Vencedores do VII Prêmio Hugo Werneck

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"Veremos uma era extraordinariamente maravilhosa para a humanidade. Mas isso terá um preço. Será o preço da paz."

Contribuição energética

O RECADO DO ETANOL

FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES

Agenda prioritária do setor sucroenergético brasileiro pode contribuir para o governo brasileiro cumprir o Acordo de Paris

André Rocha; José Carlos Carvalho; Jadir Oliveira e Mônica Santos, respectivamente gerentes de Meio Ambiente e de Comunicação da Siamig; e Bertholdino Apolônio, gerente de Sustentabilidade da Usina Coruripe l O setor abrange cerca de 370 unidades produtoras e mais de 1.000 municípios com atividades vinculadas à indústria sucroenergética no país.

l Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar (responde por 20% da produção global e 40% da exportação mundial) e o 2º maior produtor de etanol.

l Mais de 950 mil empregos formais diretos na

l Frota de 25 milhões de automóveis (70% da frota de

produção e 70 mil produtores rurais de cana-deaçúcar independentes.

veículos leves) habilitados a utilizar qualquer combinação de gasolina e de etanol – os chamados veículos flex.

l US$ 8,5 bilhões em divisas externas em 2015 (2º

l Consumo de etanol reduziu a emissão de gases de

segmento na pauta de exportação do agronegócio brasileiro).

efeito estufa (GEE) em mais de 350 milhões de toneladas de CO2eq entre março de 2003 e meados de 2016.

l Valor bruto movimentado pela cadeia

l 1ª fonte de energia renovável do país (15,7% da matriz

sucroenergética supera US$ 100 bilhões por ano, com um PIB de aproximadamente US$ 40 bilhões (2% do PIB brasileiro).

nacional). Além do etanol, o setor produz energia elétrica, com potencial estimado em 18,8 GW médios até 2024 (equivalente a mais de quatro usinas de Belo Monte).

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1. DIRETRIZ DE LONGO PRAZO PARA OS BIOCOMBUSTÍVEIS l Os compromissos brasileiros assumidos na COP-

21 colocam o setor de energia em posição central e representa sólida referência para a estratégia de longo prazo de investimento nessa área. l É imprescindível uma definição sobre o papel do etanol na matriz de combustíveis do país, seja do ponto de vista do abastecimento doméstico, seja do ponto de vista dos compromissos de redução das emissões de gases de efeito estufa assumidos pelo governo brasileiro durante a COP-21 (21ª Conferência do Clima realizada em Paris). Tais compromissos incorporam o aumento da participação dos biocombustíveis na matriz energética nacional para 18% em 2030.

Essa meta representa um aumento dos atuais 28

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bilhões de litros de etanol combustível consumidos anualmente para 50 bilhões de litros em 2030. Para isso, será necessário construir, aproximadamente, 75 novas unidades produtoras de etanol, gerando 250 mil novos postos de trabalhos diretos, 500 mil empregos indiretos, e com investimentos da ordem de US$ 40 bilhões. Além disso, estima-se uma redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) da ordem de 570 milhões toneladas de CO2eq e um recuo das importações de gasolina em aproximadamente 95 bilhões de litros entre 2015 e 2030 - uma economia de US$ 45 bilhões à balança comercial do país. Assim, há que se adotar ações que tornem possível a aplicação de mecanismos que evitem as frequentes e intensas mudanças de regras do jogo observadas ao longo da última década e as quais afastam os investimentos para expansão da capacidade produtiva.

Confira o conteúdo do documento na íntegra, com as demais diretrizes, no site www.revistaecologico.com.br

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José Carlos Carvalho

FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES

O recado energético

O ex-ministro Carvalho recebendo de André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, o documento-contribuição do setor ao Acordo de Paris: “Sem uma nova revolução industrial, particularmente no campo energético, a humanidade não conterá o aquecimento global”

A Ecológico selecionou, a seguir, os melhores momentos da fala do ex-ministro José Carlos Carvalho na premiação. Ele foi indicado pelo próprio ministro Sarney Filho, que não pôde sair de Brasília em função da crise política e da comoção provocada pela queda do avião da Chapecoense no mesmo dia, para representá-lo. Carvalho deu o seu recado também inspirado em Hugo Werneck. Confira!

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“Só vamos contribuir e construir um país sustentável à medida que caminharmos com mudanças mais profundas na nossa estrutura econômica. O grande debate da sustentabilidade sem mudanças na estrutura e na visão tradicional da economia clássica ou neoclássica, que não incorpora a natureza como valor e que externaliza os custos ambientais, não vai propiciar, nunca, a possibilidade de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. Este é

o momento para se fazer essa discussão. A sociedade brasileira e a planetária precisam ter a compreensão da necessidade dessas mudanças. Por outro lado, em relação ao Acordo de Paris e aos compromissos da MDC brasileira e dos demais países, nós não vamos, jamais, chegar ao objetivo de um aumento médio de 1,5ºC até o fim do século mantendo o atual modelo de desenvolvimento. Pela qual, se afigura absolutamente necessária uma nova revolução industrial, particularmente no campo energético. ETANOL Recebo com satisfação, e farei chegar às mãos do ministro, a proposta do nosso setor sucroenergético. E, a respeito disso, gostaria de dar um exemplo: o Pró-Álcool no Brasil tem 40 anos. Há uns dez anos, o presidente da República viajou o mundo

vendendo o etanol. Até que surgiu a descoberta do pré-sal. A partir dela, o Brasil praticamente enterrou as suas estratégias de energia renovável baseadas no álcool. E pasmem: quando o Brasil começou a divulgar o álcool - e o país hoje é o segundo maior produtor do mundo – como um grande combustível renovável, ele era o primeiro produtor. E nós entendíamos, como estava correto e continua-se achando que está correto, era a oportunidade do Brasil de se tornar uma potência econômica também no campo energético através da produção de álcool para consumo interno e para exportação. Nesses últimos dez anos, os Estados Unidos se tornaram o maior produtor de álcool do mundo e desbancaram o Brasil do primeiro lugar. Teve um período que chegamos a importar álcool dos EUA. Precisamos sair da retórica da sustentabilidade. Não podemos continuar adotando-a apenas como um slogan. Não adianta uma discussão dogmática entre ambientalistas e setor produtivo não levar em conta o conhecimento. Adoramos discutir dogmas e, para cada dificuldade, queremos ter uma lei. O Brasil, em vez de pensar que o problema tem uma natureza e a solução dele requer conhecimento, tecnologia e inovação, achamos que resolvemos com uma lei. Por isso é que temos um extenso portfólio de legislações prolixas e contraditórias, em alguns casos, o que cria um emaranhado de problemas que enfrentamos. Precisamos ter uma nova economia em que o desenvolvimento sustentável não seja uma proposta estéril e infrutífera. Mas que valore os recursos naturais, que internalize os custos da degradação do meio ambiente. AMAZÔNIA Com relação à Amazônia, infelizmente acontece no bioma que acontece na Mata Atlântica. O Brasil está levando para lá praticamente o mesmo modelo de ocupação que ocorreu no Vale do Rio Doce, no início do século 20, e no Vale do Paraíba, no século 19. Não aprendemos com a história nem com nossos erros. Nosso modelo de ocupação territorial continua o mesmo. Estamos no século 21 cumprindo uma agenda do século 19 com relação ao desenvolvimento agropecuário. É isso que temos de mudar. Os índices de desmatamento da

