ANO XXXIV - NÚMERO 198 - Agosto / Setembro 2018
NOVA GERAÇÃO
Eles estão chegando EXAME TOXICOLÓGICO “Qualquer medida que possa ser comprovadamente efetiva será mais que bem-vinda. O que não se pode é ficar fazendo experiência às custas do bolso dos caminhoneiros.” J. Pedro Corrêa - Consultor de Segurança no Trânsito
Entre nós
Painel
Brasil volta às urnas Em primeiro turno dia 7 de outubro e, em segundo, dia 28, os brasileiros voltam às urnas para escolher presidente, senadores, deputados federais, governadores e deputados estaduais e distritais. O ambiente pré-eleitoral do País nunca esteve tão pesado. Há muitos candidatos denunciados por corrupção, alguns presos e até vítima de atentado. Divergências políticas sempre existiram e são saudáveis em todo o mundo. Umas pessoas têm pensamento mais à direita, outras mais à esquerda e outras tantas se identificam com o centro. Nunca, no entanto, o Brasil esteve tão dividido e um grupo odiou tanto o outro. O fraco desempenho da economia e o consequente aumento da desigualdade e da violência criam um clima de instabilidade e pessimismo. Mas não precisa ser assim. Um país rico como o nosso, com tanta diversidade e criatividade, sempre terá conserto. Temos que continuar apostando na democracia. Não podemos descambar para o autoritarismo. A ditadura nunca levou nação alguma à prosperidade. Nem as de direita na América Latina, nem as de esquerda em Cuba ou no Leste Europeu. Neste mês de outubro, é preciso votar com responsabilidade, respeitar a decisão das urnas e cobrar dos eleitos que trabalhem pelo conjunto da população. Passadas as eleições, vamos continuar discutindo nossas ideias, sem atacar quem pensa diferente, seja com palavras, revólver ou faca. O Brasil precisa sair do acostamento e pegar a estrada que leva ao futuro. Há muitos buracos e pedágios no trecho. Não há como evitá-los. Mas usar atalhos não é boa alternativa.
ISSN 1984-2341
Bom voto. Viva a democracia. Viva o Brasil!
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CARTAS
A voz das estradas e dos estradeiros
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MULHERES
Diretora do Consórcio Scania avalia #NXTGEN
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PISO MÍNIMO
ANTT inicia fiscalização da tabela de frete
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ELÉTRICOS
Para Mercedes-Benz, bateria é maior desafio
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LANÇAMENTO
De olho na liderança, Ford apresenta primeiro 8x2
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NOVO CENÁRIO
Transporte de passageiros terá liberdade tarifária
Sumário
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TECNOLOGIA
Scania investe R$ 2 bilhões em novos caminhões
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SEGURANÇA VIÁRIA Após três anos, exame toxicológico é alvo de críticas
23 FEIRA
67ª IAA, na Alemanha, tem futuro como tema
26 REDE
Paraná ganha três concessionárias Iveco
30 FROTA
TDL e Neves Transportes ganham Dreamline
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MERCADO
Ayala assume presidência da DAF em clima de otimismo
DIRETORA RESPONSÁVEL: Dilene Antonucci. EDIÇÃO: Dilene Antonucci (Mt2023), Chico Amaro e Nelson Bortolin. DIRETOR DE ARTE: Ary José Concatto. ATENDIMENTO AO CLIENTE: Mariana Antonucci e Carlos A. Correa. REVISÃO: Jackson Liasch. CORRESPONDENTES: Ralfo Furtado (SP) e Luciano Pereira (MG). PROJETOS ESPECIAIS: Zeneide Teixeira. Uma publicação da Ampla Editora Antonucci&Antonucci S/S Ltda-ME. CNPJ 80.930.530/0001-78. Av. Maringá, 813, sala 503, Londrina (PR). CEP 86060-000. Fone/fax (43) 3327-1622 - www.cargapesada.com.br E-mail: redacao@cargapesada.com.br. Circulação: Agosto / Setembro de 2018 - Ano XXXIV - Edição n° 198
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Porta-luvas
Voz do Leitor
Uma conquista da greve As tabelas com valores mínimos de frete viraram lei, a lei federal 13.703, publicada dia 9 de agosto. Elas ainda correm risco de serem derrubadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas até lá parte dos caminhoneiros comemora. Outros duvidam da fiscalização.
Não tem fiscalização
De que adianta reajustar os valores das tabelas se elas não são cumpridas. Enquanto não houver um sistema interligado de fiscalização, ninguém vai pagar o frete mínimo. Jorge Luís Teixeira Pozzedin Sem fiscalização e multas em cima das transportadoras e empresas embarcadoras, a tabela não vai vingar. Tem que ter fiscalização da ANTT. Fábio Cordeiro
Viva os elétricos
Gosto muito das reportagens que falam sobre caminhões movidos a energia elétrica. Acho que a Petrobras vai ter de fechar ou mudar de ramo. O óleo diesel é muito poluente. Károly Halász – São Paulo (SP)
Sonho de criança
O melhor pão com linguiça
O pão com linguiça que se encontra no Ribeirão do Eixo, em Itabirito (MG), próximo ao Viaduto das Almas, é o melhor do Brasil. Conheço a maioria deles, mas não são tão bons. Lá, a linguiça é da roça mesmo. A gente sente a diferença no sabor. Parabéns, Alaor e Celinha. Antônio Gomes
A fatura vai chegar
O caminhoneiro que não receber o frete mínimo pode cobrar na Justiça um valor equivalente a duas vezes a diferença entre o que deveria ser pago e quanto ele de fato recebeu. Fica o alerta aos embarcadores, porque a fatura do pagamento de frete abaixo da tabela vai chegar, podem ter certeza. Rodrigo Santos
Sou carreteiro há muitos anos. No momento, estou prestando serviços de transporte com minha própria firma. São dois furgões. Eu rodo em um e tenho um parceiro que roda no outro coletando encomendas para uma agência dos Correios. Viajei por vários anos com carretas do tipo carga seca, baú, caçamba e cegonha. Andei por quase todo o Brasil. Sou fascinado por geografia e na escola sonhava em conhecer a vegetação do País: florestas, terrenos áridos, caatinga... Realizei meu sonho, mas hoje está difícil rodar até como empregado. Genilson A. Soares - Contagem (MG)
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Porta-luvas
Voz do Leitor
Uma mensagem Caramuru
Fui à mata tirar cipó. Tudo que se vê calado é mió. Minha saudosa mãe em vida me dizia que cachorro por avexado nasce com o olho fechado. Os dizeres antigos estão cada dia mais atuais. Acredito em nosso pai Tupã, nossa mãe natureza, em Javé, Hábi, Jeová e Jesus. Eu sou do Hãmangui, admirador do Angohô Ytóhã.
