Revista Carga Pesada Edição 193

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ANO XXXIII - NÚMERO 193 - Agosto / Setembro 2017

Tector ganha caixa automatizada www.cargapesada.com.br

Sonho realizado

Com mais de 60 mil seguidores no Youtube, o caminhoneiro Kiko Bonesi conhece de perto a fábrica do bruto que ele tem dirigido nos últimos anos, um Volvo FH 540




Painel

Entre nós

O lucro do pedágio: melhor que banco!

ISSN 1984-2341

Como se não tivessem nada a ver com a situação anterior, o governo e suas agências anunciaram recentemente uma redução do elevadíssimo número de desempregados no Brasil. Mas que boa notícia, não é? Mas não fez propaganda de outra notícia que se esconde atrás dessa primeira: boa parte dos desempregados que conseguiram voltar ao mercado de trabalho em tempos recentes ganham, agora, bem menos do que ganhavam antes. Muitos deles, na verdade, nem sequer estão empregados, mas sim iniciaram um negócio próprio cujo futuro está nas mãos mais de Deus do que deles mesmos, sem contar aqueles que realizam um trabalho estritamente informal e precário, os muambeiros cujo destino é viver fugindo do “rapa” e fazendo figa para ter o que comer e dar de comer à família. Este cenário crítico é muito diferente daquele que é vivido por um setor da economia com o qual o governo não quer mexer – nem ele, nem outros agentes que deveriam representar os interesses da sociedade (como o Legislativo e o Judiciário): o setor das concessionárias de rodovias. Todos sabem – ou, se não sabem, sentem – que os brasileiros pagam os pedágios mais caros do mundo, conforme já verificou um órgão do próprio governo, o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. E fique sabendo ainda que o negócio de concessão rodoviária no Brasil é tão bom, mas tão bom, que dá uma rentabilidade superior à que é conseguida pelos bancos! Isso não é um dado novo. Oito anos atrás já havia levantamentos de empresas de auditagem que traziam essa conclusão: concessão de rodovia rende mais do que banco. O maior problema, nesse campo, está nas concessões dadas por governos estaduais, há quase 20 anos, especialmente no Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Foram as primeiras, as mais obscuras e as mais extorsivas. Foram alvo de contestação na Justiça em processos que dormem em gavetas até hoje sem que se tenha notícia de uma sentença sequer, mesmo que seja para confirmar a lisura (!) daquelas operações. Assim segue a vida dos transportadores que conseguem se manter trabalhando. Segue de praça em praça do pedágio, deixando aqui e ali adiante e mais adiante também o resultado do seu suor, do seu esforço. Voltaremos a esse tema!

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CARTAS

Muitos trabalham. Mas o lucro...

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Sumário

10 LEIS

Críticas à proposta do marco regulatório

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MULHERES

Anailê do Jacaré e sua paixão por caminhão

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INOVAÇÃO

Transportadora paranaense testa sistema que reduz arraste

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SPRINTER

Aos 20 anos, 125 mil veículos vendidos

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MINAS GERAIS

Enfim, pista dupla! Mas só por... 3 quilômetros

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NOSSA CAPA

O caminhoneiro Kiko sonha acordado na fábrica da Volvo

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MERCEDEIROS

Campanha de prêmios vai sortear caminhões

26 IVECO

Um câmbio exclusivo que faz a diferença

32 FOTON

Dois leves também no preço, e bem equipados

PASSATEMPO

DIRETORA RESPONSÁVEL: Dilene Antonucci. EDIÇÃO: Dilene Antonucci (Mt2023), Chico Amaro e Nelson Bortolin. DIRETOR DE ARTE: Ary José Concatto. ATENDIMENTO AO CLIENTE: Mariana Antonucci e Carlos A. Correa. REVISÃO: Jackson Liasch. CORRESPONDENTES: Ralfo Furtado (SP) e Luciano Pereira (MG). PROJETOS ESPECIAIS: Zeneide Teixeira. Uma publicação da Ampla Editora Antonucci&Antonucci S/S Ltda-ME. CNPJ 80.930.530/0001-78. Av. Maringá, 813, sala 503, Londrina (PR). CEP 86060-000. Fone/fax (43) 3327-1622 - www.cargapesada.com.br E-mail: redacao@cargapesada.com.br. Circulação: Agosto / setembro de 2017 - Ano XXXIII - Edição n° 193

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Porta-luvas

Cartas

Uns trabalham, outros... ...ficam com o lucro, diz o caminhoneiro que reclama dos atravessadores de frete. Nestas duas páginas, a palavra é dos nossos leitores, diretamente. Veja os fatos e opiniões trazidos por alguns dos que escreveram para a nossa revista e também para o site cargapesada.com.br. Consciência de classe É pra parar? Tem que parar!

Os caminhoneiros brasileiros poderiam e deveriam ser mais unidos em favor dos objetivos que deveriam ser de todos. Digo isso porque nas últimas greves das quais participei vi muita desunião, não juntamos nossas forças para nos tornar realmente fortes na briga por nossos interesses. Não podemos fazer paralisações em que, de cada 10 caminhoneiros, seis param e quatro querem continuar trabalhando. Se lutamos para conseguir melhorias, as conquistas serão para toda a classe. Temos que entender que, literalmente, carregamos o Brasil sobre as rodas dos nossos caminhões. Por favor, vamos refletir sobre isso e tirar daí a nossa força. José Adão Rios Apucarana (PR)

Estrada

também deveria merecer mais espaço nos telejornais e em programas de rádio. Afinal, o transporte de cargas representa transporte de vidas e de insumos, e gera crescimento e desenvolvimento a brasileiros das mais diversas classes, crenças e categorias. Luciano S. Furtado – Mateus Leme (MG)

Todos contra os buracos

De forma geral, tenho encontrado ótimo atendimento nos postos de parada. É uma pena que o governo não faça o mesmo com as estradas. Em alguns trechos é muito difícil trafegar, a gente pensa que o caminhão vai desmontar... Acho que nem o caminhão autônomo conseguirá desviar de todos os buracos que estão por aí. Precisamos unir forças para pedir uma solução urgente para esse problema. Carlos Dalla Valle – S. B. do Sul (SC)

O remendo ficou pior

Existe um trecho da BR-116, em Curitiba, entre o Posto 100 (em frente à Ceasa) e o início da Linha Verde, com uma extensão de uns dois quilômetros, que é só remendo remontado. Aquilo ficou pior do que os buracos. Prefeitos, governadores e o governo federal nunca chegam a um acordo para arrumar direito as estradas. Isso é uma vergonha! Josimario Queiroz Valentin – Curitiba (PR)

Comunicação A importância do transporte

Uma revista como a Carga Pesada faz parte da vida dos condutores de veículos de carga e também dos que não são, devido à grande gama de informações úteis para o dia a dia da sociedade. Em meu ponto de vista, a existência de uma revista digital já é um grande avanço pensando naqueles que não têm acesso à revista impressa, mas o assunto do transporte de cargas

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O prêmio Maior Valor de Revenda é uma iniciativa da Editora Frota em parceria com a Agência Autoinforme e a Textofinal. Ele revela as marcas e os modelos de caminhões e utilitários que apresentaram o menor valor de depreciação, depois de 3 anos de vida, com base nas pesquisas de preços da Molicar, processadas pela Autoinforme e o FROTA DataBank.

Volvo. O melhor caminhão na hora de comprar, rodar e revender.

Minha escolha faz a diferença no trânsito. Volvo, eleito o caminhão com o maior valor de revenda pela terceira vez seguida. É pensando em você que a Volvo produz os caminhões mais conectados, seguros e sempre prontos para rodar. Com baixo consumo de combustível e reduzido custo de manutenção, quando você adquire um Volvo tem a certeza do retorno do seu investimento. Volvo, vale mais e por muito mais tempo.


