ANO XXXIII - NÚMERO 191 - Abril / Maio 2017
SAFRA DE CANA
Aqui o sistema é ‘bruto’ USO DE DROGAS O RESULTADO DE UM ANO DE EXAME OBRIGATÓRIO
Painel
Entre nós
Sobre atrocidades
ISSN 1984-2341
Você, caro leitor, caminhoneiro empregado, sabia que na reforma das leis trabalhistas (talvez seja melhor dizer: na retirada de direitos trabalhistas) que está para ser votada no Senado, está incluído um item que facilita a demissão de motoristas que tiverem resultado positivo no exame toxicológico, e permite que o motorista que perdeu a habilitação seja demitido por justa causa? Pois está! Quem nos alertou para este assunto foi o procurador Paulo Douglas Almeida de Moraes, do Ministério Público do Trabalho de Campo Grande (MS), que nos deu um extensa entrevista sobre o assunto do exame toxicológico (veja na pág. 16). O promotor Moraes acha que uma proposta dessas “é uma atrocidade”. Nós também. Ele espera que tal proposta seja barrada na votação no Senado. Nós também. Você sabe o que significa ser demitido por justa causa, não sabe? É ser mandado embora sem direito a nenhum tipo de indenização por ter perdido o emprego. E ainda ficar com o nome manchado: ali vai um mau profissional... Tudo isso sem direito a defesa, sem se levar em conta o passado da pessoa e suas razões para ter feito qualquer coisa que tenha feito. Nós estamos aí, passando por essa situação de turbulência política, em que grupos sociais e econômicos com interesses muito fortes estão aproveitando o momento de desorganização dos grupos sociais mais fracos para revogar muitos direitos que, mesmo no passado, não passaram de direitos só no papel, pois a prática era “ou você aceita os meus termos ou... rua!” Isso vai melhorar? Temos que acreditar que sim. Quando? Aí já é mais difícil dizer. Com o trabalho e a união dos honestos de propósitos e vontades, será antes do que possamos esperar.
Sumário
6 10 20 25 26 27 28 30 31 32 33 34 CARTAS
Mais respeito na estrada...
EXAME DO CABELO
Acidentes diminuem. Será que é por causa dele?
OUVINDO A ESTRADA
Como carregar 600 mi de ton. de cana? Nós fomos ver
MINAS GERAIS
Vítimas e mais vítimas no péssimo Anel de BH
MERCEDES-BENZ
O conforto das cabines da linha que irá à Fenatran
ATEGO
Off-road mostra seu valor no transporte de leite
MAN
Novo campo de provas e novos (e baixos) juros
CONSÓRCIO
Grupo especial vai sortear dois Scania Streamline
FAMÍLIA SCANIA
Viagem a Roma teve 700 participantes
SCANIA
Investimentos para celebrar os 60 anos no Brasil
MULHERES
A empresária Sarah prega a humanização no transporte
PASSATEMPO
DIRETORA RESPONSÁVEL: Dilene Antonucci. EDIÇÃO: Dilene Antonucci (Mt2023), Chico Amaro e Nelson Bortolin. DIRETOR DE ARTE: Ary José Concatto. ATENDIMENTO AO CLIENTE: Mariana Antonucci e Carlos A. Correa. REVISÃO: Jackson Liasch. CORRESPONDENTES: Ralfo Furtado (SP) e Luciano Pereira (MG). PROJETOS ESPECIAIS: Zeneide Teixeira. Uma publicação da Ampla Editora Antonucci&Antonucci S/S Ltda-ME. CNPJ 80.930.530/0001-78. Av. Maringá, 813, sala 503, Londrina (PR). CEP 86060-000. Fone/fax (43) 3327-1622 - www.cargapesada.com.br E-mail: redacao@cargapesada.com.br. Circulação: Abril / Maio de 2017 - Ano XXXIII - Edição n° 191
4
Cartas
Porta-luvas
Segurança em primeiro Veja o que nos dizem os nossos leitores a respeito desse e de outros temas importantes para os estradeiros. Um deles chegou a escrever um livro de poesias para convidar os motoristas em geral a cuidarem da segurança – deles mesmos e dos outros, porque quem tem amor à vida respeita a vida alheia. Acidentes No trânsito, não tenha pressa
Se todos os motoristas tivessem amor à vida, saberiam como se comportar na rua e nas estradas. Carreta é um veículo de grande porte. Amigos, vamos andar mais devagar, todos chegarão do mesmo jeito se dirigirem respeitando a sinalização. Os apressados deveriam ter saído mais cedo de casa para chegar na hora combinada. Se você não tem amor à sua vida, lembre-se que os muitos que estão no trânsito têm. Independente da religião de cada um, todos deveriam pedir proteção a Deus antes de pegar na direção de uma carreta. Com Deus no coração e a cabeça em seu lugar, acabaremos com os acidentes. Anderson Menezes de Rezende
Salários Quanto deve valer o trabalho?
O salário do profissional do volante só vem caindo, a profissão tem sofrido desvalorização nos últimos anos. O contraste é enorme: de um lado, temos o alto valor dos veículos e das cargas transportadas e a alta responsabilidade de quem dirige aquele conjunto, enfrentando o trânsito e tantas outras coisas. De outro, um motorista mal pago, que vive uma condição de vida precária nas estradas, longe de casa e da família. Os empresários deveriam pôr a mão na consciência. Delonei Pavan
Golpe José Valter tentou ajudar e...
Sou motorista há mais de 33 anos, tentei tocar uma transportadora mas não tive sorte, fui vítima de um golpe aplicado por um motorista que trabalhava para mim. Ele veio me dizer que outro motorista, amigo dele, estava com um caminhão carregado com óleo, açúcar e arroz, que precisava ser descarregado para um conserto nas rodas. Pediu para deixar a carga, por um dia, no meu barracão. Eu disse que cobraria R$ 200 e deixei. Só que eles dois fizeram boletim de ocorrência na polícia dizendo que a carga tinha sido roubada. Veio a polícia me pedindo dinheiro ou a carga. Eu estava com as notas da carga, tudo certinho, mas elas estavam na minha casa, e eles não me deixaram ir buscar para provar minha inocência. Me levaram para a delegacia. Mais tarde descobri que um ex-patrão meu, de muitos anos antes, com quem tive um desentendimento por causa de
pagamento, também estava envolvido na história. Resultado disso tudo: embora eu não deva nada na Justiça, as seguradoras estão me impedindo de trabalhar. Esses fatos aconteceram em 2006, e desde então eu tenho problemas. Sou chefe de família, procuro andar direito, e gostaria que as autoridades me ajudassem a resolver essa situação. José Valter da Silva
Faróis de dia Não fez diferença
Colegas, a PRF divulgou o número de acidentes nas estradas durante o feriado de carnaval. As mortes aumentaram em mais de 18%. Isso mostra que o farol aceso durante o dia não serviu para nada, a não ser aumento do consumo de lâmpadas e bateria, pois o desgaste dessas peças é inquestionável. Vejo que a PRF sempre divulga dados referentes a acidentes e pode-se perceber que não estratificam os acidentes entre os diversos tipos de veículos, como caminhões, ônibus e veículos de passeio. Penso estar na hora de abrir esta informação para derrubar mitos
6
lugar como o de que os caminhoneiros são os principais responsáveis pelos acidentes e mortes nas rodovias. Wellington Torres (Zé Cueca)
Seguradoras Consultar o cadastro ou não?
O ditado é antigo: quem não deve não teme! Proibir seguradoras de verificar o cadastro de motoristas na Justiça é o mesmo que tentar proibir as consultas prévias aos dados cadastrais de adquirentes de bens e serviços para liberação de crédito, etc. Como em todas as categorias, há os bons e os maus profissionais! Com a condenação das seguradoras por fazerem essa consulta, os caminhoneiros e carreteiros com problemas até de crimes graves (e
não são poucos) ficam com o aval legal das autoridades distantes do Brasil real ao não permitir a prévia análise da conduta dos “duvidosos”. Sem comentários!!! David Andrade Monte, executivo em Transportes & Logística
Não é tão simples assim...
Concordo em parte com o comentário acima, e respeito a pessoa que o fez. Mas generalizar é algo desprezível. Adequado é proceder à devida anotação, em que o transportador deverá ser monitorado e, concomitante a isso, que o mesmo seja incentivado a regularizar sua conduta num determinado prazo. Em não ocorrendo a regularização, encerra-se o contrato. Pode ser que o transportador não tenha
Escritor O Romildo fez um livro!
