revista da cidade - caragua

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Jornalista Responsável Roberto Espíndola Mtb 6308 Colaboradores Hugo Léo Bruna Cardoso Berto Curare Fotos Emilio Campi Gianni D’Angelo Gustavo Grumenwald Lú Palmeira J.C. Curtis Plínio Guimarães Diagramação e Projeto Gráfico Marcelo Lara Gurgel Departamento Comercial Luiza Garcez Publicação e Impressão Gráfica e Editora Mogiana Ltda. CNPJ 04.967.598/0001-43 Rua Mogiana 102 – São José dos Campos/SP Escritório em Caraguatatuba Rua Ostiano Sandeville 180 – Centro Fone: (12) 3882-4596 Cep 11.660-030 Email: caraguatatubarevista@hotmail.com site: www.caragua.com.br/revista

06 Preto no Branco

O que pensa o vice-prefeito Antonio Carlos Júnior

13 Quiosques podem ser fechados

Tribunal de Justiça anula decreto que permitia a construção de quiosques nas praias.

18 Tradições do Carnaval

Blocos e personagens que animam os festejos de Momo em Caraguá.

22 São Cristóvão da Pedra Santa

O monumento ao padroeiro dos motoristas poderá desaparecer.

23 Vá tomar Banho

A história do banho através dos tempos.

26 Vereador Vapt-Vupt

A história do vereador que permaneceu menos tempo na função

28 Politicamente incorreto

Simbologia que identifica idosos é preconceituosa

32 Ponto Final

A emocionante carta de um filho viciado

E mais:

Nossa palavra pág. 5 Aconteceu pág. 10 Sua saúde pág. 27

ENCONTRE AQUI Pág. 33

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Como vão ficar os quiosques

O

s quiosques da orla marítima de Caraguatatuba se transformaram ao longo dos anos em equipamentos de atração turística, na medida em que supriam as necessidades dos banhistas, ao mesmo tempo em que promoviam diversão e permitiam a reunião de amigos. Principalmente no início, quando se constituíam de trailers, eram os únicos a oferecer algum tipo de conforto nas praias mais distantes. Caraguatatuba cresceu, modernizou-se, os trailers foram se multiplicando, sendo transformados em quiosques, alguns dos quais com instalações compatíveis a dos melhores restaurantes. Passaram a fazer parte da vida da cidade, gerando empregos e sustento para inúmeras famílias. Uma atração a mais para aqueles que curtem a praia ou gostam de fazer uma refeição à beira-mar. Mas... existe sempre um mas, exageraram na dose. Principalmente no centro e nas melhores praias a orla passou a ser ocupada por todo tipo de comércio que se possa imaginar: barraquinhas diversas, aluguel de bicicletas e brinquedos, venda de sorvetes, de coco, cachorro quente, pipoca e vai por aí afora. Um verdadeiro mercado informal. Pior. Sendo uma decisão política, essas “permissões” municipais para ocupação de áreas da União, ao longo das administrações que se sucederam, foram concedidas sem nenhum critério, atendendo aos interesses de vereadores e gestores do poder executivo. Ganhava a “permissão” quem era mais influente e tinha maior poder de pressão. Agora o Poder Judiciário, fazendo valer a decisão, que julgou inconstitucional o decreto municipal de 1992 que autorizou o funcionamento dos quiosques, quer a desocupação da orla marítima, da Tabatinga ao Juqueriqurê, com a demolição de todas as construções existentes, uma decisão radical, no mínimo polêmica, que vai dar margem a muitas ações e recursos. Em nosso entender, este não é o caminho, até porque a prática de ocupação de áreas da União na orla marítima é difundida em todas as praias brasileiras e tanto quanto os quiosques, os ambulantes já se instalaram nas praias vendendo de tudo, até roupas e objetos de adorno. E estes são incontroláveis. Torna-se necessário encontrar uma solução legal que não seja inconstitucional. Entendemos, porém, haver a necessidade

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urgente de um ordenamento na ocupação dessas áreas. Muita coisa precisa ser demolida. Muitos quiosques estão ocupando espaços além de suas reais necessidades, para garantir futuras expansões. Nas praias da região sul, muitos quiosques permanecem fechados apenas para garantir a posse de seus “proprietários”. É preciso haver uma limpeza para acabar com a poluição visual que só prejudica a cidade. Que critérios adotar para não serem cometidas injustiças ou garantia de privilégios? Esse é o nó da questão. A recomendação da Promotoria para a desocupação da área serviu no mínimo para a busca de uma solução para um problema que vem se agravando ao longo dos anos. Vamos aguardar os desdobramentos da questão.

A grande virada Em nossa última edição falamos sobre os projetos de desenvolvimento para a cidade, com investimentos recordes do setor público. Alguns incrédulos julgaram tratar-se apenas de projetos que não sairiam do papel, destinados a causar impacto na opinião pública. Enganaram-se. Existem obras que já estão concluídas, obras que já foram iniciadas e outras em fase de licitação. Algumas, como o Poupa Tempo, estarão em funcionamento ainda este ano. Caraguá, aos poucos, volta a ser um canteiro de obras, e em nossas viagens por outras cidades do Vale e sul de Minas, constatamos a aceleração de nosso desenvolvimento. A população precisa estar preparada para este novo ciclo. A concorrência vai se tornar cada vez maior e as oportunidades também. Nossos empreendedores precisam aprimorar a qualidade de seus produtos e serviços. Nossos profissionais precisam ampliar seus conhecimentos e especialização e nossos jovens, mais do que nunca, vão precisar de ensino técnico profissional para ingressar no mercado de trabalho. A Caraguá do improviso e do “meia boca” vai ficando para trás. A qualidade de vida se eleva a olhos vistos, mas teremos também, e com certeza, bolsões de pobreza. De nossa capacidade de administrar estes desafios vai depender a cidade que teremos no amanhã. Roberto Espíndola Revista da Cidade - Caraguatatuba - 05


Antonio Carlos da Silva Junior, atualmente com 33 anos, nasceu e foi criado em Lorena, cidade do Vale do Paraíba/SP, onde fez seus primeiros estudos em escola católica regrada e repleta de princípios, praticando sua crença religiosa até hoje. É o filho mais velho de uma família de seis irmãos. Mudou-se para Caraguatatuba aos 14 anos de idade, completando seus estudos no Colégio Módulo. Cursou administração de empresas mas formou-se em Publicidade e Marketing pela Universidade do Vale do Paraíba. Posteriormente cursou Gestão Pública no Centro Universitário Módulo. Em 2004 assumiu a direção da Econorte, revendedora Ford da região, passando a atuar no mundo empresarial. Antonio Carlos Junior foi um dos coordenadores da campanha de seu pai quando este se candidatou a Deputado Estadual. ACS se elegeu.

O DINHEIRO

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ato sem precedentes na história política de São Paulo, a convenção municipal do PSDB escolheu, para disputar as eleições majoritárias realizadas em 2008, Antonio Carlos da Silva e seu filho Antonio Carlos da Silva Junior para prefeito e vice-prefeito respectivamente. Apesar de muitas especulações, as razões dessa escolha são desconhecidas até hoje e a polêmica que à época o fato despertou, com críticas e justificativas, foi das mais intensas. O principal argumento dos opositores era a falta de maturidade e experiência, não só política como administrativa do jovem Antonio Carlos Junior. Muitos eleitores não aceitaram a indicação e acredita-se que o partido tenha perdido votos com a escolha, mas saiu vitorioso nas urnas. No seu primeiro ano de mandato, durante o qual já esteve à frente do poder executivo substituindo seu pai, o viceprefeito Antonio Carlos Junior tem surpreendido até seus críticos pela maturidade, força de vontade e interesse pelos problemas da cidade que vem demonstrando. Sua atuação foge ao figurino dos “vices”, que na maioria das vezes são apenas decorativos ou empenhados em disputar a liderança do titular do cargo. Nesta entrevista, Junior, como é tratado com simplicidade, fala de suas experiências, projetos e revela um pouco de seu íntimo e modo de pensar.

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PÚBLICO É SAGRADO.