FOTO: GREEN PEACE / DANIEL BELTRÁ

"Toda crise é fonte sublime de espírito renovador para os que sabem ter esperança."

SECA NA AMAZÔNIA: "Se não mudarmos o modelo econômico, não mudamos as consequências"

Amazônia têm aumentado nos últimos dois anos. Celebramos, três anos atrás, a queda das taxas. Mas voltamos a atingir o piso e elas não vão cair mais só com políticas de fiscalização. Se nós não mudarmos as políticas econômicas e de ocupação da Amazônia vai continuar havendo desmatamento. O desmatamento zero vai ser uma quimera. O Brasil é uma das poucas grandes nações do mundo que tem uma fronteira econômica móvel, sobretudo no setor agropecuário, em direção ao Centro-Oeste e à Amazônia. Se não mudarmos o modelo, não mudamos as consequências. Estamos todos aqui impactados pelos acontecimentos envolvendo o time da Chapecoense e esperamos que suas famílias possam ser confortadas. Mas também estamos aqui inspirados pelo dr. Hugo Werneck, que é o nome deste prêmio, que trata de amor numa era em que falar disso é coisa piegas. A nossa sociedade está tão robotizada que, quando falamos de amor, ternura e afeto, parece que estamos falando para extraterrestres. Isso significa que nós temos de mudar o comportamento e as atitudes dos cidadãos, mas também de nós mesmos, para sermos mais fraternos entre nós humanos, e entre os humanos e a natureza. Isso não pode ser outra quimera!”



"A natureza consubstancia o santuário em que a sabedoria de Deus se torna visível. Preservai apurezadasfonteseafertilidadedosolo.Campoajudado,pãogarantido."

1. Destaque Nacional Fernando Meirelles, cineasta

10. Melhor Exemplo em Resíduos Projeto Ciclo Novo, Danone

2. Homenagem do Ano Chico Xavier, médium espírita e filantropo

11. Melhor Exemplo em Mobilização Social Projeto Convivência com a Realidade Semiárida, Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS)

3. Homenagem Especial José Sarney Filho, ministro de Meio Ambiente 4. Melhor Projeto de Parceiro Sustentável Projeto Caminhos do Vale – Usiminas 5. Melhor Parceiro Sustentável José Fernando Coura – SINDIEXTRA – FIEMG 6. Destaque Municipal Projeto Re-Nascer, Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Muriaé

12. Melhor Exemplo em Flora Programa Condomínio da Biodiversidade (ConBio), Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) 13. Melhor Exemplo em Biodiversidade Projeto Sustentabilidade na Vereda, Oi Futuro/Instituto Biotrópicos

14. Melhor Exemplo em Fauna Projeto Alunos do Médio Rio Doce numa Aventura com o Chauá, Aliança Geração Weber Coutinho, gerente de Planejamento Energia/Usina Hidrelétrica Eliezer Batista e Monitoramento Ambiental, Secretaria Municipal de Meio Ambiente de BH 15. Melhor Exemplo em Água Projeto Mutirão de Reflorestamento da 7. Melhor Empresa Cantareira, GED – Inovação, Engenharia Bio Extratus e Tecnologia 8. Destaque Estadual Programa Replantando Vida, Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae)

16. Melhor Exemplo em Educação Ambiental Programa Limoeiro em Ação, Parque Estadual Mata do Limoeiro

9. Melhor Exemplo em Inovação Ambiental Sistema Vetiver, João Henrique Eboli

17. Personalidade do Ano Maria Júlia Coutinho (Maju), jornalista

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Destaque Nacional: FERNANDO MEIRELLES FOTO: DIVULGAÇÃO

Os vencedores de 2016

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MEIRELLES: dividindo com Daniela Thomas e Andrucha Waddington o sustentável e premiado recado das Olimpíadas Rio 2016

Graças ao talento associado de seus dois colegas cineastas Daniela Thomas e Andrucha Waddington, o que Fernando Meirelles criou para a abertura das Olimpíadas Rio 2016, na lua nova de agosto, encantou e mexeu com os corações e mentes de mais de três bilhões de pessoas em 206 países. Grande parte da humanidade foi tocada pela sua mensagem como diretor criativo, um recado de tolerância, respeito e cuidado com a nossa terra mãe gentil. Nunca a nossa história nacional foi mostrada de maneira tão bela, em um estádio como o Maracanã e sob o olhar do Cristo Redentor. Para, assim, contextualmente, entendermos tudo o que aconteceu com o nosso país desde que a primeira árvore de pau-brasil, cujo nome se deriva da palavra “brasa”,

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pela cor vermelha, tombou no chão da nossa ignorância e desamor à natureza, ligando o aquecedor climático. Mente criativa por trás de filmes como “Cidade de Deus”, Fernando Meirelles se autodeclarou, recentemente, não ser mais apenas um cineasta. “Agora sou também um ambientalista.” No vídeo de agradecimento (leia o depoimento completo na pág. 70) apresentado no Prêmio Hugo Werneck, ele também afirmou: “Gostaria de dividir este prêmio com Daniela e o Andrucha, que também criaram e dirigiram a cerimônia de abertura das Olimpíadas. Conseguimos passar a mensagem que queríamos e criamos uma pira olímpica com menos emissão de carbono. Mais de três bilhões de pessoas em todo o planeta viram o nosso recado ecológico”.

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"Adestruiçãodosrecursosdanatureza,mesmoatítulodeprogresso,sefaráseguida poramargasconsequênciasdequeotempotraránotíciasàhumanidadeterrestre."

FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES

FOTO: GUSTAVO LIMA / CÂMARA DOS DEPUTADOS

Homenagem Especial: SARNEY FILHO

HomenagemdoAno:CHICOXAVIER

O ministro de Meio Ambiente foi homenageado por sua atuação histórica na defesa do meio ambiente no Congresso Nacional

Maria Marta Xavier e Célia Diniz, ladeadas pelos jornalistas Luciano Lopes e Cristiane Mendonça, da Ecológico

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O homenageado deste ano já foi eleito, em votação popular, o “Maior Brasileiro de Todos os Tempos”: Chico Xavier. É dele uma declaração, feita em 1971, no programa “Pinga Fogo”, da Rede Tupi, quando o mundo ainda não falava em meio ambiente e sustentabilidade: “A destruição dos recursos da natureza, mesmo a título de progresso, é uma triste tendência dos homens da atualidade. Cremos que semelhante agressão à vida natural se fará seguida por amargas consequências de que o tempo trará notícias à humanidade terrestre”. Segundo revelou Chico, temos diante de nós dois caminhos a seguir. De um lado, a continuidade do desamor à natureza e a nós mesmos. De outro lado, o caminho do amor e da sabedoria. Se escolhido, levará a humanidade à sua mais rápida ascensão espiritual e coletiva. Maria Marta Xavier, sobrinha do médium, e Célia

Diniz, presidente do Centro Espírita Luiz Gonzaga, fundado por Chico em Pedro Leopoldo em 1927, receberam o troféu em nome do médium. “Esta noite nos fez sentir orgulho de sermos brasileiros, mineiros, pedro-leopoldenses e conterrâneos de Chico Xavier”, afirmou Célia. Ela fez, ainda, um apelo político-ecológico que emocionou a todos: “Peço licença para trazer um clamor de minha cidade, que passarei às mãos das autoridades. A revitalização do Açude do Capão e a abertura de uma trilha na mata nativa passando por uma linda cachoeira, em pleno centro da cidade, e que está fechada para o público. Creio ser esta também uma homenagem a Chico Xavier: colocar em condições de visitação o local que ele tanto apreciava e onde lhe apareceu pela primeira vez seu guia espiritual, Emmanuel”. Confira a mensagem climática feita há 50 anos pelo médium brasileiro: goo.gl/Vsa3q3

Em sua segunda gestão à frente do Ministério do Meio Ambiente – a primeira se deu entre os anos de 1999 e 2002 –, Sarney Filho é deputado federal do Partido Verde, eleito pelo Estado do Maranhão. O ministro é um veterano da luta ambiental no Brasil, tendo contribuído para a inclusão do artigo 225, que trata de Meio Ambiente, na Constituição Federal de 1988. Ao longo de seus nove mandatos legislativos, atuou de forma decisiva na discussão e elaboração das proposições mais avançadas na área socioambiental. Criou e coordenou a Frente Parlamentar Ambientalista, formada em parceria com a sociedade civil. Nas últimas legislaturas, municipalista que é, Sarney Filho se destacou pela resistência a várias iniciativas que tramitam no Congresso Nacional com o intuito de desfazer importantes conquistas legais da sociedade brasileira na área ambiental. Isso fez seu gabinete se transformar numa espécie de fortaleza informal da sociedade civil, em defesa da proteção da natureza e na luta contra os retrocessos que têm assombrado os defensores do meio ambiente no país. No seu primeiro mandato, entre importantes iniciativas de dimensão nacional que impulsionaram a política nacional de meio ambiente, merece destaque a regulamentação da “Lei Nacional de Crimes Ambientais”, que instituiu uma legislação

específica para a educação ambiental, a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e da Agência Nacional de Águas (ANA). Em seu segundo mandato, Sarney Filho retomou a iniciativa de criação de novas unidades de conservação, depois de um longo período de inércia governamental nessa área, além do seu empenho no aperfeiçoamento do licenciamento ambiental. Querido e respeitado pelos seus pares como um executivo e companheiro de causa, que gosta de trabalhar em equipe, seu segundo maior desafio agora, em meio à crise política e econômica do país, mantém o mesmo verbo e predicado que o acompanha ao longo de sua carreira: frear o desmatamento na Amazônia, a última grande floresta tropical do planeta. Além de justa homenagem, este reconhecimento do “Prêmio Hugo Werneck” é uma forma de apoiá-lo nessa esperança, que é hoje de toda a humanidade, frente à realidade das mudanças climáticas.

Convocado de última hora pelo presidente Michel Temer para permanecer em Brasília (DF), diante da comoção nacional provocada pelo acidente da Chapecoense, o ministro Sarney Filho enviou uma mensagem em vídeo. Veja no link: goo.gl/zEXh0X


"Por maior que seja a dificuldade, não desanime. O nosso pior momento é sempre o momento de melhorar."

FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES

Melhor Projeto de Parceiro Sustentável CAMINHOS DO VALE - USIMINAS

Aloysio Peixoto, diretor-executivo de Mineração Américas da Gerdau; Rômel Erwin, diretor-presidente da Usiminas; Henrique Hélcio, especialista de Processos da Usiminas; e Rodrigo Perpétuo, secretário-executivo do Secretariado Regional do ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade) para a América do Sul

No meio do caminho de uma grande siderúrgica, no Vale do Aço, havia uma montanha com 2,5 milhões de toneladas de escória de aciaria, acumulados e estocados há anos. Que caminho a empresa optou para dar uma destinação sustentavelmente correta a este seu passivo ambiental? Primeiro chamou as prefeituras de municípios à sua volta e lhes propôs doar a tal montanha de rejeitos, na forma de agregado siderúrgico para a pavimentação de suas estradas rurais, encostas e pontes rudimentares. As prefeituras, em contrapartida, tinham de fazer a sua parte. A mais exigida: preservar os seus recursos naturais, reduzindo os efeitos dos processos erosivos e assoreamento dos cursos d'água, mais o replantio de matas ciliares às margens desses caminhos. A parceria deu certo. Um milhão de toneladas do que antes era só rejeito não existe mais no pátio da empresa.

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Foram pavimentados 590 quilômetros de estradas rurais e encostas. Mais de 500 mil habitantes beneficiados. Também já foram ecologicamente pavimentados 50 km de vias urbanas. Com tudo isso, o nome dado a este projeto vencedor não tinha de ser outro: “Caminhos do Vale”. E Usiminas, a empresa que vem transformando esta sua montanha de escória em mais qualidade de vida para meio milhão de pessoas no coração siderúrgico do país. Em seu agradecimento, o diretor-presidente Rômel Erwin disse ser “exatamente este tipo de conhecimento que impulsiona a busca de melhores e sustentáveis resultados. Cumprimentamos a Revista Ecológico pela escolha tão feliz deste prêmio, em memória do dr. Hugo Werneck. Ele falava que, somente pelo amor, o homem vai mudar as suas atitudes em relação ao meio ambiente”.

