ESPECIAL: AS CIDADES MAIS EMPREENDEDORAS DO BRASIL
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Ano 8 • Nº 95 Setembro 2002 R$ 6,00
Inovação e Valor aos Negócios
Edvaldo Angelo, diretor-presidente da METISA
FORTE FEITO
AÇO
Aos 60 anos, a METISA consolida sua liderança em peças agrícolas e abre novos mercados no exterior
Sedes São Paulo Diretor de Marketing e Comercialização: José Lamonica Executivos de Contas: Paula Araújo Speda, Ariovaldo Florian e Edson Ramão Rua Sabará, 566, 9º andar, cj. 92 Fones: (11) 3214-5938/ 32 57-4667/3214-6093 01239-010 - São Paulo - SP [empreendedorsp@uol.com.br] Florianópolis Gerente de Contas: Patrícia Iervolino Filippi Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss Av. Osmar Cunha, 183, Ceisa Center, bl. C, 9º andar - Fone: (48) 224-4441 88015-900 - Florianópolis - SC Representante Dinâmica Promoções e Eventos Carlos Hamilton Martins Feltrin Rua Turiassu, 127, cj. 12/13 - Perdizes Fone/Fax: (11) 3822-0412 05005-001 - São Paulo - SP [dinapro@terra.com.br] Escritórios regionais
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Entrevista Ricardo Maculahn, fundador da Escola de Negócios do Rio de Janeiro, fala sobre o mercado de educação empresarial no Brasil. Entre outras opiniões, ele afirma que o ensino empresarial é elitista, afastando micro e pequenos empresários, que são obrigados a aprender com seus próprios erros.
Capa
Serviço de atendimento ao assinante Diretora: Clementina P. da Silva Gerente: Luzia Correa Weiss Fone: 0800 48 0004 [assine@empreendedor.com.br] Produção gráfica Impressão e acabamento: Coan Gráfica Editora CtP Distribuição: Fernando Chinaglia S.A. (São Paulo) Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br
ANER
Mercado
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Líder no segmento de peças agrícolas, com exportações para mais de 40 países, a Metisa, metalúrgica de Timbó (SC), faz da herança cultural de seus fundadores, todos de origem européia que colonizaram a região, sua principal estratégia. “A primeira coisa que mostramos aos nossos funcionários que são colonos é que ser colono não é demérito”, conta Edvaldo Angelo, diretorpresidente da empresa.
Rio de Janeiro [triunvirato@triunvirato.com.br] Milla de Souza Rua México, 31, grupo 1404 - Centro Fone/fax: (21) 2533-3121/2524-2757/2533-1601 20031-144 - Rio de Janeiro - RJ Brasília [jcz@forumci.com.br] Ulysses C. B. Cava SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial Bloco C, cj. 330 Fone: (61) 314-1541 70140-907 - Brasília - DF Paraná [merconet@onda.com.br] Ricardo Takiguti Rua Joaquim da Costa Ribeiro, 507 A - Atuba Fone: (41) 367-4388 82840-190 - Curitiba - PR Rio Grande do Sul [marcelo@midiamais.com.br] Marcelo Guedes Av. Iguaçu, 525, cj. 305 - Petrópolis Fone: (51) 3334-4054 - Fax: (51) 3334-2317 90470-430 - Porto Alegre - RS Ceará [dilerportela@wettor.com.br] Dilermando Portela Av. Luciano Carneiro, 99 - Bairro Fátima Fones: (85) 433-3989/99697312 60410-690 - Fortaleza - CE Pernambuco [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Hamilton Marcondes Rua Ribeiro de Brito, 1111, cj. 605 - Boa Viagem Fone: (81) 3327-3384/3327-9430 51021-310 - Recife - PE Assinaturas
DIVULGAÇÃO
Redação Editor-Executivo: Alexandre Gonçalves [alex@empreendedor.com.br] Editor: Carlos Castilho Repórteres: Lúcio Lambranho, Fábio Mayer, Sara Caprario e André Jockyman Editor de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Lauro Maeda e Arquivo Empreendedor Foto de capa: Lauro Maeda Produção e Arquivo: Ivone Zanatta Ilustrações: Clóvis Geyer Revisão: José Renato de Faria/Ponto Final Coordenador de Web: Flaviano da Cunha Júnior
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A biotecnologia segue conquistando espaço em universidades e incubadoras, mas ainda carece de um maior incentivo financeiro para se tornar efetivamente um grande negócio.
DIVULGAÇÃO
Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Marketing e Comercialização José Lamonica [joselamonica@uol.com.br]
Nesta
FOTOS LAURO MAEDA
A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor
Saiba por que as redes estão mais rígidas e exigentes no processo de seleção de novos franqueados. Nesta edição, Franco Franquia trata do prazo de retorno, e o espaço da ABF traz informações sobre a Convenção do Franchising.
Conheça as cidades vencedoras do Prêmio Mário Covas, promovido pelo Sebrae e concedido aos municípios que apostam em ações empreendedoras como forma de gerar emprego, renda e desenvolvimento regional.
GUIA DO EMPREENDEDOR
Diplomacia corporativa Os governos estão perdendo força na definição dos grandes problemas políticos no mundo contemporâneo.
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50 TENDÊNCIAS
Especial
GLOBALIZAÇÃO
Suplemento
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Produtos e Serviços ................... 70 Do Lado da Lei ........................... 74 Leitura ........................................ 76 Análise Setorial ......................... 80 Indicadores ................................. 81
GERÊNCIA DA INFORMAÇÃO
FRANQUIA TOTAL
O negócio das tele-aldeias Morar em pequenas cidades totalmente informatizadas deixou de ser tema de ficção científica para entrar no ramo dos negócios imobiliários.
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O grande quebra-cabeças A guarda e a classificação de documentos consomem hoje em média 70% do orçamento de informação e inteligência de uma empresa.
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LEIA TAMBÉM Cartas ................................. 6 Empreendedores ........................ 14 Não Durma no Ponto ..................... 20 Sua Opinião ............................ 66
INTELIGÊNCIA
Agenda ....................................... 82
Informação just-in-time Como pode um médico manter-se atualizado sobre 10 mil doenças, 3 mil remédios e cerca de 400 mil artigos técnicos publicados por ano em todo o mundo?
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do
Editor
Cartas E
sta edição marca a entrada no segundo ano de circulação do suplemento Franquia Total. Mais do que uma razão para comemorar, a ocasião serve para reforçar o compromisso que a Empreendedor sempre manteve com o segmento de franchising no Brasil. E muito nos honra acompanhar tão de perto o crescimento das redes e sua profissionalização, entre tantos outros aspectos. Esperamos que o Franquia Total esteja atingindo seu objetivo de reportar as principais notícias do franchising, valorizando as ações das redes, sem entretanto deixar de ajudar o empreendedor a entender melhor e também a escolher certo sua franquia. Pois, francamente, como diz o nosso “colunista” Franco Franquia, esse é um papel que não queremos deixar de desempenhar. A edição deste mês traz ainda a história de uma empresa com 60 anos de existência, a Metisa, de Timbó (SC). O aspecto mais marcante dessa metalúrgica, que atua no segmento de ferramentas agrícolas e exporta para mais de 40 países, é a importância com que é tratada a herança cultural de seus fundadores, todos emigrantes europeus. Na matéria, fica evidente que a “gestão colonial”, como diz o título da reportagem, garante uma forma diferenciada de patrões e empregados se engajarem no crescimento da empresa. Confira.
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CEDOC Já está em funcionamento o Centro de Documentação (CEDOC) da Editora Empreendedor, que disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar contato com Ivone Zanatta, pelos telefones (48) 224-4441 e 0800 48 0004, ou por e-mail [redacao@empreendedor.com.br]. Setembro – Empreendedor
Informação Sou estudante de Marketing e estou fazendo uma pesquisa sobre micro e pequenas empresas. Preciso saber quais revistas e jornais brasileiros possuem espaço cativo para as mesmas. Espero que possam me ajudar. Juliana dos Reis Duarte
jurduarte@hotmail.com
Juliana, Desde que a Empreendedor começou a circular, em maio de 1994, as micro e pequenas empresas desfrutam de uma atenção especial por parte da revista. Ao longo de nossas edições, além de mostrar os empreendedores de grande porte, nunca deixamos de destacar também as ações das micro e pequenas empresas. Procuramos publicar reportagens que ajudem essas empresas a enfrentar as dificuldades de administrar o dia-a-dia de um negócio.
Honda Gostaria de saber sobre a história da fundação da indústria automobilística Honda. Se for possível, é claro. Joel Ferracioli
compras@bordignon.com.br Joel, Você pode encontrar detalhes sobre a história da Honda no site www.honda.com.br. Lá você fica sabendo tudo sobre a empresa, desde sua fundação em 1946, na cidade de Hamamatsu, no Japão, até seu desempenho no mercado brasileiro nos dias de hoje.
Empréstimo Gostaria de saber se é possível conseguir um empréstimo para que
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eu possa abrir uma loja no segmento de bazar e papelaria, visto que já possuo toda a instalação. O empréstimo seria para comprar uma fotocopiadora e plastificação e ampliar um pouco o meu negócio. Elias Marques Ferreira
eliasmarques2@bol.com.br Elias, O melhor que você pode fazer é procurar o Sebrae ou a Agência de Desenvolvimento da sua região para buscar informações sobre como ter acesso a linhas de financiamento e até mesmo de microcrédito, se for essa sua necessidade.
Virtual Estou cursando faculdade de Administração Geral, na qual estou necessitando de material. Gostaria de receber qualquer informação sobre o tema do meu trabalho – Administração Virtual. Elias Luiz da Silva
rosangelasouza.sol@bol.com.br Elias, Ainda não publicamos nenhuma matéria específica sobre o tema, mas você pode acompanhar mensalmente a seção Empresa Ágil, onde sempre há referência a novas ferramentas administrativas para incrementar a gestão das empresas.
de Empreendedor para
Empreendedor Assinaturas
Guia de Franquias Tenho interesse em adquirir o Guia Oficial de Franquias 2002. Como devo proceder? Gustavo Lefèvre Schmitz
Gustavo, Sua solicitação já foi encaminhada ao nosso Departamento de Circulação. Quem quiser obter informações sobre como adquirir o Guia Oficial de Franquias deve escrever para assine@empreendedor.com.br.
Captação de recursos Solicito relação de profissionais autônomos ou empresas na área de Captação de Recursos para a região do Seridó, interior do estado do Rio Grande do Norte. Com 28 municípios e mais de 300 mil habitantes, a região tem um Plano de Desenvolvimento Sustentável precisando captar recursos junto a órgãos públicos, empresas privadas, fundações, ONGs, organismos internacionais, etc., para compor seu orçamento. Esses recursos serão utilizados em Programa e Projetos nas áreas Ambiental, Tecnológica, Econômica e Sócio-Cultural, sob a coordenação da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó, e serão detalhados em valores e forma de execução a todos os financiadores. Bertrand Brito de Araújo
Preciso com urgência de uma pesquisa ou matéria com informações sobre Consultoria. Tratase de uma Análise Setorial. Preciso das características do setor, no caso Consultoria; suas tendências, crescimento, quais as dificuldades pelas quais o setor passa e se é um setor favorável ou não. Estamos montando um Plano de Negócios e praticamente faltam esses dados. Fabiana Paulino
fabiana.paulino@globo.com Fabiana, Infelizmente não fizemos nenhuma matéria específica sobre Consultoria Organizacional. Também não temos em nosso banco de dados informações sobre esse tema. Vocês da empresa júnior podem buscar informações com outras empresas juniores que atuam no mesmo segmento. Podemos sugerir um link para vocês começarem a pesquisa: www.acaojunior.ufsc.br, que é o site da Ação Júnior Consultoria dos Alunos da UFSC. A Ação Júnior presta serviço de consultoria e assessoria, com mais de 150 projetos realizados, diagnosticando os problemas em áreas sócio-economicas, proporcionando ao empreendedor um serviço de qualidade, em tempo hábil e a custos reduzidos. Também propicia experiências práticas que venham a complementar a formação dos acadêmicos dos referidos cursos, servindo como uma ponte entre universidade e sociedade. Outra dica é www.fejesp.org.br, um site bem completo da Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo.
Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Jovem Empreendedor, Dirigente Lojista e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - cj. 92 CEP 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua México, 31 - cj.1404 CEP 20031-144 - Rio de Janeiro - RJ Brasília: SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial - Bloco C - cj. 330 CEP 70140-907 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Av. Iguaçu, 525/305 CEP 90470-430 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 Bloco C - cj. 902 CEP 88015-900 - Florianópolis - SC Paraná: Rua Joaquim da Costa Ribeiro, 507 A, Atuba CEP 82840-190 - Curitiba - PR Minas Gerais: Av. Pasteur, 89/1208, São Lucas CEP 30150-290 - Belo Horizonte - MG Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111, cj. 507 - Boa Viagem CEP 51021-310 - Recife - PE Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor, e estarão sujeitos, em função do espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.
Anúncios Para anunciar em qualquer publicação da Editora Empreendedor ligue: São Paulo: (11) 3214-5938/3822-0412 Rio de Janeiro: (21) 2533-3121/2524-2757 Brasília: (61) 314-1541 Curitiba: (41)356-8139/merconet@onda.com.br Porto Alegre: (51) 3334-4054 Florianópolis: (48) 224-4441 Belo Horizonte: (31) 3226-2816 Recife: (81) 3327-9430
Reprints editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades)
Internet Anote nossos endereços na grande rede: http://www.empreendedor.com.br redacao@empreendedor.com.br
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Bertrand, Não temos uma lista com as informações solicitadas por você. De qualquer forma, estamos disponibilizando seu e-mail e telefone, com sua autorização, para as empresas e profissionais que estiverem interessados em trabalhar com vocês aí do Seridó. O e-mail é bertrandbrito.ieds@bol.com.br, e o telefone, (84) 9417-2826.
Consultoria Organizacional
Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800 48 0004. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 60. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 48. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8 às 19 horas. Se preferir, faça sua solicitação de assinatura pela internet. O endereço é assine@empreendedor.com.br.
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Empreendedor – Setembro
Entr vist por
Lúcio Lambranho
E
A
Ricardo Maculahn
com
Método
suicida
2002
LINHA DIRETA: enerje@enerje.com.br . (21) 2276-9570
Para o engenheiro Ricardo Maculahn, criador da Escola de Negócios do Rio de Janeiro, a educação empresarial ainda é elitista no Brasil. Por isso, muitos empresários são obrigados a aprender com seus próprios erros Uma grande massa de empreendedores quer aprender a gerenciar seu negócio mas não tem dinheiro para pagar um MBA. A partir dessa idéia e, claro, depois de uma pesquisa de mercado, o engenheiro mecânico Ricardo Maculahn resolveu criar a Escola de Negócios do Rio de Janeiro (Enerje) e o Basic Business Administration (BBA). Formado pela Universidade Santa Úrsula e pósgraduado em MBA Executivo pela Coppead/UFRJ, Maculahn já realizou diversos cursos de extensão na área, assim como treinamento dirigido em fábricas na Inglaterra. Especializado em Gestão de Negócios e Processos Produtivos, o fundador da escola tem mais de 25 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais, tais como Liquid Carbonic Ind. S. A. e Gillette do Brasil. Nesta entrevista, ele traça um panorama completo do ensino empresarial no país e ainda dá toques precisos sobre ética: “Nunca tenham caixa dois, nunca.” E ainda questiona: “Se ainda não sabem nem administrar o caixa um, como é que vão administrar o dois?”
uma pessoa jurídica forte pode ter acesso aos cursos voltados a esse tema, em especial os MBAs, que são muito caros. Um grande número de pequenos e médios empresários, profissionais técnicos e conhecedores de seus ofícios que ainda sonham em ser donos de seus negócios estão de fora dessa formação e são obrigados a aprender com seus próprios erros, o que é um método suicida. O senhor defende que o empreendedorismo deva fazer parte do conteúdo curricular das escolas e universidades brasileiras?
Maculahn: Sim, em um país onde as oportunidades são pouquíssimas, isso teria duas conseqüências imediatas e muito boas. Primeiro, faria com que uma parcela desses estudantes, com perfil empreendedor, entrasse com mais segurança no mundo dos negócios, gerando mais e mais empregos. Depois, aqueles que não têm esse perfil empreendedor teriam uma conscientização maior no que se refere a trabalhar por resultados.
Como o senhor avalia a educação empresarial no Brasil?
Qual é a sua opinião sobre o nível de informação do empreendedor brasileiro em relação à gestão?
Maculahn: Em relação ao conteúdo, a educação no Brasil é boa, mas ainda bastante elitista. Apenas uma minoria graduada e com suporte financeiro de
Maculahn: Infelizmente, no Brasil, a imensa maioria dos pequenos e médios empreendedores não tem acesso a nenhum tipo de informação. Alguns conhecem as
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técnicas de gestão de forma empírica e as seguem porque vão dando certo. Outros, nem isso. Misturam pessoa física e jurídica, e é dessa confusão que sai o faturamento, o custo e conseqüentemente os resultados negativos de suas empresas. Enquanto têm crédito, ficam em pé, mas, a médio prazo, sabemos qual será seu fim: a falência. Como surgiu a idéia de montar a Enerje?
Maculahn: Sou consultor e instrutor desde 1989, e já vi de tudo um pouco em minha atuação dentro de empresas dos mais diversos portes. Percebi que as pessoas conhecem suas técnicas específicas de trabalho e acham que isso é suficiente para administrar seu próprio negócio. Na maioria das vezes, são até incentivadas a colocar toda a sua poupança num sonho que se acaba em muito menos tempo do que podem imaginar. Por outro lado, vi a enorme lacuna que existe no mercado de ensino, principalmente no que diz respeito à gestão. Vi que poucas eram as iniciativas voltadas para o profissional sem graduação superior e achei isso uma tremenda cegueira das instituições de ensino. Por fim, eu tinha um bom acesso a excelentes profissionais de consultoria e ensino, que poderiam ser nossos instrutores e, assim, fiz um plano de negócios, comprovado por uma pesquisa de mercado, e aqui
( ) Fundador da Enerje
Quais são as principais diferenças entre o MBA e o BBA? Até que ponto esse curso de 280 horas pode suprir as necessidades dos empreendedores? Não seria necessário uma base maior, já que a maioria dos empreendedores tem pouca ou nenhuma formação no país?
plantão, pronto para assessorar e ajudar os participantes na solução de problemas que possam vir a enfrentar no dia-a-dia do seu negócio. Qual é a real demanda do mercado para esse tipo de curso? É bom negócio educar empreendedores?
Maculahn: Todas as pessoas que já têm ou querem ter seu próprio negócio e os demais profissionais que ocupam cargos de gerência são nosso público em potencial. Como o BBA não exige a graduação dos participantes e o preço é baixo se comparado aos MBAs, é grande o número de pessoas que podem fazer o BBA. Educar empreendedores é um bom negócio e que, além de proporcionar
Qual será o contato dos alunos com as novas tecnologias aplicadas à gestão corporativa?
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Maculahn: As diferenças começam no público-alvo que esses dois cursos pretendem atingir. O MBA é procurado por profissionais que desejam dar um upgrade em suas carreiras, buscando grandes empregos e melhores salários. Já o BBA é voltado para as pessoas que já têm ou que querem ter seu próprio negócio. Além disso, diferentemente dos MBAs, o BBA não exige que os participantes tenham graduação superior, sendo que o nível da turma é “Infelizmente, garantido através do processo seletivo para o no Brasil, a curso, que inclui análise curricular e entrevista. imensa maioria O BBA tem duração de dos pequenos e 280 horas, e as disciplinas foram escolhidas de médios forma que todos os momentos de uma emempreendedores presa possam ser connão tem acesso templados, passo a passo: planejar a empresa, nenhum tipo de implantar, viver as estratégias para continuidade informação” e, finalmente, construir o futuro. Tudo isso possibilita ao participante não só ter uma visão geral do negócio, mas acesso e conhecimento para utilizar as mais atuais e eficientes ferramentas para se administrar um negócio de forma saudável, aumentando sua lucratividade. Como abordamos a empresa de maneira globalizada, consideramos essa carga horária não só suficiente, mas satisfatória. E para auxiliar ainda mais os alunos em situações de emergência, temos um consultor especializado, de
retorno financeiro, propicia um retorno profissional. O público é totalmente interessado e quer aprender mais porque sabe que esse conhecimento vai proporcionar melhores resultados para sua empresa. É bem diferente do garoto da escola que, na maioria das vezes, não se interessa pelo que está sendo ensinado e para quem o professor precisa “empurrar” o conhecimento. Na educação de empreendedores, o conhecimento do instrutor é literalmente “sugado” por eles. E é muito gratificante ajudar nossos alunos a fazer suas empresas prosperarem.
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estamos, fazendo nosso papel.
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Lúcio Lambranho
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Ricardo Maculahn
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“Costumo dizer que não existem negócios espetaculares. O que é bom hoje positivamente não será amanhã”
Maculahn: Hoje, com a informática e a internet, todas as técnicas de gestão são transmitidas ao participante com o que há de mais moderno. Nossa metodologia é prática, é a do aprenderfazendo e vai gerar trabalhos reais para as empresas dos participantes, com o estudo de disciplinas como viabilidade financeira de negócio ou gerência de produção, por exemplo. Além disso, a escola aplica um jogo de negócios, via internet, no qual os participantes aplicam o que aprenderam no curso, abordando conhecimentos nas áreas de logística, gestão participativa, gestão de custos, estratégias de certificação ISO, marketing, gerência comercial, exportação e até franchising.
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O senhor poderia citar um caso de sucesso entre os alunos da escola ou alguma história que ilustre o aprendizado dos seus alunos?
Maculahn: Em um dos nossos cursos, “Básico de Custos e Viabilidade de Negócio”, é distribuída uma planilha, na qual os participantes podem fazer suas simulações financeiras de resultados. É uma ferramenta bastante útil aos empreendedores. Recentemente uma senhora, dona de uma fábrica de doces diet, estava, segundo ela, salvando sua empresa com a aplicação dos ensinamentos recebidos. Todas as suas Setembro – Empreendedor
dúvidas sobre o rateio dos custos fixos para o cálculo de formação de preço foram solucionadas, e o primeiro efeito positivo que conseguimos é que ela, agora, já é capaz de gerir sua empresa com mais segurança. Outro participante se declara bem mais capacitado para avaliar oportunidades de investidores que lhe chegam às mãos, já tendo descartado três possibilidades em que, além dos altos investimentos, concluiu que eram de baixíssima rentabilidade e, conseqüentemente, de longo retorno. Na sua avaliação sobre a economia brasileira existe algum mercado que dê maior possibilidade de êxitos para novos empreendedores?
Maculahn: Costumo dizer que não existem negócios espetaculares. O que é bom hoje possivelmente não será amanhã. Basta que a gente se lembre dos profissionais de informática, caçados com lupa em um passado recente e hoje substituídos por qualquer garoto mais talentoso. O que existe simplesmente é lei da oferta e da procura. O grande segredo é o prazer que se tem ao desempenhar uma atividade profissional. Qualquer negócio será espetacular se der prazer. Quando você trabalha sem se preocupar se são 8h, 15h ou 22h ou se é segunda, quinta ou domingo, aí sim, você corre o risco de ficar rico. Quais são os principais entraves do empreendedorismo no Brasil na sua opinião?
Maculahn: O principal é a política, com altos juros e pesada carga tributária. Apesar disso, sempre coloco para os participantes dos nossos cursos: “Nunca tenham caixa dois, nunca. E questiono: se ainda não sabem nem administrar o caixa um, como é que vão administrar o dois?” Os impostos, obrigações, tributos e contribuições, seja lá o nome que tenham, se estiverem contemplados em suas planilhas de custos, farão parte dos custos, assim como o aluguel ou
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a matéria-prima, e sobre eles devem ser calculados os preços, faturamento e conseqüentes ganhos. A maioria das empresas do mercado de tecnologia tem dificuldades de gestão devido ao perfil dos seus sócios mais focados no desenvolvimento e pesquisa de novos produtos. É mais fácil esse técnico aprender a gerenciar sua empresa ou a contratação de um administrador resolve o problema? Em que solução o senhor apostaria?