Se a gente tivesse que dar um troféu para o nosso mais antigo amigo, seria para o Romildo Pereira. Ele acompanha a vida da nossa revista há mais de 20 anos. Até esteve na nossa redação, muitos anos atrás, numa viagem para o Sul. E como está sempre nos mandando notícias, podemos dizer que também sabemos tudo o que ele anda fazendo. Agora, Romildo, baiano, indígena Pataxó Hã hã hãe, caminhoneiro aposentado, nos manda um livro de poemas, com o título “Direção Segura”. Aí estão algumas rimas do livro... Parabéns, Romildo!
Sorteio Nosso leitor Marcos Oliveira foi o ganhador do kit do evento Slalom Truck Race que nós sorteamos nesta edição, entre aqueles que nos escreveram. O outro brinde, uma assinatura gratuita da nossa revista pelo prazo de um ano, vai para José Valter da Silva.
7
mudado de conduta por falta de trabalho e remuneração, e impedi-lo de trabalhar será mais um incentivo à irregularidade. Por um momento, senhor executivo, esqueça a sua condição e coloque-se no lugar do caminhoneiro… e, em seguida, analise o resultado. Marcos Oliveira
Para-choque
Menos acidentes.
Quanto o exame do cabelo tem NELSON BORTOLIN
O número de acidentes com caminhões nas estradas caiu 26% em 2016. Desde março esteve em vigor a exigência de exame toxicológico para tirar ou renovar a carteira de habilitação para dirigir veículos pesados. Será que uma coisa teve a ver com a outra? Essa é a discussão desta reportagem. Também procuramos resposta para uma pergunta complexa: como o empregador deve agir se o seu motorista for reprovado no exame? Pouco mais de um ano após sua implantação, em março de 2016, o polêmico exame toxicológico de larga janela de detecção (aquele feito com fios de cabelo, para saber se a pessoa consome drogas ilícitas) parece estar alterando a realidade. Somente nas estradas federais, a quantidade de acidentes envolvendo caminhões caiu 26% no ano passado. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 34.770 casos. No ano anterior, haviam sido 47.010. Não se pode atribuir a queda apenas ao teste. Também diminuiu o tráfego de veículos de carga, devido à crise econômica – e isso influi no número de acidentes. Segundo a empresa que
monta o Índice ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), em 2016 houve uma queda de 6% no número de veículos pesados que circularam em estradas pedagiadas no Brasil. Tentando descobrir se o tal exame toxicológico influiu muito ou pouco na redução dos acidentes com caminhões, procuramos informações no Plano Nacional de Contagem de Tráfego, disponíveis no site do DNIT. Ali é difícil fazer comparações porque, na maioria dos pontos espalhados pelo País, a contagem foi feita em meses diferentes num ano e no outro. O DNIT não tem uma média nacional e aconselhou a Carga Pesada a se orientar
Tráfego de caminhões nas federais
pelos casos em que os meses pesquisados coincidem. Então, tá! Como se pode verificar no quadro (abaixo), as reduções de tráfego mais expressivas ocorreram na BR153, km 452, no Rio Grande do Sul. Em março do ano passado, passaram por lá 31,6 mil veículos pesados. No mesmo mês de 2015, tinham sido 47,4 mil. Queda de 33,4%. Mas, na maior parte dos outros trechos onde houve contagem, a redução é bem menor. Em outros, subiu. Fizemos as contas de 25 trechos e deu uma queda, no conjunto, de 11,3% no tráfego de veículos pesados. Em alguns casos, deu para fazer uma comparação direta entre a redução do tráfego e de acidentes. Na BR-040, em Minas Gerais, queda de 11,4% no tráfego no primeiro quadrimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015 e queda de 22,6% nos acidentes nas mesmas datas – o dobro. Em São Paulo, na BR-116, de janeiro a março, tráfego menor de 13,4%, enquanto os acidentes diminuíram 31%! COMÉRCIO EM QUEDA – Para o assessor de comunicação da Polícia Rodoviária Federal, Diego Brandão, a queda no número de acidentes é resultado de vários fatores associados. “A própria atividade comercial, que notadamente sofreu uma diminuição. Nós temos a questão do exame toxicológico e a retração da renovação de CNH por muitos profissionais. Temos a própria fiscalização”, diz. Segundo ele, a PRF vem estudando a saúde do caminhoneiro, no programa Comando Saúde. Motoristas abordados nas rodovias respondem questionários sem precisar se identificar. BR-116, KM 56 (SP)
Jan Fev Mar
2015
2016
Variação (%)
379.542 343.947 390.384
296.596 311.518 356.556
-21,9 -9,4 -8,7
Fonte: DNIT
10
Acidentes com caminhões no Brasil 2015
2016
Evolução (%)
Jan
4.645
3.111
-33
Fev
4.246
2.926
-31
Mar
5.256
3.138
-40
Abr
4.611
2.972
-36
Mai
5.074
2.830
-44
Jun
4.240
3.019
-29
Jul
3.290
2.977
-10
Ago
3.145
2.965
-6
Set
2.872
2.684
-7
Out
3.204
2.736
-15
Nov
3.065
2.532
-17
Dez
3.362
2.880
-14
47.010
34.770
-26
No ano passado, foram entrevistados 9.500 motoristas. “94% já tinham se envolvido em acidente; 35% usaram medicamentos impróprios em algum momento de sua atividade; 65% eram fumantes; 25% usam álcool; e 38% disseram que sentem sonolência diurna”, conta Brandão. MENOS HABILITAÇÕES - As emisBR-101, KM 339 (SC)
Jan Fev Mar Abr
11
2015 216.146 196.395 250.181 215.064
2016 195.619 196.350 213.001 155.890
Variação (%) -9,5 0,0 -14,9 -27,5
Fonte: PRF
a ver com isso?
