Revista Carga Pesada Edição 189

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Revista Carga Pesada e Mercedes-Benz vão para a estrada ouvir caminhoneiros

ANO XXXIII - NÚMERO 189 - Dezembro 2016 / Janeiro 2017

O gaúcho Marcelo foi um dos entrevistados

O melhor do Brasil é o brasileiro O baiano Luis Carlos dos Santos vence competição que reuniu 56 mil motoristas da América Latina




ENTRE NÓS

Nossa vida é andar

por este País...

ISSN 1984-2341

Nos 32 anos da Revista Carga Pesada, que vamos completar em janeiro, e 20 anos do site www.cargapesada.com.br, as viagens foram uma constante na rotina de trabalho da nossa equipe. Ouvir, anotar ou gravar, fotografar, voltar para a redação e escrever a matéria. Diagramar, fechar o arquivo e mandar para a gráfica. Distribuir os exemplares para todo o Brasil. Essa foi nossa rotina por anos a fio... De 20 anos para cá, com o site www.cargapesada.com.br, as newsletters diárias, e mais recentemente as edições digitais e nosso aplicativo de notícias, esta rotina já vinha mudando. E agora, com este projeto As estradas falam. A Mercedes-Benz ouve. E a Revista Carga Pesada publica, um universo novo de comunicação se apresentou: pudemos entrevistar caminhoneiros, familiares, ouvir suas opiniões, reclamações e postar no mesmo instante – quando não era uma transmissão ao vivo, um live – em nossas páginas nas redes sociais, principalmente o Facebook. Foi estimulante observar os comentários chegando rapidamente e o próprio entrevistado poder ver e se animar com sua opinião ganhando espaço neste universo das redes sociais. Com os resultados animadores deste projeto, que só foi possível com o patrocínio da Mercedes-Benz (além de ter cedido uma confortável e novíssima van Vito para nosso deslocamento pela Via Dutra), nosso Ano Novo já começou. Vamos aprimorar o que já sabemos fazer bem e nos aperfeiçoar cada vez mais nestas novas ferramentas de comunicação das redes sociais, agregando tudo o que elas puderem trazer de benefício para nosso trabalho e para o setor de transportes. Veja a reportagem com a palavra dos caminhoneiros que está publicada a partir da pág. 12. Feliz estrada nova para todos em 2017! Esperamos encontrar você no trecho... Se não der certo, encontre a gente no site e em nossas páginas nas redes sociais. Temos muito a dizer de e para você.

O diretor de comunicação da Mercedes-Benz, Luiz Carlos Moraes, grande incentivador do projeto, entrega a chave da Vito a Dilene Antonucci, da Carga Pesada, para a reportagem na Via Dutra

Dilene Antonucci e Ralfo Furtado fazem uma entrevista: graças às mais recentes tecnologias de comunicação, adotadas pela Carga Pesada, muitos caminhoneiros pela primeira vez falaram ao vivo no Facebook

Agradecemos o empenho e profissionalismo da equipe que participou do projeto da Revista Carga Pesada e Mercedes-Benz. Na estrada: Nelson Bortolin e Guto Rocha (Cambé- PR); Ralfo Furtado e Vivian Guillhem (Via Dutra); Sérgio Caldeira e Luciano Alves Pereira (Minas Gerais). Na base de apoio em Londrina, Ary Concatto, Mariana Antonucci e Carlos Correa.

DIRETORA RESPONSÁVEL: Dilene Antonucci. EDIÇÃO: Dilene Antonucci (Mt2023), Chico Amaro e Nelson Bortolin. DIRETOR DE ARTE: Ary José Concatto. ATENDIMENTO AO CLIENTE: Mariana Antonucci e Carlos A. Correa. REVISÃO: Jackson Liasch. CORRESPONDENTES: Ralfo Furtado (SP) e Luciano Pereira (MG). PROJETOS ESPECIAIS: Zeneide Teixeira. Uma publicação da Ampla Editora Antonucci&Antonucci S/S Ltda-ME. CNPJ 80.930.530/0001-78. Av. Maringá, 813, sala 503, Londrina (PR). CEP 86060-000. Fone/fax (43) 3327-1622 www.cargapesada.com.br - E-mail: redacao@cargapesada.com.br. Circulação: Dezembro 2016 / Janeiro de 2017 Ano XXXIII - Edição n° 189

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CARTAS

De drama em drama Drama é drama, tragédia é tragédia, favor não confundir. As mensagens dos nossos leitores, nesta edição, informam sobre muitos dramas vividos no dia a dia – situações nas quais as emoções ficam à flor da pele, porque há desafios sérios a vencer. Mas aqui não há notícia de tragédias – histórias que acabam de forma fatal e insolúvel. Ainda bem! O número de dramas costuma aumentar em momentos de crise, e estamos vivendo um momento desses. Contar o nosso drama aos outros é uma forma de nos aliviarmos, e permitir aos outros que nos apoiem nas nossas necessidades. Nós, da Carga Pesada, colocamos este espaço à disposição dos leitores para formar uma corrente positiva, que permita transformar o drama de muitos numa vitória de todos. Estradas

Uma “garrucha” pedagiada A BR-163, entre Dourados (MS) e Guaíra (PR), mais parece uma garrucha de dois canos engatilhada, apontada para a cabeça dos motoristas. Ali não existe acostamento em quase toda a extensão do trecho; terceira faixa, então, nem pensar; e o que é pior: a estrada é pedagiada! É uma vergonha, uma falta de respeito pelos motoristas que por ali trafegam. Depois de andar 160 quilômetros, você encontra uma placa informando que não tem acostamento... Esse é o retrato das estradas brasileiras pedagiadas, poucas têm alguma segurança. Só gostaria de lembrar que as pessoas que deram a concessão estão expostas aos mesmos riscos que nós corremos todos os dias. E seus parentes também!

igual ao de qualquer garoto com metade da minha idade. Fico muito sentido por ser rejeitado após as entrevistas. Eu apoio muito a inclusão social, que beneficia e proporciona trabalho a pessoas com mobilidade reduzida, deficientes visuais e outros, são pessoas importantes para a sociedade e para nossas vidas e dou os parabéns para aqueles que as acolhem. Mas pergunto:

por que não comigo também? Entrego meu currículo pessoalmente e quando olham para mim – e isto não foi uma, mas muitas vezes – me dizem, como se quem tem mais de 45 anos tivesse cometido um delito grave: “Ih, não, não, você já tem 60 anos”. Gente, precisamos ser incluídos de novo na sociedade. É uma situação muito triste. José Luciano Nogueira Fº - S. Paulo (SP)

José, 60, quer um emprego Tenho 60 anos e venho encontrando muita dificuldade em arrumar emprego. Isso é comum no Brasil, embora meu exame médico seja

Emprego

Leonidas Pedro Burbela – Curitiba (PR)

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Alex A zevedo

Economia

Paradeira em Mato Grosso Em Mato Grosso, o número de caminhões parados é realmente muito grande. Além de haver um excesso de caminhões no mercado, por causa dos elevados incentivos do governo à indústria automobilística em anos recentes, estamos esbarrando no pior de todos os problemas, com o fim dos incentivos fiscais do Prodeic – Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso, que vigorava desde 2003. Isso inviabilizou o negócio interno. Hoje estamos carregando uma (carreta) LS com milho e pagando

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R$ 3.200 de ICMS. Somando ao valor do produto mais o frete, não fecha a conta para as tradings. A metade da produção de milho de Sinop, Claudia, Tabaporã e Porto dos Gaúchos está nos armazéns. Celso Luiz Lima

Um tapetão de lamentações Tudo o que o governo federal realizou na gestão do Lula foi a partir de análises malfeitas, estimativas absurdas, projeções surrealistas, e só ficou um tapetão de lamentações. Estive lendo a revista Exame, de novembro, e constatei o absurdo de gasto que ele autorizou: ergueram 19 entrepostos de pesca, mas apenas um está funcionando. Ou seja, o dinheiro foi parar na lata do lixo. No segmento de caminhões o cenário foi mais ou menos o mesmo: muita grana fácil no Banco do Brasil, porém com um preço do diesel absurdo, um Arla caríssimo, valor de muitos pedágios de causar enfarte nos motoristas e estradas inseguras, cheias de armadilhas e sem pátios de estacionamento. Ou seja, o Brasil ferrou

inúmeros empresários do segmento de logística e não está nem aí. Minha sugestão para solução imediata é: greve geral de 10 dias, para ninguém ter o que comer na ceia de Natal. Aí vamos ver o governo federal correr atrás do leite derramado. Pedro Castro

Estes são os leitores-escrevedores contemplados no sorteio dos nossos brindes: Perla Cristina do Monte Grandini, de Dracena (SP), ganhou o brinde especial da Noma, composto por um boné, uma mochila, um caderno e um copo. E Anderson Comiotto, de Gramado (RS), receberá em casa, gratuitamente, todas as edições da Carga Pesada, durante um ano. Parabéns aos dois, porque a sorte sorriu para eles no fim deste ano difícil para todos. E você, que não ganhou, preencha o cartão-resposta que acompanha esta revista, mande para nós e faça figa: ano que vem, haverá mais brindes, mais sorteios...

