Em Família | Marista Rosário

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2015 | 15a edição

ENTREVISTA

Questionamentos sobre a sexualidade são naturais e devem ser encarados com normalidade.

CONTEÚDO EXCLUSIVO

A partir de agora, você tem acesso a 16 páginas produzidas especialmente para a sua unidade.

{PRE}conceito

venindo o

Para combater o julgamento, a convivência com o diferente é a melhor opção.


VAMOS JUNTOS CULTIVAR

NOVAS HISTÓRIAS A FTD Educação apresenta um projeto pensado para envolver escolas, professores e famílias na grande aventura de cultivar novos leitores.

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Às vésperas de completar 200 anos de presença mundial e há mais de 110 anos presente no Rio Grande do Sul, a atuação dos Colégios e das Unidades Sociais da Rede Marista se dá, atu-

Presidente das Mantenedoras Ir. Inácio Nestor Etges

almente, em 13 cidades gaúchas e em Brasília. São 26 colégios e dez centros sociais, que atendem 19 mil estudantes na Educação Básica e 30 mil pessoas nos projetos e nas Unidades Sociais.

Vice-Presidente das Mantenedoras Ir. Deivis Fischer

COLÉGIOS Colégio Marista Aparecida colegiomarista.org.br/aparecida | 54 3449 2600

Colégio Marista São Luís colegiomarista.org.br/saoluis | 51 3713 8500

COLÉGIOS E UNIDADES SOCIAIS

Colégio Marista Assunção colegiomarista.org.br/assuncao | 51 3086 2100

Colégio Marista São Marcelino Champagnat colegiomarista.org.br/ejachampagnat | 51 3584 8000

Superintendente Executivo Rogério Anele

Colégio Marista Champagnat colegiomarista.org.br/champagnat | 51 3320 6200

Colégio Marista São Pedro colegiomarista.org.br/saopedro | 51 3290 8500

Coordenador Jurídico Elder Filippe

Colégio Marista Conceição colegiomarista.org.br/conceicao | 54 3316 2700

Colégio Marista Vettorello colegiomarista.org.br/ejavettorello | 51 3086 2100

Coordenador de Comunicação e Marketing Tiago Rigo

Colégio Marista Graças colegiomarista.org.br/gracas | 51 3492 5500

Escola Marista Santa Marta colegiomarista.org.br/santamarta | 55 3211 5200

Gerente Educacional Ir. Manuir Mentges Gerente Social Ir. Luciano Barrachini Supervisão editorial Katiana Ribeiro, Sendi Spiazzi e Reinaldo Fontes Conselho editorial Luciano Centenaro, Patricia Saldanha e Simone Martins da Silva.

Colégio Marista Ipanema colegiomarista.org.br/ipanema | 51 3086 2200 Colégio Marista Irmão Jaime Biazus colegiomarista.org.br/jaimebiazus | 51 3086 2300 Colégio Marista João Paulo II colegiomarista.org.br/joaopauloii | 61 3426 4600 Colégio Marista Maria Imaculada colegiomarista.org.br/imaculada | 54 3278 6100 Colégio Marista Medianeira colegiomarista.org.br/medianeira | 54 3520 2400 Colégio Marista Pio XII colegiomarista.org.br/pioxii | 51 3584 8000

Sede Marista Rua. Ir. José Otão, 11 - Bonfim - Porto Alegre/RS cep: 90035-060 Tel.: 51 3314-0300 / 0800 541 1200

colegiomarista.org.br socialmarista.org.br

Colégio Marista Roque colegiomarista.org.br/roque | 51 3724 8100 Colégio Marista Rosário colegiomarista.org.br/rosario | 51 3284 1200 Colégio Marista Sant’Ana colegiomarista.org.br/santana | 55 3412 4288 Colégio Marista Santa Maria colegiomarista.org.br/santamaria | 55 3220 6300

EscolaS de Educação Infantil Marista Aparecida das Águas Marista Menino Jesus Marista Renascer Marista Tia Jussara colegiomarista.org.br

Centros Sociais Marista Aparecida das Águas Marista Boa Esperança Marista da Juventude Marista de Formação Tecnológica Marista de Inclusão Digital (Cmid) Marista Ir. Antônio Bortolini Marista Mario Quintana Marista de Porto Alegre (Cesmar) Marista Santa Isabel Marista Santa Marta socialmarista.org.br

Colégio Marista Santo Ângelo colegiomarista.org.br/santoangelo | 55 3931 3000

Polo Marista

Colégio Marista São Francisco colegiomarista.org.br/saofrancisco | 53 3234 4100

Polo Marista de Formação Tecnológica socialmarista.org.br

15a Edição | 2o Semestre 2015 Periodicidade Semestral

EDIÇÃO Supervisão editorial: Maria Fernanda Rocha Redação: Michele Bravos Edição de arte: Julyana Werneck PROJETO GRÁFICO Estúdio Sem Dublê | semduble.com

Revisão Lumos | Bureau de Traduções Envie comentários, críticas e sugestões sobre a revista para o email conteudo@grupomarista.org.br

Capa

Aline Lopes

ILUSTRAÇÃO DA CAPA Julyana Werneck © Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

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índice capa

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Para previnir o preconceito: exposição à diversidade desde cedo. Saiba como se dá a construção de um olhar preconceituoso e como dialogar com os filhos sobre essas questões.

1a impressão

Dia a dia

Entrevista

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6

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Rogério Anele fala sobre a reformulação da revista e reforça o posicionamento da nova campanha dos Colégios Maristas.

Saiba como as famílias devem se preparar ao receberem um intercambista em casa.

Olhar

Curiosidade

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Nesta edição, você confere uma reflexão sobre o sentido da vida - ou a ausência dele - na rotina da juventude atual.

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Índice

Solidariedade

Como fazer

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local Confira as matérias elaboradas especialmente para a sua unidade.

Para expandir a atuação social marista, novas propostas estão sendo pensadas e implementadas. Conheça algumas.

Grêmios Estudantis são um espaço de debates relevantes e de novas amizades. Conheça as histórias de quem está envolvido.

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Diversão

Essência

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Confira nesta edição as dicas de aplicativos sugeridas pelo supervisor de Tecnologias Educacionais dos Colégios Maristas, Silvio Augusto Langer.

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Música clássica pode influenciar no desenvolvimento da mente e em atividades vitais.

Especialista fala sobre o quão natural é se ter questionamentos sobre a sexualidade e como a família pode lidar com essa situação.

Saiba o que as brincadeiras mais antigas, como amarelinha, esconde-esconde desenvolvem nas crianças.

O Irmão Alvanei Finamor relembra os primórdios do Instituto Marista e reforça a importância de se doar ao próximo nos dias atuais.


A virtude da 1a impressão

diferença

É preciso trocar o julgamento pelo apoio, o individualismo pela coletividade, a descrença pela aceitação. É preciso valorizar, acima de tudo, o amor.

© Foto: Divulgação / Comunicação e Marketing

“Se o mundo é plural, por que as opiniões deveriam ser iguais?” Essa é a questão norteadora abordada na nova campanha dos colégios da Rede Marista, mas poderia ser aplicada em diversos outros contextos que resumem boa parte dos conflitos da sociedade. A intolerância à diferença, como retrata a matéria principal desta edição da revista Em Família, mostra os prejuízos irreversíveis que podem ser aplicados na formação da personalidade de crianças e jovens. A adoção do pensamento preconceituoso, que muitas vezes acaba passando despercebido pelos pais durante a educação dos filhos, faz parte de um grande ciclo nocivo que só tem a prejudicar o cultivo das relações humanas. Hoje, somos parte de um mundo em crise, e boa parte das resoluções dos problemas que enfrentamos depende de um olhar atento para a diversidade. É preciso trocar o julgamento pelo apoio, o individualismo pela coletividade, a descrença pela aceitação. É preciso valorizar, acima de tudo, o amor. Promover o aprendizado de diferentes formas é um dos caminhos desenvolvidos por nossas unidades para lidar com essa questão. Respeitar o encontro de dois ou mais pontos de vista é o primeiro passo para conviver com as diferenças e incentivar o protagonismo dos jovens desde cedo. Reconhecer a virtude da diferença é estimular o surgimento de transformações e a característica plural do mundo em que vivemos. Ao tratar este e outros assuntos decorrentes da proposta pedagógica marista na revista, também convidamos as famílias de nossos estudantes, educadores e demais leitores ao debate. A partir desta edição, a revista Em Família passa a entregar um conteúdo mais personalizado e completo, com o objetivo de dar mais visibilidade ao que acontece dentro e fora das nossas unidades. Nesta reformulação editorial, muitos serão os personagens, histórias e conceitos apresentados aos nossos leitores. Afinal, conhecer a pluralidade da vida, é o que faz do ser humano, único.