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"Mesmo no ápice da civilização, precisamos de amor para sobreviver a todas as calamidadesnecessáriasaoprocessoevolutivoemqueestamosenvolvidosnaTerra."

FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES

Melhor Parceiro Sustentável JOSÉ FERNANDO COURA

sado de tanto viajar e pregar a educação ambiental às populações ribeirinhas do também velho e fatigado São Francisco. - Precisamos fazer alguma coisa em memória do doutor Hugo! Algo que faça seus ensinamentos permanecerem vivos! – incitou Coura. - Quem sabe criarmos uma premiação anual, tipo uma “Lista Limpa”, em substituição à “Lista Suja”, para nos lembrarmos sempre dos seus ensinamentos? - A Revista Ecológico lhe propôs. E ele respondeu: - Topo! E assim nasceu o “Prêmio Hugo Werneck” e seu melhor parceiro. Por tudo isso, Fernando Coura foi chamado ao palco. Não apenas como presidente do Sindiex-

tra e vice-presidente da Fiemg. Mas também presidente do Conselho Curador da Fundação Biodiversitas. Espeleólogo e engenheiro de Minas, ele é natural da “Grande” Dom Silvério, como gosta de se referenciar. Onde já proseou, tomou pinga e muito aprendeu com o Velho Manuelzão, personagem de Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas.

Em seu agradecimento, Fernando Coura preferiu compartilhar uma mensagem viral abaixo de solidariedade à tragédia da Chapecoense. Em tempo: a premiação foi aberta com audição da "Ave Maria", de Charles Gounod, o que também emocionou o público. Confira a reflexão:

#SOMOS TODOS CHAPECOENSES Coura e Olavo Machado, presidente do Sistema FIEMG, acompanhados dos sete bisnetos de Hugo: Thiago, Diana, Elisa, Marina, Bernardo, Leonardo e Carlos

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Como cantaria Roberto Carlos, o empresário Fernando Coura é o parceiro “mais certo das horas incertas” e difíceis. E o mais incerto nas horas fáceis. Isso explica a sua presença, pela primeira vez, nesta sétima edição da premiação. É fato. Quando acabou a temida e revolucionária “Lista Suja” dos ambientalistas mineiros, liberada pela nossa conselheira Dalce Ricas, à frente da Amda, esse parceiro não pensou duas vezes, e nos disse:

- Vocês já nos bateram demais, e isso foi necessário até aquele momento. Mas agora, não. Precisamos fazer algo positivo que diferencie e estimule também, perante a opinião pública, as empresas, pessoas e instituições sérias que adotam o caminho da sustentabilidade. Essa sua ideia virou realidade oito anos atrás. Foi quando o ambientalista Hugo Werneck, mas não a sua luta através do amor incondicional à natureza, nos deixou. Seu espírito se libertou do corpo can-

“Quando um avião cai a gente cai junto. Um avião transporta mais do que vidas, transporta sonhos. É o pai que está indo reencontrar os filhos, é a mãe que está indo buscar o sustento de sua família, são pilotos que planejam estar em casa ao jantar e a aeromoça que leva na bagagem o perfume favorito do namorado. Quando cai um avião a gente cai junto, pois quantos de nós viram os sonhos começar dentro de um avião. A viagem tão esperada, a assinatura de um contrato, o encontro com alguém que tanto sonhamos estar junto. Aviões partem rumo a sonhos, e era isso que cabia também neste trágico voo que quase chegou a seu destino. Jogadores que representavam o sonho do menino que quer ser jogador, jogadores que representavam seus familiares, seus torcedores. Quando um avião cai todos nós caímos juntos.

Morrem sonhos, morrem encontros que não vão mais ocorrer, morrem saudades que não vão ser vencidas e que dali por diante vão apenas crescer e se tornar um buraco junto a quem nunca chegou. Quando um avião cai a dor é compartilhada, pois todos nós somos torcedores, torcemos para quem amamos, torcemos para logo poder dar o abraço, torcemos, pois ninguém sonha sozinho. Hoje esse humilde time de Santa Catarina tem a maior torcida do mundo. Pois quando sonhos despencam do céu, a solidariedade é a única camisa que todos vestem. E essa é a única camisa que, nesse momento, nos conforta. Fica meu abraço e sincera dor a familiares e torcedores desse triste voo. O resto é silêncio.” Felipe Sandrin


"Nãoadiantaestarmosrodeadosdecomputadores,quesabemoqueháemMarteouem Júpiter.Evivermosaquisedentosdecarinho,morrendoàmínguadeassistênciaespiritual."

Destaque Municipal (2)

Destaque Municipal (1) PROJETO RE-NASCER - MURIAÉ FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES

FOTO: DIVULGAÇÃO

WEBER COUTINHO

Weber Coutinho, gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de BH; e Eloah Rodrigues, diretora da Revista Ecológico Vasco Araújo, secretário de Meio Ambiente de BH; Valmir Barbosa, coordenador do Núcleo Regional de Regularização Ambiental de Muriaé e Juliana Aquino, secretária de Meio Ambiente; Sueli Baliza, secretária de Educação de BH; e Gilberto Garcia Bonato Filho, engenheiro agrícola e ambiental

Em 2014, produtores rurais da região de Muriaé, município da Zona da Mata mineira, observaram que a quantidade de água que brotava das nascentes estava diminuindo. Algumas delas, inclusive, até secaram. A partir daí, a Secretaria Municipal reuniu parceiros como o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Emater para buscar uma solução conjunta para o problema. E percebeu que mobilizar e despertar o sentimento do cuidado com a natureza, en-

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tre os próprios produtores, era a saída. A exemplo do programa “Cultivando Água Boa”, de Itaipu Binacional, que venceu o “Prêmio Hugo Werneck” no ano passado, o objetivo alcançado foi trazer a água de volta, fazê-la renascer. Para isso, após a definição das propriedades, 35 nascentes foram cercadas nas áreas de preservação ambiental de Pontão, Itajuru e Rio Preto. E os produtores rurais também receberam mudas para plantio próximo a elas.