Sorteio

Mulheres

Uma motorista dedicada Quero dar os parabéns para a Maria Celita Flaron, a caminhoneira curitibana que apareceu nas páginas da Carga Pesada (“Do hospital à boleia”, edição nº 188). Ela é uma guerreira e se revela uma profissional muito dedicada naquilo que faz. Quando der, ainda vou conhecer a terra dela.


CARTAS Defesa da classe

Não se vê ninguém na luta Alô, pessoal da Carga Pesada! Por que ninguém luta pela classe dos caminhoneiros? Nos pedágios, cobram pelo eixo levantado do caminhão. Entretanto, os taxistas não pagam IPI, ICMS e IPVA. O carro é ferramenta de trabalho dos taxistas tanto quanto o caminhão é a ferramenta dos caminhoneiros. Pra terminar: o valor do frete está muito baixo. Espero que lutem por esta classe. Eraldo Salfer – Antonina (PR)

Acidente

Anderson nasceu de novo Trabalho de motorista para meu pai e quero contar sobre um acidente que sofri três semanas atrás. Carreguei cebola em Cristalina (GO), para levar para São Paulo, e já estava indo para a quarta noite seguida sem dormir. Resultado: peguei no sono com os olhos abertos e bati em uma árvore a 110 km/h. Arrancou o eixo do Iveco 240e28, o caminhão tombou para a direita e capotou, ficando com as rodas para cima. Eu nem me arranhei, apenas fiz um machucadinho na boca. Então cheguei à conclusão de que a vida tem mais valor do que fazer horário para os ricaços da

Ceasa que não estão nem aí para os motoristas na estrada, só estão interessados no dinheiro. Agradeço a Deus por minha nova vida! Anderson Comiotto – Gramado (RS)

Vans não são micro-ônibus Quando as leis em vigor foram criadas, consideraram como micro-ônibus qualquer veículo com capacidade mínima de oito lugares mais o motorista. A Kombi ficou de fora dessa classificação. Hoje já existem algumas vans pequenas de 12 lugares, que são úteis a quem tem família grande, mas é necessário ter habilitação na categoria D para guiar essas vans. Os tempos mudaram, os micro-ônibus hoje têm no mínimo 16 lugares. Será que não está na hora de alterar a lei, permitindo que motoristas categoria B (automóveis, caminhonetes

Habilitação

Carga Pesada – Pois é, Eraldo. É chato ter a sensação de que “ninguém luta pela classe dos caminhoneiros”, como você diz. Na crise política e econômica que estamos vivendo no Brasil, parece que nenhuma classe de trabalhadores tem razões para cantar alguma vitória “na luta”. Mas, ao publicar desabafos como o seu, nos sentimos fazendo a nossa parte. Os caminhoneiros sabem que podem contar com a voz desta Carga Pesada.

e utilitários) possam dirigir veículos de até 12 lugares? Não faz sentido obrigar um motorista com grande experiência ao volante se habilitar para dirigir um ônibus quando ele quer apenas dirigir uma van com a família. Alan Fiore

Quebra de Asas

DENUNCIE PRF: 191 PM: 190

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www.cargapesada.com.br Multa aos embarcadores Tem que ter descanso para o motorista, mas em lugar seguro e não na beira da estrada. E não deveriam multar os motoristas por não pararem para descanso, e sim as empresas, do contrário mais uma vez o motorista vai levar toda a culpa por rodar mais que o permitido. Se multarem os embarcadores, eles não vão mais exigir que o motorista cumpra horários impossíveis e reduzir o frete quando o caminhão não chega no horário, como fazem hoje. Isso seria a solução de grande parte do impasse em torno da lei do motorista. Cláudio Ramos Tempo de descanso é pouco Querem fazer outra lei sobre a profissão de motorista, mas dessa que está aí (13.103) só não concordo com o direito de ficar apenas 24 horas em casa de folga. Esqueceram que quem faz viagens longas não volta todo dia pra casa. Eu costumo ficar de 15 a 30 dias fora, então uma lei que diz que eu tenho direito ao descanso remunerado em casa de apenas 24 horas é sacanagem. Tinha que ser de no mínimo 48 horas, para ficar mais ou menos. Em 24 horas mal dá tempo de ver a família. E com esse salário nosso não dá pra ficar parado. Eu acho também que não adianta existir uma lei que regulamenta a profissão de motorista se não existir fiscalização que obrigue as transportadoras a respeitar. Hoje, 90% ainda pagam na base da comissão. E, para ganhar comissão, você tem que rodar e rodar e rodar. Tiago Fazendense Menos pontos por infrações... O caminhoneiro às vezes fica 90 dias seguidos dentro da boleia. Esses profissionais deveriam ser isentados de pontuação por infrações de trânsito.

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Uma pessoa que trabalha numa empresa comum não precisa ir dirigindo para o trabalho todos os dias, pode escolher outro meio para se deslocar. Mas o motorista dirige 365 dias por ano e é fiscalizado 365 dias por ano. Por isso deveria haver um desconto para ele. Se os governantes erram, por que um motorista não pode errar também? Marcos Souza ...ou maior limite de pontos Concordo plenamente com o sr. Marcos Souza. Também sou motorista, categoria D, e acho que quem trabalha de motorista deveria ser isento de pontuação na CNH, ou ter direito a um limite maior de pontos, porque estamos mais tempo no trânsito. O motorista depende da CNH para trabalhar, é mal remunerado, tem que pagar o CFC e está sujeito a ficar com a CNH suspensa. Somado a tudo isso, ainda pagamos R$ 290 de exame para saber se a pessoa usa drogas. Eu concordo com esse tal exame toxicológico, mas deveria ser gratuito. Adriano Cardoso Lei é pra ser respeitada Tem que cassar sim (a carteira de habilitação) desses meias-rodas... Não querem respeitar as leis de trânsito e ainda querem isenção... Lei é lei, é para ser seguida e res-

peitada... É só andar na lei que não perde pontos... Está de brincadeira! Ainda bem que a Justiça nem leva em consideração alguns comentários descabidos... Vivo na estrada há 14 anos e acredito que as leis teriam que ser mais duras. Só sobrariam os verdadeiros profissionais. Antonio Carlos da Silva


LANÇAMENTO

A manopla do câmbio fica junto ao apoio de braço do banco do motorista: grande conforto

Axor ganha versão off-road Caminhão tem câmbio automatizado PowerShift e novos bancos, com elevado padrão de conforto e segurança A Mercedes-Benz desenvolveu um Axor com câmbio automatizado PowerShift, com sensor de inclinação e sem pedal de embreagem, para aplicação off-road, visando atender aplicações severas como a canavieira, a madeireira, a mineração e grandes obras de infraestrutura e construção civil. “Todos os elementos do seu trem de força são produzidos pela própria Mercedes. Como resultado, o conjunto é eficiente e equilibrado, destacando-se pela força, ro-

bustez e durabilidade”, explica Ari de Carvalho, diretor de Vendas e Marketing Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil. O PowerShift é um câmbio mecânico com acionamento automatizado que conta com três funções inteligentes, de acordo com a necessidade: EcoRoll, Manobra e a tecla Power Mode Off-Road – esta última aumenta a força do Axor, em situações como a do transporte de cana, em que um treminhão chega a tracionar 74 toneladas de PBTC, com 123 toneladas de CMT. Os novos modelos Axor 3344 e 4144 ganharam ainda reforços adicionais como protetor de cárter, estribos flexíveis e filtro de ar posicionado na lateral superior direita da cabina para maior proteção contra avarias e quebras. CONFORTO – Outra novidade dos novos Axor para operações fora de estrada são os bancos, tanto para o motorista quanto para o passageiro. Mais bonitos e com acabamento lavável em vinil, com aparência de couro e detalhes alaranjados, eles têm múltiplas regulagens, cintos de O diretor Ari de Carvalho: tudo no caminhão é produzido pela própria Mercedes

segurança integrados, disponibilidade de suspensão pneumática, e podem vir nas versões Standard e Conforto, lembrando bancos de automóveis. “Com essa linha de bancos, atendemos aos mais exigentes padrões de conforto e segurança”, afirma Ari de Carvalho. “Isso irá nos ajudar a alavancar novos negócios e melhorar ainda mais a nossa participação no mercado de caminhões fora de estrada, em que somos líderes em todos os segmentos do transporte de carga no País.” Um dos fatores que levaram a esta liderança, segundo Silvio Renan de Souza, gerente de pós-vendas da Mercedes-Benz, é o custo operacional total (TCO na sigla em inglês). “Em função da robustez e da durabilidade dos nossos caminhões, nosso TCO chega a ser de 5% a 10% melhor que os concorrentes. Além disso, é comum, depois de até cinco safras, nossos veículos ainda estarem em ótimas condições de uso”, compara. Os novos veículos já estão disponíveis para comercialização pelo preço médio de R$ 400 mil, no caso do modelo 3344, e R$ 450 mil no caso do 4144.