Rogério Anele Superintendente dos Colégios e Unidades Sociais da Rede Marista

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dia a dia

© Foto: Fabio Melo

Um intercambista

em minha

casa Acolher o intercambista como um filho e deixar claras as regras da casa são fundamentais para uma experiência bem sucedida Michele Bravos

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Já pensou em adotar um filho estrangeiro? Calma, a gente explica. É comum e bastante incentivado por agências de intercâmbio que os adolescentes intercambistas se hospedem em casas de família para que a imersão na cultura do país para onde estão indo seja mais intensa e significativa. Abrir as portas de casa para um intercambista é como adotar um filho – mesmo que temporariamente. Para Celso Javorski, acolher o jovem Jacob Pritchard, 17 anos, da Nova Zelândia e que está estudando até o fim desse ano no Colégio Marista de Ribeirão Preto (SP), está sendo uma experiência enriquecedora. “É a primeira vez que estamos recebendo um intercambista e a troca cultural é muito rica. Temos dois filhos e um deles está fora do país, em intercâmbio também. Então, o Jacob, literalmente, está sendo tratado como um filho”. Para Guilherme Reischl, diretor comercial da Egali Intercâmbio (agência que também possui parceria com os Colégios Maristas do Rio Grande do Sul, uma vez que esta proposta demanda uma organização especializada), a consideração mais importante de um programa de intercâmbio em casa de família é que a 'família hospedeira' acolha o estrangeiro como um membro da família. “O intercambista tem que usufruir da mesma estrutura de um filho. Ele tem que se sentir integrado, acolhido. As atividades diárias têm que ser realizadas com o intercambista. No começo, isso


pode significar sair da rotina – e a família precisa estar ciente disso –, mas, aos poucos, todos se adaptam”. Jacob afirma que um ponto positivo dessa experiência tem sido passar tempo com sua família brasileira. “Eles são pessoas muito legais, que fazem eu me sentir bem-vindo na casa deles”. Uma boa adaptação depende bastante de regras claras. Reischl lembra que toda casa tem normas que, naturalmente, são cumpridas pelos membros da família. O intercambista precisa ser inserido nesse contexto também. “Ele precisa saber o que pode fazer na cozinha, o que deve fazer com as roupas sujas – se ele irá lavá-las ou se alguém fará isso para ele –, se existe um horário para o banho, se o secador é de uso comum...”. O diretor comercial complementa que isso tudo deve ficar claro já no primeiro dia. “Assim que o intercambista chegar, dê as boas-vindas, faça ele se sentir em casa. Em seguida, de forma gentil, apresente as regras do lar”. Javorski conta que Jacob respeita inclusive as normas de comportamento – por exemplo, com relação a sair para festas e dar satisfação quanto a para onde está indo e com quem. “Tínhamos muita expectativa com relação a essa convivência. É também nossa responsabilidade zelar pela segurança dele”.

Integrando Integrar não quer dizer fazer as vontades do intercambista. Ele precisa conhecer e se adaptar aos costumes do país em que está. Uma boa forma de integrar o jovem à cultura e à nova família é na hora das refeições. “O momento das refeições é muito importante para a integração. Por isso, pelo menos algumas devem ser feitas com a família reunida”. Javorski afirma que os hábitos alimentares certamente são muito diferentes e isso sempre rende bastante conversa. Outra forma de integrar é convidar o intercambista para passear. “É importante que a família esteja preparada para fazer 'programas de turista',

mesmo na sua cidade natal. É preciso lembrar que o intercambista também está interessado em conhecer lugares típicos e diferentes dos que ele está habituado a ver”.

Comunicação Na casa da família Javorski, apenas a filha fala inglês. Então, foi preciso desenvolver formas de comunicação até Jacob estar mais fluente no português. “Às vezes, o Google tradutor nos ajuda. A gente acaba tendo que ser criativo”, diz Javorski. Reischl aponta que é ideal que pelo menos um membro da família compartilhe de um idioma em comum com o intercambista. “Caso contrário, a comunicação fica nula e pode gerar desconfortos, como prejudicar a compreensão das regras da casa. Uma família monoglota poderia ser um problema”. As barreiras de comunicação na casa de Javorski têm sido vencidas com bom humor. “Nós falamos português e inglês em casa. Eu imagino que deve ser um quebra-cabeça para eles entenderem o que eu falo, às vezes, mas nós rimos disso”, diz Jacob. O quesito “comunicação” também deve se estender para a família no exterior, pois isso gera maior confiança para o intercambista. “A família que está recebendo deve fazer contato com a família do outro país, mesmo que não falem a mesma língua. Por meio de uma conversa por chamada de voz e vídeo, as famílias podem se ver, sorrir uns para os outros e dar um ‘tchauzinho’. Isso já faz diferença”, comenta Reischl.

PROJETO INTERCÂMBIO MARISTA Embora os Colégios Maristas do Rio Grande do Sul ainda não recebam intercambistas em suas unidades, desde 2011, os estudantes têm a possibilidade de trocarem os períodos de férias por experiências em outros países. Ficou interessado? Acesse mais informações do projeto Intercâmbio Marista – Novas culturas, novos saberes colegiomarista.org.br/intercambio.

dicas Seguindo essas dicas, a 'família hospedeira' terá uma grande experiência de vida recebendo um intercambista. l Tenha certeza de que sua casa tem condições de receber mais um membro. Pode ser que ele tenha que dividir o quarto com os seus filhos, mas é importante que o intercambista tenha um espaço apropriado para que ele possa realizar as atividades curriculares. l Conheça o intercambista antes de ele chegar à sua casa. Pode ser por e-mail, por chamada de voz e vídeo, etc. l Trate-o como um filho, tanto para as coisas legais, como passear em família, quanto para as regras. l Apresente as regras da casa. Elas precisam estar claras para o intercambista. l Pergunte o que ele gosta de fazer ou o que tem curiosidade em conhecer. Seja solícito, simpático, mas não extrapole, impondo a sua programação. l Tenha disposição para conviver com as diferenças – elas são enriquecedoras – e dialogue sempre!

Na foto: Maria Eduarda, Jacob, Anaisa e Celso Javorski.

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capa

{PRE}conceito

venindo o

Expor a criança desde cedo à diversidade do mundo contribui para a formação de um indivíduo menos preconceituoso Por Michele Bravos

VAMOS VER COMO NOS COMPORTAMOS? Esse é um teste, mas um teste do bem. Gostaríamos de saber como você vê a imagem ao lado, sem receio algum de utilizar os traço, elementos ou cores que considere mais adequadas aos seus olhos. Crie o restante dos elementos na figura da maneira que preferir (canetinha, colagem, etc.), tanto da personagem, quanto do cenário. Não hesite em desenhar o cabelo, a roupa, a maquiagem que quiser. Use a sua imaginação, e, se precisar ou preferir, peça ajuda. A ideia é, justamente, entender a maneira como as pessoas entendem as outras, mesmo com os esteriótipos que nos são referenciados durante a vida, sejam eles pessoais, sejam eles interpressoais.

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Quem é essa pessoa para você? O que você pensa dela? Como você imagina que ela seja?

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Em tempos de politicamente correto, o real preconceito que a produtora executiva, Aline Lopes (28), enfrenta é sutil. “Ninguém me chama de macaca ou fala que meu cabelo é ruim, mas enfrento indiferença e menosprezo em situações profissionais, por exemplo”. A frase de destaque nesta página ilustra com o que Aline tem de conviver. Ela conta que já foi ignorada em uma reunião de trabalho em que era a responsável pelo projeto apresentado. “A reunião era com uma universidade e a coordenadora com quem eu me reuni falava apenas com a estagiária. Simplesmente, não se reportava a mim”. Ela percebe que ainda há muitos estereótipos a serem quebrados para a existência de uma sociedade igualitária. Aline também ressalta a importância da autoaceitação nesse processo. Ela lembra o dia em que chegou em casa chorando, após a aula, por terem dito que o cabelo dela era feio e o nariz grande demais. “Minha mãe me colocou em frente ao espelho e ficamos lá umas duas horas. Eu olhei para cada detalhe de mim e aceitei todos eles. Sim. Eu sou negra, eu sou mulher! E daí?”

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© Foto: Renata Sales

capa


Ao olhar para as imagens ao lado, o que você vê? Segundo a psicóloga Marlene Strey, professora e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o conceito que lançamos sobre alguém é decorrente dos nossos aprendizados – que começam a se formar na infância. “A construção do preconceito se inicia a partir do momento em que nascemos. É uma ideia colocada em nossa mente a partir da observação dos mais velhos, principalmente daqueles que amamos e respeitamos, como pais e professores. A criança nasce sem preconceitos, mas ao perceber exemplos de discriminação, palavras ou atitudes, elas internalizam essa avaliação”. O neurocientista Naim Akel ressalta que é na infância que o cérebro conclui o processo básico do seu desenvolvimento e, portanto, é a hora de ajudar o indivíduo a organizar as suas ideias, exercitando áreas fundamentais para a consciência e o autocontrole. “Eu digo que é possível prevenir o preconceito. Para isso, é preciso que as crianças sejam sempre estimuladas a refletir; aprendam a construir suas próprias conclusões a partir do conhecimento e das informações; sejam convidadas a experimentar e conviver com o diferente, acostumando-se a uma enorme diversidade do mundo que a cerca”. É possível deduzir de diversos estudos e pesquisas neurocientíficas que experiências precoces alteram o funcionamento e a estrutura cerebral. Para o neurocientista, “de uma infância com situações agressivas e desfavoráveis deverá emergir um adolescente e adulto com forte tendência a percepções tendenciosas do mundo e com reações agressivas, destrutivas e de confrontação com os outros”. Especialistas apontam que mesmo ações sutis dos adultos que cercam essa criança interferem na construção da análise do outro. Por exemplo, quando uma mãe branca segura firme na mão do filho ao ver uma pessoa negra. Ela pode não ter falado nada, mas a insegurança passada naquele ato pode influenciar na

forma como a criança – futuramente, um adulto – irá perceber as pessoas que possuem uma cor de pele diferente da sua.

Convivendo com o diferente

Apesar de ser mais fácil conviver com tudo aquilo que se conhece e entende, o mundo é feito de diferenças e, em geral, o diferente assusta. Diante daquilo que causa medo, existem três possibilidades de ação, de acordo com a psicóloga:

Afastar-se Neste caso, a pessoa guarda os seus “pré-conceitos” para si e evita a convivência com pessoas ou situações com as quais não sabe lidar.

AGREDIR

Em defesa do próprio espaço, das próprias ideias e do seu jeito de viver, a pessoa agride o que destoa dos seus padrões de normalidade. Essa agressão pode ser verbal ou até chegar a uma violência física.

RESPEITAR

Pessoas que foram incentivadas a pensar antes de agir ou foram criadas em um ambiente – tanto familiar quanto escolar – onde há diversidade de raças, religiões e costumes tendem a se aproximar do diferente.

