1º Semestre • 2015 | 15ª edição
Corrente do bem
Em todo tempo, somos convidados a praticar atos de solidariedade e fazer parte dessa corrente do bem. Mas, será que ser solidário é algo que se aprende?
SOLIDARIEDADE
Unidade Propulsão, uma proposta Marista inovadora, acolhe jovens que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas.
DIA A DIA
Já pensou em receber um intercambista em casa? Confira dicas e embarque nessa aventura cultural.
Combinação única de bons valores e excelência.
O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e dos jovens. Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da
educação, da escola à universidade, formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas, a ação social está presente
BRASÍLIA Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400
Superior Provincial Ir. Joaquim Sperandio Presidente do Grupo Marista Ir. Delcio Afonso Balestrin Superintendente Executivo do Grupo Marista Paulo Serino Diretor da Rede de Colégios Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos Diretor de Marketing E COMUNICAÇÃO Stephan Younes
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Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-750 | (61) 3445-6900 Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e 1º Ano do Ensino Fundamental SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 SÃO PAULO Colégio Marista de Ribeirão Preto Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400 Colégio Marista Arquidiocesano Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444 Colégio Marista Nossa Senhora da Glória Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP CEP 01518-000 | (11) 3207-5866 PARANÁ Colégio Marista Paranaense Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR (41) 3016-2552 Colégio Marista Santa Maria Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500
15ª Edição | 1º Semestre 2015 Periodicidade Semestral
com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla rede de solidariedade. Bons valores e excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.
Colégio Marista de Cascavel Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR CEP 85812-011 | (45) 3036-6000 Colégio Marista de Londrina Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR CEP 86060-000 | (43) 3374-3600 Colégio Marista de Maringá Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224 Colégio Marista Pio XII Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374 SANTA CATARINA Colégio Marista São Francisco Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó- SC CEP 89801-500 | (49) 3322-3332 Colégio Marista de Criciúma Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma-SC CEP 88811-503 | (48) 3437-9122 Colégio Marista São Luís Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 - Centro Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313 Colégio Marista Frei Rogério Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba-SC - CEP 89600-000 (49) 3522-1144 GOIÂNIA Colégio Marista de Goiânia Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista Goiânia-GO - CEP 74.160-010 | (62) 4009-5875
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EDIÇÃO Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista Eduardo Correa e Vivian Lemos
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REDAÇÃO
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Jornalista responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646 Supervisão: Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação) Edição de arte: Julyana Werneck PROJETO GRÁFICO Estúdio Sem Dublê | semduble.com
Capa Fernando Pereira,
estudante do Colégio Marista Santa Maria, de Curitiba (PR), sua mãe Patrícia, Goivana Ohta, do 3º ano, e o monitor de alunos Luciano Silva.
FOTO DE CAPA Gilberto do Rosário © Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.
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índice
capa
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Que fatores influenciam na prática da solidariedade? Afinal, ser solidário é algo que se aprende?
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dia a dia
entrevista
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A história do Instituto Marista nasce de um ato de solidariedade, o qual, até hoje, é um convite a sociedade para agir com compaixão.
Acolher um intercambista em casa é uma experiência enriquecedora. Confira dicas de uma boa convivência e conheça a história da família Javorski, que está recebendo o neo-zeolandês Jacob Pritchard.
essência
solidariedade
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O Irmão Alvanei Finamor relembra os primórdios do Instituto Marista e reforça a importância de se doar ao próximo nos dias atuais.
Conheça a Unidade Propulsão, uma proposta que contribui para que adolescentes que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas ressignifiquem suas vidas.
como fazer
compartilhar
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diversão
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curiosidade
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Veja de que forma a juventude Marista se organiza e defende suas ideias por meio das Comissões da Juventude.
Conhecer mais de perto a cultura indígena é se aproximar da nossa origem. Descubra roteiros em aldeias e reservas que, além de divertidos, são uma verdadeira aula de História.
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César Ribeiro, coordenador de Pastoral do Colégio Marista de Maringá (PR), traz uma reflexão sobre os fatores que influenciam as práticas de solidariedade e os novos posicionamentos Maristas sobre o tema.
Confira dicas de livros, filmes e aplicativos indicados pelos professores dos Colégios Maristas.
O sociólogo Eurico Cursino, da Universidade de Brasília, comenta sobre fatores que podem levar jovens a se envolver em lutas radicais, como as propostas pelo Estado Islâmico.
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seu colégio
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Confira as matérias elaboradas exclusivamente para o seu Colégio.
Pesquisa internacional traça panorama de solidariedade no mundo. Confira o ranking de países mais solidários.
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or uma compreensão mais ampla da solidariedade apostólico é bicentenário nas suas realizações por muitos países do mundo. No Brasil, ele começou em 1897, em Minas Gerais. Em 2017, o Instituto Marista completa 200 anos. O Ir. Emile Turú, Superior Geral, comenta, na carta Montagne, a importância dessa missão: hoje, há tantos jovens que vivem sem a força, sem a luz e sem o conhecimento aprofundado de Jesus Cristo – conhecimento que leva ao consolo e à amizade de Jesus – que importa comprometermo-nos como apóstolos, catequistas e educadores. Diante de uma sociedade de pouca fé, sem o correto sentido da existência, não se pode ficar indiferente. São os novos e numerosos Montagnes de hoje, cuja realidade nos provoca e nos convida a sermos generosos. Montagne tem, hoje, milhares de rostos diferentes e vive em realidades que reclamam generosa compreensão e pronta ajuda. O Irmão Turú alarga o entendimento do desafio, na perspectiva a que o Papa Francisco se refere quando nos convida a sair de nós mesmos para as periferias existenciais, entrando em contato com a vida concreta dos muitos outros empobrecidos e expostos a tantos perigos. A solidariedade volta-se à promoção e à defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens e à para a nova evangelização e inclusão social. A solidariedade pode e deve ser aprendida e desenvolvida; o seu itinerário abrange processos e práticas que visam à caridade em obras e ações de verdadeiro melhoramento da pessoa e do grupo desajustado e empobrecido. Visa-se, pois, a melhores níveis de interação e ao oportuno
comprometimento apostólico, dentro das suas circunstâncias e realidades. Ser solidário implica grande compaixão, mas, acima de tudo, o reconhecimento do outro como pessoa necessitada. Champagnat não foi visitar o jovem Montagne para julgá-lo. Foi ao encontro de alguém que tinha a sua identidade e a sua história. Por isso, os dois saíram modificados. Champagnat ensinou-lhe, na urgência do momento, as coisas de Deus e, do seu lado, entendeu que não há mais tempo para perder. O convite é feito a mim e a você, atual leitor desta edição da revista Em Família. Devemos cultivar um coração solidário na nossa vida pessoal, familiar, social e eclesial. Que significa, então, para cada um de nós, o contexto em que a solidariedade é citada como a grande virtude do nosso tempo? Por certo significa colocar-nos na posição de partida, como interpela o Papa Francisco. Cumpre entender bem o sentido da expressão periferias existenciais. Todos somos chamados a uma conversão pastoral e missionária, porque as coisas não podem ficar como estão (EG 25). A que tipo de conversão me sinto convidado? A resposta constitui o atendimento da nossa consciência e do nosso coração solidário e comprometido.
Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos diretor-executivo da Rede Marista de Colégios
© Foto: João Borges
Em 1816, o Pe. Champagnat foi chamado para atender a um jovem carpinteiro de 17 anos, gravemente enfermo, em uma aldeia próxima a Le Bessat, no sul da França. Após ouvi-lo em confissão e prepará-lo para a morte, o padre regressou a La Valla, pensativo. O encontro com o jovem Montagne marcou profundamente a vida de Marcelino Champagnat; nesse acontecimento, percebeu o chamado interior da graça de Deus. Ele iria fundar um instituto dedicado à educação cristã de crianças, adolescentes e jovens, em especial das vilas e dos povoados pobres. Ele levaria a bom termo tal empreendimento. O entendimento de que essa missão era obra de Deus foi basilar para a sua perseverança no projeto da fundação de uma congregação de religiosos dedicados à educação cristã e ao ensino básico da França de então. Nenhuma dificuldade bloquearia o seu projeto. Esta edição da revista Em Família estuda, em particular, a solidariedade. Esse termo evoca as mais diferentes emoções, interpretações e questionamentos. O encontro de Champagnat com Montagne nos revela que a Instituição Marista nasceu de uma experiência de solidariedade em relação de óbvia e grave necessidade. Apresenta-nos alguns referenciais, como a atenção que cumpre dar à realidade e à situação dolorosa do outro, isto é, o nosso próximo. A convicção profunda desperta não apenas a compaixão e a indignação; mas o essencial é a ação para minorar o sofrimento e o estado de abandono dos empobrecidos, sem a luz do bom ensino e, especialmente, sem a luz espiritual da instrução religiosa e cristã. Esse curso e discurso
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dia a dia
© Foto: Fabio Melo
Um intercambista
em minha
casa
Acolher o intercambista como um filho e deixar claras as regras da casa são fundamentais para uma experiência bem sucedida. Ser uma família hospedeira é culturalmente enriquecedor Por Michele Bravos
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Já pensou em adotar um filho estrangeiro? Calma, a gente explica. É comum e bastante incentivado por agências de intercâmbio que os adolescentes intercambistas se hospedem em casas de família para que a imersão na cultura do país para onde estão indo seja mais intensa e significativa. Abrir as portas de casa para um intercambista é como adotar um filho – mesmo que temporariamente. Para Celso Javorski, acolher o jovem Jacob Pritchard, 17 anos, da Nova Zelândia e que está estudando no Colégio Marista de Ribeirão Preto (SP), está sendo uma experiência enriquecedora. “É a primeira vez que estamos recebendo um intercambista e a troca cultural é muito rica. Temos dois filhos e um deles está fora do país, em intercâmbio também. Então, o Jacob, literalmente, está sendo tratado como um filho”. Para Guilherme Reischl, diretor comercial da Egali Intercâmbio, a consideração mais importante de um programa de intercâmbio em casa de família é que a família hospedeira acolha o estrangeiro como um membro da família. “O intercambista tem que usufruir da mesma estrutura de um filho. Ele tem que se sentir integrado, acolhido. As atividades diárias têm que ser realizadas com o intercambista. No começo,
isso pode significar sair da rotina – e a família precisa estar ciente disso –, mas, aos poucos, todos se adaptam”. Jacob afirma que um ponto positivo dessa experiência tem sido passar tempo com sua família brasileira. “Eles são pessoas muito legais, que fazem eu me sentir bem-vindo na casa deles”. Uma boa adaptação depende bastante de regras claras. Reischl lembra que toda casa tem normas que, naturalmente, são cumpridas pelos membros da família. O intercambista precisa ser inserido nesse contexto também. “Ele precisa saber o que pode fazer na cozinha, o que deve fazer com as roupas sujas – se ele irá lavá-las ou se alguém fará isso para ele –, se existe um horário para o banho, se o secador é de uso comum...”. O diretor comercial complementa que isso tudo deve ficar claro já no primeiro dia. “Assim que o intercambista chegar, dê as boas-vindas, faça ele se sentir em casa. Em seguida, de forma gentil, apresente as regras do lar”. Javorski conta que Jacob respeita inclusive as normas de comportamento – por exemplo, com relação a sair para festas e dar satisfação quanto a para onde está indo e com quem. “Tínhamos muita expectativa com relação a essa convivência. É também nossa responsabilidade zelar pela segurança dele”.
