ISSN 1984-2341
ANO XXXI - NÚMERO 181 - CIRCULAÇÃO DIRIGIDA. Agosto / Setembro de 2015 - IMPRESSO (Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT) - R$ 10,00
EXCESSO DE PESO
Sem
controle “Se todo o mundo respeitar os limites de peso, vai sobrar mais carga. Não há dúvida de que, onde tem balança funcionando, os fretes são melhores.” Neuto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTC&Logística
ENTRE NÓS
Abusos e perdas O tema do excesso de peso, capa desta edição, se revelou uma espécie de “ponta do iceberg” da montanha de prejuízos que o País – e cada transportador, individualmente – tem que suportar com o emaranhado de leis e interpretações jurídicas e pressões e contrapressões com as quais temos que conviver neste momento. É o que se observa ali: uma discussão do âmbito das leis do trabalho, que diz respeito à terceirização dos funcionários das balanças do DNIT, faz com que 77 balanças estejam fechadas há mais de um ano em importantes rodovias federais. Com as balanças fechadas, elimina-se essa possibilidade de fiscalização do peso dos caminhões e facilita-se a ocorrência de mortes – isso mesmo, sejamos dramáticos: a ocorrência de mortes – devido aos muitos acidentes de trânsito provocados por avarias mecânicas de caminhões relacionadas com o abuso no peso das cargas desses veículos. A discussão sobre as balanças tem a ver com as leis do trabalho, e essa grave consequência – os acidentes de trânsito, as mortes, e ainda os danos econômicos da desorganização do mercado de fretes – vem parar no transporte e na vida das pessoas comuns. Pergunta-se: um órgão como o DNIT não tem sua assessoria jurídica, que o ensine a cumprir as leis? O DNIT não é um órgão federal importantíssimo, que deve se pautar pela prudência em seus atos, de forma a bem servir o público em suas finalidades, sem transgredir leis, sem ter que levar o Ministério Público do Trabalho (que também é federal!) a exercer o seu dever de obrigar a cumprir leis? Todos os dias têm sido feitas leis e mais leis que desdizem leis anteriores e criam essa confusão de interpretações e desrespeitos na qual naufragam os direitos mais elementares dos cidadãos. É imenso o desgoverno do País e estamos vivendo uma situação em que grupos de todos os matizes políticos tentam impor sua vontade e paralisar a administração pública. Está cada vez mais fácil conseguir isso. Não se sabe onde isso vai dar, mas sabemos quem tem tudo a perder: os mais fracos, como é tradição na história do Brasil.
Nesta edição CARTAS Economizando parafusos
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NOSSA CAPA Excesso de peso é tiro no pé
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REFINANCIAMENTO A enrolação dos bancos privados
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NOTÍCIAS Da Hyundai, Fras-Le e DAF
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LANÇAMENTOS Scania tem Griffin Edition e 8x2
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TECNOLOGIA Volvo desenvolve VM para cana
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GESTÃO DE FROTA Cartão da Mercedes dá descontos
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SEGURANÇA NO TRÂNSITO Um Mercedes já pode frear sozinho!
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MINAS GERAIS Fotos de caminhões, o legado da Caramuru
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PASSATEMPO
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Foto capa: Luciano Alves Pereira DIRETORA RESPONSÁVEL: Dilene Antonucci. EDIÇÃO: Dilene Antonucci (Mt2023), Chico Amaro e Nelson Bortolin. DIRETOR DE ARTE: Ary José Concatto. ATENDIMENTO AO CLIENTE: Mariana Antonucci e Carlos A. Correa. REVISÃO: Jackson Liasch. CORRESPONDENTES: Ralfo Furtado (SP) e Luciano Pereira (MG). PROJETOS ESPECIAIS: Zeneide Teixeira. WEBMASTER: Faticulo Andreo Monteiro. Uma publicação da Ampla Editora Antonucci&Antonucci S/S Ltda-ME. CNPJ 80.930.530/0001-78. Av. Maringá, 813, sala 503, Londrina (PR). CEP 86060-000. Fone/fax (43) 3327-1622 - www.cargapesada.com.br - E-mail: redacao@cargapesada.com.br. Circulação: Agosto / Setembro de 2015 - Ano XXXI - Edição n° 181
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Carga Pesada
CARTAS
Economizando parafusos É isso que está fazendo um empresário nosso leitor, e com certeza não é só ele – até nós, aqui na Carga Pesada, estamos quase trabalhando à noite só com a luz da Lua... Nosso leitor diz que qualquer quilômetro rodado sem necessidade “é prejuízo”. De fato, o tom das cartas e e-mails desta edição é de desabafo com a situação de crise que afeta não apenas o transporte de cargas, mas toda a economia do Brasil. Se é o que os transportadores pensam, então é o que nós publicamos. Porque nestas páginas – você que nos acompanha sabe – não existem intermediários: quem escreve é o leitor.
Cláudio Antônio Pinto – Visconde do Rio Branco (MG)
Governo
Tratam a gente como bandidos Minha reclamação é para o pessoal do governo. Vocês, que têm o poder da administração na mão, podiam pensar também nos motoristas de caminhão. Porque somos nós que transportamos o progresso do Brasil. Somos nós que levamos os alimentos para a sua mesa, para a sua família. O transporte no Brasil não pode parar, porque muitas pessoas que dependem do trabalho dos motoristas de caminhão vão passar fome, sede,
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vão ficar sem combustível, sem frutas, verduras, carne, leite, roupas e calçados. O que eu não entendo é: por que somos tratados como bandidos, se tudo neste Brasil depende dos motoristas de caminhão? Amilton Batista Alves – Guaratinga (BA)
boas e algumas ruins. Peço a Deus que melhore as condições políticas do nosso país, e para que os políticos olhem com mais respeito para os motoristas que carregam o Brasil sobre rodas rumo a um futuro que, neste momento, é incerto e cheio de buracos. Paulo R. Sales – Rolândia (PR)
Os buracos do futuro Meu dia a dia é atrás de um volante, transportando pessoas pelas rodovias do Paraná e de São Paulo. Cada viagem é um desafio. Na estrada, vejo muitas coisas
Cotidiano
Segurança
Terra sem lei Tenho que continuar a reclamar do trecho da BR-116 na Bahia, entre Euclides da Cunha e Ibó, na divisa com Pernambuco. Em pouco mais de 200 km, não tem nenhum posto da Polícia Rodoviária Federal. É uma terra sem lei, onde quem manda são os bandidos, que praticam assaltos a qualquer hora do dia e da noite. No último assalto, roubaram mais de 15 carretas. Estamos abandonados naquele trecho.
Quer benefícios? Pague! Eu gosto desta frase: é bom ser importante, mas o importante é ser bom. Os postos de combustíveis não andam nada bons. Se você não abastece, para você não existem benefícios, e só resta usar banheiros em estado precário. Se você quiser tomar banho, quem abastece ganha um “vale-banho”, mas se não abastece tem que pagar de 5 a 10 reais. Outra coisa que é uma realidade: a lei fala em horários de descanso e de trabalho, mas as firmas não querem saber de descanso, não... Ely Armando Tedesco – Caxias do Sul (RS) Carga Pesada
CARTAS
O autônomo parou o caminhão Sou autônomo e a verdade é que não estava conseguindo cobrir os custos do meu trabalho, que estavam maiores do que o valor dos fretes. O que fiz foi o seguinte: parei o caminhão e estou trabalhando de empregado, até que as coisas voltem ao normal. Reno Bezerra dos Santos – Itaguaí (RJ)
Economia
Menos impostos é o caminho Antes trabalhávamos com prazer, hoje trabalhamos com dor. O brasileiro tem que parar de pedir aumento de salário, deixar de pedir para baixar o preço do óleo diesel e do pedágio, e começar a exigir a redução da carga de impostos, que é muito alta. Então teremos uma melhoria do poder de compra. Nosso problema é que a maioria das pessoas é analfabeta funcional e não sabe dessa diferença. Temos que começar a levar esse esclarecimento por algum lugar. Precisamos nos unir! Ilson da S. Vanderlind S. Francisco do Sul (SC)
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Custos
Uma fórmula para melhorar Penso que a melhor maneira de enfrentar a crise é valorizando o frete e diminuindo ao máximo as despesas, mas considero de fundamental importância que as transportadoras e autônomos sem dívidas, ou que possam ficar parados, que o façam. Meu raciocínio é: como no nosso negócio o valor do frete é determinado pela lei da oferta e da procura, se faltarem caminhões e transportadoras o frete vai subir e os especuladores do negócio do frete vão ter de mudar de ramo. Com isso, o nosso negócio volta ao normal.
