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TRANJAN: COMO INCANDESCER SUA EMPRESA

PONZONI: ENSINE SEU FILHO A EMPREENDER

www.empreendedor.com.br

EMPREENDEDOR – EI, VOCÊ ES TÁ COM TUDO! – ANO 18 N o 206 DEZEMBRO 2011

IS SN 1414-0 152

ANO 18 N o 206 DEZEMBRO 2011 R$ 9,90

Raphael Krás cresceu tanto após se formalizar como EI que virou microempresário

EI, você está com tudo!

A figura do Empreendedor Individual mudou a cara do empreendedorismo no Brasil e dinamizou a economia interna

ENTREVISTA: VOLUME DE RECURSOS PARA INOVAÇÃO DEVE AUMENTAR NOS PRÓXIMOS ANOS


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nesta ed ição 22 | Adalberto dos Santos Desejo de sair da informalidade e ter uma aposentadoria fez de Adalberto o primeiro empreendedor individual do País

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a hora é essa

Nunca foi tão fácil formalizar um negócio. Com a criação da figura jurídica do Empreendedor Individual, milhões de brasileiros passaram a contar com as vantagens de operar na legalidade, entre elas possuir CNPJ e nota fiscal, o que permitiu a eles ganhar mercado e crescer. E, ainda melhor, com custos reduzidos. Veja o exemplo dos 10 empreendedores do ano e de outros casos citados na reportagem de capa desta edição.

26 | André Freire Naves Formalizar a carreira construída com muito esforço abriu mercados e diminuiu custos do mágico de Brasília 28 | Jinelândia Silva Com CNPJ, costureira conquistou financiamento para comprar máquinas e atender à demanda crescente de pedidos 30 | Murilo Timo Melhora dos negócios após se tornar empreendedor individual incentivou músico a abrir estúdio e virar microempresário 32 | Paulo Minnemann Surfista que formalizou sua oficina de pranchas vê na capacitação e no planejamento o caminho para seguir crescendo 34 | Pedro dos Santos Infortúnio do desemprego levou Pedro a apostar em um negócio próprio, que depois de legalizado ganhou os mercados 38 | Raphael Krás Produtos diferenciados e marketing inusitado transformaram uma empreitada despretensiosa em microempresa

06 52 56 60 62 63 64 66

NÃO DURMA NO PONTO franquias PRODUTOS E SERVIÇOS empreendedorismojá.com leitura pense grande ANÁLISE ECONÔMICA AGENDA

08 | entrevista Naldo Dantas

O diretor-executivo da Anpei faz uma avaliação das políticas e ações recentes de estímulo à inovação no Brasil e projeta um aumento dos recursos destinados à área nos próximos anos.

46 | Scyla Oliveira Registrar-se como EI permitiu a advogada explorar todo o potencial comercial de sua atividade criativa de lazer 48 | Valdir Novaki Pipoqueiro destacou-se ao construir a marca Pipoca do Valdir, e hoje ensina empresários a inovar em suas atividades

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L EI A TAMB ÉM

42 | Rosany Ortiz Brincadeira transformou-se em negócio de sucesso, impulsionado pelas vantagens da formalização e a mão cheia da doceira

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edit or ial

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mpreendedor Individual. Um ótimo negócio para o brasileiro e para o País. Ao formalizar o seu negócio, o microempreendedor deixa de perder oportunidades por não contar com nota fiscal e passa a ganhar mercado, contando com outras facilidades fiscais para se manter e a ajuda de crédito diferenciado para crescer – a grande maioria dos empreendedores individuais pretende virar microempresa e seguir crescendo. Isso, além de aumentar a base de arrecadação, gera renda e emprego, fortalecendo ainda mais o mercado interno, diminuindo a influência de crises externas na economia do Brasil. É por isso que em 2011, o ano do Empreendedor Individual, em que se atingiu a meta de ultrapassar 1,5 milhão de formalizações quatro meses antes do prazo, escolhemos 10 personagens com esta figura jurídica como nossos Empreendedores do Ano – além dos quatro citados no texto de abertura. Uma pequena, mas fiel, amostra da nova cara do empreendedorismo no Brasil, includente e democrática. São brasileiros de baixa renda que procuram se sustentar trabalhando por conta própria, e também aqueles que identificam uma oportunidade de mercado, mas não conseguem se formalizar por causa da burocracia e dos encargos para abrir e manter uma empresa. Entre eles, um grande grupo (36%) tem ensino fundamental completo ou menos, mas quase a metade (47%) completou o ensino médio ou técnico e o restante tem pelo menos superior incompleto, sendo que 1% tem pósgraduação. Quase metade dos empreendedores individuais já registrados é mulher, enquanto que entre os donos de microempresa a participação feminina não chega a um terço. Pessoas que antes empreendiam na ilegalidade, sempre com medo das consequências disto, agora podem se preocupar apenas em crescer. Mas, para isso, é preciso que elas recebam capacitação em gestão e negócios, além de crédito diferenciado. Senão, correremos o grande risco de ter um grande número de baixas na categoria, assim como ocorria entre as micro e pequenas empresas até bem pouco tempo atrás. Algumas instituições, como o Sebrae, já oferecem cursos gratuitos para sanar as deficiências deste público. Então, se você é um empreendedor individual em potencial, não perca tempo. Formalize-se, capacite-se e deixe de perder oportunidades. Alexsandro Vanin


Na edição 204, na reportagem “Heróis da resistência”, por equívoco foi informado que o faturamento bruto da Buddemeyer foi de R$ 45 milhões em 2010, enquanto o valor se trata na realidade do lucro bruto registrado naquele ano. Na edição 204, no cadastro de franquias, consta a empresa TozziniFreire Advogados, que na verdade não opera pelo sistema de franchising.

Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@empreendedor.com.br] – Repórteres: Ana Paula Meurer, Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz, Mônica Pupo, Raquel Rezende – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas e Thinkstock – Foto da capa: Divulgação/Marcos Pinto – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executivo de Contas: Gerson Cândido dos Santos e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fones: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@ empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Joana Amorim [anuncios@ empreendedor.com.br] – Rua Padre Lourenço Rodrigues de Andrade, 496 – Santo Antônio de Lisboa – 88050-400 – Florianópolis – SC – Fone: (48) 3371-8666 Central de Comunicação – Rua Anita Garibaldi, nº 79 – sala 601 – Centro – Florianópolis – SC – Fone (48) 3216-0600 [comercial@centralcomunicacao.com.br] Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [milla@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fones: (21) 2611-7996/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@ gmail.com] – Fones: (61) 3367-0180/9975-6660 – condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 71680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 3 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Nenê Zimmermann [nene@starteronline.com.br.com.br] e Renato Zimmermann [renato@starteronline.com.br.com.br] – Floresta – 90440-051 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3327-3700 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora Ctp – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende

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A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

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NÃO DUR M A NO P ON T O

as três luzes O desafio do líder é incandescer a sua empresa, aumentando a voltagem de cada pessoa que lá trabalha. É uma tarefa diária, da qual o líder não deve abrir mão nem se distrair com coisas de menor importância. Para incandescer uma empresa é preciso acender três luzes.

A luz sobre as coisas A luz física é aquela que oferece claridade às coisas. Graças a ela podemos ver tudo com maior nitidez. Enxergamos os materiais, os produtos, as embalagens, as instalações, os computadores e veículos, os prédios e instalações. A luz física ajuda a ver não só coisas como também o brilho no rosto das pessoas e o colorido da paisagem. Graças a ela podemos apreciar um pôr-do-sol, os tons do arco-íris, os azuis do mar. Essa luz nos permite ver a beleza que existe em todas as coisas. Quando enxergamos beleza, somos capazes de imprimir beleza nos produtos que fazemos, nos serviços que prestamos, no trabalho que executamos. Nas empresas, essa beleza recebe o nome de excelência. Quem tem olhos para a beleza consegue transformar em arte tudo o que faz, seja uma peça de roupa, um calçado, um utensílio de metal ou plástico, um relatório.

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A luz sobre os sentimentos

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Enquanto a luz física nos faz ver as nuanças dos rostos humanos, a luz sobre os sentimentos nos permite ir além desse matiz e vislumbrar o semblante, a expressão das pessoas. Revela o quanto há de afeto e carinho, alegria e coragem em cada ser humano. Mas, para sermos capazes de ver tudo isso, é preciso, antes, observar essas qualidades em nós mesmos. Essa é a luz que revela a bondade inerente às relações. Na empresa, faz com que sejamos determinados e capazes de não medir esforços para deixar um cliente feliz. Quando a bondade se instala no ambiente de negócios, almas felizes se empenham em fazer outras almas felizes. Quando servimos com bondade, todos respondem, também, com bondade, sejam eles colaboradores, clientes ou for-

necedores. Cria-se um círculo virtuoso de apoio e ajuda. E todos ganham com isso.

A luz sobre os pensamentos

Outro tipo de luz é a que incide sobre nossos pensamentos. E quando isso acontece, disparam ideias, projetos, empreendimentos, soluções. A qualidade dessa centelha está relacionada à qualidade da intenção. A qualidade da intenção, por sua vez, está relacionada à verdade de cada um de nós. Quando agimos com verdade, outras pessoas percebem a coerência e querem se aproximar de nós, participar de nossos projetos e empreendimentos. Verdade atrai verdade e o que ganhamos com isso é a sorte de viver num mundo mais íntegro e honesto, onde reina a abundância.

O outro lado da luz

Beleza, bondade e verdade! Estão aí os valores virtuosos que fazem uma empresa incandescer. Mas não se trata de um otimismo ingênuo. Existe o lado oposto da luz, onde reside a escuridão, o breu. Vivem em nós a beleza, a bondade e a verdade, assim como vivem em nós o feio, a maldade e a mentira. Considere a analogia entre a paisagem, a máquina fotográfica e o fotógrafo. A paisagem é a mesma para todos. As máquinas fotográficas não diferem muito uma da outra, se fabricadas com a mesma tecnologia. Então o que muda é a perspectiva, o olhar do fotógrafo. É a partir dele que as fotos saem mais ou menos coloridas, mais ou menos belas, mais ou menos nítidas. Esse é o ponto: o breu não está do lado de fora. O breu que enxergamos no mundo, no mercado, nos negócios e no trabalho não está neles. Está no interior de cada um de nós. É de dentro para fora que o mundo parece escuro. Por isso, alguns enxergam escassez onde existe abundância, crises onde existem oportunidades, ameaças onde existem desafios, perigos onde existem possibilidades.

Luz e breu

Certa noite, um velho índio Cherokee contou a seu neto que, dentro das pesso-

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

as, acontece uma batalha: – Meu filho, nossa batalha interna e eterna é entre dois lobos que vivem dentro de nós. Um deles é mau, concentrando em si a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o desgosto, a cobiça, a arrogância, a autopiedade, a culpa, a agressividade, o ressentimento, a inferioridade, as mentiras, a arrogância e o ego. O outro é bom, reunindo a alegria, a paz, a esperança, a serenidade, a humildade, a bondade, a benevolência, a empatia, a generosidade, a verdade, a compaixão e a fé. O neto pensou um pouco e perguntou: – Mas qual lobo vence? O velho Cherokee simplesmente respondeu: – Aquele que você alimenta. Sabemos da escuridão e do breu que habita em cada ser humano. Muitas vezes lutamos muito contra o nosso breu, não queremos aceitá-lo, o rejeitamos. É certo, afinal o breu não revela o melhor de nós nem sequer gostamos de admitir que ele faça parte de nós. Mas faz. O problema é que perdemos muito tempo tentando negar e eliminar o nosso breu. Esforço inútil. Ele transparece em nossas intenções e ações. Tudo o que precisamos fazer é iluminar nossa própria escuridão. Quando fazemos contato com a luz que está dentro de nós, conseguimos enxergar a luz que habita nas outras pessoas, sejam funcionários, clientes, colaboradores, fornecedores, investidores. Juntos, podemos criar um mundo mais iluminado, que todos possam desfrutar com alegria. Basta alimentar a luz continuamente, cuidando para manter a energia vital que a perpetua.


pr êmio

missão nobre A Revista Empreendedor tem como uma de suas metas mostrar que é possível se desenvolver com sustentabilidade métodos e materiais. “É cada vez maior o número de empresas que estão mudando seus processos para se tornar mais ecoeficientes”, diz a jornalista. A matéria traz como exemplo o caso da Leroy Merlin, que além de criar o selo “Construir e Sustentar”, para identificar no mix de produtos vendidos aqueles que oferecem maior eficiência energética, mudou a forma de construção de suas lojas. As novas unidades estão sendo projetadas de acordo com os critérios de sustentabilidade do processo de certificação ambiental Aqua (Alta Qualidade Ambiental). “No trabalho eu mostrei ainda que pequenas reformas também podem fazer com que se reduza o consumo de água e de energia em um imóvel.” Um telhado verde, por exemplo, pode diminuir a temperatura do ambiente em 10˚C, e a troca de válvulas sanitárias antigas por modelos mais ecoeficientes pode gerar uma economia de 80% no consumo de água. “Essas iniciativas mostram que é possível fazer diferente e pensar em uma forma de desenvolvimento que não deixe para as futuras gerações uma herança de danos ambientais”, afirma Beatrice.

Da direita para a esquerda: Beatrice Gonçalves, da Empreendedor; Luiz Antônio França, presidente da Abecip e diretor do Itaú; e Júnia Augusto (Portal Lugar Certo/MG) e Priscilla Bittencourt (TV Morena/MS)

“É possível fazer diferente e pensar em uma forma de desenvolvimento que não deixe para as futuras gerações uma herança de danos ambientais”, diz Beatrice

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Mais uma vez a Revista Empreendedor é reconhecida pela qualidade de seu trabalho editorial, comprometido com a sustentabilidade e inovação nos negócios. No dia 10 de novembro, a jornalista Beatrice Gonçalves recebeu o Prêmio Abecip de Jornalismo pela reportagem “Equação verde”, publicada na edição 196 (fevereiro de 2011), considerada a melhor matéria na categoria Responsabilidade Social na Construção Civil – mídia impressa. O título junta-se a outros conquistados pela equipe nos últimos anos, como o Prêmio Ethos de Jornalismo e o Prêmio Afras de Jornalismo, na área de responsabilidade social. “Considero que esse prêmio é o reconhecimento do trabalho realizado pela equipe da Empreendedor ao longo de seus 18 anos de história e é também o reconhecimento do trabalho que vem sendo feito por diversas empresas do setor da construção civil para promover o desenvolvimento ecossustentável”, afirma Beatrice. A reportagem premiada mostra que é possível conciliar crescimento com a preservação do meio ambiente, um desafio que a construção civil procura resolver com novos

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eNT R EV I S TA

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Quando as empresas brasileiras começaram a atuar em escala global, levaram um susto porque não dá para operar globalmente sem patente. O jogo de patente é um jogo que está vinculado ao posicionamento do País no tabuleiro global e o nosso posicionamento é muito recente


Naldo Dantas

caminhos da inovação por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br

O ano de 2011 foi de avanços importantes para a política de incentivo à inovação tecnológica no setor produtivo brasileiro. A avaliação é de Naldo Dantas, diretor-executivo da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), entidade que trabalha desde 1984 para estimular a inovação com o propósito de aumentar a competitividade das empresas. “Pela primeira vez estamos vendo todos os entes ligados à inovação – ministérios, Inpi, Receita Federal, Sebrae, universidades, empresas, etc. – falando a mesma língua. Isso é notório”, destaca Dantas.