RC: Como vice-prefeito, nos impedimentos ou ausência do prefeito, o senhor irá assumir a chefia do Executivo, o que já aconteceu por um curto período, decidindo e planejando sobre assuntos que afetam e determinam os rumos do desenvolvimento do município. O senhor se acha preparado? ACJ: Tenho procurado me preparar. Converso muito com o prefeito e com aqueles que trabalham há anos com a gente e me sinto mais capacitado a cada dia. RC: Sem qualquer experiência política anterior, muitos questionaram a escolha de seu nome para concorrer às eleições. O ser jovem e inexperiente era o principal argumento de seus opositores. O que mudou neste primeiro ano de seu exercício no cargo? O senhor já se julga politicamente maduro hoje para, por exemplo, assumir a prefeitura e conduzir os destinos de Caraguatatuba por um longo período? ACJ: Acredito que é muito importante que o jovem se envolva com a política porque, no futuro, é ele que estará nos cargos de comando. Participar da administração é um aprendizado contínuo, mas também leio bastante e o Antonio Carlos é um grande professor. O contato constante com


a comunidade tem me ajudado a identificar os anseios da população e assim posso transmiti-los ao prefeito para que sejam atendidos o mais breve possível. RC: O prefeito Antonio Carlos, seu pai, é um político respeitado em nível estadual e vitorioso, que vem marcando a história de Caraguá pelo dinamismo de sua administração. Como isso reflete sobre sua personalidade e formação? O que aprendeu ou tem aprendido com ele em matéria de política durante a campanha e neste primeiro ano de sua administração? ACJ: Primeiramente, aprendi que o dinheiro público é sagrado e, ao longo dos anos que acompanhei o trabalho do prefeito, vi o carinho dele com a população, principalmente ao procurar minimizar os problemas melhorando a qualidade de vida da comunidade. O maior aprendizado da campanha foi levar propostas de governo à população, e não revidar as críticas. Quando assumimos a administração, as dificuldades eram grandes tendo em vista o grande apagão que herdamos. E, ao longo de 2009, procuramos criar conceitos, diminuir custos e oferecer um serviço de mais qualidade.

ACJ: Eu já convivia com essa realidade há um bom tempo. Acompanhei as duas campanhas anteriores de meu pai e fui um dos coordenadores da campanha dele para deputado estadual e conheci de perto os problemas e carências da comunidade. A população necessita de respeito, educação, saúde de qualidade e também de um programa de geração de empregos para que possa viver com mais dignidade. RC: É possível, como vice-prefeito, fazer algo de concreto e imediato para minimizar esse quadro de desigualdades sociais? O quê, por exemplo? Saúde, educação, habitação, geração de empregos e renda, o que é mais importante hoje? ACJ: Todas essas áreas são importantes. A administração tem procurado capacitar os professores da Educação, reformulamos o conceito de merenda e ainda economizamos 48% na compra da alimentação escolar, estamos trazendo os pais para perto dos seus filhos nas escolas; informatizamos a distribuição de remédios para a população, contratamos médicos; e fizemos parceria com os governos estadual e federal para construção de moradias para a população carente.

‘‘A população necessita de respeito, educação, saúde de qualidade e também de um programa de geração de empregos para que possa viver com mais dignidade’’

RC: O senhor se tornou um homem público após a decisão audaciosa de seu partido de lançá-lo candidato. Foi um processo rápido e de certa forma surpreendente. Existe alguma fórmula simples para se obter sucesso no mundo da política? Qual seria ela? ACJ: Não existe nenhuma fórmula. Sou muito grato àqueles que viabilizaram meu nome, que acreditaram no meu trabalho e no meu potencial. Agora é o momento de arregaçar as mangas da camisa e trabalhar. Só acredito no sucesso com o trabalho.

RC: Quais são seus planos políticos? Ser prefeito, deputado, ou até governador e presidente? O que mais o seduz? Por quê? ACJ: Todo político almeja alçar voos. Trabalho ao lado de um grande homem, em quem me espelho e acredita no meu trabalho. Consequentemente, os frutos virão na medida em que a comunidade reconhecer o meu esforço. Pretendo continuar trabalhando, pois acredito que um bom político pensa nas próximas gerações. RC: Durante a campanha eleitoral o senhor teve contato com uma outra realidade da cidade. Pobreza, precariedade de serviços básicos, habitações inadequadas ao ser humano, carências de várias espécies espalhadas principalmente pelos bairros periféricos. O que o senhor sentiu diante desta nova realidade? O que mais o impressionou? De que a população mais necessita hoje para ter uma qualidade de vida melhor?

RC: Político em ínicio de carreira e ascensão, representando uma esperança para seus partidários, sua visão e projetos devem estar voltados para o futuro. O senhor tem alguma proposta ou plano de médio e longo prazos para tentar resolver esses problemas que afligem a população e tendem a se agravar com o processo de atração de migrantes, ocasionado pelo desenvolvimento acelerado que estamos tendo? ACJ: Hoje, a realidade de Caraguá e do Litoral Norte como um todo é a Petrobras, que ao se instalar na cidade traz com ela muita gente em busca de um sonho – a oportunidade de emprego. Precisamos com isso ter uma infraestrutura adequada como moradias, saneamento básico e educação de qualidade, para que assim possamos absorver esse crescimento acelerado. RC: Caraguatatuba vem consolidando seu desenvolvimento, que ocorre em razão de fatores pontuais como a instalação da base de gás. Muitos argumentam que a cidade não tem um projeto global que defina sua vocação. Cidade Turística? Centro Comercial? Pólo Industrial? Núcleo Educacional? Qual a sua visão sobre este assunto? ACJ: A administração está imbuída em aprovar o Plano Diretor que dará o norte para o desenvolvimento da cidade. O Litoral Norte é um grande celeiro turístico e precisamos desenvolver essa nossa vocação para recebermos bem os turistas, gerando emprego e renda para aqueles que vivem aqui. Revista da Cidade - Caraguatatuba -

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RC: Uma frase mal interpretada, que se referia a uma Caraguatatuba que vivia à época uma situação de abandono administrativo, deu origem a uma série de críticas de seus opositores. Agora que o senhor foi agraciado com o titulo de “Cidadão Caraguatatubense”, qual o seu sentimento em relação à cidade e o que se pode esperar de seu mais novo filho? ACJ: Escolhi Caraguá para ser a minha casa. Tenho um respeito muito grande pelo seu povo, e me sinto honrado em dizer que sou um cidadão caraguatatubense. Quero contribuir para o desenvolvimento da cidade e, um dia, fazer parte de sua história. E quero, se Deus me permitir, que meus filhos nasçam e cresçam aqui e tenham por Caraguá o mesmo amor que meu pai e eu temos.

RC: Antonio Carlos Junior teme a Deus? Tem religião? Acredita em céus e infernos? Afinal, quais são as suas crenças, seus temores? ACJ: Temo a Deus. Acredito nessa força divina e penso nEle todos os dias. Peço a Ele que dê a mim e a minha família saúde para vencer os desafios, e sabedoria para trabalhar. RC: Nossos jovens relatam experiências terríveis com as drogas e muitos morrem com pouco mais de 20 anos, por overdose ou assassinados. A droga ainda é o problema maior a ser enfrentado pelas nossas autoridades na defesa desses mesmos jovens? O que é possível fazer para reverter esse quadro? A quem cabe as providências? Em que consistiriam? Qual o papel do poder municipal nesta questão e o que tem sido feito? ACJ: Minha opinião é que a família tem que estar mais unida. Hoje parece que ela está perdendo o foco. O poder público também precisa oferecer uma educação de qualidade porque acredito que só com a educação conseguiremos oferecer esperança para nossos jovens.

‘‘Hoje, a realidade de Caraguá e do Litoral Norte como um todo é a Petrobras, que ao se instalar na cidade traz com ela muita gente em busca de um sonho – a oportunidade de emprego’’

RC: Com certeza, todos gostariam de conhecer um pouco mais a figura humana – o jovem Júnior, que certamente é um dos mais ambicionados partidos da cidade. Como político e empresário bem sucedido e sobretudo como homem, é difícil distinguir aquelas pessoas puramente interessadas em dinheiro, poder e prestígio das que realmente desejam uma relação sincera, duradoura e feliz? ACJ: Onde há o ser humano, não existe perfeição. Somos passíveis de erros e precisamos crescer com eles. É muito importante que tenhamos respeito pelo próximo e procuremos fazer sempre o que é certo. Acredito em três coisas: religião, família e educação. Este tripé norteia minha vida.

RC: Que sugestões o senhor daria aos jovens de nossa cidade com relação a obter uma colocação no mercado de trabalho. O que devem fazer para conquistar uma posição digna na sociedade? ACJ: A capacitação do jovem é essencial. Hoje temos parcerias com Sebrae e a Etec e estamos procurando fortalecer as políticas de educação pública. Nossa preocupação é ofertar aos jovens instrumentos para que possam ter um futuro mais promissor.