Fretes
Osvaldo Silva – Santa Bárbara d’Oeste (SP)
Contando parafusos Como empresário, posso dizer que a atual crise está abalando os que atuam no transporte. Meus caminhões estão trabalhando de uma maneira que um parafuso já faz muita diferença. Um único quilômetro rodado sem necessidade representa um grande prejuízo. Estamos cuidando rigorosamente dos gastos, fazendo conta dos fretes por quilômetro rodado, para poder sair dessa situação. Esperamos melhoras e, até que essa melhora chegue, vamos continuar orando e trabalhando. Edno Aguiar da Silva – Umuarama (PR)
Marco A. Varella Scherer – Santa Maria (RS)
Os leitores contemplados com nossos brindes, sorteados entre aqueles que nos enviaram o cartão-resposta com seus comentários, são os seguintes: Marcio Andreiejeswki, de Itaiópolis (SC), ganhou um exemplar do belíssimo livro de fotografias “Vida na Boleia”, feito pelos fotógrafos gaúchos Ita Kirsch e Bala Blauth; e Ilson Vanderlind, de S. Francisco do Sul (SC), receberá gratuitamente, em casa, as edições da Carga Pesada, por um ano.
Sorteio
O Osvaldo pede prudência Mando para vocês algumas frases de alerta aos caminhoneiros para o aumento da segurança no trânsito nas estradas: 1) Mantenha seu veículo em forma, pois a vida não tem reforma. 2) Caminhoneiro com pressa perde a vida mais depressa. 3) Na estrada ou na avenida, minha preferência é a vida. 4) Motorista, a falta de atenção pode tirar você de circulação. 5) Tempo perdido não se recupera. 6) Não pense só no desejo de correr, mas na alegria de viver. 7) Prudência na estrada, garantia de chegada. 8) Um acidente de trânsito pode deixar marcas que desculpas não apagam. 9) Segurança na partida é certeza de chegada.
Carga Pesada
Todos juntos fazem um trânsito melhor.
Apresentamos nossas máquinas do tempo.
A Volvo se antecipa e faz hoje o que vai ser novidade amanhã, transformando inovação em resultados para seus clientes e a sociedade.
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CARTAS
www.cargapesada.com.br O peso do excesso de peso Sei que é errado transportar excesso de peso, mas às vezes é o jeito, porque o valor do frete está lá embaixo e o diesel não para de subir. Só que eu acho que não compensa, porque o excesso de peso acaba com o caminhão e com as rodovias. Douglas Zanatta – Urussanga (SC)
MOPP para um botijão de gás? Em Ibotirama (BA), policiais rodoviários federais estão recolhendo os botijões de gás da cozinha de caminhão dos motoristas que não fizeram o curso de Movimentação e Operação de Produtos Perigosos (MOPP), em evidente abuso de autoridade. A “operação” se alastra por todas as rodovias federais. Os policiais querem aumento salarial e querem encher os cofres do governo pra justificar seu pedido. Enquanto isso nós, pequenos transportadores, motoristas, ficamos no meio do caos no nosso trabalho.
fiscalizando, o documento que confirme a caracterização da infração. José Carlos, via internet
Quem é o perigo real Entre Recife e Natal, na BR-101, a preocupação dos policiais da PRF deveria ser em retirar os animais (cavalos, jegues) da pista. Eles representam um perigo real! Mas é mais fácil inventar pretextos (como a questão da diferença dos desenhos dos pneus) para multar o trabalhador, que tenta ganhar o pão de cada dia honestamente. Só no Brasil a multa é considerada o melhor meio de educar. Na verdade, o que interessa é arrecadar dinheiro de quem mal tem condições de cuidar da família e fazer com que os filhos estudem.
A alegria do Wellington Wellington Márcio da Torre, de Contagem (MG), é o sortudo que fez seu cadastro no ícone “Concorra a brindes”, do nosso site, e ganhou a bela miniatura do Volvo FH que ele está mostrando na foto. Parabéns pro Wellington! Preencha o cadastro no site e concorra também. Temos para sortear outra miniatura do Volvo e o novo CD de Sula Miranda, que tem apoio cultural do Truck Pad.
Mário, via internet
Paulo, via internet
Exigência indevida Em relação ao que escreveu o leitor Paulo, isso não existe... Para o transporte de até 450 kg de material inflamável ou perigoso, não é necessário portar o certificado de MOPP. Há que exigir do policial rodoviário, ou de quem estiver
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Carga
Pesada
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BALANÇA
Excesso de peso, Carregar excesso de peso em caminhão é costume antigo, que traz mais prejuízo do que vantagem, como revela esta reportagem. Mesmo assim, muitos assumem o risco. Mas o Ministério Público Federal decidiu agir: está processando, na Justiça, aqueles que insistem nessa infração, apesar das multas que levam Nelson Bortolin Os dados são só de Mato Grosso, porque a Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse que não tem números nacionais: este ano, até 13 de agosto, foram multados 666 caminhões com excesso de peso naquele Estado. Juntos, eles carregavam pouco mais de 4,2 mil toneladas além do permitido – cerca de 6,4 toneladas por veículo. Se todos estivessem dentro da lei, sobraria carga para mais 114 viagens de bitrem. Com essa amostra, dá para imaginar que são milhares as viagens de caminhões com excesso de peso pelo Brasil afora, ainda mais com as 77 balanças do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) inoperantes por causa de uma decisão da Justiça do Trabalho, desde outubro do ano passado (veja
na pág. 16). A falta de pessoal nos órgãos de trânsito impede que muitas balanças funcionem também nas rodovias estaduais e nas concedidas à iniciativa privada, porque a lei diz que uma multa só pode ser aplicada por um agente público. Um levantamento feito pela Carga Pesada na seção de notícias do site da PRF mostrou que, em 10 blitze, foram flagrados 55 caminhões que levavam mais peso que o permitido, num total de 428,2 toneladas – 7,8 toneladas em média por veículo. Isso significa que eles “roubaram” carga suficiente para 11,5 viagens de bitrem. Entre as notícias, está o flagrante de um rodotrem carregado de areia que pesou 132,3 toneladas (carga líquida mais tara) – um excesso de 58,3 toneladas, num PBTC que não poderia ultrapassar 74 toneladas. A multa, aplicada em abril deste ano em
Mossoró (RN), foi de R$ 39 mil. O Núcleo de Estatísticas da PRF informou que, de janeiro a julho, o excesso de peso em caminhões multados em todo o País somou mais de 72 mil toneladas, mas não soube dizer a quantos veículos esse total se refere. Transportar peso além do limite pode parecer vantagem, mas quem faz as contas logo vê que não é. O excesso de peso de um caminhão desgasta o pavimento, cujo conserto é pago com os impostos de todos, põe em risco a vida de quem está na estrada e acelera a depreciação do veículo. Além disso, representa concorrência desleal. “Se todo o mundo atender a lei, vai sobrar mais frete. É fácil perceber que, onde tem balança funcionando, os fretes são melhores”, ressalta o diretor técnico Área de testes de peso de caminhões da UFRGS: a vida útil do pavimento pode ser reduzida em 60%
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Carga
um tiro no pé Fala, caminhoneiro
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Tem embarcador que não deixa carregar excesso de peso. Mas, mesmo assim, muitas vezes acontece de ter problema com excesso nos eixos. A balança no embarcador só pesa o total. Pra mim, balança virou fábrica de dinheiro para o governo.