Maculahn: Todo empreendedor é mais focado no seu métier, na sua especialização, seja o sapateiro ou o profissional cibernético. Entretanto, isso não o isenta de conhecer seu negócio, pois é fazendo negócios que ele ganhará dinheiro e sua empresa será respeitada e crescerá. Ele pode até delegar algumas funções gerenciais, mas não pode jamais perder o controle. Em minha opinião, ele pode delegar tudo aquilo que sabe fazer, para que possa também cobrar. Qual é sua visão sobre e-learning e ensino à distância? É possível medir os resultados desse tipo de aprendizagem dentro de uma empresa?
Maculahn: Que o e-learning chegou para ficar, é inegável. Já é uma realidade e traz muitas vantagens para os alunos, sendo que a principal delas é a possibilidade de o participante fazer o seu próprio horário, da forma que melhor lhe convier. Além disso, esses cursos podem ser mais baratos, reduzindo custos e o tempo de locomoção, que poderá ser empregado no estudo. Em contrapartida, a presença física do professor é também muito importante no aprendizado, e a sala de aula também propicia a troca de experiências entre os alunos. Acredito que sempre haverá alunos para ambos os casos. Quanto à medição de resultados, ela pode ser idêntica ao ensino tradicional, utilizando-se das mesmas ferramentas.
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SE Décio Marcellino
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Empresa piloto A SE – Sistemas Empresariais, software house de Joinville (SC), foi escolhida para ser a empresa piloto do Programa Máximo Valor, que está sendo desenvolvido pelo Sebrae/SC em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O objetivo do programa é definir o máximo valor que a SE pode oferecer aos seus clientes através de seus produtos e serviços, buscando consolidar seu mercado e redefinindo ações que a permitam ser uma empresa cada vez mais competitiva. O Programa Máximo Valor está baseado na definição dos fatores que realmente são importantes para o melhor desempenho da SE junto aos seus clientes. “O programa destaca que as empresas, mesmo as de menor porte, precisam estar atentas às mudanças de hábito do cliente e buscar alternativas bem estruturadas para manterem-se competitivas. A partir daí, o Sebrae/SC e a UFSC desenvolveram uma metodologia que vai nos permitir dimensionar corretamente a empresa e como oferecer o máximo valor aos nossos clientes”, explica Décio Marcellino, diretor da SE. Trata-se de uma metodologia científica desenvolvida com inúmeras e bem-sucedidas empresas no Brasil e no mundo. E não é tão simples de ser aplicada, pois deve considerar outros fatores que não apenas os produtos e serviços oferecidos, mas toda uma percepção do cliente e do ambiente de seu mercado. A partir dessa metodologia é analisado o que os produtos e serviços devem atender para cumprir determinadas funções, e são justamente essas funções que devem estar sendo avaliadas. (47) 433-1697 Setembro – Empreendedor
Yamá Cosméticos Paulo Shigueo
Mercado europeu A Yamá Cosméticos fechou contrato de exportação com o mercado português, consolidando a estratégia de crescer em mercados externos. Nesse primeiro contrato a empresa exportou 27 itens, totalizando 59.929 unidades dos seus principais produtos. Essa é a primeira venda externa da empresa para aquele país, mas a diretoria acredita que esse é o início de grandes negociações externas. “A nossa próxima meta é entrar no mercado espanhol, porque o consumidor europeu demonstra grande aceitação dos nossos produtos”, salienta Paulo Shigueo, diretor de Marketing da Yamá Cosméticos. Os produtos que o mercado europeu mais tem procurado são os itens à base de buriti, cupuaçu e capaíba, extraídos de frutos da Amazônia. A meta da Yamá Cosméticos é exportar 200 mil unidades ainda este ano e conquistar também os mercados do Panamá, Equador e Colômbia. No ano passado, as vendas externas da empresa chegaram a 50 mil unidades. A Yamá Cosméticos, fundada em 1967, tem a sua fábrica localizada em Cotia (SP) e produz mensalmente 3 milhões de unidades dos 150 itens do mix de produtos. (11) 3105-8005/3105-8004
TOUR NA AMÉRICA
RH LUCRATIVO
O Instituto Prointer está promovendo a realização de duas missões técnicas à costa leste dos Estados Unidos e ao Canadá no segundo semestre de 2002. A primeira delas começou no dia 24 de agosto e vai até 7 de setembro, prevendo a participação na Conferência da IASP (Associação Internacional de Parques Científicos e Tecnológicos) e visitas exclusivas do grupo da missão a parques tecnológicos na região. A segunda missão, Empreendedorismo – Difusão e Ensino, é direcionada a profissionais que atuam na área do apoio e ensino e empreendedorismo e acontecerá de 7 a 21 de setembro de 2002. O programa dessa Missão é composto de visitas exclusivas do grupo às mais bem-sucedidas experiências nas áreas de ensino e fomento ao empreendedorismo. Mais informações pelo fone (41) 322-9995.
Trazer receita, gerar lucro, agregar valor, contribuir estrategicamente. Tenham o nome que tiverem nas empresas, mais do que nunca essas exigências, agora, também são responsabilidade de Recursos Humanos. A área responde hoje por 10% dos resultados financeiros das organizações; há cinco anos, esse impacto era de 3%. As conclusões são do especialista da University of Michigan Business School, Wayne Brockbank, que apresentou em São Paulo os resultados do seu “Estudo das Competências de Recursos Humanos”, pesquisa que ouviu 7.082 profissionais da área de todo o mundo, dos quais 2.550 de empresas da América Latina, 425 brasileiros. “Nós de RH somos vistos como centros de custos, mas devemos ser vistos como geradores de receita”, considera Brockbank.
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“A hora certa para consertar o telhado é quando o sol ” está brilhando” (Anônimo )
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“O passado é uma lição para se meditar, ” não para se reproduzir” (Mário de Andrade, escritor )
Atlam
Norsul Cláudio Rehfeld
Adalberto Malta
Aliança estratégica A empresa brasileira Atlam, integradora de notebooks já no mercado há mais de dez anos, acaba de fazer uma aliança estratégica com a Metrocomm, a maior distribuidora de portáteis da América Latina. Com o acordo, que prevê uma atuação exclusiva para o mercado corporativo, as empresas se preparam para atender a uma demanda de 10 mil máquinas por mês, disponibilizando uma rede de assistência técnica de 140 pontos em todo o Brasil. A associação das empresas pretende alcançar 30% do mercado nacional e ainda conquistar o mercado internacional com a exportação dos equipamentos Atlam até o final deste ano. A empresa foi a primeira a trazer para o Brasil as marcas Toshiba, Hitachi e Xircom. Esse domínio no segmento levou a integradora a lançar sua própria marca, que hoje concorre em preço e qualidade tecnológica com os principais produtos disponíveis no mercado mundial de notebooks. Segundo Adalberto Malta, diretor geral da Atlam, “todos esses atributos garantem agilidade, praticidade e automação das forças de vendas das empresas que dispõem da nossa tecnologia”. Criada em 1992, a Atlam é uma empresa 100% brasileira com larga experiência no mercado mundial de notebooks e de alta tecnologia em informática. (21) 560-8272
SEM CRISE
O uso de novos equipamentos, aliado ao bom desempenho da mão-de-obra portuária, tem refletido positivamente na movimentação de cargas no terminal mercante de São Francisco do Sul (SC). Números apresentados pela WRC Operadores Portuários Ltda. comprovam que o número de unidades movimentadas no porto de janeiro a maio de 2002 foi 34% superior ao mesmo período de 2001. Parte desse incremento deve-se à utilização de dois mobile harbour crane, importados da Alemanha, que possibilitaram o atendimento de navios gearless e incentivaram os armadores a aceitar cargas de projeto com peso de até 100 toneladas. Em 2001 a WRC movimentou 82, 5 mil unidades de contêineres, e até o final de 2002 a empresa espera movimentar aproximadamente 112 mil unidades, o que representará um acréscimo de 36%.
“O investimento em empresas que têm fundamentos básicos para prosperar é muito diferente do investimento em moeda. Quando o assunto é empreendedorismo, o bom investidor é aquele que não é afetado por modismos ou temporadas”, afirma Pedro Cordeiro, CEO da Eccelera, holding de investimentos em tecnologia. A Eccelera é a holding de investimentos em tecnologia do Cisneros Group of Companies, um dos maiores conglomerados nas áreas de mídia, entretenimento, internet e telecomunicações, com faturamento superior a US$ 4 bilhões. Segundo Cordeiro, se as bases políticas, econômicas e administrativas do Brasil não fossem fortes, o país não suportaria tão bem quanto vem suportando a crise mundial. O executivo acredita que a situação propícia do atual cenário econômico para investimentos em empresas pode ser comparada ao processo de certas companhias que aproveitam as quedas de mercado para investir em estratégias de marketing e publicidade.
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Segundo dados do IDC, o movimento de venda de tecnologia de e-learning está registrando um aumento de 275% sobre os US$ 19,3 milhões movimentados em 2001 no Brasil. Esse movimento confirma o crescimento mundial, também detectado pelo mesmo instituto, que registra um faturamento neste ano de US$ 11,1 bilhões contra os US$ 6,3 bilhões registrados no ano passado. Em função disso, a Norsul está reestruturando suas equipes, produtos e parcerias comerciais para suportar esse crescimento e projetar-se acima dele. Atualmente, a empresa estima que superou a marca de 20 mil alunos, alocados em grandes empresas que usam a tecnologia de e-learning para treinar pessoas. “Vendemos de janeiro a maio tudo o que movimentamos no ano de 2001 inteiro”, resume Cláudio Rehfeld, diretor comercial da Norsul. Cláudio explica que sua entrada é apenas a ponta do iceberg em todas as mudanças em andamento. Segundo o empreendedor, o objetivo é cobrir a região de atuação fora do eixo Rio–São Paulo e selecionar empresas que atuem também nas áreas de Relações Humanas (RH) e Business, e não apenas na área de Tecnologia da Informação. (21) 3970-9402/3970-9400 2002
TECNOLOGIA PORTUÁRIA
Para atender a demanda
Empreendedor – Setembro
Jovem S.A. por Lúcio Lambranho lucio@empreendedor.com.br
Rumo às Canárias
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Sonho comum Em novembro de 2001, Diogo Oliveira (22 anos), Fabian Valverde (então com 19 anos), Marcelo Alcântara (também com 19 anos) e Tomaz Binsztajn (20 anos) transformaram um sonho em realidade. Estudantes do terceiro ano de Ciência da Computação da Unicamp, eles fundaram a Onirium Sistemas. A barreira da juventude não foi suficiente para parar esses jovens empreendedores. Eles submeteram um plano de negócios à incubadora do Núcleo Softex Campinas e conseguiram aprovação para instalar a empresa na incubadora em janeiro deste ano. Desde então a Onirium tem apresentado um crescimento espetacular. Em janeiro a empresa estava instalada numa pequena sala de 12 m2 e sua equipe era constituída apenas pelos quatro sócios. Hoje, eles ocupam uma sala maior e já possuem dez pessoas no seu quadro de colaboradores, com uma média de idade de 21 anos. Em apenas 6 meses, além de ter tido um aumento de 150% no número de colaboradores, a Onirium conseguiu lançar no mercado alguns cases de sucesso. A empresa atua como consultoria na análise, planejamento e desenvolvimento de software personalizado para gestão de conhecimento, compartilhamento de informações e ferramentas de produtividade corporativa, independente de plataformas de hardware e software. Dentro desse contexto, o foco do negócio da Onirium volta-se para sistemas desktop construídos e integrados com a tecnologia Java e sistemas para dispositivos móveis (celulares, handhelds, palmtops) também em Java. O principal cliente da Onirium é a Prefeitura Municipal de Campinas, para a Setembro – Empreendedor
qual desenvolve projetos de gerenciamento de informações em parceria com a Informática de Municípios Associados (IMA). Entre eles vale destacar o sistema “Trabalhadores Presentes”, que possibilitou o recadastramento geral dos funcionários ativos, aposentados e pensionistas, considerado crítico para manter dados atualizados desses funcionários e efetuar o pagamento dos mesmos de forma segura e com ausência de fraudes. O recadastramento mobilizou cerca de 20 mil funcionários. “Oferecemos serviços de alta qualidade que agregam valor aos nossos clientes”, diz Marcelo Alcântara, diretor de Novos Negócios da Onirium. O reconhecimento dos serviços prestados pela Onirium já pôde ser constatado em diversos convites para a demonstração do case da empresa, como os convites do Centro Universitário Salesiano (Unisal) e da Universidade Paulista (Unip). Além disso, também recebeu um convite para fazer parte do Fórum Nacional de Empresas Incubadas, associação constituída por 20 empresas incubadas de diversas localidades do país, que serve como um canal direto entre elas e a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (Anprotec). A Onirium participou como expositora do Comdex 2002, maior exposição de tecnologia da América Latina. “Nossa expectativa é que este crescimento se perpetue por muito mais tempo e que a Onirium se torne uma referência no desenvolvimento de software nacional”, afirma Alcântara. www.onirium.com.br ou (19) 3287-7060, ramal 245
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O 8º Congresso Nacional de Jovens Lideranças Empresariais, organizado pela Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje) e pelo Conselho de Jovens Empreendedores da Associação Comercial do Paraná, teve número recorde de participantes, com quase 1.600 inscritos. O evento, que aconteceu de 1º a 3 de agosto em Curitiba, teve como tema “O poder e o jovem empreendedor”. Segundo Jorge José Domingos Neto, coordenador da comissão organizadora do Congresso, esse tema está voltado para a capacidade do brasileiro de empreender. “O congresso superou todas as nossas expectativas e demonstra a força do movimento no país”, diz Neto. Na mesma ocasião, a Conaje e o Sebrae Nacional assinaram o Projeto Empreendente, que vai destinar R$ 1,83 milhão para criação de associações de jovens empresários em mais 14 estados e fortalecimento nos outros 12 onde já existem essas organizações. De 29 de outubro a 3 de novembro, 15 membros da Conaje participam, a convite do governo espanhol, do Encontro Europeu de Jovens Empresários nas Ilhas Canárias. www.conaje.com.br
normas adotadas nos melhores incubatórios da Espanha, África e Estados Unidos. “Tive muita facilidade para resolver esses problemas, pois tudo isso está diretamente relacionado às instalações hospitalares de ar-condicionado, que era uma das minhas especialidades”, conta Calfat. Atualmente, a Pró Avestruz comercializa mais de 400 animais por ano e mantém um negócio de hospedagem. Desde o início das atividades, a empresa tem ganhado a confiança dos clientes, que recebem planilhas semanais com as condições dos seus ovos. “Para a maior comodidade dos nossos clientes, retiramos os ovos semanalmente, com veículo e embalagens especiais. Os relatórios de incubação também são enviados toda semana, para que o cliente possa acompanhar a evolução dos ovos e futuros filhotes”, explica. Alexandre lembra que está sempre investindo em novas tecnologias, e sua empresa é a única no mercado que mantém pesquisas e análises laboratoriais com a Universidade de São Paulo. Além disso, possui dois veterinários especializados, sendo um espanhol, com dez anos de experiência em incubação de ovos de avestruz. “A Pro Avestruz cresceu, significativamente, nestes três anos. Hoje, temos mais de uma centena de clientes. Porém meus planos vão muito além: pretendo chegar até a última cadeia do avestruz, ou seja, o frigorífico, abatedouro e curtume”, enfatiza o estrutiocultor. (11) 3827-5668 ale@proavestruz.com.br 2002
A Casa Interativa (CI), empresa focada em consultoria estratégica, planejamento e desenvolvimento de soluções digitais, tem quatro jovens empresários como sócios. A CI, segundo os empreendedores, é a primeira empresa gaúcha que reúne, de fato, uma equipe altamente qualificada nas três matrizes de negócio: tecnologia, comunicação e marketing. Vinícius Lobato, 26 anos, Roberto Ribas (24), Fabiano Nadler (25) e Tiago Bonamigo (23) possuem experiência na implantação de projetos Web e têm passagem por respeitadas empresas de tecnologia e comunicação do mercado nacional, como Conectt Marketing Interativo, E21 e Plug-in, onde ocupavam cargos de coordenação e chefia. Os sócios têm metas ousadas de faturamento: para o segundo semestre de 2002, eles esperam alcançar R$ 150 mil. Com baixos investimentos e uma equipe enxuta, a empresa baseia seu modelo de negócios na participação no cliente e isso implica a construção de sólidos relacionamentos. “Quanto mais próximos estivermos dos clientes, mais efetivamente entenderemos as suas necessidades”, explica Lobato. A empresa começa as atividades já desenvolvendo projetos importantes para as gaúchas Summit, empresa de materiais escolares que representa a marca Sandy & Júnior, e a Transportadora Modular, além de ter fechado parceria estratégica com a Plug-in, maior provedor corporativo do estado. www.casainterativa.com.br
O economista Alexandre Calfat (foto), 28 anos, viu sua vida se transformar há três anos, quando deixou o cargo de sócio-diretor da Isolev Instalações Ltda., uma das maiores empresas de instalação de ar-condicionado central do país, para se dedicar à criação de avestruz. “A estrutiocultura é um mercado emergente, sem muitos concorrentes, o oposto ao do ar-condicionado, que tem muitas empresas atuantes no mercado”, revela Calfat. O jovem empreendedor lembra que começou com a aquisição de matrizes, sem a intenção de gerar um negócio. Porém, a falta de seriedade de algumas empresas incubadoras fez com que ele decidisse montar seu próprio centro de incubação, primeiramente para abrigar os ovos de sua propriedade. “Aos poucos, fui terceirizando e percebendo a rentabilidade do negócio”, diz. O hobby virou trabalho e hoje a Pró Avestruz está localizada em Porto Feliz, interior de São Paulo, sendo uma empresa consolidada no mercado com a criação e incubação de ovos. O investimento inicial foi de R$ 800 mil, para a implantação do centro de incubação (com capacidade para 2.200 ovos), do berçário e da importação de animais (matrizes). Segundo Calfat, a construção do centro de incubação foi rigorosa, com controle preciso da umidade relativa, para que não houvesse variações, e da renovação do ar, com filtragem absoluta, impedindo qualquer tipo de contaminação externa e seguindo as
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Talentos gaúchos em TI
Jovem aposta em avestruz
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Disputa nacional A Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), com o apoio do CNPq, lançou o edital para o COJEM – Concurso Nacional Jovem Empreendedor de Software. Trata-se de um concurso que premia Planos de Negócios feitos por estudantes universitários da área de informática – graduados ou não – e empresas de software, criadas nos ultimos dois anos. A primeira edição do COJEM foi realizada em 1988.
Apoio para as juniores mocional (Ampro). “Esses mesmos clientes da minha agência disseram que eu precisava de experiência de mercado antes de passar suas contas para minha agência que estava recém-criada”, lembra. Pérsigo enfrentou as dificuldades, não desistiu e foi à luta. Ele percebeu que poderia fazer um bom trabalho com o setor de construção civil em São Paulo. Nessa época, as promoções eram feitas pelos próprios corretores de forma amadora. Essa foi sua primeira alavanca até que conseguiu se associar com a Gelre, que cuida de toda a parte administrativa da sua empresa e onde ele tem autonomia administrativa. Em 2001, o faturamento da GPP foi de R$ 16 milhões e só no primeiro semestre deste ano o faturamento já é de R$ 17 milhões. Como diretor da Ampro, Pérsigo abriu uma licitação com as empresas juniores de São Paulo para mudar a identidade visual da associação. “Não existia empresa júnior na minha época de faculdade. A idéia é também formar profissionais de marketing promocional. A Casper Júnior foi a vencedora e faz tudo com muita qualidade”, explica.
O concurso irá acontecer em três etapas: J 1ª etapa: Corresponde ao concurso regional e é realizada pelos Agentes SOFTEX. Consiste na avaliação dos Planos de Negócios da sua região inscritos no COJEM. Nesta primeira fase, o Agente SOFTEX irá selecionar os dois melhores Planos de Negócios do concurso regional, um em cada categoria, para concorrer ao concurso nacional. J 2ª etapa: serão escolhidos dois Planos de Negócios, os finalistas de cada categoria: Jovem Empreendedor e Empresa Emergente. J 3ª etapa: os planos escolhidos serão apresentados pelos estudantes ou ex-estudantes no evento final do Grande Júri, a ser realizado no dia 3 de dezembro de 2002. Neste evento serão escolhidos os primeiros e segundos lugares de cada categoria: J Prêmio Jovem Empreendedor, para estudantes universitários da área de informática – ou de outras áreas desde que associados aos primeiros – que apresentarem Planos de Negócios para a criação de empresas de software. J Prêmio Empresa Emergente, para empresas de software criadas nos últimos dois anos (2001–2002) por alunos ou ex-alunos universitários da área de informática. Premiação: J 1º lugar: financiamento de passagens, diárias e eventual inscrição em evento, em nome de qualquer um dos sócios do Plano de Negócios, para participação em congresso, feira, curso, estágio ou visita oficial a incubadoras de software ou congênere no Brasil ou no exterior no valor de até R$ 7.000,00 J 2º lugar: financiamento de passagens, diárias e eventual inscrição em evento, em nome de qualquer um dos sócios do Plano de Negócios, para participação em congresso, feira, curso, estágio, ou visita oficial a incubadoras de software ou congênere no Brasil ou no exterior no valor de até R$ 5.000,00
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Paulo Pérsigo (foto), 35 anos, fundou já em 1995 a sua própria agência especializada em marketing promocional, a WP Promoções. O jovem empresário lembra que começou a empresa estimulado por grandes clientes que atendia quando ainda trabalhava numa das primeiras agências de marketing promocional do Brasil, a GT. Para ele, a principal dificuldade para montar seu negócio foi a falta de capital. “Ainda tenho muito que aprender na parte executiva e principalmente em gestão e como ser um empreendedor completo”, diz. Mesmo assim, sua atual empresa, a GPP (Gelre & Pérsigo Promoções) está entre as dez maiores de marketing promocional do Brasil, e Pérsigo é o atual diretor de Comunicação da Associação de Marketing Pro-
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O edital já pode ser consultado no site www.fumsoft.softex.br.
J
J Inscrições até 15 de setembro de 2002. J Mais informações sobre o COJEM 2002 pelo telefone (031) 3281-1148, com Bethania Duarte.