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NOVAS LINHAS

VW investirá R$ 1,5 bilhão Anúncio foi feito em Brasília. “O fundo do poço já passou”, disse o CEO mundial da Volks, Andreas Renschler “Queremos estar preparados para quando o Brasil voltar a crescer”, afirmou Andreas Renschler, CEO da holding Volkswagen Truck & Bus, ao anunciar um ciclo de investimentos no valor de R$ 1,5 bilhão na linha de caminhões e ônibus Volkswagen desenvolvida no Brasil e distribuída a mais de 30 países da América Latina, África e Oriente Médio. Os recursos serão investidos na renovação da linha de produtos, na atualização das linhas de montagem da fábrica de Resende (RJ), em inovações e ampliações nos serviços de digitalização e conectividade e na expansão da marca no mercado internacional. O anúncio foi feito em audiência com o presidente Michel Temer, em Brasília, no dia 1º de dezembro, com a presença do presidente da MAN Latin America, Roberto Cortes; do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão; e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira. Este será o quinto (e maior) ciclo de investimentos da Volkswagen Caminhões e Ônibus no País. Os recursos virão principalmente dos resultados da própria operação, dada a expectativa de recuperação dos mercados. Renschler não negou a gravidade da situação econômica do Brasil e admitiu que a fábrica em Resende (RJ) está operando com apenas 30% de sua capacidade, mas disse que está otimista. “Gosto de transmitir otimismo a todos na empresa, porque a crise começa em nossas mentes. Quando as pessoas passam a não acreditar no sistema político e econômico, a crise se instala. Todos os

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colaboradores devem se manter otimistas”, disse em visita à fábrica de Resende. O investimento de R$ 1,5 bilhão no País é a prova, segundo Renschler, de que o grupo aposta na recuperação da economia brasileira. “Esperamos ver o crescimento econômico recomeçar já em 2017. O fundo do poço passou.” Depois de muitos anos na Mercedes-Benz, Andreas Renschler assumiu a Volkswagen Truck & Bus com a missão de torná-la líder mundial em veículos comerciais. Esta foi sua terceira visita ao Brasil no novo cargo. O executivo explicou que fala em liderança mundial não apenas em volume de vendas, mas em rentabilidade. “Para isso foi importante termos adquirido participação na Navistar, nos permitiu ter um pé no mercado norte-americano.” O grupo conta também Andreas Renschler, CEO mundial da Volks, e Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America: trabalhando pela recuperação do mercado de caminhões

A fábrica de Resende (RJ): daqui saem caminhões para 30 países

com marcas tradicionais no Brasil, como a Scania. Roberto Cortes observou que o anúncio dos investimentos coincide com as comemorações dos 35 anos da marca Volkswagen Caminhões e Ônibus e dos 20 anos da fábrica de Resende. “Só foi possível confirmar mais esse ciclo virtuoso graças às medidas de economia tomadas em conjunto com nossos colaboradores, sindicatos, fornecedores e concessionários. Isso tem nos permitido enfrentar a crise e trabalhar pela recuperação do mercado”, afirmou.


FALA, CAMINHONEIRO

As vozes da O projeto “As Estradas Falam. A Mercedes-Benz ouve. E a Revista Carga Pesada publica” viajou pelo Paraná, Minas Gerais e pela Via Dutra para saber como anda a vida dos caminhoneiros neste momento difícil da economia do País. Os vídeos das entrevistas podem ser vistos nas páginas da Revista Carga Pesada no Facebook e Youtube Equipe da Carga Pesada 2016 foi um ano difícil para todos. O Brasil caiu numa grave recessão, que já vinha dando sinais desde 2014. O número de desempregados elevou-se para cerca de 12 milhões. O transporte rodoviário de carga foi atingido em cheio pela crise. Para saber como os caminhoneiros estão enfrentando a situação, a Carga Pesada foi para a estrada, num projeto patrocinado pela Mercedes-Benz, que recebeu o título “As estradas falam. A Mercedes-Benz ouve. E a Revista Carga Pesada publica”. A equipe da revista percorreu a Via Dutra, nos dias 8, 9 e 10 de dezembro, a bordo de uma van MB Vito, parando nos postos Sakamoto e Farol, em Guarulhos, no Estrela Graal, em Queluz, e no Arco-Íris, em Aparecida. Também esteve no Posto Portelão, em Cambé (PR), no dia 5, e na Fernão Dias, em Belo Horizonte, no dia 8. Prestes a completar 32 anos, a Carga Pesada inovou neste projeto com a Mercedes-Benz: aproveitando a rápida comunicação da internet, produzimos vídeos, fizemos transmissões ao vivo, tudo no ritmo dinâmico do universo do Facebook, do Youtube e das demais redes sociais. Buscando interação com os entrevistados, a Mercedes-Benz abriu um canal do

A turma de capixabas: Geilson, Hudson, Fabiano e Wanderson

projeto com seu Serviço de Atendimento ao Cliente. Algumas dúvidas já foram esclarecidas e todos os comentários feitos pelos entrevistados sobre produtos e serviços serão encaminhados para a montadora. A realização do projeto coincidiu com o anúncio de aumento dos combustíveis pela Petrobras. O óleo diesel chegou perto de R$ 3 nos postos. O contraste entre diesel muito caro e fretes baixos foi a pior queixa dos caminhoneiros. Mas a reportagem tomou conhecimento de queixas específicas, como a de Wanderson Silva Santos, de Cachoeiro do Itapemirim (ES). Ele transporta granito e vai precisar gastar um bom dinheiro para adaptar o veículo às novas normas do segmento: terá que comprar garrotes, cintas e travas. “Como não temos como fugir, as lojas jogaram o preço lá pra cima”, diz ele, calculando que vai gastar de R$ 4.500 a R$ 5 mil nessa compra. Outro capixaba, Fabiano Matos, de Castelo, fez um bom retrato da atual situação econômica, ao dizer: “O frete é caro para

quem paga e barato para quem recebe – no caso, o caminhoneiro”. Ele disse que não está compensando ir pra estrada. “Os grandes vilões hoje são pedágio e óleo diesel. Eles tomam 60% do nosso lucro. Botar um caminhão para rodar está ficando inviável”, afirmou. Valdinei Souza, de Feira de Santana (BA), também apresentou uma conta que mostra a gravidade da situação. Ele carrega gesso entre Fortaleza e São Paulo. “O frete é de R$ 9 mil, mas a gente gasta R$ 5 mil de óleo. Somando outras despesas, não sobra nada.” Apesar disso, com 15 anos de estrada, casado, pai de um filho, ele se diz feliz: “Eu gosto muito da vida que levo”. Além do preço do diesel, o gaúcho Marcelo Clavijo, de Três Cachoeiras, reclama da sensação de falta de segurança. “De São Paulo a Curitiba, ou se paga caro para dormir, ou é roubado no acostamento”, disse. Marcelo acha que as concessionárias de rodovias já deveriam ter implantado pontos de apoio para caminhoneiros. “O governo tem de exigir isso”, completa.

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estrada Fabiano Mattos acha que o frete é caro para quem paga e barato para quem recebe Wanderson Santos preocupa-se com as despesas para equipar seu caminhão

Valdinei Souza, de Feira de Santana (BA): do frete de R$ 9 mil, o óleo leva R$ 5 mil

Nós encontramos também o caminhoneiro Cícero Escabora Pires, de Araras (SP), no Posto Arco-Íris, em Aparecida. Ele estava com a família. Sua esposa Tatiane aproveitou para fazer um apelo às empresas embarcadoras para que tenham um espaço adequado para receber o caminhoneiro e seus familiares dignamente. “Quando viajamos com as crianças, precisamos dar alimentação, trocar fraldas, dar um banho. Se eles pudessem olhar para isso e dar melhores condições durante a espera para carga e descarga, seria uma forma de mostrar respeito com o caminhoneiro.” Mas nem só reclamações ouvimos nas estradas. Tiago Mota Siqueira, de Aparecida, tem 31 anos, e está satisfeito com a profissão que herdou do pai. “Não existe crise. Este foi um mês fraco para mim e mesmo assim faturei em torno de R$ 30 mil, dos quais devem me sobrar R$ 6.700,00. E durmo todo dia em casa, só faço viagens curtas”, diz animado, mostrando no aplicativo do banco no celular a movimentação bancária do mês.

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Para Tiago Siqueira a situação está boa e ele continua faturando bem Marcelo Clavijo lamenta a falta de pontos de apoio para caminhoneiros na estrada Tatiane Pires gostaria de um lugar digno para esperar nos embarques e desembarques. Ela costuma viajar com o marido Cícero e os filhos Rafael e Lucas


