Elphie #2

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olá, terráqueos! Segunda edição... uau! É interessante como as coisas acontecem rápido quando estamos realizando um sonho. Planejar pode ser divertido, mas colocar em prática é sensacional. O sentimento que cada vez preenche mais os corações desta equipe é o de dever cumprido.

aqueles que não desgrudam dos animes ou mangás.

Mas o que nos deixa com o coração mais aquecidinho, é saber que a segunda edição de uma revista com uma proposta inclusiva, leva na capa uma mulher que vai seguir o legado de vários homens. Um pequeno spoiler Elphie é um pedacinho da gente, é sobre da nossa matéria de capa: nós amamos a quem somos e sobre o que amamos. Nossa nova Doctor! expectativa é que a cada edição você também se sinta parte deste grupinho seleto de Estamos ansiosos para saber a opinião de vocês no facebook.com/revistaelphie, lemnerds/otakus/bookaholics apaixonados. brando que para participar das colunas de E para nossa primeira edição de número par, contos e crônicas os textos podem ser enviatemos muitas novidades, como uma seção dos no revistaelphie@outlook.com. só para os amantes de livros e outra para

Sumário Conto

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Paraísos Asiáticos

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Crônica

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Diário de um otaku

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Mangás e Animês

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Matéria de Capa

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HQ’s

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Literatura

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Organização Ana Marques Júnio Moreira

Autores Jesianne Delfino Letícia Ribeiro Saylon Sousa Stefany Christina

Imagens freepik Capa Júnio Moreira


Diário E

de

Lili

u queria dormir, sabe? É, tipo coisa que pessoas normais fazem pelo menos sete horas por dia. Ando ocupada demais, pensativa demais, sobrecarregada demais. Quase não tenho tempo pra mim, pra fazer as coisas de que gosto, ou pra estar com quem gosto. Entrei no automático e esqueci onde fica o Off. Eu queria ser esquecida por um dia, não fazer falta a ninguém, ser desnecessária à humanidade, me sentir desobrigada das minhas obrigações. Queria ativar o “modo avião” e me desconectar do mundo e das pessoas que vivem nele, dos problemas, das metas a serem batidas, das expectativas, das manias, das angústias e das frustrações. Eu queria não ter de fingir que sou forte o tempo todo, nem dissimular meus sentimentos confusos, assumindo o papel da personagem carismática por fora, mas que, por dentro, junta seus caquinhos. Eu queria me livrar da falsa-esperança de que as coisas serão melhores no futuro, e que os sofrimentos de agora pagarão a pena; quando, na verdade, finjo que não estou vendo o presente ir embora sem que eu tire o devido proveito dele. Eu queria ser blindada contra a ansiedade tosca de que o crush corresponda ao meu sentimento anônimo, visualize minhas mensagens depressa e as responda com um monte de emojis românticos e fofinhos. Eu queria que meus pais me vissem como alguém em quem apostar, em vez de como uma fonte de despesa sem garantia de retorno. Afinal, sou eu a mais interessada na minha independência. Eu queria não imaginar que gasto menos com minhas necessidades básicas do que aqueles blogueiros-fitness maravilhosos com seus cachorros, o que me faz pensar em duas possibilidades: ou a vida tem um baita humor-negro, ou ela “tá fazendo um jogo comigo”. Logo eu, que sempre “fico quieta, quase não peço nada. E quando é sobre mim, eu fico calada”. Eu queria que todos os azares e más notícias me errassem; que meus professores não aplicassem prova no último horário da sexta-feira, nem pedissem para entregar trabalhos na segunda, o que significa perder o fim de semana. Eu queria passar um dia inteiro alternando entre deitar, comer torta de limão e beber suco de pêssego, assistir a filmes e séries, ler um bom livro e deitar de novo. Queria, só por um dia, ser eu mesma, para eu me lembrar de como era. Sinto saudade de mim. 3

conto

por Felipe Melo


E como chegar? Você pode utilizar o Aeroporto Internacional de Kansai, que fica relativamente próximo, e após o JR Express Haruka para o restante do percurso, o trajeto tem a duração de um pouco mais de 1h.

Kyoto: a Alma e Essência Japonesa Quando se pensa em Japão, dois extremos surgem à mente: a modernidade tecnológica e os resquícios do período feudal japonês, que povoam o imaginário de qualquer amante das terras asiáticas.

Outra opção, caso opte por conhecer Tóquio antes, é utilizar o trem-bala Shinkansen para Kyoto, a viagem dura cerca de duas horas, e ainda poderá conhecer outras cidades em seu caminho.

De fato, o Japão possui duas cidades que podem demonstrar claramente a união do que é o país do sol nascente: a atual capital, Tóquio e a antiga capital, Kyoto. Na segunda edição de Elphie, vamos explorar a cidade que esbanja cultura e tradição de seus prédios históricos aos seus cidadãos.

PRINCIPAIS ATRAÇÕES Estar em uma cidade que mantém a essência feudal, e não conhecer os incríveis pavilhões e templos, não é uma opção. Entre eles, recomendo o Pavilhão Dourado (Kinkaku-ji), o Pavilhão Prateado (Ginkaku-ji) e o templo Kiyomizu-dera.

Inicialmente conhecida como Heian, Kyoto permaneceu como capital até 1868. A cidade é conhecida por suas edificações antigas, justamente por ser uma das únicas que manteve a estrutura original após a Segunda Guerra Mundial.

Tal como o nome sugere, o pavilhão dourado é adornado de ouro puro em toda a sua estrutura, apesar de já existir anteriormente, ele foi construído como hoje conhecemos em 1397, pelo shogun Yoshimitsu Ashikaga.

Conhecer Kyoto é se aventurar entre histórias antigas e deslumbrar períodos do passado, com a decisão de conhecer o Japão já feita, o local para se hospedar é uma descoberta a parte, tratando-se de um país como o Japão, diferente em sua natureza.

Os shoguns eram os oficiais militares do mais alto-escalão, podendo ser entendido como um comandante-geral de todo o exército. O título era dado diretamente pelo Imperador, e o poder que eles mantinham pode ser equiparado com o do próprio líder principal, mas em um foco governamental. Enquanto o Imperador seria a alma, o Shogun seria o corpo.

Uma opção que realmente deixa qualquer um apaixonado, é a oportunidade de pernoitar em uma hospedaria tradicional japonesa. Diferente dos hotéis comuns, em um Ryokan você terá a oportunidade de dormir em um quarto de tatame, deitar em um futon (colchão típico japonês, diferente da cama ocidental), e usar até uma yukata. Em geral as diárias incluem o café da manhã e jantar, servidos em seu quarto. E você pode até utilizar uma fonte termal, caso a hospedaria possua.

