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Empreendedor – Abril
A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Marketing e Comercialização José Lamônica [lamonica@empreendedor .com.br] Redação Editor-Executivo: Nei Duclós [redacao@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling, Débora Sanches, Fábio Mayer e Sara Caprario Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor Foto da capa: Grupo Keystone Produção e Arquivo: Carol Herling Revisão: José Renato de Faria Sedes São Paulo Diretor de Marketing e Comercialização: José Lamônica Executivo de Contas: Dervail Cabral e Miriam Rose Rua Sabará, 566, 9º andar, cj. 92 01239-010 - São Paulo - SP Fones: (11) 3214-5938/3214-6093 [empreendedorsp@uol.com.br] Florianópolis Executivo de Contas: Waldyr de Souza Junior [wsouza@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss Av. Osmar Cunha, 183, Ceisa Center, bl. C, 9º andar 88015-900 - Florianópolis - SC Fone: (48) 224-4441 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua da Quitanda, 20, grupo 401 - Centro 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ Fone/Fax: (21) 2252-5788 Brasília [jcz@forumci.com.br] Ulysses C. B. Cava SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial Bloco C, cj. 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 426-7315 Paraná [comercial@merconet.srv.br] Ricardo Takiguti Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - cj. 01 - Boa Vista 82560-460 - Curitiba - PR Fone/Fax: (41) 257-9053 Rio Grande do Sul [ag_camargo@terra.com.br] Alberto Gomes Camargo Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116/9918-4604 Pernambuco [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Hamilton Marcondes Rua Ribeiro de Brito, 1111, cj. 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384/3327-9430 Minas Gerais [comercial@sbfpublicidade.com.br] SBF Representações/Sérgio Bernardes de Faria Av. Getúlio Vargas, 1300, 17º andar, cj. 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900
Microcrédito GRUPO KEYSTONE
LEIA TAMBÉM Cartas ................................................................................... 7 Empreendedores ................................................................. 14 Não Durma no Ponto .......................................................... 18 Pequenas Notáveis ............................................................ 52 Empreendedor na Internet ................................................ 82
Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Clementina P. da Silva Gerente: Luzia Correa Weiss Fone: 0800 48 0004 [assine@empreendedor.com.br] Produção gráfica Impressão e Acabamento: Coan Indústria Gráfica Distribuição: Fernando Chinaglia S.A. (São Paulo) Empreendedor.com
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ANER Março – Empreendedor
GUIA DO EMPREENDEDOR
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Produtos e Serviços ..................................................... 68 Do Lado da Lei.............................................................. 70 Leitura ........................................................................... 72 Análise Econômica ....................................................... 76 Indicadores ................................................................... 77 Agenda ........................................................................... 78
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Nesta edição
Março/2005
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A renda distribuída
Em busca da eficácia
O presidente Lula é um dos 11 representantes mundiais escolhidos pela ONU para desenvolver e difundir o microcrédito, uma atividade financeira que acredita no potencial dos micro e pequenos empreendimentos, formais ou informais. A ONU estabeleceu o ano de 2005 como o Ano Internacional do Microcrédito, com o objetivo de conscientizar sobre a importância da ferramenta e promover parcerias com governos, organizações não-governamentais e setor privado para a implantação e fomento da atividade. A meta é prover capital fixo ou de giro para negócios com viabilidade econômica, mas que não têm acesso ao crédito oferecido pelas instituições do sistema financeiro tradicional.
O sistema brasileiro de microcrédito tem demanda e potencial, mas falta uma política pública definida para transformá-lo numa efetiva ferramenta de inclusão social. O microcrédito é praticado em várias partes do mundo, com enorme sucesso no combate à exclusão e à pobreza, gerando estratégias de emprego, trabalho e renda, dentro de uma lógica de desenvolvimento local. Trata-se de uma metodologia relativamente nova e cara, porque tem uma série de lógicas que a sustentam: primeiro, esse crédito pre-
Leia também: As práticas integradas: a liberação do dinheiro do microcrédito como prática isolada tem demonstrado resultados insuficientes.
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cisa ser produtivo; segundo, precisa ser orientado; terceiro, como toda metodologia nova, ela precisa ser implantada, e para tanto é necessário um plano de desenvolvimento institucional, e alguém precisa bancar isso até que ela se torne sustentável, no volume e no giro. Leia também: O microcrédito pelo mundo : pequenos empréstimos a pequenos empreendedores são vistos cada vez mais como instrumento de inserção social e econômica.
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Empréstimos para a cidadania Exemplos bem-sucedidos de empreendedores que superaram dificuldades graças aos empréstimos pequenos, que viraram impulsos salvadores a negócios que, sem o microcrédito, estariam condenados a ficar apenas no sonho dos seus idealizadores. A verba que gerou o salto
engrossou fileiras nas estatísticas do sucesso e da geração de empregos. Conseguir comprar um novo forno ou uma nova máquina de costura, entre outras providências, tornouse o diferencial necessário para que o empreendedor informal se transformasse num agente de mudanças.
Entrevista: Paulo Okamotto
FRANQUIA TOTAL
Caminho para abrir mercados
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Paulo Okamotto, na década de 70, estava ao lado de Lula nas principais greves de metalúrgicos ocorridas no país e também participou da criação do Partido dos Trabalhadores (PT). A confiança do presidente da República em sua competência se reflete na indicação dele para o cargo de diretor-presidente do Sebrae Nacional. Nesta entrevista, ele defende uma revolução na orientação aos empresários brasileiros, para que possam planejar suas atividades e alcançar o sucesso. Empreendedor – Março
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Dividir as responsabilidades de franqueador com outros franqueados que abrem novas possibilidades em determinadas regiões tem sido a alternativa para muitas redes se expandirem de maneira cuidadosa.
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Editorial
de Empreendedor para Empreendedor
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omar um pequeno empréstimo e transformá-lo num insumo do empreendedorismo pode ser comparado ao alimento invisível a olho nu que abastece os pequenos peixes, que por sua vez servem às criaturas maiores das águas. O microcrédito, esse plâncton de notável eficácia, torna-se amplamente visível quando prova ser a salvação de um grande número de pessoas, que precisam de um pequeno impulso para fazer do negócio próprio um sucesso. Quando visto isoladamente, ele parece desprezível pelo tamanho e aparência, mas seu alcance toca fundo numa necessidade básica que é a distribuição de renda, um conceito tornado controverso por estar envolvido com alguns lugares-comuns da política, da economia e da religião. Mas se nessas áreas colocar dinheiro na mão de quem mais precisa é uma decisão aberta a especulações, no universo econômico é uma realidade palpável, pois já faz parte de um acervo vitorioso de realizações. Visto no seu conjunto, ele ocupa posição de destaque num país onde sobra vocação empreendedora e há
escassez, talvez não de recursos, mas de confiança. Já está provado que as pequenas quantias, em sua maioria, são honradas pelas pessoas que delas se servem. Essa certeza criou um precedente para que o microcrédito alcançasse um patamar importante nas preocupações das instituições de fomento e do governo. Entre as primeiras, graças à fidelidade do empreendedor que paga corretamente porque sabe usar o dinheiro. E para o segundo, pelo que significa para o equilíbrio social, pois normalmente uma iniciativa própria opta pela informalidade para poder ficar em pé e só depois de conseguir o empréstimo alcança um outro nível de exigência em relação ao próprio trabalho. Ainda acorrentado a algumas estruturas obsoletas, como o excesso de exigências burocráticas, o microcrédito tem sobrevivido como alternativa importante no fomento às empresas que começam do nada e tomam forma graças à oportunidade que ele cria. Hoje é uma opção valiosa para todos os que possuem apenas uma idéia, que lhes escaparia das mãos junto com a obra que a partir dela pudesse ser edificada.
CARTAS PARA A REDAÇÃO Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do estado de onde está escrevendo.
CEDOC O Centro de Documentação (CEDOC) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar contato pelo telefone (48) 224-4441 ou por e-mail (imagem@empreendedor.com.br).
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Cartas O que fazer? Sr. Editor: Sou leitora da revista e acesso o site Empreendedor. Pretendo abrir um negócio meu, e aliás já estou me preparando desde o ano passado fazendo cursos, palestras, lendo muito, indo a feiras, enfim, fazendo um grande apanhado para não ter surpresas desagradáveis futuramente. O que ocorre é que, mesmo tendo feito tudo isso, ainda pairam muitas dúvidas e há muita dificuldade ainda da parte de assessoria. Muitos cursos nos mostram, nos dizem o que fazer, mas, por exemplo, como eu faço uma pesquisa de mercado? Acredito que essa parte seja de quem estuda marketing, não? Como eu vou sair por aí fazendo um monte de perguntas para pessoas que eu nem sei se serão meus clientes um dia? Aliás, na verdade acabei “metendo” as caras e fazendo
uma pesquisa junto a várias pousadas via e-mail, achando que iria descobrir a América... Que ingenuidade foi a minha... Não obtive resposta de nenhumazinha sequer. Estou tendo dificuldades nesta parte das minhas dúvidas, e gostaria que tivesse uma pessoa que me ajudasse, me dissesse, isso é assim, isso é assado... Por mais que eu leia, não sei como fazer... Gostaria de saber, como escolher o ponto, como fazer a pesquisa de mercado para saber qual será o meu público, como saber o que pagarei de impostos. Enfim, para mim, não adianta fazer cursos e eles me passarem coisas que são competências curriculares de cursos universitários porque não vai “rolar” nada... Gostaria que vocês me ajudassem e, se possível, se algum consultor puder me atender (se tiver), marcare-
mos um dia para conversarmos sobre o assunto. E se não puderem me ajudar pelo menos me indiquem a quem posso recorrer! A propósito, meu negócio é pousada no Nordeste. Pretendo começar aos poucos, com uns 5 a 8 UHs. Desde já muito obrigada! No aguardo, Kátia Meschiatti
Recife – PE
Nota da redação (resposta de José Lamônica, diretor de Marketing e Comercialização da Editora Empreendedor): Cara Kátia, na sua região, indicamos a HM Consultoria. Contato com o senhor Hamilton Marcondes: hmarcondes@hmconsultoria.com.br, ou fone (81) 3327-9430. Rua Ribeiro do Brito, 1111, sala 507, Boa Viagem, Recife (PE), CEP 51021-310. Sucesso.
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Entrevista
Paulo Okamotto
Empreender desde o berço MÁRCIA GOUTHIER/AGÊNCIA SEBRAE
O novo diretorpresidente do Sebrae Nacional veio das lutas sindicais e da criação do PT e hoje está empenhado numa revolução do atendimento aos empresários brasileiros por
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Paulo Okamotto, na década de 70, estava ao lado de Lula nas principais greves de metalúrgicos ocorridas no país e também participou da criação do Partido dos Trabalhadores (PT). A confiança do presidente da República em sua competência se reflete na indicação dele para o cargo de diretor-presidente do Sebrae Nacional. Ele chegou ao cargo de diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, Março – Empreendedor
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e também foi um dos fundadores do Instituto da Cidadania e o responsável, durante 11 anos, pela gestão administrativa dessa entidade sem fins lucrativos que tem o objetivo de valorizar, desenvolver e difundir o conceito de cidadania no Brasil por meio de ações voluntárias. No Sebrae, atuou como diretor de Administração e Finanças da instituição e tem consciência dos desafios e metas da entidade, estimulando o desenvolvimento dos pequenos negócios no país. Para o biênio 2005–2006, ele tem como meta consolidar as políticas desenvolvidas na gestão anterior, como o trabalho dos Arranjos Produtivos Locais (APLs). Nesta entrevista exclusiva, ele fala sobre o crescimento do número de empreendedores que iniciam um negócio ao descobrirem uma nova oportunidade e sobre os principais projetos de fomento ao desenvolvimento regional sustentável que serão implantados. Destaca como fundamental a aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas para criar um ambiente favorável ao empreendedorismo brasileiro. Empreendedor – Quais serão as prioridades da nova diretoria do Sebrae para estimular o empreendedorismo no Brasil?
tão empresarial. Mas consideramos fundamental estimular o empreendedorismo no berço, isto é, na escola. A universidade, especialmente, erra ao formar com foco no trabalho formal, de carteira assinada. Este tipo de ocupação é, em primeiro lugar, insuficiente para atender à grande demanda num país de jovens como o Brasil. Depois, em segundo lugar, está cedendo espaço, cada vez mais, ao negócio próprio como meio de vida e de crescimento profissional. É preciso, portanto, introduzir a pedagogia do empreendedorismo. Fizemos isso, em acordo com o Ministério da Educação, na rede dos CEFETs, as antigas escolas técnicas, capacitando 6 mil professores. Mas é muito pouco. Estamos negociando com o Ministério ampliar esta cooperação, atingindo o universo dos professores dos CEFETs, ou seja, mais 126 mil deles, e chegando ao contingente ambicioso de 1,7 milhão de professores do ensino básico. Empreendedor – Uma maior capacitação gerencial dos empreen-
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Okamotto – O Sebrae vai revolucionar a área de orientação empresarial e atendimento aos empresários. É verdade que muitas empresas morrem por causa de burocracia, alta carga tributária, ausência de capital de giro e pouca informação sobre o mercado. Mas é importante que o empresário, ao montar sua empresa, tenha de antemão todos os conhecimentos disponíveis. E cabe ao Sebrae ajudá-lo a ter planejamento. Com isso, ele vai se preparar muito mais para abrir seu negócio. As unidades do Sebrae nos estados têm bons programas de atendimento e orientação empresarial, mas precisamos nos adequar mais, criar outros mecanismos, agregar mais tecnologias, talvez um call center nacional, melhorar mais nossos portais nos estados e nosso portal nacional. Enfim, é preciso ter um programa de atendimento e orientação mais robusto, é preciso aproximar bem mais o Sebrae e sua clientela. Afinal de contas, nossa pesquisa da mortalidade das empresas mostrou que, das 50% que fecharam até dois anos de funcionamento, só 3% procuraram o Sebrae. Se muito mais tivessem nos procurado, certamente a taxa da mortalidade seria bem menor. A mesma pesquisa apontou como maior causa do fechamento justamente o despreparo do empresário. Empreendedor – A taxa de mortalidade das empresas no Brasil ainda assusta, mas também cresceu o número de empreendedores que iniciam um negócio ao descobrirem uma nova oportunidade. Há, de fato, uma mudança Empreendedor – Março
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Paulo Okamotto – É necessário, em primeiro lugar, situar o termo “empreender”. Para nós, do Sebrae, significa ter iniciativa, ser proativo, ousar, criar, revolucionar, fazer a oportunidade, inventar. Difundir a postura empreendedora é tão importante para o Sebrae que está incluído nas suas diretrizes estratégicas. Ser empreendedor não é fundamental apenas para o sucesso de qualquer empreitada como também para a vida. O Sebrae dispõe de uns 50 produtos específicos e programas de incentivo ao empreendedorismo e de ges-
“Difundir a postura empreendedora é tão importante para o Sebrae que está incluído nas suas diretrizes estratégicas”
dedores brasileiros tem sido um dos maiores desafios do Sebrae. Como o senhor analisa o retorno dos esforços de orientação e apoio da instituição desde sua criação até o momento?
Entrevista
Paulo Okamotto
no perfil do empreendedor ou isso é sinal de uma maior segmentação do mercado?
Okamotto – De fato, em 2003 aumentou o número de empreendedores por oportunidade e houve queda no número de empreendimentos por necessidade, segundo pesquisa do Instituto de Empreendedorismo Global. Isso pode ser verdade, mas não podemos nos enganar. A mesma pesquisa indicou que na abertura de empresas no Brasil predominam a falta de planejamento e o amadorismo. O estudo mostra que as pessoas ouvem mais os amigos e parentes do que consultores e gente especializada. É muito grande o número de novas empresas que surgem no Brasil. São cerca de 470 mil firmas instaladas por ano. O que realmente conta não é o número de novos empreendedores, mas a qualidade com que as novas empresas chegam ao mercado. Como já mencionei, a mortalidade das empresas ocorre devido a fatores como falta de planejamento inicial do novo negócio, desconhecimento do mercado e do volume do capital de giro necessário ao empreendimento. Há também má escolha do local de funcionamento e falta de conhecimentos gerenciais, entre outras causas. Como vemos, as razões importantes da mortalidade estão ligadas à má gestão administrativa. Dessa forma, cabe ao Sistema Sebrae, repito, massificar a oferta de capacitação gerencial, de orientação.
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Empreendedor – Na sua avaliação, até que ponto os Arranjos Produtivos Locais podem ser uma saída para enfrentar a concorrência internacional e aumentar as exportações?
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como fazem os APLs, melhora a competitividade da pequena empresa e é o canal perfeito para entrar na exportação. Estima-se que existam uns 500 APLs ou potenciais APLs no nosso Brasil e o Sebrae está presente em metade deles. Atuar em APL é tão importante para o Sebrae que está nas nossas diretrizes estratégicas. Já temos bons exemplos de arranjos produtivos apoiados pelo Sebrae que estão exportando. Os pólos de móveis em Ubá, Minas, e de mel em Picos, no Piauí, são dois deles. Nada menos do que 60% das nossas aplicações estão direcionadas para ações coletivas, nas quais os APLs, naturalmente, são preponderantes. Empreendedor – Como os municípios podem incentivar a criação de Arranjos Produtivos Locais?
“O que realmente conta não é o número de novos empreendedores, mas a qualidade com que as novas empresas chegam ao mercado”
Okamotto – Os APLs são um eficiente mecanismo de desenvolvimento. É a saída para o Brasil, para as micro e pequenas empresas. Atuar coletivamente, com cooperação, Março – Empreendedor
Okamotto – A maioria dos APLs ou potenciais APLs surgiu e cresceu no nosso país em meio a crises econômicas e sem nenhum apoio do Estado. São estruturas empresariais fortes, resistentes. Em alguns casos, surgiram da disponibilidade local de matérias-primas, outras vezes de vantagem locacional de um grande centro consumidor, outras da imigração, como o do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul. As prefeituras podem ajudar muito os APLs. Cada vez mais elas estão se conscientizando de que podem atuar como agências de desenvolvimento, ajudando a atrair negócios, reduzindo a burocracia, chamando e treinando mão-de-obra qualificada. Na chamada governança local, as prefeituras têm papel fundamental. Um bom exemplo disso é o pólo de cosméticos de Diadema, em São Paulo, incentivado pela prefeitura e Sesi local e que já se tornou uma Oscip. Empreendedor – Quais os principais projetos de fomento ao desenvolvimento regional sustentá-
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Entrevista
Paulo Okamotto
vel que serão implantados? Quais serão mantidos?
Okamotto – O leque de projetos é grande. Para não me alongar, vou citar somente dois para este ano. Um é o projeto Urbe, que vai fazer diagnósticos sócio-econômicos de bairros urbanos, identificar vocações econômicas, treinar agentes de desenvolvimento local e apoiar pequenos empreendimentos. Estamos com uma experiência piloto em 12 regiões metropolitanas no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Natal e Campo Grande. Outra grande iniciativa em 2005 é a ampliação do projeto Mandala, para a qual firmamos recentemente parceria com o Ministério da Integração. O projeto Mandala ajuda a instalar sistemas de irrigação simples e de baixo custo na agricultura familiar do semi-árido nordestino. Empreendedor – Se aprovada sem grandes alterações, a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas vai mudar o que no ambiente empresarial brasileiro?
Okamotto – Como mencionei recentemente, vai mudar da água para o vinho. Teremos, finalmente, um ambiente favorável ao florescimento e fortalecimento das micro e pequenas empresas e uma drástica redução na vergonhosa informalidade que impera no país. Vai ser criado um círculo virtuoso, em que se fomentam os negócios de pequeno porte e daí cresce a economia e daí se geram mais emprego e renda. Tudo de forma sustentável e consistente. Anote aí: teremos um outro Brasil.
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projeto da Lei Geral organizada pelo Sebrae contempla todos os grandes campos de interesse da MPE, dos tributos à desburocratização, passando pelo maior acesso ao crédito, à atualização tecnológica e às compras governamentais. Sua espinha dorsal está no cadastro unificado e no chamado Simples Geral. Empreendedor – Como vão funcionar esses dois mecanismos?
“Com o Cadastro Único, as micro e pequenas empresas passam a ter uma só inscrição, válida nas três esferas de governo”
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Empreendedor – A burocracia e a carga tributária elevada são os principais entraves apontados pelos empreendedores. Como mudar esse cenário?
Linha Direta Paulo Okamotto www.sebrae.com.br
Okamotto – A proposta do anteMarço – Empreendedor
Okamotto – Em resumo, com o Cadastro Único, as micro e pequenas empresas passam a ter uma só inscrição, válida nas três esferas de governo. Na maioria dos casos de constituição de micro e pequena empresa, as vistorias serão substituídas por termo de responsabilidade, que permite a abertura imediata da empresa, agilizando-se bastante este processo. Isso quer dizer, na prática, que o ônus da comprovação do cumprimento das licenças, invertendo a equação, o que é muito justo, caberá aos organismos emissores, a posteriori do início do funcionamento da empresa. Já o Simples Geral reunirá, num único documento, todos os impostos federais, estaduais e municipais. Será, na prática, um imposto único, cobrado mensalmente sobre o faturamento. Diferentemente do atual Simples, irá abarcar todos os setores em que atuam as MPEs, com bases de cálculo variando conforme a atividade. A grade de alíquotas vai do informal que quer se legalizar, pagando 3% sobre o faturamento, até a transição suave para o lucro presumido. Quem já está no atual Simples poderá, se quiser, migrar automaticamente para o Simples Geral. Acreditamos que com a Lei Geral haverá grande redução na informalidade.
