Revista ECOAVENTURA ed 28

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ANO III - JANEIRO - ED. 28

ecoaventura - E d i ç ã o 2 8 - J A N E I R O d e 2 0 1 2

BIOLOGIA + MEIO AMBIENTE, TURISMO E EDITORA

R$10,90

tarpon na par aíba I tamba qui I rio ana uá I spinnerbait I visão do peixe I entrevista com r atinho

TARPON bilíngue

Um furacão na Paraíba

tecnica

E MAIS:

ROTEIRO

pesque-pague

Tambaqui: a época é agora Rio Anauá: um destino em ascensão

Turismo mais que ensolarado em João Pessoa-PB A-bê-cê das iscas naturais

V i s ã o d o s p e i x e s I a e f i c i ê n c i a d o s s p i n n e r b a i t s I e n t r e v i s ta c o m o p e s c a d o r r at i n h o


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14/12/2011 14:25:05


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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br Diretoria Farid Curi, Roberto Véras e Wilson Feitosa Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@grupoea.com.br Editor de fotografia Inácio Teixeira (MTb nº 13302/SP) fotografia@grupoea.com.br DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@grupoea.com.br Reportagem Bárbara Blas (MTb nº 64800/SP) bblas@grupoea.com.br Tradução David John Arte Glauco Dias, Mila Costa e Tiago Stracci Ilustração Kid Ocelos Correspondentes internacionais Fabio Barbosa e Voitek Kordecki

A realidade desenhada

M

ais do que um resultado gráfico, o desenho é uma forma de investigar e refletir sobre a realidade. Muitos deles são produzidos com a mesma intenção da escrita, seja para auxiliar na compreensão de um conceito, seja para descrever as relações dos

seres humanos com seu meio. Desenhar é, ao mesmo tempo, arte e forma de comunicação, que demanda conhecimento técnico e estudo pormenorizado do objeto que será representado. Antes da escrita, no período pré-histórico, as pinturas rupestres já transmitiam e eternizavam imagens — principalmente ligadas à caça — nas paredes das cavernas. Com o advento de novas tecnologias, as possibilidades de representação da realidade aumentaram, mas, nem por isso, o desenho foi relegado à condição de inferioridade na comunicação entre os seres humanos. Para o artista, o desenho permite registrar novas formas de ver o mundo. Para os observadores, por outro lado, é um convite à imersão no campo da imaginação e nos labirintos das emoções encobertas pelo dia a dia. Por isso,

Colaboraram nesta edição André Correa, Eribert Marquez, Gerson Kavamoto, Juliano Salgado, Kid Ocelos, Lawrence Ikeda, Marcel Nishiyama (Tchel) e Roberto Véras

a partir desta edição, a ECOAVENTURA agrega em suas páginas — ao lado de

Consultores Alexandre Andrade, Eribert Marquez e Lawrence Ikeda

produzida pelas mãos de um dos melhores ilustradores — se não o melhor —

Distribuição e edições avulsas atendimento@grupoea.com.br Atendimento ao leitor Priscila Santiago sac@grupoea.com.br Assinaturas assine@grupoea.com.br

vontade do pescador em fisgá-lo. Assim, começamos 2012 com o compromisso de ampliar a forma lúdica, bonita e didática de apresentar o conteúdo voltado à pesca esportiva e seu entorno. Notou mais alguma diferença? Agora a ECOAVENTURA tem nova identidade visual na capa para reafirmar a vocação de ser a mais completa revista de pesca esportiva no Brasil. A equipe começa o ano entusiasmada e não vai poupar esforços em trazer ainda mais novidades!

+ MEIO AMBIENTE, TURISMO E

BIOLOGIA R$10,90

TARPON NA PAR AÍBA I TAMBA QUI I RIO ANA UÁ I SPINNERBAIT I VISÃO DO PEIXE I ENTREVISTA COM R ATINHO

Assinaturas: (11) 3334-4361

cionante ao conseguir nos transportar à cena do majestoso peixe atiçando a

ECOAVENTURA - E D I Ç Ã O 2 8 - J A N E I R O D E 2 0 1 2

A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.

Kid Ocelos estreia em nossas páginas com a magnífica ilustração de um Tarpon na capa, que exprime quanto um desenho pode ser real, vivo e emo-

ANO III - JANEIRO - ED. 28

Marketing Pedro Reis preis@grupoea.com.br

da pesca esportiva no Brasil.

EDITORA

DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Salgado Filho comercial@grupoea.com.br

seu conteúdo informativo, fotográfico e audiovisual — a linguagem ilustrativa,

TARPON bilíngue

Um furacão na Paraíba

TECNICA

E MAIS:

Tambaqui: a época é agora

Turismo mais que ensolarado em João Pessoa-PB

ROTEIRO

PESQUE-PAGUE

Rio Anauá: um destino em ascensão

A-bê-cê das iscas naturais

V I S Ã O D O S P E I X E S I A E F I C I Ê N C I A D O S S P I N N E R B A I T S I E N T R E V I S TA C O M O P E S C A D O R R AT I N H O

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15/12/2011 11:08:58

Edição 28 — janeiro de 2012

instituto verficador de circulação


Iscas artificiais de superfície Dar vida às iscas de superfície: esse é o tema tratado por Roberto Véras no 7º volume da coleção “A Arte de Pescar — aprimore suas técnicas”. Veja como é feito o trabalho de 6 modelos para seduzir predadores de água doce e salgada: zara, stick; popper; pencil popper, hélice e criatura. Não perca!

Próximo volume: Iscas

de meia-água

TÉCNICAS” A cada mês, a coleção “A ARTE DE PESCAR — APRIMORE SUAS traz dicas e informações sobre o mundo da pesca. O DVD é parte integrante da Revista ECOAVENTURA só para

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[ índice ]

38

foto: rafael marques

capa bilíngue

Pesca de Tarpon na Paraíba Confira a emoção de fisgar esse furacão aqui mesmo no Brasil foto: janaína quitério

54

turismo

Litoral paraibano

Roteiro imperdível para quem procura cenários paradisíacos e tranquilidade


08 Correio técnico 10 Correspondência 12 Entrevista

O apresentador Ratinho conta a sua história de pesca

32 Técnica

Saiba por que os spinnerbaits são iscas eficientes e versáteis

64 Folha Jaca

66 Biologia A visão dos peixes

foto: libia marquez

16

técnica

Tambaqui: a hora é agora!

Confira dicas para você se tornar um afortunado em fisgar essa espécie foto: adriano prilip

72 Pesque-pague

As iscas naturais mais usadas em pesqueiros

78 Meio ambiente

Amianto: ele constrói, mas também destrói

85 Bicho Tiê-sangue

86 Vitrine

Ofertas e lançamentos

88 Saúde Como evitar lesões na pescaria

92 Mercado

A novidade do Linelair para pesca com mosca

24

roteiro Rio Anauá

Localizado no Estado de Roraima, é um dos mais piscosos da região

94 Radar 96 Classificados


correio técnico Líder de fluorcarbono ou empate de aço? Na matéria “Rio Xingu — habitat de peixes nobres” (edição 26), sobre o Trairão, vocês indicam o uso do líder de fluorcarbono e não o empate de aço para evitar os afiados dentes dessa espécie. Mas, fiquei com uma dúvida: o fluorcarbono realmente substitui o empate de aço nessa situação? Alisson Garcia — por e-mail

Quando utilizamos iscas artificiais com tamanho entre 13 e 15 centímetros — como fizemos na situação descrita na matéria —, elas, por si só, irão proteger o líder. Indicamos o de fluorcarbono com espessura entre 0,60 e 0,80 milímetro por não atrapalhar o trabalho das iscas de superfície, como ocorre com os empates de aço. Durante essa pescaria, o líder de 0,80 milímetro de fluorcarbono aguentou bem em todas as situações, mas é importante revisá-lo após cada ação. Outro detalhe importante é manter seu comprimento equivalente ao tamanho da vara. Isso porque, se ficar curto, o Trairão poderá alcançar e romper a linha de multifilamento durante os saltos.

Bateria para motor elétrico Já tive problemas com a chave seletora do motor elétrico por causa de baterias comuns usadas em veículos. Indicaram-me a Optima, mas seu preço é muito elevado. Que outro modelo de bateria feito para motores

Alarme!

elétricos poderia ser usado? Eduardo Marcondes de Souza — Cuiabá-MT

Tenho um motor 150 Hp, injeção eletrônica, e, quando ando devagar para mudar de ponto, ele toca um alarme e acende uma luz no computador de bordo. Isso é normal ou estou fazendo alguma coisa errada?

Amigo leitor, Embora a Optima seja uma

Everton Capoeira — Vitória-ES

ótima opção, não é a única. Qualquer bateria de ciclo pro-

Caro Everton,

fundo, ou seja, feita para moto-

Isso é normal em motores de injeção eletrônica, principalmente nos modelos de

res estacionários, são apropria-

seis cilindros. Entretanto, o que pode estar ocorrendo é um superaquecimento devido

das para motores elétricos. No

à embarcação andar em baixa rotação durante muito tempo sem planar o casco, o que

mercado, elas chegam a custar

força o motor. O correto é, durante os deslocamentos, fazer o casco planar, com isso,

a metade ou mesmo menos da

a temperatura irá abaixar naturalmente e, em seguida, mudar de ponto. No caso do

metade do preço das Optimas.

motor com indicador de temperatura digital, a recomendação é manter a temperatura

Porém, são mais pesadas. Um

abaixo dos 50 graus Celsius, seja antes de planar, na velocidade de cruzeiro e, princi-

exemplo é o modelo da marca

palmente, em alto giro.

Delfhi 2000 estacionária.

08 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Se o problema persistir, procure uma concessionária da marca.


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correspondência No facebook da

www.facebook.com/RevistaECOAVENTURA

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No que você está pensando agora?

Emilio Bianco Essa matéria [”Torneios: entre para vencer”, edição 26] ficou muito boa, indicando os erros que as equipes não devem cometer para não perderem os campeonatos e, principalmente, a união dos membros! 16 de novembro às 08:33 · Curtir ·

2 pessoas

Emerson Luiz Araujo Parabéns por trazer por este meio impresso tão belas matérias. A cada mês, uma grande reportagem de uma bonita e importante espécie e não se esquecendo de outros assuntos abordados também sobre cultura, aventuras, turismo. Só cometeram um erro que foi tirar o DVD, que também fazia um ótimo par à revista. 30 de Novembro às 11:38 · Curtir ·

2 pessoas

Escreva um comentário...

O peso ambiental dos chumbos A matéria [“Um peso ambiental”, edição 27] ficou muito boa e com precisão nas informações técnicas, parabéns! Aliás, a revista é bem bacana, a edição, o papel, tudo tem qualidade, principalmente os conteúdos e as fotografias. Atualmente, em casa, só tenho comprado revistas de crianças, e foi bom ter uma leitura diferente... Denis Moledo de Souza Abessa (Especialista em gerenciamento costeiro e ecotoxicologia da Unesp) — por e-mail

Que pescador é você? Todos os editoriais — uns mais,

“pescador amador”, com enorme carga

outros menos — me tem tocado profun-

hereditária dos meus queridos antepassa-

damente e de forma positiva, além de

dos. Aprendi com “meu pai” a fazer o uso

serem muito bem redigidos e direciona-

sustentável e racional de todo o ecossis-

dos à classe específica (pescadores). Ao

tema que compõe a nossa diversidade

ler o da edição nº 26, aceitei de pronto a

territorial. Eu não pertenço a nenhuma

provocação da última frase, que diz: “E

tribo. Eu? Eu sou uma raça ou espécie em

você, a qual tribo pertence?”

extinção. [texto cortato para publicação]

Acredito que sou um “amalgamado” das classificações citadas. Eu sou

10 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Renato Serigatto — Palmas-TO


Agromix TV, quem assiste colhe bons frutos. Para conhecer mais sobre nosso canal e a programação acesse:

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entrevista I Ratinho

Para “esquecer-se do mundo” foto: inácio teixeira

Ratinho — figura notória na televisão brasileira — é um pescador apaixonado. Em visita à Editora ECOAVENTURA, o apresentador fala sobre sua relação de longa data com a pesca Por: Bárbara Blas | Arte: glauco dias

C

arlos Roberto Massa, 55,

tinho surgiu ainda na infância — devido

Ratinho (SBT), a família, sua empresa de

já foi feirante, comediante

à sua agilidade nas partidas de futebol

comunicação (Grupo Massa) e a adminis-

com um grupo de amigos,

—, época marcada também pelo início do

tração de suas fazendas. Não se conside-

político, radialista, repórter

encanto pela prática da pesca.

ra um “grande pescador”, mas, afinal, tal

policial de TV e, atualmente, é empresá-

Fora da telinha, o bom humor está

categoria se define pelo conhecimento

rio e apresentador. Natural de Águas de

igualmente presente, mas Ratinho não faz

técnico, pela quantidade de pescarias

Lindoia-SP, cresceu e criou suas raízes

o tipo “estrela”. Mostra-se muito atencio-

praticadas e peixes fisgados ou pela pai-

no interior do Paraná, nas cidades de

so, em especial para falar sobre o hobby

xão? Este último quesito, Ratinho tem de

Jandaia do Sul e Marumbi. O apelido Ra-

que divide seu tempo com o Programa do

sobra. Acompanhe nosso bate-papo.

12 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ECOAVENTURA: Como é a sua relação com a pesca? Ratinho: Não sou um exímio pescador, mas vou junto e participo da festa. Gosto

rio continuar a ter bastante peixe.

EA: Como começou a ser escrita sua história como pescador? Ratinho: Gosto de pescar desde

Ratinho: Geralmente, quando vou ao Pantanal, pego Pintados, mas o peixe com o qual mais gosto de brigar é com o Dourado. Matrinxã também é uma delícia de

muito de pescar e me aventuro pelo menos

menino, quando pegava Lambari com a

pescar. Ambos saltam quando você pega e

uma vez por mês.

peneira em riachos próximos à cidadezi-

são muito briguentos.

EA: Onde você costuma se aventurar?

nha onde morava, Marumbi-PR. Também

EA: O que é pescar para você?

Ratinho: Vou muito ao Pantanal

pescava Cascudo — peixe que dá em

Ratinho: Pescar é esquecer-se do mun-

— quatro vezes por ano —, à baía de

pedreiras de rios. Até hoje, participo de

Guaraqueçaba-PR e também pesco em

acampamentos só para pegá-lo.

minha fazenda no rio Ivaí, no município de São João do Ivaí-PR, que é muito rico em peixes. Pouca gente sabe disso, mas, todo ano, por meio de uma parceria com o Governo do Estado, colocamos no rio três milhões de alevinos, entre Dourados, Curimbas, Piaparas e Pacus — peixes daquela região. Na verdade, os introduzimos já quase juvenis e, com isso, fazemos esse

EA: Quais outras espécies você tem interesse em fisgar?

“Pescar é esquecer-se do mundo, de todos os problemas. É uma festa!”

do, de todos os problemas. É uma festa!

EA: Dá para conciliar a rotina de apresentador e o hobby? Ratinho: Dá porque gosto de pescarias de fim de semana, não mais que três dias de duração, senão enjoa. Até porque três dias pescando se parecem com 30 dias de férias: você não pensa em nada, a não ser em procurar onde o peixe está. E, no meu caso, se pegar está bom, se não, está bom também.

foto: arquivo pessoal

Ratinho em um de seus locais favoritos para pescar: o Pantanal

ecoaventura 13


entrevista I Ratinho

Ratinho com o diretor da ECOAVENTURA Farid Curi foto: inácio teixeira

EA: Com quem costuma pescar?

EA: Tem alguma lembrança marcante?

Ratinho: Com amigos. Há mais de 20

Ratinho: Marcante para mim foram

anos viajamos juntos. Ninguém pega nada,

essas pescarias de Cascudos que fazem

mas todo mundo se diverte [risos].

parte da minha infância e até hoje faço.

