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inc cab a r a r br inc de c ceg ce a a a ga r d bra br e c -ce a i n ca ca bra ga br r de ce a ga




perder de vista o “o que os olhos não veem o coração não sente”?

“A da lem au emp bra Qu sent reg nça me is l e me ada ad de embr co co mira seu ar- agia . mo nseg da rost o , me do ui – ca exc ela de a p sa, luir acab tal re ort com de ara mo mot a e o se minh e nã ca rad a em me t me a o te ra f ia. A rel ives tive d e Ma mpor ugia lem açã se d sse f pró lem s se ário -me bra o à eixa ech pria ol bre u n . , dev nça minh do ado ia de a re han i-me ome s d p er sua od ent o o fin – é um iar e m d alm cl e la a a.” e o se en r ps co nho te: o, é o rr J c h a l ia ier na ar qu át ir o e J ico . E , an , d , air e me


Mãe, quando eu aprendi a falar por que não me cortaste a língua? Por que não me derrubaste quando aprendi a caminhar? Quando aprendi a ver, por que não me arrancaste os olhos? Quando eu cresci, por que não me esmagaste? É tarde e por aquela ponte passa meu pai, por aquela ponte passa você e eu também hei de passar Sustentando a carne ao redor dos ossos aprendi a ser firme Ando por vales incertos A luz que faz é a minha infância Tenho a língua que me condena Tenho os ouvidos que me magoam Ou é so do que dizem os outros que me dói ser humana Nos teus sonhos eu sou forte Eu sofro com teu otimismo Eu amoleço sobre meus pés Quero descansar aqui Mãe, quando eu tomei forma e vida Por que não me avisaste? É tarde e por aquela ponte eu também hei de passar. Karine Padilha


RIO (para não chorar)

afogar os peixes

Ofélia é um rio salgado Seu olho é um furúnculo aberto D’onde chora uma mistura lamacenta Quente, esverdeada, vaporosa Sem margem e nem tamanho Deságua num mar sem nome

Ofélia é um manto de pesticida Rio de água parada Que envenena as grávidas E seus natimortos Todo o sal da terra jaz em Ofélia Que desidrata a razão humana

Ofélia é um rio de lágrimas Seu olho nunca cessa de jorrar Espuma fétida, conjuntivite Partículas de vidro, cristais de sal Seu leito é um lençol rasgado Que abraça seu corpo de água moribundo Ofélia é um doce rio marinho Onde boiam pneus Onde flutuam sacolas Ondem brincam de morrer os meninos Que ninguém reclama Onde vão se

Ofélia é uma bomba que foi jogada do céu E caída na terra abriu um rombo Bem no único olho que lhe sobrava A terra ficou cega pra sempre E nunca mais calou seu o pranto Num choro que é horizontal Ofélia é um acidente Sem medida e sem localização Não pertence a nenhum município Estado ou país É um rio sem curvas, sem quedas E sem marco

Élisa


Lágrimas de Jacaré-de-papoamarelo Guilbert

Esse rio Tem nome de homem Homem branco Esse rio Tem gosto de leite Leite mau Francisco, Geraldo, Júlio, Afonso Paulo, Belo Não tem ponte que atravesse Esse rio Que não tem margem Nem tem olho Não tem seca que seque esse rio Não tem barca que o navegue Suas águas verdes não matam a sede Sua lama amarela envenena os bichos O rio é um espelho de água (partido) Que reflete o azul do céu (golpe) Mas o cheiro não engana (podre) Não adianta chorar O leito envenenado

Alice Donovan


Não tenho como não dedicar versos aos teus olhos e queria versos grandes eloquentes como o teu olhar Parado no tempo que me captura e mata como a linguagem aniquila o mundo anula sabe-se lá quantas outras possibilidades e potências, me sinto criança cristã no limbo sem voz você Orfeu da Conceição a encantar transeuntes