sões de CNHs nas categorias C, D e E, para as quais são exigidos os exames toxicológicos, também caíram bastante. Não se sabe um número nacional, mas o Detran do Rio Grande do Sul informou que emitiu 43.938 carteiras de março a dezembro de 2016, ante 67.256 em 2015. Queda de 35%. Na hora de renovar seus documentos, boa parte dos motoristas que tem carteiras C, D e E está migrando para A e B, pelo que se sabe. O que não se sabe é quantos fazem isso porque o exame toxicológico é caro (R$ 300) ou porque o resultado daria positivo e o candidato seria reprovado. INCONSTITUCIONALIDADE – A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT), que representa os motoristas empregados, não vê nenhum aspecto BR 153, KM 452 (RS)
Mar Abr
2015 47.449 44.684
2016 31.609 31.761
positivo no exame. Pelo contrário, tenta derrubá-lo na Justiça por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Segundo o representante da entidade, Luiz Antonio Festino, a ação está parada no Supremo Tribunal Federal desde a morte do relator, o ministro Teori Zavascki, em janeiro. “Estamos tentando falar com o novo relator, ministro Alexandre Moraes, para ver se ele mantém a proposta de uma audiência pública no Judiciário sobre os exames toxicológicos, que era proposta do ministro Teori.” POUCOS DÃO POSITIVO – De março a dezembro do ano passado, segundo o Denatran, foram realizados pouco mais de um milhão de exames toxicológicos no Brasil. Somente 16,2 mil, ou 1,56%, deram positivo. Os três Estados do Sul, os quatro do Sudeste,
Variação (%) -33,4 -28,9
BR-153, KM 309 (PR)
Fev Mar Abr
2015
2016
Variação (%)
8.227 13.442 11.564
12.617 14.238 12.770
53,4 5,9 10,4
Para-choque
Menos acidentes
Fala Caminhoneiro Acho que a lei veio para beneficiar os motoristas que veem sua profissão como trabalho sério e honesto, porque quem não faz uso de substâncias ilícitas não tem nada com que se preocupar. A lei está aí para tirar das ruas os maus elementos. Eu fiz o exame, não tive custo pois foi a empresa que pagou. Sou contra o motorista ter que arcar com esta despesa. Eliardo Locatelli, melhor motorista do ano de 2016 no Concurso da Scania, de Carazinho (RS) O exame deveria ser como o do bafômetro, de surpresa, porque a pessoa fica seis meses sem usar a droga, faz o exame e começa a usar de novo. E depois existem Estados onde liminares suspenderam os exames, o drogado pode mudar de endereço para renovar a habilitação. Nós, que não usamos drogas, temos que pagar pelos exames por causa dessa gente. Marlene Heinen, de Planalto (PR), na foto com seu marido Eleseu
Tráfego de caminhões nas federais
BR-262,
2015
2016
além de Mato Grosso e Goiás respondem por 77% dos exames. No meio do transporte, a exigência do exame é vista com reserva. Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo, Tayguara Helou, o exame não cumpre seu objetivo. “Para as empresas, não trouxe o efeito necessário para que possamos encarar o mundo das drogas”, afirma. Ele defende que as transportadoras deveriam escolher o momento certo para fazer o exame. “O ideal seria ter a aplicação de tal exame nos planos de combate ao uso de bebidas e drogas das empresas, que deveriam ter liberdade para escolher o momento da sua conveniência para utilizar essa metodologia”, declara. Marcos Egídio Battistella, presidente do Sindicato das Transportadoras do Paraná, diz que “o exame em si é uma coisa boa” e que a entidade é favorável a ele. Mas ressalta que o custo é alto e que a insegurança jurídica das empresas aumentou. “Se o exame dá positivo, nós temos que de alguma forma nos responsabilizar pelo tratamento do motorista. O governo faz as leis e joga a conta no empresário”, critica. Já o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de São Paulo, Norival Almeida, considera o exame um “mal necessário”. “Mas está havendo muita fraude, com motorista emprestando cabelo para fazer o exame”, afirma. De fato, reportagem da Rádio CBN flagrou em fevereiro uma autoescola de Diadema (SP) vendendo laudo negativo de exame toxicológico por R$ 1 mil. Variação (%)
KM 561 (MS)
Mar
BR-040, KM 339 (SC)
21.548
16.774
-22,2
Jan Fev Mar Abr
2015 51.105 49.110 58.995 53.273
2016 43.082 42.941 51.433 49.922
Isso foi amplamente divulgado. Almeida considera o valor do teste muito alto e diz que a obrigatoriedade está dando uma fortuna para os laboratórios. Estima-se que, no ano passado, eles tenham faturado R$ 300 milhões só aí. PREÇO EM BAIXA – O biomédico Claudio Sodré, diretor técnico do Laboratório Sodré, de Marília (SP), diz que o preço do exame é alto porque a metodologia utilizada e a logística são caras. “Os laboratórios precisaram fazer investimentos muito grandes”, afirma. Mas ele diz que os preços estão caindo. “Nós começamos cobrando R$ 300 e, em alguns locais, já está R$ 235.” Mas não devemos esperar mais reduções. A tendência, segundo ele, é que estabilize na casa dos R$ 230.
Pedra Bran O diretor da Transportadora Pedra Branca, de Ibiraçu (ES), Paulo Alves Ferreira, concorda que o exame toxicológico tem o “lado positivo de tirar da estrada aquele motorista que insiste em usar droga”. Mas, para ele, a melhor forma de reduzir acidentes é fiscalizar o cumprimento da lei da jornada. “Se a lei fosse fiscalizada, não precisaria ter o exame. O motorista que não precisa rodar além do seu horário, não precisa usar droga.” Segundo Ferreira, a lei 13.103 ainda não está sendo levada a sério. Na Pedra Branca, diz ele, o controle da jornada é feito com rigor. E ninguém roda após as 22 horas. “Chegamos a perder clientes porque nossas viagens são mais demoradas que as das outras empresas.” No ano passado, a empresa conseguiu zerar o número de acidentes. Foram 13 em 2015 – um número haVariação (%) -15,7 -12,6 -12,8 -6,3
BR-116, KM 560 (MG)
Jan Fev Mar Abr
2015
2016
61.498 55.139 63.713 55.824
55.970 52.237 58.267 54.663
14
Exames toxicológicos realizados em 2016 (de março a dezembro) Total
Positivos
Negativos % de positivos
Mar
28.313
196
28.117
0,69
Abr
72.832
658
72.174
0,90
Mai
64.963
740
64.223
1,14
Jun
74.077
721
73.356
0,97
Jul
92.167
1.053
91.114
1,14
Ago
147.756
2.488
145.268
1,68
Set
139.874
2.695
137.179
1,93
Out
158.951
3.132
155.819
1,97
Nov
147.561
2.868
144.693
1,94
Dez
115.654
1.713
113.941
1,48
1.042.148
16.264
1.025.884
1,56 Fonte: Denatran
Fala Caminhoneiro
ca zerou acidentes bitual. Segundo o empresário, o “zero” foi resultado de muita conscientização. “Levamos para os motoristas o que aprendemos no Programa Zero Acidente, da Volvo.” Foram feitas reuniões com grupos de motoristas, todos assumiram o compromisso de trabalhar com prudência e os caminhões receberam adesivos para lembrá-los desse compromisso. Funcionou muito bem. O Programa Volvo de Segurança no Trânsito está completando 30 anos. A coordenadora, Anaelse Oliveira, diz que o foco mais recente tem sido de despertar nos empresários a necessidade de colocarem a segurança como prioridade no seu negócio. “Infelizmente, nem todos têm essa
visão. Mas a gente percebe um amadurecimento de muitos empresários que passam a considerar a segurança como fator fundamental até para garantir o futuro do negócio.”
O diretor Paulo Alves Ferreira: o que não pode é exagerar no tempo de volante Variação (%) -9,0 -5,3 -8,5 -2,1
15
BR-101, KM 401 (RJ)
Jan Fev Mar
2015
2016
Variação (%)
88.996 76.409 90.451
86.595 86.275 93.942
-2,7 12,9 3,9
Fala-se muito em uso de rebite por caminhoneiros, mas o que mais vejo nas estradas é motorista consumindo cocaína. Para alguns motoristas não importa se o frete é ruim, o que vale é a comissão da viagem, o dono de caminhão pode não ter lucro nenhum, mas o motorista tem sua comissão garantida. Por isso sou a favor do exame. Eucleres Bello de Campos Neto, Casimiro de Abreu (RJ)
Estou achando ótima a implantação do exame obrigatório. Só reclamo do valor cobrado. Com a exigência do exame, já percebo mudanças de comportamento de alguns motoristas que a gente encontra pelas estradas. Noemy Nascimento dos Santos, caminhoneira
Para-choque
Menos acidentes
Deu positivo! O que a empresa deve fazer? O advogado do Sindicato das Transportadoras do Paraná, Luís Cesar Esmanhoto, afirma que o exame toxicológico trouxe riscos jurídicos para as transportadoras. Qual a responsabilidade do empregador quando seu funcionário recebe um resultado positivo? Segundo ele, a resposta não é clara na lei. Esmanhoto lembra que os exames são regulados por duas leis. Na renovação das carteiras de habilitação, as regras estão no Código Brasileiro de Trânsito. Já a CLT regulamenta o exame, ao dizer que as empresas devem exigi-lo ao contratar e demitir motoristas e a cada dois anos e seis meses de contrato. “Quando um exame vem com resultado positivo, o empregador deve saber que há duas formas de se utilizar drogas: uns fazem uso recreativo e outros são dependentes.” No caso de dependência, o advogado acha que o caso deve ser tratado como doença. A Justiça tem entendido que se trata de doença profissional, porque a utilização das substâncias decorre do excesso de jornada e de outras exigências patronais. Ele discorda. Discorda, também, de que o exame seja capaz de mostrar a diferença entre o uso recreativo e a dependência. Essa definição, portanto, se daria pela declaração do empregado. “É recomendável que o empregador faça essa pergunta e registre no papel a respos-
ta do motorista.” Caso o empregado diga que é dependente químico, deve ser encaminhado para tratamento pelo SUS. “Em seu retorno, é preciso lembrar que ele tem estabilidade de 12 meses, se a doença for considerada como doença profissional. Nessa hipótese, se houver novos afastamentos por mais de 15 dias, a estabilidade vai sendo renovada por 12 meses.” Esmanhoto ressalta, no entanto, que ninguém pode obrigar uma pessoa a se declarar dependente químico e se tratar. E nada obriga a empresa a custear o tratamento. A situação muda se o resultado positivo aparecer no exame na renovação da habilitação. “Nesse caso, o trabalhador ficará sem a CNH e o empregador pode demiti-lo por justa causa, por falta de habilitação legal para exercer seu trabalho, como acontece com o trabalhador que perde a habilitação por excesso de multas.” Existe um porém: “Se o empregado, espontaneamente, disser ao patrão que é dependente químico, a situação muda. Aí, nossa orientação é que ele seja encaminhado para tratamento, pois a doença – profissional ou não – impede o desligamento e gera o direito do motorista de se tratar”. PROMOTORIA - Conhecido por seu trabalho em defesa dos caminhoneiros, o procurador Paulo Douglas Almeida de Moraes, do Ministério Público do Trabalho em Campo Grande (MS), discorda do advogado Esmanhoto em vários aspectos. Segundo ele, o exame toxicológico é capaz de determinar se o motorista faz uso recreativo ou é dependente químico. “Cada centímetro do cabelo tem um mês de história do uso de substância. Sabe-se a frequênO procurador Moraes, do MPT: em cada 1 cm de cabelo, um mês de história
O advogado Esmanhoto: em muitos pontos, a lei não é clara
cia do uso. Não é preciso perguntar ao motorista se ele é dependente.” Para o procurador, o uso de drogas neste meio é uma doença profissional. “O motorista usa a substância porque tem de cumprir longas jornadas.” Moraes orienta as empresas a encaminhá-lo a tratamento o quanto antes. “Até o momento da constatação da doença, a empresa tem responsabilidade direta sobre a situação do motorista, pois a lei a obriga a fazer os exames de saúde regulares dos empregados. Se constatar que o cidadão está doente, ela encaminha ao INSS e, a partir daí, a discussão é com o INSS”, explica. O procurador reforça que ninguém é obrigado a fazer tratamento médico contra a vontade. “O INSS vai dizer se o trabalhador está apto ou não. Pode dizer que ele não está apto para a função que exercia, e sim para outra.” Nesse caso, ele deve ser readaptado na empresa. “Se recusou tratamento, foi readaptado e apresenta comportamento incompatível, ele pode ser demitido por justa causa, não porque recusou o tratamento e sim porque essas outras situações também podem levar à justa causa.” Se o motorista assume que faz apenas uso recreativo, Moraes recomenda a demissão imediata por justa causa. “Aí não temos um doente, mas um motorista inconsequente que se utiliza, de propósito, de um produto que prejudica seu estado de vigília. É uma conduta totalmente incompatível com a função que ele exerce”, justifica.
