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Arte para a região

SOLANGE VIANA NÃO É ARTISTA , mas vive e respira arte. “Ela faz parte da minha vida desde que me conheço como gente”, sorri, ao declarar. Moradora da Granja Viana há 20 anos, foi pioneira ao inaugurar um espaço por aqui para promover exposições, cursos e oficinas de arte, além da tradicional Feira Conexões Arte da Granja Viana, que acontece desde 2016 e fomenta a arte local. Inclusive, das três entrevistadas nesta matéria especial, duas já realizaram exposições na galeria que leva seu nome.

Para Sol, como é conhecida, a Granja Viana fervilha arte. “Aqui é uma grande inspiração. É um celeiro de artistas. Respirou, tem arte”, diz. Acredita que tem muito a explorar por aqui ainda e adora quando descobre novos talentos. “Meu trabalho é estar atenta ao movimento da arte local e mundial. É trazer artistas, conhecidos ou não, para o espaço expositivo. Mostrar sua obra com dignidade. Incentivar, divulgar e, por fim, comercializar. Ser a ponte entre o artista e o colecionador”, comenta.

Foi através do jornalismo que Solange fincou o pé na arte. Começou no cinema e, depois, foi para as artes visuais. Trabalhando com muitos museus, instituições e galerias de arte, acabou mergulhando neste mundo. Quando realizou, como assessora de comunicação, a 26ª Bienal Internacional de São Paulo, percebeu que poderia fazer algo diferente: ter um espaço seu dedicado à arte. As coisas começaram a acontecer e a Galeria de Arte Solange Viana foi inaugurada na Granja Viana, em 2010. Por lá, já foram realizadas mais de 40 exposições, coletivas e individuais, além de oficinas, cursos de arte, encontros e debates importantes.

Quanto mais novidade, melhor para ser exibido por lá. Se o artista busca técnicas novas, ou mesmo utiliza as antigas de modo diferente, Solange já se sente atraída. Ela procura por arte provocativa. Pode ser fotografia, escultura ou pintura, desde que desperte o inusitado.

"Meu estilo é a arte do aqui, agora. A arte provocativa. Claro que tem que ter conceito, uma base para que o trabalho apresentado tenha sentido”, faz questão de ressaltar. “O que

M Ltiplas Facetas

Solange é geminiana e dizem que geminianos são como um livro de várias histórias, cada página revelando uma nova faceta fascinante de sua personalidade. Ela gosta de gente, mas também de ficar sozinha, em silêncio, ouvindo a natureza e criando projetos. Ouve música clássica e mantras. “Trabalho o tempo todo com música, mas é a arte que me faz levantar todos os dias da cama”, afirma. Atualmente, está dando aulas de teatro para idosos, e amando a experiência. Diz que a troca está sendo sensacional: “eu aprendo muito com eles, apesar de acharem que eles aprendem comigo”.

importa é termos uma exposição vibrante e que o público compareça. O que considero é ter a experiência de ver e sentir uma obra de arte, seja de qual artista for”, completa.

Ama quando recebe na galeria quem nunca visitou uma exposição antes e provoca emoções. “São nestes momentos que sinto que

O QUE FALTA FAZER estou no caminho certo, pois já pensei em desistir algumas vezes”, comenta com olhos marejados. É por essas e outras que adora quando visitantes são crianças - “é de pequeno que se aprende a ver e a respeitar a arte”, afirma. Ela aproveita a oportunidade para estimulá-las a pensar e usar sua criatividade.

Fascinada pela Reserva do Morro Grande já há alguns anos, na lista de desejos da Sol está uma exposição sobre o local.

“Nós somos muito privilegiados, pois moramos em uma região rica em verde. Essa natureza abundante e vibrante que nos inspira, faz com que tenhamos novas ideias, amplie nossos horizontes. É uma dádiva ter um espaço voltado a arte em meio à exuberância da nossa terra. Quem tem um Morro Grande, tem tudo. Quero que as pessoas da nossa cidade conheçam esse diamante, pois muitas não sabem da sua existência. Será uma exposição, com palestras, encontros, filmes, enfim, uma mostra totalmente dedicada ao nosso bem mais precioso: a água e a Mata Atlântica que temos ao nosso entorno”, sonha.

Para Solange, a arte salva. “Parece chavão, mas é verdade. Ela representa tudo. Como diz o grande poeta Ferreira Gullar, a arte existe porque a vida não basta. E eu reforço: a arte existe para que a gente não enlouqueça. Não dá para ver o mundo sem arte. É inconcebível”, encerra.

Atividade com criancas na galeria. Exposição “Acordes Cromáticos”, Naira Pennacchi. 2020 Curadoria Mario Gioia.

Solange no Encontro de Festeiros. Junto a Luiz Baravelli, artista, professor e cronista.

Planos para o futuro são muitos. Um deles é ampliar o espaço da galeria e juntar todas as artes em um só local, trazendo dança e cinema. Pretende também inaugurar, em breve, o mirante da galeria, onde o visitante poderá ter uma visão de 360 graus da Granja Viana.

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