Quais foram os avanços que o Brasil apresentou em 2011 com relação ao marco regulatório da inovação? Naldo Dantas – Na visão da Anpei, nós tivemos avanços importantes, tanto em termos de percepção do que precisa ser alterado quanto em ações efetivas de propostas de alteração de marcos e instrumentos de inovação. A lei de biodiversidade é um exemplo. O Brasil tinha uma lei de acesso complicadíssimo, que impedia o usufruto por parte de qualquer empreendedor. Hoje, cinco ministérios

O executivo aposta em saltos enormes no volume de recursos destinados à inovação nos próximos anos. E afirma que prefere não ficar na retórica de que o grande gargalo é fazer as empresas investirem mais em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O baixo índice de investimento privado é uma crítica recorrente. O próprio ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Aloizio Mercadante, tem destacado em seus discursos que o governo representa dois terços do total dos investimentos contra um terço das empresas – uma relação que no resto do mundo é inversa. Este seria o motivo do Brasil investir 1,19% do Produto Interno Bruto (PIB) em P&D, aquém da China (1,54%), dos Estados Unidos (2,79%) e outros. Para Dantas, é preciso ter cuidado ao

olhar estatísticas de forma isolada. “O que temos é apenas uma amostra. Se pegarmos a média das empresas associadas à Anpei, por exemplo, teremos um índice de investimentos superior à média das empresas europeias”, argumenta. Segundo o executivo, há investimentos não computados pelas estatísticas porque muitos empresários não classificam o que fazem como inovação por mero desconhecimento do conceito. “Cansei de ir a empresas com grandes centros de pesquisa e inovação, mas que não os classificam como tal. Quando perguntamos ao empresário se ele faz inovação, a resposta é: não, isso é engenharia.” A seguir, Dantas comenta os caminhos para o Brasil vencer o desafio da inovação.

estão trabalhando para conseguir desobstruir esse mecanismo. Com relação à Lei do Bem (Lei 11.196/2005, que concede incentivos fiscais para empresas que fazem inovação), temos a perspectiva de estender seu uso para as empresas com lucro presumido. A Receita Federal está analisando o estudo sobre o impacto desta iniciativa e acreditamos que ela se torne viável em breve. Isso ampliaria enormemente os investimentos em inovação.

podem e, no entanto, não usam os incentivos fiscais previstos pela Lei do Bem. Como mudar isso? Naldo Dantas – O problema com relação à Lei do Bem é a divergência no entendimento de qual é a abrangência da inovação. Isso gera insegurança jurídica e muitas empresas preferem não usar porque as multas impostas pelas auditorias são altíssimas. A Anpei trabalhou mais de um ano e meio junto à Receita Federal e outros entes da sociedade para a elaboração da Instrução

Mas hoje ainda há muitas empresas que

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Com todos os atores falando a mesma língua, o volume de recursos deve aumentar nos próximos anos, aposta dirigente da Anpei

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eNT R EV I S TA

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Normativa 1.187 (editada pela Receita Federal no dia 29 de agosto de 2011). A normativa tem a proposta de minimizar os riscos das auditorias e, assim, ampliar o uso do incentivo fiscal. Estamos na segunda fase, debatendo os pontos discordantes entre as partes envolvidas. Alguns acharam que a normativa restringiu os incentivos, mas na verdade eles já eram restritos. O que nós fizemos foi deixar mais claro os limites para que as empresas possam responder mais positivamente, sem medo das auditorias.

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Acho que patente é um mecanismo de mercado. O ideal é que a universidade chame uma empresa para fazer desenvolvimento em conjunto assim que perceber determinada aplicação numa tecnologia. Desta forma, quando ela chegar a patente, ela já terá traços de mercado

E como a Anpei avalia as discussões em torno do Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação? Naldo Dantas – Até agora, as discussões focaram muito na consistência e na segurança jurídica dentro do ambiente das universidades para que elas possam aumentar sua capacidade de transferência tecnológica, de modo a contribuir de fato com o esforço econômico do País. No momento, estamos trabalhando na segunda fase, analisando como é que eu faço a interface público-privada para que a negociação se torne mais ágil. Mas eu acho que o principal é que temos conselhos nacionais de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti) e das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), junto com universidades e empresas, todos trabalhando dentro de um mesmo ponto de vista, que é auxiliar o dinamismo do processo tecnológico. A previsão é que o Código seja emitido pelo Congresso em julho ou agosto e nós da Anpei estamos trabalhando muito fortemente para que ele traga avanços. Um avanço importante dentro da revisão do marco regulatório da inovação é a questão da propriedade intelectual, que nunca foi tão difundida como em 2011. Tudo indica que o Brasil vai se integrar cada vez mais com o processo de uso de patente, garantindo sua soberania. O incentivo do próprio governo para as universidades patentearem e a compreensão maior das empresas acerca da dinâmica de patenteabilidade levaram a um crescimento muito singular do de-


Uma crítica comum às políticas públicas de incentivo à inovação é o foco nas instituições de ensino, que respondem pela maioria das patentes depositadas. Qual é a opinião da Anpei sobre essa questão? Naldo Dantas – A questão é que as empresas passam a se preocupar mais com patente quando transferem a perspectiva do mercado interno para o mercado externo. Foi o que aconteceu no Brasil. Quando as empresas brasileiras começaram a atuar em escala global, levaram um susto danado porque não dá para operar globalmente sem patente. Logo chega alguém e diz: isso aqui é meu e a patente custa R$ 60 milhões. Ou seja, o jogo de patente é um jogo que está vinculado ao posicionamento do País no tabuleiro global e o nosso posicionamento é muito recente. Mas no momento em que as empresas brasileiras perceberam que precisavam patentear, fizeram isso com muita eficiência, caso da Vale, Braskem e Embraer. Mas a maior parte dos depósitos ainda vem das universidades... Naldo Dantas – Se a universidade está patenteando muito? Sim, está. Eu também critico isso porque acho que patente é um mecanismo de mercado. O ideal é que a universidade chame uma empresa para fazer desenvolvimento em conjunto assim que perceber determinada aplicação numa tecnologia. Desta forma, quando ela chegar a patente, ela já terá traços de mercado. Do contrário, teremos só uma prateleira de tecnologias na universidade. E muitas vezes a instituição pode ter errado no registro da patente porque não pensou na aplicação do mercado. Mas eu acho que tudo isso faz parte de um ciclo de aprendizado. Como a Anpei vê as críticas de que, diferen-

te de outros países, o governo investe mais em inovação do que a iniciativa privada? Naldo Dantas – Se pegarmos a média das empresas associadas à Anpei, por exemplo, teremos um índice de investimentos superior à média das empresas europeias. Da mesma forma, se analisarmos o conjunto das empresas vinculadas às principais cadeias produtivas no Brasil – petróleo, aeronáutica, agronegócio, petroquímica, automobilística – vamos ver que elas investem muito além da média de muitos países europeus. O problema é que esses números são diluídos no universo das empresas brasileiras. Temos que olhar as estatísticas com muito cuidado. O senhor quer dizer que as empresas nacionais já globalizadas investem forte em inovação? Naldo Dantas – O mundo é dividido entre os catequizados e os que ainda serão catequizados. Prefiro não ficar na retórica de que o gargalo da inovação no Brasil é fazer as empresas investirem mais. Até mesmo porque quando perguntamos ao empresário se ele faz inovação, a resposta é não, mesmo quando ele faz uns “motorzinhos” que podem ser aplicados nas megaestruturas da Petrobras. Nós questionamos: mas isso não é inovação? E eles respondem: não, não compramos nenhum equipamento novo, isso aqui é engenharia. Muitas empresas brasileiras bancam sozinhas suas inovações e nada disso passa por estatísticas. Como não usam a Lei do Bem, não acessam fundos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), não elaboram relatórios do MCTI, ficam num mundo paralelo. Mas tenho certeza de que a partir do momento em que existir mais clareza dos processos de inovação, teremos um salto enorme nas estatísticas de investimentos das empresas. Em meados deste ano, o MCTI e a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) anunciaram a criação da Empresa Brasileira para Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Como a Anpei vê essa iniciativa? Naldo Dantas – Primeiro é preciso

dizer que o nome é só um conceito de marketing, associado a uma marca de sucesso que é a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Mas o modelo é do instituto alemão Fraunhofer. Obviamente, ela não vai funcionar da noite para o dia, mas eu acredito que 2012 vai ser um ano de grande aprendizado por parte das indústrias de uso da Embrapii. O que mais podemos esperar para 2012 dentro do universo de inovação nas empresas? Naldo Dantas – Estou vendo 2012 com muito otimismo. Muitas empresas estrangeiras estão vindo para o Brasil e trazendo grandes centros de pesquisa e desenvolvimento, caso da IBM. E temos que parar com o pensamento brasileiro de que elas estão nos ajudando com isso. Pelo contrário, nós é que estamos ajudando-as. Se essas empresas estão montando centros de tecnologia de ponta é porque temos uma boa rede de universidades, temos financiamento público muito mais atrativo do que lá fora. É complexo de brasileiro achar que eles estão fazendo um favor em vir para cá. Precisamos ter mais orgulho próprio para aproveitar as oportunidades que estão surgindo. A publicação do Plano Brasil Maior foi muito importante no sentido de deixar claro quais as áreas prioritárias que o País vai investir para ter adensamento tecnológico. Hoje temos desde uma Finep alavancando a construção de pesquisa no primeiro escalão até um Sebrae apoiando a inovação nas micro e pequenas empresas. Temos universidades com a perspectiva de um novo código para aumentar sua capacidade de transferência de tecnologia e temos um Inpi cuidando e protegendo o ativo conhecimento. É um movimento muito interessante. São atores que até então não se conversavam e agora estão tomando iniciativas alinhadas.

LINHA DIRETA Naldo Dantas: www.anpei.org.br/(11) 3842-3533

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pósito de patentes em 2011. Tudo isso, associado à informatização do fluxo de concessão dentro do Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) para reduzir o prazo de quatro para três anos, deve contribuir para que esse volume aumente ainda mais.

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CA PA

Nelsinho Pipoka, do Rio de Janeiro, viu suas vendas crescerem mais de 300% depois de se formalizar, hĂĄ dois anos

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estímulos

Com a formalização facilitada pela figura jurídica do empreendedor individual, milhares de negócios ganharam mercado e puderam crescer sem medo por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br

60% afirmam que o motivo principal pelo qual se formalizaram foi ter acesso ao CNPJ, nota fiscal, crédito, etc., enquanto 37% queriam ter os benefícios da Previdência Social

95% dizem recomendar a formalização para quem está na ilegalidade

87% pretendem se transformar em microempresas

12,1 mil EIs já se tornaram microempresas

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alfredo moreira

Para quem vive na informalidade e ao mesmo tempo precisa vender, a decisão entre aparecer e ficar no anonimato é um dilema constante. Desde julho de 2009, quando entrou em vigor a lei que cria a figura jurídica do empreendedor individual (EI), mais de 1,8 milhão de trabalhadores por conta própria decidiram mostrar de vez sua cara. Não só para os órgãos fiscalizadores, mas também para todos os seus clientes em potencial. Dados da Receita Federal apontam que 12,1 mil destes empreendedores formalizados já se tornaram microempresas, uma meta perseguida por 87% dos EIs, segundo recente pesquisa do Sebrae Nacional. Fabricante de doces artesanais, Sílvia Francisca Teixeira Melo, 32 anos, está na lista de EIs que, após deixar a informalidade, cresceram tanto que tiveram que migrar para a categoria microempresa. E olha que há pouco mais de um ano a hipótese de vender suas compotas de doce de leite nos mercadinhos de Campo Grande nem passava pela cabeça de Sílvia. Pelo contrário: sem alvará sanitário, ela morria de medo de ter a mercadoria apreendida

e se limitava a comercializar seus doces diretamente ao consumidor ou nas bancas montadas à beira da BR-163, no distrito de Anhanduí, a 60 quilômetros da capital sulmato-grossense. Mesmo nessa situação, há três anos ela decidiu apostar o que não tinha numa fábrica anexa à casa onde mora com o marido André Luiz e as duas filhas. Tomou um empréstimo de R$ 6 mil no banco (“o máximo que eu podia pegar”) e montou a cozinha da sua empresa, a Anhanduí Doces. Como muitos empreendedores Brasil afora, a iniciativa foi uma questão de necessidade. “Emprego por aqui é um pouco difícil, o jeito é trabalhar por conta própria”, explica a empreendedora, que abandonou os estudos antes de completar o que hoje seria o 6º ano do ensino fundamental. Casada aos 15 anos e mãe aos 16, aprendeu a fazer doces com a sogra para ajudar o marido a pagar as contas. Hoje é o companheiro quem a ajuda na empresa. Por mês, eles produzem cerca de 2,5 mil vidros de doce. Antes da formalização, o volume não chegava a 600 unidades. As coisas começaram a mudar quando, em novembro de 2010, incentivada pelo Sebrae/MS, ela decidiu se tornar uma EI. Com o número do Cadastro Na-

100 mil, em média, se formalizam a cada mês

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CA PA cional de Pessoa Jurídica (CNPJ) na mão, desenvolveu um rótulo para seus produtos, incluindo até mesmo o código de barras. Era a senha que Sílvia precisava para comercializar seus doces para qualquer empresa que queira comprá-los. “Ainda não consigo vender para grandes redes porque não tenho condições de dar as bonificações que eles pedem, mas acho que estou no caminho certo.” Sílvia faz parte dos 95% dos EIs que recomendam a formalização para quem está na ilegalidade. “Não é fácil, você tem que trabalhar para pagar imposto, mas não corre mais risco de ter a mercadoria tomada. E nós queremos crescer, não queremos ficar parados”, argumenta. Pesquisa do Sebrae mostra que para 60% dos EIs o principal motivo para a formalização foi a legalização, com acesso a CNPJ, nota fiscal, crédito, etc. “Esse dado nos surpreendeu porque imaginávamos que a maioria estava em busca dos benefícios proporcionados pela Previdência, como aposentadoria, auxílio doença, licença maternidade”, afirma Luiz Barretto, presidente do Sebrae. Esse percentual foi de 37%.

Menos burocracia A formalização como empreendedor individual pode ser feita pela internet, sem cobrança de taxas e envio de docu-

mentos. O interessado só precisa acessar o site www.portaldoempreendedor. com.br e preencher um cadastro com dados pessoais e de sua atividade. Mas antes de fazer a inscrição, é necessário consultar a prefeitura para saber se a atividade em questão pode ser exercida na cidade. O CNPJ e o número de inscrição na Junta Comercial são obtidos logo após o preenchimento do cadastro. Quem preferir, pode procurar os escritórios de contabilidade para fazer a formalização, também de forma gratuita. No Portal do Empreendedor há uma lista de contatos dessas empresas. Após a formalização, o empreendedor individual terá que pagar todos os meses R$ 28,25 (no caso de comércio ou indústria) ou R$ 33,25 (se a atividade for prestação de serviços). Esses valores serão destinados à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS, dando direito ao EI a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença e aposentadoria. Essas quantias são atualizadas anualmente, de acordo com o salário mínimo. Para pagar essa contribuição, o empreendedor deve emitir, via internet, o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) e pagá-lo nos bancos ou casas lotéricas até o dia 20 de cada mês. O carnê também está disponível no Portal do Empreendedor. Até 1º de maio deste ano, a carga tri-

47% têm ensino médio ou ensino técnico

61% têm menos de 39 anos

36% estudaram, no máximo, até o ensino fundamental

46% são mulheres

“Não é fácil, você tem que pagar imposto, mas não corre risco de ter a mercadoria tomada. E nós queremos crescer, não queremos ficar parados”, diz Sílvia

empreendedor | dezembro 2011

Principais atividades econômicas

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185,4 mil

132 mil

Comércio de roupas

Serviços de cabeleireiro

Serviços de alimentação (lanchonetes, cafés) 52,8 mil

Comércio de produtos alimentícios (mercadinhos) 50,4 mil

Serviços de construção civil (pedreiro) 49,8 mil


Luiz Henrique Sebrae/MS

45,4 mil

38,3 mil

Serviços de bebidas (bares e choperias)

Serviços de higiene e beleza (clínicas de estética)

Confecção de roupas sob medida (costureira) 34,1 mil

Manutenção de equipamentos de informática 33,4 mil

10º

Fornecimento de alimentos e comidas para consumo domiciliar 33,2 mil

empreendedor | dezembro 2011

Sílvia Melo, de Campo Grande, viu suas vendas crescerem tanto após se formalizar que já migrou para a categoria microempresa

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butária do EI era de R$ 60. O valor caiu pela metade quando a presidenta Dilma Rousseff editou uma medida provisória reduzindo a contribuição previdenciária mensal de 11% para 5% do salário mínimo. Segundo dados do Comitê Gestor do Simples Nacional, essa redução de INSS deve gerar uma renúncia fiscal de R$ 1 bilhão até 2013. Mas, para Barretto, a medida foi um dos grandes estímulos que aceleraram as formalizações por todo o Brasil, fazendo com que a meta de 1,5 milhão de EIs para o ano de 2011 fosse batida quatro meses antes do prazo. Hoje a média de formalizações é de 100 mil por mês. São Paulo detém o maior número, com mais de 400 mil EIs (veja mapa). Outra razão apontada por Barretto para o aumento das formalizações é a ampliação do teto de enquadramento, de R$ 36 mil para R$ 60 mil por ano, o que equivale a uma receita bruta de R$ 5 mil mensais. Encaminhado ao Congresso Nacional pela Presidência da República, a proposta foi aprovada pelo Senado Federal no dia 5 de outubro e passa a vigorar em janeiro de 2012. “Será uma oportunidade para aumentar ainda mais o número de formalizações. Nossa expectativa é chegar a 4 milhões de EIs até 2014”, afirma Barretto. Com base na Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – PNAD 2009), estimase que o público a ser beneficiado pelo programa é de cerca de 13 milhões.

sebrae/sp

bernardo rebello

CA PA

Barretto, do Sebrae: “Nossa expectativa é chegar a 4 milhões de EIs até 2014”

Durante, do Sebrae/SP: falta de informação é o principal impeditivo à formalização de EIs

Para a gerente da unidade de atendimento do Sebrae/MS, Leandra Costa, o teto baixo era mesmo um estímulo à informalidade. “Muita gente tinha medo de se formalizar porque logo superaria os R$ 36 mil e teria que passar a recolher tributos como microempresa”, atesta. Entre os já formalizados, Leandra diz que muitos tinham medo de crescer e ter que migrar para a nova categoria. Estatísticas mostram que mesmo com contribuição irrisória, a inadimplência é alta entre os EIs. O índice chega a 56%, segundo Bruno Quick, gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional. Para ele, a explicação é o alto nível de desinformação. “É preciso rever as estratégias para esclarecer melhor as obrigações do empreendedor individual.”