16
Boleia
Safra 2017
Na rota da cana, caminhão RALFO FURTADO, VIVIAN GUILHEM E DILENE ANTONUCCI Eficiência e alta produtividade são palavras-chave na movimentação da safra de cana. Não é para menos: enquanto na safra de grãos é preciso transportar cerca de 200 milhões de toneladas, na cana, embora as distâncias sejam menores, o tamanho do desafio é três vezes maior: 600 milhões de toneladas. A colheita começou em março/abril e vai até o final do ano. Como as chuvas de maio complicaram a vida dos canavieiros tanto em São Paulo como no Paraná, é hora de tirar o atraso. Se na rota da safra de grãos em Mato Grosso o dia a dia dos caminhoneiros inclui longas esperas para carregar e descarregar, na rota da cana a realidade é bem diferente. Com a mecanização da colheita, a cana picada não pode ficar muito tempo na roça para não
perder qualidade. Então ela é colhida e já vai para as carretas, num sistema conhecido como bate e volta, ou seja, o caminhão deixa uma carreta vazia e já volta com uma carregada. Praticamente não se perde tempo em filas no campo e nas usinas. Foi para conhecer de perto esta rotina de 24 horas diárias de trabalho, sem descanso, que o projeto AS ESTRADAS FALAM, A MERCEDESBENZ OUVE E A REVISTA CARGA PESADA PUBLICA visitou duas usinas em São Paulo e uma no Paraná, em maio. Como aconteceu nas viagens pela Via Dutra em dezembro e na rota da safra do Mato Grosso, na BR-163, em março, o resultado da terceira etapa deste trabalho pode ser conferido aqui e em vídeos e fotos publicados em nosso site e páginas nas redes sociais Facebook e Youtube.
20
tem que rodar Raízen compra 524 caminhões Mercedes-Benz Um dia antes da nossa viagem pela rota da cana começar no interior de São Paulo, a Mercedes-Benz, nossa parceira neste projeto, anunciou o que provavelmente vai ser um dos maiores negócios do setor de caminhões neste ano de vendas difíceis para todos: a Raízen, maior produtora de etanol do mundo e maior exportadora de açúcar no mercado internacional, adquiriu 524 caminhões para operar na safra de cana. Desse número, 286 são Atego 2730 6x4 e 238 são Axor 3344S 6x4. Os Atego foram vendidos à Borgato, grande locadora de equipamentos pesados, para uso em serviços de apoio à produção de cana-de-açúcar. Os extrapesados Axor já estão em operação e foram adquiridos por um pool de empresas que realizam o transporte de cana para a Raízen. A Volvo e a Scania têm liderado as vendas no mercado canavieiro, mas a Mercedes-Benz está firme no propósito de conquistar espaço. Ian Dobereiner, diretor da Raízen, explica que a decisão de comprar os Mercedes foi um reconhecimento da qualidade e excelência da marca e levou em conta a robustez de seus veículos, “necessá-
21
ria para enfrentar a operação dura de campo da nossa atividade”. Dobereiner exaltou ainda a tecnologia embarcada dos caminhões – “a telemetria traz uma série de informações relevantes que vão ajudar a aumentar nossa eficiência na operação” – e as facilidades do pós-venda: “O contrato de manutenção foi decisivo na compra”. A Raízen, criada a partir da junção de parte dos negócios da Shell e da Cosan, possui 24 unidades de produção de açúcar, etanol e bioenergia. Produz anualmente 4,5 milhões de toneladas de açúcar e 2,1 bilhões de litros de etanol. Para Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing, peças e serviços de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz, “essa venda foi resultado do ótimo relacionamento que mantemos com a Raízen, para quem desenvolvemos e aprimoramos soluções focadas no transporte canavieiro”. A Mercedes-Benz lidera as vendas de caminhões extrapesados off-road
Ian Dobereiner, da Raízen, e Roberto Leoncini, da Mercedes-Benz
no Brasil. De janeiro a abril deste ano, vendeu 888 caminhões, o que significa 66,4% de participação de mercado. Na verdade, o extrapesado Axor 3344 6x4 foi o caminhão mais vendido no País em março, com 311 unidades. É próprio para os setores canavieiro, madeireiro, de mineração e de grandes obras de infraestrutura e construção civil. Desde o final do ano passado, estes caminhões passaram a contar com o câmbio automatizado Mercedes PowerShift de segunda geração, com 12 marchas, sem pedal de embreagem e com sensor de inclinação que permite selecionar eletronicamente a marcha mais adequada, além de bancos mais confortáveis.
Boleia
Safra 2017 Pedras, objetos cortantes, parafusos...
Pneu sofre! Nos últimos dois anos, a Raízen reduziu de 236 para apenas oito o número de empresas contratadas para operar no transporte da cana. Uma delas é a Imediato Transportes, que atua na logística da cana para abastecer usinas em Barra Bonita e Igarapava, no interior de São Paulo. A empresa compõe o pool montado pela Raízen e comprou 46 caminhões do lote de 524 vendidos pela Mercedes-Benz. Assim, o Grupo Imediato, que atua também na distribuição para embarcadores como Ambev e Unilever, passou a contar com uma frota de 950 caminhões. Segundo o gerente de operações Marcelo Silva, responsável pela logística canavieira, ao lado do diesel, o custo com pneus está entre os mais elevados da operação: “As estradas de terra têm pedras e as vias mestras são utilizadas como rota alternativa por automóveis e caminhões. Esses veículos vão deixando parafusos, pedaços de peças e objetos cortantes por onde passam. Isso tudo causa grandes estragos nos pneus”. Outro desafio é manter a frota rodando sem paradas não programadas: “Nós rodamos 24 horas por dia, sete dias por semana, abastecendo as usinas com matéria-prima. Se um cami-
Problemas com pneus podem comprometer a logística da cana-de-açúcar
nhão tiver algum problema, como são estradas de terra sem rotas alternativas, quem vem atrás também para e toda a logística fica comprometida”. Nesta operação severa, onde conjuntos articulados, em geral, tracionam cargas de 60 a 100 toneladas numa viagem, o mesmo caminhão pode ser operado por três motoristas num dia, em turnos de oito horas cada um. Para selecionar pessoal, a Imediato exige experiência de dois anos com rodotrem: “O motorista tem que ser uma pessoa muito atenta ao que está fazendo. Um caminhão desses pode chegar a 120 toneladas de peso bruto total”, argumenta Carlos Mendes, responsável pelo treinamento de motoristas. José Angelo Baraúna é um destes
Marcelo Silva e Carlos Mendes, da Imediado Transportes: telemetria e rastreamento para aumentar a eficiência da logística da cana
motoristas. Ele transporta cana há nove anos e está gostando do Axor 3344: “Depois que você experimenta o câmbio desse caminhão, não quer pegar mais o câmbio mecânico. E o caminhão é forte, nas subidas aqui da região, mesmo com areia, ele sobe tranquilo em quinta marcha”. O gerente de operações Marcelo Silva concorda: “O Axor tem se mostrado bastante robusto e vem se adaptando bem à nossa operação, trazendo bons resultados em termos de consumo, números que queremos melhorar ainda mais”. Para isso a Imediato está trazendo para a logística da cana ferramentas que já utiliza na operação de distribuição, como a telemetria e o rastreamento dos veículos.
