ANO XXXV - NÚMERO 202 - julho 2019
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MÊS DO CAMINHONEIRO
A voz de quem vive na estrada “Estou na estrada porque sou apaixonado pela profissão. Mas ainda falta muito para termos nossa importância reconhecida.” Rochester Tiago Xavier Rocha, caminhoneiro autônomo de São José do Rio Preto (SP)
Entre nós
Painel
Parabéns, caminhoneiro!
ISSN 1984-2341
Há mais de três décadas na estrada, a Revista Carga Pesada tem tido a oportunidade de acompanhar uma parte importante da história do transporte de carga brasileiro. A cada julho, o Mês do Caminhoneiro, a Redação se esforça para passar uma mensagem de otimismo e esperança à categoria. Nem sempre é fácil, afinal de contas somos testemunhas das dificuldades enfrentadas no dia a dia da profissão. E não são poucas. O dicionário de Física diz que ‘resiliência’ é a propriedade que alguns corpos apresentam de tomar a forma original após terem sido submetidos a uma deformação. Acreditamos que o caminhoneiro é o profissional mais resiliente deste País. Somente nas últimas décadas, a categoria enfrentou inúmeras situações adversas. Tombou e levantou todas as vezes. Neste mês, por exemplo, esperava uma tabela com valores de frete que permitisse o mínimo de rentabilidade. Mas o governo divulgou números bem piores que os da tabela anterior (leia mais na pág. 17). Sabemos que, mais uma vez, os bravos motoristas irão à luta para reverter a decisão de Brasília. E, como diz José Claudemir, caminhoneiro reconhecido como Rei da Boleia pela Transpanorama, vão de cabeça erguida. “Somos nós que levamos o leite, o arroz, o feijão, os móveis, o combustível para os brasileiros. Temos de ter orgulho disso.” Ele não tem dúvida sobre sua escolha profissional: “Ser caminhoneiro foi a melhor decisão que tomei na minha vida, apesar de muita gente não valorizar a profissão”. Claudemir lembra que em maio do ano passado a categoria cruzou os braços e parou o País inteiro, afetando inclusive os indicadores econômicos. O governo não é bobo e sabe que a última coisa que precisa neste momento é de uma nova greve. E, enquanto redigimos esse editorial, já deve estar tomando providências para melhorar os pisos mínimos de frete. O Brasil conhece a força do caminhoneiro. E a Revista Carga Pesada é testemunha de sua resiliência. Feliz Mês do Caminhoneiro!
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Sumário
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CARTAS
Suspensão de multa para carreta LS com quarto eixo divide leitores
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MÊS DO CAMINHONEIRO
Apesar das dificuldades, motoristas seguem abastecendo o País
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MULHERES
Caminhoneira transexual vence preconceitos e ganha respeito
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FINANCIAMENTO
Banco da DAF abre as portas prometendo taxas competitivas
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AÇÃO HUMANITÁRIA
Transpanorama contrata venezuelanos como folguistas e feristas
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LANÇAMENTO
Iveco de 9 e 11 toneladas completam a linha Tector
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AMPLIAÇÃO DE FROTA
Transportadora Tora adquire 180 Scania da nova geração
TECNOLOGIA
Accelo para distribuição urbana ganha câmbio automatizado
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PRAIA DO FORTE
No aniversário de 37 anos, Consórcio Scania lança promoção especial
ACELERAÇÃO INTELIGENTE
Caminhões Volvo geram economia de até 10%, segundo clientes
DIRETORA RESPONSÁVEL: Dilene Antonucci. EDIÇÃO: Dilene Antonucci (Mt2023), Chico Amaro e Nelson Bortolin. DIREÇÃO DE ARTE: Ary José Concatto e Thaila Sayuri Nagazawa. ATENDIMENTO AO CLIENTE: Mariana Antonucci e Carlos A. Correa. REVISÃO: Jackson Liasch. CORRESPONDENTES: Ralfo Furtado (SP) e Luciano Pereira (MG). PROJETOS ESPECIAIS: Zeneide Teixeira. Uma publicação da Ampla Editora Antonucci&Antonucci S/S Ltda-ME. CNPJ 80.930.530/0001-78. Av. Maringá, 813, sala 503, Londrina (PR). CEP 86060-000. Fone/fax (43) 3327-1622 - www.cargapesada.com.br E-mail: redacao@cargapesada.com.br. Circulação: Julho 2019 - Ano XXXV - Edição n° 202
anuncio trucks
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Porta-luvas
Voz do Leitor
Carretas LS com quatro eixos
O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) suspendeu as punições para os motoristas com carretas LS nas quais foi incluído um quarto eixo. Isso vale para os implementos cuja alteração conste do Certificado de Registro de Veículo, o CRV. A decisão, ainda que temporária, contraria o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), órgão ligado ao Denatran, para o qual a mudança é ilegal. Entre os caminhoneiros, não há consenso sobre o assunto. Vejam os comentários deixados pelos leitores da Revista Carga Pesada no site www.cargapesada.com.br e no Facebook. Pra que tanto peso? Se todos se conscientizassem, nossas rodovias seriam melhores. Muitos desses caminhões não foram projetados para tanta carga, causando lentidão e risco de acidentes. E o mais importante: carregando mais peso, acabam tirando frete de outro caminhão que poderia carregar parte dessa carga também. Carlos Adalberto Fanhani
Abnaias também
Andam com 24 toneladas em um truckinho com três eixos. Agora querem falar mal de uma LS com quatro eixos mais três eixos do cavalo, que é feita para transportar 38 toneladas de carga. Apoio sim a LS quatro eixos. Abnaias Silva
Rogério nem tanto
Primeiro, é preciso consertar as estradas. Depois, libera para rodar. Rogério Ribeiro da Silva
Reginaldo apoia
Pessoal, o excesso de carga já existe. Com a adição de mais um eixo, apenas se resguarda a deformação do chassi da carreta e distribui peso em mais pontos de apoio. Imaginem uma carga distribuída em oito pontos e essa mesma carga sendo distribuída em doze pontos. Em qual situação os apoios recebem mais carga? Pensem um pouquinho. Isso é uma questão de engenharia ligada à física. Reginaldo Alves
Não é bem assim De fato, para o chassi da carreta, um apoio adicional do peso é sempre melhor. Mas note que o conjunto 3S3 tem PBTC (Peso Bruto Total Combinado) de 48,5 toneladas Quando adiciona-se um eixo, passa para PBTC de 58,5 toneladas. E aí o problema está no peso linear sobre as pontes e viadutos. Ou seja: peso concentrado nas estruturas afeta a vida útil dessas obras de arte. O ideal é que PBTC maior tenha maior comprimento. Por isso, o correto seria esse conjunto ter um limite mínimo de comprimento maior (hoje pode sair com comprimento maior que 16 metros, o que dá 3,65 toneladas por metro linear). Rubem Penteado de Melo, engenheiro especializado em transporte, da TRS Engenharia
Tiro pela culatra
Quanto mais peso carregamos, mais problemas vamos ter nas estradas onde trabalhamos. Valcimar Mineiro
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Porta-luvas
Voz do Leitor
Mito ou golpe? Após mais de seis meses, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) corresponde às expectativas dos caminhoneiros, que tiveram expressiva participação na campanha dele? Ainda é cedo para responder. No site da Revista Carga Pesada, há quem deposite suas esperanças no capitão e quem ache que o mito é golpe. Socorro, Bolsonaro!
Está todo o mundo desesperado com as mudanças do nosso capitão presidente. Sou estradeiro neste País há 45 anos e já tive dois derrames. Adoeci várias vezes de tanto “rebitar” para pagar dívidas. Depois da manifestação do ano passado (greve de maio), foi feita a tabela de frete e as coisas melhoraram. Até parei de “rebitar”. Neste ano, o desespero voltou. E está pior. As empresas têm incentivos para comprar caminhão novo e nós não temos nada. Não existe mais tabela. Socorro, capitão presidente! Clamamos pelo senhor para que acabe com as desigualdades. Hélio Ferreira
Papai Noel
Prezado Hélio Ferreira, você acredita em Papai Noel. Não é possível achar que o capitão presidente vai fazer algo em seu benefício. Quando você escreveu essa mensagem estava lúcido ou sob efeito de rebite? Quando esse senhor capitão apareceu na mídia, eu sabia que ele faria de tudo para beneficiar o capital em detrimento dos mais pobres e trabalhadores. Mesmo assim, teve um monte de caminhoneiros desinformados que caiu no golpe do “mito”. Agora é tarde. Nunca se comprou tanto carro importado, aviões e lanchas. Quem tem o poder está sempre bem de finanças. É preciso o caminhoneiro acordar e deixar de pedir ao capitão que ele não vai fazer nada. Wellington da Torre, o Zé Cueca
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Saudades
Projeto lindo e sério, que contribuiu muito para a disseminação do tema do tráfico de animais silvestres, reforçando a importância dos motoristas profissionais se tornarem agentes protetores! Saudades! Anaelse Oliveira, sobre o projeto Caravana Ecológica, da Revista Carga Pesada, em parceria com a Volvo e a Escola Municipal de Teatro de Londrina (Funcart).
