ANO XXXIV - NÚMERO 196 - Abril / Maio 2018
Minérios pedem força e robustez A Carga Pesada acompanhou a operação dos Mercedes-Benz no duro trabalho das mineradoras da região de Belo Horizonte
Ford Cargo Power traz potência para os médios
Entre nós
Painel
Teimar em trabalhar
ISSN 1984-2341
“Total de desempregados chega a 13,7 milhões, e dificulta recuperação da atividade (econômica). Empresas estão em compasso de espera para conhecer os planos dos candidatos à presidência.” Esse é o trecho inicial de uma notícia divulgada por num site no dia 28 de abril, com base em dados sobre desemprego informados pelo IBGE, relativos ao primeiro trimestre deste ano. O leitor deve entender que nossa intenção, ao abrir este texto com um dado decepcionante como esse, não é a de deixar ninguém triste e deprimido. Mas temos que confessar que quisemos dar um certo choque – um choque de realidade. A realidade anda difícil para um número cada vez maior de pessoas e empresas. E estamos falando de empresas dos mais diferentes portes. Evidentemente, as menores são as que sofrem mais, e são as primeiras a morrer, numa situação em que um país não encontra uma perspectiva de crescimento econômico. Já as pessoas... a crise econômica agrava a crise social, isola as pessoas, desorganiza o esforço coletivo, aumenta a criminalidade etc. etc. etc. Mas, e quanto ao futuro? O primeiro parágrafo deste texto abre uma perspectiva. Diz que estamos em compasso de espera para conhecer os planos dos candidatos à presidência. Colocadas dessa maneira, as ideias nos fazem pensar que, conhecidos os tais planos, nós, eleitores, vamos escolher o melhor, eleger o candidato e pronto – a vida vai mudar para melhor. Essa, obviamente, é a esperança de todos nós. De nós, da Carga Pesada, também. No entanto, temos que estar preparados para um futuro incerto, porque, seja qual for o plano econômico que escolhermos (e o correspondente presidente), a política continuará produzindo grande instabilidade no Brasil. Digamos que o maior antídoto, para enfrentar uma situação dessas que estamos vivendo, está em... trabalhar. Pelo menos para quem pode. Pelo menos para quem encontra trabalho. Pelo menos para quem cria trabalho. Pelo menos para quem teima em trabalhar. Como nós, da Carga Pesada.
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CARTAS
Apelos, queixas e alegrias dos estradeiros
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MERCEDES-BENZ Força e robustez na rota dos minérios
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CAMINHÃO ESPECIAL Dois caminhões para andar fora de estrada
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HYUNDAI
HD 80 tem o melhor preço do mercado
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...E MULHERES Mercedes prestigia as motoristas
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LEGISLAÇÃO
Lei do descanso vale em qualquer estrada
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CONSÓRCIO
A Facchini faz parceria com a Scania
Sumário
10 FORD
Lançamentos e grandes metas para 2018
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NA DIREÇÃO
Os últimos segredos para poupar combustível
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6x2 NO BITREM
Projeto de lei reacende a discussão
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MULHERES...
Scania reúne lideranças femininas
30 VOLVO
O futuro próximo dos caminhões autônomos
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TECNOLOGIA
Platooning. Você já ouviu falar?
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PASSATEMPO
DIRETORA RESPONSÁVEL: Dilene Antonucci. EDIÇÃO: Dilene Antonucci (Mt2023), Chico Amaro e Nelson Bortolin. DIRETOR DE ARTE: Ary José Concatto. ATENDIMENTO AO CLIENTE: Mariana Antonucci e Carlos A. Correa. REVISÃO: Jackson Liasch. CORRESPONDENTES: Ralfo Furtado (SP) e Luciano Pereira (MG). PROJETOS ESPECIAIS: Zeneide Teixeira. Uma publicação da Ampla Editora Antonucci&Antonucci S/S Ltda-ME. CNPJ 80.930.530/0001-78. Av. Maringá, 813, sala 503, Londrina (PR). CEP 86060-000. Fone/fax (43) 3327-1622 - www.cargapesada.com.br E-mail: redacao@cargapesada.com.br. Circulação: Abril / maio de 2018 - Ano XXXIV - Edição n° 196
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Porta-luvas
Voz do Leitor
Desmaiou e foi Difícil de acreditar, né? Um caminhoneiro acidentou-se, desmaiou e, quando acordou, haviam roubado coisas de seu caminhão tombado. Onde vamos parar desse jeito! Leia essa história e as outras, neste espaço que é escrito de próprio punho pelos nossos amigos leitores da revista Carga Pesada. Pedágio É caríssimo! E ninguém reage
Dou nota 10 à revista Carga Pesada. Quero usar este espaço para fazer uma crítica aos pedágios absurdos que são cobrados em nosso país e aos impostos caríssimos com que o governo explora o nosso setor. Não temos sindicatos que nos defendam e nem políticos que lutem pela nossa causa. O combustível tem um preço absurdo, os impostos são caros demais, os valores da revisão de tacógrafo e da ANTT ficaram quatro vezes mais altos. Faço a seguinte pergunta para os nossos políticos: por que o pedágio nas estradas federais tem um valor baixo e nas outras é altíssimo, impagável para nós, caminhoneiros? Sérgio Daniel Struminski Itaporanga (SP)
não me envolver em acidente. A Via Bahia não faz nada para mudar isso, mas tem como fazer. Só quer ganhar dinheiro com os pedágios. É uma vergonha essa Via Bahia. Cláudio A. Pinto – Visconde do Rio Branco (MG)
Respeito Chega de aumentar caminhões Fico admirado de ver que alguns “colegas da classe” acham que o frete está bom. Temos que parar de aumentar o tamanho dos
caminhões e sim aumentar os fretes. O governo está pagando as dívidas da Petrobras com o sangue e o suor dos caminhoneiros. Pedir a união dos caminhoneiros é chutar cachorro morto, é utopia pura. A cada dia os estradeiros estão cada vez mais desunidos, a cada dia a nossa situação piora mais e mais, foi decretada a morte dos autônomos. Só peço a Deus que a terra nos seja leve. Hélio Chaves da Silva – São Paulo (SP)
Sem união, não vamos longe
Estou indignado com o que está acontecendo em nosso país, principalmente com a minha classe, dos caminhoneiros. Nós estamos sendo desrespeitados e humilhados em todos os sentidos. Mas eu atribuo grande parte dessa situação a nós mesmos, que não temos união, ao contrário do que ocorre
A 3ª faixa é estreita
Quero reclamar da Via Bahia, que cuida da BR-116 na Bahia. Em todas as viagens que faço para o Nordeste, quando passo na Serra do Mutum, próximo a Jequié, tem acidente na subida da serra. A terceira faixa é muito estreita e sempre cai caminhão na valeta, porque aquele que está ultrapassando, para não bater no que está descendo, aperta o da terceira faixa, provocando o acidente. Subo ali rezando para
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roubado em outros países, onde, se para um caminhoneiro, todos param, pois lutam por objetivos que interessam a todos. Às vezes penso em desistir da minha profissão, do que sempre sonhei em ser e com muita luta e dedicação consegui. Mas, ao mesmo tempo, acredito que vamos nos unir e virar o jogo, fazendo este país voltar a crescer. Nós, caminhoneiros, somos o coração do Brasil. Bráulio Bonifácio da Silva – Contagem (MG)
Histórias Eduardo é um cara feliz
Sou caminhoneiro há quatro anos e meio e dirijo um toco 1719 Atego, da Mercedes. Transporto carne de boi para os Estados de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Paraná. É uma carga muito visada por pessoas com intenções ruins. Deus tem me abençoado. Sigo minha caminhada com muita fé e gosto por aquilo que faço e tento fazer da melhor maneira possível. Meu maior sonho, no momento, é construir minha casa, e um dia quero ter um caminhão próprio. A Carga Pesada é muito instrutiva e tem assuntos interessantes. Gostei de ler sobre caminhões elétricos e o boné que avisa o motorista quando é hora de descansar (Edição 195). Eduardo Ribeiro Neto – Itajubá (MG)
O roubo após o acidente
No domingo, dia 14 de janeiro passado, tombei o caminhão carregado de batatas em Barra do Turvo (SP). Ainda era dia, umas 19 horas. Graças a Deus, só levei uns pontos na testa e sofri uns machucados nas costas. Mas, como desmaiei, aproveitaram que eu estava desacordado e me roubaram tudo – dinheiro, cartão, documentos. Levantaram a cama e levaram a aparelhagem de som do caminhão. Fiquei triste, pois trabalhei muito
para conseguir esses confortos. Vejam só: diante do meu acidente, alguns caminhoneiros pararam para me ajudar, outros para me roubar... Mas confio nos planos de Deus. Meu irmão foi me buscar de caminhão e me levou para casa. Em casa, minha “alemoa” estava brava porque eu a deixei sem notícias. Brigou bastante, mas depois cuidou de mim. Quero agradecer também aos atendentes da Auto Pista que me socorreram, na ambulância, na hora do acidente. Anderson Comiotto – Gramado (RS)
Porta-luvas
Voz do Leitor
Com habilitação há 54 anos!
