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PRESENÇA FAZER PARTE DO SEU DIA A DIA. ESSA É A NOSSA ESCOLHA. APERAM. HÁ 68 ANOS, TODOS OS DIAS COM VOCÊ. No campo, no trabalho, nas ruas ou na sua casa, a Aperam está sempre ao seu lado. Nossos produtos – os aços inoxidáveis, elétricos e ao carbono –, estão nos grandes projetos e nos detalhes dos objetos do seu dia a dia. Desde o começo, nossa escolha foi estar presente e influenciar a vida das pessoas e das comunidades. Hoje, completamos 68 anos de histórias e conquistas e não poderíamos deixar de compartilhar mais esse momento com você.
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CARTA AO LEITOR
Deus seja louvado De que vale o dinheiro sem Deus? Pra mim, particularmente, nem um centavo. Não trocaria Deus por nenhum dinheiro desse mundo. Já tive bastante dinheiro sem Deus, e ele não me socorreu quando mais precisei dele.
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Acometido de uma doença incurável nas mãos, que me impedia até mesmo de rubricar o nome, vestir roupas, escovar os dentes e pentear o cabelo, foi Deus quem piscou pra esse desprezível camaradinha aqui e recolocou as coisas em ordem: “Olhaqui, sujeitinho infame e metido a besta, ou você aprende a dar valor ao que realmente importa ou vou deixá-lo ao Deusdará”. Ensoberbecido, preferi ficar com a segunda hipótese mas, aí, o que na minha concepção Deus deveria me dar – vida descompromissada, mansa e sossegada, como eu pedia –, não me deu. Então, vá entender. Fui curado em pleno exercício da vilania e da resistência. Portanto, não me venham com essa de que sensato é retirar Deus do dinheiro, pro país ficar mais light. Definitivamente, o que está errado não é Deus no dinheiro, mas fazer do dinheiro um deus. O deus dinheiro humilha, gargalha debochadamente da falta de dinheiro do outro, confunde opulência com bênção e prosperidade, chora o mísero vintém que não entrou no fechamento do caixa no fim do dia. Quer dizer, pra ele não há mesmo Deus com “D” maiúsculo, acima de tudo e de todos, porque seus próprios atos não o recomendam e, óbvio, muito menos lhe rendem louvor. Mas ATITUDE não entra nessa pilha. Para tantos quantos ainda descrêem Dele ou prefeririam tê-lo fora de suas cédulas, o nosso mais profundo respeito. Contudo, pedimos licença para reverenciar nesta edição, com ricas informações que valem muito mais do que cédulas, um seleto grupo de realizadores, todos muito abençoados: esta guerreira chamada Vó Piquita (por cujas mãos leigas milagrosamente vieram ao mundo pelo menos duas centenas de vidas), Dr. Mário Márcio da Paz, José Dermo de Pinho, Sebastião Martins, Naohiro Doi, Luiz Pedro, Ricardo Bouzada, Mauro e Gilson Toledo... Deus seja louvado por nos ter dado o privilégio de tê-los como exemplos eloqüentes de sua existência.
LUIZ CARLOS KADYLL EDITOR-CHEFE
DIRETOR E EDITOR-CHEFE Luiz Carlos Kadyll kadyll@atituderevista.com.br kadyll.revistaatitude@gmail.com (31)9239-6438 / 3824-4620
REPORTAGENS José Vinícius Ferreira josevinicius@atituderevista.com.br
Juliany Cristina Rigueira juliany@atituderevista.com.br
Goretti Zeferino goretti@atituderevista.com.br
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Alisson Assis alisson.acomunicacao@live.com (31)9254.4757
ASSISTENTES DE ARTE Ellen Villefer ellen@atituderevista.com.br
Fernando Mageski fernando@atituderevista.com.br
DEPTO. FINANCEIRO Edileide F. C. Almeida edileide.revistaatitude@gmail.com
FOTOGRAFIAS Goretti Zeferino Amós Rodrigues Emmanuel Franco Paulo Sérgio de Oliveira COLABORADORES Alexandre Paulino Robson Almeida José Horta Janete Araújo Ed Carlos
ENVIE SUGESTÕES A revista atitude conta com a sua participação para proporcionar sempre um alto nível de informação aos seus leitores. Envie suas sugestões de reportagens para sugestao@atituderevista.com.br Elas serão avaliadas por nossa equipe com toda atenção.
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magia e encanto sonhos e alegrias
no natal tudo se torna possĂvel
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quem te faz feliz
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SUMÁRIO 22 E AÍ, VAI ENCARAR?
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Daniel Miranda Cota, ortopedista do Hospital Márcio Cunha, tem um hobby diferente: mergulhar com tubarões.
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ISSO É QUE É TRABALHO!
EXECUTIVO POR CONVICÇÃO E VOCAÇÃO
Que tal viajar pelo mundo, conhecer novas culturas, desfrutar de paisagens exuberantes, e ainda receber por isso? A educadora física Mayara Martins Caldeira topou encarar essa “dureza”.
Uma longa, emocionante e reveladora entrevista com Naohiro Doi, o diretor vice-presidente da Cenibra, analisando também o Efeito China e o Brasil de hoje.
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52 MATERNIDADE E PATERNIDADE PROGRAMADAS O congelamento de óvulos e espermatozóides para quem pensa em adiar um pouco o sonho de ter filhos.
56 JOSÉ DERMO E A VITÓRIA EM FAMÍLIA Em detalhes, a história da Casa Avenida, uma das lojas mais completas e tradicionais de Ipatinga, aberta no dia do aniversário de seu fundador, há 40 anos.
UM ESTRANHO NO NINHO Joseph Gama, 22 anos, o ipatinguense que ataca de dublê de italiano, operando uma gôndola veneziana no Central Park.
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PROFISSÃO: VIAJANTE
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Navegar é preciso Educadora física ipatinguense roda o mundo como funcionária de transatlânticos Um dia comum após as aulas em Harvard, uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo
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Quem não gostaria de viajar pelo mundo, conhecer novas culturas e fazer novas amizades, experimentar a diversidade dos climas, paisagens exuberantes? Parece muito dispendioso? E se você, além de poder desfrutar disso tudo e mais um pouco, ainda fosse pago por isso? Ficou mais convidativo? Pois é dessa maneira que a ipatinguense Mayara Martins Caldeira, 29 anos, já aportou em mais de 15 países, desde o continente americano, passando pela Europa, Ásia, África, até a Oceania. Educadora física formada em 2007 pela UNI-BH – Centro Universitário de Belo Horizonte, ela conta que trabalhou no Vale do Aço por quatro anos, no Estudio de Treinamento Personalizado Vip Trainer. Mas suas perspectivas profissionais começaram a mudar ainda no final de 2008, quando foi presenteada com a possibilidade de participar de um cruzeiro de travessia da Europa para o Brasil, embarcando em Barcelona, na Espanha. A experiência fascinou-a tanto que ela quis saber mais a respeito. Pesquisou, perguntou, fez contatos telefônicos, mandou currículos, preparou-se, até que, três anos depois, foi convidada para uma entrevista e acabou admitida na companhia Costa Cruzeiros, que opera 14 transatlânticos. Mayara revela que seu primeiro cruzeiro não foi exatamente uma casualidade. A influência veio de uma tia-avó, que faz viagens marítimas internacionais há 40 anos – na verdade, três cruzeiros a cada ano – e já rodou o mundo inteiro, sempre instigando a curiosidade de todos nas reuniões de família. Assim é que, aproveitando seu período de férias em 2008, foi fazer um
roteiro sugerido por ela, juntamente com a mãe (também estreante nesse tipo de passeio). As três ficaram 17 dias a bordo. Da Espanha o navio seguiu para a costa da África, percorreu sete ou oito capitais do litoral nordestino do Brasil, até o desembarque no Rio de Janeiro. “Foram dias inesquecíveis, três semanas que me marcaram profundamente, ainda com uma estada de cinco dias em Barcelona. Eu amo viajar e, então, procurei tirar todo proveito possível, unir o útil ao agradável. Durante o período embarcado, mantive contatos com vários setores da tripulação. Queria saber sobre pré-requisitos para ser admitido, como era o dia-a-dia a bordo, salários, enfim, todos os detalhes”. Intercâmbio e preparação A educadora física recorda que sua maior dificuldade era com o inglês, já que só tinha o básico e, além de tudo, encontrava barreiras no aprendizado do idioma inclusive no ensino regular. Ela decidiu então fazer as malas e encarar um intercâmbio na Austrália. A única referência que tinha eram as informações de seu irmão mais velho, que já havia morado na cidade de Brisbane, a terceira maior do país, em 2007. De fevereiro a setembro do ano passado, Mayara freqüentou em solo aborígene a escola de inglês Navitas. Para se manter, aceitou alguns subempregos, mas de certa forma “até tranqüilos”, segundo ela. Por quatro horas, nos dias úteis, e seis horas, nos finais de semana, trabalhava como housekeeper e cleanner. O ganho
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Em cada continente, a gostosa satisfação de experimentar um caldo novo de cultura
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ainda bancou alguns momentos de turismo pela Oceania e, ainda, na Ásia, tendo oportunidade de visitar a Tailândia, a Indonésia e a Malásia. Os dois primeiros meses foram mais desafiadores, conta Mayara. “Quando cheguei a Brisbane, a cidade havia acabado de sofrer uma terrível enchente, houve muita destruição, a fúria das águas foi arrasadora. Assim, passei uns 60 dias sem conseguir trabalho, cuidando apenas dos contatos com a escola. Mas eles reconstruíram tudo num período de apenas quatro meses, recuperaram as edificações de uma forma impressionante”, recorda. Na escola australiana, Mayara encontrou ainda alunos japoneses e coreanos, e algo lhe chamou especialmente a atenção: “A maneira como o brasileiro brinca, abraça, cheia de afetividade, parece um pouco estranha pra eles. Porque eles não estão muito acostumados a essa nossa forma descontraída, pode até ser que alguém confunda amizade com outro sentimento, entende?” O chamado da Costa Cruzeiros Já com o inglês afiado, Mayara passou apenas mais um mês e meio em Ipatinga, no ano passado, após o retorno da Austrália. Entrou no processo de seleção da empresa Costa Cruzeiros e foi fazer
uma entrevista em São Paulo. “Havia gente do Brasil inteiro, candidatando-se às mais diversas ocupações. E aí meus conhecimentos do novo idioma, como também a experiência do cruzeiro feito em 2008 foram determinantes para obtenção da vaga. Candidatei-me para a área de entretenimento, que é aquela que cuida de uma série de atividades, inclusive do acesso aos cinemas 4D, nos navios. Fizeram muitas perguntas sobre o tempo em que morei fora e creio que isso contou ponto. Perguntaram-me também especificamente sobre vivência em navio. O resultado é que em novembro já estava embarcando para minha primeira viagem de trabalho, num cruzeiro que partiu da Itália”, conta. Também uma aficionada da natação, Mayara diz que sua relação com a água é “bem administrada e sem traumas, nada de pavor”. Os cruzeiros em que trabalha, explica, têm roteiros diversos, alguns deles passando por Argentina, Brasil e Urguai, variando entre os maiores, de 15 dias, até os de curta duração, feitos em três ou quatro dias. Diversidade cultural e profissional A educadora física ipatinguense conta que um dos aspectos mais positivos de seu trabalho embarcado é a rica convivência com gente de origens e costumes
diversos. “Na tripulação, a maioria são italianos, filipinos, indianos e indonésios. Há ainda peruanos, hondurenhos, nepaleses, espanhóis. Cada um tem um inglês ‘próprio’, carregado de sotaques e pronúncias específicas. Então, pude desenvolver maneiras interessantes de aplicar o idioma. E, de bônus, também já aprendi o italiano, a língua dos administradores da empresa”, rejubila-se. Nos navios, há um cuidado e respeito especial com a diversidade cultural, e assim é que a cozinha revela-se naturalmente versátil. Mas Mayara não esconde que foi muito confrontada: “Pra nós, parece um tanto esquisito ver os indianos comendo com a mão, por exemplo. Mas o fato é que eles tentam atender bem a todas as nacionalidades. A nossa feijoada, então, é um tremendo sucesso!”. Mayara trabalha em navios de 12 andares, com 2.000 a 2.500 passageiros, que geralmente têm cerca de 1.000 tripulantes - uma média de um para cada dois passageiros. A multiplicidade profissional é extraordinariamente grande: são bombeiros, encanadores, eletricistas, acrobatas, atores, músicos, bailarinos, comediantes, grupos de dança, fitness e até sacerdotes. “Alguns funcionários asiáticos mantêm suas famílias, economizam para comprar casa
Em cada continente, a gostosa satisfação de experimentar um caldo novo de cultura Na Finlândia, onde o sol não se põe durante 73 dias em seu ponto mais setentrional
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com o que ganham, aproveitando a grande diferença de cotação entre o dólar e o euro em relação às suas moedas. Literalmente, ganham a vida ali” – revela. Num período de apenas oito meses, Mayara conheceu 16 países. Disse ter ficado especialmente impressionada com a diferença de hábitos no Marrocos e sua cultura muçulmana, encantando-se muito com riquezas históricas da Rússia, as florestas e lagos da plana Finlândia, com seus extraordinários fenômenos climáticos (no ponto mais setentrional do país, o sol não se põe durante 73 dias no verão e não nasce durante 51 dias no inverno).
Jornal diário Mostra a Programação A bordo Mayara diz que está curtindo muito o seu trabalho mas, por tudo o que já viu e vivenciou, não tem dúvidas de que o Brasil sempre ocupará um cantinho bem aquecido no seu coração. De volta a Ipatinga no mês de julho, fazia planos para 90 dias de máxima curtição com a mãe (viajando, claro! – e preferencialmente pelo litoral), projetando retornar à ralação em outubro. Ela conta que sua ocupação lhe rende cerca de 900 dólares de salário, com direito a quatro alimentações diárias (café, almoço, lanche da tarde e jantar), cabine dupla com TV e DVD, além de uma festa semanal curiosamente organizada por um padre, que é a quem companhia atribuiu certa posição de comando sobre boa parte da tripulação, funcionando também como conselheiro espiritual. “A maioria trabalha 11 horas por dia, mas no meu caso, são de 6 a 8 horas. Temos um jornal diário que mostra tudo o que está acontecendo a bordo e, aí, cada um se esbalda como pode, Cinema 4 Dimensões, teatro, caminhada orientada, aeróbica, jumping, simulador de carro de fórmula 1, patinação, bingo, rifa – o que não falta são opções de entretenimento”, enumera Mayara. Questionada sobre suas perspectivas de futuro, a educadora física não faz mistério. A médio prazo, quer fazer uma transição dos navios para alguma rede hoteleira. E, para isso, espera reunir o máximo de bagagem.
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Em paraísos ensolarados ou terras geladas, a sensação de liberdade sempre presente, estimulando descobertas Na Austrália, imaginando novos destinos
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DIA A DIA De olho no óleo Drama masculino
Recente pesquisa divulgada pelo Ibope, feita para uma indústria do ramo farmacêutico, revela que 42% da população masculina acima de 40 anos nunca realizou exame de próstata. Os motivos são muitos: de 643 entrevistados, 28% disseram ser saudáveis; já a falta de tempo foi apontada por 23% dos pesquisados; enquanto que 19% declararam não ter indicação para realizar o exame; o medo e a vergonha foram as razões dadas por 18% dos homens para não fazer o exame.