Extinção do autônomo
As empresas de transportes não poderiam ter mais que 100 veículos. Do jeito que está indo, vai chegar um dia em que só haverá grandes transportadoras e pequenas, com cinco a dez caminhões. Os autônomos vão entrar em extinção. Warley Silva
Automatizado
Ponto pra MB por disponibilizar o automatizado primeiro que a concorrência. Na Fenatran 2017, andei com o 11-180 Vtronic e deu pra sentir os benefícios. Cristiano Bueno
Acampar em Brasília
Em 1982, eu e um grande número de caminhoneiros
ti-
do Rio Grande do Sul estávamos decepcionados com o valor do frete pago para o transporte de adubos. Fizemos alguns protestos junto com o sindicato que nos representava naquela época. Nós decidimos apoiar dois candidatos na eleição daquele ano, um para deputado estadual e outro para deputado federal. Desejávamos que, eleitos, eles apresentassem projeto de lei criando uma tabela de frete para os caminhoneiros autônomos. Fizemos a campanha com o seguinte mote: “Nestes os caminhoneiros podem confiar”. Ajudamos a elegê-los, mas nos decepcionamos. Nunca fizeram nada pela categoria. Está claro que não podemos contar com político algum. Faço um apelo aos sindicatos e associações: vamos acampar em Brasília para que tenhamos de fato uma tabela de fretes. Com o fim do imposto sindical e do adesivo da ANTT, os sindicatos, assim como a categoria, estão com os dias contados. Temos de fazer algo, urgente. Osmar Santos de Lima
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Voz do Leitor
Porta-luvas
Cartão do Caminhoneiro Ainda está em fase de testes o Cartão do Caminhoneiro, proposto pelo governo federal, que pretende dar previsibilidade ao valor do diesel para a categoria. Abastecendo nos postos de bandeira BR, os motoristas terão garantia do mesmo preço durante 30 dias. Veja o que os leitores pensam deste cartão. Engraçado
Difícil é o autônomo ter o dinheiro sobrando pra colocar no cartão. Acho até engraçado. Kleiton Ponath
Dinheiro parado
Caminhoneiro não tem dinheiro nem para abastecer e fazer a viagem da vez, imagine deixar dinheiro parado em cartão. Isso vai ser muito bom para os grandes, que têm capital. Dagoberto Lino de Souza
Bolso vazio Caminhoneiro, quando consegue carregar seu caminhão, já sai de casa devendo. Fernando Magalhães
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DAF veio para ficar
Sou caminhoneiro há 25 anos e sempre trabalhei com Scania. Agora estou com um DAF 2019, um CF 85410. Estou gostando. No meu ponto de vista, essa marca veio para ficar. Edson Luciano Dias
Elogio do leitor
Estamos sempre conectados com vossas informações para poder repassar aos nossos clientes e amigos as novidades do setor de transportes pesados. Parabéns a toda a equipe! César Romero Bandeira, sócio-gerente da Mundial Truck Center – Recife Nota da Redação: A Revista Carga Pesada é que agradece, César.
Parabéns à Tora!
A Janaína Araújo e o Edson Fernandes (da Tora Transportes) estão de parabéns, extensivos a toda a equipe. É gratificante ver o avanço da empresa nos últimos cinco anos, mesmo com o cenário desfavorável. O aumento do faturamento, após a consequente amortização de dívidas, fica claro nos gráficos mostrados (na reportagem “Transportadora Tora compra 180 novos Scania”). Com isso todos ganham. Empresa com melhor retorno do capital investido resulta em governo com mais arrecadação e sociedade com aumento de segurança nas estradas, devido à modernização da frota. Quiçá tenhamos mais e mais empresas que possam seguir este caminho de sucesso com responsabilidade social. Nivaldo Baptista
Investimento
Boleia
Financiamento
Câmbio
Banco da DAF promete taxas competitivas Primeiro negócio do Paccar Financial foi fechado com a Transportes Begnini, de Carambeí, PR. NELSON BORTOLIN A Paccar, que detém as marcas DAF, Kenworth e Peterbilt, anunciou dia 18 de junho, em entrevista coletiva realizada em São Paulo, que o banco do grupo, o Paccar Financial, começou a operar no Brasil. O primeiro contrato foi assinado com a Transportes Begnini, empresa de Carambeí, que atua há mais de 30 anos no mercado e foi um dos primeiros clientes DAF no Brasil. A negociação envolveu a compra de um DAF CF85 4x2, com 410 cv, adquirido por meio de CDC. O contrato incluiu o financiamento de 80% do valor do caminhão, com 20% de entrada. A instituição financeira está investindo R$ 100 milhões no
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País, sendo 30% na infraestrutura necessária para funcionar anexa à fábrica de Ponta Grossa e 70% em financiamentos. Com a alavancagem, segundo o diretor-geral, João Petry, seriam cerca de R$ 700 milhões disponíveis para financiar caminhões. A meta é responder por 20% das vendas da marca ainda neste ano e 30% no ano que vem. Petry explicou as razões que levaram o grupo a trazer o banco. A primeira é que o mercado brasileiro de veículos de carga é quase que totalmente dependente de financiamento. “Somente entre 10% e 15% dos negócios são feitos à vista.” Ter banco próprio é fundamental para conquistar mercado. Outra razão é que, embora os bancos comerciais sejam responsáveis pela maior parte dos
financiamentos de caminhões, de acordo com o diretor-geral, eles “pisam no freio” sempre que há uma crise como agora. Antes da recessão, os bancos de montadoras não chegavam à marca de 40% de participação nos negócios. Em 2016, atingiram 59%. “Quando está tudo bem, o cliente vai num banco comercial e às vezes até consegue uma taxa melhor. Quando tem viés de baixa, só fica quem é do ramo”, alegou. O diretor disse que, pelo fato de estar entrando agora no mercado, o Paccar vai apresentar mais apetite que a concorrência. “O cliente que quiser mais oportunidade de negócio terá essa oportunidade, porque conosco terá um histórico zerado. Vamos aumentar a oferta de crédito no mercado.” Ele também afirmou que o banco estará aberto ao pequeno transportador e ao caminhoneiro
autônomo. “Se tiverem interesse em adquirir um caminhão DAF, daremos todo suporte necessário para eles, vamos ajudar na documentação e ver se têm capacidade de crédito.” Inicialmente, o banco vai oferecer apenas a linha do CDC. Mas, ainda neste ano, quer fechar o primeiro negócio com o Finame do BNDES, ao qual está em processo de credenciamento. O diretor-geral disse que o leasing não está sendo praticado pelo mercado atualmente e que esta linha será oferecida quando houver demanda.
João Petry no lançamento do Paccar Financial: “Chegamos com muito apetite”
Fábrica entrega caminhão 6 mil A DAF Caminhões Brasil emplacou o caminhão de número 6 mil, produzido na fábrica de Ponta Grossa (PR). A unidade foi comercializada pela concessionária DAF Vitória, no Espírito Santo, para a Dellmar Transporte Sustentável, empresa criada em 2011 e reconhecida no mercado pelo profissionalismo, pela qualidade dos serviços e pelo atendimento personalizado. “Temos uma saudável relação de parceria com a DAF, e que está crescendo ano a ano. Atualmente, contamos com 94 caminhões da marca em nossa frota e nunca tivemos problemas de manutenção. Para nós, os modelos da DAF se mostram superiores em diversos aspectos, como conforto, durabilidade,
economia e pós-venda, com bastante agilidade no atendimento”, diz Dellano Scarpe, sócio-diretor da Dellmar Transporte Sustentável. A unidade de número 6 mil é um DAF XF105 versão 6x2, com 460 cv e cabine Space Cab, na cor branca. “A DAF Caminhões Brasil cresce em vendas ano a ano e, cada vez mais, consolida seus caminhões como referência em qualidade, robustez e baixo custo operacional. Isso permite nos aproximarmos de grandes players do mercado. É uma honra celebrar a entrega do caminhão de número 6 mil, o que reforça nossa posição de seguir crescendo no mercado nacional”, destaca Luís Gambim, diretor comercial da DAF Caminhões Brasil.
