Revista da Madeira - Edição nº 155

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tos como a indústria de base florestal, que inclui madeira, sofrem retração interna, mas as exportações garantem a retomada e permitem novos investimentos e expansão. No ano passado o valor total de exportações do setor chegou a US$ 11,5 bilhões, contra US$ 10,2 no ano anterior. Somente o item madeira atingiu em 2017 US$ 2,77 bilhões, e no ano anterior foram US$ 2,36. Em 2018 o segmento madeira já atingiu US$ 1,44, nos primeiros cinco meses do ano, confirmando a projeção de crescimento. A competitividade no mercado internacional é intensa, mas os produtos brasileiros tem qualidade, a produção já atingiu um alto grau de tecnologia e o consumo é muito forte em muitos países. Alguns limitantes, entretanto ainda tornam nossos produtos menos presentes. Um deles é a própria passividade do empresário brasileiro na busca de novos mercados ou no desenvolvimento de novos produtos para mercados específicos. Temos que estar na frente. Os atuais problemas políticos, sociais ou econômicos do País são transitórios e devemos estar adiante.

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s últimos dois anos têm sido marcados por muitas incertezas na economia brasileira. A crise, que atingiu todos os setores, provocou estragos que levarão anos para recompor. Além do fechamento de muitas empresas, aumento no endividamento, retração do mercado interno e queda nos investimentos, o país ainda sofreu com o desemprego, que reduziu 13 milhões de postos de trabalho. Muitos setores ainda enfrentam forte retração e a expectativa de recuperação pode ainda demorar. Outros segmen-

Clóvis Rech Editor Responsável/ Publisher

Sumário / Summary

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Exportações/ Export Madeira Laminada / Cross Laminated Timber Pisos / Flooring Móveis & Tecnologia / Furniture & Technology

Sistema Construtivo / Building System Floresta Tropical / Forest Land Bambu / Bamboo Eucalipto / Eucalyptus Colheita Florestal / Mechanized Forest Harvesting

Expediente

Novo conceito com muita informação para você

EXPEDIENTE Editor: Clóvis Rech Capa: Conceyção Rodriguez Edição de Arte e Produção www.crdesign.com.br crdesign@crdesign.com.br

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Edição 155

Editorial

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de 35,7 m³ ha/ano no plantio de eucalipto e 30,5 m³ ha/ano no plantio de pinus, de acordo com os dados da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). A China está em segundo lugar com 29 m³ ha/ano (eucalipto) e 20 m³ ha/ano (pinus). Moçambique é o terceiro com 25 m³/ha ao ano (eucalipto) e 12 m³/ha (pinus). A produtividade brasileira é maior que a de nossos

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s produtos florestais têm se destacado na pauta de exportações do agronegócio, atingindo a segunda posição entre os principais segmentos da balança comercial do setor no período de janeiro a maio deste ano. O volume exportado alcançou US$ 5,75 bilhões nos primeiros cinco meses, em alta de 30,5% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo superado apenas pelas vendas do complexo soja e a frente da exportação de carnes. As exportações de madeiras e produtos aumentaram 16,3%, atingindo US$ 1,44 bilhão. As vendas externas de papel chegaram a US$ 803,34 milhões. O principal produto florestal é a celulose com valor recorde de US$ 3,51 bilhões. A quantidade exportada também foi recorde com 6,5 milhões de toneladas (+14,0%) e o preço médio de exportação subiu (+28,5%). O Brasil hoje é o 3º maior exportador de celulose, participando com 13,2% do mercado mundial de US$ 47,98 bi. Do total da produção brasileira 69% destina-se à exportação. Segundo dados do IBGE, as florestas plantadas ocupam atualmente 10 milhões de hectares, o que corresponde a 1% da área agricultável do país. “O clima, o solo e a tecnologia que dispomos no País permitiram que atingíssemos as maiores produtividades médias por ano do mundo”, explica o engenheiro agrônomo João Salomão, coordenador geral de Florestas e Assuntos da Pecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em 2016, o Brasil liderou o ranking global de produtividade florestal, com média

concorrentes e ainda oferecemos produtos a preços mais competitivos no mercado mundial. Estamos aliados, naturalmente, ao desempenho das empresas brasileiras com âmbito internacional de atuação, bem relacionadas no mercado exterior, o que nos garantiu que alcançássemos números de produção e exportação bastante expressivos. A ve-

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Revista da Madeira locidade de crescimento da área de plantio é de 100 a 200 mil hectares/ ano, variação que depende da demanda dos consumidores internacionais e das condições econômicas. O Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas prevê incremento de 2 milhões de hectares de florestas plantadas até 2030. O aumento de 20% da área plantada nesse prazo é uma estimativa “bastante conservadora”, segundo Salomão. Apesar de grande potencial de crescimento, em razão dos níveis de produtividade, das pesquisas e de novas tecnologias, o setor ainda enfrenta “reações com viés ideológico”, de críticas às culturas de pinus e de eucalipto que seriam causadoras de danos ao meio ambiente. Na verdade, todos os compromis-

sos brasileiros relacionados às mudanças do clima – como o Acordo de Paris, por exemplo - sugerem que devemos

aumentar as áreas de florestas plantadas. As pesquisas e os dados hoje comprovam que as florestas plantadas são importantes para a conserva-

ção do meio ambiente, benéficas para a fixação de carbono e a retenção de água no solo. Há outro efeito indireto, essencialmente benéfico para o meio ambiente. Somente a área agricultável de 1% com florestas plantadas atende a 90% da demanda de produtos florestais para a indústria brasileiras. Se estamos consumindo florestas plantadas contribuímos para preservar as florestas primárias. No entanto, em divergência com a política nacional, algumas legislações estaduais, a exemplo do Rio Grande do Sul, exigem licenciamento ambiental que trata floresta plantada como atividade de alto potencial poluidor. “Se plantar florestas é bom, no mínimo devemos questionar a necessidade desse licenciamento. Plantio


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de floresta não pode ter exigência de licenciamento semelhante ao de uma mineradora”. Duas outras barreiras que bloqueiam o aumento da produção de florestas plantadas estão relacionadas ao crédito e à logística. É preciso dispor de crédito adequado à característica de longo prazo do setor, que demanda de 12 a 15 anos para a colheita, como é o caso de pinus. As nossas linhas de financiamento precisam estar ajustadas a esses prazos. A logística é também importante. A floresta não se transporta por longas distâncias. Precisamos de logística adequada, acessível para escoamento da produção.

A política de Florestas Plantadas começou a ser implementada nas décadas de 1970/1980, baseada em incentivo fiscal para plantações de maciços florestais, sob administração

do IBDF . Em agosto de 2008, foi criada no Ministério da Agricultura a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Silvicultura. A partir de 2011, novos debates

resultaram no decreto 8,375, de 11 de dezembro de 2014, que transferiu o setor para o Ministério da Agricultura. Antes de 2014, algumas funções importantes, com exceção da política e do planejamento estratégico, já eram desempenhadas pelo MAPA, tais como o registro de mudas e o crédito florestal.O decreto de 2014 transferiu integralmente para o Ministério da Agricultura o setor de florestas plantadas, incluindo a política e seus instrumentos. A Câmara Setorial de Silvicultura, com o nome atualizado para Florestas Plantadas, é presidida por Walter Vieira Rezende, representante da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). RM

Exportation of forests products continues to increase

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xpor tation of forest products has been notable in the agribusiness industr y, rank ing second among the main segments of the trade balance of the sector. In the first five months of this year, the volume expor ted reached US $ 5.75 billion, an increase of 30.5% compared to the same period last year, being only surpassed by sales of the soy complex and the meat expor t front. Expor ts of timber and its products increased by 16.3%, reaching up to US$ 1.44 billion. Foreign paper sales reached US $ 803.34 million. The main forest product is pulp with a record value of US$ 3.51 billion. Brazil is the third largest expor ter of pulp, which accounts for 13.2% of the world market of US $ 47.98 billion. O f the total Brazilian production, 69% is destined for expor t. According to the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), planted forests currently occupy 10 million hectares, which corresponds to 1% of the countr y ’s arable land. Brazil’s climate, soil and

technology have allowed us to reach the highest average annual productivit y rates in the world. In 2016, Brazil led the global rank ing of forest productivit y, with an average of 35.7 m³ ha/ year in eucalyptus plantation and 30.5 m³ ha/year in pine trees plantation, according to data from the Brazilian Tree Industr y (IB Á). China ranks second with 29 m³ ha/ year (eucalyptus) and 20 m³ ha/year (pine). Mozambique is the third with 25 m³ ha/year (eucalyptus) and 12 m³ ha/year (pine). Brazilian productivit y is higher than that of competitors, with products at the most competitive prices in the world market. We have joined effor ts with the per formance of Brazilian companies with international scope of action and good relations in the foreign market, which assured us that we reached ver y expressive production and expor t numbers. The speed of growth of the planting area is 100 to 200 thousand hectares pear year, depending on the demand of international consumers and the

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economic conditions. The National Plan for the D evelopment of Planted Forests estimates an increase of 2 million hectares of forests planted by 2030. All Brazilian commitments related to climate change – such as the Paris Accord– suggest that we must in fact increase the areas of planted forests. Research show that planted forests are impor tant for the conser vation of the environment, beneficial to carbon sequestration and soil water retention. There is another indirect effect beneficial to the environment. O nly the 1% arable area with planted forests meets 90% of the demand for forest products for Brazilian industr y. I f we consume planted forests, we contribute to preser ving the primar y forests. Nonetheless, in disagreement with the national polic y, some state legislation, like R io Grande do Sul, require environmental licensing that regards planted forest as a high polluting potential activit y. Also, credit access and logistics are t wo other barriers block ing the increase of production of planted forests. RM



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deira. A atratividade do CLT como um sistema de construção se deve ao fato da alta velocidade de montagem que o sistema proporciona, resultando em economias consideráveis em mãode-obra e mínima perturbação nos arredores locais. Além disso, parte da atenção dada ao CLT se deve ao uso potencial em edifícios altos, a partir de 8 – 12 andares. Alguns deles já foram construídos pelo mundo e edifícios ainda mais altos estão por vir. Produção Global Desde a sua introdução no mercado no início doa anos 90, a produção de CLT cresceu rapidamente. A maioria das estimativas coloca a produção anual global de CLT em mais de 600.000 m3 para o ano de 2014, número que deverá ultrapassar um milhão de m3 em 2018, quando operações na Finlândia, Letônia, Japão e EUA estiverem em operação total. As estimativas globais projetam que em 10 anos a produção global do CLT deve atingir 3 milhões de m3, com a maior parte do crescimento previsto para ocorrer fora da Europa, inclusive no Brasil.

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Madeira Laminada Colada Cruzada – Cross Laminated Timber (CLT) vem se transformando num material conhecido no mundo inteiro, e sendo conhecido como um material muito versátil para construção civil. De fato, a produção de CLT no mundo vêm crescendo progressivamente nos últimos 10 anos, e aos poucos está substituindo a construção que antes era feita apenas com materiais minerais. Tudo isso graças à sua estrutura colada em lamelas dispostas à 90 graus, o que faz com que os painéis possuam alta resistência. A tecnologia do CLT foi desenvolvida na Europa no início da década de 1990, onde se tornou um material bastante utilizado. Na Europa o CLT concorre de igual para igual com sucesso contra o concreto armado, aço e tijolos num segmento de mercado específico de edifícios multifamiliares. A definição do CLT pela ANSI (Norma Americana) é a seguinte : “O CLT é um produto de madeira engenheirada pré-fabricada feito de pelo menos 3 camadas ortogonais de madeira laminada serrada que são coladas com adesivos estruturais para formar um sólido retangular, moldado para aplicações em telhados, pisos ou paredes.” Os painéis de CLT são pré-fabricados já com aberturas para portas, janelas e dutos cortados com alta precisão por roteadores em CNC. Depois de prontos, os painéis são transportados para o canteiro de obras e montados com guindastes e uma pequena equipe de construção. As paredes e os pisos são unidos usando conectores de metal. Camadas de isolamento podem ser adicionadas aos painéis nas paredes e tetos, ou as superfícies podem ser deixadas à mostra para aproveitar o calor e a estética da ma-

História do CLT A ideia dessa placa larga e robusta de madeira, que também é conhecida como “X-LAM” ou em alemão “BRETTSPERRHOLZ (BSP)” é a princípio não muito nova. A sua estrutura básica é comparável à placas já existentes de compensados, por exemplo. A colagem de painéis de madeira faz com que se minimize os efeitos de retração e se tenha uma maior estabilidade dimensional. Portanto, o único avanço tecnológico que o CLT trouxe foi a capacidade de se produzir painéis colados de grandes dimensões e espessuras, o que faz do produto único e versátil. O desenvolvimento do CLT no início dos anos 90 foi motivado pela necessidade da indústria madeireira em agregar valor à placas de madeira serrada. As dimensões das placas de CLT e a aplicação na engenharia fez com que o produto se tornasse uma opção real, num mercado que há mais de 100 anos era dominado por materiais minerais. Em termos de arquitetura e engenharia, as placas de CLT trouxeram uma nova visão de projeto que passou a se pensar em planos e volumes, ao invés de apenas linhas. A Tecnologia do CLT teve seu desenvolvimento inicial na Alemanha, Áustria e Suíça e teve sua aplicação em pequena escala e de 10 anos para cá numa escala industrial. A normatização do CLT na Europa começou a ser implantada em 1998 e foi aceita em 2008. A norma que regulamenta a produção de CLT (EN

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16351) foi lançada em 2014 e agora o CLT deve entrar na norma de madeira da Europa, o Eurocode 5. Vantagens Além das suas óbvias características sustentáveis devido ao uso da madeira como material básico, existem muitas outras vantagens do uso do CLT em comparação à outros produtos. As principais vantagens do painel de CLT são praticamente o incomparável grau de pré-fabricação das placas na fábrica, a construção limpa e seca na obra e o tempo de montagem mínimo com poucos trabalhadores. A pré-produção das placas de CLT na indústria não é afetada pelas condições

climáticas. Faça chuva ou faça sol, a produção de CLT não para. A madeira é colada seca e portanto não vai trazer umidade para a obra. Como a contração e a retração da madeira é muito menor no sentido perperdicular às fibras do que nos sentidos radial e tangencial, as placas de CLT tem uma estabilidade ímpar devido à sua colagem em 2 direções. Além disso, as placas de CLT podem ser 100% usinadas numa router em CNC controlada por softwares CAD/ CAM com uma precisão milimétrica. Como resistência, permite que a madeira seja usada em prédios nunca vistos antes, como por exemplo os de 30 andares. A laminação cruzada cria

propriedades de resistência perfeitamente uniformes, como aço e concreto. Cria novas possibilidades em balanços e suporte de carga. Devido às suas incríveis propriedades de resistência, o CLT pode ser utilizado em aplicações como arranha-céus para os quais a madeira nunca foi adequada. As propriedades de alta resistência têm mais benefícios do que apenas serem capazes de construir mais alto e fazer vãos livres maiores, elas são evidentes em todas as outras vantagens surpreendentes do CLT. Qualquer fragilidade individual na lâmina de madeira é anulada pela colagem cruzada com outras peças até que haja um único painel de madeira com propriedades de resistência uniforme mais próximas do concreto armado que


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da madeira original. Por último, balanços, vãos livres e cargas podem ser projetados em qualquer direção, em vez de apenas um, oferecendo novas possibilidades de design. O desempenho de incêndio do CLT é melhor do que qualquer outro sistema de construção de madeira, concreto ou aço. A baixa área de superfície e o ambiente hermético, em comparação com a construção de madeira padrão, também ajudam a inibir o crescimento de incêndio em um espaço contido, limitando o combustível disponível. Mesmo um painel instalado normalmente sem revestimento algum não permite que o fogo queime livremente, pois encapsula a chama em uma única área, sufocando-a. Outro grande atributo é a massa térmica sólida. Isso permite que um lado do painel esteja próximo de 1000 graus Celsius, enquanto o outro lado está na temperatura ambiente. Outra vantagem. Combinação de força, ductilidade e peso leve formam o sistema ideal à prova de terremotos. Testes de tabela de vibração de até 7 andares pro-

vam que os edifícios de CLT têm excelente desempenho. Nenhuma perda de vida ou dano estrutural, mesmo contra os terremotos mais fortes. O CLT é imensamente forte, dúctil e leve. Os atributos perfeitos para um sistema de construção à prova de terremotos. Testes sísmicos provam que os edifícios de CLT podem lidar com os terremotos mais fortes do mundo, sem perda de vida ou danos estruturais. As propriedades de alta resistência ao peso diminuem as forças sísmicas que atuam contra a estrutura, tornando esses edifícios extremamente seguros, ao mesmo tempo em que permitem fundações menores. Um edifício de 7 andares de CLT foi vibrado pela maior mesa de testes de terremoto do mundo no Japão em 10 terremotos de graus distintos e sobreviveu perfeitamente intacto. Os andares de CLT em um arranjo teórico de 24 andares mostraram reduzir a carga sísmica em 50% em comparação com o concreto armado. Painéis de madeira massiva dão excelente isolamento acústico. O design de vibração pode satisfazer os códigos de construção mais rigorosos. O processo de construção é quase silencioso, perfeito para projetos urbanos. Ao substituir as paredes internas, a madeira massiva proporciona uma grande melhoria no desempenho acústico. A construção do CLT dá à casa um recinto

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hermético de elementos de massa sólida, e com o design adequado pode satisfazer as mais rigorosas classificações acústicas, mesmo em edifícios residenciais de vários andares. Com relação ao isolamento térmico, o sistema de construção ideal para casas passivas – que não exigem sistemas de aquecimento. Pode capturar 90% do ar aquecido que escapa das casas normais. Alta massa térmica de madeira mantém a casa quente no inverno e fresco no verão. O ambiente hermético não permite que o calor saia por rachaduras, enquanto a casa normal tem rachaduras que somam o tamanho de uma bola de basquete. A alta massa térmica da madeira também ajuda a manter a temperatura interior estável durante todo o dia – quente de dia, fresca à noite. Durabilidade Com design e manutenção adequados, as estruturas de madeira podem proporcionar uma vida útil longa e equivalente a outros materiais de construção.