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Mari Moon
Toque pessoal RI MO ON
sificação como finalista – na categoria Melhor Figurino para teatro – do Prêmio Coca-Cola, que elege os melhores profissionais que trabalham com produções infanto-juvenis no Brasil. Para expandir sua empresa, Mari Moon procura um sócio para ajudar na gestão de seu negócio e assim dedicar-se exclusivamente ao processo de criação. www.marimoon.net/loja
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Em menos de um ano no ar, a Mari Moon Store – loja virtual da estilista e figurinista Mari Moon – já registra mais de 75 mil acessos mensais e promete bater recorde de público em 2005. Conhecida pelo estilo inspirado em personagens de animação, Mari Moon escolhe pessoalmente tecidos, modelagens e estampas das peças que compõem sua grife, dando um toque pessoal em suas composições. Além do reconhecimento do público que compra pela internet, ela também comemora a clasPHILLIPE ARRUDA
Daniel araújo e Celso Loducca
Porta aberta para o Sul
CÉSAR MOTTA
Luciano Martins e Antônio Verde
O publicitários Celso Loducca e Daniel Araújo mantiveram a parceria firmada em 2002 e seguem firme no projeto que originou a agência D/ Araújo.Loducca, braço catarinense do Grupo Loducca. A novidade é que a agência, que antes atendia apenas os clientes de Santa Catarina, será exclusiva do grupo em toda a região Sul. Novos funcionários foram contratados para essa nova etapa, e antigos funcionários foram promovidos. Além da dinamização da equipe, a união dos publicitários dá continuidade ao processo de expansão da marca Loducca no país e também serve de suporte aos anunciantes de São Paulo que buscam a entrada nos mercados do Sul do Brasil. www.daraujoloducca.com.br
Reforços na Prime
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Considerada uma das agências de publicidade e propaganda que mais crescem do Sul do país, a Prime Brasil ganha reforços em seu comando para valorizar sua atuação no mercado catarinense. Os publicitários Luciano Martins e Antônio Verde, com larga experiência no mercado, são os novos sócios de Ricardo Bornhausen e vão atuar na administração da empresa e prospecção de novas contas. Entre os principais clientes atendidos pela Prime Brasil estão o Banco do Estado de Santa Catarina (BESC), Malwee Malhas, Caixa Consórcios e Caixa Capitalização. www.primebrasil.com.br
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Por Carol Herling carol@empreendedor.com.br
Duplo sucesso
DOTNEWS COMUNICAÇÃO
Efeito dominó Gerar oportunidades de capacitação para jovens carentes de São Paulo era um sonho antigo do empresário Paulo Toledo, que firmou parceria com a ONG Sampa.org para oferecer aulas de webdesign. O curso, totalmente gratuito, dura seis meses e é realizado nas instalações da Brisa – empresa da qual Paulo é proprietário. Os professores são técnicos e executivos voluntários da Brisa e outras organizações parceiras. De 2002 pra cá, o curso já formou 30 adolescentes e é baseado nos conceitos do desenvolvimento de sistemas de computação. Para Paulo Toledo, o objetivo principal do projeto é o efeito multiplicador, em que os alunos se comprometem a levar o que aprendem a outras pessoas da própria comunidade onde vivem. www.brisa.org.br
FÁBRICA DE COMUNICAÇÃO
Mário Petrelli
Paulo Toledo
Mário Petrelli, empresário do ramos imobiliário e de telecomunicações, comemora a expansão de seus negócios em diversos pontos de Santa Catarina. No setor de imóveis, Petrelli anuncia a valorização do empreendimento Palmas do Arvoredo, do qual é sócio, em 425% nos último anos, dando força ao crescimento da Grande Florianópolis. Já no norte do Estado, o empresário inaugurou uma emissora de TV na cidade de Blumenau, fazendo com que a Rede SC – da qual é presidente – chegue a 92% dos municípios catarinenses. A meta de Mário Petrelli é abrir sua quinta
emissora ainda este ano, na cidade de Criciúma, para atingir 100% de cobertura, e se consolidar como uma das principais afiliadas do SBT no país. www.palmasdoarvoredo.com.br / www.redesc.com
Daniel Cardozo
Estréia em São Paulo Conhecido no mercado nacional por introduzir o plástico de engenharia na fabricação de torneiras, Daniel Alberto Cardozo é presença confirmada na 13ª edição da Feicon – Feira Internacional da Indústria da Construção, que acontece em março no Parque Anhembi, em São Paulo. Estreante em eventos de grande porte, Daniel
irá mostrar toda a linha da Víqua e promover demonstrações com os produtos – que, segundo seus estudos, são mais resistentes à abrasão, ao impacto e à temperatura que as torneiras convencionais. A expectativa de Daniel é realizar novos negócios e prospectar novos mercados para a exportação de sua marca. www.viqua.com.br FÁBIO TAVARES
Sammy Glitz e Chock
Noite como investimento
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Apaixonados pela vida noturna paulistana, os empresários Chock e Sammy Glitz resolveram investir no segmento e abriram a Dust!Club. Localizada em um bairro nobre da cidade, a casa tem capacidade para 500 pessoas e apresenta, entre outros atrativos, decoração moderna e minimalista nas cores preta e branca, três bares (um deles voltado para apreciadores de champanhe) e iluminação especial. Com uma equipe de 12 DJ’s, a Dust!Club trabalha com uma programação fixa de festas, como a Hey!Girls, a Free Shop e a Glitter. Os planos da dupla, no futuro, é poder investir em outros empreendimentos ligados ao segmento de diversão. www.dustclub.com.br
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DIVULGAÇÃO
Paulo Silva
Raridades na vitrola
DIVULGAÇÃO
José Nazareno Gil
Frida Turkie
Agenda cheia
Arte em chocolate
Criador da técnica de posicionamento do maxilar superior em cirurgia ortognática, que dinamizou os processos de correção facial em pessoas que têm problemas de deslocamento do maxilar, o Dr. José Nazareno Gil tem cumprido extensa agenda de palestras e simpósios organizados pelas principais universidades e associações odontológicas de todo o país. Sua experiência no assunto possibilitou a participação, como organizador, do Congresso Brasileiro de Cirurgia Bucomaxilofacial, programado para 2007. Um dos nomes cotados para o
Se depender da empresária Frida Turkie – a Fifi – a Páscoa este ano terá um toque belga. A empresária, que é uma das confeiteiras mais solicitadas do país, já garantiu o estoque de chocolate Callebaut, importado da Bélgica, para atender às encomendas de todo o Brasil. Além de trabalhar com uma matéria-prima diferenciada, Fifi prepara linhas específicas para a Páscoa Cristã e para o Pessah Judaico – como ovos maciços, biscoitos decorados e bombons de chocolate com símbolos da cultura israelita. As compras podem ser feitas diretamente no site da Fifi Doces ou no showroom da empresa em São Paulo. www.fifidoces.com.br
evento é Eduard Ellis, considerado o “papa” da especialidade, que foi convidado pelo próprio Gil para fazer uma participação como palestrante. (48) 223-4185
Carlos Eduardo Goulart e Fernando Goulart
Cachaça com música
2005
DIVULGAÇÃO
Parada obrigatória para quem aprecia a mais brasileira das bebidas, a Cachaçaria da Ilha, de Florianópolis, rea-
Março – Empreendedor
bre suas portas após uma reestruturação. Uma das estratégias dos empresários Carlos Eduardo e Fernando Goulart, irmãos e sócios do empreendimento, foi levar o bar para a região central da cidade, transformando-o em opção para quem prioriza a localização nos momentos de lazer, além de ter mais espaço para a realização de festas e eventos. Conhecida pela diversidade de cachaças (são mais de 70 ao todo, desde as tradicionais até as exóticas com frutas e sabores) e pelo cardápio variado, a Cachaçaria é considerada uma referência para quem gosta dos ritmos nacionais como samba, MPB e pagode. www.cachacariadailha.com.br
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DIVULGAÇÃO
A paixão pela música fez com que o jornalista Paulo Silva abandonasse a profissão, em 1990, para investir na Ritz CD’s Raros. A loja, que trabalha apenas com títulos que já saíram do catálogo das gravadoras e que geralmente não são encontrados nas lojas tradicionais, também realiza trabalhos de pesquisa para os clientes que buscam o resgate da coleção de vinil em CD’s. Paulo também realiza vendas on-line e mantém contato estrito com as gravadoras para conseguir “velhas novidades” em mais de 35 estilos musicais diferentes. Com clientela em todo o país, o empresário presta atendimento personalizado – pessoalmente ou através de seu site. www.ritzcds.com.br
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Empreendedor – Março
Não Durma no Ponto
2005
Armadilhas da zona de conforto Lá está ela, implacável. Como uma sina, atinge todos, em maior ou menor intensidade. Quanto mais distraídos, com maior intensidade e piores seus efeitos. Se as coisas vão mal, somos compelidos pela apatia. Se as coisas vão bem, somos traídos pelo deslumbramento. Basta um resvalo, e lá estamos nós estatelados na perigosa, traiçoeira e imperceptível (por isso ainda mais danosa) zona de conforto. Identificamos a zona de conforto como a vida na mesmice. A vida para levar e não para valer. O trabalho repetido a cada dia sempre do mesmo jeito e as coisas feitas sem muito pensar. Automaticamente, de tão iguais. Há quem até ache uma maravilha essas imutáveis rotinas, que dão a falsa sensação de segurança, por acontecerem sem nenhuma surpresa. Parece que tudo está sob absoluto controle. O máximo da eficiência está numa lista de itens de afazeres ticados ao final da jornada, para repeti-los sempre do mesmo jeito no dia seguinte. A zona de conforto está no sentido contrário do sucesso. Representa acomodação, estabilidade, passividade, complacência. E, nos negócios, complacência é morte! Assim tem sido a história de nações, empresas e profissionais decadentes. Caíram na cilada da zona de conforto, lá se instalaram e de lá não conseguiram mais sair. Em contraponto à zona de conforto, existe a zona de expansão. Enquanto na primeira tudo é rotina e repetição, nessa prevalece o aprendizado contínuo e a inovação. A miopia dá lugar à luz e a regularidade cede espaço às idéias. Olhada a questão dessa perspectiva, tão consciente, parece apenas uma questão de escolha e seria de se estranhar Março – Empreendedor
alguém preferir a zona de conforto à zona de expansão. Mas, espantosamente, existem mais empresas e profissionais na zona de conforto do que seria razoável. Sem ter, porém, a menor consciência disso. Pior: na certeza de que está tudo correto e, se possível, com a tendência de criar outras e outras rotinas. Se identificarmos as razões pelas quais isso acontece, poderemos colocar em marcha e em bom ritmo nossas empresas e carreiras.
“O que tem de mais irônico nessa cultura da pressa é que existe muito movimento, mas pouca ação; muito esforço, mas pouco desempenho” Os bloqueios ● Para algumas culturas organizacionais, trabalho é coisa séria. A sisudez prevalece nas salas e corredores e as brincadeiras são tolhidas. Qualquer atitude mais alegre ou leve parece, nesse triste contexto, ridícula ou tola. O ambiente exerce uma censura sobre os comportamentos e dificilmente acolhe de bom grado as novas idéias. O que conta é cumprir a rotina, executar as tarefas, fazer a hora. Perde-se a graça e junto, ao mesmo tempo (é uma conseqüência inexorável), a criatividade. ● A rigidez é um outro tipo de bloqueio. Está ligada às certezas absolutas e inquestionáveis. Novos pressupostos são
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desconsiderados. Algumas “verdades” são consideradas intocáveis e não existe disposição para colocá-las em xeque. Ao contrário, existe uma persistência quase irracional na afirmação e no esforço de manter procedimentos não funcionais. Culturas organizacionais dessa natureza não são abertas à oposição e são convidativas à zona de conforto. ● Algumas empresas exageram na reverência ao passado. Ícones da sua história funcionam como fantasmas interventores de decisões e ações. Está lá, na parede da sala de reuniões, a foto do fundador com o seu olhar crítico recomendando que as coisas sejam feitas na forma tradicional, como se o tempo tivesse parado onde ele também permaneceu. O resultado disso é um ambiente de conformação, característico da zona de conforto, onde prevalece a força do hábito. ● Existem empresas que vivem a síndrome da pressa. Seus funcionários estão sempre atabalhoados e o corre-corre faz parte da cultura de trabalho. As reuniões são interrompidas com freqüência pelos telefonemas urgentes. Dificilmente conseguem tratar de temas importantes, mergulhados na solução de problemas considerados emergentes. O que tem de mais irônico nessa cultura da pressa é que existe muito movimento, mas pouca ação; muito esforço, mas pouco desempenho. Todos desperdiçam uma enorme quantidade de energia no vaivém... exata e paradoxalmente para deixar as coisas como estão, e esse é um jeito maroto de se manter na zona de conforto. ● Fixar-se na zona de conforto pode transparecer um tipo de relaxamento, mas em geral não é o que ocorre. Na verdade, o fluxo natural dos acontecimentos
por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial
tende a nos compelir para fora da zona de conforto e fixar-se aí exige um bocado de esforço. É quando tentamos arduamente conseguir algum tipo de resultado ou forçar a solução de algum tipo de problema. É lutar contra a natureza.
Onde fica a saída? Pense bem! Você gostaria mesmo de colocar a sua empresa ou a sua carreira na zona de expansão? Você está disposto a trocar a tranqüilidade pelo desafio e correr o risco de trocar seis por meia dúzia? Aí está o xis da questão. Vista dessa maneira, a proposta parece pouco estimulante. Se não existir algo maior do que os bloqueios e os medos que acabamos de enumerar, fatalmente deitaremos no berço esplêndido da zona de conforto. Antes de tudo, portanto, há que decidir o sentido a tomar: permanecer com as âncoras abaixo da superfície ou recolhê-las para que o barco navegue em direção a novas conquistas. É preciso, antes de tudo, um propósito, uma visão de futuro, um ímã, algo que atraia e que torne compensador fazer a migração da zona de conforto à zona de expansão. Mas atenção: mais que vislumbrar um melhor futuro, há que visualizar um futuro com significado. Somos e seremos sempre pessoas em busca de sentido para a nossa vida e o nosso trabalho. É isso que nos dá a força motivacional para ir além da zona de conforto e prosseguir mesmo diante dos medos que, na ausência de uma visão de futuro, tornam-se o centro da nossa atenção.
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Visão de futuro é criar uma imagem de sucesso, que ilustre os benefícios e as recompensas dos nossos esforços. Somente uma visão com significado é capaz de romper os bloqueios e vencer os medos que impedem a conquista de uma vida mais vibrante. Mas atenção, ninguém duvide: os bloqueios e os medos lá estarão para sabotar o progresso. Das duas, uma: a covardia ou a coragem. No primeiro caso, a tendência será fugir. Resista. Não se entregue. Encare-os de frente. Identifique-os! Identificá-los é o primeiro passo para governá-los, em vez de sermos governados por eles. Sua origem está nos modelos mentais que se transformaram em práticas e comportamentos. Foram, portanto, aprendidos. Podem ser também desaprendidos. Alerta final Ímpetos de coragem não são, necessariamente, o fim da maldição da zona de conforto. Podem ser uma descarga momentânea de adrenalina que traz aquela vontade súbita de mudar tudo da noite para o dia. Nada mais que um repente. Isso quase sempre é mais desastroso do que construtivo. Importante é romper com os hábitos negativos que constroem a cultura do conforto e substituí-los a cada dia por novos comportamentos, voltados ao aprendizado e à criatividade. Nada melhor do que um novo conhecimento ou uma nova idéia para semear a coragem duradoura e sair de vez da cilada da zona de conforto.
Linha Direta Roberto Adami Tranjan (11) 3873-1953 www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net Empreendedor – Março
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Os medos Numa certa medida, o medo impulsiona e nos coloca em movimento. Se for desmesurado, no entanto, paralisa. Está aí o maior bloqueio à migração de uma zona à outra. Mas existem algumas categorias de medos a exigir identificação para que possam ser combatidos. Nada pior do que a inconsciência para perpetuar atitudes negativas. Então, atente para esses inimigos sorrateiros. ● O medo do fracasso é uma das grandes razões de fixar moradia na zona de conforto. É satisfazer-se com menos, para evitar a possível dor da perda ou a vergonha de fracassar. A segurança e a falsa impressão de estar em um ambiente de trâmite fácil prevalecem sobre a aventura e o risco. Essa fuga à frustração faz com que se desista cedo demais diante dos bloqueios e obstáculos. Sabe-se que é na superação destes que se encontram os mapas do tesouro para vitórias até mesmo insuspeitadas. ● A zona da expansão é o reino do desconhecido. Nada mais assustador para aqueles que necessitam conhecer o futuro, antes de agir. Como o futuro é sempre duvidoso, então resta a opção de se refugiar em um porto seguro, onde o que prevalece é a mesmice. No fundo, o que está por trás do tão propalado medo do desconhecido é a necessidade de controle e de estar no domínio da situação. Nada mais adequado para sobreviver na zona de conforto. ● É fácil reconhecer o medo do fra-
casso, mas, por incrível que pareça, existe também o medo do sucesso, esse mais sutil e, portanto, mais perigoso. Isso porque ninguém é contra o sucesso, a priori, mas não são todos que estão dispostos a arcar com os seus custos. O sucesso cobra sacrifícios, pressupõe preparo e exige responsabilidades diante das novas conquistas. E é, sobretudo, um fruto da entrada em terrenos desconhecidos, sobre os quais não temos nenhum controle.
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Microcrédito POLÍTICAS POLÍTICAS PÚBLICAS PÚBLICAS
O país do microcrédito Março – Empreendedor
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Ainda existem muitas críticas sobre o processo de empréstimos a empreendedores de baixa renda. Mas não há dúvida de que se trata de um eficiente programa de desenvolvimento social, de comprovada capacidade geradora de empregos por
Fábio Mayer
te o Brasil como o grande país do microcrédito, como o grande país da cooperativa, e um grande país em que o povo possa ter acesso a financiamentos. Eu estou acreditando que este ano será o ano em que as coisas irão funcionar melhor”, disse Lula em entrevista veiculada pela Agência Brasil. A estratégia do governo é oferecer as condições necessárias para o fortalecimento dos micro e pequenos empreendimentos. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que eles são responsáveis pela criação de 52,8% dos empregos no país. Com as ações e programas voltados para a melhora do acesso ao crédito, a expectativa é ampliar ainda mais esse número, mas não favorecendo apenas as empresas formais. Uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2003 revela o quadro da economia informal. No Brasil, 15,7 milhões de pessoas atuam na informalidade, o que corresponde a pouco mais de 40% da população ocupada. De acordo com o Conselho Mundial de Empresas para o Desenvolvimento Sustentável, 93% desses empreendimentos são lucrativos, representando 8% do PIB nacional. Facilitar o financiamento ajuda a ampliar a produção e é uma maneira de movimentar o ciclo econômico, tornando-se também uma alternativa para formalizar o negócio. Com base nisso, o governo criou o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PMPO) por meio da Medida Provisória n.º 226 de novembro de 2004. O programa tem a meta de fornecer finan-
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Microcrédito é uma pequena quantia de recursos financeiros concedidos ao público de baixa renda, em geral pessoas que não têm acesso ao crédito através do sistema bancário convencional, especialmente os microempreendedores do segmento informal da economia. Muitas vezes, essas pessoas não conseguem financiamento por não atenderem às exigências burocráticas ou pela falta de garantias reais, bens, por exemplo, para as operações de empréstimo. “O microcrédito permite a sustentabilidade, permanência, continuidade, segurança e viabilidade das operações, levando à inclusão e ao desenvolvimento social”, diz Valter Alves Nascimento, professor da Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia. O valor máximo varia de acordo com o tipo de financiamento, mas o governo estipulou um teto de até R$ 10 mil para não fugir às características do microcrédito. Pode ser conceituado de duas formas, dependendo da maneira que o crédito é utilizado. Quando usado para o consumo, por exemplo, é definido apenas como “microcrédito”. Utilizado para o desenvolvimento da unidade produtiva e destinado a micros e pequenos empreendedores, sejam eles formais ou informais, é acrescentada a terminação “produtivo orientado”. É dito orientado porque os tomadores de crédito recebem visitas técnicas de agentes qualificados, que fornecem informações e orientações para a melhora do planejamento e gestão do empreendimento. É concedido por instituições específicas, como as Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), Cooperativas Singulares de Crédito e Agências de Fomento. A legislação brasileira permite que as organizações de microcrédito atuem em apenas uma determinada área das microfinanças. Existe uma grande confusão causada pelos dois termos. Microfinanças é um conceito mais amplo, mas igualmente voltado à população de baixa renda. Envolve o crédito produtivo e de consumo, mas também está relacionada com o acesso aos demais serviços bancários como contas, poupança e seguros. Empreendedor – Março
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Como já diz o próprio significado da palavra, originária do latim (creditu), a base das operações do microcrédito é a confiança. A garantia é acreditar no potencial dos micro e pequenos empreendimentos, formais ou informais, e principalmente valorizar e respeitar as iniciativas dos pobres e pessoas de baixa renda, elevando a sua auto-estima e responsabilidade. A meta é prover capital fixo ou de giro para negócios com viabilidade econômica, mas que não têm acesso ao crédito oferecido pelas instituições do sistema financeiro tradicional. Facilitar o acesso ao crédito é dar condições para gerar receitas e ampliar atividades, transformando investimentos em emprego e renda. Tanto é verdade que a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou o instrumento para minimizar as desigualdades sociais, que prejudicam a população mais carente da sociedade. A entidade estabeleceu o ano de 2005 como o Ano Internacional do Microcrédito, com o objetivo de conscientizar sobre a importância da ferramenta e promover parcerias com governos, organizações não-governamentais e setor privado para a implantação e fomento da atividade. O presidente Lula é um dos 11 representantes mundiais escolhidos pela ONU para desenvolver e difundir a prática. Definir e criar políticas públicas para atingir esse objetivo já vem sendo tratado como prioridade pelo governo desde a campanha eleitoral. “Estou certo, otimista, acreditando que 2005 será o ano em que nós vamos consolidar definitivamen-
Para não esquecer
GRUPO KEYSTONE
Microcrédito POLÍTICAS PÚBLICAS ciamentos e também orientações de planejamento e gestão aos micro e pequenos empreendedores, sejam eles formais ou informais, que comprovem a atividade, com faturamento bruto anual de até R$ 60 mil, para que potencializem a produção, gerando emprego e renda. A coordenação e a implantação das diretrizes do programa ficam a cargo do Comitê Interministerial do PMPO, que é presidido pelo Ministério do Trabalho. A MP define um teto para as taxas de juros, que não podem ser superiores a 4% ao mês, e estabelece
que os bancos públicos e privados atuem como Instituições Financeiras Operadoras (IFOs), ou repassadoras, e que as Cooperativas Singulares de Crédito, Agências de Fomento, Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) atuem como Instituições de Microcrédito Produtivo Orientado (IMPOs). Os recursos podem chegar a R$ 5.000, procedentes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e R$ 1.000, para produção através de bancos públicos e privados. O novo programa foi desenvolvido a partir de um conjunto de ações para melhorar o acesso a empréstimos. As medidas começaram a ser adotadas em 2003 para aumentar a
Recursos públicos, renda acessível Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT): valor de até R$ 5.000 por empreendedor. Gerenciado pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), o FAT fornece capital para a execução de políticas públicas voltadas ao mercado de trabalho. Isso é realizado através de programas que incentivam a criação de empregos e o fortalecimento das micro e pequenas empresas urbanas e rurais. Um desses programas é o de microcrédito. No caso específico desse projeto, os recursos são repassados através de uma linha de crédito financiada por intermédio do BNDES para instituições de microcrédito. A meta é multiplicar o número de empreendimentos no país, fazendo-os migrar para a economia formal. Com um patrimônio de R$ 30 bilhões, provenientes de depósitos feitos por empresas privadas e instituições, o FAT permite vários tipos de aplicações. Também é a principal fonte de recursos do Programa do Seguro-Desemprego, responsável pelo benefício e pela capacitação profissional e orientação e intermediação do emprego. O Codefat é formado por representantes dos trabalhadores, dos empregadores e do governo. Tem como missão criar diretrizes para programas e sugerir mudanças na legislação, quando houver necessidade, para aperfeiçoar políticas públicas de emprego e renda.
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Exigibilidade bancária: os valores vão até R$ 1.000 por empreendedor e R$ 600 para pessoas físicas. O Conselho Monetário Nacional (CMN) direciona 2% do valor dos depósitos à vista, em contas correntes, de bancos públicos e privados para as Instituições de Microcrédito Produtivo Orientado (IMPOs). O público beneficiado é a população de baixa renda e microempreendedores formais e informais, que podem financiar empréstimos a uma taxa de juros máxima de 2% ao mês. O volume de recursos disponíveis é de R$ 1,2 bilhão. Fonte: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
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oferta de recursos destinados aos empréstimos, marcando a entrada oficial do governo Lula nesse campo. No mesmo ano, elas foram regulamentadas. Um dos principais pontos da Lei n.º 10.735 determina que 2% do valor dos depósitos à vista, efetuados em contas correntes nas instituições financeiras, devem ser investidos em operações de microcrédito para a população de baixa renda a uma taxa de juros de 2% ao mês. É a chamada exigibilidade bancária, que garante essas aplicações por parte dos bancos, sob penalidade de recolherem obrigatoriamente a quantia relacionada ao Banco Central, sem receberem remuneração. Desde que foi implantada a lei, o ponto que trata da exigibilidade bancária tem causado polêmica. O motivo é o tabelamento dos juros. Crédito é um instrumento que depende de informação, e ter um melhor conhecimento sobre a pessoa que está querendo um empréstimo facilita na hora de decidir se a instituição deve ou não conceder o financiamento. No caso de uma empresa formal, ela tem como comprovar a atividade através de um balanço, patrimônio com escritura ou carteira de clientes, por exemplo. No negócio informal, o risco do crédito bancário é maior, porque normalmente não há garantias reais para fazer frente ao empréstimo. “Para o empreendedor informal, o banco só financia a juros mais altos. Mas com a taxa estabelecida a 2%, muitas instituições financeiras preferiram perder a aplicação e fazer o depósito no Banco Central”, diz Manuel Thedim, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) e presidente do Fórum do Microfinanças do Rio. O governo fez algumas alterações para minimizar o impacto da lei junto às instituições especializadas em microcrédito. Uma delas foi aumentar o limite para a cobrança das taxas de juros, mas apenas quando se trata exclusivamente dessas organizações e
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cações. Já foram realizados pelo sistema bancário 4 milhões de operações de crédito. “O valor emprestado chegou a R$ 1,2 bilhão. A carteira ativa, hoje, está em mais de R$ 700 milhões e crescendo mês a mês. Isso nos mostra a demanda e a importância desse tipo de crédito junto à população”, diz Bittencourt. Cerca de 10% desse total foi destinado para o crédito produtivo, mas sem orientação. Inclusão social A estratégia do governo é ampliar o máximo possível o acesso da população aos serviços financeiros. A inclusão social da população ao sistema bancário é importante para ge-
Thedim, do IETS: a ênfase deve ser para o empréstimo destinado à área produtiva
Acesso preferencial Destinado aos empreendedores de atividades produtivas de micro e pequeno porte, com faturamento bruto anual de até R$ 60 mil, o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PMPO) tem como objetivo ampliar o acesso ao crédito produtivo orientado, direcionando-o para geração de trabalho e renda. O valor e as condições do crédito são definidos após a avaliação da atividade e da capacidade de endividamento do tomador, levando-se em consideração a necessidade de crédito e de gestão voltada para o desenvolvimento do negócio. O programa permite a realização de operações de crédito sem a exigência de garantias reais, as quais podem ser substituídas por formas alternativas e adequadas de garantias. Recursos: provenientes do FAT e do direcionamento de depósitos à vista para microcrédito. Juros: taxa de 2% ao mês para o tomador final, acrescida dos encargos administrativos relativos ao microcrédito produtivo orientado, que serão definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), mas que não devem ultrapassar os 4% ao mês. Limites de crédito: – FAT: até R$ 5.000 por empreendedor os recursos são procedentes de instituições financeiras públicas federais; – Exigibilidade bancária: nesse caso as Instituições Financeiras Operadoras (IFOs) são bancos públicos e privados, que repassam até R$ 1.000 por empreendedor, através do direcionamento de depósitos à vista. Os limites acima poderão ser revistos pelos conselhos gestores dos recursos, respectivamente Codefat e CMN. Instituições de microcrédito produtivo orientado (IMPOs): Diferentemente das organizações repassadoras, as IMPOs são capacitadas a atuarem na ponta, ou seja, na concessão de Microcrédito Produtivo Orientado. Podem ser: – Cooperativas Singulares de Crédito; – Agências de Fomento; – Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs); – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). Fonte: Secretaria Executiva do GTI de Microcrédito
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do microcrédito produtivo orientado. “Fruto de uma demanda e de toda uma negociação e conversa com essas instituições, foi permitido que elas cobrassem 2% de taxas de juros e mais um adicional em relação aos custos de orientação ao crédito”, diz Gilson Bittencourt, assessor especial do Ministro da Fazenda e secretário-executivo do Grupo de Trabalho Interministerial de Microcrédito e Microfinanças (GTI de Microcrédito, que analisa propostas, elabora diretrizes, propõe medidas e coordena ações para desenvolvimento do microcrédito e das microfinanças). O valor total não pode ultrapassar os 4%. Outra mudança, realizada em agosto de 2004, foi autorizar a compra de recebíveis das instituições de microcrédito. E no início de 2005 também foi permitido que o sistema bancário pudesse operar com a população que tenha restrições cadastrais. “Isso fica a critério de cada banco, mas foi tirada uma vedação explícita, determinada antes pelo Conselho Monetário Nacional. Isso ajudou muitas pessoas a conseguirem empréstimos para poder viabilizar renda, até para quitar uma dívida.” Mas esta foi a reclamação mais comum: a política ficou voltada para crédito pessoal, para pessoa física e não para o produtor. Na avaliação de Thedim, foi dada ênfase ao crédito que compromete a renda futura, em detrimento de um que tem a capacidade de aumentá-la. Quando a ênfase é para o crédito produtivo, o tomador pode melhorar a capacidade de produção e, conseqüentemente, a renda, levando-se em conta que o empréstimo seja investido de forma adequada. “Os dois produtos são importantes, acho que é louvável aumentar a possibilidade de as pessoas tomarem crédito, mas a ênfase está errada. O maior peso deveria ter sido dado para crédito produtivo e não para crédito pessoal.” A justificativa do governo baseiase no crescimento do número de apli-
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Microcrédito POLÍTICAS PÚBLICAS rar emprego e renda e também revelar potenciais empreendedores. Ao todo, de acordo com dados da Caixa Econômica Federal, são 25 milhões de brasileiros excluídos dos serviços financeiros. No país cerca de 1.600 municípios não possuem bancos e 1.400 têm apenas uma agência bancária. “Ter uma conta em banco, poupança e acesso ao crédito garante às pessoas mais cidadanias. Ao mesmo tempo, a atividade de crédito, principalmente de pequeno valor para a população de baixa renda, contribui para fomentar a economia, especialmente as economias locais, por-
que favorece a possibilidade de compras, comercializações e negócios muitas vezes próximos da comunidade”, diz Bittencourt. Conta simplificada Foi desenvolvido um conjunto de medidas para facilitar que as pessoas tivessem uma conta simplificada, sem custos e aberta sem comprovante de renda e de endereço. “A conta simplificada é o instrumento utilizado pela instituição financeira para conhecer o cliente.” Até o fim de 2004, um ano e meio depois da regulamentação, já foram abertas 4,6 milhões de contas em todo o Brasil. A Caixa foi responsável por 2,5 milhões, o Banco Popular por mais 1 milhão, o Banco do Brasil com cerca de 900 mil e o Banco do Nordeste com 120 mil.