Museu Vitalidade
Apaixonado por antiguidades, o empresário Mauro Toledo, um dos sócios da geléia de mocotó Vitalidade, reúne um verdadeiro museu numa sala reservada do escritório da indústria. A réplica de um telefone de 1943 (que funciona!), uma máquina de somar de 1930, além de uma máquina de costura a mão, um rádio Harmonia, um isqueiro Vospic e um gasômetro de mais de meio século, entre muitos outros apetrechos vão se somando à relíquia mais preciosa do bem-sucedido negócio: o tacho de cobre com mais de 100 anos que foi o primeiro instrumento de fabricação de doces utilizado por ele e pelo irmão Gilson quando decidiram ousar com vendas em grande escala no comércio regional e toda Minas Gerais.
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A Premialy Padaria e Lancheria iniciou em novembro um interessante trabalho: em suas unidades foram instalados Bio Pontos, que são containeres coletores de óleo de cozinha para descarte de maneira correta e reciclagem. A iniciativa lhe valeu o Selo Verde da JRBiogerais, responsável pela coleta, que vai transformar o material em biocombustível. O óleo jogado no ralo ou na pia, além de impermeabilizar caixas de passagem e fossas sépticas, pode entupir o encanamento. Além disso, aconselha-se não jogar o óleo usado em bueiros ou na pia da cozinha, pois, ao ser transportado pelo esgoto o material polui rios e lagos. Tratado, o óleo serve também para a produção de sabão, sabonetes artesanais, etc.
Conte até 10
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) lançou em novembro a campanha “Conte até 10. Paz. Essa é a atitude”. A iniciativa tem o objetivo de estimular a reflexão acerca
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dos homicídios cometidos por impulso e por motivos fúteis. Um estudo relativo às motivações dos homicídios cometidos entre 2011 e 2012 em onze estados brasileiros, a partir de dados das Secretarias de Segurança Pública, conclui: a proporção dos assassinatos decorrentes de ações por impulso, em alguns esta-
dos, é superior a 50%. A mensagem central da campanha é a tolerância em situações de conflito, buscando evitar a violência (brigas de trânsito, entre vizinhos, em bares, etc). O curioso é que algumas das peças são estreladas por atletas do polêmico MMA, que para alguns é a expressão nua e crua da relativização da violência.
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DO BELA VISTA PARA NEW YORK
Dublê de italiano Ex-aluno do Mayrink e do Colégio Padre De Man ‘rala’ como gondoleiro, no Central Park, e estuda com bolsa em universidade norte-americana
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Além da atividade diária como gondoleiro, Joseph cursa universidade nos EUA e quer também concluir um mestrado
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Morar em Nova Iorque, a cidade mais cosmopolita do planeta, amplamente considerada a capital cultural do mundo, para muitos pode ser apenas uma aventura sem notoriedade, um destino certo de alma perdida no anonimato entre 8 milhões e tantos de habitantes que falam mais de 800 idiomas diferentes. Mas, para o ipatinguense Joseph Gama, 22 anos, há um algo mais, um forte componente de glamour. A sorte lhe bafejou com um emprego que, em muitas ocasiões, assegura-lhe estar a menos de três metros de carimbadíssimas figuras do jet set internacional. Gente como o bandleader do U2, Bono Vox, a apresentadora Xuxa e o tenor italiano Andrea Bocelli, que ele já transportou em revigorantes passeios de lago no Central Park, a bordo de uma gôndola histórica.
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DO BELA VISTA PARA NEW YORK
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Joseph Gama está na Big Apple há cinco anos e, desde 2010, arranjou um emprego que caiu do céu. Um gondoleiro italiano resolveu treiná-lo no posto, normalmente ocupado por seus conterrâneos. O ipatinguense praticou muito e conquistou a vaga, passando a operar a embarcação tipicamente veneziana que hoje virou sinônimo de programa romântico, tanto nos Estados Unidos quanto em seu país de origem. “Sou do Bairro Bela Vista, estudei no Instituto Mayrink Vieira e também no Colégio Padre De Man (Fabriciano), fazendo o curso de Informática. Aqui, moro com minha mãe, Glinaura, e tenho ainda uma irmã, a Monaliza, que mora numa cidade
ao lado. Meu pai e meu irmão, o Maickel Brener, ainda residem aí em Ipatinga. Fiz estágio na prefeitura de Fabriciano. Minha tarefa era encaminhar a Brasília, por computador, as informações cadastrais de candidatos ao Bolsa Família, a fim de que eles pudessem ser aceitos”, narra Joseph. Ele conta ainda, que, juntamente com um amigo, conseguiu ganhar um bom dinheiro extra vendendo bombom na escola. “Isso surpreendentemente nos deu um retorno bem legal”, recorda. Joseph explica que a atividade de gondoleiro na The Loeb Boathouse tem lhe assegurado contatos importantes e inusitados, ampliando bastante seu círculo de relacionamento, mas entre suas metas está a preparação acadêmica. “Faço dois cursos, Administração de Empresas e International Business, na Universidade da Cidade de Nova York. Tenho bolsa na faculdade por nota”, revela. A CUNY - City University of New York, onde estuda, uma instituição pública, é a maior universidade urbana do país, com mais de 260 mil estudantes em regime de créditos e 273 mil alunos de educação continuada e profissional, matriculados em campi localizados em todos os cinco distritos de Nova York. Joseph ainda não sabe se continuará nos EUA ou retornará ao Brasil, mas antecipa que somente
depois de se formar é que terá uma ideia melhor a respeito. “Vai depender, na verdade, das oportunidades que surgirem. Financeiramente a vida aqui não está difícil, no meu caso pelo menos, pois não fui afetado pela crise como muitas pessoas que conheço foram”, relata, revelando ainda que pensa em cursar um mestrado antes de retornar. A recompensa pelo trabalho Sorrindo muito, Joseph conta que antes de ter o serviço atual já foi até carregador de guarda-chuvas. Também entregou panfletos, trabalhou em escritório, alugou bicicletas, botes, etc. Sobre o salário como gondoleiro, ele detalha: “A minha hora é fixada em 6,50 dólares, independente do número de voltas que dou ou do número de horas que trabalho. Em eventos eles me pagam esses 6,50. Cada volta na gôndola (mínimo de 30 minutos) custa 30 dólares, sendo que 50% é meu, e 50% do restaurante onde trabalho. E tem a gorjeta também, que gira em torno de 20 dólares por volta, apesar de que muitas vezes ganhamos em média mais que isso”. A gôndola – acrescenta o ipatinguense – também pode ser alugada para eventos que acontecem no restaurante. A pessoa que aluga a gôndola para esses eventos
Além da atividade diária como gondoleiro, Joseph cursa universidade nos EUA e quer também concluir um mestrado Com o tenor Andrea Bocelli: “Ele me pediu para ir mais rápido com o barco porque gostava de sentir o vento”
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paga 150 dólares por hora, e aí 75 dólares são dele. “Nesses eventos as voltas são menores, apenas 15 minutos. O passeio é bem interessante, pois passamos por vários lugares famosos e históricos da cidade, localidades de muitas séries e filmes famosos. Um deles é o Dakota, o prédio onde o John Lennon morava antes de ser assassinado e onde ele levou o tiro que o matou. Há, ainda, edifícios onde vivem celebridades, enfim, a vista é magnífica, o que encanta a todos”, descreve. “Ler” o cliente Joseph Gama explica que durante a volta o gondoleiro tem que saber “ler” o cliente. “Muitos gostam de conversar, mas outros nem tanto. Alguns querem saber a história do lugar, das coisas em volta. Das celebridades que já encontrei, às vezes têm curiosidade de saber sobre as histórias engraçadas que já aconteceram. E acontece, realmente, muita coisa inacreditável”. Em cima da gôndola, Joseph já conheceu muitas pessoas e já ouviu histórias diferentes de todos os lugares do mundo. Bono Vox, o vocalista do U2, passeou com ele em 2009. “Conversamos bastante. Ele falou que gostou muito do Brasil, que era apaixonado por São Paulo”. A simpatia do cantor aumentou ainda mais a admiração de Joseph pela banda e a tietagem foi inevitável. “Não sou de pedir para tirar foto com ninguém, mas com o Bono eu
tive que tirar. Fui dormir sorrindo naquele dia. No fim do passeio, ele virou e me disse que eu ainda seria um grande homem”, lembra, orgulhoso. Sobre Andrea Bocelli, Joseph recorda: “Tive que ir trabalhar mais cedo no lugar do outro gondoleiro que estava viajando e me disseram que teríamos uma visita especial naquele dia. A tal visita especial era ninguém menos do que Bocelli, que atraiu grande número de curiosos em volta do lago. Elas gritavam e, em tom de brincadeira, pediam pra eu cantar durante o passeio. Ele me pediu para ir mais rápido com o barco porque gostava de sentir o vento.E, começando a cantar, me convidou para cantar com ele, mas é lógico que não consegui. Acho que fui a primeira pessoa na história a rejeitar um dueto com o Andrea Bocelli”, conta, aos risos. Sorte dele que não foi contemporâneo do compositor barroco veneziano Antonio Vivaldi (1678-1741). Aí, teria que recusar convite para escrever a quatro mãos concertos para violino e orquestra.
Oito madeiras diferentes e um custo de até 30 mil euros
A gôndola operada por Joseph no Central Park foi um presente da cidade de Veneza para Nova Iorque. Na verdade, trata-se da primeira gôndola na história dada como presente, sendo a única original no estado norte-americano. É chamada de Dry Martini. Uma gôndola tem 11 metros, oito tipos de madeira, e geralmente são necessários entre dois e três meses para construí-la. Ela é feita a mão. E o preço varia entre 20 e 30 mil euros. A embarcação é típica da Lagoa de Veneza, na Itália, cidade que despontou como primeiro centro capitalista da Europa ainda na primeira metade do século XV. A descoberta do caminho
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marítimo para a Índia e das Américas esvaziou a importância de suas rotas comerciais. Veneza foi construída sobre um arquipélago de 118 ilhas formadas por cerca de 150 canais numa lagoa rasa. As ilhas em que a cidade é construída são ligadas por cerca de 400 pontes. Pelas características de manobrabilidade e velocidade, a gôndola foi, até a chegada dos meios motorizados, a embarcação veneziana mais adaptada ao transporte de pessoas. Atualmente é usada, sobretudo, para passeios turísticos ou para casamentos, funerais e outras cerimônias. Hoje existem 426 gondoleiros em Veneza, dos quais apenas um é mulher.
Tietando Bono Vox, do U2: “Fui dormir sorrindo naquele dia” Ao lado de Xuxa, um novo momento de glamour, com direito a participar de gravação de programa da apresentadora
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Fascinado por tubarões Ortopedista ipatinguense viaja o mundo para mergulhar com os mais temidos animais dos mares
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Daniel mergulha junto a um tubarão galha-branca: “O fundo do oceano se torna um verdadeiro tapete de animais ferozes disputando qualquer presa que surja por entre as pedras”, diz ele
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Dirigido por Steven Spielberg, em 1975, o filme Tubarão (Jaws) foi um dos maiores sucessos de bilheteria da história do cinema e considerado pelos críticos um clássico do suspense. Na produção norte-americana, um enorme tubarão ataca banhistas e causa pânico aos frequentadores de uma praia. O mito criado em torno da voracidade desta espécie marinha até hoje amedronta muitas pessoas, mas não o médico ipatinguense Daniel Miranda Cota, de 33 anos. E para mergulhar com esses curiosos animais ele vai longe, a exemplo de sua última viagem, em julho deste ano, à paradisíaca Ilha dos Cocos, situada a 496 km a sudoeste da Costa Rica. Patrimônio da Humanidade, o Parque Nacional da Ilha dos Cocos é convergência de espécies marinhas migratórias que chegam às suas águas guiadas por correntes marinhas ricas em nutrientes, para se alimentar e reproduzir. Estudos demonstram que é a área de maior densidade de vida marinha e maior diversidade biológica do mundo, com mais de 1.400 espécies de animais marinhos identificados. Mas, voltando ao cinema, foi nesta mesma Ilha dos Cocos que foram filmadas várias cenas do também clássico Parque dos Dinossauros (Jurassic Park), do mesmo Steven Spielberg, que desenvolveu uma paixão inexorável pelo lugar. Durante o Século XVI a Ilha serviu de local de descanso e abastecimento de água doce e madeira para navios piratas que cruzavam o pacífico. Existe
uma crença que diversos tesouros estariam enterrados em suas terras. Mais de 300 expedições foram registradas em busca de tais tesouros, porém sem resultado conhecidos. LUGAR RARO “Essa viagem foi uma experiência inesquecível, onde pude estar em contato íntimo com as criaturas mais impressionantes dos mares, em seu habitat selvagem. Cocos é um exemplo de conservação natural a ser seguido, e uma lição de como temos que lutar contra a destruição das espécies marinhas. Infelizmente, lugares assim estão se tornando cada vez mais raros”, descreve Daniel Cota. Especialista em ortopedia, o médico ipatinguense conta que começou a mergulhar há sete anos, quando ainda fazia residência em Belo Horizonte. Ali ele passou a frequentar uma escola de mergulho, engatando uma viagem atrás da outra para praticar o esporte. Daniel ressalta que desde o início os tubarões eram o que mais lhe chamava a atenção nos mergulhos. Mergulhar com os tubarões, principalmente com o tubarãomartelo, foi o que motivou o médico a viajar para a Costa Rica. “A forma do tubarão-martelo nadar é maravilhosa. Aquele jeito meio desengonçado, os cardumes, sua hidrodinâmica... Ele é muito arisco, muito rápido. É fascinante ver o tubarão de perto, no
Tubarões-martelo e tubarões-tigre. A forma do primeiro nadar “é maravilhosa”, descreve Daniel, que coletou ricas imagens no fundo do mar
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habitat dele”, relata. CORDILHEIRA VULCÂNICA Para a Ilha dos Cocos, Daniel Cota embarcou em expedição organizada pela Equipe Atlantes, de Guarapari (ES), chefiada pelo experiente mergulhador Julio Yaber. Juntamente com mais 20 aventureiros, ele partiu da cidade de Puntarenas, no litoral oeste da Costa Rica, em um barco de 33 metros de comprimento, com capacidade para transportar confortavelmente 22 passageiros e 11 tripulantes, equipado para proporcionar mergulhos com total segurança. Foram 36 horas de navegação até o Parque Nacional, que está localizado na cordilheira vulcânica submarina do Pacífico, à qual também pertence o arquipélago de Galápagos. Com densa floresta e numa região de tempo permanentemente nublado, a ilha não oferece condições nem mesmo para um possível resgate aéreo, no caso de um acidente com os mergulhadores. Por essa razão, eles precisam fazer um seguro de vida internacional, que garante o resgate com lanchas rápidas, capazes de levá-los a uma câmara hiperbárica em no máximo 24 horas. O equipamento é utilizado no caso de problemas com a descompressão nos mergulhos de grande profundidade. Além de uma experiência mínima de 100 mergulhos como requisito básico, os
visitantes da Ilha dos Cocos utilizam em seus cilindros uma mistura enriquecida de oxigênio (nitrox) com o objetivo de aumentar o tempo de fundo. Eles também contam com sinalizadores via GPS para um eventual resgate. BALÉ SUBAQUÁTICO “Foram nove dias de mergulhos nos diversos pontos da ilha, sempre com a presença de inúmeras espécies de peixes, raias, moréias, golfinhos e diversos tipos de tubarões. O lugar é famoso pelos cardumes com dezenas e às vezes centenas de tubarões-martelo, que fazem um verdadeiro balé subaquático. Outro evento único que ocorre na ilha é a oportunidade de se fazer um mergulho noturno para observar a caçada por alimentos dos tubarões galha-branca. Não se trata de alguns poucos tubarões, já que o fundo do oceano se torna um verdadeiro tapete de animais ferozes disputando qualquer presa que surja por entre as pedras”, relata Daniel. Outra espécie que chama atenção na Ilha dos Cocos é o temido tubarãotigre, considerado o mais agressivo dos mares. Daniel Cota e seus companheiros de mergulho tiveram contato com um exemplar assustador, de aproximadamente 5 metros, admitindo incontornáveis momentos de tensão.