Balança x caminhão: rixa antiga e sem fim. Respeitar os limites de peso seria melhor para todos
da NTC&Logística, Neuto Gonçalves dos Reis. “E ser contra o excesso de peso é uma questão de bom senso: você não deve estragar na ida o pavimento que você vai usar para voltar”, ressalta. O engenheiro João Fortini Albano, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), escreveu uma tese sobre a influência dos excessos de carga na durabilidade dos pavimentos e calcula que os caminhões carregam, em geral, 20% de excesso de peso no Brasil. “Esse problema se deve à ganância de alguns transportadores e ao desleixo e à inoperância da fiscalização pelo governo”, declara. Fazendo testes em laboratório e exames no asfalto da BR-386, no Rio Grande do Sul, Albano constatou que o excesso de peso dos caminhões reduz a vida útil do pavimento em 25% a 60%. Ele critica o recente aumento da tolerância do excesso por eixo de 7,5% para 10%, determinado pela Lei 13.103. “Quando o pavimento é construído, ele não Pesada
leva em conta nenhuma tolerância”, declara. O engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, da Transtech, de Curitiba (PR), lembra que o prejuízo do excesso de peso para o veículo é muito grande, com danos principalmente à suspensão, como quebra de feixe de molas e de ponteiro de eixo. “Pneus e outros itens da suspensão também sofrem, sem contar o aumento do consumo de diesel”, explica. Mas as avarias não surgem todas ao mesmo tempo, por isso o transportador não percebe a relação delas com o fato de levar mais peso. “É como fumar apenas um cigarro por dia e depois ter câncer: você achava que aquele pouquinho não era perigoso, mas era.” No trânsito, alerta ainda o engenheiro, caminhão com excesso de peso tomba mais fácil e precisa de mais espaço para frear. “Tudo isso pode provocar acidentes graves. O excesso de peso, associado à falta de manutenção dos veículos, é a maior causa de acidentes com caminhão.”
Mauro Henrique, 45 anos, empregado de Ibaiti (PR) A falta de conhecimento, aliada à crise, leva o caminhoneiro a tomar decisões precipitadas, como transportar excesso de carga. Além de aumentar o risco de acidentes, isso contribui com o desgaste prematuro das peças e pneus. Eu acho que excesso de peso não é solução, nem mesmo em tempos de crise e balanças fechadas. Sebastião Félix Soares Jr., caminhoneiro de Paulista (PE)
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BALANÇA Na nota, não tem tolerância O chefe de fiscalização de trânsito da Polícia Rodoviária Federal, Stênio Pires, afirma que há duas maneiras de fazer fiscalização de excesso de peso: pela nota fiscal e pela balança, sendo que, no primeiro caso, não existe tolerância. Se um veículo pode levar 30 toneladas de carga e na nota fiscal estiver escrito 30,1 toneladas, ele será multado. Pires observa que, mesmo com as balanças do DNIT fechadas, a PRF consegue fazer um bom trabalho de fiscalização. “Tem agente que, só de bater o olho no veículo, só de ouvir o ronco do motor, já sabe se há excesso de peso. Às vezes a nota fiscal é fracionada, mas o policial percebe que há excesso de carga, vai até a boleia e encontra outra nota”, informa. Além disso, a PRF tem convênio com a Associação das Secretarias Estaduais da Fazenda e, por isso, pode utilizar as balanças localizadas nas divisas de Estados. O chefe da delegacia da PRF em Rondonópolis, inspetor Luís Carlos da Silva, por seu lado, acha que o problema do excesso de peso das cargas dos cami-
nhões se agravou devido ao fechamento dos postos de pesagem do DNIT. Mas deve diminuir, lá na região dele, assim que a concessionária Rota do Oeste, que assumiu a BR-363, instalar suas balanças. “Uma delas ficará perto do Terminal da ALL”, afirma o inspetor. Por enquanto, a Rota do Oeste está com uma balança não homologada em frente ao posto da PRF em Rondonópolis. “Não serve para a aplicação de multas, mas quando um caminhão é flagrado com excesso de peso naquela balança, nós somos informados e levamos o caminhão para pesar numa homologada pelo Inmetro para checar”, ressalta o inspetor. O problema do excesso de peso também está presente nas vias pedagiadas. O diretor de desenvolvimento e tecnologia da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Flávio Freitas, conta que a operação das balanças no trechos privatizados varia de acordo com os contratos. A maioria fica a cargo das concessionárias. Mas só quem aplica a multa é o agente público. “Em alguns locais as balanças não estão funcionando
Fala, caminhoneiro
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Não carrego excesso de peso: não dá lucro e a empresa não autoriza. Às vezes, na hora de carregar, o operador da empilhadeira coloca a carga um pouco mais para a frente ou para trás e dá excesso nos eixos, mas dentro dos limites. Antonio Aparecido Pereira, empregado, 56 anos, São José dos Pinhais (PR)
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Posto de pesagem abandonado na BR-040 em Carandaí, Minas Gerais: ação do MPT questionou a terceirização da mão de obra
por falta de agentes. Se não existe o agente, a balança fica fechada.” Isso acontece, segundo ele, nas rodovias pedagiadas do Estado de São Paulo. Carrego explosivos, armas e munições para o Exército, não tenho problemas de excesso de peso com esse tipo de carga. Mas outro dia fui buscar uma carga de 23 toneladas de defensivo agrícola, sendo que a capacidade era 25 toneladas, e deu excesso de 410 quilos na tração. Fui multado em R$ 101. Eu sou contra levar peso a mais. Só serve para gastar pneu e óleo. Antonio Vilson Jorge Shwab, 51 anos, autônomo de São Leopoldo (RS) Carga
Fala, caminhoneiro
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Eu transporto óleo (em lata) paletizado. A carga é padronizada, mas mesmo assim às vezes dá excesso em eixo. Não levo excesso. Hoje mesmo estou com 27 mil quilos e a capacidade da Vanderleia é para 35 mil.
Reinaldo de Almeida, 41 anos, empregado de Cerquilho (SP)
Justiça condena transportadoras Se o infrator não aprender com as multas, transportadores e embarcadores que “se acostumaram” a levar excesso de carga estão sendo processados pelo Ministério Público Federal (MPF). Há dois anos, o órgão conta com um grupo de trabalho de excesso de carga, coordenado pelo procurador regional da República da 1ª Região (Brasília), Edmar Machado. Machado diz que muitas empresas assinam termos de ajuste de conduta com o MPF se comprometendo a mudar seu modo de agir e o assunto se resolve aí, mas as mais teimosas são processadas e têm sido condenadas. “Temos muitas decisões favoráveis.” Pesada
O MPF decidiu atuar com energia, segundo Machado, porque trafegar com excesso de peso significa causar uma série de problemas para a sociedade. “O infrator deve responder à Justiça porque danificou o pavimento, causou dano moral, acarretou um risco maior a todos que trafegam pela rodovia e violou a concorrência, no caso das empresas de transporte. São motivos para ele pagar uma indenização à sociedade”, declara. Em geral, as indenizações que as empresas estão sendo condenadas a pagar giram em torno de R$ 10 mil por infração. “Fizemos um estudo onde propomos a apuração desse valor considerando o porte da empresa e o número de infrações”, explica o procurador.
