ANO III - ABRIL - ED. 31
ECOAVENTURA - E D I Ç Ã O 3 1 - A B R I L D E 2 0 1 2
+ MEIO AMBIENTE, TURISMO E
BIOLOGIA EDITORA
TÉCNICA
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Black bass no outono
ROTEIRO TR AÍR A I S ALVADOR I ENCHOVA S NO CAIA QUE I BL ACK BA S S NO OUTONO I DOUR ADO EM PES QUE-PA GUE I SERR A DA MES A
Circuito pesqueiro em São Paulo
PESQUE-PAGUE Como pescar Dourado nos lagos
REMOS E RUMOS
Enchovas no litoral capixaba
TRAÍRAS bilíngue
Técnicas para fisgá-las na pesca de barranco
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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.grupoea.com.br Diretoria Farid Curi e Wilson Feitosa Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@grupoea.com.br Editora Janaína Quitério (MTb nº 45041/SP) jquiterio@grupoea.com.br Editor de fotografia Inácio Teixeira (MTb nº 13302/SP) fotografia@grupoea.com.br DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacao@grupoea.com.br Reportagem Bárbara Blas (MTb nº 64800/SP) bblas@grupoea.com.br Tradução David John Arte Glauco Dias Ilustração Kid Ocelos Colaboraram nesta edição André Correa, André Sesquim, Fábio Fregona (Baca), Juliano Salgado, Lawrence Ikeda, Marcel Nishiyama (Tchel), Marco Ribeiro Lima e Oswaldo Faustino
T
Recomeço no Ministério da Pesca e Aquicultura omou posse no Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), em 2 de março, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), em substituição a Luiz Sérgio de Oliveira, que havia ficado na pasta apenas oito meses. É o quarto ministro a assumir desde que o MPA foi instituído em 29 de junho (Dia do Pescador), em 2009.
Há um ano, no editorial de março de 2011 [edição 18], dávamos as “boas-vindas” a
então senadora Ideli Salvatti, que assumia o lugar de Altemir Gregolin. Na ocasião, a ministra reclamou: “Vira e mexe a gente ouve, ou lê, uma série de comentários jocosos, que buscam ridicularizar e desqualificar o MPA, seus ministros e funcionários... Quantos peixes
você já pescou?”, discursou em sua posse, sobre o fato de a imprensa ter questionado se ela tinha conhecimentos no setor. Agora, Crivella também deixou claro que não sabia “colocar a minhoca no anzol”, mas que isso seria tarefa fácil. Para setores ligados à pesca esportiva, é inevitável o questionamento sobre saber ou não pescar — e isso não implica desmerecer a capacidade de um gestor público planejar ou não programas ministeriais no cargo para o qual foi indicado. Trata-se, acima de tudo, de uma esperança em ter o segmento lembrado nas ações governamentais, uma vez que o principal objetivo da pasta é executar o ordenamento do setor, mas sem desconsiderar o compromisso com a sustentabilidade no uso dos recursos pesqueiros. A pesca esportiva — ou amadora, como é intitulada no governo — sempre esteve à margem dos projetos elaborados para a pesca desde a criação do MPA, exceto quando o órgão, na gestão de Gregolin, impulsionou o 1º Encontro Nacional da Pesca Amadora, em
DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Salgado Filho comercial@grupoea.com.br Marketing Pedro Reis preis@grupoea.com.br Distribuição e edições avulsas atendimento@grupoea.com.br
setembro de 2010, que reuniu 200 delegados vindos de todo o Brasil. Com o objetivo de conhecer a fundo a potencialidade do esporte-lazer — e sua cadeia produtiva — no País, era a primeira vez que o MPA, efetivamente, demonstrava se preocupar em organizar o crescimento da pesca esportiva nacional, em vista de sua qualidade (subaproveitada) não só em movimentar diferentes setores da economia de turismo e lazer (tais como hotelaria e transporte), mas de gerar emprego e renda, sobretudo, para as comunidades ribeirinhas,
Atendimento ao leitor Priscila Santiago sac@grupoea.com.br
ao mesmo tempo em que não deixa de lado a necessidade da conservação ambiental.
Assinaturas assine@grupoea.com.br
pais requisitos para o desenvolvimento sustentável do setor, mas, até agora, o segundo
Desse encontro, foi produzido um documento, com 30 páginas, que ressalta os principasso — isto é, o planejamento da execução dessas diretrizes — não foi dado. Ter a meta de fazer “a pesca ter a mesma força que a agricultura”, como anunciou o novo ministro, o crescimento econômico do País, entretanto, os aficionados da pesca esportiva esperam que a nova gestão não feche os olhos para o tesouro de possibilidades que o segmento ainda Por isso, não custa reforçar: “senhor Crivella, aprenda, sim, o quanto antes, a pescar”.
Assinaturas: (11) 3334-4361
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Black bass no outono
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não conseguiu fazer cintilar.
ANO III - ABRIL - ED. 31
Marcelo Crivella, quando assumiu o ministério, é, realmente, um passo importante para ECOAVENTURA - E D I Ç Ã O 3 1 - A B R I L D E 2 0 1 2
A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora ECOAVENTURA Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.
Circuito pesqueiro em São Paulo
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Enchovas no litoral capixaba
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Edição 31 — abril de 2012
instituto verficador de circulação
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JUMPING JIG EM ÁGUA DOCE No volume 10 da coleção “A Arte de Pescar — aprimore suas técnicas”, Denis Garbo e Marco Lima explicam como pescar com jumping jig em água doce. Equipamentos indicados, montagens, tipos de trabalho e os predadores que atacam essa simples, porém, eficiente isca são os temas abordados pelos convidados. Tudo isso é mostrado em cenas de ataques emocionantes por diversos peixes esportivos. Não perca!
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TÉCNICAS” A cada mês, a coleção “A ARTE DE PESCAR — APRIMORE SUAS traz dicas e informações sobre o mundo da pesca. ASSINANTES. O DVD é parte integrante da Revista ECOAVENTURA só para
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[ índice ]
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foto: eribert marquez
roteiro
Fumaça, França e Alecrim Três represas que formam um importante circuito pesqueiro em São Paulo
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bilíngue
capa
“Traíramania”
Quem nunca pescou Traíras? Confira técnicas e manhas para aumentar a chance de sua captura
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08 Correio técnico 10 Correspondência 52 Pesque-pague Fisgue o “rei do rio” em pesqueiros
58 Turismo Salvador-BA
70 Bicho Joaninhas
72 Meio ambiente
20
roteiro
Serra da Mesa
Imensidão de água e Tucunarés
Lixo pós-carnaval
74 Técnica Black bass no outono
82 Biologia Afinal, peixe sente dor?
88 Vitrine 90 Saúde Cardápio adequado para a pescaria
94 Radar 96 Folha, flores e frutos
42
remos e rumos
Enchovas no caiaque
Mandacaru
97 Classificados
União de pescaria e aventura no litoral capixaba
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correio técnico Para a pesca com mosca de peixes com dentição, como Dourados, Tambaquis e Matrinxãs, posso utilizar um líder 0,40 na ponta do tippet? Anderson Brás Cardoso — por e-mail
Sim, Anderson, você pode usar uma linha mais grossa ou mesmo um cabo de aço. Essa parte do líder é chamada de chicote de impacto ou shock leader. (Questão respondida por Gerson Kavamoto) FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
Comprei uma isca artificial japonesa na qual as garateias vieram com a farpa do lado de fora do anzol, ao invés de estarem como de costume — do lado de dentro. Assim ela fica mais eficiente? Adalberto Mendes — Valinhos-SP
É uma ótima pergunta, Adalberto, não sabemos porque algumas iscas japonesas vêm com esse tipo de garateia, mas, teoricamente, a farpa do lado de dentro é mais eficiente, pois o lado do anzol que recebe maior pressão da boca do peixe é o de dentro. Portanto, a farpa tem maior eficiência no lado de dentro do anzol. FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
Tenho um lago com Black bass e, por várias vezes, tentei pescá-los à noite, mas sem sucesso. Fiquei pensando, então, se realmente é possível realizar esse tipo de pescaria? Leonardo Vasconcelos Pereira — por e-mail
O Black bass também se alimenta durante a noite, principalmente no verão, quando a água fica extremamente quente durante todo o dia. Tente utilizar rigs que façam barulho, como, por exemplo, o texas com miçangas de vidro, com grubs de cor preta. Spinnerbait com trabalho lento e cadenciado também pode dar bons resultados. FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
Meus companheiros dizem que o shock leader de fluorcarbono é melhor que o de náilon. Isso procede? Roberto Shimura Eliezer — Jaboatão dos Guararapes-PE
Roberto, até certo ponto, eles estão corretos, pois a linha de fluorcarbono é mais transparente e dura, com maior resistência à abrasão. Entretanto, como ela também é mais densa e afunda, não se torna recomendada na pesca de iscas de superfície por prejudicar o trabalho delas. Você poderá encontrar informações detalhadas sobre linhas no 4º volume da coleção de DVD “A arte de pescar”.
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TM
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correspondência Moção de aplausos e agradecimentos Cumprimentando-a cordialmente, encaminhamos cópia da Moção de Aplausos e Agradecimentos no 015/12, de autoria do nobre vereador João Carlos Spínula, apresentada e aprovada na Sessão Ordinária de 27/2/2012. Câmara Municipal de Iguape
Errata Ao ler a edição 30, precisamente a matéria sobre o Ceará, deparei-me com a seguinte informação: “O Castanhão é um obra-prima da engenharia moderna. Iniciada no século 19 e terminada no 20 (…)” , pág. 33. À primeira vista, achei bastante improvável que uma usina hidrelétrica tenha sido feita no século 19, que abrange os anos de 1800 até 1889. Resolvi pesquisar e constatei que ela começou a ser construída no ano de 1995 e terminada no ano de 2002, o que significa que foi começada no século 20 e terminada no século 21. Erros acontecem para nosso aprendizado, mas um erro simples como esse de maneira nenhuma desmerece a qualidade fantástica das matérias da ECOAVENTURA! Felipe de Goes Campaci — por e-mail
Espírito Santo nas páginas da ECOAVENTURA Remos e rumos
Gostaria de parabenizar a revista pela explora-
Gostaria de parabenizar a
ção de novos horizontes dentro da pesca espor-
revista por abrir espaço para
tiva. O conteúdo oriundo de pontos variados do
a pesca com caiaques. Me
território nacional (como a matéria sobre pescarias
apaixonei por essa modalidade,
com caiaque nos manguezais do Espírito Santo, na
que, provavelmente, é a que
edição 29) deixa a publicação mais brasileira do
mais cresce no País, e fico muito
que nunca. Fico muito feliz de ver meu Estado bem
feliz de ver a ECOAVENTURA
representado na revista, até porque, no que se re-
trazendo matérias sobre o tema. Parabéns e continuem assim!
fere à pesca esportiva, temos potencial e mercado
Um forte abraço, Rita de Castro — por e-mail
maiores do que muitos imaginam. Parabéns EA! Rivaldo Pereira — por e-mail
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[ roteiro ]
Belas fisgadas
em represas paulistas
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Para viver bons momentos de pesca embarcada ou de barranco, não muito distante da capital paulista, no alto da Serra do Mar, ao sul/sudeste do Estado, há três represas cercadas de Mata Atlântica muito atraentes aos pescadores esportivos Por: osWaLDo Faustino | Fotos: Denis Garbo
Belas paisagens na cachoeira da Fumaça
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[ roteiro ]
Q
uando ouvimos falar da extinta empresa
estabelece uma relação entre a Light e
de outras áreas, que foram trasladadas
canadense São Paulo Tramway, Light and
nossas pescarias.
para essas águas, como o Tucunaré, ori-
Power Company, mais conhecida como
Não podemos ignorar as polêmicas,
ginário da bacia Amazônica, e o Black
Light São Paulo, geralmente só associa-
como a dos entraves das altas barra-
bass, que veio do Hemisfério Norte, mas
mos seu nome aos bondes e à produção
gens à piracema e à desova natural de
já se naturalizou brasileiro.
de energia elétrica — e não com o nos-
muitas espécies nas cabeceiras dos
Desde a primeira metade do século
so esporte predileto, a pesca esportiva.
rios. Mas, por outro lado, os gigantes-
20, a Light construiu uma série de barra-
Porém, ela foi a grande construtora das
cos lagos formados por essas represas
gens, que inundaram uma imensa área
represas cujas águas fazem funcionar
proporcionaram, inclusive, o cultivo de
da Mata Atlântica, para fornecer energia
as turbinas geradoras de energia. Aí, se
espécies bastante esportivas nativas
elétrica para a Companhia Brasileira de
O Tucunaré-amarelo pode chegar a 2,5 kg, tanto na Fumaça como no Alecrim, e pode ser fisgado com iscas de profundidade (crank baits) Iscas como a metal vibration e as de barbela longa (crank bait) atraem todos os peixes predadores da região
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Alumínio, a CBA, e para algumas cidades que se formaram no entorno dessa
Nessas represas, podem ser avistadas diversas espécies de animais, como a anta
empresa do grupo Votorantim, na região próxima a Sorocaba. A maioria das represas daquele complexo é fechada à visitação, mas há o circuito pesqueiro formado por três delas: a Cachoeira da Fumaça, a Cachoeira do França e a Cachoeira do Alecrim. Construídas, entre as décadas de 1950 e 1960, ao longo do rio Juquiá, elas contam com boas estruturas e são abertas ao lazer, ao turismo, ao acampamento, às trilhas, aos esportes aquáticos e, principalmente, às pescarias. O rio Juquiá, formado pela confluência do Juquiá-Guaçu com o Assungui e o São Lourenço, percorre a serra no sentido do Estado do Paraná e deságua no ribeira do Iguape. ecoaventura 15
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[ roteiro ]
O Black bass é um dos mais antigos moradores dessas represas, mas, ultimamente, é mais encontrado na Cachoeira da Fumaça Foto: marcos ribeiro Lima
Apesar de estar na região de Juquiá,
Às duas outras — do França e da Fuma-
no Vale do Ribeira, chega-se à represa
ça — vai-se pela Rodovia Regis Bittencourt
da Cachoeira do Alecrim por meio das
(BR 116). Desde meados do século passa-
cidades de Ibiúna e Piedade. Deve-se,
do, a Cachoeira do França, em Juquitiba, é
portanto, seguir pela Rodovia Raposo
famosa pelos seus Black bass. O colabo-
Tavares — SP 270 — até Vargem Grande
rador da ECOAVENTURA, Denis Garbo, que
Paulista, onde se apanha a SP 250, que,
foi guia de pesca na região e hoje se dedi-
naquele trecho, tem o nome de Rodovia
ca ao comércio de equipamentos de pes-
Bunjiro Nakao. De lá, segue-se pela Ro-
ca, lamenta que essa represa tenha sido
dovia Tenente Celestino Américo — SP
tomada pelas predadoras Piranhas, que
079 —, conhecida por Sorocaba-Juquiá.
provocaram um desequilíbrio ecológico,
Os Tucunarés dessa represa não são
praticamente exterminando o Black bass.
muito grandes, mas garantem a alegria
Ele recomenda a Cachoeira da Fumaça,
de todo pescador.
que ainda está muito bem preservada.
