Empreendedor 122

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A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Marketing e Comercialização José Lamônica [lamonica@empreendedor .com.br]

Nesta edição OS DEZ MAIS

Redação Editor-Executivo: Nei Duclós [redacao@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling, Fábio Mayer e Sara Caprario Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Fábio Salles, Lauro Maeda, Marcelo Caetano da Silva, Roni Rigon/Agência RBS e Arquivo Empreendedor Produção e Arquivo: Carol Herling Revisão: José Renato de Faria Sedes São Paulo Diretor de Marketing e Comercialização: José Lamônica Executivo de Contas: Dervail Cabral e Miriam Rose Rua Sabará, 566, 9º andar, cj. 92 01239-010 - São Paulo - SP Fones: (11) 3214-5938/3214-6093 [empreendedorsp@uol.com.br] Florianópolis Executivo de Contas: Waldyr de Souza Junior [wsouza@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss Av. Osmar Cunha, 183, Ceisa Center, bl. C, 9º andar 88015-900 - Florianópolis - SC Fone: (48) 224-4441 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua da Quitanda, 20, grupo 401 - Centro 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ Fone/Fax: (21) 2252-5788 Brasília [jcz@forumci.com.br] Ulysses C. B. Cava SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial Bloco C, cj. 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 426-7315 Paraná [comercial@merconet.srv.br] Ricardo Takiguti Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - cj. 01 - Boa Vista 82560-460 - Curitiba - PR Fone/Fax: (41) 257-9053 Rio Grande do Sul [ag_camargo@terra.com.br] Alberto Gomes Camargo Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116/9918-4604 Pernambuco [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Hamilton Marcondes Rua Ribeiro de Brito, 1111, cj. 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384/3327-9430 Minas Gerais [comercial@sbfpublicidade.com.br] SBF Representações/Sérgio Bernardes de Faria Av. Getúlio Vargas, 1300, 17º andar, cj. 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 3261-2700

DANIEL ALBERTO CARDOSO

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CESAR AUGUSTO OLSEN

A vertente das idéias O sonhador persistente Por mais de 20 anos, Daniel acumulou projetos enquanto trabalhava com desenvolvimento de produtos plásticos em uma fábrica da sua região. Hoje emprega 134 funcionários na Víqua, criando soluções hidráulicas para construção e agricultura, e investe em média 10% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento.

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FLÁVIO ROCHA

Aos 16 anos, com o falecimento do pai, Olsen teve que decidir o próprio caminho. Com coragem, ousadia e muita cautela na tomada de decisões, foi alçando vôo com seu negócio de maneira progressiva. Hoje é um exemplo bem-sucedido de empreendedor na área de equipamentos odontomédicos inovadores.

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EDISON MORELIS COCA

O político do varejo

O pique do inventor

Flávio começou como vendedor aos 13 anos na empresa fundada por seu pai, hoje o Grupo Guararapes/Riachuelo, do qual é vice-presidente. Foi deputado federal por dois mandatos e como presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) luta contra a informalidade no varejo.

Edison chegou a cortar cana antes de inventar a primeira colheitadeira de sementes de gramíneas e leguminosas do mundo. Nas suas mãos, os calos, e na lembrança os tempos difíceis que ficaram para trás. Até hoje, ele tem sob a mesa do escritório o maior símbolo de sua perseverança, o instrumento que utilizava para cortar canade-açúcar.

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Clementina P. da Silva Gerente: Luzia Correa Weiss Fone: 0800 48 0004 [assine@empreendedor.com.br] Produção gráfica Impressão e Acabamento: Coan Indústria Gráfica Distribuição: Fernando Chinaglia S.A. (São Paulo) Empreendedor.com

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ANER Dezembro – Empreendedor

GUIA DO EMPREENDEDOR

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Produtos e Serviços ..................................................... 74 Do Lado da Lei.............................................................. 75 Leitura ........................................................................... 76 Análise Econômica ....................................................... 80 Indicadores ................................................................... 81 Agenda ........................................................................... 82

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Dezembro/2004

ALEXANDRE TADEU DA COSTA

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PAULO BELLINI

CRISTIANA ARCANGELI

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O sabor da iniciativa

Decisão na hora certa

A marca do estilo

Alexandre despertou cedo para o empreendedorismo e, graças ao risco que correu quando, por equívoco, vendeu o que não tinha, hoje ele é dono da Cacau Show, empresa especializada em chocolates e uma das maiores indústrias e redes de franquias do país. Em menos de quatro anos, foram abertas 135 lojas e o objetivo é ter mil lojas em 2010.

Paulo soube o momento exato para abrir sua empresa em 1949 aos 22 anos, que depois transformou na Marcopolo, marca de excelência mundial no setor em que atua. No início, dedicouse à fabricação de carrocerias e pintura e chapeação de automóveis, mas o trabalho evoluiu para a produção de ônibus.

Cristiana mudou o conceito de cosméticos no Brasil e hoje colhe os frutos de seu pioneirismo. Ela conseguiu sintonizar as novas exigências do público com a indústria que abraçou a partir de um pequeno empreendimento e soube transformar-se na imagem dos benefícios que seus produtos promovem.

FÁTIMA CASARINI

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ABRAHAM KASINSKY

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CARLOS WIZARD MARTINS

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As flores na rede

O recomeço constante Missionário poliglota

O primeiro passo de Fátima foi conseguir convencer os clientes que vender flores no Brasil pela internet é um negócio seguro e veloz. Por isso sua Flores Online é a maior floricultura virtual do Brasil, com mais de 500 mil usuários cadastrados em 900 cidades brasileiras, e poderá ter um crescimento entre 35% e 40% em 2005.

Não basta, para Abraham, ser um dos mais conceituados empresários do país, fama que conquistou graças à indústria de autopeças. Ele precisa sempre apostar num recomeço para sentir o gosto do empreendedorismo. Por isso fabrica agora motos e triciclos diferenciados, um ramo em que precisou aprender de tudo para transformá-lo num sucesso de vendas.

LEIA TAMBÉM Cartas ................................ 9 Não Durma no Ponto ....... 12 Pequenas Notáveis ......... 60 Franquia Total .................. 63

Foi pela religião que Carlos aprendeu as primeiras palavras na língua inglesa, até adquirir fluência e capacidade para ensiná-la, e reuniu conhecimentos para montar o que hoje é uma das maiores redes de franchising do Brasil. Atualmente ele lidera o Grupo ProAcademix, com duas redes de ensino de idiomas (a outra é a Alps) e uma de ensino profissionalizante (Worktek).

Entrevista: o sucesso sustentável

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Daniel Hakin, economista e especialista em Estratégia, chama a atenção para os resultados que vão além da diferença entre receitas e despesas: mais importante do que o lucro imediato é reter a marca na cabeça do cliente, para que ele volte a comprá-la. O processo é claro: um planejamento em bases sólidas, avaliado constantemente, e a melhoria contínua da cadeia de valores. Isso se consegue por meio da pró-atividade de um atento corpo gerencial.


Editorial

de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800 48 0004. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 72. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 16,7%, pagando somente R$ 60. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30min. Se preferir, faça sua solicitação de assinatura pela internet (www.empreendedor.com.br) ou pelo e-mail assine@empreendedor.com.br.

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Reprints editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades)

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Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Jovem Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - cj. 92 CEP 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua da Quitanda, 20, gp. 401 - Centro - 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ Brasília: SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial - Bloco C - cj. 330 - CEP 70140-907 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itú - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Bloco C - cj. 902 - CEP 88015-900 Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - Cj. 01 - Boa Vista 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111, cj. 605 - Boa Viagem - CEP 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300, 17º andar, cj. 1704 CEP 30112-021 - Belo Horizonte- MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor, e estarão sujeitos, em função do espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

Dezembro – Empreendedor

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rimeiro querer, segundo vislumbrar e terceiro ter a intenção de concretizar um projeto são passos fundamentais para obter destaque no empreendedorismo. Mas falta aí uma palavra-chave: persistência. Ela move mundos e pode se sobrepor à vocação, porque já está entranhada entre os brasileiros que abrem um negócio por conta própria. Como já existe a cultura de uma economia amarrada, sob a tutela da burocracia, da tributação excessiva e da liquidez escassa da moeda, a postura não muda quando há uma onda de otimismo e índices expressivos de retomada de crescimento. Ao se abrir uma fresta para a esperança, como aconteceu neste ano de 2004, pode-se voltar a sonhar alto, mas ninguém abandona as lições aprendidas nos anos seguidos em que se falou em recessão e crise. O duro aprendizado foi convincente para que cada um mantivesse firme a mão no leme e direcionasse o rumo para seu principal objetivo. É o que vemos nesta edição. Existem pessoas que pensaram em criar uma solução inovadora inédita no mundo e acabaram perdendo todo o patrimônio acumulado em anos de exercício profissional. Mas insistir no projeto é que fez a diferença. Outro exemplo é o da pessoa que não se sentia vocacionada para aplicar num empreendimento um acervo acumulado desde a infância, mas que acabou no leme de um grupo de empresas. Há ain-

da o veterano que decidiu dar uma guinada nos seus negócios e abraçou uma nova causa, diferente do que soube construir ao longo de uma vida. Isto também é persistência: achar que pode mudar (sem abandonar o que realizou) com o mesmo entusiasmo do início da carreira. A diversidade dos exemplos nos prova que ser um destaque do ano não significa preencher um formulário de definições. Tem gente que recebeu de mão beijada o cargo de dirigente de uma empresa, por herança ou mérito, e que acabou fazendo do que recebeu um multiplicador de resultados. Ou aquele que, muito jovem, vendeu o que não tinha no estoque (por falta de informações básicas) e que resolveu atender o pedido tornando-se um fabricante. Não existem fórmulas para conseguir consolidar os planos de uma vida, mas fundamentos: decidir primeiro dentro de si o que vai projetar na prática; não desistir nunca, mesmo que tudo prove o contrário; não deitar-se nas facilidades adquiridas e lutar todos os dias como se fosse o último; e encarar um empreendimento como a arena onde vai colocar todas as forças, mesmo que elas faltem de vez em quando. Pois, no fundo, o que vale é a humanidade de cada um a serviço de um trabalho que beneficie a todos, e especialmente o Brasil, que continuará muito além das nossas vidas datadas.

CEDOC O Centro de Documentação (CEDOC) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar contato pelo telefone (48) 224-4441 ou por e-mail (imagem@empreendedor.com.br).

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Cartas Paixão

Exportação Espero que as promessas sobre exportação para as pequenas empresas se viabilizem. Noto que há uma grande pressão de associações e outras entidades, além de um corpo-a-corpo dos próprios empreendedores a favor de uma mudança radical da atual situação, em que nossas divisas são conseguidas preferencialmente pelas grandes empresas. Mas também noto que há grande quantidade de empecilhos para os que são pequenos e querem vender em dólares. É preciso que o Brasil seja conhecido também como país que gera produtos de valor agregado e não apenas se reduz a exportar grãos ou minérios. Marta H. Duclerc

São Paulo – SP

É um banho de otimismo a galeria de empreendedores movidos pela paixão, apresentados na edição 121 da Empreendedor. Todos trazem maravilhosas lições de vida e nos ajudam a tocar o barco dessa trajetória tão cheia de dificuldades, mas tão generosa nas suas graças e benefícios. Fátima Clara Dias

Rio de Janeiro – RJ

Motivação Fiquei incentivado a abrir uma franquia depois que li a reportagem “Motivação na rede”. Tenho amigos que se desencantaram com seus franqueadores, mas vi que existem muitas ações a favor do sucesso e de uma sintonia proveitosa para ambos os lados. Carlos Potyguara Lindenberg

Porto Alegre – RS

Ofertas A reportagem “Concorrência multiplica ofertas”, sobre o mercado crescente das telecomunicações, mostra como é possível obter sucesso em nichos que utilizam tecnologia de ponta. Mas o que pega nesse assunto é preço, pois vemos a diversificação das ofertas e em muitos níveis dos negócios os preços costumam afugentar os clientes. O Brasil precisa sair dessa exclusão permanente por meio do preço e apostar nos ganhos em escala, que é a essência do capitalismo de bons resultados. Aramis Carvalho Syms

Ousadia Gostaria que a revista Empreendedor focasse mais as oportunidades que se abrem em nichos não relacionados com o poder público. Gosto de ver em ação pessoas que arriscam não no transporte, na saúde ou na educação, mas em atividades mais ousadas, em que é preciso prestar mais atenção nos clientes e não apenas contar com reservas de mercado, que dispõem de uma demanda já garantida pela necessidade. É aí nesse território ainda inóspito que se revela o verdadeiro empreendedorismo.

Belo Horizonte – MG

Thiago D’Alembert Souza

Recife – PE

CARTAS PARA A REDAÇÃO

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Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do estado de onde está escrevendo. Empreendedor – Dezembro


Entrevista

Movidos por resultados Manter o cliente focado na sua marca é a chave do sucesso. Tomar a iniciativa e adotar um planejamento estratégico, o caminho para chegar lá Alexsandro Vanin

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DIVULGAÇÃO

por

Dezembro – Empreendedor

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A cada novo dia, é preciso ser um pouco melhor do que ontem. Isso não só porque o mundo não perdoa erros, mas também porque o diferencial de uma pessoa, produto ou serviço será copiado e, portanto, novos valores precisam ser criados. “O mundo cobra resultados”, diz Daniel Hakin, economista e especialista em Estratégia. Resultados que vão além da diferença entre receitas e despesas. O importante não é simplesmente ter lucro, mas ter resultados sustentáveis, o que significa reter a marca na cabeça do cliente, de forma que ele volte a comprá-la. Essa é a razão da necessidade de melhoria constante da cadeia de valores. O caminho é a pró-atividade do corpo gerencial – que deve estar sempre atento ao que o mundo está dizendo – e o estabelecimento de um planejamento estratégico bem fundado e avaliado constantemente. “Um plano sem gestão não é plano, é fantasia”, diz o professor da FGV, Ibmec e Fundação Dom Cabral e autor do livro ABC do Planejamento Estratégico. Essa luta diária exige muito preparo do empreendedor e dos executivos. Hakin, também especialista em Comércio Exterior e Negociação, costuma dizer que em uma estratégia de guerra é necessário equilíbrio, obtido por meio de um bom condicionamento físico e psicológico e uma boa capacitação técnica e empreendedora, e atenção à rede de relacionamentos, na qual devem prevalecer relações em que todos ganhem. Conheça nesta entrevista um pouco mais sobre os ensinamentos de Hakin, que buscou inspiração na filosofia de seus mestres japoneses, o Kai Zen.


“O empreendedor não deve deixar nunca de ouvir as cinco vozes: os clientes, os fornecedores, os Empreendedor – Como o senhor descreveria os conceitos de resultado e sustentabilidade para os empreendedores?

Daniel Hakin – Resultado é a simples diferença entre receitas e despesas, então ter resultado positivo é gerar lucro, fruto da capacidade e próatividade do corpo gerencial. Já a sustentabilidade ocorre quando o cliente tem sua marca na cabeça e no ano seguinte ele continuará a comprar em sua empresa, ou seja, é reproduzir no futuro o sucesso do presente, preservando e criando novas vantagens competitivas. Sustentabilidade é a palavra que move o mundo, e isso exige planejamento estratégico. Empreendedor – No que consiste a cadeia de valores, que influências ela sofre e como ela deve ser trabalhada no planejamento estratégico?

Hakin – Toda empresa tem vantagens competitivas como preço, atendimento, carinho, ética, etc. Quando somamos as vantagens competitivas elas se tornam uma cadeia de valores. O ponto fraco é que os outros vão copiar suas cadeias de valores e portanto você terá que criar novas sempre. Além disso, não se pode cometer erros na cadeia de valores; basta um erro para estragá-la.

colaboradores, o meio corporativo e o mundo” ses. A empresa tem que ter um sistema de informações gerenciais muito bom para que possa gerir o plano; a cada degrau superado é preciso um sensor de avaliação. Um plano sem gestão não é plano, é fantasia. Empreendedor – Ao que o empreendedor deve estar sempre atento e de que forma fazer isso?

Hakin – Ele tem que estar atento aos 360 graus da empresa e deve ter um diretor de negócios, ou seja, alguém que crie marketing de relacionamento, um diretor de operações que entregue o que foi vendido e um diretor financeiro que sinalize que a venda dá lucro e caixa. O empreendedor não deve deixar nunca de ouvir as cinco vozes: os clientes, os fornecedores, os colaboradores, o meio corporativo e o mundo. Alterações bruscas de cenários não são desculpas para insucesso. Isso deve ser previsto nas estratégias; os diretores devem ter visão para ultrapassar a velocidade das mudanças.

Hakin – O planejamento estratégico deve ser revisado a cada dia e, pelo comitê gestor, a cada três me-

Hakin – Liderança, boa comunicação, conhecimento suficiente, sinergia de trabalho, tesão e estratégia

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Empreendedor – Qual a importância dos sistemas de informações gerenciais e de que forma eles podem ser mais bem aproveitados?

Hakin – Todo sistema de informações gerenciais deve ter informações inteligentes, e uma informação inteligente é aquela que serve para mudar os rumos da empresa e para enfrentar turbulência. As principais armas para isso são as simulações freqüentes de cenários em diferentes modelos e a busca incessante de novas idéias para que não haja acomodação aos resultados, que dependem diretamente da nossa capacidade de criar novas saídas frente às mudanças de regras. Muitas vezes nos acostumamos aos resultados projetados e acreditamos que eles vão se realizar de modo natural. Empreendedor – O que é a filosofia Kai Zen e no que ela pode ajudar os empresários?

Hakin – Amanhã eu terei que ser melhor do que ontem nem que seja um pedacinho. Este é o segredo da vida.

Linha Direta Daniel Hakin (85) 3241-3233 Empreendedor – Dezembro

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Empreendedor – Quando um planejamento estratégico deve ser avaliado?

Empreendedor – Que fatores são essenciais para um empreendedor ter sucesso e que estratégia ele deve adotar para superar a concorrência e as adversidades?

são fatores essenciais. Essa estratégia é uma verdadeira estratégia de guerra, em que é necessário ter boa capacidade técnica, boa saúde física, inteligência emocional e boa capacidade empreendedora. O mundo pede tudo isso; é preciso ter equilíbrio.


Não Durma no Ponto

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Em busca do futuro As empresas estão se esquecendo de sonhar. Preocupadas em sobreviver, projetam para o futuro os resultados e as estratégias passadas. Como se tudo se repetisse exatamente igual, mês após mês, ano após anos. Tudo o que conseguem, com isso, é continuar sobrevivendo. Poucas inovam. Boa parte implementa melhorias, apenas. A maior parte delas é variação do mesmo tema. Tanto mais inadequado esse comportamento, quanto rápidas são as mudanças que vemos acontecer bem diante de nossos olhos. É aí que entra o exercício do planejamento. Antes, porém, há de ser mais bem compreendido. Planejar implica, antes de tudo, identificar um resultado final aceitável. Trata-se, portanto, de um exercício em busca de resultados futuros. Talvez resida exatamente aí a relutância quanto a sua prática: afinal, que poder temos diante do futuro? Nenhum, se partirmos do princípio de que um bom planejamento estará sempre errado, pois o futuro não se desenrola tal como prevemos. Este é um ponto de vista. Mas há outro. E bem distinto. Temos, sim, imenso potencial de poder, quando nos conscientizamos de que estamos mais aptos a conquistar metas mentalizadas, antes de iniciar qualquer ação. Ou seja, a vitória começa em nossa mente. Na predisposição. Assim, a construção mental precede a elaboração material. Essa talvez seja a principal função do planejamento. Sem essa construção mental, aliás, não pode haver nada senão um simples ajuste, momentâneo e oportunista, ao que ocorre lá na frente. Planejar é mais uma atitude do que uma tarefa. É reconhecer a importância de pensar e sentir antes de fazer. Planejar é criar, primeiro na tela mental (imaginação), depois no papel (o plano), para Dezembro – Empreendedor

só depois passar à prática (implementação). E isso é muito diferente dos tradicionais orçamentos, projeções financeiras e planos de metas. Planejamento sistêmico Pensar de forma sistêmica é considerar o planejamento dotado de corpo, mente e alma. Essa analogia pretende servir como recurso didático para melhor compreender o exercício de planejar e preparar o futuro: A mente trata do futuro, das ten-

“É ingênuo acreditar que as decisões são apenas lógicas e racionais. Os sentimentos estão sempre presentes” dências (das informações e das suposições), das idéias e dos desejos. É o contexto a partir do qual as decisões são feitas. A alma cuida das relações entre as pessoas, do trabalho em equipe, das percepções e intuições dos envolvidos, do comprometimento e da criatividade. É de onde provêm a energia e a inspiração. O corpo é muito bem conhecido. Determina as etapas, os recursos, os prazos e os responsáveis. Uma falha comum nos planejamentos está em considerar em demasia os aspectos do corpo, e desconsiderar, ou até negligenciar, os da mente e da alma. Quando conseguimos estabelecer um equilíbrio entre corpo, mente e alma, os resultados são sempre promissores.

