Revista da Madeira - Edição nº 148

Page 1



especial nas políticas para o clima, com sequestro de carbono da atmosfera, reduzindo efeitos do aquecimento global, além de poder contribuir para a produção de energia a partir da madeira . São mais de 7,8 milhões de hectares de área com florestas plantadas para a indústria, que abastece 91% de toda a madeira produzida para fins industriais no país. Diante desta perspectiva positiva o Brasil projeta duplicar seus plantios na próxima década, podendo chegar a 15 milhões de hectares plantados, dos quais 3,8 seriam destinados a geração de energia. Portanto uma energia limpa e renovável. Para que isso aconteça, entretanto, o país precisa de políticas claras de incentivo, maior apoio as indústrias e aos produtores, bem como incentivar pesquisa. Está na hora de despertar este gigante que pode muito bem estar hospedado na floresta.

C

ondições de clima, solo e área para plantio tornam o Brasil um dos países mais promissores para o rápido crescimento do setor de base florestal. Além dos inúmeros benefícios que esta expansão trará, em

Clóvis Rech Editor Responsável/ Editor in Chief

Priority to forestation

Planted forests for industrial purposes total 7.8 million hectares - 91% of wood produced for such ends in Brazil. With this positive perspective, Brazil expects to double planted forests by the next decade, potentially hitting 15 millions of planted hectares, of which 3.8 million would go to power generation, in other words, a clean and renewable energy source. However, for this to happen, Brazil must adopt encouraging clear policies, support industries and producers much more, and foster relevant research. It is time to wake up this giant that could be living in the woods.

C

limate, soil and area condition for forestation turn Brazil into one of the most promising countries for rapid growth of the forest-based sector. Besides, there are numerous benefits behind this expansion especially in climate-related policies including carbon sequestration from the atmosphere, global warming mitigation, and contributions to produce wood-based energy.

Sumário / Summary

Expediente

04 10 16 19

24 30 32 36 44

Controle do clima / Climate control Mercado Externo / International Market Energia / Wood’s Energy Móveis & Tecnologia / Furniture & technology Lixa de madeira / Sandpaper

EXPEDIENTE Editor: Clóvis Rech Capa: Conceyção Rodriguez Edição de Arte e Produção www.crdesign.com.br crdesign@crdesign.com.br

A Revista da Madeira é uma publicação da Lettech Editora e Gráfica Ltda, que também publica outras publicações. A reprodução total ou parcial de artigos ou matérias citados nesta edição é proibida, exceto em caso de autorização do editor.

Usinagem/ Machining Pellets / Pellets Plantios Nobres / Noble Forest Casas de Madeira / Wooden houses Briquetes / Briquettes

Novo conceito com muita informação para você Para assinar a Revista da MADEIRA ou Obter maiores informações consulte-nos: To subscribe to Wood Magazine or obtain more information, please contact us by e-mail at: remade@remade.com.br Telefax 55-54 3226-4113 ou/or 55-41 3040-6540 Lettech Editora e Gráfica Ltda. Escritório: Curitiba PR - Fone/fax (41) 3040-6540 Escritório RS - Fone/fax (54) 3226 4113 remade@remade.com.br - www.remade.com.br

3

Visite nosso site

www.remade.com.br

Edição 148

Editorial

Revista da Madeira


Ao analisar as contribuições de florestas nas metas e esforços para mitigação global até 2020, conclui-se que muitos países identificam as florestas e o setor de uso de terra como relevantes para as políticas e medidas adotadas para atingir objetivos de redução de CO². A redução de emissões por desmatamento, e também o manejo sustentável de florestas, florestamento e reflorestamento são comumente citados como principais práti-

Revista da Madeira

C

om mais de 7,8 milhões de hectares de área com florestas plantadas para a indústria o Brasil é hoje um dos maiores produtores de florestas do mundo. Estes plantios de árvores têm papel fundamental nas políticas para o clima, com sequestro de carbono da atmosfera e amenizando os efeitos do aquecimento global. Em sua maior parte são plantios de pinus e eucalipto usados na produção de papel e celulose, carvão vegetal, madeira serrada, produtos de madeira sólida e madeira processada, além da borracha. A presidente da Indústria Brasileira de Árvores, Elizabeth de Carvalhaes ressalta que o século XXI vai se dedicar a plantar florestas. Isso pode mitigar as emissões do setor industrial por dois anos consecutivos. Segundo ela, mesmo com as árvores sendo derrubadas para a produção de papel ou móveis, esse carbono continua preso no produto. O carbono só retornaria para a atmosfera em caso de incêndio. Ou seja, se você queimar uma folha de papel só por diversão, estará devolvendo à atmosfera o CO2 absorvido pelas árvores.

cas de mitigação. Em alguns países em desenvolvimento essas metas ainda constituem as principais contribuições. Outros esforços de mitigação das mudanças climáticas da indústria global de produtos florestais incluem o apoio nacional e regional a políticas e programas climáticos, investimento em tecnologias com baixa pegada de carbono e naquelas que melhorem o sequestro de carbono. Os avanços em biotecnologia estão fazendo com que as

4


Controle Climático

Revista da Madeira

Eucalipto 3 meses (4 linhas)+ sorgo plantações de florestas tenham um desempenho ainda melhor para o clima. O Brasil é o primeiro país do mundo em conhecimento genético de árvores. E quanto melhor for o indivíduo genético, maior a capacidade de absorver o carbono da atmosfera. Mesmo com esses avanços, as florestas plantadas não são tão eficientes quanto as florestas naturais. Por isso, além de plantar, precisamos de políticas eficientes para acabar com o desmatamento. E fazer o reflorestamento de áreas

Eucalipto 24 meses + soja precose degradadas. Além de pinus e eucalipto, espécies como seringueira, acácia, paricá, teca, araucária, mogno africano, cedro australiano e pópulus também estão entre as mais cultivadas. O estado de Minas Gerais lidera em área plantada, contando 1,49 milhão de hectares, seguido por São Paulo, com 1,18 milhão, Paraná, 817 mil, Bahia 616 mil e Santa Catarina com 645 mil hectares. Juntos, estes estados abrangem 72% da superfície nacional de florestas plantadas.

Atualmente, o país é um dos maiores produtores de floresta plantada no mundo e em 4º lugar no ranking mundial dos produtores de celulose. Em 2015, a produção brasileira de celulose totalizou 16,4 milhões de toneladas. Para aumento dos plantios, ampliação e construção de fábricas, até 2020, estima-se investimentos de R$ 53 bilhões, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). Para ampliar a oferta de plantios florestais várias formas estão sendo implementadas, incluindo os Sistemas Agro-


Revista da Madeira

Controle Climático florestais (SAFs), que são formas de uso ou manejo da terra, nos quais são combinados espécies arbóreas (frutíferas e madeireiras) com cultivos agrícolas e criação de animais, de forma simultânea ou em sequência temporal, que promovem benefícios econômicos e ecológicos. Para o presidente da Comissão Nacional de Silvicultura e Agrossilvicultura, da CNA, Walter Vieira Rezende, o solo é o principal patrimônio do produtor rural, e os SAFs surgem como uma alternativa para otimização do uso da terra ao conciliar a produção de alimentos com a produção florestal, conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para o cultivo agrícola. Áreas de vegetação sem expressão econômica ou social podem ser reabilitadas e usadas racionalmente por meio de práticas agroflorestais, agregando valor à propriedade. São quatro as modalidades de integração: Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou Sistema Agropastoril; Integração Lavoura-Floresta (ILF) ou Sistema Silviagrícola; Integração Pecuária-Floresta (IPF) ou Sistema Silvipastoril; e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou Sistema Agrossilvipastoril. Esses Sistemas fundamentam-se na intensificação do uso da terra em áreas cultivadas, na recuperação de pastagens degradadas, na diversificação de atividades na propriedade rural e no aumento da eficiência dos sistemas de produção, atendendo aos três pilares da sustentabilidade: ser economicamente viável, ambientalmente adequado e socialmente aceito. Neste sistema preconiza-se o planejamento da distribuição espacial das árvores na área, objetivando a sinergia e/ou a menor interferência entre os componentes agrícola, pecuário e florestal. A distribuição espacial das árvores na área é mais conhecida como arranjo de plantio e deve facilitar a adoção de práticas de conservação do solo e da água, favorecer o trânsito de máquinas nas entrelinhas, possibilitar o crescimen-

to adequado das culturas intercalares e observar os aspectos comportamentais dos animais, em especial o seu deslocamento e o senso de manada. O arranjo de plantio mais simples e eficaz é o de renques ou aleias, isto é, o

plantio de árvores em fileiras únicas ou múltiplas (duplas, triplas, quádruplas ou mais), com espaçamentos amplos entre si. Quando se deseja privilegiar a produ-

ção de madeira devem-se utilizar renques mais estreitos ou com maior número

6

de linhas de árvores (mais árvores/ ha); quando se dá preferência à produção de madeira de maior valor agregado (serraria) e à produção agrícola e/ou pecuária utilizam-se renques mais largos, com menor número de linhas (menos árvores/ha). Os benefícios da adoção do Sistema podem ser de ordem econômica, ambiental e social. No caso do consorciamento com gado permite a redução ou viabilização do custo de recuperação de pastagens em processo de degradação ou degradadas, aumento da taxa de lotação das pastagens, aumentando da taxa de natalidade, aumento do ganho de peso animal, aumento da produção de leite, e diversificação das atividades na propriedade, além de outros. Os benefícios ambientais também são importantes com maior taxa de infiltração e armazenamento de água no solo, controle de erosão, redução de perdas de nutrientes do solo, uso racional de agrotóxicos e consequente redução dos riscos de intoxicação e de contaminação do ambiente, redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), e sequestro de carbono pela biomassa aérea e radicular das árvores e da forragem. O planejamento prevê a elaboração de um projeto, por um técnico capacitado, que necessitará fazer um diagnóstico da propriedade, por meio de uma visita técnica. O projeto deve conter todas as etapas de trabalho, desde o preparo da área até a colheita e a comercialização dos produtos, com as recomendações para implantação e condução do sistema, devendo contemplar as demandas de insumos, serviços e mão de obra, com um cronograma de atividades e de desembolso, a análise de viabilidade do empreendimento com o fluxo de caixa, além das avaliações periódicas de desempenho. Espera-se que com a adoção deste sistema em 4 milhões de hectares até 2030 o Brasil consiga cumprir as metas voluntárias de redução de emissão de GEE, assumidas em 2009, na COP 15, em Copenhague, e ratificadas e ampliadas em 2015, na RM COP 21, em Paris.


F.V. de Araujo is in the timber business for over 100 years, leading in reforestation and industrial wood products. We are able to supply customer requirements in timber or panel products in various different qualities, sizes and specifications, adopting ecological and sustainable practices.

COMPONENTS AND MOULDINGS

SAW TIMBER

FOREST DIVISION

PLYWOOD

PALLET DIVISION

PLYWOOD DIVISION

HOUSE COMPONENT AND MOULDING DIVISION

www.fvdearaujo.com.br

Tel. 55 41 3218 9100 | fv@fvdearaujo.com.br

Rua Amazonas de Souza Azevedo, 47 - Bacacheri | 82520-620 Curitiba | Paranรก | Brasil

HEAD OFFICE


Controle Climático

Forestation, a priority in climate control

Revista da Madeira

W

ith over 7.8 million hectares of planted forests designated for industrial purposes, Brazil is today one of the major forest producers worldwide. Planting trees plays a leading role in climate-related policies, which include reducing Co2 emissions into the atmosphere and mitigating global warming effects. Mostly, pine and eucalyptus trees are used to manufacture paper and cellulose, charcoal, sawn timber, hardwood and engineered wood products, and rubber. The President of the Brazilian Tree Industry (IBÁ), Elizabeth de Carvalhaes, highlights that the 21st century will devote itself to plant forests, a move that could cut gas emissions from the industrial sector over two consecutive years. In her view, despite felling trees to make paper or furniture, the carbon remains stored in the by-product. Only when burnt, the gas would go back to the atmosphere. In other words, if you burn a piece of paper just for fun, you will be sending the CO2 absorbed by trees back to the atmosphere. Upon assessing the contribution of forests to goals and efforts made for global mitigation until 2010, you may conclude that many countries regard forestry and the land-use sector as of the essence for policies and measures adopted to meet CO2 reductionrelated objectives. Falling gas emissions caused by deforestation, sustainable forest management, forestation and reforestation are commonly perceived as primary mitigation practices. In some developing countries, these goals remain the major contributions. Other mitigation efforts over climate change made by the global timber industry include national and regional support for climate policies and programs, and investments in eco-friendly technologies, which improve carbon sequestration.

Biotechnological advances have made forestation to have better results in connection with climate. Brazil ranks first among the countries with tree genetics know-how. And the better the genetic species is, the higher the capacity to capture carbon from the atmosphere. Despite such progress, the planted forests are not as efficient as the natural ones. For this reason, in addition to planting, we need efficient policies to stop clearance and to reforest degraded areas. Besides pine and eucalyptus, some other species like rubber tree, acacia, parica, teak, araucaria, African mahogany

tree, Australian cedar, and populus are among the most cultivated plants. Nowadays, Brazil is one of the major planted forest producers in the world and ranks fourth among cellulose manufacturers worldwide. In 2015, Brazil’s cellulose production totalled 16.4 billion tons. With regards to increasing plantations, expansion and construction of factories, until 2020, investments are estimated at BRL 53 billion, according to IBÁ. In order to lift the supply of planted forests, several initiatives are underway, including agroforest systems (SAFs), which are forms of land use or management. There, two tree species (fruit and wood plants) combine with crop plantations and animal husbandry, simultaneously or

8

in an time-sequence manner, providing economic or ecological benefits. In the view of the President of the National Forestry and Agroforestry Commission, CNA, Walter Vieira Rezende, land is the main assets of rural producers, and SAFs emerge as an alternative to optimization of land use when combining food production with forestation, thus preserving the soil and reducing the land-use impact for agriculture purposes. Vegetation areas without economic or social expression may be recovered and used rationally through agroforest practices, adding value to property. Integration modalities total four: Culture-Stockbreeding Integration (ILP) or Agrofarming System; CultureForest Integration (ILF) or Silvi-agriculture System; Stockbreeding-Forest Integration (IPF) or Silvi-farming System; and Culture-Stockbreeding-Forest System Integration (ILPF) or Agro-silvi-farming System. These systems are based on higher land use in cultivated areas, recovery of degraded grasslands, diversification of activities in rural areas, and increased efficiency of production systems, meeting the three sustainability pillars: to be economically viable, environmentally appropriate and socially acceptable. Environmental benefits are also important with higher infiltration rate and water storage in soil; erosion control; soil nutrient loss reduction; rational use of pesticides and reduction of intoxication risks and environmental pollution; reduction of greenhouse gas emissions (GHG); and carbon sequestration by air and radicular biomass of trees and fodder. It is expected that with the implementation of this system in 4 million hectares until 2030, Brazil may comply with the voluntary goals of GHGs emission, set in 2009, at COP 15 in Copenhagen, and ratified and extended in 2015, at COP 21 in RM Paris.



