Revista Carga Pesada Edição 180

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ISSN 1984-2341

ANO XXXI - NÚMERO 180 - CIRCULAÇÃO DIRIGIDA. Junho / Julho de 2015 - IMPRESSO (Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT) - R$ 10,00

Apaixonados pela estrada Casados desde 1978, um dia Marlene cansou-se de ficar longe de Eleseu e foi com ele para a estrada. Há 14 anos dividem a boleia. “Faço aquilo que sempre sonhei. Até as coisas ruins eu tento encarar de forma natural, tento tirar lição de tudo.” Sheila Marchiori, carreteira gaúcha de 32 anos, que tem três filhos, viaja sozinha e tem 38 mil seguidores no Facebook.




ENTRE NÓS

Julho, mês de boas notícias Julho, mês do caminhoneiro. Mês de todos os motoristas, de todos os tipos de veículos movidos a motor. Mês de quem vive do e ao volante. De repente, para esta edição de julho, o mês do caminhoneiro, surgiram na nossa frente três histórias da estrada que, não tem outro jeito, precisamos dizer que estão carregadas de vida, amor, fé, solidariedade, companheirismo, respeito, prazer de servir e de simplesmente viver... dentro de um caminhão! É para essas histórias que decidimos dar destaque, virando um disco que, nos primeiros seis meses deste ano, só tocou música ruim. Quantos problemas e atropelos e frustrações e reviravoltas que atrapalharam a vida de tanta gente, no transporte de cargas e em outros setores da economia do Brasil. Problemas que atrapalharam a vida de todo o mundo, mesmo de quem ainda é muito pequeno ou já é muito velho para ter um papel importante nos assuntos da economia. Claro: a nossa decisão não encerra os problemas. Alguns deles também estão na nossa pauta desta edição. É nosso dever tentar ajudar o transportador a enfrentá-los. Mas esta oportunidade de homenagear os homens e mulheres que fazem da estrada o seu meio de vida, que levam para a estrada a sua emoção de viver, isto é muito bom. Conhecer estas histórias é uma coisa que renova esperanças. Somar os fatos descritos nelas traz uma sensação de que muitos problemas poderiam ter soluções simples, se as pessoas – os caminhoneiros, já que estamos falando deles – se aproximassem umas das outras e decidissem viver tomando conta umas das outras. É isso que fica destas histórias. É isso que pode mudar o futuro.

Foto da Capa: Foto Sul Luís Eduardo Magalhães - BA

Nesta edição CARTAS Caminhoneiro não é assaltante

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NOSSA CAPA Histórias da vida na estrada

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MANUTENÇÃO Prevenir é melhor que consertar

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FORD Vem aí o caminhão 8x2 de fábrica

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CONSÓRCIO SCANIA Cotistas ganharão viagens a resorts

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NOTAS Radar em MG, livro de fotos no RS

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MERCEDES-BENZ Negociam-se usados em ótimo estado

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IVECO Campo de provas é inaugurado

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SCANIA Semipesado terá cabine estendida

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EXAME TOXICOLÓGICO Obrigatoriedade só em 2016

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REFINANCIAMENTO Já podem ser feitos pedidos

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CARGUINHA Como cuidar do caminhão

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HISTÓRIA 30 anos de evolução dos Mercedes

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PASSATEMPO

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DIRETORA RESPONSÁVEL: Dilene Antonucci. EDIÇÃO: Dilene Antonucci (Mt2023), Chico Amaro e Nelson Bortolin. DIRETOR DE ARTE: Ary José Concatto. ATENDIMENTO AO CLIENTE: Mariana Antonucci e Carlos A. Correa. REVISÃO: Jackson Liasch. CORRESPONDENTES: Ralfo Furtado (SP) e Luciano Pereira (MG). PROJETOS ESPECIAIS: Zeneide Teixeira. WEBMASTER: Faticulo Andreo Monteiro. Uma publicação da Ampla Editora Antonucci&Antonucci S/S Ltda-ME. CNPJ 80.930.530/0001-78. Av. Maringá, 813, sala 503, Londrina (PR). CEP 86060-000. Fone/fax (43) 3327-1622 - www.cargapesada.com.br - E-mail: redacao@cargapesada.com.br. Circulação: Junho / Julho de 2015 - Ano XXXI - Edição n° 180

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Carga Pesada



CARTAS

Suspeito de quê?

As gerenciadoras de risco deveriam, em primeiro lugar, manter um único banco de dados, para que algumas não cometam discriminação na hora da liberação dos motoristas por causa de dívidas. Além disso, deveriam fazer parceria com as polícias para realmente investigar os roubos de cargas. O que se vê é que o motorista, além de passar pelo cons-

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trangimento de ser assaltado, é visto como o primeiro suspeito. Isso é uma grande humilhação. Se a polícia quiser, pode encontrar o verdadeiro bandido. Valdemar Mesquita Jr. – Sorocaba (SP)

Nós é que estamos presos Temos que ter mais união entre nós. Na minha opinião, o descanso é bom para todos, desde que possa ser feito em local com segurança, porque o risco de parar na estrada é muito grande. Os pilantras andam soltos e nós é que estamos no presídio, sem saber o que pode nos acontecer no momento seguinte. Essa é a triste realidade. Hoje só tem lei para quem trabalha. Ernani Rainholz – Domingos Martins (ES)

O recape está se soltando

Estradas

Motorista, primeiro suspeito

Assaltos

Nossos leitores trazem à tona o tema da segurança pessoal, a segurança contra assaltos. Como sabemos, a situação está cada vez pior, e não é só nas estradas, não, é em todo lugar. Por isso, um leitor pergunta: por que, quando um caminhão é assaltado, logo aparece alguém para investigar e já vai desconfiando do motorista? É uma humilhação muito grande! E outro leitor completa, dizendo uma coisa que é difícil contestar: hoje, no Brasil, quem está “preso” é quem trabalha, ganha honestamente o seu dinheirinho e vive com medo de ser assaltado, enquanto os meliantes andam por aí à solta, tranquilos à procura de suas vítimas. É só ver, ouvir e ler os noticiários, pra perceber que ele tem razão.

Vi a reportagem sobre a privatização da BR-040 (Edição 179). Conheço bem o trecho entre Conselheiro Lafaiete e Belo Horizonte, passo sempre ali, pelo menos uma vez por semana. É uma estrada com tráfego intenso, onde ocorrem muitas tragédias, mas que não está sendo duplicado porque é montanhoso e acidentado. Só fizeram um recapeamento rápido, que já está se soltando e sujando os veículos. Espero que a concessionária Via 040 reverta esta situação e faça uma melhoria séria naquele local. Izaias Gonçalves – Ouro Branco (MG)

Carga Pesada



Os elogios da Querubina

Mulher

Tenho 40 anos e estou há 22 anos no trecho, mas desde criança já andava na boleia com meu pai. Vi muitas cidades crescerem, muitas empresas surgirem e acompanho a vida da estrada pela revista Carga Pesada. Infelizmente, também temos passado muita dificuldade, com fretes baixos e combustível e pedágio cada vez mais caros. Mas é a profissão que escolhi e que amo. Cristiano Dias Henrique – Italva (RJ)

Caminhão bom, estrada não

Tecnologia

Gosto muito de ler a revista e fazer as palavras cruzadas. O dia a dia de uma esposa de caminhoneiro é cansativo mas eu gosto. Nas firmas, para carregar ou descarregar, não podemos nem ir ao banheiro. Conheço três exceções, onde existe uma boa sala de espera para nós: na Quero, de Nerópolis (GO), e na Ambev de Anápolis (GO) e João Pessoa (PB). Nos postos de combustíveis, só pode estacionar quem abastece o caminhão. A vida está muito difícil. Querubina, esposa de José T. Junqueira – Ribeirão Preto (SP) É fácil perceber o quanto o setor de transporte rodoviário de cargas evoluiu nas três décadas de existência da revista Carga Pesada. Os caminhões têm muito mais conforto e tecnologia, tornando a vida do motorista mais prazerosa na estrada. O que falta é uma contrapartida do governo, porque a infraestrutura e as rodovias não estão à altura. Os empresários fazem altos investimentos, os caminhões carregam mais peso e as estradas são as mesmas do passado. Alceu A. Pereira – Concórdia (SC)

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Nossos

Anos

Obrigado, amigos e leitores Cara Dilene, eu era criança quando tive meu primeiro contato com o antigo Jornal do Caminhoneiro, em 1989, na então Betim Diesel, hoje Treviso. Era feito por você, uma mulher destemida e determinada, e eu o vi se transformar na revista Carga Pesada, que hoje é exemplo de sucesso. O sacrifício valeu a pena. A revista chega ao terceiro decênio com o conta-giros na faixa verde do compromisso com a verdade de um jornalismo bem apurado e consistente. Por isso, é uma revista consagrada. Sérgio Caldeira, jornalista (foto abaixo) Belo Horizonte (MG)

Amigos queridos: parabéns pelos 30 anos da Carga Pesada. Sou testemunha do trabalho sério e realizado com muita garra pela equipe. Muito bom mesmo. Abraços e sucesso! Valter Oliveira, jornalista da Mercedes-Benz do Brasil Parabenizamos a revista Carga Pesada pelos seus 30 anos, agradecendo pelas ótimas reportagens e informações sérias que sempre caracterizaram esta publicação. Eurico Tadeu Ribeiro dos Santos, presidente do Sindicam-PA Parabenizo a revista Carga Pesada pelos seus 30 anos de competência. Um exemplar está sempre presente junto ao painel do meu caminhão, para que eu possa ler nas horas vagas. No mais, digo que não sou de reclamar das dificuldades do dia a dia. Você tem que agradecer a Deus por estar vivo, por ter filhos perfeitos e por tudo o que conquistou. Ademir Pimentel – Curitiba (PR)

Leitor que manda seus comentários para nós com o cartão-resposta concorre a brindes! Os ganhadores desta edição são os seguintes: Izaias Inácio Gonçalves, de Ouro Branco (MG), que receberá em casa, gratuitamente, todas as edições da Carga Pesada durante um ano; e Arnaldo de Oliveira, de Palmitos (SC), foi contemplado com um kit da Tipler, fabricante de bandas de recapagem, com camiseta, caneta, chaveiro, boné, sacola e caneca. Escreva para nós você também e fique na torcida.

