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7. ENTREVISTA
ENTREVISTA
Tratamento homeopático de sequelas da Covid-19
A pandemia de Covid-19 já dura mais de um ano, e cientistas do mundo inteiro seguem tentando entender por que pacientes reagem de formas tão diferentes à infecção. Até então, o que se sabe é que o novo coronavírus pode provocar sintomas leves, desenvolver formas graves e provocar sequelas a longo prazo depois da contaminação, mesmo em pessoas que não apresentam comorbidades.
Para falar sobre como a Homeopatia pode colaborar no tratamento dos efeitos da Covid-19 no organismo, nós entrevistamos o professor e autor Valter Ribeiro (66), pós-graduado em Homeopatia Clássica, fundador da Escola Brasileira de Homeopatia e vice-diretor do Conselho Nacional de Autorregulamento de Homeopatia.
Professor Valter Ribeiro: Arquivo pessoal
REH: Quais são as sequelas que a Covid-19 pode causar noorganismo humano?
Valter Ribeiro: As sequelas, no sentido médico, são alterações funcionais ou anatômicas permanentes, tendo uma doença ou acidente como causa. Assim, temos, em consequência da Covid-19, na esfera físico e bioquímica, relatos e estudos publicados no Journal of the American Heart Association e no The Lancet que apontam para a característica vasulotrópica deste vírus, que causa destruição tissular pulmonar (enfisema), resposta imunológica intitulada de “tempestade de citocinas” (reação exagerada do sistema imunológico), rinopatias (designação genérica das doenças do nariz) e hepatopatias (doenças do fígado).
No sentido homeopático, o termo “sequelas” vai além do organotropismo (atração de uma substância ou medicamento por determinados órgãos), atingindo, também, o sensotropismo. Portanto, teremos as “sequelas psíquicas”, atingindo o nível dos pensamentos e, consequentemente, o modo de viver a vida, o “modus vivendis”.
Constatações clínicas minhas pós-Covid [também] me levaram às seguintes rubricas acerca de suas sequelas, como: dano, medo de; morte, medo indefinido de; isolamento, extrema necessidade de; ameaça iminente, sentimento de; ilusão de abandono familiar; futuro, ansiedade sobre o; saúde, ansiedade pela sua saúde e a dos seus; hipersensibilidade, incluindo sobressalto mediante a ruídos, barulho, entre outros; sentimento de ameaça iminente.
Além disso, a perda de olfato e paladar, que permanece meses após a hospitalização e a contaminação pelo vírus causador da Covid-19. Diante dessas rubricas, e outras que possam surgir durante a entrevista com o paciente, cabe ao homeopata buscar pelo lado oculto que assina cada uma delas, para, assim, compreender o caso clínico no seu todo, chegando ao núcleo a ser tratado, dentro do “princípio da individualização”.
REH: Como a Homeopatia pode tratar essas sequelas? Quais preparados homeopáticos podem ser indicados para cada uma delas e por quê?
Valter Ribeiro: Na esfera física, Allain Horvillieur, médico homeopata francês, nos ensina que “o organicismo é o limite da homeopatia`”. Kent nos afirma que - de acordo com o grau da lesão - os lesionados podem ser homeopaticamente incuráveis. Portanto, quando existe uma lesão orgânica grave/duradoura, cabe aos médicos, a meu ver, determinar sua extensão, gravidade e se há necessidade cirúrgica ou não.
Entretanto, se a sequela (no sentido homeopático) estiver na esfera psíquica, como por exemplo num caso onde, após passar pelo choque emocional de uma hospitalização, o indivíduo passou a ter “sonhos ineficazes” acompanhados do “sentimento de abandono e de dependência familiar”, esta “imagem homeopática” pode nos levar a Magnesium carbonicum, Magnesium muriaticum ou até a Lac-caninum, como possíveis medicamentos homeopáticos - Bastando, para tal, fazer o devido diagnostico diferencial entre eles.
REH: Há alguma sequela que não pode ser tratada homeopaticamente? Por quê?
Valter Ribeiro: Sim. São aquelas situações onde “o organicismo é o limite da homeopatia” como citado anteriormente, segundo Horvillieur. 58
REH: Falando de forma geral, qual tempo pode durar o tratamento homeopático de sequelas da Covid-19?
Valter Ribeiro: A Homeopatia trabalha com o princípio da individualização. No raciocínio homeopático, a doença é vista como uma “autocriação” ou como um “sentimento básico”, principalmente. Cada indivíduo reage ao seu modo e a seu tempo. Mas a homeopatia em si é, naturalmente, de ação rápida. Portanto, as sequelas psíquicas, que podem levar, no decorrer do tempo, a uma sequela física - é bom salientar isso, - serão tratadas cedo, individualmente, antecipando-se, assim, a uma possível transcendência no campo físico. A duração do tratamento depende da resposta do indivíduo e, principalmente, da assertividade do homeopata.
É importante informar que, se no início do acometimento Covid-19, ainda nas fases 1 (principalmente) ou na fase 2, ministrar-se o gênio epidêmico, os resultados positivos apresentados serão notórios e impedirão o avanço da doença e, consequentemente, de possíveis futuras sequelas.
Tive clientes que vinte minutos após a medicação já sentiam o sabor dos alimentos. Isto nos comprova a rápida impregnação homeopática, contrariando, claramente, o dizer popular de que a Homeopatia é lenta.