‘‘Escolhi Caraguá para ser a minha casa. Tenho um respeito muito grande pelo seu povo, e me sinto honrado em dizer que sou um cidadão caraguatatubense’’

RC: O casamento está em seus planos no médio prazo? Ou isso deve ser deixado em segundo plano, ao menos por enquanto? Afinal. Antonio Carlos Junior vai se casar... quando? ACJ: Hoje estou voltado, única e exclusivamente, a trabalhar por Caraguá, para retribuir a confiança que depositaram em nós. Todo mundo sonha em casar; quando chegar a hora...

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RC: O que mais o senhor gostaria de revelar neste momento?

ACJ: As adversidades do ano que passou me ensinaram que devemos encarar os problemas e procurar resolvêlos. O político é eleito pelo voto democrático e a população paga à vista um mandato de quatro anos, confiança que o homem público retorna a prazo. Precisamos desenvolver um bom trabalho para ter credibilidade e poder continuar trabalhando.



Atleta da Terceira Idade Nova diretoria da ACE Foi empossada a nova diretoria da Associação Comercial e Empresarial de Caraguatatuba, presidida por Rui Fernando Coutinho, para o biênio 2010/11. Eleitos em chapa única, os novos diretores se propõem a trabalhar na consolidação do nome da entidade em ações que valorizem a cidade, sua população, empresários, empreendedores e prestadores de serviços.

Takako Mori, de Caraguatatuba, é a terceira melhor atleta da Terceira Idade do Estado de São Paulo, ao conquistar a medalha de bronze no Final Estadual dos Jogos Regionais do Idoso, realizados na cidade de Piracicaba. Praticando o Tênis de Mesa, Takako treina três vezes por semana e dedica quase uma hora por dia à prática do esporte.

Festival do Mexilhão

Olimpíada Brasileira de Astronomia Cinco estudantes da rede municipal de ensino de Caraguá obtiveram medalhas na 12ª. Olimpíada Brasileira de Astronomia. O resultado obtido na Olimpíada, que tem por objetivo a popularização da Astronomia e Ciências Aeroespaciais entre os alunos e professores do ensino fundamental e médio nas escolas públicas ou privadas, revela o interesse que a matéria vem despertando entre os jovens de nossas escolas.

Esculturas de areia – um sucesso O presépio feito com esculturas de areia montado na Praça do Caiçara, no centro, se constituiu em atração para os festejos natalinos. As peças, com aproximadamente dois metros, foram confeccionadas pelo artesão caraguatatubense Nivaldo Julião de Moura, que considera seu trabalho, feito com areia de rio e cimento, uma arte caiçara que pode ficar exposta ao sol e à chuva por até seis meses.

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No mês de dezembro foi realizado o 8º Festival do Mexilhão no bairro do Massaguaçu, onde os visitantes puderam saborear diversas receitas à base de mariscos, como o lambe-lambe, mariscos a vinagrete e no bafo, além de muita música com apresentações de artistas da cidade. A novidade gastronômica foi o mexilhão defumado, que agora está sendo produzido pelos maricultores da Cocanha.

Agito geral Com a finalidade de combater o sedentarismo e incentivar as pessoas a prática de atividades físicas e convívio social, foi realizado na cidade o Agita Caraguá, que reuniu mais de mil pessoas na praça Tom Ferreira. A manhã de sábado foi animada, com a prática de antigas brincadeiras infantis como pular corda, cabo-de-guerra, cama elástica e bambolês para a criançada e também futebol de areia, voleibol, jogo de tênis, skate, basquete e apresentações de dança. Para quem quis mudar o visual, teve corte de cabelo e manicure.

Mutirão Ambiental Caraguatatuba vem dedicando atenção especial ao meio ambiente, promovendo a conscientização da população que freqüenta suas praias. Prainha, Martim de Sá, Tabatinga, Cocanha e Indaiá, as mais movimentadas, já receberam a visita de monitores ambientais do Projeto Ecoverão. Turistas e moradores receberam dicas sobre prevenção ambiental, lixo e trilhas ecológicas.


Encontro de Profissionais de Imprensa

Crianças são premiadas

No dia 23 de janeiro os profissionais de comunicação do Litoral Norte estiveram reunidos para comemorar o dia de seu padroeiro São Francisco de Sales. Na ocasião foram premiados os vencedores da 3ª. edição do concurso Francisco de Sales e Dom Bosco, nas categorias Jornalismo e Fotografia.

A secretaria de Assistência Social de Caraguá premiou as redações e desenhos dos alunos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. As produções artísticas tiveram como tema um passeio ao Projeto Tamar em Ubatuba e as melhores redações foram premiadas com bicicletas, mas todas as crianças receberam presentes.

Combate à dengue

Novo secretário O advogado Mario Covas Neto, filho do ex-governador de São Paulo, Mário Covas, assumiu o cargo de secretário municipal de Governo de Caraguatatuba, devendo, em razão de sua função, intermediar as relações entre a prefeitura e os governos estadual e federal. Zuzinha, como é conhecido, disse estar contente em poder colaborar na administração da cidade.

O Centro de Controle de Zoonoses vem realizando ações de combate à dengue em vários bairros da cidade. No bairro do Tinga, região que apresenta o maior índice de infestação do mosquito transmissor, aconteceu um arrastão com a participação de 110 funcionários, que percorreram as ruas visitando e entrando em imóveis para orientar os moradores e procurar possíveis criadouros dos mosquitos. O objetivo é diminuir a infestação para evitar uma epidemia.

Festa da Terceira Idade Dando continuidade a sua programação social, o Centro de Convivência da Terceira Idade Estrela do Mar realizou no mês de janeiro um jantar dançante, agora tendo como tema “Uma Noite Alemã”, com os participantes vestidos a caráter, dançando animadas polcas e saboreando comidas típicas. Assim, o CCTI Estrela do Mar, mais uma vez solidifica sua posição de promotor do convívio social entre seus associados e convidados.

Serviços Públicos tem nova sede A Secreta Municipal de Serviços Públicos está em novo prédio, situado no Jardim Aruã, na rua Senador Feijó, 165. O espaço de 600 m2, com capacidade para atender as necessidades da Secretaria, abrigando inclusive a Defesa Civil, foi construído a custo reduzido, utilizando mão-deobra própria e reaproveitamento de materiais. A mudança foi comemorada com um churrasco para os funcionários e integrantes das frentes de trabalho.


Trânsito legal Coleta de lixo Durante a alta temporada, a produção de lixo pela população da cidade chega a 3.500 toneladas por mês. Para melhorar a qualidade do serviço, a frota de caminhões da empresa Tejofran, responsável pela coleta do lixo domiciliar, aumentou de oito para quatorze veículos, que irão circular durante toda a temporada, da mesma forma que foram contratados mais 30 trabalhadores, entre coletores e motoristas, para agilizar o trabalho.

Mais de dois mil estudantes concluíram o curso do projeto Trânsito Legal, destinado aos alunos da 4ª. série de todas as escolas do município, recebendo seus certificados. O conteúdo do curso aborda as noções de trânsito, direitos e deveres dos pedestres e ciclistas, sinalização, uso de equipamentos obrigatórios, entre outros temas.

Novas Motos 18 novas motos foram entregues às secretarias de Urbanismo, Trânsito e Fazenda para dinamizar o serviço, permitindo melhor atendimento à população.

Nova Ponte Foi liberada pelo Governo do Estado a verba de R$ 1,5 milhão para a construção de uma ponte de concreto armado, com 320 m2 de área construída, e pavimentação de ruas adjacentes, no bairro da Ponte Seca. A obra, uma antiga reivindicação dos moradores, irá facilitar o acesso do bairro ao Rio do Ouro.

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QUIOSQUES PODEM SER FECHADOS Tribunal de Justiça anula decreto que permitiu a construção de quiosques na praia. Plano de ocupação da orla vai ser elaborado pela prefeitura. “Os direitos serão respeitados”, garante o prefeito

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Litoral Norte/SP e particularmente Caraguatatuba vive momentos de tensão. A decisão do Ministério Público de fazer cumprir a lei, exigindo a desocupação de estabelecimentos comerciais construídos nas praias e sem licitação, causa preocupação a inúmeras famílias que há anos ali se instalaram, investindo seus recursos e dos quiosques tirando o seu sustento, gerando empregos, promovendo conforto para os banhistas, movimentando a economia da cidade. Para entender a questão, é preciso alguns esclarecimentos. As praias fazem parte do Patrimônio da União. Sua ocupação é proibida e, em casos específicos, regulamentada. Com o crescimento populacional e o desenvolvimento urbano, a orla marítima passou a ser alvo de procura por suas belezas naturais, muitas das quais intocadas até hoje, com possibilidade de momentos de lazer. Esse “descobrimento” trouxe consigo todo tipo de especulações imobiliárias e comerciais desordenadas, tendo como finalidade o lucro e interesses políticos. A evolução social trouxe em seu bojo a preocupação com o meio ambiente, degradado durante séculos, sem qualquer controle, passando então a ser criados mecanismos de ordenação para a sua preservação. Não só a sociedade civil, através de ONG’s – Organizações Não-Governamentais, como o próprio governo, passaram a exercer maior fiscalização para coibir os abusos. O Projeto Orla, uma ação conjunta entre os ministérios do Meio Ambiente e do Planejamento, através da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), é fruto desta nova visão administrativa, buscando o ordenamento dos espaços litorâneos sob o domínio da União, aproximando as políticas ambiental e patrimonial. Estas ações não estão restritas ao Litoral Norte de São Paulo, mas, sim, a toda a costa brasileira. Os problemas que os quiosques estão enfrentando é fruto de uma política administrativa equivocada praticada pelo município ao longo dos anos, tanto que São Sebastião, por não permitir construções para a exploração do comércio em suas praias, está praticamente livre do problema.