Parabéns, irmão
Romildo Pereira dos Santos, caminhoneiro aposentado, leitor e colecionador da revista Carga Pesada e integrante da Aldeia Indígena Caramuru, em Pau Brasil (BA)
Eu gosto muito da Carga Pesada. Através da revista, gostaria de desejar para meu irmão Sebastião Cordova Madruga um feliz aniversário. Que seja um dia de muita paz e saúde e que Deus esteja sempre com ele. Também quero mandar um alô para todos os motoristas do Brasil. José Vanderlei Cordova Madruga – Lages (SC)
É preciso prevenir
Artesanato no capricho
É emblemático que os veículos pesados, que correspondem a apenas 4% da frota em circulação no País, respondam por 50% das mortes registradas nas rodovias, segundo a Polícia Rodoviária Federal. Também é indiscutível que, pela pressão econômica que sofrem, muitos motoristas de carga acabam desafiando o perigo e valendo-se do uso de substâncias estimulantes que, em tese, aumentam a capacidade de suportar o cansaço. Por isso e mais um pouco que o exame toxicológico preventivo (feito antes de o condutor assumir o volante) é essencial. Fernando Pedrosa
Conceito diesel
A utilização de energia limpa e não poluente já deveria ser uma realidade há muito tempo para contribuir com a vida na Terra. Niercely Charleaux J. Campregher
Sou filha e mulher de carreteiros. Minha alegria e minha paixão são a vida na estrada e estar com minha família. Conheço o Brasil todo dentro de um caminhão de câmara fria. Há dez anos desenvolvo um trabalho de artesanato para cozinha de carreta. Hoje, com muito orgulho, vejo minhas capas nas caixas dos colegas de rodagem. Faço meu trabalho dentro da cabine, em pátios de postos e na porta dos clientes, na hora de carregar ou descarregar. E gostaria de compartilhar com vocês. Siramaia da Silva Gomes - Aparecida de Goiânia (GO), na foto com o marido Elisberto
Lideranças
As entidades que representam os caminhoneiros sabem do que estão falando porque conhecem na prática a profissão. Não estão defendendo interesses próprios. Estão cuidando da sobrevivência dos motoristas e de suas famílias, que vivem situação de extrema dificuldade. João Cavalheiro, do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Guarapuava e Região (Sinditac), no Paraná
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Porta-luvas
Voz do Leitor
Até que enfim
Ufa, até que enfim saiu a tão sonhada tabela de fretes para os autônomos! Desde 1982/83, quando os caminhoneiros gaúchos ajudaram a eleger um deputado estadual e um federal, já a reivindicávamos. Em seu discurso de posse, o deputado estadual mostrou a necessidade urgente da tabela. Estou muito feliz porque esses heróis das estradas voltaram a ter dignidade. Um abraço a todos. Osmar Lima
Interesses escusos
Eu concordo com o coordenador do SOS Estrada, Rodolfo Rizzotto. A queda nos acidentes e também o número de CNHs que não foram renovadas no País estão ligados ao exame toxicológico. É de se pensar que essas pessoas e as entidades que estão defendendo a ideia de se acabar com o exame têm algum interesse escuso. É fato incontestável que o número de motoristas que se drogam diminuiu muito. Se juntarmos ao exame toxicológico a fiscalização da jornada de trabalho dos motoristas pelas autoridades de trânsito e pelo Ministério do Trabalho, teremos menos vidas ceifadas prematuramente. Mauro Silva
Dois pesos e duas medidas
Não entendo o agronegócio. Se o milho e a soja têm preços mínimos estipulados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), por que o frete não pode ter? Antônio César Coscarto
Três anos de exame toxicológico para todos
Não sou contra o exame toxicológico. Só acho que deveria ser obrigatório para todos os motoristas, não só para os profissionais. Mário Luís Mamede
Gozação
Ai, como eles mangam da nossa categoria. Deus é mais. Gilson Santos
Ditadura nunca mais
A melhor forma de governo é a democracia. Mas não a que tivemos nos últimos anos, com os governantes nos roubando de tudo que era jeito e acabando com o Brasil. O regime militar, na época, foi necessário. Senão, estaríamos em uma ditadura comunista, sem direito de ir e vir. Querem transformar esse País numa bagunça para se aproveitarem de quem trabalha. Roberto Pereira Tavares Nota da Redação: A carta do Roberto é uma resposta ao nosso editorial “Ditadura nunca mais” da edição 197. Reafirmamos nosso compromisso com a democracia. Ao contrário do leitor, acreditamos que o período de regime militar no Brasil (1964-1985), assim como qualquer outra ditadura, representou um atraso para o País.
Parabéns à Sotran
Sei o quanto esta empresa cresceu nos últimos anos e também como ela é importante. Trabalhei por seis anos como motorista de caminhão na transportadora Sotran e tive o prazer de conviver com essa grande família. Parabéns, Rosler e Ruber e também a toda a família Sotran. Marco Aurélio Gajardoni
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Faixa contínua
Tecnologia
Novos Scania prometem mais economia Ganhos são resultado de melhor aerodinâmica das cabines, alta pressão dos motores XPI e nova caixa Opticruise Eles já estão rodando pela América do Sul numa jornada por quatro países que marcou o pré-lançamento da nova geração de caminhões Scania. Mas a comercialização efetiva só começa em outubro para entregas a partir de fevereiro de 2019. Lançada na Europa em 2016, a nova Geração Scania é resultado de investimentos de 2 bilhões de euros. Os destaques são uma cabine mais forte, segura e aerodinâmica, com piso plano no modelo S, além de sistema modular que facilita reparos. É o primeiro caminhão do mundo com airbags laterais.
Custando entre 10% e 15% mais que a linha atual, o grande trunfo deste lançamento é a promessa de economia de diesel de até 12%, resultado de ganhos aerodinâmicos na cabine, motores XPI de alta pressão e a nova caixa Opticruise, que proporciona trocas de marcha mais rápidas que as trocas atuais, fazendo com que a pressão do turbo seja mantida. Para um caminhão na operação rodoviária que rode 150 mil km por ano, este número pode significar uma redução de mais de nove mil litros de óleo diesel. E um cliente que testou os novos
caminhões garante ter comprovado na prática estes números. Presente no evento de pré-lançamento no início de agosto, que reuniu os 4.200 funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, Rafael Reche, da empresa Rápido ABC, de Caxias do Sul, disse estar impressionado com a economia da nova linha Scania. Usuário dos atuais P310, ele diz ter conCom Christopher Podgorski, presidente da Scania Latin America á frente, os 4.200 funcionários da fábrica de São Bernardo participaram da festa de lançamento da nova geração
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Posição de direção do motorista foi deslocada para dar mais espaço à cama
Piso plano melhora deslocamento interno: mais conforto na cabine
seguido uma média de 4,8 quilômetros por litro no veículo P280 6x2, equipado com o novo motor de sete litros, considerando inclusive trechos de serra na origem em Caxias do Sul. No total foram mil quilômetros na rota para Indaiatuba (SP), em 13 horas de viagem. Segundo ele, a performance do motorista é importante, mas com as ferramentas de telemetria da nova linha “só não tem rentabilidade quem não quer”. Nos atuais modelos P310 da ABC, a média varia de 3,8 km/l a 4 km/l, dependendo do motorista. Será no Brasil a estreia mundial do novo motor de 540 cv, além das novas potências, de 220, 280, 320, 410 e 500 cv. No campo da sustentabilidade, o lançamento chega com cinco novos motores, movidos a GNV/biometano (com três opções, de 410, 280 e 340 cv) e bioetanol (com duas opções,
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de 400 e 280 cv). CABINES - Das atuais sete opções da linha atual P, G e R, a Scania passa a oferecer 19 tipos de combinações variantes das novas cabines R, S, P, G e a XT para operações mais severas. A cabine S é uma das principais novidades para o Brasil, pois traz o piso plano que melhora o deslocamento interno, propiciando mais conforto para o motorista. A estrutura básica das cabines foi desenvolvida em estreita cooperação com a Porsche Engineering, empresa que pertence ao mesmo grupo da Scania. Houve um intenso trabalho aerodinâmico para superar as cabines PGR, eliminando todos os vãos e frestas e gerando um ganho no arras-
te de cerca de 2%. Para aumentar a eficiência do sistema de frenagem, a solução foi trazer o eixo dianteiro 50 mm para a frente. Aliado ao centro de gravidade mais baixo da cabine, um cavalo mecânico 4x2 com cerca de 40 toneladas de peso total pode parar totalmente, por exemplo, numa velocidade de 80 km/h, em uma distância 5% mais curta. Internamente, a posição de direção do motorista foi deslocada 65 mm mais próximo do para-brisa e 20 mm para o lado, em comparação com a cabine atual. Com isso, melhorou o espaço para as camas e regulagem dos estágios da suspensão a ar dos assentos. A melhor visibilidade foi alcançada graças a uma maior área envidraçada frontal e pela realocação numa posição mais baixa do painel de instrumentos. Em função do alto índice de capotamentos no Brasil, sobretudo nas composições que tracionam os CVCs, as novas cabines podem ser equipadas com airbags laterais, que são integrados ao teto da cabine, uma técnica que nunca havia sido usada em caminhões. Com isso, a engenharia da Scania espera reduzir em até 25% o índice de fatalidade neste tipo de acidente.