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O lado mente do planejamento Ao contrário do que possa imaginar, comece sempre pelo final. O primeiro atributo de um planejamento bem-sucedido é a capacidade de identificar um resultado desejável – em síntese, trata-se de antecipar, ou seja, traçar as linhas gerais de algo que vai acontecer à frente. É preciso criar uma imagem do resultado final ou esperado daquele trabalho ou projeto. É daí que surge a definição do objetivo e essa é a decisão crucial do planejamento. É claro que o resultado final desejável está relacionado com a idéia que deu origem ao planejamento e com os desejos dos envolvidos, mas só isso não basta. E se ficar mesmo só nesse plano, tudo pode fracassar logo nas primeiras etapas da implementação. Para evitar esse risco, é preciso explorar o futuro, investigar os ambientes, avaliar as tendências, buscar informações e checar as suposições. O que queremos dizer é que, por tratar do futuro, a definição do objetivo sempre será uma espécie de aposta, desde que feita com ampla chance de sucesso. As perguntas que levam aos objetivos são: 1) O que você está querendo alcançar com o planejamento? 2) A quem se destina o planejamento? Quem é o seu principal beneficiário? Quem é o cliente do planejamento? 3) Quais as suas necessidades, interesses e expectativas ? A hora de sonhar Um bom planejador tem idéias, incentiva idéias, descobre idéias. O líder planejador cria um ambiente no qual as idéias podem florescer. Atua de tal maneira que, mesmo quando haja necessidade de rejeitar algumas, as pessoas não percam o ânimo de apresentar outras.


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial

Ao contrário, sintam-se incentivadas a isso! Nunca se sabe de onde e quando virá uma boa idéia. Sabe-se, no entanto, que elas são alimentadas pela curiosidade. A tarefa fundamental do líder planejador é instigar a curiosidade sobre todas as coisas nas quais o grupo está interessado e – também – nas que à primeira vista não chamam a menor atenção de ninguém. Paradoxal? Nada! As idéias exigem imaginação, ou seja, a capacidade de vislumbrar algo que ainda não existe. A intuição também conta. E muito! Aposte nela. A intuição não é uma dádiva dos céus, mas a capacidade de reconhecer como importante usar rapidamente o que vem do inconsciente. Ou seja, de racionalização rápida. O processo ocorre quando a mente é saturada de informações, de modo que o cérebro começa a agrupá-las. A mente sistêmica é capaz de fazer associações e correlações inusitadas, com o propósito de resolver problemas e tomar decisões.

Enfim, o corpo Se todos estão de acordo com o objetivo-chave, o passo seguinte é definir as etapas. As perguntas a fazer são: 1) Qual é a lacuna entre onde estamos e aonde queremos chegar? 2) Como saber se estamos na direção e na velocidade certas? 3) Como identificar nossos erros e acertos? Objetivos e metas especificam os resultados pretendidos em cada etapa e estão relacionados ao objetivo-chave. Embora ambos se confundam, os objetivos são sempre qualitativos e genéricos e as metas são quantitativas e concretas.

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Os indicadores de desempenho Se o planejamento é formado por corpo, mente e alma, os indicadores de desempenho também devem seguir a mesma estrutura. Os indicadores de mente avaliam a qualidade das ações e as perspectivas de o objetivo-chave ser ou não atingido. Os indicadores de alma avaliam o grau de comprometimento e de satisfação dos membros da equipe. Os indicadores de corpo avaliam os resultados de cada etapa, os cumprimentos dos prazos e do orçamento. O planejamento sempre deve permitir uma avaliação, caso contrário como saber se fomos bem ou malsucedidos? Sem avaliação não existe a possibilidade de apresentar os resultados, tanto para equipe, quanto para os líderes, clientes, acionistas e a quem mais possa interessar. Enfim... Dois comentários finais. O primeiro está relacionado à velha desculpa do pouco tempo para realizar um bom planejamento. Não caia nessa armadilha. O tempo, recurso sempre escasso, será desperdiçado em dobro por conta das intermináveis correções de rotas e retrabalhos ocasionados justamente pela falta de planejamento. O segundo comentário refere-se ao documento final: o plano. É claro que ele é importante, mas não tanto como o processo de planejar. É ele que cria envolvimento e aprendizado. Ainda assim, escrever o plano é o que faz dele algo realmente significativo, a ser levado a sério. Estamos falando de compromisso, a palavra mágica que transforma o planejamento em resultados efetivos.

Linha Direta Roberto Adami Tranjan (11) 3873-1953 www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net Empreendedor – Dezembro

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A alma do planejamento O planejamento é quase sempre elaborado por um conjunto de pessoas que trabalham juntas, mas só o fato de estarem agrupadas não garante que realmente atuem em conjunto e de forma colaborativa. As responsabilidades, bem como os níveis de comprometimento, nem sempre são eqüitativos. As seguintes questões deverão ser respondidas: 1) Quem participará do planejamento? 2) Quem liderará o processo? 3) Qual o papel de cada um na fase do planejamento e na fase da implementação? 4) Que atitudes e práticas deverão ser adotadas diante dos problemas? O objetivo-chave possui uma função importante também na alma. Evita a dispersão, fazendo com que os envolvidos se mantenham no que interessa. Daí a importância de que seja concebi-

do por toda a equipe, à luz do consenso, ou seja, todos devem estar convencidos de sua validade. É bom, nesse momento, relembrar que equipe não é apenas um conjunto de pessoas que trabalham na busca de um objetivo comum. Uma equipe de verdade, digna desse honorável nome, é composta por integrantes capazes de ter responsabilidades mútuas, conhecimentos complementares, informações compartilhadas. As pessoas devem saber e, principalmente, sentir que o melhor que podem dar para o plano são seus pensamentos e sentimentos. Nunca é demais lembrar que o planejamento é um processo decisório e que toda decisão envolve componentes emocionais. É ingênuo acreditar que as decisões são apenas lógicas e racionais. Os sentimentos estão sempre presentes. Por mais que pareça óbvio, esse aspecto é pouco considerado, falha que pode gerar outras, inviabilizando o resultado de melhor qualidade. Por fim, vale ressaltar a importância do papel do líder: deve garantir a participação de todos, praticar o consenso, compartilhar os objetivos e definir o padrão de excelência dos trabalhos.





Valor

EMPREENDEDORES DO ANO

OS DESTAQUES DE 2004 Como faz todo fim de ano, esta revista dedica a última edição do ano a dez empreendedores que se destacaram com suas ações de gestão, idéias inovadoras e criação de valor aos seus produtos e serviços. Esta galeria de 2004, como nas outras vezes, é um exemplo de inclusão, pois cada um dos homenageados consegue manter vivas as atividades que geram emprego e renda e ajudam a equilibrar um país que costuma ficar à mercê de fases alternadas de euforia e crise. Escolhemos exemplos variados de sucesso. Um deles continua empreendendo mesmo que tenha chegado à idade reservada à aposenta-

doria; outro se torna um parâmetro de expectativa bem resolvida, pois consolida sua empresa que surgiu dez anos antes como uma promessa. Há também o que inventa produtos que conquistam o mercado interno e tornam-se diferenciais importantes também no exterior. E há os que se tornam símbolo do seu setor, pois transcendem a performance empresarial transformando o próprio nome em marca de excelência. São cases notórios que nos gratificam depois de um ano de muito trabalho e servem de incentivo para o novo período que será inaugurado a partir de janeiro.

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Empreendedor – Dezembro


Valor

DESTAQUES DE 2004

“Nosso foco é a qualidade, mas nosso sucesso é a inovação”

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Daniel Alberto Cardoso

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O inovador abre a gaveta Daniel montou e expande empresa a partir de produtos inéditos por

Alexsandro Vanin

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Marcelo Caetano da Silva

torneira de plástico de engenharia. Material 30% mais barato que o metal, resistente a abrasão, corrosão e impactos, além de isolante térmico, o plástico de engenharia é comum na indústria automotiva e de aviação, e na fabricação de notebooks e ferros de passar roupa, mas é uma novidade implementada pela Víqua no ramo hidráulico para construções após dois anos de pesquisa. O produto, que tem garantia de 12 anos e proporciona uma economia de 50% no consumo de água, graças a um arejador – peça que faz com que a água seja misturada com bolhas de ar, mantendo a pressão do jato e evitando espirro –, é a grande aposta da empresa. Com a torneira de plástico de engenharia, Cardoso espera aumentar sua participação no mercado nacional, hoje concentrada no Sul, e aterrissar em terras estrangeiras. Rebatismo O primeiro impulso para levantar vôo para o exterior foi a mudança do nome – até agosto a empresa chamava-se DAC. A alteração foi feita para transmitir uma imagem de modernidade e abrir portas no mercado internacional, especialmente América Latina (Argentina, Chile, México e Paraguai), Oriente Médio e África do Sul, onde há maiores chances de penetração, conforme levantamento realizado. Os contatos iniciais já foram estabelecidos. Víqua é uma compo-

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Idade 55 anos Local de nascimento Blumenau/SC Formação Técnico em Plásticos

sição das palavras latinas vida e água, e possui uma sonoridade mais fácil de ser gravada por estrangeiros. Depois de poucas experiências de venda para a Argentina e o Uruguai, a expectativa é que as exportações correspondam a 20% do faturamento dentro de dois anos. Não menos ambicioso é o plano de vôo para 2005. A meta é crescer no mínimo 40%, cinco pontos percentuais a mais do que o índice registrado pela empresa no primeiro semestre deste ano. A projeção tem como base o lançamento de 50 novos produtos – rol com aproximadamente 350 itens atualmente – e a intensificação do treinamento de colaboradores e das ações de marketing. “Queremos tornar nossa marca mais conhecida e consolidá-la no mercado”, diz Cardoso. Para isso foi contratada a D/Araújo Loduca, que começou a tarefa com a alteração do nome e uma campanha veiculada nos programas nacionais Mais Você, da Rede Globo, Note e Anote, da Record, e Dia a Dia, na Band. O nível de capacitação dos funcionários é mantido sempre em dia, Empreendedor – Dezembro

2004

Víqua, empresa de soluções hidráulicas para construção e agricultura, instalada em Joinville (SC), foi por muito tempo apenas um sonho de Daniel Alberto Cardoso. Por mais de 20 anos, ele acumulou idéias e projetos enquanto trabalhava com desenvolvimento de produtos plásticos em uma fábrica da região. Quando sobrava um tempo, refrescava a mente em vôos com aeronaves experimentais ou montando aeromodelos, atividades que pratica desde a juventude. Tão logo se aposentou, há dez anos, tirou o plano da gaveta e criou alguns produtos inéditos no país, comprou a maquinaria essencial e com apenas dois funcionários deu início à produção. Hoje, Cardoso emprega 134 funcionários na Empresa Empreendedora 2004, prêmio concedido pela revista Revenda Construção. “Nosso foco é a qualidade, mas nosso sucesso é a inovação”, diz o inventor empreendedor. Em média, 10% do faturamento é destinado ao Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento, com o qual ele sempre fez questão de trabalhar em conjunto. Apenas tecnologias fabris e softwares industriais são comprados fora. O resultado é uma carteira de produtos em que 92% deles são inovadores, em termos de design, economia ou funcionalidade, a maior parte com patente registrada no Brasil e alguns também no exterior, como a

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Nome completo Daniel Alberto Cardoso


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DESTAQUES DE 2004

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seja internamente, por meio de treinamentos especializados freqüentes, seja externamente, com o fornecimento de bolsas de estudos, que cobrem metade ou todo o custo, conforme a necessidade estratégica do conhecimento para a empresa. O nivelamento dos colaboradores na hora de trabalhar com as máquinas é importante para manter o padrão de qualidade. São máquinas injetoras austríacas, robôs, periféricos italianos e um sistema de alimentação e estocagem automática, que permitem produção ininterrupta e, aliados a um processo de logística, a entrega de um produto em apenas um dia após ter sido pedido. Consciência limpa A atenção com o meio ambiente também é um diferencial da Víqua, que carrega o selo “Amigo da Natureza”, devido à correta destinação e reutilização dos resíduos industriais. “A Víqua é uma empresa 100% limpa”, diz Cardoso. Segundo ele, a perda de matéria-prima é praticamente nula e o reaproveitamento quase total. O que não pode ser empregado na própria fábrica, como papéis e papelão, é recolhido por um mutirão de funcionários, e o dinheiro arrecadado com a venda é aplicado em ações internas. Além disso, todos os fornecedores possuem certificados ISO 9002 e ISO 14001. As torneiras de baixo custo, algumas produzidas com material reciclado e com custo menor do que R$ 1, são um dos produtos mais vendidos da empresa. “Existe um pensamento comum de que tudo o que é feito com material reciclável é de menor qualiDezembro – Empreendedor

Empresa Víqua

dade e menos resistente, o que não é verdade”, diz Cardoso. Entre os produtos mais promissores, ele cita as torneiras de plástico de engenharia e o muro aspersor. Atualmente são vendidas 1,2 milhão de peças por mês – um terço da capacidade produtiva –, sendo 35% para construção civil, 35% para irrigação e 30% para saneamento e indústrias. Cardoso sempre esteve diretamente envolvido com a gestão da empresa, mas vem se afastando e profissionalizando a administração progressivamente nos últimos tempos, processo que deve ser concluído em 2005. Atualmente ele fica pela manhã na empresa e à tarde cumpre compromissos profissionais externos ou cuida de interesses pessoais. Depois que se afastar da gestão da Víqua, Cardoso pretende tirar férias e, quando retornar, dedicar-se exclusivamente ao desenvolvimento de produtos, sua área predileta. Quando o assunto é lazer, em todo fim de semana ou feriado com boas condições de tempo, Cardoso pode ser encontrado no Aero Circus de Joinville, que ele ajudou a fundar em uma área especificamente destinada ao esporte, o Aerocondomínio Vila

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Ramo de atuação Soluções hidráulicas para construção e agricultura Ano de fundação da empresa 1995 Cidade-sede Joinville /SC Faturamento Não informado Número de funcionários 134 Linha direta (47) 3025-9999 Site www.viqua.com.br

Nova. “É o momento em que posso me desligar de tudo e relaxar, e me confraternizar com outros admiradores dessas práticas”, diz o piloto com mais de 20 anos de experiência. O litoral catarinense, o paranaense e até mesmo o de São Paulo são seus destinos mais comuns no ar. Em terra, controla os aeromodelos, construídos por ele mesmo, na companhia de amigos.


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“Nunca disseram para o besouro que matematicamente ele não podia voar. Para mim, nunca disseram que o negócio era viável”

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Cesar Augusto Olsen

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O criador ganha da turbulência Cesar não encontrava escola para o seu perfil. Decidiu assumir o risco de inovar por conta própria por

Fábio Mayer

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Lauro Maeda

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bular por três vezes, duas para Engenharia Mecânica e uma para Administração, mas não passou. Como não tinha a pressão e a cobrança da família para que ele fizesse um curso superior e mesmo gostando e sabendo da importância do estudo, desistiu. “Nunca fui um bom aluno pelo método tradicional de educação. Cheguei a repetir no primeiro ano do ensino médio. Não que deixasse de levar a sério, mas tinha algo que me forçava a seguir por outro caminho. Conclusão: não tinha escola para o meu perfil.” Olsen queria ser empreendedor, sonhava em montar uma fábrica de automóveis. Enquanto trabalhava em uma indústria gráfica na cidade catarinense de Blumenau, ele fez um curso técnico no Senai de Tornearia Mecânica e Ajustagem Eletrônica e descobriu que gostava de trabalhar com metais. “Sabia trabalhar com diversos instrumentos, como lima e serra de mão, cortar, usinar, torcer e dobrar metais. Sempre tive habilidades nessa área. O que não tinha de bom aluno compensava sendo um melhor executor técnico.” Terminou o curso, pediu demissão da empresa e foi embora para Florianópolis. Na capital, contou com o apoio da família para ir atrás do sonho. Chegou a desenvolver uma motocicleta e um triciclo, projetou um carro com seis rodas, e nessa época também teve o primeiro contato com um helicóptero, que mais tarde seria seu hobby preferido. O rumo do empreendimento começou

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Idade 50 anos Local de nascimento Mafra/SC Formação Segundo grau completo e técnico em Tornearia Mecânica e Ajustagem Eletrônica

a ser direcionado pelo irmão, Henrique, que em 1973 o incentivou e sugeriu que prestasse assistência técnica na área de equipamentos odontológicos. “Estava fazendo o primeiro trabalho e já comecei a sonhar em fabricar equipamentos próprios”, diz. Mas, no início, a trajetória empreendedora de Olsen foi cheia de turbulências. Com o tempo, a demanda pelo serviço que prestava para dentistas foi aumentando tanto que ele decidiu formalizar o negócio e sair da garagem de sua casa. Surgiu a oportunidade de instalar a empresa em um galpão na área urbana de Palhoça. Por estar localizado ao lado de um rio que corta a cidade, teve problemas com as chuvas na região. Enfrentou duas enchentes, que deixaram a fábrica debaixo d’água, parando a produção e a entrega, e se endividou. As encomendas começaram novamente a crescer, porém mais uma vez teve que enfrentar tempo ruim como piloto de sua empresa. Adotou algumas estratégias como facilitar o pagamento para os clientes e acabou aumentando as dívidas. Por efeito dominó, não teve condições de reinvestir no empreendimento e pouco depois ficou sem dinheiro para pagar os impostos. No enEmpreendedor – Dezembro

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esmo quando passou por momentos difíceis, Cesar Augusto Olsen se manteve firme no seu propósito: nunca deixar de sonhar. Embalado pelo som dos Beatles, Eric Clapton e Bee Gees, ele buscou na paixão de pilotar helicóptero a inspiração para criar, em 1978, a Olsen na cidade de Palhoça, Santa Catarina. “Desde criança sempre fui um sonhador e muito criativo, chegando a fazer os próprios brinquedos”, afirma. Hoje, são equipamentos odontomédicos que ele faz, com a mesma criatividade, determinação e persistência, encontrando motivação para superar as dificuldades de empreender no Brasil e transformar a empresa em referência mundial na fabricação e comercialização desses produtos. Aos 50 anos, Olsen recentemente fez um curso, passando pelas etapas teórica e prática, para tirar a carteira de piloto de helicópteros. “São apenas quatro pessoas no Brasil que depois dos 50 anos fizeram o curso de pilotagem. Não admito a idade que tenho. No final de semana ando de motocicleta e quadriciclo. Brinco muito com as coisas sérias, mas como desafio.” É com essa mesma disposição que comanda a empresa e segue em busca de seus projetos e ideais. Aos 16 anos, com o falecimento do pai, Olsen teve que decidir o próprio caminho. Apesar da grande perda, ele conta que também foi uma oportunidade que a vida lhe deu para fazer o que realmente gostava. Tentou vesti-

Nome completo Cesar Augusto Olsen


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DESTAQUES DE 2004

tanto, mesmo endividado, ele nunca deixou de declarar a tributação fiscal. A honra com seus compromissos, o refinanciamento da dívida e as novas medidas estratégicas deram a ele o combustível necessário para voar acima das nuvens, sob o sol. Manter as contas em dia e em ordem é prioridade até hoje. As vendas são feitas apenas mediante pagamento e à vista. “Se paga, leva o produto. Trabalhamos com a realidade do mercado, que é vender para quem paga e produzir com um valor que coincida com a expectativa do cliente e com os custos internos”, diz. Em dezembro de 1994, ele mudou a empresa para uma área construída de 7.800 m2 no Distrito Industrial de Palhoça, para usufruir uma melhor infraestrutura e atender o crescente número de pedidos. De personalidade forte, Olsen aprendeu a gerir o empreendimento a sua maneira, com a cara e a coragem. Hoje, tem conhecimento de todas as etapas do processo produtivo e dos principais gargalos. Para ele, o negócio só deu certo porque não perguntou para nenhum especialista como era para montar a empresa. “Nunca disseram para o besouro que matematicamente ele não podia voar. Para mim, nunca disseram que o negócio era viável.” Mantém o controle empresarial através de relatórios semanais, que recebe dos diretores de cada departamento. Depois pede para que todos sentem e expliquem os dados obtidos, realizando com freqüência reuniões para direcionar o rumo da fábrica. “Somos um grupo pró-ativo. Cada um ajuda o outro para que todos cresçam e também a empresa. Por conta disso, há um desempenho muito bom, refletindo para o produto.” O plano de negócios é sempre feito dentro do prazo máximo de um ano, para evitar que fique defasado. Na opinião dele, as mudanças conjunturais e sócio-econômicas do país e do mundo, que mudam a cada dia, forçam o empreendedor a pensar a curto e a médio prazos, até três meses e de quatro a oito meses. “Quando algo dá errado na economia do país, os especiaDezembro – Empreendedor

Empresa Olsen Indústria e Comércio

listas explicam, mas quem perde capital é o empreendedor.” As feiras e eventos internacionais abriram as portas para o mercado externo. A participação foi importante para mostrar os produtos que desenvolvia e fazer contatos com potenciais compradores. Ele utiliza a internet como vitrine para divulgar a empresa e transmitir maior intimidade para o cliente. Instalou 16 câmeras que transmitem ao vivo imagens pela Web de todo o processo produtivo e demais departamentos. As propostas deram certo. Atualmente, Olsen exporta para mais de 90 países, e a empresa deve crescer cerca de 40% este ano. A produção atual é de 550 equipamentos por mês, e a perspectiva é ampliar esse número em torno de 10% ao ano, chegando à meta de produzir 750 equipamentos ao mês até 2007. Independentemente da função, os colaboradores podem dar sugestões e opinar. Olsen encontra tempo para atender a todos, mesmo que às vezes tenha que reagendar seus compromissos. Para motivar os funcionários, ele criou na própria empresa ambientes que contribuem para quebrar a rotina de trabalho. Construiu o refeitório ao lado de um reservado que lembra um jardim ao estilo japonês, com uma fonte de água, na qual nadam peixes coloridos, e uma pequena ponte sobre ela. Nas horas vagas, deixa à disposição a quadra poliesportiva e as mesas de sinuca e pebolim. “Também fazemos pequenos empréstimos sem juros para os funci-

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Ramo de atuação Equipamentos odontomédicos Ano de fundação da empresa 1978 Cidade-sede Palhoça/SC Faturamento Não divulgado Número de funcionários 200 empregos diretos Site www.olsen.odo.br

onários e eles participam dos ganhos da empresa. Tudo isso para que se sintam melhor no trabalho e saiam mais felizes da empresa.” O gosto pela música fez com que incentivasse atividades culturais na empresa. Uma delas é a banda Olsen Boys, formada somente por funcionários. Eles possuem a rotina um pouco diferente dos demais colaboradores. Na hora do almoço, saem do serviço 15 minutos mais cedo e em seguida se preparam para alegrar o refeitório, durante o almoço do restante do pessoal. Para os empreendedores que estão começando hoje ele deixa o recado: “Sejam coerentes com os valores que têm, persigam os objetivos e trabalhem muito para alcançá-los. E sonhem mais, porque o ser humano é capaz de tudo”.