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BALANÇA DNIT diz que vai modernizar postos de pesagem As 77 balanças do DNIT (chamadas de PPVs – postos de pesagem de veículos) estão paradas desde outubro do ano passado porque o Ministério Público do Trabalho (MPT) questiona a terceirização de seus funcionários. A assessoria do DNIT informa que recorreu da decisão da Justiça e que está negociando um acordo com o MPT para reativá-las. Ao mesmo tempo, está em projeto um novo sistema de pesagem de veículos, chamado de Postos Integrados de Fiscalização (PIAFs), que irão substituir os PPVs. Com ele, os veículos serão pesados na velocidade normal da pista, através de sensores. Só entrará no posto de pesagem o veículo em que for detectado excesso de peso, e será autuado.
Fala, caminhoneiro
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Não existe mais balança, elas estão desativadas. E o embarcador diminui o valor do frete por tonelada para o caminhoneiro se sujeitar a levar mais. Ele diz que paga tal valor e que não vai pesar a carga. Você já sabe que vai ter excesso. Você escolhe se quer levar.
Claudemir C. dos Santos, autônomo de Londrina
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Quem deve pagar a multa? De quem é a responsabilidade legal pelo excesso de peso em rodovias? Quem deve ser multado? Ninguém sabe exatamente as respostas para essas perguntas depois que saiu a atual lei do caminhoneiro (13.103), em março deste ano, dizendo o seguinte: “O embarcador indenizará o transportador por todos os prejuízos decorrentes de infração por transporte de carga com excesso de peso em desacordo com a nota fiscal, inclusive as despesas com transbordo de carga”. Acontece que o Código de Trânsito Brasileiro atribui responsabilidades tanto para transportadores como para embarcadores em caso de excesso de peso, e define três situações: 1º - a multa vai para o embarcador quando houver excesso de peso no veículo no qual ele é o único remetente da carga, e se o peso declarado na nota fiscal for inferior ao aferido;
2º - a multa vai para o transportador quando a carga pertencer a mais de um embarcador; 3º - a multa vai para ambos quando o peso declarado na nota fiscal for acima do limite legal. A inclusão da questão das balanças na Lei 13.103 se deveu à pressão dos caminhoneiros na greve do início deste ano. Aparentemente, a intenção foi atribuir sempre ao embarcador a responsabilidade pelo excesso de peso. A Carga Pesada questionou a PRF quanto à contradição entre as duas leis e perguntamos qual é a norma que está sendo seguida, mas não tivemos resposta até o fechamento desta edição. A assessoria jurídica da NTC&Logística ainda estudava o assunto. Pelo código de trânsito, o motorista do caminhão, se não for o transportador, não tem responsabilidade pelo excesso de carga. Ele só será penalizado se fugir da balança. Carga Pesada
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Carga Pesada
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Carga
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REFINANCIAMENTO
Bancos pedem tempo para receber pedidos O problema é que a crise avança e quem estiver com prestações atrasadas terá dificuldades para obter o benefício Nelson Bortolin Como quem ganhou, mas não levou. Foi assim que se sentiu o caminhoneiro ou microempresário de transporte que procurou o banco para prorrogar o pagamento do seu caminhão que está financiado com recursos do BNDES. O benefício foi concedido pela lei federal 13.126 e regulamentado pela circular 26 do BNDES, ambas de maio deste ano. E visa atender as reivindicações da greve de caminhoneiros do início do ano. A lei autoriza os bancos a refinanciarem 12 parcelas de caminhões adquiridos com recursos do BNDES (Procaminhoneiro e PSI). Elas são jogadas para o fim do contrato e o transportador fica sem pagar as 12 primeiras prestações após a assinatura do novo contrato. Os juros dessas parcelas refinanciadas são de 6% ao ano para aqueles clientes cujas taxas originais são inferiores a essa. Quem paga acima de 6% ao ano, permanece com a mesma taxa para as parcelas renegociadas. Até o fechamento desta edição, somente três bancos haviam aderido ao chamado Refin, de refinanciamento: Banco do Brasil,
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Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob). Dia 13 de agosto, o BNDES informou, em audiência na Câmara dos Deputados ( foto ao lado), que os três bancos tinham feito, no total, 291 contratos. Na mesma ocasião, o diretor adjunto de Negócios da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian, disse que todos os bancos irão aderir, mas demora. “O BNDES expediu a circular com as instruções no dia 3 de julho. Precisamos de 90 dias para fazer as adaptações necessárias nos nossos sistemas”, declarou. Ou seja, os bancos particulares começarão a receber pedidos em outubro. O limite para o cliente dar entrada é 31 de dezembro. Quem estava na expectativa de obter o benefício era Fábio José Mendes, microempresário de Gravataí (RS). O assunto dele é no Banco do Brasil. “É uma batalha. Não vejo a hora dessa novela acabar. O banco disse que está tudo certo, mas só terei sossego quando assinar o papel”, contou o gaúcho. A Carga Pesada acompanhou o périplo de Mendes para conseguir que o BB aceitasse seu pedido. Várias vezes, o banco alegou que só iria atender os clientes do Procaminhoneiro. Mas a lei e a circular estendem o benefício aos microempresários com faturamento de até R$ 2,4 milhões por ano, que adquiriram caminhões pelo BNDES PSI. Foram várias semanas até que o banco, em Gravataí, decidiu atender o gaúcho.
“A situação está difícil. Meu movimento caiu 60%. O jeito está sendo gastar as economias”, declarou o caminhoneiro. Ele disse que o banco só fez o refinan-
Entrar na justiça Embora a lei não obrigue os bancos a fazerem o refinanciamento, alguns advogados entendem que é possível obter o benefício na Justiça. A Carga Pesada conversou com dois que já entraram com ações individuais de transportadores contra os bancos. Eles esperam obter liminar. Até o fechamento desta edição, no entanto, nenhuma havia sido concedida. O advogado Gilson Hugo Rodrigo Silva, de Cascavel (PR), ingressou com três processos, contra a Caixa Econômica Federal, o Itaú e o Bradesco. Pediu liminar, porque “existe o risco de busca e apreensão do caminhão em caso de inadimplência”, mas estava aguardando a decisão do juiz no fechamento desta edição. Em Cuiabá, o advogado Jair Demétrio também entrou com ações para tentar garantir o refinanciamento aos clientes transportadores. Não havia ainda decisão de liminar. Ele também está propondo outro tipo de ação para quem já está inadimplente e não conseguirá refinanciar. “Temos clientes com oito, 10 caminhões, que não conseguem Carga
Apreensão por desenhos diferentes em pneus ciamento porque não havia nenhuma prestação atrasada. Dedução: os que mais precisam, provavelmente, não vão conseguir.
é alternativa
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) nega, mas vários transportadores procuraram a Carga Pesada para denunciar que policiais rodoviários estão fazendo operação-padrão nas rodovias brasileiras, principalmente em Mato Grosso, e atrasando a vida deles. Os policiais querem aumento de salário. A operação-padrão é um tipo de protesto que compreende um rigor excessivo nos procedimentos de fiscalização.