Porta-luvas

Cartas

Economia Quem fica com o lucro

Diante da notícia da queda do número de transportadoras em 29% e de caminhoneiros autônomos em 23%, publicada no site da Carga Pesada, eu só posso dizer uma coisa: esses números vão diminuir ainda mais. Quem é que vai investir milhões em caminhão para trabalhar de graça e ver seu lucro ficar com um atravessador corrupto que nem imposto paga? Eu, depois de 40 anos no ramo, só aguardo uma oportunidade para ir fazer outra coisa. João Gomes

Uso de drogas O exame é arrecadatório

O exame toxicológico não é eficaz no contexto que está sendo solicitado no Brasil. Não é somente a questão do custo, mas da eficácia em si do procedimento. Os resultados positivos até agora, segundo se informa, são de 1,5% de todos os exames realizados, mas para efeitos legais não é possível determinar que o motorista esteja sob efeito da droga no momento em que está na direção, como no caso do “bafômetro”. Além disso, ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, de acordo com a lei. E as sociedades da área de saúde (Conselho Federal de Medicina, Sociedade Brasileira de Toxicologia, de Farmácia e, acredite se quiser, a própria Câmara de Saúde do Contran) rejeitaram a implantação do exame. Mais grave ainda: existem 202 países no mundo e SOMENTE O BRASIL solicita o exame neste contexto. Outros exigem em casos de acidentes, em motoristas de empresas. Quer mais? O material para exame é coletado aqui e enviado

para os Estados Unidos para análise, mas lá não solicitam o exame neste contexto. Não foi realizado nenhum estudo ou parâmetro para sua implantação no Brasil. O objetivo é unicamente a arrecadação. João Luis Pimentel, médico especialista em Medicina do Tráfego

Abraço Com o Brasil nas costas

Mando um abraço a todos os caminhoneiros que carregam o Brasil nas costas, especialmente aos da minha cidade, Lages, em Santa Catarina. Gostaria que vocês publicassem reportagens sobre caminhoneiros que rodam pelo Chile e pela Argentina. José Wanderlei L. Madruga – Lages (SC)

Carga Pesada – Fica anotada a sua sugestão, José. Chile e Argentina têm uma proximidade muito grande com o Brasil quando o assunto é transporte de cargas. Falando nisso, na edição passada (nº 192) publicamos matéria sobre o uso de sofisticadas tecnologias Volvo nos caminhões de uma transportadora chilena para fazer a difícil transposição da Cordilheira dos Andes. Você não viu? Então entre em http://cargapesada. com.br/2017/07/27/tecnologiavencendo-o-desafio-dos-andes/. Um abraço!

Sorteio Estes são os leitores sorteados com os nossos brindes nesta edição: Josimario Queiroz Valentin, de Curitiba (PR), ganhou um kit da Slalom Truck Race contendo um boné, um copo térmico, um copo plástico e uma mochila; e Antonio Marcos Policarpo Aheer, de Cláudio (MG), receberá em casa, gratuitamente, todas as edições da Carga Pesada por um ano. Concorra você também. É só mandar o cartão-resposta que acompanha a revista. Participe, diga o que você pensa sobre o mundo do transporte de cargas.



Para-choque

Marco Regulatório

ANPr

O ruim pode ficar pior

Ainda em discussão na Câmara Federal, proposta de marco regulatório do transporte de carga impede autônomo de ser contratado diretamente pelo embarcador e cede ao lobby de seguradoras e gerenciadoras de risco NELSON BORTOLIN A proibição de caminhoneiros autônomos serem contratados diretamente pelo embarcador, a criação da Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas de Pequeno Porte (ETPP) e a definição de uma frota mínima de 11 caminhões para as Empresas de Transporte Rodoviário de Carga (ETCs) são alguns dos pontos polêmicos do projeto do marco regulatório do setor que está sendo elaborado na Câmara Federal. Esse assunto começou a se desenrolar em setembro de 2015, a pedido de representantes do setor de transporte de cargas: queriam uma lei (chamada marco regulatório) com regras gerais que dessem uma ordem melhor ao

setor, garantindo segurança jurídica e melhores ganhos a todos que trabalham nele – e eliminando, por exemplo, a concorrência desleal que tanto atrapalha a vida dos transportadores sérios. Então foi feito um projeto de lei inicial, de número 4.860, vieram audiências públicas de que participaram transportadores, embarcadores, representantes de órgãos públicos, de seguradoras e gerenciadoras de risco, entre outros interessados, e, no início de agosto, foi divulgado um novo texto do projeto de lei que seria uma síntese, um resultado de todas essas opiniões colhidas nas audiências públicas. Aí é que começaram o desgosto e a

apreensão de alguns representantes do setor de transporte em relação a partes do projeto de lei, que, se for aprovado no plenário – o que pode acontecer proximamente – vira lei, e depois, para mudar, vai ser bem difícil. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) quer mudanças no texto, principalmente no artigo 23, que diz: “Na contratação de serviço de transporte rodoviário de cargas, o tomador somente poderá

Deputado Toninho Wandscheer (PROS-PR)

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Luis Macedo / Câmara dos Deputados

utilizar-se de ETC (Empresa de Transporte de Carga) ou CTC (Cooperativa de Transporte de Carga)”. Ou seja, isso impediria os caminhoneiros autônomos de contratar cargas diretamente com o embarcador – eles só poderiam atuar como subcontratados. A exceção seria quando o transporte se iniciasse no estabelecimento de um produtor rural. Aí, os autônomos poderiam ser contratados diretamente. “É muito sério do ponto de vista econômico e social e inclusive é inconstitucional, porque cerceia o direito do trabalho”, argumenta o presidente da CNTA, Diumar Bueno. “Não conseguimos identificar uma justificativa. Parece uma jogada para desqualificar o profissional. O projeto basicamente extingue a categoria dos autônomos.” Outra mudança importante que consta da proposta é que o autônomo só poderá ter um caminhão. Hoje, pela lei, ele pode possuir três. Para atuar com mais de um caminhão, o autônomo precisará criar a Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas de Pequeno Porte (ETPP). A CNTA também é contrária a essa mudança. Presidente da comissão que elaborou o texto, o deputado Toninho Wandscheer (PROS-PR) disse à Carga Pesada que a categoria pode ficar “tranquila” porque a proibição de o autôno-

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mo negociar com o embarcador será retirada do texto. Wandscheer afirma que o projeto recebeu mais de 40 sugestões, que estão sendo analisadas pelo relator, deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP). Segundo ele, são as embarcadoras que não querem contratar autônomos. “Preferem contratar empresas.” Mas ele garantiu que essa restrição não vai prevalecer. “Não posso proibir alguém de ser contratado. O marco regulatório não pode proibir relação comercial de ninguém com ninguém”, declarou. Sobre o fato de o autônomo não poder ter mais que um caminhão, ele disse que é para o próprio bem da categoria. “Só pode dirigir um caminhão. Senão, não é autônomo”, argumentou. Colocar outro motorista para dirigir um segundo ou terceiro veículo, sem registro, é ilegal, lembrou o deputado. Se o caminhoneiro tem mais de um caminhão, ele precisa abrir uma empresa e contratar motoristas. “Ninguém pode trabalhar sem registro.” AGREGADOS – Pelo texto, os autônomos são divididos em agregados e independentes. “Denomina-se agregado o TAC que coloca, com exclusividade, mesmo que periodicamente, veículo de sua propriedade ou de sua posse, a ser dirigido por ele próprio ou por empregado seu, a serviço do con-

Diumar Bueno (segundo a partir da esq.) em sua participação em seminário realizado na Câmara

tratante, mediante remuneração certa.” O projeto busca proporcionar segurança jurídica às transportadoras que contratam agregados, deixando claro que não existe “relação de trabalho” entre as partes e afastando a “caracterização de vínculo de emprego”. Já o TAC independente é o que presta serviços de transporte em caráter eventual e sem exclusividade, mediante frete ajustado a cada viagem. OUTRAS MUDANÇAS – O projeto apresenta várias outras alterações importantes. Ele dá nomes e traz para dentro do marco regulatório empresas que mantêm interfaces com o TRC. São elas: as gerenciadoras de risco (GRTR), as empresas de atendimento a emergências (EAEs), as instituições de meios de pagamento eletrônico de frete (IPEFs), as empresas de vale-pedágio (EVPs) e as operadoras eletrônicas de frete (OEFs). O caminhoneiro empregado passa a se chamar Motorista de Transporte Rodoviário de Cargas (MTRC). A proposta também trata da transportadora rodoviária de carga própria (TCP), que é proibida de utilizar seus veículos para transporte de cargas de outros tomadores de serviço, mesmo que por subcontratação.


