalidade de cor por volta dos 4000 K. “Todos vieram me cumprimentar pela loja. Deu pra perceber que o projeto de ambientação e o design da loja agradaram a todos, já que foram só elogios do início ao fim do evento de inauguração”, afirmou Marcio Araruna, proprietário da loja Outlet Jeans. A qualidade do projeto final dependeu do rigor e da exigência em cada uma das fases do processo construtivo: programa de necessidades, projeto e execução.”O projeto da loja Outlet Jeans alcançou com louvor a proposta de garantir uma atmosfera jovem, descontraída e vibrante. As cores, as formas, o mobiliário, os materiais, a iluminação, tudo está de acordo com a personalidade da empresa e com o perfil do público que se pretende conquistar”, finalizou Nádia. Texto: Débora Cristina Fotos: Diego Carneiro + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
Arquiteta: Nádia Pedrosa
Lighting Designer: Germana Cabral
Projeto: Ambientação de Loja
Projeto: Iluminação Luminárias: Grupo Emporium
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Capa
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Exuberante por natureza Chalé em convivência harmônica com o verde
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m espaço de integração e da convivência de familiares e amigos tendo, como maestro, a natureza. Assim é o projeto da arquiteta Gilvane Bittencourt, que fica numa fazenda, em Pernambuco. São quatro chalés com dois pavimentos, contendo duas suítes, cozinha, sala e varandas. Eles formam
um conjunto harmonioso em volta do lago artificial, rodeado de jardins habitados por pássaros, coelhos e animais domésticos que vivem livres pelos jardins. Como a cliente é uma amante da natureza, que convive com plantas e animais na mais perfeita harmonia, a condição para execução da obra era que
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fosse encontrado o ponto de equilíbrio entre construir uma obra de homens em meio à obra de Deus. O destaque de cada chalé são as varandas que contornam as fachadas principais. Voltadas para o lago e para o jardim, elas proporcionam uma contemplação do nascer do sol assim como do entardecer. E para combinar com esse visual majestoso, nada melhor
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do que priorizar a utilização da madeira, integrando a construção no entorno de uma forma muito orgânica e natural. Nos móveis o elemento madeira também ganha destaque. “Usamos a madeira de reflorestamento assim como madeira reciclável, como troncos e toras de árvores trabalhadas pelos artesãos locais”, informou
a arquiteta. Isso sempre levando em consideração a preocupação com a sustentabilidade em cada aspecto da obra: uso da energia, dos materiais, da utilização da água assim como o esgoto, tudo com a preocupação de não agredir a natureza. Na iluminação, a preocupação com a sustentabilidade também se fez presente em um projeto luminotécnico executado por Andréa Carolina, da Light & Design. “Tivemos sempre a preocupação como o uso racional da energia
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aproveitando bastante a luminosidade do local, traduzindo na luz a serenidade do ambiente e da natureza”, disse Gilvane. Esse projeto foi uma volta às origens para a arquiteta. “Como sou do campo e tenho a natureza sempre muito presente em minha vida, me identifico muito com esse tipo de trabalho. Já tenho alguns projetos com essa leitura, mas cada um é único: a identidade do cliente fica sempre muito explícita em cada um deles”, disse ela.
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A arquiteta enfatizou que o resultado final do projeto foi fruto de uma grande integração e dedicação de todas as partes envolvidas no trabalho: equipe, madeira, granito, iluminação, ela sempre presente à obra (apesar da distância), e, claro, o envolvimento total da cliente, interagindo com as ideias apresentadas e sempre demonstrando confiança em toda equipe de execução. “Isso, para mim, é uma condição primordial no sucesso do projeto: contratar o profissional e confiar nele”. A prioridade em um projeto desses é a integração com a natureza. Quando se tem uma natureza tão intacta, a responsabilidade com o meio ambiente em
que se insere o projeto aumenta proporcionalmente. Afinal, implantar uma ideia em meio à perfeição da natureza não é uma tarefa fácil, mas o resultado é exuberante, porque o entorno já é, por natureza, magnífico. Foi um ótimo desafio”, concluiu Gilvane.
Texto: Débora Cristina Fotos: Diego Carneiro
Arquiteta: Gilvane Bittencourt Projeto: Arquitetura
Madeira coberta e moveis: Fecimal • Granitos: Oficina do Granito Iluminação: Grupo Emporium Pisos e revestimentos: Cerâmica Elizabeth 64
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Iluminação
Através do vidro Projeto de iluminação valoriza showroom de distribuidora do material
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iluminação, quando bem planejada, valoriza qualquer ambiente. E isso é ainda mais evidente quando se trata do showroom de uma distribuidora de vidros. Foi esse o projeto feito pelo empresário e light designer Daniel Muniz, na BR-230, na Estrada de Cabedelo. Tudo milimetricamente pensado, em parceria com o arquiteto Germano Romero. Muito eficiente, o sistema foi projetado com equipamentos de longa vida útil, ao exemplo os reatores de AFP, as lâmpadas T5 e a fita de Led.
Na área de vendas, onde o pé direito é duplo, foi utilizado um sistema de luminárias Connect, que são módulos de 1,20m que podem ser conectados uns com os outros formando uma grande luminária suspensa. Neste caso foram duas grandes luminárias retangulares, uma dentro da outra, com tirantes em cabo de aço circulando toda o perímetro da área de vendas, dando um efeito muito interessante. Já nas salas de reunião, auditório e escritório da diretoria foram utilizadas luminárias de embutir com aletas brancas planas e
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lâmpadas Dulux de 26W com reatores eletrônicos de alto fator de potência para manter o mesmo índice de iluminação do salão principal e manter este índice por 70% da vida útil dos produtos, ou seja, foi calculada também a depreciação dos equipamentos. No auditório foi projetada uma luminária com distribuição uniforme e índice de iluminação ainda mais alto, 600 Lux/MT2, já que este ambiente será utilizado para treinamento das equipes de vendas, reuniões, apresentação de novos produtos e todos os ocupantes devem estar em alerta quando da utilização deste espaço. Foram utilizadas luminárias Zuri 4 x Dulux D/E com aletas planas. Como a empresa onde este projeto foi executado é de caráter moderno, o cuidado com os materiais utilizados foi ainda maior. Segundo Daniel Muniz, produtos modernos em alumínio, vidro e acrílico foram o norte das especificações por causa da característica da empresa e também por estar muito perto do mar e consequentemente ter incidência de maresia. “O pedido principal do cliente era um sistema de iluminação bonito, mas eficiente. Todos os equipamentos utilizados economizam energia e as luminárias com refletores internos para ter uma maior reflexão e minimizar a perda de luz, no caso das luminárias com fechamento em acrílico. Todas as lâmpadas são fluorescentes com camada trifósforo e vida útil de 15 mil horas. Na passarela de vidro de aproximadamente 10 metros foi utilizada fita de LED de 14,4 W/MT na cor azul, iluminando toda a lâmina a extensão da passarela de vidro e criando um efeito visual bastante moderno com a cor, que também é utilizada na marca da empresa”, explicou Daniel. Fazer a iluminação de um espaço tão amplo e ainda com pé direito duplo no salão principal requer alguns cuidados específicos. “Por isso, a interação entre nossa equipe e o escritório de arquitetura foi fundamental para a grande satisfação no resultado final e facilitou o trabalho”, afirmou Daniel.
Harmonia Para o arquiteto Germano Romero “o grande diferencial desse projeto é o fato de ter exatamente a imagem de sua função: uma harmonia perfeita entre os aspectos plásticos e funcionais. Por ser um empreendimento comercial, cujo produto é o vidro, a concepção estética tinha que traduzir com fidelidade o perfil de seu objeto. O maior desafio desse trabalho foi a sua natureza: uma ampliação com reforma. Daí a preocupação com que o resultado fosse coerente com a edificação pré-existente, pois a melhor solução para este tipo de projeto é aquela cujo efeito se confunde com a proposta de uma obra inteiramente nova”. Outra meta a ser atingida, segundo ele, “era maximizar o apelo por sua função comercial, empresarial, a fim de promover explicitamente e de maneira elegante o seu produto: o vidro em suas diversas formas, tratamentos e funções”.