Novas frentes

evolução

por setor 1,8 milhão

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1,4 milhão

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Para que o EI continue crescendo em número de formalizações, o maior desafio do Sebrae é chegar a novos públicos. Pesquisas mostram que 47% dos EIs têm ensino médio ou técnico completo, 8% têm superior completo, outros 8% têm superior incompleto e 1% são pós-graduados. “Isso significa que os empreendedores individuais que se formalizaram primeiro são aqueles que têm maior nível de escolaridade e maior acesso à informação”, afirma Luiz Barretto. “Por isso, estamos atuando nos 120 Territórios da Cidadania, que reúnem localidades com baixo índice de desenvolvimento. A proposta é identificar pessoas com potencial empreendedor, avaliar quais atividades

1 milhão 756,4 mil

g Comércio...................... 39% g Serviços....................... 36% g Indústria....................... 18% g Construção Civil............... 7%

423,8 mil 1,1 mil

40,1 mil

18%

186,1 mil

Jul/2009 Nov/2009 Mar/2010 Jul/2010 Nov/2010 Mar/2011 Jul/2011 Nov/2011

36%

7%

39%


Norte e Nordeste estão no foco do programa Sebrae Empreendedor Individual. Nos próximos três anos, a entidade vai concentrar esforços para estimular a formalização nos chamados Territórios da Cidadania, regiões com baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) e baixo índice de desenvolvimento econômico.

Empresas Optantes no Simei por UF em 28/11/2011 – Total: 1.825.937

RR

AP

4.233

6.497

AM

PA

20.518

MA

49.880

CE

27.616 PI

7.189

RO

16.752

BA

MT

147.992

Dados da PNAD estimavam que existiam no Estado de São Paulo mais de 2 milhões de EIs na ilegalidade. Praticamente 1/4 já foram legalizados. A Região Sudeste responde por mais de 40% das formalizações.

37.908

Cerca de metade dos EIs formalizados em Mato Grosso do Sul estão na capital Campo Grande. A procura no estado aumentou mais de 75% neste ano.

31.113

PB

25.348

64.198

TO

15.411

26.391

PE

15.963 AC

RN

53.538

SE

AL

24.619

14.041

DF

GO

68.253

33.990

MG

180.237

MS

ES

SP

424.560 PR

46.893 RJ

230.464

92.707

55%

têm estabelecimento fixo

21%

são ambulantes ou vendedores porta a porta

RS

101.031

SC

58.595

Em Santa Catarina, o governo do estado lançou recentemente um programa de crédito de até R$ 3 mil a juro zero para EIs. Em novembro, o Rio Grande do Sul se tornou o 4º estado brasileiro a bater a marca de 100 mil formalizações. A meta para 2012 é chegar a 150 mil EIs.

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FORMA DE ATUAÇÃO

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sebrae/ms

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CA PA

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têm mais chance em cada localidade e orientar a criação de novos negócios.” O gerente de Políticas Públicas do Sebrae de São Paulo, Júlio Durante, concorda que a falta de informação ainda é o principal fator que impede a formalização de empreendedores individuais. Para ele, o receio de enfrentar a burocracia e a elevada carga tributária ronda quem ainda prefere trabalhar na ilegalidade. Por outro lado, Durante destaca que a possibilidade de ter acesso aos benefícios da Previdência Social, associada à segurança de comprar e vender mercadorias sem medo da fiscalização, é um grande estímulo à inscrição no programa. “É uma segurança jurídica que traz a possibilidade de novos clientes, tornando a vida do empreendedor mais adequada aos seus sonhos”, afirma o consultor.

Mais oportunidades

Para dar conta de tanta encomenda após se formalizar, Letícia Brito passou a microempresária e contratou seis colaboradores

Formalizado há dois anos, o pipoqueiro Antônio Nelson Gonçalves, mais conhecido como Nelsinho Pipoka, faz planos para levar sua empresa a eventos corporativos da cidade do Rio de Janeiro. Natural do Ceará, ele chegou ao Rio aos 17 anos decidido a estudar teatro. Três anos depois, um tio que estava voltando para a terra natal da família lhe entregou seu carrinho de pipoca – apesar de não colocar fé na vocação empreendedora do sobrinho. O início foi mesmo muito difícil. “Comprei produtos de qualidade inferior, perdi clientes e cheguei a pedir dinheiro emprestado para comprar mercadoria nova”, lembra o pipoqueiro. Hoje Nelsinho é reconhecido como um vendedor criativo. Em 2009, ele lançou o serviço de disque-pipoca. “Tive a ideia depois de ouvir muitos clientes falarem que no dia anterior não puderam sair do escritório para comprar pipoca”, conta. Para divulgar a novidade, fez panfletos e sorteio de brindes. A demanda aumentou, e como muitos escritórios pediam grandes quantidades de sacos de pipoca ele decidiu

vender o produto também em baldes. Com clientes corporativos, os pedidos por nota fiscal começaram a aumentar. A formalização resolveu este problema e Nelsinho estima que nesses dois anos as vendas cresceram em mais de 300%. O tio já viu sua história em jornais e hoje tem certeza que deixou seu negócio em boas mãos. A formalização também impulsionou os negócios da artesã Letícia Brito, 36 anos, moradora de Campo Grande. Ela faz artigos em tecido para decoração de festas infantis, especialmente bonecas e bichinhos. “Eu faço artesanato desde meus 14 anos, mas abri a empresa (Lê Brito) em janeiro, me formalizei em março como empreendedora individual e em agosto já passei a microempresária”, resume Letícia. Para dar conta de tanta encomenda, ela conta com quatro funcionárias e duas terceirizadas. A artesã já atende encomendas de outros estados e confessa que não imaginava tanto sucesso. “Como ainda é muito recente, não dá para eu me manter com o que ganho, até porque reinvisto o lucro, mas estou caminhando para isso.” Assim como Letícia, muitas mulheres encontraram no programa Empreendedor Individual a chance de tornar atividades realizadas em casa em bons negócios. De acordo com pesquisa do Sebrae, 46% dos empreendedores individuais formalizados são mulheres. O índice surpreende, já que entre os donos de microempresas a participação feminina não chega a 30%. Para Bruno Quick, este dado mostra o que ele chama de “lado humano” da formalização do EI. “Hoje as mulheres podem trabalhar como empreendedoras individuais em casa, tendo direito a licença maternidade e amparo previdenciário, conciliando com a criação dos filhos”, destacou o consultor durante o painel “A revolução silenciosa dos empreendedores individuais”, realizado no mês passado.. A necessidade de ficar em casa para cuidar da mãe doente levou Francisca Cecília Dias, 54 anos, a desistir de sua carreira de auditora de seguros e partir

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“Segurança jurídica torna a vida do empreendedor mais adequada aos seus sonhos”, diz Júlio Durante

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Como ser um EI

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para o trabalho de vendedora de roupas. Desde 2005, ela tem uma loja de roupas instalada no primeiro andar de sua casa, em Jaçanã, distrito da zona norte de São Paulo. A formalização ocorreu em julho de 2010. Francisca destaca dois pontos positivos: a garantia de ter uma aposentadoria pelo INSS e a possibilidade de poder trabalhar com uma máquina de cartão de crédito. “Assim eu consigo parcelar e as clientes acabam comprando mais”, afirma a vendedora. Ela só reclama das taxas cobradas pelas operadoras das máquinas. “Poderiam ser menores para nós, senão como vamos crescer?” Para aumentar as vendas, Francisca também aposta na loja virtual www.feiraodojeans.com.br, que lançou em novembro. A vendedora também não poupa tempo em cursos do Sebrae. “Eu era completamente leiga e hoje já consegui até abrir uma loja na internet”, orgulha-se. “Semana que vem começo mais um curso e por último quero fazer aulas de marketing”, planeja a vendedora, ávida por aprender

a fazer seu negócio crescer. Para o consultor Júlio Durante, a busca de Francisca por capacitação deveria servir de exemplo para todos os empreendedores individuais. “Formalizar é extremamente simples. O desafio é sobreviver”, diz o consultor. A colega Leandra Costa concorda e acrescenta: “O empreendedor individual tem que começar a se preocupar em entender de compras e contas, e não mais se a sua mercadoria vai ser apreendida”.

LINHA DIRETA Anhanduí Doces: (67) 9631-5761 Francisca Cecília Dias: (11) 2241-1036 Lê Brito: (67) 3044-6096 Nelsinho Pipoka: (21) 3472-8924 Sebrae São Paulo: www.sebraesp.com.br Sebrae Mato Grosso do Sul: www.ms.sebrae.com.br Sebrae Nacional: 0800 570 0800

bernardo rebello

Ávida por fazer seu negócio crescer, Francisca Dias não poupa tempo em cursos de capacitação

Quer ser um empreendedor individual? Então veja se você preenche os requisitos: 4O EI é uma pessoa que trabalha por conta própria e tem um faturamento bruto de, no máximo, R$ 60 mil por ano (teto válido a partir de janeiro de 2012); 4Nem todas as atividades são contempladas pelo programa. A lista com cerca de 500 ocupações está disponível no www.portaldoempreendedor. com.br; 4O EI não pode ter participação em outra empresa, seja como titular ou sócio; 4A lei permite a contratação de apenas um funcionário.


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tempo

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Sem perda de

Desejo de sair da informalidade fez de Adalberto o primeiro empreendedor individual do País por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br

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Adalberto Oliveira dos Santos se orgulha de ser o primeiro empreendedor individual do País. Ele é vendedor de bijuterias e no dia 1º de julho de 2009, quando a Lei do Microempreendedor Individual entrou em vigor, foi ao Sebrae para formalizar seu negócio. Santos já trabalhava na Feira de Importados de Brasília, mas não via a hora de sair da informalidade. Como vendia sem nota fiscal, tinha receio de que seus produtos fossem apreendidos. Sua primeira ideia foi formalizar o negócio criando uma microempresa, mas os planos não deram certo. Faltava dinheiro para pagar as taxas e os impostos necessários. Ao procurar o Sebrae, ele ficou sabendo do projeto de lei que estava em tramitação no Congresso para criar a figura do microempreendedor individual no País. Santos conta que ficou entusiasmado com a proposta e mesmo de longe torcia para que ela fosse aprovada. No dia 1º de julho, quando a lei entrou em vigor, ele tentou formalizar seu negócio pela web através do Portal do Empreendedor, mas não conseguiu. Para não perder tempo, ele resolveu ir pessoalmente ao Sebrae para se inscrever no programa. “Eu não tinha noção de que seria o primeiro empreendedor individual do País. Cheguei ao Sebrae, fiz meu cadastro e em poucos minutos eu estava formalizado com o meu CNPJ em mãos e sem precisar pagar nada por isso. Foi tudo muito rápido.” A inscrição na categoria de microempreendedor individual fez com que a banca de bijuterias de


davi zocolli

Idade: 37 anos Data da formalização: 1º de julho de 2009 Ramo: Bijuterias Conta com funcionário? Não Pretende virar microempresa? Sim

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Adalberto Oliveira dos Santos

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davi zocolli

CA PA Santos passasse a ser uma empresa, a “Oliveira Bijus e Acessórios”. A formalização também fez com que a vida de Santos mudasse. De vendedor ele passou a empresário, voltou a contribuir para a Previdência Social, a ter direito à aposentadoria e ao auxílio doença. Conseguiu ainda comprovar renda e financiar um apartamento e um carro. “Eu não estava contribuindo para o INSS e vivia sempre inseguro. Teria que trabalhar o resto da vida porque não teria direito a uma aposentadoria.” Com CNPJ, Santos conseguiu ter acesso a crédito e talão de cheques, o que permitiu que ele pudesse fazer compras a prazo. Um benefício que melhorou muito suas condições de trabalho. Ele passou a fazer encomendas por telefone, a comprar pela web e a pagar as mercadorias com cheques para 30 e 60 dias. “Antes eu precisava ir para São Paulo duas vezes ao mês para comprar as bijuterias; hoje faço parte das compras pela internet. Vou no máximo uma vez por mês para lá. Assim eu economizo em passagem.” A formalização fez com que o empresário conseguisse triplicar seu estoque e ampliar a receita da empresa em 30%. Santos conta que a melhora nos negócios foi decisiva para que ele resolvesse continuar no ramo de bijuterias. “Quando eu era informal, os negócios não iam bem. Se eu não tivesse me formalizado, era possível até que a minha banca de bijuterias já estivesse fechada.”

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Facilidades para clientes

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Um dos fatores que o empresário considera fundamental para o sucesso do negócio após a formalização é que ele passou a aceitar o cartão de crédito como forma de pagamento. Hoje tem até duas máquinas de cartão para atender a todos os pedidos. “É cada vez maior o número de clientes que usam o cartão para pagar suas compras. Quando eu não tinha a máquina acabava perdendo muitas vendas”, explica. Santos trabalha sozinho. É o responsável pela escolha das peças, pelas vendas e por fazer o balanço financeiro do negócio. Até já pensou em contratar alguém, mas considera que a empresa precisa crescer

“Quando eu era informal, os negócios não iam bem. É possível até que minha banca já estivesse fechada” um pouco mais para que ele dê conta de pagar um funcionário. “Tenho interesse em transformar a banca em uma microempresa, mas por enquanto não dá. Os custos para manter uma microempresa são altos para mim.” O empresário era vigilante antes de decidir empreender. Ele queria mudar de vida porque achava a antiga profissão muito arriscada, e em 2008 se mudou do Acre para Brasília em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Na época, juntou o dinheiro que tinha recebido da rescisão de contrato e de um terreno que tinha vendido para abrir o próprio negócio. “Eu tinha R$ 5 mil no bolso e foi isso que gastei para abrir a banca. A escolha de vender bijus e acessórios foi porque eu conseguia comprar com esse valor um número razoável de peças para começar. Se fosse em outro ramo, eu não teria capital de giro.” Santos não tinha nenhuma experiência na área e foi aprendendo sozinho como escolher as peças. Depois que abriu a banca, ele passou a se interessar mais em saber o

que está na moda e o que vai virar tendência em acessórios. Santos conta que suas escolhas têm dado bons resultados e que os produtos mais vendidos são os brincos e os colares, que costumam variar de R$ 2 até R$ 110. “Eu mesmo escolho as peças que vou vender. Minha ideia é não só trazer bijus e acessórios da moda, mas ter sempre um mix variado de produtos para poder atender todo mundo. Há acessórios e bijus para todos os gostos.” Este ano, quando o governo federal comemorou a formalização de 1 milhão de empreendedores individuais, Santos foi um dos convidados especiais da cerimônia organizada pelo Ministério do Trabalho. Das mãos da presidenta Dilma Rousseff ele recebeu um certificado. Santos conta que foi uma emoção muito grande participar da cerimônia e saber que assim como ele outros milhares de empreendedores se formalizaram e estão ajudando a construir uma nova história na economia do Brasil. O empresário se tornou conhecido e uma referência entre os comerciantes da Feira de Importados de Brasília onde trabalha. Ele conta que muitos vendedores vêm pedir conselhos e saber se vale a pena se formalizar. “Eu oriento todos e chego até a levar alguns ao Sebrae para que eles se informem sobre a Lei do Microempreendedor Individual. Muitas das pessoas que eu levo lá já voltam com seus negócios formalizados.” Santos vê com bons olhos as últimas mudanças feitas na lei. Ele comemorou a redução da alíquota do INSS de 11% para 5%, o que diminuiu o valor recolhido pelos empreendedores para a Previdência Social de R$ 59,95 para R$ 27,25. “A gente sempre desconfia de que no começo tem facilidade, mas, depois, o imposto vai aumentar. Essa redução dá esperança de que isso não deve acontecer e espero que continue assim mesmo.” O empresário é otimista, acredita que no futuro a economia tende a melhorar. Mas está descrente com as vendas de fim de ano. Ele conta que o movimento está fraco em comparação com o ano passado. “Espero que assim que sair o 13º dos trabalhadores, que eles se animem mais e comecem a fazer compras.”