Integrando Integrar não quer dizer fazer as vontades do intercambista. Ele precisa conhecer e se adaptar aos costumes do país em que está. Uma boa forma de integrar o jovem à cultura e à nova família é na hora das refeições. “O momento das refeições é muito importante para a integração. Por isso, pelo menos algumas devem ser feitas com a família reunida”. Javorski afirma que os hábitos alimentares certamente são muito diferentes e isso sempre rende bastante conversa. Outra forma de integrar é convidar o intercambista para passear. “É importante que a família esteja prepara-
da para fazer 'programas de turista', mesmo na sua cidade natal. É preciso lembrar que o intercambista também está interessado em conhecer lugares típicos e diferentes dos que ele está habituado a ver”.
Comunicação Na casa da família Javorski, apenas a filha fala inglês. Então, foi preciso desenvolver formas de comunicação até Jacob estar mais fluente no português. “Às vezes, o Google tradutor nos ajuda. A gente acaba tendo que ser criativo”, diz Javorski. Reischl aponta que é ideal que pelo menos um membro da família compartilhe de um idioma em comum com o intercambista. “Caso contrário, a comunicação fica nula e pode gerar desconfortos, como prejudicar a compreensão das regras da casa. Uma família monoglota poderia ser um problema”. As barreiras de comunicação na casa de Javorski têm sido vencidas com bom humor. “Nós falamos português e inglês em casa. Eu imagino que deve ser um quebra-cabeça para eles entenderem o que eu falo, às vezes, mas nós rimos disso”, diz Jacob. O quesito “comunicação” também deve se estender para a família no exterior, pois isso gera maior confiança para o intercambista. “A família que está recebendo deve fazer contato com a família do outro país, mesmo que não falem a mesma língua. Por meio de uma conversa por chamada de voz e vídeo, as famílias podem se ver, sorrir uns para os outros e dar um ‘tchauzinho’. Isso já faz diferença”, afirma Reischl.
Atenção! Não existe idade limite para os membros de uma família receberem alguém. No entanto, recomenda-se que a pessoa que vai ser acolhida seja adolescente ou jovem. Segundo Guilherme Reischl, diretor comercial da Egali Intercâmbio, depois dos 25 anos, a pessoa já tem uma independência que poderia dificultar a interação. A família hospedeira deve avaliar isso.
dicas Seguindo essas dicas, a família hospedeira terá uma grande experiência de vida recebendo um intercambista. l Tenha certeza de que sua casa tem condições de receber mais um membro. Pode ser que ele tenha que dividir o quarto com os seus filhos, mas é importante que o intercambista tenha um espaço que ele sabe que é dele. l Conheça o intercambista antes de ele chegar à sua casa. Pode ser por e-mail, por chamada de voz e vídeo, etc. l Trate-o como um filho, tanto para as coisas legais, como passear em família, quanto para as regras. l Apresente as regras da casa. Elas precisam estar claras para o intercambista. l Pergunte o que ele gosta de fazer ou o que tem curiosidade em conhecer. Seja solícito, simpático, mas não extrapole, impondo a sua programação. l Tenha disposição para conviver com as diferenças – elas são enriquecedoras – e dialogue sempre!
Na foto: Maria Eduarda, Jacob, Anaisa e Celso Javorski.
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© Foto: Gilberto do Rosário
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Atitudes solidárias podem aparecer em diversos contextos. Mas elas são aprendidas ou as pessoas nascem assim? Por Michele Bravos
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Solidariedade se aprende? Falar de solidariedade no Brasil atual é um desafio, diante de tantos fatos de corrupção, de violência gratuita, de discriminação. Mas, para Viviane Silva, assessora da Rede Marista de Solidariedade (RMS), o desafio não é impossível. "Há um provérbio popular que explica bem o ensino da solidariedade: se a palavra convence, o exemplo arrasta. Portanto, é preciso bons pais, bons educadores, bons exemplos inspiradores do que é viver em sociedade". Ela complementa que é importante transmitir a ideia de "eu preciso do outro para viver". Dessa forma, tem-se uma melhor compreensão de senso de justiça e solidariedade. Entendendo a solidariedade como uma virtude, a pedagoga Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Genebra, acredita que ela precisa ser vivida para ser assimilada. “Eu entendo virtude como uma disposição para fazer o bem, como afirma Comte-Sponville, e o bem não é para se contemplar, é para ser feito. Em momentos de crise, por exemplo, podemos indagar crianças e adolescentes sobre os sentimentos do outro. Só assim eles podem construir instrumentos psicológicos que os tornam capazes de solidarizar”. Na família de Fernando Pereira, 17 anos, aluno da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Marista Santa Maria, de Curitiba (PR), as práticas solidárias estão presentes nas pequenas atitudes, como conta sua mãe, Patrícia Pereira. “Uma atitude solidária pode ser dar ouvidos a alguém que está precisando desabafar. Pode ser ajudar alguém a empurrar um carro na rua – coisa que eu já fiz, inclusive. É importante que a família dê esse exemplo e incentivo aos filhos”. Patrícia ainda afirma a importância de as ideias da família estarem alinhadas com as ideias do colégio. “Quando estava buscando uma escola para o Fernando, eu priorizei os valores que a instituição passaria, pois é isso que será lembrado para sempre”. Luciene lembra que a solidariedade é um valor que precisa ser buscado como outros valores morais. "Não nascemos solidários, mas nos tornamos solidários quando conseguimos reconhecer nossas próprias dores, quando temos a experiência de compartilhar as dores dos outros. Pessoas solidárias o são porque desejam ser”, diz. Fernando conta que vive essa constante busca para ser uma pessoa solidária e que tem aprendido a valorizar o que realmente importa. “Desde que comecei a participar da Pastoral da Juventude Marista (PJM), eu me tornei uma pessoa diferente. Sou mais calmo e me preocupo mais com a minha família e meus amigos. Na PJM, não aprendemos só a ser solidários, mas a ser pessoas melhores para o mundo, aprendemos a respeitar mais as diferenças, a dispor do nosso tempo para o outro – como nas missões Maristas – e a ter autonomia”. A pedagoga destaca que a solidariedade se faz presente já na infância. “Do ponto de vista psicológico, a solidariedade é uma das primeiras virtudes que as crianças apresentam e o fazem espontaneamente porque independe de uma construção cognitiva mais evoluída. Depende, na verdade, da sensibilidade com o outro, coisa que criança desenvolve desde bem cedo pela empatia”.
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© Fotos: João Borges
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Curiosidade
Patrícia complementa, expondo que, por vezes, percebe que os adultos não são solidários por medo: “Eles têm medo de ajudar um estranho e ele ser um ladrão, por exemplo. Mas acredito que o medo está relacionado à ausência de fé e as pessoas precisam crer mais, pois penso que, naturalmente, o ser humano é, sim, solidário”.
Ressignificando Por muito tempo, a ideia de assistencialismo, de dependência, esteve associada à solidariedade.
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No livro “O Ensaio sobre a Dádiva”, do sociólogo Marcel Mauss, o autor conta a história do Rei Artur e sua Távola Redonda para concluir seus pensamentos sobre os conceitos de dar, receber e retribuir – presentes ao longo do material: “Sobre a história do Rei Artur e a Távola Redonda. Disse o carpinteiro a Artur: ‘Far-te-ei uma mesa muito bela, onde poderão sentar-se seiscentos e mais, e andar em volta, e de onde ninguém será excluído... Nenhum cavaleiro poderá travar combate, pois ali o de maior destaque estará no mesmo nível que o de menor destaque’. Não mais houve lugar de honra e, por conseguinte, não mais houve querelas. “Os povos podem enriquecer, mas só serão felizes quando souberem sentar-se, tal como cavaleiros, à volta da riqueza comum. É inútil ir procurar longe o bem e a felicidade, pois ele está ali, na paz imposta, no trabalho bem ritmado, comum e solitário alternativamente, na riqueza acumulada e depois redistribuída no respeito mútuo e na generosidade recíproca que a educação ensina”.
Entre os povos ditos primitivos já se faziam presentes atos de dar, receber e retribuir como formas necessárias para uma vida em comunidade, mesmo que, muito atreladas a relações de poder. De acordo com o que explica o sociólogo Marcel Mauss, em seu livro “O Ensaio Sobre a Dádiva”, para que um rei pudesse continuar sendo superior, ele precisava ofertar aos pobres, colocando-os em uma
posição de inferioridade. Mas, recusar não era possível, pois esse ato era o mesmo que dizer que se tinha medo de retribuir. “Ao aceitar uma dádiva, aceita-se um desafio e ele pode ser aceito porque se tem a certeza de retribuir, de provar que não se é desigual”, expõe o autor. Diante disso, existe a necessidade de ressignificar conceitos. Viviane afirma que é preciso um ou-
tro modelo de sociedade, colocando a solidariedade na contramão da visão assistencialista que marcou a história. "Necessitamos de uma sociedade em que o direito seja garantido para todos, sem exceção, onde nenhum tipo de privilégio é aceito, já que fere o princípio comum de justiça. Nesse sentido, o que se discute é uma sociedade onde se aprende, desde criança, a não levar vantagem, nem dar o jeitinho brasileiro, mas que há regras e responsabilidades a serem cumpridas. Essa é uma nova forma de entender solidariedade. Essa posição coloca em relevo a defesa de direitos humanos e a justiça social que precisam ser assumidos por todos".
Relações solidárias hoje Os caminhos da solidariedade são uma trama entre a existência de cada indivíduo e as relações em que se encontram. É preciso se perceber além de si para ser solidário. “Gosto de uma expressão de uma escritora de livros infantis, Adriana Falcão: ‘Solidariedade é quando a gente se empresta pro outro’”, diz Luciene. Fernando relata que uma das experiências mais marcantes que teve na vida foi ter participado da Missão Solidária Marista 2015, em Pouso Redondo (SC), cuja premissa era justamente o contato com o próximo. “Nós ficamos hospedados na casa de pessoas que nem conhecíamos, fazíamos visitas a famílias mais vulneráveis e estávamos o tempo todo em contato com a população durante as atividades. Para mim, isso foi exercer a solidariedade na prática”. Para Patrícia, pensar em solidariedade é pensar em “dispor o seu tempo para o outro”. “Se nos perguntarmos qual o contrário de solidariedade eu diria ‘individualidade’. Acho que, assim, esse conceito fica mais claro”, diz.
As atuais formas de comunicação, sobretudo as que se efetivam em redes, podem incentivar a construção de comunidades e, consequentemente, a prática da solidariedade, pois partem dos princípios de reconhecimento e aceitação do outro como membro da rede, bem como do desenvolvimento de respeito mútuo e de interesse pelo próximo.
dos princípios de reconhecimento e aceitação do outro como membro da rede, bem como do desenvolvimento de respeito mútuo e de interesse pelo próximo”. Viviane complementa: "Podemos entender que a solidariedade está nessas relações com o outro que nos completa, que nos constitui. O contrário disso nos desumaniza, segrega e isola. Por gerar um comportamento coletivo de corresponsabilidade, é um dos principais valores que temos". Para Danielle, a possibilidade de constituição de comunidades nesses espaços virtuais intensifica as práticas solidárias. Ela frisa que o ponto mais importante nesse contexto é o conteúdo gerado pelos membros das redes. “As tecnologias e as redes sociais não promovem solidariedade por si só, mas pelo referencial de valores que os membros dessa comunidade possuem e que se revelam nas suas relações.