Lanterna Traseira
Mulheres
Ela está de olho no futuro do transporte Suzana Soncin, diretora-geral do Consórcio Scania, assumiu o desafio de colocar a sucessão na mesa de debate das transportadoras Há dois anos na direção-geral do Consórcio Scania, Suzana Soncin é a responsável por um dos projetos mais inovadores voltados às empresas de transporte de carga no Brasil. O #NXTGEN reúne jovens dirigentes dessas organizações em palestras, visitas e viagens internacionais. O objetivo é prepará-los para um dos assuntos mais delicados que – mais cedo ou mais tarde – terão de tratar: a sucessão. Além disso, o projeto tem como parceiros instituições educacionais de renome internacional visando colocar esses empresários em contato com tendências do setor em modelos de gestão, tecnologias, conectividade e sustentabilidade. Das três turmas abertas até agora, já passaram 60 pessoas pelo #NXTGEN. Também participante ativa do projeto da Scania Queen of the Road (Rainha da Estrada), Suzana Soncin conversou com a reportagem da Carga Pesada. Veja a entrevista abaixo: Carga Pesada - Você disse em entrevista recente que o Consórcio Scania quer estar ao lado dos clien-
tes nos próximos 35 anos e o projeto #NXTGEN seria uma forma de sedimentar este caminho. Que avaliação você faz desta iniciativa? Suzana Soncin - O #NXTGEN foi uma iniciativa pioneira no setor de transportes, pois, pela primeira vez, uma montadora lançou um programa voltado aos jovens empresários de empresas de transportes, abordando o tema da sucessão empresa-
rial e ao mesmo tempo os impactos da aceleração digital. A busca da sustentabilidade no transporte começa na preparação das empresas para os desafios da sucessão, que muitas vezes envolve fatores profissionais e emocionais, quando se trata de empresas familiares. E a aceleração digital, que está mudando a forma de trabalhar e fazer negócios no mundo todo. Ficamos muito contentes com o feedback recebido até agora. Carga Pesada - A partir de sua experiência na Scania, qual será o perfil da próxima geração de profissionais do transporte? Suzana Soncin - A tecnologia vem impactando fortemente o setor de transporte e isso também altera o perfil do profissional que opera o equipamento. Mais do que simplesmente dirigir um caminhão, o motorista deverá aprender a ser um gestor do transporte, utilizando a tecnologia embarcada para controlar o tempo, o consumo, o impacto ambiental e vários outros fatores. Isso exigirá uma visão muito mais ampla do que é o transporte, por isso a Scania se coloca como parceira dos clientes na busca pelo transporte sustentável. Carga Pesada - E as mulheres? Como a força feminina se insere nesta
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nova visão de uma atividade tradicionalmente masculina? Suzana Soncin - Cada vez mais a diversidade, no âmbito geral, traz novas perspectivas e são complementares. Na cadeia logística não é diferente, com a nova economia e os negócios se transformando com muita rapidez, as organizações que se adaptarem neste sentido com certeza se destacarão no mercado. Carga Pesada - Quais são os pilares de uma marca que quer se manter no mercado nos próximos anos? Suzana Soncin - Hoje não basta oferecer um produto no mercado,
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mas toda uma gama de soluções que permitam que o cliente obtenha o melhor resultado em suas atividades. Por isso, a Scania trabalha com seis valores básicos, dos quais não abre mão: cliente em primeiro lugar, respeito pelo indivíduo, eliminação de desperdícios, determinação, espírito de equipe e integridade. São esses os pilares que fazem com que possamos atuar dentro dos mais altos padrões de qualidade, em qualquer lugar do mundo, sempre com foco na sustentabilidade do negócio e respeitando o meio ambiente. Carga Pesada - Como funciona e
Uma das turmas do #NXTGEN e diretores do Consórcio Scania em visita à sede do Google: na busca pelo transporte do futuro
quais são os próximos passos do projeto #NXTGEN? Suzana Soncin - Depois do sucesso das primeiras turmas, temos um desafio de continuar sendo pioneiros, por isso estamos desenvolvendo novas parcerias e estudando destinos que possam agregar conhecimentos e estimular os participantes na busca pelo transporte do futuro. Para participar do programa é necessário aderir ao Consórcio Scania.
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Segurança Viária
Exame toxicológico ainda Contrários à obrigatoriedade do teste do fio de cabelo, implantado em 2015, duvidam de sua importância na redução do número de acidentes NELSON BORTOLIN Mais de três anos após sua implantação, o exame toxicológico de larga janela de detecção, obrigatório para todos os motoristas profissionais, ainda gera polêmica e enfrenta resistências. Seus defensores alegam que o exame foi o responsável pela expressiva queda no número de acidentes no País. Os contrários acham que a redução das ocorrências de trânsito tem mais a ver com a crise econômica, que fez diminuir o tráfego de veículos nas rodovias. Vamos aos fatos e aos números: o exame, feito a partir de fios de cabelo dos motoristas, tornou-se obrigatório em março de 2015. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o número de acidentes nas rodovias federais já havia caído 9% no ano anterior. Em 2015, a queda foi bem maior: 28%. As ocorrências sofreram novas reduções em 2016 e 2017, de 21% e 7,5%, respectivamente.
As mortes também vinham em leve declínio. E, no ano em que o exame começou a ser feito, despencaram 17%. Depois, houve outras quedas: de 6,6% e 2,7% em 2016 e 2017, respectivamente. Quando consideramos apenas os acidentes com caminhões, há quedas mais expressivas ainda. Eles já tinham diminuído 12% um ano antes do exame e caíram 34% em 2015. Em 2016 e 2017, tiveram reduções de 28% e 9%. O número de mortes, no entanto, cai em proporções bem inferiores: 21% em 2015 e 6% em 2016. E o que é pior: no ano passado, os óbitos em acidentes que envolveram caminhões cresceram 9,6%, mesmo tendo o número de acidentes caído 9,2%. Ou seja, a gravidade das ocorrências aumentou. Desde 2014, quando a economia brasileira desacelerou completamente, há redução do volume de Foram realizados 2,4 milhões de exames do início de 2017 até abril de 2018, segundo o Denatran
Ano 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Total de acidentes Variação (%) Total de mortes Variação (%) 192.326 8.675 184.568 -4 8.663 -0,1 186.748 1,2 8.426 -2,7 169.200 -9,4 8.234 -2,3 122.220 -27,8 6.870 -16,6 96.590 -21 6.419 -6,6 89.318 -7,5 6.244 -2,7
Acidentes caminhões 66.396 62.868 64.390 56.425 37.412 27.072 24.574
Variação (%) -5,3 2,4 -12,4 -33,7 -27,6 -9,2
Mortes em acidentes com caminhões 3.860 3.674 3.644 3.538 2.810 2.632 2.884
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Tânia Rêgo - Ag. Brasil
gera desconfiança
Acidentes com caminhões Mortes em acidentes de Variação (%) no total de acidentes (%) caminhões no total de mortes (%) 34,5 44,5 34,1 42,4 -4,8 34,5 43,2 -0,8 33,3 43 -2,9 30,6 40,9 -20,6 28 41 -6,3 27,5 46,2 9,6 Fonte: PRF
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tráfego de caminhões, o que certamente contribui para a diminuição dos acidentes. Mas essa queda é menor. Segundo o Índice ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), o volume de veículos pesados caiu 2,61% naquele ano. E mais 6,16% e 5,96%, respectivamente, nos anos de 2015 e 2016. No ano passado, houve um leve crescimento no volume de caminhões que passaram pelas rodovias concedidas: 0,83%. Não existe nenhum indicador para comparar a evolução do tráfego nas estradas não privatizadas. Em nota enviada à Carga Pesada, a PRF afirma ter “grande dificuldade de mensurar o efeito da exigência do exame toxicológico, embora seja significativa a diminuição no número de acidentes”. De acordo com a assessoria do órgão, esta é a década definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o combate de acidentes em todo o mundo e a PRF “tem alcançado excelentes resultados” em ações que realiza, seja nas rodovias ou nas escolas, com projetos de educação para o trânsito.