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TraĂras enormes sĂŁo capturadas com iscas naturais ou artificiais em todas as represas do complexo
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[ roteiro ] Para se chegar à Cachoeira da Fumaça, vai pela BR 116 até o Km 348, na divisa entre Juquitiba e Miracatu, e se sai à direta, numa estrada de terra. Há uma bifurcação a 2.700 metros, onde se apanha a via da esquerda. Mais ou menos aos cinco quilômetros, há outra bifurcação, onde se entra à direita até a beira da represa, que está a pouco mais de sete quilômetros do asfalto. Ali é o Parque Miracatu, que, embora simples, tem um restaurante, chalés, aluguel de barco, comercialização de iscas vivas, ou seja, toda a estrutura necessária para a prática da pesca. Na Cachoeira da Fumaça, pesca-se tanto o Bass quanto a Traíra, o Tucunaré, a Tilápia e a Carpa-cabeçuda, entre outros peixes de boa esportividade. Ali é possível praticar várias modalidades de pesca, mas deve-se lembrar que a represa resulta da inundação de vastas áreas de floresta, cuja vegetação nativa ficou submersa. Portanto, é importante tomar cuidado com galhadas e outras estruturas submersas que, por sinal, são os pontos onde se encontram os grandes cardumes.
O spinnerbait é uma das iscas mais utilizadas na captura do Black bass da região
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Diversas espécies de Carpas são fisgadas nessas represas — uma delas é a Carpa-cabeçuda
Além de pescar, procure se deleitar com o maravilho ambiente da Mata Atlântica. Não raro é possível avistar animais como o macaco-prego, a preguiça, o mico-carvoeiro, a cutia, a paca, a capivara, o cateto, a anta, o veado-mateiro. Isso, além de um sem número de aves como a seriema, o periquito, o sangue-de-boi, o inhapim, o uirapuru, a saíra, o azulão, o nhambu, entre dezenas de outras espécies. A riqueza da flora é única no planeta e está ameaçada pela extração do palmito, das samambaias, das bromélias e das orquídeas pelo maior predador da natureza: o homem.
SERELEPE LANÇAMENTO
Serelepe Tamanho: 3cm Peso: 3,5g Trabalho: meia-água
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A Serelepe entra na linha Moro e Deconto para ser mais uma grande opção na pescaria de Tilápias. É uma isca fácil de arremessar e muito prática de trabalhar e, ainda, oferece três posições para prender o snap, cada uma proporciona vibração distinta durante o trabalho. Dessa forma, o pescador pode mudar a intensidade da isca rapidamente durante a pescaria.
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[ roteiro ]
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Resultado do represamento do rio Tocantins, o lago da Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa, no norte do Estado de Goiás, é referência no turismo de pesca nacional em represa e se destaca pela piscosidade de Tucunarés-azuis
foTo: WilsoN feiTosa
Da ReDaÇÃo
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N
os 54,4 bilhões de metros cúbicos de água do quinto maior lago artificial do Brasil e o primeiro em volume d’água,
foTo: elias lemos
[ roteiro ]
( o Tucunaré-azul (Cichla piquiti) é imponente. A constatação dos entusiastas da pesca esportiva é confirmada por um levantamento: a espécie representou 95% das capturas entre setembro de 2008 e janeiro de 2010, segundo dados do relatório parcial do “Monitoramento da Pesca Amadora no Reservatório de Serra da Mesa”, realizado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), UEG (Universi-
dade Estadual de Goiás), UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e UFG (Universidade Federal de Goiás). A abundância desse peixe para lá de esportivo por si só já seria um bom motivo para uma incursão. Somando-se a isso uma paisagem deslumbrante, o fato de ser uma pescaria de custo médio e que atende tanto as expectativas de pescadores experientes quanto de iniciantes, Serra da Mesa torna-se um destino imperdível. foTo: eRiBeRT maRQUeZ
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foTo: elias lemos
A CRIAÇÃO DO LAGO
da Central Elétrica de Furnas foi possível devido a uma parceria com a empresa
As obras da Usina Hidrelétrica de Ser-
Serra da Mesa Energia S.A., o que fez
ra da Mesa — assim nomeada devido a
dessa hidrelétrica a primeira no Brasil
uma formação montanhosa que tem seu
com investimentos e divisão da energia
topo plano como o de uma mesa — tive-
produzida entre os setores público e pri-
ram início em 1986 na bacia Alto Tocan-
vado. A formação do lago em si começou
tins. Entretanto, diz-se que o cronograma
em outubro de 1996 e inundou aproxima-
foi postergado devido à retração do mer-
damente 1.784 quilômetros quadrados
cado de energia elétrica e dificuldades de
de oito municípios: Minaçu, Campinorte,
obtenção dos recursos para a sua con-
Campinaçu, Colinas do Sul, Uruaçu, Ni-
clusão. O término do empreendimento
quelândia, Barro Alto e São Luis Norte.
foTo: eRiBeRT maRQUeZ
Apesar do impacto ambiental no bioma Cerrado e das famílias que tiveram suas terras desapropriadas para a inundação — sem contar o polêmico aumento do nível da água há três anos, que tem inundado casas construídas irregularmente —, a usina trouxe um potencial de geração
foTo: eRiBeRT maRQUeZ
de energia de 1.275 megawatts e uma nova vocação para a região: a pesca esportiva. Por apresentarem uma melhor infraestrutura, as cidades de Niquelândia e Uruaçu hoje centralizam o turismo de Serra da Mesa. ecoaventura 23
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[ roteiro ] A PESCARIA
muito propício para a pesca por oferecer inúmeros tipos de estruturas, como ga-
Alguns diferenciais de Serra da Mesa
lhadas, ruínas e pauleiras.
são que os amantes da pesca esportiva
Além dos cobiçados Tucunarés-azuis,
podem desfrutar de conforto, de ótimos
o pescador pode ser surpreendido por
serviços, da contemplação de uma bela
Tucunarés-amarelos, Traíras, Jacundás,
paisagem composta pelo lago rodeado
Bicudas e Matrinxãs na ponta da linha.
por montanhas e, claro, de boas brigas
Com tantos predicados, esse point
— tudo isso sem serem importunados por
de elevadas temperaturas recebe mui-
insetos, devido ao fato de a água ser al-
tos pescadores nos fins de semana e
calina. Outra vantagem é que os morros,
feriados prolongados por ser garantia,
além de cenário, servem como barreiras
ao mesmo tempo, de grandes emo-
naturais contra os ventos, fator capaz de
ções e descanso, bem como de muitos
arruinar uma pescaria. O lago também é
peixes fisgados.
foTo: WilsoN feiTosa
foTo: eRiBeRT maRQUeZ
24 ecoaventura l PesCa esPoRTiVa, meio amBieNTe e TURismo
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foto: elias lemos
Dicas - Utilizar snaps e garateias resistentes - Podem ser usadas iscas de fundo, meia-água ou superfície, mas essa última ganha destaque quando são consideradas as emocionantes explosões de superfície dos Tucunarés-azuis - Nas cheias, é melhor explorar as áreas de vegetação alagada, em especial,
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com iscas de superfície. Quando a água começa a baixar, estruturas como “pauleiras”, praias e bicos são mais produtivas
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“Traíramania” Wolffish Mania
Boa parte dos pescadores esportivos pesca, já pescou ou, em algum momento, pescará Traíras. Além de serem peixes territorialistas e agressivos — e, por isso, capazes de atacar quase tudo que invadir seus domínios —, trata-se de espécies que habitam quase todos os lagos, rios e outros cursos d’água do Brasil. Talvez seja por esses motivos que, muitas vezes, os aficionados do esporte-hobby não dão o merecido valor a essa pescaria. Confira técnicas e manhas para aumentar, ainda mais, as chances de sua captura Quite a few anglers have caught or will be catching the Traira or Wolffish. Apart from being territorial and aggressive and thus, programmed to attack anything that intrudes in their hideout, this species is to be found in almost every lake, river and other watersheds in Brazil. For that reason, most sportfishermen do not give this fish its due value. Check out these tips and tactics to increase your Traira catch rate
pOr/BY: mArcO riBeirO limA | ficHA TÉcNicA/TecHNicAl DATA: lAWreNce iKeDA fOTO/pHOTO: iNÁciO TeiXeirA
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[ capa l cover article l traíra ]
Q
uem nunca pescou Traíras? A emoção de sentir seu ataque explosivo — muitas vezes na superfície —, as manhas e técnicas que ela exige em situações nas quais se recusa a atacar uma isca artificial, bem como seu aspecto pré-histórico — cujos dentes pontiagudos (caniniformes) intensificam a sua aparência invocada —, são características capazes de explicar o motivo pelo qual os mais variados tipos de pescadores se interessam tanto por ela.
fOTO: mArcel NisHiYAmA (TcHel)
A Traíra pode ser encontrada em muitos rios e lagos brasileiros, além de habitar os pesque-pagues [caso da foto abaixo] The Traira may be found in many rivers and lakes in Brazil, besides inhabiting Pay-to-Fish stocked lakes
N
ever fished for Trairas? The sensation of
as their quarry.
becomes camouflaged and unnoticed by
feeling its explosive attack, more often
This scaled fish is to be found mainly in still-
its prey as it is an ambush predator. Its eye
than not in topwater, coupled to the need-
water, and though this is not a rule, even
coloration also changes depending on geo-
ed techniques it demands when it is refus-
in rivers it has a preference as its hunting
graphical distribution of the species. Other
ing to attack a lure, as well as its prehis-
ground for eddies. One of its main features
than significant differences as to size and
toric aspect with sharp canine — like teeth
of interest is its ability to camouflage its col-
species, it is a fish with a high tolerance for
intensifying its pugnacious appearance —
ors to the prevailing environment: according
low oxygen levels.
are all features that explain the reason why
to water color, bottom color, luminosity etc.,
The Traira possesses acute vision and hear-
a diverse amount of fishermen seek it out
it is capable of adjusting its tone so that it
ing, which it uses to hunt, and has average
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Esse peixe de escamas localiza-se, sobretudo, em águas paradas e, embora não seja uma regra, mesmo em rios costuma procurar remansos para caçar. Uma característica bem interessante é a sua capacidade de tentar se mimetizar com o ambiente: a partir da cor da água, cor do fundo, luminosidade etc., consegue alterar a sua tonalidade com o objetivo de tornar-se despercebida pela sua presa, pois costuma caçar por emboscada. Pode também apresentar diversas colorações nos olhos de acordo com sua localização geográfica. Alem de diferenças significativas quanto ao tamanho e espécie, é um peixe que tem grande tolerância quanto ao oxigênio dissolvido na água, o que o faz suportar áreas de baixa oxigenação. A Traíra possui excelente audição e visão — sentidos usados para caçar — e apresenta um médio olfato. Alimenta-se de seres vivos, peixes, anfíbios e até pequenos répteis e aves que, porventura, caiam na água. De modo geral, tudo que se mova e penetre em sua área de ataque — até a distância de um metro — interessa a esse peixe. Diferentemente de outras espécies caçadoras, não tem o hábito de perseguir por longas distâncias as suas presas. Nessa ação, usamos spinnerbait com colher colorado. As iscas mais eficientes serão mostradas nas próximas edições For this action, a gold blade spinnerbait was used. The best lures will be highlighted in next editions
olfactory capabilities. It feeds on live creatures, fish, amphibians and even small reptiles and birds which may accidentally fall in the water. Generally speaking, everything that moves and enters its strike zone within a 1 meter radius is of interest to this fish. Different from other aquatic predatory fish, it does not have the habit of chasing its prey over long distances.
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[ capa l cover article l traíra ] Com dentes pontiagudos e boca forte, a Traíra segura com firmeza a presa até engoli-la por completo Armed with Sharp teeth and powerful jaws, the Traira holds its prey in a firm grip until it has swallowed it entirely
Embora cace o dia todo, fica mais ativa durante o amanhecer, no fim do dia e no começo da noite. Nesse último período, costuma se mover lentamente, próximo às margens, à procura de pequenos peixes e anfíbios. Para deleite dos pescadores esportivos, seu bote é rápido, forte e exageradamente explosivo.
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Amplifique a pescaria
a cabeça para tentar descobrir que tipo
nas beiras dos barrancos, mas nenhuma
de isca está mais suscetível a despertar
isca, trabalhada na forma correta e pas-
Antes de passarmos informações e
o seu ataque. E isso acontece por vários
sando em sua frente, desperta seu inte-
dicas para otimizar o sucesso de sua
motivos, tais como excesso de alimento
resse. E tudo isso torna a pesca da Traíra
pescaria, é importante ressaltar que
disponível, alterações no pH e na quan-
ainda mais fascinante!
não é incomum que a Traíra fique inati-
tidade de oxigênio dissolvido na água,
va — e não ataque quase nada —, o que
bem como fatores climáticos. Em algu-
faz o pescador esportivo ter que quebrar
mas situações, é possível vê-la, estática,
Na pesca de barranco, vale mudar de ponto várias vezes para localizar o peixe For bank fishing, it is advisable to move from spot to spot to find the fish
Although it hunts all day, it is far
Broaden your fishing experience
reasons, such as excessive food supply, changes
more active at dawn and at dusk.
Prior to advancing on tips and tricks to maximize
in PH and oxygen content as well as weather fac-
In this latter period, it moves slowly
the Traira fishing experience, it is important to
tors. On some occasions, it is possible to see it
near the shoreline searching for
emphasize that it is not unusual for the Traira
static near the banks or on the surface, yet no
small fish and amphibians. To the
to remain inactive and listless, which leads the
lure however tempting and well presented that is
delight of fishermen, its strike is fast
angler to enter into a “find the right lure quan-
cast to it will draw a strike. This makes Traira fish-
and extremely explosive.
dary”. This inertial behavior may occur for several
ing all that more challenging.