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FALA, CAMINHONEIRO

Carlos Vieira, de Divinópolis, torce para que a situação melhore no ano que vem

Luciano Furlan acha que um MB Atego seria uma ótima aquisição para seu negócio

“O caminhão me deu tudo” As queixas são muitas, e com razão. Mas, durante as entrevistas, chamou a atenção a força dos caminhoneiros e o otimismo com que muitos encaram o momento adverso. É como disse o mineiro Daniel Mateus dos Santos, de Sete Lagoas: “Não sou de sentar para jogar baralho pensando que vou perder”. Ele é dono de um MB 1634 e conversou com a reportagem em Cambé. “O que eu tenho, ganhei em cima do caminhão. Às vezes a situação aperta, tem pouco frete, o custo operacional é alto, e a nossa margem é pequena. Mas temos que ter esperança de que a situação vai melhorar”, complementou Santos, que puxa café de Minas para o Paraná. Outro mineiro, Carlos Vieira, que transporta carga geral e tinha chegado de Sabará para entregar em Cambé, disse que “o mercado está fraquinho demais, piorou muito do meio do ano passado para cá”. Ele ganhou R$ 3.900 pelo frete que tinha acabado de fazer. “Em 2014, me

pagavam R$ 6 mil por essa viagem.” Ele torce para que a situação melhore no ano que vem. Também no Portelão, o gaúcho Paulo Renato Cardoso, há 25 anos como empregado, disse que o frete está no mesmo patamar de 10 anos atrás. “Eu adoro minha profissão, mas estou desanimando.” Seu sonho é ter caminhão próprio. “Mas do jeito que as coisas estão, fica difícil”, concluiu. Odair Correia Figueiredo, autônomo de Itapevi (SP), cobra a implantação imediata de uma tabela de frete. “Tem lugar que o frete é o mesmo desde 2008. Quantas vezes o diesel aumentou de lá para cá?”, desabafou. Odair também reclamou da falta de cumprimento da lei do pedágio, que obriga os embarcadores a arcarem com a despesa. “Dizem que é lei, mas é balela. Só conheci uma empresa que paga o pedágio.” Já o cambeense Álvaro de Matos, que tem um Mercedes-Benz 1525, ano 99, reza para que não haja quebra da próxima safra. “2016 foi um ano muito difícil. Espero que

no ano que vem a safra seja melhor.” Luciano Furlan, de Itápolis (SP), disse que tudo que conquistou foi trabalhando com caminhão mas que hoje seria muito difícil começar na profissão. Ele acha que o modelo Atego da MB hoje seria uma ótima aquisição para seu negócio. Ele tem atualmente um VW 23-220 ano 2005. A Ingá Veículos, concessionária Mercedes-Benz para Londrina e região, apoiou a ação no Posto Portelão levando um extrapesado Actros (foto acima) e um furgão Sprinter para que os caminhoneiros participantes pudessem conhecer de perto os produtos da marca patrocinadora do projeto “As estradas falam. A Mercedes-Benz ouve. E a Revista Carga Pesada publica”. O projeto teve também o apoio da OnixSat. A empresa cedeu um kit móvel do rastreador Smart 2 híbrido que funciona tanto com sinal de satélite quanto de celular. Ele foi instalado na van Vito com a qual a equipe de reportagem percorreu a Via Dutra.

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Os vários sotaques ouvidos em Minas No capítulo mineiro, o ponto de toque do projeto “As estradas falam. A Mercedes-Benz ouve. E a Revista Carga Pesada publica” ocorreu na Fernão Dias, km 557 (pista Norte), no conhecido Restaurante Casa Branca, à meia altura da Serra de Itaguara. Lírio Lopes, de Piracicaba (SP), foi curto e grosso e, ao mesmo tempo, disse tudo: “Passei o ano ganhando menos e trabalhando mais”. Não viu possibilidades de melhorar. Nem acha que isso vá mudar em 2017. Alexandre de Oliveira mora em Ipatinga, no Vale do Aço. “Atravessei o ano sem deixar sujar o meu nome no Serasa”, comemorou. Quanto a 2017, só acha que precisa... rezar. Hoje toca Scania com carreta-baú de dois eixos. Mercedeiro intransigente, Vicente Vinicius, de Borda da Mata, no Sul de Minas, tem um 1620 eletrônico e 38 anos de andanças. Safou-se de 2016 porque mantém “um pé na frente e outro atrás”. Formou um filho médico e uma filha engenheira. E o que pensa da Mercedes? “Toquei 1 milhão e 100 mil quilômetros com um L-1618 sem trocar o disco de embreagem.” Precisa dizer mais? Já o londrinense Marcos Campos roda com o VW Constelation 24.250 e lembra que a “crise deste ano foi forte”. No entanto, torce para melhorar, “talvez em julho”. A gaúcha Elisandra Gonçalves, de Porto Alegre, é comedida, sem deixar de ser otimista. “Não posso reclamar de 2016, pois

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não fiquei desempregada”, disse a motorista da Translovato. Reclamação ela fez da total impropriedade dos locais de carga e descarga pelo País afora. “O motorista não tem o mínimo suporte para esperar a liberação do caminhão.” Eis que encontramos sete estradeiros de uma única empresa, a Canarinho, de Atibaia (SP), no Casa Branca. Wanderlei Ferreira, Roberto Teodoro, José Vicente Dias (Bodinho), Clécio Barbosa, Ernando Carlos, Luciano Silva e Josué Couto de Moraes são graduados em encomendas urgentes. Fecham o ano apreensivos: a transportadora acaba de ser vendida para a Braspress, para a qual trabalhava. “Da incorporação esperam-se demissões”, é o temor deles. Outros estradeiros nos dedicaram atenção. O paulista Marco Antônio Rocha destacou o momento de “muita

O grupo de caminhoneiros de Atibaia, todos graduados em encomendas urgentes

Elisandra Gonçalves acha que saiu lucrando só por não ter ficado desempregada

carga” da sua Jamef, de São Paulo. Jorge Moreira, da Transnorte, de Montes Claros, preocupa-se com a “insegurança política do momento”. Laudemir Braz, de BH, está preocupado porque seu patrão reduziu a frota e aproveitou para dizer que discorda da febre de automatização do caminhão: “A profissão vai se acabando. Cambiar é gostoso. Daqui a pouco não haverá mais volante, muito menos pedais. Já pensou?” Fausto Braga, setelagoano de muita estrada, está em lua de mel com seu Volvo FH 540 novo. Arrasta um bitrem-tanque de sete eixos e reconhece que o ano foi bom para o ramo (reciclagem de lubrificantes). As estradas dizem mais do que falam. É um aprendizado primoroso.




PERSPECTIVAS

Luzes e sombras para Depois de um ano em ponto morto (2014) e dois andando para trás, transportadores respondem: será que o Brasil engrena de novo? Nelson Bortolin Há muito tempo o Brasil não vivia momentos tão difíceis. Faz três anos que a economia não cresce, só encolhe. Ninguém sabe dizer ao certo se o fundo do poço já chegou ou se a coisa ainda pode ficar mais feia. Economistas preveem um pequeno crescimento para 2017. No setor de transporte de carga, alguns acreditam num ano melhor e outros continuam ressabiados.

Tayguara Helou, do Setcesp: vai ser um ano bom para quem poupou na infraestrutura

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de São Paulo (Setcesp), Tayguara Helou, está no primeiro grupo. Ele acha que o TRC crescerá de 1,5% a 2,5% porque sofre um “efeito múltiplo” da economia. “Somos responsáveis pelo transporte em diversas fases – matéria-prima, equipamentos de fabricação, produto semiacabado, embalagem, produto pronto. Vai ser um bom ano para as empresas que pouparam na infraestrutura e se prepararam para esta retomada da economia”, diz.

Segundo Helou, a responsabilidade pela retomada do crescimento é de todos e o empresariado “tem feito sua parte”. “Mas acho que as empresas precisam resgatar seu protagonismo histórico. Para isso, precisam separar a crise política da situação econômica do País”. Ele acredita que a crise política vai longe, devido às investigações de corrupção em curso. “Mas o empresariado precisa voltar a acreditar na economia, voltar a investir e a contratar, para que o Brasil possa crescer”, defende. Questionado se não era de se esperar uma situação política e econômica melhor no fim de 2016, ele diz que não. “Sabíamos que a economia não se recuperaria de imediato após o impeachment (da presidente Dilma Rousseff ). E isso nada tem a ver com a competência do novo governo, essas coisas não se fazem da noite para o dia”, declara. O empresário defende que a classe Afrânio Kieling, do Setcergs: esperança de que o crescimento seja retomado até junho

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Antony Sappres/Fotos Públicas

2017 trabalhe junto com o governo do presidente Michel Temer (PMDB) para “recuperar o País do estrago feito pela gestão passada”. Já Gilberto Cantu, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Paraná (Setcepar), tem uma visão mais crítica. “Diante dos últimos acontecimentos, as perspectivas para 2017 são sombrias”, diz ele, referindo-se aos fatos da política e da economia. Quando Cantu falou com a Carga Pesada, no dia 8 de dezembro, o País vivia a expectativa da delação premiada dos executivos da empreiteira Odebrecht, na qual se espera que surjam denúncias de entrega de dinheiro a políticos de todos os partidos, muitos dos quais membros do governo. Na mesma ocasião, a Petrobras havia aumentado o preço dos combustíveis, o que levou o diesel a perto de R$ 3 o litro nas bombas. “A cada semana, nós temos uma nova notícia horrível”, disse o presidente do Setcepar. Na opinião dele, nem mesmo a equipe econômica de “alto nível” do governo Temer será capaz de dar jeito no País se a crise política não for sanada. “O empresariado vai segurar os investimentos até