O motorista Baraúna, depois de trabalhar com o câmbio automatizado, não quer mais saber do mecânico
22
“Engatou no automático, ele trabalha sozinho” As caixas automatizadas estão ganhando espaço em todos os segmentos do transporte de cargas. Empresários e motoristas reconhecem as vantagens desta tecnologia. É o que se ouve também na Andrade Transportes, outra empresa que faz a logística da Raízen na usina da cidade de Rafard, região de Piracicaba. Seu diretor Marco Andrade diz que “o câmbio automatizado melhora os índices de consumo, o conforto do motorista e, principalmente, dá mais segurança na operação”. O caminhoneiro Marcelo Aragão reforça: “O Axor 3344 é um ótimo caminhão, muito confortável. Engato no automático e não preciso mais me preocupar com nada, ele trabalha sozinho, o sensor de subida decide as melhores marchas. Acabou a história de que câmbio automático não trabalha na cana, no Mercedes trabalha sim”, opina. Depois de 10 anos transportando cana, Aragão se diz satisfeito com a escolha que fez. “Hoje, como motoristas, nós tiramos o mesmo salário que um professor ou um profissional que se formou na faculdade. Temos ótima infraestrutura de trabalho, assistência médica, para mim e para minha família. Trabalho das seis da manhã às duas da tarde e tiro um salário livre de 2,5 a 3 mil reais livres”, comenta.
Já o diretor da Andrade Transportes comenta outro “motivo de comodidade” oferecido pelos Mercedes: os contratos de manutenção adquiridos juntamente com os novos caminhões. “Na nossa atividade, o pós-venda é fundamental. Temos sido muito bem atendidos em serviços, uma questão essencial para uma operação que exige alto índice de produtividade como a nossa”, informou Marco Andrade. O motorista Marcelo Aragão: “Acabou a história de que câmbio automático não trabalha na cana”
O empresário Marco Andrade: muito satisfeito com o pós-venda da Mercedes-Benz
23
Paulo José de Oliveira, Tiago Portronieri, José Carlos Barboza e Marco Andrade, da Andrade Transportes
Boleia
Safra 2017 Rodotrem de 91 toneladas ainda é pouco para cana
O Contran publicou em abril a resolução 633, que regulamenta a circulação do super-rodotrem de 11 eixos e 91 toneladas. Embora o implemento seja considerado muito grande para as estradas brasileiras, para as demandas do setor canavieiro ele ainda está aquém da necessidade, segundo
explica o supervisor agrícola da Usina Melhoramentos, de Jussara (PR), José Carlos dos Anjos. Ele diz: “A tara de um conjunto canavieiro é muito alta, 37 mil quilos. Com mais 54 toneladas de carga, completando as 91, daria duas caixas pelo meio de cana em um rodo-
trem, ou seja, o conjunto ainda estaria transportando peso morto”. Com 25 anos de experiência no setor, José Carlos gerencia uma operação que trafega 95% do tempo em estradas de terra. A frota da unidade é de 62 caminhões, sendo 28 próprios e 34 de terceiros, que vão transportar este ano 2,5 milhões de toneladas de cana. Quando visitamos a usina, fazia 30 dias que estava em teste na empresa o novo Axor 3344, sob supervisão da equipe da concessionária Ingá Veículos, de Maringá. A empresa já usava caminhões Mercedes, mas apenas na frota de apoio, como veículos de transbordo de cana. “O Axor 3344 nos surpreendeu, mostrou uma evolução muito grande em relação aos modelos anteriores que avaliamos”, afirma José Carlos. “Ele tem um trem de força muito eficiente, o conforto da cabine melhorou muito e em termos de consumo a briga está de igual para igual com outras marcas.” O motorista Arlei Neri, 29 anos no transporte de cana, concorda. Nunca tinha trabalhado com Mercedes e se surpreendeu. “O caminhão ‘te ensina’ a trabalhar. Se você está no modo manual e erra na escolha de uma marcha, ele corrige. Se você entra em sétima numa subida e atrasa para reduzir para sexta, ele sozinho já pula para a quinta, mesmo no modo mecânico. Isso para mim é show de bola”, afirma. Robson Rinaldi, encarregado de transportes da Usina Melhoramentos, reforça: “De fato, o Mercedes tem se mostrado um ótimo caminhão, apesar da alta densidade de nossas cargas. É eficiente mesmo em rampas. Além disso, os motoristas estão gostando do conforto da cabine”. Robson Rinaldi, José Carlos dos Anjos, o motorista Arlei Neri e Leandro Liberto, da concessionária Ingá Veículos: operação canavieira exige força, economia e conforto na cabine
24
Minas Gerais
Radioescuta
Mais um desembestado arrasta carros no Anel de BH LUCIANO ALVES PEREIRA
Truck-caçamba carregado de entulho de madeira faz sete vítimas na rampa de Betânia. Uma pessoa morreu Um truck-caçamba com 13 mil quilos de entulho de madeira perdeu o freio no rampado km 538 da BR-040 e desceu fazendo devastação. Foi dia 5 de abril. Pista seca e sol intenso, a 171ª ocorrência neste princípio de ano no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Descontrolado, o caminhão abalroou 19 veículos, deixou um morto e seis feridos – um em estado grave. Diante do estado dos carros, foi pouco. O clamor geral se virou não contra o caminhão e seu condutor, mas contra “as autoridades que não conseguem estancar a carnificina”, termo usado pelo prefeito, que é novo e correu para as TVs e jornais prometendo assumir a operação da maldita travessia rodoviária da capital e “tentar resolver” a sequência de acidentes assombrosos. São 27,5 quilômetros, sob a jurisdição do DNIT federal, inaugurados em 1963 com objetivo de ligar as hoje BRs-040/381/262. A duplicação ocorreu em 1982 mas o traçado continuou o mesmo. Os técnicos sabem que a solução do anel rodoviário de Belo Horizonte é cara e demorada. No final dos anos 1970, São Paulo padecia do mesmo mal. A Via Anhanguera vivia entupida com seus 40 mil veículos diários. A saída foi a construção da Rodovia dos Bandeirantes. Por que os paulistas preferiram construir uma estrada nova e não ampliar a Anhanguera? Sim, havia di-
25
EM APENAS 27,5 KM DE ESTRADA... ACIDENTES ACIDENTES FERIDOS MORTOS SEM VÍTIMAS COM VÍTIMAS 2010 2.179 876 1.271 39 2011 2.256 797 1.026 33 2012 2.245 861 1.139 31 2013 2.331 870 1.126 35 2014 1.800 773 1.000 33 2015 1.130 616 775 25 2016 662 707 900 33 2017* 60 28 35 2 TOTAL 12.663 5.528 7.272 231 ANO
nheiro, mas o critério não se aplicaria a Belo Horizonte? Qualquer leigo percebe que a rampa da Betânia é muito inclinada. E recebe 100 mil veículos por dia. Aquilo é um precipício. Já a Rodovia dos Bandeirantes foi feita com rampa máxima de 4,5% e distância de frenagem de 145 metros. Na rampa da Betânia o problema é grande. Sua faixa de domínio tem uns 10 mil ocupantes que precisariam ser reassentados para mudar a topografia. Ali o que não falta é dispositivo de controle de velocidade e sinalização, mas isso não está diminuindo o ímpeto dos motoristas irresponsáveis. O tenente Barreiros, da Polícia Militar Rodoviária, presente no último grande acidente, reclamou às TVs que ninguém liga para os radares, quanto mais para as placas. José Natan, líder classista dos caminhoneiros, propõe encher o trecho de quebra-molas. Confirmando a queixa do tenente, o inspetor (PRF) Émerson João Soares chega a se espantar com a disparada alucinada das carretas numa outra ‘via da desobediência’, a Fernão Dias, perto de Pouso Alegre (MG). Chega a haver cinco tomba-
*ATÉ MARÇO / FONTE PRE-MG
mentos diários naquela rodovia. E é duplicada! O caminhoneiro veterano Ericson Meireles, que anda por ali há 45 anos, resume que “a turma perdeu o respeito pela estrada”. O engenheiro e consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto pega num ponto conhecido: falta mesmo é fiscalização “ostensiva”, permanente. Mas para isso é preciso gente. É nesse vazio que o azar prospera. Já José Aparecido Ribeiro, integrante da Comissão Técnica de Transporte da Sociedade Mineira dos Engenheiros, prescreve outro remédio: as malconhecidas rampas de escape, que permitem ao desembestado fugir da pista principal e jogar o caminhão/carreta numa caixa com pedra britada. O saudoso líder rodoclassista José Carneiro insistiu muito nessa tese. Em vão.