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“Embora seja basicamente uma obra para uma empresa fornecedora de vidros, este projeto guarda características funcionais que abrangem diversas atividades como atendimento, venda, consultoria, showroom, além dos gabinetes seminários, administrativos, que contêm ambientes de estar e relax para os diretores. Cada espaço foi trabalhado de forma a se integrar ao fluxograma de funcionamento da empresa de maneira produtiva e compartilhada e
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atender com a máxima eficácia ao seu programa de necessidades”, disse Germano. “O showroom foi concebido para ter ao seu lado um ambiente de estar com serviços de coffee-point, internet e living, disponibilizados confortavelmente aos clientes da Vitrium. O auditório foi projetado para abrigar atividades como reuniões internas, palestras, seminários, com os mais modernos recursos de tecnologia e conforto. A recepção principal conta
com altura interior bem generosa, conferindo-lhe um perfil de “lounge” espaçoso e agradável que impressiona como ambiente de chegada, coroado com um harmonioso conjunto de luminárias. Os cômodos à disposição em anexo das salas da diretoria foram estudados para possibilitar o conforto necessário aos momentos de intervalo e relax nos dias mais corridos, sem que os proprietários tenham que se deslocar às suas residências”. Germano explicou também que “para valorizar o material que a empresa produz - o vidro - procurou-se utilizá-lo da forma mais abrangente possível, para que se fizesse presente tanto no cumprimento de sua função como para se mostrar de maneira explícita em todas as soluções: seja como revestimento, vedação, divisórias e demais acessórios, inclusive no piso da passarela e da escadaria. Também foram utilizados revestimentos nobres, como granito e piso de grandes formatos, que conferiram muito charme, se adequando ao padrão e à escala dos ambientes”. O arquiteto destacou a parceria e a liberdade que a equipe teve ao trabalhar com os empresários Túlio e Karina Chaves, que, “com seu refinado e atualizado bom gosto e experiência de frequentes viagens pelo mundo afora, muito ajudaram na busca de resultados realmente satisfatórios sob todos os pontos de vista. Afinal, tudo foi discutido, compartilhado e idealizado em um consenso de muita harmonia entre eles, o construtor e toda a equipe”. Sobre a parceria com o lighting designer, Germano revelou que essa relação profissional compartilhada vem sendo muito proveitosa. “Nos projetos em que trabalhamos juntos, a partir da definição da arquitetura, costumamos nos reunir com a equipe de Daniel, para elencar os planos, pontos e detalhes que julgamos merecedores de destaque e benefícios do light design. Daí, se formata o projeto de iluminação com sugestões, ajustes e especificações das melhores e mais adequadas luminárias, sempre focado no efeito e na economia, pois hoje, mais do que nunca, a eficiência energética não pode ser mais desconsiderada nos projetos de iluminação”, afirmou. Texto: Débora Cristina Fotos: Diego Carneiro
+ fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br
Lighting designer: Daniel Muniz
Arquiteto: Germano Romero
Projeto: Iluminação
Projeto: Arquitetura Luminárias: Emporium da Luz e Light Design
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Especial
Saindo do papel Brasília e Dubai mostram as soluções e problemas das cidades planejadas
Malha urbana de Brasília-DF
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o Planalto Central, se ergue a cidade de Brasília. Moderna, arrojada, foi concebida em forma de avião pelo arquiteto Oscar Niemeyer e o urbanista Lúcio Costa. Da Unesco, recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. No outro lado do mundo, entre o Gólfo Pérsico e de Omã, foi edificada Dubai, a metrópole dos Emirados Árabes que encanta pelo projeto futurista. Que ponto de ligação existe entre Brasília e Dubai? Cidades construídas, arquitetadas e planejadas para atender às demandas sociais, políticas, econômicas e de lazer, elas têm caminhos que se cruzam. No século XXI, as “cidades artificiais” apresentam soluções para a permanência da vida dos homens na Terra. E, também, inúmeros problemas...
Modernidade vs. mobilidade urbana Brasília foi inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitscheck, em 21 de abril de 1960, apenas três anos após terem chegado ao Planalto Central os primeiros candangos (operários da construção civil, notadamente nordestinos). Segundo lembrava o escritor Otto Lara Resende, “foi produto de uma conjugação de quatro loucuras”: a do presidente JK, do construtor Israel Pinheiro (diretor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital – Novacap), do arquiteto Oscar Niemeyer e do urbanista Lúcio Costa. Foi um sonho que, efetivamente, se fez realidade. Mas, desde o início, a obra foi marcada
Brasília
No Eixo Monumental, via pública mais larga do mundo, com 250 metros de largura, a área central abriga a Praça dos Três Poderes. Noutro ponto de Brasília, às margens do Rio Paranoá, ergue-se o Palácio da Alvorada. Projetado por Niemeyer, quem visita o Alvorada tem a sensação de olhar para uma caixa de vidro, que está aterrada sobre o solo e tem o apoio externo de finas colunas. E, um pouco mais adiante – e igualmente fascinante –, foi edificada a Catedral de Brasília. Inaugurada apenas em 1970, possui 16 colunas de concreto, que pesam 90 toneladas, e todos os vidros externos são transparentes
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Malha urbana de Dubai
pela polêmica. Dos 26 projetos inscritos, 16 foram eliminados na seleção prévia, sendo que o vencedor, de autoria de Lúcio Costa, dividiu a opinião dos arquitetos. A discussão chegou, inclusive, às páginas dos principais jornais e revistas da época. Para alguns, não passava de um esboço, um rabisco, e sua inscrição não deveria ter sido sequer aceita. Para outros, era simplesmente brilhante, genial. Em 1974, num depoimento à revista Manchete, Lúcio Costa rebateu todas as críticas, dizendo: “Digam o que quiserem, Brasília é um milagre. Quando lá fui pela primeira vez, aquilo tudo era deserto a perder de vista. Havia apenas uma trilha vermelha e reta descendo do alto do cruzeiro até o Alvorada, que começava a aflorar das fundações, perdido na distância. Apenas o cerrado, o céu imenso, e uma idéia saída da minha cabeça. O céu continua, mas a idéia brotou do chão como por encanto e a cidade agora se espraia e adensa”. Seguindo esse raciocínio – ao mesmo tempo empreendedor e audacioso –, Brasília saiu do papel e se materializou, apresentando uma clara opção pela arquitetura modernista, que teve seu apogeu no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Na concepção das edificações, estão presentes as marcas e os traços do arquiteto Oscar Niemeyer. Já o urbanista Lúcio Costa inovou o conceito de urbes. Criando o Plano Piloto, projetou Brasília como se fosse um “avião” e dividiu a cidade em “asas”. Exatamente no corpo principal da cidade se perpetua a singularidade da arte dos mestres modernos. Com mais de meio século de existência, Brasília chegou ao século XXI como referência e destaque na arquitetura brasileira e mundial. A cidade é tombada pela ONU, estando preservada para as futuras gerações.
