V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
HOMENAGEM
Paulo Nogueira Neto
FOTO: GUALTER NAVES
Evandro Xavier e o exministro José Carlos Carvalho entregaram a estatueta à ministra Izabella Teixeira: cochicho à mineira
Biólogo, advogado e escritor, professor emérito da Universidade de São Paulo, PhD em Ciências Biológicas e presidente emérito do Conselho da WWF-Brasil, Paulo Nogueira Neto tem lugar cativo na história ambiental do país. Ativista desde a juventude, à frente da Associação de Defesa do Meio Ambiente de São Paulo (Adema), ele foi o criador da Secretaria Especial de Meio Ambiente (Sema), que presidiu durante doze anos, nos difíceis governos Médici, Geisel e Figueiredo. Na época, a então “secretaria verde” era ligada diretamente à Presidência da República, no âmbito do Ministério do Interior, depois transformada em Ministério de Meio Ambiente e Habitação. Até 2012, apesar da idade avançada, Paulo Nogueira foi o membro mais assíduo às reuniões do Conselho Nacional de Meio Ambiente, o Conama, em Brasília, cuja criação teve a sua inspiração no Conselho de Política Ambiental (Copam) de Minas. Aos 92 anos e com dificuldades de locomoção, ele deixou uma mensagem em vídeo, bem-humorada, sobre a coin-
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cidência de ele, em São Paulo, e Hugo Werneck, em Minas Gerais, terem usado o mesmo tipo de transporte no alvorecer de suas lutas e carreiras como ambientalistas e amantes da natureza. Este transporte, que também servia como sede ambulante de suas respectivas ONGs, era... uma velha Kombi! Ao receber o prêmio em nome do ambientalista, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, acompanhada do ex-ministro José Carlos Carvalho, afirmou que “Dr. Paulo é um homem que não viu o meio ambiente apenas pelo verde. Ele tinha preocupação com a qualidade do ar, das águas. Criou e liderou o Conama em uma época em que não se falava em conselhos deliberativos. Se temos um Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) é graças a ele, que teve a coragem de propô-lo durante a ditadura, em forma de uma lei (6.938) que hoje, no Congresso, não seria aprovada. A homenagem a ele é mais que simbólica. Ele tem uma história ambiental no país que orgulha a todos os brasileiros”. Confira, a seguir, mais trechos da fala da ministra.
“O sertão se divulga é onde os pastos carecem de fecho.”
FOTO: MARCELLO CASAL JR. / ABR
Lembranças amorosas
“A HOMENAGEM a dr. Paulo e à sua história é mais que simbólica. Vou pessoalmente entregar o Prêmio Hugo Werneck a ele”, disse a ministra
“DR. PAULO está absolutamente lúcido e continua me escrevendo cartas e recados sobre o que devemos fazer no meio ambiente do Brasil. Isso mostra o carinho e a atenção dele com a agenda. Foi meu primeiro chefe e se eu construí essa carreira no setor público foi graças a ele. Ela aconteceu de maneira muito inusitada, pois eu era pesquisadora na Universidade de Brasília e estudava o comportamento sexual do caramujo.” “DR. PAULO é extraordinário como homem público e profissional. Levamos anos para fazer a Lei Complementar 140 e ela não tem, no meu ponto de vista, a perfeição política que a 6.938 tem, e que ele ajudou a criar. Ele tinha o olhar para o setor empresarial, para a sociedade civil, para a capacidade de trabalhar com os estados – isso há 30 anos! É um homem extremamente competente, dedicado e de uma generosidade que eu encontrei em pouquíssimos seres humanos na minha vida profissional.” “GUARDO histórias muito divertidas. Ele foi declarado persona non grata pelo então governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães. Era por conta da instalação de uma indústria química, perto de Salvador, que tinha um problema de contaminação de mercúrio. Ele enviava a pesquisadora Sandra Hacon, que era hippie e hoje está na Fiocruz, para a Bahia, e ela fazia o monitoramento de mercúrio,
ouvia os pescadores. Ela voltava e entregava os dados para o dr. Paulo para ele não licenciar o empreendimento lá.” “DR. PAULO ia nos garimpos, em Poconé (MS) e dizia para os garimpeiros que o mercúrio causava impotência. Não é verdade, mas ele pedia perdão a Deus e falava isso para que eles não degradassem mais o meio ambiente. E tentava convencer as pessoas a adotar práticas e trabalhos que não destruíssem a natureza.” “ELE TEVE um cuidado de tomar nota, diariamente, de fatos da política ambiental do Brasil e do mundo. Parte disso está reunido em um livro, que todo mundo deve ler, para entender o que é meio ambiente. Tinha como amigo o jornalista Rogério Marinho que, religiosamente, toda sexta-feira, almoçava com ele. E juntos discutiam como o setor privado poderia contribuir para a criação de áreas protegidas.” “A HOMENAGEM à sua pessoa e história é mais que simbólica. Vou pessoalmente entregar o Prêmio Hugo Werneck a ele. Comecei minha carreira com dr. Paulo e vou terminar a minha gestão, no Ministério do Meio Ambiente, com ele. É um amigo querido, um inspirador e, mais do que isso, uma pessoa com um caráter que raramente se encontra nos homens públicos deste país.”