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Integrante do grupo de grandes cidades para a liderança do clima, BH é reconhecida internacionalmente por sua política de sustentabilidade. A capital dos mineiros já tem estabelecido, em seu planejamento estratégico para 2030, uma meta de redução de 20% de suas emissões de gases de efeito estufa. Essa política começou em 2012, com a criação do Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticas e Ecoeficiência, modelo hoje copiado por outras capitais brasileiras. São 40 programas em andamento na área de sustentabilidade em Belo Horizonte. Um deles é o “Selo BH Sustentável”, que já certificou 90 em-

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preendimentos. Juntos, eles evitaram a emissão de um milhão de toneladas de gás carbônico. BH também foi eleita pela terceira vez consecutiva a “Capital Nacional da Hora do Planeta”, reconhecimento outorgado pela WWF. Todo esse trabalho, sob a batuta do prefeito Marcio Lacerda, também tem um leão de chácara ecológico: o engenheiro Weber Coutinho, gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental de BH. Fiel escudeiro, espécie de eminência verde, mais mineiro impossível, que cuida e faz tudo isso acontecer, ele é respeitado e querido pelos seus pares, dentro e fora da prefeitura.

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"Nenhuma atividade no bem é insignificante. As mais altas árvores são oriundas de minísculas sementes."

Melhor Empresa BIO EXTRATUS FOTOS: GLÁUCIA RODRIGUES

Destaque Estadual CEDAE - RJ

Hiram Firmino, editor e diretor da Revista Ecológico, Thiana e Janaína Gomes, diretoras de Marketing e Industrial da Bio Extratus; e Fued Abrão Júnior, superintendente de Sustentabilidade da Infraero, representando o presidente Antônio Claret

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Cem por cento brasileira, especializada na fabricação de cosméticos, a Bio Extratus foi eleita “Melhor Empresa” de 2016 devido à sua exemplar iniciativa em eficiência energética. Trata-se de um moderno sistema solar fotovoltaico, com 2.159 módulos instalados no telhado de seu centro de apoio logístico em Alvinópolis, no centro-leste de Minas. E de um outro prédio, em construção, que abrigará também o

processo produtivo. Os módulos têm a capacidade de gerar mais de 68 mil quilowatts por dia, que ultrapassa a média mensal de consumo de energia da empresa e é suficiente para abastecer 530 residências por mês. Com isso, a empresa deixou de utilizar uma quantidade de energia, proveniente de hidrelétricas, equivalente ao consumo de 11,45% das casas do município.

NÍSIA WERNECK, professora associada do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral; Alan Henrique Abreu, engenheiro florestal da CEDAE; e Jairo Isaac, secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas

Imagine centenas de presidiários deixando suas unidades prisionais todas as manhãs para produzir e plantar mudas de árvores. E, assim, ajudarem a reflorestar a Mata Atlântica, bioma que hoje só tem 12% de sua cobertura vegetal original, aumentando e retendo também a água no solo. Por meio do “Programa Replantando Vida”, da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, isso se tornou realidade. E já acontece em 22 municípios do estado.

Com o objetivo de reflorestar áreas prioritárias para recuperação e proteção de mananciais hídricos de abastecimento público, este programa emprega 300 presos em regimes aberto, semiaberto e em prisão albergue domiciliar. Através de suas mãos, mais de 700 mil mudas já foram plantadas nas bacias dos rios Guandu e Macacu. Desde que foi criado, em 2007, mais de 2.700 presidiários já foram beneficiados com a redução de suas penas.


"Ascalamidadesgeológicassempreexistiram,porqueaTerraaindaestásendocriada. Issoaconteceusempre.Agora,amodificaçãodomundo,naessência,édeordemmoral."

Melhor Exemplo em Resíduos PROJETO NOVO CICLO, DANONE

Melhor Exemplo em Inovação Ambiental

FOTOS: GLÁUCIA RODRIGUES

JOÃO EBOLI - ITAIPAVA (RJ)

PATRÍCIA BOSON, secretária-executiva do Conselho de Empresários para o Meio Ambiente da Fiemg e conselheira da Revista Ecológico; João Eboli; e Evaldo Vilela, presidente da FAPEMIG

Durante o deslizamento de terras que atingiu a Região Serrana do Rio de Janeiro, durante fortes chuvas em 2008, João Henrique Eboli, que é morador de Itaipava, distrito de Petrópolis, viu a encosta adjacente à sua residência vir abaixo. Mas, em vez de lamentar a destruição de sua casa, ele foi procurar uma solução coletiva de sobrevivência. Após o deslizamento de terras e sem o apoio dos órgãos públicos, procurou o Centro Integrado de Educação Rural (CIER), no município capixaba de Boa Esperança (ES). Foi onde recebeu a doa-

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ção de três mil mudas do capim vetiver, espécie de gramínea muito utilizada para controle de erosão. Com apoio e supervisão de especialistas, técnicas de bioengenharia do solo foram associadas ao vetiver e, oito anos depois, a encosta que levou sua casa e ameaçava seus vizinhos se encontra plenamente revegetada e estabilizada. João hoje presta assessoria voluntária às pessoas atingidas por deslizamentos que o procuram não só no Brasil. Ele já esteve até na Índia, convidado pelo governo, para multiplicar seu exemplo naquele país.

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Ruston Albuquerque, presidente da Terramax e do Conselho de Administração da Associação Nacional da Indústria do Tijolo Ecológico (Aniteco); José Borges, coordenador do projeto Ciclo Novo; e José Cláudio Junqueira, ex-presidente da Feam e conselheiro da Revista Ecológico

Implementar a coleta seletiva em municípios do Sul de Minas Gerais e fortalecer o trabalho dos catadores de materiais recicláveis da região é o objetivo deste projeto. Desenvolvido por uma grande multinacional de produtos alimentares e iniciado em 2012, ele é baseado em três pilares: criação de uma rede de cooperativas, implantação da coletiva seletiva dos munícipios e fortalecimento das cooperativas, por meio de treinamento e assistência técnica local.

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Inicialmente implementado em 23 cidades mineiras, hoje já foi replicado para 60, sendo uma delas Sorocaba (SP). Os resultados são surpreendentes: 70 cooperativas fazem parte da rede. A renda média dos catadores passou de R$ 450 para R$ 1.136. O projeto encerrou 2015 com 40% de recuperação do volume de embalagens colocadas no mercado. E o aumento da coleta seletiva passou de 5% para 26% nos municípios.

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"Seestivéssemosatentosàpreservaçãodosvaloresdoespírito,segundoJesusnosensinou,apoluição danatureza,nascidadesenoscampos,nãoseriahojeesseflagelonoseiodasmetrópoles."