A chave é o planejamento cuidadoso e a compreensão das cargas ambientais e outros fatores externos que podem impactar em um edifício durante sua vida útil. A madeira é naturalmente higroscópica, servindo como um sistema de gerenciamento de umidade dentro de um envelope de construção. Idealmente fabricado com 12% de umidade, a capacidade da madeira de absorver e emitir umidade pode naturalmente estabilizar um ambiente interno. Os edifícios de CLT “respiram”, minimizando o risco de crescimento de mofo e maximizando o conforto de seus ocupantes. A madeira é o único material de construção importante que cresce natural-



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tempo de construção mais rápido e menores custos de fundação, os custos totais estimados de estruturas em CLT estão se mostrando muito competitivos.

mente e é renovável. Estudos mostram consistentemente que a madeira supera o aço e o concreto em termos de energia incorporada, poluição do ar e poluição da água. O CLT também tem uma pegada de carbono mais leve, uma vez que os produtos de madeira continuam a armazenar carbono absorvido pelas árvores durante o crescimento, e a fabricação de madeira

engenheirada requer significativamente menos energia para produzir do que concreto e aço. Os únicos constituintes de um sistema de construção em CLT são a madeira e um adesivo não-tóxico. Os materiais de construção do CLT não introduzem nenhuma toxina no ambiente interno, proporcionando uma qualidade limpa do ar interno. Os sistemas de parede CLT são naturalmente respiráveis. Integrado com sistemas mecânicos apropriados, isso cria um ambiente interno saudável que maximiza o conforto e a saúde dos ocupantes. A longevidade dos componentes do CLT garante que o valor futuro de qualquer estrutura permaneça alto. Os edifícios em CLT são facilmente alterados e remodelados e também são totalmente recicláveis quando chegam ao fim de sua vida útil. Comparando o custo do CLT com certos tipos de construção de concreto, alvenaria e aço e incluindo as vantagens de

Flexibilidade de projeto O CLT possui propriedades estruturais exclusivas que proporcionam maior flexibilidade de projeto, permitindo projetos diferenciados e inovadores. Devido à ductilidade inerente da madeira e à relação resistência-peso, a madeira oferece muitas vantagens em relação aos outros materiais estruturais comuns, como alvenaria, concreto e aço. De construtores de uma só pessoa a grandes empresas de construção, os sistemas estruturais da CLT chegam ao

local prontos para serem montados, economizando tempo e dinheiro com um processo de construção rápido e preciso. Os painéis CLT são fabricados para aplicações específicas de uso final, o que resulta em pouco ou nenhum desperdício no local de trabalho. Além disso, os fabri-

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cantes podem reutilizar aparas de fabricação para escadas e outros elementos arquitetônicos. Fabricação e Tecnolocia a) Material Básico – Madeira Serrada : Geralmente, as placas de CLT são formadas por peças prismáticas de madeira serrada com espessuras que variam de 12-45mm e larguras que variam de 40300mm. Na Europa a norma estabelece lâminas de espessura 20, 30 e 40mm. Devido às tensões de cisalhamento entre as lâminas, a norma estabelece que a largura das tábuas seja maior ou igual à 4 vezes a espessura, adotando como padrão lâminas de 150mm de largura. As peças de

madeira devem ter a umidade controlada que varia de 10-14% de umidade para a colagem. b) Colagem de topo com “fingerjoints” Para o CLT o finger-joint pode variar de um comprimento de 15-20mm. Colagens com finger-joints de comprimento superior à 20mm devem ser estudados caso a caso pois podem reduzir a resistência quando a placa é submetida à



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momentos fletores. A posição dos finger-joints podem ser tanto transversais como longitudinais. A diferença é apenas estética. c) Aplicação do adesivo nas faces das lâminas: De forma geral os adesivos são aplicados com aplicadores de adesivos que regulam a quantidade de produto que será aplicado nas faces de colagem. Eles podem ser aplicados em cada lamela de madeira individualmente, normalmente correndo numa esteira rolante ou diretamente na mesa de prensagem sobre as lamelas já dispostas lado à lado. d) Prensagem do CLT: A prensagem dos painéis de CLT podem ser feitas de 3 formas. A primeira forma é o uso da prensa hidráulica, a segunda é o uso da prensa à vácuo e a terceira (menos utilizada) é a ligação das lâminas através de parafusos, pregos e sargentos.A equação para definir a pressão ideal para o CLT pode ser definida como uma função do adesivo utilizado, espécie de madeira, geometria das lâminas, sistema de aplicação do adesivo e quantidade de adesivo aplicado. e) Acabamento das placas: Depois da prensagem as placas de CLT são requadradas nas bordas. Pode-se futuramente aplicar placas de OSB, gesso ou cimentíceas sobre as placas de CLT. f ) Cortes em CNC: Assim que as placas são requadradas, faz-se os cortes, encaixes, furos e usinagens das placas CLT numa router CNC ou manualmente. Tipos de Prensas a) Prensas hidráulicas : Através de prensas hidráulicas é possível conseguir praticamente qualquer valor de pressão de colagem das lâminas. A grande vantagem das prensas hidráulicas é a flexibilidade de automação do processo de colagem, tanto antes como durante e após a prensagem. Isso engloba o posicionamento das lâminas, alinhamento, aplicação do adesivo, a entrada e saída das camadas, a aplicação de pressão em determinados pontos e a prensagem em si. Porém, essas prensas, ao contrário das prensas à vácuo, não são capazes de produzir peças curvas ou outras formas. Além disso, em consequência da prensagem estritamente paralela não é possível corrigir falhas e desvios de espessuras das lâminas, o que é conseguido apenas nas prensas à vácuo. b) Prensas à vácuo : As prensas à vácuo tem a capacidade de prensagem que podem ir de 0,05-0,1 N/mm2 (0,5-1,0 Kgf/cm2). Devido à limitação de pressão de colagem, há uma limitação no uso de adesivo e espécies de madeira a serem coladas. A vantagem das prensas à vácuo é que são mais econômicas que as prensas hidráulicas e atendem bem à uma produção média de 2000-5000 m3 de produção por ano.

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c) Prensagem com sargentos, pregos e parafusos : Também é possível fabricar as placas de CLT sem nenhum grande equipamento industrial através de sargentos manuais e aplicação de pregos e parafusos nas lâminas durante a colagem. A única vantagem desse sistema é que ele é de baixo custo. No Brasil ainda não existem normas específicas para o cálculo estrutural dos painéis em CLT. Portanto, recomenda-se o uso da norma Européia ou Canadense. Considerando o crescimento exponencial do uso do CLT no mundo, principalmente no Canadá, EUA e Japão e inclusive no Brasil é necessária uma normatização mundial das placas de CLT, englobando produção, testes em laboratório, design, cálculo, detalhamento, ligações e execução. O uso de madeira de Pinus no caso do CLT brasileiro é bem vindo e é atualmente a madeira ideal para a fabricação do CLT por aqui. Ainda faltam estudos mundiais de CLT com madeiras mais densas e com placas de CLT utilizando madeiras de espécies diferentes. Sobretudo o CLT não veio apenas pra revolucionar a indústria da construção em madeira e sim para revolucionar toda uma indústria de construção mundial, que não mudava há mais de 100 anos. Atualmente o potencial do CLT pode ser visto em edifícios de múltiplos andares pelo mundo. De qualquer forma é essencial que as particularidades da madeira devem ser levadas em conta como por exemplo a vulnerabilidade à umidade. Consequentemente os detalhamentos que previnem a estrutura de ficar exposta devem ser obrigatórios e regulamentados. Quando se projeta em CLT é necessário levar em conta a estrutura como um todo e não apenas peças individuais. Para tal já existem softwares para o cálculo de estruturas em CLT como o RFEM da Dlubal. O CLT não concorre de fato com o sistema linear pilar-viga já conhecido pelas estruturas de madeira e sim concorre diretamente com materiais de base mineral como o concreto-armado e o aço. Isso devido ao fato que pode-se sempre utilizar espécies locais para a sua fabricação, de forma sustentável, beneficiando diversas regiões pelo mundo. Inclusive no Brasil. RM Engenheiro Alan Dias Carpinteria Estruturas de Madeira

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Cross Laminated Timber (CLT): production and development

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ross Laminated Timber (CLT ) is gaining popularity worldwide as a versatile material in civil construction. CLT technology was developed in Europe in the early 1990s, where it became a widely used building material. In Europe, the CLT successfully competes with reinforced concrete, steel and brick in selected market segments, such as multi-family buildings. CLT panels are pre-fabricated, with openings for doors, windows, and ducts precision- cut by CNC routers. The prefinished panels are transpor ted to the construction site and put into place with cranes and a small construction crew. Walls and floor systems are joined using metal connectors. Additional insulation layers can be applied to CLT walls and ceilings, or the sur faces can be left bare to take advantage of the warmth and aesthetics of wood. CLT ’s attractiveness as a building system originates in par t from the speed with which CLT buildings can be raised, resulting in considerable savings in labor and minimal disturbance to the site’s surroundings. Also, par t of the attention given to CLT is due to its potential use in tall

buildings; 8- and 12-stor y buildings have been erected, and taller buildings are in preparation. Since its market introduction in the early 1990s, production of CLT has grown at a rapid rate. Most estimates put global annual production of CLT at over 600,000 m3 for 2014, a number

that is expected to reach one million m3 by 2018, as operations in Finland, Latvia, Japan, and the U.S. come on line. It is estimated that CLT production will potentially reach 3 million m3 within the next 10 years, with most of the growth expected to occur outside Europe, including Brazil. The development of CLT in the 1990s was motivated by the need for the sawmill industr y to add higher value use for the side boards. The large dimensions of CLT and its applicability in engineering

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made the product to become a real option in a market that had been reser ved for mineralbased materials. LCT allows wood to be used in never before seen buildings like 30-stor y high rises. CLT fire per formance is better than any other construction system of wood, concrete or steel. Also, the combination of strength, ductility and light weight form the ideal ear thquake-proof system. Solid wood panels give excellent acoustic insulation, while vibration design can satisfy the strictest building codes. As for thermal insulation, it is an ideal building system for Passive Homes - that do not require heating systems. LCT can trap 90% of the heated air that escapes from normal homes. High thermal mass of wood keeps the house warm in winter and cool in summer. CLT does not compete with the pillar-beam system, which is already known for its wood structures, but with mineral-based materials such as reinforced concrete and steel. This is due to the fact that it is possible to use local species for its manufacture, in a sustainable way, benefiting different regions of the world, even Brazil. RM


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ão diversas as espécies utilizadas para a fabricação de pisos de madeira maciça. As variações de cores, dimensões e formatos permitem a concepção de uma ampla gama de padrões de revestimento. Para selecionar uma espécie como adequada à fabricação de pisos de madeira, devem ser consideradas, principalmente, as propriedades físico-mecânicas como massa específica, dureza Janka e retrabilidade. Adicionalmente, a escolha do piso de ma-

Dureza Janka: A dureza é um parâmetro importante para a caracterização e utilização da madeira. Existe uma correlação bem fundamentada entre a dureza e outras propriedades da madeira tais como massa específica, resistência à compressão, flexão, cisalhamento e rigidez. Os resultados da dureza devem ser utilizados na seleção de madeira para produtos como pisos, dormentes, cruzetas, postes e estruturas. O ensaio de dureza consiste na aplicação de uma carga em corpos-de-prova de madeira ou produtos derivados de madeira, utilizando-se um dispositivo de formato esférico com área diametral de 100mm². O diâmetro da esfera correspondente a essa área é de 11,3mm. A resistência à dureza Janka é definida como a carga ou tensão resultante ao se introduzir a semi-esfera (5,65mm) de aço na madeira. Este ensaio deve ser realizado com carregamento monotônico e num período de pelo menos 1min, segundo o método da ABNT-NBR 7190/97. A dureza geralmente é determinada nas direções paralela e perpendicular ao sentido dasfibras. Como este ensaio é pontual, o seu resultado depende, para o mesmo corpo-de-prova, do teor de umidade e também da heterogeneidade da madeira. Portanto, para a sua determinação, é necessário um rigoroso procedimento para representar fielmente o que está sendo avaliado. Retrabilidade: É o conjunto das características de retração e inchamento da madeira. A variação dimensional em qualquer uma das três direções estruturais da madeira, (longitudinal, radial e tangencial, demonstradas na Figura), é calculada como porcentagem de variação em relação à dimensão inicial. A retração e o inchamento da madeira estão diretamente relacionados com o seu teor de umidade. O inchamento ou aumento no volume é resultante de um aumento na quantidade de moléculas de água em sua estrutura polimérica, ou seja, de um aumento no teor de umidade da madeira. No sentido inverso, a retração ou redução no volume verifica-se quando ocorre uma redução nas moléculas de água presentes em sua estrutura polimérica, ou seja, quando ocorre uma redução no teor de umidade

deira pelo comprador está relacionada com aspectos estéticos e as tendências da moda e do mercado no momento. Massa específica (Me): É uma das principais propriedades físicas da madeira e é também erroneamente conhecida como densidade. De acordo com definição da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a massa específica da madeira é a relação entre sua massa e o seu volume, a um mesmo teor de umidade. Para efeitos de padronização, a ABNT recomenda que a Me seja expressa a um teor de 12% de umidade. Outra maneira para expressar a relação entre massa e volume para a madeira é a massa específica básica (Meb). Tanto a Meb como a Me geralmente são expressas em gramas por centímetro cúbico [g/cm³] ou quilogramas por metro cúbico [kg/m³]. As madeiras podem ser classificadas em leves (Me < 500kg/ m³), médias (Me entre 500 e 750kg/m³), pesadas (Me entre 750 e 950kg/m³) e muito pesadas (Me > 950kg/m³) . No caso dos pisos de madeira, por exigir grande resistência, geralmente são indicadas madeiras pesadas. Atualmente, algumas madeiras médias também estão sendo utilizadas para pisos. 18