Política de inclusão bancária (2004) Número de contas simplificadas (isentas de tarifa e sem exigência de comprovante de renda e de endereço) Caixa Econômica Federal (CEF)
2.542.0630
Banco do Brasil
887.754
Banco Popular do Brasil (*)
1.050.887
Banco do Nordeste (BNB)
120.142
Banco da Amazônia (BASA)
17.802
TOTAL 4.618.648 (*) Das 1.050 mil contas do BPB em 31/12/2004, 414 mil estavam em processo de ativação (envio de cartões pelo correio e ativação junto a um correspondente bancário, sendo informado ao BC apenas 636 mil contas nessa data). Fonte: Banco Central do Brasil
Do Projeto Uno, em 1973, até meados da década de 90 o microcrédito se desenvolveu, mas de forma lenta. “Existem várias explicações para isso, não só o modelo de governança institucional adotado, que não se preocupava com a sustentabilidade da política do longo prazo, até a questão da hiperinflação, já que o Brasil passou por um período muito longo de inflação. Por tudo isso, a tomada de crédito era vista como uma coisa muito arriscada”, diz Thedim. Com a inflação estabilizada, houve um interesse do Governo Federal, na época de Fernando Henrique Cardoso, em impulsionar essas políticas. Ele promoveu ações como o Programa de Crédito Produtivo Popular (PCPP), abrindo uma linha específica de crédito no BNDES para financiar os recursos repassados para as instituições microfinanceiras. Em 1996 foram assinados os dois primeiros contratos do programa e o dinheiro foi liberado em 1997. O governo FHC também apoiou a formação de agentes de crédito, qualificados pela Crear Brasil, instituição sem fins lucrativos especializada em capacitação nessa área. Considerada um dos marcos jurídicos das instituições de microcrédito no Brasil, a Lei n.º 9.790, de 1999, criou e estabeleceu o funcionamento das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). Com a lei, as OSCIPs podem realizar operações de microcrédito, sendo isen-
Microcrédito ou Crédito Popular e Microcrédito Produtivo Orientado (2004)
2005
Modalidade de crédito
Aplicações (Carteira ativa em 31/12/2004) (R$)
Consumo (ou uso livre) Microempreendedor (produtivo) TOTAL
Valor contratado em 2004 (R$)
Valor médio contratado (R$)
Prazo médio (meses)
655.848.074
930.154.326
3.678.187
252,88
9,9
60.666.732
248.948.865
360.409
690,74
7,0
716.514.805
1.179.103.190
4.038.596
291,96
8,4
Fonte: Banco Central do Brasil
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Quantidade de contratos em 2004
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Ações integradas ao microcrédito Tão importante quanto o microcrédito é a convergência de políticas públicas e de apoio ao desenvolvimento ao empreendedor, como: Melhora do planejamento, capacitação e orientação empresarial. Acesso à tecnologia e inovação. Fortalecimento do poder de venda de micro e pequenas empresas por meio da implementação de ferramentas de marketing. Inclusão em serviços financeiros. Educação empreendedora e cultura da cooperação: palestras e projetos de capacitação, nas áreas de empreendedorismo e liderança. Constante capacitação do agente educativo de crédito e seleção, baseada nas atitudes, habilidades e conhecimento. Fonte: Sebrae
Falta escolaridade A liberação do dinheiro do microcrédito como prática isolada tem demonstrado resultados insuficientes. “É preciso fazer uma convergência de ações de políticas públicas e de apoio ao desenvolvimento ao empreendedor. Se ele tem crédito, mas falta capacitação para gerenciar o negócio, ele corre o risco de fechar as portas ou, na me-
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lhor das hipóteses, não saberá como maximizar o retorno do investimento”, diz Manuel Thedim. Conforme Edson Monteiro, vicepresidente de Varejo do Banco do Brasil, o risco para um banco investir capital em um negócio no qual o empreendedor não tem noções de planejamento e gestão é muito grande. “Temos que conciliar os interesses, buscar parcerias com o Sebrae, por exemplo, para a capacitação desse DIVULGAÇÃO
grande demanda dessa camada da população. Acreditamos que poderemos praticamente dobrar o número de pessoas beneficiadas e ampliar os recursos”, diz. O microcrédito, quando bem aplicado, tem se evidenciado um grande propulsor econômico do negócio e da melhoria da qualidade de vida da família de seus proprietários. “A ONU afirma e tenho comprovado que ‘um pequeno empréstimo pode mudar a vida de uma família. Vários podem fortalecer a comunidade. Milhares podem transformar uma economia inteira’”, diz Evanda Evani Burtet Kwitko, membro do Comitê do Microcrédito Marco Legal, junto ao Banco Central do Brasil, e fundadora da Crear Brasil, empresa especializada em microfinanças e formação de empreendedores.
Bittencourt: o processo ainda está muito centrado nas grandes cidades Empreendedor – Março
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tas da Lei da Usura, que impõe limitações legais para empresas não financeiras concederem crédito, como a cobrança de juros. Apenas instituições financeiras reguladas podem estipular taxas acima de 1% ao mês. A regulamentação ajudou a trazer auto-sustentabilidade para as OSCIPs voltadas para a concessão de crédito, porque permitiu que elas cobrassem juros a uma taxa maior. “Essa é uma lei muito importante, porque trouxe as iniciativas da sociedade civil para a legalidade. Basicamente é uma ONG reconhecida como de interesse público pelo Ministério da Justiça, que se baseia nos seus estatutos (não visam a distribuição de lucros ou vantagens) e finalidades”, diz Thedim. Hoje existem mais de 200 registradas no país. Em 2001, FHC regulamentou por meio da Lei n.º 10.194 as instituições de Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs), especializadas em microfinanças. As SCMs são entidades com fins lucrativos e operam exclusivamente com microcréditos. Como não pertencem ao sistema financeiro, não podem utilizar a palavra ‘‘banco’’ na razão social. No governo anterior foram fechados valores em torno de R$ 53 milhões para as instituições microfinanceiras até o final de 2002. Nesse mesmo ano, surgiram as cooperativas de crédito de microempreendedores e, em 2003, foi permitida a constituição de cooperativas de crédito de livre adesão. Neste ano, o governo pretende incentivar o microcrédito produtivo orientado, ampliando o alcance de atuação das instituições de microcrédito. Bittencourt acredita que as ações estão ainda muito centradas nas grandes cidades. A meta é avançar para o interior, melhorando o acesso ao crédito nos municípios de pequeno e médio portes. “Temos que desenvolver ainda mais as operações de crédito produtivo, mas também aumentar a inclusão das pessoas aos serviços bancários, o que é uma
Microcrédito POLÍTICAS PÚBLICAS empresariado. E o microcrédito produtivo orientado é um grande caminho para assessorar, através de parceiros, o direcionamento do crédito, a gestão do negócio.” Como não existe um regra definitiva para a realização dessa prática, as ações são elaboradas de acordo com o direcionamento do crédito, o empreendedor e a política de crédito da instituição. “É interessante para se ter sucesso que todas as fases relacionadas sejam planejadas, discutidas e definidas, com envolvimento das duas partes: o tomador e o fornecedor do crédito”, diz Valter Alves Nascimento, professor da Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia, e mestre em Economia da Empresa e do Trabalho. As Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), Cooperativas Singulares de Crédito e Agências de Fo-
mento são instituições especializadas que também fornecem assistência, oferecendo capacitação e apoio técnico. A peça fundamental para que as ações desenvolvidas produzam resultados promissores é o agente educativo, que atua na linha de frente junto ao empreendedor. “A seleção, baseada nas atitudes, habilidades e conhecimento, e a constante capacitação desses profissionais constituem a principal base para que o programa dê certo”, diz Nascimento. Somente com agentes qualificados é possível facilitar o acesso dos empreendedores informais à orientação e assistência técnica para melhorar o planejamento e a gestão do negócio. “Acredito que, antes de fornecer este crédito, deveria ser feita uma triagem sobre a viabilidade do empreendimento no qual o dinheiro será investido, verificar a capacitação do futuro empresário quanto a gerenciar este negócio e orientar quais os passos que devem ser seguidos para se obter sucesso”, diz Cláudio Boriola, especialista na recuperação de créditos (pessoa físi-
ca e jurídica) e treinamento em administração pessoal. Mas as ações integradas não devem ser vistas como um pré-requisito de acesso. “Consideramos que são serviços indispensáveis, por exemplo, a comercialização. Muitos empreendedores que atuam na informalidade sabem produzir, mas têm dificuldade na hora de vender. Porém, o tomador deve ser motivado a procurar esse tipo de serviço. Internacionalmente, o fato de terem atrelado a exigência de capacitação e qualificação profissional levou a um processo de custo muito alto para o empreendedor e, ainda, a uma baixa qualidade dos cursos oferecidos”, diz Evanda Kwitko. Para ela, são poucos os cursos que atendem, de fato, às necessidades do cliente. Isso é decorrência, na opinião dela, de a maioria desses cursos não estar adequada à realidade das pessoas, porque demandam leitura e interpretações, e esse público, em geral, tem um baixo grau de escolaridade. “Está se buscando uma conscientização para fazer um trabalho que seja um conteúdo prático e adequado
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Principais regulamentações relacionadas ao microcrédito Lei n.º 9.790, de 23 de março de 1999 – Constitui as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), cujo estatuto permite realizar operações de microcrédito, mas sem visar a distribuição de lucros ou vantagens. – Regulamenta as Oscips como pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que exerçam atividades relacionadas com a promoção da assistência social; defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito (Art. 1.o e Art. 3.o – I, VI, VIII, IX). – Torna as Oscips isentas da Lei da UsuMarço – Empreendedor
ra (Decreto nº 22.626, de 7 de abril de 1933), que limita a cobrança de taxas de juros em até 1% por parte de instituições financeiras não reguladas, permitindo que essas organizações possam atuar com taxas de até 12% e sejam auto-suficientes. – Determina também que são isentas da cobrança de Imposto de Renda, caso o pedido seja devidamente protocolado na Receita Federal, e de Imposto Sobre Serviço (ISS), solicitada à prefeitura local. Lei n.º 10.194, de 14 de fevereiro de 2001 – Regulamenta as instituições de Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs), entidades com fins lucrativos especializadas em microfinanças. – Autoriza as SCMs a concederem financiamentos a pessoas físicas e microempresas de pequeno porte (Art. 1.º).
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– Apóia o desenvolvimento das micro e pequenas empresas por meio de projetos e programas que poderão ser efetivados: a) por intermédio da destinação de aplicações financeiras, em agentes financeiros públicos ou privados, para lastrear a prestação de aval ou fiança nas operações de crédito destinadas às microempresas e empresas de pequeno porte; b) pela aplicação de recursos financeiros em agentes financeiros, públicos ou privados, Oscips devidamente registradas no Ministério da Justiça, que se dedicam a sistemas alternativos de crédito, ou sociedades de crédito que tenham por objeto social exclusivo a concessão de financiamento ao microempreendedor; c) pela aquisição ou integralização de quotas de fundos mútuos de investimento no capital de empresas emergentes que
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Resumo das políticas públicas
Evanda Kwitko: empreender não basta, é preciso saber vender
Programa público de apoio ao microcrédito produtivo orientado. Aumento das fontes de recursos públicos e privados para as Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) que atuam nesse nicho e cooperativas de crédito. Aperfeiçoamento das normas sobre a exigibilidade bancária. Audiências públicas com as principais entidades da área, para desenvolver uma série de medidas que ampliem o alcance e melhorem a eficiência dessas instituições. Criação de fundos de financiamento
de carteira de microcrédito e de um fundo de aval com participação governamental. Deixar a cargo da instituição a decisão de realizar operações com clientes que possuam restrições cadastrais registradas no SPC e na Serasa. Criação do Banco Popular do Brasil e da Conta Corrente e Poupança Simplificadas, isentas de tarifas e sem exigência de comprovação de renda e de endereço, para a população de baixa renda, ampliando o acesso aos serviços financeiros. Permissão para o Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger) atuar com capital de giro.
Linha Direta e trabalhar, passando por qualificação técnica específica nos diferentes setores de atividade, políticas de apoio à comercialização, de fomento à formação de arranjos associativos de diversas naturezas, políticas de desenvolvimento local integrado e sustentado, assistência técnica permanente, acesso a tecnologia, informática e internet.”
destinem à capitalização das micro e pequenas empresas, principalmente as de base tecnológica e as exportadoras, no mínimo, o equivalente à participação do Sebrae nesses fundos; d) pela participação no capital de entidade regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que estimule o fortalecimento do mercado secundário de títulos de capitalização das micro e pequenas empresas (Art. 3.º, § 1.º e § 2.º).
dos dos depósitos à vista. – Fixa o percentual de 2% dos depósitos à vista captados por instituições financeiras a serem alocados para as operações e define os critérios de mobilidade, entre instituições financeiras, dos recursos e dos créditos relativos às operações (Art. 2º). – Taxas de juros não podem ser superiores a 2% ao mês para pessoas físicas e a 4% ao mês para microempreendedores.
Lei n.º 10.735, de 11 de setembro de 2003 – Com a Lei, a intenção do governo é aumentar o volume de recursos destinados ao microcrédito e regulamentar as aplicações em operações de microfinanças destinadas à população de baixa renda e a microempreendedores, baseadas em parcelas de recursos oriun-
Medida Provisória n.º 226, de novembro de 2004 – O governo lançou o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PMPO), que tem o objetivo de ampliar o acesso dos empreendedores de atividades produtivas de pequeno porte ao crédito produtivo orientado, direcionando-os para gera-
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Cláudio Boriola (17) 9601-0951 Evanda Evani Burtet Kwitko (51) 3336-2415 Gilson Alceu Bittencourt (61) 412-2422 Manuel Thedim (21) 3235-6315 Valter Alves Nascimento (73) 680-5027
ção de trabalho e renda. Resolução CMN n.º 3.109, de 2003 – Juntamente com a MP n.º 122 cria a exigibilidade para o microcrédito, direcionando 2% dos depósitos à vista (conta corrente) para operações desse tipo de empréstimo. Resolução CMN n.º 3.104 e n.º 3.113, de 2003 – Criação da Conta Corrente e de Poupança Simplificadas, isentas de tarifa e sem exigência de comprovante de renda e de endereço. Essas resoluções têm como meta ampliar o acesso da população de baixa renda aos serviços financeiros e permitir que o agente financeiro tenha conhecimento da movimentação do cliente, facilitando a concessão de empréstimos. Empreendedor – Março
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à realidade do cliente. É preciso que seja trabalhado de uma forma que ele, com um mínimo de conhecimento formal, possa aprender, aplicar, se organizar e se desenvolver.” O aumento da escolaridade dos empreendedores de baixa renda, na avaliação de Thedim, também deve ser priorizado. “Quanto mais escolaridade, mais capacidade de aprender
Microcrédito POLÍTICAS PÚBLICAS
O empréstimo suado Exigências do banco e dúvidas sobre o empreendimento costumam frustrar as expectativas renciar o empreendimento na ponta do lápis durante um tempo. O crescimento da empresa fez com que ele precisasse investir ainda mais, colocando-o novamente na mesma situação. A solução para continuar expandindo seu negócio foi abrir parte do capital para investidores, associandose à empresa chilena Barterhouse. Em um ano e meio de atividades, a Permute tem 200 empresas afiliadas, que movimentaram R$ 3 milhões. Com o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, lançado no ano passado, a expectativa do governo é minimizar o problema, contribuindo para melhorar o acesso ao microcrédito e realmente promovê-lo no Brasil, como prometido ainda na campanha eleitoral. Mas na opinião de Zaclis, os empecilhos continuam, só que agora estão concentrados na burocracia e lentidão do processo de concessão de empréstimos. “Se tivesse disponível hoje, provavel-
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Mesmo com as ações do governo para facilitar o acesso ao crédito, muitos empreendedores têm dificuldade para obter um empréstimo. Um exemplo é Flávio Zaclis, fundador da Permute, empresa brasileira especializada em transações e intermediações de trocas multilaterais. Ele tentou fazer um empréstimo quando estava montando a empresa, em 2003, mas não conseguiu. “Precisávamos de dinheiro para capital de giro e isso era, e continua sendo, impossível por causa dos juros exorbitantes. As linhas de crédito com preços mais acessíveis, na sua maioria, só estão disponíveis para empresas maiores e para financiar a compra de maquinário e equipamentos.” Sem alternativa para poder contornar o problema, Zaclis utilizou capital próprio no início. Com o dinheiro em caixa sempre contado ele adiou, ou até acabou deixando de lado, novos investimentos, conseguindo ge-
Flávio Zaclis: juros altos impedem acesso ao necessário capital de giro Março – Empreendedor
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mente, tomaria crédito”, diz. O problema, porém, está longe de ser exclusividade do microcrédtio. Atinge todas as linhas de crédito, tradicionais ou não, prejudicando diferentes nichos do mercado e principalmente os micro e pequenos empreendedores. Uma recente pesquisa feita pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) comprova as dificuldades para se obter crédito. O estudo trata das linhas de crédito, sem ênfase em nenhuma delas, e foi concentrado nas empresas de micro e pequeno portes. No total foram ouvidos 223 comerciantes e prestadores de serviço no estado de São Paulo. Metade dos entrevistados deixou de fazer investimentos porque não teve acesso a nenhum tipo de linha de empréstimo, tanto as tradicionais como as de microcrédito. As altas taxas de juros e as exigências de garantias foram as principais dificuldades encontradas. Para Cláudio Boriola, especialista na recuperação de créditos (pessoa física e jurídica) e treinamento em administração pessoal, os principais motivos são a falta de um plano de negócios e a burocracia encontrada na hora de contrair o benefício. “Muitos empresários dão início a suas empresas sem ter elaborado um plano de negócios detalhado de seu investimento. Assim, não prevêem seus retornos e capital necessário, por exemplo. Dessa maneira, as instituições bancárias se sentem receosas quanto a liberar o credito àquela pessoa, por não saber se seu empreendimento realmente dará certo ou se não passa de aventura”, diz.
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Microcrédito AGENTES FINANCEIROS
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por
Alexsandro Vanin
O sistema brasileiro de microcrédito tem demanda e potencial, mas falta uma política pública definida para transformá-lo numa efetiva ferramenta de inclusão social Março – Empreendedor
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Principais barreiras À concessão de empréstimos bancários à MPEs Falta de garantias reais
40%
Cadastro no Cadin/Serasa
16%
Insuficiência de documentos
12%
Inadimplência da empresa
9%
Linhas de crédito fechadas
7%
Projeto inviável
4%
Outras
12%
Fonte: Sebrae
afirma Márcio Oliveira da Silva, diretor-executivo do Banco da Família, de Lages (SC). O caso é complexo. Inicialmente, trata-se de uma metodologia relativamente nova e cara, porque tem uma série de lógicas que a sustentam: primeiro, esse crédito precisa ser produtivo; segundo, precisa ser orientado; terceiro, como toda metodologia nova, ela precisa ser implantada, e para tanto é necessário um plano de desenvolvimento institucional, e alguém precisa bancar isso até que ela se torne sustentável, no volume e no giro. À míngua A maioria das instituições de microcrédito tem recursos subsidiados por governos ou prefeituras. No caso do Banco da Família, o funding é composto de empréstimos de financiadores como a Agência de Fomento de Santa Catarina (Badesc) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – somente um pequeno empréstimo no ano de 1999. A dificuldade é a mesma para o Banco da Mulher, de Salvador. Segundo Hyeda Rigaud, vice-presidente da instituição, nos últimos dois anos nenhum dinheiro foi captado no BNDES, apesar de existirem projetos aprovados, e a única fonte de recursos para crédito na atualidade – mas de pequena monta – é a Agência de Desenvolvimento da Bahia (DesenBahia), enquanto no período a demanda aumentou muito. Isso impede as IMFs de ampliar suas carteiras e, pior, as obriga a esperar os atuais cli-
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entes pagarem para poder emprestar de novo. “Todo nosso dinheiro já está aplicado”, confirma Hyeda. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso e início do governo Lula, o responsável pela política de microcrédito era o BNDES. No primeiro, imperava a visão de que o microcrédito precisava ser lucrativo e que deveriam ser criadas condições para que o sistema financeiro tradicional o encampasse. Com isso o microcrédito foi muito pouco incentivado, salvo duas experiências importantes, o Programa de Crédito Produtivo Popular (PCPP) e o Programa de Desenvolvimento Institucional (PDI). Com a nova direção, foi praticamente fechado o sistema de microcrédito no Brasil, e a resposta mais freqüente às solicitações tem sido que a política está sendo reformulada. Quando foram criadas as Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs), em 2001, a filosofia do governo FHC era de que elas seriam financiada em longo prazo via BNDES. Ainda naquele governo só três sociedades conseguiram R$ 1 milhão cada uma, e outros quatro empréstimos de R$ 1 milhão cada um foram aprovados, mas não liberados no atual governo, segundo Euds Pereira Furtado, presidente da Associação Brasileira de Sociedades de Microcrédito (ABSCM). Essa é a razão, para ele, de ainda existirem poucas SCMs, e 11 das que abriram já fecharam. Atualmente, o Banco Central autoriza a atuação de 51 SCMs, das quais 15% estão fora de atividade por causa da falta de recursos. “Dependemos de que o governo acabe com as amarras. As coisas demoram muito a acontecer”, diz Furtado. Luzes no caminho Houve um movimento das entidades, e o atual governo foi sensível tomando algumas medidas. No entanto, no lançamento da questão da exigibilidade (Medida Provisória 122, que traEmpreendedor – Março
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O crédito tradicional, além de caro, é de difícil acesso para micro e pequenos empreendedores e impossível para quem atua no mercado informal. Em geral, eles não têm garantias a oferecer, não têm contabilidade organizada ou pelo menos organizada da forma que o sistema financeiro exige, e ainda por cima há um problema de custo. Um banco comercial faz uma operação de US$ 1 bilhão e o custo dessa operação às vezes não é maior do que um pulso telefônico. Já o custo de uma operação de R$ 2 mil para uma pequena empresa chega a R$ 40, porque é preciso que um funcionário examine e chancele os documentos, que imprima um contrato, que as garantias sejam checadas, etc. E para o tomador o custo desse financiamento também é alto, porque ele precisa se ausentar do negócio e pode perder clientes, gastar com locomoção, fotocópias, etc. “É toda uma lógica de um sistema pensado para engravatados e não para o fruteiro da esquina”, diz Luiz José Bueno Aguiar, diretor de Assuntos Institucionais da Associação Brasileira dos Dirigentes de Entidades Gestoras e Operadoras de Microcrédito, Crédito Popular Solidário e Entidades Similares (Abcred). Há uma metodologia alternativa, que consiste em uma ferramenta de inclusão social, chamada microcrédito. É praticada no mundo inteiro, com enorme sucesso no combate à exclusão e à pobreza, gerando estratégias de emprego, trabalho e renda, dentro de uma lógica de desenvolvimento local. “É isso que nós fazemos, e os bancos não”, diz Aguiar. O problema é que esse segmento enfrenta no Brasil a falta de uma política pública – situação agravada pela diferença de visão dos governos – e a descontinuidade no repasse de recursos para a composição de funding das instituições de microcrédito (IMFs). “Indubitavelmente, a constituição de recursos para empréstimo é a maior dificuldade enfrentada pelas IMFs”,
GRUPO KEYSTONE
Microcrédito AGENTES FINANCEIROS tava da obrigatoriedade da aplicação de 2% dos depósitos à vista do banco em microcrédito), houve um equívoco brutal, na opinião de Aguiar: a fixação dos juros na ponta em no máximo 2%. Segundo ele, os banqueiros fizeram os cálculos e descobriram que com essa taxa a conta não fecharia no final do mês, por isso os bancos comerciais não entraram nessa operação, desconhecida para eles e ainda por cima deficitária. A essa taxa, nem mesmo IMFs sobreviveriam, pois os custos são elevados. Mas hoje isso está superado, sendo permitido embutir os custos sobre os 2% de juros, até uma faixa de 4%. As medidas mais recentes, entre elas o Plano de Microcrédito Produtivo Orientado (PMPO), trazem mais esperanças ao segmento. “Acredito que ainda no mês de março as operações sejam reiniciadas, desta vez como uma política de governo. O governo Lula enxergou o problema e está resolvendo de forma eficaz, criando condições para que os bancos oficiais operem,
criando fundos de aval para garantir a diminuição do risco e interessar o capital privado de alguma forma”, diz Aguiar. Segundo Stélio Gama Lira Júnior, diretor responsável pelo programa CrediAmigo do Banco do Nordeste (BNB), algumas ações já começaram a surtir efeito. “Até porque isso não é muito rápido, as próprias instituições de microcrédito têm que se adaptar, têm que ter controle e gerenciamento.” A medida provisória publicada em novembro estabelece que recursos que eram do BNDES serão gerenciados pelo Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal (CEF), que repassarão às IMFs. O Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador) vão estabelecer as regras, mas até agora isso não foi feito. A proposta encaminhada pela ABSCM ao Grupo de Trabalho Interministerial, criado pelo governo para discutir o assunto, é que o repasse dos recursos fosse nos mesmos moldes financeiros do praticado pelo BNDES, e que fosse num molde em que tanto o BB quanto a CEF estivessem acostumados, uma linha de crédito automática, no caso, aberta para
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A garantia do fundo de aval O aval é uma ferramenta importante, porque indica um vínculo entre o tomador e a pessoa que dá as garantias reais para a concessão do crédito, instituindo maior confiança nas relações comerciais e econômicas. Mas para os micro e pequenos empreendedores é uma das principais dificuldades na hora de conseguir um empréstimo. A estimativa é que cerca da metade dos que buscam crédito esbarre nesse empecilho. Com a Medida Provisória n.º 226, de 2004, o governo criou um fundo de aval, no qual tem participação, reduzindo o custo e contribuindo para a concessão de crédito ao microempreendedor. A MP permite a concessão de crédito sem a necessidade de garantias reais. Já nas operações entre Março – Empreendedor
instituições financeiras e de microcrédito, a medida também possibilita utilização do fundo de aval público (Funproger), quando os recursos forem provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Nesse caso, podem chegar a R$ 200 milhões. Outra possibilidade é o Fundo de Aval da Micro e Pequena Empresa (Fampe), que conta com a participação do Sebrae. A MP permite que o Fundo atue como avalista de operações entre bancos e instituições de microcrédito, independentemente da fonte de recursos (FAT ou depósitos especiais para microcrédito). As normas específicas estão para serem editadas pelos respectivos órgãos: Codefat (Fumproger) e Sebrae (Fampe).