O objetivo do pavilhão dourado era mostrar o momento político que o Japão vivenciava, de grande abundância e riqueza. O local é cercado por um lago espelhado que traz uma aura ainda mais mágica ao local. É considerado um dos mais belos templos japoneses, tendo obras artísticas e poemas em sua homenagem, Kinkaku-ji possui ainda hoje as cinzas de Yoshimitsu.

Paraísos asiáticos

Este tipo de hospedagem, comum no Japão, traz todos os pontos comuns da cultura de lazer dos japoneses. Em alguns ryokans também é possível efetuar as refeições em uma sala de jantar de uso geral, dependerá muito do tipo de hospedaria desejada, por isso a escolha deve ser feita de acordo com as expectativas.

O Pavilhão Prateado também foi criado levando em conta o período político do país, com a sua construção iniciada no século XV, a ideia era mostrar a instabilidade política que estavam vivendo durante a era da prata. No plano

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vida em risco, certo?!

inicial, o pavilhão seria folheado com prata, tal como o Kinkaku-ji, todavia o seu criador, o neto do shogun Yoshimitsu, morreu antes que a obra fosse finalizada.

Mas, se realmente estiver buscando ter um pedido realizado, vá até a cachoeira de Otowa que fica no local. Acredita-se que aqueles que bebem da sua água terão um desejo realizado.

Atualmente o Ginkaku-ji e o Kinkaku-ji, continuam a manter a sua importância histórica, fazendo parte dos Monumentos Históricos da Antiga Kyoto, pelo Patrimônio Mundial da UNESCO. Para se acostumar mais facilmente com os nomes japoneses, lembre-se que Gin significa Prata, enquanto Kin significa Ouro.

Kiyomizu-dera foi um dos 21 finalistas para as Sete Maravilhas do Mundo Moderno, mas não venceu a competição. Entre os vencedores, está o Cristo Redentor, então se por acaso ainda não o conhece, fica a sugestão.

Para quem tiver interesse em conhecer um templo pessoalmente sem sair das terras tupiniquins, o Kinkaku-ji possui uma réplica brasileira. A cidade de Itapecerica da Serra, região metropolitana de São Paulo, possui no Parque Turístico Nacional Vale dos Templos, uma réplica do pavilhão dourado.

Se o seu interesse está realmente em entender o passado do Japão e se deslumbrar com o clássico, conheça todos os Monumentos Históricos da Antiga Kyoto. São jardins, templos, pavilhões e um castelo, você pode encontrá-los nas cidades de Kyoto, Uji e Otsu.

O “nosso” pavilhão foi inaugurado em 1976, elaborado pelo americano Alonzo Bain Shattuck com a participação do arquiteto Takeshi Suzuki e os escultores japoneses Noburo Norisada e Kanto Matsumoto. Diferente do original, o brasileiro recebeu apenas uma pintura dourada, porém ainda surpreende pela sua semelhança. Então, que tal uma viagem para São Paulo?

CONHEÇA OS FESTIVAIS DE KYOTO

Kiyomizu-dera, como citado anteriormente, também não é uma obra que pode ser ignorada. A estrutura foi fundada no início do período Heian, em 798, pelo shogun Sakanoue no Tamuramaro, e a sua estrutura atual surgiu em 1633, ordenada pelo shogun Tokugawa Iemitsu.

Kyoto é conhecido por ter um dos maiores festivais do Japão, é a essência da música, cor e alegria de um povo em um momento muito especial de descontração e importância, afinal não é o povo que faz o lugar?

Quem não ama um Matsuri (festival)? Se você já teve a oportunidade de ir em algum feito aqui no Brasil, sabe que é uma experiência incrível, porém imagine poder participar de um verdadeiro festival japonês lá mesmo na terra do sol nascente?

O Festival de Gion é um dos maiores e mais famosos do Japão, o qual ocorre no mês de julho. Durante o dia 17 de julho, temos o desfile de coroação, o Yamaboko Junko. E após, durante três noites (yoiyama), as ruas ficam cheias de barracas de comida, onde você encontrará de taiyaki (bolo japonês em formato de peixe), takoyaki (bolinho de polvo) até doces tradicionais japoneses.

O interessante está no fato que não há um único prego em toda a sua estrutura. Difícil de acreditar, não? O seu nome provém da cachoeira que flui próxima e significa água límpida. Outra curiosidade está na expressão popular “pular para fora do Kiyomizu”. Tradicionalmente, se alguém sobrevivesse a um pulo de 13m da grande varanda do salão principal, seu desejo seria realizado. A prática atualmente está proibida. Então aproveite a sua visita para conhecer o local, que traz uma vista incrível da cidade, sem pôr a sua

O espaço é cercado por aquele ar de verão, que os amantes desta cultura conhecem muito bem, as garotas tradicionalmente vestem yukata (quimono simples e mais leve), com as suas bolsas tradicionais e leques de papel. O

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nome do festival provém do distrito/bairro de Gion, que também é conhecido por suas gueixas. Outro festival de Kyoto é o Jidai Matsuri. Jidai significa Eras, por isso Festival das Eras, que ocorre anualmente em 22 de outubro e recria vários períodos e personagens da história feudal japonesa. A recriação é feita pela população que interpreta e participa ativamente do matsuri, o evento existe desde 1868 quando o título de capital foi transferido para Tóquio. O Aoi Matsuri, organizado no dia 15 de maio, também conhecido como Festival Kami, é realizado nos templos Kamigamo e Shimogamo, e se origina do imperador Kinmei, há mais de um século atrás. Os matsuris, templos e celebrações no Japão, geralmente estão ligados a deuses e pedidos. Se um local é atingido por algum tipo de mal ou catástrofe, um dos modos de solucionar o problema é pedir aos deuses por ajuda com templos ou matsuris, aplacando a ira dos deuses, este é o caso do Aoi Matsuri.

de chás que podem tornar o seu sonho realidade.

Na época, a região estava sofrendo com tempestades e enchentes sem fim, o imperador convocou uma celebração para alegrar os deuses e pedir proteção sobre o seu povo. No festival, oferecem-se gerânios (aoi) aos deuses, decoram-se os templos e carruagens com as folhas desta flor.

Tal como o clima do local sugere, o melhor é ir à noite, neste período os estabelecimentos estão todos abertos e o fluxo de pessoas a procura de lazer e diversão é maior. Todavia, durante o dia também possui alguns locais abertos à visitação, caso precise encaixar a visita no período diurno. Aproveite, afinal um pouco de boêmia é sempre bem-vinda!

Para entender um povo em sua totalidade, você deve sentir o que eles sentem e experimentar a suas vibrações no dia a dia, e o que mais pode representar um povo do que a sua gastronomia? Cada povo tem em sua alimentação os princípios básicos de sua vivência, e o povo asiático também utiliza a comida como fonte de princípios e lições.