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da madeira. A alteração do volume da madeira depende unicamente da água contida no interior da parede celular das fibras, a qual interage com a estrutura polimérica do material e não da água contida no miolo da fibra (poro/lume). Toda movimentação dimensional irá ocorrer em teores de umidade abaixo do ponto de saturação das fibras (PSF), ou seja, entre 0% e 28%

(verde) e no estado absolutamente seco (0%), em relação às suas dimensões no estado absolutamente seco. Da mesma forma, a retração volumétrica máxima de uma madeira é dada pela diferença entre as dimensões no estado saturado de umidade e no estado absolutamente seco, em relação às dimensões da madeira no estado saturado de umidade.

onde ao correr do ano estarão ocorrendo ora a perda de umidade, ora o ganho de umidade. A variação dimensional também pode ser medida em relação às direções estruturais da madeira, ou seja, nos sentidos longitudinal, radial e tangencial. Nesse caso, são denominadas de variações lineares e pode-se assumir que a variação volumétrica é igual ao somatório das va-

de umidade. Acima do PSF não ocorrem mudanças significativas no volume como resposta a variações no teor de umidade. O inchamento máximo de uma madeira é dado pela diferença entre suas dimensões no estado saturado de umidade

Na prática, pode-se dizer que, em situações normais de uso, a variação entre a retração e o inchamento de uma peça de madeira tende a ser muito pequena em relação às variações climáticas (madeira em teor de umidade de equilíbrio),

riações lineares. Devido à estrutura anatômica da madeira, da posição das fibras em relação ao fuste e à forma do tronco (cilíndrica, cônica, etc), as variações lineares são diferentes entre si. A variação no sentido longi-

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tudinal é muito menor do que no sentido transversal e, transversalmente, a variação no sentido tangencial sempre é maior do que a variação no sentido radial. Para a grande maioria das aplicações da madeira, a variação dimensional no sentido longitudinal pode ser desprezada, sendo importantes as variações de dimensões nos sentidos tangencial e radial. Um dos índices para seleção de espécies é denominado de relação T/R, que é a relação entre os valores máximos de retração nos sentidos tangencial (T) e radial (R). Como a variação tangencial sempre é superior à variação radial, o índice T/R sempre será um número maior que 1,0. No sentido prático, madeiras cujo índice T/R é inferior a 1,5 são mais homogêneas quanto à variação dimensional e que tendem a apresentar deformações

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here are several species used for the manufacture of solid wood floors. A wide range of coating standards is possible due to the variations of colors, sizes and formats. Physical-mechanical properties such as specific mass, Janka hardness, and retractability are the main features taken into account for the manufacture of wood flooring. In addition, the buyer chooses the wood floor considering aesthetic aspects, as well as fashion and market trends. Specific mass (SM): it is one of the main physical properties of wood, mistakenly known as density. It is the relationship between its mass and its volume, to the same moisture content. In the case of wooden floors, since they have to be highly resistant, heavy wood is generally used. However, some medium weight wood is also used for flooring. Janka Hardness: hardness is an important

pequenas em resposta à variação no teor de umidade da madeira. Por outro lado, espécies com índice T/R superiores a 2,5 são madeiras que tendem a apresentar deformações comparativamente maiores em função das

mudanças climáticas ao longo do ano. Existem no mercado outras espécies que estão sendo utilizadas para pisos. Essas espécies menos comuns geralmente apresentam propriedades físico-mecânicas inferiores em relação às espécies mais tradicionais. O uso destas espécies pode

resultar em defeitos ou problemas indesejados no piso acabado. Do ponto de vista ecológico e atendendo os princípios da sustentabilidade, é interessante a utilização de maior diversidade de espécies para pisos, pois diminui a pressão da exploração florestal em poucas espécies e proporciona mais eficiência e aproveitamento de espécies no manejo florestal. O projeto PIMADS – Piso de Madeira Sustentável estudou 14 espécies alternativas a fim de avaliar seu potencial para uso como piso de madeira. As características de tais espécies podem ser observadas na Tabela anterior. RM Material retirado do livro Guia Básico para Instalação de Pisos de Madeira

Wood used in flooring parameter for the characterization and use of the wood. There is a well-founded correlation between hardness and other properties of wood such as specific mass, compressive strength, flexure, shearing and stiffness. Hardness results should be used in the selection of wood for products such as floors, crossheads, posts, and structures. Retractability: it is the set of retraction and swelling characteristics of the wood. The dimensional variation in any of the three structural directions of the wood, (longitudinal, radial and tangential, shown in the Figure), is calculated as a percentage of variation in relation to the initial dimension. The retraction and swelling characteristics of the wood is directly related to its moisture content. In practice, under normal circumstances, the variation between the retraction and the swelling of a piece of wood tends to be very small in relation to climatic variations (wood

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with balanced moisture content), where there will be both loss and gain of moisture throughout the year. The dimensional variation can also be measured considering structural directions of the wood, that is, the longitudinal, radial and tangential directions, known as linear variations. The volumetric variation is equal to the sum of the linear variations. Other species in the market are being used for flooring. They generally present lower physical-mechanical properties in relation to the more traditional species. Their use may result in undesired defects or problems in the finished floor. From the ecological and sustainable viewpoint, the use a diversity of wood species for floors is important because it reduces the pressure on the exploitation of few forest species and provides more efficiency in the use of species and in forest management. RM


crescimento mais expressivo na produção física de móveis, 4,2% sobre 2017. A disponibilidade destes itens no mercado interno brasileiro deverá apresentar crescimento um pouco mais acentuado, de 5%, atribuído à alta de 41,2% prevista para as importações em 2018, que deverão apresentar participação de 3,6% no consumo aparente. As exportações devem se manter mais estáveis, representando cerca de 3,7% da produção nacional. Nos últimos anos, quando se agravaram as instabilidades econômicas no País, a produção de móveis sofreu quedas acentuadas em volumes, porém, altas nos valores de produção. Isso deve-se ao que fato na na crise, principalmente entre as classes mais baixas, a demanda por móveis novos é menor, afetando a produção como um todo, porém a produção de móveis mais

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estudo Mercado Potencial de Móveis em Geral, elaborado pelo IEMI, apontou que a produção física de móveis em 2017 voltou a crescer após as quedas consecutivas nos três anos anteriores (2014, 2015 e 2016), quando caíram 16,3% no período. O crescimento, embora tímido, de 0,3% em 2017 sobre 2016, é um importante resultado para a indústria, indicando uma estabilização e início de retomada no mercado nacional moveleiro. Outro importante resultado foi a retomada das importações de móveis que, mesmo representando apenas 2,6% no consumo interno de móveis , apresentou alta de 46,1% no ano passado com o desembarque de cerca de 10,5 milhões de peças, apresentando recuperação, após a retração de 41,5% registrada nos três anos anteriores. Esse resultado contribuiu para o aumento de 1,5% no consumo aparente de móveis em 2017 frente ao ano anterior, após o índice desabar 17,5% entre 2014 e 2016. No total, 396,1 milhões de peças foram disponibilizadas ao varejo e outros canais de vendas (corporativos, licitações, atacadistas, etc). Já as exportações de móveis se mantiveram estáveis nos últimos cinco anos, sendo exportadas cerca de 3,4% em média

elaborados, com maior valor agregado, demandada pelas classes mais altas, sofre menos impacto e também se recupera mais rápido, ganhando participação na produção e aumentando o valor médio das peças. Outro fator muito impactante nesta alta foram os preços dos insumos da produção, as chapas principalmente e outros fatores. Sobre a inflação na produção, o índice de preços ao produtor (IPP – IBGE) foi de 3,2% em 2016 e de 5,2% em 2017. Para 2018, as estimativas apontam para um crescimento expressivo nos valores da produção de móveis, 8% sobre 2017. As vendas de móveis no varejo em 2017 voltaram a apresentar quedas em volumes, de 0,2% sobre ano de 2016, porém, queda menos acentuada em relação aos três anos anteriores (2014, 2015 e 2016), quando apresentaram redução média de 8,2% no período. Para 2018, as estimativas são de crescimento de 4,2% sobre 2017. Já as vendas em receita no varejo apresentaram crescimento de 2,8% em 2017 sobre 2016, chegando a R$ 67,1 bilhões. Crescimento atribuído ao aumento no preço médio nas peças de móveis, cerca de R$ 194,00 em 2017 (2,9% sobre 2016). Para 2018, as estimativas apontam crescimento de 10,7% sobre 2017 no varejo de móveis em valores. RM

da produção nacional de móveis. Em 2017 foram embarcadas cerca de 14,1 milhões de peças. Para 2018, as estimativas preliminares apontam para um

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Innovative solutions boost wood structures

ver the past two or three decades, timber engineering and construction has experienced significant and transformative advances, setting wood products up for a comeback. These include new engineered wood products, including solid panel products such as cross-laminated timber (CLT), computer numerically controlled (CNC) fabrication, versatile high-efficiency timber connectors, and progress in fire protection engineering. With technical progress and increased demand for wood products comes greater economic opportunities. Today, the most ancient construction material, and the only one that is naturally grown by the sun, is becoming more high-tech and still has considerable development potential in store. This technical progress seems to have combined with other positive influences to reposition wood on the world stage. A renewed interest in timber as an architectural medium, combined with strong trends in sustainability, is promoting the expanded use of wood in several countries including Canada, the U.S.,

Japan, Australia, and several countries in Europe. Emboldened by these trends, timber is slowly but surely reclaiming its place as a viable option for commercial construction in a wide variety of building types including airports, museums, university facilities and even skyscrapers. Key to the successful execution of large timber structures is the availability of economical, versatile and reliable connectors. The different timber connection systems available are comparable to individual tools in a toolbox. As an engineer looking for innovative, elegant solutions, one needs a toolbox with a variety of reliable and high-quality tools. Several new options have been added in the time since then. The North American toolbox for wood connections is the first of four main compartments: standard through bolts, screws and nails, timber rivets, truss plates and preengineered light gauge metal connectors. These are all longstanding inductees of local codes and are well known to most. This does not include North American style split rings and shear plates, which are specified less frequently today. In compartment number two, we find

connection systems that are not explicitly covered by building codes but can be designed within the scope of the codes using first principles. These include castings, shear keys, wood-to-wood notches and steel-to-wood notches. The third compartment includes generic connection systems, which are not covered in North American codes but are officially recognized in reputable foreign codes such as the Swiss, German or Eurocode. These include tightfit bolts and pins and ring nails. The final compartment houses state-of-theart proprietary systems that are supported by empirical data and usually by foreign (European) codes and approvals. These require careful review and, occasionally, local testing. The proprietary systems the author’s firm engineers have used include the BVD or Bertsche system developed by German engineer Peter Bertsche, the SFS WS system by SFS Intech, the HBV and HSK adhesive-based system by TiComTec and developed by Dr. Leander Bathon, the Sherpa or Pitzl aluminum dovetail systems and finally, but not least, the very versatile selftapping screws. RM


Troncos Encaixados. Sistema Pilar-Viga Esse sistema é constituído por pilares e vigas que se dispõem em forma de pórticos. Trata-se de um sistema autoportante e independente de outros sistemas, vedação vertical, por exemplo, onde a distribuição de cargas é concentrada, das vigas aos pilares e desses para as fundações. Neste sistema é preciso atenção especial às cargas de vento e, consequentemente, ao contraventamento das vedações verticais e horizontais. No período colonial brasileiro este sistema foi amplamente utilizado, com peças superdimensionadas, tanto por proteção a ataques de fungos e insetos, quanto por ausência de um

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istema construtivo é um conjunto de métodos utilizados na construção da estrutura e das vedações de uma edificação. Em concordância com essa definição, uma edificação que emprega prioritariamente a madeira como componente estrutural, pode utilizar esse material também como vedação. Existe uma grande distinção dos critérios de classificação dos sistemas construtivos em madeira de acordo com a tradição construtiva de cada país. A Junta del Acuerdo de Cartagena – JUNAC (junta composta por Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela), apesar de não representar países com grande tradição em construções de madeira, elaborou em 1984 o Manual de Diseño para Maderas del Grupo Andino, que contém uma coletânea sistematizada de sistemas construtivos em madeira. Uma primeira sistematização de sistemas construtivos em madeira no Brasil, classificando-os a partir de um enfoque estrutural, definiu dois grupos: pilar e viga e painéis. Foi verificado o baixo nível de pré-fabricação de sistemas construtivos de madeira em painéis, onde a maioria desses produtos denominados pré-fabricados, na realidade consistem de em um sistema estrutural de pilar e viga (“casas pré-cortadas”). Foi realizada uma coleta de sistemas construtivos em madeira no país, e então, considerando o repertório nacional de construções em madeira, ampliou-se a classificação de sistemas construtivos em madeira sob o enfoque estrutural para quatro grupos: (a) Sistema Pilar-Viga; (b) Sistema Entramado; (c) Sistema Painel Pré-Fabricado; (d) Sistema

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correto dimensionamento. Devido a sua simplicidade construtiva, o sistema pilarviga continua sendo empregado, porém com seções mais otimizadas, devido ao rigor do cálculo estrutural e do desenvolvimento de novos produtos de madeira. Sistema Entramado No sistema entramado a estrutura é constituída por elementos de seção transversal de pequenas dimensões, esbeltos e espaçamentos curtos entre

si. Essas tramas são então revestidas de diversas maneiras (chapas, tábuas, etc.), proporcionando rigidez ao conjunto. Com essa configuração, as cargas transmitem-se de forma distribuída pelos elementos estruturais. As cargas provenientes das coberturas e pisos são distribuídas uniformemente pelas paredes, que por sua vez as distribuem para as fundações. O sistema entramado possui grande potencial para industrialização e racionalização da

construção, e consequentemente para a pré-fabricação de componentes ou elementos. Sistema Painel Pré-Fabricado Neste sistema construtivo as paredes, os pisos e as coberturas são formados por painéis, constituídos por ossatura e fechamentos. Os sistemas em painéis não possuem estrutura principal, trata-se de um sistema construtivo onde as cargas são transferidas para as fundações pelos


Revista da Madeira painéis verticais. A fabricação dos painéis é feita em uma oficina, e somente a montagem da estrutura é realizada no canteiro, dessa forma, sendo menos dependente das condições meteorológicas. Esse sistema foi desenvolvido a partir de novos meios de ligação oferecidos pelas indústrias metalúrgicas, facilitando sua construção em oficinas, reduzindo o tempo no canteiro e aumentando a precisão nos elementos de união dos componentes pré-fabricados. Ou seja, por meio da pré-fabricação, esse sistema apresenta grande potencial de racionalização e industrialização de seu processo construtivo. Sistema Troncos Encaixados O sistema construtivo em troncos encaixados, também chamado de sistema construtivo em madeiras maciças empilhadas, caracteriza-se por um sistema autoportante, onde a estrutura também serve de vedação (paredes). O sistema é composto por peças de madeira roliça ou serrada empilhadas, com comprimento do ambiente, ou da

fachada inteira. Neste sistema a correta execução dos encontros entre as peças nos cantos das paredes e, o contato horizontal e longitudinal entre cada camada de peça, são fatores críticos na obtenção de qualidade construtiva. Ambos os detalhes estão relacionados à: amarração entre as peças, desempenho estrutural, estanqueidade contra ventos e chuvas e o isolamento térmico. Outra maneira de classificar os sistemas construtivos em madeira é a partir do seu grau de industrialização, onde a diferenciação reside principalmente na quantidade de trabalho a ser realizado na fábrica e no canteiro. A industrialização da construção tem por objetivo o ganho de produtividade por meio do emprego de forma racional e mecanizada de materiais, meios de transporte e técnicas construtivas. Tamnbém tem por objetivo “incrementar a produtividade e o nível de produção e aprimorar o desempenho da atividade construtiva”. Ou seja, a industrialização pode ser entendida como um processo organizacional que busca melhorar o desempenho da atividade

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construtiva. É possível extrair dessas definições a importância da substituição do trabalho manual pelo mecanizado no manuseio de materiais, seu transporte e nas técnicas construtivas. Dessa forma, a classificação por meio do grau de industrialização permite compreender o quanto de mecanização foi empregado no processo construtivo. A JUNAC apresenta três tipos de sistemas construtivos em madeira sob enfoque produtivo (Tabela 3.1), e os agrupa conforme seu grau de industrialização: (a) Sistemas construtivos não industrializados; (b) Sistemas construtivos semi-industrializado; (c) Sistemas construtivos industrializados. Sistemas construtivos não industrializados Os sistemas construtivos não industrializados são aqueles onde o material é utilizado em seu estado bruto ou muito próximo disso (com pouca transformação – madeira roliça). As peças sofrem pouca modificações, que são executadas por meio de ferramentas e máquinas no



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próprio canteiro de obras. A JUNAC agrupa nesta categoria o sistema construtivo vernacular e o sistema construtivo habilitado ou semi pré-cortado. No primeiro prioriza-se o emprego de materiais locais e sofrem pouca ou nenhuma transformação. As sambladuras e montagens das uniões são realizadas por meio de método e ferramentas tradicionais, utilizando pouca tecnologia e equipamentos para deslocamentos pesados. O sistema habilitado ou semi pré-cortado, utiliza peças de madeira aparelhadas (com seção transversal final) provenientes de serrarias, exigindo a execução de perfurações e rebaixos necessários para a fabricação e montagem dos componentes no canteiro de obras. Sistemas construtivos semi-industrializado Os sistemas construtivos semi-industrializados são aqueles onde há um número de repetições de alguns elementos construtivos suficiente para serem pré-fabricados em grande escala, porém sem a necessidade de finalizar a montagem de painéis, componentes ou elementos volumétricos. A JUNAC inclui nesta categoria os sistemas pré-cortados. Neste sistema, as madeiras passam por processos de industrialização simples, porém são encaminhadas ao canteiro de obras já com as dimensões finais, com rebaixos, perfurações, etc. O maquinário necessário neste tipo de sistema construtivo não precisa ser sofisticado, podendo ser realizado em carpintarias de pequeno porte.