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capa

Às vezes, até esqueço que vocês são normais. Palavras da diretora de uma empresa à Aline

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Adaptação O preconceito também tem sua raiz atrelada a uma necessidade do ser humano de se adaptar e se sentir aceito. Segundo a psicóloga Marlene Strey, “a tendência da criança é imitar as pessoas do seu convívio. Logo, se um pai tem uma atitude preconceituosa, é provável que o filho siga o exemplo. Não por concordar, mas por entender que essa é forma como o grupo em que ele está inserido – no caso, a família – age”. A psicóloga ressalta que a questão da adaptação e aceitação também se dá em outros grupos. Há casos em que a família não é preconceituosa e o filho também não, porém, se na escola ele faz amizades com crianças que discriminam as diferenças, é possível que ele também passe a ter esse comportamento. Mais uma vez pelo fato de querer se sentir aceito e parte de algo. O neurocientista Naim Akel pondera que o inverso também pode acontecer, pelo mesmo motivo. “A capacidade de o cérebro mudar e se moldar às experiências é espetacular. Isso se faz mais presente no início da vida e vai diminuindo com o passar dos anos. Por isso, o que acontece nos primeiros anos de vida será decisivo para o futuro do sujeito”.

propõe que por meio de estímulos sonoros, durante o sono, estereótipos ligados à raça e gênero sejam quebrados e um novo conceito seja aprendido. Porém, Naim afirma que ainda são especulações. Para mudanças efetivas

de consciência é preciso bem mais que uma noite de sono. “Para mudar cérebros e mentes o trabalho é constante, persistente e de todos (pais, familiares, professores) e, preferencialmente, deve ocorrer desde os primeiros anos”.

Existem estudos atuais que apontam que é possível, através da neurociência, modificar os conceitos de alguém sobre outras pessoas. É o caso do estudo promovido pela Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, e publicado na revista Science. A pesquisa liderada pelo neurocientista Ken Paller

Cadastre-se no site goo.gl/4HmIOY e leia a pesquisa na íntegra.

A criança nasce sem preconceitos, mas ao perceber exemplos de discriminação, palavras ou atitudes, elas internalizam essa avaliação. Marlene Strey Psicóloga, professora e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

© Fotos: Renata Sales

Mudança de consciência

Primeira impressão A primeira impressão pode até não ser a que fica, mas, inevitavelmente, ela se forma rapidamente na mente de cada um. Meio segundo é o bastante para um “pré-conceito” ser concebido, segundo um estudo realizado em 2014 pela Universidade de Glasgow, na Grã-Bretanha. Ainda de acordo com a pesquisa, para a concepção de uma primeira impressão, às vezes, não é preciso nem olhar. Só de ouvir a voz de alguém, algumas pessoas já formam um conceito sobre o outro. Esta pesquisa está disponível aqui: goo.gl/gI0cJX

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Š Foto: Shutterstock

entrevista

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Interrogações

sobre

SEXUALIDADE Diante de questionamentos dos filhos sobre a sexualidade, pais devem estar atentos ao sofrimento que isso possa estar causando para poder orientá-los Por Michele Bravos

Desde a infância, os pontos de interrogação acompanham o ser humano. Apesar de nem sempre as respostas serem encontradas, a busca é constante. Com questões relacionadas à sexualidade isso não é diferente. Para falar sobre o tema, a entrevistada desta edição da Em Família é a psicóloga Maria Virgínia Cremasco, professora na Universidade Federal do Paraná, com estudos sobre sexualidade feminina e masculina pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado no Centro de Estudos em Psicopatologia e Psicanálise na Universidade de Paris VII.

Em uma situação em que a criança ou o adolescente tem questionamentos sobre a sua orientação sexual, qual deve ser a postura dos pais?

Permitir o diálogo. Se não conseguem ou não se sentem à vontade de fazer isso, devem procurar ajuda. Se os filhos desejarem ou apresentarem sofrimento com relação aos seus questionamentos ou vivências, a ajuda profissional poderá ser de grande valia. Sugerir ajuda não é tratar como doença, é oferecer ajuda, se for necessária, é claro. Não sugerir é que, talvez, seja tratar como uma doença – e dessas que não podem ser ditas.

Podemos considerar que a orientação sexual é pautada em uma escolha individual?

Na perspectiva em que eu trabalho, a psicanálise, não existe “uma escolha individual” no sentido de que as escolhas ou decisões do sujeito só dependem dele, desconsiderando-o como um ser social. Claro que é o sujeito quem faz as suas escolhas. Mas as condições que o levam a isso dependem, sobretudo, de sua história de vida. E isso tem a ver com todos os aspectos que concorreram para ele ser quem é. No entanto, a orientação sexual não é uma “escolha”. A orientação sexual é uma descoberta que se dá em determinado momento de nossas vidas, que se impõe a nós no sentido de pedir que respondamos a ela. Não assumi-la ou negá-la são também respostas.

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entrevista De que forma as relações familiares podem interferir na orientação sexual dos indivíduos? Podemos dizer que existe alguma influência direta?

© Foto: Shutterstock

Quais consequências podem ser geradas por um ambiente familiar homofóbico ou que se nega a se solidarizar com os questionamentos do filho ou da filha sobre sexualidade?

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As relações familiares estão na base da formação do sujeito, ou seja, ele se constitui a partir desse contato, sobretudo da qualidade afetiva do contato. No entanto, não existe absolutamente nada que possa ser afirmado quanto às relações familiares interferirem na orientação ou desejo sexual dos filhos. O contrário se pode dizer quanto a sua expressão.

A importância das relações familiares diz respeito à constituição do sujeito e seus recursos para enfrentar a realidade.

A partir de que idade o assunto sexualidade entra no universo da Pais muito repressivos e punitivos criança? podem dificultar a expressão da sexu-

alidade dos filhos. Um ambiente assim também pode criar filhos preconceituosos ou que não conseguem aceitar em si e nos outros as diferenças. A importância das relações familiares diz respeito à constituição do sujeito e seus recursos para enfrentar a realidade.

A curiosidade sexual que envolve a diferença ente os sexos e a gravidez acontece por volta dos 4 anos, quando a criança quer saber de onde vêm os bebês, como são feitos. No entanto, desde muito antes a curiosidade sexual dos bebês existe, envolvendo a descoberta de seu próprio corpo, suas sensações. Por isso, a psicanálise fala de uma sexualidade infantil – não genitalizada como nos adultos, que é voltada para a relação sexual –, mas uma sexualidade diluída em todo o corpo, o que envolve a importância dos primeiros contatos corporais que unificam o corpo e despertam a sensorialidade, que só depois fará parte das trocas sexuais.

Comportamentos de uma orientação sexual homossexual podem ser notados na infância?

Normalmente não, até porque a curiosidade sexual das crianças é polimorfa, sem direção de orientação, como os adultos entendem isso. Para a criança, explorar o próprio corpo e o corpo do outro é uma brincadeira, necessária, como já disse, da mesma ordem de outras brincadeiras. O adulto é quem sexualiza isso, dá um sentido genital a isso, padroniza e normaliza o que é pura expressão pulsional.

De que forma um acompanhamento psicológico nesse momento de questionamentos pode contribuir?

O papel de um acompanhamento psicológico é ajudar o indivíduo a compreender seu sofrimento e encontrar meios de lidar com ele. Quem sofre precisa procurar ajuda. Se não há sofrimento, não há necessidade. Se o sofrimento é dos pais, que o estão projetando no filho, são os pais que precisam de ajuda.


EXPEDIENTE COLÉGIO MARISTA ROSÁRIO R. Praça D. Sebastião, 2 Porto Alegre - RS Fone: 51 3284-1200 colegio.rosario@maristas.org.br DIRETOR Ir. Onorino Moresco VICE-DIRETORA EDUCACIONAL Adriana Kampff VICE-DIRETOR ADMINISTRATIVO Maurício Erthal Comunicação e Marketing Eduarda Osório Alcaraz, Guilherme Felice Endler e Juliana Pinheiro de Matos JORNALISTA RESPONSÁVEL Tiago Rigo (MTB 13919) PROJETO GRÁFICO Lumen Comunicação

Em em movimento

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No Marista Rosário, a tecnologia é desenvolvida como recurso pedagógico.

Com a palavra

Educação Infantil

Caleidoscópio

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Direção destaca a revista Em Família como um importante meio de informação, de alimento e de formação.

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Ensino Fundamental

Gente nossa

Ensino Médio

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Saiba como o simples ato de brincar também contribui para o desenvolvimento das crianças.

EI EF EM

Relembre o primeiro semestre por meio de imagens dos principais projetos e atividades.

Confira o projeto Hábitos de Estudo, uma iniciativa que auxilia os estudantes a descobrirem qual é o melhor jeito de aprender.

Conheça o ex-aluno que hoje é um artista reconhecido internacionalmente.

Em parceria com a PUCRS, os Colégios Maristas promovem formação continuada para os educadores.

Diz aí

Em foco

Construir conhecimentos

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Saiba de que forma os estudantes encaram as diferenças no dia a dia.

A partir do tema Seu olhar sobre a escola, estudantes registraram, por meio da fotografia, a própria percepção sobre o cotidiano escolar.

Aprenda de um jeito fácil, prático e superconectado! Confira algumas dicas e, se gostar, compartilhe os vídeos!


Com a palavra

Caminhamos juntos

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Colégio Marista Rosário

O desenvolvimento das famílias se dá na aproximação, na flexibilidade e nas relações entre si e com a escola, enraizadas no amor, na verdade, na unidade e na comunicação.