Sorteio

Cristiano ama a profissão

Histórias

CARTAS

Carga Pesada



CARTAS

www.cargapesada.com.br Direção não é diversão Um aviso aos amigos caminhoneiros: direção não é diversão. Vamos usar o ofício com muita responsabilidade. Para quem trabalha com regras, não há necessidade de usar qualquer tipo de droga. Roberto Lima de Mesquita

Como o Brasil está! Sou brasileiro, mas me desculpem: o Brasil está uma vergonha, com tanta corrupção! E ainda querem vir em cima dos caminhoneiros com esse exame toxicológico. O exame tem que ser feito, sim, mas na hora de uma abordagem policial. E quanto às inúmeras cargas horárias, a culpa é do governo, que não fiscaliza, e das grandes empresas, que pagam valores humilhantes e obrigam o profissional a rodar a noite toda em troca da promessa de um pouquinho mais de dinheiro. Como eu disse: o Brasil está uma vergonha! Natal Uemura

Começou pelo telhado Quanto à nova Lei do Caminhoneiro, penso que a casa começou a ser construída pelo telhado. O governo deveria ter primeiro implantado os pontos de parada. Não adianta uma lei que obriga a parar e você ter que ancorar o cargueiro na beira da estrada ou em local de risco, ou ter que pagar para ficar estacionado. Também quero dizer isto: vocês, motoristas de carteira assinada ou comissionados,

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têm que se unir aos autônomos nas horas de paralisação e reivindicação de direitos. Não são só os autônomos que estão com dificuldades, as empresas também. Todos estão em risco de perder o seu sustento. Fábio Luís Roque

Tem sindicato demais Na minha opinião, a intenção de impor uma tabela de frete não vai vingar. Só daria certo se tivéssemos um sindicato de autônomos forte e único. Com nossos inúmeros sindicatos e as contribuições obrigatórias, num país cheio de contrastes e distorções, cada um puxa para um lado. Não sou contra sindicato, o problema é que são muitos. Deveríamos ter um só, forte e atuante. Jorge Luiz Olegário

O pedágio em São Paulo Não sou contra as concessões em estradas, sou contra é o que o governo de São Paulo faz contra todos nós, cobrando os pedágios mais caros do Brasil. De Atibaia à Dutra são apenas 52 km e pagamos R$ 28,00 em um bitruck, mesmo com eixo levantado! De que adianta o governo federal aprovar uma lei que os governadores da oposição não cumprem? Não podemos esquecer que até poucos anos atrás não se pagava pelo eixo erguido, passamos a pagar e hoje ainda temos que pagar em São Paulo. Em Minas e outros vários Estados a lei está sendo cumprida, mas em São Paulo estão nos roubando no maior descaramento. Penso que a justiça os fará retroceder! Zé Cueca

Carga Pesada


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MÊS DO CAMINHONEIRO

Mês do caminhoneiro: histórias

Anos

Cada vez mais mulheres se juntam e se misturam aos homens na dura atividade de motorista do transporte rodoviário de carga. Há quem estime em mais de 170 mil o número de mulheres no comando de boleias. Nesta edição do Mês do Caminhoneiro, destacamos três histórias cotidianas em que o amor pela estrada, pela profissão, pela vida, aparecem em primeiro plano. Histórias como a do casal paranaense Marlene e Eleseu, que divide há anos a boleia e ainda cuidou e deu educação a três filhos.

Já a caminhoneira gaúcha Sheila Marchiori conseguiu concretizar o seu amor por caminhões, que vem da infância. Trabalha sozinha, pilota uma carreta e tem nada menos que 38 mil seguidores no Facebook. Para finalizar, a narração de um ato de heroísmo de um caminhoneiro, salvando a vida de outro na perigosa BR-040, em Minas Gerais. Um gesto do maior significado, nestes tempos em que muitos se esquecem que a vida, seja de quem for, é o valor maior a ser preservado.

Amor

Caminhoneira: Marlene não quis mais sentir falta do Eleseu Beatriz Amaro Quando se casou com Eleseu Heinen, 37 anos atrás, Marlene não imaginava que ambos se tornariam caminhoneiros. Hoje, ela nem se lembra das razões que levaram o marido para a estrada, mas sabe que isso aconteceu há 30 anos. “Ele pegou gosto pela atividade”, diz. O casal tem três filhos: Fábio, 35 anos; Patrícia, 33; e Henrique, 24. Quando o ca-

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çula fez 10 anos, Eleseu, que trabalhava de empregado, passou a fazer o trajeto de Boa Vista (RO) a São Paulo (SP) numa carreta. “Ele ficava muito tempo fora. Eu reclamava e ele sugeriu que eu fosse junto”, contou. Eleseu então a ensinou a dirigir um Scania 124 e Marlene, aos 40 anos de idade, tirou carteira E. “Eu assumia o volante para ele não ter que tomar rebite e poder descansar.” Voltavam sempre que podiam para Planalto (PR), onde moram

até hoje, para rever e dar atenção aos filhos, que ficavam com os avós. Os trajetos do casal eram longos. Chegaram a ir para o Chile e à Argentina. “Mas o Chile é muito frio e preferi não ir mais com o Eleseu. Então, oito anos atrás, ele decidiu comprar um caminhão para nós. Eu o ajudei. Compramos um Scania 112 e puxávamos verdura numa câmara fria. Fizemos muito a rota de Manaus. Nossa vida melhorou. Conseguimos pagar a faculdade dos três filhos – o mais novo fez duas faculdades –, compramos uma casa e até um caminhão mais novo, um Volvo FH 2007”, contou Marlene, que é quem negocia cargas, paga as contas e administra o negócio, tudo pelo telefone. Como mulher, Marlene confessa que, vez ou outra, pensa em estar em casa para “ter as mãos feitas e poder ir Carga


Foto Sul

Foto gentilmente cedida pelos autores do livro Vida na Boleia

de amor, coragem e solidariedade

Marlene e Eleseu trocam um beijo: cama boa é a cama do caminhão

ao salão”. Mas sua prioridade é Eleseu. “Nós somos companheiros. Tomamos chimarrão todas as manhãs, eu cozinho no caminhão, temos uma cama de casal, geladeira, conversamos muito. Às vezes conseguimos até parar numa praia. Depois de 14 anos como caminhoneira, eu também gosto muito desta vida”, constata, dizendo que as esposas devem ser incentivadas a viajar ao lado dos maridos. “Já passamos por situações ruins, de caminhão quebrado na estrada, longos dias na balsa de Manaus, fretes baixíssimos a estadias mal pagas, mas estamos juntos. Temos muitas histórias para contar.” Hoje, quando comemoram, justamente em julho, 37 anos de casamento, Pesada

O casal ao lado da cozinha de Marlene: muito para conversar

contam com o apoio dos filhos. “Sempre procuramos estar ao lado deles em momentos importantes”, diz Marlene. “No dia da formatura do caçula, fizemos o possível para chegar a tempo, mas atrasamos. Mesmo assim, quando ele nos viu entrando no salão, foi uma grande emoção e um choro só.” Eleseu, o marido, afirma que “eles acabaram entendendo que é muito bom poder estar ao lado de quem se ama. E confio nela ao volante, a mulher sempre é mais cuidadosa, não se arrisca. Durmo tranquilo enquanto ela dirige”. A paixão de Marlene e Eleseu pelo FH 2007 é tão grande que, nas festas de final de ano, “a casa enche e não sobram quartos, mas nós não nos importamos: nossa

cama fica no caminhão”, informa Marlene. “Digo ao Eleseu que, quando ele se aposentar, teremos de encostar o caminhão perto de casa para que ele possa dormir, senão ficará doente.” Eleseu concorda e reforça: “Quando dormimos em casa, acho a cama muito grande. Digo a ela para levar o celular pra cama, pra eu ligar se nos perdermos...” A vida na estrada não permite passar períodos longos com os filhos, que agora moram em cidades diferentes. “A prestação do caminhão é alta, temos que trabalhar. A gente sente saudades deles, mas um ajuda o outro a superar.” Para amenizar, a neta Flávia, de 14 anos, costuma viajar com os avós nas férias.