Igualmente, são motivos de admiração e estudo os traços modernos, as singulares construções e a concepção ímpar do Plano Piloto. Por outro lado, como qualquer grande metrópole, ela enfrenta problemas de mobilidade urbana e habitação. Projetada para abrigar 500 mil habitantes, a capital federal e suas cidades satélites têm, atualmente, quase cinco vezes este número, totalizando 2.455.903 moradores. Ao longo dos tempos, Brasília já foi chamada de “cidade sem gente”, “cidade sem esquina”, “cidade de burocratas” e “ilha da fantasia”. Por isso, no ano passado, quando completou 50 anos, foi motivo de um estudo, de 155 páginas, publicado por pesquisadores da UNB e da PUC-RJ. Intitulado de “Projeto BSB”, a ideia era elencar os principais problemas dos brasilienses e o que deve ser feito, até 2060, para reverter os problemas da cidade construída. “Se não forem tomadas providências, Brasília sofrerá ainda mais com Dubai Situada entre o Golfo Pérsico e o de Omã, a cidade planejada e construída de Dubai é assim: lá tudo tem um quê de exagero. As edificações possuem tamanhos e formatos grandiosos; os hotéis e centros comerciais são reluzentes. Os estilos arquitetônicos são ecléticos e todas as edificações se voltam para o lazer e o turismo. O maior shopping do Oriente Médio possui uma pista de esqui e a orla do Golfo Pérsico tem milionárias ilhas artificiais. Há ainda um campo de golfe coberto e refrigerado, possibilitando que possa ser usado com sol e chuva, em todas as estações do ano.
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a desigualdade social, superpopulação e desemprego quando estiver prestes a completar 100 anos”, diz Tadao Takahashi, coordenador do projeto. Até sua morte, em 1998, Lúcio Costa respondia com vigor às críticas ao planejamento da cidade que planejou e construiu. Entrevistado pelo jornal O Estado de S. Paulo, em 1988, o urbanista foi enfático: “O que ocorre em Brasília e fere nossa sensibilidade é essa coisa sem remédio, porque é o próprio Brasil. É a coexistência, lado a lado, da arquitetura e da antiarquitetura, que se alastra; da inteligência e da anti-inteligência, que não para; é o apuro parede-meia com a vulgaridade, o desenvolvimento atolado no subdesenvolvimento; são as facilidades e o relativo bem-estar de uma parte, e as dificuldades e o crônico mal estar da parte maior. Se em Brasília esse contraste avulta é porque o primeiro élan visou além – algo maior”. Na visão de Lúcio Costa, Brasília é a síntese do Brasil, com seus aspectos positivos e negativos. “Mas é também testemunho de nossa força viva latente. Do ponto de vista do tesoureiro, do ministro da Fazenda, a construção da cidade pode ter sido mesmo insensatez, mas, do ponto de vista do estadista, foi um gesto de lúcida coragem e confiança no Brasil definitivo”.
Futurismo vs. questões ambientais O ano é 2027. A cidade está localizada no Oriente Médio. O maior prédio do mundo, com 2.400 metros (2,4 km) de altura, tem 400 andares. O projeto é sete vezes mais alto que o Empire State e tem um trem bala vertical agindo como o elevador principal com 200 km/h (125 mph). O design, inspirado na Torre Eiffel, com as forças do vento enorme empurrando o trem, possui o núcleo central, com seis edifícios exteriores, que estão ligados ao núcleo central de cada 100 andares. Não, não se trata de uma trama de ficção científica ou o enredo de um blockbuster, que leva multidões aos cinemas em todo o mundo. O cenário é real, tem nome – Sky Vertical City Dubai – e estará inserido na paisagem urbana de Dubai, a cidade que vem sendo construída no Oriente Médio. A City Tower Dubai deve consumir 37 mil MWh de eletricidade por ano, com um pico de 15 MW. A energia será fornecida principalmente por fontes solar, térmica e eólica. A maior parte da população de 1,5 milhão de habitantes é estrangeira. Nos canteiros das obras é maciça a presença de indianos e paquistaneses. Em Dubai, convivem elementos da cultura mulçumana (como o jejum religioso e o costume das mulheres de usarem o véu que cobre suas cabeças), de diversos povos orientais e até de ocidentais. Em 2008, no auge da crise econômica mundial, Dubai enfrentou entraves para manter o alto custo de suas obras faraônicas. Mas, atualmente, o grande problema dos Emirados Árabes é a questão ambiental e da sustentabilidade. Planejada para ter os maiores edifícios do mundo, Dubai convive com a o risco de assistir o esgotamento de seus recursos naturais: em especial, a água. O líquido existe em abundância, mas em grande parte não é potável, necessitando ser dessalinizado. 78
”Hoje, os níveis de salinidade do golfo subiram de 32 mil partes por milhão a cerca de 30 anos atrás para 47 mil. Isso é o suficiente para ameaçar a fauna local e a vida marinha, revelou Christophe Tourenq, pesquisador sênior do World Wide Fund for Nature em Dubai. Já o pesquisador Jean-François Seznec, especialista em Oriente Médio e professor da Universidade de Georgetown, vem alertando para uma questão crucial à sobrevivência da Terra: a emissão crescente de gás carbônico, que faz de Dubai um dos grandes poluentes do planeta. Segundo ele, a atitude sempre foi: os negócios em primeiro lugar. “Agora, todos estão vendo que os problemas aumentaram e percebendo que é preciso ter cuidado”.
Texto: Thamara Duarte Fotos: Divulgação
Outros exemplos – Com forte influência da arquitetura pós-modernista, Palmas foi a última cidade brasileira planejada no século XX. Foi concebida em 1989, para ser a capital do recém criado estado de Tocantins. Um ano depois de sua fundação, em 1991, tinha pouco mais de 24 mil habitantes. Hoje, segundo o IBGE, ultrapassa os 150 mil moradores Resultante do desenvolvimento econômico e social, enquanto o PIB do estado de Tocantins cresce 7,82% ao ano, Palmas apresenta uma taxa de 28,7% ao ano. - No Nordeste, as capitais Teresina (fundada em 1851) e Aracaju (em 1858) são consideradas cidades planejadas. Teresina foi planejada pelo conselheiro José Antônio Saraiva para ser a capital do estado do Piauí – única no Nordeste que não fica no litoral. No caso de Aracaju, seu formato remete a um tabuleiro de xadrez: todas as ruas foram planejadas para desembocar no Rio Sergipe. O planejamento elevou o povoado de Santo Antônio do Aracaju à condição de capital do estado, chamando-se, apenas, Aracaju. O responsável pelo desenho da cidade de Aracaju foi o engenheiro Sebastião José Basílio Pirro. - Outras capitais brasileiras planejadas para substituir outras já existentes são Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Goiânia, em Goiás. - A implantação de negócios de grande impacto financeiro em Pernambuco, como o Complexo Industrial Portuário de Suape, a instalação das fábricas da Fiat e da Companhia Brasileira de Vidros Planos, estão incentivando a construção das primeiras cidades planejadas do estado. Oito já foram anunciadas, por enquanto fazendo parte de municípios como Goiana e Jaboatão dos Guararapes. - A Baixa Pombalina – ou Baixa de Lisboa – em Portugal, é um exemplo mais antigo de bairro planejado. Fundada por ordem do Marquês de Pombal, após o terremoto de 1755, ela foi pensada para suportar o fenômeno, caso viesse a se repetir. As ruas são retas e perpendiculares, seguindo um eixo central, os edifícios têm arquitetura semelhante, com andares inferiores comercias e superiores habitacionais, e as fundações e edificações preparadas para distribuir as forças sísmicas – o teste foi feito com tropas em marcha para simular os tremores.