Luís Eduardo Magalhães ganha concessionária O Grupo Du Gregorio abriu sua segunda concessionária DAF Caminhões, localizada em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia. Ao todo, o valor investido será de R$ 2,5 milhões para a criação de infraestrutura da nova unidade, que já está em operação e ocupa um terreno de 4.630 m², sendo 3.200 m² de área construída. “A nova concessionária faz parte dos planos de expansão da Rede DAF, visando ampliar nossa participação no
Nordeste do País, um mercado de extrema relevância para a empresa e que apresenta grande demanda por caminhões pesados. Junto com o Grupo Du Gregorio, vamos oferecer aos clientes da região produtos, atendimento e serviços de qualidade, aliando nossas expertises nesse segmento”, afirma Adcley Souza, diretor de Desenvolvimento de Concessionárias da DAF Caminhões. “Nossa parceria com a DAF Caminhões é um sucesso, pois unimos nosso
ótimo relacionamento com os clientes aos excelentes produtos da marca. Por isso, esperamos ampliar ainda mais nossos negócios com esta segunda concessionária DAF”, destaca Arquimedes Picolotto, diretor da Du Gregorio. Atualmente, a DAF Caminhões conta com 33 pontos de atendimento, entre concessionárias e postos de serviço autorizado, em todo o território nacional. Até 2023, a marca pretende dobrar o número de concessionárias no País.
Mês do caminhoneiro
Boleia
Os desafios continuam Motoristas superam uma dificuldade atrás da outra, mas não desistem de abastecer o País de Norte a Sul Mais de um ano depois da grande greve que parou o Brasil, o clima nas estradas continua de reclamação e desânimo com as condições de trabalho e os custos cada vez mais altos principalmente do diesel e do pedágio. Para completar, e justamente quando estamos fechando mais uma edição especial do Mês do Caminhoneiro, a grande esperança que foi depositada na aprovação da Tabela Mínima de Fretes acabou virando mais uma decepção com os valores, em alguns casos, mais de 40% abaixo do que havia
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sido proposto logo depois do movimento de maio de 2018 (veja mais detalhes na página 17). Como fazemos há 34 anos, desde que a Revista Carga Pesada começou a circular, fomos para as estradas ouvir estes profissionais falarem do seu dia a dia e das suas expectativas de melhoria das condições de trabalho. Até para que não ocorra no Brasil o que já se observa em alguns países onde ninguém mais quer ser motorista de caminhão. Rochester Tiago Xavier Rocha, de São José do Rio Preto (SP), é caminhoneiro há 9 anos. Ele está terminando de pagar o Scania 112, ano 86, que comprou do patrão: “Ele me deu uma chance, foi um negócio de pai para filho”. Apaixonado pela profissão, ele diz que é isso que o mantém na estrada, já que os números não
têm ajudado muito: “O que a gente fatura fica tudo em despesa. Se fosse para financiar um caminhão hoje no banco, eu não teria coragem. Você fatura 45 mil brutos por mês. É um bom valor. Mas quando tira o líquido, sobram sete mil reais. Nesta viagem, de Guarulhos a Penápolis, gastei R$ 470,00 só de pedágio. Agora estourou o rolamento do eixo traseiro, mais R$ 500,00. Metade do frete ficou só aí”, calcula. Aos 37 anos de idade, Rochester acha que depois da greve não mudou nada. Para ele, é preciso que o caminhoneiro seja mais respeitado nos postos e em pontos de carga e descarga: “É muito descaso. Às vezes você fica quatro ou cinco dias parado aguardando carga”. Embora seja apaixonado pela profissão, já pensou em mudar de ramo. O pai – que já foi
Rochester Rocha: despesas levam todo o faturamento
Evandro Rosseti: tabela de fretes precisa de fiscalização
Marlene Heinen: frete melhorou devido à safra de milho
caminhoneiro – tem um sítio com pecuária. E o irmão está em Portugal trabalhando como pedreiro e faturando 2.800 euros por mês, que também seria o salário médio dos motoristas na Europa. São duas possibilidades que ele e a esposa estão considerando se as condições de trabalho não melhorarem. Evandro Rosseti, de Marialva (PR), é caminhoneiro há 9 anos e dirige um Scania seminovo de propriedade do sogro. Com 32 anos de idade, ele pertence a uma família de caminhoneiros. Lembra que uma das conquistas da greve foi a tabela de fretes. Mas, como não há fiscalização, não tem funcionado: “O que trouxe melhoria para o frete foi a safra de milho”, opina. Tracionando uma bicaçamba, ele estava a caminho do Mato Grosso para retornar com milho para Paranaguá.
Gosta do que faz, mas queria mais valorização profissional, ser mais respeitado nas paradas e locais de carga e descarga, com banheiros melhores, por exemplo: “Agora nas férias, se quiser levar esposa e filho, não tem um local com segurança
“Falam que não deveríamos carregar se o valor estiver abaixo da tabela, mas temos contas para pagar” para parar. Estrada boa, só se pagar pedágio”, reclama. O filho Miguel, de 5 anos, também gosta muito de caminhão, mas Leandro diz que
trabalha para ele ter a opção de não ter que viver longe de casa. Marlene Heinen e o esposo Eleseu, de Planalto (PR), viajam juntos num Iveco Stralis 410. Na sua opinião, para quem tem um caminhão apenas, a situação está muito difícil: “No ano passado funcionou depois da greve, o frete melhorou. Mas este ano não. Mesmo com a safra, se tem muito caminhão, o valor do frete cai. Falam que não deveríamos carregar se o valor estiver abaixo da tabela, mas temos contas para pagar. Não podemos ficar parados esperando para ver se o frete melhora”, opina. Para ela, por enquanto, a mobilização dos caminhoneiros não resolveu muita coisa. O que melhorou foi em função da safra, não da greve. MOTORISTAS – “Depois da greve, a classe de motoristas profissionais passou a ser mais respeitada”, opina Johnny Amaral,
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Mês do caminhoneiro
Boleia
Johnny Amaral: mais respeito depois da greve
José Claudemir: diesel e pedágio com preços absurdos
que transporta produtos da PepsiCo, de Sete Lagoas (MG). “Neste sentido, foi um divisor de águas para melhor.” Do ponto de vista prático, no entanto, para os motoristas assalariados como ele não mudou nada. No geral, ele acredita que a tendência é melhorar com as reformas que estão sendo feitas pelo governo. Para José Claudemir, de Araraquara (SP), a greve mostrou que sem o caminhoneiro o Brasil não anda e que esta profissão tem que ser mais valorizada: “Mas, infelizmente, pouca coisa mudou, a situação está complicada para o grande empresário e principalmente para empresas menores e para aquele que tem apenas um caminhão. Acreditamos que haveria muita mudança, mas a tabela de frete, por exemplo, ainda não vigorou. E os preços do diesel e do pedágio estão um absurdo. Nós continuamos na luta, fazendo O empresário Fábio Evangelista tem uma frota de 23 caminhões (à dir.): frete caro para quem paga e barato para quem recebe
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fretes para levar um pouco de tranquilidade para nossas famílias, e na esperança de que um dia as coisas melhorem”, concluiu. EMPRESÁRIO – Fábio Augusto Evangelista entrou no negócio
“A situação está complicada para o grande empresário e principalmente para empresas menores e para aquele que tem apenas um caminhão” de transportes em 93 com um Mercedes-Benz toco 1113. De lá para cá foi crescendo até chegar à frota atual de 23 veículos. Sua empresa, a FBF Transportes, com sede em Marília (SP), atua desde
2008 no transporte de combustível. Apesar de sua estrutura e experiência empresarial, também está preocupado com as perspectivas do setor. “O investimento em caminhões novos é muito alto. Além disso, o frete é caro para quem paga e pouco para quem recebe em função do alto custo do combustível e do pedágio. Nossa expectativa é que, com a privatização das refinarias, caia o preço do diesel, como aconteceu com os telefones celulares. Se bem que, na operação de Santos a Paulínia, por exemplo, gastamos mais com pedágio que com diesel”, compara. Ele também concorda que é muito grande o descaso com o motorista: “Em países como os Estados Unidos já está faltando motorista. Aqui no Brasil também. Ninguém quer que o filho seja motorista. É preciso melhorar as condições de trabalho deste profissional”, conclui.