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Empreendedor – Dezembro


Valor DESTAQUES “A franquia foi aDE 2004 evolução natural das nossas distribuidoras. Nosso sonho e objetivo é ter mil lojas em 2010”

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Alexandre Tadeu da Costa

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Como reinventar o chocolate No início da carreira, Alexandre vendeu o que não tinha e decidiu fabricar o que foi encomendado por

Fábio Mayer

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Fábio Salles

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Idade 34 anos Local de nascimento São Paulo/SP

conhecimento de que as vendas realizadas pelos pais, na época, não paravam de crescer, o que acabou se transformando em um problema, pois os fabricantes não conseguiam suprir a demanda, motivo da descontinuidade da operação. Tomou cuidado para não cair no mesmo erro, fazendo um planejamento. Com a lição de casa na ponta da língua, conseguiu US$ 500 de empréstimo de um tio, contatou um fornecedor e preparou o próprio catálogo, que servia de mostruário. Acrescentou um ingrediente: a confusão. Como distribuidor, colocou na sua tabela um tipo de produto que não era mais fabricado. Chegada a Páscoa, começou a vender ovos de chocolate de vários tamanhos e ficou contente por ter recebido de uma só vez um pedido grande. “Solicitei 2 mil ovos de chocolate de 50 gramas e me informaram que o produto nesse peso não existia. Eu havia cometido um equívoco, porque realmente isso não constava no cadastro do fornecedor.” A busca pela superação foi ao mesmo tempo doce e meio-amarga. Para resolver o impasse decidiu produzir a encomenda. Pediu ajuda de uma senhora, amiga da família e moradora do bairro, que fazia chocolates artesanais, para aprender as etapas do processo. Comprou formas, embalagens e quantidades suficientes do produto em barras para der-

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Formação Administração de Empresas (incompleto)

reter e em seguida transformá-lo em ovos de Páscoa. Depois de dois dias de trabalho duro na cozinha de sua casa, estava com tudo pronto para fazer a entrega. A partir dessa lição, resolveu mudar a estratégia. Com o lucro das vendas ele conseguiu quitar a dívida do empréstimo e no ano seguinte, alcançando a maioridade, abriu a empresa, passando a fabricar o que comercializava. Para a sobrevivência do negócio, decidiu não utilizar mais dinheiro de terceiros ou de financiamentos, mesmo que a caminhada fosse mais longa e demorada. Até hoje, todos os investimentos que fez foi sempre do próprio bolso. Alexandre fez da empresa um projeto pessoal que foi realizando aos poucos. No início, tinha apenas um funcionário e, a cada ano, com o aumento da demanda e das vendas, contratava mais colaboradores. Costuma formar os funcionários, investindo em cursos de qualificação. “No Brasil não existe mão-de-obra especializada na área. Fazemos um processo de seleção e depois vamos ensinando e lapidando até que aprenda toda a função.” Como ele, a maioria dos colaboEmpreendedor – Dezembro

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sabor do chocolate traz para Alexandre Tadeu da Costa a agradável lembrança do dever cumprido. Foi essa a sensação da primeira entrega de ovos de Páscoa, que produziu de maneira artesanal, marcando o início de sua jornada empreendedora em 1988. Um ano depois, empolgado com o sucesso ele criou a Cacau Show, especializada em chocolates finos. Hoje, é uma das maiores indústrias e redes de franquias do país, e é com essa satisfação pelo trabalho bem feito que ele acorda todas as manhãs. O despertar dele para o empreendedorismo aconteceu cedo. Aos 15 anos já não tinha mais dúvidas do caminho que gostaria de seguir: ter o próprio negócio. A determinação foi motivada pelo ideal de poder tomar as decisões, ter independência financeira e aumentar a sua remuneração. Julgava ganhar muito pouco como auxiliar, função exercida na época em que trabalhava na Mavil’s, pequena empresa dos pais, especializada na venda porta-a-porta de diversos tipos de produtos, desde cosméticos e utilidades domésticas até lingerie. Sem idade suficiente para abrir um novo negócio, começou reativando uma das atividades da empresa familiar que tinha sido interrompida, a distribuição de chocolates. Alexandre escolheu essa linha porque sabia que teria boa comercialização. Tinha

Nome completo Alexandre Tadeu da Costa


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DESTAQUES DE 2004

radores da gerência começou na empresa colocando a mão na massa e hoje conhece todas as etapas da fabricação do chocolate. O empreendedor continua atuando nas mais diversas atividades da empresa. É claro que, atualmente, menos do que quando começou. “Estou me dedicando mais para a questão estratégica e deixando a produção com pessoas especializadas e de confiança.” Cursando o terceiro ano de Administração, Alexandre adotou uma série de medidas que tornaram a empresa diferente das concorrentes e o ajudaram a ganhar mercado. Primeiro, seguiu a mesma receita que aprendeu dos pais para comercializar o chocolate, através da venda direta. Os resultados surpreendem. Passados 15 anos, mais de 10 mil mulheres vendem, de porta em porta no Brasil inteiro, 184 tipos de produtos como os tradicionais bombons de licor, pastilhas de chocolate com menta e celulares de chocolate ao leite. Com a Cacau Show consolidada, recebeu propostas de várias empresas varejistas e supermercados para fazer produtos personalizados. Aproveitando a oportunidade, passou a fabricar chocolate para terceiros. Essa foi uma das saídas encontradas para aumentar a produção e diminuir as despesas. “A visão sempre foi diluir os custos fixos. Os salários dos funcionários, por exemplo, não podem onerar a produção.” Em 2001, ele colocou em prática a terceira ação que proporcionou à empresa melhorar o desempenho e crescer geograficamente. A procura pelo chocolate da Cacau Show era tanta que ele decidiu abrir a primeira loja franqueada. Era o que faltava para dar consistência à empresa. A rede é atualmente uma das que mais crescem no país. Em menos de quatro anos, foram abertas 135 lojas pelo sistema de franchising. “A franquia foi a evolução natural das nossas distribuidoras. Nosso sonho e objetivo Dezembro – Empreendedor

Empresa Cacau Show

é ter mil lojas em 2010.” Com o crescimento da empresa também aumentaram as dificuldades, principalmente para a tomada de decisões. Melhorar o controle da gestão era a prioridade naquele momento. Alexandre participou de vários cursos promovidos pelo Sebrae e teve o auxílio de um consultor especializado para pôr a casa em ordem. Mais tarde, o empreendedor também colocou em prática uma quarta estratégia: a distribuição para o varejo. O objetivo era diversificar e oferecer mais uma opção ao mercado, criando a marca de chocolate Gardner. Para 2004, a perspectiva é fabricar 2.500 toneladas de chocolate e crescer 45% em relação a 2003. O reconhecimento por suas ações veio este ano. Depois de passar por uma rigorosa seleção, Alexandre foi um dos escolhidos para fazer parte do grupo do Instituto Empreender Endeavor, organização sem fins lucrativos que aposta no empreendedoris-

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Ramo de atuação Fabricação de chocolate Ano de fundação da empresa 1989 Cidade-sede São Paulo/SP Faturamento Não divulgado Número de funcionários 205 empregos diretos Site www.cacaushow.com.br

mo inovador como forma de desenvolvimento sócio-econômico. Ele agora vai trocar informações e receber orientações de especialistas de vários setores do mercado. “O importante é aumentar a rede de contatos e aprender com gente de peso.”


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DESTAQUES DE 2004 “Somos uma empresa que não teme desafios. Enfrentar o mercado europeu é até um pouco de atrevimento, mas estamos conseguindo”

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Paulo Bellini

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O lance decisivo na hora certa Paulo soube acertar em cheio tanto na fundação quanto no momento em que definiu sua marca por

Fábio Mayer

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Roni Rigon/Agência RBS

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Idade 77 anos Local de nascimento Caxias do Sul/RS

flito. A implantação da indústria automobilística era questão de tempo. A segunda decisão, a de unificar o empreendimento vitorioso numa marca forte e conhecida, acertou em cheio nessa tendência de identificarse de forma direta num mercado globalizado, onde o diferencial de um nome sólido define a concorrência. A história de sucesso do empreendimento, nesses 55 anos de existência, pode ser compreendida quando se conversa com ele. O segredo é sua grande capacidade de liderança. Atualmente com 77 anos, encontra motivação na própria equipe de trabalho para continuar no comando da empresa. E retribui da mesma maneira, cativa pela sua facilidade de comunicação, e na convivência diária incentiva os funcionários a superarem desafios. “Se tem problema, vamos resolver. Acostumamos a fazer acontecer desde a abertura da empresa. Sinto orgulho da equipe”, diz. Somente com muita dedicação foi possível enfrentar a tortuosa estrada de empreender no Brasil. Durante as cinco décadas, houve muitos entraves no caminho. A instabilidade da economia do país é um exemplo. Os mais de 15 planos econômicos que atravessou trouxeram variações na produção, e em determinados momentos ele foi obrigado a reduzir as atividades da empresa. Outro desafio é estar sempre desenvolvendo uma tecnologia cada vez mais avançada e

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Formação Técnico em Contabilidade

inovando com freqüência, para continuar em ritmo acelerado no mercado. Para resolver isso, faz investimentos constantes em pesquisa nas áreas de produto e de processo. “Somos uma empresa que não teme desafios. Enfrentar o mercado europeu é até um pouco de atrevimento, mas estamos conseguindo.” Fabricava os primeiros veículos através de um processo totalmente artesanal. Na época de fundação da empresa, não existia no mercado brasileiro chassi específico de ônibus. Bellini utilizava carrocerias de caminhão, feitas de madeira, tirava a cabine e cortava e emendava os eixos. Levava cerca de 90 dias para fazer uma unidade. Mas com a crescente demanda, essa forma de produção passou a ser insuficiente, porque acabava tomando muito tempo e exigindo esforço dobrado dos 15 funcionários. “Naquele tempo, os ferros eram moldados na bigorna.” Em 1956, assume Juscelino Kubitschek com a política de “crescer 50 anos em cinco”, expandindo a indústria automotiva no Brasil. O empreendimento de Bellini segue no mesmo ritmo, acelerando cada vez mais. Ele inicia a produção das primeiras estruturas de aço para as carEmpreendedor – Dezembro

2004

ongevidade e boa forma fazem de Paulo Bellini a imagem perfeita da própria empresa. Seus dois esportes favoritos, o jogo de tênis e as pescarias, têm algo em comum: o máximo de concentração em limites extremos de tempo (tanto no curto espaço da quadra quanto nos momentos dedicados ao lazer). Isso afina a vocação para decidir cada lance na hora certa. E serve para entender melhor sua ação empreendedora. Tanto no início, aos 22 anos, quando fundou com mais sete sócios, na cidade de Caxias do Sul (RS), a Nicola & Cia, empresa de fabricação de carrocerias e pintura e chapeação de automóveis, quanto mais tarde, quando a tornaria conhecida como Marcopolo, uma das maiores indústrias da área no mundo. Há sintonia entre a decisão e o momento adequado nessas duas fases distintas. A primeira, na inauguração, foi em 1949, quando o país experimentava uma era de expansão. O incentivo à indústria brasileira e os investimentos em infra-estrutura feitos na era Vargas estavam dando retorno. Já havia movimentação forte das grandes montadoras de se estabelecer no Brasil, o que ocorreria só depois, no governo de Juscelino Kubistchek, na segunda metade da década de 50. O Brasil tinha saído vencedor da Segunda Guerra e era credor dos países endividados pelo con-

Nome completo Paulo Bellini


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DESTAQUES DE 2004

rocerias, agilizando o processo e reduzindo o peso dos veículos, e, depois de concluída a nova sede, em Caxias do Sul, começa a fabricação de ônibus com chassi brasileiro. Após o sucesso obtido no Salão do Automóvel de 1971, em São Paulo, com o lançamento do ônibus batizado de Marcopolo, ele mais uma vez inovou. Propôs adotar como ação de marketing o nome do modelo de veículo que tinha se tornado símbolo da empresa, alterando a razão social para Marcopolo S.A. Carrocerias e Ônibus. Como o veneziano Marco Polo, que se aventurava pelo mundo na metade do século 13, a estratégia de Bellini, hoje, é conquistar novos mercados. A atuação no país é significativa: mais da metade das carrocerias de ônibus, que são produzidas no território nacional, é feita pelas quatro indústrias da Marcopolo instaladas no Brasil. Por ano são fabricados 15.500 veículos, em média 70 por dia. A empresa possui fábricas na Argentina, Colômbia, México, Portugal e África do Sul e exporta para 80 países nos cinco continentes. “Não teríamos crescido se não tivéssemos exportado com muita gana.” Para vender no exterior foi necessário conhecer as tendências do mercado. Com esse objetivo, na avaliação de Bellini, a participação em feiras e eventos internacionais da área foi muito importante. As visitas e os contatos técnicos que costuma fazer também contribuem para melhorar e adaptar o produto ao design, costume e preferência dos clientes. “As principais novidades e materiais utilizados na fabricação são criados na Europa. Nos Estados Unidos, eles não têm essa preocupação. Um exemplo é que mantêm aquele tradicional ônibus escolar.” A fabricação de chassi de caminhão é mais ágil e produtiva porque os modelos saem iguais. Mas a de ônibus é diferente, dependendo muito das necessidades do cliente e do Dezembro – Empreendedor

Empresa Marcopolo

costume de cada povo. Por exemplo, é comum nos países de origem árabe os modelos conterem orações inscritas nesse tipo de veículo. A direção no lado direito, cor, estofamento e design são outros diferenciais que variam. “A personalização faz da Marcopolo uma empresa que tem alma.” Com tantos itens que podem ser ou não escolhidos, adaptou o processo produtivo para facilitar o escoamento. “Isso só funciona porque a equipe é solidária.” A área de recursos humanos é prioridade para Bellini. Tem preocupação em proporcionar aos colaboradores o treinamento necessário para o melhor desempenho das funções na empresa e manter o ambiente de trabalho o mais alegre e saudável possível. Para ele, essa é a melhor forma de os 10.300 funcionários vestirem a camisa e acreditarem na realização dos projetos. O retorno disso veio com um importante mérito. Ganhou recentemente a Medalha do Conhecimento, prêmio anual concedido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, como reconhecimento de sua contribuição para o desenvolvimento tecnológico e industrial do Brasil. “Devo à equipe esse prêmio, que vem coroar o aproveitamento da inteligência coletiva do gru-

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Ramo de atuação Carrocerias de ônibus rodoviários, urbanos e microônibus Ano de fundação da empresa 1949 Cidade-sede Caxias do Sul/RS Faturamento R$ 1,4 bilhão Número de funcionários 10.300 Site www.marcopolo.com.br

po de trabalho.” Pelas ações na área social, recebeu o Selo da Fundação Abrinq – Empresa Amiga da Criança. Há mais de 10 anos, ele realiza trabalhos que cuidam da saúde, incentivam a educação e garantem os direitos civis de crianças e adolescentes carentes das comunidades nas quais a empresa está localizada. Também desenvolve projetos como o “Bebê Chegando” e “Bebê Saudável”, que dão suporte, apoio e orientação às esposas gestantes de colaboradores, através de acompanhamento médico pré-natal e palestras para trocas de informações. As ações atendem no total mais de 18 mil pessoas.


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Empreendedor – Abril


Valor

DESTAQUES DE 2004

“Equipe é o maior patrimônio de uma empresa. Ela não está a venda”

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Cristiana Arcangeli

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A marca da beleza Apaixonada pelo trabalho, Cristiana intensifica sua atuação a favor da criatividade dos estilos por

Alexsandro Vanin

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André Schiliró

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Idade 41 anos Local de nascimento São Paulo/SP

ano surgiu o convite da Editora Senac-SP para escrever um livro sobre saúde e beleza, Beleza para a Vida Inteira, lançado em 2001 – hoje na quarta edição e já traduzido para o inglês. Por último veio o programa Manual, exibido na Rede TV! até junho deste ano e atualmente em negociação com a Band para relançamento no início de 2005, mesmo ano previsto para o lançamento de seu livro com dicas de saúde e beleza para os homens. Mas isso não significa que Cristiana tenha abandonado o mundo dos negócios. Pelo contrário, ela prepara a inauguração de mais uma loja da Phytá Cosméticos, a oitava da rede, no Shopping Higienópolis, em março de 2005. Os moldes serão os mesmos da unidade lançada em novembro, no Shopping Eldorado, que introduz um conceito inovador de loja de perfumes por seu layout contemporâneo e sofisticado que procura destacar os produtos, um projeto do arquiteto João Armentano, inspirado nas perfumarias internacionais. A Phytá foi criada, em 1992, por causa da falta de um canal de vendas adequado para produtos importados pela PH Arcangeli. “Inovação, dinamismo e pioneirismo devem ser os diferenciais de qualquer negócio”, diz Cristiana. Pioneirismo Novas marcas internacionais devem ser colocadas no mercado em 2005 pela PH Arcangeli, a exemplo do que ocorreu neste ano, cujo último lançamento

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Formação Odontologia

foi a grife americana Elizabeth Arden, importada com exclusividade desde novembro. Criada em 1986, a PH Arcangeli ganhou força no começo dos anos 90, quando passou a ser importadora oficial de fragrâncias, cosméticos e maquiagens de marcas consagradas e cobiçadas pelas mulheres – hoje também pelos homens –, como Bvlgari, Chanel, Clinique, Emanuel Ungaro, Salvatore Ferragamo, Sonia Rykiel, Donna Karan, Aramis e Tommy Hilfiger. O sucesso da empresa é resultado de muita insistência e perspicácia de Cristiana, que se empenhou em três anos de negociações com os franceses, até se tornar a primeira distribuidora mulher da Clarins no mundo e a primeira importadora de cosméticos do Brasil. Com a abertura do mercado, em 1992, o negócio deslanchou e hoje ela é uma das maiores importadoras e distribuidoras do país. “Na vida temos grandes oportunidades e grandes momentos de sorte”, diz Cristiana. Mas além disso, no mundo dos negócios, é preciso foco. No início da década de 90, com a inflação ultrapassando os 80% ao mês, todos aplicavam o que tinham no mercado financeiro. Ela, que conhecia bem os produtos e o mercado da Phytoervas, aplicava todo o seu luEmpreendedor – Dezembro

2004

la fez – e faz – história no mundo dos negócios no Brasil. Seu nome é sempre associado à Phytoervas, empresa que criou e abriu novos nichos de mercado, mas Cristiana Arcangeli, paulistana de 41 anos, dedica-se a uma série de atividades. Ela comanda a PH Arcangeli e a Phytá Cosméticos; mantém o programa Rádio Fashion, na rádio Eldorado, e colunas nas revistas Vogue Brasil e RSVP (Caras); negocia o retorno ao ar do programa televisivo Manual e elabora a versão masculina de seu livro Beleza para a Vida Inteira. “Meu negócio é trabalhar, adoro trabalhar”, diz Cristiana, eleita pela revista Forbes Brasil e pelo jornal Gazeta Mercantil como a “mulher mais influente do Brasil” no segmento de cosméticos e perfumarias. A Phytoervas foi vendida para o laboratório norte-americano Bristol Myers-Squibb, em 1998, após três anos de muita insistência. Um bom negócio para o bolso da proprietária, mas não para a marca – estacionada desde então – nem para o espírito inquieto de Cristiana. A saída foi o mergulho no mundo da mídia. Desde 1996, ela dava informações sobre moda, beleza, saúde, fitness e qualidade de vida no Rádio Fashion, programa transmitido pela Eldorado há oito anos. Em 2000, passou a assinar uma coluna de beleza e fragrâncias na revista Vogue Brasil, responsabilidade logo assumida em outras publicações. No mesmo