Segundo os denunciantes, os policiais estão multando e retendo caminhões com desenhos diferentes na banda de rodagem de pneus, o que não tem amparo em lei. E também quando as plaquetas e faixas do implemento não obedecem exatamente o local onde devem ser afixadas. A Carga Pesada questionou a PRF em Brasília se há alguma operação-padrão em curso. A resposta foi negativa.
pagar prestação há seis meses. Queremos renegociar a dívida, impedir juros e multas abusivos e evitar busca e apreensão dos veículos”, contou. Para o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Francisco Beltrão (Sindicat/Sudoeste do Paraná), Janir Bottega, os bancos não têm interesse em agilizar o refinanciamento. “Eles oferecem R$ 20 mil de limite de cheque especial, com juros de 11% ao mês, para o caminhoneiro que está com dificuldade de pagar a prestação. Por que iriam se apressar para fazer um financiamento com juros de 6% ao ano (do Procaminhoneiro)?”, questionou. CONTATOS DOS ADVOGADOS Gilson Hugo Rodrigo Silva Telefone: (45) 9924 0936 e-mail: gilson.hrs@gmail.com Jair Demétrio Telefone: (65) 3637 0058 e-mail: atendimento@jairdemetrio.adv.br Pesada
Policiais rodoviários estariam fazendo operação-padrão; o comando nega
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NOTÍCIAS Fras-le é campeã no Época Negócios 360o A Fras-le foi declarada campeã do setor de Veículos e Autopeças e está entre as 250 melhores empresas do País, segundo pesquisa divulgada no dia 13 de agosto pelo Anuário Época Negócios 360º. Celiz Frizzo, gerente de recursos humanos, recebeu o prêmio em nome da empresa, em cerimônia realizada em São Paulo. Os critérios avaliados foram desempenho financeiro, responsabilidade socioambiental, práticas de RH, governança corporativa, visão de futuro e inovação. Para o superintendente da Fras-le, Pedro Ferro, a postura da empresa é sempre buscar a superação nas metas, sem descuidar dos aspectos que geram sustentabilidade e responsabilidade socioambiental. “Toda conquista é bem-vinda, por isso procuramos sempre valorizar os públicos envolvidos em nossa atividade”, comenta o diretor.
Celiz Frizzo, gerente de RH da Fras-le, recebe o troféu
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Hyundai HR é o preferido para food truck
O Hyundai HR, produzido pela CAOA Montadora, em Anápolis (GO), é o preferido no segmento de food trucks, segundo a revista Quatro Rodas. A camioneta da Hyundai já tinha recebido o Prêmio Lótus, da Frota & Cia, como o mais vendido, pelo oitavo ano, e depois foi a campeã geral entre os utilitários com o maior valor de revenda, título dado pela Agência Autoinforme com base em pesquisa da Molicar.
A camioneta HR tem um espaço só para ela na internet, criado numa parceria com o portal de notícias MSN, no endereço http:// www.msn.com/pt-br/carros/negocios-sobre-rodas, cujo foco são os empreendedores. “A intenção do canal não é somente falarmos sobre o HR, mas abranger o leque de atuação em todo o setor de utilitários de carga, oferecendo dicas para que os pequenos e médios empreendedores possam usar estes veículos para superar o momento econômico difícil que estamos vivendo”, explica Juliana Pompéia, diretora de Marketing da Hyundai.
XF105 pode ser 100% financiado pelo Finame A DAF anunciou em agosto que toda a linha do XF105 já pode ser financiada em 100% dentro do programa Finame PSI, porque o índice de nacionalização de peças e componentes ultrapassou 60%, uma exigência do BNDES e do Inovar-Auto. A linha XF105 é comercializada nas configurações 6×4 e 6×2 e com potências do motor Paccar MX de 12,9 litros de 410 cv, 460 cv e 510 cv. Na Fenatran, em novembro, a DAF lançará o CF 4×2 de 360 cv e
Luis Antonio Gambim
410 cv, além da “Super Space Cab”, uma cabine com 2,10 m de altura interna. “Estamos em uma curva inversa do mercado: estamos contratando e investindo. Nossa fábrica (em Ponta Grossa – PR) tem 200 funcionários e não cinco mil. Nós não temos gordura, só músculo. É um momento de oportunidade”, afirma o diretor comercial da DAF, Luis Antonio Gambim. No mês passado, Antenor José Frasson Jr. assumiu a direção de vendas da companhia.
Antenor José Frasson Jr. Carga Pesada
O Ministério da Cultura apresenta:
Projeto teatral comemora 15 anos nas festas da Via Dutra
Era julho do ano 2000 quando foi apresentada a primeira versão da Caravana Ecológica nas festas para caminhoneiros da Via Dutra. Passados 15 anos, o projeto da revista Carga Pesada, com participação da Escola Municipal de Teatro de Londrina e patrocínio do Ministério da Cultura e da Volvo, mais uma vez levou teatro e ecologia para caminhoneiros e familiares nas tradicionais Festa do Carreteiro, em Aparecida, e Festa do Caminhoneiro, no Posto Sakamoto, em Guarulhos. A Caravana Ecológica já percorreu milhares de quilômetros pelas estradas brasileiras,
falando a caminhoneiros, suas famílias e ao público em geral sobre a necessidade de combate ao tráfico de animais silvestres nas rodovias, para a preservação da diversidade da vida no Brasil e no planeta. Nestes 15 anos, as apresentações trataram da importância de se preservar as matas e a água potável, esforço resumido
no slogan ESTRADA VERDE, ÁGUA LIMPA. E da economia de diesel, já que A ECONOMIA É AMIGA DA ECOLOGIA. A cada ano, uma nova montagem teatral é preparada, com figurinos sempre coloridos e impactantes, como a enorme arara-vermelha da primeira versão, depois caixas de bonecos, marionetes, dança e circo, tudo embalado pela magia da música em trilhas originais. A Caravana Ecológica leva diversão, emoção e faz pensar. Saiba mais sobre o projeto visitando o site www.caravanaecologica.com.br.
LANÇAMENTOS
Scania apresenta a série São caminhões com itens adicionais, mas a preço igual ao dos modelos de série
A escolha do caminhão tem que ser técnica, mas é inegável que a emoção também está presente na definição da marca a ser adquirida. Pensando nisso, a Scania lançou sua série Griffin Edition, com pintura especial, recheada de opcionais e baseada no conceito Streamline. A novidade pode vir nas versões R 440 ou R 480 nas configurações 6×2, 6×4 ou 8×2, todas equipadas com Retarder e faróis de xenônio. O lançamento foi em Ribeirão Preto, terra da concessionária Escandinávia, do Grupo Tarraf, e teve show de Renato Teixeira, autor do hino das estradas, a música Frete, trilha do seriado de TV Carga Pesada. O mesmo presente será oferecido aos clientes de Rondonópolis, Maringá e Goiânia, em outros lançamentos regionais da série. Os profissionais que “conhecem cada palmo deste chão” não economizam ao demonstrar sua paixão pela marca Scania, que tem quase 60 anos de presença no Brasil. Os comunicadores da montadora apresentaram vários exemplos de caminhoneiros e caminhoneiras que exibem tatuagens relacionadas à marca e até o caso de uma mãe que batizou a filha com o nome Scania. Com o propósito de alavancar negócios em ano de sensível queda nas vendas, os caminhões da Griffin Edition vêm com itens que, comprados em separado, somariam uns R$ 30 mil. Mas a Scania promete manter o mesmo preço dos caminhões de linha, ou seja, de R$ 420 mil para o modelo básico de 440 cv 6×2 a R$ 550 mil para o recém-lançado 8×2. “Estamos unindo um objeto de desejo com uma máquina de excelente desempenho, rentabilidade, disponibilidade, produtividade e redução de custos operacionais”, afirmou Victor Carvalho, diretor de vendas de caminhões da Scania. O nome Griffin Edition teve origem na imagem do grifo, símbolo de poder divino e guardião de tesouros, presente no escudo
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da cidade sueca de Malmo, onde a Scania começou sua história, e mais tarde nos caminhões da marca. A série especial inclui pacote para dois anos do programa de manutenção Premium e 15% de desconto na compra do seguro único Scania. “Serão dois anos sem se preocupar com gastos de manutenção e reparações”, afirma Fabio Souza, diretor de serviços da Scania. DIFERENCIAIS – Os Scania R 440 e R 480 6×2, 6×4 ou 8×2 da Griffin Edition são equipados com motores de 13 litros, que geram 440 e 480 cavalos de potência e desenvolvem torque de 2.300Nm e 2.400Nm. O peso bruto total combinado (PBTC) dos modelos é de 56 toneladas (6×2), 74 t (6×4) e 54,5 t (8×2). Foram escolhidas para a edição especial a cabine R Highline e a exclusiva cor cinza carbono. Os faróis são de xenônio e as lanternas de LED. No interior da cabine, existe um grifo luminoso central atrás dos assentos. O animal
mitológico também está presente nos tapetes e nas calotas das rodas dianteiras. O Griffin Edition está equipado com caixa automatizada Scania Opticruise e com o piloto automático inteligente Ecocruise, além do Retarder, o sistema de freio hidráulico auxiliar que em sua terceira geração propicia potente frenagem de mais de mil cavalos.