O mundo dos negócios é muito grande para você se aventurar sozinho.

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As publicações da editora Empreendedor têm sempre artigos, notícias e dados atualizados sobre o mundo dos negócios. Com 18 anos de história, a Empreendedor é a maior editora brasileira voltada ao empreendedorismo e às inovações do mundo dos negócios. Publica as revistas Empreendedor e Dirigente Lojista, além de manter o mais acessado site sobre empreendedorismo: www.empreendedor.com.br. Na hora de buscar informações ou falar com empreendedores de todos os portes, conte com as nossas publicações.

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André Freire Naves Idade: 43 anos Data de formalização: 18 de agosto de 2010 Ramo: Mágico Conta com funcionário? Não, mas está em processo de formalização da assistente Pretende virar microempresa? Sim

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Num passe de

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mágica

Formalizar a carreira construída com muito esforço abriu mercados e diminuiu custos do artista


cristiano costa/unicon fibra

Um lápis, que aparentava estar de fato quebrado, deu origem à sua primeira mágica. Com cinco anos de idade, encontrou naquele objeto a oportunidade para encantar seus amigos do jardim de infância e arrancar aplausos de surpresas e admiração. “O lápis estava quebrado, só que consegui restituir encaixando uma metade na outra sem ninguém perceber. Então eu fingi que tinha o poder da mente, fiz que estava me concentrando, balancei e uma parte caiu. Todo mundo ficou impressionado”, relembra. Assim nasceu o primeiro truque do mágico Tio André, como é artisticamente conhecido. Naquele momento, sua primeira plateia estava formada e, mesmo sem ter idade para entender, ele revelava o seu talento para entreter e encantar as pessoas por meio de brincadeiras e mágicas. Com o tempo, essas características foram aperfeiçoadas, transformando André Freire Naves em um dos mágicos mais requisitados do Distrito Federal. Criar neve, fazer uma pessoa levitar, um objeto desaparecer. Aliados ao seu carisma, momentos engraçados, dife-

Quando trabalhava emitindo recibos de autônomo, o mágico chegava a ficar onerado em 27% rentes e surpreendentes como esses prendem a atenção e encantam pessoas de qualquer idade. Não é preciso fazer nenhum truque para entender o motivo de sua agenda profissional estar sempre lotada de compromissos e de possuir um currículo com mais de 7 mil festas realizadas. O trabalho profissional começou aos 16 anos em festas de aniversários, a princípio familiares. No ano de 1986, um amigo o convidou para animar uma festa de criança. “Desde então não houve um só final de semana que eu não animasse pelo menos uma festa. No início, os únicos instrumentos de trabalho eram uma corda, minha garganta, boa vontade e principalmente muito amor”, relembra. Até que o Tio André vestisse pela primeira vez a roupa de mágico, foi animador, palhaço e personagem de histórias infantis. Buscando novas alternativas para enriquecer seu trabalho, passou a realizar brincadeiras, fantoches, maquiagem. Na década de 1990, em uma viagem a São Paulo, ficou deslumbrado quando viu um mágico na rua e decidiu que gostaria de aprender sobre esse universo. Primeiro, foi incorporando a magia no show de palhaço para, depois, se tornar apenas mágico. Com a carreira começando a dar certo, decidiu investir todo o seu tempo para aprimorar ainda mais o seu negócio. Abandonou o emprego que tinha em um banco, voltou a morar com os pais, cursou uma faculdade de marketing e uma pós-graduação em recursos humanos. Tudo visando à consolidação de sua carreira.

Formalização

Como qualquer negócio, nem tudo era fácil. Sua principal dificuldade estava na falta de formalização do negócio, principalmente quando fazia shows direcionados a empresas. “Elas necessitavam de nota fiscal e eu, não tendo, ia perdendo grandes oportunidades de trabalho”, conta. O valor do seu pagamento também era bastante reduzido. Na época, ele trabalhava emitindo Recibos de Pagamento Autônomos (RPAs), mas eles incidiam sobre a emissão do documento taxas do Imposto de Renda e da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Quando descontavam também o ISS (Imposto sobre Serviços), o mágico chegava a ficar onerado em 27%. Foi então que, por meio da televisão e de revistas, ficou sabendo do programa Microempreendedor Individual (MEI). “Procurei o Sebrae e fui muito bem recebido pelos atendentes que, além de atender minha necessidade, procuraram me ajudar em outros aspectos, como me indicar para alguns cursos, e até me deram um Passaporte do Empreendedor, onde pude fazer vários cursos maravilhosos e gratuitamente”, destaca. Esses cursos são um dos diferenciais da carreira do Tio André. Buscando sempre se aprimorar e atender às mais diversas necessidades que a carreira requer, já fez cursos que vão muito além dos de truque de mágicas, como contador de histórias infantis, atendimento aos clientes, vendas, maquiagem facial, oratória, origami e esculturas em balão. O registro formal no programa Microempreendedor Individual também ofereceu outras vantagens, como obter uma conta como pessoa jurídica em um banco, com aplicação e crédito disponível, além da contribuição para a Previdência Social visando à sua aposentadoria. Entre os aspectos que poderiam ser melhorados, ele cita o baixo limite de lucro e burocracia para entrar no programa. “No restante, é só alegria”, confirma. Assim como seus espetáculos.

empreendedor | dezembro 2011

por Ana Paula Meurer anapaula@empreendedor.com.br

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cifrão

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Ponto

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Com CNPJ, costureira conquistou financiamento para comprar máquinas e atender a demanda crescente de pedidos por Beatrice Gonçalves

beatrice@empreendedor.com.br

Jinelândia Silva precisou vender doces e lavar roupa para fora em Juazeiro (BA) para conseguir comprar sua primeira máquina de costura usada. Durante sete anos ela costurou calças, blusas e até vestidos de noiva nessa máquina. Com o tempo, ela foi ganhando experiência e clientela. Mas com uma máquina não conseguia dar conta de atender a todos os pedidos. Tanto é que em um determinado momento precisou dizer não para as encomendas que chegavam. Ela tinha interesse em comprar

mais máquinas, mas faltava dinheiro. Um financiamento era uma alternativa, porém como pessoa física Jinelândia não conseguia o valor necessário. Um dia ela escutou no rádio uma propaganda sobre o microempreendedor individual e ficou bastante interessada. Foi ao Sebrae, se informou e aderiu à categoria. “No começo eu estava receosa, mas os funcionários do Sebrae me explicaram como funcionava e me orientaram. Isso me ajudou muito. Meu medo era que eu não fosse dar conta.”


Jinelândia Santos Silva

bém não tinha como. Ele é moto-taxista e trabalha como autônomo. Hoje consigo pagar as minhas máquinas em pequenas prestações por mês. Ao me formalizar é como se eu tivesse conseguido um sócio, um parceiro para me ajudar.”

Tarefas conciliadas

Ao se formalizar, a costureira conseguiu aumentar sua produção. Com CNPJ ela abriu uma conta no banco como pessoa jurídica e obteve financiamento de R$ 6 mil – dinheiro que foi investido em equipamentos. Ela comprou quatro máquinas de costura industriais, uma semi-industrial e uma máquina de uso doméstico. “Eu não teria condições de comprar mais máquinas se continuasse na informalidade. Eu não conseguia crédito, não tinha como comprovar a minha renda. Meu marido tam-

A “Miri Modas”, empresa que Jinelândia criou, funciona em sua própria casa. Ela separou um cômodo para colocar as máquinas e para receber seus clientes. Sozinha, ela produz cerca de 10 peças por dia entre uniformes, calças, vestidos, blusas e roupas íntimas. “Tenho dois filhos e queria estar perto deles para que não ficassem sozinhos. Se eu trabalhasse fora de casa isso não teria como. Com a empresa na minha casa eu consigo trabalhar, cuidar dos filhos e da casa.” A renda de Jinelândia também mudou quando ela resolveu aderir ao Microempreendedor Individual. Hoje, com as seis máquinas ela produz mais e chega a receber cerca de R$ 3 mil por mês. Um valor muito mais alto do que Jinelândia ganhava quando trabalhava como informal ou mesmo quando lavava roupa para fora. “Eu cobrava R$ 15 por trouxa de roupa que lavava e passava, o que me rendia por mês cerca de R$ 70. Hoje eu ganho bem e sei

que poderia ganhar ainda mais.” A costureira conta que sua casa já está pequena para tanta máquina e trabalho. Sua ideia é construir nos fundos do terreno um espaço só para costurar. Para isso, Jinelândia está procurando outro financiamento. “Quero aumentar a empresa, mas hoje do jeito que está não dá. Se eu construir um espaço próprio para a minha produção, posso até contratar uma ajudante e virar uma microempresa.” Jinelândia conta que aprendeu a costurar sozinha e que era um sonho de criança ter sua própria empresa. Quando começou, ela só fazia roupas para conhecidos porque tinha medo de errar e estragar o tecido, mas na medida em que foi ganhando experiência ficou conhecida na cidade. Hoje ela faz de tudo, inclusive vestidos de noiva. “Eu não trabalho para lojas. Todos os meus clientes vêm até aqui, eu faço os desenhos, tiro a medida e costuro sozinha.” Até os 29 anos Jinelândia nunca tinha tido sua carteira de trabalho assinada e não contribuía para a Previdência Social. Há um ano como microempreendedora individual ela aumentou sua renda, melhorou suas condições de vida e garantiu direitos como o da aposentadoria e o da licença maternidade. “Hoje eu já posso pensar em um futuro muito mais tranquilo para mim e para a minha família.”

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Idade: 30 anos Data da formalização: 2010 Ramo: Costura Conta com funcionário? Não Pretende virar microempresa? Sim

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mercado Sintonia com o

Melhora dos negócios após se tornar EI incentivou músico a abrir estúdio e virar microempresário por Mônica Pupo

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Seja por vocação ou destino, a música sempre esteve presente na vida de Murilo Timo, cantor desde os seis anos de idade. Na infância, o brasiliense aprendeu a tocar piano, teclado e violão. No melhor estilo “um banquinho e um violão”, aos 14 começou a cantar na noite de Brasília, atividade que desenvolveu informalmente por quase dez anos, até o dia em que conheceu o programa Empreendedor Individual. Após a formalização, surgiram novos contratos e oportunidades que impulsionaram a carreira do jovem músico. Hoje, aos 26 anos, Murilo comemora a realização do sonho de muitos EIs: migrar para o patamar de microempresa, com a abertura do estúdio de música Arte Livre. A ideia de se formalizar surgiu por acaso, em 2010, durante uma apresentação na festa de aniversário do presidente do Sebrae/ DF. “Fui contratado para tocar e um dos consultores me abordou sugerindo que eu entrasse no site para conhecer o programa; até então, eu nem sequer imaginava que tinha condições de ter um CNPJ”, conta Murilo. Logo após se cadastrar como EI, o músico começou a desfrutar das vantagens da formalização, como o aumento dos contratos para tocar em festas e eventos. “Com a possibilidade de emitir nota fiscal, passei

a atender clientes governamentais e minha demanda cresceu muito”, relata Murilo. Motivado pelos bons resultados, no início de 2011 ele decidiu expandir o negócio, transformando-o em microempresa. Com a abertura do estúdio de música, o agora microempresário passou a oferecer, além dos shows solo e em trio, serviços como produção artística e gravação de CDs e DVDs, filmes e animações em 3D, entre outros. Outro motivo que levou o músico a investir na empresa foi o desejo de gravar o próprio CD. Se fosse contratar um estúdio para produzir e gravar suas músicas, Murilo teria que desembolsar praticamente a mesma quantia utilizada para a abertura do negócio. “Já que era para gastar, decidi então apostar as fichas na montagem do meu estúdio e começar a produzir outros artistas também, inclusive porque ser empresário é a melhor forma de realizar meu sonho artístico de viver da música”, diz. O problema é que Murilo – que sempre teve o negócio como única fonte de renda – não tinha capital suficiente para dar o pontapé inicial no projeto. E foi justamente na hora de levantar recursos para estruturação da empresa que ele sentiu na pele uma das dificuldades comuns aos EIs: a falta de credibilidade por parte dos bancos, que ainda não dispõem de linhas de crédito adequadas às necessidades dos empreendedores individuais. “Mesmo mo-

“Ser empresário é a melhor forma de realizar meu sonho artístico de viver da música”

vimentando uma quantia razoável, ainda há certa desconfiança e restrição das instituições financeiras em relação aos EIs.” Para o microempresário, os bancos precisam desenvolver linhas de crédito específicas para a categoria. “Solicitamos valores ínfimos se comparados aos empréstimos bancários – geralmente altíssimos – aprovados para grandes empresas, e mesmo assim muito EI não consegue”, lamenta o empreendedor, que conseguiu levantar os R$ 50 mil necessários para as reformas no estúdio somente através de um empréstimo pessoal. Prestes a completar um ano de funcionamento em fevereiro de 2012, o estúdio atualmente conta com um funcionário, sendo que novas contratações devem ocorrer em breve, conforme o aumento da demanda. Além da produção de artistas locais como Rosane Lauren, Tainá Reis e Leandro Moraes e, claro, Murilo Timo, a empresa também é especializada na produção e veiculação de vídeos corporativos em canais como o YouTube, a exemplo da campanha sobre reflorestamento desenvolvida para uma ONG de Mato Grosso. “Nosso objetivo é investir cada vez mais em parcerias e projetos como esse, desenvolvendo uma rede social colaborativa que envolva tanto os músicos como todos os profissionais que tornam a arte possível”, afirma Murilo. Entre os projetos futuros do empreendedor estão a consolidação do estúdio no mercado e a entrada em nichos musicais específicos, como música eletrônica. “Estamos com alguns contatos muito interessantes com DJs de renome, incluindo alguns nomes da Europa, e devemos nos especializar cada vez mais nesse mercado daqui para frente”, revela Murilo.