Nome completo Cristiana Arcangeli


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DESTAQUES DE 2004

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cro em estoque de matérias-primas, cujo preço praticamente dobrava a cada mês. Veio o inesperado confisco de dinheiro promovido pelo então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, e todo mundo ficou sem recursos para repor mercadorias nas prateleiras. Por uns três a quatro meses, no varejo só eram encontrados produtos Phytoervas, que ganhou novos consumidores e a confiança deles. “Credibilidade é fundamental.” A Phytoervas, criada em 1986, numa garagem, abriu um novo nicho de mercado no Brasil. Existiam fórmulas de tratamento para cabelos e corpo à base de ingredientes naturais, mas eram vendidas apenas de porta em porta (Natura) ou em lojas monomarca (O Boticário). A empresa foi também a primeira no Brasil a não utilizar animais em suas pesquisas, a produzir xampu sem sal e a utilizar frascos de PVC e tampas flip-top. Cristiana, uma ex-dentista homeopata de sucesso, acreditava nesse novo conceito de produtos e que as pessoas aceitariam pagar mais por itens de qualidade. Mas no começo Phytoervas costumava ser confundida com marca de chá. O primeiro avanço significativo na mente dos consumidores foi a introdução da linha na Mesbla, uma conquista de Cristiana, que encantou a diretora de compras dessa loja de departamentos com a sua filosofia. Cristiana a convenceu de que tinha capacidade de produção para abastecer 50 unidades da rede – na verdade não tinha, mas trabalhando dia e noite foi possível atender o pedido que deu visibilidade à marca. Exposição da marca “Marca é fundamental para se fazer uma coisa, e é preciso ser criativo para encontrar caminhos mais baratos, como ações de merchandising e eventos para expor a marca”, diz Cristiana. A alternativa criada por ela foi o Phytoervas Fashion, evento que revolucionou as passarelas brasileiras e projetou nacionalmente, entre 1994 e 1998, mais de 60 jovens estilistas, como AlexanDezembro – Empreendedor

dre Herchcovitch, Fause Haten, Walter Rodrigues, Marcelo Sommer e Vera Arruda. A idéia inicial era tornar conhecidos estilistas brasileiros e depois lançar produtos assinados por eles, como ocorre no exterior, mas o evento teve uma repercussão institucional tão forte que vendeu a marca. O Phytoervas Fashion foi o primeiro evento do gênero no Brasil e o primeiro transmitido ao vivo pela MTV Brasil. “É importante contribuir para o desenvolvimento do país e retribuir à sociedade. Acho que toda empresa deve investir no social”, diz Cristiana, que atualmente apóia a Campanha de Combate ao Câncer de Mama por meio de suas empresas. Antes ela mantinha a Fundação Phytoervas de Proteção ao Índio, a partir de uma porcentagem da receita obtida com a venda de produtos da linha Phytoindian, produzida com ingredientes naturais utilizados pelos índios. A entidade ensinava técnicas de cultivo e cuidados com a saúde, entre outras, a representantes de tribos indígenas, e estes repassavam os conhecimentos aos demais membros da comunidade. Para conseguir cumprir todos os compromissos e ainda manter a beleza desejada pelas clientes de seus produtos, Cristiana precisa administrar muito bem o tempo, encontrando espaço para aplicar na sua rotina os conselhos

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Empresas PH Arcangeli e Phytá Cosméticos Ramos de atuação Importação, distribuição e comércio Anos de fundação das empresas 1986 e 1992 Cidade-sede São Paulo/SP Faturamento R$ 20 milhões / R$ 10 milhões Número de funcionários 280 Linha direta (11) 3704-5602

sobre qualidade de vida que oferece ao seu público. Ela levanta cedo, faz ginástica (é adepta da musculação desde a época em que só homens entravam nas academias) e durante a manhã fica em casa, período em que cuida de assuntos familiares, escreve suas colunas e prepara o programa de rádio. Depois ela vai para o escritório, onde geralmente almoça, sempre uma refeição saudável, livre de gorduras e frituras. Isso quando Cristiana, que fala cinco línguas, não está viajando e participando de eventos internacionais. Nas horas vagas ela gosta de fazer ginástica, cooper, jantar fora, ir ao teatro e ao cinema, ou ler.


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Empreendedor – Junho


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Quando você toma decisões calcado nas convicções de um universo mais amplo de pessoas, essas decisões são mais facilmente implementadas” Dezembro – Flávio Empreendedor Rocha

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O militante do varejo Experiência política e administrativa de Flávio serve na sua luta contra a informalidade por

Alexsandro Vanin

fotos

Fábio Salles

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Idade 46 anos Local de nascimento Recife/PE

Rocha diz ter aprendido na política que decisões calcadas nas convicções de um universo amplo de pessoas são mais facilmente implementadas do que aquelas baseadas na própria opinião ou de um grupo isolado. Na participação da elaboração da Constituição, como deputado federal eleito pelo Partido Liberal (PL) em 1986, e na eleição de 1990, quando foi reeleito com a maior votação no Rio Grande do Norte, Rocha entendeu melhor a importância da argumentação na conquista de objetivos pelo convencimento. “Foi uma boa experiência. Acho que todo empresário que tiver a oportunidade deve aproveitar, porque a participação na política ensina muito, ensina a ter jogo de cintura.” Expansão sustentável O tipo de varejo defendido pelo IDV tem ainda uma participação pequena no mercado – o market-share das três maiores cadeias de lojas de roupa não vai além de 5% –, mas a profissionalização crescente do segmento tem gerado uma fatia cada vez maior. “Os ventos estão soprando a favor do varejo estruturado, do varejo organizado, tecnologicamente equipado, que tem escala, acesso à marca, e pode praticar um marketing mais agressivo e diluir esse investimento num faturamento mais amplo”, diz Rocha. É o caso da Riachuelo, que tem registrado um crescimento

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Formação Varejo (Harvard)

médio de 20% ao ano. No momento, o Grupo está concluindo um grande empreendimento em Natal, o Midway Mall, shopping que absorveu R$ 130 milhões na sua construção. E a meta é abrir uma média de dez lojas Riachuelo por ano, a partir de recursos gerados internamente. Endividamento bancário é um termo riscado do vocabulário da empresa. Esse é um dos conceitos absorvidos na prática por Rocha, ao longo da trajetória na empresa fundada por seu pai, Nevaldo Rocha, que iniciou tudo como vendedor ambulante de relógios nos anos 40. Ainda estudante do Dante Alighieri, tradicional colégio paulistano, Flávio Rocha começou a trabalhar no Departamento Comercial do Grupo. Depois foi criada a primeira franquia de produtos têxteis do Brasil, a Super G, e ele, já com 16 anos, foi encarregado de cuidar do abastecimento das lojas franqueadas. Em 1977, Rocha entrou para o curso de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que acabou não concluindo por causa de seu envolvimento com a administração da Pool, empresa de licenciamento na área de confecções que exigia dedicação em tempo integral. Hoje Rocha procura ter um ritmo de trabalho normal. Apesar de Empreendedor – Dezembro

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aparência jovem de Flávio Rocha disfarça uma longa experiência profissional e pessoal. De seus 46 anos de vida, o atual vice-presidente do Grupo Guararapes/Riachuelo dedicou 33 deles ao trabalho na empresa fundada por seu pai, onde começou aos 13 anos como vendedor, e à política, na qual cumpriu dois mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados, a partir de 1987. Experiência que agora ele aplica num longo plano de expansão da rede de lojas e na presidência do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), entidade criada neste ano para lutar contra a informalidade no comércio lojista. “Nosso grande concorrente é o varejo informal, alimentado pela ilegalidade. É uma concorrência desleal, da sonegação, da mercadoria roubada, contrabandeada e pirateada, que ameaça a empresa ética, que anda na linha e cumpre suas obrigações tributárias e legais.” A bandeira foi levantada por 30 varejistas que representam 30% do movimento do segmento no país e 19,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e a tarefa do comando do IDV foi confiada a Rocha, que aposta na sua experiência política para defender os interesses do Grupo. A estratégia é colocar o assunto – assim como o custo irracional do emprego formal, das contribuições sindicais e dos tributos – em debate na sociedade.

Nome completo Flávio Rocha


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ser uma rotina puxada, que exige viagens freqüentes para o parque industrial no Nordeste, lojas e fornecedores em todo o país, para conferir problemas e soluções in loco, além do trabalho de defesa corporativa, que inclui o convencimento de parlamentares e governantes e a apresentação de propostas para a solução de problemas, ele não abre mão da primeira hora do dia para a prática de atividades físicas. Marca forte Mas nem sempre foi assim. Aos 23 anos, Rocha abandonou a graduação para mergulhar de corpo e alma na administração da Pool, empresa pioneira por introduzir um esquema diferenciado de licenciamento no mercado brasileiro, que não se resumia pura e simplesmente à concessão do uso da marca. Foi criado um departamento comercial e de marketing – que não estaria ao alcance individual de nenhuma das pequenas empresas licenciadas – e os custos comerciais e de mídia divididos entre Dezembro – Empreendedor

os parceiros. “Isso deu muito certo, inclusive a Pool se tornou uma marca forte e conhecida, eleita top of mind em várias ocasiões”, diz. Rocha só deixou a empresa da família por volta da metade da década de 80, quando surgiu uma nova paixão em sua vida, a política. O retorno ao Grupo Riachuelo/Guararapes aconteceu apenas em 1997, dois anos depois de largar a carreira política, finalizada com uma candidatura à Presidência da República não levada até o fim. Nesse intervalo, ele morou nos Estados Unidos, onde voltou a estudar. Em Harvard, Rocha fez um curso específico de varejo e um PMD (Program for Management Developtment – o que equivale a um MBA concentrado em um semestre). O único arrependimento de Rocha é não ter concluído a FGV por apenas alguns semestres, por causa de seu envolvimento com os negócios, especialmente a Pool, que passava por um momento de forte expansão. “Eu procuro alertar meus filhos a não se

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Empresa Grupo Riachuelo/Guararapes Ramos de atuação Varejo de moda e indústria têxtil Ano de fundação da empresa 1947 Cidade-sede São Paulo/SP Faturamento R$ 1,5 bilhão Número de funcionários 16 mil Linha direta (11) 6281-2460

envolverem precocemente na vida real, dos negócios, enquanto deveriam mergulhar de cabeça na busca de conhecimentos teóricos e acadêmicos, que serão importantes mais tarde.” A prática, no entanto, com todo o seu acervo, tem sido suficiente para Rocha superar os desafios.


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“Contava apenas com o apoio da minha mulher e com minha determinação”

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Edison Morelis Coca

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Sobrevivente realizou sonho Edison chegou a cortar cana antes de inventar a colheitadeira que viabilizou o seu negócio por

Fábio Mayer

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Rachid

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Idade 43 anos Local de nascimento São Paulo/SP

iniciativa também pesava a falta de credibilidade. “Era recordista em repetições na escola primária. Contava apenas com o apoio da minha mulher e com minha determinação”, diz. Hoje, responsável direto pelo sucesso do empreendimento, Coca, como é conhecido pela maioria dos produtores de sementes forrageiras, está sempre disposto a ouvir outras experiências. Também aprendeu a contornar uma situação desfavorável e tirar dela algo como nova lição. Isso ajudou a enxergar a oportunidade de negócio e o motivou a acreditar que ela era possível de ser colocada em prática. E mais: o pioneirismo contribuiu para dinamizar e tornar mais produtivas as colheitas de sementes, transformando a atividade em uma das principais fontes de recursos do estado do Mato Grosso do Sul. “Eram necessárias 200 pessoas para um hectare e cada uma colhia em média dois sacos de sementes por dia. A máquina faz o mesmo serviço com uma pessoa só.” A idéia para o invento surgiu quando foi visitar a tia, que morava na área rural de Botucatu, interior paulista. De manhã cedo, levantou e como de costume foi à estrebaria tomar leite, tirado na hora, misturado com conhaque. Caminhando por uma trilha feita pelo gado na grama, viu que havia nela uma porção de sementes no chão. Achou que era alpiste e perguntou ao primo se poderia levar para a criação de canários do pai. “Ele riu e disse: nem pardal

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Formação Ensino médio incompleto

come isso. É semente de capim. Se descobrir um jeito de facilitar a coleta das sementes do chão vai ficar rico.” A desilusão profissional trouxe a motivação que faltava para embarcar em seu sonho. Ele trabalhava na Viação Aérea São Paulo (Vasp), no aeroporto de Congonhas, como técnico em turbinas de avião e foi escalado para fazer um curso nos Estados Unidos junto com outros funcionários. Dias antes do embarque, todos receberam as passagens menos ele. Foi perguntar se tinha acontecido algum problema com o seu passaporte e descobriu que não iria mais. “Fui cortado porque colocaram o meu chefe no lugar. Ele ganhou a viagem como prêmio de aposentadoria”, diz. Depois do episódio, voltou para a casa da tia para ver como colhia as sementes. Foi atrás de uma máquina que fizesse a coleta e descobriu que não existia nada parecido no Brasil nem no resto do mundo. Determinado a inventar o equipamento, foi em busca de informações e de cursos específicos, aprendendo a trabalhar com solda e a fazer corte de chapas e utilizando os conhecimentos da profissão. Continuou na Vasp por mais seis anos, saindo somente em 1989. Para a conclusão do projeto levou 12 anos. Finalmente conseguiu fazer o equiEmpreendedor – Dezembro

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as mãos, os calos, e na lembrança os tempos difíceis que ficaram para trás. Até hoje, Edison Morelis Coca tem sob a mesa do escritório o maior símbolo de sua perseverança, o instrumento que utilizava para cortar cana-de-açúcar. Nessa época de dificuldades, nem a chuva dava trégua. Insistia em correr pelas paredes, inundando o pequeno apartamento onde morava com a família. Mas nada disso tirou o desejo de alcançar o objetivo de inventar a primeira colheitadeira de sementes de gramíneas e leguminosas do mundo. Mais tarde, o equipamento agrícola feito com tanto sacrifício seria o principal produto fabricado pela Prata 1000, empresa que criou em 1995. Para iniciar o desenvolvimento do projeto, em 1983, ele vendeu o telefone e o carro, criando o primeiro protótipo. Utilizou peças de uma turbina de avião e a adaptou em um trator para aspirar as sementes do chão. Mas não deu certo. Junto, subiu uma nuvem de poeira que quase sufocou o motorista. No ímpeto de ver seu invento funcionando de forma adequada foi investindo tudo o que tinha. Depois de várias tentativas frustradas ficou sem dinheiro nem casa e desempregado. Vendeu até um carrinho de churros, que usava para complementar a renda familiar. Deixou a capital para morar no interior paulista, na pequena cidade de São Manuel, e acabou virando bóia-fria em um canavial para sobreviver. Contra a

Nome completo Edison Morelis Coca


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DIVULGAÇÃO ANTÔNIO MAZEIC

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pamento funcionar como queria, após testar 17 protótipos. Coca foi morar em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde conheceu Jânio Padilha, atual sócio, que mesmo sem recursos acreditou no empreendimento. Com a máquina pronta, faltava viabilizá-la comercialmente. Acertados os detalhes e aprimorados os processos de fabricação, em 1995 começaram a produzir em escala a primeira colheitadeira de sementes de capim no chão. Em pouco tempo, houve resultados. Coca recebeu o prêmio de Qualidade e Produtividade da Federação da Indústria do Estado do Mato Grosso do Sul (Fiems), em 1995, menção honrosa no prêmio CNPq 50 anos e primeiro lugar em inovação tecnológica pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Ministério da Ciência e Tecnologia, em 2001. Em 2004, ganhou o prêmio Empreendedor do Ano na categoria Indústria, concedido pela Ernst & Young, entidade que presta consultoria mundial em diversas áreas. O invento ajudou o Brasil a se tornar o maior produtor e exportador de sementes do mundo. Antes o título era da Austrália. Mas, hoje, esse país compra a tecnologia desenvolvida pela Prata 1000, que também tem acordo comercial com o México. O lema é: “Quem Dezembro – Empreendedor

cultiva tecnologia colhe lucros”. Para continuar inovando, Coca faz parcerias com instituições de ensino, fornecedores e entidades representativas. Também participa de feiras nacionais e internacionais e de seminários sobre o tema. Faz investimentos na capacitação dos funcionários, incentivando o ingresso em cursos técnicos ou superior. No comando da empresa, ele encontra tempo para aprender e estar sempre se atualizando. Mesmo sem terminar o ensino médio, já tem três MBAs na área de Administração e Gestão Empresarial, como aluno ouvinte. Ele participa de todas as atividades e presta os exames necessários para concluir e se formar no curso, e apenas não pode receber o certificado. Ciente dos tempos difíceis para diversas famílias brasileiras, Coca desenvolve um trabalho social com crianças dentro da empresa. Dá oportunidades para meninos de rua, através de um programa implantado na Prata 1000, que oferece educação escolar e ensino profissionalizante. Também trabalha com alunos do Senai que tiram notas abaixo de cinco. Bem-humorado ele diz: “Sou formado quatro vezes na quinta série e pós-graduado em catecismo”. Ele acredita que não teve oportunidade de mostrar o seu valor.

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Empresa Prata 1000 Ramo de atuação Máquinas e implementos agrícolas Ano de fundação da empresa 1995 Cidade-sede Campo Grande/MS Faturamento R$ 15 milhões Número de funcionários 125 Site www.prata1000.net

“A sociedade exclui os que estão abaixo da média. Tive que conquistar a credibilidade e provar que podia contribuir e ser bem-sucedido.” Atualmente, Coca assume o cargo de diretor da Fiems. É também diretor da Câmara e Comércio Brasil– Itália, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos e faz parte do Conselho de Energia do Estado do Mato Grosso do Sul. “Se a pessoa não acreditar nela mesma, ninguém vai.” É junto da família e praticando o hobby preferido, a pesca, que ele recarrega as energias e motivação para superar qualquer dificuldade.


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“Se você tem paixão pelo que faz e índole de empreendedor, vai longe” Maria de Fátima Casarini

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Do quintal ao topo da rede A criatividade e a união familiar são as armas de Fátima, da Flores Online, para manter a liderança por

Carol Herling

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Idade 51 anos

Fábio Salles

jos diferenciados e exclusivos. Aos poucos, os familiares entraram no negócio, e assim surgiu a idéia de trabalhar na internet. “Um dos meus filhos, que trabalhava na Microsoft, me apresentou o conceito de e-commerce, e então decidimos ser os primeiros no setor de floricultura virtual no Brasil”, afirma. Investir em tecnologia e no visual do site foi decisivo para a consolidação no mercado. Na época em que a empresa surgiu, o comércio virtual já era tendência nos Estados Unidos e Europa, mas pouco difundido no Brasil. Pairava, entre os usuários, uma desconfiança relacionada à credibilidade do serviço. Divulgar a segurança foi o primeiro passo. “Conquistamos o consumidor com uma comunicação simples e direta, e isso fez com que o boca-a-boca sobre a segurança do site se transformasse na nossa maior propaganda.” A empresária também credita à sua homepage o aumento do envio de flores no país. “As pessoas passaram a presentear muito mais após o surgimento do site e, graças às parcerias que firmamos, oferecemos opções diferenciadas das existentes no mercado.” O sistema de parcerias segue o critério de exclusividade. Entre as empresas participantes estão a doceria Amor aos Pedaços, os champanhes Chandon e Veuve Clicqout e a tradicional joalheria Swarovski. Ficam a critério do consumidor quais os produtos (cho-

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Local de nascimento São Paulo/SP Formação Artes Plásticas – FAAP

colates, jóias, champanhes e doces) que ele deseja adicionar ao pedido. Uma das metas da empresa em 2005 é fechar novos acordos, a fim de proporcionar mais opções aos usuários do site. A Flores Online conta com mais de 200 opções de arranjos – com ou sem acessórios adicionais – com preços que variam de R$ 29,00 a R$ 500,00. Detalhe: todos criados por Fátima, que não abre mão do posto na empresa. “Existem certas funções em uma empresa que temos que fazer como o ‘português da padaria’ e abraçar. Faço questão de cuidar pessoalmente da criação, deixo tudo com o meu toque pessoal”, diz. Para produzir um novo arranjo, a empresária segue um critério minucioso, que envolve muita pesquisa. “Assim que a pessoa faz a encomenda de algo novo, eu faço um estudo do layout, escolho os materiais que serão utilizados, supervisiono toda a parte de montagem e também faço fotos e uma ficha do produto para adicionar ao site.” Para manter o catálogo atualizado, viaja regularmente para cidades como Londres e Nova York. “Esses locais são obrigatórios para quem Empreendedor – Dezembro