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[ capa l cover article l traíra ] Para conseguir acessar os pontos de pesca mais promissores, é preciso, muitas vezes, ter que penetrar em terrenos com muita vegetação e mato — algumas vezes até alagados In order to get to the more promising hotspots, it is very often necessary to enter dense vegetation and woodlands — sometimes even marshlands
Ao adentrar em locais mais isolados, é preciso ficar atento com formigas e animais peçonhentos When walking to more remote spots, one must be wary of ants and other poisonous animals
The means of approach to a fishing spot is
sound of voices which may spook it. For that
tack results, then is the moment to go to the
fundamentally important. From the bank,
reason, our approach should be slow and
water’s edge in a crouched position to avoid
for example, the fish is able to detect vibra-
deliberate and casting should be done even
being spotted by the fish.
tions and hear one’s footsteps as well as the
before the water´s edge is reached. If no at-
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A aproximação ao ponto de pesca é um fator fundamental. Do barranco, por exemplo, o peixe consegue sentir e ouvir as vibrações dos nossos passos no chão, além do som de vozes, o que pode afugentá-lo. Por isso, a aproximação deve ser lenta e cuidadosa, e os arremessos, feitos antes mesmo de chegar à margem da água. Se nenhum ataque acontecer, aí sim, o pescador deve caminhar até a beirada. Outra tática é andar até a beira do lago abaixado para evitar ser visto pelo peixe.
Arremessos repetidos, no mesmo ponto, podem irritar a Traíra e provocar o seu ataque Successive casts into the same spot will irritate the Traira, provoking it to attack
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[ capa l cover article l traíra ] Em locais espraiados, muitas vezes, ela se utiliza de pequenas depressões no fundo — como as bacias, onde as Tilápias fazem ninho, e os drops offs, nos quais costumam aguardar as suas presas. Por isso, trata-se de excelentes pontos para direcionar os arremessos In open shoreline areas, it often hides in small bottom depressions, such as basin hollows, where Tilapia nest as well as drop offs, where they will lie in wait foir their prey. These are excellent fishing spots to cast lures into
Arremessos repetidos, no mesmo
isca deve cair a, pelo menos, um metro
ponto, são ações eficazes para conseguir
desses pontos, a fim de que possa ser
despertar o ataque da Traíra. Por ser um
trabalhada bem perto deles. No caso de
peixe que tenta se camuflar e se escon-
iscas com antienrosco, aconselha-se ar-
der à espera de sua presa, os arremes-
remessá-las em cima do barranco, na ter-
sos precisam visar estruturas no lago,
ra, para, em seguida, serem tracionadas
tocos e árvores aparentes ou submersos,
até cair na água, o que simula a queda
pedras, taboas e beiras de barrancos. A
de um sapinho ou outro pequeno animal.
Successive, fast casting to the same spot are
stumps and semi-submerged trees, rocks, boards
less lures, it is advisable to cast them on the shore
good tactics to draw strikes from the Traira. As it
and bank undercuts. The lure should aim at falling
itself and allowing them to drop into the water fol-
is a fish that is camouflaged and lying in wait for
at least one meter from these spots so that it can
lowing, which they can be retrieved thus simulat-
its prey, casts must be made to structure such as
be worked adjacent to them. In the case of weed-
ing the fall of a small frog or other small animal.
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[ capa l cover article l traíra ] Para finalizar, é sempre bom ressaltar o cuidado ao manuseá-la, não só com o
intuito de manter a sua integridade — e, assim, soltá-la
—, mas, principalmente,
para evitar acidentes, já que a Traíra, além de ser bem agressiva, possui dentes muito afiados. Sua mordida dói de verdade, pode transmitir bactérias e causar infecções. Por isso, faz-se necessário o uso de alicate de bico para retirar a isca artificial e alicates de contenção para segurar e imobilizar o peixe. Com os cuidados tomados, a pescaria de Traíra tem tudo para proporcionar fortes emoções aos aficionados da pesca esportiva. Nas próximas edições, abordaremos as iscas e os materiais mais usados nessa pescaria. Não perca!
Abaixo, forma correta de segurá-la, caso não tenha alicate de contenção Below is the proper way to hold it when a gripper is not at hand
fOTOs: mArcel NisHiYAmA (TcHel)
To conclude, it is important to emphasize care in
gressive, is armed with very sharp teeth. Its bite is
With these precautions taken, Traira fishing offers
handling it not only for the preservation of the fish
really painful and can transmit bacteria and cause
everything in providing strong emotions to avid
and its subsequent release, but especially to avoid
infections. A fish gripper and longnose plier are
anglers. In the next editions, we will cover tackle
accidents as the Traira apart from being very ag-
needed to contain the fish and remove the lure.
selection for Traira Fishing — don’t miss out!
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Não importa que a Traíra esteja presente em muitos rios e lagos: a soltura é essencial para garantir a reprodução da espécie Regardless of its existence in many lakes and rivers, catch and release is essential to assure reproduction of the species
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[ capa l cover article l traíra ] MATERIAL RECOMENDADO RECOMMENDED TACKLE
• iscas que emitem barulho e bastante vibração, como spinners, spinnerbaits e buzzbaits, além de poppers, zaras e, em alguns casos, até hélices. para as de meia-água e fundo, as que tenham ratlin’ são as mais recomendadas lures that emit noise and vibratioin such as spinners, spinnerbaits and buzzbaits as well as poppers, walk the dog lures and, in some cases, propeller baits. for diving plugs and deep divers, those with built-in rattlers are the most recommended • carretilhas de perfil baixo, ou molinetes, não necessitam de uma capacidade muito grande de linha, pois dificilmente a Traíra corre a ponto de tomar muita linha low profile baitcast reels or spinning reels do not need a large line capacity as Traira does not take out a lot of line on its short runs • linhas de multifilamento de até 30 libras e de monofilamento com bitola de 0,33mm Braided lines of up to 30lbs and monofilament lines in the 0,33mm range are recommended.
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FICHA TÉCNICA/ TECHNICAL DATA
ilusTrAÇÃO: KiD OcelOs
Reino/Kingdom: Animalia Filo/Phylum: chordata Classe/Class: Osteichthyes Ordem/Order: characiformes Família/Species: erythrinidae Gênero/Family: Hoplias Espécie/Genus: Hoplias malabaricus Trata-se de peixe neotropical que pode ser encontrado em todas as bacias hidrográficas da América do sul, exceto na região Andina, com ampla distribuição desde a costa rica até a Argentina. De corpo alongado e cilíndrico, possui cabeça grande e boca ampla. A nadadeira caudal é arredondada e dispõe de pontuações escuras ao longo dos raios. A reprodução da Traíra é parcelada, ou seja, é realizada várias vezes ao ano. faz ninhos em águas rasas, onde a fêmea deposita os ovos, que são fertilizados pelos machos. A espécie realiza o cuidado parental com a prole até a fase pós-eclosão e larval. logo após, os alevinos migram para estruturas submersas, onde se alimentam de larvas de insetos, crustáceos e outros peixes. um dado interessante — e que ajuda na dispersão da espécie por todo o Brasil — é o fato de que seus
Sul do amazonas, no encontro de dois grandes rios
ROOSEVELT X ARIPUANÃ
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ovos podem ser transportados, involuntariamente, nas patas, bicos e penas de aves aquáticas, e isso faz a Traíra povoar os mais diversos cursos d’água. Oito espécies são consideradas válidas em Hoplias (Oyakawa, 2003; mattox et al, 2006), três das quais foram incluídas por Oyakawa (1990) no grupo da Hoplias lacerdae : H. brasiliensis (spix em spix & Agassiz, 1829), H.microcephalus (Agassiz em spix & Agassiz, 1829) e H. lacerdae miranda-ribeiro (1908). A quarta espécie nominal, intermedius Macrodon Günther (1864), foi considerada sinônimo júnior de H. microcephalus (Oyakawa, 1990, 2003). O número de espécimes do grupo H. lacerdae em coleções ictiológicas aumentou muito nas últimas décadas, o que refletiu uma expansão de sua distribuição geográfica conhecida na América do sul. Neotropical fish to be found in all hydrographic basins of south America,
excepting the Andes region, with broad distribution from costa rica to Argentina. possessing an elongated, cylindrical body, it has a large head and mouth. The caudal fin is rounded and possesses dark spots along its rays. reproduction is staged, or be it occurs several times over the course of the year. it builds its nest in shallow waters where the female deposits her eggs, which are fertilized by males. The species takes care of its offspring up to the post eclosion and larval phases, after which the fry migrate to submerged structures, where they feed on insect larvae, crustaceans and other fish. An item of interest — which has assisted in disseminating the species throughout Brazil — is the fact that its eggs can be relocated involuntarily on the feet beaks and feathers of aquatic fowl, which has led to Traira populations in the most diverse watercourses.
em breve
novo site 17/03/2012 12/03/2012 19:13:20 16:41:12
[ remos e rumos ]
Enchovas no caiaque Pescaria e aventura se unem na busca por um dos peixes de água salgada mais queridos pelos pescadores brasileiros
Foto: Jackson Siqueira
Por: André Sesquim e Fábio Fregona (baca)
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A
Aventura não é sinônimo de temeridade
prática de pescar com caia-
O sonho de descobrir novos locais de
ques no Brasil está historica-
pesca, o desejo de explorar esse imenso
mente ligada a lagos, rios e
universo salgado de possibilidades e a
manguezais, além de praias
vontade de testar os limites de nossos
Quando pensamos em colocar o caia-
e áreas de litoral abrigado. Apesar do
caiaques são alguns dos fatores que co-
que no tipo de ambiente frequentado
grande crescimento da modalidade em
meçaram a nos impulsionar para pesca-
pelas Enchovas, devemos levar em conta
águas nacionais nos últimos anos, por
rias no mar. No nosso caso, começamos
uma série de fatores. Isso porque se tra-
aqui, ainda são poucos os que se aventu-
pela Enchova — peixe muito agressivo e
ta de peixes que gostam de se alimentar
ram no mar aberto com essas pequenas
esportivo pescado por aficionados do
em águas agitadas, em locais onde on-
embarcações — cenário muito diferente
mundo todo, desde costões rochosos a
das se chocam com força sobre pedras
daquele encontrado em outros países,
ilhas distantes várias milhas da costa.
e formam grandes espumeiros. Atenção
onde essa atividade já está em estágio mais avançado.
No Brasil, é comum os pescadores
constante, respeito às forças da natureza
considerarem as Enchovas como peixes
e conhecimento das próprias limitações
“invernais”. No Espírito Santo, entretan-
são absolutamente indispensáveis ao
to, elas podem ser capturadas durante o
pescador. Entre os vários itens de segu-
ano todo, e é possível realizar pescarias
rança obrigatórios nesse tipo de emprei-
bastante produtivas mesmo no auge do
tada, o mais importante, sem dúvida, é o
verão. O litoral capixaba oferece diversos
bom senso.
pontos para a sua pesca, e alguns dos
Um bom planejamento é vital para o
melhores e mais acessíveis se encon-
sucesso de uma pescaria como essa. Se
tram na região centro-sul do Estado, bem
o ponto de pesca for distante da orla, por
próximo à capital, Vitória, na costa dos
exemplo, é importante contar com um
municípios de Vila Velha e Guarapari.
barco de apoio. Se no local almejado o mar — além de agitado — tiver correntes laterais fortes, é aconselhável utilizar um caiaque duplo, no qual dois pescadores podem se alternar entre controlar a embarcação com o remo e efetivamente pescar. Essa estratégia é também muito útil quando se trava uma briga com um exemplar de bom porte, que consegue facilmente “arrastar” um caiaque individual para dentro da zona de arrebentação.
Ao pescar de caiaque, a interação com as ondas e os espumeiros é constante
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[ remos e rumos ] Muita adrenalina e peixe na linha
bito tentar se entocar em pedras e outras
Em relação à sua atividade alimentar,
estruturas e dão apenas saltos ocasio-
é notório o fato de as Enchovas serem
Tomadas as medidas necessárias
nais. Isso não quer dizer, entretanto, que
mais ativas no início e no final do dia,
para que a pescaria transcorra de modo
a disputa seja fácil. Enchovas possuem
portanto, o pescador normalmente deve
seguro, resta ao pescador curtir toda a ra-
muita força e boa resistência. Grandes
acordar bem cedo, de modo a estar no
dicalidade de estar imerso num ambiente
espécimes podem render vários minutos
ponto de pesca aos primeiros raios de
extremo a bordo de seu caiaque, além, é
de luta com diversas tomadas de linha.
sol e aproveitar ao máximo o momento.
claro, das descargas de adrenalina gera-
Um dos tipos de ambientes mais pro-
Vários outros peixes esportivos podem
das pelas brigas com esses formidáveis
dutivos — e também mais perigosos —
aparecer quando se está em busca des-
oponentes. Enchovas são peixes pouco
para se pescar as Enchovas são as cha-
sa espécie, o que proporciona agradáveis
seletivos, que atacam quase todos os
madas “baixas”. Trata-se de estruturas
surpresas. Os valentes Xixarros são pre-
tipos de isca de maneira extremamente
de pedra submersas que, na maioria das
sença constante e têm disposição para
voraz. Exemplares acima dos dois quilos
vezes, chegam próximas o suficiente da
atacar as mesmas grandes iscas utiliza-
já começam a render boas brigas, desde
superfície para gerar fortes ondas, que
das para as Enchovas. Xaréus e Bicudas
que o pescador não esteja com material
podem variar de tamanho, frequência e
também podem estar por perto, além de
superdimensionado.
até mesmo direção, dependendo de fa-
Sardas, Peixes-galo e outras espécies
Os arremessos das iscas artificiais
tores como as correntes marinhas, as al-
que vivem em ambientes semelhantes.
devem ser longos e direcionados aos
ternâncias da maré e o vento. A atenção
Mas outras surpresas podem aparecer,
pontos próximos às pedras, em meio ao
nesses locais deve ser redobrada, e não
como os saltitantes golfinhos que, apesar
espumeiro formado pelas ondas que que-
é recomendável frequentá-los sozinho
de belos e divertidos, podem acabar com
bram no local. A briga dessa espécie nor-
ou mesmo sem alguém que os conheça
as chances de sucesso da pescaria, pois
malmente é limpa: elas não têm por há-
muito bem.
afugentam os peixes do local.