Variação do tráfego nas rodovias concedidas 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Tráfego total Tráfego de pesados 6,12 6,25 2,5 4,62 3,09 3,8 -2,61 2,37 -6,16 -1,9 -5,96 -3,48 0,83 1,91
Fonte: ABCR
Segurança Viária
Boleia
Empresário vê lobby dos laboratórios
Marcello Casal Jr. Ag. Brasil
Tráfego de veículos pesados caiu nas estradas pedagiadas de 2014 a 2016
O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) não sabe informar quantos exames toxicológicos foram realizados desde 2015. Mas, de acordo com sua assessoria, do início de 2017 até abril de 2018, foram 2,4 milhões em todo o País. Calculando uma média de R$ 300 por exame, os motoristas profissionais gastaram cerca de R$ 744 milhões com esses procedimentos. Na opinião do presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo (Setcesp), Tayguara Helou, da forma como foi implantado, o exame atende somente aos interesses dos laboratórios. “Foi um grande lobby que fizeram em Brasília”, afirma. Ele critica especificamente a exigência do exame na contratação e na demissão de motoristas profissionais. “Se o profissional leva um exame positivo quando está entrando numa transportadora, ele não vai ser contratado. Se
dá positivo depois de demitido, o exame é arquivado pela empresa”, alega. O exame mostra se o profissional usou drogas nos últimos 90 dias, mas é incapaz de apontar o momento em que houve o consumo. “A forma como o exame é exigido não ajuda o motorista que está com a patologia tratar seu vício. Não traz benefício para a empresa e nem à sociedade”, complementa. Para Helou, é difícil mensurar se o teste é responsável pela redução de acidentes. “Em 2015 houve aprofundamento da crise econômica. Nós tivemos uma redução de 35% no volume de carga transportada”, alega. Ou seja, também caiu o tráfego de caminhões nas rodovias. O empresário acredita que os exames toxicológicos seriam muito mais eficientes se realizados dentro dos programas das empresas de prevenção do álcool e da droga. “Faz muito mais sentido.”
O presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, diz que as entidades do setor ainda não “perceberam na prática e com clareza” o resultado do exame toxicológico. “O exame sozinho não é capaz de diminuir o volume absurdo de acidentes nas estradas do nosso País. É necessário um plano maior de atuação. Acredito em projetos simples, com resultados maiores, mais imediatos e com custo muito menor.” Para Bueno, se o dinheiro gasto até agora com os exames fosse aplicado num programa específico da PRF, com compra de equipamentos e aumento do efetivo de fiscalizações nas rodovias, o impacto seria maior. Já a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT) tenta derrubar na Justiça a exigência do exame. Uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) apresentada pela entidade tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Para o diretor de Assuntos Trabalhistas da CNTTT, Luis Festino, o melhor caminho para se combater os acidentes com motoristas profissionais é a diminuição das horas de trabalho. “Da forma que vêm sendo realizados, os exames atuam apenas nas consequências do uso de drogas e não nas suas causas.”
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Os Detrans também reclamam Quem também não está contente com a exigência do exame são os Departamentos Estaduais de Trânsito. Segundo Antônio Carlos Gouveia, presidente da AND – associação que representa os Detrans –, o principal problema é que não há controle sobre os laboratórios que fazem a coleta e processam os exames. “Minha preocupação é que vivemos num País onde muitas vezes as pessoas buscam os caminhos que não são os mais sérios”, afirma. Ele também considera que o custo do exame – entre R$ 200 e
R$ 300 – é muito alto, o que vem gerando rebaixamento de carteiras das categorias C, D e E para A e B. “A pessoa que não precisa dos veículos pesados para trabalhar rebaixou sua categoria. Foram milhares de casos”, conta. Uma alternativa mais barata, na opinião do presidente da AND, seria a aplicação de testes de saliva em blitze nas rodovias. Ao contrário do exame do fio de cabelo, este tipo de teste diz se o condutor está sob efeito de drogas no momento em que é realizado.
Resultado ‘negativo’ por R$ 1.200 Para não ficarem sem suas habilitações, muitos motoristas que fazem uso de entorpecentes estão se valendo dos serviços de quadrilhas que fraudam o exame toxicológico. Basta digitar no Google as palavras “fraude” e “exame toxicológico” que vai aparecer uma série de notícias a respeito. Uma das fraudes foi identificada em Criciúma (SC). Dia 22 de maio deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) deflagrou a operação Falso Negativo. Pelo preço de R$ 1.200, a quadrilha enviava fios de cabelo de outra pessoa para o laboratório e depois entregava o resultado negativo ao motorista. A Carga Pesada procurou o Ministério Público de Santa Catarina para saber como andam as investigações. O promotor de Justiça Gustavo Wieggers informou que o procedimento investigatório já foi concluído e quatro pessoas foram denunciadas por falsidade ideológica. Duas delas eram de um laboratório local. “O laboratório de Criciúma tinha um contrato com um laboratório do Paraná, que recebia o material e re-
metia aos EUA, onde o teste era realizado. Mas o laboratório do Paraná não tinha nenhuma participação no esquema”, disse o Ministério Público. Além disso, foram instaurados 15 inquéritos policiais para apurar a responsabilidade dos motoristas. Foram mais de 200 casos suspeitos de adulteração dos exames. Em março do ano passado, a Rede Record exibiu reportagem mostrando um esquema de venda de resultados falsos negativos por R$ 1.500 em Guarulhos. À época, o Denatran disse à equipe de televisão que abriria inquérito para apurar a denúncia. Um ano e meio após a reportagem, a Carga Pesada questionou o órgão no final de agosto deste ano. Mas a resposta do departamento não mencionou o caso. Apenas relatou sua responsabilidade em fiscalizar os laboratórios.
Especia Segundo o jornalista, consultor em segurança do trânsito e idealizador do Programa Volvo de Segurança no Trânsito (PVST), J. Pedro Corrêa, além de uma solução cara para os caminhoneiros, não existe comprovação científica da eficiência do exame. “As entidades médicas que tenho consultado não o avalizam e mesmo a Polícia Rodoviária Federal não atribui a ele a importância apregoada pela empresa que montou fábrica e produz os resultados no Brasil”, declara. Ele se refere à Quest Labet, inaugurada em fevereiro deste ano em Santana de Parnaíba (SP). J. Pedro ressalta que PRF atribui a queda do número de acidentes a um trabalho mais consistente que ela mesma faz nas estradas. “Como não dispomos de estatísticas mais confiáveis, é difícil atribuir J. Pedro Corrêa: falta comprovação científica
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Fernando Oliveira - PRF
Alternativa ao exame do fio de cabelo seria o teste de saliva nas blitze em rodovias: capaz de detectar se o motorista está sob efeito de rebites ou outras drogas
listas têm opiniões diferentes a uma causa específica a melhoria dos resultados.” Ele diz, no entanto, que “algum efeito positivo” no controle de acidentes o exame deve ter. E reconhece a importância de o exame toxicológico ter “enquadrado” motoristas que se utilizam de drogas. De acordo com o consultor, os especialistas em trânsito aguardam novos desdobramentos que venham a comprovar a validade dos exames. “Como diz a velha máxima: ‘enquanto o mar briga com as pedras quem sai perdendo é o caranguejo’, no caso os profissionais do volante”, critica. Questionado se o exame de saliva seria mais confiável, J. Pedro afirma, ressalvando que não é especialista no assunto: “Creio que qualquer medida que possa ser comprovadamente efetiva será mais que bem-vinda. É preciso que tenha eficácia. O que não se pode é ficar fazendo experiência às custas do bolso dos caminhoneiros”, declara. Ele ressalta ainda que o problema das drogas é muito grave e que ninguém – governo, setor de transportes, sociedade – pode ignorá-lo. “Ocorre que se trata de problema de extrema complexidade por envolver inúmeras variantes
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que, em alguns casos, fogem do controle dos principais protagonistas.” Já o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, é entusiasta do exame. E não se conforma com as críticas feitas pelas pessoas contrárias, já que tem certeza de que o exame é o principal responsável pela queda do número de acidentes. “O único fato que pode explicar parcialmente uma queda tão expressiva dos acidentes de caminhão e ônibus é o exame toxicológico”, alega. Ele critica os Detrans: “Não conseguem controlar as fraudes de venda de CNHs e não teriam competência para fiscalizar os laboratórios”. Rizzotto chama de “balela” o fato de algumas entidades, alegando custos menores, defenderem o teste de saliva em vez do exame de fio de cabelo. “Cada teste de saliva representa um custo entre R$ 140 e R$ 200, dependendo do dólar. Isso sem contar toda operação de fiscalização envolvida, agentes de trânsito, combustível, guinchos, interferência no fluxo viário, etc.”, diz o coordenador. Além dos Detrans, o coordenador critica os representantes do setor de transporte, que se posicionam contra o
exame. Ele acusa a NTC&Logística e o Sindicato das Empresas de Transportes de São Paulo (Setcesp) de terem lutado para reduzir os direitos dos caminhoneiros quando houve a revogação da lei do descanso, a 12.619. O excesso de horas na direção, diz Rizzotto, é a principal justificativa para os condutores usarem drogas. “Quem cria as condições de exploração que levam muitos motoristas a usarem drogas para suportar a jornada é contra o exame toxicológico”, ressalta. Para ele, esta seria uma “coerência do mal”. “Hoje, as empresas de transporte reclamam do roubo de carga, mas esquecem que os motoristas que usam drogas estão próximos do mundo do crime”, afirma. São esses motoristas que, segundo o coordenador, alimentam as quadrilhas de informações sobre o transporte de carga. Rizzotto também acusa as transportadoras de não atuarem para evitar que seus motoristas usem drogas. “Falar em programas de prevenção de álcool e drogas nas empresas é brincadeira. São raros e louváveis os casos, mas a grande maioria somente cria programas por força de lei.”