Revista da Madeira

A importação de madeira para a China tanto da Rússia e Canadá (maiores fornecedores), foram de 33% e 4% superior, respectivamente, durante os primeiros quatro meses de 2016 em comparação com o mesmo período de 2015. Os embarques de pinheiros da Rússia aumentaram no ano passado, totalizando em abril deste ano 1,1 milhões de m3, em comparação com 820.000 m3 em abril de 2015, relata o WRQ. Apesar da significativa depreciação do rublo em 2015 e 2016, os preços da madeira canadense têm realmente caído mais rápido do que os preços da madeira serrada da Rússia, em termos de dólares americanos. No Japão, com o incentivo a construção de casas com estuturas 2x4 a demanda de madera serrada subiu 3% no primeiro trimestre de 2016. O aumento deve-se tanto pelo aumento da produção da indústria madeireira do país como pelo aumento da importação. No primeiro trimestre de 2016 o volume de importação aumentou 12% , em particular com envios da Finlândia, Suécia e Áustria. Já as exportação de madeira da Rússia tem caído por dois trimestres consecutivos, em média 10%. A maior parte da queda recente tem sido nos embarques para os países da Comunidade Européia, incluindo ainda Uzbequistão, Azerbaijão e ao Tajiquistão. O comércio com o Egito e alguns países europeus também foram para baixo. Os preços caíram de forma substancial em termos de dólares nos últimos dois anos.

O

comércio global de madeira macia subiu 20% no primeiro semestre deste ano, com preços crescentes na América do Norte, Europa e Ásia, conforme informa o relatório Wood Resource Quarterly O comércio global de madeira macia chegou ao mais alto índice em 2015 quando totalizou 118 milhões de m3 que foram comercializados internacionalmente. Este ano iniciou com volumes ainda maiores a serem comercializados em todo o mundo. No primeiro trimestre foram embarcados aproximadamente 20% a mais do que o mesmo período de 2015, de acordo com o relatório. Todos os países da “lista de importação top-10” aumentaram a sua importação de madeira serrada durante os primeiros meses deste ano, sendo os maiores importartadores os EUA, China e Egito. No caso da América do Norte houveram notícias otimistas com aquecimento no mercado de habitação, índice mais alto desde 2007. O consumo de madeira no início de 2016 foi 14% superior ao mesmo período de 2015, e as importações de madeira serrada, de janeiro a abril, aumentaram 42% em relação ao mesmo período do ano passado, e os preços atingiram o seu nível mais alto em mais de um ano. Apesar do aumento da demanda de madeira no mercado interno, a produção americana caiu cerca de 4% durante os primeiros quatro meses deste ano. A produção canadense foi acentuadamente mais elevada durante os primeiros três meses de 2016 em comparação com o mesmo período de 2015, com um aumento de 19% na região oriental e 8% em British Columbia. Os países nórdicos aumentaram as exportações de madeira serrada tanto em 2014 e 2015, e a tendência continuou no início de 2016, com embarques superiores em até 9% para a Suécia e 14% para a Finlândia. Com a fraca demanda da madeira serrada na Europa, os mercados asiáticos e africanos receberam grandes volumes de madeira nórdica. Embora os EUA tenha aumentado a importação total de madeira em até 44% durante o primeiro trimestre deste ano, a Suécia vende apenas 6% a mais do que no primeiro trimestre de 2015 e as serrarias finlandêsas não exportaram madeira.

Brasil No caso específico do Brasil as exportações totalizaram US$ 5,02 bilhões em produtos florestais no perío-

10



Revista da Madeira

Mercado Externo do entre janeiro e junho deste ano, um valor correspondente a 10,4 milhões de toneladas. Em termos de cifras, o valor é 1% superior ao mesmo período do ano passado, mas em quantidade o aumento é de 17%. Os principais compradores do Brasil continuam sendo a União Europeia, China e Estados Unidos. De acordo com Pedro Henriques Pereira, assessor técnico de Inteligência da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA), neste primeiro semestre a A União Europeia importou 3,2 milhões de toneladas em produtos florestais neste primeiro semestre – o equivalente a US$ 1,4 bilhão. No caso da China, as exportações brasileiras neste primeiro semestre chegaram a 2,8 milhões de toneladas, o que em valores representam US$ 1,1 bilhão. Já os Estados Unidos

compraram, do Brasil, cerca de 1,7 milhão de toneladas em produtos florestais, ou seja, US$ 1,03 bilhão. De acordo com relatório da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária percebe-se que a União Europeia e os Estados Unidos com-

praram 7% a menos – em termos de valores -, mas quanto ao volume de produtos, houve aumento de 6% e 7%, respectivamente. No mercado da China, a situação foi bem diferente neste semestre: aumento de 23% nos valores e de 43% no volume exportado, quando comparado ao mesmo período do ano passado.

Os dados da CNA, apontam, ainda que os produtos florestais exportados pelo Brasil são divididos em quatro categorias. Entretanto, esses grupos são desmembrados em produtos específicos, que no caso podem ser identificados em 449 linhas tarifárias diferentes. No entanto, só a celulose é responsável por 55% das exportações de produtos de origem florestal, representando US$ 2,75 bilhões e 6,6 milhões de toneladas. A boa notícia é que depois da celulose vem a madeira, que hoje corresponde a 26% das exportações florestais brasileiras. Isso significa que o Brasil faturou US$ 1,32 bilhão com a venda de 2,7 milhões de toneladas de madeira serrada. Em seguida, aparece o papel com 19% das exportações de produtos oriundos das florestas plantadas, o que, em termos de cifras representam US$ 945 milhões, em 1,1 milhão

World wood products market grows 20%

G

lobal softwood trade hit a record high in 2015 totalling 118 million m³ marketed internationally. This year began with volumes even higher to be traded worldwide. During the first quarter, some 20% of wood products were shipped more than the same period in 2015, according to a report. All countries of the “Top 10 imports list” increased sawn timber imports over the first months this year, with the United States, China and Egypt as the major importers. In the case of the US, optimistic news emerged in connection with an upturn in housing market, the highest rate since 2007. Wood consumption early in 2016 was 14% higher than that of the same term in 2015, while sawn timber imports from January to April soared by 42% compared to the same period last year. Prices hit their highest level in more than one year. Despite increased wood demand in domestic market, US production plummeted by 4% during the first four months this year. Canada’s output was remarkably higher during the first quarter in 2016 as compared to the same period in 2015, with a 19% and 8% surges in the eastern region and the British Columbia, respectively. Nordic countries raised sawn timber exports both in 2014 and 2015, a trend that continued early in 2016, with high shipping up to 9% for Sweden and 14% for Finland. Given Europe’s weak sawn timber demand,

Asian and African markets received large volumes of Nordic wood. Although the US increased the total timber import by 44% during the first quarter this year, Sweden sold only 6% more than the first quarter 2015, while Finnish sawmills failed to export timber. Timber exports to China from Russia and Canada (major suppliers) were 33% and 4% higher, respectively, during the first four months in 2016. Brazil In the specific case of Brazil, exports totalled USD 5.02 billion in wood products in January-June this year, tantamount to 10.4 million tons. In terms of figures, the value exceeds by 1% that of the same period last year, yet such hike hits 17% as to quantity. The European Union, China and the US remain Brazil’s main customers. The EU sold abroad 3.2 million tons of wooden products during this first quarter (USD 1.4 billion). In the case of China, Brazilian exports hit 2.8 million (USD 1.1 billion) the first quarter. So far, the US has imported from Brazil around 1.7 million tons of wooden products (USD 1.03 billion). According to a report of the Agriculture and Stockbreeding National Confederation (CNA), the EU and the US purchased 7% fewer products in terms of value; however, regarding the volume of products, 6% and 7% surges were recorded, respectively. In the Chinese market, the situation was different when compared to the same period last year.

12

The CNA data show that wooden products exported by Brazil are divided into four categories. However, these groups are sub-divided into specific products, which may be identified in 449 different tariff lines. Cellulose alone encompasses 55% of forestry-based products exports, meaning USD 2.75 billion or 6.6 million tons. The good news is that cellulose is trailed by timber, which nowadays stands for 26% of Brazilian wood products exports. This means that Brazil yielded USD 1.32 billion by selling 2.7 million tons of sawn timber. Paper occupies the third position, with 19% of exported products resulted from planted forests, that is, USD 945 million or 1.1 million tons. The last group includes natural rubber and starches: only 0.1% of exports, with USD 3.8 million in sales, and some 1,200 tons in volume. The upward trend in exports during the second half is visible, also due to devaluation of real versus dollar. Besides, the US economy recovery has helped raise sawn timber exports, while Mexico and some Asian nations are importing more from Brazil. Imports volume for Northern Africa and the Middle East virtually climbed over all the years during the most recent decade. Almost all countries of the region expanded sawn timber exports. From 2013 to 2015, the total imports volume for the region grew 26%, hitting more than 11 million m3 in 2015, according to a recent report by Resource Quarterly Wood (WRQ).


de toneladas. O último grupo é o de borracha natural e gomas naturais. Esse grupo representa apenas 0,1% das exportações, gerando US$ 3,8 milhões em vendas e, em volume, cerca de 1,2 mil toneladas. A tendência é de aumento das exportações neste segundo semestre também por conta da desvalorização do real diante do dólar. Além disso, a recuperação da economia norte americana vem contribuindo para o aumento das exportações da madeira serrada, além do México e alguns países asiáticos, que passaram a comprar mais do Brasil. Oriente Médio O volume de importação para o Norte da África e o Oriente Médio aumentaram praticamente todos os anos durante o período da última década, que antecedeu a revolução egípcia em 2013, quando os embarques para o Egito cairam em 15%. Quando a situação política estabilizou no Egito, praticamente todos

os países da região expandiram sua importação de madeira serrada. De 2013 a 2015, o volume total de importação para a região subiu 26%, atingindo mais de 11 milhões de m³

em 2015, de acordo com a última edição da Resource Quarterly Wood (WRQ). O Egito é claramente o destino dominante para a madeira serrada, respondendo por 45% do total das importações, seguido pela Argélia e Arábia Saudita. A Argélia é o mercado que mais tem crescido nos

últimos cinco anos, com o dobro do seu volume de importação.Finlândia, Suécia e Rússia são os três países fornecedores dominantes para a região, representando em conjunto 73% de toda a madeira enviada para a região em 2015. Outros grandes fornecedores na Europa incluem a Romênia e a Eslováquia, enquanto que os embarques da América do Norte e da América Latina ainda representam uma parcela muito pequena. Os preços para a madeira serrada exportada para o Egito a partir dos dois principais países fornecedores - Finlândia e Suécia - diminuíram nos últimos dois anos. O preço médio caiu mais de 50% desde 2014. O baixo custo da madeira serrada da Rússia no mercado egípcio tem empurrado os preços para baixo, especialmente no Egito. Na Argélia e Arábia Saudita os exportadores de madeira russas ainda não tem uma presença RM muito acentuada.

Mercado Externo

Revista da Madeira


A maior variedade de portas maciรงas de madeira do Brasil The largest variety of solid doors in wood of Brazil

LINHA PIVOTANTE

LINHA RETA

LINHA RESINA


Qualidade garantida Guaranteed quality

LINHA METAL MADEIRA

A Esquadrias Galon é uma empresa que prima pela produção limpa, economicamente viável e ambientalmente correta. The Esquadrias Galon is a company that stands out for clean production, economically viable and environmentally friendly.

LINHA EMBUTIR Porta EG Embutida

LINHA CAMARÃO

LINHA JANELAS

www.esquadriasgalon.com.br Rod. Armando Martinelli, 933, Cinco Casinhas, São Roque do Canaã - ES - Cep 29665-000 Tel.: (27) 3729-1155 | Fax.: (27) 3729-1011 contato@esquadriasgalon.com.br | vendas@esquadriasgalon.com.br


A projeção para o uso energético da madeira é muito promissora nas próximas décadas, e poderá atingir, até 2050, 70 TWh, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Na prática, trata-se de um salto muito grande. A demanda de madeira para bioleletricidade projetada para os próximos quatro anos está amparada, basicamente, nos empreendimentos que já comercializaram energia de biomassa florestal nos leilões do setor elétrico. No total, estão previstos 70 milhões de metros cúbicos. Aproximadamente todo o volume que é destinado hoje no país para a fabricação de papel e celulose, madeira e carvão vegetal. Para isso, será preciso ampliar o plantio de árvores no país. Hoje, as florestas plantadas de eucalipto e pinus – espécies consideradas carro-chefe do setor – ocupam 7,74 milhões de hectares no país, o equivalente a 0,9% do território nacional e fornecem 91% de toda a madeira produzida para fins industriais no país, de acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). Pela projeção da entidade o Brasil tem potencial para dobrar seus plantios florestais nas próximas décadas, alcançando 15 milhões de hectares, dos quais 3,8 milhões de hectares seriam destinados à produção de energia.