EA: Quem o influenciou a se tornar um pescador? Ratinho: Além de amigos, meu

Esses peixes ficam nas locas das pedras. Eu nunca meti a mão nessas tocas porque tenho medo, mas ajudava: era o saqueiro —

pai. Ele era pedreiro na cidadezinha de

o cara que segura o saco de peixes. Atual-

Marumbi-PR, onde tinha um rio chamado

mente, o ano em que não vou pescá-los, me

Azul. Comecei a gostar de pescar quando

sinto mal, parece que faltou alguma coisa.

participei de um acampamento que meu

EA: A pesca é uma tradição da família?

pai costumava fazer com outros pedrei-

Ratinho: Meu pai gostava bastan-

ros e serventes. Eles armavam a barraca,

te e agora os meus filhos começaram a

levavam o fogareiro, pegavam Cascudos,

pescar também. Tenho três filhos [o Carlos

limpavam na hora e fritavam. Eu achava

Roberto Massa Júnior, conhecido como

aquilo uma maravilha. E ainda faço isso. A

Ratinho Junior, e os gêmeos Gabriel e

paixão surgiu daí.

Rafael]. O Ratinho Junior, que é deputado

14 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

fotos: arquivo pessoal

“Três dias pescando se parecem com 30 dias de férias: você não pensa em nada, a não ser em procurar onde o peixe está”

Ratinho fisgou um Dourado em pescaria com os amigos


você não vai atrás somente do peixe, e sim fazer uma série de atividades. Quando a pessoa deixa sua cidade de origem e vai para algum lugar pescar, ela deixa todos os problemas de lado e, assim, vive melhor!

Visita à Editora ECOAVENTURA

fotos: inácio teixeira

“No meu caso, se pegar peixe está bom, se não, está bom também”

“A pesca é apaixonante tanto quanto o futebol. O que precisa é divulgá-la, é mostrar que você não vai atrás somente do peixe”

federal [pelo PSC (Partido Social Cristão) do Paraná], gosta muito de pescar. Ele quer concorrer a prefeito em Curitiba-PR, e sempre falo para ele: “Tira mais tempo pra você, não faça como eu, que trabalhei muito. Vá se divertir, vá pescar mais.”

EA: Em sua opinião, o que é necessário para melhorar a pesca esportiva no Brasil? Ratinho: Acredito que, com essa consciência que as pessoas estão tendo, já está melhorando bastante. Mas acho que o próprio Estado poderia fazer como nós lá no rio Ivaí. Uma providência seria criar muitos alevinos, distribuí-los pelos rios para ajudá-los a se tornarem piscosos. E, assim, incentivaríamos os mais jovens.

EA: Você acredita que a pesca esportiva pode ser considerada uma segunda paixão nacional ou ainda é um mito entre os pescadores? Ratinho: Ainda é um mito. São 10% das pessoas que gostam. Mas ela é apaixonante tanto quanto o futebol. O que precisa é divulgá-la, é mostrar que

ecoaventura 15


[ técnica I tambaqui ]

Pura ignorância! É essa conclusão a qual chega o pescador que já teve a ventura de enfrentar o peixe redondo mais vitaminado dos rios amazônicos. Confira dicas capazes de tornar você um afortunado em fisgar essa espécie por: Eribert Marquez | Ilustração: Kid Ocelos | Arte: glauco dias

16 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 17

foto: libia marquez


[ técnica I tambaqui ]

F

oi em setembro de 1998, no leito do rio Guaporé, na cidade de Pimenteiras-RO, que a história da pesca do Tamba-

qui com equipamento esportivo começou a ser escrita. O feito — realizado pelo jornalista Ciro Porto, da EPTV de

Campinas, e pelo pesquisador Laerte Batista, do Cepta (Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais) — foi considerado um dos fatos mais importantes daquele ano. Eles fisgaram e venceram um espécime que pesou nada menos que 28,7 quilos, um bicho de porte tão impressionante que, dias depois, tornar-se-ia o novo recorde mundial. Desde então, muita coisa mudou: o rio Guaporé perdeu o status de ser o único lugar com possibilidades reais de fisgar esse peixe de forma esportiva, a seca deixou de ser considerada como único período do ano propício tornaram mais leves, e novas técnicas e iscas variadas foram desenvolvidas para desafiar a astúcia e brutalidade desse titã.

A época é agora

Espécime, capturado no rio Guaporé, que se tornou recorde mundial foto: wilson feitosa

Com o rio fora da caixa — o que ocorre nos primeiros meses do ano —, muitas árvores que produzem frutos silvestres, entre os quais o caju, o araçá e, principalmente, o coquinho conhecido por juari, ficam dentro da água. São esses frutos que, quando caem do pé, atraem o Tambaqui e outras espécies que apreciam o mesmo cardápio e, dependendo do mês e da região escolhida, esse fruto é a única opção disponível. Ele pode ser visto em grande quantidade nas margens dos rios Teles Pires, Juruena e Tapajós, dá em cachos de palmeiras altas, 18 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

foto: josé ferreira

para pescá-lo, os equipamentos se

foto: inácio teixeira

Palmeira de onde cai o coquinho juari — isca natural e irresistível para o Tambaqui e outros redondos


Durante o período de cheia, o Tambaqui é encontrado em diversos pontos do rio

vistosas e espinhosas, mas somente

barulho de quando cai naturalmente. De-

quando o coquinho fica todo amarelado

pois de tocar na água, o procedimento é

é que está no ponto ideal.

aguardar entre 10 e 20 segundos e, se

Utilizado com material de especifi-

não ocorrer o ataque, repete-se o proces-

cação média, o método de pesca mais

so. Os melhores pontos estão localizados

eficaz é a tradicional “batida”, só que,

exatamente debaixo dos pés desses fru-

nesse caso, em vez de vara de bambu,

tos, mas também não é raro ter ataques

é usado um conjunto composto por vara

um pouco antes ou depois deles.

e carretilha ou molinete. Essa técnica

O equipamento parece leve demais

consiste em manter o barco a uma dis-

para suportar a briga com um espécime

tância suficiente para arremessar a isca

de grande porte, mas como não há alter-

para cima, ou seja, na direção da copa da

nativa para fazer esse tipo de arremesso,

palmeira, de modo que, ao descer, toque

é preciso perícia e sorte para dominar os

a superfície da água e produza o mesmo

grandes exemplares.

foto: wilson feitosa

Juari iscado em um pequeno anzol 2/0

ecoaventura 19


[ técnica I tambaqui ] Para vencer o desafio Antes de começar a pescar, é preciso colher as iscas — missão nem sempre fácil, pois, apesar de existirem dezenas de palmeiras nas margens dos rios, seus troncos são cheios de espinhos. Driblada a primeira dificuldade, é hora de iniciar a aventura. Nas primeiras batidas, a falta de experiência se traduz em escassez de ações e chega a desanimar alguns pescadores — fato agravado pelo fato de que o Tambaqui é mestre em roubar iscas. Mas quem persevera é recompensado, e com muita ignorância! A pancada é tão forte que até mesmo o pescador mais experiente não consegue evitar o susto. Quando o Tambaqui se sente fisgado, a velocidade com que esvazia o carretel é algo absurdo. Se a carretilha não tiver um bom freio, e o guia não estiver atento para ligar o motor a fim de ajudar o pescador a persegui-lo, só haverá duas possibilidades: ou ele vai para onde bem entender, ou arrebenta a linha. Também é preciso contar com um pouco de sorte para que ele não adentre a mata — fato corriqueiro que, quando não é evitado, adeus linha, líder, empate e anzol! Não há como evitar: pescaria de Tambaquis invariavelmente significa fisgadas perdidas e linhas estouradas, o que pode levar até os pesca-

Ilustração: Kid Ocelos

dores mais experientes a acreditar ser

20 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

impossível vencê-los.

Arremessar na direção da copa da palmeira para que a isca caia na água como se tivesse caindo naturalmente


ecoaventura 21

foto: Eribert Marquez

foto: wilson feitosa


[ técnica I tambaqui ] Os coadjuvantes

Dicas

Para aqueles que se dedicam à pesca desse peixe, a presença constante de outras espécies é grande atrativo. Além do Pacu-borracha, a Pirapitinga — mais um peso-pesado da família dos redondos — também costuma disputar as iscas oferecidas e não fica devendo nada quando o assunto é tamanho e força, pois ela pode ultrapassar os dez quilos. E nem precisaria tanto, afinal, espécime de quatro quilos, quando fisgado com displicência, consegue levar tudo para o mato — situação que exige dedicação e paciência do guia, já que, muitas vezes, ele é obrigado a entrar mata adentro, cortar galhos, passar a vara por baixo de obstáculos submersos, entre outros sacrifícios necessários para o pescador poder posar vitorioso com essa espécie na mão.

• Hoje em dia, os rios Teles Pires, Juruena e Tapajós são os lugares que têm melhores retrospectos, infraestrutura e guias treinados para a pesca dessa espécie. A época mais propícia situa-se entre janeiro e junho • A precisão nos arremessos é fator capital para o sucesso da empreitada. No entanto, não há com o que se preocupar, pois, depois de algumas tentativas, qualquer pescador acaba pegando o jeito • A batida do Tambaqui é muito sutil, porém, não se engane. Dê uma fisgada vigorosa e se prepare para muita encrenca

A Pirapitinga é outro redondo que merece respeito...

• Pode parecer exagero, mas, para a pesca desse peixe, é preciso ter bom preparo físico, assim como tranquilidade, pois a briga costuma ser longa e muito bruta, e não há lugar para precipitações • É importante ressaltar que, para capturar um troféu desses, é fundamental muita dedicação e paciência, pois é comum ter que fazer dezenas de arremessos para encontrar o peixe

foto: Eribert Marquez

foto: wilson feitosa

foto: Eribert Marquez

...pois costuma roubar a cena quando se pesca de batida

22 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


foto: wilson feitosa

Equipamentos • Material médio-pesado composto por vara para carretilha ou molinete e linhas ente 10 e 20 libras, com tamanho entre 1,80 e 2,10 metros

• Carretilhas ou molinetes de tamanho compatível com as varas e capacidade para armazenar entre 120 e 150 metros de linha monofilamento com bitola entre 0,37 e 0,40 milímetro (ou linhas multifilamento com resistência em torno de 50 libras)

• Anzóis Mustad ref. 92676 tamanho 3/0

• Se preferir, use líder com tamanho entre 2,5 e 3 metros, feito com monofilamento de fluorcarbono ou náilon transparente com 50 libras de resistência. Com ou sem o líder, é fundamental usar empate de aço flexível com tamanho em torno de 20 centímetros e resistência de aproximadamente 60 libras


[ roteiro ]

Localizada no Estado de Roraima, a Reserva do Viruá — com seus rios e lagos pouco explorados — é um ponto a ser marcado na agenda de pescadores que apreciam o desafio de desbravar novos destinos

foto: adriano prilip

Por: Roberto Véras | Arte: glauco dias

24 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 25


[ roteiro ]

Mesmo com repiquete, encontramos algumas ações no leito do Anauá fotos: adriano prilip

P

Compensava arrastar as voadeiras por quase 500m na mata

ara chegar à foz do rio Anauá,

por aproximadamente oito horas. Mais

Segundo pesquisadores e técnicos do

um dos mais piscosos da re-

uma hora e chegamos à entrada do rio

ICMBio (Instituto Chico Mendes de Con-

gião e o responsável pelo

Anauá, onde começa o Parque Nacional

servação da Biodiversidade), trata-se de

sustento das populações ribei-

do Viruá, que abrange grande área.

uma espécie de berçário para diversas

rinhas, saímos de Boa Vista — a eferves-

Nesse trajeto, o que chama a atenção

espécies de peixes e, pela necessida-

cente capital de Roraima —, seguimos

é que, nos rios Branco e Anauá, as águas

de de sua preservação, não é permitida

para Caracaraí e ingressamos em um

são claras, enquanto que, no Viruá, elas

qualquer atividade de pesca em seu leito.

barco regional que desce o rio Branco

são tão escuras quanto as do rio Negro.

Foi por isso que, mesmo tendo me com-

26 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Caso tivéssemos optado por pescar apenas no leito do rio, ou em lagoas vicinais, o resultado dessa aventura certamente seria outro, provavelmente, um retumbante fracasso!

prometido a retirar as garateias das iscas,

tivos repiquetes eram evidentes e bem

em informações de alguns pescadores

foi-me negado com veemência o pedido

visíveis nas margens, o que fez as ações

artesanais, ficamos sabendo de uma

para efetuar alguns arremessos.

ficarem aquém do esperado. De acordo

grande lagoa com essas características

A incursão só poderia ser feita nas

com nosso guia, para reverter isso, seria

a pouco menos de uma hora de onde

imediações do parque e no rio Anauá,

necessário procurar um local onde o ní-

estávamos. O único inconveniente foi ter

que, naquele momento, ainda apresenta-

vel da água não oscilasse tanto, o que

de empurrar os barcos por aproximada-

va níveis bastante elevados de água. Na

significava entrar em algum lago sem

mente 500 metros mata adentro, o que

área permitida, as marcas dos consecu-

qualquer ligação com o rio. Com base

fizemos em exaustivos 40 minutos. ecoaventura 27


[ roteiro ] A lagoa era realmente grande e muito recortada, e isso nos dava a sensação de serem vários lagos interligados. A cada novo trecho, além da paisagem, mudavam as espécies. E a diferença no volume de ações também era brutal. Tanto que a voracidade dos peixes e a quantidade de ataques nas iscas nos causaram a sensação de sermos os primeiros a pescar lá. Além dos Tucunarés-açus, foram capturadas outras espécies como Cachorras, Traíras e Matrinxãs, além de um Cachara e uma pequena Pimeio período e pretendíamos explorar outros recônditos do imenso lago, deixamos o barco lá mesmo para não perder-

A variedade de espécies confinadas na lagoa impressionou, e até um pequeno Cachara resolveu atacar nosso stick foto: roberto véras

mos um minuto do próximo dia.

foto: Dag véras

rarara. Como havíamos pescado apenas

28 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


foto: roberto véras

A Cachorra não resistiu ao trabalho da twitch bait

foto: roberto véras

Primeiro peixe grande da aventura. Um belo e colorido Tucunaré-Açu

ecoaventura 29


[ roteiro ]

Fábio testou vários tipos de iscas como essa twitch bait, por exemplo

fotos: adriano prilip

Com o entusiasmo nas alturas, nas pri-

E o melhor: os Tucunarés não são vítimas

superfícies por twitch baits e modelos de

meiras horas do dia seguinte, já cruzáva-

daquele tipo de “malhadeiras”. Não sei

meia-água, mas os Tucunarés estavam

mos a estreita trilha que liga o rio ao lago.

se foi devido ao fato de ser mais cedo

maiores, com alguns exemplares beiran-

Entretanto, nossos presságios de mo-

ou se porque substituímos as iscas de

do os sete quilos.

mentos especiais e lutas memoráveis se transformaram em decepção ao nos depararmos com duas enormes redes, que atravessavam de margem a margem o lago principal — uma situação que sempre causa revolta, pois sabemos que, além daqueles pescadores não terem alternativas para tirar o sustento de suas famílias, também não estão fazendo nenhuma irregularidade, afinal, de acordo com o diretor do parque, a atividade é regulamentada pelas leis do Estado de Roraima. Mesmo assim, nem bem ultrapassamos as redes, começamos a arremessar e as ações se mostraram tão consistentes como na véspera, o que comprovou que esse lago é mesmo repleto de peixes. 30 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Mesmo com toda a pressão exercida com a colocação de duas grandes redes esticadas de margem a margem no lago, os peixes estavam muito ativos


foto: roberto véras

Parecia até um script de filme: o maior peixe com quase 8kg foi a última captura de Dag e da excursão

Ao final dessa aventura, ficou a im-

Equipamentos

pressão de que, com as águas estáveis, essa região tem grande potencial de proporcionar muitas emoções e satisfação aos pescadores.