Para-choque

Marco Regulatório

Diretor da NTC&Logística critica projeto Para Marcos Aurélio Ribeiro, diretor jurídico da NTC&Logística, o projeto divulgado em agosto contém uma série de medidas que devem ser descartadas porque “não fazem sentido”. O texto, com 109 artigos, precisa ser enxugado sob risco de se tornar uma grande confusão. Questionado sobre o motivo da proposta impedir que o caminhoneiro autônomo possa ser contratado diretamente pelo embarcador, ele responde: “Não sei de onde surgiu essa história. Certamente não foi um pedido dos empresários do transporte”, afirma. Sobre a definição de que as empresas de transporte precisam ter no mínimo 11 caminhões, ele diz a mesma coisa: “Também não sei de onde tiraram. Não dá para colocar isso na lei. Nem tem como fiscalizar, além de ferir a livre iniciativa”, complementa. O deputado Toninho Wandscheer também não soube dizer de onde surgiu esse número. “Deve haver alguma razão. Para se ter uma empresa pequena, você precisa de um limite do número de caminhões. Daí para a frente vira empresa de transporte de carga.” Marcos Aurélio Ribeiro também critica a criação de novos seguros obrigatórios, como o de danos ao meio ambiente. “Isso só pode ser fruto de lobby das seguradoras.” Ribeiro vê indícios de pressão de outro setor sobre os deputados que integram a comissão: “Outra coisa absurda é a obrigatoriedade de gerenciamento de risco. Essa é uma decisão que cabe às empresas. Colocar na lei parece lobby das gerenciadoras”. O diretor acha que o marco regulatório não deveria incluir regras para o transporte de produtos perigosos, que já é tratado por outras normas, mais fáceis de atualizar. “Há também coisas relacionadas ao Código de Trânsito, que não poderiam estar no marco regulatório.”

Apesar de “algumas maluquices”, Ribeiro vê avanços na proposta. Entre eles, a regulamentação do transporte de carga própria. “O texto estabelece um controle no transporte de carga própria que elimina a concorrência desleal. Tem também a proibição do transporte de correspondência junto com cargas e de transporte de valores junto com carga comum”, enumera. O diretor cita ainda a criação de mecanismos de fiscalização eletrônica, que dão mais segurança jurídica ao setor. Segundo ele, a NTC&Logística está participando das discussões e busca “enxugar” o marco regulatório.

Marcos Aurélio Ribeiro, diretor jurídico da NTC: algumas medidas não fazem sentido

“Esse número de artigos – 109 – é muito grande. Vamos fazer com que prevaleça o bom senso.”

Fala Leitor Adalberto Ribeiro – Os caminhoneiros não sabem a força que possuem! Os pontos fracos desta classe trabalhadora são a desunião que impera entre os colegas, a forte necessidade de sobreviver e a falta de consciência de que o Brasil roda sobre rodas!

Paulo Dutra, ex-presidente do Sindicato dos Autônomos de Uruguaiana (RS) – Estes

caras que não sabem nada de transporte se metem a declinar leis ao setor só pra ferrar a categoria. Que vão pentear macaco e buscar o segmento do caminhão para verem que os problemas são bem diferentes do que eles vislumbram.

Mauro Rodrigues – Acredito que, com isso, o agenciador estará com seus dias contados. O frete será negociado diretamente com o dono da carga, assim quem sabe os fretes aumentem, pois não haverá mais a pessoa do agenciador, que tira do autônomo a sua comissão.

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Lanterna Traseira

Mulheres

Ela é a Anailê do Jacaré Casada, com dois filhos e o terceiro na barriga, Anailê ama dirigir caminhão: “Não me vejo fazendo outra coisa”.

Esta capixaba é a única mulher no serviço de transporte de contêineres no porto de Vila Velha NELSON BORTOLIN Começou por necessidade de ajudar o marido no sustento da família. Mas, aos poucos, Anailê Santos Goulart, de 27 anos, apaixonou-se pela boleia. Com 1,56 m de altura, provou que tamanho não é documento e tornou-se a única mulher entre os 174 membros da Associação dos Carreteiros Autônomos do Porto de Vila Velha, no Espírito Santo. Por ter um Scania 1973, virou a Anailê do Jacaré, como assina em seu vlog (um ‘video blog’) no Youtube. Anailê trabalha com contêineres, rodando trechos curtos, de até nove quilômetros. Casada com Lucius, também motorista de um Jacaré, ela tem dois filhos, Eduardo, de 6 anos, e Ian, de 2, e carrega o terceiro numa barriga de seis meses. “Quando foi do Ian, dirigi até 15 dias antes do parto”, conta. “Não é por coragem, é que a gente não tem escolha”, afirma. Seu marido é carreteiro há 10 anos, mas ela só foi para a boleia há três. “Eu já tinha habilitação e ia trocando de categoria junto com meu marido, mas no início só o acompanhava ao porto e às vezes puxava o caminhão na fila. Até que compramos outro caminhão.” Mas a vida anda difícil, explica Anailê.

“A gente chegava a fazer sete viagens no dia. Hoje, faz uma”, afirma. Como o porto funciona 24 horas, o casal trabalha de dia e de noite, depende da escala da associação. Mesmo assim, ela se sente realizada: “Eu amo dirigir caminhão, não me vejo fazendo outra coisa.” VLOG - A criação do vlog “Anailê e Lucius do Jacaré”, que tem mais de 65 mil inscritos, nasceu de uma entrevista que Anailê deu a um jornal, e que foi publicada na internet. “Um homem fez um comentário duvidando que eu real-

mente dirigia o Jacaré. Então gravei um vídeo e coloquei no Youtube”, recorda. Logo o vídeo se espalhou e ela foi atrás de ter seu próprio canal. O vlog é hoje uma espécie de diário da reforma do Jacaré, que estava precisando de melhorias – chegou a chover dentro do veículo. Ele também vai mudar de cor, do alaranjado para um rosa feminino. A mão de obra já custou mais de R$ 10 mil. E o canal do Youtube, embora dê pouco dinheiro (R$ 300 a R$ 400 por mês), tem sido muito importante para Anailê encontrar parcerias. “A gente ganha peças e divulga a marca”, explica. Para quem dirige com uma almofada às costas para poder alcançar o pedal da embreagem, a reforma do caminhão é um grande passo!


Fala Caminhoneiro

Perfil

Kiko Bonesi, um caminhoneiro de sucesso Titular de um canal no Youtube com grande número de seguidores, este caminhoneiro dá muitas informações úteis e é respeitado por seus companheiros da estrada. Numa visita à fábrica da Volvo, teve a honra de dar sugestões e ser aplaudido pelo pessoal de vários setores da empresa DILENE ANTONUCCI E NELSON BORTOLIN “Estou me sentindo uma criança num parque de diversões.” Foi assim que o caminhoneiro Kiko Bonesi definiu a sensação de realizar o sonho de conhecer a fábrica da Volvo em Curitiba, no dia 28 de julho, no fechamento da semana do motorista. Luis Henrique Bonesi, o Kiko Bonesi, tem 48 anos, é casado há 30 anos com Dona Kika, tem quatro filhos (Bruna, Gabriela, Eduardo e Gustavo) e um neto, o Gabriel. É filho de Dona Vilma e Seu Luis, já falecido. Mesmo não tendo nenhum caminhoneiro na família, o interesse dele pela profissão vem de criança. “Fazia a tampa da panela da minha mãe de volante e saía fazendo o barulho do motor com a boca”, recorda. Quando pegava