Revista da Madeira

O

Brasil tem um setor florestal bem desenvolvido, mas o uso da lenha de plantios florestais para geração elétrica ainda tem participação pequena na atividade florestal brasileira. A tendência, contudo, é de crescimento nos próximos anos. Em 2015, a oferta de energia obtida da biomassa teve crescimento de 9%, com um total de geração de 22.572 GWh, o que equivale ao abastecimento de 11 milhões de residências durante um ano inteiro. A alternativa da bioeletricidade já representa, em termos de capacidade instalada, quase 10% da matriz energética, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), ocupando a segunda posição na matriz, atrás apenas das fontes hídrica e fóssil. Hoje, cerca de 80% da capacidade instalada de geração pela fonte biomassa vêm do setor sucroenergético, que emprega o bagaço e a palha da cana para a autossuficiência energética e ainda tem promovido um crescimento significativo na oferta de excedentes de eletricidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Em seguida vem a participação da biomassa florestal

Projeções As projeções desenham um cenário positivo para a produção de energia a partir da madeira no país. Além das condições naturais favoráveis – como solos mais planos e com boa produtividade; clima tropical e um bom regime de chuvas; e o elevado nível da tecnologia de plantio de florestas – o ambiente técnico e científico é extremamente desenvolvido. Alguma entidades, como a Embrapa Florestas, já vem

16


Revista da Madeira conduzindo projetos com foco específico em florestas energéticas há bastante tempo. São mais de 100 pesquisadores e 40 instituições atuando em várias linhas de pesquisa – da busca por material adequado às regiões brasileiras ao estudo de tecnologias para geração de uma gama de bioprodutos florestais. Como resultado desse ambiente favorável, o Brasil tem hoje o melhor índice de produtividade média do segmento florestal em todo o mundo, de cerca 40 m³/ha/ ano, condição que garante ciclos de produção mais curtos, em torno de 7 a 8 anos para o eucalipto e 14 anos para o pinus. As florestas plantadas, principalmente eucalipto e pinus, atingem

7,74 milhões de hectares. Desse total, 34% pertencem a empresas do segmento de celulose e papel e 26,8% encontram-se nas mãos de pequenos

e médios produtores independentes que comercializam a madeira in natura. Outros 15,2% são de empresas de siderurgia, que usam o carvão vege-

tal, e 10,2% dos plantios de árvores no Brasil pertencem a investidores financeiros. O segmento de painéis de madeira reconstituída e pisos laminados tem 6,8%. Na Finlândia, por exemplo, cujo PIB é fortemente dependente da indústria florestal, o ciclo de rotação do é de 70 anos. Aqui temos ciclos de sete, oito anos. Energia Mais da metade da nova oferta de energia do Brasil até 2024 – 74 mil MW – deverá vir de fontes renováveis como eólica, solar, PCHs e biomassa. Dos 55 projetos termelétricos habilitados no leilão A-5, realizado no final de abril deste ano, 40 são movidos a biomassa. No total, existem hoje no Brasil 517 empreendimentos termelétricos


Revista da Madeira

a biomassa em operação que somam quase 14 GW de potência instalada. Desse total, 76% (11 GW) funcionam com biomassa de cana-de-açúcar, principalmente bagaço, e 17 térmicas operam com lixívia (2,2 GW) ou licor negro proveniente do processo de cozimento da madeira. Uma pequena parcela de empreendimentos consomem lenha e resíduos da atividade madeireira na forma de cavaco ou serragem de florestas plantadas.

Atualmente, há cerca de 690 MW de empreendimentos movidos a resíduos florestais outorgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas que ainda não começaram a ser construídos. Na lista dos maiores consumidores de biomassa para a produção de energia, o Brasil ocupa a terceira posição depois da China e da Índia, mas o carro-chefe ainda é o bagaço de cana-de-açúcar.

Principal fonte de energia primária do país até a década de 70, a lenha perdeu participação na matriz energética brasileira com a ascensão do petróleo, mas voltou a crescer nos últimos anos diante do apelo crescente das fontes renováveis. O Brasil tem potencial para se tornar líder mundial em energia de florestas plantadas. Para isso, contudo, precisará vencer alguns desafios. O grande gargalo hoje para a biomassa florestal é o transporte. Em geral, a colheita e o transporte respondem por 40% a 60% do custo do negócio e, por isso, o raio de produção, transporte e consumo costuma ficar entre 80 Km e 100 Km. A plantação de florestas é viável, mas exige planejamento prévio detalhado. Em geral, as plantações florestais tendem a ser viáveis quando estão próximas ao mercado consumidor. Quem entra sem conhecer o mercado, só vai se deparar com os problemas cinco, sete anos depois, quando a floresta já foi implantada. A implantação de um hectare de eucalipto de alto nível tecnológico e o manejo até um ano – com preparo do solo, adubação e controle de pragas – custa cerca de R$ 7 mil. Depois de um ano e meio, o custo de manutenção cai. RM

Forest-based power

B

razil has a well-developed forestry sector, yet the use of firewood obtained from planted forests to generate power is not considerably involved in the Brazilian forestry. However, an upward trend is envisaged for the upcoming years. In 2015, the power supply obtained from biomass grew 9%, totaling 22.572 GWh, enough to supply 11 million houses for over one year. Bioelectricity is an alternative that currently accounts for 10% of the energy source, in terms of installed capacity, ranking third among other energy sources, trailing only water and fossil sources. Today, around 80% of the installed capacity of biomass source pertains to the sugar-energy sector, which uses sugarcane bagasse for energy self-sufficiency. On second place is forest biomass. Projections over wood for energy generation purposes are very promising for the next decades, potentially reaching 70

TWh by year 2050. In practice, this is a very sharp jump. Wood demand for bioelectrical purposes forecast for the next four years is secured, basically, by actions that led to market forest biomass power in the energy sector auctions. A total of 70 millions of cubic meters are expected to be produced, which is almost all the volume nowadays put to manufacture paper and cellulose, timber and charcoal. For that, increasing forestation will be necessary in the country. Nowadays, forests planted with eucalyptus and pine trees-species regarded as the sector’s flagship-cover 7.74 million hectares in the country, tantamount to 0.9% of Brazilian territory and provide 91% of all the wood produced for industrial purposes. Based on extension, Brazil has the potential to double energy production from wood nationwide, covering 15 million hectares, of which 3.8 million are to produce energy.

18

Projections map a positive scenario for wood-based energy production in the country. Besides favorable natural conditions-soil, climate, good wet weather flow, and high level of forestation technology-the technical and scientific enviroment is well-developed. As a result, Brazil today has the best average productivity rate of forests worldwide, with some 40 m3/ha/year, a condition that guarantees shorter production cycles, around 7-8 years for eucalyptus and 14 years for pine. The country’s major energy source until the 70s was firewood, which stopped being considered in the Brazilian energy sources due to falling oil prices. However, firewood uses increased again in recent years given the growing call for renewable sources. Brazil has the potential to become the world’s leader in energy obtained from planted forests, yet for that, it will have to overcome some challenges. RM


A

madeira é um material natural formado por diferentes tipos de células que são compostas por diferentes substâncias químicas produzindo um material heterogêneo. Essa constituição heterogênea faz com que a madeira seja um material anisotrópico, ou seja, dependendo do sentido em que o material for analisado o mesmo possui diferentes propriedades. O processo de lixamento envolve a mudança da topografia da superfície da madeira pela ação de um material abrasivo. O processo de remoção de material por abrasivo produz pequenas partículas (cavacos), que são provenientes da remoção das fibras da madeira, onde devido à variabilidade do material madeira podem ocorrer falhas neste local, sendo de suma importância o conhecimento das características anatômicas, físicas e químicas da madeira para o entendimento do mecanismo de lixamento.

cipais substâncias químicas que compõem a madeira são: celulose, lignina, hemiceluloses e constituintes menores. A celulose, hemiceluloses e lignina são os principais constituintes da parede celular. As madeiras possuem as seguintes proporções médias desses constituintes químicos: celulose em torno de 50%, hemiceluloses em torno de 20% e lignina em torno de 15 a 35%. Os constituintes menores, que são a soma de compostos orgânicos (extrativos) e inorgânicos (cinzas) chegam a até 10%. Diversos fatores inerentes a madeira fazem com que essa seja um material preferido para ser usado em diversas aplicações, mas sem dúvida um atributo importante é sua disponibilidade em diversas espécies, dimensões e configurações que se adequam a uma vasta gama de aplicações. A madeira possui uma alta taxa de resistência mecânica em relação ao seu peso e uma notável durabilidade e desempenho como material estrutural. A madeira seca possui ótima propriedade isolante contra o calor, som e eletricidade. A madeira tende a absorver e dissipar vibrações em algumas condições de uso, e ainda é um material incomparável para utilização em instrumentos musicais. O arranjo das fibras na madeira faz dela um ótimo material estético, podendo ser aplicado diversos produtos para o acabamento superficial como tintas, vernizes etc. Possui fácil trabalhabilidade, ou seja, é transformada em diversas formas e é fixada facilmente com adesivos, pregos, cavilhas, parafusos, buchas etc. Além disso, a madeira é resistente a oxidação, possui resistência ao impacto, pode ser tratada com preservantes e retardantes de fogo bem como ser combinada com diferentes tipos de materiais. Apesar de uma série de fatores positivos que fazem do material uma fonte para diversas aplicações é necessário conhecer seus pontos negativos. A madeira é um material biodegradável, ou seja, algumas madeiras são atacadas facilmente por organismos xilófagos como fungos, insetos e até bactérias, onde em muitas aplicações são necessários preservantes para evitar o ataque desses organismos. O ma-

As prin-

19

Lixamento

Características da madeira que influenciam no lixamento


Lixamento terial é de fácil combustão. Isto pode ser considerado um ponto positivo na área de energia, mas em outras aplicações se torna um ponto negativo. É um material higroscópico, ou seja, absorve facilmente umidade do ambiente e muitas propriedades da madeira como resistência mecânica variam com o teor de umidade. Como a madeira é um material natural, sua produção e propriedades estão sujeitas a influências do meio em que a mesma está inserida, levando a produção de um material completamente heterogêneo. As madeiras podem ser classificadas taxonomicamente em duas categorias, de acordo com os grupos vegetais: Gimnospermas e Angiospermas. As madeiras de Gimnospermas, especialmente as coníferas, são denominadas resinosas, não porosas por não possuírem vasos condutores de líquidos em sua anatomia, ou ainda são conhecidas como “Softwood”, e são produzidas por espécies da ordem Coniferales. As madeiras de Angiospermas, especialmente as dicotiledôneas são denominadas folhosas ou conhecidas como “Hardwood”, são porosas por possuírem vasos condutores delíquidos. Existem muitas diferenças entre coníferas e folhosas que vão desde a parte anatômica macro e microscópica, propriedades físicas e químicas da madeira.

Existe um efeito das características anatômicas da madeira sobre o processo delixamento como: Anéis de crescimento, madeira anormal, proporção entre madeira de cerne e alburno, textura, extrativos etc., que são características que devem ser consideradas. A proporção de anéis de crescimento

e madeira de cerne e alburno varia com a posição de corte na árvore, e suas proporções iram influenciar na força de lixamento e no resultado da qualidade da superfície lixada. Estes autores enfatizam que as madeiras com poros menores (textura fina) produzem uma superfície de baixa qualidade oposta a madeiras com poros maiores (texturas mais grossas), devido às superfícies com texturas mais grossas esconderem as marcas e riscos produzidosno lixamento sobre a superfície. Os elementos inorgânicos e orgânicos da madeira como sílica e extrativos causam um efeito sobre o desempenho do processo delixamento, elevando o desgaste da lixa e provocando seu entupimento e conseqüentemente reduzindo seu corte. A anatomia das folhosas é mais complexa do que as das coníferas, o que torna muito mais difícil avaliar os efeitos do lixamento para folhosas em relação às coníferas. As propriedades físicas da madeira devem ser avaliadas com relação

20

o desempenho do processo delixamento. Como dito anteriormente, o processo de remoção de material por abrasivo produz pequenas partículas que são provenientes da remoção das fibras, e as características dessa remoção de material iram depender da resistência que as fibrasda madeira impõem sobre o abrasivo. Essa resistência é dependente das propriedades físicas da madeira. Dependendo da umidade em que madeira está à mesma produz um efeito sobre o comportamento durante o lixamento. A resistência das fibras no lixamento é reduzida conforme a umidade na madeira vai aumentando até o ponto de saturação das fibras, onde madeiras com alto teor de umidade são facilmente lixadas, mas como conseqüência, ocorre o entupimento da lixa pelo material que adere ao abrasivo, e os defeitos como grã arrepiada são acentuados devido à alta umidade. Outra característica física que influencia no processo de lixamentoé a temperatura. Temperaturas exces-



Lixamento sivas reduzem a resistência das fibras ao lixamento, e em alguns casospodem causar a queima da superfície da madeira criando uma descoloração e redução da capacidade de absorção da superfície para materiais de acabamento. Esse efeito da queima superficial é pronunciado com a redução da umidade. A densidade do material também influencia no processo de lixamento, ou seja, quanto maior a densidade ocorre maior resistência do material a remoção das fibrase menor densidade mais facilmente esse material é removido. Tanto madeiras de

coníferas como de folhosas muito densas apresentam maior resistência a remoção dematerial, ocorrendo dificuldades em remover riscos e marcas provindos desseprocesso. Recomenda-se a utilização de abrasivos com grãos menores e afiados quando forem utilizadas madeiras densas no processo de acabamento final evitando esse tipo de falha. O tipo de textura da madeira influencia no processo de lixamento. Madeiras com maior textura como as espécies de Red oak (Quercussp) e Ash (Fraxinussp.) possuem células mais largas com poros abertos nos quais tendem a esconder mais facilmente as marcas dos abrasivos na superfície, enquanto espécies com texturas mais finas, com poros muito pequenos como Maple (Acersp.) e Ebony (Diospyrossp) tendem a mostrar mais facilmente as marcas do lixamento, ou seja, pior acabamento. Madeiras

com alto teor de resina como Hemlock (Tsugasp) and Spruce (Piceasp), assim como bolsas de resina como Pine (Pinus sp) e Jelutong (Dyera sp), ou extrativos e óleos como Rosewood (Dalbergia sp) e Teak (Tectona sp) causam dificuldade quando lixadas com abrasivos de grãos menores (finos), devido essas substâncias tenderem a entupir facilmente os espaços vazios entre os grãos das lixas. RM Luiz Fernando Frezzatti Santiago

Wood features driving sanding process

W

ood is a naturally-made material composed of different types of cells containing different chemical substances that ultimately produce a heterogeneous material. That heterogeneity causes wood to be an anisotropic material; in other words, different properties will be observed depending on how the material is analyzed. Sanding includes changes in wood surface due to action of abrasive material. Removing material with abrasive products generates small particles (woodchips) which result from removing wood fibers, where flaws may arise due to wood material variability. Thus, it is of the essence to know the anatomical, physical and chemical features of wood in order to understand

the sanding process. The main chemical substances of wood are: cellulose, lignin, hemicelluloses and minor constituents. The cellulose, hemicelluloses and lignin are the main constituents of cell wall. Woods have the following media proportions of those chemical constituents: cellulose around 50%; hemicelluloses around 20%; and lignin around 15-35%. Minor constituents, which are the sum of organic (extractives) and inorganic compounds (ashes) hit up to 10%. Different factors inherent to wood make it a preferred material for different uses. However, undoubtedly, am important attribute is the availability of various species, dimensions and forms, suitable for a wide range of applications.