Dica Programe sua pescaria para os meses de dezembro a março, período considerado o auge da temporada

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• Varas de 5 a 6 pés, de ação rápida de 20 a 25 libras • Carretilhas rápidas com capacidade de pelo menos 120 metros de linha • Linhas de multifilamento de 30 e 50 libras • Shockleader de fluorcarbono de 50 libras • Iscas de meia-água, hélice, subsuperfície, sticks, zaras e poppers


[ técnica I spinnerbait ]

Spinnerbait: versatilidade e eficiência Muitos pescadores não conseguem acreditar que os spinnerbaits, cujo formato em nada se parece com uma presa ou algo que faça parte de sua cadeia alimentar, possam ser eficientes. Mas grande variedade de peixes esportivos, tais como Black bass, Traíra, Matrinxã, Tucunaré, Tilápia e até peixes de couro, é atraída pelo brilho e vibração dessas iscas. Saiba mais sobre suas características e formas de trabalhá-las Por: Marcel Nishiyama (Tchel) | Fotos: Inácio Teixeira | Arte: Mila Costa

32 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Cores escuras são indicadas para a pesca da Traíra

A

o olhar essa isca pela primeira vez, muitos podem se perguntar: “É o brinco da minha esposa”? ou “O peixe ataca esse

As colheres willow leaf são as mais adequadas para fisgar Tucunarés

negócio mesmo”? Entretanto, trata-se de uma isca eficaz e versátil. Um dos principais diferenciais do spinnerbait é o seu mecanismo de antienrosco, que possibilita ao pescador apresentar a isca muito próxima ao peixe em locais onde a maioria dos outros modelos não voltaria sem que enroscassem com o primeiro toque. Devido à sua vibração atrativa, é indicado, também, para ser usado em dias com muito vento, quando a localização da presa pelo peixe é dificultada pela formação de marola. ecoaventura 33


[ técnica I spinnerbait ]

Partes do spinnerbait Há uma variedade de tamanhos e formatos, tanto da cabeça — fabricada de chumbo ou tungstênio — quanto da colher. Pode ser trabalhado de diferentes formas e em diversas velocidades e profundidades.

Colher responsável pela vibração e brilho da isca. O que determinará o tamanho mais adequado é o porte das presas com as quais o peixe-alvo está acostumado a se alimentar, bem como à intensidade da vibração necessária ao ambiente natural. Geralmente, em águas escuras ou em dias nublados, a cor dourada torna-se mais eficiente; em águas claras ou com sol, a prateada se destaca. Colheres nas cores amarela ou branca também são produtivas, principalmente em águas barrentas. Há, ainda, uma diferença de textura: as colheres lisas emitem reflexo mais forte, e as texturizadas, o oposto, porém, em angulações diferentes. Alguns modelos imitam escamas e outros, cardume de pequenos peixes. A textura na colher torna-se atrativa, sobretudo, quando não há vento ou a superfície da água está lisa, uma vez que é capaz de atenuar a luz que incide diretamente sobre ela.

colher texturizada

Braço haste metálica que liga as partes do spinnerbait. É fabricado em aço ou titânio — este último, por ser mais resistente e flexível, dá mais vibração à isca, além de proporcionar maior durabilidade.

Anzol

Saia dá volume e movimento à isca. A escolha da cor depende de dois fatores — a espécie da qual o peixe-alvo se alimenta e a cor da água. Em geral, quando está limpa, são utilizadas saias com cores mais parecidas com as da presa e as que são feitas com cerdas finas, que favorecem a boa apresentação. Em águas sujas, são escolhidas cerdas volumosas, nas cores amarelo e rosa, que definem melhor a silhueta da isca. No caso específico da pesca de Traíras, a preta costuma ser mais produtiva. 34 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Cabeçade chumbo dá peso à isca e determina o nível em que o trabalho será feito — quanto mais pesada, maior profundidade alcançará.


Formatos de colher Há três principais tipos de formatos de colher:

Willow leaf é o formato mais comum. Assemelha-se a um peixe nadando por conseguir emitir vibração mais natural e brilho. Costuma ser usada na água limpa e também é indicada em correnteza forte ou quando for preciso trabalhar a isca de forma acelerada, tal como acontece na pesca do Dourado, do Matrinxã ou do Tucunaré.

corte Willow leaf

Willow leaf

Willow leaf para recolhimento lento tem o mesmo formato da anterior, porém, é menos côncava. Isso permite que ela seja trabalhada de forma mais lenta, pois causa mais resistência na água e emite vibração mais intensa.

Willow leaf para recolhimento lento

Colorado ao contrário da willow leaf, esse formato emite uma vibração excessiva — ideal para a pesca em águas barrentas, onde o peixe localiza a presa, sobretudo, pela vibração. Não é indicada para águas rápidas, já que provoca resistência ainda maior. Costuma trazer bons resultados com a Traíra, pois é a que possibilita o trabalho mais lento de todos.

Indiana em comparação ao willow leaf e colorado, é utilizada em situações intermediárias das citadas anteriormente.

Formatos de cabeça

Rotação das colheres

O formato da cabeça é essencial nas situações em que a estrutura é muito densa — como galhadas ou vegetação subaquática —, para diminuir a chance de a isca enroscar.

indicada para galhadas

indicada para vegetação subaquática

ecoaventura 35


[ técnica I spinnerbait ] O spinnerbait foi desenvolvido para a pesca de Black bass

Como trabalhar Recolhimento contínuo Além de ser o mais utilizado, é o mais simples. Na pesca do Tucunaré e do Black bass, o recolhimento contínuo é feito lateralmente com a vara. Já com peixes cuja boca é óssea, tal qual o Dourado e a Traíra, a vara deve apontar para a isca, o que facilita na hora da fisgada. Stop and go É feito com paradas rápidas de recolhimento, sem toques de ponta de vara. Nos momentos em que o peixe está apenas seguindo a isca, a parada brusca é um atrativo poderoso para atacá-la. Toques de ponta de vara Deixa o trabalho mais atrativo. Esse movimento não é recomendado em estruturas densas, pois aumenta a chance de enroscar. É ideal para os Tucunarés. Helicóptero Indicado para o single blade — spinnerbait composto por uma colher. É ideal para peixes que se movimentam pouco, como o Black bass no inverno, e a Traíra. Muito eficiente em barrancos íngremes e estruturas como drop-offs. Deixe-a chegar ao fundo, abaixe a vara, recolha o excesso de linha, levante-a e repita o processo. É importante manter contato com a isca mesmo quando ela estiver caindo, pois o peixe pode atacar nesse momento, e a fisgada deve ser imediata. Subsuperfície Com a utilização de um single blade, trabalha-se a isca com a vara apontada para cima e velocidade acelerada para trazer a isca na subsuperfície. Deixar a colher sair da água em alguns momentos causará agitação e som na superfície, ambos atrativos.

36 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Dicas

trailer hook

trailers

Excelente barco-hotel para pescaria no estado do amazonas, conforto e atendimento nota dez! Grupos: 12 a 16 pessoas DATAS DISPONÍVEIS: REGIÃO DO RIO MADEIRA ( Acari, Sucunduri ou Abacaxi ) De 07 a 14 de Julho ( Reservado Grupo Casais & Filhos ) De 14 a 21 de Julho De 21 a 28 de Julho De 28 de Julho a 04 de Agosto De 04 a 11 de Agosto De 11 a 18 de Agosto De 18 a 25 de Agosto REGIÃO DO RIO UATAMÃ ( Uatapú, Abacate ) De 01 a 08 de Setembro ( Reservado Grupo Live Tur ) De 08 a 15 de Setembro De 15 a 22 de Setembro De 22 a 29 de Setembro De 29 de Setembro a 06 de Outubro De 06 a 13 de Outubro De 13 a 20 de Outubro De 20 a 27 de Outubro REGIÃO DE SANTA IZABEL DO RIO NEGRO - AM De 03 a 10 de Novembro ( Reservado Grupo Live Tur ) De 10 a 17 de Novembro De 17 a 24 de Novembro De 24 de Novembro a 01 de Dezembro De 01 a 08 de Dezembro De 08 a 15 de Dezembro IREMOS PAUSAR EM 15 DE DEZEMBRO PARA FESTIVIDADES DE FIM DE ANO, E REINICIANDO A PARTIR DE JANEIRO DE 2013 CONTINUANDO NA REGIÃO DE SANTA IZABEL DO RIO NEGRO - AM

De 12 a 19 de Janeiro De 19 a 26 de Janeiro De 26 de Janeiro a 02 de Fevereiro De 02 a 09 de Fevereiro De 09 a 16 de Fevereiro

*****Todos os pacotes serão 06 dias de pescaria*****

Antes de utilizar a isca, verifique se a colher está limpa e reluzente. Se não, vale lustrá-la com pano macio. Quando o peixe ataca repetidamente, mas não acontece a fisgada, é indicado usar o trailer hook — anzol complementar preso ao original. Se mesmo assim a fisgada não ocorrer, é possível que o espécime esteja investindo contra a colher, e não contra a saia — onde está o anzol. Em geral, isso acontece quando o trabalho for lento, pois o peixe visualizará a colher, e não apenas o seu brilho, como o esperado. Nesse caso, diminua o tamanho da colher ou aumente o peso da isca e a velocidade de recolhimento. Outra opção é utilizar um trailer (isca soft presa ao anzol), pois o movimento deixará a região mais atrativa.

Há momentos nos quais a colher da isca para de girar, repentinamente, e volta ao normal em seguida. É provável que isso aconteça porque o peixe refugou a isca, e a turbulência desse movimento influi no giro das colheres. Se isso ocorrer, mude a cor e/ou o trabalho do spinnerbait. O spinnerbait também pode ser utilizado como isca de varredura para cobrir grandes áreas, em curto espaço de tempo, por meio de arremessos longos e recolhimento rápido. Nesse caso, utilize carretilhas bem lubrificadas e varas longas de 6’6” a 7’. Veja o nado dos spinners em vídeo no youtube

youtube.com/canalgrupoea


[ capa I cover article I tarpon ]

Eita, como tem Tarpon na Paraíba! Wow! So many Tarpon in Paraíba! Muitos pescadores brasileiros imaginam que, para ter grandes emoções na pesca do Tarpon, é necessário viajar para Venezuela, Costa Rica, Cuba, México (América Central), Key West (Flórida) e, ainda, para a África do Sul. Entretanto, a aventura pode começar aqui mesmo no Brasil. Confira dicas de como entrar na batalha com o “rei de prata” em um excelente ponto de pesca localizado na ponta mais extrema das Américas: João Pessoa, capital da Paraíba Many Brazilian anglers believe that Tarpon fishing requires a trip to Venezuela, Costa Rica, Cuba, Mexico (in Central America), Key West (in Florida), or even as far as South Africa. However, this experience can commence right here in Brazil. Check out these tips do to do battle with the “silver king” at a super hotspot located at South America’s most easterly point in João Pessoa, capital of Paraíba Texto e ilustrações/TEXT AND ILLUSTRATION: Kid Ocelos | Tradução/Translation: David John Ficha técnica/Technical data: Lawrence Ikeda | Arte/Design: Tiago Stracci

38 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


ecoaventura 39

foto: Rafael marques


[ capa I cover article I tarpon ]

Q

uando o Tarpon vê a presa — que pode ser uma isca, natural ou artificial — não faz alvoroço: tal qual um verdadeiro rei, segue-a com aprumo e a suga com delicadeza. Mas, não se engane! Ao perceber que foi ludibriado, põe-se em fuga com a fúria de um tufão e é capaz de tomar mais de 50 metros de linha num pestanejar do pescador. O frenesi que vem em seguida desmancha a primeira impressão de sua aparente mansidão. Isso porque o Tarpon é um dos peixes que mais saltam durante a briga — e de forma estabanada. Da água, chega a irromper mais de um metro e, para tentar desenroscar o anzol de sua boca óssea, contorce-se com a força de um titã. A luta com esse peixe exige fôlego e astúcia. Quando o pescador consegue

O Tarpon, quando fisgado, costuma saltar no mesmo instante The Tarpon usually jumps as soon as it is hooked foto: Anderson Bione

trazê-lo até próximo à embarcação, ainda terá que encarar seus olhos desmedidos e penetrantes, que, após mirarem o inimigo desconhecido, parecem injetar mais energia em sua tentativa desvairada de se safar da armadilha. É um fervor!

Jogo de xadrez: primeiro movimento O Tarpon tem uma mecânica de ataque diferenciada. Quando ele se mostra na superfície, a isca tem que ser apresentada bem à sua frente. De maneira distinta das espécies de Tucunaré, ele não se dá o trabalho de virar para o lado em busca de sua presa e, pior, se a isca cair atrás dele, intimida-se e vai embora.

U

foto: Kid Ocelos

pon spotting its prey — which can be a live

The ensuing frenzy dispels the first impres-

Fighting this fish demands stamina and

bait or artificial lure —, it does not make

sion as to its apparent sedateness. This is

astuteness. When the angler succeeds in

any commotion: like a true king, it follows

because the Tarpon is one of the greatest

bringing the fish to boatside, he will still have

it in stately fashion and delicately inhales

jumpers on being hooked — and does so in

to look into its oversized and penetrating

it. But do not be deceived! On sensing it

a random way. It leaps over a meter out of

eyes, which, on gazing into those of the un-

has been deceived, it takes flight with the

the water and, in an attempt to shake off the

known adversary, seem to inject it with even

fury of a typhoon and can strip 50 meters of

hook in its bony mouth, twists and turns with

greater energy in its attempt to escape from

the fisherman’s line in the blink of an eye.

the force of a titan.

the trap. A seething battle ensues!

40 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Jogo limpo: O Tarpon não procura paus e galhadas para tentar romper a linha. Sua tática é arrancar até o meio do rio, ganhar profundidade, saltar como louco e fugir! Essa regra só não vale para os Baby Tarpons, que correm, sim, para as estruturas A clean fight: the Tarpon does not run off into structure to break off the line. Its tactic is to head midriver, sound, jump like crazy and take off! This rule is not applicable to Baby Tarpon, who will indeed head for structure

A game of chess: first move The Tarpon has a unique attack strategy. On showing itself on the surface, the lure has to be presented well ahead of it. In a manner that is quite different from that of the freshwater Peacock Bass, it will not take the trouble of turning sideways in search of its prey and worse of all, should a lure splash

É importante que o pescador e sua equipe transpassem a pele abaixo da mandíbula, com cuidado e firmeza, para trazer o Tarpon até o lado da embarcação. Aí sim é que a isca deve ser retirada e, depois de o troféu ser eternizado com fotos, devolvê-lo ao seu lugar de direito It is important for the fisherman and his team mates penetrate the area below the jaw, carefully and firmly, to bring the Tarpon to the boat. Only then should the lure be extracted and then, following the eternally memorable pictures, the fish should be released to its place in the sea

behind it will spook and swim away.

ecoaventura 41


[ capa I cover article I tarpon ] A pescaria acontece, na maioria das

subidas em que eles se mostram à água,

vários espécimes, de uma só vez, disputa-

vezes, no visual. Ficar na proa de uma

suavemente, e exibem a nadadeira. Quando

rem o engodo.

embarcação na expectativa de o Tarpon

se erguem bem rente ao barco, é possível

Em situações nas quais o pescador não

aparecer é, ao mesmo tempo, emocionante

até mesmo escutar o barulho de sua branda

vê o peixe, aconselha-se a “peneirar” o rio,

e tenso. Ele sobe à superfície — para comer

puxada de ar. Se estiverem em cardumes, o

ou seja, fazer lançamentos bem no meio da

ou, tal qual o Pirarucu, complementar sua

espírito de competitividade do animal se so-

calha — parte mais funda, onde é comum o

respiração — de várias maneiras. É o que os

bressai e, no momento em que o pescador

peixe trafegar — e trabalhar a isca com movi-

norte-americanos chamam de “rolling”. Há

jogar a isca, basta trabalhar em toques para

mentos lentos. Aí, é só aguardar a ”lapada”!

Quando o Tarpon sobe paralelo à superfície, isso indica que ele permanecerá rente a ela enquanto se deslocar. Recomenda-se usar linhas flutuantes e moscas leves. Mas, se o peixe estiver subindo com movimento de “arco” mais fechado e se movendo rápido, ele pode estar mais ao fundo, e linhas que afundam e intermediárias com mosca mais pesada — e até linhas flutuantes com iscas pesadas — serão a melhor escolha When the Tarpon rises parallel to the surface, this means he will be cruising there. Floating lines and light flies are recommended. If the fish rises in an arched position and is moving fast, this calls for sinking or intermediate lines and a heavier fly, or even a floating line with a sinking tip and fly

Action is mostly by sightfishing. Poising at

is even possible to hear their subtle aspiration.

fish often commute and to work a plug slowly and

the bow of a boat with the expectation of spot-

If they are in a shoal, their competitive spirit pre-

deliberately when most likely it will be taken.

ting a Tarpon is both exciting and nerve racking.

vails and, as soon as the angler casts his lure, all

It breaches the surface to feed or, much like

it takes is a few jerks to attract the attention of

the Pirarucu, to breathe. This is what the North

several competing fish.