Kyoto é uma parada necessária para quem estiver viajando pelo Japão, mesmo com a aura antiga e ruas cheias de história e cultura, a cidade é grande e modernizada. Kyoto conseguiu manter a sua essência e honra de capital. Uma cidade viva, que não deixará arrependimentos se visitá-la.

Se um local pode representar o sentir, experimentar e viver de uma cidade, este local é o seu Mercado Público, aonde mais você poderá ver o que eles veem diariamente, comer o que eles comem e sentir o que eles sentem? O Mercado público é um local feito para o povo que lá vive, mas é um ponto obrigatório para um turista que quer conhecer a cidade, e não apenas “passear”. Em Kyoto, você pode desfrutar o tradicional e diferente no Mercado Nishiki (Nishikikoji-dori). Todos os ingredientes e alimentos tradicionais da culinária japonesa estão reunidos em um só local, então se você é fã da gastronomia japonesa, não perca oportunidade de conhecê-lo.

O que é fundamental para sentir e conhecer realmente a cidade de Kyoto? Um passeio entre templos antigos, ruas cercadas de pessoas ou um passeio tranquilo entre flores de cerejeiras? Não deixe de compartilhar a sua opinião em nossas redes sociais e até a próxima edição!

Caso contrário, aproveite a oportunidade para conhecer o local e suas ruas estreitas, as pessoas e suas curiosidades, não existe local que reflete mais a alma de um lugar que o seu próprio povo, um patrimônio vivo e fonte de conhecimento de tudo o que nos rodeia.

por Jesianne Delfino (Musa-sama)

Kyoto

Nesta região também existe outro ponto extremamente interessante de Kyoto, a rua Pontocho, perto do centro da cidade, uma rua pequena e estreita, com cerca de 500m, no qual você pode encontrar diversos bares, restaurantes e casas de chá. Já pensou em ter a oportunidade de ser servido por gueixas? Em Pontocho você encontrará casas 6


SEM SILÊNCIOS Amigo, a depressão vai acabar matando toda a nossa geração? Já ouvi por aí que é o mal do século. Depois de ver tanta gente indo embora de repente (mas sem ser de repente) entendo a extensão desta afirmação. É difícil, eu sei. Como a gente consegue tratar isso? Como que se salva alguém que está à deriva, sem acreditar que possa existir um novo porto seguro? A gente ama? Diz que vai ficar tudo bem? Às vezes não fica tudo bem. E às vezes é difícil amar alguém que já não sente mais nada. Não sabemos realmente lidar com esse tipo de doença, de dor. Eu não sei o quanto devo revelar sobre o meu próprio coração. Já senti ele pesado demais, liguei para uma linha de apoio. Tinham cem pessoas na espera. Eu pensei que uma daqueles outras almas perdidas devia estar sofrendo mais do que eu, então abri mão do meu lugar na fila. Estava difícil, mas não era impossível para mim. E talvez estivesse insuportável para aqueles outros cem. Mas, pense bem, é a minoria que chega a pedir ajuda. Não é uma questão de coragem. Acho que está mais relacionado com nosso histórico, nossa personalidade. Existem pessoas que se desesperam gritando por ajuda. Outras sentem o terror em profundo silêncio. A gente não pode aceitar o silêncio. Por isso eu escrevo, porque não consigo falar. Tirar de dentro os pensamentos ruins faz toda diferença na minha rotina. Eu nunca pensei na última consequência, na decisão sem volta, mas eu entendo quem chega a isso. Empatia talvez seja a palavra que a gente mais precisa. Amigo, não tenha medo. É uma doença, mas não contagiosa. Você pode se aproximar. Você pode perguntar o que está realmente acontecendo. Você pode ouvir. Entenda o que essa alma precisa: consolo, compreensão, paciência, atenção, ajuda profissional. Note os detalhes e não minimize algo que pode levar alguém que você ama para longe, sem voltas.

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crônica

por Ana Marques


Diário de um Otaku: Meu primeiro Anime Friends Confira a aventura de quatro mineiros em SP e ainda algumas dicas para quem deseja viajar Era 7h30 quando meus amigos e eu retornamos à cidade de Patrocínio. Caso não conheça, cidade do interior de Minas Gerais que possuí um pouco mais de 90 mil habitantes. Chegamos exaustos após uma longa viagem, e alguns de nós ainda foram direto para o trabalho, mas em nossos rostos estava estampado que tudo aquilo valeu a pena! De onde vínhamos? São Paulo, capital. O que estávamos fazendo lá? Bem... fomos conhecer o maior evento de cultura asiática do Brasil, o Anime Friends. O evento, que teve shows como os de Asian Kung Fu Generation, Do As Infinity e Blanc7, ocorreu durante os dias 7 e 9 de julho e uniu quase 100 mil fãs da cultura asiática no espaço do Transamerica, Expo Center.

les, acabei criando uma conta no Booking, aplicativo com diversos hotéis registrados, e dentre as diversas opções encontradas, escolhemos um hostel, acomodação que possui preços mais em conta e trabalha com a socialização dos hóspedes, próximo à Estação Luz. No momento da escolha levamos em consideração o local ser perto do bairro Bom Retiro, conhecido por ter imigrantes de várias localidades, principalmente da Coreia do Sul. Mas sem querer, escolhemos um bom local, visto que era perto de uma estação de metrô e ainda próximo do Terminal Rodoviário Tietê, aonde o nosso ônibus chegava e saía.

Meu pequeno grupo de mineiros participou do segundo dia, o sábado (8), e foi uma aventura, visto que nenhum de nós conhecia a cidade. Falando assim, até parece que fomos precipitados e levados por impulso, no entanto, o planejamento começou meses antes. Ao sabermos que o evento estava se aproximando, o qual sempre tivemos vontade de ir e conhecer, já nos preparamos para comprar os ingressos, que este ano estavam R$80.

Terceira dica, leve conta o local, o preço e o que há próximo da hospedagem onde ficará. É sério! Em São Paulo, ficamos um pouco perdidos e, se não tivéssemos escolhido um lugar fácil de chegar, teríamos nos perdido ainda mais. Outra coisa, meu grupo e eu deixamos para pagar tanto o ônibus, quanto o hostel na hora em que chegamos, não compramos antecipadamente, por medo de algo dar errado e perdermos algum dos dois, mas isso é algo mais pessoal.

E aqui vem a primeira dica (um pouco óbvia, mas que muitos não segue), sempre compre o ingresso antes, não importa o que aconteça. Com o ingresso na mão há a possibilidade de pensar nos demais detalhes com mais tranquilidade, além de não correr o risco de ficar sem ingresso.