Ir. Onorino Moresco Diretor do Colégio Marista Rosário

© Foto: Acervo do colégio

O bambu chinês, quando nasce da terra, já está enraizado o suficiente para, em sua fragilidade, suportar as intempéries da natureza. Os brotos tênues tornam-se leves e flexíveis diante de uma simples brisa e se mantêm em pé ao enfrentar a força dos furacões. Crescem em grupo e unidos, dançando ao ritmo dos ventos, e – mesmo nas noites mais tenebrosas – não tombam. Assim são as famílias rosarienses. Lançam suas raízes em terras profundas, nascem frágeis, crescem unidas no amor, constroem relações flexíveis e humildes e, direcionando sua vida para o alto, são capazes de dançar ao sabor da brisa e a resistir aos ventos impetuosos. Tanto os bambus como as famílias precisam de alimentos saudáveis e de terras profundas para enraizar e gerar vida. Entretanto, a modernidade desenraizou e fragilizou a família que tenta reorganizar a vida nas metrópoles. Nesses tempos de pós-modernidade, é desafiada a redimensionar os valores vitais diante de uma forte sobrevalorização da emotividade e da subjetividade. Tudo é líquido, como pontua Zygmunt Bauman. A valorização da família como bem mais precioso da humanidade é enfatizado pelo papa João Paulo II, na exortação Familiaris Consortio, dizendo que a evangelização, no futuro, depende em grande parte da Igreja doméstica. O papa Francisco reforça, retomando, na Evangelli Gaudim, que as pessoas precisam ser acompanhadas, com misericórdia e paciência, nas possíveis etapas de crescimento cotidiano. A revista Em Família é um importante meio de informação, de alimento e de formação. Temos 16 páginas exclusivas sobre o Marista Rosário que tornam possível a qualidade da comunicação escola-família. Participamos juntos do processo educativo, nosso e dos seus filhos. Conheceremos meios que permitirão uma abordagem diferenciada dos conteúdos, possibilitando mais interação, autonomia e protagonismo dos estudantes rosarienses em seus contextos educativos. Falaremos sobre alguns dos principais aspectos das metodologias pedagógicas trabalhadas em todos os níveis de ensino, como os Hábitos de Estudo, a sincronização dos conteúdos nas novas Matrizes Curriculares e na importância das atividades lúdicas na formação das crianças. O desenvolvimento das famílias se dá na aproximação, na flexibilidade e nas relações entre si e com a escola, enraizadas no amor, na verdade, na unidade e na comunicação. Provamos que a fragilidade tanto do bambu quanto da família é só aparente, pois ambos enfrentam temporais e no dia seguinte estão em pé, ao sabor do vento. E, como dizem Os Monarcas, “esse vento é o nosso Deus”. Deliciemo-nos.


© Foto: Acervo do colégio

Educação Infantil

Brincar é ganhar tempo À primeira vista, brincar parece uma atividade simples e até corriqueira do cotidiano infantil. No entanto, “a brincadeira vem sendo cada vez mais discutida, e entendida como um processo significativo para o desenvolvimento das crianças”, conforme apontam as Diretrizes da Educação Infantil Marista. Nesse documento inovador, lançado no primeiro semestre, são aprofundadas as concepções sobre as infâncias, com o intuito de nortear a ação pedagógica dos educadores que atuam na Educação Infantil dos colégios da Rede Marista. Definido como uma atividade lúdica, o brincar representa uma das primeiras formas que a criança tem de se relacionar com o mundo e de se expressar. Assim, estimula a socialização, a criatividade e a autonomia, entre outros tantos benefícios. O cenário atual, porém, demonstra que a rotina dos pequenos está cada vez mais atribulada, a exemplo da realidade dos adultos. Eis que surge o desafio das famílias e dos educadores: disponibilizar espaço e tempo para as brincadeiras.

Atividades lúdicas promovidas com qualidade No Colégio Marista Rosário, as brincadeiras são valorizadas e planejadas de acordo com a idade e perfil dos pequenos, respeitando a individualidade de cada um. Entre os projetos, destacam-se os chamados Territórios do conhecimento. Promovidos com os três níveis da Educação Infantil, eles convidam as crianças a construir espaços temáticos para aprender brincando. Cada turma decide o assunto de sua preferência em conjunto com as educadoras e monta maquetes, realiza desenhos e outras produções artísticas. Dessa forma, são vivenciados conteúdos como a pré-história, o antigo Egito e o fundo do mar de uma forma divertida e lúdica. Ao mesmo tempo que as propostas são reforçadas, a inventividade dos estudantes é estimulada com a elaboração dos materiais e, principalmente, com a possibilidade de vivenciar o “faz de conta” em um ambiente criado por eles. De acordo com a coordenadora pedagógica da Educação Infantil, Silvana Nazario, todas as iniciativas caminham

em sintonia. Outro exemplo dessa metodologia é o projeto Viagem pelos tempos, que mobilizou as famílias da turma N3C para, junto com a escola, dar forma ao imaginário das crianças. Observando a curiosidade e os questionamentos sobre diversos acontecimentos históricos, a professora Karine Pereira e os pais construíram uma “máquina do tempo” feita de objetos reciclados para auxiliar no estudo de diferentes épocas. As crianças entram na estrutura montada, que tem um espaço para acoplar um tablet em seu interior, e simulam viagens por períodos da história através de perguntas respondidas por um software específico para o público infantil. Os estudantes solucionam suas dúvidas, comparam as hipóteses levantadas na montagem do projeto e são instigados a novos questionamentos. “Atividades lúdicas nos possibilitam mediar a relação da criança com o mundo real. A partir das brincadeiras surgem diferentes significados para suas explorações”, enfatiza Silvana. Afinal, como escreveu Carlos Drummond de Andrade, “brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo”.

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Caleidoscópio EI

Em junho, as crianças do N2 visitaram o Jardim Botânico e conheceram as belezas da nossa flora e fauna.

As mães da Educação Infantil foram homenageadas com horas do conto, brincadeiras criativas, massagens, apresentações artísticas e muitos abraços.

2015

Em maio, as famílias dos níveis 2 e 3 participaram de uma manhã de confraternização. Pais e filhos fizeram brincadeiras e atividades de integração na sede da Associação de Pais e Mestres do Colégio Marista Rosário (Apamecor).

VIVÊNCIA

INTEGRAÇÃO

© Fotos: Acervo do colégio

A Pastoral Escolar contou às crianças de forma lúdica um pouco sobre a vida e o sonho de Champagnat, fundador do Instituto Marista.

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Em abril, as famílias do N1 da EI participaram de uma manhã de integração. Estudantes e pais fizeram diversas atividades como brincadeiras com música, arte em argila e massagem. Depois, todos participaram de um lanche coletivo.

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Os pequenos aprendem sobre a importância de cuidar do meio ambiente na horta confeccionada com objetos reciclados, localizada no Pátio Externo, no 5o andar. Os estudantes participaram de uma oficina gastronômica especial para a Páscoa. Com a ajuda dos educadores, eles prepararam bolinhos e pães de cenoura.

NA PRÁTICA

Com os alimentos produzidos na horta, como manjericão e morango, as turmas ajudam a preparar sanduíches e outros lanches saborosos.

A dentista Fernanda Franco visitou a turma N3G para mostrar um pouco sobre a sua profissão. As crianças participaram de oficinas e aprenderam brincando.

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© Foto: Acervo do colégio

Em movimento

Aportes tecnológicos

para a educação Os recursos tecnológicos são um dos importantes suportes que o Marista Rosário proporciona para implementar a sua metodologia. O colégio conta com diversos dispositivos que auxiliam os educadores em sala de aula, oferecendo novas possibilidades e meios de compartilhar conhecimentos. Segundo a vice-diretora educacional, Adriana Kampff, ferramentas como o Aplicativo Marista Virtual, as novas câmeras digitais de documentos e a robótica permitem que os estudantes visualizem conceitos que antes eram puramente abstratos. O professor de Física do Ensino Médio Alexandre de Maria conta que a câmera de documentos o permitiu realizar uma atividade especial para demonstrar como ocorre a formação de imagens em espelhos planos. “Um dos nossos eixos metodológicos é a investigação científica e para o alcançarmos é necessário fazer exercícios de observação. A câmera oportuniza que um grande número de alunos visualize o experimento com riqueza de detalhes, o que antes não era possível fazer em sala de aula”, explica. Com design que lembra uma luminária, a máquina tem diferentes níveis de zoom, capta vídeos, som e imagem em tempo real, que podem ser disponibilizados pelos professores no App. De acordo com o pro-

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fessor De Maria, os estudantes gostaram da novidade por trazer mais dinamismo e interatividade aos conteúdos. “Atualmente, é importante fazer uso da tecnologia em nosso favor”, comenta. Na Educação Infantil, a Robótica é outro exemplo de recurso pedagógico diferenciado trabalhado com turmas dos níveis 2 e 3. A professora de Informática Patrícia Cavedini utiliza os robôs de forma lúdica, em jogos e exercícios que incentivam as crianças a interagir de formas distintas com o que é aprendido em sala de aula. Nas brincadeiras, as máquinas simulam movimentos de animais e dinossauros, realizam cálculos matemáticos simples e desenham formas geométricas. “Uma das turmas está aprendendo sobre fenômenos climáticos, então trouxemos um robô que ficou girando em um papel para desenhar o movimento que um furacão faz”, exemplifica Patrícia. Embora importantes, é necessário valorizar os dispositivos como ferramentas de apoio. A vice-diretora educacional ressalta que um dos diferenciais do Marista Rosário não é a tecnologia em si, mas como ela é usada pedagogicamente. “No processo de revisão curricular se pensa nesses recursos como aportes que caminham em sintonia com a metodologia, não à frente dela”, observa Adriana.


Ensino Fundamental

Hábitos de Estudo:

um projeto aliado da aprendizagem do a orientadora educacional Clarice Conter, as ações buscam estimular a autonomia e responsabilidade dos estudantes, além de ajudar a encontrar a melhor maneira para estudar. “É preciso ressaltar o papel da família nesse processo, conversando com seus filhos sobre a importância do estudo na sua vida, acompanhando a rotina e auxiliando quando necessário”, ressalta.