Danielle Pamplona Professora da Universidade de Brasília (UnB)
O estabelecimento dessas relações de responsabilidade recíproca está diretamente ligado à comunicação, possibilitando a interação e a colaboração. Traçando um pensamento para o contexto atual, em que o mundo virtual está muito presente, a professora Danielle Pamplona, da Universidade de Brasília (UnB), afirma que “as atuais formas de comunicação, sobretudo as que se efetivam em redes, podem incentivar a construção de comunidades e, consequentemente, a prática da solidariedade, pois partem
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O campo fértil para a solidariedade é regado por valores de amor ao próximo, respeito às diferenças, justiça e ética. Cabe, portanto, aos membros dessas redes incentivar práticas que levem à formação de indivíduos comprometidos com o outro, que priorizem a dimensão humana, a valorização do outro e o fortalecimento dos laços solidários”.
Solidariedade x classes sociais Tendo esse conceito como norte, a solidariedade pode se fazer presente inclusive em ambientes menos favorecidos. "Ainda que o meio seja desfavorável, as dificuldades vividas podem ser superadas. Aliás, é de ambientes vulneráveis que surgem bons exemplos de partilha e solidariedade", diz Luciene. Viviane vivencia isso na prática por meio da RMS, que atua na criação de uma nova mentalidade nos contextos em que está presente. "Não fazemos atos pontuais de generosidade
Não nascemos solidários, mas nos tornamos solidários quando conseguimos reconhecer nossas próprias dores, quando temos a experiência de compartilhar as dores dos outros. Pessoas solidárias o são porque desejam ser. Luciene Tognetta Pedagoga e doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Genebra
nos locais vulneráveis em que estamos, mas temos a solidariedade como valor e comprometimento em defesa da vida em todas suas formas, contribuindo assim para a superação da pobreza e da desigualdade, e pela defesa e promoção dos direitos das crianças e jovens". Conheça o Projeto Propulsão, na editoria Solidariedade desta edição, e saiba como a solidariedade é desenvolvida com
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jovens em situação de vulnerabilidade social.
Por que se faz o bem? Para alguns, ser solidário e fazer o bem são sinônimos. Já, para Viviane, entendendo solidariedade como uma oposição ao individualismo, ela considera que ser solidário é mais que fazer o bem. "A solidariedade supera a busca individual, levando-nos a uma busca
coletiva para encontrarmos soluções para problemas comuns". No fim, praticar a solidariedade e fazer o bem têm como finalidade promover algo de bom, em que todos, tanto quem ajudou, quanto quem foi ajudado, saem ganhando. Luciene afirma que esse jogo de interesse existe – mesmo que no âmbito psicológico – uma vez que “o desejo de ser reconhecido como alguém do bem é o que leva
© Fotos: João Borges
© Foto: Gilberto do Rosário
Fernando Pereira, 17 anos, aluno da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Marista Santa Maria, de Curitiba (PR), e sua mãe Patrícia Pereira.
Da comunidade para a comunidade A origem atrelada a espaços populares motivou um grupo de pesquisadores a criar o Observatório de Favelas, “uma organização social de pesquisa, consultoria e ação pública dedicada à produção do conhecimento e de proposições políticas sobre as favelas e fenômenos urbanos”, como a própria organização se define. O Observatório existe desde 2001 e conta com atividades em diversas áreas de atuação: educação, políticas urbanas, comunicação, cultura, direitos humanos. Por meio das ações realizadas, a comunidade é instigada a se conhecer, a se desenvolver pessoalmente e a voltar o seu olhar e atenção para o meio em que estão, assim como para as pessoas ao seu redor. Para mais informações, acesse o site através do link: observatoriodefavelas.org.br
uma pessoa a agir bem. Queremos nos ver como solidários e detestamos nos ver como egoístas”. Fernando conclui que, independente do que move as pessoas a fazerem o bem, ser solidário contagia quem está ao redor e isso gera um efeito de causa e consequência positivo. “Quando você quer ser mais solidário e faz isso, você está servindo de exemplo para as pessoas e, consequentemente, influencia a todos”.
A solidariedade supera a busca individual, levando-nos a uma busca coletiva para encontrarmos soluções para problemas comuns. Viviane Silva Assessora da Rede Marista de Solidariedade (RMS)
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© Fotos: Acervo do Colégio
entrevista
Todos podem ser solidários O despertar da solidariedade é possível e depende de um compilado de fatores externos e pessoais. Apostas do Grupo Marista nessa área visam promover uma consciência crítica sobre o tema Por Michele Bravos
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A expressão da solidariedade se dá de formas distintas em cada meio e para cada pessoa. Para refletir sobre o assunto e apresentar de que forma o Grupo Marista pretende potencializar o despertar dessa prática nos Colégios, César Augusto Ribeiro é o entrevis-
Sem ignorar o fato de que a solidariedade pode ser ensinada e aprendida, na sua opinião, há pessoas que simplesmente nascem solidárias?
É uma questão difícil. Do ponto de vista biológico, há instintos de preservação que podem ser vistos como solidários – como, por exemplo, uma mulher que acolhe e cuida de uma criança em situação de risco de vida. Porém, entendendo a solidariedade como algo mais dinâmico, que ganha níveis e significados distintos ao longo do tempo e na diversidade de culturas, é difícil concluir que alguém já nasça solidário. É preferível afirmar que todos nascem com a possibilidade de desenvolver esse valor.
A solidariedade está na essência Marista. Por que investir no desenvolvimento de um ser humano mais solidário?
A educação Marista se pauta em vários princípios que apontam para a solidariedade como uma das virtudes de nosso tempo: a formação integral, o desenvolvimento da alteridade e da paz, o protagonismo das infâncias e juventudes, a cidadania planetária e outros que emanam da ética cristã.
Entendendo a solidariedade como algo mais dinâmico, que ganha níveis e significados distintos ao longo do tempo e na diversidade de culturas, é difícil concluir que alguém já nasça solidário.
tado desta edição da Em Família. Ribeiro tem uma longa caminhada no Grupo Marista, já tendo colaborado diretamente com a Rede de Solidariedade Marista. Atualmente, ele é coordenador de Pastoral do Colégio Marista de Maringá (PR).
Quais as apostas para este ano nas unidades pastorais dos Colégios?
A missão Marista no mundo é a educação de crianças e jovens, com um grande foco na defesa e na promoção da vida. Já há algum tempo, as Diretrizes da Ação Evangelizadora do Grupo Marista apontam para a solidariedade socioambiental como um elemento inculturador do Evangelho. A Rede Marista de Solidariedade avançou muito e tem um belíssimo trabalho no campo da defesa e da promoção dos direitos das infâncias e juventudes em situação de vulnerabilidade, pois amplia a ação social em rede, participa de espaços de construção e controle social das políticas públicas e motiva o Grupo Marista a avançar na educação para a solidariedade. Em sintonia com essa caminhada, em 2015, a Pastoral da Rede de Colégios assumiu a promoção e a defesa das infâncias e juventudes como um de seus eixos de análise e estruturação. O objetivo desse eixo é consolidar o posicionamento da comunidade educativa frente à defesa e à promoção dos direitos das infâncias e juventudes em sintonia com os direcionamentos da Rede Marista de Solidariedade (boas práticas de gestão, projetos de solidariedade, mobilização e comunicação) para que a vivência da fraternidade e da caridade cristã abra caminhos e estabeleça pontes para uma cidadania solidária. A aposta está em programas, projetos e ações estratégicos e inovadores que colaborem para que os diversos interlocutores – alunos, famílias, educadores, colaboradores, parceiros – desenvolvam a consciência crítica, ampliem seu olhar sobre a solidariedade, atribuam novos sentidos e colaborem para a transformação positiva do mundo.
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entrevista Para algumas pessoas, solidarizar-se com o outro, colaborar para essa transformação positiva é um verdadeiro exercício. Por que, às vezes, pode parecer difícil se doar ao próximo?
Não é fácil controlar os instintos egoístas e a tendência à acomodação. Nesse sentido, é difícil superar paradigmas anacrônicos, estruturas obsoletas e preconceitos em favor do bem comum. Dá trabalho sair de si, estimular a consciência crítica, reconhecer incoerências pessoais, desenvolver a alteridade, buscar coletivamente soluções assertivas com foco no grupo. Porém, a maior parte dos que começaram a desenvolver sua dimensão solidária encontrou um caminho de realização, ampliou o sentido de sua existência e tornou sua vida mais dinâmica.
Dá trabalho sair de si, estimular a consciência crítica, reconhecer incoerências pessoais, desenvolver a alteridade, buscar coletivamente soluções assertivas com foco no grupo.
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Ser solidário e fazer o bem são a mesma coisa?
Há diferentes níveis de solidariedade. De maneira simplificada, poderíamos destacar três. O primeiro é o assistencialismo. Muitas pessoas se comovem com o sofrimento alheio e se dispõem a ajudar, mas não necessariamente colaboram para que as raízes do sofrimento sejam superadas. O segundo é a fraternidade. Há pessoas que se dispõem a superar preconceitos e conviver com quem sofre. Aprendem que a solidariedade é um “caminho de mão dupla”, de interlocução que promove o crescimento de todos os envolvidos. O terceiro é a defesa e a promoção dos direitos e a emancipação dos sujeitos. Quem está nesse nível assume direta e indiretamente o acompanhamento das políticas públicas que incidem na vida de todos e o apoio às iniciativas que buscam superar as causas da vulnerabilidade social e econômica. Pensando assim, podemos afirmar que ser solidário e fazer o bem podem ser sinônimos, mas têm formas e impactos distintos. César Augusto Ribeiro, coordenador de Pastoral do Colégio Marista de Maringá (PR).
índice
Por Debora Costa
destaque
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Atento às exigências de ingresso ao ensino superior, o Colégio Maristão intensifica as atividades do projeto Conexão Universidade.
com a palavra
ed. infantil
ens. fundamental
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O que pensa a Diretoria-Geral.
Saiba mais sobre o projeto que estimula alimentação saudável entre as crianças.
Trabalho realizado com alunos do Maristinha mostrou que o Brasil é um país plural e diverso na sua formação religiosa.
ens. médio
diz aí
caleidoscópio
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Oficina realizada no Maristão auxiliou os alunos a decidirem a sua carreira profissional.
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Por que as pessoas são diferentes umas das outras? Saiba o que pensam os alunos e o educador.
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você sabia?
gente nossa
ser melhor
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Família peruana relata momentos marcantes do processo de inserção dos filhos no Maristinha.
Felipe Batalha, ex-aluno Maristão, não poupou esforços e buscou conhecimento profissional fora do país para ter seu próprio negócio.
Relembre os principais acontecimentos do Colégio.
Conheça algumas ações da Pastoral.
preconceito O útil?
com a palavra
é
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Colégios Maristas de Brasília
Há diferentes alternativas para enfrentar o preconceito. Uma legislação mais exigente e rigorosa, por exemplo. A educação é outra via importante.