ESTAÇÃO DE LIMPEZA Um outro mergulho impressionante, segundo o médico ipatinguense, foi realizado na chamada ‘estação de limpeza’. A cena é hipnotizante: vários tubarões-galapenhos, com mais de 3 metros de comprimento, ficam nadando calmamente enquanto vários peixinhos coloridos eliminam os parasitas grudados aos seus corpos. “É possível se aproximar dos grandes predadores, mas após algum tempo, seu instinto territorial fala mais alto e os bichões começam a apresentar atitude mais agressiva em relação aos mergulhadores, informando que é hora de se retirar”, explica Daniel. Durante os nove dias em que esteve no Parque Nacional da Ilha dos Cocos, o médico ipatinguense realizou ao todo 19 mergulhos. Cada um deles teve duração aproximada de 45 minutos, em profundidade de 30 a 35 metros. Constam também no currículo de Daniel Cota, que já contabiliza 139 mergulhos, expedições ao arquipélago de Fernando de Noronha (PE) e até ao Egito. No próximo ano, o médico planeja mergulhar em Palau, pequeno país insular da Micronésia, no Oceano Pacífico, próximo ao Havaí. Ele conta qual é o grande atrativo do lugar: mergulhar com “bichos grandes”.
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A embarcação chega à Ilha dos Cocos: foram 36 horas de navegação até o local onde Spielberg filmou Parque dos Dinossauros, na cordilheira vulcânica submarina do Pacífico Mais de 300 expedições já foram procurar os supostos tesouros enterrados por piratas na Ilha dos Cocos Tubarões galapenhos com mais de 3m de comprimento, na chamada ‘estação limpeza’: após algum tempo sendo observados, eles se tornam mais agressivos
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DRYCENTER
Paredes e tetos com beleza e praticidade do século XXI 28
Atacadista de drywall e materiais de construção do Vale do Aço chega para ocupar lugar de destaque no mercado, oferecendo agilidade, qualidade e preços imbatíveis A implantação de um showroom de portas no bairro Iguaçu, executada pela Drycenter Distribuidora, que já coleciona importantes clientes em toda a região
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No momento em que a construção civil vem garantindo o equilíbrio da economia no país com um vigor impressionante, graças às facilidades de financiamento para imóveis e uma série de outros fatores como o incentivo ao crédito por meio do BNDES, o Vale do Aço acaba de ganhar um importante empreendimento voltado para a área: a Drycenter Distribuidora, em Coronel Fabriciano. Graças à sua economia, leveza, facilidade de uso e rapidez na execução, drywall (ou parede seca) é o sistema construtivo que está substituindo as paredes internas de tijolos ou blocos nos edifícios mais modernos, embelezando clínicas, restaurantes, consultórios, escritórios, escolas, casas de shows, hospitais, residências, etc. Não é por acaso que muitas casas de materiais de construção têm dificuldade em atender às encomendas, dentro das especificações e com a rapidez reclamadas por mestres de obras, engenheiros, arquitetos e decoradores. Mas este problema deixa de existir a partir dos materiais disponibilizados e os serviços prestados pela Drycenter Distribuidora, que conta também com uma equipe de técnicos altamente especializada, inclusive com experiência internacional em construções na Europa e Estados Unidos. Importantes obras do Vale do Aço já são abastecidas pela Drycenter Distribuidora, contratada também para instalar as estruturas. A Drycenter Distribuidora foi chamada para executar a implantação de tetos em um edifício de oito andares, no bairro Santo Elói, em Coronel Fabriciano, e é impressionante a rapidez do serviço, bem como a limpeza do local, mesmo estando em obra. Praticamente não há entulhos. Edifício e showroom No bairro Iguaçu, em Ipatinga, a Drycenter Distribuidora foi contratada para outro tipo de obra, que também requeria agilidade: a montagem de um showroom para uma nova e exclusiva revendedora de portas especiais importadas. Em muitos casos, a Drycenter Distribuidora ainda projeta os espaços, já que a versatilidade do drywall permite as mais variadas aplicações com uma economia de custos em 40% e ganho em qualidade: estantes, armários, mesas, closets, banheiros e até mesmo saunas utilizam o material, graças ainda às suas formidáveis propriedades térmicas e resistência à umidade, sem contar a durabilidade. Na Europa, há casas com quase 100 anos, intactas, que ainda hoje têm sua estrutura original em drywall, sem necessidade de reforma, mesmo com as intempéries normais do continente, desde o mais rigoroso inverno às altas temperaturas. Isso explica por que o sistema drywall vem conquistando a preferência não só do mercado profissional, formado por incorporadores, construtores e arquitetos, mas igualmente do consumidor final, que tem utilizado essa tecnologia em pequenas reformas e projetos de decoração. Tatianne Dutra Silveira, arquiteta da região que foi premiada recentemente por uma grande marca de assessórios para banheiro, por seus projetos modernos e arrojados, conta que a praticidade do drywall é tanta que ela acaba de executar um projeto de um apartamento em Paris, a pedido de um cliente do Vale do Aço, com aplicação maciça do material. Interessante é que ela nem mesmo precisou se deslocar para a Europa para realizar o traba-
lho, que era acompanhado via internet. Durante toda a obra, ficou apenas dez dias no local. “O drywall possibilita uma obra mais limpa e ‘leve’. Além de casas e apartamentos, é ideal para espaços comerciais que podem mudar de função e consequentemente de tamanho, pois apesar de resistente, é fácil ser removido e realocado com o serviço de um profissional especializado”.
Certificado de garantia Os próprios donos dos imóveis em construção têm exigido a aplicação do drywall. “Porém, é preciso não confundir paredes drywall com paredes de gesso”, afirma Sebastião Martins, diretor da Drycenter, referência atacadista do segmento no Vale do Aço. “Paredes e tetos de gesso são construídos com blocos de gesso da mesma forma que os de alvenaria tradicional, enquanto o drywall pertence a uma geração tecnológica muito mais avançada, com peças montadas a seco, a partir de componentes industrializados, o que lhes garante um padrão superior de qualidade”, ressalta. Sebastião Martins ainda acrescenta: “Na aplicação do drywall em tetos, dispomos de um sistema de nivelamento a laser, com máxima precisão, e a segurança é 100% garantida. Fornecemos inclusive um certificado de garantia aos nossos clientes. Quanto
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Interna ou externamente, o drywall assegura requinte e leveza aos ambientes, seja em forma de paredes, tetos ou mesmo de estantes, prateleiras e móveis planejados A implantação de um showroom de portas no bairro Iguaçu, executada pela Drycenter Distribuidora, que já coleciona importantes clientes em toda a região
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às estruturas verticais, para que se tenha uma ideia mais clara, uma parede de alvenaria que consumiria de quatro e cinco dias de trabalho pode ser feita em meio dia de serviço com drywall e a ação de nossos profissionais especializados”, compara Sebastião. Notável evolução Há muito uma grande sensação na Europa e nos Estados Unidos, onde são a última palavra em modernidade, os sistemas drywall passaram a ser utilizados de forma regular na construção civil brasileira em meados da década de 90. A partir de então, além de utilizados em paredes, forros, revestimentos e detalhes arquitetônicos variados, passaram a predominar em edifícios comerciais, hotéis, etc. Hoje eles vêm ganhando importância cada dia maior na construção residencial, repetindo no país a tendência observada nas nações mais avançadas do mundo.
Razões para utilizar os produtos da Drycenter Distribuidora Rapidez e limpeza na montagem – Uma parede, um forro ou um revestimento em drywall é executado com muita rapidez e gera muito pouco entulho. Por exemplo, a montagem de uma parede divisória para a criação de um novo ambiente em uma casa ou apartamento demora apenas 24 a 48 horas. Nesse prazo, a parede estará pronta, com porta, tomadas e interruptores instalados, pronta para receber a pintura final. Reformas fáceis – Em razão da rapidez e da limpeza na montagem dos sistemas drywall, reformar um imóvel ficou muito mais simples. E os sistemas drywall permitem soluções criativas, como uso de curvas, recortes para iluminação embutida e muito mais. Manutenção e reparos – A mesma vantagem de rapidez e limpeza está presente na hora de se consertar um vazamento de água, por exemplo. Nesse caso, basta fazer com um serrote de ponta um pequeno recorte na chapa da parede, suficiente para permitir o conserto do encanamento, e depois fechar a parede com o mesmo pedaço de chapa. Um profissional especializado executa esse tipo de serviço em apenas um dia, sem o tradicional quebra-quebra das paredes comuns de tijolos ou blocos.
Precisão e qualidade de acabamento – Os sistemas drywall são precisos nas suas medidas e proporcionam uma qualidade de acabamento superficial única, perfeitamente lisa. Além disso, os sistemas drywall aceitam qualquer tipo de acabamento: pintura, textura, azulejos, pastilhas, mármore, granito, papel de parede, lambris de madeira, etc. Isolamento de ruídos – Os sistemas drywall isolam melhor os sons e contribuem para tornar os ambientes mais confortáveis no que se refere à transmissão de ruídos. Ganho de área útil – Como as paredes drywall são mais estreitas do que as de blocos ou tijolos, há um ganho na área útil. Esse ganho é de 5% aproximadamente. Por exemplo: em um apartamento de 100 m2, o ganho será de 5 m2, equivalente a 10 metros frontais de armários embutidos.
Um edifício de oito andares em Coronel Fabriciano, com toda a estrutura de tetos contratada à Drycenter Distribuidora. Precisão, construção mais rápida e limpa são algumas das vantagens do material Interna ou externamente, o drywall assegura requinte e leveza aos ambientes, seja em forma de paredes, tetos ou mesmo de estantes, prateleiras e móveis planejados
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MÚSICA
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Eles abusaram (e ainda abusam) Antônio Carlos e Jocafi continuam na ativa. E desmitificam a versão de que seu maior sucesso seria um protesto contra a ditadura Dia desses, alguém perguntou, saudosista, numa roda de bate-papo, viajando por lembranças musicais: “E por onde andarão Antônio Carlos e Jocafi, ainda estão vivos, tornaram-se vovôs, mudaram de profissão?” Pois os dois famosos cantores e compositores baianos, que ganharam fama no Brasil e no mundo a partir da música “Você Abusou”, merecedora de mais de 200 regravações desde o início da década de 70, mora no Rio de Janeiro. Continua na ativa, fazendo shows pelo país. Eles podem ser contatados pelo site www.antoniocarlosejocafi.com.br. Os nomes verdadeiros dos componentes da dupla são Antônio Carlos Marques Pinto e José Carlos Figueiredo. Muitas de suas canções fizeram parte de trilhas sonoras de telenovelas, minisséries, algumas delas como tema de abertura. Outras composições de grande sucesso foram “Toró de Lágrimas” e “Dona Flor e
Seus Dois Maridos”, destaque na trilha sonora do filme com o mesmo nome. “Você Abusou” fez sucesso também na voz de Maria Creuza, uma das maiores cantoras brasileiras de seu tempo, no nível de Elis Regina, que mais tarde se casou com Antônio Carlos. Ainda ajudaram a dar notoriedade à letra e melodia, entre tantos outros, Maysa, Sérgio Mendes, Benito de Paula, Toquinho e Vinicius, Jorge Aragão, Daniela Mercury e, mais recentemente, Diogo Nogueira. Além, é claro, do imortal Stevie Wonder, num episódio emocionante: foi cantada juntamente com um coro de 100 mil vozes no Rock in Rio de 2011, para surpresa dos autores. Um coro de 100 mil vozes No ano passado, passava da 1h da manhã de uma sexta-feira, quando o telefone residencial de Jocafi, hoje com 67 anos, tocou. Um amigo ligava para avisar
que “Você Abusou” estava sendo entoada por Stevie e uma enorme multidão, com transmissão pela TV. - Queria vê-lo, mas peguei no sono. Estava dormindo, quando liguei a TV e peguei só o finalzinho. Meu filho Rafael foi ao show, me perguntou se o Stevie ia tocar “Você abusou”. A gente torcia para que acontecesse, mas não muita esperança - contou Jocafi, que junto de Antônio Carlos, não parou de receber ligações de amigos, fãs e jornalistas ao longo de todo o dia seguinte à apresentação. Entretanto, não era a primeira vez que Stevie Wonder cantava “Você Abusou”. A primeira foi no programa “Conexão Roberto D’Ávila”, quando o cantor entoou os primeiros versos da canção. A segunda, desta vez diante do público, foi 1995, no Free Jazz Festival, acompanhado por Gilberto Gil. - É uma pena que até hoje não vimos esse show. O Gil é nosso Stevie Wonder. Gênio. A interpretação deles juntos é imbatível. Mas o que eu mais queria ver mesmo era o público cantando junto no Rock in Rio - confessa Antônio Carlos, de
Antônio Carlos Marques Pinto e José Carlos Figueiredo, a dupla que virou sucesso internacional como Antônio Carlos e Jocafi: na ante-sala dos 70 anos
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66 anos, que escreveu a letra em 1970. Canção censurada Jocafi, autor da melodia e influenciado pela Bossa Nova, conta que na época não se emocionou com a arrebatadora letra. - Eu queria algo mais sensível, amorzinho, achava essa coisa de “Que me perdoem se eu insisto neste tema / Mas não sei fazer poema ou canção / Que fale de outra coisa que não seja o amor” muito agressiva, muito forte. De cara não gostei - confessa ele. Embora não fosse um protesto, “Você abusou” chegou a ser censurada no lançamento, em plenos anos de chumbo, mas Antônio Carlos garante que tudo não passou de um mal-entendido. - É uma canção de amor. Mas não foi em homenagem a ninguém. Não abusaram de mim (risos) - conta ele, que hoje acha que a corrupção é que abusa do povo brasileiro. Ainda para Antônio Carlos, “Você Abusou” deixou de ser dele ou de Jocafi. Para ele, a música agora é do mundo, tendo em vista que junto de “Garota de Ipanema” e “Aquarela brasileira” faz sucesso internacional. Modesto, minimiza a qualidade do trabalho:
- Acredito que é uma questão de sorte, mais do que da música ser boa - analisa, reconhecendo, porém, o retorno em direito autoral. Em seu livro “Bahia de Todos os Santos”, o escritor Jorge Amado escreveu, a respeito de Antônio Carlos e Jocafi e de sua música mais célebre: “Os dois moços baianos situam-se hoje entre os compositores mais populares do Brasil, conhecidos, aplaudidos, amados não apenas no país, também no estrangeiro. Houve um momento, em 1974, que em Paris a canção mais cantada e tocada era “Você abusou, tirou partido de mim, abusou”. A origem Antônio Carlos Marques Pinto era guitarrista da orquestra do maestro Carlos Lacerda e Jocafi (José Carlos Figueiredo), que chegou a estudar Direito, tinha algum prestígio na Bahia como compositor quando se conheceram, em 1968. Curiosamente, no início viam-se como competidores nas participações em festivais. Desconfiavam muito um do outro. Quando um chegava, a conversa do outro parava. Preservação de segredos, vontade de vencer.