Tabela
Câmbio
Novos pisos de frete revoltam caminhoneiros
Resolução da ANTT que reduzia em mais 40% os pisos mínimos de frete não durou mais que um final de semana NELSON BORTOLIN
Uma nova tabela com pisos mínimos de fretes publicada dia 18 de julho pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) revoltou os caminhoneiros, principalmente os que transportam grãos. Alguns focos de manifestação ocorreram pelo País e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas decidiu revogá-la. Cálculos feitos pela reportagem mostram que, em determinado percurso, o custo mínimo para carregar granéis caía 44% na comparação com a tabela divulgada em janeiro. Os valores foram definidos após a contratação da agência Esalq-Log, fundação ligada à Universidade de São Paulo (USP). “Se essa tabela fosse mantida, o governo estaria assinando a senten-
ça de morte da categoria, logo nós que tanto apoiamos o presidente (Jair Bolsonaro)”, disse o presidente do Sindicam (Sindicato dos Caminhoneiros) de Londrina, Carlos Roberto Delarosa. “Com esses valores, vamos trabalhar de graça”, declarou. Uma das diferenças da nova resolução em relação à anterior, a 5.839, de janeiro, é que a nova traz 11 categorias de carga: geral, geral perigosa, líquida a granel, líquida perigosa a granel, sólida a granel, sólida perigosa a granel, frigorificada, frigorificada perigosa, neogranel, conteinerizada e conteinerizada perigosa. A resolução anterior considerava apenas cinco categorias. A forma de calcular o frete também é bem diferente. Na anterior, havia valores de quilômetros por eixo, que variavam conforme a distância a ser percorrida. Eram faixas que mudavam de 100 em 100 quilômetros. Então, multiplicava-se o valor do km/eixo pelo número de eixos do veículo e depois pela distância a ser percorrida. Na resolução revogada, trabalha-se com dois parâmetros: o de carga
e descarga (CC) e o deslocamento (CCD). Os deslocamentos são valores em reais por quilômetros que variam conforme o número de eixos do veículo, de dois a nove. Por exemplo, um bitrem de sete eixos tem custo de deslocamento de R$ 3,8479 por km ao carregar granel sólido. Se a viagem tiver 1.000 km, o custo de deslocamento é de R$ 3.847,90. A esse custo é somado o custo de carga e descarga, estabelecido em reais, conforme o número de eixos. No caso do mesmo bitrem, o CC é de R$ 310,60. De modo que uma viagem de bitrem de 1.000 km tem custo mínimo de R$ 4.158 pela nova resolução, 38% menor que o estabelecido na anterior, quando o custo do quilômetro por eixo na faixa dos mil quilômetros era de R$ 0,95. Isso resultava em R$ 6.650 como custo mínimo total da viagem. Já num transporte de carga frigorificada em composição de seis eixos por 1.500 km, o frete mínimo custava R$ 6.030 e agora custará R$ 6.407, uma vantagem de 6,2% para o transportador.
Tipo de carga
Viagem (km)
Eixos
Tabela nova (R$)
Tabela antiga (R$)
Variação (%)
Granel sólido
950
6
3.548
5.415
-34,4
Granel sólido
460
9
2.366
4.222
-43,9
Granel sólido
1.500
7
6.082
9.765
-37,7
Geral
600
6
2.354
3.600
-34,6
Frigorificada
780
7
3.569
3.229
10,5
Perigosa líquida
1.600
6
7.061
5.760
22,5
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Ação Humanitária
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Diretor comercial, Valdecir Adamucho (ao centro), junto com o grupo de venezuelanos: integração
Venezuelanos passam por treinamento na Transpanorama Grupo de 36 caminhoneiros refugiados selecionados com apoio do Exército foi contratado pela transportadora de Maringá
Já estão em treinamento os 36 motoristas venezuelanos contratados pela Transpanorama. A empresa de Maringá, num gesto humanitário, selecionou os refugiados em Boa Vista. Eles foram levados para o Paraná dia 9 de julho, num avião da Força Aérea Brasileira (FAB), acompanhados de cinco integrantes do Exército.
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Os caminhoneiros chegaram muito emocionados à cidade do Norte paranaense. Um deles, o Jesus, contou ao Jornal Hoje, da Rede Globo, que havia deixado a mulher e três filhos na Venezuela, onde não tinha dinheiro nem para comprar comida. O país vive uma profunda crise política e econômica. Ele veio atrás de emprego e espera poder trazer sua família ao Brasil. “Eu espero um futuro muito bonito”, disse. Do processo de recrutamento e seleção, em Roraima, participaram 130 candidatos, todos da Missão Acolhida, organizada pelo Exército Brasileiro, que desde março do ano passado, junto com o Ministério da Defesa e a Organização das Nações Unidas (ONU), apoia os refugiados em situação de vulnerabilidade.
Um dos representantes do Exército que foram a Maringá, o capitão Willen Garcia de Francisco, fez uma breve apresentação do trabalho da missão e do recrutamento dos motoristas, para o qual ele também colaborou. O processo foi feito durante três dias e contou com testes teóricos e práticos. Os trabalhos foram realizados pelo gerente de RH da Transpanorama, Jean Salgals, a supervisora de RH Ariane Alves dos Santos e o master driver João Silva. Todos os selecionados têm experiência como motorista de caminhão e possuem carteira de habilitação venezuelana equivalente à CNH E brasileira. Antes de assumirem a boleia, eles participam de um treinamento de um mês sobre legislação nacional de trânsito e transporte. E sobre a cul-
tura brasileira e a língua portuguesa. Também vão aprender a pilotar os caminhões da empresa, que são equipados com alta tecnologia. Após esse período, os venezuelanos vão viajar pelo Brasil, acompanhados de um “motorista padrinho” da Transpanorama. Só então começam a trabalhar sozinhos. Durante o treinamento, eles ficarão em alojamentos da empresa, com direito a alimentação e lavanderia. A transportadora faz questão de ressaltar que a contratação dos refugiados, que vão trabalhar como feristas e folguistas, é um ato humanitário e que a empresa segue empregando brasileiros. “Nós aprendemos a cada dia a valorizar os seres humanos que contribuem com a empresa e fazem seu trabalho com amor, principalmente os motoristas. Tem mercado para os amigos venezuelanos e tem muito mercado para os nossos conterrâneos brasileiros. As portas estão sempre abertas para quem quer trabalhar conosco”, disse o diretor comercial da transportadora, Valdecir Adamucho.
Venezuelanos conhecem a catedral de Maringá
G10 comemora Dia do Caminhoneiro Exames rápidos de saúde, orientação sobre higiene bucal, vacinação, corte de cabelo e show com a dupla sertaneja Paulo Mafra e Túlio Viola foram algumas das atividades realizadas dia 28 de junho pelo grupo G10, no Posto Aldo, em Rondonópolis. O evento foi uma comemoração ao Dia do Caminhoneiro (30 de junho). Os cerca de 350 profissionais que participaram das atividades também ganharam brindes, concorreram a prêmios em sorteios e saborearam um delicioso café da manhã. “Consegui fazer os exames gratuitamente. A gente só pensa em dirigir, carregar e descarregar. Às vezes, é bom parar e dar uma atenção para a saúde”, disse o caminhoneiro Leandro Roberto Neto, 20 anos de estrada. “Não temos tempo para cuidar da saúde, a vida na estrada é corrida. O G10 Transportes está de parabéns [por proporcionar este momento aos caminhoneiros]”, avaliou Antônio Márcio Santos, caminhoneiro há 10 anos. O evento contou com o apoio e a participação do Posto Aldo, Sest/Senat, Senac, Secretaria de Saúde, Polícia Rodoviária Federal, Associação dos Transportadores de Cargas do Mato Grosso (ATC), Setcarr e TruckPad.