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por Roberto Adami Tranjan
Nãono durma ponto
Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial
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Alheio às tempestades
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LINHA DIRETA: (11) 3873-1953 • www.cempre.net • roberto.tranjan@cempre.net
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olítica em polvorosa, rebuliço na economia, dólar e preços descontrolados! Bons motivos para sentir aquele friozinho na barriga. O que fazer com aqueles contratos lastreados em dólares? Como lidar com os custos que serão repassados pelos fornecedores? O que acontecerá com a taxa de juros interna? Como serão afetadas as margens de lucro? Qual será a nova política de crédito? Muito bem, marinheiro, não dá para deixar de navegar. A viagem continua a despeito dos maremotos e fenômenos sísmicos. O que fazer diante dessas turbulências? Aí está a importância de uma âncora. O velho Aurélio reconhece âncora como proteção, amparo, arrimo e abrigo, além de outras definições. Isso posto, qual é a âncora da sua empresa? Onde ela irá se abrigar? Qual é o seu amparo? Quem a protegerá? Existem vários tipos de âncoras, algumas de boa e outras de má qualidade. Se você ancorou a sua empresa, nesse tempo todo, em ativos imobilizados, estoques, reservas de caixa e controles orçamentários rígidos, é possível que você tenha arrumado apenas “malas” para carregar. Eles serão pouco úteis diante de um quadro de recessão ou de inflação. E, mesmo que o quadro econômico seja de desenvolvimento, ainda assim haverá pouca garantia de que todos esses ativos estejam voltados às necessidades do mercado e às melhores
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oportunidades. O retorno não se dá pelos ativos físicos, ainda que os financistas continuem colocando-os como denominadores nas equações que medem rentabilidade. Existe um outro tipo de ativo, chamado de conhecimento e que atende também pelo nome de capital intelectual. Está aí uma âncora de boa qualidade. Pois bem! E quais são esses conhecimentos capazes de passar incó-
“Se você ancorou a sua empresa, nesse tempo todo, em ativos imobilizados, estoques, reservas de caixa e controles orçamentários rígidos, é possível que você tenha arrumado apenas ‘malas’ para carregar” lumes pelas tempestades? Vamos ao primeiro deles: o desenvolvimento da liderança. Se o seu maior investimento, nesses anos todos, esteve voltado para o desenvolvimento da sua liderança, você está em bom caminho. Supondo, evidentemente, que você optou por conhecer mais a natureza humana ao invés de otimizar ativos. Outrora, entendia-se o exercício de gerenciar como a
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habilidade de conseguir produtividade através do melhor uso dos recursos, dentre eles os recursos humanos. Marcas de uma época, em que a produtividade era a principal geradora de lucros. Mas, agora, o lucro é obtido através da inovação que, por sua vez, requer criatividade. Criatividade lembra ativos humanos e a forma de obtê-la é através do aprendizado do trabalho em equipe. Liderança e trabalho em equipe são, portanto, âncoras fundamentais para enfrentar turbulências. Mas o desafio não é simples. Implica conhecer como as pessoas funcionam, as suas motivações, os seus interesses, os seus sonhos e propósitos. É claro que varia de pessoa para pessoa, mas algumas coisas são comuns: – as pessoas querem fazer um trabalho que tenha significado; – as pessoas querem exercer influência no seu ambiente de trabalho; – as pessoas querem se sentir capazes e com poder; – as pessoas querem viver os seus valores. Em primeiro lugar, é preciso que o líder acredite nisso. Parece fácil, à primeira vista, mas grande parte dos ambientes de trabalho é desmotivadora porque seus líderes não acreditam nisso. Daí o modelo de liderança baseada no controle e no comando. Se a crença corresponder aos itens acima, então não será difícil colocar as pessoas antes das coisas e o líder substituirá, sem sentimentos de culpa, o batucado diá-
rio do teclado do computador pela conversa energizadora e esclarecedora. Conversar! Está aí um dos principais recursos de liderança. Claro que não estamos nos referindo às conversas fiadas, mas à conversação geradora de aprendizado. É função do líder conversar com a sua equipe sobre o futuro e as tendências. Com isso, mantém os olhos da mente direcionados para o porvir e não para o passado irremediável. É claro que é estimulante tratar do futuro e poder sonhar com uma vida melhor. Também é função do líder conversar com a sua equipe sobre o foco da empresa, os clientes e suas necessidades, a filosofia do negócio, os diferenciais competitivos e as competências internas. Com isso, criará uma educação para o negócio, expandirá a visão de cada um a partir do todo e fará com que compreendam o significado de suas tarefas e atribuições. Sem dúvidas, a partir desses conhecimentos, as contribuições serão melhores. O líder também zela pela qualidade da comunicação e dos relacionamentos, administra os conflitos e incentiva a prática dos valores. Com isso, faz com que cada membro da equipe compreenda mais o outro e a si próprio. Relacionamentos bem resolvidos são como bálsamos para nossas almas. O líder também trata dos objetivos e metas, dos processos de trabalho, dos projetos e dos indicadores de desem-
penho. Isso trará uma boa medida de eficácia e permitirá a melhor utilização de tempo por parte de todos. Esse tipo de conversa é próprio de uma liderança educadora, formadora de equipes e de líderes capazes de assumir riscos e enfrentar desafios. É claro que todo esse aprendizado não cria imunidade às crises. Ao contrário, diante desses conhecimentos, as crises são bem-vindas. Se por um lado tra-
“Se o seu maior investimento esteve voltado para o desenvolvimento da sua liderança, você está em bom caminho. Supondo que você tenha optado por conhecer mais a natureza humana ao invés de otimizar ativos” zem destemperos, por outro lado evocam oportunidades. Se por um lado estremecem as estruturas, por outro lado rompem com a inércia e com os paradigmas. Se é geradora de estresse, também é geradora de adrenalina. Que as tempestades sejam bem-vindas! Aliás, âncora também é, segundo o mestre Aurélio, um símbolo da esperança.
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Gestão
colonial
Líder em peças agrícolas, a Metisa faz da herança dos colonos europeus sua principal estratégia para abrir novos nichos de mercado e exportar para mais de 40 países Lúcio Lambranho Lauro Maeda
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Não, essa não é uma reportagem sobre gastronomia. Mas para explicar o desempenho da Metisa (Metalúrgica Timboense S.A.) é preciso falar dos tradicionais cafés coloniais, que tanto sucesso fazem na região Sul do Brasil. Herança de imigrantes europeus (italianos e alemães), os cafés coloniais sempre causam impacto e deixam muitos turistas boquiabertos por conta de três aspectos fundamentais: a variedade dos produtos, o cuidado na produção e na qualidade de cada ingrediente e o trabalho dos “artesãos” que mantiveram as raízes na zona rural. Da mesma forma, a Metisa também bebe na fonte dos imigrantes para
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criar uma série de produtos com o mesmo capricho e a mesma qualidade “tipo exportação”. E é a partir desses pontos que começa a história de 60 anos da metalúrgica de Timbó, uma cidade que nasceu de uma colônia alemã, no Médio Vale do Itajaí, em Santa Catarina. A empresa surgiu dos primeiros passos de uma pequena ferraria criada por cinco imigrantes alemães. Hoje vende para mais de 40 países um mix de produtos de laminados de aço ao carbono e microligados em quatro segmentos diferentes: peças para tratores e máquinas agrícolas, ferramentas manuais (o principal produto são as pás), lâminas para corte de mármore e granito, e acessórios ferroviários e rodoviários. Muito antes dos termos “responsabilidade social” e “qualidade em recursos humanos” entrarem na moda, a Metisa já tinha uma estratégia para gerar produtividade, dando preferência à contratação de colonos da região. Atualmente, 60% dos seus operários moram na zona rural, em minifúndios onde a produção agrícola serve como subsistência e complementa a receita das famílias. A Metalúrgica Timboense, fundada em 8 de janeiro de 1942 por Richard Paul Junior, Edgar e Gerhard Jacobsen, Arno Wulf e Bruno Gessner, nasceu para recuperar as partes de aço dos carros de boi e das ferraduras dos
[Pessoalmente] “Se você cuida das máquinas e das instalações da indústria por que não vai cuidar do seu empregado?”Ao se fazer essa pergunta, Edvaldo Angelo deixa mais do que clara a forma como a Metisa trata o quadro de pessoal. Para ele, a empresa tem responsabilidade e isso não acaba quando o operário deixa a metalúrgica. “Não cuidar dessa questão é inconcebível para qualquer negócio. Não se faz isso por bondade. Tudo é uma troca”, esclarece Angelo. Segundo ele, é preciso ter responsabilidade social sem caridade e insiste dizendo que não aceita ser chamado de “bonzinho”.
ANGELO: PREOCUPAÇÃO EM MANTER VÍNCULOS COM HERANÇA E HONRA DE SER COLONO
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A Metisa busca e traz até a fábrica os operários que moram na zona rural de Timbó e de outras cidades vizinhas. Os colonos suprem a falta de especialização com 40 horas por ano de treinamento cultural e levam informações para casa sobre saúde, educação e segurança. “Temos até comunicação verbal e 100% dos nossos funcionários sabem falar no microfone da mesma maneira que também sabem todas as operações básicas de computador, assim como damos alfabetização e ensino para adultos”, ressalta Edvaldo Angelo. Ele lembra que o treinamento específico depende da demanda da fábrica e que a rotatividade gera um passivo muito grande com a perda de uma pessoa treinada, e todo o investimento usado nesse treinamento é muito maior que a indenização trabalhista. A Metisa mantém um sistema de financiamento para todos os empregados, e o diretor-presidente cuida dessas questões pessoalmente e faz questão de participar de todas as ações. Quando o financiamento se destina a casos de doença a Metisa arca com 10% do capital emprestado. Nos outros financiamentos, como casa própria, são pagos o valor do capital e no máximo o valor dos juros da poupança ao ano ou divididos em até 12 pagamentos. “Essa caixa de empréstimo foi criada em 1987 e a empresa colocou capital apenas uma vez”, lembra. Para conseguir isso, já que os juros da poupança são bem menores que a inflação do período, sobre a cesta básica dada para todos os 900 funcionários é cobrada uma taxa. O presidente da empresa paga 50% do Empreendedor – Setembro
LINHA DIRETA: METISA www.metisa.com.br
crescimento de 5,2% no mesmo período.
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cavalos. A região, de terreno acidentado, fica num ponto estratégico e no meio do caminho das tropas que transportavam a economia da região oeste de Santa Catarina, e desciam da serra para o litoral e o porto de Itajaí. Essa pequena empresa começou a fabricar outros produtos com o início da Segunda Guerra Mundial, quando os materiais de aço para a agricultura tiveram sua importação dificultada. Nesse momento, a Metisa inaugurou sua primeira produção em série de pás. Hoje continua produzindo as pás, que representam 10% de suas vendas e ainda fazem parte do seu foco de negócio. “Há uma preocupação muito grande de manter essa história mas sem ficar preso a ela”, explica Edvaldo Angelo, diretor-presidente da empresa. “A primeira coisa que nós mostramos para os nossos funcionários que são colonos é que ser colono não é nenhum demérito. Pelo contrário, é uma honra ser colono. E ele não deve sair da roça porque lá se consegue qualidade de vida”, reforça Angelo, que é descendente de imigrantes italianos da região sul de Santa Catarina. Segundo o balanço social da Metisa do ano de 2001, a empresa investiu R$ 13,6 milhões em benefícios para seus funcionários, e o programa de participação nos lucros distribuiu R$ 551 mil de um lucro líquido de R$ 5 milhões. Os resultados dessas ações podem ser medidos pelo desempenho de vendas desde a metade da década de 80. Em 1985, foram vendidos 16.224 toneladas de peças; em 1995, a venda pulou para 25.987 toneladas; e a previsão até o final deste ano é de 38 mil toneladas. De maio de 2001 a maio deste ano, a indústria brasileira encolheu sua produção em menos 1,2%, e a Metisa teve um
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valor descontado todos os meses; os gerentes pagam 30%; os supervisores, 15%; e os operários, 5%, cerca de R$ 2,00. Esse dinheiro entra no caixa de financiamentos e funciona como previdência privada. Para ganhar o financiamento o funcionário precisa ter um ano de trabalho e ser assíduo. Além de ter na sua sede médicos, dentistas e uma associação atlética com área de 3 mil m2, aberta para a comunidade, a Metisa patrocina dois times de futebol para crianças e adolescentes, que têm transporte e toda a assistência pagos pela empresa. Um sistema de trabalho voluntário também motiva os operários a participar das campanhas de doação de agasalho no começo do inverno. “Temos também uma administração de consórcios desde carro até eletrodoméstico. A empresa compra mais barato em grandes quantidades, e os funcionários pagam em até 10 e 36 vezes no caso dos carros. Eu mesmo estou em todos os consórcios. Isso dá credibilidade para essas ações”, revela o executivo. A metalúrgica está implantando a ISO 14000 até agosto de 2003. Mas segundo seu presidente o principal problema ambiental já foi contornado em 1976. A questão era o alto consumo de água do rio que margeia a fábrica devido aos processos térmicos. Essa água agora vem de uma lagoa construída dentro da empresa e tem um ciclo fechado, já que nada é jogado de volta à natureza sem tratamento. Para dar destino ao rejeito da laminação, a chamada carepa, a Metisa tem um contrato com a Universidade Regional de Blumenau. Um pesquisador que faz seu mestrado de Engenharia Química estuda a mistura da carepa na fabricação de tijolos e lajotas. Setembro – Empreendedor
[Américas] Além do cuidado “caseiro” com funcionários e meio ambiente, a história da metalúrgica revela lances decisivos graças ao censo de oportunidade de Richard Paul Junior, um de seus fundadores. Ele e os outros quatro sócios ficaram juntos somente até 1956. Seu Richard, como era chamado, acabou colocando os filhos como sócios. Em 1968, a Metisa já havia sido transformada em empresa de capital aberto e sociedade anônima. Nesse mesmo ano, foi iniciada a produção de lâminas e sapatas para tratores que até aquele momento o Brasil importava. Vinham da Itália, matriz das duas fábricas de tratores vendidos na época, Fiat e Caterpillar. “Isso foi iniciativa de seu Richard, que era um empresário de visão extraordinária mesmo com todas as dificuldades de comunicação e a falta de estradas na época”, lembra Angelo. Depois de 1968, com a chegada da Fiat Tratores em Santo Amaro, São Paulo, a metalúrgica também teve que mudar. A Metisa chamou a atenção da multinacional, já que a empresa italiana tinha um programa de nacionalização das máquinas com o governo brasileiro. Foi então procurada como fornecedora e depois também começou a trabalhar para a japonesa Komatzu em 1972, e em 1976 para a Caterpillar. Hoje, essa linha para tratores representa 30% do seu mercado. O maior ganho da metalúrgica e de maior margem de lucro também é nesse segmento. Mas com o tempo as fábricas de tratores resolveram importar o mesmo material já montado, os kits completos, como fazem atualmente as montadoras de carros. “Mas isso não atingiu a empresa porque ainda ficamos com todo o material de reposição para esses tratores. E expe-
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“Foi como ganhar na loteria” Curt Henkels, 56 anos, é um dos funcionários mais antigos da Metisa S.A. Há 41 anos trabalhando para que as máquinas funcionem perfeitamente, hoje ele coordena esse esforço com outros 59 funcionários como supervisor de manutenção. “Quando entrei aqui, conseguir um emprego na cidade era como ganhar na loteria”, resume Henkels as dificuldades dos jovens naquele ano de 1961. Para ele, o melhor desse período foi o conhecimento adquirido dentro da fábrica e o convívio com os jovens. Numa pasta organizada no seu escritório, Curt guarda com a típica organização germânica os certificados de mais de 50 cursos de que participou dentro da fábrica. “O que é moderno hoje amanhã é antigo”, acredita. Na foto acima, ele aparece à frente de um laminador de aço, que chegou à metalúrgica em 1957, mantido por ele com uma dedicação que faz a máquina continuar em pleno funcionamento até hoje.
rimentamos até um crescimento nesse segmento”, salienta o diretor-presidente da Metisa. Logo depois da morte de seu Richard em outubro de 1978, a empresa sofreu seu maior desafio com a chegada da crise do petróleo. “Naquele momento nossa geração era toda no petróleo e apenas 7% em energia elétrica. As montadoras das quais nós também tínhamos uma grande dependência perderam faturamento de 50% que chegou na Metisa, relembra
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Angelo. Todo mercado nacional sofreu e as exportações da metalúrgica timboense eram de apenas 4%, o que deixava a empresa economicamente frágil. Na mesma época, a empresa de Timbó sofria uma crise administrativa muito grave que culminou com a venda das ações de alguns dos filhos do fundador. Nessa momento, Angelo já era sócio da empresa. Ele trabalhava como gerente industrial, e com a morte de Richard foi promovido a diretor industrial. No auge da crise do petróleo, de 1981 a 1984, o executivo possuía 12,5% das ações e hoje é um dos principais acionistas. Nessa situação, apenas um ramo da família de Richard ficou na gestão, e o executivo resolveu aumentar sua participação acionária mesmo quando a Metisa teve o risco iminente de fechar as portas e mandar embora mais de 300 funcionários. A saída econômica, conta, foi tomar duas decisões estratégicas: entrar pesado no segmento de agricultura e fomentar as exportações. Os primeiros mercados-alvo da empresa catarinense foram Alemanha, Estados Unidos, Canadá e América do Sul. Hoje a empresa exporta para 41 países e prepara a chegada em mais dez países. Atualmente, um grupo de executivos da Metisa está no Oriente Médio e Ásia, em países que passaram por guerras e precisam ser reconstruídos, para alavancar novas vendas nos setores de construção civil, de peças para tratores e de pás. Do México até a América do Sul, a maior força da Metisa está no mercado de agricultura, porque os discos de arado foram determinantes no aumento das exportações, diz o principal executivo da empresa. Isso só foi possível com a Setembro – Empreendedor
Timbó, depois que a fábrica inteira foi transportada de Matão, em 1982, para o chão-de-fábrica em Santa Catarina. “Todo o período de crise não atinge a agricultura. Há economia em todos os setores menos na alimentação, e isso aumentou nossas exportações no momento certo.” compra de uma pequena fábrica em Matão, em São Paulo, no momento em que a família dona da indústria queria se desfazer do negócio. “Fiz um leasing porque não tinha dinheiro e a transformamos na maior fábrica de discos de arado das três Américas. Hoje nós somos o maior nesse segmento, assim como somos o segundo em pás”, destaca. Atualmente os produtos são feitos em
Cuidando dos empregados J R$ 13,6 milhões em benefícios
para seus funcionários (remuneração, encargos, assistência médica e odontológica, alimentação, transporte e treinamento de pessoal). J
Programa de participação nos lucros distribuiu R$ 551 mil de um lucro líquido de R$ 5 milhões.
Índice de Produtividade – Histórico (toneladas/empregados)
1985 1,527
1995 2,431
2002 2,920 * *previsão
Vendas (em toneladas) 1985 16.224
1995 25.987
2002 38.000 * *previsão
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[O primeiro contrato] Dentro de suas duas grandes metas, a Metisa desenvolveu uma estratégia inovadora de exportação para a época. O outsourcing, processo com o qual grandes e médias empresas como Motorola e Exuta tercerizam sua produção de peças ou produtos acabados que não pertencem ao seu core busineess, já era praticado pela metalúrgica de Timbó nos anos 80 e ainda é feito até hoje. Só que com uma diferença: a Metisa fabrica peças para empresas concorrentes em Portugal, Espanha, Alemanha e para quatro indústrias nos EUA e na Argentina. É como no velho ditado: se você não pode derrotar seu inimigo junte-se a ele. Assim, a Metisa fechou seu primeiro contrato com a americana Hoershel, que ainda é seu cliente. “Eles produziam peças pesadas para a agricultura e terminaram com a produção de discos de arado comprando os nossos produtos. Nós batemos na porta deles porque não conseguíamos atingir o mercado distribuidor nos Estados Unidos. Aí fomos buscar o fabricante e inicialmente foi muito difícil”, lembra Angelo. A mão-de-obra da empresa americana para esse produto era muito alta e assim fechou-se a parceria. “Produzimos o que eles não têm, com a marca deles. Agora estamos fazendo o mesmo para o México. Para esse cliente, estamos no terceiro embarque. Nós nunca conseguimos entrar no México no seg-
mento de pás e agora deu certo”, explica o empreendedor. A estratégia do executivo parece simples, porém demora a ser concretizada. Primeiro ele escolhe um concorrente que respeite qualidade, seja capitalizado e não tenha problemas financeiros. Em seguida faz a primeira abordagem. “No começo é até difícil de agendar uma reunião, existe um conflito. Eu então vou junto com os traders e oferecemos nosso serviço. Abrimos nossa fábrica e assim quebramos o gelo”, diz. Nesse modelo de negócio, a Metisa tem 15 parceiros pelo mundo. “Nesses países você não vê os nossos produtos mas eles estão lá. Essa logística é complicada mas acaba sendo duradoura economicamente.” O próximo passo nesse processo de parceria é a troca de tecnologia, e a empresa já teve vários repasses, de acordo com o executivo. Vários desses parceiros, diz Angelo, chegam até a oferecer dinheiro emprestado para desenvolvimento tecnológico. “Mas nossa política é de não aceitar esse tipo de empréstimo.” Como o olho do dono é sempre importante, tudo também é feito diretamente pelo empreendedor. “É muito
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Negócio da China O próximo grande desafio da metalúrgica timboense, a maior compradora de aço da Gerdau no Sul do país, é entrar num mercado extremamente técnico e competitivo, o segmento rodoviário, de produtos para fabricação de carrocerias para caminhões e ônibus. “Este nicho de mercado está na mão de fabricantes muito grandes. Mas nós temos uma administração enxuta que fornece os produtos em pequenas quantidades em função da produção em célula e de produção por demanda com entrega muito mais rápida”, explica Edvaldo Angelo. Segundo o empreendedor, esse mercado é atrativo porque os clientes são bons pagadores e formado por grandes empresas. Para o executivo, o grande trunfo da Metisa é possuir condições de concorrer com as grandes multinacionais que cobram caro, têm custo alto e não contam com agilidade logística. “Eu gosto de entrar onde estão as multinacionais porque temos qualidade igual.” Segundo ele, um produto seu vai emplacar e hoje está no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), e por essa razão não pode divulgar o nome devido às normas de patentes. Esse produto vende atualmente no mercado brasileiro, de acordo com o executivo, 1.200 toneladas por mês. “Queremos conquistar pelo menos 30% dessa fatia”, prevê. Empreendedor – Setembro
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arriscado contratar consultores para esse tipo de trabalho. Isso porque a informação chega ‘floriada’ e emoldurada. Isso pode induzir para algo que não deixa de ser verdade mas não reflete a filosofia da empresa. O importante é ter um foco, e nosso foco é entrar em nossos concorrentes”, destaca. Para dar conta de uma complicada logística, principalmente para o mercado nacional, a Metisa tem duas filiais que funcionam com centros de distribuição, uma em São Paulo (SP) e a outra em Recife (PE). Segundo Angelo, em São Paulo está 40% da economia nacional e “quem não consegue vender lá tem alguma coisa errada”. E acrescenta: “Temos produtos com venda pulverizada, e nossa estratégia foi estabelecer um depósito e uma estrutura de venda com caminhões pequenos e assim é feita e distribuição. Outro ponto importante é que o cliente que for até o depósito buscar ganha um desconto dependendo do tipo de produto”. Em Recife, diz o executivo, a questão é diferente: o Nordeste possui grandes distâncias e o custo do frete é muito alto sobre a mercadoria à medida que as distâncias aumentam. Vendas em números “As exportações são Confira os números comparativos entre os feitas por Itajaí, Paraprimeiros semestres de 2001 e 2002 em naguá e São Francisco do relação ao volume de vendas no Brasil e no Sul. Por uma questão de exterior distância da fábrica e de 2001 2002 % preço de operação”, diz. Nacional* 12.406 12.954 +4,4 Mesmo mantendo o jeito Exportação* 3.959 4.532 +14,4 simples de um bom café Total * 16.365 17.486 + 6,8 da colônia na maneira * Em toneladas pessoal de gestão, a Receita Bruta** 33,762 41,475 +22,8 empresa parece estar Lucro Líquido** 2,180 2,779 +27 com os dois pés no ** Em milhões de reais mundo globalizado.
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Junto com o planejamento para conquistar novos segmentos no Brasil, Angelo observa com cuidado e preocupação sua concentração de vendas para os Estados Unidos. Isso porque esse país, diz ele, tem um poder de consumo muito alto entre os seus cerca de 300 milhões de habitantes. “Se você quiser tirar essa dependência é preciso ter uma grande pulverização dos seus produtos em outros mercados”, afirma. Hoje, os Estados Unidos representam 40% das exportações da Metisa, e em relação aos outros 40 países onde trabalha com mais força no fornecimento esse percentual é de 60%. O produto que mais vende nos Estados Unidos são os discos de arado. A outra amarra são os custos mais baixos das vendas para os norte-americanos. “Isso porque um cliente de lá me dá uma demanda que só é igual a dez clientes da Europa, por exemplo. Poucos empresários observam essa realidade e 40% é muito. Por isso estamos trabalhando outros dez países, concentrados na Ásia, especialmente a China”, explica. O diretor-presidente da Metisa esteve durante 21 dias em uma missão brasileira junto com o ministro Sérgio Amaral e viu de perto que é muito difícil exportar para a China, um país que tem cultura de exportação e não de importação. “Não leia nada sobre a China. É preciso ir até lá. Eu não consigo, por exemplo, vender peças para a agricultura na China. Isso porque há 9,6 milhões de quilômetros quadrados com propriedades com no máximo 10 ou 30 hectares, menores que em Timbó”, resume. Segundo ele, cerca de 800 milhões de habitantes dos seus 1,3 bilhão são colonos, e o governo chinês mantém essas pessoas no campo dando as ferramentas agrícolas. Não existe Setembro – Empreendedor
mecanização no país e a empresa catarinense iria vender muito pouco e com pouco valor agregado, entrando apenas com as pás. “Sem ir até lá eu achava que eles precisavam de muita mecanização para alimentar aquela população gigantesca”, lembra. Mas Edvaldo Angelo não perdeu a viagem. Observou que os produtos certos para China são as suas lâminas para corte de granito. “Eles compram blocos do mundo todo, especialmente do Brasil. Trabalham e vendem para o mundo todo com alto valor agregado essas peças. Eles já fabricam o dobro da Itália”, ressalta o executivo. De acordo com Angelo, o governo chinês deu uma atenção especial para a comitiva brasileira e por isso ele conseguiu vender seu primeiro carregamento de lâminas. Segundo o empresário, essa é a primeira exportação desse produto, até
porque há um concorrente muito forte na Itália que vende 12 mil toneladas por ano do mesmo produto na China. “Eu quero metade desse mercado e devo conseguir isso em meio ano. Temos preço menor”, garante. Ele reforça sua convicção explicando que seu concorrente vende as lâminas por 55 centavos de dólar e que a sua empresa conseguirá vender por um preço entre 45 e 48 centavos de dólar. O empresário mirou no que viu e acertou no que não viu. Imaginou que seu “negócio da China” era agricultura e não era. A empresa vai embarcar o primeiro carregamento de 20 toneladas de lâminas para corte de granito, em outubro deste ano, para uma única empresa chinesa, seu primeiro cliente na terra da Grande Muralha. Obstáculo que não parece assustar a metalúrgica catarinense.