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Acervo
Navegando no Sanhauá No Porto do Capim, o nascedouro da Parahyba, antigas edificações esperam pela oportunidade de renascer
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anhauá transladou,/primeiro,/tiro certeiro,/ despolpa/argila,/s’estria:/músculo viageiro/ tecido anil,/água têxtil do rio”. O poeta Políbio Alves é quem melhor descreve o fascínio que provoca as águas do rio Sanhauá e a visão do antigo Porto do Varadouro, hoje Porto do Capim. O rio é afluente do Paraíba e de difícil navegação, sendo cercado por um manguezal que preserva espécies animais e vegetais, já conhecidos dos primeiros habitantes da antiga Parahyba e dos portugueses que aqui chegaram em 1585. Já se vão quase quinhentos anos de história... Do mundo habitado pelos povos indígenas – tabajara e potiguara – permanecem os elementos da natureza e o deslumbre diante da paisagem, que vai até onde a vista alcança... No entorno da área ambiental, a cidade foi sendo erguida. As edificações residenciais e comerciais, que configuraram as primeiras ocupações da Cidade Baixa, desenvolveram o perímetro do Sanhauá. No entorno, alguns dos imóveis resistiram à passagem do tempo e chegaram ao século XXI. A Ponte Nova Liberdade, conhecida como Ponte Sanhauá, e a Antiga Alfândega são testemunhas de uma época de intensa efervescência comercial: o atacado e o varejo utilizavam o então Porto do Varadouro como ancoradouro, para
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barcos que vinham das várias regiões do Brasil e até do exterior. A situação mudou a partir de 1935, quando foi criado o Porto de Cabedelo: alterada a rota da economia estadual, o Varadouro entrou em decadência. A partir daí, o cais do Sanhauá passou a ser ocupado pela comunidade do Porto do Capim, se constituindo num dos maiores conglomerados urbanos da capital paraibana. A população de baixa renda passou a viver às margens do rio, construindo casas e retirando do Sanhauá a subsistência do dia a dia. Mas, segundo a arquiteta Sonia Gonzalez, as unidades habitacionais têm baixo padrão construtivo e, em sua maioria, são construídas sobre aterros realizados na margem do rio. Ela alerta, ainda, que “a população é atendida precariamente pela infraestrutura urbana”. Ex-coordenadora adjunta da Comissão do Centro Histórico de João Pessoa, a arquiteta e urbanista Sonia Gonzalez é autora do Plano de Revitalização do Varadouro e Antigo Porto do Capim. O projeto surgiu em 1997 e tinha o propósito de desenvolver um conjunto de ações que visavam o aproveitamento pleno e sustentável da área, tendo por princípio o equacionamento dos seguintes problemas-chaves: a quebra do vínculo histórico entre o Rio Sanhauá
Foto: Divulgação COPAC
e a cidade, a subutilização das antigas edificações portuárias, a invasão por populações carentes (a comunidade Porto do Capim), a obsolescência da infraestrutura urbana, a degradação dos espaços e logradouros públicos e a degradação do meio ambiente. A arquiteta explica que, nesse sentido, as primeiras ações de restauração e revitalização teriam início com a relocação da comunidade Porto do Capim, havendo a construção de novas unidades habitacionais, dotadas de infraestrutura e equipamentos de apoio social e econômico. Atualmente, a primeira fase do projeto vem sendo desenvolvida pela Prefeitura de João Pessoa, através da Secretaria de Habitação. Quanto às demais ações, elas ainda não foram iniciadas. Integradas ao PAC 2/Cidades Históricas, serão efetivadas, nos próximos anos, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep) e Coordenadoria de Patrimônio Cultural de João Pessoa (Copac). A implantação da Praça Porto do Capim prevê a reurbanização da área ocupada pela comunidade (antigo cais do porto), transformando-a em praça para eventos e contemplação. Também está prevista a execução de um píer flutuante, para atracamento de embarcações turísticas. São elas que permitirão a viagem de volta ao passado, fazendo com que o turista do futuro possa desfrutar do estuário do Rio Paraíba e se deleite com a mesma visão do mangue que, há séculos, margeia o Sanhauá. Já no tocante à restauração e requalificação dos edifícios da antiga estrutura portuária, a recuperação da edificação da Antiga Alfândega iria abrigar, inicialmente, o Museu Histórico da Cidade de João Pessoa (Período Colonial), mas já se pensa, também, que possa sediar um Centro de Cultura. O superintendente do Iphan na Paraíba, Kleber Moreira, revela: “A primeira parte da restauração já foi concluída
e custou cerca de 500 mil reais. Foram realizadas obras emergenciais, como: descupinização, restauração do piso e das paredes e pintura da fachada”. Segundo Sonia Gonzalez, o “Plano de Revitalização do Varadouro e Antigo Porto do Capim” contemplava, ainda, a requalificação dos espaços públicos. “Nossa ideia visava à reurbanização da Praça XV de Novembro e das ruas Visconde de Inhaúma, João Suassuna, Porto do Capim e Frei Vital”. A ex-coordenadora da Comissão do Centro Histórico de João Pessoa lembra o sucesso das primeiras ações de recuperação patrimonial da capital paraibana. Para ela, o trabalho inicial reforça a necessidade de que se concretize o projeto do Porto do Capim, para que ele saia do papel e se transforme em realidade. “As ações de restauração e revitalização do Varadouro e Antigo Porto do Capim foram iniciadas com a recuperação do Antigo Hotel Globo (reinaugurado em 1994) e ampliadas com a revitalização da Praça Anthenor Navarro (1998), a restauração da Igreja de São Frei Pedro Gonçalves (2001), do Memorial da Arquitetura Paraibana (2001), a revitalização do Largo e Ladeira de São Frei Pedro Gonçalves (2001), a requalificação da Faixa de Domínio da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (2001) e a restauração da Antiga Fabrica de Vinho de Caju Tito Silva (2002)”, recorda Sonia Gonzalez.
Entorno histórico Quem visita a área do Sanhauá embarca no túnel do tempo e volta às origens da capital paraibana. No estuário do rio Paraíba, os portugueses desembarcaram em 1585. No Porto do Varadouro (Porto do Capim), a metrópole cresceu, em direção, inclusive, à criação de uma nova cidade – o município de Bayeux. Era o ano de 1840 e, por determinação do imperador Dom Pedro II, foi inaugurada a ponte Nova Liberdade, mais tarde conhecida como a Ponte Sanhauá. A ideia, no século
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XIX, era integrar a capital ao interior, e ela se tornou a primeira no Brasil a cobrar pedágio. Com 172 anos, o bem histórico apresenta problemas em sua estrutura metálica (corroída pela umidade, que provoca a ferrugem). Existe, também, o perigo de desabamento em alguns trechos. Há 18 anos, o trânsito está interditado, permitindo-se, tão somente, a passagem de pedestres e ciclistas. A edificação pertence à Prefeitura de Bayeux e não existe nenhum projeto de revitalização. Patrimônio tombado pelo Governo do Estado, através do Decreto nº 21.222, de 7 de agosto de 2000, a ponte encontra-se sob a guarda do Iphaep. Seguindo mais adiante, o visitante chega à Praça XV de Novembro. Nos registros históricos, não se tem com exatidão a data de sua fundação. Sabe-se, porém, que o local surgiu na segunda metade do século XIX. Nos primeiros tempos, era conhecido como Largo
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Pedro II, passando, com a proclamação da Republica, a denominar-se de Largo do Porto. A arquiteta Sonia Gonzalez explica que a reurbanização do logradouro público também fazia parte do projeto de revitalização do Porto do Capim. “Ao lado da praça, estariam as ruas do entorno – Visconde de Inhaúma, João Suassuna, Porto do Capim e Frei Vital”. Os casarios antigos se destacam na paisagem do Porto do Capim. Os imóveis, que outrora foram suntuosos, hoje estão deteriorados e com possibilidade de ruir. Durante muitos anos, a Antiga Alfândega era um deles. Contudo, a partir de 2010, o que era somente mato e abandono começou a ser restaurado, revelando a originalidade dos dois pavimentos (que são ligados por uma escada de madeira) e também a coberta, com duas águas de madeira. Aos poucos, a recuperação do Porto do Capim revela uma história pouco conhecida da maioria da população. A ocupação da área do Porto do Capim foi efetivada no século XIX, mas, na verdade, começou a ser pensada muito antes, já na época da invasão holandesa. Após uma visita ao Varadouro, o príncipe Maurício de Nassau ordenou, em 1637, a construção de um armazém e um dique. Em 1697, com a reconquista do território paraibano, os portugueses edificaram uma alfândega, que servia para armazenar os impostos que os cidadãos pagavam à Coroa. Em 1825, foi a vez de se construir a Antiga Alfândega. O prédio de nº 50, da Rua Visconde de Inhaúma, tem estilo eclético: já foi mudada, inclusive, a fachada. Ocupa uma área de cerca de 724 metros quadrados e pertence à União. Desde 2003, está cedido, sob a forma de utilização gratuita, ao Governo da Paraíba. Não foi, porém, o último imóvel a ser construído no entorno do Sanhauá. Em 1861, foi erguida, também pelo governo português, a sede do Thesouro Provincial. Ao longo dos anos, a área do Porto do Capim sofreu intervenções que mudaram alguns elementos da arquitetura do entorno do Sanhauá. Mas, o velho rio, nascedouro da antiga Parahyba, permanece inalterado, com suas águas correntes e um manguezal que resiste ao tempo. Texto: Thamara Duarte Fotos: Diego Carneiro e divulgação (foto aérea)
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Reportagem
Mudar de casa, sim; de bairro, não A urbanização de comunidades é uma das soluções para melhorar a qualidade de vida das populações de baixa renda
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que é mais viável? Retirar toda uma comunidade de um lugar e transferir para outro totalmente planejado, ou urbanizar o local, relocando apenas os moradores que estejam ocupando áreas de risco ou de proteção ambiental? Para os vizinhos dessas comunidades, cujas características geralmente destoam dos arredores, a melhor opção seria retirar aqueles moradores de lá e deixar o espaço livre ou ocupá-lo com equipamentos que embelezem e valorizem o bairro. Já para os moradores das comunidades essa é uma opção impensável, afinal estão acostumados ao local, que, por mais insalubre que seja, é onde a vida deles acontece – e o valor sentimental pesa bastante nessa hora. O impasse que acontece em cidades de todo Brasil, ainda está longe de ter um veredito, mas, pelo menos em alguns locais, já há um direcionamento consensual. Em João Pessoa, capital da Paraíba, a experiência de urbanização de comunidades começa a ganhar corpo com o desenvolvimento de projetos para áreas ocupadas irregularmente ao longo dos anos, como o projeto previsto para o Bairro São José, a maior favela da cidade.