Sistemas construtivos industrializados A JUNAC subdivide os sistemas construtivos industrializados em dois grupos: (a) Pré-fabricação parcial; (b) Pré-fabricação total. Em ambos os materiais passam por processos industriais, sendo fabricados em partes ou em sua totalidade antes de serem transportados para o canteiro de obras. O tempo de montagem em canteiro de obras é reduzido, podendo ser realizado em questão de dias, porém é necessário um mão-de-obra altamente especializada. A pré-fabricação de componentes de madeira, painéis e módulos garante

trial, protegido das intempéries, além de garantir um trabalho ininterrupto devido a condições meteorológicas, permite que a madeira fique seca e a uma temperatura constante Isso reduz as chances de deformação do material, garantindo qualidade nos componentes, painéis e módulos a serem fabricados. Os sistemas construtivos em painéis estruturais de madeira são classificados como sistemas construtivos industrializados, e podem ser classificados em dois grupos: (a) Pré-fabricação parcial; (b) Pré-fabricação total. Nos sistemas construtivos de pré-fabricação parcial, são produzidos na indústria painéis ou grandes componentes,

eficiência do processo construtivo e aos mesmo tempo permitem ganhos de qualidade na manufatura destes componentes, além diminuir desperdícios de material no canteiro de obras. Um dos grandes ganhos de produtividade com a pré-fabricação em indústrias é a redução no tempo de construção no canteiro de obras. Essa economia de tempo é resultado da possibilidade de operacionalizar tarefas no canteiro de obras e na indústria simultaneamente. Outro ponto, é a possibilidade de executar componentes em mais de uma indústria. Uma das grandes vantagens na préfabricação de componentes, painéis e módulos de madeira é a precisão obtida nos processos de corte e montagem em um ambiente industrial. Porém, ele afirma que essa precisão não é obtida exclusivamente pelo emprego de máquinas automatizadas no processo de fabricação, mas também pelo aperfeiçoamento obtido com a repetição de tarefas desempenhadas pelos trabalhadores. A pré-fabricação em ambiente indus-

que podem ser paredes inteiras, partes do piso, da cobertura, etc. Em alguns casos, esses componentes são pré-fabricados com instalações, esquadrias, portas e alguns acabamentos, para posterior finalização no canteiro de obras. Podem ser planejados para serem montados no canteiro manualmente ou por meio da utilização de equipamentos de içamento e transporte de carga no canteiro. Os sistemas construtivos com préfabricação total, também chamada de pré-fabricação volumétrica, consistem naqueles onde as unidades habitacionais são finalizadas na indústria, e somente as fundações e alguns serviços são executados no canteiro de obras. Entre 1943 e 1945, Walter Gropius e Konrad Wachsmann desenvolveram o Packaged House System, em parceria com a General Panel Corporation. Este sistema pré-fabricado era semelhante ao da casa Kupfer, porém com painéis de menores dimensões, sendo mais fáceis de serem manuseados e oferecendo maiores possibilidades de combinação. Diferentemen-

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te do sistema anterior, as ossaturas dos painéis eram revestidas por pranchas de madeira montadas na vertical. O Packaged House System, utilizava um conector metálico patenteado por Wachsmann, que permitiam a montagem tanto na direção horizontal quanto na vertical. Cada conector era fixado à ossatura dos painéis, permitindo a conexão de até quatro painéis. Este sistema de ligação permitia, inclusive, que a edificação pudesse ser desmontada. Foi produzida uma avaliação comparativa entre tecnologias utilizadas na produção de casas modulares nos Estados Unidos e na indústria de casas de madeiras da Alemanha. A construção de componentes construtivos de forma préfabricada, sob um teto de fábrica, alcança resultados de melhor qualidade comparados aos feitos no canteiro de obras diretamente, tendo em vista o trabalho ser realizado em um ambiente mais confortável, e usualmente esse tipo de operário é mais capacitado. Na Alemanha aproximadamente 14% de novas residências são em madeira, deste percentual 84% são casas construídas com painéis prontos pré-fabricados em industriais e posteriormente transportadas ao canteiro de obras e montados. Na Alemanha, geralmente os painéis produzidos nas indústrias são transportados para o canteiro já com portas, esquadrias, isolamento térmico, eletrodutos para instalações elétricas, barreiras de umidade, OSB (Oriented Strand Board) e placas de gesso acartonado instaladas. Em alguns casos os revestimentos internos e externos também já são fixados na própria fábrica. O termo painéis wood frame foi usado para designar a construção em painéis industrializados produzidos na Alemanha. Esse sistema apresenta alto controle de qualidade a partir da industrialização dos painéis de parede, de piso e cobertura. A construção das casas pode ser concluída em apenas 60 dias, sendo necessário apenas 1 dia para montagem da casa. Devido à falta de normas que orientem a produção de sistemas construtivos pré-fabricados em madeira, a avaliação de novos sistemas construtivos pode ser executada seguindo os procedimentos estabelecidos pelo Sistema Nacional de Avaliações Técnicas de produtos inovadores.

O SINAT é um projeto do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) que visa estabelecer o conjunto de procedimentos para avaliar novos sistemas construtivos e produtos utilizados nos processos de construção, quando inexistirem normas técnicas prescritivas específicas aplicáveis ao produto.. O SINAT elabora documentos de referência que contém as diretrizes para avaliação técnica de produtos (Diretriz SINAT), incluindo requisitos e critérios de desempenho, bem como os métodos de avaliação a serem adotados pelas Instituições Técnicas Avaliadoras (ITA). Os requisitos e critérios de desempenho apresentados pela diretriz SINAT nº005 são provenientes das NBR 15575:2013, NBR 7190:1997 e outras normas pertinentes. A NBR 15575:2013 estabelece níveis de desempenho mínimo ao longo de uma vida útil para os principais

elementos de uma edificação habitacional (estrutura, cobertura, vedações, instalações elétricas, hidrossanitárias, pisos e fachadas). A NBR 7190:1997 estabelece as condições gerais para o cálculo e execução das estruturas de madeiras. Assim, os requisitos e critérios de desempenho utilizados na diretriz SINAT nº005 estão organizados nas seguintes classes: (a) Desempenho estrutural; (b) Segurança contra incêndio; (c) Estanqueidade à água; (d) Desempenho térmico; (e) Desempenho acústico; (f ) Durabilidade e manutenabilidade. A diretriz SINAT nº005 estabelece também procedimentos de controle da qualidade na montagem da unidade habitacional. Esses procedimentos estão

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agrupados em dois tipos de atividades: (a) Controle de aceitação de materiais; (b) Controle e inspeção das etapas de montagem. No caso de sistemas construtivos préfabricados, onde ocorrem procedimentos produtivos tanto em unidades industriais quanto no canteiro de obras, os controles de qualidade são executados nos locais específicos de cada atividade. O documento da diretriz SINAT nº005 lista os itens a serem controlados no recebimento de materiais, os requisitos esperados, os métodos e frequência ou amostragem para avaliação. Esta relação é uma referência e, no caso do emprego de materiais que não constem nela, a diretriz SINAT nº005 estabelece que estes também devem ser avaliados antes de seu recebimento em canteiro de obras. As classes em que a madeira pode ser classificada conforme a presença de defeitos são as seguintes: • Classe Estrutural Especial (SE): recomendada para aplicações na quais se requerem valores elevados para as propriedades de resistência e rigidez bem como boa aparência. • Classe Estrutural Nº1 (S1): recomendada para edificações nas quais se requerem valores elevados para as propriedades de resistência e rigidez bem como boa aparência. • Classe Estrutural Nº2 (S2): recomendada para aplicações gerais em edificações nas quais se requerem valores moderados para as propriedades de resistência e rigidez. • Classe Estrutural Nº3 (S3): recomendada para aplicações gerais em edificações nas quais se permitem valores baixos para as propriedades de resistência e rigidez, sendo que a aparência não é um fator importante. A diretriz SINAT nº005 exige que os procedimentos de montagem do sistema sejam descritas pelo proponente, e cabe a ITA a responsabilidade de verifica-los. Após a verificação dos procedimen-


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tos de montagem propostos, é necessário realizar inspeção visual do sistema construtivo finalizado, de maneira a identificar eventuais não conformidades que possam causar prejuízos no desempenho do sistema. Nestes casos, é preciso identificar suas causas e realizar as correções necessárias. A partir da classificação é possível constatar diversidade de tipologias que são utilizadas por diversos países com tradição neste tipo de construção. Já a classificação dos sistemas construtivos em madeira pelo seu grau de industrialização é de grande interesse, pois permite classificar estes sistemas de acordo com o ganho de desempenho da atividade construtiva obtidos pelo emprego de trabalho mecanizado nas diferentes etapas do processo produtivo. Dessas definições, é possível observar que a utilização de sistemas construtivos em painéis pré-fabricados apresentam vantagens produtivas e de qualidade de-

vido ao maior emprego de trabalho em ambiente industrial. Os principais ganhos de produtividade no emprego de sistemas construtivos em painéis pré-fabricados em madeira são: (1) produção em ambiente controlado e protegido do intemperismo; (2) operacionalização de tarefas na indústria e na obra, simultaneamente e; (3) possibilidade de execução de componentes em mais de uma indústria. Porém, é importante observar o emprego de estruturas pré-fabricadas (parcial ou totalmente) requer o uso de transporte (da indústria ao canteiro), equipamentos de içamento e transporte em obra e mão de obra treinada. Estes são elementos fundamentais para a obtenção de qualidade na execução desses sistemas construtivos, e devem ser considerados em todas as fases de projeto. A implementação de sistemas construtivos em madeira industrializados passa, necessariamente, pela qualificação

de mão de obra. Existe certa tradição de carpintaria no Brasil, o que leva a crer que o treinamento dessa mão de obra para a execução de sistemas construtivos em painéis pré-fabricados em madeira não seja um empecilho. Por outro lado, existem grandes desafios na organização da cadeia produtiva, de maneira a estabelecer uma estrutura de planejamento e gestão dos processos de produção. A implementação de sistemas construtivos pré-fabricados em madeira pressupõe uma mudança de paradigma, passando da construção para a montagem. Por fim, cabe salientar a relevância da diretriz SINAT nº005, que ocupa uma lacuna devido a inexistência de normas de procedimentos para sistemas estruturais pré-fabricados de madeira. Ela traz importantes considerações sobre o controle de qualidade dos materiais e dos serviços, indicando procedimentos adequados para inspecionar no projeto e no canteiro de obras. RM Yuri Endo Kokubun

Prefabricated wood construction systems A building system is a set of methods used in the construction of the structure and the enclosure of a building. A building that uses wood as a principal structural component can also use it as enclosure. The criteria for the classification of wood construction systems vary according to the construction tradition of each country. An early systematization of wood building systems in Brazil, classified from a structural approach, defined two groups: pillar and beam and panels. The low level of prefabrication of wood building systems in panels was noted. Most of the so-called prefabricated products consisted of a pillar and beam structural system (pre-cut houses). A later assessment on the country’s wood building systems was made, resulting in a new classification: (a) Pillar-Beam System; (b) Framing System; (c) PreFabricated Panel System; (d) StackedBoard System Pillar-Beam System This system is made up of pillars and beams that lay in the form of porticoes.

It is a self-supporting and independent system, different from systems such as the vertical closure, in which the distribution of loads goes from the beams to the pillars and from these to the foundations. In this system, special attention must be paid to wind loads and, consequently, to the wind-bracing of vertical and horizontal closures. Framing System The structure is made up of crosssectional elements of small, dimensions and short space. These frames are then covered in different ways (plates, boards, etc.), providing rigidity to the set. With this configuration, the loads are distributed among the structural elements. Pre-Fabricated Panel System In this construction system the walls, floors and roofs are made up of panels, which are in turn made up of framework and closure. The panel system does not have a main structure. It is a construction system in which the loads are transferred to the foundations by the vertical panels.

