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VÂNIA mignone,

VÂNIA mignone,

ARTISTA CEARENSE SÉRVULO ESMERALDO TINHA DOMÍNIO DE VÁRIAS TÉCNICAS, DO ENTALHE À XILOGRAVURA, PASSANDO PELA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS NA GERAÇÃO DE EFEITOS CINÉTICOS, ÓTICOS E ELETROMAGNÉTICOS. SUA OBRA

POSSUI UMA COERÊNCIA INTERNA, BASEADA EM ELEMENTOS SIMPLES E EM UM TRATAMENTO SINTÉTICO DAS FORMAS

POR MARCUS LONTRA

Sérvulo Esmeraldo (1929-2017) é referência obrigatória na história da arte brasileira. Nasceu na cidade do Crato, no Cariri cearense, região carregada de cultura e beleza em pleno Brasil profundo e verdadeiro. Como a maioria dos artistas de sua geração, iniciou seus trabalhos a partir da observação da paisagem. De imediato interessou-se pelo movimento, pela transformação dos fenômenos da natureza,peladinâmicadoscorposepeladialéticadosaber. Ainda criança, começou a produzir pequenas engenhocas que se apropriavam da corrente dos riachos abundantes na região. Nessa busca entre os fenômenos naturais e a intervenção humana, o artista aproxima arte e ciência, processo e criação, objetividade e liberdade criativa. A percepção de determinada equação visual descoberta pela observação da paisagem é imediatamente respondida pela ação transformadora do artista. Há, portanto, uma decorrência direta entre a intenção e o gesto, entre o que sevê,oquesedescobre,oquesecriaeoquesetransforma.

Ao longo de toda sua vida, Sérvulo morou em Fortaleza, em São Paulo, no Rio de Janeiro e, depois, por duas décadas, em Paris. Em meados da década de 1970, o artista retorna à Fortaleza e, sob o impacto da paisagem equinocial, suas obras incorporam a cor e a monumentalidade. Sérvulo, viajante, jamais deixou de ser o menino curioso do Crato. Por isso, suas obras se distanciam da austeridade construtiva e se afirmam como elementos carregados de beleza, inquietude e sedução.

Relevo, 1981/2016.

Foto: © Sérvulo Esmeraldo.

Seus trabalhos gráficos determinam as bases da práxis do artista. Ela garante a Sérvulo a régua e o compasso. Com esses instrumentos, o artista subverte o plano na busca da dinâmica do movimento. Tudo em Sérvulo é fluido, é devenir, é líquido. Na tríade dos grandes construtivos brasileiros, as obras de Amilcar de Castro estruturamse pela concretude, pela força do elemento Terra, enquanto Franz Weissmann cria vazios que perpassam os trabalhos e os definem como o elemento Ar. Sérvulo Esmeraldo trabalha a matéria iminente, a forma nômade, a transparência que determina o seu elemento Água. E, para finalizar o círculo, podemos, nesse raciocínio, afirmar que ele se completa, na geração seguinte, com Tunga e suas portentosas matérias em ebulição características do elemento Fogo. Esta mostra busca sintetizar a extensa produção de Sérvulo Esmeraldo, reunindo obras de diversas dimensões em variados materiais; trabalhos de potência gráfica, outros de cromatismo intenso, objetos em movimento real ou virtual, sintetizados pelos excitáveis, trabalhos que definem o talento e a inteligência do artista.

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