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MÊS DO CAMINHONEIRO

Coragem

Anos

Caminhoneira: Sheila realizou seu sonho de criança Dilene Antonucci Sheila Marchiori foi uma daquelas crianças que têm certeza de sua vocação desde muito pequenas: sempre quis ser caminhoneira. A gaúcha de Lagoa Vermelha só foi realizar o sonho aos 28 anos, depois de ter se casado, dado à luz três filhos (dois meninos gêmeos e uma menina) e se separado do marido. Hoje, com 32, tem certeza de ter feito a melhor opção. Ela viaja pelo País com um Scania 124 Highline, engatado numa carreta frigorífica, de propriedade da Bellaver Transportes, empresa de Farroupilha (RS), que, há quatro anos e meio, lhe abriu as portas para o mundo do transporte de carga. “As pessoas dizem que não entendem como eu fui me tornar caminhoneira. Nasci no interior. Meu pai era tratorista, meus irmãos, lavradores. Mas sempre tive o sonho de conhecer o mundo em cima de um caminhão”, conta. Depois de ter sido dona de casa e ter trabalhado com costura, entre outras atividades, ela tomou coragem de procurar um emprego como motorista. Tinha carteira E, mas nenhuma experiência. Tinha feito um curso de uma semana, no Centronor, de Vacaria (RS). “Comecei pelas pequenas empresas. Pensava que talvez me deixassem dirigir uma caminhoneta”, afirma. Recebeu muitos ‘nãos’. Mas quando foi à Bellaver, teve sorte: os donos da empresa, que são três, estavam querendo experimentar uma mulher ao volante. “Lembro do primeiro dia que peguei a carreta. Eu nem sabia dar ré. Demorou um tempo até eu entender que o jogo da carreta é o contrário do truck. Os três ficaram vendo o teste. No

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fim, um deles fez piada com os outros: ‘Não sei o que me preocupa mais, se é ela não saber dirigir ou não saber onde fica São Paulo’. Mas outro falou pra mim: ‘Vai logo, antes que a gente desista. E volte viva’. Eu fui.” Até chegar a São Paulo, Sheila diz que parou 67 vezes para pedir informações... Hoje, tem orgulho do título de melhor motorista da empresa em média de consumo de combustível. Melhor que os homens! Seu caminhão está sempre brilhando. “Não saio de casa para fazer feio. Eu mesma faço o polimento nas rodas de alumínio e no tanque.” Nas últimas semanas, tem feito viagens noturnas para São Paulo, puxando brócolis congelado e voltando com sorvete ou chocolate. Não tem horário certo para comer e dormir, “porque a prioridade é estar na porta do cliente”, mas não se descuida da saúde. Faz a própria comida no cami-

Sheila e seus três filhos: “Eles são perfeitos. Nunca me cobraram por estar fora tanto tempo”

nhão. “Procuro comer produtos naturais e faço o meu suco de laranja.” Mas não é só isso. Amarrada à cabine, carrega sua bicicleta. Tenta dar umas pedaladas e fazer musculação nas paradas todos os dias. “A gente trabalha o dia inteiro sentada. Malhar é fundamental”, declara. Sobre as condições das paradas, diz que até o Rio de Janeiro conhece os melhores lugares para parar, inclusive onde tem tomada 220 volts para seu secador de cabelo. Já no Nordeste não é tão fácil. Bonita e vaidosa, afirma que a cabine do caminhão tem espaço para ela levar tudo o que precisa, inclusive a maquiagem. “Tenho um televisor de 20 polegadas, DVD, geladeira...” Passando muito tempo longe de casa, Sheila diz que sempre contou com o Carga


apoio da sogra (que faleceu no ano passado) e dos pais para cuidar das crianças, que hoje têm 15 e 13 anos. Moram todos em duas casas no meu terreno. “Meus filhos são perfeitos. Nunca me cobraram por estar fora tanto tempo. De longe eu monitoro tudo pelo celular e whatsapp. Sei o horário que chegaram da escola, se alguém brigou. Tenho todo o cuidado de uma mãe.” Sheila pensou em tentar participar do programa Big Brother, da TV Globo. Até gravou um vídeo, mas não se inscreveu por falta de tempo. “Para falar a verdade, eu não conheço o programa, não tenho tempo de assistir. Mas gostaria de ganhar. Compraria dois conjuntos (cavalo + carreta) dos mais tops, com rodas de alumínio. Colocaria uma outra mulher para rodar”, afirma. A caminhoneira diz que não tem muita intimidade com a internet. Mas mantém, com a ajuda da filha e de um amigo, uma página no Facebook. No ano passado, a página foi invadida e tiveram de fazer outra em setembro. Colocaram lá o vídeo que Sheila gravou para se candidatar ao Big Brother e foi o maior sucesso. Em menos de um ano, a página conquistou 38 mil seguidores. “Eu passo o conteúdo para minha filha e para esse meu amigo e eles postam.” Sobre a falta de segurança nas estradas, diz que viaja com a certeza de que vai voltar bem para casa. “Graças a Deus, nunca me aconteceu nada.” Apesar da má fama da categoria, nunca foi desrespeitada pelos colegas homens. “Nunca mexeram comigo, nunca me faltaram com o respeito.” Sobre as dificuldades da vida na estrada, ela afirma: “Faço aquilo que sempre sonhei. Até as coisas ruins eu encaro de forma natural, tento tirar lição de tudo”. Sheila está noiva e, assim que sua casa própria estiver pronta, vai se casar. O noivo é de Erechim, também é caminhoneiro. “Ele me admira, não tem ciúme. Seremos felizes. Somos muito esforçados, vamos conseguir muita coisa juntos.” Pesada

Polindo as rodas: “Não saio de casa para fazer feio”

Conforto na cabine: televisor, DVD, geladeira...

A bicicleta amarrada na cabine: sempre que possível, pedaladas para a saúde

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MÊS DO CAMINHONEIRO

Solidariedade

Anos

Como em filme de heróis, Pedro salvou Marcos Luciano Alves Pereira A gente morre na BR-3 (hoje, 040), dizia a canção de Tony Tornado, nos anos 1970. E não se tratava de lirismo, conversa de poeta. Morre-se demais no trânsito do País, nas estradas e nas cidades. Virou banalidade. Por isso, quando se rompe a mesmice, o trecho se enche de agito. Há poucos registros, mas suficientes pra inundar os corações, quando se constata quanto pode a solidariedade humana. É um privilégio para a Carga Pesada poder estampar o ocorrido no último 20 de maio, no km 577 da BR-040, ao Sul de Belo Horizonte, no município de Itabirito (MG). Envolveram-se dois veículos e engrossaram as estatísticas das colisões frontais numa rodovia de alto fluxo que já deveria contar com barreiras divisórias de tráfego há décadas. Naquele dia de pista seca, o veterano motorista Marco Túlio Vieira de Resende, mais conhecido por Bolinha, carregou seu Mercedes 1620 tanque no terminal da Shell em Betim e retornava à sua Carandaí (MG), a 150 quilômetros da capital. Levava 10 mil litros de diesel e cinco mil de gasolina. Eram perto de 14 horas, quando uma Chevrolet S10, desgovernada, bateu frontalmente no 1620. Impacto nessas condições provoca deformações assustadoras. O caminhão virou em sentido contrário na pista. Marco Túlio percebeu que suas pernas haviam ficado presas nas ferragens. Tentou se soltar e não conseguiu. Estando de costas para o ponto da colisão, ouviu um chiado e os pneus começaram a estourar. Ele entendeu que a

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S10 estava pegando fogo e este se alastrava para o caminhão. Este foi um momento de terror. “Os curiosos se preocupavam em tirar fotos”, lembra Marco Túlio, que continuava preso pelas pernas. “A funcionária da concessionária ( Via 040) pedia que todos se afastassem”, acrescenta. Mas não perdeu a fé. Ele é devoto de N. Sra. Aparecida e, apesar de estar em estado de torpor, foi “reanimado pela Bíblia e pelo livro Ágape, do padre Marcelo Rossi”, recorda. Os volumes caíram-lhe na cabeça e o caminhoneiro entendeu que aquilo “era o meu sinal”. Ele revela que ficou calmo e teve a ideia de jogar coisas para fora da cabine para mostrar que ali havia uma pessoa viva. Passante na hora, Pedro Henrique da Silva Duarte, de 32 anos, tocava uma carreta Mercedes 1634 com caçamba, que ficou retida no congestionamento. Quis o caprichoso destino que dois profissionais da estrada, ambos filhos de caminhoneiros, estivessem diante da iminência de um desfecho ainda mais trágico, não bastasse o que aconteceu com a S10, já totalmente tomada pelo fogo que levou à morte cinco pessoas. Segundo Pedro Henrique, havia gente tentando arrancar a cabine do 1620, sem sucesso, enquanto a funcionária da Via 040 continuava a gritar: “Saiam daí! Vai explodir tudo”. Ele, porém, se lembrou do que lhe disse um instrutor sobre transporte de derivados de petróleo: o tanque cheio não explode fácil.

Esse conhecimento foi decisivo. “Dá pra salvar esse cara”, previu Pedro Henrique. Correu até sua carreta, a cerca de um quilômetro, para pegar um cabo de aço. “Eu nem tinha certeza se o cabo de aço estava na gaveta, mas fui.” E voltou correndo com o cabo de aço na mão, prendeu-o na coluna da cabine do caminhão de Marco Túlio e tentou puxar. Não deu. Não havia força suficiente. Eis que “surge do nada” um desconhecido com uma picape Frontier preta. “Ele prendeu o cabo na traseira da picape e desencravou a cabine do chassi”, explica. Tão repentinos quanto surgiram, a Frontier e o seu condutor desapareceram no anonimato. Marco Túlio foi salvo. Não sem fraturas sérias no quadril e tornozelo esquerdo. Foi operado e está “curtindo o lucro” na sua Carandaí, cercado pelos cuidados da esposa Aparecida Victoretti, união de um único casamento de 24 anos. Vai demorar meses para recuperar-se. No momento, o trauma emocional prevalece. “Vou analisar a vida quando estiver para voltar ao trabalho”, adianta

Pedro Henrique com seu cabo de aço: agilidade na hora mais necessária Carga


Ao volante de seu Mercedes 1634, o reconhecimento: o “cara da Frontier” também foi decisivo

ele. Após 33 anos de volante, sem acidentes, o motorista do Posto Esperança local repete que “a mão de Deus passou na sua frente, ajudada pelo ‘anjo’ Pedro Henrique”, que estava no lugar certo, na hora certa, possuído da determinação de maior significado. Já este assume: “Tive muito medo de vê-lo morrer ali, na minha frente. Fiquei desesperado para fazer alguma coisa”. Não deixa de destacar, porém, a instantânea e oportuníssima iniciativa do “cara da Frontier”. As ações de dois ilustres desconhecidos prolongaram a vida de Marco Túlio. Tais “rompantes salvadores” precisam ecoar pelas serras, vales, planaltos, baixios e grotões e provar ao mundo circulante das estradas que o caminhoneiro preserva a sua histórica genética do socorro generoso, até com risco da própria vida. Pesada