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O inspetor Fernando César Ribeiro Cabral, chefe da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Caratinga, informa que 50% das vítimas de trânsito estão na faixa etária dos 20 aos 40 anos
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EXTRA! EXTRA! Nas Asas do Tempo
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Os cabelos do cantor-compositor mineiro Tavinho Moura, outro ícone dos tempos do Clube da Esquina, já não são mais os mesmos, e o corpinho sarado de tempos idos hoje carrega uma barriguinha saliente, mas a sensibilidade poética continua aguçada. Assim é que atraiu toda a imprensa do Vale do Aço ao lançamento de seu livro “Pássaros poemas – Aves na Pampulha”, feito em 25 de outubro. O lugar não poderia ser mais apropriado: a Fazenda Macedônia, reserva ecológica administrada pela Cenibra, no município de Ipaba, onde são preservadas espécies em extinção como o mutum, a jacutinga, o macuco. Fazendo algumas loucuras como tomar
religiosamente um táxi em plena madrugada – não uma, mas inúmeras vezes – para recolher imagens raras de corujas no buraco de uma árvore, Tavinho reuniu fotografias de 150 espécies de pássaros, no período de cinco anos. E as muitas maravilhas aladas inspiraram ainda o acompanhamento de ricos poemas.
Outro trabalho extraordinário de Tavinho, este na área musical, foi a gravação do CD com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, interpretando 16 obras de sua autoria, com arranjos e regência de Wagner Tiso. Quanto ao livro “Pássaros Poemas – Aves na Pampulha”, foi viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, com apoio da Cenibra.
Meninas superpoderosas Patropi O mercado cada vez mais compreende que o empenho, a competência e a dedicação são características de um bom empreendedor independente do sexo. Projeção apontada na Pesquisa Cenários 2020, do Sebrae-SP, revela que a participação das mulheres entre as micro e pequenas empresas deverá subir para 42% em 2020. Logo, ainda que a nossa sociedade tenha muito a conquistar para as mulheres, estamos uma época de reconhecimento ao poder feminino. De acordo com a última pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), realizada em 2010 no Brasil, 49% das empresas nascentes eram administradas por mulheres.
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O mundo pode se abalar economicamente, mas nem por isso as pessoas estão deixando de viajar e fazer turismo. Pelo menos é o que indicam as estimativas da Organização Mundial do Turismo (OMT), que prevê um crescimento mundial do setor de 4%, em 2012. No Brasil, o brasileiro também está viajando e gastando mais. No entanto, ainda temos muito a desenvolver no segmento. Falta-nos infraestrutura moderna, carecemos de mão de obra qualificada, sofremos com a alta carga tributária. Um contraste gritante com a nossa natureza exuberante, uma cultura rica, uma diversidade étnica incrível, uma culinária espetacular e um povo acolhedor. Vantagens difíceis de se ver em outro país. Muitas cidades vivem tão somente do turismo e outras crescem economicamente com ele, o que resulta em melhor qualidade de vida dos habitantes. Por essas e outras razões, o turismo deveria ser tratado com muita seriedade.
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Um sobrevivente dos horrores da guerra, Takashi Doi escolheu o nome do filho soprando sobre ele os melhores ventos: Naohiro - “Homem honesto e inteligente”. Quanto ao sobrenome que deixou de herança, parecia profetizar: Doi – “Terra fértil”. E o garoto saiu do outro lado do mundo para virar um grande executivo, nas terras férteis de Minas Gerais “Tudo se torna fácil ou difícil a partir da maneira como se encara tudo”. A frase, vigorosa e pragmática, foi pronunciada pelo então intérprete da Usiminas, Fuminori Kanegane, no início da década de 80. Era uma entrevista concedida a um jornal do Vale do Aço, por ocasião de mais um aniversário da empresa siderúrgica. Já inteiramente a salvo, com mulher e filhos, numa residência do bairro Cariru, ele lembrava o pavor das bombas de guerra despejadas às pencas sobre a população civil japonesa, enquanto ele ainda era uma indefesa criança. De índole pacífica, mas aterrorizada inapelavelmente pelo conflito bélico que parecia não ter fim, a família foi se refugiar no território neutro da Manchúria. E dali um longo pergaminho se desenrolou até que alguns pudessem, enfim, sobreviver do seu trabalho no Brasil. Sete anos após o fim da segunda guerra mundial (e coincidindo com um novo estágio de autonomia vivido pelo país, já que ele permaneceu ocupado pelos aliados de 1945 a 1952), nascia no Japão alguém que hoje lembra muito a sensibilidade, o carisma e a determinação de Kanegane. É Naohiro Doi, 60 redondos anos de vida completados no último dia 20 de julho. Os pais lhe puseram uma responsabilidade enorme sobre os ombros. Naohiro, em letras japonesas, significa “homem honesto (esta raça tão ameaçada de extinção no mundo atual) e inteligente”. O sobrenome Doi se traduz por “terra fértil” – e então está bem explicada a sua opção em morar no Brasil e, mais especificamente, em Minas Gerais. “No Japão, quando dão nome para os filhos os
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pais desejam que eles cresçam assim: honestos, bonitos, inteligentes”, explica. Apesar de não ter experimentado na própria pele os horrores da guerra, Naohiro sabe exatamente o que ela representa, sobretudo para o seu povo. E os olhos se enchem d’água ao falar dela: “Nenhum outro povo sabe o que é uma bomba atômica. Foi usada uma única vez, contra os
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japoneses. Ninguém mais sabe o que é isso. Duzentas mil pessoas de repente exterminadas... Como se toda a população de uma cidade do tamanho de Ipatinga desaparecesse num único momento, e só os escombros ficassem de lembrança...” – reflete, numa alusão
à destruição de Hiroshima e Nagasaki por artefatos lançados pela Força Aérea dos EUA em 6 e 9 de agosto de 1945. Antes das bombas ironicamente chamadas de “Little Boy” e “Fat Man”, sobre os maiores pólos industriais do país, o Japão já havia sofrido intenso
bombardeio durante seis meses, em 67 outras cidades. Em 11 de julho, chegou a oferecer sua rendição, mas o presidente Harry Truman, pretendendo dar provas do poderio militar ianque à União Soviética, recusou qualquer acordo.
O VICE-PRESIDENTE Naohiro Doi com a esposa Mariko (também sua colega de estudos na universidade de Sofia, em Tóquio), a filha caçula Manami e o marido
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O papel de cada um Como a família de Kanegane, numa espécie de providência divina, os pais de Naohiro – o engenheiro ferroviário Takashi Doi e a dona de casa Satono Doi – se mudaram para a Manchúria, território chinês então ocupado pelo Japão, antes da segunda guerra, deflagrada em 1939. Contudo, se viram obrigados a deixar o local e retornar ao seu país com a ofensiva soviética terrestre chamada de “Operação Tempestade de Agosto”, no apagar das luzes do conflito mundial. Cerca de 1,5 milhão de soldados do exército da URSS se deslocaram para a fronteira com a China e a Coréia, para retomar os territórios ocupados pelos japoneses. A ação começou exatamente no dia em que era lançada a bomba atômica sobre Nagasaki (9 de agosto) e durou até 2 de setembro de 1945, resultando em milhares de mortos, feridos e prisioneiros. Foi quase um milagre que a família de Naohiro Doi tivesse sido poupada, já que os ataques aconteciam agora por toda parte. “Muitos morreram, não conseguiram voltar”, lamenta Naohiro, com a voz embargada, porém sem deixar de celebrar a sobrevivência dos pais e, ainda, o fato de não ter nenhum parente em Hiroshima e Nagasaki quando as bombas foram lançadas sobre as cidades. Superada a carnificina da guerra, o engenheiro Takashi pode então retomar a constituição da família no Japão. Por capricho do destino, foi trabalhar numa fábrica de papel, exatamente o segmento aonde o filho Naohiro Doi, no futuro, viria encontrar espaço para exercer sua melhor vocação, a de homem de negócios. A mãe de Naohiro, no entanto, não teve o privilégio de vê-lo progredir na vida. Com problemas gastrointestinais, morreu prematuramente, quando ele tinha apenas 10 anos de idade.
QUANDO VIU a exposição sobre os planos de implantação da Cenibra pela televisão, Naohiro logo se entusiasmou: “A grandeza do projeto me encantou”, ele confessa A implantação de um showroom de portas no bairro Iguaçu, executada pela Drycenter Distribuidora, que já coleciona importantes clientes em toda a região
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fazendo questão da transparência. Mas, como foi que Naohiro chegou até aqui? É muito curioso. Ele conta que estava lá, cursando a universidade, do outro lado do mundo, quando um programa de tevê lhe chamou a atenção. Mostrava os atrativos do Brasil, as oportunidades com o surgimento de uma fábrica de celulose numa região próspera, e isso foi impactante. “Quando eu era criança, além das muitas histórias da guerra, ouvia que o Brasil era o país do futuro, com enorme potencial, muitas riquezas naturais, e já me encantava com isso. Além de tudo, o país tem o território quase todo aproveitável, diferente do Canadá e da Austrália, por exemplo, onde grande parte das terras são ocupadas por geleiras e desertos”.
O sonho de trabalho no Brasil,aguçado em reportagem de TV Promovido desde maio à vice-presidência da Cenibra – Celulose Nipo-Brasileira S/A e ocupando atualmente um dos gabinetes estratégicos da empresa em sua fábrica em Belo Oriente, Naohiro Doi é o executivo em atividade que mais tempo permanece na diretoria – já são 12 anos. Entrou para o staff da companhia como diretor Administrativo e Financeiro, em 2000. No total, já são 19 anos de Cenibra, já que de 1978 até 1985 trabalhou como assessor do Diretor de Controle, em Belo Horizonte. Bacharel em Letras, além de falar muito bem a nossa língua, Naohiro faz questão de escrever ele mesmo os seus discursos, e em português. “Entendo que é importante que o discurso seja autêntico. Se vou falar aos outros funcionários, que seja a minha palavra, que possa transmitir exatamente o que eu penso”, explica,
Sonho de criança Naohiro conta que, embora seus ancestrais trabalhassem na lavoura, com plantações diversas, seu sonho de menino era ser engenheiro de ferrovia, como o pai. Brincou muito com ‘ferrorama’, imaginando-se integrado ao ofício com locomotivas reais. Entretanto, já na vida adulta, entendeu que o mercado não oferecia muitas oportunidades. As que existiam na Ásia ou na África, por exemplo, significavam submeter-se a privações maiores, no interior, onde a infraestrutura não é a mais convidativa. Então, ao optar por vir para o Brasil, fixou-se num objetivo maior: “Não quero ser apenas mais um imigrante, quero tornar-me um homem de negócios, um administrador de empresas” – dizia a si mesmo. Como filosofou John Lennon, “sonho que se sonha só é só um sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade”. Assim, a obstinação de Naohiro Doi contou com um aditivo importante para se materializar: a esposa Mariko, com quem veio a se casar no Japão aos 24 anos de idade, no ano de 1976. “Estudávamos juntos – ele recorda – na universidade católica de Sofia, em Tóquio, instituição criada por São Francisco Xavier, onde eu já cuidava de aprender o Português. Mesmo assim, ao chegar aqui, tive muitas dificuldades com a língua na hora de trabalhar. Como eu, minha esposa também se dedicou bastante para se comunicar no idioma, cursou escola aqui. O resultado é que recentemente passou em prova que o governo brasileiro faz para os estrangeiros, sendo classificada no nível intermediário superior. Bem, mas a grandeza do projeto Cenibra me encantou de tal forma que decidi fazer parte dele. Entendo que o sucesso do profissional está na busca da qualificação, em insistir, não desistir do sonho” - resume.
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Duas filhas mineiras O estágio seguinte, após achar muito interessante o empreendimento em Minas Gerais, foi procurar e pedir trabalho na Oji Paper Co. Ltd, que é uma investidora da Cenibra e hoje detém cerca de 50% do seu capital. “Eu gostaria muito de trabalhar nesta empresa” – disse Naohiro, com ar convicto, aos futuros empregadores. Sua postura inspirou confiança. E foi o que bastou para iniciar ali uma produtiva relação profissional que já dura quase duas décadas. Hoje a Cenibra é 100% controlada pelos japoneses. São 50% da Oji, 30% da Itochu Corporation e outros 20% de acionistas menores. Eles constituem a holding JBP - Japan Brazil Paper and Pulp Resources Development. Em operação desde 1973, a Cenibra nasceu como um empreendimento de interesses mútuos entre Japão e Brasil. A Vale detinha 51% da empresa até 2001, sendo os outros 49% da JBP. Quando a CVRD vendeu a sua parte, a JBP tinha preferência para comprar. E tornou-se 100% dona da Cenibra. A Votorantim e a Aracruz se interessaram, mas a JBP exerceu o seu direito preferencial. Nessa transição, foi fundamental o amplo conhecimento e integração de Naohiro à cultura nacional e mineira. “Gosto muito do Brasil, gosto muito da Cenibra. Conheço e me relaciono com norte-americanos, gente de inúmeros países, mas nada se assemelha ao povo brasileiro, nada se compara à sua gentileza e simpatia. Além de tudo, creio que hoje o japonês também é parte indissociável do povo brasileiro, já que o país aceitou tão bem os imigrantes”, rejubila-se Naohiro, numa explícita declaração de amor ao Estado e ao país onde nasceram as duas filhas que teve
com Mariko. Ayumi Doi, de 32 anos, solteira, e Manami Doi, 29, casada, que deve dar a Naohiro e Mariko o seu primeiro neto, em novembro próximo, nasceram no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte. A mais velha trabalha no Centro de Assistência Social em Tóquio, uma repartição pública que ajuda pessoas deficientes, entre outros necessitados. A caçula Manami presta serviços a uma companhia de seguros, a Tokyo Marine Co Ltd. Já um pouco mais descontraído, ao final da entrevista que concedeu a atitude, em seu gabinete, o vice-presidente da Cenibra lem-
brou o saudoso Rinaldo Campos Soares, ex-presidente da Usiminas e Cônsul Geral Honorário do Japão em Minas Gerais, de quem era muito amigo. “Certa vez ele me disse, meio que brincando: ‘O mineiro é parecido com o japonês. Sério, pão duro e trabalhador’ (risos). Acho que isso tem algum fundo de verdade. Além disso, o Japão é um país muito montanhoso, 70% de montanhas e florestas, como Minas Gerais”, compara, revelando ainda ser o caçula e único homem de três filhos que os pais tiveram. As duas irmãs mais velhas são donas de casa, casadas, e moram no Japão.