Melhor Exemplo em Flora

CONVIVÊNCIA COM A REALIDADE SEMIÁRIDA - CEPFS - PARAÍBA

PROGRAMA CONBIO - SPVS - CURITIBA (PR) FOTOS: GLÁUCIA RODRIGUES

Melhor Exemplo em Mobilização Social

José Dias, coordenador-executivo do projeto; e Germano Vieira, secretário adjunto da Semad-MG

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Este projeto é desenvolvido pelo Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS) desde 1994, nas comunidades rurais dos municípios de Teixeira, Cacimbas, Desterro, Maturéia, Princesa Isabel, Imaculada e São José do Bonfim, no sertão ressequido da Paraíba. Promove o desenvolvimento rural sustentável a partir de inovações sociais, contemplando tecnologias de captação e manejo da água da chuva. Os resultados são animadores: a criação de 30 bancos de sementes comunitários, com capacidade para armazenar 40 toneladas. Construção de 966 cisternas de placas tipo tapioca, para armazenar mais de 15 milhões de litros de água, beneficiando quase 5.800 pessoas. Recuperação de áreas degradadas, com a distribuição de mais de sete mil mudas de árvores. E implantação de 419 hortas ecológicas com economia de água.

ESPERANÇA NO SERTÃO Depoimento de José Dias, coordenador do projeto: “É com muita alegria que recebemos este prêmio, que dedicamos aos agricultores e agricultoras familiares do semiárido da Paraíba. Temos um papel. Somos uma organização de mais de 30 anos e trabalhamos com amor e dedicação para ajudar essas pessoas a compreenderem que elas são capazes de transformar a realidade local, incidir na realidade regional e mudar a realidade nacional. E, quem sabe, mundial. É essa a experiência que temos desenvolvido, mesmo com todos os desafios e dificuldades, para tornar mais digna a vida de quem vive naquele sertão sofrido. Queremos agradecer à Revista Ecológico por este importante reconhecimento e dizer que nossa experiência pode ser replicada e inspirar outras pessoas a fazer algo diferente. O semiárido da Paraíba agradece!”

Maria Elvira, presidente da Associação das Caminhantes da Estrada Real; Alessandra Xavier Oliveira, engenheira florestal e técnica do Programa Desmatamento da SVPS; e Hiram Firmino, editor e diretor da Revista Ecológico

Um dos projetos mais bem avaliados pela Comissão Julgadora, trata-se de um programa realizado na Região Metropolitana de Curitiba, no coração do Paraná, e visa implantar uma grande rede de áreas naturais, públicas e particulares, criando condomínios de florestas verdes e protegidas em ambientes urbanos. Além de atuar no aperfeiçoamento da lei de RPPNs municipais, por meio des-

ta iniciativa foram criadas 17 reservas, que somam 15,5 hectares. Vinte outras, totalizando 200 mil metros quadrados, estão em fase de implementação. E mais: apresentado na 21a Conferência do Clima em Paris, este programa também ofertou cursos de formação para 3.480 professores de ensino público municipal, atingindo indiretamente mais de 130 mil alunos.


"Se a plantinha tenra não tolerasse a enxada que lhe garante a limpeza, embora, por vezes, dilacerando-lhes as folhas, não conseguiríamos a floração."

Melhor Exemplo em Biodiversidade

AVENTURA COM O CHAUÁ

FOTOS: GLÁUCIA RODRIGUES

SUSTENTABILIDADE NA VEREDA

Melhor Exemplo em Fauna

Sérgio Ricardo Pereira, coordenador de Cultura da Oi Futuro BH; Joaquim Araújo, presidente do Instituto Biotrópicos; Roberto Waack, presidente da Fundação Renova; e Celso Castilho, ex-secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas

Desenvolvido na região do Rio Carinhanha, afluente do Rio São Francisco, no Norte de Minas, divisa com Bahia, o projeto promove o monitoramento ambiental de suas lagoas marginais e, assim, vem contribuindo para preservar as veredas e os buritis que nosso mestre Guimarães Rosa tanto descreveu. Finalizado em março deste ano, mais de mil pessoas direta, e 100 mil, indiretamente, foram beneficiadas pelo

PATROCÍNIO DIAMANTE

“Sustentabilidade na Vereda”. Elas receberam incentivos e capacitação para o uso de aquecedores e fornos solares, projeção de vídeos em espaços públicos sobre a preservação das veredas, e ainda participaram de palestras sobre eficiência energética e aproveitamento de recursos hídricos. Tudo isso com envolvimento comunitário: os próprios participantes fizeram o monitoramento das lagoas.

PATROCÍNIO OURO

Maria Dalce, superintendente da Amda; Leonardo Barreiros, gerente de Meio Ambiente da Aliança Geração Energia - Usina Hidrelétrica Eliezer Batista; Marcelo Werly, gerente de Relações Sociais; e Marcos Leandro, apresentador da TV Record Minas

Intitulado “Alunos do Médio Rio Doce numa aventura com o Chauá”, da Aliança Geração S/A Usina Hidrelétrica Eliezer Batista, este projeto vem sensibilizando alunos e comunidades vizinhas da Usina em Aimorés, no Vale do Rio Doce, divisa com o Espírito Santo, sobre a importância de se preservar o papagaio chauá. Depois de realizar mais de 800 horas de monitoramento da espécie, que sofre com o desmatamento e o comércio ilegal, as informações

PATROCÍNIO PRATA

reunidas entre 2011 e 2015 foram transformadas em conteúdo educativo, no formato de uma revista. Ela foi distribuída para alunos das escolas municipais de Resplendor, Itueta e Aimorés, em Minas Gerais, mais Baixo Guandu, no Espírito Santo. Mais de 460 alunos de 16 escolas foram desafiados a produzirem trabalhos artísticos, que renderam até um curta-metragem de animação sobre a conservação do papagaio chauá.

PATROCÍNIO BRONZE


"Sem a renúncia da flor em benefício da colheita, o celeiro seria relegado à secura."

Melhor Exemplo em Educação Ambiental

Melhor Exemplo em Água

MUTIRÃO DA CANTAREIRA - SP FOTOS: GLÁUCIA RODRIGUES

PROJETO LIMOEIRO EM AÇÃO

Marcos Morais, gerente de Meio Ambiente da Kinross; Danilo Fernandes, engenheiro ambiental do projeto; Gabriel Estevam, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da GED; e Danilo Vieira, ex-titular adjunto da Semad, atual secretário de Meio Ambiente de Nova Lima

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A crise hídrica que assolou o Sistema Cantareira em São Paulo, no ano passado, se deu principalmente pela estiagem. Mas também foi agravada pela falta de matas ciliares: dos 2.270 km² das áreas das bacias hidrográficas que compõem o Sistema, apenas 21,5% têm cobertura vegetal. No entanto, este cenário está mudando. Por meio de três mutirões de reflorestamento desenvolvidos pelo projeto da GED

Inovação, Engenharia e Tecnologia, foi possível plantar milhares de mudas de árvores nativas, utilizando toneladas de adubo orgânico produzido com restos de alimentos de restaurantes de Cubatão (SP). Todo o lixo acumulado há anos nas margens do Reservatório Paiva Castro foi retirado. E mais de 20 mil metros quadrados de áreas degradadas no seu entorno foram recuperadas.