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V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
MELHOR PARCEIRO SUSTENTÁVEL FOTO: ROBERTO MURTA
VALE
BELEZA IMENSURÁVEL da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Capivari II na região de Itabirito: biodiversidade também preservada em outras 16 Unidades de Conservação (UCs) que a Vale administra no Quadrilátero Ferrífero de Minas
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FOTO: GUALTER NAVES
“Os gerais correm em volta. Esses gerais são sem tamanho.”
FIQUE POR DENTRO
OS PROJETOS VITORIOSOS l “Mapeando Sinergias pela Sustentabilidade da Pan-Amazônia”, Fundo Vale/Associação Vale para o Desenvolvimento Sustentável l “Estudo de Valoração Econômica Total da Reserva Natural Vale”, Vale l “União intersetorial para a prevenção e combate a incêndios florestais Vale, Amda, Terra Brasilis e Governo do Estado, juntos pela preservação ambiental”, Vale l “Prestação de Serviços Ecossistêmicos a partir da Criação e Manutenção de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs)", Vale
A maior mineradora brasileira concorreu com o somatório de quatro projetos distintos nesta edição do prêmio. O primeiro deles foi ter mapeado as sinergias pela sustentabilidade do bioma amazônico em oito países e parte do Pantanal Brasileiro. O seu segundo projeto foi ter estudado quanto valem 23 mil hectares de Mata Atlântica que ela preserva no sul do Espírito Santo, onde hoje conseguem sobreviver 20% das espécies de aves registradas no país, incluindo mais de 2.800 espécies de plantas e uma das últimas populações de onçaspintadas da região. O seu terceiro projeto exitoso ocorre no Quadrilátero Ferrífero de Minas, onde a empresa foi além do cumprimento da lei. Ela ajudou o estado e várias ONGs parceiras a salvarem do fogo, na forma de brigadas, mais de 40 mil hectares de
Alceu Torres (Semad), Gleuza Jezué (Fundo Vale), Vania Somavilla (Vale) e Izabella Teixeira (MMA): prêmio à preservação ambiental e valoração da natureza
“A nossa preocupação com o meio ambiente é crescente e relevante. E entendemos que é impossível fazer desenvolvimento sem preservação.” VANIA SOMAVILLA, diretora de Sustentabilidade e Energia da VALE
áreas verdes que protege, reservas legais e particulares. Em seu último projeto, à lem-
brança de Hugo Werneck, a vencedora de 2014 também se perguntou quanto custam os serviços que a natureza nos presta nas 17 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) que ela criou e preserva no Quadrilátero Ferrífero. Quanto vale o estoque de carbono nelas armazenado? E as águas existentes que são imprescindíveis para o abastecimento de municípios próximos a elas? Considerada uma das 20 empresas com melhores práticas sustentáveis do país, a Vale investiu quase R$ 3 bilhões em ações socioambientais em 2013.
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V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
MELHOR EMPRESA
FIEMG
Estender as mãos e ajudar as indústrias a se tornarem fontes de negócios rentáveis, ecologicamente corretos e socialmente responsáveis, incentivando o uso de novas tecnologias e o bom relacionamento com as comunidades do entorno. É com esses objetivos e em sintonia com o bem-estar coletivo que o “Programa Minas Sustentável”, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), segue ampliando as suas ações e beneficiando, em especial, as micro e pequenas empresas. Lançado em 2010, o programa foi implantado em formato piloto nas cidades de Contagem e Betim. Na etapa seguinte – com a metodologia testada e aprovada pelos empresários locais – ex-
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“A indústria está deixando de ser vista como patinho feio pela sociedade.” CIBELE MAGALHÃES, coordenadora do programa “Minas Sustentável”
pandiu suas atividades e hoje está presente em toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte (Regional Sede) e nas regionais Fiemg do Vale do Aço, Pontal do Triângulo, Vale do Paranaíba, Vale do Rio Grande, Norte, Rio Doce e Alto Paranaíba. Os resultados alcançados são animadores. Atuando na Gerência de Desenvolvimento Social (SESI), com o apoio da Gerência
de Meio Ambiente da Fiemg, a equipe do Minas Sustentável contabiliza, entre outros indicadores, 2.267 empresas diagnosticadas (com relatórios socioambientais concluídos e entregues), 1.188 pessoas capacitadas e 1.488 indústrias orientadas para a obtenção do licenciamento ambiental. “Em 2015, nossa meta é chegar à Zona da Mata, ao Sul e ao CentroOeste”, informa a coordenadora do Programa Minas Sustentável, Cibele de Araújo Magalhães. CUIDANDO DA ÁGUA Entre as ações desenvolvidas ao longo deste ano merece destaque a “Indústria na Meta 2014”. Essa parceria, firmada com o Projeto Manuelzão, é destinada a desenvolver, em conjunto com o empresariado,
FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES
“O dia vindo depois da noite. Esse é o motivo dos passarinhos.”