ônibus para ir à escola, não desgrudava o olho do motorista. “Ficava fascinado de ver as pessoas dirigindo.” Teve o primeiro contato com veículos pesados no Exército, onde trabalhou como motorista. Começou a exercer a profissão quando saiu de lá, em 1988. Está na estrada há 28 anos, nos últimos 13 na empresa de transportes Vinhedos, onde dirige caminhões Volvo. Morador de Caxias do Sul, cidade onde nasceu, o gaúcho começou com um VM truck no ano em que ele foi lançado, 2004, depois foi para os FH e desde 2015 está com o FH 540 tracionando um conjunto de 30 metros, na rota de Caxias do Sul para o Nordeste. Ele criou há alguns anos, no Youtube, o canal Viajando com Kiko Bonesi, e produziu vídeos que já tiveram mais de 10 milhões de visualizações. Um deles, sozinho, foi visto mais de 1,3 milhão de vezes. E a visita à Volvo, noticiada no site da Carga Pesada, rendeu mais popularidade ainda. “Eles (os fãs) querem que eu dê uma revista autografada”, conta. Kiko hoje tem mais de 60 mil inscritos em seu canal. Mas o começo dessa história, em 2010, foi despretensioso. “Foi O presidente da Volvo, Wilson Lirmann, recebe Kiko Bonesi na fábrica de Curitiba

ideia da minha filha que eu filmasse as minhas viagens para fazer um arquivo pessoal, para matar a saudade quando estiver aposentado”, afirma. O gaúcho não entendia de Youtube e achava que só ele poderia ver os vídeos que postava no canal. Mas logo começaram a aparecer os primeiros seguidores. “Co-

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Kiko Bonesi, Dilene Antonucci, editora da Carga Pesada, e o presidente da Volvo no bate-papo com a equipe comercial da empresa: o caminhoneiro foi aplaudido de pé

mecei a postar dicas de direção econômica e defensiva e percebi que existe uma carência dessas informações.” No início de sua “carreira” como youtuber, ele diz que ficava “encabulado” ao gravar seus vídeos. Hoje, domina a câmera como ninguém. “É tudo bem natural agora.”

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Kiko é o tipo de caminhoneiro que não reclama do que faz. “Adoro viajar, viajo com vontade, gosto de estar nesse mundo do caminhão”, declara. Ele gostaria de ter seu próprio caminhão e trabalhar como autônomo, mas ainda não tem como adquirir um veículo. O gaúcho diz que ainda tem muita estrada pela frente. “Não pretendo me aposentar. Dizem que, depois que você se aposenta, você morre. Então eu não quero nem saber”, brinca. Se não fosse caminhoneiro, Kiko gostaria de ser professor. “É uma profissão que eu Kiko faz selfie mostrando todos os participantes do encontro na Volvo

admiro, que a gente tem de valorizar. Vamos ver se o tempo me dará essa oportunidade.” Na verdade, quando produz vídeos para o Youtube com dicas sobre direção, está realizando em parte este sonho.


Fala Caminhoneiro

Perfil

Visita de amigo

A Volvo disponibiliza pelo site www.visitadeamigo.com.br um programa que estimula clientes e interessados a visitarem as instalações da empresa, em Curitiba. Kiko Bonesi fez a visita juntamente com um grupo de caminhoneiros e outros profissionais que se inscreveram. Pela manhã, ele foi recebido pelo presidente da Volvo na América Latina, o brasileiro Wilson Lirmann. Eles já se conheciam desde uma visita que Lirmann fez à sede da Vinhedos, em Garibaldi (RS). “Aprendi muito neste encontro com o Kiko, por isso o convidei

O grupo de caminhoneiros e outros profissionais que participaram da visita à fábrica da Volvo

para dividir suas experiências com nossa equipe aqui na Volvo”, disse Lirmann. “Para nós é fundamental conhecer em detalhes o que os clientes e motoristas pensam dos nossos produtos e da nossa marca.” Existem mais de 60 mil caminhões Volvo rodando pelo Brasil. Kiko participou do programa A Voz do Cliente, que a montadora desenvolve convidando empresários e caminhoneiros a compartilharem suas opiniões com as equipes de vendas,

pós-vendas, marketing, recursos humanos e treinamento. A editora da Revista Carga Pesada, Dilene Antonucci, participou do encontro como entrevistadora do convidado. O gaúcho ficou surpreso com o sucesso de sua participação. “Fui aplaudido de pé por uma quantidade grande de pessoas com bastante conhecimento. Pessoas formadas. Teve gente que disse que meu conhecimento dava de 10 a zero em muita gente com doutorado. Eu só estudei até a sétima série, minha escola é a escola da vida. Então a gente fica honrado. O ego vai lá em cima.” De toda a programação, o que mais chamou a atenção de Kiko foi a visita à fábrica de cabines. “É um mar de robôs trabalhando com muita precisão.” Ele e os demais caminhoneiros que visitaram a linha de montagem da Volvo ficaram sabendo, por exemplo, que cada cabine recebe mais de quatro mil pontos de solda no processo de fabricação. Segundo o gaúcho, após a visita, representantes da Volvo ligaram para ele pedindo sugestões para melhorias nos caminhões. “Queriam dicas simples para melhorar as condições de trabalho do motorista. Peguei várias dicas com os colegas pelo WhatsApp e mandei para eles.”

Fala Caminhoneiro No canal Viajando com Kiko Bonesi, no Youtube, é fácil constatar a popularidade e a amizade que muitos caminhoneiros têm por este gaúcho que se preocupa tanto com a segurança e o bem-estar de seus companheiros estradeiros. Aqui estão algumas manifestações que encontramos lá.

Gilomar Bitencourt – Kiko, quero dizer que o que me despertou para segui-lo foi o seu trabalho, o exemplo de vida que você passa. Já percebi que você é um excelente profissional e

um exemplo de ser humano. Sigo as suas orientações e dicas de caminhos que você vai mostrando.

Manoel Torres – Domingo passado eu estava voltando de Aparecida e passei por um FH 540 indo no sentido do Rio de Janeiro. Era você, meu Kiko Bonesi? (Resposta – Positivo.) Qualquer hora vamos nos encontrar novamente, só tive tempo de desejar no pensamento: boa viagem, meu amigo. João Diamantino (foto) – Meu amigo Kiko, eu vi a sua visita à fá-

brica da Volvo. Parabéns, você merece tudo isso e muito mais. Pessoas boas como você só colhem coisas boas.

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Segurança acima de tudo

Fala Caminhoneiro Dyego Araujo – Parabéns, Kiko, você tem levado muitas pessoas a conhecerem a vida dos caminhoneiros, esses profissionais que levam o País nas costas. Espero um dia poder conhecê-lo. Marcos A. A. de Andrade –

Kiko Bonesi, você nos deixa orgulhosos, representando nossa classe de caminhoneiros com seu talento, elegância e carisma em uma das maiores montadoras de caminhões do mundo.

Fabrício Ribeiro Ainsf – Kiko, você fez por merecer cada elogio, cada abraço que recebeu na Volvo, pois você tem humildade e prazer em compartilhar todas as informações importantes que obtém por aí. Meus parabéns, campeão.

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Ao visitar o Memorial da Segurança no Transporte construído pela Volvo, único espaço dedicado ao tema na América Latina, Kiko colheu a informação, por exemplo, de que o uso do celular na direção pode aumentar em até 23 vezes o risco de acidentes. E passou a se corrigir. “Não atendo mais o celular e nem faço filmagens com o caminhão em movimento. Se for algo urgente, ponho no viva-voz.” O aparelho agora fica fixado no painel. Ele conta que, para produzir seus vídeos, usa um suporte para a câmera também no interior da cabine. “A câmera funciona com comando de voz. Não preciso tirar o olho do volante para acioná-la”, conta. Depois da visita à fábrica, ele passou a priorizar ainda mais o tema segurança em seus vídeos. “Tento passar o máximo de informação para meus colegas.”

Os seguidores do gaúcho Outro momento marcante da visita foi o encontro de Kiko com vários seguidores de seu canal no Youtube que também visitavam a fábrica. Um deles, Thiago dos Santos Nascimento, de São Paulo, pretende ser caminhoneiro e por isso acompanha as postagens do canal: “Sigo o Kiko Bonesi desde o início, principalmente pelas dicas que ele dá de condução e dos trechos onde ele roda. Aproveito as informações que serão muito importantes para mim caso um dia eu consiga me tornar caminhoneiro ou motorista de ônibus”. Kiko, por sua vez, disse que é gratificante poder se encontrar pessoalmente com seguidores: “Comecei o canal porque também fui buscar informações práticas e não encontrei, só muita teoria. E pensei que, se estou aprendendo, posso passar estas dicas para alguém que esteja buscando. A internet favorece muito a troca de in-

Kiko com seus seguidores no Youtube que estiveram com ele na Volvo: Thiago dos Santos Nascimento, Leandro Oliveira, Renan Juk Silveira, Adriano Moreira e Sandro Nunes (agachado)

formações. E, como bem disse o presidente da Volvo em nosso primeiro encontro, conhecimento a gente não divide, a gente multiplica”, comentou.