Antes de dor teu olho ful me arrebenta viva toda vez que pelo meu Te vi chorar o que não ca peito e o que cabe dividir te vi cantar Orfeu “Aos acentos sua lira, os dos que vive acorreram pa o escutavam como pássaro da noite.“ Desejo que e


rmir lminate ava

Eurídice para que não corramos o risco de te ver calado e passava e de olhos fechados Não há de ser fácil r no violão carregar verdes águas abe no teu profundas na face e e quis refletir, espelho do outro, r tudo que todo mundo s melódicos de viu e transbordar-se s espectros musicalmente. em sem luz Toda música é tua, você é ara ouvi-lo, e Orfeu! silenciosos os dentro

encontres tua

Lui Junges


VERTE

รกguas claras nรณdulos de desejos nos confins

DO

ME

ร lisa Guilbert


EU CORPO

dilacerado pelos sons Pelo ofegar dos peitos a suscitar ações a embalar receios a suprir vontades Invadir

num piscar de olhos mundos sem fim sem direção sem redoma Ocasionar os (ol)fatos repletos de gestos inseguros e incitar, no escuro, o próprio descompasso. Lui Junges


As coisas do mundo estão todas e cercadas, escravizadas. Foram cedidas e foram negadas Negociadas Esquecidas Escondidas Empoeiradas Incendiadas Esbanjadas Suplicadas Negligenciadas Os donos das coisas do mundo A troco do giro da manivela Apossaram-se do tempo -Que passa Da vida -Que passa Agarraram-se com as mãos à terra ao umbigo, às suas mulheres, aos aos seus chapéus e à ventania, Porque do outro lado do muro os O cabo de guerra Da imortalidade: O desespero de provar-se vivo pe carrega O pavor de sentir-se morto pela As coisas do mundo, Toda e cada coisa, Consumida Consumada Não salva o homem do fim do homem Não salva, no fim, o homem de nad


espalhadas

a, s seus pertences, puxava a morte.

elo peso que se entrega.

m da.

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Silfarlem Oliveira


Na calçada da Felipe Schmidt, TROCO OLHARES. Como outros trabalhadores de rua com seus anúncios (VENDO OURO, CURSOS, FINANCEIRA, ROUPAS, DENTISTA...), comunico com uma placa o serviço de Troca de Olhares. É um serviço rápido, desburocratizado e indolor (quase sempre). Algumas trocas são instantâneas, sem intermediação verbal. Nada mais começar o serviço, olhares (próximos e distantes) são trocados. Os passantes, alguns deles, para confirmar a troca, acenam com a cabeça. Matematicamente não há como abonar com exatidão precisa a quantidade de trocas efetuadas instantaneamente. Sabemos apenas que a troca de olhares mediada por verbalização oral ocorre com menor frequência. Não pelo preço do serviço, mas pelo que ele despende. Mais adiante – próximo a um tapume de obras com dizeres acirrados que denunciam o fechamento do Arquivo Histórico Municipal de Florianópolis e a prática política Temerária da prefeitura – presume um passante: “Olha, olha! Troca olhares e é gratuito”. Ali mesmo no meio da calçada, ao descoberto, um senhor também se interessa pelo serviço. Explico que por enquanto estamos oferecendo duas modalidades de troca: troca instantânea de olhares e troca de olhares mediada por verbalização oral. Interessado na segunda opção, descrevo com concisão o serviço. “Eu fico com o seu olhar (sua visão de mundo) e você leva meu olhar (minha visão de mundo). Embora, no momento, a visão que carrego agora é da última pessoa com quem fiz troca de olhares, uma mulher. Nesse caso você está levando a visão de mundo dela, não a minha”. Futuramente estamos estudando implantar, além dos dois serviços descritos anteriormente, uma terceira modalidade de troca na qual os passantes, mediante catálogo, poderão trocar (de modo permanente ou provisório) seus olhares pelos olhares de qualquer outra pessoa (viva ou morta), do mais ilustre ao mais desconhecido e anônimo existente. Curioso. Antes de encerrar o expediente, conversando com “pessoas anúncios”, percebi que atrás da placa tem gente. “Na verdade quando você troca olhares, faz o que a gente faz, só que no dia a dia não somos vistos.”


o fantasma de Saartjie Baartman o melhor dos cirurgiões vai abrir o meu corpo dar anestesia e um diagnóstico para me devolver à vida e me curar desta terrível doença sara sozinha espera na sala ao lado espera que a operação corra bem para continuar com seu trabalho por ela mesma e talvez por mim nereu vai ao centro de operações especiais para ver se estou bem mas sobretudo conforta sara tem uma máquina foto gráfica mas só usa para quadros importantes segundo uma velha farsa vai morrer em breve e crescer á outra coisa outra curva uma figura só queria dizer que eu não sou a tua mãe que morreu enquanto éramos jovens quero dizer sempre admirei os homens que sabem se vestir luto