Adepto do esporte, o vice-presidente da Cenibra pratica regularmente pelo menos três modalidades: natação, tênis e golfe. Mas como ninguém é de ferro, confessa que também aprecia muito um churrasco entre amigos. Aqui, ele com a esposa Mariko e a filha mais velha, Ayumi Doi
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Efeito China, Brasil de hoje e o mercado mundial de papel, na visão de Naohiro Do século XVII ao século XIX – 1637a 1868 -, o Japão viveu sob a dominação do clã Tokugawa, no regime chamado Sakoku (“País Fechado”), sem influências de países estrangeiros. Mas tinha uma posição estratégica na Ásia, com os Estados Unidos muito interessados. Existe alguma relação desse tempo com o fato de o japonês ser mais reservado, por exemplo? - Foi também uma época muito pacífica na história do Japão e este é o dado positivo. Mas isso durou quase 300 anos e, sem dúvida, deve ter contribuído para estas características do povo, sim. No final começou a aparecer aquele “navio preto” dos Estados Unidos, forçando a começar negócio. Um porto para combustível, minério de ferro e daí a pouco... No Sakoku o país ficou atrasado em relação à indústria. Era uma sociedade feudal, muito hierárquica e tradicional. Contudo, o líder era muito respeitado. Ele distribuía arroz, comida, havia esta preocupação social. Quando começou a se abrir, o Japão reconheceu que estava muito atrasado em relação aos outros países europeus, americanos. O Japão apressou-se então para atingir os padrões de outros países avançados. Espiritualmente, a nação mais poderosa do mundo não era assim muito respeitada, mas o Japão perdeu em relação à materialidade dos Estados Unidos. Quando é, então, que acontece a transição do seu país para a modernização? EM NOVEMBRO de 2011, um importante reconhecimento, entre muitos outros: Naohiro (E) com o ex-presidente da Cenibra, Fernando Henrique da Fonseca (C), recebendo o Prêmio Excelência em Finanças. À direita, Carlos Alberto Teixeira, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças - Minas Gerais (IBEF-MG)
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HOMEM DE NEGÓCIOS - Embora sempre se dissesse que não, havia, sim, qualidade nos produtos japoneses. O que não tínhamos era capacidade de produção. Após a segunda guerra, a tecnologia, a produção em série passou a ser o foco. Então, o ‘milagre’ japonês aconteceu entre 10 e 20 anos mais cedo que no Brasil, nas décadas de 50 e 60. Eram automóveis, motocicletas, máquinas fotográficas, marcas japonesas como a Sony, Honda e Toyota ficaram famosas no mundo inteiro.
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Como o senhor vê esse fenômeno atual expansionista da indústria chinesa? - Acho que é exatamente como aconteceu no Japão. No começo todos pensavam que o produto do Japão tinha qualidade pior e por isso era mais barato. Hoje, o melhor do mundo é o produto japonês. Quando a China começou a exportar, todos começaram a pensar isso. Porém, os produtos chineses estão com a qualidade cada vez melhor. Hoje todos compram produtos chineses bons e baratos. Mesmo produzindo o Japão bem, não consegue concorrer com os chineses, pois a mão de obra chinesa é muito barata e farta. Assim os próprios japoneses estão saindo do Japão para produzir na China, na Coréia, porque se ficam dentro do Japão não sobrevivem. O nível do desemprego já chegou a 5 e 6%. A questão é que, como acontece em outros países industrializados, chega o momento das reivindicações sindicais, obrigando a China a reajustar salários, e esse é um fator que deverá fazê-la ficar em igualdade de condições com competidores. O avanço da internet e outros meios eletrônicos pode prejudicar o comércio mundial de papel? Isso traz algum tipo de preocupação? - Quando apareceu o tablet, todos acharam que o consumo de papel iria diminuir, e parcialmente está acontecendo isso, mas tem as pessoas que gostam de ler livro mesmo, manusear jornais e revistas impressos. E a quantidade não está diminuindo. Papéis têm outras funções: sacos, guardanapos, papel higiênico. O mercado em geral cresce de 2 a 3% anualmente. Por isso inclusive nossas empresas concorrentes, como a Fibria, Eldorado, Votorantim, pensam em se expandir. Existe demanda de mercado e, quando pensamos em nível mundial, o Brasil é o único país que pode atender ao crescimento dessa demanda. Nenhum país consegue ser tão competitivo como o Brasil, apesar de a mão de obra já pressionar um pouco os custos. Aqui, por fatores climáticos, o tempo para que a matéria-prima esteja pronta para produção é de apenas sete anos. Em outros países ela é de 20 a 30 anos. Outro diferencial é que 100% da celulose no Brasil é floresta plantada. Não se derruba nada. Estamos preservando a natureza. Metade das nossas florestas – 255 mil hectares – é essência nativa, a outra metade é plantada. Como o senhor vê hoje a situação do Brasil? O país é um país do futuro, como se dizia quando o senhor deixou o Japão? - Sim. É o país do futuro e atual. A oitava potência econômica, um país muito abençoado por Deus em termos de natureza. Clima bom, sem terremoto, tempestades, tufões, furacões... Esses tipos de dificuldades naturais com que tantos têm que lutar quase não existem aqui. Outro fator é que o povo é muito trabalhador. Então, o país pode se tornar a maior potência do mundo. Em época de crise financeira mundial, o Brasil é um dos
países que menos sofrem, porque a demanda interna se revela estável e resistente. Mas a economia do Brasil não pode continuar dependendo apenas da demanda interna, assim como o Japão não pôde. Noventa e dois por cento da produção da Cenibra é exportada. Mesmo que as empresas brasileiras sejam competentes, se ficarem restritas ao Brasil terão dificuldades em sobreviver. Muitas cresceram porque exportaram para a China. Além disso, outros problemas são a elevada carga tributária e os efeitos do reajuste do salário mínimo, herança de uma cultura inflacionária na casa dos 100 a 200% ao ano. Como o senhor vê a corrupção no Brasil? O senhor acredita que ela aumentou? - Corrupção existe em todo lugar, tanto aqui como no Japão. A diferença é que lá tem prisão perpétua e pena de morte. No caso daqui, não acho que a corrupção tenha aumentado. É que antigamente ela não aparecia, estava mais camuflada. Hoje, com o avanço da comunicação, todos têm conhecimento e podem se manifestar mais a respeito. De que maneira o senhor colocaria a Cenibra na conjuntura sócio-econômica atual? - A Cenibra sempre respeita as regiões onde ela atua. Nosso reflorestamento é muito grande. Estamos presentes em 54 municípios e a responsabilidade social é tarefa de todos os dias. A empresa tem que ajudar as sociedades onde ela atua, comprometer-se com melhorias para a população. Uma empresa tem que contribuir não apenas com acionistas e clientes, mas também funcionários, a sociedade de uma maneira geral. Isso é conceito. Somos 1.400 funcionários diretos, mais 7 mil de empreiteiras. Há necessidade de expandir e estamos procurando oportunidades. A maior dificuldade é que agora as terras estão limitadas para o capital estrangeiro. Em muitos municípios, o limite é de até 25%. Precisamos, de alguma forma, resolver essa situação. Quais são os principais focos de exportação da Cenibra? - Somos o quarto maior produtor do Brasil. Cerca de 40% da produção é dirigida aos países europeus. Depois vêm os Estados Unidos e a China. O Japão responde hoje por apenas 20% de nossas exportações. A crise mundial afetou, de alguma forma, o mercado de celulose? - Sim, o preço baixou bastante e, num determinado momento, o nosso lucro quase chegou a ser negativo
Embora não seja membro efetivo do Clube Japonês que existe há vários anos em Ipatinga, Naohiro diz que participa de várias atividades. Atualmente, há cerca de 70 famílias japonesas na cidade
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EXPERIÊNCIA BEM-SUCEDIDA
Temporada de leilões FOTO: JANETE ARAÚJO
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Proprietário de pátios de veículos em Ipatinga celebra sucesso de evento realizado durante quatro dias no ginásio do 7 de Outubro e já projeta os leilões de Fabriciano e Timóteo Cerca de 2.500 pessoas por dia visitaram o ginásio do Centro Cultural e Esportivo 7 de Outubro, no bairro Veneza, para participar dos quatro dias de realização do 1º Leilão de Veículos de Ipatinga, algo que não acontecia há 12 anos. O evento foi realizado entre os dias 15 e 18 de outubro, e o organizador e proprietário dos dois pátios de veículos da cidade, o jovem empresário Ricardo Bouzada Angeli, estava exultante ao fim de uma estafante jornada. “Valeu muito a pena todo o esforço, o envolvimento e a dedicação de uma grande equipe – ele diz –, já que foram arrematadas todas as 1.600 unidades, entre motos, carros e sucatas, o que dá uma ideia clara das oportunidades e, também, das necessidades do mercado”.
A organização do leilão, com a fiscalização de autoridades policiais e judiciárias, foi aprovada pelos compradores, e Bouzada já anuncia: “Nosso próximo desafio é contribuir para desafogar os pátios de Coronel Fabriciano e Timóteo. Estas duas cidades estão há mais tempo que Ipatinga sem realizar leilões, cerca de 15 anos. Já solicitamos aos juízes das duas comarcas que liberem os trabalhos de vistorias. Os pátios das duas cidades também estão muito cheios, a exemplo do que ocorria aqui em Ipatinga antes do leilão. Estão no limite da saturação e já não comportam novas apreensões”. O acervo de Timóteo, revela Ricardo, gira em torno de 800 veículos. Em Coronel Fabriciano, cerca de 500 veículos estão aptos a ir a leilão. Os certames es-
COM APOIO das autoridades, que também fiscalizaram todo o processo, Ricardo Bouzada conseguiu viabilizar em um ano algo que era reclamado há mais de uma década
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tão sendo projetados para o final do ano. Compradores de todo o Estado No leilão ipatinguense, para facilitar os arremates, cada lote, numerado e fotografado, era apresentado aos presentes em várias telas de TV, à medida que ia sendo disponibilizado pelo leiloeiro. Os lances mínimos variavam de R$ 1 mil a R$ 7 mil. Bouzada especifica: “Setenta por cento dos veículos estavam em estado de deterioração completa, dado o tempo de exposição às intempéries. Como sucata eles servem para retirada de peças, por exemplo, interessando sobretudo aos donos de oficinas e de sucateiras”. Contudo, 30% dos lotes era constituído de veículos recuperáveis, com boa cotação de preços. Não por acaso, vieram à cidade interessados de todo os cantos de Minas Gerais: “Além dos compradores da região, havia pessoas do Sul de Minas, Norte, Triângulo, Zona da Mata e Região Metropolitana de Belo Horizonte. No final, não sobrou nenhum lote. Como a cidade ficou tantos anos sem ter um leilão, foi uma novidade e muitas pessoas vieram conferir de perto”, analisa o organizador. Os veículos leiloados são aqueles que foram retidos administrativamente há mais de 90 dias, sem que tivessem sido reclamados pelos proprietários. Como muitas pessoas saem da região para participar de leilões em BH, Ricardo Bouzada anunciou que vai transformar o pátio da Avenida José Anatólio Barbosa, 2.017, no bairro Limoeiro, para este fim, além de atender às seguradores e financeiras. Assim, será mantido como pátio de recolhimento somente o espaço recentemente implantado na rua José Cândido de Meire, 6.005, no bairro Taúbas, dotado inclusive de coberturas exigidas pela nova legislação, entre uma série de outros requisitos. Ao final da entrevista concedida a ATITUDE, Ricardo elogiou “a sensibilidade” do juiz Fábio Torres, da Vara da Fazenda Pública de Ipatinga, assim como o chefe do 12º Departamento de Polícia Civil, Walter Felisberto, e o delegado regional Gilberto Simão de Melo, que entenderam não só a importância econômica dos leilões para o Estado e a região, mas também o aspecto de saúde pública: “O pátio do Limoeiro já estava abarrotado, não cabia mais nada. Evitamos assim acúmulo de água, locais em que por ventura pudessem se esconder animais peçonhentos e outros”, explica Ricardo. O organizador ainda revela que todo o processo de leilão realizado no 7 de Outubro foi filmado, sendo uma cópia entregue à Vara da Fazenda Pública. Outra ficou à disposição no pátio do Taúbas. “Isso prova que fizemos tudo com lisura e transparência. Quem quiser cópias do DVD, basta ir ao pátio e solicitar”, conclui, feliz por tornar possível em apenas um ano de administração dos pátios algo que era reclamado há mais de uma década.
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OBESIDADE INFANTIL
Gordinho, eu? Quase 12 milhões de crianças e adolescentes sofrem com excesso de peso, no Brasil A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) alerta para os crescentes índices da obesidade relacionada a crianças e adolescentes, no Brasil. Hoje, o excesso de peso já atinge quase 12 milhões de crianças e jovens de 5 a 19 anos.
Discriminação precoce e baixa auto-estima são algumas das conseqüências do sobrepeso infantil
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Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), atualmente, uma em cada três crianças na faixa de 5 a 9 anos está acima do peso ideal estabelecido pela Organização Mundial de Saúde. Isto é, hoje, quase 5 milhões de crianças enfrentam quadros de sobrepeso e obesidade. Estima-se que 80% das crianças obesas aos cinco anos de idade permanecerão obesas ao longo da vida. Entre jovens, o cenário não é menos preocu-
pante. São, pelo menos, mais 6,8 milhões de brasileiros com peso excedente. Para a Dra. Rosana Radominski, presidente da Abeso, é na infância que os costumes são adquiridos, sejam eles bons ou ruins. “Os pais desempenham uma responsabilidade imensa no desenvolvimento nutricional dos filhos. Se desde a gestação é cultivada uma alimenta-
ção saudável rica em frutas, verduras, legumes, cereais, mantendo-se uma dieta de baixa caloria e a prática de atividades ao ar livre, isto vai ajudar a criança a ter um crescimento adequado para as suas necessidades”. O aumento da obesidade e da síndrome metabólica na infância tem aumentado paralelamente as modificações dos padrões de dieta e de atividade física. Apesar de ser o resultado do desequilíbrio de longa duração entre ingestão e gasto, a obesidade está associada a um complexo conjunto de determinantes que podem agir durante a gestação, na 1ª ou 2ª infância. E pode ser influenciada por outros fatores biológicos, genéticos como também fatores micro e macro ambientais. Sobre a Abeso A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) foi criada em 14 de agosto de 1986, tendo sido a ata de sua Fundação registrada em 8 de setembro de 1986 no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. É uma sociedade multidisciplinar que pretende desenvolver e disseminar o conhecimento no campo da obesidade e promover o contato entre as pessoas interessadas no assunto. A entidade é filiada à IASO (International Association for the Study of Obesity) e é integrante da Flaso (Federacion Latino-Americano de Estudios sobre la Obesidad).