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Segundo o professor, arquiteto e urbanista, Marco Suassuna a urbanização de favelas, não e uma questão opcional, nem uma tendência. É um direito previsto no Estatuto da Cidade, em vigor desde 2011. “É uma necessidade de inclusão sócio espacial, equilíbrio ambiental e urbano e um direito”, argumenta Suassuna. Na Paraíba, não há muito o que mostrar na prática, já que os projetos ainda não saíram do papel. ”Há tentativas ainda incompletas que não servem de exemplo, como na favela do Timbó (no bairro dos Bancários), e outras medidas paliativas como remoções das áreas de risco pela defesa civil e construções de casas para algumas famílias removidas, mas ações dispersas, pouco efetiva na ótica do planejamento urbano sistêmico e sustentável”, comenta Suassuna. Porém em outros estados já existem projetos bem sucedidos de urbanização. São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte mostram na prática a viabilidade dessas intervenções. Na favela de Paraisópolis em São Paulo é possível ver um desses exemplos. Com mais de 100 mil habitantes, o local ganhou um centro comunitário multifuncional que
resolve dois problemas de uma só vez: a erosão do terreno e a falta de espaço para desenvolver projetos de cultura e educação. Além de oferecer soluções de ocupação ordenada do solo, a urbanização de favelas, traz a reboque outros benefícios. “Legalização da moradia tendo o reconhecimento de um endereço formal, dignidade da moradia em termos de habitabilidade (salubridade, ergonomia, conforto) acesso aos serviços básicos de infraestrutura: saneamento, pavimentação, acessibilidade; provisão de equipamentos comunitários (escolas, creches, quadras poliesportivas, praças), combinação do uso residencial com o comercial contemplando a geração de renda próximo da moradia, integração com o tecido urbano fazendo parte da cidade legal e formal, mas respeitando as características próprias da favela em termos de cultura e dinâmica urbana”, elenca Suassuna.
Projeto do Bairro São José Em fase de finalização, a proposta de urbanização do Bairro São José, localizado entre os bairros de Manaíra e João Agripino e tem mais de oito mil moradores, prevê intervenções que vão mudar totalmente a paisagem do local. Segundo a arquiteta Amélia Panet, uma das responsáveis pela elaboração do projeto, em um primeiro momento cogitou-se a ideia de retirar toda a comunidade do local que cresceu desordenadamente. Mas, com o estudo aprofundado de caso, foi constatado que há condições de urbanizar o bairro, bastando para isso ações de relocação de alguns moradores, que atualmente ocupam as margens o rio Jaguaribe e correm risco ambiental e também àqueles cujas casas estão na área da barreira e podem ser afetados em caso de desabamento, ou localizados dentro da Área de Proteção Ambiental (APP). Além da remoção dessas famílias, a construção de equipamentos comunitários de saúde e lazer, alargamento de avenidas, um parque margeando todo o curso do rio e três pontes que darão acesso a veículos e pedestres fazem parte do projeto “Laços, Enlaces, Novas Relações”, cujos recursos já estão assegurados pelo Governo Federal.
Rio Jaguaribe - Bairro São José, joão Pessoa
Outros exemplos Paraisópolis (SP)
Paraisópolis é a maior favela de São Paulo, na zona oeste da cidade e fazendo divisa com o Morumbi, o bairro mais sofisticado da capital paulista. A população é de mais de 42 mil pessoas – mais do que muitas cidades brasileiras. O processo de urbanização começou em 2005 e a comunidade conta hoje com uma unidade Assistência Médica Laboratorial, novos blocos residenciais a serem ocupados pelos moradores (muitos deles originários de áreas de risco) e até lojas de departamentos e agências bancárias já se instalaram lá. Os imóveis valorizaram em até 500%.
Jardim Iporanga (Programa Mananciais) (SP)
O Programa Mananciais, de São Paulo, foi tema de uma palestra em um encontro internacional da Unesco em 2010. O projeto inclui áreas urbanizadas da Bacia de Guarapiranga, como o Jardim Iporanga, Parque Amélia, Jardim Esmeralda, Jardim Kagohara e Jararaú, todos núcleos habitacionais precários hoje transformados em bairros,
Brás de Pina (RJ)
Uma experiência pioneira nos anos 1960. Quando os moradores da favela de Brás de Pina resistiram à força a tentativa de remoção pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, isso chamou a atenção de um grupo de arquitetos, que resolveu apoiar os moradores para urbanizar o local. A partir de 1966, com um novo governo no estado, as interferências na área cresceram, aproveitando melhorias feitas pelos próprios moradores, implantando serviços de infraestrutura e construindo moradias de alvenaria.
Texto: Neide Donato Fotos: Divulgação 85
A História de...
O mundo moderno nasceu à noite Das tochas aos LEDs, a iluminação pública revolucionou a história da humanidade
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a Idade Média até o século XVIII, algumas cidades europeias proibiam a população de andar pelas ruas devido à escuridão da noite, pois elas não eram iluminadas como hoje. Havia até decretos que permitiam a prisão de uma pessoa caso andasse de noite que não estivesse carregando uma vela na mão ou uma lâmpada a óleo, de modo que pudesse ser vista e não ser considerada uma ameaça à segurança local. Do homem das cavernas até o século XIX, o fogo era a fonte de luz para a iluminação nas casas e nas ruas. Em todo esse período a luz tinha cheiro. Afinal, para se iluminar um ambiente era necessário haver a queima de materiais como a madeira ou gases que evaporavam dos óleos de origem animal e vegetal que eram colocados dentro de vasilhames de argila ou de metal.