22

Wood has a high mechanical resistance ratio in relation to weight, and remarkable durability and performance as a structural material. Dried wood tends to absorb and dissipate vibrations in some conditions of use. It is an incomparable material to make musical instruments. The arrangement of wood fibers makes it an ideal aesthetic material, allowing application of various products for surface finishing, such as inks, varnishes, etc. The workability of wood allows turning it into different forms and fixing it with adhesives, nails, screws, bolts, chucks, etc. Additionally, wood is an oxidation and impact resistant material, which admits preservatives and fire retardants and combines with other kinds of materials. RM



Usinagem da madeira de cinco espécies nativas brasileiras

A

madeira, em função das suas características físicas e mecânicas, e pela facilidade em ser transformada por equipamentos simples e de baixo consumo energético, torna-se um material bastante competitivo em relação aos outros materiais na fabricação de móveis. Além disso, possui aspecto decorativo (com variações de cores e desenhos que atendem aos mais diversos projetos) e sensação de conforto que transmite aos usuários. A característica que destaca a madeira dos demais materiais é a possibilidade de sua produção sustentada com significativa absorção de CO², tornando-a extremamente importante sob o ponto de vista ambiental. A fabricação de móveis é relacionada, geralmente, com o uso de madeiras nobres, que são principalmente de origem nativa, ocasionando o principal aspecto negativo na produção de móveis em nosso país: a exploração ilegal e depredatória de nossas florestas. As empresas dos segmentos de chapas e painéis de madeira possuem 10% das florestas plantadas no Brasil, e o consumo desses materiais crescem mais que o PIB brasileiro, o que demonstra a grande aceitação do produto pelo mercado consumidor. No entanto, os móveis produzidos a partir de madeira nativa possuem maior valor agregado, tendo grande aceitação do mercado externo e maior participação no PIB nacional do que os móveis a partir de florestas plantadas. Usinar a madeira não é somente cortá-la, mas produzir uma forma desejada quanto às dimensões e à qualidade da superfície, sendo, ainda hoje, o estudo de madeiras nativas destinadas

ao segmento moveleiro de fundamental importância para o setor para que consigamos melhor aproveitamento da matéria-prima, e com melhor qualidade no produto de madeira maciça, custo reduzido e avanço no manejo sustentável. Quando a madeira é destinada à fabricação de móveis, assoalhos, esquadrias e outros usos que demandam alta qualidade da superfície, a usinagem bem executada melhora o seu desempenho perante os processos de acabamento superficial, tornando a operação economicamente ajustada. Portanto, vale salientar a abertura de grandes mercados consumidores de produtos mobiliários no exterior, como os Estados Unidos, e a competitividade revelada pelos rendimentos de escala da indústria em países mais distantes, como a China, que se apresenta como a principal concorrente mundial do setor. Dentro dos ensaios de usinagem, o torneamento é um dos processos mais difíceis, sendo utilizado para fabricação de peças cilíndricas. Ele opera fazendo girar uma peça presa a uma placa (peças curtas e grossas) ou fixada entre pontas (peças longas e finas), enquanto uma ou diversas ferramentas de corte são pressionadas em um movimento regulável de avanço de encontro à superfície da peça, removendo material de acordo com as condições técnicas adequadas. Devem-se levar em consideração alguns aspectos para um melhor resultado durante o processo de torneamento, como a densidade da madeira, o uso da ferramenta correta, assim como a velocidade de corte adequada durante o processo e as condições da máquina utilizada. Um bom operador de torno também é fundamental, visto que o torno uti-

24


lizado muitas vezes é manual, e o marceneiro é quem faz as peças, utilizando uma faca (formão) apropriada para realizar entalhes na madeira. Além do torneamento, existem outros ensaios que aferem quanto à qualidade da madeira, como os testes de lixa, plaina, rasgo, fendilhamento por pregos e furação. Através de um trabalho de pesquisa avaliou-se o comportamento da madeira frente a diferentes processos de usinagem em cinco espécies de madeira nativa, analisando-as segundo procedimentos normativos orientados pela norma americana ASTM D-1666-87 e orientar quanto ao direcionamento de usos. Foram utilizadas peças de madeira de cinco espécies nativas. As espécies foram o angelim (Andira anthelmia), a canela

(Anila firmula), o cedro (Cedrela fissilis), o ipê amarelo (Tabebuia alba) e a muiracatiara (Astronium lecointein). As amostras foram levadas para o Laboratório de

Processamento de Madeiras - LPM, do Departamento de Produtos Florestais, do Instituto de Florestas, onde foram retrabalhadas para obtenção de corpos-de-prova

25

com dimensões padrão de 30cm x 12cm x 2,5cm. Para cada espécie foram confeccionados 10 corpos-de-prova em duplicata, totalizando 50 amostras. As amostras beneficiadas foram utilizadas para a condução dos testes de usinagem da lixa, plaina, furação para cavilha e dobradiça e fendilhamento por pregos, seguindo os procedimentos descritos na publicação da norma americana ASTM D-1666-87. Após a realização de cada teste, os corpos-de -prova foram avaliados segundo um critério de notas de 1 a 5, em que 1 significou amostras sem defeitos, e 5 significou peças com 100% de defeitos; as demais notas foram dadas conforme a intensidade dos mesmos. As peças foram classificadas quanto à presença ou ausência de defeitos.

Usinagem

Revista da Madeira


Usinagem As peças foram torneadas seguindo um padrão de utilização da mesma ferramenta até apresentarem o contorno bastante próximo ao descrito na norma. A avaliação levou em consideração os defeitos denominados grã felpuda; grã arrancada e superfície enrugada . Normalmente a densidade aparente da madeira é determinada quando a amostra se encontra no estado de umidade de equilíbrio com o ambiente, sendo importante a identificação deste teor de umidade, pois são nas condições ambientais que normalmente são conduzidos trabalhos nas indústrias moveleiras. Analisando os resultados, observa-se que o ipê possui a maior densidade aparente, caracterizando uma madeira pesada. A trabalhabilidade da madeira demonstrou-se difícil, dificultando a realização de alguns testes. Por outro lado, o cedro obteve a menor densidade aparente, caracterizando uma madeira mais macia e leve. As densidades encontradas para o angelim e a canela apresentaram resultados bastante aproximados. Observou-se que cedro obteve o maior teor de umidade, e o ipê menor média para este parâmetro. No teste de torneamento, a espécie

que apresentou o melhor resultado foi o ipê, conseguindo nota mínima e apresen-

tando a superfície isenta de defeitos. A canela também apresentou desempenhos

satisfatórios para este ensaio, com pequenos defeitos; pode-se considerar que esta espécie apresentou um desempenho no teste de torno praticamente sem defeitos, assim como a espécie de ipê. As espécies

de angelim e muiracatiara possuíram desempenhos semelhantes. Já o cedro apresentou um resultado muito inferior, possivelmente devido à enorme quantidade

26

de grã arrancada e grã felpuda encontrada nas peças, além das extremidades quebradas, podendo ser atribuídas a sua menor densidade aparente. No teste de lixamento, todas as espécies receberam notas máximas, ou seja, não apresentaram nenhum tipo defeito. Os corposde-prova de canela foram os que obtiveram melhores resultados no teste da plaina em relação às outras espécies, tendo como único defeito apresentado a presença de leves marcas de cavaco. Por outro lado, o ipê obteve o pior resultado, apresentando o maior índice de defeitos no teste da plaina. Observou–se maior intensidade na presença de grã felpuda e grã arrancada em relação à maioria das outras espécies. trabalhando com mogno africano, espécie que vem substituindo substancialmente o mogno brasileiro, encontrou 83% e 87% de notas 1 para ensaios de plaina e lixa respectivamente. As espécies aqui avaliadas receberam melhores resultados com relação ao mogno africano, que já é uma madeira consolidada no segmento moveleiro, surgindo como potenciais matérias-primas. Na furação para cavilha todas as espécies apresentaram resultados satisfatórios.



Usinagem Em relação a presença de grã levantada, a muiracatiara apresentou o melhor resultado, enquanto o cedro apresentou grande intensidade do defeito na maior parte dos furos, determinando assim o pior entre as espécies. De acordo com a análise dos resultados, para o ensaio de furação para dobradiça os corpos--de-prova do ipê obtiveram o menor índice de defeitos, apresentando apenas uma leve intensidade de grã felpuda. Por outro lado, o cedro apresentou média intensidade de grã arrancada e alta intensidade de grã felpuda e marcas de cavaco. Para melhoria dos resultados de furação, a velocidade de corte e a densidade da madeira são as principais variáveis a serem observadas visando melhorias no processo. No teste do rasgo, observa-se que a muiracatiara obteve melhor resultado, inclusive não apresentando nenhum de-

feito em corpo-de-prova. Por outro lado o cedro apresentou grande intensidade de grã felpuda, recebendo notas mínimas no

teste. Por meio dos ensaios de usinagem, pôde-se concluir que: Dentre todas as espécies, a que apresentou melhor resultado geral foi a muiracatiara, demonstrando grande aptidão para confecção de móveis, portas e esquadrias. O cedro obteve os piores resultados frente aos testes de usinagem. Já a madeira de ipê pode ser utilizada

pela indústria moveleira, na fabricação de móveis ou de seus componentes, visto que o seu desempenho no teste de torno foi excelente. Pode-se associar a densidade com o desempenho da madeira no teste de torno, visto que a espécie de ipê, que foi a melhor avaliada no teste, também teve o maior valor de densidade aparente, e a espécie de cedro, com o pior desempenho no teste de torno, foi a que apresentou o menor valor de densidade aparente. RM Ananias Francisco Dias Júnior

Escola Sup. de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP

Alexandre Monteiro de Carvalho

Dr. do Departamento de Produtos Florestais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Pablo Vieira dos Santos Marcelly Alves da Silva

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Florestais

Machining of Brazil native wood species

B

ased on physical and mechanical features, as well as transformability with energy-efficient simple machines, wood becomes a rather competitive material in relation to other materials to manufacture furniture. Add to this, decorative aspect (with color variations that suit the most varied projects) and a feeling of comfort transmitted to users. The characteristic that makes wood stand out from other materials is the possibility of sustained production with considerable capture of CO2, thus becoming an important element from an environmental viewpoint. Furniture manufacturing is generally related to use of native fine woods, a fact that shows the major negative aspect in furniture production in our country: illegal and predatory forest exploitation. Companies responsible for wood blocks and panels own 10% of forests

planted in Brazil. The consumption of those two materials hikes more than the Brazilian GDP, thus showing great acceptance on the part of the consumer market. However, pieces of furniture manufactured with native wood have higher value added, with great foreign market acceptance and large involvement in the GDP than furniture pieces made with wood from planted forests. Machining wood is not only about cutting it, but about producing a desired form as to dimensions and surface quality. In this regard, nowadays, the study of native woods designated for the furniture sector is of the essence for better use of raw materials, including better quality of hardwood products, reduced costs and progress on sustainable management. When wood is designated for furniture manufacturing, parquet floors and studs, and other uses

28

requiring high surface quality, wellconducted machining enhances performance over surface finishing processes, thus adjusting the operation in economic terms. Therefore, it is important to highlight the opening of large furniture consuming markets abroad, like the US, and competitiveness revealed by returns to scale of the furniture industry in more distant countries such as China, which is seen as the sector’s major competitor worldwide. During machining tests, turning is one of the hardest processes, as used to manufacture cylindrical pieces. It consists in making rotate a piece bonded to a board (short and thick pieces) o fixed between centers (long and fine pieces), while one or various cutting tools are pressed with adjustable movement until advancing into the piece surface, removing material according to proper technical conditions. RM



Não será difícil para o Brasil atender as resoluções da COP-21, uma vez que nossa matriz energética tem 42,5% de energia renovável. Além disso, sabe-se que o Brasil é o país que tem as melhores condições edafoclimáticas para plantios de florestas comerciais, ou seja, em nenhum lugar do mundo as florestas crescem tão rápido. É aqui que entra os nossos pellets para energia porque temos madeira e resíduos agroflorestais de sobra. Por enquanto a produção nacional de pellets é muito pequena e insignificante diante dos maiores produtores mundiais. Dados de 2014 revelam que a participação do Brasil na produção mundial é inferior a 0,5% do total (ver Tabela). O Brasil conta com 13 indústrias que produziram, em 2015, cerca de 75 mil toneladas de pellets de madeira. Mas, com as demandas internacionais em alta, já existem cinco novos empreendimentos (COSAN Biomassa, FORESPEL Energia Renovável, TANAC Pellets, BRASIL Pellets e Energy América Brasil) que prometem quadruplicar essa produção nos próximos anos. Do ponto de vista ambiental, nossa matriz energética vai bem, obrigado. No entanto, olhando pelo lado do desenvolvimento econômico, podemos evoluir aproveitando-se de nossas condições climáticas favoráveis, valorizando nossos recursos florestais e, sobretudo, aproveitando melhor as oportunidades que surgem do comércio internacional de pellets. Sabemos que as possibilidades de exportação são reais, apesar do fator “custo Brasil” ser um desafio que precisa ser superado. Portanto, sabemos que os wood pellets são benéficos para o meio ambiente, como os países presentes na Convenção do Clima desejam, porque eles são fontes de energia renovável e sustentável. Mas, economicamente, é ainda melhor para o Brasil e suas empresas, porque enfim, deixará de ser coadjuvante e se tornará uns dos principais players deste segmento RM nos próximos anos!