Foto: Jackson Siqueira
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Foto: AndrĂŠ SeSquim
Exemplares de grande porte proporcionam briga emocionante ao serem capturados de caiaque
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COMO ARMAR-SE PARA A BATALHA
FOTO: FÁBIO FREGONA
[ remos e rumos ]
ainda mais emocionante — pescar as
aumenta e compensa o maior risco de
Enchovas com um material mais leve,
perder as artificiais para os afiados den-
Para essa pescaria, costuma-se re-
desde que o conjunto proporcione boa
tes das Enchovas. Obviamente, quanto
comendar varas longas com cerca de
capacidade de arremesso, fator primor-
maiores as iscas utilizadas, menores as
sete pés de comprimento, para linhas
dial nesse tipo de pescaria.
chances de o peixe chegar, de fato, ao lí-
de até 25 ou 30 libras, além da utiliza-
Em nossas incursões de caiaque no
ção de empates de aço flexível. Esse é
mar, optamos, muitas vezes, por varas
Entre as iscas mais recomendadas,
o “equipamento-padrão” para a pesca
um pouco menores e de libragem mais
destacam-se os plugues de meia-água de
de Enchovas de qualquer porte e possui
baixa (sejam de molinete ou de carreti-
tamanho médio a grande, com barbelas
a vantagem de deixar o pescador mais
lha), além de dispensarmos totalmente o
das mais variadas, que podem ser
preparado para possíveis encontros com
uso do aço, que trocamos por um líder de
trabalhados desde poucos centímetros
peixes maiores de outras espécies, além
fluorcarbono com pelo menos 0,60 milí-
abaixo da superfície até vários metros de
de ser mais confortável para arremes-
metro de espessura, que é muito menos
profundidade. Além desses, vários tipos
sar iscas artificiais grandes e pesadas.
visível na água e prejudica menos o tra-
de jigs podem ser usados com sucesso
Entretanto, é plenamente possível — e
balho da isca. Com isso, a produtividade
quando os peixes estão concentrados no
der e cortá-lo.
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Foto: JAckSon SiqueirA
Foto: André SeSquim
Poppers de vários tipos com cores vibrantes fazem sucesso com as Enchovas
Foto: Fábio FregonA
fundo. Mas, nessa pescaria, a diversão na
superfície
é
mesmo
Foto: André SeSquim
imbatível.
Poppers e pencil poppers grandes, com até 15 centímetros de comprimento e quase 50 gramas de peso, costumam desencadear
ataques
sensacionais.
Grandes sticks, zaras e até mesmo iscas de hélice também podem ser usados. O trabalho das iscas de superfície deve ser rápido e agressivo, com o objetivo de gerar a maior comoção possível, tanto em termos de barulho quanto de bolhas e espirros na flor d’água. Os inteligentes golfinhos, por vezes, colocam-se entre os pescadores e seu alvo em comum
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[ remos e rumos ]
Foto: André SeSquim
BoA AlternAtivA! Para quem tem espírito aventureiro e paciência para se planejar e aguardar condições de pesca que permitam o uso do caiaque com segurança no mar, ir atrás das Enchovas é uma excelente alternativa. Especialmente naqueles momentos nos quais outras espécies se encontram menos ativas por conta de fatores climáticos, com sua pesca limitada ou suspensa por legislação específica. Estamos falando de um peixe que não costuma negar fogo e que, diferentemente de outros, tolera e torna-se até mais ativo em condições de mar bravio, vento sul e água gelada. É preciso ter consciência de que essa não é uma pescaria para todos, por não ser das mais tranquilas, e nem deve ser feita sem um bom conhecimento do local. Aquele que se aventura de maneira consciente pode, entretanto, ser recompensado com brigas, capturas, imagens e sensações das quais se lembrará para o resto
Os bravos Xixarros também costumam aparecer nas pescarias de Enchova
de sua vida de pescador. Foto: JAckSon SiqueirA
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O INDISPENSÁVEL: Além do material de pesca propriamente dito, existe uma série de itens imprescindíveis para o pescador/caiaqueiro levar uma aventura dessas a bom termo. Preparamos abaixo um check-list com alguns desses elementos indispensáveis. » Colete salva-vidas. Provavelmente o item de segurança mais importante e um dos mais negligenciados pelos pescadores esportivos. Não importa quão bem você saiba nadar, nunca deixe de levar o colete. » Protetor solar. Como você não vai achar muitas sombras nesse tipo de pescaria, prepare-se para a exposição prolongada ao sol e evite complicações futuras, como o câncer de pele. » Boné ou chapéu. Mais dois importantes aliados na proteção contra o sol e devem atuar juntos com o protetor solar. » Óculos polarizados. Vital no início da manhã e no final da tarde — melhores momentos para se pescar as Enchovas —, exatamente quando o sol está baixo e incide de forma quase direta nos olhos do pescador. É também importante como artefato de segurança na pesca com iscas artificiais. » Água. É absolutamente indispensável levar uma boa quantidade de água ou bebidas leves e com bom poder de hidratação. Especialmente se você estiver debaixo de um forte sol e a quilômetros de distância da fonte de água potável mais próxima. » Roupas adequadas. É importante se preparar e se proteger, tanto do sol e do calor, quanto do vento frio, da água gelada e, consequentemente, da possibilidade de hipotermia. » Faca. Em situações extremas, a qualquer momento podemos precisar de um objeto cortante, de modo que é sempre sensato ter esse recurso à mão. Mas é importante que a faca e o canivete estejam armazenados em local de fácil acesso e protegidos por uma capa ou algo que mantenha sua lâmina isolada. » Alicates. Tanto o de contenção quanto o de bico são indispensáveis ao seguro manuseio do peixe e retirada das garateias de sua boca. O espaço interno reduzido do caiaque, a forte e afiada dentição das Enchovas e o ambiente marítimo conturbado são razões mais do que suficientes para que o pescador evite ao máximo o contato direto com o peixe e com a isca, enquanto presa ao seu corpo. » Sinalizador. Em pescarias distantes da costa, é importante levar algo que possa ser usado como sinalizador, seja para se comunicar com o barco de apoio ou para dar um alerta em caso de emergência. Pode ser usado algum recurso visual ou, em muitos casos, um bom e estridente apito ou buzina. » Kit antienjoo. Se você é daqueles que sofrem com o enjoo marítimo, previna-se antes e durante a pescaria. Existe uma série de recursos à disposição do pescador, inclusive medicamentos (consulte seu médico de antemão). De uma forma geral, o mais importante é dormir bem na véspera da pescaria, não ingerir bebidas alcoólicas e evitar gorduras, cafeína e excessos alimentares. Da mesma forma, jamais encare uma aventura dessas de estômago vazio. Foto: Jackson Siqueira
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O caiaque modelo Orca se mostrou apto a enfrentar o mar agitado
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O ECOLODGE DA BARRA está baseado na confluência dos rios Juruena e Teles Pires, considerada a localidade com o maior potencial de pesca em água doce do mundo. No Tapajós são capturadas mais de 20 espécies de inestimável valor para os amantes da pesca esportiva: Tucunarés - Bicudas - Cachorras - Corvinas - Matrinxãs - Trairões - Tambaquis - Pirapitingas Pacus - Piraíbas - Jaús - Pirararas - Capararis - Jundiás - Cacharas, entre outras.
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[ pesque-pague ]
O Dourado é considerado o “rei do rio” por agregar características valiosas para a pesca esportiva: beleza, agressividade e impiedade ao atacar suas presas. Mas, e quando ele está em um ambiente diferente de seu habitat, o desafio é o mesmo? POR: ANDRÉ CORREA E JULIANO SALGADO | FOTOS: INÁCIO TEIXEIRA
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[ pesque-pague ]
N
ão é em todo pesqueiro que Dourados são encontrados. Isso porque, além de o confinamento dificultar o cres-
cimento dos espécimes, sua condição de predador (carnívoro) não poupa pequenos peixes, como as Tilápias de até um quilo de peso, o que exige que elas sejam criadas em tanques separados. Mas, nos pesqueiros que oferecem essa opção, os aficionados das boas brigas esportivas têm mais um desafio emocionante para testar sua habilidade na pesca esportiva. Embora em rios as ações ocorram, predominantemente,
em
corredeiras,
sobretudo onde há estruturas como pedreiras — o que eleva, em muito, a dificuldade de tirá-lo da água —, e a técnica aplicada costume ser a pesca de rodada e de corrico, em lagos, com água parada, o Dourado não se desfaz de sua principal característica: a de lutador impetuoso. E, para entrar nessa batalha, além de estar com equipamento adequado, a primeira opção é a escolha das iscas: peixes vivos, tais como pequenos Lambaris e Tilápias, costumam ser infalíveis. Em alguns lagos, peito de frango pode ser produtivo, além de salsicha flutuante — com a mesma montagem utilizada na pesca de Pintados [consulte matéria “Pintado e Cacharas: o grande desafio”, publicada na edição 25], só que com a metade do tamanho.
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Os ataques costumam acontecer, predominantemente, na superfície e na meia-água. Com o passar do tempo, percebemos que os Dourados atacam na “batedeira”: onde há “tumulto” no lago, eles costumam estar junto! Por isso, a dica é jogar a cevadeira — para atrair outros peixes — a uma distância na qual, normalmente, os peixes batam naquele lago, e aguardar. Quando o pescador observar que o Dourado está subindo para comer, a isca deve ser arremessada entre dois e três metros à frente da batedeira, já que ele costuma se movimentar até lá para conferir o que caiu na água, e ataca! Mas, atenção: não se aconselha a deixar a vara na espera, pois pode não dar tempo de fisgá-lo. Quando o Dourado pega a isca, ele sai em debandada, por isso, tão logo a boia afunda, o pescador — com a vara na mão — deve fisgar ao mesmo tempo em que recolhe a linha. ecoaventura 55
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[ pesque-pague ] A fisgada não garante que o peixe será dominado. A sua boca dura e seus saltos acrobáticos são as armas que o Dourado tem para tentar se livrar da armadilha. Assim, é preciso que o pescador preste bastante atenção na linha depois da fisgada. Como, invariavelmente, o peixe saltará, assim que a linha subir, o pescador deve virar a vara ao contrário para tentar “quebrar” o seu salto e, desse modo, evitar que o anzol se solte de sua boca extremamente óssea.
MONTAGEM Basicamente, podem ser usados boia de arremesso, líder, chicote de fluorcarbono de, aproximadamente, 50 centímetros, anzol no 2 e snap. Encastoados não são recomendados por ficarem muito aparentes na montagem. Em lagos onde há Dourados de maior porte, o ideal é usar varas rápidas, de até 30 libras, para aumentar o poder de fisgada
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A boca dura do Dourado exige uma fisgada forte e, além disso, um anzol bem afiado. Por isso, é imprescindível trocá-lo a cada três peixes fisgados, no máximo. Entretanto, isso não garante que o peixe seja tirado da água, afinal, não é à toa que ele ganhou o apelido de “rei”: definitivamente, é um adversário que não se entrega fácil
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[ turismo l tourism ]
Elevador Lacerda Elevator
Forte S達o Marcelo Fort
Praia Porto da Barra Beach
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De todas as raças, de
todos os santos All races and religions
Temperada com a mistura de etnias e culturas de brancos, negros e índios, em Salvador, todos são bem recebidos e convidados a admirar as riquezas protegidas pelos fortes do período colonial In Salvador, a mixture of ethnic cultures made up of Caucasians, Natives and African descendants welcomes all visitors to admire its riches over which Colonial era forts stand guard irresistível convite a hoje chamada “capital da POR/BY: BÁRBARA BLAS | TRADUÇÃO/TRANSLATION: DAVID JOHN | FOTOS/PHOTO: INÁCIO TEIXEIRA
Procissão da Lavagem do Bonfim Bonfim Procession
alegria” vem das mais diversas formas, seja pelo carnaval, pelo Centro Histórico tombado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura) como Patrimônio da Humanidade desde 1985, pelos 50 quilômetros de praias ou pelo legado inspirador de grandes figuras baianas, como Dorival Caymmi e Jorge Amado. Mas o apelido conta, apenas, uma parte do que a cidade realmente é, assim como “Salvador” mostra somente parte de “São Salvador da Bahia de Todos os Santos”, a porta de entrada da diversidade aberta no início do século 16. E é impossível falar da primeira sem mencionar a última, uma vez que a cidade vive o presente evocando o passado e sonhando com o futuro.
Pelourinho Pillory The irresistible invitation to the currently labeled “Capital of Fun” presents itself in the most varied ways, be it through its Carnival, its Historical Center that is a Unesco monument and a cultural heritage of Humanity site since 1985, its 50 kilometers of beaches or by the inspirational legacy of several Bahian personalities such as Dorival Caymmi and Jorge Amado. Yet the labels accounts for only a part of what the town really is, insomuch that Salvador shows only the part that relates to Saint Salvador of all Saints Bay of Bahia, a portal which was opened in all its diversity in the beginning of the 16th century. Furthermore, it is impossible to relate to the first without alluding to the latter name considering this is a town that lives its present evoking its past and dreaming of the future.
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[ turismo l tourism ] O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO A chegada da armada portuguesa a Vila Velha — atual Porto da Barra —, em 29 de março de 1549, é o marco oficial da fundação da cidade. Mas sua história com a colônia lusitana inicia-se 48 anos antes, quando foi descoberta a Baía de Todos os Santos pela embarcação na qual estava, a mando de Portugal, o italiano Américo Vespúcio. A região foi assim nomeada pelo fato de o acidente geográfico ter sido identificado em 1° de novembro, Dia de Todos os Santos. As ótimas qualidades portuárias e a localização levaram o rei D. João III à nomeação de Thomé de Sousa como Governador-geral do Brasil e responsável por fundar a primeira metrópole portuguesa na América. No mesmo ano, às margens da baía, nasceu, também, a capital do Brasil, cujo nome acrescia à Bahia de Todos os Santos a homenagem a Jesus Cristo, o Salvador.
Praia Farol da Barra Beach
The beginning of colonization
Italian Américo Vespucci.
The area was so
Bay, was born Brazil’s first capital, whose name
The arrival of the Portuguese Armada at Vila
named as it was discovered on November 1st
added to All Saints Bay the homage to Jesus
Velha — currently Porto da Barra —, on March
— All Saints Day. The excellent characteristics
Christ, the Saviour (Salvador).