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as instituições, de R$ 1 milhão, em que a SCM vai pegando quantias e dando como garantia os recebíveis, até chegar ao valor total, dispensando assim reuniões de diretoria para a liberação do financiamento. Regras indefinidas A possibilidade de bancos comerciais poderem repassar recursos da exigibilidade para IMFs é outra luz para o segmento presente na MP mais recente, na opinião de Márcio Oliveira da Silva. No entanto, a construção disso está muito lenta e, como os bancos não estão seguros da perenidade da medida, esperam definições mais claras do governo, principalmente a regulamentação do processo. A maior parte dos bancos não consegue cumprir a exigibilidade, e esses recursos são baratos, mas as IMFs têm dificuldade em captá-los, por causa da falta de garantias. Essa situação não foi enfrentada pelo Banco do Nordeste, comenta Stélio Gama Lira Júnior, por ser uma instituição sólida, que aplicou a totalidade de seus 2% dos depósitos à vista e ainda por cima captou recursos de outros bancos. “Temos até mesmo negado ofertas, porque não temos capacidade de aplicar.” O dinheiro do Estado é essencial principalmente no início da vida de uma IMF, até que ela tenha giro e atinja a auto-sustentabilidade. Em média, isso ocorre em seis a sete anos, o que obrigatoriamente perpassa no mínimo um governo, e a carteira deve ser de no mínimo 300 a 400 clientes por agente. Segundo Aguiar, a entidade precisa ter metas de auto-sustentabilidade, se não acontecem desastres. Programas extremamente bem-sucedidos, mas totalmente atrelados ao Estado, podem ser encerrados por um novo governante. Isso aconteceu em Belém, onde a entidade foi simplesmente fechada, apesar de seus resultados positivos. Existem ainda gargalos de natureza operacional, legal e política. Segundo Aguiar, os órgãos de fiscalização do
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orçamento público não sabem o que é microcrédito produtivo orientado, motivo pelo qual têm uma tendência de aplicar os mesmos mecanismos de controle do crédito tradicional. Com isso se torna inviável fazer a aplicação na ponta, porque no microcrédito o cliente não tem garantias para dar; a única alternativa muitas vezes é o aval solidário ou aval conjunto. O Tribunal de Contas da União (TCU) exige a fiscalização de contrato por contrato na ponta para quem vai fornecer recursos para operadoras de microcrédito, o que é praticamente impossível. Uma operadora como a São Paulo Confia, por exemplo, faz 4 mil operações por mês, mas como ela tem 30% de grupos solidários, e cada um desses grupos é composto por cinco a sete integrantes, então na verdade ela faz cerca de 10 mil contratos por mês. Crédito personalizado O microcrédito produtivo orientado tem um custo elevado, dá mais trabalho, porém mais resultados, comenta Stélio. A instituição orienta a solicitação de acordo com o perfil do cliente, a cada necessidade. Existe a figura do agente de crédito, técnico que acompanha os clientes para supervisão, aconselhamento e alterações necessá-
Finalidades dos microempréstimos tomados Capital de giro (mercadorias e insumos)
55%
Investimento (máquinas e equipamentos) 36%
36%
Outros
9%
rias do investimento, entre outras ações. Além disso, a captação dos clientes é feita no próprio negócio, ou seja, lá no açougue, na mercearia, na lojinha ou mesmo na rua, com o vendedor de pipocas. O principal programa no Brasil é o CrediAmigo do Banco do Nordeste, o maior da América do Sul e o segundo maior da América Latina. O modelo adotado pelo BNB é semelhante ao da Portosol. O crédito solidário representa 92% da carteira do programa. Segundo Stélio, o grupo solidário é uma facilidade muito grande, porque na maior parte dos casos os empreendedores não têm como dar garantias individuais. Os grupos variam de três a dez pessoas, e é exigido que o cliente tenha no mínimo um ano de atividade – não são concedidos financiamentos para a abertura de negócios. Dois produtos são oferecidos: capital de giro, até R$ 8 mil; e investimento, até R$ 3 mil. A soma dos dois, no entanto, não pode ser superior a R$ 10 mil. O próximo passo da instituição é passar a atuar na área de microfinanças, ofertando poupança, seguro saúde e outros produtos. A ação do CrediAmigo – e de quase todas as instituições que atuam na
Stélio Gama: aplicação de 2% dos depósitos à vista do Banco do Nordeste
área – não se resume à concessão de microcrédito. A capacitação dos clientes é muito importante. O BNB fornece algumas cartilhas de apoio, de forma que o empreendedor possa fazer um fluxo de caixa, calcular o lucro, etc. Mas isso precisa ser feito de forma muito simples, porque algumas pessoas são arredias a mudar o que fazem e 54% dos clientes são analfabetos funcionais, não tendo mais do que quatro anos de estudo, segundo
Principais características do microcrédito no Brasil Utilizado principalmente como capital de giro. J Poucas exigências e sem burocracia. J Cliente deve possuir cadastro limpo. J Valor do financiamento é de pequena monta (até R$ 2 mil). J A forma de pagamento pode ser diária, semanal, quinzenal ou mensal. J A garantia é através de aval solidário, fundo de aval ou aval. J A pessoa física deve ter endereço fixo, pelo menos, há um ano. J A pessoa jurídica deve estar funcionando. J Estar localizado na área geográfica de atuação da agência. J Não ter caráter delituoso e não agredir o meio ambiente. J Não ser parente de pessoas ligadas à instituição de microcrédito. J
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Empreendedor – Março
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Fonte: Sebrae
Microcrédito AGENTES FINANCEIROS Stélio. Uma parceria com o Sebrae para a aplicação de um programa de capacitação está em negociação, e inclusive já foi feito um piloto em Fortaleza com resultados positivos. Acessível para informais O atendimento a pessoas que atuam na informalidade é outra característica do microcrédito produtivo orientado. No caso do Banco da Família, que atende 15 municípios da região de Lages (SC), 95% dos clientes são desse grupo. A carteira tem mais de 3,3 mil clientes ativos, que tomam empréstimos no valor médio de R$ 1,3 mil, a juros numa faixa entre 2,9% e 3,9%, com prazo de até 24 meses para pagar. Ao longo dos seis anos de atuação, mais de R$ 22 milhões foram emprestados, e o risco (valor total do contrato a vencer e vencido) gira em torno de 1%. Em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), o Banco da Família de-
senvolveu em 2004 o Programa Primeiro Negócio (PPN), para a capacitação gerencial das pessoas que nunca tiveram um negócio e desejavam iniciar um, atrelado ao empréstimo de recursos. Uma nova edição do programa está sendo formulada e se buscam parceiros para sua realização, mas dificilmente será reeditado ainda neste ano, conforme Silva. O Banco da Mulher de Salvador também presta apoio gerencial por meio dos agentes de crédito e em parceria com instituições conveniadas como o Sebrae e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), entre outras. O Banco da Família e o Banco da Mulher são Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips). Elas não estão sujeitas à Lei da Usura (limitação a que estão sujeitas as ONGs) e podem praticar taxas de juros superiores a 12% ao ano, mas são entidades que não visam ao lucro. Também têm isenção de Imposto de Renda, desde que protocolem o pedido na Receita Federal, e de Imposto Sobre Serviço (ISS) – neste caso, a isenção deve ser solicitada à prefeitura local.
Entidades que formalmente são Oscips podem operar sob o nome de banco, como por exemplo o Banco do Povo de Santo André. Já as Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs), reguladas pela Lei 10.194, de fevereiro de 2001, têm o lucro por objetivo e não podem usar o nome “banco”. O processo de formação de uma SCM é acompanhado pelo Banco Central (BC) e, após a constituição, as atividades também são monitoradas pelo BC. Elas podem operar por conta própria ou podem firmar parcerias e instalar os Postos de Atendimento ao Microcrédito (PAM) dentro de agências bancárias tradicionais, por exemplo. Também podem ser controladas por Oscips. As SCMs devem ter capital realizado e patrimônio líquido de R$ 100 mil, e o limite de endividamento é de, no máximo, cinco vezes o patrimônio líquido, somadas as obrigações do passivo circulante, as coobrigações por cessão de créditos e por prestação de garantias e descontadas as aplicações em títulos públicos federais. Elas operam por meio de garantias, aval, e com agentes de crédito. A
Menos desigualdade, mais crescimento contribuindo para fortalecer e ampliar suas atividades, aumentar seus ganhos financeiros e melhorar a qualidade de vida de suas famílias. Os clientes assistidos são, em sua maioria, pessoas que trabalham por conta própria, em negócios de pequeno porte, e se caracterizam por dispor de um mínimo de capital fixo, utilizar poucos trabalhadores – familiares ou assalariados, registrados ou não – e por participar diretamente da produção, sendo 61% mulheres. Cerca de 92% dos clientes desenvolvem suas atividades no setor de comércio, 5% no setor de serviços e os 3% restantes no ramo de produção industrial/artesanal. A maioria dos clientes (59,2%) possui renda inferior a R$ 1 mil e 54% são analfabetos ou pos-
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O maior programa de microcrédito produtivo orientado da América do Sul, e segundo maior da América Latina, é o CrediAmigo do Banco do Nordeste (BNB). Em sete anos de existência, foi aplicado R$ 1,5 bilhão, divididos em 1,9 milhão de empréstimos (valor médio de R$ 810), sendo que somente nos últimos dois anos (janeiro de 2003 a dezembro de 2004) foram emprestados R$ 809 milhões em 943 mil operações. Para Stélio Gama Lira Júnior, diretor responsável pelo CrediAmigo, o programa é um forte instrumento de redução das desigualdades sociais e fortalecimento da cidadania, pois proporciona a inserção competitiva dos microempreendedores no mercado,
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suem primeiro grau incompleto. O principal produto do programa é o Capital de Giro para Grupos Solidários. São empréstimos graduais para grupos de 3 a 10 microempresários, com valores crescentes à medida que estes apresentem capacidade e expansão de seus negócios. No crédito para Capital de Giro, o valor da primeira operação é limitado a R$ 2.000 por cliente, conforme o porte do empreendimento, podendo evoluir até R$ 8.000 por cliente. Os reembolsos podem ser semanais, quinzenais ou mensais, sem carência e com prazo para pagamento variando de um a seis meses. Para aqueles que expandiram seus negócios após o uso desse produto, o CrediAmigo oferece crédito para giro individual e para investimento fixo.
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taxa de juros fica em torno de 4% ao mês e o prazo de pagamento, avaliado pelo agente (geralmente um terço da arrecadação dele pode ser comprometida), em média é de dez meses. Essas são chamadas de instituições de primeiro piso, ou seja, atuam diretamente com o cliente final. Mas existem as instituições de segundo piso, que oferecem capacitação e apoio técnico e provêm recursos financeiros, sob a forma de empréstimos, às instituições de primeiro piso. É o caso da Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina (Badesc), que mantém desde 1999 um programa que oferece pequenos empréstimos através de 19 Oscips para proprietários de pequenos negócios formais e informais que necessitem de recursos financeiros para promover o crescimento de seu microempreendimento. Os valores variam de R$ 200 a 10.000. Os microempreendedores fazem os empréstimos nas Oscips com taxas que variam de organização para organização, com juros de 2,7 a 4% ao mês. “O programa transformou-se em referência nacional para instituições de segundo piso”,
Para investimento fixo, não existe valor mínimo para o empréstimo, que pode chegar a R$ 3.000. O desembolso ocorre de uma só vez, e os reembolsos são mensais, sem carência, com prazo para pagamento variando de um a 18 meses. A taxa de juros varia, em média, de 2% a 2,5%. Com 170 agências e 839 assessores, o CrediAmigo leva o microcrédito a todos os estados do Nordeste, norte de Minas Gerais – com agência também em Belo Horizonte – e norte do Espírito Santo. Com essa estrutura e visitas sistemáticas dos assessores, o total de municípios atendidos pelo programa soma 1.216, dos quais 941 atendem mais de 20 clientes.
diz Renato de Mello Vianna, presidente do Badesc e da Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE). São atendidos os 293 municípios do estado catarinense, por meio de postos avançados subordinados às Oscips estrategicamente estabelecidas em 17 cidades. Estão disponibilizados R$ 5,3 milhões, oriundos do retorno dos recursos do programa. Esses recursos poderão ser repassados às instituições que compõem a rede de microcrédito de Santa Catarina, conforme a necessidade da demanda por crédito em sua região. O Badesc repassa de forma subsidiada para as organizações de microcrédito recursos financeiros destinados à implantação, estruturação e expansão que serão devolvidos em prazos variáveis de 6 a 24 meses de carência e amortização de 12 a 24 meses. “Em Santa Catarina, quem tem sido o grande parceiro, e sem dúvida manteve a instituição em dia, é o Badesc. Ele conseguiu preencher a lacuna deixada pelo BNDES”, diz Márcio Oliveira da Silva, diretor-executivo do Banco da Família (IMF), que compõe a rede.
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precisa ser aplicado em um negócio). “Acho que o microcrédito de consumo também é válido, pois acaba movimentando a economia, gerando novos negócios”, diz Stélio Gama Lira Júnior, diretor do programa CrediAmigo. Para Monteiro, isso é muito salutar, pois tira o cidadão do agiota. Segundo ele, o BB optou inicialmente pelo microcrédito de consumo porque era necessário aplicar 2% dos depósitos (cerca de R$ 400 milhões na média). Mesmo assim não foi cumprida toda a exigibilidade, porque o volume era muito alto. Naquele momento, o BB traçou uma estratégia com três eixos de atuação: criar e colocar de pé o Banco Popular do Brasil, subsidiária para cuidar exclusivamente dessa área; disseminar imediatamente linhas de crédito para um público que estava à margem do sistema financeiro, os aposentados e pensionistas que recebiam no banco através do cartão do beneficiário da Previdência – cerca de 3,2 milhões de pessoas recebiam no cartão porque conta bancária era caro demais para elas – e também um público de pequenos poupadores que não possuía conta corrente no banco, mas que mantinha uma aplicação em poupança de R$ 20 a R$ 200 de saldo médio, cerca de 800 mil pesEmpreendedor – Março
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Segundo piso Quem vai tomar a experiência do Badesc como modelo é o Banco do Brasil, que passará a atuar como instituição de segundo piso em relação a microcrédito produtivo orientado ainda neste ano. Segundo Edson Monteiro, vice-presidente de Varejo do Banco do Brasil, a instituição estuda uma estrutura de trabalho com agências de fomento, Oscips e cooperativas de créditos para fazer o repasse de recursos para empréstimo a microempreendedores. “Estamos investindo no cliente do futuro. Nossa visão é que esse cliente, hoje no setor informal, com a retomada de crescimento econômico, com a recuperação da economia, é um cliente em potencial.” O Banco do Brasil atua na área de microcrédito desde 2003, mas voltado para consumo (o financiamento não
Renato Vianna: Badesc oferece empréstimos entre R$ 200 e R$ 10 mil
Microcrédito AGENTES FINANCEIROS soas; e um público, que já era cliente do banco, com renda inferior a três salários mínimos e não tomava crédito, mas que tinha um movimento bancário mínimo, passível de ser contemplado com microcrédito.
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Valorização pessoal Em relação à linha de aposentados e pequenos poupadores, foram bancarizadas cerca de 1 milhão de pessoas no BB e 1,2 milhão no Banco Popular. “Até dezembro de 2004 foram bancarizadas 2,1 milhões de pessoas que estavam à margem do sistema financeiro, proporcionando cidadania financeira e inclusão social”, diz Monteiro. Quanto àqueles que já eram clientes do BB, foram realizadas 640 mil operações de microcrédito, num montante de R$ 370 milhões. O índice de inadimplência é de 2,8%, o que é perfeitamente aceitável. Conforme uma pesquisa realizada pela instituição, o BB oferta crédito para 6 milhões de pessoas, público que se
Monteiro, do BB: a meta é completar 2005 com uma carteira de R$ 21 bilhões Março – Empreendedor
sente valorizado por ter conta em banco e, principalmente, ter acesso ao crédito, embora não necessariamente queira utilizá-lo de imediato. O Banco Popular completou um ano de operação em fevereiro deste ano, com operações acima das projetadas. Tendo como pano de fundo uma legislação pró-inclusão bancária e em defesa do acesso ao crédito, a instituição superou as metas inicialmente previstas e chegou a 1,2 milhão de clientes, 5,9 mil pontos de atendimento e R$ 29 milhões concedidos na modalidade de microcrédito. A inadimplência fica na ordem de 6% a 7%. As perspectivas da empresa para 2005 são otimistas: abrir mais 2,8 milhões de contas correntes e outros 7 mil pontos de atendimento. Outra meta do BPB para 2005 é a ampliação do portfólio de produtos e serviços oferecidos aos seus clientes. Estão previstos produtos como cartão de crédito, seguro de vida, título de capitalização e poupança. Para abrir a conta corrente no Banco Popular do Brasil não é necessário comprovar renda ou endereço. Logo após a ativação do cartão de movimentação da conta, o cliente pode ter acesso ao crédito pessoal, a juros de 2% ao mês, com valor inicial de R$ 50, podendo chegar até R$ 600. Outra vantagem é a possibilidade de efetuar suas transações bancárias em lojas próximas à moradia ou local de trabalho. A rede de atendimento é formada por correspondentes bancários, credenciados entre estabelecimentos da rede de varejo. Além dos bancos comerciais e das IMFs, há outra alternativa para micro e pequenos empreendedores. “Existe uma concorrência não aparente, que é o grande varejo”, diz Stélio Júnior. Segundo ele, quem é do setor informal, tem uma lanchonete, por exemplo, e precisa de um freezer, pode tanto retirar um financiamento no Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco do Nordeste e comprar o produto, quanto comprar
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parcelado diretamente em qualquer loja de magazine. “Há muito crédito ocorrendo. Não é à toa que o Banco Itaú comprou a carteira das Casas Bahia e o Banco do Brasil trabalha com o Extra.” Além disso, existem empresas que financiam seus próprios vendedores, como a Avon, por exemplo. Monteiro lembra ainda das linhas especiais do Banco do Brasil, como o Proger, por exemplo. Segundo ele, no início do governo Lula, o BB investiu nas MPEs R$ 8,2 bilhões em capital de risco e investimento. Em 2004 o repasse foi de R$ 17, 2 bilhões, e, neste ano, até os primeiros dias de fevereiro, o acumulado dos últimos 12 meses já chega a R$ 17,6 bilhões. Nesse período, o número de empresas atendidas passou de 320 mil para 680 mil. A meta é completar 2005 com uma carteira de R$ 21 bilhões. “Não podemos considerar isso pouca coisa, falando em injeção de capital num segmento tão importante, que gera muito emprego, trabalho e renda, que sustenta a sociedade de consumo”, diz Monteiro. Avanços no financiamento a micro e pequenos empreendedores têm ocorrido, mas o contingente de pessoas à margem do sistema ainda é grande, e o microcrédito é um dos caminhos mais curtos para tirar esse grupo da informalidade e incluí-lo na economia.
Linha Direta Edson Monteiro (61) 310-4104 Euds Pereira Furtado (21) 2544-4235 Hyeda Rigaud (71) 3243-3812 Luiz José Bueno Aguiar (11) 3541-2271 Márcio Oliveira da Silva (49) 223-0444 Renato de Mello Vianna (48) 216-5017 Stélio Gama Lira Júnior (85) 3299-3069
Remédio caseiro O Brasil é pioneiro na aplicação do microcrédito no setor informal, aliado à capacitação gerencial O microcrédito não é novidade para os brasileiros, apesar de a prática ter se difundido pelo país apenas a partir da década de 90 e se intensificado nos últimos anos. Há mais de 30 anos, o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a utilizar o microcrédito para o setor informal urbano. Em 1973, a Accion Internacional, em parceria com entidades empresariais e bancos locais, criou a União Nordestina de Assistência a Pequenas Organizações (UNO), que por 18 anos financiou milhares de empreendimentos em Pernambuco e na Bahia e serviu de referência para a expansão dos programas de microcrédito na América Latina. A UNO, estabelecida como orga-
nização não-governamental, concedia microcrédito – a partir de um “aval moral” – e capacitava em temas básicos de gerenciamento pessoas de baixa renda que atuavam no setor informal, além de produzir pesquisas sobre o perfil do microempresário informal e o impacto do crédito. Como resultado desse trabalho, a cultura do associativismo foi disseminada, e várias cooperativas, associações de artesãos e grupos de compra foram criados. O êxito na área técnica, no entanto, não evitou que a instituição desaparecesse por causa da falta de autosustentabilidade. Segundo especialistas, duas medidas poderiam ter evitado a quebra da UNO: a transformação
de doações recebidas em patrimônio financeiro que pudesse ser emprestado a juros de mercado, gerando receitas e capitalizando a cidade; e a cobrança de juros reais em todas as linhas de crédito que operava, tendo assim um ganho para capitalização. Solidário Mas foi a partir da aplicação da metodologia dos grupos solidários – cuja principal característica é o aval solidário – que o microcrédito ganhou expressão no cenário nacional. Baseado na experiência da Accion e de ONGs colombianas, foi criado em 1987, em Porto Alegre, o Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos Ana Terra (Ceape/RS), com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Inter-American Foundation (IAF) para composição do funding. A iniciativa foi bem-
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Microcrédito AGENTES FINANCEIROS sucedida e a instituição passou a ser reproduzida em outros estados, formando hoje uma rede com 12 centros. Também em Porto Alegre, em 1995, teve origem a primeira instituição de microcrédito a partir de uma iniciativa do poder público (no caso a prefeitura do município), controlada pela sociedade civil e apoiada no princípio da auto-sustentabilidade. A Portosol – Instituição Comunitária de Crédito, que teve os recursos para empréstimos oriundos de doações da Prefeitura de Porto Alegre, do Governo do Rio Grande do Sul, da Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ) e da IAF e de financiamentos do BNDES e do Sebrae/ RS, concede crédito a pequenos empreendimentos, tanto para capital de giro quanto para capital fixo, operações garantidas por aval simples ou solidário, cheques e alienação de bens. Em outubro do ano seguinte, no Rio de Janeiro, foi criado o VivaCred, uma iniciativa do Movimento Viva Rio, com apoio do BID, BNDES e Fininvest para a composição do funding. O objetivo da instituição é conceder crédito a microempreendimentos formais e informais de pessoas de comunidades carentes da cidade, como as favelas da Rocinha, Maré e Rio das Pedras, entre outras. Os empréstimos são destinados tanto para capital de giro quanto para capital fixo. Estes são apenas alguns exemplos. Desde a década de 70, foram formadas no país diversas entidades microfinanceiras: Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), Cooperativas de Crédito de Pequeno Porte, Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs) e ONGs especializadas no tema. Isso sem falar em iniciativas públicas, como o Banco do Povo Paulista, e na atuação de bancos tradicionais, como Banco do Brasil e Bradesco. Março – Empreendedor
O impacto positivo em outros países Pequenos empréstimos a pequenos empreendedores formais e informais são vistos cada vez mais como instrumento de inserção social e econômica Bangladesh, 1976. Em um dos países mais pobres do mundo, grande parte da população não tinha acesso a crédito nos bancos comerciais e precisava recorrer a agiotas para financiar pequenas atividades produtivas. Muhammad Yunus, economista e professor da Universidade de Chittagong, ao perceber a situação das pessoas que viviam em aldeias ao redor da instituição, iniciou com seu próprio dinheiro e a ajuda de seus alunos um trabalho de concessão de empréstimos. Surgia então a semente do Banco Grameen, experiência internacional que se transformou em referência metodológica para programas de microcrédito em todo o mundo. São experiências também precursoras a Associação do Pão, na Alemanha, em 1846, as Caisses Populaires, no Canadá, em 1900, e a Liga de Crédito, nos Estados Unidos, em 1953, mas foi Yunus que provou às instituições financeiras que pobres são bons pagadores e conseguiu atrair parceiros para compor o funding que sustentou a criação do Banco Grameen, em 1983. “O microcrédito atinge uma dimensão importante com Yunus”, diz Luiz José Bueno Aguiar, diretor de Assuntos Institucionais da Associação Brasileira dos Dirigentes de Entidades Gestoras e Operadoras de Microcrédito, Crédito Popular Solidário e Entidades Similares (Abcred). Trata-se de uma instituição financeira privada que cobra taxas de juros de mercado, mas concede crédito de for-
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ma diferente à adotada pelo sistema financeiro convencional, cercado de burocracia e exigências de garantias reais impossíveis para sua clientela. A metodologia Grameen tem como pilares o aval solidário e o agente de crédito, que é uma pessoa especialmente capacitada para a análise e acompanhamento dos tomadores de empréstimos. O aval solidário trata-se da formação de grupos de cinco pessoas da comunidade que se responsabilizam mutuamente pelos empréstimos. O modelo é reconhecido como um sistema de crédito diretamente relacionado ao combate à pobreza, por meio do financiamento a microempreendedores – formais ou informais – que permite o aumento da produtividade e da qualidade dos serviços, com uma conseqüente elevação da qualidade de vida. Os créditos são concedidos somente para populações rurais carentes organizadas em grupos solidários e com poupança compulsória. Os pagamentos são realizados em parcelas semanais ou mensais. As mulheres, mesmo não atuando no negócio, são consideradas sócias-prioritárias, representam a maioria dos clientes e recebem grande parte dos empréstimos. O prazo inicial dos créditos é de um ano, com pagamentos semanais, e a média é de US$ 180/ ano por cliente. O banco controla onde e como o dinheiro é aplicado, e qualquer alteração de finalidade na aplicação dos recursos emprestados requer autorização da instituição. Tudo o que for adquirido com o empréstimo é con-
siderado propriedade do banco, até a quitação total do crédito. Uma das características do Grameen é ser um “banco que vai ao cliente”. A instituição, em 1999, estava atuando em 39 mil aldeias, o que representa mais de 50% do total das aldeias de Bangladesh – o país possui 69 mil aldeias. Eram mais de 1,1 mil agências, com um total de 13 mil funcionários. Os tomadores de crédito são acionistas do banco, detendo 93% do seu capital, e cada ação é vendida por US$ 2. A instância superior do Grameen Bank é um conselho administrativo, composto por 13 conselheiros, sendo nove deles mulheres pobres – tomadoras de crédito – e indicadas pelos demais clientes. Os outros três membros são indicados pelo governo de Bangladesh. Yunus ocupa o cargo de diretor-administrativo e participa das reuniões do conselho, mas sem direito a voto.