Murilo Timo

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Idade: 26 anos Ano de formalização: 2010 Ramo: Música Data da alteração para ME: Fevereiro de 2011 Número de funcionários: 1 Optante do Simples? Sim

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Surfista formalizou sua oficina de pranchas e vê na capacitação o caminho para seguir crescendo por Ana Paula Meurer

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O fato de ser neto de pescador colaborou para que a paixão de Paulo Minnemann pelo mar começasse muito cedo. Sua primeira prancha foi presente do seu pai, quando ele tinha apenas cinco anos. “Era daquelas feitas de isopor, que são vendidas em supermercado”, relembra. De lá para cá o contato com esse mundo só aumentou. Crescendo em um mundo de ondulações, tubos e outras manobras, o surfe virou lazer, esporte, trabalho e paixão. Hoje, aos 30 anos, Paulo está à frente da Minnemann Surf Boards, oficina de pranchas de surfe localizada em Natal. A iniciativa de investir nesse segmento surgiu há sete anos, motivado por suas próprias dificuldades. Como o preço das pranchas era muito alto, o jovem decidiu que ele mesmo iria produzi-las. O resultado agradou. Primeiro os amigos, depois os amigos desses amigos e, assim, o seu trabalho começou a ganhar espaço. Estudou, aperfeiçoou suas técnicas e decidiu que era hora de empreender, criando então a oficina Minnemann Surf Boards. Ao longo desses anos, esbarrou nas dificuldades que a falta de formalização do empreendimento acarretava. Pela televisão conheceu o programa Empreen-

dedor Individual e encontrou a chance de aprimorar em vários aspectos o seu pequeno negócio. “Registrei a Minnemann sem taxas ou custos, tive redução da carga tributária, assessoria contábil gratuita, cobertura previdenciária e possibilidade de contratar um funcionário.” Para o programa ficar ainda melhor, ele acredita que poderia ser oferecida uma linha de crédito especial com juros mais baixos. “Além disso, os cursos de capacitação e gestão empresarial do Sebrae poderiam ser pagos pelo governo”, sugere. Atualmente, a oficina conta, em média, com 50 clientes, a maioria composta por jovens universitários e surfistas mais experientes. O tipo de prancha, de onda a ser surfada, os gostos pessoais e experiências são levados em consideração no momento do pedido. O trabalho de Paulo requer paciência, cuidado, atenção, habilidade e muito jeito. Aos poucos, suas mãos transformam longarina de madeira, blocos de espumas de poliuretano, resina e tintas em pranchas de diversos tamanhos, modelos e cores. Seus planos vão ainda mais longe. O empresário, que também é estudante de Publicidade, está no processo de montar um showroom e reestruturar a pequena oficina de pranchas para poder receber novos simpatizantes do esporte. “Pretendo me formar em 2014 e acredito que

Paulo começou a fazer suas próprias pranchas, e o bom resultado atraiu interessados capacitação nunca é demais. A faculdade tem aberto minha mente e contribuído bastante para o desenvolvimento e solidificação da minha marca. Com uma boa assessoria e estratégia publicitária, é possível dar passos mais seguros”, enfatiza. Mesmo estudando pela parte da manhã e trabalhando como empresário no restante do dia, Paulo sempre arranja um tempo, geralmente ao meio-dia, para fazer o que mais gosta: estar no mar. Sonhando em se tornar uma referência na fabricação de pranchas shapeadas, ele relembra o


marco polo

Paulo Roberto Alves Minnemann Idade: 30 anos Data de formalização: 2 de agosto de 2010 Ramo: Fabricação de pranchas de surfe Conta com funcionário? Não Pretende virar microempresa? Sim

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primeiro conserto que fez, com apenas 11 anos de idade. Para juntar dois pedaços de uma prancha que havia se quebrado, contou com muita criatividade e improvisação, utilizando palito de churrasco para dar sustentação e cola de sapateiro para o acabamento. “Dá para imaginar o resultado?”, questiona, orgulhando-se do quanto evoluiu ao longo desses anos.

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Reino

Infortúnio do desemprego levou Pedro a apostar em um negócio próprio, e depois de legalizado como empreendedor individual seus produtos já ganham mercados da cidade por Mônica Pupo

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Pedro Felipe dos Santos aprendeu a fabricar sabão através de uma amiga do interior de São Paulo. Mas foi só quando ficou desempregado que o então servente de pedreiro percebeu o potencial por trás dessa habilidade. Com apenas R$ 20 e uma receita de sabão caseiro em mãos, ele deu início ao negócio que mudou sua vida, transformando-o em nada menos que o “Rei do Sabão”, apelido pelo qual é conhecido na região de Maceió. Após atuar por nove anos na informalidade, ele cadastrou-se como empreendedor individual (EI) em 2009 e hoje fornece sabão para aproximadamente 40 mercadinhos da cidade. O espírito empreendedor sempre esteve presente na vida do alagoano. No tempo em que era ajudante de pedreiro, por exemplo, a esposa – e hoje sócia, Dayse – costumava preparar bolo para que o marido levasse de lanche. Em pouco tempo, o quitute ganhou fama entre os trabalhadores da obra e passou a complementar a renda da família. Com o fim da obra, Pedro de repente se viu desempregado e Dayse perdeu a renda extra, que fazia diferença na qualidade de vida

da família, formada pela esposa e três filhas. O infortúnio levou o casal a se unir em torno de um objetivo comum: abrir o próprio negócio. “Chegamos à conclusão de que não trabalharíamos para mais ninguém e, dali para frente, seríamos nossos próprios patrões”, conta o empreendedor, que não chegou a completar os estudos na infância porque precisava ajudar a sustentar os irmãos mais novos. Após fazer algumas adaptações na receita original, Pedro chegou à fórmula do sabão, batizado de “Sabão América” em homenagem ao Conjunto Parque das Américas, onde estão localizados os mercadinhos e mercearias que revendem sua produção desde a época da informalidade. No início, ele saía de bicicleta, com um garrafão de 50 litros na garupa, percorrendo hotéis, bares e restaurantes de Maceió em busca do óleo de cozinha utilizado como matéria-prima. “Saía de manhã e só voltava no fim da tarde. Despejava o óleo num latão, misturava com soda cáustica, essência e bicarbonato, e misturava até atingir a consistência necessária para o corte das barras”, explica o empresário. Para divulgar a marca, o casal optou pela


SEBRAE/AL

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EspĂ­rito empreendedor: quando ainda era ajudante de pedreiro, Pedro levava os bolos de sua esposa, Dayse, para vender na obra

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sebrae/al

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“Perdi muito cliente por não ter CNPJ e nem capacidade de emitir nota fiscal”

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estratégia do preço baixo: as primeiras unidades, em 2001, eram comercializadas a R$ 0,25. Deu certo. Aos poucos, as barras de sabão fabricadas artesanalmente caíram no gosto da clientela. “Vender mais barato que todo mundo era a única forma de lançar o produto no mercado sem recursos para investir em propaganda”, diz Pedro. Nos tempos da informalidade, a distribuição do produto ficava praticamente restrita às vendas diretas de porta em porta. “Perdi muito cliente nessa época por não ter CNPJ e nem capacidade de emitir nota fiscal”, relembra o empreendedor, referindo-se à dificuldade inicial para conquistar lugar nas prateleiras das redes de supermercados locais. Com a ajuda do Sebrae/AL e o cadastro como EI, há dois anos Pedro finalmente conseguiu dar sequência à expansão do negócio – que não para de crescer. Atualmente, ele e a mulher produzem algo em torno de 300 caixas de sabão por mês, vendidas por R$ 19 cada. Segundo o empresário, é possível lucrar algo em torno de R$ 4 por unidade, o que equivale ao rendimento médio mensal de R$ 1,2 mil. Além do sabão em barra, o empresário agora fabrica a versão líquida. A produção abastece cerca de 40 mercearias e armazéns da região de Benedito Bentes, um dos maiores bairros da capital alagoana. De tão emblemática, a história de Pedro foi escolhida para integrar a campanha institucional do Sebrae, que destaca histórias de empreendedores de sucesso. Como homenagem, o empresário teve sua história cantada pelo rapper Gabriel O Pensador. “Daqui para frente meu objetivo é crescer cada vez mais, aumentando a produção e investindo em novas contratações, além de mais produtos”, diz Pedro, que pretende iniciar em breve a fabricação de sabonetes e sabão líquido para uso em máquinas de lavar.

Pedro Felipe dos Santos Idade: 34 anos Ano de formalização: 2009 Ramo: Fabricação de sabão Conta com funcionário? Não


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O céu é o

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A oferta de alimentos mais saudáveis e elaborados acompanhados por criativas sacadas de marketing foram as apostas feitas pelo vendedor ambulante Raphael Krás para se diferenciar da concorrência e conquistar o público frequentador das praias cariocas. Passados quase seis anos do início dessa empreitada, que começou despretensiosamente como uma forma de ganhar dinheiro rápido para passar férias na Bahia, o microempresário Raphael responde agora pelo Hareburger, uma espécie de fast-food vegetariano localizado no Bairro do Arpoador, no Rio de Janeiro. Guiado pela tríade alegria, saúde e sabor, o Hareburger vende cerca de 200 sanduíches por dia e cativa a juventude carioca. Raphael conta que frequentava a praia de Ipanema e tinha acabado de se tornar vegetariano. Percebendo que os lanches vendidos na praia eram repetitivos, não muito elaborados e sem opções para vegetarianos, tentou descobrir o que seria ideal para conquistar esse público. Pensou então em um sanduíche de soja melhor preparado, que pudesse agradar a quase todos os públicos. Assim nasceu, nas palavras de Raphael, “o sanduíche intergaláctico que veio dos confins das galáxias para as terras cariocas”. Tomates psicodélicos, queijo da lua jupteriana, mostarda transcendental, molho vulcânico secreto de Marte e bebidas como suco de laranja com filamentos de luz solar, mate em ondas de refrescância cosmonáutica e água venusiana completavam algumas das opções do cardápio. Essa maneira inusitada de anunciar os produtos, segundo Raphael, foi com o propósito de aumentar a aceitação do público que come carne, utilizando um marketing divertido. “As ideias para as denominações diferentes dos alimentos surgiram como uma forma de criar um universo próprio em torno do Hareburger e assim colocá-lo em um patamar diferenciado: um conceito único e forte em uma identidade muito particular”, explica. Ele diz que acha Hareburger um nome que soa muito bem, pois é divertido, sonoro e traz consigo a atmosfera que traduz o negócio: alegria, saúde e sabor. Como uma espécie de valores que se tornam a alma do Hareburger. “Uma tríade que acho importantíssima e indispensável para a empresa”, justifica Raphael. A caminhada entre a condição de vendedor informal até se tornar um microempresário foi tranquila, sem pressa. “Mas nunca deixando de dar o próximo passo”, diz Raphael. Com a ajuda de

Produtos diferenciados e marketing inusitado transformaram uma empreitada despretensiosa em microempresa de fastfood vegetariano por Raquel Rezende raquel@empreendedor.com.br


marcos pinto

Raphael Krás

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Idade: 25 anos Data de formalização: Julho de 2011 Ramo: Lanchonete Conta com funcionário? Sim Data da alteração para ME: 6 de outubro de 2011 Número de funcionários: 7 Optante do Simples? Sim

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Com um plano de negócios nas mãos, Raphael conquistou investidores para abrir a primeira loja um design, ele elaborou a marca, criou camisetas do Hareburger e foi o pioneiro em ter cartão fidelidade na praia, cardápios e opção de pagamento em crédito e débito. Apesar de todo esse empenho, Raphael percebeu que corria o risco de nunca sair das areias da praia. “Sempre existe a possibilidade de dar tudo errado ou simplesmente não acontecer por falta de iniciativa”, avalia. Foi então que começou a se aprofundar na gestão e planejamento de seu próprio negócio, buscando informação e conhecimento no Sebrae – fez cursos de empreendedorismo e montagem de plano de negócios. Com o documento nas mãos, conquistou o apoio financeiro do administrador João Camargo e da chef Adriana Fernandes que se uniram a Raphael para fundar a primeira loja do Hareburger.

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Segredo do sucesso

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O criador do Hareburger diz que sempre foi movido por muito entusiasmo pelo negócio. “Minha paixão é lidar com o público, trabalhar com o branding do Hareburger, pensando novas maneiras mais incríveis de posicionar a marca a cada instante. São fatores que fazem a diferença”, afirma. Para Raphael, o segredo do sucesso

está em acreditar nas ideias, sonhos e na força interior que cada um tem. “E se nós acreditamos, todos vão acreditar. Se somos capazes de iniciativa, de não desanimar na primeira dificuldade, vamos adquirindo uma força especial e as coisas vão acontecendo gradualmente como se fosse um organismo vivo”, reflete. Ter coragem de lidar com situações desconhecidas e difíceis, conhecer e aceitar as próprias dificuldades, estar de frente com as próprias limitações, resolver os problemas e descobrir novas soluções são fatores que, na visão de Raphael, ajudam na condução de qualquer empresa. “A força de vontade, a paixão, o foco, a iniciativa, criatividade e objetividade, vejo como elementos importantíssimos na vida de um negócio”, destaca Raphael. E toda essa idealização teórica pode ser comprovada na prática através dos números apresentados pelo Hareburger. A força de trabalho, que contava somente com Raphael e os dois sócios na abertura do ponto de venda, mais que triplicou, passando a ser dez pessoas, tamanho foi o sucesso do fast-food. “A média de vendas de 200 sanduíches por dia deve triplicar neste verão”, calcula Raphael. De acordo com ele, o público que era essencialmente jovem, hoje se estendeu para todas as idades. E por conta do clima divertido do

Hareburger, as crianças também são atraídas e adoram as novas opções de molho como o catchup natural de tomate seco. O foco da empresa está agora em aperfeiçoar todos os processos operacionais da loja, devido ao aumento das vendas que está exigindo uma atitude cada vez mais profissional. E os planos para o futuro incluem a ideia de trazer ao Brasil o conceito “Pop Up Store” com trailers do Hareburger espalhados pela cidade ou através de empreendedores individuais que literalmente carregam a loja nas costas. “Ao invés de vendedores ambulantes do Hareburger, eles serão empreendedores individuais trabalhando na legalidade, como uma microfranquia do Hareburger. E poderão vender o Hareburger nas praias ou nas ruas como uma loja móvel”, explica Raphael. Os Hareburgers poderão ser pedidos também por um aplicativo no iPhone e as pessoas cadastradas no sistema do Hareburger receberão notificações nos celulares, informando que a loja está passando por perto. Abrir uma fábrica de Hareburger, novas filiais no Rio de Janeiro e estudar a criação de um modelo de franquias do Hareburger também integram alguns dos projetos para o futuro. “E para não perder o costume, talvez abrir uma loja conceito do Hareburger na Lua”, brinca Raphael.


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Doce

empreitada


Uma brincadeira transformou-se em um negócio de sucesso, impulsionado pelas vantagens da formalização como EI e a mão cheia da quituteira por Beatrice Gonçalves

Rosany da Costa Ortiz Idade: 28 anos Data de formalização: Março de 2011 Ramo: Doces Conta com um funcionário? Sim Pretende virar uma microempresa? Sim

Quando a turismóloga Rosany Ortiz perdeu o emprego, ela estava decidida a estudar para concursos. Mas durante o tempo em que ficou se preparando para as provas ela mudou de ideia. Na cozinha de casa Rosany descobriu uma nova oportunidade de trabalho, algo que nunca tinha imaginado antes: fazer brigadeiros. Tudo começou como uma brincadeira para agradar ao marido, que adora chocolate, e para que ela se mantivesse animada enquanto estudava. Porém, com o tempo o hobby se transformou em negócio. Hoje Rosany é proprietária da Doce Brigadeiro em Cuiabá, é microempreendedora individual e produz brigadeiro com pequi que foi considerado um dos melhores doces do Brasil. Rosany conta que a ideia de abrir o negócio surgiu em uma reunião de família, quando levou alguns brigadeiros enrolados em granulados coloridos e em confeitos de chocolate. Os doces foram colocados em caixas e ela deu de presente para quem estava no almoço. “Todos adoraram e começaram a fazer propaganda dos meus doces. Em pouco tempo eu estava recebendo pedidos por telefone.” Além de fazer brigadeiro sob encomenda, Rosany resolveu sair para vender os doces. Ela nunca tinha trabalhado com vendas, mas não teve receio de bater de porta em porta e oferecer seus brigadeiros. “Comecei a vender para os funcionários de empresas próximas à minha casa. Hoje tenho uma lista de 70 empresas que eu visito por semana para oferecer meus doces.” Rosany começou a vender os brigadeiros em outubro do ano passado e cinco meses depois resolveu formalizar o negócio. Em março de 2011 ela se cadastrou no Portal do Empreendedor. “Eu não pagava a Previdência Social e ficava preocupada. Se eu engravidasse não ia ter direito a licença maternidade, ou se me machucasse ficaria parada sem receber o auxílio doença. Quando vi que ao me cadastrar como microempreendedora individual eu teria acesso a esses benefícios, não tive dúvidas. Decidi me tornar microempreendedora.” Com CNPJ, Rosany abriu conta como pessoa jurídica no banco, conseguiu crédito para ampliar seu negócio e passou a aceitar cartão de crédito como forma de pagamento. A Doce Brigadeiro cresceu e ela precisou contratar uma funcionária para ajudá-la a fazer os brigadeiros. “Eu e minha auxiliar produzimos agora cerca de 1 mil brigadeiros por semana. Com a ajuda dela consigo me dedicar mais às vendas dos produtos e tenho mais tempo também para criar novos sabores.” Além do brigadeiro tradicional, Rosany criou outros 30 sabores. Ela faz brigadeiro de prestígio, cocada, menta, gergelim, farofa de banana e até mesmo de guaraná ralado. Uma de suas criações, o brigadeiro de pequi, foi escolhido entre os melhores doces do