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riatividade, memória privilegiada e sorriso fácil são as marcas registradas da empresária paulistana Maria de Fátima Casarini. Criadora da Flores Online, ela é a responsável direta pela transformação da empresa na maior floricultura virtual do Brasil, com mais de 500 mil usuários cadastrados em 900 cidades brasileiras. A empresa, que encerra o ano entre as 20 maiores do e-commerce brasileiro, tornou-se referência para quem quer presentear com flores através da internet. E fecha o ano de 2004 com um crescimento de 40% no faturamento, que ultrapassou a marca dos R$ 6 milhões, e projeta um crescimento entre 35% e 40% para o ano que vem. Para quem começou, literalmente, no fundo do quintal, tais números são a recompensa de um trabalho que, a princípio, era feito de forma solitária. Há 14 anos, Fátima abandonou de vez a idéia de trabalhar com confecções e abriu na garagem de casa a empresa Fátima Casarini Flores, que atendia hotéis, eventos de pequeno porte e festas. “Eu era absolutamente sozinha, uma espécie de ‘euquipe’: fazia as entregas, criava os arranjos, organizava os pedidos e ia às compras”, diz. Para se destacar em meio à concorrência, a empresária aproveitou os conhecimentos e teorias da faculdade – é formada em artes plásticas – e investiu na criação de arran-

Nome completo Maria de Fátima Casarini


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precisa se manter a par de tendências, e você se inteira não só a respeito de flores, mas também aprende muito sobre arquitetura, literatura e moda. Esse conjunto acaba ajudando no processo de criação.” A grande preocupação de quem compra pela internet, além da segurança, é a entrega. Quanto menor o prazo, maiores as chances de o negócio ser bem-sucedido. O diferencial da Flores Online em relação às demais empresas do setor é a entrega direta ao cliente, sem nenhuma terceirização do processo – o que Fátima chama de “entrega porta-a-porta”. Ao contrário de outras floriculturas virtuais que terceirizam toda a parte de montagem e criação dos arranjos fora da cidade de origem, a Flores Online faz tudo em sua sede, localizada próxima à Ceagesp em São Paulo. “Utilizamos nossa estrutura e pessoas treinadas por nós, e a partir daqui despachamos para qualquer cidade brasileira. Somos os pioneiros nesse sistema de entrega, que existe há quatro anos.” Entre o pedido realizado no site e a entrega ao cliente acontece uma operação que envolve uma equipe de 40 pessoas, R$ 45 mil investidos em tecnologia Dezembro – Empreendedor

e uma parceria com a DHL, que faz o transporte dos arranjos. “Cumprir os prazos é muito importante. Isso faz toda a diferença.” Para otimizar o envio dos arranjos, a empresa firmou convênio com os Correios. A cada mês, a Flores Online entrega, em média, 5 mil pedidos. Nas datas comemorativas, o número aumenta consideravelmente. Nos três dias que antecederam o último Dia das Mães, por exemplo, foram entregues mais de 6 mil arranjos. Uma das estratégias da Flores Online para sobreviver em meio ao vasto universo da internet é o investimento em imagem. A Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camarae.net) calcula que existam no país mais de 600 mil domínios na rede (os endereços que acabam com a sigla br), dos quais mais de 4 mil são lojas virtuais. “Investimos muito em comunicação este ano, anunciamos em outdoors nas cidades do eixo Rio– São Paulo e também em táxis, jornais e revistas”, diz a empresária, que prefere não revelar o valor gasto com a mídia. Para ela, o trabalho realizado em conjunto com a família foi fundamental para consolidar a Flores Online en-

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Empresa Flores Online Ramo de atuação Floricultura Ano de fundação da empresa 1998 Cidade-sede São Paulo/SP Faturamento R$ 6,8 milhões Número de funcionários 40

tre as principais empresas de e-commerce do Brasil. E o principal “segredo”, para a empresária, é a honestidade – não apenas com os clientes, mas também com os fornecedores e parceiros. “Não adianta nada enganar hoje pensando em ganhar algo mais à frente. É fundamental ter respeito e honestidade com os fornecedores e parceiros e tratá-los com a mesma precisão com que se trata um cliente”, diz. Para Fátima, estudar também é importante. “É preciso conhecer muito bem o produto com que você trabalha e sempre se atualizar”.


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“Como empreendedorsonhador incorrigível, estou longe da satisfação plena”

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Abraham Kasinsky

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Um recomeço sem limite Depois da Cofap, Abraham conseguiu que a Kasinski Veículos se transformasse em referência nacional por

Fábio Mayer

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Fábio Salles

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Idade 87 anos Local de nascimento São Paulo/SP

contrato de transação. O acordo previa o pagamento de todas as dívidas da empresa e a contratação do ex-empreendedor como funcionário, aproveitando seu conhecimento. Essa foi uma estratégia importante para Kasinsky entrar no ramo, por saber das particularidades e gargalos do mercado. Com a aquisição, a modesta fábrica da Hyosung passa a se chamar Kasinski Fabricadora de Veículos. Em três anos a estrutura física foi ampliada de cerca de 2.500 m2 para 18 mil m2 de área construída. Atualmente, possui uma sede na cidade de São Paulo e também 209 revendas em todo o país. O crescimento da empresa tem como principal combustível a motivação de Kasinsky. Na opinião dele, acreditar e gostar do que se faz é importante para o sucesso do empreendimento. Faz questão de buscar informações, pesquisar o mercado e trabalhar com muita disposição. Hoje, a montadora é uma das que mais crescem nessa área no Brasil. “O fato de estarmos bem posicionados no ranking de vendas é uma vitória e sinal de ótimo desempenho.” Mas ele diz que neste ano houve um aumento significativo do número de concorrentes. “Essa situação nos obriga a ‘ficarmos espertos’ para não sermos engolidos por eles, procurando estratégias e idéias novas.” Inovar é outra marca de sua gestão. Os investimentos feitos na produção de triciclos são exemplos disso. Com esses modelos de veículos urba-

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Formação Economia, pela FAAP

nos, a proposta dele foi apresentar novidades e ganhar espaço no mercado, quebrando conceitos. Também tem a preocupação em formar e capacitar a mão-de-obra, principalmente jovem. Desenvolve na empresa uma estratégia que funciona como uma escola própria. Mesmo sabendo que os custos são maiores nesse jeito de gerir o empreendimento, aos poucos, vai lapidando os funcionários e experimentando formas de fazer o negócio e criar a própria tecnologia. A infância humilde no bairro paulista do Brás fez de Kasinsky um rebelde, mas também o transformou em uma pessoa muito bem humorada e decidida. Abraçar as causas e lutar por elas tem sido seu lema. Na época, não entendia por que os pais economizavam tanto. Para gastar menos gás, enquanto cozinhava, a mãe tinha o costume de colocar de uma só vez três panelas empilhadas sobre a mesma chama, aproveitando o calor. Mais tarde, a lição aprendida cedo o ajudou no comando da Cofap, quando a empresa passou por dificuldades. Filho caçula, aos dez anos começou a trabalhar na loja de autopeças do pai, chamada Três Leões. Com o tempo, o negócio se expandiu. Foi instalada uma bomba de combustível na frenEmpreendedor – Dezembro

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esde criança os sonhos de Abraham Kasinsky nunca tiveram limites. Muito menos aos 87 anos. Para colocá-los em prática, não restringe a vontade de trabalhar. Por isso não percebe as horas quando está no serviço. É com esse interesse que ele sempre planeja e alcança seus objetivos. Mesmo depois de posicionar o Grupo Companhia Fabricadora de Peças (Cofap), empreendimento que fundou e presidiu, entre os líderes do mercado de autopeças na América Latina, ele retornou à linha de partida para criar, em 1998, uma nova empresa, a Kasinski Veículos, hoje referência nacional na montagem de motocicletas e triciclos. “Como empreendedor-sonhador incorrigível, estou longe da satisfação plena”, diz. Um ano depois da venda da Cofap, Kasinsky não se contentou apenas em ficar se dedicando ao hobby preferido, o cultivo de orquídeas. Adiou a aposentadoria quando surgiu a oportunidade de iniciar um novo negócio. Foi procurado por um empreendedor de origem coreana que tinha interesse em vender uma montadora de motos no Pólo Industrial de Manaus. O motivo era que estava com dificuldades financeiras e não podia mais manter a produção. “Como estava no ramo de autopeças desde 1924, com a venda da Cofap foi um ‘pulo’ para a abertura da Kasinski. Fui até lá, me encantei com o negócio.” Fez uma proposta e fecharam o

Nome completo Abraham Kasinsky


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Empresa Kasinski

te da loja, que passou a vender também gasolina. Isso melhorou a situação financeira da família, que se mudou para uma casa no Tatuapé. Após o falecimento do pai, em 1941, Kasinsky fez uma parceria com um dos irmãos, Bernardo, para dar continuidade à empresa. Em 1950, resolveram direcionar o rumo do negócio para a fabricação de autopeças, criando a Cofap. Buscou na graduação de Economia pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) a formação necessária para conduzir a empresa com maestria por quase 50 anos. A afinada sociedade durou até 1988, quando o irmão resolveu vender a parte dele e se desligar da Cofap. Em 1997, Kasinsky aceitou uma proposta do Grupo Magneti Marelli e deixou definitivamente o controle do empreendimento, que na época já exportava para mais de 90 países, tinha 35 mil funcionários e 18 indústrias em todo o mundo. Naquele ano, uma das ações de Kasinsky foi buscar novidades na Dezembro – Empreendedor

área de duas e três rodas do outro lado do mundo, na China e na Coréia. “Paralelamente, estamos ampliando nossa rede de parceiros por todo o Brasil, visando o conforto de nossos clientes, evitando que tenham que se descolar de suas cidades para conseguir adquirir um produto de nossa marca.” A meta para o futuro é ter uma revenda Kasinski em cada canto do país. A coroação do empenho desse modelo de empreendedor brasileiro veio com o prêmio Medalha do Conhecimento, concedido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior pela contribuição para o desenvolvimento tecnológico e industrial do Brasil. Mas ele tem ainda mais um sonho: fabricar um carro popular. “Esse projeto ainda é um sonho”, disse ele numa entrevista. “Estamos realizando pesquisas e testes, tenho dois protótipos rodando em Manaus, mas por enquanto não há nada de concreto quanto ao lançamento. Meu

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Ramo de atuação Montadora de motocicletas e triciclos Ano de fundação da empresa 1998 Cidade-sede São Paulo/SP Faturamento Não divulgado Número de funcionários Aproximadamente 120 em todo o Brasil Site www.kasinski.com.br

objetivo é produzir um carro de passeio originário do projeto do triciclo. Será um carro verdadeiramente popular, devendo ficar em torno de R$ 8 mil. Será um automóvel para quem não pergunta o preço, mas quanto paga por mês.”


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Empreendedor – Dezembro


Valor

DESTAQUES DE 2004

“Quando a pessoa acredita nos seus sonhos, acredita em si mesma, ela vai explorar o potencial infinito que existe dentro de si” 2004

Carlos Wizard Martins

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O missionário das línguas Carlos acha que tudo é obra do desejo, da visão e da intenção de concretizar seus projetos por

Alexsandro Vanin

fotos

Fábio Salles

R

Idade 47 anos Local de nascimento Campinas/SP

inglês que dá show), consumirão R$ 10 milhões. “Isso traduz o amadurecimento da marca, hoje posicionada ao lado de grandes anunciantes.” O esporte faz parte da estratégia de fixação da imagem da empresa, que patrocina o time paulista de vôlei do Esporte Clube Suzano nos últimos três anos e o Guarani Futebol Clube no Campeonato Brasileiro de 2004, além dos Jogos Mundiais de Verão, iniciado com a 6ª Volta Internacional da Pampulha, de Belo Horizonte, envolvendo a Corrida de São Silvestre, a Copa do Mundo de Natação e o Mundial de Beach Soccer, entre outros eventos. “O esporte está diretamente ligado à conquista e vitória, e a Wizard é uma empresa campeã, líder em seu segmento”, diz Martins, sem esconder a decepção com a péssima atuação do Guarani neste ano e a honra de colaborar para a permanência de campeões olímpicos – Rodrigão e André Nascimento – no país. Longo caminho Até a Wizard chegar a esse estágio de desenvolvimento – terceira maior rede de franquias do Brasil e maior rede de franquias de ensino de idiomas do país –, Martins percorreu um longo caminho. Aos 12 anos ele começou a aprender inglês com missionários mórmons americanos apresentados por seus pais, e, cinco anos mais tarde, na condição de missionário daquela Igreja, foi para os Estados Unidos, onde ficou um ano e meio, e depois para a

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Formação Idiomas, na Brigham Young University (Utah, EUA)

Europa, onde esteve por dois anos. Depois de voltar ao Brasil e se casar, Martins foi novamente para os Estados Unidos, inicialmente para estudar na Universidade de Brigham Young (Utah), o maior centro de ensino de línguas da América – são ensinados aproximadamente cem idiomas diferentes e atendidos 10 mil alunos por ano –, e depois para trabalhar na mesma instituição. Foi da experiência na Brigham Young que Martins desenvolveu a metodologia de ensino Wizard, cuja primeira unidade foi aberta em 1987, na cidade paulista de Campinas. Hoje são mais de 1,2 mil escolas por todo o Brasil e no exterior, que atendem cerca de 400 mil estudantes. “Embora eu não tenha nascido empresário, o desejo, a visão e a intenção transformaram aquele sonho em realidade”, diz Martins. Segundo ele, cada pessoa nasce com uma vocação, um talento latente e inconsciente num primeiro momento. Porém, como ele diz em seu livro Vendendo a Própria Crise, quando a pessoa acredita nos seus sonhos, acredita em si mesma, ela vai explorar o potencial infinito que existe dentro de si, e nesse momento descobrirá todo o seu potencial. Martins teve a percepção de lançar a Wizard em um formato inédito para Empreendedor – Dezembro

2004

eligião e família são fatores importantes na vida de Carlos Wizard Martins, fundador da Wizard Idiomas. Foi pela religião que aprendeu as primeiras palavras na língua inglesa, até adquirir fluência e capacidade para ensiná-la, e reuniu conhecimentos para montar o que hoje é uma das maiores redes de franchising do Brasil – sem nunca deixar de lado suas obrigações religiosas. E é da família que se orgulha, primeiro por seus pais terem promovido o contato com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e agora por seus filhos que, desde a última missão de Martins, se engajam cada vez mais nos negócios do Grupo ProAcademix, que envolve duas redes de ensino de idiomas – a outra é a Alps – e uma de ensino profissionalizante (Worktek), todas pelo sistema de franchising. Martins dedica parte considerável de seu tempo a atividades comunitárias, sociais e religiosas, mas no momento toda sua atenção está voltada para o fortalecimento e consolidação das empresas do Grupo, em especial para reforçar o posicionamento de liderança da marca Wizard. Por isso que nunca foi investido tanto em marketing quanto nos últimos dois anos. Duas grandes ações que estão sendo iniciadas em dezembro e devem se estender até junho de 2005, o patrocínio dos Jogos Mundiais de Verão – com inserções publicitárias na Rede Globo – e o da turnê nacional da banda pop Capital Inicial (Wizard, o

Nome completo Carlos Wizard Martins


Valor

DESTAQUES DE 2004

Empresa Wizard (Grupo ProAcademix) Ramo de atuação Franchising de ensino

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uma escola de línguas no Brasil: o franchising. Existem, obviamente, redes mais antigas, mas nenhuma operava pelo sistema de franquias. No mesmo ano, foi criada a Associação Brasileira de Franchising (ABF), da qual o grupo faz parte até hoje. A coesão da rede é mantida por meio de encontros e convenções regionais, nas quais franqueados podem trocar experiências e fortalecer laços, não somente comerciais, mas também de amizade. Essa interação, incentivada também por ações conjuntas promovidas pelo franqueador, transparece como uma grande família, conceito que se procura estender aos estudantes das unidades. Engajamento social “É uma satisfação ver que os alunos, ao completarem seus cursos, estão aptos a ir para os Estados Unidos ou qualquer país de língua inglesa e para faculdades no exterior, sendo qualificados em exigentes exames internacionais”, diz Martins. O mesmo sentimento de promoção do desenvolvimento é aplicado aos colaboradores, que Dezembro – Empreendedor

recebem treinamento e capacitação freqüente. “A Wizard é uma empresa que gera 15 mil empregos diretos. Essa é uma grande contribuição para o país.” A Wizard promove diversas ações, locais e regionais, de envolvimento com a comunidade. Um exemplo é a escola de idiomas para 250 crianças carentes no Rio de Janeiro, uma parceria de quatro anos com a Fundação Xuxa, além da distribuição freqüente de bolsas em unidades normais, muitas vezes mediante inscrição paga com alimentos, distribuídos para entidades assistenciais. A rede também é a única do Brasil a produzir material didático em braile e muitos alunos deficientes recebem bolsas, como Ádria Rocha dos Santos, a maior velocista cega do mundo, que conquistou em Atenas sua quarta medalha olímpica de ouro, e estuda na unidade de Joinville (SC). O trabalho voluntário também faz parte da vida de Martins desde a sua adolescência. Ele e sua mulher, Vânia, voltaram em agosto de uma missão eclesiástica pelo Nordeste. O casal desenvolveu na Paraíba, no Rio Grande do

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Ano de fundação da empresa 1987 Cidade-sede Campinas/SP Faturamento Não informado Número de funcionários 15 mil Linha direta (19) 3743-2098

Norte e em parte do Ceará, com cerca de 500 jovens, metade brasileiros e metade americanos, atividades de cunho comunitário, social e espiritual por três anos. No período em que ele estava ausente, seus filhos Charles e Lincoln assumiram a diretoria da empresa, e hoje Martins orgulha-se de eles estarem abraçando cada vez mais responsabilidades no Grupo. “Fico ainda mais satisfeito quando vejo que franqueados têm seus filhos participando do negócio Wizard. Acho que é um sonho de todo pai promover uma condição de ganho para o filho, de forma tal que todos estejam unidos numa atividade em comum.”


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Empreendedor – Março


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Empreendedor – Dezembro


Pequenas Notáveis Edição: Alexandre Gonçalves alexandre@empreendedor.com.br

BOA NOTÍCIA

Governo lança novo programa de microcrédito ma complementa o de microcrédito de livre aplicação (produtivo ou para consumo) que já resultou, de agosto de 2003 a outubro deste ano, em 2,9 milhões de contratos que totalizaram R$ 1,1 bilhão. Segundo o presidente, o novo programa confirma o comprometimento do governo com a ampliação da oferta e a redução de custos do crédito para a população de baixa renda e para os empreendedores formais e informais em especial. Lula pediu que as instituições financeiras façam um trabalho de educação da população para o acesso a serviços financeiros. Cada gerente de agência, sugeriu o presidente, deve ser um educador, facilitar a vida de quem o procura para conseguir recursos principalmente para empreender. “O povo que vai atrás do microcrédito é bom pagador, jamais vai quebrar um banco. O único patrimônio que o pobre tem é um nome a zelar.”

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MÁRCIA GOUTHIER AGÊNCIA SEBRAE

Com o objetivo de ampliar o acesso dos empreendedores formais e informais ao crédito, principalmente capital de giro, o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, lançado pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no final de novembro, terá recursos provenientes de parcela que as instituições financeiras estão obrigadas a recolher ao Banco Central sobre o total de depósitos à vista que captam do público e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O programa irá atender pessoas físicas e jurídicas com atividades produtivas que apresentem faturamento bruto até R$ 60 mil/ano e vai possibilitando operações até R$ 5 mil, e os beneficiados terão acompanhamento das instituições responsáveis pelas operações. A taxa cobrada é de 2% ao mês mais encargos administrativos. No lançamento do programa, o presidente Lula disse que se sentia particularmente feliz porque o novo progra-

Presidente espera que instituições ensinem aos empreendedores a melhor forma de ter acesso ao microcrédito Dezembro – Empreendedor

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Sebrae dará aval para instituições de microcrédito A Medida Provisória 226, que cria o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, altera a Lei 8.029 que rege as aplicações dos recursos do Sebrae. Dessa forma, a entidade de apoio aos micro e pequenos empreendedores poderá prestar aval nas operações de financiamento entre as instituições financeiras e as de microcrédito. Na prática, segundo o consultor da Unidade de Serviços Financeiros do Sebrae Nacional, Eli Moreno, a alteração vai viabilizar um fluxo contínuo de recursos para as instituições de microcrédito e, conseqüentemente, para os emprendedores formais e informais. Para os empreendedores, a mudança se traduz em um maior volume de recursos para atender suas necessidades de financiamento. Na implementação do novo programa, o Sebrae atuará através do seu Fundo de Aval de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), que não dará aval direto individual nas operações entre as instituições de microcrédito e o empreendedor. O Fundo, no entanto, continuará fazendo esse tipo de aval nas operações normais entre as instituições financeiras e as micro e pequenas empresas. Outro fundo de aval, o Funproger, também garantirá as operações entre os bancos, agências de fomento ou cooperativas de crédito com as instituições de microcrédito, as chamadas Sociedades de Crédito a Microempresa (SCM) e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips).


O espaço da micro e pequena empresa

INOVAÇÃO

Finep premia empresas mais inovadoras Em solenidade realizada no Palácio do Planalto, o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva entregou o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica – Edição 2004 para as cinco empresas consideradas as mais inovadoras do Brasil. Na oportunidade, Lula ressaltou a importância da inovação para o desenvolvimento sócio-econômico do país. “O recorde de inscrição no prêmio, que teve 25 inscritos em 1998 e passou para 508 em 2004, mostra a importância que a tecnologia tem alcançado na pequena, média e grande empresa”, afirmou Lula.