Evelyn Blaut-Ferna


as e , d e é t r ” l s o “s te as olho sol teus dos

andes

“Tu de do i s alg quem so m e p o de sabe e deu o l qu Ta or s sses e eve lve ua , o b a j o z u e ve to sc t q ass ue e tenha z da os v ulta m de i pré sil ombr u via sid do d rá q ndo ê na o es e vo ue m os -clím de ncio ada sor se lta e s obje ax de pes i rid tom soa nexp um ao erá tos, e s s res ros nte de s ob dad ão sivo to o cuj fotog pré-c jetos um , ret todo a pa rafi líma . rat s lav a m x a o de os r ra é lMo etr um at na Lis os a.”


OLHOS olhos empoeirados

cheiro de naftalina as ventas impregnadas pó além do mesmo pó não aprendi tirar o pó nem sei se quero olhos empoleirados como se se acotovelassem na ponta da língua e dos pés com as galinhas para bisbilhotar o depois o depois da cerca olhos cansados meio amarelados fígado sal de qualquer fruta desgastados tempo amedrontados por conta do inconfundível [quebrei a corrente elétrica com os dentes o corpo sentiu os olhos se fecharam] olhos jabuticaba jaboti paca tatu cotia talvez não escuros escuros nem lasca pisca nem lasco dois olhos um mecânico o olho do furacão através do mágico furar o cão com o que ninguém vê vai tomar no olho ânus de sol a sol bola de gude sobre modelo de modelo cu de modelo capa do olho

[tire o fusív olhos pichados muro velho murro camada de spray sobre camada de spray sobe camada de spray desço

olhos turvos sombrios ermos uma vastidão porra de nenhuma num copo d’água que fervo com lágrimas olhos furados recortados por Buñuel divididos com Dali a poucas sombras dos gestos de Lorca fujo foges

[sigo len as

olhos fritos em azeite de dendê servidos com a fome requentados sempre pra depois das oito ou das nove e trinta e olhos cataratas choro chorinho choramingo pranto nuvem nuvem nuvem às vezes olheiras outras ameixas

[não ter ol de minimizar o f


o fuzil da tomada vel não funcionou]

s

ndo pra não perder s vistas de vista]

e vírgula

lhos é uma maneira front dos desejos]

deixei meus olhos caírem caem muito todos os dias divertimentos em polpa que a vida empresta e toma de volta em volta devolva quando caio para procurá-los tateio junto às horas não me acho acho acho não me encontro a angústia ferve o coro estica conto e desconto sanfono a vida o ruído do fole indo vindo embala em papel celofane os quitutes que apodreciam no freezer da memória olhos extraviados de seus parentes são amigos das traças nas praças nos lares não sei se há se quero amigos melhores as traças são inimigas dos narizes ou são os fungos fungar faz parte do corpo um respiro em outro atabaque que faz tum tum pra ritmar a vida [o desejo é um cárcere se resume a

querer ver]


os diálogos debaixo do sofá dançam em frequências alarmantes moduladas pra satisfazer o comum que óbvio não se contenta descontente somos nem dúvidas menos certezas quando se divide o que não tem a briga é sempre menor não abriga surtos olhos fru fru onomatopaicos apenas desejo e me acabo sem dar cabo de um não maior que o soluço

[ping

exponho nos buracos d das remelas que lambo que tentei esconder embaixo bem fugindo onde pouca coisa refle embaixo quase atrás

acho que era de mim m que eu as escondia esconder dói se esconder também dó tantas coisas doem tanto tanto tanto

como é que pude deixá [há olhos que quando olho nem a pergunta é teimosia a menina dos olhos me quer] da falta de encontro na hora que quero seco a garganta e o poema pigarro as lágrimas são teias de aranha no submundo dos sofás friccionei a preocupa ali o acompanhamento sem meus olhos não se não é contorno isso só ajuda pra que agora os meus olhos veem berruga ou verruga? antes eu não permitia não me importo com is e as sobrancelhas? deveria me censurar por não me permitir censurar a censura com um dedo de medo do medo dizia uma placa furada a bala na memória

as fraquezas se tornam indóceis adulam o que não mais uma vez não enfermo e explícito um tampão em cada olho de um pirata cego tampão é coisa para cu que vaza

as covas vazias encardidas revelavam a falta de suspeito que dúvida seja diferente de sus sorrio e gozo