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Rosany procura unir culinária à cultura de Mato Grosso

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Brasil em uma premiação organizada pelo chef Edu Guedes. Além de leite condensado e chocolate, a fruta típica do cerrado brasileiro traz um leve sabor cítrico ao brigadeiro. “Foi muito bom ter participado do prêmio porque isso me deu visibilidade. Hoje quando vou vender meus doces já digo que é um dos melhores do Brasil.” Outro diferencial do trabalho de Rosany é que ela tem associado o brigadeiro aos produtos e símbolos culturais matogrossenses. O cliente pode escolher, por exemplo, que seus doces venham em uma embalagem que é uma miniatura de viola, instrumento tradicional de Cuiabá. “Na Doce Brigadeiro eu quis unir meus dois trabalhos: o de turismóloga ao de

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“Não é fácil empreender, mas vale a pena. É preciso trabalhar muito, e o resultado compensa”

empreendedora. Minha proposta é que o brigadeiro que produzo tenha o toque da culinária e da cultura de Mato Grosso.” Rosany apresentou seus brigadeiros na Feira do Empreendedor deste ano em Cuiabá. O estande estava entre os mais procurados no evento. Rosany conta que além de saborear os brigadeiros, quem passava pela feira queria também conversar, entender como funciona a categoria de microempreendedor individual e saber sobre as vantagens de se inscrever. “Não é fácil empreender, mas vale a pena. É preciso gostar do que se faz e trabalhar muito, e o resultado compensa.” Rosany vive hoje do que vende e não se arrepende de ter deixado para trás a vida de turismóloga. Ela conta que chega a ganhar R$ 5 mil por mês, um valor muito mais alto do que recebia quando trabalhava no setor de turismo como funcionária de

uma empresa. Antes de abrir a Doce Brigadeiro, Rosany nunca tinha feito curso de culinária ou mesmo de empreendedorismo, mas com o crescimento da empresa ela sentiu a necessidade de se especializar. Hoje faz cursos presenciais e on-line de gestão e empreendedorismo organizados pelo Sebrae. “Estou aprendendo a fazer análise de mercado e a controlar melhor meu faturamento. Tenho interesse em transformar a Doce Brigadeiro em uma microempresa. A proposta é que o negócio vire um café especializado na venda de produtos feitos com brigadeiro como bolos e doces. Mas, antes de fazer isso, estou vendo se é viável e se há mercado.” Assim como Rosany, cerca de 8 mil empreendedores de Cuiabá também resolveram aderir à categoria de microempreendedor individual. Mais de 700 pessoas são cabeleireiros e outros 1 mil empreendedores se dedicam à atividade do varejo e comércio de roupas e acessórios. A maior parte desses empreendedores é de homens entre 21 e 40 anos.


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Hobby profissional


por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br

Scyla Maria de Paiva Oliveira Idade: 41 anos Ano de formalização: Fevereiro de 2010 Ramo: Artesanato, artigos e enxovais para bebês Conta com funcionário? Sim, 1

Advogada por formação, a roraimense Scyla Maria de Paiva Oliveira sempre se destacou pelas habilidades manuais. Entre suas especialidades estão o patchwork e o fuxico, transformados em acessórios e artigos de decoração que costumava vender para os amigos e colegas da repartição em que trabalha. Aos poucos, com o aumento das encomendas, Scyla percebeu que seu hobby poderia se transformar em um bom negócio. Após se cadastrar como empreendedora individual (EI), em fevereiro de 2010, ela lançou oficialmente sua marca – a Scyla for Babies – e hoje comemora o reconhecimento no comércio local e a conquista diária de novos clientes. “Tudo começou como lazer. Lembro que às vezes chegava cansada em casa e me ocupava em fazer acessórios e decorações para recém-nascidos. E logo surgiu a vontade de montar um negócio para gerar renda e, ao mesmo tempo, me realizar como empresária”, relata a advogada, que reveza a gestão da empresa com o trabalho na Procuradoria Geral do Estado de Roraima. Depois de dois anos, quando viu o número de encomendas disparar, ela se deu conta da demanda reprimida que existia na região. “Antes de optar definitivamente por esse segmento, fiz uma análise de mercado e percebi que havia uma grande lacuna no varejo de enxoval de bebê em Boa Vista (RR), com pouquíssimas lojas especializadas na praça”, ressalta. Com o auxílio do Sebrae/ RR, ela deu entrada na papelada necessária para se formalizar como EI e providenciou a montagem do ponto de venda, instalado em um espaço anexo à casa de seus pais, na região central da cidade. A criação da identidade visual veio na sequência, ao mesmo tempo em que surgiu a oportunidade de comprar uma máquina de bordar. “Precisei investir no equipamento para aumentar a produção e suprir a demanda que começou a crescer gradualmente após a abertura da loja”, relembra Scyla, que atualmente conta com o

auxílio de um funcionário responsável pelo atendimento e serviços gerais. Com a inauguração do ponto de venda, em maio de 2010, o mix de produtos – composto por 90% de itens de fabricação própria – precisou ser ampliado, com destaque para colchas e acessórios em patchwork, flores em fuxico, decoração, enxoval completo para recém-nascidos e lembrancinhas para batizados e aniversários infantis. Entre as vantagens da formalização, Scyla destaca a maior visibilidade do seu trabalho, antes restrito ao círculo pessoal de amizades da empresária. “A informalidade acaba fazendo com que você trabalhe no anonimato, pois o ciclo de venda é muito curto e limitado. Com a abertura de uma loja para expor os trabalhos, passei a atingir um público bem maior, além de manter os clientes de antes.” Outros benefícios apontados pela empreendedora incluem a obtenção de CNPJ, recolhimento do INSS e facilidades na negociação com fornecedores. “Tudo muda a partir do momento em que se tem um CNPJ em mãos, aumentando até mesmo possibilidades de descontos e condições de pagamento diferenciadas junto aos fornecedores”, completa. Por outro lado, Scyla lamenta a falta de linhas de crédito específicas para os EIs. “De tudo o que foi projetado pelo governo federal, essa é a única parte do programa Empreendedor Individual que não funciona, já que não existem parcerias com bancos no sentido de fazer uma previsão orçamentária mínima mais digna para a categoria”, aponta a empresária, que ainda tem na advocacia sua maior fonte de renda. “Para se ter uma noção de como isso pode ser absurdo, o Banco do Brasil me ofereceu crédito máximo no valor de R$ 1 mil”, critica. Planejando crescer cada vez mais, até o fim de 2012 Scyla pretende migrar para o patamar de microempresa, incluindo ampliações gerais na loja e mix de produtos, além de novas contratações. “Desde que houve a formalização, a marca só tem crescido, então é natural que ocorra essa mudança de categoria mais cedo ou mais tarde.”

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Registrar-se como EI permitiu a advogada explorar todo o potencial comercial de sua atividade criativa de lazer

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negócio Estouro de por Raquel Rezende

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Treze anos de espera por uma concessão pública para ter o direito de vender pipoca, embalados por muita esperança e persistência, fizeram o pipoqueiro Valdir Novaki começar com muita segurança em seu novo ofício, perseguindo o objetivo de se tornar o melhor pipoqueiro do Brasil. E para se destacar no meio de 78 pipoqueiros que circulam pelo Centro de Curitiba, Valdir resolveu inovar e desmentir o conceito de que comida vendida na rua por ambulantes não tem qualidade. Hoje, com uma clientela fixa, a Pipoca do Valdir se tornou conhecida e apreciada. E Valdir é convidado para dar palestras de empreendedorismo, inovação e motivação para diferentes empresários. Tudo começou quando Valdir foi trabalhar em uma banca de jornal que ficava na Praça Tiradentes, no Centro da capital do Paraná. Na atividade diária Valdir ficava observando os camelôs e ambulantes, percebendo que poderia aumentar seus ganhos muito mais se também tivesse o próprio negócio. Pensando assim, inscreveu-se na prefeitura de Curitiba, em 1992, solicitando uma concessão para atuar como pipoqueiro. A liberação do poder público só veio em agosto de 2006. A partir daí, Valdir só teve que aguardar mais 30 dias para o carrinho de pipocas ficar pronto, conforme o padrão especificado pela prefeitura. Nesse período, Valdir buscou conhecer o trabalho dos seus futuros concorrentes, desde o atendimento, qualidade dos produtos até a higiene. “Comprava pipoca e analisava a forma como a pessoa atendia, a manipulação dos alimentos, a vestimenta, higiene pessoal e do carrinho, e fiz o oposto deles para me destacar. Quis mudar o conceito de que um ambulante que trabalha na rua não tem qualidade”, afirma Valdir. E ao longo de cinco anos atuando como pipoqueiro Valdir não só mudou o conceito como conseguiu construir a marca “Pipoca do Valdir” através de diversos diferenciais: ao comprar pipoca o cliente ganha um kit higiene com guardanapo, bala de menta e sachê personalizado com fio dental, cartão fidelidade com um pacote grátis a

Pipoqueiro destacou-se entre os ambulantes ao construir a marca Pipoca do Valdir, e hoje ensina pequenos e grandes empresários a inovar em suas atividades


Valdir Novaki

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Idade: 37 anos Data de formalização: Abril de 2011 Ramo: Pipoqueiro Conta com funcionário? Não Pretende virar microempresa? Sim

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rodolfo buhrer

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“Independente do que a pessoa for comprar, ela gosta de ser bem atendida” cada cinco compras, cartão de promoção no valor de R$ 25 com 12 vales-pipoca. Além disso, acrescenta Valdir, os produtos utilizados no preparo da pipoca são de excelente qualidade. Valdir e a esposa, que trabalha com ele, sempre estão uniformizados, e para garantir que os clientes percebam que o uniforme é trocado todo dia, um bordado na roupa indica os dias da semana. Mas, mesmo assim, com todos esses cuidados, o sucesso não aconteceria se o atendimento não fosse bom, pensa Valdir. “Independente do que a pessoa for comprar, ela gosta de ser bem atendida, por isso sempre recebemos os clientes com um sorriso”, conta. Para melhorar ainda mais o negócio, Valdir se tornou um empreendedor individual em abril deste ano. A formalização trouxe para ele um CNPJ e, com isso, a possibilidade de contratar funcionário, comprar mercadorias em grande escala com prazo de pagamento mais longo e preço mais acessível e, também, a chance de pagar o INSS para uma futura aposentadoria. O caminho percorrido por Valdir até aqui foi árduo, mas ele acredita que o sucesso do negócio aconteceu porque faz realmente o que gosta. “Me sinto um vencedor, mas se eu não for trabalhar todos os dias, a fama de pipoqueiro não vai me trazer dinheiro.”

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Cedo no batente

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Entretanto, medo do trabalho é o que Valdir menos tem. Nascido no interior do Paraná, em São Mateus do Sul, Valdir Novaki era filho de uma família numerosa e trabalhava na roça desde cedo. Quando completou 18 anos foi para Curitiba e atuou como lavador e manobrista de carros. E no período longo em que esperou para começar a realizar seu sonho

Valdir é uma prova que ambulante pode ter qualidade de ser pipoqueiro, fez diversos trabalhos para sobreviver. O ofício de pipoqueiro não diminuiu o ritmo de trabalho, pelo contrário, aumentou. “Muita gente pensa que ter um negócio próprio é fazer o próprio horário e ficar mais livre, mas é puro engano, pois a responsabilidade é bem maior”, relata Valdir. Com uma carga horária de 14 horas por dia, sua rotina começa às 6h30 com a higienização do carrinho, depois às 11h30 ele já está posicionado em uma esquina no Centro de Curitiba, ao lado da Catedral, onde o trabalho segue e só termina às 21h, quando ele chega em casa. Valdir diz que todos têm um potencial para se desenvolver e, no caso dele, o atendimento especial aos clientes que vão comprar seu produto e o amor pela profissão são suas virtudes. Para ter sucesso nos projetos de vida, Valdir aconselha

a não acreditar em pessoas pessimistas. “Não comentava nada com ninguém sobre meus projetos, para não ficar ouvindo pessoas pessimistas.” E bem longe do pessimismo Valdir persegue o sonho de ser o melhor pipoqueiro do Brasil. Por suas inovações, ele é convidado a dar palestras sobre motivação para diversos empresários. “Nesses encontros conto como consegui buscar ideias para inovar, pois existem empresários com uma loja que não sabem como fazer para melhorar o negócio e eu com um carrinho de pipoca consegui fazer meu trabalho evoluir”, diz. Agora os planos para o futuro desse empreendedor estão focados em franquear a marca Pipoca do Valdir. Mas isso é mais para o futuro mesmo, pois o pipoqueiro revela que ainda está em lua-de-mel com o seu carrinho de pipoca.


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Multimarcas ecológica

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Lançada há dois anos, a Container Ecology Store é considerada a única rede de franquias em contêiner no mundo. Desenvolvida com base no conceito de loja ecológica, a empresa utiliza contêineres reciclados com mais de 20 anos de uso, além de outros materiais como araras feitas de corrimão de ônibus e deques de casca de arroz. A mais nova unidade foi lançada em novembro na cidade de Florianópolis.

A loja multimarcas oferece coleções de grifes renomadas como Triton, Lacoste, Afghan, Fórum e Indaiá. A empresa também é a única franqueadora oficial da Coca-Cola Clothing no Brasil. “Nós criamos um conceito inovador de butique ecológica que alia modernidade, sustentabilidade, baixo custo operacional e retorno imediato”, afirma André Krai, diretor da empresa. A Container Ecology Store oferece

franquias a partir de R$ 79 mil, com taxa de franquia zero, royalties fixos por mês e retorno estimado entre 12 e 24 meses. Além das lojas, a empresa lançou o projeto de “hotéis express” que também serão construídos a partir de contêineres e de outros materiais ecologicamente corretos como a estrutura de metal reciclada, paredes revestidas com compensados de resto de madeiras, aproveitamento de luz solar e da água da chuva. www.lojacontainer.com.br


Tudo em bordados Rede de franquias pioneira no mercado de bordados do País, a Companhia do Bordado oferece serviços como personalização de produtos, incluindo bonés, toalhas, camisas e uniformes, entre outros. A marca é voltada para todos os públicos, mas concentra seu foco na classe C, além de atender o varejo em geral e o público corporativo. Os bordados computadorizados produzidos pela marca garantem mais qualidade e precisão. A empresa tem forte atuação no segmento B2B, com ênfase em eventos comemorativos, brindes e datas especiais. No mercado desde 1996, a Companhia do Bordado – que tem sede em São Paulo – aderiu ao franchising há cinco anos. Atualmente conta com 23 unidades nos estados de São Paulo, Bahia e Sergipe. Até o final de 2012 a expectativa é dobrar o número de unidades – entre quiosques e lojas –, totalizando 50 pontos de venda em todo o País. O custo para instalação de uma franquia é de R$ 79 mil, previsto para retornar em, no máximo, 21 meses. www.cdbm.com.br

Após inaugurar quatro franquias em 2011, a rede All Net Informática e Idiomas está em busca de novos empreendedores para integrar a empresa, que se destaca pelo uso de recursos audiovisuais em salas de aula. Outros diferenciais da marca incluem suporte constante aos parceiros e uma central de apoio exclusiva. O objetivo é otimizar o trabalho, permitindo que os franqueados dediquem-se integralmente à gestão de suas escolas. “Os resultados de cada unidade são analisados mensalmente em reuniões na matriz. Nelas são planejadas novas estratégias para aumentar a produtividade do grupo, como novos métodos de aprendizagem, aprimoramento e aplicação do material”, afirma Ielma Rizzi Padrão, diretora da rede. Para os alunos, a empresa oferece classificação de desempenho com base no CEF (documento utilizado para analisar o desempenho dos aprendizes de línguas estrangeiras na Europa), facilitando a obtenção de certificações internacionais. Não é necessário ser professor ou pedagogo para aderir ao negócio, mas é preciso ser dinâmico e ter afinidade com o segmento de educação. As regiões de maior interesse para abertura de unidades concentram-se em São Paulo (interior e capital). O investimento inicial varia entre R$ 170 mil e R$ 300 mil, com retorno estimado em 28 meses. www.grupoallnet.com.br

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Foco em São Paulo

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Expansão turbinada

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Grife de moda masculina com 13 anos de atuação no mercado de São Paulo e Rio de Janeiro, a Enzo Toscani lança seu projeto de franquia com o objetivo de turbinar a expansão da rede, que atualmente possui 12 lojas próprias em operação. A expectativa é dobrar o número total de unidades nos próximos três anos, expandindo para outras cidades como Brasília, Curitiba e Porto Alegre. O projeto já teve início com a abertura de duas franquias – uma em São Paulo, no Shopping Aricanduva, e outra no Shopping Jardim Guadalupe, no Rio de Janeiro. Para dar esse passo, a marca adequou todo o sistema de automação comercial para facilitar a comunicação com os franqueados. Os processos internos foram padronizados e um manual de franquia também foi desenvolvido para informar e ensinar aos novos integrantes da rede sobre o posicionamento e apresentação da marca, produtos, controle de estoque e atendimento. O investimento inicial para instalação da loja gira em torno de R$ 160 mil a R$ 254 mil, incluindo taxa de franquia e capital de giro, com retorno esperado entre 18 e 36 meses. www.enzotoscani.com.br


Alimentação saudável

Conforto é prioridade Especializada no comércio de calçados, bolsas e acessórios femininos, a Zita Lehner acaba de se lançar no mercado de franquias com o objetivo de expandir a marca por todo o Brasil. Com quatro lojas em operação, a rede inaugurou em novembro a primeira unidade franqueada, localizada na cidade de São Caetano, zona metropolitana de São Paulo. Cidades com mais de 120 mil habitantes estão no alvo da franqueadora. Presente no Brasil há sete anos, a marca teve origem na Áustria. A austríaca Zita Lehner era uma designer de moda muito talentosa, que tinha seus modelos comercializados em várias lojas europeias. A empresa que desenvolve os produtos no Brasil está localizada em Ribeirão Preto (SP), onde fica a sede, incluindo as áreas de franquias, produto, criação, marketing, compras, logística e financeira.