Faixa Contínua
Pré-Fenatran
Mercedes-Benz investe Que bancos... Que painel... Que conforto... Novidades que chegarão às concessionárias em outubro já foram apresentadas A Mercedes-Benz já começou a antecipar suas novidades para a Fenatran-2017, que será realizada em outubro, em São Paulo. Como se viu num evento realizado no Posto Sakamoto, em Guarulhos, seus caminhões passarão a dispor de até 12 possibilidades de regulagem dos bancos e ganharão novo pacote multimídia com painel, volante multifuncional, sistema de som e tacógrafo digital, que ampliam as facilidades para o motorista. O vice-presidente de vendas, marketing, peças e serviços diz que “o novo posto de trabalho assegura alto nível de ergonomia e facilita a operação do motorista, o que se traduz em maior conforto e produtividade”. Segundo ele, na Fenatran, todos os caminhões Atego, Axor e
Actros trarão as novidades. Presente no evento da Mercedes, o diretor de Logística da Seara Agronegócio de Londrina, Afonso Mariano, elogiou a evolução dos veículos da montadora. Segundo ele, o câmbio automatizado possibilitou a melhora do aproveitamento da potência do caminhão tanto nas descidas como nas subidas. “Fazíamos uma viagem de Londrina a Paranaguá em 11 horas e meia; agora, com os automatizados, dura 10 horas”, conta. Ganha a empresa e também o motorista, que fatura mais. A Seara tem 200 caminhões, dos quais 80% são Mercedes-Benz Axor. Eles transportam uma pequena parte da carga própria da empresa. Cerca de dois mil terceiros são contratados
para carregar grãos. O diretor explica que a robustez dos veículos, a confiabilidade e o bom relacionamento com a fábrica é que levaram a Seara a optar pela Mercedes-Benz. “A qualidade do produto é muito, mas não é tudo. Tem também o pós-venda, o pré-venda, a relação com a fábrica. Trabalhar com a Mercedes-Benz tem sido muito produtivo para nós.” NOVOS BANCOS - Todos os novos bancos têm cintos de segurança integrados e 12 regulagens: ajuste de encosto; baixar/levantar o assento; ajuste da abertura do banco; ajuste da inclinação do assento; ajuste do amortecedor; amortecimento horizontal; ajuste horizontal; ajuste de profundidade do assento; dois apoios de braço; baixar/levantar o encosto; e ajuste lombar (na versão conforto). Também há novidades nas camas, disponíveis nas cabines leito e estendida. O revestimento passou a ser confeccionado com um tecido de mais elasticidade. A espuma é laminada, com espessura de 120 milímetros.
Os novos bancos têm 12 regulagens e vários outros ajustes facilitam muito a operação do motorista, destaca o diretor Roberto Leoncini
26
no conforto
Atego ganha versão off-road Para-choque 5% mais alto e tripartido, grade de proteção para os faróis, nova posição das setas e pneus mais altos e de perfil misto 295 são algumas das novidades que trouxeram mais robustez para a linha rodoviária de caminhões Atego 4x2 e 6x2, desenvolvida em parceria com o cliente Via Lácteos, de Matelândia (PR), empresa especializada no transporte de leite. Circulando por fazendas na coleta de leite e também por estradas e áreas urbanas na distribuição, os novos modelos procuraram atender não apenas a exigência de robustez, mas também de versatilidade e conforto para o motorista. A solução agradou aos motoristas da Via Lácteos. Adroaldo Oliveira Silva disse em vídeo apresentado durante o lançamento que o caminhão se adaptou muito bem às estradas do interior do Paraná, onde a empresa atua. “O motor é eficiente, com bom
27
desempenho no barro, e na subida tem agilidade e rapidez.” Além disso, ele destacou o bom espaço da cabine, a suspensão que não quebra e a facilidade de operar: “O caminhão oferece tudo aquilo que a gente precisa para trabalhar”. Depois de participar do desenvolvimento, a Via Lácteos comprou 20 caminhões Atego com essa configuração: dez Atego 1719 4x2 e dez Atego 2426 6x2. A empresa tem uma frota de 480 veículos. Transporta mais de 1,1 bilhão de litros de leite por ano. “A simplicidade e o baixo custo operacional são os componentes que mais exigimos. Nesse sentido, o Atego 1719 e o Atego 2426, que idealizamos em conjunto com a Mercedes-Benz, estão nos atendendo perfeitamente”, afirma Márcio Bragatti, super-
visor de frota da Via Lácteos. “O mercado vem reconhecendo cada vez mais a robustez e a durabilidade do Atego, devido especialmente ao quadro do chassi herdado do Atron. Além disso, o cliente ganha mais produtividade, porque o Atego 2426, por exemplo, leva até uma tonelada de carga a mais que seus concorrentes”, afirma Ari de Carvalho (abaixo), diretor de Vendas e Marketing Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil.
Câmbio
MAN
De dez anos para três meses! Campo de provas inaugurado pela MAN em Resende (RJ) vai permitir uma economia de tempo desse tamanho no desenvolvimento de novos veículos Pistas que simulam paralelepípedos, trilhos de trem, “costelas de vaca”, lombadas, asfalto remendado e pistas esburacadas, além de rampas que podem chegar a 60% de inclinação para testar caminhões como o Constellation 31.320 6x6, desenvolvido para as Forças Armadas. É assim o novo campo de provas da fábrica da MAN Latin America apresentado em maio – a única pista de testes de caminhões e ônibus com certificação internacional para avaliar ruídos na América Latina. A pista apresenta 26 diferentes condições de rodagem. Simulações com veículos, que levariam até 10 anos para desenvolvimento em pistas normais, poderão ser feitas em apenas três meses no novo campo de provas. “Temos mais de 100 caminhões e ônibus Volkswagen e MAN em testes por todo o País. A cada mês, rodamos cerca de 300 mil quilômetros. Por trás disso, temos um time de quase 600 profissionais dedicados ao desenvolvimento de nossos produtos. É um investimento pesado para garantir a qualidade e a consequente satisfação dos clientes. O novo campo de provas vem dar mais eficiência a esse trabalho”, afirma Roberto Cortes, presidente e CEO da MAN Latin America. A montadora aproveitou para
apresentar a versão 2017/2018 dos caminhões MAN TGX, já disponível nas concessionárias. As principais mudanças estão no design da cabine. Na parte externa, a grade ganhou reforço. O tradicional símbolo do leão dos caminhões MAN agora está com um fundo negro. O volante também tem novo visual, para agre-
gar a mudança no logotipo. Na versão 2017/2018 dos caminhões MAN, cores mais claras compõem o interior da cabine. O marfim é a tonalidade que predomina no painel, revestimentos, portas e cortinas. Outra novidade é o sistema de iluminação, com a incorporação de um farol para rodagem diurna — também conhecido como DRL, do inglês Daytime Running Lights. O mecanismo poupa as demais luzes do veículo, uma
Volkswagen com taxas A MAN Latin America, que comercializa os caminhões Volkswagen, apresentou no final de abril em São Paulo a campanha “Vem que tem negócio”, para estimular a venda de caminhões novos. As facilidades incluem financiamento pelo Banco Volkswagen de até 48 meses com taxa de 0,99% ao mês, mais baixa que a do Finame, que tem girado em torno de 1,17%, e ainda a oferta de um sistema inédito de wi-fi para conectar o veículo gratuitamente por um ano. A empresa ainda promete rapidez na aprovação do crédito e diz que oferece as melhores condições de aquisição de usados de qualquer marca para cobrir parte do valor do veículo novo. “Muitos transportadores estão
precisando renovar a frota em função dos altos custos de manutenção. Taxas imperdíveis e menor custo operacional é o que estamos oferecendo, ou seja, todas as condições para que os clientes façam suas aquisições agora”, explicou Ricardo Alouche, diretor de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America. Aproveitando essas facilidades, a Braspress acabou de adquirir 100 unidades do Volkswagen Constellation 19.330 Titan Tractor. Deu 30 usados de outras marcas para cobrir parte do custo. “Neste mercado tão exigente e disputado, temos que mostrar agilidade. Investimos na Volkswagen pela boa oferta comercial tanto na venda quanto no pós-venda”, destacou Urubatan Helou, presidente da Braspress.