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Gilberto Cantu, do Setcepar: A cada semana, temos uma nova notícia ”

que se tenha um horizonte mais claro. Não acho que o ano que vem vai ser melhor. Pode até piorar”, completa. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs), Afrânio Kieling, não é tão pessimista. Ele acredita que o governo Temer vai começar a funcionar e coloca até uma data para que os benefícios da retomada do crescimento cheguem ao transporte: junho de 2017. “Até lá, teremos uma realidade diferente”, diz Kieling. “Para isso, é preciso que o governo, junto com o Congresso Nacional, consiga aprovar as reformas mais importantes que estão na mesa. Como a PEC 241, que obriga o governo a não gastar mais do que tem, como qualquer empresa tem que fazer para sobreviver.” Segundo Kieling, nessa hora, quando o Brasil estiver com a economia em boa direção e retomando o crescimento, “vai faltar empresa de transporte”, e o cenário ficará bom para elas. “Será o oposto do momento atual, pois, devido à situação que temos vi-

vido, tivemos que enxugar as empresas por falta de receitas para cobrir os custos.” VIDA NOVA – Se tem alguém no TRC com motivos para estar otimista para o novo ano é o caminhoneiro baiano Luis Carlos dos Santos, que venceu o Scania Driver Competitions deste ano (veja na pág. 24) e ganhou um Scania Streamline R 440 6x2 zero-quilômetro. Para Santos, que mora em Salvador, 2017 será o ano de deixar de ser empregado e iniciar negócio próprio. Ele ainda não sabe se vai se agregar ao transporte de líquidos ou comprar um baú para puxar cargas diversas. “No caso dos combustíveis, acredito que já em fevereiro, devido à safra, o transporte de álcool estará aquecido”, conta. Se for essa a opção, ele não precisará investir em implemento, que é cedido pela transportadora. Mas se a opção do baiano for pelo baú, “a Librelato, que foi uma das patrocinadoras da competição da Scania, está vendo uma maneira de financiar um baú para mim”, conta ele. Santos diz que nunca trabalhou com transporte de carga seca em baú, mas tem um tio que atua no segmento e já está de olho em fretes para ele. Independente da decisão, o caminhoneiro se sente confiante. “Não tenho medo, começarei o ano com muito otimismo.”


POUCAS CARGAS

Frete de grãos cai mais de 20% A quebra da produção de soja e milho leva uma parte da culpa. Mas a paralisia de outros setores econômicos e o excesso de caminhões no mercado agravam a situação Nelson Bortolin A quebra da produção das safras e o aumento da oferta de caminhões levaram o transporte rodoviário de grãos a uma nova crise neste fim de ano. Segundo o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log), de Piracicaba, o valor do frete em novembro estava mais de 20% abaixo do verificado um ano antes. A inflação, nesse período, foi de 8,5%. Por exemplo, o frete entre Sorriso (MT) e o porto de Santos (SP) era de R$ 317,22 a tonelada em novembro do ano passado, e este ano estava em R$ 243. A situação do transporte é séria, principalmente em Mato Grosso, onde as tradings estão com os pátios vazios. Samuel da Silva Neto, economista da Esalq-Log, explicou à Carga Pesada que o comportamento do mercado do milho este ano é que está agravando o problema. “Os fretes sempre são melhores no primeiro semestre, depois da colheita da soja, porque existe um grande volume de produção dirigido à exportação, que precisa ser entregue em curto espaço de tempo”, diz ele. Para o segundo semestre, resta o transporte do milho safrinha, comenta o economista. “Ao contrário da soja, que é majoritariamente exportada, no caso do milho a produção brasileira é muito mais dirigida

ao mercado interno e sua distribuição tem um fluxo mais gradual, o que faz com que o frete fique em patamares mais baixos. E este ano tivemos quebra de produção.” O clima não está ajudando a safra 2015/16. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de soja teve leve quebra (-0,8%), de 96,2 milhões de toneladas para 95,4 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, a quebra foi mais expressiva (-7%), de 28 milhões para 26 milhões de toneladas. O milho safrinha teve 12% de quebra, caindo de 6,1 milhões para 5,3 milhões de toneladas. Já a safra regular de milho apresentou quebra de 25%, de 54,5 milhões para 40,8 milhões de toneladas no Brasil. Em Mato Grosso, caiu de 20,3 milhões para 15 milhões de toneladas, também 25% menor. Samuel da Silva Neto também ressalta o fato de ter havido uma expansão da frota de caminhões nos anos anteriores a 2015, graças aos incentivos do BNDES. Isso aumentou a oferta de serviços de transporte. Além do mais, existe uma crise na mineração e transportadores daquele setor migraram para o transporte de grãos. “É o que está ocorrendo principalmente em Minas Gerais”, conta. O economista diz que o transporte graneleiro é dependente de muitas variáveis climáticas e comerciais. “O frete pode mudar R$ 10, R$ 15 de uma semana para outra.” Para o ano que vem, as perspectivas, na vi-

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são dele, são boas. “Mas muita coisa pode acontecer até lá”, ressalva. BALANÇO – Um indicador de que o dinheiro está circulando menos no mercado de grãos – com reflexos inevitáveis no transporte – vem de uma das maiores tradings mundiais, a Bunge, que comunicou um lucro líquido de 118 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2016 no Brasil. Esse

valor representa uma queda de 50,6% sobre o resultado de US$ 239 milhões do mesmo período de 2015. PROTESTO – No dia 29 de novembro, os caminhoneiros fizeram um protesto em Brasília pela aprovação de uma tabela mínima de frete. Dias depois, a Comissão de Viação e Transporte da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei

528/2015, do deputado Assis do Couto (PDT-PR), que cria esta tabela. A matéria agora será submetida à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que vai analisar sua constitucionalidade. A julgar pelo entendimento do governo a respeito do tema, dificilmente será aprovado. Mas, caso seja, tende a ser vetado pela Presidência da República.

Transportadora de MT tem 58% da frota parada Sócio da Pedromar Transportes, de Rondonópolis (MT), o empresário Maicol Michelon diz que nunca viveu uma crise tão grave quanto a atual. De uma frota de 100 caminhões de sua empresa, somente 42 estavam rodando quando ele falou com a Carga Pesada, em novembro. Desde agosto, ele vinha aos poucos encostando os veículos no pátio por falta de carga. “Não tenho o que carregar. Já demiti mais da metade dos motoristas. Estou mantendo os mais experientes”, contou. Michelon é o presidente da Associação dos Transportadores de Carga do Mato Grosso (ATC). “A quebra das safras de soja e milho deste ano é um dos motivos, mas o que está levando a essa situação terrível é mais o excesso de caminhões”, afirma o empresário. Com os incentivos dados pelo gover-

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no por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que oferecia taxas de juros praticamente negativas, o mercado brasileiro de caminhões viveu um boom de 2008 a 2014, com emplacamentos acima de 100 mil unidades por ano. “A nossa crise foi causada por um erro do governo, ou um acerto, porque na época foi bom. Mas a consequência da ajuda à indústria automobilística está sendo muito ruim agora.” Michelon estima que, de janeiro a agosto deste ano, cada carga no Brasil era disputada por três caminhões. “Hoje, acho que são dez para cada carga.” Para o empresário, outro agravante é que, com a crise econômica, transportadores deixaram segmentos industriais e de minério e migraram para o transporte de grãos. “Hoje, você vê motorista per-

dido nas estradas de Mato Grosso. Estão vindo aqui pela primeira vez”, alega. Michelon acredita que a falta de carga no Estado vai prosseguir até o fim de janeiro de 2017, quando começa o escoamento da safra de soja. Enquanto isso, ele tenta segurar as pontas na empresa, queimando suas reservas. Questionado se não pensa em atuar em outro segmento de carga, ele devolve com outra pergunta: “Vou sair de um que está ruim para brigar em outro que está péssimo?” A Pedromar foi aberta pela família de Michelon há 40 anos. Há 22 anos, atua exclusivamente no transporte de grãos. “Nunca vi situação parecida”, completa Maicol. “Já tinha ficado dois ou três dias sem ter o que carregar, mas nunca precisei encostar a frota desse jeito.”


MELHOR MOTORISTA

Luis Carlos é o campe Com o 1º lugar no Scania Driver Competitions, este baiano de Salvador ganhou um prêmio de sonho: um Streamline R 440 6x2 novinho em folha O caminhoneiro Luis Carlos dos Santos, 31 anos, andava pensando em desistir da profissão. A distância da família, as tensões típicas do seu trabalho, a falta de valorização, vinham desmotivando este baiano de Salvador, que sempre foi apaixonado pelo ofício. Mas, no dia 27 de novembro, ele conquistou um baita estímulo para permanecer nas estradas: ao vencer o Scania Driver Competitions (SDC) da América Latina, Luis Carlos ganhou um caminhão Scania Streamline R 440 6x2 zero-quilômetro. “Sempre sonhei em ter caminhão próprio. É o desejo de todo empregado”, disse, logo após a prova final, em São Bernardo do Campo (SP), ainda muito emocionado. “Vamos ver se agora consigo, como autônomo, passar a trabalhar em rotas mais próximas da minha casa, para poder conviver mais com a família”, disse ele. A esposa, Jaciara, que acompanhou Luis Carlos na grande final, chamou a atenção para a importância dos motoristas. “O Brasil precisa entender o que é ser caminhoneiro. Precisa valorizar essa gente que carrega a maior parte das cargas desse País”, declarou. Jaciara tem parentes caminhoneiros, já fez muitas viagens com o marido e, portanto, conhece bem a realidade do motorista profissional. “No meu íntimo, eu preferia que meu marido tivesse outra profissão. Mas nunca disse a ele para deixar esse trabalho que ele adora. O que eu sempre digo é para ele ser o melhor. E agora ele me provou que é”, declarou. Participaram da grande final do SDC,

nos dia 26 e 27 de novembro, 12 motoristas: três do Brasil, três da Argentina, três do Peru e três do Chile. Os outros dois brasileiros eram Ruy Hermes Gobbi, de São José (SC), e Eliardo Locatelli, de Carazinho (RS). Gobbi ficou em terceiro lugar. O argentino Hugo Armando Valdiviezo ficou em segundo. Na final brasileira, realizada nos dias 9 e 10 de novembro, em Queluz (SP), Locatelli ficou em primeiro lugar e conquistou pela segunda vez o título de Melhor Motorista do Brasil que já havia conquistado em 2014. Em cada país, as provas preliminares para selecionar os finalistas duraram vários meses. Na final, o sábado (26) teve quatro provas, entre elas a teórica e a de percurso. O domingo começou com o teste de manobras ao volante. A nota desses cinco testes classificou oito motoristas para prosseguir. Só um vencedor das etapas nacionais – o do Chile – avançou, os outros sete foram segundos e terceiros colocados em seus países. Esse cenário tornou imprevisível a decisão da competição. Os oito candidatos se enfrentaram, de dois em dois, em provas