Segundo o franqueador Roberson Destro, a marca tem como diferenciais o variado mix de produtos e a alta qualidade na produção, aliando tecnologia com toques artesanais, sempre priorizando o conforto das peças. “Outro destaque das lojas é a Linha Festa: durante todo o ano disponibilizamos sapatos, bolsas e carteiras para casamentos, formaturas e festas em geral. Nem sempre é fácil encontrar estes itens nas lojas de calçados”, reforça. Inicialmente a rede pretende abrir lojas em shoppings de todo o País, com metragens que variam entre 40 e 80 metros quadrados. O investimento médio inicial, sem a taxa de franquia – no valor de R$ 40 mil –, é de R$ 3 mil a R$ 4,5 mil por metro quadrado. O franqueado também precisa ter em mãos de R$ 60 mil a R$ 80 mil em capital de giro. www.zitalehner.com.br

Soluções para negócios Lançada em novembro, a Studio Business Store é considerada o primeiro shopping brasileiro de franquias e alianças voltado exclusivamente para o mercado tributário, financeiro e jurídico. Três redes de franquias já estão à disposição dos empreendedores: Studio Fiscal, Studio Law e Studio Brokers. Com sede em Porto Alegre, a rede já conta com mais de 60 franqueados e associados em todo o território nacional, sendo que estas franquias e alianças atendem mais de 600 empresas no Brasil. A Studio Fiscal oferece soluções voltadas para consultoria empresarial a partir de auditoria fiscal e planejamento tributário. Já a Studio Law busca oportunidades tributárias com diagnóstico, gestão e interpretação dos cenários econômicos, atuando também na modernização da gestão tributária municipal. Enquanto isso, a Studio Brokers atua na intermediação do processo de compra e venda de companhias através da análise da situação tributária e societária, com meta de facilitar as negociações entre corporações, governo e investidores. Os formatos de negócios são elaborados no sistema de franquias e alianças para escritórios de advocacia, contabilidade e investidores em geral. A partir daí, estas empresas são treinadas e habilitadas a oferecer os serviços com know-how específico para grandes corporações no comércio, indústria e serviço.

www.sbstore.com.br

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O Mixirica, rede de fast-food de alimentação equilibrada que oferece sucos, saladas, pizzas, sanduíches e saladas de frutas, lançou duas novidades no mercado. Após realizar um estudo com pessoas interessadas em investir em franquias, a rede identificou o aumento na procura por marcas que demandam baixo valor de investimento. Pensando nisso, a empresa formatou modelos mais enxutos, e, além da franquia convencional, agora oferece o Mixirica Express, que pode ser montado em pequenos espaços de shoppings e ruas, e o Quiosque Mixirica, direcionado a corredores de galerias e centros comerciais. Ambos possuem valores mais acessíveis em razão do menor espaço e do mix de produtos reduzido, com investimento inicial de R$ 90 mil – incluindo taxa de franquia – e retorno previsto em 24 meses. www.mixiricafranquias.com.br

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PRODUTOS E S E RVIÇOS

Mistura de sons

Rebanho no celular O SmartBeck é um aplicativo para celulares desenvolvido pela Beckhauser para atender o mercado pecuário brasileiro. Pelo sistema, o produtor tem acesso a notícias do setor e aos preços atualizados da arroba do boi e do bezerro nas principais praças do País e do mercado futuro. O aplicativo tem ainda uma série de vídeos e dicas para auxiliar o produtor a adotar boas práticas de manejo em sua propriedade. Além desse sistema, a Beckhauser está desenvolvendo a versão mobile do gerenciador de rebanhos que acompanha a balança idBECK 3.0, uma ferramenta que possibilitará ao produtor ter no iPhone, via SmartBeck, os dados estatísticos das pesagens do seu rebanho. Para baixar gratuitamente o SmartBeck é só acessar o site da empresa. www.beckhauser.com.br

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Iluminação externa

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A nova linha de iluminação externa LED Evolve da GE é indicada para iluminação pública de parques e túneis. Além da significativa economia de energia, os sistemas GE LED geram uma luz direcional que ilumina apenas o necessário, reduzindo o desperdício e a poluição luminosa. A luz gerada pelas lâmpadas LED é branca, com um CRI elevado (índice de reprodução de cor), alcançando um melhor reconhecimento facial, característica fundamental para um ótimo desempenho das câmeras de vigilância e melhor visibilidade para os motoristas e pedestres. As luminárias LED oferecem vida útil de até 50 mil horas ou mais de 11 anos de vida, considerando um uso de 12 horas diárias. www.geiluminacao.com

A Harman traz para o Brasil os consoles digitais da Soundcraft modelos Si Compact 24 (com 40 canais totais de mixagem) e o modelo Si Compact 32 (40 canais totais de mixagem). Os dois equipamentos têm entradas estéreo, uma entrada e saída digital AES/EBU, quatro conexões de insert analógicos (send/return), 16 saídas balanceadas XLR e todos os recursos de uma mesa de grande porte. Todas as saídas possuem inversão de polaridade, compressor, equalizador de quatro bandas, delay e equalizador gráfico de 28 bandas. Os modelos têm ainda quatro processadores de efeito estéreo Lexicon, tela touch screen colorida, que facilita o acesso à configuração dos efeitos, escolha de inserts, patch de canais e armazenagem de até 1 mil snapshots (cenas). www.harman.com

Financiamento próprio A Totvs passa a oferecer ao mercado uma linha própria de financiamento voltada a pequenas e médias empresas que poderão financiar softwares e serviços de implantação em até 36 meses, com juros de 1% ao mês. Os interessados precisam preencher uma ficha cadastral, diretamente com a Totvs. Não há valor mínimo nem máximo e se o crédito aprovado for de até R$ 300 mil, o valor pode ser liberado entre 12 e 24 horas após formalizado o pedido. Aprovado o financiamento, a Totvs gera automaticamente o contrato e dá andamento aos projetos de implantação de software na empresa interessada. www.totvs.com


A CH2M Hill lança rede social para promover o reuso de água. Batizada de WaterMatch, a iniciativa pioneira propõe facilitar conexões entre municípios, indústrias e empresas agrícolas ao redor do mundo para que possam atuar em prol da conservação dos recursos hídricos. O site da WaterMatch utiliza recursos de redes sociais e mapas geoespaciais para conectar empresas de tratamento de esgoto e consumidores industriais de água. Uma vez conectados, os usuários poderão utilizar o mapa do WaterMatch para encontrar plantas de tratamento próximas às suas atuais ou futuras unidades e, por meio das ferramentas de rede social disponíveis, entrar em contato com as companhias responsáveis pela operação dessas plantas. A utilização do WaterMatch é gratuita.

www.ch2mhill.com/watermatch

Ultraportátil A HP apresenta o Ultrabook HP Folio 13, uma nova categoria de PCs portáteis. O computador tem 18 milímetros de espessura e pesa menos de dois quilos. Tem bateria com duração de até nove horas e tela de 13 polegadas ultrafina BrightView de alta definição. O HP Folio 13 inclui um teclado com iluminação de fundo, que permite aos usuários móveis trabalhar em condições de baixa luminosidade, e um conjunto completo de portas, incluindo RJ-45 e USB 3.0. O equipamento vem com uma unidade de estado sólido (SSD) com 128 gigabytes de armazenamento e pode ser configurado com uma variedade de sistemas operacionais da família Microsoft Windows 7. O preço sugerido para o produto é de US$ 899,99. www.hp.com.br

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Reuso de água

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SEBRAETEC é tecnologia sob medida para pequenas empresas Sebraetec é um programa de consultoria em tecnologia que oferece estratégias para sua pequena empresa inovar produtos, processos e se tornar mais competitiva no mercado. Um especialista vai à sua empresa e aponta soluções práticas e diferenciadas, de acordo com sua necessidade, e o Sebrae ainda arca com parte dos custos da consultoria.

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Sua empresa cresceu? Acesse agora: www.sebrae.com.br

59 Quem tem conhecimento vai pra frente | 0800 570 0800


empr eendedo r i s m o j á .c o m

ensinamento

Ensine seu filho a empreender

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Este é o caminho para conquistar a verdadeira independência e enfrentar os desafios da vida

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O tempo passou, mas a juventude ainda mora em mim. Ela se expressa como um estado de espírito, no qual prevalecem a curiosidade, a vontade de inovar e a vocação empreendedora. Por isso, gosto de me comunicar com outros jovens, especialmente aqueles que ainda não colecionam muitos aniversários. Em palestras, conferências e reuniões de trabalho, costumo lançar a seguinte indagação aos mais talentosos: – Vocês têm habilidades, conhecimentos e vivem num país que hoje apresenta muitas oportunidades. E, então, querem empreender? Surpreendentemente, a maioria se assusta com a pergunta e, de pronto, rejeita essa possibilidade. Recentemente descobri o porquê. Muitos desses estudantes ou profissionais em início de carreira não têm clara ciência do significado da palavra “empreender”. Nessas ocasiões, costumo expor o conceito: “Empreender é transformar matérias-primas e ideias, gerando assim desejo de consumo, tanto de produtos como de pessoas”. Todas as pessoas de sucesso empreendem. Pode ser na empresa “Eu e eu mesmo”, na “Eu Ltda” ou na “Eu S/A”. De alguma forma, somos todos “companhias”, somos todos empreendedores de nossas vidas. Se ganhamos a vida com o trabalho, vendemos sempre um produto ou um serviço. Uma empresa consolidada nada mais faz do que comprar nossas qualidades individuais, combiná-las com a de outros

profissionais e vender o produto resultante de nosso esforço. Por isso, hoje é tão difundido o conceito de “empreendedor corporativo”, aquele que planeja, cria, inova e valoriza dentro de uma companhia que não é necessariamente a sua. Empreender, hoje, é algo que vai além da constituição de uma organização com fins lucrativos. Empreende quem imagina, estrutura ou lidera uma ação social, e também aquele que reúne esforços e recursos para defender o meio ambiente. Nessas conversas com os jovens, sigo minha explanação tratando de questões associadas à definição do produto, como qualidade de fabricação, embalagem, posicionamento no mercado, comunicação, distribuição, exposição, preço e promoção. Em seguida, mostro que essas questões são invariavelmente aplicadas à construção do sucesso profissional. Precisamos dessa “qualidade de fabricação”, expressa no caráter, na educação e nas habilidades específicas. Precisamos nos “embalar” nas peças de vestuário apropriadas a cada situação e atividade. O indivíduo precisa também valorizar sua marca, posicionar-se no mercado, comunicar-se, oferecer seus préstimos para o cliente-empregador apropriado, cobrar o que for adequado e promover seus diferenciais. Credibilidade, entrega real, pontualidade, excelência: tudo isso vale para empresas e também para pessoas. Nesses momentos, percebo que as plateias começam a se agitar. Noto o impacto da revelação. Ao fim das palestras, muitos

Foque na exigência de ser e não na exigência de ter. Ser é ter, e não o contrário

por Marcelo Ponzoni

Publicitário e diretor-executivo da agência Rae,MP, que atua há 23 anos no mercado; e autor do livro Eu só queria uma mesa, da Editora Saraiva. (11) 5070-1294 – marcelo@raemp.com.br www.raemp.com.br

manifestam uma mudança de opinião. Mas por que o conceito de empreendedorismo ainda é tão pouco conhecido? Ora, porque até recentemente muitos pais treinavam seus filhos para serem empregados dos outros, para receberem ordens, para não se exporem ao risco representado pelo novo. Essa cultura tem muito a ver com o Brasil antigo, muito influenciado pela ideia de segurança, especialmente aquela representada pelo serviço público. Portanto, se você é pai ou se você é mãe, preste atenção às mudanças no cenário laboral. Ensine seu filho a cooperar e colaborar, mas também a buscar o novo, a produzir o que ninguém ainda produz. Para começar, foque na exigência de ser e não na exigência de ter. Das pessoas, compramos principalmente o que elas são, e não o que elas têm. Esse é o caminho para que seu filho conquiste a verdadeira independência e possa enfrentar os duros desafios da vida. É possível que ele se machuque pelo caminho, que rale os joelhos e arranhe os cotovelos. Mas não é assim que aprendemos a andar sozinhos? Dê-lhe valores, afetos e confiança para que seja capaz de fazer mais do que você mesmo fez. Ensine-o a ser, pois ser é ter, e não o contrário. Só quem sabe ser pode mudar o mundo, pode empreender.


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LEI T UR A

E-commerce humanizado Com o advento das redes sociais, o varejo na internet passa a uma fase de privilégio às relações humanas As antigas práticas do varejo já não dão mais conta de atender aos desejos dos consumidores. É preciso estar online e praticar o que se chama Varejo 2.0. Além de comercializar e divulgar produtos pela web, as empresas precisam estar atentas ao funcionamento das redes sociais, como se dá propaganda boca a boca, a promoção de experiência de compra, a agilidade e transparência no atendimento pelo Facebook e pelo Twitter. No livro Varejo 2.0 os autores ensinam os empresários a utilizar metodologias para traçar estratégias de sucesso nesse novo cenário e para orientar as ações de marketing, venda e relacionamento. A obra apresenta tanto aspectos teóricos quanto práticos e é indicada para varejistas e profissionais de gestão e marketing. Segundo os autores, a maior dificuldade enfrentada hoje pelos varejistas é a de não ter tempo para aprender e para

vivenciar as tecnologias que estão sendo desenvolvidas. Muitos deles estão habituados a visitar lojas, a checar serviços in loco, mas nem todos possuem Facebook, Twitter ou acompanham o que seus consumidores fazem na web. “Antes do advento da Web 2.0, a internet era gélida, eficiente e talvez mesmo eficaz. Comprar, com raras exceções, era visto como um exercício de racionalidade: maior seleção, facilidade de comparação, conveniência e garantia de segurança eram os atributos que dominavam as discussões, modelos de negócios e o ato de venda e compra era do e-commerce 1.0. Mas e com o advento das redes sociais? Tudo muda. De um lado, voltamos a privilegiar as relações humanas, gente falando com gente. As redes, opiniões, mensagens e relacionamentos humanos se espalham em grande velocidade e com abrangência quase sem controle.”