Boleia
Piso Mínimo
Quem descumprir tabela de frete pode ser multado em R$ 5 mil
Proposta da ANTT ainda precisa ser aprovada em processo de audiência pública NELSON BORTOLIN Quem contratar frete com valores abaixo dos fixados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) poderá ficar sujeito a multa de R$ 5 mil. A proposta é da própria agência, que abriu consulta pública para regulamentar as punições relativas à lei 13.703, que implantou a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. Quem anunciar ou intermediar fretes abaixo dos valores das tabelas pode receber multa de R$ 3 mil. As sugestões para a consulta pública podem ser enviadas até as 18 horas do dia 10 de outubro pelo www.antt.gov. br, por via postal, ou durante a sessão pública da audiência, que ocorre no dia 9 de outubro, na sede da agência em Brasília. Mesmo sem ter definido as medidas para fazer cumprir a lei, a ANTT começou a fiscalizá-la dia 8 de setembro. Por
meio da resolução 5.828, os agentes do órgão ganharam poder de notificar os contratantes de frete que pagam valores menores que os das tabelas. De acordo com a lei, o embarcador que não respeitar as tabelas fica sujeito a indenizar o transportador em valor equivalente a duas vezes a diferença entre o valor pago e o que seria devido. Além disso, será multado pela agência em valor que será definido na audiência. No dia 5 de setembro, a ANTT publicou novas tabelas com valores mínimos depois do aumento do preço do diesel em 13%. Os reajustes foram entre 1,22% e 6,92%, dependendo do tipo de carga e da extensão da viagem. A média foi de 4,93% de aumento. É que a lei 13.703 determina que sejam feitas novas tabelas toda vez que o valor do diesel oscilar 10% para mais ou para menos. Os ajustes do
combustível passaram a ser sempre no último dia de cada mês, variando de acordo com os preços internacionais do produto. CONTESTADAS - Apesar de previstas na lei, as tabelas correm o risco de serem revogadas. Isso porque três entidades entraram no Supremo Tribunal Federal (STF) com ações de inconstitucionalidade contra elas. O ministro relator desses processos, Luiz Fux, realizou uma audiência pública dia 27 de agosto com caminhoneiros e embarcadores. Mas não houve acordo entre as partes. Fux resolveu deixar a decisão para o plenário do Supremo. Não há previsão de quando isso vai acontecer. As entidades que querem derrubar a lei são a Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e a associação de transportadores de grãos de Ribeirão Preto, ATR. VIDA NOVA - Nas estradas, os caminhoneiros não imaginam voltar a trabalhar sem as tabelas com valores mínimos de frete. O autônomo de Londrina (PR) Luiz Aranda, que transporta carga geral, diz que sua receita aumentou 30% após a lei 13.703. “Estava impossível trabalhar antes”, alega. Apesar dos boatos, ele diz que não haverá nova paralisação. “Os caminhoneiros não querem outra greve, querem trabalhar.” Já o gaúcho de Estância Velha Marcos Zimmer afirma que sua receita melhorou 50% com as tabelas. Transportando carga geral, ele não tem dúvida que virá uma nova greve caso o STF derrube a lei. “A situação estava precária. Eu estava prestes a abandonar a profissão.” As novas tabelas de frete podem ser obtidas no site da Carga Pesada: www. cargapesada.com.br/2018/09/05/ nova-tabela-de-frete-tem-reajuste-medio-de-49/
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Para-choque
Feira
Conceito diesel não terá mesmo ímpeto na IAA deste ano O mundo do Transporte Rodoviário de Carga prepara-se para conhecer a linha dominante no capítulo da mobilidade a ser proposta na 67ª IAA LUCIANO ALVES PEREIRA Considerada a maior mostra do planeta no que tange aos meios e fins do TRC, a IAA (Internationale Automobil Ausstellung) adotou nesta edição o slogan Driving Tomorrow, que pode ser traduzido, de forma livre, como o amanhã da força de tração. Bernhard Mattes fala pelos organizadores do evento já que é o presidente da VDA (associação alemã da indústria automotiva). “A IAA é a condutora do diálogo e da inovação relativos às propostas globais da indústria de veículos comerciais. No seu dizer, a feira “está sentindo claramente os novos rumos dos bons ventos”. Referindo-se a 2018, ele afirmou que “o mercado de veículos comerciais está crescendo na Alemanha, Europa e EUA, incluindo Rússia e Brasil, contemplados por forte crescimento, depois de anos de crises”. Ele destaca ainda que “os fabricantes de veículos comerciais estão no miolo de uma clara transformação”. Sua percepção é de que “a íntima ligação entre várias classes de veículos – caminhões pesados, vans e ônibus – comprova que as mudanças em todos os setores estão em vigorosa efervescência”. Por seu turno, a IAA deste ano pega o embalo da plataforma internacional da mobilidade e “torna-se
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mais digital, ofensiva e inovativa”. Para Mattes, o evento focará nas inovações de tração. Ônibus e vans seguem a clara tendência para a propulsão elétrica, em paralelo com as de gás natural e motores híbridos. Felizmente, o presidente da VDA não descartou de vez a hoje condenada força propulsiva do diesel. “Esta também tem futuro”, diz, “especialmente na navegação de longo curso, serviço ferroviário e caminhões pesados”. Arrematando, Mattes incluiu, como evolução alternativa, “os ga-
Organizadores do evento, no entanto, acreditam que a propulsão a diesel tem futuro, especialmente na navegação de longo curso, serviço ferroviário e caminhões pesados
nhos em aerodinâmica, otimização da resistência ao rolamento dos pneus e modernos sistemas de assistência” e aqui fecha a lista. Não se esqueceu de mencionar que as emissões de CO2 por tonelada/quilômetro vêm caindo “há muitos anos e, nessa corrida, o ônibus, sem dúvida, é o campeão absoluto”.