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ximo de US$ 2,5 mil, utilizável exclusivamente em estabelecimentos filiados ao sistema para aquisição de insumos e contratação de serviços. Já o Fosis, no Chile, criado em 1991 como instituição pública ligada diretamente à Presidência do país, atua como repassador de recursos para ONGs, cooperativas e instituições privadas de microcrédito – consiste numa instituição de segunda linha. A transferência dos recursos é feita sem cobrança de taxas de retorno, por meio de concorrência pública, em que sai vencedora a entidade que oferece a menor taxa de juros ao tomador final. O Banco del Pichincha, no Equador, em parceria com a Accion, montou em 1998 um programa de microcrédito voltado para pequenos empreendedores, o Credife. As operações tiveram um rápido crescimento, o que levou a instituição a aumentar o funding para atender mais clientes e oferecer taxas de juros ainda mais competitivas. Atualmente o Credife possui 31,2 mil clientes ativos, dos quais 53% são mulheres, e vem expandindo sua área de abrangência no país. Empreendedor – Março
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Solução rentável Mais do que um instrumento de redução das desigualdades sociais e de inclusão econômica, o microcrédito mostrou-se uma estratégia rentável para o Bank Rakyat Indonésia (BRI). Antes de passar a explorar as microfinanças, em 1984, a instituição operava exclusivamente como banco rural, com 3,6 mil filiais e déficit anual de US$ 24 milhões. Cinco anos depois o lucro era de US$ 25 milhões, período em que foram concedidos uma média de 115 mil microempréstimos de US$ 437 por mês, com uma inadimplência de pouco mais de 3%. Na Bolívia, o microcrédito teve origem, em 1986, com uma abordagem estritamente social e, com o desenrolar do programa, surgiu o Banco da Solidariedade S.A. (BancoSol), em 1992. A instituição concede créditos para produção e consumo, no valor médio de US$ 500, sob garantias individuais ou solidárias, cobrindo aproximadamente 40% dos usuários do setor bancário boliviano – o que eqüivale, no entanto, a apenas 1% do total de ativos dos ban-
cos comerciais do país. A experiência da Accion Internacional, instituição sem fins lucrativos criada na Venezuela em 1961, também é base para diversos programas de microcrédito no mundo. A Accion, que nos primeiros dez anos atuou no Brasil, na Colômbia, no Peru e no seu país de origem, distribuindo mais de US$ 9 milhões, atualmente está presente em 20 países da América Latina, Caribe e África, e em 33 cidades dos Estados Unidos, e entre 1992 e 2003 emprestou US$ 5,8 bilhões a mais de 3,2 milhões de pessoas, das quais menos de 3% caíram em inadimplência. O microcrédito hoje está presente em mais de 70 países, e as experiências são as mais variadas. No Peru, por meio de uma parceria entre a GTZ alemã e instituições peruanas ligadas a pequenas empresas, foi criado em 1979 o Fogapi, que fornecia cartas de fiança para microempresários que não possuíam garantia de poderem acessar o sistema bancário tradicional. Somente nos últimos anos é que a instituição passou a oferecer diretamente microcrédito e um cartão de crédito para microempresários, com limite má-
Microcrédito AGENTES FINANCEIROS
Passo-a-passo
para obtenção do microcrédito 4 – Quais os tipos de linha de crédito para empresas?
1 – Quando devo procurar uma instituição? Se você tem um negócio formal ou informal e necessita de recursos de capital de giro ou para investimento.
Linha de crédito para investimento ou investimento fixo: é o capital destinado à aquisição de máquinas ou equipamentos e à feitura de obras civis indispensáveis à implantação, à modernização, ao funcionamento ou à ampliação da empresa. Linha de crédito para capital de giro: são os recursos destinados à compra de mercadorias, à reposição de estoques, às despesas administrativas. Capital de giro associado ao investimento ou ao investimento misto: são recursos destinados a cobrir as despesas que a empresa vai ter com investimentos realizados.
2 – Quais os pré-requisitos? A principal exigência é possuir o cadastro limpo no Serasa, SPC e, no caso de bancos oficiais, Cadim. Outras exigências muito comuns feitas pela instituições de microcrédito são: Ser maior de idade ou menor emancipado. O negócio funcionar no mínimo entre 8 a 12 meses (varia de instituição para outra). O negócio ser a principal atividade do cliente O negócio estar localizado na área geográfica de atuação da agência Exercer atividade que não tenha caráter delituoso e que não agrida o meio ambiente. Ter endereço fixo e residir na cidade, pelo menos, de um a dois anos. Não ser parente de pessoas ligadas à instituição de microcrédito.
5 – Como funciona o processo? Procure a instituição de microcrédito de sua cidade ou região. Lá um agente de crédito montará um cadastro preliminar para verificar se você atende aos requisitos mínimos. Se você estiver apto, o agente de crédito o visitará para fazer uma avaliação do seu negócio , das suas relações (o que os vizinhos pensam de você), dos seus clientes, das suas condições socioeconômicas, das suas atitudes e da seriedade dos seus propósitos. O agente de crédito fará também um levantamento do fluxo de caixa do seu negócio para avaliar a sua capacidade de pagamento, verificar qual o valor da prestação que você suporta pagar e conseqüentemente o limite de crédito que será liberado. No microcrédito usa-se normalmente como garantia a fiança, fundo de aval e aval solidário. Este último é a garantia que tem se mostrado mais rápida e eficiente. Você deve mobilizar um grupo de outros micro empresários interessados em obter crédito e que estão dispostos de forma voluntária a dar garantia solidária aos outros participantes do grupo: cada participante do grupo é avalista da operação dos demais participantes. Se alguém não paga a prestação, os demais membros do grupo serão responsáveis e solidariamente pagarão pelo inadimplente. A proposta é encaminhada para o comitê de crédito, assim como toda a documentação e o parecer do agente. Ele presta verbalmente esclarecimentos e responde aos questionamentos dos membros do comitê, que normalmente toma uma decisão consensual. Uma vez aprovada, o dinheiro será liberado (por meio de cheque ou depósito em conta) assim que o contrato estiver assinado.
3 – Quais são as condições?
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Cada instituição tem seu procedimento, mas de um modo geral o crédito pode ser enquadrado nas seguintes condições: Valor – financiamento de pequena monta até R$ 5 mil. Algumas instituições chegam operar até o limite de R$ 10 mil. Forma de empréstimo – crescente. Inicia com um empréstimo muito pequeno (R$ 200 a R$ 500) e, à medida que o cliente vai honrando as operações, o valor do empréstimo vai aumentando. Prazo do financiamento – curto prazo de 15 a 90 dias, renovável com valor crescente. Forma de pagamento – diária, semanal, quinzenal ou mensal. Garantia – aval solidário, fundo de aval, aval tradicional. Tipo de crédito – o microcrédito é fornecido principalmente para capital de giro, e em menor parte para investimento. Algumas instituições oferecem empréstimo para capital misto (giro e investimento fixo) no caso de ampliação do negócio. Poucas instituições concedem empréstimos para criação de novos negócios.
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GRUPO KEYSTONE
O pequeno capital que resgata cidadãos
A falta de recursos é uma condenação prévia a que estão submetidos muitos brasileiros. Romper essa barreira é uma das funções do microcrédito, um investimento que não pesa no bolso de ninguém e pode se transformar num fator de inclusão social Março – Empreendedor
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O impulso salvador Com pouco dinheiro, foi possível modernizar a empresa e intensificar sua competitividade farmacêuticas. Nesse ponto, Ada avalia que o microcrédito foi essencial porque ajudou a modernizar o empreendimento. Grande parte dos recursos provenientes do primeiro empréstimo que ela fez em 2000, através de uma linha de crédito oferecida pelo Banco do Brasil, foi aplicada na informatização da empresa. Ela não revela o valor do capital financiado, mas tem a satisfação em dizer que pagou tudo em dia e no prazo estabelecido pela instituição bancária. Com os recursos aplicados sabiamente, ela conseguiu manter um fluxo de caixa que possibilitou ter capital de giro e fazer novos investimentos para gerar emprego e renda. Isso só foi possível porque Ada seguiu a tradicional receita: adotou práticas
Nome completo: Ada Palhano Malheiros Idade: 57 Local de nascimento: Guaíra (PR) Formação: Segundo grau incompleto Empresa: Drogaria Malheiros Ramo de atuação: Farmacêutico Ano de fundação da empresa: 1977 Cidade-sede: Cachoeira Paulista (SP) Faturamento: Não divulgado Número de funcionários: 16
para melhorar o planejamento e a gestão e fez investimentos de forma adequada. Mesmo com a prática de 23 anos como empreendedora, ela julgava não ter conhecimento suficiente no gerenciamento da farmácia. Com muita determinação, foi atrás de informações para saber como melhoDIVULGAÇÃO
O catalisador que Ada Palhano Malheiros encontrou para transformar o próprio empreendimento em uma referência na cidade de Cachoeira Paulista, interior paulista, e região foi o microcrédito. Esse ingrediente, aplicado na medida certa no negócio, permitiu dar estabilidade e expandir a Drogaria Malheiros, empresa que adquiriu em 1977. “A empresa se chamava Farmácia Prado e já era um ponto antigo e muito conhecida na cidade. O dono nos vendeu e mudamos o nome para Drogaria Malheiros. Mais tarde construímos uma sede própria, na mesma rua”, diz Ada. A primeira intenção de buscar um empréstimo tinha um objetivo principal: aumentar a competitividade para não ser engolida pelas grandes redes
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Ada Malheiros: adoção de práticas para melhorar o planejamento e a gestão e investimentos adequados
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Microcrédito EMPREENDEDORES
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Empréstimo na medida Com apenas mil reais, a compra de um forno serviu para transformar uma carreira A dona de casa Regina Lúcia da Rocha Leires nasceu no Rio de Janeiro, tem 54 anos, é casada há 35 e mãe de quatro filhos. Por muitos anos ela se dedicou à família, fazendo um bico ou outro para ajudar no incremento da renda de casa. De manicure, cabeleireira e depiladora à confeiteira e revendedora de produtos de beleza, Regina Lúcia fez de tudo um pouco nessa vida – como ela mesma define. Apesar de sempre ter trabalhado por conta própria, ela não teve a oportunidade de montar um negócio só seu até 1997. A chance veio de uma proposta feita por uma prima, bastante atenta aos dotes culinários de Regina. Há seis anos essa prima resolveu montar uma pizzaria na área central do Rio de Janeiro. No cardápio, vários pratos recheados com tomates secos, encontrados na época somente em São Paulo. O preço da iguaria trazida de terras paulistas estava quase inviabilizando o custo de algumas das pizzas e foi aí que Regina entrou na história da prima: ela resolveu aceitar o convite para abastecer o restaurante da parenta com tomates secos produzidos em sua própria casa. No início Regina não fazia a menor
idéia de como desidratar o tomate. Utilizando o método empírico de tentativa, erro e acerto, ela foi descobrindo qual a melhor forma de fazer tomates secos no forno do fogão de seis bocas de sua cozinha. Porém, os custos dessa produção artesanal eram altos e a quantidade do produto não compensava o tempo investido. Então Regina ficou sabendo de um curso de processamento de frutas oferecido pela Embrapa do Rio, onde aprendeu todas as técnicas para elaboração de frutas desidratadas, geléias, compotas e tomate seco. Nesse curso Regina teve contato com um forno desidratador, que seria a solução para as bandejas queimadas de sua cozinha. Mas havia um detalhe. Embora o forno desidratador fosse muito eficiente, Regina não tinha dinheiro disponível na época para comprá-lo. Foi então que o Banco da Mulher do Rio de Janeiro entrou em cena. No mesmo ano em que começou a colaborar com a prima, a dona de casa buscou a instituição de microcrédito para fazer um empréstimo de R$ 1.000. Daí em diante, todas as melhorias na cozinha – montada especialmente para abrigar o forno desidratador, a seladora e a balança – foram realizadas com o auxíCEZAR ALVES
rar seu negócio. Antes de tomar crédito, ela buscou orientação do Sebrae, fazendo cursos e participando de diversas atividades promovidas pela entidade como seminários e eventos. Os resultados vieram logo em seguida. Motivada pelo conhecimento adquirido, necessário para administrar a drogaria e, principalmente, gerir o capital tomado na instituição financeira, ela decidiu que era hora de ampliar o negócio. “Abrimos uma segunda farmácia e tenho certeza de que isso só foi possível porque tive a orientação certa para investir”, diz. Na opinião da proprietária, todos os cursos que ela e os funcionários fizeram contribuíram para desenvolver o negócio. Desde a época em que teve acesso ao crédito ocorreram muitas mudanças na Drogaria Malheiros. Em cinco anos, Ada ficou mais criteriosa no processo de seleção, exigindo um pessoal mais qualificado e contando com a participação de uma psicóloga na escolha dos novos contratados pela empresa, e investiu na capacitação dos funcionários e na dela própria. No ano passado, Ada fez um segundo empréstimo com a meta de expandir a área de atuação do negócio. “Algumas pessoas encontram dificuldades de conseguir acesso ao crédito, mas eu não tive. Foi fácil. Pretendemos abrir uma farmácia de manipulação. Estamos amadurecendo a idéia, mas em cinco meses vamos colocar a idéia em prática.” Agora Ada vai começar a dividir o tempo dispensado ao empreendimento com outro sonho: entrar para a faculdade de Farmácia. Ela prestou as provas do vestibular e chegou a passar, mas infelizmente não pôde iniciar o curso, porque não tinha terminado o ensino médio. Mas Ada não vai desistir. Com a empresa organizada e em pleno funcionamento, neste ano ela vai fazer as disciplinas que faltam para concluir os estudos secundários. “Ano que vem, com meus 58 anos, vou iniciar a faculdade de Farmácia.”
Regina: Banco da Mulher foi decisivo para a produção de tomates secos
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A aposentada precoce soube definir seu caminho a partir de uma habilidade caseira Maria de Nazaré dos Santos – Nazaré, como gosta de ser chamada – chegou ao Rio de Janeiro em 1956, aos 16 anos, vinda de Belém do Pára. Por boa parte de sua vida Nazaré trabalhou na antiga Companhia Telefônica Brasileira. Aposentada precocemente em função de um acidente de trabalho, que deixou seqüelas na audição de um dos ouvidos, a ex-funcionária pública começou a costurar para os conhecidos como forma de ocupar o tempo disponível deixado pela aposentadoria. Moradora de Nova Iguaçu desde que casou, aos 24 anos, Nazaré sempre fez serviços de costura, mesmo quando trabalhava na CTB. Após a aposentadoria ela passou a se dedicar aos três filhos, três enteados e outras cinco crianças que ajudou a criar. Com tanta gente para vestir não é de se espantar que Nazaré tenha ganhado agilidade na máquina de costura e transformado essa atividade em sua principal fonte de renda. Há 15 anos são dos tecidos, linhas e agulhas que saem o dinheiro para o sustento da casa, além da ajuda que ela dá aos dez netos e dois bisnetos que hoje fazem parte de sua família. Apesar de trabalhar há muito tempo
Nome: Maria de Nazaré Pampolha dos Santos Idade: 65 Local de nascimento: Belém (PA) Formação: Ensino médio Empresa: Fábrica de uniformes escolares Número de funcionários (colaboradores): 9 Ramo de atuação: Confecções Ano de fundação: 1995 Cidade-sede: Nova Iguaçu (RJ) Faturamento: Não tem controle
como costureira, foi há apenas seis anos que Nazaré profissionalizou sua produção de roupas. A oportunidade surgiu quando uma nova escola foi instalada no bairro onde mora. A diretora conhecia seu trabalho e propôs a Nazaré fabricar os uniformes para aproximadamente 400 alunos. Na época a costureira contava apenas com duas máquinas overlock e muita disposição. Como a demanda por uniformes era constante, Nazaré precisou investir na compra de novas máquinas, e então procurou o Banco da Mulher do Rio de Janeiro. De 1999 até hoje, Maria de Nazaré
Uniformes escolares: produção a partir do ambiente doméstico
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Empreendedor – Março
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lio do Banco da Mulher. Regina não procurou a instituição apenas para ter acesso ao crédito. Ela também participou de alguns cursos que ajudaram a compreender a gestão de seu negócio, captar novos clientes e até abrir espaço no mercado para novos produtos que podem ser feitos em seu forno. Regina lamenta não ter tempo para participar de todas as atualizações oferecidas pelo Sebrae e Banco da Mulher, e aconselha quem está começando um negócio por conta própria a ir atrás dessas entidades. “Se eu pudesse, me aperfeiçoaria mais. Os cursos oferecidos por essas instituições são ótimos e me auxiliaram em muitos aspectos do meu negócio”, diz. Apesar de estar obtendo ótimos resultados com a desidratação de tomates, outros legumes e frutas, Regina se ressente de não ter legalizado sua empresa. “Ainda sou fundo de quintal”, diz a microempresária. Ela reclama da alta carga tributária, responsável, segundo ela, por atrasar esse passo. “Por não ter um CGC, eu não posso assumir grandes contratos. Para isso, seria necessário o pagamento de vários impostos, que consumiriam 40% do meu rendimento. Eu teria de diminuir o número de pessoas que trabalham comigo e assumir sozinha boa parte da empresa”, diz. Regina está estudando qual a melhor maneira de legalizar sua empresa. Enquanto isso, ela faz planos de retomar os estudos. A dona de casa pretende se formar em Direito, um sonho antigo que a vida de mãe e esposa adiou para a idade madura.
A costura de um sonho
ARQUIVO EMPREENDEDOR
Nome: Regina Lúcia da Rocha Leires Idade: 54 Local de nascimento: Rio de Janeiro (RJ) Formação: Ensino médio profissionalizante Empresa: Desidratadora de Alimentos Ramo de atuação: Alimentos Ano de fundação da empresa: 1997 Número de funcionários (colaboradores): 6 Cidade-sede: Rio de Janeiro (RJ) Faturamento: Vende o quilo do tomate seco por R$ 25. A produção varia conforme a demanda
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Microcrédito EMPREENDEDORES
Março – Empreendedor
O susto da estréia Uma dura lição aprendida de como saltar para a conquista dos clientes sem rede de apoio Há quatro anos os sócios Carmen Hreczuck e Sérgio Brunch resolveram deixar a agência onde trabalhavam e abrir o seu próprio negócio no ramo da publicidade. Acostumados a traçar estratégias de comunicação e vendas para os clientes do antigo emprego, eles se viram numa situação difícil logo no começo. Com apenas dois computadores, quase nada de dinheiro em caixa e muita disposição, os sócios montaram a Fast Insight – agência de publicidade e propaganda estabelecida em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Carmen conta que o começo foi muito difícil. Além de a infra-estrutura não ser a ideal, havia a árdua tarefa de convencer os possíveis clientes de que a propaganda é a alma do negócio. E junto das barreiras estruturais e de venda do negócio da Fast Insight para outras empresas, os sócios também tinham um outro problema: era preciso começar o trabalho antes mesmo que a empresa fosse oficializada como pessoa jurídica. “Esse Carmen: a informalidade atrapalhou no início Nomes: Carmen Hreczuck e Sérgio Bruch Idades: 40 e 30 Locais de nascimento: Mafra (SC) e Jaraguá do Sul (SC) Formação: Ensino médio Empresa: Fast Insight Número de funcionários: 5 Ramo de atuação: Publicidade e Propaganda Ano de fundação: 2000 Cidade-sede: Jaraguá do Sul (SC) Faturamento: R$ 15 mil por mês
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detalhe afastou alguns possíveis clientes e principalmente nossa chance de conseguir crédito com instituições bancárias convencionais”, lembra Carmen. Quando as coisas começaram a ficar de fato preocupantes para a Fast Insight, uma empresa topou trabalhar com a agência antes de ser oficializada. Carmen diz que isso foi um alívio para os sócios, mas que estava longe de ser a solução para a empresa. Com a projeção de faturamento do primeiro cliente, Carmen Hreczuck e Sérgio Brunch fizeram os primeiros investimentos: uma linha telefônica e um novo computador. Entretanto, a infra-estrutura não comportava o aumento desejado pelos sócios para a Fast Insight. Foi então que Sérgio viu um anúncio no jornal sobre um programa de microcrédito oferecido na época pela Casa do Empreendedor de Jaraguá do Sul. As facilidades destacadas no anúncio deixaram Carmen com a pulga atrás da orelha. Ela confessa que DIVULGAÇÃO
já fez seis empréstimos com o Banco da Mulher. A confecção, que começou com duas máquinas e duas costureiras, hoje conta com nove máquinas, seis costureiras externas, além dela e de duas filhas. Toda essa mão-de-obra trabalha para dar conta da produção de aproximadamente 700 conjuntos de uniformes escolares por ano. Os conjuntos são compostos por calças ou shorts de elanca e de camiseta de algodão. O uniforme completo para crianças de até 12 anos sai por R$ 16. Para os adultos, o preço do conjunto custa R$ 18. Suas costureiras ainda produzem camisetas extras ao preço de R$ 10 cada. A demanda pelos uniformes é concentrada no período de volta às aulas, mas isso não deixa Nazaré sem trabalho no restante do ano. Ela adianta a produção durante o ano, e fora da época de maior pico de vendas concentra esforços em aprimorar seu negócio. Entre os planos da costureira está prevista a tomada de mais um empréstimo com o Banco da Mulher, desta vez para a aquisição de novos materiais. A intenção de Nazaré é diversificar a produção. “Quero fazer roupas mais finas, mais sofisticadas. Não vou deixar de confeccionar os uniformes que são meu ganha-pão, mas vou investir em algo mais elaborado para melhorar minhas vendas”, planeja. A constatação de que há espaço para mudanças partiu dos pedidos de muitas mães que compravam uniformes para seus filhos, mas que também queriam roupas para si. Dessa forma Nazaré vai tocando o seu negócio. Apesar da boa dose de sorte, ela garante que continuaria com apenas duas máquinas se não fosse a ajuda do microcrédito. A costureira conta que os juros cobrados em bancos convencionais são proibitivos para os microempresários, além de não haver nenhum auxílio sobre como fazer o negócio andar e crescer. “Não foi difícil conseguir empréstimo com o Banco da Mulher. Lá também encontrei a ajuda necessária para tocar minha empresa. O próximo passo é regularizar toda a documentação e continuar crescendo”, diz Nazaré.
Dinheiro do povo O bar da roça serviu de alternativa para quem não desejava continuar no trabalho duro do campo Porém, dona Laurinda não recorreu ao microcrédito somente para a compra de equipamentos. Recentemente ela tomou emprestado dinheiro para capital de giro, o que ajudou a microempresária da roça a manter regulados os estoques de petiscos, balas, bolachas, pipocas, refrigerantes e cervejas. Dona Laurinda diz que a vida no campo sempre foi muito dura e que a perspectiva de uma aposentadoria tranqüila estava longe de acontecer caso ela não abrisse o bar. Com 68 anos de idade e cinco filhos criados, dona Laurinda tem na lanchonete um trabalho recompensador. Ela, que é devota do Divino Espírito Santo, acredita que sem o acesso ao microcrédito ainda estaria apenas lidando na roça – que ainda hoje serve a ela e ao marido, sendo o excedente da produção também comercializado em seu bar. Outro caso da roça Assim como dona Laurinda, Alice de Matos Oliveira também recorreu ao Banco do Povo de Minas DIVULGAÇÃO
Há seis anos, Laurinda Soares Correia montou uma lanchonete na comunidade de Ibiriçu, interior do município de Minas Novo, em Minas Gerais. O “Bar da Roça”, como o pessoal da região costuma chamar o negócio de dona Laurinda, começou como alternativa de renda para ela e o marido – que durante a vida inteira foram trabalhadores em lavouras de arroz, mandioca, cana-de-açúcar, feijão e amendoim. Sem dinheiro para as reformas de ampliação da lanchonete, dona Laurinda recorreu ao Banco do Povo de Minas Novo para viabilizar a construção de uma varanda em sua casa. O empréstimo foi um dos primeiros concedidos pela instituição – que está em funcionamento na região desde 2001. A facilidade do crédito e os baixos juros cobrados pelo Banco do Povo estimularam dona Laurinda a fazer outras melhorias em seu negócio. Desde então ela já comprou uma geladeira nova e uma estufa – para os salgados que ela mesma cozinha – através do micro-crédito oferecido pelo banco. Nomes: Alice de Matos Oliveira e Laurinda Soares Correia Idades: 62 e 68 Local de Nascimento: Minas Novo (MG) Formação: Ensino fundamental incompleto Empresa: Produção rural familiar Número de funcionários (colaboradores): 2 e 2 Ano do primeiro empréstimo: 2001 e 1999 Cidade-sede: Minas Novo (MG) Faturamento: R$100 e R$150 semanais Reforma e estoques regulados garantem remuneração tranquila
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não acreditou ser possível conseguir crédito para um negócio cujo produto não pode ser mesurado, como é a publicidade. Além disso, eram oferecidas todas as facilidades e auxílio ao micro e pequeno empresário. Apesar de todas as dúvidas, os sócios procuraram a Casa do Empreendedor, hoje Acrevi (Agência de Microcrédito de Jaraguá do Sul), no final de 2000. Saíram de lá com um empréstimo para melhorias nos equipamentos da Fast Insight e muita confiança no futuro da empresa. “O que mais me surpreendeu foi o fato de a Acrevi ter acreditado no potencial de nosso negócio e ajudado a direcionar nossas ações através de um acompanhamento dos nossos investimentos. Se não fosse o microcrédito, seria muito difícil ter seguido em frente”, pondera Carmen. A agência de Jaraguá do Sul especializou-se em elaborar layouts de embalagens, embora também tenha no portifólio campanhas bem-sucedidas para clientes como a Universidade do Contestado (UnC), Banana Brasil e Ceramarte. A Fast Insight trabalha hoje com cinco funcionários e, segundo Carmen, atingiu o tamanho ideal para os propósitos da sociedade. Ela explica que o fato de ser uma agência enxuta não significa falta de qualidade. Pelo contrário, é justamente isso que colabora para a redução dos custos das campanhas e o foco em um nicho específico do mercado publicitário. No caso da Fast Insight, o de embalagens. Os sócios são categóricos em afirmar que, se não fosse o apoio dado pela Acrevi, o estabelecimento de sua empresa não teria sido possível. Carmen Hreczuck reclama apenas do baixo limite de crédito oferecido pela Acrevi. “É uma pena que não existam instituições de microcrédito que ofereçam empréstimos acima dos R$ 10 mil. A partir de um determinado momento teremos que recorrer aos bancos convencionais para ampliarmos nossa empresa, e nós sabemos que nesses lugares não teremos tanto apoio quanto o que nos foi dado pela Acrevi”, lamenta a empresária.