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Com a escuridão das ruas, muitas lendas surgiram ao longo dos séculos de modo que a noite era o principal ambiente para se narrar histórias sobre vampiros, morcegos, fantasmas e monstros. A noite começou a mudar quando a iluminação a gás surgiu nas ruas de Londres em 1807. Ela foi transformada em um ambiente para as pessoas frequentarem. No restante do século essa tecnologia se espalhou na Europa. Paris se tornou a cidade-luz porque tinha mais de 30 mil postes de iluminação a gás. Os artistas não deixaram a vida noturna passar em branco. A noite era tema para a poesia, a pintura, a música, romances literários... Era a expressão de uma vida social romântica. No ano seguinte, 1808, um químico inglês chamado Humphry Davy inventou a lâmpada elétrica. A luz vinha de uma descarga elétrica, conhecida como arco-voltaico. Seu brilho era intenso e foi essa tecnologia que modernizou as noites, porque seu clarão podia iluminar até quatro ruas de um quarteirão, pois a lâmpada era posicionada no alto de uma torre. Na última década do século XIX, Thomas Edison ficaria famoso porque criou a primeira fábrica de lâmpadas elétricas. Mas as lâmpadas que Thomas Edison criava e fabricava era um tipo de lâmpada que foi aperfeiçoada ao longo do século XIX desde sua invenção: era a lâmpada com filamento incandescente inventada pelo inglês William de la Rue, em 1820. Foi essa lâmpada que foi parar na casa das pessoas e são usadas até hoje deede que Thomas Edison fabricou em larga escala. Aliás, muitos outros inventores fizeram outras lâmpadas incandescentes, mas nenhum deles conseguiu torná-la um produto fabricado em escala comercial. Essa lâmpada tinha um brilho mais fraco do que aquelas de arcovoltaico. Por isso era necessário o uso de vários postes de luz nas ruas. A luz elétrica no espaço noturno da cidade atraía a atenção das pessoas. A noite iluminada se oferecia cada vez mais como uma oportunidade para novas descobertas na vida social. Durante os séculos XX e XXI a noite se torna colorida pela
iluminação de letreiros com lâmpadas de gás neon, lâmpadas fluorescentes, lâmpadas de vapor de sódio e vapor de mercúrio nas vias públicas. Em 1962, o estadunidense Nick Holoniack Jr cria em Nova York os diodos emissores de luz, conhecidos pela sigla inglesa LED. O LED é a vedete tecnológica no mundo contemporâneo da iluminação. Texto: Farlley Derze Fotos: Divulgação
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Arquitetura e Arte
Cidade sem paredes De maneira ousada e original, Dogville reflete sobe conceitos básicos da arquitetura
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ogville (2001), filme de Lars von Trier, é uma surpresa visual logo de cara: começa com uma cidade vista diretamente de cima. O caso é que esta cidade não é feita de edificações e estradas, mas de riscos no chão e alguns poucos objetos de cena. Os espaços são demarcados por esses riscos, com direito a escritos dizendo que casa é de que personagem, onde e de que nome é a rua principal e onde são detalhes como o celeiro e até um cão. É surpreendente e intrigante – e também um fator de estranhamento para o espectador desavisado. O começo em “planta baixa” (uma composição digital: não foi possível encontrar um estúdio com o pé direito tão alto para realizá-la), com uma aproximação lenta e gradual da câmera é uma introdução para a história e para o que é, visualmente, Dogville: um filme sem paredes ou portas.
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Sendo assim, Lars von Trier coloca para o público uma arquitetura que “não existe”. Ou melhor, que existe, mas que não vemos – a não ser por detalhes, como cercas ou a torre da igreja; e que, no entanto, ouvimos, já que os sons de portas abrindo e fechando, por exemplo, estão lá. Assim, ele nos convida a construir em nossa mentes essa arquitetura. Como se trata de uma cidade perdida nos cafundós dos Estados Unidos, da qual a prosperidade já se afastou há muito tempo, naturalmente são casas pobres, sem requintes visuais e, dá para imaginar, sem muitos acabamentos. Mas essa é uma visão possível e geral: cada espectador vai criar sua Dogville visual em sua própria cabeça. Essa abstração, no entanto, é mais útil para refletir a respeito da utilidade dos elementos mais básicos da arquitetura. Numa das cenas mais fortes do filme, Grace (Nicole Kidman), a forasteira que surge em Dogville e que é acolhida pela população, para depois ser oprimida pelos mesmos cidadãos, é estuprada dentro de uma das casas. Para o espectador, é desconcertante: a cena é mostrada do ponto de vista da rua, onde todos estão em seus afazeres normais. O estuprador está protegido pelas paredes, mas não de nós, já que para nós não há paredes. É assustador. E, naturalmente, a ideia é a de que, vendo o interior dos ambientes sem fronteiras, estamos vendo, na verdade, o interior dessa sociedade. É preciso, claro, entrar no jogo proposto pelo filme. Caso contrário, a estranheza da abstração vai ficar em primeiro plano durante
a duração inteira de Dogville. Como no teatro, é preciso entender o tablado onde se conta a história como uma Dogville real. Mas, afinal, também não é assim nos filmes, onde o espectador precisa “preencher” a imagem completa além dos limites da câmera?
Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação
Dogville (2003) De Lars von Trier. Distribuição: California
Viagem de Arquiteto
No topo da América do Sul As cidades da Cordilheira dos Andes guardam emoções a serem vividas e histórias a serem descobertas
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venturar-se pelos Andes é acima de tudo uma das experiências mais paradigmáticas que um viajante pode experimentar. Mas, para encarar altitudes elevadas, facilmente cruzando os 4 mil metros, é necessário um conhecimento prévio dos lugares e das intempéries comuns a quem se dispõe viver esses roteiros. Por exemplo, as baixas temperaturas, que podem chegar a -20°C, e, nas estradas de tirar o fôlego, os abismos que tangenciam de vez em quando os caminhos. O roteiro escolhido foi um mochilão. Num período de 21 dias, cruzei três países – Bolívia, Chile e Peru – numa jornada rendeu mais de 3.500 registros de imagens. Passando por desertos, vulcões, salares, lagos,
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e claro, cidades e povos com traços da miscigenação entre os colonizadores espanhóis e os povos indígenas. Essa fusão concedeu a eles a forte influência tanto nas tradições culturais quanto na rica arquitetura de suas construções. Um exemplo são as famosas sacadas dos casarões de Cusco, cidade cujo nome, na língua Quechua, significa “o umbigo do mundo”. Essa cidade peruana de 300 mil habitantes é ponto base para os que buscam registros dos povos incas na América do Sul em sítios arqueológicos como as famosas ruínas de Machu Pichu, cidade sagrada para os incas. Outro ponto forte do roteiro foi o Salar de Uyuni, a maior planície salgada do mundo. Um deserto de sal que fica no sul da Bolívia, a mais 3,6 mil metros
de altitude, e é o fundo de um imenso lago salgado que secou a cerca de 40 mil anos. Com poucos elementos pra compor o horizonte essa superfície branca, além de usada pela Nasa para calibrar seus satélites de medição de altitude, também proporciona aos visitantes imagens perfeitas e truques para os mais habilidosos nas lentes. Sua extensão é de aproximadamente 12 mil km² e abriga metade de todo o lítio existente na Terra. La Paz, a capital boliviana, está situada a mais de três mil metros de altitude: fica encravada nas montanhas dos Andes. Fato interessante é que por estar literalmente numa fenda entre as montanhas, possui uma divisão social influenciada pela topografia: a população com maior poder econômico vive nas partes mais baixas, resguardadas dos ventos cortantes da cordilheira, enquanto que os menos privilegiados moram nas encostas e nos paredões que delimitam essa metrópole.
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A cidade também é recheada de atrativos turísticos que vão desde os mais ameaçadores – como escaladas sobre os picos nevados – até um acervo histórico e cultural inestimável, expostos nos diversos museus da cidade a exemplo do Museu de Artes Nacional (MAN), no centro de La Paz. Ou até mesmo a céu aberto em cada igreja, rua ou praça que venha a nos surpreender. Lugares como o Vale da Lua e o Mercado das Bruxas também são a cara da capital boliviana. Embora seja possível chegar a estes países por via terrestre, o mais conveniente é viajar por via aérea. Diversas cidades contam com aeroportos – vale ressaltar que não são muito confortáveis, mas tornam muitos roteiros mais dinâmicos e facilitam a vida que quem não tem muito tempo para desfrutar dos encantos de cada lugar.