O volante de couro: um dos diferenciais do interior da cabine da série Griffin Edition
...e seu cavalo
Composição leva várias vantagens em relação ao bitrem e à “vanderleia” A Scania apresentou na fábrica de São Bernardo do Campo o seu cavalo mecânico R 440 na versão 8×2, com capacidade para 54,5 t de PBTC e 37 t de carga líquida. Desenvolvido em conjunto com o Grupo G10, de Maringá (PR), ele tem dois eixos direcionais, roda com carreta de três eixos e se encaixa entre a “vanderleia” (tração 6×2, carreta de três eixos espaçados e capacidade para 53 t) e o bitrem (sete eixos, tração 6×4, com duas carretas de dois eixos e capacidade para 57 t). Mas o 8×2 leva algumas vantagens em relação a estas duas composições, sobretudo no transporte de grãos. Não tem restrições em tombadores de descarga, como tem o
bitrem, que é articulado. Tem muito menos arraste que o provocado pelos eixos espaçados da “vanderleia”. E ainda tem maior produtividade que o bitrem de nove eixos, que só pode rodar de dia. Foram mais de nove mil horas de trabalho de uma equipe de 25 engenheiros da Scania que se deslocou para a concessionária P.B. Lopes, de Maringá (PR), onde os testes e ajustes foram feitos, visando a homologação do novo modelo. Desde que, em janeiro de 2011, a Resolução 201 do Contran obrigou a usar cavalo (novo) com tração 6×4 para puxar bitrem, transportadores começaram a procurar alternativas. “O consumo de combustível do 8x2 é de Carga
especial Griffin Edition...
8×2 de fábrica 6% a 8% menor que no bitrem com cavalo 6×4, e o custo de aquisição também é menor”, comparou Valdecir Adamucho, diretor do G10, durante o lançamento. Em sua frota de 1.600 caminhões, o G10 já possui 200 conjuntos 8×2. Além do custo de cerca de R$ 35 mil, em média, cada caminhão adaptado em oficina leva pelo menos 30 dias para ser homologado. “Estamos trazendo um modelo com 100% de garantia de fábrica para o quarto eixo, com todas as suas vantagens e sem nenhum tipo de adaptação”, explicou Victor Carvalho, diretor de Vendas de Caminhões da Scania no Brasil. Valdecir Adamucho, do G10, Henrique Gomes e Daniela Lopes, da concessionária P.B. Lopes Pesada
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VOLVO
VM é adaptado para transbordo de cana
Projeto foi desenvolvido pela engenharia do fabricante em conjunto com a Usina Santa Terezinha, de Maringá (PR)
Proteções para o catalisador, injetor de ureia, válvulas pneumáticas e chave geral, além da vedação e realocação do radiador e do ar-condicionado. Estas foram algumas das adaptações feitas nos Volvo VM 270 cv 6×4 rígidos que estão em uso na colheita da cana destinada à Usina Santa Terezinha, do Grupo Usaçucar, em Maringá (PR). Os caminhões recebem a cana na lavoura e fazem a operação conhecida como transbordo, levando a carga até caminhões rodoviários com maior capacidade. As modificações foram feitas pela engenharia da Volvo num projeto conjunto com a Usina Santa Terezinha, para reduzir as paradas para manutenção dos caminhões, que são comuns em operações severas como esta. Também foi aumentada a Claes Nilsson, presidente da Volvo
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altura da suspensão dianteira em mais de 30 milímetros, e a da suspensão traseira em 20 milímetros. Alguns chicotes elétricos ficaram mais compridos para facilitar a montagem dos implementos, o eixo traseiro foi reforçado e um sistema de bloqueio automático das rodas deu mais robustez ao conjunto. As operações de transbordo são normalmente realizadas por tratores agrícolas, mas os VMs custam menos, têm mais velocidade, gastam menos combustível e podem tracionar dois implementos de
cada vez. Além disso, como veículo emplacado, o caminhão pode se deslocar de uma região de colheita para outra, enquanto o trator precisa ser transportado. Na safra que começou em março e vai até dezembro, a Usina Santa Terezinha já está fazendo 30% do transbordo com 62 caminhões VM adquiridos nesta configuração. E a tendência da empresa – grande exportadora de açúcar – é passar a utilizar apenas caminhões nas transferências de carga de suas 11 unidades industriais e agrícolas, 10 no Noroeste do Paraná e uma em Mato Grosso do Sul. Claes Nilsson, presidente do Grupo Volvo América Latina, participou da apresentação dos novos caminhões em Maringá: “Nosso compromisso é oferecer a melhor solução de transporte para nossos clientes”, comentou. PARCERIA – Desde a aquisição de um modelo NL 10 em 1987, a Usina Santa Terezinha escolheu a Volvo como marca parceira para suas operações de colheita e transporte de cana. Atualmente, dos mil caminhões que compõem a frota da empresa, 932 são Volvo. “É um caminhão robusto, que atende nossa necessidade operacional. E a assistência técnica da Rivesa, a concessionária local, nos dá tranquilidade durante a colheita, uma operação que não tem descanso e se desenvolve 24 horas”, explica Paulo Meneguetti, diretor financeiro do Grupo Usaçucar. Paulo Meneguetti, da Usina Santa Terezinha Carga Pesada
GESTÃO DE FROTA
Cartão da Mercedes dá desconto no diesel Benefício pode chegar a 5% em rede conveniada. Novidade visa facilitar a vida de gestores de frotas Depois das linhas de peças Renov e Alliance, com menores preços, a Mercedes-Benz apresentou outra novidade na área de pós-vendas: o MercedesServiceCard, um cartão de consumo de combustível, peças e serviços para facilitar a vida de gestores de frotas de caminhões, ônibus e comerciais leves. Baseada em uma experiência de 10 anos na Europa, a montadora fez uma parceria com a Ticket Car, ligada ao grupo Edenred, líder mundial em pré-pagos corporativos e que atua no Brasil há 25 anos em gestão de custos de frotas, com 10 mil clientes que reúnem uma frota de 600 mil veículos, sendo metade veículos comerciais. Por meio do cartão, inicialmente voltado somente para pessoas jurídicas, o frotista poderá adquirir combustíveis a
preços diferenciados em uma rede de 11.200 postos afiliados à Rede Ticket Car, dos quais dois mil estabelecimentos ficam às margens de rodovias. Os descontos variam de 3% a 5%. Mediante crédito pré ou pós-aprovado, o cliente também poderá adquirir peças e serviços de manutenção e reparos em toda a rede de concessionários Mercedes-Benz: “Uma das dificuldades que enfrentamos é a aprovação de crédito para o cliente, principalmente quando ele procura a rede fora do horário de expediente. Com o cartão, tudo ficará mais fácil”, explicou Ari Carvalho, diretor de pós-vendas da Mercedes-Benz. O cartão é chipado para evitar fraudes, será vinculado ao veículo e só poderá ser usado em conjunto com o cartão adicional do motorista. Se o caminhão tiver dois motoristas, o frotista receberá dois cartões adicionais: “Com isso, o gestor de frotas terá um controle constante e detalhado
Gustavo Chicarino, diretor da Ticket
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dos gastos”, complementa Carvalho. O custo do cartão deve ficar entre R$ 10,00 e R$ 40,00 ao mês por veículo, informou Gustavo Chicarino, diretor de gestão de despesas da Ticket, que em dezembro de 2012 adquiriu 62% da Repom, líder do mercado de cartão de fretes no Brasil, com uma carteira de 60 mil caminhoneiros. “Pelo nosso sistema, o cliente poderá não apenas localizar o posto conveniado mais próximo, mas também saber o preço do diesel”, explicou o diretor que deu outro número impressionante: a Ticket gerencia 24 milhões de transações por ano.