Eu gostaria que voltassem a produzir a série Carga Pesada que passava na televisão antigamente. Eu não me importava de perder a melhor “retona” para assistir àquele programa. Tirei carteira em 1964 e comecei a vida de caminhoneiro num Chevrolet que ainda era a gasolina. Depois passei para o Chrysler 600 U-8, e depois fui para os VW D 950 com motor MWM diesel, mais estáveis. Transportei veículos novos de São Paulo para Santarém. Viajei carregado quando se trazia combustível em tambores e o rancho era salgado, porque não existiam postos de combustível e restaurantes como hoje. Eu viajava na Santarém-Cuiabá e na Transamazônica. Foi um tempo bom, apesar das dificuldades não havia os assaltos de hoje em dia. Nunca fui assaltado, graças a São Cristóvão e a papai do céu. Manoel Ivair Chaves – Santarém (PA)
Carga Pesada O Edmar gosta do que lê
Sou motorista de um caminhão-lança VW 19.320 preto a serviço da Polícia Rodoviária Federal em Nova Lima (MG), no bairro Jardim Canadá. Foi aqui no meu trabalho que conheci a revista Carga Pesada. Gosto muito de ler as reportagens, tem muita novidade para os caminhoneiros. Hoje eu não tenho nada do que reclamar, só tenho elogios para vocês. Edmar Antonio de Souza – Belo Horizonte (MG)
Um abraço à galera do GEB
Só conhecia a Carga Pesada pelo site e depois de um comentário no Facebook fui presenteado com exemplares impressos da revista, quero dar os parabéns. Desde pequeno gosto muito de caminhão, sei que a profissão de caminhoneiro é muito difícil, são tratados por muitos como se fossem bandidos, fora as dificuldades que enfrentam nas estradas precárias pelo país afora. Deixo um abraço à galera do GEB – Grupo Expresso Bananeiro – e a todos da minha família. Ray Santana – Marilândia (ES)
Sorteio Quem manda para nós o cartão-resposta que acompanha a revista, concorre a brindes. Desta vez, os sorteados foram: Eduardo Ribeiro Neto, de Itajubá (MG), que receberá nossa revista em casa, gratuitamente, por um ano; e Sérgio Daniel Struminski, de Itaporanga (SP), que foi contemplado com o kit do Slalom Truck Race que tem uma mochila e um copo térmico. Não deixe de escrever para nós...
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Câmbio
Ford
Para liderar entre os O Cargo Power 2431 6x2 está à frente das grandes ambições da Ford para 2018 A Ford Caminhões lançou o trucado estradeiro Cargo Power 2431 6x2, que promete oferecer a melhor combinação de desempenho e economia aos transportadores, na sua condição de caminhão médio, com peso bruto total de 24 toneladas, mas equipado com o novo motor Cummins ISB 6.7, de 306 cv, anunciado como o mais potente do mercado na faixa de até 7 litros. O Cargo Power 2431 conta com a opção de transmissão manual ou automatizada Torqshift. Traz também aprimoramentos no cardã, no eixo traseiro e na embreagem, reforçados para trabalhar com o torque maior do motor. Na prática, segundo a Ford, suas vantagens se traduzem em maior agilidade nas retomadas e segurança nas ultrapassagens, que aumentam a produtividade das viagens com a mesma eficiência no consumo de combustível. “O Cargo Power 2431 é um lan-
çamento que reforça a nossa proposta de trazer produtos inovadores para o mercado, com soluções focadas nas suas reais necessidades”, diz João Pimentel, diretor de Operações da Ford Caminhões na América do Sul. “O seu projeto foi desenvolvido a partir do desejo dos clientes de ter um veículo mais potente e eficiente sem abrir mão da economia, para ser líder do segmento.” OFERTA – Como oferta especial de lançamento, a Ford colocou à venda os primeiros 500 caminhões 2431, com seus 306 cv, pelo mesmo preço do modelo de 290 cv. Além disso, a marca tem um programa de financiamento subsidiado para toda a sua linha 6x2: na modalidade de crédito direto ao consumidor (CDC), a taxa é de 0,96% para pagamento em 48 meses, com entrada de 20% e 90 dias de carência. A VOZ – O Cargo Power 2431 é produzido nas versões com
João Pimentel, diretor da Ford: um projeto feito para atender o desejo dos clientes
O interior da cabine do Cargo Power 2431: opção de transmissão manual ou automatizada Torkshift
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médios O motor ISB 6.7, com 306 cv é o mais potente na faixa de 7 litros: torque elevado em baixa rotação
transmissão manual de 9 marchas ou transmissão automatizada Torqshift de 10 marchas. Ele foi desenvolvido a partir de uma extensa pesquisa com transportadores nas principais rotas do Brasil, aprimorando as características que eles mais buscam no desempenho do veículo. De acordo com a Ford, seu projeto é resultado de um trabalho de dois anos que envolveu 400 mil km de testes de desenvolvimento e durabilidade, tanto no Brasil como em regiões de altitude da América do Sul, usando a experiência da engenharia
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da Ford Caminhões. O motor ISB 6.7, com 306 cv (a 2.100 rpm) e torque de 1.100 Nm, é o mais potente do mercado na faixa de 7 litros e oferece torque elevado já em baixa rotação, disponível numa faixa ampla de 1.100 a 1.900 rpm. Com isso, proporciona agilidade nas retomadas e segurança nas ultrapassagens, com consumo igual ou menor que os modelos concorrentes. Outra característica do novo motor é o sistema de tratamento de emissões com Arla, o que representa, afirma a Ford, maior tolerância à variabilidade do combustível e um custo total menor comparado aos concorrentes com sistema EGR. ASSISTÊNCIA – O Cargo Power 2431 conta com a assistência pós-venda dos mais de 100 distribuidores da Rede Ford Caminhões no Brasil. O modelo dispõe do pacote de manutenção Ford Service que oferece três opções de contrato ao cliente, incluindo revisões (Class), revisões e itens de desgaste (Plus) ou assistência completa (Prime). O Cargo Power também já vem de fábrica com o sistema de telemetria Fordtrac ativado, que inclui funções de monitoramento e segurança, e
contará futuramente com uma central de monitoramento para acompanhar o veículo em tempo real com equipe de apoio técnico. A LINHA COMPLETA – O 2431 é o carro-chefe de uma linha de médios e pesados Cargo Power da Ford composta por seis modelos equipados com o novo motor de 306 cv e capacidade de 17 a 31 toneladas de peso bruto total, com tração 4x2, 6x2, 6x4 e o inédito 8x2, que será apresentado em breve. Ela inclui os modelos: Cargo Power 1731 rígido, Cargo Power 1731T cavalo mecânico, Cargo Power 2631 6x4, Cargo Power 3131 6x4 e Cargo Power 3031 8x2 com transmissão manual ou automatizada Torqshift. A Ford também continuará a oferecer a opção do Cargo 2429 6x2 com motor de 290 cv, que foi o terceiro mais vendido do segmento no ano passado, com 1.007 unidades. “Nosso objetivo com o lançamento da linha Cargo Power é conquistar a liderança do segmento 6x2 e atingir uma participação média de 25% nos caminhões com chassi rígido”, afirma Guilherme Teles, gerente de marketing da Ford Caminhões. A marca trabalha este ano com uma projeção de crescimento da ordem de 22% no segmento de caminhões com chassi rígido e estima um avanço de 43,5% no total da indústria, com 74 mil veículos.