Marco Túlio se recupera ao lado da esposa Aparecida: “A mão de Deus passou na minha frente, ajudada pelo ‘anjo’ Pedro Henrique”

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MANUTENÇÃO

Fazer manutenção preventiva do caminhão sai mais barato Montadoras se esforçam para convencer os clientes de que vale a pena fazer contrato de manutenção e cuidar bem da frota Dilene Antonucci e Nelson Bortolin Uma parada não planejada de um caminhão para manutenção custa de cinco a 10 vezes mais que a planejada. O cálculo é da Volvo. A montadora também diz que 80% das paradas não planejadas poderiam ser evitadas com manutenção preventiva. A cada dia, segundo as fábricas e revendas de caminhões, o transportador brasileiro vai se tornando mais consciente da necessidade de cuidar bem do seu veículo. Vai entendendo que não deve deixar para depois a revisão que precisa ser feita hoje. Mas uma parte considerável de empresários e autônomos tem visão de curto prazo. “Quando chega um ciclo de baixa atividade econômica, o primeiro custo que pensam em cortar é o da manutenção. Mas adiar uma troca de peça ou revisão ou não realizá-la não significa economia. É um grande erro que pode levar a uma parada não planejada na sequência”, declara Carlos Banzzatto, gerente de Pós-Venda e Serviços da Volvo. Ele ressalta que, além da parada não planejada custar mais, ela traz outros inconvenientes. “O veículo vai parar no meio da estrada, pode haver furto da carga, o transportador não vai conseguir cumprir o compromisso com o cliente no horário e pode perder o contrato”, enumera. O gerente diz que a Volvo tem muitos pequenos transportadores com contratos

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de manutenção. “Lembro de um cliente que tem apenas quatro caminhões e fez o Plano Ouro alegando que não poderia ficar com o caminhão parado.” Com um contrato desses, ressalta Banzzatto, o transportador tem tranquilidade e mais tempo para focar no negócio dele. De acordo com o gerente, 60% das vendas de caminhões da Volvo hoje são com contratos de manutenção, sendo 25% do pacote Ouro, o mais completo. Ele conta que o cliente fidelizado tem prioridade no atendimento na rede distribuidora. “Quando chega à concessionária com seu cartão, ele tem uma fila preferencial”, explica. Banzzatto afirma que a Volvo busca desmitificar a ideia de que manutenção em concessionária é muito mais cara do que em oficinas independentes. “Temos provado que o custo por quilômetro rodado do Plano Ouro é muito vantajoso para o empresário. Já no primeiro dia de uso do veículo, ele sabe o custo de manutenção que terá por cinco anos.” O gerente também afirma que, com contrato de manutenção, o valor do veículo na hora da revenda é maior. “Com os certificados das revisões realizadas, o caminhão tem certamente maior valor no mercado de seminovos”, declara. A tecnologia embarcada, conforme o representante da Volvo, é outro fator que contribui para a correta manutenção dos veículos. “Conseguimos prever cada vez mais o tempo disponível e o nível de desgaste dos principais componentes do caminhão. De acordo com a

Carlos Banzzatto, da Volvo: adiar uma revisão pode causar uma parada imprevista do caminhão

operação que está sendo feita, também temos como saber se a vida útil padrão do componente vai ser menor.” PARA TODOS OS BOLSOS - Para evitar que os clientes saiam à procura de oficinas independentes depois de vencida a garantia do caminhão, a Mercedes-Benz procura oferecer pacotes de manutenção que cabem em todos os bolsos, segundo Célio Meneguelo, gerente de pós-venda da empresa. “Temos uma série de programas, desde os

Célio Meneguelo, da Mercedes-Benz: pacotes de manutenção que cabem em todos os bolsos Carga


que custam menos de R$ 1 mil por ano, para pequenos caminhões, e a partir de R$ 1.500 para extrapesados”, conta. Os valores, segundo ele, variam de acordo com a operação do cliente e podem ser divididos em 12 parcelas. No plano Basic Service para o Axor 2544, por exemplo, o custo é de R$ 1.400, limitado a 12 meses ou 60 mil quilômetros. Já para um Accelo 1016, da linha leve, o mesmo plano custa aproximadamente R$ 1.000, limitado a 12 meses ou 60 mil quilômetros. Meneguelo ressalta que manutenção é muito importante na visão da marca. “Queremos ajudar nosso cliente a ser mais eficiente e rentável”, declara. A Mercedes-Benz, conforme o gerente, conta com duas soluções para os transportadores reduzirem custos de manutenção: o programa Renov, de peças remanufaturadas, e a linha de peças complementares Alliance, recém-chegada ao Brasil. “O Renov é um projeto consolidado no mercado, que vem crescendo porque tem inúmeras vantagens para o transportador”, afirma. Um deles é a economia de tempo. “O motorista não precisa parar o veículo uma semana Pesada

na retífica: ele recebe um motor retificado, com garantia, em um ou no máximo dois dias”, conta. Quanto à marca Alliance, ele salienta que, apesar de relativamente nova, a linha também vem crescendo muito. “É uma opção mais barata.” Atualmente, segundo o gerente, a marca tem 45 itens; até o final do ano, serão 250. PRÊMIO DE PÓS-VENDA - O gerente geral da Concessionária P.B. Lopes (Scania), em Londrina, Marlon Adami, diz que são cinco os programas de manutenção da marca: Scania Premium, Scania Mais, Scania Trem de Força, Scania Standard, e Scania Compacto. “Todos para 120 mil quilômetros rodados”, informa. O plano básico cobre troca de óleo e filtro e o Premium cobre “tudo, menos coisas como vidros e faróis”. Todos podem ser parcelados em 12 vezes.

O gerente diz que a P.B. Lopes faz um trabalho de fidelização desde 2007, e que tem cerca de 400 caminhões com contratos de manutenção na região de Londrina. Segundo ele, a concessionária tem uma equipe de pós-venda que trabalha alinhada à de vendas. “Temos vendedores dedicados do pós-venda que prestam serviços especializados e o cliente tem a percepção da qualidade deste serviço, o que acaba levando a novas vendas.” Adami diz que o compromisso da concessionária com manutenção é tão grande que, em fevereiro deste ano, a empresa ganhou o prêmio Scania de melhor loja na área de pós-venda.

Marlon Adami, da P.B. Lopes: 400 caminhões com contratos de manutenção na região de Londrina

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MANUTENÇÃO

Oficina Maxi Truck A oficina Maxi Truck Center, de Sumaré (SP), é independente, não está ligada a nenhuma montadora, mas também vem tentando convencer seus clientes de que a manutenção preventiva é o melhor negócio. Para isso, criou seu próprio programa de manutenção e fidelização, conforme Douglas Duarte, seu sócio-diretor. Toda a vez que o motorista leva o veículo para algum reparo, o mecânico faz uma verificação do estado geral do caminhão. “Quando percebemos que alguma coisa vai dar problema no futuro próximo, damos a informação ao cliente e mandamos a foto da peça por e-mail”, conta. “Nosso trabalho se baseia na transparência e na honestidade.” Duarte diz que sua oficina, que tem 4,5 mil metros quadrados, sendo 1,5 mil cobertos, não deixa a desejar ante as melhores concessionárias. “Temos equipamentos de primeira linha, temos limpeza e organização. E ainda oferecemos preços atrativos”, alega. O plano de manutenção da empresa, segundo ele, consiste no fornecimento

de peças e mão de obra para uma determinada quilometragem. “Trabalhamos com todas as marcas de caminhão”, avisa. Ao contrário das concessionárias, ele diz que cobra por serviço e não por hora. “Acho mais justo e honesto.” E que não há fila para os clientes fidelizados. “O atendimento é quase instantâneo.” A oficina é autorizada de marcas de peças como Wabco e Eaton, e, segundo o diretor, busca evitar que o cliente compre as peças em outro lugar. “Limitamos em 30% do orçamento (as peças entregues pelo próprio cliente)”, explica. A intenção é evitar problemas com a qualidade dos produtos. “Não posso dar garantia de peça que não vendi”, justifica. Ele ressalta que já houve caso em que o cliente comprou um bloco de motor pela metade do preço cotado pela oficina. “Na hora de montar, o cabe-

çote tinha um empenamento de mais de 1,5 centímetro”, declara. “O cliente teve de pagar duas vezes a mão de obra e ainda comprar o original”, complementa. O empresário afirma não acreditar que as transportadoras que fazem elas mesmas a manutenção da frota tenham algum tipo de vantagem. “Os investimentos são altos e ainda é preciso estar atento às fiscalizações de meio ambiente.” Ele oferece o que chama de serviços “in door” – o mecânico vai até a sede do cliente fazer manutenção preventiva. Por enquanto, apenas em carretas. “Nosso carro está preparado para testar toda a parte elétrica, os freios e fazer a visualização completa.” Além disso, ele mantém uma extensão da Maxi na transportadora TNT, com oito funcionários. Douglas Duarte, da Maxi Truck Center: “Transparência e honestidade”

Pós-venda ajuda concessionárias de Os serviços de pós-venda e a venda de peças estão ajudando as concessionárias a enfrentar a crise. Enquanto o mercado de caminhões novos caiu mais de 40% em relação a 2014, a procura por manutenção se manteve estável ou se retraiu pouco nas oficinas. Há quem diga até que houve aumento de demanda. Presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção Jr. tem convicção de que a procura cresceu. “Até pela lógica: quando não pode comprar caminhão novo, o frotista tem de cuidar bem daquele que está em operação”, afirma ele, que é conces-