O vencedor Luis Carlos dos Santos com a esposa Jaciara e o filho Calebe já a bordo do Scania R 440. Na foto ao lado, Eliardo Locatelli (à esquerda), o melhor do Brasil pela segunda vez, e o finalista Rui Gobbi: festa das famílias

eliminatórias de habilidade na condução do caminhão e corrida contra o tempo. Na última prova, Santos enfrentou o argentino Valdiviezo. Nenhum deles tinha chegado como favorito – vinham como terceiros colocados em seus países. A difícil prova que valeu um caminhão consistia em fazer um circuito em Z, dirigindo de ré e depois de frente, derrubando alguns pinos e deixando outros em pé, com a máxima destreza e no menor tempo possível. O brasileiro errou logo no começo e teve de manter a calma, mas sua agilidade foi suficiente para vencer o argentino, que cometeu uma sequência de falhas. O vice-campeão Hugo Armando Valdiviezo, de 49 anos, ganhou um prêmio de R$ 25 mil, e o brasileiro Ruy Hermes Gobbi, terceiro, ganhou R$ 15 mil para compras em rede conveniada. O campeão Luis Carlos dos Santos fez

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ão da América Latina

um agradecimento à Scania e a todos que participaram da organização da competição. “Quero dar os parabéns pela valorização, reconhecimento e capacitação que a Scania dedica aos motoristas de caminhão. São presentes para a vida inteira”, afirmou. Ele dedicou a vitória à família e, principalmente, a seu pai, “que já foi motorista e me inspirou”. Santos estava prestes a desistir da profissão, após seis anos de estrada. “Quando conquistei o terceiro lugar nacional e me credenciei para esta final, decidi es-

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perar. Foi um ânimo novo. A gente ama o que faz, e eu aconselho todos os colegas a manterem o seu amor pelo trabalho. Nós somos muito importantes, nós movimentamos o Brasil.” O diretor mundial do Scania Driver Competitions, Mikael Person, acompanhou a primeira final da competição na América Latina. “É fundamental para a Scania reconhecer o condutor como uma peça-chave no mercado e no desenvolvimento de um transporte sustentável. Estão de parabéns os quatro países pelo

maravilhoso trabalho realizado com compromisso e qualidade”, afirmou. Depois da solenidade do pódio, Celso Torii, vice-presidente de Vendas e Marketing da Scania na América Latina, entrou dirigindo o R 440 e o entregou ao vencedor. O total de participantes do Scania Driver Competitions nos quatro países foi superior a 56 mil: 7.826 da Argentina, 42.516 do Brasil, 3.163 do Chile e 2.760 do Peru. A competição foi criada em 2003, na Europa. Desde então, reuniu mais de 300 mil motoristas de quase 50 países.


MULHER

Cristina quer chegar a u Com 14 anos de experiência, esta mineira de Contagem já esteve em quatro competições da Scania e, desta vez, chegou à semifinal Nelson Bortolin Mineira de Contagem, Cristina Oliveira Costa, 34 anos, abraçou a profissão de caminhoneira por influência do pai, Gerson Costa Filho, hoje aposentado. Já tem 14 anos de estrada e está feliz – não

se vê fazendo outra coisa. Cristina tem uma meta: chegar à final do concurso de melhor motorista da Scania. Este ano, entre as 381 mulheres inscritas no Scania Driver Competitions (SDC), ela foi a única que chegou à semifinal. “Cheguei perto e não vou desistir”,

afirma. Ela já tinha participado três vezes da competição, quando se chamava Melhor Motorista de Caminhão do Brasil. “O pior adversário é o nervosismo. Na prova prática, a adrenalina sobe muito e atrapalha o desempenho”, acrescenta Cristina, que se atrapalhou na hora de entrar na garagem em marcha à ré e acabou fora da final. Como motorista da Tora Transporte, Cristina leva uma vida tranquila: puxa

Amíria adora uma competição Nelson Bortolin A paranaense Amíria Strapasson, da cidade de Colombo, não só vem participando dos concursos de melhor motorista da Scania, como não resiste a uma competição do tipo slalom, na qual o vencedor é o que consegue concluir um percurso de obstáculos em menor tempo. Ela foi uma dos 22 competidores que participaram da 1ª edição do Slalom Truck Race, de Arapongas (PR) dias 3 e 4 de dezembro (leia mais na página 30). “Eu adoro a adrenalina dessas provas. Quando você entra no caminhão, não pensa em mais nada. Só quer saber de desviar dos cones e terminar o mais rápido possível”, comenta. Quem levou Amíria para as pistas foi o marido Hélio Strapasson. “Um amigo havia ganhado um carro numa competição dessas. E o Hélio começou a participar”, afirma. Isso foi em 2000. O marido venceu uma prova em 2005 e levou para casa um carro zero-quilômetro. Como, pelo regulamento, o vencedor não pode voltar a competir nos anos seguintes, Hélio convenceu Amíria a

Amíria Strapasson com o marido e incentivador Hélio: “Quando você entra no caminhão, não pensa em mais nada”

substituí-lo. E ela tomou gosto pela coisa. Já chegou muito próximo, mas ainda não conseguiu subir à posição mais alta do pódio. Mas, persistente, segue tentando. Também foi Hélio que levou a mulher para a profissão de caminhoneira. Ele começou a dirigir profissionalmente em 1981. E ela, em 1987. “Nas primeiras viagens só acompanhava meu marido, mas acabei gostando e comecei a pilotar”, explica. De lá para cá, eles só viajam juntos. Os dois vêm de famílias de caminhoneiros. A única filha do casal, hoje com 26 anos, não seguiu o ofício dos pais e parentes, mas casou-se com um estradeiro. “Parece uma coisa que está no sangue”, diz. Eles transportam frutas e verduras de

Curitiba para São Paulo e Rio de Janeiro. E sofrem com a crise econômica. “Tem que gostar muito para continuar. O frete está muito baixo, não tem segurança. Mas eu adoro a vida na estrada”, confessa. Amíria também tem outra ambição, que é chegar à final do concurso da Scania. Neste ano, foi até a terceira fase. Em 2014, ficou em 10º lugar. Ela afirma que hoje ninguém mais se espanta ao ver uma mulher dirigindo caminhão na estrada ou competindo numa pista. Mas já sentiu olhares preconceituosos no passado. E também ouviu piadas. “Mas entrava por um ouvido e saía pelo outro.”

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ma final fio-máquina (rolos de arame) de Santa Luzia a Contagem, um trajeto de 30 quilômetros. “Começo às 6 horas da manhã e vou até as 14”, conta. Em geral, faz uma viagem por dia, às vezes duas, “quando a fila não está muito grande”. Dorme todos os dias em casa. Cristina descobriu os caminhões aos 20 anos porque o pai havia se aposentado do emprego na indústria e resolveu se aventurar no transporte. “Desde que meu pai começou a trabalhar com caminhão, eu o acompanhei. Aprendi tudo da estrada com ele”, informa. Caçula de quatro irmãos, os outros também seguiram o pai – mas no trabalho na indústria. Seu Gerson não gostou quando viu o gosto da filha por caminhão. “Mas eu insisti. Ele viu que não ia ter jeito e me disse: ‘então é melhor eu te ensinar a fazer direito’.” A caminhoneira tem um jeito interessante de comparar seu amor pelo volante com duas pessoas que... se amam. “No começo, a gente tem um certo medo do outro, mas acaba se encantando. Começa o namoro. Depois, o assunto fica mais sério e vira casamento. Só não vai ter divórcio para mim. Apesar de algumas dificuldades, eu gosto do que faço.” Esta mineira também já foi de viajar longas distâncias. E, como outras mulheres, não hesita em dizer qual é o principal problema das estradas: “É a falta de banheiro para mulher. Muitos postos não têm infraestrutura nem para os homens, quanto mais para mulher”.

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Sobre preconceito contra caminhoneiras, ela afirma que esse problema já foi maior. “Hoje, muitas empresas preferem contratar mulher. Alguns colegas é que têm preconceito, não cumprimentam a gente, fazem piadinha. Mas eu me sinto respeitada.”