Primeira parte da viagem preparada, ficamos juntando dinheiro para gastar por lá e já separamos o que iria para os gastos da viagem e da hospedagem. Dias antes, arrumamos as malas, conferimos tudo o que seria levado e ficamos só na ansiedade até o grande dia chegar.

Ingressos comprados, começamos ir atrás de informações do custo de viagens e hospedagens. Como somos de uma cidade interiorana, tivemos um pouco de dificuldade nessa etapa, visto que encontramos somente duas viações que faziam viagens para São Paulo, e uma dessas ficamos sabendo uma semana antes.

Saímos de Patrocínio na sexta-feira (7), às 20h com as malas cheias de cobertas, por medo de estar fazendo muito frio, visto que as previsões de tempo haviam nos prevenido, e algumas guloseimas que acabaram na metade da viagem. Depois de passar por diversas cidades mineiras e paulistas (um de meus amigos e eu acordados em todas), e uma viagem de quase doze horas, chegamos ao Terminal Rodoviário Tietê e a aventura começou.

Segunda dica: procure saber os mínimos detalhes da viagem, como quantas viações fazem o percurso, o caminho, o preço, a quantidade de paradas, etc. A nossa, por exemplo, foi feita pela Viação Continental/Gontijo, custou R$168 (somente a ida), teve entre quatro/cinco paradas e durou cerca de doze horas.

diário de um otaku

Em relação a hospedagens, como não tínhamos ideia de onde procurar, tomei a iniciativa de questionar alguns de meus amigos que já visitaram São Paulo, ou então, que tinham conhecimento sobre o assunto. Após as dicas de-

Como não conhecíamos nada, antes de procurar algo para ir ao hostel, fomos atrás de informações para a nossa volta e já sabendo o horário do ônibus e o preço, já programamos nossos passeios e separamos o dinheiro da passagem. E aqui começamos a errar. Em pesquisas antes de iniciarmos a viagem, havíamos pesquisado qual o horário mais ou menos teria um ônibus para a nossa cidade natal. En-


tão na verdade fomos só confirmar o horário, no entanto, como já estávamos com o dinheiro em mão podíamos ter comprado as passagens, mas preferimos deixar para quando iríamos voltar e quase ficamos sem lugar. Com tudo já decidido, procuramos uma forma de ir ao hostel e escolhemos ir de taxi. Ao chegar ao hostel deixamos nossas malas mais pesadas na recepção, visto que nosso check in podia ser feito só mais tarde, e fomos andar em alguns locais próximos, como as lojas do bairro Bom Retiro e a famosa Rua 25 de Março. Depois de andar muito e comprar algumas coisas, voltamos ao hostel, fizemos nosso check in, guardamos nossas coisas no nosso quarto, descansamos e depois procuramos algo para comer no almoço.

Era mais ou menos 21h40 quando a última música foi tocada, os integrantes da banda de rock japonês agradeceram a presença de todos e foi dado o encerramento de mais um dia de evento. Para voltar ao hostel foi bem mais fácil. A maioria das pessoas que estavam no evento foram de metrô também, então só seguimos o fluxo e paramos na estação que fica de frente à hospedagem. Entramos em silêncio com medo de atrapalhar os demais hospedes que estavam dormindo e fomos nos organizar para descansar também. Um de meus amigos havia passado mal e, por isso, fomos deitar mais cedo. Para não deixar meus parentes de Patrocínio preocupados, utilizei o wi-fi do local para avisar que estávamos todos bem e que tudo tinha dado certo.

Barrigas cheias, fomos procurar informações de como ir ao Transamerica Expo Center. Como o local era muito longe (de acordo com um aplicativo que havia baixado dava uma hora de viagem de carro), ficaria muito caro ir de taxi, decidimos ir de metrô. Conseguimos algumas informações na Estação da Luz e lá estavam, quatro mineiros pela primeira vez no metrô de São Paulo.

Sexta dica, leve remédios na viagem, nunca se sabe se irá precisar. Meu amigo estava com o estomago fraco por que ficamos quase um dia acordados e ainda não havíamos almoçado de verdade, então ao beber no evento acabou passando mal e não tínhamos remédio para ajuda-lo a melhorar. Sorte que no evento havia uma equipe médica que o socorreu.

Como não estávamos com um mapa em mãos e o aplicativo começou a travar, nos perdemos dentro do metrô e tivemos que sair pedindo informações para as pessoas, é aquele ditado, “quem tem boca vai à Roma”.

No dia seguinte, um pouco mais descansados tomamos uma ducha, lanchamos, organizamos nossas malas, agora mais cheias ainda, fizemos o check out e fomos ao bairro Liberdade para realizar nosso sonho de conhecer o local. Chegando lá, tivemos a ajuda de alguns amigos que já conheciam o bairro. Visitamos diversas lojas, compramos muitos itens de otakus e de k-pop, comemos na feira que estava ocorrendo em uma das ruas do bairro, bebemos chá mate (piada interna rs) e tiramos muitas fotos.

Quinta dica, não deixe de carregar mapas impressos, estávamos somente com um aplicativo de mapa no celular e na hora que mais precisamos, ele nos deixou na mão. Em São Paulo ficamos sabendo que nas estações eles distribuem mapas dos metrôs, então é só pedir. E outra coisa, se perdeu, peça ajuda. Todas as pessoas que perguntamos como chegar aos locais foram atenciosas conosco e nos ajudou, então não tenha medo de perguntar. Ao chegar ao ponto certo do metrô, começamos uma nova jornada: procurar o Transamerica Expo Center. Pelo caminho tivemos ajuda de algumas pessoas, outras perceberam que estávamos perdidos e se aproveitou disso, mas no fim, conseguimos chegar ao evento. Entramos no local do Anime Friends, fomos validar nossos ingressos para podermos nos divertir por quase cinco horas, comprando itens, jogando, participando de algumas palestras e, principalmente, assistindo aos shows do Blanc7 e do AKFG.