Texto e fotos : Jackson Braz + fotos no site: www.artestudiorevista.com.br
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Expressão Nacional
Passe na medida Junior foi uma das peças fundamentais no melhor Flamengo de todos os tempos e em uma Seleção Brasileira inesquecível
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eovegildo Lins da Gama Junior, ou apenas Junior. Muita gente certamente não sabe, mas um dos maiores craques da história do Flamengo e da Seleção Brasileira e, hoje, comentarista de futebol da Rede Globo, nasceu em João Pessoa, em 1954. Ele foi cedo para o Rio de Janeiro e foi disputando peladas na praia de Copacabana que despertou a atenção do técnico do Flamengo na época, Modesto Bria. Foi o começo de uma relação íntima com o clube: ele é o recordista em atuações com a camisa rubro-negra e ganhou todos os títulos possíveis com ela.
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Junior estreou nos profissionais do Flamengo em 1974, ano em que o clube conquistou mais um Campeonato Carioca. Graças à sua ambivalência, começou como lateral direito – mas viria a se consagrar como lateral esquerdo. Anos depois, o técnico Cláudio Coutinho começou a improvisá-lo do lado esquerdo, mas deu tão certo que foi nessa posição que ele se consagrou a bordo do maior time do Flamengo de todos os tempos, ao lado de Raul, Leandro, Andrade, Adílio e Zico, entre outros. Com esse time, os títulos vieram em profusão. Os campeonatos cariocas de 1978, os dois de 1979 (houve dois naquele ano), o de 1981. Os brasileiros de 1980, 1982 e 1983. E os mais importantes: a Libertadores da América e o Mundial Interclubes de 1981. Um período de sonhos para qualquer rubro-negro. Não por acaso, Junior ocupou simultaneamente a lateral esquerda de outro esquadrão memorável: a Seleção Brasileira. Ele era o titular da Seleção na Copa de 1982 – que não vencemos, naquela tragédia que foi a derrota por 3 a 2 para a Itália. E que, mesmo sem ter vencido, é reconhecida internacionalmente como uma das grandes seleções da história do futebol. Forma com a Hungria de 1954 e a Holanda de 1974 o trio de seleções derrotadas em Copas que são mais lembradas que as campeãs.
A ligação de Junior com a Seleção de 1982 ultrapassava o campo. Ele até compôs e gravou um disco com a música “Voa, canarinho”, que se tornou um hino extraoficial do Brasil na competição. Por causa de seu cabelo black power, ele ganhou o apelido de “Capacete”. Anos mais tarde, ganhou outro: o “Maestro”. Foi em seu retorno ao Flamengo, depois de cinco temporadas na Itália, de 1984 a 1989, quando jogou pelo Torino e pelo Pescara. Na volta ao Flamengo, já jogando no meio campo, foi o líder do time nas conquistas da Copa do Brasil, em 1990, e do quinto campeonato brasileiro do clube, em 1992. Foram 874 partidas pelo Flamengo, recorde absoluto no clube. Junior se despediu do futebol em 1993 e passou a se dedicar ao futebol de areia, fazendo essa modalidade aparecer para o mundo. Marcou 201 gols e conquistou seis títulos mundiais pela Seleção Brasileira, entre 1993 e 2001. Foi técnico no campo por algum tempo, treinando o Flamengo em 1993 e 1994, depois em 1997. Mas se encontrou mesmo como comentarista esportivo, sua profissão atual. Levou para o microfone sua visão de jogo, técnica refinada e precisão nos passes. Texto: Renato Félix Fotos: Divulgação
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Estilo de vida
Genilson Santos de Oliveira
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mpresário, administrador de empresas, casado e com dois filhos, esse pessoense foi influenciado fortemente pela sua familia. Não é a toa que a saudade pela morte do seu pai é uma das coisas que mais marcam a sua vida, afinal sua escolha profissional foi dar continuidade à empresa que seus pais construíram no segmento de madeira.
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“Tudo posso naquele que me fortalece”
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Genilson de Oliveira tem uma longa trajetória na sua profissão, mas quando vai falar um pouco sobre si mesmo se revela tímido. ”É difícil falar de si, mas me considero uma pessoa simples por dar valor às coisas simples da vida”, e acrescenta “sou verdadeiro, é isso, é assim que melhor posso me definir”. É com essa verdade e transparência que procura fortalecer o seu vínculo com sua esposa, filhos, irmãos, amigos e clientes.
1 FAMÍLIA:
Um pedaço de Deus aqui na terra.
2 VIAGENS:
Gosto de conhecer cada vez mais o mundo e suas diversas culturas.
3 TRABALHO:
Minha atividade favorita, juntamente com meus irmãos, contando sempre um com outro.
4 RELIGIÃO:
Deus é a luz que ilumina o meu caminho e a minha mente, para que a cada dia eu ande sempre na luz, seja no trabalho ou em qualquer lugar.
5 NOTICIAS:
Gosto de me manter sempre bem informado com tudo o que acontece no mundo.
6 LAZER:
Sair com família e amigos.
7 FORMULA 1:
Adoro assistir esportes em geral, mas uma boa corrida é empolgante.
8 CUMPLICIDADE E LEALDADE:
Cumplicidade com a vida, lealdade com os amigos e entrega total à minha família.
Fotos: Divulgação e acervo pessoal
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Conversa Franca
“O que nos move são os ideais”
Fernando Abath fala sobre sua experiência no trabalho de educação através da cultura
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construção de um mundo melhor é pelo que trabalha Fernando Abath, um idealista assumido. Atuando em ONGs que buscam a cultura como elemento de cidadania e já tendo dirigido a Estação Cabo Branco, ele se prepara para lançar dois livros e fala um pouco de sua experiência. ARTESTUDIO – Uma vez você disse: “A identidade cultural de um povo é o que mais o qualifica para a verdadeira cidadania”. Na prática, o que pode ser melhorado para que haja um desenvolvimento da identidade cultural? FERNANDO ABATH – Tudo passa por um profundo processo de tomada de consciência acerca da execução de um plano de educação, em todos os níveis, que reconheça, a partir da escola, a importância de se trabalhar desde a creche, passando pelo ensino fundamental e médio, com os elementos de nossa identidade cultural. É preciso valorizar o potencial cultural de cada criança, adolescente e/ou adulto, de modo à empoderá-los do seu ser, sentir, pensar e fazer próprio. A escola não fará, sozinha, nenhuma revolução, mas, seguramente, dará uma grande contribuição nesse processo de construção de nossa cidadania. A cidadania plena representa nossa consciência do que somos e do que queremos ser. AE – Por causa da atuação de várias ONGs, a cidade de Cabedelo seria um bom exemplo de trabalho atuante para manter a identidade cultural de um povo. Como é o seu trabalho lá? ABATH – Iniciei meu trabalho de extensão cultural em Cabedelo pelas mãos do sociólogo Silvino Espínola, da UFPB, lá pelo ano de 1981, quando atuei como pedagogo e teatrólogo. O Projeto Cabedelo era a célula que utilizávamos para desenvolver, sob a coordenação nacional do MEC, o seu programa de interação entre educação básica e os diferentes contextos culturais existentes no Brasil. Esse projeto
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foi desenvolvido até 1985 e com o fim da participação do MEC e o afastamento de Espínola, tomei a frente da ação e com outros companheiros e companheiras da UFPB e de Cabedelo fomos desenvolvendo ações culturais dentro das nossas possibilidades. AE – E como foi a partir daí? ABATH – Em 1992, ao assumir a coordenação de extensão cultural da UFPB, implantamos o Projeto Arte e Cultura Catarina, dando continuidade a idéia central de que por meio do incentivo à produção cultural local estaríamos dando continuidade ao processo iniciado de valorização da cultura dos munícipes cabedelenses, levando essa idéia para dentro das escolas da cidade. Outros companheiros se engajaram – a exemplo da filósofa Clara Magna que, comigo, passou a coordenar essa grande cruzada. Fui coordenador geral até maio de 2008 quando deixei a coordenação, agora nas mãos da Clara Magna, e passei a funcionar como consultor pedagógico até os dias de hoje. Minha ação em Cabedelo é assessorar os movimentos culturais locais ajudando a organizar ONGs, grupos artísticos e toda a sorte de intervenções que ajudem a empoderá-los na percepção de que serão mais fortes se forem afirmativos em sua cidadania, ou seja, se reconhecerem como sujeitos de sua ação.