Empreendedor – Março
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Microcrédito EMPREENDEDORES
Março – Empreendedor
Guia nos estudos Pedagoga aplica microcrédito para melhorar estrutura de um centro de serviços Muito mais do que um “empurrãozinho” na escola é o que Rosa Maria Ribeiro Lima proporciona às crianças e adolescentes que freqüentam o Centro de Apoio Pedagógico (CAP), em Salvador. Muito mais do que um “empurrãozinho” no negócio foi também o microcrédito obtido no Banco da Mulher da Bahia, utilizado por Rosa Maria na melhoria da estrutura física do CAP. “O microcrédito foi decisivo para o sucesso do empreendimento”, afirma a pedagoga. Em 2001, Rosa Maria precisava reformar o Centro, aberto quatro anos antes, mas não tinha recursos suficientes para tocar a obra. Por meio da mídia, ela tomou conhecimento do serviço de microcrédito prestado pelo Banco da Mulher e para ter mais informações procurou a instituição, onde teve acesso, de janeiro daquele ano até hoje, a três financiamentos, que somados chegam a R$ 5 mil. “E se for necessário vou recorrer novamente ao Banco da MuDIVULGAÇÃO
Novo. Dona Alice preferiu não deixar a lida no campo e buscou o microcrédito pela primeira vez para a compra de uma vaca leiteira. De lá para cá o rebanho dessa senhora nascida na comunidade da Beira do Setúbal, em Minas Novo, cresceu em cinco cabeças. Com o leite de suas vaquinhas, dona Alice faz queijos e requeijão que são comercializados na feira de Cruzinha – outra localidade interiorana desse município de Minas Gerais. Os derivados do leite fabricados por ela rendem até R$ 80 por semana – dinheiro extra que ela não contava antes do empréstimo com o Banco do Povo. Com a ajuda dos nove filhos, todos adultos e bem criados como faz questão de frisar, dona Alice planta em sua roça milho, cana-de-açúcar, feijão, mandioca e amendoim – produtos que também são revendidos na mesma feira onde ela comercializa os queijos e o requeijão. Viúva há 16 anos e dependente de uma magra pensão do Estado, dona Alice não hesitou em procurar o Banco do Povo para conseguir ajuda. Segundo ela, a instituição não emprestou apenas dinheiro, mas deu a orientação necessária para a aplicação do recurso. As seis vaquinhas de dona Alice são hoje sua principal fonte de renda. Ela garante que estaria em sérias dificuldades caso não conseguisse comprar os animais. Com eles, essa trabalhadora rural incrementou sua produção e hoje pode dar uma vida melhor aos filhos. Dona Alice atribui o sucesso de seu trabalho à devoção a Bom Jesus da Lapa, mas lembra que, sem a ajuda do microcrédito, suas rezas de pouco adiantariam. “Estou muito feliz com o que pude fazer com o dinheiro emprestado pelo Banco do Povo. Assim como minhas rezas ajudam a abrir meus caminhos, o empréstimo também me ajudou a seguir em frente quando eu achei que meu destino era morrer com a enxada na mão”, afirma.
Rosa Maria: três financiamentos viabilizam trabalho pedagógico
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lher para novas melhorias na infra-estrutura do CAP”, diz a empresária. Rosa Maria decidiu estudar pedagogia devido às dificuldades de aprendizado que observava em sua própria filha. Depois de formada, passou a desenvolver um trabalho de orientação de estudos por meio de aulas particulares na residência dos próprios alunos. Mas seis meses depois ela percebeu que precisava de um espaço próprio, um local onde pudesse oferecer um acompanhamento multidisciplinar para melhorar o desempenho escolar de estudantes. “Assim nasce o CAP, do encontro entre a pedagogia e a docência”, diz Rosa. O Centro funciona com uma equipe composta de profissionais de diversas áreas do conhecimento – Ciências Naturais, Ciências Humanas, Ciências Biológicas e Letras – e pedagogos que coordenam a proposta de ensino. Entre os serviços oferecidos, há acompanhamento de alunos com problemas de aprendizagem, reforço escolar em disciplinas específicas, cursos de férias e cursinho para concursos públicos. Segundo agentes do Banco da Mulher, Rosa Maria é dinâmica e esclarecida, e sua atividade é pioneira na cidade e vem crescendo bastante. Nome completo: Rosa Maria Ribeiro Lima Idade: 47 Local de nascimento: Santo Amaro da Purificação (BA) Formação: Pedagogia Empresa: CAP (Centro de Apoio Pedagógico) Ramo de atuação: Educação Ano de fundação da empresa:1997 Cidade-sede: Salvador (BA) Faturamento: Média de R$ 15.000 Número de funcionários: 6 Linha direta: (71) 3342-5876
Xampu medicinal Produtor rural do Acre desenvolveu a partir de plantas da Amazônia um produto para combate aos efeitos da calvície
DIVULGAÇÃO
O produtor rural Carlos Pinto, de Tarauacá (AC), município localizado a 466 quilômetros da capital Rio Branco, é o garoto-propaganda de sua própria invenção. “Eu era careca, mas depois de dois meses usando o xampu de ervas começou a crescer muito cabelo”, afirma. O segredo está na combinação de sete plantas da floresta amazônica, das quais ele revela apenas o mulateiro e a babosa. A fórmula completa só foi aberta no processo sigiloso de registro de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A descoberta começou quase que por acaso. Depois de participar de um curso sobre ervas medicinais, promovido pelo Sebrae, Carlos voltou para casa – ele mora em um assentamento a 20 quilômetros da cidade – e resolveu fazer uns testes. Suas experiênci-
as voltaram-se para a fabricação de um xampu medicinal, indicado para caspa, queda de cabelo, cabelo fraco e de crescimento lento, que ele mesmo pôs à prova e verificou os efeitos benéficos. Segundo o inventor, uma junta de quatro médicos analisaram os resultados e ficaram admirados. Carlos começou o negócio com recursos próprios, suficientes apenas para a produção de uns poucos litros do produto. Meses depois ele participou do Programa Brasil Empreendedor (PBE), do Sebrae, e conseguiu o aval para um financiamento. Segundo a filha, Andréia da Silva, responsável pelo atendimento de clientes e fornecedores, o dinheiro será aplicado na formalização do negócio e na montagem de um escritório – hoje ainda funciona na casa dela. Em curto prazo, estão nos planos a instalação de uma fábrica que permita o aumento controlado da produção e de um laboratório de controle de qualidade. “Quero contribuir na geração de emprego e renda na minha cidade”, diz o produtor. Antes de entrar no ramo de fabricação de cosméticos naturais, a renda de Carlos era incerta, e no primeiro ano de
Nome completo: Carlos Pinto Local de nascimento: Tarauacá (AC) Cidade-sede: Tarauacá (AC) Ramo de atuação: Cosméticos Número de funcionários: 3 Linha direta: (68) 3462-2685
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Carlos: primeiro a receita, depois a fábrica
vendas do xampu não ultrapassava dois salários mínimos por mês. Ele não revela o faturamento atual, mas diz estar muito satisfeito com os resultados, suficientes para sustentar a família constituída por oito pessoas. Na verdade, a receita só não é maior por causa das dificuldades em obter a quantidade de embalagens suficiente para atender a procura, que nos últimos meses tem aumentado muito, conforme Andréia. Sem esse problema, a família poderia atender cerca de 400 pedidos por mês, oriundos de clientes de estados do Norte, Nordeste e centro-sul do país. A entrega é feita pelos Correios, mediante depósito no valor da compra (cada frasco com 300 ml do produto custa R$ 5), com despesas postais a serem pagas pelo destinatário. A preocupação com a gestão do empreendimento e com a qualidade do produto e a preservação do meio ambiente é uma constante para Carlos. Além de sempre buscar orientações e consultorias no Sebrae, ele procura participar de cursos voltados para a produção, como uma oficina de desenvolvimento de cosméticos e fitoterápicos promovida pela Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) no ano passado. Quanto à extração de matéria-prima, o produtor garante que é uma atividade que não agride o equilíbrio do meio ambiente. Segundo ele, as plantas que têm suas cascas e folhas colhidas regeneram-se naturalmente, e em pouco tempo já estão prontas para nova colheita. Mais do que um fórmula contra calvície, Carlos descobriu uma solução de baixo custo – mas alto valor agregado – para gerar emprego e renda no meio da floresta amazônica, sem degradá-la e preservando a nacionalidade da biodiversidade local.
Pequenas Notáveis Edição: Alexandre Gonçalves alexandre@empreendedor.com.br
RECONHECIMENTO
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Jandira Gorete Vieira (MS), Karla Cristina Paiva (PB), Joice Maria Nervis Roncaglio (PR), Maria da Conceição Ruso de Almeida (AM) e Izolda Martins Viriato (RJ) foram as vencedoras da primeira edição do Prêmio Mulher Empreendedora, promovido pelo Sebrae em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil (BPW Brasil). A premiação aconteceu no dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, em um evento na sede do Sebrae em Brasília, com a presença de cerca de 200 pessoas. “É preciso criar mais oportunidades para que nossas mulheres atuem mais como empreendedoras, mas não por necessidade e sim porque se prepararam para isso e tiveram apoio governa-mental”, defendeu Paulo Okamotto, presidente do Sebrae Nacional, em discurso durante a solenidade. Para ele, os homens deveriam ouvir mais, refletir mais e aprender com a experiência dessas mulheres. “As experiências apresentadas são vitrines importantes para que mais pessoas possam se espelhar e investir em pequenos empreendimentos”, destacou Luiz Carlos Barboza, diretor-técnico do Sebrae. Nesse contexto apontado por Barbosa está inserido o objetivo do Prêmio, que é justamente destacar as melhores ações, histórias e iniciativas de sucesso de empreendedoras brasileiras para servir de exem-
MÁRCIA GOUTHIER/AGÊNCIA SEBRAE
Sebrae entrega Prêmio Mulheres Empreendedoras
As vencedoras mereceram destaque especialmente pelo talento e pela determinação com que iniciaram e administram seus negócios
plo a outras pessoas que desejam abrir seu próprio negócio. As cinco vencedoras concorreram com cerca de 700 projetos inscritos ao Prêmio, que inclui, além de certificado de participação, troféu e ainda cursos oferecidos pelo Sebrae em seus estados, uma viagem para a Suíça para participação no 25º Congresso da BPW, onde elas poderão conhecer um centro de referência em empreendedorismo, além de visitas técnicas a empresas, universidades e incubadoras.
As vencedoras Jandira Gorete dos Santos Vieira Gorethy Moda Íntima Dourados (MS) Karla Cristina Paiva Rocha Cooperativa de Floricultores da Paraíba Pilões (PB) Joice Maria Nervis Roncaglio Panificadora Nervis Foz do Iguaçu (PR) Maria da Conceição Ruso de Almeida Associação Vida Verde da Amazônia (Avive) Silves (AM) Izolda Martins Viriato Cooperativa de Criação de Rãs e Peixes Cachoeiras de Macacu (RJ)
Para conhecer a trajetória das vencedoras, acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) Março – Empreendedor
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O espaço da micro e pequena empresa
INICIATIVA
“Considero fundamental e estratégica a parceria entre o MDS e o Sebrae, porque um dos grandes objetivos do governo e do Ministério para 2005 é a integração entre as políticas de transferência de renda, como o bolsa-família, e as políticas públicas de assistência social com programas de emancipação.” A declaração do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Patrus Ananias, feita durante reunião com a cúpula do Sebrae, no início do mês, mostra o interesse e a disposição do Governo Federal em estreitar as relações com a entidade no sentido de ampliar as oportunidades para as populações de menor renda através de ações empreendedoras. Durante a reunião, Patrus Ananias revelou a intenção de fazer com que programas de geração de trabalho e renda, microcrédito, associativismo, economia solidária, desenvolvimento local e regional desenvolvidos pelo Ministério sejam aplicados de forma integrada aos Arranjos Produtivos Locais (APLs), iniciativa do Sebrae que já beneficia pequenos empreendedores em todo o país. O objetivo do ministro ao propor a maior integração entre as ações do Ministério e as do Sebrae é favorecer a criação de
AGÊNCIA SEBRAE
Ministro propõe parceria para criação de ações de geração de trabalho e renda
Da esquerda para a direita: Luiz Carlos Barboza, diretor técnico, Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, e o ministro Patrus Ananais
micro e pequenas empresas e incentivar o empreendedorismo nas áreas urbanas e rurais do país. “Essa reunião foi importante porque o MDS trabalha focado em atender fundamentalmente as comunidades de baixa renda, mas é também sua missão criar emprego, renda, auto-emprego e estimular o empreendedorismo em regiões carentes do país”, afirmou Paulo Okamotto,
presidente do Sebrae. Segundo o dirigente, a parceria entre o MDS e o Sistema Sebrae vai criar um tipo de sinergia que significará resultados mais rápidos. “Muitas das nossas atividades são complementares”, ressaltou Okamotto, confiante de que a parceria com o Ministério irá gerar programas mais eficientes, com mais resultados e benefícios a um número maior de pessoas.
TOME NOTA Lei Geral das MPEs II – A Fiesp, entidade máxima da indústria paulista, quer participar da discussão em torno da proposta da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Para isso, no final de fevereiro, Bruno Quick, gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, esteve na sede da entidade para expor o projeto. “O que apresentamos é um insumo para a Diretoria da Fiesp. Com o projeto em mãos, o setor empresarial dispõe de uma proposta básica, desenvolvida com respaldo técnico, estimulada e apoiado pelo Sebrae, a partir de pesquisas e melhores práticas”, acredita o gerente.
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Lei Geral das MPEs I – O sociólogo Ignacy Sachs, autor do recém-lançado livro Desenvolvimento: Includente, Sustentável e Sustentado, acredita que o projeto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, elaborado pelo Sebrae, é um forte instrumento para acelerar o processo de desenvolvimento do país. “A Lei Geral pela qual o Sebrae está batalhando é precisamente uma política pública de grande importância para acelerar o processo de desenvolvimento, includente, sustentável e sustentado”, analisa.
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Ano IV - Nº 43
Igor Trafane, diretor da rede CCA: seis contratos novos
Master-franquias
caminho para abrir mercados
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O conceito de transferência de know-how do sistema de franchising possibilita uma diversidade de modelos e padrões utilizados pelas redes. Para atender a algumas necessidades de franqueadores, em Empreendedor – Março
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Dividir as responsabilidades de franqueador com outros franqueados que abrem novas possibilidades em determinadas regiões tem sido a alternativa para muitas redes se expandirem de maneira cuidadosa
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especial quando saem do seu país, vão se criando ferramentas que facilitam o dia-a-dia das operações e permitem um aperfeiçoamento das franquias em termos de manutenção da imagem da marca. Uma dessas alternativas são as master-franquias, conhecidas há muito tempo por terem sido usadas pelas marcas estrangeiras para instalar suas unidades por aqui com parceiros brasileiros. “Praticamente todas as marcas internacionais que estão no Brasil vieram inicialmente com contratos Master Franchise Agreement. Posso mencionar a 5 à Sec como exemplo de sucesso. A Pizza Hut quando veio na primeira vez chegou como master também e deu certo. Além dessas, há também Jani King, McDonald’s e muitas outras”, comenta Marco Militelli, da Militelli Business Consulting. Dentro dessa modalidade ainda podem ser encontradas variações, dependendo de cada rede e como faz seu contrato com os master-franqueados. Antes de mais nada é preciso saber separar conceitualmente master-franqueado de subfranqueador. Militelli diz que são conceitos diferentes: “Master-franqueado nem sempre é um franqueado que tem autorização de subfranquear; depende da empresa e circunstâncias”. No caso da rede de ensino de idiomas Centro Cultural Americano a master-franquia faz esse trabalho. Os franqueados Bento Pereira e Alexandre Pereira se tornaram masterfranqueados na cidade do Rio de Janeiro e municípios da Baixada Fluminense. Os sócios já são donos de três escolas da rede e dois projetos em parceria (com escolas de ensino médio e fundamental), e agora detêm o direito de negociação e venda de unidades na região. As três unidades que possuem agrupam cerca de 3,5 mil alunos. É a primeira master-franquia do Centro Cultural Março – Empreendedor
Americano em todo o Brasil. O acordo inclui investimento de R$ 3 milhões em abertura de mercado nos próximos seis anos, paralelamente aos investimentos de cada nova unidade em campanhas de marketing, material e mão-deobra especializada. “Em três meses de implantação, os master-franqueados já acertaram seis contratos novos, ou seja, a meta para o ano inteiro”, comemora Igor Trafane, diretor da rede, que explica ainda que a idéia é manter em teste esse formato durante um ano. “Além de todas as obrigações como franqueador, por terem outras unidades, os master-franqueados precisam ser os precursores do cumprimento das obrigações, uma espécie de modelo para toda a rede”, enfatiza Trafane. O contrato entre as partes delimita regiões de trabalho e mantém as unidades que já existiam sob direção dos master-franqueados. A expectativa do Centro Cultural Americano é melhorar o atendimento dos franqueados na região, aumentar a velocidade de expansão e estreitar ainda mais o trabalho da consultoria de campo, apoio pedagógico, treinamento e apoio administrativo, atividades que passaram a ser realizadas pelo master-franqueado. Outra região deve ser definida para que no ano que vem seja implantada mais uma master-franquia da rede, que hoje tem 72 unidades no país. Para um caso como esse, o consultor Marco Militelli destaca que é importante conhecer bem os hábitos de consumo locais e as diferenças regionais que impliquem adaptações no sistema de franquia em questão. “Feitas as adaptações, freqüentemente o master-franqueado se obriga contratualmente com o franqueador a abrir ao menos uma unidade piloto, pois o conceito de master implicitamente significa que
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Franquia Total
Marcos Militelli: compromissos diferenciados
Dicas do consultor Para quem quer ser master-franqueado, vale ficar atento: J Se o master-franqueado tem a responsabilidade de desenvolver com subfranquias uma determinada região. J Fazer um plano de marketing bem estruturado e, mais importante, fundamentado, pois boas idéias várias pessoas têm, mas boas idéias que sejam passíveis de serem implantadas já é mais raro, e boas idéias passíveis de serem implantadas e que dão o resultado esperado é o que deve ser perseguido. J O master-franqueado deve buscar apoio especializado em áreas em que não tem pleno domínio, pois um processo inicial de abertura de mercado que não é feito de forma correta poderá comprometer totalmente o projeto e imagem da marca na região em questão. J Uma master-franquia não necessariamente tem unidades próprias, mas, quando as tem, tem que administrá-las. Cada empresa faz isso de forma muito diferente; não há um padrão. Fonte: Marco A. Militelli, da Militelli Business Consulting
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Empreendedor – Julho
DIVULGAÇÃO
Franquia Total
Microlins: master cuida da gestão operacional, dos treinamentos regionais e da expansão de acordo com as metas
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esse franqueado irá substituir o franqueador parcial ou completamente em suas atividades”, diz. Outra rede que optou pelas master-franquias há pouco tempo foi a de cursos e produtos na área de beleza Instituto Embelleze. Mesmo estando no sistema de franchising há cerca de dois anos – a empresa existe com este nome desde 1998 e há 30 anos atua no setor – a rede atraiu um importante parceiro reconhecido no ramo. Marcelo Ceva, principal executivo da GA.MA Italy, empresa especializada em aparelhos para salões de beleza, inaugurou a primeira master-franquia do Instituto Embelleze da região Sul do país, em Porto Alegre. A formação de profissionais de beleza é o foco principal dessa unidade na capital gaúcha. São 1.200 m2 com capacidade para atender cerca de mil alunos. A franquia funcionará no modelo três em um: salão de beleza, curso de formação de profissionais e revenda de produtos, divididos pelos três andares do Instituto. Experiência Com bastante experiência na implantação de master-franquias, a Março – Empreendedor
rede de cursos profissionalizantes Microlins foi mudando as definições desse tipo de gestão da rede de acordo com os resultados obtidos. Em 1997 foi feito um projeto piloto de uma master-franquia para a Grande São Paulo que deu certo e passou a ser implantado em outras regiões, sempre dando preferência aos franqueados que possuíssem mais de uma unidade. No entanto, como o trabalho de abrir mercado e dar suporte exige muita dedicação, a diretoria da Microlins passou a mudar esse conceito e hoje a grande maioria dos 25 master-franqueados da rede se dedicam apenas a essa atividade, sem possuir uma unidade franqueada. “O master precisa cuidar da gestão operacional, realizar os treinamentos regionais, interagir com as unidades e ainda trabalhar a expansão de acordo com metas de homologação de franquias”, conta Daniel Guedes, diretor de Operações da Microlins, empresa nascida no interior de São Paulo, na cidade de Lins, e que hoje tem 650 unidades espalhadas pelo país. O diretor diz que o banco de dados dos investidores e a formação de executivos de franqui-
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as (primeiro treinamento) são centralizados pela franqueadora, mas a maior parte das operações são delegadas aos master-franqueados. “As master-franquias estão fisicamente presentes nas regiões. Muitas mantêm auditório, salas de treinamento, grupos de consultores, enfim uma estrutura completa para atender as unidades”, conta Daniel Guedes. A seleção desses masterfranqueados leva em conta o currículo profissional, e a maioria são exexecutivos de grandes empresas. A meta da Microlins é chegar a 700 unidades até o final do ano, mas além disso deve lançar uma novidade em formatação de franquia no segundo semestre deste ano.