Na solenidade, o presidente Lula sancionou a Lei de Inovação Tecnológica, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo. “Depois de muitos anos em que era proibido falar de política industrial, agora temos uma”, afirmou. Segundo ele, “muitas empresas que disputaram o prêmio, mostraram que tamanho não é documento – a empresa pode ser pequena, mas a mentalidade é grande”. A etapa nacional do Prêmio Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) 2004 teve 22 finalistas das cin-

co regiões, divididos em cinco categorias. As cinco empresas premiadas foram as seguintes: Categoria produto:

Mecat, de Goiás Categoria processo: Endoview, de Pernambuco Categoria média/grande empresa: Bematech, do Paraná Categoria pequena empresa: PipeWay Engenharia, do Rio de Janeiro Categoria instituição de pesquisa: C.E.S.A.R., de Pernambuco FOTOS MÁRCIA GOUTHIER AGÊNCIA SEBRAE

EVENTO

Encontro de empreendedores supera expectativas Aconteceu ainda uma mesa-redonda sobre o tema “Ouvir o mercado”, comandada por Marília Rocca, diretorageral do Instituto Endeavor, e que contou com a participação de empresários de sucesso. Em seguida, a atriz Regina Casé (foto ao lado) entrevistou Leneide Maia Tavares, que começou vendendo rapadura, verduras, legumes produzidos na roça da própria família, fazendo tapioca, e hoje é dona de dois restaurantes na Paraíba e no Rio Grande do Norte. No último dia de evento, além das palestras que levaram ao público temas como “Faro para os negócios – Criatividade e inovação que fazem acontecer” e “Intuição – Arriscar para ganhar”, os participantes assistiram a uma mesa-redonda com empretecos comandada pelo jornalista Alexandre Garcia e uma apresentação do dançarino Carlinhos de Jesus, que abordou o tema “Contatos que produzem negócios”.

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2004

Durante os dias 25, 26 e 27 de novembro, Brasília sediou o X Encontro Internacional de Empreendedores, evento promovido pelo Sebrae e que superou todas as expectativas quanto ao número de participantes: 2.600 pessoas entre empresários, “empretecos” (ex-alunos do curso Empretec), empreendedores e estudantes de todo o Brasil e do mundo. Tendo como tema central “Empreender faz sentido” apresentou uma programação diversificada, que incluiu entre os palestrantes empresários como Aleksandar Mandic, um dos pioneiros da internet no Brasil, e o dançarino Carlinhos de Jesus. No primeiro dia do Encontro, os participantes assistiram a uma apresentação do grupo Torres Jazz Band, que abordou o tema “Empreender faz sentido” com a ajuda da música. Em seguida, assistiram à palestra da conferencista internacional Chin Ning Chu sobre a “Visão estratégica do negócio”.

Empreendedor – Dezembro


2004

Maio – Empreendedor

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Ano IV - Nº 40 Ano IV - Nº 39

Tempo de ganhar mais Loja franqueada em São Paulo: prestação de serviços é o destaque

concretizados em 2004. Na própria área de consultoria os números são bons. Somente a Francap deve fechar este ano com a realização de 40 projetos, além da comercialização de 150 franquias. Friedheim espera fechar o ano com faturamento de R$ 3 milhões, uma expansão de 30% em relação a 2003. Um dos setores que se destacam dentro do franchising é o de prestação de serviços. Impulsionados por transformações econômicas e sócio-culturais, como mais tempo para o lazer e uma maior participação da mulher no mercado de trabalho, alguns serviços antes considerados supérfluos são hoje essenciais, como os das lavanderias. A Quality Cleaners, rede americana de lavanderias, presente no país há cinco anos e com 34 unidades abertas, inaugurou três novas lojas nesse bimestre e prevê um crescimento ainda maior. “Esperamos crescer pelo menos mais 30%, até o primeiro semestre de 2005. Para isso estamos sempre buscando novas tecnologias e criando facilidades como a lavagem a seco em uma hora para nos diferenciarmos da concorrência”, diz José Ventura, gerente de Franquias da rede.

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Outra aposta da empresa foi em uma nova franquia de serviço complementar às lavanderias, a Linha & Bainha, que faz desde pequenos reparos, como pregar botões e fazer barras, até ajustes, reformas e transformações de roupas em geral. Com um investimento inicial aproximado de R$ 70 mil, o franqueado abre uma nova loja. As unidades Linha & Bainha foram cuidadosamente criadas e desenhadas para serem atraentes ao público: convidativas, passando modernidade, simpatia, conforto, capricho, limpeza e profissionalismo. As lojas são de baixa metragem (entre 35 e 70 m2), com baixo custo de manutenção e operação. Ainda na área de serviços, a 100% Vídeo é outra rede que vai apresentar novidades no ano que vem. No mercado desde 1984, a rede de videolocadora tem hoje 63 lojas operando em todo o país e administradas por 56 franqueados. E a meta é abrir mais 12 lojas até junho de 2005, gerando um crescimento de 18% em relação ao número de unidades. Atualmente, o foco da empresa está voltado para as cidades do Norte, Nordeste e o estado de São Paulo (capital e interior). As próximas unidades paulistas Empreendedor – Dezembro

2004

Para o setor de franchising o tempo continua bom. Mais um ano se encerra e o setor comemora resultados positivos. O consultor André Friedheim, um dos sócios da Francap Franchising e Expansão de Negócios, diz que o bom desempenho se deve à consolidação e amadurecimento das redes brasileiras. Entre os segmentos do franchising que registraram bom desempenho em 2004 destacaram-se o de alimentação e o de vestuário. “Para 2005, o desafio será solidificar a tendência de exploração do mercado internacional e, internamente, aumentar a rentabilidade das unidades”, afirma o consultor. A Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) e a Associação Brasileira de Franchising (ABF) firmaram convênio de cooperação técnica e financeira para a exportação de franquias brasileiras. Na primeira fase desse projeto, 13 redes participarão, e a previsão é um investimento de R$ 1,8 milhão na empreitada de se lançar no exterior. A movimentação da Feira da ABF, em junho, foi o primeiro termômetro de que muitos negócios estavam sendo

DIVULGAÇÃO

Aumento da rentabilidade das unidades e oportunidades no mercado externo são o foco do planejamento para 2005 de muitas redes de franquias


Franquia

Total

Como a maior rede em unidades próprias no ramo de educação e treinamento, a Eurodata Cursos de Informática sabe da importância da seleção de franqueados e como isso pode influenciar a imagem de toda a rede. Por isso o presidente Ramon Asensio afirma que há uma projeção otimista para 2005, mas com a cautela de uma organização que administra cuidadosamente suas unidades há dez anos. O diretor de Franquia e Expansão, Gilson Ferraz Júnior diz que “os critérios de expansão levam em conta a capacidade de treinamento e assessoria. Vender uma franquia é o primeiro passo de muitos outros a seguir, o que significa dizer que franquia vendida é franquia bem treinada e assessorada.” A meta da empresa franqueadora dirigida por Asensio é determinada pela

de cobrança de royalties. Atualmente, os royalties cobrados pelo Centro Cultural Americano são fixos escalonados (fixos que variam de acordo com tamanho e região de cada unidade). A partir de janeiro os royalties passam a ser embutidos no material didático, ou seja, o franqueado só paga royalties efetivamente sobre o número de alunos que ele tem matriculado em sua escola, não correndo o risco de pagar uma taxa fixa que pode ser elevada para determinadas unidades e baixa demais para outras. Outro planejamento feito diretamente junto aos franqueados, através da participação do Conselho Pedagógico de Franqueados, é o lançamento de novo material didático. Ao longo de 2004 a

DIVULGAÇÃO

estão sendo abertas ainda este ano nas cidades de Jaú, Limeira e Jundiaí. Na convenção realizada em novembro, ficou decidido que o franqueado em 2005 vai ganhar ainda mais flexibilidade no gerenciamento de sua loja. Além de valorizar as experiências vividas em cada unidade, a franquia quer oferecer mais autonomia, como por exemplo a comercialização de outros produtos que atendam a uma demanda, como ocorreu em São Paulo com uma unidade que tinha um público infantil cativo e passou a vender também alguns brinquedos. A criação de promoções, comercialização de produtos regionais e escolha de filmes fora do pacote que ele já recebe mensalmente das distribuidoras também são ações que estarão mais flexíveis. No ensino de idiomas o planejamento para o próximo ano é um quesito que merece muita atenção ainda no início do segundo semestre, afinal existem as ações pedagógicas além da parte de gestão. Na rede Centro Cultural Americano, por exemplo, o planejamento de 2005 foi apresentado aos franqueados durante a convenção anual realizada em novembro, depois de já terem ocorrido reuniões com os Conselhos Regionais e Conselho Nacional de Franqueados. É dessa forma que a franqueadora consegue formatar ações, datas e estratégias para o ano seguinte. Uma das novidades é que a franqueadora altera a partir de janeiro o sistema

Ensino de informática: metas otimistas

2004

CCA: planejamento define ações, datas e estratégias

Dezembro – Empreendedor

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variação de mercado, tendo sido fixada no planejamento a abertura de unidades em regiões com mais de 100 mil habitantes, incluindo bairros de São Paulo, interior e outros estados. “Nossa estrutura de trabalho comporta unidades para atender mais de 900 alunos por ano, o que não justifica deixar um candidato a franquia montar uma unidade, gastar o mesmo valor em regiões limitadas”, esclarece Ferraz. “Nossas metas são garantir a satisfação pela escolha de nossos franqueados, e conseqüentemente atrair mais investidores. Sempre digo que franquia não se vende; celebra-se. Portanto, em 2005 vamos consolidar uma frase que está constantemente em nossas apresentações: ‘fechar uma franquia com um concorrente não é um erro, erro é assinar este contrato sem antes nos conhecer’”, conclui o diretor.

franqueadora lançou os livros New Imagine 2 e New Imagine 3 para os cursos regulares de inglês. Em fevereiro sai o New Imagine 4, último número da série. Os franqueados tiveram participação direta na elaboração do livro, que foi organizado e comandado pela diretora pedagógica da rede, Rita de Cássia Trafane, com apoio de doutores da Unicamp e da PUC-Campinas. Em termos de expansão, a Centro Cultural Americano projeta a abertura de 36 novas unidades entre o início do ano de 2005 e julho de 2006. Isso representa aumento de cerca de 49% dentro de um prazo de 18 meses. A rede tem atualmente 73 unidades, e já possui aberturas confirmadas para o próximo ano – em estados como São Paulo, Goiás, Ceará, Espírito Santo e Minas Gerais.

Linha Direta 100% Vídeo (19) 3234-7444 Centro Cultural Americano (19) 3251-9991 Eurodata (11) 6461-1719 Francap (11) 3709-3709 Quality Cleaners (11) 3253-0555


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Empreendedor – Agosto


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Franquia

Total

Mundo digital A partir deste mês, o cliente do Bob’s vai poder se conectar com a internet através de seu computador portátil – laptop, notebook ou palmtop. É que a rede acaba de fechar uma parceria com a Vex, empresa que instala hotspots no Brasil, para colocar em suas lojas o sistema WiFi, ou Wireless Fidelity, uma tecnologia de acesso à internet sem fios. O projeto funcionará em todo o Brasil, e a expectativa é de que, em pouco tempo, esteja instalado em todas as lojas do Bob’s. O investimento total será de R$ 2 milhões. “O sistema WI-FI é rápido, prático e principalmente dá mobilidade para quem o acessa. Em apenas alguns minutos a pessoa se conecta à internet e pode baixar arquivos, trocar e-mails, e o que é melhor ainda: aproveitando o tempo para degustar um Milkshake ou um Big Bob”, diz Flávio Maia, diretor de Marketing, Expansão e Franquias do Bob’s. Para se conectar ao sistema, basta o cliente ter no seu computador portátil uma placa de wireless e uma assinatura do serviço de acesso. De forma geral, a velocidade de acesso via Wi-Fi é de 50 a 200 vezes mais rápida que uma conexão discada. A rede tem 400 lojas espalhadas pelo país. (21) 2598-5730

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DIVULGAÇÃO

Vencedor Carlos André de Araújo, 27 anos, do Shopping Recife

Dezembro – Empreendedor

Burger King no Brasil A Burger King Corporation abriu o primeiro restaurante franqueado no Brasil em São Paulo, já com metas anunciadas para os próximos cinco anos: 50 unidades planejadas para o estado de São Paulo. Localizado na praça de alimentação do Shopping Center Ibirapuera, com 189 m2, o restaurante é o primeiro dos três que estão sendo inaugurados ainda este ano. Nish Kankiwala, presidente do Burger King International, comenta que “o mercado brasileiro é uma das mais atraentes oportunidades de crescimento para a Burger King Corporation em todo o mundo”. A proposta é oferecer alimentos saborosos, grelhados no fogo, como por exemplo o famoso sanduíche Whopper. O franqueado Luis Eduardo Batalha lidera a empresa BGK do Brasil, com negócios em agricultura, construção e turismo, incluindo o conhecido Hotel Estância Barra Bonita e o Chalet Agropecuária. “Tenho o sonho de trazer a marca Burger King para o Brasil há anos”, comenta. O BGK do Brasil é um consórcio de investidores que irá

operar os restaurantes Burger King no estado de São Paulo. NO MUNDO – A rede Burger King é a segunda maior cadeia de fast food do mundo e opera mais de 11 mil restaurantes em todos os 50 estados norte-americanos e em 62 países e territórios por todo o mundo. Noventa por cento dos restaurantes são de propriedade de franqueados independentes, operados por eles próprios, e muitos são negócios familiares que já estão na ativa há décadas. A Burger King Holdings, Inc., a empresa líder, é uma empresa privada e de propriedade independente de um grupo equity sponsor formado por Texas Pacific Group, Bain Capital e Goldman Sachs Capital Partners. No ano fiscal encerrado em 30 de junho de 2004, as vendas em todo o sistema da Burger King Corporation foram de US$ 11,1 bilhões. www.burgerking.com

Malabarismo com massas Algumas massas voaram; outras, infelizmente, escorregaram e caíram no chão! Quem ousou mais venceu. Os 11 finalistas do Primeiro Concurso de Malabarismo de Massas do restaurante Spoleto deram um show! O vencedor foi o cozinheiro Carlos André de Araújo, 27 anos, da unidade do Shopping Recife (PE), que fez um espetáculo sem deixar cair nada. Com o apoio da Blak Informática, o Spoleto distribuiu R$ 2 mil em prêmios aos vencedores. A disputa foi dividida em duas categorias: amador, ou seja, os cozinheiros

que trabalham nos restaurantes Spoleto de 16 estados, e master, que eram os chefs treinadores da rede. Nessa categoria o vencedor foi Leo Borges, treinador de São Paulo. O Concurso de Malabarismo é uma das ferramentas de treinamento da rede Spoleto, assim como as aulas de teatro realizadas com os funcionários. “Esse show só melhora o padrão de atendimento personalizado, aprimorando quesitos como a comunicação com o cliente, a simpatia e a venda sugestiva”, conclui o diretor da rede, Eduardo Ourivio. (21)2494-7006

Reportagem e Redação: Sara 6 6 Caprario E-mail: franquiatotal@empreendedor.com.br


Camarão: do Nordeste para o Sul A rede Camarão & Cia inaugura sua primeira loja no Shopping Neumarkt, em Blumenau (SC), e marca sua entrada na região Sul. Essa é a 16ª unidade da franquia pernambucana de crustáceos. Com investimento de R$ 200 mil, a loja está estrategicamente posicionada na entrada do shopping. “O hábito de comer frutos do mar já é forte entre os catarinenses. Vamos apenas apresentar o legítimo camarão do nordeste em vários tamanhos, formatos e sabores”, ressalta Gustavo Pedrosa, gerente de Marketing da rede. Um diferencial da rede Camarão & Cia é o fato de a empresa de-

ter a operação desde a produção do crustáceo até a venda ao consumidor. A empresa é o braço no varejo do Grupo Secom de Aqüicultura, produtor de cerca de 100 toneladas/ mês de camarão marinho em viveiros localizados no litoral piauiense. O investimento inicial para a abertura de uma loja de 45 m 2 varia de R$ 160 a R$ 180 mil, o retorno é previsto em até 36 meses e o faturamento médio bruto mensal de cada unidade gira em torno de R$ 80 mil. A empresa cobra 6% de royalties e 2% para o fundo cooperado de marketing. (81) 3465-6668

Busca de franqueados A Vita Derm Day Clinic, empresa que comercializa produtos e presta serviços para tratamento estético, com orientação e utilização dos produtos Vita Derm, inaugurou em novembro uma loja no bairro de Pinheiros, na capital paulista, e conta com três em fase de implantação. Hoje a rede Vita Derm Day Clinic possui um centro técnico, uma loja própria em São Paulo e 11 franquias. “O segmento de cosmética é um dos que mais crescem no país. Segundo a Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, o segmento cresceu 6,5% ao ano nos últimos cinco anos e as lojas de franquias tiveram importante participação nesse

índice, atingindo uma expansão de 9% ao ano”, afirma Claudia Bittencourt, diretora da Bittencourt Consultoria Empresarial & Franchising, responsável pelo processo de seleção. A Vita Derm Day Clinic é uma das empresas do segmento em ascensão que buscam agora expandir sua rede em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os interessados na franquia têm suporte na implantação e inauguração da loja, estratégia de marketing de abertura, definição do mix de produtos do estoque inicial e treinamento, entre outras ações. O investimento previsto na franquia é de aproximadamente R$ 120 mil. (11) 3673-9401

Cardápio detalhado Atendendo a demanda de clientes cada vez mais exigentes, a rede de restaurantes fast food Spedini Trattoria Expressa passou a descrever no cardápio informações nutricionais de cada prato. O objetivo é informar aos clientes sobre as quantidades de cada componente presentes no cardápio, para que os clientes possam equilibrar sua alimentação, evitando exageros ou seguindo orientações médicas. O balanço nutricional vai muito além da restrição calórica nas dietas de emagrecimento. O valor para cada item corresponde a uma porção de alimento pronto separadamente (massas, carnes, molhos, saladas e sobremesas), assim, o consumidor poderá optar por combinações que melhor atendam às suas necessidades e expectativas. De acordo com o gerente comercial da Spedini, Romano Fressato Neto, a adoção do novo cardápio atende as exigências dos clientes da rede. “Várias pessoas acessaram a nossa página na internet e sugeriram que os nossos pratos viessem com a descrição de calorias, por exemplo. Por isso, decidimos tomar essa iniciativa”, diz o gerente. (41) 362-5522

DIVULGAÇÃO

Experiente no conceito Home Care Shop no Brasil, a Anestec, empresa que atua há mais de 40 anos no mercado médico-hospitalar, decide entrar no sistema de franquia com o objetivo de ampliar sua rede. A idéia partiu do empresário Cláudio Brandão José. A Anestec começou no varejo em 1987, com o conceito de drugstore em materiais médico-hospitalares. O padrão self-service da rede tornou seus produtos aces-

síveis ao consumidor final. Em 2003, a Anestec abriu a sua primeira farmácia, a Anestec Farma, e este ano lançou o conceito nurse in care Anestec Lar, um serviço de enfermagem domiciliar. “O nosso diferencial é o atendimento. Investimos no treinamento de nossos funcionários, que terão que conhecer muito bem os produtos e suas peculiaridades”, avalia Cláudio José. Cada franqueado contará com a supervisão de campo,

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apoio na gestão empresarial e todo o suporte da consultoria do franchising. Entre os próximos mercados pretendidos para a expansão da marca estão regiões com população acima de 150 mil habitantes. O tamanho dos estabelecimentos varia de 30 a 100 m2 e o investimento inicial (fora o ponto comercial) está orçado em R$ 120 mil. O retorno do capital investido está estimado, em média, de 24 a 36 meses. (21) 3296-5361 Empreendedor – Dezembro

2004

NOVAS REDES

Cuidados médicos em casa


DIVULGAÇÃO

Franquia

ABF

APEX-Brasil e ABF investem R$ 1,8 milhão em projeto de promoção de exportações de 12 marcas de franquias

Gerson Keila (presidente da ABF), Renata Sanches (APEX) e Paulo Cesar Mauro (diretor de Relações Internacionais da ABF) no momento da assinatura do Projeto APEX-ABF

Meta é exportar mais de US$ 5,3 milhões até o final de 2006

2004

Franquias brasileiras expandem atuação no mercado externo Franquias nacionais serão exportadas com apoio do Governo Federal a partir de dezembro deste ano. Por meio de um convênio entre a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX-Brasil) e a Associação Brasileira de Franchising (ABF), 12 empresas associadas receberão incentivos da ordem de R$ 1,8 milhão para ações de divulgação, difusão e inserção de suas marcas no mercado externo. O foco do projeto são os mercados mexicano, americano, espanhol e português, tendo como meta fechar 2006 com mais de US$ 5,3 milhões exportados. O anúncio oficial do convênio aconteceu durante um almoço promovido pela ABF no Buffet Giardini, em São Paulo. O evento contou com a participação de cerca de 150 pessoas, entre profissionais do setor, imprensa especializada e representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da APEX. As franquias que fazem parte do projeto são China in Box, Spoleto, Dezembro – Empreendedor

Vivenda do Camarão, Wizard, BIT Company, Golden Services, Livraria Nobel, Movimento, Oceanic Cosméticos, Mundo Verde, Carmen Steffens e Bon Grillê. Com o aumento da demanda, estima-se que 400 novos postos de trabalho diretos sejam criados no país. O projeto prevê ações de divulgação junto à mídia nos mercadosalvo, fortalecimento do relacionamento com outras associações de franquias, um Projeto Comprador (no qual empresários internacionais vêm ao Brasil negociar com empresários nacionais), publicidade internacional e participação em quatro feiras internacionais de franquia que acontecem no México, nos Estados Unidos, em Portugal e na Espanha. O setor de franquias passa por um período de grande expansão, com destaque para marcas brasileiras que já obtiveram inserção nos mercados do México, Argentina, Japão, Portugal e Espanha. Em 2003, o setor cresceu 3,7% com um fatu-

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ramento de R$ 29 bilhões. O país possui hoje 56 mil franquias que representam 678 marcas diferentes. Entre os principais segmentos representados estão esportes, lazer, saúde e beleza, alimentação, educação e treinamento e prestação de serviços. “O trabalho em parceria com a ABF será o de atrair a atenção dos investidores internacionais para as marcas brasileiras. O país é hoje o terceiro país do mundo em número de franquias. Precisamos divulgar nossa capacidade no mercado externo, mostrando que temos criatividade, qualidade e preço competitivo”, afirma Juan Quirós, presidente da APEX-Brasil. Para Gerson Keila, presidente da ABF, ao contrário do que se imagina, 90% das redes de franquia que operam no Brasil são genuinamente nacionais. “Além da geração de empregos no Brasil, o franchising nacional tem potencial para gerar divisas ao país e colaborar com a divulgação da marca Brasil no exterior”, afirma.