NOVOS PLANOS: EM VEZ DE PEÇAS PARA AGRICULTURA, OS CHINESES RECEBEM LÂMINAS PARA CORTE DE GRANITO, JÁ EXPORTADAS PARA O ORIENTE MÉDIO
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incentivo
Mesmo com investimentos financeiros modestos, a biotecnologia já movimenta bons negócios no Brasil, com o apoio de pesquisadores e das universidades
Por ser um ramo de atividade no qual é essencial investir em pesquisa e desenvolvimento, as empresas nacionais de biotecnologia nadam sozinhas em um oceano de oportunidades a serem exploradas. A falta de incentivo financeiro nessa área pode comprometer o desempenho de muitas companhias do setor. Outro problema é que o Brasil tem uma economia sensível às flutuações cambiais e o dólar é a moeda que impera no segmento, dificultando a aquisição de materiais importados. No entanto, nesse oceano existem algumas ilhas, leiam-se incubadoras de empresas, que proporcionam o fôlego inicial para que as companhias consigam vencer as principais dificuldades. E também a ampla área de atuação, que engloba desde genética até equipamentos biotecnológicos, faz com que o país seja um candidato potencial em biotecnologia. Há uma necessidade crescente no setor nacional de biotecnologia Setembro – Empreendedor
em produzir, criar e ter independência tecnológica. Dessa forma, as incubadoras apóiam, principalmente através de incentivos fiscais, a iniciação da empresa até que ela se torne estável e independente. “Isso é um grande incentivo, já que uma das maiores dificuldades encontradas nesse mercado é o pesado investimento na implementação de laboratórios de pesquisa e desenvolvimento”, afirma Shauma Gustavson, gerente de Produção da BTI Biotecnologia Industrial, companhia que trabalha com diagnósticos laboratoriais. Aliados a isso, a capacidade de inovação e o valor agregado aos produtos desenvolvidos são itens que estão tornando esse mercado cada vez mais competitivo, favorecendo o seu crescimento e abrindo caminho para as exportações. Em franca expansão, o mercado de biotecnologia movimentou em torno de US$ 24 bilhões, em 2001, e para este ano a previsão é de que esse valor alcance US$ 50 bilhões
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em todo o mundo. Somente no Brasil, em 2000, as divisas geradas por esse setor chegaram a R$ 7 bilhões (US$ 2,3 bilhões). Em 2001, esse número corresponde a cerca de 2% do PIB, ou seja, aproximadamente R$ 20 bilhões (US$ 6,5 DIVULGAÇÃO
LINHA DIRETA: SHAUMA GUSTAVSON bti@biominas.org.br . BTI BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL (31) 3486-4674 . MUCIO FIGUEIREDO VIEIRA biotecnica@bol.com.br
Só falta mais
SHAUMA: DESTAQUE PARA O PAPEL DAS INCUBADORAS NO DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS EM BIOTECNOLOGIA
Fábio Mayer
NANO ENDOLUMINAL: EMPRESA CONQUISTA MERCADO DE DISPOSITIVOS BIOMÉDICOS
presidente da Nano Endoluminal, que desenvolve dispositivos biomédicos. [Correntezas contrárias] Por outro lado, esse segmento como qualquer outro tem suas desvantagens. Durante muito tempo a pesquisa e o desenvolvimento foram deixados de lado no país. Em 1987, a decisão do Brasil, na época sob o comando de José Sarney, de decretar a moratória (suspensão do pagamento dos serviços da dívida externa) teve como conseqüência uma retaliação internacional. Desconfiados, as nações estrangeiras deixaram de investir no país, ocasionando uma defasagem tecnológica. Na década de 1990, o país também enfrentou a falta de incentivo e a estagnação de recursos, principalmente por parte do Governo Federal, para o desenvolvimento do conhecimento científico, gerando a necessidade de importar tecnologia. “Temos ainda uma barreira cultural que nos se-
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ENTENDA O QUE É A biotecnologia engloba campos de atuação variados como genética, agricultura, nutrição e o setor farmacêutico, desde a produção de sementes transgênicas, produtos farmacêuticos e linhagens celulares até o seqüenciamento de DNAs. Além disso, há espaço para indústrias de química fina e de equipamentos, por exemplo, para a implementação de ensaios biológicos, a concepção e fabricação de equipamentos e a produção de substâncias químicas com alto grau de pureza ou de matérias-primas específicas. Através da pesquisa nessa área são desenvolvidos produtos importantes como o interferon humano, insulina, hormônio de crescimento, biofármacos, novas vacinas e terapia gênica. A prioridade atual é o desenvolvimento de novos medicamentos para doenças como o câncer, mal de Alzheimer e Aids. Fonte: revista Nexus
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bilhões). Além disso, o segmento proporcionou o surgimento de cerca de 28 mil postos de trabalho (veja quadro na página 34). “É um mercado que tem que crescer e se manter atualizado, por força da própria necessidade do país de prestar melhores serviços na área da saúde e oferecer soluções para os problemas sociais”, conta Mucio Figueiredo Vieira, gerente comercial da Biotécnica Indústria e Comércio, empresa que atua nas áreas de Bioquímica e Imunologia. Entre outros ramos de atividade desse nicho, está o de equipamentos para operações minimamente evasivas, que substituem técnicas cirúrgicas. Isto é, em vez de abrir o peito do doente para operar o coração, o processo todo é f e i t o a t r a v é s d e u m c a t e t e r, diminuindo o custo, o tempo de internação e o risco para o paciente. “Toda essa área tem um atrativo muito grande e um campo imenso, principalmente na área médica”, diz Pierre Galvagni Silveira, sócio-
LINHA DIRETA: PIERRE GALVAGNI SILVEIRA nivia@nano.com.br . NANO ENDOLUMINAL www.nano.com.br . REVISTA NEXUS – CIÊNCIA & TECNOLOGIA www.revistanexus.com.br
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por
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para dos centros produtores de biotecnologia”, diz Mucio Figueiredo Vieira. Segundo ele, a conseqüência imediata desse fato é não só a dificuldade em se conseguir transferência de tecnologia para o Brasil, mas ainda os altos e abusivos preços cobrados pelos países detentores dessa tecnologia. Já o sócio-presidente da Nano Endoluminal conta que não há fabricantes de matéria-prima no país. Portanto, tem que ser importada e nem todas as empresas têm acesso a essa tecnologia por causa do preço. “Dependemos muito de matériaprima importada, porque o Brasil tem tecnologia apenas para produ-
zir o produto final”, afirma Shauma Gustavson. Para tentar reverter esse quadro, a Biotécnica, fundada em 1998, busca a transferência tecnológica para o país de processos produtivos nas áreas de Bioquímica e Imunologia para desenvolver p r o d u t o s d e Bi o t e c n o l o g i a . D e acordo com Vieira, a empresa conta com vários pesquisadores com grau de PhD e se encontra em fase final de implantação dos sistemas de qualidade ISO 9001, consolidandose no mercado nacional e iniciando as suas atividades na exportação. No caso da Nano Endoluminal, desenvolver dispositivos médicos DIVULGAÇÃO
LINHA DIRETA: FUNDAÇÃO BIOMINAS www.biominas.org.br . MINISTÉRIO DA SAÚDE www.saude.gov.br . MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.mct.gov.br
(Mercado
FIQUE POR DENTRO A biotecnologia movimentou no mundo: 1996 – US$ 7,6 bilhões 2001 – US$ 24 bilhões, sendo cerca de 10% em aplicações agrícolas Para 2002, a estimativa é de US$ 50 bilhões No Brasil: 2000 – R$ 7 bilhões (US$ 2,3 bilhões) 2001 – R$ 20 bilhões (US$ 6,5 bilhões) De acordo com um estudo realizado pela Fundação Biominas, no Brasil existem mais de 350 empresas atuando com biotecnologia. As regiões que concentram o maior número de empresas são: Sudeste e Sul (90%) Centro-Oeste (5%) Norte e Nordeste (3%) Na segmentação dos mercados há um predomínio de 75% das empresas em quatro áreas: 1. Saúde humana (24%) 2. Multinacionais, empresas públicas e outras (22%) 3. Fornecedoras de equipamentos e insumos (17%) 4. Agronegócios (12%)
CUSTOS: INVESTIMENTO EM LABORATÓRIOS SOFISTICADOS É CONSIDERADO UM DOS GRANDES ENTRAVES PARA A EXPANSÃO DA BIOTECLOGIA
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Fonte: informações e análises dos principais resultados obtidos no estudo empírico “Parque Nacional de Empresas de Biotecnologia”, realizado pela Fundação Biominas por solicitação do Ministério da Ciência e Tecnologia. (www.biominas.org.br)
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Gustavson, o próximo passo é implantar o laboratório de pesquisa e desenvolvimento. “A tentativa é justamente de tornar a produção autosuficiente e de alguma forma estar produzindo tudo aqui no Brasil”, salienta a gerente de Produção. A empresa, fundada em 2000, dedicase à fabricação, comercialização, importação e exportação, pesquisa e desenvolvimento de produtos para uso em diagnóstico laboratorial com atuação no setor de Diagnósticos em Saúde Humana, particularmente em Química Clínica e Imunologia Clínica. “A busca, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias, é um dos principais objetivos da nossa empresa, visando obter assim uma emancipação tecnológica.” Como se vê, para não se afogar no imenso oceano que é o mercado de biotecnologia, é fundamental definir estratégias para vencer da melhor forma todos os problemas do setor, buscando sempre soluções com qualidade, pesquisando e desenvolvendo tecnologias mais avançadas. “Vencer é mostrar ao mundo que somos bem mais que um bando de tupiniquins que querem fazer ciência. Somos pesquisadores, empreendedores que têm competência, arrojo e uma enorme capacidade de superação das dificuldades que enfrentamos e um povo extremamente criativo”, salienta Mucio Figueiredo Vieira. Só assim é possível tornar a biotecnologia um negócio viável e rentável.
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ANTES DE INVESTIR Apesar de muitas dificuldades no setor, o empreendedor deve seguir algumas regras básicas para se consolidar nesse ramo. Antes de tomar qualquer decisão é necessário pesquisar amplamente as viabilidades do mercado e conhecer o produto que se quer oferecer, a sua concorrência, as ameaças e as oportunidades do mercado. Além disso, o empreendedor deve ser muito persistente, organizando-se ao máximo dentro dos conceitos mais modernos. E em termos estratégicos tentar se associar a algumas organizações que apóiam o empreendedorismo, buscando amparo, principalmente, em instituições criadas para incubar e viabilizar empresas de biotecnologia. Para tudo isso, é essencial, portanto, ter um bom plano de negócios, dedicação e muito trabalho.
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passa por um esforço constante da equipe, mesmo com relação à pesquisa, legislação e projetos de investigação experimental em animais e até em seres humanos. Para driblar os problemas, a empresa se concentra em estudar a legislação e ficar atenta a todos os conceitos que são utilizados e adotados pela comunidade européia e pelo Food and Drug Administration (FDA). “Nossa política de gestão é tentar replicar esses conceitos de controle de qualidade, de vigilância e de segurança, desenvolvendo tecnologia e ao mesmo tempo descobrindo como a legislação funciona”, conta Silveira. Criada há seis anos, a empresa saiu da incubadora no ano passado e, agora, implantou o ISO 9001. Em breve, vai iniciar as exportações, mas por enquanto, de acordo com o sócio-presidente, trabalha com o mercado externo apenas como protocolo de estudo. A previsão para fechar este ano é na ordem de R$ 3 milhões. “O faturamento tem dobrado a cada ano, porque existe uma grande demanda reprimida.” Já a BTI adota como estratégia administrativa a auto-sustentação com os produtos que foram liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão que em parceria com os Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia regulamenta o setor. A empresa possui 118 produtos de kits diagnósticos registrados. Segundo Shauma
Franquia
Total
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A Multicoisas, franquia de lojas de materiais para reparos domésticos e comerciais, implantou um sistema via internet para avaliar o desempenho de cada integrante da rede e dá oportunidades de melhoria de carreira através da evolução na própria unidade ou de recolocação dentro da própria rede. Batizado de Congente, o sistema começou a ser testado entre os funcionários da empresa franqueadora. Depois, ele poderá ser utilizado por todos os franqueados que desejarem aderir ao sistema, que conta com ferramentas para contratação, diagnóstico, verificação de potencial, agenda de avaliação e histórico profissional. Os funcionários também poderão acompanhar a sua evolução profissional, seus desafios e tomar atitudes para a melhoria do seu trabalho e desenvolvimento. (67) 312-8000
Com os pés no franchising Depois de marcar presença nos shopping centers de São Paulo e outros do país com 22 lojas, a Indústria e Comércio de Calçados Fascar, especializada em calçados masculinos, resolveu expandir os negócios através do franchising. Fundada pelo artesão sapateiro Manuel de Souza, há 39 anos, a empresa tem como meta abrir um total de 11 lojas nos próximos 24 meses, sendo seis no Rio de Janeiro, três em Belo Hori-
zonte e duas em Curitiba, e todas elas em shopping centers. Rafael Borges de Souza Júnior, coordenador de franquia da Fascar, conta que a adesão ao sistema de franquias só veio depois de estudos para a verificação da viabilidade dessa estratégia. O investimento total estimado por loja franqueada é de R$ 388 mil. Os royalties serão cobrados sobre o valor total das compras efetuadas pela loja no mês, numa taxa de 8%, mas nos seis primeiros
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Desempenho avaliado de ponta a ponta
meses de operação da unidade franqueada, porém, será cobrado apenas o percentual de 6%. (11) 3255-6733 www.fascar.com.br
Preparando a expansão regional Caminho Há 16 anos no mercado e custo para o subfranqueado inverso
atualmente com 20 unidades no estado de São Paulo, a rede de lavanderias Sol & Sabão está buscando masterfranqueados nas principais capitais do país. Caio Próspero, diretor de Franquias da rede, explica que os masterfranqueados desenvolverão áreas num raio de 80 km, em todos os estados, com exceção apenas da cidade de São Paulo. O investimento desses empreendedores será de cerca de R$ 300 mil para ter uma usina, local onde as roupas serão lavadas, e uma unidade própria. A partir daí, ele buscará subfranqueados que abrirão unidades para servir como ponto de captação para a marca, em área determinada e exclusiva. O
é de cerca de R$ 30 mil, já que ele não precisará investir em equipamentos, mas somente na loja. A Sol & Sabão, em parceria com a De-
cisão Consultoria, está viabilizando linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e Banco do Brasil para pagamento de taxa de franquia, adequação de ponto, máquinas e equipamentos, informatização e veículos utilitários, totalizando até 60 % do investimento. (11) 5055-8859 ou www.solsabao.com.br
A rede de fast food especializada em comida árabe Mister Sheik está indo em sentido contrário ao de muitos investidores. A rede vai iniciar a expansão para a América Latina pela Argentina, confiante de que seus produtos cairão no gosto popular do público do país vizinho e que as demais dificuldades de início de implantação da operação serão facilmente superadas. No ano que vem, a rede pretende abrir três unidades na Argentina, uma no Uruguai, uma no Paraguai e uma na Venezuela, sendo que a primeira deve ser inaugurada logo no início de 2003 em Buenos Aires. (11) 3611-1313 www.mrsheik.com.br
Anote o nosso novo e-mail: franquiatotal@empreendedor.com.br Setembro – Empreendedor
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União de marcas
CIRCULAR
Ligações simultâneas Atender 400 ligações simultâneas de clientes solicitando uma refeição. Essa é a estrutura do mais moderno e inédito Contact Center inaugurado pelo Habib’s para aprimorar seu sistema de delivery, centralizando o atendimento nacional num único número de telefone. Quando o telefone tocar em qualquer uma das posições de atendimento, o operador digita o CEP do cliente, efetua o pedido e dispara a solicitação para uma das lojas da cadeia espalhadas pelo país. A loja terá 28 minutos – entre pedido e entrega – para enviar o pedido à casa do cliente. Se estourar o prazo, o cliente não paga. Atualmente, 68 lojas estão conectadas. A previsão é interligar mais 80 em São Paulo e 200 em todo o país. Quando todas as lojas estiverem integradas ao Call Center serão esperadas 1 milhão e 200 mil ligações/ mês, algo em torno de 5 mil a 6 mil ligações por loja. (11) 5633-2600
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so das personagens Lilica e Tigor, existe o grande diferencial que é a qualidade dos produtos, desde o corte até a modelagem, passando por tecidos, cores e muitos outros detalhes diferenciados com a utilização do que há de mais avançado em tecnologia”, explica Jair Pasqualini, diretor da Divisão de Franchising. As lojas Lilica & Tigor também foram cuidadosamente planejadas para deixar as crianças bem à vontade para pular, brincar e se divertir enquanto experimentam as roupas, meias, calçados e acessórios. Nas cidades onde não existem lojas franqueadas, os produtos são comercializados através dos canais multimarcas. (47) 370-8788 www.marisolfranchising.com.br DIVULGAÇÃO
Com duas novas franquias inauguradas em agosto, uma em Gramado (RS) e outra em Curitiba, a Marisol Franchising alcança o número de 21 lojas das marcas Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre implantadas na região Sul do país. O projeto de expansão estima, até o final deste ano, chegar a 35 lojas Lilica & Tigor e alcançar o ousado número de 240 lojas até o final de 2005. No primeiro semestre de 2002, a empresa investiu R$ 1,5 milhão no suporte à abertura de novas lojas, marketing e estruturação das franquias. Para este segundo semestre, está previsto o investimento de mais R$ 2 milhões para dar continuidade ao projeto e inaugurar 14 novas lojas ainda neste ano, concentrando-se principalmente nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória. “Além do suces-
Líder empresarial Fernando Sodré, diretor da Límpidus, foi escolhido como Líder Empresarial de 2002 no setor de franquias. Administrando a rede de franquias de limpeza comercial que tem mais de cem unidades em vários estados brasileiros, Sodré teve uma expansão rápida através do franchising, e a meta da empresa até o final deste ano é um crescimento de 60%. Um dos diferenciais da Límpidus é a garantia do faturamento inicial do franqueado. Dependendo do tipo de franquia de sua escolha, a garantia varia de R$ 500,00 a R$ 30 mil mensais. (11) 3845-8894
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Nem possíveis ameaças da economia fazem diminuir as boas expectativas de crescimento da rede de lojas de locação de automóveis Localiza Rent a Car. Considerada a oitava maior locadora do mundo e líder no segmento na América latina, a empresa espera fechar o ano de 2002 com um crescimento entre 15% e 20% como resultado ainda da ampliação dos negócios no ano passado. Atualmente, a Localiza é a franqueadora brasileira com maior presença no exterior. São mais de 400 agências operadas por franqueados, distribuídos em vários países da América Latina. Um dos pontos fortes da rede, que aderiu ao franchising em 1983 quando a empresa completou dez anos de fundação, tem sido os investimentos nos treinamentos dos profissionais, sejam os próprios franqueados, quanto os colaboradores, para garantir a padronização dos serviços prestados. (31) 3247-7009 www.localiza.com.br
Novas lojas para a garotada
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Localiza no exterior
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A Pizza Hut e o Guaraná Antarctica lançaram uma campanha de marketing através de latas temáticas do guaraná com a logomarca da rede de franquias. Os consumidores que entregarem duas dessas latas aos restaurantes da rede, espalhados pelo Brasil terão 50% de desconto na compra de qualquer pizza. O objetivo da Pizza Hut é atrair mais de 1 milhão de novos clientes no Brasil. A campanha tem um site exclusivo – www.pizza hutguaranaantarctica.com.br – com informações, links, dados sobre a parceria e endereços dos restaurantes, que ficará no ar até o final da promoção. (11) 3819-4533
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Franquia
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Não é para qualquer um
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O mercado em que vive o sistema de franchising está mais maduro e, aliado a esse fator, houve um aumento na oferta de candidatos nos últimos anos. Esses são bons motivos para as franquias estarem ainda mais exigentes na hora de escolher um candidato, afinal a quebra de uma unidade abala a rede inteira e a própria marca. André Giglio, diretor da Consultoria Francap, especializada em franchising, diz que o controle de qualidade é permanente nas redes, mas agora a seleção de empreendedores passou a ganhar novas ferramentas que diminuem os riscos de fechamento, apesar de as franquias terem uma taxa de mortalidade sete vezes menor do que a de um negócio independente. O consultor Giglio explica que a procura pelo perfil ideal depende de cada negócio. “Não existe o franqueado que se encaixe em qualquer área. Os critérios levam em conta as possibilidades de ajudar a rede inteira Setembro – Empreendedor
zar todas as operações como se já estivesse dono da franquia. “Este tipo de prática serve mais como uma confirmação de que aquela pessoa, que já passou por todas as outras etapas, está apta a assumir aquele estabelecimento. Assim como o franqueador pode considerá-lo despreparado, ele próprio pode não gostar da franquia escolhida. Como dissemos
a se desenvolver, podendo ser mais exigido um perfil comercial ou um perfil de gestão administrativa.” A orientação que a Francap repassa é que a seleção de candidatos não deve ser apressada, já que a velocidade de expansão tem que ser “de cruzeiro”, devagar e sempre, com um crescimento estruturado, planejado e com o mais baixo índice de risco possível. [Test-drive] Muitas redes, geralmente através de consultorias especializadas, utilizam métodos científicos para selecionar os interessados. Entrevistas pessoais, testes psicológicos e análise da experiência são as ferramentas mais comuns. Somada a essas, há no mercado uma nova estratégia de reconhecer o verdadeiro potencial de um candidato a franqueado: o test-drive. Batizado assim por ser uma espécie de prática antes do fechamento do contrato, o teste faz o pretendente administrar uma unidade e reali-
que o sistema de franchising é como um casamento, esse teste seria uma espécie de noivado”, comenta Giglio. Quem está experimentando essa prática é a Crêpe de Paris, uma nova franquia que chegou ao mercado através da implementação do conceito que vem sendo desenvolvido desde o início de 2001, quando o executivo francês Pierre Murcia, junto com sua esposa Adriana DIVULGAÇÃO
LINHA DIRETA: FRANCAP (11) 3079.5080 . BIT COMPANY (11) 5573-1810 . MASTER AUTO RENTAL (11) 3337-0583
O aumento no número de candidatos a franqueado faz as redes tornarem seus processos de seleção mais rigídos e exigentes
GIGLIO: TEST-DRIVE SERVE PARA VER SE O CANDIDATO É MESMO A PESSOA CERTA PARA COMANDAR A FRANQUIA
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DIVULGAÇÃO
presa já foram recebidos 8.200 pedidos de informações. Depois que é preenchida uma ficha de pré-qualificação, explica Barbosa, checamos os dados e avaliamos a localização física. A capacidade financeira do pretendente é analisada e são realizadas entrevistas telefônicas. Passada essa triagem, o candidato vai conhecer a empresa e ser entrevistado pessoalmente pela direção para saber todos os detalhes do negócio. “Temos um diferencial que chama a atenção de muitos interessados, que é a isenção de taxa de franquia e de royalties, além de oferecer uma margem de lucro do produto em torno de 185%”, conta o diretor, que diz que no momento a rede está priorizando a expansão no Sul do país, onde possui apenas 30 unidades. A capital gaúcha é o principal foco. Para Renato Fraga, diretor de Novos Negócios da Master Auto Rental, “a disponibilidade de capital para investimento não pode ser decisiva para a concessão de uma franquia. O risco de ter o gerenciamento de uma unidade por um franqueado sem
CRÊPE DE PARIS: COLOCAÇÃO DE CANDIDATOS À FRENTE DE UMA FRANQUIA ANTES DE CONCRETIZAR AS NEGOCIAÇÕES
negócio e uma reserva como margem de segurança. Além disso, aumentou o controle da ficha cadastral, permitindo avaliação mais criteriosa do perfil do potencial franqueado. Há também um maior número de entrevistas para que o pretendente tenha certeza dos desafios do negócio, e são estabelecidos contatos do candidato com franqueados da rede, para que estes também avaliem o seu perfil. A rede de lojas de cosméticos Empório Bothânico, com 205 unidades, também está sentindo o crescimento da procura a cada ano. “Somos obrigados a ficar mais seletivos. É a velha lei da oferta e da procura”, comenta Sérgio Barbosa, diretor de Expansão e Marketing da rede. Através do site da em-
PERFIL Não há um consenso de perfil ideal para o empreendedor que quiser assumir uma franquia. No entanto, consultores revelam que algumas características são fundamentais: Boa comunicação Perfil de gestão de recursos Flexibilidade para mudanças Dedicação ao negócio Competência em seguir tendências
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Empreendedor – Setembro
2002
Crispim, resolveram dar uma pitada brasileira numa receita de seus avós e chegaram à fórmula exclusiva do Crêpe com receitas que se adequam ao paladar brasileiro. Depois de implantar o projeto piloto na cidade de Santos (SP), a empresa iniciou o plano de expansão colocando um pretendente a franqueado para administrar uma unidade na capital paulista, para que ambas as partes tenham certeza de que a escolha está certa. Na BIT Company, rede de escolas de informática com 150 unidades, as melhorias no processo de seleção dos franqueados incluíram maior rigor na avaliação da capacidade financeira, ou seja, o franqueado deve comprovar que tem o capital mínimo necessário para implantação do
perfil adequado para o ramo pode comprometer o patamar mínimo de qualidade desejado e, conseqüentemente, os resultados”. Com essa filosofia é que a empresa de locação de veículos entrou no sistema franchising há cerca de três meses. Atualmente, a Master possui 12 unidades próprias em cinco estados brasileiros, devendo franquear uma delas, e já está em processo seletivo para franqueados de novas unidades. “Utilizamos instrumentos de avaliação em dois níveis: o de perfil e o da situação econômico-financeira. Temos cautela porque há uma demanda grande, mas as pessoas que queremos precisam ter grande envolvimento com o negócio, e nem sempre é essa a intenção de um possível franqueado”, comenta Renato Fraga. “O conselho para quem está do outro lado dessa história, ou seja, procurando uma franquia, é descartar setores que definitivamente não combinem com você”, afirma André Giglio. “Em qualquer rede é preciso ter vontade de inovar e buscar novos mercados”, conclui.