29th 1549, represents the town’s official foun-
of the port and its location led the king D. João
When the Portuguese arrived in Bahia, the
dationstone. But its history under Portuguese
III in naming Thomé de Souza as governor gen-
coastline was inhabited by Tupinambá Indians
habitation commences 48 years earlier, when
eral of Brazil and the additional incumbency of
(descendants of the Tupis). Unable to conquer
All Saints Bay was discovered by the vessel
founding the first Portuguese metropolis in the
the natives as a result of armed contention
transporting under Portuguese mandate the
Americas. In the same year, on the shores of the
and the spread of European diseases — ac-
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Pelo formato circular — único nas Américas — e pela bela paisagem ao redor, Jorge Amado deu ao Forte São Marcelo [ao fundo] o apelido de “O Umbigo da Bahia” As a result of its circular shape — unique in the Americas — as well as the beautiful landscape surrounding it, Jorge Amado nicknamed São Marcelo Fort, “Bahia’s Belly Button”
Quando os portugueses chegaram à
12 horas. Além disso, dormiam acorren-
Bahia, o litoral era ocupado pelos tupi-
tados nas senzalas — barracões escuros,
nambás (descendentes dos tupis). Na
úmidos e com quase nenhuma higiene
impossibilidade de dominar os índios —
— e sofriam castigos cruéis, motivos que,
pelas reações armadas dos nativos e a
aliados ao trabalho pesado, resultavam
contaminação de doenças europeias, fa-
na sua pouca vida útil de 10 a 15 anos,
tores que levaram à morte mais de dois
em média.
terços da população —, a solução foi tra-
Mesmo assim, os africanos foram es-
zer africanos para atender à necessidade
senciais para tornar Salvador referência
de mão de obra a partir de 1550. Vindos
econômica na produção e escoamento
principalmente de onde hoje estão Nigé-
de cana-de-açúcar e, em menor escala,
ria, Angola, Senegal, Congo, Benin, Etió-
de tabaco e de algodão. Entretanto, com
pia e Moçambique, eram vendidos como
a descoberta de ouro no final do século
A Cruz Caída (1999) é um monumento em homenagem à antiga Catedral da Sé The Fallen Cross (1999) is a monument in homage to the ancient Sé Cathedral
qualquer outra mercadoria e obrigados a
17, a região Sudeste passou a se desen-
trabalhar de sol a sol nas plantações de
volver política e economicamente, o que
cana, na casa dos patrões ou prestando
culminou com a transferência da capital
outros serviços aos senhores por mais de
para o Rio de Janeiro em 1763.
counting for the demise of over 2/3rds of the
plantations, their master’s houses or render-
portant in transforming Salvador into an eco-
population —, the solution was to bring African
ing other services to them for over 12 hours
nomic hub in terms of sugar cane harvesting
labour commencing in the year 1550. Africans
a day. Apart from this, they slept chained in
and sourcing and on a lesser scale tobacco and
came from what are currently the countries
dark, damp huts and deprived of any hygiene,
cotton. However, with the discovery of gold at
of Nigeria, Angola, Senegal, Congo, Benin,
suffered appalling, cruel punishment, which,
the end of the 17th Century, the Southeastern
Ethiopia and Mozambique and were traded
coupled to hard labour, resulted in a very short
region began to develop politically and economi-
in much the same way as other commodities
lifespan averaging 10-15 years.
cally, which culminated in the country’s capital
and forced to work from dawn to dusk in cane
Even so, Africans were fundamentally im-
being transferred to Rio de Janeiro in 1763.
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[ turismo l tourism ]
No “Pelô” há uma infinidade de lojas de souvenirs e roupas com estampas da Bahia, conhecidas como “moda axé” In the Pillory, there is an abundance of souvenir and shops selling clothing with Bahia prints known as “Axê fashion”
O PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL Ao caminhar pelo centro histórico de Salvador, que hoje está entre os 17 municípios e 56 ilhas formadores da Baía de Todos os Santos, o turista é frequentemente abordado por soteropolitanos — como são chamados os nascidos na cidade — para mostrar a capoeira, oferecer uma fitinha do Senhor do Bonfim ou iniciar uma prosa sobre a história da cidade. Se o visitante não se interessa, não deve “dar
Cultural and Historical Heritage
them a Senhor do Bonfim ribbon or dissertate
will insist on selling something. But the locals
While walking through the historical Center
about the town’s historical past. If the visitor
are this way and no-one can oust them in “calm
of Salvador, which is featured among the 17
has no interest, he should show no further en-
prosaic, gentle smiles and hearty laughter” as
municipalities and 56 islands encompassing All
couragement, yet if there is a desire to know
Jorge Amado so aptly describes in his book “Ba-
Saints Bay, the visiting tourist is frequently ac-
Salvador through its own people, then one must
hia de Todos os Santos: a guide to streets and
costed by soteropolitans (as locals are called),
be open to what they say and, at the end, pur-
mysteries”, a work that describes in depth Sal-
who will show them capoeira martial arts, offer
chase what they have to offer — indeed, they
vador and its inhabitants.
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Vista do Pelourinho com a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos [à esquerda] — construída porque os negros eram proibidos de entrar nas frequentadas pelos brancos — e a Igreja do Carmo [ao fundo], cujo convento homônimo transformou-se em um hotel histórico de luxo A view from the Pillory with the Church of Our Lady of Rosário dos Pretos [on the left] —built as a result of the interdiction of blacks in places frequented by whites — and the Carmo Church [in the background], whose convent became a historic luxury hotel
corda”, porém, se deseja conhecer Salva-
muitas ao longo do percurso —, é possível
dor por sua gente, deve ouvir o que eles
conhecer os diversos pontos históricos.
têm a dizer e, ao final, comprar o que irão
E dois deles são de parada obrigatória. O
oferecer — sim, eles irão tentar, insistente-
primeiro, no coração de Salvador é, talvez,
mente, vender algo. Mas o soteropolitano
o mais fascinante e sombrio conjunto ar-
é assim e ninguém consegue conversar
quitetônico: o Pelourinho. Na praça central
igual esse povo “de prosa calma, (...) de
das ruas que levavam aos casarões dos
daquela época: “As pedras do calçamento
sorrisos mansos e gargalhadas largas”,
senhores, os negros eram açoitados, o que
são negras como os escravos que as assen-
descreve Jorge Amado em “Bahia de To-
era, também, um espetáculo e demons-
taram, mas quando o sol do meio-dia brilha
dos os Santos: guia de ruas e mistérios”,
tração de poder. Quem passa hoje por ali
mais intensamente, elas possuem reflexos
obra na qual faz uma narração aprofunda-
não imagina o cenário cruel de três sécu-
cor de sangue. Muito sangue correu sobre
da sobre Salvador e sua gente.
los atrás, mas Jorge Amado, em sua obra,
elas, tanto e tanto que nem a distância do
Entre uma conversa e outra — serão
dá uma dica de onde encontrar vestígios
tempo pode apagar.”
Between one dissertation and another —
(Pillory). It is in the main town square and
provides a hint on where to find vestiges of
and there will be many along the way —, it
leads to the Master’s grand houses where
that era: “The cobblestones are black as
is possible to know several historical refer-
slaves were thrashed, which was also a
the slaves that walked them, but when the
ence points and two of them are a must-
spectacle that embodied power. Whoever
noonday sun is shining more intensely, they
see. The first is in the heart of Salvador
passes there today cannot possibly con-
reflect the color of blood. So much blood
and is perhaps the most fascinating and
ceive the cruel scenes of three centuries
was spilled on them that not even the pas-
eerie architectural building, the Pelourinho
ago, but Jorge Amado, in his literary works,
sage of time can wipe this out.”
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[ turismo l tourism ] A coluna de pedra ou madeira coloca-
Não podemos nos esquecer, também,
da em praça pública para castigo hoje dá
das igrejas. Dizem que há quase uma
nome a todas essas construções que, de-
para cada dia do ano, mas não é à toa
pois de restauradas, passaram a abrigar
que a do Bonfim se tornou tão conhecida.
lojas, restaurantes, artistas e uma rique-
Fruto de uma promessa feita pelo capitão
za histórica e arquitetônica digna de seu
da marinha portuguesa Theodózio Rodri-
posto de Patrimônio da Humanidade.
gues de Faria durante uma tempestade
Igreja Nossa Senhora da Conceição da Praia Church
em alto-mar, a imagem do Senhor do Bonfim — que, na tradição católica, significa o culto a Jesus crucificado — desembarcou no Brasil em 1745, para a qual foi construída uma igreja que pudesse ser vista por todos que chegassem à Baía de Todos os Santos. Entretanto, o principal evento nessa igreja, a Lavagem do BonIgreja e Convento de São Francisco Church and Convent
Para Jorge Amado, baiano é mais do que ser natural da região, é um estado de espírito To Jorge Amado, being a Bahian is more than belonging to the region, it is a state of mind Igreja de Nosso Senhor do Bonfim Church
The stone or wooden pillar that was set up
a Human Historical Heritage site.
ing a storm on the high seas to Our Lord of Bon-
in public squares for punishment is today the
We cannot overlook the churches either. It is
fim, which in Roman Catholic culture represents
nomenclature of these buildings which, follow-
said there is one for every day of the year, but
Christ Crucified. The image of the saint came to
ing restoration, are now home to stores, res-
Bonfim has good reason to stand apart. It is the
Brazil in 1745 and, to place it, they built a church
taurants, artists and a wealth of historical and
result of a promise made by Thodizio Rodrigues
visible to all arriving at All Saints Bay by sea. How-
architectural mementos worthy of their place as
de Faria, a captain of the Portuguese navy, dur-
ever, its main event is the Lavagem (washing) of
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fim, reúne um milhão de pessoas entre
do candomblé. Por isso, a Lavagem do
Outro ícone do Bonfim é a fitinha,
devotos do catolicismo e do candomblé.
Bonfim é considerada um dos símbolos
encontrada em toda a parte. Deve ser
Isso porque diz-se que, para manter suas
do sincretismo religioso baiano, mas tam-
colocada no pulso ou no tornozelo amar-
tradições religiosas, os negros faziam
bém ocasião que demonstra a convivên-
rando-a com três nós — equivalentes a
associações entre os santos católicos
cia entre o sagrado e o profano, já que
três “pedidos” ao santo — e dizem que,
e suas entidades e, no caso do Senhor
se transforma em uma grande festa com
quando a fita se rompe pelo desgaste, os
do Bonfim, é identificado como o Oxalá
comidas típicas e shows musicais.
desejos são realizados. Antes da Lavagem do Bonfim, há uma procissão de oito quilômetros na qual as baianas jogam água de cheiro — líquido preparado com folhas e ervas cheirosas — nos fiéis como forma de benção ao som de cânticos católicos e africanos Before the Bonfim washing ceremony, an 8 kilometer procession in which bahian women disperse “água de cheiro” on the faithful — a liquid prepared with leaves and aromatic herbs — as a form of blessing to the sound of catholic and African chanting
Bonfim, which unites a million people made up
entity is Candomble’s Oxalá. For that reason, the
Another Bonfim icon is the ribbon, which is
of devout catholics and followers of Candomblé.
Bonfim ceremony is considered one of the sym-
found everywhere. It should be tied to the wrist
This is because it is said that to maintain reli-
bols of the Bahian religious lore as well as the co-
or ankle with three knots that are equivalent to
gious tradition, African negro descendants made
palliance between the sacred and the profane as
three wishes made to the saint, and the saying
associations between catholic saints and their
it develops into a big festivity with typical cuisine
goes that when the ribbon falls off through the
entities and in the case of Senhor do Bonfim, this
and musical shows.
course of its use, the wishes come true.
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[ turismo l tourism ] SOMBRA E ÁGUA FRESCA
antigamente e hoje muito utilizada para banho. Entre as mais tranquilas, não há
Além de todo o patrimônio histórico, a
como deixar de citar Itapuã, cuja maravi-
natureza ao redor de Salvador é genero-
lha de suas tardes já é conhecida mesmo
samente distribuída em 50 quilômetros
por quem nunca foi a Salvador devido
de praias. Pela proximidade do centro
ao sucesso de Toquinho e Vinicius. Os
histórico e comercial, as praias Porto da
amantes de esportes aquáticos também
Barra e Farol da Barra são as mais ba-
encontram seu lugar para a prática de
daladas. Divididas pelo forte Santa Ma-
surfe, windsurfe, kitesurf, mergulho etc.
ria, à esquerda fica a do Farol da Barra,
Com essa imensidão de água, os pes-
adorada por surfistas e apreciadores de
cadores esportivos são igualmente agra-
um belo pôr do sol. Do lado oposto está a
ciados. Na pesca vertical com jumping
do Porto, local onde os navios aportavam
jig, é possível brigar com Olhos-de-boi, Praia Porto da Barra Beach
Apesar de quatro grandes incêndios, o Mercado Modelo (1912) conquistou o tombamento pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e o posto atual de maior centro de artesanato da América Latina The Modelo Market (1912) overcame four great fires and now has a heritage monument status and Latin America’s largest arts and crafts center
Barracudas, Atuns, Albacoras, Cavalas, Vermelhos-cioba, Badejos, Vermelhos-do-olho-amarelo, Guaraiúbas e Guaiúbas. Com lancha ancorada sobre pesqueiros e parcéis, ocorrem ações de Guaricemas, Vermelhos-ariocós, Caçonetes, Bicudas, Galos e Anchovas. E quando a aventura é com a lancha em movimento, a emoção fica por conta dos cobiçados Cavalas-Wahoo, Dourados, Albacoras, Albacoras-de-laje, Barracudas, Bonitos e Marlins.
Freshwater and shade
other side is the Porto da Barra beach, where ves-
With so great expanse of water, sportfisher-
Apart from its historical heritage, Salvador’s
sels of ancient times would anchor and which to-
men are equally endowed. In vertical fishing with
natural beauty is generously spread out over 50
day is used by bathers. Among the calmest, Itapuã
jigs, Amberjack, Barracuda, Tuna, Albacore and
kilometers of beaches. Due to their proximity to
beach must be mentioned, which is known for its
Snappers are easily caught. With a boat anchored
the historical and commercial center, the Porto da
acclaimed spectacular afternoons, even by those
over reefs and structure, Shark, Spanish Macker-
Barra and Farol da Barra beaches are the most
who have never been to Salvador, thanks to the
el, Roosterfish and Bluefish are also caught. When
touted. Divided by the Santa Maria fort, to the left
success hit by Toquinho and Vinicius. Lovers of
trolling, excitement is in the form of Wahoo, Dol-
is the Farol da Barra Beach, loved by surfers and
watersports will also find place to practice surf,
phin Fish, Albacore Tunny, Reef tunny, Barracuda,
those who appreciate a beautiful sunset. On the
windsurf, kitesurf, diving etc.
Bonito and Marlin.
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Para a proteção contra invasores, foram construídos diversos fortes. O mais antigo deles foi o Santo Antônio da Barra. O primeiro farol das Américas — e hoje um dos cartões-postais de Salvador — foi acrescentado ao forte para orientar os navios que entravam na Baía de Todos os Santos As a means of protection against invaders, several forts were built. The oldest one was Santo Antonio da Barra. The first beacon of the Americas — and today one of Salvador’s picture postcards — was put on the fort as a guide to all vessels entering All Saint’s Bay Vista panorâmica da parte baixa da cidade, na qual é possível ver o Forte São Marcelo, o Mercado Modelo e o Elevador Lacerda — a ligação para a parte alta Panoramic view of the lower part of the town, in which it is possible to sight São Marcelo Fort and the Lacerda elevator, which connects to the upper part of the town
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[ turismo l tourism ] A FOLIA É AQUI
século 17. Com a contribuição dos ne-
artistas de diversos gêneros se apre-
gros, a festa portuguesa “entrudo”, na
sentam por quatro dias, desde 1999, no Parque de Exposições.