Worktek

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br

Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: 70 Cliente. Áreas de interesse:: Brasil Entre os diferenciais da Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, Worktek está a qualidade do PF, FI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM material e do método de enTaxas de Franquia: entre R$10 mil sino, além do comprometie R$ 25 mil Instalação da empresa: a partir de mento com a recolocação que R$ 30 mil vai além das salas de aula atraCapital de giro: R$ 15 mil vés do POP, Programa de Prazo de retorno: 36 meses Orientação Profissional. Contato: Artur José Hipólito

Star Bit Educação e Profissões

PBF Inglês e Espanhol

Negócio: Educação e treinamento Gerência de Franquias (11) 6440-4634 laudson@starbit.com.br www.starbit.com.br

Negócio: Educação/Ensino de Idiomas Tel: (11) 5084-1924/Fax: (11) 5084-8882 franchising@pbf.com.br/www.pbf.com.br

Um investimento responsável e rentável Seja um franqueado Star Bit. Você fará parte de um grupo que há quinze anos atua na área de educação, ensinando com qualidade informática e idiomas a milhares de pessoas que buscam aprimorar sua formação profissional, tudo isso com preços populares. O franqueado Star Bit tem apoio total, desde a escolha do ponto até um treinamento completo para uma melhor gestão do empreendimento. Além disso, o franqueado conta com uma Central de Compras com diversos fornecedores, todos cadastrados, testados e aptos a fornecer os materiais padronizados a serem utilizados na montagem da unidade, como apostilas, folderes e computadores – sempre a custos especiais para os fraqueados. O mercado de educação é um dos que mais cresce no Nº de unidades próprias e franq.: 33 país, e uma escola de qualidade Área de interesse: Interior do Estado é a possibilidade de um bom rede São Paulo torno, ainda mais oferecendo Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, cursos a preços populares. TR, PF, EI, PN, SP Além disso, a preocupação com Taxas: Franquia a partir de R$ 4 mil; a qualificação profissional é cada Royalties 10% FB; Publicidade 2% FB vez maior. Por isso, investir na Investimento total: R$ 100 mil Capital de giro: Variável Star Bit é investir na formação Prazo de retorno: 24 a 36 meses de profissionais qualificados Contato: Laudson Diniz para o mercado de trabalho.

1. A PBF exige pequeno investimento e não cobra royalties. 2. A PBF é uma rede de escolas de idioma com mais de 30 anos de experiência e tradição. 3. A PBF possui um método de ensino exclusivo e próprio, totalmente atual e comunicativo. 4. A PBF forneNº de unidades: 223 ce suporte em toÁreas de interesse: Todo o Brasil das as áreas, da Apoio: PA, PO, TR, PF, EL, SP, MP, PM, PO, OM administrativa à Taxas: 30% pool propaganda sobre compra de livro pedagógica. Instalação da empresa: a partir de R$ 40 mil (de5. A PBF trabapendendo do tamanho da cidade) Capital de giro: R$ 10 mil lha para você cresPrazo de retorno: 18 a 24 meses cer sem parar! Contato: Departamento de Franquias

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


FRANQUIAS EM EXPANSÃO Alps Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sistema Nº de unidades próp. e franq.: 101 exclusivo de ensino, Áreas de interesse: América Latina, Estados e dá assessoria na seUnidos, Japão, Europa leção do ponto coApoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN mercial, na adequação Taxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) do imóvel e na imInstalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil plantação e operação Capital de giro: R$ 5 mil da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso

Livros CDs DVDs Papelaria Revistas Fundada em 1943 e com mais de 10 anos de know-how em sistemas de franquias, a Nobel é hoje a maior rede de livrarias do Brasil com mais de 120 franquias espalhadas pelo país. Confira algumas vantagens da franquia Nobel: consignação de grande parte do estoque inicial, com condições comerciais melhores do que as de uma livraria independente; suporte operacional e para escolha, análise e negociação do ponto comercial; abertura para a implantação de negócios complementares como café e internet; modelos de franquia de acordo com o potencial de cada região do Brasil: livraria, megastore e express (quiosques e lojas compactas); plano de expanNº de unidades próprias e franqueadas: 131 são definido para o Áreas de interesse: Brasil mercado brasileiro Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EL, PN, SP Taxas: de R$ 15 mil a R$ 30 mil (franquia) com oportunidades Royalties: de R$ 500 a R$ 5 mil especiais para noFPP (Fundo de Promoção e Propaganda): de R$ 100 a R$ 1 mil vos franqueados. Instalação da empresa: a partir de R$ 37.450 Faça parte desse suCapital de giro: variável cesso! Entre agora Prazo de retorno: de 24 a 36 meses (estimativa) em contato! Contato: Depto. de expansão 11-3706-1491/1493 PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Zelo Serviços

Wizard

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br

Negócio: Prestação de serviços de terceirização Tel/Fax: (11) 5505-9050 E-mail: zelo@zelo.srv.br Home page: www.zelo.srv.br

Prosperidade certa

Nº de unidades próprias e franquadas: 35 Áreas de interesse: Estado de São Paulo e Rio de Janeiro Apoio: MP, PP, PO, OM, TR, EL, PN, SP Taxa de Franquia: R$ 20 mil Instalação da empresa: R$ 10 mil Capital de giro: R$ 20 mil Prazo de retorno: 18 a 24 meses Contato: Sr. Eladio Cesar Toledo

A Zelo é uma empresa brasileira destinada a solucionar e integrar os diversos serviços de terceirização prestados ao patrimônio de uma escola, shopping, hotel, hospital, indústria, condomínio, ou residência. Através de um projeto baseado na experiência de mais de 20 anos de seu corpo técnico, pioneiro na implantação do conceito de performance em serviços de limpeza e na implantação de franquia de serviços no Brasil. A Zelo busca a melhor mão de obra, capacitando-a com o treinamento mais adequado a necessidade da cada cliente seu.

Fisk Negócio: Educação/Ensino de Idiomas Tel: (11) 5573-7000/Fax: ramal 251/255 franchising@fisk.com.br/www.fisk.com.br

O seu sucesso é a nossa história! Faça parte de uma rede de escolas de idiomas com mais de 40 anos de experiência e tradição em ser sucesso. A empresa atua no Brasil desde 1958, transferindo seu know-how aos franqueados distribuídos por todo o Brasil, América Latina e Japão. A FISK oferece um suporte de primeira linha incluindo treinamento em 11 áreas distintas para que o franqueado faça uma ótima administração em sua escola. O método de ensino exclusivo é constantemente atualizado por uma equipe pedagógica altamente qualificada e esse é o nosso ponto mais forte. Com um pequeno investimento você abre uma franNº de unidades: 40 próprias e 667 franqueadas quia FISK e consÁreas de interesse: Todo o Brasil trói também a Apoio: PA, PO, TR, PF, EL, SP, MP, PM, PO, OM sua história de Taxas: 20% pool propaganda sobre compra de livro sucesso num Instalação da empresa: a partir de R$ 40 mil mercado em franCapital de giro: R$ 10 mil ca expansão. Prazo de retorno: 18 a 24 meses Contato: Christian Alberto Ambros

Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estranNº de unidades: 1.221 franqueadas geiros. A Wizard é Áreas de interesse: América Latina, EUA e também pioneira no Europa ensino de inglês em Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, Braille. EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses Contato: Alberto Campos

* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.

People Negócio: Educação Profissional e Tecnológica Tel: (19) 3253-0199 www.people.com.br / franquias@people.com.br

A Franquia que dá retorno! Os cursos People já foram testados e aprovado por mais de 1 milhão de alunos em todo o Brasil. Pessoas que, graças ao aprendizado na People, conseguiram transformar oportunidades de emprego em sucesso profissional, trabalhando hoje em empresas e instituições dos mais variados segmentos de mercado. A People possui a maior e mais completa linha de cursos que permite ao franqueado obter maiores vantagens competitivas no mercado. A People é pioneira em Educação Profissional e Tecnológica. Desde 1979 tem se destacado pela inovação e qualidade de seu trabalho como também pelos valores que tem adotado em seu dia-a-dia. Valores como respeito aos princípios mercadológicos, à ética e ao relacionamento com seus parceiros e clientes. Nosso padrão de Nº de unidades: 3 próprias e 28 franqueadas relacionamento coÁreas de interesse: Todo o Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, mercial tem como regra de jogo o “gaEI, PN, SP nha-ganha”. Afinal Taxa de Royalties: 7% Taxa de Franquia: R$ 20 mil a R$ 50 mil um bom negócio Instalação da empresa: R$ 45 mil a R$ 150 mil tem que ser bom Capital de giro: R$ 35 mil para todos. Prazo de retorno: 18 a 28 meses

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto



Guiado

Empreendedor

Qualificação em massa Mercado exigente e mãode-obra disponível inspiram acordo entre duas empresas que beneficia milhares de jovens colaboradores

Brisoti: solução imediata para os problemas

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Empreendedor – Dezembro

2004

Contratar gente especializada é um desafio para os empreendedores. Existem muitos exemplos de vagas abertas no mercado sem que haja um fluxo suficiente de pessoas preparadas. Massificar a especialização é uma saída, pois com as novas tecnologias e processos há uma demanda forte por mão-de-obra adequada. Sabendo disso, a rede Microlins, responsável pela formação profissional de mais de 1 milhão e 500 mil pessoas nos últimos 13 anos, firmou parceria com a Audit Business Solutions (especialista em auditoria eletrônica) para encaminhar alunos recémformados em suas escolas para o mercado de trabalho. Em pouco mais de cinco meses, a iniciativa já beneficiou mais de mil pessoas das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre. Até o fim deste ano, mais 200 alunos (a maioria dos cursos de “Operador de computadores” e “Rotinas administrativas”) vão ter a chance de conquistar o primeiro emprego

auditores comerciais em clientes da Audit, como Carrefour, Fotoptica, Spolleto, Sapataria do Futuro, Infraero e os aeroportos de Guarulhos e Congonhas. Utilizando um palm top equipado com um software exclusivo, os auditores recolhem todas as informações da loja, como desempenho de compra e tráfego de clientes por horário, vendas por faixa etária, número de clientes e de acompanhantes, modo de pagamento das compras e vendas perdidas. “Os dados são enviados diariamente pela Microlins, e a Audit prepara relatórios diários para cada um de seus clientes. Isso proporciona a solução imediata de qualquer eventual problema”, diz Brisoti Junior. O acordo viabilizará também a DIVULGAÇÃO implantação de um curso profissionalizante na área de auditoria comercial. A Audit vai dar assessoria na formatação e na criação do conteúdo pedagógico desse curso, que será implantado no primeiro semestre do ano que vem. As aulas serão ministradas para cem escolas espalhadas pelo Brasil através do Sistema de Aulas Telepresenciais Microlins Sat. A meta é formar 4 mil alunos em 2005 e fechar novos convênios para a geração de postos de trabalho. “Pretendemos no mínimo dobrar o número de pessoas beneficiadas”, diz Brisoti Junior. www.microlins.com.br (17) 3216-8700

através desse convênio. “Além da oportunidade de inserção no mercado de trabalho, os alunos selecionados recebem um treinamento para terem domínio pleno da tecnologia, o que resulta em mais uma qualificação para o profissional”, diz Antônio Brisoti Junior, diretor de Novos Negócios e Parcerias da Microlins. Considerada o maior centro profissionalizante do Brasil, a Microlins tem hoje 600 unidades franqueadas instaladas pelo país e 250 mil alunos distribuídos em 40 cursos. “Esta parceria criou novas oportunidades e garantiu o fortalecimento dessa atividade”, diz Brisoti Junior. Os estudantes selecionados para o programa atuam como


Guia do Empreendedor

Pr odutos & Ser viços Produtos

Chocolate sem açúcar Pioneira na venda de leite de cabra no Brasil, a CCA Laticínios lançou um produto destinado a pessoas com problemas como diabetes, obesidade, osteoporose e anemia. O Milking Light, que integra a linha de achocolatados desenvolvidos pela empresa, é o primeiro produto do gênero sem gordura, sem açúcar e

enriquecido com ferro do mercado brasileiro. ”O Milking Light, além de possuir 60% menos calorias, é elaborado com leite desnatado, não tem adição de soro de leite e contém maior teor de proteínas, cálcio e fósforo”, afirma Antonio Carlos Cordeiro, diretor da CCA. Desenvolvido por nutricionistas especializados em distúrbios alimentares, o produto vem em embalagens de 120 ml prontas para consumo e custa em média R$ 1,20. 0800 22 0056

Suporte para vendas Desenvolver produtos e soluções virtuais é a “praia” das empresas de base tecnológica, mas nem sempre criatividade significa lucro nos negócios. Aproveitando essa brecha, a IUM chega ao mercado com soluções em gestão comercial e financeira para lançar os produtos de empresas de base tecnológica. “Geralmente os empresários têm idéias de qualidade, mas não conseguem vender porque os profis-

sionais são técnicos na área de informática, sem uma formação específica na área de gestão comercial”, diz Rafael Pires, executivo da IUM. Além de apontar as necessidades e apresentar estratégias para vendas, a empresa também entra em campo na hora de implementar as soluções. Pioneira em Santa Catarina, a IUM planeja expandir seu campo de atuação em 2005. www.ium.com.br

Certificação Disney produtos da Age estão hoje em todos os cantos do país, e a empresa exporta 10% da produção para 14 países da América Latina. “Nossa meta para 2005 é triplicar o índice de exportações e lançar novos produtos no mercado nacional”, diz o empresário Guilherme Jacob, proprietário da Age do Brasil. www.agedobrasil.com.br

2004

A Age do Brasil, que fabrica cosméticos e produtos de beleza, recebeu dos auditores da Disney a melhor nota entre as indústrias brasileiras licenciadas da marca. A certificação da Disney inclui pontos que vão desde a sinalização no interior da fábrica até a certeza de que a empresa não utiliza trabalho escravo nem de crianças. Os

FOTOS DIVULGAÇÃO

Dezembro – Empreendedor

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Fusão em destaque Única empresa na América Latina a produzir fontes de alimentação para CATV (utilizadas em redes e cabos de fibra ótica), a Equisul incorporou a GPL Eletro Eletrônica S.A. e passa a liderar o mercado nacional do segmento. A fusão vai ampliar a linha de produção de no-breaks trifásicos, de inversores e retificadores utilizados em telefonia, conversores de freqüência para aviação e fontes de energia para alimentar tochas de plasmas (usadas no setor siderúrgico, em centros de pesquisa e universidades). “Agora poderemos fornecer soluções em condicionamento de energia elétrica de 500 VA até 3.000 KVA, o que nenhuma empresa brasileira consegue no momento”, diz Eloir Pagnan, superintendente comercial da EquisulGPL. A projeção de crescimento do grupo em 2005, afirma Pagnan, é de 50%. www.equisul.com.br

Prontuário virtual Acumular grandes quantidades de papel é “procedimento obrigatório” para muitos hospitais e clínicas médicas brasileiras, que precisam registrar e guardar informações sobre seus pacientes. A proposta do Mediview, desenvolvido pela WPD Tecnologia, é substituir as tradicionais fichas e prontuários médicos por arquivos virtuais, que garantem acesso rápido e compartilhamento das informações. “O sistema permite uma configuração personalizada, eliminando as dificuldades de armazenamento, de pesquisa e de padronização”, diz Clayton Montarroyos, gerente de Negócios da WPD Tecnologia. O sistema também possibilita o acompanhamento do histórico do paciente, a prescrição de medicamentos, acesso automático a bulas e emissão de documentos através do computador. www.wpd.com.br


Do lado da lei

Cobrança do ISS no uso de software DIVULGAÇÃO

Licenciamento ou cessão de direito de uso de pr ogramas de computador não pode ser programas caracterizado como prestação de ser viços. serviços. Isso pode criar contestações na Justiça ou cessão de direitos de uso de software pela Lei 116/03 não seria suficiente para permitir sua tributação, pois esta deve se revestir de características de um serviço, já que o aspecto material do tributo em questão, repita-se, é a “prestação de serviço”. Logo, tornase imprescindível a definição do que viria a ser “serviço”. É certo que a Constituição Federal não definiu o que viria a ser “serviço” tributável pelo ISS, entretanto, a materialidade do ISS não se restringe apenas a “serviço”, mas sim a uma “prestação de serviço”, abrangendo um negócio jurídico relativo a uma obrigação de fazer. Aliás, a falta de definição legal do que é “serviço” faz com que os operadores de direito interpretem as materialidades do texto constitucional, adstritos às obrigações de “dar” e “fazer”. No caso do ISS, a circunstância de incidência implica um “fazer”, por meio de esforço pessoal que pode ou não se traduzir em bem corpóreo ou na utilização de materiais. Questiona-se, então, qual seria a natureza da obrigação na atividade de licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação. Primeiramente, analisar a elaboração do programa de computador a pedido de certa pessoa caracterizaria uma

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obrigação de fazer e, conseqüentemente, configura-se serviço, inclusive, estando tal atividade no subitem 1.04 da Lista de Serviços, que prevê a elaboração de programas de computador. Ao contrário, depois que o programa está elaborado, a simples cessão para o uso afasta a obrigação de fazer, já que o único objetivo é a obtenção de autorização para a utilização do programa, e não a contratação de um especialista para a elaboração do “software”. Concluindo, sendo vedada a alteração de definições e conceitos utilizados no direito privado pela legislação tributária, conforme disciplinado no art. 110 do Código Tributário Nacional, pode ser questionado o fundamento para a tributação do ISS sobre licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computador, uma vez que essa atividade não se caracteriza como “prestação de serviços”. Certamente, tal entendimento abre caminho para que os contribuintes que se enquadram nessa atividade tenham grandes chances de discutir e até obter uma decisão favorável por meio de uma demanda judicial.