Olavo Machado, ao lado de Patrícia Boson (Ecológico), recebe a estatueta das mãos de Lázaro Luiz Gonzaga, presidente da Fecomércio/Sesc/Senac-MG: reconhecimento à indústria verde
ações para a despoluição do Rio das Velhas, nas sub-bacias dos ribeirões Itabirito, Arrudas, Onça, da Mata, Jequitibá, Água Suja, Caeté-Sabará e Jaboticatubas. De janeiro a setembro foram visitadas e orientadas 335 empresas. Nessa parceria, o “Minas Sustentável” oferece capacitações e orienta as indústrias a adotarem ações de conservação e reutilização da água, com foco no tratamento de efluentes industriais e na gestão de resíduos. “Percebo que a mudança de atitude é coletiva. Ao apoiar as empresas na avaliação dos impactos ambientais de suas atividades e na identificação das oportunidades de melhoria de seus processos, estamos ajudando também a consolidar uma nova imagem do setor. A in-
“Acho que estou virando ecologista. Li uma frase do dr. Hugo afirmando que você deve influenciar as pessoas. E eu fui influenciado.” OLAVO MACHADO, presidente da Fiemg
dústria está deixando de ser vista como patinho feio pela sociedade e comprovando que tem cuidado e compromisso verdadeiro com o meio ambiente, em especial com a água, um bem vital e a cada dia mais escasso”, pondera Cibele.
As micro e pequenas indústrias que buscam a regularização ambiental e o aperfeiçoamento de seus processos se beneficiam ainda de outra parceria, entre o Minas Sustentável e a Caixa Econômica Federal (CEF). Atualmente, já são 18 empresas com financiamentos aprovados, totalizando aproximadamente R$ 10 milhões em investimentos. Ao agradecer, o presidente da Fiemg confessou: “Acho que estou virando ecologista. Li uma frase do dr. Hugo afirmando que você deve influenciar as pessoas. E eu fui influenciado. Estou muito feliz em poder receber este prêmio. Estamos colocando as indústrias mineiras na frente das demais justamente pela nossa preocupação e compromisso ambiental.”
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V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
MELHOR EMPRESÁRIO
Diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi foi responsável pela empresa ganhar o Prêmio Hugo Werneck em 2011, na categoria “Melhor Parceiro Sustentável”. Na época, o executivo fez unir duas áreas geralmente opostas no ramo da mineração – a de Operação e a de Meio Ambiente, esta última quase sempre perdedora – em uma só unidade, chamada “Diretoria de Sustentabilidade”. Em maio último, Vescovi voltou à cena superando a gestão inovadora que havia implantado. Foi durante a palestra que ministrou em uma reunião com os membros da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE/Minas Gerais), na sede da Fiemg, em BH, e que a Revista Ecológico reproduziu, na íntegra, em sua edição 71. Mais que emocionar todos, com seu exemplo de vida e aposta num futuro melhor, por meio da educação ambiental, ele provou que a mineração pode e deve preservar valores outros além do mercado, como respeito, integridade e verdade, como bem retratou no depoimento a seguir:
FOTO: DIVULGAÇÃO
RICARDO VESCOVI
Vescovi à frente da empresa bicampeã do Prêmio Hugo Werneck: as organizações também podem amar
O amor no nosso quintal “Sustentabilidade, amor à natureza e seus princípios. Segundo Alain, pseudônimo literário de Émile-Auguste Chartier, jornalista, ensaísta e filósofo francês nascido em meados do século XIX, o amor ‘é encontrar a riqueza fora de si’. O autor da frase não se refere a riquezas materiais, mas sim àquilo que somos capazes de apreciar e proteger de forma espontânea e gratuita, que dispensa motivo, interesse ou justificação. Pensemos: nós mesmos, homens e mulheres que habitamos o planeta, somos produto social da natureza. Ela também é dona da fauna, da flora, da terra, da água, do clima e dos minérios que nos
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“Por trás de cada ação empreendida no caminho da sustentabilidade revela-se o amor pela vida.” oferecem insumos para criar. Hoje e sempre a natureza foi nosso hábitat. Mas, durante muito tempo, ela foi vista como inesgotável em seus recursos, o que faz com que hoje precise ser não apenas lembrada e celebrada, mas também recuperada e preservada. Retomando a fala de Alain, se
amar é encontrar a riqueza fora de si, esse movimento é restaurar o contato com a gênese do que há de mais rico e precioso para cada um de nós: a natureza. Porque ela justifica e alimenta a vida, que deve ser uma vida digna, em que cada um se reconheça no papel de construtor da sociedade que não será nossa pra sempre, mas deve ser de alguém no futuro. Do pioneirismo de Paulo Nogueira Neto às veredas de Guimarães Rosa, em defesa do Cerrado brasileiro. No início dos anos 1980, o dr. Paulo, considerado o primeiro ambientalista brasileiro, foi representante da América Latina na Comissão Brundtland, das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Foi onde surgiu, pela primeira vez, a expressão ‘desenvolvimento sustentável’. Sua defesa persistente de políticas que instaurassem um olhar atento sobre o destino do planeta contribuiu para que a questão ambiental mudasse de patamar na mídia, na indústria e nos governos, dos quais participou em vários cargos públicos. Acredito que, guiando as crenças de Paulo Nogueira Neto, estivesse seu amor pela natureza e pela humanidade. Do Cerrado mineiro, nascido em Cordisburgo, um dos maiores escritores da língua