José Leão da Cunha Filho Diretor-Geral
© Foto: Acervo do Colégio
Pessoas costumam cultivar sentimentos negativos ou nutrir pensamentos depreciativos sobre outras pessoas ou sobre ideias, preferências etc. Muitos desses sentimentos e pensamentos são apressados, desprovidos de argumentação, pois dispensaram a apreciação prévia e crítica da reflexão. Chamamos isso de "pré-conceito". Alguns dizem ser coisa do senso comum. Por outro lado, o uso da reflexão crítica não soluciona de todo o problema. A inteligência também sabe cultivar suas preferências, desprezando e, às vezes, hostilizando o que não se harmoniza com elas. Não é esse o terreno mesmo do preconceito? O que parece claro é que em relação às pessoas, ideias e preferências, o preconceito parte de uma crença: a diferença é nociva, por isso intolerável. Donde decorre toda sorte de equívocos, constrangimentos e até atentados à vida. Se olharmos a natureza em geral veremos que sua exuberância baseia-se na diversidade reunida e entrosada. Se isolarmos a espécie humana, mais uma vez, as diferenças saltarão aos olhos. Tudo leva a crer que a conexão das múltiplas alternativas enriquece a coexistência e a convivência. Neste caso, cabe perguntar: que utilidade há em cultivar o desprezo pelo diferente? O mundo tem oferecido fartas oportunidades para que se perceba a importância de fortalecer valores, especialmente de um deles: o amor à vida. Diariamente, pessoas são vítimas da intolerância, desde as coisas mais simples às mais complexas, como os atentados recentes à vida, motivados por razões religiosas, em alguns dos casos. Há diferentes alternativas para enfrentar o preconceito. Uma legislação mais exigente e rigorosa, por exemplo. A educação é outra via importante. Família e escola devem somar esforços para bem educar crianças, adolescentes e jovens na perspectiva do respeito às diferenças e da convivência pacífica. Por meio da educação, a tarefa formativa exige articulação adequada entre as dimensões acadêmica e humana, instigando a garotada a pensar e a agir em favor da vida. É mais difícil de se fazer? Não, é viável e necessário. É exatamente assim que faz a Escola Marista. Esse é seu diferencial.
Regando com boas ações Atividade estimula alimentação saudável entre crianças
A equipe pedagógica do Maristinha Pio XII desenvolve com as turmas do Infantil 5 o projeto Natureza e Sociedade, que tem como objetivo estimular a alimentação saudável nesse período crucial para o estabelecimento dos hábitos nutricionais das crianças. Para dar início à ação, os alunos são levados até a horta do Colégio para conhecer e entender como funciona o processo de plantio das sementes e o que deve ser feito para que a mesma cresça e se desenvolva. Em parceria com a equipe pedagógica, o Núcleo de Pastoral do Colégio desenvolve outra atividade: o Regador Mágico. O objetivo é tornar os alunos responsáveis pela horta da Escola durante seu processo de desenvolvimento e mostrar que todos têm um importante papel nesse processo, que vai do preparo do terreno e plantio das sementes até a colheita. Antes de visitar a horta, a agente de Pastoral Alessandra de Castro leva um “presente” para a turma escolhida – o regador, que será entregue aos
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alunos ornamentado com a ilustração de Champagnat e da Boa Mãe. Porém, sua utilização requer alguns cuidados. Alessandra explica aos alunos a importância que eles devem ter no cuidado, no respeito e no amor ao próximo. A agente explica que assim como cuidamos das plantinhas para o seu crescimento, devemos cuidar também dos nossos amigos, família, professores etc. “Quando o regador é entregue para a turma cuidar da horta, revelamos que ele é mágico e para que funcione temos que ter bons sentimentos e boas atitudes”, disse. Enquanto o regador estiver com a turma, a professora escolhe, diariamente, um aluno que tenha se comportado bem, com boas atitudes, que tenha sido cuidadoso e harmonioso junto aos colegas. Esse, então, será o responsável por cuidar da horta naquele dia, pois soube valorizar e colocar em prática as boas ações. Assim, o regador mágico poderá ser utilizado. “O regador só funcionará quando nosso coração estiver cheio de bons
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sentimentos”, lembra a agente de Pastoral em sua fala aos alunos. O Regador Mágico faz com que as crianças vivenciem o desenvolvimento da vida através do cultivo da horta, do crescimento da planta. E é por meio desse processo de transformação que as crianças são estimuladas a cultivar o respeito às pessoas, aos animais e à natureza.
© Fotos: Acervo do Colégio
ed. infantil
ens. fundamental
Por um país que valorize
a diversidade Trabalho realizado com alunos do Maristinha mostrou que o Brasil é um país plural e diverso na sua formação religiosa 22
Os alunos do 9º ano do Colégio Maristinha desenvolveram, em 2014, nas aulas de Ensino Religioso, um trabalho com foco na compreensão do ecumenismo (processo de entendimento entre as diversas Igrejas cristãs) e do diálogo inter-religioso, como movimentos de comunhão de pessoas e de culturas em um mundo globalizado. A atividade consistia em fazer com que os alunos compreendessem que as estruturas dos organismos ecumênicos e de diálogo inter-religioso podem favorecer a construção de uma cultura de paz e de valorização à diversidade. Para iniciar a discussão do conteúdo em sala, o professor Álvaro Loureiro estimulou os alunos a pensarem sobre o significado da palavra ecumenismo. Em
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uma aula especial, ele explorou os conceitos que os educandos apresentaram e os complementou, esclarecendo o que o termo quer dizer em si. Após complementar com informações sobre o diálogo inter-religioso, foi sugerida a leitura de textos do teólogo Leonardo Boff sobre espiritualidade pelo caminho do Ocidente. Leram uma história africana; escutaram músicas; viram por meio de explanação um jogo on-line que aproxima crianças árabes e israelenses; entenderam a articulação dos movimentos que o Vaticano faz em busca do diálogo com líderes de outras religiões e de outras Igrejas, além de vivenciarem exemplos de situações de intolerância religiosa. “O objetivo era fazer com que os alunos compreendessem que as estruturas
© Fotos: Acervo do Colégio
dos organismos ecumênicos e de diálogo inter-religioso podem favorecer a construção de uma cultura de paz e de respeito à diversidade”, disse o professor de Ensino Religioso. Por se tratar de um tema sobre o qual eles não possuem uma visão ampla, Loureiro se apropriou de outras ciências, como a Sociologia e a Antropologia, para conduzir o assunto naturalmente. “Tentei fazê-los enxergar que muitas decisões tomadas no âmbito político nacional e internacional possuem um fundo religioso. Os estudantes podem até não gostar da temática, mas não podem deixar de reconhecer que a religião, seja ela qual for, está presente nessas ações”, disse. Toda a reflexão sobre ecumenismo e diálogo inter-religioso culminou em um trabalho escrito, onde os alunos deveriam seguir as recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Segundo Murillo Macedo, coordenador do Centro de Recursos e de Aprendizagem, essa atividade favoreceu a construção de um trabalho mais bem estruturado academicamente, atendendo a exigências mais rigorosas, o que permitiu aos estudantes uma produção escrita mais significativa. “A produção escrita do trabalho, com base nas normas da ABNT, fez com que os alunos escrevessem mais e, consequentemente, se aprofundassem no conteúdo” afirmou. O professor Loureiro acredita que o desenvolvimento do trabalho com as turmas do 9º ano alcançou seu objetivo principal, pois os jovens perceberam que, independentemente das diferenças, é preciso respeitar as pessoas em suas opções, sejam religiosas, sejam de qualquer outro tipo. “Ficou claro para eles que as posições funda-
mentalistas ou radicais são chãos propícios para situações de intolerância. Cada pessoa tem o direito de acreditar no que lhe for cabível. Ninguém é dono da verdade e não existe uma verdade absoluta”, ressalta o professor, lembrando que toda religião carrega um pedaço de verdade dentro de si. “A intolerância dos alunos sobre determinadas religiões estava relacionada à falta de conhecimento deles sobre a mesma”, concluiu.
EXPOSIÇÃO: Como tudo começou...? “No começo, era o nada. Então alguém resolveu contar a origem de tudo. E assim nasceu a tentativa do homem de explicar a origem do Universo. As civilizações mais antigas já tinham essa questão existencial. E as religiões, preocupadas em dar respostas a seus fiéis, não poderiam deixar de formular suas respostas. ‘Como surgiu tudo? Como é a origem do planeta, das coisas, do homem? Essas são as primeiras perguntas que o homem faz a si mesmo. Sejam indígenas, africanas, orientais, grandes ou pequenas, novas ou antigas, todas as religiões terão respostas para isso’, diz o teólogo da PUC-SP, Rafael Rodrigues, especialista no Antigo Testamento, que começa com a narrativa do livro do Gênesis”. Fonte: super.abril.com.br/religiao/criacao-mundo-447670.shtml. Acesso em 13/9/2014.
Com base nas indagações acima, o objetivo é mostrar como os grupos compreenderam as diferentes formas de organização da vida a partir da cosmogonia da religião judaico-cristã e como eles as compararam em relação às religiões orientais e afrodescendentes. Para tanto, os alunos tiveram que realizar uma atividade interdisciplinar (Ensino Religioso e Arte), que demonstrasse por meio de fotografias o entendimento do grupo sobre a narrativa, previamente sorteada. A exposição aconteceu entre março e abril de 2015 no hall da biblioteca do Colégio Marista – Ensino Médio.
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Minha carreira começa agora
© Foto: Acervo do Colégio
ens. médio
Oficina do Maristão auxiliou alunos a decidirem a sua carreira profissional O Conexão Universidade, em conjunto com a Direção-Geral do Maristão, ofereceu neste semestre, pelo Núcleo de Atividades Complementares (NAC), uma nova oficina pedagógica aos alunos: Minha Carreira Começa Agora. O objetivo da oficina é oportunizar aos estudantes a percepção do que seja uma vida pessoal e profissional bem-sucedida. A oficina é destinada exclusivamente a estudantes das turmas do 2º e do 3º ano que já escolheram a profissão que querem seguir ou estão próximos de decidir. Durante os encontros, os jovens encontraram um espaço de desenvolvimento da liderança interior e da espiritualidade a serviço da melhoria contínua. A ideia é que o aluno esteja sempre um passo à frente para ser mais, atingir desempenhos elevados e melhorar constantemente seus resultados. A oficina foi ministrada pelo professor José Leão da Cunha Filho – Graduado em Filosofia (Ufal); Mestre em Educação (Católica de Brasília); MBA em Administração de empresas (FGV-RJ); APG – Programa de Gestão Avançada (Amana-Key - SP); e Executive e Alpha Coach (Sociedade Brasileira de Coaching). Atualmente, é Diretor-Geral do Maristão. As aulas são organizadas com foco em: crescimento individual, propósito de urgência, foco em resultados, valores e positividade e contribuição valiosa. “Pretendo
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mostrar que qualquer que seja a escolha profissional, para que sejam bem-sucedidos financeiramente e felizes, terá de haver trabalho duro e muita paixão, desde agora”, afirma o diretor. Os oito encontros foram conduzidos por meio de uma dinâmica metodológica que privilegia a tomada de consciência, a decisão de entrar em ação e a capacidade de persistir na realização dos próprios planos. A oficina ofereceu também a aplicação de uma ferramenta que auxilia no planejamento da carreira profissional incluindo a devolutiva com orientação à escolha da profissão.
Os encontros abordaram as seguintes temáticas: • • • •
Propósito e senso de urgência Foco em resultados Valores e positividade Contribuição valiosa e melhoria contínua
Pretendo mostrar que qualquer que seja a escolha profissional, para que sejam bem-sucedidos financeiramente e felizes, terá de haver trabalho duro e muita paixão, desde agora. José Leão da Cunha Filho Diretor-Geral
Todos ganhamos! Campanha Defenda-se ĂŠ reconhecida pelo PrĂŞmio Neide Castanha.
defenda-se.com | fb.com/solmarista
Centro Marista de Defesa da Infância
diz aí
Por que as pessoas são diferentes
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© Fotos: Acervo do Colégio
umas das outras
Yan Pietro Barcellos 3ª SÉRIE J - EM
Maria Eduarda Sampaio 3ª SÉRIE H - EM
Rafael Alves de Lima Monteiro 1º ANO K - EF
“Porque cada pessoa tem um jeito de pensar e de fazer as coisas, porque se fôssemos iguais o mundo não teria graça.”