Second novement: the hookup Whoever has taken on this challenge is aware

American anglers describe as rolling. On occa-

On those occasions when there are no fish

that a phantom is ever-present in Tarpon fishing:

sions, it surfaces sometimes gently and dis-

in view, it is advisable to “sift” the river, or be it,

the internationally famed “Ten for one”, or be it,

plays its fins. When they surface near the boat, it

to cast in the deepest midstream areas where

that for every ten Tarpon that are hooked, only

42 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


O Tarpon é considerado um dos peixes mais esportivos do mundo devido à sua beleza, à dificuldade de fisgada, à plasticidade dos saltos e à força extrema, mas, no Brasil, é pouco procurado na pesca esportiva The Tarpon is considered one of the world’s greatest gamefish due to its beauty, the difficulties involved in hooking it, its acrobatic leaps and extreme strength, yet, in Brazil, it is little sought after by sportfishermen

Segundo movimento: a fisgada

cada dez Tarpons que o pescador fisgar,

sua estrutura óssea, é necessário ter frieza

somente um será tirado da água, indepen-

o suficiente para deixar o peixe arrancar até

Quem já entrou nessa empreitada está

dentemente da modalidade praticada. Isso

sentir que a linha tenha se acomodado nas

ciente de que existe um fantasma que

porque essa espécie possui uma boca que,

laterais de sua boca. Ao acertar esse tem-

ronda a pesca do Tarpon: o internacional-

de tão dura, assemelha-se a um concreto

po, as chances de a isca se soltar durante

mente conhecido “Ten for one”, isto é, a

[veja box na pág. 51] e, para o anzol cravar em

seus espetaculares saltos diminuem.

one will be landed, regardless of the fishing style. This is on account of its mouth that is as hard as fotos: Anderson Bione

concrete (see caption) and, in order to allow a hook to penetrate its bony mouth, one has to be sufficiently cool-headed to let the fish pull away until the hook is lodged in the side of its mouth. If this timing is right, the chances of the lure shaking loose during its spectacular jumps diminish.

ecoaventura 43


[ capa I cover article I tarpon ] Na pesca de arremesso, onde são usados jigs, plugues e shads com peso, como

“Dar a vara” ao peixe: esse é o segre-

a alavanca é maior, há mais facilidade de

do para segurar o Tarpon assim que ele

a isca se soltar durante os saltos do Tar-

começar a perambular no ar depois de

pon, o que torna a batalha perigosa. Isso

fisgado! Quando ele dá seus pulos, se o

porque, se a isca se desprender, poderá

pescador puxar a linha instantaneamen-

voltar como uma bala no rosto do pesca-

te, ela ficará muito esticada, e o anzol, por

dor. Já na pesca com moscas, além de

sua vez, bastante tencionado — e ambos

as iscas serem mais leves, também são

podem não aguentar. Para neutralizar

feitas com anzóis menores, mais finos e

essa situação, é preciso tentar acompa-

afiados — fatores que diminuem substan-

nhar o movimento do peixe.

cialmente o risco de acidentes.

foto: Kid Ocelos

Terceiro movimento: curvar-se ao rei

Durante as batalhas com os Tarpons — independentemente do porte —, o pescador deve estar atento ao salto, pois se trata de um dos momentos nos quais eles mais escapam, seja por se soltarem do anzol ou estourarem o líder. Nessa hora, é importante acompanhar o peixe com a vara, a fim de equilibrar a tensão e diminuir a alavanca, sem deixar a linha bambear, até que ele caia de novo à água Regardless of size, on doing battle with Tarpon, the fisherman must be alert to the jump as this is where they are most likely to get away, either by shaking the hook loose or breaking the leader. At such times, it is important to point the rod at the fish to balance tension and reduce strain, without allowing slack line until it lands again in the water

Third move: bow to the king

tion, one must follow the movement’s of the fish

sharper, thus lessening this danger.

Lowering the rod tip is one of the secrets to

in as synchronous way as possible. In casting with

keeping a hold on the Tarpon as soon as it com-

plugs or shad type lures that are weighted, lever-

mences its antics once hooked. When it jumps,

age is greater and there is a possibility that the

Flyfishing has proved to be more effective than

if the angler immediately pulls on the line, it will

lure will come loose during a jump and return to

fishing with spinning or baitcasting tackle. This

stretch and put strain on both it and the hook, and

the angler’s face like a slingshot. In flyfishing, lures

is because lures are lighter and present them-

both may not take the strain. To offset this situa-

are smaller as are hooks which are fine wire and

selves in a similar fashion to natural prey such as

44 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

The strategies


foto: kid ocelos

Tarpon e pesca com mosca parecem ter nascido um para o outro Tarpon and flyfishing were made for each other foto: Rafael Marques

As estratégias A pesca com mosca tem se mostrado mais produtiva do que a modalidade com carretilha ou molinete. Isso acontece porque as iscas são muito leves e se assemelham mais ao alimento natural dessa espécie, tais como Sardinhas, camarões, Tainhas e outros pequenos peixes que habitam mangues e estuários. O equipamento ideal no fly é composto por linhas intermediárias específicas para a pesca de Tarpons, que afundam de forma suave e progressiva a partir de sua ponta, em varas de numeração #9 e #10, já que nunca se sabe quando um gigante pode aparecer. Recomenda-se usar líder de fluorcarbono com resistência de 50 libras e 1,50 metro de comprimento. Se necessário, pode-se fazer, por exemplo, uma montagem de um metro de linha de 80 Sardines, shrimp, Mullet and other small fish that

leader is recommended. If needed, for example, a

milímetros, e 50 centímetros de 60 mi-

inhabit mangroves and estuaries, all of which are

tapered leader can be made up of 1 meter length

límetros, ambas de fluorcarbono. Nossa

favored by the Tarpon. The ideal fly gear is made

of 0,80mm, linked to 50 centimers of 0,60mm,

equipe — a Jampafishing — começou

up of intermediate lines specifically developed for

both in fluorocarbon. Our team, Jampafishing,

a usar linhas que afundam bastante

Tarpon fishing with sinking tips, matched to #9 or

started off using lines that sink fast after perceiv-

depois de perceber que também há a

#10 rods, as one never knows when a giant may

ing that many Tarpon hug the bottom which varies

possibilidade de apanhar o Tarpon bem

show up. The use of a 50lb 5 to 6 foot fluorocarbon

between 1 and 5 meters.

rente ao fundo, em profundidade que varia entre 1 e 5 metros. ecoaventura 45


foto: kid ocelos

[ capa I cover article I tarpon ] IMPORTANTE/Important Independentemente da isca utilizada, é fundamental manter anzóis e garateias afiados. Isso porque a dificuldade de penetrar sua dura bocarra também desgasta prematuramente a ponta desses acessórios. Por isso, é interessante ter à mão um afiador de anzóis. Regardless of the lure used, keeping hooks sharpened, be they single or treble, is essential as points will dull prematurely in its sharp mouth, and a hook sharpening tool is a must.

Já na pesca de arremesso, são usadas iscas de fundo, tais como jigs, shads e camarões munidos com jig head, especialmente quando os alvos são os peixes que estão efetuando o “rolling” mais ao centro do rio — pois, em geral, trata-se de Tarpons de maior porte. Por outro lado, quando estamos em busca dos peixes que se alimentam nas galhadas, plugues de superfície e meia-água passam a ser as mais indicadas. Nesse caso, a pescaria assemelha-se bastante à de Robalos, que também proporcionam eletrizantes ataques às iscas de superfície. Varas rápidas, linhas sem elasticidade e anzóis bem afiados são a receita correta para aumentarem as

pescaria de Baby Tarpon na pesca de

mento, e carretilhas de boa qualidade,

chances de penetrar a duríssima boca

arremesso consiste em caniços rápidos

com capacidade de, no mínimo, 100

da majestade prateada. Em vista disso,

ou extrarrápidos, para linhas entre 17 e

metros de multifilamento de 30 a 40

o equipamento recomendado para a

25 libras, com 5’3” a 6 pés de compri-

libras de resistência.

On the other hand, with spinning and baitcast

swimming plugs are the most effective very much

hardness of the silver king’s mouth. The recom-

tackle, jigs and shad type lures and shrimps

as the same tactics used for snook fishing which

mended tackle for Baby Tarpon is made up of fast

attached to a leadhead jig are used — particu-

also provide spectacular attacks on topwater

or extra fast rods in the 5’3” to 6’ range for lines

larly when fish are rolling in the midriver, usually

plugs. Fast action rods and low stretch lines plus

ranging from 17-25lbs coupled to top quality

larger-sized fish. Conversely, when in search of

well honed hooks are the best recipe to increase

reels with a line capacity of at least 100 meters of

fish that are feeding in structure, topwater and

one’s chances of penetrating the immense

braided line, in the 30-40lb range.

46 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


foto: kid ocelos

ecoaventura 47


[ capa I cover article I tarpon ] Tarpon no rio Paraiba Em João Pessoa, o Tarpon também é conhecido como Camarupim (exemplares acima de 60 quilos) ou Pema (indivíduos menores) e começou a ser pescado esportivamente na região há aproximadamente seis anos. As incursões acontecem no rio Paraíba e em seus pequenos afluentes — locais onde essa espécie mais tem sido vista e capturada —, bem como em outros pontos, como barra de Mamanguape, barra do Abiai, barra de Gramame. A melhor época para ir atrás do “rei de prata” no Nordeste é o verão. Isso porque o calor, aliado à ausência de constantes chuvas e a presença de ventos amenos, tornam a água mais limpa e agradável para os peixes. É nessa época, também, que os grandes Tarpons se aproximam da costa para se alimentar e reproduzir. Na pescaria feita em estuários, a maré certa é fator fundamental para maximizar o sucesso da aventura, embora ele possa ser ocasionalmente capturado em qualquer maré e horário. As de “Lua de quarto” — também conhecidas como “marés-mor tas” — são as que trazem melhores resultados devido à pouca variação. Nela, a correnteza lenta levanta menos sedimento do fundo — o que torna a água ainda mais límpida — e facilita a pescaria nas galhadas.

Tarpon in the Paraíba River

tributaries in those spots — where this species has

mild winds, make for clearer water preferred by the

In João Pessoa, the Tarpon is also known as

been spotted and taken — as well as other spots

fish. It is also in this season that the larger Tarpons

Camarupim (for specimens weighing over 60 kilos)

such as the Mamanguape, Abiai and Gramame es-

approach the shoreline to mate and feed.

or as Pema (for juvenile fish) and began to be fished

tuaries. The best season for fishing the “silver king”

When fishing is done at river mouths and

by sportsmen in this region about 6 years ago. These

in the Northeast is in summer, because the heat,

estuaries, the right tide is fundamental in order to

incursions began in the Paraiba River and its small

coupled to the absence of rain and the presence of

maximize the success of any trip, although it can

48 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Recorde mundial (International Game Fish Association) — categoria All Tackle: Tarpon de 129,98kg, pescado em Rubane, Guiné Bissau, em março de 2003 IGFA World Record All Tackle category is a Tarpon of 129,98 kilos fished in Rubane, Guinea Bissau, in March 2003

foto: Fabiano Monteiro

Curiosidades/Of Interest

foto: kid ocelos

be taken on most tides and occasions. First and last quarter moons — also known as dead tides — bring about the best results due to smaller tidal variations. In these phases, currents raise less sediment from the bottom allowing for clearer water and for fishing in cover.

ecoaventura 49


[ capa I cover article I tarpon ] Além disso, é preciso tirar vantagem do horário da maré. O nível baixo da água facilita a localização dos prateados, visto que eles ficam concentrados no centro do rio, fora dos manguezais, e isso faz do começo da enchente a melhor escolha. E mais: a água nova entrando no rio estimula o Tarpon a sair para caçar. Mas, atenção: conforme a maré sobe, os peixes tendem a adentrar as galhadas do manguezal, o que dificulta a sua captura. A pescaria se torna ainda mais produtiva quando o melhor ponto da maré coincide com o começo da manhã ou com o final da tarde.

sobretudo no que diz respeito à infraestrutura. Entretanto, a Jampafishing trabalha acelerado para, em breve, oferecer aos pescadores mais essa opção de turismo de pesca.

foto: Rafael Marques

A cidade de João Pessoa ainda tem muito a evoluir na pesca esportiva,

Como esse guerreiro é valente e determinado a escapar, mesmo depois de dominado, é preciso ter muito cuidado para manipulá-lo. Por isso, é essencial usar luvas reforçadas, alicates de contenção e bicheiros — este último deve ser utilizado com muito cuidado para não ferir o animal As this warrior is brave and determined to escape, even after boating, great care must be taken in handling it. Reinforced gloves, fish grippers and gaffs are needed and the latter should be used with caution to avoid injury to the fish foto: Kid Ocelos

Additionally, one should take advantage of the

new water entering the river stimulates the Tarpon

The town of João Pessoa has much to

tidal phase. Lower water levels make spotting Tar-

to hunt, but will also cause them to enter the flood-

evolve in sportfishing, especially as far as

pon easier as they tend to concentrate mid river,

ing mangroves making for tougher fishing. Fishing

infrastructure is concerned. Jampafis hing is

away from the mangroves, and the beginning of a

is even more productive when the best phase of

involved in soon bringing to anglers this extra

rising tide is the ideal choice of moment. Further,

the tide coincides with dawn or dusk.

option in sportfishing.

50 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Ficha técnica/ Technical data

Reino: Animalia Filo: Chordata Classe/Class: Actinopterygii Ordem/ Order: Elopiformes Família/ Family: Megalopidae Gênero/ Genus: Megalops Nome científico específico/Scientific Name: Megalops atlanticus Nomes comuns/Common names: Tarpon (inglês), Camurupim, Camarupim, Tarpão e Pirapema

foto: Fabiano Monteiro

O também denominado “rei de prata” possui características singulares: seu corpo alongado tem coloração prateada na parte centro-ventral e dorso verde-azulado, recoberto por grandes e rígidas escamas, além de ter um sistema sensorial lateral (linha lateral) bem desenvolvido. A espécie possui, ainda, nadadeira dorsal raiada e macia, com a porção terminal filamentosa, além da nadadeira caudal do tipo furcada. Sua cabeça é formada por placas ósseas rígidas, onde ficam os olhos, que são grandes e desenvolvidos. A enorme boca é formada por fortes maxilas — a inferior é mais pronunciada que a superior. A porção interior é recoberta por microdentículos que dão aspecto de lixa, assim como sua língua também demonstra aspecto áspero. The also so-called silver king possesses unique

the warmer waters of tropical and subtropical Atlantic Ocean regions. Its presence has been documented on the entire east coast of the Americas from Argentina (summer) and the entire Brazilian seaboard, particularly, in the North and North East. Besides this, the species is present in the Gulf of Mexico and Caribbean, as far as the central south east coast of the United states. Away from the America, the Tarpon is found on the African Western seaboard as far as the south of France. This species can inhabit estuaries, bays, beaches and lagoons and has a high tolerance for varying saline levels and depths, which may be as deep as 50 meters. However, it is limited to ideal water temperatures, which vary from mild to warm. For this reason, it is a pelagic fish that migrates to comfortable water temperature zones.