portuguesa, João Guimarães Rosa elevou sua voz para criar uma nova línguapátria, um verdadeiro hino libertário do sertão de Minas Gerais. Com ele, dono de muitos idiomas, a temática regional ganhou feição universal. É como se o escritor trouxesse para a margem a natureza escondida no fundo da terra e do rio, sem intenção de dali retirá-la, mas simplesmente de revelá-la em toda a sua grandeza. A partir da publicação de ‘Grande Sertão: Veredas’, em 1956, ele descortinou seu amor pela natureza. E como não mencionar, ainda, o próprio Hugo Werneck, ambientalista brasileiro, fundador de uma das primeiras ONGs da América Latina a levantar a bandeira do que chamamos hoje de sustentabilidade? O Centro para a Conservação da Natureza, que ele criou, já defendia o meio ambiente, a economia verde e a redução da fome e da pobreza no mundo. No mundo corporativo, quando abrimos o dicionário para procurar palavras que definam nossos objetivos e metas, o termo amor jaz esquecido. Talvez porque nós,
FOTO: GUALTER NAVES
“Vivendo se aprende, mas o que se aprende mais é só fazer outras maiores perguntas.”
O empresário do ano entre Hiram Firmino e Eloah Rodrigues, diretores do Grupo Ecológico: duplo reconhecimento
homens ocupados em pensar e edificar um futuro melhor para nossos descendentes, consideremos que ele é um termo restrito ao âmbito pessoal. Quando o Prêmio Hugo Werneck chama nossa atenção para uma palavra tão expressiva e, ao mesmo tempo, tão frágil, cabe-nos perguntar: o que de amoroso há na busca pelo desenvolvimento sustentável? Talvez a resposta não venha de imediato. Mas se deixarmos por um momento as nossas agendas e mirarmos as lições que amantes da natureza como Paulo Nogueira Neto, Guimarães Rosa e Hugo
Werneck nos legaram, veremos o indispensável: por trás de cada ação empreendida no caminho da sustentabilidade revela-se o amor pela vida, o único que não pode deixar de existir, o que nos garante que o desenvolvimento só se justifica se for para o bem do homem. Talvez a resposta para o que existe à sombra de um buriti não seja outra senão este poder amoroso de transformar o mundo a partir da sombra em nosso quintal.” Acesse o link goo.gl/IctPUY e leia na íntegra a palestra que ungiu a indicação vitoriosa do presidente da Samarco.
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MELHOR PERSONALIDADE
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O homenageado ladeado por José Cláudio Junqueira, o filho Cástor Henrique, Marina Werneck, bisneta de Hugo, e Pedro Borrego, diretor de Sustentabilidade da Anglo American: história de vida e humildade
história ecológica de Minas ele agradeceu, em especial, a cinco companheiros de luta: Hugo Werneck, Angelo Machado, Octávio Elísio, José Cláudio Junqueira e José Carlos Carvalho: “Nos anos 1970, pela primeira vez em Minas, houve aglutinação de pessoas em torno de uma causa ambiental. Éramos FOTO: REPRODUÇÃO
“Ficar nas coisas negativas? Não. Havendo o sol, para que ficar nas sombras? Se há sombras, o sol da esperança dos que vêm atrás de nós vai fazer com que elas diminuam. Para alguém que teve a felicidade de cair neste país, aos 18 anos, e nunca se sentiu estrangeiro, e de ter uma mulher e um filho brasileiros, é aqui que quero morrer.” Foi com esse depoimento emocionado que o vencedor da categoria “Melhor Personalidade” recebeu a estatueta em homenagem à sua história atuante na luta ambiental. Uma das mais importantes autoridades sobre paleontologia em Minas e no Brasil, Cartelle é formado em Letras Clássicas, Filosofia, História, Biologia, mestre em Geociências e doutor em Morfologia. Sua mais recente obra, o livro “Das Grutas à Luz”, que teve o apoio de Ilmar Bastos e da Anglo American, e prefácio do nosso ex-governador e futuro senador da República, Antonio Anastasia, já se tornou referência da história arqueológica do estado. Ex-criador e participante histórico do Copam, Cartelle ainda tem um sonho: que essa obra chegue a todas as instituições de ensino, estudantes e pesquisadores em paleontologia e arqueologia do país. E que o dinheiro arrecadado com a venda dos exemplares seja revertido para o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, do qual é um dos curadores, renascido como uma fênix, também este ano, das chamas de um incêndio, a exemplo do que ocorreu em quase todo o país. “Vejo, com esse prêmio, que fiz alguma coisa útil”, disse ele. Ao relembrar fatos importantes da
FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES
CÁSTOR CARTELLE
O SONHO de Cartelle é que o livro esteja em todas as instituições de ensino do país
contra a construção de um aeroporto em uma região cárstica. Não conseguimos impedi-la, mas, pelo menos, criamos a APA Cárstica de Lagoa Santa. Foi assim que conheci o dr. Hugo, esse humanista ambiental e ambientalista humano. E também o Angelo Machado, de quem fui suplente no Copam, e que exigia presença permanente para que eu aprendesse sobre como o estado de Minas pensa a questão ambiental. Isso com a influência, também, do Octávio Elísio, esse gigante não só em altura, mas em coração. Nessa trajetória, também fui levado pelas mãos de um antigo aluno meu que acabou virando meu professor: José Cláudio Junqueira. Além deles, há uma outra pessoa, pensador do futuro que sempre traz ideias geniais para o presente: José Carlos Carvalho. Hoje, só quem recebeu seus ensinamentos consegue fazer alguma coisa boa no meio ambiente.”