Cristina Oliveira Costa teimou para ser caminhoneira. Conformado, o pai achou melhor “ensiná-la a fazer direito”. E ela foi uma ótima aluna


MAIS QUE TELEMETRIA

Consultoria que gera resultados O sistema de gestão de frotas Serviços Conectados, da Scania, faz análises complexas dos dados de telemetria do veículo A Ebmac Transportes e Logística, de Cambé (PR), testou e aprovou: reduziu em 10% o gasto de combustível com o sistema de gestão de frotas Serviços Conectados, da Scania. O teste da Ebmac foi acompanhado pela P. B. Lopes, de Londrina, mas a novidade estará disponível em toda a rede de concessionárias Scania a partir de janeiro. Os Serviços Conectados são um sistema de análise dos dados recolhidos pela telemetria do veículo. Ao anunciar o novo serviço, o diretor geral da Scania Brasil, Roberto Barral, enfatizou que “os dados (da telemetria) são informações isoladas, mas a análise do conjunto permite tomar medidas mais eficazes

para, entre outras coisas, diminuir o consumo de combustível, evitar paradas desnecessárias (para manutenção), e até mesmo evitar acidentes”. Barral está no cargo há cinco meses, depois de ter passado pelo Consórcio Scania e ter trabalhado cinco anos na Europa. No mundo existem mais de 200 mil Scania conectados. Os caminhões fabricados no Brasil desde maio já dispõem do módulo Scania Communicator, necessário para a obtenção dos dados de telemetria. Os veículos fabricados a partir de 2012 estão aptos a receber o equipamento. Quem possui caminhões fabricados antes disso, deve consultar uma concessionária.

Roberto Barral assumiu em julho o cargo de diretor geral da Scania Brasil

O sistema de Serviços Conectados tem quatro ferramentas: Planejamento de Serviços, Diagnóstico Remoto, Relatório de Tendências e Portal de Gestão de Frotas, além do serviço do Gestor de Frota. A mais básica é gratuita. A mais completa custa R$ 200,00 mensais por veículo. Para o diretor de serviços da Scania, Fábio Souza, com os Serviços Conectados o cliente obtém uma excelente consultoria para a gestão do seu negócio.

Maior do mundo A Brasdiesel, de Caxias do Sul (RS), mais antiga revenda Scania do Brasil (de 1957), agora também é a maior concessionária de caminhões Scania do mundo!

A sede inaugurada em novembro, num terreno de 50 mil metros quadrados, tem 16 mil metros quadrados de área construída e custou R$ 50 milhões,

parte financiada pelo BNDES. Na oficina cabem 30 caminhões com implementos, ou 90 cavalos mecânicos. A reformadora pode restaurar 15 caminhões batidos por vez. E já há planos de expansão: uma pista de testes vai ocupar 70 mil metros quadrados. “Precisamos agregar serviços e comodidade, pois hoje o transportador fica mais tempo com o caminhão, e precisa fazer revisões preventivas”, diz Itamar Fernando Zanette, diretor da Brasdiesel. A Brasdiesel tem filiais em Ijuí, Garibaldi e Lajeado. Atende 325 municípios gaúchos.

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TURISMO & NEGÓCIOS

Consórcio Scania levará clientes para Roma Basta comprar uma cota do consórcio, não existe sorteio. Empresa está de casa nova, ao lado da montadora Com a alta das taxas do Finame, o consórcio ganha força como alternativa de aquisição de caminhões, disse a diretora geral da Scania Consórcios, Suzana Soncin, em entrevista à Carga Pesada. A mais tradicional empresa do setor está em nova sede, ao lado da fábrica da Scania, em São Bernardo do Campo. Os clientes que forem conhecer a fábrica, agora poderão também visitar o consórcio e ver o estúdio de televisão de onde são transmitidas as assembleias. O prédio também tem um espaço gourmet que será usado para churrascos e jantares para clientes e parceiros. Suzana Soncin também falou sobre o próximo destino da promoção Família Scania. Veja a íntegra da entrevista: Em tempos de Finame sem as taxas subsidiadas do passado, como fica a opção do consórcio para a aquisição de caminhões? Suzana Soncin – O consórcio se apresenta como a alternativa financeira mais viável, pois a taxa de administração é muito inferior aos juros praticados no mercado e é diluída ao longo do plano, ou seja, representa um custo de apenas 0,12% mensais. Além disso, o consórcio ajuda no planejamento do aumento ou renovação da frota, pois o cliente pode fazer a aquisição e depois retirar o bem através de lance no melhor momento para ele. O Consórcio Scania tem um histórico de peso nas vendas da marca. Qual é este peso hoje? Suzana Soncin - Atualmente mais de 70% de todas as contemplações são con-

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Novo estúdio da Scania Consórcios em São Bernardo. Abaixo a diretora geral Suzana Soncin

vertidas em vendas de produtos novos e usados da marca. O modelo de relacionamento proposto pelas viagens da Família Scania inspirou outras montadoras a oferecerem alternativas similares. A que vocês atribuem este sucesso? Suzana Soncin – O grande fator do sucesso da Família Scania foi o entendimento de que o transportador trabalha tanto e se envolve tanto com o dia a dia que não encontra tempo para pensar em lazer com a família. Procuramos aliar o investimento, que é uma questão da vida prática, aos momentos de descontração, oferecendo não apenas uma viagem, mas uma experiência, ao transportador e sua esposa. O próximo destino é Roma, onde estivemos em 2012 com mais de 3.200 clientes. Agora vamos voltar à “Cidade Eterna” com um grupo de 700 pessoas, em maio de 2017. Como diz o nosso slogan, todo brasileiro tem um lado italiano, venha encontrar o seu em Roma com o Consórcio Scania. Como está a utilização do consórcio para aquisição de seminovos, segmento que tem atraído a atenção de montadoras tradicionais como Mercedes-Benz e Volvo?

Suzana Soncin – Nos últimos anos houve um aumento da procura do consórcio por frotistas, que utilizam as cotas como forma de repassar os usados e se capitalizar para a aquisição de novos produtos. Quanto aos seminovos, é uma possibilidade que sempre esteve à disposição, visto que a carta de crédito também pode ser usada para essa finalidade, desde que o veículo negociado preencha os requisitos exigidos como garantia para aprovação do crédito.


COMPETIÇÃO

Paranaense vence Roberto Polli, de Colombo, ganhou a primeira edição da prova realizada em Arapongas

O empresário paranaense Roberto Polli, de Colombo, foi o primeiro vencedor do Slalom Truck Race, competição realizada nos dias 3 e 4 de dezembro, em Arapongas (PR), cujos promotores pretendem repetir anualmente. O slalom consiste em provas em zigue-zague em uma pista curta demarcada por cones. Polli ganhou de prêmio um automóvel Fiat Mobi zero-quilômetro. “Tem de ter concentração, força no braço para virar o caminhão e sorte”, disse o campeão, ao saber do resultado. Participaram do evento 22 competidores de quatro Estados – Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Maranhão. Entre eles havia uma mulher, Amíria Strapassom (leia mais sobre ela na página 26). Dois, Joaquim Veríssimo e Egídio de Jesus, rodaram mais de três mil quilômetros para chegar a Arapongas. O local das provas foi o Auto Posto Grande Parada, na saída de Arapongas para Cambé, que tem um pátio para 200 caminhões. Foram dois dias de muita chuva e seis provas – três no sábado e três no domingo, todo o mundo usando o mesmo caminhão, um cavalo mecânico VW 19.390 Constellation. Os vencedores foram aqueles que fizeram o menor tempo na média das três provas do domingo e mais uma do sábado. À esquerda, o pessoal da Arabombas Diesel Bosch Service; abaixo, a equipe técnica da prova e os competidores

O resultado de Roberto Polli foi 26 segundos e 48 milésimos. Em segundo ficou Mauro Augusto Chianfa, de Arapongas, com 26 segundos e 484 milésimos, e em terceiro Leonardo Bonato, também de Colombo, com 28 segundos e 58 milésimos. Estes dois ganharam smartphones. O regulamento impede que Polli participe da prova nos próximos dois anos. Garantido o Título Rei do Slalom 2016, ele terá seu nome gravado no volante dourado que fica na sede da Roadway Eventos, empresa organizadora da prova. Na próxima edição, poderá retornar e realizar uma tomada de tempo estipulada pela organização. Se fizer o menor tempo entre os competidores, vai manter esse título. ORGANIZAÇÃO – Promovido pela Roadway Eventos, o Slalom Truck Race é direcionado a empresários, caminhoneiros ou outros que tenham carteira de habilitação nas categorias C, D ou E. “Estamos muito felizes. Foi um sucesso”, disse Luiz José Migliorini Neto, diretor comercial da empresa. Ele está confiante de que o evento vai se consolidar. “O Slalom Truck Race é uma competição emocionante, que reúne as pessoas tanto para a diversão como para realizar negócios.” Segundo Migliorini, a prova busca atingir o público de produtos relacionados ao transporte, como caminhões, peças e


Informe Publicitário

Slalom Truck Race serviços. “Do jeito que o mercado se encontra hoje, quem expõe seus produtos de uma forma mais chamativa consegue se sobressair. O Slalom Truck Race cumpre esse objetivo e é isso que queremos demonstrar a nossos parceiros”, afirmou. Empresas parceiras também estiveram no Grande Parada expondo seus produtos. Entre elas, a Arabombas Diesel Bosch Service, especializada em sistema de injeção eletrônica diesel, com tradição de 30 anos na cidade. Trabalhado pela equipe da empresa, um cavalo mecânico VW 19.330 fez uma festa à parte, levantando o público presente. Outra participante foi a Furgões Panhan, que produz toda a linha de furgões, desde sobre chassi até semirreboque. A empresa se sobressai pela qualidade e bom atendimento. A Rodomiglio Logística, com 28 anos de mercado, é especializada em diversos serviços logísticos. A empresa atende toda a região Sul do País e tem orgulho de apoiar o Slalom Truck Race.