Para-choque
Em teste
Baterias são gargalo para Alto custo, peso e baixa autonomia dificultam ganho de escala Poucos dias depois da Ambev anunciar a intenção de compra de 1.600 leves elétricos e-Delivery da Volkswagen para transporte de bebidas, a Mercedes-Benz reuniu a imprensa para dar sua visão sobre esta tecnologia que será um dos destaques do Salão Internacional do Transporte, o IAA, que acontece em Hannover, na Alemanha. Pioneiro em veículos comerciais elétricos, o Grupo Daimler, dono da marca Mercedes-Benz, acumula uma vasta experiência nessa área. Em 2010, foi apresentado o protótipo do caminhão leve FUSO eCanter,
produzido pela subsidiária do grupo no Japão. Em 2017, ele chegou ao mercado e foi lançada a nova marca E-FUSO. Em 2016, foi apresentado o protótipo do eActros, primeiro pesado elétrico da Mercedes-Benz para distribuição. Em 2018, uma frota de eActros iniciou operação em clientes selecionados na Alemanha e na Suíça, com os quais espera-se conhecer profundamente o comportamento dos veículos sob condições reais de uso. Um grande desafio da propulsão elétrica é o armazenamento efi-
ciente de energia. Para se ter uma ideia, a energia armazenada em um caminhão extrapesado eActros corresponde a mais de 61.500 pilhas AA para uma autonomia de 200 km. “Comparando-se sistemas de propulsão elétrica e motor diesel, as baterias são 25 vezes mais pesadas e precisam de 16 vezes mais espaço”, explica Marcos Andrade, gerente de Produto Caminhão da Mercedes-Benz. “Já o consumo de um eActros rodando cerca de 200 km por dia corresponde ao de 38 residências no Brasil.” “Quando os clientes pedirem e o mercado estiver suficientemente maduro para operar com caminhões e ônibus elétricos e autônomos, nós estaremos prontos para atender todas as suas demandas, com produtos e serviços que assegurem eficiência, produtividade, custo operacional adequado e a rentabilidade desejada”, diz Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas e Marketing da Mercedes-Benz. “O Grupo Daimler acredita que, a partir de 2019, poderá aumentar progressivamente a oferta de caminhões e ônibus elétricos, visando altos volumes por volta de 2021”, avalia Leoncini. VOLKSWAGEN - A Cervejaria Ambev, dona de marcas como Skol, Brahma, Antarctica e
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uso de veículos elétricos
Guaraná, anunciou no último mês de agosto que, até 2023, irá passar a utilizar 1.600 caminhões elétricos da Volkswagen Caminhões e Ônibus no transporte de bebidas. Com isso, cerca de 35% da frota que atende a cervejaria será composta por veículos movidos a energia limpa, deixando de emitir mais de 30,4 mil toneladas de carbono em sua cadeia logística por ano. O primeiro caminhão a integrar essa frota será o VW e-Delivery, apresentado no último salão do transporte, Fenatran, em 2017. Desenvolvido no Brasil, o veículo traz soluções de última geração para logística verde, como sistemas inte-
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ligentes para ajustar a demanda da bateria conforme a operação e para recuperar a energia da frenagem. Os caminhões podem chegar a uma autonomia de até 200 quilômetros, de acordo com a aplicação. O nível de ruído é extremamente baixo quando comparado aos modelos tradicionais, melhorando o conforto do motorista e seus ajudantes na operação. “Estamos sempre buscando parceiros engajados nas mesmas causas, como a Volkswagen Caminhões e Ônibus, para prover novas tecnologias e processos que tenham um impacto positivo no meio ambiente”, afirma Guilherme Gaia, diretor de logística e suprimentos da Cer-
eActros iniciou operação em clientes selecionados na Alemanha e na Suíça
vejaria Ambev. “Nosso centro mundial de desenvolvimento da Volkswagen Caminhões e Ônibus, localizado no Brasil, investigou e aplicou as melhores soluções mundiais e locais disponíveis para atender às necessidades de nossos clientes em veículos de baixas emissões em países emergentes”, destaca Roberto Cortes, presidente e CEO da VW Caminhões e Ônibus, fabricante das marcas Volkswagen Caminhões e Ônibus e MAN.
Para-choque
Rede
Iveco inaugura concessionária em Maringá Novo grupo econômico Turim assume a representação da marca inaugurando casas em Maringá, Londrina e Paranavaí. Outras duas virão depois
LUIZ CARLOS BERALDO A inauguração da Turim, concessionária Iveco em Maringá, em 12 de setembro, marcou o início de uma política mais agressiva da marca que prevê aumento da participação no Paraná, dos atuais 15% para aproximadamente 20% até o final do ano, considerando toda a linha de produtos. Outras duas unidades serão inauguradas em Londrina e Paranavaí, totalizando sete pontos de vendas e serviços no Estado, até o início de 2019, segundo Ricardo Barion, diretor de vendas e marketing da Iveco Latin America. “O Paraná é um mercado complexo e dinâmico. Aqui no norte temos uma espécie de polarização de segmentos, com Londrina respondendo por uma forte demanda por comerciais leves – como a líder Daily – enquanto em Maringá há maior procura por caminhões pesados”, explica o diretor da Turim, José Carlos Trevisan. A inauguração da nova casa na cidade faz parte de uma série de melhorias
que a Iveco vem promovendo em sua rede. Assim como acontece em Maringá, um novo grupo econômico foi nomeado para representar a marca em Ponta Grossa, e há estudos para mais uma casa no oeste do Estado. Com 6.300 metros quadrados em terreno de 26 mil metros quadrados, a nova concessionária Turim conta com 26 colaboradores treinados pela Iveco, bem como completa estrutura de vendas e de atendimento de pós-venda. O vice-presidente da Iveco para a América Latina, Marco Borba, destacou que “já deixamos a crise para trás e estamos cumprindo nosso plano de investimentos”. Lembrou que o mercado de caminhões despencou de 180 mil unidades em 2012 para 60 mil unidades em 2016, evoluindo para cerca de 70 mil veículos em 2017 e devendo encerrar 2018 na faixa dos 80 mil. De 2014 a 2017, a Iveco reduziu sua rede de 100 para 60 casas. “Aproveitamos a crise para enxugar e tornar mais
eficiente nossa operação, de forma que voltamos a crescer para cerca de 75 concessionários em 2018, porém com maior capacidade de atendimento do que as 100 anteriores”, segundo Ricardo Barion. Para o vice-presidente Marco Borba, “a incerteza na política não contaminou a economia dos transportes, que continua crescendo. Esperamos em breve voltar a romper a barreira dos 100 mil veículos ao ano, no mercado total”. Também destacou que “no Paraná temos uma situação consolidada, estamos aprimorando e fortalecendo a rede para dar a atenção que os clientes merecem”. Após concluir investimentos de R$ 650 milhões no período de 2014 a 2016, aplicados em redimensionamento de fábrica, nova pista interna testes, desenvolvimento de produtos e desenvolvimento da rede de concessionários, a empresa anunciou, recentemente, novos investimentos de US$ 120 milhões para o período de 2017 a 2019, aplicados essencialmente em desenvolvimento de novos produtos, segundo Barion. Além do complexo industrial em Sete Lagoas, Minas Gerais, a Iveco tem unidades de produção na Argentina e na Venezuela – esta última atualmente paralisada devido à crise no país vizinho. “Também temos uma nova concessão operando no Paraguai, onde vamos inaugurar mais uma em breve”, informou o vice-presidente Marco Borba. O Grupo VCA, dono da nova Turim de Maringá, pretende cobrir toda a “metade norte” do Paraná com cinco concessionárias. Além de Londrina, Maringá e Paranavaí, há planos para duas novas casas: uma em Umuarama e outra na região de Ibaiti, em local a ser definido, segundo o diretor José Carlos Trevisan.
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Faixa contínua
Lançamento
Ford apresenta bi-truck para 29 toneladas Caixa automatizada Torqshift conta com assistência de partida em rampa e função “Low” para descidas Em busca da liderança no segmento, a Ford lançou o Cargo 3031 8x2, primeiro modelo da marca com essa configuração. O caminhão vem com uma série de inovações para melhorar o rendimento do transporte intermunicipal e rodoviário de médias e longas distâncias. Segundo a montadora, o veículo combina “maior capacidade de carga, robustez e segurança com a potência e economia do novo motor de 306 cavalos”. “Nosso caminhão consegue ter 306 cavalos e motor de menos de sete litros, o que significa bom consumo de combustível e muito torque em saídas de curvas”, afirma Oswaldo Ramos, diretor de Vendas, Marketing e Serviços da Ford Caminhões. Com segundo eixo direcional origi-
nal de fábrica, o novo Cargo 3031 8x2 oferece versatilidade nas diferentes configurações. É disponível com cabine simples ou leito, transmissão manual ou automatizada Torqshift e dois comprimentos de chassi: longo, com 5.300 mm, e extralongo, com 6.300 mm, o maior da categoria, ampliando o espaço útil para carga. Pode ser equipado também com tanque de combustível simples (275 l) ou duplo (550 l). “Chegar à liderança dá muito trabalho. Não é da noite para o dia. É preciso ter certeza de contar com o melhor produto. O ajuste fino desse caminhão, tanto na suspensão como na transmissão, é uma pérola. A gente tem certeza que está colocando o melhor produto hoje no mercado”, diz Ramos. Ele ressalta que, com o novo Cargo,
os clientes que precisam de um caminhão com maior capacidade de carga não têm mais de instalar o segundo eixo direcional no Cargo 6x2 em empresas parceiras. “Eles agora contam com uma solução original, com garantia de fábrica, sem precisar esperar pela instalação do componente”, ressalta. Com preço de lançamento R$ 35 mil acima do modelo 6x2, o veículo tem um programa de financiamento subsidiado, com entrada de 20% e pagamento em 48 meses com taxa de 0,96%. O plano, na modalidade de crédito direto ao consumidor, inclui uma carência de 90 dias para o pagamento da primeira prestação. A marca também oferece um pacote especial de manutenção, com três opções de contratos Ford Service, que podem incluir desde revisões e itens de desgaste até assistência completa. Segundo o diretor, assim como o produto em si, o pós-venda é outro pilar no qual a Ford se apoia em busca da liderança. “Também temos de nos diferenciar neste campo. Para ter o melhor pós-venda, é preciso contar com uma rede de distribuição forte, cobrindo todo o País, como a Ford já tem”, alega. São 110 pontos de assistência no Brasil.