Este barco é de todos

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Michael Abrashoff – Editora Cultrix – R$ 42

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Autor do best seller Este barco também é seu, Michael Abrashoff descreve em Este barco é de todos os fatores necessários para se tornar um grande líder. Para o autor, mais do que prestígio e autoridade, a liderança exige um olhar atento. Abrashoff, que é ex-comandante da Marinha dos Estados Unidos, alcançou notoriedade no mundo inteiro pelo sucesso obtido no comando do contratorpedeiro USS Benfold. No livro o autor narra suas próprias experiências e a história de líderes criativos desconhecidos. “O grande líder pode estar em qualquer lugar – numa unidade militar, numa grande empresa, num novo empreendimento ou numa instituição sem fins lucrativos.”

Varejo 2.0

José Cláudio Cyrineu Terra e Renée Almeida Editora Campus-Elsevier – R$ 53 Fatores que influenciam a compra na era do varejo 2.0 4Propaganda boca a boca 4Rede de contatos 4Presença em redes sociais 4Promover experiências de compra 4Agilidade e transparência no atendimento

Gestão estratégica do franchising

Adir Ribeiro, Maurício Galhardo, Leonardo Marchi, Luis Gustavo Imperatore – DVS Editora – R$ 42

O livro é um guia de consulta para todos que têm o franchising como negócio ou que querem conhecer um pouco mais sobre esse tema. Os autores fazem uma abordagem histórica sobre o sistema, falando como ele foi criado e se desenvolveu no Brasil e no mundo, e ainda dão dicas para o planejamento e a expansão das redes. “Cabe ao franqueador um planejamento pensado de forma global e sistêmica, nesse caso é importante trabalhar com um calendário maior, em torno de três a cinco anos. Já ao franqueado esse planejamento deve ser adotado de forma mais focada e regional, um período de 12 meses é o mais indicado. O resultado de ambos é a excelência no franchising e sucesso de sua marca”, explica Adir Ribeiro, um dos autores da obra.


pe nse grand e

EMP R E SÁRI O RI CO e feli z

Empreendedor-artista

cultura brasileira. Vou citar algumas características e solicitar ao leitor a sua avaliação.

Artista que virou empresário

A maioria dos empreendedores que abrem um negócio é um artista que virou empresário: é a costureira de mão cheia que abre uma empresa de confecção, um engenheiro competente que abre uma empresa de TI, uma talentosa psicóloga que abre uma empresa de recursos humanos, e assim por diante. Entendem do empreendimento, ou seja, daquilo que fazem, mas entendem muito pouco, às vezes quase nada, de negócios, daquilo que deveriam fazer sob o ponto de vista do investimento que realizaram.

Esperança de ser feliz

A maioria abre sua empresa na esperança de ser feliz com o empreendimento e poder sustentar a si e a sua família, ou seja, com a intenção prévia da sobrevivência.

Por Joel Fernandes

Autor dos livros Eu quero ser empresário rico!, Empresário rico também vai para o céu e Sua pequena empresa: muito além da sobrevivência! e do site www.euqueroserempresariorico.com.br

Ambição empresarial

A maioria não tem ambição empresarial. Não pensa grande. Pouquíssimas abrem com a intenção prévia de crescer continuamente para se tornar média e grande empresa e se tornar um empresário rico.

Presidentes de times

A maioria não compreende que deixou de ser um craque, ou artista, e passou a ser presidente de seu próprio time; não percebe que fundou um time de várzea que terá que competir com os grandes clubes de futebol. A maioria não conhece sequer o nome do jogo que está jogando, ou vai jogar, nem suas regras – capitalismo, capital, investimentos, retorno... Eles não têm consciência dos papéis que necessariamente surgem quando abrem suas empresas: o empreendedor, o investidor

e o presidente. Eles ficam identificados apenas com o papel de empreendedor e jamais se lembram do investidor ou do papel de presidente; logo, as soluções técnicas da administração, contabilidade ou economia para eles não faz sentido, por isso não as implementam.

Feliz Natal

Os livros de administração e negócios em nosso País são, em sua maioria, de autores estrangeiros cujas culturas empresariais, religiosas, de crédito, sonhos e ambições são muito diferentes da nossa. Esta coluna tem como intenção prévia contribuir para a evolução do empreendedor-artista em empresário rico e feliz, aquele que ama o que faz e faz da maneira certa. Feliz Natal!

A maioria dos empreendedores que abrem um negócio é um artista que virou empresário. Entende daquilo que faz, mas entende muito pouco, às vezes quase nada, de negócios, daquilo que deveria fazer sob o ponto de vista do investimento que realizou

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Can I help you? Fiz esta pergunta, em inglês, para um casal de alemães que veio me consultar. Trouxeram uma lista estruturada com dezenas de perguntas para saber como funcionava no Brasil o negócio em que queriam investir. Qual o tamanho do mercado atual, suas tendências, nossa estrutura de custo, os hábitos e valores de seus clientes potenciais, a concorrência, o estado da arte da tecnologia e muito mais. Nossa conversa, feita em português, pois a mulher falava nossa língua, durou uma hora e 22 minutos. O detalhe desta consulta é que o casal só virá para o Brasil daqui a três ou quatro anos. Na sequência imediata atendi uma cliente brasileira, empresária qualificada, formada em design, fabricante de roupas especiais que queria se mudar para os Estados Unidos e comercializar lá suas roupas e de outros pequenos fabricantes que, segundo ela, poderiam exportar, mas têm dificuldade para tal. Nossa conversa durou 30 minutos, com a maior parte do tempo eu fazendo perguntas do tipo: você conhece os Estados Unidos? Já estive lá uma vez. Você conhece as praças específicas em que pretende vender seus produtos? Não, mas tenho alguns amigos que moram lá e podem me ajudar. Você conhece os costumes dos americanos? Não. Quando você pretende se mudar e iniciar o negócio? No mês que vem! Este relato não é uma caricatura, é real. Ele revela que o empreendedorismo daqui não é o mesmo do de lá, de outros países, especialmente do empreendedorismo dos países desenvolvidos. Há nove anos, a partir de um privilegiado posto de observação, como analista do Sebrae, venho observando e estudando milhares de empresas e seus empreendedores. Como não poderia deixar de ser, nossos empreendedores, assim como os políticos ou trabalhadores, são reflexo da

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casa da photo

ANÁ L I S E E CON Ô MIC A

Bolsa: investimento rentável? Se uma empresa vai bem, é sólida, bem administrada, cedo ou tarde terá o retorno esperado, independente de crises financeiras

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Muito se fala ultimamente da performance da bolsa brasileira nos últimos anos. Para muitos, parece que a época áurea da bolsa, quando o índice subia 25%, 30%, até 40% ao ano, ficou para trás. No Brasil, a mentalidade do investidor sempre foi de curto prazo. O percentual de aplicações em renda variável é muito menor do que em renda fixa, principalmente num país onde a taxa de juros é em torno de 11% ao ano. Os investidores de renda variável se

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O investidor tem que ter consciência de que está comprando um pedaço de uma empresa, e acreditar no potencial de crescimento dela no longo prazo, independente das variações que sua ação sofre no dia a dia

veem “cansados” de ano após ano perder para o CDI, já que nos últimos quatro anos a bolsa vem “patinando” em função de sucessivas crises financeiras. Com isso, muitos perguntam se a bolsa realmente vale a pena em relação ao seu risco retorno. Pois bem, o que as pessoas em geral não entendem são os princípios básicos que qualquer investidor de longo prazo deveria ter. A base de tudo para se investir em bolsa é entender o capitalismo na sua essência. As pessoas sempre vão consumir, em maior ou menor grau, alimentos, roupas, medicamentos, etc., seja em qualquer etapa de desenvolvimento desse país. Lógico que num país em desenvolvimento, o potencial de consumo das pessoas é maior do que em países maduros, porém a necessidade de se adquirir bens e serviços, por mais simples ou desenvolvida que seja essa sociedade, sempre vai existir. Então, se olharmos o longo prazo, devemos entender que a tendência de consumo no mundo todo é crescente, até o nível de satisfação de todas as pessoas, ou seja, em outras palavras até quando todos forem ricos e necessitarem consumir menos bens e serviços. Claro que, como o capitalismo

é imperfeito, há grandes crises mundiais, onde o poder aquisitivo de certo país ou sociedade pode reduzir, mas se olharmos a tendência de longo prazo para a bolsa sempre será positiva. O jogo aqui é entender quais setores e empresas terão mais potencial de aproveitar essa demanda e analisar o potencial de crescimento da mesma. Antes de comprar qualquer papel, o investidor tem que ter consciência de que está comprando um pedaço de uma empresa, e acreditar no potencial de crescimento dela no longo prazo, independente das variações que sua ação sofre no dia a dia. Com isso, deveria se ter em mente que se você possui papéis de uma determinada empresa e essa empresa vai bem, é sólida, bem administrada, cedo ou tarde esse investimento vai maturar e trazer o retorno esperado, independente se crises financeiras afetam o desempenho do papel no curto prazo.

por Caio Cavalcanti Aloi Leme Investimentos


Nome Classe Participação Ação Bovespa All Amer Lat ON Ambev PN B2W Varejo ON BMF Bovespa ON Bradesco PN Bradespar PN Brasil Telec PN Brasil ON Braskem PNA BRF Foods ON Brookfield ON CCR Rodovias ON Cemig PN Cesp PNB Cielo ON Copel PNB Cosan ON CPFL Energia ON Cyrela Realty ON Duratex ON Ecodiesel ON Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo PNB Embraer ON Fibria ON Gafisa ON Gerdau Met PN Gerdau PN Gol PN Ibovespa Itausa PN ItauUnibanco PN JBS ON Klabin S/A PN Light S/A ON Llx Log ON Lojas Americ PN Lojas Renner ON Marfrig ON MMX Miner ON MRV ON Natura ON OGX Petróleo ON P.Açúcar-Cbd PNA PDG Realt ON Petrobras ON Petrobras PN Redecard ON Rossi Resid ON Sabesp ON Santander BR UNT N2 Sid Nacional ON Souza Cruz ON Tam S/A PN Telemar N L PNA Telemar ON Telemar PN Telesp PN Tim Part S/A ON Tim Part S/A ON Tim Part S/A PN Tran Paulist PN Ultrapar PN Usiminas ON Usiminas PNA Vale ON Vale PNA Vivo PN

1,104 0,979 0,701 3,902 3,130 0,993 0,390 2,726 0,596 1,341 0,622 0,802 1,134 0,685 1,539 0,598 0,784 0,441 1,866 0,589 1,311 0,890 0,743 0,530 0,755 1,498 1,648 0,660 2,574 1,211 100,000 2,315 4,015 0,934 0,404 0,541 0,914 1,207 1,098 0,546 1,440 1,233 0,845 3,773 0,808 2,745 2,206 8,517 1,283 1,163 0,352 1,097 2,359 0,443 1,041 0,225 0,268 0,923 0,155 0,125 0,170 0,840 0,229 0,486 0,592 2,462 2,925 11,956 0,793

Inflação (%)

Até 30/11 Tipo de Ativo Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação 9 Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação

Índice

Novembro

Ano

0,52 0,40 0,50 0,50

5,23 6,08 5,73 4,95

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Juros/Aplicação (%) Novembro CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Ano

0,86 0,86 0,61 8,77

10,59 10,60 6,84 24,15

Indicadores Imobiliários (%) Novembro

Ano

0,10 0,11

5,93 1,07

CUB SP TR

Juros/Crédito (%) 30/Novembro Desconto Factoring Hot Money Giro Pré (taxa mês)

29/Novembro

1,87 3,91 3,38 2,08

1,88 3,91 3,39 2,08

Câmbio

Até 30/11

Cotação Dólar Comercial Ptax R$ 1,8109 Euro US$ 1,3483 Iene (US$ 1,00) $ 77,5400

Mercados Futuros Dólar Juros DI

Até 30/11

Dezembro

Janeiro//12

R$ 1,811 11,33%

R$ 1,822 10,83%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

30/11 58.135

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Carteira Teórica Ibovespa

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age n d a beleza pura De 24 a 27/03/2012

Hair Brasil – Feira Internacional de Beleza, Cabelos e Estética

Expo Center Norte – São Paulo – SP – www.hairbrasil.com

Mais de 800 marcas do segmento de beleza expõem novidades em produtos e serviços para salões e clínicas de estética. Paralelamente ao evento são realizados o 10º Congresso Brasileiro de Manicures e o 4º Congresso de Podologia. São esperadas mais de 80 mil pessoas.

De 15 a 18/01/2012

São Paulo Prêt à Porter

Expo Center Norte – São Paulo – SP www.saopaulopretaporter.com.br

Feira internacional de negócios para a indústria da moda, confecções e acessórios. Tem como público-alvo varejistas do Brasil e do exterior. Realizado simultaneamente à feira de calçados Couromoda.

De 20 a 23/03/2012

FMU – Feira Ferramentaria, Modelação, Usinagem

Complexo Expoville – Joinville – SC www.eurofeiras.com.br

Reúne empresas e profissionais da área de ferramentaria, modelação e usinagem. Entre os produtos expostos estão ferramentas de estamparia, termofixos, aparelhos de medição, montagem e rebitagem. São esperados mais de 15 mil visitantes.

Transamerica Expo Center – SP www.exporevestir.com.br

Reúne empresas do Brasil e do exterior de revestimentos cerâmicos, granitos, mármores e laminados. É voltada para profissionais do setor como arquitetos, designers de interiores, construtores e engenheiros. É realizada a 11ª edição do Fórum Internacional de Arquitetura e Construção.

De 12 a 16/03/2012

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Semana Internacional de Máquinas e Equipamentos para Embalagem e Impressão

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Anhembi – São Paulo – SP www.semanainternacional.com.br

Apresenta novidades em impressão digital, serigrafia e off-set. São realizadas a 8ª Feira Internacional da Embalagem (Brasilpack), a 21ª Feira Internacional do Papel e da Indústria Gráfica (Fiepag) e a 4ª Feira Internacional da Flexografia (Flexo Latino América). Os eventos reúnem expositores de 25 países e são esperados mais de 30 mil visitantes.

Expo Aseac – UniCedae – Exposição de Tecnologia e Equipamentos para Saneamento

Centro de Convenções SulAmérica – RJ www.unicedae.com.br

De 20 a 22/03/2012

Ideal para estreitar relacionamentos com empresas, instituições e órgãos públicos do setor de saneamento. Fornecedores de produtos, serviços e equipamentos apresentam as principais novidades em técnicas e soluções para saneamento básico e ambiental. O evento reúne autoridades e representantes de órgãos municipais, prestadores de serviço, professores e pesquisadores.

Riocentro – Rio de Janeiro – RJ www.superrio.com.br

De 24 a 27/04/2012

De 6 a 9/03/2012

Expo Revestir – Feira Internacional de Revestimento

De 14 a 16/04/2012

Super Rio Expofood

Tem como tema central “Varejo: conhecimento, tecnologia e modernidade”. Reúne empresários e profissionais do segmento de panificação, supermercado, franchising, hotelaria, restaurante e conveniência. Durante o evento são realizados o Seminário Nacional de Panificação e Confeitaria e a Convenção Supermercadista.

De 27 a 31/03/2012

São Paulo Infraestrutura – Feira de Produtos e Serviços para Obras de Infraestrutura

Anhembi – São Paulo – SP www.spinfra.com.br

A feira apresenta novidades em produtos e serviços para o setor da construção civil. São esperados arquitetos, engenheiros, construtores e incorporadoras que trabalham no planejamento e execução de obras de infraestrutura. A entrada custa R$ 50.

Fiema – Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente

Parque de Eventos – Bento Gonçalves – RS www.fiema.com.br

A quinta edição da feira reúne empresas e organizações nacionais e internacionais especializadas em soluções e serviços focados no meio ambiente e no desenvolvimento sustentável. Durante a Fiema são realizados o Seminário de Legislação Ambiental e o Seminário de Segurança do Trabalho.

De 13 a 16/06/2012

ABF Franchising Expo

Expo Center Norte – São Paulo – SP www.portaldofranchising.com.br

A ABF Franchising Expo é considerada uma das maiores feiras de franquia do mundo e reúne consultores, redes de franquia e investidores interessados em se tornarem franqueados. Para expor na feira é preciso ser associado da ABF.


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