O

acordo firmado por mais de duzentos países na Convenção do Clima de Paris (COP-21), em dezembro de 2015, reforçou a necessidade de substituição das fontes esgotáveis e poluidoras (derivados do petróleo) por outras que sejam renováveis e sustentáveis. Ao ratificar o documento, os chefes de estado presentes na Conferência sabiam que o desafio de manter o aquecimento global abaixo de 2ºC exige empenho, pois a questão deixa de ser formalidade ambiental e passa a ser uma questão de desenvolvimento econômico. Reino Unido, Japão, China e Estados Unidos precisam modificar suas matrizes energéticas e buscar fontes de energia de baixo carbono. Esse momento energético histórico mundial é propício para o desenvolvimento do mercado de pellets produzidos a partir de biomassa agroflorestal como o bagaço de cana, serragem e maravalha de madeira. Os pellets são biocombustíveis sólidos que tem baixo teor de umidade e elevado poder calorífico que proporciona maior eficiência na combustão. É um produto natural de fácil manuseio e estocagem, devido a sua densidade e ao seu formato cilíndrico, ideal para automatização de processos industriais de queima. Por conta da intensa comercialização internacional, os pellets já são considerados commodities e os consultores de mercado estão otimistas com esse novo cenário de busca por fontes de energia de baixo carbono. Em 2012, a demanda global por wood pellets era de 14 milhões de toneladas. Os especialistas estimam para 2020 que o consumo de biocombustíveis sólidos na forma de pellets deve triplicar.

Dorival Pinheiro Garcia Engenheiro Industrial, Fundador da ABIPEL e Consultor no Mercado de Wood Pellets

30



Assim sendo, de forma geral, os investidores/ plantadores arrendam ou compram frações de áreas e contratam uma empresa especializada, que cuidará das operações técnicas de implantação e manejo da floresta. Este tipo de economia compartilhada forma e fortalece um pólo produtivo, que facilita desde a compra de insumos até a negociação e escoamento da madeira produzida, objeto final dos condomínios e de seus derivados, oriundos dos desbastes ao longo do ciclo da floresta. No Mogno Africano, o ciclo para obtenção final da madeira serrada “madura” varia entre 16 e 21 anos. Isso não quer dizer que o retorno do investimento aconteça somente após este período, uma vez que parte do retorno acontece em períodos de desbastes, que são realizados no 4º e 7º ano, com a extração de madeiras mais jovens.

Revista da Madeira

A

lém do contínuo aprimoramento por meio de pesquisas e experimentos florestais sobre o manejo de Florestas de Mogno Africano, o setor de florestas plantadas nobres vem procurando por soluções e opções quanto as formas de se realizar investimentos em Florestas de Mogno Africano. Neste contexto de transmissão de conhecimento, já ocorrem importantes eventos no Brasil e no mundo de capacitação para empreendedores interessados em investir e entender sobre o manejo da espécie, a exemplo do Workshop Internacional Mogno Africano, promovido pelo Instituto Brasileiro de Florestas com o apoio de várias empresas do segmento. Com surgimento de novos modelos econômicos, uma modalidade na qual o investidor não precisa se preocupar com os aspectos técnicos das operações pré, plantio e pós plantio, é comumente denominado de “Condomínios de Florestas Nobres”. Os Condomínios florestais são alternativas de economia compartilhada. Nestes casos, os plantios acontecem em áreas contínuas arrendadas, sendo destinada exclusivamente para tal fim e pelo período determinado das obrigações técnicas e finalização do cronograma.

Neste início de segundo semestre de 2016, o Diretor de Desenvolvimento do IBF, Higino Martins Aquino Júnior, participou de 2 importantes eventos do setor florestal: Carrefour International Du Bois (França) e KWF-Tagung (Alemanha). Além disso, esteve presente em missões empresariais também em Zurique (Suíça) e Sindelfingen, Stuttgart, Freiburg e Roding (Alemanha), e relata que este modelo de negócio já vem ocorrendo de forma muito profissional, já há mais de 10 anos. Higino cita que empresas europeias que realizam investimentos florestais na América do Sul, como a Wood Source (operações no Panamá) e a Share Wood (operações no Brasil), têm investido através da formação de grupos de plantadores no formato de condomínios. Vale-se citar que condomínios com utilização de Mogno Africano possuem rendimentos superiores devido ao valor agregado da madeira, em comparação aos tradicionais eucaliptais, por exemplo, e tem uso comercial extraordinário devido às suas características tecnológicas e à beleza da madeira. É utilizada na indústria moveleira, faqueados, construções navais e em sofisticadas construções e acabamentos de alto padrão, além de ser matéria prima exclusiva na fabricação de instrumentos musicais e peças especiais. No Brasil, dentro do contexto de Condomínios Florestais de Mogno Africano, destaca-se as ações da IFA Germany, sediada em Stuttgard que visa viabilizar a implantação de Florestas oriunda de investidores europeus. A IFA trabalha com modelos de parcerias com enfoque na eficiência e sustentabilidade, capazes de atender a exigência do rigoroso mercado internacional. Nos projetos florestais para produção de madeira nobre são utilizados entre 1.200 e 2.000 árvores por hectare, a serem abatidas ao longo dos anos. Este ciclo de desbaste relaciona-se ao

32


Revista da Madeira empresa especializada. Atualmente o investimento médio para implantar 1 hectare de Mogno Africano está em torno de 20 mil reais, e após isso há um investimento médio de outros 20 mil reais distribuídos ao longo dos anos para as manutenções. RM Thiago Shoiti Iida Departamento de Projetos Instituto Brasileiro de Florestas

Noble Forests Comdominium as an new alternative

I

n addition to continuous improvement through research and forest experiments on the management of African Mahogany forests, the noble planted forest sector is looking for solutions and investment options in African Mahogany. With the emergence of new economic models, a model which the investor doesn´t need to worry about the technical aspects of pre operations, planting and post planting, is commonly called “Noble Forests Comdominium”. Noble Forests Comdominium is an alternative to “Sharing Economy”. In these

cases, the plantations occur on leased continuous areas, and is intended solely for that purpose and period determined according to technical requirements and completion schedule. Thus, in general, investors lease or buy fractions of areas and hire a specialized company that will take care of the technical operations of deployment and management of the forest. The investor is also responsible for looking for investors interested in the acquisition of wood, final object of condominiums and their derivatives.RM

Plantios

adensamento do plantio (3m x 2m). Devido ao tal modelo de espaçamento as árvores se desenvolvem com fuste retilíneo e não cônico, o que acontece em espaçamentos maiores. Os desbastes são necessários por alguns motivos: • Formação • Colheita de volumes comerciais que seriam perdidos; • Aumento do incremento diamétrico do estoque remanescente; • Controle da renda e investimentos durante a rotação; • Melhoria da qualidade do produto final; • Ciclagem de nutrientes no sistema florestal; • Oportunidade para preparar as próximas colheitas, tais como: seleção de árvores, abertura de acessos para máquinas,

entre outros; • Redução de dano ou destruição por insetos, doença, fogo ou vento. Em investimentos em condomínios florestais, o investidor deve acompanhar o processo de implantação e manejo, porém, não precisa se preocupar com os aspectos técnicos, que é de responsabilidade da




pecializadas, em momentos definidos da obra, e de forma independente. Construções residenciais de até dois pavimentos que utilizam o sistema wood frame são mais econômicas. Além disso, o custo de produção de uma casa em wood frame é superior ao da alvenaria tendo-se em vista o tipo de mão de obra e materiais utilizados. Observa-se ainda que o sistema wood frame está sendo implantadado no Brasil e, por isso, a produção anual de casas que utilizam esse sistema ainda é muito baixa. Atualmente no Brasil, existem algumas empresas interessadas na construção de casas de madeira com implantação definitiva do sistema wood frame. Em países da América do Norte, Ásia e Europa, como Canadá, EUA, Japão e Alemanha, sistemas de casas em wood frame são amplamente adotados. A tecnologia desenvolvida pelos alemães, por exemplo, consiste na industrialização dos painéis de parede, de piso e cobertura, com alto controle de qualidade e possibilita a construção de casas com mais de 200 m2 em apenas 60 dias, sendo necessário apenas um único dia para montagem da casa. Na América do Sul, países como o Chile e Venezuela investem com sucesso na indústria de casas populares com 40 a 65 m2, e que também utilizam painéis wood frame, além de treliças de telhado pré-fabricadas. A melhor explicação para a ampla utilização desse sistema em países onde a mão de obra é considerada muito cara é a otimização da gestão da produção com alto controle de qualidade. A pré-fabricação do sistema em ambiente industrial permite que várias atividades sejam executadas simultaneamente tendo como conseqüência a redução de prazos de entrega e custos. Embora a madeira esteja entre os materiais de construção mais antigos e atuais em todo o mundo, a utilização desse material como elemento estrutural no Brasil ainda é cercada de muito desconhecimento e atrelada a idéias errôneas como a de que se construir com madeira implica necessariamente no desmatamento de áreas verdes preservadas. Vale lembrar que a madeira foi muito utilizada nas construções por arquitetos em meados do século XX, mas a partir da década de 1970 essa tecnologia começou a se perder espaço no Brasil devido a inserção maciça das estruturas de concreto, e conseqüentes imposições de mercado, enquanto que no resto do mundo as estruturas de madeira continuaram evoluindo. A dificuldade de visualizar a madeira como solução interessante para a construção de casas não deixa de ser paradoxal no Brasil. A indústria de reflorestamento nacional é uma das mais competitivas do mundo e há uma enorme disponibilidade de áreas de reflorestamento no país. É importante frisar que a madeira, quando bem utilizada, consiste num material competitivo com outras alternativas de construção. Além disso, quando falamos em construções leves que envolvem estruturas de madeira nos referimos a um sistema construtivo baseado exclusivamente no uso de madeiras de reflorestamento que é extremamente

Revista da Madeira

O

sistema construtivo tem evoluído em todo o mundo. Uma casa ideal deve ser confortável, segura, resistente a desastres, durável, eficiente e, sobretudo, sustentável. No entanto, embora nas últimas décadas tenham sido alcançados grandes avanços tecnológicos no que se refere ao conforto, desempenho e novos materiais dos sistemas de moradias, ainda no Brasil, se utiliza o mesmo sistema construtivo do descobrimento do país. Sendo assim, os esforços para melhorar as condições dos sistemas de moradia têm que continuar. Os avanços nesta área exigem não só o desenvolvimento de pesquisas aplicadas, mas também a transferência de tecnologias no sentido de passar o conhecimento adquirido à prática. As casas préfabricadas vem incorporando nos últimos dez anos novos materiais e novas tecnologias, principalmente devido às experiências no setor de habitação popular. Observou-se que uma infinidade de soluções passou do papel para o canteiro de obras, mas muito poucas realmente triunfaram. Isso porque, para entrar nesse mercado, é necessário que o sistema pré-fabricado apresente baixo custo, boa qualidade e, principalmente, se adéqüe aos sistemas de financiamento existentes no Brasil. O wood frame para casas consiste num sistema construtivo industrializado, durável, estruturado em perfis de madeira reflorestada tratada, formando painéis de pisos, paredes e telhado que são combinados e/ou revestidos com outros materiais, com a finalidade de aumentar os confortos térmico e acústico, além de proteger a edificação das intempéries e também contra o fogo. Nos EUA a tecnologia wood frame é utilizada em 95% das casas construídas. O sistema wood frame permite a construção de casas de até cinco pavimentos com total controle dos gastos já na fase de projeto devido à possibilidade de industrialização do sistema. A madeira é utilizada, neste caso, principalmente como estrutura interna de paredes e pisos, proporcionando uma estrutura leve e de rápida execução, pois os sistemas e subsistemas são industrializados e montados por equipes es-

36


racionalizado. A madeira é único material de construção renovável, que demanda baixo consumo energético para produção, e seqüestra carbono da atmosfera durante o crescimento da árvore. Apresenta ainda fácil trabalhabilidade, excelente desempenho térmico (absorve 40 vezes menos calor que a alvenaria de tijolos) e acústico, além de elevada relação resistência/ peso, o que faz da madeira um material adequado para a industrialização de elementos no sentido de facilitar o transporte das peças e posterior montagem na obra. Somadas a todas essas vantagens, no Brasil, os projetos com estruturas baseadas em wood frames têm utilizado como matéria prima o pinus e, em menor quantidade o eucalipto, ambas espécies de reflorestamento, e que apresentam crescimento rápido. Há preferência pelo pinus por sua elevada permeabilidade ao tratamento em autoclave, fundamental para evitar o ataque de organismos xilófagos. Observa-se também que, de uma maneira geral, a tecnologia tem ampliado a gama de novos produtos derivados da madeira, seja em diferentes formas, ou na combinação com outros materiais, associada à busca de benefícios ambientais, mas sempre visando o melhor desempenho do produto para o fim a que se destina.