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The manufacture of the panels is done in a workshop, and the structure is assembled in the construction site, so they are less dependent on the weather conditions. Stacked-Board System The system is made up of pieces of staked round or sawn wood, with compression of the environment, or of the entire façade. The correct execution of the encounters between the pieces in the edges of the walls and the horizontal and longitudinal contact between each layer of piece, are critical factors for construction quality. Both details are related to: fastening among the pieces, structural performance, airand watertightness against winds and rain, and thermal insulation. There are three other types of wood construction systems under the productive approach. They are grouped according to their industrialization degree: (a) Non-industrialized construction systems; (b) Semiindustrialized construction systems; (c) Industrialized construction systems. RM


Revista da Madeira

A

América Latina é uma das três regiões onde o desmatamento continua, de acordo com O Estado das Florestas no Mundo de 2018, publicado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO. O relatório da FAO indica que, entre 1990 e 2015, a área florestal mundial diminuiu de 31,6% da área terrestre do mundo para 30,6%, embora o ritmo de perda tenha sido abrandado nos últimos anos. A maior parte desta perda ocorreu principalmente nos países em desenvolvimento, particularmente na África subsaariana, na América Latina e no sudeste da Ásia. Segundo o relatório, o desmatamento é tido como a segunda principal causa das mudanças climáticas – depois da queima de combustíveis fósseis - e representa quase 20% de todas as emissões de gases de efeito estufa. Isso é mais do que todo o setor de transporte do mundo. Entre 24% e 30% do potencial total de mitigação pode ser obtido por meio da interrupção e redução do desmatamento tropical. Nos lugares em que a demanda de carvão vegetal é alta, sobretudo na África Subsaariana, sudeste da Ásia e América do Sul, sua produção exerce pressão nos recursos florestais e con-

África e da América do Sul. Apenas 9% da área florestal da América do Sul é manejada com o objetivo de proteger o solo e a água, bem abaixo da média global de 25%. Florestas x pobreza As florestas e as árvores fornecem cerca de 20% da renda das famílias rurais nos países em desenvolvimento. No entanto, de acordo com o relatório, existe uma forte relação entre as áreas de cobertura florestal extensiva e as altas taxas de pobreza: no Brasil, por exemplo, pouco mais de 70% das áreas de florestas fechadas (densas, com grande cobertura de copa) apresentavam taxas de pobreza elevadas. De acordo com o SOFO, na América Latina, 8 milhões de pessoas sobrevivem com menos de 1,25 dólares por dia nas florestas tropicais, savanas e seus arredores. Mundialmente, mais de 250 milhões vivem abaixo da linha de pobreza extrema nessas áreas: 63% estão na África, 34% na Ásia e apenas 3% na América Latina. Um total de 85 milhões de pessoas vivem em florestas tropicais, savanas e em seus arredores na América Latina, O relatório da FAO aponta que na Guatemala – país onde 70% das terras florestais estão sob algum tipo de proteção - as empresas florestais comunitárias gerenciam mais de 420 mil hectares dentro

tribui para a degradação e desmatamento, especialmente quando o acesso às florestas não está regulamentado. Segundo o estudo da FAO, a proporção de pessoas que dependem de lenha varia de 63% na África a 38% na Ásia, e 16% na América Latina. As florestas manejadas para a conservação dos solos e das águas têm aumentado em todo o mundo nos últimos 25 anos, com exceção da

da R e serva da Biosfera Maia. No México, a partir de 1997, foi dado início a um importante programa para ajudar as comunidades a criar empresa florestais. Hoje, mais de 2.300 grupos comunitários ma-

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Revista da Madeira nejam suas florestas para a extração de madeira, o que gera importantes rendas para as comunidades e as famílias. O Parque Nacional da Tijuca, localizado no Rio de Janeiro, tem uma superfície de 4 mil hectares e foi declarado paisagem cultural Patrimônio da Humanidade pelo Unesco em 2012. Segundo o relatório da FAO, para enfrentar a proliferação de espécies exóticas e a expansão urbana, o parque foi reflorestado com árvores nativas e foram construídas infraestruturas recreativas para envolver a comunidade local e aumentar a conscientização sobre a importância da proteção das florestas urbanas. Desde 1999, o parque é adminis-

trado conjuntamente pela Prefeitura do Rio de Janeiro e pelo Ministério do Meio Ambiente: hoje é um ambiente

natural excepcional para seus 2,5 milhões de visitantes anuais, e a restauração da Mata Atlântica que hospeda o transformou em um santuário para

uma grande diversidade de espécies endêmicas. Costa Rica é um dos principais destinos eco turísticos do mundo: em 2016, 2,9 milhões de turistas estrangeiros visitaram o país e 66% deles afirmaram que o ecoturismo era um dos seus principais motivos da visita. Os turistas gastaram em média 1 309 dólares por pessoa, trazendo renda para o país de 2,5 bilhões de dólares, relacionados em parte ao turismo de natureza, o que equivale a 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da Costa Rica. Estima-se que, em 2015, apenas as áreas de conservação florestal receberam aproximadamente um milhão de visitantes não residentes e 900 mil visitantes nacionais. RM

Forest land continues to decrease

L

a t i n A m e r i ca i s o n e o f t h re e re g i o n s w h e re d e f o re s t a t i o n co n t i nu e s, a cco rd i n g to Th e S t a te o f t h e Wo r l d ’s Fo re s t s 2 0 1 8 , p u b l i s h e d by t h e Fo o d a n d Ag r i c u l t u re O rg a n i za t i o n o f t h e U n i te d N a t i o n s, FAO. Th e FAO re p o r t i n d i ca te s t h a t b e t we e n 1 9 9 0 a n d 2 0 1 5 t h e wo r l d ’s f o re s t s d e c re a s e d f ro m 3 1 . 6 % o f t h e wo r l d ’s l a n d a re a s to 3 0 . 6 % . Th i s l o s s o cc u r re d m a i n l y i n d e ve l o p i n g co u n t r i e s, p a r t i c u l a r l y i n s u b -S a h a ra n Af r i ca , La t i n A m e r i ca a n d S o u t h e a s t A s i a . D e f o re s t a t i o n i s re g a rd e d to b e t h e s e co n d l e a d i n g ca u s e o f c l i m a te c h a n g e – a f te r t h e burning of fossil fuels – and a cco u n t s f o r a l m o s t 2 0 % o f a l l g re e n h o u s e g a s e m i s s i o n s. Th i s i s m o re t h a n t h e e n t i re t ra n s p o r t s e c to r. B e t we e n 2 4 % a n d 3 0 % o f t h e to t a l m i t i g a t i o n p o te n t i a l ca n b e o b t a i n e d by s to p p i n g a n d re d u c i n g t ro p i ca l d e f o re s t a t i o n . I n p l a ce s w h e re t h e d e m a n d f o r c h a rco a l i s h i g h , e s p e c i a l l y i n s u b -S a h a ra n Af r i ca , S o u t h - Ea s t A s i a a n d S o u t h A m e r i ca , i t s p ro d u c t i o n p u t s p re s s u re o n f o re s t re s o u rce s a n d co n t r i b u te s to

d e g ra d a t i o n a n d d e f o re s t a t i o n . Acco rd i n g to t h e FAO re p o r t , t h e p ro p o r t i o n o f p e o p l e w h o d e p e n d o n f i re wo o d va r i e s f ro m 6 3 % i n Af r i ca to 3 8 % i n A s i a , a n d 1 6 % i n La t i n A m e r i ca . Th e f o re s t s m a n a g e d f o r s o i l a n d wa te r co n s e r va t i o n h a ve i n c re a s e d wo r l d w i d e i n t h e l a s t 2 5 ye a r s, w i t h t h e e xce p t i o n o f Af r i ca a n d S o u t h A m e r i ca . O n l y 9 % o f t h e f o re s t a re a o f S o u t h A m e r i ca i s m a n a g e d w i t h t h e o b j e c t i ve o f p ro te c t i n g s o i l a n d wa te r, we l l b e l ow t h e g l o b a l a ve ra g e o f 2 5 % . I n La t i n A m e r i ca , 8 m i l l i o n p e o p l e s u b s i s t o n l e s s t h a n US D $ 1 , 2 5 a d a y i n t ro p i ca l f o re s t s, s a va n n a s a n d t h e i r s u r ro u n d i n g s. G l o b a l l y, m o re t h a n 2 5 0 m i l l i o n p e o p l e l i ve b e l ow t h e e x t re m e p ove r t y l i n e i n t h e s e a re a s : 6 3 % i n Af r i ca , 3 4 % i n A s i a , a n d o n l y 3 % i n La t i n A m e r i ca , w i t h a to t a l of 85 million people living in t ro p i ca l f o re s t s, s a va n n a s a n d i n t h e i r s u r ro u n d i n g s. I n G ua te m a l a - w h e re 7 0 % o f t h e f o re s t l a n d i s u n d e r s o m e k i n d o f p ro te c t i o n - co m mu n i t y f o re s t r y co m p a n i e s m a n a g e m o re

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t h a n 4 2 0 , 0 0 0 h e c t a re s w i t h i n t h e M a ya B i o s p h e re R e s e r ve. I n M e x i co, s t a r t i n g i n 1 9 9 7 , a n i m p o r t a n t p ro g ra m wa s l a u n c h e d to h e l p co m mu n i t i e s c re a te f o re s t r y co m p a n i e s. To d a y, m o re t h a n 2 , 3 0 0 co m mu n i t y g ro u p s m a n a g e t h e i r f o re s t s f o r t i m b e r e x t ra c t i o n , g e n e ra t i n g s i g n i f i ca n t i n co m e f o r co m mu n i t i e s a n d h o u s e h o l d s. Th e Ti j u ca N a t i o n a l Pa r k , l o ca te d i n R i o d e J a n e i ro, h a s a n a re a o f 4 t h o u s a n d h e c t a re s a n d wa s d e c l a re d a c u l t u ra l l a n d s ca p e wo r l d h e r i t a g e s i te by U N E S CO in 2012. I n o rd e r to co n f ro n t t h e p ro l i f e ra t i o n o f e xo t i c s p e c i e s a n d u rban expansion, the park has been re f o re s te d w i t h n a t i ve t re e s a n d re c re a t i o n a l i n f ra s t r u c t u re s h a ve b e e n b u i l t to i nvo l ve t h e l o ca l co m mu n i t y a n d ra i s e a wa re n e s s a b o u t t h e i m p o r t a n ce o f p ro te c t i n g u r b a n f o re s t s. Co s t a R i ca i s o n e o f t h e m a i n e co to u r i s m d e s t i n a t i o n s i n t h e wo r l d : i n 2 0 1 6 , 2 . 9 m i l l i o n f o re i g n to u r i s t s v i s i te d t h e co u ntry and 66% of them said that e co to u r i s m wa s o n e o f t h e i r m a i n re a s o n s f o r v i s i t i n g. R M


Revista da Madeira

ta, necessitando, em média, de três a seis meses para que um broto atinja sua altura máxima, de até 30 m, para as espécies denominadas gigantes. A maioria dessas espécies se encontra nos continentes asiático e americano. Aliado a essas qualidades, o bambu possui boa resistência a diferentes esforços e um baixo peso específico, o que reduz o custo de seu manuseio e transporte.

H

istoricamente, o bambu tem fornecido alimento, abrigo, ferramentas, utensílios, e uma infinidade de outros itens. Atualmente estima-se que ele contribui para a subsistência de mais de um bilhão de pessoas. Igualmente importante, ao lado dos usos tradicionais, tem sido o desenvolvimento de usos industriais do bambu. O bambu pertence à família das gramíneas e possui mais de mil espécies espalhadas por todo o globo. É uma planta predominantemente tropical e que cresce mais rapidamente do que qualquer outra planta do plane-

A fabricação de materiais construtivos convencionais mobiliza consideráveis recursos financeiros, consome muita energia e requer processos centralizados de produção. A necessidade de se repensar o consumo de materiais na construção civil, para torná-la mais sustentável também do ponto de vista ambiental, atrai olhares para a exploração de novas alternativas para materiais ecológicos de baixo custo

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suas várias aplicações e pela facilidade de seu plantio, o bambu é uma matéria-prima disponível, renovável e de

recursos não renováveis, a manutenção de um ambiente saudável e que não favoreça a proliferação de doenças. O desenvolvimento de materiais de baixo custo na construção civil torna-se uma exigência atual básica. Devido à sua grande abundância, às

uso ecologicamente sustentável a ser explorada. Sua reprodução é rápida, pode ser cortado anualmente sem a necessidade de replantio, apresentando um grande potencial agrícola. Ele apresenta uma das estruturas mais perfeitas da natureza, pois combina flexibilidade com leveza.

Revista da Madeira

e com reduzido consumo de energia em sua produção, minimizando a poluição, garantindo a conservação dos

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Pela grande quantidade de bambu existente na Ásia e clima favorável, os orientais não só desenvolveram técnicas para a sua utilização na construção civil, como também na área de irrigação, móveis, instrumentos mecânicos para a locomoção, entre outros. Outros países da América Latina, como Colômbia, Venezuela e Peru seguem desenvolvendo novas tecnologias de construção com bambu em conjunto com outros materiais como o concreto, o aço e a madeira, possibilitando a construção de estruturas imponentes, belas e resistentes. Entretanto, para que isso seja viabilizado também no Brasil, é necessário determinar parâmetros mecânicos representativos confiáveis, que é o objetivo principal deste trabalho, por meio da realização de ensaios em várias espécies de bambu. Visando isso, este trabalho realiza um estudo mais aprofundado das características mecânicas do bambu, para uma maior disseminação de seu uso na construção civil. Através de ensaios mecânicos realizados no IAPAR/Londrina Instituto Agronômico do Paraná , estudou-se mudas trazidas da China:Bambusa Nutans, Bambusa Beecheyana, Bambusa Vulgaris, Bambusa Oldhamiia,Bambusa Tulda, Guadua Angustifolia, Dendrocalamus Asper, Dendrocalamus Giganteus,Arundinaria Amabilis. Os bambus com idade entre 4 e 7 anos foram cortados no mês de agosto, no período da manhã, em lua minguante, que se trata do período em que as plantas acumulam menos seiva, diminuindo a possibilidade de atrair o caruncho ou outros tipos de insetos. O corte foi realizado logo acima do primeiro nó, próximo da base, de tal forma que não permitisse o acúmulo de água nos entrenós remanescentes, evitando a contaminação do bambuzal. Depois de cortados, os colmos foram mantidos no bambuzal na posição vertical por 21dias. Após esse período foram transportados para o


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Laboratório de Estruturas da UEL Universidade Estadual de Londrina e estocados em local protegido . Por falta de normalização específica, neste trabalho adotaram-se para os ensaios os preceitos da norma internacional ISO/TC165 N314 1999. Os ensaios foram realizados em uma Máquina Universal. O corpo de provas ( CP) foi colocado de modo que o centro da cabeça móvel da máquina de ensaio coincida com o centro de gravidade da seção transversal. A resistência à compressão é obtida

dividindo a carga máxima que o CP resistiu pela área de sua seção transversal. A área média é obtida a partir dos diâmetros interno e externo médios de cada uma das faces. Com base nos valores indicados na referida tabela, conclui-se que a presença ou não do nó não afeta significativamente os valores da resistência à compressão dos CPs. A resistência à compressão variou significativamente entre as espécies ensaiadas, de 38MPa até 75 MPa. Os maiores valores foram obtidos nas es-

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pécies Bambusa Oldhamii eBambusa Tulda, ficando acima de 70 MPa. Se for considerada a relação entre a resistência à compressão e a massa específica, todas as espécies de bambu ensaiadas superam o concreto e o aço, demonstrando a eficiência superior desse material. Nos ensaios de tração axial do bambu se verificou nos valores obtidos da resistência à compressão das espécies ensaiadas, a relação entre a resistência à tração e suas massas específicas resultam em valores muito superiores que a do aço, de 4 a 5 vezes maior. Isso reforça o entendimento que o bambu pode ser considerado um “aço vegetal”. No ensaio de flexão foram utilizadas duas espécies de bambu, Dendrocalamus Giganteuse Bambusa Nutans. Para uma conclusão mais precisa dos valores obtidos para as duas espécies de bambu ensaiadas é necessário um maior número de ensaios. Mas, de maneira preliminar, pode-se concluir que o bambu possui uma alta resistência aliada a uma alta flexibilidade. Estas características estão associadas às ações impostas pela natureza, já que no bambuzal os colmos de aproximadamente 25 metros devem resistir à ação do vento. Com relação ao ensaio de elasticidade foram utilizadas três espécies de bambus : Dendrocalamus Asper, Bambusa Beesheyana e Dentrocalamus Giganteus. Comparando os valores apresentados, para a mesma espécie, observa-se que a presença do nó não afetou significantemente o valor do módulo de elasticidade. Essa mesma conclusão se observou no ensaio da resistência à compressão das espécies de bambu ensaiadas. Verifica-se também na referida tabela que os valores médios dos módulos de elasticidade das espécies estudadas ficaram entre 20 GPa e 25 GPa, superiores aos da madeira, próximos ao do concreto, e muito menores que o aço. Considerando que os objetivos


Revista da Madeira dos ensaios estão relacionados com a obtenção das propriedades mecânicas de várias espécies de bambu, se descreve resumidamente as conclusões dos valores obtidos para cada uma delas. Quanto a resistência à compressão, os valores obtidos para as espécies ensaiadas de bambu variaram de 38 MPa à 75 MPa. Já para a resistência a tração, os valores médios obtidos das várias espécies ensaiadas, considerando os corpos de prova com nó, ficaram entre 102 MPa e 125 MPa. Considerando a relação entre as resistências, tanto à compressão como à tração das espécies, e suas respectivas massas específicas, todas as espécies de bambu ensaiadas apresentaram valores superiores de eficiência em relação ao concreto e aço. Os valores relativamente baixos obtidos dos módulos de elasticidade à flexão de 3,4GPa a 5,3 GPa comprovam a alta flexibilidade do bambu, compatível com o comportamento

T

madeiras de floresta plantada, e próximos ao do concreto convencional. A partir dos resultados obtidos, conclui-se que a metodologia utilizada foi satisfatória, e permitiu avaliar as propriedades mecânicas das várias espécies de bambu. Com base nos resultados obtidos, comprovou-se que o bambu é um material extremamente eficiente, com baixo peso e altas resistências, tanto à tração quanto à compressão, porém com uma deficiência natural em seu módulo de elasticidade à flexão. RM Gilberto Carbonari prof.gilberto.carbonari@gmail.com