Sétima dica: deixe suas malas em algum lugar se for andar pelas ruas de São Paulo, não por ser perigoso e ser uma mira “fácil” de bandidos, mas por ser muito difícil de leva-las sem sair esbarrando nas pessoas. Meu amiguinho que estava nos guiando, disse que podíamos ter deixados as malas na rodoviária, pois lá possui espaços seguros para colocá-las. Terminando o tour por Liberdade, fizemos nosso pequeno estoque de guloseimas para a viagem e voltamos para o terminal para comprar as passagens. Despedimo-nos de São Paulo, com a promessa de retornar em breve e, assim, finalizamos nossa pequena aventura.

por Stefany Christina


E agora Eiichiro Oda? Lá se vão 20 anos de One Piece e muita coisa ainda deve rolar Nas páginas da edição n°33 da Weekly Shonen Jump em 2017 todos os olhos foram voltados para um mangá em especial: One Piece. Tal encadernado foi publicado assim no intuito de celebrar os 20 anos do início da história de autoria de Eiichiro Oda nas páginas da revista mais famosa do mercado japonês de mangás. Em 19 de julho de 1997 estreava One Piece, um shonen mangá1 sobre o universo da pirataria que não levou muito tempo para se tornar sucesso de público. Contando as peripécias do aspirante a pirata Monkey D. Luffy, mais conhecido como Mugiwara no Luffy (ou Luffy do Chapéu de Palha), o mangá já ultrapassou a marca de 850 capítulos publicados (e 86 volumes compilados), se tornando o principal título do mercado em número de vendas. Segundo a Oricon – a prestadora de serviço que funciona como um Hit Parade do mercado de entretenimento nipônico – a obra de Eiichiro Oda encabeçou pelo segunda vez consecutiva à lista dos mangás mais vendidos no 1° semestre de um ano (no caso 2017) com um pouco mais de 5,9 milhões de exemplares consumidos. O segundo colocado (Shingeki no Kyojin) obteve um número de vendas 2,5 milhões abaixo disso. Entre os volumes separados, as edições n°84 e n°85 lideram em 1° e 2° lugar, respectivamente, com um pouco mais de 2,6 milhões e 2,2 milhões de cópias vendidas. Grupos de fãs pertencentes ao fandom do mangá já especulam nas redes sociais que One Piece terminará 2017 pela nona vez seguida liderando o ranking anual de vendas. Entre todos os tempos a série já ostenta outra grande marca, com mais de 416 milhões de volumes vendidos. Abaixo dela somente Golgo 13, com 183 volumes e ainda em andamento, e Dragon Ball, com 42 volumes já finalizados.

Mangás e Animês

Em 2015, quando o mangá alcançou o número de 320,866 milhões de exemplares vendidos, a Sueisha – editora responsável pela Weekly Shonen Jump e as compilações em volumes da obra – recebeu do Guinness, o Livro dos Recordes, o título que oficializa o mangá como “A história em quadrinhos mais publicada do mundo”. Baseada na história despretensiosa do one-shot Wanted!, onde publicou o quadrinho Romance Dawn considerado o capítulo zero de One Piece, Eiichiro Oda nos apresentou Monkey D. Luffy e os primeiros rabiscos do universo pirata surreal abordado em sua narrativa. As akuma no mi (frutas do diabo), os Shichibukai (sete senhores do mar), os Yonkou (quatro imperadores), O Exército Revolucionário, a Marinha e o Governo Mundial são alguns dos mais diferentes grupos e entidades presentes no mundo de One Piece com os quais Luffy e seu bando têm que lidar numa aventura única: conquistar a última ilha Laftel, onde supostamente está o One Piece, o tesouro do Rei dos Pira-

tas Gold Roger (ou Gol D. Roger para os mais entendidos na trama). Com um enredo sombrio, One Piece usa o mundo dos piratas para tratar de diversos temas como a corrupção das nações e reinos, a escravidão, o preconceito racial como também os laços fraternos, a liberdade de expressão e até mesmo a justiça. Para mascarar tanto temas delicados em um shonen mangá, Eiichiro Oda faz uso exacerbado de elementos humorísticos advindos do cartoon satírico muito difundido no Japão pós-segunda guerra mundial através dos periódicos diários e revistas especializadas. As figuras caricaturais e o antropomorfismo em diversas personagens são o ponto chave para evidenciar a multirracialidade do universo criado e detalhar sensivelmente as peculiaridades das personalidades que compõe o universo narrativo. Não fugindo a regra, os nove protagonistas do mangá (os Piratas do Chapéu de Palha) possuem caráter e personalidades distintos que variam desde a ingenuidade à mentira, da humildade à avareza, da honestidade ao pervertismo. Isso respeitando o plot principal da história. Tratam-se de piratas e não poderiam ser exemplos mais indignos de tal categoria, mesmo que seus atos em sua maioria destoem completamente do que se espera de praticantes da pirataria. Sobra assim aos seus adversários (que assumem os papéis de vilões) terem a missão de serem os mais desprezíveis piratas dos quatro mares (North Blue, Soulth Blue, East Blue e West Blue) e da Grand Line – a rota mais importante da trama, pois é o caminho para o One Piece. Em 20 anos Eiichiro Oda nos apresentou uma cacofonia de personagens e motivações para suas existências. Entre reinos, bandos piratas e oficiais da Marinha vê-se um pot-pourri de caras e bocas que mais nos divertem do que outra coisa, acabando que confundido os de mente fraca no que diz respeito ao cerne da trama. Até hoje não se sabe o que é o One Piece, o mais próximo que se chegou é de uma possível rota para encontrá-lo. Além desse mistério que dá nome ao mangá, Eiichiro Oda nos presentou desde muito cedo com outro mais aterrorizante: O Século Perdido. Por meio de aparições esporádicas em momentos da trama, os cem anos obscuros do mundo são citados como um terrível momento da história que foi apagado dos registros para evitar que o mal se levantasse mais uma vez. O pouco que se sabe está escrito numa linguagem decifrada por poucos e cunhadas em rochas lapidadas chamadas Poneglyph. Nesse mistério entram outros que são quase como chave para desvendar a grandiosidade do mangá como a real natureza das akuma no mi, a linhagem maldita dos “D.”, e três armas mundiais

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escondidas pelo Governo Mundial. Enfim, muitas teorias são feitas sobre isso em fóruns, redes sociais e canais no YouTube por fãs ávidos por serem no futuro aclamados como verdadeiros reveladores do segredo de Eiichiro Oda. Junta-se à todo esse sucesso e mistérios um boom mercadológico. Com um animê produzido pela TOEI Animation registrando quase 800 episódios exibidos, 13 longa-metragens para cinema além de jogos eletrônicos e demais itens de coleção. Uma verdadeira franquia que rende milhões de dólares anualmente aos seus produtores e seu criador. No Brasil, a franquia de One Piece não teve uma das receptividades mais felizes que se possa esperar. Em 2002, a já falida editora Conrad, começou a publicar o mangá no seu tradicional formato meio-tankobon2 (dividindo 35 volumes em 70 volumes), mas não pôde continuar devido a sua instabilidade financeira que levou a fechar as portas. A editora Panini Comics, por meio do selo Planet Mangá, publica desde 2012 One Piece, seguindo seu padrão universal no formato tankobon3 estando dezessete volumes atrasando em relação ao Japão. Para piorar a situação da franquia o animê passou por problemas durante sua primeira exibição na TV aberta, em 2007, quando os distribuidores – atendendo solicitações de restrições de censura – acabaram eliminando elementos como armas, cigarros e sangue da animação. Isso provocou um forte sentimento de rejeição à obra, que foi evidenciada pelo trabalho de dublagem também criticado. Hoje, com a situação já contornada e uma fanbase forte e estruturada, One Piece é uma das paixões entre os otaku e amantes de animação em geral. O serviço em streaming Crunchyroll veicula semanalmente novos episódios e oferta o catálogo com os mais antigos todos já em HD. De posse de tanta informação, vem à pergunta que não quer calar: o que se pode esperar mais de One Piece? Bom, somente Eiichiro Oda pode responder isso e ele o fará através das páginas de seus mangá. Mas se cabe aos fãs especularem, pode-se dizer que o que mais se aguarda são os desdobramentos sobre alguns dos segredos apresentados aqui e o encaminhamento de todos os enredos presentes para um clímax que não decepcione que acompanha por duas décadas – e quem sabe mais uma –, esse que é o romance pirata mais engraçado narrado nas últimas gerações.