Durante todo o dia, 136 caminhoneiros fizeram exames rápidos de saúde, 70 coletaram informações sobre o aplicativo TruckPad e, aproximadamente, 80 cortaram o cabelo. Foram feitos três sorteios de diesel, somando 300 litros. Os ganhadores foram: Alisson André, de Campo Novo do Parecis (MT); Mauricio Lima, de Vacaria (RS); e Leandro Roberto Neto, de Cascavel (PR). UBERLÂNDIA – Em Uberlândia, no mesmo dia, o G10 participou de um evento voltado para o caminhoneiro. Foi no Posto Caxuxa. Entre os serviços e atrações oferecidos estavam corte de cabelo, verificação de pressão, orientação bucal, palestras, entrega de brindes, café da manhã e show com a dupla Israel e Alexandre.
Caminhoneiro faz teste de acuidade visual
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Retrovisor
Resgate
Nos 36 anos do puxe do leite das fazendas, Fatinho teve muita encomenda: “levava remédio, rolinho de cabelo, compra de supermercado, até anticoncepcional”.
Livro resgata histórias dos caminhoneiros leiteiros
Quem viveu na roça até os 1990s conheceu o caminhão do leite. Todos os dias vinha pegar os latões cheios e deixar os vazios. Combinadas com essa rotina, variadas histórias de abnegação por parte de seus motoristas. Pedaço ‘dessa coisa boa’ virou livro. Pra ser lido com os “olhos da alma” LUCIANO ALVES PEREIRA Nossa máquina de transporte chamada caminhão completa em setembro 123 anos, segundo os alemães. Para estes, o conceito de veículo automotor de carga (Last Kraft Wagen) oficializou-se em 1896 e aos poucos foi substituindo o carroção de tração animal. Rodo-historiadores relatam que “o mercado não aceitou a novidade como seria de esperar”. Superadas
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as dificuldades construtivas – lá pelos anos 1930 –, usuários passaram a falar do engenho pelas especificações de potência do motor, capacidade de carga, eficiência dos freios e, mais recentemente, de conforto e estilo. Eu mesmo, que me dedico ao assunto desde 1971 e deveria ser mais amplo, permaneci nesse meio de campo. Limitei-me a lançar luzes só em parte da face do caminhão, passando ao largo de várias de suas vertentes. Por
exemplo, esmiuçar-lhe o lado social. A função social do Transporte Rodoviário de Carga. É claro, com igual destaque à figura inseparável do operador do veículo que é o caminhoneiro. QUANTA GENTE – Para alívio meu, no entanto, houve quem corrigisse a falha em junho. Com perspicácia, enriquecida por vivências próprias e obstinação em mergulhar no passado quase apagado, um grupo de oliveirenses elaborou trabalho de fôlego, materializado em livro, resgatando a figura dos caminhoneiros leiteiros de Oliveira (MG). Rosemary Maria do Amaral, (foto) Carlos Alberto da Silva e Demóstenes Romano Filho reuniram esforços e soltaram o “Memórias de Caminhoneiros Leiteiros – Mercadores do Progresso”. Contaram ainda com José Juarez Via-
na, Sidnei Augusto Gonçalves Vieira e a própria professora Rosemary como organizadores do projeto. Aí vem a pergunta: por que tanta gente? Deduz-se que pelo ineditismo da obra. Os autores tiveram de reunir esparsos relatos orais de quem operou linha de leite e tentar encontrar raríssimas fotos. Tudo ocorrido entre os anos 1950 e 1990. Naquela época, o interior de Minas não dispunha de energia elétrica, muito menos de telefonia. Estradas nem se fala – meras passagens de carros de bois. Mas a carga (leite fresco) era do tipo encomenda urgente, perecível, já que não era refrigerada. O livro de 200 páginas levanta memórias de 13 caminhoneiros, por meio de entrevistas sobre sua lida diária na apanha do leite em fazendas da bacia do entorno de cidade do Centro-Oeste mineiro, a 140 quilômetros de BH. Ou seja, operaram linhas de leite que Rosemary diz tratar-se de “uma expressão fora da realidade de muitas pessoas, mas, ao mesmo tempo, bastante conhecida de muitas outras, principalmente aquelas que têm alguma relação com fazendas”. O que sobressaiu de tal puxada, no entanto, é a imensa dificuldade de recolher o produto em latões de 50 litros na saída do curral ou no ‘ponto’ do produtor rural e entregá-lo aos processadores (laticínios) dentro da cidade. Foi sempre correria, antes
que a carga azedasse e tivesse de ser descartada, com prejuízo para o caminhoneiro e/ou fazendeiro, não importa a chuva, a ponte caída, o atoleiro, etc. MILK RUN – Os desafios eram tantos que a operação ganhou capítulo especial no estudo e desenvolvimento da Logística. Seguindo a moda, adotou o rótulo inglês de milk run. É a verdadeira corrida do leite, quando uma operação de coleta de pequenos pesos ou volumes tem de passar obrigatoriamente por diversos ‘entregadores’ e para tanto requer capilaridade. O conceito é popular na indústria para ‘arrecadação’ de componentes e posterior montagem de conjuntos ou produtos. Rosemary não pensou em tecnismos. “Qual a relação entre a ‘linha de leite’, ‘o caminhoneiro leiteiro’ e a ‘história’ ou ‘historiadora’ com seus atores?”, pergunta. “É o destino”, explica. “Sim, o destino é a relação entre as expressões que se despontam ao longo da história contada neste diamante que lhe é entregue para ser descoberto, desbravado e até mesmo desnudo por meio da leitura, principalmente a leitura feita pelos ‘olhos da alma’, pois aqui estão preciosidades coletadas ao longo de anos de pesquisas, estudos e trabalho sério para dar vida a atores de uma profissão quase esquecida, que se tornou e foi durante muito tempo uma ação social.” Lírica, não? Antônio Martinez Viana, um dos depoentes do livro e ‘ator’ do milk run, foi mais seco no comentário, sem fugir do exposto por Rosemary. Ele é filho de família que toca a Fazenda de Lagoa ou Grota do Jacarandá, na região do Felix dos Santos. A seu ver, o papel do caminhoneiro era muito mais do que transportar leite. “Ele representava um elo entre dois mundos, o rural e o urbano, em um tempo em que o mundo todo era muito diferente. Na maioria das roças não havia luz elétrica, TV, geladeira ou telefone. Toda comunicação e intercâmbio de coisas eram feitos por meio do
leiteiro.” Vai além: “Hoje – acrescenta Martinez – percebo que o ganho financeiro dessa atividade de leva e traz não era grande e que tais tarefas eram praticadas mais por abnegação, camaradagem ou mesmo assumidas por eles como uma missão”. TANQUES – Não é o que confirma Sebastião Fátimo Amaral (Fatinho, pai da professora Rosemary). “A gente ganhava por quilômetro”, conta ele. “Eu vendi a minha linha do Morro Alto para Sô Totó por mil e poucos cruzeiros, dinheiro da época, e comprei a do Bosco por cinco mil. Era muito trabalhoso, mas era bom negócio.” Depois que passou para o tanque com leite refrigerado, Fatinho acha que “avacalhou tudo, destrambelhou”. Pelas suas contas, enquanto foi lata (latões) era bom para o produtor e para o carreteiro, porque o primeiro não tinha que gelar o leite, gastar energia e o caminhão está ali todo dia para levar uma encomenda, fazia qualquer coisa. Depois que passou para o tanque, não levava ração mais porque no tanque, sem carroceria, como vai levar ração, encomenda de armazém? A mudança do processo, na opinião de Fatinho, “foi lucro para os donos dos laticínios e para os depósitos de leite também”. Fatinho nasceu em 1951 e já está aposentado. Numa aplicação própria para caminhões de porte leve, o Ford F-4000 teve muita aceitação no segmento dos operadores de linhas de leite. Ele conserva o seu, ano 1984, com carroceira de 4 metros e virou fretista de ‘por aqui por perto’. Em uma de suas linhas rodava 140 quilômetro por dia. Das 6 horas ao meio-dia. Todo leite era para a Figuinha (laticínio local), até que esta foi vendida para a Parmalat. “Aí todos os carreteiros foram transferidos para a nova empresa, com produtores e tudo.” Fui ouvir o relato de Fatinho em sua casa. Ele me explicou a diferença entre café medroso e corajoso. Conversamos, conversamos e nada à mesa. Nem um nem outro. O corajoso deveria aparecer. “Anda sozinho, não precisa ser acompanhado.” Nada. Será que visita de repórter o intimidou?