“As pessoas enxergam a dificuldade como se ela fosse a causa das nossas diferenças, mas ao meu ver a forma como encaramos e lidamos com essa situação é o que vai nos tornar diferente do outro.”
“Se todos fossem iguais, o mundo não teria graça, nem mesmo os palhaços. Meus amigos são diferentes uns dos outros e isso é legal. Se todos fossem iguais, confundiria as pessoas.”
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João Pedro a. c. Oliveira 8º ano C - EF
Larissa Guimarães Nunes 4º ANO F - EF
Marcela r. a. Oliveira 3º ANO I - EF
“Tudo começa dentro de casa. Os meus pais me ensinaram que preciso ter personalidade para ter uma opinião própria. Se todos fossem iguais, seria monótono. É bom todos serem diferentes.”
“O Brasil é um país povoado por vários tipos de pessoas. Cada um com uma condição financeira, um gosto, uma aparência... O legal disso tudo é conhecermos novas coisas e aprendermos outras culturas.”
“Cada um tem um jeito diferente e precisa se aceitar como é. Isso não muda em nada as nossas brincadeiras. Se as pessoas são diferentes é porque Deus as abençoou assim.”
Opinião da Educadora Cada pessoa é um ser único no mundo e cada ser humano nasce com características próprias, devido ao DNA singular. Na primeira infância, a escola já se preocupa em estimular a construção das imagens e dos esquemas corporais, para que a criança perceba-se como diferente do outro. A pluralidade cultural no mundo é vasta. Quando nos deparamos com isso, surge um conflito de diferenças, proporcionando um caminho repleto de descobertas e de revelações, que vai sendo construído e cimentado por
emoções novas, terminando em relações, interações, aprendizado e respeito, que tem como resultados argumentos e razões para ser e estar no mundo. Enxergar as diferenças, saber valorizá-las e buscar experiência na interação sedimentarão, certamente, sabedoria, riqueza na formação intelectual e generosidade no coração.
Eliana Rocha Correto da Rocha Professora de Educação Física
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caleidoscópio CULTIVANDO As crianças visitaram a horta e aprenderam como preparar a terra para o cultivo de vegetais.
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© Fotos: Acervo do Colégio
CARNAVAL Destaque especial para os super-heróis no carnaval do Maristinha Pio XII.
EDUCAÇÃO INFANTIL Encenação da Santa Ceia Os estudantes deixaram mais emocionante a encenação da Santa Ceia.
Encontro Literário - 2º ao 5º ano O encontro literário reuniu escritores de Brasília e a comunidade escolar.
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EM AULA Em uma aula interativa, os estudantes aprenderam sobre os movimentos de rotação da Terra.
ENSINO FUNDAMENTAL CALOUROS acolhida No primeiro dia de aula, durante um intervalo animado, demos as boas-vindas aos nossos alunos.
Olimar 2015 Para acender o espírito de união, recebemos a Tocha da Olimar 2015.
Conversa Sobre o Enem O Conexão Universidade promoveu o primeiro encontro do ano para as famílias do Maristinha e do Maristão para esclarecer dúvidas acerca do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
REPRESENTANTES DE TURMA Em cerimônia especial, os representantes de turma do 6º ao 9º ano tomaram posse.
ENSINO MÉDIO Feira CIS Em março, o Maristão recebeu representantes de 20 universidades dos Estados Unidos, Canadá e Suíça numa feira organizada pelo Conexão Universidade.
Feira de Profissões A Feira de Profissões Maristão foi um sucesso! O evento possibilitou aos alunos conhecerem mais detalhes sobre os cursos, as universidades e o mercado de trabalho.
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© Fotos: Acervo do Colégio
destaque
Conexão
Visita ao campus Darcy Ribeiro da UnB.
UNIVERSIDADE O Colégio Marista de Brasília Ensino Médio – Maristão, atento às exigências de ingresso ao ensino superior e às necessidades dos estudantes e das famílias em receber informações sobre o mundo universitário, nos últimos dois anos vem intensificando as atividades do projeto Conexão Universidade. O projeto tem como objetivos: 1) munir os alunos de informações sobre os diversos processos seletivos para os cursos de graduação; 2) orientá-los sobre a forma de avaliação do PAS e do Enem; 3) divulgar os cursos mais bem avaliados pelas universidades; 4) informar o período de inscrição nos vestibulares, tanto de universidades no Distrito Federal quanto de outros estados; 5) planejar e organizar o calendário de palestras e/ou ações que envolvam a divulgação de oportunidades relacionadas à graduação no Brasil e no Exterior; 6) e também preparar a Feira de Profissões, oportunizando a aproximação dos alunos às diversas profissões. O Conexão conta com uma equipe de colaboradores responsáveis por planejar e articular internamente, em parceria com o Núcleo de Atividades Complementares (NAC) e o Núcleo Psicopedagógico, as demandas relacionadas à produção de material, divulgação e organização/execução das ações.
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Outra ação, articulada ao Conexão Universidade, são as aulas preparatórias para o Enem e PAS. Oferecidas duas vezes na semana no contraturno, as aulas apresentam conteúdo significativo abordado nessas avaliações, bem como estruturam um método de estudo a fim de ampliar a proficiência dos estudantes.
Palestra com o Reitor da UnB. Aulão Enem.
Conexão Enem O Conexão Enem atende estudantes de turmas do 2º e do 3º ano para aprofundar e aprimorar as habilidades contempladas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nas quatro áreas do conhecimento (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Códigos e Matemática). Além da versão física do material didático, os alunos têm acesso online ao portal www.sistemanota10.com.br, que oferece material complementar e simulados nas áreas do conhecimento com cronograma específico durante o projeto. As aulas acontecem de abril a outubro.
Conexão PAS O Conexão PAS atende estudantes de turmas do 1º, do 2º e do 3º ano para aprofundar os objetos de estudo do PAS. O projeto oferece turmas específicas para cada série: Conexão PAS I para o 1º ano e Conexão PAS II para o 2º ano. O projeto conta com professores e material didático específicos. As aulas acontecem de julho a dezembro. Para os alunos do 3º ano, será oferecido o Conexão PAS III, um intensivo de aulas no contraturno durante o mês que antecede a prova do PAS. Em 2015, o Conexão Universidade desenvolveu novas ações, como a oficina Minha Carreira Começa Agora, em parceria com o Núcleo de Atividades Complementares (NAC), a fim de oferecer aos alunos a oportunidade de ampliar a percepção do que seja uma vida pessoal e profissional bem-sucedida, bem como dar continuidade às iniciativas que resultaram em bom desempenho acadêmico, possibilitando o aumento de informações por parte dos alunos e das famílias Maristas. Leia mais sobre essa oficina na editoria Ensino Médio, na página 24.
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© Foto: Sxc.hu
você sabia?
A importância do acolhimento de
alunos estrangeiros Família peruana relata momentos marcantes do processo de inserção dos filhos no Maristinha
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cultural, apropriação da língua brasileira, acolhimento em sala de aula com estratégias lúdicas e monitoramento de recreios com a participação efetiva da assistência de alunos e pastoral. Segundo a professora, é muito importante que escola e família tenham uma boa relação para que o aluno tenha êxito acadêmico e pessoal nessa fase. “Entendendo também que seja necessária uma adaptação pedagógica a essas crianças, que elas sejam encaminhadas para as aulas de apoio a aprendizagem e, em casos específicos, orientamos aos pais a complementarem os estudos com profissionais especializados fora da Escola”, concluiu Roberta. © Foto: Acervo do Colégio
O casal de peruanos Carlos Garcia e Ana Maria Garcia Cruzado chegou ao Brasil há cinco anos, quando vieram a trabalho, em uma missão diplomática, junto com os filhos Derek (18), Alecsia (13), Dania (9) e Ariana (7). Residindo na capital federal, os estrangeiros afirmam não terem encontrado grandes dificuldades de locomoção e consideram o povo brasileiro muito acolhedor. Segundo nos contou a mãe das crianças, Ana Maria, a adaptação das meninas foi quase imperceptível, o que não aconteceu com Derek, que tinha então 13 anos. Elas aprenderam o português muito rápido e não tiveram problemas em relação ao clima, alimentação e escola. “Aqui na região não tem inverno, como em Lima, e para mim esse clima muito quente e seco é ruim, mas as meninas adoram e estão acostumadas. Brasília é uma cidade bem tranquila, que oferece uma qualidade de vida boa para se viver em família, e isso é bem diferente de lá”, destaca Ana Maria. Sobre a alimentação das alunas, a mãe marista lembra que as meninas não comiam feijão e hoje o alimento, tradicional na cultura alimentar do brasileiro, faz parte do cardápio nas refeições. “O brasileiro cozinha o feijão com outros condimentos e elas gostaram do sabor e se acostumaram a tê-lo no cardápio sempre”, afirma Ana. Já o filho mais velho, Derek, não teve tanta facilidade de adaptação e voltou à Lima um ano depois. Quando o assunto é a socialização das filhas, Ana Maria destaca a importância do Colégio nesse processo. “Apesar de terem vindo muito novas para o Brasil, as meninas não tiveram dificuldades de adaptação em quase nada. O Maristinha e o Maristinha Pio XII nos deram uma assistência muito importante nesse período. A Escola acolheu muito bem a minha família e somos gratos a eles por isso”, ressalta. Para a coordenadora psicopedagógica do Ensino Fundamental I do Maristinha, Roberta Guedes, o Colégio deve estar atento ao processo de entrada das crianças estrangeiras tendo em vista aspectos como: adaptação
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Além de mobilizar diversos projetos que promovem a música, o teatro e a gastronomia, a Lumen FM dedica boa parte de seus programas à cultura. Como o Lumenoso, que dá dicas diárias do Circuito Cultural de Curitiba, e o Arte na Mesa, que revela receitas e dicas culinárias do renomado chef Celso Freire. Então aproveite, ouça e descubra um universo de cultura na Lumen FM. Acesse www.lumenfm.com.br e confira a programação completa.
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gente nossa
Sonhos de um
EMPREENDEDOR
© Fotos: Acervo pessoal
Para ter seu próprio negócio, Felipe Batalha, ex-aluno Maristão, não poupou esforços e buscou conhecimento profissional até fora do país
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Felipe Batalha pôde escolher entre Engenharia Civil e Engenharia de Redes quando passou no vestibular, em 2001. Escolheu a segunda opção e, durante a graduação, teve a oportunidade de trabalhar em diversas empresas até entrar na área que mais o agradava: desenvolvimento de softwares. Depois de uma temporada na Europa, o jovem voltou ao Brasil e abriu sua própria empresa certificada em implementação de plataforma de ensino, a Blackboard. Quando soube que o Grupo Marista tinha interesse em utilizar o sistema, Felipe voltou ao Maristão, desta vez como empresário. Confira a entrevista que a Em Família fez com o Batalha. O que o Marista representou para você? Mais do que um espaço de aprendizagem em minha vida. É uma escola que sempre se preocupou com a formação do aluno enquanto cidadão.
Você manteve contato com algum ex-colega de turma do Maristão? Sim! Boa parte do meu grupo de amigos é formada por colegas de Ensino Médio. Alguns foram padrinhos do meu casamento e vice-versa. A relação de amizade que construímos na adolescência se fortaleceu e permanece até hoje.
Você recebeu algum incentivo da Escola na escolha da carreira? Muitos! Alguns professores de exatas me orientaram a escolher um curso na área porque eu gostava muito de cálculo. Como o curso de Engenharia de Redes era “novo” no mercado eles me auxiliaram a optar pela área tecnológica, o que na época era uma inovação.