[o triste é q hor


ga pinga pinga pinga pinga respinga pinga de novo]

das ventas o

ete

mesmo

ói

á-los cair? a

ação ei franzir a testa em não quer ter ruga

sso

dúvida

speita

que sempre que gozo nestas ras não relaxo talvez goze por conta da tensão]

os olhos em espécie na balança comercial do conto monetário também ajudam os rotos a melhorar os rostos o que vou fazer se não encontrá-los? sempre quis ter o dom de perder e recuperar as coisas esse dom é pirataria trocamos de navio então no próximo atracadouro [é o estômago que sente o balanço da vida os olhos navegam junto] perder de ter fui eu fui eu fui eu fui eu

a visão é diferente os olhos arrancados mesmo que os arranquei mesmo que os arranquei mesmo que os arranquei mesmo que os arranquei

repeti porque sentia falta daquilo que desconcerta acho que subestimei a mim mesmo não há mais sombra depois que se perde os olhos duas covas sem sepulturas sem placa de sertão jaz epígrafe é falta epitáfio pita paiero nem canção de fundo oração cala os mortos seguem espalhados


peleiam depois dos muros abraçam o vento para abrandar a saudade dos corpos o vento é zunido a cada abraço

mesmo assim os c a espera do almo se mexe lentamen se mexe respira se curva pura incontinênc

não me inspirei em nada daí requentei o velho a saída dos fora substituí-os pelo que tinha que alguma criança havia deixado cair no tapete da sala não sei se ainda não perceberam meu jeito novo de olhar ou se fui eu que não percebi que [as traças já perceberam e ficaram sem jeito de me falar olhei-me no espelho não vi nada não me assustei a declaração não soou mesmo assim prefiro as covas expostas

corvo é sinal de abutre também urubu urubu urub que pode ser a s a minha que pare que de novo não

a única realidad dos que andam dos que correm dos que nadam dos que planam o que resta é no

os corvos estão os urubus e os a também carcomida cova comida nem ao menos úmida pra digerir melh

há coisas que não tramam bem com disfarces enfeites ou maquiagens óculos escuros é pra coveiro pra poeta ou sofistas é nada é nada

todavia

[pensei e dispensei os versos do poema que

queria ser

]

ah eu nunca vi c pelo que comem deve ser mais ma pombas apenas suposição supositório pra que não sei


corvos planam oço que ainda nte

cia

e morte

bu sua ece foi

de do mundo é a fome

que o morto não nos ouça esperneamos que assim seja nos contentamos com quem não ouvia enquanto vivo ignorava contudo por enquanto morto [há um morto dentro da cova sem

ovela

com fome abutres a

hor [tenho um corpo pesado

a mais leve que a insônia]

cocô de corvo

al cheirosos do que o das

o

agouro fortalecido fraquezas assumidas no sumidouro nas inúteis palavras que pronuncio ao vento que sopra pois tá na hora

terra por cima da impaciência] as costas de costas decoram o corpo e doem já falei em dor no poema até aqui me repito cansei e sigo cansado de novo de novo de novo carregando o corpo de lá pra cá volto vou e ando deixar as coisas acabarem também é um sinal de teimosia afirmo por afirmar junto com o repuxe do cansaço e me levanto troco o pijama e vou a farmácia comprar colírio mas acho que volto antes do jantar ou do próximo improviso. Demétrio Panarotto


Sen t esp ado a atr ldas frent e á cre s, m al a un e q man pus de g uit cul lar sol m o a r e de men is y las r n os, eti tre gaf el c invi o n ern as eme a t as las con o, n rav y, est par t s e u t de a hue cali és d a qu rio par cion ripa e l más ent e l lla s ada a a e a l por s v pea , sen mom de o e t sib nta uz one ent est e cal los n le nas tib áne a aut s e or c i l el a n a y o la ment sa/c a me e al smo el v móvi mór e la uer les aho g. b e e ia n ira po/ ine . A Int p u a -ma nav rci n nta spi ent e r a n l r o oso eva e o y a d viv isp do el que con a u r e tad fue his se l a r s mez za ete s s e cla el rno ordo so n e ya. con del n me d io trá a nsi to, Ale x B eli vuk