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Lanterna Traseira
Mulheres
Afrodite durante a gravação de vídeo da Shell Rimula
O nome dela é Afrodite
Shell/Divulgação
Caminhoneira transexual vence preconceitos e ganha respeito da família e na estrada NELSON BORTOLIN Nunca é tarde para mudar. A caminhoneira Afrodite, de 69 anos, só foi assumir sua transexualidade aos 66. Por realizar atividade dominada por homens, campo fértil para o machismo, ela vem ganhando visibilidade. Já estrelou peça publicitária da Shell Rimula, deu entrevistas à imprensa e foi homenageada em junho numa audiência pública em alusão ao Dia do Orgulho LGBT, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, em Cuiabá, onde mora.
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“Eu não sou caminhoneiro que virou caminhoneira. Sou caminhoneira que estava presa no corpo de um homem”, disse ela à Revista Carga Pesada. Desde pequena, Afrodite – registrada como Heraldo de Oliveira Araújo – estranhava seu corpo. Queria ser igual às meninas. “Conforme fui crescendo, ficou pior. Não podia deixar o cabelo crescer, não podia usar isso nem aquilo”, lembra. Na hora do futebol da escola, tinha sempre o azar de ficar no time dos que jogavam sem camisa. “Ficava constrangida. Tinha vergonha de mostrar os peitos.” Desde adolescente, sempre que pôde, dava um jeito de usar peças íntimas de mulher para se sentir melhor. Mesmo quando serviu no Exército. Foi assim também ao trabalhar como eletricista e quando
foi empresária. Ainda trabalhou numa malharia, onde fazia suas próprias calcinhas e bustiês. Liberdade mesmo ela só ganhou quando resolveu ser caminhoneira, no final dos anos 1970. Na boleia, ficava mais à vontade para usar a roupa que quisesse. Afrodite estava “quase pronta” para sair totalmente do armário quando se separou da primeira mulher, no fim da década de 1990. Naquela época, começou a se mostrar vestida com roupas femininas. “Carregava o caminhão nas empresas com roupa de homem, mas parava no primeiro posto, me trocava e seguia viagem vestida de mulher.” As pessoas a olhavam com curiosidade e algumas chegavam para conversar. “Eu dizia que era uma brincadeira.” Mas o destino colocou uma segunda mulher na vida da caminhoneira. Foi
Mulheres
uma paixão que virou tormento. A nova companheira sabia que Afrodite usava roupas femininas. De início, parecia não se importar. A caminhoneira, que era espírita kardecista, começou a se envolver com a igreja evangélica que a mulher frequentava. Aos poucos, adotou a religião. “Fazia doações para a igreja e cheguei a pregar em cidades do interior.” Logo, a segunda mulher se tornou implicante e intolerante. “Rasgava minhas roupas e levava irmãs evangélicas para casa para me curar fazendo orações.” Queriam “tirar o diabo” do corpo de Afrodite. Numa cerimônia de casamentos coletivos na igreja, a caminhoneira descobriu que a união dela com a companheira também seria celebrada naquele dia. “Arrumaram para mim. Acabei casando.” Foram 14 anos de chateações. Afrodite voltou a esconder que usava roupa feminina. “Minha mulher não deixava eu viajar sozinha, lia minhas correspondências, me vigiava o tempo inteiro.” Ao final do relacionamento, sobraram dívidas e mágoas. Mas nasceu Afrodite.
VIDA NA ESTRADA – Ao mudarse de São Paulo para Cuiabá, no final dos anos 1970, ela comprou seu primeiro caminhão: um F400, com o qual transportava material elétrico e de construção. Hoje, tem um Mercedes-Benz 708, ano 1988, com baú, e carrega mudanças. Jura que somente uma vez sentiuse desrespeitada nos últimos três anos. Um homem quis atacá-la por ser transexual, mas um colega segurou a briga. “Meu amigo chamou policiais rodoviários para pegar o cara, mas eu pedi para deixar quieto.” Os policiais, de acordo com ela, a conhecem e a tratam bem. A caminhoneira vem conquistando respeito por onde passa. Aos poucos, conseguiu convencer os donos de postos a deixá-la usar os banheiros femininos. Quem nunca aceitou Afrodite foram dois de seus irmãos. “Quando me viam de mulher, tiravam fotos e mandavam para a minha filha. Xingavam, me perseguiam e até tentaram me agredir”, lamenta. Ela chegou a registrar boletim de ocorrência e entrou com ação contra os irmãos. “Ainda tenho contato com eles, mas não comentam mais sobre o assunto.”
Lanterna Traseira
Suas duas irmãs e a maioria dos sobrinhos a apoiam, assim como o genro e a ex-mulher. Mas o alicerce de Afrodite é a filha Tatiana, de 43 anos, mãe de sua única neta, a Vivian. “Minha filha é a razão da minha vida. Lamento não ter acompanhado toda a infância dela porque estava sempre viajando.” Tatiana aceita naturalmente a transexualidade da caminhoneira. Só não quer que ela faça cirurgia. “Devido à minha idade, diz que é muito arriscado.” Afrodite toma hormônios e está na fila do SUS para colocar seios. Não sabe se vai operar, mas pensa que o procedimento é necessário para ela se sentir completa. “Gostaria de fazer minha cirurgia porque, quando me sentir mulher por completo, posso arrumar um companheiro.” Ela nunca se relacionou com um homem. E não se identifica como homossexual e nem heterossexual. “Estou fazendo terapia para me entender.” Reencarnacionista, tem certeza que já viveu em corpo de mulher em outra existência. “Desta vez, vim com a missão de homem para trazer minha filha à vida.”
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Para-choque
Lançamento
Detalhe frontal do 9 toneladas: “até 4% mais econômico que a concorrência”
Iveco apresenta novos 9-190 e 11-190
Com motores FPT de 190 cavalos, os modelos chegam a ser até 7% mais econômicos
Com o slogan “um caminhão para seu batidão”, a Iveco apresentou dia 18 de junho novidades na sua linha de caminhões. A montadora mostrou seus novos médios 9-190 e 11-190,
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que complementam a linha Tector. A cabine de toda a linha, que parte agora de 9 e vai até 31 toneladas, também foi remodelada. Com motor NEF45 da FPT Industrial, de 190 cavalos de potência e torque de 610 Nm, eixos Dana e transmissão Eaton de seis velocidades, sendo a sexta uma overdrive, a engenharia da Iveco garante que o 9 toneladas é
até 4% mais econômico que seus concorrentes diretos: VW Delivery e MB Accelo. No 11 toneladas, a economia chega a 7%, assegura a montadora. Até a quinta marcha, o motor FPT de 190 cavalos entrega muita força. Na sexta, numa relação exclusiva, o consumo chega em alguns casos bem próximo de zero. O diretor de Vendas e Marketing, Ricardo Barion, destaca que a
grande maioria dos clientes desta faixa de potência é de autônomos que dirigem o próprio caminhão, sobretudo na entrega urbana de cargas. “Acompanhamos a rotina destes caminhoneiros. Chegam a subir e descer da cabine até 22 vezes num mesmo dia, depois de 14 horas de trabalho em média (das 6 às 20 horas)”, afirma. A necessidade de conforto fez com que o degrau de acesso fosse mais baixo, sem comprometer o ângulo de entrada. O para-choque continua com uma altura adequada em relação ao piso. Ainda em relação ao conforto, a Iveco combinou com exclusividade na suspensão da cabine o coxim com mola e amortecedor. A Revista Carga Pesada testou o modelo de 9 toneladas e confirmou que a cabine realmente está bastante confortável. Sem contar os retrovisores com vários ângulos de visão, os mesmos do extrapesado Hiway, que trazem melhor visibilidade nas manobras e mais segurança para o motorista. O campo de visão do para-brisa é o maior da categoria, com 1,53 metro quadrado. A exclusividade da alavanca de câmbio no painel buscou possibilitar mais espaço e facilitar a movimentação no interior da cabine, cuja largura é outro diferencial: 210 cm (mais de 2 m) com altura de 2,54 m, a maior do segmento. E ganhou basculamento hidráulico, outra exclusividade, oferecendo mais conforto e segurança. O modelo 11-190 permite a colocação de terceiro eixo, que eleva sua capacidade para 13 toneladas. Além dos modelos de 9 e 11 toneladas, toda linha Iveco Tector ganha cabines alinhadas com o padrão dos caminhões da marca que rodam atualmente na Europa. Com este modelo, a montadora espera conquistar 10% do mercado no segmento de médios. Os preços de lançamento são: R$ 155 mil (9-190) e R$ 165 mil (11-190).