28
O MAN TGX 2017/2018 no novo campo de provas. Acima, o painel ganha cores mais claras
vez que seu acionamento não envolve o restante do sistema de iluminação. “Com este modelo premium do MAN TGX, estamos buscando foco no negócio de extrapesados. Além de melhorias no produto, temos uma rede de 150 concessionários preparados para atender a todas as demandas deste segmento”, destacou Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America.
Rampa de 60% de inclinação e o Constellation 31.320 6x6 desenvolvido para as Forças Armadas
menores que o Finame Os caminhões foram montados sob medida para a empresa, que entrega encomendas expressas de no máximo 15 toneladas e faz mais de um milhão de despachos mensais em 93 filiais: suspensão pneumática, cabine-leito teto alto, segundo tanque de combustível, ar-condicionado e vidros elétricos. “Nossas soluções são sob medida tanto do ponto de vista do produto quanto do ponto de vista comercial. A Braspress é nossa cliente desde 2002 e este lote comprova o acerto desta estratégia”, afirmou Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America. A MAN está comemorando o crescimento de 40% nas exportações de caminhões e ônibus no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2016. O destaque
29
é o modelo Constellation 17.280, líder de vendas na Argentina, sobretudo para o transporte de grãos. Equipado com o motor MAN D08 com tecnologia EGR, ele dispensa o uso de Arla 32. As vendas da empresa no México também cresceram 38%. A MAN espera que a exportação de veículos comerciais do Brasil volte aos
Urubatan Helou, da Braspress, e Ricardo Alouche: momento bom para negócios
patamares de 50 a 55 mil unidades por ano, como era antes da crise econômica de 2008.
Retrovisor
Caminhão Especial
Consórcio Scania vai sortear dois Streamline
O caminhão da série comemorativa dos 60 anos da Scania: objeto de desejo de muitos
Compradores também irão visitar a Fenatran, em outubro Em comemoração aos seus 35 anos, o Consórcio Scania lançou uma promoção na qual irá sortear dois caminhões da série comemorativa dos 60 anos da marca no Brasil. Para participar da promoção Dreamline 35 Anos do Consórcio Scania, o cliente deve aderir a um plano de consórcio do veículo R440 6x2 do grupo 2128, com parcelas a partir de R$ 3.543,73. São 100 meses para pagamento, com taxa de administração de 0,125% ao mês, fundo de reserva de 0,05% ao mês e seguro prestamista incluso. Além de concorrer aos dois caminhões, os 300 participantes do grupo serão levados pela Scania para uma viagem de quatro dias a São
Paulo, quando vão visitar a fábrica e a sede do consórcio e participar da Fenatran 2017, onde ocorrerá o sorteio, no dia 18 de outubro. “Vamos trazer o cliente para a Fenatran, que é um evento maravilhoso”, conta o diretor comercial do Consórcio Scania, Ricardo Vitorasso. “Vamos criar essa oportunidade para ele, com uma programação na qual ele vai estar com a gente quatro dias, participando também de várias atividades para descontrair.” Na programação constam visita ao Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu, e happy hour no Bar Brahma. Segundo o gerente, a promoção foi muito bem aceita pelo mercado.
“Lançamos e, em 45 dias, 70% do grupo já estava vendido”, conta. Vitorasso diz que o segredo do sucesso do Consórcio Scania é a inovação. “Toda hora estamos pensando em buscar inovações. Um dia nunca é igual a outro”, afirma. Neste ano, a Família Scania, que leva os clientes para viagens nacionais e internacionais, completa 15 anos. “O consórcio adquiriu um nível de experiência, e ganhou tanta confiança do mercado, que podemos pensar em ideias inovadoras como essa do Dreamline”, explica. Ele admite que as regras do Finame, que não são mais tão favoráveis como antes, vieram ajudar o segmento de consórcio. O Consórcio Scania chega aos 35 anos com mais de 80 mil clientes contemplados e uma carteira de 27 mil cotas ativas.
30
Família Scania
Uma visita cultural e profissional 700 clientes do Consórcio Scania estiveram em Roma Além de uma imersão na cultura italiana, a visita a clientes locais para conhecer o negócio de transporte esteve no roteiro preparado pelo Consórcio Scania para 700 clientes que foram levados a Roma em maio, como parte do programa Família Scania. Para o empresário Guilherme Faccin Comelli, a viagem foi mais que uma oportunidade de conhecer a Europa. Diretor da Transcol Transportes, de Rio Verde (GO), ele conta que pôde ver como funciona o setor no Velho Mundo. Comelli integrou o grupo que, na capital da Itália, visitou a sede da La Costiera, distribuidora de limão siciliano. “Já conhecia os Estados Unidos, mas não tinha ido à Europa”, informou. Ficou impressionado com a frota da La Costiera. “São veículos Scania do mais alto padrão, muito bem cuidados. A Itália tem ótimas estradas.” Os visitantes assistiram a uma palestra do diretor de vendas da Scania Itália, Paolo Carri, em que ele detalhou a estrutura de atendimento da marca naquele país. “Vimos como funciona uma transportadora, quais são os salários, o rigor na contratação de motoristas”, afirma Comelli. Outro ponto alto da viagem foi conhecer a cabine S, da nova geração de caminhões Scania, equipada com motor V8 de 730 cavalos. A Transcol hoje compra 90% da frota via Finame, mas a tendência, segundo ele, é do consórcio ganhar participação. “Os juros do Finame subiram muito.” Gentil Luciano Pereira, da Ebmac Transportes e Logística, de Londrina,
31
Parte da turma da Família Scania na La Costiera: empresa de altíssimo padrão
também aproveitou bem a viagem. Ele ficou admirado com a La Costiera. “É uma empresa de padrão muito elevado. A Europa é muito diferente. Só tem autoestrada, pedágio é só na saída, quase não há acidentes. Ele também se espantou com a baixa rotatividade de empregados. “O motorista mais novo de casa tinha sete anos.” “Muitos clientes já participaram de eventos anteriores conosco, e confiam no nosso trabalho, seja administrando seus investimentos ou proporcionan-
do uma viagem tranquila e prazerosa. E quem vem pela primeira vez é contagiado por esse clima familiar”, diz Suzana Soncin, diretora-geral do Consórcio Scania. Em 15 anos, o Família Scania proporcionou viagens a 55 mil pessoas. Em 2017, haverá mais eventos. O próximo, ainda com vagas disponíveis, será para a Califórnia com saída prevista para novembro. Os interessados podem procurar a rede de concessionários Scania para maiores informações.