Alex Amaral, gerente do Parque Estadual Mata do Limoeiro; ladeado por Aldo Souza e Ruben Fernandes, respectivamente, diretor de Sustentabilidade e presidente da Anglo American Brasil

A iniciativa premiada foi criada para sistematizar os programas de educação ambiental do parque, um dos 11 de Minas Gerais com infraestrutura para receber visitantes. Realizado na região do distrito de Ipoema, em Itabira, o projeto engloba 32 iniciativas, incluindo formação de agentes verdes, caminhadas ecológicas, oficinas de reciclagem, aulas de observação lunar e estelar e campanhas preventivas de incêndios florestais.

Com a crise que assola os governos federal e estadual, muitos dos recursos para a execução das ações vêm de parcerias com as comunidades e da própria equipe do parque. Uma luta que levou mais de 25 mil pessoas a participarem das ações do programa, que mostra na prática a máxima ecológica tão defendida pelos ambientalistas: pensar globalmente e agir localmente.


"O homem pode começar a III Guerra Mundial. Mas quem irá terminá-la são as forças telúricas da natureza, da própriaTerra cansada dos desmandos humanos."

Informação X Alucinação

Poesia e Amor X Degradação

O RECADO DE MEIRELLES

FOTOS: GLÁUCIA RODRIGUES

O RECADO DE MAJU

Fernando Meirelles virtual: "Vida longa à Revista Ecológico. Continuo sendo um leitor assíduo"

“Infelizmente não pude estar em Belo Horizonte porque tinha um compromisso em São Paulo. Mas estou aí de maneira virtual para agradecer a indicação. Queria de cara dividir este prêmio com Daniela Thomas e Andrucha Waddington, que foram os dois outros diretores que criaram e dirigiram a cerimônia de abertura das Olimpíadas Rio 2016, pela qual estamos ganhando este prêmio. Na verdade, a nossa ideia era, em certo momento, passar um powerpoint para explicar claramente os riscos que a humanidade está correndo por causa das mudanças climáticas. Mas era uma cerimônia de abertura, não era hora de baixo-astral. Conseguimos passar a mensagem que queríamos e criamos uma pira olímpica com menos emissão de carbono. E demos um pequeno recado. E valeu, porque mais de três bilhões de pessoas viram esse recado. Pessoalmente, está acontecendo uma coisa muito estranha comigo. Já estou ficando velho, tenho 60 anos, e deveria estar me tornando uma pessoa

PATROCÍNIO DIAMANTE

mais tolerante, compreensiva. Mas estou me sentindo um adolescente. E cada vez mais fico irritado e revoltado, que nem um moleque, quando vejo a quantidade de pessoas que ainda acha que vale a pena comprometer o nosso futuro, o futuro da humanidade, dos nossos netos, em troca de alguns dólares. Vejo toda a movimentação dos países que têm território no Ártico, animadíssimos porque se abriram canais de navegação por lá com o degelo. E com isso, será possível explorar mais óleo e fazer mineração pesada na Groenlândia. Isso é uma total alucinação. Se a Terra é um planeta vivo, esse ser vivo está completamente alucinado. Estão colocando em risco a sobrevivência da espécie. O único jeito de combater isso é com informação rigorosa e precisa, que é o que a Ecológico faz. Vida longa à revista. Continuo sendo um leitor assíduo. Obrigado pela premiação!”

PATROCÍNIO OURO

O poeta Bernardo Caldeira recebe de sua mãe, a publicitária Sarah Caldeira, da Revista Ecológico, a estatueta que será enviada para a repórter do clima

“Responsabilidade é a primeira palavra que me vem à mente ao receber esta indicação e homenagem do 'VII Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade e Amor à Natureza'. Responsabilidade em pesquisar mais, em refletir mais sobre mudanças climáticas, sobre os impactos do homem no planeta Terra, na nossa Casa Comum. Ano passado fui convidada pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) para acompanhar uma parte da Conferência do Clima em Paris, a COP-21. O convite veio justamente pela OMM acreditar que jornalistas que tratam do tempo, que cuidam da previsão do tempo, que falem sobre clima, serem importantes veículos para se falar sobre mudança climática. Espero fazer jus a este convite e que a gente atente para uma questão importante: muito mais que falar sobre as catástrofes, que a gente foque e preste mais atenção no amor à natureza. É o amor que conhece o que é a verdade. É através do amor que conseguiremos cuidar bem da nossa Casa Comum. Obrigada pela homenagem!” PATROCÍNIO PRATA

METEOROLOGIA* - Bernardo Caldeira Intempestivo De céu azul Logo passo a tempestade Os olhos chovem Emoções nubladas A garganta troveja O silêncio de palavras sufocadas Torno-me a fúria Da natureza Derrubo árvores Destruo casas Escoo tristezas Em vastas enxurradas E vento Para afastar os sentimentos... Mas de repente eu estio E a mim mesmo sobrevivo Quando o céu se abre Abro também o meu sorriso Atravesso as minhas nuvens E então desanuvio PATROCÍNIO BRONZE

(*) Poesia gravada por Maju e ouvida por todos no encerramento da cerimônia.


FOTO: FERNANDA MANN

"Temos diante de nós dois caminhos a seguir. O caminho do amor e da sabedoria nos levará à mais rápida ascensão espiritual coletiva."