Boleia

Ideias & Projetos

Um microaerofólio contra o arrasto Transportador paranaense aproveita a experiência de evento da Scania e se integra ao grupo de empresas que vem utilizando, com sucesso, um equipamento simples capaz de melhorar a aerodinâmica de um caminhão NELSON BORTOLIN No #NxtGen – evento do Consórcio Scania que levou à Europa representantes das novas gerações de famílias de transportadores, para tomar contato com novidades e tendências do setor –, Wilian Zucolote de Oliveira, sócio da Ebmac Transportes e Logística, de Cambé (PR), tomou contato com um equipamento simples capaz de reduzir o arrasto da traseira do caminhão. Simples, mas quase desconhecido no Brasil. Na volta, ele não teve dúvida: cumprindo os objetivos do #NxtGen (veja reportagem na pág. 22 da nossa edição nº 192), fez contato em Campinas (SP) com uma empresa que se dedica a produtos inovadores na área energéti-

ca – uma das chamadas start ups –, a Avitus, e lá encontrou um sistema de nome Economizador e Gerador de Vórtice, conhecido também pela sigla EGV. O EGV consiste em microaerofólios de plástico, PU (um tipo de resina) emborrachado ou de alumínio, que são instalados na traseira do caminhão e fazem o que Oliveira queria: reduzem o arraste provocado pelo vácuo. “Nossos caminhões estão mais estáveis, as carretas chacoalham menos”, conta o empresário. O efeito é a redução do consumo de combustível. “Nossa expectativa é chegar a uma economia de 3% a 5%. Ainda não foi possível concluir essa medição, o que deve ocorrer em 120 dias (no início de novembro)”, acrescenta. Para acompanhar a performance dos dois veículos nos quais foram implantados os EGVs, a Ebmac utiliza o CoWilian Zucolote de Oliveira, sócio da Ebmac Transportes: sempre atento a novidades em tecnologia e em gestão

municator, sistema de telemetria da Scania instalado em quase toda a frota da transportadora, que conta com 28 caminhões Scania e quatro Volvo e atua no transporte de produtos industrializados, como bebidas e polietileno. “Pelo Comunicator, fico sabendo tudo o que acontece nos caminhões: velocidade, rotação do motor, frenagem e o consumo exato de combustível”, explica. “Não adiantaria instalar os EGVs se não tivéssemos o Comunicator para acompanhar.” Em dois anos de uso da telemetria da Scania, segundo Oliveira, a empresa constatou uma redução do consumo de combustível de 2,4 para 2,6 quilômetros por litro. “E acreditamos que vamos chegar a 2,8”, afirma. O Comunicator não faz milagres, porém. Apenas dá informações que precisam ser trabalhadas com os motoristas. “Investimos na capacitação de nosso master driver e dos motoristas”, diz Oliveira. A Ebmac tem sido uma espécie de laboratório de inovação para a Scania, inclusive no desenvolvimento do Comunicator. Segundo Oliveira, isso ocorreu porque a empresa “acredita nas novas ideias que surgem no mer-

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O formato e o material dos micro­ aerofólios dependem do tipo de operação do caminhão. Eles amenizam o efeito do vácuo na traseira

cado”. “Sempre estivemos atentos não só para as novas tecnologias, como para novos sistemas de gestão”, conta. Neste momento, segundo ele, a empresa está implantando um sistema de geração de energia solar em sua sede. Sem inovação, na opinião do empresário, será mais difícil para uma empresa manter-se no mercado. “O bom resultado financeiro das empresas depende cada vez mais dos detalhes. Temos que acompanhar o que está acontecendo com nossa frota o tempo todo. E também apostar no desenvolvimento do capital humano”, declara. Oliveira conta que o próximo passo será investir em outro projeto aerodinâmico, para ser implantado embaixo das carretas.

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PALAVRA DE ENGENHEIRO - O engenheiro mecânico Thierry Cintra Marcondes, sócio da Avitus, explica que o formato e os materiais de que são feitos os microaerofólios dependem da operação de cada cliente, para melhorar a aerodinâmica do veículo. “O sistema é customizado principalmente de acordo com a velocidade média da frota”, afirma. Segundo ele, de 25% a 27% do arraste aerodinâmico está na traseira do veículo, “que sofre os efeitos do vácuo”. Reduzindo o arraste, o veículo fica mais estável e gasta

Simulação dos vórtices conduzindo o ar a se combinar mais perto da traseira, o que reduz o embolamento causador de turbulências e, consequentemente, o arrasto menos combustível. Marcondes garante que o sistema, já testado em outras empresas, proporcionou uma economia média de 3%. “E ainda reduziu emissões e o desgaste dos pneus.”


Faixa Contínua

Mercedeiros de Verdade

Mercedes-Benz lança aplicativo Campanha já começou e terá o primeiro sorteio em outubro, na Fenatran. Também são oferecidos descontos nas compras em concessionários A Mercedes-Benz lançou em agosto a campanha Mercedeiros de Verdade. Por meio do aplicativo com esse mesmo nome, já disponível na App Store e na Google Play, os participantes acumularão pontos e vão concorrer a brindes instantâneos e a cupons virtuais para o sorteio do fim da campanha, cujos prêmios serão duas vans Vito e dois caminhões, um Accelo e um Actros Mega Space. O Accelo será sorteado já no mês de outubro, durante a Fenatran, que será realizada em São Paulo do dia 16 ao dia 20. O sorteio do Actros e dos Vito será em fevereiro, sempre pela Loteria Federal.

As novidades da Fenatran A Mercedes-Benz antecipou parte das novidades que irá apresentar na Fenatran. Uma das principais é que o sistema de gestão de frota e rastreamento FleetBoard passou a oferecer uma nova funcionalidade para os clientes. Já está disponível a Telediagnose, que identifica à distância se o caminhão tem algum problema e, se necessário, aciona o cliente por meio da Central de Relacionamento, recomendando a ida a um concessionário. “Nossa central vai monitorar. Dependendo da falha, entraremos em contato com o gestor da frota

para que ele tome a melhor decisão, evitando as paradas imprevistas e garantindo a máxima performance dos nossos caminhões”, conta o diretor de Peças e Serviços da Mercedes, Sílvio Renan. Segundo ele, já existem mais de quatro mil caminhões da marca conectados no País. Outras novidades são kits de peças e serviços dedicados por segmento (rodoviário, canavieiro, fora de estrada, construção e mineração), a linha de remanufaturados Renov com descontos de até 40%, a troca dos principais agregados remanufaturados como novos e com as mesmas garantias das

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e vai sortear quatro veículos “O aplicativo traz jogos interativos e tem uma dinâmica muito fácil de compartilhamento pelas redes sociais”, afirma Sílvio Renan, diretor de Peças e Serviços ao Cliente da Mercedes-Benz. Por meio do app e do site www.mercedeirosdeverdade.com.br, a montadora quer se aproximar ainda mais de seu público. “Queremos atender melhor a necessidade dos mercedeiros, de modo que possamos oferecer novas soluções a longo prazo para eles”, ressalta Renan. Após baixar o aplicativo, o motorista cria o seu avatar e já pode começar a interação com a marca. Quanto mais o profissional interagir no aplicativo, mais pontos pode acumular. Numa das funcionalidades, por exemplo, em cada compra de peças (Mercedes-Benz, Renov e Alliance) e serviços num concessionário Mercedes-Benz, um real equivale a um ponto.

A cada dois mil pontos acumulados, o participante aciona uma roleta virtual e pode ganhar prêmios como camisetas, bonés, canecas, toalhas, ou cupons de R$ 100 de desconto em futura compra no concessionário. Com dois mil pontos, ele também recebe um número, atribuído ao CPF ou CNPJ cadastrado, para participar dos sorteios dos veículos. Além de oferecer os pontos gerados com a compra de peças e serviços, o aplicativo tem jogos, conectividade e marcação de quilometragem do veículo, registrada por meio de GPS, que irão dar mais pontos para o motorista.