Biologia e ecologia/ Biology and ecology

Distribuição geográfica e habitat/ Geographical distribution

Esse robusto peixe pode atingir tamanho colossal. Foram registrados exemplares de até dois metros e meio, com peso em torno dos 160 quilos. As fêmeas, geralmente, são maiores que os machos. Desovam em mares rasos, e suas larvas ficam dispostas às marés, que as transportam para regiões estuarinas. A evolução foi generosa com essa espécie, pois desenvolveu um mecanismo auxiliar de respiração. Por frequentar águas pobres em oxigênio (mangues e lagunas), além de realizar a respiração branquial, comum a todos os outros peixes, o Tarpon possui um sistema que o permite respirar oxigênio atmosférico. Por isso, é muito comum visualizar esse peixe na superfície. A alimentação dessa espécie é bastante abrangente, composta de peixes como Sardinhas, Tainhas, Paratis, crustáceos (siris e camarões) e vermitídeos (palolo worm). This ro-

O Tarpon pode ser encontrado nas águas quentes das regiões tropicais e subtropicais do oceano Atlântico. Foi registrada a presença desses peixes em toda costa leste das Américas desde a Argentina (verão) e todo o litoral do Brasil, em especial no Norte e Nordeste. Além disso, a espécie está presente no Golfo do México e Caribe, até o centro-sul da costa leste dos Estados Unidos. Longe das Américas, o Tarpon é encontrado na costa oeste do continente africano até o sul da França. Essa espécie pode habitar estuários, baías, praias e lagunas, e tolera variações de salinidade e

bust fish can achieve colossal sizes. Specimens as large as 2,5 meters and weighing around 160 kilos have been registered. Females are usually larger than males. They spawn in shallow water and their larvae are transported by tides into estuarine areas. Evolution has been kind to this species as it has developed an auxiliary breathing system. As a visitor to areas that are low in oxygen such as mangroves and lagoons apart from using its gills to breathe such as other fish do, the Tarpon has an oxygen breathing apparatus. For this reason it is quite common to see this fish on the surface. Food source for this fish is quite encompassing and is made up of Sardines, Mullet, Finger Mullet, crustaceans (crabs and shrimp) and sea worms (palolo worm).

characteristics: its elongated body has silver coloring in the central ventral region and a greenish-blue dorsal area covered by large hard scales besides possessing a well-developed lateral sensory system. The species possesses a striped dorsal fin, which is soft and with end filaments as well as a forked caudal fin. Its head is made up of bony plates where large, well developed eyes are located. Its large mouth is set with powerful jaws with the lower jaw in greater salience than the upper jaw. The interior of the mouth is covered in microdenticules, which are like sandpaper as is the tongue, which is also rough surfaced.

and habitat

O uso de gamboa é permitido aos ribeirinhos desde que não atravesse o rio Branch fishing is allowed to natives as long as it does not cross the river

profundidade, que pode atingir por volta dos 50 metros. Porém, é restrita a um ideal de temperatura da água, que varia de amena a quente. Por esse motivo, trata-se de um peixe pelágico, que migra em busca de temperaturas confortáveis. The Tarpon may be found in

ecoaventura 51


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[ turismo ]

Reduto do Sol colorido Cenários estonteantes, infraestrutura organizada, áreas ambientais preservadas e passeios históricos. Esse e outros motivos fazem do litoral da região metropolitana de João Pessoa — capital da Paraíba — um dos destinos turísticos mais coloridos do País. Confira! Por: Janaína Quitério | Arte: Tiago Stracci

Foto: Edgley delgado

À

s cinco da tarde em ponto,

instrumentista toca em pé a canção “Bo-

sentações no fim de tarde meio nublado

o Sol abraça o horizonte

lero de Ravel”, trilha sonora do longa-

de 23 de novembro de 2011 com a mes-

quando o saxofonista Juran-

-metragem francês “Retratos da Vida”,

ma empolgação que executara a melo-

dy do Sax inicia sua poesia

enquanto o remador faz a canoa bailar

dia de Maurice de Ravel pela primeira

musical. Centenas de pessoas, acomo-

devagar sobre o rio Paraíba em direção

vez, em 1993, no único bar à beira-rio

dadas em deques ou embarcações na

aos atentos olhares, sem exceção. Ali, o

que ali existia. “Sempre me perguntam

praia fluvial do Jacaré — região metropo-

Sol é para todos.

se não me canso de tocar essa música,

litana de João Pessoa —, silenciam para

De domingo a domingo — não im-

mas, a cada dia, é uma emoção dife-

ouvir com todos os sentidos o espetácu-

porta a condição do tempo —, o cair da

rente. Mesmo quando chove, sinto a

lo. Vestido de branco com uma echarpe

tarde é reverenciado naquele trecho.

energia do Sol se despedindo”, conta

dourada — em homenagem ao Sol? —, o

Jurandy do Sax completava 4.022 apre-

com entusiasmo o músico.

54 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Foto: janaína quitério

A sincronização original do “Bolero de

melodia amplificados por microfone até as

visitas à praia fluvial chega a um milhão na

Ravel” com o pôr do sol aconteceu por aca-

caixas de som de cinco bares, que dispo-

alta temporada.

so, em meado da década de 1980, quan-

nibilizam espaçosos terraços sobre o rio.

A apresentação do bolero dura 14

do era tocado no LP de um dos bares da

Desde então, o turismo na praia do Ja-

minutos. Finda quando o último raio solar

então vila de pescadores da praia do Jaca-

caré resplandeceu e, com os investimen-

se oculta no horizonte — tempo suficiente

ré. Os frequentadores do local ficaram tão

tos governamentais em infraestrutura que

para muitas lágrimas se desprenderem

entusiasmados que passaram a pedir bis

recebeu, tem condições de recepcionar,

e dezenas de suspiros ritmarem em coro

em alguns fins de tarde. Mas, com a entra-

com aconchego, milhares de visitantes do

o tãrãrãrã da melodia. Por algum motivo

da em cena de Jurandy do Sax anos mais

Brasil e do mundo. Segundo Nanete Correia

inexplicável, o poente enche nossos pul-

tarde, o entardecer musicado ganhou

Aguiar — secretária adjunta de Turismo do

mões de vida.

ares de performance, com os acordes da

município de Cabedelo —, a estimativa de

Ruborizado, o Sol agradece. ecoaventura 55


Foto: janaína quitério

[ turismo ] O Sol é como um farol para o turismo do

Pessoa — com boa infraestrutura de quios-

litoral da Paraíba. Em João Pessoa — capi-

ques — todos padronizados —, calçadão e

tal do Estado — é, inclusive, onde ele nasce

ciclovia, que oferece pontos de empréstimo

primeiro: antes das cinco da manhã, os

eletrônico de bikes. Diariamente, das 5h às

primeiros raios solares despertam. Isso

8h, o trânsito de veículos na avenida à beira-

acontece porque é lá que está situada a

-mar é interrompido para privilegiar a prática

parte continental mais oriental das Améri-

de caminhada, corrida e ciclismo. Essa praia

cas — a Ponta do Seixas, localizada ao sul

agrupa um grande número de restaurantes

da praia do Cabo Branco.

com variado cardápio — de frutos do mar à

Para aproveitar o dia, que irrompe cedo, o visitante pode se aventurar pe-

comida italiana —, bem como muitos hotéis e pousadas na avenida da praia.

los 60 quilômetros de praias da região

Em sua porção mais ao sul, no topo

metropolitana de João Pessoa — da qual

de uma falésia de 40 metros, fica um dos

fazem parte, também, os municípios de

mais bonitos cartões-postais da cidade:

Cabedelo (ao norte) e Conde (ao sul).

o Farol do Cabo Branco. De lá, é possível

Na capital, dos seus 20 quilômetros de

visualizar toda a beleza da orla de Cabo

litoral, 12 são constituídos de praias ur-

Branco e a Ponta do Seixas. Ao lado do

banas — todas com águas claras, mornas

farol, foi inaugurada, em 2008, a Estação

e limpas, nas quais não são despejados

Cabo Branco de Ciência, Cultura e Arte,

dejetos sanitários. Outra particularidade

com projeto arquitetônico de Oscar Nie-

é que, em João Pessoa, há uma legisla-

mayer. Imperdível!

ção municipal que limita as construções

Estação Ciência

na orla em, no máximo, três andares, o que deixa a cidade mais ventilada e com temperaturas amenas, de 26 a 28º Celsius, o ano todo. Em contrapartida, a algumas quadras da avenida à beira-mar, a capital paraibana vive um processo de verticalização sem precedentes. É de lá que figurará, em breve, o arranha-céu mais alto do Brasil, com 183 metros de altura e 51 andares! Quem busca praias semidesertas com cenários paradisíacos desloca-se para o litoral sul por meio da Rodovia PB-008, cujo trajeto — com duração de até 40 minutos de carro — é cercado por áreas preservadas de Mata Atlântica, estuários e mangues.

Praia do Cabo Branco Com extensão de 5,5 quilômetros, é uma praia urbana de Jampa — como é carinhosamente conhecida a cidade de João 56 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

O Farol foi arquitetado no início da década de 1970 com as asas em forma triangular para representar um sisal — planta fornecedora de fibra que fez parte de importante ciclo econômico da Paraíba

Foto: Janaína quitério Foto: Felipe gesteira


Foto: Felipe gesteira

Para aproveitar bem as piscinas naturais de Picãozinho, a maré deve estar até 0.4

praia de Tambaú

Foto: Felipe GESTEIRA

Praia urbana que se destaca por três principais motivos: trata-se do ponto mais badalado de João Pessoa e reúne restaurantes variados, bares, bancos, quiosques e feirinha de artesanato. É em suas mediações que fica o Mercado de Artesanato da Paraíba, com 120 lojas. Em segundo lugar, é lá que se localiza outro importante cartão-postal: o Hotel Tropical Tambaú — um resort em formato circular, construído em 1970 sobre a areia da praia. Por fim, é de Tambaú que sai um dos passeios mais fascinantes: as piscinas

Vista panorâmica da praia de Tambaú

naturais de Picãozinho. Localizado a aproximadamente um quilômetro da praia, recifes de corais formam, na maré baixa, piscinas de águas claras e mornas, com exuberante fauna e flora marinhas, onde a magia é mergulhar com máscara e snorkel ao lado de peixinhos. O percurso é feito por catamarãs em 15 minutos. Para a preservação dos corais, os órgãos ambientais autorizam a operar na região, no máximo, oito embarcações — com lotação de até 80 passageiros.

Serviços • A Estação Ciência organiza exposições diversas, feiras e apresentações musicais. De seg. a sexta, das 9h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 21h. Tel.: (83) 3214-8303 / 3214- 8270. A entrada é gratuita. • Vale a pena experimentar as deliciosas tapiocas da Paraíba. Em frente à Pousada Lua Cheia Mar, na Av. Cabo Branco, 1.710, uma barraca oferece variadas opções de recheios, como charque, queijo coalho e bode. Preço médio: R$5

• Mercado de Artesanato da Paraíba: Avenida Sen. Ruy Carneiro, 241. De seg. a sábado, das 9h às 19h. Domingo, das 9h às 17h. Tel.: (83) 3247-3135. • Hotel Tropical Tambaú: em alta temporada, o menor preço do pernoite para uma pessoa fica em torno de R$250. Para casal, R$293. Avenida Almirante Tamandaré, 229. Tel.: (83) 2107-1900. www.tropicaltambau.com.br • Picãozinho: Catamarã 100% Lazer. Passeio com duração de três horas, somente na maré baixa (imprescindível consultar tábua da maré). R$25. Tel.: (83) 9981-0301 / 8863-0715 • Snorkels são alugados nas embarcações por R$10 • Leve como lembrança peças do algodão colorido paraibano, encontrado em lojas de artesanato

ecoaventura 57


[ turismo ] Tambaba Localizada a 30 quilômetros de João Pessoa, no município de Conde, é uma referência mundial devido à sua beleza natural e por ter sido a primeira praia de naturalismo oficial do Nordeste (Decreto 276/91 e Lei Municipal 256/2002) — e a segunda do Brasil. É dividida em duas áreas: uma na qual não é permitido o naturalismo, e outra cujo acesso é feito por uma pequena trilha de madeira, onde a nudez é obrigatória. Nessa parte, os banhistas se descobrem por completo: não há pudores. Placas advertem que a prática sexual em público é proibida e qualquer ato de constrangimento pode ser penalizado com expulsão da área. Um segurança “à paisana” zela pelo código de conduta.

Serviços • Há poucas pousadas na região. Para mais informações, consulte o site oficial da praia: www.tambaba.com.br

58 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Fotos: Janaína quitério Na maré baixa, formam-se piscinas naturais propícias a um banho despreocupado


Fotos: Janaína quitério

Mapa turístico: Kid Ocelos

Areia Vermelha Durante três horas — e somente na maré-baixa — vem à tona um banco de areia, cuja coloração avermelhada é resultado de pigmentos liberados por algas. É rodeado por uma extensa faixa de arrecifes, que propiciam a formação de piscinas naturais em sua volta. Por se tratar de um Parque Estadual Marinho — criado em agosto de 2000 para proteger os recursos naturais locais e despertar a consciência ecológica dos visitantes — não é permitido pisar nos corais nem revolvê-los. Apesar disso, quando a fiscalização não está presente, muitos turistas desrespeitam essa orientação e chegam a levar na bolsa fragmentos de corais. A Areia Vermelha está localizada a aproximadamente um quilômetro da praia de Camboinha, no município de Cabedelo. O percurso, feito por catamarãs, dura 15 minutos. Bares itinerantes oferecem coquetéis na fruta, petiscos de queijos, caranguejos e até lagostas. ecoaventura 59


[ turismo ]

Fotos: Janaína quitério

Falésias dão mais charme à semideserta Tabatinga

Praia barra do Gramame

Praia da Tabatinga É uma combinação de vultosas falésias, formações rochosas, recifes e corais. O acesso a ela pode ser feito caminhando pela praia do Coqueirinho. Fica em Conde.

Barra do Gramame É a última praia — e uma das mais bonitas — de João Pessoa. Trata-se de uma vila de pescadores constituída de 30 casas de taipa às margens da foz do rio Gramame. O encontro do rio com o mar dá mais charme a essa praia semideserta e rústica com exuberante beleza natural.

60 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Coqueirinho Além dos altivos coqueiros, a enseada é formada por falésias multicoloridas, areias brancas e mar tão verde quanto morno. Do lado direito do estacionamento da entrada, ficam as instalações aconchegantes e rústicas-chiques oferecidas pelo Restaurante Canyon de Coqueirinho. O cardápio também é imperdível. Tel.: (83) 9301-1990. Do outro lado, a praia se mantém deslumbrante, mas há outras opções de restaurantes e barracas para atender os visitantes. Fica no município de Conde.

Mirante do Restaurante Canyon de Coqueirinho

Fotos: Janaína quitério Turistas caminham por Coqueirinho para chegarem a Tabatinga


[ turismo ]

Foto: FELIPE GESTEIRA A lagoa dos Irerês, no Parque Sólon de Lucena, tem projeto paisagístico original de Burle Marx. É um dos pontos arborizados da capital, que já foi considerada a segunda cidade mais verde do Brasil — posto perdido para Curitiba em 2010

João Pessoa foi fundada às margens do rio Sanhauá, afluente do rio Paraíba, em 1586, de onde se estabeleceram as primeiras ocupações da colonização portuguesa. Um passeio pelo Centro Histórico, tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional), em 2007, é capaz de revelar os traços das várias fases vividas pela capital. Igrejas, conventos, mosteiros, sobrados do período colonial, construções barrocas e em estilo eclético etc. compõem o acervo arquitetônico da terceira cidade mais antiga do País. Uma aula prática de história e arte para os visitantes.