O que posso dizer é que é preciso avaliar bem o que se gosta de fazer. Sei que ainda é muito cedo para decidirem isso, mas é possível que o aluno já perceba uma afinidade melhor com certas atividades.
Que lição você tirou do convívio escolar no Maristão? É uma Escola que se preocupa com o conteúdo que oferece aos alunos, que se preocupa em prepará-los academicamente para o mercado e que apresenta reflexões sobre valores pessoais, sobre o que somos na sociedade, com nossas famílias e com nossos colegas.
De acordo com sua experiência, o que você diria a um estudante de Ensino Médio que está se preparando para a faculdade? O que posso dizer é que é preciso avaliar bem o que se gosta de fazer. Sei que ainda é muito cedo para decidirem isso, mas é possível que o aluno já perceba uma afinidade melhor com certas atividades. Eu gosto de cálculos, estudei Engenharia de Redes, abri uma empresa que trabalha com isso, porém me identifico muito mais com a parte empreendedora do negócio do que com a produção em si. O mais importante é que o aluno busque algo que ele goste. Faça algo com prazer que tudo ao redor vai favorecer sua caminhada!
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Quebrando barreiras
No Dia de Formação, atividade proposta pela Pastoral mostrou aos alunos do 9º ano a importância das religiões na construção do diálogo social
Os documentos do Instituto dos Irmãos Maristas trazem como apelos fundamentais para a evangelização a necessidade de sermos “presença significativa entre as crianças e jovens”, de nos empenharmos “na defesa dos direitos das crianças e dos jovens de maneira valente e profética, nos espaços onde são definidas as políticas públicas” e de “desafiar as políticas sociais, econômicas, culturais e religiosas que oprimem as crianças e os jovens” (Conclusões do XXI Capítulo Geral, 2009, p. 15). Nesse sentido, o Núcleo de Pastoral do Colégio Maristinha organizou junto às turmas do 9º ano, no Dia de Formação 2015, várias atividades que estimulassem o exercício do protagonismo dos alunos e a formação humana cristã. Com base no tema da Campanha da Fraternidade 2015, “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45), a equipe buscou recordar a vocação e a missão de todo cristão e das comunidades de fé, oferecendo às turmas a oportunidade de conhe-
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cerem, aqui em Brasília, outras religiões e filosofias, mostrando que há entre elas e a sociedade um diálogo em prol do bem comum. Os encontros formativos aconteceram numa mesquita, onde os estudantes aprenderam sobre os “pilares” que regem o Islamismo, no Seminário Redemptoris, quando puderam entender o Seminário Católico para formação de padres missionários. Já no Templo da Legião da Boa Vontade, os alunos conheceram os serviços de atendimento às crianças carentes e aos jovens em situação de vulnerabilidade social e na Seicho No ie, uma filosofia oriental que abarca várias religiões e propõe uma nova forma de educação realizando trabalhos com jovens de escolas públicas. Para o agente de Pastoral Virgilio Peixoto, as religiões existem independentemente da crença de cada um, para um bem comum que é a sociedade. “Uma das intenções da atividade é mostrar que toda religião é importante, que elas prestam um
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serviço à sociedade e que há, de fato, um diálogo entre elas e a comunidade”, afirmou. Após o Dia de Formação, os alunos realizaram no dia 13/05 o Fórum de Juventudes. Durante a ação, as turmas do 9º ano debateram sobre as visitas e apresentaram aos demais colegas o que pode ser percebido por eles durante a enriquecedora atividade.
Uma das intenções da atividade é mostrar que toda religião é importante, que elas prestam um serviço à sociedade e que há, de fato, um diálogo entre elas e a comunidade.
© Foto: Acervo do Colégio
ser melhor
www.colegiosmaristas.com.br
NA OLIMAR TEM UMA COISA QUE TODOS VÃO COMEMORAR: A AMIZADE.
A Olimar é um evento que celebra o espírito esportivo e a amizade entre os alunos dos Colégios Maristas. Venha participar. De 4 a 8 de setembro, no Colégio Marista de Londrina. VINÍCIUS SAMPAIO | ISABELA GOMES Atletas de futsal da 3ª e 2ª Série Acesse fb.com/olimpiadamarista e saiba mais.
Colégios Maristas. Preparação para todas as provas da vida.
© Foto: João Borges
essência
Ir. Alvanei Finamor Diretor Interino da Diretoria Executiva de Ação Social (DEAS)
O Instituto Marista nasceu de uma experiência de solidariedade na prática e prática da solidariedade! Quem conhece a história bem sabe. Marcelino Champagnat, ao visitar o jovem Montagne – doente, analfabeto e completamente alheio sobre quem era Deus –, teve ali o impulso que faltava para iniciar um movimento de transformação da sociedade da sua época: a fundação do Instituto Marista, com a missão de educar e evangelizar crianças e jovens, inicialmente no interior da França e, hoje, em mais de 80 países pelo mundo. “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”, disse Franz Kafka, escritor tcheco de língua alemã – um dos principais nomes da literatura. Para o Instituto Marista, a educação, a evangelização, a solidariedade e o voluntariado são valores evangélicos e instâncias que ajudam as pessoas na sensibilização para com as necessidades e mazelas do outro, diante de situações que precisam ser assumidas nos âmbitos pessoal, fraternal, coletivo e social por todos nós, enquanto cidadãos e membros da Igreja. "Criamos oportunidades para projetos de convivência, de solidariedade e de voluntariado entre crianças, jovens e adultos de diferentes classes sociais, culturais e estilos de vida. Assim, desenvolvemos sua abertura de espírito e os iniciamos no hábito de partilhar tempo, talentos e habilidades no serviço do próximo", como citado no documento Missão Educativa Marista.
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Solidariedade na prática e prática da solidariedade Na esteira de São Marcelino Champagnat, a vida Marista tem me oportunizado trilhar caminhos de solidariedade na prática e prática da solidariedade. No fundo, a gente acaba fazendo a experiência de se tornar um ser humano cada vez melhor ao interagir com tanta diversidade e beleza, mas também ao lidar com um universo de contradições sociais e adversidades mil por esse mundo de Deus. Isso me faz lembrar de José Saramago, escritor e gajo poeta, que afirmou: "Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo” e de tantas pessoas que Deus tem colocado na estrada da minha vida. E, de fato, as experiências profundamente humanas são "realidades que exigem de nós a capacidade de ir além das aparências para atingir a essência e adquirir posturas sempre novas: ver o invisível, escutar o silêncio, adivinhar a angústia e sondar o mistério", como afirmou, sábia e profeticamente, Dom Helder Câmara. “Não são os pobres que devem compartilhar a nossa esperança; nós é que devemos compartilhar a deles. Eu aprendi muito com aqueles que são chamados pobres, mas que são ricos do espírito do Senhor”, disse o saudoso pastor. Ele avançou ao dizer que "quando os problemas se tornam absurdos, os desafios se tornam apaixonantes", e recomendou: "Se as pessoas são pesadas demais para serem levadas nos ombros, leve-as no coração".
Solidariedade na prática e prática da solidariedade requer estar atento, sentir a injustiça do ser humano e reagir, trabalhando, partilhando e criando soluções para que se viva em paz e com dignidade. Dessa forma, ela se torna o eixo que orienta toda a vida, as opções e ações de cada um. O meio mais adequado para se percorrer o caminho até Deus é o amor e as formas mais coerentes de amor no plano social são o exercício e o aprendizado da solidariedade. De fato, não existe outra via para a solidariedade humana senão a procura e o respeito pela dignidade de cada pessoa. “Eu não acredito em caridade. Eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas”, asseverou Eduardo Galeano, escritor uruguaio.
CHAMPAGNAT
ensina a Montagne
as coisas de Deus
E MONTAGNE lhe ensina que não
HÁ MAIS TEMPO A PERDER.
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© Ilustração: Rabisko
solidariedade
Ressignificando a liberdade Proposta inovadora Marista contribui para que adolescentes que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas criem novos repertórios para suas vidas e construam seus espaços na sociedade Por Michele Bravos
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Ela buscava liberdade quando passou a consumir drogas frequentemente. A procura não foi bem sucedida e Carolina Machado, então com 16 anos, precisou de ajuda para sair do uso abusivo. “Eu morava com meu pai e não tínhamos uma boa relação. Eu queria fugir, ter liberdade e experimentar algo novo”, relata Carolina durante uma conversa na varanda do espaço onde está localizado o Centro Social Marista Propulsão, um projeto inovador no Brasil dedicado à inserção social de adolescentes em tratamento devido ao consumo abusivo de álcool e outras drogas. É nesse local que histórias como a de Carolina são ressignificadas pelos próprios jovens, com o auxílio de uma equipe multidisciplinar – que conta, atualmente, com um coordenador pedagógico, três educadores sociais, um assistente social e um psicólogo. Em comum acordo, jovens e profissionais desenvolvem atividades que promovem a criação de novos repertórios aos atendidos. De acordo com Altieres Frei, diretor do Centro Social, para que isso seja possível, o Propulsão se dedica de forma singular aos adolescentes. “Estamos pensando em qualidade, por isso, temos apenas 24 vagas. Quando o adolescente adere ao atendimento, sugerimos que ele proponha uma atividade para que possamos ajudá-lo a desenvolver. Nós perguntamos a ele: ‘O que você quer fazer?’”. Tanta liberdade foi vista até com estranheza por Carolina, em um primeiro momento. “Isso era muito diferente dos lugares que eu conhecia. O modo como sou tratada é acolhedor”. Apontando para algumas redes instaladas no gramado, ela continua: “Está vendo ali, aqueles adolescentes conversando com um educador? É assim sempre. Comigo também era assim. Às vezes, eu chegava e só queria ficar ali, conversando, batendo um papo cabeça”.
© Fotos: Gilberto do Rosário
As paredes grafitadas, a cozinha bem espaçosa e convidativa, o barulhinho baixo de um filme passando na sala mostram que são muitas as atividades que acontecem no Propulsão. O coordenador pedagógico Rudinei Nicola explica que todas elas possuem um propósito. “Após uma sessão de cinema, por exemplo, os adolescentes conversam e discutem sobre a temática vista na tela. Nas atividades na cozinha, trabalhamos os vínculos. Uma vez por semana, nós almoçamos juntos e são eles mesmos que cozinham. Em geral, uma receita da família de algum deles. Chamamos isso de ‘ocupação afetiva da cozinha’”. Além das atividades internas, os adolescentes também são convidados a ocupar outros territórios, como museus, cinemas, ruas e ciclovias. “Quando vamos a algum lugar, vamos de bicicleta ou de transporte público. Isso também proporciona uma inserção na cidade”, diz o coordenador.