O sistema de direção com segundo eixo esterçante tem um diâmetro de giro de 22,50 m na versão com entre-eixos de 5.300 mm e de 26,30 m na versão com entre-eixos de 6.300 mm.
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O relacionamento, segundo o diretor, é o terceiro pilar com o qual a montadora trabalha. E, por isso, ela toma muito cuidado ao nomear novos concessionários. “Queremos ter grupos econômicos locais, que conheçam o mercado, que tenham relacionamento com cliente. Então, não adianta dar uma área muito grande para o concessionário. Buscamos nomear empresários que tenham diesel na veia, que já trabalharam no mercado de caminhões e implementos”, conta. POTÊNCIA - O novo Cargo 8x2 tem peso bruto total homologado de 29 mil kg e capacidade técnica de 30.150 kg. Pode ser equipado com diversos tipos de implementos, desde baú, carga seca, sider e guindaste até graneleiro e tanque, oferecendo alta produtividade e eficiência a grandes operadores logísticos, atacadistas, distribuidores e autônomos que buscam uma solução para otimizar o rendimento da frota. Seu motor ISB 6.7, de 306 cv, é o mais potente da categoria até sete litros e conta com a tecnologia de emissões SCR (Redução Catalítica Seletiva), que favorece a economia e a performance. Seus avanços incluem turbo com carcaça e rotor projetados para trabalhar com maior pressão, novos bicos injetores, filtro de ar e sistema de refrigeração de alta capacidade.
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Motor ISB 6.7, de 306 cv, tem turbo com carcaça e rotor projetados para trabalhar com maior pressão
Além da transmissão manual, o Cargo 3031 8x2 tem a opção da transmissão automatizada Torqshift, desenvolvida em parceria com a Eaton, com comandos a cabo, que proporcionam engates mais precisos e operação silenciosa. Além de piloto automático inteligente, que mantém a velocidade constante em subidas e descidas e torna a direção mais tranquila, a transmissão Torqshift conta com assistência de partida em rampa, que segura o caminhão por até três segundos em inclinações acima de 3%. Dispõe também da função “Low” para descidas, indicador de marcha no painel e dois modos de condução: Performance e Economia, com um escalonamento que garante alto torque em subidas e inclinações.
O Ford Cargo 3031 8x2 está disponível com cabine simples ou leito, transmissão manual ou automatizada Torqshift e dois comprimentos de chassi
Retrovisor
Frota
Consórcio sorteia caminhões exclusivos TDL Transportes e Neves Transportes foram as empresas ganhadoras da Promoção Dreamline Experience Cores e pintura exclusivas, alta tecnologia e uma média de consumo que surpreende. Esta é a avaliação que fazem os empresários ganhadores da promoção Dreamline Experience do Consórcio Scania que sorteou no último mês de junho dois caminhões modelo R440 LA6x2NA equipados com caixa de câmbio Opticruise e cabine Highline e mais 15 viagens para Paris e Estocolmo. “O consumo é muito baixo: sempre carregado, não andando vazio, ele faz 2,1 km/l tracionando um bitrem graneleiro de sete eixos na rota do Mato Grosso”, comemora Lucas Neves, da Neves Transportes e Logística, cliente da concessionária Escandinávia de São José do Rio Preto. O caminhão passou agora de 10 mil quilômetros, a próxima revisão é a de 20 mil. “A Scania fala que esta média pode melhorar ainda mais, mas eu já estou satisfeito.” Com uma frota de seis caminhões, todos Scania, Lucas toca a empresa com o pai José Renato e o irmão Mateus. “Meu pai começou com caminhão há uns 10 anos. Passamos pelas operações canavieira, contêiner, baú, sider e estamos há três anos no transporte de grãos e foi onde encontramos o melhor retorno para o investimento.” Foi Lucas quem procurou o vendedor Everton da Escandinávia em Rio Preto para adquirir uma cota do consórcio. “Não poderia ter sido melhor: fomos sorteados e estamos satisfeitos com o caminhão. Com isso já compra-
mos mais uma cota e vamos adquirir mais uma em janeiro. Nosso plano é migrar toda a frota para o nove-eixos e adquirir a nova geração de caminhões Scania lançada este ano”, planeja. DA ROÇA PARA A ESTRADA - A família Ludtke construiu uma história típica dos transportadores gaúchos. O pai Hellmuth era agricultor quando decidiu trabalhar com caminhão. Depois de alguns contratempos, resolveu sair do negócio e voltar para o campo. Quando o filho Adriano completou 21 anos, o caminhão passou a ser novamente uma opção de negócio, com a compra de um Scania 140. Aos 25 anos, Adriano comprou seu primeiro caminhão, um Scania 112, e em alguns anos abriu sua própria empresa, a TDL Transportes, que agora conta com uma frota de nove caminhões, entre os quais o novíssimo R440 sorteado pelo Consórcio Scania em junho. E se depender do nome da transportadora, a sucessão está garantida: as iniciais dos nomes dos filhos de Adriano, Thiago e Diego Ludtke, compõem a marca, e o mais velho, de 15 anos, já atua meio período na empresa: “Nossa esperança é que as perspectivas para o setor melhorem com a entrada em vigor da nova tabela de fretes mínimos aprovada recentemente pelo governo”, avalia Adriano Ludtke. Dos nove caminhões que compõem a frota da Ludtke, oito são Scania, também equipados com carretas graneleiras atuando no transporte de arroz, soja, milho e fertilizantes na região de Cruz Alta, Uruguaiana e Porto
de Rio Grande. Para Adriano, o consórcio tornou-se um bom negócio pois pode ser usado como instrumento de poupança. Além disso, o Finame como está hoje ficou mais caro. Outra vantagem, que faz a diferença, são as viagens da Família Scania para quem adquire cotas do consórcio: “Já fomos para Cancun, Las Vegas e Bahia”, lembra. Ele também está satisfeito com o caminhão sorteado: “É completo, atende tudo que a gente precisa e com esta pintura especial e exclusiva só terão dois rodando no Brasil’, conclui.
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Adriano Ludtke ao lado do caminhão e com o vendedor Leonardo da concessionária Suvesa de Pelotas (RS). À esquerda, Lucas Neves com a esposa Leila e os filhos Luma e Joaquim Renato. Abaixo, com o pai José Renato Cotrin Neves
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PRÓXIMO DESTINO, ORLANDO Além das vantagens financeiras de poder parcelar a compra do veículo em até 100 meses, sem juros e sem entrada, o Consórcio Scania continua oferecendo viagens da Família Scania a quem adquirir cotas do Consórcio. O próximo destino, com direito a acompanhante e saída marcada para novembro, é Orlando, na Flórida, um dos principais e mais desejados destinos turísticos do mundo. São muitos parques temáticos como a Disney, símbolo da cidade, além das possibilidades de compras, já que Orlando e Miami, que estão a poucas horas de distância, oferecem as menores taxas e preços dos Estados Unidos. A promoção inclui cinco noites em hotel de categoria internacional, traslado, taxas de embarque inclusas, seguro de viagem internacional, jantar de confraternização e recepção com guias brasileiros no hotel.