O Centro Cultural São Francisco (composto pela Igreja de São Francisco e Convento de Santo Antônio) impressiona pela riqueza artística e pela história que preserva. Seu conjunto arquitetônico de estilo barroco (séc. 17) é um dos mais conservados do Brasil

62 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Foto: JANAÍNA QUITÉRIO

Cidade histórica


Foto: FELIPE GESTEIRA

Praça Antenor de Navarro

Como Chegar

Passeios

Voos partem diariamente das cidades de São Paulo e Guarulhos-SP, Rio de Janeiro-RJ, Salvador-BA, Campinas-SP, Belo Horizonte-MG e Brasília-DF pelas companhias Tam, Gol, Avianca e Azul. O Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto localiza-se em Bayeux, cidade da região metropolitana de João Pessoa, a 11 quilômetros do centro e a 25 quilômetros da praia de Tambaú. Uma corrida de táxi até a praia de Cabo Branco, vizinha de Tambaú, custa, em média, R$60

Esta reportagem teve o apoio da Cliotur (www.cliotur.com.br/ Tel.: 83-3247-4460), que faz passeios agendados em vans climatizadas para todo o litoral da região metropolitana de João Pessoa e interior da Paraíba. • City Tour. Duração: 4h. R$35 • Litoral Sul (Barra do Gramame, Amor, Jacumã, Tabatinga, Coqueirinho e Tambaba). Duração: 8h. R$60 • Picãozinho (sujeito à tábua de marés). Duração: 3h. R$35 • Areia Vermelha (sujeito à tábua de marés). Duração: 4h. R$45 • Praia Fluvial do Jacaré. Duração: 2h. R$30 • Litoral Norte (Projeto Tartarugas Marinhas, Fortaleza de Santa Catarina, Marco Zero da Transamazônica, praia fluvial do Jacaré e praia do Bessa). Duração: 4h. R$30

HOSpedagem Somente na capital paraibana, existem 90 meios de hospedagens, entre hotéis, pousadas, apart-hotéis etc., o que totaliza 8.795 leitos. Consulte o site da PBtur para encontrá-los: www.destinoparaiba.pb.gov.br

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folhas, flores e frutos

Viscosa e

saborosa Por suas diversas utilizações e baixo custo, a jaca é muito cultivada nas regiões tropicais do mundo, mesmo com a injusta imagem associada à fruta pelo dito popular brasileiro Por: Bárbara Blas | Foto: Israel Teixeira | Arte: Glauco dias

E

mbora enfiar literalmente o pé

Embora os derivados da jaqueira contenham pouco valor agregado, ela apresenta bom potencial para a comercialização devido à diversidade de produtos obtidos

mum para sombreamento do cacaueiro.

geleias, conservas, sucos ou in natura — e

A jaqueira possui copa de folhas verde-

também de animais. As sementes são co-

gradável quanto cometer um

-escuras, tronco robusto, pode alcançar 25

mestíveis assadas ou cozidas e há pesqui-

excesso, a fruta passou a fazer

metros de altura e produzir até 100 frutos por

sas para o aproveitamento de sua farinha

parte da curiosa expressão pela confusão

ano. Estes nascem diretamente do tronco e

no preparo de biscoitos, doces e pães como

de vocabulário, ou melhor, de um acento.

dos galhos mais grossos, e variam de 20 a 70

fonte alternativa de carboidrato. A jaca

Na época do Brasil colonial, entre os séculos

centímetros de comprimento, o que faz da

também possui propriedades medicinais,

17 e 18, os tropeiros viajavam no lombo de

jaca a maior de todas as frutas cultivadas. Ela

e a maior delas destina-se para combater a

mulas para transportar cargas e costuma-

é classificada em três tipos: dura (que possui

tosse com seu xarope. Além disso, é utiliza-

vam fazer paradas para se entregar ao prazer

frutos maiores e polpa firme), mole (com

da para atenuar irritação nos olhos e, por ser

da bebida. De volta ao trabalho, passavam

frutos menores, bagos moles e mais doces) e

uma boa fonte de fibras, é indicada a pesso-

grande constrangimento ao subir na mula e,

manteiga (de consistência intermediária).

as com problemas intestinais. Já a madeira

na jaca deva ser tão desa-

muitas vezes, acabavam enfiando o “pé no

O fruto possui forma ovalada, irregular e

jacá” — grande cesto indígena feito de cipó

pequenas saliências pontiagudas na casca

ou bambu no qual eram colocadas as merca-

grossa e áspera. Quando imaturo, é verde,

dorias. Devido ao desuso desse utensílio, a

e nota-se que está pronto para o consumo

fruta tomou o lugar na expressão.

ao adquirir a coloração verde-amarelada ao

Os registros mais antigos da utilização da

amarelo-marrom. Em geral, pesa entre 10 e 25

jaca são anteriores a 1.900 a.C na Índia. No

quilos, mas pode ser ultrapassar os 40. O inte-

Brasil, foi introduzida no Nordeste em mea-

rior do fruto é constituído por vários gomos, e

dos do século 17 e espalhou-se pelas regiões

cada um contém um grande caroço recoberto

quentes devido à facilidade de dissemina-

por uma polpa. Amarela ou esbranquiçada,

ção. Atualmente, é cultivada na Amazônia e

é suculenta e facilmente reconhecida pelo

em toda a costa tropical brasileira, do Estado

sabor doce e cheiro característico.

do Pará ao Rio de Janeiro. O sul da Bahia possui a maior produção, onde é muito co-

64 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Suas principais utilizações são para alimentação humana — nas formas de doces,

da jaqueira é empregada na construção de móveis de luxo e embarcações.

Biologia Nome científico: Artocarpus heterophyllus* Família: Moraceae Distribuição geográfica: regiões tropicais Nomes populares: jaca Frutificação: varia de acordo com a região Fontes consultadas: eduem.uem.br/ojs/index.php/ ActaSciTechnol/article/view/1026/1026 Biólogo Lawrence Ikeda *No Brasil, há duas espécies nativas de jaca. A da foto foi identificada como a A. heterophyllus, a mais encontrada na Bahia, porém, devido ao grande número de espécies cultivadas com finalidade comercial e processos de hibridização, a diferenciação torna-se mais difícil


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[ biologia ]

66 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Apesar de o formato dos olhos dos peixes ser idêntico ao dos humanos, eles não enxergam como nós. E a percepção das cores e a acuidade visual variam até mesmo entre as espécies. Confira dicas de como escolher a cor das iscas para algumas espécies-alvo Por: Lawrence Ikeda | Ilustrações: Kid Ocelos | Arte: Glauco Dias

E

mbora os peixes tenham olhos

retina de acordo com as necessidades

pigmentos conseguem detectar um es-

com idêntico desenho morfo-

e com o princípio evolutivo e ecológico

pectro visível de comprimento de onda

lógico ao dos seres humanos,

de cada espécie.

que varia de 400 a 700 nanômetros, o

eles não enxergam como nós.

Quando se diz que temos a visão em

que compreende do violeta ao vermelho.

No sistema óptico, o que varia é a

cores, significa que os cones de nossas

É importante entender que nem todos

concentração e a distribuição de dois

retinas possuem pigmentos capazes de

os peixes reconhecem a mesma faixa

fotorreceptores — cones e bastonetes

absorver o espectro de ondas do verme-

espectral, já que a visão varia de acordo

[veja box na pág. 68] — pelo tecido da

lho, verde e azul. Dessa maneira, esses

com cada espécie.

400

500

600

Azul

Amarelo

Violeta

Verde

10-5

10-3

Vermelho

Microondas Ultravioleta

10-1

nm

Laranja

Raios X Raios Gama

700

101

Infravermelho 103

105

Ondas de Rádio 107

109

1011

Os comprimentos de ondas de grande energia (infravermelho) e de baixa energia (ultravioleta) estão fora de nossa sensibilidade visual

ecoaventura 67


[ biologia ] Mecanismo básico da visão dos vertebrados Córnea

1. A luz penetra no olho através da córnea 2. Em seguida, passa pela pupila, que contrai ou se dilata de acordo com a quantidade de luz

Íris

3. A imagem é focada por intermédio do cristalino e é projetada na parte posterior do olho — a retina, tecido composto por dois tipos de células fotorreceptoras especializadas, os denominados cones e bastonetes

Pupila Retina

Nervo óptico

4. Ambas as células são capazes de absorver os espectros de luz e convertê-los em impulso nervoso, que é transmitido pelo nervo óptico até o cérebro, onde será interpretado, e a imagem do objeto, formada

Cristalino

Retina Coroide Esclera

Segmento externo do bastonete, que contém compostos químicos sensíveis à luz

Segmento externo da célula do cone, que contém compostos químicos sensíveis à luz Núcleos

Núcleos

bastonete

visão humana

cone

como o Black bass vê a isca de superfície em dias de sol a pino

68 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

cone bastonete Bastonetes — são os fotorreceptores com maior sensibilidade e dominantes na visão noturna. Não detectam cores, são pouco sensíveis à visão em profundidade, à detecção de movimentos, ao contraste e à acuidade visual (foco) Cones — são fotorreceptores com maior sensibilidade à visão diurna. Trata-se de células capazes de captar e absorver espectros das cores e permitem a nítida resolução de imagens e acuidade visual

como o Black bass, que está a 2,5m de profundidade, com baixa intensidade luminosa, vê a isca

visão do Black bass a 2m de profundidade em água turva/escura


O que os peixes enxergam? Em geral, os peixes oceânicos — como Atuns, Wahoos, Dourados e peixes de bico — possuem em sua retina cones com pigmentos sensíveis à faixa de espectro que varia do azul ao verde. Isso significa que são espécies com visão colorida muito limitada, pois não enxergam o vermelho, tampouco espectros ultravioleta e infravermelho. Para essas espécies pelágicas oceânicas, dê atenção às iscas com composições de cores com azul, amarelo, verde e prateado. Não se trata de uma regra, po-

foto: roberto véras

rém, são as que estarão mais visíveis a es-

Já os Robalos, Black bass e Tucunarés

como ausência de cor. Isso não quer dizer

ses peixes. Vale a pena também estudar

possuem cones sensíveis aos comprimen-

que uma isca azul não irá atrair os peixes,

e perguntar aos guias e operadoras quais

tos de ondas que variam do vermelho ao

já que existem outros fatores que os sedu-

são os alimentos naturais desses peixes

verde. Portanto, toda cor que está fora des-

zem, como odor e vibração [consulte matéria

e, assim, montar seu conjunto de iscas.

sa faixa terá espectro de cinza ao preto,

sobre a linha lateral, na edição 27].

ecoaventura 69


[ biologia ] Além do forte apelo da vibração das iscas, essas espécies atacam bem aquelas que possuem coloração sólida ou composição de cores com vermelho, amarelo, verde e branco. Iscas transparentes com pequenas manchas também se mostram eficientes por serem muito parecidas com Lambaris, Manjubas, guarus ou camarões. A percepção de cores que mais se aproxima da humana é a das Trutas. Nessa espécie, os olhos possuem cones capazes de absorver comprimentos de ondas que variam do vermelho ao azul, porém, com sensibilidades diferentes

fotos: inácio teixeira

para cada uma das cores. Há espécies

consegue nadar, maior capacidade de

bém pela forma, cheiro ou movimen-

de Carpas que, além de enxergar espec-

focalização, embora bem inferior à visão

to. Predadores que habitam os dife-

tros que variam do vermelho ao azul, pos-

humana. E mais: os vorazes predadores

rentes gradientes da coluna de água

suem uma especialização na constitui-

possuem regiões retinianas especializa-

tendem a detectar suas presas por

ção química dos cones que os capacitam

das em focar presas.

meio do movimento, da vibração, da

a enxergar a luz ultravioleta.

Agora que você sabe sobre cores

cor e da luminosidade refletida. Já os

A acuidade visual — ou definição de

e definição visual, acredita que é

que se alimentam no fundo exploram

imagem — também se diferencia de acor-

capaz de escolher a isca ideal para

mais o tato e olfato.

do com a espécie. Estudos revelam um

sua pescaria? Antes de responder a

Portanto, a visão dos peixes é apenas

fato curioso: a velocidade de natação

essa questão, é preciso compreen-

um dos pontos fundamentais para en-

indica o grau de definição das imagens

der que, além dessas premissas, os

tender o comportamento das espécies.

do peixe. Quanto mais rápido a espécie

peixes identificam seu alimento tam-

Fique de olho!

Um ponto importante é com relação à evolução biológica das espécies. Quanto maior for a densidade de cones na retina, maior acuidade visual

70 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


CURIOSIDADES Comunicação secreta: duas espécies do gênero Pomacentrus — o Pomacentrus amboinenses e o P. moluccensis — têm visão praticamente idêntica à nossa, porém, possuem padrões de cores faciais que refletem o espectro ultravioleta. Esses peixes, que vivem na grande barreira de corais da Austrália, são extremamente territorialistas: expulsam quaisquer espécies invasoras, mas se identificam por meio da percepção da luz ultravioleta e, por isso, vivem em harmonia entre eles. Peixes cegos: algumas espécies de bagres cavernícolas, ao longo da cadeia evolutiva, perderam a capacidade visual. Nadam e se alimentam utilizando a percepção tátil dos barbilhões e o sistema sensorial lateral.

Robalos, Black bass e Tucunarés se interessam por iscas transparentes, com pequenas manchas, que simulam peixes forrageiros

Olho refletor: alguns peixes possuem em seu sistema ocular uma estrutura preenchida com cristais de guanina, conhecido como tapetum lucidum, cuja função é amplificar a luz recebida. Ao serem iluminados, por exemplo, em um mergulho noturno, fótons de energia são refletidos por esses cristais, o que permite que os olhos dessas espécies também sejam visualizados.

foto: inácio teixeira

Sob nova direção.

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[ pesque-pague ]

Á-bê-cê das iscas naturais

Nossa equipe listou as principais iscas naturais usadas em pesque-pagues para a sua pescaria ser um sucesso Por: André Correa e Juliano Salgado | Fotos: Inácio Teixeira | Arte: Tiago Stracci

O

s peixes confinados em lagos

das por um de seus maiores admiradores: o

jam as massas caseiras ou industrializadas,

destinados a pesque-pague

pescador esportivo! O resultado disso é que,

bem como as artificiais, naturais e vivas.

têm à disposição um cardápio

como as preferências alimentares das es-

Veja a seguir quais são os ingredientes

variado. Além de se alimenta-

pécies no lago se modificam daquelas veri-

e opções que não podem faltar na “sa-

rem de ração fornecida pelo estabelecimen-

ficadas na natureza, é preciso experimentar

cola” do pescador e para quais espécies

to, são “presenteados” com iguarias sorti-

constantemente novas opções de iscas, se-

costumam ser mais usados.

72 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Ração Pirá umedecida: é utilizada Ração Pirá

na esmagadora maioria dos pesqueiros, pois atrai quase todas as espécies. É essencial embeber a ração na cachaça para que amoleça e fique com a consistência de uma borracha. Caso contrário, ela rachará ao ser presa no anzol.

Beijinho

Tipo de isca

superfície

Peixes

quase todos

Beijinho: em alguns pesqueiros do Estado de São Paulo, essa isca é usada há pouco mais de um ano e atrai, sobretudo, os redondos. O seu preparo pode ser feito em casa. Basta misturar o beijinho, vendido em lata, com coco ralado e leite em pó. Atenção, apenas, para não exagerar neste último ingrediente, que é o principal responsável por endurecer a massa.

Bombom

Tilápia fisgada com Pirá umedecida

Tipo de isca

meia-água

Peixes

70% redondos (Tambaqui e Pacu); Matrinxã

Bombom: é uma alternativa ao beijinho. Para usá-lo, é necessário amassá-lo bem até que esfarele por completo. Em seguida, misture-o com leite em pó, coco ralado e um pouco de água para formar uma massa do tamanho de uma bola de gude. Tipo de isca

meia-água

Peixes

70% redondos (Tambaqui e Pacu); Matrinxã

ecoaventura 73


[ pesque-pague ]

Fígado bovino e salsicha

Pão amanhecido: murcho, é iscado inteiro em um chicote com duas pernas de anzol — uma mais curta que a outra. No fundo do lago, depois de a chumbada apoitar, ele vai se despedaçando enquanto boia — e ceva o local. Tipo de isca

fundo

Peixes

principalmente Pacu

Tripa de galinha e fígado bovino: devem ser cortados em tiras e iscados da mesma forma que as minhocas. Tipo de isca

meia-água

Peixes

Pacu e Matrinxã

Pão amanhecido

Salsicha: disputa com a minhoca e as massas o título de “a mais usada” em pesque-pague. Além de resultar em muitas ações, é barata e fácil de ser encontrada. De acordo com a montagem, pode ser usada na superfície, meia-água ou fundo. Tipo de isca

superfície, meia-água e fundo

Peixes

menos Tilápia

Mini pão de queijo: é mais usado na boia e, para afundar, é necessário colocar uma chumbada. Assim como o pão, tem a vantagem de cevar o fundo. Tipo de isca

fundo

Peixes

Pacu e Matrinxã

74 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Cachara foi fisgado com salsicha na superfície [com a montagem da foto acima]


Minhoca e minhocuçu: a minhoca vermelha-da-califórnia (Eisenia phoetida) é uma das mais tradicionais iscas de água doce e muito produtiva — sobretudo eclética — em pesque-pagues. Para não se soltar do anzol na hora do arremesso, a melhor forma de iscar é trançar o anelídeo Frutas

várias vezes, de forma que somente a fisga do anzol fique à mostra. Já o minhocuçu é um pouco menos usado por ser mais caro, mas também seduz uma variedade de espécies.