Estratégias por nível de ensino O trabalho de construção de hábitos de estudo normalmente é personalizado por nível de ensino. Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, as atividades centram-se na construção da autonomia e da responsabilidade sobre os temas e cuidados com materiais escolares. Cartelas interativas, que os estudantes podem recortar e colar, adesivos e tabelas de horários ajudam a criança a perceber a importância da organização durante o dia. “O projeto

incentiva a autonomia para separar o próprio material e, a partir do 2o ano EF, são trabalhados objetivos específicos, como local para estudos e incentivo à leitura”, explica Mariana Arieta, orientadora educacional das turmas de 1o e de 2o ano EF. Nos Anos Finais EF, as estratégias envolvem a organização em sala de aula, calendários para agendar provas e trabalhos, e o informativo Tá No Guia, que concentra informações pedagógicas, cronograma de atividades, dicas e tabela de horários. “Nessa fase, os jovens se desestabilizam internamente, por isso é importante a organização externa”, conta Suzana Diemer, orientadora educacional do 8o ano EF. E complementa: "Fortalecemos a ideia de que cada um tem que desenvolver o seu jeito de aprender cada componente curricular". Dessa forma, os estudantes chegam ao Ensino Médio com mais foco nos estudos, evidenciando mais interesse e comprometimento com a vida acadêmica.

© Foto: Acervo do colégio

Internet, redes sociais, jogos, aplicativos, televisão, desenhos, séries, filmes, atividades extracurriculares... A lista de itens que fazem parte do dia a dia de crianças e jovens aumenta cada vez mais. É possível aprender com todos esses recursos e possibilidades, mas há também que se dedicar tempo exclusivo para os estudos. Nesse sentido, surgem dúvidas, como: qual é o melhor jeito de estudar? Sozinho ou em grupo? Escrevendo ou lendo? Não há respostas unânimes para essas perguntas, pois envolvem aspectos que variam de acordo com o perfil e o nível de ensino do estudante. O que destaca-se, no entanto, é que estudar requer a criação de uma rotina por meio da organização individual. Desenvolvido há cerca de 50 anos e aprimorado diversas vezes, o projeto Hábitos de Estudo, do Marista Rosário, reúne uma série de iniciativas realizadas de forma estratégica com o apoio do Serviço de Orientação Educacional e da Coordenação Pedagógica. Segun-

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Caleidoscópio EF No início do ano, os estudantes do Marista Rosário voltaram ao colégio para reencontrar os colegas, professores e construir novos conhecimentos.

2015

Como parte do projeto educativo, as turmas do 3o ano EF estudam a cidade de Porto Alegre. Dessa forma, o aniversário da capital, 26 de março, foi comemorado entre os estudantes.

ACONTECEU

O promotor de Justiça André Carvalho Leite esteve no colégio para falar ao 5o ano EF sobre a importância das leis contra a violência doméstica, como a Lei Maria da Penha.

BOAS-VINDAS

© Fotos: Acervo do colégio

Estudantes do 1o ao 5o ano EF prestaram homenagens especiais às suas mães. Os momentos foram repletos de música, bênçãos, emoção e muito amor.

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Os estudantes dos Anos Finais EF começaram o ano letivo de um jeito especial. Em 2015, conheceram o Polo Marista de Formação Tecnológica, onde participaram de uma gincana.

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A Primeira Comunhão é uma das atividades extraclasse propostas para grupos do 6o ao 8o ano EF. No fim do ano, uma missa especial celebra a entrega da Eucaristia aos jovens.

FORMAÇÃO RELIGIOSA

Durante o período dedicado a vocações profissionais, os pequenos do 1o ano EF conversaram sobre os diferentes trabalhos que gostariam de assumir quando crescerem.

SEMANA DE PROFISSÕES

Durante o período Pascal, os estudantes dos Anos Iniciais EF participaram de momentos formativos na Capela, onde conheceram aspectos da vida de Jesus Cristo. Os estudantes do 8o ano EF participaram de uma palestra sobre Trabalho e Identidades, para ajudar a pensar sobre a futura profissão.

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Gente nossa

Para manter a

tradição

© Foto: Divulgação

Renato Borghetti é um dos artistas regionais de maior sucesso no Brasil e no exterior. Com carreira consolidada em países como França, Áustria e Alemanha, o gaiteiro já lançou mais de 20 álbuns e é reconhecido pelo virtuosismo. Sua obra de estreia, Gaita ponto, recebeu o primeiro disco de ouro da história da música instrumental brasileira, em 1984. Com tantas atribuições como instrumentista, Borghetti tem como aspecto acentuado de seu perfil também a humildade – característica inconfundivelmente marista. Não à toa, é ex-aluno e hoje pai de estudante rosariense. Borghetti cursou na escola os três anos do antigo Segundo Grau (hoje Ensino Médio), entre 1978 e 1980. Embora tenha começado a carreira cedo, seu grande interesse no colégio era o esporte. “Fui goleiro das seleções de Futsal e Futebol de Campo do colégio, ambas treinadas pelo grande professor Barata. Apesar de gostar muito de jogar, precisei parar. Não podia correr risco de uma lesão nas mãos me atrapalhar com a gaita”, lembra. Além da época das disputas de campeonatos, o incentivo e o suporte proporcionados pelos educadores o marcam até hoje. Para ele, um dos grandes diferenciais da instituição é o cuidado recebido pelos jovens. “Professores e funcionários têm muita capacidade de percepção e veem perfeitamente o que se passa com os estudantes. Com essa relação próxima, não só as eventuais dificuldades são resolvidas, mas também as aptidões são identificadas e estimuladas”, frisa Borghetti. Essa certeza se repete agora como pai. Emily (25 anos) e Pedro (20), já formados, e Nina (15), do 8o ano EF, iniciaram a vivência na escola ainda crianças, mantendo a tradição de carinho e admiração pelo colégio. Tanto é que Borghetti retorna ao número 2 da Rua Praça D. Sebastião sempre que possível – agora como músico consagrado, não mais como jovem goleiro – para se apresentar em comemorações típicas, como a Festa Junina. “Por sempre gostar daqui e pela base que recebi, acredito que matricular meus filhos foi a sequência natural para a minha trajetória no Marista Rosário”, pontua.

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© Foto: Acervo do colégio

Ensino Médio

Currículo

em constante movimento A sociedade está em constante transformação e o desafio da escola é manter-se atualizada e atenta às novas necessidades. Os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Básica (PCNs), por exemplo, abriram caminho para o rompimento das fronteiras entre os componentes curriculares. Essa mudança refletiu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que, desde 2009, passou a cobrar as competências em quatro áreas do conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; e Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Atentos a esses novos contornos da educação básica brasileira, a Gerência Educacional dos Colégios Maristas vem implementando um processo de reestruturação curricular, baseado no Projeto Educativo do Brasil Marista, documento norteador da ação pedagógica dos educadores. A nova concepção é dialógica, dinâmica e tem sido construída de forma coletiva entre gestores, professores e demais profissionais do cotidiano escolar.

Trata-se de um currículo em movimento que perpassa a metodologia, os ambientes de aprendizagem e a qualificação de todos os processos educacionais (pedagógicos e administrativos), entre outros elementos que serão aprofundados posteriormente. Tendo em vista a excelência acadêmica e a formação humana, o objetivo é implantar efetivamente as Matrizes Curriculares, abordagem educativa que possibilita aos estudantes relacionar saberes, aplicando o conhecimento no seu cotidiano e, futuramente, na vida profissional.

Formação continuada para os educadores Uma das principais ações referentes às matrizes que está em andamento é o Curso de Especialização em Gestão Curricular Marista, fruto da parceria com a PUCRS. As aulas são na modalidade EAD e tiveram início em maio, com previsão de término em 2016. Participam os gestores que fazem parte do Conselho Técnico, Administrativo e Pedagó-

gico (CTAP) dos colégios. Momentos formativos e capacitações sobre as áreas do conhecimento também vêm sendo realizados com todos os profissionais das escolas. O foco desse trabalho no Marista Rosário está na análise e no aprofundamento conceitual, teórico e contínuo a partir da leitura sistematizada do Projeto Educativo do Brasil Marista e das Matrizes Curriculares. Segundo a coordenadora pedagógica do Ensino Médio Camila Fabis, esses estudos, articulados ao olhar sobre os cenários contemporâneos de educação, permitem que todos os envolvidos realizem a transposição prática das perspectivas da Rede Marista. “A formação continuada para gestores impacta diretamente em novos entendimentos junto ao corpo docente para a concretização da missão marista de educar”, explica. Todas essas iniciativas caminham para um mesmo propósito: desenvolver nos estudantes diferentes competências, como autonomia, liderança, leitura de mundo, entre tantas outras.

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Caleidoscópio EM

2015

Uma vez por mês, os terceiranistas brincam e se divertem fantasiados durante o recreio. O tema de maio foi hippies, trazendo paz e amor para o pátio do colégio.

INTEGRAÇÃO No fim das provas trimestrais, as turmas do Ensino Médio podem relaxar e se divertir no tradicional evento. Promovida pelo GER, a atividade conta com show musical e almoço especial.

SOLIDARIEDADE Iniciativa da professora Juliana Duarte e dos estudantes do 1o ano EM arrecadou doações para haitianos refugiados na Igreja Pompeia, na capital.

Entre as campanhas promovidas pelo Grêmio Estudantil Rosariense, está a tradicional Ação de Páscoa, em que crianças e adolescentes podem presentear os colegas com trufas.

© Fotos: Acervo do colégio

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Mensalmente, os estudantes do 3o ano EM têm a possibilidade de participar de aulas de Educação Física que apresentam esportes e atividades diversificadas, como introdução à defesa pessoal.

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Mais de 40 estudantes de 1o e 2o ano EM se juntaram a colegas dos outros colégios da Rede e embarcaram para Inglaterra e Canadá, em julho.

Durante a Semana das Profissões, familiares fizeram uma visita surpresa às salas do 3o ano EM para dar dicas sobre o futuro profissional e contar um pouco sobre suas trajetórias.

NOVAS EXPERIÊNCIAS

PREPARAÇÃO

Foram apresentados quase cem trabalhos científicos na Mostra do Saber, que reúne estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio com o objetivo de aproximar a Educação Básica do Ensino Superior. Em parceria com a PUCRS, o projeto Pré-Grad possibilita que estudantes vivenciem um pouco da rotina das universidades.