por Saylon Sousa*

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* Bacharel em Comunicação Social – Rádio e TV; Pesquisador voltado para o campo da Cultura Pop Japonesa e seus derivados. Shonen mangá, ou mangá para meninos, é uma das classificações demográficas do mercado editorial de mangás no Japão.

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Formato de publicação de mangás popularizado no Brasil no início dos anos 2000 pela editora Conrad que consistia em dividir um volume original de mangá em dois. 2

É um termo da língua japonesa para um livro que é completo em si próprio e não é parte de uma série, embora a indústria de mangás use o termo para identificar compilações de capítulos que possam fazer parte de uma série. 3


Cinquenta e quatro anos, trinta e seis temporadas, um filme e oitocentos e dezenove episódios: este foi o tempo necessário para que uma mulher assumisse de vez uma chave de fenda sônica e o console da T.A.R.D.I.S. No último dia 16, após a final do torneio masculino de tênis de Wimbledon, as especulações caíram por terra e Jodie Whittaker foi anunciada como a décima terceira Doutora. É bem verdade que o terreno já havia sido preparado: nos últimos anos, os fãs da clássica série britânica foram diversas vezes lembrados de que as regras da regeneração de um TimeLord não restringem seu sexo. Quando um TimeLord ou TimeLadie (Alienígenas provenientes do planeta Gallifrey, que se encontra agora suspenso fora do tempo-espaço) são mortalmente feridos, a Regeneração entra em cena: uma troca completa de corpo e personalidade, que apenas tem a bondade conveniente de manter intacta a memória e os conhecimentos. E foi em um destes eventos que o grande arqui-inimigo do Doutor, o TimeLord Mestre, se tornou Missy: a sarcástica, venenosa e amada TimeLady vivida por Michelle Gomez. Mas mesmo que a regeneração de Mestre/Missy tenha tornado a troca de sexo cânone, muitos fãs estavam despreparados para encarar sua primeira Doutora. Por um lado, podemos encarar que o novo showrunner (Chris Chibnall, que tirou o comando do universo Who das mãos do amado/odiado Steven Moffat) ousou ao escolher Jodie Whittaker para o papel, desafiando o conhecidamente tradicional mercado britânico. Por outro, podemos gritar “FINALMENTE CULHÕES!” e considerar uma escolha feminina até tardia para o papel. Girl’s Power, please!

Matéria de capa

O fato é que Jodie (Já podemos chamar de Jô?) não foi escolhida por acaso: A atriz já trabalha com Chris Chibnall em Broadchurch, série que está no ar desde de 2003 e conta ainda com David Tennant, ator que interpretou o Doutor por três aclamadas temporadas. O currículo da moça conta ainda com Black Mirror e o filme Um Dia (One Day, 2011), além de várias outras aparições na TV e nos cinemas. “Quero dizer aos fãs que não se assustem com o meu gênero, porque esse é um momento bem empolgante, e Doctor Who representa tudo que é empolgante sobre

mudanças. Os fãs viveram por tantas mudanças, e essa é somente uma nova e diferente, não uma que deve ser temida.” Jodie Whittaker para BBC.

Ok, o Doutor é Doutora, e o que isso muda? Provavelmente, pouca coisa! A mudança de sexo já deve ser inovação suficiente para manter Chris Chibnall retraído em sua primeira temporada. Vale lembrar que algo restou da era Moffat para que o novo Showrunner e a nova Doutora se apeguem: Missy ainda está lá, e provavelmente Nardole também servirá de apoio. Por outro lado, a companion Bill encerrou sua participação ainda na décima temporada, o que abre mais especulações: podemos esperar um companion masculino? Não seria uma novidade - só na série nova já tivemos o Capitão Jack, Rory Wyllians e agora Nardole - mas todos coexistiam com a protagonista mulher. Ter um homem como companion manteria o contraste já clássico, mas não seria exatamente necessário, seria?! Desde a tensão sexual forçada entre o décimo primeiro Doctor e sua companion Amy Pound, seguida pelo casamento do mesmo com a filha de Amy (todos os meus amores para River Song), acredito que a última coisa que os whovians desejam ver em tela é um novo relacionamento afetivo - ainda mais com um companion! Na lista de “Relacionamentos interessantes de se ver”, acredito que podemos esperar alguma reação da T.A.R. D.I.S. - Positiva ou negativa. Vale lembrar que a nave possui um temperamento forte e possessivo (morrendo de ciúmes pelo TimeLord que ela roubou para si), e já se voltou contra companions mulheres pelo simples fato destas existirem. Mas acredito que as duas possibilidades existentes podem gerar relações interessantes: ou teremos Doutora Jô e T.A.R.D.I.S. como melhores amigas, ou pode-

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mos esperar algum tipo de Catfight certamente cômico. E ainda temos Missy! A grande vilã que atualmente sofre com pontadas esparsas de bondade e vontade de fazer o certo. Seria demais pedir as duas lado a lado lutando por algo em comum? Bom, sem dúvida elas terão algo a enfrentar juntas: O Machismo! Boa parte dos Whovians se mostraram empolgados com a escolha de Jô para o papel, mas um número equivalente também bateu o pé saindo em defesa da “tradição” ou alguma outra justificativa infundada. Ao procurar comentários pela internet nos últimos dias, a impressão que se tem é que entramos de fato na T.A.R.D.I.S., e seus motores incontroláveis nos levaram para um tempo no qual ainda é estranho uma mulher enquanto heroína principal de um programa de TV. Francamente, pessoas... Francamente. Mas, da mesma forma como a regeneração do Doutor para Capaldi (um ator consideravelmente mais velho do que os outros apresentados na série nova) a alguns anos atrás foi explicada como a superação de uma crise-de-meia-idade e consciência, a regeneração de Capaldi em Jodie também geraria um bom artifício de roteiro. Dedos cruzados! Doctor Who se reinventou! Provou mais uma vez que regras são para os fracos e que, para o doutor, tudo é possível! Para cada fã que abandonar a série pela escolha de Jodie, dois novos aparecerão e serão acolhidos de braços abertos pelos Whovians que já aprenderam que, no final, o que faz esta serie tão maravilhosa são as risadas inusitadas e os nós na cabeça! Boa sorte, Jodie. Boa sorte, Doutora. Boa sorte, Missy e boa sorte T.A.R.D.I.S.! Sabemos que vocês nos surpreenderão, e deixarão o que já é bom, muito melhor!