Sílvio Renan, diretor da Mercedes: interesse em atender os mercedeiros com soluções a longo prazo

peças genuínas da Mercedes-Benz do Brasil e descontos de até 50% na linha Alliance, de peças novas. Com a oferta de kits de peças genuínas, a Mercedes promete economia de até 15% no custo em relação às peças avulsas de revisão. O portfólio da Alliance Truck Parts tem 353 itens de peças de reposição e manutenção para veículos de todas as marcas, como filtros de ar, combustível e óleo, lonas, tambores, discos e pastilhas de freio e kits de embreagem, além de acessórios para caminhões e comerciais leves Mercedes-Benz. Já a linha Renov de produtos remanufaturados oferece uma gama diversificada de itens que abrange motores,

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câmbios, embreagens, motores de partida, unidades injetoras, alternadores, turbinas, diferenciais, bombas de óleo, bombas d’água, cabeçotes, pinças de freio, kits de embreagem, válvulas de quatro circuitos e secadores de ar (componentes da válvula APU) e compressores de ar. Produzidos com peças genuínas, os itens do Renov podem custar 40% do preço de uma peça nova, oferecendo a mesma garantia de 12 meses sem limite de quilometragem. E o cliente pode utilizar a peça usada como parte do pagamento da remanufaturada, após avaliação e aprovação do concessionário.


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Mercedeiros de Verdade Menos tempo na oficina

A Oficina de Alta Performance (OAP 2.0) é uma inovação junto à rede Mercedes-Benz para reduzir o tempo de permanência dos veículos nas oficinas, trazendo um diferencial de mercado para o concessionário e para a marca. “A grande vantagem para o cliente é mais agilidade no atendimento e na

execução dos serviços, liberando o veículo o mais rápido possível para o trabalho. Isso resulta em melhor custo/benefício para o cliente”, afirma Sílvio Renan. Também para assegurar um atendimento ágil, a Mercedes-Benz oferece as Oficinas Dedicadas, uma das modalidades do Serviço Dedicado. A Oficina

Dedicada é um serviço realizado dentro das instalações dos clientes. Inclui mecânico do concessionário, estoque de peças na estrutura da empresa de transporte e a prestação de serviços. Ou seja, o concessionário cuida da manutenção da frota e o cliente ganha tempo e tranquilidade para se dedicar apenas à sua atividade.

Terceira loja de usados será no Paraná A Mercedes-Benz continua apostando no aumento de negócios com caminhões usados, dentro do atual cenário econômico. No primeiro semestre deste ano, foram vendidos mais de 163 mil caminhões usados no País – um crescimento de 4% em

relação ao mesmo período de 2016. Ari de Carvalho, diretor de Vendas e Marketing Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, informa que “hoje a proporção de vendas é de 7,2 caminhões seminovos para um zero-quilômetro, o que demonstra

que o cliente está buscando cada vez mais essa alternativa ao renovar a sua frota”, afirma. Desde agosto de 2013, a empresa mantém uma unidade de negócios de caminhões seminovos, a SelecTrucks. “Em quatro anos, a SelecTrucks comercializou mais de dois mil caminhões usados.” Em setembro, a Mercedes-Benz inaugura sua terceira loja SelecTrucks, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, o terceiro maior mercado de veículos usados do Brasil. Os dois maiores já são atendidos pelas lojas de Mauá (Grande São Paulo) e Betim (Grande Belo Horizonte). Hoje, no Brasil, são vendidos 7,2 caminhões seminovos para cada zero-quilômetro

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A Mais Desejada

Em 20 anos, foram vendidas 125 mil Sprinter

Elas inauguraram, com grande sucesso, o segmento de “large vans” no Brasil Em fevereiro do ano que vem, vai fazer 20 anos que a Mercedes-Benz vende veículos da linha Sprinter no Brasil. Com vans de passageiros, furgões e chassis com cabine para trans-

porte de cargas, a Sprinter criou o segmento de “large vans” (3,5 a 5 toneladas de Peso Bruto Total) no País. Ao longo de duas décadas, foram emplacadas cerca de 125 mil Sprin-

ter no mercado brasileiro, segundo Werner Schaal, gerente sênior de Marketing & Vendas Vans da Mercedes-Benz. “Esse notável volume de vendas atesta o sucesso dos veículos comerciais leves da nossa marca. Temos atendido esse segmento desde 1994, com o MB 180. Somando as duas linhas, a Mercedes-Benz já vendeu mais de 135 mil comerciais leves no Brasil.” Schaal afirma que a Sprinter se consolidou como referência de qualidade, tecnologia, segurança, conforto, agilidade e custo operacional, além de ser reconhecida por sua excelente relação custo/benefício e bom valor de revenda. “A linha Sprinter atende uma ampla diversidade de aplicações de transporte, o que reforça sua imagem como o veículo mais desejado da categoria”, ressalta.

800 furgões para o SAMU A Mercedes-Benz venceu licitação do Ministério da Saúde e vai fornecer 800 furgões Sprinter para serem utilizados como ambulâncias UTI do Serviço de Atendimento Móvel de

Urgência (SAMU). O primeiro lote de 220 ambulâncias será entregue em setembro, informou Jefferson Ferrarez, diretor de Vendas e Marketing Vans da Mercedes. “A Sprinter se destaca no setor de saúde pela avançada tecnologia, performance, qualidade e segurança, agregando valor às sofisticadas UTIs móveis”, diz ele. As ambulâncias serão distribuídas para cidades de várias regiões, segundo Ferrarez. “E como nossa rede de concessionários está presente em todo o País, as prefeituras contarão com assistência técnica especializada para

manutenção, assegurando que as ambulâncias estejam sempre prontas para a prestação de serviços.” Assim como na área da saúde, a versatilidade de uso da Sprinter ganha evidência no setor de entrega de encomendas. Ferrarez lembrou que 45 furgões Sprinter 313 CDI Street recentemente vendidos para a Locamerica serão destinados ao atendimento à DHL, empresa líder mundial em serviços postais, expressos, e-commerce e logística. “Além da agilidade e facilidade de direção e manobras, vantagens essenciais especialmente nas vias urbanas, os furgões Sprinter Street oferecem elevada capacidade de carga e podem circular sem restrições nas áreas centrais das grandes cidades”, completou.

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Retrovisor

Tecnologia

Caixa do Iveco Tector tem recursos exclusivos Transmissão Auto-Shift com 10 velocidades foi desenvolvida em conjunto com a Eaton e a FPT para proporcionar mais conforto e economia Quem chega depois pode aproveitar a experiência dos outros e... melhorá-la! É o que a Iveco acredita estar fazendo, ao completar 20 anos de presença no Brasil. Sua linha de caminhões semipesados Tector acaba de ganhar três versões equipadas com a caixa Auto-Shift, que está disponível para os modelos com motor de 300 cv e 1.050 Nm de torque: 170E30 4x2, 240E30 6x2 e 310E30 8x2, este último com peso bruto total (PBT) de 30 toneladas. O desenvolvimento a seis mãos envolveu engenheiros da fábrica da montadora de Sete Lagoas (MG), da fabricante de motores FPT, que, como a Iveco, pertence à CNH Industrial, e a Eaton, de Valinhos (SP). E resultou em recursos exclusivos como o modo power auto, que é habilitado quando o motorista aciona o botão lateral da alavanca por três segundos, mudando o tempo das trocas para chegar logo a 2.500 rpm. Após um minuto, a função se desabilita automaticamente, retornando ao modo econômico de mudança de marchas. É um recurso útil para quando o caminhão sai de um posto de abastecimento, por exemplo, e precisa de respostas rápidas para se integrar ao trânsito de uma rodovia.