Minhocas

Tipo de isca

ambas, fundo e meia-água

Peixes

trata-se de um coringa em pesqueiros devido à sua versatilidade. Com exceção da Carpa-cabeçuda, seduzem uma variedade de espécies, dos pequenos Carás e Lambaris a peixes de couro

Pacu fisgado com Pirá na meia-água

Bicho-da-laranja e bicho-do-pão: a larva da espécie Tenebrio molitor — também conhecida como bicho-do-pão — e o bicho-da-laranja são excelentes iscas para as Tilápias e podem ser encontradas em casas de pesca. São usadas nas varas lisas. Tipo de isca

fundo

Peixes

Tilápia, Piau, Curimba

Frutas: goiaba, coco seco e manga com casca. De preferência, utilizar em quadrados pequenos. Tipo de isca

mais usadas em meia-água

Peixes

peixes redondos e Matrinxã

ecoaventura 75


[ pesque-pague ] Iscas vivas: são os “filet mignon” dos pesque-pagues. Pequenos exemplares de Tilápia, Cará, Lambari, Tuvira e Pitu são iscados vivos para, com seu nado, seduzirem a maioria dos predadores. Para Dourados, são irresistíveis!

Tipo de isca

Tilápia, Cará e Lambari nadam na meia-água e fundo / Pitu e Tuvira, no fundo

Peixes

Dourado, Pintado, Pacu, Matrinxã

Camarão: embora seja a isca tradicional na pesca de água salgada, é pou-

Goiabada

Lambari na boia

co utilizado em água doce, sobretudo em pesqueiros. É iscado pela cabeça e amarrado com elastricot. Tipo de isca

fundo

Peixes

Pacu, Piau, Matrinxã

Mozarela (ou muçarela): esse tipo de queijo deve ser cortado em cubos pequenos. Tipo de isca

meia-água

Peixes

redondos, Matrinxã, Piau e Bagres, como o Catfish

Mozarela (ou muçarela)

Rações para cachorro e gato: a canina da marca Delidog tem maciez,

Goiabada: prática de transportar,

tamanho e diversidade de cores, além

pois já vem embalada, é ótimo atrativo

de ser “furada” — o que facilita iscá-la no

para os redondos em geral. Deve ser isca-

anzol. Alguns peixes também são atraí-

da em quadradinhos.

dos por rações secas para gato.

Tipo de isca

meia-água

Tipo de isca

meia-água

Peixes

redondos e Matrinxã

Peixes

bagres como o Catfish, Matrinxã e Tilápia Matrinxã fisgado com fígado

76 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Iscas “excêntricas”: aranha — desde que não seja venenosa —, barata de laboratório, grilo, gafanhoto, girino, entre outras, estão entre as iscas que compõem o arsenal de guerra de muitos pescadores. Nos dias em que os peixes estão recusando o farto cardápio, essas iscas “excêntricas” podem salvar a sua pescaria, ao menos com alguns bagres.

Tambaqui pego com beijinho na meia-água

Tipo de isca

meia-água e fundo

Peixes

Bagre-africano, Catfish e Pintado


[ meio ambiente ]

A fibra que constrói e destrói O amianto ganhou destaque no último século pela sua resistência, mas os danos à saúde e ao meio ambiente hoje atraem maior atenção. Mesmo assim, na contramão da tendência mundial, o Brasil insiste em explorá-lo Por: Bárbara Blas | fotos: inácio teixeira | Arte: Mila Costa

78 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Quem não conhece a história do “cânion” de Bom Jesus da Serra-BA pode até imaginar que se trata de uma paisagem natural. Entretanto, é parte da memória dos ex-trabalhadores da mina de São Félix do Amianto, já que o vale foi criado pela extração de rochas do mineral

ecoaventura 79


[ meio ambiente ]

I

ndestrutível, super resistente — ao

no setor automotivo (em lonas e pasti-

Após longo período de latência, esse

calor, ao ataque de microorganismos,

lhas de freios, discos de embreagem),

“mineral mágico” mostra sua vocação

a p ro d u to s qu í m i c o s e t c . — , n ã o -

revestimentos e isolamentos térmicos e

destruidora, e as partículas instaladas no

-combustível, isolante térmico, barato

acústicos, entre outros.

corpo levam a vítima ao adoecimento por

e abundante na crosta terrestre. Esses

O amianto (do latim, incorruptível)

câncer ou outras doenças [veja no box da

são os principais predicados que popu-

ou asbestos (da palavra grega incom-

pág. 84]. Quando o ser humano intervém e

larizaram o amianto. “Do ponto de vista

bustível) é um mineral fibroso que

altera suas características físicas durante

tecnológico, é um material nobre”, expli-

se apresenta na natureza como uma

a exploração, o mineral produz uma poeira

ca Fernanda Giannasi, auditora-fiscal do

rocha com “cabelinhos” — daí surgiu

de partículas ínfimas que, naturalmente,

MTE (Ministério do Trabalho e Emprego)

a expressão “fibras de amianto”. Por

não deveria existir ou, pelo menos, não na

em São Paulo e coordenadora da Rede

atrito entre as pedras, transforma-se

quantidade exorbitante gerada pela ação

Virtual pelo Banimento do Amianto na

em poeira muito fina de coloração

do homem. “Pelos ventos e geleiras, há des-

América Latina. Atualmente, a constru-

branca que pode ser inalada, o que é

prendimento na atmosfera, mas o caráter

ção civil é o setor que mais se beneficia

muito comum entre trabalhadores e

epidêmico de suas consequências ocorreu

de suas propriedades na produção de

indivíduos que circulam próximos às

a partir do momento em que passou a ser

artefatos de cimento-amianto, como te-

minas, ou ingerida, já que as fibras

utilizado em escala industrial”, afirma Fer-

lhas, caixas d’água, forros e pisos, mas

presentes em caixas d’água e tubula-

nanda, que é uma referência no Brasil e no

ele também é usado pela indústria têxtil,

ções se soltam com o tempo.

mundo pelo banimento do amianto.

Os defensores do amianto argumentam que não existe material de qualidade equivalente a ele. O que não é verdade: há diversas alternativas disponíveis, como plástico, polipropileno, fibras vegetais, concreto, metais, entre outras, e muitas empresas já têm ou estão desenvolvendo produtos sem amianto

80 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Próximo à redação da ECOAVENTURA, no bairro do Bom Retiro (São Paulo), diversas construções ainda utilizam telhas e caixas d’água de amianto, apesar da proibição na cidade

Tipos de amianto Os dois tipos de amiantos encontrados são as crisotilas e os anfibólios. No Brasil, só temos a comercialização da crisotila, um silicato hidratado de magnésio, conhecido também como amianto “branco”, que corresponde a mais de 95% do explorado no mundo. O anfibólio possui alta concentração de ferro e é proibido na maior parte do planeta. Entretanto, Fernanda é incisiva ao defender que “essa distinção de um amianto que faz mal (anfibólio) e outro que não faz (crisotila) é uma questão mercadológica, porque ela não se sustenta tecnicamente. Sob todas as formas e tipos, o amianto é cancerígeno”. A afirmação é comprovada por um relatório do INSERM (Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França), publicado em 1996. Portanto, não há limites seguros de exposição humana ao amianto de qualquer tipo.


[ meio ambiente ] Utilização ao longo da história

Assim como José Raimundo Pereira, centenas de pessoas trabalharam na mina de São Félix do Amianto sem serem informadas sobre a nocividade do mineral

É possível que haja outros impactos ambientais, como o implícito em um estudo publicado em 2006, no qual os autores, para comparação, usaram o amianto como substância altamente causadora de danos no DNA. “Há raros artigos científicos sobre a contaminação da água, solo e animais aquáticos pelo amianto, portanto, não sabemos quase nada a respeito dos efeitos ecológicos desse mineral”, alerta o Prof. Dr. Denis Moledo de Souza Abessa, especialista em gerenciamento costeiro e ecotoxicologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Por isso, são necessários estudos específicos, mas, de qualquer forma, o professor recomenda cuidado, já que pelo menos os danos à saúde humana estão comprovados.

82

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Há relatos de utilização do amianto anteriores à era cristã e ao longo da História adicionado ao barro para deixar utensílios domésticos mais resistentes, na composição de pavios de lamparinas mantidas permanentemente acesas e em tecidos nos quais eram ateados fogo, mas não queimavam, para deslumbrar os que não conheciam aquele material. Além disso, foi usado para incineração — prática que misturava religiosidade e costumes da época, pois se acreditava que, desse modo, os corpos ficariam puros. Durante a Revolução Industrial, foi empregado no revestimento de máquinas a vapor para armazenamento do calor. Há pouco mais de um século, o austríaco Ludwig Hatschek descobriu o fibrocimento — mistura entre o amianto e o cimento de alta resistência nomeada de Eternit, uma referência a aeternus, que, em latim, significa eterno. O inventor concedeu licenças para o uso dessa tecnologia, mas somente uma em cada país, e todos eram obrigados a utilizar o nome Eternit. Desse modo, diversas empresas ao redor do mundo adotaram a marca. Nessa mesma época, surgiram os primeiros estudos que comprovavam a nocividade do amianto na Inglaterra, embora tenham casos documentados de mortes de escravos atribuídas ao mineral há mais de dois mil anos.

Amianto depositado ao ar livre em frente ao Colégio Hipólito Gustavo Pujol, o único do então Distrito de Bom Jesus da Serra na época da mineração. Foto tirada em novembro de 2011


A discussão atual

mineral, e ainda está em tramitação.

cidade de Bom Jesus da Serra e graves

Estão em andamento, também, vários

riscos à saúde de seus habitantes.

O primeiro projeto de lei federal

processos para a indenização de ex-

Cinco estados brasileiros já proibiram a

brasileiro para a proibição do amian-

-trabalhadores das minas e familiares

exploração e a comercialização de produtos

to surgiu em 1993 e solicitava o seu

— que, na época, não eram esclareci-

que contenham a fibra: São Paulo, Rio de

banimento, de forma gradual, em um

dos quanto à nocividade do amianto

Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e

prazo de cinco anos. Dois anos mais

—, além de uma grande ação dos mi-

Mato Grosso. Entretanto, ela ainda é muito

tarde, foi aprovada a lei para seu uso

nistérios públicos Federal e do Estado

utilizada no País — que ocupa o terceiro lugar

controlado. Em 1996, um novo projeto

da Bahia contra a Sama [veja box abaixo]

na produção mundial de amianto e é grande

de lei foi apresentado para proibição do

pelo dano ambiental significativo na

exportador, especialmente, para a Ásia.

O caso brasileiro Em um momento de expansão da mineração de amianto no final dos anos 1930, as companhias europeias saíram em busca de outras jazidas e, entre elas, foi encontrada uma de grande potencial em Poções-BA, no então Distrito de Bom Jesus da Serra, emancipado há 22 anos. Antes disso, houve algumas pequenas minerações no Brasil, mas a primeira exploração em escala industrial foi na mina de São Félix do Amianto. A mineradora responsável era a Sama (Sociedade Anônima de Mineração de Amianto), controlada pelo grupo francês Brasilit, e atuou na Bahia de 1939 até 1967. Nesse mesmo ano, a Sama, com capital da Brasilit e também da empresa Eternit suíço-belga, iniciou a exploração na Mina de Cana Brava, em Minaçu-GO, que possuía amianto de melhor qualidade, em maior abundância, além de não ser necessário cavar tão profundamente para encontrá-lo. Essa mina garantiu a autossuficiência brasileira e é a única autorizada para a extração do mineral até hoje, porém, a empresa responsável, que agora se apresenta como S.A. Minerações Associadas, não possui mais investimento estrangeiro e pertence ao grupo da Eternit brasileira. Já no local onde funcionava a mina de Bom Jesus da Serra, o que restou das escavações para extrair o amianto foi um vale artificial, conhecido como “cânion” pelos moradores, com lago — que apresenta cor esverdeada devido ao magnésio do amianto — formado pelas águas do lençol freático, que emergiram. O espaço é utilizado para lazer, pesca e fonte de abastecimento de água.

Segundo o Prof. Dr. Denis Abessa, é preciso haver estudos específicos sobre o “cânion” de Bom Jesus da Serra-BA, pois o mineral pode contaminar peixes e tornar a água imprópria para consumo pelos altos índices de ferro e magnésio — elementos capazes de acelerar a reprodução das algas e, com isso, aumentar a mortandade de organismos aquáticos

ecoaventura 83


[ meio ambiente ]

Quando a mineração era ativa em Bom Jesus da Serra, os habitantes diziam que nevava no município, já que o pó do amianto se assemelhava aos flocos brancos das regiões frias. Além da “neve”, o mineral trouxe dezenas de habitantes ao cemitério Branca de Neve

Fernanda tem a convicção de que o

Doenças desencadeadas pelo amianto

banimento é uma saída viável, até porque

O pulmão é o órgão mais atingido pela aspiração do mineral e, portanto, os sintomas são geralmente relacionados a problemas respiratórios, que podem levar ao óbito. As doenças são de longa latência (levam muitos anos para se manifestar) e podem acometer não só trabalhadores, mas toda a população exposta ao amianto asbestose (ou pulmão de pedra) endurecimento do pulmão, que perde progressivamente a capacidade de expandir e leva à morte por asfixia. Ocorre porque o pó gerado pelo amianto atinge as partes mais internas desse órgão. É uma doença crônica e que atinge, em sua maioria, trabalhadores expostos

66 países, segundo a Abrea (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto), já extinguiram a fibra, entre eles o Japão, todos os integrantes da União Europeia e os latino-americanos Argentina, Chile e Uruguai. Entretanto, a ativista acredita que uma legislação não será suficiente e considera o desestímulo ao consumo e a divulgação

câncer pulmão, laringe, ovário e aparelho digestório

mais incisiva tão importantes quanto a lei. “Hoje se sabe muito mais do que há 20 ou 30 anos, mas ainda é insuficiente para que a população tome a decisão de um consumo consciente que recuse produtos com amianto”, revela. Por isso, a Rede Ban Asbestos — iniciativa mundial antiamianto — e outras organizações têm se empenhado no

mesotelioma

esclarecimento ao público, na busca pela

pleura (membrana que reveste o pulmão), peritônio (membrana que reveste as paredes do abdome) e pericárdio (membrana que reveste o coração) é um tumor muito raro, agressivo, incurável e se desenvolve com mais frequência em pessoas que tiveram exposição indireta (ao consumir produtos com amianto ou residir próximo a minas ou fábricas, por exemplo)

recuperação das áreas degradadas e inde-

84 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

nização das vítimas, além do trabalho junto à esfera política para convencer o Executivo a tomar uma posição definitiva.