No próximo ano, vamos continuar com o nosso jornalismo verdade e uma programação ainda mais diferenciada, com o melhor sinal HD.
AFINAL, É POR VOCÊ QUE A RECORD MINAS FAZ MAIS. FELIZ 2015! www.recordminas.com
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V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
DESTAQUE NACIONAL O grande vencedor desta categoria proporcionou aos brasileiros uma aula magna de jornalismo e educação ambiental, por meio de uma reportagem sobre a tragédia climática da seca e da falta d’água vivida na pele e na garganta de moradores do Sudeste brasileiro. Uma tragédia que tem causa, mas presidente algum na nossa história política jamais ousou enfrentar com o coração pulsante: o desmatamento ignorante, criminoso e continuado da Floresta Amazônica. Ao receber e agradecer o prêmio em nome da equipe do Fantástico, o diretor de Jornalismo da TV Globo Minas, Renê Astigarraga, ressaltou: “Esse tipo de denúncia nos ajuda a proteger o planeta por muito mais tempo, para nossos filhos, netos e as gerações que virão”. Acesse o link goo.gl/WH21cm e assista ao vídeo vencedor.
FOTO: GUALTER NAVES
TV GLOBO / FANTÁSTICO
Marco Simões, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da CocaCola Brasil; Maria Dalce Ricas (Amda) e Renê Astigarraga (TV Globo Minas): a verdade sobre a devastação da Amazônia e a seca no Sudeste
DESTAQUE ESTADUAL FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES
FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS
Amândio Fernandes (Oncomed), Alexandre Enout (Biodiversitas), Cibele Vitarelli (Oncomed), Angelo Machado e Gustavo Pedersoli (Ecoavis)
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Comandada pelo prof. Angelo Machado, a Fundação Biodiversitas venceu nesta categoria com o “Projeto Conexão: implementando o corredor ecológico Sossego-Caratinga”, na Zona da Mata mineira. É onde se preserva a espécie ameaçada de extinção do mono-carvoeiro ou muriqui, considerado o maior primata das Américas. Tendo como protagonistas os agricultores familiares de Simonésia, na Zona da Mata, três mil hectares de Mata Atlântica foram conectados com o plantio de 40 mil mudas no entorno de nascentes na região, tornando o corredor ecológico o primeiro oficialmente reconhecido por decreto estadual entre as montanhas de Minas. As ações de sensibilização ambiental do projeto envolveram 1.005 crianças, 125 professores e 173 moradores de comunidades agrárias. Por seu êxito, o projeto foi renovado por mais dois anos e irá restaurar e preservar mais de 120 hectares de florestas nativas.
“Se o senhor não conheceu este homem, deixou de certificar que qualidade de cabeça de gente a natureza dá, raro, de vez em quando.”
DESTAQUE MUNICIPAL FOTO: GUALTER NAVES
PREFEITURA DE NOVA LIMA
Cássio Magnani e sua mãe, Terezinha, ladeado por Délio Malheiros, vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente de BH, e Carlos Cavalcanti, presidente da Aliança Municipal das Ações Comunitárias de Nova Lima (AMA)
À frente da cidade mineira com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o prefeito Cássio Magnani vem reformulando o Plano de Saneamento Básico com propostas mais assertivas para o tratamento de água e esgoto, drenagem urbana, coleta seletiva e destinação correta de resíduos em todo o município. Outros desafios enfrentados, com verbas já asseguradas, são a recuperação ambiental do Lixão do Galo e a implantação de corredores ecológicos em parceria com a Prefeitura de BH, em todo o complexo ambiental da Serra do Curral, símbolo da capital mineira. Em apenas dois anos de governo, sua administração criou cinco monumentos naturais, preservando as serras do Souza, da Calçada, morros do Pires e do Elefante, e Banqueta do Matozinho, atendendo à reivindicação de mo-
“Temos a consciência que Nova Lima representa hoje o 'pulmão' e a 'caixa d'água' da Região Metropolitana de Belo Horizonte.” CÁSSIO MAGNANI, prefeito de Nova Lima
radores e ambientalistas para preservar integralmente esses locais. Hoje, existem apenas 36 áreas de preservação deste tipo no país. “Dedico esse prêmio a todos aqueles que têm a coragem de preservar a biodiversidade maravilhosa que temos em nosso município, com 62% de seu território preservado. Quero dividi-lo com Roberto Messias Franco, nosso se-
cretário de Meio Ambiente, e dizer que essas medidas que tomamos em dois anos de governo refletem uma responsabilidade que temos e que vai além dos limites do nosso município. Temos a consciência de que Nova Lima representa hoje o ‘pulmão’ e a ‘caixa d’água’ da Região Metropolitana de BH. Apesar do índice de desenvolvimento crescente e a mineração alterando o nosso município e um assédio grande do setor imobiliário, nada disso é capaz de nos demover do encanto e da busca incessante pela preservação. Que esse prêmio sirva para que Nova Lima tenha sempre como lição a conservação de seus ecossistemas e que a Região Metropolitana possa se beneficiar dessa riqueza maior e insuperável que conseguimos preservar”, afirmou Cassinho, como também é conhecido, ao receber o Prêmio Hugo Werneck.