Linha Direta Instituto Embelleze (21) 2233-2288 Centro Cultural Americano (19) 3251-9991 Militelli Business Consulting (11) 5536-3055 Microlins (17) 3216-8700
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Chocolate para todos Apesar de atrativos, os tradicionais chocolates consumidos na Páscoa não podem ser consumidos por algumas pessoas. É o caso dos diabéticos, daqueles que têm intolerância à lactose e dos alérgicos ao glúten, conhecidos como celíacos. Para atender a esse grupo de consumidores a rede de lojas Mundo Verde, em São Paulo, oferece três sugestões de chocolates para comemorar a data: o alfarroba, o chocosoy e o lowcarbi. Cada uma tem vantagens específicas para cada tipo de necessidade. O alfarroba, que tem gosto de chocolate meio amargo, pode ser encontrados em barra, pó, bombons ou gotas. O chocosoy é um bombom de chocolate 100% vegetal, feito com leite de soja e sem glúten. Essa guloseima é especialmente indicada para pessoas com intolerância à lactose e celíacos. Com baixo teor de carboidrato, o chocolate lowcarbi não contém açúcar e seu consumo é indicado para diabéticos. Pode ser encontrado em barra, trufado e ao leite recheado com côco. No Brasil, 25% da população, segundo a Escola Paulista de Medicina, tem intolerância à lactose. (24) 2237-2528
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Escola da Família Representantes da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e do CNA assinarão a continuidade da parceria do programa Escola da Família. Em 2004, a rede de idiomas e a secretaria beneficiaram 1.500 crianças em todo o estado. Desde o dia 7 de agosto, crianças que cursavam da 1ª à 4ª série do Ensino Fundamental passaram a receber material didático e aulas gratuitas de inglês, ministradas pelos professores da rede CNA. Com adesão de 90% dos franqueados CNA no estado, este ano 2.200 pequenos aprendizes terão maiores oportunidades de qualificação para o trabalho e cultura. Segundo Silvio Montesanti, coordenador de Convênios da rede, “a realização destes cursos não ficará restrita aos espaços das escolas, pois os alunos terão atividades extras, com programas culturais que os ajudarão a fixar o que está sendo ensinado”. (11) 3053-3849 Março – Empreendedor
Beleza à italiana A Cosmética Italiana, griffe de produtos de tratamento de beleza, começa 2005 com um novo conceito para franquias e novos produtos fabricados em Santa Catarina. A marca vende cremes hidratantes e de tratamentos, óleos, colônias, shampoo, condicionador. Tais produtos serão vendidos no Brasil pelo sistema de franquia. Atualmente são 27 lojas distribuídas pelo Nordeste, São Paulo e Rio Grande do Sul, mas o projeto de expansão prevê um crescimento de mais de 100% ainda para este ano. Até outubro a direção da empresa espera ter mais de 80 lojas instaladas em todo o Brasil. Os
franqueadores podem incrementar as vendas, na região onde está instalada a loja, através de vendedoras externas – tipo porta-a-porta. O ponto-de-venda passa a ser apenas uma referência para a marca. As pessoas interessadas em comprar a franquia da Cosmética Italiana precisam ter apenas um ponto de vendas, já que o investimento na marca inclui estoque de produtos, mobiliário e treinamento das vendedoras. Para uma loja o investimento é de aproximadamente R$ 60 mil e para um quiosque, por exemplo, R$ 18 mil. (48) 283-6000
Do Sul para o Nordeste Os últimos quatro anos foram de muitas conquistas para a marca de roupas femininas Someday. No ano 2000 eram apenas duas lojas próprias em Florianópolis e em 2004 a rede já contabilizava 16, sendo 14 franquias distribuídas nas principais cidades de Santa Catarina, e em capitais como Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília. A estimativa para 2005 é que a Someday finalize o ano com um total de 24 lojas, incluindo regiões até então não atendidas pela empresa, como o Nordeste. A Someday ainda comercializa suas peças em 96 lojas multimarcas das regiões Sul e Sudeste, com previsão de que esse número
chegue a 160 neste ano. Além disso, a Someday continuará atendendo multimarcas em seu showroom prontaentrega localizado na fábrica, em São José (SC). A empresa conta também com a ferramenta e-commerce, em que todos os lojistas cadastrados na empresa podem realizar seus pedidos e comprar pela internet. Para ser um franqueado Someday é preciso um investimento de cerca de R$ 120 mil, estando incluído nesse valor a taxa de franquia, investimento de instalação, capital de giro, estoque inicial e todo o suporte da franqueadora. O prazo do retorno de investimento está estimado entre 12 e 24 meses. (48) 259-5332
Reportagem e Redação: Sara 6 0 Caprario E-mail: franquiatotal@empreendedor.com.br
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Franquia Total
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Exuberância nos pratos
Meta atingida A Multicoisas, rede de lojas de materiais para pequenos reparos e utilidades para o dia-a-dia, iniciou 2005 com 12 unidades comercializadas e a meta de expansão atingida. Segundo Luís Henrique Stockler, diretor de Marketing e Expansão da Multicoisas, o trabalho de vendas dessas unidades foi realizado durante o ano passado. “Nossa meta é a comercialização de 12 unidades por ano e, quando chegamos ao final de 2004, já tínhamos os 12 franqueados acertados e cerca de seis candidatos interessados, à espera de um novo planejamento de expansão.” A Multicoisas possui um sistema exclusivo de venda de franquias via internet,
que faz um gerenciamento completo dos candidatos a franqueados e o local onde pretendem abrir uma loja, o que proporciona uma expansão focada nas necessidades de implantação de novas unidades. www.multicoisas.com.br FRANQUIA MULTICOISAS Investimento: R$ 290 mil (para unidades de 80 m², sem incluir despesas com o ponto comercial e capital de giro) Taxa de franquia: R$ 40 mil Taxa de royalties: 5% sobre o faturamento bruto mensal Taxa de propaganda: 1% sobre o faturamento bruto mensal
Uma campanha de fidelização que agrega valorização da arte e da riqueza natural brasileira. Com essa receita a rede de massas Spoleto lançou a terceira edição do Projeto Cultural Spoleto em um ano. Dessa vez foi a artista plástica Lu Martins que se inspirou na Mata Atlântica para produzir as telas para a série Exuberâncias, das quais oito foram reproduzidas nos pratos de porcelana que fazem parte da promoção da franquia de restaurantes. A cada dez refeições ou oito pagas com o sistema Visa, o cliente ganha um prato para colecionar. Quem quiser adquiri-los sem preencher a cartela, pode comprar por R$ 20 cada em algum dos restaurantes da rede. Os originais estão expostos no Espaço Spoleto de Arte, no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro. Nas duas primeiras edições realizadas, com participação de outros artistas, foram distribuídos 45 mil pratos por todo o Brasil e nesta nova série devem ser mais 30 mil. (21) 2494-7006
Boas práticas caso contrário, eles podem estar sujeitos a uma multa que varia de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. Apesar das sanções, o gerente em Qualificação Técnica em Segurança dos Alimentos da Anvisa, Fernando Magalhães, ressalta que, num primeiro momento, o órgão vai mostrar às vigilâncias sanitárias de estados e municípios que é preciso orientar os empresários. “A não ser que haja um problema de extrema gravidade, as vigilâncias sanitárias devem fazer um trabalho de orientação, de verificar se o empresário tem boa vontade em se adaptar. E para quem mostrar essa vontade de mudar, vamos montar um cronograma de execução daquilo que deve ser implantado.” Sebrae (DF): (61) 348-7494
2005
As redes de franquias têm tido mais facilidade para se adequar à Resolução 216 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que trata de boas práticas para serviços de alimentação e que entrou em vigor dia 15 de março. Como o que caracteriza esse ramo de atividade é o fato de todas as unidades trabalharem no mesmo padrão, isso dilui custos com consultoria e treinamento de funcionários e agiliza o processo de implementação. Os dados foram divulgados pelo Sebrae. Em muitos exemplos, o franqueador subsidiou os custos de consultoria ou os franqueados dividiram os custos. Os empresários do setor de alimentação devem estar em conformidade com os 12 itens da Resolução 216 desde o dia 15;
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Empreendedor – Março
Franquia ABF A estréia do Pavilhão Brasil foi um sucesso. O grupo composto de dez empresas iniciou a participação conjunta em feiras internacionais na semana passada na XXVIII Feria Internacional de Franquicias, na Cidade do México. Na bagagem de volta muitos contatos e reais possibilidades de fechar em breve negócio com master-franqueados ou franqueados. “A feira superou completamente nossas expectativas e estamos bastante otimistas com o potencial de expansão nesse país”, afirma Paulo Cesar Mauro, da Golden Services, que contabilizou mais de 50 interessados em seu negócio. Com a promoção de degustação de seu produto, a ShowColate também atraiu a atenção dos visitantes da FIF e seu estande foi um dos mais visitados do Pavilhão. As perspectivas foram tão positivas que surpreenderam as redes e a própria ABF. “Estávamos encarando a FIF como uma primeira experiência do Pavilhão Brasil. Não esperávamos tanta receptividade”, afirma Rogé-
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Pavilhão brasileiro faz sucesso em Feira de Franquias no México
rio Feijó, gerente de Relacionamento da ABF. O Pavilhão Brasil é um projeto conjunto das empresas, da ABF e da APEX e tem por objetivo alavancar a internacionalização das franquias brasileiras através da participação nas principais feiras internacionais do setor. As redes que participaram da FIF são
Vivenda do Camarão, Wizard, Bit Company, Golden Services, Livraria Nobel, Movimento, Oceanic Cosméticos, Carmen Steffens, Showcolate e Bon Grillê. A próxima parada do Pavilhão Brasil será na IFE– International Franchise Expo, em Washington, Estados Unidos, de 8 a 10 de abril.
2005
Abertas as inscrições para o Prêmio ABF Destaque Franchising 2004 A Associação Brasileira de Franchising (ABF) está com as inscrições abertas para a 11ª edição do Prêmio ABF Destaque Franchising 2004. Este prêmio é conferido anualmente pela Associação aos profissionais que mais se destacaram na prática do franchising. Como na edição anterior, este ano o prêmio será conferido a cinco categorias – Franqueador, Franqueado, Jornalismo (Jornal e Revista), Trabalho Acadêmico e Parceiro do Franchising. As inscrições podem ser feitas durante o mês de março para as categorias Jornalismo (Jornal e Revista), Trabalhos Acadêmicos e Franqueado (case de sucesso das redes). O objetivo da ABF é prestigiar e reconhecer os trabalhos realizados durante o ano que fortaleceram e contribuíram para o crescimento do franchising no país. Março – Empreendedor
Na categoria Jornalismo, os profissionais deverão enviar para a ABF as reportagens realizadas durante o ano de 2004 que abordam o setor. Na categoria Trabalhos Acadêmicos poderão concorrer trabalhos, monografias e teses sobre o sistema de franchising. A seleção dos melhores trabalhos inscritos em ambas as categorias será feita por uma comissão julgadora escolhida previamente pela ABF. Na categoria Franqueado, a inscrição será feita através da indicação de cases de franqueados por parte dos franqueadores. A seleção do melhor case será feita por uma comissão julgadora. A escolha do Franqueador homenageará a empresa franqueadora que mais se destacou na aplicação do sistema de franchising em 2004 e, juntamente com
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a categoria Parceiro do Franchising, serão indicados por uma comissão julgadora composta pela Comissão de Ética e pela Diretoria da ABF. Nos últimos anos, os vencedores do Prêmio ABF Destaque Franchising na categoria Franqueador foram O Boticário (2001), Imaginarium (2002) e a Fundação Richard Hugh Fisk, responsável pelas escolas Fisk e Pink and Blue (2003). Mais informações poderão ser solicitadas ao Departamento de Comunicação da ABF através do telefone (11) 38144200, ramal 23, ou pelo e-mail comunicação@abf.com.br. Os trabalhos deverão ser encaminhados para a sede da ABF (Av. Brigadeiro Faria Lima, 1739, 3º andar – São Paulo – CEP 01452-001). O regulamento do Prêmio ABF Destaque Franchising 2004 está disponível no site www.portaldofranchising.com.br.
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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Alps Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br
Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sistema Nº de unidades próp. e franq.: 101 exclusivo de ensino, Áreas de interesse: América Latina, Estados e dá assessoria na seUnidos, Japão, Europa leção do ponto coApoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN mercial, na adequação Taxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) do imóvel e na imInstalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil plantação e operação Capital de giro: R$ 5 mil da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso
Livros CDs DVDs Papelaria Revistas Fundada em 1943 e com mais de 10 anos de know-how em sistemas de franquias, a Nobel é hoje a maior rede de livrarias do Brasil com mais de 120 franquias espalhadas pelo país. Confira algumas vantagens da franquia Nobel: consignação de grande parte do estoque inicial, com condições comerciais melhores do que as de uma livraria independente; suporte operacional e para escolha, análise e negociação do ponto comercial; abertura para a implantação de negócios complementares como café e internet; modelos de franquia de acordo com o potencial de cada região do Brasil: livraria, megastore e express (quiosques e lojas compactas); plano de expanNº de unidades próprias e franqueadas: 131 são definido para o Áreas de interesse: Brasil mercado brasileiro Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EL, PN, SP Taxas: de R$ 15 mil a R$ 30 mil (franquia) com oportunidades Royalties: de R$ 500 a R$ 5 mil especiais para noFPP (Fundo de Promoção e Propaganda): de R$ 100 a R$ 1 mil vos franqueados. Instalação da empresa: a partir de R$ 37.450 Faça parte desse suCapital de giro: variável cesso! Entre agora Prazo de retorno: de 24 a 36 meses (estimativa) em contato! Contato: Depto. de expansão 11-3706-1491/1493 PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
Zelo Serviços
Wizard
Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br
Negócio: Prestação de serviços de terceirização Tel/Fax: (11) 5505-9050 E-mail: zelo@zelo.srv.br Home page: www.zelo.srv.br
Prosperidade certa
Nº de unidades próprias e franquadas: 35 Áreas de interesse: Estado de São Paulo e Rio de Janeiro Apoio: MP, PP, PO, OM, TR, EL, PN, SP Taxa de Franquia: R$ 20 mil Instalação da empresa: R$ 10 mil Capital de giro: R$ 20 mil Prazo de retorno: 18 a 24 meses Contato: Sr. Eladio Cesar Toledo
A Zelo é uma empresa brasileira destinada a solucionar e integrar os diversos serviços de terceirização prestados ao patrimônio de uma escola, shopping, hotel, hospital, indústria, condomínio, ou residência. Através de um projeto baseado na experiência de mais de 20 anos de seu corpo técnico, pioneiro na implantação do conceito de performance em serviços de limpeza e na implantação de franquia de serviços no Brasil. A Zelo busca a melhor mão de obra, capacitando-a com o treinamento mais adequado a necessidade da cada cliente seu.
Fisk Negócio: Educação/Ensino de Idiomas Tel: (11) 5573-7000/Fax: ramal 251/255 franchising@fisk.com.br/www.fisk.com.br
O seu sucesso é a nossa história! Faça parte de uma rede de escolas de idiomas com mais de 40 anos de experiência e tradição em ser sucesso. A empresa atua no Brasil desde 1958, transferindo seu know-how aos franqueados distribuídos por todo o Brasil, América Latina e Japão. A FISK oferece um suporte de primeira linha incluindo treinamento em 11 áreas distintas para que o franqueado faça uma ótima administração em sua escola. O método de ensino exclusivo é constantemente atualizado por uma equipe pedagógica altamente qualificada e esse é o nosso ponto mais forte. Com um pequeno investimento você abre uma franNº de unidades: 40 próprias e 667 franqueadas quia FISK e consÁreas de interesse: Todo o Brasil trói também a Apoio: PA, PO, TR, PF, EL, SP, MP, PM, PO, OM sua história de Taxas: 20% pool propaganda sobre compra de livro sucesso num Instalação da empresa: a partir de R$ 40 mil mercado em franCapital de giro: R$ 10 mil ca expansão. Prazo de retorno: 18 a 24 meses Contato: Christian Alberto Ambros
Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estranNº de unidades: 1.221 franqueadas geiros. A Wizard é Áreas de interesse: América Latina, EUA e também pioneira no Europa ensino de inglês em Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, Braille. EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses Contato: Alberto Campos
* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.
People Negócio: Educação Profissional e Tecnológica Tel: (19) 3253-0199 www.people.com.br / franquias@people.com.br
A Franquia que dá retorno! Os cursos People já foram testados e aprovado por mais de 1 milhão de alunos em todo o Brasil. Pessoas que, graças ao aprendizado na People, conseguiram transformar oportunidades de emprego em sucesso profissional, trabalhando hoje em empresas e instituições dos mais variados segmentos de mercado. A People possui a maior e mais completa linha de cursos que permite ao franqueado obter maiores vantagens competitivas no mercado. A People é pioneira em Educação Profissional e Tecnológica. Desde 1979 tem se destacado pela inovação e qualidade de seu trabalho como também pelos valores que tem adotado em seu dia-a-dia. Valores como respeito aos princípios mercadológicos, à ética e ao relacionamento com seus parceiros e clientes. Nosso padrão de Nº de unidades: 3 próprias e 28 franqueadas relacionamento coÁreas de interesse: Todo o Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, mercial tem como regra de jogo o “gaEI, PN, SP nha-ganha”. Afinal Taxa de Royalties: 7% Taxa de Franquia: R$ 20 mil a R$ 50 mil um bom negócio Instalação da empresa: R$ 45 mil a R$ 150 mil tem que ser bom Capital de giro: R$ 35 mil para todos. Prazo de retorno: 18 a 28 meses
PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
Guiado
Empreendedor
O cliente ao alcance do mouse Fidelização passa por ferramentas especiais que intensificam os resultados nas ações de marketing
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O computador já provou seu valor como ferramenta para quem quer vender, comprar, administrar e trabalhar com marketing de forma prática e segura, seja no universo real ou no virtual. A infinidade de aplicativos possibilita um maior alcance de pessoas, rapidez nas operações e controle de investimentos, mas pode se transformar em obstáculo quando o empreendedor não conhece o mecanismo de funcionamento dos recursos disponíveis. Um sistema desenvolvido pela empresa B2BiS, especializada em tecnologia Web para marketing e vendas,
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Empreendedor – Fevereiro
2004
Cláudio Malagoli: gerenciamento das informações em benefício dos clientes
chega ao mercado como solução para empreendedores que trabalham com internet e têm necessidade de ter controle do conteúdo dos websites, bem como da fidelização dos clientes. “O B2BiS Marketing foi criado com base no gerenciamento de informações para prover às empresas o total controle dos interesses de seus potenciais clientes”, afirma Cláudio Malagoli, gerente de Negócios da B2BiS. O diferencial do programa está na interface Web e total integração com o banco de dados, dispensando a centralização na área técnica pela linguagem do produto – ou seja, o próprio empreendedor controla o sistema e determina, através de um sistema hierárquico, as áreas que cada funcionário pode ter acesso, dispensando a contratação. O B2BiS Marketing também permite monitorar as atividades de cada funcionário dentro da empresa, e fornece relatórios de controle em planilhas Excel. Se uma tarefa não é cumprida no tempo programado o sistema imediatamente notifica a pessoa responsável pelo programa. “A partir de um login de acesso interno, as funcionalidades disponíveis seguem a hierarquia da empresa. Se a assistente de marketing fica responsável pelo envio de e-mail e a gerente pelo conteúdo, cada qual faz o que é permitido, após o seu
cadastro na intranet”, diz. O programa permite a divulgação de informações específicas para cada perfil de usuário em intranet, extranet, portais B2B, institucionais, informativos ou sites que disponibilizam qualquer tipo de informação aos usuários. As ações de marketing como e-mail marketing ou newsletter são enviadas de acordo com a comunidade que se deseja filtrar no banco de dados, com foco no público exato que se deseja atingir. As campanhas podem ser realizadas previamente, com programação de data e hora de envio. Os processos de identificação de novos clientes, fidelização e retenção também podem ser realizados através do sistema. Na área publicitária do site, o anunciante pode optar pela visualização de seu banner apenas para perfis relacionados ao seu produto. O usuário que entra no site e usa a internet tem acesso somente às propagandas que correspondem às suas preferências. Além disso, é possível agendar a data de início e saída de um banner, sem a necessidade de duas postagens. E todas as funcionalidades disponíveis na solução podem ser utilizadas para enquetes, eventos, notícias e conteúdo relacionado ao perfil institucional das corporações. A B2BiS dá o treinamento básico de como operar o programa. O custo do produto, com o treinamento incluso, varia de R$ 8 mil a R$ 15 mil. www.b2bis.com.br/ (11) 5521-0102
Guia do Empreendedor
Pr odutos & Ser viços Produtos
Cartões inteligentes
Nova roupagem
Pioneira na área de processadores de meios de pagamento, a Perto desenvolveu o PertoSmart (leitor e gravador de smart cards), criado especialmente para atender à demanda da rede bancária brasileira que aderiu à certificação digital com esse tipo de cartão. Compacto (com apenas 6 cm de largura e 6 cm de profundidade), o PertoSmart agiliza as transações eletrônicas e meios de pagamento, garantindo segurança aos processos realizados via internet. Por ser o primeiro leitor de smart card totalmente nacional, o produto dispõe de assistência técnica em todo o país e se adapta aos softwares e ambientes operacionais existentes no mercado. A conexão junto ao computador é rápida e não exige do usuário nenhum conhecimento técnico. www.perto.com.br
Após 13 anos no mercado, o isotônico Sport Drink, da Advanced Nutrition, está de cara nova. O produto acaba de ser relançado pela empresa como Exceed Sport Drink Elite (integrando a linha Exceed) e apresenta nova fórmula e embalagem, além de um novo sabor: maracujá. Rico em vitamina C e 11 mi-
Conforto anti-furto Para evitar danos em computadores portáteis e equipamentos de informática durante o transporte, a Clone desenvolveu uma linha de mochilas e pastas especiais para viagem. Confeccionados em poliéster, os acessórios também previnem a ação de assaltantes por se parecerem com mochilas e malas tradicionais. A mochila possui alças acolcho-
Perdigão mais ágil
Líder no transporte rodoviário internacional de cargas secas entre Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, a DM Transporte e Logística Internacional aumentou sua frota de caminhões com a compra de 20 novos conjuntos. Entre as aquisições estão as carretas sider rebaixadas da Guerra (também conhecidas como baú lonado), que permitem facilidade de acesso às mercadorias e diminuem sensivelmente o tempo de carga e descarga. Com a entrega dos novos caminhões, a DM passará a ter 250 conjuntos completos (cavalo-mecânico + semi-reboque), aumentando a capacidade da empresa. www.dminternacional.com
A Perdigão moderniza sua estrutura com a instalação do Centro de Serviços Perdigão (CSP) na cidade de Itajaí (SC). Com investimento de R$ 20 milhões, o CSP permitirá à empresa racionalizar processos e diminuir custos, gerando velocidade nas operações e ganhos em competitividade. O projeto desenvolvese em conjunto com a IBM Consultoria
adas, divisões internas e externas e também porta-CDs com abertura para a passagem dos fios de fone de ouvido. Já as malas foram desenvolvidas para facilitar o transporte dos notebooks e seus acessórios e também a instalação do equipamento, podendo o usuário optar pelo modelo com rodas e alças retráteis. www.nagem.com.br
e está previsto para funcionar a partir do mês de abril. O Centro de Serviços Perdição concentrará atividades das áreas de Finanças, Controladoria, Relações Humanas, Tecnologia da Informação, Apoio a Vendas e Suprimentos. Com a iniciativa, vão ser gerados cerca de 150 novos postos de trabalho na região. www.perdigao.com.br
Saúde no palm top
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2005
Frota da líder
Março – Empreendedor
nerais, o Exceed Sport Drink Elite leva em sua composição aromas e corantes naturais e não tem adição de açúcar. A nova fórmula traz o Chromemate (nicotinato de cromo), que ajuda a célula muscular a captar mais facilmente a glicose e é usado com exclusividade pela Advanced Nutrition. www.advancednutrition.com.br
A Sivsa, empresa especializada no desenvolvimento e implantação de software para gestão hospitalar e laboratorial, lançou no mercado brasileiro a linha de produtos sem fio Hosix Mobile. O produto permite a integração com todos os sistemas de informação já existentes e a coleta de dados através de um palm top que, posteriormente, podem ser adicionados ao sistema de forma segura e precisa. Os dados podem ser, por exemplo, volume de estoque das farmácias, recepção de mercadorias e até mesmo o prontuário dos pacientes. Para gestores, é permitido o acesso à informação interna quando fora do ambiente hospitalar. www.sivsa.com
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DIVULGAÇÃO
Aluga-se office-boy
sas de vários tamanhos. Embora preste serviços tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas, seu maior mercado está no meio corporativo e em empresas de e-commerce. Os boys podem ser chamados para os mais diversos tipos de serviço, e o cliente pode acompanhar em tempo real a ação desses profissionais através de um sistema de monitoramento via celular. www.boyservice.com.br www.passifloraplantas.com.br DIVULGAÇÃO
O aluguel pode ser um bom negócio para quem precisa trabalhar mas não tem estrutura. Aproveitando esse nicho de mercado, algumas empresas especializam-se em segmentos diversificados para atender a qualquer necessidade dos clientes. A empresa Passiflora oferece plantas especialmente adaptadas para ambientes fechados por um período previamente determinado. O sistema é uma alternativa para evitar a transmissão de doenças como a dengue e conta com manutenção mensal sem custos adicionais, que inclui rega, poda, fertilização, limpeza, desinfecção e substituição das plantas. Já a BSL-Boy Service aluga officeboys por dia ou por mês para empre-
Sabor sem gordura O Hippo Supermercados, de Florianópolis, começa a distribuir com exclusividade em Santa Catarina produtos à base de quinua. A quinua é um dos poucos alimentos de origem vegetal que apresentam um equilíbrio entre proteínas, carboidratos e minerais. Recomendada para o preparo de refeições balanceadas e leves para idosos, a quinua pode ser encontrada em forma de farinha, grãos e flocos. A partir dela podem ser produzidos pães, bolos, tabule, farinhas, massas, sopas, saladas e os mais variados produtos. Rica em lisina (aminoáci-
Documento virtual Para quem lida com documentos em versão eletrônica ou pensa em adotar o sistema em sua empresa, a BRy Tecnologia desenvolveu o sistema de protocolação digital Bry PDDE, que dispensa a impressão em papel. Além de reduzir custos com material de escritório, a solução também proporciona economia de espaço, facilita a localização de dados no arquivo virtual e evita a deterioração pelo manuseio. O usuário tem meios de verificar se um documento se mantém íntegro ou não desde o momento de sua protocolação ou mesmo ter a certeza da existência de um documento em determinada data e hora, graças ao sistema de segurança agregado. O produto, segundo o fabricante, garante a validade jurídica de documentos na internet. O sistema é indicado para corporações, órgãos governamentais, hospitais, clínicas e instituições de ensino. www.bry.com.br
do necessário ao organismo) e sais minerais, a quinua é relativamente pobre em gordura. www.hippo.com.br
Acesso aos cheques computador, vem com dois suportes universais acopláveis na impressora e também traz como opcional a instalação de leitoras de documentos bancários no padrão CMC-7, o mais utilizado no mercado e homologado pela Federação Brasileira de Bancos
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(Febraban). Além da praticidade de uso e de instalação, outro diferencial do aplicativo está no custo reduzido (R$ 130), dez vezes menor que os sistemas tradicionais. www.chequeimpresso.com.br Empreendedor – Março
2005
Preencher cheques em uma impressora comum é a proposta do software Cheque Impresso, desenvolvido pela ICB Informática e Telefonia. Com o produto, também é possível gerar um banco de dados dos valores emitidos e consultar informações sobre cada documento no computador. O software ocupa 30 mB de memória do
Guia do Empreendedor
Do lado da lei
Ameaça de censura aos conteúdos
2005
DIVULGAÇÃO
O que há por trás das intenções parlamentares nos pr ojetos que pr opõem projetos propõem contr ole do que é pr oduzido fora do Brasil? controle produzido Uma proposta de Emenda Constitucional (EC-55) no Senado e um Projeto de Lei (PL 4.209) têm como objetivo estabelecer limitações à iniciativa privada que se dedique a provimento de acesso à internet, produção, programação e provimento de conteúdos intelectuais, tais como notícias, programas, filmes, novelas, reality shows, portais de internet, e tudo o mais que puder circular pelos meios de comunicação e telecomunicação. A idéia desses projetos é obrigar que as empresas da iniciativa privada que se dedicam a essas atividades sejam controladas por sócios brasileiros, em pelo menos 70% do capital social, e, ainda, que a responsabilidade editorial ou de seleção e direção da programação dos conteúdos fornecidos ou distribuídos por essas empresas sejam atos privativos de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. Além disso, essas empresas deverão observar os princípios do art. 221 da Constituição, que exigem preferência por finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; promoção da cultura nacional e regional, estimulando a produção independente; regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Acrescente-se que essas empresas privadas terão que submeter as Março – Empreendedor
alterações dos seus atos societários ao Congresso Nacional e terão dois anos para se adaptar às novas exigências. Primeiramente, cabe notar que as empresas brasileiras de capital estrangeiro, das mais novas integradoras de conteúdo para telefonia celular (SMP) como das mais tradicionais e antigas, como as distribuidoras de filmes estrangeiros de Hollywood, teriam de “vender” compulsoriamente o controle de suas empresas para continuar operando no Brasil. Já as empresas estrangeiras que exportem conteúdos para o Brasil não poderão mais licenciar seus conteúdos diretamente para as empresas de telecomunicação e radiodifusão, sendo necessário contratar um intermediário local brasileiro que preencha essas novas condições. Avançando na análise, a proposta livra as agências e produtoras de publicidade dessas limitações, o que pode acarretar uma disputa por falta de isonomia entre um e outro tipo de produtor e integrador de conteúdo. Interessante verificar que com essas novidades legislativas o Brasil estaria tomando uma posição de reserva de mercado para empresas brasileiras e, ao mesmo tempo, tentando reverter uma tendência da sociedade da informação que é a globalização da produção, distribuição e acesso à informação. Outro desafio a ser lembrado é a intangibilidade de agentes que façam qualquer uma
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dessas práticas fora do território brasileiro e que podem ser acessados por conexão que se utilizem do protocolo de internet (IP). Ousadas são essas tentativas de estabelecer controle sobre tais conteúdos nas mãos de brasileiros, quando em 1995 a opção nacional foi privatizar os meios de comunicação, autorizando a entrada de capital estrangeiro em todos esses segmentos e, mais recentemente, em 2002, até mesmo na radiodifusão, ainda que com apenas 30% do capital social. O que não se sabe, contudo, é se essa guinada nacionalista seria uma ferramenta de aumento de oportunidade de novos empreendimentos nesses setores ou uma concentração econômica de tais setores em favor daqueles que já se dedicam ao ofício nesses segmentos. Tudo isso sob o preço da eventual necessidade de se criar um precedente que possa implicar na renúncia a alguns princípios e direitos fundamentais constitucionais, tais como o da livre iniciativa, da liberdade de expressão, da liberdade de ofício, entre outros. É preciso que o debate venha a clarear as reais intenções dos projetos.