Gentil Luciano Pereira, esposa e filho e o novo Scania V8 de 730 cavalos
Guilherme Comelli (dir.) e família diante da Catedral de São Pedro
Retrovisor
60 anos de Brasil
Scania anuncia investimentos de R$ 2,6 bi até 2020 Empresa iniciou as comemorações pelas seis décadas de presença no mercado brasileiro de caminhões e ônibus Em 1957, quando chegou ao Brasil, a Scania funcionava num escritório no centro de São Paulo. Em 1962, transferiu-se para São Bernardo do Campo e começou a produzir motores e caminhões. Nestes 60 anos, foram fabricados 340 mil caminhões e 70 mil ônibus Scania no Brasil, dos quais 250 mil caminhões e 39 mil ônibus foram vendidos aqui mesmo. Estima-se que 30% da frota brasileira de veículos comerciais seja da marca Scania. Estes números foram apresentados no evento que abriu as comemorações dos 60 anos da montadora no Brasil. O diretor geral Roberto Barral aproveitou para anunciar investimentos de R$ 2,6 bilhões até 2020 em desenvolvimento de novos produtos e modernização da fábrica de São Bernardo do Campo e da rede de concessionárias. “Acreditamos no Brasil e por isso estamos fazendo este investimento, pensando nos próximos 60 anos, nos quais nosso principal desafio será tornar o sistema de transporte sustentável”, comentou. Recentemente, Barral previu que a empresa vai crescer de 10% a 15% este ano: “Embora o mercado como um todo esteja em retração, começamos o ano com o pé direito. Acreditamos que o resultado do segundo trimestre será ainda melhor”, afirmou. Outro dado anunciado é que o sistema de gestão de frotas Serviços Co-
nectados Scania, implantado há cinco meses, já está instalado em dois mil caminhões. As informações operacionais desses veículos são coletadas e compartilhadas on-line com a Scania e a rede de concessionários, o que permite dar uma consultoria personalizada para os clientes. “Empresas como a TNT já estão utilizando o sistema e obtiveram redução de 10% a 12% no consumo de diesel”, informou Alex Barucco, responsável pela área. “Isso significa economia também pelo aumento da disponibilidade da frota e diminuição das emissões de poluentes e CO2”, acrescenta Roberto Barral. A Scania conta com mais de 250 mil veículos conectados no mundo. Barral diz que “o futuro na Scania está apoiado em três pilares: eficiência energética; combustíveis alternativos e eletrificação; e transporte seguro e inteligente. Nós nos preparamos para enfrentar desafios globais postos pelo crescimento das populações e da demanda por transporte”. A montadora sueca já apresentou na Europa seu caminhão autônomo e colocou para rodar nas vias de Estocolmo veículos movidos a eletricidade, sem falar num ônibus abaste-
Caminhões a perder de vista: 30% da frota brasileira de veículos comerciais é Scania
cido via wireless. OBRIGADO, SCANIA – Agradecemos à Scania pela homenagem que a Revista Carga Pesada recebeu no evento dos 60 anos da marca no Brasil, no último dia 11 de abril. Queremos compartilhar esta placa com todos os nossos leitores e renovar nosso compromisso de continuar levando boa informação para o setor de transportes.
32
Lanterna Traseira
Mulheres
O lado humano do transporte A empresária Sarah Bossardi Zanette, da Letsara Transportes, diz que a presença feminina incentiva o contato das pessoas umas com as outras Humanização. Essa é a principal característica que as mulheres trazem para o transporte rodoviário de carga, na opinião da empresária Sarah Bossardi Zanette, diretora financeira e de marketing da Letsara Transportes, com sede em Ijuí (RS). “Nas empresas, geralmente as pessoas não têm aquele contato umas com as outras. Queremos trazer esse lado humano”, afirma. Formada em design e cursando administração, ela passou a dedicar-se integralmente à empresa em 2014. “Estou na área financeira, mas faço um pouco de tudo, para conhecer cada área da empresa”, conta. No ano que vem, ela deve se mudar para adquirir experiência na área comercial da transportadora, que fica em São Paulo. Segundo Sarah, as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço no TRC e, pelo menos em sua empresa, não sofrem nenhum tipo de discriminação. “Temos muitas mulheres atuando em áreas importantes. Para alguns setores, preferimos mulheres, pois seu trabalho tem mais qualidade e agilidade.” O nome Letsara veio da fusão de Letícia e Sarah, filhas de Glademir
Zanette, que fundou a empresa em 1988. Questionada sobre como é administrar a empresa junto com o pai, que é de uma geração mais antiga, ela não vê dificuldades. “Temos visões distintas, mas que no final casam muito bem”, afirma. Segundo Sarah, o pai é uma pessoa que não teme mudanças. “É muito acessível e disposto a ouvir ideias. Às vezes ocorrem desentendimentos, mas sempre resolvemos tudo juntos. Tenho um grande professor ao meu lado”, declara. A empresária se diz otimista em relação à economia. “Acreditamos muito no Brasil, temos uma equipe jovem e comprometida com a empresa.” Para ela, 2018, quando a Letsara completará 30 anos, será o ano da retomada. “O País voltará a crescer for-
temente e queremos aproveitar essa onda”, afirma. Glademir Zanette, o pai de Sarah, diz que a entrada das mulheres no setor é muito bem-vinda. “As mulheres trazem preparo ao entrar em atividades como a nossa, a logística e outras das quais elas eram ausentes. É natural que alcancem cargos elevados.” Ele conta que a empresa está ampliando a frota, que é quase toda Scania. Acaba de comprar 30 caminhões Scania e 50 semirreboques siders da Facchini e rodotrens da Randon. A Letsara atua no Centro-Sul, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai com 70% de frota própria. A empresa procura renovar e ampliar a frota anualmente por meio de Finame e consórcios. Com 350 funcionários, atua nas áreas automobilística, química e de alimentos.
Passatempo PARA-CHOQUES NO ÔNIBUS Um amigo nosso ia sentar ao lado de uma senhora em um ônibus, sem perceber um pequeno embrulho no banco. Antes que sentasse em cima do embrulho, a senhora avisou: – Senhor, cuidado com os ovos. Nosso amigo, curioso, apalpou o embrulho e disse: – Mas aqui não tem ovos. E a senhora: – Sim, mas tem pregos.
Mulher é como índio: se pinta quando quer “briga”. O sol nasce para todos; a sombra só para quem merece.
NO ALMOÇO Era um casal do tipo que a mulher manda e o marido baixa a cabeça. Ela fez o almoço e ele começou a comer. Bem naquele dia, ela decidiu cobrar a opinião dele: – E então, como é que está a minha comida? Diga! Ele, distraído, caiu na sinceridade: – Sem... sal... Já tinha falado quando se tocou da mancada e olhou para ela. Os olhos dela estavam em fogo. Então ele correu a corrigir: – Sem... sal... cio... nal. Ufa!
CRUZADAS Horizontais: 1 – Barulho ao longe (plural) – Tudo que é captado pelo ouvido; 2 – Veículo pequeno de transporte de cargas ou passageiros – Pode ser espiralada ou helicoidal, e produz conforto para o motorista; 3 – Grito de dor – Estrada sem asfalto, ou tem barro ou tem... – Sigla de Alagoas; 4 – Cidade do Cariri cearense, conhecida como “O oásis do sertão”; 5 – O odor que torna a comida mais gostosa; 6 – A sigla do extraterrestre – Caminhar, seguir – Observa, nota, acompanha com os olhos; 7 – Complete: “As .... belas palavras são ditas no silêncio de um sorriso” – O site de notícias gerais (de política, esporte, entretenimento etc.) mais conhecido do Brasil; 8 – A décima terceira letra do alfabeto – Tornou-se eletrônica e serve para depositar votos. Verticais: 1 – A primeira mulher – Sente medo de, receia; 2 – Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (escola) – Companhia aérea brasileira, uniu-se à LAN chilena; 3 – Indica que um aparelho eletrônico está ligado – Deus egípcio – Abreviatura de isto é; 4 – A capital da França; 5 – O engenho que “empurra” o caminhão; 6 – Sem ninguém por perto – Ondas Médias – A pátria de Abraão, segundo a Bíblia; 7 – Uma saudação – Nome de uma fábrica de cosméticos muito antiga; 8 – Palavra que se usa para designar uma pessoa que é... chata – Pronome pessoal feminino. Soluções: Horizontais – ecos, som, van, mola, ai, po, al, crato, aroma, et, ir, ve, mais, uol, eme, urna. Verticais – eva, teme, caic, tam, on, ra, ie, paris, motor, so, om, ur, ola, avon, mala, ela.