Ocupando os espaços O diretor do Propulsão ressalta que pensar em inserção social é buscar a redução de danos. O termo, utilizado pela Política Nacional de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e Outras Drogas, do Ministério da Saúde, designa um método em que o sujeito vá gradativamente se distanciando das drogas – tanto do uso, quanto dos rótulos que esse envolvimento lhe conferiu. “É por isso que, quando percebemos que é propício, incentivamos o adolescente a participar de atividades externas, como aulas de teatro”. Isso contribui para que ele deixe de ser visto como 'o ex-usuário de cocaína' e passe a ser percebido como 'o jovem que faz teatro'”. Dentre as muitas definições de Carolina, hoje ela também é re-
conhecida como jovem aprendiz. “Conforme foram fazendo tanta coisa por mim, eu fui tendo vontade de ser diferente e fazer algo. Hoje, eu também quero ajudar os outros”. Cabe ao Propulsão fornecer subsídios para que o jovem busque essas possibilidades. “Propomos que o adolescente procure o que o município ou outras instituições oferecem para ele de forma acessível em termos de profissionalização, atividades culturais e esportivas. Lembramos que ele é cidadão tanto quanto qualquer outro, por isso, pode – e deve – usufruir de propostas públicas. Em caso de atividades específicas, intervimos, buscando parcerias privadas, mas isso são exceções”, explica Frei. Conforme as percepções de mundo vão se transformando, os adolescentes vão aprendendo a ressignificar, de fato, a si próprios e tudo ao seu redor. “Minha definição de liberdade mudou. Antes, eu achava que liberdade era sair da realidade, fazer alguma coisa errada. Hoje, eu sei que liberdade é poder expressar as minhas ideias. Essa liberdade que eu achei é muito melhor do que a que eu estava buscando”, conclui Carolina.
© Estêncil: Carolina Machado
Atividades diferenciadas
As três etapas do Propulsão O atendimento no Propulsão se dá em três níveis. Saiba quais são eles: T1 – Este é o momento da adesão, em que o adolescente precisa criar vínculos com o projeto, para que o atendimento seja efetivo. T2 – Nesta fase, o jovem tem condições de desenvolver atividades dentro e fora do Centro Social, fazendo cursos com o acompanhamento da equipe, por exemplo. T3 – Esta etapa se refere ao momento em que o jovem está apto para a inserção de fato, assumindo um trabalho, por exemplo. Ainda assim, segue com o acompanhamento do projeto.
O que define o uso abusivo?
Isso era muito diferente dos lugares que eu conhecia. O modo como sou tratada é acolhedor. Carolina Machado
Segundo informações da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, o uso abusivo ou nocivo define o consumo de álcool e outras drogas que colocam a pessoa em uma situação vulnerável. De acordo com Altieres Frei, diretor do Centro Social Marista Propulsão, o termo “uso abusivo ou nocivo” não está necessariamente vinculado à dependência química, mas aos riscos a que a pessoa está exposta. Por exemplo, um adolescente que compra fiado alguma droga, está em risco – está, portanto, fazendo uso abusivo ou nocivo.
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© Foto: Renata Salles
como fazer
Eles são a voz da juventude Marista Integrantes das Comissões de Juventude levam à frente ideias dos jovens Maristas, mostrando o protagonismo juvenil Por Michele Bravos
Diante de um conflito entre alunos e gestão escolar, por exemplo, os integrantes da Comissão da Juventude têm o papel de mediar a situação e defender aquilo que os alunos estão apontando como importante. Lançando um olhar ampliado sobre esse contexto, entende-se que as Comissões de Juventude permitem que os alunos desenvolvam uma responsabilidade sobre direitos e deveres do cidadão. Para Francine dos Santos, 22 anos, participante da Comissão Provincial de Juventude, integrar essa equipe é defender não somente a própria opinião, mas a de toda juventude Marista. “Temos que ter uma visão estratégica, lembrando
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sempre que estamos representando todas as juventudes presentes nos espaços Maristas”. Segundo o setor de Solidariedade do Grupo Marista, as Comissões de Juventude – presentes, atualmente, em 40 espaços Maristas que trabalham com jovens – “têm como principal desejo contribuir com a ação evangelizadora Marista nas dimensões eclesiais, sociais, políticas, culturais e institucionais”, representando os diferentes grupos juvenis Maristas (alunos dos Colégios, das unidades sociais e dos ensinos universitário e técnico). A coordenadora de Pastoral do Colégio Marista de Brasília (DF) Flaviane Leite destaca que o aluno, ao
participar da Comissão, tem envolvimento, inclusive, com questões relacionadas a políticas públicas. “O aluno precisa dialogar e argumentar em defesa dos demais alunos, por exemplo. Ele também vivencia a luta pelo protagonismo juvenil”. Francine considera que, de certa forma, o que os jovens desenvolvem no universo Marista reflete na sociedade. “Sinto-me útil quando vejo que a minha opinião é importante e que pode mudar o rumo de uma conversa. Acredito que, dentro da sociedade em que vivemos, esses espaços são muito importantes, pois nos incentivam a ser pessoas melhores e a pensar mais no todo”. Futuramente, esse engajamento
© Foto: Acervo Comissão da Juventude
atividades; consultiva, à medida que a unidade ou níveis superiores vão até esses jovens para consultá-los; colaborativa, pois, também, ajudam nos eventos Maristas como equipes de organização; e representativa, uma vez que representam todos os jovens Maristas”. Entenda como essas Comissões se organizam e atuam.
Encontrando tempo
continuará gerando impactos positivos, por exemplo, na vida profissional do aluno, uma vez que na rotina da Comissão, o jovem desenvolve a liderança, o trabalho em equipe, a solidariedade e a capacidade de servir em favor do outro. “Esse trabalho bem realizado hoje o preparará para o mercado de trabalho, com uma visão mais humanizada da sociedade diante de seus desafios”, afirma Flaviane.
Formas de trabalho As Comissões da Juventude estão firmadas em quatro atribuições que guiam suas atividades. Bruno Socher e Ana Dias, do setor de Solidariedade do Grupo Marista, explicam cada uma: “Propositiva, pois as comissões levam os anseios dos jovens que representam às instâncias de que participam, além de proporem
Mesmo com uma rotina atribulada, Francine faz questão de participar da Comissão. “Tenho que admitir que nem sempre é fácil. Curso Agronomia em tempo integral, faço estágio, entre outras atividades. Mas acredito que a vontade de ser Marista como Champagnat é o que me move a cada dia”. Nesse cenário de agenda lotada, Flaviane aponta para a importância de pais e professores apoiarem o envolvimento dos filhos e alunos nesse trabalho. “É preciso existir uma parceria diante da caminhada realizada, proporcionando ao aluno a segurança de que ele está desenvolvendo um trabalho sério”.
Temos que ter uma visão estratégica, lembrando sempre que estamos representando todas as juventudes presentes nos espaços Maristas. Francine dos Santos 22 anos, participante da Comissão Provincial de Juventude
Organização das Comissões de Juventude As Comissões de Juventude se organizam em dois níveis de atuação: provincial e local.
Comissão Provincial Formada por jovens Maristas eleitos em assembleia, com a participação de representantes das Comissões Locais. Sua vigência é de dois anos. Responsabilidades - Estabelecer diálogos com as Comissões Locais, pastoralistas, Irmãos e outras lideranças juvenis, realizando uma escuta atenta. - Elaborar, junto ao Setor de Pastoral, reflexões, andamento de projetos, metodologias e linguagens que o Grupo Marista empreende no trabalho com as juventudes de todas as unidades. - Participar de diálogos externos ao Grupo Marista, representando os jovens da Instituição.
Comissão Local Formada por jovens Maristas que sejam atuantes no âmbito local, ou seja, nos Colégios, nas unidades sociais e nos ensinos universitário e técnico. Sua vigência também é de dois anos. Responsabilidades - Garantir que as atribuições estabelecidas em nível provincial sejam efetivas nas unidades em que atuam. - Agir de forma democrática, sempre em diálogo com os jovens, os pastoralistas e os gestores locais.
Para mais informações sobre como integrar esses grupos, faça uma visita ao seu Núcleo de Pastoral.
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compartilhar
“Virunga” Indicado ao Oscar 2015 na categoria de Melhor Documentário, “Virunga” conta a história de pessoas que lutam pela vida de gorilas quase em extinção e pela preservação do Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo. Os ativistas retratados são o diretor do parque, um guardaflorestal, um cuidador dos gorilas e uma jornalista francesa. A união dos esforços individuais em prol de uma causa comum reforça a ideia de que o bem se constrói em rede. O filme está disponível no serviço on-line Netflix. Redação Em Família Marista
IOS: goo.gl/MWhRdj ANDROID: goo.gl/h6Ggfo
Internet para ajudar O aplicativo Chance, disponível na Apple Store e na Play Store, tem como objetivo incentivar a prática da solidariedade. O usuário, ao se conectar, divulga seu pedido de ajuda. Aquele que pode auxiliá-lo responde. Em seguida, eles combinam como isso será feito. Algumas ajudas que podem ser solicitadas são: revisão de conteúdo de uma matéria, passeio com cachorro, indicação de uma vaga de emprego, entre outras. Felipe da Rocha, Coordenador de Pastoral do Colégio Marista Santa Maria (PR).
A solidariedade de Papa Francisco Neste livro, um diálogo entre o Papa Francisco, o rabino Abraham Skorka e o membro da Igreja Presbiteriana Marcelo Figueroa conduz a uma reflexão sobre a prática da solidariedade no dia a dia, transpondo a religião. O livro deixa claro que é preciso ter cuidado com falsas ideologias que podem levar para o lado oposto ao da solidariedade. Colégio Pio XII, de Ponta Grossa (PR)
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Como estrelas na Terra Essa produção indiana, dirigida por Aamir Khan, retrata a vida de Ishaan Awasthi, uma criança de nove anos que tem dislexia. O filme mostra como o desconhecimento dessa dificuldade, por parte da família e da escola, pode trazer grandes sofrimentos à criança. A vida do garoto é transformada quando ele encontra um professor que passou pelo mesmo problema em sua infância. É possível assistir no YouTube. Flávio Sandi, diretor executivo da Rede de Colégios
O FAZEDOR DE VELHOS
© Imagens: Divulgação
de Rodrigo Lacerda Na trajetória para o amadurecimento, Pedro irá encontrar pessoas que o farão perceber o sentido de sua existência. O professor Nabuco é peçachave para auxiliar o jovem na tarefa de se colocar no mundo. Colégio Marista Glória, de São Paulo (SP)
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diversão
Dia de índio
Vivenciar a cultura indígena pode ser um momento divertido em família e também de aprendizado e valorização da história do Brasil
© Fotos: Divulgação | Pataxó Turismo
Por Michele Bravos
Já houve um tempo em que os povos indígenas eram os únicos por este gigante território brasileiro. Hoje, eles são menos de 1% da população total do país, cerca de 820 mil indivíduos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo com a miscigenação étnica, todo brasileiro tem, em alguma instância, um vínculo com os nativos desta terra. Para que a cultura indígena seja difundida, espaços de preservação ambiental e reservas indígenas, que ainda são morada para os índios, recebem visitantes. A ideia é manter viva a história do Brasil.
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Em Santa Catarina, por exemplo, a Reserva Volta Velha, um espaço de preservação ambiental, proporciona aos interessados visita a uma oca, oficina de arco e flecha, caminhada pela Mata Atlântica, canoagem e o mais interessante: uma vivência com o índio Yawaritsawa Trumai Waurá, o Yawa. Seu povo é do Alto Xingu, mas, atualmente, ele é diretor cultural da Reserva Volta Velha. “Todo diálogo com um verdadeiro nativo é de extrema importância para que se corrijam alguns erros cometidos durante a colonização, em que a história é contada de um lado só”, diz Yawa.