Cabine do 9-190: mais conforto para o motorista
O novo 11-190: economia chega a 7%, de acordo com a montadora
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Faixa contínua
Ampliação de frota
Com 47 anos de atuação na logística intermodal, a Tora possui uma frota de 400 cavalos, 61 filiais nacionais e quatro no Mercosul
Tora aumenta frota com 180 novos Scania Uma das maiores operadoras logísticas do País, a empresa também contratou os principais serviços da montadora
Com um aporte de R$ 69 milhões, a Tora Transportes – um dos maiores operadores logísticos do País – adquiriu 180 caminhões da nova geração da Scania, todos com freio auxiliar Retarder. O lote está dividido em 130 unidades do modelo R 450 6x2 e 50 unidades do R 500 6x4. As entregas, que começaram em fevereiro e chegaram a cerca de 100 unidades, serão concluídas até outubro. Em cinco meses, a empresa já notou uma economia de 10% e imagina atingir outros 3% de redução
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de custos com a solução completa Scania. O negócio foi fechado pela Casa Scania Itaipu, que atende o cliente na sua matriz, em Contagem (MG). A Tora faturou R$ 675 milhões em 2018 e tem previsão de crescer 14% neste ano. Segundo o vicepresidente Édson Fernandes, a frota própria da empresa é responsável por 30% do seu faturamento. Outros 40% vêm dos agregados e mais 30% dos carreteiros autônomos. São 400 cavalos na frota própria, 850 agregados ativos e mais de dois
mil autônomos que eventualmente prestam serviços para ela. Para gerenciar tantos veículos, a empresa fez investimentos recentes de R$ 25 milhões na transformação digital da cadeia logística, e conta com a parceria Truckpad. O contato com os motoristas se dá via smartphone. A tecnologia permite a empresa ter controle sobre a forma como eles atuam e se respeitam a jornada legal. “O motorista recebe uma classificação e, em caso de necessidade, receberá treinamento na concessionária Itaipu”, conta.
Édson Fernandes, vicepresidente da Tora: de olho nos motoristas
Pedro Estrugiaki, diretor de operações da Tora: satisfação com os serviços Scania Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania: economia de até 12%
Aqueles que trabalham nos 50 caminhões destinados à mineração dispõem de sensor de fadiga via câmera instalada no caminhão. “Olho fechado, bocejo e desatenção acionam o sistema com sinal sonoro dentro da cabine e já acionando a central de monitoramento”, explica. A telemetria garante que a empresa tenha todos esses controles. E um grande aliado são os serviços Scania. A Tora contratou a conectividade por meio do Desempenho, o pacote mais completo da montadora, que reúne Programa de Manutenção com Planos Flexíveis, o recémlançado PMS Fleet Care (com gestor de frota dedicado para a empresa), os Serviços Dedicados – estrutura da Casa Scania Itaipu dentro das instalações do cliente – e Driver Services (treinamento).
Toda a frota da empresa é monitorada a partir da Central de Logística Integrada em Contagem (MG)
“Estamos muito satisfeitos com os serviços da Scania. Com a chegada da nova geração de caminhões, a marca nos convida para ir além, fazer um outro tipo de gestão do transporte. Os serviços também evoluíram. Por isso, resolvemos adquirir a solução mais completa, pois comprovamos a real eficiência e o aumento da disponibilidade da frota. Nossa expectativa é reduzir em 3% nossos custos gerais já em 2019”, afirma Pedro Estrugiaki, diretor de Operações da Tora Transportes. “A nova geração Scania vem comprovando uma economia de diesel de até 12% em comparação com a gama anterior. Saber que a Tora Transportes já chegou, em resultados preliminares, a 10% nos permite contribuir cada vez mais a oferecer o produto ideal customizado com base no menor custo total de operação
por km rodado”, afirma Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania no Brasil. A empresa já utiliza o sistema TMA (Tailor Made for Application) que começa na aquisição dos caminhões, adequados para cada tipo de operação, e segue no monitoramento personalizado de cada veículo e de cada motorista. A Scania acaba de atingir a marca de 20 mil veículos conectados no Brasil, desde o lançamento do serviço em janeiro de 2017. A projeção da fabricante é atingir 28 mil até o fim de 2019 gerando dados para melhorias nas operações de transporte dos clientes. A conectividade criou uma nova gestão para quem atua no setor de transportes e a sobrevivência no mercado passa por tirar o máximo de proveito da análise qualitativa dos dados da viagem.
Operação da Tora no terminal de Contagem (MG)
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Radioescuta
Tecnologia
Accelo ganha caixa automatizada
Redução de consumo pode chegar até 3% nas operações urbanas
Novidade da Mercedes-Benz no mercado brasileiro, o câmbio totalmente automatizado dos caminhões Accelo foi testado e aprovado pela Jamef, uma das maiores transportadoras de cargas fracionadas do País. A montadora alemã é a única a oferecer caminhão para distribuição urbana com câmbio automatizado no Brasil. Desenvolvida em parceria com a Eaton, a caixa reconhece a inclinação da pista e realiza a troca de marchas da forma mais correta e econômica.
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O motor tem 4,8 litros, um a mais que a concorrência, e normalmente é utilizado em veículos de 14 toneladas, o que proporciona o melhor torque da categoria. Segundo Marcos Andrade, da engenharia da Mercedes-Benz, o Accelo ocupou o espaço do consagrado 710, o Mercedinho. Para dar uma ideia do volume de carga possível, o leve da Mercedes-Benz comporta, por exemplo, mais de 170 aparelhos de micro-ondas. A Jamef vem utilizando o caminhão médio Accelo 1316 6x2 e o modelo leve 1016 em serviços de entregas urbanas de encomendas urgentes e nas operações de transferência de carga entre suas unidades. “O Mercedes-Benz Accelo,
que sempre atendeu as nossas expectativas, surpreendeu na versão automatizada, com bons resultados operacionais para a empresa”, afirma Michael Oliveira, diretor de Operações da Jamef. “Há uma melhora no consumo, trazendo economia para a nossa operação de transporte. Além disso, essa tecnologia demanda menor custo de manutenção. Já o motorista ganha em conforto e dirigibilidade, melhor performance e produtividade.” A Jamef afirma investir frequentemente em tecnologias e processos visando assegurar a entrega de encomendas urgentes dentro do prazo prometido a seus clientes. Nesse contexto, além do caminhão Acce-
Roberto Leoncini, da Mercedes-Benz: única marca com câmbio automatizado em toda a linha
Michael Oliveira, diretor de operações da Jamef: destaque para a versatilidade
lo nas entregas urbanas, a empresa inova com a aplicação da tecnologia Sorter, sistema automatizado de distribuição de encomendas, novidade em sua unidade de Barueri/SP, que traz mais agilidade, pontualidade e segurança durante todo o processo operacional. “A Mercedes-Benz se encaixa na logística de transporte da nossa empresa com toda a sua linha de caminhões, do Accelo ao Actros e até a Sprinter”, diz Michael Oliveira. “Dos mais de 200 veículos Mercedes-Benz da nossa frota própria, 100 unidades são do Accelo 815, um caminhão muito importante para nós pela versatilidade na distribuição urbana. Nós sempre acompanhamos a evolução deste modelo, como agora em que estamos testando os veículos automatizados.” JAMEF – Especializada em encomendas urgentes de cargas fracio-
nadas (comércio eletrônico, varejista, têxtil, farmacêutico, automotivo e outros), a Jamef é um tradicional cliente e parceiro da marca há 56 anos, quando iniciou suas atividades de transporte com o caminhão LP 321, utilizado ainda hoje pela empresa. Reafirmando a confiança nos caminhões Mercedes-Benz, a Jamef é a primeira empresa a testar o Accelo automatizado, o que possibilita a comparação de dados como desempenho, consumo, custos operacionais e conforto, entre outros. “O Accelo é um caminhão excelente e ágil para coleta e entrega urbana. É o mais valente da sua categoria”, ressalta Juliano Alba, gerente de Tráfego, Frota e Manutenção da Jamef. “Esse caminhão aguenta a pauleira do dia a dia, com conforto para os motoristas, robustez e disponibilidade. Nesse sentido, zelamos pela manutenção da frota, utilizando
somente peças genuínas, tanto nas nossas oficinas, em São Paulo e Barueri, quanto nos concessionários Mercedes-Benz que nos atendem no restante do País. Como resultado, os Accelo rodam praticamente o tempo todo, parando apenas para manutenções preventivas.” O vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Roberto Leoncini, ressalta o ineditismo da marca: “Somos a única marca a oferecer câmbio automatizado para a toda a linha de caminhões”. NOVIDADES – Desde 2017, foram introduzidas mais de 15 novidades nos caminhões Accelo, com destaque para a cabine estendida, banco do motorista pneumático, tanque adicional de 150 litros (total de 300 litros, a maior capacidade da categoria) e agora o câmbio automatizado.