LINHA DIRETA: EMPÓRIO BOTHÂNICO (11) 4053-9300 . CRÊPE DE PARIS (11) 3763-5687
EM DESTAQUE
Franquia
ABF
2ª Convenção ABF
de Franchising
A ABF prepara uma programação especial para o evento que promete agitar o franchising A ABF já definiu os temas que serão debatidos e apresentados na Convenção, que ocorrerá de 30 de outubro a 3 de novembro no Hotel Transamérica, em Comandatuba (BA). O programa completo já está disponível com detalhes das palestras e mesas-redondas. A ABF trará para o evento o palestrante Waldez Ludwig e outros profissionais bem-sucedidos.
2002
LINHA DIRETA: ABF www.abf.com.br – abf@abf.com.br
Quatro painéis abordarão os seguintes temas: Turbinando seu Crescimento; Franchising X Licenciamento – Prós e Contras; Lucro do Franqueado: Questão Crucial; Sinergias: Co-Branding e Alianças Estratégicas. Os painéis serão coordenados e abrilhantados pela participação de: Alberto Carneiro (Casa do Pão de Queijo), Artur Grynbaum (O Boticário), Artur Ipólito (Wizard), Eliane Bernardino (Mister Pizza), Gerson Keila (Master Brasil), José Carlos Figueiredo (Le Postiche), Lindolfo Martin (Multicoisas), Marcus Rizzo (Rizzo Franchise), Melitha Novoa Prado (Novoa Prado Consultoria), Nelcindo do Nascimento (5 à Sec), Paulo Cesar Mauro (Golden Services), Ricardo Young (Yázigi Internexus) e Robinson Shiba (China in Box).
Este ano a ABF inovou ao formar as mesas-redondas, que abordarão os seguintes temas: Seleção de Franqueados; Exportação de Franquias; Conversão de Negócios em Franquias; Franqueado-Problema: Como Resolver; Conselho de Franqueados: Problema ou Solução; Suporte ao Franqueado: o Essencial; Estratégias para Franquias de Baixa Performance; Estratégia de Fundo de Publicidade; Cobrança de Royalties; Nova Lei do Franchising; Territorialidade e Canibalismo; Corretagem de Franquias; Selo de Qualidade e a Pesquisa de Satisfação. Entre os debatedores das mesas podemos citar as participações de: Beto Filho (Astral), Claudia Bittencourt (Bittencourt Consultorias), Daniel Plá (De Plá Foto-grafia), Elisabeth Pimenta (Água de Cheiro), Luiz Felizardo Barroso (IFM – International Franchising Masters), Walmir Frare (Bit Company), entre outros.
Garanta já sua participação, pois o número de vagas é limitado! Inscreva-se logo e aproveite os descontos.
Informações pelo telefone (11) 3814-4200, ramais 13, 23 e 24. Setembro – Empreendedor
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CAF Especialize-se em Franc hising ranchising
O CAF é um programa completo de formação para o franchising. A ABF já fechou o calendário do segundo semestre do C u r s o Av a n ç a d o d e F r a n chising – CAF, ministrado na sede da entidade, em São Paulo. D i v i d i d o e m 12 m ó d u l o s independentes com duração semestral, o curso é voltado para franqueadores e profissionais que atuam ou querem ingressar no sistema. Confira os temas que serão apresentados em setembro: Definindo as Estratégias de Marketing (16/09); D e f i n i n d o o Pro c e s s o d e Se l e ç ã o d o Fr a n q u e a d o Certo (23/09); A n a l i s a n d o o s As p e c t o s Legais e Jurídicos (30/09). A proposta é aperfeiçoar a formação em franchising, fornecendo ferramentas poderosas para a administração do negócio, desde a análise de sua viabilidade até a formatação da rede de franquia. Com isso os participantes receberão o mais completo programa de especialização em franchising, que os capacitará a atuar nesse mercado cada vez mais compe titivo. Os interessados podem entrar em contato com o Departamento de Marketing, Cursos e Eventos da ABF, pelo telefone (11) 3814-4200, ramal 24, com Viviane. As vagas são limitadas.
FRANQUIAS EM EXPANSÃO Estética Onodera Negócio: estética facial e corporal Tel: (11) 3846-0604/Fax: (11) 30441835 www.onodera.com.br
Quality Cleaners Negócio: lavanderia expressa Tel: (11) 3253-0555 www.qualitycleaners.com.br
Uma beleza lucrativa
Lavanderia expressa
A Estética Onodera, maior rede de Centros Estéticos do Brasil, conta atualmente com 24 unidades em São Paulo, sendo que quatro ficam no interior desse estado. A empresa iniciou seu processo de expansão por meio do sistema de franquias em 2000 e, em apenas um ano e meio, aumentou o volume de negócios em mais de 200%. Essa visão empreendedora permitiu que a Onodera se tornasse a maior franquia a operar no mercado estético brasileiro. A rede presta, entre outros serviços em estética: tratamentos para celulite, flacidez, gordura localizada, estrias, mesoterapia e estética facial.
Seja mais um empreendedor de sucesso! Faça parte de uma rede mundial de lavanderias! Um mercado com grande potencial e em constante crescimento! A rede de lavanderias expressas Quality Cleaners atua no Brasil desde 1999 e, após um período de aprendizado no mercado brasileiro, estruturou seu processo de expansão pelo sistema de franquias e já conta com mais de16 lojas no país. A Quality Cleaners oferece a seus franqueados um suporte de primeira linha, incluindo treinamento técnico operacional, acompanhamento na implantação da franquia, assessoria mercadológica e um vasto know-how adquirido por sua experiência internacional, em mais de 300 lojas e oito países, Nº unidades: 4 próprias/16 franqueadas Área de interesse: Brasil adaptada às caracApoio: PA, PM, MP, PO, PP, OM,TR, EI, SP terísticas nacionais. Taxas: R$ 30.000 (franquia), 5% (royalties) Entre em contato e 2% (publicidade) com nossa Área de Instalação: R$ 210.000 a R$ 260.000 (inclusos taxa de franquia, capital de giro e estoque inicial) Franquias e faça Prazo de retorno: 24 a 36 meses parte deste time Contato: Ventura vencedor!
Nº de unidades: 24 Áreas de interesse: regiões Sul e Sudeste Apoio: PA, MP, PP, PO, OM, TR, EL, PN Taxas: R$ 25.000 a R$ 32.000 (franquia), 6% (royalties) e 4 % (publicidade) Instalação: R$ 80.000 a R$ 200.000 Prazo de retorno: 18 a 24 meses Contato: Empresa Francap
Varig Log
China House Delivery
Negócio: transporte e logística Tel: (11) 3897-7033/3897-7440 www.variglog.com
Negócio: delivery de comida chinesa Tel: (0xx11) 6239.9900 – Fax: (0xx11) 6238.7733 www.chinahouse.com.br
Liderança em logística A VARIG LOGÍSTICA S.A – VARIG LOG surge no mercado como a maior empresa de logística da América latina, resultado da soma de uma larga experiência com novo conceito tecnológico. Essa experiência vem da VARIG CARGO, então Unidade de Negócios de Cargas da VARIG BRASIL. Direcionando suas atividades para o mundo globalizado, ela está totalmente preparada para atender às necessidades da nova economia e pronta para gerenciar todo processo logístico de armazenamento, estocagem, embalagem, transporte e distribuição de mercadorias. Hoje são 151 aeronaves, milhares de veículos e as melhores alianças estratégicas em todos os meios de transporte, garantindo mais agilidade, segurança, pontualidade e regularidade nas entregas. Por trás de tudo isto, conta com uma estrutura de unidades próprias e franqueadas no Brasil e no exterior, formando uma ampla rede de coleta e distribuição que abrange todo o território nacional e 350 cidades no Mercosul. A VARIG LOG chega ao mercado reconhecida como sinônimo de Nº de unidades: 211 Áreas de interesse: Brasil, América do Sul e Europa qualidade, certifiApoio: PA, MP, PP, PO, OM, TR, PF, EI, PN, SP cada pela ISO Taxas: R$ 5.000 a R$ 40.000 (franquia Brasil), 5% FB 9002. E isso signi(royalties) e 1% FB (propaganda) fica garantia de Instalação da empresa: a partir de R$ 750 m2 tranqüilidade para Prazo de retorno: acima de 18 meses seus clientes. Contato: Roberto Gomes
Faça parte desse sucesso A China House é uma franquia de delivery de comida chinesa com sete anos de tradição. Tem como diferenciais a qualidade e forma de preparo dos alimentos e uma ótima prestação de serviço aos seus clientes, que garantem o seu sucesso e aceitação no mercado. Vantagens: baixo investimento; negociação coorporativa com fornecedores (venda direta de fornecedor para franqueado, menores custos e maiores margens); excelente mix de produtos com ótima aceitação; projeto arquitetônico incluso na taxa de franquia; assessoria na localização do ponto, nas obras e na inauguração da loja; treinamento inicial, consultoria e visitas periódicas. Um dos setores que N° de unidades: 4 mais se mantiveram Áreas de interesse: regiões Sul, Sudeste e estáveis (alimentaCentro-Oeste ção), aliado a prestaApoio: PA, PP, PO, OM, TR, EI, PN, SP Taxas: R$ 15.000,00 (franquia), ção de serviços (deli5% (royalties) e 2% (publicidade) very), dentro de um Obra Civil/Equip.: A partir de R$ 65.000,00 único negócio. Só falta Estoque Inicial/Capital de Giro: R$ 20.000,00 você. Contato: Jorge Luiz Torres
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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Golden Services
Negócio: pretação de serviços do futuro Tel: 0800 12 7286 / Fax: (11) 374-3 2734 E-mail:franquia@goldenservice.com.br www.goldenservices.com.br
O futuro é aqui
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Nova oportunidade de negócios
SERVIÇOS DO FUTURO é um conceito de unidades de prestação de serviços de alta qualidade, instaladas estrategicamente para atender um público que busca praticidade, qualidade e preços justos. Em cada uma de nossas lojas encontramos o máximo em tecnologia e atendimento profissional para consertos de sapatos, bolsas e tênis, serviços de costura, além da mais moderna lavanderia do mercado. Nosso suporte é completo para o franqueado, desde a localização e negociação do ponto comercial até a implantação da loja. As franquias que hoje fazem parte do GOLDEN SERVICES são: SAPATARIA DO FUTURO (a sua loja de serviços com mais de 130 lojas em todo Brasil); COSTURA DO FUTURO (a única e mais completa rede nacional de serviços de reforma de roupas em geral); LAVANDERIA DO FUTURO (a lavanderia mais moderna do Nº de unidades próprias e franqueadas: 130 Brasil). Venha fazer parte Área de interesse: Brasil desse sucesso! Seja um Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF. FI. franqueado do futuro! EL, PN, SP Informações para Taxa: variáveis (ver site) franquias: 0800 12 7286 e Instalação da empresa: variável (ver site) Capital de giro: variável www.goldenservices.com.br. Prazo de retorno: 24 a 36 meses
A ALPS é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil. Lançada no mercado em 2001, já conta com mais de 100 franquias espalhadas por todo o país, sendo que pretendemos fechar este ano com cerca de 250 unidades. O método Alps foi desenvolvido nos Estados Unidos seguindo as mais modernas técnicas de neurolingüística, possibilitando um aprendizado rápido e permanente do inglês. Alguns alunos que já estudaram em outros métodos e depois vieram para a ALPS chegam a afirmar que falaram mais inglês em 20 horas em nossas escolas que em toda a sua experiência anterior. Essa é a grande oportunidade para você poder ter seu próprio negócio e fazer parte de uma empresa com know-how administrativo e comercial, e um sistema exclusivo de ensino. A Alps dá assessoria na seleção do ponto comercial, na adequação do imóvel e na implantação e operação da escola, treinamento pedagógico, comercial, além de todo o suporte de uma equipe de profissionais especializados que vão assessorá-lo no seu empreendimento. Esta é sua grande oportunidade de sucesso em uma rede em ampla expansão! Existem várias Nº de unidades próp. e franq.: 150 cidades disponíveis para a imÁreas de interesse: Brasil plantação de uma unidade Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, PN, SP Alps. Consulte nossa home Taxas: R$ 10 mil (franquia), 7% sobre compage (www.alpschool.com.br) pras (royalties) e R$ 12,0 p/ material didático e contate nosso Depto. de Instalação da empresa: R$ 30 mil a R$ 50 mil Franchising através do telefoPrazo de retorno: 12 a 18 meses ne (19) 3296-0600. Contato: Artur José Hipólito
Vicio
Livraria Modelo
Negócio: vestuário Tel/fax: (11) 3333-3322 franquia@vicio.com.br – www.vicio.com.br
Negócio: livraria Tel: (81) 3338-8019 Fax: (81) 3338-8069 www.modelo-online.com.br
Qualidade e diferenciação Criada em 1985 por Cláudio Fernandes, a VICIO traz desde o seu início produtos que vão ao encontro das necessidades e desejos dos consumidores mais exigentes. Masculino e feminino, básico e fashion, além dos acessórios, fazem da VICIO uma coleção completa com uma série de itens exclusivos. Atualmente a VICIO aposta na qualidade e diferenciação de seus produtos. Para isso investimentos constantes são feitos em pesquisas, não somente em tendências como também em novas matérias-primas e técnicas avançadas de produção e industrialização. Tudo isso levou à consolidação da marca no mercado nacional. Prova disso é a distribuição feita por mais de 500 pontos-de-venda que vão do extremo sul ao extremo norte do Nº de unidades: 4 próprias país. Com uma equipe forÁreas de interesse: Norte, Nordeste, mada por profissionais de Centro-Oeste, Sul e Sudeste ponta sempre atentos às Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, EL, PN, SP. Taxas: R$ 30.000 a R$ 50.000 (taxa de constantes mudanças que franquia), 5% (royalties) e 2% ocorrem neste mercado, (publicidade) a VICIO certamente conInstalação da empresa: 600 a 1.000 m² tinuará sua constante Prazo de retorno: 18 a 24 meses busca!! Contato: Fernanda B. Dittmers
Abra um verdadeiro modelo de franquia Se você tem visão de mercado e quer ser bem-sucedido, este é o seu negócio. Abrir uma franquia Modelo é poder contar com toda a estrutura de uma empresa que dispõe de vasta experiência e de uma equipe especializada na venda a varejo, há mais de 15 anos. Além disso, a TWM Administradora de Franchising, empresa que é responsável pelo sistema de franquias da Modelo, fornece todo o suporte técnico e operacional aos franqueados com apoio mercadológico e treinamento para implementação, estruturação e gestão de sua loja. A diversidade e o suprimento dos produtos oferecidos ainda contam com a retaguarda da DPM, que é a maior distribuidora de material de escritório, escolar e suprimento para informática do Norte/NE. A marca Modelo por quatro anos consecutivos detém o maior share of mind no segmento de livrarias do GranNº de unidades: 6 de Recife, de acordo Área de interesse: Brasil com pesquisa do InsApoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, EI, PN, SP Taxas: de R$ 15.000,00 a R$ 35.000,00 tituto Harrop. Livra(franquia), 3% (royalties) e 2% (propaganda) ria Modelo. Venha faInstalação: R$ 1,5 mil por m2 construído zer parte desta históPrazo de retorno: 24 a 36 meses ria de sucesso. Contato: Joaquim Bezerra
PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TRTreinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
Union Service
Fun Languages – The Kids Club
Negócio: recursos humanos Tel/Fax: (11) 3644-3351 mkt@unionservice.com.br
Negócio: inglês para crianças Tel: 0800 55 3565 www.funlanguages.com.br
Inglês com selo de qualidade
Recursos humanos
A Fun Languages – The Kids Club é a única franquia de curso de inglês para crianças premiada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) com o Selo de Qualidade. De origem inglesa e com metodologia própria, a rede está presente em mais de dez países com cerca de 60 mil alunos pelo mundo. Só no Brasil, possui mais de cem unidades franqueadas, 10 mil alunos e está presente em 300 das melhores escolas. Com um pequeno investimento você abre uma franquia FUN LANGUAGES – THE KIDS CLUB e leva todo o nosso know-how até o aluno, esteja ele na escola, na academia, no clube ou em condomínios, sem a necessidade de iniciar seu negócio investindo em um ponto. Oferecemos total apoio, workshops regionais e convenções anuais e reciclagem de treinamento, gratuitamente, para franqueados e seus professoNº de unidades: 110 res. Se você fala inglês fluente, Áreas de interesse: Sul e Sudeste adora crianças e Apoio: total Taxas: R$ 5.000 (franquia), quer ter um negóNC (publicidade) e 12,5% (royalties) cio próprio, venha Capital de giro: R$ 2.000 conversar conosco! Prazo de retorno: 6 a 12 meses
A Union Service é a franquia de Recursos Humanos que há mais de dez anos vem se destacando no mercado de terceirização de serviços, recrutamento e seleção, e treinamento de pessoal efetivo e temporário, desenvolvendo soluções e parcerias. Devido ao seu pioneirismo no setor, a Union Service foi a primeira empresa do ramo a distribuir seu know-how pelo território brasileiro, através do sistema de franchising. As franquias levam o mesmo conhecimento e técnicas desenvolvidas, além de contar com um processo impecável de reciclagem e atualização de sistemas, assessoria jurídica e trabalhista e suporte de marketing. As premiações da ABF, Nº de unidades: 8 Área de interesse: Brasil Sindeprestem/Assertem, Apoio: MP, PP, PO, OM, TR, PF, EI, PN International Exporter’s SerTaxas: R$ 15.000 (franquia unitária) vice e a Certificação ISO 9002 e R$ 25.000 (franquia master) comprovam a qualidade dos Instalação da empresa: R$ 17.000 serviços e do sistema da Capital de giro: R$ 18.000 Prazo de retorno: 18 a 36 meses franquia da Union Service.
Contato: Shirleine Diniz
Contato: Eladio Cezar Toledo
Planet Idiomas Negócio: ensino de idiomas Tel: (19) 3254-3744 www.planet-idiomas.com.br
Sucesso comprovado em todo o país Com moderna e atualizada metodologia de ensino, a PLANET Idiomas vem se destacando como uma das melhores escolas de idiomas do país. Escolha o tipo de franquia que mais se identifica com você e faça parte deste sucesso! 1. FRANQUIA COMPACTA: Com investimento total de 04 X R$ 3.880 você tem uma escola totalmente montada. Franquia exclusiva para professores de idiomas e para cidades de até 50 mil habitantes ou pequenos bairros. 2. FRANQUIA PLENA: Com investimento total de R$ 60.000 você terá uma Escola PLANET com todos os diferenciais de sucesso. Franquia voltada para Nº de unidades: 1 própria / 54 empresários e para grandes franqueadas cidades ou grandes bairros. Área de interesse: Brasil 3. FRANQUIA DE Apoio: PA,MP, PP, OM, TR, EI, SP CONVERSÃO: Sob consulta. Taxas: R$ 6.000 a R$12.000 Instalação: R$ 20.000 a R$ 60.000 Damos carência para a paCapital de giro: R$ 12.000 dronização de sua escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Cristhina Ventorino
PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TRTreinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
Franquia
FRANCO FRANQUIA
Total
Especialista em dizer o que pensa e lembrar os cuidados que se deve ter antes de entrar no mundo das franquias.
Franco Franquia
EU pergunto
Responde
O QUE GARANTE QUE EU ESTEJA PREPARADO PARA ME TORNAR UM FRANQUEADO? ESTOU CIENTE DA RESPONSABILIDADE QUE ISSO ACARRETA?
2002
O prazo de retorno do investimento é o item mais importante quando se vai analisar a entrada ou não em uma de rede franquias? Caro leitor, digo com todas as letras que o prazo de retorno do investimento não é o item mais importante, mas certamente deve ser levado em conta. Aliás, muita gente quando lê um cadastro de franquia se fixa muito nesse item e esquece de olhar com atenção outros de importância semelhante. Não é caso de condenar quem tem essa atitude. É natural que sempre quando se faz um investimento se queira saber quando se irá ter o retorno. Mas calma lá. Analise outros “ingredientes” antes de querer comer o bolo pronto. E outra coisa: em meio a todos os riscos que a abertura de um negócio envolve, você precisa ter algumas certezas para tocá-lo adiante. No caso das franquias, essas certezas atendem pelo nome de treinamentos específicos para franqueados e funcionários e consultoria técnica em áreas essenciais como marketing, finanças e design de loja. Não quero dizer com isso que o prazo de investimento seja obra de ficção ou pura fantasia. Não é isso, até porque acredito muito na seriedade alcançada pelo sistema brasileiro de franchising. O que quero dizer é que os apoios oferecidos pelas franquias não Setembro – Empreendedor
(Se responder a essa pergunta – pode enviar para o meu email – você não irá ganhar nenhum prêmio. Nem mesmo um kit para criar sua própria imagem de santo na janela. Mas tenha certeza de que fará algo muito importante para o sucesso do seu negócio: refletir e analisar as novas estratégias que você pode desenvolver para obter melhores resultados.)
sofrem as influências externas que o desempenho financeiro de uma franquia pode sofrer. Essa possibilidade existe porque o prazo de retorno do investimento em geral resulta de uma média a partir do desempenho das franquias e de seus mercados de atuação. E você sabe que para toda regra existe exceção – o que pode funcionar para uma franquia pode não funcionar para outra. E isso envolve também o perfil do franqueado, sua disposição em atingir metas e resultados. Portanto, preste atenção não apenas em quando você terá seu dinheiro de volta, mas em itens mais “pé-nochão”, como os apoios oferecidos. Mas se ainda assim, com tudo o que eu comentei, seus olhos ainda continuam vidrados na possibilidade de ter um retorno financeiro em um, dois anos, ok. Mas antes de tudo faça aquela boa e velha pesquisa bocaa-boca com outros franqueados da marca escolhida por você. Procure saber deles se o prazo “anunciado” pela rede é realista. Mas, francamente, não esqueça daquela frase genial do genial Albert Einstein: “O sucesso só vem antes do trabalho no dicionário”.