Os fatos Toda a faixa litorânea, a chamada “faixa de marinha”, pertence à União, administrada pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), órgão ligado ao Ministério do Planejamento. Qualquer tipo de construção na faixa das praias é considerada ilegal, correndo o risco de ser demolida por iniciativa do Governo Federal, mesmo que tenha sido autorizada pelos órgãos municipais. Em Caraguatatuba, com o seu desenvolvimento como cidade turística, ao longo dos últimos anos foram sendo construídos equipamentos para atender às necessidades dos freqüentadores das praias, algumas das quais em locais distantes e desertos. Autorizados pela Prefeitura, primeiro foram instalados trailers, que se deslocavam para os locais na alta temporada e fins de semana, deixados posteriormente como ponto fixo para garantir o espaço para seus proprietários. Nesses pontos foram construídos pequenos quiosques que, sob a “vista grossa” da administração municipal, foram se expandindo desordenadamente, ocupando os espaços adjacentes. Em 1992, na administração do prefeito José Dias, o decreto municipal 181, reconhecendo uma situação “de fato”, deu permissão para a construção de pontos comerciais em praias, sem adotar o critério de licitação. Baseados neste decreto, foram feitos investimentos nos quiosques, instalando-se novas unidades, ampliando-se e modernizando as já existentes. Este fato causou controvérsias e uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, tendo o Tribunal de Justiça, por acórdão, anulado o decreto em setembro do ano passado. Como conseqüência, baseado no Inquérito Civil 71/09, o Promotor de Justiça de Caraguatatuba expediu no dia 4 de janeiro uma recomendação administrativa para que as licenças de 119 quiosques sejam cassadas e os imóveis desocupados, num prazo de 60 dias, medida que deverá ser executada pela prefeitura. Vale ressaltar que a Recomendação do MP não se limita aos quiosques, mas a todos os pontos comerciais que existem no trecho que vai do rio Tabatinga, na zona norte, ao rio Revista da Cidade - Caraguatatuba - 13


Juqueriquerê, na zona sul, e que inclui: barracas, trailers, parque de diversões, estrutura para a locação de bicicletas, entre outros.

O MP recomenda também que a prefeitura se abstenha de outorgar novas permissões de uso da área de praia sem que haja autorização da Secretaria do Patrimônio da União, sob pena de ajuizamento de Ação Civil Pública por improbidade administrativa. A prefeitura vem se reunindo com os interessados na busca de uma solução que concilie os interesses. “Estamos nos reunindo com a Associação dos Quiosqueiros e mantendo contatos com a Secretaria do Patrimônio da União, para tentarmos legalizar a situação”, informou o dr. Sidnei de Oliveira Andrade, secretário de Assuntos Jurídicos do município. Fato importante neste momento é a decisão do Poder Executivo Municipal de elaborar Plano de Ocupação da Orla, que está previsto no Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima (Projeto Orla), elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente e Ministério do Planejamento, através da SPU. O secretário de Urbanismo, Laércio Andrade, declarou que vai se reunir com o prefeito Antonio Carlos para apresentar o Projeto de Reurbanização da Orla e definir quais serão as prioridades. Com certeza, o problema de ocupação das praias de Caraguatatuba terá desdobramentos, inclusive pela possibilidade de ações de efeito suspensivo para garantir direitos eventualmente adquiridos. Embora tratado de forma alarmista, é pouco provável que os quiosques venham a encerrar suas atividades da noite para o dia. Note-se que as ações desenvolvidas pelo Poder Público buscam um necessário ordenamento para a ocupação das áreas pertencentes ao Patrimônio da União, garantindo a sua preservação para uso da própria população. Renato Lambiasi, presidente da Associação dos Quiosqueiros de Caraguá, que também é proprietário de um quiosque, informou que a associação que preside está tendo reuniões com a prefeitura, encaminhando documentação à Secretaria de Assuntos Jurídicos e acionando seus advogados, para reverter esta situação.

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“Somos uma entidade séria e ninguém fez nada na irregularidade”, disse. Turistas também se manifestaram contrários à medida de fechamento dos quiosques. Muitos freqüentadores de Caraguatatuba não vão à praia – vão aos quiosques, para tomar sol e se reunir com amigos, saboreando petiscos acompanhados de uma bebida gelada. “Os quiosques são importantes pelo que oferecem. Não preciso sair de casa com cadeiras, barraca, isopor e essa tralha toda. Além do mais, aqui sinto segurança”, disse uma turista moradora em Guarulhos. “Faço aqui o que não consigo fazer em São Paulo. Curtir a praia, tomando um sol e uma cervejinha gelada, sem ter que esquentar a cabeça”, disse um jovem executivo que vem regularmente a Caraguá.

Os excessos e abusos Organizações Não-Governamentais, como a “Cidade Cidadão” e “Olho Vivo”, que indiscutivelmente representam uma parcela da sociedade civil, têm se manifestado contra os excessos e a ocupação irregular da orla da praia, promovendo inclusive representações ao Ministério Público contra os atos abusivos que são praticados.

Há um consenso de que os excessos e abusos precisam ser combatidos, e um planejamento e ordenamento se fazem necessários com urgência, assim como “o privilégio de grupos minoritários de pessoas, incompatível com a impessoalidade e igualdade”, no dizer da própria Justiça, precisam ser eliminados. Um passeio pelas praias revela o ponto a que chegamos de ocupação indevida do espaço destinado aos banhistas.


O outro lado da questão

Os direitos serão respeitados

Os quiosques já fazem parte da paisagem de nossas praias. A atividade movimenta a economia da cidade, é responsável por uma parcela de seu desenvolvimento turístico e garante o sustento de famílias através da geração de empregos. O município tem 119 quiosques, que empregam em torno de 1750 pessoas, média de 15 funcionários por quiosque na alta temporada. Ari Carlos Barbosa, do quiosque Canto Bravo, há 15 anos na Martim de Sá, se pergunta o que fazer se o seu quiosque fechar, informando que na temporada chega a empregar mais de 25 pessoas. Ele, como outros comerciantes do setor, estuda a melhor forma para reverter esta situação. Aos 51 anos, Abel Moreira dos Santos, quiosqueiro na praia do Indaiá, alega que há vinte anos está neste setor e que vendeu até sua casa para investir na ampliação de seu quiosque. “Se tiver que demolir isso aqui, vou a falência; este é o meu ganha-pão e dependo dele para viver”.

O promotor de Justiça de Caraguatatuba, Matheus Jacob Fialdini, expediu Recomendação Administrativa, baseada no Inquérito Civil 71/09, à prefeitura para que a licença aos 119 quiosques existentes nas praias do município seja cassada. A medida do MP atende a uma decisão do Tribunal de Justiça que anula o decreto municipal 181/92, que dava ilegalmente permissão para construir pontos comerciais na praia sem a realização de processo de licitação. O promotor Fialdini, em declarações a imprensa, disse: “Não há critérios para controle da regularidade do ato de dar as permissões. Então, a recomendação é pela licitação com critérios objetivos, e não subjetivos”. A prefeitura de Caraguatatuba já notificou os comerciantes sobre decisão da justiça, que terão até o final de março para desocupar os imóveis. Caso haja descumprimento da Recomendação do MP por parte do governo municipal, o chefe do executivo poderá responder a processo por improbidade administrativa. Em declarações, o prefeito Prefeito Antonio Carlos Antonio Carlos assim se manifestou: “Nós vamos fazer a retirada de pessoas que estão nas praias há menos de 10 anos e que não foi feita licitação. Agora, na parte da prefeitura, vamos reconhecer o direito de quem está há mais de 20 anos na praia, gerando emprego e prestando um bom serviço ao turista”.