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sionário Volvo em Minas Gerais. De acordo com Assumpção, existem concessionários que conseguem fidelizar os clientes mais que outros. Na loja dele, mais de 50% dos compradores de caminhões fazem contratos de manutenção. “O transportador brasileiro, de todos os portes, está mais consciente da necessidade de fazer manutenção preventiva.” Questionado se os contratos de manutenção não são caros para o pequeno transportador, ele responde que o custo corresponde aos benefícios, como ser atendido na hora, ter a disponibilidade de peças genuínas e ter um mecânico especializado. Na

visão dele, a aquisição dos pacotes de manutenção é sempre vantajosa para o cliente. Carlos Banzzatto, gerente de Pós-Venda e Serviços da Volvo, confirma que a queda nos serviços de manutenção é bem menor que a das vendas de caminhões novos. Para ele, esse fato não está relacionado exclusivamente à crise, mas a uma mudança de cultura. “Nossos clientes estão cada vez mais preocupados em fazer a manutenção correta.” Já o gerente geral da P.B. Lopes (Scania) em Londrina, Marlon Adami, diz que o pós-venda na concessionária não foi impactado pela crise. “Estamos vendendo o mesmo número de peças e serviços do ano passado.” Carga


Center fideliza clientes

caminhões a sobreviverem na crise De acordo com ele, a oficina tem ajudado a manter a empresa “num momento difícil”. Para Célio Meneguelo, gerente de Pós-Venda da Mercedes-Benz, é “natural” que neste momento em que não compra novos veículos o transportador cuide mais dos seus caminhões. “Isso é uma coisa lógica. A gente tem sentido esse aumento de procura”, afirma. Ele ressalta que boa parte dos motoristas só faz manutenção nas concessionárias enquanto duram os contratos de garantia. Depois, vão em busca das oficinas independentes. Alarico Assumpção, da Fenabrave: sem caminhão novo, é preciso cuidar do que está em operação Pesada

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MANUTENÇÃO Peças remanufaturadas compensam queda na venda de originais A opção tem atraído transportadores: transmissões reindustrializadas à base de troca, por um preço camarada e com garantia de novas Fornecedora de transmissões para quase todas as fábricas de caminhões instaladas no País, a Eaton está atenta ao mercado de reposição de peças como forma de compensar a queda nas vendas de equipamentos originais. A estratégia inclui a linha de transmissões remanufaturadas EcoBox, lançada em 2007, que já soma mais de oito mil unidades vendidas, à base de troca, por um preço 30% a 40% menor que o do equipamento novo. “É uma opção que oferecemos para reduzir o custo do transportador que mesmo com parte da frota ociosa, não pode se descuidar da manutenção”, diz Fábio Fernandes, gerente de vendas de peças de reposição da Eaton. Segundo ele, em tempos de dificuldades, é preciso que o transportador redobre sua atenção com a manutenção da frota, mantendo seus custos sob controle. Com isso, enquanto o mercado de caminhões novos amarga uma queda ao redor de 50%, na reposição esse percentual é de 5%. De acordo com a Associação Nacional dos Remanufaturadores de Autopeças (Anrap), em duas décadas a recuperação de peças triplicou no Brasil, com grande desenvolvimento no setor de veículos pesados e tendência a crescer na frota leve. O componente remanufaturado à base de troca tam-

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Fábio Fernandes, da Eaton, e as transmissões remanufaturadas: economia e disponibilidade

bém possibilita redução do tempo e da frequência das paradas do veículo, quando comparado à alternativa de mandar fazer o conserto em certas partes da mecânica do caminhão. BOSCH – A Bosch recomenda: faça sempre a manutenção preventiva do seu veículo, como forma de garantir sua própria segurança e a de outras pessoas. São palavras do gerente de Conceito de Oficina da Bosch, Daniel Angelo, num momento em que, segundo ele, devido à crise da economia, há transportadores que esperam os problemas de

Daniel Angelo, da Bosch: rede de oficinas oferece preços competitivos

manutenção aparecerem, para só então ir atrás do reparo. De acordo com o gerente, a empresa, com suas redes Bosch Diesel Center e Bosch Truck Service, tem oferecido produtos e serviços a preços competitivos, tanto que algumas concessionárias terceirizam o serviço de injeção diesel. Além disso, as redes oferecem outros serviços, como elétrica, retífica, turbinas e mecânica geral. A Bosch tem 450 oficinas autorizadas pelo Brasil. As 58 oficinas Bosch Diesel Center estão capacitadas a fazer atendimentos com garantia para motores Euro 5. Carga Pesada


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AINDA EM 2015

Ford vai fabricar caminhão 8x2 Empresa também terá nova linha com caixa automatizada e comemora ampliação de participação no mercado de leves e semileves Nelson Bortolin Um caminhão 8x2 e uma linha completa de caminhões com câmbio automatizado são as novidades anunciadas no início de junho pela Ford, em evento comemorativo da produção do caminhão nº 400.000 na fábrica de São Bernardo, que foi inaugurada em 2001. E a montadora diz que apresentará outras quatro novidades ainda neste ano. João Pimentel, novo diretor de Operações de Caminhões da Ford América do Sul, contou que o Cargo 2429 será o veículo que ganhará versão 8x2, e chegará às concessionárias no terceiro ou quarto trimestre. “Será um caminhão para atender desde o segmento boiadeiro até a distribuição de bebidas”, afirma. Em relação às caixas automatizadas, Pimentel disse que elas serão introduzidas não apenas num modelo, mas numa linha completa, começando pelos segmentos pesado e extrapesado. “Depois teremos nos leves”, ressalta o diretor. A montadora não deu pistas sobre as outras quatro novidades que promete lançar ainda neste ano. O presidente da Ford América do Sul, Steven Armstrong, limitou-se a dizer que “estamos desenvolvendo novos produtos agora para estarmos prontos quando a economia voltar a deslanchar”. Durante a coletiva de imprensa, os diretores da Ford procuraram demonstrar otimismo. O gerente nacional de Vendas

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O Cargo 2429, que terá versão 8x2

e Marketing, Antônio Baltar, admitiu que a indústria de caminhões passa por uma situação difícil no Brasil, mas disse que a Ford acertou em investir em produtos de diversos segmentos. Com isso, a retração de vendas para a Ford está em 15% este ano, enquanto o conjunto do mercado de caminhões encolheu 42%, número que se deve, principalmente, à queda das vendas dos veículos pesados e extrapesados. “Nossa participação no mercado era de 16% ao final do ano passado e passou para 18,9% em maio deste ano”, informou. O avanço da participação ocorreu principalmente nos segmentos de caminhões semileves e leves, nos quais a Ford está na liderança este ano. Nos leves, a montadora está com 31,3% das vendas, com seus três modelos: Cargo 816, Cargo 1119 e F-4000. Para alavancar as vendas, a Ford lançou uma linha de financiamento (CDC) com juros subsidiados. A linha, segundo

João Pimentel é o novo diretor de operações da Ford Caminhões

Baltar, já está disponível nas 140 concessionárias espalhadas pelo País. Os juros são de 0,99% ao mês, enquanto os bancos de varejo cobram em média 1,2%. “Fizemos essa oferta para atender as pessoas físicas que não são elegíveis para o Finame”, conta. Carga Pesada


EM FAMÍLIA

Consórcio Scania oferece

viagens a resorts

Iberostar Bahia

Costão do Santinho

Tradicional promoção da empresa levará clientes e acompanhantes à Bahia e a Santa Catarina Está chegando a data da primeira viagem de clientes do Consórcio Scania dentro da promoção “Família Scania All Inclusive”, que dará oportunidade ao consorciado e um(a) acompanhante de viajar para o resort Iberostar, na Praia do Forte, na Bahia, ou ao resort Costão do Santinho, em Florianópolis. A viagem para o Iberostar será no dia 22 de setembro, início da primavera. Uma segunda turma irá para o Costão do Santinho, em Florianópolis (SC), no dia 22 de novembro. Nos dois casos, a promoção abrange cinco pernoites com todas as despesas, de viagem e estada, incluídas: passagens aéreas, refeições, bebidas, snacks e taxas. Como se não bastasse, haverá ainda um show com Fernando & Sorocaba só para os clientes do Consórcio Scania. Estes passeios são mais um evento organizado pelo programa Família Scania, que

desde 2002 vem proporcionando momentos de descontração e confraternização a adquirentes de cotas de caminhões e chassis de ônibus através do Consórcio Scania. Desde então, mais de 52 mil pessoas já fizeram viagens inesquecíveis para destinos como Argentina, Chile, Portugal, Estados Unidos, Espanha, Itália e França, além de cruzeiros com os navios Costa Victória, Costa Fortuna e Costa Mágica, e assistiram a shows com cantores como Leonardo, Daniel e Ivete Sangalo. Não existe sorteio – todo adquirente de uma cota de caminhão ou chassi de ônibus do Consórcio Scania está automaticamente contemplado com um passeio com acompanhante. Os eventos promovidos pelo programa Família Scania já foram premiados duas vezes por sua qualidade como campanha

de marketing e relações públicas, obtendo o Prêmio Marketing Best, dado pela revista Marketing, em 2008 e em 2012. VANTAGENS - O Festival do Consorciado Contemplado foi prorrogado até 31 de julho de 2015. A Scania e o Consórcio Scania estão oferecendo vantagens exclusivas para quem já tem cotas contempladas e deseja utilizar o crédito disponível para adquirir seu veículo zero-quilômetro. São elas: atualização para o modelo Streamline (válido para as cabines G, R e R Highline), que economiza até 4% de combustível em relação ao modelo similar Euro 5; dois anos de garantia estendida de fábrica (no trem de força); um ano de programa de manutenção Standard; uma parcela gratuita na compra de nova cota do Consórcio Scania, e 10% de desconto na aquisição do Seguro Único Scania.