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MELHOR EXEMPLO DO TERCEIRO SETOR
Criar um espaço onde cultura e ambiente interagissem num jogo contínuo de criação e recriação de relações de identidade com os membros do arraial e das comunidades vizinhas. Essa é a inspiração do Instituto Kairós, ONG fundada há 12 anos no distrito de São Sebastião das Águas Claras, também conhecido por Macacos, do município de Nova Lima, na Grande BH. Sua proposta maior, em parceria com a Vale, Fundação Dom Cabral, Vallourec e Prefeitura de Nova Lima, é gerar e transferir tecnologias sociais orientadas ao desenvolvimento humano integral das comunidades à sua volta. “Agradeço ao Grupo Ecológico pelo prêmio e aos nossos parceiros. Se a gente está aqui hoje, com essa história bonita pra contar, é porque tivemos o apoio deles”, afirmou Rosana Bianchini, coordenadora-geral do instituto. Leia na próxima edição uma reportagem completa sobre esta ONG vitoriosa.
FOTO: GLÁUCIA RODRIGUES
INSTITUTO KAIRÓS
Antônio Padovezi (Vale), Rosana Bianchini e Nestor Sant’Anna, ex-presidente do Conselho de Administração do instituto
MELHOR EXEMPLO EM ÁGUA Para recuperar uma área de 174 hectares de sua propriedade no município de Santa Rosa de Goiás (GO), o agropecuarista Fábio de Paula Santos revitalizou três Áreas de Preservação Permanente (APPs). Replantou mais de 36 mil árvores e implantou curvas de nível e bacias de contenção de água em toda a sua outrora degradada propriedade. Tudo isso fez retornar e novamente garantir a umidade do solo. Aumentou a vazão de nascentes da região, além das de sua fazenda particular. E o mais simbólico: ser ator e testemunho do surgimento do Córrego Cafungadinha, que hoje brota no interior de sua propriedade e corre 500 metros de extensão protegido pelas matas ciliares que o próprio Fábio recuperou em ambas as margens. Leia a reportagem completa na edição de janeiro.
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FOTO: GUALTER NAVES
CÓRREGO CAFUNGADINHA
Marcos Jeber Jardim (Regap/Petrobras), Bento de Godoy (Semarh/Goiás); Fábio de Paula e suas filhas Elena e Ester; e Breno Carone, presidente do Cibapar/Comitê Hidrográfico da Bacia do Paraopeba
V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
MELHOR EXEMPLO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
FOTOS: GUALTER NAVES
FOREA
Nísia Werneck (FDC), Renato Gomes e Bettý Giovannoni (ForEA), e José Carlos Carvalho
Idealizado pela Prefeitura de Carangola, o Fórum Regional de Educação Ambiental da Zona da Mata (ForEA) promove aos seus servidores o conhecimento da legislação ambiental, bem como os sensibiliza para a adoção de condutas sustentáveis em relação à preservação do meio ambiente. A cada ano, 600 profissionais, principalmente professores, participam do evento. Eles geram como resultado, por exemplo, campanhas de preservação da biodiversidade e formação de brigadas de prevenção e combate a incêndios florestais. O ForEA já foi finalista duas vezes do Prêmio Hugo Werneck.
INSTITUTO XOPOTÓ / CREADS JOSÉ DO CARMO NEVES
José Rivelli (Xopotó) e José Carlos Carvalho entregam o prêmio a José do Carmo Neves: memória viva
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O Programa “Econhecendo as Trilhas” é fruto da cooperação técnica entre o Instituto Xopotó, fundado e dirigido pelo engenheiro florestal José Geraldo Rivelli, e o Centro de Referência em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável (Creads) José do Carmo Neves. Promovendo iniciativas como hortas orgânicas, criatórios e reabilitação de animais silvestres, consumo consciente e energia alternativa, já atendeu mais de 2.500 universitários, alunos e professores de escolas públicas e particulares do estado. Ele acontece na Fazenda Engenho D’Água, em São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto, e tem como patrono o engenheiro agrônomo, emblemático na luta e história ambiental mineira: o ex-diretor-presidente do IEF, José do Carmo Neves.