Nelson Matias da Silva Junior

resistente e flexível que possui o bambuzal quando sujeito à ação do vento. O módulo de elasticidade à flexão influi diretamente no dimensionamento de elementos, tais como lajes e vigas. Os módulos de elasticidade obtidos no ensaio de compressão das espécies estudadas ficaram entre 20 GPa a 25 GPa, sendo superiores aos das

j_bad2@hotmail.com

Nicolas Henrique Pedrosa nic_system@hotmail.com

Camila Hiromi Abe camilah_abe@hotmail.com

Marcos Ferreira Scholtz mferreir@iapar.br

Caio Cesar Veloso Acosta k93caio@gmail.com

Luana Toralles Carbonari luanatcarbonari@gmail.com

Mechanical Properties of Bamboo

hroughout history bamboo has provided food, shelter, tools, utensils, and an infinite number of other items. Presently, it is estimated to contribute to the subsistence of over a billion people. In addition to its traditional uses, the bamboo industry has developed important products. With more than a thousand species found worldwide, it is a predominantly tropical plant that belongs to the grass family. It grows faster than any other plant on the planet, requiring, on average, three to six months for the maximum height of 30 meters. Giant bamboo species are found in the Asian and American continents. Bamboo has good resistance to different stresses and a low specific weight, which reduces handling and transport costs. The manufacturing of conventional building materials requires substantial financial resources, a lot of energy, and centralized production processes. The need to rethink the consumption of materials in civil construction, in order to make it more environmentally sustainable, leads to the consideration of new alternatives

for low-cost ecological materials with reduced consumption of energy in its production, thus minimizing pollution, guaranteeing the conservation of nonrenewable resources, and maintaining a healthy environment that prevents the proliferation of diseases. Presently, the development of lowcost building materials has become a basic requirement. The abundance, various applications and easy planting of bamboo has made it a raw material that is available, renewable, and ecologically sustainable. As bamboo grows fast, it can be cut annually without the need of replanting, thus proving to have a great agricultural potential. Also, bamboo presents one of the most perfect structures in nature, as it combines flexibility with lightness. Due to the large number of bamboo plants found in Asia and a favorable climate, the Orientals not only developed techniques for their use in construction, but irrigation, furniture, mechanical instruments for locomotion, among other areas. In Latin America, countries such as

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Colombia, Venezuela, and Peru continue to develop new bamboo construction technologies along with other materials such as concrete, steel and wood, enabling the construction of imposing, beautiful and resistant structures. Favorable climate conditions and the large amount of bamboo found in Asia led to the development of techniques for its use in construction, irrigation, furniture, mechanical instruments for locomotion, among others. Other countries in Latin America, such as Colombia, Venezuela and Peru, continue to develop new construction technologies with bamboo, and concrete, steel and wood, making it possible to build imposing, beautiful and resistant structures. For this to be feasible in Brazil, it is necessary to determine reliable representative mechanical parameters. A study showed that bamboo is an extremely efficient material, with low weight and high resistance both to traction and contraction, but with a natural deficiency in its flexural modulus of elasticity. RM




Revista da Madeira

mente, reduz também o desperdício durante os processos de produção e aumenta o aproveitamento de produtos de madeira de alta qualidade. A perda dos galhos é um processo natural durante a vida das árvores, mas em muitas espécies do gênero Eucalyptus isso ocorre de forma indesejada em relação as expectativas de qualidade, assim torna-se necessária a prática da poda bem-sucedida com intuito de proporcionar uma maior extensão da madeira limpa, reduzindo os defeitos provenientes dos nós bem como a sua oclusão. Dessa forma, a madeira será melhor empregada como produto sólido, com aspectos econômicos positivos, elevando o volume da madeira livre de defeitos. A classificação da madeira serrada tem como um dos critérios de avaliação da qualidade a presença de nós, quanto à posição, distribuição e tamanho, o que influi, diretamente na qualidade da madeira, limitando o seu uso para fins nobres e desqualificando-a. Essa classificação, pode ser feita através de normas, tais como a ABNT NBR 14806:2002 - Madeira serrada de eucalipto – Requisitos (ABNT, 2002) e ABNT NBR ISO 2299:2010 - Madeira serrada de folhosas – defeitos – classificação (ABNT, 2010). Para que a madeira oferecida ao mercado, para o abastecimento em serraria, tenha qualidade, há a necessidade de práticas adequadas de manejo como o regime de poda, evitando-se a depreciação da madeira. A existência de um mercado para madeira de qualidade, equipamentos necessários, técnicas de poda e mão de obra disponível para o trabalho correto, além do conhecimento fi-

A

s florestas plantadas, que tem como objetivo a produção de madeira sólida, de alto valor agregado, devem ser conduzidas para que tenham características desejáveis, assim, tratamentos silviculturais adicionais são necessários na condução destas florestas. Atrelado à qualidade dos plantios florestais e ao produto final de interesse, há a necessidade do desenvolvimento de estratégias do manejo florestal e das práticas silviculturais a serem adotadas, principalmente nas empresas que têm como objetivo a produção de madeira serrada ou laminadas. A prática da poda para as espécies do gênero Eucalyptus, no Brasil, é um tratamento relativamente recente. O regime de poda quando efetuado de maneira organizada e correta, contribui, principalmente, para a formação e aumento de uma madeira limpa, redução do núcleo nodoso, evitando a descontinuidade das fibras, consequente-

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Revista da Madeira

siológico das plantas são fatores de suma importância que contribuem para a aplicação de um sistema de poda eficiente. Nesse contexto, através de um estudo avaliou-se o efeito da poda sobre a qualidade da madeira de três espécies de Eucalyptus, por meio da análise da cicatrização dos ferimentos internos causados pelo nó. O material utilizado nesse estudo foi proveniente de plantios comerciais de eucalipto de sementes, procedentes da empresa Gestão de Empreendimentos Florestais – GRANFLOR, localizada na cidade São Gabriel, no Estado do Rio Grande do Sul, destinados à produção de madeira para geração de produtos sólidos. As espécies selecionadas para o presente estudo foram Eucalyptus dunnii (65 meses de idade), Eucalyptus grandis (65 meses de idade) e um clone de Eucalyptus saligna (52 meses de idade). Os plantios foram implantados com espaçamento inicial de 5 m (entre linhas) x 2,8 m (linha), com diferentes desbastes. As podas foram efetuadas na altura de 3 m, e depois 6 m, variando de 8 a 14 metros a alturas das

árvores, respectivamente. Das árvores cortadas no campo,

retiraram-se frações do tronco das regiões da inserção dos galhos podados das árvores amostradas, até à

altura de seis metros, para a avaliação da cicatrização interna do nó . Retirada de frações do tronco com nós para a avaliação da cicatrização interna após a poda para as

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diferentes espécies de Eucalyptus Em seguida, as frações de tronco foram devidamente identificados e transportados para o Laboratório de Tecnologia da Madeira, do Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, da Universidade Federal do Paraná, onde se realizaram-se as análises. Nas frações de tronco, realizouse o corte diametral no sentido longitudinal no centro de ocorrência do nó passando-se a serra sobre a cicatriz de inserção do galho, facilitando a análise da cicatrização. Após o corte, as superfícies do material foram lixadas para melhor visualização e mensuração das variáveis. (Figura 2). Corte no sentido longitudinal das frações do tronco para análise da poda nas diferentes espécies de Eucalyptus. A - Toco com o centro do nó marcado para o corte; B - Região interna do corte longitudinal do nó para a mensuração das variáveis. Nos cortes, foram mensurados através de uma régua milimetrada (±1mm), o diâmetro do nó, o tamanho vertical do nó, extensão da oclusão do nó, extensão da madeira com desvio das fi-



Revista da Madeira bras e fibras normais, extensão do alburno e cerne e consequentemente, a extensão de madeira com o núcleo nodoso (extensão do nó +

extensão da oclusão do nó), obtendo-se assim, o diâmetro do núcleo nodoso. O diâmetro do núcleo nodoso

46

foi estabelecido através do raio da extensão da madeira com nó, mais a extensão da oclusão do nó. Para avaliar a extensão de ma-


Revista da Madeira deira limpa, estabeleceram-se os valores do diâmetro final pretendido pela empresa para o corte das árvores, no caso, espera-se que os plantios alcancem, aos 14

20, 25 e 30 cm, respectivamente. Os valores da madeira limpa foram obtidos pela diferença entre a extensão medula à casca e a extensão média do núcleo nodoso com

anos de idade, um DAP entre 40 a 45 cm com casca. Para simular a extensão da madeira limpa final, utilizaram-se os diâmetros 40, 50 e 60 cm, consequentemente, a extensão da medula a casca foi de

e sem a presença da extensão das fibras desviadas em função do nó para cada espécie. Variáveis mensuradas: A - Diâmetro do nó (cm); B - Tamanho vertical da cicatrização do nó (cm);

T

C - Extensão da madeira com nó – distância medula – galho cortado (cm); D - Extensão da oclusão do nó (cm); E - Extensão da madeira com defeito (C+D); F - Extensão da madeira com fibra anormal; G - Extensão da madeira com fibra normal; H - Extensão da madeira livre do nó (F+G); I - Extensão do alburno; J - Extensão do cerne; NN - núcleo nodoso. Os valores médios das variáveis medidas para as diferentes espécies fornecem informações que permitem caracterizar a eficiência da qualidade da poda adotada pela empresa, além de identificar relações de outras variáveis que estão associadas à poda . De modo geral, verificou-se que E. saligna apresentou valores superiores para as variáveis mensuradas, seguido pelas espécies E. grandis e E. dunnii. RM

Effects of pruning on the quality of Eucalyptus wood

he main objective of planted forests is the production of solid wood with high added value. To do so, silvicultural treatments need to be part of their management. The quality of forest plantations and the final product is linked to the need to develop and put in place forest management strategies and silvicultural practices, mainly in sawn or laminated wood companies. Pruning of Eucalyptus species in Brazil is a relatively recent treatment. An organized and correct implementation of the pruning regime leads to the formation of clear wood and the reduction of the knotty core, thus avoiding the discontinuity of the fiber, reducing waste during the production processes, and increasing the use of high quality wood products. The loss of the branches is a natural process during the life of trees. But when it comes to the quality expectations of many species of Eucalyptus, it occurs in an undesirable

manner. It is therefore necessary to carry out a good pruning job in order to obtain greater proportion of clear wood, reducing the defects coming from the knots as well as its occlusion. This way, the wood will be better used as a solid product, with positive economic aspects, increasing the volume of the wood free of defects. One of the criteria for evaluating the quality of sawn wood is the presence of knots in terms of position, distribution and size. This directly influences its use for or noble or common purposes. The existence of a market for quality wood, the necessary equipment, pruning techniques, and workmanship, in addition to the physiological knowledge of the plants, is a factor of great importance that contributes to the application of an efficient pruning system. In this context, a study assessed the effect of pruning on the quality of

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the wood of three Eucalyptus species (Eucalyptus dunnii, Eucalyptus grandis and Eucalyptus saligna) by means of an analysis of the scarring of internal wounds caused by knots. When trees are pruned, they tend to reduce the knotty core, mainly in logs with larger diameters, because they provide a larger area of clear wood, free from defects, resulting in a better use of sawn wood. The pruning activity should be considered part of other silvicultural practices such as thinning, with development of growth models that incorporate pruning in different intensities. Pruning limits the presence of knots in core of the stem, increasing the proportion of the extension of the clear wood, free from defects. The E. dunnii was the one that presented the best response to the pruning system, resulting in a smaller knotty core and a greater production of clear wood. RM


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rodutividade, segurança e economia: são essas as três características marcantes dos sistemas mecanizados de colheita. Se nas décadas anteriores os sistemas mecanizados eram exclusividade de grandes empresas, hoje o cenário mudou: até pequenos produtores já podem fazer uso da

Revista da Madeira

processar as árvores no campo, substituindo a força de trabalho de até 25 operadores de motosserra. Um harvester corta, desgalha, descasca, secciona as toras no tamanho desejado (de forma automatizada) e as empilha, gastando para isso apenas alguns segundos. Como o processamento da árvore ocorre em campo, há vantagens ambientais e logísticas: as cascas e galhos, ao ficarem na propriedade, acabam garantindo boa parte da ciclagem de nutrientes e reduzindo o peso e o volume de madeira a ser transportada. Mecanicamente, os Harvester’s são compostos por uma máquina base com uma grua e um cabeçote. Preferencialmente a máquina base deve contar com sistema de esteiras em substituição aos pneus, que reduz consideravelmente a compactação do solo. Para o uso economicamente viável de um Harvester, recomenda-se que haja volume de madeira igual ou superior a 200 metros cúbicos por hectare e inferior a meio metro

colheita mecanizada .Todo o segmento florestal (indústria de papel e celulose, fábricas de painéis de madeira, produtores de biomassa para energia, serrarias, empresas de postes e mourões e proprietários independentes) vêm aderindo à colheita mecanizada. São várias as razões para a adoção de máquinas florestais pesadas na colheita, dentre elas a redução de acidentes de trabalho, aumento da produtividade, ergonomia para o operador, agilidade e diminuição dos custos de produção. A própria estrutura demográfica brasileira exige que as atividades sejam cada vez mais mecanizadas – o País está envelhecendo rapidamente e gerando forte declínio da oferta de mão de obra. Para escolher a máquina ideal para a colheita é preciso levar em consideração a topografia do terreno, o volume do povoamento, o tipo de floresta e o uso final que a madeira terá. Para sistemas de toras curtas, o Harvester já é bastante comum no Sul e Sudeste do Brasil, estando cada vez mais presente em outras regiões. Com este equipamento é possível cortar e

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Revista da Madeira Tecnologia na colheita mecanizada A exploração florestal no Brasil começou em 1940 e de lá para cá foram muitos avanços na tecnologia mecanizada. O que começou com a colheita da madeira, ainda nativa, sem máquinas; hoje se apresenta em sistemas de colheita florestal. No final dos anos 50 que apareceu a motosserra. Depois, o governo estimulou o plantio de florestas, o que proporcionou um aumento da produtividade no campo e, logo, a necessidade de mão de obra especializada. No início dos anos 70 começaram a aparecer as máquinas de pequeno porte, como as motosserras profissionais, os tratores agrícolas, os mini Skidder e os autocarregáveis. Em 1979 entrou no mercado um protótipo de Forwarder nacional, produzido pela Engesa e Aracruz Florestal. Alguns anos depois surgiram os Feller Bunchers de tesouras e de sabre, que na época eram montados em triciclos. Já nos anos 90, com o mercado aberto, começaram a ser importadas as máquinas de alta tecnologia, onde apareceram por aqui nomes como: Valmet, John Deere, Caterpillar, Hemek e Patu. Depois disso, os aperfeiçoamentos aconteceram com nomes como Olinkraft e Duraflora, que montaram novas peças e novos equipamentos de trabalho para o campo. Entre os principais sistemas de colheita florestal temos: 1 – Sistema de toras curtas (cut-to-lenght) Tem um processamento da árvore no local de corte e derrubada, sendo que todo processo é feito ali: a partir do desgalhamento e descascamento e o corte em toras (medidas pré-determinadas). As toras tem comprimento entre 1 e 7 metros e o tamanho vai depender do uso final. O Forwarder é o equipamento responsável pela remoção das toras, desloca-se sobre a camada de resíduos (galhos, cascas e folhas) que são deixadas pelo Haverster. Já Skidder é o veículo pesado que puxa as árvores cortadas para fora da floresta no processo de “derrapagem”. De lá, eles são carregados em caminhões e enviados ao restante do processo. 2 – Sistema de toras longas (tree-lengh) Nessa opção, a árvore é mini processada no interior do talhão (desgalhamento e destopamento) antes de ser transportada. O transporte é em forma de fuste, sendo que ela tem mais de 6 metros de comprimento. O sistema exige um alto índice de mecanização e é usado em árvores de grande porte. Exatamente como fazem as empresas do sul do Brasil, em cortes rasos. O custo é mais baixo e a tradição vem das empresas americanas. 3 – Árvores inteiras (full tree) As principais máquinas usadas no corte e na extração dessas árvores são: Feller Bunchers, Shovel Loggers, Skidders. Essas máquinas têm grande potência, força de giro e geralmente são de longo alcance. cúbico por árvore. Depois de cortada e processada, a madeira precisa deixar o campo. Entram em ação as máquinas florestais do tipo Forwarder. Essas máquinas fazem o baldeio das toras, levando-as para os pátios intermediários ou para as margens das estradas. São capazes de transportar até 25 toneladas de madeira numa única via-

gem. Lembrando que as toras devem ser curtas (não superiores a seis metros) e a distância de baldeio não deve ultrapassar 300 metros, para não comprometer a eficiência do sistema. Forwarder e Harvester formam uma dupla afinada quando o assunto é colheita de toras curtas. Mas, para toras classi-