“A utilização da transmissão automatizada é uma tendência que começou no segmento de pesados e ganha força, cada vez mais, nos semipesados”, afirma Marco Borba, vice-presidente da Iveco para a América Latina. Os semipesados representam 27% do mercado brasileiro de caminhões. Em 2016, os veículos comerciais com câmbio automatizado somaram 20% do total dos segmentos 6x2 e 8x2. O desafio da engenharia foi superar as boas razões para o crescimento da utilização das caixas automatizadas, que têm a ver com o aumento do conforto do motorista e o fim dos erros nas trocas, causadores do aumento do consumo de combustível e do desgaste prematuro de materiais. O pedal do acelerador otimizado é outra exclusividade que permite ao mo-

torista encontrar facilmente a melhor zona de torque do motor e fazer uma condução econômica. É um recurso útil especialmente em subidas. Já numa condição de descida suave, sem o uso de freios, o modo down hill permite que o veículo

O Tector opera tanto em entregas comerciais quanto em operações fora de estrada

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engrene a 10ª marcha automaticamente, mesmo que o motorista não pressione o pedal do acelerador. Isso proporciona segurança e também reduz o consumo de combustível. Ainda na descida leve ou em trecho plano, quando o veículo estiver diminuindo a velocidade e reduzindo as marchas, ao chegar na 5ª marcha,

o modo auto coast aciona a embreagem, deixando o veículo seguir de forma segura e confortável para transpor um obstáculo como um quebra-molas. Ao retomar a velocidade, a marcha correta será acionada pela caixa, sem prejuízos para a performance. Ricardo Barion, diretor de Marketing da Iveco para a América Latina, destaca que os novos modelos Auto-Shift, com câmbio automatizado e motor FPT N67 “dão conta das mais diversas atividades, de entregas comerciais menores até operações fora de estrada, e atendem os clientes que costumam passar muito tempo no cami-

A nova caixa de 10 velocidades dispõe de 12 funções, sendo quatro exclusivas do Tector

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nhão. Dependendo da aplicação, um motorista chega a fazer de 400 a 800 trocas de marchas por dia”. Segundo ele, as características exclusivas da nova transmissão nivelam por cima a performance dos motoristas. “Temos certeza de que essa vantagem será rapidamente reconhecida pelo mercado.” O conjunto foi preparado para aproveitar ao máximo o desempenho do motor, graças a uma transmissão de 10 marchas que possui ainda uma “super-reduzida” para arrancar em situações adversas, mesmo com o caminhão carregado. Com tudo isso, a Iveco promete uma redução média de 5% no gasto com diesel e Arla 32 e a redução dos custos de manutenção devido ao funcionamento mais racional do câmbio, que usa embreagem cerâmica com vida útil duas vezes maior do que a orgânica tradicional da caixa manual. O conforto (e a produtividade) do motorista também aumenta substancialmente nas manobras, no anda e para do trânsito e nas partidas em ladeiras. Ruídos e vibrações a bordo foram reduzidos com a calibragem do motor para fornecer mais torque com giro mais baixo. NOVA CONCESSIONÁRIA - Fica em Regente Feijó, perto de Presidente Prudente, no Sudoeste de São Paulo, a quinta concessionária Iveco do Grupo Mercalf. A empresa já possui revendas em Sumaré, Bauru, Jundiaí e Piracicaba. A loja tem oito mil metros quadrados e uma equipe de 30 profissionais treinados pela Iveco. Atualmente, a montadora conta com uma rede de 67 concessionárias e pontos de atendimento no Brasil. A nova concessionária oferece a linha de peças Nexpro, que foi lançada com o objetivo de manter a marca presente durante todo o ciclo de vida do caminhão, não só na garantia, como também no pós-garantia. A linha tem itens de prevenção, manutenção e desgaste para todos os equipamentos fora de garantia da Iveco.


Radioescuta

Minas Gerais

Passo de lesma na duplica Grande número de usuários da via acha que vale a pena comemorar a liberação de minguados três quilômetros. É como se um querido parente em coma piscasse o olho LUCIANO ALVES PEREIRA Com gosto de surpresa boa, os jornais de Belo Horizonte anunciaram que a segunda pista da BR-381-Norte seria liberada no sábado, 16 de agosto. Corremos para lá. De fato, foi. Fica no km 396, próximo ao trevo de Itabira. No entanto, o trecho entregue não tem mais que curtíssimos três quilômetros, feitos pelo consórcio de empreiteiras Brasil/Mota/Engetur. Coincidiu que o fato se deu pouco depois da data dos 30 anos do falecimento de Carlos Drummond de Andrade, o genial poeta itabirano. O que uma coisa tem a ver com a outra? Tem porque Drummond mostrou possuir o dom da adivinhação. Décadas antes do interminável nó cego da ampliação/duplicação da 381-Norte, ele falava com desencanto de um enorme obstáculo na sua via: “Tinha uma pedra no meio do caminho... No meio do caminho tinha uma pedra...” E ainda tem. A urgência da obra é assunto antigo. Em 2009, o então diretor-geral do DNIT, Luiz Antônio Pigot, declarava aos quatro ventos que “a BR-381 deveria estar duplicada há mais de 10 anos”. A necessidade já havia sido detectada na década de 1970, pelo DNER. Até projeto existia, prevendo pista simples em outro traçado. Mas os planos foram engavetados por falta de verba. TRILHA DE BURROS − A BR-381-Norte foi batizada de “horrordovia da morte” pelo apresentador de TV Mauro Tramonte por causa do trecho entre Belo Horizonte e João

Monlevade, que tem 200 curvas em apenas 104 quilômetros. Foi asfaltada há 60 anos como BR-31, lembra João Perboyre, que viu sua construção e hoje toca o Restaurante São Cristóvão, junto com a esposa e o filho, no km 404. João diz que o DNER tinha um apelido para a via: Paralelo 20. Iria cortar o País transversalmente bem ao meio, de Corumbá (MS) a Vitória (ES). Em 1974, pegou a sigla BR-262/381. Sua pista ruim para o tráfego de hoje aproveitou a rota das tropas de burros que puxavam mercadoria entre o leste do Estado e a capital. Não bastassem as curvas, a 381 parece um serrote de dentes agudos. Partindo da ponte do rio das Velhas, aos 700 metros de altitude, atinge 1.100 m em 20 quilômetros de dobras, no trevo de Caeté (km 429), para retornar aos 750 m no trevo de Itabira (km 398). Esse segmento crítico exibe os mais altos números de acidentes de todo o percurso. Com enorme atraso, foram afinal lançados editais para a duplicação da maior parte dos 303 quilômetros entre a capital e Governador Valadares, no eixo da Rio-Bahia (BR-116). Essa extensão foi dividida por oito empreiteiras e as obras começaram em 2014. Mas somente quatro lotes evoluíram. Um vai do trevo de Caeté (MG-435) à ponte do rio Uma, com 37,5 quilômetros. Seu cronograma está em 50%, por isso lhe foi possível liberar o trânsito do trechinho de três quilômetros. Qual o significado de uma migalha dessas que leva

a imprensa a noticiá-la? Malcomparando, parece com um paciente em coma que após longo período consegue abrir um olho. Para a família, amigos, credores e até para o cachorro, é um sinal de esperança. Os usuários da 381-Norte conseguiram, então, ver sinal da duplicação, após 14 anos de pirracentos governos petistas. O trecho tem novidades. A Construtora Brasil negociou com o DNIT e está executando a pista em concreto. MELINDROSO − O pavimento rígido, de concreto, tem largo emprego mundo afora. No Brasil, nem tanto. O da 381 recebe placas de 25 cm de

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ção da BR-381-Norte

O tráfego nos dois sentidos passará sobre o concreto: a pista original está recebendo esse piso também

espessura que não contam com o reforço da ferragem, exceto nos acostamentos. Então surge a pergunta inevitável: com tráfego pesado nas 24 horas do dia, o concreto não estrutural aguentará por quanto tempo? Conforme o professor Benjamin Fraenkel, ex-livre-docente de Estradas da UFRJ, a durabilidade do pavimento rígido depende das boas especificações e da qualidade de sua sub-base. Sem isso, a estrutura superior fica em falso e se rompe, provocando “a fuga de fios ou de areia que estejam servindo de apoio para a placa. Ela fica descalçada e começa a oscilar sob a ação das cargas intermitentes do tráfego, pio-

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rando com o tempo as condições de passagem”, ensina. José Natan, líder sindical dos caminhoneiros em Minas, não gostou do concreto. Ele acompanha o estado do Rodoanel Mário Covas, de São Paulo, e notou que as placas rompidas se transformam em facas para os pneus. Já os primeiros passantes sobre o pavimento de concreto se queixam de perda de conforto no rodar. A causa está nas juntas transversais a cada poucos metros. “Sua intenção é controlar as trincas provenientes da contração do concreto”, escreve Fraenkel. A variação de aspereza da pista torna o “cavalgar” sujeito a uma

sequência de soca-socas. Finalmente, vem o tratamento superficial. O piso de concreto dispõe de ranhuras transversais, as quais provocam mais ruído. No entanto, funcionam como importante dispositivo antiaquaplanagem. Esta representa uma grande ameaça da 381. Já se sabe que seu sobe-desce provoca gotejamento de óleo lubrificante mais concentrado. Vêm as primeiras chuvas da temporada e os escorregões vão de frequentes a trágicos. Há um ano, caiu um chuvisco na região e ocorreram 15 acidentes simultâneos. Foi na madrugada de 24 de agosto de 2016.