Franqueza Total
“Quem sabe sabe. Quem não sabe trata logo de aprender!” (Franco Franquia)
EU leio
MEU PRÓPRIO NEGÓCIO (Rogério Chér)
O melhor de tudo é que esse livro é de autor brasileiro, e por isso mesmo escreve a partir de uma realidade que todos nós conhecemos. Vale a pena estudar muito bem essa história de ter o próprio negócio. É muita responsabilidade em jogo, coisa que muitos “empreendedores” simplesmente esquecem.
Minha agenda Divulgar meu novo e-mail para leitores, colegas e clientes: francofranquia@empreendedor.com.br. Estudar o Guia de Franquias de Portugal (analisar dados e comparar com os dados de franquias brasileiras).
Escreva para Franco Franquia: francofranquia@empreendedor.com.br 12
2002
Empreendedor – Setembro
(Especial
Incentivados por uma promoção do Sebrae, municípios do interior adotam ações empreendedoras para gerar emprego e renda
Onde o Brasil
2002
acontece
As oportunidades de trabalho para quem vive nas pequenas cidades do interior, até pouco tempo atrás, eram mínimas. Em Sanclerlândia (Goiás), por exemplo, cidade com cerca de 7,5 mil habitantes, a maioria da população que estava empregada trabalhava em instituições públicas municipais, mas muitas pessoas sofriam com o desemprego. Na mesma situação estavam os municípios de Guarapuava (Paraná), Parauapebas (Pará), Santa Rita do Sapucaí (Minas Gerais) e Aracati (Ceará). Atualmente, Santa Rita do Sapucaí é conhecida como o Vale da Eletrônica, e Aracati não é apenas lembrada por suas belas praias, mas também por ser uma região onde existe uma grande concentração de pequenos produtores de camarão. Guarapuava é hoje reconhecida Setembro – Empreendedor
nacionalmente pelo apoio integral ao empreendedorismo; Parauapebas por dar terra a quem precisa, fazendo com que a população crie raízes no município, e por viabilizar o desenvolvimento sustentável; e Sanclerlândia pela ampliação das oportunidades de trabalho. Mesmo tão longe umas das outras, são cidades que aprenderam a conjugar o verbo empreender e tiveram o esforço reconhecido com a conquista do Prêmio Mário Covas, concurso promovido pelo Sebrae para premiar as prefeituras que mais se destacam no estímulo ao empreendedorismo. As ações implementadas nesses municípios já produzem impactos na economia de suas regiões, gerando a criação de um número significativo de empresas e de diversas oportunidades de
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trabalho. “É no município onde o estado e o Brasil acontecem”, afirma Itamar Leão, prefeito de Sanclerlândia. O auxílio às micro e pequenas empresas trouxe o crescimento e também a permanência do número de empregos. Com os projetos implantados, foram criados 250 novos empregos em Sanclerlândia, e a expectativa de Leão é aumentar para 500 até o final do ano. Em Aracati, a situação não é diferente. As ações geraram 300 novos empregos diretos e 1,5 mil indiretos. Da mesma forma, o município de Santa Rita do Sapucaí dobrou a capacidade industrial, aumentando de 50 para 106 o número de indústrias de eletroeletrônica. “A previsão é que daqui a oito anos nós tenhamos 200 indústrias só no setor”, conta Jefferson Gonçalves Mendes, prefeito da cidade.
De acordo com Vitor Hugo Ribeiro Burko, prefeito de Guarapuava, com base nos projetos desenvolvidos, a cidade já tem 300 companhias funcionando, sem contar as que tiveram o apoio indireto, e a ampliação de aproximadamente mil empregos. Além disso, muitos municípios da região e, ainda, de outros lugares do país estão adaptando esses projetos às suas condições locais. “Tivemos a visita de dezenas de municípios nesses últimos meses. Não sei dizer quantos, porque, na verdade, toda semana tem vindo prefeitos, vereadores, secretários e primeiras-damas de diversas cidades para conhecer as ações implementadas”, festeja Burko. Os projetos da cidade de Parauapebas também estão sendo repassados a outros municípios da região. “Neste momento nós estamos desenhando uma discussão de um planejamento estratégico regional”, afirma Ana Isabel Mesquita, prefeita da cidade. Com isso, unindo forças, as cidades envolvidas esperam conseguir ampliar a produção para que em conjunto melhorem a capacidade de exportação. “Aqui não tenho mercado para consumir
a pequena produção. Só vou conseguir vender fora se ela for grande o suficiente, e isso eu não posso fazer sozinha no meu município”, explica. Assim, segundo a prefeita, é importante fechar os elos de uma produção, que passa também pelo desenvolvimento dos serviços. Ela salienta que sem o apoio das cidades vizinhas não pode, por exemplo, fretar um navio ou um trem para escoar os produtos. “Se cada um de nós estivermos olhando o próprio umbigo, é capaz de a gente não conseguir ir para frente.” [Desenvolvimento social] O principal problema enfrentado pela grande maioria dos prefeitos brasileiros para que as ações sejam bem-sucedidas é a discussão de um projeto participativo no município. Por isso, de uma forma geral, as ações ajudam a unir e a resgatar a confiança da população. “O desenvolvimento de um município passa primeiro pela valorização do ser humano, pelo orgulho do cidadão de morar em uma cidade agradável, dinâmica e cheia de oportunidades”, enfatiza o prefeito de Sanclerlândia.
Fábio Mayer
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Para o administrador municipal de Guarapuava, o grande diferencial é que se gerou uma nova mentalidade na cidade. “Alguns anos atrás as pessoas eram extremamente individualistas; agora elas se unem. Passaram a ter uma mentalidade muito mais coletiva”, afirma o prefeito Burko. A partir disso, segundo ele, diversas ações têm sido desenvolvidas por classes empresariais, por pessoas, por associações de moradores, porque acreditam que é possível o trabalho integrado. Outra barreira a ser ultrapassada é a qualificação da mão-de-obra. “Tínhamos uma grande dificuldade de capacitar grupos de artesanato em Aracati. Hoje, esses grupos de artesãos já fazem todo o trabalho voltado para a exportação, feito através de cooperativas”, diz José Hamilton Saraiva Barbosa, prefeito da cidade cearense premiada. Já Parauapebas investiu durante dois anos na formação da mão-de-obra de mais de 2 mil pessoas, capacitando costureiras, pedreiros, serventes, produtores rurais. “Nós estamos trabalhando agora, espe-
Cidades empreendedoras Guarapuava
Parauapebas
Estado: Ceará População (2000): 61.187 habitantes Área da unidade territorial (km2): 1.270 Número de empresas com CNPJ – unidades locais: 833 Distância da capital: 145 Km Ano de fundação: 1747 Principais ações: Estímulo à geração de pequenos negócios e ao turismo, implantação do Programa de Valorização do Artesanato, criação do camarão em cativeiro e apoio ao microcrédito, através da Organização de Apoio à Pequena Empresa do Ceará (Orgape).
Estado: Paraná População (2000): 155.161 habitantes Área da unidade territorial (km2): 3.154 Número de empresas com CNPJ – unidades locais: 4.484 Distância da capital: 268 Km Ano de fundação: 1810 Principais ações: Criação do Programa Bairros em Ação, para auxiliar empreendedores a melhorar ou abrir seu negócio, da Casa de Crédito e da Escola Agroindustrial Municipal, e implantação de cursos de administração empresarial e ensino do empreendedorismo na escola.
Estado: Pará População (2000): 71.568 habitantes Área da unidade territorial (km2): 7.047 Número de empresas com CNPJ – unidades locais: 762 Distância da capital: 543 Km Ano de fundação: 1989 Principais ações: Assentamento de sem-terra, investimento em estradas, construção da Casa do Colono, apoio ao cultivo de orquídeas, rosas e plantas frutíferas, distribuição de mudas através do Projeto Permuta de Mudas e implantação da Feira do Produtor Rural.
Fonte: IBGE, Base de Informações Municipais – Malha Municipal Digital 1997 e Prefeitura Municipal de Aracati (www.prefeituradearacati.ce.gov.br).
Fonte: IBGE, Base de Informações Municipais – Malha Municipal Digital 1997 e Prefeitura Municipal de Guarapuava (www.guarapuava.pr.gov.br).
Fonte: IBGE, Base de Informações Municipais – Malha Municipal Digital 1997.
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Aracati
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANCLERLÂNDIA (64) 679-1384 . PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ (35) 3471-1911
por
Empreendedor – Setembro
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SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE) www.sebrae.com.br . INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE) www.ibge.gov.br
(Especial cificamente, na implantação de cooperativas de trabalho, de produção e de serviço”, conta Ana Isabel. Uma das soluções encontradas é o ensino do empreendedorismo nas escolas, considerado por todas as cidades que venceram o prêmio como determinante para que no futuro surjam novos empreendimentos. “Isso é muito importante. As crianças mudam o conceito, passam a ter liderança e a reivindicar dentro das escolas”, enfatiza Jefferson Mendes, prefeito de Santa Rita do Sapucaí. O Projeto Ensino de Empreendedorismo nas Escolas desenvolvido no município capacitou 30 professores para ministrar a disciplina, incluída no currículo de sete colégios do ensino fundamental. A prefeitura está informatizando as escolas municipais e criou um laboratório móvel de informática para atender as da zona rural. [Ações] Além dos projetos de ensino do empreendedorismo, Santa Rita do Sapucaí viabilizou a implantação da incubadora municipal, com capacidade para dez
empresas. Durante um ano e oito meses, a companhia fica incubada, depois recebe da prefeitura um subsídio de 50% para o aluguel, por mais três anos, e em seguida é feita a doação do terreno para a construção da fábrica. “Isso é para que a empresa fique na cidade”, explica Mendes. O município criou, ainda, um parque tecnológico em condomínio fechado, com toda a infra-estrutura como água, luz, esgoto e asfalto nas estradas de acesso. Entre as ações desenvolvidas pelos municípios destacam-se também os projetos da cidade de Aracati. Segundo o prefeito José Hamilton Barbosa, existe um compromisso firmado entre a prefeitura e grupos de pequenos empreendedores para o desenvolvimento de um trabalho em parceria, estimulando a geração de pequenos negócios. O município analisa e investe em projetos que chegam até R$ 1,5 mil, através da Organização de Apoio à Pequena Empresa do Ceará (Orgape), beneficiando diretamente o ambulante, o artesão e o pequeno
Cidades empreendedoras
Prêmio Mário Covas
Sanclerlândia
Santa Rita do Sapucaí
Estado: Goiás População (2000): 7.530 habitantes Área da unidade territorial (km2): 497 Número de empresas com CNPJ – unidades locais: 165 Distância da capital: 125 Km Ano de fundação: 1910 Principais ações: Plano de fomento à economia com investimentos na agricultura e piscicultura, na melhoria da qualidade do rebanho, na qualificação do produtor rural e na capacitação da mão-de-obra. Apoio ao crescimento das micro e pequenas empresas, como a redução de impostos.
Estado: Minas Gerais População (2000): 31.264 habitantes Área da unidade territorial (km2): 351 Número de empresas com CNPJ – unidades locais: 1.086 Distância da capital: 316 Km Ano de fundação: 1825 Principais ações: Ensino do empreendedorismo nas escolas municipais, criação da Incubadora Municipal de Empresas e do Centro Empresarial, e implantação de infraestrutura básica à instalação, adaptação ou ampliação de empresas.
Fonte: IBGE, Base de Informações Municipais – Malha Municipal Digital 1997.
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comerciante. O apoio ao microcrédito também é feito por um fundo de aval, no qual a prefeitura deposita uma certa quantia em dinheiro em um banco da região e concede o empréstimo para operações no valor de até R$ 5 mil. O apoio a carcinicultura (criação de camarão em cativeiro) também é uma importante realização para a auto-sustentação de Aracati. O município estimula o pequeno criador de camarão e investe na melhora da infra-estrutura, como a recuperação e construção de estradas para o escoamento da produção. Além disso, há o auxílio ao desenvolvimento de atividades na área de fruticultura, com a produção de melão para o mercado externo. “Investimos na telefonia, na ampliação de energia, na construção de adutoras e de kits sanitários, dando condições para que os pequenos produtores tivessem uma melhora na qualidade de vida”, conta Barbosa. Outro projeto colocado em prática é o Programa de Valorização do Artesanato
Fonte: IBGE, Base de Informações Municipais – Malha Municipal Digital 1997 e Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí (www.pmsrs.mg.gov.br).
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Na primeira edição do Prêmio, realizada no ano passado, os cinco municípios (um representante de cada região do país) receberam do Sebrae uma viagem a Milão, na Itália, famosa mundialmente pelo baixo índice de mortalidade de micro e pequenas empresas. Segundo Sandro Giallanza, da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae, o prêmio visa a dar visibilidade às prefeituras que de alguma forma estão contribuindo para o ambiente empreendedor no município, facilitando a abertura de pessoas jurídicas. “Todas as ações têm um objetivo claro de fomentar novos empreendimentos, gerar emprego e renda para o município e ajudar no desenvolvimento regional e estadual”, afirma Giallanza.
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juntamente com o incentivo ao turismo. Como o município tem um forte potencial para o artesanato e para o turismo, foram implantados 14 grupos de amparo ao artesanato e criada a feira Exporturismo Aracati, na qual são realizadas exposições de artesanato, culinária e turismo. A cidade estimula o ecoturismo, tem praia e rio, e possui bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que foram recuperados para aumentar o potencial da visitação ao município. Segundo Ana Isabel, a prefeita de Parauapebas, as ações iniciaram-se em 1989, data de fundação da cidade. Por ser um município novo foram colocados em prática, pelo Incra, dois projetos de assentamento que eram necessários para que essas pessoas tivessem condições de fixar raízes na cidade. Mais tarde, a prefeitura implantou o primeiro viveiro de mudas, iniciando um trabalho junto aos pequenos proprietários rurais. Na atual administração municipal esse trabalho cresceu, e as mudas são trocadas por parte da produção, como uma espécie de pagamento, destinada ao hospital municipal e para a merenda escolar, principalmente das creches. “É uma maneira de colocar o produtor rural de frente
com o que a gente pode chamar de um programa social efetivo.” A criação da Feira do Produtor resolveu o problema com os atravessadores, já que os produtos vêm direto do campo para a cidade. A prefeitura busca os pequenos empreendedores rurais e a produção, e os leva até a Casa do Colono, abrigo construído para o descanso e amparo ao produtor, para que de manhã possam vender seus produtos na feira. Com isso, o município investiu em transporte e na construção e conservação das estradas. “Agora o mais importante é que as pessoas criem raízes com a cidade, porque sem a tradição não se consegue trabalhar com desenvolvimento comunitário”, salienta a prefeita. O município de Sanclerlândia também aposta no desenvolvimento rural como plano de fomento da economia. O Programa de Desenvolvimento Integrado Rural implementado na cidade tem como metas melhorar as pastagens e a qualidade do rebanho, dar apoio à piscicultura e à agricultura, estimulando a produção e a qualificação do produtor rural, realizar feiras e eventos, e conservar as estradas e sinais. Já o Programa de Desenvolvimento DIVULGAÇÃO
PREFEITURA MUNICIPAL DE ARACATI (88) 421-3041 . PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARAPUAVA (42) 621-3000 . PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAUAPEBAS (94) 346-1005
(Especial
SANCLERLÂNDIA: PROGRAMA VALORIZA ATIVIDADES COMO A PISCICULTURA, ABRINDO NOVAS FRENTES DE TRABALHO PARA OS MORADORES DO MUNICÍPIO
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da Indústria e Comércio visa a erradicar o desemprego, estimular o emprendedorismo, capacitar a mão-de-obra, apoiar a indústria, o comércio e os serviços existentes no município e atrair novos investimentos. “O objetivo desses dois programas é apoiar a pequena empresa. Para isso nós demos cinco passos importantes: reunir, planejar, trabalhar, ousar e investir”, explica Itamar Leão, prefeito do município. De acordo com ele, a maioria dos prefeitos se preocupa em trazer uma grande empresa para a cidade, mas com isso vai precisar trazer pessoas de fora que são mais qualificadas. “O mais importante é dar oportunidade às pessoas do próprio município.” Por fim, com ações que renderam o prêmio Mário Covas da região Sul, Guarapuava incentiva a micro e pequena empresa através do Programa Bairros em Ação. Segundo o prefeito Vitor Hugo Burko, o projeto presta auxílio aos empreendedores para a criação, ampliação e fortalecimento do seu próprio empreendimento, oferecendo assessoria e acompanhamento técnico como pesquisa de mercado, gestão do negócio e venda do produto. Além disso, são oferecidos cursos técnicos e básicos de formação de empreendedorismo e de administração empresarial. A prefeitura implantou, ainda, a Casa de Crédito, ou “banco do povo”, para o êxito e o fomento das ações. “Articulamos diversas entidades para que todos definissem um papel claro nesse processo de apoio às micro e pequenas empresas”, afirma Burko. De acordo com ele, a comunicação é fundamental para que o processo de desenvolvimento seja organizado, e só assim é possível “dar verdadeiro apoio às perspectivas, aos talentos e aos sonhos que têm a população. E esses talentos começam a virar obras e os sonhos começam a virar realidade.”
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GLOBALIZAÇÃO 2002
ILUSTRAÇÃO CLÓVIS GEYER
Diplomacia corporativa Os governos estão perdendo força na definição dos grandes problemas políticos no mundo contemporâneo
Há pouco mais de dois meses, o noticiário internacional estava dominado por manchetes alarmistas sobre uma possível nova guerra entre Índia e Paquistão, mas subitamente o assunto sumiu dos jornais, sem que tenha sido assinado um acordo de paz. O mistério foi parcialmente desfeito em meados de agosto quando o comentarista Thomas Friedman, do jornal norte-americano The New York Times, publicou um artigo informando que a guerra foi evitada, pelo menos por enquanto, devido a uma fulminante ofensiva de empresários indianos do ramo de alta tecnologia. Aparentemente esse não foi um caso isolado de diplomacia corporativa. Outro respeitado colunista norte-americano, Paul Erdman, afirmou no início de agosto no site CBS MarketWatch que o CitiBank e o FleetStreet Bank, ambos norteamericanos, foram os principais responsáveis pela concessão de um empréstimo de US$ 30 bilhões ao Brasil pelo Fundo Monetário Internacional. Erdman, autor de mais de dez livros sobre problemas econômicos contemSetembro – Empreendedor
porâneos, disse que os dois bancos exigiram a concessão do empréstimo para ter garantias de que créditos no valor de US$ 20 bilhões dados por eles ao Brasil não seriam alvo de um calote pelo sucessor do presidente Fernando Henrique Cardoso. Caso as informações de Paul Erdman sejam corretas (não houve desmentido oficial nos Estados Unidos) o megaempréstimo do FMI não teve o caráter de reconhecimento pelo esforço brasileiro para organizar a economia nacional. Seu principal objetivo seria tranqüilizar bancos norte-americanos assustados com a quebradeira em uma série de empresas cotadas na bolsa de Wall Street. O caso indiano constitui-se num novo paradigma nas relações entre empresas e Estado. No momento em que velhas rivalidades étnicas, religiosas, econômicas e políticas entre Paquistão e Índia voltaram a entrar em ebulição, os empresários
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entraram em estado de alerta por causa de investimentos que injetaram US$ 60 bilhões na economia indiana. A Índia é hoje a principal retaguarda tecnológica e humana de grandes empresas do porte de uma Dell Computers, American Express, Nortel, Reebok, GE Capital e Sony, para citar apenas as maiores. O chip mais importante dos celulares Nokia é feito na Índia. Essas empresas criaram na província de Bangalore uma espécie de Vale do Silício indiano, responsável pela maioria das operações de telemarketing, suporte técnico e contabilidade eletrônica, mobilizando cerca de 1.700 técnicos indianos. Thomas Friedman conta em seu artigo que o Departamento de Estado tentou inutilmente acabar com a
Editado por
Carlos Castilho
mobilização bélica e resolveu pedir que os norte-americanos evitassem viagens tanto para o Paquistão como para a Índia. Foi o suficiente para que os executivos das empresas de Bangalore entrassem em cena levantando o fantasma do caos econômico. Eles contaram com o eficiente apoio de seus colegas (e em muitos casos patrões) norte-americanos igualmente assustados com a ameaça de prejuízos elevados na sua retaguarda contábil e de apoio à clientela. Os executivos enviaram aos respectivos governos memorandos usando frases duras, como a de um empresário citado pelo colunista do New York Times: “Já comecei a buscar alternativas para nossos investimentos na Índia. Eu não quero fazer isso e nem acredito que o governo vá gostar”. “A General Electric (empresa) teve êxito onde o General Powell (Secretaria de Estado dos EUA) fracassou”, ironizou Friedman. No caso brasileiro, a diplomacia corporativa do CityBank e do FleetStreet ainda não foi divulgada em detalhes, mas Paul Erdman está convencido de que ela foi decisiva na aprovação de um empréstimo, que gerou ciúmes em todos os países latino-americanos, em especial na Argentina. Fontes mencionadas no texto:
O negócio das tele-aldeias Morar em pequenas cidades totalmente informatizadas deixou de ser tema de ficção científica para entrar no ramo dos negócios imobiliários
O conceito de tele-aldeias surgiu em Crickhowell, no País de Gales, quando o empreendedor Ashley Dobbs criou, em 1989, o primeiro projeto imobiliário prevendo o uso intensivo de alta tecnologia de comunicações e a i n t e g r a ç ã o d e moradia e trabalho numa mesma comunidade. O público-alvo do empreendimento eram consultores, professores e intelectuais que trabalham em casa. A proposta de Ashley despertou um grande interesse, atraindo muitos compradores. O sucesso levou-o a tentar ampliar seus negócios para o mercado norteamericano, através de um megainvestimento em Nevada, onde seria construída uma tele-aldeia de 3 mil casas. Mas o passo foi maior que as pernas, e a empresa Acorn TeleVillages acabou ficando sem dinheiro. O projeto foi retomado pelos bancos credores e hoje avança em ritmo mais lento. A proposta mais ambiciosa de aldeia cibernética está se tornando realidade nos arredores de Helsinki, capital da Finlândia, um país famoso pelo frio e pelo fato de ser o único no mundo onde há mais telefones celulares que fixos. É o projeto Arabianranta (praia árabe, em finlandês), que prevê a
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inauguração em 2010 do primeiro núcleo habitacional totalmente apoiado em tecnologia celular. A idéia é colocar nas quase 3 mil casas e apartamentos os mais sofisticados equipamentos de comunicação sem fio, para criar a p ri m e i ra g ra n d e c o muni dade cibernética do planeta, apoiada por gigantes da alta tecnologia, como Nokia, Sonera, IBM, Motorola, Matsushia e Psión. Serão cerca de 12 mil habitantes-cobaias que poderão acessar seus computadores domésticos ou do trabalho de qualquer lugar da tele-aldeia. A idéia desenvolvida pela e m p re s a d e t e l e c o m uni cações Sonera, a mais agressiva da Europa e m m a t é ri a d e p ro j e t os com t e c n o l o g i a c e l u l a r, é c o m b i n a r moradia com trabalho (cerca de 700 empresas de telecom e informática) e mais educação (uma universidade com 4 mil alunos), tudo num único lugar. A previsão é d e q u e s e j a m g a s t o s US$ 440 milhões no projeto, incluindo a instalação em Aranbianranta da primeira rede operacional de celulares com tecnologia 3G, capazes de operar em banda larga de internet (vídeo e áudio de altíssima qualidade). Jari Mielonen, diretor técnico da Sonera, revela que os telefones Empreendedor – Setembro
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Thomas Friedman – (biografia) www.nytimes.com/ref/opinion/ FRIEDMAN-BIO.html Outros artigos do autor query.nytimes.com (exige cadastro grátis) Paul Erdman http://cbs.marketwatch.com/ news/commentary/default.asp
TENDÊNCIAS
castilho@matrix.com.br
comunicações sem fio e equipamentos multimídia. Colleta é uma aldeia encarapitada nas montanhas da Ligúria, norte da Itália, fundada no século XIII e que perdeu seu último morador nos anos 80. Ela estava sem moradores fixos e se transformando num monte de ruínas quando o investidor imobiliário Alessandro Pompirio se encantou com o local e criou uma sociedade para comprar o que sobrou de Colleta Del Castelbianco por US$ 2 milhões. Logo depois ele procurou a Telecom Itália (dona da Brasil Telecom) e conseguiu que a empresa entrasse no projeto assumindo toda a parte de infraestrutura tecnológica.