De acordo com o superintendente interino da SPU - Secretaria do Patrimônio da União, Raphael Bischof, qualquer tipo de construção em faixa de praia, mesmo que tenha autorização da prefeitura, é considerada ilegal e corre o risco de ser demolida a qualquer momento, entretanto a recomendação do MP não prevê a demolição dos quiosques. Revista da Cidade - Caraguatatuba - 15


“A coisa não é como estão pintando” Roberto Toti, proprietário do Quiosque 27, conhecido como Guaruçá, é o símbolo dos empreendedores do ramo. Desfez-se de seu patrimônio para investir no quiosque. De certa forma, indignado, ele diz: “A coisa não é como estão pintando. Não somos aventureiros nem contraventores. O Quiosque 27 existe há 27 anos e, naquele tempo, nem se falava em licitação. O decreto é de 1992 e o quiosque existe desde 1983. Tudo começou com trailers que funcionavam em alguns fins de semana e no verão, numa época em que a cidade tinha pouco a oferecer aos turistas. Ajudamos a construir o que Caraguá é hoje. Mesmo agora, pagamos impostos, geramos empregos, mas nosso movimento - somando tudo, temporada, feriados, fins de semana, tudo mesmo - está restrito a 1/3 do ano. Isso, sem contar o que o setor ajuda a manter toda uma cadeia produtiva de fornecedores de peixe, camarão, bebidas e outros tantos itens de alimentação. Se existem problemas, vamos resolvê-los. Vamos nos adaptar, não é dizer que tem que desocupar em 60 dias”.

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Blocos carnavalescos como o “Notei no teu semblante” fizeram história, reunindo moradores e turistas de várias cidades de São Paulo, que vinham para desfilar na avenida. Eram ainda organizados corsos, que percorriam as ruas da cidade, com os carros enfeitados e os ocupantes fantasiados, cantando as músicas de sucesso. Até trios elétricos vinham para Caraguá animar o carnaval.

CARNAVAL Caraguatatuba já teve um dos mais animados carnavais do Litoral Norte/SP, de 1976 a 1996. Os desfiles das Escolas de Samba, onde a estrela maior era Zenaide Conceição, a porta-bandeira que, com seus passos e reverências, encantava a todos, e Mestre Dionísio, que na bateria dava o compasso para as evoluções, acontecia na Avenida da Praia, alegrando os turistas, empolgando os moradores da cidade, que torciam por sua escola favorita entre a Tubarão, Bexiga do Porto Novo, Acadêmicos de Caraguá e Nova Peruche.


Mas não era só o carnaval de rua que fazia sucesso. Os grandes bailes de salão do Náutico Clube da Praia das Palmeiras, Recanto Ana e Princes Clube atraiam foliões, que dançavam até a madrugada. O mundo mudou. As atrações populares também. Muitas cidades ainda mantêm o carnaval como grande atração, mas em Caraguá houve mudanças de diretrizes quanto ao rumo do turismo, e a falta de investimentos e apoio oficial de sucessivas administrações fizeram com que o carnaval da cidade perdesse o seu brilho. Tenta-se, com algumas iniciativas, animar os Festejos de Momo, mas a empolgação não é a mesma.

AS PIRANHAS Dos áureos tempos do carnaval de Caraguá apenas o Bloco das Piranhas sobreviveu, completando, em 2010, 34 anos de existência. No carnaval de 1975, um grupo de foliões liderados por João Luiz Passos, o João Égua, Santana, o Turista, Tonho Cabel e Lula, vestiram-se de mulher para animar o baile do Recanto Ana. Nascia ali o Bloco das Piranhas, que um ano depois saía às ruas com vinte integrantes e permanece até os dias de hoje como a maior atração do carnaval da cidade. Ao longo do tempo, empresários, médicos, comerciantes, políticos, autoridades e de muitas outras profissões, literalmente “soltaram a franga” para se divertir, em trajes femininos, mexendo com os homens e esnobando as mocinhas em momentos de alegria total. Muitos programam com antecedência suas fantasias para ficarem mais glamurosos. As mulheres também participam ativamente ajudando na elaboração do figurino, promovendo a maquilagem, carregado os apetrechos necessários durante o desfile, formando como que um cordão de isolamento e funcionando como equipe de apoio.


O BLOCO DO URSO

O CARNAVAL EM 2010

Carnaval é a festa do povo, e quando, em 2003, o carnaval de rua estava quase parando, surgiu o Bloco do Urso para dar uma animada, desfilando pela primeira vez com cerca de 200 integrantes. No decorrer dos anos, o Urso foi crescendo, transformandose num dos blocos de arrastão mais conhecidos e concorridos de toda a região, e hoje, por decisão de sua diretoria, está limitado a 500 integrantes por questão de segurança, já que não é permitido nenhum tipo de bagunça ou desrespeito que possa tirar o brilhantismo do desfile de rua e da festa no salão. É só alegria. Após o desfile, que dura aproximadamente uma hora e meia, os integrantes se reúnem em uma festa de confraternização, entre aqueles que compraram o Abadá, geralmente amigos e conhecidos da cidade. Neste carnaval de 2010, o desfile do Bloco do Urso vai acontecer no domingo a partir das 18:00 horas e após, a festa no salão do Clube da Terceira Idade, no bairro Cidade Jardim.

Há um esforço de alguns grupos para reanimar o Carnaval em Caraguatatuba mas, de certa forma, são ações isoladas, sem um planejamento global e recursos. Além do “Carnaval de Antigamente”, que modestamente se realiza na Praça Cândido Mota por iniciativa da Fundacc, acontecem bailes populares nas praças dos bairros do Massaguaçu, Porto Novo e Tinga. No sábado dia 13 estarão se apresentando na Avenida da Praia a Banda Lokomotiva e Bloco Juca Teles e, no domingo, dia 14, a Banda Confete e Bloco Maricota, todos de São Luís do Paraitinga. Na segunda feira, dia 15, haverá na Avenida da Praia o desfile das Escolas de Samba Enredo e na seqüência entram os blocos Lobão e Unidos do Samba.

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A TRADIÇÃO QUE SE MANTÉM No bairro do Massaguaçu, o bloco “Devotos da Cheirosa” há anos garante a animação na Zona Norte. É bom saber que “cheirosa” é uma bebida preparada com cachaça e ervas, usada para aquecer a moçada antes de cair na folia. Já Chico Tanque, um folião de primeira linha, fantasiado de mulher, continua azucrinando todos que passam pela Altino Arantes no cruzamento com a Santa Cruz, fazendo sorrir as mais sisudas figuras.


Cenas da Cidade

Na Era Virtual, quando a sofisticação tecnológica invade todos os espaços, a Praça Cândido Mota, no centro, guarda uma relíquia simples do passado – os carrinhos do Baiano. Feitos artesanalmente, movidos a força dos músculos humanos, o Touro Bandido, o Trenzinho e o Cavalinho Travesso encantam e divertem os pequeninos, que querem dar uma volta pela praça a bordo dos carrinhos. É uma alegria só que vai passando de geração em geração. Senhores trazem seus netos para pilotarem os mesmos carrinhos que andaram em sua infância. Baiano, que é natural do Rio Grande do Norte e chegou em Caraguá em 67, se transformando numa figura conhecida e querida da cidade, agora contando com a ajuda da mulher e filhos, vai empurrando os carrinhos em passeios pela praça e fala com carinho e singeleza do Touro Bandido, o preferido das crianças, que passou a integrar o mundo de seus sonhos. São cenas da cidade que permanecem, lembrando a outrora pequena Caraguá, atraindo turistas para viverem momentos de alegria.

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São Cristóvão da Pedra Santa A história da imagem que se encontra instalada no trevo de acesso ao Litoral Norte ção no alto da serra, junto ao posto da Polícia Rodoviária, quando se incorporaram à carreata centenas de carros e caminhões.