AE – Como você avalia a cultura paraibana atualmente? ABATH – A cultura paraibana sempre foi e será muito pulsante, viva, de qualidade. Os diferentes fazeres culturais paraibanos expressam, a todo o momento, a sua imensa potencialidade. O que falta são espaços culturais públicos espalhados ao longo do estado que possam absorver, com condições, as produções. Faltam teatros, casas de shows, galerias de artes, auditórios multiuso nas escolas, cinemas e salas para ensaios. Existe uma produção latente, mas reprimida, pois se produz, mas para apresentar aonde? Outra necessidade que temos de uma ação de circulação dessa produção cultural dentro do estado de modo que a paraibanidade possa se mostrar, ser valorizada e se dar a conhecer dentro de seu território para depois criar asas. Que bom seria que projetos como o Forró Fest existissem em todas as áreas artístico-culturais com o fomento dos poderes públicos. Também necessitamos de cursos de formação e de qualificação, pois os agentes culturais apresentam inúmeras necessidades de aprimoramento técnico, pois virtudes artísticas já possuem.
outros elementos, necessários ao nosso fazer. Não defendo o isolamento como forma de manutenção de um fazer cultural, mas o ver mais longe, com a consciência de saber fazer as escolhas e não se deixar levar por modismos ou ações impostas pela indústria cultural. Daí a importância desse nosso trabalho de fortalecimento das diferentes identidades culturais de nosso povo, de modo a que “ele” possa usar a internet como apoio, a serviço “deles”, sem perder sua maneira de ser, pensar e agir.
AE – Sonhar com um povo realmente consciente de sua cultura é uma utopia? Qual a função da educação na concretização desse sonho? ABATH – Os chineses nos legaram o pensamento de que “algum sonho haverá de ser impossível, mas nunca haverá a impossibilidade de sonhar”. Acredito cegamente de que o que nos move são os ideais e isso Platão, o filósofo grego, já nos ensinava. Não podemos nos conformar com o caos, com a ignorância, com a depreciação da natureza, com o olhar enviesado sobre a cultura local, regional e nacional. Acredito e batalho diuturnamente desde os meus doze anos de idade – estou perto de completar 56 anos – em prol da cultura como elemento de construção de nossa identidade, de nossa cidadania cultural. Esse é um trabalho que tem na escola e nos processos educacionais sua maior sustentação. Se trabalharmos desde a educação infantil com a valorização de nosso jeito de ser e agir, essa consciência cultural, pela educação, irá nos projetar enquanto povo e nação. Tudo passa pela educação.
AE – Na sua opinião, o que falta para que as pessoas façam da cultura algo realmente importante no diaa-dia? ABATH – Nos falta uma ação mais firme e consistente junto às escolas de modo a fortalecer uma nova consciência acerca da importância de valorizarmos a nossa identidade. Precisamos de mais canais públicos de rádio e televisão que possam mostrar a nossa cultura contrapondo-se ao lixo cultural que nos é mostrado a todo instante pelas diferentes mídias em busca de lucro fácil. A indústria cultural desconstrói esse trabalho de base, onde existe, com apelos fáceis e produtos pouco confiáveis. AE – Se tivesse que se definir em uma frase, qual seria? ABATH – Sou um idealista. Ainda acredito nas pessoas e na construção de um mundo melhor. Texto: Débora Cristina Foto: Divulgação e acervo pessoal Foto: Zé Marques - divulgação
AE – De que forma a internet pode ajudar a manter as tradições culturais? ABATH – Toda e qualquer tecnologia ou conhecimento pode ajudar ou dificultar as ações, de qualquer natureza, e não seria diferente com a cultura. A sociedade de hoje vive em rede, plugada, conectada em nível local e mundial, possibilitando aos povos, comunicação rápida e de qualidade. A rede mundial de computadores contribui para que conheçamos manifestações culturais isoladas, nos proporciona intercâmbios, cursos, troca de textos e
AE – Você está escrevendo um novo livro. Pode adiantar um pouco o assunto dele? ABATH – O título desse novo livro de artigos é Educação e Suas Interfaces: conversas sobre arte, educação e cultura, onde falo em cybercultura em um dos capítulos e sou o organizador da obra. Um segundo livro de artigos está sendo escrito com previsão de lançamento para setembro. Além dessas obras estou em fase de pesquisa para escrever um livro sobre a minha gestão a frente da Estação Cabo Branco em que quero demonstrar cientificamente a seguinte tese: participação e identidade é estratégia de educação popular.
Carta do Leitor A Artestudio quer ouvir você. É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:
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Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome, profissão, telefone e cidade do remetente. A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.
Olá, quando vamos ver a revista ARTESTUDIO nas bancas? Acho que vocês já têm potencial para isso. Abraço, Simone Lira João Pessoa
Simone, nossa programação é para o ano de 2013, abraço. Parabéns à revista e todos que fazem parte dessa equipe. Gostaria de fazer uma sugestão se me permitem. A revista tem como foco principal a arquitetura e decoração, mas vejo que também relacionam outros temas como cinema e história, por isso gostaria que falassem também de moda. Obrigada! Karina Sobral João Pessoa
Sugestão anotada, Karina! Obrigado! Vi na edição da revista 38 que vocês estão fazendo 10 anos, é uma maravilha. Parabenizo toda a equipe por isso, principalmente num país e estado como o nosso em que a cultura é tão desvalorizada. Vocês fazem um produto que não dá para folhear num consultório, a vontade é de levar para casa para ler todo o conteúdo – pois isso vocês têm, conteúdo. Continuem assim, vou esperar e desejar muitos mais 10 anos para vocês. Carlos Serrano João Pessoa
Obrigado Carlos, estamos preparando uma edição especial de aniversário, nos procure para receber a sua Parabéns pela apresentação e pelo conteúdo. Destaco a matéria de Thamara Duarte na edição 37, resgatando um pouco de nossa história focando o Engenho Paul, berço da Escola de Teatro
Piollin. Sugestão: Que tal um espaço para o leitor comentando problemas urbanos? Maurício Montenegro João Pessoa
Obrigado Maurício, a sua sugetão está anotada e já nessa edição entrou em pauta. Gostaria de parabenizar o excelente artigo da arquiteta Amélia Panet, me emocionei ao ler. Excelente postura adotada que nos faz refletir sobre o que queremos e esperamos para as nossas cidades. Parabéns! Jorge Maurício João Pessoa
Obrigado Jorge, já repassamos o elogio a autora do artigo. Percebi que cada vez mais vocês estão se preocupando com o urbanismo também. Parabéns pela iniciativa e dou uma sugestão: porque não criam uma seção falando sobre os nossos problemas de urbanismo? José Ricardo de Souza João Pessoa
É verdade, José, o assunto está em pauta na ARTESTUDIO. Inclusive, esta edição tem várias matérias e artigos sobre o tema. Quanto à seção, vamos anotar sua sugestão e analisar com carinho, ok?
A ARTESTUDIO agradece a todos os e-mails recebidos. Não podemos publicar todos eles, mas saibam que nenhum ficará sem resposta. Um grande abraço a todos vocês leitores e colaboradores da ARTESTUDIO. Obrigado! A editoria
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