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ficadas como longas indica-se o uso do Feller Buncher (em substituição ao Harvester) acompanhado do Skidder (no lugar do Forwarder). O FellerBuncher é conhecido como cortador acumulador, pois o cabeçote utilizado é capaz de cortar e acumular vários indivíduos antes de tombar as toras no solo. Não ocorre o processamento como no Harvester, há apenas o destopamento (que é o corte da porção superior da árvore) e o seccionamento em toras com mais de seis metros de comprimento. Este maquinário chega a colher até 200 árvores por hora e é bastante eficiente quando as árvores apresentam mais do que meio metro cúbico de volume individual. Para fazer o baldeio de árvores colhidas pelo FellerBuncher, o Skidder tem sido uma excelente opção. As toras são acumuladas em feixes e arrastadas pelo Skidder por meio de uma pinça traseira ou por cabos de aço. Depois de transportada para o pátio intermediário ou para as margens das estradas, a madeira pode ficar na área (para secagem e perda de peso), ou pode seguir imediatamente para o pátio final. A finalidade do uso da madeira colhida vai determinar o tempo que esta ficará ociosa antes do transporte final. Para serraria e laminação, por exemplo, as toras são colhidas com no máximo cinco dias. Madeiras de pinus tendem a desenvolver microrganismos manchadores ou apodrecedores, caso fiquem muito tempo aguardando a retirada, o que gera prejuízos estéticos e econômicos. Para energia, a espera é maior e a secagem em campo diminui o custo de transporte, mas é preciso cuidado, pois há aumento no risco de incêndio. O transporte para o pátio final normalmente ocorre com o uso de caminhões, bi-trens ou até tri-trens do tipo fueiro. Essas carrocerias são leves, resistentes e permitem o transporte de grande volume de madeira. RM Daniel da Silva Souza Engenheiro florestal, geógrafo e consultor ambiental


NOTAS

Madeira pode atender demanda crescente por habitação

Revista da Madeira

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uando se projeta o mundo para daqui a 20 anos, é impossível não falar sobre o aumento da demanda de construções. Estima-se que, em 20 anos, serão necessárias habitações para 2,5 bilhões de pessoas. Neste cenário, a grande preocupação é com relação ao material utilizado para as construções dessas residências, já que o concreto ainda é a principal opção. Porém, com o aquecimento global, construir residências para 2,5 bilhões de pessoas utilizando o cimento é um grave problema. Esse é o alerta feito pelo engenheiro civil Guilherme Stamato, diretor da Stamade Ao redor do mundo, a madeira já vem sendo muito utilizada como material construtivo de alta tecnologia, pois com a expectativa desse aumento da demanda por habitações, os países começaram a se preocupar em como construir com um material renovável, que não emita CO2, reduza o consumo de energia nas residências e que seja durável. Tudo isso de adequa à madeira. Além dos benefícios ambientais, é possível também mudar a “cara” das cidades, pensando neste crescimento que acontecerá nos próximos anos, tornando as construções mais agradáveis e menos impactantes. Hoje, já é possível construir tudo em madeira, e já existem prédios construídos com madeira. O mais alto do mundo, por exemplo, no Canadá, tem 18 andares. A madeira é renovável; não emite CO2 e ainda sequestra gás carbônico da atmosfera – em média uma tonelada de CO² para cada metro cúbico de madeira; promove a redução de consumo de energia nas residências, proporcionando conforto térmico; e, com preservação, é durável. As construções com madeira tratada têm diversos nichos. Um deles é a industrialização das estruturas, que está diretamente ligada ao consumo de madeira proveniente de florestas plantadas. Essas estruturas devem seguir a norma brasileira ABNT NBR 16143:2013 de preservação de madeiras. No caso das estruturas de madeira de árvores plantadas, o Brasil tem três principais formas: wood frame, madeira laminada

colada e treliças industrializadas. O wood frame é uma construção comparada com a construção americana. A diferença é que, lá, o processo não é tão industrializado, enquanto que o Brasil trouxe a tecnologia desenvolvida na Alemanha de industrializar painéis e montá-los diretamente na obra. O grande destaque da construção em wood frame é que a madeira, por ser um material bastante versátil, pode atender todos os gostos e não precisa estar exposta. No caso da madeira laminada colada, o Brasil, até o momento, tem uma produção relativamente pequena. Por conta disso, o custo ainda é alto. Para aumentar a demanda, é preciso aumentar a produção e diminuir os custos. Hoje, a produção anual deste tipo de estrutura é de dois mil metros cúbicos. Com a baixa industrialização, o produto tem alto valor agregado e tem atingido um público de alto padrão. Já as treliças industrializadas atendem praticamente todos os tipos de construção, podendo ser de pinus ou eucalipto. A indústria tem preferido o pinus, por questão de transporte, porque facilita a montagem. Essas estruturas foram desenvolvidas para uso de madeiras de baixa densidade e têm um mercado em potencial para madeira tratada, pois as treliças têm centrais de produção que podem atender ao controle de qualidade. Outro benefício é que esse tipo de construção tem praticidade e redução de mão de obra, o que ajuda a reduzir os custos de mão de obra e material. Quando a construção tem muitas casas iguais ou prédios iguais, essa repetição torna o sistema muito mais econômico. Possibilita também a previsibilidade de tempo, pois é possível montar um cronograma e cumpri-lo. O mercado, entretanto, ainda enfrenta muitas dificuldades. A falta de organização e de padronização do setor madeireiro causa perda de credibilidade, e é neste quesito que o segmento perde força para os outros setores. As empresas envolvidas no setor madeireiro precisam se organizar e não deixar que outros segmentos conquistem o espaço da madeira. Por Maureen Bertol. RM

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NOTAS

Madeira se movimenta

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onforme as estações do ano são comuns comentários sobre pisos, portas e janelas que apresentam empenamentos, inchamentos, frestas, folgas e retrações. Isto é o que se chama de efeito verão/inverno. A peça de madeira pode apresentar alterações nas dimensões, conforme o clima do ambiente que a circunda. Portanto, o aparecimento de pequenas frestas entre réguas de assoalho na época seca ou o completo fechamento na época chuvosa são aceitáveis e naturais. Na época chuvosa (normalmente no verão), a madeira absorve água, pois o ar está com teor de umidade relativa mais alta, ocorrendo o “inchamento” do material. Na época seca (inverno), como a umidade relativa do ambiente é menor, a madeira perde umidade, ocasionando a sua retração. A intensidade desta movimentação está relacionada diretamente com a espécie de madeira e suas características intrínsecas (elementos anatômicos, conteúdo de extrativos, densidade), com o tipo de corte da peça no perímetro do tronco (radial ou tangencial) e ainda com a sua posição na árvore (parte mais interna ou externa do tronco – na base, metade ou no topo) É importante ressaltar que esta movimentação dimensional é natural. Quando a madeira é adequadamente seca e as condições climáticas ao longo do ano seguem o padrão considerado normal para a variação do clima, as alterações dimensionais são geralmente imperceptíveis. Os problemas podem ocorrer quando as peças são instaladas com UE muito acima ou muito abaixo da faixa adequada para a localidade. Neste caso há um erro no processamento da madeira dentro da indús-

tria e também falha do controle de qualidade antes da instalação. A movimentação dimensional excessiva pode ocorrer no caso do clima apresentar extremos de seca ou período chuvoso prolongado. Como os pisos podem ser fabricados em muitas regiões no Brasil ou mesmo não serem adequadamente secos pela indústria, sempre se deve verificar se a umidade dos mesmos é compatível com a umidade de equilíbrio do local onde estão sendo instalados . Assim, se umidade dos pisos estiver de acordo com a UE local, eles poderão ser instalados. Caso contrário, os mesmos necessitarão passar por um período de secagem e aclimatação antes da instalação. Desta forma, evitam-se problemas de variações dimensionais. Adicionalmente, problemas com o aumento das dimensões das peças do piso (linchamento) ocorrem quando há o reumedecimento da madeira, como umidade ascendente do contrapiso ou do solo, vazamentos, infiltrações, falta de impermeabilização ou impermeabilização inadequada, dentre outras. Em períodos atípicos do clima, em que a umidade relativa do ar permanece por longo período muito baixa ou muito alta, os produtos a base de madeira (mesmo secos adequadamente e submetidos a um rigoroso controle de qualidade), geralmente devem apresentar alterações dimensionais significativas, além de modificações em seus planos normais (ocorrência de empenamentos). Neste caso, a responsabilidade do defeito não pode ser imputada ao processo de fabricação, mas às intempéries climáticas. Quando o clima se estabilizar, a madeira poderá voltar às suas condições normais, porém, se o período for extenso, poderá deixar uma sequela permanente (empenamento). Em alguns casos, devido a essas movimentações, poderão surgir fissuras e rachaduras no acabamento. A partir da normalização das condições ambientais e após período de readaptação da umidade da madeira ao clima, todos os problemas citados podem ser removidos pelo retrabalho da superfície. A variação dimensional da madeira ocorre por toda sua vida útil, diminuindo de intensidade ao longo do tempo, com o envelhecimento/endurecimento de suas fibras. RM

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Revista da Madeira

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aparecimento de doenças e pragas na agricultura causa perdas significativas na produção de alimentos. Na tentativa de impedir que novas doenças sejam introduzidas ou disseminadas nos países, órgãos governamentais adotam medidas de proteção agropecuárias. No entanto, tais medidas podem não ser completamente efetivas. Dessa forma, pesquisadores buscam desenvolver técnicas mais sensíveis e rápidas de detecção de patógenos de planta, que possam ser regulamentadas e utilizadas. Em 2018, a diretora geral adjunta da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Maria Helena Semedo, afirmou em seu discurso que, a cada ano, entre 10 e 16% da colheita mundial é perdida por conta de pragas. Estima-se que essa perda chegue a US$ 220 bilhões. A produção agropecuária é de grande importância para a economia nacional. Em 2016, essa atividade teve uma participação de 5,45% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. No mesmo ano, o valor da produção de silvicultura – atividades ligadas ao cultivo de árvores – rendeu quase R$ 14 milhões. Essa atividade gera o carvão vegetal, a lenha e a madeira em tora. Dentre as espécies florestais plantadas para exploração, o eucalipto é a principal. A espécie é nativa da Austrália, mas adaptou-se muito bem ao Brasil. Em 2016, a área total de árvores plantadas totalizou 7,84 milhões de hectares no país, sendo que o plantio de eucalipto corresponde a 5,7 milhões dessa área. Assim, torna-se importante evitar doenças que acometam essa cultura. A ferrugem do eucalipto é causada pelo fungo Austropuccinia psidii e foi cerne da pesquisa de Andressa Peres Bini. A pesquisadora, focou justamente no

desenvolvimento de uma metodologia de detecção desse patógeno em plantas que ainda não apresentavam os sintomas da doença. O aparecimento da ferrugem pode provocar perdas significativas na produção de madeira. A doença ataca folhas e brotos jovens, deixando as plantas com características arbustivas. O que não é interessante para a indústria de papel e celulose. A ferrugem é uma doença característica da família Myrtaceae, que inclui plantas como goiaba, jambo, pitanga. E foi descrita pela primeira vez, em eucalipto, no Brasil.

“Ao longo do tempo, começou a ser detectada em eucaliptos de vários países, e atualmente está presente em quatro dos cinco continentes. Uma das principais formas de dispersão da doença é através do vento. Mas o que explicaria esse fungo percorrer grandes distâncias?”, questiona Andressa. No Brasil, o órgão responsável por fiscalizar e controlar transporte de produtos vegetais e insumos agrícolas é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. E ele tem como função estabelecer as regras que garantam a qualidade, segurança e conformidade dos produtos, além de avaliar o risco de disseminação de pragas e doenças. No caso do eucalipto, por exemplo, a depender do país de origem e do produ-

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to vegetal que será importado – plantas, sementes, madeiras, ou outros – serão necessários requisitos fitossanitários específicos. “Atualmente, o que é regulamentado é a adoção da quarentena. Mesmo que tenhamos desenvolvido esse novo método, ele não é regulamentado para garantir que o material vegetal não esteja infectado com o fungo” afirma a pesquisadora. A vantagem desse novo método está na rapidez e especificidade. Isso porque, a depender do grau de susceptibilidade ou resistência da planta, a doença demorará mais ou menos tempo para aparecer. Andressa explicou que o método se baseia em procedimentos modernos adotados na biologia molecular, e que é capaz de detectar o DNA do fungo presente nas folhas de eucalipto, indicando a presença do patógeno mesmo antes do aparecimento dos sintomas. “Desenvolvemos uma metodologia, capaz de detectar a sequência de DNA do fungo em plantas infectadas”, afirmou. A aplicação dessa técnica pode ser muito útil para a realização de processos fitossanitários de importação, mas também pode ser um bom método para o controle da doença em empresas. Seria uma estratégia para detectar precocemente materiais contaminados em viveiro de mudas e, dessa forma, descartá-los antes do aparecimento de esporos que disseminam a doença. Também evitaria levar a campo materiais que provavelmente terão produção baixa. Além disso, essa técnica possui metodologia moderna e existe a necessidade de os órgãos regulamentários adotarem medidas que possam ser mais confiáveis para a detecção de patógenos em planta, evitando perdas na agricultura. RM

NOTAS

Técnica melhora detecção de doença em eucalipto


NOTAS

Sistema integrado pode chegar a 19 milhões de hectares

EUA projeta aumento no consumo de madeira

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Revista da Madeira

Rede ILPF, associação formada entre Embrapa, cooperativa Cocamar e as empresas John Deere, Soesp e Syngenta tem o objetivo de estimular o uso da tecnologia de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e ajudar a garantir que o Brasil alcance 19,3 milhões de hectares com ILPF até 2020. Estima-se que, hoje, cerca de 14,6 milhões de hectares brasileiros sejam gerenciados com o uso de sistemas integrados. A parceria público-privada marca uma nova fase de um trabalho iniciado em 2012, quando se formou a Rede de Fomento ILPF. Naquela época, com outra constituição jurídica, as empresas passaram a aportar anualmente R$ 500 mil cada uma em uma fundação para custear ações conduzidas pela Embrapa, como a instalação de 107 Unidades de Referência Tecnológica, realização de dias de campo e eventos técnicos, capacitação de profissionais, além da geração de informações sobre os sistemas integrados de produção agropecuária. O objetivo era o de acelerar o processo de transferência de tecnologia, possibilitando uma ampla adoção da ILPF por parte de produtores em todo o país. A transformação da Rede ILPF em uma associação visa facilitar a entrada de novas empresas parceiras, possibilitando a ampliação das ações desenvolvidas. RM