Considerada a capital do Carnaval,
qual o povo bebia e comia para com-
Salvador encanta com os grandes can-
pensar o jejum da Quaresma, foi crian-
tores de axé que percorrem as ruas
do sua versão brasileira até a consoli-
nos trios elétricos e espalham alegria
dação de seus elementos principais e
Disque Bahia Turismo
a multidões uniformizadas com abadás
típicos da Bahia, como o axé (1980),
— hoje símbolo da festa local. Embora
os abadás (1990) e a ideia de trios
seja muito brasileiro, o Carnaval não
elétricos a serem seguidos por quem
nasceu aqui, e sim nos cultos agrários
participa da folia. Antes do Carnaval,
há 10.000 a.C. Ao Brasil, seu precur-
a cidade recebe, ainda, o Festival de
é um serviço 24 horas, em três idiomas, que informa tudo o que o turista queira saber sobre as atrações da Bahia it comprises a 24 hour service offered in 3 languages (Portuguese, English and Spanish) to the tourist as a means of obtaining information about Bahia
sor chegou em caravelas lusitanas no
Verão, grande evento musical no qual
SERVIÇOS/SERVICES
Tel.: (71) 3103-3103
Nos sete dias do Carnaval de Salvador, mais de 2 milhões de pessoas caem na folia diariamente During the 7 day’s of the Salvador Carnival, over 2 million people engage in revelry
Revelry is here
rather in the farming cultures of 10000 b.c.
that consolidates Bahia’s main and typical ele-
Considered the Carnival Capital, Salvador
In Brazil, its precursor arrived in Portuguese
ments such as “axê” (1980), “abadá” tunics
is enchanting to the sound of great Axê sing-
sailing ships in the 17th century. With the con-
(1990) and the idea of electric trio floats to be
ers that wind their way through the streets on
tribution by African negros, the Portuguese
followed by revelers. Prior to carnival, the town
electric trio floats and spread their joy to the
party called “entruro” (in which people used
also is host to the Summer Festival, which is a
throngs in tunics — which are today a symbol
to drink and eat excessively as a compensa-
grand musical event in which artists of differ-
of local festivities. Although very much a Brazil-
tion to the period of abstention to follow in the
ent kinds have since 1999 put on shows for
ian tradition, Carnival was not born here, but
forty days of Lent) created the Brazilian version
four days at the Exhibitions Park.
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CONTRIBUIÇÕES À CULTURA SOTEROPOLITANA/ CONTRIBUTIONS TO LOCAL POPULAR LORE AND CULTURE
Os Aris, Guaracys, Ians, Iaras, Mayras, Moacirs, Tainás, Yuris, entre outros nomes próprios, foram algumas das contribuições dos índios ao povo brasileiro, assim como o legado à língua portuguesa, à culinária (milho, mandioca, guaraná) e à cultura, como o uso de utensílios de barro, redes para dormir etc. E quem não conhece a capoeira, o acarajé, o vatapá, o azeite de dendê, os pais de santo e terreiros de candomblé? Essas tradições perduram até hoje porque, mesmo com tanto sofrimento e injustiça, os negros não deixavam morrer suas crenças, músicas, danças, artes e religiões. Além disso, Salvador é hoje considerada a cidade mais negra do mundo fora da África, com 80% de afrodescendentes. Por fim, não há como desconsiderar a influência lusitana. O sistema administrativo, a língua portuguesa, a culinária (bacalhau, ensopados, doces), o folclore — até o Carnaval —, os rituais da Igreja Católica, e construções de arquitetura barroca do Centro Histórico são algumas marcas que os portugueses deixaram nesse lado do Atlântico. The Aris, Guaracys, Ians, Iaras, Mayras, Moacirs, Tainás, Yuris, among other homegrown names are among some of the local native Indian’s contributions to the Brazilian people, as much as the legacy for the Portuguese idiom, cuisine (such as corn, manioc and guaraná) and to the culture of using earthenware dishes and sleeping nets. And who is not familiar with Capoeira, Acarajé, Vatapá, Dendê oil, Pais de Santo (fathers of saints) and candomblé yards? These traditions are alive today because the negroes, even with so much suffering and injusticem would not relinquish their beliefs, music, dance, art and religion. Besides, Salvador is today considered the most Negro city outside of Africa, with 80% of Afrodescendants. Lastly, Portuguese influence must be remembered. The government system, the Portuguese language, the cuisine (codfish, stews and sweets ), folklore — even Carnival —, the rituals of the Catholic church and architectural baroque constructions in the historical center are some of the landmarks the Portuguese colonizers have left on this side of the Atlantic Ocean.
A COPA EM NÚMEROS/ THE WORLD CUP IN NUMBERS Para receber a Copa do Mundo de 2014 como cidade-sede, as obras de reconstrução do estádio da Fonte Nova estão praticamente na metade (48% em março), mas estão evoluindo em ritmo acelerado, de forma que a arena estará pronta até o final deste ano, explica o gestor do Escritório Municipal da Copa do Mundo da FIFA 2014/Salvador Cidade-Sede, Leonel Leal. Além do estádio, o qual custará cerca de 600 milhões, há previsão de investimento de 1,6 bilhão em mobilidade urbana, 100 milhões no aeroporto e 40 milhões no porto. Com relação à estrutura hoteleira, em 2008, Salvador possuía 34.792 leitos, segundo o levantamento da Bahiatursa (Empresa de Turismo da Bahia, vinculada à Secretaria de Turismo). Para a Copa, estima-se que, com a construção de novas hospedagens e a inclusão das localizadas em cidades próximas à capital baiana, a oferta de leitos poderá alcançar 61.792 unidades, de acordo com a publicação “Estratégia Turística da Bahia: O Terceiro Salto 2007-2016”, da Secretaria de Turismo de Salvador, de 2011. Ainda segundo o documento, são esperados aproximadamente 800 mil turistas em junho e julho de 2014, 80% brasileiros e 20% estrangeiros. In order to host the 2014 World Cup as the World Cup Headquarters, reconstruction work has begun on the Fonte Nova stadium and is now 48% ready (as of march), but is progressing at an accelerated pace so as to be ready by the end of this year as is reported by the manager of the FIFA 2014 World Cup Municipal Office in Salvador (World Cup HQ), Leonel Leal. Apart from the stadium, that will cost US$300 million, a further US$800 million will be invested in urban transportation, US$50 million in the airport and US$20 million in the port. Regarding hotel infrastructure, in 2008, Salvador had 34792 rooms according to data by BahiaTursa, which is linked to the local Secretary for Tourism. For the World Cup, it is estimated that with the construction of hostelries and the ones in the adjacent towns near the Bahian capital, this number will grow to 61792 units in accordance with the publication “Bahia Tourism Strategy: the 3rd jump 20072016, by Setur (Salvador Secretariat for Tourism), published 2011. According to this report, over 800000 tourists are expected between June and July of 2014 made up 80% Brazilians and 20% foreign tourists.
Sob nova direção.
Estrada do Enxadão, 800 Juquitiba - São Paulo - SP
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O lugar ideal para você e toda a sua família praticar a pesca esportiva ou simplesmente se desligar da correria do dia a dia.
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Agora com pescaria noturna! 17/03/2012 01:14:35
é o bicho Além de simpáticas, as joaninhas são altamente eficientes no combate a pragas POR: BÁRBARA BLAS | FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
M
uito conhecidas na
chegar à fase adulta, passam pelos estágios
presentam sorte e que, quando elas pousam
natureza, em histórias
de ovo, larva e pupa — o que é denominado
em uma pessoa, o amor verdadeiro levará
e em produtos infantis
metamorfose completa.
o número de meses igual à quantidade de
pelas asas vermelhas e
Considerada graciosa e delicada, o dese-
pintas para aparecer.
pintinhas pretas, as joaninhas nem sempre
nho da joaninha é um dos mais requisitados
se apresentam nessa cor. Podem variar
atualmente pelas mulheres que desejam
característica das joaninhas — espe-
entre tons amarelos, laranjas e vermelhos
se tatuar. Entre os seus significados estão
cialmente da espécie Harmonia axyridis
com diferentes quantidades de máculas
proteção, felicidade, sorte, amor, amizade
— também é o fato de se alimentarem
negras — como são chamados os pontos
e boas ações realizadas. Mas conta-se que
vorazmente de pulgões (afídeos). No estágio
escuros. A cor vistosa é uma estratégia de
a adoração a ela teve início na Idade Média,
larval, podem devorar de 90 a 370 e, quando
defesa, já que, no reino animal, isso costuma
quando insetos estavam destruindo as plan-
adultas, de 15 a 65 por dia. Por isso, elas têm
indicar veneno. Outra tática que utiliza para
tações. Para afastar esse mal, os fazendeiros
sido empregadas como agente de con-
se proteger é a liberação de uma substância
católicos rezaram à Virgem Maria a fim
trole biológico dessa praga. Essa espécie,
de cheiro desagradável.
de pedir ajuda e foram agraciados com as
apelidada de joaninha-asiática devido à
joaninhas, que devoraram as pragas e salva-
sua região de origem, foi introduzida em
souros, a Coleoptera, as joaninhas medem
ram as plantações. Segundo essa versão, os
diversos países a partir do início do século
até dez milímetros de comprimento e pos-
proprietários teriam nomeado esses insetos
20 e chegou à América do Sul (Argentina)
suem dois pares de asas — um fino e outro
de “the beetles of Our Lady” (os besouros de
nos anos 1990. No Brasil, dados indicam o
mais externo e resistente, os élitros. Este
Nossa Senhora), expressão que se modifi-
seu aparecimento pela primeira vez há dez
último par exibe a cor vibrante e serve para
cou com o passar do tempo até os nomes
anos. Entretanto, apesar de sua eficácia no
proteção. Suas antenas exercem funções
pelos quais são conhecidos hoje na língua
controle de pulgões, a Harmonia axyridis
sensoriais para a localização espacial, de
inglesa: ladybeetle, ladybug ou ladybird. Na
pode ocasionar decréscimo nas populações
alimentos e de parceiros reprodutivos. Para
cultura chinesa, diz-de que esses insetos re-
de outros insetos da sua família nativos da
Pertencentes à mesma ordem dos be-
Para agricultores e biólogos, a principal
região e se tornar uma praga em casas e pomares de árvores frutíferas como uvas, maçãs e framboesas. Então, são necessários mais estudos sobre a espécie para utilizar seu potencial de biocontrole e, ao mesmo tempo, atenuar seus efeitos negativos.
Biologia Nome científico: Harmonia axyridis Nome popular: joaninha-asiática Reino: Animalia Filo: Arthropoda Classe: Insecta Ordem: Coleoptera Família: Coccinellidae Distribuição geográfica: espécie nativa da Ásia, introduzida em diversos países Fontes consultadas: http://ri.uepg.br:8080/ riuepg/bitstream/handle/123456789/631/ ARTIGO_HarmoniaAxyridis.pdf?sequence=1 Biólogo Lawrence Ikeda 70 ecoaventura l PESCA ESPORTIVA, MEIO AMBIENTE E TURISMO
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[ meio ambiente ]
Folia na superfície, caos submerso Ao percorrer avenidas e praias, o Carnaval avança mar adentro. E os vestígios da folia, que se repete em menor escala pelo resto do ano, refletem um modelo insustentável de turismo. Na contramão do percurso dos trios elétricos, entretanto, um grupo de amigos busca — mais do que lixo — despertar a consciência de que é preciso ser mais intransigente Por: Bárbara Blas
Além de latinhas e garrafas PET, é comum os surfistas encontrarem camisinhas, cuecas, calcinhas, celulares, óculos, fraldas descartáveis, absorventes femininos e sapatos
foto: inácio teixeira
A
paixão de um grupo de surfis-
do tempo deixou de ser dedicado à bus-
dade de resíduos depositados no fundo
tas pelo mar, há algum tempo,
ca das melhores ondas e foi preenchido
do mar e verificaram que, em um deter-
é incomodada por latinhas,
pela procura de lixo.
minado canal, havia uma concentração
garrafas e outros objetos que
A ideia nasceu em Salvador dez dias
de mais de 1.500 latinhas metálicas e
compõem uma face do Carnaval que nin-
após o Carnaval de 2010, quando três
garrafas plásticas. “Da superfície, o vi-
guém quer ver. O importuno deu início, há
amigos resolveram mergulhar na praia
sual se parecia com as imagens aéreas
três anos, a um projeto para o qual parte
do Farol da Barra para avaliar a quanti-
que vemos dos blocos de Carnaval. Só
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que, em vez de estarem pulando, dançando e se beijando ao som frenético e ensurdecedor dos trios elétricos, os foliões do fundo do mar estavam rolando de um lado para o outro em uma mórbida coreografia, empurrados silenciosamente pelo balanço do mar, sem dança, sem alegria, sem vida e sem poesia”, descreve o idealizador do projeto, Bernardo Mussi, em seu blog. Diante do cenário assustador, o grupo captou imagens com o objetivo de denunciar a situação em algum veículo de comunicação. Sem nenhum retorno, os três e mais um amigo decidiram retirar o lixo a fim de evitar um estrago maior. Duas pranchas e alguns sacos eram seus únicos instrumentos de trabalho. A ação inspirou Bernardo a escrever um post em seu blog chamado “O fundo da folia”, que teve grande repercussão e deu nome ao projeto. foto: inácio teixeira
“ ”
foto: Bernardo Mussi
Latas de cerveja e similares representam muito mais que apenas lixo no fundo do mar. Elas revelam graves problemas na gestão pública, na educação e saúde da nossa gente - Bernardo Mussi Desde então, Bernardo, em seus mer-
anos e vias públicas”, defende Bernardo.
gulhos regulares a lazer, monitora o lixo
Embora o ativista acredite que a prefeitu-
no fundo do mar entre o Farol da Barra e
ra tem se esforçado ao tentar minimizar
o Forte São Diogo. “Quando se acumula
o problema, especialmente no Carnaval,
uma quantidade razoável, combinamos
ele acredita que são necessárias medidas
para realizar a ação. Não é algo plane-
restritivas que evitem o descarte do lixo em
jado, a não ser durante o verão e, prin-
vias públicas e de qualquer maneira.
cipalmente, após o Carnaval, quando a
Ações como essa mostram a necessi-
situação fica muito complicada”, explica.
dade de se rever alguns conceitos para
Só nos três primeiros meses deste ano,
evitar tantos danos ao meio ambiente e
foram mais de 2.000 latas e 600 garra-
ao patrimônio histórico e cultural da cida-
fas PET recolhidas pelo Fundo da Folia.
de. Salvador, de fato, merece seu posto
A ação é voluntária e não está atrelada
de um dos principais destinos turísticos
a nenhuma ONG, ao poder público ou à
nacionais e de “capital do Carnaval”, mas
iniciativa privada: como amantes da natu-
esse grave problema ambiental precisa
reza, o grupo faz questão de ater-se exclu-
ser tratado com maior importância.
sivamente à causa ambiental. Mais do que
Ainda no período colonial, os portu-
recolher os objetos descartados de modo
gueses resolveram construir fortes para
inadequado, o objetivo é provocar medidas
proteger o mar contra invasores. Mas
que evitem que eles cheguem ao mar. “Não
uma vez que o inimigo atual fantasia-se
adianta catar lixo a vida inteira. O certo, o
de folia para agir sem limites, até quando
mais inteligente e socialmente positivo é
as bases de concreto conseguirão prote-
fazer com ele não chegue às praias, oce-
ger esse mar? ecoaventura 73
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[ técnica ]
O amarelar das folhas em algumas regiões brasileiras anuncia o início do outono [estação que, no hemisfério Sul, começa em 21 de março e finda em 19 de junho]. É quando principia uma das épocas mais produtivas para a pesca esportiva do Black bass POR: MARCEL NISHIYAMA (TCHEL) | FOTOS: INÁCIO TEIXEIRA | ILUSTRAÇÕES: KID OCELOS
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[ técnica ]
T
emperatura agradável, espéci-
cançavam temperatura acima de 25ºC, o
mes fortes e ativos — além de
que dificultava a retenção de boa quanti-
fácil leitura em seu padrão de
dade de oxigênio e, como consequência,
captura: esses são alguns dos
fazia o peixe alimentar-se e movimentar-
motivos que fazem do outono uma das
-se menos, principalmente nos horários
épocas mais esperadas pelos aficiona-
mais quentes do dia.
dos da pesca do Black bass no Brasil.