.CABRA é uma produção independente com fins nada lucrativos. Nº 3, novembro de 2017. Destêrro Mais informações: http://revista-cabra.pe.hu/ https://www.facebook.com/revista.cabra/ https://vimeo.com/user63794199 Contato para envio de material: revista.cabra@gmail.com


O que é um olhar? Tanta coisa escrita, dita e feita na tentativa de responder a essa pergunta; mas um olhar só é visto por um terceiro. É? Um olhar só é visto por duas pessoas que se veem. Não? O olhar apaixonado de x para y, quem vê? A troca de um olhar de raiva entre w e z, quem vê? Em que condições se dá uma troca de olhares? O que há num olhar? Como é o olhar de um cego? Como (nos) olham aqueles e aquilo que deixamos às nossas costas? A mulher de Ló sabe, mas já não pode contar: ela mesma, fantasma de sal, que só existe se a vemos, se a notamos. Seja qual for o sentido que usemos para essa articulação, ela sabe o que é olhar para trás, para o indizível, para o desejo. Olhar, notar1: potentes, diametralmente opostos ao falar, ao tocar; urgentes e tão rápidos que um olhar pode ter a duração de um relâmpago. Num piscar de olhos, o invisível se torna visível apenas se por ali (aí, aqui, lá) assombra o desejo. O invisível se torna visível com um olhar: o olhar deseja um outro; um instante entre a coisa que olha e a coisa que é olhada. O olhar a olhar. Corpo de delito: “o exame consiste em ver e ser visto”. Trocam-se (os) olhares? Escondem-se? Vendem-se? Doam-se? Censuram-se? Forçam-se? Enxergam-se? Negligenciam-se? Manipulam-se?

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Há olhares infinitos: da Anne Sexton, sexy; da Nina Simone, denso; de nossas mães, intuitivos; de nossos pais, repressores; das Anas e das Susanas, desejantes: a constelar e causar caos por onde passam. Invertendo a lógica imperante, esses olhares desviados são também tarefa para ontem, para não caminharmos cegos na direção do aniquilamento do que difere, esse arrancar os olhos dos outros... Notar: pô ca. O o r nota; sinal ; marlhar qu e nota har que é o o esboça o desej lSe há d o? iferenç a entre ouvir, eshá dife “Olha a rença e qui!”; ntre “V Vemos m enos qu eja bem…” Quando a ndo per ache demos o cutar e que est i que tinha v ver e o isto e ava ceg lhar? nã o e não estava? o o l har de Realmen tinha v criança te vi o i ? Antes e s t O que a o q u n e a d vi ou a u via d a? Quan bandono l i d g fe o achei o/algué de mim m me fe mesma q rente? Pontos z u d a ver? e nd vista. ver par Queremo o o outro me a crer olha? s debat ou “c quem nã ê-los? o tem c rer” naquilo q olírio em terr usa ócu ue não se vê? a de ce los esc go, que uros? m tem u m olho o amor a belez é é rei? cego? a está no olho de quem olho po vê? r olho…

Dizem que a visão é o menos confiável dos sentidos porque sempre acreditamos que o mundo é falso. Os olhos enganam-se, sim, mas admitem viver. Brincar com o olho. Olhar de e para diferentes ângulos. Focar. Desfocar. Um CINE-OLHO. OLHO DE CABRA (a semente); um amuleto. Brincar de cabra cega é ver o que não costumamos ver: o mundo assombrado por fantasmas. A pupila da cabra é horizontal. Ver o mundo com olhos de uma cabra, com olhos de uma criança, significa?


“E vi u vi. en o me Sei q t ser end u sen ue v o q ve o o. Se tido i po diá ue v que i qu . Sei rque qu ria. i. O vi. [. e vi – que não qu eria Des que v ..] P po vi – dei io p e v te cu a r i i, l r v lpa arre r ain que orqu o qu e e ivr ist b e d pa a- o c u te enta a: n ra n não me o a m ão q ad de isa dar a min mel isto inha uero ha ho , e vid inú r. T u b a til om em vis a o ão ”.


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