No que se refere à construção de casas de madeira, a principal restrição em termos legais, deve-se, principalmente, ao risco de incêndio e esta foi introduzida na lei a mais de meio sé-

culo, numa época em que não havia recursos como materiais retardantes, pinturas intumescentes e aditivos antichama. Em termos estruturais, quando comparada a outros materiais, também utilizados em construção como, por exemplo, o concreto e o aço, a madeira apresenta um excelente comportamento em situação de incêndio. Elementos estruturais de madeira, quando expostos ao fogo, carbonizam primeiramente seu perímetro externo, ficando o interior da madeira praticamente intacto. De uma maneira geral, a principal preocupação dos órgãos normativos com a ocorrência de incêndio não está ligada ao interesse de preservar o patrimônio, mas sim de garantir que a edificação permaneça com sua capacidade resistente preservada por um período de tempo suficiente para garantir a total evacuação das pessoas. A principal preocupação, neste caso, é a de preservar a integridade física do ser humano. A questão da perda como patrimônio pode ser facilmente garantida por meio de contratos e seguros. Normas O sistema de construção de casas de madeira em wood frame tem sido pesquisado nos EUA desde 1910. Nessa época, alguns documentos foram publicados pelo FPL para orientar proprietários de imóveis e também os

Casas de Madeira

Revista da Madeira


Revista da Madeira

Casas de Madeira

construtores interessados na utilização deste sistema. Porém, com a necessidade de reunir documentos, até então isolados, numa única publicação, o FPL publicou em 1955 (edição revisada em 1989) o primeiro manual completo de construção . Este manual rapidamente se popularizou entre instituições educacionais, profissionais da construção madeireira e, desde então, tem sido cada vez mais utilizado. O manual apresenta os princípios para a construção de casas de madeira em wood frame, com procedimento de construção passo a passo, desde a sua concepção até a estrutura completa, além de sugestões para selecionar os melhores materiais para a construção de uma boa casa. O dimensionamento de painéis estruturais em wood frame pode ser feito a partir dos critérios estabelecidos pela norma americana WFCM 2001 e também pelas normas européias DIN 1052 (1998) e EUROCODE 5 Parte 2 (1997), que consideram as diversidades climáticas e sísmicas de cada região. De forma simplificada, o dimensionamento dessas estruturas considera que as paredes e pisos têm comportamentos de placa ou chapa, recebendo cargas tanto no seu plano quanto perpendicular a este. Para o dimensionamento das peças estruturais individuais de madeira pode-se utilizar os critérios estabelecidos pela norma brasileira de madeiras NBR 7190/1997. A norma americana LRFD contém os fatores de ajustes, dimensões, valores de resistência e outras referências requeridas para o projeto estrutural dos painéis. A concepção do sistema wood frame em ambiente industrial reduz significativamente os desperdícios, que são altamente impactantes nos sistemas de construção tradicio-

nais. Em boa parte das casas industrializadas em wood frame, o único elemento moldado in-loco é de fundação. O ganho de produtividade, neste caso, está vinculado também à dinâmica da obra limpa e seca e a facilidade de manuseio dos elementos estruturais (frames de madeira) e de fechamento (chapas de OSB e placas cimentíceas) que demandam menos esforços dos operários. É importante salientar também que é preciso desvincular a idéia de sistema industrializado com construção padronizada. Ao contrário do que ocorreu com a introdução de outros sistemas construtivos industrializados, o wood frame é disponibilizado como uma opção construtiva que permite a execução de qualquer tipo de projeto desde casas populares até construções com alto padrão de acabamento. A única limitação fica por conta da altura das construções que, no Brasil, assim como em todo o mundo, essa tecnologia construtiva só pode ser utilizada em prédios com no máximo cinco pavimentos. No entanto, as estruturas em frame podem ser executadas na indústria ou in loco. Nesse

38

sentido, os países que utilizam a tecnologia em wood frame para casas apresentam diferentes formas de aplicação do sistema. A diferença entre o sistema alemão (que se assemelha ao chileno) e o fabricado nos Estados Unidos (que também é aplicado no Brasil), por exemplo, é a industrialização completa do sistema. Além disso, no Brasil é recomendada a utilização de madeira tratada em toda a estrutura. Contudo, no Brasil, os métodos tradicionais estão lentamente dando lugar aos sistemas industrializados de construção. Etapas construtivas



Revista da Madeira

Casas de Madeira

A fundação deve ser escolhida em função das cargas de projeto e do tipo de solo existente. Em alguns países que possuem inverno rigoroso, a fundação das casas em wood frame é composta por estruturas subterrâneas de paredes, tecnicamente chamadas de “basement wall”, que formam compartimentos abaixo do nível do solo (com pelo menos 60 cm), e estes servem para aumentar a temperatura das casas, pois nesta cota o congelamento não afeta o conforto térmico dos cômodos subterrâneos. Essas dimensões levam em consideração, além de outros fatores, a ventilação no compartimento subterrâneo. Essa técnica é usada principalmente pelos norte-americanos. O basement wall sustenta cargas de piso,

paredes, telhados e outras cargas da construção, e pode ser construído tanto em madeira como também em concreto, sendo o concreto mais utilizado. Neste tipo de fundação também é muito comum a utilização de vigas de madeira com seção I sobre o basement wall para a sustentação e distribuição das cargas provenientes da edificação. A transmissão das cargas verticais, neste caso, acontece de forma não concentrada o que torna a fundação uma etapa bastante rápida e econômica. A estrutura principal utilizada nas casas em wood frame é de madeira e distribui as cargas ao longo das paredes. Pelo fato da estrutura sobre a fundação ser leve e com cargas distribuídas ao longo das paredes, uma boa solução para a fundação é o radier ou ainda a sapata corrida. Em países com clima tropical como o Brasil a utilização de basement wall também pode ser muito interessante para garantir o contorto térmico da edificação, principalmente daquelas construídas em regiões muito quentes. Com relação aos pisos, nos pavimentos superiores das casas em wood frame são utilizados decks constituídos por chapas de OSB apoiadas sobre vigas de madeira geralmente com seções retangulares ou I (com mesas formadas por madeira maciça ou LVL e alma de OSB ou compensado). A utilização de vigas I, neste caso, é interessante, pois proporcionam pisos leves e eficientes, que resistem aos esforços de flexão decorrentes das ações de peso próprio e acidentais. As ligações coladas (com resinas estruturais) entre a alma e as mesas da viga I, neste caso, são rígidas e, com isso, o deck, ao receber as cargas, que são perpendiculares ao seu plano, apresenta pequenos deslocamentos. Além disso, sobre o deck de madeira utilizam-se revestimentos de carpetes ou pisos engenheirados com manta intermediária para garantir a isolação acústica.

40

A chapa de OSB que compõe o deck funciona, neste caso, como contrapiso. Além disso, nas áreas úmidas utilizam-se chapas cimentíceas coladas diretamente sobre contrapiso de OSB, sendo que sobre as chapas cimentíceas aplica-se, por pintura, uma impermeabilização do tipo membrana acrílica impermeável. Nas juntas entre as placas cimentíceas, bem como nos cantos com as paredes, aplica-se fibra de vidro com estruturante. Sobre a impermeabilização coloca-se o piso frio com argamassa colante. As paredes são compostas por montantes verticais de madeira, dispostos em consonância com painéis de OSB. As ligações entre os elementos estruturais no painel são efetuadas pela utilização de pregos, sendo que estes elementos metálicos de fixação devem necessariamente ser galvanizados, uma vez que deverão ter longa vida de serviço. Em alguns países como, por exemplo, no Chile são utilizados grampos para fixação entre os elementos que compõem o painel. É importante esclarecer que existe, principalmente no Brasil, o preconceito de que construir com madeira e pregos implicada num processo primitivo e de baixa qualidade. Nos países em que a madeira é bastante utilizada o prego é considerado ótimo recurso para fixação. Para as aberturas de portas e janelas os montantes que se encontram nestas regiões


devem ser deslocados lateralmente, mas nunca eliminados. Para evitar a necessidade de ar condicionado e minimizar o uso de energia elétrica, deve ser, sempre que possível, elaborado um projeto arquitetônico que facilite a ventilação e a iluminação natural. O piso superior da edificação é apoiado nas paredes, que solicitam os montantes na direção paralela às fibras e estes descarregam os esforços no pavimento inferior ou fundação. Devido à rigidez das paredes e pisos nos seus planos o wood frame tem grande capacidade de resistir aos esforços de vento. Essa parede transfere os esforços para os pisos superior e inferior que receberão esses esforços como carga distribuída. Admite-se, neste caso, por simplificação, o piso como sendo uma viga horizontal submetida ao esforço de flexão transferido pela parede. A cortante que surge nesta viga deve ser resistida pelo conjunto formado pelas chapas de OSB e as vigas que compõem o piso. A ligação entre esses elementos são definidas em função dessa cortante. Essa viga horizontal de piso distribui as cargas nas paredes laterais que deverão ser dimensionadas pelo cisalhamento e por isso são chamadas de shear wall. O sistema elétrico e hidráulico pode ser idêntico ao de uma construção convencional, mas em comparação com as construções com alvenaria o uso de paredes agrega praticidade e agilidade à construção em eventuais reparos ao permitir embutir as instalações nos vãos internos aos montantes. Revestimentos podem ser utilizados tanto dentro quanto fora da casa. As paredes externas, por exemplo, podem ser revestidas com sidings de aço, madeira e PVC, desenvolvidos especificamente para este sistema, mas também podem ser utilizados outros tipos de materiais como placas cimentíceas que dão um acabamento semelhante ao da alvenaria, além de tijolos aparentes e argamassa armada. O sistema de contraventamento vertical da edificação é feito com a fixação de placas de OSB nas faces externas das paredes. Assim as paredes em wood frame funcionam também como um sistema de contraventamento (ação diafragma). Sobre as paredes do último piso da edificação são, geralmente, posicionadas treliças

industrializadas de madeira com conectores do tipo chapas de dentes estampados. Dependendo do tipo de telha utilizada, o espaçamento entre as treliças pode variar entre 60

cm e 120 cm . A partir da utilização de treliças industrializadas é possível reduzir o peso da cobertura em até 40%, pois as seções dos elementos que a compõem são de pequenas dimensões (3 cm x 7 cm). No sistema de wood frame normalmente a madeira utilizada é o pinus. A madeira de pinus, por ser conífera é mais leve, não apresenta cerne e seu lenho é totalmente perme-

ável ao tratamento preservante, o que não ocorre com a maioria das madeiras nativas brasileiras e com o eucalipto que são folhosas. O tratamento mais recomendado para wood frame é aquele feito em autoclave com produtos hidrossolúveis, sendo que estes tornam a madeira imune ao ataque de fungos e cupins. A exposição direta da madeira aos fatores ambientais, em razão do uso da madeira sem um tratamento adequado, permite o ataque

41

biológico de insetos e microorganismos, comprometendo a segurança das construções de madeira. O sistema em wood frame tem sido o mais utilizado no mundo para a construção de casas de madeira e o Brasil é visto como um mercado promissor pelas condições favoráveis e por ser um mercado carente de soluções sustentáveis. Atualmente existem no Brasil mais de 50 profissionais, formadores de opinião, representantes de associações e empresas do setor madeireiro, construtivo, acadêmico, financeiro e tecnológico mobilizados para implantação desse sistema no país. No sul do Brasil já existem empresas que firmaram parcerias para o desenvolvimento de matéria prima, componentes e projeto com capacidade para produzir casas de 70 m² a 280 m² destinadas ao mercado médio e de alto padrão. Existem também empresários brasileiros que trabalham individualmente com construção em madeira determinados a implantar o wood frame de forma fundamentada, organizando frentes de trabalho para discutir a divulgação do sistema construtivo e sua padronização, de acordo com a realidade nacional de clima e mercado. A implementação do sistema do wood frame no Brasil depende diretamente da diferenciação do sistema leve em relação aos modelos adotados anteriormente de casas de madeira com estruturas mais pesadas. Não se trata da construção de casas de madeira, mas sim de casas de alta tecnologia e sustentáveis produzidas com controle de qualidade e todas as vantagens do sistema wood frame como velocidade, flexibilidade, conforto térmico e acústico, preço e sustentabilidade. É de fundamental importância a urgente conscientização e educação de engenheiros e arquitetos da necessidade e potencial da utilização deste sistema construtivo no Brasil para casas e as metas a serem alcançadas para esta finalidade, além da criação de centros de formação de treinamento de mão de obra projetistas e arquitetos. RM Julio Cesar Molina Doutorando do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC/USP

Carlito Calil Junior

Professor Titular do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC/USP.

Casas de Madeira

Revista da Madeira


Casas de Madeira

Wood frame houses

Revista da Madeira

C

onstruction systems have evolved worldwide. The ideal dwelling must be comfortable, safe, disaster resistant, durable, efficient and, especially, sustainable. Even though in recent decades, great technological advances have been made in connection with comfort, performance and new materials used in housing systems, Brazil still turns to the same construction system. Wood frame for houses consists of a longlasting industrialized construction system, structured in profiles of treated reforested wood, forming floor panels, walls and roofs combined with and/or covered with other materials, in order to increase thermal or acoustic comfort, and to protect buildings from the elements or fire. In the United States, wood frame technology is used in 95% of housing construction. The wood frame system allows building houses of up to five floors, under total cost control during the project implementation due to the possibility to industrialize the system. Wood is used, in this case, mainly as internal structure of walls and floors, providing a light structure of quick execution, as systems and subsystems are industrialized and installed by skilled teams, at certain points during construction, and independently. Two-floored residential buildings which use wood frame system are more inexpensive. In addition, production cost of a wood frame house is higher than that of masonry upon considering labor type and materials used. The wood frame system is still being implemented in Brazil, hence annual

housing production under such system remains very low. Currently in Brazil, there are some

companies interested in building wooden houses using wood frame system permanently. In some countries of North America,

Asia and Europe like Canada, the United States, Japan and Germany, respectively, wood frame system in houses is widely used. The technology developed by Germans, for instance, has to do with industrialization of wall panels, floors and cladding, with high quality control. This technology is helpful to build houses with more than 200 m2 in only 60 days, being hardly one day enough to put up a house.

42

Prefabrication of the system in industrial environments let several activities be carried out simultaneously, thus reducing delivery deadlines and costs. Wood is the only renewable building material that demands low power consumption for production and it sequestrates carbon from the atmosphere during tree growth. Wood is workable, with excellent acoustic and thermal performance (absorbs 40 times less heat than brickwork), as well as high resistance/weight ratio. These features make it be a material ideal for industrialization of elements as to facilitate transport of pieces and subsequent installation. Add to these advantages, wood frame projects in Brazil have used as raw material pine and, in smaller amounts, eucalyptus. Pine wood is preferred by its high permeability to autoclaving, which is of the essence to prevent attacks by woodeating organisms. It is observed that technology has widened the range of new wood-based products, whether in different forms or in combination with other materials, associated to the pursuit of environmental benefits, yet always aimed at better product performance for the designated purpose. As for wooden houses construction, the main limitation in legal terms is primarily due to fire hazard. This restriction was included in regulations more than half a century ago, when retardant materials, intumescent coatings and flame-proof additives were not available. RM


Face A*

Face B*

Face C+*

Face C*

“Our product quality, honesty and commitment with the customer: this is our slogan, so we make the difference.” Paricá “Only products identified with * in this document are FSC® certified.”