Agora, os espécimes de Black bass
Confira dicas para turbinar a sua pesca-
começam a aumentar o seu ritmo ali-
ria em represas e grandes lagos durante
mentar e passam a migrar gradativa-
esse período que, para efeito didático,
mente, em pequenos cardumes, das
dividimos em três fases.
altas faixas de profundidade — onde
FASE 1
buscaram condições mais confortáveis durante o verão — para faixas mais rasas. Além disso, com o fim das fortes
É a transição com o verão — época na qual se inicia o fim das altas temperaturas
chuvas, há menos oscilação da água, o que facilita a localização do peixe.
e das fortes chuvas nas regiões Sul, Sudeste e parte do Centro--Oeste. Nessa fase, a temperatura da água começa a ficar gradativamente mais confortável para o Bass — embora não seja ainda a ideal. Na estação anterior, as águas al-
POSICIONAMENTO DO BLACK BASS EM REPRESAS E LAGOS DURANTE A FASE 1
Verão • Nos horários com temperaturas mais altas, o Black bass situa-se entre 4 e 10 metros de profundidade • Nos horários com temperaturas mais amenas, entre 4 e 1 metro
Início do outono • Horário com temperaturas mais altas, entre 3 e 7 metros de profundidade • Horário com temperaturas mais amenas, entre 3 e 1 metro
Trabalhos mais efetivos
Nessa fase, durante os horários mais quentes, rigs com trabalho lento, além de trabalho na meia-água, como no sink, neeko rig, jig wacky e down shot são ótimas opções. Já nos horários com pouco sol, as iscas rápidas, tais como os crankbait e spinnerbait, são mais indicados.
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Soltar o peixe rapidamente garante a sua integridade
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[ técnica ]
O split shot é um rig que rende ótimas capturas, tanto no raso quanto no fundo
FASE 2
atacam uma isca, não o fazem para defender seu ninho, e sim com o objetivo
Nessa fase, a água, em geral,
de caçar. Em vista disso, aconselha-se a
apresenta-se na temperatura ideal, ou
utilizar iscas com tamanhos e cores simi-
seja, abaixo dos 25ºC, em grande parte
lares aos das suas presas.
das regiões brasileiras. É por esse motivo
Durante a fase 2, o Black bass é en-
que se torna possível encontrar o Black
contrado encardumado e movimenta-se
bass em uma faixa de profundidade
constantemente atrás dos cardumes de
mais rasa do que a fase anterior. Nesse
forrageiros. Pode ser visto suspenso na
período, os espécimes alimentam-se
meia-água ou em locais rasos, como fun-
durante todo o dia com a finalidade de
do de grotas, drops e espraiados, onde
acumular energia para o inverno, que
consegue encurralar com mais facilidade
virá em seguida. Isso intensifica o seu
as suas presas.
comportamento agressivo, e a briga fica mais vigorosa.
Rigs com pouco ou nenhum peso são indicados, tais como no sink, neeko, jig wa-
Trata-se de uma época excepcional
cky e split shot, pois conseguem nadar mais
para os pescadores esportivos, só com-
naturalmente em locais rasos e também
parável à primavera — estação na qual
na meia-água. Mas, pelo fato de o Bass
o Black bass se reproduz. Mas, diferen-
alimentar-se ativamente nesse período, is-
temente do que acontece em uma fase
cas rápidas como crank bait e spinnerbait
específica dessa estação, os espécimes,
podem aumentar o número de capturas e,
na fase 2 do outono, não apresentam
consequentemente, as chances de fisgar
comportamento territorialista e, quando
espécimes de maior porte.
As dicas passadas nesta matéria serão mais efetivas quando a pescaria for realizada em represas ou em lagos mais profundos — locais onde o Black bass movimenta-se em busca de zonas com oferta de alimento, condições de temperatura, oxigênio e pH. mais favoráveis à sua sobrevivência
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O wacky ĂŠ um rig de trabalho lento indicado para locais rasos
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[ técnica ]
Espécimes fortes e sadios são características do Black bass no outono
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FASE 3
dor observador conseguirá achar o melhor padrão de alimentação do peixe no dia e conseguirá capturar uma quantidade
Com energia acumulada e temperatura em queda, o
considerável de espécimes a mais que outros pescadores.
Bass começa a migrar gradativamente para águas mais
Trata-se, além disso, de excelente fase para iniciantes na
profundas, onde há menor variação de temperatura, com o
pesca com sonar.
objetivo de preparar-se para o inverno. Nessa fase, a sua atividade alimentar começa a diminuir, mas, ainda assim, é possível realizar ótimas pescarias. A principal dica nesse período é trabalhar as iscas de
O spinnerbait varre grandes áreas em pouco tempo, o que aumenta o número de capturas quando o peixe está ativo
forma mais profunda e lentamente em braços de represa, grandes lagos, grotas e drops. Entretanto, arremessos com iscas rápidas também trazem bons resultados. Embora seja uma época relativamente fácil para a pesca do Bass, não deixa de ser uma ótima oportunidade para aprender ainda mais as estratégias esportivas. Um pesca-
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FOTO: INテ,IO TEIXEIRA
[ biologia ]
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Peixes sentem dor?
A questão é polêmica. Para respondê-la, explicaremos alguns conceitos — de biologia e técnicas de pesca —, que podem acalmar as acirradas discussões entre aqueles que defendem o pesque e solte e os que são contra POR: LAWRENCE IKEDA | ILUSTRAÇÕES: KID OCELOS
E
studos recentes de biólogos
ação da fisgada, não sejam resultados
Isso indica que a própria natureza é
neuroanatomistas
dos estímulos da dor, e sim da necessi-
um local bastante agressivo, mas, por
dade de fuga e sobrevivência.
outro lado, o grau de recuperação dos
demonstra-
ram que, sim, os peixes sentem
Ao analisarmos essa questão pelo viés
ferimentos sofridos pelos peixes é bem
concluíram que o córtex — local no inte-
biológico, é importante lembrar que a
elevado. Em média, um machucado de-
rior do Sistema Nervoso Central, onde o
maioria dos peixes predadores se alimen-
mora por volta de 10 a 15 dias para ser
estímulo da dor é interpretado — é pouco
ta de outros peixes, de crustáceos, molus-
cicatrizado, seja ele provocado por uma
desenvolvido e delgado nos peixes, e não
cos e equinodermos — animais repletos de
estrutura anatômica ou por um anzol. E,
é possível afirmar que, tal qual acontece
estruturas anatômicas perfurantes, como
se o ambiente aquático é um poderoso
com os humanos, os sentimentos de so-
ossos, espinhos e armações pontiagudas
veículo de contaminação, repleto de ví-
frimento e angústia estejam presentes
e cortantes. Em outras palavras, ao se ali-
rus, fungos e bactérias, o mecanismo de
ou ausentes. Por isso, especula-se que
mentarem em ambiente natural, é comum
autodefesa dos peixes, no decorrer da ca-
os saltos e o longo nado, decorrentes da
que os espécimes se machuquem.
deia evolutiva, tornou-se muito eficiente.
OS PEIXES TENTAM SE LIVRAR DO ANZOL PARA SOBREVIVER, E OS SALTOS SÃO DECORRENTES DE SEU INSTINTO DE SOBREVIVÊNCIA — NÃO COMO REAÇÃO À DOR
FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
dor. Entretanto, as pesquisas
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[ biologia ] E O PESQUE E SOLTE, É VÁLIDO? FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
Com técnicas existentes de manipulação do pescado e de montagem do material de pesca, não há motivos para acreditar — e muito menos incentivar — que os espécimes fisgados devam ser sacrificados porque estariam fadados à morte, sobretudo se o equipamento for equilibrado de acordo com a espécie e tamanho estimado do peixe-alvo. Portanto, entre um material pesado, que irá rebocar o peixe, ou muito leve, que irá desgastar suas energias vitais, opte pelo equilíbrio.
Matrinxã mordido por Piranha
FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
ESTUDOS REVELAM QUE O ÍNDICE DE SOBREVIDA DO PEIXE SOLTO DE MANEIRA ADEQUADA PODE SER SUPERIOR A 90%
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Black bass, que engoliu a artificial, foi fisgado instantes depois
FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
FOTO: MARCEL NISHIYAMA (TCHEL)
Black bass atacado por Traíra
ILUSTRAÇÃO: KID OCELOS
O SISTEMA NERVOSO NOS PEIXES Como em qualquer outro vertebrado, o sistema nervoso nos peixes é formado pelo Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). Este último possui funções somáticas (geralmente consciente) responsáveis por integrar e transmitir informações de todos os órgãos sensitivos ao SNC e, deste, aos músculos estriados. Também tem funções autonômicas, geralmente inconsciente, que controla a eficiência e o funcionamento ordenado e correto das vísceras (musculatura lisa), sistema circulatório e respiratório, além
das glândulas. Isso tudo funciona por meio da integração e do equilíbrio estabelecido pela ação dos nervos parassimpáticos e simpáticos.
por dez feixes de nervos craniais (NC). A continuidade do encéfalo se faz pela medula espinhal, que percorre todo o canal neural das vértebras.
O SNC é constituído por encéfalo e medula espinhal. É no encéfalo — localizado dentro do crânio e formado de lobos ou bulbos — que se concentram as funções de recepção, decodificação dos estímulos e comando das atividades do indivíduo. A comunicação entre encéfalo e os demais órgãos e tecidos é dada
Inserido nesse complexo sistema nervoso, estão as células, chamadas de nociceptores, que são receptores cutâneos e subcutâneos originados a partir de alguns gânglios de nervos. Estão distribuídas por todo o corpo do peixe e dão a ele a percepção de estímulos nocivos, que potencialmente podem causar dor.
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[ biologia ] FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
Essa questão polêmica, em vez de causar alarde, deve concentrar a atenção de pescadores esportivos para o correto manuseio do peixe e a realização adequada de sua soltura. Vale ressaltar a importância de manter o peixe dentro da água para o anzol ou a garateia serem retirados, o que evita o ressecamento da pele, além de diminuir o stress do animal. Além disso, é fundamental não tocar em suas brânquias para evitar a contaminação desse órgão. Se for embarcar o peixe, existem variados e modernos equipamentos de contenção, como os alicates, mas o seu uso deve ser feito de forma correta, a fim de não afetar as estruturas bucais e a coluna vertebral. A dica é apoiar o peixe sobre as mãos molhadas e segurá-lo na região da nadadeira peitoral ou no pedúnculo caudal, o que previne perfurações e compressão de veias, artérias e demais órgãos internos. Na soltura, posicionar o peixe no sentido contracorrente, para que o fluxo d’água passe pela boca e narinas do animal
Forma correta de manusear o peixe
ILUSTRAÇÃO: KID OCELOS
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FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
Para peixes de grande porte, é indicado que se faça a foto com o peixe dentro da água para evitar a quebra do empuxo (pressão hidrostática exercida sobre o corpo do peixe, que mantém seus órgãos em posição anatômica natural) e não afetar seus órgãos internos
O procedimento entre a retirada do pei-
tório. Sempre posicione o peixe no sentido
xe e a soltura deve ser o mais breve pos-
contracorrente, de forma que o fluxo de
sível — e feita de forma tranquila — para
água passe pela boca e pelas narinas do
neutraliza a agressão, e a preservação das
evitar danos na pele e no sistema respira-
animal. Com essas ações, a esportividade
espécies fica garantida.
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saúde
Alimentação que faz a diferença Não é novidade que o nosso corpo precisa de energia para executar todas as suas funções, tampouco que é necessário ingerir mais energia quando se pratica uma atividade física. Mas o que exatamente devemos consumir mais ou menos? É nessa área que atuam os nutricionistas esportivos, capazes de ajudar atletas profissionais e amadores a melhorarem seu rendimento por meio de uma dieta adequada POR: BÁRBARA BLAS | FOTOS: INÁCIO TEIXEIRA
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M
esmo com o conheci-
da imunidade, o aumento do risco de
mento de que muitas
lesões e a redução da massa muscular.
atitudes cotidianas
“Na falta da energia necessária e, prin-
com relação à ali-
cipalmente, de carboidratos, o organis-
mentação são prejudiciais à saúde,
mo vai buscar outras fontes, como as
são comuns alguns vícios como pular
proteínas e gorduras, portanto, pode
refeições, abusar de frituras, refrigeran-
tirar energia do sistema imunológico
tes e bebidas alcoólicas, comer menor
e/ou músculos”, afirma a nutricionista
quantidade de frutas e verduras do
esportiva Maria Luisa Bellotto.
que o necessário etc. Para qualquer
Com relação aos carboidratos, é
pessoa que pratica atividade física, ter
preciso modificar o conceito equivocado
uma alimentação desequilibrada — ou
de que são inimigos. Na verdade, eles
mesmo ficar muitas horas sem co-
se transformam em açúcar e fornecem
mer — pode acarretar em rendimento
grande parte da energia ao organismo.
inferior ao desejado e causar hipogli-
Portanto, a sua ingestão deve corres-
cemia (quando o nível de açúcar no
ponder a 60% do valor calórico total da
sangue cai e provoca mal-estar, tontura
refeição (VCT). Já as proteínas devem
e desmaio). Além disso, dependendo
ser consumidas entre 10 e 15% do VCT
da intensidade e regularidade dos
e as gorduras devem equivaler a 20%,
exercícios, a dieta inadequada pode
sem se esquecer das fibras, vitaminas e
ter como consequências a diminuição
minerais [veja box grupos alimentares].