Boléia
As estradas falam
Os desafios da Depois da safra de grãos e da cana, a Carga Pesada e a Mercedes-Benz trazem uma reportagem sobre a Rota dos Minérios. É a continuidade do projeto As estradas falam, a Mercedes-Benz ouve e a Revista Carga Pesada publica. Veja vídeos desta matéria em nosso site, no Facebook e Youtube Força e robustez são palavras-chave no transporte de minérios. Foi o que constatamos em visitas a duas empresas do ramo na região de Belo Horizonte: a Flapa Engenharia e Mineração e a Ferro+ Mineração, do Grupo J. Mendes. A Flapa, empresa com mais de 25 anos de mercado, utiliza em suas operações o Mercedes-Benz Axor 4144 com tração 6x4 e caçamba de 16 m³. Já a Ferro+ optou pelo Actros 4844 8x4, que opera com caçamba meia-cana de 20 m³. Ambas atendem clientes gigantes e tradicionais do setor, como a Vale e a CSN. A Mercedes-Benz lidera o segmento de caminhões fora de estrada com mais de 50% de participação de mercado no acumulado de 2017. Nas con-
“Padronizando a frota, facilitamos nossa gestão”, afirma Paulo Thiago Miranda, gerente geral da Flapa
dições severas das cavas de mineração, os modelos da montadora estão mostrando que aguentam o tranco e ainda oferecem conforto aos operadores. A Flapa possui uma frota de 200 caminhões, todos Mercedes-Benz. “Nossa prioridade é a excelência operacional, por isso trabalhamos com as melhores marcas, que são a Caterpillar, no caso das máquinas, e a Mercedes nos caminhões. Padronizando, facilitamos nossa gestão”, afirma Paulo Thiago Miranda, gerente geral da empresa. Em função das margens cada vez mais apertadas, a mineradora optou por ter sua própria área de manutenção, além de caminhões e máquinas reservas para cobrir emergências. O sistema funciona bem, tanto que no dia da nossa visita a oficina da operação de Belo Vale (também existe uma base em Araxá) estava vazia e todos os equipamentos em plena operação na mina. Segundo Túlio Sousa, responsável pela área, depois do diesel, o óleo lubrificante, os filtros para manutenção preventiva e os pneus são os itens de maior peso na planilha. Na mineração, o controle é feito por horas de operação, e a cada 250 horas em média – 30 a 40 dias de atividade – os primeiros itens precisam ser trocados. Uma análise favorável da qualidade do óleo pode estender a troca para até 500 horas, e ainda evitar danos maiores nos com-
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rota dos minérios O motorista Enéas Leite Fernandes: emprego bom é aquele em que se passa o fim de semana em casa
quatro eixos, e hoje está com um Axor 4144. Ele destaca a força e a economia do veículo. Diz que, para ser um bom motorista, o mais importante é gostar da profissão e também conhecer o equipamento. Enéas já trabalhou com caminhão rodoviário, mas optou pelo transporte de minério para estar todo dia em casa, ao lado da esposa e da filha. Ele trabalha das 7 às 17 e folga nos fins de semana. “Salário não é tudo, importante é a gente fazer o que gosta e estar bem com a família”, resumiu.
ponentes principais através da identificação de desgastes que são evidenciados através da análise de óleo. Já na economia com pneus, os cuidados com a calibragem, rodízio, e com a manutenção das estradas são essenciais para prolongar a vida dos pneus que são recapados em média três vezes na operação da mineradora. Em tempos de baixa oferta de emprego, os motoristas demonstram satisfação com o trabalho. Enéas Leite Fernandes já dirigiu o “Centopeia”, como é conhecido entre os mineiros o Actros 4844 8x4, por ser curto e ter
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Anderson Flores, da Mercedes-Benz, Paulo Thiago Miranda, Luiz Mateus de Almeida, Túlio Souza e Maurício Wenceslau, da Flapa
Boléia
As estradas falam
TIRO CURTO – Com base em Ouro Preto, a mineradora Ferro+ conta com uma importante vantagem operacional: estar situada bem próxima de seus principais clientes, a Vale e a CSN. Com as curtas distâncias entre elas, as entregas de minério beneficiado podem ser feitas por acessos internos, reduzindo a utilização da movimentada BR-040. “As distâncias são de 6,5 a 8 quilômetros, em média, o que otimiza as entregas e diminui o tempo gasto durante o transporte”, explica o superintendente de mineração, Gilmar Vieira, profissional com mais de 25 anos de experiência no ramo da mineração e que está há cinco anos à frente da empresa. Presente no setor de mineração há mais de 50 anos, o grupo J. Mendes está em processo de expansão das minas da Ferro+ e de sua outra unidade, a JMN Mineração, que fica na cidade de Desterro de Entre Rios. Além dos projetos em andamento, o grupo está em processo de licenciamento para abertura de novas minas, também em Minas Gerais: “Nossa previsão para este ano é produzir cerca de 5 milhões de toneladas de minério de ferro, contra 3,4 milhões produzidos no ano
anterior”, estima Gilmar. A empresa tem metas ainda mais ambiciosas para 2019, quando espera um crescimento de 30%, proporcionado pelas expansões e novas minas. Para conseguir tornar essas metas realidade, o desafio é baixar ao máximo o custo por tonelada transportada pela frota composta por 25 caminhões, dos quais 19 são Mercedes-Benz Actros 4844. “Nosso empenho é estar sempre à frente em termos de tecnologia”, comenta Gilmar. Ele acrescenta que a escolha dos caminhões da Mercedes-Benz foi resultado da confiabilidade da marca: “Temos disponibilidade constante do equipamento, além de segurança e conforto para o operador”, explica. O motorista Ednailson de Souza Lima reforça as palavras de Gilmar. Ele destaca que o Actros é um caminhão forte e que desenvolve o trabalho em qualquer clima com segurança: “Além disso, tem uma cabine confortável, com banco reclinável e ar condicionado”, lembra. Embora tenha caixa automatizada, na maior parte do tempo na mineração é muito comum o engate manual: “Numa descida com piso úmido, por exemplo, ele poderia pular marcha e acelerar. No manual dá mais segurança”, explica.
Um Actros 4844 , o “Centopeia”, recebe sua carga: o serviço não é pra qualquer um
A Voz do Leitor Lindo
Isso sim é caminhão para puxar minério. E essa pintura ficou maravilhosa. Marcone Dias Fernandes
Robusto
Estes equipamentos 2018 são bons de média e não quebram. Emerson Fonseca
Pau para toda obra
Este caminhão oferece boa capacidade de produção e exige pouca manutenção. É pau para toda obra. Luiz Almeida
Sonho
É um sonho poder trabalhar neste gigante de muita força. André Baichinho
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Ficha técnica ACTROS 4844
Tração 8x4 e PBT técnico de 48 toneladas. O motor é o OM501 LA V6 de 435 cv de potência, a transmissão é a Mercedes-Benz PowerShift totalmente automatizada de 12 marchas e os eixos traseiros têm redução nos cubos. O Actros 4844 Basculante já vem equipado com tomada de força original na transmissão G 330.
AXOR 4144
Tração 6x4 e PBT técnico de 41 toneladas. O motor é o OM457 LA de 6 cilindros e 439 cv de potência, a transmissão é de 12 marchas e os eixos traseiros têm redução nos cubos. O Axor 4144 também é equipado com o câmbio G 330, igual ao do Actros.
MEIO AMBIENTE – A Ferro+ utiliza desde 2014 e a Flapa também está investindo no processo de filtragem do produto e do rejeito, dispensando o uso das barragens para armazenamento e contenção de resíduos resultantes do processo de beneficiamento. Nesse modelo, as barragens são substituídas por pilhas de rejeito já seco resultante do processo de filtragem e diques menores de decantação, chamados de baias.