Mar cos Sant’Anna Bitelli Marcos Advogado (11) 3871- 0269
2005
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Empreendedor – Março
Guia do Empreendedor
O abraço mortal Os truques do marketing apresentados como conteúdo de livros levam à exaustão uma fórmula que distorce o perfil do mercado por
Nei Duclós
Inúmeros livros inéditos, todos ex- mercial. Querem também influir no concelentes, não têm chance de vir à tona teúdo dos programas de TV (o merchanporque o mercado está saturado do que dising nas novelas alcançou níveis insueu chamo de não-livro, produto forma- portáveis), na pauta e na cobertura jordor de não-leitores. Sopa de pedra – 10 nalística de jornais e revistas, e tomar ingredientes para você criar sua receita indevidamente o espaço reservado aos escritores. Esse cerco de sucesso, de Ricaracaba estrangulando do Bellino, é um desFICHA TÉCNICA as vítimas. Um título ses não-livros, que finna estante das livrarige dirigir-se aos emSopa de pedra – 10 as cheio de superficipreendedores. Consiingredientes para alidades faz um estraderado uma pessoa de você criar sua go profundo no hábisucesso pela sua carreceita de sucesso to dos leitores e isso reira e por ter vendido Ricardo Bellino se reflete negativabem seu PDI – O poEditora Campus mente a longo prazo. der das idéias, ele po216 págs. Bellino decide deria abordar seriaR$ 39,00 ocupar espaço no mente seu métier, a mercado livreiro republicidade, mas precheando algumas de fere ser guru de autosuas memórias com ajuda. Ele representa a uma série de palavrasambição atual de uma embalagens. Seu truparte dos publicitários, que é descobrir como a de tornar-se o cenlenda religiosa uma tro, e não a periferia, velha piada do Pedro dos produtos da inMalazarte. O célebre dústria cultural. A pupersonagem das aneblicidade bem feita dotas brasileiras endeve restringir-se à sua ganou todo mundo área de atuação, mas fazendo uma sopa muita gente não se que, aparentemente, conforma em ocupar era de pedra, mas que apenas o espaço co-
acabou virando de verdade depois que os trouxas atenderam seu apelo de incrementar o caldo com os ingredientes que eles mesmos tinham estocado. Bellino encara essa artimanha como o supra-sumo da inovação empreendedora e enche mais de 200 páginas com uma série de desdobramentos, todos eles baseados em absolutas obviedades. Quais são seus ingredientes para o sucesso? Renovar-se, comunicar-se, proteger a reputação, criar vínculos, partir para a ação, aprender a aprender, comprometer-se com o sucesso, cultivar o equilíbrio. No fundo, ele mirase no espelho (existem vários desenhos reproduzindo o próprio Bellino) para deitar sabedoria sobre o que é evidente, numa tautologia reembalada como receita de sucesso. Outro truque conhecido é salpicar com pitadas de parábola alguns textos que, assim, tornam-se, num passe de mágica, edificantes. O monge, o arqueiro, o aldeão, o mestre, todo esse imaginário medieval é utilizado para provar como é profundo o que está sendo exibido. Para completar, algumas historinhas já conhecidas (como a trajetória de Lula, Roberto Marinho ou Donald Trump) são apresentadas como se elas fossem o resultado das lições contidas no livro.
DESTAQUES
2005
“Criar vínculos é mais do que estabelecer um network: é formar uma confraria.” pág. 75
Março – Empreendedor
“As artes expressam o que de melhor e mais criativo o ser humano possui, e são uma constante fonte de inspiração e de renovação.” pág. 66
“Pouco adianta ter uma reputação baseada na eficiência, no talento e na capacidade se ela não estiver também associada à ética.” pág. 84
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“Quando absorvemos informações externas, essa absorção passa antes pelos cinco sentidos.” pág. 28
Leitura A distribuição do ouro O ambiente pró-negócio não estimula a rigidez empresarial
A ameaça das fraudes Riscos empresariais importantes precisam ser gerenciados
Metamanagement – o sucesso além do sucesso – nova consciência nos negócios, Fredy Kofman, Editora Campus, 328 págs., R$ 59,00 Práticas de controle, quando exercidas unilateralmente, conservam o poder nos feudos empresariais. Transformar esse conhecimento em culturas de aprendizado mútuo, ou seja, disseminar em rede pela corporação o que é exclusivo a alguns privilegiados, é a proposta deste livro, escrito por um Ph.D pela Universidade da Califórnia em Berkeley. O autor destaca que o ouro exclusivo das salas de reuniões do alto escalão (o know about, o saber sobre) precisa ser compartilhado. Construir coletivamente as capacidades que fazem prosperar um empreendimento pode fomentar uma espécie de “otimismo espiritual”, com reflexos positivos nos resultados. O importante neste tipo de livro é que fica clara a mentalidade americana de fazer do risco o insumo para a reflexão e a mudança de hábitos. Muito diferente da nossa cultura, em que não existe muito a convicção de que a situação e as pessoas podem mudar. Não existe, no mundo dos negócios civilizado, a idéia fixa de que a incompetência é defeito de nascença e que há uma hierarquia fixa de valores. A autocrítica e a reavaliação permanentes, muito pregadas no atual estágio de mudanças de paradigmas, precisam desse ambiente apropriado, que só se consegue com rigor cultural disseminado amplamente. O mercado livreiro é um canal importante para que se estudem os problemas e se apontem soluções. Metamanagement tem o mérito de estimular um mergulho em situações intrincadas do cotidiano das empresas e propõe saídas consideradas viáveis.
O sabor da crônica Texto bom dispensa embalagens forçadas Marketing de gente – o marketing pessoal como suporte para o principal ativo das empresas, Mario Persona, Editora Futura, 192 págs., R$ 25,00
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Riscos empresariais são todos os eventos que impedem a empresa e as pessoas que nela trabalham de ganhar dinheiro e respeito. Isso pode levá-la à falência, destaca a divulgação deste livro. Criar controles internos nas decisões significa implantar uma gestão eficiente de oportunidades, que passa pela avaliação de todos os riscos. O autor apresenta conceitos e ferramentas administrativas que utilizam os benefícios das metodologias que estão sendo mais bem aplicadas e gerenciadas nos Estados Unidos. A inspiração principal é o bom senso, o caminho mais eficaz é a integração de soluções, que precisam ser constantemente melhoradas. Para apresentar sua teoria, o autor passou antes pela especialização em Criminologia e Psiquiatria em Bruxelas. Um exemplo de como especialidades fora dos negócios podem influir em produtos culturais dirigidos instigantes, bem ao contrário dos pára-quedistas, que fazem de cada lançamento uma fantasia para prometer resultados que não passam de... fraudes. 2005
Esta é uma reunião de crônicas apresentadas de maneira transparente por um autor experiente. Seguindo o exemplo de um dos melhores cronistas brasileiros, o publicitário Lula Vieira, Persona consegue envolver o leitor com seus textos pessoais que abordam de maneira saborosa alguns assuntos candentes do marketing. O apelo de capa é um pouco exagerado para o conteúdo. Não precisava. Crônicas, quando bem escritas e apresentadas honestamente, são sempre bem-vindas. O autor já lançou Crônicas de uma internet de verão e Marketing tutti frutti, entre outros títulos.
Gerenciamento de riscos, Paulo Baraldi, Editora Campus, 248 págs., R$ 49,00
Empreendedor – Março
Informe Serasa
Empresas investem em É possível aprender a gerir bem o crédito para incrementar o volume de negócios, diminuir a inadimplência e aumentar os lucros
1
E
“
ssa experiência foi de grande valia para meu aperfeiçoamento profissional e intelectual: abriu novos horizontes relativos ao aprendizado e à posterior aplicação profissional.” Esse depoimento, de William Máximo Galheira, analista de crédito da Gonzalez de Paula Confecções Ltda. (nome fantasia: “Trik Trik”), ilustra a satisfação dos participantes nos cursos “Análise de crédito para pequenas e médias empresas” e “Análise de crédito ao consumidor”, realizados pela Serasa em 2004. “Os cursos foram elaborados para atender a uma demanda por estudos voltados à análise de crédito, área que ainda não conta com formação universitária, apenas com poucas especializações”, afirma Juan Perez, diretor de Mercado e Relações Institucionais da Serasa. Os cursos integram o Programa Serasa Dinâmica do Conhecimento, que, desde 2003, realiza eventos voltados ao aperfeiçoamento técnico e conceitual sobre gestão estratégica do risco e crédito. William Galheira, que freqüentou o curso “Análise de crédito para pequenas e médias empresas”, atribui à sua participação e ao uso da ferramenta Relato Analítico da Serasa a redução do índice de inadimplência da Trik Trik, de 12% para 1,76% no período de um ano. Ele destaca que 3% é o percentual máximo aceitável para o ramo de confecções. Já Cristiano Magalhães, analista de crédito do Banco Mercantil do Brasil, apreciou o enfoque que o curso “Análise de crédito ao consumidor” deu às relações de dependência mútua entre as áreas de Análise de Crédito e Comercial. “Enquanto essa última conhece as intenções e a capa-
William Máximo Galheira: novos horizontes do aprendizado
cidade do cliente, a primeira sabe suas informações ‘ocultas’, a probabilidade de inadimplência e o risco mensurável da operação”, diz. Os 11 cursos realizados pela Serasa em 2004 obtiveram cerca de 90% de notas “bom” e “ótimo” em pesquisas de avaliação respondidas pelos participantes. Os cursos aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, e contaram com 380 participantes de empresas como DPaschoal, HSBC, Unipetro, Minasgás, entre outras. Foram coordenados pelo professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP) José Pereira da Silva, e tiveram como instrutores o professor do Programa de Educação Continuada (PEC) da FGV Antonio Carlos Villa Nova de Freitas e o mestre em Administração de Empresas pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEAUSP) Edson Missao Furuiti.
análise de crédito “Apresentar solução de treinamento em crédito de forma criativa é o objetivo da parceria da Serasa. Sinto-me gratificado pela reação dos participantes”, afirma o coordenador dos cursos, José Pereira da Silva. No primeiro semestre de 2005, a Serasa planeja levar o curso “Análise de crédito de grandes empresas” às cidades de São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Campinas, além de, em caráter excepcional, realizar o curso “Análise de crédito de pequenas e médias empresas” em Salvador. A Serasa também desenvolve cursos in-company, adequados ao perfil e necessidade da empresa, com flexibilidade de tempo e duração, conforme a disponibilidade dos funcionários. Mais informações sobre cursos in-company podem ser solicitadas pelo e-mail dinamicadoconhecimento@serasa.com.br. Novos cursos intensivos No segundo trimestre, a Serasa inicia uma nova modalidade de cursos de crédito em parceria com a GVPEC, unidade de Programa de Educação Continuada da Fundação Getulio Vargas. Serão cursos intensivos com maior tempo de duração, de 12h a 24h, ministrados pelos especialistas Abraham Laredo, que foi coordenador dos cursos de pós-graduação da Escola da Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (EAESP/FGV) e vice-diretor acadêmico da Escola de Administração; e João Carlos Douat, coordenador do Centro de Excelência Bancária e dos Programas de pós-graduação da FGV-EAESP. Inicialmente, os cursos serão ministrados apenas em São Paulo.
CALENDÁRIO Curso: Análise de Crédito de Grandes Empresas Objetivo: Apresentar aos participantes técnicas e recursos de análise para concessão de crédito comercial para grandes empresas visando otimizar seus fluxos de caixas. Datas e locais: São Paulo
11/04
Belo Horizonte
04/05
Rio de Janeiro
20/05
Curitiba
07/06
Porto Alegre
20/06
Campinas
08/08
OBS: Excepcionalmente, será oferecido o curso “Análise de crédito para pequenas e médias empresas” em Salvador, no dia 15/04.
PARCERIA COM A GVPEC Curso: Análise de Crédito de Middle e Corporate Objetivo: Apresentar os principais conceitos e instrumentos de crédito para uma boa avaliação, decisão, formalização e monitoramento do crédito dos clientes pessoas físicas e jurídicas do mercado Middle e Corporate, alcançando-se assim o requisito básico para a obtenção da habilidade necessária em crédito e a conseqüente formação de uma cultura de crédito própria da Instituição. Período: 9, 10 e 11 de maio de 2005.
Curso: Gestão de um Sistema de Escoragem: Sistemas de Informações, Monitoramento e Avaliação de Desempenho Objetivo: Apresentar as principais atividades do processo de gestão de um sistema de escoragem – Credit Scoring, Behavioral Scoring, Ratings, etc, com a finalidade de mostrar a importância de um Sistema de Informações Gerenciais para a eficácia desse processo. Serão abordados aspectos operacionais e dificuldades usuais e as possíveis formas de contorná-las. Período: 13 e 14 de junho de 2005.
INFORMAÇÕES: (11) 3078-4766, das 11 às 17 horas ou por e-mail: serasadinamicadoconhecimento@serasa.com.br Inscrições pela internet: www.serasa.com.br/cursocredito
Guia do Empreendedor
Os números aleatórios
2005
DIVULGAÇÃO
Nos acostumamos a ver a divulgação pela mídia de números econômicos: variação da bolsa, do dólar, da taxa Selic, números de produção industrial, PIB. Tudo isso chega a nós através da televisão e dos jornais, suscitando interpretações das mais diversas. Após a vitória do PT nas eleições de 2002 veio naturalmente a expectativa sobre o que o novo governo faria e quais os resultados que conseguiria. Essas são expectativas naturais. É citado, via de regra, que a fase inicial é para arrumar a casa. A herança é sempre dita como negativa, e o governo novo é comumente “surpreendido” com um cenário difícil e que vai contra as suas metas iniciais. Tem-se, então, uma desculpa para o não-cumprimento das promessas cinicamente exageradas de campanha. Pois bem, cabe à mídia um papel fundamental de esclarecimento nesse cenário em que o eleitor torce para dar certo; o político tenta se passar por emissário divino; e o resultado final mostra a verdade. Os números que são apresentados sobre a economia de uma maneira geral requerem muita atenção, mesmo dos profissionais da área econômica. Uma colocação simMarço – Empreendedor
Cabe à mídia um papel esclarecedor sobre os dados que definem o perfil do momento econômico plista de que o Brasil está crescendo desde as últimas eleições, e que cresceu 5,2% em 2004, pode ser comparada à visão de uma mãe que acha seu filho o melhor dos atletas após correr 100 metros em 20 segundos. É preciso ter referências. Correr os 100 metros em 20 segundos pode significar ter ficado em último, assim como crescer 5,2% pode não representar muito, principalmente em um momento em que sobra dinheiro para os países emergentes. Então, como exemplo, sempre que fosse divulgada a evolução do PIB, deveríamos ter também a informação de quanto os nossos vizinhos e o mundo avançaram, para um melhor julgamento e comparação. Mas na prática não é bem isso que acontece. Desde 2003 tivemos um período de forte fluxo de capitais para os emergentes. Dos melhores aos piores, todos os países têm se beneficiado de um maior apetite dos investidores internacionais por risco, e o Brasil foi levado no arrastão da alegria. O dólar baixou, a bolsa subiu, e o governo buscou para si os louros de uma vitória que teve como maior mérito o fato de não se mexer muito no que vinha sendo feito. Para 2005 deveremos ter um novo período de crescimento, mes-
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mo com taxas reais de juros elevadíssimas, o que pode ser entendido como um mal necessário. Mas se atingirmos o final do ano com crescimento de 3,7% do PIB, como é esperado por grande parte do mercado, será que teremos desempenhado o suficiente em relação à concorrência? Esse é o ponto, e insucessos passados deixaram marcas em relação ao país ser considerado sempre o país do futuro, tanto que no distrito financeiro de Londres existe uma piadinha criada pelos que já acreditaram muito no nosso país, e que não foram muito felizes com suas apostas, que diz: “O Brasil é o país do futuro, e sempre será...” O que queremos dizer com isso é que temos que ter a coragem de olhar para o lado e reconhecer exatamente onde estamos, procurando resultados compatíveis com a crença do país do futuro. Torná-la um fato deve ser a meta de todos, social e economicamente.
André Hahn
Diretor-presidente da Leme Investimentos
Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME/TIPO AÇÃO
VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 31/01/2005)
1,60 2,58 1,06 2,93 2,90 0,72 0,86 0,46 1,42 2,07 1,72 2,37 0,90 0,17 2,74 0,51 0,51 1,56 0,58 1,32 2,90 0,75 0,65 1,59 2,92 3,14 100,00 0,47 1,21 0,61 0,21 2,12 2,70 9,10 1,06 4,14 1,40 0,60 1,36 0,22 1,24 1,26 10,28 1,14 3,60 0,60 0,38 1,67 0,15 0,50 5,04 1,57 5,20 1,21
-5,00 -7,25 -9,09 -2,54 0,36 5,87 -4,92 -2,79 -14,95 -17,34 -11,38 4,82 -15,58 -14,39 -10,26 -16,99 -1,52 1,29 -3,98 -11,95 -16,10 -14,19 -5,89 -7,21 -27,32 -7,79 -7,05 6,87 -1,74 -10,93 -12,21 11,48 0,75 -2,93 -12,51 2,87 -9,27 -15,64 -0,17 -26,56 -13,25 -1,70 -15,27 -5,79 -11,13 -2,07 -7,77 -7,17 -17,65 -2,33 -1,02 4,95 2,42 -12,61
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Inflação
(%)
Índice Janeiro IGP -M (F evereir o) 0,30 IGP-M (Fevereir evereiro) IGP -DI 0,33 IGP-DI IPCA 0,58 IPC - Fipe (Fevereiro) 0,36
Juros/Aplicação
(%)
Fevereiro 1,22 1,22 0,60 0,96 2,53
CDI Selic Poupança CDB pré 30 Ouro BM&F
Ano 0,69 0,33 0,58 0,92
Ano 2,62 2,62 1,29 2,07 -2,67
Indicadores imobiliários (%) CUB SP TR
Fevereiro 0,35 0,10
Ano 0,82 0,28
Juros/Crédito Março 04/março Desconto 2,75 Factoring 4,66 Hot Money 3,50 Giro Pré (*) 3,35
(em % mês) Março 03/março 2,80 4,66 3,50 3,45
(*= taxa ano)
Câmbio (em 04/03/2005) Cotação Dólar Comercial Ptax R$ 2,6615 US$ 1,3257 Euro Iene US$ 104,90
Mercados futuros Abril Dólar R$ 2,683 Juros DI 18,85% Abril Ibovespa Futuro 28.447
(em 04/03/2005) Junho Maio R$ 2,713 R$ 2,746 18,97% 19,05% (em 28/02/2005) Junho Agosto 29.312
30.244
Empreendedor – Março
2005
Acesita PN Ambev PN Aracruz PNB Bco Itau Hold Finan PN Bradesco PN Bradespar PN Brasil ON Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Braskem PNA Caemi PN Celesc PNB Cemig ON Cemig PN Cesp PN Comgas PNA Copel PNB CRT Celular PNA Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo Metropo PN Embraer ON Embraer PN Embratel Part PN Gerdau PN Ibovespa Ipiranga Pet PN Itausa PN Klabin PN Light ON Net PN Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sid Nacional ON Sid Tubarao PN Souza Cruz ON Tele Centroeste Cel PN Tele Leste Celular PN Telemar Norte Leste PNA Telemar-Tele NL Par ON Telemar-Tele NL Par PN Telemig Celul Part PN Telesp Cel Part PN Telesp Operac PN Tim Participacoes ON Tim Participacoes PN Tractebel ON Transmissao Paulist PN Usiminas PNA Vale Rio Doce ON Vale Rio Doce PNA Votorantim C P PN
PARTICIPAÇÃO IBOVESPA
Guia do Empreendedor
Agenda
FEICON 2005
8 a 10/4/2005
Feira Internacional da Indústria da Construção Parque Anhembi São Paulo – SP (11) 3291-9111 www.feicon.com.br
2a FENABRITO
08 a 12/3/2005
FEICON COZINHAS & BANHEIROS 2005 Feira Internacional de Cozinhas e Banheiros Parque Anhembi São Paulo – SP (11) 3291-9111 www.feicon.com.br
FÁBRICA DE COMUNICAÇÃO
Em destaque
8 a 12/3/2005
2ª Festa Nacional do Cabrito Parque de Exposições Waldemar Pizani Monte Carlo – SC (49) 546-0449 Em sua segunda edição, a Festa Nacional do Cabrito, organizada pela Companhia de Desenvolvimento Econômico e Social do Meio-Oeste Catarinense (Codestan), destaca-se como um dos principais eventos gastronômicos do país. Além de reunir apaixonados pela exótica carne de cabrito, a festa também é um canal de negócios para produtores e interessados em conhecer o processo de criação de caprinos. Exposição de animais, rodas de negócios e leilão de caprinos são algumas das atividades programadas.
08 a 12/3/2005
FEICON MÁRMORES & GRANITOS 2005
17 a 20/3/2005
20 a 24/3/2005
FEINCO 2005
CONVERFLEX 2005 (Bienal)
14 a 17/3/2005
2ª Feira Internacional de Ovinos e Caprinos Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP (11) 5073-7799
GIFT FAIR 2005
19 e 20/3/2005
4ª Feira Internacional de Máquinas para Impressão de Embalagens, Convertedores e Materiais Parque Anhembi São Paulo – SP (11) 3291-9111
3ª Feira Internacional de Mármores & Granitos São Paulo – SP Tel: (11) 3291-9111 www.feicon.com.br
30a Feira Internacional de Presentes e Utilidades Domésticas Expo Center Norte São Paulo – SP www.giftfair.com.br 14 a 17/3/2005
LINEA DOMUS SOUTH AMERICA 4° Salão Internacional do Mobiliário Expo Center Norte São Paulo – SP www.feiradad.com.br 15 a 18/3/2005
2005
FENINJER 40a Feira Nacional da Indústria de Jóias, Relógios e Afins Transamérica Expo Center São Paulo – SP www.feninjer.com.br
Março – Empreendedor
Pequenos e médios 2005 (Anual) 27ª Exposição de Pequenos e Médios Animais Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP (11) 5073-7799
23 a 27/3/2005
RAÇAS & PEDIGREE 2005 37ª Feira de Filhotes e Pequenos Animais Centro de Exposições de Curitiba Curitiba – PR (41) 335-3377 29/3 a 2/4/2005
20 a 24/3/2005
HOBBYART 2005
FIEPAG Feira Internacional de Papel e Indústria Gráfica Parque Anhembi São Paulo – SP www.fiepag.com.br
Feira Internacional das Indústrias e Fornecedores de Produtos para Hobby Criativo, Artes e Artesanato Expo Center Norte São Paulo – SP www.hobbyart.com.br
Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)
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Empreendedor – Março
Empreendedor na internet Enquete questiona como empreendedores praticam networking A enquete do mês de março do site Empreendedor pergunta aos internautas como eles fazem para aumentar sua rede de relacionamentos comerciais. O site sugere três alternativas: Participo de eventos como feiras, cursos e seminários. Sempre me envolvo em atividades sociais com parentes e amigos. Utilizo com freqüência ferramentas da internet (como listas de discussões, Orkut e outras). Para dar sua opinião, acesse o site Empreendedor e vote na área Enquete, que fica na coluna à esquerda na página inicial.
Parceria com Valor Online amplia notíciário econômico do site O site Empreendedor firmou uma parceria com com o Valor Online, versão eletrônica do jornal Valor Econômico, e amplia a cobertura dos fatos econômicos do dia. Agora, além das principais informações e dicas da área de empreendedorismo e desenvolvimento de negócios, o site proporciona também um conteúdo atualizado minuto a minuto com tudo o que acontece especialmente no mercado financeiro. As manchetes do noticiário do Valor Online aparecem no alto da página do site Empreendedor.
www.empreendedor.com.br
Página inicial
Informação para o momento da decisão: estou pronto para abrir meu próprio negócio? Não é da noite para o dia que o candidato a empreendedor irá abrir sua empresa e alcançará o sucesso tão desejado. Antes de pensar em atingir esse estágio, é preciso trilhar um outro caminho, o da auto-avaliação. Ao comentar o resultado de uma das enquetes realizadas pelo site Empreendedor, o consultor Mário Persona afirmou que, mesmo que a maioria diga que capital é o que falta para abrir o próprio negócio, a maior necessidade do futuro empreendedor é ter capacitação e coragem. “Se eu fosse um investidor procurando onde colocar meus investimentos, apostaria primeiro naqueles que votaram em
falta de capacitação ou falta de coragem”, disse. A análise feita por Persona confirma a tese de que a decisão de ser dono do próprio negócio é uma colcha de retalhos, que une uma série de fatores de ordem pessoal e profissional do indivíduo. Por isso, antes de tirar um saldo da poupança, de vender algum imóvel ou de até mesmo pedir demissão do emprego para correr atrás do sonho de empreendeder, o futuro empresário deve passar um período de intensa reflexão, auto-avaliando suas potencialidades (e dificuldades) para enfrentar o desafio e a responsabilidade de comandar o próprio negócio. Para ajudar nesse processo, o site Empreendedor disponibiliza a seção Auto-Avaliação, na área Meu Negócio, que é exclusivamente dedicada a essa etapa anterior à abertura do negócio. Nessa área, o internauta encontra dicas e informações que podem contribuir e muito para o amadurecimento de sua decisão de bancar o sonho do próprio negócio. Acesse: www.empreendedor.com.br
A participação do internauta
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Uma das preocupações do site Empreendedor é manter uma relação muito próxima com os internautas, até como forma de atender plenamente seus interesses. Dessa forma, além do contato direto com a equipe de produção
(alexandre@empreendedor.com.br), o site conta também com um e-mail para a troca de mensagens instantâneas via MSN Messenger (empreendedor_aovivo@hotmail.com) para o envio de críticas e sugestões e valoriza a participação dos leitores nas
enquetes disponibilizadas mensalmente. Em breve, o site Empreendedor irá oferecer novos canais de participação efetiva dos internautas, especialmente no que se refere a comentários sobre o conteúdo publicado.
Fale com o site Empreendedor pelo MSN Messenger: empreendedor_aovivo@hotmail.com Março – Empreendedor
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