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Novo Cenário
Transporte de passageiros será desregulamentado A partir de junho do próximo ano, as tarifas e as rotas serão liberadas em todo o País A partir de junho de 2019, o setor de transporte rodoviário de passageiros vai funcionar em regime de liberdade tarifária. E também, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), não haverá mais limite para o número de autorizações dos serviços regulares interestadual e internacional. Ou seja, o governo não vai mais controlar o reajuste das tarifas e nem decidir qual empresa fará determinado trecho. Estefano Boiko Junior, vice-presidente do grupo GBS – que detém as viações Brasil Sul e Garcia – considera a mudança positiva. “A tendência é que o mercado fique ainda mais concorrido.
E nós já estamos preparados para isso, mantendo baixos o endividamento das empresas e o custo, além de cuidar da qualidade no atendimento”, afirma. Boiko Junior avalia que controlar os custos é o grande desafio no novo cenário. “O controle tem de ser feito todos os dias, tem de estar arraigado na mente dos funcionários, fazer parte da cultura da empresa”, alega. Para ele, um mercado mais concorrido faz com que o “cliente ganhe e a empresa também, porque precisa primar pela qualidade. As boas empresas ficarão”. O presidente, José Boiko, diz que o grupo investe pesado em treinamento de direção econômica dos motoristas. E que eles são premiados de acordo com os resultados. “Houve meses em que reduzimos o consumo em cerca de 80 mil litros só com treinamento de pessoal. A cada três meses, os motoristas recebem prêmios por economia”, conta. O diretor da Viação Unida, Fernando Mansur, tem opinião diferente. Para ele, a desregulamentação é “péssima” para o setor. “Mas uma regulamentação que protege só as grandes também não é boa. Tem que haver Estefano e José Boiko: “A tendência é que o mercado fique ainda mais concorrido. E nós já estamos preparados para isso”
um equilíbrio”, declara. Segundo Mansur, o governo deveria proteger as empresas regionais. Para ele, a atividade de transporte rodoviário de passageiros está em fase de encolhimento. “Mudanças virão e só quem já estiver dentro terá oportunidades”, avalia. Mas não é possível garantir que todas as empresas vão permanecer. Segundo o empresário, a perspectiva de abertura do mercado é preocupante devido ao poder econômico das maiores viações.
Clientes A Carga Pesada conversou com os diretores do Grupo GBS e da Viação Unida durante a Lat.Bus & Transpúblico 2018, evento realizado no final de julho em São Paulo. Ambas as empresas são clientes Mercedes-Benz/Marcopolo. Com 70 novos ônibus adquiridos neste ano, a Viação Garcia, que tem sede em Londrina, passou a ter uma frota com idade média de seis meses. Quando foi adquirida pelo grupo GBS, em fevereiro de 2014, a empresa tinha veículos de todas as marcas. E aos poucos foi padronizando a frota na Mercedes-Benz, com chassis Marcopolo, assim como a Brasil Sul, outra companhia do GBS, que ao todo tem 800 ônibus. “Quando compramos nossos carros, a gente pensa primeiro em segurança e a Mercedes-Benz vem evoluindo muito neste aspecto”, afirma o presidente José Boiko. Ele conta
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A Mercedes-Benz apresentou na Lat.Bus & Transpúblico ônibus com ACC (Active Cruise Control) – piloto automático adaptativo. O veículo também conta com itens tecnológicos como o AEBS (Advanced Emergency Braking System) – sistema de frenagem de emergência e o LDWS (Lane Departure Warning System) – sistema de aviso de faixa.
Mercedes-Benz que a Garcia também observa com atenção atributos como suspensão, motorização e dirigibilidade. “Em todos esses aspectos a Mercedes avançou”, garante. Manter uma frota sempre atualizada é preocupação diária na empresa. “Um diretor da ANTT nos disse que a nossa idade média da frota deve ser a menor do mundo, excluindo os ônibus de reserva e de turismo”, ressalta. De acordo com ele, a empresa também é uma das poucas que só usam pneus novos. “São todos de primeira linha, Michelin ou Goodyear. Não usamos recapados porque o recape solta e estoura toda a suspensão do ônibus, que fica no meio do caminho”, conta. O grupo mantém linhas regulares no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. UNIDA - Hoje, com 130 ônibus, a
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Unida faz linhas intermunicipais na Zona da Mata e entre aquela região e o Rio de Janeiro. A frota é predominantemente da marca Mercedes-Benz. “Escolhemos a Mercedes porque é a que tem melhor infraestrutura para atender na nossa região. Pelo grupo Minasmáquinas, temos mais facilidade de mão de obra e reposição de peças”, conta o diretor Fernando Mansur. A participação no evento, segundo ele, é importante para “renovar os pensamentos”, fazer contato com as pessoas do setor e saber quais são as perspectivas para o futuro. O empresário ressalta que a Unida é um legado deixado pelo fundador, João Mansur, que viveu até 92 anos. “Meu pai dizia que a única coisa que ele sabia fazer na vida era mexer com ônibus. Eu, hoje com 61 anos, falo a mesma coisa. Digo para meus filhos que não vou deixar uma herança,
Para Fernando Mansur, a perspectiva de abertura do mercado é preocupante devido ao poder econômico das maiores viações
porque a empresa é um legado.” A Viação Unida é uma das empresas de transporte rodoviário de passageiros mais antigas do País. Foi aberta em 1934. Aos 16 anos de idade, João Mansur comprou o primeiro ônibus e deu início a uma linha ligando Chácara (MG) a Juiz de Fora (MG). Atuava como motorista, cobrador e mecânico ao mesmo tempo.
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Mercado
Novo presidente da DAF está otimista com mercado brasileiro
Executivo acredita que segmento de pesados vai crescer 15% no próximo ano A DAF Caminhões Brasil tem novo presidente. É Carlos Ayala, executivo que ocupava o cargo de vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da operação da montadora no País. Ayala assume o lugar de Michael Kuester, que volta a Seattle, nos Estados Unidos, em uma posição no Board da Paccar. O executivo está na companhia desde 1985. Ele se destacou como diretor Comercial Amé-
rica Latina, diretor Comercial e diretor Nacional de Vendas da Kenworth México, marca emblemática do Grupo Paccar. Durante coletiva de imprensa realizada dia 16 de agosto em São Paulo, ele conversou com a reportagem da Carga Pesada e avaliou o mercado brasileiro de caminhões. “Afortunadamente, a indústria brasileira está retomando força, o que é importante
porque desde 2012 os clientes não renovavam frota”, afirmou. Ayala acredita que o mercado de pesados, no qual concorre a DAF, irá fechar o ano com 28 mil unidades comercializadas e deve crescer 15% em 2019. “O cliente está mais confiante”, disse. A meta da empresa é abrir cinco novos concessionários por ano somando 50 até 2023. Atualmente são 24 concessionários e 11 postos de serviços que cobrem 87% do território nacional, no cálculo da montadora. No primeiro encontro com a imprensa, o presidente disse que a marca está prestes a conquistar 10% de participação do mercado acima de 40 toneladas. “Tivemos tempo de amadurecer e estamos prontos para o futuro”, ressaltou. Ayala contou que o banco da montadora, o Paccar Financial, começa a operar no Brasil no próximo ano. E que a vantagem de se ter um banco próprio é oferecer mais segurança ao cliente. O executivo continuará sediado em Ponta Grossa, no Paraná, onde está localizada a fábrica da companhia.
Barigui abre nova casa em Chapecó O Grupo Barigui inaugurou uma nova concessionária DAF Caminhões em Chapecó, cidade do interior do Estado de Santa Catarina. Ao todo, foram investidos R$ 2 milhões em 5.000 m² de estrutura construída, em uma área total de 18.000 m². A nova unidade terá 12 boxes de serviço para atendimento DAF e multimarcas, com linhas de peças originais e TRP, para o mercado de reposição. Para realizar os atendimentos com mais qualidade, os clientes terão à disposição uma equipe treinada e capacitada pela DAF Academy. “Com a nova concessionária em Chapecó, teremos a oportunidade
de oferecer o melhor produto para a operação de nossos clientes”, diz Sauer Salum Filho, diretor da DAF Barigui Caminhões. A DAF Caminhões passa a contar com 35 pontos de atendimen-
to, entre concessionárias e postos de serviço autorizado, em todo o território nacional. Nos próximos cinco anos, a marca almeja dobrar o número de concessionárias no País.
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