Detalhes da cabine do novo Accelo
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Câmbio
Consórcio
Promoção inclui praia e caminhão novo
O Consórcio Scania está completando 37 anos neste mês de julho com uma promoção que, além das tradicionais viagens para destinos paradisíacos, inclui a nova geração de caminhões Scania. Adquirindo uma cota dos novos modelos, você investe na sua frota e ainda ganha, na hora, uma viagem para o IberoStar Bahia, na Praia do Forte, um dos melhores resorts de praia do Brasil. As saídas começam no mês de setembro. O pacote inclui hospedagem para quatro noites, sistema all inclusive para refeições, petiscos, lanches, sobremesas, bebidas em todos os restaurantes e bares do complexo hoteleiro. São três piscinas, cinco restaurantes e quatro bares. O IberoStar conta ainda com áreas para esportes ao ar livre e academia, equipe de monitores para entretenimento da garotada, espetáculos no teatro, shows e baladas todas as noites. As passagens aéreas saem das principais capitais até Salvador. Os interessados podem procurar a rede de concessionários Scania em todo o Brasil.
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NOVA GERAÇÃO – A nova geração Scania é resultado de investimentos de 2 bilhões de euros. O grande trunfo deste lançamento é a promessa de economia de diesel de até 12%, resultado de ganhos aerodinâmicos na cabine, motores XPI de alta pressão e a nova caixa Opticruise, que proporciona trocas de marcha mais rápidas que as trocas atuais, fazendo com que a pressão do turbo seja mantida. Com a nova geração, a Scania passa a oferecer 19 tipos de combinações variantes das novas cabines R, S, P, G e a XT para operações mais severas. A cabine S é uma das principais novidades para o Brasil, pois traz o piso plano que melhora
o deslocamento interno, propiciando mais conforto para o motorista. A estrutura básica das cabines foi desenvolvida em estreita cooperação com a Porsche Engineering, empresa que pertence ao mesmo grupo da Scania. Houve um intenso trabalho aerodinâmico eliminando todos os vãos e frestas e gerando um ganho no arraste de cerca de 2%. Internamente, a posição de direção do motorista foi deslocada 65 mm mais próximo do para-brisa e 20 mm para o lado, em comparação com a cabine atual. Com isso, melhoraram o espaço interno e a visibilidade alcançada graças a uma maior área envidraçada frontal e pela realocação numa posição mais baixa do painel de instrumentos.
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Aceleração inteligente
Câmbio
Clientes comprovam economia de até 10% nos novos Volvo Algoritmos de última geração são capazes de identificar a necessidade real de torque e potência em cada trecho
Um novo software de motor combinado com atualizações de componentes internos e um lubrificante mais avançado reduziram ainda mais os custos operacionais da linha 2020 dos caminhões Volvo FH, FM e FMX. Novos algoritmos de última geração são capazes de identificar a necessidade real de torque e potência conforme a topografia e a carga, controlando a injeção de combustível de forma ultraprecisa para reduzir o consumo. A Usina São Manoel, com sede em São Manuel (SP), testou os novos mo-
delos ao longo de 2018, e comprovou na prática a economia entre 9% e 10%, tanto no critério km/litro quanto litros/tonelada dos novos Volvo. De acordo com o supervisor de manutenção industrial, Wellington Germano da Silva, com o sistema de aceleração inteligente, a usina poderá economizar até R$ 700 mil por ano com combustível considerando apenas os 35 caminhões que fazem o transporte da matéria-prima. A linha 2020 do Volvo VM chega com mudanças na cabine que trazem benefícios práticos para o motorista e aproximam ainda mais o design do modelo ao do FH. As alterações incluem uma nova frente, com para-choque tripartido, facilitando pequenos reparos. Para garantir ainda mais segurança, as populares luzes de posicionamento “Três Marias” aumentam a visibilidade para quem trafega na pista oposta da es-
Toshiyuki Mishima, transportador de cenoura: VM mais parecido com o FH
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Wellington Germano da Silva: economia de até R$ 700 mil por ano
trada, seja noite ou dia. Outro item de segurança é o sistema anti-intrusão (FUP) para proteger os ocupantes de carros em caso de colisões frontais com os caminhões. Um espelho frontal maior facilita manobras em espaços limitados. O segundo degrau da porta da cabine agora ficou protegido e um novo para-sol melhora o fluxo de ar para o defletor que agora é ajustável. Toshiyuki Mishima, de Piedade (SP), testou os novos VM no transporte de cenouras e está satisfeito com as mudanças na cabine e também com a economia que está conseguindo na operação: “Agora o VM ficou mais parecido com o FH”, avalia Mishima, que usa os dois modelos na sua frota composta por 90% de caminhões da marca. Ele estima em 5% a economia de combustível proporcionada pela tecnologia de aceleração inteligente da nova linha.
Rodovia
Câmbio
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Câmbio
Notas Trucks Control e Hoff Pneus na Transposul
“A feira foi um sucesso, recebemos muitos clientes que puderam conhecer nossas novidades.” A avaliação sobre a Transposul foi feita pelo gerente nacional de Vendas da Trucks Control, Leonardo Andretta. A 21ª edição da feira ocorreu de 5 a 7 de junho, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Os destaques da empresa no evento foram o Lora – terceiro
canal de comunicação imune aos jammers (aparelhos que neutralizam sinal de celular) – e o aplicativo para smartphone e tablet. “O app pode ser utilizado em substituição ao teclado de macro instalado na cabine do caminhão”, conta. A Trucks Control ainda apresentou aos visitantes suas ferramentas de controle de jornada de motoristas, de controle de pneus, além de de-
mais informações necessárias para o dia a dia das transportadoras. PNEUS – Quem também se destacou na Transposul foi a Hoff Pneus, que levou as novidades das marcas Bridgestone e Bandag. “Apresentamos tudo que há da mais alta tecnologia aos visitantes. Foi um sucesso”, disse o diretor da empresa, Loivo Hoff.
Bauru tem nova concessionária Mercedes-Benz A Aoki, tradicional parceira da Mercedes-Benz há 60 anos, acaba de inaugurar uma concessionária em Bauru próximo das rodovias Marechal Rondon (SP-300) e Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294, trecho Bauru/Marília), vias de intensa movimentação de veículos comerciais, a cerca de 320 km da capital paulista. “Com o investimento em instalações amplas e modernas, além da nova localização, queremos oferecer um atendimento cada vez melhor aos nossos clientes, bem como aos
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motoristas e transportadores que estejam passando por nossa cidade e região e necessitem dos nossos serviços especializados”, afirma Sergio Nakagawa, diretor comercial das empresas Aoki. “Bauru é um importante polo estadual e regional de comércio
e serviços, além de contar com um setor industrial bastante diversificado e com atividades ligadas aos segmentos canavieiro e madeireiro”, afirma Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.
A Transpanorama Transportes é a 2ª empresa do Brasil a ser certificada pela ISO 39001
A ISO 39001 trata do sistema de gestão da segurança viária e está relacionada a ONU, Organização das Nações Unidas. Ter a certificação da ISO 39001 demonstra o quanto a Transpanorama é focada na segurança de seus motoristas, nas pessoas que trafegam pelas vias, das cargas dos seus clientes e dos seus veículos. Ser certificada com a ISO 39001 é um compromisso da Transpanorama com a segurança de todos.
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