Os reflexos negativos na vida adulta A obesidade é uma doença crônica de caráter neuroquímico, progressivo e recidivante, ou seja, que acontece de forma recorrente ou repetitiva. Diferentemente dos adultos cujo cálculo da obesidade baseia-se no índice de massa corporal (IMC), a aferição da obesidade em crianças e adolescentes tem por base a idade, peso, altura e estágio de maturação sexual. Na infância e juventude, o excesso de peso torna-se porta de entrada para futuras patologias, como:
•Patologias cardiovasculares como doença arterial coronariana, doenças cerebrovasculares e arritmias cardíacas; •Hiperinsulinemia, dislipidemia e hipertensão arterial; •Complicações respiratórias (apnéia do sono (30-40%) e asma); •Complicações ortopédicas (epifisiolise e tíbia vara); •O aparecimento da síndrome dos ovários policísticos e a puberdade precoce;
Uma dieta rica em frutas e verduras desde a gestação pode repercutir positivamente na vida da criança
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PRÁTICAS DE GESTÃO
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Referência em Desenvolvimento Profissional e Medicina Ocupacional Discriminação precoce e baixa auto-estima são algumas das conseqüências do sobrepeso infantil
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Sindcomércio Vale do Aço ganha destaque entre entidades de todo o país em Portfólio Referencial de Produtos e Serviços da Confederação Nacional do Comércio “Apesar de todos os desafiadores problemas que se colocam diante do empresariado, de uma maneira geral, em função da instabilidade econômica internacional, podemos dizer que, para nós, 2012 é um ano de grandes conquistas e desenvolvimento. A nossa preocupação no sentido de instrumentalizar cada vez mais as empresas locais para triunfarem no competitivo ambiente mercadológico dos dias atuais foi plenamente recompensada. Muitos negócios não apenas se mantiveram estáveis em meio às adversidades, como até mesmo expandiram, geraram novos empregos, modernizaram estruturas estético-funcionais, o que demonstra uma confiança renovada no vigor da economia do Vale do Aço”. A avaliação é do presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Bens e Serviços do Vale do Aço (Sindcomércio), José Maria Facundes, ao fazer um balanço das atividades neste final de ano. Ele ainda salienta que graças ao grau de organização e transparência alcançado pela entidade, o comerciante nunca esteve tão próximo e à vontade para expressar suas demandas, além de participar ativamente das decisões que envolvem a categoria. “Os novos investidores que chegam à região também têm recorrido frequentemente ao sindicato para conhecer mais do mercado, e isto evidencia a credibilidade na equipe que nos assessora em várias frentes, tecnicamente preparada para atender a todos os segmentos”, acrescenta José Maria. Ainda conforme o presidente do Sindcomércio, a plataforma criada pela entidade para atingir objetivos de sustentabilidade, que foi apresentada em evento nacional no primeiro semestre, hoje virou referência no país. “Já recebemos delegações até de Tocantins, que vieram ao Vale do Aço conhecer de perto nosso modelo organizacional, buscar informações mais detalhadas sobre processos administrativos que adotamos com base em modernas práticas de gestão”, comemora. Referência nacional Também vice-presidente da Fecomércio Minas e conselheiro do Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, José Maria Facundes mostra com orgulho o Portfólio Referencial de Produtos e Serviços da Confederação Nacional do Comércio (CNC), uma publicação do Programa de Desenvolvimento Associativo. Nele o Sindcomércio é citado como referência, no país, nas áreas de Medicina Ocupacional e Desenvolvimento Profissional, num reconhecimento à qualidade e diversidade de seus serviços no setor de Saúde e, ainda, quanto à aplicação de cursos e treinamentos. Nesta última área, o sindicato tem procurado estreitar seu relacionamento com a classe contábil, partindo do pressuposto de que quanto mais preparados e atualizados forem os contabilistas, melhores serão as chances
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de os seus representados estarem em dia com compromissos fiscais e tributários, inclusive assegurando maior equilíbrio e longevidade aos seus negócios. “De certa forma, o contador é quase um médico do comerciante, contribuindo sem dúvida para preservar a saúde financeira das empresas”, ilustra José Maria. Relação de confiança Outro ponto muito positivo do Sindcomércio Vale do Aço, acentua o presidente, é sua capacidade de assessoramento jurídico e administrativo. “O empresário tem entendido o quanto o sindicato lhe pode ser útil também como uma consultoria para assuntos diversos, desde os mais simples àqueles que possam parecer difíceis e delicados. Isso muito nos alegra, porque traduz a confiança cativada pela diretoria e o nosso corpo técnico junto à categoria. Quando eventualmente entendemos que temos limitações acerca de determinado assunto e precisamos crescer um pouco mais, procuramos nos socorrer junto às melhores autoridades como, por exemplo, foi a vinda ao Centro Cultural Usiminas, no mês de outubro, do internacional professor Luiz Marins. O calor dos aplausos ao final do evento dão a medida da aceitação após uma palestra memorável, incentivando-nos a cada vez mais investir em informações e conceitos que sinalizem, de fato, melhores dias para aqueles que representamos”, conclui.
José Maria Facundes: “O empresário tem entendido o quanto o sindicato lhe pode ser útil também como uma consultoria para assuntos diversos, desde os mais simples àqueles que possam parecer difíceis e delicados”.
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AVANÇO DA MEDICINA
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Maternidade e paternidade preservadas Em Ipatinga, a primeira clínica especializada em reprodução assistida de todo o Leste de Minas já trabalha com o congelamento de óvulos e espermatozóides para quem pensa em adiar um pouco o sonho de ter filhos
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A preservação da fertilidade de homens e mulheres, através do congelamento de espermatozóides e óvulos, é um campo da medicina que ainda é pouco conhecido, embora já tenha alcançado formidável estágio de desenvolvimento. Muitos casais desejam ter filhos, mas devido a uma série de fatores relacionados à vida moderna, gostariam de adiar este projeto para um momento mais adequado. A boa notícia para os moradores do Vale do Aço e de todo o Leste de Minas é que as técnicas já estão acessíveis na unidade do Centro de Medicina Reprodutiva Prócriar, em Ipatinga. Diversos motivos podem levar homens e mulheres a recorrerem aos procedimentos de preservação da fertilidade. Tratamentos de algumas doenças, como o câncer, por exemplo, podem levar a esterilidade. Para aqueles que vão se submeter a tratamentos deste tipo, o congelamento de óvulos e espermatozóides é uma alternativa ideal para uma futura gravidez. As pressões do mercado de trabalho fazem com que as mulheres adiem o projeto da maternidade para uma idade mais avançada. Infelizmente a natureza não negocia com elas e em torno dos 35 anos de idade somente uma em cada três conseguirá engravidar. Coletando-se os óvulos em uma idade mais precoce, pode-se preservar a fertilidade destas mulheres indefinidamente, libertando-as do limite imposto pela natureza. É muito comum homens que fizeram vasectomia se arrependerem e optarem por ser pais novamente. Porém, as técnicas de reversão possuem resultados insatisfatórios, além de serem muito caras. O congelamento de espermatozóides para utilização futura preserva a fertilidade masculina e evita os traumas de uma cirurgia de reversão ou os custos elevados de um tratamento de fertilização assistida. Vitrificação de óvulos A preservação da fertilidade é feita através da criopreservação, ou congelamento dos gametas (óvulos e espermatozóides). O congelamento dos espermatozóides é uma técnica que existe desde a década de 60 com ótimos resultados. Entretanto, o congelamento de óvulos sempre foi muito difícil e a perda de gametas era muito grande durante o descongelamento. Nos últimos quatro anos esta realidade mudou, através do aperfeiçoamento de uma técnica de congelamento chamada de vitrificação. Como a revista ATITUDE antecipou em sua edição nº 6, em maio deste ano foi inaugurada em Ipatinga a primeira clínica especializada em medicina reprodutiva do Leste de Minas Gerais. Nos consultórios e laboratório da Prócriar, entre diversos outros procedimentos, é realizado o congelamento de óvulos e espermatozóides. De acordo com o médico Mário Márcio da Paz, ginecologista e especialista em reprodução humana, a demanda da Prócriar é ampla, abrangendo a infertilidade feminina e masculina de maneira geral. “Hoje, as causas da infertilidade estão divididas
meio a meio entre masculinas e femininas. E a preservação da fertilidade é o objetivo principal da Prócriar”, ressalta. Preocupação com o futuro Muitos homens têm feito vasectomia, sem contarem com um possível arrependimento no futuro, o que não é fato muito raro. “A reversão da vasectomia não é uma cirurgia de fácil realização – ressalta o Dr. Mário Márcio –, porque o trauma local geralmente é muito grande. Às vezes não é possível reverter para uma fertilidade normal. Então, é muito mais prático e sensato o homem ter o sêmen guardado do que se submeter a uma nova cirurgia para tentar reverter a vasectomia”. Os gametas podem ser congelados por tempo indefinido. Eles são armazenados em tanques de nitrogênio líquido. No caso das mulheres, o congelamento de óvulos é interessante por diversos aspectos. O Dr. Mário Márcio explica: “Primeiro porque é preservada a fertilidade da mulher por um longo prazo. Isso é muito interessante porque a mulher tem a fertilidade limitada. Aos 34 ou 35 anos a mulher já perdeu 70% da sua fertilidade. Para cada mulher que engravida após essa idade, você tem três que não conseguem engravidar”, alerta o especialista em reprodução humana. Muitas pessoas ainda acreditam que a fertilidade feminina é preservada até a menopausa. “Elas têm a ilusão de que a mulher após os 40 anos pode engravidar como uma de 20. Como existem mulheres de 40, 45, 49 anos engravidando, algumas mulheres pensam que podem deixar para engravidar nesta mesma idade, o que é um engano”, adverte o médico.
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Aos 34 ou 35 anos a mulher já perdeu 70% da sua fertilidade. Para cada mulher que engravida após essa idade, você tem três que não conseguem engravidar. DR. MÁRIO MÁRCIO DA PAZ Especialista em reprodução humana
O avançado laboratório da Prócriar, em atividade desde o mês de maio, viabiliza o congelamento de óvulos e espermatozóides dentro das mais modernas técnicas da medicina reprodutiva
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SERVIÇO Prócriar Vale do Aço Av. Japão, 441 – Bairro Cariru - Ipatinga Tel: (31) 3822.4537 E-mail: contato.ip@procriar.com.br
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AVANÇO DA MEDICINA A geração dos embriões A vitrificação, nome da técnica de congelamento aperfeiçoada nos últimos três anos, é utilizada com sucesso pela Prócriar. “Agora nós conseguimos preservar os óvulos, tendo-os disponíveis após o congelamento. É congelado o maior número de óvulos possíveis. Em alguns casos, chegam a 15 unidades. A perda no processo de descongelamento é de aproximadamente 20 a 30%. Então, da maior parte nós conseguimos óvulos de boa qualidade”, diz Mário Márcio. Nos tratamentos de reprodução assistida o objetivo é conseguir o maior número possível de óvulos, fertilizá-los com os espermatozóides e obter um bom número de embriões de boa qualidade. Mas apenas dois são transferidos para a paciente. O
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restante é guardado para uso futuro. No caso da mulher abortar - uma possibilidade não desejável, mas que não pode ser descartada -, há uma reserva de embriões. Se a paciente engravidar, ela pode utilizar esses embriões no futuro. Mas isso gera implicações éticas, morais, religiosas. O que fazer com esses embriões caso a mulher não queira mais utilizá-los? O Dr. Mário Márcio esclarece: “Com o congelamento de óvulos, praticamente é eliminado esse problema. Porque vamos fertilizar apenas a quantidade de óvulos que entendermos necessária. Serão congelados óvulos e não embriões. A lei no Brasil não permite o descarte de embriões. Aqueles que não forem utilizados devem ser congelados. Também não podem ser doados para outras pessoas e ficam armazenados na clínica indefinidamente”, detalha o médico.
“Como existem mulheres de até 49 anos engravidando, algumas mulheres pensam que podem deixar para engravidar nesta mesma idade, o que é um engano”, adverte o Dr. Mário Márcio
Primeiros bebês de proveta do Vale do Aço nascem em 2013 A clínica Prócriar do Vale do Aço realiza os mesmos tratamentos que a Prócriar de Belo Horizonte. Todos os tratamentos de alta complexidade feitos na capital são desenvolvidos igualmente no Vale do Aço. O laboratório da clínica iniciou suas atividades em maio e, portanto, os primeiros bebês de proveta do Vale do Aço deverão nascer no início do próximo ano, marcando um avanço
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histórico para a medicina regional. As chances de uma fertilização ‘in vitro’, seja com gametas congelados ou não, são de 30 a 60% de sucesso por tentativa. Isso para casais saudáveis. Uma mulher que não tem ovulação pode receber a doação de óvulo. A doação precisa ser altruística, voluntária e anônima. As doadoras são geralmente pacientes
que fazem a reprodução assistida e que têm óvulos excedentes. Eles são congelados e ficam armazenados. Quando são compatíveis com alguma paciente, é feita a doação. As doadoras precisam ser jovens, geralmente mulheres na faixa de 20 anos. A doação é feita para pacientes do mesmo padrão racial. Com relação à doação de sêmen o procedimento é o mesmo. Quanto ao útero de substituição, para mulheres que não podem gestar uma criança, existe toda uma legislação específica. É preciso uma autorização do Conselho Federal de Medicina, do Conselho Regional de Medicina e também judicial. É proibido remunerar alguém para gerar uma gravidez para outra pessoa. A chamada ‘barriga de aluguel’ não existe no Brasil. O que existe é o útero de substituição. Segundo o Dr. Mário Márcio, a procura pelos tratamentos oferecidos pela Prócriar em Ipatinga está acima das expectativas. Sobre valores dos procedimentos, como o congelamento de óvulos e espermatozóides, o médico afirma ser bastante acessível para a maior parte dos casais.