ESTRADAS Radares na Fernão Dias

começam a multar

Começou a temporada de punição por excesso de velocidade na Fernão Dias. Radares instalados em 2011 finalmente estão multando

Radar na boca de saída do viaduto dos Queias (km 525), uma curva à espera de quem despenca na serra de Igarapé

Luciano Alves Pereira Nada mais engessado do que o início da utilização dos radares da Fernão Dias (BR-381) para a finalidade para a qual foram instalados: multar os apressadinhos que não têm amor à própria vida nem à dos outros. A duplicação da rodovia completa 10 anos em outubro, os radares foram instalados no início de 2011 mas somente em junho deste ano começaram as multas. A grande demora se deveu à burocracia que envolve a terceirização. A mesma burocracia que impede o uso das balanças rodoviárias, conforme visto em reportagem recente do Jornal Nacional da TV Globo. Na aplicação de multas nas infrações flagradas pelos radares, a Polícia Rodoviária, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e a Autopista, concessionária da rodovia, tiveram que se acertar. Esta última explicou que foi contratada uma empresa só para analisar e selecionar as imagens de infrações capturadas pelos radares, que serão validadas pela Polícia Rodoviária e voltarão

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à concessionária para o envio dos avisos de multas pelo correio. A demora na assinatura do convênio permitiu que se levantasse “a perda de receita para os cofres públicos”, porque os radares estiveram fotografando esse tempo todo. De fevereiro de 2014 a abril deste ano, mais de dois milhões de veículos passaram no trecho monitorado em excesso de velocidade. A R$ 85 por multa (o valor mais baixo), a receita chegaria a R$ 170 milhões. As tragédias por excesso de velocidade na Fernão Dias são frequentes. Em dezembro do ano passado, tombou um caminhão bitruque VW 24.280, na descida da serra de Igarapé (MG). O motorista não resistiu aos ferimentos e, como houve vazamento, a rodovia ficou interditada o dia inteiro nos dois sentidos, para desespero dos motoristas que passavam pelo local. Os 19 radares estão distribuídos pelos 562 quilômetros entre Contagem (MG) e São Paulo, metade para cada pista. Um número, aparentemente, bem menor que a necessidade, para quem conhece a velha, boa e sempre perigosa Fernão Dias.

Tipler patrocina livro com fotos de caminhoneiros Com o patrocínio da Tipler e do Ministério da Cultura, os fotógrafos gaúchos Ita Kirsch e Bala Blauth cruzaram o Brasil para produzir o livro “Vida na Boleia - Caminhos e caminhoneiros do Brasil”. A obra – essencialmente fotográfica, mas com texto de Paula Taitelbaum em português e inglês – retrata o dia a dia dos caminhoneiros brasileiros e destaca o transporte típico de cada região do País. No Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a ênfase nos caminhões graneleiros e boiadeiros. No Norte, o transporte da madeira. No Nordeste, sal, frutas e muita água... a água que, em grande parte, é transportada por caminhões-pipa. Para isso, a dupla rodou 21 mil quilômetros por 16 Estados, em 90 dias de viagem. “Nossa ideia, desde o início, era fotografar a vida dos caminhoneiros do Brasil, captando, com nossas câmeras, a dureza do cotidiano dessa gente”, diz Ita. O livro, no formato 24 cm X 26 cm, com 224 páginas e capa dura, está sendo vendido por R$ 80. Quem se interessar em adquirir um exemplar pode entrar em contato com os autores pelo e-mail ita@fotoita.com.br ou pelo fone (51) 9989-5588. Outra possibilidade é utilizar a carta-resposta desta edição e participar do sorteio de alguns exemplares. Não deixer de concorrer.

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MERCADO

Mercedes investe na venda de caminhões usados O mercado é bem maior que o de caminhões novos. A empresa já tem uma loja especializada e pretende abrir outras

No ano passado, foram licenciados no Brasil 332.400 caminhões usados, bem mais que o dobro do número de caminhões novos, que foram 137.100 em 2014 e 154.600 em 2013. Do total de usados licenciados em 2014, mais de 70% das vendas aconteceram nas regiões Sudeste (46%) e Sul (25%). De olho nesse mercado e também para alavancar a venda de novos, a Mercedes-Benz está ampliando as atividades da SelecTrucks, loja especializada em seminovos de todas as marcas instalada em Mauá (SP), numa alça do Rodoanel. O próximo passo será abrir uma loja em Minas Gerais, e mais dois pontos de vendas em concessionárias da marca no trecho entre Campinas e Ribeirão Preto. Num momento de grande queda nas vendas de novos, a estratégia tem mostrado resultados. Em 18 meses, a Mercedes vendeu cerca de 680 caminhões zero-quilômetro aceitando seminovos na troca. “A SelecTrucks também tem colaborado para aumentar o volume de serviços e de venda de peças, gerando resultados para a empresa e para nossos concessionários”, afirma Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Venda de Caminhões e

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A SelecTrucks, de Mauá (SP): 210 modelos de todas as marcas em estoque

Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. Desde a criação da SelecTrucks, foram vendidos 548 caminhões, sendo 103 em 2013, 280 em 2014 e 158 unidades em 2015. A loja de Mauá tem 210 veículos disponíveis, de várias marcas, todos com até 10 anos de uso (veja algumas ofertas abaixo).

Outras montadoras criaram negócios de seminovos, mas Leoncini diz que a Mercedes-Benz agregou vantagens exclusivas: “A arte da vendas de seminovos está na avaliação do produto. Enquanto a garantia normal é de 90 dias, nós oferecemos 12 meses para modelos rodoviários e seis meses para fora de estrada, cobrindo 100% dos custos”. As taxas de financiamento também são boas: “Os bancos praticam taxas médias de 2,6%, enquanto o Banco Mercedes está oferecendo, em média, 1,5%”. O gerente de Vendas de Veículos Seminovos da Mercedes-Benz, Fabian Seifarth, diz que a SelecTrucks adequou às características do mercado brasileiro os mesmos conceitos e padrões da TruckStore, modelo de negócio de caminhões usados utilizado pela Daimler, com sucesso, em 14 países da Europa, nos Estados Unidos e na África do Sul. “Comercializamos em média 16 mil caminhões por ano, ou seja, temos experiência mundial, conhecimento e competência para assegurar qualidade e confiabilidade para os nossos clientes e para nossos concessionários”, completou.

À venda na SelecTrucks

Mercedes-Benz Axor 1933, 2011/2012, com 52.392 quilômetros rodados: R$ 149.900

Volkswagen Tractor 19-320, ano 2005/2006, com 508.509 quilômetros: R$ 84.900,00 Carga


FESTA DE ANIVERSÁRIO

Iveco inaugura campo

de prova em Sete Lagoas Ao completar 40 anos de atuação mundial, a empresa constrói três pistas de testes junto à fábrica de Sete Lagoas No momento em que comemora 40 anos desde sua entrada no mercado, pela Europa, em 1975, a Iveco acaba de inaugurar um campo de provas próprio ao lado da fábrica de Sete Lagoas (MG). O empreendimento custou R$ 24 milhões, valor que integra o montante anunciado recentemente pela montadora, de R$ 650 milhões em investimentos no Brasil no biênio 2015/16. O campo de provas ocupa uma área de 300 mil metros quadrados. Tem três pistas de testes para avaliar toda a linha de produtos, dos leves aos pesados, e ainda os blindados Guarani. A pista principal, de alta velocidade, do tipo oval, com 1.650 metros, serve para simular situações reais, como mudança de faixa em alta velocidade. Uma pista para teste de ruído e um circuito projetado para atender a demanda dos veículos comerciais e para o Guarani completam o projeto. O vice-presidente da Iveco para a América Latina, Marco Borba, informou que a existência do campo de provas “nos permite aperfeiçoar a qualidade, a durabilidade e a robustez dos veículos que oferecemos aos nossos clientes”.

A pista principal tem 1.650 metros de extensão

A empresa estima que o Brasil vai fabricar 96 mil caminhões este ano, e espera ter uma participação de 8,5% nessa produção. No segmento de veículos para 3,5 toneladas, por exemplo, a Iveco participa com 45%, com o consagrado modelo Daily. Nascida da união de outras tradicionais companhias, como a alemã Magirus, detentora de alta tecnologia na fabricação de veículos e equipamentos de resgate e combate a incêndio, fundada em 1864, a Iveco acaba de levar sua experiência para o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, com a entrega de 40 caminhões modelo Tector 170E28, implementados para atender as atividades da corporação.