DAF A equipe da concessionária MacPonta esteve presente no evento, expondo o caminhão DAF XF 105, nas versões 6x2 e 6x4. O extrapesado está entre os melhores do mercado. A concessionária ofereceu condições especiais a empresários e caminhoneiros. A DAF afirma ter ficado satisfeita com os resultados do Truck Race.

Mercedes-Benz A Mercedes-Benz disponibilizou o Actros 2546, caminhão com a mais avançada tecnologia, para percorrer o trajeto de aproximadamente quatro quilômetros, com ótimo resultado. A equipe da concessionária Ingá Veículos estabelece uma parceria de muitos anos com Slalom Truck Race, tendo oportunidade de atingir seu público-alvo: os transportadores e motoristas. Polli, o vice-campeão Mauro Augusto Chianfa e o terceiro colocado Leonardo Bonato

O campeão Roberto Polli e o diretor comercial da Roadway Eventos, Luiz José Migliorini Neto


NOVA CAIXA

Tudo pela economia Volvo apresenta a sexta geração da caixa I-Shift que pode chegar a 1 milhão de quilômetros O que já era bom ficou ainda melhor. Assim a engenharia da Volvo apresentou a sexta geração das caixas eletrônicas I-Shift, que hoje equipam os caminhões FH e quase todos os outros da linha F, o maior índice entre os fabricantes instalados no Brasil. “Como desenvolvemos e produzimos as transmissões e motores que equipam nossos caminhões, temos uma solução tecnológica muito mais eficiente”, afirmou Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo América Latina. Recém-lançada na Europa, a nova versão proporciona mais 3% de economia de combustível, como resultado da completa conexão entre a caixa e os outros módulos eletrônicos do caminhão. Tem 12 marchas à frente e quatro à ré. “A inteligência da I-Shift verifica qual é o momento adequado para despender mais potência e garante um comportamento correto para cada situação, com trocas de marcha mais rápidas”, afirma Álvaro Menoncin, gerente de engenharia de vendas da Volvo. A caixa, associada ao sistema I-See, que memoriza a topografia da estrada, e com os dados da carga transportada, faz as trocas de marcha no melhor momento, baixando o consumo de combustível com maiores velocidades médias. Sem pedal de embreagem, a caixa facilita muito o trabalho do motorista. No modo automático, é só acelerar. No manual, um toque em um botão troca as marchas. A vida útil dos componentes da caixa é enorme: é comum caminhões e ônibus terem hoje transmissões eletrônicas I-Shift com mais de 1 milhão de quilômetros e embreagens acima dos 500 mil. A manutenção é barata e a produtividade

A nova caixa I-Shift acaba de ser lançada na Europa e proporciona economia de combustível de 3%

aumenta. “Num mercado cada vez mais competitivo e com fretes muito contidos, a disponibilidade talvez seja o principal ativo de um caminhão”, diz Bernardo Fedalto, diretor de caminhões Volvo. POTÊNCIA - A Volvo anunciou também uma exclusividade mundial da marca: a caixa eletrônica I-Shift Super Reduzida, opcional, com 13 ou 14 marchas. Voltada para a linha F (FH, FMX e FM), a transmissão proporciona o maior arranque do mercado e permite um PBT (Peso Bruto Total) de até 300 toneladas. Esta opção é muito apropriada para o transporte feito tanto em rodovias com topografia acidentada ou de serra, como em estradas com trechos com boa pavimentação. “Em operações como canteiros de obras ou espalhador de calcário, esta caixa tem capacidade de rampa em baixas velocidades de até 0,5 quilômetro por hora”, ex-

plica Álvaro Menoncin. Em trechos rodoviários podem ser usadas relações mais longas, com maior velocidade e menor consumo. Com toda esta eletrônica embarcada no caminhão, o sistema de gestão de frotas da Volvo, Dynafleet, pode ter mais recursos. O Driver ID, por exemplo, permite a identificação individualizada do motorista. Com o Driver ID, o gestor pode emitir relatórios de performance de cada motorista, premiando os de melhor desempenho. Outro recurso adicional é o Driving Coaching, que dá instruções ao motorista sobre a condução mais eficiente do caminhão.

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SEGURANÇA

O risco da ré na vanderleia carregada Se for tanque, o risco é enorme, e também é grande na carreta com chassi. A razão é o excesso de peso, pois, para dar ré, é preciso levantar o eixo autodirecional Uma vanderleia-tanque autoportante com paredes finas jamais deve ser colocada em marcha à ré quando carregada, porque o risco de ocorrerem rupturas e trincas no costado durante a manobra é muito grande. O alerta é do engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, da TRS Engenharia, de Curitiba, e vem em boa hora, porque o uso de vanderleias está crescendo, devido ao seu PBCT de 53 toneladas com caminhão-trator LS (trucado), muito próximo das 57 toneladas do bitrem de sete eixos. “A gravidade do risco de rupturas no costado da vanderleia-tanque, nas manobras de marcha à ré, não é percebida pelo transportador e pelo motorista por puro desconhecimento”, afirma o engenheiro. “Muitos tanques apresentam trincas nessa região, mas não havia sido estudada a causa real. É a primeira vez que estamos trazendo estas informações a público.” O risco vem do fato de que, para movimentar uma carreta de eixos distanciados para trás, é preciso levantar seu eixo autodirecional, eliminando-se um ponto de O gráfico mostra o aumento do esforço (linha vermelha): o ponto crítico fica pouco antes do primeiro eixo

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apoio no piso. Se o semirreboque estiver carregado, será submetido a esforços muito grandes. “Praticamente dobra o esforço sobre o ponto crítico, que se desloca um pouco para trás”, afirma o engenheiro. Para as carretas com chassis, a manobra provocará uma deformação extra: “O chassi sela”, diz Melo, isto é, sofre uma deformação bem no meio, “como a sela de um cavalo”. Por isso, o ideal é que nenhum tipo de vanderleia seja colocado em marcha à ré quando carregado, embora se saiba que o chassi costuma voltar à posição normal quando o primeiro

eixo volta ao piso. “O maior risco está nos tanques longos autoportantes (não apoiados sobre chassis) e de parede fina”, avisa o engenheiro. O grande risco, de acordo com Melo, tem início na região superior do costado do tanque. “Dependendo da intensidade da compressão no topo do tanque, pode ocorrer o que chamamos de flambagem, ou seja, o tanque se curva devido à compressão. “E ao deformar-se o topo, ocorre um colapso da região inferior, abrindo o costado do tanque e vazando toda a carga”, completa.


PARA-CHOQUES

A NOTÍCIA O Joaquim encontra o Manuel. – Como é que vais, Manuel? Por que é que estás com essa cara tão triste? – É que vou ser pai. – Meus parabéns! Mas isso lá é motivo para tristeza? – É, sim. Não sei como dar a notícia à minha mulher sem que ela fique furiosa.

Minhoca é um absurdo: não tem pé nem cabeça.

No baralho da vida perdi por uma dama.

CRIANÇAS Raramente os adultos sabem ter conversas inteligentes com crianças pequenas. E, então, podem receber respostas sinceras demais... A tia da Mariazinha, por exemplo, quis saber: – Mariazinha, o que é que você vai fazer quando for grandona que nem a titia? A menina pela primeira vez prestou atenção de verdade naquela pessoa que estava em frente dela e lascou: – Regime. DIETA Um homem com ar de mendigo se aproxima de uma senhora cheia de sacolas de compras que ia andando na rua e fala: – Madame, estou sem comer há dois dias... E a madame: – Puxa vida, eu gostaria de ter sua força de vontade! – e seguiu o seu caminho. CRUZADAS Horizontais: 1 – Uma parte da escola de samba – Assola constantemente o sertão do Nordeste; 2 – Utensílio de cozinha que tem gume – O Pelé é; 3 – O verbo da primeira metade da viagem – Letra grega que deu origem ao R – Artigo definido feminino, no plural; 4 – Misturar a massa para fazer o pão; 5 – O maior osso humano; 6 – Terceira nota musical – Sigla de Alagoas – Enxerga; 7 – Realiza, faz, movimenta-se – Líquido viscoso; 8 – Por onde escoa a água do chuveiro – Atrai materiais de ferro. Verticais: 1 – Semelhante, próximo, familiar – Grande extensão de água salgada; 2 – Nossa morada – Amuleto usado para proteger do azar; 3 – Sigla do Acre – Porém – “O”, em espanhol; 4 – Cheiro em geral agradável; 5 – A célula feminina; 6 – Símbolo químico do érbio – Nós o respiramos – Decifrei as letras; 7 – Comer a última refeição do dia – Está se aproximando; 8 – Gritos de dor – A mulher do leão.

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Soluções: Horizontais – ala, seca, faca, rei, ir, ro, as, sovar, femur, mi, al, ve, age, oleo, ralo, ima. Verticais – afim, mar, lar, figa, ac, se, el, aroma, ovulo, er, ar, li, cear, vem, ais, leoa.




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