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ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Saber servir, o diferencial de um líder Francisca Paris*
Há diferentes formas de se falar do líder contemporâneo. Em um cenário cada vez mais complexo do ponto de vista da economia, da cultura e da ética, as atenções naturalmente se voltam para a identificação de lideranças capazes de nos conduzir diante de um cenário de incertezas. Isso vale – e como vale – para o universo da Educação. A escola, como uma orquestra ou time, precisa de uma liderança clara, sem dúvida. Mas essa não é uma questão simples, uma vez que precisamos saber de que tipo de liderança estamos falando. No mundo atual, muito diferente do que em tempos passados, o líder não é necessariamente uma “mão de ferro”, que decide unilateralmente os rumos a serem tomados. A complexidade das decisões é tamanha que os especialistas em administração têm chamado a atenção para uma face até então pouco evidente do líder: a sua capacidade de servir. Sim, servir. Cada vez mais, um bom líder é aquele que trabalha a serviço do seu time: é capaz de convencer sem autoritarismo, de fazer assomar o talento de seus liderados, de reunir perfis diferentes de pessoas em torno de um mesmo ideal e provocar um consenso produtivo e unificador. Ele está ali para que as pessoas consigam atingir o melhor de si, desempenhando suas funções da melhor maneira possível. Nessa perspectiva, as relações humanas que se estabelecem entre líderes
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e subordinados tornam-se menos verticais e mais horizontais. Os méritos são de todos, bem como os insucessos (o que não significa dizer que as responsabilidades são sempre coletivas). Mas a palavra de ordem deixa de ser a “competição”, muitas vezes autofágica, para ser a “colaboração” – ou seja, o trabalho em equipe. É preciso que se diga que esse conceito não é de fácil assimilação no ambiente escolar, até porque as práticas de gestão das instituições de ensino tendem a se arraigar no passado, sendo, em ge-
ral, conservadoras. A ideia de “serviço” é algo que tradicionalmente se volta para o empregado, não para quem está no topo da cadeia hierárquica. É ao menos saudável começar a refletir sobre isso. Afinal, acima de tudo está o sucesso do empreendimento e da sua missão. A função das equipes – e do líder – não é obedecer a regras e ordens cegamente, mas, sobretudo, pensar no desenvolvimento global da organização. E, para isso, é preciso mais do que uma boa cabeça: mãos, braços, pernas, coração e mente devem andar juntos.
(*) FRANCISCA PARIS é pedagoga, mestra em Educação e diretora de serviços educacionais do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva.
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A casa mais lembrada de toda a Avenida Brasil Um dos estabelecimentos comerciais mais completos e tradicionais de Ipatinga, Casa Avenida celebra 40 anos com a duplicação de instalações e modernização de sua estrutura Para quase todo mundo, o dia do aniversário é sinônimo de comemoração, boas lembranças. Mais importantes que os presentes, muitas vezes, são as presenças. E é com esse mesmo espírito que o empresário ipatinguense José Dermo de Pinho está comemorando
neste ano os seus 65 anos de vida. Mas no seu caso, em especial, as motivações para alegrar-se são ainda maiores: há 40 anos passados, exatamente no dia de seu aniversário, 22 de agosto de 1972, ele abria no bairro Iguaçu, no mesmo endereço em que ainda funciona hoje
(Av. Brasil, 160), a Casa Avenida. O negócio cresceu e se desenvolveu tanto que acaba de lhe valer o título de Destaque Lojista, outorgado pela Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), além de uma
O fundador José Dermo, com a esposa Jeannette e os filhos Tereza Cristina e Carlos Henrique: no porta-retrato, Gleisson, um dos que mais se empenharam para que a nova estrutura fosse implantada
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Felizmente, nunca tive dificuldade pra aprender as coisas. Para que se tenha uma ideia do que representava uma bicicleta nesta época, o mais comum era gente me procurando para oferecer um lote aqui no Iguaçu em troca de uma bicicleta. E o pior é que eu ainda rejeitava!” – conta, sorrindo. O fundador da Casa Avenida e Destaque Lojista de Ipatinga em 2012 lembra também que como naquele tempo não havia tanto rigor em relação a alvarás, apesar de ter aberto o negócio no dia de seu aniversário ele só foi registrado em 31 de agosto e por isso essa é a data oficial de fundação.
homenagem solene feita pelo Rotary Club. Curiosamente, um dos mais completos estabelecimentos de todo o Vale do Aço dentro do segmento dos chamados ‘temtudo’, a Casa Avenida – hoje desdobrada em duas lojas próximas, com cerca de 35 mil itens de consumo – nasceu como uma simples loja de bicicletas. “Eram só duas portas, uma para venda de peças de bicicletas e a outra para consertos”, lembra José Dermo, recordando ainda que não foram poucas as noites em que se viu obrigado a ‘dormir’ no serviço para dar conta de entregar aos clientes no dia seguinte, em perfeitas condições, o seu único meio de transporte naquele tempo. “Já no início – continua Dermo –, tinha que trabalhar até uma da manhã. Enraiar, montar roda, desempenar. Daí a pouco, já estava dormindo no chão da loja.
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O comércio no sangue Dermo veio de Euxenita, um lugarejo com menos de mil habitantes, pertencente ao município de Sabinópolis. É o primogênito de uma família de 16 irmãos (oito homens e oito mulheres) – que na verdade seriam 25, contando os natimortos. O pai era um homem próspero, dono de loja de tecidos e ferragens. Este estabelecimento comercial, aliás, já havia pertencido ao avô, e então não é estranho que o neto tenha igualmente herdado o dom. Além da loja, o pai de Dermo tinha fazenda e era dono de uma linha de ônibus, que fazia o trajeto de cerca de 40km entre Materlândia e Guanhães. Foi então no ramo do transporte coletivo que Dermo teve suas primeiras e dolorosas experiências de trabalho. “Sobrou pra mim, ser trocador. E, olha, aí também virei empurrador de carro. Eram aquelas jardineiras antigas, com radiador que fervia mais que chaleira, o bagageiro no teto. A gente sofria pra colocar aquela ‘montoeira’ de malas e outras bugigangas lá em cima. Em época de chuva, era tanto barro que o ônibus agarrava e nem pondo corrente nos pneus dava pra sair. A gente empurrava, empurrava, mas o carro não desatolava. Pelo contrário, afundava mais. Resultado: a noite inteira preso na estrada. Sem dúvida, é por isso que não estranhei tanto quando vim parar na Avenida Brasil, em Ipatinga, num tempo em que ainda havia lama por toda parte”, recorda.
O revés na família O curso da vida de José Dermo de Pinho e seus familiares começou a mudar radicalmente a partir do início de sua vida adulta. Com problemas de alcoolismo, o pai sofreu um grande revés nos negócios. Perdeu tudo o que tinha. Tiveram que se mudar. José Dermo virou arrimo de família. Atrás de oportunidades, passaram menos de dois anos em Governador Valadares. Dali, vieram para Ipatinga, começando a reconstruir seu futuro a partir de uma moradia no bairro Amaro Lanari, ainda conhecido como ‘Candangolândia’. O pai de Dermo entrou como peão na Usiminas e ali chegou a ser líder de grupo. Ele, por sua vez, como o mais velho dos filhos, foi buscar mais sustento para as outras muitas bocas que havia para alimentar, inclusive a sua própria. Foi balconista no Bar do Renê (ex-vereador já falecido), no Horto, em frente à antiga Cobal - Companhia Brasileira de Alimentação, próximo à tradicional Lanchonete Almanara. “Eu sempre achei que podia ter meu próprio negócio, e assim é que, fazendo economias, com 21 anos me tornei dono de um bar no Amaro Lanari”, lembra Dermo, para viajar um pouco mais no tempo: “Depois, passei a ter participação na sociedade do Amazém Andreia, um mini-supermercado que ficava onde é hoje a garagem da Autotrans. Foi dali que parti para a Casa Avenida, pagando à vista pelo lote que havia na frente. Foi onde construí uma loja com duas portas”.
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A demanda e a expansão do negócio O Destaque Lojista de Ipatinga em 2012 lembra que no começo, com seus 25 anos de idade, foi bem difícil tocar o novo negócio, mas o futuro provou que sua visão estava correta: “Percebi que existia uma demanda muito grande para bicicletas aqui. A topografia era totalmente favorável, sem contar que as pessoas ainda não tinham poder aquisitivo para comprar carros. Das peças e consertos, passei a vender bicicletas. Consegui convênio com as empreiteiras Nardelli, Convaço. Em 1974, apenas dois anos depois de abrir a Casa Avenida, já pude me
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Quando a Casa Avenida começou, no início da década de 70, tinha apenas dois funcionários. Hoje a Casa Avenida Multi e a Casa Avenida Tintas reúnem um quadro total de 33 funcionários
casar com a Jeannette (Jeannette Maria Coelho Ferreira Pinho, a diretora Financeira do estabelecimento, que ele conheceu em Virginópolis, por ocasião de um passeio à casa dos avós) e fomos morar em cima da loja. No andar de cima, permanecemos por 20 anos, quase sem conseguir privacidade para o descanso, já que o estoque foi aumentando e, aí, começamos a guardar bicicletas embaladas nos quartos, ferramentas, máquinas que já não
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cabiam na loja”, revela. A diversificação das mercadorias da Casa Avenida, segundo Dermo, foi um processo natural, fruto de suas observações de mercado. “Fui me orientando pela procura” – diz ele. “De início eram aquelas latinhas de tinta pequenas, que o pessoal procurava muito. Depois vieram as tintas em spray, massa plástica, complementos de pintura automotiva. Em sequência, as ferramentas, máquinas, tinta imobiliária. Hoje, temos uma loja específica de tintas, a Casa Avenida Tintas, a poucos metros da loja original, que agora chamamos de Casa Avenida Multi. Na loja de tintas, com dez funcionários, temos tudo em tintas e acessórios para pinturas, de vários fabricantes, inclusive uma completa linha industrial. São cerca de 3.000 itens em mercadorias. Na Multi, são mais 23 funcionários para atender à nossa fiel clientela, para a qual colocamos à disposição mais de 30 mil artigos de consumo”. Manter de pé e com bases sólidas, por quatro décadas ininterruptas, um negócio como a Casa Avenida, não é tarefa tão simples quanto possa parecer. Ainda mais com certas peças inusitadas que a vida costuma pregar. José Dermo lembra que “a maior loucura” foi a época da inflação galopante, com reajustes de preços quase diários. “Às vezes, tínhamos um preço de manhã e outro de tarde. Ia no banco para ver o saldo e o gerente dizia: ‘Saldo?! Você está é devendo’. Não havia como acompanhar, ainda mais no meu caso, com tantas mercadorias na prateleira. Várias empresas quebraram e posso dizer que sou um sobrevivente”, analisa. Outro período particularmente difícil, relata o lojista, sem conseguir conter a emoção, foi a perda de seu filho mais velho, Gleisson Ferreira Pinho, vítima de uma fatalidade enquanto fazia uma trilha de moto na zona rural da cidade, há quatro anos passados. Um de seus braços direitos e o maior agente transformador da mudança conceitual do negócio, Gleisson trabalhou muito pela implantação da Casa Avenida Tintas, ajudou a formatar praticamente tudo do que hoje já está concretizado e em funcionamento, mas não pôde desfrutar da obra concluída. “Por isso – conclui José Dermo, ainda referindo-se ao seu primogênito –, os 40 anos da Casa Avenida são também um tributo à sua memória. Sem desmerecer minha esposa, meus outros filhos e meus funcionários, que têm sido importantes pontos de apoio para as vitórias que obtemos, ninguém estava tão entusiasmado quanto ele com esta evolução que hoje podemos celebrar em nosso aniversário”. “Apesar da tristeza que algumas vezes nos arrebata – prossegue José Dermo –, tenho que agradecer todos os dias. Dificuldades, todos temos. Mas devemos superá-las. O que você pensa primeiro é no bem-estar da família. Se você deixar a desejar, a família sofre, todos sofrem. Este é o nosso negócio, aquilo que nos sustenta, e então continuamos zelando por ele, porque também existe uma grande responsabilidade social embutida”, ele reflete, para concluir em seguida: “Perseverar no trabalho, atender bem as pessoas, mesmo quando o dia não parece muito bom, talvez seja a maior lição que o ser humano pode deixar para a sua posteridade”.
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SERVIÇO Casa Avenida Av. Brasil, 160 (Multi) Av. Brasil, 200 (Tintas) Iguaçu – Ipatinga Fone: 3828-2600
Novos conceitos e o valor do capital humano A Casa Avenida mantém em seus quadros funcionários muito experientes, e alguns dos melhores exemplos são Aluísio Coelho Ferreira, 30 anos de casa, e Flávio Laignier Dias, 20 anos de trabalhos prestados ao estabelecimento. Além do próprio José Dermo, hoje uma espécie de Relações Públicas e Diretor de Honra de seu negócio, eles dominam muito da imensa diversidade de mercadorias colocada à venda e, desse modo, têm como auxiliar com agilidade e exatidão os consumidores. Na ausência dos proprietários, são capazes de substituí-los com invejável eficiência. Para Tereza Cristina Coelho Pinho, a diretora Administrativa e, segundo ela mesma, também uma espécie de “faz-tudo” da Casa Avenida, que desde os 18 anos está envolvida no negócio, o capital humano talvez seja a principal razão do verdadeiro formigueiro de gente que aflui todos os dias (e especialmente nos sábados) às duas lojas do grupo. “Eu e o Gleisson – lembra ela, também emocionada com a simples citação do nome do irmão – sonhamos muito com as transformações estéticas e infraestruturais que agora pudemos viabilizar, esta separação da loja de tintas da outra, para podermos dar um atendimento mais personalizado àqueles que necessitam de produtos neste segmento. Mas sabemos que nada disso, nenhuma das transformações que operacionalizamos, teria valor se não fosse a experiência, a preparação e a presteza dos nossos atendentes”, ressalta. Tereza Cristina levou tão a sério a proposta de reformulação executada na Casa Avenida que fez dela um Trabalho de Conclusão de Curso. Formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Gestão de Negócios com ênfase em Finanças, ela conta que a criação de uma loja de tintas foi seu foco no TCC também por uma questão bem prática, já que no bojo de suas investigações acadêmicas pôde realizar um amplo estudo de mercado que subsidiou a implantação da loja.
Com bom humor, ela lembra que uma das batalhas mais difíceis foi fazer o pai concordar com a modernização do logotipo da empresa – uma rodinha de bicicleta que certamente lhe traz muitas recordações. Mas este é apenas um pequeno detalhe numa ação modernizante que envolveu, além de novas fachadas, aparelhamento de escritórios, o aperfeiçoamento dos sistemas de telefonia e controle de estoque, melhores ferramentas para a gestão de compras, entre outros mecanismos. Ao lado do irmão caçula, Carlos Henrique Ferreira Pinho, de 25 anos, que também caminha para a conclusão de um curso de Administração e é outro que auxilia no novo ciclo de desenvolvimento do negócio, Tereza Cristina faz cara de surpresa e brinca ao se dar conta de que conseguiu retirar da loja Multi mais de 3.000 itens, o suficiente para preencher completamente as prateleiras e expositores da Casa Avenida Tintas: “Às vezes me pergunto como é que estava tudo lá dentro. Parece um milagre que tudo isso estivesse também lá”. Nesse tudo isso, leia-se: apenas as tintas e complementos em geral. Imensamente apegado às ruas raízes, José Dermo sabe que tudo ficou mais prático com o processo de controle computadorizado (que até avisa quando determinada mercadoria entra no limite prudencial do estoque), mas também desdenha do sistema, só para provocar a filha: “Quando faltava um produto, a gente anotava pra comprar, e funcionava. Sabe de uma coisa, às vezes me dá saudades daqueles dez livros de preços com capa de couro”... Ela sorri e apenas balança a cabeça, pra não contrariar. Quanto ao que é mais importante, no entanto, os dois concordam em gênero, número e grau. A Casa Avenida tem o dever e a obrigação de continuar dando sua contribuição social para a sociedade, em retribuição a tudo que a cidade já lhe proporcionou. E assim é que foi lançada neste mês de outubro uma promoção especial entre as atividades de comemoração dos 40 anos: a entidade assistencial mais votada em urnas colocadas nas duas lojas será inteiramente pintada interna e externamente pela Casa Avenida, que também arca com todas as despesas de mão-de-obra.