Ari Carvalho, diretor de pós-vendas da Mercedes-Benz Carga Pesada
SEGURANÇA NO TRÂNSITO
Equipamento reduz risco de colisão traseira
O assistente ABA, da Mercedes-Benz, freia o caminhão diante de um obstáculo sem intervenção do motorista
A Mercedes-Benz aproveitou a pista construída ao lado do Posto Sakamoto, na Via Dutra, para promover um test-drive e demonstrar as vantagens do pacote de segurança que pode equipar o extrapesado Actros, seu modelo top de linha. Denominado Megaspace Segurança, o conjunto de sistemas oferece o assistente ativo de frenagem (Active Brake Assist – ABA), que atua em conjunto com um sensor de proximidade e o retarder. Em caso de emergência ou distração do motorista, o sistema reduz automaticamente a velocidade do caminhão, podendo evitar uma colisão. Além disso, um sistema orientador de faixa de rolagem dispara um alarme quando o caminhão está saindo da sua pista. Este conjunto de equipamentos é opcional e pode ser adquirido por R$ 15 mil, cerca de 4% do valor médio do caminhão. Segundo testes realizados pela Associação das Seguradoras Alemãs, a tecnologia de frenagem autônoma pode reduzir em 50% o risco de colisões traseiras. Ela é um indicativo do que acontecerá com o caminhão no futuro. No ano passado, no Salão de Veículos Comerciais de Hanover, na Alemanha, a Mercedes-Benz apresentou seu protótipo de caminhão autônomo, um Actros 1845 com sistema autônomo de direção, que o permite
rodar a 80 km/h em estradas sem que o motorista precise dirigir, embora tenha que estar presente, num sistema semelhante ao que acontece na pilotagem de aviões de grande porte. A Mercedes-Benz acredita que até 2020 o caminhão de direção autônoma será uma realidade. Saiba mais sobre este assunto visitando o site www.cargapesada.com.br. DE SÉRIE – O Actros já vem equipado com o gerenciamento inteligente de frenagem, que proporciona respostas até 20% mais rápidas e conta com ABS, ASR, EBD, freio-motor Top Brake, bloqueio de deslocamento em rampa e freios a disco. Para operações em estradas de terra, a Mercedes-Benz também oferece a opção do freio a tambor. Os eixos traseiros sem redução nos
cubos para o Actros 2546 6×2 e Actros 2646 6×4 atendem as configurações de bitrem com PBTC de 57 toneladas e bitrenzão/rodotrem com PBTC de 74 toneladas. O câmbio totalmente automatizado Mercedes PowerShift, sem pedal de embreagem e sem anéis sincronizadores, vem equipado com sensor de inclinação de via, que proporciona troca de marchas mais rápida, contribuindo para a redução do consumo de combustível. A cabina Megaspace, com piso plano, tem altura de 1,92 metro e largura de 2,26 metros, e está equipada com ar-condicionado noturno, que funciona com o motor desligado, sem consumir combustível. Essa cabina oferece ainda assento do acompanhante rebatível, rádio e volante multifuncional e 34 porta-objetos.
Vem aí a primavera, a estação das flores O ano é dividido em quatro estações: primavera, verão, outono e inverno. Estamos no final do inverno e a primavera, a estação das flores, começa aqui no Hemisfério Sul, onde vivemos, no dia 23 de setembro e vai até 21 de dezembro. No Hemisfério Norte, a primavera tem início no dia 22 de março e termina em 21 de junho. Tudo isso devido ao chamado movimento de translação, que é o deslocamento da Terra em torno do Sol, e também à inclinação do eixo terrestre. É como se, a partir de agora, a gente estivesse mais próximo do Sol. Por isso as temperaturas começam a subir até chegar ao auge do calor com a chegada do verão. É na primavera que vemos um festival de cores, flores e aromas típicos da estação. Aproveite para estar mais próximo da natureza, brincar ao ar livre. Descanse embaixo da sombra de uma árvore e beba muita água para se refrescar. Observe os pássaros, suas cores e seus cantos. Eles ajudam a criar o verdadeiro clima da primavera. Como vivemos em um país com uma natureza das mais exuberantes, é mais um bom momento para apreciar e valorizar esta riqueza.
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Carga Pesada
Frete agora também no celular Você, que é filho de caminhoneiro, conhece bem a importância dos telefones celulares nesta profissão. Muitas vezes este é o único meio de contato de quem vive na estrada com a família para dar notícias e matar a saudade. Mas a grande novidade agora são os aplicativos de celulares que permitem ao caminhoneiro localizar as melhores opções de fretes na região onde esteja. Existem algumas opções no mercado, uma delas é o TruckPad, que acaba de fazer uma parceria com
a MAN Latin America, fabricante dos caminhões e ônibus Volkswagen. Esta empresa disponibiliza, em média, 25 mil ofertas de carga por dia. Para ter acesso, o caminhoneiro precisa fazer o download do aplicativo em um smartphone e realizar o cadastro. Baseado nas características do caminhão, o TruckPad localiza e informa a carga mais próxima disponível para frete.
Veja mais informações no site www.truckpad.com.br
Vídeos dão dicas de economia A MAN Latin America acaba de lançar o projeto digital Amigo Estradeiro. São vídeos exclusivos com dicas de economia, manutenção preventiva e direção segura com a participação do nosso personagem MANinho. Eles estão disponíveis nos canais de comunicação da MAN Latin America: a página no Facebook ( h t t p s : / / w w w. f a c e b o o k . com/manlatinamerica) e o canal no YouTube (https://www.youtube.com/ user/volkscaminhoes). Você sabia que a troca de marchas
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pode influenciar no consumo de combustível? Este é o tema de um dos episódios, que também explica como prolongar a vida útil da embreagem. “Com uma linguagem atrativa e bastante direta, nossa proposta é que o caminhoneiro se mantenha informado com dicas para deixar seu caminhão sempre novo”, destaca Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America.
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MINAS GERAIS
O valioso legado
O americano Studebaker (gasolina) só beliscou o mercado, embora apresentasse linhas avançadas, como se vê com a incorporação dos faróis aos para-lamas
O GMC marítimo (diesel) virou clássico. Sua lembrança maior é como cavalo mecânico
A transportadora que começou carioca em 1948 e encerrou atividades como mineira, em 1995, deixou um acervo fotográfico que permite um notável mergulho ao passado da caminhonagem
Faísca, do sabão Platino e do sabonete Cinta Azul. Os produtos contavam com poderosos “empurradores de vendas”, não menos que Manoel Barcelos e César de Alencar, vozes de longo alcance da Rádio Nacional, a emissora mais ouvida no País.