Outra frente de trabalho das duas empresas com foco no meio ambiente é a reutilização da água. No beneficiamento a úmido, elas utilizam a filtragem e baias de contenção para maior recuperação da água do processo de concentração do minério. Já no processo a seco, a água é dispensada na britagem e peneiramento. Este sistema, no entanto, só pode ser utilizado em minas de alto teor de ferro.
Ednailson de Souza Lima, da Ferro+: o Actros oferece segurança com qualquer clima
A MINERAÇÃO NO BRASIL O Brasil produz ferro, bauxita (alumínio), manganês e nióbio. O ferro é o principal minério destinado à exportação e sua extração ocorre especialmente em Minas Gerais, no Quadrilátero Ferrífero; no Pará, na Serra dos Carajás; e no Mato Grosso do Sul, no Maciço do Urucum. A Vale do Rio Doce, maior produtora mundial de minério de ferro, atingiu um recorde no ano passado de 366,5 milhões de toneladas, alta de 5,1% ante o ano anterior.
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Gilmar Vieira, da Ferro+: “Nosso empenho é estar sempre à frente em termos de tecnologia”
Fala Caminhoneiro
Ao Volante
De olho no conta Consultor ensina como dirigir com segurança e atingir o ponto extraeconômico do caminhão O grande segredo para se economizar óleo diesel está no conta-giros. Dentro da faixa verde do conta-giros, existe o ponto extraeconômico. E, quanto mais tempo o caminhão rodar neste ponto, menos vai gastar combustível. É o que diz o consultor Luiz Antonio Pigozzo em palestras, em seu canal do Youtube e no livro “Consumo de combustível – uma questão de atitude”, que ele escreveu. Depois de 35 anos na Scania, onde exerceu várias funções, Pigozzo dá a dica de ouro: é preciso dividir a faixa verde do conta-giros em três. Se, no seu caminhão, ela for de 1.000 a 1.500 rotações por minuto (rpm), você terá três subfaixas
de 166 rpm. Então, o ponto extraeconômico do seu caminhão é o final da primeira subfaixa, ou seja, 1.166 rpm. Mas pode arredondar para 1.200. Quanto mais tempo o caminhão ficar em 1.200 rpm, mais econômica será a viagem. A economia pode superar 5%. “O conta-giros é a melhor ferramenta de trabalho do motorista. É ele que vai dizer qual marcha usar na reta, na subida, na descida. No conta-giros estão a segurança e a economia da viagem”, afirma o consultor. Logo que deixou a Scania, em 2015, Pigozzo foi dar aulas na Fabet. Fez um curso para aprender a ensinar. “O resultado foi fantástico. Hoje tenho muitos alunos dando aulas, trabalhando como multiplicadores dentro das transportadoras”, conta. O consultor diz que, quando o caminhoneiro passa a trabalhar focado no conta-giros, sua produção muda. “O sucesso vem rápido.” Mas, de acordo com ele, não é só o motorista que precisa aprender a interpretar o conta-giros: o empresário e os gestores de frota também. “Um gestor notou, durante
Pigozzo e as ilustrações que ele utiliza nos treinamentos: didática a favor da economia
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-giros
uma palestra minha, que a velocidade determinada pela empresa, de 75 km por hora, não estava adequada com o caminhão que a transporta-
A Voz do Leitor Profissionalização do setor
dora costumava comprar. Num caso desses, ou a empresa baixa a velocidade ou passa a comprar caminhão com um diferencial mais longo.” Ele destaca que, quando estimula motoristas e empresários a pensarem em economia, também os está conscientizando sobre segurança. “Uma pessoa motivada a buscar a máxima economia precisa conduzir seu veículo com a máxima atenção, evitando assim erros que levem a um acidente”, observa. Luiz Antonio Pigozzo ressalta que a profissão de motorista exige cada vez mais estudos. “Dirigir todo o mundo dirige, mas para ser profissional, para bem atender o cliente, inserir informações via sistema, tem de ser diferenciado, tem de ser profissional.” Para contatos com Luiz Antonio Pigozzo, use o e-mail luiz.pigozzo@ gestaodecombustivel.com.
Neste mercado, os motoristas mais aplicados e comprometidos com sua função deverão se firmar nas empresas realmente profissionais e que buscam a excelência na atividade de transporte, valorizando segurança, consumo, disponibilidade do caminhão, etc. Professor Luiz Antonio Pigozzo, parabéns pelo seu trabalho! Bruno Costantin
E na descida?
Caro Luiz Antonio Pigozzo: ficaram faltando informações em relação ao conta-giros nas descidas. A MB orienta a manter a rotação acima de 2.000 giros para que o top-break funcione adequadamente. Se possível, gostaria de ver sua resposta! Wellington da Torre
Resposta
Nas descidas você precisa buscar a máxima potência do freio-motor. Veja no meu canal do Youtube. Na divisão de cinco partes do conta-giros, a parte do freio-motor você usa em desaceleração. As duas rotações precisam ser usadas com sabedoria. Em aceleração, sempre na mais baixa rotação. Em desaceleração, sempre na mais alta rotação. A rotação mais alta sem o pé no acelerador ajuda na compressão do pistão, aumentando a potência de frenagem. Luiz Antonio Pigozzo
O custo dos vícios na direção Quanto custam 22 mil litros de combustível em um ano? Mais de R$ 5 mil por mês, fácil, fácil. Pois é isso que um motorista cheio de “manias” ao dirigir pode desperdiçar, segundo Luiz Antonio Pigozzo. Veja se você se encontra nesta lista de vícios, saia dela e comece a economizar.
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Para-Choque
Cargas Florestais
Mercedes-Benz lança Axor 8×4 Veículo foi desenvolvido em parceria com a Suspensys/Randon para atender a Breda Logística A Mercedes-Benz apresentou na Expoforest – Feira Florestal Brasileira – realizada em Santa Rita do Passa Quatro (SP), no início de abril, a versão 8x4 do caminhão extrapesado Axor 3344. O veículo foi desenvolvido para atender uma demanda da Breda Logística no transporte de eucalipto do campo à indústria. O trabalho foi realizado em parceria com a Suspensys/Randon. Como resultado, o Axor 3344, que sai de fábrica na versão 6x4 e PBTC de 50 toneladas, ganhou um 2º eixo dianteiro direcional, tornando-se um caminhão 8x4 que oferece mais capacidade de carga, chegando a 56 toneladas de PBTC com semirreboque de três eixos do tipo “romeu e julieta”. O primeiro Axor 3344 8x4 já foi entregue à Breda. O veículo faz parte de um lote de 23 adquiridos pela empresa. A Breda Logística tem 155 caminhões, sendo 65% Mercedes-Benz. Os novos veículos serão usados numa operação da fabricante de celulose Fibria. De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), entidade que representa a cadeia produtiva de árvores plantadas, o Brasil é referência mundial do setor e tem mais de
7,8 milhões de hectares de florestas plantadas de eucalipto, pinus e outras espécies. No primeiro bimestre deste ano, o setor exportou US$ 7 bilhões – 33% a mais que no mesmo período do ano passado. Isso representa 14% das exportações brasileiras do agronegócio. Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing e peças & serviços de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz no Brasil, disse que o Axor 3344 8x4 desenvolvido pela empresa surgiu da tradição da Mercedes de procurar conhecer e resolver os problemas específicos de seus clientes. “Estamos sempre ouvindo atentamente o que os clientes e as estradas nos dizem”, afirmou. Segundo ele, a Breda Logística é um parceiro “de longa data” da Mercedes.