ILUSTRAÇÃO CLÓVIS GEYER
celulares serão a peça indispensável para a sobrevivência de um habitante na aldeia cibernética de Helsinki. Toda a vida dos moradores, seus dados de saúde, histórico financeiro, hábitos pessoais etc. estarão num equipamento celular, que será um misto de telefone e computador. Mas enquanto os finlandeses correm atrás de uma tele-aldeia q u a s e d e f i c ç ã o c i e n t íf i c a , o s italianos sacrificaram parte do vanguardismo tecnológico em favor da “dolce vita”. O projeto Colleta Del Castelbianco é uma jóia da arquitetura medieval recheado de fibras óticas,
Colleta está funcionando há um ano, mas ainda está longe de ser uma verdadeira tele-aldeia. A infraestrutura já é operacional e de última geração, as casas e apartamentos são fantásticos (por fora mantêm o estilo medieval, e por dentro predomina o mais puro hi-tech), mas as pessoas ainda continuam se comportando como se fossem turistas ou aldeões tradicionais. A grande maioria dos compradores de casas e apartamentos são estrangeiros, produtores de conteúdos para Web, executivos em período sabático e aposentados, que passam parte do ano na cidade e o resto fora. No verão europeu, a cidade é invadida por turistas italianos. “Acho que Colleta só vai ter um ar de tele-aldeia daqui a dez anos. É rapidíssimo construir a cidade, mas é muito mais lento fazer com que as pessoas assumam os valores e comportamentos da era cibernética”, admite Pompirio.
Fontes mencionadas no texto: Ashley Dobbs Conheça uma tele-aldeia pela internet no endereço www.upper-house-farm.com Leia a revista dos moradores de tele-aldeias em www.tca.org.uk Arabianranta Saiba mais sobre o projeto na página www.wired.com/wired/archive/ 9.03/helsinki.html Sonera www.sonera.fi
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Colleta Del Castelbianco Detalhes no site www.colletta.it Setembro – Empreendedor
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GERÊNCIA DA INFORMAÇÃO 2002
O grande quebra-cabeças A guarda e a classificação de documentos consomem hoje em média 70% do orçamento de informação e inteligência de uma empresa
A enorme quantidade de recursos exigidos pelo arquivamento de documentos corporativos torna indispensável a adoção de uma estratégia de organização e desenvolvimento futuro desse setor, conforme recomendação do consultor norteamericano Richard Scannell. Ele garante que esse percentual só tende a crescer na medida em que as empresas passam a depender cada vez mais das informações estocadas em seus arquivos. Para Richard e outros especialistas em gerência da informação, o armazenamento de dados, informações e conhecimentos torna-se, cada vez mais, a etapa crítica no processo de administração da inteligência corporativa. O desenvolvimento de uma estratégia mínima de organização do arquivo de uma empresa pressupõe algumas etapas essenciais: 1) Identificar onde e como estão guardadas as informações produzidas ou recolhidas pela empresa. 2) Decidir se o arquivamento será centralizado ou não. Até agora a descentralização era quase uma norma, mas a tendência atual é a consolidação dos arquivos num grande e único depósito virtual de informações. 3) Escolher o software (programas) e o hardware (equipamentos) necessários. Consultores especializados podem ajudá-lo nessa ação. E estabeleça como regra a reutilização parcial dos sistemas já em uso. Setembro – Empreendedor
Obtidas essas informações primárias e fixados os objetivos iniciais, você deve dividir os documentos arquivados em três categorias: 1) Documentos que afetam diretamente o relacionamento da empresa com seus clientes. São documentos como histórico de compras, cadastro de crédito, lista de endereços de consumidores, lista de reclamações etc. Geralmente são documentos de uso freqüente. 2) Documentos de uso interno. São os que não afetam o relacionamento com clientes, mas podem complicar o funcionamento da empresa se não forem encontrados no prazo necessário. É o caso de formulários para pagamento de impostos, ficha de empregados, 3) Documentos de apoio. São documentos essenciais à empresa, mas que são usados muito raramente. É o chamado arquivo morto, manuais operacionais de equipamentos, declarações antigas de impostos, leis e regulamentações, balanços e movimento de caixa de anos anteriores, só par citar alguns casos. A divisão dos documentos segundo essas três prioridades permitirá avaliar qual a quantidade de informação que está guardada em cada categoria. Uma empresa que tem mais da metade de seu arquivo na categoria uso interno ou documentos de apoio está com uma relação custo–benefício desfavorável. Em
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outras palavras, está perdendo dinheiro e subutilizando a sua capacidade de processar informações. Para que o custo–benefício do sistema de arquivamento de documentos gere faturamento é necessário que pelo menos 60% do material arquivado esteja diretamente vinculado ao relacionamento com clientes. Isso significa que as informações e dados estão gerando negócios, conseqüentemente reduzindo o custo operacional no arquivamento. A análise constante da relação custo– benefício no sistema de arquivamento de documentos corporativos é cada vê mais crucial porque os volumes de material arquivado tendem a crescer geometricamente e a situação pode ficar fora de controle. O resultado é uma queda de eficiência num momento em que a lei nas empresas é a busca de eficiência máxima a qualquer preço. A avaliação constante do fator custo– benefício é talvez a grande inovação surgida recentemente no segmento de gerência da informação corporativa. Até agora as empresas se preocupavam apenas em montar sistemas que funcionassem bem, mas desde no ano passado a prioridade é o custo operacional. Pessoa mencionada no texto: Richard Scannell rscannell@glasshousetech.com
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INTELIGÊNCIA
Informação just-in-time
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Como pode um médico manter-se atualizado sobre 10 mil doenças, 3 mil remédios e cerca de 400 mil artigos técnicos publicados por ano em todo o mundo? Para sermos minimamente realistas deveríamos admitir que se trata de um objetivo inalcançável. Mas a palavra impossível está fora do dicionário da maioria dos médicos – se não for por outra razão, pelo menos por dever de ofício. Aqui no Brasil, levando em conta a jornada diária de 90% dos médicos, o dia teria que ter em torno de 30 horas para que eles conseguissem pelo menos ler a bula das amostras grátis de remédios que recebem diariamente em seus consultórios, segundo estimativa de um clínico geral. Nos Estados Unidos a falta de tempo e a defasagem informativa dos médicos tornaram-se um tema tão sério que uma empresa da cidade de Boston resolveu apelar para especialistas em gerência do conhecimento e criadores de softwares. A Partners HealthCare chegou à conclusão de que, como não é possível aumentar o número de horas do dia de um médico e como é inviável reduzir o tempo de atendimento a pacientes, a única solução seria “embutir” informação dentro da tecnologia usada pelos médicos para fazer diagnósticos. A empresa estava preocupada com o aumento do número de erros clínicos provocados por falta de atualização dos médicos. Os pedidos de indenização tornaram-se uma rotina sempre que pacientes e parentes não aceitam os Setembro – Empreendedor
resultados de tratamentos. Era uma típica situação insolúvel, diz um dos diretores da Partners HealthCare. Normalmente o médico anota toda a consulta com o paciente e a maioria já transfere esses dados para o computador. Feitas as anotações, o médico parte para a confecção de receitas e é nesse momento que as empresas contratadas pela Partners HealthCare resolveram injetar informação no sistema. O programa de busca e processamento de informações foi construído tomando como base o conhecimento dos médicos sobre seus pacientes, os dados fornecidos pelos fabricantes sobre cada medicamento e as informações fornecidas por laboratórios de análises ou clínicas de imagens (radiografias, tomografias etc.). Se o médico está tratando, por exemplo, um paciente com infecção virótica, o sistema busca qualquer registro de reação alérgica a antibióticos ou outro componente químico antes de liberar a receita. Também pode vasculhar a literatura médica em busca de possíveis outros casos de reações provocadas por problemas genéticos, emocionais etc. Tudo isso em fração de minuto e com a possibilidade de estender a varredura de informações para o âmbito mundial. Se o paciente consultou outros
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médicos no mesmo hospital ou clínica, o programa sai em busca dessas informações e faz cruzamento dos remédios receitados para ver se não existe incompatibilidade entre eles. Supondo que o sistema fez uma sugestão e o médico decidiu ignorá-la, o computador aceita a decisão do médico, mas só imprime a receita depois que o responsável inserir no programa uma explicação sobre a razão para deixar de lado as instruções recebidas da máquina. Embora o projeto ainda não esteja concluído, os hospitais que o estão aplicando notaram uma queda de 55% nos erros médicos e de 22% na duração média das internações de pacientes. Além disso, houve uma economia global de 30% a 40% no consumo de medicamentos. O caso hospitalar é apenas uma situação-limite no universo de empresas prestadoras de serviços. Os especialistas afirmam que esse segmento corporativo é o que mais pode conquistar vantagens comparativas com a aplicação do princípio da gerência de conhecimentos, porque a informação é uma matériaprima essencial. Organização mencionada no texto: Partners Healthcare www.partners.org
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Por Roberto Brizola
Sua opinião
Presidente da ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) e Gerente da Unidade de Negócios Novos Associados da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) DIVULGAÇÃO
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LINHA DIRETA: ANEFAC (11) 3255-1477
A economia informal no Brasil A cada dia que passa, notamos que a economia informal vem conquistando mais espaço. E, diga-se de passagem, tem ganhado importância, pois já tem recebido diversos nomes, como subterrânea, oculta, paralela, invisível, não oficial e criptoeconomia. Este destaque para tal tipo de economia no Brasil deu-se porque ela traz sempre grandes preocupações para as autoridades, devido às conseqüências sobre a política econômica nacional, nos mais diferentes aspectos. Afinal, tira-se por base dados falsos para se fundamentarem em relação ao que gera de recursos. Trata-se, portanto, de um segmento que não é claro, principalmente no sentido de que ele rende para a tributação. Não é possível medir com eficiência o montante de impostos sonegados. Qualquer prognóstico acaba levando técnicos econômicos para dados falsos. Observa-se também que, além de não ser possível ter este dado real, não se precisa ainda o número de pessoas ocupadas nas atividades mencionadas, mesmo porque não se manifestam nas estimativas do Produto Interno Bruto. Assim sendo, as taxas de desemprego levantadas na economia formal, na maioria dos casos, podem parecer maiores do que a realidade. Analisam-se também, dentro da mesma ótica, os índices das Setembro – Empreendedor
taxas de crescimento econômico, vo, ou seja, abrir um empreendicomo um todo. Afinal, somando- mento que, por menor que seja, se a informalidade, as cifras seri- pode gerar recursos fiscais e emam superiores às apresentadas ofi- pregos. Estes segmentos, pequeno ou cialmente. Analisando dados sobre a carga micro, podem obter no Brasil estributária brasileira, nos três níveis paço de maior relevância, seja na de governo, e as incidências para indústria, comércio ou prestação fiscais, o resultado é insatisfatório, de serviços. As micro, pequenas e médias uma vez que sempre atinge níveis dos mais elevados, observando-se, empresas precisam de tratamento diinclusive, que é superior à da mai- ferenciado por parte do governo. oria dos países com o mesmo grau Neste tratamento devem estar inclusos o fim da carga de desenvolvimenfiscal exagerada, to. Em conseqüên“O governo deve facilidades de crécia disso, o setor dito, recursos para privado, a cada dia buscar soluções contratação de mãoque passa, fica repara conter ou, de-obra especialiduzido em sua capelo menos, zada e facilidade no pacidade de gerar acesso de conherendas, aumentar reduzir cimentos tecnolósua produção e cridrasticamente o gicos. ar novas frentes de crescimento da É difícil dimentrabalho. sionar a economia O governo deve economia informal, mas tebuscar soluções oculta. Uma boa mos que tentar. O para conter ou, governo e a iniciapelo menos, redumedida seria tiva privada unizir drasticamente o apoiar mais as dos, talvez, consicrescimento da micro e gam a árdua tarefa economia oculta. de, ao menos, deter Uma boa medida pequenas a expansão. É preseria apoiar mais empresas” ciso, portanto, que as micro e pequeo primeiro dê sua nas empresas. colaboração para Afinal, a perda de emprego, ao invés de acarretar que o segundo possa caminhar sem atividades voltadas à informalida- pesado ônus da carga tributária em de, poderia ter efeito mais positi- suas costas.
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Empreendedor – Setembro
Guiado
Empreendedor
Pr odutos e Ser viços (pág. 70) Produtos Serviços Habilidade indispensável Do LLado ado da Lei (pág. 74) Contribuinte versus INSS Leitura (pág. 76) O que vem pela frente Análise Setorial (pág. 80) Uma boa opção de investimento Indicadores (pág. 81) Agenda (pág. 82)
Guia do Empreendedor Pr odutos & Ser viços Produtos Serviços
Etapas do planejamento
Habilidade indispensável
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LINHA DIRETA: MÁRCIO MIRANDA marcio@amcham.com.br . GERMANO CORREIA imprensa@qualilog.com
Na hora de contratar pr odutos e ser viços, os produtos serviços, empreendedores ainda demonstram pouco domínio das melhores técnicas de negociação Mesmo em tempos de crise o empreendedor brasileiro tem uma incrível capacidade de virar o jogo, com criatividade e muito trabalho. No entanto, na hora de negociar um produto ou serviço muitos deixam de lado o planejamento, que é considerado por especialistas como fundamental, e acabam pondo em risco o futuro de sua empresa. “O empreendedor normalmente pula uma etapa que deveria dar atenção, que é a preparação”, afirma Márcio Miranda, consultor e presidente da Associação Brasileira de Negociadores. Aliás, esse é o principal defeito do empreendedor brasileiro, que segundo especialistas acredita demais no “jeitinho” e esquece de montar uma estratégia para negociar. Negociar bem significa planejar, determinando essencialmente o objeto da negociação e o objetivo a ser alcançado (veja box), identificar o poder relativo entre as partes e em seguida o processo de comunicação. “São as três preocupações que devem sempre estar presentes antes de iniciar uma negociação”, explica Germano Correia, consultor em comércio internacional. Engana-se quem acredita que ser bem-sucedido em uma negociação significa somente conseguir preços Setembro – Empreendedor
baixos. “A cultura do brasileiro é muito imediatista, deixamos para trás algumas etapas muito importantes da negociação para conseguir melhor preço”, afirma Correia. Em função disso não se discute qualidade, clima de confiança mútuo, critérios de entrega ou de serviço. Outro aspecto que, segundo ele, também atrapalha é o oportunismo de querer sempre tirar vantagem em tudo, não se prevendo uma continuidade de relacionamento. Atualmente, essa é uma preocupação constante das empresas, que perceberam que só podem fazer negócios se cuidarem do relacionamento. Para isso é preciso franqueza e extrema confiança mútua. “O relacionamento está fundamentado no clima de confiança que se pode estabelecer”, explica Correia. [Cuidados ao negociar] Além disso, deve-se tomar alguns cuidados com o local, ou seja, se a negociação deve ser feita no próprio escritório, em local neutro ou na casa da contraparte. Um item que também pode influenciar na performance é o horário. “É recomendável tentar adequar as negociações mais importantes a um horário em que o negociador esteja fisicamente e intelectualmente
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É importante identificar com antecedência o objeto da negociação – por exemplo, a compra um equipamento – e o objetivo a ser alcançado, assim como discutir a especificação do produto, prazo de entrega ou mesmo preço. Deve-se tomar cuidado para não confundir objeto com objetivo e com isso perder eficiência na negociação. Além disso, dependendo da estratégia que o empreendedor acredita ser a mais conveniente, os objetivos não precisam ser alcançados de uma única vez. Em seguida, é necessário avaliar o poder relativo entre o empreendedor e a sua contraparte (cliente ou fornecedor, enfim com quem vai negociar). Ele pode analisar, entre outros aspectos, o poder econômico (se a empresa é maior ou menor) e o técnico (tecnicamente quem sabe mais). O tempo também é um elemento essencial de poder (quem tem mais tempo para negociar), pois pode ser usado para pressionar o empreendedor. Normalmente, quem tem menos urgência negocia melhor. “A administração do tempo é fundamental”, conta Márcio Miranda. Ao identificar o poder relativo, o empreendedor pode montar sua estratégia de negociação. Por último, determinar o processo de comunicação. Isto é, a negociação pode ser feita por telefone, por e-mail ou por fax, mas é preferível estabelecer a comunicação pessoalmente, negociar na presença da contraparte. “Quando eu não posso ter esse processo de comunicação presencial eu perco qualidade”, diz Germano Correia. Isso porque, de acordo com ele, não se pode ver a reação do outro e se os argumentos utilizados estão sendo bem recebidos.
DIVULGAÇÃO
melhor”, afirma Miranda. Já em relação às questões contratuais, o conselho dos especialistas é que o empreendedor não deve se aventurar. É melhor chamar uma consultoria jurídica ou pelo menos contar com o auxílio de um advogado para examinar cada cláusula. E no caso de levar mais uma pessoa, determinar previamente o papel de cada um na negociação. Outro cuidado fundamental para negociar com empresas estrangeiras é conhecer a cultura do outro país. Para Márcio Miranda, as culturas são diferentes e para cada uma delas nós temos uma postura diferente. É necessário saber, ainda, os principais hábitos e costumes comerciais do outro país e os problemas ligados à
MIRANDA: O EMPREENDEDOR PRECISA DAR MAIS ATENÇÃO AO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO PARA EVITAR PREJUÍZOS
legislação. Portanto, definir antecipadamente a melhor estratégia em uma negociação é um dos itens mais importantes para o sucesso e a sobrevivência, principalmente para o pequeno e para o médio empreendimento no mercado. Na avaliação de Germano Correia, antes de pensar em ganhar dinheiro, é necessário pensar em adquirir o hábito de negociar. É melhor começar negociando mal do que não negociar. Segundo ele, é apenas uma questão de planejar e aperfeiçoar para que a negociação seja satisfatória para as partes envolvidas. O processo de negociação termina com o sentimento de satisfação mútua e não com a determinação do preço ou da quantidade.
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Empreendedor – Setembro
Guia do Empreendedor Pr odutos & Ser viços Produtos Serviços DIVULGAÇÃO
Economia sem problemas Para evitar a umidade e as infiltrações, garantindo qualidade em uma obra, é necessária a utilização de impermeabilizantes. De acordo com o departamento técnico da Otto Baumgart, empresa do mercado de produtos químicos para a construção civil, os gastos com os impermeabilizantes representam de 1% a 3% do custo total de uma obra. No entanto, podem ultrapassar até 15% para a correção de problemas gerados pela não-utilização dos impermeabilizantes. www.ottobaumgart.com.br
E-flytour A Flytour Viagens e Turismo fechou uma parceria com o Grupo Varig para venda de bilhetes eletrônicos. O objetivo da criação do e-flytour é oferecer uma maior agilidade para a companhia aérea em seus processos administrativos e menor custo para o consumidor final. O próximo passo, de acordo com a empresa, é estender o produto para um número maior de companhias aéreas, colaborando para a informatização do setor. Mais de 1,5 mil agências de viagens em todo o Brasil já têm acesso ao bilhete eletrônico da companhia através do portal. www.e-flytour.com.br
Acesse seu computador pelo celular A nTime Mobile Solutions, da incubadora de empresas da PUC-Rio, desenvolveu um produto que proporciona mobilidade e uma maior interação entre empresas e funcionários, principalmente os que têm jornada de trabalho fora do escritório. A nova ferramenta, batizada de nTime Mobile Desktop, permite que o usuário acesse qualquer arquivo do seu computador através do celular, como gerenciar e-mails, incluindo alerta da chegada de mensagens em sua caixa postal, e visualizar na tela do telefone os arquivos em formato Word, Excel, Power Point, TXT e Post Script (PDF). www.ntime.com.br
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Inserção digital de pequenas empresas A Bizavista criou uma tecnologia que permite transações business-to-business sem a utilização do programa para navegar na internet. Com isso, a companhia acredita que a solução ajudará na inclusão digital de pequenas empresas que ainda trabalham com equipamentos antigos e não Setembro – Empreendedor
têm condições de investir na atualização tecnológica. “Apesar de já estarmos na era Pentium IV, os computadores versão 486 podem ser revitalizados”, afirma Mário Firmino, diretor de Tecnologia da empresa. www.bizavista.com.br
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Novo Código Civil No início de 2003 entrará em vigor o novo Código Civil, que nos artigos 1.052 a 1.087 trata das sociedades limitadas. Segundo Marcia Setti Phebo, especialista em Direito Societário e sócia do escritório Pompeu e Longo Advogados, com a Lei uma das mudanças vai ser a necessidade de realização de assembléias para deliberações em sociedades com mais de dez sócios, com a exigência de publicação de convocação. marciasetti@pompeulongo.adv.br
Logo via Web Democratizar os produtos de design através da internet. Esse é o objetivo do site iMarca, que oferece serviços de criação de logomarcas e a aplicação das logos em cartões comerciais, envelopes e papéis timbrados a baixos custos. Toda a negociação é on-line e baseada nas informações preenchidas em um formulário. O cliente faz o pedido e recebe a logo por e-mail em até sete dias úteis. E quanto à logo aplicada em papelaria, a empresa envia o kit escolhido via sedex em até 12 dias úteis. www.imarca.com
Comunicação global A Infonet Services Corporation, fornecedora de serviços de comunicações globais para multinacionais, pretende oferecer alternativas seguras para serviços de rede global. Para isso, está expandindo seu Programa de Continuidade de Serviço e atualizando-o com pacotes específicos para clientes que utilizam serviços de dados de operadoras de telecomunicações que se encontram em situação difícil. www.infonet.com
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Guia do Empreendedor Do Lado da Lei
Contribuintes versus INSS É preciso estar atento à discussão em torno dos prazos de apuração de débitos com a Previdência para evitar pagamentos indevidos
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LINHA DIRETA: (11) 3871-0269
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Um dos temas mais complexos no Direito Tributário versa sobre a decadência e prescrição do direito do ente público em constituir e cobrar débitos tributários. Para as empresas este ponto é importante, pois está diretamente ligado à exigência do seu dever de recolher ou não mais os tributos. Qualquer empresário sabe, e é sempre alertado por seus consultores, que a maioria dos documentos fiscais devem ser guardados por pelo menos cinco anos. Isso porque esse é o prazo que o fisco tem para, encontrando qualquer irregularidade, lançar o crédito tributário, sob pena de, não o fazendo dentro desse período, ver decaído seu direito de constituir o seu crédito. A previsão do prazo de cinco anos está estipulada no Código Tributário Nacional (CTN), código esse com natureza de lei complementar. A lei que trata sobre o “Plano de custeio da seguridade social” (INSS), em seu artigo 45, que por sua vez foi alterado pela Lei OrdiSetembro – Empreendedor
nária n.º 9.876/99, determinou que o direito do INSS, que cuida da seguridade social, apurar e constituir seus créditos extingue-se em dez anos. E é a partir daí que surgem novas discussões tributárias. Quanto tempo o INSS teria para autuar uma empresa pelo não-recolhimento de contribuições: cinco ou dez anos? A tese dos contribuintes é bastante técnica e tem seu fundamento na Constituição Federal, no seu artigo 146, III, que prevê que cabe à lei complementar, espécie de veículo normativo que requer quorum especial para sua votação, estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre prescrição e decadência. Assim, entendem que não pode a lei ordinária, veículo normativo com processo legislativo mais simplificado, estipular prazo superior àquele disposto no CTN, e, portanto, o artigo da “Lei de Custeio do INSS” (lei ordinária) que determina prazo de dez anos de decadência estaria maculado por inconstituci-
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onalidade. Do outro lado, o INSS fundamenta seus argumentos no mesmo dispositivo constitucional, de forma contrária, defendendo que cabe à lei complementar dispor tãosomente sobre normas gerais em matéria de prescrição e decadência e não especificamente quanto ao seu prazo. Dessa forma, entende que tratar o assunto através de lei ordinária estaria autorizado pela Constituição Federal e, portanto, seria regular dispor de prazo decadencial de forma diferente ao estipulado no CTN. Embora o Poder Judiciário esteja consolidando seu entendimento a favor da tese do contribuinte, vez ou outra, empresas são autuadas por débitos com fato gerador há mais de dez anos. Por isso, é importante estar atento a essa discussão sob pena de se pagar débitos decaídos e indevidos.