Q

uem chega a Caraguatatuba encontra na Praça 1º Centenário, o Trevo de Acesso à cidade, uma pequena imagem de São Cristóvão, recepcionando os motoristas que se dirigem ao Litoral Norte. Poucas pessoas entretanto conhecem a história deste marco de nossa cidade, que poderá desaparecer com a construção do novo Trevo de Acesso. Corria o ano de 1983. À época, o jornalista Roberto Espíndola era vice-presidente da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo, e no desempenho de sua função costumava viajar pelo interior do Estado, visitando as emissoras de rádio que se espalham por todas as cidades. Numa dessas viagens envolveu-se num acidente de graves proporções, mas invocando a proteção de São Cristóvão, conseguiu sair ileso. Em sinal de gratidão, assumiu o compromisso de trazer para Caraguatatuba a imagem do padroeiro dos motoristas, de forma a que pudesse ser reverenciado pelos que estão ao volante, estendendo a todos sua proteção. A imagem veio, em carreata, da antiga Igreja de São Cristóvão, que fica no bairro dos Campos Elíseos, em São Paulo, próxima da Estação da Luz, no dia 25 de julho, data do Padroeiro, e foi recepcionada pela popula-

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Uma gigantesca pedra foi retirada da Pedreira Massaguaçu e fixada com concreto no trevo de acesso, para compor, juntamente com a imagem, o Monumento a São Cristóvão. Numa cerimônia religiosa realizada no local, a imagem foi abençoada por padres da Congregação do Sagrado Coração de Jesus que, convidados, vieram especialmente de Taubaté para a cerimônia. Na oportunidade, veículos que participaram da carreata foram abençoados, cerimônia que se repetiu durante alguns anos, sempre no dia 25 de julho.


O nome de São Cristóvão da Pedra Santa foi dado pelo já falecido jornalista Lázaro Macêdo, que alcançou uma graça, e ainda hoje é comum verem-se pessoas no local orando e acendendo velas para agradecer ao Padroeiro dos Motoristas, da mesma forma que Zenaide Conceição, devota de São Cristóvão, há anos cuida do local, numa demonstração de fé a agradecimento.

FOI UMA CERIMONIA COMOVENTE Quando a imagem de São Cristóvão foi instalada no Trevo de Acesso, Jair Nunes de Souza era o prefeito de Caraguatatuba e participou da cerimônia. “Foi comovente”, relembra Jair, acrescentando: “um momento importante na vida da cidade, assim como a bênção, que acontecia sempre no dia do Padroeiro. Infelizmente, assim como tantos outros eventos que aqui foram realizados, acabaram caindo no esquecimento”.


O simples ato de tomar banho tem muita história para ser contada. Da sensualidade à proibição e à caridade. Fique sabendo como o tomar banho foi encarado através dos séculos

V

erão. Muito calor. Muita transpiração. Nada como um bom banho para refrescar e descansar o corpo, sem falar, é claro, da higiene pessoal. Além do que o banho pode ser também um momento deliciosamente erótico e sensual. Mas o simples ato de tomar banho tem muita história para ser contada. Houve séculos em que o banho era considerado pecaminoso e frívolo. Mas... em épocas mais civilizadas não era só hábito higiênico necessário, como também forma de arte. As egípcias ricas transformavam seus banhos em rituais longos e sensuais e usavam diferentes tipos de loções, óleos e ungüentos. Cleópatra, como se sabe, limpava a pele com areia e massageava o corpo com óleos aromáticos. Enquanto isso as mimadas romanas experimentavam de tudo nas banheiras, de framboesas moídas a alecrim e lavanda. Os inteligentes gregos foram os primeiros a fazer do banho uma necessidade social. Aos convidados que chegavam a Esparta ou Atenas eram oferecidos banhos, um costume tão natural como servir vinho ou comida. Banhar-se por simples prazer, entretanto, só na época dos romanos. Eles se deliciavam numa banheira, durante séculos. Roma possuía as mais bonitas casas de banhos públicas. A Banhos Caracallas, para homens e mulheres, foi aberta no ano de 217, com 3.000 banheiras, cada uma grande o suficiente para seis alegres banhistas, com 27 tipos diferentes de banho a escolher – quente, frio a vapor, perfumado ou de ervas. Dezoito mil romanos podiam banhar-se confortavelmente ao mesmo tempo. Este costume alegre continuou até o ano de 400, quando os bárbaros conquistaram Roma. Se você não foi uma sultana mergulhada em perfumes de Alhambra, mas, sim, uma camponesa que viveu no Japão do século XVIII, deve ter sido banhada pela imperatriz Komyo, uma fetichista que criou o “banho caridoso” (para os pobres) e deu, literalmente, banhos em milhares de pessoas. O banho caridoso tornou-se tão popular que continuou por séculos, e dizem que é responsável pelo amor que os japoneses têm pela água. Lamentavelmente, o costume de não tomar banho esteve, com freqüência, tão na moda quanto a paixão pela limpeza. Na Idade Média, São Gregório aconselhava ao povo só tomar


banho aos domingos, e a rainha Isabela, da Espanha, tomou dois únicos banhos em sua vida: quando nasceu e quando se casou. São Francisco de Assis viveu e morreu sem descobrir o benefício da água. Os banhos tiveram um tipo de renascimento na Europa entre os séculos XIII e XIV – não tanto porque as pessoas queriam ficar limpas, mas porque se descobriu que um banho misto podia ser muito erótico. E ressurgiram as casas de banho, nas quais todo mundo (incluindo monges e freiras) saltitava nu. As banheiras contavam com mesas flutuantes para refeições e jogos. Nem todos aprovaram este comportamento lascivo. O rei Francisco I condenou os banhos públicos em 1538 – e só no final do século XVII as damas e lordes voltaram a se sentirem atraídos pela água. Mas o “banho social” não estava fadado a durar muito. No século XVIII, a Europa foi invadida por uma onda de recato tão grande que Maria Antonieta da França e outras damas resolveram tomar banho dentro dos quartos. Até o começo do século passado, o banho era considerado ilegal em alguns Estados americanos – e a cadeia era o destino certo dos infelizes moradores da Filadélfia que se aventurassem a tomar mais de um banho por mês. O inventor Benjamim Franklin comprou uma banheira portátil em Paris e levou-a para os Estados Unidos. E o presidente americano Fillmore colocou, em 1851, a primeira banheira fixa na Casa Branca (sede do governo). Esses acontecimentos deram um grande impulso ao banho nos Estados Unidos – que culminou com a sugestão da atriz Sara Bernardt, em 1899, de que as loiras deveriam banharse em vinho branco e as morenas em vinho tinto.

SEJA SENSUAL EM SEU BANHO Kátia Goulart, editora de assuntos femininos, aconselha: Você é daquelas que entram correndo na banheira, ensaboam-se rapidinho e em poucos minutos pulam fora da água, mesmo quando vai a um motel? Na próxima vez, tente deliciar-se com este puro prazer. Convide seu companheiro a entrar na banheira e peça para ele esfregar suas costas. Tome um suco de frutas gelado ou uma taça de champanhe. Coloque um som com músicas orquestrais suaves de acordo com a sua preferência. Use espuma e mergulhe nela. Imagine que é uma sereia e deixe seu cabelo flutuar. Solte o pensamento e sonhe... sonhe à vontade com tudo aquilo que você gostaria de fazer por puro prazer.

Fonte: Revista Nova edição 153.


Fato único na história política brasileira, vereador de Caraguatatuba permanece apenas duas horas e vinte minutos no exercício de suas funções

A

conteceu em Caraguatatuba um fato que, ao que se sabe, não teve precedentes em toda a história política do Brasil. Algo digno de entrar para o livro dos recordes. O suplente Antonio Estevam de Matos (PSDC), o Toninho Caroba, assumiu o mandato de vereador formalmente às 15 horas e dez minutos da sexta-feira dia 23 de janeiro de 2004, prestando juramento de posse no início da sessão extraordinária qe se realizava naquele dia. Logo depois, exatamente às 17 horas e trinta minutos, já não era mais vereador, entrando assim para a história política como detentor de um mandato recorde, de minguadas duas horas e vinte minutos. Apesar da “ligeireza” incomum de seu mandato de digno representante do povo caraguatatubense, ele pode se vangloriar de ter autorizado a viagem do prefeito Antonio Carlos ao Egito e a realização de convênio com as Faculdades Integradas Módulo para a concessão de bolsas de estudo aos filhos dos servidores públicos. O seu mandato e seus

sonhos terminaram no momento em que um oficial de justiça, que aguardava o término da sessão, lhe fez a entrega da medida liminar concedida pelo Poder Judiciário acolhendo o pedido de um outro suplente, José Pedro de Lucas (PTB), que pleiteava a mesma vaga de vereador deixada por Zezinho Prequeté, que se afastara para assumir a direção administrativa da Câmara Municipal. Caroba hoje é conhecido nos meios políticos como “o eterno suplente”, desses que, à moda dos verbos, se conjugam em tempos presente, passado e futuro. Ele foi suplente de vereador, é suplente de vereador e será suplente de vereador pelo menos até 31 de dezembro de 2012, já que a emenda constitucional aumentando o número de vereadores em todo o Brasil, que lhe garantiria uma vaga na Câmara Municipal, parece que emperrou nos meandros judiciários por este país afora.