Uma nova A Mercedes-Benz inaugurou, em sua fábrica de São Bernardo do Campo, uma nova linha de montagem de caminhões, dando um passo rumo à implantação do conceito de Indústria 4.0 no País. A expressão “Indústria 4.0” vem de um projeto estratégico de alta tecnologia do governo da Alemanha para promover a informatização da indústria manufatureira. Também se usa chamar a mudança de Quarta
Um prédio foi construído para abrigar a nova linha: parte de um investimento de R$ 500 milhões
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linha de montagem Revolução Industrial. Um prédio foi construído pela Mercedes para abrigar a nova linha, que concentra a montagem de caminhões, dos leves aos pesados, e a logística de peças. É parte de um investimento de R$ 500 milhões, iniciado pela empresa em 2015. “Mantendo a marca do pioneirismo em mais de 60 anos no Brasil, nossa empresa é a primeira a inaugurar uma linha de montagem de caminhões que já nasce dentro do conceito de Indústria 4.0”, disse o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO da América Latina, Philipp Schiemer. Segundo ele, as tecnologias da Indústria 4.0 serão expandidas a todos os processos instalados em São Bernardo do Campo e também à fábrica de Juiz de Fora (MG), onde são produzidos os caminhões Actros. “Tudo isso está programado dentro do investimento de R$ 2,4 bilhões que faremos até 2022”, informou. A nova linha de montagem de caminhões já traz ganhos para a empresa. “Ela é 15% mais eficiente do que a anterior”, diz Philipp Schiemer. “Além
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disso, alcançaremos 20% de ganho de eficiência logística, graças à redução do número de armazéns de peças, ao aumento do percentual de entrega de peças direto na linha de 20% para 45%, e à redução do armazenamento de componentes de 10 dias para três dias. Essas melhorias nos entusiasmam a perseguir outros ganhos que ainda temos a somar com a evolução constante da nova fábrica.” Um diferencial da nova fábrica é o uso dos AGVs, veículos autônomos que transportam os caminhões por toda a linha e pela área de logística, em conexão com as estações de trabalho. Eles voltam sozinhos ao ponto de partida. As mais de 100 apertadeiras eletrônicas agora trabalham com o torque programado automaticamente para cada produto. Os 53 antigos armazéns logísticos estão concentrados em seis Hubs Logísticos de 12 metros de altura, cada um próximo a um centro de produção. “Como se vê, estamos inovando também no aproveitamento de espaço em toda a nossa produção”, ressalta Carlos Santiago, vice-presidente de ope-
Philipp Schiemer, CEO da Mercedes: a primeira linha de montagem de caminhões do Brasil no conceito Indústria 4.0
rações da Mercedes-Benz do Brasil. “Ganhamos um local de trabalho mais amplo e organizado, em benefício dos nossos colaboradores.” A nova fábrica também reduz em 56% o consumo de energia elétrica, graças à adoção de lâmpadas de LED.
Retrovisor
Combinações de Veículos
Será que o 6x2 volta ao bitrem? É o que consta do Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Carga, lei já aprovada na Câmara Federal mas que ainda precisa ser votada no Senado NELSON BORTOLIN E CLÁUDIA ALBUQUERQUE
A Voz do Leitor Não precisa
Até sete eixos não é necessária a configuração 6x4. A alegação de maior segurança não se justifica. O maior número de engrenagens e peças móveis provoca aumento no consumo de combustível. Além do maior custo de aquisição e manutenção, a maioria das montadoras utiliza o segundo eixo de tração sem a opção de levantar. Quanto à segurança, atualmente os caminhões são equipados com ABS, ASR, EBD e ESP, conferindo o mesmo nível de segurança indiferentemente da configuração de eixos. Edson Reus Silveira
Não é bem assim
Olá, Edson. A questão de segurança está ligada ao fato de o 6x2 possuir freio-motor em apenas um eixo e o 6x4 ter dois eixos de tração. Nenhuma tecnologia que você citou resolve isso. E o dano ao pavimento está no fato de que, com tração em um eixo apenas, o caminhão-trator com 57 toneladas de PBTC patina na troca de marcha, especialmente em aclives, empurrando o asfalto para o lado. Rubem Penteado de Melo
O projeto de lei 4.860/16, que estabelece a futura lei chamada de Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Carga, poderá voltar a permitir que os bitrens de sete eixos sejam tracionados por cavalos 6x2. É o que consta no texto, aprovado no ano passado pela Câmara dos Deputados mas que ainda precisa ser votado pelo Senado. Não há prazo previsto para que isso aconteça. A medida é polêmica: transportadores, principalmente no segmento de grãos, gostariam que os cavalos 6x2 fossem autorizados de novo a puxar bitrens, mas técnicos do setor são contra. Desde janeiro de 2011, por determinação do Contran, bitrens novos só podem ser tracionados por cavalos
6x4. “Voltar a permitir será, de fato, um retrocesso”, afirma o engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, da TRS Engenharia, de Curitiba. “Os bitrens, quando puxados por 6x2, causam graves deformações no asfalto. Quando o motorista troca de marcha, a tração patina e empurra o asfalto para o lado”, explica Melo. “Com o cavalo 6x4, não ocorre esse ‘enrugamento’ do asfalto”, completa. Sua opinião é avalizada por Neuto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTC&Logística e membro da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do Contran. “O 6x4 é muito mais seguro e menos danoso ao pavimento. Ele evita a patinação e distribui melhor a carga nos eixos. Já o 6x2, puxando bitrens, abre trilhas
Melo: 6x2 gera deformação do piso
Reis: opção não aconselhável
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no asfalto, ou seja, reduz a vida do pavimento e aumenta o risco de acidentes”, diz ele. EFEITO NULO – Já o presidente do G10 – grupo de transporte de grãos de Maringá –, Cláudio Adamuccio, acha que, se o problema é a conservação do asfalto, as normas do Contran que obrigaram a tração 6x4 nos bitrens de sete eixos não surtiram efeito. Isso porque, segundo ele, os transportadores preferiram substituir essas configurações por outros tipos de composições não muito amigáveis com o pavimento, como os bitrens de nove
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Adamuccio: por lei não se administra o mercado eixos (74 toneladas), os 8x2 com carreta LS (54,5 toneladas) e as carretas com eixos distanciados (53 toneladas). “Então, o efeito da lei foi nulo”, diz ele. Adamuccio esclarece, também, que não é a diferença de preço entre um cavalo 6x2 e um 6x4 – “em média R$ 18 mil” – que fez os frotistas deixarem o bitrem de lado. “O transportador não gosta dos 6x4 porque pesam 800 quilos a mais e consomem mais 3% de diesel. É uma diferença muito grande.”
Retrovisor
Combinações de Veículos
Montadoras são contra As montadoras estão com os técnicos: são contra o uso de cavalos 6x2 para tracionar bitrens de sete eixos; defendem os 6x4. Para o gerente de desenvolvimento de negócios da Scania, Celso Mendonça, a mudança que entrou em vigor em 2011 levou em conta a segurança e a manutenção do pavimento. “Foi uma decisão baseada em estudos. Já a defesa da volta do 6x2 é baseada em coisa nenhuma. Nesse assunto, devem ser considerados os aspectos técnicos.” Ele ressalta que os caminhões estão cada vez mais potentes, com velocidades médias altas. “A volta do 6x2 para bitrens aumentaria
o risco de acidentes”, diz. E lembra que na versão 6x2 há menos eixos freando no conjunto, sendo possível levantar três eixos. “Ou seja, são menos eixos para ajudar a segurar o veículo no solo.” O diretor comercial de caminhões da Volvo no Brasil, Bernardo Fedalto, também é contra a volta dos 6x2. “A regulamentação do cavalo 6x4 para puxar bitrens foi uma evolução”, diz ele. “Com quatro pontos tracionando, o veículo oferece mais segurança e menos impacto ao asfalto.” Fedalto argumenta que os defensores da volta dos 6x2, através da futura Lei do Marco Regulatório, “não têm uma
Gambim: 6x2 é retrocesso
base que justifique a mudança e informe quais seriam seus benefícios”. “Retrocesso” também é a palavra usada pelo diretor comercial da DAF, Luís Antonio Gambim, para definir a intenção de liberar o 6x2 no bitrem. “Somos contra por motivos de segurança. E não temos dúvida de que o 6x2 no bitrem piora o pavimento, que, no Brasil, de forma geral, tem baixa qualidade.” Para Gambim, uma medida dessas aumenta gastos com a manutenção de estradas. “Aí todo o mundo sai perdendo”, avalia. “RADICAIS” – Palavras do deputado Nelson Marquezelli (PTB/SP): “Os técnicos são radicais, não têm vivência no setor e, se depender deles, não se acopla nem reboque no caminhão”. Assim Marquezelli justificou o fato de o Contran não ter sido chamado à Câmara para o debate que antecedeu a aprovação do projeto de lei do Marco Regulatório. Marquezelli é conhecido como defensor de medidas, no transporte, que reduzam os custos dos produtos agrícolas.