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demanda de madeira macia nos Estados Unidos deverá continuar crescendo, desde a queda na crise financeira global de 2008-2009, atingindo um recorde de alta até meados dos anos 2020, de acordo com um estudo recém-lançado da US Forestierd LLC. No cenário base do estudo, o consumo de madeira na categoria de uso final “Non -Residential Construction” deverá crescer mais rapidamente e aumentar sua participação no consumo de madeira macia de 11% no último ano para 14% até 2030. No entanto, a maior mercado de uso final continuará a ser o setor de habitação residencial, incluindo reparação e remodelação, com uma quota total de cerca de 70% do consumo total de madeira até 2030. Espera-se que as fontes de suprimento mudem para atender ao futuro aumento na demanda de madeira. Os fatores que influenciam essas mudanças incluem mudanças na disponibilidade de suprimento de madeira, preços de madeireiras, competitividade de produtores de madeira, taxas de câmbio e desenvolvimentos em mercados alternativos para produtores de madeira no Canadá e no exterior. O estudo examina de perto como as reduções nos níveis de colheita afetarão as exportações de madeira e as oportunidades para os produtores de madeira no leste do Canadá para aumentar os embarques. Ele também analisa quais países estrangeiros estão previstos para fornecer aos EUA nos próximos 15 anos. Os embarques no exterior foram, em média, 4,8% do total das importações na última década. Essa participação deve aumentar nas próximas décadas para atingir uma projeção de 6,5% até 2030 no cenário de demanda de base e, possivelmente, até 35% das importações totais no cenário de alta demanda. Os principais conteúdos do estudo incluem: - Expectativas de demanda de madeiras de fibra longa nos EUA de 2017 a 2030, incluindo uma análise detalhada das perspectivas para o consumo de madeira em todas as categorias de uso final no mercado dos EUA. • Fornecedores nacionais e internacionais que atenderão à demanda madeireira de fibra curta dos EUA de 2017 a 2030. Esta seção inclui perfis regionais e nacionais detalhando futuros níveis de produção e potencial de exportação baseados na disponibilidade de toras. • Análise da curva de oferta. Os cenários alternativos de oferta e demanda de madeira são apresentados com base no custo de entrega para identificar as regiões fornecedoras mais prováveis para os EUA até 2025 e 2030. RM

Foco no aumentar de consumo e melhorar produtividade

e olho no aumento do consumo interno da madeira e na melhoria da produtividade, o setor industrial madeireiro precisa estar atento a questões estruturantes e à necessidade de uma maior coalização entre os atores do setor. Esses são alguns dos desafios apontados pelo superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), Paulo Pupo, para aumentar o consumo interno per capita de madeira e melhorar a produtividade da cadeia de base florestal do país. Na avaliação da entidade, a expectativa do setor produtivo é de que haja uma retomada do crescimento interno, melhoria do ambiente de negócios, prosseguimento das reformas estruturantes do país, novos financiamentos e investimentos para a produção e renovação tecnológica. Para a Abimci, a retomada já começou com sinais visíveis da construção civil anunciando números mais positivos. Uma das saídas sugeridas pela associação para aumentar o consumo per capita está justamente no segmento da construção civil. Para tanto, uma das atuações tem sido no intuito de consolidar o sistema construtivo wood frame para gerar escala. “Temos um enorme potencial construtivo e uma crescente demanda por moradias. Sistemas industrializados com madeira permitem ganho em escala e velocidade, sendo uma opção viável para programas sociais do governo”, explica. O trabalho em relação à consolidação do wood frame passa pela organização do mercado, com nivelamento de informações através da realização de eventos, desenvolvimento da norma técnica e de programas de certificações, reconhecimento pelos órgãos oficias (ABNT, Inmetro). RM

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Revista da Madeira

Guia orienta como instalar pisos de madeira

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Notas

A Associação Nacional de Pisos de Madeira (ANPM) disponibiliza no site da instituição um guia básico para instalação de pisos de madeira. O manual, destinado para consumidores, profissionais da construção civil e instaladores, traz informações sobre os diversos tipos de madeira utilizados em pisos e também instruções sobre manutenção. O objetivo do conteúdo, gratuito, é disseminar informações claras e objetivas para quem deseja utilizar os pisos de madeira em suas instalações com o objetivo de minimizar os problemas pós-instalação, incentivando cada vez mais consumidores a usar pisos de madeira. Dividido em nove capítulos, o guia apresenta as características do material madeira, os tipos de piso e as normas técnicas aplicadas ao produto, detalhando as etapas de instalação: contrapiso, impermeabilização, fixação, colocação, acabamento, conservação e manutenção, encerrando com os possíveis problemas. RM

Europa quer 32% de energia renovável até 2030

s países da União Europeia (UE) projetam aumentar a participação das energias renováveis na produção de energia do bloco para 32% até 2030. A versão final da lei da UE exige a eliminação gradual do uso do óleo de palma, uma importação importante do Sudeste Asiático, até 2030, e remove algumas barreiras aos pequenos produtores de energia renovável.

As medidas visam ajudar a UE a atingir sua meta global de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para até menos 40 % abaixo dos níveis de 1990 até 2030, seguindo o Acordo de Paris para manter o aquecimento global abaixo de 2 graus. “Este acordo é uma vitória difícil em nossos esforços para destravar o verdadeiro potencial da Europa para a transição rumo à energia limpa”, disse

o comissário de Clima da UE, Miguel Arias Canete. O acordo permite uma eventual revisão para cima na meta em 2023. A União Europeia já trabalha com uma meta de 20% de renováveis até 2020, e especialistas têm defendido que a forte queda no custo da energia limpa já permitiria metas mais ambiciosas sem aumento de custos. RM

Sistema de monitoramento remoto controla florestas

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Treevia Forest Technologies, fundada em 2016 e considerada a primeira startup agritech do setor florestal nacional, está desenvolvendo uma tecnologia que promete ajudar no monitoramento das florestas plantadas. O sistema SmartForest estima o crescimento, a qualidade e a sanidade das florestas de forma remota, por meio da utilização de sensores que transmitem dados em tempo real.

Estes dados são coletados, tradicionalmente, de maneira manual e por amostragem. As empresas do setor precisam contratar mãode-obra especificamente para isto, com riscos de acidentes na floresta e rotina desgastante. Além disso, usualmente, a medição ocorre apenas uma vez por ano. O SmartForest propõe a coleta remota das informações para a elaboração do inventário florestal, por meio de métodos matemáti-

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cos e estatísticos. Com o sistema, os dados viriam diariamente com a instalação de sensores nas árvores. O monitoramento ficaria completo com imagens de satélite. Tudo seria analisado a partir de técnicas de machine learning e Big Data, gerando uma maior precisão, de acordo com a empresa. O SmartForest permitiria, além da redução da mão-de-obra, tomadas de decisões mais eficientes e rápidas quanto ao manejo. RM


NOTAS

Revista da Madeira

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Tratamento de queimaduras com nanocelulose vegetal

produto de maior volume da indústria de papel e celulose pode também ser uma solução para a Medicina: o tratamento de queimaduras com nanocelulose vegetal já é uma teoria virando realidade! A celulose branqueada, o polímero natural mais abundante no mundo, pode ser usado no tratamento de queimaduras. O estudo foi realizado pelo pesquisador Washington Luiz Esteves Magalhães, da Embrapa Florestas. E também pela mestranda em Engenharia e Ciência dos Materiais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Francine Ceccon Claro. Eles usaram a nanotecnologia para potencializar propriedades físicas e químicas que agregam maior valor à celulose… Tudo para desenvolver uma membrana para uso na recuperação da pele queimada.

Os resultados mostraram que, por não ter porosidade, a membrana é adequada para aplicações como barreira. “A característica de translucidez favorece o acompanhamento da cicatrização sem a necessidade de retirada do curativo para avaliação da ferida”, afirma Claro. Outra vantagem é o custo de produção, que poderá ser até mil vezes menor que o de curativos disponíveis no mercado. A tecnologia ainda passará por testes clínicos e deverá ser disponibilizada ao público dentro de quatro anos. RM

Estudo quantificou carbono na Mata Atlântica como reservatório de carbono. Estudo desenvolvido na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) por Michel Anderson Almeida Colmanetti, consistiu em mensurar o quanto de carbono existe nas árvores da Mata Atlântica. No entanto, a heterogeneidade dos ecossistemas naturais nos trópicos tem significativas implicações para a estimativa de sua biomassa. O estudo trabalhou com diferentes modelos de biomassa utilizando amostragem destrutiva para Mata Atlântica, uma floresta altamente diversa que possui pouquíssimos modelos ou equações que geram esse número de biomassa. Foram ajustadas duas abordagens de modelos: generalizados e espécies -específicos para comparar o desempenho. Em relação aos modelos generalizados, foram testadas diferentes covariáveis, utilizando o diâmetro à altura do peito, a altura da base da copa, densidade básica da madeira e características funcionais das plantas. Os modelos espécies-específicos foram ajustados por modelos de efeito fixo e por modelos de efeitos mistos, utilizando as espécies como efeito. RM

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potencial efeito do CO2 nas mudanças climáticas tem despertado o interesse da comunidade científica para quantificação do gás nos ecossistemas. Nesse contexto, as florestas desempenham um importante papel, pois assimilam grandes quantidades de carbono pelo processo da fotossíntese, que passa a ser estocado na sua biomassa. Dessa forma, a biomassa das florestas tropicais ganha proporção

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Casa pré-fabricada A solução foi pensada para quem não consegue comprar uma casa eficiente com preço acessível. Designers australianos estão propondo habitações alternativas para quem sonha com um lar para chamar de seu. A proposta é obter pequenas casas pré-fabricadas eficientes energeticamente e que podem ser montadas por somente duas pessoas e em poucas semanas. Desenvolvido por dois jovens, o projeto é chamado de Ecokit. Trata-se de uma casa modular, construída com painéis com isolamento térmico, materiais ecológicos e equipada com energia solar. Parece um sonho energético compactuado em uma mini residência. O kit para a montagem da casa pode ser feito pelo próprio morador.

FIMMA Brasil A base florestal é o primeiro elo da cadeia produtiva de madeira e móveis e, ciente de sua relevância, a FIMMA Brasil 2019 potencializará esse segmento com uma ação a ser agregada durante a feira, que ocorrerá de 26 a 29 de março de 2019, em Bento Gonçalves. Uma área será disponibilizada para a exposição do segmento florestal, compreendendo desde insumos, matérias-primas para viveiros, plantio de mudas, colheita florestal; biomassa e passando pelos transportes florestais, beneficiamento da madeira, produção de celulose, produção de chapas e painéis derivados da madeira, produção de embalagens e equipamentos.

Moradia móvel Uma pequena casa móvel, ao estilo de um trailer, foi projetada pelo estúdio de arquitetura Invisible Studio perto de Bath, Inglaterra. A construção custa cerca de 23 mil euros, e utiliza madeira local, com baixos níveis de desperdícios de construção. Sua estrutura é hexagonal e tem 40 metros quadrados. Trailer nasce para ser “um espaço barato, versátil e útil” que possa ser “facilmente adaptável” às necessidades do construtor. Foi concebida para ser “um espaço doméstico que também possa ser uma zona de trabalho ou outra coisa qualquer. A casa foi desenhada para que possa ser transportada pelas ruas. Isto é possível porque está equipada com um bogie, uma estrutura com rodas que permite transportar a habitação de um lado para o outro.

Logística Um estudo feito pela Fundação Dom Cabral mostrou que as companhias gastaram mais de 12% do seu faturamento bruto com custos logísticos no Brasil nos últimos 3 anos. Ao todo, o desembolso foi de 15,5 bilhões de reais a mais desde 2015. “Entre as 20 principais economias do mundo, o maior custo está aqui. Nos Estados Unidos, por exemplo, as empresas despenderam 8,5% dos faturamentos e na China 10%”, observa o professor Paulo Resende, coordenador do Núcleo. Esse impacto pesa muito em atividades do agronegócio. Isso porque a despesa com transporte está concentrada nas movimentações de longa distância e na modalidade urbana, o que dá 63,5% do custo. O Brasil investe apenas 0,8% do PIB em logística. Na China, esse percentual é de 2,5%. O Brasil não tem planos de 25 ou 50 anos, como a China, para a construção de infraestrutura.

Fundo Amazônia Para intensificar trabalhos de fiscalização ambiental, o Fundo Amazônia receberá a aplicação de R$ 140,2 milhões. Os recursos serão repassados até 2020 e permitem apoio logístico para as operações de controle do desmatamento no bioma amazônico, com veículos e aeronaves para as operações. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), atua em monitoramento e controle ambiental, ordenamento fundiário e territorial, fomento a atividades produtivas sustentáveis na Floresta Amazônica. Esses eixos de atuação constam no Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). ILPF A adoção de sistemas integrados de produção é crescente no Brasil. Hoje, segundo estudo encomendado pela Embrapa, já se sabe que 11,5 milhões de hectares são ocupados por algum tipo de integração, sendo que o mais comum é o pecuária-floresta, com 83% deste total. No entanto, estão se popularizando outras versões, como a ILP e ILPF, com o objetivo de melhorar e aumentar a produção de carne e leite no País. Em levantamento recente descobriu que para cada real investido em ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta), o produtor tem um retorno médio de R$ 3,70.

Drone A preservação do meio ambiente e a conservação da Mata Atlântica ganharam um importante aliado no Rio: um drone, que vai ajudar o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) a monitorar o desmatamento ilegal. Após uma primeira experiência, no Parque Estadual da Ilha Grande, a ideia é ampliar o uso dessa tecnologia para outras áreas do estado. Um dos objetivos é usar o drone em territórios onde não há segurança para os agentes. Copa Verde A Copa Verde de futebol 2018, que reúne 18 times das regiões Norte, Centro-Oeste e do estado do Espírito Santo, vai premiar o campeão e o melhor jogador em campo na final da competição, em Belém-PA, com troféus simbólicos feitos de madeira certificada pela FSC Brasil, que emite selo de reconhecimento de produção responsável de produtos florestais. Projetados pelos designers Carlos Motta e Leonardo Lattavo e produzidos pela Cooperativa Mista da Flona do Tapajós, os troféus serão entregues no dia em que será anunciado o vencedor nacional da 3ª edição do Concurso de Redação Copa Verde.

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Casas de madeira O novo relatório da Grand View Research, divulgado para o mercado global de madeira laminada cruzada (CLT) mostra que até 2025 chegaremos a US $ 2,07 bilhões. Um dos fatores é o crescimento das construções de casas de madeira. O aumento acontece juntamente com iniciativas governamentais de apoio em todo o mundo que influenciam este mercado, com o aumento da conscientização ambiental causados pelo uso de concreto na construção. Hoje a demanda por casas e edifícios residenciais de madeira, com apelo estético está a todo vapor, como parte de um movimento global de mudança. A Europa ainda é a região líder deste mercado. Espera-se que os segmentos institucionais e comerciais respondem por 46,9% do mercado global em 2025, mas o papel do Brasil é extremamente relevante pro futuro. Manejo florestal Recentemente a Embrapa Florestas lançou a série SisPlus, softwares para manejo florestal de precisão, que possibilitam a simulação de múltiplos regimes de manejo para diversos talhões de plantação florestal, ao mesmo tempo. Concretizando uma evolução dos softwares da família “Sis” (SisEucalipto, SisPinus), os SisPlus viabilizam trabalhos com modelagem e simulação florestal em larga escala, permitindo a aplicação de uma extensa gama de tecnologias ligadas ao manejo florestal de precisão, como pesquisa operacional e inteligência artificial. Árvore mais antiga Um pinheiro que cresce no sul da Itália tem 1.230 anos, o que o faz a árvore mais antiga da Europa cientificamente datada. Além disso, o antigo pinheiro parece estar vivendo muito bem sua velhice. Exames mostram que a árvore teve um estirão de crescimento nas últimas décadas, quando anéis maiores surgiram em seu tronco, apesar de muitas árvores na região do Mediterrâneo estarem vivendo um declínio de crescimento . A descoberta mostra que algumas árvores podem sobreviver por séculos, mesmo quando submetidas a mudanças climáticas extremas. Este antigo pinheiro, foi germinado em um período frio durante a época medieval e, em seguida, viveu temperaturas muito mais quentes, incluindo períodos de seca. Fibria e Suzano A união das operações entre Fibria e Suzano (que forma a maior empresa de celulose do mundo) foi anunciada em março e agora essa fusão foi aprovada também pela autoridade de defesa da concorrência nos Estados Unidos. Agora, se continuar recebendo aprovações dos outros órgãos reguladores, a fusão vai formar um grupo com 37 mil funcionários e 11 unidades industriais, com capacidade para gerar 11 milhões de toneladas de celulose anualmente.




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