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VÂNIA mignone,
O CONJUNTO DE OBRAS DE VÂNIA MIGNONE CHAMA
ATENÇÃO PELA VIVACIDADE DAS CORES, PELA
EXPRESSIVIDADE DE FIGURAS EM GRANDE DIMENSÃO, ALÉM DA DIVERSIDADE DE SUPORTES E TÉCNICAS QUE APARECEREM CONJUGADOS. A ARTISTA FALOU COM A DASARTES SOBRE SEU PROCESSO CRIATIVO E VASTO UNIVERSO DE EXPERIMENTAÇÃO
POR VÂNIA MIGNONE
“Começo por esse trabalho basicamente preto e azul e apresenta a presença da pessoa no palco. Essa pessoa poderia estar representando, encenando, fazendo-se passar por outra pessoa. Essa realidade no palco, essa imitação da vida, essa fantasia é uma coisa que eu gosto muito de trabalhar, e aqui o trabalho é uma pessoa (talvez uma atriz) com uma corda a amarrando, e talvez ela trabalhe com mágica. Essa imitação ou representação da vida é um tema recorrente nas minhas obras. Eu gosto muito das luzes do palco, que são falsas, são diferentes da luz real. Eu gosto de pessoas que estão simulando ser outras personagens, talvez porque eu tenha uma formação em dança e eu tenha uma vivência em palco, mas é um espaço que eu gosto de estar, e gosto que os meus personagens ocupem também.”
“Aqui temos desenhos, pintura e muito recorte e colagem. São trabalhos sobre papel. E esse fundo vermelho e essas pessoas que estão aqui falando sobre relacionamentos, sobre tensão em relacionamentos, sobre solidão também. São trabalhos com esse fundo vermelho que toma conta do personagem e eles ficam um pouco sozinhos e um pouco desolados, e as tensões causadas por isso tudo: por essas figuras recortadas e coladas sobre o fundo vermelho, sobre esse fundo vermelho que toma conta de tudo, e a tensão que toma conta de tudo isso, relacionada com a tensão desses relacionamentos de paixão e amores. Fala sobre isso, sobre os desacertos entre nós e entre as pessoas.”
Sem título, 2015. Foto: © Edouard Fraipont.
Sem título (políptico), 2007.
Foto: © Edouard Fraipont.
“Aqui é um trabalho de pintura que tem muita informação da história em quadrinhos, porque são partes colocadas juntas que criam uma história, mas, ao mesmo tempo, são partes separadas. E tem também informação de um , como se estivesse fazendo um esquema do que poderia vir a ser um filme (pequenas cenas que depois seriam ligadas pelo restante do filme). São duas informações que têm influência no meu trabalho de pintura, além da presença das palavras, da presença da figura humana, do tipo de enquadramento da figura humana, que é bastante fotográfico. É um trabalho de pintura com muita influência de outros meios de comunicação colocados juntos para criar a obra.”
“Esses são trabalhos em papel, também com pintura, recorte e colagem. Mas esses trabalhos aqui estão tratando da realidade do mundo hoje em dia, da nossa falta de garantias do futuro, a desorganização de tudo o que achávamos certo e correto e de repente tudo se esvai e vira outra realidade: uma realidade da qual a gente acaba sendo expulsa e ao mesmo tempo tem que procurar onde nos colocarmos novamente no mundo. Então o trabalho fala em paranoia, em caos e em desorganização da sociedade, do mundo, da nossa cabeça mesmo. É um trabalho com temas bem atuais.” uma pintura das mais recentes da exposição, deste ano mesmo. Como processo do meu trabalho, a figura humana acabou se misturando com a paisagem. Nesse trabalho, você tem partes do rosto de um homem, partes do rosto de uma mulher, e eles viram uma espécie de sol em uma paisagem. Então, depois de tantos anos trabalhando com a figura humana e a paisagem, elas se mesclaram e se fundiram. E está dando um novo percurso que eu não sei para que lado vai. Esse trabalho já mostra uma direção que o que eu faço está apontando.”
Sem título, 2023. Mural dedicado aos Yanomamis e exposto na entrada do Instituto Tomie Ohtake. Foto: © Edouard Fraipont.
Sem título, 2023. Foto: © Filipe Berndt.