Mar cos Sant’Anna Bitelli Marcos Advogado
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Guia do Empreendedor Leitura Por Fábio Mayer
O que vem pela frente Desde que seu Relatório Popcorn se tornou mais do que um livro, uma referência, a consultora Faith Popcorn carrega consigo a fama de ser a “Nostradamus do Marketing”, confirmada posteriormente com o lançamento de Click, outra obra que adianta novas tendências de mercado. O título dado a Faith pode parecer exagerado num primeiro momento. Mas quem mergulha em sua obra e em seus pensamentos não t e m c omo não con co r d ar q u e, realmente, ela enxerga longe! E agora está chegando ao Brasil o mais recente livro da autora, O Dicionário do Futuro, escrito em parceria com o também consultor Adam Hanft. Segundo a autora, o livro nasceu da necessidade de criar um dicionário que permitisse aos leitores imaginar e contemplar – palavra por palavra, idéia por
FICHA TÉCNICA
idéia, surpresa por surpresa – a forma, a sensação, a textura e a experiência da vida de amanhã. Dentro dessa lógica, Faith dividiu o livro em áreas como Internet, Marketing e Economia de Consumo, Mídia e Entretenimento, Tecnologia, Mudanças Econômicas, entre outras. Para quem quer pelo menos ter uma noção do que vem pela frente no mundo dos negócios, O Dicionário do Futuro serve como cartão de visitas para novas palavras e novos termos. Enquanto os dicionários tradicionais esperam que a língua se familiarize com os novos termos, O Dicionário do Futuro permite que os leitores identifiquem as mais recentes tendências ao longo de todas as dimensões da cultura. Veja abaixo alguns dos termos mostrados no dicionário.
O Dicionário do Futuro Faith Popcorn e Adam Hanft Editora Campus (www.campus.com.br) 416 págs. R$ 59,00
NÃO DEIXE DE LER
O Relatório Popcorn
IDÉIAS EM DES DESTTAQUE Bônus Aleatórios – o apelo das raspadinhas chega ao departamento de recurso humanos. Vêm sendo cada vez mais adotadas pelas empresas de alta tecnologia, como forma de motivar seus empregados através da força das gratificações instantâneas.
Click
Alimentos de Hiperconveniência – mais rápido do que fast food, nova categoria que encurta ao máximo o tempo de uma refeição, sob todos os aspectos: preparar, embalar, comer.
(Editora Campus)
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Gerentes Karaokê – estilo de administração por dublagem, no qual você vive – ou sobrevive – simplesmente repetindo as frases de efeito e os chavões de seus superiores. Multiexpertise – quando uma pessoa possui grande conhecimento em múltiplas áreas, e é mestre em aplicá-lo de uma área para outra.
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Para saber mais: Conheça melhor o trabalho de Faith Popcorn visitando o site www.brainreserve.com
Novos Títulos Gestão do Conhecimento, Gilbert PPrr obst, Steffen Raub e Kai Romhardt, Editora Artmed (www .artmed.com.br), (www.artmed.com.br), 286 págs., R$ 49,00
Administração Financeira, A. A. Groppelli e Ehsan Nikbakht, Editora Saraiva (www .saraiva.com.br), (www.saraiva.com.br), 496 págs., R$ 57,00
Os novos conceitos no campo das finanças, constantemente desenvolvidos por profissionais e acadêmicos, e os recentes instrumentos como softwares financeiros, derivativos financeiros e internet, criados para facilitar e agilizar o trabalho, refletem uma realidade de transformações na área. No livro Administração Financeira os autores A. A. Groppelli e Ehsan Nikbakht mostram essas principais mudanças e demonstram como a administração financeira pode contribuir no direcionamento das empresas e no processo de tomada de decisões.
Administrar de forma adequada o uso do conhecimento estratégico nos negócios não é só uma vantagem competitiva, mas também garante a sobrevivência da empresa. Dessa maneira, o livro Gestão do Conhecimento oferece idéias, instrumentos e aplicações para sistematizar, implantar e gerir os ativos intelectuais. A obra apresenta, ainda, técnicas que auxiliam o leitor a analisar a própria situação da empresa e a escolher as ferramentas corretas para estruturar as atividades de gestão do conhecimento de uma companhia.
Marketing Contra-Intuitivo, Kevin J. Clancy e Peter C. Krieg, Editora Campus (www .campus.com.br), (www.campus.com.br), 448 págs., R$ 69,00
Demonstrações Contábeis, Arnaldo Reis, Editora Saraiva .saraiva.com.br), (www (www.saraiva.com.br), 272 págs., R$ 43,00
Em Marketing Contra-Intuitivo os autores Kevin J. Clancy e Peter C. Krieg mostram uma fórmula já conhecida dos empreendedores, mas muitas vezes deixada de lado, para encontrar e manter os clientes e consumidores. Trata-se do marketing. De acordo com eles, somente através do marketing é possível fazer uma empresa crescer. A obra é dividida em três partes, focalizando o alvo, o posicionamento, o desenvolvimento do produto, o atendimento ao cliente e a fixação de preços. Além disso, o livro traz idéias contra-intuitivas para a construção e o lançamento de campanhas.
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O conhecimento da situação econômico-financeira da empresa é fundamental para tomada de decisões. O livro Demonstrações Contábeis mostra de forma didática como analisar e estruturar balanços e demonstrativos contábeis e financeiros. O autor transmite os principais conhecimentos, conceitos e determinações legais relacionados à contabilidade. A obra oferece ainda uma bateria de testes e exercícios no final de cada capítulo e, também, no site da editora (www.editorasaraiva.com.br/ uni) para recapitulação e auto-avaliação.
Informação e Crédito
Serasa lança primeiro indicad
Victoria Iturrieta
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A
Serasa identificou a necessidade de se apurar um índice único para a inadimplência há cinco anos. O país já havia passado pelo recorde de títulos protestados, em 1995, e experimentava o crescimento da inadimplência com cheques devolvidos por insuficiência de fundos, ao mesmo tempo em que se intensificava uma nova modalidade de financiamento: os cheques pré-datados. Isso foi em 1997, que com a crise da Ásia também registrou impacto no volume de títulos protestados. O ponto de partida e ferramental exclusivo é o banco de dados da Serasa, uma das maiores empresas do mundo em informações e análises econômico-financeiras para apoiar decisões de crédito e negócios. A Serasa é a única organização que tem o registro de todos os segmentos econômicos do país. “Com o recrudescimento da inadimplência, a partir de 2001, conforme verificado nos indicadores isolados, a Serasa apresenta ao mercado, após longo período de validação técnica, o seu indicador único, que agrega avançada metodologia estatística com o suporte de imensa massa de dados, para nortear o mercado e os agentes econômicos na compreensão do dia-a-dia da economia e na tomada de decisões”, afirma o presidente da Serasa, Elcio Anibal de Lucca. De acordo com ele, o Indicador
DIVULGAÇÃO
A Serasa está lançando o Indicador Serasa de Inadimplência, o primeiro modelo estatístico de múltiplas variáveis, que contempla todos os meios de pagamentos da economia brasileira e sua representatividade relativa
Elcio de Lucca, presidente da Serasa
Serasa de Inadimplência reflete de forma totalizada este evento na economia e possui as subdivisões por quantidade, que também são apuradas para seus componentes – pessoas físicas e jurídicas. O presidente destaca que a ponderação do índice também representa uma inovação, ao tratar o assunto de forma dinâmica, pois seus pesos são obtidos mensalmente, observando-se as ocorrências mais freqüentes, e trabalha com médias móveis. “Com mais este referencial, a Serasa cumpre sua importante função de transformar dados em informação e esta, em compreensão, com compromisso científico e isento”, afirma Elcio Anibal de Lucca.
ador de inadimplência do país Crédito tem maior ritmo de crescimento O inédito Indicador Serasa de Inadimplência revela que o volume de crédito na economia teve um ritmo de crescimento maior do que o da inadimplência global. O índice mostra que as linhas de financiamento cresceram 71% de janeiro de 1999 até junho de 2002, enquanto a inadimplência subiu 56% no mesmo período. Isolando apenas os dados de pessoa física, a diferença é mais expressiva. O volume de dinheiro destinado aos empréstimos subiu 133%, enquanto a inadimplência, apenas 72%, ou seja, quase a metade. Neste ano, a inadimplência diminuiu na comparação com o ano passado. Pelo novo indicador, a inadimplência chegou a uma taxa de 19,5% no terceiro bimestre (maio–junho), contra 35,7% no mesmo período do ano passado. Na comparação semestral 2002/ 2001, o Indicador Serasa de Inadimplência apontou que a inadimplência geral – pessoa física e jurídica –, no Brasil, aumentou 26,1% no período de janeiro a junho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2001. O índice da Serasa aponta que a alta de 26,1% foi puxada por pessoa física, que no primeiro semestre deste ano cresceu 34,9%, em relação ao mesmo período do ano passado. Já a inadimplência de pessoa jurídica registrou aumento
Crédito ao Setor Privado e o Indicador Serasa de Inadimplência Total 240
1999
2000
2001
2002* INDÍCE DE CRÉDITO DO SETOR PRIVADO
210 180 150 120
INDICADOR SERASA DE INADIMPLÊNCIA
90 60 30 0
J99 Mar Mai Jul Set Nov J00 Mar Mai Jul Set Nov J01 Mar Mai Jul Set Nov J02 Mar Mai
Base Jan/99=100
de 12,2% no mesmo período. O indicador é composto por quatro índices, que incluem todos os meios de pagamentos: cheques devolvidos, títulos protestados, sistema financeiro (bancos) e outros segmentos (cartões de crédito e financeiras). Segundo o estudo, os cheques sem fundos apresentam queda na representatividade nos últimos três anos. No primeiro semestre de 2000, a participação de cheques devolvidos no Indicador Serasa de Inadimplência foi de 48%. No mesmo período de 2001, foi de 44%. Nos primeiros seis meses deste ano, os cheques devolvidos representaram 38% do total do indicador. O segundo índice na representatividade é o registro de inadimplência de cartões de crédito e financeiras, que apresenta cresci-
*2002 = Jan–Jun
mento. No primeiro semestre de 2000, representou 24%; em igual período de 2001, 25%; no primeiro semestre deste ano, 31%. O índice registros no sistema financeiro (bancos) tem a terceira maior participação no índicador nos primeiros seis meses deste ano, 24%; no primeiro semestre de 2001, 22%; e 16% em igual período de 2000. A menor representatividade, na comparação semestral, foi dos títulos protestados: 7% este ano; 9% em 2001; e 12% em 2000. Segundo o estudo, o valor médio das anotações negativas de cheques sem fundos no último semestre foi de R$ 670,26; de títulos protestados foi de R$ 860,63; de registros no sistema financeiro foi de R$ 2.345,43; e de registros em outros segmentos foi de R$ 317,13.
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Guia do Empreendedor Análise Setorial
Uma boa opção de investimento
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DIVULGAÇÃO
Uma pergunta: o que pode ser um bom investimento para quem tem disponibilidade de recursos e não tem necessidade de resgate em curto prazo, podendo aguardar para realizar lucros quando o investimento obtiver uma boa valorização? A grande maioria pensa em imóveis. No entanto, uma alternativa bem mais fácil e menos arriscada – ao contrário do que se pensa – é investir em ações. O investimento em bolsa é simples e uma excelente alternativa para quem pensa no médio e longo prazo. Papéis atrativos de empresas brasileiras consolidadas sempre existiram, mas o atual momento, em particular, é bem interessante. Várias empresas sólidas e que não estão sendo afetadas pela conjuntura de hoje estão com suas cotações extremamente depreciadas. Para investir, o primeiro passo é procurar informações sobre o funcionamento do processo de negociação direta. Existem ainda outras alternativas, como clubes de investimento e fundos de ações, em que profissionais especializados ficam responsáveis por todo o processo. Com o advento da internet, isso ficou mais fácil e hoje podemos acessar informações através de sites de finanças e corretoras, e também da própria Bovespa e da Associação dos Analistas de Mercado de Capitais (Abamec). Além disso, a maioria dos bancos comerciais possui corretoras que podem intermediar a negociação com ações – o que não Setembro – Empreendedor
Muitos pensam apenas em imóveis na hora de decidir onde investir investir.. Mas optar pela bolsa é uma alternativa que não pode ser descartada significa que irão definir os melhores papéis para a compra, fator fundamental para o sucesso do investimento. Nesse ponto em questão, existem várias formas para se detectar a melhor empresa para investir. O caminho mais seguro – e que oferece retorno regular aos investidores – é através de um trabalho criterioso, acompanhado também da execução de técnicas para se evitar perdas. Hoje no mercado temos dois tipos principais de análise: a análise gráfica e a análise fundamentalista, ambas com o objetivo de apontar situações e empresas atrativas para o investimento. Destacaremos aqui a análise fundamentalista, que, como o nome sugere, nada mais é do que a análise dos fundamentos que podem levar uma empresa ao sucesso ou não, e a avaliação se a cotação atual da empresa está abaixo do que os fundamentos da empresa apontam. Uma boa análise fundamentalista começa através de uma avaliação de cima para baixo, ou seja, do ambiente macroeconômico para o micro, procurando identificar quais os setores que podem ser beneficiados com a conjuntura atual e mapeando as possíveis tendências. E a partir daí estão estabelecidos critérios para se procurar empresas que tenham boas perspectivas e que estejam subavaliadas pelo mercado. Dentro da análise de empresas temos que a última linha dos últimos balanços (lucro ou prejuízo) não é só o que interessa. É preciso ter uma boa idéia de quais são
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os fatores-chave para que os resultados futuros da empresa sejam interessantes. Esses fatores podem ser: capacidade gerencial, volume de dívida, desempenho no mercado consumidor de seus produtos ou serviços, projeções de lucros e de crescimento. E também avaliar o impacto de eventos futuros, como possíveis vendas do controle acionário e pagamentos de dividendos. Com base nisso, um indicador-chave da análise fundamentalista é o índice preço-lucro, o P/L, que compara o preço atual de uma ação com a perspectiva de lucro projetado por ação anual e dá uma idéia do tempo, em número de anos, para o retorno do capital investido. Então, quanto menor for o índice, mais interessante será o retorno. Para se ter uma idéia do valor desse indicador, um senhor que hoje é reconhecido como o mais bemsucedido investidor do mercado de ações, Warren Buffet, está entre os homens mais ricos dos EUA utilizando, há mais de 50 anos, basicamente esta análise para escolher em quais empresas investir. Enfim, segundo a análise fundamentalista, um bom investimento em ações depende de o investidor estar bem informado e ter uma estratégia com objetivos de lucro baseados em expectativas definidas, que, caso não se confirmem, são referências para a troca por outras empresas.
Rafael Costa da Silva
Analista financeiro da Leme Investimentos
Indicadores Carteira teórica Ibovespa NOME/TIPO AÇÃO
VARIAÇÃO % ANO (ATÉ AGOSTO)
0,826 2,138 0,792 4,261 0,764 0,338 1,486 0,721 3,957 3,319 0,688 0,178 2,559 0,614 0,44 1,033 0,295 1,151 1,095 2,819 0,554 1,61 3,451 0,545 1,874 1,22 100 0,216 0,183 2,756 1,387 0,257 0,299 0,529 0,571 3,118 9,242 0,583 1,152 0,566 0,795 0,515 1,393 1,284 0,568 2,119 0,116 2,005 1,055 14,673 2,126 4,869 1,097 0,368 0,77 1,25 4,786 0,597
-1,45 -9,06 47,13 -24,84 -40,51 -2,73 -13,74 -20,14 -1,32 -17,33 28,26 -22 -18,55 -54,67 -46,06 -40,63 -38,75 -23,29 -32,45 -31,28 -50,64 19,37 21,56 -75,69 -79,19 64,67 -28,73 -65,66 -7,94 -24,59 -20,93 -11,79 -41,73 -95,19 14,44 -10,78 -16,11 -29,96 18,59 26,33 13,72 -31,21 -27,79 -42,49 -57,88 -17,98 -42,22 -31,34 -39,27 -31,43 -33,34 -56,21 8,12 8,43 -2,27 -21,59 34,08 34,86
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Inflação Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe SP
(%)
Julho 1,95 2,05 1,19 0,67
Ano 12 Meses 5,50 9,99 6,21 10,17 4,17 7,51 2,02 5,18
Juros/Aplicação Julho 1,53 1,54 0,77 1,38 20,34
CDI Selic Poupança CDB pré 30 Ouro BM&F
(%)
Ano 12 Meses 10,31 18,53 10,35 18,58 5,03 8,97 9,28 16,72 62,33 66,19
Indicadores imobiliários Julho 0,21 0,27
CUB SP TR
(em %) Ano 12 Meses 5,36 8,07 1,43 -
Juros/Crédito Agosto Agosto 16/ago 22/ago Desconto 2,57 a 4,66 2,55 a 4,66 Factoring – 4,03 a 4,05 HotMoney 2,16 a 6,93 2,16 a 6,93 GiroPré* 36,64 a 96,71 36,39 a 96,71
(em % mês) Agosto 23/ago 2,54 a 4,66 4,01 a 4,04 2,15 a 6,93 36,23 a 96,71
(*= taxa ano)
Câmbio (em 25/08/2002) Cotação Dólar Comercial Euro Iene
R$ 3,1120 US$ 0,9746 US$ 119,83
Mer cados futur os Mercados futuros Outubro Dólar R$ 3,06468 Juros DI 18,20% Ibovespa 9.877 Café (NY) –
(em 26/08/2002) Novembro Dezembro R$ 3,03775 R$ 3,02160 19,21% 20,31% 10.212 10.622 – US$ 51,85
Empreendedor – Setembro
2002
Acesita PN Ambev PN Aracruz PNB Bradesco PN Bradespar PN Brasil ON Brasil PN Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Celesc PNB Cemig ON Cemig PN Cesp PN Comgas PNA Copel PNB Copene PNA CRT Celular PNA Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo Metropo PN Embraer ON Embraer PN Embratel Part ON Embratel Part PN Gerdau PN Ibovespa Inepar Construcoes PN Ipiranga Pet PN Itaubanco PN Itausa PN Klabin PN Light ON Net PN Petrobras Distrib PN Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sid Nacional ON Sid Tubarao PN Souza Cruz ON Tele Celular Sul ON Tele Celular Sul PN Tele Centroeste Cel PN Tele Leste Celular PN Tele Nordeste Celul PN Telefonica Data Hld PN Telemar Norte Leste PNA Telemar ON Telemar PN Telemig Celul Part PN Telesp Cel Part PN Telesp Operac PN Tractebel ON Transmissao Paulist PN Usiminas PNA Vale Rio Doce PNA Votorantim C P PN
PARTICIPAÇÃO IBOVESPA
Guia do Empreendedor Agenda De 10/10 a 20/10/2002
22º SALÃO INTERNACIONAL DO AUTOMÓVEL
DOMÓTICA’2002
FENEPA
Pavilhão de Exposição do Parque Anhembi São Paulo – SP Fone: (11) 3667-3626
3º Salão Internacional de Automação Residencial Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera São Paulo – SP Fone: (11) 3151-6444
7ª Feira de Negócios de Paraíso do Tocantins Feira Coberta Paraíso do Tocantins – TO Fone: (63) 602-1138
De 10/10 a 20/10/2002
DULAR/AL VIII Feira das Indústrias de Móveis, Decoração, Eletrodomésticos e Utilidades para o Lar Pavilhão do SESI Maceió – AL Fone: (27) 3361-6864 De 14/10 a 16/10/2002
SUPERNORTE’2002 5ª Exposição de Produtos e Serviços para o Setor Supermercadista e Fornecedores do Pará e Amapá Centur Belém – PA Fone: (91) 249-4268
De 15/10 a 18/10/2002
CONSTRUA’2002 3º Salão Internacional de Materiais para a Construção Civil Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera São Paulo – SP Fone: (11) 3151-6444 De 16/10 a 18/10/2002
FIMAI’2002 4ª Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial Mart Center São Paulo – SP Fone: (11) 3917-2878
De 14/10 a 17/10/2002
De 16/10 a 18/10/2002
ABTCP’2002
RIOJÓIA
35ª Exposição de Produtos e Equipamentos para a Indústria de Celulose e Papel 35º Congresso Anual de Celulose e Papel ITM Expo São Paulo – SP Fone: (11) 5574-0166
XXII Feira Internacional de Relógios, Gemas e Jóias Hotel Intercontinental Rio de Janeiro – RJ Fone: (21) 2220-8004
De 15/10 a 18/10/2002
MERCOPAR 11ª Feira Internacional de Integração Industrial Pavilhão de Exposições da Festa da Uva Caxias do Sul – RS Fone: (51) 3216-5006 De 15/10 a 18/10/2002
CLIMAT’2002 3º Salão Internacional da Climatização Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera São Paulo – SP Fone: (11) 3151-6444
De 16/10 a 19/10/2002
AUTOPARTS’2002 2ª Feira de Autopeças, Equipamentos e Serviços Centro de Exposições da Fiergs Porto Alegre – RS Fone: (51) 3221-9266 De 17/10 a 19/10/2002
FEIMED’2002 2ª Feira de Produtos e Serviços Médico-Hospitalares do Amazonas Centro de Convenções Manaus – AM Fone: (92) 642-1900 R: 2227
De 15/10 a 18/10/2002
SIEEL’2002
2002
De 19/10 a 23/10/2002
De 15/10 a 18/10/2002
3º Salão Internacional de Eletricidade e Eletrônica Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera São Paulo – SP Fone: (11) 3151-6444 Setembro – Empreendedor
De 18/10 a 27/10/2002
MOBILIAR’2002 7ª Feira de Móveis do Paraná Centro de Exposições do Parque Barigüi Curitiba – PR Fone: (41) 335-3377
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De 19/10 a 27/10/2002
EXPOTOLEDO 16ª Exposição Agropecuária e Industrial e Comercial de Toledo Centro de Eventos Ismael Sperafico Toledo – PR Fone: (45) 278-5252 De 21/10 a 23/10/2002
SUPERMINAS’2002 16ª Feira de Produtos e Serviços para Supermercados Expominas Belo Horizonte – MG Fone: (31) 291-5022 De 22/10 a 24/10/2002
INTERSTOFF SOUTH AMERICA – ABIT Feira Internacional de Tecidos e Tendências para Confecção ITM Expo – Centro Têxtil São Paulo – SP Fone: (11) 4688-6000 De 22/10 a 25/10/2002
FFATIA’2002 1ª Feira de Fornecedores e Atualização Tecnológica da Indústria de Alimentação Pavilhão de Exposições Interior Eventos Ribeirão Preto – SP Fone: (16) 623-8936 De 22/10 a 27/10/2002
FIMMEPE / MECÂNICA NE 8ª Feira da Indústria Mecânica, Metalúrgica e de Material Elétrico de Pernambuco Centro de Convenções de Pernambuco Olinda – PE Fone: (81) 3423-0568 De 23/10 a 25/10/2002
PREVESUL’2002 5ª Feira Internacional de Segurança, Saúde e Higiene do Trabalho V Congresso Internacional de Segurança, Saúde e Higiene do Trabalho Centro de Eventos da PUC Porto Alegre – RS Fone: (51) 594-6300
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