VISIT OUR WEBSITE:

www.nereurodrigues.com.br contato@nereurodrigues.com.br

Phone/Fax: 55 (49) 3243 1206 - 55 (49) 3243 2294


do o seu transporte a maiores distâncias O carvoejamento de resíduos na produção de carvão particulado fino, para posterior briquetagem, seria um ótimo processo para ampliar a oferta de carvão vegetal, com a vantagem adicional de reduzir a pressão de exploração sobre as florestas remanescentes. No entanto, o carvoejamento industrial destes resíduos, na prática, inexiste no Brasil, principalmente de forma contínua, como é tradicional em outros países, que produzem, de longa data, os briquetes de carvão vegetal. A briquetagem é uma forma muito eficiente para concentrar a energia disponível na biomassa. Exemplifica-se este fato na consideração de que 1,00m³ de briquetes contém pelo menos 5 vezes mais energia que 1,00m³ de resíduos, levando-se em consideração a densidade a granel e o poder calorífico médio destes materiais. O mais “novo” uso do carvão está como enriquecedor de solos, baseado na tradição dos povos antigos da Amazônia que com a queima de biomassa deixaram a terra muito mais rica que os demais tipos de solo da Região, e esta terra ficou conhecida como “Terra Preta dos Índios”. Toda a parte escura foi resultado de deposições de restos de capina e de ossos de peixe que seria o lixão do índio. Isso é material orgânico. Não tem plástico, não tem vidro e não tem lata. Eles também usavam o fogo para queimar. Então, a combinação da deposição de grande quantidade de material orgânico fresco com um pouco do material que eles queimaram, foi formando esse perfil considerado bastante fértil e manteve a riqueza de nutrientes durante varia décadas. Uma das respostas da potencialidade de enriquecer solos com o biocarvão está na justificativa de que o carvão vegetal é poroso, de modo que age como uma esponja ao reter água e os nutrientes dissolvidos em água, algo que os solos pobres não fazem muito bem. Algumas primeiras estimativas sobre o potencial do biocarvão apontam que esse produto poderia, sozinho, remover todas as reduções de carbono necessárias para impedir qualquer aquecimento mundial adicional. Quando o biocarvão é produzido, cerca de 30% de sua biomassa é transformada em carvão, outro terço em gás de síntese que pode ser queimado para gerar eletricidade, e o restante em um substituto do petróleo bruto, que pode ser muito útil na produção de plásticos, embora de difícil uso como combustível de transporte. Essas propriedades do biocarvão permitem “resolver três ou quatro crises cruciais de uma só vez: a crise da mudança climática, a crise energética e as crises dos alimentos e da água”, porque colocar o biocarvão no solo não apenas o fertiliza, mas também ajuda a reter água, argumenta Tim Flannery, eminente naturalista e explorador australiano. A produção de biocarvão está estreitamente associada à cadeia de bioenergia, como a do carvão, e a dos processos de pirólise para a produção de bio-óleo, entre outras. Os finos de carvão das carvoarias, por exemplo, que até recentemente eram considerados resíduos do processo, hoje são de grande valor para uso agrícola. Para o Brasil, o uso do biocarvão no solo é também uma estratégia econômica, pois o país é o maior produtor mundial de carvão vegetal (cerca de 38,5%). Anualmente, são produzidos no país em torno de 10 milhões de toneladas de carvão, dos quais cerca de 15% se perdem na forma de finos . Dessa forma, ganha o ambiente pela substituição de uma matriz energética não-renovável, os combustíveis fósseis, por bioener-

Revista da Madeira

A

industrialização de produtos de origem vegetal gera rejeitos que, de um lado podem ser aproveitados como insumos para a agricultura e de outro podem ser potenciais passivos ambientais. Uma alternativa é a produção de biocarvão para atuar na preservação de carbono e como condicionador orgânico de solo, e outra é a produção de briquetes para biocarvão que além das funções acima, viabilizam o transporte do produto a maiores distâncias. O carvão vegetal gera na fase de produção, no transporte, no manuseio e no peneiramento nas usinas siderúrgicas uma quantidade elevada de finos do mesmo, podendo chegar a 25% do total produzido e, em alguns casos, apresenta dificuldade, e ou, inviabilidade de seu aproveitamento. Através do processo de briquetagem com uso de aglutinantes, ou seja, técnica que envolve balanceamento

granulométrico, mistura proporcional de aglutinantes, compactação e secagem, consegue-se o aproveitamento dos finos de carvão na forma de um combustível de melhor densidade, mais homogêneo, granulometria uniforme, mantendo-se as características, facilitando o manuseio, a estocagem e a utilização do mesmo, permitin-

44


gia; pela reciclagem de resíduos; e pelo aumento dos estoques de carbono estável no

solo. Ganha também a economia, pelo aumento da produtividade das lavouras e pela redução no uso de fertilizantes químicos. O biocarvão apresenta estrutura interna inerte, semelhante a grafite, que faz preservar (sequestrar) o carbono no solo por

centenas e até milhares de anos, e estrutura periférica (externa) reativa (funcionalizada) para atuar como a matéria orgânica natural do ambiente. Com base neste potencial foi realizado um trabalho de pesquisa com o objetivo de obtenção de briquetes de biomassa de resíduos agroflorestais para utilização destes como biocarvão. Como resultado observou-se que a Amazonas tem um grande potencial na produção de resíduos agroflorestais, sendo assim o aproveitamento desses resíduos como briquetes de biocarvão é uma ótima e mais viável alternativa para a economia local e o meio ambiente, pois só a produção do biocarvão já armaze-

na o CO² disponível na biomassa. A porosidade encontrada para o carvão de 600°C foi de 43,11%, o que implica em um briquete com uma absorção considerável de nutrientes e água e que será muito eficiente para a o aumento da fertilidade do solo e para o crescimento da plantação. Os briquetes produzidos com o carvão carbonizado a 600°C mostraram resultados mais satisfatórios do que os produzidos com o carvão de 400°C. Em relação aos formatos de briquetes e sua resistência mecânica após o teste de tamboramento, os briquetes de 600°C tiveram uma compactação eficiente somente no formato bolacha, apresentando briquetes muito resistentes, que não se quebraram nem liberaram quantidades expressivas de finos após o teste de tamboramento. No formato retangular, que foi o novo formato proposto, o carvão não conseguiu formar briquetes, pois se mostrou muito quebradiço após a tentativa de selagem, apresentando uma alta quantidade de finos durante o teste. Na tentativa de produção dos briquetes com o carvão de 400°C, o resultado foi insatisfatório, pois os briquetes não conseguiram ser selados, portanto não se adequaram a nenhum dos formatos. Portanto, quanto maior a temperatura de carbonização, menor é a quantidade de finos produzida pelos briquetes de açaí e maior é a compactação ao formato desejado. Logo, os briquetes do tipo bolacha carbonizados a 600°C se mostram ótimas alternativas para transporte à longas distâncias e resistentes para o manuseio manual ou industrial. E além destas funções, se mostra também ótimo fertilizante, devido a sua alta porosidade, tendo alto poder de absorção. RM Carlos Magno Tolentino Filho Engenheiro de Petróleo e Gás - UFAM

Biomass briquettes made from agroforest waste

I

ndustrialization of products of plant origin produces wastes that may be used as agricultural consumables or environmental liabilities. An alternative is biochar production to preserve carbon and use as soil organic conditioner. The another option has to do with briquettes production for biochar, which in addition to functions above, makes long-distance transport product viable. During production, transport, handling and sieving in iron and steel plants, charcoal generates a high amount of fines, which may reach 25% of the total produced. In some cases, this substance poses difficulties or unviability in terms of use. Through briquetting, compaction and drying, the use of coal

fines is possible in the form of a more homogenous fuel with better density, facilitating handling, storage and use, and allowing long-distance transport. Charcoaling of waste during production of fine particulate coal for subsequent briquetting would mean an ideal process to increase charcoal supply. Briquetting is a very efficient method to concentrate energy available in biomass. The most “recent” charcoal usage relates to soil conditioner, based on traditions of Amazonian ancient peoples who, through biomass burning, produced a richer land than other types of soil in the region. One of the potentiality responses

45

to amend soils with biochar bases on arguments that charcoal is porous, thus acting as a sponge when soaking up water and nutrients dissolved in water. This is something poor soils are not suitable for. When biochar is produced, some 30% of its biomass is turned into coal; one third into syngas, which may be burnt to generate electricity, while the rest replaces crude oil, useful to manufacture plastics, yet hard to use as transport fuel. These properties let “resolve three or four crucial crises at one go: climate change crisis, power crisis, and food and water crises,” for not only does biochar fertilize soils, but also it helps retain water. RM

Madeira para energia

Revista da Madeira


Notas

Aplicativo rastreia madeira das concessões

O

Revista da Madeira

Serviço Florestal Brasileiro (SFB) lançou um aplicativo para celulares e tablets que permite a consulta da rastreabilidade da madeira e de relatórios de produção das concessões florestais federais. O aplicativo funciona com base nas informações do Sistema de Cadeia de Custódia (SCC) lançado em 2015, que permite a rastreabilidade da madeira produzida pelos concessionários florestais. O SCC registra a localização de todas as árvores na floresta pú-

Sequóias, a resposta ao aquecimento global?

Desmatamento em tempo real O

ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, determinou que os dados relativos ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado sejam disponibilizados em tempo real. A disponibilização das informações baseadas em imagens de satélite é fundamental para as políticas de combate ao corte ilegal de vegetação. Com a medida, o cerco ao desmatamento se fechará, também, no segundo maior bioma da América do Sul. “Esse é o ano do cerrado”, destacou o ministro. “Tão logo entrem (os dados de) desmatamento no cerrado, eles já vão ser divulgados em tempo real também”, explicou Sarney Filho. O objetivo, de acordo com ele, é permitir que a sociedade civil organizada tenha cada vez mais participação nesse controle. A intenção de Sarney Filho é acelerar o processo de cadastramento ambiental dos imóveis rurais em todo o território brasileiro. Pela legislação, os proprietários dos terrenos têm até 31 de dezembro de 2017 para fazer a inscrição na base de dados do governo. Em nível nacional, a área inserida no CAR cresceu quase 51 milhões de hectares em maio e alcança, hoje, 90% da área estimada para cadastramento. RM

blica concedida para exploração sustentável. Quando essas árvores são cortadas sob o regime de manejo florestal sustentável, o concessionário florestal é obrigado a informar toda a produção no sistema. Cada transporte da madeira da floresta para a indústria é, também, registrado no sistema, que gera um QR Code para cada documento. Ao chegar à serraria do concessionário, as toras de madeira são convertidas em madeira serrada, formando pacotes ou fardos. Cada pacote de madeira serrada também recebe um QR Code gerado pelo SCC. Assim, ao consultar os códigos gerados, o sistema resgata automaticamente quais as árvores deram origem à madeira consultada e gera um mapa com as coordenadas geográficas dessas árvores. Trata-se, então, da rastreabilidade da madeira das concessões florestais. RM

A

ntigas florestas de sequóias da Califórnia não são apenas majestosas e estão entre os mais antigos seres vivos na Terra - um novo estudo constata que eles são uma arma particularmente potente contra o aquecimento global. As árvores altas removem e armazenam mais carbono da atmosfera por área do que quaisquer outras florestas do planeta, incluindo florestas tropicais. Pesquisadores encontraram o que poderia influenciar tudo, desde regras de registro de como os parques são preservados, como o estado lida com as mudanças Os cientistas sabem há muito tempo que as sequóias, por elas viverem mais de 1.000 anos e crescerem imensas alturas, são capazes de capturar quantidades significativas de dióxido de carbono da atmosfera. A história de como pesquisadores fizeram a matemática é tão complexa como é desgastante. Em cada área de estudo, eles montaram uma estação científica e documentaram todas as árvores maiores. Eles contaram e mediram cada folha, ramo, arbusto e toras em todas as 11 parcelas. Os pesquisadores não contaram cada folha à mão. Em vez disso, eles elaboraram 180 fórmulas para várias espécies de árvores e arbustos. Eles mediram a altura eo diâmetro de cada uma, ligando a fórmula e descobrindo quantas folhas cada uma tinha. Eles também contaram amão algumas árvores para verificar a exatidão dos seus métodos. Então tomaram amostras de folhas, casca e madeira e as colocaram em um analisador elementar, uma máquina que pode medir em detalhe o quanto por cento de uma substância é composta de carbono, nitrogênio, fósforo e outros elementos . Depois disso, eles fizeram as contas, e foram surpreendidos com os resultados. A floresta Jedediah Smith também estabeleceu um recorde mundial para a maioria da biomassa - a combinação de todas as folhas, casca e madeira - com 5.190 toneladas por hectare. RM

Controle biológico de pragas em florestas Brasil agora adota o controle biológico de insetos-praga Equeldorado em suas florestas de eucalipto no Mato Grosso do Sul, numa área deve chegar a 250 mil hectares até o fim deste ano. A estratégia

de usar inimigos naturais para combater infestações está em linha com a gestão sustentável de negócios, defendida pela companhia. Essas técnicas de controle oferecem uma série de vantagens, pois reduzem a população de insetos-pragas ao mesmo tempo em que ajudam a reestabelecer o equilíbrio ambiental. Além disso, diminuem a necessidade de aplicações de defensivos agrícolas que podem ser potencialmente tóxicos ao homem e à natureza. Os controladores biológicos podem ser de três tipos. Os parasitoides, que parasitam outros insetos, impedindo seu desenvolvimento, como vespas que atacam lagartas desfolhadoras. Os predadores, que buscam e se alimentam de outros insetos, como percevejos que se alimentam de lagartas. E, finalmente, patógenos, organismos que se multiplicam no organismo do seu hospedeiro, podendo causar infecções e outras complicações, com a o inseticida biológico a partir da bactéria Bt. RM

46



Notas

Chinês cria bicicleta de bambu

Revista da Madeira

alternativos, como a fita de cânhamo, usada para fixar o quadro. O conjunto vem com um manual de montagem e todas as outras peças necessárias para que a bicicleta fique pronta para um passeio.

A

BambooBee é a primeira bicicleta do mundo em bambu que pode ser feita em casa. Criada pelo engenheiro chinês Sunny Chuan, ela é comercializada pela internet e um kit com todas as peças é entregue na residência para que a bicicleta seja montada inteiramente pelo próprio ciclista. A principal matéria-prima dessa bike é o bambu, uma gramínea resistente e sustentável. Além disso, o kit inclui outros materiais

A BambooBee já fabricava bicicletas de bambu, mas a ideia de fazer um modelo que pode ser construído por qualquer pessoa surgiu há um ano. Depois disso, o engenheiro

buscou apoio coletivo e, antes que o seu prazo de financiamento chegasse ao fim, ele já conseguiu mais do que três vezes o valor necessário para viabilizar a ideia. A bicicleta é distribuída em uma caixa muito pequena, o que também contribui para reduzir o impacto da logística. As peças de bambu são produzidas com a colaboração local da comunidade chinesa em que a fábrica está inserida. Na descrição do projeto, Chuan explica que o bambu não reduz a durabilidade da bike e ele garante que a montagem é tão simples, que pode ser feita até mesmo por crianças, sem a necessidade de muitas ferramentas ou habilidades específicas. RM

Óleo de semente de pinus previne obesidade e diabetes

O

último relatório sobre a realidade alimentar na América Latina concluiu que 10% das crianças chilenas são obesas, o que nos posiciona como o segundo país da região com este problema, superada somente pelos mexicanos. Um cenário de saúde preocupante que parece indicar que as crianças de hoje serão adultos propensas a diabetes e as doenças cardiovasculares, o que pode ser controlada e impedida graças às propriedades presentes nas sementes de óleo do pinheiro radiata (pinus) produzido no Chile.