“Passarinho que se debruça, o voo já está pronto.”
MELHOR EXEMPLO EM FAUNA
PROGRAMA PEIXE VIVO, CEMIG Em atividade desde 2007, o programa busca preservar os peixes dos cursos d’água do estado e definir estratégias para evitar e prevenir a morte dos animais aquáticos nas hidrelétricas da Cemig. Com ele, foi possível reduzir a mortandade de peixes em operações das usinas em 77%, além da soltura média anual de 730 mil novos alevinos de espécies nativas. A iniciativa também envolve as comunidades ribeirinhas. Por meio dos projetos de educação ambiental e de esportes, 1.800 estudantes já foram beneficiados em todo o estado.
Hugo Vilaça (PBH), Raquel Loures (Peixe Vivo), Enio Fonseca (Cemig) e Gladystone Rodrigues (CRBIO)
MELHOR EXEMPLO EM MOBILIZAÇÃO SOCIAL
PROGRAMA JOGUE LIMPO, SINDICOM Sediado no Rio de Janeiro, o programa já reciclou mais de 300 milhões de embalagens desde a sua fundação, em 2005. Por meio de um sistema de logística reversa, a coleta é feita na cadeia cadastrada de revenda do produto e o material é transportado por 57 caminhões especiais para 21 centrais de recebimento. Idealizado pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), o Jogue Limpo atinge 2.142 municípios e tem 30 mil pontos geradores cadastrados em todo o país. Apenas em 2013, foram recicladas 70 milhões de embalagens.
Mário Campos, presidente do Siamig, Marcelle Azeredo e Maurício Séllos, coordenador do Sindicom, e Alessandro Nepomuceno, diretor de Sustentabilidade da Kinross
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V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
MELHOR EXEMPLO EM TI
FOTOS: GLÁUCIA RODRIGUES
ECOTECA DIGITAL, TERRA BRASILIS
Leonardo Bortoletto (Sucesu Minas), Sônia Carvalho e Sônia Trigueiro (Terra Brasilis) e Roberto Francisco (Plansis)
Criada em 2012, pelo Instituto Terra Brasilis, a Ecoteca Digital é uma biblioteca virtual onde estão reunidas milhares de publicações referentes às áreas protegidas do país. O objetivo é disponibilizar ao público, em especial aos gestores de unidades de conservação, uma ferramenta para aperfeiçoar e compartilhar conhecimento sobre como proteger a flora e a fauna locais. Mensalmente, cerca de 60 novas publicações são inseridas no acervo da Ecoteca, que já conta com mais de 2.100 títulos digitais de diversos idiomas, e tem mais de 30 mil acessos por ano. Por ter vencido ano passado na Categoria “Flora”, com o projeto Pato Margulhão, a Terra Brasilis também é bicampeã do Prêmio Hugo Werneck.
MELHOR EXEMPLO EM FLORA
UH GUILMAN-AMORIM / VEREDA BERÇO DAS ÁGUAS
José Eduardo Ramos, presidente do Grupo Brennand Cimentos; Cyro José, Ricardo Boaventura, José Arimatéia, diretor do Consórcio GuilmanAmorim, e Marcos Leandro (TV Record Minas)
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Com fotografias de Cyro José e coordenação editorial de Ricardo Boaventura, o livro “Vereda Berço das Águas”, patrocinado pela Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim, contribui significativamente para a divulgação científica de informações sobre as veredas, ressaltando a sua importância ecológica e econômica para o país. Com textos temáticos, educativos, e imagens belíssimas de paisagens de várias regiões brasileiras, a obra possibilita que pessoas de diferentes áreas de atuação se unam pelo objetivo comum de conhecer, respeitar e preservar esses estratégicos patrimônios naturais do Cerrado brasileiro.