Para aqueles que estão dispostos a imergir a fundo na cultura, é possível percorrer cinco das 29 aldeias do povo Pataxó, localizadas no sul da Bahia, na Costa do Descobrimento. O roteiro é organizado pela Pataxó Turismo. Em qualquer uma delas a conversa com um representante indígena é um ponto alto do passeio, pois apresenta ao público a verdadeira cultura indígena. Na Reserva Volta Velha, Yawa gosta de contar sobre as histórias do seu povo e o dia a dia no Alto Xingu, ensinar as danças tradicionais e algumas palavras na sua língua. “Conhecer e entender o outro lado faz com que as pessoas pen-
sem e reflitam antes julgar um índio e sua cultura. Existem muitos conflitos entre homem branco e índio, por um não conhecer a realidade e o costume do outro. Acredito que, nas escolas, não se discuta ou estude a verdadeira raiz e quem de fato construiu a primeira história dessa terra, antes da descoberta pelos portugueses”, afirma Yawa.
Ponto alto É em semanas de lua cheia ou lua nova que as expedições para as aldeias Pataxós partem. A saída é de Porto Seguro, em direção ao sul. Dormir em redes, dentro de uma oca, faz parte da aventura – assim como comer bem. Durante os dias de percurso pelas aldeias, os visitantes degustam as comidas típicas da culinária Pataxó, como peixe na folha de patioba (uma espécie de palmeira) com farinha de puba (derivada da mandioca). Já na Reserva Volta Velha, Yawa afirma, convicto, que um dos momentos mais emblemáticos para os visitantes é quando todos estão na oca e ele se veste com enfeites indígenas, pinta-se com urucum e começa a falar na língua de seu povo. Apesar de toda a experiência que se oferece para os visitantes e da importância que isso tem, Yawa garante que ele também aprende com a vivência. “Aprendemos com nossos avós que os não índios vinham apenas para destruir e matar. Poucos para ajudar. Com esses encontros culturais, isso também muda”.
Agenda Tanto a visita à Reserva Volta Velha quanto o circuito pelas aldeais Pataxós precisam ser agendados com antecedência. Na Reserva Volta Velha, a vivência de um dia acontece de segunda a sexta, entre março e outubro, para grupos de 20 pessoas. Está tudo detalhado aqui: www.reservavoltavelha.com. br, na aba “Ecoturismo”. A rota das aldeias deve ser programada com 30 dias de antecedência e acontece o ano todo, em grupos pequenos. Mais informações no site: www.pataxoturismo.com.br.
Para saber mais sobre a cultura dos nativos do nosso país, acesse Povos Indígenas no Brasil: migre.me/pckLc
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olhar
Crise de sentido em um mar de
© Fotos: Shutterstock | Acervo do Colégio
{des}informação
O crescente envolvimento de jovens ocidentais em movimentos radicais gera questionamentos sobre qual o propósito de vida da atual juventude 48
Em março deste ano, o governo brasileiro detectou intervenções do Estado Islâmico (EI) para aliciar jovens brasileiros à causa, por exemplo. Também, neste semestre, presenciou-se expressões de radicalismos por parte de jovens cristãos diante de fatos considerados por eles uma afronta às Escrituras Sagradas. Para refletir sobre o que leva um jovem a acreditar que vale a pena se envolver em um movimento radical, que, por vezes, propaga morte e destruição, o doutor em Sociologia Eurico Gonzalez propõe uma discussão sobre o sentido da vida nos dias de hoje.
Nosso tema é complexo, ou seja, tem muitas causas simultâneas, de modo que podemos nos concentrar apenas em algumas delas. Sugiro que reflitamos sobre duas coisas: o império da inteligência eletrônica e a crise de sentido pela qual passa hoje o Ocidente, em geral, e o Brasil, em particular. O que chamo de “império da inteligência eletrônica” significa o fato de que as ideias que hoje estão à disposição na sociedade não possuem critérios institucionalizados de filtragem, mas deveriam ter. Quando Lutero traduziu a Bíblia, no século XVI, ocorreu algo semelhante: de uma hora para outra, um acervo completamente novo de pensamentos se distribuiu horizontalmente pela sociedade, podendo suas verdades ser interpretadas por cada um livremente, gerando, no curto prazo, crise de ordem e, no longo, ideias novas que originaram a modernidade. Vivemos, hoje, uma situação semelhante. Há enorme afluência de adventícios à sociedade e a internet faz com que cada um tenha o direito de dizer como acha que o mundo deve ser. Acrescente a isso o poder de sedução da publicidade, que produz e inculca ideias afirmativas sobre o mundo, nas quais, secretamente, a sociedade não acredita, pois sabe que sua finalidade é a de apenas seduzir a mente para que adquira esse ou aquele bem. Assim, temos uma situação cultural em que as ideias antigas são desacreditadas e novas não surgem com autoridade, muito menos por consenso. Além disso, como uma miríade de vozes – umas roucas, outras possantes –, cada um tenta resolver sozinho (inclusive por solidão de sentido) os difíceis problemas da vida. Não devemos ficar apreensivos demais. O número dos que seguem procurando uma vida normal ainda é amplamente majoritário, mas as exceções de que tratamos aqui apontam para direções potencial-
mente perigosas que, se não forem contrabalanceadas com inteligência e amor, podem aumentar. A sociologia sabe que a consciência do sujeito é produzida pela sociedade – e sabe, então, que quando a sociedade se desorganiza, a consciência individual se ressente paralelamente, em uma relação causal forte. Como especificidade de nossa época, porém, há a crise de sentido que mencionei anteriormente. Os principais referenciais coletivos de sentido estão dessacralizados em nossa sociedade: religião, ideais morais e políticos, ideais estéticos ligados à beleza e o próprio e prosaico valor da vida. Nada mais deixa de poder se submeter ao cálculo dos prazeres e das vantagens, está livre o caminho para que os humanos adorem as coisas materiais. Mas quem dera a vida fosse assim fácil de resolver... O cálculo dos prazeres e das vantagens ignora o problema do sentido interior da vida de cada um – mas este não deixa de existir. Impedida publicamente de se manifestar, a demanda por sentido da vida segue pulsando, vindo a se manifestar de formas bizarras e, frequentemente, destrutivas. Na medida em que a sociedade tomou por saber o que era, na verdade, sua ignorância e omissão quanto ao problema do sentido, foram se desenvolvendo
Facilmente vê-se na destruição alguma espécie de prenúncio do novo e do bom [...], quando não se espera mais nada do mundo real, quando não se sabe gostar da vida real, presente.
respostas cegas, raivosas (pudera!), ilhadas e não compartilhadas ao problema do sentido interior. Assim, chegamos a algum lugar: se somarmos o império da inteligência eletrônica à crise de sentido, perceberemos que as respostas às mais difíceis questões, que dizem respeito a todos os seres humanos, estão sendo dadas de modo confuso e fraco, incapaz de fazer face à imensidão dos problemas da interioridade. Quando se tem condições excelentes, já é muito difícil atinar uma resposta às grandes questões; quando se fazem tais perguntas à internet, obtém-se como resposta algo que não é uma resposta, mas uma incrível zoeira. Alguns jovens estão se deixando seduzir pela violência porque ela gera certo simulacro de sentido. Facilmente vê-se na destruição alguma espécie de prenúncio do novo e do bom (como as ideias sacrificiais sugerem), quando não se espera mais nada do mundo real, quando não se sabe gostar da vida real, presente. Essa é uma síntese do que penso sobre as condições interiores da vida da juventude hodierna. Para um exame completo do assunto, que não pode ser feito aqui, deveríamos observar também as “condições exteriores” da adesão de jovens ao terrorismo internacional – facilidades de trânsito de pessoas e de informações, etc. Eurico Gonzalez Cursino é doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília e consultor legislativo do Senado Federal, onde responde pela área de Direitos Humanos e Cidadania. Cursino também tem realizado estudos em sociologia da religião e em sociologia política e do direito, bem como na intersecção desses temas.
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© Foto: Sxc.hu
Voluntários da pátria Tempo dedicado ao voluntariado no Brasil cresceu no último ano e isso nos coloca entre os top 10 países nessa prática. Em todo o mundo, ser voluntário e ajudar um estranho figuram como ações mais recorrentes Por Michele Bravos
Ainda que fatores políticos, econômicos e sociais estejam abalando o país, o Brasil mostra que atitudes solidárias são necessárias – principalmente nesses momentos. Segundo a ONG Charities Aid Foundation, o Brasil figura entre os top 10 países no quesito “doação de tempo”, considerando o número de voluntários. Junto com o Brasil, Rússia, Índia e China tiveram um aumento na quantidade de tempo dedicada a ações voluntárias. Apesar de essa ser uma boa notícia, a ONG aponta que também é esperada desses países – considerados economias prósperas – uma maior contribuição financeira, ainda que tenha ocorrido uma diminuição de doações em dinheiro no mundo todo. Esses aspectos apontados acima – tempo dedicado ao voluntariado e doações financeiras – são dois dos fatores avaliados pela Charities Aid Foundation para identificar o índice de solidariedade dos países, o qual vem sendo medido desde 2008. Outro fator analisado é o ato de ajudar um estranho, o qual se faz muito presente em países abalados por desastres naturais ou conflitos civis. A exemplo, o Iraque. O país tem sofrido com violências brutais e isso desperta nas pessoas a necessidade de ajudar o ou-
tro. Isso fez com que o país saísse da 90ª posição nesse quesito no relatório da ONG de 2013 para a segunda no último relatório.
Invertendo a ajuda O crescimento do índice de solidariedade da Ásia vem aumentando e isso faz com que a ONG afirme que o mundo deve repensar o modelo de solidariedade conhecido, o qual consiste “em uma transação que flui do Ocidente para o Oriente e do Norte para o Sul”. O relatório Future World Giving, da mesma ONG, afirma que há mais milionários no sul da Ásia (18 mil) do que no norte da América (17 mil) ou na Europa Ocidental (14 mil). A ONG aponta que é necessário que os novos-super-ricos sejam encorajados a serem solidários e, no caso deles, ajudem financeiramente – inclusive outros países. Paralelamente, apesar do potencial dessa parcela da população mundial, o grande pedido da Charities Aid Foundation para que a filantropia cresça no mundo e mais pessoas possam ser ajudadas – e aí a ONG coloca como meta a erradicação da extrema pobreza (pessoas que vivem com menos de US$ 1,25 por dia, segundo o Banco Mundial) – é para que a classe média seja convocada a ajudar.
Os relatórios podem ser lidos na íntegra nos seguintes links: l www.cafonline.org/pdf/CAF_WGI2014_Report_1555AWEBFinal.pdf l www.cafonline.org/pdf/Future_World_Giving_Report_250212.pdf. Ambos disponíveis em inglês.
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O número de pessoas consideradas de classe média deve crescer 165% até 2030, de acordo com dados da OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Considerando que a maior concentração está nos países em desenvolvimento. Estima-se que se a classe média doar 0,4% de sua renda, eles podem contribuir com US$ 224 bilhões por ano. Segundo Jeffrey Sachs, autor do livro “O fim da pobreza”, US$ 175 bilhões anuais seriam suficientes para acabar com a pobreza extrema. A ONG alerta para que os governos de economias emergentes criem e apliquem desde já medidas que incentivem a filantropia, assim como a cultura da doação, apresentando novas formas de exercer esse ato na sociedade. Os meios de comunicação são apontados como fundamentais nesse processo que envolve mudança de pensamento.
Igualdade entre gêneros Homens e mulheres exercem a solidariedade de forma igual, não havendo diferenças significativas mundialmente. Apenas quando se observa a realidade de cada país isso se faz mais perceptível. Por exemplo, no Canadá, 75% das mulheres doaram dinheiro para caridade, contra 53% dos homens. Já no Afeganistão, 42% dos homens afirmam ter essa prática, enquanto apenas 24% das mulheres dizem o mesmo. Nesse exemplo de análise por país, fica claro o quanto as diferenças culturais influenciam nos resultados.
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