é o bicho

Ornamento

da

natureza

Tiê-sangue macho adulto

O tiê-sangue macho adulto é o destaque dessa espécie característica da Mata Atlântica, que só mostra sua beleza exuberante quando está livre Por: Bárbara Blas | Foto: Inácio Teixeira | Arte: glauco dias

o exibir sua invejável plumagem

biomas, e costuma agregar-se em pequenos

pante na Lista Vermelha de Espécies Amea-

vermelho-escarlate contrastada pelo

grupos de até dez indivíduos. No período de

çadas, o tiê-sangue expressa sua melancolia

preto do bico, da cauda e das asas,

reprodução — que ocorre nas estações pri-

quando é alvo do tráfico de animais. Por outro

além do branco na base da mandíbu-

mavera e verão —, as fêmeas colocam de dois

lado, ao desfrutar da liberdade, sua pluma-

la, o tiê-sangue não passa despercebido. O

a três ovos de coloração azulada com pintas

gem rubro-negra jamais deixa de encantar.

nome popular vem da cor viva como o sangue

pretas e nota-se a presença de ajudantes no

característica dos machos adultos. Já a fêmea

ninho, especialmente machos com algum

possui coloração parda na parte superior e

grau de parentesco. Em geral, alimentam-se

marrom-avermelhada na inferior. Isso porque

de frutos, mas não dispensam pequenos ani-

essa espécie apresenta dimorfismo sexual, ou

mais (artrópodes e anfíbios anuros) e, quando

seja, os indivíduos do sexo masculino e femini-

adultos, medem entre 18 e 20 centímetros.

no possuem características físicas marcada-

Não é uma ave que tem um canto agra-

mente distintas, como é o caso do leão, pavão

dável, mas só a cor reluzente dos machos já é

etc. O tiê-sangue jovem possui plumagem

responsável pela cobiça de criadores e cole-

semelhante à das fêmeas e a distinção é possí-

cionadores. Entretanto, ao ser aprisionado,

vel quando o macho começa adquirir as penas

adquire uma coloração pálida, possivelmente

vermelhas a partir do segundo ano de vida.

por não consumir os alimentos responsáveis

A espécie é endêmica da Mata Atlântica,

por sua pigmentação. Mesmo que seu risco

embora há relatos de sua presença em outros

de extinção seja considerado pouco preocu-

Biologia Nome científico: Ramphocelus bresilius Nome popular: tiê-sangue, tiê-fogo, sangue-de-boi, tapiranga Reino: Animalia Filo: Chordata Classe: Aves Ordem: Passeriformes Família: Thraupidae Distribuição geográfica: da Paraíba a Santa Catarina Habitat: prefere lugares alagadiços, margens sombreadas de rios ou restingas (vegetação encontrada ao longo das praias e das planícies costeiras), arbustos próximos a corpos d’água, além de parques urbanos Fontes consultadas: www.bibliotecadigital.unicamp. br/document/?code=vtls000136170&fd=y Biólogo Lawrence Ikeda

ecoaventura 85


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86

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

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ecoaventura 87


saúde

Para evitar lesões na pescaria

FOTO: INÁCIO TEIXEIRA

Dores na coluna são comuns pelo fato de o pescador sempre ficar com a vara na mesma mão e pela má postura

88 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Qual seria a reação de qualquer pescador se, após todo o planejamento da tão esperada pescaria, na hora “h”, fosse impedido de pescar ou não conseguisse executar arremessos, trabalhar as iscas e puxar os peixes da maneira desejada devido a uma incômoda e indesejada dor? Quem nunca passou por essa situação ao menos imagina a tamanha frustração. Mas é possível se preparar para prevenir os desconfortos e até lesões graves Por: Bárbara Blas | Arte: Mila Costa


F

icar muito tempo em pé e

menos frequentes, mas podem ocorrer

com má postura, repetição de

com quem tenha pré-disposição, já

movimento, excesso de força

sofreu alguma lesão ou está com

— que é, muitas vezes, maior

problemas na articulação, como artrite

do que a necessária —, arremesso feito

(inflamação) e artrose (degeneração).

de maneira incorreta, calor e sedenta-

Entre as lesões mais comuns estão

rismo são alguns fatores que causam

contraturas musculares, bursites, ten-

lesões, explica o especialista em fisio-

dinites, desgastes e desvios da coluna

terapia esportiva Diego Veronezi: “Nas

[ veja box na pág.91].

grandes pescarias, é comum o pescador

Todas têm tratamento e, posterior-

sentir dor porque ele é colocado em uma

mente, a musculatura deve ser forta-

rotina de atleta sem estar preparado”.

lecida para evitar que voltem. É muito

Os locais mais afetados são os

importante o diagnóstico e acompanha-

membros superiores — ombros, co-

mento de um médico e/ou fisioterapeu-

tovelos, punhos, mãos, dedos — e a

ta, pois elas podem tornar-se crônicas,

coluna, em especial, a lombar e a cer-

mesmo que não apresentem dores

vical. A musculatura da perna também

frequentes. É corriqueiro um pescador

pode ficar dolorida, já que o pescador

que sentiu determinada dor não senti-la

passa muito tempo em pé e, na pesca

por um longo tempo, mas, ao voltar a

embarcada, precisa trabalhar seu equi-

pescar, a área é afetada novamente. Isso

líbrio para compensar a instabilidade

ocorre porque a lesão não foi curada, e

do barco. Problemas nos joelhos são

sim, “mascarada”.

Nos Estados Unidos, uma clínica chamada Fly Casting Institute (www.flycastinginstitute.com) faz um acompanhamento de pescadores de fly com o objetivo de que eles arremessem melhor e de forma mais saudável. Isso ocorre por meio de análise do arremesso, instrução, treinamento, pesquisa médica e biomecânica, e utilização de uma tecnologia de vídeo na qual o pescador tem a oportunidade de ver seu arremesso e, assim, pode melhorá-lo. O instituto atende tanto pescadores com lesões quanto os que desejam simplesmente aperfeiçoar seu arremesso e, como consequência, prevenir problemas futuros.

Sequência de alongamento e aquecimento Alongamento área alongada: trapézio (musculatura do pescoço)

área alongada: deltoide (musculatura do ombro)

FOTOS: MARCEL NISHIYAMA (TCHEL)

ecoaventura 89


saúde Como evitá-las?

e comunica ao corpo que será feita uma

ocorrer, não terá a mesma gravidade que

atividade física. Esses exercícios são

se não estivesse preparado”.

complementares e devem ser executa-

Para diminuir o risco de lesões, é pre-

Arremessar em menores distâncias —

ciso preparar o corpo, o que se mostra

dos antes e também durante a pescaria

especialmente os iniciantes — e variar

mais eficiente pela combinação: condi-

— enquanto o barco está se deslocando,

os tipos são algumas alternativas para

cionamento físico, alongamento e aque-

após o almoço etc. — principalmente

diminuir o risco, mas o que oferece me-

cimento. O primeiro serve para o fortale-

quando já se está com dor.

nos perigo é conhecer a técnica. “Saber

O fisioterapeuta relata que é difícil

cimento da musculatura e deve ser feito

arremessar é fazer o movimento corre-

principalmente nos membros superiores

conscientizar os pescadores da impor-

tamente com o menor esforço possível”,

— bíceps, tríceps, músculos das costas,

tância desses exercícios, mas é enfático:

afirma. Por isso, ele recomenda que os

peitoral etc. Desse modo, as articulações

“Com esse trabalho específico, prova-

pescadores façam cursos para aperfeiçoar

e tendões não serão sobrecarregados nas

velmente ele não vai sofrer lesão e, se

sua habilidade.

pescarias. Ao iniciar um treinamento em uma academia, uma dica é mencionar os movimentos rotineiros na pesca e se sente alguma dor, pois, desse modo, o instrutor poderá passar exercícios que atendam essas necessidades. FOTO: Leon bojarczuk

No grande dia, dez minutos para alongar e aquecer podem fazer muita diferença. Isso porque, ao alongar, o músculo é esticado, o que o permite desenvolver mais elasticidade. Já o aquecimento, como o próprio nome diz, aquece

Alongamento tempo: 20 a 30 segundos em cada posição

A posição ideal para pescar é manter a coluna ereta e os joelhos um pouco flexionados área alongada: bíceps

musculatura posterior

observação: gire o tronco até sentir o alongamento do bíceps e antebraço

área alongada: musculatura posterior da coxa

musculatura anterior

área alongada: musculatura anterior e posterior do braço observação: quando segurar a mão para cima, não esquecer o dedão

90 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

observação: cruzar a perna, descer os braços até quando sentir que está alongando e segurar


Partes comumente afetadas

pescoço

Lesão

O que é?

contratura muscular

ocorre quando o músculo fica tenso — ou seja, contraído e endurecido — por algum motivo, como uso excessivo ou postura inadequada

Quando a dor aparecer A dor indica que há uma lesão ou o princípio dela, e o tratamento depende de diversos fatores, como o tipo, o grau, a duração etc. Se antes mesmo

ombros

inflamação da bursa (pequena bolsa que envolve as articulações e funciona como amortecedor entre ossos, tendões e tecidos musculares)

bursite

da pescaria a pessoa já estiver com dor, é indicado procurar um médico e/ou fisioterapeuta para aliviá-la e, posteriormente, fortalecer a região afetada. Se a lesão ocorrer durante a pescaria,

cotovelos, punhos, dedos e joelhos

inflamação dos tendões (estrutura que liga o músculo ao osso)

tendinite

Diego recomenda, em primeiro lugar, colocar gelo no local por 20 minutos de duas a três vezes por dia, principalmente à noite após chegar da pescaria. Para não “queimar” a pele, coloque um papel-toalha ou

coluna

dores causadas pela má postura. É comum entre os pescadores por ficarem com a vara sempre na mesma mão e pela tendência de encurvarmos a coluna após muito tempo na mesma posição

desvio e desgaste da coluna

um pano bem fino por cima do saco com gelo. A segunda providência é alongar bastante, até quatro vezes ao dia, se for necessário. Outras dicas são arremessar em lugares estratégicos, descansar quando não estiver pescando, não forçar mais a região, ter uma boa noite de sono e, ao retornar, procurar ajuda especializada.

Aquecimento tempo: 30 a 40 segundos em cada direção

área alongada: parte anterior da perna

área alongada: parte posterior da perna

movimento de rotação para frente e para trás observações: deixar o braço solto. O movimento é circular e deve-se tomar cuidado para não deixar o braço “sair para o lado” musculatura anterior

musculatura posterior

Serviços Idealizada por Diego Veronezi, a Fisioterapesca atua na prevenção, tratamento de dores e primeiros socorros ao acompanhar pescadores em excursões, hotéis, barcos-hotéis e acampamentos. Tel.: (11) 7751-2185 / (14) 9605-1379 contato@fisioterapesca.com.br www.fisioterapesca.com.br

ecoaventura 91


[ mercado ]

Toca de

linha

Conheça essa invenção norte-americana que facilita os sucessivos arremessos e recolhimentos da linha de pesca com mosca sem que ela embarace Por: Gerson Kavamoto | Fotos: Thiago Teixeira Arte: Mila Costa

92 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

O Linelair possui boa flutuabilidade


O

s pescadores de pesca com mosca já podem manusear a linha sem a preocu-

A praticidade e eficiência do Linelair são diferenciais com relação a outros produtos disponíveis no mercado internacional

pação de ela enroscar ou estragar. Isso é possível com um novo produto norte-americano chamado Linelair, que, na tradução literal para o português, seria uma “toca da linha”, ou seja, um lugar para repousá-la. É um tapete de borracha com pinos flexíveis que não deixam a linha embaraçar ou enroscar no barco. Desse modo, facilita o recolhimento e o arremesso ao permitir que a linha fique sempre solta, o que torna prático o ato de pescar embarcado. O Linelair é um equipamento simples, durável, extremamente útil e que ocupa pouco espaço no barco. O fato de ser flexível permite enrolá-lo ou dobrá-lo para guardar e transportar, e não machuca o pé ao pisá-lo. Seu peso não deixa que o balanço da água e vento o jogue para fora, mas, por outro lado, é leve o suficiente para garantir sua flutuabilidade — uma vantagem caso ele acidentalmente caia fora do barco. Além disso, protege a linha de sujeiras e objetos cortantes, tais como terra, água com gasolina ou óleo, pregos e farpas do estrado da embarcação, quinas vivas do piso e lateral etc. Com dimensões de 55,88 centímetros (22 polegadas) de largura e comprimento e peso de 1,9 quilo (4,25 libras) no formato quadrado, é portátil e está disponível também na forma circular e em mais de dez cores. O produto é sucesso de vendas nos Estados Unidos e muito promissor no nosso País, tanto que alguns lojistas brasileiros já o experimentaram e pretendem trazê-lo para cá.

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ecoaventura 93


radar

Destreza na pesca há 42 mil anos datam entre 23 mil e 16 mil anos — os mais primitivos

arqueologistas da Universidade Nacio-

já encontrados, mas incom-

nal da Austrália, liderado pela profes-

pletos para revelar como

sora Sue O’Connor, descobriu a mais

exatamente eram usados.

antiga evidência de pesca oceânica

Esses anzóis não parecem

— esqueletos de espécies velozes que

apropriados para peixes

habitam águas profundas, como Atuns

pelágicos, porém, é possí-

e Tubarões, de 42 mil anos. Isso mostra

vel que outros tipos fossem

que nossos ancestrais já dominavam

feitos na mesma época.

técnicas de pesca, pois, segundo os

Na escavação, anzóis mais

pesquisadores, os peixes foram clara-

intactos, de 11 mil anos,

mente levados até lá por humanos. E

foram identificados como utilizados da

grupo continuará as escavações para

essa habilidade, aliada a de navega-

maneira “clássica”: amarrados a uma

trazer mais evidências do avançado co-

ção, pode ter permitido a colonização

linha com iscas.

nhecimento naval daquela época, bem

de outras terras. O grupo encontrou, também, anzóis feitos de concha de molusco que

Embora alguns arqueologistas rela-

como da habilidade para pescar peixes

tem controvérsias na descoberta publi-

que, até hoje, são um desafio, como é

cada no periódico científico Science, o

o caso do Atum.

Recarga natural Uma invenção batizada de “Ray” promete não deixar os celulares e outros aparelhos eletrônicos portáteis sem bateria por falta de uma tomada. Esse carregador solar possui ventosas de ótima qualidade — que possibilitam colocá-lo em qualquer janela e para-brisa do carro — e um suporte para múltiplas posições a fim de maximizar a captura de luz pelo painel solar. Sua compacta bateria armazena energia suficiente para carregar um celular. O carregador solar é prático e pode ser usado em qualquer lugar: basta conectar o aparelho ao cabo USB. O “Ray” ainda não

de seu cartão de crédito pelo

está à venda, e os interessados devem

Quirky.com — um site que

registrar interesse por meio do cadastro

torna invenções acessíveis.

94 ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

foto: Sue O’Connor

Na caverna Jerimalai, no Timor Leste, sudeste da Ásia, um grupo de


Reuniões em prol da pesca esportiva

Presidente da Anepe, Helcio Honda, com o Ministro da Pesca e Aquicultura, Luiz Sérgio Nóbrega, e a Secretária Executiva do MPA Maria Aparecida Perez foto: anepe

Em reuniões com Luiz Sérgio Nóbre-

brasileiras com grande potencial —

ga de Oliveira — atual ministro da Pesca

Presidente Epitácio-SP, Barcelos-AM,

e Aquicultura — e técnicos do MTur

bacias do Centro-Oeste, entre outras.

(Ministério do Turismo), o presidente da

O objetivo dessa ação é o intercâmbio

Anepe (Associação Nacional de Ecolo-

de boas práticas e o fortalecimento da

gia e Pesca), Helcio Honda, apresentou

pesca esportiva.

dados e discutiu formas efetivas para

Já na audiência com Luiz Sérgio, o

desenvolver estratégias que contribuam

Presidente da Anepe apresentou estatís-

para o fortalecimento da cadeia produti-

ticas da pesca esportiva em países como

va da pesca esportiva.

Costa Rica e Estados Unidos em confron-

No encontro com técnicos do MPA

to à realidade brasileira, cujos números

(Ministério da Pesca e Aquicultura) e

são pouco confiáveis para subsidiar

do MTur, ficou acordado que a Anepe

ações de governo. Helcio Honda também

terá papel importante para a realização

solicitou ao ministro apoio para o desen-

de um fórum sobre a pesca esportiva

volvimento da pesca esportiva no Brasil

na América do Sul, que antecederá a 7ª

mediante o estabelecimento de políticas

Conferência Mundial de Pesca Recre-

públicas, como, por exemplo, a defini-

ativa — evento agendado para agosto

ção de áreas exclusivas à atividade; um

de 2014 no Brasil. Além disso, serão

tamanho máximo de peixes que possam

realizadas visitas a países que hoje são

ser capturados, assim como o mínimo já

referências na pesca esportiva, como

vigente; e a criação de área técnica no

Argentina e Costa Rica, além de regiões

MPA exclusiva para a pesca esportiva.


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