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As fachadas das duas lojas na Avenida Brasil: melhor distribuição das mercadorias, organização e nova configuração estética, com marca aperfeiçoada
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‘VÓ PIQUITA’
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Pequenina grande mulher Com menos de um metro e meio de altura e a três anos de completar um século de vida, dona Maria Barbosa de Almeida ainda dá show em muito marmanjão. Nunca foi à escola, mas não perde a conta: já coleciona 42 netos, 53 bisnetos e três tataranetos
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A primeira máquina de ‘Vó Piquita’ era uma “Vestazinha”, ela diz. Sua velha Soincon, em que ainda trabalha, ganhou um adesivo de Singer na reforma
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‘VÓ PIQUITA’ “Fortes são os homens da casa, mulheres são o sexo frágil”. Quantas e quantas vezes dona Maria Barbosa de Almeida não ouviu esta frase, desde o início do século passado! Deve ter dado calo no ouvido. Talvez por isso hoje tenha tanta dificuldade de audição - aliás, o seu único problema físico, já que nem mesmo óculos precisa usar, aos 97 anos de idade. Nascida em 1915, foi essa mesma sentença machista e castrante que a impediu de frequentar a escola um único dia que fosse, privando-a do supremo prazer de escrever ou ler as cartas de seus amores. “Sabe o que eu fazia? Ditava as correspondências para que alguém escrevesse para os meus namorados” – conta ela a atitude, com ar de menina travessa.
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Filha mulher não podia estudar, tinha que aprender a costurar, e ponto final, dizia seu pai, ironicamente um professor. Pena que ele ainda não esteja vivo para conhecer o desfecho da história. De 16 filhos na família, e ela a mais idosa deles, restam apenas quatro mulheres vivas. Os fortes homens, nove ao todo, já não estão mais aqui, bem como outras três de suas irmãs. Com o coração maior que a estatura, Maria Barbosa de Almeida, nascida em Ubá, a terra do imortal compositor Ary Barroso, é hoje conhecida como a ‘Vó Piquita’. A descendência, nada desprezível: “São 11 filhos, 42 netos, 53 bisnetos, três tataranetos”, ela conta, sem medo de errar. Andando daqui e dali pelas ruas do bairro Bom Jardim, em Ipatinga, onde mora na casa de um filho, já não é tão requisitada. Mas, nem sempre foi assim. 44 anos de parteira Casada duas vezes – o primeiro marido morreu de tétano, quando ela tinha 24 anos, e o segundo de câncer no pulmão, quando tinha 44 -, ‘Vó Piquita’ recorda que subiu ao altar pela primeira vez com 16 anos. Desde os dez já rezava na cartilha ditada pelos pais, operando a máquina de costura como uma adulta. Ainda nestes dias, não se cansa de fazer colchas para doação aos carentes, e
até vestidos de noivas, novos ou reformados, para que as mais desafortunadas se casem. Entretanto, não é só por isso que é tão admirada. Foi por suas mãos que, mesmo não sendo médica, vieram ao mundo perto de duas centenas de vidas. “Fui parteira dos 18 aos 62 anos de idade”, ela relata, revelando que já chegou a fazer, sozinha, até três partos num só dia, assim como de gêmeos “numa noite de muita ventania, em que a lamparina apagava toda hora”. E como foi que ela começou? ‘Vó Piquita’ diz que a mãe também era parteira e, certa vez, deu enchente, não tinha como ela chegar à tia que estava em trabalho de parto. E então não tinha outra coisa a fazer senão assumir a responsabilidade. “Houve um doutor que me ajudou muito, me deu muita explicação. Mas às vezes a situação era tão precária que não tinha como fazer o certo. Já cortei umbigo com faca e amarrei com barbante”, diz, sorrindo, acrescentando que o principal cuidado era com a limpeza das vestes e o uso de álcool. Os partos foram tantos que ela perdeu a conta dos afilhados. “Num dia só, fui madrinha de cinco, e o padre até ficou meio invocado. Alguns dos pais eram tão pobres que a gente também tinha que ajudar a vestir, fazer roupas, providenciar cobertor, lençol”. Tudo se passava na Zona da Mata, na região das cidades de São Geraldo, Ervália e Guiricema. Só de netos, ‘Vó Piquita’ foi parteira de quase 20, e registra que um deles foi especialmente difícil: “Nasceu com 5 quilos e 200 gramas. Eram 7h da noite quando a mãe dele passou mal. E ele só veio nascer às 6 da manhã”, recorda, fazendo alusão ao nascimento de Rainério Toledo, 47 anos, hoje professor de matemática em escolas públicas e privadas do Vale do Aço. O orgulho de dona Maria é que jamais algum bebê morreu em suas mãos e, ainda, nunca cobrou por seus socorros. “Além de leitoa e de frango, o que mais ganhei foi muito ‘Deus te dê muitos anos de vida’. Até hoje ainda me agradecem assim. Querem que eu vá até quando, aos 130 anos?” – ela brinca. Alimentação saudável Até dois anos atrás, ‘Vó Piquita’ pegava ônibus, fazia hidroginástica, dança sênior. Só não vai mais porque os filhos ficaram preocupados com seu problema de audição. Mas nas festas de família, o DJ tem que ouvir muito se não tocar forró. E o apelo é sóbrio. Ela diz que nunca pôs qualquer bebida alcoólica na boca. “Outro dia – ela reclama -, tentaram me dar cerveja. Bati no copo e quebrei. Falei pra eles: vocês não têm vergonha, não! Se vocês tivessem uma avó pinguça também estariam reclamando...” O segredo para tanta energia e disposição, ‘Vó Piquita’ diz que é comer muita verdura – de que gosta mais do que carne -, evitar os enlatados – rejeita azeitonas e salsichas, dispensando os cachorrosquentes nas festas – e “poder dormir em paz, sem nenhuma culpa que tire o sono”. E arremata: “Criar duas famílias sem pai não é fácil. Já lavei roupas de cinco famílias num mês, plantei, capinei, colhi feijão, arroz e café”. Quantos anos a senhora quer viver? – atitude pergunta. E ela responde sem hesitar que é“o quanto Deus quiser”, para finalmente deduzir: “Acho que tenho boa saúde de tanto as pessoas me abençoarem”.
‘Vó Piquita’ com o filho Luiz Carlos e a caçula das netas, Bruna Luiza, Ela se mudou para Ipatinga em 1978, acompanhando os primeiros filhos, que aqui chegaram em 1974 Dona Maria conta com orgulho que já viajou sozinha, quatro vezes, de avião, de Ipatinga a São Paulo. Os filhos propuseram pagar a alguém para lavar sua roupa. Mas ela recusou. Não consegue ficar parada, lava até roupa de cama. Dona Maria Barbosa Almeida diz que “era doida pra ser eleitora e, aos 18 anos, aprendeu a copiar nome e número pra votar. Mas hoje está desiludida: “Não voto pra ladrão nenhum!!!”
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ACONTECE Segunda ponte
Boachá ainda melhor
A nova fábrica da marca de sorvetes, picolés e polpas de frutas Boachá, em construção no povoado do mesmo nome, no município de Ipaba, recebe dia após dia equipamentos de ponta que vão dar dinamismo, funcionalidade, rigor sanitário e qualidade ainda maior à produção. O diretor José Magno calcula que em meados do verão toda a infraestrutura atual já esteja transferida para as instalações em implantação, com padrão modelo no estado. No sistema que funcionará a partir do próximo ano nem mesmo os bagaços e cascas de frutas são desperdiçados. Vão ser tratados num galpão próprio, passando por um processo de moagem e maturação até se tornarem poderoso adubo a ser comercializado em floriculturas, etc.
Ventos da Copa
Atualmente, nada menos que 50 hotéis possuem licença para construção em Belo Horizonte. A expectativa é que 12 estejam prontos para a Copa das Confederações da FIFA 2013 e o restante até março de 2014. Com isso, o número de leitos hoje estimado em 30 mil poderá aumentar para até 54 mil na capital. Dos 50 hotéis licenciados, um é cinco estrelas e 21 quatro estrelas. O total de investimento do setor em BH é estimado em R$ 2,7 bilhões.
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O governador Antonio Anastasia visitou em T o l u c a , capital do Estado do México, no mês de outubro, duas fábricas do Grupo Femsa, engarrafador líder das marcas CocaCola na América Latina. Lá conheceu a planta industrial semelhante à que está em construção em Itabirito, região Central de Minas, e também a linha de produção e de reciclagem da Indústria Mexicana de Reciclagem (IMER), única fábrica de reciclagem de garrafas PET na América Latina. A Coca-Cola informou que avalia a possibilidade de implantar em Minas uma unidade de reciclagem de garrafas PET. No México, a embalagem é composta por 25% de resina reciclada e 75% original. No Brasil, em razão da legislação ambiental, o percentual de composição das embalagens pode chegar a 50% de material reciclável. Em Itabirito, a Coca terá o maior engarrafador do Sistema no mundo, com capacidade anual para a produção de 2,1 bilhões de litros de refrigerante. Custo da obra: R$ 250 milhões.
Coca-Cola em M ina s
Demanda antiga da população de Governador Valadares, a construção da segunda ponte sobre o rio doce, na região do bairro Vila Isa, ganhou do senador Clésio Andrade um aliado. O apelo foi encaminhado em ofício ao Ministro dos Transportes, Paulo Passos. A ponte atual, na BR-116, principal corredor viário de ligação entre as cidades da região, está saturada. Problema semelhante, que tende a se agravar mais e mais, é o da ponte metálica, que liga o Vale do Aço a Caratinga pela BR-458, construída ainda na década de 60.
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DITO E FEITO
Homens e Mulheres de A mudança mais significante na vida de uma pessoa é uma mudança de atitude. Atitudes corretas produzem ações corretas
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Que país é este que junta milhões numa marcha gay, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas que não se mobiliza contra a corrupção?”
WILLIAM J. JOHNSON (1821-1875), empresário e político norte-americano. Aos 14 anos, começou os estudos em mecânica mas, sem colar grau, passou a trabalhar como empreiteiro de obras em projetos públicos de grande envergadura em Nova Iorque. Foi senador muito estimado por sua forma gentil e franca. Teve ainda uma malharia e executou obras ferroviárias.
JUAN ARIAS, correspondente no Brasil do jornal espanhol El País, pondo o dedo diretamente numa de nossas maiores feridas, que ao invés de ser curada e cicatrizar-se, a cada ano se torna mais aberta, evoluindo para um trauma.
Em terra de cego abrir cinema é idiotice.
Meu conselho é que se case; se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma esposa ruim, se tornará um filósofo SÓCRATES (469 a.C.- 399 a.C.), filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental, é até hoje uma figura enigmática, conhecida principalmente através dos relatos em obras de escritores que viveram mais tarde, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte.
Se eu decidir ser um idiota, serei um idiota com acorde próprio. JOHANN SEBASTIAN BACH (1685—1750), compositor, cantor, maestro, professor, organista, cravista, violista eviolinista da Alemanha. Nascido em uma família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo tornouse um músico completo. Estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da música europeia de sua época e das gerações anteriores.
MILTON VIOLA FERNANDES (1923—2012), que se tornou Millôr Fernandes por um erro do escrivão. Filho de um imigrante espanhol, nasceu no Rio e foi desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista dos mais combativos e brilhantes do país.
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LIVROS/FILMES
O Homem Volkswagen Com tempero de best-seller, chega às livrarias a biografia que desvenda a vida e a personalidade do mito que, por 20 anos, comandou a maior montadora de automóveis brasileira Para o designer Hans Donner, ele é o amigo com quem, há 30 anos, é um prazer filosofar em alemão e compartilhar a paixão por futebol. O publicitário Alex Periscinoto o vê como parte do time criativo que conquistou para a Volkswagen a posição de marca automobilística mais premiada pela publicidade brasileira. O colunista Salomão Schwartzman o define como empreendedor corajoso, visionário e humanista, apaixonado por música clássica, enquanto o mecânico Manoel Messias Gomes de Souza tem na lembrança o chefe que transmite segurança, não ignora ninguém nem dá bronca em público. Ele é Wolfgang Sauer, o poderoso executivo que comandou a Volkswagen brasileira entre 1973 e 1993. E são muitas as vozes que contam a história desse alemão, naturalizado brasileiro, na biografia ‘O Homem Volkswagen’, com texto de Maria Lúcia Doretto. O incrível carisma de Sauer – que o ajudou a transitar pelas altas esferas do poder político e empresarial e a negociar com sindicalistas e governantes – fisga o leitor pela sensibilidade e pela razão.
Órfão de pai na Alemanha nazista, Sauer relembra os malabarismos adolescentes para não ingressar na Juventude Hitlerista, o encontro (ou melhor, encontrão) quase premonitório com Robert Bosch, futuro empregador e fonte de inspiração, e uma hilariante passagem pelo mercado negro. Fala de suas perambulações por outros países e da vinda para o Brasil, onde sua história se entrelaça de maneira decisiva com a própria história da modernização industrial do país. Sauer coleciona lances geniais e nunca teve medo de colocar o pescoço a prêmio para defender suas crenças. A maior de todas? O homem e seu bem-estar são o centro de qualquer empreendimento.
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Cartas para Deus: real e emocionante Baseado em uma história real, ‘Cartas Para Deus’ é um filme profundo, comovente e, algumas vezes, até mesmo divertido sobre o efeito reanimador que a fé de uma criança pode ter na família, nos amigos e na comunidade. Tyler Doherty (Tanner Maguire) é um garoto extraordinário de oito anos. Cercado por uma família e por uma comunidade cheias de amor e munido pela motivação de sua fé, ele encara uma batalha diária contra o câncer com coragem e graça. Para Tyler, Deus é um companheiro, um professor e um grande amigo por correspondência – as orações de Tyler são feitas em forma de cartas que ele escreve e envia diariamente. As cartas chegam às mãos de Brady McDaniels (Jeffrey S.S. Johnson), um carteiro cheio de problemas que está diante de um grande dilema na vida. À primeira vista, ele
fica confuso e sem saber o que fazer com elas. Mas, enfim, movido pela coragem de Tyler, se dá conta de como deverá proceder. É uma decisão surpreendente que transformará seu coração e restaurará seus novos amigos e a comunidade. A obra é produzida pelo mesmo diretor dos longas Prova de Fogo e Desafiando Gigantes, o australiano David Nixon, que também já realizou, entre outros trabalhos, comerciais para a Subway ® Restaurants e Walt Disney World Resorts. Com ajuda de voluntários, o projeto ‘Desafiando Gigantes’ custou 100.000 dólares e arrecadou 10 milhões nas bilheterias, mais 35 milhões com as vendas de DVD. Prova de Fogo, com o apoio da Sherwood Baptist Church, da Geórgia, arrecadou mais de 33 milhões nas bilheterias. David agora está trabalhando para fazer filmes cristãos em Orlando, na Flórida.
Wolfang Sauer: visionário ousado, convicto de que o homem e seu bem-estar são o centro de qualquer empreendimento
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Novembro/Dezembro 2012
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