por J. J. Moreira


Bruno Vieira conta um pouco sobre sua trajetória no mundo das publicações A Imperial HQs começou como um estúdio de criação e hoje é uma grande comunidade que oferece oportunidade para artistas independentes. Em 2014, iniciou bem suas atividades postando nas redes sociais uma página por dia da excelente HQ Cronos. A iniciativa partiu da dificuldade de encontrar pessoas que auxiliassem os, na época, novatos neste mercado. Hoje além da publicação de webcomics, contam também com a produção de livros, artigos e vídeos no youtube, que além de falar sobre os bastidores de criação, também oferece dicas para quem também quer trilhar o próprio caminho.

No império das HQ’s

independentes

Conversamos um pouco com Bruno Vieira, administrador e roteirista do projeto. Conte para gente, como a Imperial começou e qual era o objetivo inicial? A Imperial HQs começou quando iniciamos a publicação da nossa Webcomic Cronos. Decidimos criar uma marca para englobar todas as nossas histórias. Cronos conseguiu atrair muitos leitores, e vimos uma oportunidade. Decidimos transformar a Imperial HQs em um estúdio, formamos uma equipe e o nosso principal objetivo era divulgar nossas histórias em quadrinhos e livros. Depois de todo esse tempo, o que mudou e qual é o maior sonho de vocês agora? A Imperial HQs deixou de ser um estúdio e se transformou em uma plataforma para autores independentes. Nosso principal objetivo é dar suporte a autores oferecendo um espaço para a divulgação dos seus projetos, artigos e vídeos falando sobre a produção de quadrinhos e livros, uma comunidade, desafios para estimular a produtividade e um sistema de monetização para que o autor seja remunerado. Vocês andam abrindo espaço para novos autores. Qual é a sua dica para quem está começando e gostaria de trabalhar com vocês? Entre em contato conosco imediatamente pelo e-mail imperialhqs@gmail.com. Aceitamos tanto autores iniciantes quanto veteranos, nosso intuito é promover o crescimento e aprendizado, todos juntos. Falando mais do lado pessoal, qual é sua maior motivação e sua maior dificuldade ao ser roteirista?

HQ’s

Minha principal motivação é criar histórias que façam as pessoas pensarem, se sentirem inspiradas, promover algum tipo de mudança ou reação. Gos14


to de me sentir diferente depois de ler um livro ou uma história em quadrinhos, gostaria de provocar o mesmo nos meus leitores. A principal dificuldade é manter a calma e o controle das ideias, tenho muitas ideias engavetadas e outras surgem com frequência, me controlo para não iniciar outra história antes de terminar outra. E ao administrar todo este projeto? Confesso que é complicado, mas ao mesmo tempo divertido. Gerenciar tantas histórias e conhecer novas pessoas me fascina. É muito interessante perceber que cada autor tem um jeito único de contar uma história. De todos os seus personagens, qual é aquele com ou qual você mais se identifica? Helena, do livro Vintage. Ela é determinada, viciada em trabalho e luta para conquistar os seus objetivos, ela também herdou o meu jeito irônico de pensar e agir. Gostaria de acrescentar mais alguma coisa? Uma dica para quem tem algum projeto que vai contra os paradigmas da sociedade em que vivemos. Se for seu sonho, execute, mesmo que pareça distante ou impossível para muitos. Use a sua criatividade para transformar os problemas em oportunidades, transforme sonhos em objetivos e trabalhe todos os dias para concretizá-los.

Perfil Um filme: Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Uma animação: Divertida Mente. Um livro: Faça Boa Arte, Neil Gaiman. Uma música: Trouble, Cage The Elephant. Uma HQ: Sandman, Neil Gaiman. Para os novos autores, fica a dica para essa oportunidade que a Imperial oferece. Para os leitores, deixamos o imperialhqs.net como um excelente espaço para descobrir novas histórias.

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A rainha da literatura toda Abrindo nossa coluna literária temos como estreante nossa querida e aclamada autora de fantasia YA: Sarah J. Maas. Sarah Janet Maas nasceu em Nova York em 5 de março de 1986. Seu primeiro livro, Trono de Vidro, teve seus primeiro capítulos postado no FictionPress, se tornando uma das histórias mais populares no site. Após seu sucesso, Maas percebeu o potencial da obra para publicação, retirando Trono de Vidro do ar em 2013 e o divulgando como livro de estreia no mesmo ano. Trono de Vidro foi eleito um dos melhores livros pela Amazon, e originou uma série na qual todos os livros se tornaram Best-sellers do New York Times, ficando também entre os finalistas no Good Reads Awards. A serie tem como protagonista Celaena Sardothien, uma das maiores assassinas do reino de Adarlan que, após um ano presa em Endovier, é solta pelo príncipe herdeiro para representa-lo em uma competição. Esse é o início da jornada da nossa protagonista que, nesse primeiro livro, não vai apenas enfrentar os perigos da competição, mas também os que rondam o reino, vindos de seu passado e também de outras sombrias dimensões. Celaena Sardothien desde o início se mostra uma personagem destemida, não apenas uma garota com habilidades de luta e espada mortais, mas também de personalidade forte e decidida. Algo que chamou a atenção em seu lançamento, foi o fato de que, mesmo existindo muitas protagonistas femininas em vários livros, ainda não tínhamos sido apresentados a uma que podia salvar a si mesma, e provavelmente seu “mocinho”, o que nos leva a falar de nosso importante e querido personagem Dorian Havilliard. Ele é sim o príncipe de nossa historia, mas não necessariamente o príncipe de Celaena. Dorain Havilliard é filho do rei de Adarlan e próximo na linha de sucessão ao trono. Ele nos é apresentado primeiramente como o “salvador” de Celaena ao livrá-la de Endovier lhe oferecendo um trato: vencer a competição e se tornar a Campeã do Rei. Após alguns anos servindo a coroa, a assassina ganharia sua liberdade. Dorian tem a seu lado Chaol Westfall, seu melhor amigo e capitão da guarda real, um homem de honra orgulhoso de sua posição, da qual abdicou de seu título como Lorde de Anielle, para servir Dorian e Adarlan. À medida que o livro vai se desenvolvendo, esses três personagens vão se conhecendo percebemos um crescimento em seu relacionamento, tanto amigável quanto amoroso, nos apresentando um triângulo bastante complicado.