Um projeto executado por José Becerra, Doutor em Ciências Ambientais do Centro da Universidade de Concepción (UdeC), juntamente com profissionais de outras faculdades, concluiu que o óleo extraído dessa árvore fornece propriedades importantes para saúde,

atuando como moderador de apetite e insulina, com benefícios sensibilizador. O projeto começou a ver as condições para extrair melhor o óleo e após os testes, perce-

48

bemos um desempenho inesperado. A presença de óleo na semente Pine foi da ordem de 2 a 3 vezes o desempenho encontrados por pesquisadores em cópias europeus. O sistema de produção de base para a produção de óleos essenciais é baseado na captura livre por famílias de camponeses ou trabalhadores sazonais. Nestes casos, os coletores são articulados como um contributo para o valor compartilhado das empresas florestais e, assim, contribuir para o desenvolvimento sustentável do setor florestal. RM


Revista da Madeira

tégia”, lembra o presidente da associação, Ali Abdul Ayoub. A Vespa da Madeira ataca principalmente plantios de pinus sem manejo, causando o apodrecimento da árvore. Copa amarelada e respingos de resina no tronco são indícios de infestação. “Identificadas essas características, os órgãos estaduais como Cidasc e Epagri, devem ser comunicados”, explica o presiden-

U

ma das maiores paixões do paulistano, a pizza pode ser um dos maiores vilões da qualidade do ar de São Paulo. Um estudo liderado pela Universidade de Surrey, na Inglaterra, com a participação de pesquisadores brasileiros, mostra que o preparo da pizza é responsável pela emissão de níveis preocupantes de carbono na atmosfera da área metropolitana da cidade. Atualmente, São Paulo conta com aproximadamente 8 mil pizzarias, que produzem quase um milhão de pizzas por dia, segundo a pesquisa publicada na revista científica internacional Atmospheric Environment. “Há mais de 7,5 hectares de floresta de eucalipto sendo queimados mensalmente por pizzarias e churrascarias [em São Paulo]. Um total de 307 mil toneladas de madeira é queimado anualmente”, relata o Prof. Dr. Prashant Kumar, da Universidade de Surrey, na Inglaterra. O estudo ainda não foi concluído, mas a combustão de biomassa, que inclui a emissão vinda dos restaurantes, era responsável por 7% da poluição na região metropolitana da capital. O estudo explica como a queima excessiva de lenha em pizzarias, e carvão em churrascarias, trabalha contra medidas ecológicas focadas no combate à poluição, em especial a mistura compulsória de etanol na gasolina, prevista em lei federal. Atualmente, no Brasil, a gasolina deve incluir 27% de etanol, com exceção das versões premium, que podem contar com apenas 25%. Embora ainda seja cedo para afirmar que a emissão de poluentes pelas pizzarias e restaurantes anule os benefícios dos biocombustíveis, elas “precisam ser consideradas em planos futuros de melhorias na qualidade do ar”. RM

Melhor controle sobre queimadas C

ientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) contam com uma nova tecnologia para monitorar com precisão incêndios e queimadas no Brasil. Um algoritmo desenvolvido no Inpe permite o mapeamento das áreas destruídas pelo fogo a partir de dados de sensoriamento remoto obtidos da Nasa. Com base nas imagens de satélites, os pesquisadores conseguiam acompanhar os focos de incêndio, ou seja, o local da chama. Agora, é possível dimensionar a área tomada pelo fogo ano a ano desde 2005 em cada bioma. Isso porque o algoritmo desenvolvido tem resolução espacial de 1 quilômetro quadrado. O Brasil usava tecnologia desenvolvida pela Nasa para todo o planeta. A desvantagem é que o sensoriamento em escala global, feito de forma generalizada, não considera as características de cada bioma, como tipo de vegetação, solo e clima. A ferramenta abre uma nova perspectiva para as ações de monitoramento e fiscalização do país. Além disso, permite que o Brasil avance nas políticas de controle de emissão de poluentes. De acordo com os dados recentes, até junho de 2016, foram registrados 22.643 focos de incêndio em todo o Brasil, um aumento de 47% em relação ao mesmo período do ano passado. Mato Grosso e Pará lideram a lista de estados com mais ocorrências. No primeiro, foram 5.654 focos – 39% a mais que 2015. Com 2.129 registros, Pará dobrou o número de ocorrências. A explicação está no clima mais seco, quando o fogo é usado com mais frequência na vegetação, e as chances de propagação são maiores. RM

O

s reflorestadores de pinus estão intensificando o combate à Vespa da Madeira, como é chamada a Sirex noctilio. Trata-se de uma praga exótica, que chegou ao Brasil acidentalmente durante a década de 1980. A Vespa da Madeira deposita ovos nos troncos das árvores, comprometendo o desenvolvimento delas. Em Santa Catarina, mais de 540 mil hectares abrigam plantações deste tipo de árvore. O estado é o segundo maior produtor de pinus do Brasil, atrás apenas do Paraná. Para evitar a proliferação da praga a Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR) está intensificando ações de combate. Fazem parte da estratégia: reuniões técnicas, campanhas informativas e alertas em rádios dos principais municípios produtores de pinus no estado. “A participação do produtor florestal, no entanto, é fundamental para o sucesso da estra-

A vespa da madeira “em ação” te da ACR. “Atualmente estamos na fase de inoculação dos nematóides. A partir de setembro começam as instalações de árvores armadilhas”, explica Murara Jr. Profissionais que atuam no corte, desbaste, transporte e nas serrarias, devem ser instruídos para detectar e relatar sinais de infestação. Os principais indícios são: presença de insetos adultos, galerias larvais e pequenos orifícios no tronco das árvores de pinus. RM

Metade dos estados ainda não regulamentaram o Código Florestal E ditado em 2012, o Novo Código Florestal tem o potencial de conservar mais de 150 milhões de hectares e recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa no Brasil, sequestrando cerca de 100 bilhões de toneladas de Gases de Efeito Estufa. Mas para que a Lei seja eficaz, é necessário que todos os estados criem regulamentações. Até agora, das 27 unidades federativas, apenas 13 delas regulamentaram o Código Florestal. Neste contexto, o Observatório do Código Florestal criou um Guia para a Elaboração dos Programas de Regularização Ambiental dos Estados. O objetivo deste guia é contribuir com os órgãos públicos estaduais e do Distrito Federal na

49

regulamentação, refletindo a síntese dos elementos relevantes para que a implantação do Novo Código Florestal se dê com segurança jurídica e agregue sustentabilidade ao meio rural brasileiro. A implementação da Lei resultará em uma melhoria significativa da governança relacionada ao uso do solo e em substanciais contribuições para a conservação da biodiversidade e para o armazenamento de carbono em uma escala regional, colocando o setor produtivo agropecuário brasileiro na vanguarda da sustentabilidade mundial e possibilitando o alcance das metas climáticas brasileiras apresentadas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 21). RM

Notas

Combate à vespa da madeira

Pizzarias contribuem com a poluição do ar em SP


Wood frame O sistema wood frame, amplamente adotado na América do Norte e na Europa, ganha mais espaço no Brasil, apostando em moradias com conforto, agilidade e economia. Tudo isso emitindo 80% menos CO2 e produzindo 85% menos resíduos, utilizando 90% menos água no processo que é 70% industrializado. A casa também tem um excelente desempenho térmico e acústico que resulta em economia de luz e no bolso do morador. A empresa Tecverde adaptou esse sistema às necessidades brasileiras e implantou a primeira fábrica no país em 2010.

São milhares de peças por trimestre.A iniciativa mudou a vida de 20 famílias do assentamento Horto de Aimorés. Antes, elas viviam somente da agricultura familiar.

ótimo filtro de renovação de oxigênio. O Brasil, onde pelas condições climáticas e de solo a árvore se dá especialmente bem, tem investido muito no seu potencial energético.

Borracha Pesquisa da CNA sobre a produção não madeireira apontou a borracha natural e o látex, produtos extraídos das seringueiras, como principais itens do setor florestal brasileiro, correspondendo a 67% das respostas. Outros produtos como resina (pinus), óleos vegetais (eucalipto) e taninos (acácia), apresentaram o valor de 9%, 5% e 4%, respectivamente.

Formigas Caracterizada como uma das principais pragas da agricultura e da silvicultura, as formigas cortadeiras do gênero Atta (saúvas) são insetos americanos. Na América, sua área de dispersão vai do sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Elas estão cada vez mais aumentando. Assim é necessário saber as características, fazer o método de controle correto, para garantir melhores resultados no seu combate. Temos diversas iscas no mercado e precisamos escolher a correta. Olhar a dureza ideal, a umidade adequada e o formato uniforme são alguns quesitos.

Pellets Os 160 mil hectares de área plantada de pinus em Bom Jesus, Cambará do Sul e São José dos Ausentes tem agora uma nova opção para seu comércio. A Forespel está entrando em operação na região para a produção de pellets e comprará a matéria-prima dos plantadores regionais. O pellets é utilizado para geração de calor residencial ou industrial. É uma tecnologia americana, fabricada na China, que desembarca em uma das cidades mais geladas do Estado. A empresa vai gerar cerca de 100 empregos diretos, mas mais de 1 mil serão beneficiados indiretamente.

Código Florestal Quem busca entender melhor o Código Florestal pode acessar o hotsite lançado pela Embrapa que traz informações sobre o tema. Na página, o internauta encontra informações como as definições de área de preservação permanente, reserva legal e de cadastro ambiental rural, conceitos usados na lei. Além de informações para facilitar o entendimento do Código Florestal, o hotsite traz conteúdos técnicos para a recuperação de áreas rurais e sugestões de boas práticas agrícolas que contribuam com o desenvolvimento sustentável nos diferentes biomas.

Novo herbicida Garantindo reduzir pelo menos uma aplicação, o recém lançado herbicida da Bayer estabelece um novo conceito no controle de plantas daninhas. Foram nove anos de pesquisas, com foco na inovação, onde a empresa buscou uma solução prática para o principal desafio das operações florestais: o crescente aumento de custos. Após vinte anos, uma nova molécula foi descoberta e permitiu o desenvolvimento de um princípio ativo com um mecanismo de ação inédito. O Indaziflam impede a germinação das sementes. O produto deve ser aplicado em pós-plantio do eucalipto ou do pinus com jato dirigido na entrelinha.

Espécies da Amazônia A Floresta Amazônica tem uma variedade tão grande de espécies de árvores que catalogá-las levaria três séculos, segundo estimativas de um novo estudo.O trabalho publicado no periódico Scientific Reports fez um levantamento dos mais de 500 mil exemplares reunidos por museus nos últimos 300 anos.E mostrou que aproximadamente 12 mil espécies foram descobertas até hoje. Com base nesse número, cientistas preveem que ainda restam a serem descobertos ou descritos em detalhes cerca de 4 mil tipos raros de árvores. Só foi possível elaborar essa lista graças à digitalização dos acervos de museus ao redor do mundo. Os pesquisadores dizem que ela ajudará quem busca proteger a florestal tropical com a maior biodiversidade do mundo.

Bambu Agricultores de Bauru (SP) estão aprendendo a dar novas formas ao bambu. As mãos, tão eficientes no lidar com a terra, são usadas com criatividade no artesanato. Os produtores integram a Associação Agroecológica Viverde e são beneficiados por um projeto desenvolvido pela Unesp de Bauru.O presidente da associação, José Maria Rodrigues, diz que passou a admirar ainda mais o bambu depois que viu tudo o que podia ser feito com essa gramínea tão comum no Brasil. Os agricultores fazem jogos de talheres, fruteiras, brinquedos e outros objetos, que são vendidos para vários Estados.

Eucalipto Doce Os açúcares fermentáveis — glicose, frutose e galactose — presentes na casca do eucalipto tornam esta planta uma boa aposta para energias renováveis. Durante um ano, um hectare desta espécie pode produzir entre 23 a 25 toneladas de biomassa. Além das vantagens energéticas do eucalipto, a o fato desta árvore ser extremamente fácil de plantar, mesmo em terrenos mais áridos e menos férteis. Além de tudo isto, as florestas de eucalipto são extremamente rentáveis e um

50

Mensuração florestal A inovação da técnica de mensuração de volume dará um salto evolutivo no setor florestal com a utilização de um novo equipamento: o dendrômetro ótico digital. Com o novo equipamento será possível obter medidas de altura das árvores, diâmetro dos galhos e do tronco – tudo isso em qualquer altura.O objetivo é trazer a exatidão na mensuração florestal, com resultados em tempo real. O dendrômetro ótico digital também faz cálculos relacionados ao princípio do fator de área basal (BAF). O novo equipamento deve mudar o ritmo de muitas atividades no setor florestal, principalmente porque a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e a Universidade Federal de Lavras (Ufla) já o adquiriram, além de outras universidades do país. Manejo de eucalipto O eucalipto possui mais de 700 espécies, a maioria de origem australiana. Uma vantagem bastante interessante da planta é a menor retenção de água, além de diminuir a evaporação para a atmosfera, ao contrário de algumas matas nativas, em que as copas das árvores são mais densas. Suas raízes alcançam até dois metros e meio de profundidade e não chegam aos lençóis freáticos, fazendo com que consuma menos água do que uma plantação de cana-de-açúcar ou café, por exemplo. Além de possuir excelentes qualidades mecânicas, o eucalipto tem rápido crescimento volumétrico e potencialidade para produzir árvores com boa forma, facilidade a programas de manejo e melhoramento, elevada produção de sementes e facilidade de propagação vegetativa. Para seu melhor controle a FMC Agricultural Solutions desenvolveu a Linha Floresta para controlar as plantas invasoras e proteger a cultura.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.