HISTÓRIA – A Iveco foi criada em 1975, resultado de uma sociedade de cinco importantes empresas europeias da época, que acumulavam grande experiência em projetos e fabricação de veículos industriais: as italianas Fiat Veículos Industriais, de Turim, OM, de Bréscia, e Lancia Veículos Especiais, de Bolzano; a francesa Unic, de Puteaux; e a alemã Magirus-Deutz, de Ulm. Em 1986, a Iveco Ford Truck nasceu como uma joint venture com a divisão de caminhões da Ford da Europa. Em 1990, a Iveco adquiriu a Pegaso, fabricante de veículos industriais espanhola. De lá para cá, a marca obteve reconhecimento internacional, incluindo três prêmios: Caminhão Internacional do Ano, pelo Eurocargo em 1992, EuroTech em 1993 e Stralis em 2013. O New Daily recebeu recentemente o prêmio de Van Internacional do Ano de 2015. A Iveco emprega mais de 26 mil pessoas em todo o mundo e tem cinco mil pontos de venda e postos de serviços em mais de 160 países. O campo de provas ocupa 300 mil metros quadrados ao lado da fábrica

Pesada

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LANÇAMENTO Scania terá caminhão semipesado

com cabine estendida

Para conquistar 6% de participação no segmento de semipesados até o final deste ano, a Scania vai lançar a cabine estendida para as versões 4x2 e 6x2 dos modelos P 250 e P 310, completando a linha que já conta com as opções curta ou leito. A novidade chega em setembro às concessionárias e virá com 25 cm a menos que a cabine-leito, o que resulta na diminuição da tara em 100 kg no eixo dianteiro. O uso de pneus 275 também reduz em 50 kg a pesagem total do caminhão. A boa distribuição do conjunto acaba resultando em até 400 kg a mais de carga útil. “O cliente vai poder transportar mais, com o mesmo conforto da cabine Scania, pagando cerca de R$ 10 mil a menos que na cabine-leito”, afirma Wagner Tillmann, gerente de Vendas de Semipesados da Scania no Brasil. Os novos caminhões sairão equipados de fábrica com caixa automatizada Scania Opticruise de quarta geração, piloto automático inteligente Ecocruise, ar-condicionado, balança digital no painel para medir o peso nos eixos traseiros, suspensão a ar e várias distâncias dos entre-eixos. Com tradição no segmento de caminhões pesados, a Scania entrou seria-

O diretor de vendas da Scania, Victor Carvalho: meta é chegar a 10% do segmento

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mente nos semipesados em 2011. O diretor de vendas Vitor Carvalho lembra que em 2010 a marca vendeu apenas três caminhões. “Fechamos 2014 com 5% de participação, este ano queremos 6% e nosso objetivo é chegar a 10% em breve”, afirma, avaliando que a venda de semipesados tem sofrido menos com a crise. Segundo Carvalho, o Nordeste é uma região onde os semipesados são uma preferência. “Lá o emplacamento de semipesados chega a ser o dobro dos pesados. No Ceará, chega a 70%, proporção bem diferente da verificada no Centro-Sul do País”, observa.

A principal arma da Scania para ganhar participação nesse mercado, no entanto, continua sendo o P 310 na configuração 8x2, pela maior capacidade de volume de carga da categoria, já que o entre-eixos de 6.300 mm permite levar implementos de até 10,3 metros. Outra vantagem é que, pela legislação vigente, basta a carteira de habilitação D para dirigir caminhões desta categoria. Os semipesados da Scania equipados com a Cabine P são oferecidos nas versões 4x2, 6x2 e 8x2, de 250 ou 310 cv de potência. São equipados de série com caixa automatizada, piloto automático e suspensão a ar.

O gerente de vendas de semipesados Wagner Tillmann: mais peso com o mesmo conforto na cabine

Carga


DROGAS

Exame toxicológico para caminhoneiro é adiado para 2016 Exigência começaria a vigorar em junho, mas fica para janeiro do ano que vem, por decisão do Contran Nelson Bortolin O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) adiou de 2 de junho passado para 1º de janeiro de 2016 a obrigatoriedade de exame toxicológico de larga janela de detecção na primeira habilitação e nas renovações de carteiras de motorista nas categorias C, D e E. A decisão consta da Resolução 529, do Contran, de 14 de maio. A lei 13.103, que substituiu a Lei do Descanso (12.619), manda fazer o exame também em outros três momentos: na admissão e demissão de motoristas empregados e na metade da validade das carteiras de motorista. Na admissão e demissão os exames serão obrigatórios a partir de março de 2016 e, no terceiro caso, a partir de agosto de 2018. A exigência do exame de larga janela de detecção para investigar o uso de drogas pelos motoristas divide opiniões. O médico Dirceu Rodrigues Alves Jr., diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), não concorda. Para ele, o teste foi incluído na lei porque grandes laboratórios querem explorar esse mercado e fizeram seu lobby na Câmara Federal quando o texto estava sendo discutido. De acordo com o diretor da Abramet, até então não se falava em teste de larga janela de detecção. A lei anterior (12.619) estabelecia a necessidade de os caminhoneiros se submeterem a exames toxicológicos, mas não dizia de qual tipo. “Muitas autoridades no assunto não foram ouviPesada

das nessa discussão”, acusa. Para Alves Jr., a obrigatoriedade do exame vai trazer uma série de transtornos. “Se o exame der positivo, o sujeito vai ser afastado do trabalho por 90 dias e vai ter de ser encaminhado para auxílio-doença. Mas se ele for viciado, vai continuar usando a droga após esses 90 dias e continuará no auxílio-doença. Haverá custo para o Estado e para o caminhoneiro. Sem contar a possibilidade de fraudes com essas regras”, declara. Questionado se o profissional viciado não deve ser afastado da direção, ele responde que sim. “Mas, se usou droga ou tomou sua cachaça no dia de folga, não podemos impedir que ele exerça sua profissão. O que não se pode permitir é que use álcool e droga enquanto estiver dirigindo. E o exame de larga janela, feito num fio de cabelo, não diz quando

ele usou”, critica. O diretor da Abramet prefere o exame de saliva, que oferece indícios de que a pessoa está drogada no momento do teste. O coronel Marlon Jorge Teza, presidente da Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais (Feneme), pensa diferente. Teza diz que o exame de larga janela de detecção já é usado na maioria das PMs do Brasil. “Em Santa Catarina, fazemos desde 2008. Quem entra na Polícia ou no Corpo de Bombeiros tem de fazer o exame”, afirma. Para o coronel, o exame serve inclusive para que o profissional tenha oportunidade de se recuperar. “Nos Estados Unidos, o exame é utilizado com motoristas há 27 anos.” Ele acha que é preciso fazer o controle do uso de drogas em profissionais cujo trabalho coloca a vida de terceiros em risco.

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BNDES

Bancos já podem

refinanciar caminhões Quem comprou caminhão pelo Procaminhoneiro ou pelo PSI pode suspender o pagamento por até 12 meses Nelson Bortolin Por meio da circular 26/2015, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) autorizou no dia 3 de julho os bancos comerciais a refinanciarem os caminhões vendidos por meio dos programas Procaminhoneiro e BNDES PSI. Os autônomos que compraram caminhões até 31 de dezembro do ano passado por esses programas e quiserem um fôlego de 12 meses sem pagar parcelas, devem procurar os bancos nos quais fizeram o financiamento. A circular explica como eles devem proceder. O benefício se estende às microempresas de transporte rodoviário de carga com faturamento de até R$ 2,4 milhões por ano. Aqueles que têm menos de 12 parcelas a pagar também podem refinanciar para voltar a pagar daqui a um ano. Os juros das parcelas refinanciadas serão, no mí-

Na reunião no BNDES, Janir Bottega, do Sindicato dos Autônomos de Francisco Beltrão (PR); Miguel Mendes, da ATC; Luciano Coutinho, presidente do BNDES; Roberto Carsalade Queiroga, da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil; e Rone Evaldo Barbosa, do Ministério dos Transportes

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nimo, de 6% ao ano. Se os juros do contrato original forem maiores que 6%, são eles (os do contrato) que serão adotados. O refinanciamento dos caminhões financiados pelo BNDES foi uma das reivindicações da greve dos caminhoneiros do início do ano. E foi autorizado pela Lei Federal 13.126, de 21 de maio, e regulamentada pela Resolução 4.409, do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 28 de maio. No dia do lançamento do Fórum Per-

manente para o Transporte Rodoviário de Cargas (24 de junho), em Brasília, o grupo de trabalho criado para tratar do refinanciamento se reuniu com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e pediu agilidade no processo. Ainda faltava uma portaria de equalização do Ministério da Fazenda, que saiu dois dias depois. “Coutinho disse que, tão logo saísse a portaria, ele agilizaria a circular e cumpriu sua promessa”, afirmou Miguel Mendes, da Associação dos Transportadores de Carga do Mato Grosso (ATC), que faz parte do grupo. Mendes diz que o BNDES também ficou de estudar uma linha de financiamento para até três parcelas que já estejam atrasadas. “Nós ainda esperamos que, em virtude da crise, as empresas com faturamento acima de R$ 2,4 milhões também possam refinanciar seus contratos de compra de caminhões. Fizemos esse pedido ao governo e ele deve ser discutido na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional.” Carga Pesada



Parabéns, motorista! Seja no dia a dia ou nas datas especiais, o caminhoneiro ou caminhoneira que leva sua profissão com responsabilidade merece todas as nossas homenagens. É para eles que fazemos esta revista. Aqui no Carguinha, quem faz homenagens são os filhos de motoristas, como a autora do desenho abaixo, Isadora Vieira de Oliveira, que mora em Patrocínio (MG). Ela nos disse em sua carta que fica sempre muito feliz quando o pai volta da viagem porque “é hora de matar a saudade”.

Neste mês de julho, várias festas pelo Brasil vão homenagear os profissionais das estradas. As mais famosas são feitas na Via Dutra, em Aparecida e em Guarulhos.

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A MAN Latin America, fabricante dos veículos comerciais Volkswagen e MAN, que patrocina esta publicação, abriu as portas de sua fábrica em Resende (RJ), no dia 30 de junho, para comemorar o “Dia do Caminhoneiro”. Os participantes assistiram a palestras sobre segurança na estrada, qualidade de vida e alcoolismo, e ainda fizeram exames de saúde. Também receberam brindes e folhetos sobre os temas discutidos.

“Esta é uma iniciativa que pretendemos firmar em nosso calendário de atividades, pois reconhecemos a importância desta classe, tanto para a cadeia de produção, quanto para o crescimento do País. É importante que as empresas se mobilizem para valorizar a profissão e incentivar hábitos e costumes que fomentam cada vez mais a qualidade de vida deste profissional e sua família”, ressaltou Adilson Dezoto, vice-presidente de Produção e Logística da MAN Latin America.