Antonio Estevam de Matos, conhecido popularmente como Toninho Caroba, é um típico caiçara em tudo o que ele reúne de melhor. Nascido e criado no Massaguaçu, um dos mais antigos bairros da cidade, que originariamente era formado por famílias de pescadores que ainda hoje residem no bairro, Toninho Caroba é uma pessoa simples, humilde, autêntico como todo caiçara e até certo ponto ingênuo em seu idealismo. Entusiasma-se com as idéias que podem trazer progresso e desenvolvimento para a região e, generoso, está sempre disposto a ajudar aqueles que dele necessitam e resolver problemas de sua comunidade. Simplório, não enxerga maldade em algumas situações, e muitos disso se aproveitam. Pode-se dizer que é de uma pureza difícil de encontrar nos dias de hoje, e como todo bom caiçara tem sempre uma estória para contar. Levado por seus ideais, sonha em assumir o mandato de vereador para realizar um grande número de projetos criados no dia a dia em seu convívio com a população da zona norte. Honesto em seus propósitos, por vezes revolta-se contra ações de políticos que, no poder, só visam a seus próprios interesses. Hoje Toninho Caroba é maricultor. Vive do cultivo de mexilhões e luta para que a atividade se desenvolva, se organize e obtenha apoio para, com tecnologia, alcançar maior produtividade e rentabilidade, garantindo o sustento de pescadores que com o declínio da pesca artesanal vêm se dedicando à maricultura. Quanto ao seu sonho de ser vereador, declara: “Está cada vez mais distante. Uma eleição hoje exige muito investimento, muito apoio político e os políticos só apóiam os que já estão no poder para os apoiarem e aprovarem as suas ações. Os interesses pessoais falam mais alto que os interesses do povo”.

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Akebono

U

m dos setores que mais vem se desenvolvendo na cidade é o da gastronomia. Mês a mês, novos restaurantes, bares e lanchonetes vão surgindo ou são ampliados e reformados. Neste início de ano tivemos a inauguração do ADDAE, que fica na Avenida da Praia. O ambiente é agradável e bem decorado, oferece serviço self-service, pratos a la carte e pizzas. A Esquina do Pão ampliou sua parte de lanches e está servindo refeições pelo sistema self-service. O Colher de Pau, que fica na entrada do Morro do Algodão, passou por ampla reforma, servindo comida caseira feita em fogão a lenha pelo sistema “sirva-se à vontade”, com preço fixo.

Outras opções Tapera Branca

Passou por reformas, ampliando suas instalações, oferecendo maior conforto. Sua comida, considerada das melhores da cidade, também oferece a opção de novos pratos. Tem dois endereços na Praça Cândido Mota.

Restaurante Asa Delta

Lá se desfrutam os prazeres da carne. O Corte Capitão é famoso e dá para três pessoas. O bolinho de bacalhau deixa saudades. Local freqüentado por gente famosa, é ideal para confraternizações e uma reunião com os amigos.

Templo da comida oriental, seu Shopp suey é o mais famoso do litoral norte, mas seus pratos à base de peixes e frutos do mar, inclusive lagosta e patinhas de caranguejo, são muito apreciados. Fica na Avenida da Praia.

Guaruçá

É uma referência gastronômica da cidade. Seu cardápio variado e generosamente servido, à base de frutos do mar, mas com opções de carnes e aves, é preparado com requinte por cozinheiras especializadas em pratos atraentes e saborosos.

Caiçara’s

Ponto de atração da cidade, que fica no bairro do Massaguaçu, o Caiçara’s é especializado em peixes, frutos do mar e na cozinha típica da região. Situado à beira-mar, a paisagem é digna de um cartão postal. A comida é farta e saborosa e, aos domingos, o Festival de Frutos do Mar é imperdível.

Boca do Jacaré

Fica na Prainha. O ambiente é agradável e tem área externa ajardinada para fumantes e pets. A comida, variada e saborosa, é servida pelo sistema self-service.

Pizzas & Pizzas

Para saborear a mais brasileira das comidas italianas, você pode ir ao Bela Vista Pizzas e Massas, na Avenida da Praia, que oferece uma grande variedade de pizzas da melhor qualidade, onde se destaca a pizza frita, ou, sem sair de casa, ligar para a Teca Barone, a mais antiga de Caraguá, que funciona a partir das 18.00 horas, especializada no pronto atendimento e faz entregas em domicílio.


P

ossivelmente um designer altamente preconceituoso elaborou os símbolos utilizados para identificar o “Atendimento Preferencial a Idosos, Deficientes Físicos, Gestantes e Mulheres com crianças no colo”. Não nos parece, por exemplo, que o vice-presidente José Alencar, 78 anos, um guerreiro na luta pela vida, da mesma forma como aqueles que alcançaram a faixa da Terceira Idade, possam ser identificados com um símbolo estereotipado que transmite a idéia de um homem curvado, doente, vencido, que necessita do apoio de uma bengala para se locomover. O mesmo preconceito atinge milhares de deficientes que lutam

para superar suas limitações, praticando esportes, participando de olimpíadas ou desempenhando tarefas no mercado de trabalho para garantir seu sustento com dignidade. A discriminação utilizada pela simbologia adotada deve ser combatida e banida por ser uma agressão à dignidade humana. O ranço discriminatório permanece presente em nossa sociedade. Como não é de bom tom usar as palavras, aleijado, velho ou retardado, recorre-se à simbologia para manter a discriminação. Pior de tudo é que tais símbolos fazem parte das Normas Brasileiras (NBR), denominação de normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Caso não haja inspiração ou talento por parte dos designers oficiais, para criar uma nova simbologia para os integrantes da Terceira Idade, publicamos uma série de fotos disponíveis, que melhor retratam aqueles que alcançaram esta faixa etária. Melhor seria que instituições como o Bradesco, assim como tantas outras, abolissem os atuais símbolos do Atendimento Preferencial, adotando imagens que valorizassem o ser humano e sua luta para superar as adversidades. Fica a idéia. Com o tempo a sociedade saberá reagir.


Revista da Cidade - Caraguatatuba - 29


O

olho humano é semelhante a uma câmara de filmar. Possui uma lente, o cristalino, com capacidade de focalização da luz que é projetada sobre a retina. A retina converte esta luz em estímulos elétricos que são transmitidos ao cérebro, que por sua vez transforma estes estímulos em imagens. Assim, para uma visão adequada, é preciso que o cristalino seja transparente para que os raios de luz possam alcançar a retina. A catarata é a opacificação do cristalino, impedindo total ou parcialmente a penetração dos raios de luz, ocasionando uma imagem opaca, turva, prejudicando e até impedindo a visão.

Causas da catarata A catarata pode se desenvolver em um ou em ambos os olhos e várias são as causas de sua ocorrência. A causa mais comum é o envelhecimento. Os cientistas ainda não sabem explicar ao certo o que causa a opacificação do cristalino com o passar do tempo, mas acreditam que os radicais livres possam ser os principais responsáveis pela doença. A fumaça do cigarro e os raios ultravioleta são as principais fontes geradoras de radicais livres. Existem casos em que a criança nasce com a doença, denominada como catarata congênita, podendo ser decorrente de infecções intra-uterinas ou má formação do globo ocular. Acidentes que causam traumas na região ocular podem ocasionar catarata, geralmente unilateral. Mesmo sem a perfuração do olho, o trauma pode provocar a opacificação do cristalino. Existem doenças que aceleram o aparecimento da catarata. O diabetes é a mais relacionada com este fato. Nesses casos a catarata se desenvolve mais precocemente e a perda visual pode ser mais rápida. Alguns medicamentos como os corticóides e alguns colírios, quando utilizados sem recomendação médica e por longos períodos, podem provocar a ocorrência da catarata, da mesma forma que algumas infecções ou inflamações do globo ocular.

Os sintomas da catarata A catarata geralmente se desenvolve lentamente e não causa dor. Inicialmente a opacificação afeta apenas uma parte do cristalino e a pessoa pode não perceber a redução da visão. Com o tempo, a catarata vai aumentando, levando à turvação visual, com imagens distorcidas ou borradas. Os sintomas mais comuns são: Visão turva, borrada ou embaçada. Grande dificuldade para enxergar à noite. Aumento da sensibilidade ocular à luz. Percepção de uma espécie de aura em volta dos focos de luz. Necessidade de ter luzes fortes para ler de forma adequada. Mudança freqüente de óculos ou lentes escuras para melhor enxergar. As cores parecem ficar mais amareladas. Visão dupla, quando se tenta enxergar apenas com um olho, ocorre mais raramente. Através da identificação destes sintomas, é recomendável procurar um oftalmologista.