A Voz do Leitor Uma irresponsabilidade técnica
Mendonça: decisão deve ser técnica
Fedalto: 6×4 foi uma evolução
A versão 6x2 nos bitrens provoca recalque do piso ao arrancar, concentração de carga de tração ao rodar livre, instabilidade direcional, desgaste prematuro dos pneus, insegurança para os demais usuários da estrada. É uma irresponsabilidade técnica. De fato, as composições com mais de uma articulação devem usar tração 6x4. É por questões físicas. Se é para reduzir custo do transporte, que se oficializem, após análise técnica profunda e séria, os 91 toneladas. Mas com 6x4, é claro. Infelizmente, a matriz de transporte de grãos no Brasil fica dependendo de caminhões na função clássica dos trens. Então, que se otimize o transporte com soluções técnicas e seguras. Eustáquio Sirolli
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Hyundai
Hyundai Caoa terá mais 15 pontos de venda do HD 80
Uilson Campana, gerente nacional de vendas: linha diesel já tem mecânicos em 60 lojas
Montadora pretende comercializar 600 caminhões em 2018 LUCIANO ALVES PEREIRA Até o fim do ano, a Hyndai Caoa terá mais 15 pontos de venda de caminhões no País. São concessionárias da marca que receberão equipes específicas para comercialização do HD 80 – modelo lançado em fevereiro na fábrica de Anápolis (GO). Hoje, os veículos estão disponíveis em três lojas: em São Paulo, Salvador e Porto Alegre. O pós-venda, segundo o gerente nacional de Vendas de Caminhões da Caoa, Uilson Campana, já é oferecido nas 60 lojas Hyundai no Brasil. “Em todas, temos mecânicos para atender a linha diesel”, afirma. A montadora pretende vender 600 unidades do HD 80 até o fim do ano. Com isso, quer manter sua participação de 4% no competitivo mercado de 8 toneladas, no qual tem como concorrentes os veículos Ford Cargo 816, Volkswagen Delivery 8.160, Mercedes-Benz Acello 815, Iveco
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Daily 70c17 e Agrale A 8700. Campana também garante que o HD 80 tem o melhor preço público da categoria: R$ 118.800. De acordo com ele, a montadora manteve a estratégia que adotou no lançamento do antecessor, o HD 78, em 2012. “Estabelecemos que tralharíamos com 90% do menor preço do mercado”, conta. A linha do novo leve requereu maquinários extras para aperto correto das rodas e eixos, rebitagem e pintura. O HD 80 está homologado para 8 toneladas de PBT, das quais, descontada da tara, sobram cerca de 4,5 t de carga útil. Seu motor de quatro cilindros em linha é o FPT (Fiat Power Train) F1C, Euro 5/Proconve 7, de 3 litros de cilindrada e 170 cv de potência a 3.500 rpm. O torque máximo iguala 40,8 mkgf (400 Nm) entre 1.500 rpm e 2.200 rpm, resultado do emprego de seu turbo de duplo estágio mais interculer, complementados pela alimentação via common rail da
Bosch. Adota a tecnologia de pós-tratamento de gases expressa EGR, que dispensa a adição do reagente arla 32. O câmbio segue a bandeirada geral com cinco marchas, conjugado com diferencial de 6,50:1. Um tanto reduzido, mas pensado para rodar dentro das entupidas áreas urbanas. Impossível, porém, não esperar por sua influência no consumo de combustível. A cabine é coerente. Simples para garantir barateza ao produto. É a mesma do antecessor, ancorada ao chassi por coxins de borracha, assistida por barra de torção. Na boleia podem seguir motorista mais dois acompanhantes, mas há poucos porta-trecos disponíveis. Quanto aos itens de segurança, o HD 80 cumpre a lei. Vem equipado com ABS, sem airbags. Já os freios de serviço são pneumáticos e as catracas (ajustadores) são automáticas para a progressiva regulagem das lonas de freio.
Lanterna Traseira
Mulheres
Scania reúne lideranças femininas no transporte Presença da mulher no setor é cada dia mais forte Inspirar mudanças e promover a diversidade, mostrando que as mulheres também têm combustível correndo nas veias para comandar e fazer a diferença no setor de transportes. A Scania Latin America realizou no Dia Internacional da Mulher a terceira versão do Queen of the Road – projeto que ressalta a importância da mulher e sua contribuição para o desenvolvimento do transporte.
Segundo Juliana Sá, gerente executiva de Projetos Especiais de Comunicação da Scania Latin America, o Queen of the Road nasceu a partir da identificação de que faltava uma interlocução melhor com as mulheres que atuam no setor. “É nossa responsabilidade reconhecer o trabalho das mulheres dentro de um setor historicamente masculino e que está se transformando. Assistimos a tendências como a digitalização e os veículos autônomos anunciando novos tempos”, destaca. Dentro do mesmo projeto, um outro encontro no dia 22 de março reuniu executivas, jornalistas e empresárias também para debater a presença das mulheres no setor de transporte de cargas e de passageiros. O encontro teve, mais uma vez, o objetivo de mostrar a importância da diversidade de gêneros nas organizações. O debate teve a participação de Suzana Soncin, presidente do Consórcio Nacional Scania; Tupiara Scortegagna, master driver da Casa A MasterDriver Tupiara Scortegagna: mulher já concilia trabalho de motorista com cria;ão de filhos
Cavese, uma das concessionárias Scania de Santa Catarina; e Beatriz Setti Braga, diretora executiva da Metra e do Grupo ABC. Tupiara já foi entrevistada neste espaço da Revista Carga Pesada e acredita que as características dos caminhões e do próprio mercado de transporte vêm estimulando a presença das mulheres. “Temos caminhões extremamente inteligentes, fáceis de serem conduzidos. Temos polos que fazem distribuição de mercadorias próximos das regiões de onde essas mercadorias saem, de modo que fica fácil para a mulher sair de manhã, com horário normal de trabalho, e retornar no final do dia, permitindo que ela concilie a profissão com o casamento, a maternidade, a família e até os estudos”, afirma. Suzana Soncin atua na Scania há mais de 25 anos. Nesse período, adquiriu experiência nas áreas industriais e nos últimos cinco anos este-
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ve nas operações comerciais. Desde 2016 a executiva está à frente de toda a operação do Consórcio Nacional Scania, como presidente. “É muito prazeroso estar à frente de uma instituição tradicionalmente comandada por homens, em um setor prioritariamente masculino. Conquistei o meu espaço com a minha formação, minha capacidade técnica, conhecendo muito bem o segmento, em união com toda a experiência adquirida nesses anos de mercado. Não é uma questão de gênero, mas sim de esforço e capacidade”, celebra a executiva.