REH: Existe alguma faixa etária que não possa ser tratada homeopaticamente dessas sequelas? Por quê?
Na esfera física, nos lesionados, cabe à medicina oficial determinar esta possibilidade.
Na esfera psíquica, com transcendência no físico, não existe um impedimento para que se trate, homeopaticamente, o ´´núcleo vibracional`` que assina sua reverberação no campo físico. Mesmo que seja para promover um alívio ao indivíduo com débil energia vital – ensinamentos de Kent.
REH: Ainda levando em questão o tratamento das sequelas da Covid-19, não é difícil encontrar pessoas que estejam se automedicando e recomendando preparados homeopáticos que funcionaram para ela para outras pessoas. Quais são os riscos dessa prática? O mesmo preparado homeopático pode servir para pessoas diferentes no tratamento da mesma sequela? Por quê?
Valter Ribeiro: Numa epidemia/pandemia, o “gênio epidêmico” é escolhido baseado nos sintomas mais presentes numa variada população de caso clínicos bem sucedidos. Missão essa de um homeopata experiente, consciencioso e aplicado. Portanto, não cabe, sinceramente, a automedicação.
O medicamento (bem escolhido) que cobre “o gênio epidêmico*`” será, então, ministrado logo no aparecimento dos primeiros sintomas marcantes, a todos os indivíduos atingidos por esta pandemia. Desta forma, evita-se a progressão do adoecimento para níveis mais profundos e suas consequentes sequelas.
*Esta é a única exceção ao “princípio da individualização”, praticada por Hahnemann, na escolha do medicamento homeopático.
REH: Como profissional da Homeopatia, quais são os seus principais conselhos para pessoas que estejam buscando tratamento de sequelas da Covid-19?
Valter Ribeiro: Se as sequelas se limitarem à esfera física, sugiro procurarem orientação médica especializada. Se forem no psi-
quismo, temos a homeopatia, a psicologia, a psicanálise, etc. Se forem em ambas as esferas, sugiro buscar por apoio multifatorial complementar. A Homeopatia é uma excelente opção, certamente.
REH: Quais cuidados devem ser tomados para manter os preparados homeopáticos em bom estado e otimizar os resultados do tratamento?
Valter Ribeiro: Existem autores homeopatas que recomendam manter os medicamentos afastados de aparelhos elétricos ou eletromagnéticos, principalmente. O que me parece procedente, uma vez que homeopatia é energia vibracional e imaterial, principalmente em altas dinamizações.
REH: Quais são as vantagens do tratamento homeopático no tratamento de sequelas da Covid-19?
Valter Ribeiro: Não vejo, particularmente, que existam vantagens comparativas, no campo físico. Mas, sim, necessidades específicas ou complementares. O que posso dizer, sinceramente, e talvez isso desagrade a alguns, é que, se a origem da queixa está na esfera psíquica (ações inconscientes), certamente a Homeopatia será a primeira opção para o tratamento inicial, uma vez que sua ação, nesta esfera, é muito rápida, segura e eficaz.
REH: Qual é, na visão da homeopatia, o melhor momento para iniciar o tratamento COVID 19 para, assim, evitar possíveis sequelas futuras advindas do agravamento da doença?
Valter Ribeiro: Vejo esta abordagem como extremamente importante. O correto, em qualquer circunstância, é fazer o tratamento cedo, atuando precocemente.
Tratando-se da Covid-19 temos duas possibilidades, sendo uma delas para atuar nas fases 1 e 2 desta doença, onde temos alcançado resultados práticos bastante positivos, com o “gênio epidêmico Justicia adhatoda 8CH” que já alcançou, a meu ver, o status de “gênio medicamentoso”, nestas duas fases.
Restava encontrar, então, um medicamento que correspondesse à ação do vírus, na fase 3. Como não encontrei, nos meios de comunicação, uma proposição homeopática com esta finalidade, decidi - baseado em estudos científicos - buscar por um medicamento que, em observância ao “princípio da similitude`”, pudesse cobrir esta fase tão luética, tão lesiva desta doença.
Baseado num estudo, publicado no “The Lancet”, que descreve a ocorrência do fenômeno chamado “tempestade de citocinas”, na fase 3 da COVID 19, concluí que Hydrocianicum acidum 8CH cobre, em similutide reativa do organismo, este fenômeno anteriormente citado.
Este medicamento deve ser ministrado logo no início dos sinais de destruição pulmonar, com o pulmão ainda pouco tomado. Ou seja, respiração arfada, possível febre sustentada, e indícios notórios da necessidade de intubação do doente. Assim, em teoria, evitaremos a necessidade de internação em UTI. Faz-se necessário ressalvar que, como acontece rotineiramente neste estágio da doença, os homeopatas não médicos não têm mais acesso ao doente.
Seria necessário, portanto, que os agentes oficiais de saúde compreendessem e analisassem esta minha proposição homeopática e a colocassem em teste, na clínica, para comprovar, na prática, sua eficácia. Assim espero e peço a Deus que aconteça. Para tal finalidade, coloco-me à disposição dos agentes oficiais, para maiores informações, entrosamento mútuo e acolhimento aos que se encontram em estado de saúde tão crítico e desesperador.