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Diz aí

Como você encara as diferenças no dia a dia

© Fotos: Acervo do colégio

Aceitar, não aceitar, aprender a se adaptar, julgar... Qual a sua forma de se posicionar?

?

Vitor Kafruni 3o ano do Ensino Médio

ALEXANDRE REIS 3o ano do Ensino Médio

Gabriel Henriques 3o ano do Ensino Médio

“Acredito que quem é educado desde criança para respeitar as diferenças não julga os outros, é algo que vem de berço. Para mim, as gerações mais recentes são menos preconceituosas e convivem mais facilmente.”

“Dentro do colégio a convivência com os colegas é muito tranquila, pois estudamos juntos e nos conhecemos há vários anos. Sabemos que as diferenças não importam, devemos aceitar todos como são.”

“Gosto do fato de existirem diferenças. As individualidades de cada um acrescentam coisas positivas no meu dia a dia e no meio em que vivo. São elas que nos tornam únicos e fazem da convivência uma troca constante de culturas e sorrisos.”

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1... 2... click!

Em foco

A partir do tema Seu olhar sobre a escola, estudantes registraram, por meio da fotografia, a própria percepção sobre o cotidiano escolar

A primeira coisa que me impressionou ao entrar no colégio em 2005, o pátio central.

Paola Wolff Damasio 1o ano do Ensino Médio

O Grupo de Voluntariado me inspira por ter o privilégio de levar alegria e motivação para quem mais precisa.

Clarissa Menna Barreto 3o ano do Ensino Médio

Os melhores auxiliares de disciplina são do Marista Rosário.

Vitória Brodt 3o ano do Ensino Médio

O corredor pelo qual passo diariamente, onde encontro educadores e colegas.

Robertha Silva 2o ano do Ensino Médio

Quadra principal do Colégio Marista Rosário, onde gastamos as nossas energias.

Pablo de Faria Silva 1o ano do Ensino Médio

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Construir conhecimentos

Fique por dentro! Aprenda de um jeito fácil, prático e superconectado. Confira algumas dicas e, se gostar, compartilhe os vídeos!

Plantar uma FLOR

Salada colorida

As estudantes Elisa e Elizabeth Correa, dos Anos Finais EF, ensinam experiências para fazer em casa. A primeira é encher um balão com vinagre e bicarbonato. A outra, uma vela acessa que levanta a água em um ambiente controlado. Confira todas as explicações destes experimentos científicos! goo.gl/mutwwQ

goo.gl/Y90IBk

goo.gl/08zR99

Fazer chimarrão O chimarrão é um hábito presente na vida de muitos gaúchos. A tradição do preparo, passada de geração em geração, é explicada de maneira divertida por Liz Ribeiro Diaz, Lydia de Moura Azevedo e Bernardo Cecchetto, formandos de 2014 do Ensino Médio. Acompanhe a música composta por eles e inove a maneira de preparar o mate. goo.gl/HudWmv

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© Fotos: Reprodução YouTube

Experiências científicas

Falta motivação para comer mais salada nas refeições? Os estudantes Isabella Foresti Jaconi e Tiago Carvalho Ribeiro, dos Anos Iniciais EF, e a nutricionista Ana Cláudia da Cunha Gonçalves ensinam a montar um prato colorido e nutritivo. Dê o play e prepare uma salada especial para o almoço.

Plantar pode ser considerado uma terapia e os estudantes Arthur Montmaggiori, Davi Bianchet Reis e Sofia Vieceli Klein, da Educação Infantil, mostram que não são necessários muitos instrumentos para fazer crescer a sua própria muda. Com bom humor e trabalho em equipe é possível ter em casa diferentes flores. Também o vaso pode ser produzido com utensílios domésticos que não são mais aproveitados, como panelas ou chaleiras.



olhar

Crise de sentido em um mar de

© Foto: Shutterstock

{des}informação

O crescente envolvimento de jovens ocidentais em movimentos radicais gera questionamentos sobre qual o propósito de vida da atual juventude 34

Em março deste ano, o governo nacional detectou intervenções do Estado Islâmico (EI) para aliciar jovens brasileiros à causa, por exemplo. Também, neste semestre, presenciou-se expressões de radicalismos por parte de jovens cristãos diante de fatos considerados por eles uma afronta às Escrituras Sagradas. Para refletir sobre o que leva um jovem a acreditar que vale a pena se envolver em um movimento radical, que, por vezes, propaga morte e destruição, o doutor em Sociologia Eurico Gonzalez propõe uma discussão sobre o sentido da vida nos dias de hoje.


Nosso tema é complexo, ou seja, tem muitas causas simultâneas, de modo que podemos nos concentrar apenas em algumas delas. Sugiro que reflitamos sobre duas coisas: o império da inteligência eletrônica e a crise de sentido pela qual passa hoje o Ocidente, em geral, e o Brasil, em particular. O que chamo de “império da inteligência eletrônica” significa o fato de que as ideias que hoje estão à disposição na sociedade não possuem critérios institucionalizados de filtragem, mas deveriam ter. Quando Lutero traduziu a Bíblia, no século 16, ocorreu algo semelhante: de uma hora para outra, um acervo completamente novo de pensamentos se distribuiu horizontalmente pela sociedade, podendo suas verdades ser interpretadas por cada um livremente, gerando, no curto prazo, crise de ordem e, no longo, ideias novas que originaram a modernidade. Vivemos, hoje, uma situação semelhante. Há enorme profusão de alheios à sociedade e a internet faz com que cada um tenha o direito de dizer como acha que o mundo deve ser. Acrescente a isso o poder de sedução da publicidade, que produz e inculca ideias afirmativas sobre o mundo, nas quais, secretamente, a sociedade não acredita, pois sabe que sua finalidade é a de seduzir a mente para que adquira esse ou aquele bem. Assim, temos uma situação cultural em que as ideias antigas são desacreditadas e novas não surgem com autoridade, muito menos por consenso. Além disso, como uma grande quantidade de vozes – umas roucas, outras possantes –, cada um tenta resolver sozinho (inclusive por solidão de sentido) os difíceis problemas da vida. Não devemos ficar apreensivos demais. O número dos que seguem procurando uma vida normal ainda é amplamente majoritário, mas as exceções de que tratamos aqui apontam para direções potencial-

mente perigosas que, se não forem contrabalanceadas com inteligência e amor, podem aumentar. A sociologia sabe que a consciência do sujeito é produzida pela sociedade – e sabe, então, que quando a sociedade se desorganiza, a consciência individual se ressente paralelamente, em uma relação causal forte. Como especificidade de nossa época, porém, há a crise de sentido que mencionei anteriormente. Os principais referenciais coletivos de sentido estão dessacralizados em nossa sociedade: religião, ideais morais e políticos, ideais estéticos ligados à beleza e o próprio e prosaico valor da vida. Nada mais deixa de poder se submeter ao cálculo dos prazeres e das vantagens, está livre o caminho para que os humanos adorem as coisas materiais. Mas quem dera a vida fosse assim fácil de resolver... O cálculo dos prazeres e das vantagens ignora o problema do sentido interior da vida de cada um – mas este não deixa de existir. Impedida publicamente de se manifestar, a demanda por sentido da vida segue pulsando, vindo a se manifestar de formas bizarras e, frequentemente, destrutivas. Na medida em que a sociedade tomou por saber o que era, na verdade, sua ignorância e omissão quanto ao problema do sentido, foram se desenvolvendo

Facilmente vê-se na destruição alguma espécie de prenúncio do novo e do bom [...], quando não se espera mais nada do mundo real, quando não se sabe gostar da vida real, presente.

respostas cegas, raivosas (pudera!), ilhadas e não compartilhadas ao problema do sentido interior. Assim, chegamos a algum lugar: se somarmos o império da inteligência eletrônica à crise de sentido, perceberemos que as respostas às mais difíceis questões, que dizem respeito a todos os seres humanos, estão sendo dadas de modo confuso e fraco, incapaz de fazer face à imensidão dos problemas da interioridade. Quando se tem condições excelentes, já é muito difícil atinar uma resposta às grandes questões; quando se fazem tais perguntas à internet, obtém-se como resposta algo que não é uma resposta, mas uma incrível zoeira. Alguns jovens estão se deixando seduzir pela violência porque ela gera certa ilusão de sentido. Facilmente vê-se na destruição alguma espécie de prenúncio do novo e do bom (como as ideias sacrificiais sugerem), quando não se espera mais nada do mundo real, quando não se sabe gostar da vida real, presente. Essa é uma síntese do que penso sobre as condições interiores da vida da juventude atual. Para um exame completo do assunto, que não pode ser feito aqui, deveríamos observar também as “condições exteriores” da adesão de jovens ao terrorismo internacional – facilidades de trânsito de pessoas e de informações, etc. Eurico Gonzalez Cursino é doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília e consultor legislativo do Senado Federal, onde responde pela área de Direitos Humanos e Cidadania. Cursino também tem realizado estudos em sociologia da religião e em sociologia política e do direito, bem como na intersecção desses temas.

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© Fotos: Renata Sales

O poder dos

clássicos Música erudita pode influenciar no desenvolvimento da mente e em atividades vitais Por Michele Bravos

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Ao som de Beethoven, Bach, moléculas de água assumem formas harmoniosas, enquanto que quando expostas a ruídos agressivos, tornam-se assimétricas, desconstruídas. É o que mostram os estudos professor Masaru Emoto, que ficou conhecido pelo seu livro A mensagem da água (publicado em dois volumes, em 1999 e 2001). Considerando que o corpo humano é formado, em média, por 70% de água, as pesquisas apostam que existe alguma influência da música clássica sobre o ser humano, tanto adultos quanto crianças.