Grupos alimentares Carboidratos: fornecem grande parte da energia de que o corpo precisa ∙ pão (branco ou integral), bolos simples, bolachas, cereais, arroz, macarrão, batata, frutas Proteínas: são nutrientes construtores, responsáveis pela produção de hormônios, sistema imunológico, entre outras atividades orgânicas ∙ queijo, ovo, leite, leguminosas (ervilha, feijão), carne, peixe, frango, embutidos Vitaminas e minerais: fundamentais para o sistema de produção de energia ∙ frutas, verduras Fibras: ajudam a controlar a liberação insulínica desencadeada pelo consumo de carboidratos ∙ cereais, frutas, alimentos integrais Gorduras: de forma geral, não é preciso se preocupar com a ingestão desse grupo, pois já está presente em outros alimentos ∙ carne, óleo de cozinha, margarina, manteiga, azeite
As frutas são alimentos bem completos: possuem carboidratos, fibras, vitaminas, minerais e muita água
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saúde No dia da pescaria Cada refeição deve conter 60% de VCT (valor calórico total da refeição) de carboidratos, 10 a 15% VCT de proteínas, 20% VCT de gordura, além de fibras, vitaminas e minerais. Veja algumas sugestões da nutricionista esportiva Maria Luisa Bellotto para o dia da pescaria: Café da manhã • Carboidratos: pães (dar preferência aos integrais, que contêm fibras, proteínas e vitaminas do Complexo B), bolos simples, bolachas e cereais • Proteínas: queijos, ovos, leite e embutidos magros (como peito de peru) • Frutas: in natura, vitaminas e sucos (da fruta inteira e com casca, quando possível) Almoço • Levar frutas, barras de frutas (têm em sua composição frutas secas compactadas como a banana, e não só cereais como as barrinhas tradicionais), sucos, bolachas e bolos simples a. Almoço tradicional, respeitando as porcentagens de cada grupo alimentar exemplo: arroz, feijão, bife, frango ou peixe, salada e fruta Caso o pescador não queira ou não seja possível almoçar, um lanche balanceado suprirá as necessidades energéticas. O que não se deve fazer, em hipótese nenhuma, é pular a refeição
b. Nos dias de pescaria, o almoço tradicional pode ser substituído por um lanche equilibrado exemplo: sanduíche com salada no pão e frios (de preferência magros, como o peito de peru), omelete ou atum + fruta c. Peixe grelhado + fruta
Quando questionada sobre a alimentação do pescador nas incursões, Maria Luisa explica que esse ramo da nutrição
d. “Bentô” (marmita japonesa com sushi e carne ou frango fritos ingeridos frios que tem ganhado popularidade entre os pescadores) + fruta
tenta se adaptar à rotina do atleta e, como a pescaria não é um dia de rotina, a troca do almoço habitual por um lanche não ocasionará grandes problemas nutricionais. “Ficar muitas horas sem comer durante o dia de pesca ou não se hidratar suficientemente são muito mais graves”, argumenta. A especialista alerta, ainda, que um dia alimentar
Jantar • Devem ser respeitadas as porcentagens de cada grupo alimentar • Não é recomendado comer demais à noite com a desculpa de compensar o que gastou ou o que não comeu durante o dia • Os carboidratos ajudam a repor rapidamente a energia do organismo • Exemplo: macarrão, arroz e feijão, batata; uma carne ou frango; salada; fruta
adequado apenas não terá importância significativa, portanto, o ideal é uma reeducação alimentar, que é aprender a comer de maneira saudável para o resto da vida e serve para todos os indivíduos, atletas e sedentários.
Com o estômago vazio, a possibilidade de enjoos é muito maior. Por isso, a dica é se alimentar antes da pescaria e, caso sinta os sintomas durante a incursão, comer carboidratos simples, como bolacha sem recheio e pão
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Um café da manhã reforçado que inclua carboidratos, proteínas e frutas é o ideal
Dicas • Comer bem durante a semana anterior à pescaria • Hidratar-se ao longo do dia, mesmo em dias mais frios. Isso ajuda na performance, já que permite a manutenção dos níveis de água da corrente sanguínea (o que evita quedas de pressão), regula a temperatura do corpo, além de a água participar da produção de energia • Comer a cada 3 ou 4 horas, no máximo • Não pular refeições • Levar frutas, barras de frutas, frutas secas, sucos, bolachas e bolos simples, sanduíches de frios magros/ovos/atum • Atenção para a conservação adequada dos alimentos • O álcool em excesso atrapalha a atenção, a coordenação motora etc., mas uma dose apenas não traz grandes problemas • O ideal é que o jantar não demore muito após o término da pescaria, e a falta dele certamente irá diminuir o rendimento no dia seguinte
O jantar também deve ser variado, mais sem exageros
• Para assegurar uma boa digestão, após um almoço tradicional, é preciso esperar pelo menos duas horas para retorno à pescaria, e 30 minutos se ingerir um lanche
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radar
Menos peixes nas águas paulistas ocorreu devido à melhora na coleta de
ser reflexo de uma crise global do setor,
Estado de São Paulo. A afirmação feita
dados ou se, de fato, a produção tem
já que vários estudos internacionais
pelos pescadores artesanais é confir-
sido maior nas outras regiões.
apontam para esse quadro causado pela
2011 foi o pior ano da pesca no
mada pelo Instituto de Pesca de São Paulo: as 20,5 mil toneladas de peixes
De qualquer forma, especialistas afirmam que a situação em São Paulo pode
desembarcadas no ano passado foi a
sobrepesca, poluição e degradação dos ecossistemas marinhos. FONTE: O ESTADO DE SÃO PAULO
menor quantidade dos últimos 45 anos. Foram 20% menos peixes que há dez anos e 60% menos que há 20 anos. O motivo dessa queda drástica, segundo os caiçaras, é a atuação dos barcos industriais e, para reverter o problema, alguns sugerem uma trégua, a exemplo da que acontecera com a Sardinha-verdadeira, que, após dois colapsos, na década de 1990 e em 2000, foram estabelecidos dois períodos de defeso. Em contrapartida, foi notado um crescimento pesqueiro no Norte e no Nordeste e estabilização no Sul, mas não se sabe se esse cenário positivo FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
Pescadores podem informar sobre peixes marcados em Itaipu entre o rio Paraná e o reservatório. O conta-
peixes migradores, como o Dourado, a
que fisgar um peixe com marcador (pe-
to pode ser feito pelo telefone 0800-6452002
Piapara, o Pintado, a Curimba, o Piau e
queno dispositivo de identificação) no lago
ou por correspondência, sem custo, para
o Pacu, e a colaboração dos pescadores
de Itaipu e rios da região é incentivado a
a Caixa Postal 2001, CEP 85866-900, Foz
é fundamental, pois, a partir dos dados,
comunicar à Itaipu Binacional o número da
do Iguaçu-PR. Outras informações, como
será possível ajustar ou promover novas
marca, local e data da captura. O objetivo
o peso e o tamanho do peixe, bem como o
ações para a preservação dessas e outras
da medida é auxiliar no monitoramento da
tipo de material usado na captura, também
espécies. O projeto está sendo divulgado
rota de migração das espécies e para a veri-
são desejáveis. Além de contribuir com a
na região por meio de cartazes e tem o
ficação da eficiência do Canal da Piracema
biodiversidade, o pescador receberá em
apoio da Cesp (Companhia Energética
de Itaipu — projetado para que os peixes
casa um brinde-surpresa.
de São Paulo) e da entidade binacional
A partir de 29 de fevereiro, o pescador
possam vencer o desnível de 120 metros
Na região, há inúmeras espécies de
Yacyreta (Argentina e Paraguai). FONTE: ITAIPU BINACIONAL
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Instituto Chico Mendes continua a existir Em março deste ano, o STF (Supremo
o Chico Mendes. A Asibama alegou que
Tribunal Federal) decidiu manter a lei
o instituto era ilegal porque a medi-
que valida a criação do ICMBio (Instituto
da provisória (MP) 366/2007, que deu
Chico Mendes de Conservação da Biodi-
origem à lei de sua criação, não foi apre-
versidade). Instituído em agosto de 2007
ciada por uma comissão mista formada
e vinculado ao Ministério do Meio Am-
por deputados e senadores, conforme a
biente com a finalidade de propor novas
exigência do artigo 62, parágrafo 9º da
Unidades de Conservação e administrar
Constituição Federal.
as existentes no Brasil, o ICMBio teve
Caso o ICMBio fosse fechado, isso
sua legalidade questionada em fevereiro
abriria um precedente para todas as
de 2008 pela Asibama (Associação Na-
MPs já votadas e que não passaram por
decer ao artigo 62, parágrafo 9º, porém,
cional dos Servidores do Ibama) por meio
uma comissão mista. Então, a partir de
a decisão não é válida para as MPs já
de uma ADI (Ação Direta de Inconstitu-
8 de março de 2012, a tramitação de
convertidas em lei e as que estão em
cionalidade) à Lei 11.516/2007, que criou
novas MPs no Congresso terá de obe-
tramitação no Legislativo.
FONTE: STF
Estudo indica que mergulho turístico não afeta Tubarões FONTE: ALPHAGALILEO
a longo prazo e a longa distância dos
da espécie. Além disso, matar Tubarões
animais silvestres em atividades ecoturís-
Tubarões-tigre em resposta ao mergulho
para retirar suas barbatanas — muito
ticas seja uma questão controversa, um
turístico. Ao acompanhar duas popula-
utilizadas para uma sopa asiática — está
estudo com Tubarões-tigre (Galeocerdo
ções, uma próxima a Flórida — onde os
causando um declínio da população
cuvier) aponta que, como o mergulho
ecoturistas são proibidos de alimentar
mundial e traz um retorno financeiro às
turístico para ver Tubarões traz benefícios
Tubarões — e outra na região das Baha-
economias locais muito inferior ao mer-
econômicos e à conservação, não deve ser
mas — na qual a prática é amplamente
gulho turístico.
impedido, pelo menos até que dados rele-
utilizada —, a hipótese de que os das
vantes comprovem que seja prejudicial.
Bahamas teriam movimentos mais limi-
que dá alimento: usando tecnologia de
tados próximo à área de mergulho não
satélite para avaliar os efeitos do ecoturis-
de Miami, nos Estados Unidos, fizeram
foi comprovada. Desse modo, segundo
mo para Tubarões-tigre” foi publicado na
uma marcação (tagging) por satélite
uma das autoras, a alimentação pelos
Functional Ecology, da Sociedade Ecológi-
para examinar o padrão de movimentos
ecoturistas não afeta o comportamento
ca Britânica, em março deste ano.
Embora o uso de comida para atrair
Cinco pesquisadores da Universidade
O estudo intitulado “Não morda a mão
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folhas, flores e frutos
Faça chuva ou faça Sol, lá está o mandacaru Um dos formadores da paisagem típica do Nordeste — pela adaptação característica dessa planta para suportar longos períodos secos —, esse cacto possui diversas utilidades pouco conhecidas em outras regiões POR: BÁRBARA BLAS | FOTO: INÁCIO TEIXEIRA
S
obre as rochas e solos mais secos do semiárido nordestino brota o mandacaru — cacto com aparência rústica e
espinhos rígidos, os quais, apesar da aparência hostil, são essenciais para a sua sobrevivência, pois absorvem a umidade do ar. Desse modo, a planta não depende do solo umedecido pelas chuvas. Seu caule armazena a água para aguentar os
caprinos, ovinos e bovinos. Por suportar
pessoas a descobrirem sua força interior
longos períodos de seca, embora não seja
longo tempo sem ser regado e não sujar
em momentos de solidão. Além disso,
possível bebê-la ao cortar ou espremer o
o ambiente com folhas caídas, ele tem
também representam persistência, pois
cacto, como nas lendas, filmes de faroeste
sido utilizado como ornamento. Além
apesar de todas as dificuldades, são capa-
e desenhos animados. Atinge entre três e
disso, há relatos de suas propriedades
zes de produzir flores e frutos admiráveis.
sete metros de altura e suas ramificações
medicinais como cicatrizante, contra
lhe dão o formato de candelabro, motivo
resfriados e tosse, escorbuto (doença
pelo qual foi incluída no gênero deno-
desencadeada pela carência de vitamina
minado Cereus, que, em latim, significa
C) e distúrbios renais.
vela. Segundo a crença regional, quando
O fruto vermelho de polpa branca,
dá flores, é porque vem chuva no sertão,
carnosa e suculenta com pequenas
como conta o Rei do Baião — o cantor e
sementes pretas serve de alimento para
compositor pernambucano Luiz Gonzaga
a fauna silvestre. Levemente adocicado,
— na música “Xote das Meninas”. Aliás,
porém sem muito sabor, também é con-
a flor só desabrocha à noite e dura apenas
sumido pelas populações regionais, mas
um período noturno. Ao amanhecer, elas
não é explorado para fins comerciais.
começam a murchar. Na seca, devido à escassez de comi-
Quanto à sua simbologia, os cactos, de forma geral, são considerados protetores
da, o madacaru é utilizado pelos agricul-
e purificadores de ambientes e, como
tores para alimentação dos rebanhos de
vivem isolados, conta-se que ajudam as
Biologia Nome científico: Cereus jamacaru Família: Cactacea Distribuição geográfica: Nordeste brasileiro Nomes populares: mandacaru, mandacaru-de-boi, mandacaru-facheiro, mandacaru-defaixo, jamacaru, jamaracuru, jumucuru, jumarucu, cardeiro, cumbeba e urumbeba Frutificação: fevereiro a setembro Fontes consultadas: www.scielo.br/pdf/rbfar/v20n4/v20n4a03.pdf redalyc.uaemex.mx/redalyc/ pdf/1699/169916220003.pdf Biólogo Lawrence Ikeda
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