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Suzana Soncin, presidente do Consórcio Nacional Scania: lugar conquistado “com esforço e capacidade”
Lanterna Traseira
Feminino
Mulheres na estrada com A Mercedes-Benz reuniu jornalistas e motoristas, todas mulheres, para conversar ao longo de uma viagem da TransJordano para a Raízen Em comemoração à Semana Internacional da Mulher, em março, a Mercedes-Benz realizou um “Papo de Mulher no Actros”, evento no qual mulheres jornalistas foram convidadas a embarcar em caminhões conduzidos por cinco mulheres motoristas. A diretora da Carga Pesada, Dilene Antonucci, foi uma das representantes da imprensa. As motoristas foram Ângela Garcia, Alice Mara Presser, Sandra Maria Dias da Silva, Marinei Brandão e Ângela Marcílio, todas da TransJordano, empresa com sede em Paulínia (SP), já acostumada a acolher e reconhecer o talento feminino ao volante. As cinco participaram do programa de treinamento oferecido pela Mercedes-Benz aos profissionais da TransJordano. Especializada no transporte de combustíveis, a empresa adquiriu 32 extrapesados Actros no segundo semestre do ano passado e já negociou mais 40
para os próximos meses. João Bessa, fundador da TransJordano, está satisfeito com o trabalho das mulheres em sua frota: “Elas têm mais zelo com o equipamento, usam bem os dados da telemetria e são muito comprometidas com o trabalho”, afirma. O diretor de vendas e marketing da Mercedes-Benz, Ari de Carvalho, reforça: “Eu me sentiria muito mais seguro se tivéssemos nas estradas 90% de motoristas mulheres”. VIAGEM – O “Papo de Mulher no Actros” se deu numa viagem de 120 quilômetros pelas rodovias da região de Paulínia. A motorista Ângela Garcia, que viaja por todo o País levando combustível, observou que, mesmo com a cobrança de pedágio, muitas estradas estão esburacadas e sem segurança, como a BR-163 em Mato Grosso: “O dinheiro do pedágio e dos impostos precisa ser melhor investido”, queixou-
A Voz do Leitor Todo o apoio
Dou todo o meu apoio às mulheres. Vamos dar oportunidade a elas aqui na GGM Transporte. Gerson Marcelo
Sonho
Sonhando aqui em fazer parte de algo tão grandioso. Empresa de visão é outro nível. Erlanda Paula
Carta branca
As mulheres têm carta branca para tudo na área. Dou o maior valor para essas guerreiras que têm fibra e coragem para encarar essa profissão. Luiz Almeida
-se. Ela deixou o trabalho de enfermeira para ser motorista há nove anos e está muito satisfeita com a profissão: “A empresa está com 50 vagas abertas. E as mulheres são muito bem-vindas”, convida. Sandra Maria Dias da Silva destacou
A TransJordano adquiriu 72 Mercedes-Benz Actros
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o Actros
As motoristas da TransJordano: Marinei Brandão, Ângela Garcia, Ângela Marcílio, Alice Presser e Sandra Maria
o conforto do Actros que, a seu ver, é superior aos modelos concorrentes. “Você tem espaço em altura interna e três compartimentos na parte de cima para acomodar suas bagagens, que assim não ficam soltas na cabine. A
A diretoria da TransJordano e a equipe de marketing da Mercedes-Benz
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cama é muito boa, eu já dormi no caminhão. Além disso, o caminhão tem estabilidade e oferece visibilidade ao motorista”, diz. A economia de combustível proporcionada pelo Actros ganhou o
reconhecimento de Alice Mara Presser: “O Actros faz uma média boa e isso nos ajuda, porque nós temos pontuação pela média. É bom também para a empresa, favorece a rentabilidade”.
A família Bessa dirige a empresa: os irmãos Joice, Jordano e os pais e fundadores Cândida e João Bessa
Rádio Escuta
Futuro
Caminhões autônomos, só em áreas confinadas E com motorista dentro! Essa é a visão imediata da Volvo, que já tem desses veículos em operação, inclusive no Brasil Os caminhões autônomos, que já estão em operação, não prescindem da presença do motorista, e a introdução gradativa dessa tecnologia deve acontecer em áreas confinadas, onde não existe trânsito regular. É o que afirma Lars Terling, vice-presidente global da Volvo Trucks, um dos painelistas do Seminário “Tendências Futuras e Inovação”, realizado em Itajaí (SC), quando a Volvo Ocean Race, regata de volta ao mundo patrocinada pela marca, passou pelo Brasil. Veículos autônomos vêm sendo desenvolvidos em todos os segmentos da indústria automotiva, com protótipos ou até em pequena escala comercial, no caso de automóveis. Lars Terling entende que, no caso dos caminhões o cenário é outro. “Acreditamos que
veículos autônomos serão gradativamente introduzidos em aplicações muito específicas, como nas operações de transporte muito repetitivas, nas quais o motorista é submetido a uma rotina extenuante. E apenas em áreas confinadas, sem trânsito regular. Nesses casos, caminhões autônomos ajudam a manter a condução uniforme por muito mais tempo, com menos cansaço e mais segurança”, diz o especialista. A Volvo já colocou veículos em operações reais desse tipo, como numa mineração subterrânea em Boliden (Suécia) e até no Brasil, na colheita de cana-de-açúcar em Maringá (PR). “Importante destacar que os autônomos que já temos não prescindem do importante papel do motorista. Eles continuam sempre atrás do volante, mas
têm sua atuação facilitada pela tecnologia, que garante mais precisão e produtividade”, pontua o executivo. “Os efeitos climáticos, o crescimento da população mundial e a demanda por mais segurança são fatores determinantes para o desenvolvimento tecnológico da indústria automotiva, especialmente em veículos comerciais”, afirma Lars Terling. Em relação à conectividade, também já há inúmeros sistemas que permitem fazer a gestão remota de frotas. Com isso, os transportadores obtêm dados confiáveis para compartilhar com os embarcadores, assegurando grande produtividade logística. Há casos de empresas que tiveram reduções significativas em seus custos operacionais, graças à economia de combustível, prolongamento da vida útil de componentes dos veículos e até redução de acidentes. A montadora também acaba de apresentar na Europa um caminhão elétrico para entregas urbanas. Projetado com foco em operações noturnas, o FL Electric é silencioso e eficiente, podendo rodar até 300 km com uma única recarga. Estará à venda na Europa em 2019. Lars Terling e os modelos autônomos da Volvo em Boliden, na Suécia, (acima) e em Maringá
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Abra os Olhos
Lei do descanso, agora, é geral Passados três anos, a Lei 13.103 passou a valer em qualquer estrada NELSON BORTOLIN Desde o dia 3 de março passado, o artigo 67-C do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que trata do tempo de direção dos motoristas profissionais, passou a valer em todas as estradas do País. Esse artigo foi acrescentado ao CTB pela Lei 13.103, a Lei do Caminhoneiro, publicada há três anos. Até então, as regras só valiam em rodovias que dispunham de pontos de paradas ou locais de descanso suficientes para seu cumprimento. A ANTT tinha uma relação de 20 dessas estradas em seu site. O artigo 67-C diz que, a cada seis horas, o motorista tem que descansar
A Voz do Leitor Não somos máquinas
É preciso fazer valer a Lei do Descanso. Chega de fazer do motorista uma máquina ou um escravo. Motorista é um ser humano. E ninguém olha para essa classe tão sofrida. Eloy De Lazzari
Categoria abandonada
Esse tempo de direção está sendo discutido há mais de 20 anos. Sou membro do Programa de Redução de Acidentes nas Estradas (Pare). A lei foi modificada várias vezes para atender os interesses dos empresários do transporte. Os caminhoneiros são uma categoria abandonada, afastada de suas famílias por imposição de um mercado cruel e desumano. As drogas tomaram conta das estradas. O velho rebite foi substituído por drogas muito mais pesadas. Osmar Gonçalves de Oliveira
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meia hora. Esse tempo pode ser fracionado, mas o motorista não pode ultrapassar cinco horas e meia ininterruptas ao volante. Também diz que esse tempo pode ser estourado, desde que fique claro que o motivo foi chegar a um lugar que ofereça segurança e atendimento para o motorista. Está escrito ainda que, a cada 24 horas, o motorista precisa descansar 11 horas. Mas só oito horas precisam ser ininterruptas. O próprio motorista deve fazer esses controles, anotando tudo num diário de bordo, se o caminhão não tiver um registrador mecânico ou eletrônico instalado. A lei 13.103 foi aprovada no Congresso Nacional sob a liderança da bancada ruralista. A intenção era permitir mais tempo de trabalho aos motoristas do que aquele previsto numa lei anterior, a 12.619. Esta previa descanso de meia hora a cada quatro horas ao volante e 11 horas ininterruptas entre um dia e outro de trabalho. Os ruralistas diziam que aquelas regras encareciam os fretes. Mas, nem mesmo as regras ameni-
zadas pela 13.103 estão sendo cumpridas. “Não há nada a comemorar. Cadê os locais de descanso?”, questiona Norival de Almeida Silva, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos (Sindicam) de São Paulo. “Ninguém fiscaliza nada”, emenda. A lei diz que o poder público deveria adotar medidas, no prazo de cinco anos, ou seja até março de 2020, para ampliar a disponibilidade dos locais de descanso. Sobre isso, nada se sabe. Questionado se a limitação de tempo de direção é importante também para os caminhoneiros autônomos, Norival Silva responde: “Dentro do caminhão, todos somos motoristas e humanos”. Para ele, dirigir cinco horas e meia sem parar é um absurdo. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT), que representa os motoristas empregados, também reclama. “Não estão cumprindo nada”, afirma o representante da entidade, Luiz Antônio Festino. A Carga Pesada perguntou à Polícia Rodoviária Federal se ela está fiscalizando. A resposta foi que essa é, sim, uma atribuição dela. E só.