livros

O primeiro livro se foca mais na competição e nos perigos do castelo nos apresentando também o grande antagonis-

ta: o Rei de Adarlan, que é um homem tirano e sociopata. Os livros seguintes ampliam o ambiente e nos apresenta novos lugares deste vasto mundo criado por Sarah. Novos personagens também são apresentados como feéricos, bruxas, generais e seres de outros mundos, sendo todos de igual importância para o crescimento da historia. A série possui seis livros publicados, cotando com cinco volumes da serie original e um prequel, todos já lançados no Brasil: Trono de Vidro, Coroa da Meia-Noite, Herdeira do Fogo, Rainha das Sombras, Império das Tempestades e o prequel, A Lamina da Assassina. Este ano será lançado o sexto livro, Tower of Dawn (Torre do Amanhecer em tradução literal), e depois teremos mais um livro com o desfecho da aventura. Sarah J. Maas também começou uma nova serie de livros. A primeira obra, baseada no conto clássico de A Bela e a Fera, leva o nome de Corte de Espinhos e Rosas. Temos como protagonista outra personagem corajosa, Feyre Archeron, uma humana que vive nas Terras Mortais, separada por uma muralha mágica dos feéricos que vivem em Prythian. Feyre é uma garota que caça todos os dias para tentar sustentar sua família falida e que não possuí nenhuma esperança de um futuro melhor. Ela sente medo diariamente do povo feérico, que escravizou os humanos por muito tempo, mas após matar um lobo na floresta apenas por ódio, ela se vê em uma situação perigosa: o lobo na verdade era um dos servos de um Grão Senhor feérico, que acaba indo cobrar a vida tirada. Assim ela é forçada a se mudar para Prythian e começa a viver sob os cuidado de Tamlin, o líder da Corte Primaveril. Os acontecimentos do livro se seguem e mesmo temendo pelos humanos e sua família do outro lado da muralha, após um tempo Feyre começa a confiar em Tamlin e se apaixona por ele. Mas, o Grão Senhor possui muitos segredos que não pode compartilhar. Segredos esses que o colocam em extremo perigo e Feyre faz tudo o que está em seu alcance para salvá-lo, até mesmo um acordo com Rhysand, rival de Tamlin. Rhysand é um personagem que não posso deixar de citar, pois acaba se tornando extremamente importante para a estória, principalmente no desenvolvimento do segundo livro, que baseado no mito de Hades e Persefone. Rhysand é o Grão Senhor mais poderoso da história de Prythian e governante da Corte Noturna, sua personalidade pode ser descrita como um homem arrogante e cruel. Deixando de lado os temidos spoilers, o que posso dizê-los é que sua participação no crescimento de Feyre é indispensável, e bom... ele é um dos melhores motivos para ler essa série maravilhosa.

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O primeiro livro é ambientado em sua maioria na Corte Primaveril e “Sob a Montanha”, que é quando somos apresentados a nossa antagonista Amarantha, uma general do reino de Hybern que se autoproclamou Rainha de Prythian. Ela é extremamente cruel gostando de torturas tanto físicas quanto psicológicas.

Personagens como essas nos mostram que mulheres não são sexo frágil, e por mais que sejam apenas fictícias, podemos tirar algo delas, absorver essa mensagem e nos fortalecer para levantarmos por nós mesmas e mostrar que não só podemos, como viemos para transformar esse mundo e sacudir suas bases.

A série possui dois livros publicados no Brasil, A Corte de Espinhos e Rosas e A Corte de Névoa e Fúria, mas teve seu terceiro livro publicado em maio deste ano nos Estados Unidos, A Court of Wings and Ruins (A Corte de Asas e Ruinas em tradução literal) que deve ser lançado ainda no final deste ano em território nacional. Sarah planeja escrever seis livros para a série.

Podemos esperar um pouco mais de Sarah J. Maas nas próximas edições, pois vamos sim falar dos próximos livros que virão e, quem sabe talvez, até falemos um pouco mais profundamente desses personagens maravilhosos. E claro, leiam os livros! Não vão se arrepender.

Em uma entrevista ao Good Reads, Sarah J. Maas foi questionada sobre sua crescente fanbase, e declarou: “Honestamente? Isso ainda é uma loucura para mim. Essa jornada é como um sonho que se torna realidade e é algo em que trabalho desde a adolescência, então é simplesmente… insano ver o grupo de fãs crescer. E mais que isso, é maravilhoso que os leitores da série sejam tão gentis, receptivos e generosos – sou incrivelmente grata de poder chamá-los de meus leitores.” Ela também disse que enquanto escreve ela deixa a estória fluir como se os personagens guiassem os acontecimentos, “Amo o fato de Celaena ainda conseguir me surpreender, mesmo depois de tanto tempo” Ainda em sua entrevista ao Good Reads, falou sobre obstáculos que encarou enquanto escrevia e publicava seu primeiro livro: “...nesses anos, o maior obstáculo que eu encontrava era a negatividade das outras pessoas. Tive professores, amigos, familiares me falando que o que eu escrevia (fantasia) não era uma escrita “real”, que livros de fantasia não valiam a pena, que deveria focar em ter outra carreira, que deveria escrever outras coisas, etc. Me recusei a escutá-los. Me recusei a me deixar abalar por eles. Me recusei em deixar que eles roubassem a única coisa que trazia (e ainda traz) a real alegria e propósito para mim: escrever.” Eu sou um pouco suspeita para falar pois sou uma fã de “carteitinha”, mas ainda bem que Sarah os ignorou. Falando um pouco de suas características literárias, as “cenas mais adultas” de seus livros são algo ao qual se preparar, pois querendo ou não são um pouco pesadas então estejam preparados para uma certa dose de “hot” em meio ao contexto fantástico. Algo que podemos contar, também, como característico de Sarah são suas personagens femininas fortes, que lutam por si mesmas e não ficam sentadas esperando serem salvas. Não apenas as protagonistas, como também as personagens secundárias como no caso de Trono de Vidro em que temos Manon Blackbeak, Elide Lochan e Lysandra, que dão apoio para a Celaena e muitas vezes têm participações mais importantes que os personagens masculinos. Em Corte de Espinhos e Rosas podemos citar Morrigan e Amren, que são descritas como sendo fortes o suficiente para temerem apenas seus nomes. 17

por Letícia Ribeiro



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