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O dr. José Ernesto Servidei, do Centro Oftalmológico do Litoral Norte, recomenda: “Embora a catarata na grande maioria dos casos seja um processo natural do envelhecimento, com o avanço da ciência e as técnicas desenvolvidas a cirurgia tornou-se um procedimento rápido, seguro, que alcança os resultados desejados. É possível retardar a ocorrência da doença com algumas medidas preventivas. O exame oftalmológico de rotina é o mais importante para a descoberta precoce da doença. Todos devem fazer exame ocular ao menos uma vez por ano. Fumar é prejudicial à saúde, todos sabem. Mas é bom saber também que a fumaça do cigarro produz radicais livres, que aumentam o risco da ocorrência da catarata. Assim, mesmo os fumantes passivos, ou seja, aqueles que ficam expostos à fumaça produzida pelos cigarros, aumentam suas chances de contrair a doença. O corpo humano funciona coordenado como um todo. Cuidar bem da saúde através de tratamentos adequados, como a diabetes, por exemplo, as chances de se ter catarata diminuem. Proteger os olhos dos raios ultravioleta, usando óculos escuros de boa qualidade, também ajuda na prevenção da catarata. Muitos estudos estão sendo feitos para a prevenção e tratamento da catarata. Por enquanto, a cirurgia é a única alternativa de cura para esta doença.”

Estamos atravessando um dos verões mais quentes dos últimos anos com temperaturas que chegam a ultrapassar os 36 graus. É preciso estar atento ao excesso de exposição ao sol em qualquer situação. Inúmeros são os casos de insolação que vêm sendo registrados.


A insolação pode ser percebida quando a pessoa apresenta tonturas, dores de cabeça, falta de ar, náuseas, mal estar, vômitos, aumento da temperatura corporal, fraqueza, irritação, pele seca e vermelha e até inconsciência.

Como agir A primeira providência é sair imediatamente do sol, cobrindo o corpo com toalhas, panos ou roupas úmidas, permanecendo à sombra, próximo a ventiladores, ambientes refrigerados ou com muita ventilação. É aconselhável procurar um hospital ou pronto-socorro, principalmente se os sintomas forem intensos, para a hidratação do corpo e da pele, e outras providências que se fizerem necessárias. Ingerir bastante líquido, se possível, alternado com soro caseiro. Na seqüência, usar roupas claras e leves, alimentar-se com frutas, comidas leves e naturais e tomar banhos frios para evitar o aquecimento do corpo. É importante o uso de hidratantes.

Prevenção Para não sofrer insolação e queimaduras solares, não se exponha demasiadamente ao sol, principalmente entre 10 e 16 horas (11 e 17 horas no horário de verão). Mantenha o corpo protegido com roupas leves e use proteção também para a cabeça, o rosto e o pescoço. Da mesma forma proteja os olhos com óculos escuros de boa qualidade. Não use óculos vendidos por ambulantes. Utilize sempre proteção solar adequada e creme hidratante. Não utilizar óleo bronzeador se o sol estiver muito quente e, cuidado, não utilize repelente ao ir à praia. Beba muito líquido, de preferência água pura e cristalina. Água de coco também é uma boa pedida. Se possível beber três ou mais litros de água por dia.

Para sua informação * - Os cuidados também são essenciais em dias nublados. Com as nuvens escondendo o sol intenso, o nível de radiação solar chega a 70% do normal. Isso significa que cuidar da pele e evitar exageros tem que ser um esforço diário. * - Essa história de ficar debaixo do guarda-sol o tempo todo engana. Mesmo ser estar diretamente exposto ao sol é possível ter insolação. A areia reflete o sol e, desse jeito, aumenta a temperatura do corpo pelo calor, não pela exposição direta. Nesse caso, a pessoa não queima, mas assa. Os sintomas são idênticos. * - Causada pela exposição prolongada ao calor, a exaustão pelo calor culmina muitas vezes em colapso. Deve-se à ingestão insuficiente de água, sal e baixa produção de suor, cuja evaporação ajuda a arrefecer o corpo. Seus sintomas são a fadiga, fraqueza, tonturas, náuseas, agitação, dores de cabeça e cãibras nas pernas, braços, costas e abdômen. A pele apresenta-se pálida e pegajosa. Nesses casos a vítima deve ser levada para um lugar com sombra e que seja fresco. Ser deitada com as pernas levantadas 30 cm, aplicando-se toalhas úmidas na cabeça, evitando-se que sinta frio. Administrar pequenos goles de água salgada e buscar ajuda de uma ambulância, hospital ou pronto-socorro. Revista da Cidade - Caraguatatuba - 31


AOS JOVENS

Carta de um filho para o pai. Esta é uma carta de adeus de um jovem de 19 anos. O caso é verídico e aconteceu em um hospital de São Paulo.

A LUTA DAS FORMIGUINHAS

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onsumidos pelo animal homem desde tempos imemoriais, os alucinógenos fazem parte da história da humanidade. Entre os povos primitivos eram usados em rituais místicos, funcionando como uma espécie de passagem para outros mundos e dimensões, onde habitavam os deuses e os espíritos. Em algumas culturas era elemento imprescindível em grandes festas e orgias, liberando o ser humano de controles sociais para dar vasão a todos os seus instintos. Em vários estágios da evolução cultural da raça humana era um importante elemento de dominação, imposto pelos conquistadores aos povos submissos. A partir do século XX, para atender aos mais diversos interesses, sobretudo financeiros, o consumo de alucinógenos – ópio, cocaína, maconha e derivados – foi difundido e incentivado, fugindo a qualquer tipo de controle da sociedade. Hoje, recursos gigantescos são investidos no combate ao uso de drogas (alucinógenos), sem que se consigam resultados compatíveis. A sociedade se tornou impotente e refém da insanidade que alguns grupos criaram para enriquecer rápida e desonestamente. Desesperadas e desorientadas, as pessoas buscam os mais diversos métodos para combater e superar o drama em que estão envolvidas pelo uso de drogas por alguém próximo. Um trabalho de formiguinhas chegou às nossas mãos por intermédio de uma pessoa amiga. Zenaide Conceição, outrora famosa sambista de nossos carnavais, que recebeu um folheto, do qual mandou imprimir algumas cópias para distribuir entre seus conhecidos, formando uma corrente, para mostrar que resta uma esperança. Esta é uma forma de colaborar. Se cada um fizer uma pequena parte, muito pode ser alcançado. Transcrevemos aqui o que Zenaide nos remeteu.

“Acho que neste mundo ninguém procurou descrever seu próprio cemitério. Não sei como o meu pai vai receber este relato, mas preciso de todas as forças enquanto é tempo. Sinto muito, meu pai, acho que este diálogo é o último que tenho com o senhor, sinto muito mesmo. Sabe, pai, está em tempo de o senhor saber a verdade de que nunca desconfiou. Vou ser breve e claro, bastante claro. O tóxico me matou. Travei contato com o meu assassino aos 15 anos de idade. É terrível, não, pai? Sabe como conheci essa desgraça? Por meio de um cidadão elegantemente vestido, bem elegante mesmo, e bem falante, que me apresentou ao meu futuro assassino: a droga. Eu tentei recusar, tentei mesmo, mas o cidadão mexeu com o meu brio dizendo que eu não era homem. Não preciso dizer nada, não é, pai? Ingressei no mundo do vício. No começo foi devaneio; depois as torturas, a escuridão. Não fazia nada sem que o tóxico estivesse presente. Em seguida veio a falta de ar, o medo, as alucinações. E logo após a euforia do pico, novamente eu me sentia mais gente do que as outras pessoas, e o tóxico, meu “amigo” inseparável, sorria, sorria. Sabe, meu pai, a gente, quando começa, acha tudo ridículo e muito engraçado. Até Deus eu achava cômico. Hoje, no leito de um hospital, reconheço que Deus é mais importante que tudo no mundo, e que sem a Sua ajuda eu não estaria escrevendo esta carta. Pai, eu só estou com 19 anos, e sei que não há a menor chance de viver, é muito tarde para mim. Mas ao senhor, meu pai, tenho um último pedido a fazer: mostre esta carta a todos os jovens que o senhor conhece. Diga-lhes que em cada porta de escola, em cada cursinho de faculdade, em qualquer lugar, há sempre um homem elegantemente vestido e bem falante que irá mostrar-lhes o futuro assassino e destruidor de suas vidas e que os levará à loucura e à morte, como aconteceu comigo. Por favor, faça isso, meu pai, antes que seja tarde demais para eles, como já é para mim. Perdoe-me, pai, já sofri demais, perdoe-me também por fazâ-lo padecer pelas minhas loucuras.

Adeus, meu pai! (Algum tempo depois o jovem morreu).






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