Evento na MAN em Resende reuniu motoristas de grandes empresas de transporte Carga Pesada


Cuidar para Nesta edição especial do Mês do Caminhoneiro, vale a pena lembrar que o bom motorista é aquele que é prevenido, ou seja, fica de olho no caminhão para não ter problemas mecânicos. Você já observou o transtorno que causa um carro ou caminhão quebrado no meio de uma via movimentada? É por isso que o motorista responsável fica sempre de olho na manutenção preventiva, que nada mais é que uma revisão periódica do veículo para evitar surpresas. No caso dos caminhões, a importância é maior ainda, pois o motorista pode ter problemas na estrada, longe das cidades ou de algum tipo de socorro. Alguns itens de segurança, como freios, pneus, lanternas e faróis, e até os níveis de óleo e combustível, devem ser vistoriados diariamente, antes do início de qualquer viagem. Outro detalhe importante: o mecânico e a oficina devem ser de confiança e as peças têm que ser de boa qualidade, porque o barato pode sair muito caro. É importante também ficar atento às recomendações do manual do fabricante e ao funcionamento do veículo. Ao menor sinal de problemas, as medidas devem ser rápidas. Quando se trata do funcionamento do veículo e de segurança no trânsito, todos os detalhes são importantes. A propósito, se você já tem um veículo como uma bicicleta, por exemplo, comece dando uma olhada nos pneus e nos freios. É uma boa forma de ir se preparando para ser um bom motorista no futuro.

não quebrar


TRADIÇÃO E OUSADIA Mercedes-Benz do Brasil: Anos

30 anos de inovações O repórter Luciano Alves Pereira traça a linha do tempo da tradicional fabricante de caminhões e ônibus a partir de 1985, ano em que nasceu a Carga Pesada Daqui a menos de um ano e meio, a Mercedes-Benz do Brasil vai comemorar os 60 anos da inauguração de sua fábrica de São Bernardo (SP), ocorrida em 28 de setembro de 1956. Foi a primeira fábrica da montadora fora da Alemanha, após a Segunda Guerra Mundial. No meio dessas seis décadas, surgia a revista Carga Pesada em Londrina (PR). Naquele janeiro de 1985, a MB tinha a preferência absoluta do mercado. Foi a marca que definiu o jeito de o TRC brasileiro operar caminhão, contando com ofertas de PBT entre 11 e 15 toneladas (versão toco) e de 19 a 22 t, quando trucado. Os médios-pesados – como eram chamados pelo fabricante – devoravam longas distâncias neste país-continente. A hegemonia da Mercedes era ainda mais acentuada no mercado de ônibus. Com projetos já aposentados na Europa, a filial brasileira registrou ótimo desempenho em vendas dos seus clássicos L-1111/1113/1313/1513/2013/2213, além de outros modelos como o 608D e o prodigioso L/LS-1519 (lançado em 1973), de motor ‘aleijado’ (OM 355/5), com cinco cilindros. No segundo semestre de 1985, o 1519 ganhou o herdeiro LS-1524, com motor turbinado e PBTC de 32 t. Havia ainda modelos pesados como o LS-1929 (o conhecido mulão) e

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o LS-1932. De comum, desde o 1111, a cabine AGL. Tinha entrado na linha em 1964, com seu capô semiavançado, cujo bico abria como tucano. Em 1985, o frontal dessa imponente família já havia se modificado. Um elemento transversal de plástico acolhia quatro faróis, e não apenas dois, como nos anos 1960. A nova cara recebeu o apelido de máscara negra. Continuando em janeiro de 1985, os números da produção mostravam uma recuperação, após o poço fundo de 1982. Em 1984, foram 18.610 caminhões MB – 9,7% mais do que em 1983 – e o então presidente da companhia, Werner Lechner, lamentou à Revista Veículo (edição 149 – fevereiro de 1985) “ter perdido vendas de mil caminhões, caso os tivesse fabricado ao longo do ano”. A produção total foi de 42.882, 24% superior à de 1984. Embora seus negócios estivessem

muito bem, a montadora preparava-se para modernizar toda a linha. Essa mexida transformou-se em gigantesco desafio. Impunha-se a troca do motor OM 352 e a adoção de nova cabine, mas o herdeiro tinha de captar o legado do antecessor, sem perder mercado. A proposta de nova cabine permanecia bicuda e protótipos rodavam pelas estradas. Surge uma foto, logo enviada para a Capital do Mercedes, a caminhoníssima Itabaiana, em Sergipe. No início de 1989, a Revista Veículo (edição 171) ouviu o mercedeiro local Antenor Cruz. Ele achou a cara diferente e bonita, “mas não precisava mudar...” Outro fanático, Zé Charuto, viu “semelhança com o Volvo (N10/12)”. Já sua mulher (também estradeira) encontrou “feiura no capô inclinado” e se dependesse do marido “a cabine não seria alterada”. Antônio Tavares Alves, dedicado ao serviço de ‘pau

Carga


Naquele janeiro de 1985, a MB tinha a preferência absoluta do mercado. Foi a marca que definiu o jeito de o TRC brasileiro operar caminhão

de arara’ desde os idos de 1960, preferia que tudo ficasse como estava: “Vou ficar reformando a cabine atual para sempre”. Foram as primeiras reações. E veio o lançamento. A cabine de cantos angulosos substituiu a de tudo redondinho ao redor. Debaixo do capô basculável, o novo motor OM 366, em versão aspirada e turbinada. Em meados de 1990, a Mercedes

Pesada

prossegue com a renovação de toda a linha e apresenta sua família de pesados/ extrapesados, de PBTC entre 35 e 45 toneladas. O então presidente da empresa, Gerhard Hoffmann-Becking, disse que seu ímpeto era conquistar a liderança do segmento, que estava nas mãos firmes da Scania, com 4.099 unidades em 1989, seguida pela Volvo. A Mercedes ficou com 21,73%, metade da participação da líder. Hoffmann-Becking apostava nos cargueiros L/LS-1625, LS-1630, LS-1935 e LS-1941. Por baixo dos capôs, os igualmente novíssimos motores da série BR400, cuja novidade principal (no Brasil) era a camisa molhada. Desse quarteto surgiu um clássico nas estradas: o 1935 e suas variantes posteriores. Mas nos idos de 1990 em diante “a caminhãozada virou de ponta-cabeça”, como diz Zé Leutério, de Córrego da Figuinha (MG). Até então as cabines recuadas impe-

ravam. Em 1994, a Volvo importou o FH da Suécia e o mundo dos caminhões no Brasil ‘perdeu o nariz’. A Mercedes reagiu rápido. Desenvolveu a sua versão FPN (F de frontal) e apresentou o 1718, em 1991. Em 1992, a montadora comemorou a produção do milionésimo MB nacional. Passados 21 anos, veio a 2.000.000ª unidade: 1,37 milhão de caminhões e 630 mil ônibus completos e chassis. “Somos o único fabricante de veículos comerciais do País a chegar a este número”, disse Philipp Schiemer, CEO da Mercedes-Benz do Brasil e da Daimler para América Latina, em meados de 2013. Hoje o cenário tornou-se irreconhecível diante daquele dos anos 1980, mas o peso da montadora na atividade com a linha completa de veículos comerciais formada pelas famílias Sprinter, Accelo, Atego, Atron, Axor e Actros, que atende aos diversos segmentos do transporte de carga e logística, continua irremovível dos usos e costumes do TRC.

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PARA-CHOQUES

VIZINHA Uma morena bate na porta do sujeito e diz: – Olha, sou sua nova vizinha e estou com uma vontade louca de me divertir, de me encontrar com muita gente, de dançar a noite inteira. Você está ocupado esta noite? – Claro que não! – Então pode ficar com o meu cachorrinho?!

Evite uma vida sedentária: beba água

Meu pensamento continua onde a minissaia termina.

ANIVERSÁRIO A mulher acorda o marido no meio da noite e diz, emocionada: – Querido, sonhei que você estava me dando um colar de brilhantes. O que será que esse sonho quer dizer? – Você vai saber no dia do seu aniversário. Chega o dia do aniversário, o marido entra em casa com um lindo pacote. A mulher se agarra ao pacote, quase chorando, rasga o papel e... encontra o livro “O significado dos sonhos”.

PREVENIDO No consultório: – Doutor, tenho sonhado muito com a minha morte. O que devo fazer? – Antes de mais nada, pague a consulta.

CRUZADAS Horizontais: 1 – Gíria que expressa nojo – O clima mais comum no Nordeste; 2 – É coisa pra avião e não pra caminhão – Companhia aérea brasileira; 3 – Ondas Médias – Sigla do Acre – Sobe com o trânsito em estradas de terra; 4 – Estado da Região Norte; 5 – O nome da editora desta Carga Pesada; 6 – Projeto de Lei – Acidente Vascular – Sigla de Tocantins; 7 – Bicho que voa – O que o bicho que voa bota (plural); 8 – Confusão, tumulto, briga – A maior ave brasileira. Verticais: 1 – Expressão que significa entusiasmo e alegria para os gregos – É divisível por dois; 2 – Abreviatura de companhia – O objetivo que se tem em mira; 3 – Alcoólicos Anônimos – Sigla do Amazonas – “O” em espanhol; 4 – O caminhão encosta nela para carga ou descarga; 5 – Careca; 6 – O Extraterrestre do cinema – Instrumento agrícola – Observa; 7 – Protege contra a chuva – Está no som da voz de cada um; 8 – Marca de sabão em pó – É feita para embelezar o cachorro. Soluções: Horizontais – eca, seco, voar, tam, om, ac, po, amapa, ampla, pl, av, to, ave, ovos, rolo, ema. Verticais – evoe, par, com, alvo, aa, am, el, rampa, calvo, et, pa, ve, capa, tom, omo, tosa.

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Carga Pesada




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