Rádio Escuta
Inovação tecnológica
Que bicho é esse tal de platooning? Na Europa, a Scania testa a combinação de caminhões que andam nas rodovias acoplados eletronicamente. O nome disso é platooning
LUCIANO ALVES PEREIRA Findo o inverno europeu, os fabricantes de caminhões retornam aos testes de campo. Cada marca tem seu programa. Um deles chama-se platooning, para o qual não temos um nome em português no Brasil. Platooning quer dizer pelotão em ação, com esquadrões manobrando em harmonia uns com os outros. É palavra da área militar. No capítulo dos caminhões, quer dizer comboio de cargueiros enfileirados. Com o platooning, as montadoras de caminhões querem copiar o modo de trabalho dos trens. Um caminhão faz o papel de locomotiva-madrinha, e não só lidera a composição como opera com sincronismo com os demais caminhões, por controle remoto, determinando a forma como eles se movimentam. As filas podem ter dois, três e até mais caminhões. Eles seguem na es-
trada dentro de uma distância padrão, exceto em ocasiões de ultrapassagens. No futuro, pode ser que seja dispensado o trabalho de motoristas nos caminhões que seguem o líder. Por enquanto, eles estão lá, mas o fato é que só o motorista do primeiro caminhão faz a operação de todo o conjunto. A Scania europeia, assim como outras marcas, inclusive as dos EUA, passa a uma fase de testes do platooning que tem a participação de frotistas. Por enquanto, ninguém vai mandar caminhão sem motorista para ruas e estradas. Mas os motoristas ficam nos seus postos mais na condição de assistentes do que de condutores. Transportadoras da Espanha e da Finlândia estão testando os chamados caminhões platoons. A espanhola Acobral se dispôs a conhecer a novidade com dois comboios de três
Scania R 450. Eles estão transitando em rotas de 200 e 350 quilômetros, no interior do país. Em breve os percursos serão ampliados. Também está no projeto a finlandesa Ahola. Esta pretende testar formações de três ou mais conjuntos de caminhões de cinco eixos (40 t de PBTC). A iniciativa dos comboios platoons visa o ganho de produtividade na Europa, um continente onde ninguém gosta de caminhões longos ou de caminhões em comboios – nem o poder público, nem os outros motoristas. Por isso, a tocada de um comboio de três unidades no platooning foi pensada para não trancar a via: os caminhões podem se afastar, para permitir a ultrapassagem de outros veículos. Para as condições brasileiras, o platooning pode chegar não tão tarde assim, já que os regulamentadores nacionais do TRC liberaram arranjos de todos os tamanhos, independente da precariedade das pistas. Do ponto de vista da segurança do trânsito, pode ser até benéfico, impedindo as ultrapassagens suicidas tão frequentes.
A Voz do Leitor Evolução bem-vinda
A evolução da segurança é sempre bem- vinda. Para transportadoras, que podem despachar comboios com potência e cargas balanceadas, deve ser motivo de comemoração e grande economia. O meio ambiente agradece, pois a união faz a força, devendo gerar uma redução no consumo dos veículos. O problema são nossas estradas precárias, com traçados e pavimentos incompatíveis com este tipo de comboio. É um desafio a se equalizar se quisermos evoluir, copiando o que é bom dos demais países. Carlos Alexandre Azevedo, Aracaju
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Implementos
Consórcio Scania e Facchini firmam parceria A partir de julho, será possível comprar implementos pelo consórcio A Scania Administradora de Consórcios assinou contrato com a Facchini Implementos Rodoviários para administrar grupos de consórcio dos produtos fabricados pela Facchini, que tem sede em São José do Rio Preto (SP). Suzana Soncin, diretora-geral do Consórcio Scania, afirma que, com a parceria, “nosso cliente, que está habituado a adquirir todos os produtos Scania com os benefícios do consórcio, poderá também comprar os implementos, completando o conjunto de equipamentos com os quais trabalha”. Segundo ela, “a associação entre as duas empresas com esse fim permitirá ao transportador contar com excelentes produtos em condições que só o consórcio pode oferecer”. Com a parceria, a Facchini, uma das maiores fabricantes de implementos
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rodoviários do País, poderá ampliar o acesso dos transportadores aos seus produtos. O presidente da empresa, Rubens Facchini, diz que “o sistema de consórcio oferece condições excelentes para que isso aconteça, de forma planejada e segura”. Na opinião dele, a Scania tem uma história de credibilidade e sucesso com o sistema de consórcio. “Por isso temos certeza de que esta parceria irá agregar muito para nossos clientes.” A venda dos planos de consórcio dos produtos da Facchini terá início em julho de 2018, após o treinamento da rede de distribuidores e implantação do acesso ao sistema de administração de
A reunião de assinatura do contrato: vendas começam em julho
consórcios utilizado pela Scania. O Consórcio Scania é pioneiro em veículos pesados. Já vendeu mais de 100 mil cotas no sistema que permite o pagamento em até 100 meses, e teve, em 2017, um de seus melhores resultados, quando vendeu R$ 1,2 bilhão em créditos e contemplou mais de três mil cotas.
Passatempo
O GENRO
O GUARDA-CHUVA
Um homem está tomando sua cerveja no balcão de um bar, quando é abordado por um desconhecido que diz: – O senhor esteve aqui três meses atrás! – Talvez, mas como você tem certeza disso? – pergunta intrigado o homem. Diz o outro: – Reconheci o seu guarda-chuva! – Acho que o senhor está errado, três meses atrás eu nem tinha este guarda-chuva. E diz o primeiro: – Eu sei. Mas eu tinha!
O sogro, um rico empresário, já tinha percebido que seu jovem genro não era muito chegado ao trabalho e estava procurando mamata. Parecia que tinha encontrado quando a mulher dele foi até o pai e perguntou: – Papai, por que você não coloca o meu marido no lugar do seu sócio que acaba de falecer? Ao que o pai respondeu: – Fale com o pessoal da funerária, por mim não tem problema nenhum.
PARA-CHOQUES
Na boca de quem é ruim, ninguém presta.
Não sou pipoca mas vivo dando meus pulinhos.
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CRUZADAS Horizontais: 1 – A palavra escrita nas placas que indicam que a via que cruza é preferencial – Uma resposta afirmativa; 2 – Não é tão perto quanto aqui nem tão longe quanto lá – O instrumento com o qual se impulsiona o barco; 3 – A marcha que não impulsiona o caminhão para a frente – Sigla da Agência Estado (de notícias) – É graças a ele que podemos respirar; 4 – O estado de um líquido no fogão, que não está quente nem frio; 5 – O instrumento de fiscalização que mede a velocidade nas estradas; 6 – Ondas Médias – Oferece – Sigla de Objeto Direto (gramática); 7 – Quitado – Adoro; 8 – A medida de uma roda ou pneu – Preparar o café para beber. Verticais: 1 – Casal – Será realizada na Rússia, em junho-julho; 2 – Mais adiante do que você está pensando – Não chega a ter o tamanho de um oceano, mas tem água salgada; 3 – Acha graça – Sigla do estado americano do Oregon – Sigla de Goiás; 4 – Instrumento que serve para sulcar a terra; 5 – O imposto com o qual temos que ajustar as contas com o “leão” anualmente; 6 – Sigla de Sergipe – Ordem dos Advogados – Nem bem nem mal passado: ... ponto; 7 – Objeto que produz um campo magnético e atrai outros objetos – A capital da Itália; 8 – “É uma brasa, ...”, dizia Roberto Carlos, nos anos de 1960 – O que uma pessoa sente quando se machuca.
Soluções: Horizontais – pare, sim, ali, remo, re, ae, ar, morno, radar, om, da, od, pago, amo, aro, coar. Verticais – par, copa, alem, mar, ri, or, go, arado, renda, se, oa, ao, ima, roma, mora, dor.
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