Família Werneck X Invasão

EM NOME DA LEI

FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES

A família do mais histórico e amado ambientalista brasileiro pede justiça e apoio ao Governo de Minas

RODRIGO WERNECK: em nome do pai, do avô, da natureza e do social

APOIO

Foi Rodrigo Werneck, um dos filhos de Hugo Werneck, quem pediu a palavra, logo na abertura da solenidade, para ler um manifesto que comoveu a plateia. Ele relembrou a invasão criminosa que perdura de maneira devastadora e sem solução, já há três anos, na última e segunda maior área verde da capital mineira, preservada até então pela família. Trata-se da Granja Werneck, cujo destino será a implantação de um modelo inédito de urbanização sustentável, ecologicamente correto e socialmente mais justo. Dando sequência ao compromisso da família com o meio ambiente, aliado à preocupação social, foi negociada com o poder público municipal uma Operação Urbana, consolidada com a publicação da Lei 9.956. A área, chamada de “Área de Interesse Ambiental Isidoro”, foi regulamentada em 2010 pela Prefeitura de BH. É nesta área, 1,5 vez o tamanho do Parque das Mangabeiras, a maior área verde da capital

mineira, que se pretende implantar o “Projeto Granja Werneck” de ocupação sustentável (com um metro quadrado de área verde para cada metro de área construída), assinado pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, incluindo, de maneira planejada, o “Minha Casa, Minha Vida”, mais escolas, comércio e áreas de lazer abertas à população. A implantação do projeto esbarrou em uma invasão, de estranha origem, uma vez que foi levada a cabo pelas mesmas pessoas que seriam beneficiadas pelo projeto. Nas negociações foram oferecidas diversas condições para uma desocupação pacífica e organizada, como a oferta de outra área e o retorno daqueles que se encaixam nos critérios do “Minha Casa Minha Vida”. “Assessores” e ditas lideranças têm atuado inviabilizando o acordo. Sendo assim, cabe ao Governo do Estado autorizar a reintegração de posse, cuja ordem judicial foi inicialmente

SONHO INVADIDO: primeiro colocaram fogo, depois retiraram a madeira e, sem mais natureza, promoveram a posse

dada em agosto de 2013, contestada pelos invasores, mas reiterada pelo pleno do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em novembro último, pelo placar de 18 a 1. Acionado várias vezes pelo Poder Público Municipal, pela família e pelos sócios empreendedores, o então governador Antonio Anastasia hesitou e não deu a ordem esperada. Coincidência ou conspiração do destino, em 29 de novembro último, mesmo dia da divulgação dos vencedores do “VII Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza”, o ex-presidente Lula esteve no Isidoro. E prometeu à população assentada que iria pedir ao governador Fernando Pimentel a busca de uma solução negociada. A mesma solução e apoio que a família Hugo Werneck pediu durante a premiação, dirigindo-se ao secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Jairo Isaac, presente à cerimônia:

EM NOME DO AMOR “Em nome da família de Hugo Werneck, desejo boa noite a todos e agradeço pela presença e pelas homenagens a nosso pai, avô e bisavô. Agradeço especialmente ao Hiram, pelo carinho com que cuida deste Prêmio e por manter vivos os ensinamentos do dr. Hugo. Há 110 anos seu pai, também chamado Hugo Werneck, chegou a Belo Horizonte, em um mês de novembro. Aqui construiu sua vida profissional e contribuiu para fazer crescer a cidade que abraçou como sua. Há 95 anos, comprou uma antiga fazenda onde construiu um sanatório para tratamento da tuberculose. Ficava no limite de Belo Horizonte com Santa Luzia, na região hoje chamada de Isidoro. O Sanatório cumpriu sua função social por mais de 50 anos. Depois tornou-se um asilo, gerido pelas obras sociais da Igreja da Boa Viagem. Com a morte de Hugo Werneck, meu avô, a


PATROCÍNIO DIAMANTE

FOTO: FERNANDA MANN

fazenda foi dividida entre seus filhos, hoje todos falecidos. Desde 1988, tornou-se difícil mantermos as atividades rurais no mesmo nível anteriormente praticado, devido à pressão urbana. Começamos a estudar e negociar com o poder público municipal a possibilidade de dar outro destino à propriedade. Foram muitos estudos e dificuldades. Qual o conceito adequado? Como definir a área perante a legislação? Como conseguir empreendedores que estivessem sintonizados com nossas expectativas? O desafio era, com planejamento e responsabilidade, desenvolver um empreendimento economicamente viável que enfrentasse outras grandes questões: moradia para a população de baixa renda, acesso a serviços públicos para toda a região e qualidade ambiental para a cidade. Em 2010, conseguimos finalizar os processos de aprovação do projeto Granja Werneck. Nele estão previstas 13.500 moradias, no programa 'Minha Casa Minha Vida', prioritariamente para famílias com renda de zero a três salários mínimos. Estão reservados 140 hectares para parques, correspondendo a cinco novos parques do tamanho do nosso parque municipal. Serão construídas três UMEIs, três escolas de ensino fundamental e uma de ensino médio, três unidades básicas de Saúde, Academias da Cidade, unidades do BH Cidadania, espaços de lazer, capela velório e uma unidade de Polícia Integrada. Realizávamos assim o desejo de papai, homem íntegro e ambientalista de primeira hora que muitos de vocês conheceram: enfrentar as graves questões sociais e reservar a parte possível à preservação ambiental. Hoje, nós, 58 proprietários, respondendo por quase 200 descendentes, nos vemos frente a uma situação que nos constrange e entristece. Parte da área foi invadida. A todo momento, pessoas sem o menor conhecimento da história, insultam a memória de nossos antepassados. Acusam-os de grilagem e outros crimes. A nós, de especuladores e desonestos. Com a invasão, que teve início em agosto de 2013, um terço da propriedade está ocupado. Toda a vegetação dessa parte foi destruída. As características ambientais da área, identificadas nos estudos que culminaram na concessão da Licença

Os incêndios criminosos também atingiram a Mata do Sanatório, de propriedade da família Werneck

Prévia pelo COPAM em maio de 2014, estão sendo continuamente modificadas. A invasão, insistimos em chamá-la assim, está gerando mais um enclave urbano com habitações precárias. Áreas destinadas ao uso público foram ocupadas, privatizando-se o espaço. Prevalecem interesses políticos e objetivos ideológicos. Desde então nossa indignação tem aumentado. Foram emitidas e confirmadas sentenças de reintegração de posse e feitas inúmeras tentativas de negociação, com mediação do Ministério Público, Defensoria Pública, Governos do Estado e da Prefeitura. Não tivemos sucesso nas negociações e a reintegração não foi efetivada. Não alcançamos as medidas necessárias para concretizar o projeto. Não somos especuladores, somos uma família que quer dar um destino digno e justo a uma propriedade. Queremos fazer isso contribuindo para uma cidade melhor e convidamos a todos que se juntem a nós, buscando garantir a preservação ambiental e a realização do projeto, de forma pacífica e respeitosa, mas determinada e eficaz. Gostaríamos de hoje, perante todos vocês, pedir ao secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Jairo Isaac, que seja portador de nossos anseios junto ao Governo do Estado. Secretário, ajude-nos a fazer cumprir a lei, a tornar realidade o projeto Granja Werneck e demonstrar que moradia para a população com qualidade de vida pode ser uma realidade.” SAIBA MAIS

goo.gl/cdq0nT

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