Mar cos Sant’Anna Bitelli Marcos Advogado (11) 3871-0269 Empreendedor – Dezembro

2004

A Lei Complementar 116/03, que trata da lista de serviços sujeitos exclusivamente à tributação do ISS – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza –, criou a incidência deste imposto sobre o licenciamento ou cessão de direito do uso de software. Antes de ser editada a aludida Lei Complementar, que inseriu na lista de serviços o subitem “1.05 – Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação”, a tributação do ISS sobre esse “serviço” era fundamentada na equiparação com a locação de bens móveis, atividade que estava prevista na antiga lista de serviços, anexa ao Decreto-Lei 406/68. Entretanto, apesar da inclusão do subitem citado na lista de serviços, a questão pode voltar a ser objeto de questionamento. Isto porque, na vigência da lei anterior, o Supremo Tribunal Federal havia concluído pelo afastamento da tributação do ISS sobre essa atividade, não por discordar que os direitos autorais fossem bens móveis, mas simplesmente por entender que a locação de bens móveis não possuiria características de um serviço, uma vez que o aspecto material desse tributo tem que ser a “prestação de um serviço”. Para o Supremo Tribunal Federal, o simples fato da inclusão do item específico para o caso de licenciamento


Guia do Empreendedor

O esforço da economia sem dor Respostas básicas e profundas sobre os assuntos que atormentam o noticiário

2004

por

Nei Duclós

O noticiário econômico ocupa vasto espaço na mídia e lida com conceitos intrincados que são oferecidos de maneira amigável, dentro da atual tendência de usar a clareza a serviço da informação pela metade. Há um equívoco que não faz parte apenas da imprensa, mas de uma boa parte da educação no Brasil: a de que qualquer aprendizado deva ser lúdico, ou seja, que não implique o sacrifício normal e gratificante que qualquer esforço a favor do conhecimento proporciona a quem deseja e precisa aprender. Conhecimento é estranhamento, escreveu o filósofo José Arthur Giannotti, mas essa regra simples nem sempre é levada em consideração. Para aprender sobre temas comuns da imprensa, como moeda, taxa de juros, Banco Central, inflação, que costumam ser despejados sem muito critério, o professor Peter Kennedy, da Simon Fraser University, do Canadá, oferece um cardápio completo e minucioso, com um diferencial: não cai na tentação da simplificação grosseira, nem se deixa levar pela linguagem inacessível que costuma medrar nas universidades. Não se trata porém de um produto híbrido entre a facilidade e a pedreira, mas uma espécie de manual que pode ser consultado por assunto, com uma profundidade decisiva para o leitor inteirar-se de alguns segredos e armadilhas da economia. O autor não abre mão de tabelas e gráficos, mas esses recursos não ocuDezembro – Empreendedor

pam um lote excessivo capaz de interromper a leitura e afastar quem não se acha preparado. Tudo é feito de maneira didática, mas sem as distorções do didatismo que se transformou em autoajuda entre nós. Sua metodologia é clássica, ou seja, conceituação básica bem amarrada, apresentada de maneira clara. É também atualizada por exemplos extraídos da mídia e exercícios capazes de seduzir o leitor que estiver mesmo a fim da saber mais sobre o que lê nos jornais e revistas. Os jornalistas costumam projetar a imagem de que compreendem o que estão falando, mas esse é apenas mais um vício profissional. Como a especialização do jornalismo não são os temas que abordam (isso é especialidade das fontes), mas o próprio exercício do jornalismo (saber ouvir, saber transmitir), deveríamos ter mais acesso às informações que estão precisando de livros por falta de uma massificação maior no território livre da imprensa. O professor Kennedy responde perguntas básicas, que são o horror dos especialistas da mídia, que sentem medo de projetar ignorância. Por dever de ofício, o jornalista é aquele que não sabe, por isso vive perguntando. Como não pergunta, o leitor agora pode ter acesso direto a detalhes como taxas de juros reais e nominais, estagflação, déficit fiscal e dívida do governo, paridade do poder de compra, o papel da demanda agregada, entre outros assuntos candentes. Em toda a obra, apesar de autor estrangeiro, a economia brasileira está bem esmiuçada. Portanto, não se trata de livro de interesse apenas fora das nossas fronteiras.

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FICHA TÉCNICA Economia em Contexto Peter Kennedy Tradução: Fernanda Estevan Revisão Técnica: Sérgio Ishikawa Editora Saraiva 436 pgs., R$ 62,00

DESTAQUES A diversidade das taxas de juros Neste item do capítulo sobre política monetária, o autor chama a atenção para quantidade enorme de taxas de juros, bem ao contrário do que se noticia quando é anunciada apenas uma taxa. Explica o que é Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), alertando que a taxa Selic é apenas uma média praticada pelas instituições financeiras dentro desse sistema. pág. 202 Política para crescimento Entre as recomendações do autor, uma se destaca: “O governo deveria assegurar que a política fiscal não gerasse um grande déficit governamental que reduzisse a disponibilidade de financiamento para o investimeno privado, isso é, da poupança privada disponível”. pág. 133 O que é moeda? “Define-se moeda como qualquer coisa que seja amplamente aceita no pagamento por bens e serviços e no pagamento das dívidas.” Cigarro em prisão, para o autor, vale. pág. 156


Leitura O valor oculto no bolso Seu Dinheiro Mauro Halfeld – Editora Fundamento 152 págs., R$ 34,00 Juros acima do teto são um dos inúmeros assuntos abordados pelo autor, que dissemina conhecimentos de economia pela Rádio CBN e o jornal O Globo. Este livro é uma coletânea de artigos, que serve como referência para quem gosta do trabalho dele e para quem procura informações pontuais sobre a intrincada rede de armadilhas que cercam a população

remunerada no Brasil. Mauro Halfeld, pósdoutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), professor titular na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, e com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro nacional, já fez sucesso com outros títulos, como Investimentos e Seu Imóvel – Como Comprar Bem.

A gestão competitiva Gestão de Serviços e Relacionamentos – Os 9 Passos para Desenvolver Excelência em Serviços Carlos Walter Aumond – Editora Campus 168 págs., R$ 29,50 Atrair clientes novos e considerados mais valiosos e com eles ampliar os relacionamentos é uma regra simples e prática deste livro, que diz oferecer um método que poderá mudar o destino da sua empresa. O autor, Carlos Walter Aumond, é executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais, nas áreas de planejamento urbano, re-

gional, engenharia consultiva e transporte vertical, e diretor e instrutor em Gestão de Serviços no CENEX – Centro Nacional de Excelência Empresarial. É também consultor em Gestão de Serviços no setor público e privado e em Planejamento Regional e Local. Escreveu vários artigos publicados no Brasil e no exterior.

O gesto inovador Você Sabe Jogar Pongue? José Antônio Rosa – Editora Futura 224 págs., R$ 29,00 ções sólidas com os colegas, parceiros e clientes, e comunicações interpessoais mais persuasivas e eficazes. Desde que a pessoa esteja colocada no mercado, claro. O pongue do título é o retorno da pessoa em relação ao impacto que sofre do ambiente. É preciso responder, não esconder-se, entrar no jogo para atingir um nível melhor. São 344 orientações para ajudar a desenvolver uma carreira sólida e adotar uma postura a serviço dos outros.

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2004

Fazer sucesso depende da própria pessoa e não dos outros, não cansam de repetir os livros de auto-ajuda. É uma forma de driblar o mais cavernoso dos assuntos, a influência do contexto político, social e econômico no destino das pessoas. Mas o autor, José Antônio Rosa, garante que uma pessoa pode habilitarse para o sucesso por meio de um enfoque adequado na estratégia de carreira. O caminho é conseguir um trabalho mais produtivo, rela-

Empreendedor – Dezembro


Administrador do ano

Elcio Anibal de Lucca

O gestor de referência O presidente da Serasa, Elcio Anibal de Lucca, é Administrador Emérito de 2004, em premiação realizada há 23 anos pelo Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP). A distinção, criada em 1982, tem a finalidade de reconhecer publicamente o profissional que, pelo sucesso, reconhecido comportamento ético e capacidade de liderança, tenha contribuído para o engrandecimento da profissão de Administrador.

A

escolha de Elcio Anibal de Lucca foi realizada por uma comissão formada por representantes da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP; da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas – EAESP/FGV; da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares; da Bolsa de Mercadorias & Futuros – BM&F; da Faculdade de Economia e Administração do IBMEC; do Conselho Regional de Administração de São Paulo; e do Sindicato dos Administradores no Estado de São Paulo. Em seu discurso na solenidade de premiação, Elcio Anibal de Lucca destacou o que também é o centro de seu modelo de gestão, as pessoas. “As pessoas são o mais importante na trajetória de um ser humano”, discursou. A gestão da qualidade é linha mestra e compromisso de sua administra-

ção à frente da Serasa, há 13 anos, e proporcionou à empresa ser a primeira e única a conquistar por duas vezes o Prêmio Nacional da Qualidade (em 1995 e em 2000), e a única a trazer para o Brasil o Prêmio Ibero-Americano da Qualidade (em 2002). Esse reconhecido modelo de gestão levou a Serasa, uma das maiores empresas do mundo em pesquisas, análises e informações econômico-financeiras para decisões de crédito e apoio a negócios, a dar saltos de crescimento. Na última década, o número de clientes saltou de 300 para 300 mil, e o número de consultas saiu da marca de 1 milhão por mês para registrar 3 milhões por dia. Trajetória empreendedora Administrador graduado e pósgraduado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas – EAESP/ FGV, Elcio Anibal de Lucca é um militante da excelência, da qualidade e da competividade. Sua atuação é plural e intensa, e não se limita à gestão da Serasa. Esse paranaense de Ribeirão Claro é um disseminador dos princípios da qualidade total e entusiasta da excelência e da inovação. É um dos empresários idealizadores e conselheiro do Movimento Brasil Competitivo (MBC); preside o Conselho de Gestão do Centro de Excelência Bancária da FGV; o Conselho Curador da Fundação para o Prêmio O presidente da Serasa, Elcio Anibal de Lucca, recebe o título de Administrador Emérito de 2004 das mãos de Fernando Lessa, secretário particular do governador Geraldo Alckmin, durante evento no Clube Atlético Monte Líbano, em São Paulo

RICARDO BENICHIO

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RICARDO BENICHIO

Deputada Maria Lúcia Amary, Elcio Anibal de Lucca, o presidente do Conselho Regional de Administração, Roberto Carvalho Cardoso, Fernando Lessa, representando o governador Geraldo Alckmin e o Administrador Emérito de 1990, Abraham Kasinski

Nacional da Qualidade; a Associação Latino-Americana de Crédito – ALACRED; é membro do Conselho Empresarial Brasil–Peru; é vice-presidente do Conselho de Administração da EAESP/FGV. Elcio Anibal de Lucca é ainda Líder Permanente dos Fóruns Empresariais, Nacional, de Responsabilidade Social e do Mercosul da Gazeta Mercantil; é membro do Conselho Fiscal dos Institutos Akatu e Ethos; do Conselho da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) e de Portugal (ADVP); é membro também da Associação Comercial de São Paulo; da Associação Nacional das Instituições de Crédito (ACREFI); e coordenador do Comitê Brasil-Itália de Intercâmbio Comercial, Cultural e Social, entre outras.

DEPOIMENTOS “Em toda a minha vida de trabalho, de mais de 60 anos, eu nunca vi um homem com a dimensão desse que estamos homenageando hoje. Capacidade, espírito empreendedor socialmente falando, um homem destituído de qualquer vaidade, um grande empreendedor. É um orgulho para um país que tem um administrador desse calibre.” MÁRIO AMATO, presidente emérito da Fiesp

“Uma justa homenagem a prestar a um grande amigo e grande colaborador, um empresário que realmente conhece os problemas da nação brasileira e sabe como resolvêlos, como tem feito com a Serasa, com muita competência e galhardia.” RAYMUNDO MAGLIANO FILHO, presidente da Bovespa

“Com toda a simplicidade e singeleza dele, sem dúvida nenhuma Elcio Anibal de Lucca é um paradigma.” ROBERTO CARVALHO CARDOSO, presidente do CRA-SP

Personalidades que já foram Administradores Eméritos pelo CRA-SP 2003 – Luiza Helena Trajano 2002 – Jorge Gerdau Johannpeter 2001 – Maurício Botelho 2000 – Senor Abravanel 1999 – Antonio Ermirio de Moraes 1998 – Alcides Lopes Tápias 1997 – Benjamin Steinbruch 1996 – Henrique Meirelles 1995 – Hugo Miguel Etchenique 1994 – Luís Fernando Furlan 1993 – Lázaro de Mello Brandão 1992 – José Mindlin 1991 – Eugênio Emílio Staub 1990 – Abraham Kasinski 1989 – Olacyr de Moraes 1988 – Wolfgang Sauer 1987 – Guilherme Afif Domingos 1986 – Guilherme Quintanilha de Almeida 1985 – Plínio Oswaldo Assmann 1984 – Luis Eulálio de Bueno Vidigal Filho 1983 – Abílio dos Santos Diniz 1982 – Olavo Egydio Setúbal


Guia do Empreendedor

Previsões são só parâmetro

2004

DIVULGAÇÃO

Não é raro vermos no mercado financeiro momentos em que as previsões não se confirmam. Algumas vezes, também as projeções acabam acontecendo em um prazo diferente do previsto ou mesmo em proporções jamais imaginadas antes. No início de 2004 praticamente todos os analistas apontavam para uma evolução de 3,5% do produto interno brasileiro. Sendo esse um dos principais indicadores da saúde da economia, é natural se esperar que a sua leitura repercutisse em inúmeras estratégias empresariais, governamentais e do pessoal do mercado financeiro. E o que essa conta ensejava, em linhas gerais, eram apostas positivas para as empresas, para os mercados e para o país. Viu-se agora, como já de amplo conhecimento, que os números do PIB são ainda mais positivos do que o esperado, e a diferença ao final do ano já é considerável. O Produto Interno Bruto do Brasil encerra o ano com aproximadamente 5% de evolução, contra os 3,5% inicialmente projetados. Um outro ponto importante para 2004, e a variável de maior preocupação desde 2003, ficou por conta da política de juros dos Estados Unidos. Todos sabiam que a elevação das taxas por lá era uma questão de Dezembro – Empreendedor

Elas ser vem de instrumento para orientar as decisões empresariais e nunca podem ser encaradas como algo estanque tempo, visto que a economia começava a acelerar e os juros estavam extremamente baixos, no nível de 1% ao ano, o que traria riscos inflacionários consideráveis no médio prazo. O que aconteceu de diferente foi o prazo do processo de mudança das taxas. A grande maioria dos analistas acreditava que isso ocorreria mais para o final de 2004, mas dados macroeconômicos acabaram por antecipar o início desse ajuste em aproximadamente seis meses. E o dólar?! Esse é um assunto de interesse tanto de profissionais da área quanto do leigo que não se furta em dar uma opinião. Não é de se espantar que tanta gente tenha ficado surpresa ao assistir o dólar cair até o patamar de R$ 2,70. Mesmo entre os profissionais, analistas de mercado, a expectativa há um ano era a de que a moeda americana fosse chegar ao final de 2004 próxima de R$ 3,15. A balança comercial surpreendeu, a percepção quanto ao risco Brasil melhorou bastante, e agora no final do ano até o fluxo de estrangeiros para o mercado de ações ajuda o real contra o dólar. Isso fez com que aquelas expectativas passadas fossem sendo alteradas dia a dia. Em aulas de economia aprendemos o termo ceteris paribus, que sig-

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nifica “tudo mais permanecendo constante”. Essa citação, no entanto, é contrária ao senso da realidade, que nos mostra o surgimento de situações inusitadas com uma certa freqüência. Essa consideração pode ser feita não só em relação ao Brasil, mas também a outras economias consideradas mais estáveis, como a americana. Como exemplo, o surgimento de escândalos empresarias, guerras e atentados foram os fatores “extraordinários” que movimentaram a economia dos Estados Unidos nos últimos anos. Mudam-se os nomes dos personagens, mas o surgimento do imponderável não é atributo somente do nosso país. O ano de 2004, em que pese a evolução positiva de importantes indicadores da economia, pode ser considerado um exemplo de que as previsões servem, na maioria das vezes, como balizas iniciais. É importantíssimo que as tenhamos como instrumento de direcionamento, de decisão, mas sempre com o cuidado de não entender qualquer projeção como algo estanque.

André Hahn

Diretor-presidente da Leme Investimentos


Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME/TIPO AÇÃO

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 30/11/2004)

1,369 2,719 0,874 2,74 3,552 0,491 1,018 0,464 1,591 2,674 1,76 1,346 0,91 0,182 3,303 0,633 0,406 1,935 0,697 1,269 3,339 0,886 0,566 1,475 1,144 3,206 2,196 100 0,415 1,119 0,587 0,26 2,01 2,668 9,277 1,03 2,988 1,223 0,643 1,719 0,23 1,588 1,371 11,49 0,971 3,566 0,683 0,396 2,12 0,166 0,389 3,785 1,325 4,117 1,094

118,96 -2,46 2,01 27,86 19,28 28,25 39,98 43,49 -5,66 -10,5 77,11 55,12 30,86 41,85 25,92 6,56 23,1 -6,45 -9,49 -8,4 3,98 -1,37 -25,65 -23,43 9,72 -34,9 71,35 13,01 51,28 27,09 37,37 -21,15 -34,07 28,17 29,1 -6,05 41,78 48,79 24,2 -1,33 -20,99 19,9 29,25 -3,09 -16,49 2,25 23,23 28,72 4 21,95 -5,18 66,54 22,13 18,85 17,25

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Inflação

(%)

Índice IGP -M (novembr o) IGP-M (novembro) IGP -DI IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Outubro 0,82 0,53 0,44 0,62

Juros/Aplicação

Ano 11,59 10,64 5,95 5,27

(%)

Novembro Ano 1,25 14,48 1,25 14,55 0,62 7,30 1,13 13,03 0,05 1,35

CDI Selic Poupança CDB pré 30 Ouro BM&F

Indicadores imobiliários (%) CUB SP TR

Outubro 0,69 0,11

Ano 8,56 1,57

Juros/Crédito Novembro 01/dez Desconto 2,50 Factoring 4,57 Hot Money 3,50 Giro Pré (*) 3,00

(em % mês) Novembro 02/dez 2,70 4,56 3,50 3,30

(*= taxa ano)

Câmbio (em 02/12/2004) Cotação Dólar Comercial Ptax R$ 2,7320 US$ 1,3269 Euro Iene US$ 103,24

Mercados futuros Janeiro Dólar R$ 2,763 Juros DI 17,47%

(em 02/12/2004) Março Fevereiro R$ 2,797 R$ 2,825 17,62% 17,77%

Dezembro Ibovespa Futuro 25.335 Empreendedor – Dezembro

2004

Acesita PN Ambev PN Aracruz PNB Bco Itau Hold Finan PN Bradesco PN Bradespar PN Brasil ON Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Braskem PNA Caemi PN Celesc PNB Cemig ON Cemig PN Cesp PN Comgas PNA Copel PNB CRT Celular PNA Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo Metropo PN Embraer ON Embraer PN Embratel Part ON Embratel Part PN Gerdau PN Ibovespa Ipiranga Pet PN Itausa PN Klabin PN Light ON Net PN Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sid Nacional ON Sid Tubarao PN Souza Cruz ON Tele Centroeste Cel PN Tele Leste Celular PN Telemar Norte Leste PNA Telemar-Tele NL Par ON Telemar-Tele NL Par PN Telemig Celul Part PN Telesp Cel Part PN Telesp Operac PN Tim Participacoes ON Tim Participacoes PN Tractebel ON Transmissao Paulist PN Usiminas PNA Vale Rio Doce ON Vale Rio Doce PNA Votorantim C P PN

PARTICIPAÇÃO IBOVESPA


Guia do Empreendedor

Agenda Em destaque

DE 21/2 A 25/2/2005

FEIMACO 2005

DE 11/1 A 14/1/2005

Feira Internacional de Máquinas e Componentes para a Indústria de Confecções Parque Anhembi São Paulo – SP Fone: (11) 3291-9111

COUROMODA 2005

DE 8/3 a 11/3/2005

REVESTIR 2005 3ª Feira internacional de Revestimentos Transamérica Expo Center São Paulo – SP Fone: (11) 3873-0081 DE 20/3 a 24/3/2005

FEIPAG 2005 18ª Feira Internacional de Papel e Indústria Gráfica Parque Anhembi São Paulo – SP Fone: (11) 3921-9111

32ª Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro

FENINVER 2005 26ª Feira Brasileira de Confecções e Acessórios de Moda Parque Anhembi São Paulo – SP Fone: (11) 3897 6100

Considerada a maior feira do setor calçadista na América Latina, a Couromoda reúne 915 expositores participantes (que respondem por 80% da produção brasileira) e oferece a mais completa amostragem de moda, tecnologia e marketing em calçados e artefatos de couro, com a presença de 1.500 marcas. Na edição de 2004, mais de 55 mil visitantes – entre lojistas e importadores de 65 países – compareceram ao Pavilhão de Exposições do Anhembi. Simultânea à Couromoda, a Feninver apresenta as últimas tendências em moda feminina, masculina e infantil, malharia, jeans, sportswear, artigos de couro, semi-jóias, bijuterias, óculos e acessórios em geral. Direcionada a lojistas de moda em geral, a Feninver conta com mais de cem expositores.

DE 4/4 a 8/4/2005

BRASILPLAST 2005

DE 3/5 a 5/5/2005

DE 20/6 a 23/6/2005

10ª Feira Internacional da Indústria do Plástico Parque Anhembi São Paulo – SP Fone: (11) 3921-9111

10º SALÃO INTERNACIONAL DO VINHO

FENIT 2005

DE 13/4 a 16/4/2005

BWM – BRAZILIAN WOOD MARKET 2005 1ª Feira Brasileira do Mercado da Madeira e seus Derivados Centro de Exposições Expotrade Curitiba/Pinhais – PR Fone: (41) 335 3377

ITM Expo São Paulo – SP Fone: (11) 3151 6444 DE 3/5 a 6/5/2005

FEISEC 2005 1ª Feira Internacional de Tecnologia em Segurança Eletrônica Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP Fone: (11) 3291 9111

DE 26/4 a 29/4/2005

2004

LATIN AMERICA AERO & DEFENCE 2005 1ª Feira e Conferência Internacional de Tecnologia Aeroespacial e de Defesa Pavilhão de Exposições do Riocentro Rio de Janeiro – RJ Fone: (21) 5505 7272

Dezembro – Empreendedor

Feira Internacional da Indústria Têxtil (Primavera/Verão) Parque Anhembi São Paulo – SP Fone: (11) 3291-9111

DE 23/5 a 26/5/2005

DE 26/7 a 30/7/2005

EXPOMILK 2005 14ª Exposição Nacional da Pecuária Leiteira e Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP Fone: (11) 5073-7799

FISPAL TECNOLOGIA 2005 21ª Feira Internacional de Embalagens e Processos Industriais Parque Anhembi São Paulo – SP Fone: (11) 3758 0996

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Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br).




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