Luciano Alves Pereira Comecemos com uma explicação importante: a viagem ao passado desta reportagem é uma homenagem aos nossos leitores, pelo Dia Nacional do Transportador Rodoviário de Carga, que se comemora em 17 de setembro, conforme decreto assinado pelo presidente Itamar Franco em julho de 1993. Você sabia que existe esse dia? Vamos à história. No final de 1995, a Caramurú encerrava suas atividades em Contagem (MG), onde ficava sua matriz. Mas a empresa tinha nascido no Rio de
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Janeiro, em 1948. Seu nome pomposo era próprio do Brasil da época em que o Rio de Janeiro era capital federal e o presidente da República era o general Eurico Gaspar Dutra. Chamava-se Empresa de Transportes Comercial Importadora Caramurú Ltda., com acento e tudo. Caramuru, em tupi-guarani, quer dizer filho do trovão. Foi assim que os índios tupinambás apelidaram o náufrago português Diogo Álvares, quando este apareceu no litoral baiano, em 1510. Também eram portugueses os fundadores da Caramurú, os irmãos Joaquim e Wilson Chagas. Comerciantes de secos e molhados, eles tinham ligação com a Carlos Pereira Indústrias Químicas, também carioca, fabricante do removedor Dodge, Fargo e DeSotto vinham da Chrysler, no Brasil pré-Ford, Chevrolet, FNM e Mercedes. Note que a boleia foi alargada pelo funileiro local de plantão. Duas placas eram obrigatórias
Carga
da Caramurú
As tardes da Rádio Nacional eram animadas por intérpretes de inesquecíveis sucessos musicais, como Nora Ney, Jorge Goulart, Emilinha Borba, Marlene, entre outros, entremeados de propagandas que repercutiam nos negócios da Caramurú. A empresa logo diversificou atividades e passou a se concentrar no transporte de carga. Comprou caminhões e expandiu as linhas para Porto Alegre, Curitiba, São
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Paulo e Belo Horizonte, levando não apenas produtos da Carlos Pereira, mas de outros também. Foi uma das pioneiras na operação de carretas-baú de um eixo, fabricadas pela americana Fruehauf, marca que antecedeu tudo que existe hoje e serviu de inspiração para a Randon, de Caxias do Sul. No auge da operação, a Caramurú chegou a ter 60 semirreboques, numa frota de 157 veículos, conforme informou Mário de Barros Portela, que adquiriu a transportadora dos Chagas, em 1983. O parque rodante da transportadora tem importante valor histórico. Seu acervo fotográfico chegou à Carga Pesada através da historiadora e pesquisadora mineira Ana Maria Rezende, que o recebeu de Mário Portela, o último dono. Entre várias imagens, extrai-se um recorte dos caminhões importados dos EUA e da Alemanha, na segunda metade da década de 1940, período marcado pelo esforço dos fabricantes em renovar os veículos, numa produção fortemente afetada pela 2ª Guerra Mundial. A Caramurú operava com várias marcas americanas, como Dodge, Reo, Studebaker, até Magirus Deutz. Havia ainda a joia GMC 760, caminhão toco, com motor
Detroit Diesel, apelidado de marítimo. Tinha ronco característico, decorrente de sua concepção de dois tempos. Estranha-se, no entanto, a ausência dos Chevrolet e Ford, os senhores da praça naqueles anos. Em compensação, a empresa dispunha de vários Mercedões bicudos – inclusive modelos pré-guerra –, aplicados como cavalos mecânicos. Mário Portela conta que os Chagas prosperaram no TRC e, sentindo a idade avançar, “decidiram ir morrer em Portugal”. Como principal executivo da empresa, topou comprá-la por 2 milhões e 800 mil dólares, em 1983. No valor incluem-se as filiais e a sede própria em Contagem, além da frota. Em decorrência do grande volume de carga retirada da cliente Esab, fabricante de eletrodos (para solda), também de Contagem, o diretor resolveu transferir a matriz para o município, localizando-a na avenida João César de Oliveira local. No final de 1995, Portela fechou a firma. A Mercedes começava a aparecer com o Mercedão bicudo, puxando carreta-baú Fruehauf de um eixo. O quepe era obrigatório para compor o figurino do motorista
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PARA-CHOQUES
MANUEL... Manuel ganhou seu primeiro lápis de colocar atrás da orelha quando tinha 2 anos. Aos 15 anos, já no primário, ganhou sua primeira caneta-tinteiro de orelha. Aos 32 anos, descobriu que caneta também servia para escrever. Hoje, já informatizado, está com orelha de abano, por causa do peso do mouse.
Coração de apaixonado não bate, balança.
Desafio a morte, à procura da sorte.
JOAQUIM... Joaquim passava em frente a um chaveiro quando viu uma placa: ‘Trocam-se segredos’. Parou abruptamente, entrou na loja, olhou para os lados e cochichou para o balconista: - Eu sou batedor de carteiras, e você?!
MANUEL E JOAQUIM Sabe por que dois portugueses, quando são sócios numa empresa, sempre dá certo? Porque um rouba do outro e deposita na conta conjunta!
JOAQUIM E MANUEL Sabe quantos portugueses são necessários para afundar um submarino? Dois: um bate na porta, o outro abre!
CRUZADAS Horizontais: 1 – Membro das aves – Galho; 2 – Sigla das escolas implantadas no Governo Collor, inspiradas nos CIEPs do Rio de Janeiro – A menor e mais fria região do Brasil; 3 – Sigla de Rondônia – Absorvente higiênico feminino – Segunda nota musical; 4 – Suplico; 5 – Quando é sísmico, resulta em terremoto; 6 – Símbolo do cromo – Sigla do Rio Grande do Sul – Sigla de Tocantins; 7 – O partido político fundado por Leonel Brizola – Um homem que sabe fingir; 8 – O apelido da Deusdete – É o que se diz ao cavalo, para que ande mais depressa. Verticais: 1 – Estado da Região Norte – Centro de Processamento de Dados (de grandes empresas); 2 - ... e salvo, é como todo motorista deve chegar ao fim da viagem – Queima; 3 – Grito de dor – Corpo de Bombeiros – Trinidad e Tobago; 4 – Adereço da mulher; 5 – Só com ela um caminhão chega a Manaus; 6 – A atriz Arlete Salles – Pedra de moinho – Pronome da segunda pessoa do singular; 7 – Delimita um imóvel urbano – É o máximo; 8 – O drible, no futebol e na tourada – Grande pedaço de madeira. Carga
Soluções: Horizontais – asa, ramo, caic, sul, ro, ob, re, clamo, abalo, cr, rs, to, pdt, ator, dete, upa. Verticais – acre, cpd, sao, arde, ai, cb, tt, colar, balsa, as, mo, tu, muro, top, ole, tora.
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Respeite os limites de velocidade.
A LENDA TOMA AS ESTRADAS.
»Volante em couro
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» Capa de ponta de eixos com Grifo
app/Scania BR
» Luminoso em forma de Grifo dentro da cabine
O Scania Streamline, já consagrado por melhor desempenho, maior economia de combustível e disponibilidade, agora ganha uma versão exclusiva: o Griffin Edition. Representado pela imagem do Grifo, é a perfeita união entre o leão e a águia, símbolos de confiança e tradição da marca Scania. Scania Griffin Edition, uma verdadeira lenda que se materializa no asfalto. Construído para entregar resultados.