Câmbio

Veículos Leves

Foton vem com tudo

Marca chinesa começou a produzir e vender no Brasil duas linhas de caminhões anunciados como leves no peso e no preço, mas muito bem equipados NELSON BORTOLIN A Foton Caminhões começou a vender duas novas famílias de caminhões, agora desenvolvidas no Brasil: o Minitruck, de 3,5 toneladas, e o Citytruck, de 10 toneladas. De abril a agosto, segundo a empresa, foram fabricados 72 veículos numa linha alugada da Agrale, em Caxias do Sul (RS). Para o futuro está prevista a construção de fábrica própria, em Guaíba (RS). Os dois veículos da marca chinesa foram adaptados especialmente para o mercado brasileiro, segundo o gerente de engenharia de produtos da Foton, Eustáquio Sirolli. “Não viemos para ser mais um”, afirma. O Minitruck, informa o gerente, é o único de sua categoria que possui simultaneamente cabine basculante, eixo dian-

teiro com viga forjada em perfil “I” e quadro do chassi tipo escada. “Essas três características reforçam a denominação de Minitruck. São conceitos de caminhões maiores aplicados aos nossos comerciais leves de 3,5 toneladas”, explica. O fato de a cabine bascular é uma vantagem importante, segundo Sirolli. “Na hora da manutenção e do reparo, o acesso aos componentes que estão abaixo da cabine é muito mais fácil, reduzindo o tempo de oficina.” Na boleia, Sirolli enumera várias caracterís-

ticas do Minitruck que são opcionais nos concorrentes: ar-condicionado, defletor de teto, rádio MP3 com entrada para USB, janelas e travas elétricas, acelerador de motor no lado esquerdo da cabine, câmbio ZF com janela para tomada de força. “Tudo isso vem de série”, informa. O Citytruck 10-16 tem todas as características de cabine do Minitruck e mais alguma coisa. “É o único da categoria cujo quadro do chassi é totalmente aparafusado”, afirma o representante da Foton. “Na hora da manutenção, não é preciso usar lixadeira para tirar cabeça de rebite. Só a mão de obra para fazer um reparo num chassi que não é aparafusado custa uns R$ 8 mil”, alega. O veículo tem câmbio ZF de seis marchas com overdrive de série, Eustáquio Sirolli, gerente de engenharia: várias características dos veículos são únicas no segmento

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enquanto os concorrentes oferecem câmbio de cinco marchas, segundo Sirolli. Ele ressalta ainda que o freio é inteiramente Knorr-Bremse. “Em outros veículos se vê um cilindro de uma marca, uma válvula de outra. Fazem um Frankenstein. Os componentes do nosso freio são de um fornecedor só.” A área de frenagem, de 2.700 centímetros quadrados, também é maior que a dos outros, diz ele. Sirolli afirma que os veículos têm capacidade técnica de carga superior à dos concorrentes. “O Minitruck 12 DT tem carga legal de 3,5 toneladas, mas a técnica é de 4. Na versão 14 ST, a capacidade legal é de 3,5 e a técnica de 4,2. Na versão 14 DT, são 3,5 toneladas de carga legal e 4,4 de carga técnica. São veículos muito robustos.” O Citytruck tem Peso Bruto Total de 9.990 kg. “É o maior PBT com a menor tara, 3,5 mil quilos”, declara. Isso significa, de acordo com o gerente, que o veículo pode levar 500 quilos a mais

Minitruck com cabine basculante: um conceito que vem de caminhões maiores

que os concorrentes. “Para se ter uma ideia, são, por exemplo, 2.300 latas de 350 ml de uma bebida a mais.” Apesar desses diferenciais, Sirolli considera os preços dos veículos da Foton muito competitivos – de R$ 106,2 mil a R$ 132,5 mil, dependendo da configuração (veja quadro). FOCO NO BRASIL – Questionado sobre o desafio de começar a produzir no Brasil num momento tão difícil para Citytruck: câmbio de seis marchas com overdrive de série e capacidade técnica de carga superior à dos concorrentes

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Modelo Minitruck 3.5-12 DT Minitruck 3.5-14 ST Minitruck 3.5-14 DT Citytruck 10-16

Preço R$ 106.200 R$ 110.650 R$ 118.351 R$ 132.570

a economia, Eustáquio Sirolli afirma que “crise, em chinês, remete a oportunidade. Estamos tendo essa oportunidade de chegar agora a um mercado tão exigente com produtos diferenciados da concorrência.” Segundo ele, o Brasil e a América Latina são o foco da Foton. Ele acredita que, em cinco anos, os caminhões médios e pesados da marca também estejam por aqui. A fábrica chinesa, conforme o gerente, “vendeu 450 mil caminhões no seu pior ano e 650 mil no melhor. O máximo que o mercado brasileiro chegou a vender foi 170 mil”. A montadora já conta com 23 concessionárias no País. Para Sirolli, a rede é mais que suficiente para atender as necessidades do momento. “Nós já estamos onde teríamos de estar agora. Não tem sentido, por exemplo, irmos já para o Centro-Oeste, porque lá a demanda é por pesados.”


Passatempo NO HOSPITAL

No hospital do SUS, o paciente se queixa ao médico, na consulta: – Doutor, estou com falta de ar. Ao que o médico lhe responde: – Só isso? Pois saiba que aqui no hospital estamos com falta de leitos, falta de médicos, falta de remédios, falta de verbas...

PARA-CHOQUES

Pobre é igual disco de embreagem: quanto mais trabalha, mais liso fica.

Alegria de poste é estar no mato sem cachorro.

JOÃOZINHO

Na sala de aula, a professora pergunta ao seu pior aluno: – Joãozinho, o que a sua mãe achou quando viu suas notas? – Pra falar a verdade, professora, ela não me deu uma bronca, não. – O que foi que ela disse, então? – Disse que minhas notas estavam que nem o salário da professora. CRUZADAS Horizontais: 1 – Uma coisa que está mais perto de você do que de mim – Dez vezes cem; 2 – Local onde se compram e consomem comidas e bebidas – Quem acerta “a mosca” na verdade está atirando nele; 3 – Sigla do Maranhão – Tipo de sangue – A tecla que se aperta para ligar um aparelho eletrônico; 4 – Produto de maquiagem que as mulheres passam nos lábios; 5 – É como o caminhão fica, numa estrada esburacada; 6 – Terminação dos alcoóis (química) – Sigla de Goiás – Sigla de Rondônia; 7 – Forma reduzida de se referir ao automóvel – Sigla do Centro de Ação Voluntária (Curitiba); 8 – Revista de Administração de Empresas – Aparece nas mãos, quando fazemos certos trabalhos pesados. Verticais: 1 – Uma das maiores empresas do mundo, da área de informática – Preparar o café para beber; 2 – Empresa sueca que já produziu automóveis e teve, por um período, seu nome associado à Scania – O satélite natural da Terra que inspira os namorados; 3 – Senhor – Sigla de Alagoas – A vigésima letra do alfabeto; 4 – Popular modelo de caminhão Mercedes-Benz; 5 – Valor adicional ao salário; 6 – 1.050 em algarismos romanos – Sigla do Mato Grosso – Aqui; 7 – Foi ele que viu a uva, segundo as cartilhas escolares – Verbal, falado; 8 – Cobre a carga – É fornecido pela galinha.

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Soluções: Horizontais – isso, mil, bar, alvo, ma, ab, on, batom, lento, ol, go, ro, auto, cav, era, calo. Verticais – ibm, coar, saab, lua, sr, al, te, atego, abono, ml, mt, ca, ivo, oral, lona, ovo.




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