Na prática, a professora de Música Helena Secco percebe que os alunos da classe de piano se tornam mais atentos e disciplinados com o passar das aulas. "Para tocar uma música clássica no piano, o aluno precisa fazer várias coisas ao mesmo tempo, o que exige muita atenção. Já tive caso de alunos que eram muito agitados e motivo de reclamação nas aulas regulares, mas que hoje estão entre os melhores". O maestro Paulo Torres ressalta que "a música está enraizada nas camadas mais profundas de da personalidade, onde percepções senso-


riais, sentimentos e pensamentos se integram, por isso a música está relacionada com o desenvolvimento da mente humana e de questões reflexivas". Ele pontua que quanto mais experiências sensoriais a criança tem, ela percebe mais possibilidades no mundo, interferindo, inclusive na sua inteligência. Além desta relação, existe também uma explicação fisiológica para tantas interferências. "O nervo vago ou pneumogástrico está conectado ao nervo auditivo e é responsável pela inervação de praticamente todos os órgãos abaixo do pescoço: pulmões, coração, estômago, intestino delgado, o que significa que a música pode alterar a respiração e a pulsação, interferindo no desempenho em outras atividades". A professora percebe que o benefício não é restrito para quem executa a música. Ela afirma que a música clássica é mais intencional e, por isso, ativa diversos campos sensoriais do indivíduo para que ela seja interpretada, mesmo quando a pessoa é só ouvinte. Da mesma forma que a "boa música", como diz o maestro, pode equilibrar o corpo e a mente, uma música muito ruidosa pode provocar estresse, dores de cabeça, náusea, perda de audição, perturbação do sono, digestão deficiente, irritabilidade, falta de concentração, hiperatividade e até constrição do sistema circulatório. Torres cita o pesquisador David Noebel, lembrando que seus estudos afirmam que o ritmo da música rock cria uma secreção anormal nos hormônios sexuais e adrenalina. Para estabilizar os hormônios, o açúcar que está no sangue é direcionado para resgatar o equilíbrio, provocando uma redução na quantidade de açúcar que estaria sendo enviada para o cérebro. Consequentemente, isso diminui a atividade cerebral, uma vez que a massa cinzenta é nutrida por açúcar.

Ok! Já que a música erudita é tão benéfica, você deve estar se perguntando: "como fazer com que meu filho ou minha filha tenha algumas na playlist?" Helena afirma que o importante é desmistificar os clássicos e essa é uma tarefa que cabe aos pais também. "Primeiramente, é interessante que a criança seja apresentada à variedade musical existente, incluindo música clássica. Os pais também devem ouvir os compositores clássicos. A criança ou o adolescente precisa perceber que isso é algo tangível tanto quanto a trilha do desenho que ele gosta. E às vezes é preciso insistir um pouco. Mas, conforme ele vai tendo contato com esse universo, o gosto também vai surgindo naturalmente, vai sendo aprendido".

A música está enraizada nas camadas mais profundas de da personalidade, onde percepções sensoriais, sentimentos e pensamentos se integram, por isso a música está relacionada com o desenvolvimento da mente humana e de questões reflexivas. Paulo Torres Maestro

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Soluções

para o e-lixo

Iniciativa marista busca solucionar um dos problemas da atualidade: o excesso de lixo eletrônico Por Michele Bravos

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© Fotos: Acervo da Rede de Colégios

solidariedade


Cada cidadão brasileiro produz cerca de 7 kg de lixo eletrônico por ano. Ou seja, só neste ano de 2015, o país deve gerar 1,4 bilhão de toneladas de e-lixo, segundo dados levantados pela iniciativa Step – uma aliança entre as Nações Unidas, empresas e governos de diversos países, que tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento de políticas que solucionem a questão do excesso de lixo eletrônico produzido no mundo. Preocupado com esse problema, o Polo Marista de Formação Tecnológica desenvolveu a iniciativa Recondicionar, que visa à conscientização da comunidade escolar sobre o direcionamento correto de resíduos eletrônicos. Em um ano, o projeto já coletou 4 toneladas de lixo. Pode parecer pouco perto do montante nacional, mas o número superou as expectativas iniciais dos idealizadores da proposta. O coordenador de Projetos do Polo, Ricardo Brodt Leistner Júnior, ressalta que o grande legado não diz respeito aos números, mas sim a conscientização da comunidade. “As nossas principais metas não estão relacionadas ao volume de arrecadação e sim à quantidade de educandos que conseguimos envolver com a disseminação da importância da reciclagem do lixo eletrônico”, comenta. A partir dos materiais recolhidos nos 23 pontos de coleta nos Colégios e Unidades Sociais (confira a lista de locais ao lado), eles utilizam e reaproveitam muitas peças em benefício da própria comunidade escolar. Os resíduos são utilizados pelos educandos como suplementos e para algumas atividades educativas do Polo. De acordo com o Irmão Odilmar Fachi, diretor do Centro Social Marista de Porto Alegre (Cesmar), uma iniciativa como esta faz parte da essência da educação marista. “No Cesmar, crianças e jovens são incentivados desde o princípio a se vincularem a projetos voltados para a construção da cidadania. Esses valores estão intrínsecos à metodologia educacional que praticamos e permitem que os educandos pensem de forma coletiva a partir da autonomia que recebem”. Cerca de 90% do montante arrecado entre todas as unidades são encaminhados para reciclagem e possível retorno à indústria, evitando extração de recursos da natureza. No segundo ano de projeto, a equipe da unidade trabalha para estimular o uso dos ecopontos também nos ambientes empresariais. A iniciativa faz parte do Programa de Responsabilidade Socioambiental da instituição e premia com uma placa especial as organizações que adotam os pontos de coleta em suas sedes, entre outras ações.

LOCAL

CIDADE

TELEFONE

Dobil Engenharia

Alvorada

(51) 3412-1400

Marista Maria Imaculada

Canela

(54) 3278-6100

Ecoponto Eldorado

Eldorado

(51) 3499-6438

Marista Medianeira

Erechim

(54) 3520-2400

Ecoponto Guaíba

Guaíba

(51) 3480-0794

Marista Pio XII Novo Hamburgo

(51) 3584-8000

Marista Conceição

Passo Fundo

(54) 3316-2700

Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis CPCA

Porto Alegre

(51) 3319-1001

Colégio Bom Jesus Sévigné

Porto Alegre

(51) 3284-6200

Ecoponto Dataprev

Porto Alegre

(51) 3455-4000

Fertilizantes Piratini

Porto Alegre

(51) 2126-2306

Hospital Fêmina

Porto Alegre

(51) 3314-5200

Hospital Cristo Redentor

Porto Alegre

(51) 3357-4100

Hospital Conceição

Porto Alegre

(51) 3357-2000

Marista Assunção

Porto Alegre

(51) 3086-2100

Marista Champagnat

Porto Alegre

(51) 3020-6200

Marista Ipanema

Porto Alegre

(51) 3086-2200

Marista Ir. Jaime Biazus

Porto Alegre

(51) 3086-2300

Marista Rosário

Porto Alegre

(51) 3284-1200

Marista São Pedro

Porto Alegre

(51) 3290-8500

Porto Alegre

(51) 3079-3550

Viamão

(51) 3492-5500

Santo Ângelo

(55) 3931-3000

Thoughtworks - TW O Brasil produz Marista 7 kg de lixo Graças eletrônico por Marista Santo Ângelo habitante em um ano. Isso significa 1,4 milhão de toneladas no mesmo período.

Links: Confira aqui o quanto cada país tem produzido de lixo eletrônico no mundo: goo.gl/ZVq9iK

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© Foto: Acervo do colégio

como fazer

Vida longa aos grêmios estudantis Os grêmios reúnem estudantes para debater questões relevantes do dia a dia do colégio e da sociedade. Eles também representam um espaço para se fazer novas amizades Por Michele Bravos

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Ainda que tenham nascido já conectados, os atuais adolescentes não abrem mão do convívio social presencial e fazem valer sua opinião à moda antiga: em rodas de conversa, em debates olho no olho. Os grêmios estudantis são um exemplo de contato ao vivo que ainda perduram mesmo na nova geração. A Brenda Andrade, 16 anos, vice-presidente do grêmio

estudantil do Marista Irmão Jaime Biazus, de Porto Alegre (RS), afirma o quanto preza esse relacionamento mais próximo com seus colegas. "Eu gosto de ter o contato com os estudantes, poder entrar nas salas e falar com eles, dar avisos, saber o que eles estão achando das atividades". Ela ainda complementa que esse feedback é necessário para o crescimento do grupo.


Novas amizades

Alunos integrantes da gestão de 2015 do Grêmio Estudantil do Marista Ir. Jaime Biazus, de Porto Alegre (RS).

Brenda conta que sem o grêmio seus dias seriam muito monótonos. "Se não fosse pelo grêmio, estaria tendo minha rotina normal. Participar dele me fez uma pessoa muito mais comunicativa, com muito mais ideias, e ainda me prepara para um mundo profissional". A coordenadora pedagógica Cláudia Rocha lembra que estar à frente de um grêmio significa estar o tempo todo ouvindo as demandas dos alunos e depois defendê-las. Por isso a contribuição para o futuro dos envolvidos é tão grande. Ela afirma que o Marista Irmão Jaime Biazus faz questão de incentivar essa representação.

O grêmio também serve de ponte para novas amizades, uma vez que integrantes e demais alunos devem estar em constante troca de experiências e sempre em busca de melhorias para a convivência no colégio. "Logo que um estudante novo chega, o assunto grêmio estudantil já surge. A gente conta como fomos eleitos, o que temos feito. Aí, vão se criando laços. Aqueles com quem não tinha tanta intimidade, você passa a ter. Jamais iria conhecer as pessoas que conheço hoje se não fosse pelo grêmio", diz Brenda. A coordenadora pedagógica pontua que aqueles que participam do grêmio têm o papel fundamental de ser um exemplo para os colegas – novos e antigos. Ela ressalta a importância da relação entre todos os estudantes para que um perceba no outro que é possível sonhar e fazer. "É essencial que todos se envolvam de tal maneira para que todos sejam protagonistas e autônomos".