V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
HOMENAGEM
GUIMARÃES ROSA O segundo homenageado da noite foi o escritor Guimarães Rosa. A contemporaneidade de sua obra também foi lembrada durante todo o evento, em que artistas do Grupo Ponto de Partida, com harmonia e teatralidade, declamaram belíssimos trechos de livros como “Grande Sertão: Veredas”. Rosa nasceu em Cordisburgo, em 1908. Foi médico, era poliglota (falava fluentemente alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto e russo) e, até sua morte, em 1967, havia publicado apenas nove livros. Com “Grande Sertão”, não apenas lançou um novo olhar sobre o Cerrado brasileiro, ao descrever o cenário natural entremeado por buritis, veredas e água em abundância, com as bênçãos do Velho Chico, como também recriou a linguagem regional do sertanejo. “Buriti, minha palmeira, lá na vereda de lá. Casinha de banda esquerda, olhos de onda do mar”, escreveu ele. Dois momentos emocionantes da noite que marcou a entrega do Prêmio Hugo Werneck foram quando o Ponto de Partida, liderados pela diretora, atriz e produtora Regina Bertola, entoou as músicas “Dois Rios” e “Buriti”. Como Riobaldos e Diadorins da arte, os integrantes resgataram a essência do poeta com uma interpretação incrível, que arrancou aplausos dos convidados. “Queria agradecer ao Grupo Ecológico por essa honra que não tem medida. Receber um prêmio em nome de João Guimarães Rosa, aquele que deu asas às palavras. E, mais ainda, teve a sabedoria e o talento de desencravar raízes para proporcionar a todos nós arquiteturas de voos nunca imaginados. Foi ele que nos ensinou que ‘o diabo, não há. Se existe, é homem humano, travessia’. E é esse homem humano que eu e o Grupo Ponto de Partida preservamos em tudo que a gente faz. Está na mão desse bicho-homem matar ou salvar este planeta. É a gente, não temos escapatória: ou nos salvamos juntos ou nos afogamos. Somos filhos e protetores da Nhá Terra, que é mãe e útero. Cabe a nós proteger esse planeta maravilhoso em que vivemos. E isso não cabe apenas às empresas e governos, mas a cada um de nós. É hora do bicho-homem agasalhar a esperança no mundo.”
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Olavo Romano, presidente da Academia Mineira de Letras, Délio Malheiros e Marília Carvalho (IGAM) fazem a entrega simbólica da estatueta para Regina Bertola, atriz e diretora do Grupo Ponto de Partida
“Viver é muito perigoso, porque ainda não se sabe, porque aprender a viver que é o viver mesmo.”
MANIFESTO
FOTOS: GUALTER NAVES
O RECADO DE NHÁ TERRA
A premiação terminou com o Grupo Ponto de Partida lendo o seu “manifesto” pela sustentabilidade humana
“Há de se cuidar das nascentes e da água que alimenta a morada dos homens. Há de se pajear os peixes e os rios, os ninhos e as florestas, as sementes e os frutos, os voos e os nascimentos, os seres minúsculos e os oceanos. Há de se tomar posse da energia que se oferta do sol e dos ventos. Nada pode tornar-se lixo. Tudo tem de ser reciclado, recomposto, reinventado. Há de se plan-
tar árvores longamente e proteger o ar para que seja apropriado para as borboletas e os meninos. Prometem atender aos pedidos de Nhá Terra? Então eu os consagro cavalheiros, filhos e guardiões da Terra. E agora vão. Vão devolver para os povos e os animais do Cerrado seus motivos de esperança. Meu ventre precisa estar livre para parir a vida.”
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V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
FESTA DO CERRADO FOTO: GUALTER NAVES
Confira algumas presenças na festa de consagração da sustentabilidade e do amor à natureza ocorrida, este ano, no Teatro Francisco Nunes, em pleno coração verde de BH
Hiram Firmino e Olavo Machado
Alceu Torres, Gleuza Jesué, Izabella Teixeira e Vania Somavilla
Zuleika Torquato e Angelina Moraes
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Pedro Borrego e Cástor Cartelle
Izabella Teixeira, Evandro Xavier e José Carlos Carvalho
FOTOS: GLÁUCIA RODRIGUES
“Com o tempo se refrescando, e o desabafo do ar, buriti revira altas palmas.”
Déa Januzzi e Regina Bertola
Rodolpho Samorini, Cristiane e Ricardo Vescovi
Liliane Carneiro Costa, Fábio Vincent, Maria Elvira e Diva Dorothy Safe
Olavo e Kátia Romano
Fernanda Lima e Fernanda Zebral
Ronaldo Vasconcelos e Cleinis Faria
Bertholdino Apolônio e Alceu Torres
Leonardo Mattos e Délio Malheiros
Maurício Séllos, Marcelle Azeredo e Silmara Belinelo
Caio e Eunice Rodrigues
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V Prêmio de Sustentabilidade & Amor à Natureza
Lúcio Sampaio, Olavo Machado e Nestor Sant’Anna
Sanakan Firmino, Janaína De Simone, André Firmino e Ester Magalhães
Gustavo Amaral, Cristina Lacerda e Douglas Santos
Francisco Lafetá leg e Bruno Castilho
Alexandre Sion, Pedro Borrego e Ranasari Firmino
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Luiz Gomide e Christiane Antuña
José Luiz, Ethel Kacowicz e Ruston Albuquerque leg
Poliane Brennand e Murilo Laurindo
Salomão Perico e Eloah Rodrigues
FOTOS: GLÁUCIA RODRIGUES
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
Hiperedes Atheniense e Cássio Magnani
Ricardo Muniz e Christian Andrade
Gilson de Deus, Newton Viguetti e Edinilson Barbosa
Roberto Messias, Angela Drummond e Alison Coutinho
José Francisco e Viviane Rezende
José Guilherme, Cristiane Malheiros e Alessandro Lucioli
Trajano Raposo e Giovanni Peres
José Centeno, Sílvia Nunes e Júlia Chagas
Guilherme Paculdino
Octávio Elísio
Amândio Fernandes, Cibele Antunes e Fábio Vincent
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