Responsabilidades Apesar de toda a responsabilidade em torno de "ser a voz de um grupo", os integrantes do grêmio não reclamam e veem o lado positivo disso. Brenda garante que representar um colégio não é fácil, muito menos os estudantes, mas acredita que isso a ajuda para além do ambiente escolar. "Não tenho explicação para definir o

Nós damos orientações, mas permitimos que tenham liberdade para agir. Cláudia Rocha Coordenadora pedagógica

que é o grêmio estudantil para mim. Adoro muito estar envolvida. É tudo tão grandioso, e tudo se encaixa, tudo se soma como conhecimentos, e por isso não desisto". Brenda, que está no grêmio desde 2014, quando fez parte da primeira chapa, pretende se reeleger no próximo ano.

© Foto: Acervo pessoal

"Foi em 2013 que surgiu o primeiro grêmio, com a ajuda do colégio. Desde então, fomentamos discussões e reflexões sobre maioridade penal, coleguismo, entre outros assuntos atuais ou que possam contribuir para o desenvolvimento dos alunos." Em geral, o colégio propõe junto com os adolescentes um tema a ser apresentado e uma forma de atuação. "Nós damos orientações, mas permitimos que tenham liberdade para agir", diz Claudia.

PARA LEMBRAR "Os debates que antecederam as eleições para a gestão do grêmio de 2015 foi algo muito marcante para mim. Eu fazia parte da chapa 1, que concorria com mais outras duas chapas. Pelo fato de nossas propostas serem bastante ousadas, os estudantes fizeram muitas perguntas e os professores questionaram a viabilidade de algumas delas. Mas nós permanecemos ali, fortes e focados nas propostas, tentando mostrar que tudo era possível de realizar. Foi difícil. Saímos do debate sem nenhuma esperança de vitória, mas no dia da votação veio a surpresa. A maioria dos alunos acreditaram em nosso potencial e hoje representamos um colégio". Brenda Andrade, 16 anos, vice-presidente do grêmio estudantil do Marista Ir. Jaime Biazus, de Porto Alegre (RS)

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compartilhar

Confira nesta edição as dicas de aplicativos sugeridas pelo supervisor de Tecnologias Educacionais dos Colégios Maristas, Silvio Augusto Langer

Casa Virtual FURNAS Este aplicativo simula o consumo dos seus aparelhos elétricos, permitindo descobrir quais deles gastam mais e gerar o valor aproximado de sua conta de luz. É possível adicionar cômodos e seus respectivos equipamentos. É gratuito e está disponível para o iOS e Android. iOS: goo.gl/qn1gjW

© Imagens: Divulgação

ANDROID: goo.gl/MNHVas

GEOGEBRA O GeoGebra (www.geogebra.org) é um software de Matemática voltado para estudantes e professores de todos os níveis de ensino. Ele integra geometria, álgebra, planilha eletrônica, gráficos, estatística e cálculo em um único ambiente fácil de usar. Atividades interativas criadas com este app podem ser compartilhadas e baixadas. É gratuito, está disponível para o iOS e Android e há uma versão web. iOS: goo.gl/4YMTha ANDROID: goo.gl/1lUSwW

GOOGLE EARTH O Google Earth é um aplicativo de mapas em três dimensões que permite passear virtualmente por qualquer lugar do planeta. O programa traz a integração com o Street View (recurso que permitem andar por ruas) e o Google Maps. Há também vídeos e mapas sobre oceanos, a Lua e Marte. É gratuito e está disponível para o iOS e Android. iOS: goo.gl/4YMTha ANDROID: goo.gl/1lUSwW

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TED

National Gallery, London HD Free Este app apresenta mais de 1,6 mil pinturas em alta resolução de 500 artistas, como Van Gogh, Monet, entre outros. As pinturas são classificadas por século, gênero e autor. Permite o envio das imagens por e-mail ou salvá-las em seu dispositivo. Possui uma versão grátis para dispositivos iOS; para Android, custa R$ 5,07.

Reunindo conferências e discursos de alguns dos melhores pensadores sobre diversos assuntos, Technology Entertainment and Design (TED) disponibiliza centenas de vídeos e áudios de palestras dos melhores pesquisadores e gênios da tecnologia, entretenimento e design. Contando com legendas para dezenas de idiomas, o aplicativo é a ferramenta ideal para ter um rápido e eficiente acesso aos conteúdos da TED. É gratuito e está disponível para o iOS e Android. iOS: goo.gl/14ZHgY ANDROID: goo.gl/c0HPeM

iOS: goo.gl/OJmABm ANDROID: goo.gl/620uOm

EVERNOTE Este aplicativo sincroniza suas anotações entre todos os seus dispositivos: celular, tablet e desktop. Com ele é possível criar divisões e dentro delas inserir páginas com suas notas, tarefas e checklists. Também serve para organizar documentos e fotos e compartilhá-las com outras pessoas, diretamente pelo aplicativo. É gratuito e está disponível para o iOS e Android. iOS: goo.gl/hLxPDO ANDROID: goo.gl/iiZXyX

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diversão

Desenvolver-se

Você pode não perceber, mas brincar de amarelinha, de esconde-esconde e de pular corda são atividades que também despertam habilidades nas crianças. Saiba o que cada uma dessas brincadeiras de antigamente desenvolve nos seus filhos

Por Michele Bravos

Cabra-cega batata quente

Com os olhos vendados, inibindo o sentido da visão, a criança é incentivada a aguçar a audição e o olfato. O controle do próprio corpo e a noção espacial são pontos despertados aqui. Nesta brincadeira, a autoconfiança da criança também é estimulada.

A criança aprende a controlar a ansiedade, percebendo a importância de manter a calma. Movimentos mais harmoniosos também são estimulados aqui.

© Foto: Renata Sales

BAMBOLÊ

Pular corda Pular corda desenvolve o equilíbrio, a coordenação e o condicionamento físico.

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Girar o bambolê em torno do corpo – na cintura ou, como os mais avançados, no pescoço, no braço e até no tornozelo – colabora para o desenvolvimento da concentração e o aprimoramento da noção de espaço e tempo.


brincando ESCONDE-ESCONDE No esconde-esconde é preciso mais que velocidade para sair vencedor. Essa brincadeira trabalha, principalmente, o domínio das próprias emoções e o controle de ações impulsivas. A integração com o grupo e a compreensão da competitividade são pontos importantes despertados aqui.

AMARELINHA Cada vez que a criança precisa mirar em um quadrado e depois percorrer o caminho pulando, o seu raciocínio lógico está sendo estimulado, assim como o seu equilíbrio.

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essência

© Foto: Acervo pessoal

(In)diferença Ir. Marcelo Bonhemberger

Intitula-se por (in)diferença paradoxal os processos que incidem sobre os indivíduos sociais imersos numa sociedade, se pensarmos em Lipovetsky, hiperconsumista. Um dos paradoxos com os quais se confrontam os jovens na atualidade diz respeito, de um lado, à indiferença e, de outro, ao preconceito. Este surge quando um conjunto de premissas aparentemente inquestionáveis origina conclusões inaceitáveis ou contraditórias. Enquanto a incerteza se apodera do nosso dia a dia, as assimetrias sociais se acentuam, os valores que dão dignidade às pessoas estão cada vez mais ausentes e assistimos à globalização da indiferença pela ausência de padrões éticos e morais. A revista Science (2014) publicou recentemente um estudo sobre a moralidade na vida cotidiana (Morality in everyday life), mostrando como as ações consideradas “moralmente corretas” ou “moralmente incorretas” afetam aspectos importantes da vida e contribuem, por exemplo, no aumento ou na diminuição da felicidade. A pesquisa foi realizada nos Estados Unidos e no Canadá com 1.252 adultos, entre 18 e 68 anos. A análise demostra que os atos morais “bons” se associam a níveis mais elevados de felicidade do que atos imorais. Possivelmente, a educação, pelo exemplo, desde a tenra idade exerce um papel fundamental na formação da personalidade e do caráter da pessoa. Uma construção com sutis eventos, ou episódios preconceituo-

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paradoxal sos na infância, contribui na reprodução de atos futuros internalizados nessa época. Dado que o preconceito muitas vezes é desenvolvido pelos indivíduos na busca da dicotomia e na diferenciação entre o bem e o mal, porém, há um bloqueio da realidade, tornando-a deficitária por algo que foi impedido de enxergar (CHAUÍ, Marilena). Experimentar, conviver, sentir, conhecer e respeitar o outro como diferente e não indiferente é essencial no desenvolvimento atitudinal e operacional do sujeito. Em outras palavras, o filosofo francês Emmanuel Lévinas (19061995) acredita que através da face do outro toda a humanidade se torna presente. As necessidades, as preocupações, as dificuldades e os problemas do outro são também de todos em igual situação. Estabelece-se, então, uma relação de alteridade que implica acolhimento, aproximação, abertura, estender-lhe a mão, dar-lhe abrigo, ir ao encontro de respostas. Uma vez que estamos inseridos em um contexto paradoxal em que se sucedem conflitos relacionadas às (in)diferenças, sejam elas pessoais ou culturais, saber lidar com essas adversidades e respeitar o valor intrínseco de cada pessoa significa reconhecer

no outro aquilo que difere de mim, independentemente das disparidades sociais, étnicas e religiosas. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2003.

Cada história é acompanhada por um número indeterminado de anti-histórias, cada uma das quais é complementar a outras. Claude Lévi-Strauss


plural,

se o mundo é por que as opiniões deveriam ser

iguais?

tem gente que tem um ponto de vista. tem gente que tem outro. e tem gente que tem um terceiro. e essa troca de opiniões é o que faz com que haja mudanças significativas nas pessoas e em tudo que as cerca. nós

acreditamos

nisso,

tanto

que

incentivamos

nossos estudantes, pais, professores a trocarem experiências e ideias na sala de aula e além dela. porque a vida ensina, o colega ensina e até quem não concorda com você ensina. só com essa troca é possível transformar o estudante em alguém capaz de também transformar o outro, o mundo e o futuro.

aprender de todos os jeitos muda você.

i n s c r i ç õ e s a b e r ta s pa r a 2 0 1 6 • c o l e g i o m a r i s ta . o r g . b r / m at r i c u l a



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